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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TÉCNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR
OCEANOGRAFIA
JOSÉ RICARDO GOMES
ADAPTAÇÃO E CRESCIMENTO DE JUVENIS DE BIJUPIRÁ
(Rachycentroncanadum) EM TANQUE REDE MARINHO NA FASE DE PRÉ-
ENGORDA, NA ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCORÓI (PENHA SC)
Itajaí
2012
JOSÉ RICARDO GOMES
ADAPTAÇÃO E CRESCIMENTO DE JUVENIS DE BIJUPIRÁ
(Rachycentroncanadum) EM TANQUE REDE MARINHO NA FASE DE PRÉ-
ENGORDA, NA ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCORÓI (PENHA SC)
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Oceanografia na
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Ciências tecnológicas da Terra e do Mar.
Orientador: Prof(a). Gilberto C. Manzoni.
Itajaí
2012
JOSÉ RICARDO GOMES
ADAPTAÇÃO E CRESCIMENTO DE JUVENIS DE BIJUPIRÁ
(Rachycentroncanadum) EM TANQUE REDE MARINHO NA FASE DE PRÉ-
ENGORDA, NA ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCORÓI (PENHA SC)
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi
julgado adequado para a obtenção do título
de Bacharel em Oceanografia e aprovado
pelo curso de Oceanografia da Universidade
do Vale do Itajaí, Centro de Ciências
Tecnológicas da Terra e do Mar.
Área de Concentração : Aquicultura marinha.
Itajaí, 08 de novembro de 2012.
Prof.Dr. Gilberto Caetano Manzoni
UNIVALI – CECIESA – CTL
Orientador
Prof.Dr. Paulo Ricardo Schwingel
UNIVALI – CECIESA – CTL
Membro
Prof.Dr. Adriano WeidnerMarenzi
UNIVALI – CECIESA – CTL
Membro
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a Deus por sempre olhar por mim e pela minha família, e
também pelo nascimento do meu filho Vinícius Erdmann Gomes, que nasceu no dia
30/09/12 com muita saúde.
A minha mãe Roelete Souza Gomes por ser a grande incentivadora deste projeto.
A minha esposa Ana Karina Erdmann que dividiu comigo todas as alegrias e
dificuldades neste período de faculdade, e pelo nosso filho.
A toda a minha família, meu pai João Carlos Gomes, meus irmãos André Luiz
Gomes e João Carlos Gomes Jr, e ao meu filho Thiago Francisco Hoffmann, que sempre me
incentivaram com palavras de apoio e carinho.
A toda equipe do Centro Experimental de Maricultura da Penha (SC), meu professor
e orientador Gilberto Caetano Manzoni, Prof. Adriano W. Marenzi, Jeferson Dick, Gilberto C.
Custodio Jr., Augusto Muller, Renato Leal, Sra. Eva (café), sem esta equipe seria impossível
a conclusão deste projeto de graduação.
A todo corpo docente do curso de Oceanografia da UNIVALI, pela minha formação
profissional.
A todos os alunos com quem tive a oportunidade de conviver durante o curso, e que
de uma forma ou de outra me ajudaram e me ensinaram.
v
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13
2.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 13
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 13
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 14
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 17
4.1. Área de estudo ...................................................................................................... 17
4.2. Transporte dos alevinos......................................................................................... 18
4.3. Tanque rede .......................................................................................................... 18
4.4. Delineamento experimental ................................................................................... 20
4.5. Ração .................................................................................................................... 20
4.6. Alimentação ........................................................................................................... 20
4.7. Troca das redes ..................................................................................................... 21
4.8. Limpeza das redes ................................................................................................ 21
4.9. Parâmetros físico químicos .................................................................................... 21
4.10. Biometria ............................................................................................................ 22
4.11. Parâmetros para análise do crescimento ........................................................... 22
4.11.1. Taxa de crescimento específico (TCE) ............................................................... 22
4.11.2. Sobrevivência .................................................................................................... 23
4.11.3. Biomassa final .................................................................................................... 23
4.11.4. Taxa de conversão alimentar aparente (CAA) .................................................... 23
5. RESULTADOS ............................................................................................................. 24
5.1. Transporte dos alevinos......................................................................................... 24
5.2. Aclimatação dos peixes. ........................................................................................ 25
5.3. Transporte para os tanques ................................................................................... 26
5.4. Alimentação ........................................................................................................... 27
5.5. Troca das redes ..................................................................................................... 28
5.6. Limpeza das redes ................................................................................................ 29
5.7. Biometria ............................................................................................................... 29
5.8. Parâmetros físico-químicos ................................................................................... 30
5.8.1. Temperatura ................................................................................................... 30
5.8.2. Oxigênio ......................................................................................................... 32
5.8.3. Salinidade ....................................................................................................... 32
vi
5.9. Parâmetros para análise do crescimento ............................................................... 33
5.9.1. Ganho de peso médio .................................................................................... 33
5.9.2. Taxa de crescimento específico (TCE) ........................................................... 35
5.9.3. Conversão alimentar aparente (CAA) ............................................................. 35
5.9.4. Sobrevivência ................................................................................................. 36
5.10. Patologias ....................................................................................................... 36
5.11. Biomassa final ................................................................................................ 38
5.12. Área de estudo ............................................................................................... 39
6. CONCLUSÕES............................................................................................................. 40
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 41
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................. 42
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Enseada do Itapocorói - Penha – SC (tanque 02, usado durante o experimento).
............................................................................................................................................ 17
Figura 2: Transfish adaptado em veículo utilitário. ............................................................... 18
Figura 3: Foto do tanque-rede utilizado no experimento ...................................................... 19
Figura 4: Foto da ração pellet de 4mm................................................................................. 20
Figura 5: Oxímetro AT – 150 da Alfa Kit............................................................................... 22
Figura 6: Medição do comprimento total na chegada dos alevinos (paquímetro) ................ 25
Figura 7: Movimento natatório circular dos alevinos, durante a fase de aclimatação em
laboratório. ........................................................................................................................... 26
Figura 8: Transporte dos peixes em caixas plásticas, para o tanque de cultivo . ................. 26
Figura 9: Tratamento dos peixes no tanque rede. ................................................................ 27
Figura 10: . Pellets na superfície da água. ........................................................................... 28
Figura 11: Presença de organismos incrustantes na rede ................................................... 28
Figura 12: Peixes em processo de anestesia ...................................................................... 30
Figura 13: Gráfico da variação da temperatura no tanque de cultivo. ................................ 31
Figura 14: Gráfico de variação do oxigênio dissolvido no tanque de cultivo. . .................... 32
Figura 15: Gráfico de variação da salinidade no tanque de cultivo. ..................................... 33
Figura 16: Gráfico do incremento de peso. .......................................................................... 34
Figura 17: Imagem da enfermidade na cabeça.dos peixes. ................................................. 37
Figura 18: . Presença de Amyloodinium sp próximo as nadadeiras dos peixes .................. 38
Figura 19: . Incrustações nas estruturas do tanque rede. .................................................... 39
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: . Incremento de peso por biometria. .................................................................................... 34
ix
RESUMO
O bijupirá(Rachycentroncanadum) apesar de seu potencial de desenvolvimento em cativeiro, possui hoje poucas informações de cultivo em tanques-rede marinhos no Brasil, e em especial em Santa Catarina que não possui informações sobre o desenvolvimento desta espécie. Com a finalidade de fornecer informações que subsidiem a implantação de cultivos deste peixe no Estado, neste trabalho foi avaliado o seu desenvolvimento na fase de pré-engorda em tanque rede marinho de 64m3. Os juvenis de bijupirá (n=467) com peso médio inicial de 0,2g, comprimento médio inicial de 3,7cm, foram alimentados uma vez ao dia até a saciedade com ração extruzada composta por 50% de proteína animal. Para a avaliação do incremento de peso e conversão alimentar, foram realizadas 5 biometrias onde 100 peixes eram coletados aleatoriamente do tanque, encaminhados para o laboratório onde eram sedados com benzocaína, pesados e medidos no comprimento total, a ração foi pesada diariamente antes e após a alimentação, também foram coletados dados de temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido na área do cultivo durante o período amostral. Os resultados indicam que durante os seis meses de experimento a temperatura variou com médias de 18,7°C a 24,4°C, e os peixes apresentaram uma Taxa de Crescimento Específico (TCE) de 3,8% ao dia. É importante destacar que este é um projeto pioneiro no litoral de Santa Catarina, e os dados gerados vão contribuir para o desenvolvimento desta nova modalidade de cultivo em Santa Catarina.
