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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL TÚLIO FERREIRA DE ABREU BARRETO AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE E DESEMPENHO TÉRMICO DE TELHAS REFORÇADAS COM RESÍDUOS DE FIBRAS DE COCO FEIRA DE SANTANA 2011

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3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

TÚLIO FERREIRA DE ABREU BARRETO

AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE E DESEMPENHO TÉRMICO DE

TELHAS REFORÇADAS COM RESÍDUOS DE FIBRAS DE COCO

FEIRA DE SANTANA

2011

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II

TÚLIO FERREIRA DE ABREU BARRETO

AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE E DESEMPENHO TÉRMICO DE

TELHAS REFORÇADAS COM RESÍDUOS DE FIBRAS DE COCO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Departamento de Tecnologia da

Universidade Estadual de Feira de Santana

como requisito para obtenção de título de

bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Lopes Lima

FEIRA DE SANTANA

2011

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III

TÚLIO FERREIRA DE ABREU BARRETO

AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE E DESEMPENHO TÉRMICO DE

TELHAS REFORÇADAS COM RESÍDUOS DE FIBRAS DE COCO

Monografia submetida à banca examinadora como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de bacharel em engenharia

civil.

Feira de Santana, 16 de Agosto de 2011.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Paulo Roberto Lopes Lima

Universidade Estadual de Feira de Santana.

Prof. Esp. Carlos Antônio Alves Queirós

Universidade Estadual de Feira de Santana.

Prof. MSc. Eduardo Antônio Lima Costa

Universidade Estadual de Feira de Santana.

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IV

Dedico este trabalho aos meus pais pelo

amor, apoio e exemplo.

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V

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a DEUS, o engenheiro dos engenheiros, por iluminar meus

caminhos e atender minhas preces.

Agradeço aos meus Pais, senhor João Batista Barreto e a senhora Aldeiza Ferreira de

Abreu Barreto, pelo amor, carinho e extrema dedicação, fato fundamental para a minha

formação profissional e humana. Aos meus irmãos, Teoldo, Tainne e Tamiles pelo amor e

amizade eterna. Agradeço ao meu sobrinho Antônio, novo presente de DEUS para todos.

Agradeço também a duas pessoas especiais para mim, meus tios José Romero Rocha

(Baio) e Ana Maria Andrade Barreto Rocha, pela força diária que a mim concedem. Aos seus

filhos, em especial a minha madrinha Anaibe. Devo lembrar também de meus primos, Ramon

(Bocam), Marcela, Gabriela e Manuella (minha rainha) que dividiram comigo os dias de

cansaço e angústias, antes e pós prova, além de ouvirem sempre os meus sonhos futuros. Aos

meus primos Dhonne e Damaryo pelo amor e carinho.

Agradeço a todos os tios, tias, primos e primas. Agradeço aos meus amigos de

infância, Natanael, Teófilo, Luan, Weslley, Matheus e aos demais amigos de Quijingue.

Agradeço a todos os colegas da turma 2006.2, pela grande amizade, o que fez nos

tornar grandes irmãos. Agradeço em especial aos amigos Rafael, Norma e Francielle pelos

diversos momentos que vivemos juntos. Agradeço aos amigos da AQ-ACE (Associação

Quijinguense de Apoio a Cultura e Educação), pela vitória que conseguimos juntos, a

concretização do Projeto CACTUS, sonho de uma juventude destemida.

Agradeço ao professor Dr° Paulo Roberto Lopes Lima, pelo conhecimento que vem

me passando desde o tempo da minha iniciação cientifica, fato importante para a minha

formação acadêmica. Agradeço também pela sua amizade. A Vanessa Lucia, pela ajuda nas

realizações dos ensaios no Laboratório de Tecnologia. Agradeço a professora Dra

Rosangela

Leal e a técnica Gilzete, por fornecer os dados da Estação Climatologia da UEFS.

Agradeço a todos os professores, pela transferência de conhecimento. A Universidade

Estadual de Feira de Santana, instituição a qual tenho um imenso carinho e orgulho de ter

estudado.

Não posso me esquecer da equipe Multiplace/R.Carvalho, local onde iniciei a minha

caminhada na Construção Civil. Não posso deixar de mencionar Juvenil Neto, Jeneci

Carvalho, Fabio Vasconcelos, Jean Carlos e o mestre Francisco. Pessoas importantes na

minha formação como profissional.

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VI

“Somos estudante das bravas caatingas

Que queremos lutar e vencer

Combater contra as artes do mal

Novo mundo fazer renascer”.

(Pe. Henrique J. do Nascimento e Homero Brito, adaptação do Hino do Centro Educacional e

Assistencial Quijinguense)

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VII

RESUMO

BARRETO, T. F. A. Avaliação da Durabilidade e Desempenho Térmico de Telhas

Reforçadas com Resíduos de Fibras de Coco. Feira de Santana, 2011. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Feira de

Santana.

O crescimento do setor da Construção Civil impulsionou as pesquisas que tem como

intuito a produção de materiais de construção que atendam aos requisitos técnicos,

econômicos e ambientais. Com isso, a área de compósitos de matriz de cimento reforçada

com as fibras naturais vem recebendo atenção especial. A fabricação de fibrocimento com

reforços de fibras vegetais apresenta vantagens bastante significativas, ao contrario do

amianto, o reforço orgânico não é deletério no processo de fabricação do compósito. As fibras

vegetais, tais como a de coco e sisal são de grande abundância em países de clima tropical,

como o Brasil. Este trabalho busca avaliar o comportamento de telhas compósitas com

resíduos de fibra de coco após o processo de envelhecimento acelerado. Este trabalho está

divido nas seguintes etapas: estudo das propriedades físicas e mecânicas das telhas após o

processo de envelhecimento natural; avaliação do comportamento térmico das telhas

comparando-o com outros tipos de telhas existentes no mercado, neste caso foram usadas a de

amianto e cerâmica. Foi constatado que o envelhecimento natural desfavoreceu o desempenho

mecânico. A resistência a flexão simples do compósito foi inferior aos valores estabelecidos

pela NBR 15310 (ABNT, 2005). Entretanto os índices físicos foram aceitos pela Norma. No

quesito desempenho térmico as telhas compósitas apresentaram comportamento de isolante de

calor, ou seja, o seu uso em coberturas favorece o conforto térmico do ambiente.

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VIII

ABSTRACT

BARRETO, T. F. A. Durability and Performance Evaluation of Thermal Tile Reinforced

with Coco fiber waste. Feira de Santana, 2011. End of Course Work (Graduate in Civil

Engineering) - Universidade Estadual de Feira de Santana.

The growth of the Construction Industry has boosted the research that has as objective

the production of building materials that meet the technical requirements, economic and

environmental. With that, the area of cement matrix composites reinforced with natural fibers

has received special attention. The manufacture of fiber-reinforced cement plant provides

very significant advantages, contrary to asbestos, organic strengthening is not harmful in the

manufacturing process of the composite. Vegetable fibers such as coconut and sisal are of

great abundance in tropical countries, like Brazil. This paper seeks to evaluate the behavior of

composite shingles with coir waste after the process of accelerated aging. This work is

divided into the following steps: a study of physical and mechanical properties of the tiles

after the natural aging process, evaluation of thermal tiles comparing it with other types of

tiles on the market, in this case were used for the asbestos and ceramic . It was found that the

natural aging disadvantage mechanical and physical performance, however it turns out that

the values were resistance and fitness levels were similar to those accepted by the NBR 15310

thus shows that it is possible to circumvent this problem by improving the process production.

On the issue of thermal performance of the tiles showed behavior of composite heat insulator,

ie its use in coverage favors the thermal comfort of the environment.

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IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Esquema de uma fibro-célula de uma fibra vegetal.................................................3

Figura 02 - Parte principal do coco madura................................................................................6

Figura 03 - Diagrama típico carga x deslocamento do corpo de prova sem reforço..................9

Figura 04 - Diagrama típico carga x deslocamento do corpo de prova com fibra......................9

Figura 05 - Bancada de envelhecimento natural.......................................................................13

Figura 06 - Confecção de telhas reforçadas com fibras vegetais..............................................16

Figura 07 - Representação das trocas de calor em um telhado.................................................20

Figura 08 - Movimento do ar quando ocorre transmissão de calor por convecção..................22

Figura 09 - Ensaio de desempenho térmico de telhas...............................................................24

Figura 10 - Distribuição de frequência do comprimento das fibras curtas...............................27

Figura 11 - (a) Peça inferior do molde; (b) e (c) Peça superior do molde; (d) Molde

completo....................................................................................................................................28

Figura 12 - Dimensões da telha de cimento amianto................................................................29

Figura 13 - Componentes usados para a fabricação de telhas de amianto................................29

Figura 14 - Telha Cerâmica estilo Romana..............................................................................30

Figura 15 - Bancada de apoio das telhas...................................................................................31

Figura 16 - Estação Climatológica da UEFS............................................................................31

Figura 17 - Ensaio para determinação da carga de ruptura por flexão......................................33

Figura 18 - Prensa Hd 200T......................................................................................................33

Figura 19 - Ensaio de permeabilidade.......................................................................................34

Figura 20 - Verificação do empenamento.................................................................................34

