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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO - FAAC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TV DIGITAL: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO Ricardo Polettini PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TV DIGITAL: MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS PARA REDAÇÃO CONVERGENTE Bauru 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO - FAAC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TV DIGITAL:

INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

Ricardo Polettini

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TV DIGITAL: MAPEAMENTO DE

COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS PARA REDAÇÃO CONVERGENTE

Bauru

2012

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Ricardo Polettini

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TV DIGITAL: MAPEAMENTO DE

COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS PARA REDAÇÃO CONVERGENTE

Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-graduação em TV Digital: Informação e Conhecimento, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - Faac, da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Bauru, como requisito final para obtenção do título de Mestre em Televisão Digital sob a orientação do Prof. Dr. Antonio Carlos de Jesus e co-orientação do Prof. Dr. João Baptista de Mattos Winck Filho.

Bauru

2012

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Polettini, Ricardo.

Produção jornalística em TV digital: mapeamento de

competências informacionais para redação convergente /

Ricardo Polettini, Bauru, 2012

92 f. : il.

Orientador: Antonio Carlos de Jesus

Coorientador: João Baptista de Mattos Winck Filho

Dissertação (Mestrado)– Universidade Estadual

Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e

Comunicação, Bauru, 2012

1. Jornalismo. 2. Televisão digital. 3. Redação convergente. 4. Competências informacionais. I.

Universidade Estadual Paulista. Faculdade de

Arquitetura, Artes e Comunicação. II. Título.

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Ricardo Polettini

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TV DIGITAL: MAPEAMENTO DE

COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS PARA REDAÇÃO CONVERGENTE

Área de Concentração: Comunicação em Televisão Digital

Linha de Pesquisa: Gestão da Informação e Comunicação para Televisão

Digital

Banca Examinadora:

Presidente/Orientador: Prof. Dr. João Baptista de Mattos Winck Filho

Instituição: Universidade Estadual Paulista - UNESP

Prof.1: Prof. Dr. Francisco Rolfsen Belda

Instituição: Universidade Estadual Paulista - UNESP

Prof. 2: Prof. Dr. Álvaro Benevenuto Jr.

Instituição: Universidade de Caxias do Sul - UCS

Resultado: APROVADO

Bauru, 30 de março de 2012.

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À minha família, pelo apoio de sempre.

À Márcia, minha esposa, companheira

inseparável na luta do dia a dia.

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POLETTINI, Ricardo. Produção jornalística em TV digital: mapeamento de competências informacionais para redação convergente. Trabalho de Conclusão (Mestrado em TV Digital: Informação e Conhecimento) – Faac – UNESP – Sob orientação do Prof. Dr. Antonio Carlos de Jesus e co-orientação do Prof. Dr. João Baptista de Mattos Winck Filho, Bauru, 2012.

RESUMO

O desenvolvimento tecnológico modificou os hábitos de consumo de informação e

produção de conteúdos. Para os jornalistas, os avanços das tecnologias da

informação e comunicação impactaram diretamente no modo de produzir notícias.

Transformaram as redações em usinas de processamento e divulgação de

informações em diversas plataformas digitais, ou seja, em redações convergentes. A

televisão digital requer, nesse contexto, readequações nos processos produtivos

para atender à maior demanda por conteúdos. Com base em pesquisa exploratória,

bibliográfica e documental, descrevemos transformações nas redações e nos

processos de produção jornalística para televisão e fazemos um mapeamento de

competências informacionais desejáveis para atuação eficiente nas redações

convergentes de televisão.

Palavras-chave: jornalismo, redação, convergência, televisão digital, competência

informacional

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POLETTINI, Ricardo. Producing news for digital television: mapping of informational skills for convergent newsroom. Trabalho de Conclusão (Mestrado em TV Digital: Informação e Conhecimento) – Faac – Unesp – Sob orientação do Prof. Dr. Antonio Carlos de Jesus e co-orientação do Prof. Dr. João Baptista de Mattos Winck Filho, Bauru, 2012.

ABSTRACT

Technological development has changed habits of information consumption and

production of contents. To the journalists, the advances in information and

communication technologies have impacted directly on how to produce news. It

turned the newsrooms in plants of processing and dissemination of information on

multiple digital platforms, or convergent newsrooms. Digital television requires, in this

context, modifications in production processes to supply the growing demand for

contents. Based on exploratory research literature and documents, we describe

changes in the newsrooms and processes of news production for television and

make a mapping of informational skills desirable for efficient performance in

television convergent newsrooms.

Keywords: journalism, newsroom, convergence, digital television, information

literacy.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Etapas da produção de telejornal correspondentes às etapas de

produção audiovisual 39 Figura 2 Reprodução do fluxo de informação na Folha de S.Paulo,

publicado em 19/02/2011 44 Figura 3 Fluxo de produção jornalística digital multiplataforma 48 Figura 4 Representação do sistema CTPS como parâmetro de análise de

convergência na redação proposto por Pit Gottschalk 55 Figura 5 Escala de convergência nas redações proposta por Pit Gottschalk 57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Mapeamento de competências informacionais na produção jornalística convergente em televisão digital 60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS 15

2.1 Produção de conteúdo: indústria X indivíduos 16

2.2 Convergência de mídias e consumo de informação 19

2.3 Consumo de mídias e cidadania 20

2.4 A televisão digital no cenário de convergência 23

2.4.1 Televisão digital e interatividade 25

2.4.2 Televisão conectada 28

3 JORNALISMO E REDAÇÕES CONVERGENTES 31

3.1 Convergência e transformações nas redações 33

3.2 Produção jornalística em redação de TV digital convergente 36

3.2.1 Produção jornalística analógica em televisão 37

3.2.2 Produção jornalística digital em televisão 41

3.3 Fluxo da informação em redação convergente 44

3.3.1 Fluxo da informação em redação de TV convergente 47

3.3.2 A redação 3.0 53

4 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TV DIGITAL 58

4.1 Natureza e extensão da necessidade da informação na redação 61

4.2 Acesso à informação com efetividade na redação 64

4.3 Avaliação crítica da informação e suas fontes na redação 69

4.4 Utilização da informação para alcançar objetivos e obter resultados 72

4.5 Aspectos econômicos, legais, sociais e éticos 74

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 77

REFERÊNCIAS 81

ANEXOS 84

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1 INTRODUÇÃO

O surgimento da internet, a partir da década de 1990, provocou

mudanças radicais no modo de se fazer jornalismo. Para o consumidor de notícias, a

rede mundial não apenas ampliou imensamente o acesso à informação, mas

também facilitou a produção textual e audiovisual, possibilitando a mudança do

conceito de consumidor para usuário, e deste, para co-editor nos processos

comunicativos.

Diante da digitalização desses processos e das conseqüentes mudanças

nos usos e consumo de informações, novas demandas por conteúdos foram criadas.

Empresas de comunicação, sejam elas de entretenimento ou jornalísticas, passaram

a incorporar em seus projetos, processos e produtos a publicação de conteúdos em

diversas plataformas digitais.

Assim, os tradicionais jornais impressos já não estampam suas notícias

apenas no papel. Eles também as publicam na internet, sob a forma de texto,

imagens, áudio e produtos audiovisuais, permitindo o acesso de conteúdo por várias

plataformas, pelo computador, telefone celular e tablets. O mesmo ocorre com as

emissoras de televisão, que além de veicularem notícias via broadcast também

passaram a se valer da internet para atingir o público, com a postagem de material

audiovisual acessível a qualquer tempo, sob demanda.

No sentido inverso, o público, ao mesmo tempo leitor, telespectador e

usuário da rede, encontra no ambiente virtual condições para se manifestar e

interagir. Esse novo tipo de público vem promovendo uma espécie de arena de

debates entre produtor e consumidor de conteúdo – mesmo que esse debate não

seja em tempo real, mas no tempo “intemporal” da rede (Castells, 1999).

Conteúdos que levam a outros conteúdos por meio de referências e

hiperlinks criam infinitas possibilidades navegação na internet. E as empresas de

comunicação que tiverem o objetivo de se destacar nesse ambiente virtual devem

traçar estratégias no sentido de tornar mais eficientes suas linhas de produção, para

que sejam capazes de produzir conteúdo simultaneamente para diversas

plataformas.

Isso exige investimento em tecnologia: computadores com alta

capacidade de processamento, servidores de dados capazes de armazenar milhares

de gigabytes e softwares que automatizem e gerenciem o uso da informação.

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Por outro lado, a produção multiplataforma também requer habilidades

específicas na manipulação dos fluxos de informação, gerando a necessidade de

desenvolvimento de competências informacionais específicas entre os profissionais

de comunicação envolvidos nesse processo.

Tomemos como exemplo, entre as funções desempenhadas pelos

jornalistas nas redações de televisão, a de produtor de reportagem. Com o processo

de convergência de mídias, este profissional do primeiro estágio da cadeia produtiva

jornalística televisiva - responsável pela captação de informações e planejamento de

conteúdos - ao escrever uma pauta para o telejornal, deverá também prever

conteúdos para sites, redes sociais e versões adaptadas para celulares e tablets.

Com a televisão digital, há ainda a possibilidade de planejamento de conteúdos

interativos, por meio de aplicativos ou middlewares.

Adiante na cadeia produtiva do jornalismo em televisão, no segundo

estágio da criação da notícia – a reportagem – o jornalista em campo deverá agora

multiplicar seu foco, contribuindo para inserir outros elementos à pauta original,

como conteúdos extras para internet, que podem ser trechos não publicados de

entrevistas e os bastidores de suas matérias.

Na etapa posterior – a edição de texto – os jornalistas são responsáveis

pela montagem e finalização das reportagens. Eles podem sugerir outros conteúdos

complementares como, por exemplo, levar à internet informações não destacadas

pelo repórter no material veiculado na televisão. É possível, ainda, elaborar vídeos

com outros trechos de entrevistas, assim como aproveitar “sobras” de material bruto

para realimentar a cadeia de produção do telejornal, por meio de novas sugestões

de pauta retiradas desse material.

São situações que mudam a rotina de trabalho nas redações de TV, que

as transformam em redações convergentes, isto é, em redações que produzem

conteúdo não apenas para um veículo principal, seja ele jornal impresso, de rádio,

televisão ou internet, mas para todos ao mesmo tempo. Isso exige difusão de novas

competências entre os profissionais envolvidos na elaboração das notícias. E a

televisão digital surge nesse cenário, em que as redações – locais de trabalho dos

jornalistas – se tornam convergentes.

Nas redações convergentes, os jornalistas devem manter diálogos

frequentes com outros setores da organização. É necessário entender as

potencialidades do departamento de design para poder solicitar a inserção de

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elementos de videografismo na edição, ou na criação de vinhetas e cenários virtuais.

Assim como é preciso saber manipular e indexar arquivos digitais em consonância

com as determinações do departamento de tecnologia da informação, já que o fluxo

de informações mudou de suporte, saiu o videotape para os cartões de memória.

O jornalista, nesse contexto, deve, então, ser capaz de desenvolver

habilidades multifuncionais, que contemplem, num cenário de mídias convergentes,

lidar com novas tecnologias e com novos hábitos de produção e consumo da

informação. Na concepção de um produto jornalístico para comunicação em rede, é

necessário levar em conta a possibilidade de promover a participação do público na

construção da notícia. A interatividade configura-se como matriz do sistema digital.

Tudo isso exige qualificação adequada dos profissionais de jornalismo,

planejamento, investimento e criatividade. Cabe aos pesquisadores em TV digital

vasculhar esses novos tipos de projetos, processos e produtos, determinados

principalmente pela transição tecnológica e que, inevitavelmente, serão

experimentados nas emissoras de televisão.

Estudos desenvolvidos no Brasil, nesse sentido, têm como focos mais

comuns temas como o desenvolvimento de tecnologias, criação de softwares,

middlewares e hardwares, sistemas de transmissão, design e usabilidade de

produtos, além de questões ligadas à política, economia, linguagem e tipificação de

termos inseridos no processo comunicativo, muitos deles ainda não consensuais no

campo da Comunicação, como é o caso do conceito de “interatividade”.

Este trabalho procura seu foco no fluxo de informações do processo de

produção jornalística. Processo este dividido em etapas que determinam a

organização do trabalho dos jornalistas nas redações.

Nosso intuito é abordar os desafios do jornalismo diante da implantação

da TV digital no cenário de mídias convergentes. Pretendemos, assim, colaborar

com futuras pesquisas no setor e com a qualificação e capacitação de profissionais

especializados, para que se tornem aptos a lidar com essa realidade inevitável e

instigante.

As hipóteses que se levantam a partir do problema apresentado são: o

surgimento de mídias convergentes e da televisão digital traz implicações aos

projetos, processos e produtos jornalísticos? Como isso acontece nas empresas

produtoras de conteúdo audiovisual, sobretudo nas emissoras de televisão e, por

conseqüência, aos conceitos, contextos e métodos das redações dos telejornais?

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Essas implicações abrangem desde investimento em tecnologia e planejamento

estratégico, por parte das empresas, até a formação, capacitação e mudanças de

padrões profissionais, bem como o desenvolvimento de competências

informacionais específicas para desempenho das funções na cadeia produtiva.

O método de abordagem utilizado será o hipotético-dedutivo, devido à

necessidade de observação específica do objeto. O método de procedimento

escolhido é o histórico, que permite a sustentação dos argumentos da pesquisa com

base na literatura disponível.

A coleta de dados é feita a partir de pesquisa exploratória bibliográfica e

documental. A bibliografia contempla autores e profissionais da área que abordam o

desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e suas

implicações políticas, econômicas, filosóficas, estéticas, culturais e

comportamentais, além de pesquisadores em TV digital e mídias convergentes. A

técnica de pesquisa está balizada na documentação indireta, por meio de revisão

bibliográfica e documental.

Assim, o trabalho se propõe a mapear competências informacionais

necessárias para jornalistas atuarem em redações convergentes de televisão digital.

Para isso, traçamos um panorama teórico sobre atividade jornalística no contexto da

sociedade em rede, da convergência das mídias e da televisão digital. Então, por

meio de pesquisa exploratória, descrevemos como redações vêm se adaptando à

realidade informacional contemporânea, tornando-se convergentes. Os argumentos

teóricos e históricos discutidos nesses dois capítulos dão suporte ao capítulo

seguinte, no qual analisamos esquematicamente a produção jornalística nas

redações de TV, apontando diferenças entre o processo analógico e o processo

digital de produção noticiosa. Elementos apontados na análise vão permitir a

elaboração de um mapeamento de competências informacionais necessárias ao

processo, que tomará como referência os padrões de desempenho elaborados por

Belluzzo (2007).

A opção por esse viés neste estudo se dá pela proximidade que este

pesquisador mantém com o tema, desenvolvida em quinze anos de atuação

profissional em redações de jornalismo diário, impresso e televisivo. A observação

ao longo desse tempo me permite corroborar com a afirmação de que muitos

jornalistas apenas tateiam no novo universo informacional, sendo necessário se

adequar profissionalmente à realidade midiática convergente. Minha experiência

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pessoal para dominar este universo novo poderá ser uma abordagem relevante ao

estado da arte do jornalismo em plataforma digital.

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2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS

O século XXI é marcado pelo ritmo da conectividade, da informação

instantânea, da economia globalizada. A Revolução da Tecnologia da Informação

(CASTELLS, 1999) trouxe transformações sociais, culturais, políticas e econômicas

sem precedentes e, consequentemente, alterou os modos e meios de produção.

Em novembro de 2011, a empresa de tecnologia Ericsson, que entre suas

diversas frentes atua no setor de conexão banda larga móvel, apresentou um vídeo

em que especialistas expõem impressões a respeito dos hábitos de comunicação no

mundo atual. A opinião é quase unânime: o que se tem feito é tímido perto do que as

novas tecnologias permitem fazer1.

As estatísticas apresentadas em “On the brink of a networked society” (à

beira de uma sociedade em rede) podem dar uma ideia de como funcionarão os

processos comunicativos nos próximos anos. Hoje, no mundo todo, 57% das

pessoas mantêm mais relacionamentos online do que na “vida real”. Entre os

usuários da internet na faixa de 18 a 34 anos, 48% têm habitualmente como primeira

atividade pela manhã checar as postagens no Facebook. Um em cada seis

casamentos é realizado entre pessoas que se conheceram pela internet. Crianças e

adolescentes entre oito e 18 anos passam em média sete horas e meia do dia

conectados a dispositivos móveis. Um em cada cinco assinantes de telefonia celular

tem acesso à banda larga móvel. Pesquisas na internet feitas a partir de celulares

quadriplicaram em 2011. Em 2014, as conexões a partir de dispositivos móveis

devem superar as feitas através dos computadores pessoais de mesa. Em 2020,

mais de 50 bilhões de dispositivos estarão conectados.

O desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)

possibilitou a conexão de milhões de computadores e servidores de dados ao redor

do planeta, imprimindo novos significados à noção de espaço e tempo. Uma ideia

proposta por Castells, (1999), à qual ele chama de “tempo intemporal”, uma forma

dominante de temporalidade em nossa sociedade.

1 On the brink of a networked society, Ericsson, nov. 2011. Disponível em:

<http://pinchzoom.com/posts/on-the-brink-of-a-networked-society/on-the-brink-of-a-networked-society>. Acesso em: 20 fev. 2012.

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Essa temporalidade típica da conectividade se refere ao “espaço de

fluxos”, e não às noções da física, que descrevem os eventos pela sequência

temporal dos acontecimentos.

A temporalidade intemporal se aproximaria, assim, do limiar da eternidade

e ocorreria, segundo o autor, quando “as características de um dado contexto, ou

seja, o paradigma informacional e a sociedade em rede, causam confusão sistêmica

na ordem sequencial dos fenômenos sucedidos naquele contexto.” (CASTELLS,

1999, p. 556).

Além de modificar a noção de tempo em nossa sociedade, entre outras

implicações, o avanço da tecnologia fez com que a informação se impusesse a

outros parâmetros que antes delineavam a eficiência das organizações. Assim, a

informação se tornou um componente de extrema importância nos processos

produtivos nas mais diversas áreas.

No que se refere à comunicação, o uso de aparelhos móveis e portáteis

multifuncionais passou a determinar novas formas de relacionamentos entre os

indivíduos na sociedade informacional. Entendemos aqui por “dispositivos móveis”

aqueles que possibilitam sua utilização em movimento e “portáteis” aqueles de

tamanho reduzido, que podem ser carregados com o usuário (CANNITO, 2010).

2.1 Produção de conteúdo: indústria de mídia X indivíduos

A digitalização da informação, seja esta em formato de texto, áudio ou

vídeo, tornou mais possíveis a realização e veiculação de conteúdos, o que até há

pouco tempo era exclusividade de empresas de comunicação e profissionais

especializados.

Com milhões de pessoas utilizando telefone celulares conectados, com os

quais, no mesmo aparelho, se pode acessar a internet, ouvir música, tirar

fotografias, registrar imagens em movimento e, também, assistir à televisão e

consumir mídias, novos conteúdos são criados e disponibilizados na rede. Esses

conteúdos são transferidos e publicados na internet via computadores ou por meio

dos próprios aparelhos celulares.

