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Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APTIDÃO FÍSICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E COMPORTAMENTO DE RISCO DOS POLICIAIS MILITARES DA CAVALARIA DE LONDRINA Armando Castelo de Rezende LONDRINA – PARANÁ 2009

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Page 1: Universidade Estadual de Londrina - uel.br · treinamento físico sistematizado. Além da aptidão física, a composição corporal é um importante fator da relação de benefício

Universidade Estadual de Londrina

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

APTIDÃO FÍSICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E COMPORTAMENTO DE RISCO DOS POLICIAIS

MILITARES DA CAVALARIA DE LONDRINA

Armando Castelo de Rezende

LONDRINA – PARANÁ

2009

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ARMANDO CASTELO DE REZENDE

APTIDÃO FÍSICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E COMPORTAMENTO DE RISCO DOS POLICIAIS

MILITARES DA CAVALARIA DE LONDRINA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para sua conclusão.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Ms. Marcelo Romanzini Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Dr. Leandro Ricardo Altimari Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Dr. Enio Ricardo Vaz Ronque Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 16 de Dezembro de 2009

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A Deus, aos meus pais e aos meus amigos, companheiros de todas as horas...

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Ms. Orientador, braço amigo de todas as etapas deste trabalho.

A minha família, pela confiança e motivação.

Aos amigos e colegas, pela força e pela vibração em relação a esta jornada.

Aos professores e colegas de Curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de

nossas vidas.

Aos profissionais entrevistados, pela concessão de informações valiosas para a

realização deste estudo.

A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste

trabalho.

A minha namorada grande companheira nos momentos felizes bem como nos difíceis,

responsável pelas minhas maiores conquistas.

Aos que não impediram a finalização deste estudo.

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REZENDE, Armando Castelo. Aptidão física, composição corporal e comportamento de risco dos policiais militares da cavalaria de Londrina. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2009.

RESUMO

Este estudo teve o objetivo de Analisar os níveis de aptidão física e composição corporal de militares da cavalaria de Londrina, e, verificar quais os comportamentos de risco mais freqüentes nos mesmos. Participaram da amostra 20 policiais militares da cavalaria de Londrina, 18 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, com idade variando entre 23 e 47 anos. Para avaliação da aptidão física foram realizados os testes motores de shutlle run, corrida de 12 minutos, tração na barra fixa para os policiais do sexo masculino e isometria para policiais do sexo feminino. A composição corporal foi estimada pelo índice de massa corporal (IMC), circunferência de cintura e bioimpedância elétrica. Os comportamentos de risco, estresse, inatividade física, distúrbio psíquico menores, tabagismo,alcoolismo e uso de drogas foram analisados pelo questionário auto-administrado. A análise dos dados foi feita através de média e desvio padrão. Os resultados obtidos indicaram que os níveis de aptidão física dos policiais militares da cavalaria estão muito abaixo dos exigidos para o ingresso na corporação, sendo que 60% não conseguiriam índices mínimos nos testes de aptidão física bem como a composição corporal tendo na sua grande maioria do efetivo excesso de gordura relativa e demonstrando que o distúrbio psíquico menores se faz presente na maior parte do efetivo. Com base nos dados obtidos no presente estudo, conclui-se, que os policiais da cavalaria estão com os níveis de aptidão física muito inferior ao esperado para o desempenho de suas funções e apresentam composição corporal desfavorável, constatando-se que grande parte do efetivo apresenta distúrbio psíquico menores. Palavras-chave: Aptidão física, composição corporal e comportamento de risco.

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ABSTRACT

This study aimed to analyze the levels of physical fitness and body composition of

soldiers of the cavalry of Londrina and determine which risk behavior is more common in

them. A sample of 20 military police Cavalry from Londrina, 18 males and 2 females,

aged between 23 and 47 years. To assess the physical fitness, this motor tests were

realized, the shuttle run test, the 12 minutes running, push up at the bar to the police

men and isometric for female police officers. Body composition was estimated by body

mass index (BMI), waist circumference and bioimpedance. The risk behaviors were

assessed by self-administered questionnaire. Data analysis was performed using mean

and standard deviation. The results indicated that levels of physical fitness of military

police cavalry are far below from those required to join the corporation as well as body

composition on the vast majority show excess of fat demonstrating that minor

psychological disturbs is present in most of polices. Based on data obtained in this

study, it appears that the police cavalry are with the fitness levels much lower than

expected for the performance of their duties and have unfavorable body composition,

noting that much of the polices show minor psychological disturbs. Key Words: Physical Fitness, Body Composition and Risk Behaviors.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Percentual de Policiais da Cavalaria que Atenderam os Critérios Mínimos

para o Ingresso na Corporação.......................................................................................32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores de Referência da Aptidão Cardiorrespiratória .......... ....................19

Tabela 2 - Valores de Referência Relacionados à Agilidade......................................20

Tabela 3 - Valores de Referência da Força de Membros Superiores para Homens e

Resistência para Mulheres.......................................................................... ....................21

Tabela 4 - Características Sóciodemográficas...........................................................29

Tabela 5 - Características Ocupacionais....................................................................30

Tabela 6 - Outras Características da População dos Policiais

Militares................................................................................................................. .........30

Tabela 7 - Características Antropométricas....................................................... .........31

Tabela 8 - Características da Aptidão Física..............................................................31

Tabela 9 - Características dos Comportamentos de Riscos....................................32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. Artigo

CAGE Cut-down, Annoyed, Guilty, Eye-opener

cm Centímetros

IMC Índice de Massa Corporal

ISS Inventário de Sintoma de Stress

kg Quilograma

kg/m2 Quilograma por metro ao quadrado

m2 Metro ao quadrado

MG Minas Gerais

NGA Normas Gerais de Ação

OMS Organização Mundial de Saúde

PMPR Polícia Militar do Paraná

IPAQ Questionário Internacional da Atividade Física

ROTAM Ronda Ostensiva Tático Móvel

SRQ Self Report Questionnaire

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......... ..............................................................................................11

2 OBJETIVOS............................................................................................................14

2.1 OBJETIVO GERAL....... ..................................................................................... .........14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................................14

3 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................15

3.1 CAVALARIA DA POLÍCIA MILITAR: HISTÓRICO E FUNÇÕES.... .........................................15

3.2 APTIDÃO FÍSICA: DEFINIÇÃO, COMPONENTES E RELAÇÃO COM A SAÚDE E DESEMPENHO

DE POLICIAIS MILITARES.................................................................................................17

3.3 COMPORTAMENTOS DE RISCO EM MILITARES .............................................................23

4 MÉTODOS .............................................................................................................25

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ...............................................................................25

4.2 ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL .............................................................25

4.3 APTIDÃO FÍSICA ........................................................................................................26

4.4 COMPORTAMENTOS DE RISCO ...................................................................................27

4.5 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ...........................................................................28

5 RESULTADOS........ ................................................ ............................... .........29

6 DISCUSSÃO.........................................................................................................33

7 CONCLUSÃO......................................................................................................36

REFERÊNCIAS..................................................................................................... .........37

ANEXO – MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA................................ .........42

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1 INTRODUÇÃO

A segurança e a preservação da ordem pública são algumas das obrigações da

Polícia Militar do Paraná, conforme estabelecido na constituição de 1988. A Polícia

Militar do Paraná foi criada pela Lei n° 7, de 10 de agosto de 1854 e desde então sofreu

diversas modificações durante sua existência, devido aos avanços tecnológicos e as

conseqüências das facilidades do mundo moderno. Dentre os avanços da Polícia Militar

consideramos sua segmentação, dividindo suas tarefas e especializando sua tropa em

diversas funções, como a patrulha escolar, a rádio patrulha, a patrulha rural, a ROTAM

(Ronda Ostensiva Tático Móvel), o pelotão de choque, a polícia comunitária, a polícia

de trânsito e a polícia montada, sendo essa o primeiro tipo de policiamento que surgiu. A cavalaria tem suas atribuições divididas em três áreas: a) ordinária, a qual é

responsável pelo policiamento ostensivo montado tradicional e comunitário; b) especial,

a qual é empregada em eventos previsíveis, tais como jogos de futebol, shows, parques

de exposições, dentre outros eventos; c) extraordinária, a qual tem como finalidade o

emprego em situações de distúrbios civis e calamidades públicas (FONSECA, 2006).

