universidade federal da bahia - repositorio.ufba.br§ão... · complex, while noting the release of...

118
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA JULIANA GUERREIRO CEZAR SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E REATIVIDADE DE NITROSILO COMPLEXOS DE RUTÊNIO COM LIGANTE DIFLUNISAL Salvador 2015

Upload: others

Post on 29-Aug-2019

6 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    INSTITUTO DE QUMICA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

    JULIANA GUERREIRO CEZAR

    SNTESE, CARACTERIZAO E REATIVIDADE DE NITROSILO

    COMPLEXOS DE RUTNIO COM LIGANTE DIFLUNISAL

    Salvador

    2015

  • JULIANA GUERREIRO CEZAR

    SNTESE, CARACTERIZAO E REATIVIDADE DE NITROSILO

    COMPLEXOS DE RUTNIO COM LIGANTE DIFLUNISAL

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-

    Graduao e Pesquisa do Instituto de Qumica, da

    Universidade Federal da Bahia, como requisito

    parcial para obteno do ttulo de mestre em

    Qumica.

    Orientador: Prof. Dr. Kleber Queiroz Ferreira

    Salvador

    2015

  • CEZAR, Juliana Guerreiro. Sntese, caracterizao e reatividade de nitrosilo complexos de Rutnio com ligante diflunisal. / Juliana Guerreiro Cezar Bahia: UFBA, 2015.

    117 fls.; il.

    Orientador: Prof. Dr. Klber Queiroz Ferreira Dissertao (Mestrado) Universidade Federal da Bahia, Instituto de Qumica, Salvador, 2015.

    1. xido ntrico. 2. Nitrosilo complexos de Rutnio. 3. Tetra-azamacrociclos. 4. Diflunisal. I. Ferreira, Kleber Queiroz. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Qumica. III. Ttulo

    CDD 546

    CDU 546.96:661.982

  • TERMO DE APROVAO

    JULIANA GUERREIRO CEZAR

    SNTESE, CARACTERIZAO E REATIVIDADE DE NITROSILO

    COMPLEXOS DE RUTNIO COM LIGANTE DIFLUNISAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao e Pesquisa do Instituto de

    Qumica, da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obteno do

    mestrado em Qumica.

    Aprovada em 15 de Outubro de 2015.

    Kleber Queiroz Ferreira Orientador ______________________________________

    Doutor em Qumica, Universidade de So Paulo, Brasil Departamento de Qumica Geral e Inorgnica, Instituto de Qumica/UFBA

    Marcos Malta dos Santos _____________________________________________

    Doutor em Qumica, Universidade de So Paulo, Brasil Departamento de Fsico-Qumica, Instituto de Qumica/UFBA Arnaud Victor dos Santos_______________________________________________

    Doutor em Qumica Analtica, Universidade de So Paulo, Brasil

    Departamento de Cincias Exatas e da Terra, Campos I/ UNEB.

  • DEDICO ESTA DISSERTAO

    A Deus,

    Por me dar coragem, fora e f para enfrentar os desafios da vida e, assim,

    adquirir maturidade e evoluir espiritualmente.

    A minha amada me, Sileide Guerreiro

    Que sempre se doou inteiramente pela felicidade da nossa famlia.

    Que, apesar dos sacrifcios, nunca nos deixou faltar nada, sempre apoiando,

    incentivando e lutando por ns.

    Que, sem sombra de dvidas, a melhor me guerreira que poderamos ter.

    Ao meu sobrinho e afilhado, Henrique Guerreiro

    Que, mesmo sem ter noo, tem ajudado muito a dinda. Que o anjo que

    Deus enviou para me ajudar a cumprir minha misso.

  • AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    Ao meu orientador, professor Dr. Kleber Queiroz Ferreira,

    Pelos seus ensinamentos, dedicao e oportunidade de trabalhar sob sua

    orientao, o que me proporcionou um conhecimento terico-cientfico imensurvel.

    Agradeo, sobretudo, pelo incentivo em cursar o doutorado numa universidade

    melhor estruturada e pelas recomendaes feitas professora Sofia.

    Ao professor Dr. Jos Roque,

    Que gentilmente cedeu parte de seu laboratrio para a realizao da

    pesquisa.

    Ao professor Dr. Hlio Pimentel,

    Por sua amizade e contribuies na minha formao acadmica e cientfica.

    Ao professor Dr. Fbio Dro

    Pelo apoio na pesquisa e importantes contribuies para a realizao deste

    trabalho.

    A professora Dra. Adelaide Viveiros

    Por compartilhar seus conhecimentos de forma clara, simples e brilhante.

    Sinto-me agraciada por ter sido sua aluna, o que, sem dvidas, propiciou grande

    aprendizado. Agradeo tambm pela receptividade com a qual sempre fui recebida

    em sua sala ao procur-la para tirar dvidas e, pelo aporte na escrita desta

    dissertao.

    Ao professor Dr. Frederico Guar

    Pela predisposio e imensa ajuda com a interpretao dos espectros de

    RMN deste trabalho.

    A professora Dra. Znis Novais

    Por ter subsidiado a realizao da pesquisa, disponibilizando equipamentos

    necessrios para algumas anlises deste trabalho.

  • Ao professor Dr. Marcos Malta,

    Que generosamente nos forneceu alguns materiais indispensveis para

    algumas anlises.

    Aos bolsistas e professores dos laboratrios 108 e 207, em especial ao colega

    Ernani Lacerda,

    Que mesmo de longe continuou colaborando comigo.

    Ao meu namorado, Augusto Carvalho,

    Por sua dedicao e incentivo em todos os momentos. Agradeo tambm

    pela pacincia nos momentos de stress e pela importante colaborao com as

    formataes desta dissertao.

    A minha irm e meu cunhado,

    Que me acolheram e me ajudaram em um dos momentos mais delicados da

    minha vida.

    A minha psicloga, Jssica Barbosa,

    Que tem subsidiado a minha busca pela autonomia pessoal e me ajudado a

    manter o controle nos momentos de ansiedade.

    As minhas amigas de toda a vida, Hanna, Isis, Kenia, Monique e Priscilla,

    Pelo apoio e pelas risadas que me proporcionaram.

    A CNPq pelo auxlio financeiro.

    E a todos que contriburam direta ou indiretamente para que eu pudesse

    realizar este trabalho.

  • Nunca deixe que lhe digam que no vale a pena

    Acreditar no sonho que se tem

    Ou que seus planos nunca vo dar certo

    Ou que voc nunca vai ser algum

    ...

    Se voc quiser algum em quem confiar

    Confie em si mesmo

    Quem acredita sempre alcana!

    (Renato Russo)

  • RESUMO

    Considerando a importncia biolgica do NO para a boa manuteno do

    organismo, verifica-se grande interesse no estudo de agentes teraputicos que

    auxiliem no controle do teor de xido ntrico no organismo, seja liberando ou

    capturando NO. Nesse sentido, nitrosilo complexos de rutnio tm despertado

    interesse. Da mesma forma a molcula de diflunisal apresenta-se como um potente

    anti-inflamatrio no esteroide, tanto na forma livre como coordenado a centros

    metlicos. Neste trabalho buscou-se sintetizar, caracterizar e realizar alguns estudos

    de reatividade qumica dos compostos contendo na sua composio tanto o xido

    ntrico como o diflunisal, visando combinar as suas propriedades biolgicas. Os

    complexos sintetizados foram: cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]2+, cis-

    [Ru(NO)(NO2)(cyclen)]2+, cis-[Ru(DF)2(cyclen)] e cis-[Ru(DF)(cyclen)]. Anlises dos

    espectros vibracionais mostraram o aparecimento de bandas caractersticas dos

    ligantes DF e cyclen, bem como de sinais prximo de 1880 cm-1, caracterstico de

    NO (NO+). Os espectros eletrnicos apresentaram bandas associadas a transies

    IL e TCML. As tcnicas de anlise elementar e RMN, realizada para alguns

    compostos, foram suficientes para ratificar a formulao proposta. Estudos de VPD

    permitiram avaliar os processos redox atribudos aos ligantes NO e diflunisal e ao

    centro metlico (Ru), bem como investigar qualitativamente, a liberao de NO dos

    nitrosilo compostos, quando submetidos a estmulos eletroqumicos. Atravs de

    estudos cinticos e termodinmico foi possvel determinar as constantes associadas

    a aquao dos cloretos no complexo cis-[RuCl2(cyclen)]+, Os quais so muito

    relevantes para o entendimento relativo a reao de coordenao dos ligantes

    diflunisal e nitrosilo ao centro metlico, nos complexos precursores. Portanto, os

    resultados obtidos sustentam a formulao dos complexos sintetizados, ao passo

    que constata a liberao de NO pelos nitrosilo complexos, justificando a importncia

    do trabalho e incentivando estudos futuros que contemplem anlises de reatividade

    eletroqumica e fotoqumica e atividade biolgica dos compostos.

    Palavras-chaves: xido ntrico. Nitrosilo complexos de rutnio.

    Tetraazamacrociclos. Diflunisal.

  • ABSTRACT

    Given the biological importance of NO to the proper maintenance of the

    organism, there is great interest in the study of therapeutic agents that assist in

    control of the content of nitric oxide in the body, or capturing or releasing NO. In this

    sense, nitrosyl ruthenium complexes have attracted interest. Similarly the molecule of

    diflunisal get introduced as a potent non-steroidal anti-inflammatory drugs, as free or

    coordinate to metal centres. In this paper we sought to synthesize, characterize and

    perform some chemical reactivity studies of compounds containing in their

    composition both nitric oxide as the diflunisal aiming to combine their biological

    properties. The complexes were synthesized: cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]2+, cis-

    [Ru(NO)(NO2)(cyclen)]2+, cis-[Ru(DF)2(cyclen)] and cis-[Ru(DF)(cyclen)]. Analysis of

    the vibrational spectra showed the appearance of characteristic bands of DF and

    cyclen ligands as well as signals near 1880 cm-1, characteristic of NO (NO+). The

    electronic spectra showed bands associated LI and LMCT transitions. The

    techniques of elemental analysis and NMR, held for some compounds were enough

    to ratify the proposed wording. DPV study allowed us to evaluate redox processes

    associated with NO and diflunisal ligands and metallic Centre (Ru), as well as

    investigate qualitatively the release of NO from nitrosyl compounds, when subjected

    to electrochemical stimuli. Through kinetic and thermodynamic studies it was

    possible to determine the constants associated with change of chloride for water in

    the cis-[RuCl2(cyclen)]+ complex, which are highly relevant for the understanding on

    the coordination reaction of diflunisal and nitrosyl ligands to the metal center, in the

    complex precursors. Therefore, the results support the formulation of the synthesized

    complex, while noting the release of NO by nitrosyl complex, justifying the importance

    of work and encouraging future studies that include electrochemical reactivity

    analyzes and photochemical and biological activity of the compounds.

    Keywords: Nitric oxide. Nitrosyl Ruthenium complexes.

