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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS
CURSO DE PSICOLOGIA
Cuidado e mundo globalizado: noções preliminares
SABRINA MALLMANN
Itajaí 2008
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SABRINA MALLMANN
Cuidado e mundo globalizado: noções preliminares
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. MS. Aurino Ramos Filho.
Itajaí 2008
DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão de mais um projeto em minha vida.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela sabedoria e a benção da vida.
A minha família que sempre me apoiou e me deu força, para que eu
nunca desistisse dos meus sonhos e projetos da minha vida. Foram eles que
sempre estiveram ao meu lado durante a realização deste trabalho.
Ao professor MSc. Aurino Ramos Filho que aceitou em me orientar neste
trabalho. O professor Aurino não fez só seu dever me corrigindo e indicando
fontes, mas foi um grande amigo meu, alguém que eu pude confiar, dialogar
com clareza minhas dúvidas, conhecimentos e dificuldades.
As minhas amigas e colegas da faculdade: Mayara Bertamoni e Tamara
Olkowski, que não foram só colegas de estágios, mas grandes amigas que eu
pude confiar, que sempre estiveram ao meu lado e apoiaram.
A todas as pessoas do curso, como professores e colegas que de
alguma forma contribuíram para a realização desta pesquisa.
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SUMÁRIO
1 Introdução ....................................................................................................... 5
2 Cuidado e mundo globalizado: apontamentos históricos ................................ 7
3 Cuidado: a relevância para o ser humano ..................................................... 14
4 Atitudes de cuidado em um mundo globalizado ............................................ 21
5 Considerações Finais.....................................................................................29
6 Referências Bibliográficas..............................................................................30
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Cuidado e mundo globalizado: noções preliminares
Orientador: MSc. Aurino Ramos Filho Defesa: Novembro de 2008 O tema da pesquisa realizada tem como base a Psicologia Existencial , tendo como objetivo geral, investigar a relevância do cuidado, no mundo globalizado enquanto condição à promoção da saúde. E como objetivos específicos, conceituar cuidado e mundo globalizado na perspectiva da promoção da saúde. Analisar a relevância do cuidado, no mundo globalizado, enquanto condição à promoção da saúde. Sistematizar, propor atitudes de cuidado, no mundo globalizado, à promoção da saúde. A pesquisa foi de ordem teórica (bibliográfica). As conclusões desta pesquisa foi que o cuidado na vida do ser humano no mundo globalizado é de extrema importância, que o ser humano precisa rever alguns conceitos em sua vida, não só dar valor para bens materiais, mas principalmente para sua saúde, prevenindo doenças físicas e mentais. E se conscientizar melhor sobre o cuidado e o respeito mútuo pelos outros seres humanos, para assim poderem viver em humanização e em uma sociedade de paz. Palavras-chave: [cuidado; mundo globalizado; saúde] Sub-Área de concentração (CNPq) Membros da Banca Carlos Eduardo Brugnogo Professor convidado
Ana Luiza Maximo Ramos Professor convidado
Aurino Ramos Filho
Professor Orientador
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1 INTRODUÇÃO O trabalho baseou-se no cuidado com o mundo globalizado na
promoção da saúde. A pesquisa foi realizada de maneira bibliográfica, de
cunho qualitativo, com consultas a livros, artigos e bases de dados on-line.
A teoria preocupou-se em enfatizar como as pessoas podem viver com
qualidade de vida em um mundo, de tantas exigências em todos os aspectos
físicos e principalmente emocionais.
Esta pesquisa apresentou alguns meios terapêuticos para melhor
compreender a importância do cuidado com o outro, no meio em que vivemos,
enfatizando a necessidade da ajuda mútua numa sociedade de extremo
capitalismo.
O objetivo geral deste trabalho foi investigar a relevância, ou seja, a
importância do cuidado, no mundo globalizado enquanto à promoção da saúde.
Diante deste tema, o objetivo específico foi dividido em três etapas que
são:
- Conceituar cuidado e mundo globalizado na perspectiva da promoção
da saúde;
- Analisar a relevância do cuidado, no mundo globalizado, enquanto
condição à promoção da saúde;
- Sistematizar, propor atitudes de cuidado, no mundo globalizado, à
promoção da saúde.
O homem defrontou-se com diversos tipos de doenças, chamadas de
psicossomáticas, que podem ser consequentemente vindas da: depressão,
tristeza, angústia, solidão, ansiedade, insegurança, estresse, vazio existencial.
O tema deste trabalho teve como enfoque principal tentar sensibilizar
profissionais que como eu, acredito na importância deste tema para nossa
sociedade. E que apesar de nós vivermos com todas estas tecnologias e
facilidades que a globalização nos oferece, devemos cuidar para que o
materialismo não nos empeça de termos uma vida saudável.
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Nesta pesquisa, relevou-se a importância do ser humano perceber que
não são robôs atrás das máquinas. O ser humano não é uma máquina, tem
ritmo cardíaco, ritmo digestivo, e principalmente emoções e sentimentos.
Por isso, que esse trabalho teve como meta sensibilizar os leitores para
a importância e o direito do ser humano repousar, descansar, alegrar-se, ter
seus momentos de lazer. Desde que coloque em prática o convívio com outras
pessoas, numa atitude de cuidado, compaixão, amor, respeito,
responsabilidade, humildade e outras atitudes humanas por excelência.
A pesquisadora preocupou-se em alertar as pessoas como viverem
melhor, como se cuidarem e terem atitudes de cuidado com as pessoas que
vivem a sua volta num mundo globalizado e cheio de mudanças que sofremos
no nosso dia-a-dia.
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2 Cuidado e mundo globalizado: apontamentos históri cos
A globalização envolve uma variedade de fenômenos econômicos,
sociais e culturais.
O processo de amplas proporções envolvendo nações e nacionalidades,
regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e
sociedades, culturas e civilizações.
O mundo globalizado se constitui pela ampliação das conexões
econômicas, culturais e políticas entre indivíduos, movimentos sociais,
empresas e países, no qual pode ser um processo real e concreto.
