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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO CHINÊS PARA CONSOLIDAR ATITUDES TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE JOAÇABA - SC 2010

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU

CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO CHINÊS PARA

CONSOLIDAR ATITUDES TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE

JOAÇABA - SC 2010

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MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU

CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO CHINÊS PARA

CONSOLIDAR ATITUDES TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título de Mestre em Educação, sob a orientação do Prof. Dr. Roque Strieder

JOAÇABA - SC 2010

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MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU

CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO CHINÊS PARA

CONSOLIDAR ATITUDES TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título de Mestre em Educação.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof. Dr. Roque Strieder – Orientador

Universidade do Oeste da Santa Catarina - UNOESC

__________________________________________________________ Profª. Dra. Ortenila Sopelsa

Universidade do Oeste da Santa Catarina - UNOESC

___________________________________________________________ Prof. Dr. André Bueno

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras - FAFI

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Dedico este estudo a todas as pessoas que estão abertas aos novos paradigmas, disponíveis para adoção de novas atitudes em relação ao ser humano e ao universo.

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AGRADECIMENTOS

A minha querida esposa Giovana que com sua companhia, alegria e

incentivo durante todo o processo de desenvolvimento deste trabalho contribuiu

para que eu superasse todos os obstáculos.

Aos meus filhos Felipe e Betina fontes de inspiração que em muitas

vezes foram compreensivos quando privados de minha presença.

Ao Professor Dr Roque Strieder que prontamente aceitou orientar e

nunca duvidou que seria possível desenvolver este projeto, mesmo sendo um

grande desafio.

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Só temos consciência do belo, Quando conhecemos o feio.

Só temos consciência do bom, Quando conhecemos o mau. Porquanto, o Ser e o Existir, Se engendram mutuamente.

O fácil e o difícil se completam. O grande e o pequeno são complementares.

O alto e o baixo formam um todo. O som e o silêncio formam a harmonia.

O passado e o futuro geram o tempo. Eis porque o sábio age

Pelo não-agir. E ensina sem falar.

Aceita tudo que lhe acontece. Produz tudo e não fica com nada.

O sábio tudo realiza – e nada considera seu. Tudo faz – e não se apega a sua obra.

Não se prende aos frutos da sua atividade. Termina sua obra.

E está sempre no princípio. E por isso a sua obra prospera.

Lao-Tse

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RESUMO

Esta dissertação apresenta um estudo sobre as contribuições do pensamento filosófico chinês para consolidar atitudes transdisciplinares entre a educação e a saúde. O objetivo foi entender o significado das mudanças de concepção e comportamentais a partir do contato com o pensamento filosófico chinês em oito alunos ingressantes na Faculdade CBES em um curso de pós-graduação em nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes Estados do Brasil sendo que quatro deles foram do Estado do Paraná e quatro alunos do Rio Grande do Sul. A concepção ocidental de educação e saúde é baseada no cogito cartesiano, caracterizado pela fragmentação do todo em partes para o seu conhecimento. A concepção chinesa de educação e saúde busca a compreensão do todo em relação às partes com uma visão sistêmica e holística. Reconhece o ser humano como parte integrante do meio ambiente, material, cultural e social numa interação plena com todos os aspectos que o envolvem. A pesquisa teve caráter qualitativo, cuja investigação de campo, realizada por meio de entrevista semi-estruturada, resultou na formulação de três categorias de estudo e reflexão. O estudo bibliográfico e a investigação de campo permitem concluir que: os alunos ingressantes apresentaram níveis de entendimento e significação do pensamento filosófico chinês; apesar da formação inicial estar enraizada no cartesianismo, os pesquisados mostram mudanças de concepção de mundo, de ser humano e de comportamento; os ingressantes pesquisados são capazes de vincular idéias do pensamento filosófico chinês com atitudes transdisciplinares; capazes de caracterizar as diferenças entre as concepções de educação e saúde nas concepções da filosofia chinesa e ocidental; enfim, adoção de novos processos educativos, envolvendo diferentes modos de pensar o ser humano, a natureza e o universo contribui na formação e criação de novos sujeitos, despertados para novas exigências, para novos desejos e para novos sonhos, o que confirma ser ainda possível realizar o sonho da educabilidade humana

Palavras-chave: Pensamento filosófico chinês; transdisciplinaridade; educação e saúde.

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ABSTRACT

This thesis presents a study about the contributions of Chinese philosophical thought to consolidate disciplinary attitudes between education and health. The objective was to understand the meaning of design and behavioral changes in students entering the Faculty CBES on a course of graduate-level specialization in traditional Chinese acupuncture, from contact with the Chinese philosophical thought.The Western conception of education and health is based on the Cartesian cogito, characterized by fragmentation of the whole into parts for your knowledge. The Chinese concept of health and education aims to understand the whole in relation to any part in a systemic and holistic vision. Recognizes the human being as a part of the environment, material, cultural and social in a full interaction with all the aspects surrounding it.The research was qualitative, the research in field, conducted through semi-structured interviews, resulted in the formulation of three categories of study and reflection. The literature and field research allow to conclude that: the freshman students had levels of understanding and meaning of Chinese philosophical thought, despite the initial training to be rooted in Cartesianism, the subjects showed changes in worldview, of human being and behavior; the freshmen surveyed are able to link ideas of the philosopher with Chinese attitudes trans; able to characterize the differences between the concepts of health and education in the concepts of Chinese philosophy and Western, so, adoption of new educational processes, involving different modes of thinking the human being, nature and universe contributes to the formation and creation of new subjects, awakened to new demands, new desires and new dreams, which confirms yet be possible to make true the dream of human educability.

Keywords: Chinese philosophical thought, transdisciplinarity, education and health.

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LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Evolução cronológica da Medicina Tradicional Chinesa..........37 Quadro 2 – Características atribuídas ao Yin e ao Yang............................41 Quadro 3 - Identificação dos entrevistados ..............................................68 .

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Símbolo do Yin e Yang.................................................................41

Figura 2 - Pentagrama dos cinco elementos e suas inter-relações................47

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Cinco elementos......................................................................47

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABA – Associação Brasileira de Acupuntura

CBES – Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos

MEC – Ministério de Educação e Cultura

MTC – Medicina Tradicional Chinesa

OMS – Organização Mundial da Saúde

UTP – Universidade Tuiuti do Paraná

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................ 13 2 PARADIGMAS FILOSÓFICOS NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO .................. 17 2.1 O PENSAMENTO FILOSÓFICO CARTESIANO – TRANSPOSIÇÕES NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO .............................................................................. 17 2.1.1 Conseqüências do pensamento cartesiano nas ciências biológicas ....... 23

2.2 O Pensamento chinês e suas relações com a Medicina Tradicional Chinesa: uma breve história............................................................................28 2.2.1 A questão Ética.......................................................................................29 2.2.2 O advento da Dinastia Han.....................................................................32 2.2.3 Os pensadores chineses e suas contribuições.......................................35 2.3 A FILOSOFIA CHINESA – CONCEPÇÕES DO PENSAMENTO CHINÊS SOBRE A SAÚDE E A EDUCAÇÃO ................................................................ 43 2.3.1 Elementos centrais que organizam o pensamento, o ensino e a prática da acupuntura tradicional chinesa ......................................................................... 47 2.3.1.1 Teoria do Yin e Yang ............................................................................ 47 2.3.1.2 Teoria dos Cinco Elementos ................................................................ 52 2.3.1.3 Teoria das Substâncias Vitais .............................................................. 57 2.3.1.4 Teoria dos Sistemas de Órgãos e Vísceras (Zang Fu)......................... 59 2.3.1.5 Teoria dos Canais e Colaterais (Jing Luo) ........................................... 60 2.3.1.6 O diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa ................................... 61 2.4 CONCEITOS DE SAÚDE – OS SABERES CHINESES E A MEDICINA OCIDENTAL ..................................................................................................... 63 2.5 TRANSDISCIPLINARIDADE – INCORPORANDO A FILOSOFIA CHINESA AO MUNDO OCIDENTAL ................................................................................ 65 2.6 O CURSO DE ACUPUNTURA DA FACULDADE CBES...........................69 3 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA, APRESENTAÇÃO DOS DADOS E SUA INTERPRETAÇÃO........................................................................................... 72 3.1 ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA COMO MÉTODO DE PESQUISA ... 72 3.2 A ENTREVISTA COMO MEIO PARA COLETA DE DADOS NA PESQUISA QUALITATIVA .................................................................................................. 74 3.2.1 Coleta dos dados..................................................................................... 75 3.2.2 Categorias de análise .............................................................................. 77 3.2.2.1 A incorporação do pensamento filosófico chinês.................................. 77 3.2.2.2 Rumo à atitude transdisciplinar ............................................................ 81 3.2.2.3 Saúde, diferenças na visão ocidental e chinesa ................................... 84 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 86 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 93 GLOSSÁRIO .................................................................................................... 97 APÊNDICES .................................................................................................... 98 APÊNDICE A – Formulário de Entrevista ......................................................... 99 ANEXOS ........................................................................................................ 100

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO......102 ANEXO B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO ..................................................... 102 ANEXO C – projeto político pedagógico do curso de pós-graduação da Faculdade CBES............................................................................................ 104

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para a compreensão dos motivos que levaram ao desenvolvimento desta

pesquisa, apresento um breve memorial descrevendo algumas informações

importantes. Sou graduado em fisioterapia pela Universidade Tuiuti – UTP, na

cidade de Curitiba – Paraná, em 1991. Após a colação de grau retornei à cidade

natal, União da Vitória, atuando como fisioterapeuta em clínica anexa ao Hospital

Regional Nossa Senhora da Aparecida, realizando atendimentos ambulatoriais e

também em pacientes internados nesta casa de saúde.

Em 1994 ingressei no curso de especialização em acupuntura tradicional

chinesa na Associação Brasileira de Acupuntura - ABA em São Paulo/SP, curso

concluído em 1996. Após este período de formação prossegui por mais um ano

acompanhando os atendimentos de um grande mestre professor Delvo Ferraz em

sua clínica, também em São Paulo. Esta experiência fez com que a atenção fosse

direcionada ainda mais para os profundos ensinamentos enraizados no pensamento

filosófico chinês.

Como fisioterapeuta, desenvolvi vários projetos, como a implantação de

serviços de fisioterapia em pequenas cidades vizinhas à União da Vitória, sendo

estas: Cruz Machado e Porto Vitória.

A experiência como docente iniciou-se em 1992, quando fui convidado a

ministrar aulas de anatomia humana em um curso de formação de auxiliares de

enfermagem na Escola Estadual Lauro Müller Soares, permanecendo nesta

instituição por um ano.

No ano de 2003 ingressei na Unidade de Ensino Superior do Vale do Iguaçu -

UNIGUAÇU - como docente no curso de bacharelado em fisioterapia, ministrando as

disciplinas de fisioterapia geral I e II e ética e deontologia para fisioterapia.

Em 2001 recebi convite para ministrar aulas no Colégio Brasileiro de Estudos

Sistêmicos (CBES) que iniciava suas atividades na área de pós-graduação em

acupuntura na cidade de Curitiba - PR. Permaneci nesta instituição, exclusivamente

como docente, até 2005 quando recebi o convite para ser o coordenador adjunto do

curso. Em 2006 foi convidado para assumir a coordenação geral deste mesmo

curso.

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A partir disto me dediquei ao estudo e ensino da Medicina Tradicional

Chinesa, realizando vários cursos de aprimoramento nas áreas de ortopedia

tradicional chinesa, fitoterapia, aurículoterapia, eletroacupuntura, tuiná (osteopatia

chinesa), entre outros. Em 2007, realizei a primeira viagem de aperfeiçoamento no

exterior, integrando um grupo de 30 alunos. Na China, visitei as cidades de Beijing,

Xiamen e Hong Kong. Em maio de 2008 retornei para uma nova etapa de cursos

integrando um novo grupo composto por mais 30 alunos.

Os cursos foram ministrados por renomados professores, com profundo

conhecimento em suas áreas de atuação: Professor Wang Yan Hui (Médico Diretor

de Medicina Tradicional Chinesa (MTC1) com especialização em Diagnostico em

MTC e Oncologia); Professor Zhou Ran Mi (Médico Diretor de MTC com

especialização em Acupuntura e Neurologia); Professora Lu Fan (Médica Ex-diretora

de MTC com especialização em Acupuntura Auricular); Professora Zhuo Shu Ping

(Médica especialista em Fitoterapia Chinesa e Ginecologia); Professor Meng Xienjun

(Médico especialista em Massoterapia Tradicional Chinesa); Professor Qian Lin

Chao (Médico especialista em Acupuntura); Professor Meng Xienjun (Médico

especialista em Massoterapia Tradicional Chinesa); Professor Qian Lin Chao

(Médico especialista em Acupuntura) e Professora Quian Xiao Yan (Médica Diretora

de Assuntos Estrangeiros, com especialização em Acupuntura Estética, Ginecologia

e Pediátrica). Os cursos aconteceram no Medical College University Xiamen, uma

grande universidade que abriga cerca de duzentos e trinta mil alunos em inúmeras

áreas do conhecimento. Ela se localiza em uma cidade portuária na região litorânea

da China chamada Xiamen.

Estas inestimáveis oportunidades me permitiram estar no berço da medicina

tradicional chinesa e, conseqüentemente, do pensamento filosófico chinês,

estimulando desta forma o interesse em aprofundar ainda mais os estudos e

também a buscar um entendimento de como as sociedades absorvem o grande

número de informações que nos dias de hoje invadem o ocidente.

Há nove anos atuo como docente no curso de pós-graduação em acupuntura

tradicional chinesa e há cinco anos atuo como coordenador geral do curso de

Acupuntura Tradicional Chinesa da Faculdade CBES, com sedes em Curitiba, São

1 MTC é uma sigla utilizada para designar a Medicina Tradicional Chinesa.

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Paulo, Porto Alegre, Belém e Montevidéu ministrando aulas de pós-graduação latu-

sensu em nível de especialização. A totalidade dos cursos conta com

aproximadamente mil alunos matriculados. Coordeno um grupo de vinte e cinco

professores, formados em diversas áreas da saúde tais como, fisioterapia, educação

física, veterinária, odontologia, farmácia e biomedicina. São esses profissionais que

ministram aulas em todas as sedes já mencionadas. A Faculdade CBES mantém

convênio com o Medical College University Xiamen – China, com o propósito de

incrementar a formação de seus professores, bem como levar seus alunos ao berço

da milenar arte chinesa de curar.

Além de cursos de pós-graduação em nível de especialização, a Faculdade

CBES - sede de Curitiba, também mantém cursos em nível de graduação nas áreas

de Enfermagem, Administração, Psicologia, Tecnólogo em Radiologia. A escola

técnica oferece corsos de nível médio nas áreas de massoterapia, radiologia,

segurança do trabalho e técnico em enfermagem. Conhecendo alguns aspectos da

minha vida profissional o leitor poderá entender o motivo para a escolha deste tema

e também perceber a relevância desta pesquisa.

O ser humano e o universo são reconhecidos de maneira holística pelo

pensamento filosófico chinês. Holismo traz a percepção do “todo”, visão que integra

o ser humano ao universo em uma rede de inter-relações dos fenômenos da

natureza com a própria existência humana. O desenvolvimento dessa pesquisa

justifica-se pela importância de uma abordagem mais profunda e do entendimento

do pensamento filosófico chinês bem como a correlação dessa visão de mundo e de

ser humano com as atitudes transdisciplinares na educação e na saúde. Parece ser

possível correlacionar a transdisciplinaridade com as bases filosóficas do

pensamento chinês citando, entre outras, a escola filosófica do Yin/Yang que, por

conceito, representam duas forças ou energias opostas, porém complementares,

necessitando uma da outra para coexistirem. É nesse coexistir que acredito haver

possibilidades de encontrar pré-supostos para que num olhar simplificador,

disciplinas que não se correlacionam, mas que após observações apuradas nos

permitam visualizar uma complexa trama de inter-relações que estão sendo

negligenciadas. Segundo o pensamento filosófico chinês, “todas as coisas e todos

os seres entre o céu e a terra, inclusive o céu e a terra mantém uma relação de

transformação e cumplicidade inquestionável e esta mesma cumplicidade sustenta a

transdisciplinaridade”. É possível constatar a possibilidade e a necessidade da

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inclusão de atitudes transdisciplinares como manifesto nas palavras de Rocha Filho

(2007.p.35): “É necessário trabalhar pela eliminação da fragmentação do

conhecimento [...] a transdisciplinaridade repousa sobre uma atitude aberta, de

respeito mútuo e humildade [...] começa sempre por uma mudança pessoal.”

A questão orientadora deste trabalho está dirigida para o entendimento do

pensamento filosófico chinês e o seu significado para ingressantes em um curso de

pós-graduação em nível de especialização em acupuntura para alunos da área da

saúde. O objetivo geral dessa busca é o entendimento e o significado das mudanças

no comportamento pessoal dos ingressantes em um curso de pós-graduação em

nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa a partir do contato com o

pensamento filosófico chinês. Os objetivos específicos pretendem: a) conhecer o

entendimento do pensamento filosófico chinês em alunos ingressantes no curso de

pós-graduação em nível de especialização latu-sensu de acupuntura tradicional

chinesa; b) conhecer e significar as principais mudanças de visão e de

comportamento em relação à concepção de mundo e de ser humano, em alunos, no

decorrer do processo de compreensão do pensamento filosófico chinês; c) verificar,

se e como, os alunos iniciados no pensamento filosófico chinês concebem a

transposição destas bases filosóficas para a atitude transdisciplinar e, d) identificar a

concepção de educação e de saúde na visão das culturas ocidental e chinesa.

No segundo capítulo abordo os paradigmas filosóficos na saúde e educação

por meio do aprofundamento no pensamento filosófico cartesiano e suas

transposições na saúde e na educação mostrando detalhes da vida do eminente

filósofo e matemático René Descartes, seu modo de pensar e como suas idéias

influenciaram o modelo de pensamento em sua época, e até os dias atuais. Ainda

neste capítulo apresento um estudo e um levantamento da filosofia chinesa,

concepções do pensamento filosófico chinês na saúde e educação. O objetivo desse

levantamento é oportunizar ao leitor uma possibilidade de compreensão de

elementos centrais deste pensamento filosófico. Na seqüência, serão esplanadas as

concepções de saúde e o seu significado, traçando um paralelo entre o

entendimento chinês e ocidental. A seguir comento sobre as bases da atitude

transdisciplinar e as possibilidades de ser essa atitude a ponte para a incorporação

da filosofia chinesa ao mundo ocidental.

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O terceiro capítulo traz a descrição da metodologia, apresentação dos dados

obtidos por meio das entrevistas semi-estruturadas realizadas com oito alunos do

curso de pós-graduação em acupuntura tradicional chinesa.

A realização de uma pesquisa, uma reflexão tendo como suporte o

pensamento fenomenológico, na área da educação e da saúde é um desafio, em

particular quando também aponta para questionamentos na área da acupuntura e do

pensamento filosófico chinês. A fenomenologia está enraizada e baseada no modo

de pensar, agir e de interpretar as atitudes pessoais baseadas na subjetividade de

cada um. Como estes fenômenos são experimentados e como os alunos do curso

de pós-graduação de acupuntura, em nível de especialização, entendem as

propostas do pensamento filosófico chinês? Dessa forma, a raiz fenomenológica,

que sustenta a pesquisa, permite investigar o que não é evidente para quem sabe

provocar reflexões, mudanças na forma de agir, na forma de pensar desses alunos

como sujeitos integrantes do processo e não como objeto.

No quarto capítulo estão descritas as considerações finais acerca do estudo.

2 PARADIGMAS FILOSÓFICOS NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO

2.1 O PENSAMENTO FILOSÓFICO CARTESIANO – TRANSPOSIÇÕES NA

SAÚDE

Esse capítulo tem por objetivo abordar o descuido gerado pelo pensamento

cartesiano para com a visão de ser humano, fragmentando-o em aspectos mentais e

corporais. Essas idéias possuem bases reducionistas e mecanicistas que marcaram

profundamente os rumos das ciências biológicas, sobretudo da medicina e também

das ciências humanas.

O pensamento analítico, criado por René Descartes, destacado filósofo e

matemático francês, conhecido como fundador da filosofia moderna, consiste em

dividir fenômenos complexos em fragmentos, buscando a compreensão do todo a

partir das propriedades de suas partes. Esta forma de pensar o universo é chamada

de concepção cartesiana, baseada em uma idéia de natureza que apresenta uma

divisão primordial entre duas esferas independentes e separadas, a esfera mental e

a material (CAPRA, 2006a).

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René Descartes foi brilhante matemático. Com o surgimento das novas

ciências (física e astronomia), sua perspectiva filosófica foi notavelmente

influenciada por essas ciências. Não aceitou mais o conhecimento tradicional e

instituiu um novo sistema de pensamento, cuja temática central repercute até os dias

atuais. A idéia cartesiana é matemática em sua essência. Para ele a ciência é um

sinônimo de matemática. Pressupõe que a linguagem da natureza é um grande livro,

sempre aberto e que pode ser decifrado pela matemática. Em função deste modo de

pensar, Descartes correlacionou álgebra e geometria, criando um novo ramo da

matemática, hoje chamado de geometria analítica. O que conduziu Descartes a

criação desta nova ciência foi o desejo de decifrar matematicamente a natureza,

compreendendo a representação de curvas por meio de equações algébricas, sendo

que estas foram estudadas de modo sistêmico, levando o matemático a uma análise

dos corpos em movimento, em conformidade com seus planos reducionistas dos

fenômenos físicos a situações matemáticas, fazendo com que Descartes afirmasse

com orgulho: “Toda minha física nada mais é do que geometria” (CAPRA, 2006b).

Traços biográficos do eminente pensador podem ser coletados junto aos escritos de

Aczel (2007), descrevendo que Descartes nasceu em um lar abastado e protestante.

Contudo, sua governanta era católica fervorosa, tendo influenciado o pequeno René

para a fé católica romana. Aczel (2007, p. 138) escreve:

Conhecemos sobre seus significativos anos de estudos no magnífico colégio La Fleche dos jesuítas e do seu ser soldado voluntário de Nassau na Holanda. Recebemos detalhes de seu vagar, por mais de nove anos, por muitos países da Europa em busca de voluntariado em exércitos envolvidos em guerras religiosas, quando sempre achava tempo para “entreter-se com seus pensamentos em seu “forno”, como chamava seu quarto superaquecido. Nesse peregrinar, sempre com seu fiel camareiro, Descartes está resolvendo problemas como aqueles dos geômetras gregos, insolúveis há dois séculos, como duplicar o volume do cúbico templo de Apolo em Delos.

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Neste ir e vir, Descartes conheceu a Ordem Rosa-Cruz2 e sua linha de

pensamento, mas nada comprova a adesão do matemático a esta organização.

Pode-se também questionar como o filósofo obtinha recursos para seu sustento em

suas aventuras, além de sempre ser servido por serviçais. A resposta é encontrada

na situação financeira privilegiada de seu progenitor, um grande proprietário de

terras. Sempre que necessitava Descartes dispunha de bens que eram vendidos e

empregados em bons investimentos, mantendo uma boa situação financeira por

longas temporadas.

Em 1628 decide fixar-se na Holanda, a procura de liberdade religiosa que

pressentia não encontrar entre os francos católicos. Apesar dessa procura católica,

os protestantes holandeses, como um sinal de intransigência consideravam o

filósofo como ateu. No território holandês, Descartes vive por mais de duas décadas,

e é também neste país que o cogito cartesiano começa a ser disseminado em

instituições de ensino a partir da publicação de sua obra “Discurso sobre o Método”.

O matemático e filósofo buscam a união entre geometria e álgebra, angariando fiéis

seguidores e implacáveis desafetos. Seguiram-se profundas discussões acerca do

método cartesiano nas academias, principalmente em Utrecht, uma importante

universidade localizada nos Países Baixos, mais propriamente Holanda na cidade de

Utrecht, onde o modo de pensar, extremamente racional do filósofo, ecoou como

questionamento teológico e um evidente desprezo à escolástica, sendo esta a base

da emergente academia européia. Suas incessantes investidas em tentar

comprovar, com as ciências exatas (matemática) a essência Divina, renderam-lhe a

acusação de ateísmo (ACZEL, 2007).

2 A Ordem Rosacruz é uma Ordem que foi pela primeira vez publicamente conhecida no século XVII

através de três manifestos e insere-se na tradição esotérica ocidental. Esta Ordem hermética é vista por muitos Rosacrucianistas antigos e modernos como um "Colégio de Invisíveis" nos mundos internos, formado por grandes Adeptos, com o intuito de prestar auxílio à evolução espiritual da humanidade. Por um lado, alguns metafísicos consideram que a Ordem Rosacruz pode ser compreendida, de um ponto de vista mais amplo, como parte, ou inclusive a fonte, da corrente de pensamento hermético-cristã patente no período dos tratados ocidentais de alquimia que se segue à publicação de A Divina Comédia de Dante (1308-1321). Por outro lado, alguns historiadores sugerem a sua origem num grupo de protestantes alemães, entre os anos de 1607 e 1616, quando três textos anônimos foram elaborados e lançados na Europa: Fama Fraternitatis R.C., Confessio Fraternitatis Rosae Crucis e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz Ano 1459. A influência desses textos foi tão grande que a historiadora Frances Yates denominou este período do século XVII como o período do Iluminismo Rosacruz (traduzido por H.Spencer Lewis).

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Aczel (2007, p.138) nos traz uma face mais íntima da vida de Descartes,

desvelando alguns fatos sobre sua vida amorosa nos tempos em que vivia na

Holanda:

É também do período em que perambulou pelos Países Baixos que se tem referência de dois amores, ambos sempre mantidos quase como secretos. O primeiro, com Hélène, que por ser uma empregada doméstica não estava no nível de ser esposa de um rico e reputado filósofo. Desta união nasceu Francine (a pequena França, em homenagem à pátria do pai), que foi batizada no protestantismo, religião da mãe. Nos registros batismais de Francine aparece como se Hélène e René fossem casados. Francine morreu em torno dos cinco anos de escarlatina, fazendo o pai mergulhar em profunda tristeza. O romance não prosperou, pois sempre foi escondido e considerado impróprio socialmente. Uma outra douradora paixão – talvez não concretizada pelo fato de o filósofo não ser da nobreza – foi com a Princesa Elizabeth, filha do deposto rei da Baviera. A princesa foi das mais apaixonadas discípulas do cartesianismo; visitas e cartas, sempre censuradas por familiares da moça, sucederam-se por bom tempo, mas não se sabe se houve encontros mais íntimos entre os dois enamorados.

Surge um novo personagem na biografia de Descartes, o matemático, teórico

musical, clérigo, teólogo e filósofo Marin Mersenne (1588-1648), um francês que

nutria grande afinidade com Descartes. Mersenne ficou conhecido pelo estudo dos

chamados números primos de Mersenne. O amigo Mersenne, mesmo sendo

sacerdote católico mantinha estreitos laços com Galileu Gallilei (1564-1642), na

época que a igreja alimentava fortes restrições ao cientista já condenado pelo Santo

Ofício. É neste grande amigo que Descartes apóia seus questionamentos teológicos.

Descartes mantendo forte ligação ao catolicismo, procura escapar da fúria da igreja

por ter convicção na coerência das idéias de Copérnico, idéias estas, também

defendidas por Mersenne. Não se pode omitir o fato de que o julgamento e

condenação de Galileu deixaram Descartes profundamente apreensivo,

influenciando por demais a elaboração de seu trabalho intitulado “O Mundo”.

Descartes não publica esta obra. A apreensão quase o leva ao extremo de destruir o

fruto de quatro anos de estudos. Esta obra contém algumas das conquistas

definitivas da física clássica: a lei da inércia, a da refração da luz e, principalmente,

as bases epistemológicas contrárias ao que seria denominado de princípio da

ciência escolástica, radicada no aristotelismo. A obra veio a público somente após a

morte de seu criador (ACZEL 2007).

Aczel (2007, p.138) em seu texto ressalta que pelos tormentos sofridos por

Descartes nesta época, o filósofo resolve mudar de ambiente:

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Em meio aos dissabores amealhados na Holanda, Descartes recebe continuados convites para ir à corte da jovem rainha Cristina da Suécia, que se tornara rainha aos 6 anos, e coroada como soberana do país aos 18 anos e transforma Estocolmo na “Atenas do norte”, tal o número de sábios de diferentes países que reuniu em sua corte. Como estudiosa do cartesianismo, quis ter o seu inspirador como professor particular na corte. Após muitas resistências, Descartes aceita o convite e transfere-se, já com frágil saúde, para a frígida Estocolmo.

A jovem rainha insiste em realizar suas aulas às 5 h da manhã, Descartes,

acostumado a trabalhar em sua cama até tarde da manhã, não se adapta a esta

nova condição de horários e com a saúde fragilizada em função de uma pneumonia

agravada pela recusa em aceitar os tratamentos indicados pelos médicos que

envolviam sangrias e outras técnicas, vem a falecer. A morte de Descartes ocorreu

cerca de cinco meses depois de sua chegada à Suécia. Embora não se possa

afirmar como fato, também se suspeita que o notável pensador foi envenenado por

algum desafeto da corte, e o motivo do torpe assassinato pode ter sido a simpatia

conquistada junto à Rainha Cristina que, embora protestante, acatava muitas das

idéias do filósofo católico (ACZEL, 2007).

Após esta breve revisão acerca dos passos de Descartes passo a abordar,

mais profundamente, as conseqüências do pensamento cartesiano na área da

educação e da saúde.

Segundo Santos (2008, p.72):

A atual estrutura educacional, sedimentada com base em princípios seculares, tem levado os docentes a uma prática de ensino insuficiente para uma compreensão significativa do conhecimento, e muitas vezes suas respostas não satisfazem aos alunos, que perguntam: “por que tenho que aprender isso?”.

A percepção fragmentada das dualidades (sujeito-objeto, parte-todo, razão-

emoção, etc.), oriundos do cogito cartesiano, influenciaram a prática educacional

baseada nas idéias de Descartes. Partindo destas idéias, quando um acontecimento

é intrincado, deve-se dividir cada uma de suas partes em tantas quantas forem

necessárias e possíveis, para que se possa resolvê-lo. Este princípio dicotômico

levou a prática pedagógica a um arranjo fragmentado dos pares binários: simples-

complexo, parte-todo, unidade-diversidade consolidando a separação do

conhecimento em áreas e departamentos, demarcados por fronteiras

epistemológicas. Este modo organizacional caracteriza bem as atuais matrizes

curriculares que atuam como organogramas mentais, interpondo-se ao livre fluxo

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entre as disciplinas e as respectivas áreas do conhecimento, acarretando em uma

descontextualização do agir pedagógico (SANTOS 2008).