    Tetraazamacrocycles. Diflunysal.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Complexos metlicos de uso clnico. ........................................................ 20

    Figura 2 - Representao esquemtica da biossntese do xido ntrico. .................. 23

    Figura 3 - Diagrama de orbitais moleculares do xido ntrico (adaptado). ................ 25

    Figura 4 - Esquema dos orbitais moleculares envolvidos na ligao

    M-NO (M=metal). ................................................................................... 26

    Figura 5 - Modos de coordenao do NO ao centro metlico. .................................. 27

    Figura 6 - Frmula estrutural do Diflunisal. ............................................................... 29

    Figura 7 - Estrutura de ligantes macrocclicos........................................................... 30

    Figura 8 - Estrutura dos compostos NAMI e NAMI-A. ............................................... 33

    Figura 9 - Representao do desdobramento dos orbitais d do Ru(II) em campo

    octadrico. ............................................................................................. 34

    Figura 10 - Esquema de clula eletroqumica contendo 3 eletrodos: eletrodo de

    referncia, eletrodo de trabalho e eletrodo auxiliar. ............................... 40

    Figura 11 - Espectro vibracional do cyclen em pastiha KBr. ..................................... 56

    Figura 12 - Espectro vibracional do DF em pastilha de KBr. ..................................... 57

    Figura 13 - Espectro vibracional infravermelho do Na2DF em pastilha de KBr. ........ 57

    Figura 14 - Espectro vibracional do cis-[Ru(DF)2(cyclen)] (sintetizado usando DF) em

    KBr. ........................................................................................................ 59

    Figura 15 - Espectro vibracional do cis-[RuDF(cyclen)] (sintetizado usando Na2DF)

    em KBr. .................................................................................................. 60

    Figura 16 - Espectro vibracional do cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 (sintetizado a partir

    do mtodo 1) em KBr. ............................................................................ 61

    Figura 17 - Espectro vibracional do cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 (sintetizado a partir

    do mtodo 2) em KBr. ............................................................................ 62

    Figura 18 - Espectro vibracional do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2 (sintetizado a

    partir do cis-[RuCl2(dmso)4]) em KBr (a) e em filme de acetona numa

    janela de fluoreto de clcio (b). .............................................................. 64

    Figura 19 - Espectro vibracional do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)]Cl2 (sintetizado a partir

    do cis-[RuCl (cyclen)(dmso)]Cl) em KBr. ............................................... 65

    Figura 20 - Espectro eletrnico do ligante DF em acetonitrila (C=5,0x10-5mol.L--1). . 67

    Figura 21 - Espectro eletrnico do sal Na2DF em acetonitrila (C=5,0x10-5 mol.L-1). . 68

  • Figura 22 - Espectro eletrnico do complexo cis-[Ru(DF)2(cyclen)] em acetonitrila

    (C=5,0x10-5 mol.L-1). .............................................................................. 69

    Figura 23 - Espectro eletrnico do complexo cis-[Ru(DF)(cyclen)] em acetona

    (1,0x10-3 mol.L-1), metanol (1,0x10-3 mol.L-1), e acetonitrila

    (1,0x10-3 mol.L-1). ................................................................................... 69

    Figura 24 - Espectro eletrnico do cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 (sintetizado a partir

    do mtodo 1) em HCl (C=1,0 mol.L-1). ................................................... 70

    Figura 25 - Espectro eletrnico do cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 (sintetizado a partir

    do mtodo 2) em HCl (C=1,0 mol.L-1) .................................................... 71

    Figura 26 - Espectro eletrnico do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2 em HCl

    (C=0,1 mol.L-1). ...................................................................................... 72

    Figura 27 - VPD do ligante DF (C = 2,40 x 10-3 mol.L-1) em uma mistura de

    acetonitrila com soluo tampo acetato pH 4,4 (0,1 mol.L-1) como

    eletrlito suporte. Faixa de varredura de 600 a 1200 mV vs Ag/AgCl.

    V = 50 mV.s-1. ........................................................................................ 73

    Figura 28 - VPD do cis-[Ru(DF)(cyclen)] (C = 2,60 x 10-3 mol.L-1) em uma mistura de

    acetonitrila e soluo HCl/KCl pH 1,0 (0,1 mol.L-1) como eletrlito

    suporte. Faixa de varredura de -750 a 1200 mV vs Ag/AgCl.

    V = 50 mV.s-1. ........................................................................................ 75

    Figura 29 - VDP do complexo cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 (C = 2,40 x 10-3 mol.L-1),

    usando soluo de HCl/KCl pH 1,0 (0,1 mol.L-1) como eletrlito suporte.

    Faixa de varredura de 800 a -800 mV vs Ag/AgCl. V = 50 mV.s-1. ........ 76

    Figura 30 - VDP do complexo cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2 (C = 10-3 mol.L-1),

    usando soluo de CF3COOH/CF3COONal pH 1,0 (0,1 mol.L-1) como

    eletrlito suporte. Faixa de varredura de 600 a - 600 mV vs Ag/AgCl.

    V =100 mV.s-1. ....................................................................................... 77

    Figura 31 - Voltamograma de pulso diferencial com varredura catdica do cis-

    [Ru(NO+)(NO2)(cyclen)]+ a 1 x 10-3 mol.L-1 em CF3COOH/CF3COONa

    0,1 mol.L-1. a:inicial , b: aps 5 min. de eletrlise, c: 10 min.

    d: eletrlise exaustiva ............................................................................ 78

    Figura 32 - Espectro RMN 1H do cis-[Ru(DF)2(cyclen)] em acetona-d6. .................... 81

    Figura 33- Espectro de RMN 1H do cis-[Ru(DF)2(cyclen)] em acetona-d6 (ampliado

    na regio do DF). ................................................................................... 82

  • Figura 34 - Espectro RMN 1H do cis-[RuDF)2(cyclen)] em acetona (ampliado na

    regio do cyclen). ................................................................................... 83

    Figura 35 - Parte do espectro RMN 13C do complexo cis-[Ru(DF)2(cyclen)] em

    acetona (regio do DF). ......................................................................... 84

    Figura 36 - Estrutura em linhas proposta para cis-[Ru(DF)2(cyclen)]. ....................... 85

    Figura 37 - Estrutura em 3D proposta para cis-[Ru(DF)2(cyclen)]. ............................ 86

    Figura 38 - Representao da estrutura em linhas proposta para o cis-

    [Ru(DF)(cyclen)]. .................................................................................... 88

    Figura 39 - Representao da estrutura 3D proposta para o

    cis-[Ru(DF)(cyclen)]. .............................................................................. 89

    Figura 40 - Espectro RMN de 1H do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2 em D2O ........ 90

    Figura 41 - Espectro RMN de 13C do cis-[Ru(NO)(NO2)](PF6)2 em D2O ................... 91

    Figura 42 - RMN 1H bidimensional do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2 em D2O ..... 92

    Figura 43 - Representao da estrutura em linhas proposta para o

    cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2. ........................................................... 93

    Figura 44 - Representao da estrutura em 3D proposta para o

    cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2. ........................................................... 93

    Figura 45 - Representao de estrutura em linhas proposta para o cis-

    [Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 . ...................................................................... 95

    Figura 46 - Representao de estrutura em 3D proposta para o cis-

    [Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 . ...................................................................... 95

    Figura 47 - a) Alterao espectral para a reao de aquao do cloreto (reao

    direta representada pela equao 30) no complexo cis-[RuCl2(cyclen)]+

    (4x10-4 mol.L-1), em uma soluo de CF3COOH/CF3COONa (pH = 1,0;

    =0,1 mol.L-1 e T = 25 C). b) Inserido: curva cintica para 300 nm em

    intervalos de tempo de 20 s. .................................................................. 97

    Figura 48 - a) Alterao espectral para a reao de entrada de cloreto no complexo

    cis-[RuCl(OH2)(cyclen)]2+ (2,5x10-4 mol.L-1), em uma soluo de NaCl

    (6x10-2 mol.L-1) e CF3COOH/CF3COONa (pH = 1,0; =0,1 mol.L-1 e

    T = 25 C). b) Inserido: curva cintica para 360 nm em intervalos de

    10 s. ....................................................................................................... 99

    Figura 49 - a) Alterao espectral para a reao de aquao do cloreto (reao

    direta representada pela equao 31) no complexo

    cis-[RuCl(OH)(cyclen)]+ (1,3x10-4 mol.L-1), em uma soluo de tampo

  • acetato (pH = 6; =0,1 mol.L-1 e T = 25 C). b) Inserido: curva cintica

    para 360 nm em intervalos de tempo de 10 s. ..................................... 101

    Figura 50 - Grfico de max.X pH para determinao do pKa2 do

    cis-[Ru(OH2)2(cyclen)]3+. ...................................................................... 105

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Propriedades fsicas do xido ntrico. ....................................................... 24

    Tabela 2 - Energia vibracional na regio do infravermelho e comprimento de ligao

    das espcie NO+, NO0 e NO-. ................................................................ 27

    Tabela 3 - Lista dos reagentes com suas respectivas procedncia. ......................... 38

    Tabela 4 - Atribuio das bandas na regio do infravermelho para os ligantes. ....... 58

    Tabela 5 - Atribuio das bandas na regio do infravermelho para complexos apenas

    com DF. ................................................................................................. 60

    Tabela 6 - Atribuio das bandas na regio do infravermelho para os nitrosilo

    complexos de Ru com DF sintetizados. ................................................. 62

    Tabela 7 - Atribuio das bandas na regio do infravermelho para os nitrosilo

    complexos de Ru com NO2-sintetizados. ............................................... 65

    Tabela 8 - Dados dos espectros eletrnicos do DF e Na2DF. ................................... 68

    Tabela 9 - Dados dos espectros eletrnicos dos compostos

    cis-[Ru(DF)2(cyclen)] e cis-[Ru(DF)(cyclen)]. ......................................... 70

    Tabela 10 - Dados dos espectros eletrnicos dos Nitrosilo complexos de Ru com DF.

    ............................................................................................................... 71

    Tabela 11 - Dados dos espectros eletrnicos dos nitrosilo complexos de Ru com

    NO2-. ...................................................................................................... 72

    Tabela 12 - Dados de RMN de 1H, atribuies e multiplicidades associados aos

    sinais para o cis-[Ru(DF)2(cyclen)], na regio do DF. ............................ 87

    Tabela 13 - Dados cinticos obtidos para a reao descrita na equao 30. ........... 98

    Tabela 14 - Dados cinticos obtidos para a reao inversa descrita na equao 30.

    [cis-[RuCl(OH2)(cyclen)]+ ] = 4x10-4mol.L-1. ............................................ 99

    Tabela 15 - Constantes velocidade de pseudo-primeira ordem para equao do

    cloreto em complexos [RuCl(L)(mac)]n+ (L = Cl-, H2O, OH-) e espcies

    correlatas a 25 oC. ............................................................................... 103

    Tabela 16 - pKa dos aqua-complexos de cyclam, cyclen e espcies correlatas. .... 106

  • ABREVIATURAS E SIGLAS

    Smbolo Significado

    AINES Antiinflamatrios no esteroidais

    COX Ciclo-oxigenasse

    Cyclam 1,4,8,11-tetraazaciclotetradecano

    Cyclen 1,4,7,10-tetrazaciclododecano

    Diflunisal (DF) cido 5-(2,4-difluorofenil)-2-hidroxi-benzico

    DMSO Dimetilsulfxido

    DNA cido desoxirribonucleico

    D2O xido de deutrio

    E Energia

    HCl cido clordrico

    EDTA cido etilenodiamino tetra-actico

    HgCl2 Cloreto de mercrio (II)