Está em curso o novo surto de universalização do capitalismo, como
modo de produção e processo civilizatório. O desenvolvimento do modo
capitalista de produção, em forma extensiva e intensiva, adquire-se outro
impulso, recriação da divisão internacional do trabalho e mundialização dos
mercados. É no contexto do globalismo que o liberalismo se transfigura em
neoliberalismo.
Os novos desenvolvimentos dos meios de comunicação, a formação de
redes de informática, a expansão das corporações transnacionais e a
emergência de organizações multilaterias, entre outros desenvolvimentos da
globalização do capitalismo, tudo isso institui e expande as bases sociais e as
polarizações de interesses que se expressam no neoliberalismo.
Vivemos num mundo globalizado, onde cada vez mais as pessoas estão
tendo dificuldades de se cuidar, devido a falta de tempo, o trabalho cansativo, a
vida corrida do dia-a-dia, entre outros. Infelizmente tudo isto indica que as
pessoas não estão se cuidando. O cuidado manifesta-se na preservação do
potencial saudável dos cidadãos e depende de uma concepção ética que
contemple a vida como um bem valioso em si.
De acordo com Souza et al (2005) o cuidado conceitua-se como
desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção e se concretiza no contexto da vida
em sociedade.
Cuidar implica colocar-se no lugar do outro, geralmente em situações
diversas, quer na dimensão pessoal, quer na social. É uma forma de estar com
o outro, no que se refere a questões especiais da vida dos cidadãos e de suas
relações sociais, dentre estas o nascimento, a promoção e a recuperação da
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saúde e a própria morte. O cuidar do outro, pelas trocas que proporciona, traz
para o cuidador sentimentos de prazer e satisfação, ou seja, quando você está
cuidando de alguém, consequentemente você está cuidando de si mesmo.
O cuidado humano, sem dúvida, está focado em valores, os quais
priorizam a paz, o respeito, a liberdade, a consciência, o amor, entre outros
aspectos. A paz está dentro do seres humanos, e é no espírito deles que as
guerras iniciam, a consciência está dentro de nós e não no exterior. É um
processo de intenso desenvolvimento, de conscientização.
Todos os atributos de cuidar e cuidado são essenciais nesse processo,
pois constituem uma condição de nossa humanidade.
Segundo Waldow (1995, p.13)
Padrões de cuidar/cuidado incluem ações e atitudes de assistir, apoiar, capacitar e facilitar, que influenciam o bem-estar ou o status de saúde de indivíduos, famílias, grupos e instituições, bem como condições humanas gerais, estilos de vida e contexto ambiental.
O mundo globalizado impõe novos valores. “Agora, muitos são
obrigados a reconhecer que está em andamento um intenso processo de
globalização das coisas, gente e idéias” (IANNI, 1999, p.14).
“Esse é um processo civilizatório, já que desafia, subordina, destrói ou
recria outras formas sociais de vida e trabalho, entendendo modo de ser,
pensar, sentir e imaginar” (op. cit. p. 13).
O mundo globalizado se tornou tão exigente e competitivo que milhões
de pessoas todos os dias ficam preocupadas em perderem seus empregos,
pois com o avanço da tecnologia, criações de máquinas e de equipamentos,
cada vez mais as pessoas vão ficando de fora, é o caso dos bancários, onde
os bancos possuem caixas automáticos e as máquinas impressoras de saldos
e extratos.
Não importa se é na produção de automóveis, computadores, eletrônica,
telecomunicações, nos bancos ou serviços postais, o que percebe-se é que a
mão-de-obra está sendo usada por um turbilhão vertinoso, o que vem
causando tristeza, sentimento de desvalorização, solidão e muita falta de
cuidados das pessoas ( MARTIN, SCHUMMANN,1999,p.145).
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O homem em pleno processo de globalização não mais se reconhece
em seu lugar, será que essa globalização, que também é dos costumes, das
culturas, da língua, do lugar, da natureza, não nos tira a noção do local,
imprimindo uma global?
O processo, a rapidez da globalização exige uma velocidade de
transformação dos lugares que afeta diretamente o ambiente.
Segundo Ianni ( 2007 p. 119)
A noção de aldeia global é bem uma expressão da globalidade das idéias, padrões e valores sócio-culturais, imaginários. Pode ser vista como uma teoria da cultura mundial, entendida como cultura de massa, mercado de bens culturais, universo de signos e símbolos, linguagens e significados que povoam o modo pelo qual uns e outros situam-se no mundo, ou pensam, imaginam, sentem e agem.
Em qualquer cultura, as pessoas experienciam e percebem
comportamentos de cuidado e não-cuidado dentro do seu contexto familiar.
Cuidar não é uma questão importante, e sim fundamental, tornou-se condição.
O cuidado é uma atitude fundamentalmente ética. Não é uma questão,
tão somente, psíquica, não é uma questão apenas científica, ou seja, quando
eu cuido, eu estou focando primeiro o humano, não estou teorizando sobre o
humano, mas estou apreendendo o humano. Quando eu cuido de alguém,
estou dizendo que o humano ali se revela.
Segundo Boff (1999) há dois modos de ser no mundo: o trabalho e o
cuidado. O modo de ser no mundo se dá na forma de interação e de
intervenção. O ser humano interage com a natureza, procura conhecer suas
leis e ritmos, sendo assim tornando sua vida mais cômoda.
O cuidado inclui duas significações básicas, intimamente ligadas entre
si. A primeira, a atitude do desvelo solicitude e de atenção para com o outro. A
segunda é de preocupação e de inquietação, porque as pessoas que tem
cuidado se sente envolvida e afetivamente ligada ao outro (BOFF, 1999).
Priorizar o cuidado do outro como cuidar de si mesmo implica sentir-se
cuidado enquanto cuida, entendendo e compreendendo o outro com empatia;
priorizar o outro é um ato de dedicação afetiva. Cuidar com empatia é entender
a situação do outro, ver-se no lugar dele e sentir-se em proximidade e
igualdade. Envolve, também, atenção às necessidades físicas e psíquicas do
ser cuidado.
