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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA FERNANDO HENRIQUE PASCOTI BRUHN ESTUDO DA RETENÇÃO DE VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS E HIDROSSOLÚVEIS EMPREGANDO CROMATOGRAFIA COM FLUÍDO SUPERCRÍTICO DE ULTRA ALTA EFICIÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS DE ACORDO COM OS CONCEITOS DE ANALYTICAL QUALITY BY DESIGN CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE QUÍMICA

FERNANDO HENRIQUE PASCOTI BRUHN

ESTUDO DA RETENÇÃO DE VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS E HIDROSSOLÚVEIS

EMPREGANDO CROMATOGRAFIA COM FLUÍDO SUPERCRÍTICO DE ULTRA

ALTA EFICIÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS DE ACORDO COM OS

CONCEITOS DE ANALYTICAL QUALITY BY DESIGN

CAMPINAS

2018

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FERNANDO HENRIQUE PASCOTI BRUHN

ESTUDO DA RETENÇÃO DE VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS E HIDROSSOLÚVEIS

EMPREGANDO CROMATOGRAFIA COM FLUÍDO SUPERCRÍTICO DE ULTRA

ALTA EFICIÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS DE ACORDO COM OS

CONCEITOS DE ANALYTICAL QUALITY BY DESIGN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de

Química da Universidade Estadual de Campinas como parte

dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em

Química, na área de Química Analítica

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Cristina Breitkreitz

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA

PELO ALUNO FERNANDO HENRIQUE PASCOTI BRUHN, E ORIENTADO PELA PROFA.

DRA. MÁRCIA CRISTINA BREITKREITZ.

CAMPINAS

2018

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BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Márcia Cristina Breitkreitz (Orientadora)

Profa. Dra. Alexandra Christine Helena Frankland Sawaya (FCF-UNICAMP)

Profa. Dra. Alessandra Sussulini (IQ – UNICAMP)

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Este exemplar corresponde à redação final da

Dissertação de Mestrado defendida pelo aluno

FERNANDO HENRIQUE PASCOTI BRUHN, aprovado

pela Comissão Julgadora em 07 de fevereiro de 2018.

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AGRADECIMENTOS

A Fernanda, minha querida esposa, qυе dе forma especial е carinhosa

mе dеυ força е coragem, mе apoiando nоs momentos dе maiores dificuldades.

Obrigado pelo carinho, paciência е pоr sua capacidade dе me trazer pаz nа correria

dе cada semestre. Também aos meus filhos, Gabriela e Thiago, quе embora nãо

tivessem conhecimento disto, iluminaram dе maneira especial оs meus

pensamentos mе levando а buscar mais conhecimentos. Agradeço também a meus

queridos pais e irmão pelo incentivo е pelo apoio sempre constantes e, finalmente, a

todos os professores que de alguma forma contribuíram com minha formação, em

especial às professoras Márcia e Isabel, que me incentivaram desde o começo desta

jornada, sempre mostrando que era possível a realização deste sonho, mesmo com

todas os desafios e dificuldades encontradas pelo caminho.

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“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”

Cora Coralina

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RESUMO

Este trabalho teve por objetivo descrever a retenção e separação das principais

vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis na técnica de Ultra High Performance

Supercritical Fluid Chromatography (UHPSFC) em função dos principais fatores

experimentais envolvidos e utilizar os conceitos de Analytical Quality by Design para

o desenvolvimento de métodos analíticos. Inicialmente, por meio de um estudo de

triagem, as fases estacionarias Acquity HSS C18 SB e Acquity Torus 2-PIC foram

identificadas como sendo as mais promissoras, juntamente com o metanol como

modificador orgânico da fase móvel, em conjunto com os aditivos formato de amônio

(10 mmol L-1), água (5%) e hidróxido de amônio (10 mmol L-1), que se mostraram

fundamentais para melhoria dos parâmetros cromatográficos para as vitaminas

hidrossolúveis. Em seguida, um Planejamento do tipo Composto Central foi

realizado para estudar as variáveis que influenciam a densidade do fluído:

porcentagem de modificador orgânico ao final do gradiente, contra-pressão e

temperatura. As respostas avaliadas foram: fator de retenção (k), número de pratos

(N), assimetria (As), área dos picos e resolução (Rs). O estudo multivariado mostrou

que os três fatores influenciaram de forma diferente cada resposta analítica e

permitiu, por meio de funções de desejabilidade, a construção do Design Space, que

é a região onde se garante robustez e adequabilidade dos parâmetros do método

cromatográfico. Todas as vitaminas apresentaram respostas analíticas (áreas)

diretamente proporcionais à concentração, com r > 0.99. Na análise de um produto

farmacêutico em forma de cápsula gelatinosa mole não foram detectados

interferentes da matriz e do diluente.

Palavras-chave: Vitaminas, Cromatografia com fluído supercrítico de ultra alta

eficiência (UHPSFC), Analytical Quality by Design (A-QbD).

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ABSTRACT

The objective of this work was to describe the retention and separation of the major

fat soluble and water soluble vitamins in the Ultra High Performance Supercritical

Fluid Chromatography (UHPSFC) technique as a function of the main experimental

factors involved and to use the concepts of Analytical Quality by Design for the

development of analytical methods. Initially, through a screening study, the stationary

phases Acquity HSS C18 SB and Acquity Torus 2-PIC were identified as the most

promising along with methanol as the organic modifier of the mobile phase and

ammonium formate (10 mmol L-1), water (5%) and ammonium hydroxide (10 mmol L-

1) as additives, which were mandatory for the improvement of chromatographic

parameters for water soluble vitamins. Then, a Central Composite Design was

performed to study the variables that influence the fluid density: percentage of

organic modifier at the end of the gradient, counter-pressure and temperature. The

evaluated responses were: retention factor (k), number of plates (N), asymmetry

(As), area of the peaks and resolution (Rs). The multivariate study showed that the

three factors influenced in a different way each analytical response and allowed, by

means of desirability functions, the construction of the Design Space, which is the

region where robustness and adequacy of the parameters of the chromatographic

method are guaranteed. All vitamins presented analytical responses (areas) directly

proportional to the concentration, with r > 0.99. In the analysis of a pharmaceutical

soft capsule, no interferences of the matrix and the diluent were detected.

Palavras-chave: Vitamins, Ultra high performance supercritical fluid chromatography

(UHPSFC), Analytical Quality by Design (A-QbD).

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA: Ácido Ascórbico.

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

ATP: do inglês, Analytical Target Profile.

BPR: do inglês, Back Pressure Regulator.

CO2: Dióxido de Carbono.

CPP: do inglês, Critical Process Parameters.

CQA: do inglês, Critical Quality Attributes.

CZE: do inglês, Capillary Zone Electrophoresis.

DAD: do inglês, Diode Array Detector.

Dc: Densidade crítica.

DCG: do inglês, Dense Gas Chromatography.

DoE: do inglês, Design of Experiments.

DS: do inglês, Design Space.

ELDS: do inglês, Evaporative Light Scattering Detector.

ESI: do inglês, Electrospray Ionization.

FDA: do inglês, Food and Drug Administration.

FE: Fase Estacionária.

FM: Fase Móvel.

FMEA: do inglês, Failure Mode Effect Analysis.

GC: do inglês, Gas Chromatography.

HILIC: do inglês, Hydrophilic Interaction Liquid Chromatography.

HPLC: do inglês, High Performance Liquid Chromatography.

HRGC: do inglês, High Resolution Gas Chromatography.

ICH: do inglês, International Conference on Harmonization.

KS: do inglês, Knowledge Space.

LC: do inglês, Liquid Chromatography.

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LC-MS: do inglês, Liquid Chromatography – Mass Spectrometry.

LD: Limite de Detecção.

LQ: Limite de Quantificação.

LSER: do inglês, Linear Solvatation Energy Relationship.

MODR: do inglês, Method Operable Design Region.

MS: do inglês, Mass Spectrometry.

NFLC: do inglês, Normal Phase Liquid Chromatography.

PAT: do inglês, Process Analytical Technology.

Pc: Pressão crítica.

PTFE: Politetrafluoretileno.

QbD: do inglês, Quality by Design.

QbT: do ingles, Quality by Testing.

RDC: Resolução da Diretoria Colegiada.

RPLC: do inglês, Reverse Phase Liquid Chromatography.

RSM: do inglês, Response Surface Methodology.

SFC: do inglês, Supercritical Fluid Chromatography.

SFC-MS: do inglês, Supercritical Fluid Chromatography – Mass Spectrometry.

Tc: Temperatura crítica.

UHPLC: do inglês, Ultra High Performance Liquid Chromatography.

UHPSFC: do inglês, Ultra High Performance Supercritical Fluid Chromatography.

UPC2: do inglês, Ultra Performance Convergence Chromatography.

USP: do inglês, United States Pharmacopeia.

UV: Ultravioleta.

UV-Vis: Ultravioleta-Visível.

VHS: Vitaminas Hidrossolúveis.

VLS: Vitaminas Lipossolúveis.

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SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................... 13

1.1 Analytical Quality by Design .............................................................................. 13

1.2 Cromatografia com Fluido Supercrítico .............................................................. 17

1.2.1 Histórico ...................................................................................................... 17

1.2.2 A Condição Supercrítica ............................................................................. 21

1.2.3 Composição de Fase Móvel ........................................................................ 26

1.2.4 Fases Estacionárias.................................................................................... 31

1.2.5 Desempenho Cinético ................................................................................. 35

1.2.6 Áreas de Aplicação da Técnica ................................................................... 40

1.3 Vitaminas ......................................................................................................................... 43

1.3.1 Palmitato de Retinol (Vitamina A) ............................................................... 46

1.3.2 Colecalciferol (Vitamina D).......................................................................... 49

1.3.3 Acetato de -Tocoferol (Vitamina E) ........................................................... 51

1.3.4 Tiamina (Vitamina B1) ................................................................................ 53

1.3.5 Riboflavina (Vitamina B2) ........................................................................... 55

1.3.6 Nicotinamida (Vitamina B3) ......................................................................... 56

1.3.7 Piridoxina (Vitamina B6) ............................................................................. 58

1.3.8 Ácido Fólico (Vitamina B9) .......................................................................... 59

1.3.9 Cianocobalamina (Vitamina B12) ................................................................ 61

1.3.10 Ácido Ascórbico ........................................................................................ 63

2. Objetivo ....................................................................................................... 69

3. Experimental ............................................................................................... 69

3.1 Reagentes ......................................................................................................... 69

3.2 Equipamentos ................................................................................................... 70

3.3 Colunas Cromatográficas .................................................................................. 70

3.4 Amostras ........................................................................................................... 71

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3.5 Procedimentos .................................................................................................. 72

3.5.1 Avaliação da Solubilidade das Vitaminas .................................................... 72

3.5.2 Avaliação do Volume de Injeção ................................................................. 72

3.5.3 Seleção de Fase Móvel (Modificador Orgânico) e Seleção de Fase Estacionária

............................................................................................................................ 73

3.5.4 Seleção de Fase Móvel - Aditivos ............................................................... 75

3.5.5 Planejamento Experimental ........................................................................ 76

3.5.6 Linearidade ................................................................................................. 77

3.5.7 Injeções da Amostra ................................................................................... 78

4. Resultados e Discussão ............................................................................ 80

4.1 Solubilidade ....................................................................................................... 80

4.2 Volume de Injeção ............................................................................................. 87

4.3 Estudo de Seleção de Fase Estacionária e Fase Móvel .................................... 89

4.3.1 Estudo da Seleção de Fase Estacionária .................................................... 90

4.3.2 Estudo da Seleção de Fase Móvel .............................................................. 97

4.4 Planejamento Experimental ............................................................................. 113

4.4.1 Resultados Empregando a Coluna Acquity HSS C18 SB ......................... 114

4.4.2 Resultados Empregando a Coluna Acquity Torus 2-PIC ........................... 123

4.5 Linearidade, Limites de Detecção e Quantificação .......................................... 133

4.6 Injeções da Amostra ........................................................................................ 135

5. Conclusão ................................................................................................. 138

6. Perspectivas Futuras................................................................................140

7. Referências Bibliográficas ...................................................................... 141

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Analytical Quality by Design

O desenvolvimento de ferramentas analíticas cada vez mais eficientes

apresenta-se como um aspecto fundamental na indústria farmacêutica, pois a

análise de fármacos em matérias-primas e produtos acabados é necessária em

praticamente todo o processo de desenvolvimento e produção de medicamentos.

Desta maneira, há uma constante busca por métodos analíticos mais rápidos,

econômicos e ecologicamente sustentáveis em relação aos tradicionais para a

prática de trabalho nas indústrias farmacêuticas de todo o mundo.

Por este motivo, há mais de uma década, a agência regulatória

americana, a FDA (Food and Drug Administration) iniciou um trabalho de introdução

de novas tecnologias e metodologias analíticas para o desenvolvimento de produtos

farmacêuticos, com o propósito de favorecer a construção de um ambiente científico

e ao mesmo tempo flexível para a obtenção de produtos confiáveis, com alto nível

de qualidade, sem a necessidade de vigilância regulatória extensiva. Sob esta

perspectiva, esta agência lançou em 2004 o guia denominado Process Analytical

Technology (PAT), no intuito de encorajar as empresas farmacêuticas a melhoram o

entendimento a cerca de seus processos de fabricação, através do uso de

ferramentas inovadoras de design, análise e controle de operações farmacêuticas

[1]. Em continuidade à iniciativa de PAT, em 2005 o International Conference on

Harmonization (ICH), um grupo formado por autoridades de agências regulatórias

dos Estados Unidos, Europa e Japão, lançou a iniciativa de Quality by Design (QbD),

a qual é definida como "uma abordagem sistemática para o desenvolvimento que

começa com objetivos previamente definidos e enfatiza o entendimento e controle

do produto do processo, com base na ciência e no gerenciamento de riscos” [2]. A

estratégia de QbD tem por objetivo aumentar o conhecimento nos processos

industriais por meio de uma abordagem racional e multivariada baseada em

ferramentas científicas e de análise de risco para atingir a qualidade desejada e

minimizar erros. Um aspecto central no conceito de QbD é que a qualidade do

produto deve ser construída ao longo do seu desenvolvimento, em contraposição à

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estratégia adotada anteriormente, denominado Quality by Testing (QbT), onde os

fatores eram estudados por meio de testes univariados e a qualidade era

simplesmente testada ao final do processo de fabricação [3].

A estratégia de QbD estabelece o estudo das variáveis experimentais de

forma multivariada e, por este motivo, as ferramentas de Planejamento e Otimização

Experimental (Design of Experiments - DoE) são fundamentais nesta estratégia.

Este procedimento apresenta diversas vantagens em relação ao método univariado,

dentre as quais pode-se citar a detecção de interações entre as variáveis em estudo,

obtenção de uma superfície de resposta que descreve como as propriedades do

sistema variam em função das variáveis experimentais e a otimização efetiva do

sistema, considerando seus diferentes atributos de qualidade. Inicialmente a

estratégia de QbD foi introduzida para o desenvolvimento de produtos e processos

de fabricação na área farmacêutica, sendo aplicado principalmente em problemas da

formulação [4,5], síntese de ingrediente ativo farmacêutico e biofármacos [6,7]. Mais

recentemente, surgiu a vertente analítica do QbD, denominada Analytical Quality by

Design, na qual o enfoque é a aplicação de conceitos de QbD ao desenvolvimento

de métodos analíticos [3,8–10].

Para implementação dos princípios de QbD na área analítica, deve-se,

primeiramente definir todos os requisitos que o método deve atender em termos de

qualidade, ou seja, definir o Analytical Target Profile (ATP) [3]. Deve-se então

selecionar quais atributos são críticos para o desempenho adequado do método

(Critical Quality Attributes - CQA) tais como retenção adequada na coluna, resolução

apropriada entre todos os picos no cromatograma, simetria adequada para

integração, linearidade, precisão, exatidão, etc., e deve-se estabelecer um valor alvo

ou um limite de aceitação para cada um deles. Em seguida, definem-se quais são as

variáveis experimentais críticas que impactam estes atributos de qualidade, e que,

portanto devem ser monitoradas e controladas para garantir a qualidade desejada,

os quais são denominados Critical Process Parameters (CPP) [2]. Como o número

de parâmetros experimentais que podem potencialmente afetar os CQA pode ser

muito grande, esse número deve ser reduzido, através de uma análise de risco,

priorizando os parâmetros mais críticos. Esta etapa pode ser realizada empregando

algumas das ferramentas formais de análise de risco existentes, tais como o FMEA

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(Failure Mode Effect Analysis) [11] e o Diagrama de Ishikawa [3] ou por meio de

tabelas de análise de risco, nas quais são atribuídos os níveis de risco a cada CPP

(baixo/médio/alto).

No método FMEA, as variáveis são classificadas de acordo com a

probabilidade com que podem afetar os CQA, a severidade do efeito sobre os

resultados analíticos e a dificuldade em sua detecção, resultando em um número

para cada parâmetro. Aqueles que atingiram numeração acima de um valor de corte

são considerados críticos, e devem ser escolhidos para a próxima etapa, e aqueles

que resultaram em numeração abaixo da linha de corte podem ser seguramente

eliminados dos estudos futuros [9]. Já a ferramenta de Diagrama de Ishikawa

segrega os parâmetros em diferentes categorias, por exemplo aquelas associadas

com instrumentação, materiais, métodos, medições, ambiente do laboratório e

fatores humanos. Em seguida, são classificados entre os que devem ser

controlados, os que representam apenas ruído e os que devem ser avaliados

experimentalmente a fim de se obter critérios de aceitação. Dessa forma, apenas as

condições críticas são conduzidas para futuros estudos, enquanto as demais são

fixadas por experimentos preliminares ou por conhecimento prévio do analista [3].

Em um artigo de revisão sobre aplicações de ferramentas de Quality by

Design, Orlandini et al. [3] explicam que, após aplicação da ferramenta de análise de

risco, é interessante a realização de estudos de varredura para avaliar o efeito dos

CPP de maior criticidade sobre os CQA, a fim de reduzir o número de CPP de fato

avaliados com mais detalhe em um planejamento experimental. Assim, define-se o

Knowledge Space (KS), conhecido como a região experimental a ser investigada

mais detalhadamente pelo estudo de DoE, que deve ser cuidadosamente conhecida,

a fim de minimizar os risco de não se obterem resultados interessantes no estudo de

DoE, pelo simples fato de ter escolhido parâmetros e níveis inapropriados para o

estudo [10]. Como exemplo, planejamento do tipo Plackett-Burman pode ser

empregado para avaliar o efeito do pH da fase móvel, vazão, temperatura, volume

de injeção, e concentração de solvente orgânico na fase móvel sobre resolução e

fator de assimetria dos picos cromatográficos [12]. Estudos de varredura também

são utilizados com frequência sobre variáveis discretas, como tipo de coluna

cromatográfica, tipo de tampão da fase móvel e solvente orgânico (prótico/aprótico),

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reservando o planejamento experimental para as variáveis contínuas, como

temperatura e níveis de gradiente [12].

Finalmente, após realizada a análise de risco e os estudos de varredura

para determinação do KS, apenas os CPP que apresentarem alto risco são

estudados por meio de ferramentas de DoE para construir superfícies de resposta e

identificar o Design Space (DS), que é a região multidimensional cuja combinação

multivariada dos CPP estudados garante a qualidade desejada do método [9], sendo

limitado por regiões nas quais a performance do método não é aceitável. Dessa

forma, um método analítico não é mais validado em apenas uma condição fixa, mas

sim apresentado dentro de faixas aceitáveis para cada parâmetro [13]. Como

consequência, tem-se que variações no método dentro do DS podem não serem

consideradas como alterações analíticas, e não precisariam de futura aprovação

regulatória para serem implementadas [2,13]. Para aplicações envolvendo

metodologia analítica, o Design Space também pode ser denominado Method

Operable Design Region (MODR) [14].

Conforme descrito anteriormente, uma grande vantagem do uso de

ferramentas de DoE durante o desenvolvimento do método é a possibilidade da

determinação dos níveis de robustez do método analítico através da incorporação

deste parâmetro no momento da determinação do DS e das especificações de

trabalho e não somente após o desenvolvimento do método, como é realizado

tradicionalmente. O próprio DS pode ser entendido como uma região teórica de

robustez analítica, pois alterações dentro desta região não devem afetar

significantemente a qualidade da separação [10,15].

A otimização do método deve então ser realizada através de análise

estatística multivariada, sendo a metodologia de superfície de resposta (Response

Surface Methodology - RSM) a mais empregada atualmente [16–18], e que consiste,

através da aplicação de diversas técnicas matemáticas e estatísticas baseadas no

ajuste da equação polinomial dos dados experimentais obtidos, na previsão do efeito

de cada variável sobre as respostas estudadas, a fim de se otimizar

simultaneamente os níveis das variáveis de forma a obter a condição de máximo

desempenho do método.

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Dentre as ferramentas de RSM, as funções de Derringer e Suich, ou

funções de desejabilidade, são aplicadas quando um grande número de respostas

deve ser avaliado simultaneamente, sendo necessária a determinação de uma

condição que represente o melhor compromisso possível para todas elas. Nesta

metodologia, inicialmente determina-se uma função de desejabilidade para cada

resposta individualmente, introduzindo as especificações que cada resposta deve

alcançar. Em seguida, com todas as funções de desejabilidade individuais definidas,

é traçada uma função de desejabilidade global, definida como uma média

geométrica de cada função individual [16–18] reduzindo o problema à otimização de

uma única resposta.

Outro fator determinante para adoção do DoE como ferramenta para o

desenvolvimento de um método analítico é a questão da redução na quantidade de

experimentos a serem realizados, gerando redução no tempo e custo do

desenvolvimento. Técnicas analíticas mais complexas, com grande quantidade de

parâmetros a serem ajustados, interdependentes entre si, tal como as técnicas

cromatográficas em geral, e em especial a cromatografia com fluido supercrítico, são

fortes candidatas para aplicação de conceitos de DoE e RSM, garantindo um

processo de desenvolvimento de método mais eficiente e robusto.

1.2 Cromatografia com Fluido Supercrítico

1.2.1 Histórico

Em 1906, os primeiros artigos envolvendo a cromatografia como ciência

foram publicados pelo botânico russo Michael Tswett, demonstrando a separação de

compostos orgânicos oriundos de extratos de plantas [19]. Desde então, um forte

desenvolvimento da técnica pôde ser observado, com o surgimento da cromatografia

gasosa (Gas Chromatography - GC) e, posteriormente, da cromatografia líquida

(Liquid Chromatography - LC).

Em 1962, Klesper et al. [20] apresentaram o primeiro trabalho utilizando

fluido supercrítico como fase móvel, pouco antes do surgimento da cromatografia

líquida de alta eficiência (High Performance Liquid Chromatography – HPLC),

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marcando, dessa forma, o nascimento da cromatografia com fluido supercrítico

(Supercritical Fluid Chromatography – SFC). Entretanto, o uso desta técnica não foi

amplamente difundido, como ocorreu com a HPLC, sendo resgatada somente a

partir da década de 1990 como uma ferramenta útil para aplicação em metodologias

de separação de compostos orgânicos [21].

Dentre as razões para a baixa difusão da técnica até então está o rápido

estabelecimento da cromatografia gasosa de alta resolução (High-Resolution Gas

Chromatography – HRGC) e da HPLC, na década de 80, que acabaram inibindo o

crescimento da SFC. Enquanto a cromatografia gasosa já se apresentava como uma

técnica bem estabelecida, com muita instrumentação disponível no mercado, de

diversos fornecedores, buscava-se o desenvolvimento de métodos analíticos

capazes de analisar compostos instáveis termicamente, não voláteis e polares, em

cujo campo a GC não conseguia atuar. A cromatografia líquida surgiu com

alternativa à GC para estes tipos de compostos e, embora inicialmente não

apresentasse eficiência satisfatória, fortes investimentos foram realizados no intuito

de desenvolver a técnica, nascendo assim a HPLC, que ofuscou o desenvolvimento

da SFC e sua aplicação como técnica analítica para a grande maioria de aplicações

[21].

A elevada capacidade de solvatação dos fluidos supercríticos foi

descoberta por Hannay e Hogarth, em 1879, a partir de um estudo sobre a

solubilidade de cloretos metálicos em etanol no estado supercrítico [21]. Somente

em 1962, Klesper et al. demonstraram o uso de fluido supercrítico como fase móvel

(FM) para separar uma mistura de porfirinas [20]. Sie e Rijnders, em 1967 [22],

realizaram o primeiro estudo publicado para se avaliar o efeito da pressão sobre o

coeficiente de partição e a permeabilidade e eficiência de colunas em sistemas

cromatográficos, usando fluido supercrítico como FM.

No final da década de 1960, alguns pesquisadores desenvolveram

instrumentações mais sofisticadas em relação aos equipamentos usados nos anos

anteriores. Em 1966, Karayannis et al. [23] reportaram o desenvolvimento de um

sistema equipado com regulador de pressão mecânico, capaz de controlar a pressão

independentemente da vazão da fase móvel. Em 1969, Gidding et al. [24]

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descreveram a cromatografia gasosa densa (Dense Gas Chromatography – DGC),

citando em seu artigo a famosa frase “um dos aspectos mais interessantes da

cromatografia gasosa de alta pressão seria sua conversão com a cromatografia

líquida clássica”. Os autores estudaram diversos gases, como He, N2, CO2 e NH3, e

avaliaram a retenção de vários grupos de compostos orgânicos, como purinas,

nucleosídeos e nucleotídeos, esteróides, açúcares, aminoácidos e proteínas, entre

outros.

Na década de 70, verificou-se o desenvolvimento de instrumentos

capazes de realizar um gradiente de pressão. Jentoft e Gouw [25] separaram

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e estireno através de um sistema de

gradiente de pressão. Os autores verificaram que, quanto maior a pressão, maior o

poder de solvatação da fase móvel, possibilitando a separação adequada dos

compostos em estudo. Em 1977, Klesper e Hartamn [26] desenvolveram um sistema

de SFC preparativa, obtendo o fracionamento de oligômeros de estireno, sendo que

em 1978, Randall e Wahrhafting [27] descreveram o primeiro acoplamento de DGC

com a espectrometria de massas (Mass Spectrometry - MS).

Com a introdução de colunas capilares em 1981 por Novotny et al. [28],

verificou-se um aumento na comercialização de equipamentos de SFC, que eram

semelhantes aos cromatógrafos a gás (colunas capilares, fornos e detectores de

ionização em chama). A principal vantagem do uso de colunas capilares era a

possibilidade de se desenvolver um gradiente de pressão, porém nesse sistema não

era possível variar a pressão sem modificar a vazão da fase móvel, o que poderia

ocasionar instabilidades, baixa robustez e deformações nos picos cromatográficos.

Como esses sistemas não eram muito robustos e se limitavam ao uso de CO2 puro

como fase móvel, sua aplicação era limitada à análise de compostos lipofílicos, e,

dessa forma, entre as décadas de 1980 e 1990 houve diminuição drástica no uso da

técnica [29], que só sobreviveu a esse declínio devido ao seu bom desempenho na

separação de enantiômeros, com alta resolução e rapidez, quando comparada à

HPLC [30].

Entretanto, em 1982, Gere et al. [31], contribuíram imensamente para o

ressurgimento da técnica de SFC, pois, ao modificarem um equipamento de HPLC

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em laboratório, adicionando um regulador de contra-pressão e usando colunas

recheadas, tornaram possível o controle individual de pressão e da vazão de fase

móvel, de modo a obter um gradiente de pressão, sem alteração da vazão da fase

móvel. Além disso, a introdução de um sistema binário permitiu o emprego de

modificadores orgânicos e aditivos na fase móvel, proporcionando a análise de

compostos com ampla faixa de polaridade. Trabalho como este e os de Cui e Olesik

[32], que estudaram os efeitos da mistura de CO2, metanol e água como FM e de

Lee e Olesik [33] que avaliaram, em 1995, o uso de n-hexano e CO2, auxiliaram a

impulsionar a técnica e a proporcionar o desenvolvimento de novos equipamentos.

Entretanto, a repetibilidade e robustez destes equipamentos ainda eram inferiores às

obtidas em LC, o que, de forma geral, barrou a implementação destes equipamentos

em laboratórios analíticos [29].

Entretanto, nos últimos anos, observou-se o ressurgimento da

cromatografia com fluido supercrítico, através do lançamento no mercado de uma

nova geração de instrumentos e insumos analíticos que sanaram diversas limitações

da técnica, observadas em seu início [21]. Em 2012, um novo equipamento foi

lançado pela empresa Waters Corporation, introduzindo no mercado várias fases

estacionárias (FE) com partículas de tamanho sub-2 µm, e que associadas aos

modificadores orgânicos e aditivos adicionados à FM permitem a separação de uma

vasta gama de compostos, de forma rápida e eficiente, resultando em uma mudança

drástica no cenário de possíveis aplicações da técnica. Além disso, este

equipamento garante repetibilidade das análises por meio do resfriamento da

cabeça das bombas de CO2, o que aumenta a eficácia de compressão da FM,

removendo o calor produzido, e do controle efetivo da pressão de retorno do

sistema, com um novo regulador de contra pressão (BPR) que mantém a pressão

constante mesmo usando gradiente [29,34]. A problemática crise gerada pela

escassez de acetonitrila no mercado, em 2008, também favoreceu o retorno da SFC

como técnica cromatográfica viável, pois obrigou cientistas a buscarem alternativas

à LC, encontrando na SFC uma ótima alternativa para uma série de aplicações até

então conduzidas exclusivamente por LC [35].

Esta nova tecnologia associa o potencial das técnicas de SFC e UHPLC

(Ultra High Performance Liquid Chromatography), dando origem à técnica

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denominada de Cromatografia com Fluído Supercrítico de Ultra Alta Eficiência (Ultra

High Performance Supercritical Fluid Chromatography - UHPSFC), que representa o

estado da arte em termos de técnica de separação, abrindo uma nova dimensão de

instrumentação analítica que emprega os conceitos do fluído supercrítico sob altas

pressões [36].

Avanços relacionados ao sistema de detecção em SFC também

contribuiram para impulsionar o ressurgimento da técnica. São empregados

detectores semelhantes aos de GC e de LC, como por absorção no UV-Vis, por

arranjo de diodos (DAD), por espalhamento de luz evaporativo (ELSD) e por

espectrometria de massas, que possibilitam obtenção de mais informações sobre as

amostras [37]. Técnicas de ionização de espectrometria de massas mais recentes,

como de ionização química em pressão atmosférica (APCI) e ionização por

eletrospray (ESI) apresentam-se como as mais populares em SFC-MS, permitindo a

introdução direta da amostra no espectômetro de massas. Bernal et al. consideram

não haver limitações no acoplamento de SFC aos espectrômetros de massas

disponíveis no mercado [37], representando uma alternativa de seletividade e

complementariedade em relação à LC-MS [38].

