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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CRISTHIAN DA SILVA
CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ – SC
ITAJAÍ – SC 2013
CRISTHIAN DA SILVA
CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ – SC
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho – Área de Concentração em Saúde da Família – da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Saúde da Família. Orientadora: Profª. Dra. Antônia Egídia de
Souza.
Itajaí – SC 2013
FICHA CATALOGRÁFICA
S39c
Silva, Cristhian da, 1983 - Concepções de saúde de professores de educação física nas escolas municipais de Itajaí - SC / Cristhian da Silva, 2013. 72f.; il. quad., fig. Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí. Centro de Ciências da Saúde. Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho. “Orientadora: Profª . Dra . Antônia Egidia de Souza” Bibliografia: p. 46-49 1. Promoção da Saúde. 2. Conhecimentos, Atitudes e Práticas em Saúde. 3. Educação física e treinamento. 4. Modelos educacionais – Métodos. I. Título. CDU: 614
CDU: 612.78
Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293
CRISTHIAN DA SILVA
CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ – SC
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho – Área de Concentração em Saúde da Família – da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Saúde da Família. Itajaí, 13 de Novembro de 2013. Profª. Antônia Egídia de Souza Orientadora
SILVA, Cristhian. Concepções de saúde de professores de educação física nas
escolas municipais de Itajaí – SC. 2013. 71 f. Dissertação (Mestrado Profissional
em Saúde e Gestão do Trabalho), Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2013.
Orientadora: Profª. Dra. Antonia Egídia de Souza.
RESUMO
Introdução: O conceito de saúde ligado à ausência de doença foi oficialmente ampliado no Brasil a partir da 8ª Conferência de Saúde. Consequentemente a Promoção à Saúde também tem sido repensada como resultado social do que os sujeitos pensam e refletem como saudável para si e seu entorno. Problematizar a Educação Física e fazer uma ponte com o novo conceito de saúde e as novas práticas de promoção é o que se propõe neste estudo, uma diferente atuação dos profissionais de Educação Física nas escolas com estratégia para obter saúde. Objetivo: Analisar e discutir concepções de saúde para professores de educação física nas escolas municipais de Itajaí – SC. Metodologia: O presente estudo foi desenvolvido com os professores de educação física da rede municipal de ensino de Itajaí – SC, por meio de encontros que foram realizados na Secretaria Municipal de Educação. Nesses encontros, apropriou-se da metodologia da problematização, que foi desenvolvida por meio do Arco de Maguerez. Julgou-se relevante a aplicação dessa metodologia, pois permite uma visão critica a respeito de nossas práticas com relação à Saúde e à Promoção da Saúde. Resultados alcançados: Percebeu-se, no decorrer dos encontros com os professores, que eles demonstravam algum conhecimento do assunto, porém não conseguiam colocá-lo em prática, outros quase não conceituavam esses temas e uma professora que não demonstrava conhecimento, mas aplicava atividades pertinentes aos assuntos de saúde e promoção da saúde, gerando a educação e a melhora para sua realidade. Foi notória a ampliação dos conceitos do grupo e da valorização do tema que cada um passou a ter após os encontros. Os resultados obtidos poderão servir na melhoria do processo de ensino-aprendizagem, contemplando todos os objetivos pertinentes a um conceito ampliado de saúde e em conformidade com a nova promoção da saúde. É importante o apoio da Secretaria de Educação de Itajaí, ao aderir esta proposta de trabalho e a continuidade do estudo. Sendo assim, as aulas de educação física se tornarão mais dinâmicas e inclusivas, resultando na melhora da qualidade de vida dos educandos e da comunidade na qual se inserem. Palavras chave: Promoção da Saúde. Profissional de educação física. Metodologia
da problematização.
SILVA, Cristhian. Health concepts of teachers of physical educaiton in
municipal schools of Itajaí – SC. 2013. 71 f. Dissertation (Master’s Degree in
Health and Management of Work), University of Vale do Itajaí, Itajaí, 2013.
Supervisor: Prof. Dr. Antonia Egídia de Souza.
ABSTRACT
Introduction: The concept of health as the absence of sickness was officially expanded in Brazil following the 8th Health Conference. Consequently, Health Promotion has also been rethought as a social result of what the subjects consider as healthy for themselves and their surroundings. This study Investigates Physical Education, making a connection with the new concept of health and the new practices of health promotion, as a different form of practice for Physical Education professionals in schools, offering a better strategy for obtaining health. Objective: To analyze and to discuss health concepts of Physical Education teachers in municipal schools in the town of Itajaí. Methodology: This study was developed with physical education teachers in public schools of the town, through meetings held at the Municipal Secretary for Education. At these meetings, the investigation method, developed through the Maguerez Arch, was used. The use of this method was deemed appropriate because it gives a critical view of our Practices in relation to Health and Health Promotion. Results: It was noticed, during the meetings with the teachers, that some demonstrated knowledge of this subject but were not able to put it into practice. Others had practically no knowledge of this subject, and there was one teacher who had no knowledge of it but who nevertheless applied activities relating to health and health promotion, generating education and improvement for her reality. There was a notable enhancement of the concepts in the group, and of the appreciation that each one came to have of the subject, after the meetings. The results may be useful in improving the teaching-learning process, covering all the objectives that relate to an amplified concept of health, which is in keeping with the new concept of health promotion. The support of the Secretary of Education of Itajaí is very important for promoting adherence to this proposal, and for the continuation of this study, with the aim of making physical education classes become more dynamic and inclusive, resulting in a better quality life for pupils and their communities. Key words: Promoting Health. Physical Education professional. Investigative Method.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5
2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 11
2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 11
2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 11
3 EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO DA SAÚDE: DIFERENTES CONCEITOS,
MESMAS PRÁTICAS ............................................................................................... 12
4 METODOLOGIA ................................................................................................ 19
4.1 Local da pesquisa ........................................................................................ 22
4.2 Sujeitos da pesquisa .................................................................................... 23
4.3 Procedimentos éticos ................................................................................... 23
5 RESULTADOS DA PESQUISA ......................................................................... 25
5.1 Encontros ..................................................................................................... 26
5.1.1 Conhecendo a pesquisa ........................................................................ 26
5.1.2 Observação da realidade, situação problema ....................................... 27
5.1.3 Pontos-chaves ....................................................................................... 31
5.1.4 Teorização ............................................................................................. 32
5.1.5 Hipóteses de solução ............................................................................ 37
5.2 Discussão dos Resultados ........................................................................... 39
6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46
APÊNDICES ............................................................................................................. 50
APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido ............................... 50
APÊNDICE B - Consentimento de participação do sujeito .................................. 51
APÊNDICE C - Termo de utilização de dados para coleta de dados de
pesquisas envolvendo seres humanos ....................................... 52
APÊNDICE D - Termo de aceite de orientação ...................................................... 53
APÊNDICE E - Termo de anuência de instituição para coleta de dados de
pesquisas envolvendo seres humanos ....................................... 54
APÊNDICE F - Solicitação de acesso ao campo de pesquisa ............................. 55
APÊNDICE G – Perfil do grupo pesquisado .......................................................... 56
APÊNDICE H – Relatos do grupo pesquisado ...................................................... 62
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1 INTRODUÇÃO
Certo e realizado com a escolha que fiz, na expectativa de fazer a diferença
na minha atuação profissional, me apresento com muita satisfação: sou profissional
de educação física, formado pela Fundação Universidade Regional de Blumenau
FURB desde 2006 e especialista em avaliação física e exercícios resistidos com
pesos pela instituição IPEGEX 2010.
Todo meu ensino fundamental foi feito na rede pública municipal de ensino de
Itajaí, na Escola Básica Iolanda Laurindo Ardigó. Foi lá que começou meu interesse
pela prática esportiva, pois com 12 anos comecei a participar de competições
esportivas em geral, encaminhado sempre pelo professor de educação física da
referida escola. O trabalho dele já me chamava atenção pelo seu empenho e
dedicação com seus alunos e com a atividade física em si, além de nos incentivar a
hábitos de alimentação, saúde e higiene. Foi aí que comecei a observar que eram
poucos os professores que, além do desporto, eram preocupados com a saúde em
nosso cotidiano e em estimular uma qualidade de vida melhor.
Após ter concluído a faculdade, no ano de 2007, prestei concurso e me
efetivei na Secretaria Municipal de Educação de Itajaí. Neste mesmo ano comecei a
trabalhar no complexo de medicina preventiva da Unimed litoral (Unisaude). A
admiração que tinha como aluno pelos educadores que se preocupavam com o
bem-estar das pessoas passou então a ser uma realidade na minha atuação
profissional. Hoje, atuo também com o programa Itajaí Ativo da Prefeitura Municipal
de Itajaí, o qual possui objetivos de “Promoção da Saúde”.
Trabalhando em ambos os locais, cujo foco está em atuar diretamente na
qualidade de vida das pessoas, preocupa-me nosso papel como sujeitos e docentes
mediadores de algum conhecimento e de quanto este pode e como está relacionado
à saúde.
Estas preocupações fazem-me ansioso. A busca por complementar minha
formação profissional de forma que venha ao encontro das minhas ansiedades,
meus ideais, trouxe-me até o Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), onde tive a oportunidade de conhecer
pessoas que compartilham dos mesmos ideais que eu e com quem tenho muito a
aprender.
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A partir de conteúdos ali ministrados e posterior leitura para a dissertação,
percebi que houve mudanças na concepção saúde-doença que tinha até então.
De modo geral, no século passado ficou entendido que saúde era a ausência
de doença e o conceito da Organização Mundial da Saúde - OMS (1948) era de que
saúde seria o completo estado de bem-estar físico, mental e social. Leavell e Clark
(1976), em meados de 1960 do século passado, mostram um modelo em que
saúde-doença se constitui em um ciclo que não se encerra somente no momento do
diagnóstico da doença, mas mesmo assim a consideram com um processo “natural”.
Estes conceitos considerando saúde como algo estanque e desligado da
sociabilidade não contemplam seu significado atual.
No Brasil, entre as décadas de sessenta e setenta, inicia-se o Movimento de
Reforma Sanitária em resposta às limitações governamentais de dar conta da
situação de saúde do país, aumentando com isso a visibilidade do referido
Movimento e proporcionando a construção de propostas para área da saúde.
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida no ano 1986, após uma série
de reivindicações de diversos profissionais da saúde e da população, o Ministério da
Saúde, convocou então os profissionais e a comunidade para um amplo debate que
abrangia instituições de saúde, técnico-especialistas, gestores e usuários. Esta
conferência teve como tema central a reforma do sistema de saúde, sendo essa a
primeira vez que se contava com a participação da sociedade na discussão de uma
política setorial no Brasil (MATTA, PONTES, 2007).
No relatório final da 8ª Conferência Nacional de Saúde foi incorporada a
conceituação ampla de saúde, sendo definida como:
A garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade. (CONFERÊNCIA..., 1986, p. 4).
É importante frisar que este conceito, além de ampliado, também está
relacionado à produção social, ou seja, as (im)possibilidades de sociabilidade dos
sujeitos e da população.
Batistella, (2007) levanta a importância das questões sociais, políticas e
econômicas na formação e na produção da saúde, como também da doença. Ou
seja, saúde depende de uma série de fatores, como: cidadania, qualidade de vida,
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equidade, políticas públicas, entre outros. Desta forma, saúde-doença ficou
entendida como um processo produzido socialmente.
Ao pensar a promoção da saúde como prática e que através deste conceito
de saúde podemos nos utilizar de varias estratégias para obter saúde, proponho que
as aulas de educação física escolar sejam mais, dinâmicas e diversificadas, estando
desta forma o mais próximo possível do que se entende hoje sobre promoção da
saúde. O novo conceito de promoção de saúde vem sendo pensado, nos últimos 25
anos, como resultado social do que sujeito/sujeitos pensam e refletem como
saudável para o seu entorno.