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Os fatores de cuidar/cuidado são fundamentais à formação do
profissional da Psicologia. Se ele não tiver o olhar de cuidado com as pessoas,
certamente vai ter dificuldade de compreender o outro, pois o cuidado que se
deve ter com o outro é indispensável. Principalmente para a pessoa criar mais
confiança e acreditar realmente no seu trabalho como psicólogo. O cuidado é,
pois, uma categoria humana por excelência.
Segundo Waldow (1995 p.17) “cuidar/cuidado é responsivo, ou seja, o
poder de cuidar é uma resposta a alguém ou alguma coisa que representa um
valor, algo muito importante”.
A correria do dia-a-dia das pessoas está deixando a desejar no cuidado
de sua saúde.O trabalho está exigindo muito delas e com isso estão
adoecendo com muita facilidade. Por meio do corpo se mostra a fragilidade
humana. A vida corporal é mortal. A morte já começa no primeiro momento, ela
não vem no fim da vida. Quem é são pode ficar doente, ninguém está livre de
adoecer (Boff, 1999, p. 143).
O mundo globalizado necessita de cuidado das pessoas. “A capacidade
de cuidar está relacionada ao quanto e como o ser foi cuidado” (WALDOW,
2004, p. 19).
O mundo globalizado é também, na verdade a consequência do poder
das nações ricas sobre as nações pobres, de tal maneira, que esse mundo
globalizado exige um mínimo de poder de compra. Quem tem poder aquisitivo
faz parte dele e quem não tem poderá tornar-se um marginal para a sociedade.
Esse mundo globalizado está levando uma mudança radical de atividades,
pensamentos e relações.
Percebe-se, perante toda esta questão, que o trabalho está exigindo
muito das pessoas, está cobrando muitas informações, conhecimentos, como
cursos de línguas, informática, etc.
Segundo Souza (2007)
Inegavelmente o processo de globalização registra inúmeras, e até impensáveis, mudanças no modo de viver e de se comunicar. Vêem-se, atualmente, aparatos tecnológicos, incríveis que possibilitam o acesso às mais diversas áreas de conhecimento, tornam o dia-a-dia mais ágil, prático, um mundo inteiro pode ser acessado em um click, temos hoje a facilidade de um mundo virtual ao alcance das mãos. Existe uma enorme facilidade de realizar contatos entre pessoas que se encontram em outras cidades, em outros países, em outros continentes. E em meio a tantas facilidades decorrentes da evolução tecnológica que aproxima o mundo, o homem moderno parece ter
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deixado de encontrar-se com ele mesmo, de encontrar-se com os outros. Os efeitos dessa nova forma de vida estão refletidos no mal-estar encontrado na contemporaneidade.
No dia-a-dia percebe-se que as pessoas precisam cuidar mais da sua
saúde física e emocional, perante as exigências deste mundo globalizado. A
Psicologia explica que dentro do trabalho a teoria busca motivação, liderança,
fadiga, procurando a eficiência profissional e levando o homem a perder a
família e o afeto, sendo de um lado produtivo e de outro, animal insatisfeito
(CODO, 1951, p. 53).
O mundo globalizado é o mundo do conhecimento e do consumo.
Então, o conhecimento também tornou-se consumo.
Apesar de nos dias de hoje haver maior facilidade para as pessoas se
comunicarem, apesar de possuir máquinas com esse grande aperfeiçoamento
que é o da comunicação, ainda constata-se que pessoas sentem-se só, pois a
solidão na verdade é a ausência do outro. E perante toda esta tecnologia
muitas vezes as pessoas acabam nem se conhecendo vivem um mundo
virtual, um mundo on-line e isso certamente pode trazer a solidão.
É diante de todo este contexto que eu venho me referir do cuidado que
deve haver entre os seres humanos.
Percebe-se que toda esta mudança no mundo vem causando extremas
preocupações nas pessoas, e com isso trazendo a falta de cuidados que elas
deveriam ter e é claro danos a saúde, pois o estresse pode trazer muitas
doenças psicossomáticas, nas quais muitas pessoas adoecem gravemente.
De acordo com ( Waldow, 1998, p.145) a intenção real de cuidar, é não
esperar reciprocidade. O cuidar vem pelo desejo natural da pessoa em querer
ajudar o próximo, sem receber nada em troca, porque um ser humano
saudável forma pessoas saudáveis, a solidariedade é fundamental para uma
boa relação social. Embora não tenhamos amplas pesquisas de campo sobre
a qualidade de vida nas grandes cidades, denominações como: Japão,
Austrália, Estados Unidos, Brasil etc. Unificam características relacionadas a
doenças do trabalho, que podem ser decorrentes de:
- Modificação do processo produtivo, novas tecnologias, ritmo
acelerado, sobrecarga muscular estática, alta repetitividade, exigências de
produção;
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- Sintomas e sinais localizados em membros superiores e inferiores;
Através de pesquisas realizadas, está cada vez mais notando a
presença de danos graves à saúde em vários países desenvolvidos
relacionados com: níveis altos de industrialização, uso de tecnologia avançada
no processo de industrialização, uso da tecnologia avançada no processo de
produtividade, ausência de pausas no traballho, alta exigência de chefes em
organização de trabalhos, mão de obra muito pesada para os funcionários e
muitas outras dificuldades.
Segundo Boff (1999) o sintoma mais doloroso, já constatado há décadas
por analistas é um difuso mal-estar da civilização. Sendo sob fenômenos do
descuido, abandono, numa palavra de falta de cuidado.
As conseqüências do mundo globalizado estão também sobre a
natureza, é o caso do aquecimento global. Cada vez mais se produz
substâncias que a natureza não consegue absorver e recompor, o plástico, a
emissão de CO2 dos carros, cada vez mais se produz carros, batendo
recordes de milhões e milhões na produção, e não tem como parar a produção
desses elementos, pois as pessoas precisam desses importantes
componentes para sobreviver.
