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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP- BAURU FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENHO INDUSTRIAL MARISTELA GOMES DE CAMARGO ANÁLISE DA PERCEPÇÃO TÉRMICA DOS CARTEIROS DO CDD-LONDRINA EM RELAÇÃO AO UNIFORME UTILIZADO EM AMBIENTE QUENTE. BAURU 2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP- BAURU FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENHO INDUSTRIAL

MARISTELA GOMES DE CAMARGO

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO TÉRMICA DOS CARTEIROS DO CDD-LONDRINA EM RELAÇÃO AO UNIFORME UTILIZADO EM AMBIENTE QUENTE.

BAURU 2007

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MARISTELA GOMES DE CAMARGO

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO TÉRMICA DOS CARTEIROS DO CDD-LONDRINA EM RELAÇÃO AO UNIFORME UTILIZADO EM AMBIENTE QUENTE.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenho Industrial – Área de concentração: Ergonomia, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista – Campus de Bauru, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Desenho Industrial.

Orientadora: Profª Drª Léa Cristina Lucas de Souza

BAURU 2007

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MARISTELA GOMES DE CAMARGO

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO TÉRMICA DOS CARTEIROS DO CDD-LONDRINA EM

RELAÇÃO AO UNIFORME UTILIZADO EM AMBIENTE QUENTE.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenho Industrial – Área de concentração: Ergonomia, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista – Campus de Bauru, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Desenho Industrial.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Lea Cristina Lucas de Souza Presidente da Banca Examinadora

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Profª. Drª. Maria Solange Gurgel de Castro Fontes Membro da Banca Examinadora

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Profª. Drª. Suzana Barreto Martins Membro da Banca Examinadora Universidade Federal do Paraná

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Dedico este trabalho a minha família, em especial ao meu pai, Edson e as minhas irmãs Débora e Célia, pelo apoio e carinho e por estarem sempre presentes,

principalmente nos momentos que mais precisei. A amiga Érika Uehara, pela amizade e apoio.

A todos os carteiros do Brasil.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Ronaldo Salvador Vasques, meus sinceros agradecimentos,

pela compreensão e companheirismo demonstrados e pelo auxílio dado durante

todo o processo de estruturação deste trabalho.

A Professora Drª Léa Cristina Lucas de Souza, pela confiança depositada,

pela ajuda necessária e conhecimentos transmitidos.

A Professora Drª Maria Solange Gurgel de Castro Fontes pela sugestão e

colaboração dadas para o enriquecimento do meu projeto.

Aos Srs Antônio e Rodilson de Moraes do Centro de Tratamento de Cartas e

Encomendas de Londrina, pelo consentimento dado à realização da pesquisa no

Centro de Distribuição Domiciliária - CDD, pela atenção e gentileza.

Ao Gerente do CDD Sr. Valdinei H. da Costa e ao Sr. José Roberto Moraes

pela cordialidade, atenção e assistência dada durante o desenvolvimento do

trabalho.

Aos carteiros do CDD, em especial aos que fizeram parte da amostra, pela

importante colaboração que deram para a elaboração da pesquisa. Meu afeto e

minha gratidão

Ao meu cunhado Carlos R. Cicchilli, pela paciência, compreensão e

camaradagem.

A Dna Zilda Reiko Uehara pelos conselhos e ajuda de mãe dados

principalmente nos momentos difíceis pelos quais passei, minha eterna gratidão.

As minhas amigas Adriana Gonçalves e Cristiane Nunes Santos pelo apoio,

incentivo, confiança e amizade sincera.

A todos os meus amigos queridos que de alguma forma colaboraram em

algum momento para o meu bem estar físico e emocional tornando possível a

concretização deste trabalho.

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“Quanto mais as pessoas acreditam em uma coisa,

quanto mais se dedicam a ela, mais

podem influenciar no seu acontecimento.”

DOV EDEN

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RESUMO

A questão ergonômica de conforto térmico visa a satisfação das pessoas quanto às

condições de temperatura dos ambientes em que se encontram inseridas. Existem

fatores que interferem nesta satisfação e são analisados nos estudos de conforto.

Dentre estes fatores encontra-se o vestuário, o mais próximo do homem e que,

dependendo da situação térmica encontrada, pode contribuir para o desconforto,

tornando-se inadequado à atividade executada e à temperatura ambiente. Neste

sentido, este estudo tem como objetivo analisar o uniforme dos carteiros do CDD-

Londrina quanto às questões térmicas que envolvem o ambiente de trabalho e o tipo

de atividade que executam. Definiu-se os carteiros como objeto de análise devido ao

fato de permanecerem em ambiente interno não climatizado e externo sob sol e

realizarem o trabalho a pé. A temperatura elevada foi outro fator considerado neste

estudo com o objetivo de testar a reação do vestuário frente à condição de calor

excedente e exposição ao sol.

Palavras-chave: Ergonomia, Conforto Térmico, Uniforme do Carteiro.

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ABSTRACT

The ergonomic subject of thermal comfort seeks people's satisfaction in relation to

the conditions of temperature of the environment. Factors interfering in this

satisfaction are analyzed in comfort studies. Among these factors are the clothes,

which are the closest one to man body. Depending on the thermal situation, the

clothes can contribute to the discomfort, becoming inadequate to the activity

developed and to the environment temperature as well. In this sense, this study aims

a thermal analysis of the postmen's uniform of the CDD in Londrina. This analysis

deals with the environment and the kind of activity developed. These postmen work

in a non-acclimatized internal environment and also under sunny external conditions

with walking activities. The high temperature was another factor considered in this

study in order to test the reaction of the clothes under extreme heat conditions and

sun exposition.

Key-words: Ergonomics, Thermal Comfort, Uniform of the Postman.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................... 1

1.1 OBJETIVO.......................................................................................... 3

2 A ERGONOMIA, O ORGANISMO HUMANO E O CONFORTO

TÉRMICO........................................................................................... 4

2.1 CONTRIBUIÇÕES DA ERGONOMIA................................................ 5

2.2 A ERGONOMIA E OS PRODUTOS................................................... 7

2.3 ERGONOMIA E CONFORTO TÉRMICO NO AMBIENTE DE

TRABALHO......................................................................................... 9

2.3.1 Resposta do organismo frente ao calor......................................... 11

2.4 CONFORTO TÉRMICO...................................................................... 13

2.4.1 Variáveis climáticas.......................................................................... 15

2.4.2 Variáveis pessoais ou individuais................................................... 18

2.4.2.1 Fornecimento energético dos alimentos............................................. 18

2.4.2.2 Taxa metabólica................................................................................. 20

2.4.2.3 Mecanismo termo-regulador............................................................... 22

3 INTERFERÊNCIA DA VESTIMENTA NA RELAÇÃO

CORPO/AMBIENTE........................................................................... 25

3.1 ISOLAMENTO TÉRMICO DA ROUPA............................................... 28

3.2 O PRODUTO DE VESTUÁRIO.......................................................... 30

3.2.1 Materiais têxteis: da fibra ao tecido................................................ 31

3.2.1.1 Fibras têxteis....................................................................................... 32

3.2.1.2 Características das fibras................................................................... 33

3.2.1.3 O algodão e os sintéticos................................................................... 35

3.2.1.4 Fiação e tecelagem............................................................................ 38

4 AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO........................................ 43

5 METODOLOGIA ............................................................................... 47

5.1 COLETA DE DADOS ......................................................................... 48

5.1.1 Instrumentos e métodos.................................................................. 49

5.1.2 População e amostra........................................................................ 51

5.2 ÁREA DE ESTUDO............................................................................ 51

5.3 O AMBIENTE DE TRABALHO........................................................... 53

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5.4 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA................... 55

5.5 O UNIFORME DOS CARTEIROS ..................................................... 61

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................... 63

6.1 DADOS SOBRE A AVALIAÇÃO TÉRMICA....................................... 66

6.2 TAXA METABÓLICA.......................................................................... 70

6.3 ESTIMATIVA DO VALOR DE ISOLAMENTO TÉRMICO DA

ROUPA............................................................................................... 71

6.4 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO TÉRMICA ............................................. 73

6.4.1 A relação IMC/percepção térmica .................................................. 73

6.4.2 Análise da sensibilidade subjetiva e conforto térmico................. 76

6.4.2.1 Estimativa de conforto térmico............................................................ 82

6.5 RESPOSTA DO CORPO AO CALOR E REAÇÃO DO

VESTUÁRIO....................................................................................... 95

6.6 ANÁLISE DO UNIFORME.................................................................. 102

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 110

7.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES GERAIS................................. 114

REFERÊNCIAS.................................................................................. 116

APÊNDICES...................................................................................... 120

ANEXOS............................................................................................ 139

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Somatória dos valores de clo das peças de roupa que compõe

o vestuário segundo a ISO 7730/94. Fonte: Thermal Comfort,

acesso em: 14 fev. 2007.............................................................. 28

Figura 2 Desenho dos tipos de ligamentos têxteis mais comuns. Fonte:

Jones (2005, p. 122).................................................................... 39

Figura 3 Malha por trama, entrelaçamento formando o curso e a coluna.

Fonte: Ribeiro (1984)................................................................... 40

Figura 4 Malha por urdume, entrelaçamento formando o curso e a

coluna. Fonte: Ribeiro (1984)..................................................... 40

Figura 5 Trama dos tecidos: 1- malha; 2- tecido plano-armação em tela;

3 - sarja de gabardini. Fonte: Jones (2005, p.122)..................... 41

Figura 6 Porcentagem de insatisfeitos em função do PMV. Fonte: ISSO

7730/94 (traduzido)..................................................................... 45

Figura 7 Interface do programa RayMan – versão 1.2.0.0........................ 46

Figura 8 Localização de Londrina no Paraná. Fonte: Cadernos

Municipais IPARDES 2007.......................................................... 52

Figura 9 Mapa limites do município de Londrina. Fonte: Cadernos

Municipais IPARDS 2007............................................................. 52

Figura 10 Imagem de manta térmica e ventiladores no interior do

barracão....................................................................................... 53

Figura 11 Instalação do CDD-Londrina....................................................... 54

Figura 12 Setor de registrados e atendimento ao público........................... 55

Figura 13 Localização do CDD, área central em Londrina. Fonte: Google

Earth plus (2007)......................................................................... 55

Figura 14 Carteiros realizando o trabalho de triagem.................................. 56

Figura 15 Trabalho realizado em pé e sentado........................................... 57

Figura 16 Ordenamento das correspondências.......................................... 57

Figura 17 Carteiro colocando a correspondência no setor indicado na

prateleira..................................................................................... 58

Figura 18

Carteiros realizando a entrega das correspondências................ 59

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Figura 19 Carteiro atravessando a rua para entregar as

correspondências. O vai e vem das ruas. .................................. 59

Figura 20 Carteiro guardando os malotes para abastecer as caixas dos

pontos de apoio, enquanto o outro abre a caixa de apoio para

recarregar a bolsa com correspondências................................. 60

Figura 21 Carteiros caminhando pelas ruas da cidade sob radiação solar

das 12:20. .................................................................................. 61

Figura 22 Uniforme utilizado pelos carteiros............................................... 62

Figura 23 Resultado população por sexo.................................................... 64

Figura 24 Resultado quanto à prática de atividade física............................ 64

Figura 25 Resultado dos grupos de alimentos consumidos........................ 64

Figura 26 Resultado da característica da atividade desenvolvida............... 65

Figura 27 Resultado da intensidade da atividade executada...................... 65

Figura 28 Resultado das características térmicas do ambiente de

trabalho........................................................................................ 65

Figura 29 Resultado sobre a adequação do uniforme à atividade............... 66

Figura 30 Resultado das características de conforto do uniforme............... 66

Figura 31 Resultado das medições ambientais do dia 16/03...................... 67

Figura 32 Resultado das medições ambientais do dia

29/03........................................................................................... 68

Figura 33 Resultado das medições ambientais do dia 29/03 no interior do

CDD à tarde................................................................................. 68

Figura 34 Resultado sensação térmica do dia 16/03............................. 77

Figura 35 Resultado da satisfação térmica do dia 16/03............................. 77

Figura 36 Resultado da sensação térmica do dia 29/03.............................. 78

Figura 37 Resultado da satisfação térmica do dia 29/03............................. 79

Figura 38 Comparativo de sensação térmica avaliada da

manhã......................................................................................... 80

Figura 39 Comparativo de sensação térmica avaliada no período da

tarde............................................................................................ 80

Figura 40 Comparativo de satisfação térmica avaliada no período da

manhã.........................................................................................

81

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Figura 41 Comparativo de satisfação térmica avaliada no período da

tarde.......................................................................................... 82

Figura 42 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

16/03 10h30 da manhã.............................................................. 84

Figura 43 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

16/03, 11h30 da manhã............................................................... 85

Figura 44 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

16/03, 11h50 da manhã............................................................... 86

Figura 45 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

16/03, 12h35 da tarde................................................................ 87

Figura 46 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

16/03, 14h35 da tarde................................................................. 88

Figura 47 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

16/03, 15h50 da tarde................................................................. 89

Figura 48 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

29/03, 10h00 da manhã.............................................................. 90

Figura 49 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

29/03, 11h25 da manhã.............................................................. 91

Figura 50 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

29/03, 12h00 da tarde............................................................ 92

Figura 51 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

29/03, 14h10 da tarde.................................................................. 93

Figura 52 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 29/03, 16h04 da tarde.................................................................. 94

Figura 53 Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia

29/03, 17h20 da tarde.................................................................. 95

Figura 54 Resultado da resposta do corpo a atividade e temperatura do

dia 16/03..................................................................................... 96

Figura 55 Resultado da resposta do vestuário à produção de calor e suor

do organismo do dia 16/03.......................................................... 98

Figura 56 Resultado da resposta do vestuário à produção de calor e suor

do organismo do dia 29/03.......................................................... 100

Figura 57 Resultado sobre a resposta do corpo a atividade e temperatura

do dia 29/03................................................................................. 101

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Figura 58 Modelo da camiseta manga curta................................................ 106

Figura 59 Modelo da calça masculina dos carteiros.................................... 106

Figura 60 Modelo da bermuda masculina.................................................... 108

Figura 61 Modelo da camiseta manga longa............................................... 108

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tabela de taxas de metabolismo para várias atividades.

Fonte: ISO 7730 (1994, p. 6) traduzido..................................... 22

Tabela 2 Isolamento térmico para peças de roupa (modificada). Fonte:

ISO 7730 (1994, p. 26)............................................................... 29

Tabela 3 Descrição das propriedades físicas das fibras têxteis. Fonte:

Aguiar Neto (1996, p. 36)........................................................... 34

Tabela 4 Comparativo entre os intervalos de conforto para atividade

sedentária recomendados pela NBR 6401 (1980) e ISO 7730

(1994). Fonte: Ruas (2001, p.49)............................................... 43

Tabela 5 Resumo climatológico do Município de Londrina – 2005.

Fonte: Baseado no Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR,

Perfil do Município de Londrina 2004/2005............................... 50

Tabela 6 Medições ambientais do dia 16/03............................................. 66

Tabela 6.1 Medições ambientais do dia 29/03............................................. 67

Tabela 6.2 Medições ambientais do dia 29/03............................................. 68

Tabela 7 Valores de clo e Índice de resistência térmica do vestuário..............72

Tabela 8 Resultado da avaliação do IMC dos entrevistados.................... 74

Tabela 8.1 Avaliação do Índice de Massa Corpórea.................................... 75

Tabela 8.2 Verificação da relação do IMC com as respostas obtidas

acerca da sensação e satisfação térmica de cada participante

da amostra.................................................................................. 75

Tabela 8.3 Análise da sensação e satisfação térmica dos participantes da

amostra....................................................................................... 76

Tabela 9 Resultado sensação térmica..................................................... 77

Tabela 9.1 Resposta satisfação térmica...................................................... 77

Tabela 9.2 Resposta sensação térmica...................................................... 78

Tabela 9.3 Resposta satisfação térmica...................................................... 78

Tabela 9.4 Comparativo de sensação térmica obtida nas manhãs dos dias avaliados............................................................................. 79

Tabela 9.5 Comparativo de sensação térmica obtida nas tardes dos dias

avaliados................................................................................... 80

Tabela 9.6 Comparativo de satisfação térmica dos dias avaliados............. 81

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Tabela 9.7 Comparativo de satisfação térmica dos dias avaliados............. 81

Tabela 10 Resposta do corpo a atividade e temperatura dia 16/03........... 96

Tabela 10.1 Resposta do vestuário à produção de calor e suor do

organismo – dia 16/03............................................................... 97

Tabela 10.2 Resposta do vestuário à produção de calor e suor do

organismo – dia 29/03................................................................ 100

Tabela 10.3 Resposta do corpo a atividade e temperatura dia 29/03........... 101

Tabela 11 Características e manufatura do uniforme do carteiro. Fonte:

(DEPARTAMENTO) - acesso em: 08 jun.2007.......................... 103

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1

1 INTRODUÇÃO

Um dos problemas encontrados, nos ambientes laborais, diz respeito às

condições térmicas. A temperatura é um dos fatores que interfere diretamente na

execução das atividades visto que afeta o processo termorregulador do organismo

humano.

As atividades de trabalho são desenvolvidas no interior de edificações ou em

áreas externas. Estes ambientes podem não oferecer condições térmicas

adequadas para a execução das atividades submetendo os trabalhadores a

situações desconfortáveis.

As condições desfavoráveis de temperatura tais como frio e calor excessivos,

podem provocar desgaste físico e emocional e, dependendo, acidentes de trabalho e

problemas de saúde.

Neste sentido, a constatação destes problemas promoveu a avaliação térmica

dos ambientes mediante estudos de conforto térmico. Estes estudos visam tornar os

locais de trabalho adequados à ocupação humana, e com isso evitar o desgaste

físico e emocional das pessoas.

Por este motivo esta questão vem sendo abordada cada vez mais nos

estudos de conforto, como se verifica em Hackenberg, Pereira e Lima Filho (2001):

os efeitos da temperatura, umidade e velocidade do ar e da radiação nas respostas

fisiológicas e sensoriais do corpo humano foram identificados em pesquisas

efetuadas em diferentes climas. Algumas como as de Fanger (1970), Oseland

(1994), geraram índices que avaliam o conforto, o tempo de tolerância do organismo

ao ambiente, a sensação térmica das pessoas, o rigor fisiológico e o “stress” térmico.

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2

Porém, não somente os fatores ambientais como também o tipo de atividade

e o vestuário influenciam no conforto térmico das pessoas.

Dentre os fatores de influência, o vestuário é o que se encontra mais próximo

à resposta fisiológica do organismo às variações de temperatura e, deste modo, é o

primeiro a interagir com ele.

Os estudos de Gallois (2002), Hackenberg et al. (2001) e Xavier (1999) tratam

desta questão mostrando o quanto a vestimenta pode interferir na sensação de

conforto das pessoas em diferentes condições de temperatura ambiente.

As vestimentas podem não oferecer a devida resistência térmica quando em

situações de baixas temperaturas ou provocar a insatisfação térmica dos usuários

quando em ambientes não climatizados no verão.

Outra questão abordada nestes estudos é quanto ao uso da vestimenta como

instrumento adaptativo, ou seja, ela é escolhida em função da temperatura e das

diferenças individuais das pessoas como forma de adaptação ao clima.

Visto ser o vestuário uma das variáveis analisadas quanto à sensação de

conforto que a pessoa venha a ter dentro de um ambiente construído ou em um

espaço externo, há de se considerar o importante papel que o mesmo desempenha

para o conforto de seus usuários.

Neste sentido, verificou-se a necessidade de se analisar a questão térmica do

uniforme utilizado pelos carteiros no exercício de suas atividades, visto que estes

profissionais trabalham em ambiente interno não climatizado e em ambiente externo

com maior exigência de trabalho muscular.

A atividade que executam em ambiente externo deixa-os vulneráveis às

intempéries climáticas. Por caminharem sob sol passam a receber não só o calor

vindo da radiação solar como também o dissipado pelos materiais de entorno e

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3

pavimentação do solo. Caso o uniforme não se mostre adequado à situação

exposta, este poderá contribuir para aumentar a sensação de desconforto dos

carteiros, principalmente em ambiente externo.

Esta verificação foi feita em uma das unidades da Empresa Brasileira de

Correios e Telégrafos e situada na cidade de Londrina, no estado do Paraná.

Sendo assim, este trabalho aborda a análise da percepção térmica dos

carteiros em relação ao uniforme utilizado em ambiente quente. Visto que, o estudo

do sistema corpo/uniforme possibilita observar a reação do vestuário frente à

resposta fisiológica do organismo em situação de calor.

1.1 Objetivos

O objetivo geral deste estudo é investigar a aplicabilidade da ergonomia

quanto ao conforto térmico proporcionado pelo uniforme utilizado pelos carteiros do

CDD - Londrina.

objetivos específicos.

- Avaliar as variáveis ambientais dos locais de trabalho dos carteiros;

- Identificar a reação do organismo sob condição de temperatura elevada;

- Investigar a resposta do vestuário à reação fisiológica do organismo exposto ao

calor;

- Estabelecer parâmetros relativos ao sistema corpo-vestimenta-ambiente, a fim de

estabelecer um índice de conforto térmico adequado à atividade do carteiro;

- Fornecer recomendações que venham a contribuir para o desenvolvimento de um

uniforme que atenda às necessidades físicas e laborais dos carteiros.

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2. A ERGONOMIA, O ORGANISMO HUMANO E O CONFORTO TÉRMICO

A ergonomia está cada vez mais presente no dia-a-dia das pessoas buscando

a melhoria na qualidade de vida. Inicialmente seu estudo e aplicação estavam

voltados à questão do trabalho, no que diz respeito às atividades desenvolvidas pelo

homem em sua relação direta com os mecanismos de produção. Atualmente tem

ampliado seu campo de atuação.

Pode ser resumidamente definida como sendo o estudo do homem e seu

trabalho, ou o estudo da adaptação do trabalho ao homem.

Encontra-se em Iida (2005, p.2) que segundo a Ergonomics Research

Society, “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho,

equipamento e ambiente, [...]”. Para a Associação Brasileira de Ergonomia

“Ergonomia é o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização

e o ambiente [...]”; enquanto a International Ergonomics Association diz que

“Ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina que estuda as interações entre o ser

humano e outros elementos do sistema [...]”.

Em todas estas definições fica evidente que o principal objeto de estudo da

ergonomia é o homem e o relacionamento deste com seu trabalho. Ou seja, é o

estudo da interação entre o homem e os diversos mecanismos e instrumentos que

manipula ou utiliza para executar suas tarefas dentro de um determinado ambiente.

“A Ergonomia, como afirma Martins (2006), considera, primordialmente, o

homem em relação ao uso de objetos, máquinas e equipamentos sob determinadas

condições de trabalho ou não trabalho”. O termo trabalho, aplicado, não se restringe

ao local onde são executadas as atividades profissionais, mas engloba em seu

significado todas as atividades de caráter físico e intelectual que o homem possa

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desenvolver em seu relacionamento com o ambiente físico em que se encontra.

Com base no conhecimento sobre o homem, suas capacidades e limitações

e, ainda, com o auxílio de outras áreas de conhecimento, a ergonomia busca em

seus projetos adaptar o trabalho às condições humanas, proporcionando meios

adequados ao desenvolvimento das atividades laborais. Isto se deve ao fato de que

a principal meta da ergonomia consiste em promover a segurança e o bem-estar dos

trabalhadores no seu relacionamento com os sistemas produtivos, (RODRIGUEZ-

AÑEZ, 2001).