    HPF6 cido hexafluorfosfrico

    IL Transferncia interna do ligante

    Im Imidazol

    In-mac Imina (C=N) do macrociclo

    IV Infravermelho

    KBr Brometo de potssio

    KCl Cloreto de potssio

    kobs Constante de velocidade observada

    M Centro metlico

    Mac Macrociclo

    Me Grupo metila

    NaAc Acetato de sdio

    Na2SO4 Sulfato de sdio

    NaNO2 Nitrito de sdio

    NO xido ntrico

    NO+ on nitrosnio

    NO- Nitroxila

    NO-2 on nitrito

    O2 Oxignio molecular

  • RMN Ressonncia Magntica Nuclear

    PF6- on hexafluorfosfato

    TBANO2 Nitrito de tetrabutilamnio

    TBAPF6 Hexafluorfosfato de Tetrabutilamnio

    TCC Teoria do campo cristalino

    TCLM Transferncia de carga ligante-metal

    TCML Transferncia de carga metalligante

    UV-vis Ultravioleta visvel

    V Velocidade de varredura

    VPD Voltamograma de pulso diferencial

    Deslocamento qumico

    Estiramento da ligao

    Coeficiente de absortividade molar

    Comprimento de onda

    Fora inica

  • LISTA DE ESTRUTURAS

    DMSO

    Diflunisal

    Cyclen

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................... 20

    2 REVISO BIBLIOGRFICA .......................................................................... 22

    2.1 IMPORTNCIA BIOLGICA DO XIDO NTRICO......................................... 22

    2.1.1 Propriedades fsico-qumicas do xido ntrico ................................................ 24

    2.2 ANTIINFLAMATRIAS NO ESTEROIDAIS (AINES).................................... 28

    1.2.1 Diflunisal como um potencial anti-inflamatrio. ............................................... 29

    2.3 A VERSATILIDADE DOS LIGANTES TETRAAZAMACROCCLICOS ............ 30

    2.4 COMPLEXOS DE RUTNIO .......................................................................... 32

    2.4.1 Funes biolgicas dos nitrosilo complexos de rutnio .................................. 34

    3 OBJETIVOS ................................................................................................... 37

    4 MATERIAS E MTODOS ............................................................................... 38

    4.1 MATERIAIS .................................................................................................... 38

    4.1.1 Substncias: procedncia e pureza ................................................................ 38

    4.1.2 Equipamentos e tcnicas experimentais......................................................... 39

    4.1.3 Tratamento de solventes e preparao de amlgama .................................... 41

    4.2 PROCEDIMENTO SINTTICO DOS COMPLEXOS ....................................... 42

    4.2.1 Sntese do complexo cis-[RuCl2(dmso)4] ........................................................ 42

    4.2.2 Sntese do complexo cis-[RuCl2(cyclen)]Cl ..................................................... 43

    4.2.3 Sntese do cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl ........................................................... 43

    4.2.4 Sntese do Na2DF ........................................................................................... 43

    4.2.5 Sntese do complexo cis-[Ru(DF)2(cyclen)] a partir do cis-[RuCl2(cyclen)]Cl

    ..................................................................................................................44

    4.2.6 Sntese do complexo cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2 ......................................... 44

    4.2.7 Sntese do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2 a partir do cis-[RuCl2(dmso)4] ... 45

    4.2.8 Sntese do cis-[Ru(DF)(cyclen)] a partir do cis-[RuCl2(dmso)4] ....................... 46

    4.2.9 Sntese do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)]Cl2 a parir do cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl

    46

    5 RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................... 48

    5.1 SNTESES ...................................................................................................... 48

  • 5.1.1 cis-[RuCl2(dmso)4] .......................................................................................... 48

    5.1.2 cis-[RuCl2(cyclen)]Cl ....................................................................................... 49

    5.1.3 cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl ............................................................................. 50

    5.1.4 cis-[Ru(DF)2(cyclen)] ....................................................................................... 50

    5.1.5 cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)] ................................................................................ 52

    5.1.6 cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)]2+ ............................................................................ 54

    5.2 CARACTERIZAO ....................................................................................... 55

    5.2.1 Caracterizao por espectroscopia vibracional .............................................. 55

    5.2.1.1 Ligantes ...................................................................................................... 56

    5.2.1.2 Complexos inditos sintetizados ................................................................ 59

    5.2.2 Caracterizao por espectroscopia eletrnica ................................................ 66

    5.2.2.1 Ligantes ...................................................................................................... 67

    4.2.2.2 Complexos inditos sintetizados.................................................................70

    5.2.3 Caracterizao por voltametria de pulso diferencial ....................................... 72

    5.2.3.1 Ligantes ...................................................................................................... 73

    5.2.3.2 Complexos inditos sintetizados ................................................................ 74

    5.2.4 Caracterizao por Ressonncia Magntica Nuclear de 1H e 13C .................. 79

    5.2.4.1 Complexos inditos sintetizados ................................................................ 80

    5.3 REATIVIDADE QUMICA ................................................................................ 96

    6 CONSIDERAES FINAIS ......................................................................... 107

    7 PERSPECTIVAS .......................................................................................... 108

    REFERNCIAS........................................................................................................109

  • 20

    1 INTRODUO

    A importncia da Qumica Inorgnica na medicina tem sido cada vez mais

    notria. O crescente desenvolvimento de pesquisas cientficas de carter

    interdisciplinar, com foco nas reas qumica e biolgica, que propem o emprego de

    metais como agentes teraputicos ratificam essa afirmativa.

    A descoberta das propriedades citotxicas da cisplatina (cis-

    diaminodicloroplatina(II)) em 1965, motivou a descoberta e aplicao de novos

    complexos metlicos na terapia do cncer e no uso clnico em geral (TRUDU et al.,

    2015). Em contrapartida, a ocorrncia de reaes adversas relacionadas ao uso da

    cisplatina e outros compostos inorgnicos restringem as suas aplicaes

    teraputicas. Por isso, nos ltimos 15 anos, um grande esforo tem sido dedicado ao

    desenvolvimento de drogas que superem a atividade e o espectro de ao e,

    principalmente, reduzam a toxicidade frente aos compostos j existentes. Assim,

    complexos de metais menos txicos, como rutnio, ouro e cobre, so apontados

    como promissores (TRUDU et al., 2015). Ainda, alguns grupos de pesquisa (TFOUNI

    et al., 2012) sugerem a associao de complexos metlicos com xido ntrico,

    espcie atraente por apresentar pluralidade de funes biolgicas. Na figura 1

    podem ser vistas as estruturas de alguns complexos metlicos usados na clnica.

    Figura 1 - Complexos metlicos de uso clnico.

    Fonte: ZHANG e LIPPARD, 2003.

  • 21

    O xido ntrico (NO) desempenha diversas funes fisiolgicas in vivo, tais

    como: neurotransmisso, controle da presso arterial, citotoxidade de macrfagos,

    alm de estar envolvido em processos antiinflamatrios e no sistema imunolgico na

    destruio de clulas tumorais e parasitrias.

    Dadas as importncias biolgica do xido ntrico e do rutnio, foi proposto, neste

    trabalho, a sntese de nitrosilo complexos de rutnio, visando a obteno de

    compostos capazes de liberar (ou capturar) NO in vivo, de forma controlada, quando

    submetidos estmulo fotoqumico ou eletroqumico.

    Os ligantes macrocclicos, como o cyclen, so importantes na associao

    com compostos de coordenao, uma vez que sua inrcia promove diferentes

    propriedades aos complexos, facilitando o estudo destes e viabilizando a produo

    de novos metalo-frmacos (Tfouni et al.; 2005).

    Tambm foi empregado como ligante na sntese de alguns complexos neste

    trabalho, o diflunisal, derivado sinttico do cido saliclico, pertencente classe dos

    antiinflamatrios no esteroides. O diflunisal conhecido pelo seu potente efeito

    antiinflamatrio e sua baixa toxicidade frente outros frmacos desta classe, tanto

    na forma livre como coordenado a centros metlicos.

  • 22

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    Considerando a relevncia biolgica do xido ntrico (NO) e o destaque que

    essa substncia recebeu neste trabalho, faz-se necessrio explanar, com detalhes,

    as caractersticas atrativas do NO, que motivaram seu emprego como ligante nos

    compostos inditos sintetizados, apresentados neste trabalho.

    2.1 IMPORTNCIA BIOLGICA DO XIDO NTRICO

    Durante muito tempo o xido ntrico (NO) teve sua qumica associada

    essencialmente a problemas ambientais (DUSSE, et al., 2003). Isto se deve ao fato

    dessa molcula ser um dos principais constituintes dos resduos lanados na

    atmosfera atravs da queima de combustveis fsseis, contribuindo para a

    destruio da camada de oznio e intensificando fenmenos ambientais como a

    chuva cida (MARMION et al., 2004).

    O interesse pelas atividades biolgicas do NO tiveram incio a partir de 1980

    com os estudos de Furchgott e Zawadzki. Foi possvel comprovar que alguns

    vasodilatadores, como a acetilcolina, liberam uma substncia que est envolvida no

    relaxamento endotlio dependente. Cerca de sete anos depois, estudos mais

    detalhados demonstraram que esta substncia era o xido ntrico (FURCHGOTT E

    ZAWADZKI, 1980). Desde ento se tornou evidente a importncia dessa molcula

    para os organismos vivos e, o xido ntrico passou a despertar interesses

    tecnolgico e biolgico. Em 1992 o NO foi chamado de ''molcula do ano'' (JAMES,

    1995).

    A biossntese do xido ntrico ocorre no sistema nervoso central atravs da

    converso do aminocido L-arginina no aminocido L-citrulina e NO. O processo

    inclui a oxidao de cinco eltrons e a formao do intermedirio NG-Hidroxi-L-

    arginina. O mecanismo dessa converso, catalisada pela enzima xido ntrico

    sintetase (NOS), est descrito a seguir.

  • 23

    Figura 2 - Representao esquemtica da biossntese do xido ntrico.

    Fonte: FELDMAN,1993.

    O xido ntrico participa ativamente de numerosos processos fisiolgicos. Em

    1988, verificou-se que o NO pode funcionar como um neurotransmissor. A sua

    funo exata no crebro desconhecida, mas acredita-se que o NO est envolvido

    nos processos de aprendizado e memorizao (FRICKER, 1995). Atualmente se

    sabe que o xido ntrico tambm desempenha papel fundamental na coagulao do

    sangue, controle da presso arterial e citotoxicidade de macrfagos, em processos

    antiinflamatrios e no sistema imunolgico destruindo clulas tumorais e parasitas

    intracelulares. Recentemente, tambm foi verificada a atuao do NO como

    antioxidante endgeno, devido sua elevada reatividade com outros radicais

    (IGNARRO, 2000; FELDMAN, 1993; WINK E MITCHELL, 1998).

    Em contrapartida, a concentrao excessiva de xido ntrico txica para o

    corpo, e pode trazer complicaes no caso de doenas como diabetes, artrite,

    inflamao, epilepsia e choque sptico (FRICKER, 1995). Numa situao de choque

    sptico, por exemplo, a alta concentrao de NO promove indesejvel efeito

    vasodilatador nas paredes dos vasos, permitindo a passagem de fluidos vitais para

    os tecidos, ocasionando inchao e queda de presso sangunea e, desenvolvendo

    considervel risco de morte. (ORIANI E SAUAIA, 2004). Por isso, cientistas tm se

    empenhado na elucidao de novos compostos que sejam capazes de

    liberar/capturar NO de forma controlada diretamente no local afetado (TFOUNI et al.,

    2003).

  • 24

    Sabendo-se das caractersticas antagnicas do NO nos sistemas biolgicos,

    se faz necessrio conhecer as propriedades fsico-qumicas do mesmo, para uma

    melhor compreenso acerca da sua ao no organismo.