Os policiais militares da cavalaria, como outros pertencentes a outras áreas

especializadas, têm como dever garantir na esfera de suas atribuições a manutenção

da ordem pública e defender seu País, cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos,

instruções e ordens emanadas de autoridades competentes (PARANÁ. Secretaria de

Segurança Pública, 1988).

Contudo, por ser um serviço especializado exige qualificação diferenciada dos

demais policiais da instituição, pois cabe ao policial da cavalaria ter um nível de

equitação básica, sendo essa adquirida através de instruções semanais, exigindo do

policial habilidade e técnica sobre o equino, pois considerando a grande variabilidade

de ocorrências que caracterizam seu cotidiano, esse policial deve estar devidamente

preparado. Sendo assim, na atividade do policial da cavalaria, a aptidão física e as

técnicas profissionais se tornam fundamentais para que o policial possa agir de forma

eficaz na preservação da ordem pública.

Ao ingressarem na Polícia Militar, essa preocupação já é evidenciada na

seleção dos candidatos, que além da prova teórica também passam por uma bateria de

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testes motores de habilidades físicas, e, após o ingresso na corporação, o policial

passa por um curso de formação, qualificação técnica profissional e um programa de

treinamento físico sistematizado.

Além da aptidão física, a composição corporal é um importante fator da relação

de benefício ao policial da cavalaria em seu trabalho, para sua interação com o eqüino.

Nesse sentido, um bom rendimento do conjunto policial, cavalo-cavaleiro, está atrelado

ao peso do cavaleiro, o qual influencia nas características físicas do cavalo, melhorando

ou piorando seu desempenho. Além disso, o sobrepeso e a obesidade podem favorecer

o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas (NAHAS, 2006), o que pode

gerar possível afastamento de suas atividades, e, conseqüentemente, prejudicar a

população pelo déficit de policiamento gerado. Apesar da escassez de informações a

respeito deste assunto em policiais militares, dados indicam que cerca de 65% de

militares do exército brasileiro apresentam excesso de peso corporal (NEVES, 2008).

No seu trabalho diário, o policial militar se depara com riscos que são inerentes

a sua profissão, tais como confrontos diretos com marginais, acidentes com viaturas

devido à alta velocidade, manifestações de distúrbios civis (reintegrações e

desapropriações). Já o policial militar da cavalaria lida, além dos riscos supracitados,

com o risco em relação ao comportamento do equino, estando sujeito a coices,

mordidas e freqüentes pisadas do animal. Logo, no patrulhamento em eventos os riscos

são maiores, devido ao policial ter que andar em meio à multidão com seu cavalo,

havendo o perigo do eqüino pisotear crianças e idosos, assustando-se com barulhos

externos, como som alto e bombas. Em patrulhamento ostensivo os riscos são outros,

tais como o cavalo escorregar no asfalto ou no trânsito, devido o equino caminhar muito

perto dos veículos, havendo riscos frequentes de colisão.

Embora o policial militar passe por um processo teórico seletivo, baterias de

testes motores, exames psicológicos, formação técnica, treinamento físico, e, estejam

preparados para exercer sua função estabelecida, especula-se que comportamentos de

riscos (estresse, inatividade física, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, distúrbio

psicológico menores, entre outros) possam ser adotados por estes profissionais em

virtude das seguintes características inerentes à sua profissão: a) pressão social,

relacionado ao aprisionamento de pessoas conhecidas, lesões e/ou mortes causadas a

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outrem para a proteção da própria vida; b) extensas jornadas de trabalho, as quais não

permitem a adoção de hábitos regulares de sono e alimentação; c) salários

desproporcionais à sua profissão; d) acúmulo de funções; e) constrangimentos no

trabalho; f) precarização das condições de trabalho provenientes dos equipamentos e

instrumentos inadequados.

Estes fatores, atuando conjuntamente, podem potencializar os índices de

baixas no efetivo da polícia, deixando um déficit de policiamento na unidade. Esse

déficit já é comprovado por um estudo feito na Policia Militar da Paraíba, onde dados

obtidos na junta médica entre os anos de 2003 a 2005 mostraram uma média de 489

policiais militares afastados por licença médica, evidenciando que as formas como

essas relações de forças se conjugam, contribuem para implicações danosas à saúde

dos profissionais, cuja configuração favorece o aumento do sofrimento psíquico,

podendo se desdobrar em alcoolismo, depressão e até suicídio (SILVA E VIEIRA,

2008).

Dados relacionados ao estado do Rio de Janeiro indicam que os números de

licenças entre os oficiais aumentaram 95,5% entre os anos de 2000 e 2004, enquanto

que entre os praças (tropa da linha de frente nos confrontos), este número mais que

duplicou (108,3%). Em termos absolutos, o numero médio de praças que se afastaram

para tratamento de saúde no Rio de Janeiro foi mais do que 20 vezes superior ao

número de oficiais (SOUZA ; MINAYO, 2005).

Considerando a não existência de parâmetros da aptidão física de Militares da

Cavalaria de Londrina, e, informações relacionadas aos comportamentos de risco mais

freqüentes no seu cotidiano, faz-se necessário o levantamento destas informações no

sentido de identificar prováveis fatores que possam influenciar negativamente na

execução de suas tarefas profissionais. Estes parâmetros poderão subsidiar a

formulação de programas de intervenção para estes profissionais, bem como, alertar

para prováveis fatores que possam comprometer a saúde e o desempenho profissional

de outros segmentos da Polícia Militar.

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2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar os níveis de aptidão física e composição corporal de militares da

cavalaria de Londrina, e, verificar quais os comportamentos de risco mais freqüentes

nos mesmos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar o percentual de militares que atendem os critérios mínimos de aptidão

física para o ingresso na Polícia Militar; Determinar quais os comportamentos de risco mais freqüentes entre policiais

militares da cavalaria, considerando os seguintes comportamentos: inatividade física,

tabagismo, alcoolismo, distúrbio psicológico menores, estresse e consumo de drogas.