O crescimento da aplicação da técnica pode ser comprovado pelo

crescente número de publicações a cada ano. Saito et al. [21] afirmaram em seu

artigo que na década de 1960, o número de artigos científicos publicados

envolvendo a técnica foi muito pequeno, aumentando na década de 1970, porém

não ultrapassando a marca de 30 artigos. Entretanto, na década de 1980, este

número aumentou exponencialmente, para cerca de 400 artigos, e nos anos de

1990, chegou a cerca de 600 artigos publicados. Na década de 2000, observou-se,

novamente, um aumento expressivo nas publicações, ultrapassando a marca dos

800 artigos publicados empregando SFC como técnica de separação.

1.2.2 A Condição Supercrítica

A condição supercrítica de um fluido é alcançada com valores de

temperatura e pressão acima dos valores críticos. Embora raro, esta condição existe

na natureza, como na atmosfera do planeta Vênus, composta por 96,5 % de CO2, e

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temperatura em torno de 462 °C e pressão de 1350 psi. A água, em oceanos

profundos, próximos aos vulcões submarinos, também está em condição supercrítica

[39].

Na condição supercrítica, a densidade do gás e do líquido tornam-se

iguais, e a interface entre ambos desaparece, formando um único fluido, o fluido

supercrítico. A Tabela 1 apresenta a temperatura crítica – Tc (°C), pressão crítica -

Pc (psi) e a densidade crítica – Dc (g/mL) de diversos compostos orgânicos, vários

deles já empregados como fase móvel de instrumentos analíticos para as técnicas

de SFC e UHPSFC.

Tabela 1. Parâmetros físico-químicos de alguns compostos utilizados como fase móvel em

Cromatografia com Fluído Supercrítico [40].

FLUÍDO FORMULA

MOLECULAR TEMPERATURA CRÍTICA -Tc (°C)

PRESSÃO CRÍTICA - Pc

(psi)

DENSIDADE CRÍTICA Dc

(g/mL)

Dióxido de Carbono CO2 31,3 1071,3 0,47

Óxido Nitroso N2O 36,5 1053,7 0,45

n-Pentano C5H12 196,6 489,4 0,23

Hexafluoreto de Enxofre

SF6 45,5 545,2 0,74

Xenônio Xe 16,6 858,2 1,10

Metanol CH3OH 240,5 1159,5 0,27

2-Propanol C3H7OH 235,3 690,7 0,27

Assim como a região de fluído supercrítico é aquela na qual a pressão e

temperatura excedem os pontos críticos de pressão e temperatura, existe a região

subcrítica, na qual a temperatura e pressão encontram-se abaixo dos pontos críticos

de pressão e temperatura, respectivamente. Quando são empregados modificadores

orgânicos e aditivos na fase móvel, os pontos críticos de temperatura e pressão se

elevam drasticamente, chegando à cerca de 135 °C e 2436 psi para a mistura

CO2/Metanol 70:30 (v/v) como fase móvel. Uma consequência prática deste fato é

que a maioria das publicações em SFC e UHPSFC não apresenta, na verdade, a

fase móvel em condição supercrítica, mas sim em condições subcríticas. Quando se

trabalha com temperatura entre 40 a 60° C, qualquer que seja o gradiente

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empregado, mesmo que inicialmente se esteja em condição supercrítica, um fluído

subcrítico será obtido rapidamente, assim que a proporção de modificador orgânico

aumentar ao longo do gradiente de fase móvel [30]. Na Figura 1 é ilustrado um

diagrama de pressão/temperatura do CO2 puro, indicando a região onde o fluido

supercrítico é obtido. Logo fora dessa região, obtém-se o fluído subcrítico.

Figura 1. Diagrama pressão/temperatura e os equilíbrios entre os estados sólido, líquido e gasoso. Definição de região supercrítica para o CO2. Tc: temperatura crítica; Pc: pressão crítica. Adaptado da referência [40].

Teoricamente, o grande problema em se operar abaixo da condição

supercrítica seria a separação de fases, sendo que neste caso a fase móvel

passaria a ser constituída de uma fase gasosa, contendo CO2 e outra líquida,

contendo principalmente o modificador orgânico utilizado [41]. Tal fenômeno

ocasionaria sérios problemas cromatográficos, como alteração da solubilidade dos

analitos, intensas alterações de retenção e formato de picos, além de elevação de

ruído na linha de base devido à passagem da mistura gás-líquido no detector [41].

Entretanto, Lesellier e West descreveram, em seu artigo de revisão [30], que esta

separação de fases nunca foi observada na região subcrítica, em temperatura

inferior à temperatura crítica, mas com a pressão mantida acima daquela considera

crítica, conforme confirmado em diversas publicações [42–45]. Se a temperatura

tivesse que estar acima do ponto crítico, o emprego de modificadores orgânicos

seria inviável, pois seria incompatível com o uso da maioria das colunas recheadas

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disponíveis, e representaria uma dificuldade na análise de compostos termolábeis.

Assim, a transição entre os estados supercrítico e subcrítico ocorre sem ocasionar

grande impacto no desempenho do sistema [46].

Compostos como hidrocarbonetos leves, amônia, óxido nítrico e

clorofluorcarbonos foram utilizados como fase móvel em condição supercrítica em

alguns trabalhos [29], porém tiveram seu uso praticamente extinto devido aos sérios

problemas de segurança resultantes de sua aplicação, aos danos aos

equipamentos, à instabilidade quando utilizados para análise de compostos

termolábeis e ao elevado dano ambiental [47]. O dióxido de carbono apresenta

condições brandas para atingir a condição supercrítica (pressão de 1071,3 psi e

temperatura 31,3 ºC), conforme mostrado na Tabela 1, além de não ser tóxico

(exceto em altas concentrações) e inflamável e ser de fácil descarte [19], já sendo

inclusive relatado o desenvolvimento de sistemas capazes de reciclar o CO2 do

processo, tornando a técnica ainda mais amigável ecologicamente [36,48–50]. Além

disso, por ser normalmente utilizado em temperaturas pouco acima da temperatura

ambiente e não ser reativo, evita-se a degradação térmica e química dos analitos e a

formação de compostos de degradação. Dessa forma, este composto consagrou-se

como o mais empregado como fase móvel em SFC [29,30,39].

As propriedades físico-químicas de um fluido supercrítico, sob o ponto de

vista cromatográfico, se assemelham às características dos gases, como baixa

viscosidade e alta difusibilidade, resultando em uma elevada velocidade da fase

móvel e pressão reduzida, garantindo uma separação eficiente [51]. Além disso,

apresenta densidade e elevado poder de solvatação, semelhante a um líquido,

proporcionando adequada solubilidade e rápido transporte dos analitos.

Consequentemente, as análises empregando a técnica de SFC são mais rápidas,

devido à baixa viscosidade do fluido supercrítico, o que possibilita o uso de vazões

mais altas em relação à HPLC e a eficiência é comparável à GC, devido à alta

difusibilidade dos analitos no fluido supercrítico [19]. Desta maneira, por unificar a

Cromatografia Líquida com a Gasosa, a empresa Waters patenteou o seu

equipamento como “Cromatografia de Convergência de Ultra Performance” (Ultra

Performance Convergence Chromatography - UPC2), confirmando a previsão de

Gidding, em 1969.

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Muitos trabalhos foram descritos na literatura buscando esclarecer o

comportamento de retenção dos compostos em SFC, através da correlação do fator

de retenção com as condições de pressão e temperatura, ou com as propriedades

específicas da fase móvel, como densidade, fugacidade e solubilidade no soluto.

Entretanto, fatores como viscosidade, difusibilidade e solubilidade da fase móvel

estão diretamente ligados à densidade do fluído, que é um fator determinante sobre

a força da fase móvel, e, consequentemente, sobre a retenção e seletividade. De

forma geral, quanto maior a densidade da fase móvel, maior a solubilidade dos

analitos nesta fase e menor é a sua retenção [39]. Basicamente, a densidade do

fluído depende de três parâmetros ajustáveis do método analítico em SFC:

composição da fase móvel, contra-pressão do sistema e temperatura da coluna

[52,53].

O efeito da contra-pressão do sistema sobre a retenção é direto. Quando

a pressão é aumentada, mantendo-se fixa a temperatura, a densidade e o poder de

solvatação do fluido é aumentado, reduzindo a retenção dos analitos [54]. A

amplitude desta alteração varia de acordo com a composição da fase móvel, sendo

muito mais significativa quando somente CO2 puro é utilizado na fase móvel, se

comparado à uma fase móvel composta de CO2 contendo um modificador orgânico.

Isso porque a compressibilidade do fluido quando somente CO2 está presente é

maior que quando um modificador orgânico é adicionado à fase móvel, reduzindo

dessa forma o efeito de variações na contra-pressão sobre a retenção dos analitos

[55].

Em relação ao efeito da temperatura sobre a retenção, verifica-se que o

aumento na temperatura, sob pressão constante, leva ao aumento na pressão de

vapor do soluto e redução na densidade do fluído supercrítico, além de alterar a

afinidade do analito com a fase estacionária [54]. Trata-se, portanto de uma

complexa mistura de mecanismos, que resulta em uma redução na retenção dos

analitos. Esse efeito sobre a retenção é ampliado quando se trabalha com

temperatura próxima à temperatura crítica, porém é minimizado quando a

temperatura de trabalho encontra-se acima da temperatura crítica, podendo ser

registrado inclusive aumento na retenção nestes casos, devido ao aumento na

pressão de vapor [56].

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Entretanto, quando se trabalha na condição subcrítica, o que é bastante

comum em SFC e UHPSFC, seja por se utilizar uma temperatura branda, menor que

a supercrítica, ou por se adicionar grande quantidade de modificador orgânico à fase

móvel, verifica-se forte redução do efeito de compressibilidade da fase móvel,

mantendo a densidade do fluído mais elevada. Dessa forma, o efeito de alterações

na temperatura e na contra-pressão do sistema sobre a retenção é minimizado,

quando se trabalha na condição subcrítica, proporcionando um método mais robusto

quando se trabalha nesta região [30,46], o que justifica o emprego quase que

unânime desta condição nas publicações recentes.

Em resumo, conforme descrito por Asberg et al. [57], os parâmetros:

composição da fase móvel (presença de modificador orgânico), contra-pressão do

sistema e temperatura da coluna afetam a retenção dos analitos e a seletividade,

sendo que o primeiro parâmetro atua de forma mais significativa que os demais.

Dessa forma, levando em consideração também a influência primordial da fase

estacionária na retenção e seletividade, fica claro que os primeiros parâmetros a

serem estudados em um desenvolvimento de método em SFC e UHPSFC são a

escolha da fase móvel e da fase estacionária, seguidos dos parâmetros pressão e

temperatura, como um ajuste fino da metodologia em desenvolvimento [39,58].

1.2.3 Composição da Fase Móvel

O CO2, por apresentar momento dipolar zero, apresenta força

cromatográfica semelhante ao hexano, ou seja, apresenta propriedades altamente

lipofílicas, o que dificulta a eluição de compostos de alta massa molar e mais

polares, capazes de realizar ligações de hidrogênio ou outras interações com a fase

estacionária polar [39]. Para contornar este problema e melhorar a seletividade da

fase móvel, foi desenvolvido um sistema de bomba binária que permitiu a adição de

solventes polares na fase móvel, chamados de modificadores orgânicos, os quais

são adicionados em pequenas quantidades (tipicamente de 1 a 30 %) com o intuito

de aumentar o poder de solvatação da fase móvel e alterar sua seletividade,

garantindo a solubilidade dos analitos e evitando sua precipitação quando a amostra

é introduzida na coluna. Os modificadores orgânicos podem apresentar uma grande

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faixa de polaridade, desde os apolares, utilizados em Cromatografia Líquida de Fase

Normal (Normal Phase Liquid Chromatography - NPLC), até aqueles com caráter

mais polar, utilizados em Cromatografia Líquida de Fase Reversa (Reverse Phase

Liquid Chromatography - RPLC). Desta maneira, é possível varrer toda a série

eluotrópica pela variação de polaridade da fase móvel e conduzir separações de

analitos que seriam realizadas por Cromatografia Líquida, tanto no modo de Fase

Normal quanto de Fase Reversa. Além disso, os modificadores orgânicos

proporcionam a ativação de sítios ativos na superfície da fase estacionária e alteram

a densidade da fase móvel, o que pode favorecer a análise cromatográfica [30].

Os diferentes tipos de interações entre os analitos e a fase estacionária,

como ligações de hidrogênio, e dipolo-dipolo, favorecem o aumento de seletividade.

Dependendo do tipo de modificador orgânico empregado, diversas características,

como constante dielétrica, capacidade de formação de ligações de hidrogênio,

capacidade de transferência de massas e viscosidade do solvente podem ser

alteradas. O uso de álcoois como modificadores orgânicos, por exemplo, por

possuírem a característica de formadores de ligação de hidrogênio, atuam

minimizando o efeito prejudicial de distorção dos picos cromatográficos gerados

pelos grupamentos silanóis livres da fase estacionária, pois estes se apresentam

como receptores de ligação de hidrogênio, que deixam de interagir com os analitos,

e passam a interagir com o modificador orgânico [29].

O metanol constitui um modificador orgânico de elevada força

cromatográfica, devido à sua alta polaridade, e é considerado o solvente mais

utilizado em eluição de compostos polares em SFC e UHPSFC. Ele é

completamente miscível em CO2, em uma ampla faixa de temperatura e pressão.

Um gradiente típico, com início de 2 a 5% de metanol, até 30 a 40%, constitui uma

boa opção para a realização de um screening inicial, seguindo Naváková et al. [29].

Outros álcoois, como etanol e 2-propanol, também podem ser empregados, porém

são observados picos cromatográficos mais largos e maiores tempos de corrida que

quando comparados com metanol [55]. Além disso, o metanol é menos viscoso e

mais polar, favorecendo a solubilização de compostos mais polares na fase móvel, e

mais compatível com espectrometria de massas [55]. O emprego de acetonitrila

também foi relatado por Brunelli et al. [55], proporcionando diferenças na ordem de

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eluição e formato dos picos. No caso deste solvente, nota-se um aumento na

retenção dos compostos e baixa simetria dos picos, o que pode ser explicado pela

falta de grupamentos doadores para ligações de hidrogênio na molécula e assim

apresentar uma baixa cobertura dos grupamentos silanóis livres. Por esta razão, a

acetonitrila é dificilmente utilizada de forma pura, mas sim em conjunto com outros

modificadores orgânicos tais como os álcoois metanol, etanol, 2-propanol, solventes

próticos capazes de interagir via realização de ligações de hidrogênio, como

doadores e receptores de elétrons. [45,55].

Quando a adição de um modificador orgânico à fase móvel de dióxido de

carbono não for suficiente para garantir a eluição dos analitos com formato de pico

adequado, introduz-se um terceiro componente à fase, usualmente chamado de

“aditivo”, porém em menores concentrações que a do modificador orgânico,

normalmente entre 0,05 a 1 % (v/v), com intuito de contornar problemas

relacionados à seletividade, eluição e formato dos picos [30]. Tais compostos,

geralmente bastante polares, podem até ser imiscíveis em CO2, mas devem ser

solubilizados no modificador orgânico e miscíveis na mistura formada por CO2,

modificador orgânico e aditivo [39]. Os aditivos podem afetar a retenção, separação

e formato de picos através de diversos mecanismos, sendo estes muitas vezes não

totalmente elucidados [30]. Geralmente, os aditivos atuam sobre os sítios ativos da

fase estacionária alterando sua polaridade, sobre a polaridade da fase móvel,

aumentando seu poder de solvatação, e podem alterar o nível de ionização dos

analitos, levando à formação de pares iônicos entre ambos [30,39].

Os aditivos mais comuns incluem ácidos e bases, a fim de melhorar o

formato dos picos e a seletividade de compostos ácidos ou básicos,

respectivamente. Assim, a eluição de ácidos orgânicos pode ser melhorada com

adição de ácidos fortes, como trifluoracético [59], ou de ácidos fracos, tais como

ácido fórmico ou acético, que são compatíveis com a espectrometria de massas [60],

ou ainda ácido cítrico e etanossulfônico [42,61], enquanto que a eluição de

compostos básicos pode ser aperfeiçoada com a adição de aminas alifáticas, como

isopropilamina, dietilamina, etildimetilamina ou trietilamina [42,62]. Até mesmo o uso

de hidróxido de amônio já foi relatado, fornecendo formato de picos simétricos para

diversos compostos básicos e racematos, sendo considerado um bom aditivo, por

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29

ser volátil, compatível com espectrometria de massas, facilmente removível da

coluna, quando comparado às aminas alifáticas e não degradar a sílica [29,44,63].

Perrenoud et al. [63] esclareceram em seu estudo que a maior parte das publicações

em SFC e UHPSFC refere-se à análise de compostos neutros, ácidos ou levemente

básico, embora compostos básicos sejam bastante comuns na área farmacêutica,

englobando moléculas de valores de pKa entre 7 a 10. Eles afirmaram que

compostos básicos apresentam restrições para serem plenamente analisados por

estas técnicas, nas quais possuem desempenho cromatográfico pobre, com picos

bastante distorcidos, incluindo caudas frontais e distais, picos divididos e com

‘ombros’, sendo sugerido fortemente o emprego de aditivos básicos para contornar

tais inconvenientes.

Em alguns casos, aditivos ácidos e básicos são adicionados em conjunto

na fase móvel, a fim de obter os benefícios acima descritos [63]. Podem ser usados

sais, tais como acetato de lítio, acetato de tetrametilamônio ou cloreto de amônio.

Tampões voláteis, como formato, acetato e carbonato de amônio, são utilizados com

sucesso como aditivos em análise de compostos básicos [63,64] e ácidos, pois

apresentam capacidade de aprimorarem o formato dos picos dos dois tipos de

compostos simultaneamente [55], sendo empregados, geralmente, na concentração

entre 1 a 20 mmol/L, junto ao modificador orgânico [65,66] com a vantagem de

serem compatíveis com a técnica de espectrometria de massas e, normalmente, são

utilizados em screening inicial, como aditivos da fase móvel, quando há compostos

ionizáveis na amostra [30].

Apesar das vantagens descritas, deve-se avaliar criteriosamente o

emprego de aditivos à fase móvel. Alguns aditivos apresentam absorbância no UV,

resultando em aumento no ruído da linha de base durante o desenvolvimento da

programação de gradiente. Além disso, podem interagir fortemente com a fase

estacionária, aumentando o tempo necessário para atingir o equilíbrio e, portanto,

para a estabilização do sistema, além de sua remoção da coluna ser difícil, exigindo

procedimentos de lavagem e regeneração mais complexos e demorados. Poe et al.

[67] relataram em sua publicação que, com adição de aditivo à fase móvel,

fenômenos mais complexos, como alterações na temperatura, na densidade da fase

e na pressão do sistema podem ocorrer, sugerindo então a escolha criteriosa das

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30

condições experimentais, de forma a minimizar a perda de eficiência que pode

ocorrer devido à estas alterações nas condições do sistema.

A água também pode ser utilizada como aditivo, porém poucos estudos

foram publicados empregando este solvente na fase móvel. Ela deve ser sempre

utilizada em conjunto com algum solvente orgânico, que a torna então miscível em

CO2. Ela é mais polar que o metanol e possui dois grupamentos que realizam

ligações de hidrogênio, o que aumenta o poder de solvatação da fase móvel, sendo

compatível com a técnica de espectrometria de massas. A quantidade utilizada varia

entre 0,1 a 5% (v/v) [68]. Recentemente, Taylor et al. [65] relataram o uso de água

como aditivo melhorando a capacidade de eluição e formato de pico de compostos

polares. Além disso, a água demonstrou apresentar pequeno efeito sobre a

seletividade da fase móvel, o que certamente representa uma vantagem em

separações de misturas complexas de compostos [69].

Vale ressaltar que, em SFC e UHPSFC, é difícil avaliar exatamente qual a

força de um ácido ou base empregado como aditivo na fase móvel, visto que as

constantes de dissociação são diferentes daquelas conhecidas em meio aquoso.

Além disso, está premissa é válida também para os analitos, ácidos e básicos, que

devem apresentar constantes de dissociação diferentes em fluído supercrítico

daquelas observadas em meio aquoso. Dessa forma, ao se utilizar um aditivo

supostamente mais forte que o analito, pode-se apenas esperar que a escala de

dissociação, determinada em fase aquosa, também se reproduza em fluído

supercrítico [30].

Na cromatografia com fluído supercrítico, o pH da fase móvel não pode

ser determinado, não sendo, portanto, um parâmetro estudado, tal qual ocorre em

LC, durante o desenvolvimento de método por esta técnica. Entretanto, conforme

descrito anteriormente, compostos são adicionados à fase móvel contendo CO2, de

forma a alterar a polaridade da fase móvel, buscando aprimoramento de parâmetros

como seletividade, retenção e desempenho cromatográfico. Tal fato demonstra a

importância do entendimento das alterações na polaridade da fase móvel após

adição de compostos ao CO2, a fim de prever, com maior exatidão, o

comportamento de cada tipo de analito em estudo [70].

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31

Um estudo recente de West et al. [70] avaliou o efeito das principais

modificações da fase móvel realizadas em SFC sobre o pH da fase, através da

leitura do pH com sondas solvatocrômicas. Os autores verificaram que os álcoois,

bastante utilizados como modificadores orgânicos, reagem com o CO2 formando

ácido alquilcarbônico, o que confere um caráter ácido à fase móvel, de pH de cerca

de 5,0, indo de acordo com os estudos de Zheng et al., que concluíram que a fase

móvel utilizando metanol como modificador aparentava um pH de cerca de 5,5 [71] .

Além disso, o aumento da quantidade de metanol na fase móvel, como ocorre em

um sistema de eluição por gradiente, resulta em maior formação de ácido, e,

portanto, o pH da fase tende a reduzir ainda mais. A adição de aditivos como sais e

bases, quando utilizados nas concentrações padrão (até 20 mmol/L), não resultam

em aumento no pH, provavelmente devido às pequenas concentrações empregadas,

mas parecem estabilizar o pH durante as corridas em eluição por gradiente. Os

autores também verificam que o emprego de aditivos ácidos e água resultou em

uma redução drástica do pH aparente da fase móvel, para abaixo de 1,7 [70].

1.2.4 Fases Estacionárias

A vasta faixa de polaridade dos solventes que podem ser adicionados ao

CO2 permite uma alteração significativa da polaridade da fase móvel, a qual, por sua

vez, possibilita a utilização de diferentes fases estacionárias, desde aquelas muito

polares, baseadas em sílica e utilizadas em NPLC, até aquelas com grupos mais

apolares, tais como o grupo octadecil ligado a sílica, muito utilizada em RPLC. Além

disto, é possível utilizar fases com grupos químicos diferenciados ligados à sílica,

tais como fenil, amina, diol, entre muitas outras. Desta maneira, é possível variar a

seletividade da fase estacionária de forma muito abrangente, tornando as

possibilidades de desenvolvimento analítico quase ilimitadas quanto a este quesito.

Atualmente, existem colunas cromatográficas recheadas com fases estacionárias de

ampla seletividade, com partículas de tamanho inferior a 2 µm, o que diminui o

alargamento dos picos cromatográficos e permite análises mais rápidas. Outra

característica importante da técnica de SFC está relacionada às baixas temperaturas

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utilizadas no sistema, que impedem a degradação dos compostos termicamente

instáveis [30].

Em seus artigos de revisão, West et al. [30] e Lesellier [72] afirmaram que,

dentre as diversas estratégias de desenvolvimento de método em SFC e em

UHPSFC, a principal é a escolha da fase estacionária para garantir uma boa

separação, em contraste com o observado em LC, na qual a composição da fase

móvel representa a primeira grande etapa de otimização a ser realizada. Os autores

explicam que é bastante recomendável que se disponha de alguns tipos de fase

estacionária com diferentes seletividades, de forma a garantir a maior

ortogonalidade possível, sendo então realizado um screening inicial com todas elas,

de forma a selecionar aquelas mais promissoras. Somente em seguida, com as

fases estacionárias previamente escolhidas, se prossegue com as demais etapas do

desenvolvimento analítico.

Para auxiliar neste importante processo de seleção de fases

estacionárias, existe um sistema de classificação baseado no uso da relação da

energia linear de solvatação – Linear Solvatation Energy Relationship (LSER),

desenvolvido por West e Lesellier [73] e detalhado em diversos trabalhos

subsequentes dos autores na área [74–77]. Os autores estudaram uma centena de

compostos e 28 diferentes fases estacionárias, e relacionaram a capacidade de

realização de cinco tipos de interações de cada fase com o analito, calculadas em

termos de coeficientes, sendo eles: e - transferência de carga, s - dipolo-dipolo, a -

doação de ligações de hidrogênio, b - receptor de ligações de hidrogênio e v -

dispersão. O objetivo do trabalho foi entender a influência da fase estacionária

quando a fase móvel é extremamente diferente de uma fase aquosa, visto que a

retenção em SFC e UHPSFC é mais fortemente influenciada pelas interações entre

os solutos e a fase estacionária que o observado em HPLC, onde a influência da

água é dominante.

Em seus trabalhos, West e Lesellier dividiram as fases estacionárias em

três grandes grupos: não polares, polares e aromáticas [74–76]. Esta classificação

auxilia na escolha da fase estacionária mais adequada para realização da separação

de novos produtos, sendo que após extenso estudo, os autores demostraram que,

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para compostos farmacêuticos, os quais frequentemente apresentam grupamentos

polares, as colunas classificadas como polares devem ser preferencialmente

escolhidas, a fim de se obter suficiente retenção dos analitos. A Figura 2 ilustra uma

representação da classificação proposta, por Nováková et al. [29] em seu artigo de

revisão sobre o assunto, onde cada tipo de coluna cromatográfica está alocado

conforme sua capacidade de realizar algum dos tipos de interações descritas

anteriormente.

Figura 2. Classificação das Fases Estacionárias de acordo com Nováková et al. [29].

Pode-se verificar neste diagrama que colunas polares, como por exemplo

aquelas baseadas em sílica (BEH) e sílica modificada (BEH 2-EP), e colunas

apolares, que não apresentam nenhum grupamento polar (por exemplo, HSS C18)

são alocadas em regiões opostas, com as fases apolares na esquerda e as polares

à direita. Entre elas, fases com comportamento híbrido podem ser encontradas,

como por exemplo, as fases aromáticas fluorfenil no topo. Segundo Galea et al. [78],

colunas localizadas em regiões próximas no diagrama apresentam seletividade

similares, embora alguma variação neste parâmetro ainda possa ser observada.

Entretanto, quando dois componentes não são devidamente separados em uma

dada coluna, deve-se buscar uma coluna localizada em outra parte do diagrama,

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indicando que ela apresenta diferente capacidade de separação, e, portanto, poderá

proporcionar a adequada separação dos analitos.

Um estudo recente realizado por Khater e West [79] monstrou que cinco

fases estacionárias com partículas menores que 2 µm (HSS C18 SB, XSelect CSH

Fluorofenil, BEH, BEH 2-EP e BEH RP18 Shield) podem ser utilizadas para a

realização de uma triagem inicial durante o desenvolvimento de métodos por

UHPSFC, pois estão alocadas em posições diferentes do diagrama ilustrado na

Figura 2. Da mesma maneira, West e Lesellier [80] também descreveram como

escolher os tipos de fase estacionárias para realização de um estudo ortogonal,

empregando diferentes tipos de colunas cromatográficas. Segundo os autores,

quando uma fase estacionária apolar é utilizada, como C18 (capeada), compostos

aromáticos e hidrofóbicos são mais retidos, enquanto compostos polares são menos

retidos, comportamento este similar ao observado em RPLC, sendo que a adição de

modificador orgânico polar na fase móvel (por exemplo, metanol, etanol, acetonitrila)

reduz a retenção da maioria dos compostos [72]. Para fases estacionárias polares,

como cianopropil ou aminopropil, analitos mais polares são mais retidos, enquanto

espécies hidrofóbicas e de alta massa molar eluem primeiro, tal como observado em

NPLC, sendo que diferentes tipos de colunas polares resultam em diferente

seletividades [72]. Entretanto, quando se utilizam fases estacionárias com diferentes

características de polaridade, tais como C18 junto a outro grupamento polar, ou

ligantes aromáticos (fenilpropil, pentafluorofenilpropil), a retenção não se caracteriza

mais como similar à fase reversa ou fase normal, mas a um tipo de retenção única

para SFC e UHPSFC. Dessa forma, uma coluna C18 capeada pode apresentar

resultados de retenção bastante diferentes de uma coluna C18 não capeada, devido

à presença dos grupamentos silanóis livres em sua estrutura, sendo possível que

esta diferença de seletividade observada possa ser útil, dependendo das

características dos analitos em estudo [80,81].

Muitas colunas utilizadas nesta classificação realizada por West e

Lesellier são de HPLC, pois ainda existem relativamente poucos tipos de fase

estacionárias produzidas especificamente para SFC e UHSFC [30]. Entretanto,

muitos grupos de pesquisadores vem desenvolvendo tipos de fases estacionárias

específicas para estas técnicas [82,83], com particular interesse nas fases

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estacionárias baseadas em ligantes de líquidos iônicos, que podem ser úteis para

separação de misturas de compostos ácidos e básicos, característica muito

frequente em produtos de interesse farmacêutico [84]. Além disso, as fases

estacionárias mais modernas de boa qualidade são altamente reprodutíveis lote a

lote, garantindo o desenvolvimento de métodos robustos, além de sofrerem

degradação da fase muito lentamente, sob as condições padrão de análise [85].

1.2.5 Desempenho Cinético

A dimensão da coluna cromatográfica também constitui um importante

parâmetro a ser avaliado no desenvolvimento do método analítico. Desfontaine et al.

[51] descreveram que a dimensão da coluna cromatográfica deve ser determinada

de acordo com o volume morto do sistema, sendo bem estabelecido que o volume

morto do sistema deve representar no máximo 10% da variação total (soma da

variação relativa ao sistema e à coluna analítica), a fim de garantir que a maior

porção da eficiência gerada pela coluna seja aproveitável. Para os sistemas de SFC

mais modernos (UHPSFC), a variância é de 85 μL2, muito maior que a observada

em sistemas de UHPLC, com cerca de 10 μL2 de variação. Dessa forma, as colunas

com tamanho de partículas reduzidas, menores que 2 µm, largamente utilizadas em

UHPLC, não seriam compatíveis com sistemas de UHPSFC, mesmo os mais

modernos. Isso porque a variação deste tipo de coluna é de cerca de 100 μL2 para

coluna 50 mm x 2,1 mm x 1,7 µm, representando 45 % da variação total

sistema/coluna, muito maior que o valor aceitável. Colunas com diâmetro de 4,6 mm

seriam as mais adequadas, porém, a vazão necessária para estas colunas seria

maior que o suportado pelos equipamentos, além do consumo de solvente ser

extremamente elevado. Os autores concluiram que a melhor relação entre eficiência

e consumo de solvente seria obtida com colunas com de 100 mm x 3,0 mm, sendo

nestas condições a técnica de UHPSFC bastante competitiva com o UPHLC, do

ponto de vista cinético.