Uma amostra da popularização do uso dos dispositivos móveis e portáteis

na produção de conteúdo é o crescimento contínuo de acessos a um dos maiores

depósitos de material audiovisual enviado por usuários da internet, o YouTube. O

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site é acessado e “alimentado” diariamente por milhões de pessoas em todo o

mundo. Em abril de 2007, o YouTube já recebia diariamente 65 mil novos vídeos,

enquanto um milhão eram acessados e assistidos todos os dias. A cada um milhão

de usuários da internet, 95 mil acessavam a página todos os dias (ESCUDERO,

2007). Quatro anos mais tarde, somente em dezembro de 2011, foram

contabilizados um trilhão de acessos ao site. (PACIORNIK, 2012).

Nesse cenário, mesmo que limitadamente em comparação aos grandes

conglomerados de mídia, o receptor da informação no processo de comunicação

digital pode deixar a condição de mero usuário para ser co-produtor na elaboração

de mensagens, possibilitando maior interferência na construção de conteúdos

veiculados nos mais diversos meios.

Essa participação pode acontecer de diversas formas, seja por meio da

exposição de opiniões em fóruns de usuários na internet, seja ao enviar fotos e

imagens digitais aos sites e programas de TV. Existem quadros em programas de

entretenimento da televisão brasileira baseados inteiramente em vídeos enviados

pelo público, como o “Videocassetadas”, do “Domingão do Faustão”, na Rede Globo.

Se há alguns anos a participação do telespectador com esse tipo de conteúdo era

possível enviando fitas de videocassete pelo correio (daí o nome do quadro do

programa) – algo que poderia demorar dias –, com a internet, o processo de envio

de material para as emissoras de televisão passa a ser praticamente instantâneo.

Eventos recentes atestam que até mesmo a cobertura e transmissão ao

vivo de fatos jornalísticos deixaram de ser exclusividade de emissoras de televisão.

Em 15 de novembro de 2011, durante o protesto do movimento Occupy Wall Street,

em Nova York, contra a influência das corporações na sociedade e a dominação

econômica, ativistas utilizavam seus notebooks e smartphones para transmitir ao

vivo por streaming para todo o planeta informações na forma audiovisual sobre o

movimento, competindo em tempo e conteúdo com grandes conglomerados de

comunicação. (PADRÃO, 2011).

A tecnologia mais acessível e a maior possibilidade do usuário comum da

rede criar e distribuir conteúdo também faz surgir predições a respeito do futuro do

profissional que trabalha para as organizações produtoras de conteúdo jornalístico

ou de entretenimento, entre elas a televisão. Com ferramentas de captação e edição

audiovisuais cada vez mais populares, futuramente é possível que o consumo de

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audiovisual seja baseado quase que totalmente em conteúdos feitos a partir do

usuário comum.

No entanto, Cannito (2010) acredita na continuidade do predomínio

profissionais da indústria midiática na produção de bens simbólicos, colocando em

cheque a perspectiva de que a programação televisiva no futuro seria feita por

todos.

[...] fazer um programa que realmente interesse a todos também tem relação com técnicas de construção dramática (seja de ficção, seja em reportagens), são conhecimentos que demandam anos de estudos e/ou talento excepcional. É bem difícil supor que todos tenham realmente esse talento. (CANNITO, 2010, p. 21).

Embora o uso de dispositivos digitais seja cada vez mais comum, a

realidade atual apresenta um cenário em que as empresas de comunicação ainda

dominam a distribuição de conteúdos nas diversas plataformas de mídia disponíveis.

Jenkins (2009) lembra que, na produção de conteúdos, há muitas diferenças entre

empresas e usuários no que se refere à capacidade desses últimos em lidar com

novas tecnologias e à relevância do que é produzido por um e por outro.

Corporações – e mesmo indivíduos dentro das corporações da mídia - ainda exercem maior poder do que qualquer consumidor individual, ou mesmo um conjunto de consumidores. E alguns consumidores têm mais habilidades para participar dessa cultura emergente do que outros. (JENKINS, 2009, p.28)

Entretanto, conforme aponta Winck (2007), não se pode esquecer o fato

de que:

A maior novidade posta à cena da cadeia produtiva do audiovisual é a consideração da existência de um interlocutor inteligente e capaz de responder prontamente ao diálogo. A presença de outras vozes – da alteridade – na construção da narrativa, cuja participação deve ser entendida como dimensão tecnológica (e também filosófica, ética e estética) da linguagem, altera as principais noções sobre as técnicas e ferramentas de comunicação convencional. (WINCK, 2007, p. 284).

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2.2 Convergência de mídias e consumo de informação

Paralelamente às transformações no processo de produção de

conteúdos, a revolução digital também alterou e criou novas formas de se consumir

informação. Com equipamentos digitais cada vez mais disponíveis, é possível

escolher por qual meio receber a informação que se deseja. O resultado de uma

partida de futebol, por exemplo, pode ser obtido em tempo real pelos meios mais

tradicionais - como a televisão e o rádio - ou via internet – em sites especializados,

webTVs, blogs, redes sociais – ou, ainda, por meio de mensagens sob demanda no

celular. A análise do jogo, posteriormente, ganhará espaço em jornais impressos e

também em outros meios digitais, num processo ininterrupto de realimentação e

agendamento.

Jenkins (2009) refere-se ao processo de obtenção de informação e

entretenimento por meio de suportes midiáticos diversos como “convergência”, fruto

da cooperação entre os mercados midiáticos e comportamento do público diante das

possibilidades de consumo e interação com esses conteúdos.

Mas o autor salienta que a convergência não se limita ao

desenvolvimento tecnológico, que torna possível unir diversas funções em um

mesmo equipamento. Antes, a convergência “representa uma transformação cultural

à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer

conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos”. (JENKINS, 2009, p.27-28).

Assim, o processo de convergência, antes de ser apenas uma realidade

dependente da tecnologia, está imerso culturalmente nos padrões de consumo e de

relacionamentos.

A convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros. (JENKINS, 2009, p.28).

Cardoso (2007) e Castells (1999), por sua vez, destacam que relações

cada vez imbricadas entre produtores de conteúdo e usuários dos sistemas digitais

podem ser entendidas como reflexos do novo modelo de comunicação que surge

nas sociedades informacionais, uma sociedade caracterizada pela cultura da

virtualidade real.

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A comunicação nas sociedades informacionais é, assim, caracterizada por processos de globalização comunicativa, pela alteração dos modelos de notícias e entretenimento, de articulação em rede da mídia e, consequentemente, da mediação em rede, num quadro cultural correspondente a uma cultura da virtualidade real – a cultura gerada num modelo informacional de sociedade que articula os seus processos sociais em rede num modelo de comunicação sintético em rede. (CARDOSO, 2007, p.133).

Castells (1999), quando elabora suas reflexões a respeito da cultura da

virtualidade real, se refere à cultura essencialmente mediada por símbolos -

característica intrínseca da comunicação – e que se transforma na própria

experiência material vivenciada pelas pessoas. Para o autor, trata-se de um sistema

em que a realidade está imersa e é captada em um mosaico virtual, em “mundo do

faz-de-conta, no qual as aparências não apenas se encontram na tela comunicadora

da experiência, mas se transformam na experiência.” (CASTELLS, 1999, p. 459).

Vale observar também a consolidação de um novo tipo de economia na

sociedade em rede. Uma economia na qual, segundo Winck (2007), “a valorização

da atividade criativa é o fator de geração de riqueza, por meio da identificação de

tendências, estratégias e medidas que explorem as potencialidades dos agentes

produtivos, visando acumular efetivos industrializados” (WINCK, 2007, p.5). Para o

autor, na articulação da economia criativa, “o capital cultural precede o capital

financeiro, fazendo da inventividade a matéria-prima da cadeia produtiva da

comunicação”. Mais complexo do que isso, Winck (2007) ainda afirma:

Na Cultura Audiovisual os contextos da produção dos saberes e práticas resultaram um tipo de uma consciência multidimensional, na qual se dá ênfase ao concreto das performances. Diferente do mundo letrado que privilegia a abstração, no mundo audiovisual os encadeamentos lógicos privilegiam os fenômenos concretos da linguagem. Ver e ouvir as coisas antecede o pensar sobre elas. Ver e ouvir se tornaram, eles próprios, formas de pensar e agir. (WINCK, 2007, p.286).

2.3 Consumo de mídias e cidadania

Nesse contexto, torna-se notório que a sociedade contemporânea

depende cada vez mais dos computadores para que os indivíduos exerçam suas

relações sociais e também a cidadania. O Brasil, por exemplo, tem sido pioneiro na

implantação do sistema informatizado das urnas adotado nas eleições e a entrega e

coleta das declarações do Imposto de Renda por meios eletrônicos.

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Muitos outros serviços públicos já entraram na era digital, como o boletim

de ocorrência eletrônico da Polícia Civil de São Paulo. E a comunicação institucional

feita pelos governos, seja na esfera municipal, estadual ou federal, encontra na

internet uma importante plataforma de divulgação e disponibilização de informações.

Hoje os portais de municípios, Estados e do Governo Federal são ferramentas

utilizadas como fonte de consulta para os cidadãos.

Assim, pode-se considerar que, desde que tenham condições de acesso

aos equipamentos cada vez mais sofisticados e amigáveis do ponto de vista da

usabilidade, as pessoas podem também escolher o meio que lhe é mais pertinente

para obter serviços e a informação que necessita. De modo geral, podemos aqui

entender o termo “usabilidade” como a “capacidade do aplicativo em permitir que o

usuário alcance suas metas de interação com o sistema” que manipula. (TEIXEIRA,

2009, p.97).

Essa autonomia do indivíduo – a de poder criar seu cardápio diário de

mídia – será fator preponderante no exercício da cidadania nessa segunda década

do século XXI. “É da seleção e articulação dessas diferentes mídias, em função dos

nossos projetos, que a autonomia é gerada e a cidadania exercida na era da

informação.” (CARDOSO, 2007, p.33).

Importante se faz observar que a autonomia do indivíduo baseada na livre

escolha de como se relacionar nessa rede de informações vai depender de seu grau

de integração nesse sistema, por meio de habilidades específicas necessárias para

interagir com os meios digitais (CARDOSO, 2007, p.32). Qualquer equipamento

digital, por mais simples e usual que seja sua interface com o usuário, exige certa

familiaridade com controles e vocabulário específico.

Um dos equipamentos mais populares hoje – graças à sua versatilidade

no campo da comunicação – é o telefone celular, que deixou de ser apenas

“telefone” e se transformou em um aparelho multifuncional. Atualmente é um dos

principais meios de conexão com a internet. Em 2011, o acesso à rede mundial por

meio de banda larga móvel aumentou no Brasil 67,2%, cinco vezes a mais se

comparado ao acesso por meio de banda larga fixa. (ARAGÃO, 2011). Mas, para o

usuário poder interagir no universo dos celulares modernos é necessário conhecer,

ainda que intuitivamente, o significado de termos como gigabytes, MP3, Wi-fi, SMS,

3G, e touch-screen. O mesmo vale para os tablets, lançados pela Apple em janeiro

de 2010. (G1, 2010).

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No ponto de vista de Jenkins (2009), os novos hábitos diante das mídias

convergentes exigem uma nova postura das empresas produtoras de conteúdo, com

base no novo perfil do usuário dessas mídias. A participação ativa do público é uma

realidade e deve ser levada em conta pelas companhias midiáticas.

Se os antigos consumidores eram tidos como passivos, os novos consumidores são ativos. Se os antigos consumidores eram previsíveis e ficavam onde mandavam que ficassem, os novos consumidores são migratórios, demonstrando uma declinante lealdade a redes ou a meios de comunicação. Se os antigos consumidores eram indivíduos isolados, os novos consumidores são mais conectados socialmente. Se o trabalho de consumidores de mídia já foi silencioso e invisível, os novos consumidores são agora barulhentos e públicos. (JENKINS, 2009, p.45).

Cannito (2010) aponta como um dos principais fatores impeditivos da total

convergência de mídias a falta de padrões de envio e recepção de arquivos digitais,

fruto da disputa mercadológica entre as empresas. Cita o exemplo das próprias

operadoras de celular. Uma mesma operadora utiliza até seis formatos diferentes de

vídeos, exigindo que o usuário faça as conversões necessárias conforme o aparelho

que utiliza para poder distribuir algum material audiovisual.

A partir do olhar de quem produz informação, como é o caso dos

jornalistas e das empresas de comunicação, as afirmações de Castells (1999),

Winck (2001)2, Jenkins (2005), Cardoso (2009) e Cannito (2010) levam a entender

que a participação do público na construção do conteúdo para veiculação em

plataformas convergentes passa a ser uma questão de cidadania, credibilidade e,

por que não, de sobrevivência das organizações no mercado.

Diante do exposto, a digitalização da informação e, consequentemente,

dos processos produtivos e comunicativos, implica em rupturas com o modo

analógico de produção. Em se tratando especificamente do ambiente de televisão,

essas rupturas estão relacionadas à mudança de concepção e uso de ferramentas

tecnológicas e à reorganização do trabalho nas redações, com necessidade de

readequações de funções e de desenvolvimento de novas competências

profissionais.

2 Quem conta um conto aumenta um ponto. Um estudo sobre o design do audiovisual interativo. Tese

de Doutorado defendida em 2001 na Pós-graduação em Comunicação e Semiótica na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, publicada em 2007 pela Editora Garamond.

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2.4 A televisão digital no cenário de convergência

Nessa emergente realidade informacional, os meios de comunicação se

modificam e criam novas possibilidades de usos. Um desses meios é a televisão,

que passa por transformações importantes com o processo de digitalização e

merece atenção especial dos pesquisadores por ser de uso extremamente popular

no mundo todo. No Brasil, a popularidade da TV é evidente. Segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 95,7% dos domicílios brasileiros

possuem televisores (IBGE, 2010).

A partir dos conceitos de Montez e Becker (2005), pode-se considerar que

o termo “televisão digital” engloba o processo de digitalização de toda a cadeia

produtiva das emissoras de TV, da produção e edição de conteúdos até a

transmissão e recepção do sinal.

Cannito (2010) ainda ressalta a divisão do mercado de televisão digital

em quatro plataformas de distribuição de sinal: satélite, cabo, transmissão terrestre e

IPTV (Internet Protocol TV).

Cabe destacar neste trabalho a importância da transmissão terrestre

aberta nesse processo de digitalização. Isso por ser essa forma de consumo de

televisão a aposta brasileira e para a qual o governo tem dedicado políticas públicas

específicas.

Em relação a esse tipo de transmissão de sinal digital, atualmente, três

padrões internacionais estão em operação no mundo. O modelo ATSC (Advanced

TV System Committee) foi desenvolvido nos Estados Unidos. A vantagem principal

do sistema norte-americano é a alta definição de som e imagem. A desvantagem

está na tecnologia ainda insuficiente para convergência com celulares e recepção

em aparelhos móveis.

Na Europa, foi criado o padrão DVB (Digital Vídeo Broadcasting), mais

bem adaptado à programação múltipla e potencial amplo de transmissão. Os

japoneses criaram o ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting), cujo diferencial

está na capacidade de integração dos serviços e receptividade eficaz tanto em

aparelhos digitais fixos como portáteis e móveis.

Em junho de 2006, o Brasil criou o Integrated Services Digital

Broadcasting – Terrestrial Brazil (ISDB-Tb), que dá suporte aos Sistema Brasileiro

de Televisão Digital (SBTVD), baseado no sistema japonês para suas transmissões

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terrestres de TV digital. O prazo para completa transição ao novo sistema é junho de

2016. Até essa data, as emissoras deverão transmitir simultaneamente os sinais

analógicos e digitais – tempo estimado para adaptações do mercado e dos

consumidores. Nesse período, os profissionais de televisão também deverão se

adaptar à nova realidade e desenvolver habilidades inerentes ao novo modo de

produção. Daí a importância de se realizarem estudos que possam colaborar com a

qualificação e capacitação de recursos humanos na área de comunicação.

Em 2012, de acordo com dados da Abert (Associação Brasileira de

Emissoras de Rádio e Televisão), 49 geradoras estão licenciadas pelo Ministério das

Comunicações para efetuarem transmissão digital de sinal no padrão brasileiro.

Essas emissoras se dividem em 32 municípios e atingem cerca de 60 milhões de

pessoas, ou o equivalente a 32% da população brasileira.3

A ideia difundida pelo Ministério das Comunicações no que diz respeito à

implantação da televisão digital no Brasil é de se chegar a um sistema condizente

com a realidade social e econômica do país. O órgão público projeta um sistema que

possibilite formas de interatividade, com baixo custo, boa recepção de sinal, opções

de escolha de programação e possibilidade de acesso a serviços públicos.

Bolaño e Brittos (2007) apontam fatores econômicos que deverão ser

superados até a implantação efetiva da TV digital no Brasil:

No caso brasileiro, as dificuldades de implantação são agravadas pelo baixo poder de consumo da população, fator que tem impedido o desenvolvimento no país da televisão paga. Esse fato, absolutamente crucial para a estruturação do mercado brasileiro de TV desde o início, não pode ser desconsiderado no momento de implantação da televisão digital. (BOLAÑO; BRITTOS, 2007, p.38-39).

Levando em conta a popularidade da televisão aberta no país, a

implantação das transmissões digitais terrestres de televisão no Brasil – que

possibilitariam a incorporação de dados no sinal transmitido – está associada à ideia

3 Reportagem publicada pela assessoria de imprensa da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e

Televisão (Abert): “Sinal de TV digital chega a mais de dez cidades do RS”. Disponível em:

http://abert.org.br/site/index.php?/noticias/todas-noticias/sinal-de-tv-digital-chega-e-expandido-

para-mais-10-cidades-do-rs.html. Acesso em: 13 jan. 2012.

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de ser uma possível alternativa de acesso à conexão com a rede mundial em locais

de difícil instalação de redes a cabo e demais formas de distribuição de conteúdos.

O governo brasileiro trabalha na linha de que, se o sistema de

transmissão alcançasse essas regiões, a TV digital poderia atingir uma vasta

camada da população que atualmente não tem acesso à internet ou convive com

formas precárias de conexão. Ao combinar características da TV tradicional com o

acesso à rede mundial de computadores, possibilidade potencializada com as TVs

conectadas, o Brasil poderia alcançar um considerável patamar de difusão social,

fazendo da televisão uma possível alternativa de democratização do acesso à

informação e inclusão a milhares de brasileiros.

O sucesso da implantação da TV digital aberta de transmissão por

radiodifusão terrestre dependeria, assim, de uma política de inclusão digital/social e

de alto investimento público e privado. Além disso, seria preciso criar demanda: a

televisão digital e suas possibilidades de interatividade somente terão sentido se

existirem telespectadores interessados em seus serviços e anunciantes dispostos a

financiar seus altos custos de manutenção.

2.4.1 Televisão digital e interatividade

Apesar de experiências bem-sucedidas nas TVs fechadas, a

interatividade segue como uma incógnita para a TV digital aberta. Fato é que o

desenvolvimento tecnológico na área de televisão tem exigido um novo olhar do

mercado para a produção de conteúdos.

Canais pagos já disponibilizam alternativas ao telespectador. Alguns

sistemas de televisão digital por assinatura, como o DTH (Direct To Home),

transmitidos via satélite, oferecem possibilidades interativas, como recursos que

permitem rever cenas transmitidas ao vivo ou decidir data e hora para assistir

determinada programação. Alguns recursos permitem ainda gravar programas e

assistir à transmissão simultânea de canais deferentes. Escolher áudio e legenda,

utilizar guia eletrônico de programação, ler sinopses de programas, são outras

“facilidades” oferecidas ao usuário.