Por este motivo tem a interdisciplinaridade como uma de suas características,

já que aborda diversos aspectos do sistema homem-máquina-ambiente. Para tanto,

promove a ação conjunta de profissionais de diversas áreas de conhecimento, tais

como: engenheiros, médicos, professores de educação física, arquitetos, psicólogos,

entre outros.

2.1 CONTRIBUIÇÕES DA ERGONOMIA

A Ergonomia pode contribuir de diferentes maneiras em busca da melhoria na

qualidade do trabalho, atuando de modo singular para cada tipo de situação onde se

faz necessária a sua aplicação (IIDA, 2005).

Contribui, deste modo, participando desde a fase inicial dos projetos, sejam

estes de produtos, postos de trabalho ou espaços físicos, até sua finalização, sendo

denominada Ergonomia de Concepção. Produtos, máquinas, ambientes, entre

outros, destinam-se ao uso e ocupação humana. Deve-se, portanto, analisar todos

os aspectos constitutivos dos projetos, buscando planejá-los da melhor forma às

necessidades dos usuários evitando assim o surgimento de problemas que levem a

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correções ou adequações pós-uso e pós-ocupação. Martins (2006) faz a seguinte

observação à concepção de produtos de vestuário: “A ergonomia deve estar

presente desde a etapa de concepção do produto do vestuário e permear todas as

etapas do seu projeto”.

Em situações reais, com problemas evidentes, pode atuar buscando soluções

que objetivem minimizar ou erradicar os problemas surgidos na interface homem-

máquina, deste modo contribui corrigindo falhas, atuando como Ergonomia de

Correção.

Um exemplo desta intervenção é a proposta de Moraes et al. (2003) em

relação aos operários da construção civil: o trabalho poderia ser feito com intervalos

para descanso ou por turnos, evitando que o trabalhador fique sujeito a um risco

muito elevado devido ao calor e carga física. Ou ainda resgatando Montemezzo

(2002) em relação ao produto de vestuário: ”muitos produtos sofrem correções que

poderiam ter sido previstas no processo da projetação”.

Como forma de conscientização, a Ergonomia de Conscientização contribui

informando ou educando os trabalhadores quanto à ocorrência de acidentes graves

provocados pela falta de conhecimento na manipulação adequada de máquinas e

instrumento perigosos, quanto à introdução de novos sistemas de trabalho ou, ainda,

com prováveis imprevistos.

Moraes et al. (2003, p.337) diz que “a educação, o treinamento e a divulgação

constantes dos conceitos sobre segurança no trabalho aos operários podem

melhorar o seu desempenho e diminuir os riscos de acidentes”. Torna-se importante

conscientizar o trabalhador, através de cursos de treinamento e freqüentes

reciclagens para trabalhar com mais segurança reconhecendo os fatores de risco

que venham a surgir no exercício laboral.

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Gallois (2002), em seu estudo sobre ambientes térmicos frios, escreve que é

necessário conscientizar o trabalhador, por meio de educação e treinamento, para

que este tome medidas necessárias ao seu bem estar, saúde e segurança.

Desta maneira, a ergonomia visa corrigir os problemas que surgem nas

diversas fases do processo produtivo, visto que o trabalhador para produzir um

produto é antes o usuário dos produtos que o cercam dentro de seu ambiente de

trabalho.

Sendo assim, para que possa contribuir dentro do posto de trabalho, sua

abordagem processa-se através da análise da tarefa, da postura, dos movimentos

do trabalhador e de suas exigências físicas e cognitivas. Seu foco neste contexto, é

a interação entre o homem, o sistema e o ambiente, pois na acepção de Iida (2005),

posto de trabalho é a configuração física do sistema homem-máquina-ambiente, ou

seja, é toda unidade produtiva envolvendo o homem, o equipamento que utiliza para

realizar o trabalho, como também o ambiente que o circunda.

2.2 A ERGONOMIA E OS PRODUTOS

O desenvolvimento econômico e tecnológico promoveu mudanças na

sociedade e, conseqüentemente, novas necessidades surgiram criando outras

oportunidades de negócio e trabalho. Deste modo a ergonomia ampliou seu campo

de atuação aplicando seus estudos em diferentes setores, dentre os quais se

encontram a indústria, a mineração, o setor de serviços e o próprio lar

(RODRIGUEZ-AÑEZ, 2001).

Enquanto no início voltava-se quase exclusivamente aos problemas

relacionados à área militar e à questão do trabalho nas indústrias, hoje a ergonomia

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atua cada vez mais na busca de soluções para os desconfortos resultantes da

interface usuário/produto visando o conforto e a melhoria na qualidade de vida. “[...]

na acepção da ergonomia, segundo Moraes (2001, p.16), usuário compreende o

trabalhador, o operador, o manutenidor, o instrutor, o consumidor, seja no trabalho,

no lazer ou no ócio”.

Pode-se dizer, então, que o desenvolvimento de seus projetos visa melhorar a

qualidade e o design dos produtos. Para a Ergonomia, “os produtos são

considerados como meios para que o homem possa executar determinadas funções

e os coloca como sendo parte do sistema homem-máquina-ambiente” (IIDA, 2005, p.

313).

Isto decorre do fato desta área de estudo estar centrada na premissa de que

o homem no exercício de suas atividades seja quais forem, necessita de produtos

que facilitem a execução de suas atividades. Ou ainda, como afirma Montemezzo

(2002), “para o projeto de sistema de trabalho destaca-se o estudo da relação

homem/máquina, [...] e sua interação com todo tipo de ajuda material que este utiliza

na execução de suas tarefas”.

A partir do momento que as empresas incorporaram os aspectos ergonômicos

em seus projetos de desenvolvimento de produtos de consumo e confirmaram as

vantagens de sua aplicação, estes iniciaram uma evolução tecnológica e tornaram-

se cada vez mais atraentes ao consumidor. A questão ergonômica do produto,

aliado à estética e qualidade vem sendo tratada com fundamental importância para a

produção industrial e conforme aponta Iida (2005) tem contribuído para melhorar a

qualidade dos produtos de consumo, adaptando-os às necessidades e

características do consumidor.

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2.3 ERGONOMIA E CONFORTO TÉRMICO NO AMBIENTE DE TRABALHO

A ergonomia tem, dentre seus objetos de estudo, as condições ambientais,

visto que estão entre os fatores que exercem grande influência no desempenho das

atividades humanas.

Temperatura, ruído e vibração, quando em condições desfavoráveis,

aumentam os riscos de acidentes, causam desconforto e, em muitos casos, podem

causar sérios danos à saúde. Os fatores temperatura do ar e umidade relativa do

ambiente influem diretamente na execução das tarefas, pois afetam o organismo

humano.

Quando em condições de temperaturas extremas no trabalho, o organismo

das pessoas expostas sofre alterações fisiológicas, provocando sintomas adversos à

saúde e, ainda, reações individuais ou até coletivas à situação, (GALLOIS, 2002).

Em Laville (1977), encontra-se que existem vários postos de trabalho

submetidos a limitações térmicas relevantes dentre os quais estão: os trabalhos

realizados em áreas externas, zonas climáticas frias ou quentes e, ainda, locais

climatizados devido a exigências técnicas ou não climatizados devido a outros

fatores.

Isto pode ser visto claramente em estudos realizados por Moraes et al.

(2003), Hackenberg et al. (2001) e Gallois (2002).

Moraes et al. (2003) avaliaram a sensação térmica de operários da

construção civil na região de Campinas-SP. Este ambiente de trabalho sofre muita

influência de agentes externos como: vento, umidade, frio e principalmente radiação

solar e calor. Constataram neste estudo o descontentamento dos operários quanto à

condição de temperatura acima dos níveis de tolerância como as verificadas em

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situação de calor excedente, agravada pela incidência de radiação solar. Como

decorrência do calor observou-se, nestes trabalhadores, certa fadiga.

As sensações térmicas dos trabalhadores de seis fábricas situadas em duas

regiões diferentes, Joinville e Campinas, foram analisadas por Hackenberg et al.

Nestes locais, verificou-se que no verão em ambientes não climatizados, fatores

como: vestimenta, atividade, umidade relativa e baixa velocidade do ar, exerceram

grande influência na insatisfação térmica dos mesmos.

No estudo de Gallois (2002), foram analisadas as condições térmicas as quais

estão submetidos os trabalhadores em câmaras frigoríficas e similares no estado de

Santa Catarina. Foram constatados, durante o trabalho realizado, problemas com

relação ao tempo de exposição dos trabalhadores à baixa temperatura e a qualidade

da vestimenta e dos equipamentos de proteção individual.

Outra evidência é quanto ao estudo de Flesch e Beyer (2003), que se

destinou a avaliar o conforto e estresse térmico na lavanderia hospitalar do Hospital

Universitário de Porto Alegre. O local foi considerado insalubre termicamente devido

às altas temperaturas, produto das calandras de secar e passar as roupas

hospitalares. A constatação de superaquecimento do ambiente pode levar à

incidência de estresse térmico nas pessoas que trabalham ao lado das máquinas.

Percebe-se com isso que para satisfazer as exigências humanas de conforto

dos ambientes onde o homem desenvolve suas atividades de trabalho ou de lazer,

há de se avaliar a questão térmica do local. Para tanto, as condições térmicas no

ambiente de trabalho devem satisfazer a diversas condições para que a sensação

de conforto torne-se agradável às pessoas (DUL; WEERDMEESTER, 2004).

Nem sempre estas condições são consideradas na elaboração de projetos de

ambientes internos, como citado anteriormente, proporcionando desconforto. No

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caso dos espaços externos a situação torna-se complicada, visto que nem sempre é

possível a intervenção humana nestes locais. Tais ambientes são considerados

termicamente desconfortáveis.

Em atividades desenvolvidas em ambiente externo, as pessoas sofrem a

influência direta dos efeitos climáticos e da incidência da radiação solar, o que

contribui para aumentar a sensação de calor em dias muito quentes.

É importante resgatar Costa, Rodrigues e Labaki (2005) quando ressaltam a

necessidade de se investigar o grau de conforto de ambientes externos juntamente

com o estudo do clima urbano para que se possam encontrar caminhos para o

tratamento de áreas desagradáveis. E, com isso, trazer vantagens para aqueles que

exercem suas atividades ao ar livre e os usuários em geral.

Ainda por que, “as condições climáticas no nível da rua têm uma importância

muito relevante para os pedestres, visto que o conforto físico está diretamente

relacionado à sensação térmica, principalmente em países tropicais (ANANIAN,

FONTES e SILVA, 2005, p. 50).”

2.3.1 Resposta do organismo frente ao calor

As pessoas que desenvolvem atividades de trabalho ao ar livre sofrem com o

desconforto causado pelo calor quando este excede os níveis de tolerância

orgânica. Devido às alterações fisiológicas provocadas, o calor extremo pode torna-

se um risco físico à pessoa ( MORAES et al., 2003).

Estas alterações podem apresentar-se, em nível de menor complexidade,

como: cansaço e sonolência, redução do desempenho físico e aumento de erros

devido à perda de atenção e concentração (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).

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Entretanto, podem tornar-se perigosas quando as reações físicas e a perda

de concentração provocarem acidentes de trabalho e lesão térmica. Isto ocorre

devido ao fato do organismo humano não suportar variações acima de 4°C em sua

temperatura interna sem provocar a queda da capacidade física e mental do

indivíduo (GALLOIS, 2002).

Caso permaneça exposta por um período de tempo relativamente longo a um

ambiente muito quente, a pessoa pode sofrer sobrecarga energética, principalmente

no coração e pulmões (DUL; WEERDMEESTER, 2004).

Iida (2005, p. 360) escreve que em ambientes com temperaturas muito altas,

deve-se diminuir o tempo de exposição do trabalhador ao ambiente “para que o

organismo possa eliminar o excesso de carga térmica e restabelecer” seu equilíbrio.

Altas temperaturas afetam o organismo mesmo de pessoas jovens e

saudáveis, como encontrado em Gambrell (2002); mesmo apresentando saúde

perfeita e condicionamento físico excelente, os atletas sucumbem aos efeitos da alta

temperatura e estresse térmico.

Deste modo, pessoas que trabalham ou se exercitam em ambientes muito

quentes podem ser acometidas por doenças térmicas, visto que o calor excedente

pode superar os mecanismos de perda de calor do corpo, aumentando a

temperatura do corpo, o metabolismo celular e a produção de calor.

Cãibras, edema pelo calor e síncope térmicos provocados pelo calor são

doenças térmicas brandas, que ocorrem sem comprometimento da termorregulação.

Em casos mais graves, “quando a produção de calor supera a capacidade do

organismo de dissipar o calor”, ocorre a hipertermia, com quadro de insolação ou

exaustão térmica. O risco destas doenças aumenta proporcionalmente à elevação

do estresse térmico (GRAMBELL, 2002, p. 457).

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O estado psicofisiológico a que está submetida uma pessoa quando exposta

a situações ambientais extremas, de frio ou calor, caracteriza um quadro de estresse

térmico (LAMBERTS; XAVIER, 2002).

Percebe-se, com isto, o quão importante é para as pessoas poderem

desenvolver seus afazeres de trabalho ou não-trabalho, sem que sejam submetidas

à fadiga ou estresse térmico.

2.4 CONFORTO TÉRMICO

O “conforto térmico”, definido segundo a ASHRAE Standard fundamental 55-

92, “é a condição da mente que expressa satisfação com o ambiente térmico”.

A sensação de conforto térmico das pessoas depende das condições

ambientais e humanas.

Os fatores ambientais que contribuem para isto são: a temperatura do ar,

temperatura radiante, velocidade do ar e umidade relativa, já os fatores humanos

são conseqüência da atividade desenvolvida e da vestimenta utilizada (DUL;

WEERDMEESTER, 2004).

Esta sensação varia de pessoa para pessoa, ou seja, a temperatura

considerada agradável para um pode não ser para o outro. Cada pessoa tem uma

faixa de temperatura na qual se sente bem e esta depende principalmente da

vestimenta e do grau de atividade corpórea (GRANDJEAN, 1998).

O conforto térmico, para Xavier (1999), apresenta-se sob dois aspectos: o

pessoal e o ambiental e envolve as variáveis físicas ou ambientais e as variáveis

subjetivas ou pessoais. Escreve que o aspecto pessoal refere-se à sensação térmica

da pessoa, ao estado em que ela se encontra em relação ao ambiente onde está

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inserida, se confortável ou não. O ambiental propõe o estabelecimento de um estado

térmico para determinado ambiente, com relação as suas variáveis físicas, de modo

que um número menor de pessoas encontre-se insatisfeita.

Ruas (2001, p.17) diz que o “conforto térmico depende de fatores que

interferem no trabalho do sistema termorregulador como: taxa de metabolismo,

isolamento térmico da vestimenta, temperatura radiante média, umidade relativa,

temperatura e velocidade do ar”.

As exigências humanas de conforto térmico estão, então, relacionadas ao

funcionamento do organismo no que diz respeito à quantidade de calor que ele

produz e o quanto ele perde para o ambiente por meio das trocas térmicas; e à

vestimenta que cobre o corpo, indicativa da resistência térmica às trocas de calor.

Ananian, Fontes e Silva (2005) consideram o conceito de conforto térmico

subjetivo, visto que a sensação de conforto varia de pessoa para pessoa e depende

da cultura, atividade e modo de vestir do indivíduo. Enquanto Costa, Rodrigues e

Labaki (2005) escrevem que outras características, além das condições ambientais,

influenciam marginalmente na sensação de conforto e são: aclimatação ao meio,

hábitos alimentares, altura e peso.

O conforto térmico não está relacionado somente aos espaços internos.

Apesar de muitas pessoas passarem a maior parte do tempo inseridas nestes

espaços, existem as que, por motivo principalmente de trabalho, permanecem

expostas à radiação solar, visto que executam suas atividades ao ar livre. Sobre isto

Ananian, Fontes e Silva (2005, p. 47) dizem que “o conforto térmico no espaço

público é indispensável para que os pedestres possam desenvolver normalmente

suas atividades”.

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2.4.1 Variáveis climáticas

As variáveis climáticas determinam as condições térmicas sob as quais o

homem permanece submetido no ambiente em que se encontra inserido, seja este

interno ou externo. As variáveis físicas de conforto térmico são decorrentes, então,

dos fatores climáticos: radiação solar, temperatura do ar, umidade e velocidade do

ar.

A radiação solar (onda eletromagnética curta) é a principal fonte de energia

no planeta, sendo o aquecimento da terra produto desta energia. A intensidade da

radiação sofre alteração no decorrer do ano e durante o dia devido à trajetória

elíptica da terra ao redor do sol em conjunto com o seu movimento de rotação.

A radiação solar atinge a terra na forma direta ou difusa. Sendo assim, ao

atingir a atmosfera terrestre pode incidir diretamente na terra, radiação direta, ou

sofrer, primeiramente, espalhamento entre as nuvens e pelas partículas da

atmosfera sendo em seguida refletida na abóbada celeste e nas nuvens para, então,

ser re-irradiada para a terra (radiação difusa).

Encontra-se em Castanheira e Costa (2001), que a intensidade da radiação

solar que incide nas superfícies sofre variação devido a diversos fatores, sendo

estes o dia do ano e a hora do dia, a latitude, a altitude, a nebulosidade, a inclinação

e a orientação da superfície plana que recebe a radiação.

A temperatura é produto da radiação solar que atinge a superfície da terra,

uma vez que ao ser absorvida, esta radiação transforma-se em energia térmica. Isto

faz com que a superfície atingida se aqueça e com isso eleve sua temperatura

dissipando seu calor por convecção e aquecendo o ar. Percebe-se, então, que o

aquecimento do ar não é produzido pela radiação solar em si, mas sim pelo calor

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dissipado do solo, conseqüente da radiação que recebe durante o dia. O tipo de

revestimento do solo influi na dissipação do calor.

Em estudo realizado por Costa, Rodrigues e Labaki (2005), verificou-se que a

superfície asfaltada armazena mais calor que a revestida por grama e,

conseqüentemente, o transmite para o ar, aquecendo-o. Constatou-se, também, que

o asfalto permaneceu mais quente que a superfície gramada durante todo o dia e

que a diferença entre os dois tipos de revestimento chegou a mais de 10,0°C.

Barbirato e Mattos (1999), ao analisarem o microclima urbano em Maceió,

concluíram que as massas edificadas elevavam a temperatura interna do ar da

cidade.

Por isto, pode-se concluir que em dias muito quentes a sensação térmica das

pessoas nos centros urbanos é maior em comparação as regiões mais próximas a

grandes áreas verdes. Na maioria dos grandes centros, a temperatura do ar é

alterada devido aos altos índices de poluição e ao corte indiscriminado da

vegetação.

A troca da cobertura vegetal por elementos como edificações e pavimentação tem contribuído em grande parte para o aumento da temperatura nas cidades, ou seja, para a formação das chamadas ilhas de calor devido às diferenças existentes entre as características térmicas dos materiais de construção e da vegetação, assim como aos efeitos provocados pela incidência da radiação solar (BARTHOLOMEI; LABAKI; VIANNA, 2001, p. 1).

A umidade do ar é regulada pela vegetação e pelo ciclo hídrico. O ar recebe a

água que é evaporada dos rios, mares e lagos e proveniente dos regimes de

chuvas. Recebe, também, através da evapotranspiração, que é a perda de água por

evaporação do solo e transpiração da vegetação. A evapotranspiração contribui para

que as chuvas se tornem mais constantes.

A vegetação, segundo Mascaró (2005), traz muitos benefícios aos centros

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urbanos já que regula a umidade do ambiente interferindo na intensidade de

radiação que atinge o solo e os pedestres, na quantidade de água evaporada e

absorvida pelo solo, no condicionamento do vento e, ainda, beneficia produzindo

sombra e atenuando a temperatura.

A umidade influencia na amplitude térmica enquanto a temperatura influi na

quantidade de vapor d’água que o ar pode conter. Deste modo, quanto mais elevada

a temperatura, maior a quantidade de vapor d’água por metro cúbico de ar.

O estudo feito por Cavalcante, Ávila e Barbirato (2005), acerca da relação

vegetação/umidade relativa do ar, mostrou que as áreas de cidades sombreadas por

vegetação promovem o aumento da umidade, neste sentido a vegetação funciona

como um termorregulador microclimático. Dizem, ainda, que os lugares sombreados

com vegetação são mais frescos em relação aos lugares onde há falta de

vegetação. Por isto a importância de mais espaços verdes nos centros urbanos.

O vento é conseqüência, sobretudo, das diferenças de temperatura nas várias

regiões atmosféricas. O desequilíbrio de radiação entre as latitudes altas e baixas é

uma das principais causas da distribuição dos ventos no globo terrestre, e este é

influenciado pela altitude, topografia e rugosidade do solo.

O tipo de solo, a vegetação e a cobertura urbana formada pelos edifícios são

fatores que podem formar a rugosidade do solo. Quanto menor for esta rugosidade

maior será a velocidade do vento. “As características morfológicas do sítio (traçado

urbano, edificações, arborização, entre outros) podem alterar significativamente a

intensidade e direção dos ventos [...]” (MASCARO, 2004, p. 25). “Os ventos podem

ser desejáveis nas ruas de climas quentes para refrescar as pessoas e remover o

excesso de calor das ruas” (BROWN; DEKAY, 2004, p. 130).

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O vento retira o calor dos ambientes por convecção, deste modo os valores

de velocidade do ar auxiliam a análise térmica dos ambientes.

2.4.2 Variáveis pessoais ou individuais

São as variáveis que influenciam o conforto térmico das pessoas. Estão

relacionadas à produção e perda de calor do corpo, taxa metabólica, à atividade

desenvolvida e à vestimenta.

2.4.2.1 Fornecimento energético dos alimentos

Para manter sua saúde e, conseqüentemente, obter energia para poder viver

e executar suas atividades diárias seja no trabalho ou no lazer, o homem precisa da

energia advinda da ingestão dos alimentos.

Os alimentos encontram-se divididos em categorias, ou grupos, sendo estas

as dos carboidratos, gorduras, proteínas, e ainda, as vitaminas e os sais minerais. A

maior parte da energia necessária ao corpo é adquirida dos carboidratos e gorduras

(GUYTON, 1988). A glicose é a principal fonte de energia do corpo, sendo obtida

através da conversão da maioria dos carboidratos ingeridos no transcurso do

metabolismo. Ao circular no sangue, a glicose fornece energia para todas as células

(COHEN; WOOD, 2002).

O glicogênio, composto formado a partir das moléculas de glicose, encontra-

se armazenado no fígado e células musculares. Este composto é convertido em

glicose quando a ação desta se torna necessária para gerar energia ao corpo.

Outro composto fornecedor de energia é o glicerol, proveniente da digestão

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da gordura, produz duas vezes mais energia que a fornecida pela proteína e

carboidrato. Em termos calóricos, gera 9 kcal de energia por grama enquanto a

proteína e o carboidrato geram, cada um, 4 kcal por grama (COHEN; WOOD, 2002).

