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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AMBIENTAL
CRISTIANE RIBEIRO DO NASCIMENTO
SISTEMA DE TRATAMENTO AERÓBIO DESCENTRALIZADO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS NO BAIRRO MALVINAS, CAMPINA
GRANDE-PB
CAMPINA GRANDE-PB
Outubro de 2015
CRISTIANE RIBEIRO DO NASCIMENTO
SISTEMA DE TRATAMENTO AERÓBIO DESCENTRALIZADO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS DOMICILIARES NO BAIRRO
MALVINAS, CAMPINA GRANDE-PB
Dissertação apresentada ao Mestrado
de Ciência e Tecnologia Ambiental da
Universidade Estadual da Paraíba,
em cumprimento às exigências para
obtenção do título de mestre em
Ciência e Tecnologia Ambiental.
ORIENTADORA: Profa. Dra. MONICA MARIA PEREIRA DA SILVA
CAMPINA GRANDE-PB
Outubro de 2015
DEDICATÓRIA
À Deus, pois, com seu amor infinito, colocou pessoas ao longo do caminho que me ajudaram chegar até aqui. Dedico.
AGRADECIMENTOS À Deus, por ter concedido os detalhes necessários para que esse momento
fosse concretizado.
À minha mãe Maria José, pelo incentivo e palavras de fé que a me foram
concedidas nos momentos de dificuldade.
A meu pai Manoel que nunca me negou apoio e sempre me incentivou e
acreditou nos meus estudos.
Aos meus irmãos Daniel, Rejane, Josemar e Djacy, por todo amor e respeito
dedicados.
A meu grande amor, Felipe, pelo apoio, amizade e companheirismo durante
todos os momentos antes e durante o desenvolvimento dessa pesquisa.
Aos homens e mulheres de minha família, por seus exemplos de superação.
À minha orientadora Professora Monica, por ter me concedido a oportunidade
de conhecer e Vivenciar na prática um processo de Educação Ambiental Crítica
e Emancipatória que, até então, só havia escutado falar nos artigos científicos
de revisão bibliográfica, possibilitado através do acompanhamento dos projetos
desenvolvidos pela professora Monica e pelo GGEA, com Catadores de
materiais recicláveis. Também agradeço por todo apoio e paciência diante das
dificuldades enfrentadas durante a pesquisa e por ter me ajudado a superar e
vencer cada desafio.
Aos líderes comunitários da comunidade Jesus Libertador pelo apoio prestado
durante o desenvolvimento da pesquisa.
Aos catadores de materiais recicláveis da ARENSA, pela amizade e ajuda
concedida através da participação no processo de mobilização e sensibilização
das famílias pertencentes à comunidade Jesus libertador, para implantação do
sistema de desenvolvimento descentralizado de resíduos sólidos orgânicos.Ao
Professor Valderi e ao Professor Humberto por suas contribuições como
examinadores deste trabalho.
Aos colegas do GGEA que colaboram com o desenvolvimento dessa pesquisa
em especial, Mariane, Belarmino, Sandraelena, Adriana, Elaine e João Rafael.
Enfim, a todos que de forma direta ou indireta, colaboraram com este trabalho.
Muito obrigada!
RESUMO
A disposição de resíduos sólidos orgânicos domiciliares em lixões ainda é ampla no Brasil, consequência dos baixos índices de coleta seletiva e da ausência de interesse por parte dos gestores públicos e de conhecimento da população na implantação de tecnologias adequadas para o tratamento desses resíduos. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade do tratamento aeróbio de resíduos sólidos orgânicos domiciliares gerados no bairro Malvinas, em Campina Grande-PB, a partir do desenvolvimento de três modelos de composteiras móveis e, com isso, possibilitar a diminuição dos riscos de contaminação para os catadores de materiais recicláveis, o aumento do potencial de comercialização dos resíduos recicláveis e a redução da quantidade de resíduos encaminhada ao aterro sanitário. O trabalho foi realizado no período de junho de 2013 a junho de 2015. Os resíduos orgânicos domiciliares foram coletados em diferentes residências do bairro Malvinas, Campina Grande-PB. O delineamento experimental consistiu de três tratamentos com três repetições, totalizando nove composteiras. Estas possuem configuração retangular e quadrada, e foram produzidas em concreto, em alumínio e em aço inoxidável. Cada composteira foi alimentada com 30 kg de substrato nas seguintes concentrações: 80% de resíduos orgânicos domiciliares, 3% de resíduos florísticos, 7% de folhas e 10% de rejeitos. As análises de pH e teor de umidade (%) ocorreram semanalmente e as de ovos de helmintos foram feitas para o substrato inicial e composto final. O reviramento manual foi realizado duas vezes por semana e a temperatura foi monitorada diariamente. A implantação do sistema de tratamento descentralizado de resíduos sólidos orgânicos domiciliares por compostagem no bairro Malvinas, a partir dos modelos de composteiras testados, com transformação média de 16,50% de resíduos orgânicos domiciliares em composto classe C em 120 dias, mostrou-se viável nos aspectos relativos à estabilização, higienização e à participação efetiva das famílias que selecionaram e repassaram os resíduos sólidos orgânicos produzidos, diminuindo a quantidade de resíduos encaminhada ao aterro sanitário e os riscos de contaminação para os catadores de materiais recicláveis e para o meio ambiente. O tratamento possibilitou a produção de um composto final livre de contaminação por ovos de helmintos e com características de um material estabilizado que poderá ser aplicado em hortas, jardins e produção de mudas, requerendo-se, porém, a avaliação fitotóxica. O processo de Educação Ambiental contribuiu para a mobilização e articulação entre os diferentes atores sociais envolvidos no processo de implantação da compostagem. Conclui-se que as práticas relatadas contribuíram para a diminuição dos riscos de contaminação para os catadores de materiais recicláveis, aumento do potencial de comercialização dos resíduos recicláveis e redução da quantidade de resíduos encaminhada ao aterro sanitário municipal.
Palavras-chave: Resíduo Orgânico Domiciliar, compostagem, Educação Ambiental.
ABSTRACT
The disposal of household organic waste in landfills is still widespread in Brazil, it is a result of low levels of selective collection and the lack of interest on part of public officials and knowledge of the population in the implementation of appropriate technologies for the treatment of such waste. The aim was to assess the feasibility of decentralized system of implementation for aerobic treatment of organic household waste (RSOD) generated in Malvinas District , Campina Grande-PB. The research was carried out from June 2013 to June 2015. It had been conducted mobilization and sensitization of 63 families participating through environmental education process, collection and characterization of RSOD, the development of the treatment system consists of three models of composters furniture, installation and monitoring of the treatment system and provision of the resulting compound with the community. The experiment consisted of three treatments with three repetitions each, comprised of: rectangular concrete composters (RCC), square concrete composters (SCC) and composting of aluminum and stainless steel (CAS). Each compost has fed with 30 kg of substrate with the following composition: 80% of household organic waste, 3% of floristic waste, leaves 7% and 10% reject. The eversion has been performed twice a week. The temperature monitoring has been performed daily and the analysis of pH and total volatile solids occurred weekly. The average change of 16.50% of household organic waste into compost class C in 120 days with favorable characteristics to agriculture, expressed the scope of the research objectives. The study showed changes in the perception of the community regarding the proper disposal of household solid organic waste in the neighborhood and social and environmental responsibility. It had been found effective for the treatment of waste by composting, reflected from 100% efficiency in the impracticability of helminth eggs and production of a stabilized and sanitized fertilizer. Decentralized composting was a viable alternative to treatment of household organic waste, by meeting the principles of sustainability and the law. In general, the performance of the three models for the treatment of household composting solid organic waste had satisfactory evaluation. The treatment led to the production of a final compound free of contamination by helminth eggs and characteristics of a stabilized material, lowering the temperature to near room temperature, alkaline pH, reduction of volatile total solids. However, the feasibility of agricultural use has not been tested. The environmental education process contributed to the mobilization and coordination of the various social actors involved in the composting deployment process. It has been concluded that the practices reported here contributed to the reduction of contamination risks for collectors of recyclable materials, increased marketing potential of recyclable waste and reducing the amount of waste sent to municipal landfill.
Keywords: Household Organic Waste. Composting. Environmental Education.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização em azul das ruas situadas no entorno da Comunidade
Jesus Libertador com famílias que participaram da caracterização dos resíduos sólidos domiciliares bairro Malvinas, em Campina Grande-PB, 2014. ............. 36
Figura 2. Localização em azul das ruas situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador com famílias que participaram da caracterização dos resíduos sólidos domiciliares bairro Malvinas, em Campina Grande-PB, 2014. ............. 38
Figura 3. Desenho esquemático do Método de quarteamento aplicado para a
composição das amostras de resíduos sólidos orgânicos domiciliares (RSOD),Campina Grande-PB, 2014. ............................................................... 38
Figura 4. Desenho esquemático do método de quarteamento aplicado para a composição das amostras de resíduos sólidos de folhas e de flores,Campina Grande-PB, 2014. ............................................................................................ 39
Figura 5. Desenho esquemático de composteiras confeccionadas em concreto com configuração em retângulo(A) e com configuração em quadrado (C), e de composteiras confeccionadas em alumínio e aço inoxidável com configuração em retangulo (B), instaladas no complexo integrado de pesquisa Três Marias (UEPB), Campina Grande-PB, 2014. ............................................................... 43
Figura 6. Desenho esquemático da composteira de concreto com configuração em retângulo que compôs o sistema de tratamento de resíduos sólidos descentralizado, Campina Grande-PB, 2014. .................................................. 44
Figura 7. Desenho esquemático de composteiracom configuração em quadrado, confeccionada em concreto, Campina Grande-PB, 2014. .............. 44
Figura 8. Esquema das composteiras de alumínio e aço inoxidável que
compõem o sistema de Tratamento descentralizado de Resíduos sólidos orgânicos, Campina Grande-PB, 2014. ............................................................ 44
Figura 9. Composição gravimétrica dos resíduos sólidos gerados pelas famílias residentes no entorno da Comunidade Jesus Libertador, bairro Malvinas, Campina Grande-PB, 2014. ............................................................................. 50
Figura 10. Prevalência de ovos de helmintos em Resíduos Sólidos Orgânicos
Domiciliares (RSO), Resíduos de Folhas (RFO) e de Flores (RFL), gerados em ruas situadas do entorno da Comunidade Jesus Libertador, Malvinas, Campina Grande-PB. 2014. ............................................................................................ 57
Figura 11. Composteiras confeccionadas em concreto com configuração em retângulo (CCR) e com configuração em quadrado (CCQ), e de composteiras confeccionadas em alumínio e aço inoxidável com configuração em retangulo (CAR), instaladas no complexo integrado de pesquisa Três Marias (UEPB), Campina Grande-PB, 2014. ............................................................................. 60
Figura 12. Composteiras confeccionadas em concreto com configuração em retângulo (CCR, Campina Grande-PB, 2014. .................................................. 61
Figura 13. Composteiras confeccionadas em concreto com configuração em quadrado (CCQ), Campina Grande-PB, 2014. ................................................. 62
Figura 14. Esquema das composteiras de alumínio e aço inoxidável que
compõem o sistema de Tratamento descentralizado de Resíduos sólidos orgânicos, Campina Grande-PB, 2014. ............................................................ 64
Figura 15. Valores médios semanais de umidade observados para os tratamentos de residuos sólidos organicos domiciliares em SITRADERO móvel. Campina Grande- PB.Outubro de 2014 a fevereiro de 2015. ........................... 66
Figura 16. Valores médios diários de temperatura observados no tratamento
CCR de compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande- PB. Outubro de 2014 a fevereiro de 2015. ......................................... 69
Figura 17. Valores médios diários de temperatura observados no tratamento CCQ de compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande- PB. Outubro de 2014 a fevereiro de 2015. ......................................... 69
Figura 18. Valores médios diários de temperatura observados no tratamento
CAR de compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande- PB. Outubro de 2014 a fevereiro de 2015. ......................................... 70
Figura 19. Valores médios semanais de pH observados para os tratamentos de residuos sólidos orgânicos domiciliares em SITRADERO móvel. Campina Grande- PB.Outubro de 2014 a fevereiro de 2015. .......................................... 72
Figura 20. Valores médios de STV observados paraos tratamentos de residuos
sólidos orgânicos domiciliares em SITRADERO móvel. Campina Grande- PB.Outubro de 2014 a fevereiro de 2015. ........................................................ 73
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características básicas do bairro Malvinas, Campina Grande-PB,
2014. ................................................................................................................ 35
Tabela 2. Caracterização gravimétrica de resíduos sólidos domiciliares gerados
em residências situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador, bairro Malvinas, Campina Grande-PB, 2014. ............................................................. 49
Tabela 3.Produção de resíduos sólidos domiciliares gerados pelas famílias residentes no entorno da Comunidade Jesus Libertador, bairro Malvinas,Campina Grande-PB, 2014. .............................................................. 49
Tabela 4. Caracterização físico-química e sanitária de resíduos sólidos
orgânicos domiciliares, resíduos de folhas e de flores coletados em residências e na igreja Jesus Libertador, bairro Malvinas, Campina Grande-PB, 2014. ..... 56
Tabela 5. Caracterização física, química e Sanitária dos compostos produzidos a partir de resíduos sólidos orgânicos domiciliares e resíduos florísticos. Campina Grande-PB, 2014. ............................................................................. 74
Tabela 6.Composição da massa final resultante dos diferentes tratamentos de
compostagem com resíduos sólidos orgânicos domiciliares coletados no bairro Malvinas, Campina Grande-PB. Outubro de 2014 a fevereiro de 2015. .......... 75
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Fases da compostagem e suas respectivas temperaturas, Campina
Grande-PB, 2014. ............................................................................................ 28
Quadro 2. Tipo, composição, sigla utilizada e fonte geradora dos resíduos
utilizados na composição do substrato empregado nos sistemas de compostagem, Campina Grande- PB, 2014. .................................................... 37
Quadro 3. Atividades de Educação Ambiental aplicadas às famílias situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador, no bairro Malvinas para a coleta de resíduos sólidos e implantação do sistema de compostagem, Campina Grande-PB, 2014........................................................................................................... 41
Quadro 4. Descrição das siglas adotadas para o tratamento aplicado aos resíduos sólidos orgânicos domiciliares e composição do substrato, Campina Grande-PB, 2015. ............................................................................................ 45
Quadro 5. Métodos e frequências de análise dos parâmetros físico, químicos e
biológicos dos diferentes tratamentos, Campina Grande-PB, 2014. ................ 47
Quadro 6. Comparação das características das composteiras para tratamento
descentralizado dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande-PB, 2014........................................................................................................... 77
Quadro 7. Comparação dos aspectos observados nas tecnologias de tratamento dos resíduos sólidos domiciliares. Campina Grande- PB, 2014. .... 78
Quadro 8. Avaliação das tecnologias de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos com relação à eficiência na manutenção das condições ideais para o desenvolvimento da compostagem. Campina Grande-PB, 2014. .................... 80
LISTA DE SIGLAS
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ARENSA – Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da Comunidade
Nossa Senhora Aparecida
CAR – Composteiras de Alumínio e aço inoxidável Retangulares
CCQ – Composteiras de Concreto Quadradas
CCR – Composteiras de Concreto Retangulares
EA – Educação Ambiental
GGEA – Grupo de Extensão e Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental
GRSD – Gestão de Resíduos Sólidos Domiciliares
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMA – Instrução Normativa do Ministério da Agricultura
PMGIRS-CG – Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de
Campina Grande-PB
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
RFL – Resíduos de Flores
RFO – Resíduos de Folhas
RSO – Resíduos Sólidos Orgânicos
RSOD – Resíduos Sólidos Orgânicos Domiciliares
SABSR – Sociedade Amigos do Bairro de Santa Rosa
SISNAMA– Sistema Nacional do Meio Ambiente
SITRADERO – Sistema de Tratamento Descentralizado de Resíduos Sólidos Orgânicos Domiciliares
SNVS – Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária
SUASA– Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
UEPB – Universidade Estadual da Paraíba
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15
2. OBJETIVOS ................................................................................................. 19
2.1. Geral.......................................................................................................... 19
2.2. Específicos ................................................................................................ 19
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 20
3.1. Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Domiciliares ............................... 20
3.2. Tratamento de Resíduos Sólidos Orgânicos por Compostagem ............... 25
3.3. Parâmetros que influenciam no processo de compostagem ..................... 27
3.4. Educação Ambiental para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ........ 32
4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 34
4.1. Caracterização da pesquisa ...................................................................... 34
4.2. Caracterização da área de estudo............................................................. 35
4.3. Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares ..................................... 35
4.3.1. Caracterização gravimétrica de resíduos sólidos domiciliares gerados por famílias situadas no entorno da Comunidade Jesus libertador, no bairro Malvinas, Campina Grande-PB ........................................................................ 36
4.3.2. Caracterização física, química e sanitáriade resíduos sólidos orgânicos produzidos por famílias localizadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador no bairro Malvinas, em Campina Grande-PB .................................. 37
4.4. Atividades de Educação Ambiental aplicadas às famílias situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador no bairro Malvinas, Campina Grande-PB, para a coleta de resíduos sólidos e implantação do sistema de compostagem ................................................................................................... 41
4.5. Compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares ....................... 42
4.5.1. O Sistema Experimental de tratamento .................................................. 42
4.5.2. Instalação e monitoramento do Sistema Descentralizado de tratamento de resíduos sólidos orgânicos domiciliares ...................................................... 45
4.5.3. Avaliação da qualidade do composto orgânico ...................................... 47
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 49
5.1. Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares gerados no bairro Malvinas, Campina Grande-PB .............................................................. 49
5.2. Caracterização física, química e sanitária dos resíduos orgânicos gerados na Comunidade Eclesial de Base Jesus Libertador ......................................... 56
5.3. Desenvolvimento de Tecnologias para o Tratamento de Resíduos Sólidos Orgânicos Domiciliares..................................................................................... 59
5.3.1. Composteiras de Concreto ..................................................................... 60
5.3.1.1. Composteiras de Concreto Retangulares (CCR)................................. 61
5.3.1.2. Composteiras de Concreto Quadradas (CCQ) .................................... 61
5.3.2. Composteiras de Alumínio e aço inoxidável Retangulares (CAR) .......... 62
5.4. Monitoramento do sistema de tratamento descentralizado de resíduos sólidos orgânicos domiciliares .......................................................................... 66
5.4.1.Teor de Umidade ..................................................................................... 66
5.4.2. Temperatura ........................................................................................... 69
5.4.3. Potencial hidrogeniônico (pH) ................................................................ 72
5.4.4. Sólidos Totais Voláteis (STV) ................................................................. 73
5.5. Características do composto resultante do SITRADERO móvel ............... 74
5.6. Análise das tecnologias desenvolvidas para o tratamento dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares .......................................................................... 76
5.9. A Educação Ambiental como instrumento base para a gestão de resíduos sólidos domiciliares .......................................................................................... 82
6. CONCLUSÕES ............................................................................................ 84
7. RECOMENDAÇÕES .................................................................................... 86
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 87
9. APÊNDICES .............................................................................................. 102
15
1. INTRODUÇÃO
A complexidade que envolve as questões ambientais é decorrente das
interações entre o ambiente construído, o ambiente natural e, como ator
principal nessa interação, o ser humano. Nesse cenário complexo, o ser
humano deixou de ocupar a condição de mais um ser vivo em um ciclo de
interdependência com outras espécies, passando à situação de principal
agente de alterações das leis da natureza, o que tem acarretado a extinção de
várias espécies e, consequentemente, diminuído a biodiversidade dos biomas
em geral.