Há quase dez anos, Castells (2003) já discutia as experiências de

convergência entre os computadores e as mídias (TV e internet) realizadas na

década de 1990, as quais fracassaram. Para o autor, o vídeo interativo integrado

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necessitaria de muito mais capacidade tecnológica do que a desenvolvida até então,

uma questão que envolveria sistemas de distribuição e conexão mais avançadas.

“Por ora, há uma convergência muito limitada entre a internet e a multimídia – não

havendo, portanto, nenhuma interatividade, a característica-chave da autêntica

concepção da multimídia.” (CASTELLS, 2003, p.157).

Anos mais tarde, Bolaño e Brittos (2007) desenhavam um cenário mundial

mais otimista para a convergência e interatividade:

[...] uma rede de banda larga comutada oferecendo todos os serviços eletrônicos para os lares e empresas, todos eles, em alguns casos, em um terminal informático multimídia, o que levará não apenas à distribuição de todos os serviços de teledifusão e telecomunicação através da mesma rede, mas permitirá ainda a oferta de uma série de novos serviços interativos de entretenimento e informação. (BOLAÑO; BRITTOS, p.76-77).

Mas, o que se observa em tempos atuais é que a televisão se vale,

principalmente, de plataformas paralelas para promover interatividades com o

público.

Cannito (2010) especifica que a televisão digital pode ou não ter canal de

retorno – elemento que possibilitaria a “bidirecionalidade” entre emissor e receptor.

Esse canal, por conseqüência, tornaria possíveis experiências interativas e maior

participação na construção do conteúdo. “Sem a existência de um canal de retorno,

a interatividade fica restrita a uma navegação do expectador pela área que a

emissora lhe transmite. [...] É o canal de retorno que tornará a interatividade plena.”

(CANNITO, 2010, p.92)

No Brasil ainda está em discussão a implantação do sistema Ginga, um

middleware - ou software intermediário - que permite o desenvolvimento de

aplicações interativas para a televisão digital aberta, criado por grupos de pesquisa

ligados à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e à

Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Além dessa possibilidade de interatividade no próprio aparelho de

televisão, deve-se considerar que, diante da convergência de plataformas, outras

mídias digitais conectadas, por exemplo, a internet e os celulares também oferecem

interatividade e podem ser utilizadas como mídias complementares à TV nesse

sentido. Portanto, o que está no cerne da discussão sobre a televisão digital é sua

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dependência ou não de outras mídias para promover interatividade com o público

(WINCK, BEVILAQUA e POLETTINI, 2011).

Sabe-se que esse tema não é uma discussão própria ao fenômeno da

linguagem ou mesmo das tecnologias, mas das políticas públicas de modelos de

acesso, produção e partilha da comunicação. Teoricamente, por ser digital, a

linguagem audiovisual é potencializada pelo conjunto de recursos que o paradigma

digital pode oferecer, em detrimento das limitações econômicas e políticas do

modelo de comunicação vigente. Entretanto, segundo Winck (2007)

Muitos são os problemas técnicos relativos à compressão de dados, à velocidade do tráfego e à capacidade de armazenamento de informações, além dos protocolos de distribuição e segurança de navegação em rede. Pode-se afirmar, sem sobressaltos, que a maior parte do potencial tecnológico do audiovisual digital ainda não saiu do campo teórico ou decolou dos laboratórios de pesquisa. (WINCK 2007, p. 72)

Levando-se em conta as aparentes limitações, a digitalização da televisão

vai ao encontro do ambiente descrito por Cardoso (2007), para quem o sistema de

comunicação por meio de mídias em rede se articularia em torno de duas redes

principais: a televisão e a internet. E essas redes, por sua vez, estabelecem “nós

com diferentes tecnologias de comunicação e informação, como o telefone, o rádio e

a imprensa etc.” (CARDOSO, 2007, p.134).

Essa capacidade de se articular com outros dispositivos está no “DNA” da

televisão, meio de comunicação de massa, de um para muitos, ainda dependente de

outras mídias para promover interatividade. Assim, conforme Cardoso (2007),

interatividade é um fenômeno potencializado pela associação da televisão com a

comunicação em rede.

[...] é razoável defender que a interatividade na e com a televisão não está diretamente associada apenas ao formato televisão digital, antes devendo a compreensão do fenômeno ser procurada em outras dimensões, principalmente no que se designa como televisão em rede. (CARDOSO, 2007, p.173).

Dessa forma, Cardoso (2007) afirma que é possível entender a questão

da interatividade no contexto das mídias digitais em duas abordagens, conforme Kim

e Sawhney (2002, apud CARDOSO, 2007). Uma é a abordagem “ambiental”, uma

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experiência midiática oferecida tecnologicamente e que traz a possibilidade de o

usuário participar e modificar as formas e os conteúdos da mídia em tempo real. A

outra abordagem, “comunicacional”, concebe interatividade como sendo a troca de

mensagens, não apenas em mídia eletrônica, mas também as cartas, telefonemas e

outras formas de participação do público em programas de televisão.

Assim, em se tratando de televisão digital, em seu atual estágio de

desenvolvimento, e considerando ela mesma um suporte tecnológico que possibilita

interatividade, o que se constata é que ainda há poucos recursos disponibilizados

aos usuários. O consumo é limitado a escolhas pré-definidas pela produção dos

programas, acesso a compras online e a informações adicionais ao conteúdo

audiovisual exibido. Ao passo que, associada a outras tecnologias, a televisão se

mostra um nó de uma grande rede, paralela à internet, por meio da qual os usuários

se valem de diversas formas para interagir com as emissoras e com outros usuários.

As redes sociais na internet servem, então, de espaço livre para se criticar ou elogiar

conteúdos, sugerir pautas a telejornais, comentar programas, e até mesmo

disponibilizar o próprio conteúdo oferecido pelas emissoras em sites de

compartilhamento de vídeos, como é o caso do YouTube.

2.4.2 Televisão conectada

Alguns aspectos sobre a venda de televisores no Brasil apontam que a

indústria eletroeletrônica está muito interessada no mercado da televisão digital com

conexão à internet. Em 2010, chegaram às lojas brasileiras as smart-TVs ou TVs

conectadas, equipamentos que possibilitam o acesso, numa mesma plataforma,

tanto à televisão quanto à internet. Isso, ao mesmo tempo em que aproxima os dois

meios, deixa ainda mais complexa a relação dos sujeitos com essas mídias.

Logo em seguida, começaram as vendas da televisão com tecnologia de

imagem em três dimensões, a televisão 3D. Mas a televisão com internet vem

fazendo mais sucesso entre os brasileiros em comparação aos aparelhos 3D.

Enquanto que uma TV 3D pode custar cerca de R$ 3,5 mil, as TVs conectadas

custam R$ 1 mil a menos. Além do preço, a carência de conteúdos produzidos para

tecnologia 3D no Brasil acaba afastando o público. Até novembro de 2011, foram

vendidos no país 424 mil aparelhos 3D, contra 1,5 milhão de TVs conectadas. Os

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investimentos da indústria tecnológica apontam ainda para o desenvolvimento de

controle por voz e gestos. (GAZZONI, 2012).

A aproximação da televisão com a internet deve ser ainda maior nos

próximos anos. A previsão é de que, na próxima década, 75% dos canais de vídeo

sejam criados na própria internet, tornando a web a principal fonte de entretenimento

em material audiovisual. (PACIORNIK, 2012).

Estudos na última década também apontam a televisão digital como uma

plataforma comunicativa capaz de aliar a tecnologia da internet à popularidade da

TV. Bolaño e Brittos (2007) registram tal perspectiva, aliada a outros atributos da

televisão digital:

Com a digitalização, o aparelho televisor aproxima-se do computador, podendo ser conectado à internet, transmitir dados e um elevado número de canais, com interatividade. Além disso, não há ruído e fantasmas, permitindo som e imagem de alta qualidade. (BOLAÑO; BRITTOS, 2007, p.95).

No cenário das comunicações em rede, a produção digital para televisão

permite promover maior integração de seus conteúdos próprios com outras mídias e,

assim, criar mais possibilidades de interatividade. Mas, como salienta Winck (2007),

“diante do casamento da televisão com o computador, a discussão acadêmica torna-

se realmente empolgante”. Para o pesquisador,

[...] é quando os olhos eletrônicos ganham um cérebro artificial, conjugados num único eletrodoméstico, que é colocado em destaque nas nossas salas privadas e, simultaneamente, no centro (descentralizado) da vida das sociedades conectadas em redes de comunicação interativa. (WINCK, 2007 pp. 82, 83)

E, diante dessa realidade, o funcionamento das organizações produtoras

de conteúdo depende de colaboradores que sejam capazes de se atualizar neste

vasto universo de informação multiplataforma e polidirecional. Na economia

eletrônica, os profissionais devem ser “capazes de se reprogramar em habilidades,

conhecimento e pensamento segundo tarefas mutáveis num ambiente empresarial

em evolução.” (CASTELLS, 2003, p. 77).

Nas redações de televisão, onde se produz informação diariamente, esse

impacto já é sentido e provoca transformações, não apenas nas relações com a

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tecnologia, mas também nas relações e atribuições profissionais. É o que veremos

no capítulo a seguir.

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3 JORNALISMO E REDAÇÕES CONVERGENTES

As transformações sociais e culturais decorrentes do desenvolvimento

das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) impactam no universo das

organizações e do mercado de trabalho. O que funcionava bem em um mundo

desconectado, de produção analógica, requer adequações em tempos em que os

modos de produção se digitalizaram. As empresas e profissionais que atuam dentro

desse modelo produtivo incorporam ou reagem a essas transformações conforme a

natureza de suas atividades.

O surgimento da internet, a popularização dos blogs e sites que divulgam

notícias e a possibilidade maior de acesso a informações diretamente das fontes

originais colocam em cheque a necessidade de mediadores nos processos

comunicativos atuais. Assim, a prática jornalística profissional, que se insere nesse

contexto, poderia estar com os dias contados.

Entretanto, Ruy Mesquita, da diretoria do Grupo Estado, que publica o

jornal O Estado de S.Paulo, vai contra esse pensamento. Em entrevista à revista

Época Negócios, em março de 2010, ele faz inferências sobre o futuro da atividade

jornalística. Na sua visão, paralelamente às inovações interativas, o jornalista

continuará sendo um intermediário nos processos digitais de comunicação,

tornando-se ainda mais necessário nas tarefas de selecionar, contextualizar fatos,

promover o debate e gerar opiniões diante do mar de informações disponíveis na

rede.

Num mundo de especialistas em minúcias, onde cada segmento de atividades é um universo quase infinito que demanda tempo integral de seus operadores, continuarão sendo necessários especialistas pagos para capturar, organizar e relacionar informações dentro do grande oceano da rede mundial para grupos de pessoas com interesses comuns. Como hoje, elas não terão tempo de fazê-lo sozinhas. A possibilidade de crescente interatividade e cruzamento de ferramentas criará novos modos e meios de melhorar todas essas funções da imprensa. (RYDLEWSKY, 2010, p.101).

Otávio Frias Filho, diretor editorial do jornal Folha de S. Paulo, na mesma

reportagem, observa a complexidade do trabalho da produção de notícias e destaca

importância das equipes jornalísticas nesse processo.

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Acredito que a ligação direta entre o produtor individual de conteúdo e seus leitores possa ocorrer – e já tem ocorrido – no que se refere a especialidades e nichos localizados de interesse. Mas uma pessoa não tem condições de reunir toda a massa de informação e opinião capaz de configurar um retrato do que aconteceu de relevante no mundo num dado período de tempo. [...] Para compor esse retrato, é necessário uma equipe ampla e dispersa, atuando coletivamente. (RYDLEWSKY, 2010, p.102).

No capítulo anterior, apontamos, conforme Jenkins (2005) e Cannito

(2010) que a indústria da mídia ainda prevalecerá como principal produtora de

conteúdos, mesmo com o crescente aumento da produção individual, principalmente

por usuários comuns. Mas, a esse respeito, Otávio Frias Filho a aponta a

necessidade emergencial de se rever os modelos de negócios atualmente

praticados na internet, principalmente a disponibilização gratuita de conteúdos

noticiosos.

Produzir jornalismo independente e de qualidade é uma operação cara, em qualquer suporte. Creio que a sustentação desse tipo de jornalismo no ambiente virtual vai depender de uma estratégia – ainda a ser mais bem definida – de cobrança de conteúdo exclusivo ou especial. E, sobretudo, do crescimento da publicidade voltada ao consumidor de jornalismo online. (RYDLEWSKY, 2010, p.102).

Cardoso (2009) é contrário à ideia de que o livre acesso a informações

proporcionado pela internet significa ameaça para a atuação de jornalistas. Para ele,

em vez de substituição, o que se vê é a complementaridade da informação

possibilitada pelos comentários e opiniões da audiência e dos hiperlinks

disponibilizados para acesso às fontes originais de informação.

Nesse sentido, o trabalho do jornalista como mediador da informação

segue como essencial no diz respeito a conferir credibilidade aos fatos narrados. E,

no espaço virtual onde se cruzam milhões de fontes de informação, o profissional de

imprensa deve buscar construir sua credibilidade na apuração criteriosa e

contextualização dos fatos.

Aquilo que os jornais, rádio e televisão oferecem é credibilidade ou, se preferirmos, a verdade. Alguém tem que assegurar e verificar que a informação é correta. Na maioria dos casos o usuário não possui habilidade para isso na World Wide Web, necessita de alguém que valide a informação. (CARDOSO, 2009, p.198).

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Sendo assim, para sobreviver profissionalmente nessa nova realidade

informacional, o jornalista deve desenvolver competências específicas que o

permitam atuar com novas ferramentas e num fluxo contínuo de informações, de

modo que possa conferir credibilidade e agilidade no processo de elaboração e

divulgação de notícias.

3.1 Convergência e transformações nas redações

Em vez de dispensar o trabalho do jornalista, o que vem acontecendo

com o surgimento da internet e da convergência entre as mídias, é que as empresas

passaram a se adaptar ao novo mercado de produção de conteúdos, com

necessidade de investimento em tecnologia e demandas por novas competências

profissionais.

É cada vez mais comum jornais impressos incorporarem a publicação

online em seu processo. O mesmo ocorre nas emissoras de televisão, que passam a

divulgar seu conteúdo não só pela transmissão de sinal aos aparelhos sintonizados

ou conectados via cabo, mas também pela internet, para serem acessados a

qualquer tempo, além das transmissões online simultâneas às “do ar”.

Isso traz reflexos nas atribuições e habilidades necessárias ao exercício

da profissão de jornalista. São cada vez mais exigidas a flexibilidade de atuação e a

capacidade de adaptar reportagens para meios de divulgação distintos. A produção

clássica de reportagens, muitas vezes romantizada em filmes – onde o bom repórter

aparecia como aquele que cativava fontes exclusivas e obtinha informações

privilegiadas – vem sendo modificada diante do desenvolvimento tecnológico, do

excesso de informação e da convergência entre mídias digitais. Dificilmente, nos

dias de hoje, um jornalista consegue guardar informações por muito tempo.

Nos primeiros anos da década passada, Quinn (2002, p.20) citava as

observações de Kerry Northrup, então diretor executivo do Ifra’s Center of Advanced

News Operation, ligado à Associação Mundial de Jornais (WAN – World Association

of Newspappers), ao apontar necessidades de mudanças nas redações. Destacava

que o jornalista, para ser competitivo, deveria “saber se comunicar efetivamente,

trabalhar colaborativamente e sintonizar com as ferramentas tecnológicas”, além de

ser capaz de “disseminar conhecimento pelas diversas plataformas disponíveis”, a

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fim de “acumular expertise e alavancar os ativos de informação da organização para

a qual trabalhar”.

Assim, é fato que a produção para mídias convergentes provoca

transformações nas rotinas de trabalho nas empresas de comunicação. Jornais,

emissoras de televisão ou de rádio buscam audiência através de vários canais de

comunicação disponíveis. Grandes jornais no mundo, como The Washington Post

(QUINN, 2002, p.76), dos EUA, publicam notícias não apenas via impressa, mas

também pela internet, com textos, vídeos e arquivos de áudio (videocasts e

podcasts). A coordenação de toda a produção é feita em conjunto na mesa dos

editores responsáveis de cada mídia. Da rodada de discussão entre eles saem os

enfoques jornalísticos e a abrangência a cobertura terá em cada plataforma.

A mesa principal será aquela que detiver atividades como desenvolvimento de histórias, coordenação de conteúdo, cobertura de notícias e criação de conteúdo, apresentação e distribuição para mídias específicas, interatividade e tecnologia e gestão de informação. (QUINN, 2002, p. 44-45). [tradução nossa].

No Brasil, também é cada vez maior o número de empresas que

tradicionalmente autuavam no meio impresso investirem em produções audiovisuais

digitais, como é o caso da Folha de S.Paulo e sua TV Folha, que disponibiliza

reportagens online complementares às publicadas graficamente no papel.

As redações passaram a ser ambientes de concentração de profissionais

que precisam estar em forte sintonia com os setores tecnológicos da organização.

As redações se tornaram usinas geradoras e processadoras de notícias e conteúdo

para diversas plataformas. Um fenômeno que vem crescendo em todos os

continentes, fazendo surgir as redações convergentes.

Tourinho (2009) destaca que as empresas jornalísticas devem adotar

estratégias eficientes para atingir novos públicos. Uma audiência que está dispersa,

mas conectada a dispositivos capazes de receber material informativo sob a forma

de texto, imagem ou audiovisual. Para isso, o jornalista precisa rever seu modo de

atuação e se adaptar à construção de conteúdos para plataformas convergentes.

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A redação de telejornal, como a conhecemos hoje, tende a se tornar um grande provedor de notícias para muitas outras plataformas, além da tradicional tela de TV. Para se adaptarem a este novo momento, os jornalistas de televisão já estão se vendo obrigados a reavaliar os atuais paradigmas da atividade, refletindo sobre as diferentes formas de transmitir suas notícias e sobre o melhor suporte para divulgar a sua informação. (TOURINHO, 2009, p.26).

As novas demandas do produto jornalístico estão centradas justamente

na necessidade de o jornalista trabalhar com a perspectiva do contexto multitarefas.

Ou seja, não basta apenas exercer as funções tradicionais consagradas no processo

analógico de produção de televisão. Os “multijornalistas” deverão provocar uma

revolução conceitual no ambiente de trabalho, desenvolverão habilidades que o

permitam desempenhar outros papéis dentro das redações e das cadeias produtivas

como um todo nas chamadas “indústrias criativas”, conforme destaca Medola (2009):

Com o propósito de preservar ao máximo as bases de sustentação econômica, as empresas de televisão passam a requerer de seus profissionais novas competências diante das exigências da plataforma convergente. Além de um processo contínuo de adaptação às mudanças decorrentes das constantes inovações tecnológicas, é requerido ao comunicador ações no sentido de prospectar alternativas para os desafios da produção de conteúdos em um novo modelo organizacional da geração, transmissão e comercialização de produtos audiovisuais. (MEDOLA, 2009, p.4).

Quinn (2002, p.85) observa como essa transformação nas funções

profissionais do jornalista ocorre nas principais emissoras de televisão do mundo.

Ele cita trecho de entrevista com o então presidente da CNN International, Chris

Cramer:

Jornais estão incorporando a Web e aprendendo a usar o vídeo. Televisão e rádios precisam desenvolver conteúdo para pagers, celulares e web. Para fazer isso, jornalistas e os sistemas que eles trabalham precisam ser equipados para providenciar informação para esses serviços – sistemas totalmente integrados e jornalistas totalmente integrados. Os dias estão contados onde apuradores de notícias trabalham somente para TV, rádio ou interatividade. (QUINN, 2002, p.85). [tradução nossa].