Por isso, tudo isto está causando danos à população, agravando sérios
problemas de saúde, pois o mundo é igual uma ilha, estamos presos nele, não
podemos fugir.
Porém percebe-se que o mundo globalizado traz muitos benefícios para
as pessoas. O que seria de nós se não fosse a internet, os meios de
telecomunicação, os automóveis, a televisão, o rádio etc. Iríamos viver em um
mundo completamente fora das informações, cada um viveria no seu canto
sem saber os acontecimentos do mundo. Então é através dos benefícios que o
mundo globalizado nos traz que podemos estar por dentro de toda esta
tecnologia, toda esta informação de pessoas, empresas e idéias.
De acordo com Ianni (2007) O ser humano moderno é aquele se
encontra num ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento,
autotransformação e transformação das coisas e idéias ao seu redor.
O mundo, hoje, busca estar cada vez mais integrado, graças aos
avanços tecnológicos obtidos nas telecomunicações por meio de satélites,
telefones fixos e celulares, rádios, computadores, televisão. As técnicas de
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produção são cada vez mias sofisticadas, sendo o conhecimento, a matéria-
prima cada vez mais necessária.
Esta mesma sociedade, tão atual, chamada sociedade do conhecimento
e da comunicação, “está criando contraditoriamente, cada vez mais falta de
comunicação e solidão entre as pessoas” (BOFF, 2004, p. 11).
Nas empresas, a globalização provocou aceleração da produtividade da
qualidade da produção, barateamento de custos, maior circulação de
mercadorias, dinheiro, informações etc. Trazendo com isso muitas pessoas
trabalhando em seus próprios setores, isoladas uma das outras, tão distantes
de si mesmas, levando isso a um desgaste muito grande, tanto físico como
emocional, resultando em solidão, doenças e até mesmo a morte.
De acordo com Waldow (2004, p.37)
O termo cuidado humano, todavia, já se tornou parte da nomenclatura internacional no que se refere ao assunto já que, inclusive, fala-se em uma ciência do cuidado humano. Animais, por exemplo, à sua maneira de expressar formas de cuidado, tais como proteção e carinho, porém são instintivas, não podem ser considerados sentimentos, racionalidade ou intelectualidade.
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3 Cuidado: a relevância para o ser humano
Percebe-se que vivemos num mundo globalizado, que exige cada vez
mais das pessoas. Principalmente no trabalho. O cuidado que elas devem ter no
seu dia-a-dia, é de fundamental importância tanto na saúde, como no físico e
mental.
Segundo Codo (1993, p. 190)
Por mais alienado que seja o trabalho, por mais antipáticas que sejam estas ou aquelas pessoas, sempre a carga afetiva despejada entre as escrivaninhas ou as bancadas é grande: sedução ou intriga, afeto ou picardia, fofoca ou solidariedade, carinho ou demagogia. Sorriso ou polidez. Não se trata de um mero acidente cultural, estamos falando nem mais nem menos da sobrevivência.
O cuidado e o cuidar-se na vida são extremamente importantes. Claro
que o trabalho, os estudos e todos os afazeres cotidianos das pessoas são
fundamentais, pois sem essas atividades o ser humano pode tornar-se um ser
sem produtividades na vida. Mas, também não se deve levar a vida só por
essas atividades. O ser humano precisa também de momentos de lazer,
aprender a enxergar o belo, sensibilizar-se diante de pequenas imagens, por
exemplo: admirar as pessoas da terceira idade, ter agradáveis conversas com
os amigos, aprender a viver suavemente, ainda que sobrecarregado com
responsabilidades. Mas para que isto aconteça, precisa-se fazer uma análise
da sua vida interior, compreender sua existência, que podem gerenciar seus
pensamentos e emoções. A ciência estudou muito o mundo exterior, o
profissionalismo, preocupou-se com o excesso de informações do mundo
moderno, gerando um desgaste cerebral intenso, esquecendo da importância
da qualidade e o prazer pela vida.
De acordo com Cury (2007, p. 48) vivemos em sociedades livres, mas
nunca houve tantos escravos no território da emoção, por isso, em nossos dias
pessoas estão procurando viver em pequenas cidades para poder viver
tranquilamente, para ter tempo de sentar e conversar, momentos estes que
dificilmente acontecem em grandes cidades. Escravos da ansiedade, solidão,
angústias, medos e vazios existenciais.
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Muitas pessoas investem toda suas energias na sua empresa, nos seus
estudos ou na sua profissão, protegendo suas casas com monitoramento de
seguranças, mas não sabem proteger sua emoção e não investem na sua
tranqüilidade e no seu prazer de viver, nem nas suas relações. São admirados
pelas outras pessoas socialmente como um cidadão dedicado e bem sucedido
profissionalmente, mas possuem uma péssima qualidade de vida com o seu
interior.
Se o ser humano conhecer a si mesmo, vai perceber que precisa cuidar
do mundo em que vive, das plantas, dos animais, da água. Nossa espécie tem
o privilégio de ser uma espécie pensante entre outras espécies da natureza,
deve honrar esta arte e compreender o espetáculo da vida.
Segundo Waldow (2004, p. 178) estamos vivendo uma era que está
desaparecendo várias espécies de animais. Pode-se observar hoje que
animais, se deslocam para as cidades, devido aos desmatamentos que
acontecem em florestas,campos e vales, sendo obrigados a conviver com as
pessoas, alimentando-se com comidas dos humanos, muitas vezes compostos
por produtos tóxicos que podem prejudicar sua cadeia alimentar, até mesmo o
organismo dos animais. Cada ser é uma história a ser compreendida, um solo
a ser cultivado. As pessoas precisam ter mais cuidado com o que elas estão
fazendo com a natureza, muitas vezes destruindo com a vida de seres que
fazem parte do planeta onde moram.
De acordo com Boff (1999, p. 133) “por causa do aceleramento da
globalização, da industrialização, no século XVIII, a população mundial cresceu
8 vezes, consumindo cada vez mais recursos naturais”.