Palavras-chaves: Bijupirá,cultivo, tanque-rede marinho
x
ABSTRACT
TheBijupirá(Rachycentroncanadum) despite itspotential for developmentin captivitytoday haslittle informationoncultivationofmarinecagesin Braziland especially inSantaCatarinawhere there is noinformation aboutthe developmentof this species. In order toobtaininformationthat supportthe deployment ofthis fishfarmingin the state, was evaluatedin this studythe developmentof this speciesin the pre-fattening inmarinecageof64m3intheItapocoróiBay. ThejuvenileBijupirá(n=467)withan average initial weightof 0.2g( ±0.1), average initiallengthof 3.7cm(±0.6), were fed oncea day untilextruded feedconsisting of 50% of fish protein. To evaluate therate of weight gainandfeed conversion, wereheld 5biometricswhere100 fishwere collectedrandomlyfrom the tank, sentto the laboratorywhere they weresedated withbenzocaine, weighed and measured intotal length, dailyrationwas weighedbefore andafter feeding, were also collecteddata on temperature,salinity anddissolved oxygenin the areaof cultivationduring thesample period. The results indicate thatduring the sixmonths of the experimentthe averagesalinitywas 32, the average dissolved oxygenwas 6.7mg / L, and the temperature rangedaveraging18.7° C to24.4° C. The fishhad aspecificgrowth rate of 3.8% per day reachingan average weight of40g(±10), andaverage lengthof 19.2cm(±32.3). Importantly,this is apioneering projecton the coastofSantaCatarina, andthe data generatedwillcontribute to the developmentof this new modeof cultivation inSantaCatarina.
Keywords: Bijupirá, crop, cagesMarch
11
1. INTRODUÇÃO
O consumo mundial de peixe vem crescendo a uma taxa média de 3,6 % ao ano
superando o índice de crescimento populacional que foi de 1,7 %, a pesca de captura
juntamente com a aquicultura foram responsáveis por 148 milhões de toneladas de pescado
em 2010, sendo que deste total 128 milhões foram utilizados para o consumo humano. A
busca por hábitos alimentares mais saudáveis somado a uma melhor distribuição do
produtoontribuírampara o aumento do consumo per capta de 9,9 kg na década de 1960,
para 18,4 Kg em 2009, as estatísticas preliminares já apontam um provável aumento neste
índice podendo chegar a 18,6 Kg em 2010 (FAO 2012).
Segundo dados da FAO (2012), a aquicultura mundial atingiu 60 milhões de
toneladas em 2010, atualmente cultiva-se em torno de 600 espécies comestíveis criadas em
diferentes sistemas de cultivo, espécies de agua doce, salobra e salgada em tanques,
viveiros e outros, tendo a China como maior produtor mundial. Apesar da baixa produção, se
comparada a pesca de captura mundial, além de incrementar a balança comercial, a
aquicultura desenvolve programas de repovoamento de espécies alvo da indústria da pesca
de captura visando um reabastecimento dos estoques pesqueiros.
No Brasil a produção de pescado oriundo da aquicultura foi de 479.399 toneladas no
ano de 2010, um incremento de 15,3% se comparado a produção de 2009, evidenciando um
forte crescimento do setor, a maior contribuição é originária da piscicultura continental com
82,3% da produção nacional. A produção aquícola marinha foi de 85.058 toneladas, com a
região Nordeste contribuindo com 79,2% do total produzido, seguido das regiões Sul,
Sudeste e Norte que juntos representam 20,8% do total Nacional, MPA (2010), sendo os
camarões e os moluscos respectivamente os principais grupos cultivados.
O aumento na demanda do consumo de pescados vem obrigando a indústria da
pesca a intensificar suas atividades, e começa experimentar a falta de alguns estoques
pesqueiros. A criação de peixes em tanques redes marinhos é uma atividade bastante
desenvolvida em alguns países, e pode ser uma alternativa econômica eficiente, que visa
uma produção lucrativa, preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Com
relação as espécies cultivadas em tanque-rede marinho, é importante destacar os cultivos
mundiais de salmonídeos que juntamente com o “milk-fish” movimentam 3,6 milhões de
toneladas por ano.
12
Segundo SHEPHERD e BROMAGEM (1988), os primeiros indícios da criação de
peixes marinhos em cativeirodatam de 1400, onde moradores de uma região denominada
República da Indonésia capturavam juvenis de peixe-leite (Chanoschanos) nas variações de
maré, que posteriormente eram colocados em viveiros para engorda. Apesar dos indícios a
aquicultura de peixes marinhos iniciou sua expansão apenas em 1954, quando no Japão
deram início ao cultivo de olhete (Seriolaquinquerradiata) em tanques redes. Em 1973 na
Malásia, foi introduzido o cultivo de garoupas que mais tarde nos anos 80 espalhou-se pelos
países asiáticos. A expansão mundial deste novo segmento tem início a partir de 1990
Algumas espécies chamam a atenção pelo seu potencial de desenvolvimento, uma
delas é o bijupirá(Rachycentroncanadum). Esta espécie habita toda costa do Brasil (Cavalli
& Hamilton, 2007) e tem ampla distribuição geográfica. É um peixe de atividade natatória
intensa com alimentação carnívora, desloca-se em cardumes pequenos e atinge tamanhos
consideráveis.
Em Taiwan a criação desta espécie em cativeiro é realizada com sucesso desde
1994, sendo hoje uma das espécies mais cultivadas presentes em 80% dos tanques – rede
do país. Seu potencial de desenvolvimento supera outros cultivos, com incremento de peso
entre 4 a 6 kg em um ano e uma taxa de conversão alimentar que varia de 1,5 a 1,8 / 1.