Para Gutierrez (1997, p. 117 apud BUSS, 2009, p. 23):
Promoção da Saúde é o conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional, governamental ou da cidadania, orientados a propiciar a melhoria das condições de bem-estar e acesso a bens e serviços sociais, que favoreçam o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e comportamentos favoráveis ao cuidado da saúde e o desenvolvimento de estratégias que permitam à população maior controle sobre sua saúde e suas condições de vida, a níveis individual e coletivo.
Como minha inserção é numa escola, preocupa-me especificamente como é
aprendida a saúde por meio das práticas nas aulas de educação física. Se há o
entendimento de saúde e promoção da saúde por parte dos professores e como eles
tem acesso a essas informações. Se há algum apoio da secretaria de educação do
município, em forma de palestras, vídeos e/ou cursos, facilitando a abordagem
dessas temáticas.
A educação física vem ganhando espaço para atuação na área da saúde, por
meio de vários estudos, discussões e a prática propriamente dita. Por volta de 1980,
as perspectivas da exercitação física ganharam força, enfatizando a necessidade de
a população estar envolvida na prática de atividades físicas, com argumento
econômico de tornar a saúde menos custosa para o Estado. Este movimento teve
início nos Estados Unidos e, anos mais tarde, passou a ser aplicado no Brasil, sendo
denominado como “Movimento da Saúde” (BAGRICHEVSKY, ESTEVÃO, PALMA,
2006).
Percebo que o interesse pela prática de atividades físicas vem crescendo
significativamente, porém se torna de mais fácil acesso às pessoas com poder
aquisitivo alto, pois nem todos os espaços garantem oportunidade aos menos
favorecidos pela sociedade, isso pode se observar através da crescente urbanização
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de áreas que até então eram utilizadas pela população de bairros mais carentes
como campinho de futebol e parquinhos.
Na educação física escolar da rede municipal de Itajaí é possível perceber
que as temáticas de saúde embutidas nos planos de ensino nem sempre são
aplicadas de modo a entender saúde-doença como produzidas socialmente, talvez
por falta de capacitação dos profissionais, por falta de apoio das secretarias ou até
por falta de conhecimento de como esta temática é capaz de transformar estilos de
vida de algumas famílias.
Como afirma o Ministério da Educação Brasileiro (MEC), o aluno deve ser
capaz de conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva (BRASIL, 1998).
O papel do educador físico na escola não pode se restringir em apenas o
desporto, as ginásticas ou em formar atletas. Matiello, Capela e Breilh (2010) fazem
uma reflexão sobre a educação física, dizendo que o esporte ainda aparece como
conteúdo principal da educação física e a própria escola cria uma expectativa nos
alunos e nas alunas, reforçando o ensino de algumas atividades. Nos primeiros anos
de escolarização no Brasil, as crianças têm, em geral, a ideia de que, quando
alcançar o quinto ano de estudo, tudo muda em termos de conteúdos das aulas de
educação física: as aulas deixam de se caracterizar como meras brincadeiras para
as crianças e passam a se concentrar no esporte, assumindo valor primordial, pois,
afinal, todos querem “jogar” nas Olimpíadas escolares (2010).
Temos um papel especial na escola, pois a maioria dos alunos espera pela
aula de educação física com euforia e entusiasmo, acreditando que o momento que
está por vir será vivenciado de forma alegre e descontraído, em que poderão
expressar suas emoções com o corpo e a mente. Este poderia ser o momento para
o educador físico dar a sua contribuição.
O que notamos na prática da educação física nas escolas é o
descontentamento por parte de alguns professores em relação aos seus salários, ao
mínimo apoio dispensado pelo sistema governamental, dificultando o interesse dos
professores em ampliar seus conhecimentos para aplicação nas aulas propriamente
dita, tornando em algumas situações aquelas aulas rotuladas como “recreio
orientado” ou “aula livre”. O “fazer o que quiser”, sem a preocupação em ensinar os
benefícios daquela prática, pode deixar os alunos sem objetivos, sem entender o
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que de fato acontece com seu corpo, não dando o valor para determinadas
atividades.
A saúde na educação física escolar encontra-se em um simples conteúdo
dentro do plano de ensino anual das escolas. As práticas em saúde se restringem
em algumas aulas que são abordadas temas, como: mapeamento do corpo, hábitos
de higiene (“lavar as mãos antes de comer”) e alimentação saudável, enfatizando a
saúde-doença como algo apenas biológico. Talvez a falta de temas relacionados à
saúde se deva também à origem histórica da educação física, que desde a Grécia
antiga era realizada para preparar as pessoas para as guerras.
Como podemos observar na construção histórica, realizada por Pitanga
(2002) a partir dos anos 1970, influenciada pelo sucesso de algumas equipes
desportivas no exterior, surge a tendência esportiva na educação física, em que o
pressuposto básico era formar equipes desportivas competitivas. Percebemos, desta
forma, que a atividade física relacionada à saúde nunca chegou de fato a ser
privilegiada no contexto da educação física nacional.
Tendo em vista a evolução das discussões do processo saúde-doença,
devemos estar atentos a todos os fatores envolvidos neste processo.
Como saúde não é apenas a ausência de enfermidades os indivíduos, sem evidencias clinicas ,poderiam progredir a estados de maior fortaleza estrutural, maior capacidade funcional, maiores sensações de bem-estar e objetivos de desenvolvimento individual e coletivo. Esta é, em essência, o verdadeiro sentido da Promoção da Saúde propriamente dita (GUTIERREZ et al., 1997 apud BUSS, 2009 , p. 37).
As aulas de educação física encontram-se hoje num modelo voltado para a
realização de modalidades esportivas, em que alguns alunos se sentem excluídos
por não serem tão bons em determinadas modalidades esportivas, fato este que
diminui a participação dos alunos menos favorecidos em relação a habilidades
motoras nas aulas de educação física. Esta situação pode gerar, de certa forma, um
desgosto por qualquer prática de atividade física.
Pensando nisso, as aulas de educação física devem ser mais inclusivas. A
partir do momento que elas tenham um caráter de promoção da saúde, com
atividades de orientação e estimulando os alunos a participarem das aulas, os
alunos tornam-se ativos no processo de aprendizagem, tendo assim mais prazer em
estarem envolvidos no desenvolvimento das aulas.
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Ir além, compartilhar, difundir a importância de conviver com hábitos que
geram bem-estar, é uma prática capaz de mostrar a possibilidade do que plantamos
hoje poderá ser o futuro do amanhã. Isso pode ser nossa função como educadores.
Faz-se necessário, portanto, um estudo em conjunto com a equipe de
professores de educação física da rede municipal de ensino, proporcionando
questionamentos e novas propostas para atuar em saúde.
Como pretendemos questionar a prática dos professores de educação física,
utilizaremos uma metodologia adequada para este fim. Dentre os autores que
utilizam diferentes “métodos” com este intuito, encontramos Berbel (1995, 1998,
2007), que, em síntese, desenvolve seus estudos apropriando-se de Bordenave e
Pereira (1982), que propõe uma metodologia problematizadora para desenvolver
conteúdos.
A Metodologia da Problematização dá sua contribuição à educação, ao
possibilitar a aplicação para realidade, pois desencadeia uma transformação do real,
acentuando o caráter pedagógico na construção de profissionais críticos e
participantes. Portanto, “dessa maneira, completa-se o ‘Arco’ de Maguerez, cujos
resultados podem estar sugerindo o reiniciar de muitos outros arcos” (BERBEL,
1995, p. 16). Ainda, segundo Colombo e Berbel (2007), a metodologia da
Problematização passa a ser mais que um método, pelo exercício intelectual e
social, que permite enxergar e reposicionar a realidade com maior criticidade.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar e discutir as concepções de saúde para professores de educação física nas
escolas municipais de Itajaí – SC.
2.2 Objetivos específicos
Analisar como os professores de educação física aplicam os conteúdos de saúde
e promoção da saúde nas aulas de educação física escolar.
Discutir e propor com educadores físicos da rede de escolas de Itajaí o papel do
Profissional de educação física nas escolas e relacionar algumas dessas práticas
na promoção da saúde.
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3 EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO DA SAÚDE: DIFERENTES CONCEITOS,
MESMAS PRÁTICAS
Ao se falar sobre promoção da saúde, é de fundamental importância que
façamos um resgate sobre a concepção da mesma. Ainda hoje a saúde é tratada
simplesmente como a ausência de doença, conceito esse que veio se modificando
ao longo dos últimos anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS), nos anos 40 do
século passado, afirmou que saúde era o completo estado de bem-estar físico,
mental e social, considerando-a como algo “natural” e não a associando à situação
social das pessoas. No momento, este conceito vem sendo questionado pelos
estudiosos da área, embora ainda seja muito utilizado pelos profissionais de saúde.
Os primeiros relatos que falam sobre promoção da saúde datam de 1920,
quando Winslow trouxe o tema para discussões que acontecem até os dias de hoje.
Para Winslow (1920), promoção da saúde consistia em campanhas educativas e em
organização da comunidade para realização de atividades que pudessem melhorar
suas condições de vida.
Sigerist, em 1946, traz em sua definição que promoção da saúde é uma das
quatro tarefas essenciais da medicina, juntamente com a prevenção das doenças,
recuperação dos enfermos e reabilitação. O que percebemos é que neste momento
a promoção da saúde ainda estava totalmente acoplada à possibilidade de educar
para saúde, pensando-a como passar informações “corretas”.
Nos anos 60, a promoção da saúde foi definida a partir do modelo de Leavell
e Clark (1965) como parte da história natural da doença que comportaria três níveis
de prevenção: primária, secundária e terciária.
Neste modelo, a prevenção primária constava de ações de promoção da
saúde que levavam o indivíduo a uma vida regrada, ou seja, educação, nutrição
ajustada às fases do desenvolvimento humano, moradia adequada, recreação e
condições agradáveis no lar e no trabalho.
O esquema teórico de Leavell e Clark (1976) é demonstrado no Quadro 1.
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Quadro 1 – O esquema teórico de Leavell e Clark
Promoção da saúde
Proteção específica
Diagnóstico e tratamento
precoce
Limitação da invalidez
Reabilitação
Prevenção primária Prevenção secundária Prevenção
terciária Fonte: Leavell e Clark (1976).
Conforme Leavell e Clark (1976), além da prevenção primária, a classificação
continha prevenção secundária, contemplando diagnóstico e tratamento precoce,
limitação da invalidez e a prevenção terciária (reabilitação).
Na década de setenta do século passado, o ex-ministro canadense, Lalonde,
após ter realizado uma série de pesquisas sobre as causas do adoecimento no
Canadá, constatou que oitenta por cento delas estavam associadas ao estilo de vida
e ambiente. Sendo assim, foi construído no Canadá o que se chama hoje de informe
Lalonde, do qual decorreram práticas de “Promoção da Saúde”, entretanto ainda
voltadas a modificar comportamentos não saudáveis ou “educar” aqueles que
apresentavam riscos de adoecer (HEIDEMANN, 2006).
Este documento sugeriu as seguintes dimensões, ou componentes, a serem
considerados individualmente ou em conjunto na elaboração das políticas
governamentais de saúde: biologia humana, ambiente, estilo de vida das pessoas,
sistema de saúde (WESTPHAL, 2006). Houve inúmeras críticas à adoção deste
modelo, principalmente por negligenciar o contexto político, econômico e social,
culpabilizando as vítimas e responsabilizando determinados grupos sociais por seus
problemas de saúde, cujas causas encontravam-se fora de sua governabilidade.
Apesar de enfatizar o ser saudável como algo que dependia de uma atitude
individual apenas, foi este documento desenvolvido no Canadá, com outros
questionamentos, que impulsionou os governos internacionais para uma análise e a
implantação de novas políticas de promoção da saúde. Após o informe, os governos
internacionais começaram a discutir e se mobilizar para proporem novas políticas
públicas, o que culminou em diversas conferências internacionais relacionadas à
saúde, como o que aconteceu em Alma-Ata (1978); e a primeira conferência
internacional sobre promoção da saúde realizada em Ottawa (1986), que deu origem
a diversas outras conferências.