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3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 CAVALARIA DA POLÍCIA MILITAR: HISTÓRICO E FUNÇÕES

A policia Militar do Paraná foi criada pela lei N°. 7, de 10 de agosto de 1854,

sancionada pelo presidente Zacarias de Góes e Vasconcellos, com a missão de

proteger os viajantes contra agressões de indígenas e malfeitores, com ação de modo

repressivo, lutando contra os caudilhos, revolucionários e estrangeiros que tentava

invadir o país. Vale ressaltar que mesmo a polícia militar sendo uma instituição antiga, o

pelotão da policia montada de Londrina, foi criada recentemente, em novembro do ano

de 2000, com o objetivo de suprir as necessidades da segurança pública do município

de Londrina e região que pertencem área de atuação do 5º Batalhão da Policia Militar,

com finalidades de emprego em policiamento ostensivo, eventos previsíveis e situações

de distúrbios civis. A atividade do policial militar de cavalaria como de todos os policiais militares

baseia-se no que diz o artigo 144 da Constituição Federal.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I- polícia federal; II- polícia rodoviária federal; III- polícia ferroviária federal; IV- polícias civis; V- polícias militares e corpos de bombeiros militares. Inciso 5º. Às policias militares cabem a policia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

Conforme as Normas Gerais de Ação (NGA) do pelotão da policia montada de

Londrina e o livro de implantação e administração tropa montada, o efetivo da cavalaria

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é dividido por funções, que são atribuídas conforme o posto ou a graduação. Portanto,

com um efetivo de 20 policiais militares, estão atribuídas as seguintes funções: a)

Comandante; b) Sub-Comando; c) Auxiliar Administrativo; d) Motorista de Apoio; e)

Plantão de Baia; f) Ferreiros e os Patrulheiros.

Cabe ao Comandante administrar o pelotão conforme regulamentação prevista,

dentro da rotina diária de tropa policial-militar, fiscalizar a execução das atribuições de

seus subordinados, instruir a tropa diariamente para a execução das missões a serem

executadas, participar do planejamento das operações da unidade, ministrar

semanalmente instruções teóricas e praticas de equitação e adestramento, manter-se

atualizado quanto ao surgimento de novas técnicas para o emprego do policiamento

hipomóvel, equitação, ferramentas e equipamentos para a execução das atividades de

cavalaria.

As atividades atribuídas ao Sub-Comando envolvem o auxilio ao comandante

do pelotão na realização de todas a suas atividades, realização das atividades do

pelotão conforme regulamentação prevista, dentro da rotina diária de tropa policial

militar. O auxiliar administrativo desempenha a função da parte burocrática, tais como a

confecção e controle das escalas de serviços, ofícios e partes de alterações. O

Motorista de apoio é responsável pela logística do pelotão. Durante o patrulhamento

procura conciliar o dois lados da função, ou seja, dirigir a viatura e patrulhar com vistas

principalmente a veículos e pessoas suspeitas, bem como a manutenção das viaturas.

O Plantão de Baia tem em suas atribuições a limpeza diária das baias, o

arraçoamento diário dos eqüinos de forma técnica, o pagamento de água dos eqüinos,

controle e limpeza das ferramentas e materiais dos cavalariços do pelotão, controle

diário do encocheiramento dos eqüinos do pelotão, soltando ao piquete os eqüinos que

estiverem em descanso ou com baixa veterinária, se for o caso.

Os Ferreiros são responsáveis por confeccionar as ferraduras, executar a

aparação, casqueamento e ferrageamento dos eqüinos, vistoriar diariamente os

eqüinos do pelotão quanto a questão do ferrageamento, solicitar ao comando do

pelotão a aquisição de novas ferramentas, equipamentos e matéria-prima, para

confecção das ferraduras e execução do serviço, manter-se atualizado quanto ao

surgimento de novas técnicas, ferramentas e equipamentos para ferrageamento.

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Em relação aos Patrulheiros, cada equipe hipomóvel é composta por dois

policiais em local de menor risco e três ou mais policiais militares em local de maior

risco. Cada patrulheiro possui missões especificas, sendo a equipe estruturada da

seguinte forma: Comandante da Equipe, Oficial, Graduado ou Soldado que tenha se

destacado perante os demais, independente da antiguidade.

O comandante de equipe tem como finalidade, zelar pela postura e compostura

de seus subordinados, verificar se todos os policiais estão em condições físicas e

psicológicas de trabalho, cobrar fidelidade dos dados estatísticos da guarnição, fazer

com que a equipe esteja pronta e em forma no horário previsto, confeccionar de forma

apresentável ao término do serviço o relatório com as atividades desenvolvidas pela

equipe, cobrar da equipe a utilização correta do fardamento, coibir o uso de força

desnecessária e coordenar as ações desenvolvidas pelos policiais sob seu comando.

O Soldado experiente tem como função desempenhar a segurança da equipe

hipomóvel, conhecimento no preenchimento de documentos referentes ao serviço

policial, conhecimento de itinerários, quando em patrulhamento deve posicionar-se ao

lado esquerdo do comandante de equipe, devendo prestar atenção em tudo o que se

passa a sua volta. O Soldado mais moderno é responsável pela confecção dos

documentos policiais, do contato com a central da polícia no intuito de providenciar o

número do boletim de ocorrência, anotação de dados referentes ao números de

pessoas, veículos abordados e outros, os quais serão repassados ao comandante de

equipe ao término do turno para a confecção do relatório.

3.2 APTIDÃO FÍSICA: DEFINIÇÃO, COMPONENTES E RELAÇÃO COM A SAÚDE E DESEMPENHO

DE POLICIAIS MILITARES

As técnicas profissionais e a aptidão física são imprescindíveis ao policial militar

da cavalaria. O militar que consegue unir apropriada qualidade técnica e aptidão física

satisfatória tende a desempenhar melhor suas funções. Todavia, a instituição militar de

Londrina não oferece ao seu efetivo a prática de exercícios físicos que possam

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propiciar ao militar melhorar sua aptidão física, sendo o militar responsável pela sua

própria condição física.

A aptidão física é entendida como a capacidade que um indivíduo possui para

realizar suas atividades físicas, a qual é derivada de fatores genéticos, nutricionais,

estado de saúde e principalmente pela prática regular de exercícios físicos (NAHAS,

2006). Para a Organização Mundial de Saúde (1978), a aptidão física é entendida como

a capacidade de realizar de maneira satisfatória o trabalho muscular. Estando apto

fisicamente o indivíduo que apresenta condições de um bom desempenho para quando

submetido a circunstâncias de esforços físicos.

A aptidão física tem sido abordada sob duas formas, uma relacionando ao

desempenho motor, onde os componentes físicos fornecem condições para o melhor

desempenho no trabalho ou no esporte, e, outra relacionada à saúde, a qual incorpora

níveis satisfatórios de energia para o trabalho e o lazer, além de promover menor risco

de desenvolver doenças crônico-degenerativas (NAHAS, 2006).

De acordo com Guedes (1995), a aptidão física permite que o indivíduo seja

avaliado por situações de esforços físicos, e podendo identificar oito componentes da

capacidade motora: resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular,

flexibilidade, velocidade, potencia, agilidade, coordenação e equilíbrio. No entanto, para

a inclusão na Policia Militar do Paraná, os componentes que são medidos e avaliados

nas baterias de testes motores incluem apenas a resistência cardiorrespiratória, a força,

a agilidade e a resistência muscular.