Com a implantação da televisão digital – entendida como os processos de

produção, transmissão e recepção digitais de conteúdos – a convivência da

televisão com as outras mídias se faz ainda mais possível e necessária. Imagens

produzidas digitalmente para a TV em alta definição podem ser convertidas,

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adaptadas e reeditadas para internet. Da mesma forma, os textos dos repórteres,

escritos originalmente para os offs de suas matérias, podem ser adaptados para

alimentar os sites das emissoras e sua participação em redes sociais, como

Facebook e Twitter.

Exemplos de como as empresas tentam desenvolver habilidades dos

jornalistas para esse tipo de trabalho também são destacados por Quinn (2002,

p.85), mais uma vez citando a experiência do canal norte-americano de notícias

CNN. Os jornalistas escrevem textos de tal maneira que sirvam tanto a uma

plataforma quanto para outra, um artifício encontrado para otimizar o tempo de

trabalho na redação.

[...] funcionários da CNN estão desenvolvendo plataformas cruzadas para escrita, um sistema desenhado para que os jornalistas possam criar conteúdos para todas as plataformas conhecidas e armazenar esse conteúdo, de maneira etiquetada, pronta para usar em plataformas e serviços ainda não desenvolvidos. (QUINN, 2002, p.85). [tradução nossa].

3.2 Produção jornalística em redação de TV digital

Para entender como o processo de convergência de mídias está afetando

a cadeia produtiva do jornalismo em televisão, vamos primeiramente descrever a

sequência produtiva de produtos audiovisuais, da qual deriva o processo produtivo

do telejornalismo nas emissoras de TV. A descrição desse sistema se faz necessária

para deixar menos obscuras as diferenças de procedimentos na elaboração de

notícias em televisão nos processos analógico e digital. Vale salientar que não se

pretende aqui esgotar todas as possibilidades de arranjo produtivo para produtos

audiovisuais analógicos ou digitais. Ao contrário, pretendemos apenas fornecer um

subsídio descritivo e gráfico que permita visualizar de maneira prática e simplificada

algumas implicações sobre o processo produtivo em televisão com a mudança do

sistema analógico para o digital.

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3.2.1 Produção jornalística analógica em televisão

Em televisão, a cadeia produtiva normalmente é dividida em etapas: pré-

produção, produção e pós-produção. Alguns autores adotam quatro etapas, como

BONASIO (2002), que divide o processo em “pré-produção”, “ensaios e

preparativos”, “produção” e “pós-produção”.

Acontece que nas redações de jornalismo diário, as duas primeiras

etapas acabam se fundindo, pois são realizadas pelos mesmos profissionais: os

produtores. Além do que, essa configuração varia conforme o porte da emissora e

também com o produto a ser elaborado. Um programa de documentários precisa de

uma equipe mais complexa, com roteiristas, diretores de fotografia, iluminadores,

auxiliares de externa, e até atores para reconstituições e dramatizações, por

exemplo. Isso justifica a prática de ensaios apontada por BONASIO (2002).

Quando o produto é baseado em fatos noticiosos, muitas vezes

inesperados, obviamente não há como ter ensaios. É necessário, sim, que o repórter

tenha agilidade, postura diante das câmeras e capacidade de improvisar textos.

A produção de notícias é “uma forma de relatar o mundo” (LINS, 2006,

p.167), que no seu decorrer se revela como um processo, o qual se assemelha a

linha de montagem. Como define Vieira (1994, apud LINS, 2006), é “uma sequência

ordenada de acontecimentos tal, que cada membro da sequência toma parte na

determinação do membro seguinte”.

Assim ocorre na produção jornalística, como uma sequência de

acontecimentos numa redação: o produtor (pré-produção) checa os fatos e os

transforma em pauta, que servirá de guia para o repórter (produção) que, por sua

vez, entregará um material bruto ao editor (pós-produção).

Mais detalhadamente, temos que a pré-produção é a etapa na qual ocorre

o planejamento (ou design) do conteúdo. Trata-se de uma etapa fundamental, pois é

quando ocorre o planejamento estratégico e operacional de implantação de políticas

editoriais e institucionais dos realizadores. Na pré-produção também são definidos o

formato e a identidade de um produto audiovisual. Essa etapa também envolve

pesquisa de informações, escala das equipes necessárias para a realização das

tarefas e a confecção do roteiro, “que antecipa no papel a obra audiovisual que se

pretende levar às telas eletrônicas” (Winck, 2007).

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Na etapa seguinte, de produção, tudo o que foi planejado deve ser

colocado em execução, ou seja, as captações de imagem, áudio e entrevistas são

feitas conforme indicações do roteiro – ou pauta, no caso do jornalismo. Apenas

conteúdos inesperados (se pertinentes ao produto final) e factuais, como nas

reportagens, fogem do que está previsto. Ao final desta etapa, chega-se a um

material bruto, que será lapidado na fase seguinte.

A terceira e última etapa antes da exibição é a pós-produção. Neste

momento, o material bruto é editado, de acordo com o que estabelece o roteiro. A

edição também envolve a finalização da obra, como inserção de artes gráficas e

sonorização. A veiculação do programa pela televisão encerra o ciclo iniciado na

pré-produção.

Como se vê, as instâncias da cadeia produtiva audiovisual encontram

seus correspondentes na elaboração de noticiários em televisão. E, embora a

mudança de paradigma na produção jornalística em função das tecnologias digitais

implique em uma reorganização do trabalho nas redações, essa reorganização não

necessariamente descarta as funções tradicionais exercidas pelos jornalistas. No

modelo analógico de produção de notícias, praticado ainda hoje em grande parte

das emissoras de TV, o trabalho é dividido em função das etapas de produção.

Redações tradicionais são normalmente divididas em áreas de trabalho ao encontro de passos progressivos do processo de produção – redatores, seguidos de editores e designers. (QUINN, 2002, p.44). [tradução nossa]

Neste estudo, adotaremos como termos equivalentes às etapas da

produção televisiva, ou seja, pré-produção, produção e pós-produção, as

designações mais comuns utilizadas nas redações brasileiras: produção, reportagem

e edição, respectivamente, que ilustramos na Figura 1.

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Figura 1 – Etapas da produção de telejornal correspondentes às etapas de produção audiovisual

Os produtores de reportagem, profissionais da “produção” jornalística,

cuidam do agendamento das pautas das reportagens que serão executadas

posteriormente pelas equipes de reportagem. De acordo com Barbeiro (2006, p.92),

o produtor é “o responsável por boa parte das condições materiais e do conteúdo do

telejornal. Funciona como um elo entre jornalistas e técnicos e acompanha a edição

do programa desde o início.”

O trabalho do produtor começa com o levantamento de informações e

assuntos que os jornalistas julgam ser de interesse e relevância para o público. Para

isso, utiliza-se de diversas ferramentas, como telefone, internet, jornais, revistas,

programas de TV, agências de notícias, releases de assessorias de comunicação,

telefonemas e e-mails com sugestões de telespectadores.

No caso das redações de TV, um dos critérios de seleção pode ser o

interesse de acordo com a área de cobertura da emissora. Por exemplo, se um

release chega ao jornalista para divulgar um evento de importância social, como a

divulgação do calendário de uma campanha de vacinação, essa informação será

aproveitada se a campanha se referir a alguma cidade que esteja ao alcance do

trabalho daquela emissora.

Passada a etapa de produção, vem a captação da notícia no local dos

fatos, um papel que cabe ao repórter. Ele é o responsável por trazer a informação da

rua para a redação e também por elaborar um texto conciso e claro sobre o assunto

abordado.

Quando o material coletado na rua chega à redação, começa o trabalho

do editor de texto. Na produção de notícias em emissoras de TV, o volume de

PRODUÇÃO (pré produção)

REPORTAGEM (produção)

EDIÇÃO (pós-produção)

EXIBIÇÃO EM TV

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trabalho atinge uma escala industrial, o que muitas vezes obriga o repórter a

escrever e gravar seu texto antes mesmo de voltar à redação.

Por isso, é necessário que o editor esteja preparado para montar as

reportagens dos vários assuntos que vão compor o telejornal. É ele quem vai

transformar o material bruto captado pelo repórter para o formato necessário ao

telejornal.

Os editores também escrevem os textos dos apresentadores e outras

informações que vão complementar o noticiário, como identificação de entrevistados,

cinegrafistas e editores nas reportagens, tempo final de edição, localização do

material no sistema de arquivos (ex.: número de fita, em processos analógicos, ou

códigos de acesso ao arquivo, em processos digitais).

Paralelamente às três funções básicas dos jornalistas em televisão, vale

ainda destacar outros papéis desempenhados pelos profissionais nesse processo.

O coordenador de redação, ou chefe de reportagem, é o responsável por

estruturar as equipes de trabalho. É ele quem estabelece os horários de entrada e

saída dos jornalistas em sua jornada diária. É também o responsável pelas escalas

de final de semana e de agendamento das folgas. A responsabilidade do

coordenador também está em cuidar do bom encaminhamento e execução das

pautas e do acesso e recuperação de informações.

No comando dos telejornais ao vivo, estão os editores-executivos (em

alguns locais são chamados também de editores-chefes). Eles são responsáveis por

selecionar entre todo o material produzido aquilo será divulgado no programa do dia.

Também cuidam para que o telejornal tenha o tempo estipulado pela programação.

É este profissional quem exibe o telejornal ao vivo juntamente com a equipe técnica,

formada por diretor de TV e diretor de áudio. Juntos, esses profissionais cuidam

para que o programa cumpra seu roteiro, tenha os cortes de vídeo e áudio

necessários para o formato do telejornal.

O responsável pela execução do telejornal como um todo é o editor-chefe.

É ele quem cuida da linha editorial do produto que é veiculado e também gerencia o

trabalho de todos os jornalistas da redação, respondendo por eventuais erros e

assumindo as responsabilidades diante do público e da diretoria da empresa.

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O editor-chefe é o responsável direto pelo telejornal. É ele quem escolhe as reportagens que vão ao ar e, em última análise, responde pelos erros e acertos do programa. O editor-chefe faz avaliação crítica da qualidade das matérias produzidas e debate o resultado com a pauta e a chefia de reportagem. (BARBEIRO, 2002, p.60).

3.2.2 Produção jornalística digital em televisão

As inovações digitais incorporadas à produção de notícias para TV

induziram à necessidade de se repensar processo produtivo analógico, levando-se

em conta investimentos em equipamentos e capacitação e formação de

profissionais.

A demanda por investimento é apontada nas reflexões de Gawlinsk

(2003), que trabalha o processo produtivo na televisão digital interativa. Segundo

ele, além de trabalhar em equipe – já que para produção de um aplicativo interativo

será preciso contar com a colaboração de profissionais alheios ao campo da

Comunicação –, será necessário maior detalhamento na fase de pré-produção, uma

vez que existe a possibilidade de elaboração de recursos interativos, os quais

devem ser muito bem planejados. Isso porque o processo digital, quando incorpora

aplicativos de interatividade, se assemelha ao complexo desenvolvimento de

softwares e, por isso, possui etapas próprias de produção que precisam ser

respeitadas, como testes de funcionamento e usabilidade. Caso haja alguma

mudança, pode haver descumprimento de prazos e aumento de custos,

inviabilizando o produto. O desenvolvimento de aplicativos destinados à

interatividade dever ser criterioso.

Isso também ocorre quando a interatividade é baseada em plataformas

paralelas à televisão. A resposta do público a enquetes, a participação em chats, as

sugestões de pautas para os programas, tudo é recebido pela equipe de produção,

que deve decidir como realimentar o processo. Na lógica de produção convergente e

colaborativa, o telespectador participa da modelagem do conteúdo. E é a partir de

suas experiências de interação que o conteúdo pode ser aprimorado.

Na fase seguinte, da reportagem (ou produção), em que são elaborados

os textos, ouvidas as fontes e a matéria é efetivamente coletada pelos repórteres, a

maior diferença em relação ao modelo analógico está captação com os

equipamentos digitais. As câmeras de processamento digital exigem manuseio

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específico. Controles de foco, luminosidade, ganho e resolução de imagens podem

proporcionar ótimos resultados de imagem, mas também se transformam em

problemas caso o operador não esteja habituado com seu uso. Por isso, há a

necessidade de constante treinamento e capacitação dos repórteres

cinematográficos ou videorrepórteres.

Em relação ao conteúdo captado, as imperfeições em um cenário, antes

disfarçadas pela baixa resolução das fitas magnéticas, são reveladas pelas lentes

superpotentes das câmeras de alta definição – o que exige maior cuidado com os

detalhes nos estúdios. Repórteres, apresentadores, enfim, todos que aprecem

diante das câmeras devem se atentar, entre vários outros elementos, à maquiagem,

por exemplo. A base cosmética para pele que deixaria o rosto da atriz perfeito diante

das câmeras analógicas pode não funcionar diante da íris digital, sendo necessários

produtos específicos para este fim. Além disso, câmeras digitais registram imagens

em mídias digitais – o que demanda processos de armazenamento e recuperação

de arquivos de conteúdos adequados, e conhecimento específico para isso.

Na fase de edição (pós-produção), tudo o que foi planejado e produzido é

finalizado. A edição digital já é realidade em várias emissoras de televisão. As ilhas

digitais, com base em computadores de grande capacidade de processamento de

áudio e vídeo, substituíram os videocassetes. A edição deixou de ser linear (cada

evento editado é alocado na mesma sequência cronológica em que é trabalhado)

para ser não linear, isto é, qualquer parte do conteúdo pode ser acessada,

modificada e manipulada a qualquer tempo, sem prejuízo dos eventos que a

precedem ou a sucedem. Após a edição, seguem a inserção de recursos gráficos,

como infográficos, animações e efeitos de som e imagem. No caso do uso de

aplicativos de interatividade, estes devem ser atrativos, para facilitarem a

usabilidade.

Para atender a essa redefinição projetual do trabalho jornalístico na era

digital, a revolução da informação dentro das redações demanda um novo modo de

produzir notícias. Se antes, no processo analógico, ela seguia etapas bem definidas,

com a digitalização, “a redação do futuro será organizacionalmente construída em

torno das fases do fluxo de informação”. (QUINN, 2002, p.44).

Em redações onde a digitalização já foi incorporada totalmente, as

funções dos jornalistas e das etapas de produção acabam recebendo outras

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denominações, conforme analisa Hemmingway (2008), no caso da emissora

regional da BBC em Nottinghan, na Inglagerra:

A redação de TV da BBC em Nottingham é um plano aberto, especificamente demarcado, espaçosa, onde há dois departamentos separados que são demarcados por dois aglomerados de mesas, por sobre as quais são vistos: newsgathering e produção de notícias. (HEMMINGWAY, 2008, p. 40). [tradução nossa]

Conforme descreve a autora, o primeiro departamento, o newsgathering,

ou, em português, “coleta de notícias”, mais ligado ao planejamento, também é

conhecido entre os membros da redação como futures, ou “futuros”, é formado por

quatro jornalistas planejadores. Também há quatro jornalistas especialistas

correspondentes de televisão, e um subdepartamento de pesquisas, o qual

compreende todos os recursos tecnológicos da redação, de unidades móveis de

transmissão via satélite a câmeras, iluminação de estúdio e equipamentos móveis e

portáteis de edição. O newsgathering também inclui os personal digital production

(PDP) operators (operadores individuais de produção digital) ou videojornalists

(videojornalistas). Eles são repórteres que trabalham sozinhos, que operam suas

próprias câmeras e que são treinados especificamente para registrar imagens e

ediar seus próprios materiais.

Situado no outro lado da sala, oposto ao departamento de newsgathering,

está o departamento de production (produção), onde trabalham os outputs (saídas),

como são referidos esses profissionais pelos demais jornalistas na redação. Aqui a

notícia é escrita, produzida e distribuída.

Nessa configuração, a emissora adotou em 2006 um padrão experimental

de produção de notícias, com a introdução dos PDP. Cada jornalista saía às ruas à

procura de suas próprias notícias. Depois voltavam à redação e editavam suas

próprias histórias. Para o editor-chefe, responsável pelo fechamento do telejornal, a

escolha passava a ser entre um número maior de matérias, porém mais curtas e

menos aprofundadas que as produzidas no sistema tradicional. A diferença, no

entanto, aparecia no olhar subjetivo do repórter, que conseguia uma aproximação

mais pessoal dos fatos que apresentam. Esse material também era aproveitado para

publicações em celulares, tablets, portal, jornal impresso, podcasts, videocasts e

rádio.

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Nota-se que, neste caso, houve uma adequação da nomenclatura dos

departamentos e funções exercidas na redação ao tipo de atividade exercida na

cadeia produtiva da construção de notícias. A própria disposição dos departamentos

na sala principal, um em oposição ao outro, sugere uma interpretação mais próxima

do fluxo da informação. Esta chega por uma “entrada”, no newsgathering, e é

processada e divulgada pelo departamento production, ou, como os funcionários da

redação se autodenominam, “outputs” (saídas).

3.3 Fluxo da informação em redação convergente

O jornal Folha de S.Paulo publicou em 19 de fevereiro de 2011, na

ocasião de seus 90 anos de fundação, um diagrama ilustrativo que descreve o

caminho da notícia no fluxo adotado pela redação da empresa, o qual é reproduzido

abaixo, na Figura 2 (ver cópia da publicação original no Anexo 1).

Figura 2 – Reprodução fluxo de informação na Folha de S.Paulo, publicado em 19/02/2011, caderno

“90 anos”, páginas 38 e 39.

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Por esse diagrama é possível fazer uma leitura sobre o fluxo da

informação adotado no jornalismo multiplataforma praticado atualmente pelo jornal

Folha de S.Paulo. Notar-se-á, entretanto, que a finalidade principal da empresa

ainda é o jornal impresso, já que notícias mais elaboradas são destinadas com

prioridade à veiculação nas páginas de papel. “É no papel que o leitor encontra

reportagens, fotos, infografia, análises e colunas exclusivas. As notícias mais

importantes do dia surgem consolidadas no impresso.” A Folha afirma no próprio

diagrama que disponibiliza 30% de todo seu conteúdo gratuitamente na internet. Os

outros 70% são restritos a assinantes

O momento “1” do diagrama descreve como a informação chega ao

jornal. Pelo diagrama, ela é captada via Agência Folha, formada por uma equipe na

cidade de São Paulo, que coordena e monitora a apuração em todo o Brasil. A sede

da redação faz também a “escuta”, ou seja, acompanha o desenrolar de notícias em

emissoras de rádio, sites e canais de TV. Agências internacionais de notícias, para

as quais a Folha paga direitos autorais, são utilizadas como fontes auxiliares. Além

disso, há correspondentes nacionais e internacionais, equipes de reportagem

próprias na sede em São Paulo e sucursais em Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro

e Brasília. Colunistas de informação e opinião completam o time de profissionais da

Folha.

O momento “2” são a “avaliação e checagem”. É nessa hora que são

analisados a “relevância” e “qualidade” da informação. A avaliação é feita seguindo

três critérios.

Primeiro: “a informação é relevante?”. Entendendo o jornal como fato

relevante “aquele de interesse geral e/ou de utilidade pública, que gere comoção ou

que revele a dinâmica das relações entre instituições e seus dirigentes”. Em caso

afirmativo, a informação segue para o critério seguinte. Caso negativo, a informação

é descartada.