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Neste entendimento, saúde ultrapassa a relação saúde-doença. Faz-se
necessário o entendimento do ser, levando em consideração a sua história de vida e
o ambiente sociocultural, suprindo, de certa forma, as suas necessidades como
cidadão (FOCESI, 1990). Podemos ressaltar que a saúde deve ser entendida como
recurso para bem viver e não como objetivo para a vida, pois segundo o Ministério
da Saúde, são vários os fatores que podem nos levar ao completo estado de saúde.
Saúde é vista como um conceito positivo e dinâmico, ressaltado o seu caráter
político, social, econômico, cultural, ambiental, comportamental e biológico,
perspectivas que podem favorecer ou não a saúde. (BRASIL, 2002).
Hoje, a discussão mais emergente sobre saúde envolve diretamente os
determinantes sociais voltados para a qualidade de vida dos indivíduos, os quais se
pode perceber por meio do pensamento de Buss (2000). As atividades estariam,
então, mais voltadas ao coletivo de indivíduos e ao ambiente, compreendido num
sentido amplo, de ambiente físico, social, político, econômico e cultural, por meio de
políticas públicas e de condições favoráveis ao desenvolvimento da saúde (as
escolhas saudáveis serão as mais fáceis) e do reforço (empowerment) da
capacidade dos indivíduos e das comunidades. Como já dissemos ao tratarmos da
nova promoção da saúde, é importante que tomemos o conceito ampliado de saúde.
A Conferência de Ottawa (1986) definiu promoção da saúde como:
[...] o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (BRASIL, 2002, p. 19).
A Carta de Ottawa (1986) propõe ainda cinco campos de atuação para a
promoção da saúde:
Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis;
Criação de ambientes favoráveis à saúde;
Reforço da ação comunitária;
Desenvolvimento de habilidades pessoais;
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Reorientação do sistema de saúde.
As conferências internacionais e regionais que se sucederam, como a de
Adelaide (1988), a de Sundsval (1991), a de Jakarta (1997), a conferência da rede
de megapaíses (1998), a do México (2000) a de Bangkok (2006) e a de Nairóbi
(2009), reforçaram as estratégias descritas na Carta de Ottawa como principal
marco de referência da promoção à saúde em todo o mundo (HEIDEMANN et al.,
2006).
Conforme Czeresnia e Freitas (2009), a Conferência Internacional sobre
promoção de saúde, realizada em Ottawa (1986), postula a ideia da saúde como
qualidade de vida resultante de complexo processo condicionado por diversos
fatores, tais como, entre outros, alimentação, justiça social, ecossistema, renda e
educação.
É de extrema importância que façamos uma breve diferenciação entre
promoção da saúde e prevenção de doenças, como enfatiza Buss (2003, p. 36), pois
este é o ponto crítico neste debate.
A prevenção, diferentemente da promoção, caracteriza-se pelas ações
específicas interventivas, com o objetivo de reduzir e controlar a incidência de
determinadas doenças e/ou enfermidades na população em geral (CZERESNIA;
FREITAS, 2009). O termo prevenir tem o significado de “preparar; chegar antes de;
dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize”. Já o termo
promover tem o significado de “dar o impulso a; fomentar; originar; gerar”
(FERREIRA, 1986 apud CZERESNIA; FREITAS, 2009). Neste sentido, promoção da
saúde define-se, tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois
se refere a medidas que “não se dirigem a uma determinada doença ou desordem,
mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais” (LEAVELL; CLARK, 1976,
p. 19).
Ao observar a conceituação mais ampla do que é promoção da saúde e que
saúde é muito mais do que a ausência da doença, as questões de ordem social
passam a surgir por meio de novas propostas de políticas públicas mais saudáveis à
visão de saúde, tornando-se num sentido mais dinâmico e não tanto fragmentado.
Nesse sentido, a escola aparece como local ideal para trabalharmos a
promoção da saúde. Segundo Pereira et al. (2003), a educação para a saúde e a
promoção da saúde estão estreitamente entrelaçadas, pois a educação é um dos
componentes e um dos recursos fundamentais neste processo.
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A escola pode contribuir significativamente para a criação de ambientes
saudáveis, tendo em vista a proximidade que os professores têm com os alunos, os
pais e a comunidade. No Manual de Escolas Promotoras de Saúde, o Ministério de
Saúde Brasileiro e a Organização Pan-americana da Saúde assim se pronunciam:
A partir da década de 80, com o fortalecimento da democracia e da luta pela cidadania no país, o trabalho educativo em saúde, vivenciado na escola, tem avançado através da incorporação de novas concepções teóricas da educação e da saúde, assim como na diversificação de seu campo de atuação. (BRASIL, 2007, p. 7).
É na escola que devemos promover a educação em saúde, com o objetivo de
preparar os alunos a tornarem-se agentes transformadores nas atitudes de
preservação do meio ambiente; do seu próprio corpo; das práticas que os levam ao
bem-estar (alimentação, atividade física, higiene), compartilhando e discutindo as
informações necessárias para suas famílias e comunidade. Participar de projetos
interdisciplinares, envolvendo a escola num todo (horta, cardápio, exercícios), deve
ser uma prática comum para a melhoria da qualidade de vida.
Ao reforçar o que entendemos por educação, Focesi (1992) vê a educação
em saúde na escola como um processo pelo qual pretendemos colaborar na
formação de uma consciência crítica no escolar, que resulte na aquisição de
práticas, visando à promoção, à manutenção e à recuperação da própria saúde e da
saúde da comunidade da qual faz parte. Conforme essa ideia, o Ministério da Saúde
se pronuncia dizendo que programas deste tipo representam experiências
pedagógicas que podem ser consideradas como estratégias/ferramentas/suportes
que desconstroem as bases do conhecimento cartesiano, autoritário, normativo e
hegemônico e que apresentam potencialidade em orientar o processo de produção
de saúde, reconstruindo-o numa perspectiva libertadora, reflexiva, criativa e
transformadora (BRASIL, 2007).
Podemos observar que desde o primeiro momento em que a educação física
começou a fazer parte dos programas escolares seus objetivos sempre foram o
desenvolvimento das valências fisiológicas (força e resistência) e das modalidades
esportivas, sendo que práticas educativas em saúde ocupavam espaço de pouca
significância nas escolas.
Nessa perspectiva, a função proposta aos professores de educação física é a
de incorporarem nova postura frente à estrutura educacional, procurando adotar em
suas aulas não mais uma visão de exclusividade à prática de atividades esportivas e
17
recreativas, mas, fundamentalmente, alcançarem metas voltadas à educação para a
saúde, mediante seleção, organização e desenvolvimento de experiências que
possam propiciar aos educandos não apenas situações que os tornem crianças e
jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um
estilo de vida saudável ao longo de toda a vida (GUEDES, 1999).
Percebemos o quanto a educação física tem valor nas questões de estímulo
aos educandos, pois de maneira lúdica, esportiva ou apenas de movimento,
podemos gerar o início de uma transformação na rotina dos estilos de vida de cada
criança e até de seus familiares.
Segundo Nahas (2013), para aumentarmos as possibilidades de influenciar no
comportamento futuro dos alunos, levando-os a hábitos de vida que incluam
atividades físicas regulares, a educação física deveria: proporcionar a aquisição de
conhecimentos sobre atividade física para o bem-estar e para a saúde em todas as
idades.
Diante das informações citadas anteriormente, acreditamos que este trabalho
de pesquisa, juntamente com os professores de educação física da Rede Municipal
de Ensino de Itajaí, possa resultar em ações positivas da promoção da saúde para
os alunos dentro da realidade escolar, não deixando de divulgá-las nos seus
respectivos lares.
A “profissão” de educador físico teve sempre a preocupação, no âmbito
escolar, em ensinar didaticamente o que se trata de movimento, esporte,
socialização, etc. Porém, a profissão veio crescendo de tal forma que as mudanças
começaram a surgir. As práticas de atividades físicas passaram a se estender
também em clubes, academias e até em órgãos públicos, utilizadas por pessoas que
adotaram hábitos mais saudáveis, deixando de ser sedentárias e passando a ser
pessoas ativas. Sendo assim, os cursos de graduação optaram por oferecer não
apenas a licenciatura, mas também a licenciatura plena. Segundo a mais recente
reestruturação do currículo dos cursos de graduação em educação física, a
Resolução CNE/CES nº. 7 (BRASIL, 2004), encontramos hoje os cursos de
graduação em dois formatos: licenciatura e bacharelado, devido à necessidade do
profissional bem atender em todas as áreas, escolar e não escolar.
Quando se fala em inclusão nas aulas de educação física, logo remete-se
aos alunos com necessidades especiais, esquecendo daqueles que são
considerados mais gordinhos perante a sociedade, os menos favorecidos de
18
coordenação motora e até os mais tímidos. Como professores de educação física,
precisamos ter a preocupação em não deixar que estes alunos sofram qualquer tipo
de discriminação em relação aos seus colegas. Por isso, a necessidade de
planejarmos aulas inclusivas e prazerosas, nas quais todos possam participar,
conforme sua individualidade. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs), os processos de ensino e aprendizagem e avaliação têm como meta a
inclusão do aluno na cultura corporal de movimento, por meio da participação e
reflexão concretas e efetivas (BRASIL, 1998, p. 19). Desta forma, estaremos
quebrando o paradigma histórico das aulas de educação física, que busca a seleção
de seres aptos e inaptos.
19
4 METODOLOGIA
Essa pesquisa de cunho qualitativo, pretendeu analisar e discutir a concepção
de saúde e promoção de saúde para professores de educação física e como são
trabalhadas nas respectivas unidades escolares.
Considerando essas questões, optamos por realizar uma pesquisa qualitativa,
pois entendemos que o enfoque qualitativo é de caráter interpretativo e busca a
compreensão particular daquilo que estuda. Conforme Ludke e Andre (1986)
proporciona uma compreensão aprofundada dos fenômenos. A pesquisa qualitativa
responde a questões muito particulares, ela trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos (MINAYO, 1995, p. 21-
22).
Além disso, como pretendeu-se discutir e construir com os professores uma
nova forma de atuar a educação física, faz-se necessário um autor ou autores que
subsidiassem esta empreitada. Com a necessidade de mediar uma visão crítica a
respeito de suas práticas, encontrou-se em Paulo Freire as ideias chave, ou seja,
partir da realidade e problematizá-la.
Como afirma Berbel (1998, p. 144):
A Metodologia da Problematização tem uma orientação geral como todo método, caminhando por etapas distintas e encadeadas a partir de um problema detectado na realidade. Constitui-se uma verdadeira metodologia, entendida como um conjunto de métodos, técnicas, procedimentos ou atividades intencionalmente selecionados e organizados em cada etapa, de acordo com a natureza do problema em estudo e as condições gerais dos participantes. Volta-se para a realização do propósito maior que é preparar o estudante/ser humano para tomar consciência de seu mundo e atuar intencionalmente para transformá-lo, sempre para melhor, para um mundo e uma sociedade que permitam uma vida mais digna para o próprio homem.
Como Bordenave e Pereira (1982) nos apresenta uma operacionalização
dessas ideias, adotamo-lo na implementação de nossa pesquisa por meio de seu
Arco de Maguerez.
A riqueza dessa metodologia está em suas características e etapas,
mobilizadoras de diferentes habilidades intelectuais dos sujeitos, demandando, no
entanto, disposição e esforços pelos que a desenvolvem no sentido de seguir
20
sistematizada mente a sua orientação básica, para alcançarmos os resultados
educativos pretendidos (COLOMBO; BERBEL, 2007).