Originalmente, partículas menores que 2 μm foram desenvolvidas para

LC, a fim de atender a demanda industrial que visava aumento da eficiência na

separação e redução de tempo de análise [86]. A introdução de colunas com

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partículas menores que 2 μm é relativamente recente [87], sendo realizada antes

mesmo do surgimento da nova geração de cromatógrafos de fluido supercrítico no

mercado, o que limitou o ganho de eficiência observada com estas colunas, devido

ao alto volume do sistema, associado à limitada capacidade de pressão das bombas

dos equipamentos da época.

Entretanto, com o desenvolvimento da nova geração de cromatógrafos, a

vantagem cinética da utilização de partículas pequenas, menores que 2 μm, pôde

ser claramente observada. Uma forma de avaliar a eficiência do sistema

cromatográfico, e em particular, da coluna cromatográfica, é através de uma curva

que relaciona a altura equivalente a um prato (H) e a velocidade linear da fase móvel

(μ) que é a curva de van Deemter (Equação 1).

(Equação 1)

A Equação 1 mostra os três diferentes fatores que afetam o valor de H, e,

portanto, a eficiência da separação. O termo A está relacionado às diferentes

trajetórias (caminhos múltiplos) do analito no leito cromatográfico e também à

difusão de Eddy, quando as moléculas do analito se prendem em poros presentes

na fase estacionária, de onde só saem por meio de difusão, sendo que tal termo não

possui qualquer relação com a velocidade linear da fase móvel empregada. Uma vez

na coluna em contato com a fase móvel, o analito tende a difundir em todas as

direções, incluindo o sentido longitudinal. Esta difusão está descrita pelo termo B da

equação e é responsável por um alargamento da banda. A importância deste termo

está relacionada ao tempo de permanência do analito na coluna e à velocidade

linear da fase móvel, sendo que quanto maior a velocidade, menor a difusão

observada, aumentado da eficiência. O coeficiente C representa a cinética de

transferência de massa do analito entre as fases móvel e estacionária, que deve

ocorrer a fim de garantir a separação dos diferentes compostos da amostra, sendo

diretamente proporcional à velocidade linear da fase móvel [88]. A Figura 3A mostra

graficamente o comportamento de cada um destes coeficientes descritos acima

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sobre o valor de H em função de μ, além de mostrar uma curva combinada com os

efeitos de todos os fatores simultaneamente. A Figura 3B apresenta as curvas de

van Deemter obtidas com colunas de tamanho de partícula de 3,5 μm (em SFC e

HPLC) e de 1,7 μm (em UHPSFC e UHPLC), utilizando amostra de butilparabeno,

com fase móvel de H2O:ACN e MeOH:CO2, respectivamente, a fim de comparar o

efeito da redução do tamanho da partículas e das propriedades de cada sistema

sobre a eficiência na separação [89].

Figura 3. Curva de van Deemter: (A) Relação de cada termo em função de µ (adaptado da referência

[90]); (B): Curvas de van Deemter para as técnicas de HPLC, UHPLC, SFC e UHPSFC (adaptado da referência [89]).

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Como pode ser observado, a técnica de HPLC possui a menor eficiência,

pois apresenta valores reduzidos de velocidade linear ótima (μopt), cerca de 1,1

mm/s, e um valor de H mínimo (Hmin) de 8,4 μm, enquanto que em SFC, os valores

encontrados foram de μopt de 4,5 mm/s e Hmin de 7,9 μm. Isso pode ser explicado

pelo fato do coeficiente B ser aumentado em SFC, pois este termo é proporcional ao

coeficiente de difusão, que é maior nesta técnica, proporcionando uma maior μopt

que em HPLC. Além disso, o efeito do coeficiente C (cinética de transferência de

massas) é menor em SFC que em HPLC, devido à alta difusibilidade dos analitos na

fase móvel supercrítica que ocorre em SFC, o que favorece a transferência de

massa e a redução do H [89]. Quando se compara a técnica de UHPLC à HPLC

verifica-se que há redução significativa do Hmin para 3,8 μm e aumento da μopt para

2,3 mm/s. Estas observações são explicadas pela redução no tamanho das

partículas, que reduz a resistência à transferência de massas, reduzindo o efeito do

coeficiente C sobre os valores de H, aumentando a eficiência na separação.

No caso do UHPSFC, a curva mostra que esta técnica apresenta as

vantagens da SFC e da UHPLC, uma vez que o valor de μopt é aproximadamente

10,0 mm/s, um aumento considerável, e a Hmin de 4,7 μm, apenas um pouco maior

que em UHPLC. Mais uma vez, a redução drástica no efeito do coeficiente C sobre

os valores de H justifica o ganho na eficiência observado com a redução no tamanho

da partícula para 1,7 μm. Devido à alta difusibilidade dos analitos na fase móvel

supercrítica, o coeficiente C (cinética de transferência de massas) é menos

importante em UHPLC, podendo então ser facilmente observado que a influência do

aumento da velocidade linear (vazão da fase móvel) sobre a eficiência é muito mais

impactante em UHPLC que em UHPSFC. A elevação da velocidade linear

rapidamente aumenta o valor de H em UHPLC, pois aumenta drasticamente a

contribuição do coeficiente relacionado à cinética de transferência de massas sobre

o valor de H, caracterizando uma rápida perda de eficiência em valores mais

elevados de μ. Como em UHPSFC este coeficiente C é menos importante, o

aumento da velocidade linear por si só não contribui muito para elevação de H.

Assim, a velocidade linear ótima é de apenas 2,3 mm/s em UHPLC contra 10,0

mm/s em UHPSFC [39,89].

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Apesar do aumento na velocidade linear ótima e na cinética de

transferência de massas observado quando se trabalha com partículas de tamanho

reduzido (sub 2 μm), que é ainda mais pronunciado quando se trabalha em

condições supercríticas, devido à redução da viscosidade da fase móvel e aumento

no coeficiente de difusão, existe um fator que impõe uma grande limitação na

instrumentação disponível atualmente para UHPSFC, que é o limite máximo de

pressão suportado pelos equipamentos disponíveis no mercado, hoje de 400 bar.

Este valor não é suficiente para suportar o aumento na pressão gerado quando são

utilizadas colunas de partículas sub 2 μm e fase móvel de CO2 na presença de

modificadores orgânicos, que são as mais usuais em UHPSFC na atualidade,

juntamente com a contra-pressão adicional necessária para garantir a manutenção

do CO2 na condição supercrítica. Em seu estudo, Perrenoud et al. [89]

demonstraram que, quando se utiliza somente CO2 puro, é possível se trabalhar com

vazão de 3,25 mL/min, sem que seja ultrapassado o limite máximo do equipamento,

em uma coluna de 100 mm x 3 mm x 1,7 μm. Entretanto, com a adição de metanol

como modificador orgânico, o limite de pressão máximo é rapidamente obtido, sendo

que apenas 11 % de metanol pode ser adicionado quando se mantém a vazão de

trabalho em 3,25 mL/min, na coluna selecionada. A utilização de colunas recheadas

com partículas superficialmente porosas, também chamas de partículas “core-shell”,

permite alcançar eficiência cromatográfica igual ou maior que as partículas

convencionais totalmente porosas, gerando, no entanto, uma menor pressão no

sistema cromatográfico [91], e assim sendo, podem ser uma alternativa interessante

para contornar a limitação de pressão observada nos instrumentos de UHPSFC

atuais.

Diversas aplicações de colunas recheadas com partículas menores que 2

μm foram relatadas em UHPSFC. Um estudo publicado por Perranoud et al. [92]

monstrou o desenvolvimento de um método capaz de separar diversos analitos

básicos, de interesse farmacêutico, utilizando colunas recheadas com partículas

menores que 2 μm em UHPSFC, mantendo a compatibilidade de associação à

espectrometria de massas. Neste estudo, os autores compararam três diferentes

técnicas cromatográficas (RPLC, HILIC e UHPSFC), na separação de compostos

altamente hidrofílicos, que incluem um grande grupo de compostos biologicamente

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ativos, e concluíram que UHPSFC apresenta grande potencial para análise deste

tipo de compostos, demonstrando seletividade e retenção cromatográfica satisfatória

com fases estacionárias polares, através de um mecanismo de separação

semelhante à fase normal [92]. Nóvaková et al. [93] publicaram o desenvolvimento e

validação de um método ultra rápido para quantificação de nove compostos

derivados do estrogênio em preparações farmacêuticas comerciais, utilizando uma

coluna sub 2 μm de tamanho de partículas. Li et al. [94] reportaram a aplicação da

técnica de UHPSFC acoplada a um detector por espalhamento de luz evaporativo,

para separação e quantificação de vários triterpenos presentes em uma complexa

matriz vegetal de Rosa sericea, com emprego de coluna de tamanho de partícula

reduzido, através do desenvolvimento de um método com níveis de precisão,

recuperação e sensibilidade aceitáveis.

1.2.6 Áreas de Aplicações da Técnica de UHPSFC

Devido às características descritas anteriormente, a aplicação da técnica

de UHPSFC vem crescendo intensamente em diversas áreas, como alimentos,

produtos naturais, ciência forense, combustíveis fósseis, agrotóxicos e ambiental,

polímeros, e farmacêutica, tanto em análises quirais como aquirais, assim como em

cromatografia preparativa [29,37,51,95–98]

Bernal et al. [37] discorreram sobre a aplicação da UHPSFC em análises

de alimentos, demonstrando que embora a maioria das aplicações tenha sido focada

na análise de compostos lipídicos, devido à alta solubilidade destes em CO2, muitos

trabalhos recentes têm comprovado a aplicabilidade da técnica também para análise

de compostos polares de origem alimentícia, tais como aminoácidos e carboidratos,

utilizando fases móveis com modificadores orgânicos.

Desfontaine et al. [51] publicaram um artigo de revisão no qual levantaram

as principais aplicações de UHPSFC na área farmacêutica. Segundo os autores,

apesar das diversas vantagens apresentadas pela técnica, principalmente em

relação à capacidade de análise de compostos lipofílicos e hidrofílicos, a quantidade

de publicações empregando SFC na indústria é bastante limitada, se comparado à

HPLC, porém não representativo de seu uso na área, pois a maior parte das

companhias que estão rotineiramente trabalhando com a técnica não publica seu

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trabalho. Apesar do aumento no número de publicações, principalmente à partir de

2012, os autores afirmam que a maior parte dos artigos é considerada estudos

fundamentais, e quando abordam aspectos quantitativos, a maioria deles aplica-se à

cromatografia quiral. A explicação para isso seria a menor sensibilidade da detecção

UV e reprodutibilidade que a técnica demonstra, se comparado à HPLC. Essa menor

detectabilidade é explicada pelo alto nível de ruído observada na linha de base,

ocasionado pelas flutuações na pressão e consequentes alterações na densidade do

fluído e seu índice de refração.

Entretanto, avanços recentes na instrumentação da técnica permitem que

a mesma seja utilizada para aplicações quantitativas e análise de impurezas,

apresentando detectabilidade suficiente para esta finalidade, capazes de monitorar

impurezas a partir de 0,05 % da área no fármaco, conforme estudo recente de Galea

et al. [99]. Em 2014, Dispas et al. [100] publicaram o primeiro artigo descrevendo

uma validação integral em UHPSFC, para antibióticos, e compararam o potencial de

dois métodos, um em UHPSFC e outro em UHPLC. Os autores concluíram que,

embora o método em UHPLC apresentasse resultados levemente melhores em

relação à precisão e sensibilidade, o potencial quantitativo da UHPSFC foi

seguramente demonstrado, sendo ambas as metodologias similares em termos de

desempenho cromatográfico.

A análise do perfil de impurezas de um fármaco empregando SFC foi

primeiramente demonstrado em 2011, por Wang et al. [96], através do

desenvolvimento e validação de um método ortogonal para análise das impurezas,

em furoato de mometasona. Os autores demonstraram que a metodologia em

UHPSFC foi capaz de monitorar níveis de impurezas de até 0,05 % da área do

fármaco ativo, sendo todas as impurezas devidamente separadas e com tempo de

análise muito menor em UHPSFC que em UHPLC. Lesellier et al. [97] também

demostraram aplicação da técnica no desenvolvimento de método para análise de

cosméticos, normalmente mais complexo, devido à composição dos produtos e

interferência da matriz lipofílica. Apesar disso, os autores relataram uma redução no

prazo de desenvolvimento de métodos de 5 a 12 vezes em comparação com HPLC,

dependendo da complexidade da amostra estudada, quando empregada a técnica

de UHPSFC.

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No campo da cromatografia quiral, desde a determinação em 1992, por

parte do FDA, que dois enantiômeros devem ser investigados individualmente em

relação a sua toxicidade, bioatividade e propriedades farmacocinéticas, que o

interesse por técnicas de separação enantioméricas cresceu muito. Dentre as

diversas técnicas descritas para esta análise, tais como a cromatografia líquida (LC)

e gasosa (GC), eletroforese capilar (CZE) e SFC [101], destaca-se a LC, que

apresenta a maior eficiência na separação de enantiômeros. Entretanto, esta

técnica, principalmente quando utilizada no modo de fase normal (NPLC), apresenta

uma série de complicações, como o uso de solventes altamente tóxicos e

inflamáveis, baixa reprodutibilidade em eluições por gradiente, retenção

inconsistente, alto tempo de estabilização do sistema e tempo de análise [102].

A primeira separação enantiomérica em SFC foi registrada em 1985,

usando uma fase estacionária quiral [101]. Atualmente, SFC vem sendo considerada

uma alternativa bastante viável à NPLC, e, progressivamente, vem se tornando a

primeira escolha em separações enantioméricas em muitas empresas

farmacêuticas, devido ao melhoramento contínuo da instrumentação analítica

empregada nesta técnica e melhor entendimento das suas vantagens em relação às

metodologias convencionais [51], tais como maior eficiência na separação de

enantiômeros, menor tempo de análise, menor uso de solventes orgânicos e

menores custos com descarte de fase móvel [90]. Em seu artigo de revisão sobre o

uso de SFC como uma ferramenta em análise de separações enantioméricas,

Kalíkova et al. [98] relataram mais de uma centena de aplicações de SFC na área, e

concluíram que, por proporcionar análises mais rápidas e eficientes que outras

técnicas normalmente empregadas, pode ser considerada a técnica do futuro em

termos de separação analítica. Diversos estudos publicados por Klerck et al.

[90,103–105] demostraram o grande potencial da técnica de UHPSFC quando

aplicada ao desenvolvimento de métodos de separação enantiomérica de fármacos.

A SFC vem sendo extensamente aplicada na forma de cromatografia

preparativa, visando a purificação de compostos, desde poucos gramas até vários

quilos ao dia. De forma geral, a SFC apresenta uma série de vantagens em relação

à LC preparativa, tais como baixa viscosidade da fase móvel supercrítica,

possibilitando o uso de alta vazão e, consequentemente, maior produtividade do

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sistema de purificação. Além disso, apresenta menor consumo de solvente orgânico,

visto que o principal constituinte da fase móvel é CO2, que pode ser facilmente

removido da coluna por despressurização do sistema. Dessa forma, o trabalho, o

tempo e os custos de descarte são fortemente reduzidos quando a SFC é

empregada, justificando seu rápido crescimento na área preparativa, visto que

agrega fatores fundamentais para escolha da técnica de separação a ser utilizada

em qualquer indústria [106].

O uso da SFC em uma plataforma de purificação de moléculas foi

primeiramente descrito por MacClain et al. [107], que relataram redução no tempo de

secagem do processo de oito horas quando empregado LC, para apenas uma hora

em SFC. Além disso, através de mecanismos de separação alternativos

proporcionados pela SFC, compostos antes impossíveis de serem separados foram

isolados. Searle et al. [108] reportaram sucesso na obtenção de compostos livres de

sal, quando aplicada a SFC, o que não ocorria em LC, devido à presença de ácido

trifluoracético, frequentemente empregado nesta técnica. Inúmeros exemplos de

separação enantiomérica preparativa utilizando SFC também já foram descritos em

literatura, sendo adotados praticamente por todas as grandes empresas

farmacêuticas do mundo (por exemplo, Merck, Eli Lilly, Amgen, Sanofi-Aventis,

Roche, Takeda, Bristol-Meyers Squibb, Pfizer, Novartis, Johnson and Johnson, entre

outras), devido as vantagens observadas sobre as técnicas convencionais,

supracitadas [106].

Mais recentemente, em 2015, Lesellier e West [30] também relacionaram

diversas aplicações da técnica em várias áreas. De acordo com os autores, a maior

parte das análises de moléculas pequenas realizadas por HPLC poderia também ser

feita por SFC, demonstrando assim um grande campo de crescimento da técnica e

concluiram que a crescente publicação de artigos na área está fortalecendo o

entendimento da mesma. Neste artigo de revisão, os autores afirmaram que, no

estágio atual de entendimento da técnica, não existem ferramentas para se prever a

retenção e seletividade dependendo de todos os parâmetros operacionais. Dessa

forma, estratégias de otimização univariadas ainda são preferidas e adotas na

maioria dos desenvolvimentos analíticos em SFC. Entretanto, a estratégia de

desenvolvimento multivariado pode ser adotada, sendo recomendado o trabalho

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com no mínimo três níveis para cada parâmetro selecionado. Normalmente os

desenvolvimentos multivariados se iniciam trabalhando com variações na proporção

de modificador orgânico, seguido de alterações na composição do modificador e

somente na sequência, se estudam os efeitos da temperatura e da pressão sobre a

retenção, seletividade e desempenho cromatográfico.

1.3 Vitaminas

Entre os nutrientes necessários para as diversas funções fisiológicas

essenciais à vida, encontram-se as vitaminas. Ao contrário de outras classes de

nutrientes, as vitaminas não apresentam funções estruturais, nem seu catabolismo

fornece energia significativa. Em vez disso, cada uma apresenta função altamente

específica e são necessárias apenas em pequenas quantidades na dieta, sendo que

as formas comuns da maioria das vitaminas presentes nos alimentos exigem alguma

ativação metabólica para suas formas funcionais.

De acordo com sua solubilidade, estes compostos podem ser

classificados em dois grandes grupos: vitaminas lipossolúveis (VLS) ou vitaminas

hidrossolúveis (VHS). As vitaminas lipossolúveis são as vitaminas A, D, e E, todas

sintetizadas a partir de condensação de múltiplos compostos isoprenóides. As

vitaminas hidrossolúveis mais comuns são representadas pelas vitaminas do

complexo B (B1, B2, B3, B6, B9, B12), além de alguns ácidos orgânicos, como ácido

ascórbico (vitamina C) [109,110].

Sabe-se que várias vitaminas apresentam função de cofatores de

enzimas (vitaminas A, K e C, tiamina, niacina, riboflavina, vitamina B6, biotina, ácido

pantotênico, ácido fólico e vitamina B12), outras atuam como antioxidantes

(vitaminas E e C) e várias apresentam função de cofatores em reações de oxidação-

redução metabólicas (vitaminas E, K e C, niacina, riboflavina, ácido pantotênico).

Duas vitaminas (vitaminas A e D) funcionam como hormônios, sendo que a vitamina

A também atua como um cofator fotorreceptor no processo de visão [109].

Diversas técnicas analíticas já foram descritas para análise das vitaminas,

como Espectroscopia UV-Vis [111], Fluorimetria [112], Eletroforese Capilar [113],

ensaios microbiológicos [114], Cromatografia Eletrocinética [115], Cromatografia

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Gasosa [116] e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência [117–120], sendo esta

última a mais utilizada.

A grande diferença de solubilidade em água das vitaminas lipo e

hidrossolúveis pode ser expressa através do valor de logP (coeficiente de partição

octanolágua), que reflete a grande diferença de polaridade entre os compostos.

Além disso, estas vitaminas também apresentam diferenças de comportamento

ácido-base, o que pode ser verificado pela ampla faixa de valores de pKa. Dessa

forma, a análise por HPLC de vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis em um único

procedimento analítico é extremamente difícil, visto que os parâmetros previamente

citados impactam diretamente nas análises por esta técnica. Além disto, deve-se

considerar a dificuldade em relação à solubilização das vitaminas em um solvente

com polaridade próxima à fase móvel, bem como a estabilidade das moléculas no

diluente. O próprio capítulo geral da Farmacopeia Americana (USP), que aborda as

metodologias adotadas como referência para praticamente todas as indústrias

farmacêuticas a nível mundial, descreve uma série de métodos complexos, muitas

vezes destinados à análise de uma única vitamina, por meio de várias técnicas como

HPLC, GC, microbiologia e potenciometria [121].

Um único artigo publicado descrevendo a análise simultânea destes

grupos de vitaminas por HPLC foi encontrado [117], no qual foram separadas um

total de 12 vitaminas em 45 minutos de análise. Entretanto, o método mostrou-se

bastante complexo, com diversas rampas de gradiente, em um sistema de mistura

de três fases móveis diferentes, sendo necessário, inicialmente, trabalhar somente

com solução tampão, para eluir as vitaminas hidrossolúveis, e terminar o gradiente

com 100% de solvente orgânico, a fim de eluir as vitaminas lipossolúveis, o que

aumenta drasticamente a possibilidade de danificar o equipamento, devido ao risco

de precipitação do sal, além de demandar um longo tempo lavagem do sistema e de

estabilização da linha de base a cada injeção.

A técnica de UHPSFC pode ser promissora no desenvolvimento de uma

única metodologia analítica para separação e doseamento de vitaminas

lipossolúveis e hidrossolúveis em uma mesma amostra, devido à ampla seletividade

alcançada quando se utiliza o CO2 como fluido supercrítico, associado ao emprego

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de modificadores orgânicos na fase móvel. Isso porque compostos de uma ampla

faixa de polaridade podem ser separados por esta técnica, incluindo aqueles que

apresentam grandes diferenças de polaridade e caráter ácido-base de seus

constituintes, como é o caso das vitaminas.

Alguns trabalhos publicados relataram a utilização da técnica de UHPSFC

para análise de vitaminas lipossolúveis provenientes de matrizes complexas como

suplementos alimentares, bebidas e alimentos [37,122]. Lesellier et al. também

demonstraram o emprego de UHPSFC em análise de carotenoides e vitaminas

lipossolúveis, afirmando que esta técnica apresenta diversas vantagens em relação

às técnicas convencionais (LC e GC), tais como redução no tempo de análise e

possibilidade de análise através de um único procedimento [123,124]. Recentemente

um artigo empregando UHPSFC acoplado à espectrômetro de massas foi publicado

[125]. Entretanto, neste trabalho, os compostos não foram resolvidos de acordo com

o seu tempo de retenção, uma vez que não há essa necessidade para análise por

espectrometria de massas. Cabe ressaltar que nenhum trabalho foi encontrado na

literatura associando ferramentas de QbD à técnica de UHPSFC para o

desenvolvimento simultâneo de vitaminas hidro e lipossolúveis.

1.3.1 Palmitato de Retinol (Vitamina A)

Em 1913, Osborne e Mendel da Universidade de Yale e Davis e

McCollum da Universidade de Wisconsin descobriram simultaneamente a vitamina

A, sendo a primeira vitamina lipossolúvel descoberta [109].

O termo “vitamina A” refere-se a um grupo de compostos químicos que inclui

retinol, retinaldeído, ácido retinóico e seus esteres, com estrutura química de 20

carbonos composta por um grupo metil no anel cicloexenil (anel β-ionona) e uma

cadeia lateral isoprenóide que apresenta o carbono 15 substituído, o que caracteriza

quimicamente as diferentes substâncias com atividade de vitamina A [126], e que,

devido a sua natureza lipídica, é incluída no grupo das vitaminas lipossolúveis. A

estrutura molecular do palmitato de retinol está apresentada na Figura 4 [109,127].

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Figura 4. Estrutura molecular do palmitato de retinol.

A atividade da vitamina A em tecidos animais é encontrada

predominantemente sob a forma de retinol ou de seus ésteres, de retinal e, em

menor quantidade, como ácido retinóico. As formas sintéticas, como o acetato e o

palmitato de retinil são utilizados principalmente como suplementos alimentares e na

indústria em geral. Os retinóides aparecem como cristais amarelos ou, às vezes, na

forma de óleo, como é observado para os ésteres de retinila de cadeia longa. O

palmitato de retinol é um líquido oleoso e amarelo. A faixa de polaridade e a

solubilidade dos vários retinóides varia de solúvel a insolúvel em solventes polares

como a água e vice-versa em solventes apolares como hexano. Para os retinóides

ionizáveis, como o ácido retinóico, a solubilidade depende do pH do solvente, sendo

que este apresenta pKa 6-8 e é altamente solúvel em água. Retinóides apolares

como os ésteres de retinila são pouco solúveis em solventes polares como metanol

e acetonitrila. O palmitato de retinol é praticamente insolúvel em água, solúvel ou

parcialmente solúvel em etanol anidro, miscível com solventes orgânicos,

apresentando absorção UV máxima entre 325-328 nm [109].

A vitamina A não pode ser sintetizada pelos seres humanos, os quais

necessitam obtê-la através da dieta. Os retinóides são encontrados apenas em

alimentos de origem animal e seus derivados, tais como fígado, manteiga, queijo,

leite integral, gema de ovo e peixes gordos. Já os alimentos de origem vegetal

fornecem a vitamina A na forma de pró-vitaminas, especialmente alguns

carotenóides que apresentam ao menos um anel beta não substituído, tais como α-

caroteno, β-caroteno e as criptoxantinas, que podem ser convertidos em retinóides

por mamíferos [128]. A vitamina A é facilmente absorvida no tubo digestivo, embora

diminua na sua absorção em condições de consumo reduzido de gorduras e

proteínas ou deterioração das funções hepática ou pancreática. As enzimas

pancreáticas hidrolisam os ésteres de vitamina A para retinol, que é reabsorvido e

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reesterificado. Uma parte do retinol é armazenada no fígado, e é libertada unida à

globulina alfa-1 específica (proteína de união ao retinol) no sangue. A porção que

não é armazenada no fígado glucoroniza-se e oxida-se para retinol e ácido retinóico,

sendo eliminada pela urina e pelas fezes. A vitamina A não atravessa facilmente a

placenta, mas está presente no leite materno [110].

Esta vitamina é essencial para o bom funcionamento da retina, sendo que

sua forma oxidada (retinol) combina-se com a opsina (pigmento vermelho da retina)

originando a rodopsina (púrpura visual), que é necessária para a adaptação à visão

noturna. Além disso, intervém no crescimento ósseo, na função testicular e ovariana,

no desenvolvimento do embrião, regulando ainda o crescimento e a diferenciação

dos tecidos epiteliais, podendo também atuar como cofator em reações bioquímicas

[109,129].

Os retinóides são termolábeis, fotossensíveis e facilmente atacados por

oxidantes. Estas características estão ligadas principalmente à sua cadeia poliênica,

que contém várias ligações duplas carbono-carbono em conjugação. A degradação

oxidativa da vitamina A e dos carotenoides em alimentos pode ocorrer por

peroxidação direta ou por ação indireta de radicais livres, produzidos durante a

oxidação de ácidos graxos. Os fatores que promovem a oxidação dos ácidos graxos

insaturados aumentam a degradação da vitamina A, quer por oxidação direta quer

por efeitos indiretos dos radicais livres. Perda de atividade de vitamina A em

retinóides e carotenoides dos alimentos ocorrem principalmente por reações que

envolvem a cadeia isoprenóide lateral insaturada, tanto por autoxidação como por

isomerização geométrica. Análises por HPLC revelam que muitos alimentos contêm

uma mistura de isômeros nas formas cis e trans de retinóides e carotenoides, sendo

que o enlatamento convencional de frutas e vegetais é suficiente para a indução de

isomerização e consequente perda de atividade de vitamina A. Além das

isomerizações térmicas, a conversão das formas trans de retinóides e carotenoides

em diversos isômeros cis pode ser induzida por exposição à luz, ácidos, solventes

clorados (p. ex. clorofórmio) e iodo diluído [110].

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1.3.2 Colecalciferol (Vitamina D)

A Vitamina D, classificada como lipossolúvel, pode ser sintetizada pelas

plantas e pelos animais, sendo o colecalciferol (vitamina D3) e o ergocalciferol

(vitamina D2) suas fontes mais utilizadas. O ergocalciferol é originário de esteróides

das plantas, chamado de ergosterol, que pela incidência de raios solares é

convertido em vitamina D2. Já o colecalciferol é produzido exclusivamente pelos

animais, por meio da conversão do 7- deidrocolesterol, derivado do colesterol ou

esqualeno, pela incidência de luz solar [109,130]. A estrutura molecular do

colecalciferol está apresentada na Figura 5 [109].

Figura 5. Estrutura molecular do colecalciferol.

A vitamina D3 exerce inúmeras funções no metabolismo animal e dentre

elas as de principais interesses é são a regulação metabólica do cálcio e fósforo e a

absorção intestinal desses minerais [109,127], além de contribuerem para

prevenção, tratamento e aumento da imunidade contra algumas doenças,

principalmente as autoimunes [131]. As principais fontes alimentares são peixes

gordos, óleo de peixe e gema de ovo [109,127,131]

As vitaminas D2 e D3 não são biologicamente ativas, mas são

convertidas in-vivo na forma ativa da vitamina D por duas reações sequenciais de

hidroxilação. A primeira hidroxilação ocorre no fígado é catalisada por uma

hidroxilase específica, produzindo o 25-hidroxicolecalciferol (25-OHD3), que é a

forma predominante da vitamina D no plasma, sendo esta uma importante forma de

armazenamento da mesma. O 25-OHD3 é posteriormente hidroxilado na porção

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primária por uma enzima específica, 25-hidroxicolecalciferol 1-hidroxilase,

encontrada primariamente no rim. O resultado é a formação do composto

denominado 1,25-diidroxicolecalciferol (1,25(OH)2D3) [109,127]. A função geral do

metabólito 1,25(OH)2D3 com ação combinada ao paratormônio – PTH é manter os

níveis plasmáticos de cálcio e fósforo, funcionando basicamente como hormônio

esteróide. O metabólito fisiologicamente ativo realiza estas funções por meio da

captação crescente de cálcio e fósforo pelo intestino e por minimizar a perda de

cálcio e fósforo pelos rins, estimulando a reabsorção óssea quando necessário

[109,132].