Segundo critério: “é verdadeira?”. Para checar esse quesito, a Folha

afirma fazer “cruzamento de diversas fontes”. Caso seja falsa, nesse momento a

informação é descartada. Se não, segue para o terceiro e último critério, a

“tipificação”.

A tipificação, no caso de uma redação convergente, se mostra

importantíssima, pois corresponde à etapa no fluxo em que o jornalista decide em

qual plataforma divulgará a informação e como ela será formatada.

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São quatro tipos, identificados no diagrama por cores. Cada cor seguirá

um caminho adequado ao tipo de informação determinado.

Na cor carmim, ficará tipificada a informação “urgente e não exclusiva”, ou

seja, “fatos inesperados, acidentais e/ou extraordinários amplamente divulgados”,

como por exemplo, tragédias naturais e morte de personalidades e celebridades.

Com a cor laranja fica a tipificação “urgente e inédita”, que são “fatos

inesperados e/ou extraordinários obtidos em primeira mão” pela Folha, ou seja,

denúncias sobre escândalos ou abusos sexuais etc.

Outro tipo é marcado na cor verde, a informação “não exclusiva”, que são

“informações amplamente divulgadas nos vários meios de comunicação”, como

protestos de grande repercussão nacional ou internacional.

O quarto tipo aparece na cor azul, informação “exclusiva”, que são

aquelas obtidas com exclusividade pela redação da Folha.

Todos esses tipos passam para a etapa seguinte no caminho da notícia, o

momento “3”, de “produção e redação”. Ali ocorre o processamento da informação,

onde é agregado valor jornalístico ao fato: a notícia é contextualizada, ouve-se o

“outro lado”, faz-se a “repercussão” do fato com especialistas e autoridades.

Também é o momento de apuração de texto, onde ele passa por correção

ortográfica, padronização e redação final.

Apenas a informação tipificada como “urgente e não exclusiva”, além de

seguir com as demais para a terceira etapa do fluxo, sai diretamente da segunda

etapa para publicação em plataformas digitais, potencializadas pela internet, como

redes sociais (Twitter e Facebook), celulares e tablets (a Folha tem aplicativos

próprios para esses dispositivos). A notícia, nesse caso, ganha “menção breve, mas

imediata” no site da Folha, a ser complementada “à medida que a apuração avança”.

No caminho para a quarta etapa, o momento “4”, de “edição”, a

informação com valor jornalístico agregado também já segue para as plataformas

digitais.

Na etapa “4”, é feita análise e opinião das notícias, são decididas as

imagens que acompanharão a notícia no jornal impresso, é feita a infografia, como

produção de mapas e gráficos e a diagramação nas páginas do jornal, ou seja, a

distribuição das notícias na paginação.

Uma diferenciação ocorre nesta etapa com relação à informação tipificada

na cor azul, a “exclusiva da Folha”. Essas informações, segundo descreve o

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diagrama, “ganham profundidade com análises e infografias exclusivas da versão

impressa”.

3.3.1 Fluxo da informação em redação de TV Convergente

A partir do diagrama publicado pela Folha de S.Paulo (Figura 2) e

também levando-se em consideração os argumentos expostos sobre a produção

digital de notícias e experiências nas redações digitais, como a relatada por

Hemmingway (2008) sobre a BBC, podemos propor fluxos da informação para uma

redação hipotética de televisão digital convergente e interativa.

O diagrama “O caminho da notícia na era das multiplataformas”,

apresentado pelo jornal Folha de S. Paulo, embora tenha sido elaborado

especificamente para descrever o fluxo da informação em uma redação que tem

como produto final um jornal impresso, por sua característica de atender diversas

plataformas digitais, pode servir de parâmetro para elaboração de fluxos de

informação em outros tipos de veículos convergentes.

A título de ilustração, elaboramos uma representação visual esquemática

do processo de produção de notícias em uma redação hipotética de jornalismo de

televisão digital com demandas de conteúdos para plataformas convergentes.

Aqui, as etapas de trabalho deixam de seguir o fluxo de produção

analógica, para seguir o fluxo da informação, conforme a Figura 3.

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(*) CI: comunicação integrada

GI: gestão da informação

Figura 3 – Fluxo de produção jornalística digital multiplataforma

De acordo com o diagrama da Figura 3, nessa redação hipotética há um

setor de “Entrada”, que concentra os canais pelos quais as fontes enviam suas

informações e onde os jornalistas vão buscar os fatos, o que seria equivalente ao

newsgathering, apresentado por Hemmingway (2008). Nesse raciocínio, o fluxo da

informação começaria nesse departamento, por meio das diversas formas de coleta

de informações: assessorias de imprensa, jornais impressos, rádio-escuta, canais de

TV, portais de notícias, redes sociais, sugestões do público via site, telefone, Twitter

etc.

Os profissionais ligados a esse setor seriam os equivalentes aos

produtores de reportagem e coordenadores de redação no esquema analógico. Eles

teriam a tarefa de selecionar a melhor informação para elaborar suas pautas,

checar, avaliar e contextualizar os assuntos, viabilizar a produção no local dos fatos

e fazer agendamentos com entrevistados. Como planejadores, também

determinariam qual conteúdo seria produzido e direcionado para qual meio: TV,

internet, redes sociais, celulares, tablets, videocasts e podcasts. Poderiam, ainda,

ENTRADA PROCESSAMENTO

S1: Televisão Digital

S2: Interatividade

S3: Videocast

S4: Podcast

S5: Portal

CI*

GI*

S6: Redes sociais

S7: Celulares

S8: Tablets

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elaborar textos complementares às matérias pautadas para serem publicados

nesses mesmos meios.

Fazendo uma analogia ao fluxo descrito pela Folha de S.Paulo na Figura

2, caberia aos produtores de reportagem avaliar se a informação é relevante e

verdadeira e de interesse público. Em caso negativo, a informação seria descartada.

Caso positivo, a informação receberia classificações.

Poderíamos também identificar essas informações avaliadas como

relevantes, verdadeiras e de interesse público pelos mesmos quatro tipos sugeridos

pela Folha: “urgente e não exclusiva”; “urgente e exclusiva”; “não exclusiva” e

“exclusiva”.

A informação “urgente e não exclusiva”, de fatos inesperados, acidentais

ou extraordinários, amplamente divulgados, teria um fluxo direto para a publicação

nas plataformas digitais. Um material previamente editado, apenas com informações

essenciais.

Prosseguindo nesse caminho da construção da notícia, os quatro tipos de

informação passariam para a etapa seguinte, o “Processamento” da informação.

Nessa etapa, os repórteres transformariam o material bruto fornecido pela “Entrada”

em reportagens televisivas, por meio da captação de entrevistas em áudio e vídeo,

elaborariam o texto e gravariam offs. Também fariam materiais complementares

para internet, redes sociais, celulares e tablets.

A partir desse momento, as informações “urgentes e exclusivas” e “não

exclusivas” já poderiam ser publicadas nas plataformas digitais pelo próprio repórter,

sem a necessidade de edição mais elaborada. Seriam imagens de câmeras digitais

de pequeno porte que poderiam ser carregadas pela equipe de externa, fotos, textos

curtos para o Twitter e Facebook, que antecipariam a notícia que estaria sendo

editada para exibição na TV.

Ainda na etapa de processamento, estariam os editores de texto e editor

executivo do telejornal. Note-se que a etapa de “Processamento”, conforme também

observa Hemmingway (2008) sobre o departamento production da BBC de

Nottingham, dentro do esquema proposto, englobaria as etapas da reportagem e

edição num mesmo bloco produtivo. A opção por aglutinar essas duas fases em uma

se deve à natureza bem próxima dos conteúdos produzidos por esses profissionais

nas plataformas digitais. Uma reportagem para ser publicada na forma de texto

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escrito na internet poderia ser produzida nessa redação tanto pelo repórter quanto

pelo editor, dependendo da urgência dos fatos.

Todo material recolhido pela reportagem, mesmo que a notícia já tivesse

sido divulgada em outras plataformas, seguiria então para a etapa de edição. Nessa

etapa, levando-se em consideração o que já teria sido publicado nas demais

plataformas, o editor faria a montagem da matéria para televisão, além da

finalização do material, sonorização, elaboração de textos para o apresentador,

marcações de página e caracteres a serem inseridos nas reportagens.

Algumas reportagens, antes de finalizadas na edição, poderiam ainda

necessitar de um tratamento de design, para receber informações videográficas, por

exemplo. Por se tratar de elementos estéticos e tecnológicos, seria preciso contar

com o auxílio de departamentos complementares à redação, como setores de

videografismo, design e tecnologia da informação. Em conjunto, esses setores

poderiam desenvolver ainda aplicativos interativos para serem agregados às

matérias.

O material processado seguiria, então, para as opções de “Saída”:

S1: Televisão Digital

S2: Interatividade (TVD)

S3: Videocast

S4: Podcast

S5: Portal de notícias na internet

S6: Redes Sociais

S7: Celulares

S8: Tablets

Sendo esta uma proposta de organização para redação de uma TV digital

multiplataforma, consideramos como primeira saída (S1) o conteúdo principal

produzido pelos jornalistas, aquele que será veiculado pela televisão.

A saída (S2) é constituída do conteúdo elaborado para possíveis

elementos de interatividade na televisão. A forma de veiculação, adequação do

conteúdo e volume de informações destinado a essa saída vai depender do avanço

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nas pesquisas e tecnologia, principalmente no que se refere às interfaces,

usabilidade e canal de retorno, conforme apontados no Capítulo 2.

A terceira saída (S3) terá material audiovisual propício aos dispositivos

móveis e portáteis, os videocasts. Esse conteúdo poderá ser constituído de trechos

extras de entrevistas ou imagens não veiculadas pela televisão. Pode ser

disponibilizado em formato de arquivos digitais sob demanda, incluindo todo o

material originalmente editado e veiculado na televisão. O mesmo ocorre com a

quarta saída (S4), destinada a arquivos digitais de áudio para podcasts. Esses

arquivos podem ser acessados via internet e baixados no computador ou em

equipamentos eletrônicos portáteis apropriados. A palavra podcasting é uma junção

de iPod - aparelho mais conhecido que toca arquivos digitais em formato MP3 - e

casting, termo do inglês que designa transmissão. (FOLHA ONLINE, 2006).

Conforme discutido no Capítulo 2, a popularização das redes sociais,

como o microblog Twitter, o site de vídeos YouTube e o de relacionamentos

Facebook, fez com que se tornasse essencial para as empresas jornalísticas se

fazer presente nesses ambientes virtuais, por meio das diversas plataformas

disponíveis, como forma de alavancar sua audiência e receber colaboração para

pautas e fluxos de idéias. Para isso, foram previstas as saídas (S5), (S6), (S7) e

(S8).

Outras saídas ainda poderiam ser pensadas, dependendo da finalidade

dos conteúdos produzidos. Por exemplo, atender demandas por educação à

distância (EAD), uma das fortes apostas brasileiras com a implementação do

SBTVD, ou o sistema de saúde e outras demandas de políticas públicas.

Conteúdos produzidos para as diversas saídas e que forem avaliados

como auxiliares e processos educativos e de aprendizagem poderiam ser

formatados para isso, através da disponibilização de material na internet ou na forma

de DVDs destinados a escolas, universidades e agentes sociais.

Note-se também que a “Entrada” e “Processamento”, nesta proposta, são

realimentadas por duas etapas paralelas que são fundamentais para garantir o bom

funcionamento do esquema de produção jornalística em sintonia com a exigência

das multiplataformas e da era da informação: a comunicação integrada (CI) e a

gestão da informação (GI).

É fato que a produção digital necessita de suportes digitais para seu

processamento, armazenamento e posterior recuperação de dados de maneira ágil

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e segura. Deve-se levar em conta que o conteúdo é produzido visando à

convergência de mídias e é destinado a várias plataformas diferentes. Dessa

maneira, é imprescindível organizar criteriosamente esse material e cuidar para que

todos os envolvidos no processo sejam informados sobre os detalhes de cada etapa

na cadeia produtiva.

Nesse viés, podemos entender como comunicação integrada a

organização dos diversos fluxos de informação entre os jornalistas e destes com os

demais setores da empresa relacionados diante das demandas da redação. Sem

uma comunicação interna efetiva fica difícil mover a máquina processadora de

notícias que é a redação convergente.

Assim, também é necessário estabelecer fortes laços comunicativos entre

os profissionais da redação e destes com outras áreas da empresa, como os setores

de engenharia e tecnologia da informação. É preciso ainda uma comunicação mais

equilibrada entre os jornalistas e seus públicos, valendo-se para isso dos diversos

canais disponíveis na internet, como blogs, e-mails para recebimento de críticas e

sugestões e as já citadas redes sociais.

Tão importante quanto, a comunicação integrada faz a gestão unificada

da informação nas redações. Neste caso, nos referimos ao desenvolvimento de

procedimentos e protocolos padrão que favoreçam o compartilhamento de

informações entre os profissionais, bem como seu armazenamento e recuperação

eficiente dos dados. O gerenciamento baseado no compartilhamento e no fomento

dos saberes e práticas das organizações são chamados de “gestão do

conhecimento”, um processo sistemático sustentado pela criação, busca e

disseminação de conhecimento de forma que norteiem ações empresariais.

É a criação sistemática de novos conhecimentos, disseminados por toda

a organização, que os incorpora rapidamente em tecnologia, produtos e serviços.

Nesse contexto, conhecimento e aprendizagem se transformam em recursos e

competências organizacionais que podem se tornar importantes fontes de vantagem

competitiva para as empresas.

Mas é preciso lembrar que não basta uma organização veicular

mensagens ou armazenar dados para que isso se torne conhecimento. Os novos

conhecimentos precisam constantemente renovar a empresa, a fim de que todos

que dela participam se encontrem num processo ininterrupto de elevação pessoal e

organizacional. A criação do conhecimento organizacional resulta da conversão de

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conhecimento tácito em conhecimento explícito, conforme Nonaka (1997, apud

MOREIRA 2006).

Castells (2003) destaca a importância do aprendizado e do

desenvolvimento de competências diante da velocidade em que as transformações

conjunturais atingem a sociedade da informação. Isso se torna necessário para que

os indivíduos que fazem parte do processo comunicativo possam contribuir para

transformar informação em conhecimento:

As características mais importantes desse processo de aprendizado são, em primeiro lugar, aprender a aprender, já que a informação mais específica tende a ficar obsoleta em poucos anos, pois operamos numa economia que muda com a velocidade da Internet. Em segundo lugar, a capacidade de transformar a informação obtida a partir do processo de aprendizado em conhecimento específico. (CASTELLS, 2003, p.78)

O processamento de informação para plataformas múltiplas exige um

sistema tecnológico adequado e competências profissionais específicas que devem

ser incentivadas e desenvolvidas dentro da equipe de jornalismo, o que exige um

trabalho mais colaborativo e envolve “aprender a armazenar, transferir e

compartilhar informação em formatos que as tornem úteis tanto agora como no

futuro”. (QUINN, 2002, p. 3).

Para sobreviver na sociedade informacional, a empresa de comunicação

deve desenvolver meios para transformar informação em conhecimento, seja dentro

da organização, como forma de criar e preservar uma cultura organizacional em

sintonia com o mundo atual ou melhorar a comunicação e relacionamento com o

público externo. Nesse sentido, a gestão da informação torna o conteúdo mais útil

para a audiência e auxilia a encontrar maneiras de preservar o conhecimento para

futuras adaptações (QUINN, 2002).

3.3.2 A redação 3.0

As transformações nas redações levam à busca por soluções práticas na

procura de maior eficiência na divulgação de notícias de forma convergente. Pit

Gottschalk, editor-chefe do jornal alemão SportBild, sugere alguns parâmetros

administrativos para que executivos de empresas de mídia e gestores de

departamentos possam mensurar o nível de convergência das redações

(SCHANTIN, 2011).

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Na concepção do jornalista, seria possível dividir as redações em três

níveis, em relação à produção de notícias para plataformas convergentes:

“newsroom 1.0”, “newsroom 2.0” e “newsroom 3.0”.

A redação “1.0”, ou “multiple-media newsroom” (redação multimídia), seria

aquela organizada em editorias específicas para cada uma das plataformas, o que

resultaria em unidades editoriais separadas, seja para jornal impresso ou páginas na

internet. Cada editoria faria sua parte na cadeia produtiva, resultando em produtos

únicos para cada mídia.

O segundo nível de convergência na redação seria o “2.0”, ou “cross-

media newsroom” (redação cross-media). Esta trabalharia com o princípio de que os

mesmos desenvolvedores de conteúdo gerariam material para todos os canais

disponíveis.

O nível mais alto de convergência na redação seria o “3.0”, ou “integrated

newsroom” (redação integrada). Esse tipo de organização jornalística atuaria para

prover conteúdo em múltiplas plataformas por meio da completa integração do fluxo

de produção, passando pelo meio impresso, digital e audiovisual desde o

planejamento à produção, e não apenas na divisão de tarefas entre os jornalistas.

Envolveria esforços conjuntos da redação, dos outros setores da empresa e da

gestão organizacional como um todo.

Com base nesses parâmetros, Schantin (2011) descreve um padrão para

análise sobre a organização das redações em relação ao desempenho na

divulgação de informações em múltiplas plataformas. A proposta tem como foco

quatro parâmetros organizacionais básicos: culture, tasks, people e structures &

systems (cultura, tarefas, pessoas e estrutura & sistemas), que gera a sigla CTPS.

Nesse sentido, seria possível diagnosticar, por meio de pesquisas internas com os

colaboradores, através da elaboração de questionários, em que ponto específico a

empresa precisaria investir para chegar a um nível de convergência mais avançado.

Esse sistema está representado na Figura 4:

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Figura 4 – Representação do sistema CTPS como parâmetro de análise de convergência na redação proposto por Pit Gottschalk. (SCHANTIN, 2011). [tradução nossa]

O primeiro componente, “culture”, se refere a compreender a cultura da

redação em relação à integração midiática. Isso envolve padrões de comportamento,

crenças e valores difundidos na organização. Srour (1998, apud MIRANDA, 2006)

afirma que a cultura da organização é representada sob a forma de um conjunto de

manifestações subjetivas diversas:

Cultura são representações mentais, cujas manifestações assumem formas variadas: princípios, valores e códigos; conhecimentos técnicas e expressões estéticas; tabus, crenças, promoções, estilos, juízos e normas morais; tradições, usos, costumes; convenções sociais, protocolos e regras de etiqueta; estereótipos, clichês e motes; preconceitos dogmas e axiomas; imagens, mitos e lendas; dogmas, superstições e fetiches. (MIRANDA, 2006, p.168).

Cultura

Estrutura & Sistemas

Tarefas

Pessoas

- Padrão de pensamento e comportamento - Valores e crenças compartilhadas - “Organização informal”

- Processos e estruturas - Liderança e gestão

- Atividades - Papéis - Responsabilidades

- Conhecimento - Habilidades - Dons intelectuais

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Dentro das corporações, a cultura se manifesta nas práticas diárias, é

constituída dentro do tecido de relações que se formam na organização. Chiavenato

(1999, apud SILVA, 2006) afirma que a cultura exprime a identidade da organização:

Ela é construída ao longo do tempo e passa a impregnar todas as práticas, constituindo um complexo de representações mentais e um sistema coerente de significados que une todos os membros em torno dos mesmos objetivos e dos mesmos modos de agir. (SILVA, 2006, p.139).