Figura 21 - Modelagem do protótipo utilizado para o ensaio de desempenho térmico............35

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X

Figura 22 - Realização do ensaio de desempenho térmico.......................................................36

Figura 23 - Gráfico de cargas de ruptura à flexão das telhas....................................................38

Figura 24 - Telha envelhecida menos porosa e com manchas menos intensas (a); (b) telha com

maior quantidade de poros e manchas mais escuras.................................................................39

Figura 25 - Gráfico de desempenho térmico das telhas cerâmicas...........................................40

Figura 26 - Gráfico de desempenho térmico das telhas reforçadas com resíduos de fibra de

coco...........................................................................................................................................41

Figura 27 - Gráfico de desempenho térmico das telhas reforçadas de cimento amianto..........41

Figura 28 - Ilustração do desempenho térmico das telhas reforçadas de cimento amianto......42

Figura 29 - Variação das temperaturas externa (T-01) e interna próxima a telha (T-02).........43

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XI

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Propriedades físicas e mecânicas das fibras de coco e sisal ...................................5

Tabela 02 - Carga de ruptura à flexão das pastas......................................................................10

Tabela 03 - Absorção de água das pastas com fibras curtas de coco, aos 28 dias e 91 dias de

idade..........................................................................................................................................10

Tabela 04 - Massa especifica seca (ρs) massa especifica saturada (ρsat) e massa especifica

real (ρreal) das pastas de cimento contendo 1%, 2% e 3% de fibras curtas.............................11

Tabela 05 - Comparação das propriedades de telhas após o envelhecimento acelerado..........14

Tabela 06 - Resultados dos ensaios físicos e mecânicos..........................................................17

Tabela 07 - Propriedades físicas e mecânicas das telhas, aos 28 dias de idade........................18

Tabela 08 - Dados climatológicos médios obtidos pela Estação Climatológica 83221 da

UEFS.........................................................................................................................................32

Tabela 09 - Carga de ruptura à flexão das telhas envelhecidas por processo natural...............37

Tabela 10 - Carga de ruptura à flexão das telhas aos 28 dias e após aos envelhecimentos,

acelerado e natural....................................................................................................................37

Tabela 11 - Massa seca e absorção de água das telhas aos 28 dias e após os envelhecimentos

acelerado e natural................................................................................................................ ....40

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XII

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM American Society for Testing and Materials

CEPED Centro de Pesquisas e Desenvolvimento

CP V-ARI Cimento Portland de alta resistência inicial

CP II-Z-32 Cimento Portland composto com pozolana

CRFS Cimento Reforçado com fio sintético

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LABOTEC Laboratório de Tecnologia

NBR Norma Brasileira

RCD Resíduos de Construção e Demolição

ρs Massa especifica seca

ρreal Massa especifica saturada

ρsat Massa especifica real

T-01 Termopar externo

T-02 Termopar interno localizado próximo a cobertura

T-03 Termopar externo localizado próximo ao piso

UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana

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XIII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

1.1 Objetivos ...................................................................................................................... 2

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................... 2

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 3

2.1 MATERIAIS COMPÓSITOS REFORÇADOS POR FIBRAS ...................................... 3

2.1.1 Fibras vegetais .............................................................................................................. 3

2.1.1.1 Fibra de coco ............................................................................................................ 6

2.1.2 Propriedades de matrizes reforçadas como fibras vegetais ............................................. 7

2.1.2.1 Resistência a compressão ......................................................................................... 7

2.1.2.2 Resistência a flexão .................................................................................................. 8

2.1.2.3 Absorção de água ................................................................................................... 10

2.1.2.4 Índices de vazios .................................................................................................... 11

2.1.2.5 Massa especifica..................................................................................................... 11

2.1.2.6 Durabilidade ........................................................................................................... 11

2.1.3 Telhas de fibrocimento vegetal.................................................................................... 15

2.2 INFLUÊNCIA DO MATERIAL DE COBERTURA NO CONFORTO TÉRMICO .... 19

2.2.1 Propriedades térmicas dos materiais de construção ...................................................... 19

2.2.2 Desempenho térmico de telhas .................................................................................... 22

2.2.2.1 Desempenho térmico de telhas reforçadas com fibras ............................................. 24

3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 26

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS ...................................................................................... 26

3.1.1 Telhas reforçadas com fibras de coco .......................................................................... 26

3.1.2 Telha de amianto......................................................................................................... 28

3.1.3 Telhas cerâmicas ......................................................................................................... 30

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ....................................................................... 30

3.2.1 Envelhecimento natural ............................................................................................... 30

3.2.2 Determinação da durabilidade das telhas ..................................................................... 33

3.2.2.1 Propriedades físicas ................................................................................................ 34

3.2.2.1.1 Permeabilidade .................................................................................................... 34

3.2.2.1.2 Empenamento ...................................................................................................... 34

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XIV

3.2.3 Desempenho térmico das telhas .................................................................................. 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 37

4.1 Ruptura flexão SIMPLES ........................................................................................... 37

4.2 Propriedades físicas .................................................................................................... 38

4.2.1 Permeabilidade ........................................................................................................... 38

4.2.2 Empenamento ............................................................................................................. 39

4.2.3 Massa seca e absorção de água .................................................................................... 39

4.3 Desempenho térmico .................................................................................................. 40

5 CONCLUSÃO E SUGESTÃO ...................................................................................... 44

5.1 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 44

5.2 SUGESTÕES PARA NOVOS TRABALHOS ............................................................ 45

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 46

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3

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos observa-se o grande crescimento da indústria da Construção Civil,

segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o setor cresceu 14,9% no

primeiro trimestre de 2010 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, tendo como

principal responsável por esse avanço a oferta de credito para famílias de baixa renda, o que

possibilita a aquisição de uma casa própria. Porém, há necessidade de implantar novos

materiais para atender o grande demanda de moradias, principalmente em países em

desenvolvimento. Esse fato faz com que se intensifiquem os estudos que tenham o objetivo de

utilizar matérias-primas de baixo custo e de fácil obtenção, como por exemplo, os resíduos

gerados pela população, dente eles garrafas de polipropileno, metais e resíduos agroindustriais

(SAVASTANO, 2000). Neste contexto surgem as fibras naturais como matéria-prima para a

fabricação de novos elementos construtivos.

O uso de fibra como reforço em materiais de construção é amplamente estudado para a

fabricação de placas, telhas e reservatórios. Entretanto, as fibras vegetais continuam sendo

coadjuvantes como reforços em matrizes cimentícias, pois o amianto e as fibras artificiais

ainda são amplamente usadas em nosso país.

O amianto, fibra de origem mineral, melhora as características físicas, mecânica e

química de produtos a base de cimento. Por outro lado, o asbesto é prejudicial à saúde

humana, por lançar partículas microscópicas no ar que podem gerar doenças no sistema

respiratório do trabalhador. Apesar de ser proibido em 52 países, no Brasil é permitido o uso

deste. O jornal O Globo (2010) destaca o país como um dos maiores produtores de amianto

do mundo, o que explica a sua não proibição.

A produção de fibrocimento com reforço de fibras vegetais apresenta vantagens

bastante significativas, pois ao contrario do amianto, o reforço orgânico não é deletério no

processo de fabricação do compósito.

As fibras vegetais, tais como a de coco e sisal são de grande abundância em países de

clima tropical, assim como o Brasil, desta forma a utilização dessa matéria-prima agrega

valor ao produto além de gerar uma nova destinação ao resíduo do fruto. Segundo a

Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas (2007 apud CARNEIRO;

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2

LIM; LEITE, 2009) o Brasil é quarto maior produtor de coco do mundo, tendo produzido

cerca 2.771 milhões de toneladas no ano de 2006.

O reforço de fibra vegetal melhora o desempenho na pós-fissuração, garante um

material dúctil e resistente ao impacto, além disso, a adição da fibra promove a redução da

densidade do material, pois aumenta a porosidade devido ao aprisionamento de ar no processo

de mistura (LIMA, 2004). Por outro lado, possui uma durabilidade limitada. Esse problema

está associado com a deterioração e enfraquecimento da fibra, causado pela combinação de

diversos fatores, como o ataque alcalino e variação volumétrica da fibra devido a sua alta

absorção de água (LIMA, 2004; SILVA, 2002).

No caso de telhas, a adição de fibras gera produtos com melhor desempenho térmico

em relação aos produzidas com amianto, favorecendo o conforto no ambiente (ROMA JR.,

2004), principalmente em habitações térreas, que em sua maioria são de interesses sociais

(SILVEIRA et al, 2002). Segundo Savastano Jr (2000) boa parte dessas habitações possui

telhados de cimento-amianto, por esse motivo torna-se necessário estudar novas alternativas

viáveis para substituir esse tipo de cobertura.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Avaliar a Durabilidade e Desempenho Térmico de Telhas Reforçadas com Resíduos

de Fibras de Coco.

1.1.2 Objetivos específicos

Verificar se as propriedades físicas e mecânicas das telhas compósitas submetidas

ao envelhecimento natural atendem aos critérios estabelecidos pela NBR 15310

(2005) - Componentes Cerâmicos: Telhas-Terminologia, Requisitos e Métodos de

Ensaio;

Analisar o comportamento térmico das telhas compósitas com fibras de coco em

condições artificiais de calor, comparando-a com as telhas cerâmicas e de cimento

amianto.