Por meio da Figura 1, podemos ver o Arco de Maguerez, esquema proposto
por Bordenave e Pereira (1982).
Figura 1 - Arco de Maguerez.
Fonte: Bordenave e Pereira (1982).
Este arco é uma das estratégias de ensino-aprendizagem para o
desenvolvimento da problematização, como podemos observar, consta de cinco
etapas, sendo elas:
Primeira etapa – Observação da realidade:
É o momento em que os sujeitos participantes (professores de educação
física) estão ativos no processo, percebendo sua realidade com um olhar atento, no
qual devem ler e estudar o tema em pauta e que está acontecendo na vida real. É o
momento em que eles devem identificar os aspectos que necessitam ser
desenvolvidos, trabalhados, revisados ou melhorados.
21
Segunda etapa – pontos-chave:
É nesta etapa que os sujeitos escolhem todos os aspectos importantes que
observaram na realidade. É feito uma análise detalhada para identificar o que
realmente é considerado como ponto-chave do problema em questão, os quais
necessitam ser compreendidos melhor, para então uma possível resposta ao
desafio.
Terceira etapa – Teorização:
É o momento de construir respostas mais elaboradas para o problema. Os
dados obtidos, registrados e tratados, são analisados e discutidos, buscando-se um
sentido para eles, tendo sempre em vista o problema. Todo estudo, até a etapa da
teorização, deve servir de base para a transformação da realidade (COLOMBO;
BERBEL, 2007).
Quarta Etapa – Hipóteses de Solução:
Berbel (2007, p. 4) afirma que essa etapa é muito rica, por mobilizar mais uma
vez o potencial reflexivo e criativo dos participantes. É o início da elaboração de
alternativas viáveis para solucionar os problemas identificados, aproximando a teoria
da realidade.
Quinta Etapa – Aplicação à realidade:
Nesta etapa os sujeitos participantes colocam em prática as alternativas
elaboradas anteriormente, tendo possibilidade de construir novos conhecimentos e,
consequentemente, solucionar o problema, transformando a realidade estudada.
Considerando todos estes anseios e preocupações, juntamente com os
professores de educação física da rede municipal de ensino, acreditamos na
construção melhorada de um plano de ensino que contemple a todos os objetivos
pertinentes a um conceito de saúde ampliado e em conformidade com a promoção
da saúde atual.
Realizados quatro encontros como grupo de professores.
No 1º encontro - Fizemos a proposta de pesquisa e seus objetivos.
Acordamos o local, os dias e os horários de encontro convenientes ao grupo e
fizemos uma atividade de apresentação para que todos se conhecessem e
22
relatassem por que estavam participando do grupo e o que esperavam que estes
encontros trouxessem de benefícios à suas práticas. Foram feitas observações
conforme a realidade de atuação de cada profissional. Todo o processo de
discussão foi gravado e tomado em notas para estudo e compilação dos dados
levantados.
2º Encontro - A discussão foi a partir da análise das falas realizadas na oficina
anterior, na qual foram elencados os pontos-chaves, que foram relacionados a
temáticas envolvendo saúde e promoção da saúde. O andamento dos trabalhos foi
devidamente registrado em áudio e com notas.
3º Encontro - Após a discussão e a elaboração dos pontos-chaves, demos
início à teorização dos temas relacionados à educação física e à promoção da
saúde, quando trouxemos para as discussões artigos, livros e o relato de alguns
profissionais, os quais puderam ser indagados sobre a importância de trabalhar esta
temática nas aulas de educação física.
4º Encontro - Neste encontro, apontamos algumas alternativas, para que os
professores pudessem trabalhar em suas aulas temas relacionados à promoção da
saúde, sempre respeitando a diversidade e as peculiaridades de cada escola; dessa
forma, os sujeitos envolvidos nos encontros poderão mudar suas práticas e,
consequentemente, a sua realidade e a dos alunos envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem.
4.1 Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no município de Itajaí, localizado no litoral norte do
estado de SC, no sul do Brasil. O município tem por origem a colonização
portuguesa e luso-açoriana. Por estar no encontro de um grande rio, o Itajaí- Açu, e
o mar, Itajaí é reconhecida mundialmente por sua atividade portuária, sendo o
segundo porto do país em movimentação de cargas, e pela atividade pesqueira,
sendo polo de referência no Brasil. Segundo o senso do IBGE (2010), Itajaí tem uma
população de 183,373 pessoas.
Neste município, a Rede Municipal de Ensino é formada por 40 Escolas de
Ensino Fundamental; 57 Centros de Educação Infantil (creches); 7 Núcleos
Educacionais de Contraturno e um Centro Municipal de Educação Alternativa, que
23
atendem 28 mil alunos, com um corpo de 3 mil funcionários, entre professores,
agentes de atividade em educação, especialistas e servidores administrativos.
Por ser professor concursado da Secretaria Municipal de Educação, optei por
realizar esta pesquisa com os professores de educação física do município.
4.2 Sujeitos da pesquisa
O quadro funcional dos professores de educação física é composto por 139
profissionais. O convite para participar da pesquisa foi estendido a todos os
professores de educação física da rede municipal, sendo que o grupo se compôs por
15 profissionais, os quais foram selecionados por ordem de interesse, ou seja, os
primeiros 15 professores que manifestaram interesse em participar da pesquisa
foram selecionados a fazer parte desta discussão.
4.3 Procedimentos éticos
Esta dissertação foi inicialmente enviada ao SISNEP para que fosse
cadastrada. No preenchimento da folha de rosto do SISNEP, foi providenciada a
assinatura de aquiescência da Instituição participante, no caso, a Prefeitura
Municipal de Itajaí/Secretaria Municipal de Educação. Para obter o aceite da
instituição, fiz contato com a administração para agendamento de um momento,
objetivando expor o tema da pesquisa e obter a aquiescência para realizar o estudo.
Para a realização da pesquisa, foi entregue e assinado um termo de solicitação à
instituição.
Imediatamente, foi enviado e submetido ao parecer da Comissão de Ética em
Pesquisa da UNIVALI, para que sua execução fosse aprovada pelos padrões da
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) por meio do Parecer nº.
581/2000.
Após a obtenção do deferimento da instituição e a aprovação do CEP,
convidamos o grupo de professores a participar desta investigação, mediante
entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), dando-lhes clareza
do que rege a Resolução 196/96 e esclarecendo-lhes de que não correm o risco de
serem constringidos a participar, podendo não fazê-lo ou não participar a qualquer
momento do desenvolvimento dos grupos, mesmo após o início da coleta dos dados
24
propriamente dita. Fornecemos duas vias do TCLE, sendo uma pertencente ao
entrevistado e outra ao pesquisador. Os participantes rubricaram as duas vias do
TCLE. O risco da investigação é de que os dados transcritos do grupo sejam
extraviados. Neste sentido, tomamos o cuidado de usar dois gravadores e fazer
cópia das transcrições. Justificando a necessidade premente de estabelecer uma
relação ética na execução da pesquisa, o propósito do presente estudo foi elucidado
às pessoas envolvidas, para que conhecessem a lógica do processo, bem como sua
contribuição iminente como membros integrantes.
Ressalto que os resultados obtidos no estudo serão manuseados somente
pelo pesquisador e seu orientador, envolvidos no trabalho e que poderão ser
divulgados e publicados por meio de artigos ou em eventos científicos.
Farei o convite à instituição participante da pesquisa para a apresentação
pública deste estudo no Curso de Mestrado de Saúde e Gestão do Trabalho. Após a
defesa pública e as possíveis sugestões elencadas pela banca, será entregue uma
cópia do trabalho à instituição.
O anonimato dos participantes da pesquisa será garantido, os quais puderam
desistir, a qualquer tempo, da mesma, sem que houvesse transtornos ou
necessidade de esclarecimento de seus motivos.
Os benefícios da investigação foram esclarecidos aos participantes, ou seja,
eles tiveram a oportunidade de discutir suas práticas profissionais e o mestrando as
levará à instituição para que sejam contempladas quando da confecção de um novo
plano de ensino.
25
5 RESULTADOS DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada entre os dias quinze de março e três de maio do ano
de dois mil e treze, tendo como local para os encontros a Secretaria Municipal de
Educação de Itajaí. Optei por este local, tendo em vista a acessibilidade para todos
os pesquisados e também por dispor de diversos materiais, como: auditório, data-
show, quadro branco, aparelho de som, entre outros. Ficou acordado com os
professores que os encontros fossem realizados às sextas-feiras com horário de
início às 08h30min. Dos quinze professores contatados para participar da pesquisa,
obtivemos a participação de dez professores, sendo que seis deles estiveram com a
participação de 100% de frequência. As falas foram gravadas com intuito de melhor
transcrição dos resultados, já que havia diferentes conceitos e opiniões, realidades
escolares divergentes, comunidades de atuação diferentes de cada realidade,
tornando a discussão relevante para o resultado do estudo.
A partir dos encontros, foi possível aplicar, em partes, a metodologia do Arco
de Maguerez, formada pelas seguintes etapas: observação da realidade, pontos-
chaves, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade. Ressalto a
escolha dessa metodologia em função de ser aplicada em estudos qualitativos, pois
trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos
e dos fenômenos (MINAYO, 1995).
Os encontros aconteceram em um formato dinâmico, nos quais todos os
participantes puderam expressar suas ideias e até algumas angústias com
liberdade. Organizei o grupo em círculo, facilitando o contato visual de todos e
deixando-os mais próximos, excluindo aquela ideia de que o palestrante fala e os
ouvintes sentam em fileiras para escutar.
Procurei conduzir cada encontro com serenidade, dando as minhas
contribuições, mas, preferencialmente, deixando-os expor seus conhecimentos e
suas realidades sem a interferência das minhas colocações. Considero esse fator
fundamental, pois foi aí que pude perceber de fato como o tema abordado nesta
dissertação esta presente na realidade dos professores de educação física. A partir
daí os estudos foram mais conduzidos por mim, claro que houve, sem dúvida,
assuntos e materiais trazidos também pelos participantes. Foram momentos
26
importantes, em que pude perceber o crescimento no conhecimento em tão pouco
tempo.
Convêm esclarecer que, em função dos aspectos éticos descritos no termo de
consentimento, atribuí nomes fictícios para os participantes da pesquisa.
5.1 Encontros
5.1.1 Conhecendo a pesquisa
O primeiro encontro foi realizado no dia 15/03/13 no auditório da Secretaria
Municipal de Educação de Itajaí, com início às 08h30min, quando os participantes
foram acolhidos com boas-vindas, seguidas do agradecimento pela presença de
todos. Iniciei com a entrega do termo de participação do sujeito e o termo de
consentimento, que todos preencheram e assinaram. Foi acordado o dia e o horário
do próximo encontro, ficando então marcado o segundo encontro para o dia
22/03/2013 às 08h30min no mesmo local. Para que todos se sentissem à vontade e
acolhidos, foi realizada uma dinâmica, na qual os participantes deveriam expor, por
meio de desenho, pintura ou rabiscos em uma folha de papel, o significado do seu
nome, na tentativa de demonstrar o que o nome significa para si. Todos
apresentaram seus nomes de maneira clara e descontraída, deixando o grupo mais
aberto e à vontade para as discussões seguintes.
Após encerrada esta etapa, apresentei o título da pesquisa, a questão
problema, os objetivos gerais e específicos e a metodologia. Esclareci sobre a
metodologia e também a importância da participação dos professores na execução
da pesquisa, pois os sujeitos são participantes ativos, podendo trazer a realidade do
assunto para ser discutido dentro do grupo em estudo.