Com o aumento deste quadro, o processo produtivo faz crescer a
ameaça e a necessidade de um cuidado especial com a Terra. As pessoas
precisam ter mais consciência da importância da natureza e o nicho ecológico
para a nossa sobrevivência, precisam desenvolver uma ética do cuidado.
Há várias maneiras de ser cuidado e de cuidar no mundo em que
vivemos, tanto o cuidado com as pessoas, como com o meio em que vivemos,
que no caso é o planeta Terra, para que possa ser um lugar agradável para
todos os seres habitarem, pois se cada um tivesse a consciência de cuidar, de
respeitar um ao outro, consequentemente poderíamos viver em um mundo
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melhor sem tantas violências, tantas destruições, brigas, desentendimentos,
angústias, medos, solidão, etc.
Muitas pessoas sofrem de dores musculares, dor de cabeça, dor de
estômago, doenças essas psicossomáticas, sentidas por causa da solidão,
depressão e tristeza, em um mundo globalizado e com tanto avanço da
tecnologia.
Deveriam ser dias melhores. No entanto estão acarretadas de
compromissos e cada vez mais estressadas. Isso quer dizer que a tecnologia
não trouxe tanto conforto assim.
Segundo Sá; Mattar; Rodrigues (2006) a solidão é uma das grandes
queixas nos consultórios de psicoterapia. Os temas se repetem como: ciúmes,
temor da traição e do abandono, queixa pelo modo como se dão hoje os
relacionamentos amorosos, a falta de compromisso entre as pessoas, e,
finalmente a afirmação de estar protegido, tendo ao lado o par amoroso, cuja
ausência traz a sensação de “vazio” de angústia.
Mostrando com isso que ainda falta muito para o ser humano perceber
realmente a importância do cuidado em sua vida emocional, por ser uma
espécie pensante as pessoas têm tendência a dar mais importância aquilo que
possui mais valor. É o caso dos bens materiais que possuímos, como carro,
casa, moto, apartamento, móveis, objetos valiosos.
Conforme Cury (2007, p. 15) o nosso maior tesouro é a vida. “Sem ela,
não temos nada e não somos nada. E sem qualidade de vida, ainda que
estejamos vivos, não temos sentido, encanto, saúde e prazer de viver”.
Até psicólogos e psiquiatras, que são profissionais com a
responsabilidade de cuidar da saúde dos outros, têm dificuldade para cuidar da
sua qualidade de vida. São pessoas que se dedicam para os outros e são
péssimos para si (op. cit. p. 16).
Segundo Heidegger apud Boff (1999, p. 34)
Do ponto de vista existencial, o cuidado se acha a priori, antes de toda atitude e situação do ser humano, o que sempre significa dizer que ele se acha em toda atitude e situação de fato.
A atitude do cuidado e do cuidar-se deveria estar constantemente
presente na vida do ser humano. Pesquisas revelam que os consultórios de
psicologia estão crescendo cada vez mais, devido ao que já é consagrado no
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senso-comum como sendo o vazio existencial ou a falta de um sentido para a
vida, que pode ser conseqüência do mundo globalizado em que vivemos.
O ser humano está em constante ligação com o mundo externo e pouca
ligação com si mesmo. Como o mundo globalizado exige cada vez mais das
pessoas, elas estão sem tempo para se cuidarem, e isso vai gerando um
grande desgaste não só físico, mas como mental.
E essa constante ligação gera sérios desequilíbrios emocionais no ser
humano, como o vazio existencial, solidão, depressão, ansiedade, angústias
etc.
Para Frankl (2006), o vazio existencial se expressa principalmente no
tédio e na angústia. A tecnologia do mundo globalizado tenta de mil maneiras
romper a entediante vida social , mas cada vez mais o ser humano moderno
está angustiado, entristecido e com um grande vazio interior (CURY, 2007).
Do que adianta países desenvolvidos como o Canadá possuírem tantas
riquezas materiais, as pessoas de classe média conseguirem ter uma casa
própria e um carro, se elas são pobres de bons sentimentos, lhes faltam
criatividade, prelúdio, contemplar o beleza da vida, apreciar a natureza entre
outros.
Segundo Waldow (2004, p. 131) hoje, mais do que nunca precisamos
refletir mais sobre o cuidado e o deixar fazer parte de nossas vidas, “contudo
se deixarmos o não cuidado prevalecer, seremos parte de uma sociedade, de
homens e mulheres, que tende a se brutalizar, tornando-nos desumanos e
destruindo não só a nós próprios, mas ao meio ambiente que nos cerca”.
O cuidado humano pode ser de duas formas: uma forma pela
sobrevivência e outra como uma expressão de carinho e interesse. A primeira
forma não deixa de ser uma expressão de incluir o ser no mundo, a busca pela
preservação da vida. E a segunda forma, é o que o ser humano faz em relação
ao outro, a forma como se expressa, se relaciona e respeita as outras
pessoas. Essas duas questões podem ser vistas como as relações filosóficas
do cuidado (WALDOW, 1998).
O ser humano ainda tem um olhar só pra si, muitas vezes esquecendo
das pessoas ao seu redor e do mundo em que vive. “Quanto mais a pessoa
esquecer de si mesma - dedicando-se a servir uma causa ou a amar outra
pessoa - mais humana será e mais se realizará” (FRANKL, 2006, p. 100).
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Para Schwarz (2007 apud BOFF, 1999 p. 11-12) a essência humana não
se encontra tanto na inteligência, na liberdade ou na criatividade, mas
basicamente no cuidado. O cuidado é, na verdade, o suporte real da
criatividade, da liberdade e da inteligência. Nele se encontra o Ethos
fundamental do humano. Ou seja, no cuidado identificamos os princípios, os
valores e as atitudes que fazem da vida um bem-viver e das ações um reto
agir.
Atualmente estamos vivendo em uma era de grandes mudanças no
mudo da globalização, toda hora surgem produtos novos no mercado, e isso
atrai cada vez mais as pessoas para o consumismo, no qual muitos indivíduos
não possuem condições financeiras para adquirir tais produtos e se sentem
fora dessa sociedade tão consumista.