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3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 MATERIAIS COMPÓSITOS REFORÇADOS POR FIBRAS

O uso de fibras naturais orgânicas como reforço em matrizes cimentícias passou a ser

de grande interesse para a indústria da Construção Civil, pois a fibra representa um tipo de

matéria-prima de baixo custo, salubre, biodegradável, renovável além de apresentar vantagens

ambientais.

É de conhecimento que algumas matérias primas utilizadas para a produção de

determinados materiais de construção convencionais são prejudiciais à saúde humana, dentre

eles o amianto. No Brasil, tem se intensificado o estudo sobre novos materiais com reforço de

fibras vegetais (SILVA, 2002), esse fato tem influência pelo país ter um vasto cultivo de

plantas que fornecem as fibras.

2.1.1 Fibras vegetais

Os principais constituintes das fibras vegetais são a celulose, a hemicelulose, pectina,

lignina e minerais. A hemicelulose e a lignina compõem as microfibras (Figura 01) que são

constituídas por camadas, contendo fibrilas combinadas por cadeias moleculares de celulose.

O arranjo das fibras apresenta ângulos de inclinação que variam de acordo com o tipo de

vegetal e por sua vez tem influência sobre o desempenho da fibra (PICANÇO, 2005).

Figura 01: Esquema de uma fibro-célula de uma fibra vegetal (GRAM, 1988).

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4

Os estudos com o objetivo de usar fibras como reforço em matrizes cimentícia iniciou

na década de 60 na Europa (GUIMARÃES, 1987). No Brasil esse tipo de pesquisa teve inicio

dos anos 80 no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CEPED), no estado da Bahia. As

fibras naturais de origem vegetal, como coco, piaçava, juta bambu e sisal representam uma

ótima alternativa para o uso em matrizes a base de cimento Portland.

As fibras de coco e sisal possuem baixo custo de produção e são encontradas em

abundância na natureza e como resíduo da indústria, por esse motivo as pesquisas no Brasil

concentram-se nessas duas espécies (AGOPYAN,1991). Suas propriedades físicas e

mecânicas estão disposta na tabela 1.

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Tabela 01: Propriedades físicas e mecânicas das fibras de coco e sisal

PROPRIEDADE

Toledo Filho (1997) Bledzki e Gassan (1999) Agopyan e Savastano (1997) Guimarães (1987)

SISAL COCO SISAL COCO SISAL COCO SISAL COCO

Diâmetro (mm) 0,08 - 0,30 0,11-0,53 - -

- - -

Densidade (KN/m³) 7,50 - 10,70 6,7-10,00 15 12 13,7 11,77 - -

Teor de umidade natural (%) 10,97 - 14,44 22,00-38,00 - -

- - -

Absorção de água na saturação

(%) 190,0 - 250,0 85,00-135,00 - - 110 93,8 - -

Resistência à tração (MPa) 227,8 -1002,3 108,26-251,9 511-635 175 347-378 95-118 458 180

Módulo de elasticidade (GPa) 10,94 - 26,70 2,50-4,50 9,4-2,2 4,0-6,0 15,2 2,8 15,20 2,80

Deformação de ruptura (%) 2,08 - 4,18 13,70-41,00 2,0-2,5 30 4,9-5,4 23,9-51,4 4,3 29,2

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6

2.1.1.1 Fibra de coco

O cultivo do coco é abundante em países de climas tropicais, principalmente em

regiões litorâneas. O coqueiro é um tipo de planta que cresce em áreas de águas

salgadas, como por exemplo, as praias. O fruto, que possui geometria ovóide, é formado

pelo mesocarpo, epicarpo, casca rígida e copra (VAN DAM, 2004) (Figura 02). A fibra,

extraída da casca que corresponde 80% do peso coco bruto, é utilizada no artesanato

para a fabricação de tapetes, chapéus e cordas. Ainda fresco é possível obter do fruto

óleos, minerais e vitaminas, todos esses derivados tem importância socioeconômica

para a região onde ele é cultivado.

Figura 02: Parte principal do coco madura (VAN DAM et al, 2004).

O beneficiamento da fibra do coco é feito por processo de trituração (a casca é

cortada e triturada por um moinho de facas), prensagem (nessa etapa é retirada

mecanicamente, por compressão, a umidade da casca e os sais dissolvidos) e seleção

(separar as fibras do pó) (ROSA, 2010). O Brasil se destaca pela elevada

disponibilidade de coco, principalmente na região Nordeste, porém apenas cerca de

0,35% da fibra produzida é aproveitada para a fabricação de compósitos (DUARTE,

2009).

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Estudo feito por Toledo et al. (1997) obtive o diâmetro das fibras de coco de

0,25 mm. O peso especifico de 8,0 kN/m e resistência a tração de 174 MPa. Savastano

Jr (1992) realizou ensaios com a fibra de coco e obteve a massa especifica de 1177

kg/m³, massa especifica aparente de 638 kg/m³, absorção máxima de 93,8%, diâmetro

de 0,210 ±0,101mm e resistência a tração de 95 a 118 MPa.

Kulkalkarni (1981 apud SALES, 2006) observou que a fibra de coco apresentou

no gráfico de tensão-deformação uma parte linear no inicio da aplicação do

carregamento, seguido de uma região não linear demonstrando uma deformação

altamente desproporcional à tensão, posteriormente uma região retilínea ascendente,

sugerindo certo encruamento por deformação.

No quesito durabilidade em meio básico, a fibra de coco apresenta-se superior

em relação a outras fibras vegetais. Por possuir grande quantidade de lignina em sua

constituição, a fibra de coco, apresenta alta resistência ao apodrecimento nas condições

de secagem e umedecimentos (RAMASWAMY; AHUJA; KRISHNAMOORTHY,

1983). Entretanto a fibra de coco apresenta baixo módulo de elasticidade e grande

absorção (TOLEDO FILHO, 1997) o que limita a sua aplicação como reforço em

compósitos.

2.1.2 Propriedades de matrizes reforçadas como fibras vegetais

2.1.2.1 Resistência a compressão

A adição de fibras naturais em matrizes cimentícias altera negativamente a

resistência a compressão. Lima (2004) indica os fatores que interferem nas propriedades

do compósito, são eles: comprimento; quantidade; características físicas e mecânicas

das fibras; resistência da matriz; mistura do material. O volume e comprimento da fibra

aliado ao processo de mistura tradicional de mistura tendem a formar compósitos com

baixa resistência a compressão. As fibras se aglomeram devido à formação de novelos,

gerando vazios e, consequentemente, pontos de concentrações de tensões.

Toledo Filho et al. (1997) produziram argamassa reforçadas com fibras de sisal e

coco com diversos comprimentos e frações volumétricas de 2 e 3% em massa, a fim de

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avaliar o seu comportamento ao efeito de compressão. Foi verificado que houve um

decréscimo na resistência de 18 a 32 % dos compósitos, para 2 e 3% de fibra de sisal,

respectivamente. Por outro lado, o compósito adquire melhor desempenho após tensão

de pico, pois retarda a propagação de fissuras.

Picanço (2005) alerta sobre o processo convencional de cura dos compósitos,

pois ao emergir o material em água as fibras incham por possuírem uma considerável

capacidade de absorção. No fim dessa fase, ao ser exposta em condições naturais, a

fibra perde parte do liquido absorvido, apresentando redução de volume, fazendo com

que diminua a sua aderência com a matriz. Por esse motivo, o esse processo de cura

torna-se inadequado para materiais compostos por fibras naturais.

2.1.2.2 Resistência a flexão

As matrizes a base de cimento Portland apresentam vantagens quanto a

resistência a compressão e rigidez, porém, possuem baixa capacidade de deformação,

ruptura abrupta e baixa resistência a tração (VENTURA et al, 2006). O uso de barras de

aço, assim como a inserção de fibras artificiais e naturais serve como incremento para

resistência a flexão.

Ventura et al.(2006) produziram compósitos reforçados com fibras curtas de

sisal. Neste estudo foi verificado que os espécimes referência (sem adição de fibra)

tiveram ruptura frágil e explosiva que coincide com a carga de pico do material (Figura

03). O compósito (1% de fibra) obteve melhor desempenho na fase posterior ao

carregamento máximo, pois a fibra distribui as tensões, proporcionando maior

capacidade de deformação (Figura 04).

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Figura 03 - Diagrama típico carga x deslocamento do corpo de prova sem reforço (VENTURA

et al., 2006)

Figura 04: Diagrama típico carga x deslocamento do corpo de prova com fibra(VENTURA et

al., 2006)

Carneiro (2010) verificou que a adição de 1% de fibras curtas de coco em pastas

produzidas com cimento, metacaulinita, resíduo cerâmico e filler de RCD, incrementou

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em 9,5% a carga de ruptura na flexão da matriz. Houve queda da resistência da matriz,

30 e 19,3% para 2 e 3% de fibra, respectivamente. Os resultados estão apresentados na

tabela 02.