Segundo Santos (apud MORIN 1991, p.123):

A soma do conhecimento das partes não é suficiente para se conhecer as propriedades do conjunto, pois o todo é maior do que a soma de suas partes. Além disso, quando se toma o todo não se vê a riqueza das qualidades das partes, por ficarem inibidas e virtualizadas, impedidas de expressarem-se em sua plenitude. Daí que o todo é menor do que a soma de suas partes. As relações das partes com o todo são dinâmicas, portanto, o todo é, ao mesmo tempo, menor e maior que a soma das partes”.

Santos (apud PETRAGLIA 1995), afirma que a separação dos pares binários

na modernidade levou ao prejuízo do sentido do conhecimento. As bases da

fragmentação e da simplificação instalam-se na educação por meio de um

arcabouço disciplinar do conhecimento. Quando o professor segue as diretrizes

cartesianas, acredita que a soma das partes contidas nas matrizes curriculares,

formadas por um conjunto de várias disciplinas compartimentadas, representa o todo

do conhecimento. Esta característica curricular tem levado a uma impossibilidade de

criar vínculos entre os conhecimentos obtidos.

Em outras palavras, Santos (2008, p.77) ressalta:

Dicotomizar e exaltar apenas uma das características dos binários (por exemplo, racionalidade e objetividade) como base do ensino tem levado a incompreensões do processo de ensino e aprendizagem, justamente pela unilateralidade. Essa polaridade igualmente provoca nas gerações que passaram e continuam a passar por tal sistema a incapacidade de articular as diversas dimensões do seu ser. Na modernidade, ao dicotomizar o binário razão-emoção, a emoção delimitou-se às disciplinas de psicologia e psicanálise.

Maturama e Varela (1995, p. 219) apresentam a seguinte perspectiva:

[...] de acordo com a concepção tradicional, a percepção é dualística: emissor-receptor. Esse conceito de percepção fundamenta a pedagogia de transmissão de conhecimentos. A percepção é entendida como um fenômeno de uma só via: de fora para dentro. O conhecimento situa-se fora do sujeito, que precisa memorizá-lo para dele apropriar-se. O pressuposto aqui é que o conhecimento repassado constitui verdade indiscutível, só restando aos alunos memorizá-lo. Essa prática educacional esvazia o encanto e o prazer de aprender, ao separar ser e saber (conseqüência da dicotomia cartesiana sujeito-objeto). O saber é objetivado, coisificado e cobrado por meio das provas. Essa prática ainda é hegemônica, principalmente nas universidades. Em virtude da estrutura fragmentária de institutos como ilhas de saberes específicos e fechados em si, os professores não costumam estar em dia com as construções na área pedagógica. Aqueles que praticam a pedagogia tradicional acreditam (e esperam comprovar por meio das provas) que as informações repassadas

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em salas de aula são assimiladas integralmente pelos “bons” alunos (pedagogia bancária ou da domesticação).

Várias características do pensamento cartesiano e suas influencias na

educação foram abordados, passaremos a seguir para as implicações do cogito

cartesiano nas ciências biológicas.

2.1.1 Conseqüências do pensamento cartesiano nas ciências biológicas

O cogito cartesiano fez com que se priorizasse a razão em detrimento à

matéria, concluindo que estas eram completamente diferentes e separadas.

Descartes, em seu modo de pensar, afirmava que não havia nada no conceito de

corpo que pertencesse à mente, e nada no conceito de mente que pertencesse ao

corpo. Esta fragmentação, entre mente e matéria, repercutiu profundamente sobre o

pensamento ocidental, trazendo a impressão de que somos egos solitários no

interior de nossas estruturas corpóreas, já que delegamos à função mental

superioridade em relação ao trabalho manual. A concepção da natureza, segundo

Descartes, apresenta-se na dicotomia entre duas percepções independentes: a

mental, ou res cogitans, a coisa pensante, e a material, ou res extensa, a coisa

extensa. O eminente filósofo levou suas idéias mecanicistas da matéria para os

organismos vivos, considerando-os como simples máquinas e, no que se referia ao

corpo humano, este era indistinguível de um animal-máquina (CAPRA, 2006b).

Capra (2006b, p.57), contrapondo-se as idéias reducionistas e mecanicistas

do cogito cartesiano, reforça a importância da reformulação de paradigmas para

uma visão holística do ser humano:

[...] o problema é que os cientistas, encorajados por seu êxito em tratar os organismos vivos como máquinas, passaram a acreditar que estes nada mais são do que máquinas. As conseqüências dessa falácia reducionista tornaram-se especialmente evidentes na medicina, onde a adesão ao modelo cartesiano do corpo humano como um mecanismo de relógio impediu os médicos de compreender muitas das mais importantes enfermidades da atualidade.

A ciência médica ocidental aderiu ao pensamento reducionista e fragmentário

da visão cartesiana, negligenciando o tratamento sistêmico do paciente. Esta

fragmentação induz os médicos a dificuldades em conseguir interpretar ou tratar

doenças mais complexas. Há um crescente reconhecimento, por parte da classe

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médica, admitindo que muitos dos entraves em nosso sistema de saúde são

oriundos do modelo reducionista e mecanicista do organismo humano.

O professor Dr. Amit Goswami, pesquisador, conferencista e físico quântico,

aborda profundamente as repercussões negativas da medicina alopática ocidental

em seu livro intitulado “O médico quântico”, no qual afirma:

A verdade é que a maioria dos praticantes de medicina continua a pensar estritamente de acordo com a física clássica, mesmo em cem anos depois do advento das novas idéias quânticas [...] Na medicina, esse preconceito obriga os praticantes a ignorar o papel causal da consciência do curador e do paciente no ato da cura, a despeito de muitas das evidências e mesmo do senso comum. [...], no entanto, muitos praticantes de medicina admitiram, pelo menos reservadamente, que há um papel para o significado na cura, um significado que o paciente vê na doença. (GOSWAMI 2006, p.66,67)

Goswami (2006, p.102) conclui seu pensamento crítico em relação aos

modelos médicos ocidentais escrevendo:

As técnicas da medicina alopática aumentam nossa separação da totalidade; tratando-nos como máquinas, ela tende a transformar-nos em máquinas condicionadas, sem capacidade de escolha.

Para Damásio (1996, p. 288), a negligência cartesiana da não observância

dos aspectos mentais, pelas ciências ocidentais, acarreta interpretações

equivocadas, levando à entraves nos avanços do conhecimento pleno do ser

humano:

A negligência cartesiana da mente, por parte da biologia e da medicina ocidentais, tem tido duas conseqüências negativas principais. A primeira situa-se no campo da ciência. O esforço para compreender a mente em termos biológicos em geral atrasou-se várias décadas e pode dizer-se que só agora começa. Antes tarde do que nunca, sem dúvida alguma, mas o atraso significa também que se tem perdido o impacto potencial que um conhecimento profundo da biologia da mente poderia ter causado nos problemas das sociedades humanas. A segunda conseqüência negativa relaciona-se com o diagnóstico e com o tratamento eficaz das doenças.

Renomados médicos pesquisadores como Carlos Chagas, Oswaldo Cruz,

Louis Pasteur, Albert Sabin mostraram-se grandes conhecedores na essência da

fisiologia e fisiopatologia humanas em nossos tempos, amealhando profundo saber.

No que tange ao diagnóstico e tratamento das patologias estes profissionais

sustentam grandes vitórias, por uma mescla de saber e capacidade, contudo, esta

situação não se apresenta de forma homogênea no mundo ocidental. Prosseguindo

nessa visão o que predomina é uma percepção deturpada do organismo humano,

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associado a um assustador crescimento do conhecimento e uma voraz busca da

subespecialização, tornando a ciência médica cada vez mais imprópria. As ciências

médicas deveriam direcionar esforços no intuito de evitar um acúmulo ainda maior

de problemas causados pela industrialização da saúde, ou porque não dizer da

doença, e tentar minimizar o profundo abismo que se formou entre corpo e mente na

medicina ocidental. É de relevante importância uma mudança neste modo de pensar

e, para que isso ocorra, são necessárias profundas discussões e mudanças nas

ações. Damásio (1996, p. 289) afirma que a busca por diferentes técnicas

terapêuticas alternativas, mostra a insatisfação em relação às técnicas médicas

ocidentais, principalmente no que diz respeito à dicotomia entre o corpo e a mente:

Suspeito que o êxito de algumas formas da chamada medicina ”alternativa”, em especial aquelas que estão ligadas à tradição não ocidental, constitui uma reação compensatória a esse problema. Há algo a admirar e aprender com essas formas de medicina alternativa [...] as formas de medicina alternativa vêm colocar em destaque o ponto fraco da tradição ocidental, que deveria ser cientificamente corrigido dentro da própria medicina. Se, como julgo, o êxito atual dos tratamentos alternativos é um indício da insatisfação do público em relação à incapacidade da medicina tradicional de considerar o ser humano como um todo, é de prever que essa insatisfação irá aumentar nos próximos anos, à medida que se aprofundar a crise espiritual da sociedade ocidental.

Na evolução histórica, da ciência ocidental, as ciências biológicas estiveram

muito ligadas à medicina, sendo que a concepção mecanicista as influenciou

profundamente. Este pensamento fez com que o corpo humano fosse considerado

uma máquina que podia ser analisado em suas mínimas partes como peças de um

mecanismo, e a doença interpretada como um mau funcionamento deste

mecanismo.

A medicina do ocidente, ao dividir o corpo em partes cada vez menores,

perdeu de vista o ser humano como ser integral, reduzindo também a saúde ao bom

funcionamento de uma máquina, desviando-se do fenômeno da cura, evidenciando

a mais séria deficiência da medicina ocidental. O fato do fenômeno da cura não ser

abordado profundamente por esta ciência, porque considerado fora do espectro

científico fica evidente, uma vez que não pode ser compreendido em termos

reducionistas. Esta deficiência pode ser observada no processo de reparo dos

tecidos e, principalmente, na cura de algumas doenças com padrões complexos

envolvendo aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais (CAPRA, 2006b).

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A necessidade de superação do dualismo, proposto pelo cogito cartesiano,

nos setores educacionais e também na saúde é de suma importância.

Strieder (2004, p.280, 281) nos apresenta esta necessidade de mudança de

paradigmas, buscando um olhar sistêmico do ser humano, integrando este ao meio

em que vive, considerando-o um ser incondicionalmente aprendente:

Esse emaranhado conceitual, recheado de dúvidas e de conceitos divergentes, expressa de forma difusa, o quanto ainda é difícil admitir que somos nosso corpo, superando o tradicional e histórico dualismo do “Temos um corpo.” Do “Eu tenho um corpo.”, do “Cogito, ergo sum.” (“penso, logo existo.”) de Descartes. A partir dessas concepções, a identidade humana assentou-se na estrutura mental e racionalista em detrimento de um organismo corpo/mente coexistindo e inseparável. O mentalismo resultante esqueceu a possibilidade de que o corpo gere conhecimento e seja seu agente. Assegurada a separação corpo e mente exigiu-se uma concepção mecânica do universo com a necessária existência de partículas elementares. Igualmente, os organismos vivos foram dissecados e o cartesianismo os concebeu como máquinas construídas de partes, em principio sem interação e muito menos interdependência [...]. Essa base reducionista, arquitetada pela física clássica, transpôs-se para as ciências sociais e o resultado foi mais fragmentação e um maior grau de obstrução da visão dinâmica de realidade. No entanto, entre avanços e reveses, alguns ramos das ciências sentem-se inclinados a investigar o intrigante tema da corporeidade/vida. Tentam fugir das tradicionais alusões mentalistas da vida corporal, avançando em mergulhos fascinantes rumo ao discernimento do cérebro/mente e da vida/autopoiese.

É evidente a urgência de mudança, mudança de conceitos que minimizem as

idéias fragmentadoras e dicotômicas do método cartesiano, tanto nas ciências

biológicas como nas ciências humanas. Para que isso realmente ocorra será

necessário repensar, profundamente, a posição do ser humano em relação ao meio

ambiente e as formas de sua interação com o meio ambiente. Podemos buscar

respostas alternativas em outras culturas que apresentam outros pontos de vista,

maneiras diferentes de observar e entender as relações existentes entre os seres

humanos e o universo, reconhecer a integração com o todo e, mais importante,

sentir-se como parte integrante deste todo universal.

Esta mudança conceitual pode e é trabalhada com os alunos dos cursos de

pós-graduação em acupuntura tradicional chinesa para que sua formação

acadêmica seja baseada na não fragmentação do ser humano. Os conteúdos da

matriz curricular e os conteúdos essenciais precisam integrar os elementos teóricos

e práticos, quando ministrados aos alunos, para que o conhecimento seja construído

com uma visão sistêmica do ser humano.

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No curso de acupuntura as idéias sistêmicas são apresentadas aos alunos já

nos primeiros momentos, enfatizando a importância da mudança de paradigmas,

para que percebam a unidade do ser humano e a sua total integração com o

universo, o que sedimenta a importância da prática de atitudes transdisciplinares, já

prevista nos conteúdos da matriz curricular.

Na sequência do estudo, apresento o contexto histórico do pensamento

chinês e suas correlações com a medicina tradicional chinesa, para proporcionar ao

leitor a possibilidade de entendimento acerca deste modo de pensar.

2.2 UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE PENSAMENTO CHINÊS E SUAS RELAÇÕES

COM A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Para compreendermos os fundamentos básicos da MTC, e suas relações com

o pensamento tradicional chinês, devemos recorrer inevitavelmente a um estudo,

ainda que breve, da história dessa filosofia, que já conta milênios de existência e

que dá sinais interessantes de continuidade em meio à modernidade.

Há uma grande confusão entre a estrutura básica do pensamento chinês e

suas contribuições nos outros campos de saber criados na China Antiga. Muitas

vezes se busca relacionar, de modo superficial, as relações existentes entre as

escolas éticas chinesas (Confucionismo, ou Daoísmo, por exemplo) e o fundamento

epistemológico que organiza a mentalidade chinesa, embasadora de modo

abrangente das ciências produzidas por esta sociedade. É necessário aqui realizar

uma distinção entre estas teorias que compõem o cerne do pensamento chinês, e

seus possíveis desdobramentos, de modo a elucidar a lógica interna presente na

MTC.

Deste modo, temos que recorrer ao passado chinês para compreender a

evolução histórica de sua filosofia. A idéia fundamental que possuímos sobre o

antigo modo de pensar chinês encontra-se presente no Tratado das Mutações

(Yijing), cuja versão mais recente data do século VI a.C., e que foi recolhida pelo

grande sábio Confúcio. Segundo Confúcio, o Tratado das Mutações remontaria, pelo

menos, ao século XII a.C., o que é razoavelmente possível, de acordo com uma

série de pesquisas realizadas em torno do texto (SHAUGHNESSY, 1998). Apesar de

o livro ser atualmente muito valorizado pelos seus aspectos oraculares, seus

objetivos principais eram, na verdade, transmitir o que os chineses entediam como o

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modo fundamental de operação da natureza. E no que consistiria isso? Para os

redatores do texto, a natureza era entendida dentro de uma razão ecológica,

organizada por ciclos (estações, dias, tempos) que podiam ser medidos,

quantificados e cujas tendências eram reguladas por meio de atributos físicos

(temperaturas, climas, colheitas, etc.), influenciando diretamente as tendências da

realidade. Num nível primeiro, estas associações redundaram na criação dos

calendários anuais, que organizavam a vida social chinesa; num segundo nível,

porém, eles evoluíram no sentido de se formular uma teoria sobre a identificação

das forças que atuam nesta natureza, no sentido de compreender como se daria a

construção, a alternância, o equilíbrio e a continuidade entre elas (GRANET, 1997,

p. 63-85).

A observância dos ciclos naturais levou, assim, a que se considerassem a

existência de duas tendências nos movimentos naturais, denominadas, por

conseguinte, como yin e yang. É importante notar que estas não são, exatamente,

duas “forças”, como usualmente alguns autores preferem classificar, que congregam

diversos elementos da natureza (JOPPERT, 1979). Uma leitura superficial pode nos

levar a considerá-las como tal, daí surgindo as classificações usuais do tipo “yang =

masculino, quente, para cima, fogo, etc. e yin = feminino, frio, para baixo, água, etc.”,

mas na verdade, a relação yin-yang funciona mais exatamente como um sistema de

coordenadas da realidade (tais como x e y) que determinam, de fato, o que é uma

coisa é, ou está, em relação à outra. Isso significa que, numa situação de análise

sobre as propriedades de uma fruta, sobre o clima de um dia, ou mesmo sobre o

pulso de um paciente, busca-se determinar uma certa tendência a partir das

circunstâncias, que se opõem, se excluem, ou se completam. Para o sistema yin-

yang, portanto, o entendimento de um objeto é acessado por dois critérios; suas

propriedades constituidoras, e aquelas que não o constituem. Podemos dar um

exemplo disso: ao comparamos um cão e um gato, veremos que ambos têm 4

patas, focinho, são mamíferos, possuem rabo, etc. O que os diferencia, pois? Neste

caso, a distinção é feita por propriedades entendidas como “opositoras”, tais como

miar, subir em árvores, hábitos, etc, que diferenciam o que um faz e o outro não.

Aplicadas numa investigação mais aprofundada, as relações yin-yang

serviram de estofo, por conseqüência, para elucubrações teóricas mais abrangentes

e sutis, tais como a regulação das relações sociais, os parâmetros científicos de

identificação e derivação (por exemplo: o oposto da água seria o fogo, pois ambos

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se anulam; logo, a água quente é aquela em que predomina a própria água, mas

que possui uma derivação resultante do contato com o fogo) e a formulação de

teoria geral da produção das coisas de modo universal. O que se conclui deste

sistema, portanto, é que o mundo é gerado pela oposição complementar de

tendências, e o que se entende por Harmonia (He) é o ajuste destas tendências, de

modo equilibrado, visando manter o ciclo natural da matéria (Qi) de modo a não

desagregá-lo, seja por excesso ou ausência. O mundo – e por conseguinte, a

natureza – são engendradas pela mutação constante das coisas, em que se

alternam estas tendências; e o equilíbrio é dado pela capacidade de harmonizar

estas tendências, constituindo o chamado caminho natural das coisas, ou Dao (ou

ainda, em outra grafia, Tao). No plano da natureza, esta harmonia se dá

naturalmente, sem que haja necessidade de intervir nela; no entanto, a ação

humana sobre ela pode gerar processos desarmônicos ou calamidades, se for

realizado em excesso. O ser humano pode perder ainda o seu “caminho”, ou, o

contato espontâneo que o mantém com a natureza, gerando para si processos de

doença, esgotamento ou violação. O ideal dentro desta visão é a manutenção do

Ritmo (Yun), o modo adequado para que cada ser possa ajustar suas necessidades

aos recursos disponíveis, cumprindo o seu ciclo natural e possivelmente até

estendendo-o. No entanto, na visão histórica dos chineses, estes conhecimentos

sobre o Dao eram gerais na sociedade do passado – no século VI a.C., porém, há

uma mudança significativa sobre este discurso, que iria influenciar de modo

definitivo a organização do pensamento chinês.

2.2.1 A questão Ética

No período dos séculos VI – V a.C., instala-se uma crise social profunda na

sociedade chinesa, havendo uma escalada de violência e de conflitos de interesses

dentro da chamada dinastia Zhou. A falência das instituições é notada por diversos

intelectuais, que decidem analisar a questão e propor soluções para a crise. Este

período foi conhecido como das “Cem Escolas de Pensamento”, em função da

grande quantidade de pensadores envolvidos neste processo de discussão. A maior

parte, porém, não deixou grandes legados, e os principais debatedores deste

momento foram, justamente, os confucionistas, os daoístas, os legistas, os moístas

e os cosmológicos.

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Historicamente, deve ter sido Confúcio (561-479 a.C.) o primeiro a notar os

sinais do caos que se seguiria nos séculos seguintes. Para ele, a desagregação do

sistema social era causada pela perda do conhecimento acerca do Caminho (Dao),

tendo em vista que a natureza do ser humano é a de produzir conhecimento. Se o

ser humano produz saber, logo (pela lógica yin-yang), quanto mais ele souber, mais

ele poderá esquecer; dito assim, no entendimento de Confúcio, a saída para a crise

seria retomar o conhecimentos sobre a raiz das coisas (jing), ou seja, compreender

o padrão de funcionamento do mundo para então, alcançar a harmonia com ele. Isso

se daria por meio da educação, ponto fundamental da teoria confucionista. Segundo

Confúcio, a educação seria o único meio pelo qual se poderia conhecer o passado,

as teorias sobre a natureza e assim, manter o apropriado e adaptar o necessário.

Confúcio acreditava, ainda, que a obtenção deste conhecimento levaria ao

Humanismo (Ren), ou, a harmonia ideal entre os seres, baseada no seu ritmo de

existência.

Outra escola que parece ter surgida junto com a de Confúcio foi aquela

denominada como “seguidores do Dao”, ou Daoístas. Seu primeiro grande autor

teria sido Laozi, um pensador desencantado com a cultura e com a sociedade, e que

propunha que o retorno ao Dao original – ou, a natureza humana original – consistia

em se desapegar de tudo aquilo que o ser humano produziu, e tentar buscar a

originalidade da vida em contato direto com a natureza (florestas, rios, lugares

isolados). A proposta de Laozi, assim, era absolutamente contrária a de Confúcio;

enquanto este acreditava que a cultura fazia parte da natureza humana, Laozi

defendia o mito da perda da naturalidade, e o conseqüente desregramento do

processo da vida. Por esta razão, os daoístas eram estimulados a viver distantes

das cidades, alimentado-se do que podiam pegar com suas mãos, dedicando-se as

atividades mais básicas e, ocasionalmente, estudando textos que lhes pareciam

adequados sobre a doutrina.

Enquanto confucionistas e daoístas são considerados opostos

complementares no pensamento chinês tradicional, os Moístas e os Legistas são

tidos como escolas cuja eficácia foi relativa por suas visões excessivas sobre a

natureza humana. Os moístas surgiram pouco tempo depois de Confúcio, e eram

liderados por Mozi. Sua doutrina consistia numa negação completa da cultura e da

ideologia dominante, tida como causa de todo mal existente. Mozi defendia que o

resgate do Dao se baseava no abandono das instituições e na formação de um

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comunismo primitivo, em que não haveria mais elite, nobres ou dominantes,

somente a classe campesina, produzindo para sua própria subsistência. Embora os

moístas fossem bons argumentadores, eles eram contra a educação formal, o que

desde cedo dificultou a continuidade de sua doutrina. Duraram pouco tempo, apesar

das impressões que deixaram na literatura.

A escola legista teve uma ação muito mais intensa, apesar, também, de sua

curta duração. Os legistas, comandados por Shang Yang e Hanfeizi, acreditavam

que o Dao original fora perdido por completo, e que as respostas do passado não

mais serviam. A lógica do sistema, portanto, seria a Lei (Fa), que imporia o equilíbrio

com a natureza e na sociedade. A teoria central destes pensadores, portanto, era de

que a superação das dificuldades e os ajustes necessários eram feitos a partir da

primazia da razão e da aplicação do poder constituído, sendo a natureza submetida

ao humano. Os legistas conseguiram feitos notáveis na re-unificação da China,

durante a Dinastia Qin (221-201 a.C.), mas suas medidas excessivas, e a lei

totalitária que impuseram, rapidamente geraram uma crise entre o povo chinês, que

em breve os derrubou.

Por fim, os cosmológicos se constituíam em autores pouco conhecidos. Eles

defendiam o resgate das teorias yin-yang e a interpretação das forças da natureza

por meio da teoria dos Cinco Estados da Matéria, Wuxing (ou ainda, wujing, ou cinco

essências). A teoria yin-yang já nos é conhecida; a teoria dos cinco estados a

complementava, afirmando que a matéria se concretiza na realidade de cinco modos

diferentes (água, madeira, fogo, metal e terra), por meio de correlações de produção

ou anulação, e que podiam ser aplicadas a todos os seres e coisas. As teorias

cosmológicas surgem em anexos dos textos do Tratado dos Livros (Shujing, da

época de Confúcio), mas seus principais autores surgiriam na Dinastia Han (séc. 3

a.C. ao séc. 3 d.C.). A princípio, estas teorias são apresentadas como esquemas

interpretativos da natureza, mas logo seriam utilizadas na sistematização da MTC e

de propostas Bioéticas na China Antiga.

2.2.2 O advento da Dinastia Han

A experiência dos Moístas e dos Legistas foi efêmera. No entendimento dos

chineses, ambas incorreram em excessos, e seu erro fundamental foi negar a

conexão com o equilíbrio fundamental com a natureza, dada pelo Dao. Ambas não

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reconheceam a correlação das tendências yin-yang, tentando sobrepor-se a elas, e

esquecendo então o ritmo necessário ao estabelecimento da ordem.

Já os confucionistas e os daoístas foram mais bem sucedidos por anuírem a

esta estrutura fundamental de pensamento, dando-lhe inclusive o dinamismo

necessário à sua continuidade. Durante a época da Dinastia Han, o Confucionismo

foi eleito a principal teoria de administração pública e do Estado, enquanto os

Daoístas se encaminharam no sentido de se transformarem numa espécie de

religião, que pesquisava métodos mais apropriados de harmonia com a natureza, e

empreendendo buscas que perpassavam tanto a MTC quanto a Alquimia.

A dinastia Han, porém, é o momento de síntese destas escolas, posto que a

visão chinesa sobre estas teorias é que elas representam tendências (novamente, o

sistema yin-yang) e, por conta disso, o mais apropriado seria fundi-las, de modo a

buscar modelos de ajuste cada vez mais sutis e profundos (BUENO, 2008). Nesta

época, pois, é que surgem textos como o “Sábios de Huainan” (Huainanzi) e “As

pedras preciosas das primaveras e outonos” (Chunqiu Fanlu), de Dong Zhongshu,

ambos os textos fundem as teorias cosmológicas com as doutrinas éticas,

formulando uma espécie de Bioética primitiva. O primeiro, o Huainanzi, encaminhava

uma fusão do daoísmo com os cosmológicos, dando-nos preciosas informações

sobre as visões de mundo e de natureza da época, e defendendo que os seres

humanos eram constituídos por porções diferentes dos wuxing, o que os levaria a

terem tendências diferentes, constituindo as individualidades humanas e, por

conseguinte, que a ética do equilíbrio com a natureza daoísta consistia na busca

íntima do ajuste correto, por meio da adaptação desta tendência pessoal com a

natureza circundante.

Dong Zhongshu, porém, era um confucionista importante dentro da corte

chinesa, e seu livro, o Chunqiu Fanlu, é um tratado que funde a cosmologia com o

confucionismo, gerando desdobramentos bioéticos que atingem não somente o ser

humano, mas também, sua vida em sociedade. Segundo Dong, as tendências

wuxing também aparecem na formação do caráter do indivíduo, mas seu ajuste se

dá em sociedade, e não pelo isolamento. Assim, a sociedade é, também, um grande

organismo, e as crises, doenças ou conflitos são gerados pela desarmonia tanto

individual quanto coletiva. É o texto de Dong, aliás, que nos mostra uma das

primeiras passagens sobre a relação wuxing diretamente atrelada ao ser humano e

ao seu comportamento:

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Tem o céu 5 forças, a saber: a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água. A madeira é o primeiro, e a água o ultimo, com a terra no meio. Tal é sua seqüência ordenada pelo céu. A madeira dá origem ao fogo, o fogo dá origem a terra (cinzas), a terra dá origem ao metal, o metal dá origem a água, e a água dá origem a madeira. Tal é sua relação criadora. A madeira está à esquerda, o metal à direita, o fogo adiante, a água atrás, e a terra no centro. Esta é a ordem em que, como pais e filhos, recebem o ser e o transmitem em reciprocidade. Assim, a madeira o recebe da água, o fogo da madeira, a terra do fogo, o metal da terra, e a água do metal. Enquanto os transmissores todos são pais; enquanto receptores, todos são filhos. Confiar constantemente no próprio pai a fim de prover para o próprio filho é a via do céu.Por conseguinte a madeira, enquanto árvore vivente é alimentada pelo fogo (sol); o metal, uma vez morto, é sepultado pela água; o fogo se compraz na madeira, e a nutre por meio da energia yang (solar); a água vence ao metal (seu pai), mas o chora por meio da energia yin. A terra demonstra a máxima lealdade no serviço do céu. Assim, as 5 forças proporcionam uma norma de conduta para ministros leais e para filhos devotos de seus pais.O sábio, compreendendo isso, incrementa o seu amor e diminuiu sua severidade, faz mais generoso seu auxilio aos vivos e mais respeitoso seu cumprimento dos ritos funerários pelos mortos, ajustando-se assim a norma estabelecida pelo céu.Como filho, cuida gostosamente de seu pai, o mesmo que o fogo se compraz na madeira, e chora a seu pai, o mesmo que a água vence ao metal. Serve ao seu soberano como a terra reverencia ao céu. Assim, pode chamar-se um homem de força. Exatamente igual que cada uma das 5 forças mantém seu lugar próprio de acordo com sua ordem estabelecida, assim os funcionários públicos, em conformidade com as 5 forças, se esforçam ao máximo empregando suas faculdades em seus deveres respectivos.

É neste contexto que se formula o primeiro texto conhecido da Medicina

Chinesa, o Tratado Interno (Neijing), que ratifica a tendência de unir as teorias

cosmológicas para garantir uma explicação lógica aos processos físicos de doença e

saúde. Não se sabe ao certo quem o produziu – se confucionistas, daoístas ou

mesmo uma linha de médicos ou de cosmológicos – mas o fato é que, a partir dele,

a avaliação da MTC tornou-se um assunto cientificamente embasado, afastando-se

gradativamente da alquimia chinesa. O Nejing incorpora uma metodologia de análise

baseada nas antigas teorias yin-yang e wuxing, mas aceita plenamente as relações

bioéticas propostas pelos pensadores da dinastia Han, como podemos ver neste

trecho do primeiro capítulo:

Antigamente, essas pessoas que compreendiam o Dao [o caminho do autodesenvolvimento] moldavam-se de acordo com o Yin e o Yang [os dois princípios da Natureza] e viviam em harmonia com as artes da adivinhação. Havia temperança no comer e no beber. As suas horas de levantar e recolher eram regulares e não desordenadas e ao acaso. Graças a isso, os antigos conservavam os seus corpos unidos às suas almas, a fim de cumprirem por completo o período de vida que lhes estava destinado, contando cem anos antes do passamento. Hoje em dia, as pessoas não são assim; utilizam o vinho como bebida e adotam a temeridade e a negligência como comportamento habitual. Entram na câmara do amor em estado de embriaguez; as paixões exaurem-lhes as forças vitais; o ardor dos desejos malbarata-lhes a verdadeira essência; não são hábeis na regulação da sua

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vitalidade. Devotam toda a atenção ao divertimento dos seus espíritos, desviando-se assim das alegrias da longa vida. Levantam-se e deitam-se sem regularidade. Por tais razões só chegam à metade de cem anos e degeneram. Na Antigüidade mais remota, os ensinamentos dos sábios eram seguidos pelos que se encontravam abaixo deles. Os sábios diziam que a fraqueza, as influências insalubres e os ventos nocivos deviam ser evitados em ocasiões específicas. Sentiam-se tranqüilamente satisfeitos no nada e a verdadeira força vital acompanhava-os sempre; preservavam dentro de si o vigor vital primitivo. Assim, como podia a doença acometê-los? Reprimiam a vontade e reduziam os desejos; os seus corações estavam em paz e sem qualquer medo, os seus corpos labutavam e, contudo, não sentiam fadiga. O seu espírito respeitava a harmonia e a obediência, estava tudo de acordo com os seus desejos e conseguiam o que quer que desejassem. Achavam excelente qualquer espécie de comida e qualquer espécie de vestuário os satisfazia. Sentiam-se felizes em todas as circunstâncias. Para eles, não importava que um homem ocupasse na vida uma posição elevada ou inferior. Homens assim se podem chamar puros de coração. Não há desejo capaz de tentar os olhos destas pessoas puras, e a sua mente não pode ser desencaminhada pelos excessos nem pelo mal. Numa sociedade assim, quer os homens sejam sensatos, quer idiotas; quer virtuosos, quer maus, não têm medo de nada, estão em harmonia com o Dao, o Caminho Certo. Por isso, os antigos viviam mais de um século e permaneciam ativos sem se tomarem decrépitos, porque a sua virtude era perfeita e nada jamais a punha em perigo.