A maioria dos humanos depende de uma adequada exposição ao sol para

satisfazer suas necessidades diárias de vitamina D, sendo a síntese desta vitamina

diminuída no inverno e durante a noite [133]. Apesar da maior exposição solar em

países tropicais, concentrações séricas insuficientes de vitamina D3 são também

reportadas [134]. Saraiva et al. [134] encontraram concentrações inadequadas em

42% dos idosos na cidade de São Paulo e em 24% de mulheres com osteoporose.

Em adolescentes saudáveis e adultos jovens, a prevalência foi de 60% e 50%,

respectivamente. A deficiência de vitamina D manifesta-se como raquitismo em

crianças devido à mineralização prejudicada dos ossos durante esta fase. O

raquitismo é resultado não apenas da privação da vitamina D como também das

deficiências de cálcio e fósforo, sendo caracterizado por anormalidades estruturais

de ossos que suportam o peso, e está associado a dor óssea e sensibilidade

muscular. Nos adultos manifesta-se como osteomalácia, devido às reduções

generalizadas na densidade óssea e a presença de pseudo fraturas, especialmente

da coluna vertebral, fêmur e úmero. Os pacientes apresentam fraqueza muscular,

sensibilidade óssea e maior risco de fraturas, particularmente do punho e da pelve.

Nestes casos, existe a indicação de obtenção da vitamina D através de fontes

alternativas, com consumo de suplementos e alimentos fortificados

[109,127,130,132].

A vitamina D é suscetível à degradação pela luz. Nos alimentos, essa

degradação pode ocorrer em embalagens de leite de vidro, durante o

armazenamento, sendo relatadas perdas de 50% do colecalciferol adicionado ao

leite desnatado durante 12 dias de exposição contínua à luz fluorescente, a 4° C.

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Não se sabe se essa degradação envolve degradação fotoquímica direta,

mecanismos que envolvem fotossensibilizadores que geram uma espécie reativa de

oxigênio ou efeitos indiretos da luz que levam à oxidação lipídica. Assim como

outros componentes solúveis na gordura insaturada dos alimentos, a vitamina D é

um composto sensível à degradação oxidativa. De modo geral, no entanto, a

estabilidade da vitamina D em alimentos, em especial em condições anaeróbias, não

é uma preocupação importante [110].

1.3.3 Acetato de Tocoferol (Vitamina E)

O acetato de tocoferol, uma das formas da vitamina E, é um óleo viscoso

de coloração amarela e praticamente inodora, solúvel em hidrocarbonetos, álcoois,

gorduras e óleos, mas insolúvel em água. Com relação à sua estabilidade, em

contraste com a forma álcool da vitamina, a forma acetato é resistente ao

aquecimento e à presença de oxigênio, não é resistente a álcalis, pois reage por

saponificação, nem à presença de agentes oxidantes fortes [110] . A estrutura

molecular do acetato de tocoferol é apresentada na Figura 6 [127].

Figura 6. Estrutura molecular do acetato de tocoferol.

A vitamina E é essencial para os processos metabólicos da respiração e

metabolismo de ácidos nucléicos em todas as células, muito atuante naquelas do

sistema nervoso. A vitamina E desempenha um importante papel como agente

antioxidante contra radicais livres na proteção de lipídios e da vitamina A, sendo

classificada como o agente antioxidante lipossolúvel de ocorrência natural mais ativo

[109,127,135]. Nessa função também estão a vitamina C, o betacaroteno e

substâncias enzimáticas, como as glutationas peroxidases [109]. A vitamina E

desativa produtos formados em cadeias de reações radicalares, que podem danificar

a membrana celular, acelerar processos de envelhecimento, e danificar o DNA, com

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consequentes possibilidades mutagênicas e efeitos carcinogênicos, assim como

também influencia a síntese de prostaciclina e o metabolismo de eicosanoides e por

sua vez indiretamente previne tromboses e reações de inflamação [109,127]. O

termo vitamina E engloba todos os derivados de tocol e tocotrienol que exibem

qualitativamente a atividade biológica do α-tocoferol [109].

Alimentos animais e vegetais contêm diferentes quantidades de

tocoferóis, mas são sintetizadas apenas por plantas. Altos conteúdos dessa vitamina

são encontrados em óleos vegetais (por exemplo, de soja, de milho e de semente de

girassol), e especialmente no óleo de germe de trigo. Nesses óleos, o conteúdo de

vitamina E está correlacionado com a proporção de ácidos graxos insaturados, o

que providencia uma proteção natural contra agentes oxidantes. Também está

presente, mas em menores quantidades, em sementes e grãos em geral, vegetais

verdes e legumes [109,127].

Com a diminuição da vitamina E no organismo, o número de radicais

livres aumenta, e isso leva à oxidação dos lipídios, que por sua vez conduzem à

sintomas de deficiência de metabolismo muscular, funções da membrana e do

sistema nervoso. Os sintomas clínicos incluem um aumento na taxa de hemólise de

eritrócitos, formação de corpos de Heinz, fraqueza muscular, deposição de

pigmentos lipídicos, disfunções neuromusculares com tremulação do andar e

paralisia dos nervos faciais [109]. Recentemente foi demonstrado que uma proteína

derivada da vitamina E (α-tocoferol transfer proteína - TTP) é essencial nos

primeiros estágios de desenvolvimento do sistema nervoso central de vertebrados

[135]. Condições envolvendo a má absorção de lipídio podem também conduzir à

deficiência de vitamina E. Tais condições incluem aquelas resultantes da perda das

funções exócrinas pancreáticas (por exemplo, pancreatite, tumor pancreático, atrofia

pancreática nutricional, ocasionadas pela deficiência de selênio), outras envolvendo

a deficiência luminal da bile, ou devido ao defeito de lipoproteínas. Outra causa de

deficiência da vitamina E advém do fato que ela não atravessa prontamente a

placenta, por isso recém-nascidos estão particularmente sujeitos ao risco de sua

deficiência, especialmente se prematuros [109,127].

Devido às suas propriedades, o acetato de tocoferol pode ser usado em

preparações farmacêuticas em base lipofílica, como cremes e óleos. Para

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preparações em base aquosa, como xaropes, gotas, solubilizáveis e injetáveis, é

necessário o uso de agentes solubilizantes [110]. Outra aplicação comum é como

antioxidante em alimentos industrializados ou preparações farmacêuticas para

manter a estabilidade dos produtos susceptíveis à oxidação [109].

1.3.4 Tiamina (Vitamina B1)

A tiamina é uma molécula carregada positivamente, por este motivo

encontra-se no mercado nas formas de sais de nitrato ou cloreto. Ambas as formas

são pós brancos e com leve odor característico. O hidrocloreto de tiamina é muito

solúvel em água (aproximadamente 100 g em 100 mL de água a 25 °C), solúvel em

glicerol, pouco solúvel em etanol e praticamente insolúvel em éter, acetona, tolueno

e clorofórmio. O nitrato de tiamina é solúvel em água fervente e menos solúvel em

água fria (3 g em 100 mL a 25 °C) [110,127]. A estrutura molecular da tiamina é

mostrada na Figura 7.

Figura 7. Estrutura molecular da tiamina.

A resistência ao aquecimento e à presença de oxigênio é melhor em

soluções ácidas (valores de pH menor que 4,5) do que em soluções neutras ou

alcalinas, nas quais se decompõe muito rapidamente, particularmente sob influência

da luz. Agentes oxidantes e redutores em solução também aceleram a

decomposição da tiamina em solução [109,110]. Em preparações farmacêuticas

líquidas é preferível a forma de nitrato de tiamina devido a sua melhor solubilidade

em água, ao passo que a forma nitrato é preferível em formas sólidas, devido ao

baixo conteúdo de água que o material sólido pode absorver, conferindo maior

estabilidade [109,110]. Na sua forma biológica ativa, tiamina difosfato (TDP), a

tiamina desempenha um papel importante como coenzima em reações chaves para

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converter lipídios e carboidratos em energia. A tiamina também apresenta certas

funções no sistema nervoso central, na geração de impulsos e na regeneração de

nervos periféricos [109,127,136].

A tiamina pode ser encontrada em alimentos de origem vegetal e animal,

embora em diferentes formas e em pequenas quantidades. Nos tecidos animais está

presente principalmente como TDP, que deve ser previamente clivada antes que

possa ser absorvida pelos organismos. As plantas contêm a forma livre, não

fosfatada, da vitamina, diretamente disponível. Cereais e seus derivados são as

principais fontes dessa vitamina para o homem. Como a riboflavina, a tiamina está

mais concentrada nos germes e na camada aleurona (ou tegumento, é uma fina

camada que reveste a amêndoa ou endosperma), de tal forma que no arroz polido e

na farinha branca está presente em poucas quantidades. Boas fontes dessas

vitaminas são a farinha integral e produtos derivados, batatas, leguminosas, carne

de porco, leite e derivados [109,127].

A falta da vitamina B1 pode se manifestar em dois conjuntos diferentes de

sintomas, relacionados às suas duas principais funções bioquímicas, sendo eles

desordem cardiovascular (dispneia, aperto no peito, dor precardial, taquicardia,

edema, alterações no eletrocardiograma e quedas repentinas na pressão

sanguínea) e desordem neurológica (desordens nervosas com parestesia,

hiperestesia ou anestesia, sensação de ardência nos pés, fraquezas musculares,

dores, cólicas, paralisias, desordem na coordenação de origem cerebral, alterações

psicológicas como irritabilidade, lassitude, depressão, e ansiedade) [109,127]. A

manifestação clínica da carência de tiamina, conhecida como beribéri, se caracteriza

por uma maciça disfunção neurológica, desgastes dos músculos esqueléticos,

fraqueza nos músculos do coração e edema, ambos juntos ou separadamente,

dependendo do avanço da doença e da deficiência de outros nutrientes. O beribéri

ainda é bastante frequente em países subdesenvolvidos, sendo a maior causa de

mortalidade infantil em populações asiáticas, mas muito raro em países

desenvolvidos [137]. A doença pode ainda ter outras causas como o alcoolismo

crônico, dietas de redução de peso e dietas com altas proporções de carboidratos,

insuficiências gástricas ou abuso de antiácidos, o uso de contraceptivos orais e

doenças como diabete mellitus, Alzheimer e AIDS [109]. Antagonistas da tiamina

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presentes em tanino (chá), café, noz de betel, bem como tiaminases presentes em

fermentados de peixe, podem bloquear a absorção de tiamina, bem como sua

biodisponibilidade [109,137].

1.3.5 Riboflavina (Vitamina B2)

A riboflavina é um sólido cristalino de cor amarelo-alaranjada, com um

odor suave. Apresenta solubilidade em água bastante limitada (70-80 mg/L), e é

praticamente insolúvel em etanol, acetona e éter. Em solução alcalina é solúvel. A

solução aquosa neutra de riboflavina apresenta coloração intensa de amarela a

verde fluorescente [109,110,127]. Na Figura 8 se apresenta a estrutura molecular da

riboflavina [127].

Figura 8. Estrutura molecular da riboflavina.

A riboflavina é bastante estável na forma sólida, se devidamente

armazenada, e também em solução ácida na ausência de luz, mesmo se aquecida.

Contudo, a riboflavina é sensível em meios alcalinos, na presença de sais de metais

pesados e exposta à luz. Sua aplicação, geralmente, está limitada a comprimidos e

fortificantes em pó ou granulados [110]. Como flavinamononucleotídeo (FMN), ou

como flavina adenina dinucleotídeo (FAD), a riboflavina (também chamada de

lactoflavina) é a coenzima para uma ampla variedade de enzimas respiratórias,

conhecidas como flavoproteínas. Algumas flavoproteínas desempenham um papel

na transferência de átomos de hidrogênio na geração oxidativa de energia dentro

das células, conhecidas como cadeia respiratória. Sendo assim, a riboflavina, bem

como outras vitaminas do complexo B, agem como coenzimas no metabolismo de

proteínas, lipídeos e carboidratos e na geração de energia via ATP [109,127]. A

riboflavina também está envolvida no metabolismo de outras vitaminas do complexo

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B e na produção de hormônio no córtex adrenal [109]. Delgadillo [138] demonstrou

que a riboflavina atua na formação da dentição em vertebrados. No trabalho

desenvolvido por sua equipe ficou constatado que a ausência total de riboflavina na

dieta materna de ratas provocou defeitos nos tecidos dentoalveolar durante o

desenvolvimento dos embriões. Anand et al. [139] reportaram um caso em que o

quadro clínico da síndrome de Brown-Vialetto-Van Laere (BVVLS), uma condição

genética causada por uma mutação no gene C20ORF54, apresentou melhoras

significativas após a administração de altas doses de riboflavina (150 mg duas vezes

ao dia) a uma menina de 22 meses que apresentava essa síndrome. Os autores

sugeriram, então, que em todos os casos que essa síndrome for diagnosticada

deveria ser considerado o tratamento com altas doses de riboflavina. Segundo eles,

parte dos sintomas da BVVLS são devidos ao transporte deficiente de riboflavina no

intestino.

A riboflavina ocorre na forma livre ou como FMN, em todos os organismos

vegetais e animais. Fontes ricas desta vitamina incluem fermentados, leites e

derivados do leite, ovos, carne (particularmente as vísceras), peixe, repolho, feijão e

ervilha. Em grãos é encontrada principalmente no germe e na camada aleurona, de

tal forma que a farinha branca, contém apenas um terço de riboflavina do total do

grão. A maioria das frutas e dos vegetais contém pouca quantidade de riboflavina

[109,127].

1.3.6 Nicotinamida (Vitamina B3)

Nicotinamida, niacinamida e 3-piridincarboxamida são sinônimos. Esta

substância no estado puro é um pó branco, com odor característico fraco, solúvel em

água (cerca de 70g/100 mL a 20 °C) e etanol, solúvel em glicerol e levemente

solúvel em éter [109,110]. A estrutura molecular da nicotinamida é apresentada na

Figura 9 [127].

Figura 9. Estrutura molecular da nicotinamida.

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A nicotinamida é muito estável em alimentos, em presença do oxigênio

atmosférico, aquecimento e luz, tanto no estado sólido quanto em solução aquosa, e

por isso é usada em formas farmacêuticas líquidas e sólidas [110]. A nicotinamida,

o ácido nicotínico e diversas moléculas derivadas dessas duas, fazem parte das

chamadas niacinas que, em geral, são substâncias essenciais na formação das

coenzimas nicotinamida adenosina dinucleotídeo (NAD) e nicotinamida adenosina

dinucleotíde fosfato (NADP), nas quais a nicotinamida age como um doador de

elétrons em muitas reações biológicas redox. Estão envolvidos na geração de

energia a partir de carboidratos, proteínas e lipídios e em reações não redox

envolvendo o reparo do DNA [109,127]. Gazanion et al. [140] investigaram a

atividade de nicotinamida isoladamente e em associação com outras drogas já

empregadas no tratamento de várias formas de Leishmaniose. Quando usado em

concentrações inferiores a 20 mmol/L no meio de cultura, a nicotinamida apresentou

atividade anti-leishmaniose, enquanto que seu uso em concentrações superiores

induziu a morte do parasita. O efeito da combinação da vitamina com as drogas

antimônio pentavalente (SbV), tartarato de potássio e antimônio tri-hidrato (SbIII),

pentamida e anfotericina também foi estudado e os resultados mostraram que a SbV

e a SbIII apresentaram um sinergismo moderado, isto é, aumentaram

significantemente a atividade dessas drogas contra parasitas intracelular. A

pentamida apresentou um efeito antagonista com relação à presença de

nicotinamida e a anfotericina mostrou apenas um efeito de atividade aditivo [140].

Todos os vegetais e animais podem ser fontes da nicotinamida, que

ocorre como NAD e NADP devido a sua função geral. Fontes ricas das niacinas são

os fermentos, vísceras (rins, fígado e coração), assim como o músculo e a farinha

integral [109,141,127] A niacina não é uma vitamina clássica, uma vez que o corpo

pode sintetizar parte da demanda diária a partir do aminoácido essencial triptofano.

Apenas se a dieta de nicotinamida e triptofano forem insuficientes é que irão

aparecer os sintomas. A deficiência de nicotinamida é a causa principal da doença

pelagra, que têm entre seus sintomas a demência de todos os tipos, atraso no

desenvolvimento infantil, envelhecimento precoce, manifestações intestinais e na

pele devido a infecções crônicas. A pelagra também aumenta o risco de

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desenvolvimento de câncer, o que está ligado à função da nicotinamida no reparo do

DNA [109,127].

1.3.7 Piridoxina (Vitamina B6)

A vitamina B6 é o nome que abrange piridoxina, piridoxal e piridoxamina,

bem como as formas fosfatadas. A piridoxina está disponível no mercado na forma

hidroclorada, sendo um pó cristalino sem cheiro, solúvel em água (20 g por 100 mL

a 25°C), pouco solúvel em etanol e praticamente insolúvel em éter, clorofórmio e

acetona [110,127]. A estrutura molecular da piridoxina está mostrada na Figura 10

[127].

Figura 10. Estrutura molecular da piridoxina.

A piridoxina é muito estável no estado puro cristalino, em misturas secas

(por exemplo, comprimidos) e em soluções. Esta substância é resistente ao

aquecimento na presença de bases e ácidos, mas degrada pela ação da luz em

soluções neutras e alcalinas. Não é aconselhável que haja combinação de ferro na

formulação, pois a piridoxina tende a se complexar com esse metal. A piridoxina

pode ser usada em praticamente todas as formas de dosagem com propósitos

terapêuticos e preventivos [110]. Na forma de coenzimas, piridoxal-5-fosfato (PLP) e

piridoxamina-fostato (PMP), a vitamina B6 desempenha um papel chave no

metabolismo dos aminoácidos [109,142]. Esta vitamina é necessária no sistema

nervoso central como coenzima para a síntese de aminas biogênicas. Também

desempenha um papel importante no metabolismo dos carboidratos, especialmente

no desprendimento de glicose do glicogênio, e influencia na conversão de

aminoácido triptofano a niacina, na biossíntese de porfirina, em certas funções no

sistema nervoso e na síntese de hemoglobina. Há pelo menos 100 reações

dependentes de piridoxal fosfato no ser humano [109,127,143].

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A ocorrência da piridoxina nos reinos vegetal e animal é muito ampla,

sendo encontrada em altas concentrações, principalmente nas vísceras e laticínios.

Alimentos vegetais, tais como, batata, legumes, bananas, couve e alface também

são boas fontes de piridoxina. Nos vegetais a vitamina B6 pode estar presente na

forma de piridoxina glicosídica, que possui uma biodisponibilidade reduzida por

causa da necessidade de ser previamente hidrolisada por uma glicosidase intestinal

para ser absorvida. Gorduras, óleos e açúcar não contêm vitamina B6

[109,141,127,143,144].

A deficiência isolada de vitamina B6 é muito rara em humanos, em vista

que se há escassez dessa, a deficiência de outras vitaminas do complexo B estão

associadas e os sintomas de deficiência dessas outras vitaminas já estão presentes

no indivíduo. Os sintomas típicos incluem a pelagra; dermatite seborreica nas

regiões do nariz, boca e olhos; inflamações na boca e nos lábios; insônia; desordens

nervosas; irritabilidade; cólicas de origem cerebral em bebês; anemia hipocrômica;

aumento da eliminação renal de ácido oxálico acompanhada da formação de pedras

no trato urinário eferente. As deficiências de piridoxina, geralmente, estão

associadas a uma dieta pobre por um longo período de tempo, à hemodiálise, ao

uso de algumas drogas continuamente, ao alcoolismo crônico e a várias desordens

metabólicas e intestinais [110,127,145]. Outra circunstância que a deficiência pode

ocorrer é durante a gravidez e a lactação. Nesses períodos o organismo requer

maiores quantidades de piridoxina e o consumo deve ter um aumento proporcional.

Por isso a quantificação de vitamina B6 (e os compostos relacionados a ela) em leite

humano tem sido extensamente estudada, especialmente porque o leite é a única

fonte de nutrientes para crianças de até 4-6 meses de idade [144].

1.3.8 Ácido Fólico (Vitamina B9)

Folato é o termo genérico utilizado para designar tanto a forma natural

quanto a sintética da vitamina B9. O ácido fólico (ácido piteroilmonoglutâmico) é uma

substância cristalina laranja-amarelada que é solúvel em água, mas insolúvel em

etanol ou solventes orgânicos menos polares. É instável à luz, em condições ácidas

ou alcalinas, e na presença de agentes redutores e, exceto na forma seca, ao

aquecer. A estrutura molecular do ácido fólico está mostrada na Figura 11 [127].

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Figura 11. Estrutura molecular do ácido fólico.

Os folatos incluem um grande número de espécies quimicamente

relacionadas, cada uma diferindo em relação aos vários substituintes possíveis em

três locais na estrutura básica do ácido piteroilmonoglutâmico. Considerando todas

as variações estruturais possíveis, mais de 170 folatos diferentes são teoricamente

possíveis. Nem todos estes ocorrem na natureza, porém se estima que até 100

formas diferentes são encontradas em animais [109].

Em relação ao metabolismo, o ácido fólico é reduzido in vivo

enzimaticamente, primeiro a ácido 7,8-diidrofólico (FH2) e depois a FH4. Ambos

estes compostos são instáveis em ambientes aeróbios e devem ser protegidos pela

presença de um antioxidante (por exemplo, ácido ascórbico, 2 mercaptoetanol)

[109,127]. Dois derivados de ácido fólico, cada um tendo um grupo amino no lugar

do hidroxilo em C-4, são antagonistas de folato de uso biomédico: aminopterina

(ácido 4-aminofolico) e metotrexato (ácido 4-amino-N10-metilfolico). A aminopterina

é usada como um rodenticida e o metotrexato como um agente antineoplásico [109].

Essa vitamina é encontrada naturalmente em frutas e verduras,

particularmente as hortaliças como espinafre, couve e brócolis, entre outras fontes

de leguminosas, e em vísceras, principalmente o fígado. Dentre suas funções

biológicas, atua em diversas reações de transferência de unidades de carbono como

coenzima, incluindo metabolismo de aminoácidos, síntese de purinas e pirimidinas.

A falta desta vitamina implica em anemia megaloblástica, aumento da concentração

plasmática de homocisteína e defeitos na formação do tubo neural em fetos

[109,127].

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1.3.9 Cianocobalamina (Vitamina B12)

Vitamina B12 (Cobalamina) é um termo coletivo que abrange um

conjunto de compostos que possuem um átomo de cobalto no centro de um sistema

de anel do tipo porfirina, mas que possuem diferente substituintes. Seis formas de

cobalamina (cianocobalamina, hidroxocobalamina, cobalamina R, cobalamina S,

metilcobalamina e adenosilcobalamina) demonstraram atividade de vitamina B12 no

organismo humano [109].

A cianocobalamina cristaliza facilmente em agulhas vermelho escuras

insípidas e inodoras, é muito solúvel em água, em álcool, insolúvel em éter, acetona

e clorofórmio, e funde numa faixa de 210 a 220 °C com decomposição. Os cristais

são bastante higroscópicos e podem absorver até cerca de 12 % de água da

atmosfera. A cianocobalamina se decompõe em soluções básicas, ou fortemente

ácidas, ou na presença de agentes redutores, e, quando exposta à radiação UV, em

soluções neutras e ligeiramente ácidas, mas é relativamente estável na presença de

oxigênio atmosférico ou submetida a aquecimento. Em solução aquosa é mais

estável numa faixa de pH de 4,5 a 5,0 [110]. A estrutura molecular genérica das

cobalaminas está mostrada na Figura 12. A cianocobalamina, especificamente, tem

na posição do radical R um grupo ciano (– CN) [127].

Figura 12. Estrutura molecular genérica da cobalamina.

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As vitaminas provenientes da dieta são convertidas em suas formas

ativas – as coenzimas adenosilcobalamina e metilcobalamina. A primeira é

responsável pelo rearranjo intramolecular de grupos alquil e na degradação de

ácidos adiposos bifurcados e de número ímpar, bem como de certos aminoácidos.

Já a metilcobalamina desempenha um papel importante na transferência de grupos

metil na síntese dos aminoácidos metionina a partir da homocisteína, que algumas

vezes depende da presença de folatos, na mitocôndria das células. Assim, a

vitamina B12 também desempenha um papel importante na conversão, transporte e

estocagem das formas do ácido fólico em suas formas ativas, que são requeridas na

homogênese [109,141,127]. Também, está indiretamente envolvida na síntese de

ácidos nucleicos, e proteínas via biossíntese de bases púricas e pirimídicas, e de

metionina, com um importante papel no crescimento e nos processos de

desenvolvimento [109,146].

A cobalamina ocorre apenas em alimentos de origem animal. As maiores

quantidades são encontradas no fígado. Outras fontes de vitamina B12 incluem

substâncias musculares, peixe, gema de ovo, leite e queijo [127,146]. Alimentos de

origem vegetal podem apenas conter traços dessa vitamina se forem submetidas à

fermentação bacteriana, como no caso de bebidas fermentadas. Assim, uma dieta

estritamente vegetariana está quase totalmente livre dessa vitamina [146].

A baixa ingestão de cobalamina na dieta é extremamente rara. Os

sintomas de deficiência, geralmente, ocorrem em desordens orgânicas que levam ao

impedimento da absorção dessa vitamina pelo organismo. Dentre essas desordens

se destacam a baixa acidez estomacal (isto é, ausência de ácido clorídrico), atrofia

da mucosa gástrica ou cirurgia que levem à diminuição do fator intrínseco (IF),

formação de anticorpos contra o IF ou contra o complexo IF-B12, presença de certas

bactérias ou parasitas no trato gastrointestinal, desordens no fígado que reduzem o

estoque de vitaminas B12 e desordens metabólicas intracelular com formação

inadequada das formas da vitamina com atividade [109,146].

Os sintomas de deficiência de cianocobalamina consistem nos seguintes:

anemia megaloblástica – formação defeituosa das células na medula óssea conduz

a essa anemia, com supercrescimento característicos dos corpúsculos vermelhos do

sangue; desordens neurológicas – um sério resultado da deficiência de vitamina B12

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é a degeneração de certas áreas do cordão espinhal, que é frequentemente

irreversível e pode causar danos permanentes no sistema nervoso, caracterizado

pelo desprendimento da mielina, necrose de células do cordão espinhal e do córtex

14 cerebral. Tais desordens são acompanhadas de formigamento das mãos e pés,

perda do tato, dos movimentos de reflexo, da memória e do poder visual, confusões,

mudanças de caráter, alucinações e psicoses. O déficit de cianocobalamina pode

simular uma enfermidade de Creutzfeldt-Jakob, com combinação variável de

demência, ataxia e sinais piramidais e extrapiramidais [109,147,148].

1.3.10 Ácido Ascórbico (Vitamina C)

O ácido ascórbico (AA) é um sólido cristalino branco, que escurece

facilmente em contato com a luz. Faz parte do grupo das vitaminas hidrossolúveis e,

como tal, apresenta uma elevada solubilidade em água. Os seus sais, ascorbato de

sódio e ascorbato de cálcio, são ainda mais solúveis. Todos os derivados desta

vitamina são, então, insolúveis em gorduras e óleos [110,149]. O AA é pouco solúvel

em ácido acético, acetona e álcoois de cadeia curta como o metanol e o etanol, e

insolúvel em éter, clorofórmio, benzeno e éter de petróleo. Trata-se de um composto

estável em sua forma seca, porém se oxida com facilidade em solução aquosa. A

excepcional facilidade com que essa vitamina é oxidada faz com que ela funcione

como um bom agente oxidante: um composto que pode proteger outras espécies

químicas de possíveis oxidações, sendo este processo aumentado na presença de

calor [109,110,127,150]. A estrutura molecular do ácido ascórbico está apresentada

na Figura 13 [127].

Figura 13. Estrutura molecular do ácido ascórbico.

Apesar de não possuir grupos carboxílicos, a vitamina C apresenta

características de um ácido orgânico. A deslocalização dos elétrons π entre os

carbonos do sistema conjugado enediol aumenta a estabilidade da molécula e faz

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com que o hidrogênio do grupo hidroxila torne-se bastante ácido (pKa 1= 4,17)

contribuindo para a natureza ácida da vitamina C [109]. A sua elevada solubilidade

em água e outros solventes polares, caráter ácido, forte agente redutor e reatividade

são características atribuídas à sua estrutura química (presença do grupo hidroxi-

enólico). As ligações duplas no anel lactona estão relacionadas com as suas

propriedades de absorção. A absorção UV do ácido ascórbico é dependente das

espécies iônicas presentes, ou seja, do pH do meio. Em ambientes ácidos (níveis de

pH baixos), o AA encontra-se na forma protonada e a sua absorção máxima ocorre

em torno de 245 nm. Acima do pH 5, o AA encontra-se predominantemente como

espécie monoaniônica (ânion ascorbato) e possui absorção máxima por volta de 265

nm. Em soluções em pH acima de 12 o AA encontra-se totalmente dissociado [110].

O nome ácido ascórbico designa a atividade antiescorbútica da vitamina

C, e deriva da antiga forma inglesa da palavra escorbuto (scorby). Os seres

humanos fazem parte do grupo de seres vivos que não são capazes de sintetizar

vitamina C que devido à ausência da enzima L-gulonalactona oxidase não

conseguem transformar a glicose do sangue em ácido ascórbico. Desta forma, a

ingestão desta vitamina é vital para a saúde e até mesmo para a sobrevivência do

ser humano, pois o ácido ascórbico participa de inúmeras atividades fisiológicas. A

quantidade de vitamina C recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde),

é de 45 mg /dia, a qual é facilmente atingida com o consumo de frutas e vegetais

frescos [151]. As principais fontes naturais de vitamina C são encontradas em frutas,

como o caju, goiaba, manga, laranja e acerola, vegetais folhosos, como brócolis e

couve e os legumes, como os pimentões e o nabo [109,127,152,153]. A deficiência

de vitamina C pode ser definida como uma concentração no plasma inferior a 23

mmol/L, e afeta cerca de 5 a 10 % dos adultos no mundo ocidental, com maior

incidência em certos subgrupos, como fumantes, pessoas de baixa renda, mulheres

grávidas e seus recém-nascidos [109,127,154]. Por esse motivo, há diversos

suplementos nutricionais produzidos empregando a vitamina C em sua composição

[151].