Em seguida, falei sobre os quatro encontros que contemplariam a pesquisa,
iniciando pelo primeiro encontro, composto pelas apresentações, dinâmica,
apresentação do trabalho e construção do mapa conceitual. O segundo encontro foi
programado para retomada do mapa conceitual, a observação da realidade e a
elaboração de pontos-chaves a serem estudados. Já no terceiro encontro, faz-se
necessário a teorização, ou seja, o estudo científico a partir dos pontos-chaves
elencados pelo grupo e a continuação do estudo. No quarto encontro, o grupo
poderia eleger hipóteses de solução que poderia ajudar na melhora da qualidade do
27
processo de ensino-aprendizagem nas aulas de educação física. Em seguida, a
retomada com discussões sobre o tema em questão, que possibilite ao grupo criar
estratégias para atuar na realidade.
5.1.2 Observação da realidade, situação problema
Ainda no primeiro encontro, conduzi o grupo a estabelecer a situação
problema, ou seja, a observação da realidade. Entreguei papel e caneta a todos,
pedindo para escreverem com suas palavras o que entendiam por saúde e
promoção da saúde. O grupo foi organizado novamente em círculo, local em que
começou a discussão sobre os temas.
Nesse encontro os pesquisados puderam expor seus entendimentos sobre
saúde e promoção da saúde no âmbito da realidade escolar. Para o participante da
pesquisa, definido nesse trabalho como Joel, “saúde é autoestima, atividade física,
ausência de doença, boa alimentação, já a promoção de saúde se enquadra em
forma de palestras, programas de saúde”.
Segundo a professora Gisela, “saúde é um completo estado de bem estar
físico, social e emocional, promoção da saúde ela se refere como um conjunto de
ações governamentais e não governamentais como: moradia, lazer, atividade física,
equilíbrio nos relacionamentos, no setor financeiro”, enfim, fatores que ela cita como
primordiais se forem postos em prática para alcançarmos um completo estado de
saúde.
O professor José concorda quando a professora Gisela e fala sobre o apoio
do governo sobre a moradia (incluindo esgoto, água potável, etc.), ele faz uma
associação à sua realidade escolar, momento que demais professores aproveitam
para fazerem comentários sobre o assunto.
Outra questão abordada pelo grupo que se refere à saúde e à promoção da
saúde diz respeito à conscientização levada aos alunos, consequentemente, aos
seus familiares e à comunidade, trabalho este que deve ser executado pelos
professores de forma interdisciplinar.
A professora Angela conta sobre o projeto executado em sua escola
envolvendo alimentação saudável, reconhecimento de rótulos, valores calóricos,
sódio, etc., levando seus alunos à reflexão na hora de suas escolhas alimentares.
28
O professor Junior também fala da importância do trabalho em conjunto com
a escola para obter melhores resultados e, em seguida, diz que saúde está
relacionada à prevenção da saúde, à qualidade de vida, em que muitas vezes o
corpo pode estar bem fisiologicamente, mas a falta do lazer pode deixar o indivíduo
chateado, com stress, etc.
Esta questão também foi comentada pelo grupo que, em comum, diz que para
ter saúde não basta estar com o corpo saudável, e sim com o corpo e a mente em
estado de equilíbrio.
O professor Joaquim diz que “saúde é um conceito e que promoção da saúde
é colocar aquilo em prática. Saúde é um completo estado de bem estar físico, social
e mental, já a promoção da saúde são as ações prá isso”.
Faço nesse momento um comentário em relação às falas do grupo, dizendo o
quanto o primeiro encontro contribuiu para a proposta da pesquisa, pois imaginava
encontrar visões diferentes em relação aos conceitos e às diferenças entre saúde e
promoção da saúde. Falo também que acredito, por se tratar de um grupo voluntário,
que seja uma turma disposta a estudar, provavelmente professores “mais
esclarecidos”, motivo este facilitador nesse processo de discussão.
Dando continuidade, propus a criação do mapa conceitual, que pode ser
utilizado como forma de organização do conhecimento. O mapa conceitual é apenas
um meio para se alcançar um fim. Ele pode configurar-se como uma estratégia de
ensino-aprendizagem ou uma ferramenta avaliativa, entre outras diversas e
multifacetadas possibilidades (SOUZA; BORUCHOVITCH, 2010). Cada participante
colou suas anotações e, por fim, sugeri que o grupo, em conjunto, montasse um
conceito de saúde e de promoção da saúde, a partir dos conceitos criados
individualmente. O professor Joaquim leu em voz alta para todos, complementando
que essas seriam as ideias do grupo: “Saúde é um estado de bem estar físico, social
e mental”. “Promoção da saúde são ações de educação em saúde e intervenções
reflexivas e práticas”.
Embora este grupo demonstrasse interesse e algumas noções sobre o
assunto, percebo com clareza uma conceituação ainda voltada ao conceito
biomédico, enfatizando muito a ausência de doenças e o pleno estado de bem-estar.
Tomei a palavra novamente, agradecendo a participação de todos, falando
sobre a importância desse momento para a realização dos objetivos.
29
O segundo encontro aconteceu no dia 22/03/2013, iniciando às 8h30min com
o acolhimento de boas-vindas e, em seguida, cada participante respondeu um
questionário, constando dados referentes à situação profissional, à formação, à faixa
etária, ao tempo de docência, entre outros.
A pesquisa revelou que apenas um professor participante desse grupo
encontra-se na situação de ACT, os demais professores são efetivos na rede
municipal de ensino de Itajaí.
Cinco dos participantes apresenta faixa etária entre 31 e 40 anos, apenas um
participante entre 20 e 30 anos.
Referente à formação acadêmica, todos são graduados em Educação Física,
havendo diferença no tempo de conclusão do curso. Três participantes são
formados há mais de seis anos, e os outros três são formados há mais de onze
anos.
Já em relação à pós-graduação (especialização), 100% dos participantes
concluíram seus cursos na seguinte classificação: fisiologia (dois participantes),
psicomotricidade (um participante), recreação (um participante),
avaliação/musculação (um participante), MBA Saúde (um participante). O tempo de
exercício docente de um dos participantes é de 3 a 5 anos, dois participantes têm o
tempo de exercício docente entre 6 e 10 anos e três dos participantes têm o tempo
de exercício docente entre 11 e 15 anos.
Todos os participantes atuam no ensino fundamental no município de Itajaí,
sendo que dois desses participantes atuam também na educação infantil da mesma
rede de ensino. Cabe ressaltar que cinco desses participantes atuaram na educação
infantil e três deles atuaram no ensino médio.
O tempo de exercício docente na rede municipal de ensino de Itajaí mostrou-
se bem diversificado, da seguinte maneira: entre 0 e 2 anos (dois participantes),
entre 6 e 10 anos (1 participante) e entre 11 e 15 anos (três participantes).
Após a identificação do perfil do grupo, foi iniciada a revisão do mapa
conceitual elaborado no último encontro, considerando as informações nele
explícitas e, consequentemente, levando o grupo de estudo à observação da
realidade. Nesta etapa da realidade, foi possível observar como se encontra o tema
da pesquisa nas diferentes unidades escolares e suas comunidades.
A professora Gisela relatou como a alimentação está precária no seu âmbito
escolar, precária pela falta de conscientização na hora das escolhas das crianças.
30
Ela fala ainda que algo lhe chamou atenção nesta última semana. Após o primeiro
encontro, ela acompanhou um grupo de alunos para um projeto externo, no qual os
alunos deveriam levar seus lanches, causando certo impacto quando no momento
do lanche todos abriram seus salgadinhos (chips) e refrigerantes. Acrescentou que
sua própria visão começou a ser mais crítica após a discussão realizada pelo grupo
no primeiro encontro, gerando nela o início de uma mudança.
Nesse momento, houve a intervenção da professora Maria, citando um projeto
realizado na sua unidade escolar, chamado NEC DINDIM, em que os alunos trazem
latinhas de alumínio e trocam pelo “dinheirinho do projeto”. Com esse “dinheirinho”,
os alunos podem comprar coisas dentro da unidade escolar, coisas estas que são
providenciadas pelo corpo docente por meio da arrecadação das latinhas. Esta seria
uma pratica relacionada a educação em saúde na escola que segundo, Focesi
(1992), pode gerar uma consciência mais critica no educando, resultando em
praticas de promoção, manutenção e recuperação de sua saúde e da comunidade
em qual faz parte.
Aproveitei o assunto para intervir dizendo que, aparentemente, esta ação não
seria da disciplina de educação física, mas que, com certeza, está levando os alunos
à promoção da saúde por meio da reflexão e da conscientização que este “pequeno
comércio” pode influenciar nas escolhas corretas desses alunos e,
consequentemente, de seus familiares.
O professor Joel comenta que atua nas séries finais e que encontrou grandes
dificuldades com a resistência dos alunos, quando se tratava de assuntos
relacionados a temas como ergonomia, saúde e aulas expositivas dialogadas, pois
os alunos queriam pura e simplesmente “jogar bola”, nada de ficar em sala de aula.
Foi de comum consenso do grupo que esta é uma realidade muito difícil de
ser mudada, pois todos encontram grande resistência por parte dos alunos e,
algumas vezes, do corpo docente.
A professora Ângela apresentou ao grupo seu plano de aula do ano letivo
2012, contendo as atividades que a mesma relatou anteriormente, relacionadas à
saúde, ou seja, os trabalhos escritos, de pinturas, colagens, dobraduras ambos
relacionados ao tema em estudo. O grupo a parabenizou pela iniciativa e capricho
do seu trabalho.
31
Nesse momento, fiz um breve comentário sobre as observações da realidade,
sugerindo que o grupo elencasse o que poderia ser classificado como pontos-
chaves.
O grupo participante da pesquisa levantou como pontos-chaves alguns
questionamentos em relação ao conhecimento que o professor de educação física
tem sobre saúde e promoção da saúde, a forma com que a escola contribui no
processo de ensino-aprendizagem sobre saúde e promoção da saúde e como esse
conhecimento é transmitido aos alunos.
O terceiro encontro aconteceu dia 19/04/2013, no mesmo local e horário
preestabelecidos.
5.1.3 Pontos-chaves
O método utilizado propõe que os pontos-chaves sejam elaborados pelo
grupo participante da pesquisa. Após fazerem uma análise para identificá-los, o
grupo chega à conclusão então que os pontos-chaves são:
Como envolver as unidades de saúde no auxílio às informações fornecidas aos
alunos sobre doenças e patologias.
Como levar aos alunos e aos familiares a melhor maneira de alimentar-se,
pensando em sua saúde e relacionando com sua realidade diária.
Como oportunizar ao aluno a consciência corporal desde uma avaliação física até
a utilização de vestimentas e do mobiliário escolar.
Como mostrar ao aluno a importância da atividade física com a possibilidade de
inclusão a todos, diferenciando do esporte de rendimento.
Como integrar nos planos de aula das disciplinas de Educação Física a
importância dos primeiros socorros em caso de emergência e,
consequentemente, como são os atendimentos do sistema único de saúde e de
alguns planos privados de saúde.
Como desenvolver competências dos professores de educação física da rede
municipal de ensino de Itajaí para contemplarem conteúdos de saúde e promoção
de saúde nos seus planos de aula.
Como conscientizar os alunos da importância dos cuidados com o meio ambiente
para um futuro mais sustentável.
32
5.1.4 Teorização
Ao iniciar a teorização, fiz uma breve explanação sobre alguns documentos e
autores que norteiam a discussão sobre o conceito de saúde; segundo o relatório da
Carta de Ottawa, para alguém esteja em pleno estado de saúde, depende de
variáveis como paz, habitação, educação, alimentação, justiça social, renda e
equidade (CONFERÊNCIA..., 1986). Conforme Buss (2009), a promoção da saúde
busca modificar positivamente as condições de vida; aponta para transformação do
processo individual de tomada de decisão em busca de uma melhor qualidade de
vida e saúde; orienta para o fortalecimento comunitário com decisões coletivas,
visando ao favorecimento das condições de bem-estar e saúde. Acrescento que
estas informações, quando trabalhadas nas aulas de educação física, podem gerar
mudanças comportamentais nos alunos e no meio em que ele está inserido.