Dessa forma, seria preciso difundir o conceito de jornalismo

multiplataforma entre os colaboradores da redação para que a organização atingisse

um alto nível de convergência midiática.

Outro parâmetro de verificação de convergência na redação, “tasks”, são

as tarefas desenvolvidas pelos profissionais, ou seja, quais os papéis que serão

desenvolvidos pelos jornalistas com o objetivo de produzir conteúdos para diversas

plataformas? Enquanto o jornalista de uma redação 1.0 escreve apenas para uma

plataforma, na redação 3.0 ele deve desenvolver habilidade para contar a mesma

história em diferentes versões, cada uma adaptada a um meio específico.

Outro componente, “people”, se refere às competências e conhecimentos

de cada colaborador. Nesse sentido, propõe as seguintes indagações: estariam os

jornalistas aptos a desenvolver uma forma de pensar “cross-media”? Ou seja, o

jornalista que desenvolve histórias por meio de textos conseguiria também pensar a

mesma narrativa em formato audiovisual? Estaria ele familiarizado com a linguagem

dos outros meios a fim de distribuir sua narrativa em mídias diferentes?

O último parâmetro de avaliação, “structures & systems”, diz respeito ao

planejamento da organização não apenas em relação aos sistemas tecnológicos

adotados, mas também aos sistemas de gerenciamento dos setores, que incluem

estrutura organizacional, liderança de equipes e políticas motivacionais internas. O

jornalista deve ser encorajado a desenvolver seu trabalho em diversas plataformas e

encontrar benefícios nessa nova atividade, não apenas atender aos interesses

comerciais da empresa.

Os resultados dessa avaliação, segundo Schantin (2011) poderiam ser

aplicados sobre uma linha evolutiva, baseada nos conceitos anteriormente descritos

de newsroom 1.0, 2.0 e 3.0, aplicando-se uma escala de porcentagem para se

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observar o nível de convergência em que se encontraria a redação. A Figura 5

ilustra a proposta de Gottschalk.

Plataformas paralelas Plataformas cross-media Plataformas integradas (Redação 1.0) (Redação 2.0) (Redação 3.0)

Figura 5 - Escala de convergência nas redações proposta por Pit Gottschalk (SCHANTIN, 2011). [tradução nossa].

Essa linha evolutiva auxiliaria os gestores a desenvolver estratégias para

se atingir metas relativas à produção jornalística multiplataforma, direcionando,

assim, as decisões editoriais de uma redação e a respeito de investimentos por

parte da empresa.

Dada a complexidade que o processo convergente de produção traz ao

fluxo da informação nas redações, torna-se pertinente encontrar competências

necessárias aos jornalistas para lidar com essa nova maneira de elaborar notícias.

Neste estudo, escolhemos apenas um dos aspectos desejáveis aos profissionais de

uma redação convergente: o desenvolvimento de competências em informação. No

capítulo a seguir, vamos mostrar quais podem ser essas competências por meio de

um mapeamento, baseado em atribuições dos jornalistas no processo de produção

de notícias para televisão digital convergente.

0% convergente:

sem colaboração

33% convergente: começo de colaboração

66% convergente: sólida experiência em colaboração

100% convergente: operação editorial

totalmente integrada

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4 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS NO PROCESSO DE

PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM TELEVISÃO DIGITAL

Discutimos as transformações nos hábitos de consumo de informação e

na produção de conteúdos audiovisuais diante do desenvolvimento tecnológico e da

sociedade em rede. Situamos a televisão digital nesse contexto e apontamos que

redações de TV modificam os processos produtivos para atender às demandas das

múltiplas plataformas digitais, exigindo investimentos por parte das empresas e

desenvolvimento de competências por parte dos profissionais envolvidos nesse

processo.

Lidar com a informação é essencial na sociedade em rede. Torna-se,

então, necessário ao profissional que está no foco deste trabalho, o jornalista,

desenvolver competências em informação (BEVILAQUA e POLETTINI, 2010). Essas

competências, relativas ao processamento, armazenamento e recuperação de

informações são definidas por Belluzzo (2007) como “competências informacionais”.

Para a autora, o conceito de competências informacionais se divide em

duas dimensões distintas. A primeira, “um domínio de saberes e habilidades de

diversas naturezas que permite a intervenção prática na realidade”. E a segunda,

“uma visão crítica do alcance das ações e o compromisso com as necessidades

mais concretas que emergem e caracterizam o atual contexto social” (BELLUZZO,

2007, p.34).

Cada função desempenhada no processo de produção jornalística é

permeada pela informação e exige competências específicas do jornalista, além

daquelas exigidas aos profissionais das demais empresas e organizações, tais como

proatividade, criatividade, espírito de liderança, motivação, domínio da língua

portuguesa, domínio de uma língua estrangeira, entre outras, que também fazem

parte da função jornalística.

Seguindo esses princípios, neste último capítulo faremos um

mapeamento de competências informacionais necessárias ao processo de produção

jornalística voltada para televisão digital em convergência com outras mídias.

Para mapear essas competências utilizaremos os padrões e indicadores de

desempenho de Belluzzo (2007). Utilizando a tabela proposta por Belluzzo (2007,

p.95-103), podemos apontar esquematicamente competências informacionais

necessárias às funções desempenhadas pelos jornalistas em cada etapa do

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processo de produção de notícias, já descritas no capítulo anterior (a tabela é

reproduzida no Anexo 2 deste trabalho).

Belluzzo (2007) desenvolve cinco padrões de competências em informação.

Esses padrões foram delineados “com base em padrões internacionais adaptados à

realidade nacional” (Belluzzo, 2007, p.95), e podem ser utilizados como parâmetros

para se avaliar o desenvolvimento de competências informacionais em diversas

áreas.

[...] são propostos como parâmetros norteadores à utilização em programas de desenvolvimento de competência em informação e competência midiática, nos diferentes níveis, respeitando-se as peculiaridades de cada contexto e área. (BELLUZZO, 2007, p.95)

Conforme pode ser observado com mais detalhes na tabela reproduzida

no Anexo 2, cada padrão apresenta respectivos “indicadores de desempenho”, para

os quais são elencados “resultados desejáveis”.

Neste estudo, associamos cada padrão apresentado por Belluzzo às

funções desempenhadas pelos jornalistas nas três etapas básicas da produção de

notícias em televisão. Assim, os cinco padrões foram distribuídos entre produção,

reportagem e edição, entendendo que os modelos de produção digital também

podem se basear na divisão do processo de produção audiovisual em três etapas,

havendo, na verdade, acréscimo de atribuições aos jornalistas em cada uma dessas

etapas.

Fazendo-se, então, o cruzamento dos padrões de Belluzzo (2007, p. 95-

103) com as funções desempenhadas pelos jornalistas em televisão digital,

chegamos ao Quadro 1.

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MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS NA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA CONVERGENTE EM TELEVISÃO DIGITAL

PRODUÇÃO REPORTAGEM EDIÇÃO - Seleção de assuntos; - Checagem dos fatos; - Levantamento de fontes; - Determinação de enfoque; - Agendamentos; - Elaboração da pauta; - Planejamento de conteúdos extras e interatividade; - Checagem nas redes sociais e sugestões e opiniões do público.

- Realização de entrevistas; - Avaliação e readequação da pauta; - Sugestões de imagens; - Elaboração de texto; - Elaboração de material complementar à reportagem da TV (making of da reportagem, entrevistas na íntegra para internet);

- Avaliação do material; - Correção de erros de informação, gramática e estilo; - Seleção de entrevistas; - Montagem e finalização de reportagem; - Gerenciamento da informação - Acesso a arquivos digitais - Avaliação do resultado final.

Padrão 1

A pessoa competente em informação determina a natureza e a extensão da necessidade da informação.

INDICADORES: 1.1 Define e reconhece necessidade de informação; 1.2 Identifica uma variedade de tipos e formatos de fontes de informações potenciais; 1.3 Considera custos e benefícios da aquisição da informação necessária.

Padrão 2 A pessoa competente em informação acessa a informação necessária com efetividade. INDICADORES: 2.1 Seleciona os métodos mais apropriados de busca e/ou sistemas de recuperação da informação para acessar a informação necessária; 2.2 Constrói e implementa estratégia de busca delineadas com efetividade; 2.3 Busca a informação via eletrônica ou com pessoas utilizando uma variedade de métodos; 2.4 A pessoa competente em informação retrabalha e melhora a estratégia de busca quando necessário; 2.5 A pessoa competente em informação extrai, registra e gerencia a informação e suas fontes.

Padrão 3 A pessoa competente em informação avalia criticamente a informação e suas fontes.

INDICADORES: 3.1 Demonstra conhecimento da maior parte das ideias da informação obtida; 3.2 Articula e aplica critérios de avaliação para a informação e as fontes; 3.3 Compara o novo conhecimento com o conhecimento anterior para determinar o valor agregado, contradições ou outra característica da informação.

Padrão 4 A pessoa competente em informação, individualmente ou como membro de um grupo usa a informação com efetividade para alcançar um objetivo/obter um resultado. INDICADORES: 4.1 É capaz de sintetizar a informação para desenvolver ou completar um projeto; 4.2 Comunica os resultados do projeto com efetividade.

Padrão 5 A pessoa competente em informação compreende as questões econômicas, legais e sociais da ambiência do uso da informação e acessa e usa a informação ética e legalmente. INDICADORES: 5.1 Demonstra compreensão sobre as questões legais, éticas e socioeconômicas que envolvem a informação, a comunicação e a tecnologia; 5.2 Cumpre as Leis, regulamentos, políticas institucionais e normas relacionadas ao acesso e uso às fontes de informação; 5.3 Indica as fontes de informação nas comunicações do produto ou resultados.

Quadro 1 – Mapeamento de competências informacionais na produção jornalística convergente em televisão digital, com base nos indicadores de performance de Belluzzo (2007).

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4.1 Natureza e extensão da necessidade da informação na redação

O trabalho do produtor de reportagem dá início ao processo de produção da

informação que será veiculada na televisão e demais plataformas. Identificamos na

produção de reportagens a necessidade de desenvolver as competências elencadas

no “Padrão 1” de Belluzzo (2007). De acordo com esse padrão, “a pessoa

competente em informação determina a natureza e a extensão da necessidade da

informação”.

Levando-se em conta o primeiro indicador de desempenho do “Padrão 1”,

o produtor de reportagem deve “definir e reconhecer a necessidade de informação”.

Esse indicador aponta para os seguintes resultados desejados e condizentes com as

funções dos jornalistas na etapa de produção de notícias:

a) Identificação de um tópico de pesquisa ou outra informação

necessária;

b) Formulação de questões apropriadas com base na informação

necessária ou tópico de pesquisa;

c) Utilização de fontes gerais ou específicas para aumentar o seu

conhecimento;

d) Modificação da informação necessária ou tópico de pesquisa para

manter o foco sob controle;

e) Identificação de conceitos e palavras-chave que representem a

informação necessária ou o tópico de pesquisa/questão.

O produtor de reportagem é responsável pelo levantamento de possíveis

assuntos para o telejornal. A partir dos resultados desejáveis apontados nesse

indicador de desempenho, podemos aqui elencar algumas competências

necessárias na fase inicial de produção jornalística, ou seja, a fase da seleção de

informações.

Aqui, o jornalista precisa desenvolver competências para tornar eficiente e

agregar qualidade ao trabalho desempenhado em todo o fluxo de produção

jornalística. Ele deve selecionar corretamente as informações e avaliar se elas

condizem com o perfil editorial do telejornal e se devem ou não entrar na pauta do

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dia. Deve ainda procurar entender os assuntos em seus aspectos macros, a fim de

enxergar o melhor foco da reportagem a ser pautada.

Deve ainda tornar disponíveis, de maneira organizada e indexada, as

informações necessárias às reportagens pautadas, para que todos da redação

tenham acesso e possam colaborar com o material de alguma forma em algum

momento durante o processo, caso seja necessário.

Ainda neste início de fluxo de produção jornalística começam a ser

determinados os possíveis entrevistados e personagens. Isso demanda

competências que encontramos em equivalência enumeradas no segundo indicador

de desempenho do “Padrão 1”, que define como competente em informação o

profissional que “identifica uma variedade de tipos e formatos de fontes de

informação potenciais”. O segundo indicador estabelece como resultados desejáveis

o seguinte:

a) Identificação do valor e das diferenças de potencialidades de fontes

em uma variedade de formatos (documentos impressos e eletrônicos,

pessoas, instituições etc.);

b) Identificação do propósito e o tipo de informação a que se destinam as

fontes;

c) Diferenciação de fontes primárias de secundárias, reconhecendo o seu

uso e a sua importância para cada área específica.

Esses resultados podem também ser esperados após a listagem dos

assuntos discutidos na reunião de pauta. Pela listagem, elencam-se as possíveis

fontes e checa-se a viabilidade de execução da reportagem. Da reunião de pauta

participam preferencialmente todos os jornalistas da redação. Nela, os produtores

apresentam os possíveis assuntos para discussão e avaliação. Durante a reunião,

os jornalistas conjuntamente devem discutir que fontes podem contribuir com as

reportagens a serem pautadas.

O passo seguinte ao da aceitação do assunto na reunião é a produção da

pauta, ou seja, a elaboração do roteiro que vai orientar o repórter na captação das

informações e imagens em campo. Para estruturar a pauta, o produtor precisa

levantar informações que serão utilizadas pelo repórter na construção do texto.

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Necessita, a partir de apuração prévia, definir quem serão as pessoas ouvidas na

reportagem para fazer os agendamentos de horários e locais das entrevistas.

No processo digital de produção de notícias, os espaços de discussão e

opinião disponibilizados aos usuários devem ser observados pelos produtores como

fontes de informação. Das opiniões dos usuários podem vir ideias para outras

pautas ou informações complementares aos assuntos que se pretende levar à tela

da televisão. Assim, é necessária uma familiaridade com a dinâmica das redes

sociais e da internet para saber a melhor maneira de se aproveitar esse tipo de

informação.

É preciso checar a veracidade das informações que chegam à redação.

No caso da internet, ter cuidado ainda para evitar o uso de perfis falsos como fontes

de informação e dados extraídos de sites sem credibilidade comprovada, preferindo

sempre recorrer sempre a fontes originais. Também cabe ao jornalista saber em que

momento da reportagem os entrevistados vão contribuir com suas informações.

O último indicador do “Padrão 1” diz respeito aos “ [...] custos e benefícios

da informação necessária”, com os seguintes resultados desejáveis:

a) Determinação da disponibilidade da informação necessária e tomada

de decisões sobre as estratégias de pesquisa da informação e o uso

de serviços de informação e qual a mídia adequada (por exemplo:

intercâmbio, utilização de fontes locais, obtenção de imagens, vídeos,

textos ou registros sonoros etc.);

b) Determinação de um planejamento exeqüível e um cronograma

adequado para a obtenção da informação necessária.

Aqui, avalia-se a possibilidade de se encontrar as fontes desejadas, se há

condições de captação de imagens e se há meios de se conseguir as informações

que se deseja. Pode ser necessário solicitar estatísticas a órgãos competentes para

sustentar o direcionamento de certas pautas. Por exemplo, a partir de um acidente

automobilístico em uma determinada estrada, pode-se pedir às autoridades

estatísticas de acidentes naquele local, comparativamente a outros pontos da

estrada. Esses dados poderiam servir de base a uma reportagem sobre a

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necessidade de procedimentos de segurança que devam ser adotados por

motoristas naquele ponto específico da rodovia.

Nesse momento do fluxo também é definida a extensão da cobertura de

determinado fato ou assunto e seus desdobramentos. Um assunto pode gerar uma

reportagem ou uma série de várias reportagens.

Assim, é papel do produtor avaliar se, por exemplo, existe a necessidade

de viajar a outra cidade para entrevistar uma fonte quando uma fonte local possui a

mesma especialização e o mesmo domínio do assunto abordado. Já um fato

ocorrido em uma cidade vizinha que receba o sinal da emissora e mereça cobertura,

por estar de acordo com a linha editorial do telejornal, precisa também ser pontuado,

uma vez que o compromisso da emissora é com a comunidade que a assiste, não

importando a região em que está localizada.

Define-se ainda em quais plataformas digitais a informação será

veiculada. Nesse sentido, tendo em vista a produção simultânea para várias

plataformas, o jornalista deve saber se os custos envolvidos para levar a notícias a

diversos suportes são viáveis. A publicação em celulares pode exigir o

desenvolvimento de aplicativos específicos para esse fim. É necessário fazer um

planejamento a esse respeito.

Nesta etapa do fluxo de informação devem ser feitos planejamentos para

possíveis conteúdos extras ao material que será exibido na televisão. Caso haja a

possibilidade de oferecer informações adicionais por meio de aplicativos de

interatividade, é aqui que ele deverá começar a ser elaborado.

4.2 Acesso à informação com efetividade na redação

O “Padrão 2” refere-se às competências comuns tanto à etapa de

produção quanto à de reportagem. Segundo Belluzzo (2007), “a pessoa competente

em informação acessa a informação necessária com efetividade”.

Esse padrão tem como primeiro indicador de desempenho a seleção de

“métodos mais apropriados de busca e/ou sistemas de recuperação da informação

para acessar a informação necessária”, que pressupõe os seguintes resultados:

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a) Identificação dos tipos de informação contidos em um sistema

tradicional e os tipos de fontes indexadas eletronicamente;

b) Seleção apropriada dos sistemas de recuperação de informação para

pesquisar o problema/tópico baseado na investigação da sua

abrangência, conteúdo, organização e solicitação de ajuda para

pesquisar em diferentes instrumentos como as bases de dados, fontes

de referência e outras;

c) Identificação de outros métodos de pesquisa para obter a informação

necessária, os quais podem não estarem disponíveis por meio dos

sistemas de recuperação da informação tradicionais e eletrônicos (por

exemplo: necessidade de fazer entrevistas com especialistas etc.).

Entre os indicadores da aquisição dessa competência está a seleção de

métodos apropriados de busca e/ou sistemas de recuperação da informação. Para

obter um dado de uma fonte original de informação, é preciso desenvolver

habilidades para saber onde encontrar os dados originais, em vez de acessar a

informação já processada a partir de outros veículos.

Também pode ser necessário nessa etapa recorrer ao arquivo da própria

emissora para obter informações. Vamos supor que um caso ocorrido anos atrás

volte à tona por algum motivo. Será preciso recuperar a matéria nos arquivos da

emissora para contextualizar os fatos com imagens e depoimentos da época que

eles ocorreram. No caso de emissoras em que o fluxo da informação já se encontra

digitalizado, é necessário o jornalista estar familiarizado com a codificação adotada

pelo setor de tecnologia da informação da empresa para conseguir ter acesso a

esse tipo de material. A informação de arquivo também deve ser corretamente

indexada para que as ferramentas de busca no sistema as encontrem conforme as

necessidades dos jornalistas.