O ácido deidroascórbico é a forma oxidada do ácido ascórbico (AA) e

possui 80% da atividade biológica de seu precursor não oxidado. A atividade

antioxidante da vitamina C envolve a doação de um elétron e a formação do radical

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livre ascorbato. O ácido deidroascórbico representa menos de 10% da vitamina C

total dos vegetais, tendendo a aumentar com o período de estocagem. Por isso

existem muitos trabalhos cujo escopo é dosar os teores de ácido ascórbico e

também deidroascórbico [151]. O ácido ascórbico é afetado pelo processamento de

frutas e vegetais, por isso sua retenção é usada frequentemente como indicativo da

qualidade nutricional e até mesmo de conservação dos alimentos. Durante o

processamento ou armazenamento, podem ocorrer perdas da vitamina C através de

uma série de rotas diferenciadas [110,151]. A determinação do ácido ascórbico em

alimentos é bastante complexa em função dos baixos níveis em que estes

compostos podem ser encontrados, além da presença de substâncias interferentes

da matriz estudada que podem, inclusive, contribuir para a sua degradação

[151,155].

Na Tabela 2 são mostradas as principais características físico-químicas

das vitaminas descritas. Pode-se verificar a grande diferença estrutural e,

consequentemente, entre as principais características físico-químicas dos

compostos vitamínicos listados, como massa molar, solubilidade, pKa, entre outras.

Tais diferenças podem contribuir para tornar o processo de desenvolvimento da

metodologia de análise bastante complexo.

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Tabela 2. Vitaminas avaliadas e suas principais características físico-químicas [156–159] .

VITAMINA NOME

GENÉRICO NOME QUÍMICO DESCRIÇÃO

FÓRMULA MOLECULAR

MASSA MOLAR (g/mol)

pKa LogP ESTABILIDADE SOLUBILIDADE ESTRUTURA

A Palmitato de

Retinol

(2E,4E,6E,8E)-3,7-dimetil-9-(2,6,6-

trimetilciclohex-1-en-1-yl)nona-2,4,6,8-tetraen-

1-il hexadecanoato

Líquido viscoso ou

semi-sólido, amarelado a alaranjado

C36H60O2 524,86 7,04 13,6

Sensível a oxidação; absorve umidade em exposição ao ar; fácil

metamorfismo na exposição à luz; em

solução, armazenar no escuro a temperatura de -

20°C em solventes livres de peróxidos

Levemente solúvel em etanol; solúvel em metanol, clorofórmio, éter etílico e óleos; insolúvel em água

D3 Colecalciferol

(1S,3E)-3-2-[(1R,3aS,4E,7aR)-7a-

metil-1-[(2R)-6-metilheptan-2-il]-

octahidro-1H-inden-4-ilidene]etilideno-4-

metildeneciclohexan-1-ol

Cristais finos e incolores

C27H44O 384,64 1,32; 18,38

7,5

Sensível á oxidação e à umidade do ar; armazenar sob vácuo, protegido da luz

a 4°C

Solúvel em etanol,

éter etílico, clorofórmio, acetona

e óleos vegetais; insolúvel em água

E Acetato de -

tocoferol

(2R)-2,5,7,8-Tetrametil-2-[(4R,8R)-4,8,12-trimetiltridecil]-3,4-

diidro-2H-cromen-6-il acetato

Líquido viscoso,

levemente amarelado

C31H52O3 472,74 10,8 7,59

Estável ao calor na ausência de oxigênio,

ácidos fortes e luz visível; estável em solução

alcalina; instável sob luz UV; leve oxidação na

exposição ao ar

Solúvel em etanol, éter etílico,

clorofórmio, acetona e óleos vegetais; insolúvel em água

B1 Tiamina

3-[(4-Amino-2-metil-5-pirimidinil)metil]-5-(2-

hidroxietil)-4-metil-1,3-tiazol-3-ium

Pó branco cristalino

C12H17N4OS 265,35 15,5 -2,11

Estável sob condições normais de armazenagem

e soluções ácidas; degradada em soluções

neutras e alcalinas; instável na presença de luz e

aquecimento

Solúvel em água; levemente solúvel em etanol; insolúvel em

éter e benzeno

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B2 Riboflavina

1-Deoxi-1-(4-hidroxi-7,8-dimetil-2-

oxobenzo[g]pteridin-10(2H)-yl)-D-ribitol

Cristal alaranjado a

amarelo C17H20N4O6 376,37 6,97 -1,46

Estável em soluções ácidas e na presença de agentes oxidantes; muito sensível

ao pH alcalino e luz

Solúvel em soluções aquosas básicas;

levemente solúvel em água e etanol; insolúvel em

clorofórmio e éter

B3 Nicotinamida Piridinacarboxamida Pó branco cristalino

C6H6N2O 122,13 13,39 -0,45 Estável em soluções ácidas e básicas; estável ao calor

Solúvel em água, etanol e glicerol

B6 Cloridrato de

Piridoxina 4,5-Bis(hidroximetil)-2-

metil-3-piridinol

Pó branco a quase branco,

cristalino C8H11NO3 169,18 9,4 -0,57

Estável em soluções ácidas; instável em soluções alcalinas e

fotossensível

Solúvel em água, etanol e soluções alcalinas; insolúvel

em éter

B12 Cianocobalami

na

Cobalto(3+);[(2R,3S,4R,5S)-5-(5,6-

dimetilbenzimidazol-1-il)-4-hidroxi-2-

(hidroximetil)oxolan-3-il] [(2R)-1-[3-

[(1R,2R,3R,5Z,7S,10Z,12S,13S,15Z,17S,18S,

19R)-2,13,18-tris(2-amino-2-oxoetil)-

7,12,17-tris(3-amino-3-oxopropil)-

3,5,8,8,13,15,18,19-octametil-2,7,12,17-

tetrahidro-1H-corrin-24-id-3-

il]propanoilamino]propan-2-il] fosfato;cianeto

Cristal vermelho escuro,

amorfo ou cristalino

C63H88CoN14

O14P 1355,29 1,84 0,67

Estável em exposição ao ar; instável em soluções

alcalinas e de ácidos fortes, com máxima estabilidade observada na faixa de pH

de 4,5-5,0

Solúvel em água e etanol; insolúvel em

éter, acetona e clorofórmio

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C Ácido

Ascórbico

(2R)-2-[(1S)-1,2-dihidroxietil]-3,4-

dihdroxi-2H-furan-5-ona

Pó cristalino branco a

amarelado, com sabor

ácido

C6H8O6 176,09 4,36 -1,58

Estável ao ar quando seco; amostras impuras oxidam facilmente após exposição

ao ar e luz; soluções aquosas são rapidamente

oxidadas pelo ar, aceleradas por pH alcalino,

ferro e cobre

Solúvel em água; levemente solúvel em etanol; insolúvel em

éter

B9 Ácido Fólico

2-[[4-[(2-amino-5-formil-4-oxo-1,6,7,8-

tetrahidropteridin-6-il)metilamino]benzoil]a

mino] ácido pentanodióico

Pó cristalino, alaranjado amarelo

C20H23N7O7 441,37 3,37 -1,2 Estável quando exposto ao ar; instável quando exposto

à luz

Solúvel em soluções alcalinas; levemente solúvel em metanol; insolúvel em água e

etanol

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2. OBJETIVOS

Os principais objetivos deste trabalho são:

1. Compreender a retenção das principais vitaminas lipossolúveis e

hidrossolúveis na técnica de Cromatografia com Fluido Supercrítico de Ultra Alta

Eficiência;

2. Aplicar as ferramentas de Quality by Design para o desenvolvimento de

um método analítico único para separação e quantificação de vitaminas lipossolúveis

e hidrossolúveis em complexos vitamínicos farmacêuticos empregando

Cromatografia com Fluido Supercrítico de Ultra Alta Eficiência.

3. EXPERIMENTAL

3.1 Reagentes

Palmitato de retinol, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Colecalciferol, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Acetato de alfa-tocoferol, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Nitrato de tiamina, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Riboflavina, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Nicotinamida, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Cloridrato de piridoxina, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Ácido fólico, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Cianocobalamina, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Ácido ascórbico, DSM Nutritional Products Colombia S.A;

Metanol grau HPLC, Tedia;

Acetonitrila grau HPLC, Panreac;

2-propanol grau HPLC, Panreac;

Dimetilsulfóxido grau HPLC, Panreac, lote: 476706;

Trietilamina grau HPLC, JT Baker, lote: G11J10;

Ácido fosfórico grau HPLC, Synth, lote: 106575;

Formato de amônio, Fluka, lote: #BCB4959V;

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Acetato de amônio, JT Baker, lote: E51C11;

Hidróxido de amônio, Sigma, lote: S57344-278;

Hidróxido de sódio, Ecibra, lote: 252975;

Água deionizada;

Dióxido de carbono (99,9% de pureza), Air Products.

3.2 Equipamentos

Balança analítica (Sartorius), com capacidade de pesagem de 0,01 mg à 220

g;

Banho de ultrassom (Logen Scientific);

Bomba a vácuo Vacunbrand, modelo 1C;

Sistema de deionização de água, Milli-Q Plus;

Vórtex (Phoenix Luferco AP56);

Cromatógrafo de Convergência de Ultra Performance (UPC2), da empresa

Waters Corporations, equipado com injetor de amostra automático, sistema binário

de bombeamento da fase móvel e detector por arranjo de diodos (DAD). Para

obtenção e tratamento dos dados foi empregado o software Empower Pro.

3.3 Colunas Cromatográficas

Coluna comercial ACQUITY UPC2 BEH 1,7 µm 2,1 mm X 100 mm, fabricada

pela empresa Waters, PN: 18606560, lote: 0106130281;

Coluna comercial ACQUITY UPC2 HSS C18 SB, 1,8 µm, 2,1 mm X 50 mm,

PN: 186006617, lote: 0106360251, precedida da coluna de guarda Van Guard® C18,

fabricada pela empresa Waters, de 1,8 µm, 2,1 mm X 5 mm (PN: 186006616, lotes:

106361591 e 104343431);

Coluna comercial ACQUITY UPC2 Torus 2-PIC (2-Picolilamina) 1,7 µm, 2,1

mm X 50 mm, PN: 186007596, lote: 0101343021, precedida da coluna de guarda

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Van Guard® C18, fabricada pela empresa Waters, de 1,7 µm, 2,1 mm X 5 mm

(PN:186007604, lote: 0101342481);

Coluna comercial ACQUITY UPC2 CSH Fluoro Fenil, 1,7 µm, 2,1 mm X 50

mm, PN: 186006567, lote: 0102331411, precedida da coluna de guarda Van Guard®

CSH Fluoro Fenil, fabricada pela empresa Waters, de 1,7 µm, 2,1 mm X 5 mm

(PN:186006566, lote: 0102130381).

3.4 Amostra

O produto farmacêutico utilizado como amostra e avaliado ao final do

desenvolvimento do método constitui-se de uma cápsula gelatinosa mole, contendo

em sua composição vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis, além de minerais e

excipientes. A composição padrão da formulação é mostrada na Tabela 3.

Tabela 3. Composição do produto farmacêutico a ser analisado [160]

COMPONENTE QUANTIDADE POR

CÁPSULA

Retinol (palmitato) – Vitamina A 2664 UI (2,664 mg)

Colecalciferol - Vitamina D 400 UI (0,01 mg)

Acetato de alfa-tocoferol - Vitamina E 10,0 mg

Ácido ascórbico - Vitamina C 70,0 mg

Tiamina (mononitrato) - Vitamina B1 3,0 mg

Riboflavina - Vitamina B2 3,40 mg

Nicotinamida - Vitamina B3 17,0 mg

Piridoxina (cloridrato) - Vitamina B6 4,0 mg

Ácido fólico - Vitamina B9 0,60 mg

Cianocobalamina - Vitamina B12 2,20 µg

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72

3.5 Procedimentos

3.5.1 Avaliação da Solubilidade das Vitaminas

Inicialmente, foi realizado um levantamento sobre a solubilidade das

vitaminas para a determinação dos solventes potenciais a serem utilizados como

diluentes no preparo da amostra em UHPSFC e avaliou-se, experimentalmente, a

solubilização das vitaminas em água, metanol, 2-propanol, acetonitrila e

dimetilsulfóxido, devido as suas conhecidas capacidades de solubilização de

matrizes complexas. Foram preparadas soluções das vitaminas em estudo, em

balões volumétricos, nas concentrações de 1,0 mg/mL por ser comumente

empregada em métodos de doseamento e 0,2 mg/mL, por se tratar de uma

concentração mais próxima da presente no produto farmacêutico avaliado, em cada

um dos diluentes testados. Cada solução foi agitada manualmente, levada ao

ultrassom por 15 minutos, agitados em agitador por 2 minutos e mantidas em

repouso por cerca de 60 minutos. Verificou-se a solubilização das vitaminas, em

cada condição, através de observação macroscópica, sendo considerados solúveis

aquelas que resultaram em uma solução límpida, sem observação de solutos

precipitados, após o tempo de repouso.

3.5.2 Avaliação do Volume de Injeção

Para avaliação do volume de injeção, preparou-se uma solução da

vitamina B3 (nicotinamida), na concentração de 1,0 mg/mL, nos diluentes 2-propanol,

dimetilsulfóxido, 100% metanol, metanol:água 80:20 (v/v) e metanol:água 50:50 (v/v),

e injetou-se no sistema cromatográfico 1 ou 3 μL, no modo isocrático, com 5% de

metanol:CO2 como fase móvel, vazão 1,0 mL/min, na coluna cromatográfica Acquity

UPC2 HSS C18 SB, com temperatura do forno de 40°C e detecção em 265 nm,

comprimento de onda este no qual todas as vitaminas apresentaram absortividade.

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Após a corrida, integrou-se o pico e avaliou-se o seu formato e o fator de assimetria,

em cada condição testada.

3.5.3 Seleção de Fase Móvel (Modificador Orgânico) e Seleção de

Fase Estacionária

Para o estudo de triagem da fase estacionária e do tipo de modificador

orgânico a ser empregado na fase móvel, avaliaram-se as colunas mencionadas no

item 3.3 e os solventes orgânicos: metanol, acetonitrila e 2-propanol.

Para a realização destes ensaios, as soluções padrão de trabalho foram

preparadas de forma a obter as concentrações descritas na Tabela 4, baseadas no

teor de cada vitamina esperado por cápsula da amostra, considerando a utilização de

duas cápsulas em um balão volumétrico de 25 mL, exceto para as vitaminas D, B9 e

B12, que por estarem em concentrações muito reduzidas na amostra, a solução

padrão de trabalho foi preparada na concentração de 0,10 mg/mL. Utilizou-se uma

solução de metanol:água 95:5 (v/v) como diluente, com volume de injeção de 1 μL,

temperatura do forno de 40°C e análise em comprimento de onda de 265 nm.

Tabela 4. Concentração dos analitos na solução padrão de trabalho

COMPONENTE CONCENTRAÇÃO NA

SOLUÇÃO TRABALHO (mg/mL)

Retinol (palmitato) - Vitamina A 0,21

Colecalciferol - Vitamina D 0,10

Acetato de alfa-tocoferol - Vitamina E 0,10

Ácido ascórbico - Vitamina C 5,60

Tiamina (mononitrato) - Vitamina B1 0,24

Riboflavina - Vitamina B2 0,27

Nicotinamida - Vitamina B3 1,36

Piridoxina (cloridrato) - Vitamina B6 0,32

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Ácido fólico - Vitamina B9 0,10

Cianocobalamina - Vitamina B12 0,10

As VLS (A, D e E) e as VHS (B1, B2, B3, B6, B9, B12 e C), foram

analisadas separadamente, a fim de facilitar a identificação dos picos e a análise dos

resultados. Para as VLS, foram construídas curvas de retenção variando a

porcentagem de modificador orgânico de 0 a 25 % (v/v), em modo isocrático, de

forma a obter o maior número de picos, com formato adequado, com vazão de 1,0

mL/min, temperatura do forno de 40°C. Já para as VHS, devido à grande diferença

na retenção destas vitaminas nas fases estacionárias avaliadas, a retenção deste

grupo de compostos foi verificada empregando eluição por gradiente, conforme

gráfico mostrado na Figura 14, de forma a selecionar o modificador orgânico e a fase

estacionária que resultassem no maior número de picos, com formato adequado.

Nestes estudos, o sistema de gradiente empregado atingiu até 40% de modificador

orgânico na fase móvel, a fim de garantir que nenhum composto ficasse retido na

coluna. A vazão empregada foi de 1,0 mL/min, temperatura do forno de 40°C.

Figura 14. Programa do gradiente utilizado no estudo de seleção do modificador orgânico e da fase

estacionária para eluição das vitaminas hidrossolúveis.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 1 10 15 20 25 26 30

% M

od

ific

ado

r O

rgân

ico

Tempo (min)

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75

3.5.4 Seleção de Fase Móvel - Aditivos

Nesta etapa do desenvolvimento, avaliou-se o efeito de alguns aditivos

comumente empregados em UHPSFC sobre o formato dos picos e o tipo de eluição

cromatográfica, nas melhores condições de fase estacionária e modificador orgânico

obtidas nos testes anteriores. Dessa forma, avaliou-se o efeito da adição na fase

móvel de acetato de amônio (10 mmol/L), formato de amônio (10 mmol/L), hidróxido

de amônio (5, 10, 20, 38,5 mmol/L e 0,2%, v/v), trietilamina (0,2%, v/v), ácido

fosfórico (0,2%, v/v), hidróxido de sódio (10 mmol/L) e água (5%, v/v) sobre o formato

dos picos das vitaminas e sua eluição.

Para a realização deste teste, as soluções padrão foram preparadas de

acordo com a Tabela 4, obtendo as concentrações descritas, em mg/mL, utilizando

uma solução de metanol:água 95:5 (v/v) como diluente, com volume de injeção de 1

μL, temperatura do forno de 40°C. Neste momento, as vitaminas foram preparadas

em uma única solução, e eluidas usando o programa de gradiente mostrado na

Figura 15. Nesta etapa do desenvolvimento, o sistema de gradiente foi otimizado,

visto que já se conhecia previamente o comportamento de eluição das vitaminas em

estudo. A vazão foi aumentada para 1,5 mL/min e a proporção máxima de

modificador orgânico utilizado foi de 25%.

Figura 15. Programa do gradiente de fase móvel empregado durante o estudo de seleção de aditivos

para a fase móvel (VHS + VLS).

0

5

10

15

20

25

30

0 1 5 25 26 30 % M

od

ific

ado

r O

rgân

ico

Tempo (min)

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3.5.5 Planejamento Experimental

Para realização dos estudos de planejamento experimental, as soluções

foram preparadas nas concentrações indicadas na Tabela 4, utilizando uma solução

de metanol:água 95:5 (v/v) como diluente, com volume de injeção de 1 μL e vazão de

1,5 mL/min. Neste momento, as vitaminas foram preparadas em uma única solução e

analisadas empregando eluição pelo gradiente descrito na Figura 15, utilizando as

melhores condições de fase móvel (modificadores orgânicos e aditivos) e fase

estacionária selecionadas nos estudos anteriores (Knowledge Space).

Desta forma, um Planejamento Experimental do tipo Composto Central foi

conduzido, conforme Tabela 5, com as colunas Acquity UPC2 HSS C18 SB e Torus

2-PIC, em fase móvel constituída de formato de amônio 10 mmol/L em metanol:água

95:5 (v/v) com adição de 10 mmol/L de hidróxido de amônio, a fim de se avaliar a

influência das variáveis que afetam a densidade do fluído em SFC sobre a eluição

cromatográfica dos analitos em estudo, a fim de se obter o Design Space.

Assim, as variáveis estudadas, ou Critical Process Parameters

selecionados foram: porcentagem de modificador ao final do gradiente, avaliado de

20 a 30 %, contra-pressão, avaliada de 1500 a 2500 psi e temperatura do forno,

avaliada de 30 a 50 °C. As respostas, ou Critical Quality Attributes (CQA) do método

observadas foram o fator de retenção, fator de assimetria dos picos, resolução,

número de pratos e a área dos analitos. O software utilizado para tratamento dos

resultados experimentais foi o Design Expert, versão 9.

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Tabela 5. Condições dos experimentos realizados de acordo com o Planejamento Composto Central.

ORDEM PADRÃO

ORDEM DE EXECUÇÃO

EXPERIMENTAL

MODIFICADOR ORGÂNICO (%)

PRESSÃO (PSI)

TEMPERATURA (°C)

4 1 30 2500 30

8 2 30 2500 50

1 3 20 1500 30

13 4 25 2000 30

17 5 25 2000 40

9 6 20 2000 40

15 7 25 2000 40

14 8 25 2000 50

10 9 30 2000 40

20 10 25 2000 40

3 11 20 2500 30

7 12 20 2500 50

6 13 30 1500 50

12 14 25 2500 40

16 15 25 2000 40

18 16 25 2000 40

2 17 30 1500 30

11 18 25 1500 40

19 19 25 2000 40

5 20 20 1500 50

3.5.6 Linearidade

A fim de desafiar o método analítico desenvolvido, testes prévios de

linearidade e seletividade foram conduzidos, com o intuito de verificar se o método

está apto para ser validado conforme RDC 166/2017 da ANVISA.

Para tal, preparou-se uma solução padrão estoque das vitaminas e em

seguida, alíquotas foram transferidas para balões volumétricos, resultando em

soluções com as concentrações descritas na Tabela 6. Para a vitamina B2

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(riboflavina), pelo fato desta apresentar limitada solubilidade, preparou-se cada

solução da curva de linearidade de forma direta, de forma a obter as concentrações

descritas na mesma tabela.

Estas soluções foram injetadas nas colunas Acquity UPC2 Torus 2-PIC

(VHS) e Acquity HSS C18 SB (VLS), conforme método desenvolvido, a fim de avaliar

a linearidade de cada analito. Através da correlação “área x concentração”, avaliou-

se os parâmetros coeficiente de correlação (critério de aceitação: mínimo 0,990),

coeficiente de determinação (r), resíduos padronizados (critérios de aceitação:

distribuição aleatória dentro do intervalo de -3 a 3) e intercessão com o eixo Y

(coeficiente linear) [161].

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Tabela 6. Concentrações de cada composto no ensaio de Linearidade e porcentagem correspondente da Solução Padrão.

Vitamina A Vitamina E Vitamina D Vitamina B1 Vitamina B2 Vitamina B3 Vitamina B6 Vitamina C

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

Conc. (mg/mL)

% Solução

Trabalho

0,04 18,77 0,15 18,75 0,02 20,00 0,01 4,17 0,02 8,15 0,01 0,74 0,01 3,13 3,00 53,57

0,06 28,15 0,23 28,13 0,03 30,00 0,02 8,33 0,04 15,11 0,02 1,47 0,02 6,25 3,50 62,50

0,08 37,54 0,30 37,50 0,04 40,00 0,04 16,67 0,06 21,63 0,04 2,94 0,04 12,50 4,00 71,43

0,10 46,92 0,38 46,88 0,05 50,00 0,06 25,00 0,08 28,89 0,06 4,41 0,06 18,75 4,50 80,36

0,12 56,31 0,45 56,25 0,06 60,00 0,08 33,33 0,12 44,07 0,08 5,88 0,08 25,00 5,00 89,29

0,14 65,69 0,53 65,63 0,07 70,00 0,10 41,67 0,16 58,89 0,10 7,35 0,10 31,25 5,50 98,21

0,16 75,08 0,60 75,00 0,08 80,00 0,15 62,50 0,20 73,33 0,15 11,03 0,15 46,88 6,00 107,14

0,18 84,46 0,68 84,38 0,09 90,00 0,20 83,33 0,24 87,41 0,20 14,71 0,20 62,50 6,50 116,07

0,20 93,84 0,75 93,75 0,10 100,00 0,25 104,17 0,26 97,41 0,25 18,38 0,25 78,13 7,00 125,00

0,22 103,23 0,83 103,13 0,11 110,00 0,30 125,00 0,27 100,00 0,30 22,06 0,30 93,75 7,50 133,93

0,24 112,61 0,90 112,50 0,12 120,00 0,35 145,83 0,28 104,81 0,35 25,74 0,35 109,38 8,00 142,86

0,26 122,00 0,98 121,88 0,13 130,00 0,40 166,67 0,30 110,74 0,40 29,41 0,40 125,00 8,50 151,79

0,28 131,38 1,05 131,25 0,14 140,00 0,45 187,50 0,35 130,00 0,45 33,09 0,45 140,63

0,30 140,77 1,13 140,63 0,15 150,00 0,50 208,33 0,37 135,19 0,50 36,76 0,50 156,25

0,32 150,15 1,20 150,00 0,16 160,00 0,75 312,50 0,75 55,15 0,75 234,38

0,34 159,53 1,00 416,67 1,00 73,53 1,00 312,50

1,25 520,83 1,25 91,91 1,25 390,63

1,50 625,00 1,50 110,29 1,50 468,75

1,75 729,17 1,75 128,68 1,75 546,88

2,00 833,33 2,00 147,06 2,00 625,00

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3.5.7 Injeções da Amostra

Após definição dos principais parâmetros do método analítico, avaliou-se o

perfil do cromatograma obtido após injeção de uma solução preparada com o

produto farmacêutico em teste.

Para a realização deste ensaio, transferiu-se o conteúdo de duas cápsulas

para um balão volumétrico de 25 mL e utilizou-se uma solução de metanol:água 95:5

(v/v) como diluente. Após solubilização sob agitação e banho de ultrassom, as

amostras foram filtradas em membrana de PTFE de 0,22m e injetadas (1 μL) no

sistema, conforme condições analíticas determinadas anteriormente.

A seguir, compararam-se os cromatogramas obtidos com a solução

amostra, solução padrão e injeção de diluente, a fim de detectar possíveis

interferências da matriz no tempo de retenção dos analitos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Solubilidade

Da mesma maneira que em cromatografia líquida, na técnica de UHPSFC

é importante que o analito seja solubilizado em um solvente com polaridade

semelhante à fase móvel, ou mais fraco que esta, pois a utilização de solventes com

maior força cromatográfica que a fase móvel como diluente dificulta a interação dos

analitos com a fase estacionária, na entrada da coluna, até que a amostra se dilua

na fase móvel, ocasionando em problemas de alteração na retenção e distorção do

pico cromatográfico [162,163]. Além disso, diluentes de viscosidade muito diferente

da fase móvel também são fontes de distorções, visto que aqueles mais viscosos

dificultam a solubilização dos analitos na fase móvel, levando à distorção dos picos

dos compostos menos retidos, enquanto os diluentes menos viscosos proporcionam

uma introdução instável da amostra na coluna, também acarretando em alargamento

dos picos [164].

A transferência destes conhecimentos para SFC não é simples, conforme

explicitado por Ambrahamsson e Sandahl [165], pois a avaliação do grau de

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solubilização da amostra na fase móvel não é direta, visto que a força

cromatográfica da fase móvel depende de muitos fatores, como densidade,

temperatura, pressão e o emprego de modificadores orgânicos, sendo estes

interdependentes entre si, o que dificulta a realização de estimativas e compreensão

do fenômeno de solubilização da amostra na fase móvel. Segundo os autores,

poucos trabalhos publicados tratam destes aspectos relacionados à solubilização da

amostra.

Assim, do ponto de vista prático, devido ao fato da fase móvel em

UHPSFC ser constituída basicamente de CO2, a qual é apolar, e, portanto,

apresenta uma baixa força cromatográfica, deve-se selecionar um diluente com

caráter também apolar e, caso isto não seja possível, deve-se aumentar a polaridade

do diluente e avaliar o formato do pico cromatográfico.

Fairchild e Hill [166] avaliaram o formato do pico do composto

butilparabeno dissolvido em oito diferentes solventes orgânicos (metanol, etanol,

isopropanol, tetraidrofurano, 30:70 (v/v) isopropanol:heptano, 50:50 (v/v)

tetraidrofurano:heptano, 30:70 (v/v) tetraidrofurano:heptano e dimetilsulfóxido), em

uma coluna de 150 x 2,1 mm x 5 μm. Os autores constataram que, diluentes com

força cromatográfica mais próxima do CO2 apresentavam formatos de pico mais

regulares, como n-hexano e n-heptano. À medida que a força cromatográfica do

solvente aumentava, o pico tornava-se mais largo, como observado com 2-propanol

e metanol, mesmo quando pequenos volumes de injeção eram utilizados. A Figura

16 mostra os cromatogramas obtidos pelos autores utilizando 30:70 (v/v)

isopropanol:heptano (A), 2-propanol (B) e metanol (C) como diluentes da amostra,

após injeção de vários volumes de injeção – 0,5 µL (preto), 1,0 µL (vermelho), 1,5 µL

(azul), 2,0 µL (verde), 2,5 µL (azul claro), 3,0 µL (rosa) e 4,0 µL (marrom).

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Figura 16: Cromatogramas do butilparabeno utilizando: (A) 30:70 (v/v) isopropanol:heptano, (B) 2-

Propanol e (C) metanol como diluente da amostra. As cores representam vários volumes de injeção:

0,5 µL (preto), 1,0 µL vermelho), 1,5 µL (azul), 2,0 µL (verde), 2,5 µL (azul claro), 3,0 µL (rosa) e 4,0

µL (marrom). Adaptado de Fairchild e Hill (2013) [166].

Outro artigo que mostra o efeito de diferentes diluentes foi publicado por

Abrahamsson e Sandahl [165], porém de forma mais exaustiva que Fairchild e Hill.

Desta vez, diversos analitos, de diferentes polaridades, foram analisados em três

colunas cromatográficas diferentes (sílica, C18 e 2-EP), usando 17 diluentes puros,

sem misturas de solventes, com intuito de verificar quais características dos

solventes, como ponto de ebulição, tensão superficial, diferentes tipos de interações

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moleculares, densidade, constante dielétrica, entre outros, apresentavam maior

influência sobre o formato dos picos cromatográficos dos diferentes analitos em

estudo. Assim como descrito por Fairchild e Hill, o dimetilsulfóxido apresentou picos

bastante largos, e mostrou-se o pior diluente para as amostras, em relação ao

formato dos picos. O estudo mostrou também que existe uma interação entre o

diluente, fase estacionária utilizada e composição de fase móvel, sendo que cada

configuração pode beneficiar ou afetar negativamente o formato do pico

cromatográfico de um analito, e, portanto, a eficiência da separação. Segundo os

autores, as maiores fontes de distorção dos picos estão relacionadas à densidade,

pressão de vapor e interações do diluente com a coluna e com os analitos.

Pode-se concluir, portanto, que uma relação ideal entre a solubilidade da

amostra, formato do pico, estabilidade da amostra e retenção do composto deve ser

obtida, a fim de se determinar o melhor solvente para ser empregado como diluente,

a fim de proporcionar resultados satisfatórios durante o desenvolvimento de uma

metodologia analítica pela técnica de UHPSFC.