Vale ressaltar novamente que alguns professores já realizam em suas aulas
alguns dos temas aqui abordados, como, por exemplo, em relação ao ponto-chave
1. O professor Junior relata o trabalho realizado em sua escola sobre o Aedes
aegypti, em que ele apresenta alguns vídeos mostrando todo o processo de
reprodução e criação do mosquito. Após algumas aulas, os próprios alunos
comentavam com ele: “Professor, vamos caçar as larvinhas do mosquito?”,
provando de fato interesse do aluno pelo assunto e aceitação da turma. Penso que
isso não seria o bastante, como podemos observar na colocação feita por Batistella
(2007), na qual a promoção da saúde estaria relacionada a questões sociais,
políticas e econômicas, havendo nesse caso, a necessidade de contextualizar o
assunto, fazendo de certa forma o aluno entender por que o mosquito está se
reproduzindo naquela localidade, quais os fatores que o influenciam na reprodução
dele, problematizando com eles a importância de aprender sobre este e outros
assuntos. Cabe dizer que mesmo não sendo o bastante percebe-se que a estratégia
utilizada pelos professores parece ser um começo de um pensar promoção da
saúde.
Outro trabalho que merece destaque, relacionado ao ponto-chave 2, é o da
professora Angela, que coloca para o grupo seu trabalho realizado durante o ano
inteiro sobre “alimentação e saúde”. O projeto permite a conscientização dos alunos,
dos familiares e do corpo docente sobre alimentação e saúde. Além do caderno de
planejamento diário que ela já havia apresentado ao grupo anteriormente,
33
compartilhou alguns vídeos de animação envolvendo a educação nos temas de
alimentação e saúde, práticas estas que segundo a professora foi bem aceita por
todos os envolvidos, direta ou indiretamente.
É possível dizermos que a prática da professora está inserida nos Programas
de Educação em Saúde que, conforme Neves (2005), devem ser implementados
nas escolas ou na comunidade, não se restringindo a fornecer os conceitos sobre
nutrição. Cabe ressaltar que os Programas de Educação e Saúde devem observar
os recursos disponíveis e a formação cultural da região, permitindo que as vivências
de práticas de saúde ocorram pela valorização da qualidade dos alimentos durante
as refeições, na merenda ou nas cantinas escolares. Além da conscientização sobre
as consequências de uma alimentação inadequada para o indivíduo, ou seja, para
um programa de educação nutricional ser bem-sucedido, é essencial que seja
efetivado no dia a dia do estudante (NEVES, 2005).
A professora Maria lembra a importância da realização de projetos como, por
exemplo, NEC DINDIM, com intuito de levar a conscientização das boas escolhas e
até do cuidado com o meio ambiente para um futuro melhor. Assunto esse
relacionado ao ponto-chave 7.
O tema “ergonomia e hábitos posturais”, relacionado ao ponto-chave 3, foi
conteúdo do projeto realizado pelo professor Joaquim e seus alunos da rede pública
municipal, vencedor do prêmio mérito educacional no ano de 2012, reconhecimento
dado aos melhores projetos do município. Tal projeto, com auxílio do professor,
tentou não só conscientizar, mas levar seus alunos a refletir sobre ergonomia e
hábitos posturais, bem como o mobiliário de mesas, cadeiras e armários da escola,
de que forma poderiam ser adaptados à realidade de cada aluno, diminuindo a
possibilidade de possíveis problemas de saúde relacionados à postura. A
preocupação com a ergonomia e com os hábitos posturais é tema de alguns
estudos. Para Moro et al. (1997), o mobiliário escolar, juntamente com outros fatores
físicos, é um elemento da sala de aula que influi diretamente no desempenho, na
segurança, no conforto e no comportamento dos alunos. Tendo em vista que o
mobiliário determina a configuração postural dos alunos e, consequentemente,
impõe esforços, dispêndios e constrangimentos, este mantém relação direta com
absorção de conhecimento (NUNES et al., 1995).
Com relação ao ponto-chave 6, o grupo destacou ainda temas como: “linhas
pedagógicas da educação física”, as quais têm o intuito de mostrar para os alunos a
34
opção de alguns professores por trabalharem numa linha mais voltada para o
desporto, já outros priorizam o trabalho com atividades lúdicas ou ainda numa
perspectiva da saúde. Sobre essa questão, percebemos que “atualmente coexistem,
na área de educação física, várias concepções, todas elas tendo em comum a
tentativa de romper com o modelo mecanicista, fruto de uma etapa recente da
Educação Física” (DARIDO, 2003, p. 14). Existem inúmeras opções e possibilidades
de atuação que podem ser abordadas pelo profissional de educação física, tais
como: Desenvolvimentista, Construtivista-Interacionista, Crítico - Superadora,
Sistêmica, Psicomotricidade, Crítico-Emancipatória, Cultural, Jogos Cooperativos,
modelo de Saúde Renovada e também aquela relacionada aos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), a qual tem papel relevante na construção do
pensamento pedagógico nacional (DARIDO, 2003, p. 15).
Foi comentado pelo grupo também a importância de ser discutido com os
alunos a diferença entre “esporte de rendimento e atividade física”, assunto este
relacionado ao ponto-chave 4. Esta é uma explanação que considero de grande
valia, fazendo com que o aluno entenda que as “aulas de educação física” não
sejam o local para aplicação de modalidades esportivas de rendimento, e sim para
incluir nas aulas práticas de diferentes tipos de atividades físicas, fazendo desta
forma que o aluno, envolvido no processo ensino-aprendizagem, possa ter mais
opções e saiba realizar a melhor escolha.
A professora Gisela aproveita a fala do grupo e ressalta que, juntamente com
este tema, podemos trabalhar os tipos de roupas e de “calçados adequados” para a
prática de atividades físicas. Tema este relacionado ao ponto-chave 3. Todos
concordaram quando foi relatado em se trabalhar com os alunos sobre a
“consciência corporal”. Entendo que este assunto seja relevante, pois vai ao
encontro dos objetivos do Ministério da Educação Brasileiro (MEC), o qual propõe
que o aluno seja capaz de conhecer o próprio corpo e cuidar dele, valorizando e
adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e
agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva (MEC,
1998).
O professor José trouxe para o grupo a importância de realizarmos uma
“avaliação física” com os alunos e discutirmos com eles alguns índices e parâmetros
para cada faixa etária.
35
Dois tópicos levantados pelo grupo, relacionado ao ponto-chave 1, e que
merecem destaque são “Doenças Crônicas não Transmissíveis” e “Doenças
Crônicas Transmissíveis”, pois envolveria não só a comunidade escolar, mas
também teria um trabalho direto das unidades de saúde, juntamente com a
possibilidade de mostrar para os alunos as diferenças entre “planos de saúde e
Sistema Único de Saúde”, tendo como objetivo gerar nestes alunos uma consciência
mais crítica quanto ao funcionamento dos mesmos e ter a possibilidade de buscar
seus direitos com maior respaldo. Para Focesi (1992) a educação em saúde na
escola gera a formação de uma consciência critica, resultando nas boas escolhas
que o indivíduo venha a ter, promovendo a manutenção e a recuperação da própria
saúde e da comunidade em que está inserido.
O professor Joaquim novamente interfere dando sua opinião a respeito da
“inclusão”, tema do ponto-chave 4, que se fala tanto nas escolas e na mídia e pouco
se põe em prática na realidade. Ele comenta o fato de ter que escolher alunos, ou
“os melhores alunos” para participar dos jogos da rede, dificultando o trabalho de
inclusão, pois o menos favorecidos em coordenação motora, o mais gordinho, o
mais lento, com certeza, não serão escolhidos nem pelo professor e nem pelo
próprio grupo de colegas de classe. Nesse momento o grupo concorda, salientando
que é um assunto que deve ser pensado com carinho, pois necessita de mudança.
Acrescento esta fala dizendo que esse tipo de situação se refere também aos mais
tímidos, aos portadores de necessidades especiais, que na maioria das vezes ficam
apenas cumprindo hora nos braços da monitora.
O princípio da inclusão é uma proposta que destaca uma educação física na
escola dirigida a todos os alunos, sem discriminação (DARIDO, 2003). Ressalta o
autor também a importância da articulação entre aprender a fazer, a saber, porque
está fazendo e como relacionar-se neste fazer, explicitando as dimensões dos
conteúdos procedimental, conceitual e atitudinal, respectivamente.
Em algumas unidades escolares é possível encontrar, ainda, professores que
atuam com esta visão competitiva, preocupados com o resultado dos jogos
escolares, sendo que nossa preocupação deveria ser em incluir todos e levá-los a
uma reflexão saudável sobre atividade física, antes da prática propriamente dita,
para que eles possam realizar suas escolhas, seja ela qual for. Assim, como afirma
Guedes (1999), a função proposta aos professores de educação física é a de
36
incorporarem nova postura frente à estrutura educacional, conduzindo seus alunos a
optarem por um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida.
Em seguida, ofereci alguns artigos para que os participantes pudessem fazer
a leitura dos mesmos e, consequentemente, discuti-los.
Ressalto que os artigos foram escolhidos levando em consideração a
temática que envolvia a pesquisa: saúde, promoção da saúde e educação física
escolar. Apresentei os artigos aos professores, que tiveram a oportunidade de
escolher livremente sem qualquer interferência de minha parte.
A professora Gisela pediu a palavra e citou o artigo que leu. “Promoção da
Saúde na Escola Através das Aulas de Educação Física” de autoria de Juliana Marin
Orfei e Viviane Portela Tavares. Comentou que a pesquisa realizada no artigo
aconteceu em Londrina, Paraná, com intuito de entender o que alunos daquela
realidade vivenciavam nas aulas de educação física, desde a regularidade e a
intensidade das atividades realizadas. Ela acrescenta que ficou claro que as
realidades são muito parecidas, já que as atividades realizadas nas aulas são de
baixa intensidade, com pouco tempo e regularidade, não trazendo grandes
benefícios na promoção da saúde. A metade da aula de educação física é destinada
à organização da turma e o restante do tempo geralmente com esportes
competitivos. Percebemos aí a importância desse tempo para tentarmos, como
professores de educação física, abordarmos uma postura não de exclusão do
esporte e do lúdico, mas também metas de educação para saúde, incorporando nos
nossos alunos a capacidade de boas escolhas para a saúde, desde atividade física
regular, até alimentação adequada e integração.
A professora Gisela aproveita a fala dizendo o quanto foram úteis esses
encontros, a maneira como percebia a saúde e como entende hoje, um conjunto de
ações, de vários setores, mas que com certeza cabe a nós educadores físicos
começarmos essas melhorias na educação para saúde.
O professor Joaquim comenta sobre empoderamento, referente ao artigo que leu, de
Sergio Resende Carvalho, intitulado, “Os múltiplos sentidos da categoria,
“empowerment” no projeto de Promoção à Saúde”. Fala da importância do indivíduo
ser capaz de autogerenciar suas atitudes a partir do momento que ele consegue
estabelecer conceitos e objetivos do que julga ideal para si e para seu entorno.
Pensamento este que vai ao encontro do colocado por Buss (2000), quando ressalta
que o incremento do poder técnico e político das comunidades (empowerment) na
37
fixação de prioridades, na tomada de decisões e na definição e implementação de
estratégias para alcançar um melhor nível de saúde é essencial nas iniciativas de
promoção da saúde. Nessa perspectiva, o “empowerment education” busca
contribuir para a emancipação humana por meio do desenvolvimento do
pensamento crítico e do estímulo a ações que tenham como objetivo realizar a
superação das estruturas institucionais e ideológicas de opressão (CARVALHO,
2004).
A professora Angela e o professor José não citam os artigos que leram, mas
relatam com entusiasmo a forma como esse estudo provocou mudanças na maneira
de pensar a saúde lá na escola, nas aulas de educação física, o quanto se pode
fazer para dar incentivo à promoção da saúde.