Foi neste momento que as técnicas mais antigas da acupuntura, da

farmacopéia e das outras ciências chinesas passaram por um processo de revisão

geral, sendo analisadas segundo os procedimentos das teorias yin-yang e wuxing.

Uma ampla gama de estudos começou a se desenvolver nesta época (tal como das

fórmulas magistrais, por exemplo), levando a um processo de aprofundamento dos

métodos médicos, e de sua conseqüente evolução. Logo, tratados de medicina e

acupuntura, como o Lingshu e o Suwen estavam sendo escritos, incorporando o que

havia de melhor destas pesquisas e legando um poderoso instrumento de cura para

a posteridade.

Não sem razão, é possível afirmar que a extensão da civilização chinesa deve

muito a estes avanços, impossíveis de serem desconsiderados. Simples métodos

como de aquecer a água para o chá e para outras bebidas (pois dentro da lógica yin-

yang e wuxing, o fogo elimina impurezas, tal como faz com a carne; logo, se

aplicado a água, elimina também suas impurezas, o que antecipou em séculos a

consciência sobre esterilização e purificação da água) evitaram muitas vezes

catástrofes terríveis de pestes e doenças, bem como melhoraram enormemente a

qualidade de vida, prevenindo diversos males corporais. A história da China,

marcada por momentos terríveis de crise, entende que todas as épocas ruins são

marcadas por uma ausência generalizada de educação, o que gera o conseqüente

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abandono destas práticas salutares, da ética e que promovem, assim, uma crise

orgânica da vida e da natureza.

Após este relato histórico o leitor terá mais facilidade para assimilação da

abordagem mais profunda dos conceitos abordados. Para um aprofundamento

acerca do pensamento filosófico chinês apresento, a trajetória dos principais

pensadores chineses.

2.2.3 Os pensadores chineses e suas contribuições

Confúcio

Confúcio é a nominação latina, determinada por missionários jesuítas na

China, da designação chinesa Kongfuzi (Mestre Kong). De acordo com a biografia,

Confúcio tem como data aproximada de nascimento 551 a.C.. Viveu por

aproximadamente 72 anos vindo a falecer por volta de 479 a.C. Relacionando-o com

sua idade sempre é representado com as feições de um venerável ancião marcado

pela imensa sabedoria.

Confúcio nasceu no pequeno vilarejo de Lu, atualmente chamado de

Shandong. Confúcio, em suas origens representa uma categoria de população

ascendente, entre a nobreza guerreira e o povo camponês e artesão, apresentando

grande competência na área cultural, constituindo uma categoria de funcionários-

letrados da China imperial. Esteve, desde muito jovem, engajado na vida política de

Lu, exercendo funções administrativas subalternas e mais tarde chegando a deter o

cargo de ministro da Justiça. Aos cinqüenta anos de idade abandona a carreira

política por chegar à conclusão de que não poderia ser praticada através de

compromissos para com soberanos que perderam o senso do mandato celestial. Em

virtude desta decepção passou a oferecer seus conhecimentos e conselhos a outros

governantes, que detinham seu poder por hereditariedade, mas não obteve sucesso.

Com mais de sessenta anos, retorna à cidade natal de Lu, onde viveu seus últimos

anos de vida. Nesta fase da vida disseminou seus conhecimentos e angariou um

número cada vez maior de seguidores. Elaborou muitos textos com conteúdo ético e

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educativo, textos estes, que vieram constituir a única obra vinculada ao seu nome

denominada Analectos3 (CHENG, 2008).

É comum comparar no ocidente Confúcio a Sócrates, particularmente na

forma de influenciar seus seguidores. A sua presença e influência junto aos

seguidores foi tão evidente quanto à do filósofo grego, sendo que os chineses

Confúcio é considerado um “Mestre para dez mil gerações”. Pouco se sabe sobre o

modo de vida do pensador chinês, a não ser pelo fato de Confúcio ter atuado como

professor no início do século V a.C. Apoiou seus ensinamentos em textos clássicos

como: o Shijing (Livro dos Versos), o Shujing (Livro da História), o I Ching (Livro da

Adivinhação) entre outros. As explanações sobre estas obras serviram como ponto

central de seus ensinamentos, associando-os a normas de boa conduta ritual4. A

doutrina, preconizada por Confúcio, tem características de uma doutrina de ação,

preconizando uma moral atuante, Cujos princípios são interpretados ao pé da letra.

Teve um grande prestígio como mentor espiritual e não hesitou em instruir segundo

situações que eram julgadas como contraditórias. Confúcio fazia de qualquer

oportunidade cotidiana uma boa ocasião para tirar proveito e transformar em

situação de ensinamento (GRANET, 1997).

A política era o foco principal da atenção do pensador chinês, mais não mais

importante do que a filosofia chinesa antiga. Em sua visão o pensamento chinês

girava em torno de duas questões principais: harmonia do universo e da sociedade,

ou seja, cosmologia e política. Desta forma é possível entender quando Berliner

(2005, p.27) transcreve um trecho dos ensinamentos atribuídos ao pensador chinês:

Uma vida de eremita pode ser tentadora para um sábio; mas, uma vez que não somos nem pássaros nem animais selvagens, não podemos nos refugiar entre eles. Temos de nos associar aos nossos semelhantes. E, quando o mundo perde o Caminho, o sábio tem o dever moral de reformar a sociedade e fazê-la voltar aos trilhos. A política é uma extensão da ética: Governo é sinônimo de honestidade. Se o rei for honesto, como alguém

3 Os Analectos são uma compilação de ensinamentos de Confúcio, realizadas por seus discípulos

após a morte do mestre e de uma influência incontestável no oriente, principalmente na China (SCHWANFELDER, 2008). 4 Para Confúcio ser humano é estar imediatamente em relação com os outros, relação que é

percebida como de natureza ritual pela formula tornada célere: “Vencer seu ego para reintegrar-se no sentido dos ritos”, indicando a necessidade de disciplinar a tendência ao egocentrismo e para interiorizar ritualmente a humanidade de suas relações com os outros. A dimensão ritual do humanismo confuciano confere-lhe uma qualidade estética, não apenas na beleza formal do gesto e no requinte sutil do comportamento, mas pelo fato de haver nisto uma ética que encontra sua justificação nela mesma, em sua própria harmonia (CHENG, 2008).

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ousaria ser desonesto? O governo é de homens, não de leis (até os dias atuais, isso continua sendo uma das mais perigosas pragas na tradição política chinesa) [...] A verdadeira coesão é garantida não por regras legais mais por observâncias rituais.

A valorização dos ritos, para a visão confucionista, pode parecer

desconcertante, mais esta situação é simplesmente semântica, bastando substituir a

palavra “ritos” por “hábitos civilizados”, ”convenções morais”, ou “bons costumes”.

Assim, podemos notar que os valores confucianos estão muito ligados aos princípios

da filosofia política que o ocidente criou por ocasião do Iluminismo. Segundo

Confúcio, o rei é líder pela moralidade, se não oferece exemplo moral, se não

consegue manter e promover os rituais e a música, perderá a lealdade de seus

ministros e a confiança de seus súditos. O tesouro de um governante está na

confiança de seu povo, quando a perde, o país está condenado (BERLINER, 2005).

Para o mestre Confúcio, o relacionamento entre os ritos e o que eles

representam para os indivíduos, está no significado do “justo” e como cada um

investe em sua maneira de se portar em relação ao mundo e em relação à

comunidade humana. É o modo como cada um interpreta a tradição coletiva

atribuindo-lhe um novo sentido. Segundo Cheng (2008, p.80/81), para Confúcio, a

missão sagrada para o ser humano de bem era:

Para Confúcio o homem tem uma missão sagrada: a missão de afirmar e erguer cada vez mais alto sua própria humanidade. Esta missão prima sobre todos os outros deveres sagrados, inclusive os que dizem respeito às forças do divino ou do além [...] O sagrado não é tanto o culto prestado às divindades, mas a consciência moral individual, a fidelidade a toda a prova ao Caminho (TAO), fonte de todo o bem. Em nome deste caminho, o homem de bem deve estar pronto a ser ignorado pelos homens sem se perturbar, ou seja,deve estar pronto a renunciar a todas as vantagens e sinais exteriores do sucesso e do reconhecimento social e político.

Finalizando a apresentação de Confúcio resta complementar que o sábio,

com a intenção de conduzir os comportamentos, sugere a necessidade de conhecer

o comportamento dos seres humanos. Que esses comportamentos nunca são

abstratamente desligados de grupos hierarquizados onde sua vida transcorre, e

onde o ser humano adquire sua personalidade, construindo sua dignidade de ser

humano. Confúcio, e seus seguidores, não tinham como objetivo instituir uma

ciência abstrata do ser humano, mas sim, a arte de viver, abrangendo psicologia,

moralidade e politização. Todas elas são oriundas da experiência, das observações

sugeridas pela vida de relações, pela capacidade de reflexão e somam-se ao legado

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deixado pelos antigos. Esse cogito, nomina-se como humanismo, inspirado em um

espírito positivista5. Para Confúcio, somente teria valia, uma arte da vida que tivesse

suas origens em relações amistosas entre seres humanos civilizados E, identificava

este tipo de relacionamento como bem público (GRANET, 1997).

Mozi

Pouco se sabe da vida de Mozi (ou Mo-Tseu). Ele nasceu no país de Lu,

muito parecido com Confúcio, era um nobre sem fortuna. Fundou uma escola bem-

sucedida, com características de seita, e essa escola estava dominada pela

autoridade de um Grão-mestre, e era dividida em diversas ermidas que

conservavam uma unidade, com função de pregação. Tentava demonstrar

despojamento como forma de obter uma conduta ilibada.

Granet (1997, p. 297) descreve o espírito da seita, tendo como referência

relatos extraídos de documentos conservados:

Opor-se ao gosto pelo luxo, evitar a dilapidação, não buscar o esplendor nos números e medidas protocolares, submeter-se as regras escritas, preparar-se para as dificuldades da vida, tais foram os princípios [...] de Mozi [...] Ele escreveu „contra os espetáculos‟ [...] „Sobre a frugalidade‟. (Segundo ele) os seres vivos não deveriam cantar, nem os mortos ser objeto de luto. (Ele aconselhava) estender (a todos) uma afeição imparcial, (considerar) imparcialmente os benefícios de todo tipo e opor-se a querelas. Condenava a cólera, amava o estudo, mas não almejava distinção para os doutos.

Mozi em seus ensinamentos tece criticas radicais ao humanismo confuciano,

contrariando a aposta no ser humano pregado por Confúcio. Seus textos

apresentam-se de forma sóbria, com estilo pesado e com pouco humor (CHENG

2008).

Com características conservadoras e pessimistas, procurava mais convencer

seus seguidores do que provar suas teses, por uma argumentação que em muitas

vezes soava como demagogia. Mozi aceitava sem restrições a existência do

princípio de autoridade, onde os deuses e os chefes determinariam o certo e o

errado, detendo também os castigos, restando apenas à submissão para os que não

estavam dispostos a sofrer os castigos impostos. A essência da doutrina está

5 Este termo é utilizado com o intuito de mostrar que Confúcio leva em conta apenas dados

observáveis, vividos e concretos (GRANET, 1997).

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baseada na origem do governo, dando ênfase não ao caráter social dos homens,

mas sim ao comportamento individualista do teu e do meu, afirmando que os

homens só conseguiram sair da situação anárquica quando recorreram às decisões

de um chefe. Encontra-se em Granet (1997.p.298) a apresentação desta idéia:

No começo não havia governo nem penalidades. Cada homem tinha uma idéia diferente do teu e do meu; um homem tinha uma; dois homens tinham duas; dez homens, dez ; quantos eram os homens, tantas as opiniões diferentes. Cada qual aceitando a sua idéia do teu e do meu e se recusando a admitir a de outrem, (só havia entre os homens) relações de hostilidade (de negação) recíproca. Nas famílias, o ódio, a discórdia, a divisão, a desunião, reinavam entre pais e filhos, entre primogênitos e caçulas; (os pais) eram incapazes de conviver em harmonia.

Seguindo o raciocínio descrito, CHENG (2008) relata que para Mozi a

desordem tem origem da falta de moralidade, onde o principio desta, deve vir de

cima, de um escalão superior, com senso de justiça, que possua domínio para

conseguir o consenso geral. Isso não se trata de autoritarismo com a utilização de

força bruta, mas sim, de uma auto-regulação da sociedade, Mozi vislumbrava na

fartura e no sucesso a recompensa de uma conduta correta.

Mêncio

Mestre Meng como era conhecido, viveu por volta de 380-289 a.C., tem sua

origem e um pequeno Estado de Lu, também origem de Confúcio, Mêncio é

considerado herdeiro espiritual de Confúcio. Observam-se em seus ensinamentos as

características do “homem de bem”, e a busca deste que vem marcar

profundamente seus passos. A proposta deste pensador tem características ético-

políticas, procurando mostrar aos soberanos, que a melhor maneira de conduzir o

seu governo, seria colocar em prática o senso do humano, mas poucos senhores

davam-lhe ouvidos. Mesmo assim Mêncio insistia na idéia, de que este seria o único

meio de governar com características de unificação, conquistando estabilidade e

união, e isso seria possível também pelo tratamento humilde do soberano para com

seus súditos, como se fosse “pai e mãe” de seu povo, atraindo-os naturalmente a si

(CHENG, 2008).

Considerado um grande escritor, era mais um gerador de polêmicas do que o

pensador propriamente dito, colocando as questões em debate e discutindo-as com

grandes personagens. Atribui a si mesmo a tarefa de professar os ensinamentos de

Confúcio, com o intuito de impedir que as palavras de Mozi se dispersassem pelo

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mundo, defendendo a sabedoria confusionista, desta forma Granet (1997.p.334)

apresenta a idéia de Mêncio:

O grande Homem é aquele que não perdeu o coração de recém nascido. Só que ao se expressar dessa maneira, ele não está pensando na simplicidade inata que qualquer civilização deturpa. O que pretende dizer é que somente o grande Homem (ou seja, aquele que não trabalha com os músculos, mas com o coração, aquele que vive com nobreza) pode, ao contrário de “gentinha”, uma vez que escapa a qualquer atividade interesseira, desenvolver livremente os sentimentos naturais de benevolência e compaixão.

Os discursos de Mêncio demonstram a idéia do “homem de bem”, tornando-o

não apenas um herdeiro das idéias de Confúcio, mais um pensador de integral

direito, é sua concepção de natureza humana, perdurando em toda reflexão

confuciana ulterior. O princípio do pensamento de Mêncio é demonstrar que a

natureza humana tem tendência pela bondade natural e também para sua

conservação. Para Mêncio a distinção entre o ser humano e o animal é sua natureza

moral, onde Cheng (2008, p.191) descreve:

Na perspectiva confuciana defendida por Mêncio, é ao próprio homem que incumbe distinguir-se do animal bruto, já que sua superioridade não é adquirida desde o início em virtude, por exemplo, de alguma origem divina – pense-se na idéia bíblica de que, de todas as criaturas, apenas o homem é concebido à imagem de Deus. Trata-se, portanto, nada menos que de pôr em evidência o que exatamente faz com que um homem seja humano: “O que distingue o homem do animal é quase nada. As pessoas comuns fazem pouco caso dele, o homem de bem é o único a preservá-lo”. Este “quase nada” a que o home de bem está tão apegado, Mêncio chama de “mente original” ou “mente fundamentalmente boa”. “Quase nada” minúsculo, mas também infinito: uma vez que o homem se distancia do animal, suas virtudes morais podem desdobrar-se indefinidamente, pois não se acaba nunca de ser sempre mais humano.

O termo xin, que indica ao mesmo tempo a mente e o coração, é para Mêncio

uma forma unicamente humana de sensibilidade, determinando o poder de sentir,

desejar e de querer, mas também de pensar o que é sentido, desejado e querido.

Nota-se aqui a divergência de conceitos, onde que para um ocidental a cabeça é a

sede do pensamento puro, e o coração, sede das emoções e das paixões. Mêncio

afirma que o ser humano deve ser visto como um todo, e que em nenhuma hipótese

deve-se dissociar o corpo do coração/mente, sendo que o corpo não é um simples

aglomerado de carne e o coração também não é uma faculdade pensante

desencarnada, pelo simples fato de que ambos, da mesma maneira de que em

outros seres vivos, são constituídos de energia vital (CHENG, 2008).

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Lao-Tse

Lao-Tse, Lao significa criança, jovem, adolescente e Tse é o sufixo de muitos

nomes chineses, indicando idoso, maduro, sábio, correspondendo ao grego

presbyteros, que significa literalmente ancião, com a conotação de maduro,

espiritualmente adulto, de maneira que podemos transliterar Lao-Tse por “jovem

sábio”, “adolescente maduro”. Lao-Tse viveu no século VI a.C. passando a primeira

parte de sua vida, cerca de quarenta anos, na corte imperial da China, atuando

como historiador e bibliotecário. Quando atingiu a meia idade, abandonou seus

afazeres, retirando-se como eremita, para a floresta, onde viveu o restante de sua

longa vida, estudando, meditando, auscultando a voz silenciosa da intuição cósmica,

deixando seus reflexos em sua obra o “Tao Te Ching”. Aos oitenta anos Lao-Tse

cruzou a fronteira da China, desaparecendo sem deixar vestígios de sua vida

ulterior. Ao cruzar a fronteira, encontrou-se com um guarda da divisa, que lhe pediu

um resumo da sua filosofia, ao que Lao-Tse entregou um pequeno rascunho, que

continha toda a essência do atual Tao Te Ching, que atualmente é constituído de 81

capítulos brevíssimos, constando pequenos aforismos, muitas vezes de forma

paradoxal. Na obra de Lao-Tse as verdades se apresentam em forma de pequenos

epigramas, lembrando os Provérbios de Salomão. Em quase meio século de silêncio

e solidão Lao-Tse deve ter auscultado a voz do infinito, a alma do universo, e

exprimiu em conceitos mentais e palavras verbais a sua sabedoria ultramental e

ultraverbal. O sábio professa uma sabedoria de grande verticalidade, parecendo

muito com a metafísica da Índia. Para a compreensão da obra de Lao-Tse é

importante o entendimento de sua atitude cosmo-consciente (ROHDEN, 1997).

A obra de Lao-Tse tem uma existência histórica atestada6, apresentado

características que a diferenciam muito das obras que à sucedem, mostrando-se sob

a forma de poemas ritmados e com rimas de uma brevidade extrema, de estilo

singular e de grande simplicidade. Esta obra pode ser utilizada em diversas

6 Manuscritos foram encontrados em 1993 em uma tumba do início da dinastia Han (séc. II a.C.), em

Mawangdui (província de Hunan). Mais recentemente ainda, diversas recensões parciais do Tao Te Ching em ripas de bambu foram encontradas em Guodian (província de Hubei). (CHENG, 2008).

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situações simultâneas: cultura individual do “não agir” 7, aplicando este princípio à

arte de governar ou as artes de combate e busca de métodos de longevidade. Com

a finalidade de demonstrar o conceito central de seu pensamento Lao-Tse recorre a

uma metáfora relacionada à água, na qual sua tendência natural é de escorrer para

baixo, em analogia com a predisposição da natureza humana para a bondade. A

água representa o elemento mais humilde, mais insignificante na aparência, que,

embora não resistindo a nada, supera a resistência de materiais considerados mais

sólidos Cheng (2008, p.213):

O homem do bem supremo é com água. A água benéfica a tudo não é rival de nada. Ela permanece nos baixios desprezados por todos. Do Caminho ela está bem próxima. Nada no mundo é mais flexível e mais fraco do que a água. Mas para atacar o duro e o forte nada a sobrepuja. Nada pode tomar o seu lugar. Que a fraqueza vence a força. E a flexibilidade vence a dureza. Não há ninguém sob o Céu que não o saiba. Embora ninguém possa praticar. Esta metáfora da água encontra-se e muitos pensadores chineses, freqüentemente associada com o Tao de que ela é a figuração por excelência: assim como o Tao, a água jorra de uma fonte única e constante, embora manifestando-se sob uma multiplicidade de formas; inapreensível e lábil por natureza, ela encontra-se no último limite entre o nada e o algo, entre o não-há e o há, e passa por infinitas transformações.

A contradição na mensagem de Lao-Tse consiste em ir ao sentido

inteiramente contrário aos modos de pensamento convencional: optar pelo fraco em

detrimento ao forte, o não-agir ao agir, o feminino ao masculino, o estar embaixo ao

estar em cima. O Tao Te Ching apresenta a idéia de “preferir” e não apenas de

sustentar apenas o fraco com eliminação do forte, pois os pares de opostos no

pensamento chinês nunca são de natureza excludente, mas complementar, estando

os contrários em relação não lógica, mas orgânica e cíclica, seguindo o modelo

gerativo da dupla Yin/Yang, que mais adiante será conceituado. O não agir, é então,

abster-se de toda a ação que seja proposital, direcionada, em virtude do princípio de

que uma ação só pode ser realmente eficaz se ela for à direção do natural. O tema

principal do não-agir leva de volta a natureza original. O não-agir mostra-se como

uma possibilidade de retorno ao estado natural tal como no momento de nosso

7 Em um contexto em que os principados mais poderosos chegam a lutar até à morte pela

hegemonia, o problema mais urgente é saber como sair do círculo da violência, com sobreviver no meio de superpotências que se exterminam mutuamente. Para Lao-Tse a melhor maneira de obviar à pilhagem, à tirania, ao massacre, à usurpação seria não agir. Tal procedimento visa romper com o ciclo da violência, absorvendo a agressão, evitando a agressão em troca de entrar no revide, em uma escalada sem fim, fazendo com que a agressão se torne inútil (CHENG, 2008).

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nascimento, onde este retorno a infância, não nos traz novamente a inocência, mas

sim a origem perdida (Cheng, 2008).

Lao-Tse nos mostra o Tao como um conceito extremamente complexo, infinito

e absoluto, que a mente humana não seria capaz de instituir uma palavra que o

designasse com perfeição. Se pudermos enunciá-lo, deixará de ser supremo, se

pudermos dar um nome a ele, deixará de se o Tao. Em seu significado cósmico

original, Tao é realidade última, subjacente e indefinível, que une tudo de material e

imaterial que existe no universo, e ao mesmo instante, Tao é o caminho que se

busca em direção a unidade universal. Para Lao-Tse o Tao é o caminho fluido, sem

entraves, sem início e sem fim, como uma circunferência. É o princípio ecológico do

fluxo contínuo, com um diferencial, onde na Ecologia Profunda, o curso ininterrupto

pode ocorrer em circunstâncias harmoniosas ou conflitantes. No Tao, o caminho

vencido está inevitavelmente ligado ao conceito de fluir junto com o universo. Em

termos mais claros, buscar o Tao é agir de modo a não bloquear o curso natural das

coisas: não bloquear a vida de uma mata virgem, não bloquear a pureza do ar que

respiramos, não bloquear o avanço de um aluno em uma determinada área que

demonstra interesse. Segundo Lao-Tse, para seguir o Tao é necessária uma

mudança de postura e de pensamento diante a vida, tomar consciência sobre si

mesmo e o mundo e necessariamente, uma mudança de atitudes decorrentes dessa

consciência (LIMA, 2000).

2.3 A FILOSOFIA CHINESA – CONCEPÇÕES DO PENSAMENTO CHINÊS SOBRE

A SAÚDE E A EDUCAÇÃO

A Medicina Tradicional Chinesa apresenta-se como uma das principais

opções de tratamento alternativo ou complementar aos procedimentos médicos

convencionais do ocidente. Como técnica tradicional chinesa esse modelo de

medicina consolida-se internacionalmente pela comprovação de seus resultados

terapêuticos. Esta valorização ou reconhecimento faz com que um grande número

de profissionais da área da saúde ingressem em cursos de pós-graduação em

caráter de especialização. Faz-se necessário um olhar atento para a metodologia de

ensino praticada nestes cursos, pois os alunos buscam um aprendizado diferencial,

em que o ser humano é observado como um ser integral e não fragmentado.

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Sua dinâmica evolutiva da MTC, continuamente incorpora novos paradigmas

aos seus métodos terapêuticos, assimilando conceitos mais recentes, incorporando

ao universo de seus conhecimentos práticas provenientes de vários segmentos

históricos e de paradigmas diferenciados. É muito importante que este tema seja

tratado com sobriedade, evitando criar falsas idéias de exaltação a uma tradição

chinesa única, pois esta é uma complexa teia de interações, com momentos de

distanciamento e de aproximação entre várias escolas e tradições que surgiram ao

longo da história. Os conceitos que serão estudados e suas interações fornecerão

uma base conceitual suficientemente abrangente para o entendimento do objeto

deste estudo (NASCIMENTO, 2006).

Nos dias atuais, a MTC surpreende até os que a praticam há muito tempo,

principalmente por seus efeitos capazes de superar as expectativas e, por ser uma

técnica em constante evolução, apresentando novas situações de aplicabilidade. A

MTC é de difícil compreensão, naturalmente vinculada ao exotismo da civilização

chinesa. Essa dificuldade vem sendo superado em virtude de experimentações, que

demonstram, segundo padrões da ciência contemporânea, a eficácia dos métodos

da antiga medicina chinesa. O estudo da filosofia chinesa tem mostrado tratar-se de

um sistema de pensamento racional e não místico (CARNEIRO, 2001).

Para uma melhor compreensão da MTC, é importante compreendermos algo

sobre o povo chinês, sua história, sua trajetória, seus modos de vida reconhecendo

tratar-se de uma das mais antigas civilizações a continuar sem dissolução.

O estudo arqueológico chinês teve seu início em um contexto político e social

que se seguiu à revolução de 1949. Essa revolução conhecida como Período da

Libertação, mostrou uma fase de grande ceticismo, não só em relação à medicina

tradicional, mas também à tudo que era tradicional na China. As descobertas dessa

época contradizem a cronologia, muitas vezes cercada de dados fantasiosos sobre

fatos, que extrapolavam a antiguidade das descobertas chinesas. Os escritores

creditam ao terceiro milênio a.C. como sendo o início da prática da acupuntura,

sendo que aos chineses ensina-se que sua cultura permanece intacta por 5.000

anos, mas, no entanto, o registro arqueológico conta uma história diferente.

Convencionalmente atribui-se ao período de 2300 a 2000 a.C. o início da

prática da medicina chinesa. Os registros sobre a existência humana, na China

desse período, são muito vagos. Há evidências da existência de um povo, que não o

Mongol, em migração do norte para o sul, ao final da idade do gelo. Porém a

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arqueologia moderna não revela informações até o surgimento da cultura mongol no

final da idade da pedra por volta de 2000 a.C. Este período, permeado de

desconhecimento é chamado de “hiato neolítico”, assim denominado pela evidência

geológica de que os fatores climáticos da China Setentrional eram tão áridos que

não haveria a menor condição de vida para o ser humano. De repente, no entanto,

uma mudança ocorre por volta de 2000 a.C., existem fartas evidências da existência

de vilas, agricultura, organização econômica e caçadas características de grandes

cidades.

A primeira prova da presença de alguma cultura, além de artefatos cerâmicos

e instrumentos variados, iniciam com a sociedade dos Shang por volta de 1523 a.C.

(BIRCH, 2002).

Podemos observar no quadro 1, uma apresentação e descrição de fatos

datados, para permitir ao leitor uma melhor possibilidade de localização no contexto

cronológico do desenvolvimento da civilização chinesa, já com ênfase em

acontecimentos relacionados a MTC.

PERÍODO ACONTECIMENTOS

1523 a 1027 a.C.: dinastia Shang, idade clássica do bronze na China

Crenças demonológicas e propiciação ancestral indicam que a medicina dissociada da religião está por vir

1027 a 772 a.C.: início da dinastia Zhou, feudalismo clássico

Os avanços da agricultura permitem a formação de grandes exércitos liderados por soberanos absolutos que assumiram o poder através da hereditariedade. Sistema religioso baseado em rituais em que a medicina é estabelecida dentro de um contexto de crenças mágicas e demonológicas

722 a 480 a.C.: período médio da dinastia Zhou, declínio do feudalismo

Inicia-se a história registrada. O confucianismo surge em meio a principados “baseados no cultivo da agricultura e no uso das armas”. A medicina embora ainda dominada pelas correspondências mágicas e pela demonologia começa a se desenvolver como uma atividade distinta.

480 a 221 a.C.: final da dinastia Zhou, os Estados Combatentes

A cultura chinesa torna-se um caos decorrente dos principados em guerra. Surge o taoísmo e a doutrina dos cinco elementos, a medicina começa a se desenvolver como instituição.

221 a 206 a.C.: dinastia Qin, período da queima dos livros

Uma lei autocrática cria um império que estabelece e consolida instituições sociais e culturais, criando uma burocracia governamental

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206 a.C. a 220: dinastia Han, período da sistematização

Época em que a cultura chinesa floresce; a medicina da correspondência sistemática

8 domina a acupuntura com textos

seminais, os livros Nei Jing e o Nan Jing. Apesar de o livro Shang Lan Hun ter sido escrito nesta época, a incorporação de drogas naturais na medicina de correspondência sistemática por fragilidade falha em encontrar seguidores.