A modernidade desenvolve, a economia do dinheiro, que fornece um
caráter impessoal às atividades e relações sociais, conferindo-lhes um caráter
passageiro, havendo o lucro como um dado concreto, formando, assim, uma
totalidade objetiva, e assim a sociedade moderna seguindo um padrão, o
monetário. Conforme Tessarotto (2004 apud SIMMEL 1998, p.25) “a atividade
se mostra totalmente objetiva e independente diante de um acionário singular”.
A modernidade, a globalização influi desse modo na cultura à medida
que desenvolve o dinheiro, que padroniza e tudo nivela, estabelecendo o
interesse comum ou uma comunidade totalmente universal, globalizada. A
cultura moderna gesta uma nivelação social, com a independência da pessoa
enquanto indivíduo autônomo (TESSAROTTO, 2004).
De acordo com Handy (1999, p. 5) as pessoas se sentem impotentes
sem dinheiro, ficam imaginando o que fazer com mais dinheiro, se gastam, se
poupam ele. O dinheiro se tornou um elemento muito comum em nossas
sociedades.
Mas existem pessoas que se tornam escravas do dinheiro. Handy (1999,
p.6) explica que “talvez o dinheiro seja uma necessidade, mas não uma
condição para a felicidade”. O qual parece que essa afirmação ainda não está
bem clara para as pessoas, pois muitos roubam pelo dinheiro, seqüestram,
brigam, matam pessoas, por um denominador visto em nossas sociedades
como um elemento que se você não possuir, você também não tem o direito de
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ser um cidadão estável, com riquezas e tecnologias que o mundo globalizado
oferece.
Percebe-se que a sociedade moderna influencia muito nas pessoas,
formalizando um padrão de uma sociedade consumidora, levando isso a muita
violência no mundo, onde as pessoas disputam o poder.
Não se importando com bilhões de seres humanos que passam fome,
não possuem uma casa pra morar, não tem água pra beber etc.
Com todo este contexto de idéias, informações, utilidades que existem
no mundo globalizado. Ainda assim pesquisas revelam que cada vez mais o
número de pessoas que procuram a psicoterapia está aumentando. O que nos
parece bem claro é, que esta sociedade moderna está causando uma certa
turbulência na mente humana, e muitas vezes um vazio existencial profundo.
Segundo Frankl, cada pessoa tem a tarefa de achar um próprio sentido
na vida, cada pessoa tem sua própria vocação ou missão que lhe conduzirá
para um caminho melhor, ou de acordo com Schwarz (2007 apud FRANKL,
2006, p. 98-99)
Uma vez que cada situação na vida constitui um desafio para a pessoa e lhe apresenta um problema para resolver, pode-se, a rigor, inverter a questão pelo sentido da vida. Em última análise, a pessoa não deveria perguntar qual o sentido da sua vida, mas antes deve reconhecer que é ela que está sendo indagada. Em suma, cada pessoa é questionada pela vida; e ela somente pode responder à vida respondendo por sua própria vida; à vida ela somente pode responder sendo responsável. Assim, a logoterapia vê na responsabilidade (responsibleness) a essência propriamente dita da existência humana.
Cada vez mais as pessoas estão preocupadas com roupas, calçados,
carros do ano, ser importante na sociedade. Deixando de lado questões bem
mais importantes para a sobrevivência da humanidade.
Para Handy (1999, p.13) os produtos que não possuem preços são
ignorados no mercado. São como o meio ambiente, os oceanos, as ruas, as
florestas. Nós poluímos a maior parte do tempo sem penalidades. O que não
tem dono não tem preço, e o maior erro de tudo isso é que essas coisas
deveriam custar um valor, as pessoas deveriam pagar um imposto pelos danos
que causam ao meio ambiente.
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E a falta desse cuidado que as pessoas estão tendo com a natureza,
está afetando nelas mesmas, pois o cuidado com a natureza ajuda o ser
humano a ter uma melhor qualidade de vida. Por exemplo, a água. Se faltar
esse elemento fundamental para nossa saúde, consequentemente não vamos
sobreviver, e em muitos países isso já está acontecendo.
Estamos vivendo numa era que a cada dia surgem coisas novas, uma
evolução nos valores sociais, empurrada por avanços tecnológicos. Um mundo
muito competitivo nos quais as mudanças nos são impostas.
Para Cury (2007, p.104)
Nós podemos acelerar tudo no mundo exterior com vantagens: os
transportes, a automação industrial, a velocidade das informações
nos computadores; mas nunca a construção de pensamentos.
Infelizmente, mexemos na caixa preta da inteligência humana com
grandes prejuízos.
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4 Atitudes de cuidado em um mundo globalizado
De acordo com Silva et al (2005) saber cuidar implica aprender a cuidar
de si e do outro, levando sempre conosco a realidade, possibilidades e
limitações. Ao invés de sonhar com um mundo melhor, em querer fazer um
mundo perfeito, sonhamos com uma sociedade onde os valores se organizam
e se constroem ao redor do cuidado com as pessoas, sobretudo, considerando
as diferentes culturas, saberes, pensamentos, níveis sociais, idéias. Com o
planeta em que vivemos e com as questões que envolvem este viver em
relação de cuidado uns com os outros.
Portanto, o que isso implica na profissão de psicólogo?
Segundo Silva (2005 apud BOFF,1999) “estamos vivendo uma crise
generalizada, onde o descuido, o descaso e o abandono são seus sintomas
mais dolorosos”. Podemos ver hoje o descuido com as crianças do planeta,
com as famílias de classe pobre, marginalizados e flagelados pela fome crônica
e com várias doenças. Nas quais não podem ser tratadas pela falta de um
plano de saúde, saneamento básico, falta de postos de saúde nas áreas de
pequena e baixa renda. E com o grande aumento populacional global, essas
causas voltam com toda força. As pessoas atualmente estão muito sozinhas,
egoístas, medrosas e o que é pior, enterrando seus sonhos.