Observando os valores de logP das vitaminas mostrados na Tabela 2, fica

claro que as vitaminas A, D e E apresentam menor solubilidade em água e maior

solubilidade em octanol que as demais, e por isso são classificadas como vitaminas

lipossolúveis. As demais vitaminas apresentam valores de logP bem menores,

indicando serem mais hidrossolúveis que as anteriores. Além disso, pode-se inferir

que cada grupo de vitaminas deve realizar diferentes tipos de interações entre a fase

estacionária, fase móvel e diluente, tornando o processo de escolha do diluente

bastante complexo. Como a diferença de solubilidade entre as vitaminas estudadas

é bastante significativa, houve a necessidade de se testar diversos diluentes para

solubilizá-las, visto que esta é uma condição primária para escolha de um diluente

adequado. West [167] cita que um composto pode ser considerado apto para ser

analisado por SFC quando este for capaz de se dissolver pelo menos na

concentração de 1 mg do analito por mL de metanol, destacando assim a

importância do estudo de solubilidade dos analitos durante o desenvolvimento da

metodologia analítica por UHPSFC. Foram realizados então testes de solubilidade

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das vitaminas em diversos solventes comumente utilizados em UHPSFC, de

diferentes características físico-químicas, a fim de se determinar o diluente mais

adequado para solubilizar as diferentes vitaminas em estudo. Os resultados obtidos

inicialmente são mostrados na Tabela 7.

Tabela 7. Resultados dos testes de solubilidade empregando diferentes solventes.

VIT.

DILUENTE

ÁGUA METANOL ACETONITRILA 2-PROPANOL DIMETILSULFÓXIDO

1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL

A Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

D Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

E Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B1 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel

B2 Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel

B3 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B6 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B9 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel

B12 Solúvel Solúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel

C Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel

Verifica-se que todas as vitaminas lipossolúveis de fato são imiscíveis em

água pura, em ambas as concentrações estudadas. Além disso, as vitaminas B2

(riboflavina) e B9 (ácido fólico) também se mostraram insolúveis em água, a 1,0

mg/mL, sendo que a vitamina B2 é solúvel na concentração de 0,2 mg/mL neste

solvente. O metanol, assim como os demais solventes orgânicos avaliados

(acetonitrila, 2-propanol e dimetilsulfóxido) foram capazes de solubilizar as vitaminas

lipossolúveis. Entretanto, para as vitaminas hidrossolúveis, os resultados não foram

satisfatórios, com exceção do dimetilsulfóxido, que solubilizou todas as vitaminas. A

acetonitrila e o 2-propanol não foram capazes de solubilizar a maioria das vitaminas

hidrossolúveis, em qualquer concentração. Assim, pode-se concluir que o metanol

foi o solvente orgânico puro, juntamente com o dimetilsulfóxido, que apresentou os

melhores resultados, solubilizando o maior número de vitaminas. Entretanto, o

metanol não solubilizou a vitamina B12 (cianocobalamina) em nenhuma

concentração estudada. O dimetilsulfóxido poderia ser um bom diluente, em relação

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a sua capacidade de solubilização das vitaminas analisadas. De fato, este solvente

orgânico é bastante utilizado para solubilizar amostras complexas, principalmente

em Cromatografia Gasosa. Entretanto, por tratar de uma molécula extremamente

polar, causa uma severa distorção nos picos cromatográficos, conforme observado

por Fairchild e Hill [166] e Abrahamsson e Sandahl [165]. Assim, o metanol mostrou-

se o melhor solvente para solubilizar as vitaminas lipossolúveis e a maioria das

hidrossolúveis. Dessa forma, com o intuito de solubilizar as vitaminas hidrossolúveis

B9 e B12, foram preparadas soluções de metanol e água, em diferentes proporções

(de 50 a 5% de água em metanol). Os resultados são mostrados na Tabela 8.

Tabela 8. Resultados do teste de solubilidade empregando metanol:água em diferentes proporções

(v/v).

VIT.

DILUENTE

METANOL:ÁGUA 50:50

METANOL:ÁGUA 80:20

METANOL:ÁGUA 90:10

METANOL:ÁGUA 95:5

1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL

A Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel

D3 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

E Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B1 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B2 Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel

B3 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B6 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B9 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel

B12 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel

C Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

Como pode ser observado na Tabela 8, a adição de uma pequena

quantidade de água em metanol prejudica a solubilização das vitaminas

lipossolúveis, principalmente a vitamina A, mais apolar dentre as vitaminas

estudadas. Entre 5 a 10 % de água (v/v), entretanto, é possível solubilizá-las, na

concentração de 0,2 mg/mL, que é mais próxima da concentração de trabalho a ser

empregada no método analítico a ser desenvolvido. Em relação às vitaminas

hidrossolúveis, foi possível solubilizá-las com a adição de 20% de água em metanol,

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na concentração de 0,2 mg/mL, com exceção da cianocobalamina (vitamina B12),

que se manteve insolúvel em todas as proporções de água avaliadas em ambas as

concentrações.

A vitamina B12 mostrou-se, portanto, a vitamina de maior dificuldade

de solubilização neste estudo. Embora presente em concentrações muito baixas nas

formulações farmacêuticas, não foi possível solubilizá-la em metanol, nem em

solução hidroalcoólica de metanol, mesmo que em alta concentração de água. De

fato, se trata de uma molécula de elevada massa molar, e baixa solubilidade em

solventes orgânicos. Entretanto, como pode ser observado na Tabela 7, esta

vitamina foi solúvel apenas em água pura. Dessa forma, realizaram-se experimentos

de solubilidade onde foram adicionados primeiramente um determinado volume de

água, seguido por agitação em ultrassom, e então adicionado o metanol. O objetivo

foi avaliar se a água adicionada inicialmente era capaz de solubilizar as vitaminas

hidrossolúveis, incluindo a vitamina B12, e se a posterior adição de metanol não

levaria a precipitação destas vitaminas já solubilizadas ao mesmo tempo em que o

metanol fosse capaz de solubilizar as vitaminas lipossolúveis. Os resultados estão

mostrados na Tabela 9.

Tabela 9. Resultados do teste de solubilidade empregando metanol:água em diferentes proporções

(v/v), com adição de água seguida de agitação em ultrassom e posterior adição de metanol.

DILUENTE

VIT. 50 ÁGUA + 50 METANOL 20 ÁGUA + 80 METANOL 10 ÁGUA + 90 METANOL 5 ÁGUA + 95 METANOL

1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL 1,0 mg/mL 0,2 mg/mL

A Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel

D3 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

E Insolúvel Insolúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B1 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B2 Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel

B3 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B6 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

B9 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel Insolúvel Solúvel

B12 Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

C Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel

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Pode-se verificar que a adição de água, seguida da adição de metanol,

desfavorece bastante a solubilização das vitaminas lipossolúveis, sendo que a

vitamina A (retinol) foi a mais afetada, devido ao fato desta ser a mais apolar das

vitaminas avaliadas. Ao reduzir a quantidade de água adicionada para 10% e 5%,

encontra-se uma condição onde todas as vitaminas são solubilizadas, na

concentração de 0,2 mg/mL. Primeiramente as vitaminas hidrossolúveis são

solubilizadas, na pequena quantidade de água adicionada, e depois as lipossolúveis,

na grande quantidade de metanol adicionada posteriormente. A fim de garantir que

as vitaminas lipossolúveis de fato estejam solubilizadas, foi escolhido a condição de

5% de água e 95% de metanol, pois em 10% de água foi necessário um tempo

extremamente longo de agitação e ultrassom parra dissolver a vitamina A. Além

disso, quanto maior a proporção de água utilizada no diluente, mais polar este fica,

prejudicando assim o formato dos picos cromatográficos, conforme resultados que

serão mostrados a seguir.

4.2 Volume de Injeção

Paralelamente à definição do diluente, verificou-se o efeito de diferentes

volumes de injeção sobre o perfil dos picos cromatográficos. Fairchild e Hill

afirmaram em seu estudo [166] que o volume de injeção também constitui um fator

bastante crítico para a técnica de UHPSFC e deve ser cuidadosamente estudado.

Volumes de injeção elevados levam a distorções dos picos cromatográficos,

enquanto volumes de injeção reduzidos podem levar à perda da detectabilidade

analítica. Os autores também mostraram que o volume de injeção ótimo apresenta

forte dependência com o tipo de diluente utilizado. Normalmente, o volume de

injeção ideal para esta técnica é de cerca de 0,5% do valor do volume da coluna,

menor, portanto, que o empregado em cromatografia líquida, onde geralmente se

trabalha na faixa de cerca de 1,0% do volume da coluna cromatográfica, conforme

sugerido por Nováková et al. [29].

Na Tabela 10 são mostrados os resultados da variação do volume de

injeção e do tipo de diluente utilizado sobre o formato do pico cromatográfico e fator

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de assimetria do pico para uma das vitaminas estudadas (vitamina B3), na

concentração de 1,0 mg/mL. Consideram-se aceitáveis valores de fator de

assimetria de pico entre 0,8 a 1,5 [168].

Tabela 10. Formato do pico cromatográfico e fator de assimetria para a vitamina B3 em função de

vários tipos de diluentes e diferentes volumes de injeção.

Pode-se verificar que os diluentes tetraidrofurano e dimetilsulfóxido, por

serem solventes bastante polares, apresentaram os piores resultados de fator de

assimetria, em ambos os volumes de injeção avaliados, possivelmente por

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proporcionarem fortes interações com os silanóis livres presentes na coluna, assim

como já relatado na literatura [165,166]. O 2-propanol, por apresentar polaridade

mais próxima da fase móvel dentre os solventes avaliados, forneceu melhores

valores de fator de assimetria nos dois volumes de injeção estudados, no entanto,

sua capacidade de solubilização dos analitos presentes na amostra é muito

pequena, e o formato do pico na injeção de 3 µL ficou alargado.

O metanol, apesar de ser mais polar que o 2-propranol, apresentou valor

de fator de assimetria adequado quando se utilizou o volume de 1 µL, mesmo

quando se adicionou até 20% de água na solução. Entretanto, ao se utilizar solução

com 50% de água como diluente, ou aumentar o volume de injeção para 3 µL (para

qualquer proporção de água), houve distorção do formato do pico, indicando assim

que, ao utilizar o metanol como diluente de escolha para a metodologia analítica a

ser desenvolvida, o volume de injeção não deverá ser superior a 1 µL. Nota-se que,

na proporção 50:50 (v/v) metanol:água, o fator de assimetria do pico ficou em 0,98, e

embora seja considerado um valor aceitável, o formato do pico ficou comprometido,

com uma cauda frontal bastante significativa, característica de injeções onde o

diluente apresenta força cromatográfica significativamente maior que a fase móvel,

como neste caso. Tais resultados estão de acordo com os observados por

Abrahamsson e Sandahl [165], que concluíram que as propriedades físico químicas

do solvente utilizado como diluente influencia no formato dos picos cromatográficos,

assim como o volume de injeção utilizado.

4.3 Estudo da Seleção de Fase Estacionária e Fase Móvel

Após definição do diluente e volume de injeção mais adequados, foi

necessário definir o tipo de fase estacionária e a composição da fase móvel mais

apropriadas para separação das vitaminas. Como a técnica de UHPSFC é nova,

pouquíssimas informações sobre fases estacionárias e composição de fase móvel

indicadas para análises de vitaminas estão publicadas. Além disto, não é possível

prever as condições cromatográficas a serem utilizadas nesta técnica com base em

métodos por HPLC, uma vez que os mecanismos de retenção envolvidos são

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completamente diferentes. Dessa forma, foi preciso, inicialmente, realizar

experimentos visando compreender o comportamento de cada vitamina frente

algumas composições de fase móvel e de tipos de fase estacionárias mais comuns

para a técnica de UHPSFC.

Para a realização da triagem inicial proposta, avaliou-se o desempenho

cromatográfico das diferentes vitaminas estudadas em quatro diferentes tipos de

fase estacionárias, disponíveis no laboratório, sendo elas BEH (sílica), Acquity HSS

C18 SB, Torus 2-PIC e CHS Fluoro-Fenil, cujas estruturas estão mostradas na

Figura 17, e três solventes orgânicos diferentes, sendo eles metanol, 2-propanol e

acetonitrila.

Figura 17. Estrutura das fases estacionárias utilizadas neste trabalho: A) BEH (somente sílica

híbrida), B) HSS C18 SB, C) CHS Fluoro-Fenil e D) Torus 2-PIC.

4.3.1 Estudo de Seleção de Fase Estacionária

Para as VLS, foi possível observar que as vitaminas A e E apresentam

baixa retenção em todas as fases estacionárias, com exceção da HSS C18 SB, onde

a retenção observada foi muito maior. Além disso, a vitamina D apresentou maior

retenção em todas as fases estudadas, quando comparada às demais VLS. Os

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cromatogramas mostrados na Figura 18 representam os resultados obtidos para

separação das VLS quando utilizado 10% de metanol como modificador orgânico,

para os quatro tipos de fase estacionária avaliados.

Figura 18. Cromatogramas obtidos para separação das VLS, utilizando metanol como modificador

orgânico, nas diferentes fases estacionárias estudadas: A) HSS C18 SB, B) Torus 2-PIC, C) BEH e D)

CHS Fluoro-Fenil. Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A e 3. Vitamina D. Eluição isocrática com

10% de metanol na fase móvel, vazão de 1,0 mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume

de injeção e detecção em 265 nm.

A coluna BEH é constituída basicamente de cadeias de sílica híbrida de

segunda geração, interligadas por ponte de eteno, sendo, portanto, considerada

uma coluna bastante polar, porém com a quantidade reduzida de grupos silanóis.

Pode-se verificar uma baixa retenção das VLS nesta coluna, com qualquer solvente

orgânico empregado como fase móvel, em qualquer concentração. Entretanto, é

possível observar que, mesmo que os analitos sejam extremamente apolares, e a

coluna extremamente polar, o aumento de solvente orgânico, mais polar que a fase

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móvel (CO2), favorece a eluição mais rápida das vitaminas apolares, indicando que

outros parâmetros, além da afinidade analito-fase móvel-fase estacionária,

influenciam no processo de eluição nesta técnica cromatográfica. Nesta coluna, as

vitaminas A e E sempre coeluiram em um mesmo tempo de retenção, em qualquer

proporção de solvente orgânico, sendo que a vitamina D apresenta uma retenção

maior que as demais. Assim, pode-se verificar que a coluna BEH não se mostrou

adequada para a separação destes compostos apolares.

A coluna Acquity Torus 2-PIC, composta também de vários grupamentos

polares (2-picolilamina), apresentou retenção ainda menor para as VLS, em relação

à coluna BEH, sendo que as vitaminas A e E sempre coeluiram em um tempo de

retenção próximo ao tempo de retardamento (volume morto) da coluna. O mesmo

comportamento pode ser observado quando utilizada a coluna Acquity CSH Fluoro-

fenil, que também pode ser considerada uma coluna polar. Assim como na coluna

BEH, a vitamina D apresentou uma retenção maior que as demais vitaminas nestas

duas colunas, porém menor que nas colunas Acquity Torus 2-PIC e CSH Fluoro-

Fenil. O fato destas colunas apresentarem grupamentos muito polares, como átomos

de flúor, oxigênio e nitrogênio, deve contribuir para repelir os grupamentos apolares

dos analitos avaliados, contribuindo assim para a mínima retenção destes nestas

colunas, não sendo, portanto, adequadas para este tipo de separação.

Como esperado, a coluna Acquity HSS C18 SB apresentou maior

retenção de todas as VLS analisadas, inclusive com separação de todas as VLS,

para qualquer solvente orgânico utilizado como fase móvel, mesmo em altas

concentrações de solvente orgânico, indicando ser esta coluna a mais apropriada

para a separação deste grupo de compostos. Por ser constituída de grupamentos

apolares de carbono (C18) ligados à sílica e pelo fato dos analitos serem

extremamente apolares, estes ficaram mais retidos na fase estacionária, devido à

intensa interação hidrofóbica com a mesma, aumentando o tempo de retenção e

proporcionando a adequada separação dos compostos. A Figura 19 mostra o perfil

de retenção da Vitamina A em função do aumento da proporção de metanol

empregado como modificador orgânico. Para todas as VLS e todos os modificadores

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orgânicos testados, os resultados foram similares aos demonstrados a seguir.

Observa-se claramente que a inflexão da curva “fator de retenção vs. porcentagem

de modificador orgânico”, para a coluna Acquity HSS C18 SB é mais pronunciada

que nas demais colunas, sendo a faixa de 0,8 a 10% de modificador orgânico a mais

indicada para ser utilizada em uma metodologia analítica de separação destes

compostos com esta coluna.

Figura 19. Fator de retenção da Vitamina A em função da variação na proporção de modificador

orgânico metanol, nas diferentes fases estacionárias estudadas.

Verificou-se que em todas as colunas a Vitamina D apresentou uma

retenção sempre maior que as demais VLS. Isso pode ser explicado pelo fato desta

vitamina ter a menor massa molar e possuir um grupo hidroxila mais livre que as

demais vitaminas. Assim, as moléculas de colecalciferol podem interagir mais

intensamente com a fase estacionária, levando ao maior tempo de retenção,

principalmente na coluna Acquity HSS C18 SB.

Em relação às VHS, pode-se verificar que os resultados mais satisfatórios

e promissores foram observados nas colunas Acquity Torus 2-PIC e Acquity HSS

C18 SB. Para as colunas Acquity CSH Fluoro-Fenil e BEH, os picos apresentam os

piores formatos e obtiveram desempenho cromatográfico insatisfatório para todos os

solventes orgânicos avaliados. Os cromatogramas mostrados na Figura 20

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Fato

r d

e R

eten

ção

Metanol (%)

Coluna HSS C18

Coluna BEH

Coluna Torus 2-PIC

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representam os resultados obtidos para separação das VHS quando se utilizou

metanol como modificador orgânico, para os quatro tipos de fase estacionária

avaliados.

Figura 20. Cromatogramas obtidos para separação das VHS, utilizando metanol como modificador

orgânico, nas diferentes fases estacionárias estudadas: A) HSS C18 SB, B) Torus 2-PIC, C) BEH

e D) CHS Fluoro-Fenil. Compostos: 1. Vitamina C, 2. Vitamina B3, 3. Vitamina B6 e 4. Vitamina

B2. Programação de gradiente conforme Figura 14, vazão de 1,0 mL/min, temperatura da forno de

40°C, 1µL de volume de injeção e detecção em 265 nm.

A coluna Acquity Torus 2-PIC, composta por grupamentos bastante

polares em sua estrutura (2-picolilamina), apresentou resultados satisfatórios para a

análise das VHS, quando se empregou metanol como modificador orgânico da fase

móvel, possibilitando a eluição de quatro das sete VHS em estudo. Além disso,

conforme será discutido na sessão “estudo de seleção de fase móvel” mais adiante,

a adição dos aditivos formato de amônio e água melhoraram os resultados obtidos,

sendo possível obterem valores adequados de fator de assimetria, resolução e

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detectabilidade quando se empregou esta coluna. Entretanto, nesta coluna não foi

possível obter uma condição aceitável para análise das VLS, pois as vitaminas A e E

não foram eluidas em nenhuma das fases móveis avaliadas. Além disso, o pico da

vitamina D apresentou formato insatisfatório. Dessa forma, esta coluna não pode, a

princípio, ser usada para análise simultânea de VLS e VHS, mas certamente pode

ser aplicada ao desenvolvimento de métodos visando o doseamento apenas das

VHS, como por exemplo, em medicamentos que contenham as vitaminas do

complexo B.

A coluna Acquity HSS C18 SB também apresentou resultados

promissores para análise das VHS, separando razoavelmente quatro das sete VHS

em estudo, sendo que o emprego de aditivos, conforme discutido na sequência,

melhorou de forma significativa o desempenho observado. Além disso, pelo fato de

ter sido a fase estacionária mais adequada para análise das VLS, pode ser

considerada a coluna mais adequada para uma separação simultânea deste grupo

de compostos, com características físico-químicas muito diferentes entre si. Uma

explicação razoável para esse fato é que, tendo a coluna com grupos apolares (C18)

ligados à sílica e as VLS também sendo apolares conseguem interagir por

interações hidrofóbicas com a fase estacionária, sendo então devidamente

separadas. Além disso, a coluna C18 é capaz de reter compostos hidrofílicos, como

as VHS, devido às interações hidrofílicas com os grupos silanóis livres da FE. Dessa

forma, uma mesma coluna apresenta-se capaz de separar uma série tão extensa de

compostos orgânicos, de ampla faixa de polaridade.

As colunas Acquity CSH Fluoro-Fenil e BEH foram capazes de eluir

apenas três das sete VHS analisadas e com formatos de pico insatisfatórios. Por se

tratarem das colunas de fase estacionária com maior polaridade dentre as colunas

estudadas, possivelmente não apresentaram seletividade suficiente para separação

adequada nem mesmo dentro do grupo exclusivo das VHS. Conforme mostrado

mais adiante, para todos os modificadores orgânicos e aditivos utilizados na fase

móvel, estes dois tipos de fase estacionárias não proporcionaram resultados

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interessantes de desempenho cromatográfico e formato dos picos para as vitaminas

em estudo.

Dentre as vitaminas analisadas, verifica-se que a vitamina B1 (tiamina)

não foi detectada em nenhuma fase estacionária e condição de fase móvel descritas

acima. Uma explicação para tal observação é de que, pelo fato deste analito ser

bastante polar, inclusive com indicação de estar protonado em solução, devido ao

elevado valor de pKa do grupo amina presente em sua estrutura química, interage

de forma intensa com os grupos polares da fase estacionária, sendo necessário uma

elevada força cromatográfica da fase móvel para garantir sua eluição da coluna, o

que não foi observado utilizando-se os modificadores orgânicos puros em estudo.

Entretanto, durante a discussão dos resultados do “estudo de seleção de fase

móvel”, poderá ser observado que o emprego de aditivos polares à fase móvel, tais

como sais, hidróxidos e água, resulta em aumento da polaridade da fase móvel,

sendo possível então a eluição da vitamina B1, contornando este problema em

relação a eluição deste composto.

Já em relação às vitaminas B9 (ácido fólico) e B12 (cianocobalamina),

verificou-se que estas não foram detectadas em nenhuma fase estacionária e

nenhuma das condições de fase móvel avaliadas. Estas vitaminas apresentam

características que dificultam sua análise por UHPSFC, como elevada massa molar

(1355,29 para cianocobalamina e 441,37 para ácido fólico) e reduzidos valores de

logP (0,67 para cianocobalamina e -1,2 para o ácido fólico). Tratam-se de compostos

extremamente polares, e que, apesar de solubilizados no diluente empregado,

metanol:água 95:5 (v/v), podem precipitar em contato com a fase móvel, que nesta

técnica, é bastante apolar, devido à presença majoritária do CO2. Além disso, é

conhecido que, apesar de se encontrar na literatura métodos analíticos para

doseamento destas vitaminas por cromatografia, os mesmos envolvem condições

extremas e de difícil reprodutibilidade, sendo que a maioria dos métodos de

quantificação destas vitaminas baseia-se em análises microbiológicas.

Conforme afirmado por West e Leseiller [30] e Lesellier [72] em seus

artigos de revisão, dentre as diversas estratégias para obtenção de um bom

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desempenho cromatográfico em SFC, a principal delas é a escolha da melhor fase

estacionária para garantir uma boa separação, frente à grande diferença de

resolução e formato dos picos obtidos em cada fase estacionária avaliada. Dessa

forma, pode-se afirmar que o conhecimento dos conceitos do sistema de

classificação de fase estacionárias, baseado no uso da relação da energia linear de

solvatação – Linear Solvatation Energy Relationship (LSER), desenvolvido por West

e Lesellier [73], norteou a análise dos quatro tipos de fases estacionárias

empregadas neste estudo, que se localizam em diferentes regiões deste sistema, o

que garantiu a ortogonalidade necessária para realização da triagem de fase

estacionária para as vitaminas em estudo, de forma similar ao proposto por Khater et

al. [79], assegurando que os resultados obtidos fossem representativos e confiáveis,

possibilitando assim o prosseguimento das demais etapas do desenvolvimento

analítico de forma eficiente.

4.3.2 Estudo de Seleção de Fase Móvel

Em relação à fase móvel, verifica-se que existe pouca variação na

retenção das VLS quando se alteraram os modificadores orgânicos da fase móvel,

principalmente para as colunas mais polares BEH, Acquity Torus 2-PIC e Acquity

CSH Fluoro-Fenil. Para estas colunas, devido ao fato dos analitos serem mais

apolares e as fases estacionárias mais polares, a retenção é mais influenciada pela

força do CO2 em si e não pela presença de modificador orgânico na fase móvel, que

não altera, de forma consistente, as interações estabelecidas.

Observa-se, para as colunas BEH e Acquity CSH Fluoro-Fenil, que o 2-

propanol proporcionou um leve aumento nos tempos de retenção das VLS. De fato,

conforme descrito por Nováková et al. [29], a alteração dos modificadores orgânicos

utilizados leva à modificações em diversas características do sistema, que

proporcionam mudanças na seletividade, tempos de retenção e formato dos picos.

Para as colunas Acquity HSS C18 SB e Torus 2-PIC, observou-se que somente

quando se utilizou a acetonitrila obteve-se um maior tempo de retenção para os

analitos, sendo que os demais solventes apresentaram praticamente a mesma

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resposta. Além disso, observou-se que o formato dos picos, quando se utilizou a

acetonitrila, piorou, pois estes se tornaram mais largos e com maior fator de

assimetria. Estes resultados estão de acordo com os descritos por Brunelli et al. [55]

que relataram em seu estudo um maior tempo de retenção e piora no formato dos

picos quando a acetonitrila foi empregada como modificador orgânico de forma pura,

provavelmente devido ao seu caráter aprótico, que não proporciona cobertura dos

grupos silanóis presentes na fase estacionária, e, portanto, os deixa mais livres para

interagirem com os analitos, ocasionando a distorção verificada nos picos.

Comparando os resultados obtidos com metanol na presença do aditivo

formato de amônio, na concentração de 10 mmol/L, e metanol puro, verifica-se que

não houve influência sobre a retenção das VLS e o formato dos picos.

Provavelmente, isso ocorreu devido ao fato das VLS serem altamente apolares,

caracterizadas por não apresentarem grupos fortemente ácidos ou básicos em suas

estruturas, não sofrendo influência do sal formato de amônio, visto que a interação

hidrofóbica analito-fase estacionária é a principal responsável pela retenção das

VLS. Dessa forma, o metanol pode ser considerado o modificador orgânico que

apresentou os melhores resultados para as VLS, sendo então dispensável o uso de

aditivos na FM quando estes compostos são analisados. Na Figura 21 são

mostrados os cromatogramas obtidos para cada modificador orgânico estudado, na

coluna Acquity HSS C18 SB, para separação das VLS, como ilustração. Para as

demais colunas cromatográficas testadas, os resultados obtidos foram

insatisfatórios, conforme discutido anteriormente.

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Figura 21. Cromatogramas obtidos para separação das VLS, utilizando a coluna Acquity C18 SB

como fase estacionária, e os diferentes modificadores orgânicos estudados: A) Metanol, B) 2-

Propanol, C) Acetonitrila e D) 10 mmol/L de Formato de Amônio em metanol. Compostos: 1. Vitamina

E, 2. Vitamina A e 3. Vitamina D. Eluição isocrática com 10% de metanol na fase móvel, vazão de 1,0

mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume de injeção e detecção em 265 nm.

Em relação às VHS, foi possível verificar que o tipo de modificador

orgânico utilizado se mostrou como o maior responsável pelas diferenças na eluição

e separação deste grupo de compostos. De uma forma geral, a acetonitrila mostrou-

se como o pior modificador orgânico, pois eluiu o menor número de analitos, em

todas as colunas cromatográficas avaliadas. Observou-se que o formato dos picos

piorou para maior parte das colunas testadas e os mesmos tornaram-se mais largos

e assimétricos quando a acetonitrila foi utilizada, devido ao seu caráter aprótico,

conforme já discutido anteriormente para as VLS. O 2-propanol, apesar de ser o

mais apolar dentre os solventes avaliados, também não forneceu resultados

satisfatórios quanto a eluição e formato dos picos. A Figura 22 ilustra os resultados

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de separação das VHS obtidos para cada modificador orgânico estudado, na coluna

Acquity HSS C18 SB.

Figura 22. Cromatogramas obtidos para separação das VHS, utilizando a coluna Acquity HSS C18

SB como fase estacionária, e os diferentes modificadores orgânicos estudados: A) Metanol, B) 2-

Propanol e C) Acetonitrila. Compostos: 1. Vitamina C, 2. Vitamina B3, 3. Vitamina B6 e 4. Vitamina

B2. Programação de gradiente conforme Figura 14, vazão de 1,0 mL/min, temperatura da forno de

40°C, 1µL de volume de injeção e detecção em 265 nm.

Verifica-se que o metanol, quando comparado aos demais modificadores

orgânicos puros (acetonitrila e 2-propanol), apresentou os melhores resultados em

termos de eluição e formato dos picos, além de possibilitar a eluição de um maior

número de analitos (quatro das sete VHS em estudo). Entretanto, os picos

continuaram assimétricos, sendo possível verificar alguns pares de vitaminas quase

coeluindo. Conclui-se que de fato, o emprego do modificador orgânico sem aditivos

não possibilitou a eluição de todas as VHS com formato de pico satisfatório. Esta

observação sugere que o emprego de aditivos, a serem adicionados à fase móvel,

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juntamente com o modificador orgânico, é importante para alcançar este objetivo,

conforme relatado por diversos autores [34,44,63].

Dessa forma, iniciou-se a avaliação do efeito do emprego de aditivos à

fase móvel, com as mesmas fases estacionárias descritas anteriormente, sobre a

separação das VLS e das VHS simultaneamente e sobre o formato dos picos.

Inicialmente, avaliou-se o efeito da adição do sal formato de amônio ao metanol,

na concentração de 10 mmol/L, sobre a eluição e formato dos picos das VHS

conforme relatado em outros estudos [30,63,64,66,169]. Nesta triagem, o metanol foi

escolhido como modificador orgânico, pois apresentou melhores resultados entre os

solventes avaliados, tanto para as VLS como para as VHS. Na Figura 23 é possível

comparar os cromatogramas obtidos quando se utilizou metanol puro e quando ao

mesmo foi adicionado o sal formato de amônio, para as colunas Acquity HSS C18

SB e Torus 2-PIC, que apresentaram resultados mais promissores.

Figura 23: Cromatogramas obtidos para separação das VHS. A) Acquity HSS C18 SB, metanol,

B) Acquity HSS C18 SB, 10 mmol/L de formato de amônio em metanol, C) Acquity Torus 2-PIC,

metanol, D) Acquity Torus 2-PIC, 10 mmol/L de formato de amônio em metanol. Compostos: 1.