Ao longo do processo de evolução, a espécie Homo sapiens diferenciou-
se das demais ao apresentar uma relação de dominação para com os outros
seres vivos, fato que se concretiza com o advento do processo de
industrialização. A partir da concretização da industrialização, essas questões
começaram a ser evidenciadas, devido, sobretudo, às mudanças nos meios de
produção e nos hábitos da sociedade, refletidas da necessidade de
apropriação, cada vez maior e mais rápida dos recursos naturais e humanos,
determinando amplas e profundas modificações nas relações sociais e
econômicas (JARDIM, 2009).
Desse cenário, destaca-se o aumento da urbanização e do crescimento
demográfico exponencial que desencadearam grande produção de resíduos
sólidos, requerendo maior atenção para a gestão, tendo em vista a diversidade
de resíduos gerada e a presença de substâncias nocivas (STOLZ; VAZ, 2009).
Outra prática que tem ocasionado sérios problemas ambientais é a
disposição inadequada de resíduos sólidos, em especial, os orgânicos sem
tratamento. Comumente, os problemas compreendem a poluição e a
contaminação do solo e dos corpos de água, que é resultante da percolação do
chorume,advindo da decomposição anaeróbia da parcela orgânica. Com isso, é
possível que esses resíduos apresentem condições favoráveis ao
desenvolvimento de vetores prejudiciais à saúde humana, pois podem
disseminar diversos tipos de epidemias, como a dengue e a leptospirose
(FERREIRA; ANJOS, 2001). Além disso, ressaltam-se a contaminação e os
problemas de saúde provocados aos catadores de materiais recicláveis, em
16
virtude do contato com os resíduos contaminados (MAIA et al., 2012). Nesse
sentido, a falta de gestão de resíduos sólidos constitui um grande desafio
socioambiental a ser enfrentado pelos gestores públicos e privados e pela
sociedade em geral.
As soluções para os problemas dos resíduos sólidos devem considerar
seus diferentes tipos e a responsabilidade de cada gerador. A esse modo de
gestão, integra-se a participação da comunidade, através de programas de
Educação Ambiental para a redução na fonte geradora, reutilização,
reciclagem, tratamento e deposição em aterros sanitários (RUSSO, 2003).
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos –
PNRS(BRASIL, 2010), os estados, municípios e o setor produtivo devem
elaborar seus planos de gestão dos resíduos sólidos, priorizando a implantação
e a efetivação da coleta seletiva com a inserção dos catadores de materiais
recicláveis, a responsabilidade compartilhada através da logística reversa, o
tratamento dos resíduos orgânicos por compostagem e a criação de aterros
sanitários para a disposição final dos rejeitos.
De acordo com Braga e Ramos (2006), desenvolver a gestão integrada
dos resíduos sólidos de forma otimizada requer o conhecimento de tecnologias
disponíveis para o gerenciamento, de custos econômicos e ambientais
associados às alternativas e sua aplicabilidade para regiões e contextos
específicos.
A coleta seletiva desempenha um papel estratégico na gestão integrada
de resíduos sólidos. Através da qual, pode-se estimular o hábito da separação
dos resíduos na fonte geradora, possibilitando o melhor aproveitamento dos
resíduos, a geração de trabalho e renda e a melhoria da qualidade de matéria
orgânica para a compostagem (RIBEIRO; BESEN, 2009). A coleta seletiva
pode facilitar o trabalho de catadores de materiais recicláveis, evitando seu
contato direto com materiais contaminados, prevenindo problemas de saúde e
favorecendo a comercialização dos resíduos recicláveis e o tratamento dos
resíduos sólidos orgânicos por meio da compostagem (MAIA et al., 2012).
17
O tratamento dos resíduos sólidos orgânicos por meio de compostagem
apresenta-se como uma alternativa viável e de baixo custo (TEIXEIRAet al.,
2002). A compostagem é o processo de decomposição aeróbio desenvolvido
através de sistemas de leiras revolvidas, leiras estáticas, aeradas e sistema
fechado ou acelerado (MASSUKADO, 2008). A compostagem pode ser
realizada tanto em grande escala, incluindo os sistemas centralizados, como
em pequenas escalas, compreendendo os sistemas descentralizados
(SANTOS, 2007).
Entre as vantagens dos sistemas descentralizados, destaca-se o
tratamento dos resíduos próximo às fontes geradoras (MASSUKADO, 2008), e
maior eficiência no monitoramento do sistema, a diminuição nos gastos com
transporte e a possibilidade de aumento ou redução da capacidade de
tratamento, em comparação com os sistemas centralizados (WAGNER;
BELLOTTO, 2008).
Neste contexto, Silva et al., (2011) avaliaram a implantação de sistema
descentralizado para tratamento de resíduos sólidos orgânicos no bairro de
Santa Rosa, Campina Grande-PB, constatando que a tecnologia investigada
compreendeu uma alternativa de tratamento eficiente, de baixo custo e de fácil
operação.
O trabalho realizado por Silva et al. (2014) comprovou a influência
positiva de cobertura sobre o desempenho de sistema de tratamento
descentralizado também instalado no Bairro de Santa Rosa, em Campina
Grande-PB. Dentro os aspectos positivos, destacaram-se:maiores níveis de
temperatura, aumento do tempo de duração da fase termófila, diminuição do
tempo de estabilização, maior percentual de transformação de resíduos
orgânicos em composto e melhores condições de trabalhos para os
pesquisadores.
Os estudos acerca da importância do tratamento de resíduos sólidos
orgânicos domiciliares executados no bairro de Santa Rosa, em Campina
Grande-PB (SILVA et al., 2011; 2014), foram estendidos ao bairro Malvinas por
Bispo, Sabino e Silva (2014) e Costa et al. (2015).
18
Bispo, Sabino e Silva (2014) promoveram a formação em Educação
Ambiental para líderes comunitários vinculados à comunidade Eclesial de Base
Jesus Libertador, despertando-os para a necessidade de implantar a coleta
seletiva no bairro e organizar os catadores de materiais recicláveis.Costa et al.
(2015) realizaram o diagnóstico referente aos catadores de materiais
recicláveis que atuam na informalidade no bairro citado e implantaram a coleta
seletiva em ruas situadas no entorno da comunidade Jesus Libertador,
atingindo 283 residências, demandando, então, a necessidade de tratar a
parcela orgânica dos resíduos sólidos gerados naquela área.
Por meio deste trabalho buscaram-se respostas para as seguintes
perguntas:é viável a implantação de sistema de tratamento descentralizado de
resíduos sólidos orgânicos domiciliares por compostagem no bairro Malvinas,
Campina Grande-PB? Esse tipo de tecnologia minimizará os riscos de
contaminação, aumentará a potencialidade econômica dos resíduos passíveis
de comercialização e reduzirá a quantidade desses resíduos que é
encaminhada ao aterro sanitário de Campina Grande-PB? O desempenho dos
sistemas de compostagem será influenciado pelo material utilizado na
confecção e a instalação de um aerador manual?
A ausência de manejo adequado dos resíduos sólidos orgânicos tem
ocasionado sérios problemas de ordem ambiental, social e de saúde pública,
constituindo fonte de poluição e de contaminação, inviabilizando a coleta
seletiva realizada por catadores de materiais recicláveis. O desenvolvimento de
tecnologia de tratamento de resíduos sólidos orgânicos constitui passo
importante para apontar solução centrada no princípio da sustentabilidade.
19
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
Avaliar a viabilidade do tratamento aeróbio de resíduos sólidos orgânicos
gerados no bairro Malvinas, em Campina Grande-PB, em sistema de
tratamento descentralizado constituído por três modelos de composteiras
móveis,contribuindo para a diminuição dos riscos de contaminação para os
catadores de materiais recicláveis, aumento do potencial de comercialização
dos resíduos recicláveis e redução da quantidade de resíduos encaminhada ao
aterro sanitário.
2.2. Específicos
Realizar a caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares
gerados no bairro Malvinas, em Campina Grande-PB;
Efetuar a caracterização química, física e biológica dos resíduos
orgânicos gerados no bairro Malvinas, em Campina Grande-PB;
Desenvolver tecnologia para tratamento descentralizado de resíduos
sólidos orgânicos;
Avaliar, de forma comparativa, o desempenho de três modelos de
composteiras para o tratamento dos resíduos sólidos orgânicos.
20
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Domiciliares
A falta de gestão dos resíduos sólidos constitui um problema
preocupante, pois, a disposição final de resíduos sólidos e, em especial, dos
orgânicos sem tratamento tem ocasionado diversos impactos negativos sobre o
meio ambiente e a sociedade humana.
Os problemas gerados podem ser caracterizados de diferentes formas.
É possível citar a poluição do solo e dos corpos de água, acarretada pela
percolação do chorume, resultante do processo de decomposição anaeróbia
em lixões e aterros sanitários; a emissão de gases que contribuem para o
efeito estufa (GOUVEIA, 2012); a disseminação de epidemias de dengue e de
leptospirose, que se dá pelos vetores que encontram nos resíduos as
condições favoráveis para se desenvolverem (SIQUEIRA; MORAES, 2009); os
riscos aumentados para diversos tipos de câncer, anomalias congênitas, baixo
peso ao nascerem, abortos e mortes neonatais em populações vizinhas a
esses locais (GOUVEIA, 2012).
Além disso, a falta de condições adequadas de trabalho para os
catadores de materiais recicláveis constitui um fator ainda mais preocupante do
ponto de vista socioambiental, pois, de acordo com Batista; Lima; Silva, (2013),
em estudo realizado com um grupo de catadores materiais recicláveis
associados em Campina Grande-PB, a insistente rotina de trabalho sem a
devida utilização de equipamentos de proteção individual e a falta de
ferramentas apropriadas para os processos de triagem, compactação e
estocagem dos materiais, podem propiciar acidentes, e comprometer a saúde e
a produtividade desses profissionais.
A maioria dos municípios brasileiros conta com serviços de limpeza que
não diferenciam os resíduos sólidos do lixo, denominado de rejeitos na Lei
12.306/2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos(BRASIL,
2010). Nesta lei ficou determinado que todos os municípios devem promover a
gestão dos resíduos de forma integrada, articulando ações normativas,
operacionais e financeiras, pautadas em critérios sanitários, ambientais, sociais
21
e econômicos, além de considerar a adoção da responsabilidade compartilhada
pela gestão dos resíduos sólidos entre os diferentes geradores.
O modelo de gestão integrada dos resíduos sólidos deve prever o uso
racional dos recursos naturais, a redução da quantidade de resíduos gerada, a
sua valorização e minimização dos riscos associados a sua eliminação
(NAGASHIMA et al., 2011).
O estabelecimento de mecanismos como a logística reversa, planos de
gestão, coleta seletiva, responsabilidade compartilhada, bem como a inclusão
social e profissional dos catadores de matérias recicláveis,tornam a Lei
12.305/2010 bastante inovadora, pois nunca no contexto legislativo brasileiro
se deu tamanha importância à problemática dos resíduos sólidos (MAIA et al.,
2014). Além desse instrumento, outros dispositivos legais como:
Lei 6.938/81(Política Nacional de MeioAmbiente); Lei9.795/99 (Política Nacional de Educação Ambiental); Lei11.445/07(PolíticaNacionaldeSaneamentoBásico);Lei10.257/01(EstatutodasCidades). Quando aplicados de forma integrada constituem um importante instrumento para concretização da gestão dos resíduos sólidos. (MAIA et al., 2013).
Desenvolver a gestão integrada dos resíduos sólidos de forma
otimizada, requer o conhecimento de tecnologias disponíveis para o
gerenciamento de custos econômicos e ambientais associados às alternativas
e a sua aplicabilidade em regiões específicas (BRAGA; RAMOS, 2006).
A gestão dos resíduos sólidos deve ser planejada com a contemplação
de conteúdos mínimos, como o aproveitamento energético dos resíduos
orgânicos, a eliminação e recuperação de lixões, a definição de áreas
adequadas para construção de aterro sanitário, inclusão e emancipação
socioeconômica dos catadores de materiais recicláveis, implantação deplanos
municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (contemplando metas de
redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem e mecanismos de
fiscalização e de controle), os planos de gestão específicos para os
responsáveis pela logística reversa, os programas de capacitação técnica e de
Educação Ambiental, além da definição das formas de cobrança pelos serviços
de limpeza (BRASIL, 2011).
22
De acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos – PNRS –, a
gestão integrada é o conjunto de ações voltadas para a busca de soluções
referentes à problemática dos resíduos sólidos, respeitando as dimensões
política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a
premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010).
A coleta seletiva desempenha um papel estratégico para a gestão
integrada de resíduos sólidos sob vários aspectos: estimula o hábito da
separação dos resíduos na fonte geradora para o seu aproveitamento;
possibilita a criação de trabalho e renda, e; melhora a qualidade da matéria
orgânica para a compostagem (RIBEIRO; BESEN, 2009), facilitando o trabalho
dos catadores de materiais recicláveis, evitando que os mesmos entrem em
contato com material contaminado, prevenindo problemas de saúde,
possibilitando, ainda, a comercialização dos resíduos recicláveis e o tratamento
da parcela orgânica (MAIA et al., 2012). Ressalta-se que a coleta seletiva pode
garantir a produção de compostos orgânicos com baixos níveis de
contaminação por metais pesados, pois a separação na fonte geradora diminui
as chances de contaminação em comparação aos resíduos orgânicos que não
são previamente separados (SANTOS et al., 2014).
Quanto às estratégias de coleta seletiva, de acordo com Nagashima et
al., (2011), existem diferentes tipos: entrega voluntária, porta à porta, realizada
por catadores de materiais recicláveis, informais ou organizados em
associação ou cooperativas.
Nos programas de coleta seletiva no Brasil, a participação da população
na maioria das cidades é voluntária. A mobilização acontece através de
campanhas de sensibilização (RIBEIRO; BESEN, 2006). Considerando o total
dos municípios brasileiros, 5.565, em 2014 apenas 65% registraram alguma
iniciativa de coleta seletiva (ABRELPE, 2015). Em Campina Grande-PB, de
acordo com o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, o
modelo de coleta seletiva proposto está estruturado com base na divisão em
setores censitários do IBGE para a operacionalização do Programa de Coleta
Seletiva, a partir da apresentação dos seus benefícios ambientais e sanitários e
formas de participação por parte da população, realizada através da atuação
23
de diversos agentes públicos da rede municipal de saúde na entrega panfletos
e divulgação do Programa, bem como da institucionalização da participação
dos catadores de materiais recicláveis. A forma de setorização proposta facilita
a operacionalização do Programa, no sentido de estimar o número de
domicílios e residentes em cada setor, bem como a quantidade de resíduos
orgânicos e recicláveis gerada.
As populações alvo de coleta seletiva podem ser divididas em três
grupos: cativo, representados pelos que participam efetivamente e destacam
como principal motivação a melhoria da qualidade do meio ambiente; os que
participam eventualmente, colocando como dificuldades a falta de incentivo,
divulgação e orientação de como proceder e necessidade de deslocamentos a
grandes distâncias para entregar o resíduo separado; e os que não participam,
justificando a falta de oportunidade, de tempo e de incentivo, carência de
orientação e a inexistência de infraestrutura (BRINGHENTI; GÜNTHER, 2011).
Nesse âmbito, a sensibilização, a formação e a mobilização constituem
estratégias essenciais à implantação da coleta seletiva na fonte geradora
(SILVA, 2011), bem como, para a implantação de sistemas de tratamento de
resíduos sólidos orgânicos (SILVA, 2009). É também fundamental o
acompanhamento dos programas de coleta seletiva e ações continuada de
Educação Ambiental (REZENDE, 2013), assim como, o desenvolvimento de
tecnologias a partir da realidade e potencialidades locais que facilitem e
incentivem a participação da população nos programas de gestão integrada
dos resíduos sólidos, compreendendo o acondicionamento, a coleta,
reciclagem dos resíduos recicláveis até o tratamento dos resíduos sólidos
orgânicos por meio da compostagem em sistemas de tratamentos
descentralizados, como mostram os trabalhos executados por Costa et
al.,(2015); Ribeiro et al., (2015) e Silva et al., (2015) analisando o
desenvolvimento da coleta seletiva e o trabalho de catadores e catadoras de
materiais recicláveis formais e informais em Campina Grande-PB.
Costa et al., (2015) constataram através de pesquisa realizada com
catadores de materiais recicláveis informais que desempenham o seu oficio
profissional no entorno da comunidade Jesus Libertador no Bairro Malvinas,
Campina Grande- PB, que os mesmos trabalham em condições precárias e
24
insalubres, porém, almeja alcançar melhores condições de trabalho. Esses
profissionais são discriminados pela sociedade e, comumente, são confundidos
com mendigos, todavia, ao trabalharem de forma organizada em associação ou
cooperativas, os mesmos passam a representar uma imagem diferente para a
sociedade, construindo assim, a sua própria identidade (SOUZA et al., 2014) e
expressando uma categoria profissional digna de valorização.
As melhorias nas condições de trabalho e de renda foram alcançadas
pelos catadores de materiais recicláveis associados à ARENSA (Associação de
Catadores de Materiais Recicláveis da Comunidade Nossa Senhora
Aparecida), com sede localizada no bairro do Tambor, Campina Grande-PB,
através de processo de mobilização e formação em Educação Ambiental,bem
como, do investimento em tecnologias que auxiliam no processo de coleta,
transporte e triagem dos materiais recicláveis. Esses profissionais exercem a
catação de forma organizada em vários bairros de Campina Grande-
PB(RIBEIRO et al., 2015; SILVA et al., 2015).
Seguindo os princípios da tecnologia social e da ergonomia foram
desenvolvidos dois carrinhos coletores e uma mesa de triagem, que
favoreceram de forma significativa o exercício profissional dos catadores
associados à ARENSA por reduzir os esforços físicos durante a jornada de
trabalho e os impactos negativos sobre a saúde desses profissionais, além de
contribuir para o aumento da renda (RIBEIRO et al., 2015; SILVA et al., 2015).
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) dispõe, no
Art. 36, inciso II, estabelecer sistemas de coleta seletiva, contemplando, no
inciso IV do respectivo artigo, implantar sistemas de compostagem para
resíduos sólidos orgânicos (BRASIL, 2010).
A compostagem é o processo de decomposição da matéria orgânica
pela ação de fungos bactérias e outros organismos que, agindo em ambiente
aeróbio, na presença de água, transformam matéria orgânica em composto
orgânico (TEIXEIRA et al.,2005) e objetiva, sobretudo, a higienização e a
estabilização de material orgânico contaminado (SILVA et al., 2011).
25
3.2. Tratamento de Resíduos Sólidos Orgânicos por Compostagem
Independente da origem, os resíduos sólidos orgânicos domiciliares
apresentam organismos patogênicos em quantidade próxima aos resíduos
sólidos de serviços de saúde, com características sanitárias que comprometem
a saúde pública (LANGE; CUSSIOL, 2007).