220 a 589: seis dinastias, período de desunião

As influências budistas são atuantes na China. A medicina de correspondência sistemática se torna mais convencional e há um desenvolvimento de literatura técnica

590 a 617: dinastia Sui, período de reunificação

A cultura chinesa, incluindo a acupuntura, se aperfeiçoa e se espalha por toda Ásia

618 a 906: dinastia Tang, período de apogeu

Enquanto as idéias da medicina chinesa são absorvidas e difundidas por toda a Ásia, os progressos na China se concentram na busca da imortalidade através da alquimia, durante um período de imensa riqueza e abundância cultural

907 a 960: cinco dinastias, período de desunião

Um período de inadequação governamental, a medicina sofre uma profunda estagnação

960 a 1264: dinastia Song, período do Neoconfucionismo

Medicina de correspondência sistemática predomina e a terapia com medicamentos são incorporadas ao paradigma do qi

1264 a 1368: dinastia Yuan, período de domínio Mongol

As influências européias começam a ser absorvidas. A primeira Faculdade de Medicina independente é fundada em Beijing

1368 a 1643: dinastia Ming, período de restauração

A democratização da burocracia confucianista leva a uma explosão de informações e maior heterogeneidade da medicina são características marcantes deste período

1644 a 1911: dinastia Qing, final do império chinês

A medicina tradicional entra seriamente em decadência à medida que os chineses perdem a crença em suas tradições. A acupuntura fica totalmente perdida.

Quadro 1: Evolução cronológica da Medicina Tradicional Chinesa Fonte: adaptado de Birch (2002).

Mais do que uma Filosofia, a China antiga possuiu uma Sabedoria, que se

encontra revelada em obras com grande diversidade. Poucas obras atribuídas à

antiguidade chegaram até nós. A história chinesa escrita é obscura, com textos

difíceis, sua linguagem é complexa, mal compreendida, o que dificulta sua

interpretação, dominadas por glosas tardias, tendenciosas, escolásticas, sendo que

quase nada sabemos de positivo sobre a história antiga da China. (GRANET, 1997)

O aprendizado da filosofia chinesa, em sua globalidade, parece nos conduzir

a compreender sua vitalidade e heterogeneidade, entendendo suas diversidades

bem como suas características imutáveis.

Os conceitos desenvolvidos em tão longo período de tempo não representam

necessariamente as mesmas idéias em todas as épocas, aparecendo em situações

8 Descoberta de que os seres humanos possuem capacidade de interagir com o ambiente em que

vivem de acordo com determinados padrões que podem ser percebidos pela observação, usando somente os sentidos humanos treinados (BIRCH, 2002).

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e em conjunções sempre novas. A China sempre atribuiu grande importância ao

social e ao político, mesmo que o individual tenha tido um grande destaque em

situações de agitação e de conflito (CHENG, 2008).

2.3.1 Elementos centrais que organizam o pensamento, o ensino e a prática da

acupuntura tradicional chinesa

O ensino e a prática da acupuntura estão baseados no estudo e aplicação de

linhas de pensamento que são estruturados por elementos centrais desta prática

terapêutica. Esses elementos centrais estão divididos em teorias do Yin/Yang, Cinco

Elementos, Zhang Fu (órgãos e vísceras), Substâncias Vitais e Jing Luo (meridianos

e colaterais). Esses elementos centrais serão conceituados nesta seção, com o

intuito de proporcionar ao leitor o entendimento dos processos teóricos que norteiam

a prática e o ensino da acupuntura tradicional chinesa. Cabe destacar que essas são

as orientações seguidas na faculdade CBES e nas principais instituições de ensino

da acupuntura e demais técnicas da medicina chinesa.

2.3.1.1 Teoria do Yin e Yang

A teoria do Yin e Yang é uma estrutura conceitual que foi utilizada para a

observação e análise do mundo material na China antiga. A antiga teoria do Yin e

Yang foi formada nas Dinastias Yin e Zhou em 221 a.C.. O primeiro termo Yin e

Yang apareceram primeiro no The Book of Changes, I Ching também chamado de O

Livro das Mutações9: “Yin e Yang refletem todas as formas e características

existentes no universo, são as leis do céu e da terra, o grande esqueleto de todas as

9 O Livro das Mutações – I Ching em chinês é sem dúvida, uma das mais importantes obras da

literatura mundial. Sua origem remonta a uma antiguidade mítica, tendo atraído a atenção dos mais eminentes eruditos chineses até os nossos dias. Tudo o que existiu de grandioso e significativo nos três mil anos de história cultural da China ou inspiro-se neste livro ou exerceu alguma influência na exegese do seu texto. Assim, pode-se afirmar com segurança que uma sabedoria amadurecida ao longo de séculos compõe o I Ching. Não é, pois de estranhar que essas duas vertentes da filosofia chinesa, o Confucionismo e o Taoísmo, tenham suas raízes comuns no I Ching. Esse livro lança uma luz em muitos segredos ocultos no modo de pensar tantas vezes enigmático do misterioso sábio Lao-Tse e seus discípulos. (WILHELM, 2006)

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coisas, os pais das mudanças, a raiz e o começo da vida e da morte...”. Esta citação

demonstra a visão de que todos os eventos naturais e estados de ser estão

radicados no Yin e no Yang e podem ser analisados por esta teoria. Yin e Yang é

uma conceituação filosófica, uma forma de generalizar dois princípios opostos que

podem ser observados em todos os fenômenos relacionados dentro do mundo

natural. Representam dois fenômenos separados com naturezas contrárias, bem

como aspectos diferentes e opostos dentro do mesmo fenômeno. O povo chinês

antigo no decorrer de sua vida cotidiana e trabalho chegaram à conclusão de

que todos os aspectos do mundo natural podiam ser compreendidos possuindo

aspectos duais, por exemplo, dia e noite, brilho e obscuro, movimento e quietude,

direção ascendente e descendente, calor e frio, etc. Os termos Yin e Yang são

utilizados para demonstrar qualidades opostas, mas que se complementam

(XINNONG, 1999).

O Yin e o Yang enquanto contrários formam uma unidade que é por sua vez

resultado desse antagonismo. Em outras palavras o antagonismo entre os dois tem

um aspecto de oposição e a unidade dos dois tem um aspecto de

complementaridade. Se não existe antagonismo, não há unidade. Se não há

oposição, também não há complementaridade, é neste sentido que Kaufman (2001,

p.19) escreve:

A principal manifestação característica do antagonismo complementar entre o Yin e o Yang é a mútua restrição. O resultado é que o Yin e o Yang alcançam a unidade no equilíbrio dinâmico denominado o Yin floresce suavemente e o Yang estimula fortemente. Nas variações climáticas entre o morno, o calor, o fresco e o frio das quatro estações, o morno e o calor da primavera e do verão acontecem enquanto a energia Yang aumenta gradativamente, inibindo a energia fria e fresca do outono e do inverno. O frio e o fresco do inverno e do outono acontecem quando a energia Yin aumenta gradativamente, inibindo a energia quente e morna da primavera e do verão. Isto é o resultado da mútua inibição e do equilíbrio dinâmico existente entre o Yin e o Yang da natureza.

O Yin e o Yang são a representação de pólos opostos, mas complementares,

caracterizando um dinamismo cíclico, sendo que é associado a essas duas energias

tudo o que existe no universo (na natureza, na sociedade e no próprio ser humano).

Por serem complementares, nada é unicamente Yin ou unicamente Yang, por serem

dinâmicos, sendo que tudo oscila entre Yin e Yang. Este dinamismo é um aspecto

essencial do universo, não ocorre como conseqüência de alguma força, mas sim de

uma tendência natural, inata a todas as coisas e situações (Lima, 2000).

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Com referência ao que foi escrito no parágrafo anterior Wilhelm (2006, p.9):

O grande princípio primordial de tudo que existe “tai chi” que no sentido original significa “viga mestra”. [...] tai chi era representado por um círculo dividido em luz e escuridão, Yin e Yang:.Esse símbolo [...] afirma apenas a viga-mestra,a linha. Com essa linha, que em si mesma representa a unidade, a dualidade surge no mundo, pois a linha determina, ao mesmo tempo, o acima e o abaixo, á direita e à esquerda, adiante e atrás, em suma o mundo dos opostos [...] Porém, não importa que nomes sejam aplicados a essas forças, o certo é que a existência surge da sua mutação e interação. Assim a mutação é concebida como sendo, em parte, a contínua mudança de uma força em outra e, em parte, como um ciclo fechado de acontecimentos complexos, conectados entre si, como o dia e noite, o verão e o inverno. A mutação não é desprovida de sentido, se o fosse não seria possível formular qualquer conhecimento a seu respeito, mas está sujeita à lei universal, o Tao.

O relacionamento e a interdependência do Yin e do Yang são representados

pelo conhecido símbolo chamado “Máximo Supremo” ou “Tai Ji”, que com grande

habilidade consegue demonstrar de forma dinâmica esta relação. Maciocia (1996, p.

6-7) escreve:

Embora sejam estágios opostos, Yin-Yang formam uma unidade e são complementares. Yang contém a semente de Yin e vice-versa. Isso é representado por meio dos pequenos pontos branco e preto. Nada é totalmente Yin ou totalmente Yang. Yang transforma-se em Yin e vice-versa.

FIGURA 1: Símbolo do Yin e Yang Fonte: Maciocia (1996, p.7).

A intuição e observação levaram os chineses antigos a identificarem

peculiaridades Yin e Yang em todas as manifestações da natureza. De uma forma

geral, Yang representa o masculino, o forte, o pai, racional, voltado para fora e para

cima. O Yin representa o feminino, o símbolo da mãe e de tudo que é frágil,

receptivo, intuitivo, voltado para dentro, e para baixo. Seguindo este raciocínio ao

observarmos uma paisagem, a montanha é de característica Yang e o vale possui

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característica Yin. Em uma planta, o caule é Yang e a raiz é Yin. O quadro abaixo

nos traz algumas das características atribuídas ao Yin e ao Yang.

YIN YANG

Escuro Claro

Terra Céu

Lua Sol

Feminino Masculino

Passivo Ativo

Noite Dia

Intuitivo Racional

Umidade Secura

Humildade Orgulho

Cooperativo Competitivo

Abaixo Acima

Côncavo Convexo

Figura Fundo

Negativo Positivo

Interno Externo Quadro 2: Características atribuídas ao Yin e ao Yang Fonte: adaptado de Chonghuo 1993.

Conforme já mencionamos a teoria do Yin e do Yang tem sua aplicação em

todos os seguimentos, sendo assim é profundamente utilizada na medicina

tradicional chinesa, conseqüentemente na acupuntura, servindo para explicar a

estrutura orgânica, funções fisiológicas e mudanças patológicas do corpo humano, e

ainda direciona o diagnóstico e tratamento clínico.

Na estrutura orgânica do corpo humano a teoria do Yin e do Yang explica

cada uma das estruturas, priorizando a idéia de que o corpo humano é totalmente

integrado, com todos os seus órgãos e tecidos conectados organicamente podendo

ser observado em dois aspectos opostos, porém complementares, o Yin e o Yang.

Na localização anatômica a parte superior do corpo é Yang e a parte inferior é Yin; o

exterior Yang e o interior Yin; os aspectos laterais dos membros inferiores e

superiores Yang e os aspectos medianos Yin.

Nas atividades funcionais os órgãos são classificados em Zang de

característica Yin e os Fu com características Yang, sendo que descreveremos esta

situação mais adiante em momento apropriado. Para as funções fisiológicas do

corpo humano, a teoria do Yin e do Yang, sustenta que as atividades vitais normais

estão baseadas na coordenação de Yin e Yang em uma unidade de oposições, onde

as atividades funcionais pertencem ao Yang e as substâncias nutricionais pertencem

ao Yin.

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As várias atividades funcionais (Yang) do corpo dependem da sustentação

nutricional (Yin) das substancias vitais, pois sem este sustento não haveria atividade

funcional alguma. Ao mesmo tempo as atividades funcionais são a força motriz para

a produção de substâncias nutrientes no corpo. Em outras palavras sem atividades

funcionais dos órgãos, água e alimentos não podem ser transformados em

substância nutriente.

Assim podemos dizer que Yin e Yang no corpo humano são mutuamente

sustentadores, atuando conjuntamente para proteger o organismo de fatores

patogênicos, mantendo um equilíbrio relativo dentro do corpo. Se Yin e Yang falham

na sustentação um do outro e se distanciam, as atividades vitais do corpo serão

interrompidas, ocasionando patologias e até mesmo a falência de todo o sistema

biológico, levando a morte. A teoria do Yin e do Yang é utilizada também para

explicar as alterações patológicas. A MTC acredita que o surgimento das doenças é

resultado do desequilíbrio entre o Yin e o Yang, ocasionado por uma deficiência ou

excesso de um dos dois aspectos (XINNONG, 1999).

Yin e Yang atuam como guia para o diagnóstico clínico e tratamento, o

desenvolvimento da doença está ligado ao desequilíbrio entre as duas forças, por

esta razão por mais que as manifestações clínicas sejam complicadas e mutáveis,

com um bom conhecimento dos princípios de Yin e Yang, pode-se entender o

processo que ocasionou a patologia, por uma observação efetiva dos

comportamentos dos aspectos Yin e Yang. As determinações dos princípios de

tratamento também estão embasadas e reguladas conforme a predominância ou

deficiência de Yin e Yang, com a finalidade de recuperar o equilíbrio relativo perdido.

Desta forma para tratar a predominância do calor Yang, utilizam-se procedimentos

de característica fria, portanto Yin, e para os casos de predominância do frio Yin

usam-se procedimentos de natureza quente (CHONGHUO, 1993).

Após a abordagem acima ficam claras idéias de Carneiro (2001, p. 17):

A idéia chinesa de que as coisas existem enquanto em movimento, e que a desigualdade, a polaridade, é o motor, a causa do movimento, já é familiar ao Ocidente, desde o advento da modernidade, já que antes da prevalência a idéia aristotélica, de que a causa do movimento é extrínseca aos corpos. Heráclito, filósofo pré-socrático, sustentava idéias semelhantes às chinesas, de um eterno vir-a-ser, e das polaridades como causa dos fenômenos. Enquanto no Extremo Oriente não há aspecto da civilização e da cultura que não esteja impregnado da idéia de polaridade, que abrange espaço e tempo, substancia e função (matéria e energia) e a ordem natural, contendo a idéia de sistema, no Ocidente não se desenvolveu uma teoria geral baseada na idéia da polaridade universal. Na China, como na Grécia

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clássica, o mundo foi considerado como um cosmos, isto é, uma totalidade ordenada, no qual o microcosmo do homem se insere no macrocosmo do todo, segundo uma ordem, mas a concepção chinesa do mundo é dinâmica: a “lei” maior deduzida da realidade é que a determina que tudo se encontra em perpétua mutação.

Com as mesmas características de outras tradições teóricas desenvolvidas na

China antiga, Yin e Yang são conceitos centrais, trazendo a idéia de que o universo

deve ser visto por inteiro, estando em equilíbrio dinâmico, e todos os seus

componentes oscilam entre dois pólos arquetípicos (Yin/Yang). O organismo

humano é uma representação micro cósmica do universo. Para os chineses as

coisas funcionam de maneira que não necessariamente são causadas por atos ou

impulsões premeditadas, mas sim porque sua situação no universo em constante

movimento era tal que elas foram dotadas de características essenciais que

tornaram esse processo inevitável. Se não se comportassem desta forma particular,

perderiam seus lugares em relação ao todo e passariam a ser outras coisas que não

elas próprias (CAPRA, 2006b).

2.3.1.2 Teoria dos Cinco Elementos

Ao mesmo tempo em que a Teoria do Yin e do Yang, a Teoria dos Cinco

Elementos constitui a base da Teoria da Medicina Tradicional Chinesa. Esta

terminologia vem sendo utilizada pelos praticantes da MTC há muito tempo. Alguns

autores preferem se referir a esta teoria como Teoria dos Cinco Movimentos, pois no

o termo chinês “Wu Xing” que designa esta teoria a palavra “Xing” significa

movimento, processo, ir ou conduta, comportamento, caracterizando mais a forma

de manifestação na natureza do elemento em si. Os elementos não são os

constituintes básicos da natureza, mas sim, os cinco processos básicos, qualidades,

as fases de um ciclo ou a capacidade intrínseca de modificação de um fenômeno. A

Teoria dos Cinco Elementos não fio aplicada à MTC em todo o seu desenvolvimento

histórico, mas seu uso se intensificou e também perdeu a força através dos séculos.

No período de Guerra dos Estados foi muito utilizada, sendo também aplicada a

astronomia, ciências naturais, calendário, música e até na política. Sua utilização foi

tão ampla que a maior parte dos fenômenos foi classificada em cinco partes. Na

Dinastia Han, a influência desta teoria perdeu sua força, recuperando-a a partir da

Dinastia Song sendo aplicada sistematicamente ao diagnóstico, na sintomatologia e

no tratamento na MTC. A utilização da Teoria dos Cinco Elementos e sua utilização

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na MTC marca início do que podemos chamar de “medicina científica” e o início do

desaparecimento do “Shamanismo”, ou seja, os curadores não mais procuravam

uma causa para as doenças no sobrenatural, e passaram a observar a natureza com

uma combinação de métodos indutivo e dedutivo buscando os padrões dentro disso

e, por extensão aplicando-os na interpretação das patologias. Os números e a

numeração são intensamente utilizados na interpretação da natureza e do

organismo (MACIOCIA, 1996).

O povo chinês antigo adotou a idéia de que madeira, fogo, terra, metal e água

eram inseparáveis em seu dia a dia, mesmo tendo naturezas distintas, e Xinnong

(1999, p.14) traz esta interpretação:

O caráter da madeira é crescer e florescer, o caráter do fogo é estar quente e ascender, o caráter da terra é dar origem a todas as coisas, o caráter do metal é descender e estar claro e, o caráter da água é estar fria e fluir na direção descendente. Logo, os médicos aplicaram a teoria dos cinco elementos em seus estudos extensivos da fisiologia e da patologia dos órgãos Zang Fu e dos tecidos do corpo humano e, realmente, todos os fenômenos no mundo natural foram relacionados à vida humana. Usando uma analogia, classificaram tudo isto, de acordo com sua natureza, função e forma, nos cinco elementos. Aplicaram esta teoria para explicar as relações fisiológicas e patológicas complicadas entre os órgãos Zang Fu e entre o corpo humano e o ambiente externo.

Os cinco elementos possuem qualidades básicas onde a água umedece em

descendência, o fogo chameja em ascendência, a madeira pode ser dobrada e

esticada, o metal pode ser moldado e endurecido, a terra permite a disseminação, o

crescimento e a colheita e Maciocia (1996, p.24) explica:

Aquilo que absorve e descende (água) é salgado, o que chameja em ascendência (fogo) é amargo, o que pode se dobrado e esticado (madeira) é azedo, o que pode ser moldado e enrijecido (metal) é picante e o que permite disseminar, crescer e colher (terra) é doce. Esta afirmação mostra claramente que os Cinco Elementos simbolizam cinco qualidades inerentes diversas e expressam o fenômeno natural, Também relata o sabor (ou aroma) dos Cinco Elementos, e indica que os sabores representam mais uma qualidade inerente de uma coisa. (como uma composição química em termos atuais) do que seu gosto de fato. [...] Os Cinco Elementos também simbolizam cinco direções diferentes de movimentos dos fenômenos naturais.

Cada um dos cinco elementos representa uma estação no ciclo anual. A

madeira corresponde à primavera, sendo associado ao nascimento, o fogo

corresponde ao verão, e está associado ao crescimento, o metal corresponde ao

outono, associados a colheita, a água corresponde ao inverno, e está associada ao

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armazenamento, a terra corresponde a estação anterior10, associada a

transformação.

É essencial para o conceito dos cinco elementos as várias possibilidades de

inter-relacionamentos entre os elementos. A primeira relação é a cosmológica, na

qual os elementos são enumerados, seguindo uma numerologia, onde teremos a

seguinte ordenação: 1 Água ; 2 Fogo; 3 Madeira; 4 Metal; 5 Terra. A seqüência de

geração, em que cada elemento gera o outro, sendo ao mesmo tempo gerado.

Desta forma a madeira gera o fogo, o fogo gera a terra, a terra gera o metal, o metal

gera a água, a água gera a madeira, a madeira gera o fogo. A seqüência de controle

onde cada elemento controla o outro ao mesmo tempo em que é controlado. Assim

a madeira controla terra, a terra controla a água, a água controla o fogo, o fogo

controla o metal e o metal controla a madeira. Esta seqüência que o equilíbrio seja

mantido entre os Cinco Elementos.

A seqüência de excesso de trabalho segue a de controle, mas neste caso

existe um controle excessivo sobre o outro, de maneira que provoca o

enfraquecimento do outro elemento, onde podemos fazer comparações com

fenômenos naturais, as ações destrutivas dos seres humanos em relação a

natureza, levando à inúmeras situações da seqüência de excesso de atividade. A

última seqüência é a de lesão, que ocorre na ordem inversa da seqüência de

controle, onde a madeira lesa o metal, o metal lesa o fogo, o fogo lesa a água, a

água lesa a terra e a terra lesa a madeira.

Concluindo o raciocínio sobre os inter-relacionamentos, as duas primeiras

seqüências atuam no equilíbrio normal dos elementos, enquanto que as seqüências

de excesso de trabalho e de lesão referem-se aos relacionamentos anormais entre

os elementos que ocorrem quando existe o desequilíbrio (MACIOCIA, 1999).

As utilizações da Teoria dos Elementos na Medicina Chinesa são numerosas

e muito importantes, atuando nas áreas da fisiologia, patologia, diagnóstico,

tratamento, dieta e fitoterapia. Para proporcionar um melhor entendimento das

10

A terra não corresponde a nenhuma estação, uma vez que é o centro, o termo neutro de referência ao redor do qual as estações e os outros elementos giram. Desta maneira, no ciclo das estações, a terra corresponde de fato ao estagio anterior de cada estação. Em outras palavras, ao fim de cada estação, as energias retornam a terra para serem reabastecidas (MACIOCIA, 1993).

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informações descritas acima ilustramos com uma figura demonstrativa do

pentagrama que nos mostra todas as relações existentes entre os cinco elementos:

FIGURA 2: Pentagrama dos Cinco Elementos e suas inter-relações Fonte: Goswami (2006, p.140).

Inúmeras correspondências entre os Cinco Elementos e estações climáticas,

os pontos cardeais, os momentos do dia, os sabores, as cores, os fatores climáticos,

os tecidos do ser humano, os órgãos do sentido, os órgãos (ZANGFU), as emoções,

fornecem importantes informações para o ensino e a prática da Medicina Tradicional

Chinesa, bem como a prática da acupuntura, possibilitando a correlação das

informações obtidas junto aos pacientes, e também possibilita a visão de integração

do ser humano com a natureza. Estas correlações que podem ser observadas na

tabela:

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Tabela 1: Cinco elementos

Madeira Fogo Terra Metal Água

Estação primavera verão canícula11

outono Inverno

Ponto cardeal leste sul centro oeste Norte

Momento do dia

alvorada meio-dia tardinha poente meia-noite

Sabor acido/azedo amargo doce picante Salgado

Cor verde-azulado vermelho amarelo branco Preto

Fator

climático

vento calor e fogo umidade secura Frio

Tecidos do ser humano

tendões e unhas

tecido vascular tecido conjuntivo e músculos

pele e pêlos ossos, medula e cérebro

Órgãos dos

sentidos

olhos língua boca nariz Ouvidos

ZangFu Fígado / Vesícula

Coração/Intestino Delgado e “Príncipe do Coração”/ Triplo Aquecedor

Baço/Estômago Pulmão/ Intestino Grosso

Rins/Bexiga

Emoção decisão/ irritação

alegria/ hiperexcitação

reflexão/ obsessão

rigor/ tristeza

prudência/ medo

Fonte: Nascimento, 2006

De acordo com o exposto acima podemos perceber que a Teoria dos Cinco

Movimentos nos traz a possibilidade de integração do microcosmo, ou seja, o corpo

humano como um todo, sem fragmentações, e deste microssomo com o universo, o

macrossomo, demonstrando claramente a idéia de conexão entre o céu, o ser

humano e a terra.

O desdobramento das cinco fases, que compõe e caracterizam todas as

coisas e movimentos, nos levam a entender a normalidade dos fenômenos,

possibilitando a prevenção ou cura das patologias, harmonizando a dinâmica do ser

humano com as dinâmicas do céu e da terra, pressupondo uma ordem vital em

constante movimento, mas nunca totalmente equilibrada (NASCIMENTO, 2006).

11

É sempre bom lembrar que estamos tratando da apresentação contemporânea da MTC. Historicamente, as escolas do yin/yang e das cinco fases se opunham. Quando da consolidação do confucionismo como doutrina social ortodoxa da China imperial, e a conseqüente elevação da escola das cinco fases à condição de medicina oficial, a escola do yin/yang acabou por “explicar” a existência de cinco fases – seja dividindo-se uma delas (o fogo) em duas – fogo príncipe e fogo-ministro – obtendo assim seis elementos, distribuindo três fases para o yin e três fases para o yang, seja atribuindo a neutralidade a uma delas – a Terra, considerada “central” – distribuindo as quatro restantes entre yin e yang (NASCIMENTO, 2005).

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2.3.1.3 Teoria das Substâncias Vitais

A MTC entende as funções corporais e mentais como resultado da influência

mútua entre determinadas substâncias vitais. Estas substâncias atuam em vários

patamares de substancialidade, de forma que algumas são muito rarefeitas e outras

totalmente imateriais, constituindo a visão chinesa antiga de corpo-mente, sendo

que estes não são vistos como um mecanismo, mas como um círculo de energia e

substâncias vitais interagindo uns com os outros, formando o organismo. A estrutura

de tudo é o “Qi” (energia), sendo que as outras substâncias vitais são manifestações

do “Qi” em vários graus de materialidade, variando do completamente material, tal

como Fluidos Corpóreos (Jin Ye), para o imaterial, tal como a Mente (Shen). Desta

forma as substâncias vitais são: Qi, Sangue (Xue), Essência (Jing) e Fluidos

Corpóreos (Jin Ye) (MACIOCIA, 1996).

O conceito básico de energia (Qi) passou por muitas interpretações ao longo

do tempo. Para os chineses, da antiguidade, a energia (Qi) era a substância mais

básica e fundamental da constituição do universo e de que todos os constituintes

deste eram formados da movimentação e transformação da energia. Esse conceito

materialista foi gradualmente introduzido na MTC, caracterizando-se sob a forma de

um conceito teórico, onde a energia é considerada a substância mais importante na

constituição do corpo humano e vital para a manutenção das atividades vitais do ser

humano.

A energia por possuir uma forte vitalidade e permanecer em constante

atividade, tem a função de aquecimento e impulsão das atividades vitais orgânicas,

e é assim que a medicina tradicional chinesa, pela variabilidade da movimentação

da energia, explica as atividades vitais orgânicas (KAUFMAN, 2001).

O conceito de Qi (energia) absorveu os filósofos chineses de todas as

épocas, desde o início da civilização chinesa até os dias de hoje, onde Maciocia

(1996, p.50) escreve:

O caractere para Qi indica alguma coisa que possa ser material e imaterial ao mesmo tempo. Isso indica claramente que o Qi pode ser tão rarefeito e imaterial como o vapor, tão denso e material como o arroz. Além disso, indica que o Qi é uma substância sutil (fluxo, vapor) derivada de uma substância material comum (arroz) assim como o vapor é produzido pelo arroz cozido.

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Na medicina tradicional chinesa, os filósofos e médicos chineses observaram

o relacionamento entre o universo e os seres humanos, e considera o Qi dos seres

humanos, como resultado da interação do Qi do céu e da terra. Para a MTC existem

dois aspectos de suma importância relacionados ao Qi, o primeiro diz que o Qi é um

estado constante de fluxo em estados variáveis de agregação e o segundo é de que

o Qi é uma energia que se manifesta simultaneamente sobre os níveis físicos e

espirituais. De acordo com os chineses existem vários tipos de Qi Humano,

oscilando do rarefeito e delicado ao mais denso e duro.

Todos os tipos de Qi, independente da situação em que se apresentem,

constituem um único Qi, que se manifesta de formas variadas, de acordo com sua

localização e função. Exemplos dessa variação podem ser vistos no Qi Nutritivo, que

existe no interior do organismo, e sua função é de nutrir, sendo mais denso que o Qi

Defensivo o qual se localiza no exterior do organismo, protegendo-o. O desequilíbrio

entre este dois tipos de Qi pode levar a diferentes manifestações clínicas, que

exigirão distintos tratamentos. Além dos tipos de Qi já mencionados encontramos o

Qi Torácico, o Qi Original, o Qi dos Alimentos, o Qi Verdadeiro e suas respectivas

funções, fazendo com que se manifeste a vida no organismo humano (BIRCH,

2002).

O Xue na medicina chinesa possui um significado diferente da medicina

ocidental, para descrever este importante conceito usaremos as palavras de

Maciocia (1996, p. 67):

Na medicina chinesa, o Sangue (Xue) é em si mesmo uma forma de Qi, muito denso e material, Qi portanto. Além disto, sangue (Xue) é inseparável do Qi em si mesmo. O Qi proporciona vida ao Sangue (Xue); sem o QI, o Sangue (Xue) seria um fluido inerte. O Sangue (Xue) deriva, na maior parte, do Qi dos alimentos [...] A principal função do Sangue (Xue) consiste em nutrir o organismo, além de complementar a ação nutriente do Qi. O Sangue (Xue) é uma forma densa do Qi e flui para o organismo. Além de proporcionar a nutrição, o Sangue (Xue) também apresenta uma função hidratante, que o Qi não possui.

O fluido corporal é um termo genérico para todos os fluidos corporais

fisiológicos normais do organismo, incluindo os fluidos internos que podem ser

secretados pelos sistemas de órgãos, tais como lágrimas, saliva, suor, muco nasal

normal e fluido intestinais, digestivo e também os fluidos destinados para umedecer

os vários tecidos dentro do organismo, tais como pele, carne, tendões, ossos e

medula.

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É importante para o entendimento dos fluidos corporais a informação de que

estes são substâncias materiais, são muito sensíveis a mudanças do estado do Qi e

do Sangue, ou mudanças dos órgãos, ou ainda mudanças ambientais que cercam o

organismo. Esses fluidos originam-se dos alimentos e dos líquidos, sendo

transformados em substâncias puras e impuras, as puras formam os diferentes tipos

de Qi, e as impuras são excretadas para fora do organismo em forma de fezes,

urina, suor etc... . Os fluidos Jin Ye podem ser divididos em Jin, que são puros,

claros e aquosos, circulando com o Qi Defensivo, sobre a pele e músculos,

movendo-se rapidamente e tem como função umedecer e nutrir a pele e os

músculos, e são eliminados com o suor, manifestando-se também como lágrimas,

saliva e muco. Os Ye são mais turvos, pesados e densos, circulam com o Qi

Nutritivo no interior, movendo-se mais lentamente e sua função consiste em

umedecer as articulações, espinha, cérebro e medula óssea, lubrificam os orifícios

dos órgãos dos sentidos (olhos, orelhas, nariz e boca) (CLAVEY, 2000).

2.3.1.4 Teoria dos Sistemas de Órgãos e Vísceras (Zang Fu)

Os Zang Fu podem ser descritos como os Sistemas de órgãos da MTC, com

a ressalva de que são considerados sistemas de órgãos em termos das inter-

relações funcionais, do que de estruturas específicas e neste aspecto não tem

correspondência com os sistemas de órgãos da Medicina Ocidental. Existem trocas

de energias e de matérias entre o corpo e o ambiente externo: ar, alimento e bebida

que entram no corpo e matérias consumidas que o deixam.