A unidade de medida do calor dos alimentos é a quilocaloria, kcal. Esta

unidade mede a quantidade de calor liberada através da completa degradação do

alimento até seus produtos metabólicos finais (GUYTON, 1988). Um kcal é a

quantidade de calor necessária para aumentar em 1ºC a temperatura de 1kg de

água.

Cada um dos três principais grupos de alimentos possui uma quantidade de

energia que é liberada através da oxidação de 1g de cada um deles (GUYTON,

1988). Sendo assim, os carboidratos produzem 4,1kcal, as gorduras 9,3kcal e as

proteínas 4,1kcal.

Uma dieta a base de gorduras é demasiadamente calórica, visto que esta é a

categoria que mais libera energia, cerca de 1g deste alimento fornece mais que o

dobro da energia fornecida por 1g de carboidrato ou proteína (COHEN; WOOD,

2002). Por isto este tipo de alimento deve ser consumido com moderação visto que

quando ingerido em excesso fica armazenado no tecido adiposo.

Diferentes dos carboidratos e gorduras, as proteínas não são armazenadas,

deste modo, devem ser ingeridas regularmente. Segundo Cohen e Wood (2002),

recomenda-se que as calorias provenientes dos alimentos sejam distribuídas da

seguinte forma para uma dieta saudável: carboidratos 58%, gorduras 30% e

proteínas 12%.

O corpo humano necessita de energia para poder desempenhar suas

atividades involuntárias e voluntárias. Conforme Dul e Weerdmeester (2004), ainda

que em completo repouso, o organismo humano consome energia para se manter

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funcionando, ou seja, para manter suas funções vitais. Esta energia corresponde ao

metabolismo basal. A energia adicional é gasta para realizar o trabalho externo.

Pode-se dizer então que o corpo gasta a energia produzida tanto com suas

funções involuntárias quanto com suas atividades voluntárias. Os requisitos

energéticos da pessoa variam conforme a intensidade da atividade corporal

executada.

Por exemplo, um homem médio com 70kg de peso, que permaneça deitado o

dia todo sem fazer nada, exceto comer, necessita ingerir 1650 kcal por dia. Caso

fique sentado serão necessárias 200 kcal a mais. Isso indica que para manter em

funcionamento apenas seu metabolismo basal é necessário a energia de cerca de

1800 kcal/dia.

A energia liberada no corpo é, em sua maior parte, eventualmente dissipada

como calor.

2.4.2.2 Taxa metabólica

O calor produzido internamente pelo corpo é produto de toda a energia

liberada dos alimentos, ou seja, é conseqüência dos produtos finais da digestão.

O metabolismo é o processo de produção desta energia, é por meio dele que

o organismo consegue obter energia para permanecer em funcionamento.

Em Guyton (1988, p. 444) encontra-se que “a intensidade da produção de

calor pelo corpo é uma medida da intensidade (ou velocidade) com que a energia é

liberada dos alimentos”. A este trabalho ele chama de metabolismo.

Este processo corresponde à taxa de utilização de energia pelo corpo para

conservar suas funções vitais e para executar suas atividades.

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O metabolismo basal refere-se à taxa verificada quando o corpo está em

repouso absoluto, porém em vigília, enquanto o outro é referente ao trabalho

muscular, ao esforço físico. “Entende-se por atividade física qualquer movimento

muscular do organismo que resulte em maior dispêndio energético do que aquele

gasto em repouso, ou seja, o representado pela taxa de metabolismo basal (TMB)”,

(GAMBARDELLA; GOTLIEB, 1998, p. 415).

“Mesmo em estado de repouso, o organismo vivo consome energia. O

dispêndio energético avaliado durante um trabalho físico compreende, portanto o

dispêndio de repouso e o dispêndio específico de trabalho”, (LAVILLE, 1977, p. 32).

O gasto energético varia de acordo com a atividade executada podendo

elevar-se, por exemplo, até 20 vezes à taxa de repouso. Isto ocorre devido à

exigência de trabalho muscular em exercícios excedentes, como no caso dos atletas

bem treinados.

“Enquanto em repouso, os músculos podem produzir até 25% do calor total

do corpo, mas quando os músculos se contraem, a produção de calor é

grandemente multiplicada, devido ao aumento na taxa metabólica”, (COHEN;

WOOD, 2002, p. 376).

Em Ruas (2001) encontra-se que “o processo metabólico libera calor

continuamente e a sua produção é maior com o aumento da atividade física

executada”.

A taxa metabólica é expressa em unidade met, onde 1 met corresponde à

energia produzida por unidade de área superficial do corpo para uma pessoa

sentada em repouso, (XAVIER, 1999). 1met é igual a 58,2 W/m².

Apenas 20% da energia produzida é convertida em potencialidade de

trabalho, o restante 80% transforma-se em calor que deve ser dissipado para

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conservar o equilíbrio e a temperatura interna do corpo, (LAMBERTS, 2005). A

tabela da ISO 7730 (1994) apresenta o gasto energético para a realização de

algumas atividades, tabela 1.

Tabela 1: Tabela de taxas de metabolismo para várias atividades. Atividade Metabolismo

(W/m²) (met) Reclinado

Sentado, relaxado

Atividade sedentária (escritório, residência, escola, laboratório)

Em pé, atividade leve (compras, laboratório, indústria leve)

Em pé, atividade média (trabalho com máquina, doméstico)

Andando em superfície nivelada

2 km/h

3 km/h

4 km/h

5 km/h

46

58

70

93

116

110

140

165

200

0,8

1,0

1,2

1,6

2,0

1,9

2,4

2,8

3,4

Fonte: ISO 7730 (1994, p. 6), traduzido. 2.4.2.3 Mecanismo termo-regulador

Tem-se que o organismo humano é provido de mecanismos internos de

regulação térmica, permitindo que a temperatura corporal permaneça em torno dos

37º. Isto indica que o corpo está constantemente gerando calor e realizando trocas

térmicas com o meio externo.

Para Grandjean (1998, p. 295), “A sensação de conforto da pessoa é

dependente dos mesmos fatores climáticos que influenciam decisivamente as trocas

de calor”.

Quando as trocas de calor entre o corpo humano e o ambiente ocorrem sem

maior esforço, a sensação do indivíduo é de conforto térmico e sua capacidade de

trabalho, desse ponto de vista, é máxima, (FROTA, 1995).

Estas trocas de calor envolvem as trocas secas: condução, convecção e

radiação; e as trocas úmidas: evaporação. A perda de calor do corpo para o

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ambiente através das trocas secas denomina-se calor sensível e ocorre devido às

diferenças de temperatura existentes entre o corpo e o ambiente. Já o calor

dissipado através das trocas úmidas denomina-se calor latente, pois neste ocorre

mudança de estado de agregação, o suor, líquido, passa para o estado gasoso, de

vapor, ou seja, a evaporação.

Segundo Gambrell (2002, p. 458) “quase toda a dissipação humana de calor

ocorre por radiação, convecção ou evaporação com menos de 2% do calor sendo

perdido como resultado de condução”.

Para o organismo humano, esta é a principal forma de troca de calor do corpo

e se processa através dos pulmões e da pele. Mais de 80% do calor produzido é

eliminado pela pele e apresenta-se sob a forma de suor, quando este suor não está

sendo suficientemente removido o corpo apresenta gotículas de suor e isto indica

que há um desequilíbrio térmico.

“Quando a temperatura ambiental excede a do corpo, a sudorese promove

uma perda compensadora de calor através da evaporação”, (GAMBRELL, 2002, p.

458).

Segundo Cohen e Wood (2002, p. 377), “A taxa de perda de calor por meio da

evaporação [...] depende da umidade do ar ambiente. Quando esta excede 60% ou

mais, a perspiração não evapora tão facilmente, fazendo com que se tenha uma

sensação desagradável, [...]”.

Portanto, a umidade relativa do ar influi na quantidade de evaporação do

corpo. Quando o ar está seco a umidade é baixa, o que provoca o aumento na

quantidade de evaporação. O contrário ocorre quando há elevada umidade no ar, a

evaporação é baixa.

O movimento do ar favorece a evaporação do suor, pois movimenta a camada

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de ar próxima à pele. Quanto maior for a carga de atividade executada, maior será a

produção de calor gerada pelo corpo e, conseqüentemente, quanto mais quente for

o ambiente maior será a perda de calor e a dificuldade do corpo em permanecer em

equilíbrio térmico.

Isto pode ser verificado no resultado do estudo realizado por Hackenberg,

Pereira, Lima Filho (2001) onde se observou que em climas quentes e úmidos, a

atividade aumenta a produção de calor do corpo humano e a vestimenta, a

ventilação insuficiente e a alta UR dificultam a perda deste calor.

Gallois (2002, p. 12) cita Couto (1978) para dizer “que é muito mais fácil o

organismo manter a temperatura corpórea quando submetido a resfriamento do que

ao aquecimento”. A proteção orgânica é melhor quando o corpo está exposto ao frio

que ao calor.

Nos ambientes quentes, por exemplo, o corpo recorre à vasodilatação

cutânea para poder dissipar o calor: a pele fica quente, possibilitando a irradiação e

a condução de calor para o ambiente, (GALLOIS, 2002).

Um fator importante a considerar é a aclimatação. Um indivíduo aclimatado

não sente tanto os efeitos de temperaturas extremas visto seu organismo estar

fisiologicamente adaptado à temperatura ambiente. Gambrell (2002, p. 458) diz que

“a aclimatação ao calor é definida como o aperfeiçoamento da capacidade de se

exercitar ou trabalhar em ambiente naturalmente quente”.

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3 INTERFERÊNCIA DA VESTIMENTA NA RELAÇÃO CORPO/AMBIENTE

Para poder determinar o índice de conforto térmico adequado a um ambiente

deve-se considerar os seguintes fatores: atividade desenvolvida pela pessoa,

vestimenta utilizada e as variáveis do ambiente que proporcionam as trocas de calor

entre o corpo e o ambiente, (FROTA, 1995). Cada pessoa tem uma determinada

faixa de temperatura na qual se sente bem, mas esta depende principalmente da

roupa com a qual está vestida e do grau de atividade corpórea executada no

momento, (GRANDJEAN, 1998).

A roupa influencia na sensação de conforto térmico do indivíduo, podendo ser

considerada a interface entre o corpo e o meio. Dependendo da situação climática

do ambiente em que a pessoa se encontra, o tipo de roupa utilizada pode contribuir

ou não com seu organismo no processo de regulação térmica. Segundo Cohen e

Wood (2002, p. 377) “as roupas impedem a perda de calor, aprisionando o ‘ar morto’

tanto no seu material quanto nas suas camadas”.

A vestimenta pode representar uma barreira para as trocas de calor pela sua

resistência ou isolamento térmico.

Isto ocorre porque quando o corpo encontra-se vestido o calor gerado e

dissipado pode ser impedido de alcançar o ambiente, pois necessita atravessar a

barreira imposta pelo tecido, tanto em relação ao seu tipo de armação – construção,

quanto em relação a sua espessura. Ou, dependendo do caso em relação às

diversas sobreposições de tecidos, quando este se encontra coberto com mais de

uma peça de vestuário.

Conseqüentemente, o ar quente pode permanecer parado entre a pele e o

tecido, já que se encontra absorvido, em partes, pelo tecido do lado interno da

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roupa, fazendo com que este se torne mais aquecido que o lado externo. Assim, o

calor não é totalmente removido para o ambiente, diminuindo a intensidade de sua

perda e parte dele pode ser irradiado de volta ao corpo.

Caso a pessoa se encontre em um ambiente frio este fato torna-se importante

visto que permite ao corpo permanecer aquecido, mas, ao contrário, se o ambiente

estiver muito quente isto pode provocar o aumento da sensação de calor e

dependendo provocar estresse térmico, (GUYTON, 1988).

Em Gallois (2002) encontra-se que a roupa considerada adequada ao

ambiente frio deve ser termicamente resiste e capaz de liberar o suor produzido pelo

organismo, produto da atividade corporal intensa, e depositado sobre a pele. Nos

momentos em que se diminui o ritmo da atividade a pele molhada promove a

sensação de resfriamento com a evaporação do suor causando desconforto.

O uso de muita roupa, ou seja, a sobreposição de peças de roupa, “pode

provocar sudorese excessiva com o aquecimento do corpo, exigindo mais atividade

do organismo para manter o balanço térmico (GALLOIS, 2002, p. 25)”.

Em climas secos, a vestimenta pode contribuir ao manter a umidade

produzida pelo organismo através da transpiração e evitar que o corpo se desidrate.

Em contrapartida, temperatura elevada e umidade do ar acima dos 60% dificultam a

perspiração. Deste modo, em um quadro de produção excessiva de suor, o tecido

pode absorver o líquido produzido e não evaporá-lo adequadamente, provocando

sensação de desconforto ao indivíduo.

A vestimenta que mantém uma camada, mínima, de ar parado, dificulta as

trocas por convecção e radiação e não permite que o ar quente que permanece

entre a pele e o tecido seja retirado pela ação do vento.

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Deste modo, reduz a sensibilidade do corpo às variações de temperatura e de

velocidade do ar, (LAMBERTS, 2005).

O tecido que recobre o corpo, em alguns casos, não permite que a radiação

solar incida diretamente sobre a pele, representando uma barreira para as trocas de

calor por convecção.

Partindo do princípio de que o homem permanece vestido a maior parte do

tempo, estando em atividade ou repouso, pode-se considerar que a vestimenta está

em constante contato com o corpo e neste sentido interagindo com seu

funcionamento.

Mas não é simplesmente o tipo de vestimenta, mas o material com o qual foi

confeccionada a roupa que interfere no processo de trocas térmicas, pois a

resistência da vestimenta é função do tipo de tecido utilizado, da fibra e do ajuste

deste ao corpo (FROTA, 1995).

Em Guyton (1988, p. 448) encontra-se que “as propriedades isolantes da

maioria das roupas resultam, em sua maior parte, do ar que fica captado nas malhas

do tecido [...]”. Ou ainda, segundo o autor, os tipos de tecidos que absorvem

rapidamente água, tais como os algodões e linhos, geralmente, não reduzem o

resfriamento evaporativo do corpo, já que o suor é absorvido pelo tecido e

evaporado de sua superfície do mesmo modo como o é da superfície do corpo.

Ruas (2001, p. 56), ao referir-se à interferência da roupa ao processo de

trocas térmicas, escreve que “a magnitude dessa interferência depende

principalmente do tecido e do modelo de fabricação da roupa”.

Deste modo, nota-se a importância do material têxtil neste processo e o

quanto ele pode prejudicar ou auxiliar nas condições de conforto térmico.

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3.1 ISOLAMENTO TÉRMICO DA ROUPA

A influência da vestimenta na sensação de conforto térmico pode ser

classificada de acordo com seu valor de isolamento. A unidade de medida

normalmente utilizada para determinar este valor é a unidade clo, originada de

clothes, há uma unidade técnica, do Sistema Internacional, que também pode ser

utilizada e é, assim, expressa: m² . ºC/W. Em valores, 1 clo equivale a 0,155 m .

ºC/W que é igual a 1 terno completo. Cada peça de roupa possui um valor de clo,

como mostra a tabela 2.

A soma de todas as peças que compõem o vestuário de uma pessoa dará o

índice de resistência térmica final Icl, segundo a ISO 7730 (1994), figura 1.

FIGURA 1: Somatória dos valores de clo das peças de roupa que compõem o vestuário segundo a ISO 7730/94.

Fonte: Thermal Comfort, acesso em: 14 fev. 2007

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TABELA 2 - Isolamento térmico para peças de roupa (modificada) Peças de roupa Isolamento térmico

clo Roupa de baixo calcinha ceroula longa camiseta sem manga camiseta com manga curta camiseta com manga longa calcinha e sutiã Camisa-blusa mangas curtas leve, mangas longas normal, mangas longas camisa de flanela, mangas longas blusa leve, mangas longas Calça leve normal flanela shorts Alto isolamento, fibra-pele calça paletó colete Roupa para ambientes externos casaco jaqueta casaco com capuz macacão, fibra-pele Diversas meias meias grossas, altura do tornozelo meias grossas, longas meias femininas de nylon sapatos (sola fina) sapatos (sola grossa) botas luvas

0,03 0,10 0,04 0,09 0,12 0,03

0,15 0,20 0,25 0,30 0,15

0,20 0,25 0,28 0,06

0,35 0,40 0,20

0,60 0,55 0,70 0,55

0,02 0,05 0,10 0,03 0,02 0,04 0,10 0,05

Fonte: ISO 7730 (1994, p. 26).

Quanto à estimativa do isolamento térmico da roupa Fanger (1970) diz que

sua importância no conforto térmico pode ser verificada pelo fato de que um

aumento de 0,1 clo no isolamento corresponde, para as atividades sedentárias, uma

diminuição de 0,6ºC na temperatura de conforto e para as atividades pesadas, uma

diminuição de 1,5ºC.

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3.2 O PRODUTO DE VESTUÁRIO

O vestuário é um produto que deve interagir com o corpo respeitando sua

morfologia e possibilidades físicas de ação. Martins (2006) faz uma analogia entre o

vestuário e a pele do corpo dizendo que esta está geneticamente adaptada ao

organismo humano e assim cumprindo suas funções básicas e fundamentais. Do

mesmo modo o vestuário deve ser figurativamente considerado como uma segunda

pele que cobre o corpo e, com isso, deve ser reconhecida e adaptada para as

diferentes necessidades físicas e emocionais dos usuários.

A interface homem-vestuário pode provocar em muitos casos sensação de

desconforto, e dentre estas o desconforto térmico.

Considerando o objetivo da ergonomia em proporcionar bem-estar e

segurança ao trabalhador, percebe-se que a vestimenta, independente de possuir

conteúdo de moda ou não, como no caso dos uniformes e certas roupas

profissionais especiais, deve ser concebida de forma consciente e responsável. Isto

pode evitar a ocorrência de situações físicas ou mentais desfavoráveis provenientes

da interface homem-ambiente, (MONTEMEZZO, 2002).

Neste contexto, tem-se que o vestuário é um produto e, como tal, necessita

da intervenção ergonômica em seu projeto, para que possa ser adaptado

adequadamente ao usuário. Convém lembrar que a roupa é o objeto mais próximo

ao homem e com o qual mantém uma relação íntima. Ilustrativamente, pode-se

compará-la como sendo seu primeiro habitáculo, isto porque antes de estar inserido

em um ambiente físico qualquer, o homem encontra-se inserido em um vestuário.

Sendo assim, caso o vestuário não seja planejado adequadamente para o fim

ao qual se destina, seu usuário pode sentir sensações físicas ou psíquicas

desagradáveis, (MONTEMEZZO, 2002). Guyton (1998) refere-se a este respeito

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dizendo que em países de clima tropical, onde o calor é mais intenso, a roupa

considerada adequada para o clima deve atender a dois fins específicos ao ser

planejada: proteção aos raios solares e capacidade máxima quanto à evaporação do

suor.

Considerando estes fatores, observa-se que a aplicação de tecidos

adequados às questões de conforto térmico torna-se um fator importante de estudo,

já que pode contribuir na busca de soluções para se atingir um índice de conforto

térmico adequado à vestimenta. Visto que “a roupa, como extensão do nosso corpo

necessita de requisitos que contribuam para o conforto térmico, a mobilidade, a

segurança, o dinamismo e a higiene”, (MARTINS, 2006).

Cabe aqui lembrar que estas necessidades prolongam-se a todas as pessoas,

mas há casos em que se atentar a elas torna-se estritamente necessário. Este é o

caso de pessoas que, no exercício de suas atividades laborais, com trabalho

corporal excedente desenvolvem suas atividades em locais cujas condições

ambientais mostram-se desfavoráveis e o vestuário utilizado inadequado à situação.

“Assim, atividades muito freqüentes e locais com intensa variação climática

exigem matérias-primas e formas inteligentes (modelagens) que, ao mesmo tempo

criem um microclima ao redor do corpo, conferindo conforto térmico ao usuário”,

(MARTINS, 2006).

3.2.1 Materiais têxteis: da fibra ao tecido

A roupa configura-se através de seu material de construção. Os tecidos, com

suas propriedades têm em suas tramas matérias-primas obtidas do meio natural e

artificial, ou seja, vindas da natureza ou criadas, desenvolvidas quimicamente, pelo

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homem. O processo de construção de um artigo têxtil, desde a concepção até o

acabamento final, passa, então, pelas seguintes etapas:

1 Obtenção das fibras têxteis, naturais ou químicas;

2 Fiação das fibras, processo de formação dos fios;

3 Tecelagem, construção dos tecidos planos, forma convencional de construção

têxtil;

4 Malharia, construção dos tecidos de malha;

5 Acabamento, fase em que acontecem os trabalhos de alvejamento, tinturaria,

estamparia, entre outros.

3.2.1.1 Fibras têxteis

Fibra têxtil é a unidade de matéria cujas propriedades a tornam capaz de ser

transformada em fio. Pode ser definida também como matéria-prima utilizada para a

produção de fios e, conseqüentemente, de tecidos. De acordo com Aguiar Neto

(1996, p. 13 ), [...] fibra têxtil é todo o material que pode ser usado para fins têxteis

(fios, tecidos, não tecidos).

As fibras podem ser adquiridas do reino vegetal, animal e mineral, sendo

classificadas como fibras naturais, ou, ainda, ser quimicamente produzida pelo

homem em laboratórios utilizando materiais pertencentes ao reino vegetal e mineral,

sendo denominadas fibras químicas, (AGUIAR NETO, 1996). “Todo material

proveniente dos três reinos da natureza que apresente a capacidade de produzir fio

é considerado como uma fibra”, (RIBEIRO, 1984, p. 23).

Deste modo, encontram-se classificadas em dois grupos, o das fibras naturais

e o das fibras químicas. As fibras naturais são obtidas diretamente da natureza. Do

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reino vegetal podem ser obtidas de sementes, caules, folhas e frutos, do reino

animal obtêm-se a seda, a lã e o pêlo, e do reino mineral o amianto.

No grupo das fibras químicas, produzidas em laboratórios, estão os tipos que

correspondem às fibras artificiais regeneradas (viscose); as fibras artificiais

modificadas (acetato), e as fibras sintéticas (atualmente de grande importância) e as

fibras não-sintéticas (fios metálicos). Ou segundo afirmam Monteiro e Santos (2002,

p. 116),

As fibras químicas são: as sintéticas, produzidas após o resultado da manipulação de substâncias de origem petroquímica, que são a poliamida (náilon), o poliéster, o poliuretano (elastano, spandex), os derivados do polivinil (entre eles o acrílico) e os hidrocarbonetos polimerizados (entre eles o polietileno e o polipropileno); e as artificiais, que são as fibras vegetais (basicamente de celulose), principalmente raiom e acetato.

3.2.1.2 Características das fibras

As fibras apresentam características físicas e químicas importantes para a

obtenção dos fios e dos tecidos, “visto que todo produto têxtil apresentará como

características as vantagens de sua matéria prima, ou seja, da fibra que foi feito”,

(RIBEIRO, 1984, p. 4).

“As características de uma fibra, seu peso, calor, aparência, desempenho,

determinam as qualidades dos tecidos e malhas e os usos para os quais se

destinam”, (JONES, 2005, p.120). Estas características são conhecidas como

propriedades e encontram-se divididas em físicas e químicas. É dada às

propriedades físicas uma importância maior que às propriedades químicas, visto que

são elas que determinam a qualidade, resistência e demais atributos do produto

final, ou seja, do tecido, (AGUIAR NETO, 1996).