Sendo assim, para o ingresso na Polícia Militar do Paraná, segundo o

comandante geral da policia militar do Paraná, no isso das atribuições que confere o

Art. 4 da Lei 6.774/76, (Lei de organização básica/PMPR), os testes de capacidades

físicas são o shuttle-run (medido em segundos e décimos de segundo), a tração na

barra fixa com pegada livre na barra para o sexo masculino (medidos em repetições), a

isometria na barra fixa para o sexo feminino (medida em segundos) e a corrida de 2.400

metros (medido em minutos e segundos). Ressalta-se que os valores de critérios

determinados pela Polícia Militar são específicos ao sexo do ingressante. A resistência

cardiorrespiratória envolve grandes grupos musculares, por tempo relativamente longo,

com organismo se adaptando a esforços físicos moderados (PITANGA, 2004). Logo

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Nahas (2001) expressa à resistência cardiorrespiratória como a capacidade que o

organismo possui de resistir à fadiga em esforços moderados de longa e média

duração, que principalmente depende da distribuição e captação de oxigênio para os

músculos em atividade. A tabela 1 apresenta os critérios utilizados pela Polícia Militar

para a seleção de candidatos em concursos públicos.

Tabela 1 - Valores de Referência da Aptidão Cardiorrespiratória

Corrida de 2.400 Metros medida em minutos e segundos

Feminino Pontos Masculino Pontos

Até 13,00

De 13,01 até 13,30

De 13,31 até 14,00

De 14,01 até 14,30

De 14,31 até 15,00

15,00 ou mais

5

4

3

2

1

0

Até 11,00

De 11,01 até 11,30

De 11,31 até 12,00

De 12,01 até 12,30

De 12,31 até 13,00

13,01 ou mais

5

4

3

2

1

0

Fonte: Concursos públicos da Polícia Militar.

A agilidade é a capacidade de mudar de posição e direção rapidamente, sem

perca do equilíbrio e com precisão, a qual é dependente de outros componentes da

capacidade muscular: força, velocidade, coordenação e equilíbrio. Os fatores que

interferem na agilidade, dentre eles o excesso de peso corporal impede o individuo de

ter uma adequada agilidade. (SHARKEY, 1998).

A tabela 2 apresenta os critérios utilizados pela polícia militar para a seleção de

candidatos em concursos públicos.

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Tabela 2 - Valores de Referência Relacionados à Agilidade

Shuttle-Run medido em segundos e décimos de segundo

Feminino Pontos Masculino Pontos

Até 11,50

De 11,51 até 12,00

De 12,01 até 12,50

De 12,51 até 13,00

De 13,01 até 13,50

13,51 ou mais

5

4

3

2

1

0

Até 11,00

De 11,01 até 11,50

De 11,51 até 12,00

De 12,01 até 12,50

De 12,51 até 13,00

13,01 ou mais

5

4

3

2

10

Fonte: Concursos públicos da Polícia Militar.

A qualidade física de um músculo de efetuar uma quantidade abundante de

contrações, desde que não haja diminuição na amplitude do movimento, velocidade,

força e na freqüência, não surgindo à fadiga muscular é denominada de resistência

muscular localizada (DANTAS, 1998). A Força é definida como a força máxima que

pode ser exercida numa única contração máxima voluntária, e é influenciada por alguns

fatores, tais como: área de circunferência ou transversal, o número de fibras contráteis

e seu estado contrátil, e o beneficio mecânico do sistema de alavanca óssea

(SHARKEY, 1998).

A tabela 3 apresenta os critérios utilizados pela polícia militar para a seleção

dos candidatos em concurso público.

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Tabela 3 - Valores de Referência da Força de Membros Superiores para Homens e

Resistência para Mulheres

Isometria na Barra Fixa Tração na Barra fixa

Feminino Masculino

Tempo em Seg. Pontos N de repetições Pontos

15

12

11

10

9

0

5

4

3

2

1

0

12 ou mais

De 09 até 11

De 06 até 08

De 03 até 05

2

1

5

4

3

2

1

0

Fonte: Concursos públicos da Polícia Militar.

Para o candidato se tornar apto à inclusão na Polícia Militar do Paraná deverá

obter um somatório mínimo de onze pontos, de um total de quinze pontos possíveis.

Será considerado inapto o candidato que não alcançar a pontuação mínima exigida

(XAVIER, 2007).

Embora não apresente critérios específicos como àqueles observados para as

capacidades físicas citadas anteriormente, a composição corporal do policial militar está

fortemente vinculada ao seu desempenho profissional, devido ao seu peso influenciar

em suas obrigações e no desempenho do cavalo. Definida como o fracionamento do

peso corporal a composição corporal se divide essencialmente em quatro componentes

principais: ossos, músculos, resíduos e gordura (GUEDES, 1995). Um menor

percentual de gordura compreende a composição corporal ideal para a saúde,

conjuntamente com adequada estrutura óssea e um bom desenvolvimento muscular,

sendo que para ajudar no desenvolvimento ósteo – muscular e no controle do peso a

pratica de exercícios regulares e de extrema importância (NAHAS, 2001). Sério

problema de saúde é o excesso de gordura corporal, que diminui a perspectiva de vida,

elevando o risco de desenvolver doenças cardíacas, diabetes, hipertensão (PITANGA,

2004).

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Poucos são os estudos envolvendo aptidão física e composição corporal de

Militares no Brasil. Tal fato pode estar relacionado à proibição de alguns comandantes

em divulgarem e/ou anunciarem os problemas inerentes à sua corporação, evitando

assim demonstrar a fragilidade de seu efetivo. No entanto (OLIVEIRA E ANJOS, 2007)

analisaram as diferenças no índice de massa corporal e no perímetro da cintura

segundo a aptidão cardiorrespiratória em militares do sexo masculino, concluindo que

para um mesmo valor de IMC, indivíduos com melhor aptidão cardiorrespiratória

possuem valores significativamente menores de perímetro de cintura quando

comparados com sujeitos de mais baixa aptidão. Esses achados sugerem acúmulo

reduzido de gordura abdominal nos militares bem condicionados.

Rodrigues et al (2007), em sua pesquisa com oficiais do exército, verificou o

efeito do condicionamento físico aeróbio na resposta psicofisiológica a estressores

laboratoriais. A fim de avaliar sua condição cardiorrespiratória, foi realizado o teste de

12 minutos de Cooper em 438 militares, sendo selecionados 28 militares, divididos em

dois grupos denominados, grupo de condicionamento superior e grupo de

condicionamento inferior, sendo o grupo superior o que percorreu mais de 3200 metros

e o grupo inferior que percorreu menos de 2400 metros. Após uma medida inicial em

repouso, foram aplicados nos sujeitos dois estressores laboratoriais consecutivos, cold

stressor e estressor matemático, enquanto se mensurava o nível de condutibilidade da

pele dos mesmos. Os militares com melhores condições cardiorrespiratórias

apresentaram uma tendência menor na resposta autonômica ao estresse, indicado pelo

comportamento dos níveis de condutibilidade na pele. O VO2máx de atiradores do tiro

de Guerra da cidade de Caratinga MG, foi analisado em uma pesquisa durante o

período de instrução do ano de 2005. Para tal, empregou-se o teste de Cooper de 12

minutos, em uma amostra de 19 atiradores, sendo estes avaliados em pré e pós teste.

Verificou-se que não houve diferença significativa entre os valores de VO2máx obtidos

no pré e pós teste. (SOUZA et al, 2009).

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23

3.3 COMPORTAMENTOS DE RISCO EM MILITARES

A adoção de comportamentos de risco a saúde (inatividade física, tabagismo,

alcoolismo, comportamentos suicidas, nível de stress, nível de ansiedade, consumo de

drogas), podem estar atreladas ao cotidiano do policial militar da cavalaria. No Brasil,

dispõe-se de poucos indicadores sobre prevalência e a inter-relação entre fatores

comportamentais de risco a saúde. Não se encontrou nenhum estudo populacional

realizado no Brasil que focalizasse múltiplos comportamentos de riscos entre policiais

militares de cavalaria.