Possui boa aceitação no mercado interno sendo consumido como sashimi(peixe cru), e
outras formas de preparo, o quilo é comercializado entre US$ 4,60 a US$ 5,60,
(Liao&Leaño, 2007).
O Brasil possui uma extensa costa marinha com características muito favoráveis ao
desenvolvimento desta cultura, embora tenha havido grande interesse na criação do bijupirá
com iniciativas privadas e governamentais, são raros os estudos disponíveis sobre a
biologia e tecnologia de criação desta espécie. Atualmente, existem projetos de engorda de
(R. Canadum) na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e São Paulo
(Carvalho Filho, 1999).
O Estado de Santa Catarina possui grande expressividade na maricultura nacional, e
é responsável por 95% da produção de bivalves no pais(MPA 2010), contudo as primeiras
experiências com peixes em tanques-rede marinhos são recentes e estão sendo
desenvolvidos de maneira integrada a partir de 2010 por parcerias executadas entre a
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), EPAGRI e UNIVALI, com espécies de
robalo flecha e robalo peva (Ross, 2011; Nemitz 2011). Devido o seu potencial de
crescimento o bijupirá despertou a atenção deste grupo de pesquisa, motivando assim a
implantação deste projeto pioneiro em Santa Catarina.
13
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar o desenvolvimento do bijupirá(Rachycentroncanadum) em tanque-rede
marinho na fase de pré-engorda na enseada da Armação do Itapocorói, Penha SC.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a- Determinar o crescimento do bijupirá(Rachycentroncanadum).
b- Determinar o ganho de peso médio em densidade específica.
c- Avaliar a taxa de conversão alimentar da espécie nos cultivos.
d- Avaliar a taxa de sobrevivência da espécie.
14
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A produção mundial de cultivo de espécies comestiveis aquaticas foi de 59,9 milhões
de toneladaas em 2010, representando um aumento de 7% com relação ao ano de 2009. A
criação de peixes (marinhos e de água doce), crustáceos, moluscos, anfibios (rã), répteis
aquaticos e algas, contribuiram para a obtenção de uma taxa média de crescimento anual
de 8,8%, nas décadas de 1980 a 2010. Dados relatam que este crescimento entre 1980 e
2010, foi maior que o do crescimentro populacional mundial (1,7%), indicando um aumento
no consumo médio anual per capita de 1,1Kg em 1980 para 8,7Kg em 2010, a uma taxa
média de 7,1%. Estima-se que o valor total da produçao aquicola de espécies comestíveis
em 2010 seja da ordem de 119.400 milhões de dólares (FAO 2012).
A aquicultura é um agronegócio que vem se estabelecendo e esta próximo de
alcançar a marca de 50% da produção mundial de pescados para consumo, podendo
equilibrar a falta de estoques pesqueiros da indústria de captura e o aumento na demanda
no consumo de peixes. Este volume é bem expressivo, mas o percentual que se refere aos
peixes exclusivamente marinhos é de apenas 3% do total (FAO, 2010).
A aquicultura que envolve a produção de espécies esclusivamente marinhas é um
dos setores que vem apresentando as mais altas taxas de crescimento em todo o mundo,
mantendo-se acima de 10% ao ano, no periodo de 1990 a 2008. Espécies como o bacalhau-
do-Atlântico (Gadusmorhua) na Noruega, os peixes planos
Psettamaxima,Paralichtysolivaceuse Cynoglossussemilaevis, o pargo europeu
(Sparusaurata), o robalo europeu (Dicentrarchuslabrax) e o robalo asiático (Lates calcarifer),
e recentemente o bijupirá (Rachicentrumcanadum) são exemplos de peixes cultivados que
contribuíram para este crescimento (FAO, 2010)
O Bijupirá (R.canadum) pode ser a espécie que hoje reúne as melhores condições
para ser produzido comercialmente em cativeiro (Cavalli & Hamilton, 2007). Um dos fatores
mais relevantes é seu rápido crescimento (Liao&Leaño, 2007). Embora as pesquisas sejam
recentes, o bijupirá pode alcançar peso entre 4 e 6 kg em um ano (Arnold et al.,2002;
Benetti et al., 2008) e entre 8 e 10 kg após 16 meses (Liao et al., 2004). Esse rápido
crescimento vem acompanhado de taxas de conversão alimentar relativamente altas,
geralmente próximas a 1,5/1 (Benetti et al., 2008).
A primeira tentativa de criação do Bijupirá provavelmente ocorreu na década de 1970
quando pesquisadores da Carolina do Norte, EUA, mantiveram exemplares vivos por
aproximadamente 131 dias, eclodidos de ovos coletados na natureza (Hassler&Rainville,
15
1975). Só a partir de 1994 passou a se obter desovas mais frequentes a partir de
reprodutores criados em cativeiro (Liaoet al., 2004).
A FAO (2011) estimou a produção mundial de Bijupirá pela aquicultura em 31.926
toneladas destacando-se como principais produtores China e Taiwan. A maioria dos
sistemas de cultivo utilizados nestes países consiste basicamente de tanques-rede
instalados em áreas marinhas abrigadas.Com relação a pesca, a frota mundial pesqueira
capturou em 2009 um total de 10.133 toneladas de Bijupirá, sendo que a maior contribuição
veio do Paquistão com 2.581 toneladas, no Brasil a captura pode ser considerada pouco
expressiva com apenas 976 toneladas.
O Brasil domina uma Zona Econômica Exclusiva marinha de 3,5 milhões de Km2,
com regiões tropicais e sub-tropicais que apresentam condições favoráveis a produção de
pescados, o clima predominante contribui para uma alta diversidade de espécies, as áreas
costeiras abrigadas oferecem vantagens a implantação de sistemas de cultivos off shore.
Apesar deste potencial o país ocupa uma posição sem muita expressividade no mercado
mundial de pescados, se comparado a outros países, as tecnologias aplicadas hoje podem
ser comparadas a um sistema artesanal de cultivo. Faz-se necessário uma modernização e
desenvolvimento de novas tecnologias para incrementar este setor da agroindústria que em
2009 foi responsável por 33,5% da produção nacional, ajudando a colocar o Brasil entre os
15 maiores produtores mundiais (BNDES, 2012). Com relação a aquicultura marinha no
Brasil, destaca-se a produção de camarão no nordeste e a produção de moluscos em Santa
Catarina.
Apesar de não existirem dados de produção de peixes marinhos cultivados no Brasil,
existem relatos de que o cultivo de peixes foi introduzido no século XVII em Pernambuco.
Segundo Von Ihering (1932) apud Cavalli &Hamiltom (2007), as principais espécies criadas
na época eram robalos (Centropomus), tainhas (Mugil) e carapebas (Eugerrese Diapterus),
em viveiros de maré nos municípios de Pernambuco, Recife e Olinda. Por um longo período
de tempo considerava-se as tainhas (Mugillizae Mugilplatanus), o robalo-peva
(Centropomusparallelus) e o linguado (Paralichthysorbignyanus), como as melhores culturas
de peixes marinhos para o Brasil (Baldisserotto& Gomes, 2005; 2010), mas apesar deste
inicio promissor a piscicultura marinha ainda não é uma realidade no país.