Para Silva et al., (2011), em estudo efetivado no bairro de Santa Rosa,
Campina Grande-PB, a compostagem mostrou-se um método eficiente por
possibilitar a estabilização e a higienização de resíduos sólidos orgânicos
domiciliares,com a eliminação de 100% dos organismos patogênicos.
Em análise realizada com resíduos sólidos orgânicos domiciliares em
três municípios paraibanos, Silva et al., (2010) verificaram a quantidade média
de 13 ovos viáveis/gST, reafirmando a contaminação desses resíduos e a
necessidade de tratá-los antes do procedimento de disposição final. Em
Campina Grande-PB, no bairro de Santa Rosa, foi encontrada a quantidade
média de 0,60 ovos viáveis/gST (SILVA et al., 2014).
Um agravante dessa situação para regiões semiáridas é a questão da
escassez de água, onde as pessoas comumente fazem uso de água sem
qualquer tipo de tratamento. Aplicam a irrigação de culturas agrícolas com
esgoto bruto ou tratado primariamente, associado à lavagem inadequada dos
alimentos que, habitualmente, é realizada apenas com água, pode explicar a
prevalência de ovos de helmintos nos resíduos sólidos orgânicos (SILVA,
2010).
A gestão integrada dos resíduos sólidos, observando tecnologias
eficientes de tratamento dos mesmos, é fundamental, pois, como afirma
Fonseca et al.,(2010), uma vez presente no ambiente e em alimentos, os ovos
de helmintos não são removidos com facilidade por lavagem simples e podem
permanecer por até dez anos no meio ambiente.
O método de compostagem apresenta o potencial de eliminar grande
parte dos microrganismos patogênicos, transformando o resíduo em um
fertilizante que melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo
agrícola (GUIDONI et al., 2013).
26
Através dessa tecnologia podem ser tratados diversos resíduos sólidos
orgânicos domiciliares, como sobras de frutas e de legumes, borra de café,
cascas de ovos, guardanapos usados (sem resíduos de frituras), restos de
comida, os resíduos provenientes da agricultura, assim como, as podas de
árvores e de outros vegetais (MUSSE; SCHULZ;MAROS, 2011).
Para Santos (2007), a compostagem pode ser realizada tanto em grande
escala, compreendendo os sistemas centralizados, quanto em pequena escala,
por meio dos sistemas descentralizados.
Os sistemas centralizados são representados por grandes pátios de
compostagem, também denominados de usinas de compostagem, constituindo
uma prática relativamente nova no Brasil. As primeiras usinas instaladas no
país datam da década de 70 (VASCONCELOS, 2003), no entanto, a realização
incorreta do processo de compostagem em larga escala tem contribuído para
que o produto final seja de baixa qualidade, comprometendo o seu uso na
agricultura e diminuindo seu potencial de comercialização (BARREIRA, 2006).
Em contra partida, os sistemas de tratamento descentralizados dos resíduos
sólidos orgânicos tem se mostrado uma tecnologia sustentável, devido,
principalmente, à possibilidade de aplicação do composto resultante na própria
localidade com menor risco de contaminação daqueles que estão diretamente
ou indiretamente relacionados com o composto. A gestão desse tipo de
sistema é facilitada, uma vez que o gerador é o responsável pelo sistema
(SANTOS, 2013). Além disso, existe a possibilidade de construção e de
ampliação gradativa do sistema de tratamento em oposição aos sistemas
centralizados (WAGNER; BELLOTTO, 2008).
O tratamento dos resíduos sólidos orgânicos por compostagem se
mostra como alternativa viável e de baixo custo (TEIXEIRA et al., 2002), de
fácil operação, e dentro dos princípios da prevenção e da sustentabilidade,
uma possibilidade de mitigar impactos negativos da problemática dos resíduos
sólidos (SILVA et al., 2011), estabilizando a matéria orgânica e reduzindo o
volume dos resíduos encaminhados para aterros sanitários (HERBETS et
al.,2005; GUIDONI et al., 2013). No entanto, a sua eficiência requer a
observância e o monitoramento de diferentes parâmetros.
27
3.3. Parâmetros que influenciam no processo de compostagem
O processo de compostagem acontece com a atuação de uma
diversificada biota de organismos aeróbios responsáveis pela degradação da
matéria orgânica, esses, por sua vez, dependem de condições ambientais
favoráveis para completar a degradação do material orgânico (CORDEIRO,
2010).
Para o adequado desempenho e controle do processo de compostagem,
alguns parâmetros devem ser considerados, dentre eles, o teor de umidade, a
granulometria, a aeração com o respectivo ciclo de reviramento e a relação
C/N, pH e temperatura (HERBETS et al.,2005; TEIXEIRA et al., 2005; PAULA;
CEZAR, 2011; SANTOS; SANTOS, 2008; BUSNELLO et al., 2013). O controle
desses parâmetros tem como principal contribuição proporcionar as condições
ótimas para o desenvolvimento dos organismos que irão realizar a
decomposição do resíduo orgânico (CORDEIRO, 2010).
A faixa de umidade ótima para a ação benéfica dos organismos situa-se
entre 50 a 60% (TEIXEIRA et al., 2005; SANTOS; SANTOS, 2008). Teores de
umidade muito elevados podem converter o sistema aeróbio para anaeróbio,
ocasionando a geração de chorume (HERBETS et al.,2005). Para corrigir o
excesso de umidade são indicados o reviramento da leira e a adição de
materiais secos ou estruturantes (BRASIL, 2013). Esses materiais facilitam a
distribuição do oxigênio e melhoram a capacidade de retenção de umidade na
massa de resíduos processados (MARQUES; HOGLAND, 2002).
Como materiais estruturantes, devem ser considerados os materiais
porosos, que possibilitam a aeração do meio e que sirvam como fonte de
carbono (GUIDONI et al., 2013). É possível citar, como exemplos, a casca de
arroz, os resíduos de Jardim, como gramas e folhas, o esterco bovino e a
serragem (MARQUES; HOGLAND, 2002), folhas, gramas, farelo e rejeito,
sendo esses dois últimos resultantes de outros ciclos de compostagens (SILVA
et al., 2014), bagaço de cana-de-açúcar (MAGALHÃES et al., 2006; SILVA;
ÍTAVO, 2014), restos de vegetais secos e serragem provenientes de madeira
não tratada para evitar a presença de componentes químicos, pois esses
podem inibir a ação dos organismos responsáveis pela decomposição
28
(MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007), bem como podas de árvore (ROVATI;
PESSIN, 2011).
A temperatura é um fator indicativo do equilíbrio biológico, de fácil
monitoramento e que reflete a eficiência do processo. O aumento da
temperatura está associado à alta atividade metabólica da microbiota aeróbia
(GUIDONI et al., 2013). No entanto, temperaturas muito altas (acima de 80ºC),
por longos períodos de tempo, podem inibir o crescimento e provocar a morte de
organismos não termotolerantes, reduzindo, desse modo, a taxa de
decomposição (RUSSO, 2004). Por outro lado, a eficiência da sanitização
depende do tempo de exposição do material da leira, quando submetido às altas
temperaturas, e da sua uniformidade em toda a leira (ARTHURSON, 2008). De
acordo com a temperatura, o processo de compostagem pode ser dividido em
três fases denominadas como: mesófila, termófila e criófila. Entretanto, Silva,
(2008) apresenta outras fases, conforme classificação encontrada na literatura e
apresentada por meio do Quadro 1.
Quadro 1. Fases da compostagem e suas respectivas temperaturas.
Referências
Nº de Fases
Fases Temperatura (°C)
Polprasert (1989) 04 Latente Ambiente
Crescimento Mesófila: 25-45
Termofílica Termófila: 50-65
Maturação Mesófila: 25-45
Haug (1993) 02 Intensa atividade 45-65
Cura 20-45
Pereira Neto (1996)
02 Degradação ativa Psicrófila:10-20 Mesófila: 20-45 Termófila: 45-65
Maturação ou cura Mesófila: 20-45
Kiehl (1998) 03 Fitotóxica Mesófila: 20-40
Semi-cura ou bioestabilização Termófila: 40-65
Cura ou humificação Ambiente
Hoornweg; Thomas e Otten (2000)
03 Inicial - Psicrófila: 10-20
Mesófila 20-50
Intensa atividade Termófila: 45-75
Cura ou maturação Mesófila: 20-50
Bidone (2001) 04 Inicial –psicrófila 10-20
Mesofílica 20-45
Degradação ativa Termófila: 40-60
Resfriamento Mesófila: 20-45
Maturação ou cura Ambiente
29
Quadro 1.Fases da compostagem e suas respectivas temperaturas (Continuação).
Referências
Nº de Fases
Fases Temperatura (°C)
Gallizzi (2003)
03
Inicial Mesófila:<40
Atividade Termófila: 40-70
Maturação Mesófila: <40
Correa, Fonseca e Correa
03 Mesofílica <45
Termofílica 55-80
Mesofílica <45
Mancini et al.(2006)
04 Adaptação ou latência Ambiente
Mesofílica 20-40
Termofílica 55-75
Maturação ou humificação Ambiente
Neklyudov, Fedotov e Ivankin (2008)
03 Mesofílica <45
Termofílica 55-60
Resfriamento <45 Saludes et al. (2008)
03 Mesofílica <45
Termofílica 45-55
Mesofílica <45
Mohee, Mudhoo e Unmar (2008)
03 Mesofílica <45
Termofílica 45-75
Mesofílica <45 Fonte: Silva, (2008).
Em tratamento de resíduos sólidos orgânicos, coletados em meios de
hospedagem, Pessin et al., (2005) verificaram temperaturas mesófilas até os
primeiros dez dias de monitoramento, elevando-se, após esse período, e
passando para a fase termófila, atingido temperaturas superiores a 45 ºC e
permanecendo por 30 dias. Paula e Cesar (2014) verificaram temperaturas
termófilas,a partir do 8º dia de compostagem, registrando valores acima de 43
ºC, mantendo-se por um período de tempo de 20 dias.
Por outro lado, Silva et al., (2011) verificaram que as temperaturas
termófilas podem variar em função dos níveis de umidade, constando
permanência de temperaturas termófilas por períodos entre quatro e sete dias,
em tratamentos que sofreram interferência de chuvas e de seis, oito, e nove
dias, para tratamentos que não sofreram intervenção de chuvas, sendo
constatada a eficiência de 100% na inviabilização de ovos de helmintos em
todos os tratamentos.
Há sugestões de que a inativação de ovos de helmintos aconteça da
seguinte forma: no tempo de sete minuto a uma temperatura de 70ºC; 30
30
minutos a 65 ºC; duas horas a 60 ºC; 15 horas a 55 ºC ou três dias a 50 ºC,
conforme Carrington (2001), citado por Silva, (2008).
A terceira fase da compostagem é caracterizada pela queda da
temperatura para a fase mesófila, ou seja, término da bioestabilização e início da
humificação. Na quarta fase denominada criófila, a temperatura vai se
aproximando da temperatura ambiente, indicando que o composto está
humificado (PESSIN et al., 2005).
Baixas temperaturas nas primeiras semanas do processo de
compostagem refletem o desempenho insatisfatório do sistema e que alguma
condição não está sendo favorável à atividade biológica (SILVA, 2008). Para
Teixeira (2005), o não aquecimento da leira até o quinto dia de compostagem
pode ser causado pela falta ou excesso de nitrogênio ou pela falta de umidade.
Existem divergências na literatura quanto ao tempo de ocorrência e
duração das fases de compostagem. O período de acontecimento de cada uma
dessas fases pode variar em função do controle adequado dos diversos fatores
que influenciam no processo (SILVA, 2008). Estima-se que o processo de
bioestabilização dure entre 60 e 90 dias e o processo total, até que o composto
atinja a humificação, pode levar de 90 a 120 dias (BRASIL, 2010a).
O reviramento possibilita o fornecimento de oxigênio necessário aos
organismos que desempenham o processo de compostagem. Além do
reviramento, outros fatores, como a natureza do material, o tamanho das
partículas e o teor de umidade, podem comprometer a aeração, e, portanto, o
aumento da temperatura, influenciando no desempenho do processo de
compostagem (SANTOS; SANTOS, 2010).
A frequência de reviramento influencia diretamente os níveis de
temperatura. Não há consenso na literatura sobre a frequência de reviramentos
(SILVA, 2008).Teixeira et al., (2005) sugerem reviramento semanal; Silva et al.,
(2011) compararam as frequências de dois e de três reviramentos semanais e
não constataram diferenças estatística significativas. Diante disso, pode-se
afirmar que a frequência de dois reviramentos semanais pode ser considerada
eficiente do ponto de vista do processo de compostagem.
31
O pH sofre uma evolução temporal no processo de compostagem. Na
fase inicial da compostagem, também denominada como fase mesófila, o
material produzido pode se tornar mais ácido (de 5,0 a 6,0), devido à formação
de ácidos minerais e gás carbônico (BUSNELLO et al., 2013).Evoluindo para
valores mais elevados, tendendo à formação de um composto com pH alcalino
com valores entre 8,0 e 9,0 (SILVA, 2008). No entanto, no composto final,
esses valores podem variar de acordo com o material orgânico e com o
processo de compostagem (SANTOS, 2007). Porém, de acordo com a
Instrução Normativa n° 25, de julho de 2009, a faixa ótima para pH deve ser
superior a 6,0 (BRASIL, 2009).
A granulometria é determinada pelo tamanho das partículas de cada
material que compõe a leira, influenciando no arejamento e estabilidade
geométrica (SILVA, 2008). Um método utilizado para diminuir o tamanho das
partículas é a trituração. O ato de triturar pode diminuir o tempo de
estabilização de resíduos tratados por meio da compostagem em comparação
aos não triturados (SILVA et al., 2011). Quanto menor for o tamanho das
partículas, maior é a sua superfície específica e, mais fácil é a degradação
microbiana, em contrapartida, aumentam os riscos de compactação e,
consequentemente, o comprometimento da aeração (CORDEIRO, 2010).Na
compostagem de resíduos sólidos domiciliares, recomenda-se o tamanho ideal
na faixa de 20 a 50 mm (HERBETS et al., 2005).
A relação C/N é determinante para o desenvolvimento do processo de
compostagem, pois, tanto o carbono como o nitrogênio são macronutrientes
essenciais para a nutrição dos microrganismos e para o crescimento
microbiano (MADIGAN et al., 2010).
Na literatura, a relação C/N recomendada é bastante variável, situando-
se entre as faixas de 30:1 e 20:1. No entanto, Silva et al., (2011) verificaram
que a relação C/N no substrato inicial na faixa de 17:1 e 20:1 propiciou o
processo de compostagem e originou compostos dentro dos parâmetros
estabelecidos pela Instrução Normativa Nº 25, de 23 de julho de 2009 (6:1 e
8:1). Quando a relação C/N é muito superior a 30:1, o crescimento dos
microrganismos é retardado e o processo de compostagem se torna mais
32
demorado (TEIXEIRA et al., 2005). Tal relação é importante para determinar o
grau de maturidade do composto e para definir sua qualidade agronômica
(LOUREIRO et al., 2007). De acordo com a Instrução Normativa do Ministério
da Agricultura, n° 25, de 23 de julho de 2009, a faixa ótima de pH para
compostos orgânicos deve ser maior que 6,0 e umidade menor que 50
(BRASIL, 2009).
3.4. Educação Ambiental para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
Praticar a Educação Ambiental requer reflexão sobre os problemas
socioambientais que a sociedade vivencia e sobre as formas de como o ser
humano, enquanto causador e vítima dessa problemática, coloca-se à frente a
essa realidade. A Educação Ambiental tem como contribuição dialogar sobre a
crise em que se vivencia, incluindo o ser humano, não apenas como um
espectador de um discurso moralista e disciplinador, mas, considerando-o na
construção de um diálogo que busca, entre outras coisas, a recuperação da
auto-estima e o cuidado pela sua própria vida e pela vida do seu semelhante
(NASCIMENTO; SANTOS, 2011).
Praticar a Educação Ambiental demanda pensar os pressupostos dos
processos produtivos, das mudanças nos hábitos de consumo e na
urbanização, gerando formas alternativas de produção energética e de
distribuição de renda (SIQUEIRA; MORAES, 2009).É preciso considerar os
problemas ambientais,tomando-se par da realidade social,no qual o indivíduo é
submetido, o que pode acontecer através da discussão de temas geradores,
como a problemática dos resíduos sólidos.
Através das ações em Educação Ambiental, que motivam a construção
de conhecimento, a partir da realidade da população de forma emancipatória,
conquistas importantes podem ser alcançadas para a efetiva implantação da
gestão integrada dos resíduos sólidos. Dentre as quais, é possível destacar: a
organização de catadores de materiais recicláveis em associações; o
reconhecimento dos próprios catadores de materiais recicláveis como
profissionais e a importância dessa profissão no contexto ambiental e social e o
despertar sobre a necessidade de melhoria das condições de trabalho, de
moradia, de higiene e de qualidade de vida desses profissionais (SILVA et al.,
33
2011); a efetivação de programas de coleta seletiva, e; a compreensão dos
diversos segmentos da sociedade sobre os benefícios do empoderamento de
tecnologia de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos (SILVA et al.,2009).
Tendo como questão principal, a garantia e a preocupação com a
sustentabilidade ambiental e social do planeta (SORRENTINO et al., 2005).
No contexto da gestão integrada dos resíduos sólidos é necessário que
as políticas públicas sejam efetivadas, juntamente com ações em Educação
Ambiental (COSTA et al., 2015), e estas devem atingir os vários setores da
sociedade local, de modo a fomentar a articulação entre gestores municipais e
a sociedade civil organizada e o princípio de corresponsabilidade (SILVA et al.,
2009).
Educação Ambiental deve ser aproveitada como instrumento para
reflexão das pessoas no processo de mudança de atitudes relativas ao correto
descarte dos resíduos sólidos e à valorização ambiental, por possibilitar o
nivelamento de conhecimentos junto às comunidades. Ao mesmo tempo em
que sensibiliza e mobiliza para ações que visam a melhoria das condições
ambientais e a sustentabilidade (LAMANNA; GÜNTHER, 2008).
Promover a Educação Ambiental pode ser um caminho para a
sensibilização e compreensão acercados problemas presentes no processo de
gestão de resíduos sólidos, sobretudo, os resíduos domiciliares, a partir do
delineamento de estratégias que visam mudanças do cenário identificado
(SILVA et al., 2014). Diante disso, a Educação Ambiental reserva ao educador
o papel de animador e o desafio de criar a cada olhar uma nova visão da
realidade ambiental, a qual o indivíduo pertença. A partir desse novo olhar,
através da Educação Ambiental, começar a mudar as atitudes frente à natureza
(VASCONCELOS; PEREIRA; SILVA, 2014).
Tomando como perspectiva a viabilidade da prática de Educação
Ambiental como espaço de diálogo social entre a comunidade, outros
benefícios estão associados, como por exemplo, a melhoria das condições de
trabalho dos catadores de materiais recicláveis, desde que aconteça por meio
de um processo educacional (SILVA, 2011). Com isso, o diálogo deve
34
promover diferentes debates e discussões que contribuam para a tomada de
decisão frente aos problemas socioambientais, a partir da realidade local.