Os Zang Fu envolvem-se nesta troca com o ambiente, e também, dentro do

corpo, no metabolismo das substâncias básicas e no transporte delas,

principalmente via meridianos ou canais, (os quais detalharemos mais adiante) para

todas as partes do corpo, incluindo tecidos e os orifícios.

Os sistemas denominados Zhang, são de característica energética Yin,

portanto responsáveis por transformar, estocar e distribuir substâncias puras que

receberam dos sistemas denominados Fu. Os sistemas Fu ao contrário,

responsabilizam-se pela transformação dos alimentos e dos líquidos em substâncias

puras que são direcionadas para os Zang, e também são responsáveis pela

excreção dos subprodutos desta transformação, este fato é chamado, no ocidente,

de sistema digestório. Em resumo os Zang, de polaridade Yin atuam somente com

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substâncias puras e os Fu, de polaridade Yang transformam os alimentos e líquidos

em substâncias utilizáveis pelo organismo, mas sem estocá-los (ROSS, 1994).

Os sistemas Zang Fu, seguindo a linha filosófica do Yin e do Yang, são

divididos em dois grupos. Os órgãos de polaridade Yin são constituídos pelo

Coração, Fígado, Pulmão, Baço, Rim e Pericárdio. Os órgãos de polaridade Yang

são constituídos pelo Intestino Delgado, Vesícula Biliar, Intestino Grosso, Estômago,

Bexiga e Triplo Aquecedor (não tem correspondência com o sistema de órgãos do

ocidente) (CHONGHUO, 1993).

2.3.1.5 Teoria dos Canais e Colaterais (Jing Luo)

Quando se escreve sobre acupuntura é fundamental o estudo dos meridianos

ou canais, pois, os mesmos representam os conceitos básicos da aplicabilidade

dessa milenar técnica terapêutica. Os canais de energia e colaterais são as vias nas

quais circulam o Qi e o Xue do corpo humano. Os canais são partes integrantes dos

Zang Fu interiormente, e também se distribuem exteriormente formando uma rede

ligando os tecidos e os órgãos em um todo orgânico. A expressão Jing Luo é um

termo genérico que define toda a rede de circuitos dos meridianos (Jing) e seus

vasos secundários (Luo).

O papel deste sistema é promover conexões entre os órgãos e comunicação

entre estes e as extremidades, e regular a função de cada parte do corpo, mantendo

o equilíbrio entre o exterior e o interior, direita e esquerda, em cima e embaixo. Os

ensinamentos de MTC ensinam que a energia (Qi) e o sangue (Xue) estão

estreitamente relacionados e que é fisiologicamente impossível separá-los, e que o

sangue só pode circular quando empurrado pela força da energia contida nos

meridianos, sendo assim, estes meridianos transportam tanto Qi quanto sangue

(AUTEROUCHE, 2000).

Com a finalidade de explicar sucintamente esta teoria Pai (2005, p.59)

escreve:

Os meridianos comunicam-se entre si, através de ramos secundários, que estabelecem interligações entre todos os meridianos principais, e entre estes e os meridianos extras[...] tanto os meridianos principais como os extras apresentam trajetos longitudinais que percorrem a superfície do corpo e ao longo dos membros, do tronco e da cabeça, exceto um único que percorre a cintura transversalmente. Os meridianos principais conectam-se ou originam-se de algum órgão específico, do qual recebem o

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nome. O meridiano do estômago, por exemplo, é assim denominado porque se conecta ao estômago.

Os meridianos apresentam certo número de pontos de acupuntura, chamados

de acupontos, que variam de um meridiano para outro. A maioria das características

dos meridianos, em especial à nomenclatura, o trajeto e ao número de pontos,

mantém-se até hoje. A disposição longitudinal dos meridianos situados nas camadas

entre a pele e os músculos, na teoria, correspondem aos diferentes tipos de vasos,

tendões e os próprios músculos, que tem uma distribuição longitudinal, além disso,

nessas estruturas localizam-se inúmeros feixes nervosos.

2.3.1.6 O diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa

O diagnóstico chinês esta fortemente ligado à padrões de identificação,

fornecendo informações importantes para o diagnóstico e possibilidade para

identificar estes padrões.

O princípio fundamental que norteia o diagnóstico chinês é o de que os sinais

e sintomas representam as condições dos sistemas internos, sendo que os

conceitos destes sinais e sintomas, na medicina chinesa, são mais abrangentes do

que na medicina ocidental, pois, enquanto a medicina ocidental leva em conta, na

maioria das vezes, os sinais e sintomas como manifestações subjetivas ou objetivas

da patologia, a MTC considera várias manifestações diferentes, sendo que muitas

delas não estão relacionadas com o processo patológico real.

A MTC não utiliza somente sinais e sintomas, mais associa a estes, muitas

outras manifestações, para que seja possível a formação de um quadro do

desequilíbrio presente em uma pessoa.

Muitos dos sinais e sintomas da MTC, não são considerados tais como na

medicina ocidental e, podemos observar esta diferença quando Maciocia (1996, p.

181) escreve:

Por exemplo, a ausência de sede (que confirma uma condição de frio), incapacidade para tomar decisões (que confirma uma debilidade da vesícula biliar), dislalia (que confirma uma fraqueza do baço), uma aparência apática dos olhos (que confirma uma mente afetada) etc. [...] Por vários séculos, o diagnóstico chinês tem desenvolvido um sistema extremamente sofisticado entre os sinais externos e os sistemas internos. A correlação entre os sinais externos e os sistemas internos está resumida na expressão: “Inspecione o exterior para examinar o interior”. De acordo com a idéia básica do diagnóstico chinês, praticamente tudo (pele, compleição, ossos, meridianos, odores, sons, estado mental, preferências, emoções,

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língua, pulso, hábitos, fluídos corpóreos) reflete o estado dos sistemas internos e pode ser utilizado no diagnóstico.

Outro importante fundamento do diagnóstico chinês é de que “uma parte

reflete o todo”. Com esta idéia, e também com uma grande experiência clínica o

praticante da MTC pode obter informações detalhadas sobre o estado do organismo

todo, a partir de uma pequena parte dele.

O diagnóstico chinês do pulso é um exemplo extraordinário desse modelo de

diagnóstico, já que uma grande quantidade de informações pode ser obtida com a

palpação de uma pequena parte da artéria radial. O diagnóstico, pelo estudo da

compleição facial, pode manifestar a condição de todo o organismo e da mente.

Dessa forma, a significação clínica dos sinais e sintomas isolados, é contrária

ao pensamento do diagnóstico chinês, que em sua forma de atuação, envolve uma

síntese de todos os sintomas e sinais dentro de um padrão significativo de

desarmonia (XINNONG, 1999).

As modificações anormais, na atividade dos órgãos do corpo humano e em

suas relações mútuas, podem todas se refletir na tez do rosto, no som da voz, no

apetite, no pulso. Seguindo este raciocínio Auteroche (1992, p. 29) escreve:

Pela inspeção observa-se a cor do rosto (azul, amarelo, vermelho, branco, preto), a fim de conhecer a natureza da doença. Pela audição, observa-se os sons (respiração, elocução, cantos, choros, gemidos).Pelo interrogatório, pergunta-se qual é o sabor preferido (ácido, amargo, doce, picante,salgado).Para saber de onde provem e onde se situa a doença, examina-se o pulso radial [...] na taxonomia pelos cinco elementos, os cinco órgãos tem uma relação com as cinco cores, os cinco sons, os cinco sabores. Assim, na ocasião do exame clínico, pode-se fazer a síntese das informações obtidas pela inspeção, audição, o interrogatório, a tomada de pulso, e diagnosticar o estado de doença, conforme pertença a um dos elementos.

O corpo humano é uma entidade orgânica, suas mudanças patológicas

regionais podem afetar o corpo inteiro, e as mudanças patológicas dos órgãos

internos podem se automanifestar na superfície do corpo. É necessário observar e

compreender as manifestações exteriores do paciente, de forma, a saber, o que está

acontecendo no interior do organismo, pois as disfunções dos órgãos internos têm

suas manifestações na superfície do corpo. Ao se analisar e sintetizar as condições

patológicas, pela aplicação dos métodos de diagnóstico, pode-se determinar os

fatores causadores e a natureza da doença, fornecendo a base para a posterior

diferenciação e tratamento (BIRCH, 2002).

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2.4 CONCEITOS DE SAÚDE – OS SABERES ORIENTAIS E A MEDICINA

OCIDENTAL

Para que possamos traçar paralelos entre as concepções de saúde, na

cultura ocidental e chinesa, iniciamos traçando o histórico ocidental da medicina.

Farei uma rápida exposição da forma de conceber o mundo, e as relações entre os

seres humanos pela visão do pensamento filosófico chinês, e a influência deste

pensamento no conceito de saúde e doença na MTC.

A fundamentação da medicina cientifica ocidental foram organizadas por volta

do século 5 a.C, na Grécia, por Hipócrates. No ocidente, Hipócrates, é considerado

o pai da medicina, por ter definido a distinção entre as crenças religiosas, ou seja, o

sobrenatural e o natural, contribuído diretamente para que a prática da medicina

fosse encarada como uma disciplina científica, contemplando a prevenção das

doenças, a observação dos pacientes, a descrição das doenças, bem como a sua

evolução, diagnóstico e tratamento. Nos textos atribuídos a Hipócrates a prioridade

era dada aos fatores ambientais e sociais relacionados a qualidade de vida dos

indivíduos.

Na visão hipocrática, a saúde era resultante de uma relação harmoniosa entre

os hábitos físicos e mentais e, a inter-relação destes fatores com o meio ambiente.

Esse cogito era provido de tanta coerência que durou inalterado por mais de 2000

anos (FONTES, 1995).

Somente no século 17, os pensadores Bacon, Galileu e Descartes deram

contribuições a ciência, acarretando uma intensa transformação nos conceitos que

acabaram influenciando profundamente os caminhos da medicina. Contrariaram os

dogmas obscurantistas da igreja que caracterizavam o paradigma medieval em

decadência. Essa perspectiva fez com que a visão de universo orgânico, vivo e

espiritual, fosse trocada pela visão de mundo como sendo uma máquina. Baseada

no método de investigação, definido por Bacon como descrição matemática da

natureza, a nova visão era resultante do método analítico de raciocínio, cuja gênese

foi proposta por René Descartes.

Na visão mecanicista, a natureza perde a visão hipocrática de mãe nutriente,

sendo transformada completamente. Ela passa a ser encarada pela metáfora do

mundo como máquina. A aceitação da visão cartesiana, como único método válido

para alcançar o conhecimento, desempenhou um enorme papel no estabelecimento

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do desequilíbrio cultural. Podemos comprovar a influencia desta forma de pensar

nas palavras de Capra (2006, p.116) que escreve:

O corpo humano é considerado uma máquina, que pode ser analisado em termos de suas peças, a doença é vista como um mau funcionamento dos mecanismos biológicos, que são estudados do ponto de vista da biologia celular e molecular, o papel dos médicos é intervir, física ou quimicamente, para concertar o defeito no funcionamento de um específico mecanismo enguiçado. Três séculos depois de Descartes, a medicina ainda se baseia, como escreveu George Engel, “nas noções do corpo como uma máquina, da doença como conseqüência de uma avaria na máquina, e da tarefa do médico como concerto dessa máquina”.

O conceito ocidental, mais aceito de saúde, foi preconizado pela Organização

Mundial de Saúde, cujo preâmbulo de seu estatuto conceitua: “A saúde é um estado

de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de

doenças ou enfermidades”. Esta definição estabelece saúde como um estado

estático de perfeito bem estar em vez de um processo em constante mudança e

evolução. Na concepção chinesa de saúde o equilíbrio é um conceito fundamentado

no Tao, visto como uma “ordem vital”, com ênfase na complementaridade dúplice de

Yin e Yang.

A doença, no ocidente, é definida como a incapacidade permanente ou

transitória de manter a homeostasia, o equilíbrio entre as funções do organismo e é

um fato; isto é, tem fato com início, com uma história esperando uma solução.

Para a MTC, a doença não é considerada um agente intruso, mas

conseqüência de uma série de causas que culminam em desarmonia e

desequilíbrio. As variações entre desequilíbrio e equilíbrio são interpretadas como

integrantes de um processo natural que perdura ao longo do ciclo vital (MACIOCIA,

1993).

Para a MTC, tanto a saúde como a doença é considerada natural e

constituinte de uma seqüencia ininterrupta de aspectos de um mesmo processo no

qual o organismo individual muda continuamente em relação ao meio ambiente

inconstante, considerando a doença inevitável em dados momentos. A premissa da

MTC é proporcionar a melhor adaptação entre o indivíduo e o meio ambiente,

observando a visão de integração, ou seja, do todo e uma ênfase em medidas

preventivas (CAPRA, 2006).

Tanto na MTC quanto no ocidente existem muitas causas que podem originar

desequilíbrios, tais como uma dieta inadequada, falta de sono, de exercícios,

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desarmonia com a família ou com a sociedade, tudo leva ao desequilíbrio e

possibilita o aparecimento da doença.

Ao observarmos alguns dos influentes pensadores na filosofia chinesa,

podemos perceber que suas condutas não eram direcionadas, exclusivamente, para

as boas condutas sociais e políticas, e de convivência entre os seres humanos, mas

também destes para com o meio ambiente. Podemos evidenciar isso em uma

passagem de um discurso confusionista com influencias taoístas. Os Analectos

(2005, p.147):

Se a pessoa utiliza seu corpo e sua natureza, seu discernimento, entendimento e a deliberação com o senso apurado, da maneira como o costume recomenda, seguir-se-ão a ordem e o sucesso; caso contrário, o resultado é a imprevisão e a sublevação, ociosidade e indisciplina. Se o consumo de comida ou bebida, o vestuário, os alojamentos dentro e fora de casa, assim como o movimento e o descanso são cumpridos da maneira como o costume recomenda, atingir-se-á harmonia e ordem; caso contrário, para o que não cumpre, este estará sujeito ao ataque e à traição, e a doença ocorrerá.

Esta citação mostra, claramente, a importância que a filosofia chinesa, tem na

MTC. Atribui aos bons costumes, prevenção e integração com o meio ambiente uma

condição para a manutenção da saúde, consolidada numa visão sistêmica e

holística de prevenção das doenças e manutenção da saúde.

O próximo capítulo tem como objetivo buscar, nas atitudes de

transdisciplinaridade, uma possibilidade para a incorporação das idéias filosóficas

chinesas no ocidente.

2.5 TRANSDISCIPLINARIDADE – INCORPORANDO A FILOSOFIA CHINESA AO

MUNDO OCIDENTAL

A necessidade de mudança de paradigmas é eminente, e a busca por uma

visão sistêmica do ser humano encontra, na atitude transdisciplinar, uma

possibilidade de superação das idéias mecanicistas e fragmentadoras do cogito

cartesiano.

Para que o leitor possa entender como se pretende associar a atitude

transdisciplinar ao pensamento filosófico chinês é necessário que sejam

apresentados alguns conceitos importantes. Conceitos indispensáveis para que

possamos alcançar o entendimento proposto, vejamos a contribuição de Rocha Filho

(2007, p. 36) ao escrever:

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Evidentemente, é preciso que estejamos convictos de que a transdisciplinaridade é o caminho a seguir, pois se apresenta como alternativa epistemológica à compartimentalização do saber, representando atitudes diferentes em níveis diferentes da realidade. Para isso é útil que compreendamos também a multidisciplinaridade (ou pluridisciplinaridade) e a interdisciplinaridade, ações sutilmente diferentes que vêm sendo tentadas de forma sistemática há alguns anos. A multidisciplinaridade representa a focalização da atenção de várias disciplinas sobre um objeto de uma única disciplina simultaneamente, enquanto a interdisciplinaridade consiste na transferência de métodos de uma para outra disciplina. Já a transdisciplinaridade envolve os elos de ligação entre as disciplinas, os espaços de conhecimento que consubstanciam esses elos, ultrapassando-as com o objetivo de construir um conhecimento integral, unificado e integrativo.

No processo de construção do conhecimento é necessária a observação de

algumas fases que são constituídas entre as disciplinas. A fase pré-disciplinar onde

não existia separação entre os conhecimentos, nem distinção entre o que era interior

ou exterior entre os conhecimentos. A fase de fragmentação, multidisciplinar e

pluridisciplinar, na qual a influência do paradigma cartesiano proporcionou uma

perspectiva mecanicista e fragmentada do mundo e preponderância do racionalismo

científico, desencadeando a separação do ser humano, do sujeito do conhecimento

e do objeto. A pluridisciplinaridade e a multidisciplinaridade são a justaposição de

inúmeras disciplinas sem nenhuma tentativa de síntese. A fase interdisciplinar é uma

tentativa de obter uma correlação entre o que se tornou ingovernável, tendendo a

agrupar as disciplinas em conjuntos, compreendendo que são inter- relacionáveis. A

fase transdisciplinar, parte do princípio de que se a fase interdisciplinar for produtiva,

logo a transdisciplinar aparecerá, mas com a obrigação de superar a

interdisciplinaridade, pelo fato que esta não é apta em controlar as disciplinas que

ratificam cada vez mais as suas fronteiras (Weil, 1993).

A disciplinaridade pode encontrar-se em um único patamar da realidade,

reduzindo o campo de possibilidades de ação. A transdisciplinaridade engloba um

comportamento vinculado a complexidade, ou seja, a capacidade de posicionar-se

ativamente diante aos variados graus da realidade (ROCHA FILHO, 2007).

É possível compreender a ligação do conceito de transdisciplinaridade,

complexidade e pensamento sistêmico chinês quando Strieder (2004, p. 55)

escreve:

[...] contra a previsibilidade linearizada, que surgiu a concepção da complexidade, uma visão sistêmica na qual o Universo é um todo dinâmico e indivisível, onde as “partes” só podem ser entendidas como interconexões de múltiplas espécies, que se alternam, sobrepõem-se em endobramentos

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esvoaçantes, recombinam-se e, nessa trama, determinam a contextura do todo. [...] trabalhar com a complexidade implica, nesse tecido conjunto, captar a desordem, os ruídos estranhos, os antagonismos e as plicas. [...] O pensar e o agir tornam-se mais universais, holísticos e com abrangência de “Aldeia Global”. Descobrindo-nos reunidos num único lugar, a Terra, como um lugar comum. A abordagem pela complexidade é a tentativa de um olhar mais profundo sobre a “realidade” emerge da necessidade de uma melhor compreensão da interdependência das relações dos seres vivos com a natureza.

A terminologia Yin/Yang é muito útil na observação do desequilíbrio cultural

que abraça um vasto ponto de vista ecológico, que também pode ser denominado

concepção sistêmica. Pela concepção sistêmica considera-se o universo em função

de suas inter-relações e interdependências entre todos os fenômenos, cujas

propriedades não podem ser divididas ou fragmentadas.

Para as tradições teóricas, desenvolvidas na China antiga, os conceitos de

Yin e de Yang são centrais e, se analisarmos com atenção a concepção desta teoria

filosófica encontraremos a ponte de ligação para com a atitude transdisciplinar. Para

a filosofia chinesa o universo integral, social e natural, apresenta-se em equilíbrio

dinâmico com a totalidade de seus componentes oscilando entre os dois pólos

opostos, porém complementares. O organismo humano pode ser considerado como

um microcosmo do universo, e o indivíduo têm seu lugar, seguramente, estabelecido

na ordem cósmica

Para A concepção filosófica chinesa, as coisas comportam-se de certas

formas, não necessariamente por causa de atos ou impulsos prévios de outras

coisas, mas porque sua posição no universo cíclico, em constante movimento, é

dotada de natureza intrínseca que torna esse comportamento inevitável.

As idéias chinesas com preocupações constantes voltadas para a

manutenção da integralidade, contrariamente a fragmentação, consideram o corpo

humano como um sistema indivisível. Essa concepção encontra-se muito próxima da

visão sistêmica moderna e ocidental, contraposta ao modelo cartesiano e que

possibilita uma transposição para a transdisciplinaridade em seus conceitos mais

atuais (CAPRA, 2006 b).

O próximo capítulo pretende delinear a metodologia que será utilizada para a

coleta de dados e também como serão analisadas as informações coletadas.

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2.6 O CURSO DE ACUPUNTURA DO GRUPO CBES

O grupo CBES teve início no ano de 1999, com o curso de especialização em

acupuntura tradicional chinesa na sede localizada na cidade de Curitiba, estado do

Paraná. Posteriormente, estende sua sede a outras capitais. Sabedora do conceito

de saúde, emitido pela OMS, como um estado de: “[...] completo bem estar físico,

mental e social, e não apenas a ausência de doença”, o Grupo CBES observa a

nítida necessidade de construir conhecimentos para aplicação de novas concepções

e novas formas de agir em toda a área da saúde. Na era da universalização do

conhecimento, com avanços tecnológicos, também pauta cotidiano na área da

saúde, faz-se necessário um aprimoramento profissional contínuo, objetivando, além

de uma postura ética e profissional, responsabilidade e capacidade para atender às

novas demandas pela melhoria da qualidade de vida da população. É inadiável a

oferta de aprimoramento profissional de excelência para que o aluno, já profissional

da saúde possa, efetivamente, contribuir com a saúde da população.

A metodologia de ensino, aplicada na instituição, busca a superação da

postura reducionista, fortemente arraigada na cultura ocidental. Uma postura que se

traduz num modo de agir que leva o profissional da saúde a uma percepção

fragmentada do paciente em desfavor do tratamento integral. A virada exige uma

nova compreensão do ser humano. Um ser humano por inteiro, como um todo, um

ser biológico, mas também cultural e movido por emoções, além de integrado a um

meio social. Essa nova perspectiva contraria o senso comum de que o objeto de

trabalho dos profissionais da saúde é a doença, como se a saúde fosse fruto do

equilíbrio biológico, cultural, emocional e ambiental. Para conseguir iniciar esse

processo de mudança de concepção a matriz curricular do curso foi concebida e é

desenvolvida de forma a contemplar atitudes transdisciplinares.

Atualmente, o complexo clínico escolar dos Centros CBES envolve quatro

clínicas multidisciplinares, com sedes em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Belém.

Nessas sedes são atendidos os pós-graduandos que atuam profissionalmente em

Acupuntura, Osteopatia, Fisioterapia Dermato-Funcional, Fisioterapia Respiratória,

Fisioterapia aplicada a Traumato-Ortopedia, especialmente, na sede de Curitiba, são

atendidos alunos provenientes dos cursos técnicos em Massoterapia, Enfermagem e

Radiologia.

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O CBES considera-se um verdadeiro ambiente de trabalho social,

comprometido com a construção e o desenvolvimento de uma saúde sistêmica. É

acreditando, firmemente, que o investimento na saúde da sociedade previne as

doenças individuais e considerando o tratamento do individuo como um todo físico,

emocional e social que a Instituição pretende difundir este novo paradigma para os

profissionais da saúde, conscientizado-os da necessidade da adoção de novas

atitudes, atitudes estas inspiradas na transdiciplinaridade.

O curso de especialização em acupuntura tradicional chinesa apresenta como

objetivos:

1) desenvolver competências que abranjam todas as dimensões da atuação do

profissional da Saúde, capacitando-o com compreensão ampla e consistente da sua

área;

2) compreender a relação do processo saúde-doença com o contexto social;

3) ter pleno entendimento das diversas singularidades de sua profissão;

4) formar especialistas através do estudo integrado entre o moderno e a

tradição, seguindo as tendências dos maiores centros de acupuntura do mundo, que

reconhecem a acupuntura como um forte instrumento para colaborar com o sistema

sanitário primário;

5) formar um profissional capaz de perceber o ser humano em sua totalidade

transpondo barreiras reducionistas.

O curso, atualmente, conta com carga horária total de 1296 horas aula

ministrada em um período de dois anos. É considerada uma especialização Latu

Sensu pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura.

Para uma melhor compreensão do leitor, apresentamos a matriz curricular do

primeiro semestre do curso de acupuntura tradicional chinesa com as respectivas

cargas horárias, tanto teóricas quanto prática, de cada disciplina do curso.

Tabela 2: Matriz curricular do primeiro semestre

Disciplinas Teoria Prática

Filosofia Oriental 30 horas _

Anatomia I 20 horas 10 horas

Anatomia II 20 horas 10 horas

Técnicas de Acupuntura I 20 horas 10 horas

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Técnicas de Acupuntura II 20 horas 10 horas

Bioética, biossegurança e

instrumental

20 horas 10 horas

Fonte: Faculdade CBES Adaptado pelo autor, 2010

2.6.1 Ementário do curso de acupuntura tradicional chinesa da faculdade CBES

Ainda para uma melhor compreensão, apresentamos a seguir as respectivas

ementas, de cada componente curricular. As ementas evidenciam os conteúdos a

serem ministrados em cada módulo do curso. Pretende-se situar o leitor no contexto

do aprendizado dos alunos para um melhor entendimento das respostas obtidas nas

entrevistas, por ocasião da pesquisa de campo, sendo que o leitor encontrará matriz

curricular completa no anexo C.

Tabela 3: Ementário do primeiro semestre do curso

Disciplinas Ementa Conteúdo Programático

Filosofia Chinesa Apresentação das áreas e locais de atuação da Acupuntura e leitura histórica da Medicina Tradicional Chinesa. Conceitos básicos sobre os Elementos Centrais da Medicina Tradicional Chinesa.

Leitura Histórica da Medicina Tradicional Chinesa Elementos Centrais da Medicina Tradicional Chinesa (Yin-Yang / Cinco elementos / ZangFu / Substâncias Vitais / Jing Luo).

Anatomia I Apresentação do Sistema de Canais e Colaterais. Estudo dos 3 Canais Yin e Yang da mão, abordando o Sistema de Canais e Colaterais (Jing Luo) e os Acupontos.

Sistema de Canais e Colaterais (Jing Luo). Principais Pontos dos 3 Canais Yin da Mão. Principais Pontos dos 3 Canais Yang da Mão. Acupontos.

Anatomia II Apresentação do Sistema de Canais e Colaterais. Estudo dos 3 Canais Yin e Yang do pé, abordando o Sistema de Canais e Colaterais (Jing Luo) e os Acupontos.

Sistema de Canais e Colaterais (Jing Luo). Principais Pontos dos 3 Canais Yin do pé. Principais Pontos dos 3 Canais Yang do Pé. Acupontos.

Técnicas de Acupuntura I

Apresentação das técnicas de inserção das agulhas. Prática de localização e inserção de agulhas nos principais acupontos dos canais Yin e Yang da mão.

Inserção das agulhas finas (Hao Zhen). Técnicas de manipulação. Tchi-tcha. Nian zhuan.

Técnicas de Acupuntura II

Apresentação das técnicas de inserção das agulhas.

Inserção das agulhas finas (Hao Zhen).

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Prática de localização e inserção de agulhas nos principais acupontos dos canais Yin e Yang do pé. Oito Qi Jing Ba Mai.

Técnicas de manipulação. Tchi-tcha (pistonagem). Nian zhuan (rotação).

Bioética, biossegurança e instrumental

A acupuntura, a Medicina Tradicional Chinesa e seus aspectos bioéticos. Conceitos, histórico e contextualização na prática da acupuntura. Riscos ocupacionais e precauções padrão. Biossegurança em ambulatórios e unidades de saúde.

A dominação da ciência e a apropriação do homem: sua vida, seu corpo e sua morte. A pluriversidade do sujeito humano. Valor da vida humana: a ambigüidade. A moral tradicional e a Bioética. Corporeidade: especialidade, temporalidade, opacidade e pluralidade. Norma regulamentadora 32 e sua aplicação na acupuntura.

Fonte: Faculdade CBES Adaptado pelo autor, 2010

Os conteúdos programáticos são ministrados de forma que o conhecimento

construído pelo aluno seja fundamentado na visão sistêmica, com componentes

curriculares de caráter integrativo e de continuidade com níveis de complexidade

crescentes.

Os assuntos abordados, teoricamente, são visualizados com exposições

práticas e realização de técnicas de atendimento ao paciente, com a supervisão dos

docentes.

As atividades práticas são realizadas em ambulatório nas sedes das

faculdades CBES, estes locais de estágio possuem uma grande capacidade de

atendimento com características multiprofissionais direcionadas para a utilização de

técnicas terapêuticas da Medicina Tradicional Chinesa, tais como acupuntura,

ventosaterapia, moxabustão, aurículoterapia, massagem entre outras técnicas. Os

pacientes são selecionados a partir da indicação dos próprios alunos ou por procura

espontânea, sendo que os atendimentos são anunciados em jornais locais, nas

reuniões de associações de bairros entre outros, com atendimento médio mensal de

200 (duzentos) pacientes carentes da comunidade local. Os alunos são inseridos no

programa de estágio supervisionado curricular, obrigatório, a partir do sétimo mês de

curso e orientados por docentes com amplo conhecimento e experiência clínica o

que irá favorecer seu processo de ensino e aprendizagem.

Antes do início do estágio, os alunos são divididos em grupos e os

atendimentos aos pacientes são realizados com níveis de complexidade crescentes

levando em consideração os conteúdos repassados durante as aulas teóricas. No

primeiro semestre de estágio supervisionado os alunos observam os colegas mais

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adiantados em seus atendimentos, treinando suas habilidades em localizar os

pontos de acupuntura, a inserção das agulhas, bem como manobras de

manipulação destas. No segundo semestre de estágio, já com uma maior bagagem

teórica o estagiário passa a avaliar o paciente com a utilização de métodos

diagnósticos característicos da MTC, trazendo as informações colhidas para análise

com o supervisor responsável por aquele grupo de alunos, sendo que este lhes

repassará o diagnóstico tradicional chinês bem como o protocolo que deverá ser

seguido. Na última fase de estágio, ou seja, terceiro semestre de atividades

ambulatoriais o aluno deverá estar apto a avaliar, diagnosticar e prescrever o

protocolo de atendimento ao paciente, contando com a presença do supervisor,

sanando dúvidas e intervindo sempre que necessário.

A faculdade CBES acredita que este processo favorece o desenvolvimento

de habilidades e competências específicas como o diagnóstico, prognóstico e

terapia adequada.

3 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA, APRESENTAÇÃO DOS DADOS E SUA

INTERPRETAÇÃO

3.1 ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA COMO MÉTODO DE PESQUISA

O estudo está sendo desenvolvido baseado na análise fenomenológica. O

método de pesquisa fenomenológico, na análise da influência do pensamento

filosófico chinês é o que melhor se adapta para o entendimento de fenômenos a

serem observados em um curso de pós-graduação em nível de especialização na

área da saúde. Para fazer uma reflexão sobre este método é preciso retomar os

conceitos desenvolvidos por Husserl.

A fenomenologia é um método científico que passou a ser amplamente

conhecido a partir da corrente filosófica desenvolvida por Edmund Husserl, mais

precisamente no alvorecer do século XX. Husserl apregoava que a fenomenologia

poderia ser definida como um retorno aos fenômenos, que aparecem à consciência

e que, portanto, acontecem como objeto intencional. Husserl buscava contrapor-se

ao empirismo, objetivando uma superação do realismo e idealismo.