Tabela 02: Carga de ruptura à flexão das pastas

(CARNEIRO, 2010)

MISTURA CARGA DE RUPTURA (N)-

CV (%)

SEM REFORÇO 901,57 (21,37)

1% DE FIBRA 987,20 (42,04)

2% DE FIBRA 631,08 (43,49)

3% DE FIBRA 727,26 (13,79)

2.1.2.3 Absorção de água

As fibras vegetais apresentam alta capacidade de absorção de água, Segundo

Toledo, England e Chavami (1997) o sisal e o coco absorvem 230 e 100% de água,

respectivamente, após a saturação completa. O comportamento higroscópio da fibra

gera um aumento na capacidade de absorção do compósito (CARNEIRO, 2010).

Carneiro (2010) avaliou a absorção de pastas produzidas com cimento,

metacaulinita, resíduo cerâmico e filler de RCD enriquecidas com fibras nas porções

volumétricas de 1%, 2% e 3%. Aos 28 dias foi verificado que para 3% de fibra houve

um aumento na absorção de água em cerca de 4,0% comparado com a matriz com 1%

de fibra. A tabela 03 mostra a absorção de água das pastas compósitas.

Tabela 03: Absorção de água das pastas com fibras curtas de coco, aos 28 dias e 91 dias de idade (CARNEIRO, 2010)

ABSORÇÃO DE ÁGUA (%) - CV (%)

Volume de

fibra 28 dias 92 dias

1% 29,47 (1,17) 29,95 (1,57)

2% 30,31 (0,96) 31,37 (1,06)

3% 30,57 (0,82) 32,35 (0,8)

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2.1.2.4 Índices de vazios

A inclusão de fibra tende a tornar o compósito menos trabalhável,

consequentemente aumenta os vazios deixando o material mais poroso (LIMA, 2004).

Lima (2004) analisou argamassas compósitas, com frações volumétricas de 1%, 2% e

3% de fibras curtas de sisal. O autor verificou que a fibra incrementou o índice de

vazios, que aumentou em até 8,64% em relação a argamassa sem reforço. Por outro lado

a porosidade reduziu para argamassa com teor de 3% de fibra, pois segundo o autor esse

decréscimo é devido à diminuição da ligação dos poros gerados pela adição do sisal.

2.1.2.5 Massa especifica

A massa especifica do compósito está relacionada com o acréscimo do índice de

vazios e aumento da porosidade devido a adição da fibra vegetal. Carneiro (2010)

estudou pastas de cimento com frações volumétricas de fibras curtas de coco de 1%, 2%

e 3%. A autora verificou a redução das massas especificas da pasta enriquecida com

fibra de coco. A tabela 04 apresenta as massas especificas da pasta de cimento

compósita.

Tabela 04: Massa especifica seca (ρs) massa especifica saturada (ρsat) e massa especifica real (ρreal) das

pastas de cimento contendo 1%, 2% e 3% de fibras curtas (CARNEIRO, 2010)

28 DIAS 91 DIAS

Volume

de fibras

ρs

(g/cm³)

ρsat

(g/cm³)

ρreal

(g/cm³) ρs (g/cm³)

ρsat

(g/cm³) ρreal (g/cm³)

1% 1,44(0,0) 1,86(0,0) 2,5(0,5) 1,44(0,0) 1,87(0,0) 2,53(0,0)

2% 1,41(0,0) 1,83(0,0) 2,45(0,2) 1,41(0,0) 1,85(0,0) 2,52(0,0)

3% 1,39(0,0) 1,81(0,0) 2,4(0,4) 1,38(0,0) 1,83(0,0) 2,51(0,0)

2.1.2.6 Durabilidade

Nas experiências em que se usam as fibras vegetais como reforço de matrizes a

base de cimento Portland, observa-se o enfraquecimento da fibra e as perdas das

vantagens como reforço estrutural. A durabilidade do compósito é de grande

importância, pois quanto mais durável, maior será a vida útil do material.

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A hemicelulose, um dos constituintes das fibras vegetais, está ligada

quimicamente com moléculas de celulose e possuem um baixo grau de polimerização e

são solúveis em meios básicos (LIMA, 2004). A fibra é fragilizada não só pelo

processo de apodrecimento devido ao ciclo de umedecimento e secagem, mas também

pelo ataque dos álcalis presentes no cimento. Além disso, a fibra sofre ataque de fungos

e bactérias que alteram negativamente a sua resistência. Os intervalos entre o

umedecimento e secagem propiciam a proliferação de alguns tipos de bactérias, o que

gera a propagação de micro-organismos que atacam as fibras. O surgimento de bolores e

bactérias é mais intenso em temperaturas da ordem de 30 e 37 °C, respectivamente

(COOK apud SAVASTANO, 1986).

Savastano Jr. (1998) aponta diversas alternativas apara evitar o processo de

deterioração da fibra, são eles:

Emprego de matrizes de baixa alcalinidade, cuja água do poro possua

pH inferior a 9, como o gesso e os cimentos especiais ; redução da

alcalinidade, por carbonatação acelerada da matriz; proteção das

fibras com polímeros, hidrorrepelentes (resinas, óleos e asfaltos), ou

ainda agentes bloqueadores da reação de decomposição das fibras,

como silicatos e sulfatos de sódio e magnésio; impermeabilização da

matriz; emprego dos compósitos em locais permanentemente secos.

Lima (2004) produziu argamassas de cimento Portland com adições pozolânicas,

dentre elas, metacaulinita e material cerâmico e moldou corpos de prova com dimensões

de 100x100x400mm, reforçado com fibras longas de sisal. Foi verificada a resistência a

flexão do compósito após o processo de envelhecimento acelerado, onde os espécimes

ficaram 28 dias em cura e posteriormente submetidos a 12 e 25 ciclos de molhagem e

secagem. O autor verificou um declínio significativo na resistência a flexão e da

tenacidade dos compósitos, ao comparar os resultados antes e depois dos ciclos. Por

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outro lado, quando substituiu 30% do cimento por metacaulinita à queda da resistência a

flexão e tenacidade foi menor.

Savastano Jr (2000) submeteu telhas á base de escória de alto forno compostas

com 2,0% fibras naturais (coco, sisal e polpa celulósica de eucalipto), comprimento

médio de 20 mm, ao envelhecimento natural e acelerado a fim de verificar a sua

durabilidade. No envelhecimento natural (Figura 05) os espécimes ficaram expostos 16

meses ao ar com temperaturas variando de 17,6°C a 27,3°C respectivamente. Após esse

processo foram verificadas as propriedades mecânicas (ensaio de flexão) e físicas

(empenamento, permeabilidade e absorção de água).

Figura 05: Bancada de envelhecimento natural

Os resultados obtidos após os 16 meses de envelhecimento natural mostraram

que os índices físicos (permeabilidade e absorção de água) continuaram com valores

aceitos para o uso da telha. Entretanto, houve um decréscimo considerável do

desempenho mecânico, com quedas de 50 e 70%, de carga máxima e energia absorvida

em relação as telhas utilizadas rompidas aos 28 dias, respectivamente.

Outros espécimes ficaram, extraídos da telhas, por 12 meses sob

envelhecimento, conforme ASTM G-53, ficando submetidos a 1000 ciclos de 8 h (4h

sob luz ultravioleta e 4h sob nebulização de água). Assim como os espécimes

envelhecidos através do processo natural, não houve alteração significativa das

propriedades físicas. A resistência de flexão aumentou segundo o autor isso ocorreu

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devido as condições as quais favoreceram o processo de hidratação (SAVASTANO;

PIMENTEL,2000).

Toloni (2006) expos telhas compósitas com fibras de sisal e com reforços mistos

de sisal e polipropileno ao envelhecimento acelerado simulando o calor e chuva, similar

a exposição prolongada às intempéries naturais. As telhas ficaram sob ação de um

sistema de aquecimento com infravermelho e a um de aspersão de água. Após cinqüenta

ciclos de calor- chuva, foram verificadas as propriedades físicas (absorção de água,

porosidade aparente e densidade aparente) e mecânicas (tração na flexão) e comparadas

com os resultados obtidos aos 28 dias de cura. A tabela 05 apresenta os resultados dos

ensaios.

Tabela 05: Comparação das propriedades de telhas após o envelhecimento acelerado (TOLONI,

2006).

Absorção de água (%) Porosidade

aparente (%)

Densidade

aparente (g/cm³)

Carga máxima

de flexão(N)

28 dias

Env.

acelerado 28 dias

Env.

acelerado 28 dias

Env.

acelerado 28 dias

Env.

Acelerado

4% de sisal 32,8 ±1,1 29,9±0,6 44,2±0,7 42,0±0,5 1,35±0,03 1,40±0,01 1073,9 ± 244,3 526±156,9

3%de sisal+2% de

Polipropileno 30,1±0,8 27,1±0,3 42,5±1,3 39,6±0,3 1,41±0,05 1,47±0,01 1044,8±194,5 551±114,4

3%de sisal+1% de

polipropileno 34,4±1,2 - 44,8±0,9 - 1,3±0,04 - 1001,1±239,0

3% de sisal + 0,5

de Polipropileno 32,1±2,6 31,5±2,7 42,7±1,8 41,2±1,7 1,31±0,07 1,31±0,07 962,5±386,4 663,7±204,2

O envelhecimento gerou um decréscimo da porosidade das telhas. A diminuição

da porosidade é efeito da carbonatação da matriz cimentícia. Nenhuma das telhas

apresentou formação de gotas após o processo de envelhecimento acelerado. Foi

verificado o aparecimento de fissuras nas peças, que ocasionou a lixiviação do material

devido à ação da água. Os ciclos de água-chuva promoveram a queda da força máxima

suportada, as telhas reforçadas com fibras de coco apresentaram uma redução em torno

de 50%, quando compradas com as telhas ensaiadas aos 28 dias.