O inicio dos trabalhos de cultivo com bijupirá no Brasil ocorreu por volta do ano de
2006 quando foram capturados indivíduos adultos no litoral da Bahia e de Pernambuco, que
posteriormente foram aclimatados em cativeiro e desovaram espontaneamente. (Carvalho
Filho, 2006). Em seguida foram realizadas desovas esta espécie, a partir de planteis
16
formados da primeira geração no Rio Grande do Norte e depois em São Paulo. A produção
destes alevinos permitiu implantação de cultivos no Estado de Pernambuco, Rio Grande do
Norte e São Paulo, e a implantação em 2009 do “Projeto Cação de Escamas: cultivo de
bijupirá pelos pescadores artesanais no litoral de Pernambuco”. Estes projetos continuam
em andamento com perspectivas de melhora no manejo e no cultivo da espécie Cavalli et al
(2011). Resultados positivos de cultivo de bijupira em tanques próximo a costa do litoral do
Rio de Janeiro (Angra dos Reis), foram apresentados por Sampaio et al (2011) verificando
que em 12 meses de cultivo atingiram peso médio de 4,2Kg.
Considerando o panorama mundial, as boas perspectivas com relação ao mercado, o
desenvolvimento de novas tecnologias, a geografia favorável de nosso território e uma
melhor atenção por parte dos órgãos governamentais, o Brasil poderá se tornar um grande
produtor de espécies exclusivamente marinhas.
Este experimento é pioneiro no Estado de Santa Catarina e tem como objetivo
avaliar o desenvolvimento do Bijupira(R.canadum) na fase de pré-engorda em tanques-rede
marinho, os resultados do estudo poderão contribuir para a melhoria das técnicas de manejo
e de cultivo deste peixe de grande potencial.
17
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Área de estudo
O estudo foi realizado na área de cultivo do Centro Experimental de Maricultura
(CEMar) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), na Enseada da Armação do Itapocorói
no município de Penha - SC (26º58’S ; 48º38’ W), durante o período de 27/03/2012 a
27/9/2012 (fig.01).
O laboratório atua no desenvolvimento de pesquisas na área de mariculturadesde
1994, em projetos vinculados a comunidade, as universidades da região, e a associação de
pescadores e maricultores do município.
Figura 1: Enseada do Itapocorói- Penha – SC (tanque 02, usado durante o experimento).
18
4.2. Transporte dos alevinos
Os alevinos de bijupirá (Rachecentrumcanadum) foram adquiridos da empresa
Redemar localizado no município de Ilha Bela (SP). Estes organismos foram acondicionados
em um transfischadaptado a um veículo utilitário (Fig. 02)e transportados até o CEMAR, o
tempo de viajem foi de aproximadamente 13 horas.
Ao chegar ao CEMAR os peixes vivos foram transferidos para um tanque de 5000
litros com água salgada, aeradores, e parâmetros de temperatura, salinidade e oxigênio
dissolvido ajustados as condições do local de origem visando um período de a aclimatação.
Os peixes que não sobreviveram foram contados, e em seguida foi realizada a
biometria de 100 alevinos do lote, para identificar o peso médio e o comprimento total
médio. Os peixes sobreviventes foram mantidos por um período de 22 dias em laboratório, e
posteriormente transferidos para um tanque-rede no mar com 5,7m de diâmetro.
Figura 2: Transfish adaptado em veículo utilitário.
4.3. Tanque rede
A estrutura do tanque rede foi fabricada com tubos de polietileno de alta densidade
(PEAD), soldados por termofusão (Fig.03). A base do tanque é composta por dois tubos de
140mm de diâmetro, soldados entre si, formando um tanque com diâmetro de 5,7m. Desta
base partem 9 hastes denominadas “Bracked”, que sustenta em sua ponta oposta a um
19
metro acima da linha da agua um outro anel com tubo de 50mm, este por sua vez com
diâmetro menor do que a base que gera conicidade e enrijece o sistema.
A base opera como flutuador do sistema, o anel superior serve para amarração das
redes e como apoio na hora do manejo, a rede do tanque foi fabricada com fios de PA
210/08 multifilamento, com abertura de malha entre nós adjacentes de 2mm na fase inicial e
5 mm na fase final, com diâmetro de 5,7 m, altura de 3,5 m, e volume útil de 64m3. A rede de
proteção contra a predação por pássaros foi confeccionada com fio de polietileno (PE), e
malha de 4mm, é apoiada sobre o tratador e fixada no anel superior por cabos.
Toda a estrutura do tanque é ancorada no fundo por cabos de polietileno (22 mm de
diâmetro) com comprimento médio de 30 m, amarrados a 6 tubos metálicos (100 mm
diâmetro) com 2 m de comprimento dispostos simetricamente em circulo enterrados no
fundo arenoso, a profundidade média da área é de 10 metros.
.
Figura 3: Foto do tanque-rede utilizado no experimento
Rede de proteção
Flutuadores
Anel superior
Rede tanque
Bracked
20
4.4. Delineamento experimental
Após o período de aclimatação os peixes foram colocados em 01 tanque rede de
64m3, com densidade total de (n=467) alevinos, dando início a avaliação na fase de pré-
engorda. Os peixes foram alimentados uma vez ao dia pela manha até a saciedade, foram
realizadas biometrias com amostras aleatórias de 100 indivíduos coletadas do tanque, e a
contagem total de peixes vivos ao final do experimento.
4.5. Ração
A ração foi fabricada pelo processo de extrusão pela empresa Nicoluzzie composta a
base de farinha de peixe com 50% de proteína bruta, foram usados dois tamanhos de pellet,
com 2mm de diâmetro na fase mais inicial e posteriormente passando para 4mm (Fig.04).
Os sacos de 30kg foram armazenados em local seco e protegido, toda a ração
utilizada no experimento foi doada pela empresa Rações Nicoluzzi (Penha-SC).
Figura 4: Foto da ração pellet de 4mm.
4.6. Alimentação
Uma vez ao dia pela manha os peixes foram alimentados manualmenteaté a
saciedade, a ração era lançada aos poucos para não haver desperdício por dispersão
provocada pelo regime hidrodinâmico. Em condições climáticas desfavoráveis que impedia o
deslocamento e dificultava o manejo, os peixes não foram alimentados. Para determinar o
consumo e a taxa de conversão alimentar, o recipiente transportador da ração foi abastecido
21
e pesado antes e após a alimentação, os dados de consumo de ração foram anotados em
planilha.
4.7. Troca das redes
A região do experimento apresenta uma grande variedade de espécies de fauna
incrustante, pois trata-se de uma baia semi-protegida onde a localização dos tanques-rede é
muito próxima a uma área de cultivo de mariscos que ocupa mais de 15% da área total,
diante disto é necessário a troca periódica do equipamento, evitando a comatação da malha
da rede e a proliferação de organismos associados a estas espécies incrustantes. A troca foi
feita com uma equipe de no mínimo três pessoas, onde a rede antiga foi desamarrada até a
metade da estrutura e paneada para um lado do tanque, enquanto a rede nova foi amarrada
no lado oposto. Com isso a parte solta da rede antiga foi colocada para dentro da rede nova,
facilitando assim a passagem dos peixes para rede limpa.