Vitamina C, 2. Vitamina B3, 3. Vitamina B6 e 4. Vitamina B2, 5. Vitamina B1. Programação de

gradiente conforme Figura 14, vazão de 1,0 mL/min, temperatura da forno de 40°C, 1µL de volume

de injeção e detecção em 265 nm.

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Verificou-se que o principal efeito da adição deste sal à fase móvel foi a

eluição da vitamina B1 em todas as fases estacionárias estudadas. Esta vitamina,

conforme relatado, apresenta forte afinidade pela fase estacionária e fica retida

quando apenas o metanol puro é utilizado como fase móvel. A adição do sal

favoreceu a eluição da vitamina B1, provavelmente, devido à interação dos grupos

amônio com os silanóis livres da fase estacionária, tornando estes menos

disponíveis para interação com a vitamina B1, uma molécula positivamente

carregada, reduzindo assim seu tempo de retenção. Além disso, a possível formação

de pares iônicos entre moléculas deste analito positivamente carregadas e ânions

formato também poderia favorecer a eluição deste composto, aumentando sua

afinidade pela fase móvel. Além disso, verificou-se uma maior resposta para a

vitamina B6, que sem a presença do sal, apresentou picos bastante reduzidos, em

ambas as colunas, possivelmente devido aos mesmos mecanismos descritos para a

vitamina B1, pois também se trata de um composto básico. Verificou-se também

grande alteração na seletividade dos picos, devido às mudanças na ordem de

eluição dos compostos em estudo. Entretanto, pouco efeito sobre o fator de

assimetria dos picos foi observado.

Avaliou-se também, apenas na coluna Acquity HSS C18 SB, o efeito do

uso do sal acetato de amônio, na concentração de 10 mmol/L, pois também se trata

de um aditivo comumente empregado em UHPSFC [66]. Na Figura 24 é possível

comparar os cromatogramas obtidos quando se utilizou o sal formato de amônio e

quando foi adicionado o sal acetato de amônio à fase móvel, somente para a coluna

Acquity HSS C18 SB.

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Figura 24. Cromatogramas obtidos para separação das VHS. A) Acquity HSS C18 SB, 10 mmol/L de

formato de amônio em metanol, B) Acquity HSS C18 SB, 10 mmol/L de acetato de amônio em

metanol. Compostos: 1. Vitamina B3, 2. Vitamina B6, 3. Vitamina C, 4. Vitamina B2 e 5. Vitamina B1.

Programação de gradiente conforme Figura 14, vazão de 1,0 mL/min, temperatura da forno de 40°C,

1µL de volume de injeção e detecção em 265 nm.

O formato dos picos e a eluição das vitaminas foram semelhantes aos

obtidos com o formato de amônio. Como a maioria das referências da literatura que

citavam a utilização de sais de amônio como aditivos da fase móvel empregavam o

formato de amônio, este foi, então, empregado nos demais experimentos realizados.

Entretanto, os resultados obtidos ainda não estavam satisfatórios, visto

que os formatos dos picos não estavam simétricos, assim como havia problemas de

coeluição de vitaminas, como a vitamina B2 e C, que passaram a coeluir na coluna

Acquity HSS C18 SB com a utilização do sal. Dessa forma, optou-se pela adição de

água ao metanol, como aditivo da fase móvel a ser adicionado junto ao modificador

orgânico, conforme estudado por outros autores [65,68,69]. Em seu estudo, Taylor

[65] concluiu que o emprego de água como aditivo na fase móvel contribui para

aumentar o poder de solvatação da fase e, consequentemente, garante maior

solubilização de analitos mais polares. Além disso, devido a sua capacidade de

atuar simultaneamente como doadora e receptora de ligações de hidrogênio, a água

é uma molécula com grande capacidade de proporcionar fortes interações fase

móvel-analito-fase estacionária, o que pode ser bastante benéfico no caso de

separações de compostos hidrofílicos. Na Figura 25 é possível comparar os

cromatogramas obtidos utilizando metanol puro e quando foi adicionada água à fase

móvel, para as colunas Acquity HSS C18 SB e Acquity Torus 2-PIC.

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Figura 25. Cromatogramas obtidos para separação das VLS e VHS. A) Acquity HSS C18 SB,

metanol, B) Acquity HSS C18 SB, 5% água em metanol (v/v), C) Acquity Torus 2-PIC, metanol, D)

Acquity Torus 2-PIC,5% água em metanol (v/v). Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A, 3. Vitamina

D, 4. Vitamina C, 5. Vitamina B3, 6. Vitamina B6 e 7. Vitamina B2, 8. Vitamina B1. Programação de

gradiente conforme Figura 15, vazão de 1,5 mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume de

injeção e detecção em 265 nm.

Pelo fato da água ser um composto bastante polar, esperava-se que,

de alguma forma, contribuísse para reduzir a retenção dos compostos,

principalmente da vitamina B1 para a coluna Acquity HSS C18 SB, e da vitamina C,

na coluna Acquity Torus 2-PIC, além de contribuir para melhorar o formato dos

picos, conforme os mecanismos anteriormente descritos. Os resultados

demonstraram, no entanto, apenas uma leve redução no tempo de retenção da

vitamina C, na coluna Acquity Torus 2-PIC, não sendo possível ainda obter a eluição

da vitamina B1 na coluna Acquity HSS C18 SB, o que era bastante desejável. Assim

como sugerido por Alexander et al. [69] verificou-se pouco efeito sobre a seletividade

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dos picos avaliados. Para as VLS, a adição de água ao metanol não alterou de

forma significativa a eluição dos compostos.

Verificou-se que apenas para as colunas Acquity HSS C18 SB e Torus 2-

PIC a adição de água favoreceu a eluição das VHS e melhorou o formato dos picos,

sendo, portanto, as fases mais promissoras. Apenas na coluna Acquity Torus 2-PIC

foi possível eluir a Vitamina B1 com a adição de água ao metanol, pois na coluna

Acquity HSS C18 SB esta vitamina continuou retida pela fase estacionária, como

observado quando somente metanol foi utilizado como modificador orgânico da fase

móvel. Para as colunas Acquity CSH Fluoro-Fenil e BEH, os resultados continuaram

bastante insatisfatórios, pois não houve melhoras que justificassem o emprego de

5% (v/v) de água como aditivo na fase móvel, quando adicionada somente ao

metanol puro. De fato, as colunas Acquity CSH Fluoro-Fenil e BEH não

apresentaram resultados satisfatórios de eluição quando empregado metanol puro,

sendo que a adição de água não foi capaz de alterar a eluição dos picos de forma a

tornar a separação das VHS em estudo satisfatória.

Em seu estudo, Fairchild et al. [170] demonstraram que a presença de

uma pequena quantidade de água junto ao modificador orgânico na fase móvel evita

a formação de um silil éter, resultante da reação do metanol da fase móvel com os

grupos silanóis livres da fase estacionária e que, segundo o autor, é um dos

principais responsáveis pela intensa variação no tempo de retenção e seletividade

dos compostos na aplicação da técnica de SFC, pois a medida que o éter é formado,

a hidrofilicidade da fase estacionária é reduzida, alterando assim a retenção dos

analitos. O autor apresenta resultados que mostram que a adição de 5% de água em

uma fase móvel de modificador orgânico constituído de metanol e 20 mmol/L de

amônia resultou em uma variação mínima no tempo de retenção dos compostos em

análise. Dessa forma, conclui-se que a adição de água trouxe benefícios tanto em

relação à eluição dos compostos em estudo, como também impede a não formação

de silil éter e consequente variação no tempo de retenção dos analitos.

Em seguida, avaliou-se a adição de água, na proporção de 5% (v/v) no

metanol, juntamente com o sal formato de amônio 10 mmol/L, na fase móvel.

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Além disso, após relatado problemas de pressão elevada no equipamento após

utilização em trabalhos anteriores, suspeitou-se que a adição do sal diretamente ao

metanol pudesse ocasionar precipitação, prejudicando o funcionamento adequado

do sistema, embora o sal escolhido fosse solúvel em metanol e a concentração

utilizada ser baixa. Assim, a adição de água visava garantir a solubilização do sal

adicionado e prevenir possível precipitação do mesmo no interior do equipamento e

insumos. Na Figura 26 observa-se os cromatogramas obtidos quando se utilizou o

sal formato de amônio 10 mmol/L em metanol contendo 5% de água para as colunas

Acquity HSS C18 SB e Torus 2-PIC.

Figura 26. Cromatogramas obtidos para separação das VLS e VHS. A) Acquity HSS C18 SB, 10

mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol (v/v), B) Acquity Torus 2-PIC, 10 mmol/L de

formato de amônio + 5% água em metanol (v/v). Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A, 3. Vitamina

D, 4. Vitamina B3, 5. Vitamina B6, 6. Vitamina B2 e 7. Vitamina C, 8. Vitamina B1. Programação de

gradiente conforme Figura 15, vazão de 1,5 mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume de

injeção e detecção em 265 nm.

Os cromatogramas indicam que para as colunas Acquity Torus 2-PIC e

HSS C18 SB, os resultados foram bastante satisfatórios, sendo possível observar

que a adição de água à fase móvel já contendo o sal proporcionou a obtenção de

picos com melhor simetria e resolução, mais próximo dos valores considerados

aceitáveis para o desenvolvimento de metodologias analíticas. Possivelmente, os

mecanismos de interações discutidos para a adição de sal são maximizados nesta

condição aquosa, uma vez que a presença simultânea do sal e da água parece

indicar um efeito de interação bastante positivo sobre os parâmetros analíticos

avaliados para as VHS. Para as VLS, a adição de água juntamente ao sal como

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aditivos não alterou de forma significativa a eluição dos compostos, da mesma forma

que observado com a adição de água ao metanol puro. Além disso, para as colunas

Acquity CSH Fluoro-Fenil e BEH, não foram observadas alterações na eluição e

formato dos picos quando se adicionaram, simultaneamente, água e o sal formato de

amônio com aditivos à fase móvel, que continuaram apresentando resultados

insatisfatórios de separação e formato dos picos cromatográficos.

Alguns autores relataram o emprego de aditivos básicos, como hidróxido

de amônio, trietilamina, entre outros [34,44,46,63] na fase móvel, e observaram

grande melhora nos perfis dos picos cromatográficos. Dessa forma, utilizando as

colunas Acquity HSS C18 SB e Torus 2-PIC, avaliou-se o efeito da adição, na FM,

de hidróxido de amônio 0,2 % (v/v) e trietilamina 0,2 % (v/v). Na Figura 27

observa-se os cromatogramas obtidos quando se utilizou o sal formato de amônio 10

mmol/L em metanol contendo 5% de água na fase móvel (v/v), com adição de mais

0,2% de hidróxido de amônio ou 0,2% de trietilamina como aditivos da fase móvel,

para as colunas Acquity HSS C18 SB e Torus 2-PIC.

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Figura 27. Cromatogramas obtidos para separação das VLS e VHS. A) Acquity HSS C18 SB, 10

mmol/L de formato de amônio+ 5% água em metanol (v/v) + 0,2% hidróxido de amônio (v/v), B)

Acquity HSS C18 SB, 10 mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol (v/v) + 0,2%

trietilamina (v/v), C) Acquity Torus 2-PIC, 10 mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol

(v/v) + 0,2% hidróxido de amônio (v/v), D) Acquity Torus 2-PIC, 10 mmol/L de formato de amônio+ 5%

água em metanol (v/v) + 0,2% trietilamina (v/v). Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A, 3. Vitamina

D, 4. Vitamina B3, 5. Vitamina B6, 6. Vitamina B2 e 7. Vitamina C, 8. Vitamina B1. Programação de

gradiente conforme Figura 15, vazão de 1,5 mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume de

injeção e detecção em 265 nm.

Para a coluna Acquity HSS C18 SB, verificou-se uma melhora bastante

significativa no formato do pico da piridoxina (vitamina B6) quando se utilizou

hidróxido de amônio como aditivo. A piridoxina, por conter anel de amina

heterocíclica, provavelmente interage mais fortemente com os grupos silanóis,

resultando em picos assimétricos. Com o emprego de hidróxido de amônio, verificou-

se que o formato do pico da piridoxina melhorou bastante, provavelmente devido ao

fato dos íons amônio da FM interagirem, preferencialmente, em relação aos grupos

amina da piridoxina, com os silanóis livre da FE, favorecendo a eluição da piridoxina

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que apresenta menor retenção e picos com menor cauda. O mesmo mecanismo não

ocorreu quando a trietilamina foi utilizada e, dessa forma, a adição desta amina

terciária não favoreceu a eluição dos picos, tampouco melhorou o seu formato.

Outro composto bastante beneficiado com a utilização do hidróxido de

amônio foi a vitamina C (ácido ascórbico), em ambas as colunas cromatográficas

Apesar de Berger et al. [42,46] terem sugerido que o emprego de aditivos ácidos na

fase móvel leva a uma maior interação dos analitos ácidos com a fase estacionária e

consequente melhora no fator de assimetria, por estes estarem em sua maior parte

na forma molecular, os resultados obtidos mostraram que o emprego do hidróxido de

amônio favoreceu a eluição do ácido ascórbico, embora fosse esperado o contrário.

O emprego de trietilamina não apresentou efeito sobre o formato do pico desta

vitamina, assim como observado para a piridoxina. Além disso, testes realizados

utilizando 0,2% de ácido fórmico na fase móvel não apresentaram resultados

satisfatórios, nem mesmo para o próprio ácido ascórbico, descartando assim o

emprego de aditivos ácidos no desenvolvimento da metodologia analítica. Na Figura

28 são mostrados os cromatogramas ilustrativos do efeito da fase móvel contendo

0,2% de ácido fórmico (v/v) sobre a eluição e formato dos picos, para as colunas

Acquity HSS C18 SB e Acquity Torus 2-PIC.

Figura 28. Cromatogramas obtidos para separação das VLS e VHS. A) Acquity HSS C18 SB, 10

mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol (v/v) + 0,2% ácido fórmico (v/v), B) Acquity

Torus 2-PIC, 10 mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol (v/v) + 0,2% ácido fórmico

(v/v). Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A, 3. Vitamina D, 4. Vitamina B3, 5. Vitamina B6, 6.

Vitamina C e 7. Vitamina B2, 8. Vitamina B1. Programação de gradiente conforme Figura 15, vazão

de 1,5 mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume de injeção e detecção em 265 nm.

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Em relação ao fator de assimetria do pico da vitamina C, este mostrou-se

ainda elevado, embora com o emprego dos aditivos propostos tenha sido possível

obter valores aceitáveis. Suspeitou-se que, pelo fato da concentração deste analito

no produto farmacêutico ser elevada, a solução padrão utilizada poderia estar

saturando a coluna, devido à alta concentração empregada (mais de 5 mg/mL).

Entretanto, foram realizados testes empregando baixas concentrações deste analito

em solução e o formato dos picos se mantiveram semelhantes, indicando não se

tratar de um simples efeito de concentração elevada, mas sim de fato relacionado à

eluição do analito e suas interações com o sistema fase móvel-fase estacionária.

Além da piridoxina e ácido ascórbico, a vitamina B1 (tiamina) também se

mostrou bastante afetada pela adição do hidróxido de amônio à fase móvel como

aditivo, porém somente quando empregada a coluna Acquity HSS C18 SB. Sem o

emprego da base, a tiamina eluiu com alto tempo de retenção nesta coluna, com

pico deformado e baixa detectabilidade. Com o emprego do aditivo, verificou-se que

o tempo de retenção da vitamina B1 foi reduzido e o formato do pico e a

detectabilidade melhoraram. Possivelmente, o mesmo efeito observado com a

piridoxina ocorreu com a tiamina, que possui uma amina terciária em sua estrutura.

Ao adicionar hidróxido de amônio, os íons amônio alteram a ligação hidrofílica

desenvolvida entre a tiamina e os grupos silanóis, favorecendo a sua eluição e o

formato de pico. O efeito benéfico sobre o formato do pico cromatográfico da

vitamina C também não foi observado quando se utilizou trietilamina como aditivo

básico na fase móvel.

Em relação ao uso do hidróxido de amônio como aditivo na fase móvel,

inicialmente, testou-se a concentração de 0,2% da base, por representar um valor

coerente com a maior parte das metodologias analíticas desenvolvidas empregando

aditivos, além de estar devidamente autorizado seu emprego nestas concentrações,

conforme consta na publicação “Care and Use Manual - Acquity UPC2 BEH, CSH

and HSS Columns”, da empresa Waters [171]. Entretanto, o uso desta base nesta

concentração não se mostrou viável, apesar dos resultados serem interessantes

analiticamente, pois ocorreram problemas de pressão durante as corridas analíticas.

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111

De forma geral, ao iniciar a passagem da fase móvel contendo 0,2% de hidróxido de

amônio (cerca de 60 mmol/L) no sistema, verificou-se desestabilização do sistema e

aumento de pressão, sendo impossível prosseguir com as análises. O mesmo

problema foi verificado com 20 e 38,5 mmol/L de hidróxido de amônio ao modificador

orgânico em estudo. A concentração de 10 mmol/L mostrou ser adequada, pois não

provocou aumento de pressão e desestabilização do sistema. Assim, optou-se por

adicionar 10 mmol/L de hidróxido de amônio ao modificador orgânico, visto que

nesta condição, apesar de não ocorrer a eluição da tiamina de forma tão satisfatória

para a coluna Acquity HSS C18 SB, os picos da piridoxina e ácido ascórbico

apresentaram formato satisfatório, nesta coluna, com o emprego deste aditivo

básico, além de melhorar o formato do pico do ácido ascórbico quando a coluna

Acquity Torus 2-PIC é utilizada. A Figura 29 ilustra esta condição.

Figura 29. Cromatogramas obtidos para separação das VLS e VHS. A) Acquity HSS C18 SB, 10

mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol (v/v) + 10 mmol/L hidróxido de amônio (v/v), B)

Acquity Torus 2-PIC, 10 mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol (v/v) + 10 mmol/L

hidróxido de amônio (v/v), Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A, 3. Vitamina D, 4. Vitamina B3, 5.

Vitamina B6, 6. Vitamina B2 e 7. Vitamina C, 8. Vitamina B1. Programação de gradiente conforme

Figura 15, vazão de 1,5 mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume de injeção e detecção

em 265 nm.

Diversos mecanismos para explicar problemas de pressão foram

discutidos. Cogitou-se o fato de o hidróxido de amônio tornar-se volátil durante a

passagem pelo forno, quando aquecido a 40°C, levando à desestabilização do

sistema. Outro questionamento levantado, refere-se ao efeito da base que pode

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112

elevar o pH do modificador orgânico utilizado na fase móvel, favorecendo a

degradação da fase estacionária e resultando em desestabilização do sistema ou

entupimento da coluna/coluna de guarda. Entretanto, a justificativa mais provável é

que, devido à complexidade da fase móvel, constituída pelo modificador orgânico

metanol, hidróxido de amônio, formato de amônio e água, ao se misturarem com o

CO2, pode ocorrer separação de fases, uma vez que os componentes podem não

ser completamente miscíveis, desestabilizando, portanto, o sistema cromatográfico.

Frente a este problema, avaliou-se o uso de hidróxido de sódio como

aditivo, em substituição ao hidróxido de amônio. Apesar do hidróxido de sódio

também elevar o pH do modificador orgânico, ele é bem menos volátil que o

hidróxido de amônio. Entretanto, verificou-se que o emprego de hidróxido de sódio

0,2% também resultou em problemas de pressão. Mesmo em uma fase anidra,

também se constatou desestabilização do sistema e aumento da pressão. Avaliou-se

também uma concentração reduzida de hidróxido de sódio, 10 mmol/L, que não

apresentou aumento de pressão, entretanto forneceu resultados insatisfatórios,

como a não eluição das vitaminas B1 e B6, além de formato de pico extremamente

prejudicado para a vitamina C, reforçando a necessidade da presença dos íons

amônio na fase móvel, principalmente no caso das vitaminas citadas. A Figura 30

mostra um cromatograma ilustrativo.

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113

Figura 30. Cromatograma obtido para separação das VLS e VHS. Acquity HSS C18 SB, 10 mmol/L

de formato de amônio+ 5% água em metanol (v/v) + 10 mmol/L de hidróxido de sódio. Compostos: 1.

Vitamina E, 2. Vitamina A, 3. Vitamina D, 4. Vitamina B3, 5. Vitamina B2, 6. Vitamina C. Programação

de gradiente conforme Figura 15, vazão de 1,5 mL/min, temperatura do forno de 40°C, 1µL de volume

de injeção e detecção em 265 nm.

Desta forma, conclui-se eu a melhor condição de fase móvel foi obtida

quando se utilizou 10 mmol/L do sal formato de amônio em metanol contendo 5% de

água na fase móvel (v/v), com adição de mais 10 mmol/mL de hidróxido de amônio

como aditivos da fase móvel, conforme cromatogramas ilustrados na Figura 29.

4.4 Planejamento Experimental

A realização dos estudos iniciais de triagem, visando a seleção das

melhores condições de fase móvel e de fase estacionária, composição do diluente e

volume de injeção mais apropriados, garantiram o conhecimento do Knowledge

Space (KS), que representa a região experimental a ser investigada, mais

detalhadamente pelo estudo de DoE, através de planejamento experimental. Esta

região experimental deve ser cuidadosamente conhecida, a fim de minimizar os risco

de não se obter resultados interessantes no estudo de DoE, pelo simples fato de ter

escolhido parâmetros e níveis inapropriados [10]. Dessa forma, pode-se inferir que

todo o desenvolvimento realizado até este ponto se refere a um trabalho de “sintonia

grossa”, enquanto que a etapa de planejamento experimental descrita a seguir

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114

refere-se a uma etapa de “sintonia fina” dos parâmetros analíticos do método em

desenvolvimento, que resultaram na determinação do Design Space, região de

desejabilidade analítica onde se garante robustez e adequabilidade dos parâmetros

do método desenvolvido.

4.4.1 Resultados empregando a coluna Acquity HSS C18 SB

O planejamento Composto Central foi realizado para avaliar a influência

da densidade do fluído supercrítico, a qual é fortemente influenciada pelas variáveis

experimentais porcentagem de modificador orgânico, pressão e temperatura, sobre

as principais respostas analíticas do método: fator de retenção, número de pratos,

fator de assimetria dos picos, resolução e área dos analitos, utilizando a coluna

Acquity HSS C18 SB.

Durante os experimentos, foi possível verificar que não houve alteração na

ordem de eluição dos compostos, assim como a resolução manteve-se satisfatória

em todas as condições, além de repetibilidade aceitável dos resultados, assegurada

através dos resultados das réplicas no ponto central.

Em relação à retenção, para as VLS, nenhum fator experimental avaliado

resultou em alterações significativas na retenção, possivelmente, pelo fato destes

analitos eluirem rapidamente. Para a Vitamina D, a mais retida das VLS, observou-

se efeito da pressão e da interação entre porcentagem de modificador orgânico e

pressão, onde o aumento na porcentagem de modificador orgânico resultou em

redução na retenção deste composto, mas somente quando a pressão do sistema

foi menor, conforme demonstrado na Figura 31. Esta interação entre pressão e

porcentagem de modificador orgânico é facilmente explicada, pois em pressões

menores a influência do modificador orgânico é maior, devido à menor densidade do

fluído.

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115

Figura 31. Superfície de resposta para o fator de retenção da vitamina D, variando % modificador orgânico e a pressão.

Para as VHS, os três fatores experimentais foram significativos para a

retenção das mesmas, sendo que o aumento da porcentagem de modificador

orgânico e aumento da pressão contribuíram para redução na retenção destas

vitaminas, e a temperatura, de uma maneira geral, contribuiu para o aumento da

retenção. Como exemplo, as superfícies de resposta para a retenção da vitamina B3

são mostradas na Figura 32 para temperatura de 30 °C (A) e 50 °C (B).

Figura 32. Superfície de resposta para o fator de retenção da vitamina B3, variando % modificador orgânico e a

pressão na temperatura de 30 °C (A) e 50 °C (B).

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualFator de Retenção Vit. D

Design points above predicted valueDesign points below predicted value17.2

13.05

X1 = A: % MeOHX2 = B: Pressão

Actual FactorC: Temperatura = 50

1500

1700

1900

2100

2300

2500

20

22

24

26

28

30

13

14

15

16

17

18

Fa

tor d

e R

ete

ão

Vit

. D

A: % MeOHB: Pressão

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116

A redução na retenção dos compostos com o aumento da quantidade de

modificador orgânico pode ser explicada pelo aumento na polaridade da fase móvel,

que resulta no aumento na densidade, intensificando a afinidade dos compostos

pela fase móvel e reduzindo a retenção na fase estacionária. A redução na retenção

dos compostos com o aumento da pressão empregada é justificada pelo aumento do

poder de solvatação da fase móvel, resultando em aumento na solubilização dos

analitos e, consequente, redução no tempo de retenção.

É interessante ressaltar o efeito de interação entre os parâmetros

porcentagem de modificador orgânico e pressão, sobre a retenção das VLS, e, em

menor extensão, sobre a retenção das VHS. O aumento da pressão causou uma

redução mais significativa na retenção quando o modificador esteve em

concentração menor na fase móvel, o que é esperado, pois a mesma tem a

densidade mais próxima de um gás. Como o efeito de um fator depende do nível do

outro, existe uma interação entre os fatores, o que ficou evidente no estudo

multivariado.

Em relação à temperatura, verificou-se que, de maneira geral, conforme é

possível observar comparando-se as Figuras 32 A e B, o aumento deste parâmetro

levou ao aumento na retenção das VHS, pois contribuiu para reduzir a densidade do

fluido supercrítico. Como a força de eluição depende da densidade do fluído

supercrítico, maior força de eluição é obtida em temperaturas menores, quando a

densidade do fluído é maior. Desta maneira, temperaturas elevadas tendem a

aumentar a retenção em SFC. No entanto, isto não pode ser generalizado, pois

assim como observado em outros trabalhos do grupo, alguns analitos apresentaram

comportamento oposto, ou seja, a retenção diminuiu com o aumento da temperatura.

Neste estudo isto foi observado para a vitamina B1, conforme pode ser observado

na Figura 33. Deve-se ressaltar ainda que, quanto maior a porcentagem de

modificador orgânico na fase móvel, menor deve ser a influência da temperatura

sobre a retenção, devido à proximidade de uma condição subcrítica, o que pode ser

verificado na Figura 33 pelo fato das duas arestas da superfície não serem paralelas.

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117

Figura 33. Superfície de resposta para o fator de retenção da vitamina B1, variando % de modificador orgânico e temperatura.

Pelo fato das VHS apresentarem altos valores de fator de retenção (a

partir de 19 para a vitamina B3, primeira VHS a eluir da coluna, nas condições

padrão do método – ponto central), a condição analítica mais interessante seria

aquela que levasse à uma redução na retenção das VHS. Assim, em termos de

retenção, as melhores condições seriam maior porcentagem de modificador orgânico

(30%), maior pressão do sistema (2500 psi) e menor temperatura (30 °C).

Em relação à eficiência da coluna, observa-se que, de forma geral, a

regressão é pouco significativa para as VLS, indicando que esta resposta não muda

de forma significativa para esta classe de compostos, conforme observado em

relação a retenção. Isto já era esperado, uma vez que são analitos pouco retidos.

Para as VHS, o aumento na porcentagem de modificador orgânico resultou em maior

número de pratos sendo este o parâmetro que mais influência este atributo de

qualidade. Este aumento se dá devido à redução significativa no tempo de retenção

com o aumento da porcentagem de modificador, gerando picos mais estreitos. A

pressão também mostrou afetar a eficiência cromatográfica, porém em menor

extensão, conforme ilustrado na Figura 34.

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualFator de Retenção Vit. B1

Design points above predicted valueDesign points below predicted value143.55

93.22

X1 = A: % MeOHX2 = C: Temperatura

Actual FactorB: Pressão = 2000

30

35

40

45

50

20

22

24

26

28

30

80

100

120

140

160

180

200

Fa

tor d

e R

ete

ão

Vit

. B

1

A: % MeOHC: Temperatura

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118

Figura 34. Superfície de resposta para o número de pratos da vitamina B6, variando % de modificador orgânico e pressão.

De uma maneira geral, a temperatura aumentou o número de pratos,

principalmente para as vitaminas B2 e B3, devido ao aumento da retenção.

Entretanto, em valores absolutos, este aumento não foi significativo, pois o número

de pratos aumenta de cerca de 50.000 para cerca de 60.000 para a vitamina B3, não

justificando a escolha da temperatura mais elevada como condição analítica, visto

que para outros critérios, esta condição foi prejudicial.

Assim, em termos de eficiência cromatográfica, a melhor condição

analítica foi obtida quando se trabalhou em maior porcentagem de modificador

orgânico (30%), menor pressão (1500 psi) e temperatura maior (50°C).

Em relação ao fator de assimetria dos picos, este mostrou resultados

diversos entre os diferentes analitos em estudo. O aumento na porcentagem de

modificador orgânico mostrou reduzir significantemente a assimetria dos picos

somente da vitamina B3, sendo nenhum efeito detectado para os demais

compostos. A elevação da pressão indicou aumentar o fator de assimetria somente

das vitaminas E e D, sendo indiferente para as demais. A temperatura do forno

revelou-se como o parâmetro mais importante sobre o fator de assimetria do pico da

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualNúmero de Pratos Vit. B6

Design points above predicted valueDesign points below predicted value54590.1

28600.6

X1 = A: % MeOHX2 = B: Pressão

Actual FactorC: Temperatura = 40

1500

1700

1900

2100

2300

2500

20

22

24

26

28

30

25000

30000

35000

40000

45000

50000

55000

me

ro

de

Pra

tos

Vit

. B

6

A: % MeOH

B: Pressão

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119

maioria dos compostos, afetando significativamente os picos das vitaminas E, D, B3,

B6 e C, sendo indiferente para as demais vitaminas. Neste caso, o aumento da

temperatura proporcionou menor simetria dos picos das vitaminas B6 e C, conforme

ilustrado na Figura 35, e uma leve redução no fator de assimetria dos picos das

vitaminas E, D e B3, conforme Figura 36.

Figura 35. Mapa de contorno do fator de assimetria da vitamina C, variando temperatura e % de modificador orgânico, 2000 psi.

Figura 36. Superfície de resposta do fator de assimetria da vitamina D, variando temperatura e pressão, usando porcentagem de modificador orgânico de 25% ao final do gradiente.