4. MATERIAL E MÉTODOS
Os procedimentos metodológicos desta pesquisa compreenderam as
etapas de mobilização e sensibilização das famílias participantes por meio de
processo de Educação Ambiental, caracterização dos resíduos sólidos
orgânicos domiciliares, coleta dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares
gerados pelas famílias, montagem e monitoramento do sistema experimental
de tratamento de resíduos sólidos orgânicos domiciliares e avaliação do
composto resultante.
4.1. Caracterização da pesquisa
Esta pesquisa foi realizada no período de junho de 2013 a junho de
2015,na Comunidade Jesus Libertador, no bairro Malvinas,em de Campina
Grande, estado da Paraíba, tendo por base os princípios da pesquisa
experimental (MARCONI; LAKATOS, 1999) e da pesquisa participante
(THIOLLENT, 2008).
A escolha da comunidade para a coleta de resíduos orgânicos
domiciliares utilizados no tratamento decorreu do processo de formação de
agentes multiplicadores em Educação Ambiental realizado de 2011 a 2012,
envolvendo a participação de 30% dos líderes comunitários, os quais
destacaram a poluição, causada pela disposição inadequada dos resíduos
sólidos domiciliares, como um dos principais problemas do bairro, expressando
o desejo de resolvê-los (BISPO; SABINO; SILVA, 2013).
A pesquisa experimental foi executada no Laboratório do Grupo de
Extensão e Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (GGEA), situado no
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Campus I, da Universidade
Estadual da Paraíba, localizado no bairro Bodocongó, em Campina Grande-PB
(latitude: 7° 13’ 50”; longitude: 35° 52’ 52”, a 551 m acima do nível do mar). Os
princípios da pesquisa experimental embasaram o desenvolvimento e o
monitoramento do sistema de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos
35
domiciliares gerados pelas famílias cadastradas que aceitaram participar do
projeto.
A pesquisa participante fundamentou o processo de sensibilização, de
formação e de mobilização das famílias e de líderes comunitários para a
disponibilização dos resíduos sólidos e foi aplicada no bairro Malvinas com
famílias que praticavam a coleta seletiva e repassavam os resíduos sólidos
recicláveis secos aos catadores de materiais recicláveis da Associação de
Catadores de Materiais Recicláveis da Comunidade Nossa Senhora Aparecida
(ARENSA).
O cadastramento abrangeu 63 famílias, selecionadas a partir de
amostragem aleatória estratificada, de um total de 283 residências, que se
disponibilizaram para participar do projeto de tratamento de resíduos sólidos
orgânicos domiciliares.
4.2. Caracterização da área de estudo
O município de Campina Grande(7°13’11”sul, 35°52’31” oeste, a 550 m
acima do nível do mar) está situado a 120 km de João Pessoa, capital do
Estado da Paraíba, na Serra da Borborema, e apresenta área urbana de
594.182 km2. Sua população estimada para 2014 corresponde a 402.912
habitantes (IBGE, 2014). Oficialmente, tem 53 bairros.
O presente trabalho ocorreu no bairro Malvinas, cujas características
estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Características básicas do bairro Malvinas, Campina Grande-PB, 2014.
Bairro
População
(Número de habitantes) Alfabetizados
(%)
Rendimento médio mensal
(R$) Homens Mulheres Total
Malvinas 40.457 48.000 88.457 91,6 1.088,33
Fonte: BRASIL, (2014).
4.3. Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares
36
4.3.1. Caracterização gravimétrica de resíduos sólidos domiciliares
gerados por famílias situadas no entorno da Comunidade Jesus
libertador, no bairro Malvinas, Campina Grande-PB
A área escolhida para a amostragem está situada no âmbito da
Comunidade Jesus Libertador, no bairro Malvinas, em Campina Grande-PB,
como mostra a Figura 1.
Figura 1. Localização em azul das ruas situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador com famílias que participaram da caracterização dos resíduos sólidos domiciliares bairro
Malvinas, em Campina Grande-PB, 2014.
Fonte: Adaptado do Google Maps, (2014).
Com o objetivo de viabilizar a coleta dos resíduos para a caracterização,
foram selecionadas dez ruas situadas no entorno da Comunidade Jesus
Libertador, com domicílios participantes do projeto de coleta seletiva.A escolha
foi determinada pela disponibilidade das famílias em participar do processo de
caracterização.
Para a caracterização dos resíduos sólidos foi adotada a metodologia
proposta por Silva et al., (2002). Durante três semanas e em dias alternados
terça, quinta e sábado, obedecendo aos dias da coleta municipal, os resíduos
foram coletados e pesados.
A cada coleta, os resíduos foram pesados em sua totalidade e,
posteriormente, separados de acordo com a classificação estabelecida pela
37
resolução CONAMA, 275/2001 (BRASIL, 2001), que os organizam em cores:
papel; plástico; vidro; metal, e; matéria orgânica.
4.3.2. Caracterização física, química e Biológica de resíduos sólidos
orgânicos produzidos por famílias localizadas no entorno da Comunidade
Jesus Libertador no bairro Malvinas, em Campina Grande-PB
A caracterização física, química e biológica realizada para os resíduos
sólidos orgânicos estão descritos no Quadro 2.
Quadro 2. Tipo, composição, sigla utilizada e fonte geradora dos resíduos utilizados na composição do substrato empregado nos sistemas de compostagem, Campina Grande- PB, 2014.
Tipo de Resíduo Sigla Composição Fonte geradora
Resíduos sólidos orgânicos domiciliares
RSOD Cascas de frutas e
de hortaliças, restos de comida
Famílias situadas no entorno da
comunidade Jesus Libertador
Resíduos de flores RFL Flores ornamentais Igreja Jesus Libertador
Resíduos de folhas RFO Folhas secas, com predominância
folhas de jambeiro
Famílias situadas no entorno da
comunidade Jesus Libertador
Para a determinação do número de residências para coleta de resíduos
sólidos orgânicos com fins de caracterização adotou-se a amostragem aleatória
estratificada, respeitando-se a disponibilidade das famílias em conceder os
resíduos gerados.
O universo amostral foi constituído por 63 famílias (22,6%), distribuídas
em 13 ruas do bairro Malvinas, nas quais já havia sido implantada a coleta
seletiva, conforme mostra a Figura 2.
38
Figura 2. Localização em azul das ruas situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador com famílias que participaram da caracterização dos resíduos sólidos domiciliares bairro
Malvinas, em Campina Grande-PB, 2014.
Fonte: Adaptado do Google Maps, 2014.
O método empregado para determinar a composição das amostras de
resíduos orgânicos domiciliares após cada dia de coleta foi o de quarteamento,
organizado conforme Figura 3.
Figura 3. Desenho esquemático do Método de quarteamento aplicado para a composição das amostras de resíduos sólidos orgânicos domiciliares (RSOD),Campina Grande-PB, 2014.
A - Homogeneização dos resíduos após a coleta; B - primeiro quarteamento; C - separação de duas partes opostas para a formação de uma nova amostra; D - homogeneização das duas partes opostas; E - composição de dez amostras compostas.
Para o ordenamento das amostras seguiram-se as seguintes etapas:
39
I. Foram realizadas três coletas durante uma semana em dias alternados,
respeitando os dias da coleta municipal;
II. Ao término de cada coleta, os resíduos foram pesados e despejados sobre
uma lona plástica, seguido do processo de mistura (A) e de quarteamento das
amostras (B), que consistiu na divisão em quatro partes da amostra pré-
homogeneizada, sendo tomadas duas partes opostas (C) para formar uma
nova amostra, descartando as partes restantes;
III. As duas partes da nova amostra foram novamente homogeneizadas (D) e
divididas em dez partes (E), permitindo a obtenção de dez amostras
constituídas por coleta, totalizando um número de trinta amostras ao final das
três coletas.
Para a quantificação e caracterização dos resíduos de flores e de folhas,
gerados na igreja da Comunidade Jesus Libertador, foram coletadas três
amostras durante três semanas consecutivas, obedecendo-se ao dia de troca
das flores que ornamentam a igreja.
Os resíduos de folhas e flores foram coletados e pesados,
determinando-se a composição em percentual de peso de matéria fresca, a
média e o desvio padrão.
Após serem completadas as três coletas, seguiu-se o processo de
composição das amostras, adotando-se o método de quarteamento, descrito
conforme Figura 4.
Figura 4. Desenho esquemático do método de quarteamento aplicado para a composição das amostras de resíduos sólidos de folhas e de flores,Campina Grande-PB, 2014.
A- homogeneização dos resíduos após coleta; B- primeiro quarteamento; C- separação de duas partes opostas para a formação de uma nova amostra; D- homogeneização das duas
partes opostas; E- composição de três amostras compostas.
40
Após a composição das amostras referentes aos resíduos sólidos
orgânicos domiciliares, de folhas e de flores, procedeu-se à caracterização
física, química e sanitária.Esta compreendeu apenas a avaliação de ovos de
helmintos.
Optou-se por investigar ovos de helmintos como parâmetro para a
avaliação sanitária, devido a sua relevância para estudos relacionados à saúde
pública. Além disso, verificou-se que há poucas contribuições na literatura
nacional e internacional relativas aos estudos com esses dados (SILVA et al.,
2010). Existem estudos que afirmam que ovos de helmintos possuem alta
resistência a estresse ambiental e alta prevalência no Brasil, conforme WHO
(2004) e Silva et al. (2010).
De acordo com Silva, Marzochie e Santos (1991), os ovos de helmintos
por serem maiores, mais resistentes e mais fáceis de serem evidenciados no
meio ambiente, fornecem indicação segura da contaminação fecal atual ou
recente, podendo constituir-se em coadjuvantes necessários a um adequado
monitoramento sanitário do ambiente.
Para as análises físicas e químicas, foram seguidas as recomendações
previstas no Standard Methods for Examination of the Water and Wastewater
(APHA; AWA, 2005) (Apêndice 5).
As análises de ovos de helmintos foram feitas com base em Meyer
(1978), com as modificações sugeridas por Silva et al. (2008), que ao realizar
testes com métodos sugeridos por Meyer, Yanko e Bailinger, todos citados por
Soccol et al. (2000), chegou a conclusão deque o Meyer, considerando-se
algumas modificações, constitui o método mais eficiente,permitindo a
identificação dos ovos de helmintos nas diferentes fases do processo de
compostagem, incluindo o composto final.
As modificações feitas por Silva et al. (2008) referem-se à preparação da
amostra: peso da amostra (25/g), lavagens prévias com solução de água
sanitária a 50% (componente ativo hipoclorito de sódio) e filtração dupla por
filtro de nylon, para garantir o máximo de recuperação de ovos.
41
Tomando por base as indicações de Silva et al., (2008) a análise da
viabilidade de ovos de helmintos foi executada por meio da técnica de
coloração rápida, utilizando-se de solução de safranina a 0,1%.A técnica
baseia-se no uso de corante biológico para detectar as trocas de
permeabilidade da membrana vitelina dos ovos (SILVA et al., 2008).
4.4. Atividades de Educação Ambiental aplicadas às famílias situadas no
entorno da Comunidade Jesus Libertador no bairro Malvinas, Campina
Grande-PB, para a coleta de resíduos sólidos e implantação do sistema
de compostagem
As atividades de Educação Ambiental, aplicadas junto à Comunidade
Jesus Libertador, obedeceram ao princípio da pesquisa participante
(THIOLLENT, 2008), no sentido de sensibilizar e mobilizar os líderes
comunitários e as famílias para a viabilização do projeto. As atividades estão
dispostas no Quadro 3.
Quadro 3. Atividades de Educação Ambiental aplicadas às famílias situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador, no bairro Malvinas para a coleta de resíduos sólidos e implantação do sistema de compostagem,Campina Grande-PB, 2014.
Atividades Objetivos
Visita à área de estudo com o acompanhamento de um líder comunitário
Apresentar o projeto às famílias;
Identificar os moradores com interesse de participar do projeto.
Mobilização e cadastramento das famílias
Promover a sensibilização e mobilização das famílias para a execução do projeto;
Realizar o cadastro das famílias que aderiram ao projeto;
Expor e discutir o planejamento de atividades.
Sensibilização e mobilização para a implantação da coleta seletiva e repasse dos resíduos sólidos recicláveis secos à ARENSA.
Implantar a coleta seletiva nas ruas situadas no entorno da comunidade Jesus Libertador;
Proporcionar a inserção dos catadores de materiais recicláveis na gestão dos resíduos sólidos;
Promover o destino adequados dos resíduos sólidos domiciliares;
Reduzir a quantidade de resíduos enviada ao local de disposição final.
Mobilização para a caracterização dos resíduos sólidos domiciliares
Realizar a caracterização dos resíduos sólidos domiciliares.
42
Quadro 3. Atividades de Educação Ambiental aplicadas às famílias situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador, no bairro Malvinas para a coleta de resíduos sólidos e implantação do sistema de compostagem, Campina Grande-PB, 2014 (Continuação).
Atividades Objetivos
Realização de seminário e entrega de folhetos informativos(Apêndice 01)
Apresentar os resultados da caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares.
Discutir a importância da gestão integrada dos resíduos sólidos domiciliares para o bairro.
Debater a necessidade de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares.
Expor o modelo experimental de composteiras para tratamento dos resíduos sólidos orgânicos do bairro.
Distribuição de folhetos informativos sobre compostagem (Apêndice 02 e 03)
Possibilitar a sensibilização das famílias para aquisição e disposição dos resíduos orgânicos previamente selecionados para montagem do experimento.
Apresentação dos resultados referentes ao experimento de compostagem(Apêndice 04)
Apresentar e discutir os resultados referentes ao experimento;
Expor os compostos resultantes dos diferentes tipos de composteiras;
Observar a reação das pessoas a respeito do resultado final da compostagem.
4.5. Compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares
4.5.1. O Sistema Experimental de tratamento
O desenvolvimento de um produto deve partir da elaboração de um
projeto para a especificação das suas dimensões, da sua forma e da sua
configuração, pois, são essas características que definirão o desempenho do
produto quando esse estiver em serviço (CALLISTER, Jr., 2006).
O Sistema Experimental de compostagem de resíduos sólidos orgânicos
domiciliares consistiu em três tratamentos (CCR, CCQ e CAR) com três
repetições (R1, R2 e R3), conforme Quadro 4, totalizando nove composteiras,
sendo seis com estrutura em concreto, formadas por dois compartimentos e
43
apresentando reviramento manual com auxílio de instrumentos agrícolas, e três
demais com estrutura em alumínio e aço inoxidável(CAR), formadas por um
único compartimento e sistema de reviramento mecânico, conforme Figura 5.
Figura 5. Desenho esquemático do sistema de composteiras confeccionadas em concreto com configuração em retângulo(A) e com configuração em quadrado (C), e de composteiras
confeccionadas em alumínio e aço inoxidável com configuração em retangulo (B), instaladas no complexo integrado de pesquisa Três Marias (UEPB),Campina Grande-PB, 2014.
As composteiras em concreto apresentam configurações diferenciadas,
sendo três com configuração em retângulo (CCR), conforme Figura 6,
formadas por dois compartimentos cada, com as seguintes dimensões: 0,30 m
de largura, 0,50m de comprimento e altura de 0,50 m. As outras três com
configuração em quadrado (CCQ), conforme Figura7, formadas por dois
compartimentos, medindo 0,50 m de comprimento, 0,50 m de largura e altura
de 0,50 m.Estas composteiras apresentam uma redução de 0,25 m em uma
das laterais de cada compartimento. Esta redução foi projetada para permitir o
reviramento dos resíduos, através da passagem dos mesmos, de um
compartimento para o outro, a cada dois dias.
44
Figura 6. Desenho esquemático da composteira de concreto com configuração em retângulo que compôs o sistema de tratamento de resíduos sólidos descentralizado, Campina Grande-
PB, 2014.
Figura 7. Desenho esquemático de composteiracom configuração em quadrado, confeccionada em concreto,Campina Grande-PB, 2014.
Figura 8. Esquema das composteiras de alumínio e aço inoxidável que compõem o sistema de Tratamento descentralizado de Resíduos sólidos orgânicos, Campina Grande-PB, 2014.
As composteiras em aço inoxidável foram construídas com um único
compartimento, medindo 0,50 m de comprimento, 0,30 m de largura e altura de
0,50 m, conforme Figura 8. O reviramento dos resíduos foi feito com o auxílio
de uma manivela acoplada à parede lateral das respectivas composteiras.
As composteiras que constituíram o Sistema Experimental de tratamento
são removíveis e poderão ser realocadas no final do experimento, atendendo
às solicitações da Comunidade Jesus Libertador. Ressalta-se que o sistema
proposto no primeiro momento era formado por quatro composteiras de
alvenaria, portanto, fixas, seguindo-se o perfil daquele implantado na
45
Sociedade de Amigos do Bairro– SAB – de Santa Rosa (SILVA et al., 2011).
Entretanto, durante as discussões ocorridas por meio de encontros e
seminários na referida Comunidade, foi colocado pelos membros da mesma,a
inviabilidade de implantação de um sistema em alvenaria fixo no terreno
pertencente à igreja, devido à construção de novas estruturas físicas previstas
para aquele local. Foi necessário desenvolver um sistema de compostagem
móvel que possibilitasse a sua realocação.
4.5.2. Instalação e monitoramento do Sistema Descentralizado de
tratamento de resíduos sólidos orgânicos domiciliares
O Sistema de tratamento descentralizado foi instalado em área
pertencente à Universidade Estadual da Paraíba – UEPB –, próxima ao
Laboratório do Grupo de Extensão e Pesquisa em Gestão e Educação
Ambiental (GGEA), situado no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Campus I da UEPB, localizado no bairro Bodocongó, em Campina Grande-PB.
O sistema foi avaliado a partir de três tratamentos com a mesma
composição do substrato, compreendido de resíduos orgânicos domiciliares,
incluindo folhas, flores e rejeito,distinguindo-se, porém, em relação ao modelo
de composteira, conforme Quadro 4. A opção por esses resíduos deveu-se a
sua disponibilidade na área objeto em estudo e em decorrência dos problemas
provocados mediante a destinação e disposição inadequadas.
Quadro 4. Descrição das siglas adotadas para o tratamento aplicado aos resíduos sólidos orgânicos domiciliares e composição do substrato, Campina Grande-PB, 2015.
Sigla dos tratamentos
Composteiras
Substrato
Organização Resíduos sólidos
Orgânicos Estruturante
CCR Concreto retangular
80% de RSOD 7% de RFO, 3%
de RFL e 10% de rejeito
CCR1CCR2CCR3
CCQ Concreto quadrada
80% de RSOD 7% de RFO, 3% de RFL e 10% de
rejeito
CCQ1CCQ2CCQ3
CAR Aço inoxidável
retangular
80% de RSOD 7% de RFO, 3% de RFL e 10% de
rejeito
CAR1CAR2CAR3
RSOD-Resíduos sólidos orgânicos domiciliares; RFO - resíduos de folhas; RFL -Resíduos de flores;1, 2, 3- Repetição do respectivo tratamento.