4.8. Limpeza das redes
Após a troca a rede suja foi estendida na balsa flutuante pertencente ao CEMar
fundeada na baia próximo a praia, onde permaneceram por um período de
aproximadamente uma semana secando ao sol. Este processo de secagem diminui a
resistência dos organismos fixados na rede facilitando o processo de limpeza com o lava
jato.
4.9.
4.10. Parâmetros físico químicos
Os dados de temperatura e salinidade foram coletados através de um equipamento
denominado “Tid-Bit” que estava fixado no tanque do experimento. O oxigênio dissolvido
(OD) foi obtido com um oxímetro modelo AT-150 da Alfa kit (Fig.05), com capacidade de
leitura de zero a 20mg/L.
22
Figura 5: Oxímetro AT – 150 da Alfa Kit.
4.11. Biometria
Para avaliar o desenvolvimento dos peixes cultivados foram realizadas 5 biometrias,
onde cerca de 100 individuos foram coletados aleatoriamente no cultivo e transportados
para olaboratório em tanques de 300 litros com água do mar. Após um período de
aproximadamente 2 dias, foram sedados, pesados em balança eletrônica digital (0,01), e
medidos no comprimento total com paquímetro ou escala numérica. Após o procedimento os
peixes eram colocados em tanques de 300 litros, com aeradores, visando a recuperação do
efeito da benzocaína e diminuição do estresse causado pelo processo, retornando ao
tanque rede após 24 horas.
4.12. Parâmetros para análise do crescimento
Os dados coletados de crescimento, peso dos peixes e consumo total da ração no
período amostral, depois de processados, foram usados para determinação dos seguintes
parâmetros:
4.12.1. Taxa de crescimento específico (TCE)
Esta taxa assume que o peso do peixe aumenta de forma exponencial, essa
estimativa é valida para peixes jovens e é expressa em (%/dia).
(TCE)=(
)
Onde:
23
Pt1 = peso total médio da amostra no início do experimento;
Pt2 = peso total médio da amostra no final do experimento;
t = tempo em dias. (BALDISSEROTO 2009)
4.12.2. Sobrevivência
A sobrevivência foi estimada através da contagem dos indivíduos vivos no início e no
final do experimento. O resultado é expresso em porcentagem.
S=(
)
Onde:
n = número de animais mortos no tanque.
N = número total de indivíduos no tanque.
4.12.3. Biomassa final
A biomassa final foi quantificada, multiplicando a media de peso pelo numero de
indivíduos vivos, dividido pelo volume total do tanque, expresso em g/m3.
4.12.4. Taxa de conversão alimentar aparente (CAA)
A taxa de conversão alimentar foi avaliada de acordo com (BALDISSEROTO 2009),
onde a taxa de conversão alimentar é dada pela equação:
(CAA) =
Onde:
Af = quantidade de alimento fornecido;
Gp = ganho de peso no período (Peso final – Peso inicial)
24
5. RESULTADOS
5.1. Transporte dos alevinos.
Com a finalidade de preparar fisiologicamente os peixes para o transporte, o
laboratório da Redemar SP, manteve os alevinos em jejum por 48 horas, com o objetivo de
diminuir a liberação de excrementos no fundo do tanque transportador, que poderia
aumentar a concentração de compostos nitrogenados e estimular o processo de anoxia da
água.
A duração da viajem foi de aproximadamente 15 horas, tempo em que os peixes
também não se alimentaram. Este longo período de 63 horas em jejum possivelmente
influenciou na morte de grande parte do lote, pois na avaliação inicial eram um total de 2000
peixes, restando no final da viagem 900 peixes, equivalente a um percentual de 55% de
mortalidade. Destes restantes 300 foram enviados para o laboratório de piscicultura marinha
da UFSC que fez a compra dos alevinos em parceria com o CEMAr, restando 600 alevinos
para o experimento.
Após a contagem dos peixes mortos foi realizada uma biometria (Fig.06) de 100
indivíduos coletados aleatoriamente, onde foi verificado que os peixes tinham um peso
médio de 0,2g (Desvio padrão = 0,1)e um comprimento médio de 3,7cm (Desvio padrão =
0,6).
Também foi realizada uma avaliação visual dos peixes que permaneceram vivos
onde foi possível identificar uma depressão na região ventral próximo ao trato digestivo dos
peixes dando indícios de um longo período sem alimentação.
É importante ressaltar que a expectativa inicial era de se adquirir peixes com
comprimento médio de 7cm, e peso médio de 6 a 7g, entretanto o laboratório da empresa
Redemar solicitou que fosse realizada a transferência dos peixes com o tamanho disponível,
pois não tinham condições de ficar mantendo estes peixes. Outro fator que influenciou na
opção de buscar estes peixes foi porque a mais de seis meses o CEMar estava na
expectativa de realizar a compra destes alevinos, mas a liberação não era confirmada.
Este fato demonstra que ainda não existe um fornecimento regular de alevinos deste
peixe no Brasil, sendo este um fator importante que deve ser solucionado para que a
produção comercial desta espécie seja consolidada.
25
Figura 6:Medição do comprimento total na chegada dos alevinos (paquímetro)
5.2. Aclimatação dos peixes.
A etapa de aclimatação dos peixes ocorreu em laboratório por um período de 22
dias, onde conforme comentado os peixes foram mantidos em um tanque circular de 5000
litros com diâmetro de 4m, com água do mar em circulação contínua e 3 aeradores
distribuídos no fundo do tanque, a alimentação foi feita uma vez ao dia no período da manha
até a saciedade com ração de 2mm de diâmetro. Durante este período foi possível observar
alguns hábitos deste peixe na hora de se alimentar, sendo que no início os peixes
encontravam-se dispersos próximo a superfície alimentando-se da ração recém lançada na
agua, passado alguns minutos uma grande parte dos alevinos agrupava-se no centro do
tanque em forma de cardume iniciando em seguida uma natação sincronizada ao redor do
tanque (Fig.07), quando da passagem no local onde a comida foi oferecida e já havia
afundado, os peixes mergulhavam e passavam a se alimentar da ração acumulada no
fundo, repetindo este processo até a saciedade.
26
Figura 7: Movimento natatório circular dos alevinos, durante a fase de aclimatação em laboratório.
5.3. Transporte para os tanques
Após a fase de aclimatação os peixes foram transportados para o tanque-rede no
mar em dois tanques de 300L acomodados em uma embarcação de alumínio com 5 metros
de comprimento, com motor de popa de 15Hp (Fig.08). Durante o percurso a água dos
tanques foi sendo substituída aos poucos pela água da baia, visando evitar uma troca muito
brusca de ambiente e diminuir o estresse dos peixes.
Figura 8: Transporte dos peixes em caixas plásticas, para o tanque de cultivo .
27
5.4. Alimentação
Os peixes receberam alimentação 6 dias na semana, pela manhã até a saciedade, a
ração era lançada manualmente em pequenas quantidades para evitar a dispersão (Fig.09).