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Observando a experiência vivida, a fenomenologia adota uma forma de

reflexão que deve incluir a possibilidade de olhar as coisas como elas se

manifestam.

Vários autores apresentam definições do método fenomenológico, Terra et al

(2006, v.14, n.04) afirma que:

A palavra “fenomenologia” vem sendo descrita de várias formas, com significados e sentidos atrelados à interpretação dos autores. Porém, em sua raiz etimológica significa “o que se mostra”, “o que aparece à luz”, “cujo ser consiste, neste seu mostrar-se” e de “logos” que significa “discurso esclarecedor” [...] Para a fenomenologia os fenômenos acontecem dentro de um determinado tempo e espaço e precisam ser mostrados para que se alcance a compreensão da vivência levando-nos a refletir sobre como esta modalidade de pensar pode contribuir para o viver cotidiano.

Para Novaski (2007, p.81) “a fenomenologia quer ser antes de tudo um estilo,

um estilo de pensar, de ver as coisas, o mundo”.

A fenomenologia é a ciência da experiência, da consciência e da vivência e,

como tal podemos incluir a possibilidade de olhar e refletir sobre as coisas da forma

como se manifestam, da possibilidade de descrever e chegar à essência dos

fenômenos, sem a necessidade de explicá-los.

Propõe-se o referencial fenomenológico como importante recurso

metodológico para a compreensão das respostas obtidas pelo entrevistador, pois ele

resgata a importância da consciência intencional, que revela possíveis sentidos e

desvela significados existentes nas relações e práticas. Consiste, ainda, na

possibilidade de atuar na promoção da educação e saúde, pela consonância com a

perspectiva de integralidade, autonomia e visão ampliada do processo educativo por

meio dos seus pressupostos de totalidade do fenômeno.

Esta pesquisa se utiliza de interpretações fenomenológicas, investigando

justamente estes fenômenos subjetivos acreditando que a realidade está

fundamentada nas experiências pessoais de cada um, com emoções, pensamentos,

idéias, respostas diferentes, próprias de cada ser.

Para Terra (2006, p. 673) “a fenomenologia enquanto movimento filosófico,

pretende descrever o fenômeno tal qual ele aparece, reconhecendo nessa

caminhada a essência do ser, da vida, das relações”. Para a fenomenologia, os

fenômenos acontecem dentro de um determinado tempo e espaço e precisam ser

mostrados para serem compreendidos evidenciando como este modo de pensar

pode contribuir e influenciar na nossa vida cotidiana.

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Para Triviños (1987, p. 42),

a idéia fundamental, básica, da fenomenologia, é a noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é a da consciência que sempre está dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o princípio de que não existe objeto sem sujeito.

Na perspectiva fenomenológica não se separa o sujeito do fenômeno a ser

observado o que implica em reconhecer a unidade entre sujeito e objeto, existência

e significação.

A fenomenologia, desenvolvida por Husserl, foi traduzida como uma maneira

de pensar dos seres humanos, sobre suas experiências e vivências. Ela investiga os

fenômenos subjetivos fundamentados nas experiências vividas.

3.2 A ENTREVISTA COMO MEIO PARA COLETA DE DADOS NA PESQUISA

QUALITATIVA

A entrevista é empregada nesta pesquisa para buscar dados seguindo-se

reflexões para perceber, estudar e entender os significados subjetivos e de tópicos

complexos observados por instrumentos não fechados. Os conteúdos a serem

observados incluem fatos, opiniões sobre fatos, sentimentos, planos de ação,

condutas atuais ou do passado, motivos conscientes para opiniões e sentimentos. A

entrevista, convencionalmente, tem sido considerada como um encontro entre duas

pessoas, afim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado

assunto, mediante uma conversação de natureza profissional que proporciona ao

entrevistador, verbalmente, a informação necessária (SZYMANSKI, 2002).

A interpretação dos dados obtidos nas entrevistas será feita a partir da análise

de conteúdo, instrumento utilizado neste estudo para a reflexão e interpretação dos

dados obtidos na entrevista, buscando uma abordagem qualitativa, que se

fundamenta em importantes autores como Minayo (1994), Triviños, Ludke e André

(1986). Levando em conta a proposta do presente estudo de caráter qualitativo,

Minayo (1994), afirma:

Ela (a metodologia qualitativa) se preocupa com um nível de realidade que não pode ser qualificado ou quantificado, ou seja, trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo, das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reproduzidos à operacionalização de variáveis. (1994, p. 22).

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Para análise dos dados qualitativos Luke e André (1986) assinalam que

trabalhar os dados, significa analisar todos os dados obtidos durante a realização da

pesquisa. A tarefa de análise dos dados implica na organização de todo material,

dividindo e relacionando as partes, identificando padrões e tendências importantes.

Como técnica de análise utilizou-se a análise de conteúdo, descrita por

Triviños (1987), que recomenda sua utilização nas mensagens escritas, pois são

mais estáveis e constituem um material objetivo, ao qual podemos voltar todas as

vezes que necessitarmos.

Bardin (1977) e Triviños (1987) descrevem três características básicas para

análise de conteúdo, sendo elas: pré-análise, descrição analítica e interpretação

inferencial. A pré-análise é a organização do material que necessitamos. A descrição

analítica começa na pré-análise, submetendo especificamente o material de

documentos que constitui o corpo dos dados, submetendo a um estudo aprofundado

orientado pelas hipóteses e referenciais teóricos. A codificação, a categorização e a

classificação são quesitos básicos nesta fase do estudo. A interpretação inferencial,

que para os autores refere-se à reflexão, à intuição embasada nos materiais

empíricos, estabelece relações, no caso da pesquisa sobre a função do supervisor,

com a realidade educacional e social ampla, aprofundando as conexões das idéias e

chegando, se possível, a propostas básicas de transformações nos limites das

estruturas específicas e gerais.

3.2.1 Coleta dos dados

Foi solicitada a ciência dos participantes via assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido (ANEXO A ) e também solicitado à faculdade a

assinatura do termo de autorização (ANEXO B) para a realização das entrevistas.

As entrevistam foram realizadas com alunos da faculdade CBES, com sede

na cidade de Curitiba/PR e Porto Alegre/RS. Foram entrevistados um total de oito

alunos, sendo quatro alunos de cada uma das sedes da instituição mencionada.

Como critério estabeleceu-se que os alunos já tenham cursado e concluído o

primeiro semestre do curso. Os alunos entrevistados foram selecionados de forma

aleatória, não levando em conta sua formação acadêmica, em nível de graduação.

Os mesmos foram entrevistados no dia em que realizavam atividades ambulatoriais,

convidados a se dirigir para uma sala cedida pela instituição de ensino, onde foram

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informados sobre os objetivos da pesquisa, e, após uma conversa informal, iniciou-

se a entrevista propriamente dita.

A coleta dos dados foi feita por meio de entrevista semi-estruturada, a qual no

início de nossa pesquisa pretendia ser realizada na forma de entrevista gravada e

posteriormente transcrita, seguindo-se análise do conteúdo das mesmas. No

transcorrer da primeira entrevista percebeu-se uma grande dificuldade de expressão

do entrevistado, ocasionada por intimidação frente ao gravador, segundo relato do

próprio entrevistado. Desta forma senti a necessidade de uma intervenção rápida

para evitar um prejuízo maior neste processo de coleta e informações. Alterei o meio

de coleta de dados para entrevista escrita, onde o entrevistado respondia as

perguntas e o entrevistador transcrevia as respostas, simultaneamente.

Foram realizadas seis perguntas, todas direcionadas para buscar dados

relativos ao problema e aos objetivos deste estudo. As questões se encontram no

apêndice A desta pesquisa.

Na seqüencia, apresento algumas informações que julgo ser importante

acerca dos entrevistados, para que o leitor consiga estabelecer correlações com a

idade, sexo, formação de nível superior, tempo de atuação e local onde o

entrevistado cursa a pós-graduação de acupuntura em nível de especialização.

Conforme demonstrado na Tabela 2 os entrevistados foram identificados

como: E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8 preservando assim o anonimato de suas

identidades.

Quadro 3: identificação dos entrevistados

IDENTIFICAÇÃO

DO

ENTREVISTADO

SEXO

IDADE

FORMAÇÃO DE

NÍVEL SUPERIOR

TEMPO DE

ATUAÇÃO

PROFISSIONAL

CBES EM

QUE

CURSOU

E1 MASCULINO 45 ODONTOLOGIA 20 ANOS CURITIBA

E2 MASCULINO 30 FISIOTERAPIA 06 ANOS CURITIBA

E3 FEMININO 29 FISIOTERAPIA 07 ANOS P. ALEGRE

E4 MASCULINO 27 FISIOTERAPIA 03 ANOS P. ALEGRE

E5 FEMININO 44 FISIOTERAPIA 20 ANOS P. ALEGRE

E6 MASCULINO 40 FISIOTERAPIA 17 ANOS CURITIBA

E7 MASCULINO 40 ODONTOLOGIA 21 ANOS CURITIBA

E8 MASCULINO 41 MD.VETERINÁRIO 20 ANOS P. ALEGRE

Fonte: Autor, 2009

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3.2.2 Categorias de análise

Este item tem como objetivo refletir o conteúdo das entrevistas por meio de

uma reflexão considerando três categorias de análise, assim apresentadas: a

incorporação do pensamento filosófico chinês; rumo à atitude transdisciplinar;

saúde,e diferenças na visão ocidental e chinesa.

A escolha das categorias de análise decorre dos questionamentos realizados

e em função das falas dos pesquisados.

3.2.2.1 A incorporação do pensamento filosófico chinês

Esta categoria de reflexão resulta dos seguintes questionamentos feitos aos

pesquisados 1: Como você entende o significado do pensamento filosófico chinês

após ter freqüentado o primeiro semestre do curso de pós graduação em nível de

especialização em acupuntura tradicional chinesa?; 2: Após ter cursado os primeiros

seis meses da pós-graduação em acupuntura, qual é a visão que você tem de seus

pacientes?; 3: Houve mudanças em seus hábitos de vida após ter cursado o

primeiro semestre da pós graduação em acupuntura? da entrevista ( apêndice A).

Ao serem questionados sobre como eles entendem o significado do

pensamento filosófico chinês, após terem freqüentado o primeiro semestre do curso

de pós graduação em nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa,os

pesquisados assim se manifestam :. Para E1 “[...] conhecer a filosofia chinesa foi

uma descoberta fascinante, uma vez que muitas percepções do pensamento chinês

contrapõem-se ao pensamento lógico, matemático, cartesiano e alopático”. Para E2

o pensamento filosófico chinês “[...] ensina a treinar uma visão holística sendo uma

forma de ver o paciente como um todo, integrando as manifestações orgânicas e

emocionais”. Para E3 o pensamento filosófico chinês “[...] é um pensamento

complexo que transcende a concepção pontual e simplificada do ocidente, uma

filosofia que trás uma história milenar, onde o pensamento holístico integra o ser

humano e o meio externo de maneira contínua e dinâmica”.

A resposta de E6 considera que “[...], é mudança de paradigma em nossas

vidas profissionais e pessoais. Como a medicina ocidental é segmentada, dividindo

o corpo em partes separadas, são novos insights, novas técnicas diferenciadas, nos

colocando concepções totalmente diversas do que conhecemos até o momento [...]”.

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As primeiras respostas dos entrevistados apresentam uma convergência de

idéias. Idéias estas que se apresentam em correlação com a visão de percepção

holística do pensamento filosófico chinês.

O significado do pensamento filosófico chinês, contrário à visão ocidental de

fragmentação, começa a ser trabalhado em sala de aula durante os módulos do

curso, em cada componente curricular ministrado no primeiro semestre do curso de

acupuntura tradicional chinesa no CBES. O objetivo é, justamente, fazer com que os

alunos possam transformar seu pensamento, mudando conceitos e agregando

novos conhecimentos de saúde para entender as diferenças entre a concepção

chinesa e ocidental na visão de saúde. De acordo com as posições em relação à

primeira pergunta da entrevista é possível observar que os alunos passaram a

considerar o ser humano de forma holística, sem a fragmentação do ser humano,

visão anterior

A segunda pergunta formulada aos entrevistados desejava saber se e como

tinha mudado, após ter cursado os primeiros seis meses da pós-graduação em

acupuntura, a sua visão em relação aos pacientes. Respondendo este

questionamento o E1 disse “[...] Passei a procurar entender o paciente como um

todo de maneira a não dissociar o sujeito do processo de saúde-doença. O paciente

deve ser agente de sua cura, e percebo que cada um deles possui um potencial de

solucionar seus problemas”. E3 complementa “[...] percebo que é impossível mexer

no Todo (organismo) sem alterar as partes (fragmentos), da mesma maneira, o

inverso também acontece”. Já E4, de forma bem direta, acrescenta “[...] é impossível

reabilitar somente um joelho ou um ombro, sei que pelo pensamento e lógica de

tratamento da acupuntura tradicional chinesa, que mais estruturas estão envolvidas

nessa reabilitação”. Complementando este raciocínio E2 responde “[...] passei a

avaliar meu paciente de forma diferente enfatizando orientações e cuidados

direcionados ao paciente”.

A resposta de E6 considera que “há uma nova forma de pensar [...] o ser

humano visto globalmente, como um todo inseparável, que nos leva a ver o

indivíduo de uma forma holística e integrada, não apenas de uma forma mecanicista

[...], com esse novo conhecimento, a conexão do ser humano com a natureza nos

leva a observar o quanto somos parte de um todo, o quanto somos parte integral da

natureza”.

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Fica evidente uma mudança na maneira com que os entrevistados passaram

a perceber seus pacientes. Agora, no jeito de olhar, consideram-nos como seres

integrais, sistêmicos, integrados a um determinado meio ambiente e não

enclausurados em si mesmos. O paciente, visto como ser humano inteiro, nesse

contexto, é imprescindível no processo de cura. Ele passa a ser o agente ativo e não

objeto passivo. A cura não ocorre somente através de ações externas, mas também

com a participação do próprio paciente, como vemos expresso nas palavras de

Nascimento (2006, p.37):

O sentido pós-moderno de ciência, em geral, e da medicina e saúde, em particular, só pode conceber uma perspectiva “holística” e integradora, porque não há mais caminho para onde a fragmentação cartesiana do real possa prosseguir. No novo paradigma “holístico”, a divisão cartesiana entre o corpo e mente seria superada por uma perspectiva integradora, no qual o estado psicológico do indivíduo seria considerado fundamental tanto na eclosão de uma doença como no desenvolvimento da cura. Desse modo, reconhece-se a emoção positiva como um sinal importante para se estabelecer a saúde, vice-versa, o estado negativo para estimular alguma doença. A cura não seria, portanto, entendida como algo proveniente exclusivamente de ações provindas do exterior. Fatores externos poderiam catalisar o processo, contribuir para tal, mas não poderiam curar sem a participação de fatores presentes no próprio individuo que precisam ser por ele reconhecidos, mobilizados e providos.

Acreditamos que o curso de acupuntura tradicional chinesa vem

proporcionado uma mudança na forma de pensar sobre saúde e tratamento das

doenças, como evidenciado nas manifestações dos alunos pesquisados, que

acometem os seres humanos. Há indicativos, de acordo com as manifestações em

relação ao segundo questionamento, que essa nova forma de pensar e ver o ser

humano mostram mudanças de conceitos em relação aos comumente encontrados

na formação destes profissionais, quando exclusivamente feita na tradição ocidental,

carregadas de características fragmentárias e cartesianas.

A terceira pergunta buscava posições no sentido de saber se houveram

mudanças nos hábitos de vida dos próprios entrevistados após terem cursado o

primeiro semestre da pós-graduação em acupuntura. Para E1 “[...] depois de

conhecer o Taoísmo, procurei rever alguns conceitos de vida [...] modular meu

comportamento [...] a busca do equilíbrio mente/corpo/cosmo permitiu-me pacificar o

espírito e diminuir o nível de estresse”. E2 afirma “[...] percebi um cuidado maior em

relação a meus hábitos de vida”. Na mesma direção se manifesta E3 ao dizer “[...]

mudei alguns hábitos alimentares, não apenas tipos de alimentos que deixei ou

passei a consumir, mas também minha postura durante e após a refeição”.

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Maciocia (1996) afirma que a natureza do alimento ingerido é de grande

importância nas desordens do estômago. A MTC enfatiza a importância da

alimentação de acordo com uma rotina, mediante refeições regulares, ingeridas

diariamente nos mesmos horários e em quantidades análogas, enfatiza a

importância de se ingerir refeições substanciais no café da manhã e no almoço e

somente uma refeição leve à noite.

A participação de E6 também é confirmativa. “A postura diante da vida, [...]

uma vida mais integralizada [...] a qualidade de vida é de extrema importância para

que sejamos mais felizes, saudáveis e equilibrados”.

O aluno E7 afirmou: “Com certeza, [...] sou uma pessoa muito mais calma e

ponderada, e “seguir o caminho do meio”, [...], passou a ser um exercício diário para

manter a calma e a saúde e um melhor relacionamento com as pessoas [...]”.

O caminho do meio o Tao ou Dao12 citado por E6 e E7 é trabalhado

integralmente na disciplina de filosofia chinesa que aborda importantes escolas

filosóficas que norteiam o modo de vida em quase todos os segmentos da sociedade

chinesa.

A resposta de E8 considera que: “quanto mais entendemos o pensamento

chinês mais nos aproximamos da nossa fisiologia, passando a respeitar mais alguns

hábitos, abandonar outros e cultivar outros terceiros [...]. Ajudamos alguém em

primeiro lugar, servindo de exemplo. O mais difícil é manter esta mudança, pois o

meio constantemente nos desafia a perder os hábitos chamados de saudáveis.

Com relação a estas importantes mudanças de atitudes e percepções de si

mesmo, certamente, importantes aspectos mentais/emocionais e corporais sofrem

mudanças com a incorporação do pensamento filosófico chinês por parte dos

próprios entrevistados. De acordo com as manifestações dos entrevistados houve

mudanças em seus hábitos de vida, como alimentação, qualidade do sono, e um

melhor controle do estresse, após o ingresso do curso de acupuntura tradicional

chinesa. Esta visão e prática da importância na mudança dos hábitos de vida, mais

uma vez mostra que os conteúdos propostos estão atingindo seus objetivos.

12

Tao ou Dao dá origem ao termo Taoísmo ou Daoísmo, importante vertente filosófica chinesa, seu caractere denota um ensinamento ou um caminho. O Dao refere-se não apenas ao objetivo, mas aos caminhos para se atingir os objetivos, um ensinamento.

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3.2.2.2 Rumo à atitude transdisciplinar

Esta categoria de análise tem por finalidade refletir e interpretar as

informações obtidas dos entrevistados diante dos questionamentos 4: Como você

concebe a atitude transdisciplinar?; 5: Após o conhecimento adquirido neste período

de curso, é possível correlacionar o pensamento filosófico chinês com a concepção

de transdiciplinaridade? De que forma? (apêndice A).

Neste momento da pesquisa perguntamos aos entrevistados como eles

concebem a atitude transdisciplinar. E1 nos contemplou respondendo “[...] a atitude

transdisciplinar se refere à forma de atuar frente a situações considerando que

várias áreas do conhecimento são co-participantes da solução dos problemas, de

forma a incorporar várias idéias na busca de alternativas para os questionamentos

que surgem cotidianamente [...] requer flexibilidade dos envolvidos, a fim de aceitar

a proposta do outro e, ainda, entender que uma maneira diferente de ver o mesmo

problema acrescenta novas perspectivas para a solução do mesmo [...] O agir

transdisciplinar prescinde de uma resiliência na forma de pensar”. Para E2 o pensar

transdisciplinar passa pelo “[...] pensar na abordagem do paciente sobre outros

olhares, tendo a transdisciplinaridade como base, instrumento e perspectiva de

transformação [...] o termo transdisciplinaridade [...] encontra-se em processo de

formação [...] precisamos persistir na divulgação e informação do real significado da

palavra”. Na resposta de E3 podemos perceber o entendimento e conceituação da

atitude transdisciplinar ao afirmar que se trata de “[...] uma atitude mais completa e

complexa que a interdisciplinaridade [...] compreende a realidade, através da

articulação de elementos que passam entre, além e através de si, buscando o

entendimento da complexidade através de um conhecimento novo”. O entrevistado

E4 responde ao questionamento dizendo “[...] é sobrepassar, ir além das diversas

ciências e buscar conhecimento em uma abrangência total, em uma abordagem

científica, cultural, espiritual e social”.

A atitude transdisciplinar para E5 é: “[...] aquela que busca não apenas as

disciplinas colaborando entre si, mas busca a compreensão de algo mais complexo

que perpassa por estas disciplinas [...] existe um pensamento organizador [...] a

transdisciplinaridade não é apenas a adição de conhecimento, é a organização de

todo o conhecimento”.

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De acordo com E8, transdisciplinaridade são: “de conhecimentos diferentes,

mas que tenham em si várias coisas em comum, ou seja, aplicações, objetivos,

resultados ou pensamentos comuns. Na área da saúde, [...] a transdisciplinaridade

passa a ser inevitável, as especialidades têm uma “conversa” cada vez mais íntima”.

As posições trazidas pelos entrevistados denotam um entendimento de

convergência entre o pensamento filosófico chinês, e suas tendências holísticas,

com atitudes transdisciplinares. Pela perspectiva dos entrevistados os mesmo

apresentam convergências importantes e comuns, porém necessitam de uma

melhor compreensão e conscientização. Para vivenciar a atitude transdisciplinar é

necessário compreendermos o significado do termo complexidade. Na busca deste

entendimento encontramos alento nas palavras de Strieder (2004 p. 54,55):

Essa concepção é fundamentalmente diferente daquela expressa na mecânica newtoniana [...] É contra esse determinismo reducionista, contra a imutabilidade e contra a previsibilidade linearizada, que surgiu a concepção da complexidade, uma visão sistêmica na qual o Universo é um todo dinâmico e indivisível, onde as “partes” só podem ser entendidas como interconexões de múltiplas espécies, que se alternam, sobrepõe-se em endobramentos esvoaçantes, recombinam-se e, nessa trama, determinam a contextura do todo. A necessidade de expressar essa nova visão de universo ressemantiza o termo “complexidade”.

A quinta pergunta proposta aos entrevistados refere-se ao conhecimento

adquirido e a possibilidade de correlacionar o pensamento filosófico chinês com a

concepção de transdisciplinaridade. E3 reponde “[...] o próprio ser humano é um

exemplo da correlação entre pensamento filosófico chinês e transdisciplinaridade,

assim como, o universo, a vida e a morte, o amor e o ódio, mostrando a

reaproximação da filosofia e da ciência. Só podemos compreender as partes

conhecendo o todo, porém, o todo só poderá ser compreendido quando as partes,

que correspondem ao todo, forem entendidas, ou seja, a ordem dentro da

desordem”. E1 enfatiza em sua resposta que “[...] a correlação sugerida é possível,

uma vez que o pensamento filosófico chinês vê o indivíduo integralmente, como um

microssomo parte de um macrossomo [...] é necessário integrar as ciências para

perceber o sujeito de forma holística, total, multifacetada, o que só pode ser atingido

a partir da transdisciplinaridade”. Complementando o raciocínio anterior E4 afirma

que “[...] a abordagem holística preconiza que os elementos mental, emocional,

espiritual e físico de cada indivíduo fazem parte de um sistema integralizado [...] esta

abrangência total de percepções permitem a idéia de transdisciplinaridade”. E2, em

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resposta ao questionamento proposto, afirma “[...] acredito ser possível, mas essa

não é uma missão fácil, simples e rápida [...] atingir essa compreensão de

complexidade exige um treinamento exaustivo e longo”.

Na visão de E6: “Sim. A transdisciplinaridade [...] visa conceber o indivíduo

humano em todos os seus aspectos: físico, mental, emocional e espiritual”.

O agir transdisciplinar, no contexto da saúde, auxilia o paciente a viver num

patamar superior de qualidade de vida nos vários aspectos em que se situa o ser

humano. Da mesma forma o objetivo do tratamento, pela Medicina Tradicional

chinesa, é, justamente, integrar e tratar a desarmonia do corpo biológico provocada

por doenças em todos os diversos níveis de inserção do ser humano.

Enfim, a atitude transdicisplinar se aproxima da MTC, por conceber o ser

humano em todos os ângulos/dimensões de sua vida, almejando um equilíbrio

bio/energético para criar um ser humano voltado para o auto-cuidado e um modo de

vida saudável contribuindo para uma sociedade humana em harmonia.

Fica evidente nas respostas dos entrevistados a possibilidade de transposição

do pensamento filosófico chinês, preconizado no aprendizado da MTC, mais

propriamente a acupuntura, para as atitudes de transdisciplinaridade. Parece

propício, nesse momento, citar as palavras de Rocha Filho (2007, p. 49):

Uma ação transdisciplinar exige sempre uma atitude transdisciplinar, pois cada nova situação é diferente, e implica um modo de pensar transdisciplinar para o seu enfrentamento, e nenhum manual pode predizer ações, reações, momentos e sentimentos das pessoas envolvidas [...] atingir esse estado de união com o universo pode ser muito difícil, embora as filosofias esotéricas e religiões proponham um caminho para isso, não se deve menosprezar a razão. Se uma pessoa está convencida racionalmente dessa ligação, aos poucos perceberá as manifestações em sua vida, e essa realimentação tenderá a realizar a identificação com a totalidade em termos de atitudes que é o que precisamos para o estabelecimento de transdisciplinaridade.

Essa mudança de paradigmas começa a ser plantada individualmente em

cada aluno do curso de pós graduação em acupuntura tradicional chinesa quando

no componente curricular de filosofia chinesa os docentes os fazem repensar a vida,

a doença e o ser humano.

As respostas apresentadas, nesta fase da entrevista, evidenciaram a

percepção dos entrevistados em relação à ligação da atitude transdisciplinar e o

pensamento filosófico chinês e que, para que esta transposição ocorra, é necessária

juntamente com uma mudança de paradigmas a mudança de atitudes.

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3.2.2.3 Saúde, diferenças na visão ocidental e chinesa

O questionamento 6, proposto aos entrevistados foi o seguinte: Após cursar o

primeiro semestre da especialização de acupuntura tradicional chinesa,você pode

identificar as características que diferenciam as concepções de saúde nas visões

ocidental e chinesa? Por este questionamento procura saber se, após cursar o

primeiro semestre da especialização de acupuntura tradicional chinesa, seria

possível identificar quais as características que diferenciam as concepções de saúde

nas visões ocidental e chinesa. Respondendo E1 expressa dizendo que a “[...]

medicina ocidental se caracteriza pelo diagnóstico etiológico da doença, com uma

visão tecnicista do paciente, com o predomínio de alta tecnologia no diagnóstico e

forte medicalização na prática terapêutica [...] a indústria farmacêutica domina um

mercado de drogas altamente lucrativo, onde um conjunto de interesses, com

acentuado viés capitalista, dita as regras de um jogo nefasto, no qual o bem do

paciente é posto em segundo plano [...] a medicina chinesa [...] centraliza a pessoa

no processo saúde-doença, tornando-a participante das etapas de cura,

incorporando o saber popular [...] incorpora o paciente ao seu ambiente, com uma

visão cosmogônica, na qual os determinantes sociais e culturais interferem na

proposta de cura [...] a principal diferença entre a medicina ocidental e a chinesa é

que na primeira o médico é o centro do processo de tratamento [...] enquanto na

segunda o paciente é o centro da atenção [...] seu modo de encarar a vida e as

influências do meio ambiente sobre a saúde”. Na resposta de E3 encontramos o

entendimento de que “[...] para o chinês, saúde é um fenômeno transitório de bem

estar físico-mental e social [...] para o ocidente, significa um estado de completo bem

estar físico, mental e social [...] para a visão chinesa, a saúde é dinâmica, assim

como tudo no universo, está sempre sofrendo alterações [...] O mais marcante

destas duas concepções é que além de um olhar estático sobre o ser humano, o

ocidente trabalha basicamente com o tratamento e a busca da cura [...] a visão da

MTC, trabalha com a concepção de prevenção, ou seja, quanto mais conseguimos

manter o equilíbrio, mais difícil será de alguma doença agir nesse indivíduo”. E4

afirma que essa visão é bem diferente “[...] a busca da saúde tem um caráter

preventivo, acima de tudo, na visão chinesa em relação à medicina ocidental”. E2

conclui com uma resposta bastante enfática quando afirma:“[...] a visão ocidental de

saúde apresenta um olhar atrasado e focado no conceito de saúde da OMS

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(Organização Mundial de Saúde) [...] ausência de doença, e no completo bem estar

físico, mental e social [...] a visão chinesa nos mostra um conceito de saúde

relacionando ao bem estar geral do ser humano, pensando em condições de

trabalho e repouso, aspectos afetivos/emocionais, relações sociais [...]

preocupações alimentares, repouso e exercício e aspectos climáticos [...] qualquer

desarmonia contínua pode se tornar causa de uma patologia”.

Na visão do E5: “Embora o conceito da OMS estabeleça saúde como um

estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de

doença, o que vemos na prática ocidental é uma visão fragmentada e especializada

que propõe demasiadamente ações curativas em detrimento de ações de prevenção

e de promoção da saúde. Na visão chinesa, em contraponto, percebemos uma

concepção holística, que busca ou que parte do princípio da integrar o homem e o

universo e prevenir as doenças através de ações de promoção da saúde como a

alimentação, a prática de atividade física, a meditação.

As concepções de saúde para E7 apontam para “a medicina ocidental [...]

separa a doença do paciente e do meio ambiente para tratá-la isoladamente [...], o

pensamento chinês vê a doença como a ocorrência simultânea de diferentes

fenômenos provocadores de uma desarmonia entre o homem, a família e a

natureza, por isso o tratamento visa restabelecer padrões de harmonia que

conduzem não só a cura, mas também à prevenção de outros estados patológicos.

É possível notar que todas as manifestações dos pesquisados apresentam-se

com uma concordância bastante coesa em termos de destaque, evidenciando que a

proposta da matriz curricular está atingindo seus objetivos na busca de mudanças

de paradigmas.

A proposta pedagógica está fazendo com que os alunos passem a olhar o

ser humano, o ambiente e o universo numa perspectiva com visão sistêmica,

encarando a necessidade de equilíbrio entre toda as esferas de suas vidas.

Todas estas mudanças no modo de pensar dos pesquisados parecem

mostrar uma possibilidade de melhora na qualidade de vida para todos os seres,

identificando a doença como um fator de convívio inevitável, mais que pode ser

minimizado se atitudes preventivas e holísticas forem adotadas.

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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar este estudo intitulado: contribuições do pensamento filosófico

chinês para consolidar atitudes transdisciplinares na educação e na saúde, é

importante abordarmos alguns aspectos que merecem destaque.