46
Nos tratamentos CCR, CCQ e CAR, aplicaram-se composteiras de
concreto retangulares, composteiras de concreto quadradas e composteiras de
alumínio e aço inoxidáveis retangulares, respectivamente, sendo adotadastrês
repetições (R) para cada tratamento.
Para cada tratamento, foram coletados resíduos sólidos orgânicos
gerados por 63 famílias participantes, após o período de cadastramento e de
mobilização por meio do processo de Educação Ambiental, que aconteceu
durante três semanas consecutivas e nos dias da coleta domiciliar regular (três
vezes por semana nas duas primeiras semanas e dois dias na última semana).
Para a coleta dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares, foram
utilizadas sacolas plásticas com capacidade para 15L, produzidas com a
logomarca do projeto de coleta seletiva do bairro, disponibilizadas para as
famílias cadastradas (25%). A coleta dos resíduos foi realizada respeitando os
dias de coleta pública municipal (terça, quinta e sábado).
Os tratamentos foram diferenciados, considerando-se as composteiras
em concreto, com diferentes configurações, e as composteiras em alumínio e
aço inoxidável, com aerador mecânico acoplado a elas. Desse modo, foi
possível avaliar a tecnologia de tratamento escolhida, ponderando as
diferenças entre as composteiras em escala real, conforme Quadro 4.
Os resíduos sólidos orgânicos domiciliares coletados, (80%), foram
pesados e encaminhados para as respectivas composteiras, sendo
adicionados (7%)de resíduos de folhas,(3%) de flores e(10%) de rejeito.
O sistema foi monitorado diariamente, sempre no mesmo horário (09
horas), por meio de aferição de temperatura, utilizando-se de termômetro de
haste de mercúrio e por observação direta.A aferição de temperatura ocorreu
em três pontos da massa de substrato: superfície, centro e base.
Adotou-se a aeração periódica, duas vezes por semana, em dias
previamente definidos (terça e sexta). Esta consistiu de reviramento manual
dos substratos, utilizando-se de instrumentos agrícolas adaptados (pá e
enxada) para as composteiras em concreto e reviramento com auxílio de
manivela para as composteiras de alumínio e aço inoxidável. O reviramento
47
objetivou propiciar a maximização da mistura dos resíduos e a oxigenação do
sistema. Esses procedimentos de mistura e de oxigenação foram importantes
para garantir a homogeneidade na decomposição dos resíduos e possibilitar o
fornecimento de oxigênio necessário aos organismos que desempenharam o
processo de compostagem. Durante o procedimento de reviramento foram
coletadas as amostras para as análises realizadas diariamente.
As análises de pH, sólidos totais,teor de umidade e de ovos de helmintos
foram realizadas no Laboratório do GGEA (Grupo de Extensão e Pesquisa em
Gestão e Educação Ambiental), situado no Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde, Campus I, em Campina Grande-PB.
Quadro 5. Métodos e frequências de análise dos parâmetros físico, químicos e biológicos dos diferentes tratamentos, Campina Grande-PB, 2014.
Parâmetros Frequência Método utilizado
Temperatura (ºC) Diária Aferição por Termômetro de mercúrio
Teor de Umidade (%) Semanal Gravimétrico
pH (unidade) Potenciométrico
Sólidos Totais Voláteis-STV (%ST) Gravimétrico
Ovos de helmintos (ovos/gST) Amostra Inicial e Final Meyer (1978) modificado
Para o parâmetro Temperatura (ºC), a freqüência foi diária e o método
utilizado foi a aferição por Termômetro de mercúrio. Para os parâmetros Teor
de Umidade (%), pH (unidade) e Sólidos Totais Voláteis (%ST), a frequência foi
semanal, com os métodos Gravimétrico, Potenciométrico e Gravimétrico,
respectivamente. Para o parâmetro de ovos de helmintos (ovos/gST), utilizou-
se a amostra inicial e final e empregou-se o método de Meyer (1978)
modificado por Silva (2008).
4.5.3. Avaliação da qualidade do composto orgânico
Com o objetivo de verificar a qualidade do composto orgânico resultante
dos diferentes tratamentos, retiraram-se amostras do composto final para
avaliar as concentrações de Sólidos Totais Voláteis, teor de umidade, pH e
ovos de helmintos. As amostras foram encaminhadas para análise no
48
Laboratório GGEA., situado no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Campus I, da Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande-PB.
O composto resultante foi submetido ao pós-tratamento, que
compreendeu o peneiramento e embalagem (100g), em seguida, realizou-se a
entrega do composto embalado para as famílias que contribuíram com o
projeto através da entrega de resíduos orgânicos domiciliares para a
montagem do experimento, estudado. Os resultados obtidos foram
apresentados discutidos com os participantes da pesquisa por meio de um
seminário,ocorrido na Comunidade Jesus Libertador.
49
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares
gerados no bairro Malvinas, Campina Grande-PB
Os dados obtidos referentes à composição gravimétrica dos resíduos
sólidos domiciliares gerados no bairro Malvinas, Campina Grande-PB, em
específico, os domicílios localizados no entorno da Comunidade Jesus
Libertador, são apresentados através da Tabela 2, em percentual de peso
bruto, média e desvio padrão. E na Tabela 3 são expostos os dados referentes
à produção de resíduos sólidos domiciliares gerados em residências situadas
no entorno da Comunidade Jesus Libertador, bairro Malvinas.
Tabela 2. Caracterização gravimétrica de resíduos sólidos domiciliares gerados em residências situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador, bairro Malvinas, Campina Grande-PB, 2014.
Tipo de Resíduos
Coleta (kg)
Total Média Desvpad.* 1ª 2ª 3ª (%)
Papéis e papelão 24,2 6,2 8,2 38,6 12,9 9,9 9,0
Plásticos 13,1 9,1 5,85 28,05 9,4 3,6 6,0
Metais 6,6 1,9 1,45 9,95 3,3 2,9 2,0
Vidros 1,1 1,0 2,8 4,9 1,6 1,0 1,0
Orgânicos 132,1 120,7 47,1 299,9 100,0 46,1 68,0
Não recicláveis 21,3 23,55 16,45 61,3 20,5 4,9 14
Total 198,4 162,5 81,9 442,7 147,7 68,4 100,0
Nº de família (unid.) 50 50 25
42 14
*Desvpad.: desvio padrão
Tabela 3.Produção de resíduos sólidos domiciliares gerados pelas famílias residentes no entorno da Comunidade Jesus Libertador, bairro Malvinas,Campina Grande-PB, 2014.
Resíduos sólidos domiciliares Família (kg/família.dia) Pessoa (kg/hab.dia)
Gerais 3,51 0,88
Recicláveis secos 0,63 0,15
Recicláveis molhados (orgânicos) 2,39 0,6
Não Recicláveis (rejeito) 0,49 0,13
50
De acordo com a caracterização dos resíduos sólidos domiciliares
produzidos pelas famílias situadas no entorno da Comunidade Jesus Libertador
(Tabelas 2 e 3), a média de produção diária por família corresponde a 3,51 kg.
Tomando-se por base a média de quatro pessoas por família, a
produção per capta diária equivale a 0,88 kg/hab. dia. Deste total, apenas 14%
não são recicláveis (rejeito). Constatou-se que 88% dos resíduos gerados na
área estudada, podem ser reciclados ou reaproveitados (Figura 9). Sendo que
68% dos resíduos são constituídos por matéria orgânica,aproximando-se ao
cenário nacional, em que 50% dos resíduos gerados nos vários municípios são
de origem orgânica(ROCHA; AGUIAR, 2012).
Figura 9. Composição gravimétrica dos resíduos sólidos gerados pelas famílias residentes no entorno da Comunidade Jesus Libertador, bairro Malvinas, Campina Grande-PB, 2014.
Em estudo efetuado em condomínios de classe média alta em João
pessoa- PB, Athayde Jr.; Beserra; Fagundes, (2007) verificaram a geração
média de0, 507 kg/hab. dia. Em condomínio da cidade de Campina Grande no
bairro de Santa Rosa foi constatada a produção média diária por família de
0,80 kg/ hab. dia (COSTA; SILVA; LEITE, 2002).
A quantidade de resíduos domiciliares gerada pode apresentar variações
de acordo com os hábitos de consumo, o período de permanência nas
residências ao longo do dia e a rendadas famílias.
Segundo o relatório do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
– ABRELPE, em 2014, a produção per capta de resíduos correspondeu 1.062
2%
14%
68%
9%
6%
1%
Metais
Não Recicláveis
Orgânicos
Papéis e papelão
Plásticos
Vidros
51
kg/hab./dia, percentual que corresponde a 215.297 toneladas/dia de resíduos
gerados. Em comparação com o ano de 2013, houve um acréscimo de 2,87%
na quantidade total gerada.
Embora a ABRELPE (2014) afirme que 3.608 municípios já possuam
iniciativas de coleta seletiva, verifica-se que ainda não foi possível superar de
forma sistematizada os problemas presentes na maioria dos municípios,
principalmente nos grandes centros urbanos, que são, em grande parte,
reflexos da falta de gestão e da disposição inadequada dos resíduos,
ocasionando impactos negativos sobre o meio ambiente e à sociedade
(GOUVEIA, 2012; SIQUEIRA; MORAES, 2009). No município de São Paulo,
por exemplo, verificou-se em um estudo de caso que, abordando os problemas
advindos do modelo de gestão de resíduos adotada, um dos maiores desafios
da destinação adequada é de caráter institucional, pois, existe a necessidade
da construção de uma cultura voltada para a preocupação com o meio
ambiente bem como, a aplicação de estratégias em Educação Ambiental,
promovendo mudanças de valores e hábitos da sociedade(GONÇALVES;
TANAKA; AMEDOMAR, 2013).
Tomando por base a lei 12.395/10 que trata da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010),a destinação ambientalmente correta dos
resíduos sólidos deve considerar a reutilização, a reciclagem, a compostagem
da fração orgânica, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras
destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e
do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA), entre
elas,a disposição final adequada dos rejeitos.
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010), propõe
medidas a serem tomadas para o tratamento, o aproveitamento e a destinação
final dos resíduos. Dentre as medidas, pode-se destacar: realizar diagnóstico
da situação atual dos resíduos sólidos; definir metas de redução, de
reutilização e de reciclagem, com o objetivo de minimizar o volume de resíduos
e rejeitos encaminhado ao local de disposição final; definir metas para o
aproveitamento energético dos gases gerados nos locais de disposição final;
52
estabelecer metas para eliminação, recuperação e remediação de lixões,
alinhando-as às estratégias de inclusão social e de emancipação econômica de
catadores de materiais recicláveis; delinear ações de incentivo e de viabilização
da gestão descentralizada dos resíduos sólidos; conceber meios que fomentem
o controle e a fiscalização de sua implementação e operacionalização.
Observando-se as residências situadas no entorno da comunidade
Jesus libertador envolvidas neste trabalho, a única forma de aproveitamento
identificada para os resíduos sólidos orgânicos foi a alimentação animal. 100%
das famílias que colaboraram com a compostagem destinavam os resíduos,
como folhas, os restos de comidas, cascas de frutas e de verduras, para o
carro coletor municipal e, estes eram dispostos no local denominado de aterro
sanitário, distante 15 km do município.Não foram registradas residências com
horta ou farmácia viva, visando o aproveitamento desses resíduos na forma de
adubo.
Quando os resíduos orgânicos são misturados a outros tipos de resíduos
como plástico, papel, vidro, metal, inviabiliza a reciclagem e o tratamento dos
resíduos orgânicos. Quando esses resíduos são destinados a aterros sanitários
acarretam a saturação, trazendo como consequências,alterações na qualidade
do ar que estão relacionados à produção de gases poluentes e de material
particulado (MATOS et al., 2011),contaminação da água e do solo pelo
chorume (líquido tóxico gerado pela decomposição orgânica do lixo), pois, na
maioria dos aterros sanitários, não há tratamento adequado para o chorume
(JACOBI; BESEN, 2011) e a diminuição do tempo de vida útil do aterro (SILVA
et al., 2013).
Embora as normas federais estabeleçam a necessidade de tratamento
de determinadas classes de resíduos de serviços de saúde, prévios à sua
disposição final, muitos municípios ainda dispõem de aterros sanitários, aterros
controlados e lixões sem realizar prévio tratamento, o que representa risco à
saúde pública e à saúde dos trabalhadores envolvidos nas atividades afins.
A disposição final é apenas uma parte do processo de gestão. A gestão
adequada dos resíduos deve considerar ações que visam à redução, à
reutilização e à reciclagem dos resíduos gerados (SUZUKI; GOMES, 2009).
53
Sabe-se que além de separar os resíduos sólidos, é necessário analisar qual a
forma de tratamento que mais se adéqua a cada tipo e sua destinação final,
para tentar minimizar ou mitigar os impactos negativos no meio ambiente.
Todavia, considerando as indicações de Silva et al. (2009)é necessário
observar as divergências locais em relação à produção, acondicionamento,
tratamento e destinação final, no sentido de viabilizar a gestão integrada de
resíduos sólidos no município, tendo por princípio básico a transformação
mínima de resíduos sólidos em lixo.
Desse modo, os dados apresentados neste trabalho referentes a
caracterização gravimétrica,evidenciam a necessidade de implantação de
medidas que possibilitem o tratamento e a reciclagem desse material, a
exemplo da compostagem. Através da compostagem há condições de alcançar
entre outros benefícios: tratamento do resíduo orgânico, aumento da vida útil
dos aterros sanitários, impedimento da contaminação e/ou poluição do meio
ambiente e aproveitamento de matéria e de energia por meio de um composto
tratado possível de ser aplicado em hortas comunitárias.
Com relação aos resíduos recicláveis secos, conforme Figura 9,
apresentada anteriormente, a maior produção correspondeu aos resíduos de
papel (9%), seguido de plástico (6%), metais (2%) e vidro (1%).
Diante do potencial energético e econômico, esses materiais precisam
ser valorizados e reinseridos no ciclo produtivo da indústria, possibilitando o
acréscimo de renda dos catadores de materiais recicláveis, bem como o
aumento da vida útil dos aterros sanitários e a diminuição da exploração dos
recursos naturais.
Em meio a esses resíduos, foram encontradas embalagens de
inseticidas, lâmpadas e pilhas. Tal fato constitui um problema de ampla
magnitude, pois, esses produtos podem conter elementos químicos altamente
tóxicos, como Cádmio (Cd), Chumbo (Pb), Cobre (Cu), Cromo (Cr),Manganês
(Mn), Mercúrio (Hg) e Zinco (Zn), (AZEVEDO et al., 2015). Essas substâncias
não degradáveis são metais altamente reativos e bio-acumulativos, ou seja, o
organismo não é capaz de eliminá-los (SOTILES et al., 2015), podendo ser
disseminados no meio ambiente através da cadeia alimentar.Diante disso, a
54
logística reversa e a responsabilidade compartilhada, instituídas na Política
Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010, são estratégicas na
implantação de um modelo de produção e de consumo responsáveis,
contribuindo para a qualidade da saúde ambiental e humana (BRASIL, 2010).
As responsabilidades do gerador, do importador, do distribuidor, do
comerciante, assim como,do consumidor do produto, com um fluxo reverso dos
resíduos, podem contribuir para o alcance desses objetivos.Nesse âmbito,
torna-se indispensável às ações em Educação Ambiental para sensibilização e
construção de conhecimentos acerca dos riscos acarretados para a saúde
ambiental e humana em decorrência do descarte inadequado desses
resíduos,bem como a efetivação das políticas públicas já existentes.
Com relação aos resíduos sólidos orgânicos domiciliares, no terceiro dia,
de um total de 50 famílias cadastradas, apenas 50% repassaram os resíduos
para a caracterização. As demais famílias (50%) entregaram para a coleta
municipal. De acordo com o que foi alegado pelas famílias, isso aconteceu por
não recordarem o dia de coleta. Pode-se atribuir a esse fato o espaço de tempo
entre os dias escolhidos para a realização da caracterização, que foram os dias
15, 18 e 27 de fevereiro de 2014. Evidencia-se a necessidade de seguir o que
foi colocado por Silva et al., (2002), segundo os quais, o processo de
caracterização deve ser realizado, respeitando-se o total de três semanas,
considerando os dias da coleta municipal, iniciando a partir do primeiro dia da
semana em que acontece a coleta da cidade ou do bairro onde se está
trabalhando.
No presente estudo, embora tenha sido respeitado o total de três
semanas, a ordem dos dias de coleta foi invertida, sendo o processo de
caracterização iniciado no sábado, que corresponde à última coleta semanal.
Logo, o espaço de tempo entre o primeiro e o segundo dia de coleta, (três
dias), foi menor que a diferença de dias entre a segunda e a terceira coleta,
(nove dias).
É possível que esse fato tenha propiciado o desencontro da data
prevista para o terceiro dia de caracterização por 50% das famílias
participantes. Tomando como perspectiva outro ponto de importante discussão,
55
o processo de mobilização deve ser reforçado no dia anterior acada data
prevista para a caracterização.
A redução observada no volume de resíduos recicláveis secos coletados
no segundo dia de caracterização decorreu da realização da coleta seletiva
efetuada pelos catadores de materiais recicláveis da ARENSA, no dia que
antecedeu à caracterização.
Foi constado que durante o processo de caracterização, alguns resíduos
orgânicos (10%) apresentavam-se misturados aos materiais recicláveis, a
exemplo de sacos plásticos, embalagens longa vida, resíduos sanitários, como
fraldas descartáveis. A falta de separação adequada de resíduos sólidos
urbanos causa contaminação e um elevado percentual de rejeitos.
No Brasil, esse tem sido um dos fatos que tem colaborado para o
descrédito das usinas de tratamento de resíduos sólidos do país (LOBATO,
LIMA, 2010). A separação do material na fonte geradora de forma correta é
fundamental para o êxito no tratamento dos resíduos orgânicos, bem como, no
trabalho dos catadores de materiais recicláveis (MAIA et al., 2012).
Nesse sentido, a caracterização dos resíduos sólidos constitui
importante ferramenta para a aplicação dos objetivos da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010), a qual determina e
hierarquiza no capítulo I, título III, Art. 9º: a não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos.
Por meio da caracterização dos resíduos foi possível compreender
problemas presentes na gestão dos resíduos sólidos e, a partir disso, definir
estratégias fundamentadas em Educação Ambiental que contribuam para a
eficiência de tal processo, possibilitando, entre outros benefícios, a melhoria
das condições de trabalho do catador de materiais recicláveis, favorecendo a
mitigação de impactos negativos sobre a saúde pública e a qualidade dos
recursos naturais como, água, ar e solo.
56
5.2. Caracterização física, química e Biológica dos resíduos orgânicos
gerados na Comunidade Eclesial de Base Jesus Libertador
Os dados referentes à caracterização química, física e biológica
expressam a gravidade do problema, em decorrência dos altos percentuais de
sólidos totais voláteis (média=82,9%ST), teor de umidade (média=80,5%) e o
número de ovos de helmintos (média=1,9 ovos/gST) encontrados nos resíduos
avaliados (Tabela 4).
Tabela 4. Caracterização físico-química e biológica de resíduos sólidos orgânicos domiciliares, resíduos de folhas e de flores coletados em residências e na igreja Jesus Libertador, bairro Malvinas, Campina Grande-PB, 2014.