    2.1.1 Propriedades fsico-qumicas do xido ntrico

    O xido ntrico (NO) uma substncia inorgnica, que nas condies normais

    de temperatura e presso (CNTP) apresenta-se na forma de um gs incolor e

    termodinamicamente instvel frente a gases como N2 e O2. Apresenta solubilidade

    em gua moderada (aproximadamente 2 mmol.L-1 a 25 0C) (IGNARRO,2000) e

    maior solubilidade em solventes pouco polares, como o n-hexano (0,13 mol.L-1 a 25

    0C) (QUEIROZ E BATISTA, 1999). Explicando-se, assim, sua tendncia em

    estabelecer-se preferencialmente em meio fisiolgico lipoflico, como membranas e

    domnios hidrofbicos de protenas, dispensando o uso de transportadores. A

    constante de difusibilidade (D) em gua varia de 2 a 4.10-5 cm2s-1 e, sob condies

    fisiolgicas, D calculado em 3,3.10-5 cm2s-1 (ORIANI e SAUAIA, 2004; QUEIROZ E

    BATISTA, 1999). Esses dados revelam que o xido ntrico percorre grandes

    distncias em curto intervalo de tempo a partir da clula que o produz, antes da sua

    inativao. Destacando a sua funo como mensageiro biolgico.

    A tabela abaixo ilustra outras importantes propriedades fsicas do xido

    ntrico.

    Tabela 1 - Propriedades fsicas do xido ntrico.

    Ponto de fuso -163,6 C

    Ponto de ebulio -151,8 C

    Entalpia padro de formao 90,2 kJ/mol

    Comprimento de ligao 115 pm

    Fonte: QUEIROZ e BATISTA, 1999.

    A molcula de NO apresenta configurao eletrnica (2s)2 (2s*)2 (2pz)2

    (2p)4 (2p*)1, com 11 eltrons distribudos por seus orbitais moleculares, sendo um

    eltron desemparelhado descrito por um orbital pi antiligante (*), conforme

    representado na Figura 3. Isso permite sua classificao como substncia

    paramagntica (radicalar), conferindo ao NO curto tempo de vida (meia-vida de 5 a

  • 25

    10 s in vitro) e, por consequncia, elevada reatividade frente a outras espcies

    qumicas (IGNARRO, 2000). Sua ordem de ligao correspondente a 2,5.

    Figura 3 - Diagrama de orbitais moleculares do xido ntrico (adaptado).

    Fonte: IGNARRO, 2000.

    Analisando o diagrama de orbital molecular do NO, figura 3, observa-se que

    esta molcula apresenta um par de eltrons no orbital z. Sendo assim, o xido

    ntrico tem a possibilidade de atuar como -doador frente a metais de transio. A

    estabilidade dessa ligao depende da doao de densidade eletrnica dos orbitais

    do tipo sigma () da molcula de NO para os orbitais d vazios do metal, que

    possuem simetria e energia adequadas para tal. Assim, o xido ntrico atua como

    uma base de Lewis e o metal como um cido de Lewis. Alm disso, como o NO

    tambm apresenta orbitais * semi-preenchidos, a depender da natureza do on

    metlico em questo, alm da ligao sigma, tambm pode haver doao de

    densidade eletrnica dos orbitais d de simetria do metal para o orbital * do NO

    (d(M) *(NO)), ver Figura 4. Essa retro-doao ser mais efetiva e, portanto a

    ligao M-NO ser mais forte, quando o metal se tratar de um cido de Lewis

    relativamente mole, de baixo estado de oxidao. De acordo cm os conceitos de

    Pearson sobre moleza e dureza de cidos e bases, um cido de Lewis

    considerado duro frente a outro cido de Lewis, quando possui maior

    polarizabilidade, ou seja, maior tendncia em distorcer a nuvem eletrnica de uma

    base de Lewis, enquanto que um cido mole exibe menor tendncia em distorcer a

    nuvem eletrnica da base. De forma anloga, uma base de Lewis considerada

  • 26

    dura frente outra base (de caracterstica mole) se possui menor tendncia em

    deixar sua nuvem eletrnica ser distorcida por um cido de Lewis.

    Figura 4 - Esquema dos orbitais moleculares envolvidos na ligao M-NO (M=metal).

    Fonte: MARCHESI, 2008.

    Outra propriedade interessante do xido ntrico sua diversidade de espcies

    derivadas, fator que contribui para a riqueza da bioqumica dessa molcula. A perda

    do eltron no emparelhado no orbital * resulta na formao do on nitrosnio

    (NO+), enquanto que a adio de um eltron em um destes orbitais resulta no nion

    nitroxila (NO-).

    A presena de eltron nos orbitais * das espcies NO0 e NO- faz com que os

    eltrons provenientes de outra espcie sejam mais fortemente repelidos do que no

    caso do NO+, cujos orbitais * encontram-se vazios. Portanto, a reduo de NO0

    menos favorecida que a reduo de NO+, o que ratificado pelos valores de

    potenciais de reduo de NO+ e NO0 em meio aquoso (ver semi-equaes a seguir).

    NO+ + e- NO0 E0= +1,20 V Semi-equao 1 (FORD e LORKOVIC, 2002)

    NO0 + e NO- E0= -0,80 V Semi-equao 2 (FORD e LORKOVIC, 2002)

    Assim como o NO, as espcies NO+ e NO- tambm podem se coordenar a

    metais de transio, doando par de eltrons (base de Lewis) e recebendo densidade

    eletrnica, formando os nitrosilo complexos. A caracterizao de nitrosilo complexos,

    por sua vez, pode ser feita atravs da tcnica de espectroscopia na regio do

    infravermelho, onde identificada a banda de estiramento do NO ou de suas

    espcies derivadas. Assim, a retro-doao contribui para o enfraquecimento da N-O,

    na espcie coordenada, refletindo em menores nmeros de onda associados ao

    estiramento do NO, quando comparado aos nmeros de onda para a espcie livre

    (ver Tabela 2).

  • 27

    Tabela 2 - Energia vibracional na regio do infravermelho e comprimento de ligao

    das espcie NO+, NO

    0 e NO

    -, para NO livre e coordena.

    Espcie NO+ NO0 NO-

    (NO)(cm-1)-Livre 2377 1875 1470

    Distncia N-O()-Livre

    1,06 1,15 1,26

    (NO)(cm-1)-Coordenado

    1800-1900 1600-1700 1300-1444

    Fonte: FORD e LORKOVIC, 2002.

    A coordenao entre o metal (M) e a molcula de NO pode se dar via o tomo

    de nitrognio ou via o tomo de oxignio, originando as formas nitrosil-N (M-NO) e

    nitrosil-O (M-ON), respectivamente (FUKUTO et al., 2000). A primeira a forma mais

    comum, enquanto que a forma isonitrosil ocorre apenas quando a ligao

    estabelecida com metais do bloco s, como Li e Na (RITCHER-ADDO e LEGZDINS,

    1992). Isto se deve a questes energticas, pois, sendo o oxignio mais

    eletronegativo que o nitrognio, o mesmo atrai mais os eltrons da ligao N-O, de

    forma que o complexo de formulao M-ON ser mais estabilizado quando M for do

    grupo 1 frente a um M de transio do mesmo perodo, devido a forma dos orbitais s

    e p propiciarem menor repulso eletrnica que os orbitais d. O NO coordenado pode

    adotar geometria linear ou angular em relao ao centro metlico, como pode ser

    visto na figura 5. A geometria linear predomina quando o comprimento da ligao M-

    NO curto (1,60-1,75 ) e a frequncia de estiramento do NO no infravermelho

    alta (1650-1985 cm-1). Enquanto que a geometria angular apresenta comprimentos

    da ligao M-NO maiores (1,80-1,95 ) e baixa frequncia de estiramento do NO no

    infravermelho (1525-1590 cm-1).

    Figura 5 - Modos de coordenao do NO ao centro metlico.

    Fonte: RITCHER-ADDO e LEGZDINS, 1992.

    Sabendo-se que o xido ntrico liga-se facilmente a determinados metais de

    transio, alguns complexos metlicos vm sendo examinados como possveis

  • 28

    aprisionadores de NO e observou-se que complexos de rutnio apresentam-se como

    potencial e eficiente doador de NO em sistemas biolgicos (RITCHER-ADDO e

    LEGZDINS, 1992).

    2.2 ANTIINFLAMATRIAS NO ESTEROIDAIS (AINES)

    De acordo com MONTEIRO (2008), os antiinflamatrios no esteroides so

    um grupo heterogneo de compostos, que possuem um ou mais anis aromticos

    ligados a um grupamento cido funcional. So cidos orgnicos fracos que atuam

    principalmente nos tecidos inflamados, se ligando primordialmente albumina

    plasmtica.

    As classes qumicas dos AINEs compreendem salicilatos e derivados, cidos

    fenilalcanicos, cidos antranlicos, oxicams, sulfonamidas e furanonas (TSILIKI et

    al., 2013).

    O principal mecanismo de ao dos AINEs consiste na inibio especfica da

    ciclooxigenase (COX) e consequente reduo da converso do cido araquidnico

    em prostaglandinas (MONTEIRO et al., 2002).

    Os antiinflamatrios no esteroides apresentam amplo espectro de indicaes

    teraputicas, como analgesia, antiinflamao, antipirese e profilaxia contra doenas

    cardiovasculares (KUMMER e COELHO, 2008).

    Os AINEs tambm tem demonstrado atividade anti-tumoral atravs da

    reduo do nmero e tamanho de alguns tipos de tumores, incluindo: clon, mama,

    prstata, leucemia mielide humana e estmago. Podem ainda apresentar

    comportamento sinrgico com outros frmacos anti-tumorais, como alguns

    complexos metlicos. O mecanismo atravs do qual os AINES e seus complexos

    exibem essas propriedades ainda no esto claramente elucidados (FOUNTOULAKI

    et al., 2011; TOLIA et al., 2013).

    Neste trabalho empregou-se o antiinflamatrio no esteroide diflunisal como

    um dos ligantes dos complexos sintetizados. Alm do mesmo apresentar-se como

    um potente anti-inflamatrio, autores relatam menor toxicidade associada a este

    medicamento (SAYIN e KIR, 2001).

  • 29

    1.2.1 Diflunisal como um potencial anti-inflamatrio.

    O Diflunisal, cido 5-(2,4-difluorofenil)-2-hidroxi-benzico (vide estrutura na

    figura 6), um anlogo sinttico do cido saliclico, pertence classe dos

    antiinflamatrios no esteroides e utilizado no trato da inflamao e dor (SAYIN e

    KIR, 2001).

    Figura 6 - Frmula estrutural do Diflunisal.

    Algumas caractersticas atrativas do Diflunisal, do ponto de vista

    farmacolgico, que o mesmo mais potente e possui menor toxicidade frente a

    outros frmacos desta classe, como aspirina, indometacina e ibuprofeno (SAYIN e

    KIR, 2001). Outra atribuio importante a esse frmaco est relacionada a uma

    meia-vida relativamente longa, o que refora ainda mais a sua aplicao clnica e o

    custo-eficcia (FOUNTOULAKI et al., 2011).

    Alguns complexos com diflunisal tm sido estudados e empregados na

    medicina. Um relato encontrado na literatura acerca de complexos com diflunisal foi

    feito por Fountoulaki et al. (2011). As snteses realizadas por esses pesquisadores

    consistiram na utilizao do cobre(II) como centro metlico e do diflunisal como

    ligante, na presena de dimetilformamida, piridina, 1,10-fenantrolina, 2,2 '-bipiridina

    ou 2,2 '-bipiridilamina. Esses estudos apontaram uma preferncia do diflunisal em se

    ligar protena albumina, humana ou bovina, quando o mesmo encontra-se

    coordenado ao Cu(II). De acordo com as anlises espectroscpicas e eletroqumicas

    realizadas, o ligante diflunisal desprotonado se coordena ao Cu(II) atravs do

    oxignio do on carboxilato.