Deste modo, a análise das fibras quanto às propriedades que possuem

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determinam o tipo de produto têxtil que será produzido e a finalidade para o qual

este produto será utilizado. A tabela 3 abaixo mostra quais propriedades físicas as

fibras têxteis podem apresentar enquanto matéria-prima têxtil.

TABELA 3: Descrição das propriedades físicas das fibras têxteis. Propriedade Descrição

Natureza Refere-se a sua classificação como matéria-prima, ex. algodão,

poliéster. Comprimento Refere-se à dimensão da fibra em seu estado natural.

Finura É a medida do diâmetro da fibra.

Alongamento ou esticamento

É o quanto a fibra se esticará quando submetida a uma força longitudinal.

Elasticidade Propriedade que as fibras têm de após terem sido submetidas a forças de tração e sofrerem um alongamento, retornarem ao seu comprimento inicial logo que é eliminada a força de tração.

Morfologia ou aparência

Refere-se à apresentação ou impressão visual que se tem da vista longitudinal e transversal da fibra ao ser analisada.

Porosidade Refere-se à capacidade da fibra em absorver e reter líquidos, quanto mais porosa mais higroscópica.

Umidade Percentual de água que o material possui em relação ao seu peso úmido.

Regain Percentual de água que o material possui em relação ao seu peso seco. Lustro É o brilho natural da fibra, quanto mais lisa e circular mais brilhante.

Resiliência Propriedade da fibra de voltar ao seu estado original tão logo seja

retirada a carga ou força que a comprimia

Resistência Capacidade de suportar uma carga até romper-se.

Flamabilidade Propriedade de queimar ou não.

Flexibilidade Propriedade de suportar a flexão, ou seja, de ser dobrada.

Fiabilidade Propriedade de se transformar em fio.

Higroscopia Capacidade que tem de absorver e reter a umidade do ar.

Resistência e abrasão

Capacidade da fibra em ser desgastada ou desgastar outra, quando submetida à abrasão.

Fonte: Aguiar Neto (1996, p. 36).

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35

3.2.1.3 O algodão e os sintéticos

Devido as suas características de conforto de uso e em conseqüência da

diversidade de sua aplicação, seja no vestuário, decoração, revestimentos de

estofado, entre outros, o algodão pontua como a fibra natural mais consumida no

mercado brasileiro. Conseqüentemente, encontra-se em Finkler et al. (2005) que a

fibra natural mais utilizada em tecidos é o algodão, representando cerca de 90% das

fibras naturais utilizadas no Brasil e em Chataignier (2006, p. 39), que “o algodão é

a fibra mais utilizada no mundo – cerca de três quartos da população mundial a

utiliza no vestuário [...]”.

O conforto proporcionado pelos tecidos de algodão se deve, em especial, as

propriedades físicas da fibra, onde as mais importantes são a capacidade de

absorção e a resistência.

A porosidade da fibra de algodão é bastante grande o que lhe confere

elevada capacidade de absorção de umidade do ar e de líquido. Por este motivo os

tecidos produzidos com esta fibra são denominados tecnicamente de higroscópicos,

justamente por absorverem, do mesmo modo, muita umidade do ar e também, muita

água, até 2 vezes e meia o seu peso.

A resistência é outra propriedade importante desta fibra e está relacionada à

capacidade que possui em suportar uma força de tração sem se romper.

O algodão é muito resistente, porém apenas cerca de 30 a 50% da resistência

individual da fibra é transferida para o fio, (AGUIAR NETO, 1996). Ainda que

consideravelmente pequena esta propriedade concedida aos fios de algodão os

coloca como indicados para a produção de artigos têxteis destinados à confecção de

roupas de trabalho e de tecidos mais duráveis como no caso do jeans.

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36

Em casos em que fios e tecidos de elevada resistência mostram-se

necessários o algodão é misturado ao poliéster. A mistura de 67/33 de poliéster e

algodão possui uma resistência maior que um material 100% algodão. (AGUIAR

NETO, 1996)

Tem-se com isto que as vantagens e desvantagens de cada fibra são

compensadas com a mistura das mesmas, como em casos semelhantes ao do

algodão e poliéster, (ERHARDT et al., 1976).

Quanto a isto Jones (2003, p. 123) escreve que as propriedades pertencentes

à fibra principal modificam-se quando misturadas a outras. Como exemplo cita as

misturas de fibras naturais com fibras sintéticas: “algodão e linho são absorventes e

amarrotam bastante, mas quando misturados com poliéster secam mais rápido e

ficam mais fáceis de passar”.

O aspecto negativo do algodão é que em determinadas situações os tecidos

podem perder estabilidade dimensional deformando-se ou encolhendo, (AGUIAR

NETO, 1996). Outro fator é quanto à resiliência, que é muito baixa, ou seja, os

tecidos de algodão são fáceis de amarrotar, ou amassar.

Apesar das qualidades oferecidas pelo algodão, há uma tendência de maior

utilização de fibras sintéticas, pois estas possibilitam a modernização e aumento da

produtividade no processo de fiação, além de gerar economia de escala para a

produção industrial, Finkler et al. (2005).

Desenvolvidas principalmente para atender à elevada demanda por artigos

têxteis, as fibras de Rayon® e Nylon® foram as primeiras a serem desenvolvidas e

comercializadas. Hoje há a possibilidade de se produzir fibras têxteis a partir de um

único tipo de fibra ou através da mistura de várias fibras, promovendo a

diversificação dos produtos oferecidos, Finkler et al. (2005).

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37

As propriedades práticas das fibras sintéticas sofreram alterações devido aos

avanços tecnológicos do final da década de 80. A microfibra, produto deste avanço,

foi desenvolvida a partir de um novo tratamento dado à fibra de poliamida e a de

poliéster e é 60 vezes mais fina que um fio de cabelo. Por serem mais baratas e

mais resistentes que as fibras naturais mostraram-se como o grande avanço têxtil

dos anos 90.

Erhardt et al. (1976) diz que muitas fibras químicas possuem como

propriedades: reduzido poder de absorção de umidade, alta resistência ao

rompimento e estabilidade dimensional durante o tratamento a úmido, ou seja,

durante a lavagem. A absorção de umidade do poliéster, fibra de origem

petroquímica, é muito baixa, menos de 1%, isto produz certa tendência à produção

de eletricidade estática é, também, resistente à ação da radiação ultravioleta,

(AGUIAR NETO, 1996).

Devido à diversidade existente de fibras químicas, estas podem ser

encontradas em combinações diferentes de fios com propriedades especiais.

Aplicadas inicialmente para a fabricação de tecidos funcionais à prova d’água, os

tecidos feitos com a mistura de fibras são, hoje, aplicados à maioria das peças de

vestuário. Algumas destas podem ser encontradas em combinações com fibras

naturais tais como seda, algodão e linho, e fibras químicas como o elastano, viscose,

poliamida, entre outras.

Segundo Monteiro e Santos (2002, p. 116),

A partir da fiação, as fibras são mescladas em proporções crescentes, na busca de tecidos com características especiais não só de uso, mas também no que diz respeito à relação qualidade/custo. Isso implica desafios sempre renovados para atingir padrões de qualidade e produtividade, especialmente nas atividades de acabamento, que exigem novos conhecimentos e processos químicos específicos, aumentando assim a substituibilidade/ complementaridade entre fibras naturais e sintéticas.

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38

3.2.1.4 Fiação e tecelagem

O processo de transformação de fibras naturais, artificiais ou a mistura de

ambas em fios é chamado de fiação. A fiação transforma a fibra em fio contínuo e

coeso e este processo varia de acordo com o tipo de fibra. Os fios são a matéria-

prima dos tecidos e a tecelagem o método de entrelaçamento dos fios de urdume e

de trama, ou seja, é o processo de tessitura dos fios.

Segundo Chataignier (2006), os tecidos classificam-se em:

a) Tecidos planos ou comuns: obtidos pelo entrelaçamento de dois conjuntos de

fios (urdume e trama) formando um ângulo de 90º.

b) Tecidos de malha: formados por laços que se interceptam e se apóiam, lateral

e verticalmente.

c) Não tecidos: obtidos diretamente pelas camadas de fibras que se unem umas

as outras por meios físicos ou químicos, formando uma folha contínua.

Os tecidos planos também são classificados segundo seu tipo de armação.

Chama-se armação o desenho do traçado do entrelaçamento dos fios da trama e do

urdume na construção do tecido.

São três os principais tipos de armação, Chataignier (2006):

a) Tela ou tafetá: é o tipo de ligamento mais comum, onde o urdume passa

alternadamente por cima e por baixo da trama. Os fios ficam bem presos o

que confere maior resistência ao tecido.

b) Sarjado: apresenta canaletas ou frisos oblíquos, tanto no avesso quanto no

lado direito. O fio da trama passa debaixo de um fio em cima e de dois ou

mais fios em baixo, deslocando-se sucessivamente no processo de

tecelagem. Este tipo de armação produz um padrão diagonal na superfície.

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39

c) Cetim: esta armação apresenta os pontos de ligação espaçados e,

conseqüentemente, tornam-nas tênues. Esses pontos são simulados pelas

flutuações dos fios, produzindo um brilho acetinado, de maior ou menor

intensidade, segundo as distâncias das folgas. Este tipo de ligamento produz

tecidos lustrosos e macios.

A figura 3 abaixo mostra o desenho da formação dos tecidos, onde os fios

dispostos verticalmente são os fios de urdume e os dispostos horizontalmente são

os de trama.

FIGURA 2: Desenho dos tipos de ligamentos têxteis mais comuns. Fonte: Jones (2005, p.122)

Malharia é o processo através do qual o fio se transforma em malha. O tecido

de malha é construído inicialmente por meio do encurvamento do fio em forma de

laçada que pode ocorrer tanto por trama quanto por urdume, Ribeiro (1984).

As malhas são classificadas em dois grupos básicos, malhas de trama e

malhas de urdume. A diferença encontra-se nos diferentes sistemas de formação da

malha. Assim, o processo que utiliza o método de entrelaçamento de malhas na

direção da trama, ou seja, no sentido horizontal, forma a malha por trama, enquanto

o processo que utiliza o método de entrelaçamento da malha na direção do urdume,

sentido vertical, forma a malha por urdume.

Do entrelaçamento das laçadas obtém-se dois elementos básicos desta

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construção que são os cursos e as colunas. Cada carreira horizontal de fios

entrelaçados, tanto em tecidos de malha por trama, (figura 3), quanto em tecidos de

malha por urdume, (figura 4), recebe o nome de curso, enquanto o entrelaçamento

do fio no sentido vertical refere-se à coluna. As malhas esticam tanto no sentido do

curso quanto no sentido da coluna, porém a tendência maior é que estique no

sentido do curso, ou seja, na largura.

FIGURA 3 - Malha por trama, entrelaçamento formando o curso e a coluna. Fonte: Ribeiro (1984)

FIGURA 4 - Malha por urdume, entrelaçamento formando o curso e a coluna. Fonte: Ribeiro (1984)

Devido aos espaços desenhados pelas laçadas que formam este tecido a

passagem do ar dissipado pelo corpo torna-se mais fácil. Como pode ser observado

na afirmação de Jones (2005, p. 124), “como a estrutura é razoavelmente aberta os

tecidos de malharia ‘respiram’ e podem manter o corpo quente ou frio, conforme o

tipo de fio”.

Já no caso dos tecidos planos pode-se considerar que a trama do tecido por

ser mais fechada dificulta a passagem do ar por entre seus fios, pois os espaços

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vazios entre um e outro são menores em comparação aos da malha, figura 5. Em

Jones (2005) encontra-se que os tipos de tecidos mais firmes e resistentes são

obtidos quando trama e urdume são do mesmo tamanho e tecidos de modo bem

fechado.

FIGURA 5: Trama dos tecidos: 1- malha; 2- tecido plano - armação em tela; 3 - sarja de gabardini. Fonte: Jones (2005, p.122)

A resistência do tecido é resultado do modo como é feita sua construção.

Treptow (2005, p. 117) diz que os tecidos planos “possuem estabilidade na largura e

comprimento e boa resistência”, devido à forma como é feito o ligamento têxtil.

Tem-se, deste modo, que a armação em tela ou tafetá confere maior

resistência ao tecido, visto que os fios ficam bem presos. A armação em sarja é um

pouco mais maleável e tem como característica o desenho diagonal, enquanto o

cetim é a armação mais maleável dentre as descritas e a que confere mais brilho ao

tecido.

No caso das malhas o desenho das laçadas tornam-na maleável tanto na

largura quanto no comprimento. O problema desta construção e o fato dela se

deformar com mais facilidade.

Segundo Treptow (2005) a malha circular, construída em forma tubular,

possui maior elasticidade na largura e comprimento. A malha circular construída com

o mesmo fio de um tecido plano será mais maleável e terá acabamento mais fluido.

A estrutura em meia malha é mais leve e maleável, feitas em fios de algodão são

1 2 3

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utilizadas para a produção de camisetas. As malhas tendem a enrolar.

Como visto as propriedades das fibras e o tipo de construção do tecido

revelam sua propriedade de uso. Deste modo, pode-se perceber que existem

características importantes acerca dos tecidos que devem ser consideradas ao se

projetar um produto de vestuário, principalmente os que se destinam a fins

específicos, como no caso de roupas de proteção e de trabalho.

Jones (2005, p.122) escreve que “saber o conteúdo das fibras de um tecido é

essencial para estar ciente das maneiras apropriadas de manuseá-lo e mantê-lo e

de sua adequação para os propósitos a que se destinam”.

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4 AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO

A partir do conhecimento das variáveis ambientais e pessoais é possível

proceder à avaliação do conforto térmico. Para tanto se faz necessária a utilização

de normas específicas contendo métodos que auxiliem a prescrever as condições

ambientais dos espaços construídos, bem como para ajudar nos projetos de novos

ambientes.

Em Ruas (2001) encontra-se que a norma NBR 6401/80 recomenda um

intervalo de 23ºC a 25ºC para temperatura (tbs) e de 40% a 60% de umidade relativa

(UR), como apropriado ao conforto térmico de pessoas em atividade sedentária, no

verão. Já a ISO 7730/94 especifica o intervalo de 23ºC a 26ºC de temperatura

operante (to) e 30% a 70% de umidade relativa (UR) para a mesma situação de

atividade e condições de verão, tabela 4. Moraes et al. (2003) cita Koenisberger para

dizer que os valores de temperatura válidos para o conforto térmico na maioria das

regiões tropicais variam de 22ºC a 27ºC.

TABELA 4 - Comparativo entre os intervalos de conforto para atividade sedentária

recomendados pela NBR 6401 (1980) e ISO 7730 (1994).

Fonte: Ruas (2001, p.49)

O desconforto e o grau de satisfação térmica das pessoas são proporcionais

às variações das condições ambientais e vem sendo estudados por vários

pesquisadores. Um dos métodos mais difundidos até hoje e aplicados pela norma

NBR 6401 (1980) Tbs (ºC) UR(%)

ISO 7730 (1994) to (ºC) UR(%)

Verão 23 a 25 40 a 60 23 a 26 30 a 70

Inverno 20 a 22 35 a 65 20 a 24 30 a 70

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ASHRAE é o método de Fanger (1970), no qual o desconforto térmico é avaliado

pelo Predicted Mean Vote-PMV (Voto Médio Estimado-VME) - PMV.

Este método destaca-se para os objetivos dessa pesquisa, por considerar as

atividades e a roupa do usuário para a avaliação de sua sensação térmica.

A escala de sensação térmica, ou escala de sete pontos definida por Fanger

(1970) estabelece um valor para a sensação térmica da pessoa em relação ao

ambiente em que se encontra inserida. Este critério de avaliação é apresentado

abaixo.

Escala de sensação térmica definida por Fanger:

- 3 - muito frio - 2 - frio - 1 - leve sensação de frio 0 - neutralidade térmica + 1 - leve sensação de calor + 2 - calor + 3 - muito calor

O ponto 0 zero, de neutralidade, indica que a pessoa encontra-se

termicamente confortável com o ambiente. Os demais pontos indicam o nível de

satisfação e insatisfação térmicas.

O PMV pode ser calculado por meio de tabelas fornecidas pela ISO 7730/94

contendo diferentes combinações de taxa de metabolismo, isolamento térmico da

vestimenta, temperatura operante e velocidade relativa do ar ou por meio de

programas de computador específicos para isto (RUAS, 2001).

É o caso, por exemplo, do programa Analysis, desenvolvido pelo Labeee –

Laboratório de Eficiência Energética em Edificações, ou ainda, do programa

Rayman, desenvolvido por Rutz, Matzarakis e Mayer do Meteorological Institute

University of Freiburg, Alemanha e do programa Conforto 2.02 desenvolvido por

Ruas, em tese de doutorado.

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Através do PMV é possível calcular a porcentagem de pessoas insatisfeitas

com o ambiente. Este valor foi determinado por Fanger (1970) como PPD –

Predicted percentage of dissatisfied, ou Porcentagem estimada de insatisfeitos.

FIGURA 6 – Porcentagem de insatisfeitos em função do PMV Fonte: ISO 7730/94 traduzido

No caso dessa pesquisa aborda-se especificamente o programa RayMan. O

programa cuja interface é apresentada na figura 7 permite, dentre outras coisas,

calcular o valor de PMV. Para a efetuação deste cálculo é necessário fornecer dados

sobre data e hora, localização geográfica onde foram realizadas as medições, as

variáveis ambientais, além de dados pessoais, valor de isolamento térmico da roupa

e taxa metabólica.

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FIGURA 7 – Interface do programa RayMan – versão 1.2.0.0.

A proposta aqui apresentada utiliza-se da simulação com esse programa

como uma das suas etapas metodológicas, conforme pode ser verificado no capítulo

seguinte.

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5 METODOLOGIA

A metodologia adotada para este trabalho consistiu em pesquisa exploratória

e descritiva na forma de pesquisa de campo.

A pesquisa exploratória torna-se importante, pois permite uma aproximação

maior com a problemática, buscando torná-la mais explícita e apresenta-se como

pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida

com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos

científicos.

A pesquisa descritiva torna-se necessária para a obtenção de informações

por meio da coleta de dados e assume a forma de levantamento, pesquisa de

campo. Para Gil (2002), as pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação

direta das pessoas cujo comportamento se anseie conhecer.

A averiguação dos dados referentes ao objeto de estudo deste trabalho

iniciou-se por meio de pesquisa exploratória partindo de levantamento bibliográfico

pertinente ao assunto para elaborar a revisão bibliográfica. Em seguida adotou-se a

pesquisa de campo para a coleta de dados acerca do objeto de estudo.

A coleta de dados foi realizada por meio de aplicação de questionário e

medições ambientais. O questionário foi estruturado a partir de observações prévias

sobre a atividade e ambiente de trabalho da população analisada. Tendo como base

o questionário apresentado por Lamberts (2002) para avaliação de conforto e

aceitabilidade térmica com questões referentes ao vestuário, à sensação e

satisfação térmicas.

Selecionou-se para local de estudo o Centro de Distribuição Domiciliária –

CDD de Londrina, unidade da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Esta

escolha teve como parâmetro o fato desta unidade estar situada na área central da

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cidade e, principalmente, por possuir mais carteiros que fazem as entregas das

cartas a pé. A pesquisa tornou-se possível devido à concordância dos supervisores

e carteiros em participar do estudo.

Para tanto, realizaram-se os seguintes procedimentos metodológicos para a

coleta de dados:

• Identificação dos ambientes de trabalho;

• Delimitação da população e definição da amostra;

• Identificação do perfil dos carteiros e das atividades;

• Análise e caracterização do uniforme;

• Aplicação dos questionários e realização de medição ambiental.

Os procedimentos adotados para a averiguação e análise dos dados colhidos

são descritos a seguir.

As taxas de gasto metabólico foram analisadas a partir das respostas obtidas

do questionário sobre a atividade desenvolvida e as estimativas obtidas conforme a

ISO 7243/89. Para o isolamento da roupa calculado pelo somatório dos isolamentos

das peças que a compõem foi utilizada como fonte de informação a ISO 9920

(1995). O cálculo de conforto térmico PMV e PPD foi realizado pelo programa

Raymam e comparados aos valores de conforto estabelecidos pela ISO 7730 (1994).

5.1 COLETA DE DADOS

Esta etapa da pesquisa foi realizada em ambiente real, em condições de

temperatura adversas às delimitadas para zona de conforto, ou seja, temperaturas

de verão tropical. Procedeu-se, deste modo, a coleta de variáveis térmicas que

influenciam na sensação de conforto, em especial à resistência e interferência do

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vestuário, com posterior análise dos resultados.

Foram necessárias coleta e avaliação dos fatores ambientais: como

temperatura e umidade relativa do ar; e dos fatores pessoais: características físicas,

taxas metabólicas referentes às atividades físicas, isolamento térmico das peças do

uniforme e sensações subjetivas dos trabalhadores. Para tanto foram feitas

medições ambientais e aplicação de questionário, além de entrevistas e observação

dos ambientes de trabalho e atividade desenvolvida. Procedeu-se, também, o

acompanhamento e registro das características das atividades desenvolvidas e

ainda o seu registro mediante fotografias digitais.

Também foram colhidas observações particulares dos trabalhadores a

respeito do uniforme e do prédio do CDD, na forma de críticas e sugestões. Os

modelos dos questionários aplicados encontram-se nos APÊNDICES A e B.

5.1.1 Instrumentos e métodos

As informações pertinentes ao perfil dos entrevistados, características

fisiológicas e antropométricas e suas considerações em relação às condições

térmicas do ambiente de trabalho, a atividade e uniforme, foram colhidas por meio

da aplicação do questionário 1; as questões relativas à sensação térmica do

momento e as respostas do corpo e do vestuário frente à sensação térmica foram

coletadas por meio do questionário 2. Juntamente com este questionário, foram

feitas as medições ambientais.

A coleta de dados foi feita no mês de março e, para tanto, escolhidos os dias

que apresentaram temperaturas mais altas, ou seja, superiores ou próximas a 30ºC.

Segundo dados do IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná, a respeito do

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clima no município de Londrina em 2005, a média máxima de temperatura atingida

neste mês foi superior aos demais meses do ano, ficando em 31,4 ºC, enquanto a de

fevereiro manteve-se em 31,1 ºC, seguido pelo mês de abril com 29,9 ºC. O dia mais

quente do ano também foi neste mês e ficou em 37 ºC. Os dados são apresentados

na tabela 5 abaixo.

Tabela 5: Resumo climatológico do Município de Londrina – 2005.