O ato de consumir cigarros ou outros produtos que contenham tabaco, que o

principio ativo é a nicotina, deve ser considerada uma pandemia por esse vicio estar

alastrado por todo o mundo. Este vício precisa ser combatido, pois são elevadas as

causas de doenças diferentes provocada pelo tabagismo. Dados indicam que morre no

país cerca de 200.000 pessoas por ano por efeitos tardios do tabaco, principalmente

devido ao câncer de pulmão (CAVALCANTE, 2005). Contudo, a corporação militar não

proíbe o ingresso de candidatos fumantes e não demonstra preocupação com os riscos

inerentes dos militares que consomem o tabaco em seu efetivo, que pode gerar

possíveis baixas geradas pelo consumo do tabaco, conseqüentemente déficit no

policiamento.

O alcoolismo é definido pelo uso excessivo e ou preocupação com bebidas

alcoólicas ao ponto que esta conduta interfira na sua vida familiar, pessoal, social ou

profissional do individuo. As limitações funcionais causadas pelo uso excessivo de

álcool são mais elevadas que os produzidos pelo tabagismo. No entanto essas

limitações podem afetar a atividade profissional do militar, que investido de sua farda,

passa por ocorrências que depende de suas capacidades neuromotoras. Estudos

realizados no sul do País indicam que homem, de pele preta ou parda, com baixo nível

socioeconômico, fumantes e que apresentam doenças crônicas são os grupos com

maior consumo de álcool e mais suscetíveis a morbimortalidade relacionada ao

alcoolismo (COSTA et al, 2004).

Classificar os militares em sedentários e ativos é relevante, pois a inatividade

física é um importante fator de risco para doenças crônicas e não transmissíveis

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(CONTE et al, 2008). Porém, a corporação nos seus domínios não tem preocupação

com seu efetivo e promover atividades físicas, com o intuito de proporcionar uma

atividade física aos militares. Logo esses indivíduos ficam mais susceptíveis aos riscos

decorrentes da inatividade física.

Entre as principais ocorrências de DPM, os autores citam nervosismos, tensão,

cansaço excessivo, preocupação, tristeza e sustos repentinos, estando o militar

envergado de sua farda desempenhando sua função perante a sociedade, onde a

maioria das ocorrências que lhe são atribuídas envolvem pessoas já alteradas pela

situação que se encontra no momento, um roubo, furto ou mesmo acumulando eventos

estressores relacionado ao seu trabalho, tal fato pode se apresentar nessa instituição,

logo a corporação não fornece auxilio psicológico a esses policiais que venham sofrer

desse distúrbio. Em estudo feito com policiais civis da cidade do Rio de Janeiro 20 % do

seu efetivo sofre com problemas psíquicos (SOUZA et al, 2007), em documento da

OMS publicado em 1985 já evidenciava o distúrbio psíquico menores em 30% dos

funcionários públicos e sendo a segunda causa de afastamento no trabalho (BAZZO,

1997).

Em estudo feito nos Policiais Bombeiros Militares do Estado de Goiás,

analisaram as fontes de estresse no seu cotidiano, resultados revelam que 42,5%

referentes à organização de trabalho, sendo a principal fonte de stress, seguida por

38,3% referente às condições de trabalho, 12,8% a relações interpessoais e 6,4% a

conflitos trabalho/ família (MURTA, 2007). Tais resultados podem nos mostrar que a

organização do trabalho e a principal relação de stress no seu cotidiano, logo seguida

das condições de trabalho, podendo se especular se a organização de trabalho militar e

a melhor organização a essa classe de trabalhadores.

O consumo de drogas pode ser considerado uma pandemia, pela sua expansão

em todas as regiões do mundo. Sendo um problema de saúde pública, precisando

minimizar os inúmeros problemas conseqüentes da sua adoção. Em 2005, é registrado

um elevado aumento de 15 milhões de pessoas, na faixa etária de 15 a 64 anos, que

consomem drogas, sendo o numero de mulheres com maior aumento em relação aos

homens, em drogas consideradas ilícitas (OLIVEIRA, 2006). Nada consta que um militar

não possa se envolver com o consumo de drogas, assim sendo, um risco para a

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sociedade que dele é exigido comportamento contrário, e da instituição que pertence

com seu decoro da classe.

4 MÉTODOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Esse estudo é caracterizado descritivo exploratório. A amostra foi constituída de

20 policiais militares do 1º pelotão da polícia montada de Londrina PR, sendo 18

militares do sexo masculino e dois militares do sexo feminino, com idade variando entre

23 e 47 anos. Anteriormente à coleta das informações, todos os indivíduos foram

esclarecidos sobre os procedimentos aos quais foram submetidos e assinaram um

termo de consentimento livre e esclarecido para a realização da presente pesquisa.

4.2 ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL

Medidas antropométricas (massa corporal, estatura e circunferência de cintura)

e de composição corporal foi obtidas na sede do pelotão da polícia montada no período

da manhã. A massa corporal foi medida em uma balança digital da marca OMROM,

modelo HBF 500, enquanto a estatura mensurada em uma parede plana, ao mesmo

nível do solo, onde fixou uma fita métrica metálica inextensível, com comprimento de

dois metros e precisão de 0,1 centímetros, à partir de um metro do nível do solo. Para a medida da massa corporal o militar ficou em pé, de costas para a escala

de medida, com o mínimo de roupa possível e descalço. Para a mensuração da

estatura o militar estando em pé, descalço, com os pés unidos, colocando em contato

com a escala de medida as superfícies posteriores dos calcanhares, a cintura pélvica, a

cintura escapular e a região occipital, o militar estando em apnéia respiratória, com o

plano de Frankfurt rigorosamente observado. O índice de massa corporal foi calculado

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por meio da divisão da massa corporal (kg) pelo quadrado da estatura (m2). Valores de

IMC superiores a 25 kg/m2 foi considerados para a identificação de militares em estado

de excesso de peso, enquanto valores superiores a 30 kg/m2 foi adotados para a

identificação dos militares obesos (BRAY, 1992 apud PITANGA, 2005). A circunferência de cintura foi medida com uma fita métrica metálica

inextensível posicionada no plano horizontal, ao nível da cintura, no ponto coincidente

com a distância média entre a última costela e a crista-ilíaca. A medida obtida ao final

de uma expiração normal, sem a compressão da pele. Assim, valor de circunferência de

cintura superior a 102 centímetros foi considerado como critérios para a classificação da

obesidade abdominal em homens, enquanto em mulheres o critério adotado foi de 88

cm (OMS apud OLINTO et al, 2006). A composição corporal foi estimada por meio da utilização de um equipamento

de bioimpedância da marca OMROM, modelo HBF510, sendo todos os testes aplicados

pelo pesquisador. Para tanto, os militares respeitaram as seguintes recomendações

previamente à realização do teste: a) não comer ou beber nas quatro horas

precedentes ao teste; b) não fazer exercícios por 12 horas antes do teste; c) urinar 30

minutos antes do teste; d) não consumir álcool 48 horas antes do teste; e) não usar

diuréticos sete dias antes do teste; f) não estar no período pré-menstrual. Os valores de

resistência fornecidos pelo aparelho de bioimpedância foi utilizado para o cálculo da

massa corporal magra mediante a utilização das equações específicas ao sexo

propostas por Gray et al, (1989). Para a classificação do nível de gordura corporal, se

adotou os critérios sugeridos por Lohman (1992) apud Filardo e Petroski, (2007).