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2.1.3 Telhas de fibrocimento vegetal

A abundância das fibras naturais acompanhada com a necessidade de confecção

de materiais alternativos tornou-se um dos principais objetos de estudos no país. No

caso do coco o seu elevado consumo e o descarte da casca têm como conseqüência a

geração de resíduo. A quantidade do fruto produzido passou de cerca de um bilhão e

trezentos mil para dois bilhões de coco nos anos de 2000 a 2006, respectivamente

(IBGE-PAM, 2006 apud CARNEIRO; LIMA; LEITE, 2009), sendo a região Nordeste a

maior produtora de coco do país. Além da poluição visual, quando não é feita a coleta

devida, a casca do coco é responsável pela liberação de metano, um dos gases

responsáveis pelo efeito estufa no processo de degradação anaeróbia (PASSOS, 2005).

Após o processo de beneficiamento o resíduo adquire propriedade que o torna

com potencial de ser utilizado por diversos setores industriais, como por exemplo, na

indústria automobilística para a produção de estofados de carros. A indústria de

materiais para a construção civil passou a se interessar pelo fruto. Atualmente são

produzidas telhas, painéis, chapas e tijolos de adobe reforçados por fibra fibras vegetais

(CARNEIRO, 2009).

O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CEPED) realizou as primeiras

pesquisas com o intuído desenvolver materiais de fibrocimento. O CEPED

confeccionou telhas através de métodos artesanais (Figura 06) em formato de calha com

dimensões de 1m de comprimento e 1,0 cm de espessura. Guimarães (1987) produziu

telhas reforçadas de fibras com sisal, coco ou piaçava, esse material foi ensaiado e os

resultados obtidos mostraram que a adição das fibras vegetais aumentou a resistência

quando submetida ao esforço de flexão. Ao mesmo tempo o material tornou-se mais

dúctil e com coeficiente de permeabilidade próximo a zero. Por conseguinte, é viável o

uso de fibra com reforço desse material.

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Figura 06: Confecção de telhas reforçadas com fibras vegetais (GUIMARÃES, 1987)

Toloni (2006) produziu telhas com matriz cimentícia composta por cimento

Portland V ARI e filler carbonático, reforçadas com fibras de sisal e polipropileno em

diferentes proporções. Após a mistura a massa foi depositada em uma câmara de

moldagem da telha com dimensões de 500 mm de comprimento por 275 mm de largura

e 8 mm de espessura. O material foi submetido a pressão para a moldagem da peça

ondulada. A Tabela 06 mostra os resultados dos ensaios obtidos após 28 dias de

moldagem.

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Tabela 06: Resultados dos ensaios físicos e mecânicos (TOLONI, 2006)

FIBRAS

4% de sisal

3% de sisal+

2% de

Polipropileno

3% de sisal+1%

de

Polipropileno

3% de sisal +

0,5 de

Polipropileno

Absorção de

água (%) 32,8 ±1,1 30,1±0,8 34,4±1,2

32,1±2,6

Porosidade

aparente (%) 44,2±0,7 42,5±1,3 44,8±0,9

42,7±1,8

Densidade

aparente

(g/cm³)

1,35±0,03 1,41±0,05 1,3±0,04 1,31±0,07

Carga

máxima de

flexão(N)

1073,9 ± 244,3 1044,8±194,5 1001,1±239,0 962,5±386,4

A inclusão de fibras de polipropileno não representou um aumento da absorção

de água e densidade aparente, para as telhas com 3% de fibra de sisal e 2,0 % de

polipropileno houve um decréscimo na absorção de água e um aumento na densidade

aparente (1,4 g/cm³). Nenhuma das telhas apresentou surgimento de gotas no ensaio de

permeabilidade, foi observado apenas o aparecimento de mancha.

Savastano e Pimentel (2000) produziram telhas denominadas de fibrocimento

vegetal com dimensões de 487 x 263 mm, com formato semelhante às fabricadas em

escala comercial, conhecidas como telhas romanas. A proporção cimento: areia usada

para a argamassa foi de 1:1,5, com relação água:cimento entre 0,5 e 0,4. Foram usados

diversos tipos de fibras (sisal, pó residual não peneirado de coco, polpa celulósica de

eucalipto, banana) com teor em volume correspondente a 2% e comprimentos de 0,7

mm. Aos 28 dias após a moldagem foram realizados os ensaios de empenhamento,

permeabilidades, absorção de água e desempenho mecânico à flexão.

Os autores observaram que o empenhamento foi menor que 3 mm, característica

importante, pois garantirá o encaixe das telhas. No ensaio de permeabilidade verificou-

se apenas manchas em alguns tipos de fibras. As telhas apresentaram massa especifica

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reduzida, ou seja, mais leves devido a incorporação de ar no processo de mistura. As

telhas compósitas com fibras de sisal, malva e banana foram as mais leves, o

decréscimo do peso foi de cerca de 15%. A absorção de água foi inferior a 15 % para

todos os tipos de telhas, valores aceitos pela NBR 7581 - Telha ondulada de

fibrocimento. O desempenho mecânico variou de acordo com o tipo de fibra. Para as

fibras de coco, sisal e malva a energia de ruptura a flexão foi superior por volta 15% em

relação à matriz sem fibra. Segundo Gram e Gut (1994) para telhas compósitas com

fibras vegetais a carga de ruptura para telhas saturadas deve ser superior a 680 N, todas

as telhas atingiram esse valor, exceto a reforçada por sisal bucha do campo. Os

resultados estão dispostos na tabela 07.

Tabela 07: Propriedades físicas e mecânicas das telhas, aos 28 dias de idade (SAVASTANO &

PIMENTEL, 2000)

Fibra

Empenamento

(mm) Permeabilidade

Absorção

de água

em Massa

(%)

Massa

seca em

Estufa a

100°C(g)

Espessura

(mm)

Força de

Ruptura

na Flexão

(N)

Energia

absorvid

a

(N/mm)

Sisal bucha de campo 0,95 Mancha 13,6 2547 12 607 1422

Sisal Bucha de "baler twine" 0.85 Nada 13,4 2605 12,3 864 2762

Coco pó residual 2,1 Nada 13,4 2594 11,8 845 1458

Rejeito de

polpa de eucalipto 2,05 Nada 14,4 2555 11,5 768 1054

Banana 3,23 Nada 12,3 2611 12,2 681 877

Malva fibra tipo 4 0,6 Mancha 13,5 2763 12,9 804 1476

Coco + polpa de euclaipto 1,9 Nada 12,8 2490 10,6 717 1096

Padrão sem fibra 2,02 Nada 10,7 2700 10,9 1012 1242

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2.2 INFLUÊNCIA DO MATERIAL DE COBERTURA NO CONFORTO TÉRMICO

2.2.1 Propriedades térmicas dos materiais de construção

Os componentes que separam o meio externo do interno de uma edificação

(telhados, portas, janelas e paredes), exercem o papel de proteção contra as variáveis

climáticas, tais como, temperatura, umidade, vento, radiação solar, etc. O fluxo de calor

que atravessa o material depende de suas características térmicas.

A diferença do gradiente térmico das moléculas de um corpo ou diversos corpos

gera transferência de energia, que pode ser recebida ou cedida através de ondas

eletromagnéticas. O fenômeno de troca de energia de um sistema chama-se transmissão

de calor. O aquecimento de parte de um corpo faz com que suas moléculas adquiram

energia e, portanto, velocidade passando-a para as demais moléculas até o equilíbrio

térmico (KREITH, 2002).

Os três mecanismos de troca de calor são: condução; radiação;

convecção (Figura 07). Basicamente são definidos das seguintes

maneiras, a condução ocorre no interior de um corpo ou do

contato entre dois corpos. Os processos de transmissão de calor, na

prática nunca ocorrem separados, pois sempre há simultaneidade entre

dois ou três fenômenos. A intensidade de qualquer processo de

transferência de calor pode ser mensurada tanto como fluxo de calor,

quanto como densidade do fluxo de calor (PERALTA, 2006, p. 25).

A convecção advém do movimento de massa de uma região para outra. A

radiação é a transferência de calor que ocorre pela radiação eletromagnética, tal como

luz solar, sem necessidade da presença de matéria.

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Figura 07: Representação das trocas de calor em um telhado (AKUTSU, 2003 apud PERALTA

2006)

a) Condução

A condução é um processo pelo qual o calor flui de uma região de

temperatura mais alta para outra de temperatura mais baixa, dentro de

um meio (sólido, liquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em

contato físico direto. Na transmissão de calor por condução, a energia

é transmitida por meio de comunicação molecular direta, sem

apreciável deslocamento das moléculas. A condução é o único

mecanismo pelo qual o calor pode ser transmitido em sólidos opacos.