No início da pesquisa apresento um breve memorial direcionando o leitor ao

conhecimento das atividades profissionais exercidas durante minha vida acadêmica

como docente e fisioterapeuta especialista em acupuntura, justificando a escolha do

tema proposto, principalmente por este não ser um tema comumente abordado no

meio educacional.

É importante retomar a questão orientadora e os objetivos do estudo, a fim de

qualificar o seu alcance bem como elencar possibilidades educacionais na seara da

conjugação do pensamento filosófico chinês para com a atitude transdisciplinar.

O objetivo do estudo era entender o significado do pensamento filosófico

chinês, as possibilidades e implicações nas mudanças de comportamento pessoal

em ingressantes do curso de pós-graduação em nível de especialização em

acupuntura, atendendo prioritariamente profissionais da área da saúde.

O estudo bibliográfico realizado foi uma oportunidade para conhecer, de

forma mais profunda, a vida e o pensamento do filósofo e matemático René

Descartes, entre outros, no objetivo de entender um pouco mais sobre o modo de

pensar ocidental e as implicações desse modo de pensar, no modo de entender e

fazer educação, de entender e lidar com a saúde das pessoas. Conhecer e entender

a profundidade do cogito cartesiano, permitiu uma melhor compreensão dos modos

de vida e das atitudes comportamentais e relacionais resultantes da aplicação de

suas idéias, cujas influências persistem na atualidade. Tal pensamento se

caracterizou pelo princípio básico da fragmentação e da simplificação dos

fenômenos e inclusive do corpo humano, procedimento considerado como única

possibilidade de conhecimento. Esse pensar e agir analítico condicionou e

influenciou profundamente o que chamamos de método científico de investigação e,

inclusive os métodos pedagógicos e de tratamento dos doentes, ainda praticados no

presente.

Os métodos, analítico e simplificador propiciaram avanços significativos em

várias dimensões das ciências, mas também causaram e ainda causam

conseqüências negativas no universo dos conhecimentos, no universo relacional

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entre pessoas e nas diferentes formas de nos relacionarmos com os outros, com os

recursos naturais e com o modo de agir do ser humano. Os avanços dessa

tecnociência convergem com a disseminação da violência social e econômica, com

uma produção de riqueza que paraleliza com a produção da miséria e, onde o

mapeamento do DNA conflita com a proliferação de doenças do passado como

dengue, malária e cólera.

Ao refletir sobre esses avanços magníficos e os recuos humanizadores,

Capra (2006b, p.57) escreve:

[...] o problema é que os cientistas, encorajados por seu êxito em tratar os organismos vivos como máquinas, passaram a acreditar que estes nada mais são do que máquinas. As conseqüências dessa falácia reducionista tornaram-se especialmente evidentes na medicina, onde a adesão ao modelo cartesiano do corpo humano como um mecanismo de relógio impediu os médicos de compreender muitas das mais importantes enfermidades da atualidade.

Na educação o cogito cartesiano também influenciou profundamente os

métodos pedagógicos, tornando praticamente impossível a compreensão das

interdependências presentes entre as várias áreas do conhecimento, induzindo

alunos e professores à competição ao invés da percepção complementar entre as

ciências humanas, as ciências técnicas e econômicas. O vazio criado e a crise

existencial resultante, diante das promessas não cumpridas como, estender o bem-

estar físico, emocional e material a todos os seres humanos, a impossibilidade de

prover a todos e a cada um, igualitariamente, de bens materiais, trouxe à tona a

necessidade de superação dessas perspectivas mecanicistas e fragmentárias

presentes nas concepções de mundo, de ser humano, de conhecimento, para,

então, abrir caminhos em direção a atitude transdisciplinar.

Igualmente foi importante aprofundar o conhecimento e o entendimento sobre

o pensamento filosófico chinês e sua relação com a medicina tradicional chinesa.

Para esse entendimento, após um breve histórico, correlacionei as concepções

deste pensamento com a saúde e a educação com ênfase à visão das principais

correntes de pensamento e seus defensores, tais como: Confúcio, Mêncio, Lao-Tse,

entre outros.

No desenvolvimento da investigação priorizei a compreensão dos elementos

centrais que organizam o pensamento, o ensino e a prática da acupuntura

tradicional chinesa. As concepções que fundamentam a visão de mundo, a visão de

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ser humano e o modo de vida oriental encontram sustento nas teorias do Yin e

Yang, dos Cinco Elementos, das Substâncias Vitais, do Sistema de Órgãos e

Vísceras, dos Canais e Colaterais e do diagnóstico.

De posse, mesmo que de forma sintética, dessas grandes concepções

predominantes e orientadoras do modo de ser humano e das formas relacionais no

mundo ocidental e as realizáveis no mundo oriental, com base no pensamento

filosófico chinês, visualizo possibilidades de aproximações, entre as duas fontes,

através do desenvolvimento de atitudes transdisciplinares. Encontrei sustento e

amparo para essa possibilidade aproximativa em autores como: Rocha Filho,

Strieder, Capra e outros. O pensamento filosófico chinês e sua forma particular de

conceber o mundo, a vida e o ser humano paralelizam com os conceitos de

transdisciplinaridade, cuja visão e desafios voltam-se para preocupações como a

integralidade, a interdependência, a visão holística, bem distintos das concepções

fragmentárias que concebem o ser humano, seu corpo, a natureza e a vida na visão

ocidental ainda predominante.

Associar as atitudes transdisciplinares com o pensamento filosófico chinês,

sua visão holística e sistêmica, é uma nova forma de concepção que aceita a

existência de interconexões cosmológicas, de complementaridade e continuidade

entre as “coisas”, os fenômenos e os seres, numa dinâmica infinita, ou seja, sempre

existem pontas soltas com potencialidades para novas organizações, para uma

diversidade de possibilidades de realização.

A transdisciplinaridade, inserida no cenário da complexidade, é uma forma de

ver o mundo capacitando-nos para perceber múltiplas situações e refletir sobre

acontecimentos relacionados ao ser humano e a natureza, como continuamente

envolvidos por inúmeras dimensões, sejam elas sociais, culturais, naturais e

educacionais. E, nesse contexto, diverso e complexo, fica realçada a necessidade

de desejar entender o mundo de forma holística e não fragmentária.

Num cenário de tantas transformações a unilateralidade e a simplificação,

propostas da modernidade ocidental, cedem espaço ao múltiplo e ao complexo, seja

no conhecimento, na cultura, na ética, nos valores na política, na ciência ou na

religião e, então, na educação e na saúde. Esse cenário é também um momento de

novas exigências, de novos desejos, de novos sonhos porque precisamos de novos

e diversos sujeitos. Esses sujeitos podem ser construídos em processos de

formação, como os oportunizados pelo curso de pós-graduação, em nível de

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especialização, em acupuntura tradicional chinesa das faculdades CBES. Essa foi a

constatação resultante da pesquisa de campo, cujos dados, uma vez conhecidos

foram organizados em três categorias para reflexão e análise. A primeira refere-se a

incorporação do pensamento filosófico chinês, a segunda está direcionada à atitude

transdisciplinar, e a terceira aborda a saúde e diferenças na visão ocidental e

chinesa.

Em relação ao objetivo conhecer o entendimento do pensamento filosófico

chinês em alunos ingressantes no curso de pós-graduação em nível de

especialização latu-sensu de acupuntura tradicional chinesa, há evidências de que

os entrevistados vivenciam mudanças significativas no seu modo de pensar após

terem cursado o primeiro semestre do curso. O convívio com o pensamento

filosófico chinês fica aparente na manifestação dos entrevistados ao afirmarem que

foi uma descoberta fascinante, uma vez que muitas percepções do pensamento

chinês contrapõem-se ao pensamento lógico, matemático e cartesiano.

Reconhecem que o pensamento filosófico chinês é complexo e transcende a

concepção pontual e simplificada do ocidente. Os pesquisados entendem que a

filosofia chinesa é fruto de séculos de experiências de vida acumulada, tendo o

pensamento holístico como intrínseco ao ser humano e visualizando o entorno

ambiente como algo contínuo e dinâmico.

Segundo os pesquisados, as mudanças de visão e de comportamento em

relação à concepção de mundo e de ser humano, ao se embrenharem no

conhecimento e na compreensão do pensamento filosófico chinês, oportuniza um

jeito diferente de entender o paciente. Agora, mais do que olhar uma doença

específica, olha-se para um ser humano, sem dissociar o sujeito do processo de

saúde-doença.

Assim, já possível perceber, nesses alunos, uma nova forma de pensar o ser

humano, visto como um ser por inteiro, como um todo inseparável, um ser, não

dissociado do entorno ambiente, mas nele integrado e profundamente

interdependente, uma visão holística e não mecanicista. Este novo conhecimento

reconhece a conexão do ser humano com a natureza o que leva a admitir o quanto

somos parte de um todo, o quanto somos parte integral da natureza.

As conclusões acima nos remetem a certeza de que o conteúdo ministrado no

curso, freqüentado pelos pesquisados, aborda conceitos de interdependência entre

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o ser humano e os fenômenos naturais, com a necessária profundidade e

responsabilidade.

Ao verificar, se e como, os alunos iniciados no pensamento filosófico chinês,

concebem a transposição das bases filosóficas chinesas para uma possível atitude

transdisciplinar, os pesquisados mostraram conhecimento sobre a

transdisciplinaridade. Na posição dos mesmos a atitude transdisciplinar se refere à

forma de atuar frente às situações ao considerar que várias áreas do conhecimento

são co-participantes da solução dos problemas, ou seja, importa incorporar várias

idéias na busca construtiva de alternativas para os inúmeros questionamentos do

cotidiano.

Também ficou evidenciada a necessária flexibilidade dos envolvidos, tanto

nos processos educacionais como nos de cuidados para com a saúde, para aceitar

e valorizar as propostas de outros. Reconhecem a necessidade de entender e

aceitar que, a existência de diferentes modos de perceber o mesmo problema,

acrescenta novas perspectivas para a solução do mesmo. Admitem que o agir

transdisciplinar prescinde de uma resilência na forma de pensar.

Confirmou-se também que as atitudes transdisciplinares contemplam a

capacidade de sobre-passar, ir além das diversas ciências e aceitar conhecimentos

mais abrangentes e com abordagens diversas de ordem científica, cultural, espiritual

ou social.

Para os pesquisados, associar bases do pensamento filosófico chinês com os

conceitos sistêmicos significa fazer uma transposição para aquilo que os estudiosos

denominam como atitude transdisciplinar.

Os pesquisados mostraram bom nível de capacidade para identificar as

diferenças conceituais de educação e de saúde, na visão das culturas ocidental e

chinesa. Também já estão em condições de reconhecer e descrever características

que diferenciam essas concepções de saúde. Entenderam que a medicina ocidental

se caracteriza pelo diagnóstico etiológico da doença, uma visão tecnicista do

paciente, a presença de elevado apoio da alta tecnologia para realizar o diagnóstico,

e a necessidade de forte medicalização na prática terapêutica. Porém, a medicina

chinesa centraliza a pessoa no processo saúde-doença, tornando-a participante das

etapas de cura.

A Medicina Tradicional Chinesa visualiza e concebe uma profunda

interconexão entre o paciente e o meio ambiente de existência. Estende sobre a

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pessoa uma visão cosmogônica, na qual, os determinantes sociais e culturais

interferem na proposta de cura.

Outro aspecto encontrado ao olhar o pensamento chinês é que a saúde é um

fenômeno transitório de bem estar físico-mental e social. Trata-se de um processo

dinâmico, assim como tudo no universo é dinâmico e, por isso, sofrendo contínuas

alterações. Já, na visão ocidental, saúde significa um estado completo de bem estar

físico, mental e social, ou seja, um comportamento aparentemente estático.

Percebe-se que os entrevistados, apesar de atuarem por vários anos em suas

profissões e portadores de uma formação baseada na visão cartesiana,

fragmentadora e simplificadora, mostraram-se sensíveis a ponto de serem

influenciados na sua maneira de perceber os conceitos saúde-doença, pela

incorporação, pelo menos inicial, de alguns fundamentos do pensamento chinês.

A partir deste estudo considero que o curso de pós-graduação em acupuntura

tradicional chinesa e sua respectiva matriz curricular, bem como os conteúdos

programáticos oferecidos, proporcionam aos ingressantes as oportunidades para

ressignificarem seu entendimento analítico, a partir de postulados do pensamento

filosófico chinês. Essa ressignificação recria, neles, uma nova condição de sujeitos

com visões de mundo, de vida e de ser humano distinto da visão ocidental. A matriz

curricular do curso estudado apesar de contemplar as idéias de atitudes

transdisciplinares necessita de uma revisão e de uma maior adequação de seu

conteúdo programático em busca de uma relação mais íntima com as atitudes

transdisciplinares.

Essa criação de novos sujeitos, despertados para novas exigências, para

novos desejos e para novos sonhos é a demonstração de que, pelo princípio da

reflexão formativa e pela adoção de novos processos educativos, envolvendo

diferentes modos de pensar o ser humano, a natureza e o universo, é ainda possível

realizar o sonho da educabilidade humana. Essa trans-formação, capaz de trazer

novas perspectivas pedagógicas e de aprendizagem, tendo como plano de fundo a

milenar cultura chinesa, permite despertar a possibilidade da sua transposição para

atitudes transdisciplinares.

Resta destacar ser de extrema importância, a existência de sensibilidade e

uma pré-disposição dos alunos educandos para essas mudanças, mudanças

mentais, intelectuais, de vida e como seres humanos, para aceitarem esse processo

educativo e de formação.

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GLOSSÁRIO

JIN YE – Fluídos corpóreos

JING – Essência

JING LO – Canais e colaterais

Qi – Energia

XUE – Sangue

ZANG FU – Orgãos e vísceras

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APÊNDICES

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APÊNDICE

APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

1ª PERGUNTA: Como você entende o significado do pensamento filosófico

chinês após ter freqüentado o primeiro semestre do curso de pós graduação

em nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa?

2ª PERGUNTA: Após você ter cursado os primeiros seis meses da pós-

graduação em acupuntura, qual é a visão que você tem de seus pacientes?

3ª PERGUNTA: Houve mudanças em seus hábitos de vida após ter cursado o

primeiro semestre da pós graduação em acupuntura?

4ª PERGUNTA: Como você concebe a atitude transdisciplinar? 5ª PERGUNTA: Após o conhecimento adquirido neste período de curso, é

possível correlacionar o pensamento filosófico chinês com a concepção de

transdisciplinaridade? De que forma?

6ª PERGUNTA:Após cursar o primeiro semestre da especialização de

acupuntura tradicional chinesa,você pode identificar quais as características

que diferenciam as concepções de saúde nas visões ocidental e chinês?

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ANEXOS

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ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

Eu, _____________________________, por intermédio do presente termo de consentimento livre e esclarecido, concordo plenamente em participar do Projeto de Pesquisa intitulado:_____________________________________________________ Que tem por objetivo ___________________________________________ _____________________________________________________________ Tenho conhecimento que o estudo, projeto, procedimento não provoca nenhum dano físico ou emocional, que não há risco em participar da pesquisa. Concordo também que minha participação no projeto se dê a título gratuito, não recebendo, portanto nenhum honorário ou gratificação referente ao projeto de pesquisa, bem como, não estou sujeito a custear despesas para a execução do projeto. Tenho conhecimento que tenho o direito de me retirar do projeto a qualquer momento desde que faça comunicação ao coordenador da pesquisa, por escrito, previamente. Concordo com a possibilidade de as informações relacionadas ao estudo serem inspecionadas pelo orientador da pesquisa e pelos membros do Comitê de Ética em Pesquisa e que qualquer informação a ser divulgada em relatório ou publicação, deverá sê-lo de forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. Assim sendo, acredito ter sido suficientemente informado(a) à respeito das informações que li ou que foram lidas e explicadas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram claros para mim os propósitos da pesquisa, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo. Concordo em participar, voluntariamente, deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que possa ter adquirido. Cidade ______________, de de .

__________________________________ ___________________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa Assinatura do Responsável legal do (maior de dezoito anos de idade) Participante da Pesquisa Nome completo: (quando menor de dezoito anos de idade) CPF/MF: Nome completo: Endereço: CPF/MF: Cidade: Endereço: Telefone: Cidade: Telefone: _________________________ Assinatura do(a) pesquisador(a)

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ANEXO B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO

AUTORIZAÇÃO

A_______________________________________________________________, pessoa jurídica devidamente inscrita no CNPJ nº _________________________, com sede à Rua ___________________________________ nº _____________, na cidade de ___________________, Estado ________________, fone/fax: (___) _____-______; neste ato representada por seu responsável legal _____________________________, brasileiro, solteiro/casado, profissão, portador da C.I./R.G nº _____________________ e inscrito no CPF/MF nº __________________, e-mail: _________________________ por intermédio da presente autoriza a realização, em suas dependências e fora delas, do Projeto de Pesquisa intitulado: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ que tem por objetivo ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________. Autoriza expressamente a divulgação da pesquisa, do nome da empresa, de fotos do projeto e, do resultado. Declara que tem conhecimento e que concorda plenamente que a participação da empresa que representa se dá à título gratuito, não recebendo, portanto nenhum honorário ou gratificação referente ao projeto de pesquisa. Concorda com a possibilidade de as informações relacionadas ao estudo serem inspecionadas pelo orientador da pesquisa e pelos membros do Comitê de Ética em Pesquisa. Cidade___________________, de de .

Empresa: _______________________________________ CNPJ: _______________________________________ Nome completo do responsável legal: _______________________________________ CPF/MF: _______________________________________ _________________________ Assinatura do(a) pesquisador(a)

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ANEXO C – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA FACULDADE CBES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

PROJETO PEDAGÓGICO

1. CURSO

ACUPUNTURA TRADICIONAL

CHINESA

Área do Conhecimento:

Ciências Biológicas e da Saúde

ENDEREÇO

Av. Alberto Bins,376 – Centro

CEP : 90.030-140

Tal/Fax: (51) 3062-5858

www.cbes.edu.br

2. JUSTIFICATIVA

A Instituição busca criar as condições para o cumprimento de seu ideal:

“A saúde concebida como completo bem estar físico, mental e social, e não

apenas a ausência de doença”.

Visualizando este conceito de saúde segundo a OMS, o Grupo CBES observa a clara

necessidade de construção de conhecimento e aplicabilidade de novas ferramentas de trabalho

em toda a área da saúde. Na era da universalização do conhecimento, em que os avanços

tecnológicos na área farmacêutica são pauta do cotidiano, faz-se necessário um

aprimoramento profissional contínuo do Farmacêutico nos diversos segmentos de atuação,

objetivando uma postura profissional ética, responsável e capaz de atender às novas

demandas pela melhoria da qualidade de vida da população. Assim, a Faculdade CBES vem

de encontro com esta necessidade, ofertando cursos de Especialização Lato Sensu em

Acupuntura, oportunizando aprimoramento profissional de excelência para que o Farmacêutico

possa, efetivamente, contribuir com o ganho de saúde da população.

3. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

A Mantenedora, Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos, pessoa jurídica de direito

privado, com sede e foro no Município de Curitiba, Estado do Paraná, tem seu Contrato Social

arquivado no 3º Cartório Oficial de Registro de Títulos e Documentos sob nº 0339903, tendo

sido fundada em 09 de abril de 1999, como uma Instituição privada de ensino, com fins

lucrativos. Seu objeto social é a prestação de serviços educacionais. Com sede localizada no

centro de Curitiba, na Alameda Doutor Muricy, 380, constitui-se na primeira instituição do

Paraná a apresentar um programa sistemático de aperfeiçoamento e atualização do

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profissional da área da saúde em diversos segmentos.

As Clínicas Escola Integradas do CBES surgiram compromissadas com a perspectiva

sistêmica, que integra o próprio nome da Mantenedora (Colégio Brasileiro de Estudos

Sistêmicos), procurando modificar o velho paradigma de saúde vigente no Brasil, onde se

prioriza o tratamento ao doente em detrimento da preservação do bem estar físico, mental e

social do indivíduo são.

Acessoriamente a postura reducionista, fortemente arraigada na cultura ocidental, leva o

profissional da saúde a uma percepção fragmentada do paciente em desfavor do tratamento

integral, em que é compreendido como um todo, ou melhor, ainda, como um ser físico,

emocional e integrado a um meio social.

Contrário ao entendimento de que o objeto de trabalho dos profissionais da saúde é a

doença, e obstinadamente crendo que a saúde é fruto do equilíbrio entre o físico, o emocional

e o meio social é que surgiu a primeira clínica do CBES: a Clínica de Acupuntura. Foi criada

junto ao Sindicato dos Bancários do Estado do Paraná, e em articulação com a Sociedade

Brasileira de Fisioterapeutas Acupunturistas, procurando atender a demanda daquele órgão.

Fruto daquela experiência bem sucedida e motivada pela ampliação estrutural do CBES

– criação da primeira sede do CBES na Rua Lourenço Pinto, 190 em Curitiba – foi criado um

ambulatório maior, capaz de atender a uma demanda cada vez mais acentuada de pacientes.

Atualmente, o complexo clínico escolar dos Centros CBES envolve três Clínicas

multidisciplinares em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, aonde atuam os pós-graduandos em

Acupuntura, Osteopatia, Fisioterapia Dermato-Funcional, Fisioterapia Respiratória, Fisioterapia

aplicada a Traumato-Ortopedia e, ainda, na sede de Curitiba, os alunos dos cursos técnicos em

Massoterapia, Enfermagem e Radiologia.

Nestas clínicas é feita média mensal de 260 atendimentos, cada atendimento se faz em

troca de dois quilos de alimentos não perecíveis que retornam à sociedade na forma de

doações a instituições de assistência social.

Desta maneira, em um verdadeiro ambiente de trabalho social, o CBES persegue o ideal

de uma saúde sistêmica. E é acreditando firmemente que o investimento na saúde da

sociedade previne as doenças individuais e considerando o tratamento do individuo como um

todo físico, emocional e social que a Instituição pretende difundir este novo paradigma para os

profissionais da saúde.

Em 2000, foi criada a especialização profissionalizante em Qualidade de Alimentos,

voltada para profissionais como engenheiros de alimentos e nutricionistas entre outros. Este

curso, com carga horária de 445 horas/aulas, conta com o reconhecimento da Sociedade

Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. Distingue-se por sua qualidade, contando com

corpo docente constituído exclusivamente por Mestres e Doutores, bem como pela pertinência

de sua oferta, por se tratar de iniciativa pioneira em área extremamente carente de

profissionais.

Em 2001, foram criados os cursos de Aprimoramento Profissional do Fisioterapeuta nos

Métodos Kabbat (Facilitação Neuro - Muscular - Proprioceptiva) - Portaria COFFITO n° 14, de

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23 de Maio de 2001, e de Reeducação Postural Global pelo método de Sensações Somáticas -

Portaria COFFITO n° 15, de 23 de Maio de 2001.

Ainda em 2001, criaram-se o Curso de Especialização Profissional em Fisioterapia

Dermato -Funcional, aprovado pela Portaria COFFITO n° 16, de 24 de Maio de 2001, e o Curso

de Especialização Profissional em Fisioterapia em Traumato Ortopédica, aprovado pela

Portaria COFFITO n° 18, de 24 de maio de 2001, em conjunto com o COFFITO, por meio da

Resolução n° 209, de 17 de agosto de 2000. O corpo docente deste curso é constituído de

90% de Mestres e Doutores.

Paralelamente à ampliação de sua área de atuação, que conta hoje com novos cursos,

todos afinados às exigências colocadas pelo mercado em diversos segmentos da área da

saúde, o CBES tem aprimorado a qualidade de seus serviços, procurando sempre o aval dos

Conselhos de Classe e Associações de cunho profissional e abrangência nacional.

Em 2003 o CBES implantou sua sede em Porto Alegre, oferecendo aos profissionais de

saúde do Rio Grande do Sul uma nova opção de qualidade em cursos de Especialização.

No ano de 2004 inaugurou a sede de São Paulo, e lançou cursos em Belém, em parceria

com a Universidade Estadual do Pará - UEPA.

4. OBJETIVOS DO CURSO

Objetivo Geral: o desenvolvimento de competências que abranjam todas as dimensões

da atuação do profissional da Saúde, capacitando-o com compreensão ampla e consistente da

sua área. Ao concluir o curso, o profissional deverá ser capaz de compreender a relação do

processo saúde-doença com o contexto social, e ter pleno entendimento das diversas

singularidades de sua profissão.

Objetivo Específico: Formar especialistas através do estudo integrado entre o moderno e

a tradição, seguindo as tendências dos maiores centros de Acupuntura do mundo, que

reconhecem a Acupuntura como um forte instrumento para colaborar com o sistema sanitário

primário.

5. PÚBLICO-ALVO

Profissionais graduados na área da Saúde.

6. CONCEPÇÃO DO PROGRAMA

O CBES se orienta, quanto à sua ação pedagógica e metodológica, pelas seguintes

diretrizes:

Desenvolvimento de valores humanistas, uma visão crítica da sociedade e a

integralidade do ser humano;

Contribuição para a melhoria da condição da empregabilidade;

Impulsionamento de uma cultura de educação permanente.

Unidade teoria/prática.

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7. COORDENAÇÃO

MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU

Fisioterapeuta – UTP/PR (Universidade Tuiuti do Paraná), Especialista em Acupuntura

Tradicional Chinesa - ABA/SP (Associação Brasileira de Acupuntura) e Mestrando em

Educação pela UNOESC (Universidade Oeste de Santa Catarina).

Currículo em Plataforma Lattes

8. CARGA HORÁRIA E VAGAS

DURAÇÃO DO CURSO: 24 MESES

CARGA HORÁRIA: 1296 h/a

COMPOSIÇÃO HORAS

TEORIA 470

PRATICA / ESTÁGIO SUPERVISIONADO 736

METODOLOGIAS E SEMINÁRIO DE PESQUISA 90

TOTAL 1296

9. PERÍODO E PERIODICIDADE

HORARIO DAS AULAS: Um final de semana por mês, totalizando 24 (vinte e quatro) meses.

Sextas-feiras, Sábados e Domingos das 7h30 às 18h30

Com intervalo de uma hora para o almoço.

Serão permitidos 40 alunos por turma, com início semestral.

As turmas serão divididas para oferecimento das aulas práticas.

Estágio Supervisionado / Prática Ambulatorial a partir do 7º Módulo, num total de 576

horas.

10. CRONOGRAMA DE SELEÇÃO

Porto Alegre

INSCRIÇÃO / SELEÇÃO / MATRÍCULA REALIZAÇÃO

ACESSAR O SITE ACESSAR O SITE

Critérios de Seleção

Havendo procura por vagas superior a oferta, será realizada seleção dos

candidatos, através da análise de seu histórico escolar do curso de graduação, da seguinte

forma: o candidato que obtiver maior média na somatória de todas as notas das disciplinas e

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dividido pelo número de disciplinas existentes no currículo.

11. MATRIZ CURRICULARElencado de disciplinas C.H. Teórica C.H.

Prática

Filosofia Oriental 30 -

Anatomia I 20 10

Anatomia II 20 10

Técnicas de ACP I 20 10

Técnica de ACP II 20 10

Fisiologia I 30 -

Fisiologia II 30 -

Etiopatogenia 30 -

Semiologia 30 -

Patologia I – Dor 20 10

Patologia II – Reumatologia 20 10

Patologia III – Psiquiatria I 20 10

Patologia IV – Psquiatria II 20 10

Patologia V – Cardiologia 20 10

Patologia VI – Neurologia 20 10

Patologia VII – Pneumologia I 20 10

Patologia VIII - Pneumologia II 20 10

Patologia IX – Grastroenterologia I 20 10

Patologia X - Grastroenterologia II 20 10

Patologia XI – Endocrinologia 20 10

Patologia XII – Ginecologia, Nefrologia, Urologia 20 10

Metodologia da Pesquisa Científica 30 -

Didática do Ensino Superior 30 -

Seminário de Pesquisa 30 -

Estágio Supervisionado - 576

Carga Horária 560 736

Carga Horária Total 1296

Disciplina: Fisiologia I

Carga Horária: 30h

Ementa: Estabelecer relações entre as Teorias do Yin/Yang e dos Cinco Movimentos

de forma comparativas na visão ocidental e oriental. Enfatizar a aplicabilidade clínica destes

12. EMENTÁRIO

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conhecimentos. Ampliar e oferecer alternativas de tratamento diferenciado e individual. Ampliar

e oferecer alternativas de tratamento através da Eletroacupuntura. Correlacionar as diferentes

formações profissioanais na prática de atendimento em Acupuntura.

Conteúdo Programático:

- Teoria Yin/Yang

- Cinco Movimentos

- Eletroacupuntura

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

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MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,

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XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

Disciplina: Fisiologia II

Carga Horária: 30h

Ementa: Estudar a Teoria das Substâncias Vitais e suas inter-transformações. Ampliar

e oferecer alternativas de tratamento diferenciado e individual. Classificar os diversos pontos

de Acupuntura em classes, de acordo com funções semelhantes. Identificar os pressupostos

do modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura. Estabelecer as diferenças entre

Zang Fu através da Medicina Tradicional Chinesa e estudar as funções fisiológicas dos Órgãos

Xin, Xin Bao e Fei. Comparar estes conhecimentos com a fisiologia ocidental. Ampliar e

oferecer alternativas de tratamento através da Moxabustão. Identificar os pressupostos do

modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura. Correlacionar as diferentes

formações profissionais na prática de atendimento em Acupuntura.

Conteúdo Programático:

- Teoria das Substâncias Vitais

- Classificação de Pontos

- Zang Fu

- Órgãos Xin, Xin Bao e Fei

- Moxabustão

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,

1996.

Bibliografia Complementar:

Page 111: UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA …livros01.livrosgratis.com.br/cp134418.pdfem nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes Estados do Brasil

109

ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

Disciplina: Etiopatogenia

Carga Horária: 30h

Ementa: Estabelecer relações entre a Teoria dos Zang Fu nos aspectos oriental e

ocidental. Apresentar princípios de microssistemas. Correlacionar o metabolismo celular com a

Teoria dos Zang Fu. Produção de pesquisa científica em tratamento utilizando a Acupuntura.

Identificar os pressupostos do modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura.

Correlacionar as diferentes formações profissionais na prática de atendimento em Acupuntura.

Conteúdo Programático:

- Teoria Zang Fu

- Microssistemas

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,

1996.

Bibliografia Complementar:

HARMMERSCHLAG, Stux R. e Colaboiradores. Acupuntura Científica: Bases

Científicas. São Paulo: Manole. 2005.

MORITZ, Norton. Fundamentos da Acupuntura Médica. Florianópolis: Sistema, 2001.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

Disciplina: Semiologia

Carga Horária: 30h

Ementa: Estabelecer relações entre Etiologia e Patogênese (Termorregulação) na vida

Ocidental e Oriental. Ampliar e oferecer alternativas de tratamento através da Ventosaterapia.

Produção de pesquisa científica em tratamento utilizando a Acupuntura. Identificar os

pressupostos do modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura. Correlacionar as

diferentes formações profissionais na prática de atendimento em Acupuntura.