MÊS Ja

neiro

Fev

erei

ro

Mar

ço

Abr

il

Mai

o

Junh

o

Julh

o

Ago

sto

Set

embr

o

Out

ubro

Nov

embr

o

Dez

embr

o

An

o

Média máxima 28,3 31,1 31,4 29,9 27,0 25,0 23,2 27,4 24,8 28,1 29,5 28,9 27,9

Temperatura 32,5 36,0 37,0 33,6 31,8 28,4 28,4 33,3 32,4 35,2 34,1 32,2 - Máxima absoluta Dia 15 24 11 16 19 17 16 29 10 13 16 16 -

Média mínima 20,4 18,7 19,1 18,3 14,2 14,2 11,2 13,2 13,8 18,3 17,4 18,2 16,4

Temperatura 17,4 14,8 15,6 11,2 9,9 10,9 5,1 6,2 8,0 15,6 13,8 14,8 - Mínima absoluta Dia 27 9 27 30 26/27 27 19 25 3/4 20 2/27 4/8 -

Tem

per

atu

ra d

o a

r (º

C)

Média do mês (ponderada) 23,7 24,5 24,8 23,6 20,2 19,1 16,5 19,9 18,6 22,4 23,0 23,3 21,6

Umidade relativa média (%) 84 65 64 67 67 76 70 58 72 77 65 70 69,6

Total (mm) 408,6 26,5 69,5 72,6 89,1 39,6 33,9 41,1 141,4 261,6 92,8 148,9 1426 Precipitação

Dias de chuva (mês) 22 5 6 7 6 7 10 6 15 18 10 10 122

Evaporação total (mm) 82,5 138,9 160,0 128,5 129,1 85,6 104,1 161,7 127,9 103,0 166,4 142,6 1530

Insolação total (horas) 137,6 247,1 251,3 218,0 250,2 204,6 241,4 262,5 173,8 148,6 243,4 229,4 2608

Direção NE SE E NE NE/SE NE E NE E E E E - Vento

Velocidade média (m/s) 2,3 2,4 2,3 2,1 2,1 1,8 2,2 2,1 2,8 2,3 2,9 3,0 -

Fonte: Baseado no Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, Perfil do Município de Londrina 2004/2005.

As medições de temperatura e umidade relativa do ar foram realizadas nos

dias 16 e 29 de março, tanto em ambiente interno quanto externo. Para obtenção

dos valores foi utilizado um higrômetro de leitura direta da marca Incotherm. Este

termômetro fornece tanto a temperatura de bulbo seco (TBS) quanto à temperatura

de bulbo úmido (TBU), além de fornecer a porcentagem de umidade relativa do ar.

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5.1.2 População e amostra

O CDD conta com 70 colaboradores, sendo 10 internos (OTT) e 60 carteiros,

destes 40 fazem as entregas a pé. Por objetivar o presente estudo a análise do

uniforme utilizado pelos carteiros, delimitou-se, então, entre homens e mulheres, um

total de 20 pessoas para a amostra, perfazendo um percentual de 28,5% da

população total. Dentre os carteiros, foram entrevistadas e analisadas quanto à

sensação térmica 15 pessoas, ou seja, 25% do total de 60 carteiros.

A composição desta amostra baseou-se principalmente na observação da

atividade executada e dos ambientes de trabalho. Deste modo o estudo teve como

foco principal os carteiros que realizam o trabalho a pé ou de bicicleta expostos ao

sol.

5.2 ÁREA DE ESTUDO

Delimitou-se a área de estudo à unidade do Centro de Distribuição

Domiciliária (CDD), pertencente à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e

situada em Londrina, norte do estado do Paraná e distante 377,77 km capital da

sede municipal, Curitiba (IPARDES, 2007), figuras 8 e 9.

A cidade está localizada entre a latitude 23º18’37” sul e longitude 51º09’46”

oeste, com altitude de 576m (IPARDES, 2007). A população é de 495.695

habitantes e a área territorial é de 1.656,606 km² (IBGE, 2006).

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Localização de Londrina

FIGURA 8: localização de Londrina no Paraná. Fonte: Cadernos Municipais IPARDES 2007

FIGURA 9: mapa limites do município de Londrina. Fonte: Cadernos Municipais IPARDS 2007

O CDD localiza-se na área central da cidade e sua cobertura abrange toda

esta região. Por este motivo é a unidade que possui o maior número de carteiros que

fazem as entregas a pé, o que a coloca como ideal para a análise do uniforme em

relação à atividade desenvolvida e ao ambiente de trabalho. A construção onde está

instalada a unidade também apresentou ambiente propício à análise térmica.

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5.3 O AMBIENTE DE TRABALHO

Os trabalhos realizados na unidade do CDD acontecem em ambiente interno

e externo. A instalação onde são realizadas as atividades internas constitui-se de um

barracão com cobertura de telha de zinco e cujos setores são divididos por

divisórias, o ambiente não é climatizado. Possui manta térmica e ventiladores como

recursos para diminuir o calor do ambiente, figura 10.

Devido ao tipo de construção, levantou-se que em dias muito quentes o calor

no interior do barracão era insuportável, mesmo com os ventiladores ligados, por isto

a manta térmica foi colocada como medida para minimizar o problema. É importante

destacar que em dias com temperatura elevada e baixa umidade do ar o uso de

ventiladores pode agravar ainda mais o desconforto térmico, visto que ao

movimentarem o ar quente acabam devolvendo-o para os usuários.

FIGURA 10: Imagem de manta térmica e ventiladores no interior do barracão.

Os ventiladores estão fixados nas paredes, teto e em alguns pilares, porém a

área de cobertura destes ventiladores fica praticamente limitada ao setor de

preparação de correspondências simples, também chamada de “ala dos carteiros”.

Os demais setores possuem como recurso, ventiladores de chão.

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Por se tratar de um barracão, possui duas portas grandes de entrada, sendo

uma para veículos e outra para acesso ao balcão de atendimento. Estas portas

permanecem abertas o dia todo, o que contribui com a ventilação no interior do

barracão. Há janelas apenas nas paredes da parte da frente, figura 11, e de trás do

barracão.

FIGURA 11: Instalação do CDD-Londrina.

Os setores que compõem a empresa estão divididos em: sala de gerência,

setor de registrados, onde se faz o atendimento ao público e preparação de objetos

registrados para os carteiros, setor de contrato especial Copel, setor de preparação

de correspondências simples, ou ala dos carteiros. Todos os setores, exceto a ala

dos carteiros, são separados por divisórias, figura 12.

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FIGURA 12: Setor de registrados e atendimento ao público.

O ambiente externo trata-se das ruas da região central da cidade e dos

bairros próximos a esta região (figura 13).

FIGURA 13: Localização do CDD, área central em Londrina. Fonte: Google Earth plus (2007).

5.4 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA

A atividade desenvolvida no período da manhã acontece dentro das

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instalações do CDD e consiste em preparar as correspondências simples e

registradas e fazer a triagem e ordenamento das correspondências e encomendas

para a entrega domiciliar.

As correspondências chegam à unidade do CDD no final da tarde e são

descarregadas e guardadas para serem separadas no dia seguinte pela manhã e

entregues à tarde. A intensidade do trabalho depende do volume de

correspondências que chega à unidade.

A triagem das cartas é feita em pé com movimento dos membros superiores,

ou seja, trabalham braços e tronco visto que precisam retirar as correspondências

que se encontram dentro das caixas para em seguida ordená-las. Deste modo,

muitas vezes giram ou dobram o corpo para pegarem os lotes de cartas, alguns se

abaixam para pegá-las, o que é a postura mais correta nestes casos. Alguns fazem

o trabalho sentado, outros ficam em pé (figuras 14 e 15).

FIGURA 14: Carteiros realizando o trabalho de triagem.

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FIGURA 15: Trabalho realizado em pé e sentado.

O ordenamento das cartas é feito, geralmente, sentado e consiste em separar

e colocar as cartas em seus devidos endereços; as cartas são colocadas em uma

espécie de prateleira dividida por setores, nomes de ruas ou CEP (figuras 16 e 17).

De acordo com a tabela 1, esta atividade pode ser considerada leve, com taxa

metabólica de 93 W/m² ou 1,6 met, visto que não demanda muito esforço físico,

somente quando separam as caixas e as carregam para seus lugares para

realizarem a triagem.

FIGURA 16: Ordenamento das correspondências.

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FIGURA 17: Carteiro colocando a correspondência no setor indicado na prateleira.

Depois de separadas, as correspondências são colocadas em sacolas para

serem levadas pelos carteiros aos seus destinos. Esta parte das atividades tem

início por volta das 8h30 da manhã e segue até as 11h00 a 11h30. A partir deste

horário, os carteiros começam a sair para fazerem as entregas. O tempo que

permanecem nas ruas depende do volume de correspondências que precisam

entregar e da distância do trajeto que percorrem.

Esta atividade pode ser considerada moderada e representa em termos de

metabolismo o dispêndio energético de 140 W/m² ou 2,4 met, conforme a tabela 1.

Os carteiros que fazem as entregas a pé ou de bicicleta carregam uma bolsa

contendo todo o material de entrega. Estas bolsas pesam em média 7 a 8 kg ou

mais – o peso estipulado para as bolsas das mulheres é de 8 kg e para a dos

homens de 10 kg (figura 18). O peso associado ao modo como a bolsa é carregada

podem provocar problemas de desvios posturais.

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59

FIGURA 18: Carteiros entregando as correspondências.

Alguns carteiros utilizam ônibus para chegar ao local de entrega, outros

seguem a pé. As correspondências são entregues nos endereços, seqüencialmente,

por este motivo caminham, param, atravessam de um lado para o outro da rua,

voltam e assim seguem (figura 19). Deste modo estão passíveis aos efeitos de todas

as intempéries ambientais que venham a acontecer durante o dia.

FIGURA 19: Carteiro atravessando a rua para entregar as correspondências. O vai e vem das ruas.

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60

Dependendo do percurso que fazem, chegam a caminhar mais de 5 km por

tarde de trabalho. Durante o trajeto, recarregam a bolsa com mais cartas à medida

que ela se esvazia. Existem vários pontos de apoio onde estão colocadas caixas do

correio; estes pontos localizam-se principalmente em prédios comerciais.

Estas caixas são abastecidas com as correspondências que ainda precisam

ser entregues pelos carteiros pedestres ou de bicicleta. Este trabalho é feito pelos

carteiros de moto que são responsáveis também pelas entregas nos lugares mais

afastados (figura 20).

FIGURA 20: Carteiro guardando os malotes para abastecer as caixas dos pontos de apoio, enquanto o outro abre a caixa de apoio para recarregar a bolsa com correspondências.

Ao terminarem as entregas, os carteiros voltam ao CDD para fazerem as

devoluções das correspondências, que por motivos diversos não foram entregues, e

também para dar baixa de sedex e carta registrada que foram entregues ou não e

deste modo finalizam suas atividades do dia.

A maioria dos carteiros trabalha no horário entre 11h00 e 15h00 da tarde e

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permanecem, portanto, expostos à radiação solar e aos raios UV mais intensos do

dia.

Devido à movimentação que fazem, não dá para se protegerem do sol a todo

o momento embaixo de árvores ou das sombras das construções, por isto recebem

a radiação direta do sol. Em dias muito quentes isto se agrava, visto que sofrem com

o calor excedente produzido pela radiação solar e pelo calor dissipado da

pavimentação do solo e dos materiais do entorno, principalmente em ruas que

possuem poucas árvores (figura 21).

FIGURA 21: Carteiros caminhando pelas ruas da cidade sob radiação solar das 12h20.

5.5 O UNIFORME DOS CARTEIROS

O uniforme é utilizado por todos os carteiros do Brasil e é composto

basicamente por camiseta manga curta, com variação de manga longa, calça ou

bermuda, meia, tênis, cinto e boné (figura 22). Existem, também, peças de vestuário

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para dias mais frios. Para este estudo delimitou-se à verificação das peças básicas

usadas diariamente em dias quentes e com temperaturas mais amenas.

Recentemente o uniforme foi modificado quanto ao material de confecção das

peças e aspecto visual. Esta mudança foi divulgada para a população por meio de

panfletos informativos.

A camiseta antiga era confeccionada em malha piquê 100% algodão; a nova

versão tem como tecido de confecção malha 33% viscose e 67% poliéster. O

material de confecção da calça e da bermuda é sarja 67% poliéster e 33% algodão.

O tênis que utilizam é de napa de couro, cor preta, com solado em poliuretano. As

meias são em fio misto algodão/nylon-poliamida e elastodieno.

FIGURA 22: Uniforme utilizado pelos carteiros.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da compilação dos dados obtidos por meio do questionário 01, tornou-

se possível traçar as características dos integrantes da amostra, do ambiente de

trabalho e da atividade desenvolvida.

Quanto aos integrantes da amostra, pode-se verificar que a maior parte é do

sexo masculino (80%), enquanto 20% são do sexo feminino (figura 23).

A média geral de idade é de 32 anos, o que mostra tratar-se de uma

população relativamente jovem. Verificou-se que entre os homens a idade variou de

22 a 53 anos, enquanto a das mulheres foi de 25 a 41 anos.

A média de altura entre as mulheres é de 1,64 m, tendo a maior 1,73 m e a

menor 1,50 m; para os homens, a média de altura é de 1,75 m, ficando entre 1,60 m

e 1,85 m. O peso dos homens ficou entre 91kg e 57kg, enquanto o das mulheres

entre 55kg e 69kg.

Apesar de apenas 37% dos entrevistados terem assinalado praticar algum

tipo de atividade física, pode-se considerar que os carteiros que fazem o trabalho a

pé ou de bicicleta realizam atividade física devido à característica do trabalho que

desenvolvem (figura 24).

Quanto à alimentação, pôde-se verificar que o grupo alimentar mais

consumido é o dos carboidratos seguidos das proteínas. A ingestão de proteína

aumenta a produção interna de calor e em proporção menor os carboidratos. O

grupo das gorduras é o que fornece mais energia para o corpo, porém é o mais

prejudicial e o menos consumido, totalizando apenas 1%, conforme figura 25.

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FIGURA 23: Resultado população por sexo.

FIGURA 24: Resultado quanto à prática de atividade física.

FIGURA 25: Resultado dos grupos de alimentos consumidos.

As questões relativas ao trabalho mostram que as atividades são desenvolvidas nos

períodos da manhã e tarde em ambiente interno não climatizado e externo sob sol,

totalizando uma jornada diária de 8 horas. O tempo em que atuam na profissão varia

de 1 a 33 anos. Quanto às características da atividade desenvolvida a maior parte

dos entrevistados considerou o tipo de atividade moderada, sendo o trabalho

realizado em pé com movimento de braços, mãos e pernas e caminhando em torno

de 5,5 km/h, como mostram as figuras 26 e 27.

80%

20%

masculino feminino

37%

63%

Sim Não

16%

21%12%

9%

12%

15% 6% 8%

1%

pães e massas grãos vegetaisfrutas leite e derivados carne vermelhaaves, peixes doces gorduras e óleo

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FIGURA 26: Resultado da característica da atividade desenvolvida.

FIGURA 27: Resultado da intensidade da atividade executada.

Quanto à temperatura ambiente, pode-se verificar que as respostas dos

entrevistados ficaram entre: muito quente, quente e levemente quente. Ainda que

divididos, a maior parte considerou o ambiente quente como pode ser observado na

figura 28.

FIGURA 28: Resultado das características térmicas do ambiente de trabalho.

Quanto ao uniforme, a maioria (80%) apontou-o como adequado à atividade

executada e confortável, como demonstram as figuras 29 e 30 respectivamente.

11%

21%

63%

5%

Bem pesada Pesada

Moderada Leve

5% 5%

64%

21%5%

Leve de pé Leve sentado Moderada de pé

Intensa Muito intensa

21%

42%

32%

5%

Muito quente Quente

levemente quente Neutro

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FIGURA 29: Resultado sobre a adequação do uniforme à atividade.

FIGURA 30: Resultado das características de conforto do uniforme.

6.1 DADOS SOBRE A AVALIAÇÃO TÉRMICA

O registro das medições feitas no dia 16 de março, no período da manhã no

interior das instalações do CDD, mostra variações entre 29ºC e 31ºC, com aumento

de 2ºC entre as 10h30 e 12h00. A umidade relativa manteve-se entre 64% e 66%. À

tarde, a temperatura entre as 12h30 e 16h00, em ambiente externo, ficou entre 32ºC

e 34ºC, com umidade entre 61% e 67% , conforme tabela 6.

Tabela 6 - Medições ambientais do dia 16/03. Ambiente Interno –

manhã Ambiente Externo - tarde

Hora Bulbo seco

°C

Bulbo úmido

ºC

% de umidade

Hora Bulbo seco °C

Bulbo úmido

ºC

% de umidade

10:30 29 23 64 12:30 33 27 62 11:30 30 25 65 13:30 33 27 67 12:00 31 26 66 14:30 34 28 67

15:30 33 26 61 16:00 32 26 61

60%

33%

7%

Confortável Levemente confortável Desconfortável

80%

20%

Sim Não

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0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0

Bulbo seco ºC

Bulco úmido C

% de umidade

Manhã Tarde

FIGURA 31: Resultado das medições ambientais do dia 16/03.

Na manhã do dia 29 de março, foram registradas, em ambiente interno,

temperaturas entre 33ºC e 34ºC e umidade relativa do ar entre 41% e 56%. Na parte

da tarde, dentro do CDD, a temperatura ficou em 36ºC e a umidade abaixo de 41%,

tabela 6.1. No espaço externo, o termômetro registrou, no período das 12h00 às

17h20, temperaturas entre 37ºC e 38 ºC, ficando a média em 32,8ºC. A umidade

manteve-se baixa, bem próxima dos 40%, conforme tabela 6.2.

Tabela 6.1 – Medições ambientais do dia 29/03. Ambiente Interno – manhã Ambiente Externo - tarde

Hora Bulbo

seco °C Bulbo úmido

ºC % de

umidade Hora Bulbo

seco °C Bulbo úmido

ºC % de

umidade

10:00 33 24 45 12:00 38 28 45 11:00 33 26 56 14:10 37 27 41 11:25 34 24 41 16:04 38,5 27 43

17:20 37 25,5 41

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0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0

Bulbo seco ºC

Bulco úmido C

% de umidade

Manhã Tarde

FIGURA 32: Resultado das medições ambientais do dia 29/03.

Tabela 6.2 - Medições ambientais do dia 29/03. Ambiente interno - tarde do dia 29/03

Hora Bulbo seco °C

Bulbo úmido ºC

% de umidade

15:00 36 26 43 16:20 36,5 24 41 17:00 35 25 42

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0

Bulbo seco ºC

Bulco úmido C

% de umidade

Tarde

FIGURA 33: Resultado das medições ambientais do dia 29/03 no interior do CDD à tarde.

Comparados aos resultados das medições realizadas na manhã dos dias

avaliados, percebe-se que ambos os valores registrados mostraram-se fora da zona

de conforto recomendada pelas normas 7730/94 e NBR 6401/80, cujos intervalos

encontram-se entre 23ºC e 26ºC para verão, apresentados no item 4.

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A análise entre as medições ambientais realizadas no interior do CDD, na

manhã do dia 29, e as realizadas em ambiente externo, na tarde do dia 16, mostra

que a temperatura dentro do barracão atingiu valores iguais aos obtidos nas ruas na

tarde do dia 16.

É importante lembrar que, com o fim de minimizar o calor dentro do barracão,

foram colocados ventiladores e manta térmica. No entanto, essas medidas

amenizaram, mas não resolveram o problema. O ambiente ainda continua quente,

principalmente em dias com temperaturas muito altas, como os avaliados.

Normalmente os dias mais quentes encontram-se na estação do verão,

porém, mesmo no inverno, pode haver dias em que a temperatura do ar fique acima

dos 30ºC, apresentando características iguais aos dias de verão.

Como o clima tem sido alterado em conseqüência do enorme volume de

gases poluentes lançados todos os dias na atmosfera, hoje as estações do ano não

possuem mais as características de décadas passadas. Por este motivo, em

qualquer época do ano, podem ocorrer ondas de calor e com isso elevar a

temperatura e, por falta de chuvas, provocar a secura do ar.

O desconforto causado pelas altas temperaturas não se restringe ao período

do verão, ele pode ocorrer em vários períodos ano.

Devido às altas temperaturas registradas nos dias avaliados, constatou-se a

insatisfação térmica dos entrevistados com o ambiente de trabalho. Entretanto,

analisando os resultados, pode-se dizer que as respostas não definem condição de

calor muito intenso com relação ao mesmo, ainda que as análises térmicas tenham

ficado fora da faixa de conforto. O ambiente foi considerado quente.

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6.2 TAXA METABÓLICA

Como visto na seção 2.4.2.2, a energia produzida pelo organismo é produto

da ingestão de alimentos e a velocidade com a qual esta energia é produzida e

despendida depende principalmente do esforço físico.

Como os carteiros precisam caminhar para levarem as correspondências aos

seus destinos, o dispêndio energético é maior no período da tarde. A intensidade do

esforço físico empregado para esta atividade depende do tipo de terreno em que

caminham. Em uma rua com subida, o esforço físico aumenta e o trabalho muscular

também.

Um fator que intensifica a carga de esforço físico é carregar peso durante a

caminhada. O peso das correspondências que os carteiros carregam ajuda a

intensificar o esforço físico e com isso aumenta a produção interna de calor.

O exercício físico acelera o metabolismo e a produção de calor aumenta, o

corpo se aquece internamente e inicia o processo de perda excedente de calor por

meio do suor. O dispêndio energético de uma caminhada sob radiação solar e

carregando peso é muito grande, visto que o calor recebido do meio externo

contribui para o aquecimento do organismo. O calor ambiente intensifica o processo

metabólico já que aumenta a velocidade das reações químicas envolvidas no

processo.

O dispêndio energético do organismo dos carteiros em função da atividade

desenvolvida foi calculado por meio da tabela da ISO 7243/89 e utilizado para

calcular o valor de PMV (ANEXO A).

A análise das respostas apontou o tipo de atividade executada como moderada,

lembrando que este tipo de atividade envolve trabalho com braços e mãos e braços

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e pernas e caminhadas de 3,5 a 5,5 km/h. Comparando aos dados fornecidos pela

tabela, verifica-se que o gasto energético desta classe de atividade é de 297 W ou

160 W/m².

6.3 ESTIMATIVA DO VALOR DE ISOLAMENTO TÉRMICO DA ROUPA

Para estabelecer o índice de isolamento térmico do uniforme foi utilizada a

tabela da norma internacional ISO 9920/95, contendo uma relação de peças de

vestuário em que são expressos os respectivos valores de clo, (ANEXO B).

Um fato interessante é que ela trás a composição do material de fabricação

da peça de roupa e o seu peso, diferentemente da ISO 7730/94.

Isto proporciona uma melhora na avaliação do nível de interferência da roupa

no processo de trocas de calor.

Percebe-se, porém, que a diversidade de peças e de composição dos

materiais de fabricação, apresentados, é pequena em relação à diversidade de

modelos existentes.

Além da composição dos materiais têxteis, poderia ser incluído o tipo de

armação do tecido visto que sua forma de construção também interfere no processo

de trocas térmicas do organismo com o ambiente. Isto auxiliaria na confecção de

roupas, para trabalho ou não-trabalho, pois poderia adequar-se melhor às

necessidades de seus usuários, privando-os de certos desconfortos.

Com base nos dados abstraídos da tabela da ISO 9920/95 procedeu-se a

soma dos valores de isolamento térmico de cada peça de vestuário que compõe o

uniforme dos carteiros, obtendo, deste modo, o Índice de Isolamento Térmico

resultante (Icl), tabela 7.

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Tabela 7 - Valores de clo e Índice de resistência térmica do vestuário.

Peças do vestuário ISO 9920/95 Icl (clo) Mas.