(KREITH, 2002, p.03)

No dimensionamento de um edifício deve-se levar em conta o isolamento

térmico através do conceito de resistência térmica. A resistência térmica é proporcional

a espessura do matéria (Equação 01) e depende da condutibilidade térmica (YOUNG et

al., 2007). O fluxo de calor da face interna de uma edificação para externa se dá, dentre

outros, através do efeito de condução térmica.

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(Equação 01)

Onde:

R - Resistência térmica

L - Espessura do material (placa, telha, parede, etc.)

K - Condutividade térmica do material

A condutibilidade térmica de um material sofre influência do seu grau de

porosidade, os materiais rugosos e de baixa densidade favorecem o conforto térmico

(EFFTING; ORESTES; GUTHS, 2006). Os poros aprisionam o ar (K=0,02

kcal/h.m.°C) amenizando o movimento das moléculas aquecidas resultando em um bom

isolante térmico (BOABAID NETO, 2009).

b) Convecção

Segundo Young et al. (2007), “a convecção é a transferência de calor ocorrida

pelo movimento de massa de uma região do fluido para outra região”. Esse processo

ocorre combinado com a condução de calor. Inicialmente, o calor fluirá através do

processo de condução da superfície para as partículas próximas, essas partículas

ganharão movimento e irão para regiões de menor temperatura e transferirão energia

para as demais partículas do sistema (KREITH, 2002).

Existem dois modos de transmissão de calor por convecção, o natural e o

forçado. Quando o movimento das partículas ocorre devido à diferença de densidade

causada por gradientes de temperatura, dar-se o nome de convecção natural. O ar quente

quando está submetido ao processo de convecção natural ele tende a expandir e subir

após perder calor esfria e desce, sendo este movimento continuo (Figura 08). Em casos

onde esse movimento é forçado mecanicamente, o processo é chamado de convecção

forçada (KREITH, 2002).

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22

Figura 08: Movimento do ar quando ocorre transmissão de calor por convecção (ANJOS, 2011).

c) Radiação

A Radiação é o processo pelo qual o calor é transmitido de um corpo a

alta temperatura para um de mais baixa quando tais corpos estão

separados no espaço, ainda que exista vácuo entre eles. O termo

“radiação”, é geralmente aplicado a todas as espécies de fenômenos

eletromagnéticos, são de interesse de fenômenos que resultam de

diferença de temperatura e que podem transportar energia através de

um meio transparente ou através do espaço. A energia transmitida

dessa maneira é chamada de calor radiante (KREITH, p.04, 2002)

A radiação ocorre na superfície de um corpo, que por sua vez depende da sua

capacidade de emitir e de absorver a energia térmica (PERALTA, 2006). Os corpos

emitem radiação eletromagnética, mesmo em temperatura normal.

2.2.2 Desempenho térmico de telhas

A cobertura exerce influência no ambiente térmico por meio do material usado

para sua confecção (CONCEIÇÃO et. al, 2008), a depender dos constituintes da telha

ela pode apresentar uma boa capacidade de isolante térmico e refletir a radiação solar.

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23

Sevegnani et. al. (1994) compararam diversos tipos de telhas para cobertura. Os

materiais usados foram: telha cerâmica tipo capa-canal; telha ondulada de cimento-

amianto, espessura de 6 mm; telha térmica em perfil trapezoidal, composta por duas

chapas de alumínio com 0,5 mm de espessura e poliuretano rígido expandido entre elas,

perfazendo uma espessura final de 30mm; telha de zinco ondulada com espessura de 7

mm; telha de alumínio ondulada de 6 mm de espessura; telha de vidro translucida de 1

mm de espessura. Abrigos com estrutura de madeira foram cobertos com essas telhas

para analise de conforto térmico da cada material. Os dados foram avaliados para o dia

crítico (maior entalpia), com os resultados concluiu-se que as telhas cerâmicas oferecem

maior conforto térmico, seguidas das telhas de alumínio e da telha térmica. As de

cimento amianto ficaram em terceiro lugar, depois as de zinco, por ultimo as telhas de

fibra transparentes.

Comarella et al.(2002) avaliaram o Índice de Temperatura e Umidade no interior

de modelos reduzidos de galpões cobertos com telhas de barro e cimento-amianto,

expostos ao sol. Os protótipos possuíam estrutura em madeira, com dimensões de

2x2,5x0,75 (largura x comprimento x pé-direito). Foram registradas a temperatura do ar,

e temperatura do bulbo úmido e velocidade do vento e de temperatura de globo negro

no interior dos protótipos. A partir dos resultados obtidos os autores verificaram que o

protótipo coberto com telha de barro apresentou melhores condições ambientais que o

coberto com telha de cimento amianto.

Jácome et. al (2007) analisaram o índice de conforto térmico em instalações para

criação de aves, cobertas telha cerâmicas e cimento-amianto. Durante o período de seis

meses foram coletados a temperatura do globo negro, bulbo seco e bulbo úmido, na

parte externa e interna dos galpões. Foi observado que nos horários mais quentes, os

galpões cobertos com telhas cerâmicas apresentaram melhor resultado na carga de

radiação, comparado com o galpão coberto de telha de cimento-amianto, caracterizando

melhor conforto térmico para as aves.

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24

2.2.2.1 Desempenho térmico de telhas reforçadas com fibras

Segundo Roma Jr et al (2008) a adição de fibras vegetais para a produção de

telhas melhora o isolamento térmico em relação as telhas de cimento amianto,

especialmente pela maior porosidade e incorporação do ar nas telhas vegetais.

Savastano (2000) construiu modelos reduzidos de telhados com dimensões de

100 cm x 115 cm, com inclinação de 27 % em relação à horizontal (Figura 09), voltada

para o norte magnético. A estrutura do protótipo era de madeira com piso de grama.

Foram usados diversos tipos de telhas (cerâmica tipo romana, telhas reforçadas com

fibra de escoria com fibra celulósica de eucalipto, telhas reforçadas com fibra de sisal e

telhas de cimento amianto) para efeito comparativo. O protótipo foi equipado com três

termopares, sendo que dois ficaram sobre a superfície superior e inferior das telhas e o

outro na distância intermediaria entre o piso e a cobertura. Além da temperatura, outros

fatores que influenciam no conforto térmico foram verificados, tais como velocidade do

vento e umidade. Embora com pouca diferenciação em relação aos demais tipos de

telhas, o autor constatou que as telhas reforçadas com fibras apresentaram um bom

desempenho térmico.

Figura 09: Ensaio de desempenho térmico de telhas (SAVASTANO, 2000).

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25

Conceição et al. (2008) fizeram estudos para avaliar o comportamento térmico

de telhas de escória de alto forno e fibra vegetal em pórtico de galpões. As telhas usadas

foram as de cimento amianto pintadas com tintas reflexivas, telhas cerâmicas e telhas

compostas de uma matriz à base de cimento Portland CP IIZ, escoria de alto forno e

sílica ativa, reforçadas com fibras de sisal. A telha compostas com fibra vegetal

apresentou-se com menor capacidade de retenção de calor na parte interna do protótipo

e menor transmissão de calor da parte externa para a parte interna. Os autores indicam o

uso da telha reforçada com fibra de sisal, pois além de oferecer bons resultados, quanto

ao conforto térmico, o material usado para a sua fabricação é salubre, ao contrario das

de amianto.

Roma Jr. (2004) analisou coberturas de telhas de fibrocimento e o sua influência

na produção de bezerros da raça holandesa e mestiços. Para o estudo foram produzidas

telhas com os mesmos componentes utilizados por Conceição et al. (2008), com

diversos teores de fibras de eucalipto e sisal. As telhas possuíam dimensões similares as

telhas cerâmicas do estilo Romano, com medida de forma 487x263x6mm. O

desempenho térmico foi avaliado com o auxílio de sensores instalados na face externa

das telhas para verificar a condução térmica do material. Roma Jr (2004) sugere a telha

de cimento celulose em coberturas nas instalações rurais como alternativa para a de

cimento amianto, pois em ambientes cobertos pelas telhas de celulose apresentaram o

desempenho térmico foi melhor.

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26

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

Para a realização do trabalho foram usados os seguintes materiais:

Telhas de estilo colonial reforçadas com resíduos de fibras de coco,

produzidas por Carneiro (2010).

Telhas onduladas de cimento-amianto.

Telhas cerâmica estilo romana.

3.1.1 Telhas reforçadas com fibras de coco

As telhas compósitas usadas nesse trabalho foram produzidas por Carneiro

(2010). O material usado para a confecção das telhas foram os seguintes:

Cimento Portland de Alta Resistência (CPV-ARI);

Metacaulinita;

Resíduo cerâmico moído;

Finos de Resíduo de Construção e Demolição;

Aditivo superplastificante;

Fibra de coco.

O uso do cimento Portland de Alta Resistência faz com que a matriz cimentícia

adquira alta resistência nas primeiras idades após a moldagem da peça. A metacaulinita

substituiu 30 % do cimento, o material pozolânico reduz a quantidade de hidróxido de

cálcio livre na matriz, proporcionando uma melhor durabilidade das fibras vegetais. O

resíduo cerâmico moído não apresentou atividade pozolânica, dessa forma foi usado

como filer, na proporção de 20% dos demais materiais sólidos. A fibra de coco foi

proveniente do município de São Francisco do Conde (Bahia- Brasil). A adição do

superpastificante teve o objetivo de conferir a mistura uma melhor trabalhabilidade e

garantir uma melhor dispersão das fibras.