4.3 APTIDÃO FÍSICA

As capacidades físicas aptidão cardiorrespiratória, força, resistência e agilidade

foram mensuradas por meio dos seguintes testes: a) corrida de 2.400 metros; b) tração

na barra fixa (masculino) ou isometria na barra fixa (feminino); c) shuttle-run. Para tanto,

foi utilizada uma ordem de execução dos testes de modo a minimizar o desgaste físico

de um teste para outro. Para a interpretação dos resultados de todos os testes, foram

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empregados os critérios adotados pela polícia militar para a aprovação de candidatos

em concurso público realizado por esta instituição, sendo que cada teste físico pode se

obter 5 pontos, totalizando 15 no máximo, a pontuação mínima exigida para se tornar

apto e 11 pontos. Os procedimentos destes testes serão idênticos àqueles descritos por

Guedes e Guedes (2006).

4.4 COMPORTAMENTOS DE RISCO

Os seguintes comportamentos de risco que foram investigados no presente

estudo: a) estresse; b) inatividade física; c) tabagismo; d) alcoolismo; e) consumo de

drogas; f) distúrbio psíquico menores (DPM). Para tanto, foi utilizado um questionário

auto-administrado conforme Anexo 1. A presença de distúrbios psíquicos menores foi

avaliada pelo Self Report Questionnaire (SRQ-20). Este questionário é composto por 20

questões com opções dicotômicas de resposta (sim/não). Utilizou-se o ponto de corte

de sete ou mais respostas positivas para classificação de presença de DPM. Para a

avaliação de consumo excessivo de bebidas alcoólicas utilizou-se o Cut-down,

Annoyed, Guilty, Eye-opener (CAGE), o qual e composto por 4 questões, com ponto de

corte de duas ou mais respostas positivas para a determinação de alcoolismo. Foram

considerados fumantes os policiais militares que consumiram pelo menos um cigarro

por dia nos últimos 30 dias anteriores a aplicação do questionário. O policial militar da

cavalaria que não atingiu 150 minutos de atividade física na sua hora de lazer foi

considerado insuficientemente ativo no lazer usando o questionário longo internacional

da atividade física (IPAQ). Para configuração do consumo de drogas entre os policiais

militares da cavalaria, foi através do questionário tendo uma pergunta objetiva se o

mesmo praticava o uso da substância ilícita, (sim/não). Para categorizar o estresse no

policial no militar foi utilizada uma versão resumida do Inventario de Sintoma de Stress

(ISS), elaborado por Lipp (BERNARDES, 1997), avaliando se o militar possui algum

sintoma de estresse. Tais métodos para avaliação dos dados foi baseado no estudo de

Fernandes (2002).

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4.5 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Todas as informações foram analisadas por meio da estatística descritiva,

mediante a apresentação das informações em termos de média, desvio-padrão,

mediana e distribuição de freqüências.

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5 RESULTADOS

Dos vinte policiais que compõem a cavalaria da Policia Militar de Londrina, 4

militares não realizaram o teste de shutlle run, 2 policiais não realizaram a tração na

barra fixa e 4 não fizeram o teste de 2400 metros. Os militares supracitados acima

deixaram de realizar tais testes por motivos de saúde e licença maternidade. A tabela 1

representa as características sociodemográficas dos policiais militares.

Tabela 4 - Características Sóciodemográficas

Variáveis N % Sexo

Masculino 18 90 Feminino 2 10

Faixa etária Até 30 anos 8 40

Acima de 30 anos 12 60 Estado Civil

Casado 9 45 Parceiro estável 7 35

Solteiro 3 15 Divorciado 1 5

Viúvo 0 0 Escolaridade

1 Grau completo 0 0 1 Grau incompleto 0 0 2 Grau completo 13 65

2 Grau incompleto 0 0 Superior 7 35

Fonte: Armando Rezende, Londrina 2009.

A característica sociodemográficas dos militares da cavalaria demonstra que na

sua grande maioria e composta por policiais do sexo masculino com idade acima de 30

anos, tendo 45 % do efetivo com militares casados e 65% com o 2º grau completo. A

tabela a seguir demonstra características ocupacionais dos militares da cavalaria.

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Tabela 5 - Características Ocupacionais

Variáveis N % Treinamento

Sim 17 85 Não 3 15

Outra fonte de renda Sim 7 35 Não 13 65

Dobra o turno Sim 0 0 Não 20 100

Regime de trabalho Seguidos por escalas 17 85

Administrativo 3 15 Fonte: Armando Rezende, Londrina 2009.

Os resultados obtidos apontam que a maioria dos policiais da cavalaria tem um

treinamento especifico para a função e apenas 7 policiais procuram outra fonte de

renda para complementar seu orçamento mensal, nenhum militar dobra seu turno de

serviço, e o regime de trabalho na forma de escala que predomina entre os milicianos.

A tabela abaixo mostra outras características dos integrantes da cavalaria de Londrina.

Tabela 6 - Outras Características da População dos Policiais Militares

Variáveis SIM NÃO N % n %

Hábitos de fumar 1 5 19 95 Uso de medicamentos 0 0 20 100 Uso de tranqüilizantes 0 0 20 100

Tempo lazer 17 85 3 15 Lazer no seu trabalho 17 85 3 15 Doença ocupacional 4 20 16 80 Acidente de trabalho 15 75 5 25

Possui espaço descanso 4 20 16 80 Equipamento de proteção 12 60 8 40

Utiliza equipamentos de proteção 13 65 7 35 Problemas de saúde 30 dias 1 5 19 95

Procurou o médico 2 10 18 90 Fonte: Armando Rezende, Londrina 2009.

No âmbito da cavalaria de Londrina apenas um militar tem o hábito de fumar e

85% desses militares tem tempo livre para o lazer, mas só apenas 20% de integrantes

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disponibilizam espaço físico para descanso no seu trabalho. A tabela mencionada a

baixo explana as características antropométricas dos militares da cavalaria.

Tabela 7 - Características Antropométricas

Variável Média Desvio padrão Peso (kg) 74.6 9,70

Estatura (cm) 1.743 0,06 IMC (kg/m2) 24.27 2,38

Circunferência de cintura (cm) 87.05 8,52 Gordura relativa (%) 21 4,64

Fonte: Armando Rezende, Londrina 2009.

Os dados pertinentes as características antropométricas relata que o IMC e a

circunferência de cintura da maioria desses milicianos estão dentro dos padrões

considerados normais. Contudo, 90% do efetivo da cavalaria demonstram que estão

acima dos níveis considerados saudáveis em relação à gordura relativa. A tabela a

seguir demonstra as características da aptidão física dos militares da cavalaria.

Tabela 8 - Características da Aptidão Física

Variáveis Média Desvio Padrão Shuttle-run (segundos) 10 0,91

Teste de barra (repetições) 6.65 4,14 Corrida de 2400 m (segundos) 12.28 1,27

Fonte: Armando Rezende, Londrina 2009.

O teste de shuttle-run foi o que os militares da cavalaria de Londrina obtiveram

melhor desempenho, evidenciando que tais militares se encontram com boa agilidade,

porem o teste de tração na barra fixa e a corrida de 2400 m apresentaram os piores

resultados ratificando que a aptidão física e a força nos membros superiores desses

policiais se encontram em níveis abaixo do esperado para um policial militar. Destaca-

se que 4 policiais não fizeram a corrida de 2400 metros e 6 não realizaram o shutlle-run

por motivo de saúde.