Icl (clo) Fem.

camiseta de algodão manga curta 0,10 0,10 calça tecido leve 0,24 0,24 Cueca 0,03 Calcinha 0,03 Soutien 0,01 meia de algodão 0,05 0,05 tênis/sapato 0,05 0,05 boné ----------- ----------- Cinto ----------- ----------- Total 0,47 0,48

A verificação do índice de resistência térmica da roupa é importante visto que

sua interferência pontua como o fator de desconforto mais próximo ao homem em

situações climáticas desfavoráveis. Isto se verifica, principalmente, com certas

atividades que requerem roupas especiais de trabalho, ou seja, roupas de proteção,

adequadas à atividade executada e ao ambiente térmico.

O uniforme utilizado pelos carteiros foi considerado confortável e adequado à

atividade desenvolvida por grande parte dos entrevistados. Isto pode estar

relacionado ao fato de que se encontravam em ambiente interno e executavam

atividade com pouca exigência física, portanto o calor do corpo era menor.

Ao executarem atividade externa as respostas apontaram o desconforto do

uniforme, pois este retinha o calor e suor.

Quando em atividade sedentária, o esforço físico é mínimo, com o início da

atividade muscular a energia metabólica do organismo começa a aumentar. Com o

início desta atividade o calor gerado pelo corpo, ainda que vestido com roupa leve

(0,5 clo), aumenta. Com a elevação do calor do corpo a interferência da roupa

promoverá um efeito na sensação térmica da pessoa igual ao efeito decorrente de

um aumento na temperatura operante.

Percebe-se com isto que o Icl do uniforme dos carteiros ficou em 0,5 clo,

sendo considerado, deste modo, como roupa leve. Entretanto a atividade que

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desenvolvem, mesmo no período da manhã, não se classifica como sedentária e

nem a temperatura do ambiente encontra-se dentro da zona de conforto.

Convém lembrar que o uniforme usado na parte da manhã em ambiente

interno estava sendo usado à tarde em ambiente externo, com o que se verifica um

impacto muito grande na sensação térmica medida à tarde devido a sua

interferência.

Deste modo, pode-se dizer que o uniforme contribui consideravelmente para o

desconforto de seus usuários já que o tipo de atividade desenvolvida, principalmente

à tarde, exige trabalho muscular e o ambiente interno não é climatizado e o externo

é sob sol.

6.4 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO TÉRMICA

Sob as condições térmicas verificadas, quanto ao ambiente laboral, foram

analisadas as questões subjetivas dos trabalhadores em relação à sensação e

satisfação térmicas. Esta avaliação foi realizada com cerca de 25% da população de

carteiros.

6.4.1 A relação IMC/percepção térmica

A partir dos dados referentes à altura e peso, pôde-se calcular o índice de

massa corpórea (IMC), conforme tabela 8.

A massa corpórea, além da idade, peso e sexo, é um indicativo de resistência

térmica. Isto decorre do fato de que a camada de gordura que fica sob a pele

funciona como isolante térmico já que torna a perda de calor mais lenta,

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conservando o calor dos tecidos mais profundos.

Porém o grau de isolamento depende da espessura do panículo adiposo

depositado, deste modo, pessoas que possuem menos gordura corporal perdem

mais rapidamente o calor do corpo que as que possuem mais.

Nas mulheres a camada de gordura é ligeiramente mais espessa que nos

homens e situa-se nos quadris, nádegas e coxas o que faz com que o calor do corpo

seja mantido por mais tempo.

Confrontando os resultados dos cálculos de IMC dos entrevistados com os

índices de massa corpórea da tabela 8.1 verifica-se que 20% dos trabalhadores

apresentam peso superior ao normal enquanto o restante, 80%, apresenta peso

normal.

Tabela 8 – Resultado da avaliação do IMC dos entrevistados.

Dados dos entrevistados do dia 16/03

Idade Sexo Altura m Peso kg IMC

41 Feminino 1,66 60 21,81 25 Feminino 1,67 55 19,78 29 Masculino 1,66 68 24,72 25 Masculino 1,68 67 23,75 27 Masculino 1,76 67 21,68 22 Masculino 1,85 80 23,39

Dados dos entrevistados do dia 29/03

Idade Sexo Altura m Peso kg IMC

27 Feminino 1,50 59 26,22 32 Feminino 1,73 69 23,07 22 Masculino 1,75 57 18,62 29 Masculino 1,81 77 23,54 30 Masculino 1,68 72 26,47 36 Masculino 1,75 76 24,83 29 Masculino 1,80 75 23,14 32 Masculino 1,66 62 22,54 25 Masculino 1,82 83 25,07

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Tabela 8.1 - Avaliação do Índice de Massa Corpórea.

Resultado do IMC

Abaixo de 18.5

18.50 - 24.9

25.0 - 29.9

30.0 ou maior

Tipo de Peso

Peso menor ao normal

Normal

Peso superior ao normal

Obesidade Fonte: Gallois (2002)

Comparando-se as respostas obtidas quanto à sensação térmica, verifica-se

que o índice de massa corpórea assim como a idade e o sexo não se apresentaram

como fatores de distinção entre as respostas dos entrevistados. Ainda que

executando as mesmas atividades, nem todos se consideravam desconfortáveis

com a temperatura e nem sentiam calor no momento da entrevista. As tabelas 8.2 e

8.3. contêm as respostas obtidas quanto à sensação e satisfação térmica de cada

um dos participantes da amostra.

Tabela 8.2 – Verificação da relação do IMC com as respostas obtidas acerca da sensação e satisfação térmica de cada participante da amostra.

Dados dos entrevistados do dia 16/03.

Idade Sexo IMC Período Sensação térmica Satisfação térmica

Manhã Com calor Levemente desconfortável 41 Fem 21,8

Tarde Com muito calor Muito desconfortável

Manhã Com calor Confortável 25 Fem 19,8

Tarde Com muito calor Desconfortável

Manhã Neutro Confortável 29 Masc 24,7

Tarde Levemente com calor Levemente desconfortável

Manhã Com calor Levemente desconfortável 25 Masc 23,8

Tarde Com muito calor Desconfortável

Manhã Levemente com calor Levemente desconfortável 27 Masc 21,7

Tarde Com calor Levemente desconfortável

Manhã Com calor Confortável 22 Masc 23,4

Tarde Levemente com calor Confortável

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76

Tabela 8.3 – Análise da sensação e satisfação térmica dos participantes da amostra.

6.4.2 Análise da sensibilidade subjetiva e conforto térmico

A subjetividade térmica avaliada no dia 16/03 na parte da manhã mostrou que

enquanto a maioria apontou estar sentindo calor houve quem se sentisse neutro.

Quando questionados como estavam no momento, apontaram estar: confortável e

levemente confortável.

Em relação ao período da tarde metade dos trabalhadores estava

desconfortável no momento, enquanto a outra metade encontrava-se muito

desconfortável. A maioria apontou, também, estar com muito calor. Os resultados da

coleta de dados são apresentados nas tabelas 9 e 9.1 e nas figuras 34 e 35,

respectivamente.

Dados dos entrevistados do dia 29/03.

Idade Sexo IMC Período Sensação térmica Satisfação térmica Manhã Com calor Levemente desconfortável

27 Fem 26,2 Tarde Com muito calor Muito desconfortável Manhã Com calor Levemente desconfortável

32 Fem 23,1 Tarde Com muito calor Muito desconfortável Manhã Com calor Levemente desconfortável

22 Masc 18,6 Tarde Com muito calor Muito desconfortável Manhã Com calor Levemente desconfortável

29 Masc 23,5 Tarde Com muito calor Desconfortável Manhã Levemente com calor Levemente desconfortável

30 Masc 26,5 Tarde Com calor Desconfortável Manhã Com calor Levemente desconfortável

36 Masc 24,8 Tarde Com muito calor Desconfortável Manhã Com calor Levemente desconfortável

29 Masc 23,1 Tarde Com muito calor Muito desconfortável Manhã Com calor Levemente desconfortável

32 Masc 22,5 Tarde Com muito calor Desconfortável Manhã Com calor Levemente desconfortável

25 Masc 25,1 Tarde Com muito calor Muito desconfortável

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Tabela 9 – Resultado sensação térmica. manhã tarde Sensação térmica dia 16/03

67,0% com muito calor 67,0% 16,5% com calor 16,5% 16,5% levemente com calor 16,5% Neutro

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

tarde

manhã

neutro levemente com calor com calor com muito calor

FIGURA 34: Resultado da sensação térmica do dia 16/03.

Tabela 9.1 - Resultado satisfação térmica. manhã tarde Satisfação térmica dia 16/03

Muito confortável 50,0% 16,0% Confortável 50,0% 16,0% Levemente desconfortável

34,0% Desconfortável 34,0% Muito desconfortável

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

tarde

manhã

muito desconfortável desconfortávellevemente desconfortável confortávelmuito confortável

FIGURA 35: Resultado da satisfação térmica do dia 16/03.

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Como no dia 29 o interior do barracão estava mais quente os entrevistados

consideraram-se levemente desconfortáveis no período da manhã. Quanto à

sensação térmica sentida no momento, grande parte respondeu estar com calor,

conforme pode ser observado na tabela 9.2 e figura 36.

A tarde quente registrou uma grande insatisfação em relação as condições

microclimáticas, a maioria sentia-se muito desconfortável e com muito calor,

conforme tabela 9.3 e figura 37.

Tabela 9.2 – Resposta sensação térmica. manhã tarde Sensação térmica dia 29/03

89,0% Com muito calor 89,0% 11,0% Com calor 11,0% levemente com calor

Neutro

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

tarde

manhã

com muito calor com calor levemente com calor Neutro

FIGURA 36: Resultado da sensação térmica do dia 29/03.

Tabela 9.3 – Resposta satisfação térmica.

manhã tarde Satisfação térmica dia 29/03 Muito confortável Confortável

100,0% Levemente desconfortável 44,0% Desconfortável 56,0% Muito desconfortável

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0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

tarde

manhã

muito desconfortável desconfortávellevemente desconfortável confortávelmuito confortável

FIGURA 37: Resultado da satisfação térmica do dia 29/03.

Comparando-se os resultados dos dias avaliados observa-se que, tanto de

manhã quanto à tarde, a diferença de temperatura entre os dois foi de

aproximadamente 4ºC, por isso o número de pessoas insatisfeitas termicamente

aumentou em relação ao primeiro dia de entrevista. Apresentando, deste modo, 22%

a mais de pessoas com calor e muito calor (tabelas 9.4 e 9.5 e figuras 38 e 39).

Tabela 9.4 – Comparativo de sensação térmica obtida nas manhãs dos dias avaliados.

Sensação térmica-manhã 16/03 29/03 Com muito calor Com calor 67,0% 89,0% Levemente com calor 16,5% 11,0% Neutro 16,5%

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80

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

29/mar

16/mar

com muito calor com calor levemente com calor neutro

FIGURA 38: Comparativo de sensação térmica avaliada no período da manhã.

Tabela 9.5 – Comparativo de sensação térmica obtida nas tardes dos dias avaliados. Sensação térmica-Tarde 16/03 29/03

Com muito calor 67,0% 89,0% Com calor 16,5% 11,0% Levemente com calor 16,5% Neutro

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

29/mar

16/mar

com muito calor com calor levemente com calor neutro

FIGURA 39: Comparativo de sensação térmica avaliada no período da tarde.

Quanto à satisfação térmica, verifica-se que a diferença de pessoas

levemente desconfortáveis na parte da manhã foi de 50%, enquanto na parte da

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tarde a sensação de muito desconforto era sentida por 22% a mais de pessoas no

dia 29, conforme tabelas 9.6 e 9.7 e figuras 40 e 41. Confirmando que a diferença

em 4ºC na temperatura foi suficiente para dobrar o número de pessoas levemente

desconfortáveis na parte da manhã.

Tabela 9.6 – Comparativo de satisfação térmica dos dias avaliados.

Satisfação térmica –manhã 16/03 29/03 Muito confortável Confortável 50,0% Levemente desconfortável 50,0% 100,0% Desconfortável Muito desconfortável

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

29/mar

16/mar

muito desconfortável desconfortávellevemente desconfortável confortávelmuito confortável

FIGURA 40: Comparativo de satisfação térmica avaliada no período da manhã.

Tabela 9.7 – Comparativo de satisfação térmica dos dias avaliados. Satisfação térmica –tarde 16/03 29/03

Muito confortável Confortável 16,0% Levemente desconfortável 16,0% Desconfortável 34,0% 44,0% Muito desconfortável 34,0% 56,0%

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0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

29/mar

16/mar

muito desconfortável desconfortávellevemente desconfortável confortávelmuito confortável

FIGURA 41: Comparativo de satisfação térmica avaliada no período da tarde.

6.4.2.1 Estimativa de conforto térmico

A avaliação da satisfação térmica por meio do voto médio estimado (PMV)

estabelece o quanto as condições ambientais interferem na sensação de conforto

das pessoas. Pode-se dizer que é um modo de se verificar a sensibilidade corporal

aos agentes de interferência térmica.

O PMV da população da amostra foi calculado pelo programa Raymam. Com

os resultados constatou-se a insatisfação e o desconforto dos entrevistados quanto

às condições térmicas do ambiente de trabalho.

Para a efetuação dos cálculos, foram consideradas três situações de

velocidade do vento. Utilizou-se para o ambiente interno os valores de 0.2m/s,

0.5m/s e 0.8m/s, enquanto para o ambiente externo foram fornecidos os valores de

1.5m/s, 2.2m/s e 3.0m/s.

Pôde-se observar que o PMV diminui conforme aumenta a velocidade do

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vento ainda que a temperatura e umidade do ar, o isolamento da roupa e a taxa

metabólica permaneçam constantes. A ação do vento interfere na sensação térmica

visto que faz com que a camada de ar próxima à pele se movimente. Em ambientes

muito quentes esta ação é prontamente percebida. Por isso em dias muito quentes e

com pouca movimentação do ar a sensação térmica torna-se mais intensa e o calor

e o desconforto aumentam.

Contudo, os valores mostraram-se altos, bem acima do intervalo + 3, – 3 da

escala de sete pontos de Fanger. Pode ser que tenha havido uma supervalorização

do programa devido aos elevados valores de temperatura do ar fornecidos para a

efetuação dos cálculos. Cabe lembrar que este programa foi desenvolvido para

avaliar condições climáticas e culturais diferentes das encontradas no Brasil, por isso

o problema.

Apesar de ter sido verificada a insatisfação térmica na maioria dos

entrevistados, nem todos a sentiam com a mesma intensidade. Ainda que inseridos

em um ambiente com temperatura acima da zona de conforto havia quem se

encontrasse em neutralidade térmica. Fato que confirma a subjetividade da

sensação térmica, visto que, ainda que executando atividades iguais e vestindo as

mesmas peças de roupa com o mesmo valor de isolamento térmico, a sensação

térmica diferiu de uma pessoa para a outra. Conseqüentemente a satisfação com

relação ao ambiente também.

Deste modo, pode-se afirmar que, assim como previu Fanger, não há

ambiente, seja este interno ou externo, em que exista 100% de pessoas satisfeitas

ou insatisfeitas termicamente. Ainda porque o ponto 0 de neutralidade já determina

5% de pessoas termicamente confortáveis, restando deste modo 95% para

satisfeitos e insatisfeitos.

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Os resultados dos cálculos de PMV das pessoas da amostra efetuados pelo

programa e suas respectivas análises são apresentados na seqüência, enquanto as

tabelas se encontram em APÊNDICE.

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

PMV v 0,2m/s

PMV v 0,5m/s

PMV v 0,8m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

FIGURA 42: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 16/03 10h30 da manhã.

Verifica-se que os valores de PMV obtidos sob temperatura de 29ºC (ta) e

velocidade de vento (va) 0,2m/s foram os que se mostraram mais altos, confirmando

que o aumento da intensidade de vento alivia a sensação de calor. Observa-se,

também, que os sujeitos 3 e 4 obtiveram os maiores valores em todas as variantes

de vento, enquanto os sujeitos 1 e 6 obtiveram sempre os menores.

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85

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

PMV v 0,2m/s

PMV v 0,5m/s

PMV v 0,8m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

FIGURA 43: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 16/03, 11h30 da manhã.

As 11h30 a temperatura havia aumentado 1ºC atingindo o valor de 30ºC (ta).

Pode-se observar que, em relação às 10h30, todos os valores obtidos neste horário

aumentaram. Verifica-se que os sujeitos 3 e 4 continuaram obtendo os maiores

valores e valores iguais em relação aos demais.

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0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

PMV v 0,2m/s

PMV v 0,5m/s

PMV v 0,8m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

FIGURA 44: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 16/03, 11h50 da manhã.

O aumento de 2ºC na temperatura ambiente, 31ºC, interferiu

consideravelmente na sensação térmica em relação à temperatura de 29ºC das

10h30. A insatisfação pode ser observada, principalmente, nos valores obtidos com

va=0,8m/s. A esta temperatura os valores a 0,2m/s ficaram próximos a 7,0 pontos de

intensidade de PMV.

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0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

PMV v 1,5m/s

PMV v 2,2m/s

PMV v 3,0m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

FIGURA 45: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 16/03, 12h35 da tarde.

Os valores de PMV alcançados no período da tarde foram obtidos com

temperaturas acima dos 31ºC e intensidade de vento maior em relação ao período

da manhã. A atividade neste período é executada em ambiente externo, como já

dito anteriormente, o que faz com que a sensação de desconforto aumente. Com

isso verifica-se que a 33ºC de temperatura com va=1,5m/s os valores de PMV ficam

próximos a 6,0. A sensibilidade térmica neste horário fica próxima à obtida as 10h30

com va=0,2m/s.

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88

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

PMV v 1,5m/s

PMV v 2,2m/s

PMV v 3,0m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

FIGURA 46: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 16/03, 14h35 da tarde.

Neste horário, verifica-se que houve um aumento nos valores de insatisfação

térmica e que mesmo com va a 3,0m/s o PMV chegou a 6,0 pontos de intensidade.

Isto se deve à temperatura de 34ºC registrada nas ruas.

A insatisfação verificada apontou que com va a 1,5m/s houve uma

diversidade maior entre as respostas dos entrevistados quanto à sensação térmica.

Mas de um modo geral todos os valores mostraram-se muito altos, representando o

desconforto sentido.

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0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

PMV v 1,5m/s

PMV v 2,2m/s

PMV v 3,0m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

FIGURA 47: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 16/03, 15h50 da tarde.

As 15h50 a temperatura havia baixado 1ºC. Não só devido a isto, mas

também pelo fato de ter aumentado a quantidade de nuvens e com isso ter

diminuído a intensidade da radiação solar, os valores de PMV alcançados caíram

consideravelmente em relação aos valores obtidos nos demais horários. Mesmo em

relação ao período da manhã em ambiente interno. Em praticamente todas as

intensidades de va os valores de PMV ficaram em torno de 5,0. Deste modo, não só

o vento interferiu na sensibilidade térmica como também a diminuição na intensidade

da radiação solar.

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90

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0

PMV v 0,2m/s

PMV v 0,5m/s

PMV v 0,8m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

sujeito 7 sujeito 8 sujeito 9

FIGURA 48: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 29/03, 10h00 da manhã.

As 10h00 da manhã a temperatura no interior do CDD estava 33ºC, o que

confere a insatisfação térmica dos entrevistados neste horário. Pode-se verificar que

os valores de PMV mostravam-se acima de 6,0 e chegaram próximos a 7,0. O que

demonstra o altíssimo nível de insatisfação com a temperatura ambiente. Com va a

0,2m/s o desconforto verificado é bem maior que o verificado nas tardes do dia

16/03.

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91

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0

PMV v 0,2m/s

PMV v 0,5m/s

PMV v 0,8m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

sujeito 7 sujeito 8 sujeito 9

FIGURA 49: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 29/03, 11h25 da manhã.

Conforme já verificado anteriormente a insatisfação térmica aumentava

proporcionalmente ao aumento da temperatura do ar e diminuía consideravelmente

conforme aumentava a velocidade de vento. Porém, com temperatura acima da zona

de conforto torna-se muito difícil, mas não impossível de alguém considerar-se em

conforto térmico. Verifica-se que os valores de PMV dos sujeitos 2, 4 e 5 estiveram

praticamente iguais para as três variações de vento. E que o sujeito 9 apresentou os

menores valores de PMV.

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92

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0

PMV v 1,5m/s

PMV v 2,2m/s

PMV v 3,0m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

sujeito 7 sujeito 8 sujeito 9

FIGURA 50: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 29/03, 12h00 da tarde.

À tarde sob temperatura de 38ºC mesmo com va a 3,0m/s os níveis de

sensação térmica ficaram extremamente elevados. Os valores de PMV do sujeito 1

permaneceram sempre acima de 7,0, aliás este manteve-se sempre com o nível de

insatisfação muito intenso. Mesmo o sujeito 9 apresentou níveis altos de PMV.

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0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0

PMV v 1,5m/s

PMV v 2,2m/s

PMV v 3,0m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

sujeito 7 sujeito 8 sujeito 9

FIGURA 51: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 29/03, 14h10 da tarde.

A diminuição de 1ºC na temperatura no intervalo de 2h00 apresentou uma

pequena queda nos valores de PMV dos entrevistados. Como pode ser verificado na

figura acima. Os valores, agora se encontram mais próximos a 6,0.

Percebe-se, também, que a diferença de valores de PMV, entre os indivíduos,

mostra-se significante quando comparados ao sujeito 1, visto que este apresenta os

valores mais altos. Para algumas pessoas parece que a variação de vento não

interferiu significativamente na sensação térmica sentida, já que os valores ficaram

praticamente no mesmo nível de intensidade.

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0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

PMV v 1,5m/s

PMV v 2,2m/s

PMV v 3,0m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

sujeito 7 sujeito 8 sujeito 9

FIGURA 52: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 29/03, 16h04 da tarde.

Ainda que a temperatura estivesse em alta os valores tenderam a diminuir,

como dito anteriormente. A partir deste horário a intensidade da radiação solar

diminui, interferindo no valor de PMV.

Um dado curioso quanto à avaliação feita pelo programa é que neste horário

a maioria dos valores de PMV ficou igual para todas as variações de vento, ou seja,

não sofreram alterações. Por exemplo, o sujeito 1 obteve, para as três velocidades

de vento PMV igual a 6,9, como pode ser verificado acima.

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0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

PMV v 1,5m/s

PMV v 2,2m/s

PMV v 3,0m/s

sujeito 1 sujeito 2 sujeito 3 sujeito 4 sujeito 5 sujeito 6

sujeito 7 sujeito 8 sujeito 9

FIGURA 53: Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra dia 29/03, 17h20 da tarde.

No final da tarde a intensidade da radiação solar é mais fraca e com isso a

influência do vento na sensação térmica é maior. Às 17h20 da tarde a temperatura

do ar encontrava-se a 37ºC, semelhantemente às 14h10, porém os valores de PMV

neste horário apresentaram-se menores até que os valores obtidos às 10h00 em

ambiente interno.

6.5 RESPOSTA DO CORPO AO CALOR E REAÇÃO DO VESTUÁRIO

A interferência do vestuário na sensação térmica foi verificada na resposta

positiva de 67% dos entrevistados do dia 16/03 e 100% dos do dia 29/03,

confirmando que o tipo de vestimenta, ou seja, o uniforme que estavam utilizando

tinha relação com a sensação térmica que sentiam no momento. Observou-se uma

diferença de 33% entre as respostas obtidas no primeiro e segundo dias de

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medição. Esta diferença é produto das altas temperaturas registradas no dia 29/03,

principalmente à tarde.