  • 30

    No foram encontrados relatos na literatura que evidenciassem estudos de

    compostos de rutnio com diflunisal. Dessa forma, foi proposto, no presente trabalho

    de mestrado, a associao de complexos de rutnio com o AINE diflunisal, visto que

    ambos desempenham importantes papis fisiolgicos, podendo conferir ao

    composto final propriedades antiinflamatrias e outras atividades biolgicas.

    2.3 A VERSATILIDADE DOS LIGANTES TETRAAZAMACROCCLICOS

    Define-se ligantes macrocclicos como compostos de estrutura cclica, cujo

    anel possui nove ou mais membros, incluindo todos os heterotomos, e com trs ou

    mais tomos doadores (CHE et al.,1985). Na figura 7 pode-se observar estruturas de

    alguns ligantes macrocclicos.

    O interesse nos ligantes macrocclicos se deve presena desses ligantes

    nas estruturas de um grande nmero de complexos de importncia biolgica,

    participando de atividades como transporte de oxignio e catlise enzimtica

    (CHRISTIEN et al., 1974).

    Figura 7 - Estrutura de ligantes macrocclicos.

    Fonte: WALKER e TAUBER, 1981.

  • 31

    Inicialmente, a sntese dos ligantes macrocclicos era limitada devido a

    dificuldades na ciclizao e purificao de compostos com anis grandes. Mais

    tarde, tornou-se possvel obter esses ligantes via sntese template, onde os

    mesmos eram sintetizados pela coordenao a ons metlicos (OLIVEIRA et al.,

    2007).

    Dentre as muitas classes dos macrociclos, os ligantes tetraazamacroccliclos

    no heme, como cyclam, cyclen e compostos correlatos, tem sido estudados como

    carregadores de ons metlicos em aplicaes biolgicas. Esses ligantes podem

    formar complexos com muitos metais de transio, porm, nas ltimas dcadas, os

    estudos tem se concentrado em complexos de Ru, Fe, Cr, Ni, Cu, Zn, Rh e Co

    (TFOUNI, 2005 e DORO et al., 2008). Ligantes tetraazamacrocclicos, quando

    coordenados a centros metlicos, conferem espcie formada caractersticas

    especficas, distintas de sistemas anlogos de cadeia aberta, tais como (TFOUNI,

    2005 e OLIVEIRA et al, 2007):

    a) elevada estabilidade termodinmica e cintica, promovendo inrcia na

    substituio dos ligantes;

    b) maior intensidade de banda de transio de campo ligante;

    c) elevada constante de formao desses complexos;

    d) estabilizao de estados de oxidao no usuais para os ons metlicos

    (CHE e POON, 1988).

    Essas caractersticas podem ser relacionadas com propriedades estruturais

    dos ligantes, como: rigidez do ciclo, tamanho do anel do macrociclo, presena de

    insaturaes no macrociclo e existncia de substituintes ligados aos tomos

    doadores (WALKER e TAUBE, 1981). O tamanho do metal tambm pode influenciar

    nessas caractersticas (DILIP et al., 2012).

    Os complexos tetraazamacrocclicos frequentemente adotam configurao ou

    trans (como os de 1,4,8,12- tetraazaciclopentadecano) ou cis (como os de

    cyclen(1,4,7,10- tetraazaciclododecano)), embora os complexos de cyclam (1,4,8,11-

    tetraazaciclotetradecano) existam em ambas configuraes (FERREIRA et al., 2002;

    TFOUNI et al., 2005; WALKER e TAUBE, 1981).

    O rutnio, em particular, forma uma variedade de complexos com

    tetraazamacrociclos, principalmente nos estados de oxidao +2 e +3. Porm,

    exemplos de complexos de Ru(IV) e Ru(V) tambm tm sido relatados (CHE et al.,

  • 32

    1985). O interesse em complexos desse tipo se deve, principalmente, grande

    estabilidade que o ligante macrociclo confere a esses ons metlicos. Nesse mbito,

    diversos complexos de rutnio do tipo trans-[Ru(L)(L)(mac)]n+ ou cis-

    [Ru(L)(L)(mac)]n+, onde mac=tetraazamacrociclo e L e L so Cl-, Br-, I-, CN-, SCN-,

    NO, OH-, H2O, tm sido sintetizados (TFOUNI et al., 2005).

    Os nitrosilo complexos de rutnio com ligantes tetraazamacrocclicos tm

    recebido considervel ateno devido aos efeitos do NO em sistemas biolgicos,

    aliado possibilidade desses complexos atuarem como potenciais doadores de NO

    (TFOUNI et al., 2005). Alguns estudos permitiram constatar que nitrosilo complexos

    de rutnio com cyclam liberam NO quando reduzidos qumica ou eletroquimicamente

    ou quando irradiados com luz (OLIVEIRA et al., 2007; TFOUNI et al., 2005;

    OLIVEIRA et al., 2004), a exemplo do complexo trans-[Ru(NO)Cl(cyclam)]2+ cuja

    velocidade de liberao de NO, aps reduo do complexo, menor que para

    complexos anlogos do tipo trans-[Ru(NO)(NH3)4(L)]n+ (L=bases heterocclicas

    nitrogenadas), o que pode viabilizar o uso deste complexo como um potencial

    doador controlado de NO (TFOUNI et al., 2003).

    2.4 COMPLEXOS DE RUTNIO

    Metalo-drogas baseadas em complexos de rutnio tm recebido considervel

    ateno, no apenas pelas inmeras aplicaes mdicas, mas, sobretudo devido

    baixa toxicidade associada a esses compostos (TFOUNI et al., 2012).

    As atividades biolgicas de complexos de rutnio foram primeiramente

    reportadas em 1950 com a descoberta de alguns compostos, como o agente

    anticancergeno fac-[RuII(NH3)3Cl3] (TFOUNI et al.; 2012). Exemplos mais recentes

    so os complexos NAMI (trans-[RuIII(dmso)(Im)Cl4]Na) e o seu derivado NAMI-A

    (trans- [RuIII(dmso)(Im)Cl4]ImH), primeiras drogas anti-cncer de rutnio a entrar em

    testes clnicos (HEINRICH et al., 2011 e ZHANG e LIPPARD, 2003). Alm do seu

    potencial anticancergeno, os complexos de rutnio podem ser aplicados como

    imunossupressores, antibiticos, antifngicos e agentes anti-HIV (de LIMA, 2006).

  • 33

    Figura 8 - Estrutura dos compostos NAMI e NAMI-A.

    Fonte: ZHANG e LIPPARD, 2003.

    A baixa toxicidade do rutnio est associada, possivelmente, capacidade

    desse metal de imitar o ferro, ligando-se a vrias biomolculas como albumina e

    transferrina (protenas que captam excesso de ferro no organismo) (TFOUNI et al.,

    2012).

    A toxicidade do metal tambm est relacionada com o seu estado de

    oxidao. O tomo de rutnio pode assumir diversos estados de oxidao (II, III e

    IV) em seus compostos, sendo a maioria deles acessveis em condies biolgicas

    (TFOUNI et al., 2012).

    Nos compostos de coordenao onde o rutnio o tomo central os estados

    de oxidao mais comuns so II e III que, devido estabilizao do campo ligante,

    so normalmente octadricos e frequentemente inertes substituio dos ligantes,

    ou seja, no ocorre a labilizao de ligantes indesejados (FERREIRA, 2004).

    No estado de oxidao III, o rutnio apresenta configurao d5, onde, sob

    ao do campo octadrico, de acordo com a teoria do campo cristalino (TCC),

    apresenta configurao t2g5 e, portanto spin baixo. J no estado de oxidao II,

    apresenta configurao d6, sendo t2g6 considerando a TCC e, portanto spin baixo. A

    existncia de um eltron a mais no Ru(II) quando comparado ao Ru(III), permite a

    classificao do primeiro como um cido de Lewis mole, j que a relao carga/raio

    do Ru(III) maior. Assim, o Ru(II) um on metlico sigma-doador, que liga-se

    preferencialmente a bases moles de Lewis, que possuem orbitais -antiligantes

    vazios de energia e simetria adequada para receberem densidade eletrnica (retro-

    doao), aumentando a estabilidade termodinmica do complexo. Empregando os

  • 34

    conceitos de Pearson sobre moleza e dureza de cidos e bases, agora para Ru(III),

    tem-se que o mesmo classificado como um cido de Lewis duro, bastante inerte

    substituio de ligantes, -aceptor e que liga-se preferencialmente a bases de Lewis

    duras (TFOUNI et al., 2012; PEARSON, 1963; BASOLO e JOHNSON, 1976).

    Figura 9 - Representao do desdobramento dos orbitais d do Ru(II) em campo octadrico.

    Outra importante caracterstica dos compostos de rutnio que suas

    propriedades podem ser moduladas em funo do ligante empregado, conferindo ao

    complexo, potencialidades mltiplas de aplicao. Ainda, o rutnio evidenciado

    como o metal que mais forma complexos com xido ntrico (FERREIRA, 2004).

    Nesse sentido, a presente dissertao foi direcionada ao estudo, sntese e

    caracterizao de nitrosilo compostos de rutnio inditos, com ligantes adequados,

    que alm de promoverem aplicaes diversas ao complexo, garantam a inexistncia

    de reaes paralelas indesejadas, viabilizando seu emprego para uso clnico.

    2.4.1 Funes biolgicas dos nitrosilo complexos de rutnio

    Foi relatado que o xido ntrico tem sido evidenciado como uma molcula de

    sinalizao importante numa grande variedade de processos fisiolgicos (ROSE e

    MASCHARAK, 2008). Sabe-se ainda, que diversos estados patolgicos, como

    problemas cardiovasculares e cerebrais, doenas inflamatrias e infecciosas, podem

  • 35

    estar relacionados com baixo ou alto nvel de xido ntrico no organismo (QUEIROZ

    e BATISTA, 1999). Por isso, muitas pesquisas tm sido direcionadas para o

    desenvolvimento de complexos metlicos capazes de gerar ou capturar NO em meio

    biolgico, incluindo os de rutnio, que so menos txicos e bastante robustos em

    solues aquosas (MARCONDES et al., 2002).

    Os nitrosilo complexos de metais de transio tm sido utilizados na medicina

    como agentes liberadores de xido ntrico desde o sculo XIX. Um exemplo de

    complexo nitrosilado o nitroprussiato de sdio, usado em casos de hipertenso.

    Porm, a utilizao de frmacos como esse possui restries devido ocorrncia de

    reaes secundrias indesejveis, dificultando seu estudo in vivo e sua aplicao

    como metalo-drogas (SANTOS, 2007 e RITCHER-ADDO, 1992). Outro problema

    que a maioria dos doadoes de NO em utilizao corrente no so especficos

    (ROSE e MASCHARAK, 2008).

    Embora a importncia dos nitrosilo complexos metlicos seja bem conhecida,

    fatores como instabilidade trmica e frente luz e meia-vida curta (0,1 a 0,6

    segundos), representam desafios do ponto de vista farmacolgico (MARCONDES et

    al., 2002).

    A possibilidade de complexos de metais de transio atuarem como espcies

    sequestradoras ou doadoras de xido ntrico tem despertado o interesse de diversos

    grupos de pesquisa. Assim, snteses e estudos aprofundados da cintica desses

    compostos so de fundamental importncia para viabilizar sua aplicao como

    metalo-droga (FIGUEIREDO, 2013).

    O grande desafio da qumica de coordenao sintetizar compostos cintica

    e termodinamicamente estveis, que possam, com mnimo de efeitos txicos, servir

    de veculos para liberar (ou capturar) NO de forma controlada nos sistemas

    biolgicos (MARCONDES et al., 2002; RITCHER-ADDO, 1992).