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualFator de Assimetria Vit. C

Design Points4.98

1.69

X1 = A: % MeOHX2 = C: Temperatura

Actual FactorB: Pressão = 2000

20 22 24 26 28 30

30

35

40

45

50Fator de Assimetria Vit. C

A: % MeOH

C:

Te

mp

era

tura

2

2.5

2.5

3

3.5

4

6

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualFator de Assimetria Vit. D

Design points above predicted valueDesign points below predicted value1.15

0.99

X1 = C: TemperaturaX2 = B: Pressão

Actual FactorA: % MeOH = 25

1500

1700

1900

2100

2300

2500

30

35

40

45

50

0.95

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

Fa

tor d

e A

ss

ime

tria

Vit

. D

C: Temperatura

B: Pressão

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120

Os resultados obtidos permitem concluir que a redução da simetria

quando se aumentou a temperatura da coluna, para as vitaminas B6 e C, é bastante

crítica. Para a vitamina C, os valores passaram de cerca de 2 a 2,5 quando a

temperatura foi menor, para mais de 4,0 quando a temperatura foi elevada. É

possível que a elevação na temperatura resulte em maior interação destes

compostos com os grupos silanóis livres da coluna, aumentando a formação da

cauda observada em temperaturas mais elevadas para esta vitamina, sendo

pertinente sugerir que uma menor participação dos aditivos utilizados, como formato

de amônio e hidróxido de amônio como bloqueadores dos silanóis livres possa ser

um dos mecanismos que contribuem para o resultado observado. Além disso,

embora para as vitaminas E, D e B3, o aumento na temperatura resultou em melhora

no valor do fator de assimetria do pico, este ganho não é muito importante do ponto

de vista prático, pois tais compostos apresentam valores aceitáveis de assimetria

dentro de todo o domínio experimental.

Assim, em termos de fator de assimetria dos picos dos analitos, pode-se

concluir que a melhor condição analítica seria obtida trabalhando com uma menor

temperatura (30°C), porcentagem de modificador orgânico elevada (30%) e menor

pressão (1500 psi), sendo estes dois últimos parâmetros de menor relevância.

Para os critérios resolução entre os picos críticos Vitaminas A/E e

Vitaminas B2/C, nenhum modelo apresentou significância estatística, indicando que

nenhuma alteração nos parâmetros afetou significativamente estes critérios.

Entretanto, foi possível observar uma tendência de piora nas resoluções quando se

aumentou a porcentagem de modificar orgânico, porém de forma pouco relevante

em termos absolutos, visto que os valores ainda se mantiveram elevados, maiores

que 3,0 em todas as condições testadas.

Finalmente, em relação à resposta analítica para cada vitamina em

estudo, medida através da área obtida em cada condição testada, foi possível

verificar que os parâmetros que mais influenciaram esta resposta foram a

porcentagem de modificador orgânico e a temperatura, mas somente para as

vitaminas B1, B3 e C. Para as demais vitaminas, nenhum parâmetro afetou a área

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121

observada, indicando robustez. No caso das vitaminas citadas, observou-se que o

aumento na temperatura levou a uma redução da área, principalmente para a

vitamina C, conforme pode ser verificado na Figura 37. Além disso, a elevação da

porcentagem de modificador orgânico favoreceu a resposta, sendo que a interação

entre estes parâmetros é muito importante, pois a maior área foi observada quando

a temperatura é menor (30°C) e a porcentagem de modificador orgânico é maior

(30%), sendo a pressão pouco relevante neste caso. Estes resultados estão de

acordo com os obtidos no planejamento experimental conduzido com a coluna

Acquity Torus 2-PIC, os quais serão mostrados a seguir, comprovando a influência

destes parâmetros sobre eluição desta vitamina e demonstrando a importância deste

tipo estudo no entendimento do efeito de cada alteração sobre os resultados.

Figura 37. Superfície de resposta da área do pico da vitamina C, variando temperatura e % de modificador orgânico.

Com a análise dos resultados obtidos para cada critério de qualidade do

método analítico, foi possível observar que a melhor condição analítica, de forma

geral, seria encontrada trabalhando-se com maior porcentagem de modificador

orgânico (30% de metanol no gradiente de fase móvel), menor temperatura do forno

(30°C), e contra-pressão do sistema entre 1500 a 2500 psi, resultados idênticos aos

obtidos no planejamento experimental realizado com a coluna Acquity Torus 2-PIC.

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualArea Vit. C

Design points above predicted valueDesign points below predicted value7.5615E+006

4.33802E+006

X1 = A: % MeOHX2 = C: Temperatura

Actual FactorB: Pressão = 2000

30

35

40

45

5020

22

24

26

28

30

4E+006

5E+006

6E+006

7E+006

8E+006

Are

a V

it.

C

A: % MeOH C: Temperatura

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122

A Figura 38 mostra a superfície de desejabilidade, onde todos os

parâmetros avaliados são considerados simultaneamente, de forma a obter a melhor

condição analítica possível. Verifica-se nesta Figura que, de fato, a melhor condição

é obtida com maior proporção de modificador orgânico (30%), dentro de toda a faixa

de pressão (1500 a 2500 psi), sem que haja perda na eficiência do método analítico

em relação aos parâmetros de qualidade avaliados, sendo possível escolher a

pressão de trabalho de 1500 psi, que acarretará em menor pressão total do sistema

cromatográfico. Quanto ao fator porcentagem de modificador orgânico, entretanto,

este deve ser mantido em nível elevado (30% ao final do gradiente), não sendo

possível reduzir este valor sem que haja perda considerável da desejabilidade, pois

este fator foi, de fato, o que mostrou maior influência sobre os parâmetros de

qualidade avaliados.

Figura 38. Superfície de resposta da desejabilidade do método, variando % de modificador orgânico e pressão, na temperatura de 30°C.

Em relação à temperatura, verificou-se perda no fator de desejabilidade

do método analítico quando se trabalhou em 50°C, indicando uma potencial perda

nos resultados analíticos do método proposto nestas condições, conforme pode ser

observado na Figura 39. Dessa forma, a temperatura escolhida foi de 30°C.

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualDesirability

1.000

0.000

X1 = A: % MeOHX2 = B: Pressão

Actual FactorC: Temperatura = 40

1500

1750

2000

2250

2500

20

22.5

25

27.5

30

0.000

0.200

0.400

0.600

0.800

1.000

De

se

jab

ilid

ad

e

A: % MeOHB: Pressão

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123

Figura 39. Superfície de resposta da desejabilidade do método, variando % de modificador orgânico e pressão, na temperatura de 50°C.

Dessa forma, os estudos de desejabilidade comprovaram os resultados

observados para cada parâmetro isoladamente, assegurando que uma ótima

condição do método foi alcançada, indicando que estes parâmetros, nos níveis

escolhidos, asseguram as condições de melhor compromisso dos atributos de

qualidade observados neste estudo de planejamento fatorial (retenção, fator de

assimetria dos picos, resolução, eficiência e resposta dos analitos) para o método

desenvolvido.

4.4.2 Resultados empregando a coluna Acquity Torus 2-PIC

O planejamento Composto Central foi realizado, também para a coluna

Torus 2-PIC, para avaliar a influência da densidade do fluído supercrítico, a qual é

fortemente influenciada pelas variáveis experimentais, porcentagem de modificador

orgânico, pressão e temperatura, sobre as principais respostas analíticas do método,

como fator de retenção, número de pratos, assimetria dos picos, resolução e área

dos analitos, neste tipo de fase estacionária.

Em relação à retenção dos analitos, verificou-se que a porcentagem de

modificador orgânico constitui o principal fator de influência sobre as vitaminas

analisadas, afetando todas elas e sempre com efeito negativo (seu aumento

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualDesirability

1.000

0.000

X1 = A: % MeOHX2 = B: Pressão

Actual FactorC: Temperatura = 50

1500

1750

2000

2250

2500

20

22.5

25

27.5

30

0.000

0.200

0.400

0.600

0.800

1.000

De

se

jab

ilid

ad

e

A: % MeOHB: Pressão

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124

diminuiu a retenção). Com exceção das vitaminas B2 e C, a pressão também

apresentou efeito sobre a retenção, o qual é mais pronunciado quando a

porcentagem de modificador na fase móvel é menor. A pressão se mostrou um

efeito negativo para todos os analitos, de maneira similar aos resultados da Acquity

HSS C18 SB. A Figura 40 mostra a superfície de resposta para a retenção da

vitamina B3 em função dos fatores porcentagem de modificador orgânico e pressão,

onde foi possível verificar uma grande interação entre estes fatores.

Figura 40. Superfície de resposta para o fator de retenção da vitamina B3, variando a % de modificador orgânico e pressão.

A temperatura mostrou um efeito positivo para a maioria das vitaminas,

semelhante ao encontrado na coluna Acquity HSS C18 SB. A Figura 41 ilustra a

superfície de resposta para a vitamina B1 em função da porcentagem de

modificador orgânico e temperatura. Foi possível verificar que o efeito da

temperatura é ligeiramente mais pronunciado quando a porcentagem de modificador

é menor, conforme esperado.

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualFator de Retenção Vit. B3

Design points above predicted valueDesign points below predicted value34.26

28

X1 = A: % MeOHX2 = B: Pressão

Actual FactorC: Temperatura = 40

1500

1700

1900

2100

2300

2500

20

22

24

26

28

30

28

28.7143

29.4286

30.1429

30.8571

31.5714

32.2857

33

Fa

tor d

e R

ete

ão

Vit

. B

3

A: % MeOHB: Pressão

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125

Figura 41. Superfície de resposta para o fator de retenção da vitamina B1, variando a % de modificador orgânico e temperatura.

Verificou-se que não houve alteração na ordem de eluição dos compostos

e a resolução manteve-se satisfatória em todas as condições testadas, assim como

a repetibilidade dos resultados, avaliada através da observação das replicatas do

ponto central, cujos experimentos foram executados de forma aleatória com os

demais experimentos do planejamento.

Os dados deste planejamento permitiram observar que a vitamina C foi a

mais afetada pelas mudanças na densidade do fluído, sendo que em algumas

condições estudadas ela apresentou um pico largo e em outras ela não chegou a ser

detectada. Por este motivo, não foi possível aferir o efeito das variáveis

experimentais sobre a retenção e o fator de assimetria deste composto, optando-se

por avaliar apenas a área do pico deste analito. Para esta resposta, verificou-se um

modelo quadrático bastante significativo, mostrando que sua resposta é influenciada

pelos fatores porcentagem modificador orgânico, temperatura e a interação entre

ambos. A pressão não foi significativa neste modelo. A superfície de resposta esta

mostrada na Figura 42. Verifica-se que para condições de maior temperatura e

menor porcentagem de modificador orgânico na fase móvel, a vitamina C não foi

detectada no tempo de corrida. Assim, é possível concluir que a melhor condição

para análise desta vitamina seria de 30% de modificador orgânico na fase móvel, na

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualFator de Retenção Vit. B1

Design points above predicted valueDesign points below predicted value71.53

51.81

X1 = A: % MeOHX2 = C: Temperatura

Actual FactorB: Pressão = 2000

30

35

40

45

50

20

22

24

26

28

30

50

55

60

65

70

75

Fa

tor d

e R

ete

ão

Vit

. B

1

A: % MeOH

C: Temperatura

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126

temperatura do forno de 30°C, preferencialmente sob pressão de 1500 psi

(proporcionando menor pressão do sistema).

Figura 42. Superfície de resposta para a área da vitamina C, variando % de modificador orgânico e temperatura.

Para as vitaminas B2 e B3, o aumento na porcentagem de modificador

orgânico também proporcionou maior resposta, sendo o parâmetro pressão

significativo apenas para a vitamina B3, indicando que o aumento na pressão

ocasionou em aumento na área do pico desta vitamina, sendo, entretanto, este

aumento pouco relevante em termos de valores absolutos. A variação observada de

área, embora estatisticamente significativa, está próxima à variabilidade encontrada

quando se compara com às replicatas no ponto central, conforme ilustrado na Figura

43. Para as demais vitaminas, nenhum parâmetro demonstrou influência sobre a

área do pico cromatográfico. Assim, pode-se concluir que em relação à área, para

estas vitaminas, as melhores condições analíticas foram obtidas com porcentagem

de modificador orgânico elevada (30%), sendo os parâmetros temperatura e pressão

indiferentes, e dessa forma, optou-se em trabalhar, preferencialmente, com menor

temperatura (30°C) e menor pressão (1500 psi).

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualÁrea Vit. C

Design points above predicted valueDesign points below predicted value1.43776E+006

0

X1 = A: % MeOHX2 = C: Temperatura

Actual FactorB: Pressão = 2000

30

35

40

45

5020

22

24

26

28

30

-500000

0

500000

1E+006

1.5E+006

Áre

a V

it.

C

A: % MeOHC: Temperatura

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127

Figura 43. Superfície de resposta para a área da vitamina B3, variando % de modificador orgânico e pressão, indicando a variabilidade experimental.

Em relação ao fator de assimetria dos picos, verificou-se que apenas os

fatores porcentagem de modificador orgânico e temperatura afetaram

significativamente a resposta. A pressão mostrou pouquíssima ou nenhuma

influência sobre o referido parâmetro analítico, influenciando apenas, como fator de

interação com a porcentagem de modificador orgânico e fator de assimetria da

vitamina B1. Para estas vitaminas, verificou-se que o aumento na proporção de

modificador orgânico e a redução da temperatura favoreceram a simetria dos picos,

indicando que o aumento na densidade do fluído observado, nestas condições,

contribui para tal observação, conforme ilustrado na Figura 44. Nesta figura, é

possível observar o efeito de aumento do fator de assimetria do pico da vitamina B1

quando se trabalhou em baixa (Figura 44A) e alta (Figura 44B) temperatura. Para a

vitamina B3 a regressão não foi significativa, indicando que nenhuma variável

experimental afetou a simetria do pico.

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualÁrea Vit. B3

Design points above predicted valueDesign points below predicted value785816

747590

X1 = A: % MeOHX2 = B: Pressão

Actual FactorC: Temperatura = 40

1500 1700

1900 2100

2300 2500

20

22

24

26

28

30

740000

750000

760000

770000

780000

790000

Áre

a V

it.

B3

A: % MeOHB: Pressão

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128

Figura 44. Superfície de resposta para o fator de assimetria da vitamina B1, variando a % de

modificador orgânico e pressão. A) temperatura de 30°C, B) temperatura de 50°C.

Dessa forma, pode-se concluir que em relação ao fator de assimetria dos

picos das vitaminas, a melhor condição analítica foi obtida com porcentagem de

modificador orgânico elevada (30%) e temperatura reduzida (30°C), sendo o

parâmetro pressão indiferente e, dessa forma, optou-se em trabalhar

preferencialmente com a menor pressão (1500 psi). Resultados semelhantes foram

obtidos com o planejamento experimental realizado na coluna Acquity HSS C18 SB.

Em relação à eficiência da coluna, observou-se que o aumento na

porcentagem de modificador orgânico aumentou, significativamente, o número de

pratos, indicando ser este o parâmetro mais importante, neste caso. A temperatura

também apresentou efeito positivo, pois o aumento deste parâmetro resultou em

aumento no número de pratos, porém de forma significativa apenas para as

vitaminas B2 e B6. De uma maneira geral, a pressão não apresentou efeito

significativo no número de pratos. Foi possível registrar um interessante efeito de

interação entre porcentagem de modificador orgânico e a temperatura, onde o

aumento na temperatura proporcionou um maior aumento no número de pratos, mas

somente quando a proporção do modificador foi elevada. Neste caso, em valores

absolutos, o número de pratos passou de 160.000 para cerca de 200.000, para a

vitamina B2, não representando, entretanto, uma diferença que justifique a adoção

da temperatura elevada, de 50°C, para o método analítico em desenvolvimento,

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129

visto que este parâmetro, neste nível, mostrou-se prejudicial à outras respostas

avaliadas. Os resultados obtidos foram similares ao encontrado no planejamento

realizado com a coluna Acquity HSS C18 SB. Para a vitamina B1, nenhum

parâmetro experimental afetou o número de pratos. A Figura 45 ilustra os resultados

discutidos.

Figura 45. Superfície de resposta para o número de pratos da vitamina B2, variando % de modificador orgânico e temperatura.

Dessa forma, foi possível concluir que o aumento na densidade do fluido,

causado pelo aumento na proporção de metanol na fase móvel, resulta em uma

maior eficiência cromatográfica, possivelmente por proporcionar a eluição de picos

mais estreitos. Em relação à temperatura, espera-se que seu aumento proporcione

maior retenção dos analitos e, consequentemente, maior número de pratos. Assim,

em termos de eficiência da coluna, a melhor condição analítica foi obtida quando se

trabalhou em maior porcentagem de modificador orgânico (30%) e de temperatura

(50°C), sendo a porcentagem de modificador orgânico o parâmetro mais relevante.

Em relação à resolução entre o par crítico vitamina B1/B2, verificou-se que

um modelo linear significativo foi observado, onde as variáveis porcentagem de

modificador orgânico e temperatura foram, mais uma vez, importantes sobre

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualPratos B2

Design points above predicted valueDesign points below predicted value212110

71719.5

X1 = A: % MeOHX2 = C: Temperatura

Actual FactorB: Pressão = 2000

30

35

40

45

50

20

22

24

26

28

30

50000

100000

150000

200000

250000

me

ro

de

Pra

tos

Vit

. B

2

A: % MeOHC: Temperatura

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130

resposta observada, e a variável pressão bem menos relevante. A Figura 46 ilustra

uma superfície de resposta com estas observações. É possível afirmar que a melhor

resposta foi obtida na condição de menor porcentagem de modificador orgânico

(20%) e menor temperatura (30°C), com resposta de resolução de cerca de 9,8 para

este par de vitaminas. Entretanto, quando se utiliza uma maior proporção de

modificador orgânico (30%), verificou-se que a resposta também foi excelente, com

resolução de cerca de 8,8.

Figura 46. Superfície de resposta para a resolução entre vitaminas B1 e B2, variando a % de modificador orgânico e temperatura.

Em relação às VLS, verificou-se que em nenhuma condição experimental

a eluição dos picos foi satisfatória nesta coluna. De fato, em experimentos prévios

realizados de forma univariada já havia sido constatado que esta coluna não é

adequada para separação deste grupo de compostos. Entretanto, optou-se em

inserir a análise destas vitaminas também no estudo de planejamento multivariado,

com o intuito de se avaliar a detecção de alguma condição experimental não

avaliada através dos experimentos univariados, e que pudesse contribuir

positivamente para separação destas vitaminas, o que não foi obtido.

Desta maneira, através da análise dos resultados obtidos para cada

atributo de qualidade do método, foi possível concluir que a melhor condição

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131

analítica pode ser obtida com o emprego da porcentagem de modificador orgânico

em 30%, temperatura do forno em 30°C e pressão em 1500 psi, com a coluna

Acquity Torus 2-PIC, para análise exclusiva das VHS.

Estes resultados estão mostrados nas Figuras 47 e 48, que revelam o

nível de desejabilidade analítica obtida quando todos os parâmetros avaliados são

considerados simultaneamente, de forma a obter a melhor condição analítica

possível. Na Figura 47, a desejabilidade está mostrada em função da variação da

porcentagem de modificador orgânico e pressão, enquanto na Figura 48, em função

da composição da fase móvel em termos de porcentagem de modificador orgânico e

temperatura. A análise destes gráficos demonstra que de fato a porcentagem de

modificador orgânico representa o fator que mais influencia na desejabilidade, e que

deve ser mantido no nível máximo (30%) para garantir melhores resultados

analíticos. Quanto à pressão, verificou-se que este fator apresenta pouca influência

nos resultados, podendo ser mantida em seu menor nível (1500 psi), sem afetar os

resultados, proporcionando uma menor pressão total do sistema cromatográfico.

Finalmente, a análise da temperatura mostra que este fator deve ser mantido em

nível reduzido (30°C), pois seguramente representa a condição de melhor

compromisso em relação aos atributos de qualidade observados neste estudo de

planejamento fatorial (retenção, fator de assimetria dos picos, resolução, eficiência e

reposta dos analitos) para o método desenvolvido.

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132

Figura 47. Superfície de resposta da desejabilidade em função da % de modificador orgânico e pressão, na temperatura de 30°C.

Figura 48. Superfície de resposta da desejabilidade, em função da % de modificador orgânico e temperatura, na pressão de 2000 psi.

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualDesirability

1

0

X1 = A: % MeOHX2 = B: Pressão

Actual FactorC: Temperatura = 32

1500

1750

2000

2250

2500

20

22.5

25

27.5

30

-0.2

-2.77556E-017

0.2

0.4

0.6

0.8

1

De

se

jab

ilid

ad

e

A: % MeOHB: Pressão

Design-Expert® SoftwareFactor Coding: ActualDesirability

1

0

X1 = A: % MeOHX2 = C: Temperatura

Actual FactorB: Pressão = 2081.08

30

35

40

45

5020

22.5

25

27.5

30

-0.2

-2.77556E-017

0.2

0.4

0.6

0.8

1

De

se

jab

ilid

ad

e

A: % MeOH

C: Temperatura

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133

4.5 Linearidade, Limites de Detecção e Quantificação

A realização do ensaio de linearidade, conforme preconizado na RDC n°

166, de 24 de julho de 2017, com as condições analíticas determinadas após a

conclusão do estudo de DoE, indicou que tanto as VLS como as VHS apresentaram

respostas analíticas diretamente proporcionais às concentrações dos analitos,

indicando serem lineares nas faixas estudadas. As VLS foram avaliadas na coluna

Acquity HSS C18 SB, e as VHS na coluna Acquity Torus 2-PIC.

De uma forma geral, os resultados do coeficiente de correlação

mostraram-se satisfatórios (maiores que 0,990) para todas as vitaminas, em uma

ampla faixa de concentrações. O mesmo ocorreu com os resíduos, que ficaram

dispersos de forma aleatória, com o mesmo número de valores positivos e

negativos. Foram calculados os resíduos padronizados (resíduos divididos pelo

desvio padrão da regressão) e todos estiveram dentro dos limites aceitáveis com

99% de confiança (de - 3 a + 3). Foi calculado o intervalo de confiança para os

coeficientes linear e angular, sendo que o último sempre se mostrou significativo e

diferente de zero. Para algumas vitaminas o intervalo de confiança do coeficiente

linear não passou pelo zero, no entanto, seu valor não impactou de forma

significativa na quantificação.

Na Figura 49A está mostrada a curva analítica e na Figura 49B o gráfico

de resíduos padronizados para a vitamina A como exemplo. A faixa estudada para

esta vitamina foi de 0,04 a 0,34 mg mL-1. O intervalo de confiança para o intercepto

passou pelo zero, não representando impacto na quantificação. Os Limites de

Detecção (LD) e de Quantificação (LQ) calculados para esta vitamina, através das

equações descritas a seguir, foram de 9,7 x 10-3 mg mL-1 e 3,3 x10-2 mg mL-1,

respectivamente.

(Equação 2)

(Equação 3)

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134

Figura 49: Curva Analítica (A) e Resíduos Padronizados (B) para a vitamina A.

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135

Para as demais vitaminas, os resultados foram compilados conforme

mostrado na Tabela 11.

Tabela 11. Resultado do estudo de linearidade para as vitaminas analisadas.

4.6 Injeções da Amostra

Após definição dos principais parâmetros do método analítico, avaliou-se o

desempenho cromatográfico obtido após injeção de uma solução preparada com o

produto farmacêutico em teste, a fim de visualizar o cromatograma e identificar

possíveis interferências da matriz, como excipientes, sobre a eluição das vitaminas.

Nas Figuras 50 a 53 são mostrados os cromatogramas obtidos com a solução da

amostra, solução padrão de trabalho e diluente, e a sobreposição entres estes

cromatogramas, para ambas as colunas cromatográficas estudadas.

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136

Figura 50. Cromatogramas obtidos na coluna Acquity HSS C18 SB. A: Diluente, B: Solução Padrão de Trabalho, C: Solução Amostra.

Figura 51. Sobreposição dos cromatogramas obtidos na coluna Acquity HSS C18 SB - Diluente

(preto), Solução Padrão de Trabalho (azul), Solução Amostra (verde). Fase móvel: 10 mmol/L de

formato de amônio + 5% água em metanol (v/v) + 10 mmol/L hidróxido de amônio (v/v). Demais

condições cromatográficas conforme descrito na Figura 25. Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A,

3. Vitamina D, 4. Vitamina B3, 5. Vitamina B6, 6. Vitamina B2 e 7. Vitamina C, 8. Vitamina B1.

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137

Figura 52. Cromatogramas obtidos na coluna Acquity Torus 2-PIC. A: Diluente, B: Solução Padrão de Trabalho, C: Solução Amostra.

Figura 53. Sobreposição dos cromatogramas obtidos na coluna Acquity Torus 2-PIC - Diluente (preto), Solução Padrão de Trabalho (azul), Solução Amostra (verde). Fase móvel: 10 mmol/L de formato de amônio + 5% água em metanol (v/v) + 10 mmol/L hidróxido de amônio (v/v). Demais condições cromatográficas conforme descrito na Figura 25. Compostos: 1. Vitamina E, 2. Vitamina A, 3. Vitamina D, 4. Vitamina B3, 5. Vitamina B6, 6. Vitamina B1 e 7. Vitamina B2, 8. Vitamina C.

A comparação dos cromatogramas da solução da amostra, solução padrão

de trabalho e diluente, para ambas as colunas cromatográficas estudadas, mostra

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138

que praticamente não há interferência de componentes da matriz do produto

farmacêutico sobre a eluição das vitaminas em estudo. Entretanto, uma análise mais

profunda, em termos de pureza de pico e realização de uma degradação forçada é

necessária para assegurar que o método proposto apresenta a seletividade

necessária, conforme RDC n° 166/2017, da ANVISA.

5. CONCLUSÕES

A diferença marcante de solubilidade das vitaminas estudadas destaca a

importância da realização de um estudo sobre a solubilidade das mesmas nos

principais solventes utilizados em UHPSFC. Este estudo mostrou que o metanol foi o

solvente orgânico capaz de solubilizar a maior parte das vitaminas, embora a adição

de uma pequena quantidade de água (5%, v/v) na solução diluente foi necessária

para garantir a solubilização da vitamina B12 (cianocobalamina), que se mostrou

insolúvel em metanol puro. Paralelamente, a avaliação do efeito do volume de

injeção sobre o formato dos picos mostrou que, quanto maior a polaridade do

diluente utilizado, pior é o formato do pico, mesmo para volumes de injeção baixos.

Além disso, o efeito do aumento do volume de injeção também é prejudicial à

simetria do pico, mesmo para diluentes mais apolares. Dessa forma, a solução

diluente metanol:água 95:5 (v/v) forneceu picos com formato adequado, desde que o

volume de injeção fique restrito a 1 µL.

Em relação à fase estacionária, concluiu-se que a coluna Acquity HSS

C18 SB foi a fase estacionária mais adequada para separação simultânea dos dois

grupos de vitaminas. Em relação ao tipo de modificador orgânico, o metanol mostrou

apresentar os resultados mais satisfatórios de eluição e formato dos picos, sendo

fundamental o emprego de aditivos, como o sal formato de amônio (10 mmol/L),

água (5%) e hidróxido de amônio (10 mmol/L) para melhoria dos parâmetros

cromatográficos destes analitos nesta coluna cromatográfica. A realização o estudo

multivariado mostrou que os fatores porcentagem de modificador orgânico, pressão

e temperatura do forno influenciaram as respostas analíticas estudadas, sendo que

a condição cromatográfica de escolha para análise simultânea das VLS e VHS foi de

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139

proporção de modificador orgânico de 30% ao final do gradiente, temperatura do

forno de 30°C e contra-pressão de 1500 a 2500 psi.

No caso de análise exclusiva de VLS, concluiu-se que a coluna Acquity

HSS C18 SB foi a fase estacionária mais adequada a ser utilizada, devendo o

metanol ser empregado como modificador orgânico da fase móvel, pois forneceu

tempo de retenção menor e picos mais simétricos que os demais solventes

avaliados (acetonitrila e 2-propanol), sem a necessidade do emprego dos aditivos

formato de amônio, água e hidróxido de amônio, pois estes não contribuíram para

melhorar o formato dos picos desta classe de vitaminas.

No caso das VHS, a coluna Acquity Torus 2-PIC mostrou-se a mais

adequada, apresentando retenção e resolução satisfatórias, e o metanol mostrou-se

como o modificador orgânico mais indicado para análise deste grupo de vitaminas.

A fase móvel mais adequada para análise das VHS deve apresentar também os

aditivos formato de amônio (10 mmol/L), água (5%) e hidróxido de amônio (10

mmol/L) para melhoria dos parâmetros cromatográficos destes analitos nesta coluna

cromatográfica. A realização do estudo multivariado mostrou que os fatores

porcentagem modificador orgânico e temperatura do forno apresentaram maior

influência sobre a eluição das VHS, sendo a melhor condição analítica para análise

exclusiva das VHS obtida utilizando a coluna Acquity Torus 2-PIC com o emprego do

fator porcentagem de modificador orgânico em 30%, temperatura do forno em 30°C

e contra-pressão entre 1500 a 2500 psi.

Em relação à linearidade na metodologia analítica desenvolvida, foi

possível observar que tanto as VLS como as VHS apresentam respostas analíticas

diretamente proporcionais à concentração dos analitos. Com a análise de um

produto farmacêutico em forma de cápsula, foi possível verificar que não foram

detectados interferentes da matriz e do diluente nos tempos de retenção das

vitaminas em estudo.

Conclui-se que o desenvolvimento de um método analítico único, capaz

de identificar e quantificar VLS e VHS é possível, através do emprego da técnica de

UHPSFC, o que representa uma interessante vantagem em relação às principais

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140

metodologias adotadas atualmente na separação destes grupos de compostos, as

quais empregam, frequentemente, mais de uma técnica analítica. No entanto, foi

verificado que a análise de compostos de alto massa molar, extremamente polares e

de difícil solubilização em meio não aquoso, tais como as vitaminas B9 e B12,

configuram-se como limitações desta técnica. Além disto, a grande quantidade de

parâmetros analíticos que influenciam a separação, com mecanismos ainda não

totalmente elucidados, representam um desafio analítico.

Como conclusão final, pode-se dizer que a principal contribuição deste

trabalho constituiu no desenvolvimento de um método analítico inovador para

análise simultânea das VLS e VHS, que são analitos com características muito

distintas, e na avaliação dos principais fatores que afetaram a retenção, separação e

formato dos picos dos compostos empregando a técnica de UHPSFC, dentre eles a

composição da fase estacionária e da fase móvel e a densidade do fluído.

6. PERSPECTIVAS FUTURAS

Como trabalhos futuros, sugere-se a validação completa dos métodos

desenvolvidos, de acordo com a legislação vigente, a aplicação em outros produtos

comerciais, além da divulgação dos resultados por meio de artigos científicos, de tal

maneira que os métodos possam ser de utilidade para indústrias de diferentes áreas

(farmacêutica, alimentícia, cosmética, etc) que tenham a necessidade de quantificar

vitaminas em seus produtos.

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141

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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