5.1.5 Hipóteses de solução
Aconteceu dia 03/05/2013 o último encontro deste grupo de pesquisa, o qual
iniciei dando bom dia a todos. Um dos participantes relata novamente a resistência
que o grande grupo de professores de educação física da rede municipal tem em
acatar mudanças, alegando que já está tudo muito difícil, que os professores já
fazem muito, para que aumentar mais conteúdos no plano anual de ensino. Esse
assunto gerou discussão no grupo que levou buscar hipóteses de solução.
Segundo o grupo, no atual plano de ensino, o tema saúde é tratado de forma
transversal, uma vez por bimestre, sem definição do assunto a ser trabalhado e não
importando o ano (série) de cada turma. Nessa perspectiva, a função proposta aos
professores de educação física é a de incorporarem nova postura frente à estrutura
educacional, procurando adotar em suas aulas não mais uma visão de exclusividade
à prática de atividades esportivas e recreativas, mas, fundamentalmente,
alcançarem metas voltadas à educação para a saúde, mediante seleção,
organização e desenvolvimento de experiências que possam propiciar aos
educandos, não apenas situações que os tornem crianças e jovens ativos
fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida
saudável ao longo de toda a vida (GUEDES, 1999).
Foi relatada pelo grupo a importância de inserir a disciplina de saúde nos
currículos de graduação em educação física, já que percebemos a falta de preparo
dos professores em relação a este assunto. Seria importante que os novos
38
profissionais de educação física fossem formados, tendo no currículo conteúdos de
saúde e promoção da saúde que permitisse mudar a forma de atuação.
O grupo discutiu também sobre cursos e treinamentos que a rede municipal
de ensino deveria proporcionar aos professores de educação física, sendo
palestrante externo com visão ampla dos diversos fatores que envolvem a saúde.
Falamos da importância de incluir todos os alunos nas aulas de educação
física, inclusive em eventos esportivos, pois sempre há aqueles que não são
selecionados por falta de habilidade, além de proporcionar aulas prazerosas,
utilizando dinâmicas, recursos tecnológicos, entre outros, a fim de gerar o interesse
dos alunos para que todos, sem exceção, participem sem nenhum constrangimento
e com muito prazer.
O grupo sugeriu criar um evento esportivo cooperativo e de regularidade. Este
evento seria realizado no decorrer do ano letivo e teria uma maior variação de
alunos que participariam destas atividades, possibilitando desta forma a vivencia de
todos.
O grupo de pesquisa pensou como uma importante hipótese de solução
oferecer para as escolas a apresentação deste trabalho, auxiliando e divulgando o
tema saúde, começando pela equipe docente e administrativa da escola e,
consequentemente, se houver interesse da unidade escolar, apresentar de forma
mais lúdica para algumas turmas de aula. Nesse momento, o grupo se colocou à
disposição para aplicação dessas apresentações, caso aconteça de fato.
Em seguida a este assunto, o grupo sugeriu que o professor deva dar o
exemplo de hábitos saudáveis e conscientizar seus alunos a boas escolhas, pois
como vamos recomendar uma perspectiva saudável se estivermos demonstrando
uma realidade não ideal?
Outra hipótese de solução que o grupo levantou foi a ideia de criar um
seminário ao fim do ano sobre boas práticas que foram realizadas durante o ano
letivo envolvendo os temas de saúde em parceria com a educação física, além de
oferecer à Secretaria de Educação encontros para trocas de experiências já
vivenciadas por este grupo de pesquisa em seus ambientes escolares, juntamente
com os demais professores de educação física da rede municipal, que poderão
também expor suas práticas, caso seja do seu interesse.
O grupo finalizou as hipóteses de solução com a ideia de propor uma parceria
entre as escolas e as unidades de saúde, havendo uma proximidade maior da
39
escola com a saúde, facilitando o entendimento sobre doenças, prevenção, entre
outros, em que a escola poderá ter o apoio dos agentes de saúde, enfermeiros,
médicos e dentistas com relação a esclarecimentos e até mesmo alguns
atendimentos.
Pedi a palavra, levantando uma questão: como eles, professores de educação
física, participantes deste grupo de pesquisa, conceituam a saúde e a promoção da
saúde hoje, após os quatro encontros?
O grupo mostrou-se alinhado nas suas respostas, conceituando saúde não
apenas pela ausência de enfermidades, ou pelo corpo saudável, mas sim pelo
conjunto dos fatores, como o social, físico, emocional; e fatores externos, como
saúde pública, moradia, lazer, pois a promoção da saúde se dá por meio de ações
realizadas por intermédio desses fatores, para então o indivíduo chegar a um estado
de saúde.
Retomei a fala colocando para o grupo que eles conseguiram, de certa forma,
ter um entendimento amplo sobre o tema em questão, mas enfatizando que não
devemos ficar apenas em nossas discussões. Hoje, temos a possibilidade de acesso
a inúmeros estudos científicos que podem nos dar subsídios para aprimorarmos
nossa prática. Despeço-me com agradecimento pela presença de todos.
5.2 Discussão dos Resultados
Após encerrado os encontros, pude observar os conceitos sobre saúde e
promoção da saúde que o grupo mencionou ter entendido e compará-los com alguns
autores destacados no referencial teórico, conforme podemos visualizar no Quadro
2.
Quadro 2 – Comparação entre conceitos teóricos e os conceitos construídos pelo grupo
GRUPO AUTORES
Saúde
Segundo a professora Gisela, “saúde é um completo estado de bem estar físico, social e emocional”. O professor Joaquim diz que “saúde é um conceito”.
Para o professor Joel, “saúde é autoestima, atividade física, ausência
Czeresnia e Freitas (2009), na Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada em Ottawa (1986), postula a ideia da saúde como qualidade de vida resultante de um complexo processo condicionado por diversos fatores, tais como, entre outros, alimentação,
40
GRUPO AUTORES
de doença, boa alimentação”. justiça social, ecossistema, renda e educação.
O relatório final da conferência nacional de saúde aponta que saúde é a garantia, dada pelo Estado, de condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade (CONFERÊNCIA..., 1986).
Promoção da Saúde
O professor Joaquim ressalta que “promoção da saúde é colocar o conceito de saúde em prática. Para o professor, Saúde é um completo estado de bem estar físico, social e mental, já a promoção da saúde são as ações prá isso”. Para a professora Gisela, promoção da saúde se refere a “um conjunto de ações governamentais e não governamentais como: moradia, lazer, atividade física, equilíbrio nos relacionamentos, no setor financeiro”, enfim, fatores que ela cita como primordiais se forem postos em prática para alcançarmos um completo estado de saúde.
O professor Joel fala que “promoção de saúde se enquadra em forma de palestras, programas de saúde”.
A conferência de Ottawa (CONFERÊNCIA...,1986) definiu promoção da saúde como: “[...] o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente [...]”.
Para Gutierrez, (1997 p. 117 apud BUSS, 2009, p. 23), “Promoção da
Saúde é o conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional, governamental ou da cidadania, orientados a propiciar a melhoria das condições de bem-estar e acesso a bens e serviços sociais, que favoreçam o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e comportamentos favoráveis ao cuidado da saúde e o desenvolvimento de estratégias que permitam à população maior controle sobre sua saúde e suas condições de vida, a níveis individual e coletivo”.
Fonte: Elaboração própria.
Ao observar o Quadro 2, notamos a semelhança entre os conceitos
elaborados pelos professores da rede municipal com os conceitos propostos por
autores referenciados no trabalho e que estudam o tema. Talvez isso se deva ao
fato de que a maioria dos professores teve contato com o assunto proposto em
algum momento de sua formação ou em sua carreira profissional, informação esta
41
que foi possível observarmos por meio do levantamento feito com os pesquisados
no início da pesquisa.
Embora tenha notado certa semelhança em alguns conceitos, percebi durante
as falas do grupo que suas definições se deram de modo uni causal, biomédico,
centrado na ausência de doenças, como aparece nos primeiros referenciais
bibliográficos; já ao término dos encontros, seus comentários passaram a ser de
maneira mais ampla e semelhante aos conceitos construídos a partir da 8ª
conferência sobre saúde. Após esse evento, o conceito de saúde e promoção de
saúde passa a ser compreendido dentro de uma visão da integralidade, na qual o
sujeito é visto na sua totalidade. Aspectos como alimentação, justiça social, renda,
educação e ecossistema passam a ser importantes para a compreensão dos
conceitos estudados.
A partir dos achados, notei já no primeiro encontro que os pesquisados
demonstravam alguns domínios do conceito de saúde e promoção da saúde, porém,
três dos pesquisados (Joaquim, Júnior e Gisela) conceituaram saúde e promoção da
saúde semelhantemente aos conceitos defendidos por alguns estudiosos do tema e
abordados no referencial teórico. Na fala de um desses professores (Gisela), ficou
clara sua angústia ao perceber que, apesar de entender saúde e promoção da
saúde, suas práticas ficam a desejar quando se trata das abordagens desse
assunto. A preocupação da participante da pesquisa parece ser pertinente e pode
estar relacionada com a sua atuação profissional em uma unidade escolar do
município em virtude da limitação do plano anual de ensino e também pela própria
falta de iniciativa.
Em contrapartida, pude observar na participação da professora Angela, que
apesar de não apresentar clara definição dos temas abordados, as suas práticas são
condizentes e bem aplicadas na sua realidade escolar. Isso ficou evidenciado
quando a professora apresentou ao grupo pesquisado como realiza seu trabalho,
sua maneira de aplicabilidade e os resultados colhidos, deixando clara a
contribuição positiva das aulas de educação física para o processo de ensino e
aprendizagem dos temas naquela unidade escolar.
Notei que a professora procura meios e recursos para suas aulas. Embora
ainda não tivesse o conhecimento de conceitos do assunto, ela nunca deixou de
aplicá-los, consequentemente, no decorrer dos encontros, ela demonstrou aprimorá-
los. Nesta perspectiva, podemos dizer que a professora atua com uma visão voltada
42
aos princípios da integralidade, ou seja, suas atitudes e atividades como professora
de educação física, unidas aos aspectos sociais, familiares, conforme a realidade
escolar que está inserida.
Penso que as práticas da professora aproximam-se do que encontramos hoje
como integralidade. Segundo Machado et al. (2007), a integralidade refere-se ao
cuidado de pessoas, grupos e coletividade, percebendo o indivíduo como sujeito
histórico, social e político, articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e à
sociedade na qual se insere. Neste cenário, evidenciamos importância de articular
as ações de educação em saúde como elemento produtor de um saber coletivo que
traduz no indivíduo sua autonomia e emancipação para o cuidar de si, da família e
do seu entorno.
Reparei na participação do professor Joaquim que há um entendimento mais
amplo sobre os temas, conhecimento que desde o primeiro encontro ele demonstrou
ter, tanto científico quanto o prático na sua realidade profissional. Não pude deixar
de notar também que sua maior dificuldade quanto à aplicação de temas
relacionados à saúde e à promoção da saúde foi a resistência por parte dos alunos
em aceitar aulas em sala, alegando que pareciam estar de “castigo”, reforçando um
paradigma tradicional de que as aulas de educação física se restringe apenas em
aulas práticas e modalidades esportivas.
Pude observar que os demais participantes demonstraram ter algum
entendimento sobre o assunto proposto, mas com grande dificuldade em planejar
atividades que possam ser esplanadas (vídeos, pesquisas, revistas, rodas de
conversa), dificuldade também em negociar com os alunos o formato da aula, sendo
que eles esperam sempre por aulas práticas em quadra de esportes. Entendi que,
no âmbito geral, esse é um dos principais motivos que levam os professores de
educação física da rede municipal de ensino de Itajaí a acomodar-se para essas
práticas, pois lhes causam desgaste no relacionamento professor/aluno.