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27

Para a produção das telhas foram usadas fibras curtas de coco com

comprimentos conforme a figura 10 (CARNEIRO, 2010). Adotou-se o traço de

0,5:0,3:0,2:0.3:0,5 (cimento:metacaulinita:resíduo cerâmico:filer de RCD: a/c) com

reforço de 2% fibra.

Figura 10: Distribuição de frequência do comprimento das fibras curtas (CARNEIRO, 2010).

As telhas produzidas por Caneiro (2010) é no estilo colonial. A mistura foi

levada ao molde metálico (Figura 11) e submetida a vibrações em mesa vibratória. Para

facilitar a desmoldagem das peças, revestiram-se as formas com papel adesivo plástico

em substituição ao óleo, pois este pareceu contribuir para a formação de vazios na

superfície côncava da telha.

0

10

20

30

40

50

60

70

0,3 |— 1,3 1,3 |— 2,3 2,3 |— 3,3 3,3 |— 4,3 4,3 |— 5,3 5,3 |— 6,3 6,3 |— 7,3 7,3 |—| 8,3

Comprimento (cm)

Fre

ên

cia

(%

)

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28

(a) (b)

(c) (d)

Figura 11: (a) Peça inferior do molde; (b) e (c) Peça superior do molde; (d) Molde completo

(CARNEIRO, 2010).

Carneiro (2010) avaliou as propriedades físicas, mecânicas e a durabilidade das

telhas compósitas, conforme a NBR 15310 (ABNT 2005), usada para caracterizar telhas

do estilo colonial. Para testar a durabilidade, o material foi submetido ao processo de

envelhecimento acelerado, o qual compreendeu em 20 ciclos de molhagem e secagem

com duração de três dias cada. As etapas dos ciclos estão apresentadas a seguir:

“54 horas de secagem em estufa a 50°C, com circulação de ar;”

“1 hora destinada ao esfriamento das telhas antes da imersão em água, a

fim de evitar o choque térmico;”

“17 horas de saturação em água à temperatura ambiente (em torno de

27°C”).

3.1.2 Telha de amianto

A telha de amianto usada é de fabricação da Eternit®, o material tem

característica geométrica ondulada e espessura de 8mm (Figura 12).

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29

Figura 12: Dimensões da telha de cimento amianto. (Fonte: ETERNIT®).

O Fibrocimento é a mistura de cimento com a fibra de amianto crisotila ou a

fibra sintética (CRFS – cimento reforçado com fio sintético). O material é resistente e

possui boa durabilidade, características de peças reforçadas com cimento amianto.

Anualmente, cerca de dois milhões de toneladas de amianto são consumidas no

mundo, usada principalmente na composição do fibrocimento, utilizado na construção

civil.

Na figura abaixo segue os componentes que juntos formam a mistura para a

fabricação das Telhas.

Figura 13: Componentes usados para a fabricação de telhas de amianto

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30

Nos produtos fabricados em CRFS (cimento reforçado com fio sintético) a

mistura é composta de: cimento + fibra sintética + outros e água. A linha de telhas de

fibrocimento Eternit, é produzida com a tecnologia Eterflex (CRFS – cimento reforçado

com fio sintético e com o Amianto Crisotila - amianto branco) (ETERNIT®, 2011).

3.1.3 Telhas cerâmicas

Segundo Bauer (2001) telha cerâmica é obtida por meio da moldagem, secagem

e cozedura de argila ou mistura contendo argila. A telha cerâmica utilizada nos ensaios

é do estilo romana (Figura 14) do fabricante Cerâmica Ipanema.

Figura 14: Telha Cerâmica estilo Romana

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.2.1 Envelhecimento natural

As telhas reforçadas com fibras de coco foram submetidas ao processo de

envelhecimento natural no período de 01 de novembro de 2010 à 01 de abril de 2011,

totalizando 5 meses. As telhas ficaram sobre uma bancada inclinada voltada para o leste

(Figura 15), na Estação Climatológica da UEFS (Figura 16), localizada a uma altitude

de 257 m, latitude 12º 16’ e longitude 38º 58’. Os resultados climatológicos referentes

ao período de exposição das telhas às intempéries naturais estão dispostos na tabela 08.

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31

Figura 15: Bancada de apoio das telhas

Figura 16: Estação Climatológica da UEFS

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32

Tabela 08- Dados climatológicos médios obtidos pela Estação Climatológica da UEFS

MÊS

DADOS MÉDIOS

UMIDADE RELATIVA %

TEMPERATURA

PRECIPITAÇÃO

PLUVIOMÉTRICA (mm) MAXIMA °C MINIMA °C

NOV/10 88% 31,5 20,3 4,6

DEZ/10 80% 33.6 21,6 80,4

JAN/11 79% 33,7 21,3 78,2

FEV/11 73% 34 20,8 15,1

MAR/11 78% 33,7 22,7 48,4

ABR/11* 67% 34,6 20,2 0

Nota:

*Os dados referente apenas ao dia 1° do mês.

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33

3.2.2 Determinação da durabilidade das telhas

Após o envelhecimento natural as telhas foram submetidas ou ensaio de

verificação da carga de ruptura à flexão simples (Figura 17), conforme a NBR 15310

(ABNT, 2005). Para a realização do ensaio foi utilizado a prensa HD-200T (Figura 18)

com velocidade de 35kgf/s os resultados foram obtidos por uma célula de carga com

sensibilidade de 1kgf.

Figura 17: Ensaio para determinação da carga de ruptura por flexão

Figura 18: Prensa HD-200T

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34

3.2.2.1 Propriedades físicas

3.2.2.1.1 Permeabilidade

Após serem imersas 24 horas em água e posteriormente secas em estufa, as

foram submetidas a uma coluna d’água através de uma moldura adaptada (Figura 19).

Foi verificado se houve surgimento de manchas e gotejamento no período de 72 horas.

Figura 19: Ensaio de permeabilidade

3.2.2.1.2 Empenamento

As telhas foram colocadas sobre uma superfície plana para verificar se houve

empenamento após o processo de envelhecimento natural (Figura 20).

Figura 20: Verificação do empenamento

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3.2.3 Desempenho térmico das telhas

Foi produzido um protótipo (Figura 21) no LABOTEC (Laboratório de

Tecnologia) da Universidade Estadual de Feira de Santana, em Feira de Santana, Ba. O

protótipo foi equipado com três termopares(Figura 22), conectado a um computador

através do software Feild Chart, sendo que um deles ficou na área externa (T-01), e os

outros dois internos, um ficou próximo a telha (T-02) e o outro próximo ao piso (T-03).

Com isso analisou-se a troca de calor da área externa para interna através da sua

passagem pela cobertura, a temperatura é um dos fatores que influência no conforto

térmico de um ambiente. Para esse ensaio foi utilizado três tipos de cobertura: telhas

reforçadas com resíduos de fibra de coco, telhas cerâmicas e telhas de amianto.

As telhas foram submetidas à temperatura gerada por uma estufa artificial

produzida com oito lâmpadas incandescente de 250W/220V. O protótipo tem largura e

comprimento de 0,75 m e pé direito de 1m. A inclinação do telhado será de 25%. A sua

estrutura e vedação é de madeira compensada e colada.

Figura 21: Modelagem do protótipo utilizado para o ensaio de desempenho térmico.

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Figura 22:- Realização do ensaio de desempenho térmico

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37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 RUPTURA A FLEXÃO SIMPLES

Os resultados obtidos após o envelhecimento natural foram os seguintes (Tabela

09):

Tabela 09. Carga de ruptura à flexão das telhas envelhecidas por processo natural

TELHA CARGA DE RUPTURA À

FLEXÃO (Kgf)

01 50

02 87

03 115

04 90

05 160

06 81

A carga média de ruptura à flexão das telhas posterior ao envelhecimento pela

ação de intempéries naturais foi comparada com a obtida por Carneiro (2010) aos 28

dias e após o envelhecimento acelerado (Tabela 10).

Tabela 10: Carga de ruptura à flexão das telhas aos 28 dias e após aos envelhecimentos, acelerado e

natural.

IDADE Carga de ruptura à flexão (kgf)-CV (%)

28 dias

(CARNEIRO, 2010) 156,33 (14,80)

28 dias + 60 dias de env. Acel.

(CARNEIRO, 2010) 57,33 (16,86)

28 dias +05 meses de envelhecimento

natural 97,17 (0,38)

O envelhecimento natural das fibras foi menos agressivo que o acelerado (Figura

23), a queda da carga máxima de ruptura foi de 38% e 62%, respectivamente. A faixa de

temperatura no período em que as telhas estiveram expostas (temperatura média

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38

máxima = 33,5 °C) favoreceu o surgimento de bolores. Segundo Savastano (1986) o

aparecimento do fungo filamentoso é mais intenso no intervalo de temperatura entre 30

e 37°C. Outro fator que contribuiu para o enfraquecimento da fibra foi os ciclos de

umedecimento e secagem.