Características (1)
RSO RFO RFL
pH 4,6 5,8 6,3
Teor de umidade (%) 80,5 55,7 69,5
STV (%ST)
82,9 81,5 89,9
Ovos (ovos/gST) 1,9 5,2 2,8
(1)Valores médios de três amostras compostas.
RSO – Resíduos Sólidos Orgânicos domiciliares; RFO – Resíduos de folhas; RFL – Resíduos de flores.
Os helmintos constituem um grave problema de saúde pública em
diversas regiões do mundo (MAIA; HASSUN; VALADARES, 2015; FRIAS;
SILVA; TOZATO, 2012). As condições sanitárias do solo, da água e dos
alimentos constituem os principais elementos investigados na literatura para
indicar a contaminação do meio ambiente e do ser humano por esses parasitas
(FRIAS; SILVA; TOZATO, 2012; CASSENOTE et al., 2011).
Embora não seja considerado como uma via de contaminação pela
maioria dos trabalhos encontrados na literatura, há estudos que mostram que
os resíduos sólidos orgânicos domiciliares podem permitir a contaminação de
seres humanos por ovos de helmintos. Em estudo de Silva et al., (2010),
realizado em três municípios do semiárido paraibano (Cabaceiras, Caraúbas e
Queimadas), foi constatada a presença de ovos de helmintos variando entre
12,19 a 14,39 ovos/gST, com a viabilidade de 95,42% em amostras de
resíduos sólidos orgânicos domiciliares, coletadas direto da fonte geradora. Os
autores afirmam que uma das explicações para a presença desses parasitas
nos resíduos orgânicos pode estar na simples lavagem dos alimentos com
57
água, o que não garante a remoção desses microrganismos, devido a sua forte
aderência na parede dos vegetais. Desse modo, os resíduos orgânicos
domiciliares podem ser de fato uma fonte de contaminação para o meio
ambiente e seres humanos.
A contaminação dos resíduos analisados pode estar associada à
irrigação de hortaliças, frutas e flores com água de mananciais contaminados
por esgoto doméstico, uma vez que é confirmada a presença de diversos tipos
de patógenos, como bactérias, protozoários, helmintos e, mais recentemente,
vírus em efluentes domésticos (MEHNERT, 2003), ou ainda, pela aplicação de
resíduos no solo sem o devido tratamento, como cama de frango, esterco
bovino e suíno, esses, também constituem fontes de contaminação por
patógenos (BERTONCINI, 2008).
Dentre os ovos de helmintos identificados nos três tipos de resíduos
orgânicos avaliados (Resíduos sólidos orgânicos domiciliares- RSO, resíduos
de folhas-RFO e resíduos de flores-RFL), num total de 36 amostras (Figura 10),
prevaleceram aqueles de Ancylostomasp. (45%), seguido de Ascaris
lumbricóides (28%), Hymenolepsis nana (16%) e Enterobius vermiculares
(11%). Todos de importância médica para a região estudada.
Figura 10.Prevalência de ovos de helmintos em Resíduos Sólidos Orgânicos Domiciliares (RSO), Resíduos de Folhas (RFO) e de Flores (RFL), gerados em ruas situadas do entorno da
Comunidade Jesus Libertador, Malvinas, Campina Grande-PB. 2014.
58
Em Campina Grande-PB, no bairro de Santa Rosa foi constatada uma
diversidade considerável de ovos de helmintos nos resíduos sólidos orgânicos
domiciliares, na ordem de prevalência, os Ascaris lumbricoides com (46,0%),
Enterobius vermiculares (37,0%), Ancylostomasp. (15,0%), Hymenolepis nana
(2,0%) (SILVA et al., 2012, SILVA et al., 2011).
Os resíduos orgânicos domiciliares constituídos por folhas,normalmente
são gerados, devido à presença de espécies arbóreas nos jardins das
residências. Esses resíduos quando associados à presença de animais
domésticos como cães e gatos, podem se transformar em veículos de
contaminação por ovos de helmintos. De acordo com Scaini et al., (2003),
esses animais desempenham o papel de hospedeiros para algumas espécies
de helmintos, dentre elas as de Ancylostoma e, segundo Janebro (2003),
mesmo que os helmintos se acasalem ou se autofecundem dentro do
organismo do hospedeiro, seus ovos e larvas são eliminados no meio ambiente
para se tornar viáveis, dando prosseguimento ao ciclo. Tal fato pode ser
apontado como uma entre as possibilidades para explicar a prevalência de
ovos de Ancylostomasp. (45%), nos resíduos estudados.
Os resíduos de flores são gerados devido à utilização de flores de corte
não ornamentação de ambientes como os templos religiosos e em
determinados eventos e datas comemorativas como aniversário, casamento,
noivado, entre outros. A aquisição de flores e plantas ornamentais está restrita
a uma parcela da população com maior poder aquisitivo (FRANÇA; MAIA,
2008).No bairro Malvinas o consumo de flores e consequentemente a geração
de resíduos florísticos foi constatada principalmente para a igreja católica da
comunidade Jesus libertador.
Na literatura é retratada a preocupação com os impactos sobre a
contaminação ambiental decorrente do uso de produtos químicos como os
agrotóxicos utilizados para o controle de pragas no cultivo de flores
(MITSUEDA; COSTA; D’OLIVEIRA, 2011), no entanto, não foram encontrados
relatos sobre resíduos de flores como uma possível via de contaminação por
ovos de helmintos. No entanto, os resultados obtidos a partir das análises
realizadas mostram que os resíduos sólidos de flores devem ser considerados
59
como vias de contaminação expressivas por ovos de helmintos, sendo
constatada a presença desses microrganismos em ordem decrescente,
Ancylostomasp. (45%), Ascaris lumbricoides (28%) e Hymenolepsisnana
(16%).
Embora autores como Medeiros et al., (2007) defendam o uso de água
residuária como alternativa para potencializar a produção de flores de corte e
contribuir com a redução das pressões pelo uso de água de qualidade, é
preciso garantir a aplicação de tecnologias que possibilitem o tratamento
dessas águas de forma eficaz, visando evitar a disseminação de contaminação
por ovos de helmintos.
As características apresentadas pelos resíduos orgânicos estudados
(resíduos orgânicos domiciliares, resíduos de folhas e de flores) apontam para
a necessidade de desenvolvimento de tecnologia de tratamento destes
resíduos, especialmente, de forma descentralizada, visando evitar a
contaminação e poluição ambiental, favorecer à saúde humana e a adoção do
princípio de corresponsabilidade por parte da população.
5.3. Desenvolvimento de Tecnologias para o Tratamento de Resíduos
Sólidos Orgânicos Domiciliares
O sistema de compostagem proposto e sugerido no primeiro momento
era formado por quatro composteiras de alvenaria, porém, diante da
inviabilidade de implantação de um sistema em alvenaria fixo no terreno
pertencente à igreja da comunidade, foi necessário desenvolver um sistema de
compostagem móvel, conforme Figura 11.
Para a confecção do novo sistema de compostagem foram considerados
três materiais distintos, o aço inoxidável, o alumínio e o concreto. A escolha
dos materiais envolveu princípios da engenharia de materiais relacionados à
propriedade dos materiais e a combinação de suas propriedades (mecânicas,
térmicas e corrosão, resistência a fatores ambientais). Além das questões
econômicas como o baixo custo, de higienização, de mobilidade e de
praticidade na gestão do sistema.
60
A forma de reviramento constituiu um dos diferenciais do novo sistema
de compostagem. Dois dos três modelos de composteiras desenvolvidos, em
específico os de concreto, apresentaram reviramento com auxílio de
ferramentas agrícolas, enquanto que as composteiras em aço inoxidável e
alumínio foram desenvolvidas com instrumentos acoplados à sua parede lateral
para auxiliar no reviramento.
Figura 11. Composteiras confeccionadas em concreto com configuração em retângulo (CCR) e com configuração em quadrado (CCQ), e de composteiras confeccionadas em alumínio e aço
inoxidável com configuração em retangulo (CAR), instaladas nas dependêcias físicas do complexo integrado de pesquisa Três Marias (UEPB),Campina Grande-PB, 2014.
5.3.1. Composteiras de Concreto
O concreto é um material compósito que consiste em um agregado de
partículas umas ligadas às outras em um corpo sólido através de cimento.Os
dois tipos de concretos mais comuns são o asfáltico e o Portland (CALLISTER,
Jr., 2006).
O concreto Portland foi o tipo escolhido para a confecção das
composteiras, constituído por areia, brita, cimento e água, com o reforço
adicional, obtido através da inserção de vergalhões para aumentar a
resistência, pois, mesmo se houvesse o aparecimento de trincas no concreto,
um reforço considerável ainda seria mantido.
61
5.3.1.1. Composteiras de Concreto Retangulares (CCR)
As composteiras de concreto são formadas por dois compartimentos,
medindo 0,50 m de comprimento, 0,30 m de largura e 0,50 m de altura cada
um com capacidade volumétrica de 0,075 m³ ou 75.000 cm³ ou30 kg, tais
compartimentos, ficaram dispostos sobre barrotes, conforme Figura 12.
Figura 12. Composteiras confeccionadas em concreto com configuração em retângulo (CCR,Campina Grande-PB, 2014.
Cada compartimento foi confeccionado com uma redução de0,25 m de
altura em uma de suas paredes laterais. Essa diferença na altura de uma das
paredes de cada compartimento foi projetada para proporcionar o reviramento
dos resíduos através da passagem dos mesmos, de um compartimento para o
outro, a cada dois dias, diminuindo o esforço físico empregado no momento do
reviramento. O reviramento foi manual e aconteceu com o auxílio de
ferramentas agrícolas.
Cada compartimento contou com uma saída na forma de ralo para o
escoamento de chorume, caso houvesse a formação do mesmo, fato não
desejado neste tipo de tratamento e não observado para o referente modelo de
composteira.
5.3.1.2. Composteiras de Concreto Quadradas (CCQ)
62
Figura 13. Composteiras confeccionadas em concreto com configuração em quadrado (CCQ),Campina Grande-PB, 2014.
As composteiras de concreto com configuração em quadrado são
formadas por dois compartimentos,medindo 0,50 m de comprimento, 0,50 m de
largura e 0,50 m de altura, cada um com capacidade volumétrica de 0,041 m³
ou 41.000 cm³, tais compartimentos, ficaram dispostos sobre barrotes, evitando
o contato direto com o solo (Figura 13).
Cada compartimento dispõe de uma abertura lateral de 0,25 m. Essas
aberturas foram projetadas para proporcionar o reviramento dos resíduos
através da passagem dos mesmos, de um compartimento para o outro, a cada
dois dias. O reviramento foi realizado manualmente com o auxílio de
ferramentas agrícolas.
Em cada compartimento foi colocado uma saída na forma de ralo para o
escoamento de chorume, quando houvesse a formação do mesmo, porém,
esse fato não foi observado para o modelo de composteira citado.
5.3.2. Composteiras de Alumínio e aço inoxidável Retangulares (CAR)
O segundo modelo de composteiras desenvolvido é constituído por uma
estrutura em alumínio e aço inoxidável. O aço inoxidável é altamente resistente
à corrosão em uma variedade de ambientes, especialmente na atmosfera
ambiente (CALLISTER Jr., 2006). Os aços inoxidáveis estão divididos em três
tipos: aço férrico; aço martensítico, e; aço austenítico. Esse último é
63
caracterizado como o mais resistente à corrosão e se diferencia dos demais
por ser magnético (CALLISTER Jr., 2006).
As composteiras de aço inoxidável apresentam as seguintes
características: compartimento único; formato retangular, para armazenamento
e decomposição dos resíduos orgânicos; e capacidade para receber 30 kg de
resíduo; com uma porta na parte frontal; orifícios na parte da frente e na parte
traseira que favoreceram o arejamento natural do material em compostagem;
manivela com espátulas para facilitar o reviramento e evitar o contato da
pessoa que realiza o reviramento com os resíduos, além de reduzir o esforço
físico, e; fundo com inclinação e orifício para facilitar a saída de chorume, caso
ocorra.
Acerca da formação do chorume, estratégias para a prevenção são
fundamentais na produção da tecnologia a ser usada, visando, sobretudo,
alcançar os principais objetivos da compostagem, que são a estabilização e a
higienização.
As composteiras em aço inoxidável são formadas por um único
compartimento, medindo 0,50 m de comprimento, 0,30 m de largura e 0,50 m
de altura. Cada compartimento apresentou capacidade volumétrica de 0,075 m³
ou 75.000 cm³, conforme Figura 14 - A.
O reviramento dos resíduos foi realizado através de uma manivela e
uma espátula extra, ambas confeccionadas em aço inoxidável. A manivela
composta por três espátulas soldadas junto ao braço da mesma(Figura 14 – F
e 14 G, enquanto o braço fica soldado e parafusado junto à parede lateral
direita de cada composteira.Separadamente foi confeccionada uma espátula
extra empregada para auxiliar no processo de reviramento com vista a alcançar
a maior eficiência do mesmo(Figura 14- H).
O posicionamento da manivela na parte lateral, mais próxima a parte
inferior do sistema, proporcionou o revolvimento do resíduo localizado apenas
na parte inferior, a qual apresenta temperaturas mais baixas e maiores
percentuais de umidade. Porém, não foi possível completar o reviramento do
Material na sua totalidade, logo, a espátula confeccionada à parte serviu para
64
proporcionar o reviramento do substrato de forma homogenia o que garantiu a
sincronia no tempo de decomposição de todo material.
Figura 14. Esquema das composteiras de alumínio e aço inoxidável que compõem o sistema de Tratamento descentralizado de Resíduos sólidos orgânicos, Campina Grande-PB, 2014.
65
Pretendeu-se com o reviramento simples proporcionar a mistura do
material que está na parte inferior das composteiras com o material da parte
superior bem como, a aeração do material essencial para os organismos
responsáveis pelo processo de decomposição. E, dessa forma, possibilitar a
homogeneização do material e, consequentemente, a sincronia no tempo de
decomposição.
A manivela dispõe de um sistema de trava, similar ao funcionamento de
um cadeado, o que garantiu o reviramento dos resíduos no tempo determinado,
a cada dois dias, evitando o reviramento por outras pessoas (Figura 14- G).
As composteiras de aço inoxidável apresentam ainda orifícios em suas
laterais para possibilitar a medição da temperatura e aeração natural do
sistema. A porta localizada na parte frontal, conta com duas dobradiças na
parte superior para permitir o movimento de abrir e fechar a porta, conforme
Figura 14 - C.
A inserção de um apoio no formato de meio funil, conectado a parte
inferior da porta da composteira exigiu menor esforço físico,evitou a perda de
conteúdo e possibilitou maior rapidez na remoção do substrato tratado como
mostra Figura 14- D.
A parte inferior de cada composteira em aço inoxidável foi anexada uma
peça extra de alumínio com formato de meia lua para facilitar o reviramento dos
resíduos e proporcionar um declive em direção a um orifício lateral que
funcionou como saída de chorume,caso ocorresse a formação.
As tampas confeccionadas a partir de malha em aço, possibilitaram a
entrada de oxigênio no material em decomposição e a redução da perda de
água por evaporação (Figura 14- I).
Cada composteira de aço inoxidável foi instalada e travada sobre um
suporte de ferro composto por quatro pés, proporcionando maior firmeza à
estrutura (Figura 14- B;14- E).
66
5.4. Monitoramento do sistema de tratamento descentralizado de resíduos
sólidos orgânicos domiciliares
5.4.1.Teor de Umidade
A faixa de umidade considerada ótima para a ação benéfica dos
organismos na composição inicial do substrato a ser tratado está compreendida
entre 50% a 60% (TEIXEIRA et al., 2005; SANTOS; SANTOS, 2008).
Os teores de umidade iniciais observados para o substrato tratado nas
diferentes composteiras variaram de 71,73% a 72,53% (Figura 15). O
acréscimo de 20% de estruturantes (folhas, resíduos florísticos e rejeito) não foi
suficiente para reduzir os teores de umidade para os níveis indicados pela
literatura. No entanto, os valores médios de umidade iniciais não constituíram
barreira à ação dos organismos responsáveis pela degradação do substrato
tratado através da compostagem, uma vez que os sistemas estavam
submetidos às condições ambientais naturais de radiação solar, o que levou a
perda de umidade por evaporação da água presente no substrato, pois, o
sistema não contou com cobertura.
Figura 15. Valores médios semanais de umidade observados para os tratamentos de residuos sólidos organicos domiciliares em SITRADERO móvel. Campina Grande- PB.Outubro de 2014
a fevereiro de 2015.
O controle inicial do teor de umidade e a definição adequada da
composição do substrato a partir da caracterização física e químicados
resíduos mostraram-se fundamentais à ação dos organismos autóctones e,
0102030405060708090
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Te
or
mé
dio
de
um
ida
de
(%)
Tempo (semana)
CCR CCQ CAR
67
conseqüentemente, para o alcance dos objetivos esperados para o tratamento
dos resíduos sólidos orgânicos. No entanto, o monitoramento deve ocorrer
durante todas as etapas da compostagem, tendo em vista que o controle das
condições ideais a ação dos organismos responsáveis pela decomposição é
que garantem a produção de um composto com as características satisfatórias
para aplicação em culturas agrícolas (SILVA, 2008).
Silva et al., (2014), constataram valores médios de umidade dos
substratos iniciais, variando de73,12% a 79,60%, e ao comparar o
desenvolvimento da compostagem realizada em espaços com e sem cobertura.
Constatou que a cobertura da área onde foram instaladas as composteiras
colaborou para o processo de estabilização dos resíduos de forma mais rápida
(redução de 11 dias em relação à compostagem realizada em área
descoberta), evitando o enxarcamento das leiras pela chuva, maior percentual
de transformação de resíduos orgânicos em composto (de 11% para 22%),
maior tempo de duração para fase termófila dos tratamentos e melhores
condições de trabalhos para os pesquisadores.
Durante o processo, constatou-se variação nos teores de umidade dos
diferentes tratamentos, devido às condições ambientais, nas quais estavam
submetidos, como por exemplo: a temperatura ambiente; a exposição à
radiação solar, e;a evaporação excessiva, decorrente do aumento da
temperatura na massa de compostagem.Provocando a rompimento das
condições ideais indicadas na literatura e exigindo a regulação constante da
umidade especialmente para o tratamento CCQ realizado em composteiras de
concreto quadrada.
A estrutura das composteiras utilizadas no tratamento CAR favoreceu a
menor exposição à radiação solar do substrato tratado, devido a parte superior
dessas composteiras, terem sido confeccionadas com tampas de malha em
aço, que possibilitaram a entrada de oxigênio no material em decomposição e a
perda de água por evaporação em menor quantidade, diferentemente dos
tratamentos CCR e CCQ que apresentaram maior área exposta à radiação
solar, pois, para esses tratamentos, não foi confeccionada nenhuma estrutura
com a função de diminuir a incidência da radiação solar sobre o material. Com
68
isso, a baixa aeração e os maiores níveis de umidade no CAR podem ter
comprometido à manutenção das temperaturas termófilas por um período de
dias semelhante aos tratamentos CCR (8 dias) e CCQ ( 5 dias), mais
duradouros.