Aos domingos não foi possível alimentar os peixes devido a normas internas da UNIVALI,
que não permite o uso de equipamentos e das instalações do laboratório neste dia. Em dias
de condições climáticas desfavoráveis também não foi possível realizar a alimentação.
Ao final do experimento foram consumidos 49,3Kg de ração, pode-se afirmar que a
ração oferecida foi razoavelmente aceita pelo bijupira, pois por ser produzida pelo processo
de extrusão, demorava a afundar. No início da alimentação os peixes demonstraram hábitos
parecidos com os de laboratório, vindo a tona num primeiro momento para se alimentar e
em seguida passavam a comer na coluna da água. A demora no afundamento do pellet,
muitas vezes permitia uma rápida dispersão para fora da área do tanque ou o amolecimento
do pellet, fazendo com que o mesmo se dissolvessena coluna da água gerando perda e
desperdício do alimento (Fig.10).
Figura 9: Tratamento manual dos peixes no tanque-rede.
28
Figura 10:Pellet da ração flutuando na superfície da água.
5.5. Troca das redes
Após um monitoramento visual do desenvolvimento de organismos incrustantes nas
redes, optou-se por uma troca mensal da rede pois neste período a rede já apresentava
grande quantidade de organismos incrustantes, prejudicando assim a circulação de água no
tanque devido a comatação da malha da rede, e também forçando os pontos de amarração
da rede com o tanque. (Fig.11).
Figura 11: Presença de organismos incrustantes na rede.
29
5.6. Limpeza das redes
Após o período de secagem ao sol, as redes eram levadas para o pátio do CEMAR,
estendidas por sobre o muro e lavadas com jatos d’água para a remoção da incrustação,
posteriormente era seca novamente ficando pronta para uso. O processo de limpeza
envolvia uma pessoa e durava cerca de 3 horas.
Na tentativa de descobrir novas maneiras de se remover esta matéria orgânica, a
equipe do laboratório percebeu que após o período de secagem os organismos perdiam
aderência, e que uma escova de cerdas mais duras removia com facilidade a incrustação,
com isso a equipe passou a limpar as redes esticando-as sobre o piso, e removendo a
sujeira com um escovão do tipo vassoura
5.7. Biometria
Durante o período experimental foram realizadas 5 biometrias, a partir de 100 peixes que
foram coletados aleatoriamente. Estes peixes eram transportados para o CEMar em tanques
de 300 litros contendo água do mar, os peixes permaneciam 24 horas no laboratório sendo
que após este período era iniciado o processo de anestesia dos peixes com a finalidade de
diminuir o estresse durante os procedimentos biométricos. Os peixes foram sedados com o
anestésico denominado benzocaína, o produto era dissolvido em água doce em pequenas
bacias plásticas (Fig.12). Com relação as quantidades de anestésico, tomou-se como
referencia as concentrações usados por Ross (2011) que utilizou 0,2g de anestésico por litro
para peixes de 3 a 5g de peso. Com o aumento do peso dos peixes foram aumentando as
concentrações do anestésico.
A primeira biometria foi feita no dia da chegada dos peixes ao CEMar, foram medidos e
pesados 100 alevinos que chegaram mortos, para a segunda biometria foram utilizados
0,2g/L do anestésico e não houve mortalidade, na terceira 0,4g/L sem mortalidade, na
quarta 0,7g/L sem mortalidade e na quinta 1g/L.
Pode-se afirmar que as concentrações de anestésico usadas foram adequadas, pois
somente na ultima biometria foi observado a mortalidade de 4 peixes.
.
30
Figura 12: Peixes em processo de anestesia para biometria.
5.8. Parâmetros físico-químicos
5.8.1. Temperatura
A temperatura média da água no início do experimento, durante o mês de março foi
de 24,4 °C, em seguida se verifica uma queda gradativa, onde a temperatura da água
atingiu os menores valores nos meses de junho e julho, com temperaturas médias de 18,7 e
18,8 respectivamente, voltando a incrementar no mês de agosto no final do experimento
para 20,7°C (Fig.13).
As menores variações de temperaturas diárias registradas chegaram a 16,2°C nos
mês de julho período de inverno, sendo que a mais alta foi observada no mês de abril com
26°C (Fig.xx). Apesar do padrão de variação este inverno foi bastante atípico na região,
poiso período foi de pouca chuva e com um inverno curto e pouco rigoroso, não foi
observado como em outras épocas temperaturas abaixo dos 16°C.
Os valores de temperatura da água observado no presente trabalho estão de acordo
com os de KuroshimaetaL(2010), pois os autores reuniram uma serie temporal de 12 anos
de dados de temperatura na região e verificaram também durante o período de estudo
temperatura média de 22°C, com mínimas de 12°C no mês de julho de 2000 período de
inverno e máximas de 30,5°C no verão de fevereiro de 1999.
Estes valores de temperatura em torno de 16°C, não são adequados para o
desenvolvimento do bijupirá, pois de acordo com Nhuet al.(2010) a espécie em questão
deixa de se alimentar em temperaturas abaixo de 16°C podendo até haver mortalidade em
31
caso de longos períodos com temperaturas de 15°C. Esta situação foi observada no
presente trabalho, pois durante o período do inverno o consumo da ração pelos peixes foi
menor e visivelmente se observava que os peixes apresentavam um menor “interesse” pelo
alimento oferecido. Com o aumento da temperatura da água no mês de agosto e setembro
os peixes apresentaram uma melhora com relação ao consumo do alimento.
De acordo com Lima (2010), a costa de Santa Catarina apresenta um período ótimo
de 8 meses para o desenvolvimento do bijupira, e 4 meses de épocas onde o peixe teria seu
crescimento retardado. Chang et al. (1999), recomenda temperaturas que variam entre 22°C
a 32°C nos locais onde existam cultivo de bijupiras.
Neste sentido, o período ideal para iniciar os experimentos sobre o desenvolvimento
desta espécie em tanques redes é durante a primavera quando a temperatura media atinge
índices mais elevados com médias de 27°C. Entretanto conforme comentado devido a
dificuldades com relação a aquisição dos alevinos, este trabalho não pode ter o seu inicio no
começo da primavera ou no verão onde as maiores médias de temperatura são observadas.
O período de realização do presente trabalho abrangeu somente uma época que
seria mais propicia para o desenvolvimento da espécie (final do verão), sendo que a maior
parte do trabalho foi realizado no período desfavorável (outono e inverno), ou seja, os
resultados de desenvolvimento dobijupira poderiam ter sido melhores caso exista
disponibilidade de alevinos no mercado, que permita assim cumprir um cronograma que
abrange as épocas mais favoráveis ao desenvolvimento do Bijuirá na costa catarinense, que
seria durante a primavera e verão.
Figura 13: Gráfico da variação da temperatura na área de cultivo no período experimental.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
Te
mp
era
tura
(°C
)
Data
32
5.8.2. Oxigênio
O oxigênio dissolvido no início do experimento apresentava um valor de 6,2mg/L no
mês de março, sofrendo um aumento no decorrer do período onde os maiores valores
registrados foram nos meses de maio e junho com 7,2 e 7,1mg/L respectivamente, tornado
a voltar ao valor de 6,2mg/L no mês de agosto no final do experimento (Fig.14).