Figura 23: Gráfico de cargas de ruptura à flexão das telhas

4.2 PROPRIEDADES FÍSICAS

4.2.1 Permeabilidade

No ensaio de permeabilidade foi verificada a formação de manchas, no entanto

não houve gotejamento. Algumas telhas apresentaram manchas maiores e mais intensas,

esse fato ocorreu nas telhas que possuíam maior quantidade de poros e pequenas

fissuras em sua superfície (Figura 24), essa diferença pode ter ocorrido devido ao

processo artesanal de fabricação das telhas.

0

50

100

150

200

Carga de ruptura à flexão (kgf)-CV (%)

28 DIAS (CARNEIRO, 2010)

28 DIAS + 60 DIAS DE ENV. ACEL.

28 DIAS + 05 MESES DE ENVELHECIMENTO NATURAL

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39

(a) (b)

Figura 24. Telha envelhecida menos porosa e com manchas menos intensas (a); (b) telha com maior

quantidade de poros e manchas mais escuras.

4.2.2 Empenamento

Nenhuma telha apresentou empenamento, ou seja, possuem planaridade que

favorece o encaixe entre elas.

4.2.3 Massa seca e absorção de água

A redução da massa seca depois dos 20 ciclos de envelhecimento acelerado foi

de 4,84% em relação aos resultados dos 28 dias. Já para as telhas envelhecidas por

processo natural a queda da massa seca foi inferior a 1,0%. (Tabela 11). O aumento da

absorção de água foi menor para as telhas envelhecidas em cinco meses, comparado

com as telhas que foram submetidas aos 20 ciclos de molhagem e secagem.

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40

Tabela 11: Massa seca e absorção de água das telhas aos 28 dias e após os envelhecimentos

acelerado e natural

Segundo Carneiro (2010) o aumento da absorção ocorreu devido ao desgaste

durante os ciclos, facilitado pela presença de poros na superfície das telhas. Além desse

fato, a absorção e perda de água das fibras nos ciclos de envelhecimento geram o seu

deslocamento, provocando aparecimento de novos poros. No processo de

envelhecimento natural o ataque ao conjunto fibra-matriz é mais ameno, pois a

temperatura máxima foi de 34,3 °C, já no processo de envelhecimento acelerado a

temperatura foi 50 °C.

4.3 DESEMPENHO TÉRMICO

As figuras abaixo apresentam as leituras das temperaturas externas e internas do

protótipo:

Figura 25: Gráfico de desempenho térmico das telhas cerâmicas

30

35

40

45

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

TEMPERATURA EXTERNA °C (T-01) TELHA CERÂMICA TEMPERATURA INTERNA °C (T-02)

TELHA CERÂMICA TEMPERATURA INTERNA °C (T-03)

NÚMERO DE LEITURAS

TEM

PER

ATU

RA

°CIDADE MASSA SECA - CV (%)

ABSORÇÃO DE ÁGUA-

CV(%)

28 DIAS

(CARNEIRO, 2010) 1821,23 (7,94) 22,63 (18,97)

20 CICLOS DE ENV.

ACEL.

(CARNEIRO, 2010)

1731,23 (3,88) 28,71 (0,67)

05 MESES DE

ENVELHECIMENTO

NATURAL

1810 (6,2) 24,65 (14,4)

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Figura 26: Gráfico de desempenho térmico das telhas reforçadas com resíduos de fibra de coco

Figura 27: Gráfico de desempenho térmico das telhas reforçadas de cimento amianto

Os gráficos demonstram que ocorreram os três tipos de transmissão de calor no

experimento. A diferença entre as temperaturas internas e externas é devido à reflexão

de calor emitida pela telha, ou seja, apenas uma parte dele foi conduzido e irradiado

para a área interna. A diferença de temperatura entre os termômetros internos, superior

(T-02) e inferior (T-03), é resultado da convecção térmica que ocorreu dentro do

protótipo.

Para a temperatura máxima externa de 45 °C (maior entalpia), gerada pelo painel

de lâmpadas, a temperatura da parte interna, registrada pelo termômetro próximo a

cobertura do protótipo (T-02), foi de 35,2, 35,7 °C e 39,2 para as telhas cerâmica,

compósita com fibra de coco e as de amianto, respectivamente (Figura 28). Enquanto a

30

35

40

45

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

TEMPERATURA EXTERNA °C (T-01) TELHA DE COCO TEMPERATURA INTERNA °C (T-02)

TELHA DE COCO TEMPERATURA INTERNA °C (T-03)

NÚMERO DE LEITURAS

TEM

PER

ATU

RA

°C

30

35

40

45

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

TEMPERATURA EXTERNA °C (T-01) FIBROCIMENTO TEMPERATURA INTERNA °C (T-02)

FIBROCIMENTO TEMPERATURA INTERNA °C (T-03)

NÚMERO DE LEITURAS

TEM

PER

ATU

RA

°C

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42

telha reforçada com fibra de coco apresentou temperatura interna 0,5% (0,5°C) maior

que a da telha cerâmica, para telha de amianto o valor foi de 6,1% (2,0°C). Por possuir

muitos porros e, consequentemente baixa densidade a condução térmica da telha de

coco é baixa, pois os porros aprisionam o ar quente, diminuindo a velocidade de

transmissão do calor da parte externa para a parte interna.

Figura 28: Ilustração do desempenho térmico das telhas reforçadas de cimento amianto

Os resultados, ainda que limitados, possibilitaram a compreensão do

comportamento térmico dos telhados estudado. Através das leituras das temperaturas no

protótipo foi possível verificar que telha compósita de resíduo de fibra de coco

apresentou desempenho térmico semelhante à telha cerâmica, vale ressaltar que a

característica de isolante das telhas cerâmicas semelhante à telha reforçadas com fibras

de coco favorecem o conforto térmico do ambiente (SEVEGNANI et al., 1994,

COMARELLA et al., 2002, JÁCOME et al, 2007).

.

TEMPERATURA EXTERNA MÁXIMA

45°C

COBERTURA COM TELHA REFORÇADA

COM FIBRA DE COCO

TEMPERATURA INTERNA

35,7°C

COBERTURA DE TELHA

CERÂMICAS

TEMPERATURA INTERNA

35,2°C

COBERTURA DE TELHA DE CIMENTO-AMIANTO

TEMPERATURA INTERNA

39,2 °C

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Figura 29: Variação das temperaturas externa (T-01) e interna próxima a telha (T-02)

30

32

34

36

38

40

42

44

46

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

TEM

PER

AT

UR

A °

C

TEMPERATURA EXTERNA °C (T-01) TELHA CERÂMICA TEMPERATURA INTERNA °C (T-02)

TELHA DE COCO TEMPERATURA INTERNA °C (T-02) FIBROCIMENTO TEMPERATURA INTERNA °C (T-02)

NÚMERO DE LEITURAS

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44

5 CONCLUSÃO E SUGESTÃO

5.1 CONCLUSÕES

Após o processo de envelhecimento natural as telhas reforçadas com resíduos de

fibra de coco apresentaram absorção de água, permeabilidade e empenamento aceitos

pela NBR 15310:2005. A carga de ruptura a flexão das telhas foi superior as

envelhecidas por ciclos de envelhecimento acelerado, por outro lado o valor foi inferior

ao estabelecido pela norma. Segundo a NBR 15310 a carga mínima para telhas estilo

colonial é de 100 Kgf, o valor médio das telhas de coco foi de 97,17 Kgf, 2,8% menor.

Entretanto, essa carga pode ser superada através da produção de uma matriz mais

resistente a ação de intempéries. Foi observado durante o ensaio que a matriz sofreu

com a ação das intempéries o que gerou aparecimento de fissuras nas telhas,

ocasionando lixiviação do material devido à ação da água.

Em relação ao desempenho térmico, telha de coco favorece o conforto térmico

do ambiente, assim como a telha cerâmica a telha possui características de um bom

isolante, já a telha de amianto registrou maior fluxo de calor da parte externa para a

parte interna do protótipo.

Diante dos fatos supracitados, verifica-se que é viável o uso de telhas compósitas

com fibras de coco para uso em coberturas. Pois o baixo custo do resíduo do coco e

produção em escala da telha possibilitam a sua aquisição por famílias de baixa renda,

substituindo o amianto, que além de insalubre a saúde humana possui desempenho

térmico insatisfatório para o conforto humano e animal.

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5.2 SUGESTÕES PARA NOVOS TRABALHOS

A partir dos resultados que foram obtidos neste trabalho e de todos os

conhecimentos que foram adquiridos ao longo de sua realização, pode-se fazer algumas

sugestões para o desenvolvimento de novos estudos:

Melhorar as características da matriz das telhas, para evitar que a sua

degradação comprometa o seu uso e posteriormente verificar a durabilidade

com um tempo maior de exposição às intempéries naturais.

Realizar ensaios mais detalhados para a verificação do conforto térmico de

ambientes cobertos com telhas compósitas, aferindo a umidade, radiação

térmica e velocidade do vento.

Realizar uma analise de custo das telhas reforçadas com resíduos de fibras de

coco e comparar com as demais telhas existentes no mercado.

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