Ao final do processo de compostagem, os compostos apresentaram
teores de umidade variando entre 17,86% e 24,66%. O composto resultante do
tratamento realizado no subsistema de composteiras de concreto quadradas
(CCQ) apresentou o menor percentual de umidade (11,6%), fato que se explica
pela maior área de exposição das composteiras para a incidência da radiação
solar.
Silva et al., (2015), obtiveram compostos com teores de umidade entre
7,8% e 12%, sob condições ambientais semelhantes ao do presente
experimento, diferenciando-se em relação aos modelos de composteiras
utilizados e a quantidade de substrato submetido ao tratamento.
Desse modo, a compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares
aplicada em escala real, exige a regulação e o monitoramento das condições
ideais aos organismos responsáveis pela degradação do substrato
especialmente dos teores de umidade.
O controle da umidade foi realizado através da adição de água no
momento do reviramento, após a aferição da temperatura de acordo com a
necessidade de ajustamento. A redução dos teores de umidade durante o
processo de compostagem aconteceu propiciamente de acordo com o aumento
da temperatura na fase de intensa atividade biológica, outro fator que pode ter
influenciado o comportamento dos teores de umidade está relacionada às
condições ambientais que o sistema de tratamento foi submetido. Os
tratamentos CCR e CAR, mantiveram os níveis de umidade elevados por mais
tempo, enquanto o sistema CCQ apresentou rápida redução para esse
parâmetro. Nesse sentido, a falta de controle da umidade através da adição de
água pode representar um fator limitante para a compostagem.
Para evitar à redução dos teores de umidade e impedir a exposição do
substrato em compostagem às chuvas que caíram no mês de dezembro, pois
69
poderiam comprometer o processo de maturação do material, optou-se por
cobrir cada composteira com lona plástica após cada reviramento. Esse
procedimento garantiu a redução da evaporação e evitou o enxarcamento do
material com as chuvas ocorridas.
5.4.2. Monitoramento de temperatura
Nas Figuras 16, 17 e 18, observa-se a evolução temporal da
temperatura média (topo, centro e base) obtidas nas composteiras estudadas.
Figura 16. Valores médios diários de temperatura observados no tratamento CCR de compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande- PB. Outubro de
2014 a fevereiro de 2015.
Figura 17. Valores médios diários de temperatura observados no tratamento CCQ de compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande- PB. Outubro de
2014 a fevereiro de 2015.
0
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1º
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91º
96º
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106º
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Tem
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atu
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édia
T1
CC
R (
°C)
Tempo (dia)
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61º
66º
71º
76º
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86º
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111º
116º
Tem
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atu
ra m
éd
ia T
2 C
CQ
(°C
)
Tempo (dia)
TOPO CENTRO BASE AMBIENTE
70
Figura 18. Valores médios diários de temperatura observados no tratamento CAR de compostagem de resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande- PB. Outubro de
2014 a fevereiro de 2015.
As temperaturas médias observadas, após completar 24 horas de
montagem do experimento (41° a 48° C), caracterizam a fase termófila e
demonstram o curto espaço de tempo requerido para que os organismos
autóctones iniciassem a ação sobre o substrato.
Os valores mais elevados de temperaturas, durante a fase termófila,
foram registrados no centro de cada pilha, exceto para o tratamento CCR, em
que foram registradas temperaturas termófilas na base e no centro com
duração de 48 horas. Os valores observados no centro do substrato foram
mantidos em CCR durante oito dias e em CCQ e CAR por cinco e três dias,
respectivamente. Sendo o tratamento CCR o que apresentou os maiores
valores de temperatura (48°C) e que expressaram a fase termófila mais longa,
justificada pela menor interferência da radiação solar sobre o material,quando
comparado ao CCQ, uma vez que as composteiras utilizadas nesse tratamento
não tiveram sua capacidade volumétrica totalmente ocupada com o substrato a
ser tratado, provocando, com isso, um aumento da área de exposição do
substrato à radiação solar,o que pode ter prejudicado a ação dos organismos
termófilos.
As composteiras utilizadas no tratamento CAR foram desenvolvidas com
tampas em malha de aço e esse fato pode ter diminuído a incidência da
0
10
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601º 6º
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111º
116ºTe
mp
erat
ura
méd
ia T
3 C
AR
(°C
)
Tempo (dia)
TOPO CENTRO BASE AMBIENTE
71
radiação solar sobre o substrato, o que, por outro lado, pode ter dificultado a
aeração do material, provocando maiores concentrações de umidade.
Os níveis de temperatura alcançados pelos três modelos de
composteiras colaboraram para o alcance dos objetivos da compostagem:
estabilização e higienização. No entanto, o sistema de composteiras em
concreto retangular apresentou os melhores resultados para manutenção das
temperaturas termófilas por um maior período de tempo (8 dias) e níveis mais
altos (48° C).
Para inativação de ovos de helmintos, Carrington (2001) sugere sete
minutos a 70ºC; 30 minutos a 65ºC; duas horas a 60ºC; 15 horas a 55ºC ou
três dias a 50ºC. Hamoda et al., (1998) constataram que temperaturas na faixa
de 40ºC favorecem à degradação orgânica de carbono total de forma mais
eficiente nos três primeiros dias após a montagem da pilha de
compostagem,que se mantém durante o decorrer dos dias, quando comparado
com as outras temperaturas.Após a fase termófila, foi observado o declínio da
temperatura de 48°C para valores abaixo de 35°C, caracterizando o início da
fase mesófila, em que as temperaturas ficam próximas à temperatura
ambiente.
Silva et al.,(2014) constataram temperaturas termófilas variando entre
45° C e65°C com duração mínima de sete dias em compostagem realizada nas
condições ambientais semelhantes as apresentadas no presente trabalho
(reviramento duas vezes por semana, monitoramento diário de temperatura e
exposição a chuvas e radiação solar).
Os níveis de temperatura verificados para os três tratamentos revelam a
eficiência do processo de compostagem. O aumento da temperatura
caracteriza a obtenção da fase termófila, que é consequência do metabolismo
exotérmico dos organismos que fazem a decomposição e garantem a eficiência
do processo de degradação e higienização do substrato e geração de um
composto higienizado, favorável ao uso agrícola.Fatos que poderão ser
constatados por meio dos dados que serão analisados em tópicos posteriores.
72
5.4.3. Potencial hidrogeniônico (pH)
Em todas as composteiras, no primeiro dia de compostagem foi
observado pH ácido (4,7 a 4,9), característico do início do processo de
compostagem, atingindo valores entre 8,4 a 8,5 ao final do processo, o que
caracteriza o alcance dos objetivos esperados com a compostagem que é
aformação de compostos com pH alcalino (Figura 19).
Figura 19. Valores médios semanais de pH observados para os tratamentos de residuos sólidos orgânicos domiciliares em SITRADERO móvel. Campina Grande- PB.Outubro de 2014
a fevereiro de2015.
Nas duas primeiras semanas foi constatado pH na faixa de 8,46 para os
tratamentos CCR e CCQ, o que indica a fase termófila com as faixas de
temperatura mais altas (48°C e 47°C, respectivamente) e teor de umidade
média de 62,4% e 56,4%, enquanto o tratamento CAR apresentou pH 7,6,
atingindo a fase termófila com temperatura máxima mais baixa (46°C) e
umidade ainda elevada 68,13%.
Valores mais altos de pH foram observados por Heck et al., (2013)
durante a fase termófila do processo de compostagem com resíduo orgânico
domiciliar, resíduos de poda vegetal e lodo de esgoto, permanecendo estável
após a fase termófila com o decaimento da temperatura.
Os valores de pH verificados no presente trabalho foram semelhantes
aos obtidos por Silva et al., (2011)em compostagem com resíduos orgânicos
0
2
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
pH
(un
idad
e)
Tempo (semana)
CCR CCQ CAR
73
domiciliares variando de 4,2 a 5,03 e refletiram condições adequadas à ação
dos organismos autóctones, fato evidenciado na fase de intensa atividade,
cujos valores de pH variaram de 7,75 a 8,43.
5.4.4. Sólidos Totais Voláteis (STV)
A concentração de sólidos refere-se ao resíduo total presente no
substrato, quer seja de origem orgânica ou inorgânica, e é um indicador da
massa total a ser tratada (LEITE et al., 2002). Os sólidos voláteis
correspondem à parte orgânica que é degradada durante a compostagem e
transformada em matéria inorgânica que pode ser assimilada pelos
vegetais.Embora a matéria orgânica seja fonte de nutrientes liberados no
processo de mineralização,as plantas não comem matéria orgânica
(MALAVOLTA, E; PIMENTAL GOMES, F; ALCARDE, J. C, 2002).Os valores
iniciais da concentração de sólidos totais voláteis (77,7% STV, 78,4 e 76,3
STV%, respectivamente) diminuíram gradativamente, atingindo valores médios
(58 %STV, 57%STV e 55 %STV, respectivamente).
Figura 20. Valores médios de STV observados paraos tratamentos de residuos sólidos orgânicos domiciliares em SITRADERO móvel. Campina Grande- PB.Outubro de 2014 a
fevereiro de 2015.
A aeração e a própria estrutura das composteiras, a não trituração do
substrato, bem como, as condições ambientais naturais nas quais o
experimento ocorreu,podem ter determinado o mínimo período de duração da
fase termófila para todos os tratamentos, resultando em percentuais médios de
sólidos totais voláteis de (CCR= 58%; CCQ= 57%; CAR = 55%) acima
daqueles obtidos por Silva et al., (2014) que foram 46,18% e 49,73%. Porém,
0
20
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(ST
V/S
T)
Tempo (semana)
CCR CCQ CAR
74
próximos a faixa de redução considerada eficiente em processo de
estabilização por Pereira Neto (1996), redução média de sólidos totais voláteis
em torno de 40%. Silva et al., (2011) No final do processo de estabilização
constatou-se a redução média de STV de 66,62 a 78,77% para tratamento
submetido a condições ambientais semelhantes.
Observou-se conforme esperado, o decréscimo dos valores de STV,
para todos os tratamentos, com valores médios de redução maiores para o
tratamento CAR (55%) e estabilização em torno de 121 dias para todos os
tratamentos.Verificou-se, porém, o aumento de STV na décima quinta semanas
para o CAR e décima sétima semana para o CCR. Esta variação reflete as
dificuldades de análises desse parâmetro, mesmo que a amostra seja
composta, haja vista que não há uniformidade em todo o sistema em relação
ao substrato e as amostras são recolhidas antes do reviramento.
5.5. Características do composto resultante do SITRADERO móvel
Os compostos produzidos nos tratamentos CCR, CCQ e CAR, a partir
de resíduos sólidos orgânicos domiciliares, resíduos de folhas e resíduos de
flores, apresentaram pH (8,5) e valores médios de umidade (11,6% a 24,6%)
compatíveis com a faixa ótima prevista na Instrução Normativa no 25, de 23 de
Julho de 2009 do Ministério da Agricultura, confirmando a viabilidade da
tecnologia testada (Tabela 5).
Tabela 5. Caracterização física, química e Sanitária dos compostos produzidos a partir de resíduos sólidos orgânicos domiciliares e resíduos florísticos. Campina Grande-PB, 2014. Característic
as (1)
CCR CCQ CAR Instrução
Normativa
(2) nº 25 e
nº 27
Substrat
o Compost
o Substrat
o Compost
o Substrat
o Compost
o
pH
4,7 8,5 4,7 8,5 4,7 8,5 >6,0
Umidade (%)
71,86 17,8 72,53 11,6 71,73 24,6 <50
STV (%)
77,76 58,6 78,43 57,9 76,43 55,9 Ausente
Ovos de Helmintos
(g/ST)
1,7 0,0 0,4 0,0 1,8 0,0 1/ 4g ST
(1)Valores médios
CCR - subsistema de concreto retangular; CCQ- subsistema de concreto quadrado; CAR- subsistema de alumínio e aço inoxidável retangular.
75
Embora os dados referentes a pH, teor de umidade e ovos de helmintos
atendam às (2)Instruções Normativas no 25 e no 27 do Ministério da Agricultura
(BRASIL, 2009; BRASIL, 2006), os percentuais de transformação para todos os
tratamentos foram baixos,14,18; 14,72; 18,5, (Tabela 6), refletindo os
problemas enfrentados ao longo do experimento, devido a exposição às fortes
radiações solares, especialmente para o tratamento CCQ.
O composto obtido dos diferentes tratamentos constituiu-se de composto
tipo pó (16,68 kg), composto tipo farelo (10,10 kg) e rejeito (15,90 kg),
conforme se apresentam na Tabela 6.
Tabela 6.Composição da massa final resultante dos diferentes tratamentos de compostagem com resíduos sólidos orgânicos domiciliares coletados no bairro Malvinas, Campina Grande-PB. Outubro de 2014 a fevereiro de 2015.
Origem
Massa (kg) Composição da massa final após peneiramento
Inicial Retirada
Pó (2mm) Farelo (4mm) Rejeito Total Trans-
formação
(kg) (%) (kg) (%) (kg) (%) (kg) (%)
CCR 90 3,75 5,16 40,47 3,3 25,84 4,3 33,68 12,76 14,18
CCQ 90 3,86 4,85 36,63 2,9 21,87 5,5 41,48 13,25 14,72
CAR 90 3,82 6,65 39,94 3,9 23,42 6,1 36,63 16,65 18,5
Média 90 3,81 5,55 39,01 3,36 23,71 5,3 37,26 14,22 15,18
Desv.Pad.
0 0,05 0,95 2,08 0,50 2,00 0,91 3,93 2,11 2,35
Os tratamentos CCR e CAR apresentaram os maiores percentuais de
composto tipo pó 40,47% e 39,4%, respectivamente. Os rejeitos
compreenderam basicamente pedaços de galhos dos arranjos de flores e
caroços de frutas (manga e abacate), resíduos de difícil degradação, mas que
podem ser utilizados como estruturantes em uma nova compostagem. Os
maiores percentuais de rejeitos corresponderam aos tratamentos CCQ e
CAR,41,48% e 36,63%, respectivamente,o que pode ser explicado pelo menor
tempo de exposição às temperaturas termófilas, pois, é nafase termófilaque
acontece a maior intensidade no metabolismo dos organismos responsáveis
por desempenharem a decomposição dos sólidos totais voláteis
(OGUNWANDE; OGUNJIMI; FAFYEBI, 2008).
Não foram encontrados, entre os rejeitos, resíduos que pudessem
comprometer a aplicação do composto resultante ou a reutilização do farelo e
76
do rejeito como estruturante em um novo processo de compostagem,
confirmando que as famílias participantes do projeto tomaram cuidados
especiais no momento de selecionar os resíduos sólidos orgânicos em suas
residências.
Parte dos compostos resultantes foi distribuída às famílias participantes
do projeto (amostra de 100g/família). No momento da entrega, percebeu-se a
surpresa das pessoas ao verificarem que os resíduos, o que antes
denominavam lixo, havia se transformado em um adubo e serviria de nutrientes
para plantas.
5.6. Análise das tecnologias desenvolvidas para o tratamento dos
resíduos sólidos orgânicos domiciliares
Analisando as tecnologias aplicadas para o tratamento dos resíduos
sólidos orgânicos domiciliares, obtido através do processo de compostagem
em escala real, os subsistemas de compostagem (CCR, CCQ e CAR)
apresentaram características que contribuíram para o tratamento dos resíduos
sólidos orgânicos domiciliares de forma eficiente (Quadro6).
Os modelos de composteiras em concreto, utilizados nos tratamentos
CCR e CCQ, apresentam uma abertura lateral que contribuiu de forma
significativa para facilitar o processo de reviramento do substrato, realizado
com auxilio de ferramentas agrícolas. O modelo de metal, utilizado no
tratamento CAR, não apresentou o desempenho esperado para o processo de
reviramento, executado através de manivela integrada à lateral do
compartimento de cada composteira, mesmo, passando por adaptações na
configuração da sua base. Com isso, o modelo de composteiras de metal
necessita de ajustes nas hélices da manivela para permitir, assim, o
reviramento total do material que, durante o desenvolvimento do experimento,
foi auxiliado por uma ferramenta do tipo espátula,construída à parte. Além
dessas, outras características diferenciam os modelos de composteiras
avaliados como mostra o Quadro 6.
77
Quadro6. Comparação das características das composteiras para tratamento descentralizado dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares. Campina Grande-PB, 2014.
Características CCR CCQ CAR
Forma de reviramento Manual com auxílio de Ferramentas
agrícolas
Manual com auxílio de Ferramentas
agrícolas
Manual com auxílio de manivela
acoplada e espátula
Quantidade de compartimentos
02 02 01
Configuração Retangular Quadrada Retangular com a base na forma de
cilindro
Material utilizado para confecção
Concreto Concreto Metal (alumínio, aço inoxidável e ferro)
Proteção do material contra contaminação
Excelente Excelente Excelente
Facilidade na Higienização
Regular Regular Excelente
Facilidade para retirada da massa final para o
peneiramento
Regular Regular Excelente
Dispositivos de segurança Ausente Ausente Trava para manivela
Cor Cinza Cinza Prata
Suporte Barrotes de concreto
Barrotes de concreto
Pés de Ferro
Capacidade volumétrica 75.000 cm³ 41000 cm³ 75.000 cm³
Custo (R$) 300,00 350,00 2.625,00
Para a avaliação das características qualitativas foram designados os
conceitos de Excelente, Regular e Ruim de acordo com as propriedades
esperadas para o composto resultante e com as observações realizadas
durante o monitoramento do sistema de tratamento.
A proteção do material contra a reincidência de contaminação se
mostrou excelente sendo apresentado um composto final livre de ovos de
helmintos para todos os modelos de composteiras estudados. Quanto a
78
facilidade para a retirada da massa final resultante do processo de
compostagem e higienização das composteiras após a retirada do material
tratado exigiram menos esforço físico no manuseio do modelo CAR se
mostrando excelentes quanto tais parâmetros.
A elaboração e aplicação de tecnologias apropriadas para a gestão dos
resíduos sólidos domiciliares oferecem vantagens que se estendem entre a
melhoria na eficiência da coleta, a possibilidade de tratamento dos resíduos
sólidos orgânicos e, de forma geral, o favorecimento à melhoria da qualidade
ambiental local. De acordo com Wagner; Bellotto (2008), outros impactos
positivos, como a geração de novos negócios, a valorização dos imóveis, o
desenvolvimento do potencial turístico e a ampliação da arrecadação
municipal, podem ser alcançados com a implantação de sistemas de
saneamento descentralizado.
No Quadro 7, são apresentados os aspectos positivos e os aspectos que
precisam ser melhorados nas tecnologias desenvolvidas para o tratamento dos
resíduos sólidos orgânicos.
Quadro 7. Comparação dos aspectos observados nas tecnologias de tratamento dos resíduos sólidos domiciliares. Campina Grande- PB, 2014. Modelos de
Composteira Aspectos positivos Aspectos a serem melhorados
CCR
- móvel;
-Produção de um composto tratado e higienizado;
-pode ser implantada em condomínios ou escolas;
- Baixo custo;
- evita o contato direto do material com o solo diminuindo os riscos de contaminação do composto;
- Possibilidade do uso de todos os compartimentos de forma intercalada, a partir de adaptações realizadas conforme a produção local dos resíduos.