O segundo indicador de desempenho no “Padrão 2” é a construção e

implementação de estratégias de busca delineadas com efetividade. Para este

indicador, apresentam-se os seguintes resultados desejáveis:

a) Desenvolvimento de um plano de pesquisa apropriado aos sistemas

de recuperação da informação e/ou método de pesquisa;

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b) Identificação de palavras-chave, frases, sinônimos e termos

relacionados com a informação necessária;

c) Seleção de vocabulário controlado específico como instrumento de

pesquisa e identificação de quando o vocabulário controlado é usado

em um item registrado e execução da pesquisa com sucesso usando

adequadamente o vocabulário selecionado;

d) Construção e implementação de uma estratégia de busca usando

códigos e comandos de acordo com o sistema de recuperação de

informação utilizado (por exemplo: a lógica booleana, ordem alfabética

de termos, referência cruzada etc.);

e) Utilização da auto-ajuda dos sistemas de recuperação e outros meios

(por exemplo: profissionais da informação) para melhorar os seus

resultados.

Nas redações jornalísticas, as reportagens pautadas recebem uma

nomenclatura, chamada de “retranca”, uma espécie de “apelido” da matéria. Essa

retranca deve acompanhar a reportagem desde seu nascimento, na reunião de

pauta, até a exibição. Normalmente nessa identificação são utilizadas poucas

palavras, suficientes para relembrar ao jornalista do que a pauta se trata. Por

exemplo, uma pauta sobre o aumento do efetivo de policiais nas estradas durante o

feriado prolongado pode ser retrancado como “feriado/estradas”.

Com os sistemas digitais incorporados à rotina dos jornalistas, as

matérias podem ainda receber indexação alfanumérica, respeitando a codificação

estabelecida pelos equipamentos de gerenciamento da informação na redação.

Cabe, então, ao jornalista, se familiarizar com esses códigos para promover o bom

fluxo da informação nas redações convergentes. Sempre que necessário, não

descartar a possibilidade de pedir ajuda a um profissional da área sobre o melhor

procedimento a ser adotado em cada situação.

O terceiro indicador de desempenho do “Padrão 2” aponta que a pessoa

competente em informação “busca a informação via eletrônica ou com pessoas

utilizando uma variedade de métodos”. Os resultados desejáveis são os seguintes:

a) Utilização de vários sistemas de recuperação da informação em uma

variedade de formatos (impressos, audiovisuais e eletrônicos);

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b) Distinção pelas citações dos vários tipos de documentos (por exemplo:

livros, periódicos, teses etc.);

c) Utilização de vários esquemas de classificação ou outros sistemas

para localizar as fontes de informação junto aos serviços de

informação;

d) Utilização de serviços online ou pessoas especializadas disponíveis na

instituição para recuperar a informação necessária.

Seguindo esses parâmetros, torna-se importante variar as estratégias de

busca para, de uma forma ou de outra, alcançar o objetivo de obter a informação,

seja utilizando recursos eletrônicos ou diretamente com as fontes. Porém, sempre

levando em conta que as informações devem ser obtidas com as fontes primárias,

isto é, aquelas que originam as notícias, que dominam o assunto em questão e têm

propriedade para responder por ele.

Cabe ressaltar que, apesar das competências até aqui citadas terem sido

direcionadas à função do produtor e repórter, muitas delas devem estar presentes

na rotina dos demais profissionais da redação. Por exemplo, é desejável a todos os

jornalistas de uma redação que tenham competência em selecionar as notícias a

serem veiculadas, seguindo o perfil editorial do telejornal, e que criem estratégias de

busca de informações, valorizando as fontes primárias.

O quarto indicador de desempenho do “Padrão 2” estabelece que a

pessoa competente em informação “trabalha e melhora a estratégia de busca

quando necessário”. Neste, os resultados esperados de competência informacional

são:

a) Avaliação da quantidade, qualidade e relevância dos resultados da

pesquisa para determinar sistemas alternativos de recuperação da

informação ou métodos de pesquisa que precisam ser usados;

b) Identificação de lacunas na informação necessária face aos resultados

da pesquisa;

c) Revisão da estratégia de busca, caso seja necessário obter mais

informação.

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Nesse sentido, o repórter, quando vai colher as entrevistas para compor

sua reportagem, deve observar se as informações propostas pelo produtor na pauta

correspondem exatamente ao fato encontrado na externa.

É comum nas redações de televisão a apuração conter algumas

disparidades com o que é encontrado in loco, quando feita internamente pelo

produtor com as fontes, via telefone ou internet. Assim, cabe ao repórter readequar

essa informação, com vistas a tornar sua reportagem mais fiel à realidade. O

repórter também deve perguntar aos entrevistados pontos que ficaram pouco claros

na pauta. Caso sinta necessidade, o repórter deve pedir à produção que recolha

informações adicionais ao tema da reportagem.

O quinto e último indicador do “Padrão 2” afirma que a pessoa

competente em informação “extrai, registra e gerencia a informação e suas fontes.”

Espera-se, assim, os seguintes resultados:

a) Registro de todas as informações com as citações pertinentes para

futura referenciação bibliográfica;

b) Demonstração de que compreende como organizar e tratar a

informação obtida;

c) Diferenciação entre os tipos de fontes citadas e compreensão sobre os

elementos e a forma correta de citação para os vários tipos de fontes

de acordo com as normas de documentação vigentes.

Comparativamente aos resultados desejáveis desse indicador de

desempenho, cabe ao repórter ouvir e gravar seus entrevistados, orientar o

cinegrafista sobre as imagens que precisam ser feitas, a fim de assegurar uma boa

reportagem de TV.

Com base em todo o material colhido em campo, o repórter deve ser

capaz de fazer as escolhas corretas para produzir seu texto final e citar de onde as

informações foram obtidas. No caso da utilização de estatísticas e números, o

repórter precisa explicitar de onde vieram os dados.

E, conforme foi mencionado no capítulo anterior, com as tecnologias

disponíveis hoje, o repórter, diretamente da rua, pode corrigir informações já

publicadas na internet ou ainda enviar fotos e imagens complementares a esses

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conteúdos. Saber manusear esse tipo de equipamento é uma competência

necessária ao repórter de uma redação convergente.

Da mesma forma, os textos dos repórteres, escritos originalmente para os

offs de suas matérias, devem ser adaptados para alimentar os sites das emissoras e

sua participação em redes sociais, como Facebook e Twitter.

Neste caso, o texto acaba sofrendo influências das ferramentas

tecnológicas utilizadas pelos jornalistas. Sistemas que unificam a escrita nem

sempre tornam o texto adequado a cada uma das plataformas digitais. Acontece que

cada mídia exige uma linguagem específica para melhor transmitir a mensagem. O

texto escrito para ser impresso em papel tem características diferentes do texto de

televisão. Enquanto o impresso tem condições de proporcionar maior

aprofundamento de linguagem e vocabulário, o texto para televisão deve ser mais

conciso e simples, pelo imediatismo de sua exposição ao receptor.

Uma postagem no Twitter, limitada a 140 caracteres, não comporta

informações mais completas e contextualizadas, a não ser por meio de hiperlinks

que levem para páginas de notícias, vídeos, podcasts. Cada meio tem

características específicas que exigem serem levadas em conta na produção textual.

Isso também demanda conhecimentos específicos por parte do jornalista.

4.3 Avaliação crítica da informação e suas fontes na redação

.O “Padrão 3” corresponde à etapa de edição no processo de produção

jornalística. Belluzzo (2007) estabelece que a pessoa competente em informação

“avalia criticamente a informação e suas fontes”. Neste padrão, encontramos três

indicadores que podem ser relacionados à atividade de edição das reportagens

numa redação de televisão.

O primeiro indicador denota que a pessoa competente em informação

“demonstra conhecimento da maior parte das ideias da informação obtida.” Os

resultados desejáveis desse indicador são:

a) Seleção da informação relevante baseado na compreensão das ideias

contidas nas fontes de informação;

b) Reformulação de conceitos com suas próprias palavras;

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c) Identificação textual da informação que foi adequadamente transcrita

ou parafraseada.

O editor de texto, nesse sentido, não pode ir para uma ilha de edição sem

ter um bom conhecimento prévio do assunto da reportagem, caso contrário, é

possível que o resultado final contenha erros de informações, o que é falha muito

grave no trabalho do jornalista.

Em uma reportagem, cabe ao editor revisar o texto escrito pelo repórter, a

fim de determinar se o conteúdo a ser transmitido está claro e preciso. Ao inserir

trechos de entrevistas, cabe ao editor orientar o repórter sobre qual a melhor

maneira de interpretar as falas dos entrevistados nos offs que as precedem ou

sucedem. Também é preciso deixar claro de onde vêm as informações contidas

nesses offs.

O segundo indicador do “Padrão 3” afirma ser a pessoa competente em

informação quando “articula e aplica critérios de avaliação para a informação e as

fontes.” Os resultados esperados para este indicador são:

a) Exame e comparação da informação com as várias fontes para avaliar

a sua confiabilidade, validade, precisão, autoridade, atualidade e ponto

de vista ou tendências;

b) Analise sobre a lógica da argumentação da informação obtida;

c) Reconhecimento e descrição dos vários aspectos de uma fonte, seus

impactos e valor para o projeto de pesquisa, assim como as

tendências e impactos relacionados a pressupostos de ordem cultural,

geográfica ou histórica e/ou atualidade da fonte de informação;

d) Demonstração de habilidade para encontrar a informação sobre a

autoridade e qualificação de autores e ou editores-produtores;

e) Demonstração de que compreende e tem habilidade para interpretar

referências bibliográficas ou créditos encontrados nas fontes como

meios de acessar informação precisa e válida;

f) Demonstração de que compreende a necessidade de verificar a

precisão e completeza de dados ou fatos.

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Pensando nesses resultados, o editor de texto de televisão deve usar

seus conhecimentos não apenas sobre o assunto desenvolvido na reportagem, mas

também da língua e seus recursos estilísticos, das conjunturas que envolvem o tema

e até mesmo da ética profissional.

Neste momento, em que os trechos das entrevistas são selecionados

para a montagem da reportagem, o editor de texto deve ser muito cauteloso e

priorizar os aspectos mais relevantes da fala do entrevistado, sem deturpar o sentido

original das respostas.

Visando à produção para plataformas convergentes, o editor deve aqui

selecionar materiais complementares ao da matéria principal, para veicular nas

demais plataformas, exigindo, assim, conhecimento com os procedimentos de

editoração eletrônica e conversão de arquivos, para que os produtos finais possam

ser exibidos em sistemas distintos.

Aqui também é exigida atenção aos aspectos éticos da reportagem, como

a preservação de direitos das pessoas que participam da matéria. Um menor de

idade envolvido em um crime jamais deve ter sua imagem divulgada, mesmo que

consentida por ele próprio ou autorizada pelo responsável. Cabe ao jornalista

garantir a ele esse direito, mesmo se este for de desconhecimento da fonte.

Recursos disponíveis em ilhas de edição digitais permitem a inserção de “mosaicos”

sobre a imagem, impedindo a identificação de entrevistados. Saber utilizar esse tipo

de recurso com propriedade é competência exigida aos editores no processo digital.

Finalmente, o terceiro indicador do “Padrão 3” aponta competência em

informação necessária quando a pessoa “compara o novo conhecimento com o

conhecimento anterior para determinar o valor agregado, contradições e outra

característica da informação”. Este indicador tem como resultados desejáveis os

itens a seguir:

a) Determinar se a informação obtida é suficiente e adequada ou se é

necessário obter mais informação;

b) Avaliar se as fontes de informação são contraditórias;

c) Comparação entre a nova informação e o conhecimento prévio e outras

fontes consideradas como autoridade no assunto para conclusões;

d) Seleção de informação que traz evidências para o problema /tópico de

pesquisa ou outra informação necessária.

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O editor de texto deve, assim, refletir se o material montado na ilha de

edição corresponde ao que foi discutido previamente pela equipe na reunião de

pauta. Muitas vezes, as reportagens trazem temas imprevistos e é necessário avaliar

se fatos novos agregam valor à reportagem e se vão ao encontro do interesse

público.

Se um dado da pauta for conflitante com a fala de um entrevistado, urge

descobrir onde está a falha, se nas fontes consultadas pela produção ou na escolha

dos entrevistados.

Também é preciso avaliar se a reportagem realmente contribui para a

comunicação dos fatos e abordagens escolhidas pela equipe e ainda se há a

interesse de continuar a trabalhar com o tema nas próximas edições do telejornal.

4.4 Utilização da informação para alcançar objetivos e obter resultados na

redação

A etapa da edição diz respeito aos indicadores do “Padrão 4” de Belluzzo

(2007): “a pessoa competente em informação, individualmente ou como membro de

um grupo, usa a informação com efetividade para alcançar um objetivo/obter um

resultado”.

O primeiro indicador deste padrão refere-se à competência em

informação. A pessoa “é capaz de sintetizar as informações para desenvolver ou

completar um projeto”? Este indicador pressupõe os seguintes resultados:

a) Organização da informação, utilizando esquemas ou estruturas

diversas;

b) Demonstração de que compreende como usar as citações ou

paráfrases de um autor ou texto para apoiar as idéias e /ou

argumentos;

c) Reformulação de conceitos com suas próprias palavras;

d) Identificação textual da informação que foi adequadamente transcrita

ou parafraseada.

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O editor de texto, no fechamento de um telejornal, precisa dispor as

reportagens que serão exibidas de maneira compreensível ao telespectador,

introduzindo os assuntos objetivamente e complementando as matérias com notas

de serviço e respostas de pessoas citadas e não ouvidas nas reportagens, por

exemplo.

Sendo pertinente, é possível ainda recorrer a recursos audiovisuais para

tornar a reportagem mais informativa, como por exemplo, reportagens de arquivo ou

filmes que ilustrem as situações retratadas.

O segundo e último indicador do “Padrão 4” afirma que a competência em

informação se estabelece quando os resultados do projeto são “comunicados com

efetividade”. Para este indicador, esperam-se os seguintes resultados:

a) Utilização adequada das normas de documentação e o formato e

estilo apropriados para um projeto de comunicação;

b) Utilização de estilo e forma de linguagem e de redação apropriados,

com a indicação correta e consistente das fontes consultadas.

Identificamos aqui a exibição do telejornal, em suas múltiplas dimensões.

Um telejornal com informações corretas, mas equivocado no formato ou na

linguagem torna-se ineficiente. Da mesma maneira, ocorre o inverso. Um programa

bem formatado, belo plasticamente, sem erros de exibição, de enquadramento ou de

posicionamento de câmera e iluminação não cumprirá sua função de bem informar

caso seu conteúdo seja elaborado sem esmero.

O uso eficiente da tecnologia se torna fundamental nesse processo,

tornando, assim, imprescindível aos editores de telejornais estarem aptos a utilizar

softwares desenvolvidos para a automação de telejornais.

O jornalista inserido nas redações de TV digital convergente precisa se

adaptar e aprender a utilizar ferramentas inovadoras que auxiliem o

desenvolvimento de seu trabalho (POLETTINI, 2009). O ritmo acelerado de trabalho

em uma redação de TV só se torna possível com o auxílio de programas de

computador próprios para esse fim.

“O uso de softwares especiais para as redações facilita a organização do

trabalho. Esses programas permitem, por exemplo, a criação de páginas especiais

para laudas, pautas, agendas e relatórios.” (BARBEIRO, 2002, p. 115).

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Nas redações onde o processo de produção jornalística já foi digitalizado,

as ferramentas devem possibilitar que o material a ser exibido se integre com a

produção, reportagem e edição, facilitando a pesquisa e o acesso a imagens brutas,

textos dos repórteres, pautas e espelhos de jornais.

O software é uma interface eletrônica que permite toda a execução das

tarefas diárias em uma redação de telejornal. Os profissionais da redação trabalham

conectados à ferramenta, que exerce várias funções. Há por exemplo um espaço

para registrar idéias e sugestões de pauta. Caso o assunto seja aprovado em

reunião, pode se transformar em uma reportagem.

Também ficam à disposição do usuário os textos escritos pelos

repórteres. O armazenamento de informações é importante para fins de pesquisa

para futuras retomadas das reportagens. Os textos, depois de gravados, são

utilizados pelos editores para montar as reportagens. Outra aplicação do software é

a elaboração do “espelho” do telejornal. O “espelho” é um roteiro que relaciona a

sequência e tempo das reportagens a serem exibidas no telejornal. Traz também

informações auxiliares, como editores e repórteres responsáveis pelas matérias,

tempo de locução do apresentador, data de exibição, tempo de espaço na

programação etc.

Uma função dessas ferramentas digitais, tão importante quanto o

armazenamento de pesquisa de textos e espelhos, é permitir a comunicação online

entre os funcionários da redação.

O software dispõe de duas formas básicas de intercomunicação, como

mensagens instantâneas e correio eletrônico. As mensagens do correio eletrônico

ficam armazenadas em uma caixa de texto para serem acessadas a qualquer

momento. Já as mensagens instantâneas são utilizadas para a transmissão de

informações rápidas, normalmente em caráter de urgência.

4.5 Aspectos econômicos, legais, sociais e éticos

O último padrão descrito por Belluzzo (2007, p.101), o “Padrão 5”,

pressupõe que “a pessoa competente em informação compreende as questões

econômicas, legais e sociais da ambiência e do uso da informação e acessa e usa a

informação ética e legalmente”. Identificamos a premência de observar esse quesito

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em todas as etapas do processo de produção jornalística de uma emissora de TV

digital e convergente.

No primeiro indicador de desempenho neste padrão deduzimos que a pessoa

competente em informação “demonstra compreensão sobre as questões legais,

éticas e sócio-econômicas que envolvem a informação, a comunicação e a

tecnologia”. Os resultados desejáveis são:

a) Identificação e discussão de questões relacionadas ao livre acesso

versus o acesso restrito e o pagamento de serviços de informação e

comunicação;

b) Demonstração de que compreende as questões ligadas ao direito

nacional e internacional de propriedade intelectual e as leis de

imprensa, além de outros quesitos da Deontologia;

c) Definição e identificação de exemplos de plágio;

d) Demonstração de conhecimento sobre as políticas institucionais sobre

o plágio e os direitos autorais

Somente tendo essa compreensão desses itens é possível exibir um

conteúdo informativo sem atentar aos direitos das pessoas envolvidas nas notícias,

sem expô-las ao constrangimento. A utilização de músicas como trilhas sonoras de

reportagens devem ser feitas mediante o respectivo pagamento de direito autoral. O

mesmo vale para informações obtidas de agências de notícias. A redação precisa

manter contratos com essas agências para poder veicular o material por elas

oferecido.

É preciso ainda discutir com frequência nas redações as questões

relativas ao texto. Com a digitalização da escrita, ficou fácil a reprodução de textos

escritos originalmente por outros autores. Com a correria nas redações em função

do deadline, muitas vezes os jornalistas podem recorrer a certas “facilidades” na

hora de elaborar o texto. Ao copiar o texto de outro autor e utilizá-lo

indiscriminadamente em uma reportagem, o repórter pode estar incorrendo no crime

de plágio e deverá arcar com as responsabilidades.

O indicador seguinte do “Padrão 5” envolve também questões

relacionadas aos direitos autorais. Afirma que a competência em informação se

estabelece quando se “cumpre as leis, regulamentos, políticas institucionais e

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normas relacionadas ao acesso e uso às fontes de informação”. Os resultados

desejáveis são:

a) Utilização adequada de passwords para acesso às fontes de

informação;

b) Obediência às políticas institucionais de acesso às fontes de

informação;

c) Preservação da integridade das fontes de informação, equipamentos

sistemas e instrumentos disponibilizados para o acesso e uso da

informação;

d) Demonstração de conhecimento sobre o que é o plágio e como não

usá-lo em suas comunicações;

e) Obtenção de permissão para copiar textos, imagens ou sons incluídos

em seu produto final.