Dentre as respostas colhidas na manhã e tarde, do dia 16, estas mostraram

diferenças importantes.

Ainda que na manhã a temperatura tenha ficado fora da zona de conforto,

poucas pessoas assinalaram sentir o corpo mais quente ao contrário do período da

tarde em ambiente externo em que a totalidade dos entrevistados respondeu sentir o

corpo se aquecer. Cerca de 33% disseram estar com o corpo molhado, úmido e se

sentiam desconfortáveis por este motivo na parte da manhã (tabela 10 e figura 61).

Tabela 10: Resposta do corpo a atividade e temperatura dia 16/03.

Manhã Tarde

Reação do organismo frente ao calor

33% 83% Sente o corpo molhado, úmido 17% 67% Percebe um aumento na produção de suor 17% 100% Sente o corpo mais quente 33% 50% Sente-se desconfortável devido à sensação de corpo molhado

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Tarde

Manhã

sente-se desconfortável devido a sensação de corpo molhado

sente o corpo mais quente

percebe um aumento na produção de suor

sente o corpo molhado, úmido

Figura 54: Resultado da resposta do corpo a atividade e temperatura do dia 16/03.

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Os resultados dos dados coletados à tarde apontam que, como as

características da atividade e o ambiente mudam em relação ao período da manhã,

as reações fisiológicas se intensificam. A exigência de trabalho muscular aumenta o

metabolismo e conseqüentemente a produção de calor do corpo.

Em função do calor excedente, o corpo se aquece mais rápido e começa a

produzir suor para poder manter o equilíbrio térmico. Isto é visto nas respostas

obtidas, em que 100% das pessoas entrevistadas marcaram sentir o corpo mais

quente e, conseqüentemente, molhado. Comparado ao período da manhã,

observou-se aumento no volume de suor produzido pelo organismo à tarde.

Segundo as respostas, o corpo permanecia molhado ainda pelo fato da roupa

não responder adequadamente à ação termorreguladora do organismo não

absorvendo em sua totalidade o líquido depositado sobre a pele, deste modo

retendo o suor. Em resposta, 83% assinalaram que a roupa retém o suor no corpo,

conforme tabela 10.1 e figura 62.

Tabela 10.1 - Resposta do vestuário à produção de calor e suor do organismo – dia 16/03.

Manhã Tarde

Reação da roupa em relação à resposta fisiológica do

organismo

- 67% Fica molhada 33% 50% Retém o calor do corpo

- 83% Retém o suor do corpo 33% 50% Absorve o suor com facilidade 17% 33% Não absorve o suor com facilidade 33% 33% Absorve o suor e seca rápido

- 17% Absorve o suor mas permanece molhada por mais tempo 33% 50% A roupa molhada causa sensação de desconforto

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0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Tarde

Manhã

a roupa molhada causa sensação de desconfortoabsorve o suor mas permanece molhada por mais tempoabsorve o suor e seca rápidonão absorve o suor com facilidadeabsorve o suor com facilidaderetém o suor do corporetém o calor do corpofica molhada

FIGURA 55: Resultado da resposta do vestuário à produção de calor e suor do organismo do dia 16/03.

Na manhã do dia 29, ainda que a pessoa se encontrasse em repouso, sentiria

muito calor dentro do barracão.

A atividade desenvolvida neste período não exige muito trabalho físico. Como

o movimento corporal não é intenso, limitando-se aos movimentos dos membros

superiores e, eventual movimento de pernas, a maior parte da sensação de calor é

decorrente da temperatura ambiente e esta pontua como o principal agente de

desconforto. A falta de ventilação e os assentos das cadeiras contribuem para o

aumento deste quadro.

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Em dias muito quentes a ventilação interna no barracão é insuficiente para

refrescar o ambiente, ainda que se tenha o auxílio dos ventiladores. Como o ar está

aquecido, os ventiladores movimentam-no e por vezes o vento que chega à pessoa

também está quente. Deste modo, ainda que todos os ventiladores permaneçam

ligados não é suficiente para refrescar o local.

Conseqüentemente, verificou-se, quanto às reações orgânicas frente ao calor,

que sentiram o corpo mais quente. Perceberam, com o aquecimento que a roupa

retinha o calor do corpo, o que promovia o aumento na produção de suor (tabela

10.2 e figura 63). Como a roupa não absorveu facilmente o líquido eliminado pelo

corpo, este permaneceu molhado causando desconforto ao usuário (tabela 10.3 e

figura 64).

A atividade no período da tarde foi classificada como moderada. Deste modo,

o resultado apontou desconforto e a ação termorreguladora intensificou-se. Pôde-se

verificar que o volume de suor produzido aumentou em relação ao período da

manhã no interior das instalações do CDD e mesmo na tarde do dia 16.

As respostas colhidas apontam que 100% dos entrevistados sentiam o corpo

molhado devido à produção excedente de suor, tabela 9.3 e figura 64.

Um fato interessante é que apesar da totalidade dos entrevistados marcarem

que o corpo estava molhado, apenas 89% considerou estar com o corpo mais

quente. Talvez isto decorra da aclimatação, lembrando que indivíduos aclimatados

têm o organismo adaptado termicamente à situação climática do ambiente em que

se encontram habitualmente.

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Tabela 10.2 - Resposta do vestuário à produção de calor e suor do organismo – dia 29/03.

Manhã Tarde

Reação da roupa em relação à resposta fisiológica do

organismo

11% 78% Fica molhada 67% 78% Retém o calor do corpo 67% 78% Retém o suor do corpo

22% Absorve o suor com facilidade 67% 67% Não absorve o suor com facilidade

Absorve o suor e seca rápido 11% 33% Absorve o suor mas permanece molhada por mais tempo 22% 78% A roupa molhada causa sensação de desconforto

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0%

Tarde

Manhã

a roupa molhada causa sensação de desconfortoabsorve o suor mas permanece molhada por mais tempoabsorve o suor e seca rápidonão absorve o suor com facilidadeabsorve o suor com facilidaderetém o suor do corporetém o calor do corpofica molhada

FIGURA 56: Resultado da resposta do vestuário à produção de calor e suor do organismo do dia 29/03.

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Tabela 10.3: Resposta do corpo a atividade e temperatura dia 29/03.

Manhã Tarde Reação do organismo frente ao calor

44% 100% Sente o corpo molhado, úmido 78% 89% Percebe um aumento na produção de suor 67% 89% Sente o corpo mais quente 33% 67% Sente-se desconfortável devido a sensação de corpo molhado

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Tarde

Manhã

sente-se desconfortável devido a sensação de corpo molhado

sente o corpo mais quente

percebe um aumento na produção de suor

sente o corpo molhado, úmido

FIGURA 57: Resultado sobre a resposta do corpo a atividade e temperatura do dia 29/03.

O aumento na produção de suor se deve ao tipo de atividade executada. À

tarde a exigência de trabalho muscular é maior, visto que a maioria da população

entrevistada faz a entrega das correspondências a pé e sob sol. Os efeitos dos

fatores ambientais sobre o organismo se intensificam em trabalho desenvolvido ao

ar livre ainda mais sob condições climáticas desfavoráveis. A exposição prolongada

ao ambiente quente também afeta o organismo.

A falta de vegetação nas vias públicas aumenta os problemas referentes à

exposição solar. Ruas devidamente arborizadas contribuem com os pedestres

fazendo sombra, diminuindo a intensidade da radiação solar, aumentando a

umidade e, conseqüentemente, diminuindo a temperatura do meio.

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Neste sentido, pessoas que trabalham expostas ao sol a maior parte do dia,

enfrentando temperaturas elevadas e executando atividades que exigem trabalho

físico, tornam-se passíveis de sofrerem com o aquecimento interno do corpo a níveis

altos, com perdas de líquido e até insolação.

Os carteiros no exercício de suas atividades estão passíveis de serem

submetidos aos desconfortos dos fatores ambientais já que trabalham em situação

semelhante.

Caminhando, os carteiros, recebem continuamente tanto a ação da radiação

solar direta quanto da radiação solar difusa. Expondo-se no horário de maior

intensidade de radiação ultravioleta, que é das 10h da manhã e 15h da tarde,

sofrem, deste modo, a ação conjunta desta radiação nociva e da intensidade do

calor dissipado do ambiente.

6.6 ANÁLISE DO UNIFORME

A análise feita sobre a reação do vestuário à resposta fisiológica do corpo à

atividade e calor ambiente mostrou que este não responde adequadamente ao

aumento da temperatura corporal e produção de suor.

Nas respostas obtidas verificou-se que na parte da manhã, apesar do

ambiente encontrar-se muito quente, a interferência da roupa quanto à questão

térmica ainda era pequena. Isto se deve ao fato da atividade desenvolvida não exigir

tanto esforço muscular e nem haver a necessidade de deslocamento de um lugar

para o outro.

À tarde com volume de trabalho muscular maior e conseqüente aumento na

produção de calor a roupa apresentou problemas em relação à produção excedente

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de suor, não o absorvendo adequadamente e deixando o corpo molhado.

Esta situação causa desconforto tanto físico quanto emocional visto que a

pessoa sente-se mal com o corpo e roupa molhados.

Convém lembrar que o conforto do vestuário não se restringe à sua

construção, à sua estruturação, ele abrange também o conforto térmico e este está

relacionado ao tecido, ou seja, ao material de confecção da peça de vestuário.

O uniforme dos carteiros foi alterado recentemente, tanto em suas

características visuais quanto materiais, ou seja, quanto ao tecido de confecção.

A composição dos tecidos usados para a confecção das peças que compõem

o uniforme é apresentada na tabela 11. Verifica-se que os materiais de confecção

possuem em suas composições combinações de diferentes fibras.

Tabela 11: Características e manufatura do uniforme do carteiro.

Calça para carteiro feminina: Material e manufatura Características gerais: calça modelo social, com pregas frontais, com bolsos laterais tipo faca, sem bolsos traseiros, confeccionada em tecido misto, de acordo com desenhos anexos e as características que se seguem : Características do tecido tipo: misto 67% poliéster / 33% algodão (ref. comercial terbrim /santista - unilester/santanense ou similar). Armação : sarja 2 : 1 Calça para carteiro: Material e manufatura Características gerais: calça modelo profissional, com bolsos laterais, tipo faca, confeccionada em tecido misto poliéster/algodão, de acordo com desenhos anexos e as características que se seguem :

Características do tecido: tipo: misto 67% poliéster / 33% algodão (ref. comercial terbrim /santista - unilester/santanense ou similar). Armação : sarja 2 :1 Camiseta manga curta: Material e manufatura Características gerais: camisa gola pó lo, peitilho em “v”, mangas curtas,confeccionada em malha mista, duas cores (amarela e azul), com bolso na ilharga esquerda, de acordo com as características que se seguem : Características do tecido : malha mista (poliéster/ viscose) : componentes dos fios : poliéster 67% / viscose 33% (ref. comercial : h 3230/vine textil ou similar)

Fonte: (DEPARTAMENTO) - acesso em: 08 jun. 2007.

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Tabela 11: Características e manufatura do uniforme do carteiro, continuação. Camiseta manga longa: Material e manufatura Características gerais - camisa gola pólo, peitilho em “v”, mangas longas, confeccionada em malha mista, duas cores (amarela e azul), com bolso na ilharga esquerda, de acordo com as características que se seguem : Características do tecido : malha mista (poliéster/ viscose) : componentes dos fios : poliéster 67% / viscose 33% (ref. comercial : h 3230/vine textil ou similar). Meia Para Carteiro : Material E Manufatura Características gerais : A meia será do tipo médio, confeccionada em fio misto (algodão/ nylon), tamanho único e com as características que se seguem. Características da malha – composição dos fios: Algodão : 75 ± 5 %, Poliamida (nylon 6.6) : 22 ± 5 %, Elastodieno : 3 %

Fonte: (DEPARTAMENTO) - acesso em: 08 jun. 2007.

Como citado anteriormente, no item 3.2.1.3, a combinação de fibras trás

benefícios ao produto já que é possível conjugar as qualidades individuais dos

diferentes materiais em um único produto.

Porém as propriedades inerentes ao produto têxtil devem ser bem analisadas,

pois podem não servir adequadamente ao tipo de atividade que o usuário do

vestuário irá realizar nem ao ambiente em que este estará inserido promovendo

problemas na interação corpo/vestuário.

Pode-se dizer que o material de confecção do uniforme, no que se refere à

sua composição, interage sem grandes problemas com o organismo do usuário

proporcionando em certos momentos sensação de conforto térmico desde que este

esteja executando atividade leve e a temperatura ambiente encontre-se dentro da

zona de conforto.

Deste modo, para atividades leves e temperaturas amenas o uniforme pode

ser considerado confortável. Porém no caso de temperaturas elevadas e exigência

de trabalho muscular o quadro muda.

Como o corpo se aquece devido ao esforço realizado e o ambiente torna-se

quente devido ao aumento da temperatura do ar a roupa recebe tanto o calor do

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corpo quanto o calor do ambiente e deste modo se aquece também. Ao ar livre o

problema se agrava já que a parte externa da roupa recebe tanto a radiação solar

quanto à radiação dos materiais do entorno e pavimentação do solo.

Por este motivo houve quem declarasse que o uniforme antigo cuja camiseta

era confeccionada em malha 100% algodão era mais confortável que a atual, tanto

tátil quanto termicamente.

A construção do tecido é outra questão a ser levantada. As malhas possuem

em sua construção pequenos espaços produzidos pelo entrelaçamento dos fios o

que pode contribuir com a troca de calor do corpo com o ambiente. Já os tecidos

planos são mais fechados em sua estrutura dificultando a passagem do ar por sua

trama.

É bom lembrar que quanto mais fechada a armação do tecido, mais

impermeável ele se torna. A impermeabilidade têxtil é indicada para impedir a

passagem de água e de ventos muito intensos em lugares frios.

Alguns tecidos facilitam a passagem do ar por sua trama tornando a troca de

calor mais fácil, o que alivia a sensação de calor. Os tecidos porosos através das

aberturas formadas em sua construção permitem que o ar quente atravesse sua

trama e atinja o ambiente externo com mais facilidade.

As calças do uniforme são confeccionadas em tecido plano com armação em

sarja (figura 59) enquanto a malha é o material de confecção das camisetas (figura

58).

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FIGURA 58: Modelo da camiseta manga curta.

FIGURA 59: Modelo da calça masculina dos carteiros.

Devido ao atrito constante com móveis e com os mais diversos tipos de

assentos, as calças precisam ser mais resistentes. Pode-se dizer quanto à

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composição de seu material de confecção que a combinação das fibras de algodão

e poliéster tornam-nas mais resistentes, porém o tipo de armação do tecido pode

dificultar as trocas térmicas.

A malha utilizada para a confecção das camisetas tem em sua composição

poliéster e viscose, duas fibras sintéticas. Como citado anteriormente, a fibra de

poliéster possui baixa capacidade de absorção de água e umidade do ar. Já a

viscose, apesar de ser uma fibra sintética, absorve bem água e umidade. Porém a

combinação destas duas fibras no material de confecção da camiseta do uniforme

mostrou não ser adequada em situação de produção excedente de suor.

Percebe-se isto nas respostas obtidas na tarde do dia 29/03, cuja temperatura

chegou a 38ºC em ambiente externo. A maior parte dos entrevistados assinalou que

a roupa ficava molhada, retinha o calor e suor do corpo e por este motivo não

absorvia o suor adequadamente e proporcionava desconforto por ficar molhada.

Com certeza em dias muito quentes torna-se muito difícil caminhar sob sol e

não ficar molhado de suor, porém existem materiais têxteis desenvolvidos para

interagir melhor nestes casos, proporcionando mais conforto ao usuário.

Outros fatores também devem ser levados em consideração quanto ao

conforto do vestuário. A cor interfere na questão térmica visto que roupas escuras

absorvem mais radiação solar que roupas mais claras.

A camiseta antiga era inteira amarela a atual possui um recorte na parte

superior da frente em cor azul escuro; esta cor aquece mais rápido e retém mais

calor que a parte amarela, contribuindo para o aquecimento do corpo.

Pensar o conforto é pensar em quem irá utilizar o produto e para qual fim ele

se destina. O produto de vestuário, independente se para trabalho ou lazer, deve ser

concebido visando o bem estar de seu usuário.

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Deste modo, não deve visar somente o conforto na forma e construção como

também o conforto térmico e a funcionalidade da roupa. Toda roupa tem um fim ao

qual se destina, sendo assim, deve-se analisar as necessidades dos usuários ao se

projetar um produto de vestuário tornando-o adequado ao tipo de atividade

desenvolvida e ao ambiente do qual fará parte juntamente com seu usuário

contribuindo com o funcionamento metabólico do organismo.

As peças do uniforme usadas freqüentemente são: a camiseta de manga

curta a calça, meias, tênis e boné. Em dias mais quentes alguns usam a bermuda

(figura 60) e em dias mais frescos usam a camiseta de manga longa (figura 61).

FIGURA 60: Modelo da bermuda masculina.

Um ou outro carteiro utiliza a camiseta de manga longa mesmo em dias

quentes com o propósito de proteger-se dos raios solares e conseqüentemente dos

raios ultravioletas.

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FIGURA 61: Modelo da camiseta manga longa.

Pode acontecer, também, de a temperatura do início da manhã estar mais

baixa, como em certos dias de outono, e conforme se aproxima do meio dia começar

a elevar-se e com isto fazer calor à tarde.

Se a pessoa estiver com a camiseta de manga longa devido à temperatura

amena estará usando à tarde a mesma camiseta, deste modo irá enfrentar o calor

das ruas com um vestuário mais quente, o que proporcionará mais desconforto

ainda. Isto porque o punho fechado impede que o ar circule com facilidade no

interior da manga aprisionando o ar quente entre o corpo e a parte interna do tecido.

Ilustrativamente, pode-se dizer que o calor dissipado, tendo dificuldade em

atravessar a barreira imposta pelo tecido, permanecerá em partes nesta atmosfera,

deste modo o ar quente que não passar poderá ser re-irradiado para a pele

aquecendo-a ainda mais. Sem a abertura no punho e ainda, caso a camiseta esteja

colocada por dentro da calça o calor no interior da roupa será bem maior, mesmo

porque estará recebendo o calor interno concomitantemente ao calor externo,

formando uma espécie de efeito estufa.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo possibilitou visualizar falhas referentes às questões térmicas do

trabalho desenvolvido pelos carteiros do CDD-Londrina e com isso identificar os

agentes do desconforto. Com o cruzamento de dados, tornou-se possível detectar

de forma objetiva os efeitos negativos das altas temperaturas e atividade no

organismo dos carteiros e a reação do uniforme neste processo.

Deste modo, pôde-se levantar os principais problemas apresentados pelo

uniforme quando utilizado em ambientes com temperaturas elevadas, possibilitando

a reavaliação das alterações realizadas recentemente, principalmente quanto ao seu

material de confecção.

Em dias muito quentes os trabalhadores do CDD executam suas atividades

em ambientes com temperaturas fora da faixa de conforto, isto tanto em espaço

interno, quanto externo.

A manta térmica colocada no interior do barracão ajuda a minimizar o calor,

porém, ainda assim não é suficiente para solucionar o problema, já que em dias com

temperaturas muito altas a sensação de calor ainda é muito grande. Há de se

considerar que este prédio não foi projetado especificamente para este fim. O local

foi escolhido para se instalar esta unidade, por isto o problema. Pode-se dizer que

não foi dada a devida atenção às condições térmicas que este tipo de construção

viria proporcionar as pessoas, quando estas estivessem executando suas atividades

no interior do prédio.

Entretanto, esta é uma realidade que se repete, pois muitas vezes os locais

de trabalho não passam por uma avaliação térmica adequada à ocupação humana e

conseqüentemente acabam proporcionando desconforto. A análise quanto às

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condições térmicas que o local escolhido viria a oferecer quando transformado em

um posto de trabalho evitaria a incidência de desconforto e insatisfação das pessoas

ao executarem suas atividades.

Consequentemente o prédio do CDD foi considerado muito quente, mas

suportável, visto não ter havido registro de que o calor tenha provocado qualquer

tipo de doença térmica branda.

Isto também se deve ao fato de que na parte da manhã a atividade

desenvolvida não demanda muito esforço físico e nem exige muito do sistema

termorregulador para manter o equilíbrio térmico do corpo. Em conseqüência a

sensação de calor e a insatisfação térmica são menores.

Diferentemente dos ambientes internos, as atividades do homem nos espaços

externos é mais complicada. Nas ruas a sensação térmica pode ser bem maior e o

desconforto também, devido à incidência solar direta no corpo. Apesar do calor

sentido pelos carteiros nas ruas poder ser aliviado pela ação do vento, pelas

sombras das árvores e das construções e, ainda, pela cobertura das nuvens, nem

sempre eles caminham sob a sombra das árvores, já que se movimentam de um

lado para o outro da rua. Também não é sempre que há nuvens no céu e nem vento

suficiente para aliviar o calor e o desconforto.

Deste modo, a atividade desenvolvida pelos carteiros à tarde, no espaço

externo, torna-se muito desconfortável, pois além de enfrentarem o calor das ruas,

ainda produzem muito calor interno por terem que caminhar. Com o esforço físico a

sensação térmica aumenta e, conseqüentemente, o calor e produção de suor

também.

A roupa tem uma parcela significativa no aumento da sensação de calor,

principalmente nas áreas ao ar livre. Caso seja inadequada ao ambiente térmico e a

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atividade, pode tornar-se ainda mais desconfortável ao seu usuário. Sob esse

aspecto, o uniforme dos carteiros mostrou-se adequado para ambientes com

temperaturas dentro dos limites da faixa de conforto e com atividade leve, porém

com o aquecimento do corpo e produção de suor não reagiu satisfatoriamente à

resposta fisiológica do organismo.

Deste modo foram encontrados problemas como: falhas quanto à absorção

do suor excedente, a retenção do calor do corpo, a cor escura das calças e da parte

superior da frente da camiseta, a composição da malha e o seu tipo de armação.

É bom lembrar que o desconforto apontado foi maior em relação à camiseta

visto que a maior parte do suor produzido pelo corpo é eliminada em partes como:

meio das costas e peito, axilas, região lombar e em regiões de dobra de articulação.

Pode-se considerar, então, que a composição do tecido de confecção da

camiseta não é apropriada à situação de calor excedente e aumento na produção de

suor, pois retém o calor e o suor produzidos pelo corpo, devido à atividade

executada, principalmente, à tarde.

Como este uniforme é de uso nacional, o desconforto verificado pode ser

ainda maior para os carteiros que trabalham em regiões mais quentes e enfrentam

temperaturas mais altas que as encontradas nos dias avaliados na cidade de

Londrina. Por ser de abrangência nacional, este produto deveria ser concebido

levando-se em consideração a realidade térmica das diferentes regiões e as

necessidades físicas dos carteiros.

Para tanto seria conveniente atentar para as características da atividade

desenvolvida e para as questões térmicas do ambiente em que estes profissionais

desenvolvem suas atividades, levando em consideração o trabalho físico, a

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produção de suor e a incidência de radiação solar direta a que são submetidos

caminhando pelas ruas das cidades.