- necessidade de uma área maior para instalação;
- melhor aproveitamento dos compartimentos que ficam vazios entre um reviramento e outro;
- necessidade de duas pessoas em caso de remoção para outro ambiente;
79
Quadro 7. Comparação dos aspectos observados nas tecnologias de tratamento dos resíduos sólidos domiciliares. Campina Grande- PB, 2014. (Continuação). Modelos de
Composteira Aspectos positivos Aspectos a serem melhorados
CCQ móvel;
-Produção um composto tratado e higienizado;
-pode ser implantada em condomínios ou escolas;
- Baixo custo;
- evita o contato direto do material com o solo,diminuindo os riscos de contaminação do composto;
-possibilidade de aumento do sistema de acordo com o aumento da produção de resíduos;
- maior capacidade volumétrica;
- Possibilidade do uso de todos os compartimentos de forma intercalada, a partir de adaptações realizadas conforme a produção local dos resíduos.
- necessidade de uma área maior para instalação;
- necessidade de duas pessoas em caso de remoção entre espaços;
-área de contato com incidência solar pode comprometer a manutenção da umidade se o substrato a ser tratado não atingir a capacidade volumétrica total da composteira.
- melhor aproveitamento dos compartimentos que ficam vazios entre um reviramento e outro.
CAR móvel e desmontável;
-Produz um composto tratado e higienizado;
-pode ser implantada em condomínios ou domicílios;
- evita o contato direto do material com o solo diminuindo os riscos de contaminação do composto;
-possibilidade de aumento do sistema de acordo com o aumento da produção de resíduos;
-ocupa uma área menor comparada às composteiras de concreto;
- possibilita a retirada do composto com maior facilidade;
-Menor peso;
-Facilidade no manuseio;
-Maior facilidade na higienização;
- Custo mais elevado comparado as composteiras de concreto;
- Configuração da manivela não favoreceu o processo de reviramento do material da forma esperada;
- Compartimento único limita a quantidade de resíduo a ser tratada;
CCR - Subsistema de concreto retangular; CCQ- Subsistema de concreto quadrado; CAR- Subsistema de aço e alumínio inoxidável retangular.
80
O desenvolvimento de tecnologias feitas com materiais que sejam de
fácil aquisição e de simples manejo apresenta-se como uma alternativa
importante na aplicação do tratamento aeróbio dos resíduos sólidos orgânicos
domiciliares em pequena escala de forma descentralizada, pois, além de
diminuir a quantidade de resíduos, proporciona uma série de benefícios que
envolvem o tratamento de resíduos sólidos orgânicos domiciliares de forma
eficiente e com baixo custo, a redução de riscos à saúde ambiental e humana,
melhoria da qualidade ambiental e de vida da população local e a disposição
adequada de resíduos sólidos, bem como a redução do material enviado ao
lixão ou aterro sanitário.
De acordo com Madrid et al., 2015, o desenvolvimento de tecnologias
para ampliação dos sistemas de saneamento descentralizado representa uma
tentativa de ruptura dos entraves tecnológicos, políticos e gerenciais que
atualmente dificultam a difusão adequada do saneamento ambiental às
populações que habitam áreas rurais e localidades de pequeno porte,
especialmente aquelas afastadas dos centros urbanos.
Quadro 8. Avaliação das tecnologias de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos com relação à eficiência na manutenção das condições ideais para o desenvolvimento da compostagem.Campina Grande-PB, 2014.
Parâmetros CCR CCQ CAR
Formação de zonas de anaerobiose Ausente Ausente Ausente
Níveis médios de temperatura termófila (°C) 48 47 46
Duração da fase termófila (dias) 8 5 3
Percentual de redução de STV (%) 58,6 57,9 55,9
Eficiência de transformação (%) 14,8 15,39 19,32
Tempo de estabilização (dias) 120 120 120
pH do composto (unid.) 8,4 8,5 8,5
Perda de substrato durante o reviramento
Regular
Regular
Ausente
Eliminação dos ovos de helmintos Excelente Excelente Excelente
81
CCR-Subsistema de concreto retangular; CCQ- Subsistema de concreto
quadrado; CAR- Subsistema de aço e alumínio inoxidável retangular.
Os critérios adotados para avaliar e classificar o desempenho das
diferentes composteiras em regular, ruim ou excelente, obedeceu às
recomendações encontradas na literatura para indicar o desempenho de um
sistema de compostagem com características favoráveis a obtenção de um
composto com aspectos agronômicos apropriados e que atendam a legislação
Nacional vigente.
De forma geral, o desempenho dos três modelos de composteiras
avaliados foi satisfatório, pois estes possibilitaram a produção de um composto
final livre de contaminação por ovos de helmintos e com características de um
material estabilizado. Recomenda-se a sua aplicação em cultura agrícola para
comprovar a sua viabilidade.
As configurações e a capacidade volumétrica das diferentes
composteiras não interferiram no desenvolvimento do processo de degradação.
Ambos modelos acompanharam o padrão de comportamento de temperatura
apresentado na literatura, com variações em função da profundidade e dos
teores de umidade, principalmente para as composteiras quadradas que
apresentaram os níveis de redução de umidade com maior velocidade.
O percentual de umidade manteve-se dentro do padrão esperado para
tratamento aeróbios em formação de áreas de anaerobiose, requereu, no
entanto, ajustes a partir da 4ª semana. Exceto para as composteiras em
concreto quadrado (CCQ), que perderam umidade com maior velocidade, o
que pode estar associado ao fato de estas apresentarem maior área de
incidência para radiação solar, pois, não recebeu o substrato a ser tratado em
quantidade suficiente para completar sua capacidade volumétrica,
apresentando espaços vazios, que podem ter aumentado a incidência solar no
material, com conseqüente comprometimento da concentração de umidade.
O comportamento relativo aos valores de pH observado para todos os
tratamentos demonstrou desempenho característico do processo de
82
compostagem descritos na literatura. Foi observado pH ácido variando entre
4,6 e 4,9, para todos os tratamentos no primeiro dia de compostagem, com
rápida elevação dos valores. Nas semanas seguintes, verificou-se a tendência
ao aumento gradativo ou manutenção de valores de pH próximos a 8,0.
Apresentando compostos estabilizados ao final do processo de compostagem,
com valores de pH variando entre 8,4 a 8,5 para o CCR; 8,5 a 8,6 para o CCQ
e entre 8,5 e 8,7 para CAR.
Todas as composteiras analisadas demonstraram eficácia para o
tratamento dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares, refletindo a eficiência
de 100% na inviabilização dos ovos de helmintos e na produção de um adubo
estabilizado e higienizado.No entanto, a viabilidade de uso agrícola não foi
testada.
5.9. A Educação Ambiental como instrumento base para a gestão de
resíduos sólidos domiciliares
A aplicação de estratégias em Educação Ambiental constituiu um
importante instrumento no processo de sensibilização para implantação da
gestão dos resíduos sólidos domiciliares no entorno da Comunidade Eclesial
de base Jesus Libertador, no bairro Malvinas, Campina Grande-PB.
O processo de sensibilização teve início com a formação em Educação
Ambiental para integrantes da Comunidade Jesus Libertador (OLIVEIRA;
SILVA, 2007) e para líderes comunitários (BISPO; SABINO; SILVA, 2013),
resultando na mudança de percepção desses atores sociais sobre a
problemática dos resíduos sólidos no bairro, expressando a necessidade de
resolvê-los através da implantação da coleta seletiva. Após o processo de
sensibilização ocorreu a mobilização para implantação da coleta seletiva, que
contou com o apoio dos líderes comunitários que passaram por formação.
Atualmente, 283 residências situadas no entorno da Comunidade Jesus
Libertador disponibilizam os resíduos sólidos recicláveis secos para os
catadores de materiais recicláveis da ARENSA (Associação de Catadores de
Materiais Recicláveis da Comunidade Nossa Senhora Aparecida). O projeto
também tem possibilitado o desenvolvimento de alternativas tecnológicas que
83
visam favorecer o exercício profissional e a inclusão social desses profissionais
que desenvolvem a coleta seletiva porta a porta em alguns bairros de Campina
Grande-PB. Entre as alternativas tecnológicas estudadas, inclui-se a
compostagem, indicada na literatura como eficiente e de baixo custo de
tratamento dos resíduos sólidos orgânicos.
De acordo com Silva (2008), a sustentabilidade de uma determinada
tecnologia depende do amplo processo de Educação Ambiental, e este deve
atingir os vários setores da sociedade local, de modo a fomentar a articulação
entre os gestores municipais e a sociedade civil organizada e a
corresponsabilidade (SILVA, 2008). Nesse âmbito, a aplicação das estratégias
de sensibilização e de mobilização social possibilitou expor e discutir o
planejamento das atividades necessárias à efetivação das etapas previstas
para execução do experimento de compostagem; propiciou o despertar para os
impactos negativos decorrentes da falta de gerenciamento dos resíduos sólidos
domiciliares; proporcionou mudanças na percepção em relação à destinação
dada aos resíduos sólidos orgânicos domiciliares e permitiu a reciclagem e o
aproveitamento de tais resíduos através da transformação em adubo.
Por outro âmbito, a falta de espaços públicos adequados para
implantação de sistemas de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos ainda
constitui uma limitação. Nesse sentido, a articulação entre sociedade e
gestores municipais é fundamental, principalmente na viabilização de
ambientes adequados que possibilitem o tratamento de resíduos sólidos
orgânicos domiciliares em sistemas descentralizados, bem como, na
implementação de estratégias para aplicação do composto resultante no local
em que é produzido.
84
6. CONCLUSÕES
Através da caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos orgânicos
domiciliares gerados no bairro Malvinas foi diagnosticado que cada família
produz diariamente a média de 3,51 kg/família, o que equivale à geração per
capta (média de quatro pessoas por família) de 0,88 kg/dia.hab.
Considerando a produção média diária de resíduos correspondente a
0,88 kg/dia.hab e população de 88,457 habitantes, logo, são produzidos em
média 77.842,16 kg de resíduos diariamente. É importante destacar que
apenas 12% desse total não são recicláveis. Com isso, 88% dos resíduos
produzidos podem ser reciclados ou reaproveitados.
A partir da caracterização gravimétrica foi verificado o elevado
percentual de resíduos sólidos orgânicos domiciliares (68%) gerados na
comunidade Jesus Libertador, revelando o potencial para o tratamento
descentralizados desses resíduos.
A formação em Educação Ambiental para líderes comunitários
vinculados à Comunidade Eclesial de Base Jesus Libertador provocou o
despertar para a necessidade de implantar a Coleta Seletiva no bairro
Malvinas, o que propiciou a implantação inicialmente em 283 residências,
demando a necessidade de tratar a parcela orgânica dos resíduos sólidos
orgânicos domiciliares coletados naquela área e a inserção socioeconômica de
catadores de materiais recicláveis por meio de tecnologias sociais.
A implantação do sistema de tratamento descentralizado de resíduos
sólidos orgânicos domiciliares por compostagem no bairro Malvinas, mostrou-
se viável nos aspectos relativos à estabilização, higienização e à participação
efetiva das famílias que selecionaram e repassaram os resíduos sólidos
orgânicos produzidos, diminuindo a quantidade de resíduos encaminhada ao
aterro sanitário.
A aplicação das estratégias de sensibilização e de mobilização social
possibilitou expor e discutir o planejamento das atividades necessárias à
efetivação das etapas previstas para execução do experimento de
compostagem; propiciou o despertar para os impactos decorrentes da falta de
85
gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares; proporcionou mudanças na
percepção em relação à destinação dada aos resíduos sólidos orgânicos
domiciliares e permitiu a reciclagem e o aproveitamento de tais resíduos
através da transformação em adubo.
A compostagem, além de permitir a estabilização dos resíduos sólidos
orgânicos domiciliares, favoreceu a higienização dos mesmos, contribuindo
para a minimização dos riscos de contaminação e com a redução da
quantidade de resíduos que é encaminhada ao aterro sanitário de Campina
Grande-PB.
De forma geral, o desempenho dos três tipos de compostagem aplicados
para compostagem dos resíduos sólidos orgânicos domiciliares avaliados
atendeu aos objetivos da compostagem: estabilização e higienização, porém,
requer novos estudos, no sentido de analisar a viabilidade do composto
resultante na agricultura.
Portanto, confirmou-se a viabilidade do tratamento aeróbio de resíduos
sólidos orgânicos domiciliares gerados no bairro Malvinas, em Campina
Grande-PB, a partir do dos três modelos de composteiras testados, por
favorecer a estabilização e higienização dos resíduos orgânicos, apontando
para a diminuição dos riscos de contaminação para os catadores de materiais
recicláveis e para o meio ambiente.
86
7. RECOMENDAÇÕES
Sensibilizar, formar e mobilizar grupos de pessoas (catadores de
materiais recicláveis da própria localidade; integrantes de associação existente
no bairro; grupos de evangelização da igreja do bairro ou pessoas do bairro
dispostas a realizar a compostagem), em parceria com gestores municipais,
para implantar, desenvolver e monitorar o processo de compostagem em
localidades que desejarem a implantação de sistemas de tratamento aeróbios
descentralizado de resíduos sólidos orgânicos domiciliares.
Promover a articulação entre a sociedade organizada e gestores
públicos municipais para a viabilização de espaços públicos adequados que
possibilitem a implantação de sistemas de tratamento de resíduos sólidos
orgânicos domiciliares de forma descentralizada.
Estudar estratégias para aplicação do composto resultante no local em
que é produzida, de forma a completar o ciclo de sustentabilidade, como a
criação de hortas e a implementação de farmácias vivas comunitárias.
Analisar a definição de pontos de entrega dos resíduos sólidos orgânicos
com o desenvolvimento e implantação de coletores adequados próximos ao
local de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos, no sentido de facilitar o
trabalho de coleta dos resíduos para tratamento.
Tratar os resíduos de flores, tendo em vista que os mesmos
representam vias de contaminação expressivas por ovos de helmintos,
conforme apresentado nos resultados das análises deste estudo.
87
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9. APÊNDICES
Apêndice 01.Convite Seminário Gestão Integrada de Resíduos Sólidos:
problemas e perspectivas, Campina Grande-PB, 2014.
103
Apêndice 02. Folheto informativo sobre os resultados da caracterização
gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares visando, o processo de
sensibilização, formação e mobilização para melhorias da coleta seletiva e
implantação da compostagem.
104
Apêndice 03.Convite e esclarecimentos para implantação da compostagem.
105
Apêndice 04. Informativo sobre os resultados obtidos com tratamento dos
resíduos sólidos orgânicos eatividades previstas para o ano de 2015.
106
Apêndice 05. Metodologia para Análises de Sólidos Totais, Umidadee pHem
Resíduos Sólidos Orgânicos e Composto Orgânico.
ANÁLISES DE PH (UNIDADE)
Coleta e composição das amostras
Coleta-se o resíduo de dez pontos diferentes, para formar uma amostra composta. A partir da amostra composta realiza-se o quarteamento para se obter a quantidade desejada (25 g).
1º passo
Corta-se o resíduo orgânico em pedaços pequenos e Pesa-se 25 g de resíduo orgânico para cada amostra;
2º passo
Mede-se 125 mL (5x 25) de água destilada em uma proveta;
3º passo
Separe- se 25g de resíduo para cada amostra, com auxílio de bastão e Becker e água destilada macera-se a amostra adicionando-se o restante dos 125 mL de água destilada. Com uma peneira pequena, realiza-se a filtragem das partículas de resíduos presentes na águae insere-se o eletrodo para fazer a medição do pH.
Figura 1: medição de pH com auxílio de eletrodo
Eletrodo
107
4º passo
Após a medição do pH de cada amostras lave-se o eletrodo com água destilada.
Figura 2: lavagem do eletrodo após medição de pH
Análises de Umidade e Sólidos Totais em Resíduos Sólidos Orgânico.
A amostra deve ser previamente picada, manualmente com a utilização de facas e em pedaços pequenos para se garantir uma maior representatividade na amostra.
1º passo: secagem da amostra (cápsulas e mufla)
Os cadinhos devem ser calcinados em forno mufla, ainda vazios por 30 min a uma temperatura de 550° C para retirar a umidade. O aquecimento gradual da mufla deve ser feito com o cadinho, a partir da temperatura ambiente até a temperatura de trabalho.
108
Figura 3: forno mufla utilizado para calcinação das amostras
Após os 30 min a 550° C, retiram-se os cadinhos e coloca- os no dessecador acoplado a bomba para resfriar.
Figura 4: Dessecador utilizado no resfriamento das amostras
109
2º passo: resfriamento e primeira pesagem da amostra (Balança de precisão,
cápsulas, pinças)
Após resfriar no dessecador, pesa- se o cadinho para obter o P0e identifica-se o cadinho correspondente a cada amostra com lápis grafite. Em seguida, pesa-se o cadinho vazio e anota-se o peso, com o cadinho sobre a balança, tara-se a mesma epesa-se a amostra de resíduo orgânico de 25 g no cadinho correspondente.
3º passo: (estufa,cadinhos, pinças, dessecador e balança analítica)
Colocam-se as amostras pesadas na estufa a 105° C por 24h, após esse tempo retiram-se os cadinhos com o auxílio de pinças e leva-as para o dessecador para resfriar. Ao resfriar, pesam-se os cadinhos e leva-se novamente a estufa a temperatura de 105° Cpor 1 hora. Em seguida, retiram-se as amostras e espera-se resfriarno dessecador para pesar novamentee verificar se o peso estabilizou. A diferença entre peso inicial e o peso final,correspondea umidade perdida (água evaporada). O peso final corresponderá ao total de sólidos totais.
Para obter-se a umidade e a quantidade de sólidos totais da amostra deve-se aplicar a seguinte formula:
U (%) = ((P0-Pc) – (P1- Pc) / Pa) x 100
Onde,
U(%)= percentual de umidade
P0= peso inicial da amostra + peso do cadinho;
Pc= peso do cadinho;
P1= peso da amostra após secagem
Pa= peso da amostra
Formulapara calcular o valordos Sólidos Totais
ST (%)= (P1- Pc / Pa) x100
Onde,
Pc= peso do cadinho;
P1= peso da amostra após secagem
Pa= peso da amostra
110
4º passo (mufla, cadinhos, dessecador, balança)
As amostras devem ser submetidas à temperatura de calcinação (550°C) por 2h. Em seguida resfriam-se,as amostras no dessecador e pesa-se. Colocam-se as amostras por mais uma hora a 550 °C repetindo-se o procedimento até obter a constância ponderal, ou seja, até o peso parar de variar. Após verificar que o peso não variou obtém- se então o P2. Esse último, quando aplicado na formula indicará o percentual de sólidos totais fixos da amostra.
Formula para calcular o valor dos sólidos fixos
SF(%)= (P2- Pc) x 100
Onde,
P2= peso da amostra calcinada;
Pc= peso do cadinho
A diferença entre os sólidos totais e sólidos fixos corresponderá aos sólidos voláteis, esse representa o percentual de material orgânico a ser degradado na amostra.
Formula para calcular o valor dos sólidos voláteis
SV(%)= (ST- SF) x 100