    Nesse sentido, os nitrosilo complexos de rutnio so atrativos devido

    estabilidade trmica da ligao Ru-NO. Dessa forma, esses complexos podem atuar

    como agentes doadores de NO quando na presena de luz ou atravs de estmulo

    eletroqumico. Outro atrativo se deve cintica desses compostos, j que a

    labilizao do NO pode ser modulada pelo carter do co-ligante empregado,

    controlando a reatividade do composto e, consequentemente extinguindo a

    ocorrncia de reaes secundrias (OLIVEIRA et al., 2004).

  • 36

    Estudos recentes tm sido realizados por Tfouni e outros pesquisadores

    (2012) com o intuito de minimizar as reaes paralelas liberao do NO. Isto tem

    sido feito atravs de snteses de nitrosilo complexos de rutnio com ligantes

    macrocclicos, como o cyclam (1, 4, 8,11-tetraazaciclotetradecano) e cyclen

    (1,4,7,10-tetraazaciclododecano).

  • 37

    3 OBJETIVOS

    GERAL

    Motivado pelas caractersticas atrativas do xido ntrico (NO) no mbito

    farmacolgico e pela possibilidade de nitrosilo complexos de metais de transio

    atuar como veculos na liberao controlada de NO nos alvos biolgicos, tratando

    assim diversas patologias, este trabalho de dissertao buscou sintetizar e

    caracterizar nitrosilo complexos de rutnio e complexos de rutnio apenas com DF.

    ESPECFICOS

    Realizar estudos terico-prticos das propriedades espectroscpicas e

    eletroqumicas de nitrosilo complexos de rutnio e complexos de rutnio

    apenas com diflunisal.

    Caracterizar os referidos complexos tambm por anlise elementar e

    Ressonncia Magntica Nuclear de 1H e 13C.

    Investigar, qualitativamente, a liberao de NO nos nitrosilo complexos.

    Estudar as reaes de aquao dos cloretos nos complexos [RuL2(cyclen))]n+

    (L = Cl-, OH2, OH-)

  • 38

    4 MATERIAS E MTODOS

    4.1 MATERIAIS

    4.1.1 Substncias: procedncia e pureza

    Nos procedimentos realizados neste trabalho, foram utilizados os reagentes e

    solventes indicados na Tabela 3. A procedncia de cada um deles tambm est

    apresentada na mesma. Em todos os ensaios qumicos utilizou-se substncias de

    alta pureza analtica, gua deionizada e, quando se fez necessrio, algumas

    substncias foram purificadas seguindo mtodos padro.

    Tabela 3 - Lista dos reagentes com suas respectivas procedncia.

    Reagentes/solventes Marca

    Acetato de sdio (NaAc) Merck

    Acetonitrila Merck grau HPLC

    Acetona Fmaia

    Acido Clordrico concentrado Fmaia

    cido hexafluorfosfrico (HPF6) Merck

    cido ntrico Fmaia

    cloreto de mercrio (II) (HgCl2) Aldrich

    Cloreto de potssio (KCl) Merck

    Cloreto de Rutnio (III) hidratado Aldrich

    Cyclen Strem Chemicals

    Diflunisal Aldrich

    DMSO Merck

    Etanol Fmaia

    ter Fmaia

    Hidrxido de sdio Fmaia

    Metanol Fmaia

    Nitrito de sdio Merck

    xido de deutrio (D2O) -

    Pentxido de fsforo Merck

    Sulfato de sdio (Na2SO4) Synth

    TBANO2 Strem chemicals

    TBAPF6 Strem chemicals

  • 39

    O Dimetilsulfxido (DMSO) foi destilado sob presso reduzida e armazenado

    em peneira molecular de 4 .

    Nas snteses dos complexos foi utilizado gs inerte argnio de procedncia

    Linde.

    4.1.2 Equipamentos e tcnicas experimentais

    Espectroscopia vibracional

    As medidas de espectroscopia vibracional foram obtidas a partir de um

    espectrofotmetro com transformada de Fourier (FTIR) Bomem modelo MB-102, na

    regio de 4000 a 400 cm-1. As amostras foram preparadas na forma de pastilhas,

    utilizando-se brometo de potssio (KBr), e na forma de filme, gotejando-se a amostra

    dissolvida em acetona numa janela de fluoreto de clcio. O branco foi obtido a partir

    do registro da intensidade de cada sinal dos espectros em funo do ar.

    Espectroscopia eletrnica

    As medidas de espectroscopia eletrnica foram realizadas num

    espectrofotmetro Hitachi modelo U-3501. Foram utilizadas celas de quartzo com

    caminho ptico de 1,0 cm. Os espectros foram obtidos atravs da mistura da massa

    adequada da amostra com o solvente que melhor a solubilizava. Esses espectros

    foram registrados em relao a um branco.

    Medidas voltamtricas

    As medidas eletroqumicas foram efetuadas com potenciostato DropSens,

    modelo start200 acoplado a um microcomputador compatvel. Foram adicionados 5

    ml da soluo de eletrlito suporte (HCl/KCl 0,1 mol.L-1) clula eletroqumica com

    fluxo contnuo de argnio durante 20 minutos. Em seguida, adicionou-se quantidade

    do complexo suficiente para uma concentrao de aproximadamente 10-3 mol.L-1.

    Retirou-se o fluxo de argnio e registou-se as medidas. Na figura 10 encontra-se

    ilustrado o sistema utilizado nas medidas voltamtricas, o qual foi conectado a uma

    fonte de alimentao e processamento de dados (microcomputador).

  • 40

    O sistema consistia em uma clula eletroltica com fio de platina como

    eletrodo auxiliar, carbono vtreo como eletrodo de trabalho e Ag/AgCl (em KCl 3

    mol.L-1) como eletrodo de referncia.

    Figura 10 - Esquema de clula eletroqumica contendo 3 eletrodos: eletrodo de referncia, eletrodo de trabalho e eletrodo auxiliar.

    Espectroscopia de ressonncia magntica nuclear de 13C e 1H

    As amostras foram preparadas dissolvendo-se aproximadamente 20 mg dos

    compostos em 1 mL de D2O ou acetona-d6 em um bquer de 5 mL. As solues

    resultantes foram filtradas com o auxlio de um pequeno pedao de algodo no

    interior de uma pipeta e, em seguida, transferidas para tubos de anlise. Estes foram

    completados com volume de solvente necessrio para anlise.

    Os espectros de Ressonncia Magntica Nuclear de 1H e 13C em solues de

    concentrao da ordem de 10-5 mol.L-1 foram obtidos na Faculdade de Filosofia

    Cincias e Letras de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo e tambm no

    Laboratrio Baiano de Ressonncia Magntica Nuclear (LABAREMN) no Instituto de

    Qumica da Universidade Federal da Bahia, com um espectrmetro de RMN Bruker

    modelo Avance DRX300 ou Avance DRX500.

  • 41

    4.1.3 Tratamento de solventes e preparao de amlgama

    Tratamento do etanol

    O etanol foi adicionado num balo de fundo redondo juntamente com

    pentxido de fsforo e porcelana porosa. Deixou-se vedado por duas horas. Aps

    este tempo, efetuou-se uma destilao e o solvente foi coletado em um recipiente

    que foi vedado.

    Tratamento do ter

    O ter foi adicionado num balo de fundo redondo juntamente com pedaos

    de sdio e porcelana porosa. Deixou-se vedado at todo o sdio ser consumido.

    Aps este tempo, efetuou-se uma destilao e o solvente foi coletado em um

    recipiente que foi vedado.

    Preparao de amlgama de zinco

    O amlgama de zinco (Zn(Hg)) foi utilizado na forma granulada com a

    finalidade de auxiliar na reduo de Ru(III) a Ru(II). A sua preparao foi feita

    atravs da lavagem de pastilhas de zinco com soluo concentrada de cido ntrico

    e em seguida com gua e cido clordrico 0,1 mol.L-1. Depois adicionou-se soluo

    de cloreto de mercrio(II) (HgCl2) 0,1 mol.L-1. Aps alguns minutos separou-se a

    soluo do amlgama e este foi lavado com gua deionizada e seco ao ar.

    Tratamento de resina DOWEX 50W-X2

    A resina do tipo DOWEX 50W-X2, foi tratada de acordo com procedimento

    relatado na literatura (Pavanin, 1988), descrito a seguir:

    [1]. Lavou-se 4 vezes com gua e filtrou-se;

    [2]. Lavou-se 2 vezes com NaOH 3 mol.L-1 e filtrou-se;

    [3]. Lavou-se 2 vezes com H2O2 3% e filtrou-se;

    [4]. Lavou-se 2 vezes com HCl 6 mol.L-1 e filtrou-se;

    [5]. Lavou-se 4 vezes com H2O e filtrou-se;

    [6]. Lavou-se 4 vezes com acetona/ gua 50% (v/v) e filtrou-se;

    [7]. Lavou-se com gua at o pH do eluato ser igual ao da gua.

  • 42

    4.2 PROCEDIMENTO SINTTICO DOS COMPLEXOS

    Todas as snteses foram realizadas com base em rotas descritas por EVANS

    et al., 1973; FERREIRA et al., 2002; BERBEN et al., 2006; DIAMANTIS e

    DUBRAWSKI,1981; TFOUNI et al., 2003, com algumas modificaes.

    importante salientar que todas as snteses foram realizadas na ausncia de

    luz e em condies controladas de temperatura para evitar possvel isomerizao

    e/ou oxidao do complexo de interesse. Outro requisito para a realizao da

    maioria das snteses aqui descritas a necessidade de uma atmosfera inerte.

    Assim, a utilizao constante de gs inerte argnio (procedncia Linde) fez-se

    necessrio para evitar possveis oxidaes. Outros procedimentos adotados durante

    as snteses para garantir a ausncia de oxignio foi trabalhar em sistema fechado,

    utilizando bales de fundo redondo e cnulas de teflon para a conduo do gs.

    4.2.1 Sntese do complexo cis-[RuCl2(dmso)4]

    Adicionou-se 2,0 g (9,6mmol) de Cloreto de Rutnio (III) hidratado

    (RuCl3.nH2O) e 10,0 mL de DMSO em um balo de uma boca. O sistema foi mantido

    sob refluxo a aproximadamente 160 oC e agitao magntica por exatamente 5

    minutos. A soluo, inicialmente de cor marrom, tornou-se amarelada. Durante a

    sntese foi preciso proteger o sistema da luz para evitar isomerizao do composto.

    Aps resfriamento da soluo, adicionou-se acetona para induzir a precipitao.

    Como ainda no havia formado precipitado, a soluo foi submetida agitao

    magntica at verificar a formao de slido. Ento coletou-se o slido amarelo

    formado por filtrao vcuo, lavou-se com acetona e completou-se a secagem em

    dessecador. Ao filtrado adicionou-se uma mistura de acetona e etanol (50%) e a

    soluo foi submetida a agitao magntica e aquecimento at reduzir seu volume

    em 1/3. Formou mais precipitado que foi novamente coletado por filtrao a vcuo e

    lavado com acetona. Obteve-se 3,22 g de slido (6,6 mmol), o equivalente a um

    rendimento de 70%.