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32

0

10

20

30

40

50

60

70

Aptos Inaptos

Gráfico 1- Percentual de Policiais da Cavalaria que Atenderam os Critérios Mínimos

Exigidos para o Ingresso na Corporação

Conforme o gráfico, 60% do efetivo da cavalaria de Londrina não atingem os

critérios mínimos exigidos para o ingresso na corporação, não conseguiram atingir 11

pontos nos três testes físicos, sendo inaptos ao concurso público para policial militar e

apenas 40% conseguiram alcançar índices mínimos para o ingresso na policia militar,

ou seja, obtiveram a pontuação mínima de 11 pontos. Segue abaixo a tabela referente

aos comportamentos de riscos mais freqüentes dos militares da cavalaria.

Tabela 9 - Características dos Comportamentos de Riscos

Variáveis SIM NÃO n % n %

Inatividade física no lazer 3 15 17 85 Tabagismo 1 5 19 95 Alcoolismo 1 5 19 95 Estresse 1 5 19 95

Consumo de drogas 0 0 20 100 Distúrbio psíquico 8 40 12 60

O distúrbio psicológico é o comportamento de risco mais freqüente do policial

militar. A informação é que 40% dos policiais da cavalaria sofrem desse distúrbio,

entretanto os outros comportamentos de riscos não se fazem presentes nesses

milicianos de forma tão acentuada.

n = 8 n = 12

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6 DISCUSSÃO

A sociedade moderna do século XXI espera e cobra de nossos governantes

policiais preparados intelectualmente e fisicamente ativos para desempenhar sua

função de forma oferecer um bom atendimento a população quando solicitado. Logo a

policia militar do Paraná capacita esses militares com técnica e treinamento

sistematizado de exercícios físicos, contudo não existe uma manutenção na relação

que se tange a atividade física desses policiais militares, o que pode acarretar prejuízos

a segurança publica do estado, e danos a própria saúde deste miliciano.

Para o ingresso na policia militar do Paraná é necessário que o candidato passe

por processo seletivo intelectual, psicológico é físico, demonstrando a necessidade de

mínimas condições físicas para desempenhar sua função, entendida como a

capacidade que um indivíduo possui para realizar suas atividades físicas, aptidão física

(NAHAS, 2006), sendo essa primordial ao policial militar de qualquer segmento da

policial para realizar seu papel perante a sociedade.

Porém o militar da cavalaria de Londrina é muito exigido em relação ao seu

preparo físico, uma vez que o eqüino é um animal de grande porte e necessita de força

para domesticá-lo e controlá-lo durante o patrulhamento ostensivo. No presente estudo,

60 % dos policiais da cavalaria de Londrina não obtiveram índices mínimos para o

ingresso na policia militar do Paraná, já em João Pessoa Paraíba 74% dos policiais

militares da radio patrulha apresentam níveis insuficientes em pelo menos um ou mais

componentes da aptidão física (BEZZERRA, 2004). Em contrapartida no estudo feito

com Bombeiros de Santa Catarina apenas 20% dos avaliados apresentaram níveis de

aptidão física insuficiente (BOLDORI et al, 2005), podendo se especular que o preparo

físico dos bombeiros é melhor do que dos policiais militares.

Na literatura estudos sobre aptidão física de militares de cavalaria ou sobre

policiais militares são escassos, devido dificuldade de se obter tais amostras e dados.

Contudo os militares da cavalaria e mesmo da radio patrulha se expõe a situações de

risco e sua aptidão física trar-lhes-ia mais segurança e maior fator de prevenção de

saúde, é evidente que a aptidão física desses militares está muito aquém dos ideais

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para sua função, demonstrando tal despreparo físico desses militares e a falta de

comprometimento com sua função e com a sociedade que nele deposita sua confiança.

A composição corporal de militares da cavalaria de Londrina está extremamente

relacionada com seu trabalho diário, no seu manejo com eqüino desempenhando seu

trabalho rotineiro, uma vez que seu peso influencia nas características físicas do cavalo,

melhorando ou piorando seu rendimento no patrulhamento, expressando também

problemas com sua própria saúde, ocasionando possíveis baixas no efetivo, gerando

um déficit no policiamento da unidade, contudo a população seria lesada por essa

perda de policiamento.

O estudo evidencia que 90% do efetivo da cavalaria de Londrina estão acima

dos padrões normais de gordura relativa corporal, comparando essa situação com os

militares do exercito brasileiro onde 65% dos militares do exercito apresentam excesso

de peso corporal (NEVES, 2008) e 66% dos policiais militares da radio patrulha de João

Pessoa apresentam sobrepeso e 35% apresentam tendência a obesidade (BEZZERRA,

2004), são dados preocupantes para a segurança publica, no entanto um fator de alerta

aos comandantes de policiamento para planejar projetos com nutricionistas, psicólogos

e educadores físicos para aderirem a hábitos saudáveis a esses policiais.

Distúrbios psicológicos menores (DPM), alcoolismo, tabagismo, estresse,

consumo de drogas e policiais inativos fisicamente são alguns fatores de risco que

podem estar relacionado com a profissão do policial militar da cavalaria de Londrina,

devido as suas condições de trabalho, a sua convivência com situações que fogem da

realidade de pessoas civis e a pressão de um sistema militar autoritário. O estudo

aponta que 40% dos militares da cavalaria de Londrina sofrem com o DPM, sendo o

principal fator de risco desse efetivo, os demais fatores de risco não se fizeram presente

de forma acentuada nesses militares.

Os comandantes de unidades optam por não divulgar dados sobre tais

comportamentos desses militares para não demonstrar a fragilidade do seu efetivo. A

isto se deve a escassez de estudos sobre essa área na população dos militares, no

entanto um trabalho feito com policiais civis do Rio de Janeiro revelou que 20% do

efetivo sofrem com transtornos psíquicos (SOUZA, et al 2007), a metade que nos

militares, podendo se especular que o militar sofre mais desses transtornos que

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policiais civis. Entretanto um fato preocupante para ambas as classes por se tratar de

policiais que estão na ativa cuidando da segurança da sociedade, muitas vezes sendo

gerenciador de crises em ocorrências ou mesmo tendo que tomar decisões que

envolvam vidas.

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7 CONCLUSÃO

Com bases nos dados obtidos no presente estudo, conclui-se, que os policiais

militares da cavalaria de Londrina estão com os níveis de aptidão física muito inferior ao

esperado para o desempenho de suas funções e apresentam composição corporal

desfavorável, com excesso de gordura corporal. Além disso, contatou-se que grande

parte destes militares apresenta distúrbios psíquicos menores.

Esses fatores atuando em conjunto nesses militares da cavalaria podem

acarretar prejuízos à população devido a possíveis baixas no efetivo, o que pode gerar

déficit de policiamento pelo fato de possíveis agravos à saúde que podem vir a

acometer estes policiais.

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ANEXO

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ANEXO - MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

QUESTIONÁRIO Prezado(a) Policial:

Este questionário faz parte da pesquisa intitulada: “Aptidão física, composição corporal e comportamentos de risco dos policiais militares da cavalaria de Londrina”. Leia com atenção todos os itens e responda-os com sinceridade. Em caso de dúvidas, pergunte ao pesquisador. Os dados fornecidos por você serão mantidos em sigilo e serão utilizados somente para a realização desta pesquisa. Muito obrigado pela colaboração.