Quando falo do grupo de professores da rede municipal, refiro-me aos relatos
dos participantes da pesquisa sobre colegas da área, alguns resistentes a novas
práticas, alguns pela falta de conhecimento, falta de material didático, pelo tempo de
atuação na área, deixando-os acomodados naquele mesmo formato de aula.
Vejo, após o término dos quatro encontros com o grupo, que é muito pequena
a parcela de professores dispostos a reformular suas práticas com ênfase na saúde
e acredito que as mudanças possam surgir se houver a interferência da Secretaria
43
Municipal de Educação em questionar essas práticas, proporcionar debates entre
estudiosos da área e professores, divulgar os achados desta pesquisa, propor trocas
de experiências e estudo propriamente dito, ressalto também a importância da
Secretaria de Educação em aderir legalmente esses conteúdos, para poder cobrá-
los como qualquer outro já existente no plano de ensino.
Percebo o quanto mudou a maneira de entender saúde e promoção da saúde
do grupo, como esses quatro encontros foram transformadores em seus conceitos e
suas prováveis ações. O fato da troca de experiências fez com que cada professor
sujeito desta pesquisa pudesse refletir suas ações como educadores, o quanto estão
fazendo e o quanto podem avançar no sentido de aprimorar as práticas e o
desenvolvimento no processo de ensino- aprendizagem da saúde e promoção da
saúde.
A importância de projetos diversos contribui para o conjunto de ações
voltadas ao objetivo principal de gerar saúde, entendendo, por exemplo, os
benefícios do cuidado com o meio ambiente, alimentação e ergonomia. Envolvendo
e mobilizando a unidade escolar, com o apoio do corpo administrativo, da cantina,
enfim, do conjunto educacional e possivelmente dos familiares e comunidade
escolar gerando dessa forma uma maior reflexão sobre os aspectos educacionais
relacionados a saúde e promoção da saúde.
O reforço do corpo docente da escola, ao enfatizar para os alunos a
importância das aulas dialogadas, explicativas (em sala), poderá diminuir a
resistência dos alunos e poderá facilitar o trabalho do professor.
As trocas de informações de cada realidade, as leituras realizadas nos
encontros, os debates sobre os temas e a própria conscientização contribuíram para
cada colega professor analisar suas ações, seus conceitos e, consequentemente, a
melhoria nos resultados quando se trata de saúde e promoção da saúde.
44
6 CONCLUSÃO
Ao iniciar este estudo, pretendia analisar e discutir com os professores de
educação física da rede municipal de ensino de Itajaí o que eles entendiam sobre
saúde e promoção da saúde, como esse tema era abordado na realidade escolar.
Apresentei uma construção histórica de saúde e promoção da saúde, desde os
primeiros conceitos em que saúde abrangia apenas o bom estado físico, mental e
social e promoção da saúde se dava por meio de campanhas educativas com
atividades que permitisse melhorar as condições de vida e os conceitos mais
ampliados após a 8ª Conferência Nacional de Saúde.
Nessa perspectiva Saúde e Promoção de Saúde são muito mais do que
ausência de doença; e as questões de ordem social deveriam estar contempladas
em propostas de políticas públicas mais saudáveis, tornando-se num sentido mais
dinâmico e não tanto fragmentado, ou seja, uma visão mais integral dos conceitos.
Durante os encontros com os professores participantes da pesquisa, foi
possível observar certo conhecimento dos participantes quanto à saúde e à
promoção da saúde, relatos de suas angústias e dificuldade em trabalhar estes
temas nas aulas envolvendo corpo docente e comunidade. Apesar de mostrarem
este conhecimento, alguns entendiam saúde e promoção da saúde ainda voltada ao
conceito biomédico centrado apenas na ausência de doenças. O grupo mostrou-se
sempre interessado e disposto a estudar, dialogar, aperfeiçoando seus
conhecimentos a cada encontro. As trocas de experiências entre os professores
possibilitaram o autoconhecimento de suas práticas e, paralelamente com os
estudos realizados no decorrer dos encontros, foi notório o desenvolvimento e o
aprimoramento de suas habilidades para os assuntos de saúde e promoção da
saúde, levando-os a obtenção de conceitos mais amplos, ou seja, saúde e
promoção da saúde são mais que ausência de doenças, é um conjunto de ações de
ordem individuais, sociais e governamentais que levam o indivíduo ao
desenvolvimento pleno de sua saúde.
Cabe apontar que tais resultados poderiam ser mais completos se não pelas
limitações encontradas devido à falta de disponibilidade de mais professores que
alegaram dificuldades com os dias e os horários, não chegando aos 15 participantes
como eu havia pensado, fato de não poder aplicar todas as etapas do Arco de
Maguerez. Como resultados futuros, ressalto a importância de voltar a campo para
45
completar a metodologia proposta, ou seja, aplicação da realidade. Proponho que
este trabalho possa ser avaliado pela Secretaria de Educação de Itajaí, visando a
uma melhor adequação aos planos de ensino, unidos com essa metodologia
problematizadora e com o envolvimento dos profissionais que de fato vivenciam a
realidade escolar e sabem das possibilidades e das limitações de cada unidade de
ensino, podendo assim melhorar a prática e, dessa forma, levar aos alunos e à
comunidade o desenvolvimento pleno no que diz respeito à saúde e à promoção da
saúde.
Ao fazer essa reflexão, penso que este trabalho contribui para a melhoria das
práticas saudáveis no âmbito escolar, se aderido pela Secretaria de Educação e
divulgado aos demais professores de educação física da rede, além de servir como
intermediador entre as secretarias de educação e saúde, já que proponho parceria
entre ambas para eficácia dos resultados.
Cabe destacar que esse é um grupo pequeno se comparado com o total de
professores que atuam na educação do município; porém, por se tratar de um
estudo qualitativo em profundidade, podemos dizer que esse grupo é representativo.
Acredito que essa pesquisa poderá incentivar novos estudos, não só
abordando temas relacionados à saúde, mas qualquer outro, devido à metodologia
abordada, que leva os participantes a refletirem e a participarem ativamente de todo
o processo.
46
REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Gostaria de convidá-lo para participar de um trabalho acadêmico intitulado “CONCEPÇÕES
DE SAÚDE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS
DE ITAJAÍ – SC”. Este tem por objetivo discutir e refletir as concepções e as práticas de
Promoção da Saúde desenvolvidas pelos Professores de Educação Física, da Secretaria
Municipal de Educação, e sua possibilidade de atuação prática, com vistas à elaboração de
propostas de ações para a atuação dos mesmos.
Para isto, serão realizados quatro encontros com os Professores de Educação que aceitarem participar da pesquisa, utilizando a metodologia problematizadora por meio do Arco de Maguerez. Os dados obtidos serão sigilosos, assegurando o anonimato dos participantes e utilizados somente para os devidos fins da pesquisa. Os benefícios da investigação servirão para discutir suas práticas profissionais e o mestrando os levará à instituição para que sejam contemplados quando da confecção de um novo plano de ensino. Você poderá desistir a qualquer momento da pesquisa, sem que haja transtornos ou necessidade de esclarecimento de seus motivos. Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que: a) Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido o seu anonimato. b) Os resultados deste trabalho serão utilizados somente com finalidade acadêmica,
podendo ser divulgados em publicações científicas. c) A aceitação não implica que estará obrigado(a) a participar, podendo interromper sua
participação em qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado, bastando, para tanto, comunicar aos responsáveis pela pesquisa.
d) Você não terá direito à remuneração pela sua participação, ela é voluntária. e) Este trabalho é de cunho acadêmico e não visa à intervenção imediata. f) Será realizada a devolutiva dos resultados em uma data marcada na instituição para a
discussão dos achados nesta pesquisa. g) Durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético, você
poderá contatar o responsável por este trabalho. h) Ressaltamos ainda que os encontros poderão ser gravados e que as gravações são de
inteira responsabilidade dos pesquisadores e só serão utilizados para a pesquisa, sendo que após o seu término as gravações serão eliminadas.
i) Você deve rubricar as duas partes do TCLE.
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APÊNDICE B - Consentimento de participação do sujeito
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu,_____________________________________________, RG__________________
CPF ___________________ abaixo-assinado, concordo em participar do presente estudo
como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos
nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha
participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento.
Local e data: __________________________________________________
Nome: _______________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável:
_____________________________________________________________
Telefone para contato:___________________________________________
Pesquisador Responsável: Profª. Dra. Antônia Egídia de Souza E-mail: [email protected] Telefone (s): 47 3341 7932 Assinatura: _______________________________________
Acadêmico: Cristhian da Silva E-mail: [email protected] Telefone (s): 47 9919-8867 Assinatura:________________________________________
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APÊNDICE C - Termo de utilização de dados para coleta de dados de
pesquisas envolvendo seres humanos
TERMO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS PARA COLETA DE DADOS DE PESQUISAS
ENVOLVENDO SERES HUMANOS
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares
no desenvolvimento do projeto de pesquisa: “CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ – SC”.
Assim como afirmo que as informações que me forem passadas pelos docentes serão
obtidas em absoluto sigilo e utilizadas apenas para os fins especificados no protocolo
aprovado pelo Comitê de Ética.
Nome completo do pesquisador principal (orientador):
Antônia Egídia de Souza
Assinatura:
Nome completo do acadêmico:
Cristhian da Silva
Assinatura:
Data:
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APÊNDICE D - Termo de aceite de orientação
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
TERMO DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO
Eu, ANTÔNIA EGÍDIA DE SOUZA, professora do Programa de Mestrado Profissional em
Saúde e Gestão do Trabalho, área de concentração em Saúde da Família, declaro que o
mestrando CRISTHIAN DA SILVA é meu orientando, tendo como tema de dissertação:
“CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ – SC”.
Itajaí, 05 de Setembro de 2012.
ANTÔNIA EGÍDIA DE SAOUZA
Orientadora
CRISTHIAN DA SILVA
Mestrando
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APÊNDICE E - Termo de anuência de instituição para coleta de dados de
pesquisas envolvendo seres humanos
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares
e como esta instituição tem condições para o desenvolvimento do projeto de pesquisa
“CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ – SC” e autorizo sua execução pelos pesquisadores:
Profª. Dra. Antônia Egídia de Souza (Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2377501974377554) e Mestrando Cristhian da Silva.
Nome da instituição: Secretária Municipal de Educação de Itajaí
Nome completo do responsável legal: Edison D’avila
Cargo: Secretária de Educação
Assinatura:
Carimbo:
Data:
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APÊNDICE F - Solicitação de acesso ao campo de pesquisa
Itajaí (SC), 05 de Setembro de 2012.
Ilmo(a) Sr(a): Edison D’Avila
O Curso de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI integra em seu currículo a dissertação de mestrado que se constitui em uma
pesquisa.
Desta forma, existe interesse do mestrando, Cristhian da Silva, em realizar um estudo
sobre “CONCEPÇÕES DE SAÚDE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ – SC”, por meio dessa irmandade.
A pesquisa proposta tem por objetivo discutir e refletir as concepções e as práticas de
promoção da saúde desenvolvidas pelos professores de Educação Física da Secretaria
Municipal de Educação, e sua possibilidade de atuação prática, com vistas à elaboração de
propostas de ações para a atuação dos mesmos.
Sendo assim, solicito a permissão para realizar a pesquisa na Secretaria Municipal de
Educação de Itajaí – SC.
Diante do exposto, vimos solicitar sua anuência por escrito, para a concretização deste
trabalho por meio de “termo de aceite”, conforme modelo anexo.
Esclarecemos que o trabalho será orientando pela professora Dra. Antônia Egídia de Souza,
contando com sua colaboração, agradecemos a atenção e subscrevemo-nos.
Atenciosamente,
Coordenadora do Curso de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho
UNIVALI – Campus I
Rua Uruguai, 458 – Cx. Postal 360 – Bloco 27 – Fone/Fax (47) 3341-7932.
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APÊNDICE G – Perfil do grupo pesquisado
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APÊNDICE H – Relatos do grupo pesquisado
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