Como profissionais da Psicologia, podemos tentar modificar esta
realidade, ou contribuir para que a essência do cuidado humano, enquanto
ciência, atitude, subjetividade, objetividade, ajude o ser humano a ter uma vida
mais digna, desvendar as coisas lindas singelas e ocultas que nos rodeiam,
fazer de cada momento uma vivência mágica, e que principalmente possa
enxergar o espetáculo maravilhoso que é a vida. E que acima de tudo o
cuidado possa ser visto para o ser humano como um meio a fim de obter
melhoria da qualidade de vida, com ética e dignidade, neste espaço planetário
em que vivemos.
Para Silva et al (2005) o ser humano, para proteger-se do mundo que o
rodeia e até de si mesmo, de suas angústias, medos e outros sentimentos, tem
esquecido da beleza das coisas simples que a vida lhes proporciona.
Silva et al (2005) explica que
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Na década de 50 do século passado, a televisão era acesso de poucos e muitos nem conheciam o aparelho de “apertar o botão” e ver o mundo uma caixa. Nesta época, as pessoas se reuniam na sala de estar para conversar, trocar idéias e conviver com aqueles de seu cotidiano. As pessoas se olhavam, riam umas para as outras, sonhavam com o progresso e conversavam. E o que temos hoje? Pessoas que se reúnem, talvez na mesma sala de estar, porém sempre com pedidos de silêncio para que todos possam assistir a televisão e o noticiário, que em mais de 50%, com cenas de morte, estupro, roubos, entre outros.
Percebe-se a importância e a força positiva da televisão e sua relação
com o mundo globalizado. Porém, o ser humano tem se esquecido de formas
singelas de cuidado, gerando um certo grau de desconforto que vai além de si
mesmo, pois o ser humano deve estar aberto para o mundo.
Assim, necessitamos enxergar o que as imagens não revelam e
perceber o que os sons não traduzem, descobrir o sabor da água, o aroma das
flores, viajar, conhecer lugares e pessoas diferentes, as nossas mãos precisam
pegar mais na terra escura e úmida, ou seja, contemplar aproveitar a vida de
uma maneira diferente que o mundo globalizado nos submete a enfrentar. Pois o
mundo virtual criou um novo habitat para o ser humano, caracterizado pelo
envolvimento sobre si mesmo e pela falta do toque, do tato e do contato
humano, gerando assim, como já foi falado em capítulos anteriores uma grande
frustração, depressão, vazio existencial e medos no ser humano.
Pessoas, como nós psicólogos e futuros psicólogos comprometidos com
a ética, o bem estar, o zelo pela profissão e compaixão pelo humano, devemos
nos aproximar das pessoas através de formas diferenciadas e humanizadas do
cuidado.
Neste sentido, a Psicologia implica em auxiliar as pessoas a buscarem
um caminho que lhes dêem o sentido do cuidado de si, através da
compreensão de que a vida é repleta de sentidos, e que, a partir dessa
compreensão, possam transcender dentro de uma concepção holística de ser-
no-mundo-com-o-mundo, cuidando e se cuidando .
Segundo Souza(2007 apud SAFRA 2006) “o mundo contemporâneo é
um mundo de ruídos em que o silêncio é evitado e desse modo o encontro
consigo mesmo é adiado”.
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Muitas pessoas afirmam que não suportam ficar em companhia com si
mesmas, fazem de tudo para não terem tempo de ficarem pensando na vida,
procuram estar naquela balada, ou naquela festa, onde todo mundo vai estar,
porque precisam ser vistas pelos outros, precisam estar na moda, porque a
sociedade exige um padrão assim. È como se fosse uma fuga de algo que
nem elas sabem direito o que se passa.
E quando vão aos consultórios de Psicologia mostram em suas falas
que todos esses fatores de moda, baladas, trazem muito a solidão. Até pela
rapidez com que acontecem os eventos e as relações.
A correria dos adultos contra o tempo, as angústias, as dificuldades, a
competitividade, tanto no trabalho quanto a sua aparência em acompanhar o
processo da globalização, está passando para as crianças também.
De acordo com Souza (2007) pesquisas revelam que muitas crianças
estão tendo dificuldades de freqüentarem a escola, até mesmo desenvolvendo
problemas de saúde como: dores de cabeça e dores de estômago. Problemas
esses não pelo medo de irem para a escola, e sim pela competição e
humilhação dos colegas.
Crianças que muitas vezes são levadas para a escola com carros
importados, motoristas particulares, usam roupas e calçados de marcas,
possuem “tal” celular, “tal” brinquedo. São aspectos vistos em comunidades de
classe alta, média e baixa renda. Elas relatam não ter tal objeto, se sentem
desvalorizadas.
Levando isso a sérios problemas como: roubo, assalto, drogas.
Infelizmente, isso nos leva a acreditar que hoje o que parece importante para
as pessoas é o ter e não o ser.
Como psicólogos devemos olhar mais para o mundo que nos rodeia. As
pessoas tem muito a visão de que o profissional psicólogo, é só ficar entre
quatro paredes atendendo pessoas. E que na verdade a Psicologia é muito
mais do que isso, o psicólogo pode trabalhar em escolas, empresas, na área
jurídica, do esporte. Áreas estas que precisam muito de cuidado com as
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pessoas. Mostrando que o papel do psicólogo também é de indicar métodos de
cuidado e fazer a promoção de saúde como o ser humano pode viver melhor
na era da globalização.
A correria das tarefas do trabalho, tentar fazer várias coisas ao mesmo
tempo é uma das principais causas de estresse na vida moderna. A solução é
desenvolver tarefas, uma de cada vez, e só assim sairá bem feita. A
recomendação é fazer uma lista de atividades que precisam ser cumpridas,
dando critérios as mais importantes.