Com relação a este parâmetro não foi encontrado referencias relativas ao bijupira, no
entanto (Cerqueira, 2002) recomenda para o cultivo de robalos taxas de oxigênio dissolvido
próximo da saturação entre 5 a 6mg/L.
Considerando este valor como referencia, pode se afirmar que os níveis de oxigênio
dissolvido na área de cultivo foram adequados para o desenvolvimento desta espécie.
Figura 14: Gráfico de variação do oxigênio dissolvido no tanque de cultivo. .
5.8.3. Salinidade
De acordo com os registros do “tid-bit” instalado no tanque rede a salinidade na área
de estudo manteve-se entre 26,2 e 35,2 no período experimental (Fig.15), sendo que os
maiores valores de 35,2 foram observados no mês de março (verão), e o menor no mês de
outubro(Primavera) onde a salinidade foi de 26,2 ao final do experimento. Estes valores de
salinidade também foram identificados por Kuroshimaatal (2010).
5,65,86,06,26,46,66,87,07,27,4
Oxig
ên
io D
isso
lvid
o (
mg
/L)
Data
33
Mesmo considerando que a salinidade no local tenha variado de 26,2 a 35 pode se afirmar que a
região em relação a este parâmetro apresenta condições adequadas para o cultivo desta espécie, de
acordo com (Faulk; Holt, 2006), a tolerância a baixas salinidades aumenta com a idade do peixe,
durante sua fase larval os peixes devem ser mantidos na mesma salinidade da desova, mas a partir
desta idade a salinidade pode ser reduzida para 15%, sem interferir no crescimento e na
sobrevivência.
Figura 15: Gráfico de variação da salinidade no tanque de cultivo.
5.9. Parâmetros para análise do crescimento
5.9.1. Ganho de peso médio
A primeira biometria foi realizada na chegada dos alevinos ao laboratório, onde foi
observado que os peixes apresentavam peso médio de 0,2g (±0,10) e comprimento médio
de 3,7cm (±6,6). É importante destacar que, conforme comentado, na chegada os animais
estavam por um período de 63 horas em jejum, tempo que envolveu a preparação dos
peixes para o transporte.
A segunda biometria foi realizada após 22 dias dos peixes em laboratório durante o
período de aclimatação, antes de serem levados para o mar, sendo que os animais estavam
com peso médio de 3,2g (±15,3) e comprimento médio de 8,6cm (±1,4), indicando uma boa
recuperação do estresse do transporte, pois foi verificado um incremento de 12,5% ao dia,
em 22 dias.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Sa
linid
ad
e
Data
34
A terceira biometria foi realizada com 100 alevinos coletados aleatoriamente no
tanque rede após 2,7 meses, apresentavam um bom incremento na média de peso e
comprimento chegando aos valores de 22,4g (±14,4) e 16,6cm (±6,1). No quarto processo
biométrico os alevinos apresentavam peso médio de 29,8g (±10,7) e comprimento médio de
17,7cm (±6,5). Por fim a ultima biometria foi realizada ao final do experimento, com a
retirada de todo o lote para contagem e biometria, apresentaram valores de peso médio de
40g (±32,3) e comprimento médio de 19,2cm (±10) (Tab. 01).
Tabela 1: Incremento de peso dos peixes por biometria.
Data Peso médio (g) Dias de cultivo Incremento de peso (g)
23/03/2012 0,2 45 0,2
13/04/2012 3,2 22 3,0
03/07/2012 22,4 64 19,3
17/08/2012 29,8 30 7,4
04/10/2012 40 22 10,2
Total 138 39,8
Considerando os resultados de incremento de peso verificados no final do
experimento associado às dificuldades para se manter uma alimentação regular e em maior
número de vezes ao dia, foi verificado que os bijupiras apresentaram um bom crescimento
(Fig.16).
Entretanto se analisarmos estes valores de incremento de peso e comprimento em
relação a experimentos com esta espécie realizados em outras regiões do Brasil, foi
verificado um crescimento inadequado para a espécie.
Figura 16: Gráfico do incremento de peso dos peixes em cada biometria.
0,05,0
10,015,020,025,030,035,040,045,0
Peso (
g)
Data
35
5.9.2. Taxa de crescimento específico (TCE)
As taxas de crescimento específico foram calculadas a partir da segunda biometria
que foi realizada no dia 13/04/12 após um período de aclimatação de 22 dias os peixes
apresentaram uma taxa de crescimento específico equivalente a 12,5% ao dia, na terceira
biometria realizada no dia03/07/12 após um período de 64 dias apresentaram uma taxa de
3,1% ao dia, na quarta biometria realizada no dia 17/08/12 após um período de 30 dias
apresentaram taxa de 1% ao dia, na quinta e ultima biometria realizada no dia 04/10/12
após um período de 22 dias apresentaram taxa equivalente a 1,3% ao dia.
Posteriormente foram transferidos para o mar, onde a alimentação passou a ser uma
vez ao dia, outro fator que influenciou na diminuição desta taxa foi o decréscimo da
temperatura, atingindo valores médios mínimos de 18,7°C. Na ultima biometria quando
ocorreu um incremento na temperatura, observou-se um aumento na taxa de crescimento
específico.
Ao analisarmos o período total do estudo a taxa de crescimento específico ao final do
experimento após um período de 138 dias foi 3,8% ao dia Sampaio et al, este valor pode ser
considerado similar ao relatado por Sampaio et al (2009) em um estudo feito com alevinos
de Bijupirá pesando 1,5g em tanques-rede em sistema nearshore na praia de Jaconema
localizada na Baía da Ilha Grande (Angra dos Reis, RJ), onde o valor obtido foi de 2,16% ao
dia. É importante destacar que neste trabalho de Sampaio et. Al (2009), os bijupiras foram
alimentados com resto de peixes e a temperatura média na área de cultivo foi de 26°C.
O valor encontrado apresenta maior similaridade se comparado a cultivos offshore
em tanques-rede submersos nas Bahamas e em Porto Rico, onde os resultados
apresentaram uma taxa de crescimento específico variando entre 2,83% a 3,03% ao dia
Sampaio et. Al (2009). A similaridade entre os dados dos experimentos reforça as
expectativas com relação a produção deste peixe, e mostra que o Bijupirá possui um
desempenho promissor em sistemas de tanque-rede nearshore na costa brasileira.
5.9.3. Conversão alimentar aparente (CAA)
Denomina-se Conversão Alimentar Aparente, por ser difícil quantificar o quanto de ração
realmente foi comido pelos peixes, deve-se levar em consideração as perdas decorrentes do
processo, como por exemplo, a dispersão na coluna da água. Este índice indica através de
uma relação entre a quantidade de ração oferecida e o ganho de peso médio, se os peixes
realmente absorvem todo o alimento fornecido. Durante o período experimental do cultivo foi
consumido um total de 49,2 Kg de ração nos seis meses decorrentes. Os valores
36
observados de CAA de 16,96. Este valor é extremamente alto, e esta associado também a
biomassa final do tanque de cultivo.