Professor Responsável: Armando Castelo de Rezende I. DADOS PESSOAIS Nome: ____________________________________________________________________ Sexo: Masculino Feminino Data de nascimento:_____/_____/________

Escolaridade: 1º grau completo 1º grau incompleto

2º grau completo 2º grau incompleto superior

Estado civil: Solteiro Casado

Parceiro estável Separado / divorciado Viúvo

NÃO PREENCHER O ÍTEM ABAIXO II. ANTROPOMETRIA E APTIDÃO FÍSICA

Massa corporal: _____________________kg Estatura: __________________________cm

Circunferência de cintura:_____________cm Teste da barra:_____________________rep

Shuttle-run:________________________seg Teste de 2400 m:___________________min III. DADOS SÓCIOECONÔMICOS: INDIQUE O NÚMERO DE ITENS QUE VOCÊ POSSUI: Quantidade de itens: 0 1 2 3 4 ou + Televisão em cores Rádio Banheiro Automóvel Empregada mensalista Maquina de lavar Videocassete e/ou dvd Geladeira Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

IV. GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DA FAMÍLIA

Analfabeto / Primário incompleto Primário completo / Ginasial incompleto Ginasial completo / Colegial incompleto Colegial completo / Superior incompleto Superior completo

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V. INFORMAÇÕES SOBRE A UNIDADE DA CAVALARIA 1. Data de admissão como policial militar: _____/_____/_____

2. Data de admissão na cavalaria: _____/_____/_____

3. Escala de trabalho: 24 x 48 horas 6 horas expediente outra

4. Você fez treinamento para a função? sim não

5. Número de horas trabalhadas por semana:________________________________________

6. Desenvolve outra atividade remunerada? sim não

7. Quantas horas por semana desempenha esta atividade?______________________________

8. Costuma dobrar o turno? sim não

VI. ATIVIDADE FÍSICA

1) Em quantos dias da ultima semana você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos no seu tempo livre?

___ dias da semana ( ) Nenhum

2) Nos dias que você caminha no seu tempo livre, quanto tempo no total você gasta por dia?

___ horas ___ minutos

3) Em quantos dias da ultima semana você fez atividades moderadas no seu tempo livre por pelo menos 10 minutos, como pedalar ou nadar a velocidade regular, jogar bola, vôlei, basquete, tênis:

___dias da semana ( ) Nenhum

4) Nos dias em que você faz estas atividades moderadas no seu tempo livre quanto tempo você gasta por dia?

___ horas ___minutos

5) Em quantos dias da ultima semana você fez atividades vigorosas no seu tempo livre por pelo menos 10 minutos contínuos, como correr, fazer aeróbicos, nadar rápido, pedalar rápido ou fazer Jogging:

___ dias da semana ( ) Nenhum

6) Nos dias em que você faz estas atividades vigorosas no seu tempo livre quanto tempo no total você gasta por dia?

___horas ___minutos VII - CASO VOCÊ SINTA ALGUM PROBLEMA OU SINTOMA, MARQUE COM UM “X” Cansaço mental sim não Dor nos braços sim não Irritação nos olhos sim não Dor nas costas sim não Dificuldade para ouvir sim não Rinite (“alergia” no nariz) sim não Já teve pneumonia? sim não

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Já teve tuberculose? sim não Varizes sim não Pressão alta sim não Tosse sim não Falta de ar sim não Dores nas pernas sim não Outro: Qual?____________________________________________________________ VIII - RESPONDA AS QUESTÕES SEGUINTES MARCANDO " SIM" OU "NÃO": Dorme mal? sim não Tem má digestão? sim não Tem falta de apetite? sim não Tem tremores nas mãos? sim não Assusta-se com facilidade? sim não Você se cansa com facilidade? sim não Sente-se cansado (a) o tempo todo? sim não Tem se sentido triste ultimamente? sim não Tem chorado mais do que costume? sim não Tem dores de cabeça frequentemente? sim não Tem tido idéia de acabar com a vida? sim não Tem dificuldade para tomar decisões? sim não Tem perdido o interesse pelas coisas? sim não Tem dificuldade de pensar com clareza? sim não Você se sente pessoa inútil em sua vida? sim não Tem sensações desagradáveis no estômago? sim não Sente-se nervoso (a), tenso (a) ou preocupado (a)? sim não É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? sim não Tem dificuldade no serviço? Seu trabalho lhe causa sofrimento? sim não Encontra dificuldade de realizar com satisfação suas tarefas diárias? sim não IX - OUTRAS INFORMAÇÕES Você fuma? sim não Há quanto tempo?_______________________________________________________ Atualmente quantos cigarros por dia? Faz uso de algum tipo de droga ilícita? sim não Se sim, Quais?__________________________________________________________ Faz uso de medicamentos? sim não Faz uso de tranqüilizantes? sim não Dispõe de tempo para o lazer? sim não São promovidas atividades de recreação em seu trabalho? sim não Já teve alguma doença ocupacional (relacionada ao trabalho) diagnosticada por médico?

sim não

Se sim, Qual?___________________________________________________________ Já sofreu algum acidente de trabalho (durante o trabalho ou no trajeto casa-trabalho)?

sim não

Se sim, qual?___________________________________________________________ Você possui um espaço específico para descanso em seu local de trabalho?

sim não

Existe equipamento de proteção individual disponível para seu uso? sim não Você utiliza alguns desses equipamentos de proteção individual? sim não Você bebe ou bebia bebidas alcoólicas? sim não

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Você teve algum problema de saúde nos últimos trinta dias? sim não Você procurou médico ou fez consulta a médicos ou a outro profissional de saúde por causa deste problema?

sim não

Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?

sim não

De modo geral, as pessoas o incomodam porque criticam o seu modo de beber?

sim não

Você fica chateado ou se sente culpado pela maneira como costuma beber?

sim não

Você costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou ressaca?

sim não

X - Onde você esteve nas últimas 24h: ( ) em folga, sem fazer trabalho extra ( ) em trabalho na cavalaria da Polícia Militar ( ) em trabalho fora da cavalaria da Polícia Militar XI - ASSINALE SE SENTIU OS SINTOMAS ABAIXO: DURANTE AS ÚLTIMAS 24H Sentiu as mãos ou os pés frios? sim não Ficou com a boca seca? sim não Teve dor de estômago? sim não Os músculos ficaram tensos e enrijecidos? sim não Teve insônia? sim não Teve crise de hipertensão? sim não Sentiu taquicardia (coração disparado)? sim não Começou a soar demais? sim não Passou a ranger os dentes? sim não DURANTE A ÚLTIMA SEMANA Passou a esquecer coisas corriqueiras? sim não Teve pesadelos? sim não Teve dificuldades para tomar decisões? sim não Gostaria de poder mudar-se para uma ilha deserta? sim não Desenvolveu problemas de pele? sim não Adquiriu algum tique nervoso? sim não Não conseguiu desligar-se do assunto que o preocupa? sim não DURANTE O ÚLTIMO MÊS Teve raiva por períodos longos? sim não Sentiu-se impedido de trabalhar? sim não Perdeu o apetite por vários dias? sim não Entrou em depressão ou apatia? sim não Desenvolveu alguma doença? sim não Tornou-se irritadiço? sim não Perdeu senso de humor? sim não Teve episódios de ansiedade? sim não Perdeu o desejo sexual por um período longo? sim não Fonte: Adaptado de Fernandes 2002.