Muitas pessoas reclamam que tudo vai mal em suas vidas, mas isso
não é verdade. Pessoas que mesmo tendo um bom emprego, um bom
relacionamento com as pessoas, reclamam que vivem nervosas devido à
problemas cotidianos, que podem ser o som do despertador, uma dor de
cabeça, a televisão dos vizinhos, os engarrafamentos, aquele chefe
insuportável etc. O melhor é não generalizar alguns eventos negativos e
presumir que tudo vai mal, que tudo dá errado. Se estivermos duas horas em
um engarrafamento, se um pneu furou e ainda perdemos a carteira, podemos
pensar que foi um dia terrível, mas os fatos desagradáveis foram apenas três,
e o dia tem muitas horas. Há inúmeros momentos agradáveis que passamos
durante o dia, como uma conversa boa com um colega de trabalho, uma xícara
de café, um telefonema importante, o bom tempo.
Se fizéssemos uma lista de coisas boas e ruins que acontecem durante
o dia conosco, e déssemos a cada uma delas pontos por seu grau de
importância, daríamos conta que foram muito mais numerosos e importantes
os momentos positivos. È preciso ser realista e perceber as coisas boas que
nos acontecem durante o dia
Conforme Souza (2007 apud SILVA 2001, p.79)
O que define a clínica é a relação com o outro, e justamente por isso é que precisamos escolher uma forma de nos relacionarmos que sustente nossa prática. Esse mesmo autor defende que a melhor saída é sustentar a clínica no ethos do cuidado. E afirma que “se fazer clínica não é estar entre quatro paredes brancas promovendo a cura, entendemos que a função desta seria, justamente, cuidar de pessoas, cuidar de problemas”.
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Segundo Cury (2007, p. 169) as pessoas devem falar de si mesmas, ser
transparentes, não ter vergonha das suas falhas nem medo de seus fracassos.
A arte de ouvir e de dialogar deveria ser cultivada por pais e educadores. Que
tipo de educação estamos propondo e que tipo de juventude estamos
formando? A educação precisa humanizar-se, o professor deve falar do seu
mundo, suas alegrias, seus medos e das suas angústias, conquistar o terreno
da emoção, para depois conquistar o terreno da razão. Somente um bom
diálogo evita conflitos, violências.
Segundo Vinhal (2008)
A medicina cada vez mais busca alternativas para melhor atender e tratar os pacientes. No caso daqueles que não têm mais esperança de vencer a doença, uma alternativa humanística são os cuidados paliativos que visam à melhoria na qualidade de vida, inclusive dos familiares.
Para discutir e trazer novidades sobre o tema o Departamento da
Psicologia Médica da Associação Paulista de Medicina (APM) promoveu dia 5
de Abril de 2008, da 9h às 13 h, a 1ª Jornada de Psicologia Médica sobre
Cuidados Paliativos. Foi uma Jornada realizada principalmente para os
profissionais da área da saúde, que teve como foco a atualização e
humanização médica, com ênfase na importância do bem cuidar.
Segundo Vinhal (2008 apud NATRIELLI) “é importante ressaltar que a
cura alivia os sintomas e a doença. Já o cuidar além do alívio, oferece conforto
e confiança ao paciente de maneira mais eficiente possível”.
De acordo com Oriá; Moraes; Victor (2004) “para prestarmos o cuidado
emocional é necessário sermos bons ouvintes, expressando um olhar
atencioso, tocando e confortando os nossos clientes, e recuperando sua auto-
estima”.
Os efeitos comportamentais como: tocar, olhar e do ouvir, são
essenciais à segurança, proteção e auto-estima de uma pessoa. Segundo Oriá;
Moraes; Victor (2004 apud MONTAGU 1998) o tocar pode desenvolver muitas
vantagens em termos de saúde física e mental.
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Tocar alguém com a intenção de que essa pessoa se sinta melhor, por si
só já é um processo terapêutico, portanto o ato de tocar alguém é confortável e
faz parte do cuidado emocional.
A solidão mais grave não é aquela em que a sociedade nos abandona,
mas aquela em que nós mesmos nos abandonamos. As crianças nas escolas
aprendem diversas disciplinas, mas não aprendem a conhecer-se. Cabe ao
psicólogo dirigir o paciente ao conhecimento de seus pensamentos, indicando-
lhes caminhos e atitudes de cuidados e consequentemente para as pessoas
terem uma vida saudável, se protegendo de doenças.
Segundo Vinhal (2008 apud NATRIELLI)
No mundo atual é preciso valorizar a vida. Muito se perdeu com o pós-moderno. As pessoas deixaram de ser sujeitos para ser sujeitos ao consumismo; são inseridas em um meio que não permite ir ao encontro de si próprio. O melhor remédio, sempre, é amar o próximo e perceber que cada dia de vida vale a pena.
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5 Considerações Finais
Através deste trabalho, pude reconhecer a importância do cuidado das
pessoas no mundo globalizado. Descobrindo meios de viver melhor e ter uma
vida mais saudável.
As atitudes de cuidado, no mundo globalizado, à promoção da saúde,
dão-se em cuidar de si mesmo e do outro mais próximo.
O teólogo Leonardo Boff, assim como outros autores apresentados
neste trabalho, mostram como o ser humano deve interagir com a natureza, e a
preocupação não só de ficar doente, mas sim da vida adoecer em vários
aspectos.
Procurei mostrar com esta pesquisa, a importância que as pessoas
devem ter em cuidar da saúde física e emocional, dedicar-se a ajuda mútua, ao
resgate de valores sociais, morais e éticos, para assim melhorar os
relacionamentos com os outros seres humanos. Adquirindo honestidade,
humildade, sinceridade, transparência e responsabilidade.
Somente com esses valores acima citados, acredito que os seres
humanos encontrem a paz consigo mesmo, seu domínio próprio, a sua
liderança, o respeito para com as outras pessoas.
Espero que o leitor compreenda a dificuldade que eu tive para pesquisar
sobre este tema, pois o mundo globalizado é um assunto muito abrangente,
porém com poucas fontes concretas no cuidado á promoção da saúde.
Acredito que este trabalho possa ajudar outros profissionais e
estudantes que se interessam pelo mesmo assunto. Passando a levar em
consideração a importância do tema na psicoterapia e até mesmo para a sua
vida.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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