Com isto, torna-se importante destacar os avanços tecnológicos ocorridos no

setor têxtil nos últimos anos. Atentos às necessidades do setor esportivo foram

desenvolvidos materiais têxteis voltados a atender a funções fisiológicas como:

transpirabilidade, isolamento e proteção. Hoje é possível encontrar têxteis que

facilitam a absorção de suor e o transporte de umidade para seu exterior com mais

rapidez. Tecidos construídos com fios com propriedades especiais como o Biotech

que impede a proliferação de bactérias causadoras de odores; o UV Protection que

age contra a ação nociva dos raios UV-A e UV-B e o Ar que facilita a transpiração e

troca térmica. Estas propriedades permitem ao tecido interagir mais adequadamente

com o organismo, minimizando o desconforto e possibilitando mais proteção.

A aplicação de materiais como estes, na confecção do uniforme dos carteiros,

proporcionaria mais conforto e proteção aos mesmos, quando no exercício de suas

funções.

Quanto aos procedimentos metodológicos adotados, cabe aqui destacar a

importância da aplicação do questionário 2, juntamente com a realização das

medições microclimáticas para a obtenção dos dados relativos à resposta fisiológica

do corpo e do vestuário.

Quanto à utilização do programa RayMam como ferramenta para a efetuação

dos cálculos do PMV - Voto Médio Estimado, pode-se dizer que este contribuiu para

a agilidade e facilidade na obtenção dos resultados. O problema apresentado com a

sua escolha foi a obtenção de resultados supervalorizados, já que o mesmo não fora

desenvolvido para a realidade climática brasileira. Há de se considerar, também, que

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a zona de conforto para países com clima semelhante ao do Brasil encontra-se

numa outra faixa de temperatura e umidade.

7.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES GERAIS

Deste modo, recomenda-se que se busquem soluções mais adequadas para

o uniforme atual, atentando ao material têxtil (composição e armação) e às cores

que serão utilizadas para a confecção da peça, e, ainda, ao ajuste da peça ao corpo.

Tecidos porosos, com capacidade higroscópica elevada e facilidade na secagem e

no transporte de calor para seu exterior mostram-se mais adequados, assim como o

uso de cores mais claras.

A possibilidade na mudança de horário da entrega das correspondências

evitaria que os carteiros permanecessem expostos à radiação solar e à radiação UV

mais intensos do dia, principalmente no verão.

A reavaliação das medidas adotadas para minimizar o calor dentro do

barracão proporcionaria o encontro de soluções mais eficazes para o problema.

Espera-se que esta pesquisa abra o caminho para novos estudos de conforto

voltados à análise térmica do vestuário e sirva como fonte para a criação consciente

de produtos de vestuário, em especial aos destinados para trabalho. Nesse sentido

recomendam-se os seguintes procedimentos para trabalhos futuros, alguns dos

quais adotados nessa pesquisa: a utilização de programas mais apropriados às

condições climáticas e culturais do Brasil para a efetuação de cálculos de PMV; a

realização de medição das variáveis ambientais; a investigação em forma de

questionário para a obtenção de dados em situação real, ou seja, em análise

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realizada no ambiente de trabalho e vivenciar a realidade estudada, com o fim de

tornar-se mais próximo a ela.

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REFERÊNCIAS

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Fabris E As Recomendações Da Bioclimatologia. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 4-3, 2001. Campinas. Anais... Campinas: editora, 2001. 1 CD-ROM

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A Questionário 01................................................................... 121

Apêndice B Questionário 02.................................................................... 123

Apêndice C Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra

(sujeito 1)........................................................................... 124

Apêndice D Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 2) ............................................................................. 125

Apêndice E Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 3) ............................................................................. 126

Apêndice F Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 4) ............................................................................. 127

Apêndice G Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 5) ............................................................................. 128

Apêndice H Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 6) ............................................................................. 129

Apêndice I Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 7) ............................................................................. 130

Apêndice J Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 8).............................................................................. 131

Apêndice K Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 9)............................................................................. 132

Apêndice L Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 10)............................................................................ 133

Apêndice M Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 11)............................................................................ 134

Apêndice N Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 12)........................................................................... 135

Apêndice O Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 13)............................................................................ 136

Apêndice P Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 14)............................................................................ 137

Apêndice Q Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 15)............................................................................ 138

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Universidade Estadual Paulista - UNESP Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Pós-Graduação em Desenho Industrial Questionário 01 Questionário elaborado para obtenção de dados referentes às condições e sensações térmicas dos ambientes em relação ao tipo de vestimenta utilizada. 1- Perfil do entrevistado. Idade:________Peso:________Altura:________Sexo:________Data:________ Quais dos grupos de alimentos você consome com mais freqüência: ( ) pães e massas ( ) grãos – arroz, feijão,... . ( ) vegetais ( ) frutas ( ) leite e derivados

( ) carne vermelha ( ) aves, peixes e ovos ( ) doces ( ) gorduras e óleos.

Pratica atividade física? ( ) sim ( ) não Cargo que ocupa:____________________Tempo de serviço: _____ano(s) Carga horária diária: _________ Período do dia que trabalha: ( ) manhã/tarde; ( ) tarde/noite;

( ) manhã; ( ) tarde;

( ) noite.

A atividade é desenvolvida: ( ) em ambiente interno climatizado; ( ) em ambiente interno não climatizado; ( ) em ambiente externo protegido do sol; ( ) em ambiente externo sob sol; ( ) em ambiente interno climatizado e externo protegido do sol; ( ) em ambiente interno não climatizado e externo sob sol. Característica da atividade desenvolvida: ( ) leve, sentado: atividade manual, trabalho com braços e mãos, braços e pernas; ( ) leve, de pé: em bancadas, caminhando levemente 3,5km/h; ( ) moderada, de pé: trabalho com braços e mãos, braços e pernas, caminhar de 3,5 a 5,5 km/h; ( ) intensa, trabalho intenso de braços e tronco, caminhar 5,5 a 7 km/h; ( ) muito intensa, atividade muito intensa, correr ou caminhar a mais de 7 km/h. Você considera sua atividade: ( ) bem leve; ( ) leve;

( ) moderada; ( ) pesada;

( ) bem pesada.

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Quanto ao ambiente em que trabalha você o considera: ( ) muito quente ( ) quente ( ) levemente quente

( ) neutro ( ) levemente frio ( ) frio

( ) muito frio

Utiliza algum meio de transporte para realizar atividades externas? ( ) sim Qual? ______________________ ( ) não Faz uso de uniforme dentro da empresa? ( ) sim ( ) não Você considera o tipo de uniforme utilizado adequado à atividade que executa? ( ) sim ( ) não Quais das peças abaixo compõem o uniforme? ( ) camiseta manga curta ( ) camiseta manga longa ( ) camisa manga curta ( ) camisa manga longa ( ) calça tecido leve ( ) calça tecido pesado

( ) bermuda tecido leve ( ) bermuda tecido pesado ( ) sapato ( ) tênis ( ) boné

Quanto ao uniforme utilizado você o considera: ( ) muito confortável ( ) confortável ( ) levemente desconfortável

( ) desconfortável ( ) muito desconfortável

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Universidade Estadual Paulista - UNESP Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Pós-Graduação em Desenho Industrial Questionário 02 Avaliação dos níveis de conforto referentes às condições e sensações térmicas do entrevistado com relação ao ambiente em que se encontra e ao vestuário utilizado. Marque abaixo os itens que compõem seu vestuário neste momento:

Com relação à temperatura, como você se sente neste momento?

Com base em sua sensação térmica você se considera neste momento:

Você acha que o tipo de vestimenta que está utilizando tem alguma relação com a sensação térmica que está sentindo neste momento? ( ) sim ( ) não

Relacione abaixo quais as suas sensações quanto ao seu corpo e a vestimenta que está usando neste momento:

manhã tarde vestuário manhã tarde Vestuário camiseta de algodão manga curta calcinha camiseta de algodão manga longa soutien camiseta de poliéster manga curta meia de algodão camiseta de poliéster manga longa meia fina de poliéster calça tecido leve boné calça tecido pesado cinto bermuda tecido leve tênis/sapato bermuda tecido pesado sandália cueca

manhã tarde Sensação térmica manhã tarde Sensação térmica com muito calor levemente com frio com calor com frio levemente com calor com muito frio neutro

manhã tarde Satisfação térmica manhã tarde Sensação térmica muito confortável desconfortável confortável muito desconfortável levemente desconfortável

manhã tarde vestuário sente o corpo molhado, úmido; percebe um aumento na produção de suor; sente o corpo mais quente; sente a roupa molhada ; percebe que a roupa retém o calor do corpo; percebe que a roupa retém o suor do corpo; percebe que ela absorve o suor com facilidade; percebe que ela não absorve o suor com facilidade; sente que a roupa absorve o suor e seca rápido; percebe que a roupa absorve o suor mas permanece molhada por mais tempo; sente-se desconfortável devido a sensação de roupa molhada; sente-se desconfortável devido a sensação de corpo molhado.

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Apêndice C - Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 1)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo:f altura:1,66 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade:41 anos peso:60,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm

Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,1 0,2 62,2 5,9

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,1 0,5 60,9 5,4

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,1 0,8 59,9 5,1

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,2 63,3 6,1

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,5 61,9 5,7

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,8 60,7 5,4

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,2 64,0 6,3

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,5 62,6 5,9

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,8 61,4 5,6

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 1,5 61,1 5,7

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 2,2 59,8 5,5

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 3,0 58,8 5,4

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 1,5 60,1 5,9

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 2,2 59,2 5,8

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 3,0 58,4 5,6

16.3.2007 75 15:50 34,0 35,5 66,9 1,5 53,0 5,4

16.3.2007 75 15:50 34,0 35,5 66,9 2,2 52,4 5,4

16.3.2007 75 15:50 34,0 35,5 66,9 3,0 52,0 5,3

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Apêndice D - Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 2)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: f altura: 1,67 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 25 anos peso: 55,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,2 62,2 6,1

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,5 60,9 5,6

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,8 59,9 5,3

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,2 63,3 6,3

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,5 61,9 5,8

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,8 60,7 5,5

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,2 64,0 6,5

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,5 62,6 6,0

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,8 61,4 5,8

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 1,5 61,1 5,9

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 2,2 59,8 5,7

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 3,0 58,8 5,5

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 1,5 60,1 6,1

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 2,2 59,2 5,9

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 3,0 58,4 5,8

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 1,5 51,4 5,0

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 2,2 50,9 4,9

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 3,0 50,5 4,9

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Apêndice E – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 3)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,66 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 29 anos peso: 68,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,2 62,2 6,3

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,5 60,9 5,8

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,8 59,9 5,5

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,2 63,3 6,5

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,5 61,9 6,1

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,8 60,7 5,8

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,2 64,0 6,7

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,5 62,6 6,3

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,8 61,4 6,0

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 1,5 61,1 6,2

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 2,2 59,8 6,0

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 3,0 58,8 5,8

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 1,5 60,1 6,3

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 2,2 59,2 6,2

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 3,0 58,4 6,1

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 1,5 51,4 5,3

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 2,2 50,9 5,2

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 3,0 50,5 5,1

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127

Apêndice F – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 4)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,68 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 25 anos peso: 67,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,2 62,2 6,3

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,5 60,9 5,8

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,8 59,9 5,5

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,2 63,3 6,5

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,5 61,9 6,1

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,8 60,7 5,8

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,2 64,0 6,7

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,5 62,6 6,3

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,8 61,4 6,0

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 1,5 61,1 6,2

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 2,2 59,8 6,0

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 3,0 58,8 5,8

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 1,5 60,1 6,4

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 2,2 59,2 6,2

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 3,0 58,4 6,1

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 1,5 51,4 5,3

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 2,2 50,9 5,2

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 3,0 50,5 5,1

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128

Apêndice G – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 5)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,76 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 27 anos peso: 67,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,2 62,2 6,2

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,5 60,9 5,7

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,8 59,9 5,4

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,2 63,3 6,4

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,5 61,9 5,9

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,8 60,7 5,7

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,2 64,0 6,6

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,5 62,6 6,2

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,8 61,4 5,9

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 1,5 61,1 6,0

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 2,2 59,8 5,8

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 3,0 58,8 5,7

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 1,5 60,1 6,2

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 2,2 59,2 6,1

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 3,0 58,4 6,0

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 1,5 51,4 5,2

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 2,2 50,9 5,1

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 3,0 50,5 5,0

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129

Apêndice H – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 6)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,85 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 22 anos peso: 80,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,2 62,2 5,9

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,5 60,9 5,4

16.3.2007 75 10:30 29,0 25,6 64,0 0,8 59,9 5,1

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,2 63,3 6,1

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,5 61,9 5,6

16.3.2007 75 11:30 30,0 27,5 65,0 0,8 60,7 5,4

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,2 64,0 6,3

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,5 62,6 5,9

16.3.2007 75 11:50 31,0 29,6 66,1 0,8 61,4 5,6

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 1,5 61,1 5,7

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 2,2 59,8 5,5

16.3.2007 75 12:35 33,0 31,1 62,0 3,0 58,8 5,4

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 1,5 60,1 5,9

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 2,2 59,2 5,7

16.3.2007 75 14:35 34,0 35,5 66,9 3,0 58,4 5,6

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 1,5 51,4 4,9

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 2,2 50,9 4,8

16.3.2007 75 15:50 32,0 28,9 60,9 3,0 50,5 4,7

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130

Apêndice I – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 7)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: f altura: 1,73 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 32 anos peso: 69,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 6,3

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 5,9

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 5,6

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,2 66,2 6,5

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,5 64,7 6,1

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,8 63,6 5,8

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 6,6

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 6,4

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 6,3

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 1,5 63,9 6,3

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,1

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,0

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,1

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,0

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,0

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 4,6

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 4,7

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 4,8

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131

Apêndice J – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 8)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: f altura: 1,50 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 27 anos peso: 59,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 6,8

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,4

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 6,2

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,2 66,2 7,0

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,5 64,7 6,7

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,8 63,6 6,4

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 7,2

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 7,0

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 7,0

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 1,5 63,9 6,9

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,8

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,7

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,7

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,7

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,7

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 5,3

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,4

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,4

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132

Apêndice K – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 9)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: M altura: 1,82 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 25 anos peso: 83,0 kg atividade: 297,0 W

Tempo Ta VP RH v Tmrt Data Dia do

ano h:mm °C hPa % m/s °C PMV

29.3.2007 88 10:00 33.0 22,6 45,1 0,2 64,9 6,5

29.3.2007 88 10:00 33.0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,1

29.3.2007 88 10:00 33.0 22,6 45,1 0,8 62,7 5,9

29.3.2007 88 11:25 34.0 21,7 41,0 0,2 66,2 6,7

29.3.2007 88 11:25 34.0 21,7 41,0 0,5 64,7 6,3

29.3.2007 88 11:25 34.0 21,7 41,0 0,8 63,6 6,1

29.3.2007 88 12:00 38.0 29,7 45,0 1,5 64,5 6,8

29.3.2007 88 12:00 38.0 29,7 45,0 2,2 63,2 6,7

29.3.2007 88 12:00 38.0 29,7 45,0 3,0 62,1 6,6

29.3.2007 88 14:10 37.0 25,6 40,9 1,5 63,9 6,5

29.3.2007 88 14:10 37.0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,4

29.3.2007 88 14:10 37.0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,3

29.3.2007 88 16:04 38.5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,3

29.3.2007 88 16:04 38.5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,3

29.3.2007 88 16:04 38.5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,3

29.3.2007 88 17:20 37.0 26,3 42,1 1,5 37,4 4,9

29.3.2007 88 17:20 37.0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,0

29.3.2007 88 17:20 37.0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,1

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133

Apêndice L – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 10)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,66 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 32 anos peso: 62,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 7,0

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,6

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 6,4

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,2 66,2 7,2

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,5 64,7 6,8

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,8 63,6 6,6

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 7,4

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 7,2

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 7,2

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 1,5 63,9 7,1

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,9

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,9

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,9

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,9

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,9

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 5,5

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,6

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,6

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134

Apêndice M – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 11)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,80 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 29 anos peso: 75,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 6,6

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,2

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 6,0

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,2 66,2 6,8

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,5 64,7 6,4

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,8 63,6 6,2

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 6,9

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 6,8

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 6,7

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 1,5 63,9 6,6

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,5

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,4

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 5,0

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,1

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,2

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135

Apêndice N – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 12)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,75 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 36 anos peso: 76,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 6,6

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,2

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 6,0

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,2 66,2 6,8

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,5 64,7 6,4

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,8 63,6 6,2

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 7,0

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 6,8

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 6,7

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 1,5 63,9 6,7

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,5

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,5

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,4

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 5,1

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,1

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,2

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136

Apêndice O – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 13)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,68 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 30 anos peso: 72,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 6,8

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,4

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 6,2

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,2 66,2 7,0

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,5 64,7 6,6

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,8 63,6 6,4

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 7,1

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 7,0

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 6,9

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 1,5 63,9 6,8

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,7

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,6

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,7

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,6

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,6

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 5,3

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,3

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,4

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137

Apêndice P – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 14)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,81 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 29 anos peso: 77,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 6,6

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,2

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 5,9

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,2 66,2 6,8

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,5 64,7 6,4

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 40,9 0,8 63,6 6,1

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 6,9

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 6,7

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 6,7

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 1,5 63,9 6,6

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 2,2 62,8 6,5

29.3.2007 88 14:10 37,0 25,6 40,9 3,0 62,0 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,4

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,4

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 5,0

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,1

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,1

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138

Apêndice Q – Resultados do cálculo de PMV dos integrantes da amostra (sujeito 15)

RayMan 1.2 © 2000 Meteorological Institute, University of Freiburg, Germany

Local: Brasil (Londrina - PR)

Delimitação horizontal: 0.0% Fator de visibilidade do céu: 1.000 Longitude geográfica: 51°0' Latitude: 23°0' Fuso horário: UTC – 3.0 h

sexo: m altura: 1,75 m roupa: 0,5 clo personal data:

idade: 22 anos peso: 57,0 kg atividade: 297,0 W

Data Dia do

ano Tempo h:mm Ta ºC VP hPa RH % v m/s Tmrt ºC PMV

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,2 64,9 7,0

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,5 63,7 6,6

29.3.2007 88 10:00 33,0 22,6 45,1 0,8 62,7 6,4

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,2 66,2 7,2

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,5 64,7 6,8

29.3.2007 88 11:25 34,0 21,7 41,0 0,8 63,6 6,6

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 1,5 64,5 7,4

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 2,2 63,2 7,2

29.3.2007 88 12:00 38,0 29,7 45,0 3,0 62,1 7,2

29.3.2007 88 14:10 37,0 31,5 40,9 1,5 63,9 7,2

29.3.2007 88 14:10 37,0 31,5 40,9 2,2 62,9 7,1

29.3.2007 88 14:10 37,0 31,5 40,9 3,0 62,0 7,0

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 1,5 55,8 6,9

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 2,2 55,4 6,9

29.3.2007 88 16:04 38,5 29,2 43,1 3,0 55,0 6,9

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 1,5 37,4 5,5

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 2,2 37,4 5,6

29.3.2007 88 17:20 37,0 26,3 42,1 3,0 37,5 5,6

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139

LISTA DE ANEXOS

Anexo A Tabela 2.5.1 Classificação dos níveis de taxa metabólica.

(Tabela 1 da ISO 7243/89). Fonte: Lamberts (2002)................. 140

Anexo B Tabela 5.10 Isolamento térmico dos itens de vestuário.Fonte:

ISO 9920 (1995), modificada..................................................... 141

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140

ANEXO A

Tabela 2.5.1: Classificação dos níveis de Taxa Metabólica (tabela 1 da ISO 7243/89)

Faixas de taxas metabólicas, M.

Classe Relativo à unidade de área da pele (W/m²)

Relativo a uma área da pele de 1,8m² (W)

Valores a serem utilizados para taxa metabólica média. W/m² W

Exemplos

0 Descanso M<65 M<117 65 117

Descanso ou repouso

1

Baixa taxa

metabólica

65<M<130 117<M<234 100 180

Sentado: leve

atividade manual,

trabalho com

mãos e braços,

trabalho com

braços e pernas.

De pé: Em

bancadas leve,

caminhando

levemente

3,5Km/h.

2

Moderada taxa

metabólica

130<M<200 234<M<360 165 297

De pé: moderado

trabalho de mão e

braços, braços e

pernas, caminhar

de 3,5 a 5,5km/h.

3

Alta taxa

metabólica

200<M<260 360<M<468 230 414

Trabalho intenso

de braços e

tronco, caminhar

de 5,5 a 7km/h,

puxar e empurrar

cargas.

4

Muito alta taxa

metabólica

M>260 M>468 290 522

Atividade muito

intensa. Correr e

caminhar a mais

de 7km/h.

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141

ANEXO B- Tabela 5.10 Isolamento térmico dos itens de vestuário ITENS DE VESTUÁRIO material de fabricação massa( g ) I cle (clo) Roupa de baixo sutiã

calcinha

cueca

cueca

camiseta sem manga

camiseta sem manga

camiseta com manga curta

camiseta com manga curta

camiseta com manga longa

-------

nylon

poliéster, algodão

algodão

algodão

poliéster, algodão

algodão

algodão

algodão

44

27

66

65

150

106

105

180

l200

0,01

0,03

0,03

0,04

0,06

0,05

0,08

0,10

0,12

Camisas, camisetas e blusas camisa com gola, manga longa

camisa com gola, manga longa

camisa com gola, manga longa

camisa com gola, manga longa

camisa com gola, manga curta

camisa esporte, manga curta

camiseta sem manga

camiseta sem manga

blusa gola olímpica, manga longa

blusa feminina com gravata, manga longa

blusa feminina com gravata, manga longa

blusa feminina gola canoa, manga média

algodão

65% poliéster, 35% algodão

65% poliéster, 35% algodão

80% algodão, 20% poliéster

algodão

100% algodão

algodão

65% poliéster, 35% algodão

algodão

65% poliéster, 35% algodão

65% poliéster, 35% algodão

65% poliéster, 35% algodão

362

196

156

309

284

228

210

117

344

382

206

142

0,33

0,25

0,19

0,34

0,24

0,17

0,18

0,13

0,34

0,33

0,25

0,27

Calças calça folgada

calça folgada

calça justa

calça justa

calça justa

calça justa

calça de trabalho

algodão

50% poliéster, 50% lã

80% lã, 20% nylon

algodão

algodão

50% poliéster, 50% lã

100% algodão

513

459

433

640

446

404

832

0,22

0,28

0,22

0,26

0,18

0,24

0,24

Shorts e bermudas short

bermuda até o joelho

bermuda até o joelho

100% algodão

algodão

50% poliéster, 50% lã

164

195

251

0,06

0,11

0,17

Sapatos, meias, meia grossa, 3/4

meia grossa, altura do tornozelo

meia grossa, altura do joelho

meia fina, altura do joelho

meia 3/4

meia esportiva, 3/4

sapatos

sapatos de camurça, sola de borracha

tênis lona, sola leve

sandálias, vinil

poliamida

poliamida

80% acrílico, 20% nylon

100% nylon

75% acrílico, 25% nylon

85% acrílico, 15% nylon

------

------

------

------

113

77

68

32

53

82

------

------

812

346

0,11

0,05

0,06

0,03

0,03

0,03

0,05

0,02

0,02

0,02

Fonte: ISO 9920 (1995), modificada.