  • 43

    4.2.2 Sntese do complexo cis-[RuCl2(cyclen)]Cl

    O complexo cloreto de cis-dicloro(1,4,7,10-tetraazaciclododecano)-rutnio(III)

    foi sintetizado utilizando-se 0,5 g (1 mmol) do complexo precursor cis-[RuCl2(dmso)4]

    dissolvido em 10,0 mL de etanol previamente destilado e desaerado. A mistura foi

    submetida a agitao, aquecimento e passagem contnua de argnio. Aps

    completa dissoluo, adicionou-se, gota a gota, aproximadamente 0,2 g (1,2 mmol)

    de cyclen (1,4,7,10-tetrazaciclododecano) dissolvido em 10,0 mL de etanol

    (previamente desaerado). Ento, o sistema permaneceu em refluxo por 2 horas.

    Aps esse perodo retirou-se o argnio e com auxlio de uma bomba, borbulhou-se

    ar na soluo por 30 minutos. Em seguida, adicionou-se 10,0 mL de cido clordrico

    concentrado e manteve-se o refluxo por mais 4 horas. Por fim, coletou-se um slido

    amarelo-alaranjado por filtrao a vcuo e lavou-se com acetona e ter. Obteve-se

    0,124 mg do composto (0,3 mmol), o equivalente a um rendimento de 33%.

    4.2.3 Sntese do cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl

    Dissolveu-se 3,3 g (6,8 mmol) de cis-[RuCl2(dmso)4] em 20 mL de etanol e

    submeteu o sistema a aquecimento e agitao. Aps completa dissoluo,

    adicionou-se 1,2 g (7,0 mmol) de cyclen. A soluo permaneceu sob agitao e

    aquecimento por 2 horas. Terminado esse tempo, a soluo foi resfriada e um slido

    amarelo foi coletado por filtrao a vcuo. Obteve-se 1,6 g de composto (3,7 mmol),

    o equivalente a um rendimento de 83%.

    4.2.4 Sntese do Na2DF

    O sal do diflunisal (Na2DF) foi preparado adicionando 0,5 g (2,0 mmol) de DF

    em 1,5 mL de soluo aquosa 3 mol.L-1 de NaOH. A essa mistura, foi adicionado

    17,5 mL de gua deionizada. O sistema foi submetido a agitao e aquecimento at

    55 C durante 10 minutos. Em seguida, o sistema foi resfriado e um slido branco foi

    coletado por filtrao a vcuo. Obteve-se 0,55 g de slido (1,86 mmol), o equivalente

    a um rendimento de 93%.

  • 44

    4.2.5 Sntese do complexo cis-[Ru(DF)2(cyclen)] a partir do cis-[RuCl2(cyclen)]Cl

    Uma vez obtido o cis-[RuCl2(cyclen)]Cl, tomou-se 0,05 g (0,12 mmol) do

    mesmo e dissolveu-o em 10 mL de gua. Deixou sob aquecimento, agitao e

    passagem de argnio por cerca de 15 minutos, obtendo-se uma soluo alaranjada.

    Em seguida, adicionou-se cerca de 5 partilhas de amlgama (Zn(Hg)) para promover

    a reduo de Ru(III) a Ru(II). Ento a soluo assumiu um tom de colorao mais

    claro. Manteve-se a agitao, passagem de argnio e deixou refluxar por 2 horas.

    Ento, foi adicionado uma emulso do ligante (0,06 g de diflunisal em 1 mL de gua)

    e o sistema foi aquecido, sob refluxo, durante 2 horas, em atmosfera de argnio at

    completa dissoluo. O precipitado formado de cor marrom esverdeado foi coletado

    por filtrao vcuo e lavado com acetona e ter. Obteve-se 0,0036 g de composto

    (0,005 mmol), o equivalente a um rendimento de 47%.

    4.2.6 Sntese do complexo cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]Cl2

    MTODO 1

    Dissolveu-se 0,35 g (0,72 mmol) do complexo precursor cis-[RuCl2(dmso)4]

    em 30 mL de etanol e, adicionou, gota a gota 0,13 g (0,75 mmol) de cyclen

    dissolvido em 10 mL de etanol. A soluo foi mantida em refluxo a 75 C, passagem

    de argnio e agitao por 2 horas, assumindo ao final deste tempo uma colorao

    laranja. Aps essa etapa adicionou-se 0,21g (0,73 mmol) de nitrito de

    tetrabutilamnio soluo, que imediatamente teve colorao alterada para marrom-

    avermelhado e, foi mantida s mesmas condies por mais 2 horas. Em seguida,

    adicionou-se 0,18 g (0,72 mmol) do ligante diflunisal, mantendo-se as condies de

    refluxo por 1 hora. Finalmente, a soluo foi acidulada com 3 gotas de cido

    clordrico concentrado. Ao final da sntese obteve-se 0,12 g de composto (0,19

    mmol), o equivalente a um rendimento de 30 %.

    MTODO 2

    Dissolveu-se 0,21 g (0,5 mmol) de cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl em 2 mL de

    gua deionizada e adicionou-se 0,028 g (0,4 mmol) de nitrito de sdio dissolvido em

  • 45

    1 mL de gua deionizada. O sistema foi refluxado at 90 C, com passagem

    contnua de gs argnio por 2 horas. Nessa etapa a soluo adquiriu uma colorao

    marrom. Em seguida, adicionou-se 0,12 g (0,4 mmol) de Na2DF e o sistema

    permaneceu sob as mesmas condies por 20 horas. Por fim, retirou-se o argnio e

    adicionou-se aproximadamente 3 gotas de HCl concentrado. A soluo foi resfriada

    e colocada em banho de gelo. Como no houve formao de precipitado, a soluo

    foi rotoevaporada at secar. Obteve-se 0,21 g de composto (0,34 mmol), o

    equivalente a um rendimento de 84%.

    Anlise elementar %terica (%experimental) para C21N5H27Cl2O4F2Ru (623,45

    g.mol-1): C= 40,45% (41,10%); N= 11,24% (11,78%); H= 4,37% (4,69%).

    4.2.7 Sntese do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)](PF6)2 a partir do cis-[RuCl2(dmso)4]

    Dissolveu-se 0,5 g (1,0 mmol) de cis-[RuCl2(dmso)4] em 30 mL de etanol de

    submeteu a aquecimento, agitao e passagem de argnio. Aps completa

    dissoluo, adicionou-se, gota a gota, 0,2 g (1,2 mmol) de cyclen dissolvido em 10

    mL de etanol e mantiveram-se as mesmas condies por 2 horas. Nessa etapa, a

    colorao da soluo foi alterada de amarelo para laranja. Em seguida, adicionou-se

    0,89 g (3,1 mmol) de nitrito de tetrabutilamnio e mantiveram-se as mesmas

    condies por 2 horas. A soluo adquiriu colorao avermelhada. Ento, retirou-se

    o argnio e o aquecimento e, adicionou-se 3 gotas de cido clordrico concentrado e

    deixou sob agitao por 1 hora. Por fim, adicionou-se 1,9 g (4,9 mmol) de

    hexafluorfosfato de tetrabutilamnio, deixando reagir por 1 hora. Aps resfriamento

    da soluo, o slido formado foi coletado por filtrao vcuo. Como o rendimento

    foi maior do que o terico de 100% pde-se inferir que o composto apresentava-se

    impuro, o que foi posteriormente confirmado por meio do espectro de infravermelho

    do composto, em que foi verificado sinal intenso prximo de 841 cm-1, caracterstico

    de PF6-. Ento o slido foi recristalizado em gua, e ao separar a impureza obteve-

    se 0,11 g de slido (0,16 mmol), o equivalente a 16% de rendimento.

    Anlise elementar %terica (%experimental) para C8N6H20O3P2F12Ru (639,31

    g.mol-1): C= 15,03% (15,64%); N= 13,15% (13,01%); H= 3,15% (2,98%).

  • 46

    4.2.8 Sntese do cis-[Ru(DF)(cyclen)] a partir do cis-[RuCl2(dmso)4]

    Dissolveu-se 0,5 g (1,0 mmol) de cis-[RuCl2(dmso)4] em 30 mL de etanol e

    submeteu o sistema a aquecimento, agitao e passagem de argnio. Aps

    completa dissoluo, adicionou-se, gota a gota, 0,2 g (1,2 mmol) de cyclen

    dissolvido em 10 mL de etanol. A soluo foi refluxada por 2 horas. Aps esse

    tempo adicionou-se, gota a gota, 0,9 g (3,0 mmol) de sal de diflunisal (Na2DF)

    dissolvido em quantidade mnima de metanol. A soluo foi refluxada por mais 2

    horas. Por fim, o sistema foi resfriado e coletou-se um slido marrom-esverdeado

    por filtrao a vcuo. Obteve-se 0,4 g do composto (0,76 mmol), o equivalente a um

    rendimento de 75%.

    Anlise elementar %terica (%experimental) para C21N4H26O3F2Ru (521,23

    g.mol-1):

    C= 48,36% (48,10%); N= 10,75% (11,18%); H= 5,03% (4,87%).

    4.2.9 Sntese do cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)]Cl2 a parir do cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl

    Dissolveu-se 0,5 g (1,2 mmol) de cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl em 5 mL de

    gua deionizada e adicionou-se 3,45 g (50 mmol) de nitrito de sdio dissolvido em 5

    mL de gua deionizada. O sistema foi refluxado, com passagem contnua de gs

    argnio por 20 horas. Nessa etapa a soluo adquiriu uma colorao avermelhada.

    Em seguida, adicionou-se aproximadamente 3-4 gotas de HCl concentrado e

    manteve-se o sistema sob as mesmas condies por mais 30 minutos. Ao final,

    como no formou precipitado, a soluo foi rotoevaporada at secar, obtendo-se 4,3

    g (10 mmol) de um slido marrom. Como a massa obtida foi muito superior

    esperada, pde-se inferir que o composto estava impuro, o que foi posteriormente

    confirmado atravs de mtodos de caracterizao, necessitando de procedimentos

    para purificao. O composto foi purificado utilizando-se cromatografia em coluna,

    utilizando-se resina do tipo DOWEX 50W-X2.

    Aps o tratamento, a resina foi empacotada em coluna, adicionou-se soluo

    do complexo a ser separado e a eluio foi feita com HCl nas concentraes 0,1;

  • 47

    0,2; 0,5; 1,0 e 2,0 mol.L-1. As fraes coletadas foram rotoevaporadas

    separadamente restando 0,083 g (0,2 mmol) do complexo. Rendimento: 17,4%.

    A caracterizao dos complexos obtidos foi feita atravs de infravermelho,

    ultravioleta visvel, voltametria, ressonncia magntica nuclear de 13C e 1H, anlise

    elementar, e algumas medidas de reatividade qumica, e encontra-se apresentada

    no item de resultados e discusses deste trabalho.

  • 48

    5 RESULTADOS E DISCUSSES

    No presente trabalho de dissertao foram sintetizados os complexos inditos

    cis-[Ru(DF)2(cyclen)], cis-[Ru(DF)(cyclen)], cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]2+

    e

    cis-[Ru(NO)(NO2)(cyclen)]2+, usando diferentes precursores. Os mesmos foram

    caracterizados atravs de tcnicas espectroscpicas (UV-vis, infravermelho e RMN

    de 1H e 13C, anlise elementar). Estudos de reatividade eletroqumica, atravs da

    tcnica de voltametria de pulso diferencial, permitiram fazer uma anlise dos

    processos redox associados aos ligantes (NO e diflunisal) e ao centro metlico, bem

    como uma investigao qualitativa da liberao de NO ao submeter os compostos a

    estmulos eletroqumicos. Alm disso, foram realizados estudos de reatividade

    qumica para justificar a coordenao dos ligantes diflunisal e nitrosilo ao centro

    metlico.