Assim, não basta ter consciência sobre a necessidade de atribuir as

corretas autorias dos textos dos jornalistas. É preciso cumprir a legislação, sob o

risco de colocar em cheque a credibilidade da empresa como fonte de informação à

sociedade.

Bem próximo dos dois indicadores anteriores está o terceiro e último

indicador de desempenho dentro do “Padrão 5” de Belluzzo. Ele afirma que a

pessoa competente em informação “indica as fontes de informação nas

comunicações do produto ou resultados”. Neste indicador, são desejáveis os

seguintes resultados:

a) Utilização de estilo e forma de linguagem e de redação apropriados,

com a indicação correta e consistente das fontes consultadas;

b) Identificação de elementos de citação para as fontes de informação

consultadas em diferentes formatos;

c) Demonstração de que compreende as normas de documentação

recomendadas para a sua área de pesquisa/estudo.

Assim, nos telejornais, todas as fontes utilizadas para compor as

reportagens devem ser corretamente creditadas, sejam conteúdos audiovisuais

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(como imagens cedidas por outras emissoras, imagens de cinegrafista amador,

trechos de filmes), fotografias ou texto, respeitando-se sempre a autoria original.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para atender às demandas informacionais na era da convergência de

mídias, as redações de jornalismo de emissoras de TV digital devem incluir em seu

escopo, como se discutiu até aqui, o planejamento e elaboração de conteúdos

digitais para múltiplas plataformas. Levando-se em consideração os avanços na

implantação das transmissões digitais no Brasil – com meta de desligamento do

sistema analógico em 2016 – e o aquecimento do mercado de eletroeletrônicos em

todo o planeta, especialmente entre as inovações para dispositivos móveis e

portáteis de informação e comunicação, as redações têm ainda mais urgência se

adaptarem a essa realidade, num processo aparentemente irreversível.

Um desafio a ser vencido, principalmente pelas empresas de

comunicação de menor porte e TVs universitárias – e que pode fazer com que o

sistema digital de TV ainda tenha que conviver por muitos anos com o analógico – é

a barreira econômica. A digitalização do sistema de produção e transmissão digitais

em televisão exige não apenas grandes investimentos financeiros em tecnologia,

mas em toda sua cadeia produtiva, sendo também necessários investimentos em

recursos humanos, capacitação e formação profissional.

Este estudo apresentou apenas um dos aspectos que merecem atenção

nesse processo, tanto por parte da academia quanto pelas organizações, que é o

desenvolvimento de competências informacionais. É fundamental que todos os

profissionais envolvidos na produção televisiva digital saibam operar a tecnologia de

processamento, arquivamento e recuperação da informação. Da mesma forma, é

preciso que tenham competência para agir e interferir de forma inteligente nesse

processo, de natureza multitarefa.

No entanto, outros aspectos inerentes ao processo digital de produção

jornalística para múltiplas plataformas se mostram férteis campos de pesquisa.

Neste trabalho, apontamos brevemente alguns deles.

A arquitetura de uma redação jornalística convergente, incluindo sua

construção física, disposição de móveis, maquinários e demais periféricos

tecnológicos deverá seguir parâmetros específicos para tornar o processo de

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produção mais eficiente. Experiências descritas neste trabalho podem dar uma pista

para novas soluções e elaboração de projetos nesse sentido. Por exemplo, a

existência de uma mesa central na redação, onde os editores de cada plataforma se

reúnam para discutir os respectivos focos e extensão da cobertura de um mesmo

fato noticioso. As redações deverão ser amplas, de ambiente único, onde todos os

profissionais se vejam, se encontrem e estabeleçam efetiva comunicação

interpessoal, o que não dispensa as ferramentas tecnológicas para troca de

informação em tempo real.

Outras soluções poderiam ser pensadas, no sentido de tornar a circulação

de informações mais eficientes. Experiências como as desenvolvidas pelo Newsplex

(newsplex.sc.edu) – redação convergente experimental mantida pela WAN-Ifra, na

Universidade da Carolina do Norte, nos EUA – apontam algumas diretrizes. Os

“espelhos” do telejornal, assim como as páginas principais da internet abastecidas

pela redação, são projetados em grandes telões, em tempo real, de modo que todos

que estejam no ambiente compartilhem o desenrolar dos fatos ao longo do

processo.

As mudanças nas redações podem impactar futuramente na

nomenclatura de algumas funções exercidas pelos jornalistas na redação, conforme

também observamos brevemente neste estudo. Em redações como a regional da

BBC em Nottingham, na Inglaterra, os editores são chamados simplesmente de

“outputs” e os repórteres que fazem sozinhos toda a produção, captura e edição de

informações são os personal digital production operators.

A função de “produtor de reportagens” não se resume mais a apenas

“produzir reportagens”. Inclui o domínio de todo um aparato tecnológico de acesso e

recuperação de informações além de métodos de planejamento adequado à

produção direcionada a diversas plataformas digitais. Esse produtor, multimídia por

natureza, deve ser denominado de forma mais abrangente. Ao longo da história da

televisão, funções foram criadas e outras desapareceram, como a de operador de

VT (videotape), da época em que as câmeras eram pesados dispositivos divididos

em duas grandes partes: a câmera propriamente dita e o gravador de VT, que era

carregado e acionado por um auxiliar. Com o desenvolvimento de câmeras menores,

mais leves e multifuncionais, essa função desapareceu. Outra função eliminada pela

digitalização é a do “exibidor”, profissional que posicionava e disparava as fitas

magnéticas nos dispositivos de reprodução durante o telejornal ao vivo. Essa figura

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tornou-se desnecessária nas redações, já que seu trabalho foi substituído pelos

“players” digitais programáveis.

Nesse novo contexto laboral, há que se considerar a urgente revisão nos

acordos coletivos estabelecidos entre jornalistas e sindicatos. Atualmente existe uma

pressão dos sindicatos para que as funções na redação sejam cuidadosamente

definidas.

A rigor, o mesmo profissional exercer diversas funções numa redação vai

contra os dispositivos regulatórios da categoria, evidenciando “acúmulo de função”.

Caso ocorra, o contratante deve pagar adicionais condizentes às múltiplas

atribuições do profissional, onerando o processo e sobrecarregando os profissionais.

Por outro lado, é característica da era da informação as funções

multifacetadas, que exige do profissional muito mais que uma única atividade

clássica da redação. Toda a cadeia produtiva, bem como seus planejadores,

pensadores e dirigentes estão convocados à reengenharia dos projetos, processos e

produtos jornalísticos.

Os acordos coletivos são pensados para proteger o trabalhador de uma

possível “exploração” de mão-de-obra barata. Mas, nesse período que poderíamos

chamar de “transição para o processo digital”, é necessário redimensionar as

atribuições de cada profissional na redação e elencar áreas que requerem definições

laborais mais precisas. Nesta direção, o presente trabalho pode servir de guia.

Os conteúdos digitais são criados a partir de qualquer uma das etapas do

processo produtivo jornalístico televisivo. Assim, uma possível solução talvez

passasse pela readequação da nomenclatura das funções, criando-se novas

categorias profissionais dentro do jornalismo de televisão, algo como “processador

de informações multimídia”, “pesquisador de dados”, “gestor de conteúdos digitais”,

“produtor e roteirista multiplataforma”, “planejador de pautas convergentes”, “coletor

de imagens” e assim por diante.

Igualmente a todas as transições históricas, o desenvolvimento

tecnológico traz conseqüências nas relações de trabalho. É prudente descobrir

formas de tornar esse processo menos traumático nas organizações, readequando o

quadro funcional e promovendo constantes treinamentos e capacitações. Aos

gestores de redações, cabe encontrar maneiras de promover as competências na

equipe, no sentido de buscar um processo produtivo mais eficiente para atender às

demandas de mídias convergentes.

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No campo da formação profissional, os fatos apontam para a premente

revisão curricular dos cursos de graduação de jornalismo e demais áreas da

Comunicação Social.

A TV universitária – enquanto laboratório de pesquisa – pode ser um bom

caminho para experimentação de novos arranjos produtivos em redações de

telejornalismo convergente. Cabe às TVs ligadas às universidades instituir

eaprimorar projetos, processos e produtos cujas finalidades sejam o ensino, a

pesquisa e a extensão desse novo escopo do jornalismo. As universidades,

sobretudo as públicas, têm o dever de intervir nessa realidade e, para que se

encontrem soluções modelares para todo o mercado.

Para tanto, é preciso que a universidade esteja globalmente envolvida e

crie políticas específicas para o desenvolvimento das TVs universitárias,

incentivando as pesquisas aplicadas, adquirindo e criando ferramentas tecnológicas

adequadas às novas demandas da era da informação.

Dessa forma, portas são abertas para futuras pesquisas no campo da

análise de processos de produção jornalística para televisão e demais plataformas

digitais. Há muito que se investigar: de aspectos éticos, legais, organizacionais,

estéticos, até o refinamento das competências específicas acerca dos novos

procedimentos e fluxos nas redações. Estas, também, são as expectativas futuras

do nosso trabalho, que não termina aqui.

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ANEXOS

ANEXO 1 – Cópia digital de diagrama publicado pela Folha de S.Paulo, em 19/02/2011,

no caderno “90 Anos”, páginas 38 e 39. (parte 1).

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ANEXO 1 – Cópia digital de diagrama publicado pela Folha de S.Paulo, em 19/02/2011,

no caderno “90 Anos”, páginas 38 e 39. (parte 2).

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ANEXO 2 - Reprodução do quadro Padrões básicos e/ou indicadores de desempenho (BELLUZZO, 2007, 95-103).

PADRÃO 1 – A pessoa competente em informação determina a natureza e a

extensão da necessidade de informação

• Indicador de Desempenho

1.1 Define e reconhece a necessidade de informação

• Resultados Desejáveis

1.1.1 Identifica um tópico de pesquisa ou outra informação necessária

1.1.2 Formula questões apropriadas baseado na informação necessária ou tópico de

pesquisa

1.1.3 Usa fontes de informação gerais ou específicas para aumentar o seu

conhecimento

1.1.4 Modifica a informação necessária ou o tópico de pesquisa para concluir o foco

sob controle

1.1.5 Identifica conceitos e palavras-chave que representam a informação necessária

ou o tópico de pesquisa/questão

• Indicador de Desempenho

1.2 Identifica uma variedade de tipos e formatos de fontes de informação potenciais

• Resultados Desejáveis

1.2.1 Identifica o valor e as diferenças de potencialidades de fontes em uma

variedade de formatos (documentos impressos e eletrônicos, pessoas, instituições,

etc.)

1.2.2 Identifica o propósito e o tipo de informação a que se destinam as fontes

1.2.3 Diferencia fontes primárias de secundárias, reconhecendo o seu uso e a sua

importância para cada área específica

• Indicador de Desempenho

1.3 Considera os custos e benefícios da aquisição da informação necessária

• Resultados Desejáveis

1.3.1 Determina a disponibilidade da informação necessária e toma decisões sobre as

estratégias de pesquisa da informação e o uso de serviços de informação e qual a

mídia adequada (por exemplo: intercâmbio, utilização de fontes locais, obtenção de

imagens, vídeos, textos ou registros sonoros, etc.)

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1.3.2 Determina um planejamento exeqüível e um cronograma adequado para a

obtenção da informação necessária

PADRÃO 2 – A pessoa competente em informação acessa a informação

necessária com efetividade.

• Indicador de Desempenho

2.1 Seleciona os métodos mais apropriados de busca e/ou sistemas de recuperação

da informação para acessar a informação necessária

• Resultados Desejáveis

2.1.1 Identifica os tipos de informação contidos em um sistema tradicional e os tipos

de fontes indexadas eletronicamente

2.1.2 Seleciona apropriadamente os sistemas de recuperação de informação para

pesquisar o problema/tópico baseado na investigação da sua abrangência, conteúdo,

organização e solicita ajuda para pesquisar em diferentes instrumentos como as

bases de dados, fontes de referência e outras

2.1.3 Identifica outros métodos de pesquisa para obter a informação necessária, os

quais podem não estarem disponíveis por meio dos sistemas de recuperação da

informação tradicionais e eletrônicos (por exemplo: necessidade de fazer entrevistas

com especialistas, etc.)

• Indicador de Desempenho

2.2 Constrói e implementa estratégias de busca delineadas com efetividade

• Resultados Desejáveis

2.2.1 Desenvolve um plano de pesquisa apropriado aos sistemas de recuperação da

informação e/ou método de pesquisa

2.2.2 Identifica palavras-chave, frases, sinônimos e termos relacionados com a

informação necessária

2.2.3 Seleciona vocabulário controlado específico como instrumento de pesquisa e

identifica quando o vocabulário controlado é usado em um item registrado e executa a

pesquisa com sucesso usando adequadamente o vocabulário selecionado

2.2.4 Constrói e implementa uma estratégia de busca usando códigos e comandos de

acordo com o sistema de recuperação de informação utilizado (por exemplo: a lógica

booleana, ordem alfabética de termos, referência cruzada, etc.)

2.2.5 Utiliza a auto-ajuda dos sistemas de recuperação e outros meios (por exemplo:

profissionais da informação) para melhorar os seus resultados

• Indicador de Desempenho

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2.3 Busca a informação via eletrônica ou com pessoas utilizando uma variedade de

métodos.

• Resultados Desejáveis

2.3.1 Usa vários sistemas de recuperação da informação em uma variedade de

formatos (impressos e eletrônicos)

2.3.2 Distingue pelas citações os vários tipos de documentos (por exemplo: livros,

periódicos, teses, etc.)

2.3.3 Utiliza vários esquemas de classificação ou outros sistemas para localizar as

fontes de informação junto aos serviços de informação

2.3.4 Utiliza serviços on-line ou pessoas especializadas disponíveis na instituição

para recuperar a informação necessária

• Indicador de Desempenho

2.4 A pessoa competente em informação retrabalha e melhora a estratégia de busca

quando necessário

• Resultados Desejáveis

2.4.1 Avalia a quantidade, qualidade e relevância dos resultados da pesquisa para

determinar sistemas alternativos de recuperação da informação ou métodos de

pesquisa ainda precisam ser usados

2.4.2 Identifica lacunas na informação necessária face aos resultados da pesquisa

2.4.3 Revisa a estratégia de busca se for necessário obter mais informação

• Indicador de Desempenho

2.5 A pessoa competente em informação extrai, registra e gerencia a informação e

suas fontes

• Resultados Desejáveis

2.5.1 Registra todas as informações com as citações pertinentes para futura

referenciação bibliográfica

2.5.2 Demonstra compreender como organizar e tratar a informação obtida

2.5.3 Diferencia entre os tipos de fontes citadas e compreende os elementos e a

forma correta de citação para os vários tipos de fontes de acordo com as normas de

documentação vigentes

Padrão 3 – A pessoa competente em informação avalia criticamente a

informação e as suas fontes

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• Indicador de Desempenho

3. 1 Demonstra conhecimento da maior parte das idéias da informação obtida

• Resultados Desejáveis

3.1.1 Seleciona a informação relevante baseado na compreensão das idéias contidas

nas fontes de informação

3.1.2 Reformula conceitos com suas próprias palavras

3.1.3 Identifica textualmente a informação que foi adequadamente transcrita ou

parafraseada

• Indicador de Desempenho

3.2 Articula e aplica critérios de avaliação para a informação e as fontes

• Resultados Desejáveis

3.2.1 Examina e compara a informação de várias fontes para avaliar a sua

confiabilidade, validade, precisão, autoridade, atualidade e ponto de vista ou

tendências

3.2.2 Analisa a lógica da argumentação da informação obtida

3.2.3 Reconhece e descreve os vários aspectos de uma fonte, seus impactos e valor

para o projeto de pesquisa, assim como as tendências e impactos relacionados a

pressupostos de ordem cultural, geográfica ou histórica e/ou atualidade da fonte de

informação

3.2.4 Demonstra a habilidade de encontrar a informação sobre a autoridade e

qualificação de autores e ou editores-produtores

3.2.5 Demonstra compreensão e habilidade para interpretar referências bibliográficas

ou créditos encontrados nas fontes como meios de acessar informação precisa e

válida

3.2.6 Demonstra compreensão da necessidade de verificar a precisão e completeza

de dados ou fatos

• Indicador de Desempenho

3.3 Compara o novo conhecimento com o conhecimento anterior para determinar o

valor agregado, contradições ou outra característica da informação

• Resultados Desejáveis

3.3.1 Determina se a informação obtida é suficiente e adequada ou se é necessário

obter mais informação

3.3.2 Avalia se as fontes de informação são contraditórias

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3.3.3 Compara a nova informação com o conhecimento próprio e outras fontes

consideradas como autoridade no assunto para conclusões

3.3.4 Seleciona a informação que traz evidências para o problema /tópico de pesquisa

ou outra informação necessária

Padrão 4 – A pessoa competente em informação, individualmente ou como

membro de um grupo, usa a informação com efetividade para alcançar um

objetivo/obter um resultado

• Indicador de Desempenho

4.1 É capaz de sintetizar a informação para desenvolver ou completar um projeto

• Resultados Desejáveis

4.1.1 Organiza a informação, utilizando esquemas ou estruturas diversas

4.1.2 Demonstra compreender como usar as citações ou paráfrases de um autor ou

texto para apoiar as idéias e /ou argumentos (Ver também 3.1.2 e 3.1.3)

• Indicador de Desempenho

4.2 Comunica os resultados do projeto com efetividade

• Resultados Desejáveis

4.2.1 Utiliza adequadamente as normas de documentação e o formato e estilo

apropriados para um projeto científico (Ver também 5.3.1)

Padrão 5 – A pessoa competente em informação compreende as questões

econômicas, legais e sociais da ambiência do uso da informação e acessa e usa

a informação ética e legalmente

• Indicador de Desempenho

5.1 Demonstra compreensão sobre as questões legais, éticas e sócio-econômicas

que envolvem a informação, a comunicação e a tecnologia

• Resultados Desejáveis

5.1.1 Identifica e discute questões relacionadas ao livre acesso versus o acesso

restrito e o pagamento de serviços de informação e comunicação

5.1.2 Demonstra compreensão acerca das questões ligadas ao direito nacional e

internacional de propriedade intelectual e as leis de imprensa

5.1.3 Define e identifica exemplos de plágio

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5.1.4 Demonstra conhecer as políticas institucionais sobre o plágio e os direitos

autorais

• Indicador de Desempenho

5.2 Cumpre as leis, regulamentos, políticas institucionais e normas relacionadas ao

acesso e uso às fontes de informação

• Resultados Desejáveis

5.2.1 Utiliza adequadamente os passwords para acesso às fontes de informação

5.2.2 Obedece às políticas institucionais de acesso às fontes de informação

5.2.3 Preserva a integridade das fontes de informação, equipamentos sistemas e

instrumentos disponibilizados para o acesso e uso da informação

5.2.4 Demonstra conhecimento do que é o plágio e como não usá-lo em suas

comunicações

5.2.5 Obtém permissão para copiar textos, imagens ou sons incluídos em seu produto

final

• Indicador de Desempenho

5.3 Indica as fontes de informação nas comunicações do produto ou resultados

• Resultados Desejáveis

5.3.1 Utiliza estilo e forma de linguagem e de redação apropriados, com a indicação

correta e consistente das fontes consultadas

5.3.2 Identifica elementos de citação para as fontes de informação consultadas em

diferentes formatos

5.3.3 Demonstra compreensão das normas de documentação recomendadas para a

sua área de pesquisa/estudo