Conteúdo Programático:

- Etiologia

- Patogênese

- Ventosaterapia

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

Bibliografia Complementar:

Page 112: UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA …livros01.livrosgratis.com.br/cp134418.pdfem nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes Estados do Brasil

110

MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.

ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e MoxibustãoChinesa. São Paulo: Roca, 1999.

Disciplina: Patologia I - DOR

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias

Osteomioarticulares correlacionando os Sinais e Sintomas das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Dor Muscular

- Dor Cervical

- Dor no Ombro

- Dor no Cotovelo

- Dor no Punho

- Dor Lombar

- Hérnia Discal

- Dor no Quadril

- Dor no Joelho

- Dor no Tornozelo

- Síndrome da Obstrução Dolorosa

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Guanabara Koogan,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

CAILLIET, René. Dor: Mecanismos e Tratamento. Porto Alegre: Artmed, 1999.

CORRÊA, Cláudio Fernandes. Estimulação Elétrica da Medula Espinal para o

Tratamento da Dor para Desaferentação. São Paulo: Lemos, 1997.

FILHO, Antônio C.C.A. Dor: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Rocca, 2001.

MA Y.T. Acupuntura para o Controle da Dor. São Paulo: Roca, 2006.

HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:

Manole, 2005.

MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.

MENEZES, Renaud Alves. Síndromes Dolorosas. Rio de Janeiro: Revinter, 1999.

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111

Disciplina: Patologia II - Reumatologia

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias

Reumatológicas correlacionando os Sinais e Sintomas das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Artrose

- Fibromialgia

- Dor por Tensão Muscular

- Síndrome da Fadiga Crônica

- Síndromes Miofaciais

- Reumatismo Psicogênico

- Tendinite

- Bursite e Síndrome Bi

- Artrite

- Gota

- Entorse e Luxação

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Guanabara Koogan,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

FILHO, Antônio C.C.A. Dor: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Rocca, 2001

HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:

Manole, 2005.

MA. Y.T. Acupuntura para o Controle da Dor. São Paulo: Rocca, 2006.

MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.

PORTO. Celmo Celeno. Semiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

1997. 3ª ed.

ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

Disciplina: Patologia III – Psiquiatria I

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as patologias

referentes aos Distúrbios Psiquiátricos e Neurológicos correlacionando os Sinais e Sintomas

das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Stress

- Insônia

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112

- Distúrbios Hormonais

- Distúrbios Afetivos

- Distúrbios Circulatórios

- Distúrbios da Imunidade

- Dissonias

- Parassonias

- Sonhos

- Memória Fraca

- Alzheumer

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENNET, J.C. e HALL, J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:

Manole, 2005.

MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.

REQUENA, Ives. Acupuntura de Psicologia.

ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

Disciplina: Patologia IV – Psiquiatria II

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as patologias

referentes aos Distúrbios Psiquiátricos e Mentais, correlacionando os Sinais e Sintomas das

Patologias.

Conteúdo Programático:

- Depressão

- Ansiedade

- Fobia

- Agrofobia

- Fobia Social

- Fobia Específica ou Isolada

- Síndrome Hipocondríaca

- Transtorno do Pânico

- Pensamento Obsessivo

- Transtorno Obsessivo Compulsivo

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113

- Stress Pós-Traumático

- Síndrome do Pânico

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENNET, J.C. e HALL. J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:

Manole, 2005.

MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.

ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

Disciplina: Patologia V - Cardiologia

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias

referentes aos Distúrbios Neurológicos e Cardiológicos, correlacionando os Sinais e Sintomas

das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Cefaléia

- Tontura

- Vertigem Paroxística Posicional Benigna

- Neurite Vestibular

- Síndrome de Meniére

- Fistulas Perilinfáticas

- Tumores do Ângulo Cerebelopontino

- Traumatismos Crênioencefálicos

- Arritmias Cardíacas

- Insuficiência Vértebro Basilar

- Zumbido

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

Page 116: UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA …livros01.livrosgratis.com.br/cp134418.pdfem nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes Estados do Brasil

114

BENNET, J.C. e HALL, J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1997.

HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:

Manole, 2005.

MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.

ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

Disciplina: Patologia VI - Neurologia

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias

referentes aos Distúrbios Neurológicos e Cardiológicos, correlacionando os Sinais e Sintomas

das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Hipertensão Arterial

- Coarctação da Aorta

- Periartrite Nodosa

- Toxemia Gravídica

- AVC

- Trombose Arterial

- Arteriosclerose

- Embolia Cerebral

- Artrites

- Isquemia Cerebral Recorrente

- Aneurisma

- Síndromes Lacunares

- Síndromes Vasculares

- Paralisia Facial

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENETT, J.C. e HALL, J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1997.

HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:

Manole, 2005.

MACIOCIA, Giovanni. Diagnóstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.

Page 117: UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA …livros01.livrosgratis.com.br/cp134418.pdfem nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes Estados do Brasil

115

ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

Disciplina: Patologia VII – Pneumologia I

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e

relacionar a Anatomia do Sistema Respiratório com a Terapêutica Ocidental e Oriental,

correlacionando o entendimento das Funções Fisiológicas do Sistema Respiratório, nas visões

Ocidental e Oriental. Relacionando a Etiologia, Fisiopatologia, Sinais e Sintomas, Tratamento e

Prevenção das Patologias, na Terapêutica Ocidental e Oriental.

Conteúdo Programático:

- Resfriado Comum

- Tosse

- Asma

- Bronquite Crônica e Aguda

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENETT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,

2001.

Disciplina: Patologia VIII – Pneumologia II

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as

Afecções do Sistema Respiratório relacionando as Funções Fisiológicas e Anatômicas

baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e

Sintomas das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Rinite

- Sinusite

- Tonsilite

- Alergia

Bibliografia Básica:

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116

GUYTON. A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENNET, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

XINNONG. Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,

2001

Disciplina: Patologia IX – Gastroenterologia I

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as

Afecções do Sistema Gastrointestinal relacionado as Funções Fisiológicas e Anatômicas

baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e

Sintomas das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Dores Abdominais

- Dispepsia

- Gastrite

- Náuse

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENNET, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,

2001.

Disciplina: Patologia X – Gastroenterologia II

Carga Horária: 30h

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117

Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as

Afecções do Sistema Gastrointestinal relacionado as Funções Fisiológicas e Anatômicas

baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e

Sintomas das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Diarréia

- Constipação.

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENETT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

YAMAMURA. Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo:

Roca,2001.

Disciplina: Patologia XI – Endocrinologia

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as

Afecções do Sistema Endócrino relacionado as Funções Fisiológicas e Anatômicas baseadas

na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e Sintomas

das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Obesidade

- Diabetes do Tipo I e II

- Distúrbios da Tireóide (Hipertireoidismo e Hipotereoidismo).

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENETT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

Page 120: UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA …livros01.livrosgratis.com.br/cp134418.pdfem nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes Estados do Brasil

118

ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,

2001.

Disciplina: Patologia XII – Ginecologia, Nefrologia, Urologia

Carga Horária: 30h

Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as

Afecções do Sistema Ginecológico, Nefrológico e Urológico relacionado as Funções

Fisiológicas e Anatômicas baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa,

correlacionando os Sinais e Sintomas das Patologias.

Conteúdo Programático:

- Distúrbios da Menstruação

- Edema

- Distúrbios da Micção

Bibliografia Básica:

GUYTON, A.C. e HALL J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,

2006.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com

Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.

Bibliografia Complementar:

BENENTT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 1999.

ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito

Clínico. São Paulo: Roca, 2002.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,

2001.

Disciplina: Didática do Ensino Superior

Carga Horária: 30h

Ementa: Educação no Brasil. A LDB. Estrutura e o Funcionamento do Ensino Superior.

A Graduação e Pós-Graduação. Metodologia, seleção e organização de experiências da

aprendizagem e avaliação. A didática do ensino superior. Métodos e técnicas responsáveis

pelos três momentos básicos do processo ensino-aprendizagem: transmissão, assimilação

ativa e produção de conhecimentos.

Conteúdo Programático

- Organização e Desenvolvimento do Processo Pedagógico no Ensino Superior

- Projeto Pedagógico

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119

- Processo de Avaliação

- Planejamento da Ação Didática

- Competência

- Habilidades para Ação Docente

- Recursos Tecnológicos

- Multimeios: como fazer um power point e retroprojeções

- Trabalhando o Psicológico

Bibliografia Básica

DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.

LEOPARDI, M. T. et al. Metodologia da Pesquisa em Saúde. Florianópolis: UFSC,

2002.

Bibliografia Complementar

LAKATOS, E. M. / MARCONI, M. A. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2004.

Disciplina: Metodologia da Pesquisa Científica

Carga Horária: 30h

Ementa: Fontes de Pesquisa. Tipos e níveis de conhecimento. O conhecimento

científico. Tipos e características dos trabalhos científicos. A redação científica. A normalização

dada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e pelas Normas de Vancouver.

Conteúdo Programático

- Pesquisa

- Pesquisa Científica

- Tipos de Pesquisa

- Escolha do Tema

- Formas de Apresentação de Trabalhos Científicos

- Etapas da Elaboração de Trabalhos Científicos

- Levantamento ou Revisão da Literatura

- Aspectos técnicos da Redação

- Modelo de Estrutura de um Trabalho Completo

- Referências Bibliográficas

- Observações Metodológicas referentes aos Trabalhos de Pós-Graduação

- Estudo e Pesquisa na Pós-Graduação

Bibliografia Básica

CASTANHO, M. E. / CASTANHO, S. Temas e Textos em Metodologia do Ensino

Superior. Campinas: Papirus, 2001.

VEIGA, Ilma Passos. Didática, o Ensino e suas Relações. Campinas: Papirus, 1996.

Bibliografia Complementar

GIL, A. C. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2005.

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120

Disciplina: Estágio Supervisionado/ Prática Ambulatorial

Carga Horária: 576h

Ementa: Atividade acadêmico-profissional orientada para a competência técnico-

científica e para a atuação na realidade profissional, sob supervisão docente.

Conteúdo Programático:

- Competência Técnico-Científica

- Prática Profissional

Bibliografia Básica:

BIRCH, Stephen J; FELT, Robert L. Entendendo a Acupuntura. São Paulo: Roca,

2002.

HE, Yin Hui / ZHANG, Bai. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. São

Paulo: Atheneu, 2001.

INADA, Tetsuo. Vasos Maravilhosos: Revisão dos Textos Clássicos e

Contemporâneos; Cronoacupuntura: Desmistificando a Tartaruga e Decifrando os

Cálculos. São Paulo: Roca, 2000.

MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,

1996.

______. A Prática da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 1996.

O‟CONNOR, John; BENSKY, Dan. Shanghai College of Tradicional Medicine,

Acupuntura: Um Texto Compreensível. São Paulo: Roca, 1996.

UMLAUF, Richard. Acupuntura na Emergência Médica. São Paulo: Andrei, 1995.

YAMAMURA, YSAO. Acupuntura tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo, 2001.

Bibliografia Complementar:

BUDRIS, Fábio. Medicina China Tradicional. Buenos Aires: Ágama, 2004.

CARVALHO, Guilherme E.F. Acupuntura e Fitoterapia Chinesa Clássica. São Paulo:

Taba Cultural, 2002.

CASTANHO, M. E. / CASTANHO, S. Temas e Textos em Metodologia do Ensino

Superior. Campinas: Papirus, 2001.

DALMAS, Walter Douglas. Auriculoterapia, Auriculomedicina na Doutrina

Brasileira. São Paulo: Roca, 2005.

FLAWS, Bob. O Segredo do Diagnóstico Chinês pelo Pulso. São Paulo: Roca, 2005.

FILSHIE, Jaqueline; WHIATE, Adrian. Acupuntura Médica Chinesa Clássica. São

Paulo: Roca, 2002.

GULANG, Liu Gow. Pontos e Meridianos: Tratamento Continuo de Acupuntura e

Moxibustão. São Paulo: Roca, 1996.

HARNMERSCHALAG; Richard; STUX, Gabriel. Acupuntura Clínica: Bases

Científicas. São Paulo: Manole, 2005.

HE, Yin Hui. Teoria Básica da Medicina Chinesa. São Paulo: Atheneu, 1999.

MARTINS, Ednéia Iara Souza; GARRIDO, Claudia da Silva. Farmacologia e MTC. São

Paulo: Roca, 2004.

Page 123: UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA …livros01.livrosgratis.com.br/cp134418.pdfem nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes Estados do Brasil

121

NGHI, Nguyen Van; DZUNG, Viet; NGUVEN, Recorns. Arte e Prática da Acupuntura.

São Paulo: Roca, 1998.

PEQUENA, Ives. Acupuntura e psicologia. São Paulo: Andrei, 1990..RIBEIRO,

Darwin C. Acupuntura Odontológica. São Paulo: Ícone.

RISSI, Eduardo.; ORTEGA, Neli; LEONTHAITOW, Leon. Fibromialgia. São Paulo:

Manole, 2002

ROSS, Jeramy. Combinações de Pontos. São Paulo: Roca, 1994.SCOTT, Juliaw.

Ventosaterapia MTC. São Paulo: Roca, 2001.

WANG, Liu Gong. / PAI, Hang Jin. Tratado Contemporâneo de Acupuntura e

Moxibustão. São Paulo: Ceimec,1996.

XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.

*E acrescentar-se-á a esta, bibliografias a serem indicadas para cada área de

atuação/atendimento

13. METODOLOGIA E AVALIAÇÃO

No tocante a metodologia, tem-se como princípio básico que o processo pedagógico

deve estar sempre referenciado nos saberes que definem o perfil de saída do aluno: o saber, o

saber pensar e saber intervir. Isso requer a superação de metodologias embasadas em

paradigmas que reduziam a relação pedagógica ao professor ensina – aluno aprende, por meio

de aulas predominantemente expositivas e meramente fornecedoras de informações. Na

sociedade do conhecimento, essas metodologias, que já no passado não serviam, perdem

completamente o sentido. Além de dominar os conteúdos, o aluno precisa saber pensar, refletir,

criar, saber integrar teoria e prática, saber intervir na realidade, sendo capaz de compreendê-la

e de transformá-la.

A articulação entre esses saberes pressupõe uma metodologia dinâmica, voltada para o

desenvolvimento da autonomia intelectual, foco da formação inicial do aluno. Esta formação

deverá garantir-lhe as competências necessárias à inserção no mundo do trabalho e, ao

mesmo tempo, motivá-lo e prepará-lo para o processo de educação continuada requerido pela

sociedade moderna. Dentro dessa perspectiva, recomenda-se que a metodologia para o

desenvolvimento de cada disciplina contemple, além de aulas expositivas, pelo menos, os

seguintes procedimentos:

Trabalhos em grupo em sala de aula, baseados na resolução de problemas;

Estímulo à participação de estudos em grupo, inclusive interdisciplinares e

multidisciplinares, fora da sala de aula, inclusive em ambientes virtuais;

Seminários;

Apresentação e discussão de vídeos compatíveis com os conteúdos ministrados;

Estímulo à participação em eventos na área dos conteúdos desenvolvidos;

Estudos de casos e trabalhos que envolvam conteúdos de várias disciplinas

simultaneamente, visando a uma abordagem sistêmica do conhecimento.

O processo de avaliação será feito em CONCEITO, podendo realizar trabalhos escritos,

seminários e/ou casos clínicos; presenciais ou à distância através de uma concepção

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122

transformadora da avaliação diagnóstica e/ou formativa a qual deve contemplar instrumentos

de tomada de decisão que visam a superação do autoritarismo e o estabelecimento da

autonomia do educando. Sendo a avaliação uma ferramenta na construção da sociedade, esta

deve ser transformadora formando um cidadão emancipatório, pretende-se:

Avaliar o aluno em todas as suas potencialidades e limitações;

Captar indicadores de avanço e de estagnação no processo de construção do

conhecimento;

Propiciar a auto-avaliação do educador e o aperfeiçoamento continuado de sua prática;

Avaliar a escola e todo o contexto educacional

A concepção metodológica contempla os seguintes pressupostos:

Estabelecimento de um vínculo permanente entre a teoria e a prática;

Desenvolvimento de práticas interdisciplinares que possibilitem aos educandos

referenciais que promovam o conhecimento integrado e significativo;

Preparação de profissionais capacitados para interpretar criticamente o mundo do

trabalho e enfrentar suas novas relações;

Desenvolvimento de padrões novos de gestão, que contemplem a participação e o

compromisso social;

Valorização do saber acumulado através da experiência de vida de cada educando;

Atuação e mudança de posturas e comportamentos que levem a novas relações

sociais, culturais, afetivas, éticas, familiares, de gênero e raciais;

Estabelecimento de um processo de construção coletiva do conhecimento que ao

mesmo tempo torne o aluno sujeito de sua existência e de sua história individual e

social.

CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

A avaliação de desempenho ou aprendizagem é feita por disciplina, incidindo sobre a

freqüência e aproveitamento.

A freqüência às aulas e às demais atividades acadêmicas é obrigatória. Independente

dos demais resultados alcançados, é considerado reprovado na disciplina o aluno que não

obtenha freqüência de, no mínimo 75% (setenta e cinco por cento) das aulas e atividades

ministradas. É vedado o abono de faltas, admitindo-se apenas a compensação da ausência às

aulas mediante a atribuição de exercícios domiciliares, nos termos da legislação em vigor.

O aproveitamento é avaliado através de acompanhamento contínuo do aluno e dos

resultados obtidos nas avaliações realizadas durante o período letivo. Compete ao professor da

disciplina elaborar e aplicar os instrumentos de avaliação de acordo com o projeto pedagógico

do curso. Os instrumentos de avaliação de aprendizagem, respeitado o projeto pedagógico do

curso, podem compreender:

Prova escrita ou oral;

Seminários;

Trabalhos práticos;

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123

Pesquisas;

Outros instrumentos de avaliação.

PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO

Ao final de 2 (dois) meses, será aplicada uma avaliação sobre os últimos conteúdos

discutidos, na forma de seminários ou estudo de caso;

No final dos seis meses, será aplicada uma avaliação direcionada sobre todo assunto,

utilizando a metodologia de provas com consulta ou realização de seminários pré-

estabelecidos na aula anterior;

Serão aplicados conceitos nas avaliações, sendo eles conceitos divididos em: A (9,0 a

10,0 - excelente); B (9,0 a 8,0 - muito bom); C (8,0 a 7,0 - bom); D (abaixo de 7,0 -

ruim).

SISTEMAS DE AVALIAÇÃO E NOTA DE APROVEITAMENTO

O aluno será considerado aprovado se obtiver nota igual ou superior a 7,0 (sete) e

freqüência igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) em cada disciplina oferecida no

curso.

As notas, por disciplina, são graduadas de zero a dez, permitida apenas a fração de meio

ponto.

O aluno que obtiver nota inferior a 7,0 (sete) ou freqüência inferior a 75% (setenta e cinco

por cento) poderá refazer a disciplina em uma turma posterior, necessitando para tanto,

requerer na secretaria em documento próprio, a reposição de módulo, que deve ser presencial.

CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)

No trabalho de conclusão de curso, é obrigatória a apresentação de monografia, cujo

tema será escolhido pelo aluno e apresentado ao coordenador que avaliará a coerência do

assunto com a área da especialização cursada.

A monografia deverá ser encaminhada primeiramente, na forma de pré-projeto, com a

carta de aceite do respectivo orientador e a documentação comprobatória da titulação.

Por se tratar de curso ofertado a profissionais da área de saúde, o CBES, preocupado

com a questão ética dos trabalhos de conclusão de curso, desde o ano de 2006, implementou o

Conselho de Ética para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade CBES.

Após a análise do conselho de Ética e sendo aprovado o aluno dará prosseguimento ao

seu projeto monográfico.

O pós-graduando deverá entregar e apresentar sua monografia em banca composta,

pelo coordenador de curso, pela coordenadora pedagógica e um professor indicado com

conhecimento do tema da monografia, na apresentação à banca será verificada a apresentação

oral, a apresentação final do texto (que deve ser entregue aos membros da banca com 30 dias

de antecedência), o aluno será finalmente submetido ao questionamento por parte da banca,

com referência ao tema proposto.

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124

Na apresentação da banca será avaliada a coesão, apresentação do trabalho, coerência

com o curso. A nota atribuída será a média das notas propostas pelos participantes da banca,

sendo valores de zero a dez.

ORGANOGRAMA DE FUNCIONAMENTO DO AMBULATÓRIO

Horário de Funcionamento do Ambulatório: terças e quintas-feiras, nos períodos da

manhã e tarde.

Estágio Ambulatorial

A turma de 40 (quarenta) alunos será dividida em 2 (dois) grupos de 20 (vinte) alunos

(AC I e ACII), 8 (oito) horas por dia, 72 (setenta e dois) dias de estágio, totalizando 576

(quinhentos e setenta e seis) horas de estágio, conforme cronograma abaixo:

Terça-feira

Período manhã

8h às 12h

AC I

O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o

acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitor, tendo neste

período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.

Terça-feira

Período tarde

13h às 17h

AC I

O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o

acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitor, tendo neste

período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.

Quinta-feira

Período manhã

8h às 12h

AC II

O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o

acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitore, tendo neste

período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.

Quinta-feira

Período tarde

13h às 17h

AC II

O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o

acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitor, tendo neste

período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.

CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO CURSO

DISCIPLINA TEÓRICA PRÁTICA DATA PROFESSOR (A)

Filosofia Oriental 30 -

Anatomia I 20 10

Anatomia II 20 10

Didática do Ensino

Superior 30 -

Técnicas de ACP I 20 10

Técnica de ACP II 20 10

Fisiologia I 30 -

Fisiologia II 30 -

Metodologia da Pesquisa

Científica 30 -

Etiopatogenia

30 -

Semiologia 30 -

Patologia I - Dor 20 10

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Patologia II - Reumatologia 20 10

Patologia III – Psiquiatria I 20 10

Patologia IV – Psquiatria II 20 10

Patologia V - Cardiologia 20 10

Patologia VI - Neurologia 20 10

Patologia VII - Pneumologia I 20 10

Patologia VIII -Pneumologia II 20 10

Patologia IX – Grastroenterologia I 20 10

Patologia X - Grastroenterologia II 20 10

Patologia XI - Endocrinologia 20 10

Patologia XII – Ginecologia,

Nefrologia, Urologia 20 10

Seminário de Pesquisa 30 -

Estágio

Supervisionado - 576

* A partir do 7º período – uma vez por semana – 8 horas semanais até a

conclusão do curso.

14. CORPO DOCENTE

PROFESSOR QUALIFICAÇÃO COMPROVAÇÃO

CURRICULAR

ANDRÉ LUIZ MENEGHETTI

Especialização em Acupuntura pelo

CBES, em Ciência do Movimento

Humano pela UNICRUZ

Graduação em Fisioterapia pela

UNICRUZ

Plataforma

Lattes

CARLOS AUGUSTO TORRO

Especialização em Acupuntura

Tradicional Chinesa pelo IBEHE

Graduação em Medicina Veterinária

pela USP

Plataforma

Lattes

CLÁUDIO SIDNEY LOPES

Especialização em Medicina

Tradicional Chinesa pela UH/Cuba,

em Acupuntura Tradicional Chinesa

pelo IBEHE, em Homeopatia pelo

IBEHE, em Medicina Tradicional

Chinesas pela UF/China e em

Plataforma

Lattes

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Psicopedagogia pela USJT

Graduação em Educação Física pela

FEFISA

DEISE SCHMIDT MERNAK

Especialização em Acupuntura pelo

CBES

Graduação em Fisioterapia pela

ULBRA

Plataforma

Lattes

ELAINE ROSSI RIBEIRO

Doutorado em Medicina (Clínica

Médica) pela UFPRMestrado em

Medicina (Clínica Médica) pela UFPR e

em Educação pela UEL

Especialização em Metodologia da

Assistência em Enfermagem pela

UFRJ e em Metodologia do Ensino

Superior pela UEL

Graduação em Enfermagem pela UEL

Plataforma

Lattes

FRANCISCO DE PAULA ASSIS

Especialização em Acupuntura pelo

CBES

Graduação em Medicina Veterinária

pela UNIP

Plataforma

Lattes

LENI CONELISSE DOS SANTOS

Especialização em Acupuntura pelo

CBES e em Gerontologia pela PUC/PR

Graduação em Fisioterapia

pela PUC/PR

Plataforma

Lattes

MARCELO DALLA ACQUA

Especialização em Acupuntura pelo

CBES

Graduação em Odontologia pela UEPG

Curriculum

Vitae

MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU

Especialização em Acupuntura

Tradicional Chinesa pela ABA/SP

Graduação em Fisioterapia pela

UTP/PR

Plataforma

Lattes

MARCOS MATSUKURA

Especialização em Acupuntura

Tradicional Chinesa pela ABA/SP

Graduação em Fisioterapia

Curriculum

Vitae

15. AULAS TEÓRICO-PRÁTICAS

LOCAL PROFESSOR DISCIPLINA INÍCIO/TÉRMINO

Porto Alegre Deise Schmidt Prática Ambulatorial *

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Mernak

* A Prática Ambulatorial tem início a partir do 7º módulo até o último, ocorrendo sempre

na semana que o antecede, com os Professores efetivos. Funciona também as terças e quintas-

feiras com um Professor Monitor da Sede.

16. INTERDISCIPLINARIDADE

Os conhecimentos são trabalhados de maneira integrada, propiciando prática

interdisciplinar e formação integral. O que se pretende é o rompimento com a fragmentação do

ensino, normalmente pautado em disciplinas estanques e descontextualizadas.

Os diversos conteúdos serão trabalhados em eixos norteadores, fios condutores que

permearão todo o curso. Os projetos de ação devem estar referenciados em uma prática social,

uma vez que a ausência de referência a este contexto não possibilita a construção das

competências necessárias ao educador comprometido com a transformação da sociedade.

17. ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Para executar sua proposta pedagógica, o processo ensino-aprendizagem se amplia para

além do espaço de sala de aula. As atividades formativas se articulam em uma estrutura flexível e

integradora composta de aulas regulares; prática supervisionada em ambulatório específico;

oficinas e seminários sobre temas relacionados.

18. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Considerando o disposto na Resolução CNE/CES nº 1, de 3 de abril de 2001, que

estabelece as normas para o funcionamento de curso de pós-graduação e o Art.10 que faz

referência à obrigatoriedade da monografia ou Trabalho de Conclusão de Curso para a

certificação. A elaboração seguirá critérios da ABNT e a avaliação será feita em seminário

monográfico por banca examinadora.

19. TECNOLOGIA

O Curso é presencial, não utilizando recursos específicos de Educação à Distância.

As aulas são ministradas utilizando recursos audio-visuais como multimídia, computadores,

televisão, vídeo, DVD, tendo como apoio textos impressos (apostilas), e artigos científicos. Todo

o material utilizado pelo docente é disponibilizado no formato PDF, com 2 semanas de

antecedência, no site da instituição, o qual os alunos têm acesso, após realização de cadastro.

Os docentes disponibilizam seu endereço eletrônico aos alunos para orientação de

pesquisa e trabalhos prescritos.

20. INDICADORES DE DESEMPENHO

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O número de alunos formados desde 2001, chega próximo a 300. Tratando-se de um curso

longo, existem ainda 380 alunos cursando, com término previsto a partir do início de 2007. O

índice médio de evasão é de 3,7 %. A média de desempenho dos alunos é de 92%.

21. RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO

Uma atividade fundamental do Curso de Acupuntura é a Prática Ambulatorial, realizada na

forma de Estágio Supervisionado. Assim, o discente estagiário não terá direito à faltas durante o

estágio supervisionado. O regime de exceção só poderá ser concedido nas seguintes situações:

portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismos ou outras condições

mórbidas que determinam distúrbios agudos, caracterizados e especificados no decreto lei n°

1044/69, mediante laudo médico elaborado por autoridade oficial do sistema educacional,

anexado protocolado no prazo máximo de 08 dias úteis após o ocorrido; gestante, nos termos da

lei n° 6202, de 17 de abril de 1975, ou da lei que estiver em vigor no país. A gestante deverá

apresentar requerimento, por si ou por procurador, dentro de 08 dias contados a partir do início

do impedimento determinado por atestado médico, à chefia do ambulatório do Colégio Brasileiro

de Estudos Sistêmicos.

Todas as atividades de estágio supervisionado, não realizado em razão do regime de

exceção, deverão ser repostas. O calendário de reposição deverá ser elaborado pela chefia do

ambulatório do Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos, juntamente com a supervisão e o

discente estagiário, observando acadêmicos (feriados).

Os pacientes do Ambulatório do CBES chegam através dos próprios alunos, da divulgação

na mídia e também através da indicação de pacientes satisfeitos com o tratamento.

Os pacientes contribuem com 2 Kg de alimentos, doados para Instituições de Caridade

relacionadas abaixo:

NOME DA INSTITUIÇÃO DADOS CADASTRAIS

ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE SANTA ZITA

DE LUCCA

Rua Batista Xavier, 600

Vila Maria da Conceição – Porto Alegre – RS

Telefone: (51) 3336.1880

PARÓQUIA SANTA CECÍLIA Rua Costa Gama, 188

Vila Augusta – Viamão – RS

SOCIEDADE HUMANITÁRIA PADRE CACIQUE - ASILO

PADRE CACIQUE

Av. Padre Cacique, 1178

Porto Alegre – RS

Telefone: (51) 3233.1691 / 3233.5725

SPAN – SOCIEDADE PORTO-ALEGRENSE DE

AUXÍLIO AOS NECESSITADOS

Av. Nonoai , 600

Porto Alegre – RS

Telefone: (51) 3247.7400

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E

BENEFICENTE EMANUEL

Av. Assis Brasil, 1079

Porto Alegre – RS

Telefone: (51) 3026.6171 / 3019.2670

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ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DA CASA DA

SOPA DA TIA ZELI

Telefone: (51) 3250.6909

A Instituição construiu um instrumento de avaliação das disciplinas e avaliação do docente.

Por esse instrumento, cada aluno avalia através de notas de 0 a 10 as seguintes questões por

disciplina:

O conteúdo foi abordado de forma lógica e apropriado?

As técnicas utilizadas adequaram-se ao conteúdo?

O módulo cumpriu os objetivos propostos?

Apresentou habilidade de comunicação?

Houve bom planejamento?

Atendeu prontamente quando solicitado?

De forma geral, as médias mostram a satisfação do aluno com cada disciplina, com o

conteúdo apresentado, com a didática utilizada e com o docente. Ainda não foram realizadas

avaliações externas na Instituição. Essas avaliações configuram-se em parâmetro para a

adequação e atualização dos conteúdos dos módulos como também para a avaliação e

adequação do trabalho docente. No caso de reclamações, são utilizadas técnicas de gestão da

qualidade onde se identificam as causas de tais reclamações promovendo as devidas correções

e prevenções.

22. CERTIFICAÇÃO

FACULDADE CBES

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