5.9.4. Sobrevivência
Os peixes foram mantidos em tanque rede de 63m3, por um período de seis meses
em cativeiro no mar para avaliar os objetivos propostos neste estudo, ao final do
experimento foram contados 75 peixes vivos, este valor equivale a um percentual de 17% de
sobrevivência, sendo que a densidade inicial do experimento foi de (n=467).
Este baixo índice de sobrevivência esta relacionado a uma série de fatores que
influenciaram conjuntamente no desenvolvimento da espécie, destaca-se a influência da
temperatura no consumo de alimento, que durante o inverno pode ter deixado os peixes
mais sucessíveis ao desenvolvimento de enfermidades, além disso a composição da ração
utilizada associado a frequência alimentar (uma vez ao dia). Estes fatores possivelmente
influenciaram no sistema imunológico dos peixes cultivados e consequentemente na
biomassa final. Também deve ser considerado um possível canibalismo entre os peixes.
5.10. Patologias
Durante o período de aclimatação em laboratório foi observado a presença de uma
mancha branca na cabeça dos alevinos (Fig.17). Também durante o período de inverno foi
observado organismos com manchas brancas próximas a região da cabeça e dos olhos,
com necrose ao longo do corpo, além da presença de incrustações (parasitas) na pele dos
peixes.
Com relação as manchas brancas, após análise em laboratório de algumas amostras
surgiu a hipótese de se tratar de uma fotobacteriose, algumas amostras foram enviadas ao
laboratório de patologias de organismos aquáticos da Universidade Federal de Santa
Catarina, que também sugeriram a presença da bactéria
(Photobacteriumdamselaessp.piscicida) nos peixes.
Esta enfermidade foi descrita pela primeira vez nos EUA no ano de 1969, durante um
surto que afetou uma população natural de peixes na baia de Chesapea, desde então tem
afetado diversas espécies de peixes marinhos em todo o mundo. Países como EUA, Japão,
37
Europa Mediterrânea e Ásia, sofrem os impactos com a presença desta fotobactéria
(Panorama da Aquicultura, 2011).
A presença desta bactéria em cultivos de Bijupirá no Brasil foi relatada pela primeira
vez em agosto de 2010, quando uma fazenda de criação de Bijupirá entrou em contato com
a equipe da revista Panorama da Aquicultura, relatando um aumento no índice de
mortalidade na fase de alevinagem. O problema foi identificado através de amostras do rim
coletadas assepticamente dos peixes analisados. Segundo o relatado esta enfermidade
podecausar taxas altas de mortalidade em cultivos de bijupiras (Panorama da Aquicultura,
2011).
Atualmente existe disponível no mercado europeu e asiático, vacinas comerciais
contra fotobacteriose causada por (Photobacteriumdamselaessp.piscicida), que foram
desenvolvidas para combater a infecção em dourados e robalos, duas espécies largamente
acometida pela doença durante o cultivo. Esta vacina pode ser aplicada por imersão nas
fases iniciais dos alevinos, quando ainda possuem de 1 a 2 gramas de peso.
Durante o experimento não pudemos dispor de tal recurso, a solução encontrada foi
a transferência imediata dos peixes para os tanques no mar, onde a fotobactéria parece ter
desaparecido completamente. Durante o período em que permaneceram no tanque não foi
mais observado a presença destas manchas brancas nos peixes.
Figura 17: Imagem da enfermidade na cabeça.dos peixes.
Fotobactériose
38
Durante o período do experimento em que os peixes estiveram no tanque rede, foi
observado também a presença do que parece ser um outro tipo de patologia, pequenas
ramificações de cor marrom brotavam do corpo dos animais em varias regiões (Fig.18), no
dorso, nas nadadeiras, nas laterais do corpo e na cabeça.
Em análise de laboratório com microscópio, foi identificada a presença de
ectoparasitas do gênero Amyloodinium, este problema foi amenizado na ultima biometria
com um banho de água doce por um período de 2min, que aparentemente removeu estes
ectoparasitas. É importante destacar que este procedimento de transferência para água
doce (choque osmótico) é uma medida profilática onde os peixes recebem um banho de
água doce por 2min e em seguida um banho de formalina (100ppm) com duração de 3min
com o objetivo de eliminar parasitas externos (Benetti et al., 2008b).
Figura 18: Presença de Amyloodiniumsp, nas nadadeiras e na região dorsal dos peixes.
5.11. Biomassa final
Com relação a biomassa final, o experimento teve início com uma biomassa de
1,5g/m3, e apresentou uma biomassa final de 46,9g/m3. O alto índice de mortalidadeteve
influencia direta nos valores de incremento da biomassa que esta relacionada com a
sobrevivência dos peixes.
39
5.12. Área de estudo
A Enseada da Armação do Itapocorói, apresentou condições oceanográficas adequadas
ao cultivo de peixes em tanque rede no mar, a posição geográfica da baia é abrigada do
ataque direto de ondas do quadrante sul e favorece na conservação das estruturas e no
manejo dos cultivos, a profundidade média é inferior a 10m (Schettiniet al. 1999).
A maior dificuldade esta relacionada a incrustações nas estruturas e nos dispositivos de
amarração (Fig.19), o cultivo de mariscos que fica próximo a área dos tanques possui uma
rica fauna acompanhante de organismos incrustantes que se fixam nas estruturas dos
cultivos Macedo (2012).
Figura 19: . Incrustações nas estruturas do tanque rede.
40
6. CONCLUSÕES
A substituição da rede do tanque em períodos mensais demostrou ser efetiva
permitindo assim uma maior circulação de água, menor tensão nos cabos de fixação
da rede com a estrutura do tanque
O procedimento anestésico empregado foi efetivo, recomenda-se as concentrações
de 0,2g/L de benzocainapara peixes com peso entre 1 e 2g.
A taxa de sobrevivência de 17% representa um valor muito baixo quando comparado
a densidade inicial de (n=467).
A taxa de crescimento específico de 3,8% ao dia,em um período de 138 dias pode
ser considerada similar ao de experimentos já realizados com o bijupirá.
A espécie de peixecultivada apresentou um crescimento superior em relação as
outras espécies de peixes marinhos, até o presente momento cultivados na região.
41
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Recomenda-se que período ideal para o início do cultivo ou a realização de
experimentos com esta espécie em tanque-rede marinho no litoral de Santa Catarinaseja
durante a primavera quando a temperatura média atinge valores em torno de 22°C, pois a
expectativa é que nestas condições o peixe se alimente melhor, tenha um crescimento mais
acelerado e maiores índices de sobrevivência.
42
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ARNOLD, C.R.; KAISER, J.B.; HOLT, G.J. Spawning of cobia (Rachycentroncanadum) in
captivity.Journal of the World Aquaculture Society, v.33, n.2, p.205-208, 2002.
BALDISSEROTTO, B.; GOMES, L.C. Espécies nativas para a piscicultura no Brasil.
Santa Maria: Editora da UFSM,2005. 472p.
BALDISSEROTTO, B.; GOMES, L.C. Espécies nativas paraa piscicultura no Brasil. 2.ed.
Santa Maria: Editora daUFSM, 2010. 608p.
BENETTI, D.D.; ORHUN, R.; SARDENBERG. B. et al. Advances in hatchery and grow-out
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