    5.1 SNTESES

    5.1.1 cis-[RuCl2(dmso)4]

    O processo de obteno do complexo cis-diclorotetrakisdimetilsulfxido

    rutnio(II) envolve a adio de cloreto de rutnio(III) (slido preto), em

    dimetilssulfxido (lquido incolor), sob agitao magntica e refluxo 160 0C. Ao final

    da reao verifica-se uma alterao na cor da soluo de marrom para amarelo. Tal

    evidncia experimental, juntamente com relatos da literatura (Poon 1982), permite

    inferir que houve uma reao redox, onde o solvente DMSO atuou com ligante e

    agente redutor, promovendo a reduo de RuIII a RuII, conforme representao pela

    equao 1. A estabilizao do Ru(II) quando coordenado ao DMSO explicada pelo

    fato do tomo doador do ligante (o enxofre) possuir orbitais disponveis para

    aceitar densidade eletrnica do centro metlico, ou seja, o DMSO um ligante

    aceptor. Como o Ru(II) um cido de Lewis mole frente a Ru(III), a retro-doao

    mais efetiva quando o centro metlico Ru(II), justificando a reduo de RuIII a RuII

    na presena de DMSO.

  • 49

    3 2 ( )( )3 2 3 2 4( ) 24( ) ( )III II

    DMSOls cis ClRu Cl nH O CH SO Ru Cl CH SO

    (Equao 1)

    5.1.2 cis-[RuCl2(cyclen)]Cl

    J a obteno do complexo cloreto de cis-dicloro(1,4,7,10-

    tetraazaciclododecano)-rutnio(III) a partir do cis-[RuCl2(dmso)4], complexo de

    colorao amarela, consistiu na adio do cyclen dissolvido em etanol ao precursor,

    tambm em etanol, sob atmosfera de argnio, agitao magntica e refluxo. Aps a

    adio do cyclen a soluo adquiriu colorao alaranjada, o que indcio da entrada

    do cyclen na esfera de coordenao do rutnio. A substituio do cyclen pelos

    ligantes cloreto e DMSO justificado pelo efeito quelato, que ocorre quando ligantes

    polidentados como o cyclen formam compostos de coordenao com estruturas

    anelares envolvendo o tomo central e outros ligantes. Esse tipo de composto

    sempre mais estvel que os no quelatos correspondentes. Sob o ponto de vista

    termodinmico, o efeito quelato determinado pelo aumento de entropia associada

    formao do composto, j que h um aumento do nmero de espcies qumicas

    (ver equao 2). Na etapa seguinte, foi necessrio passar ar (O2) no sistema para

    promover a oxidao de RuII a RuIII e, em seguida adicionou-se cido clordrico

    concentrado, de alta pureza analtica e previamente desaerado. Este ltimo tem

    funo de tornar o meio cido o suficiente para desfavorecer a oxidao do cyclen e

    garantir o excesso de ons cloreto no meio (FERREIRA et al., 2002). Outra

    estratgia adotada foi a utilizao criteriosa de argnio para garantir uma atmosfera

    inerte. Entretanto, o composto amarelo-alaranjado obtido apresentou-se bastante

    higroscpico e passvel de ter o ligante cyclen oxidado a im-cyclen (imina). As

    reaes envolvidas nessa etapa so representadas pelas equaes a seguir.

    3 32

    32 8 20 24

    ,

    ( )2 4 2 8 20 4( ) (et) (et) (l)2( ) 2 2(CH ) SO[ ((CH ) SO) ] (CH ) SOII

    Ar IIaqaq cis Clcis Ru Cl C H N Ru C H N

    (Equao 2)

  • 50

    22

    3 2 8 20 4 3 2

    /Ar

    ( )2 2 8 20 4(et) (et) (et) (l)((CH ) SO) ( ) 2( )[ (C H N )] 3 C H NII O III

    l cis Cl CH SOcis Ru HCl Ru Cl

    (Equao 3)

    5.1.3 cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl

    O complexo cis-[RuCl(cyclen)(dmso)]Cl foi sintetizado segundo o mtodo

    descrito na literatura (BERBEN et al., 2006) usando o cis-[RuCl2(dmso)4] como

    precursor. A vantagem desse mtodo e, por conseguinte, de se usar esse complexo

    como precursor dos complexos de interesse em detrimento do cis-[RuCl2(cyclen)]Cl

    est relacionada com o baixo tempo de sntese, o rendimento relativamente alto,

    alm da alta pureza do complexo obtido. Entretanto, aps sintetizado, o composto

    deve ser utilizado at no mximo dois meses, pois o mesmo apresentou-se passvel

    de ter o cyclen oxidado. Isso pde ser inferido levando em considerao a evidncia

    experimental de alterao de cor do slido de amarelo para marrom. Uma forma

    alternativa de no perder o slido foi adicionar ao mesmo gua e nitrito para formar

    RuNO. A equao qumica que representa a reao de formao do cis-

    [RuCl(cyclen)(dmso)]Cl est apresentada a seguir.

    3 2 8 20 3 24 ( )2 4 8 20 4 3 2( ) ( ) ( ) (l)( ) 3[ ((CH ) SO) ] (CH ) SO (CH ) SOII II

    aqaq aq aqcis Cl Clcis Ru Cl C H N Ru C H N

    (Equao 4)

    5.1.4 cis-[Ru(DF)2(cyclen)]

    Para a obteno do complexo cis-[Ru(DF)2(cyclen)] a partir do cis-

    [RuCl2(cyclen)]Cl dissolveu-se o precursor em meio aquoso, sob atmosfera de

    argnio. A equao que representa a reao de aquao do ligante cloreto que

    ocorre nessa etapa (vide mais detalhes desta aquao no item 5.3) ilustrada

    abaixo (discutida no item reatividade qumica):

  • 51

    2

    8 20 4 8 20 4

    /

    2

    H O ArIII IIIaq aq aq

    Cl cis Clcis Ru C H N Ru OH C H N Cl

    (Equao 5)

    Propem-se que o produto formado com a adio de gua no seja

    protonado, como representado pela equao 5, com a presena do ligante hidrxido

    no lugar de um dos cloretos. Essa proposta baseada no fato de o Ru(III) possuir

    relao carga-raio mais acentuada que o Ru(II) que, consequentemente, se deve ao

    fato de o Ru(II) apresentar maior quantidade de eltrons em sua configurao

    eletrnica que o Ru(III); isto , contribuindo para uma maior repulso eltron-eltron

    e, portanto a distncia entre os eltrons de valncia e o centro do ncleo ser maior

    para Ru(II), refletindo numa menor razo carga/raio para este em relao ao Ru(III)

    (que por sua vez tem seus eltrons mais atrados pelo ncleo). Dessa forma, de

    acordo com os conceitos de Pearson, o Ru (III) classificado como um cido duro

    frente o Ru (II), que classificado como um cido mole, ou seja, o Ru(III) possui um

    alto poder polarizante frente a Ru(II), distorcendo de forma mais pronunciada a

    nuvem eletrnica de uma base. Ainda de acordo com Pearson, cidos duros ligam-

    se, preferencialmente a bases de mesma natureza (bases duras), e vice-versa, pois

    essa situao proporciona uma maior densidade eletrnica compartilhada no eixo de

    ligao. Tambm destaca-se que a gua coordenada ao Ru(III) fica mais cida,

    devido ao Ru(III) polarizar mais a ligao O-H na gua coordenada em comparao

    agua no coordenada. Da a explicao da proposta para a coordenao do on

    hidrxido (base dura) ao Ru(III) ao invs de H2O (base mole). Pelas mesmas razes

    pode-se inferir que na etapa seguinte, onde adicionado o redutor (Zn/Hg) e gua,

    ocorre a formao do complexo protonado (vide equao 6). Os cloretos so lbeis

    em relao ao Ru(II) e a sada rpida (vide item 5.3 de reatividade qumica),

    formando-se o diaquo complexo cis-[Ru(H2O)2(cyclen)]2+, conforme a equao 6. No

    processo de reduo do rutnio utilizado como redutor amlgama de zinco. O

    mesmo promove a reduo do Ru(III) a Ru (II), processo representado pela equao

    7. importante lembrar que a utilizao de outro redutor de caractersticas no-

    txicas, como redutores biolgicos, torna-se invivel, uma vez que a cintica da

    reao envolvida seria bastante lenta.

  • 52

    2

    2( ( )) 2

    8 20 4 2 8 20 4 ( ) ( ) ( )/ 2( )

    IIZn HgIII

    aq aq aqH O Araqcis Ru Cl OH C H N cis Ru H O C H N Zn Cl

    (Equao 6)

    ( ) ( )2 8 20 4 2 8 20 4III IIcis Ru Cl C H N e cis Ru Cl C H N

    (Equao 7)

    Por fim, ocorre a sada da gua e o ligante diflunisal entra para a esfera de

    coordenao. Prope-se ainda que dois ligantes diflunisal se coordenem ao Rutnio,

    de forma monodentada, o que pode ser confirmado pelos dados de RMN (item

    5.2.4).

    8 20 4 13 8 2 8 20 4232

    ( ) ( )72 2 13 2 3( ) ( ) ( )O( ) 2

    II IIaq aq aqcis Ru H C H N C H F O cis Ru C H F O C H N

    (Equao 8)

    A sntese do complexo foi repetida utilizando o mesmo precursor, mas

    trocando o diflunisal pelo sal do diflunisal (Na2DF), previamente sintetizado. A

    inteno era forar a coordenao do DF ao Ru de forma bidentada, com apenas um

    DF ligado ao Ru.

    5.1.5 cis-[Ru(NO)(DF)(cyclen)]

    Na obteno do nitrosilo complexo de Rutnio cis-[Ru(NO)(df)(cyclen)] a partir

    do cis-[RuCl2(dmso)4] (mtodo 1), o precursor foi dissolvido em etanol. O mesmo

    parcialmente solvel em etanol e, portanto forma-se uma emulso de colorao

    amarela. Aps a adio do cyclen, observou-se que a soluo adquiriu uma

    colorao mais intensa, indicando a coordenao do cyclen ao RuII e consequente

    labilizao de quatro ligantes. Pode-se propor a sada dos 4 ligantes DMSO ou ainda

    a labilizao de 1 cloreto e apenas 3 ligantes DMSO. De acordo com experincias

    realizadas por Berben (2006), os resultados obtidos para tal sntese consistem com

    a sada de 1 cloreto e 3 ligantes DMSO da esfera de coordenao do Ru(II), ao

    passo que o cyclen coordenado. Assim, prope-se que o complexo obtido nessa

  • 53

    etapa da sntese o cis-[RuCl(dmso)(cyclen)]+. Aqui, L utilizado para designar

    esses ligantes.

    3 2 8 204

    2 2 8 20 4( ) ( )4 75( )( )

    o

    nArII IIaq aqCaq

    cis Ru Cl CH SO C H N cis Ru L C H N

    (Equao 9)

    Em seguida, adicionou-se nitrito de tetrabutilamnio soluo para que

    houvesse a coordenao do NO2-, provocando a sada de outro ligante, que pode

    ser Cl- ou DMSO (equao 10). Essa substituio justificada pelo fato de o nitrito

    atuar como -doador e -aceptor frente a Ru(II), enquanto que Cl- e DMSO atuam

    apenas como -doadores. Dessa forma, a densidade eletrnica compartilhada e,

    portanto, a fora da ligao ser maior em Ru(II)-NO2- do que em Ru(II)-Cl ou Ru(II)-

    dmso.

    2 8 20 4 2 2 8 20 4( ) ( )( ) ( )n nAr

    aq aqcis Ru II L C H N TBANO cis Ru II NO L C H N

    (Equao 10)

    A coordenao do diflunisal ao Ru(II) pode ser representada pela equao

    abaixo:

    38 20 4 1