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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA QUALIDADE DE SILAGENS DE SORGO COM UREIA E INOCULANTE MICROBIANO E USO EM DIETAS PARA OVINOS ANA CAROLINE PINHO DOS SANTOS SALVADOR- BAHIA MARÇO- 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

QUALIDADE DE SILAGENS DE SORGO COM UREIA E INOCULANTE

MICROBIANO E USO EM DIETAS PARA OVINOS

ANA CAROLINE PINHO DOS SANTOS

SALVADOR- BAHIA

MARÇO- 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

QUALIDADE DE SILAGENS DE SORGO COM UREIA E INOCULANTE

MICROBIANO E USO EM DIETAS PARA OVINOS

ANA CAROLINE PINHO DOS SANTOS

ZOOTECNISTA

SALVADOR- BAHIA

MARÇO- 2018

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ANA CAROLINE PINHO DOS SANTOS

QUALIDADE DE SILAGENS DE SORGO COM UREIA E INOCULANTE

MICROBIANO E USO EM DIETAS PARA OVINOS

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Zootecnia, da

Universidade Federal da Bahia,

como requisito parcial para a

obtenção do título de Doutor em

Zootecnia.

Área de Concentração: Produção

Animal

Orientador: Prof. Dr. Edson Mauro Santos

Co-orientador: Prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho

Co-orientador: Dr. Alexandre Fernandes Perazzo

SALVADOR- BAHIA

MARÇO- 2018

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

ANA CAROLINE PINHO DOS SANTOS - filha de Fernando dos Santos e Maria

Edina Pinho dos Santos, nasceu em Aracaju, no dia 25 de setembro de 1989. Em 2007

ingressou no curso de Zootecnia na Universidade Federal de Sergipe, no qual participou

de projetos de iniciação cientifica na área de forragicultura e produção de ruminantes.

Em 2011 obteve o titulo de Zootecnista e em 2012 iniciou o curso de Mestrado em

Zootecnia na Universidade Federal de Sergipe, na área de Produção de Ruminantes,

defendendo a dissertação em 2014. Em agosto de 2014 iniciou o curso de Doutorado

pelo Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Bahia, na

área de Forragicultura e Produção de Ruminantes, concentrando seus estudos na

área de qualidade do processo de conservação de forragens e produção de ruminantes.

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Dedico esse trabalho a minha família, em

especial aos meus pais, minhas irmãs e meu

noivo por tanta paciência, carinho, apoio e

amor. Meu muito Obrigada!

“A beleza de um jardim não depende do

tamanho das flores, mas da variedade de

seu colorido. Assim, a felicidade não

depende de grandes alegrias, mas da

variedade de muitos e pequenos momentos

felizes que colhemos ao longo da vida.”

Padre Fábio de Melo

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser meu porto seguro, por estar sempre ao meu lado, me guiando, me

mostrando o caminho a seguir e por ter me concebido uma família que tanto me ama e

amigos que tanto me ajudam.

A minha família, meus pais, Fernando e Edina, por serem minha base, meu

espelho, por todo amor a mim depositado, por todo apoio e por acreditar em mim. As

minhas irmãs Fernanda e Isadora por me ajudarem sempre, por todo apoio e incentivo.

Aos meus cunhados por todo apoio e momentos de descontração. Amo vocês! A meus

avós, tios, primos por sempre me apoiarem e por todo amor, sou muito feliz por fazer

parte dessa família!

Ao meu noivo Kleber, por toda paciência e amor, por dividir comigo os

momentos bons, mas também aqueles momentos ruins, tristes, momentos que pensei em

desistir. Obrigada por me esperar e sempre acreditar em mim. Te amo!

Aos meus amigos de sempre Anderson, Alex, Karol, Franci, Yasmin, Camila,

Lorena, Xuxa, Tico, Filipe, Paulo, Victor, João por todas as distrações, todos momentos

bons compartilhados. Obrigada pela amizade de cada um de vocês!

Aos meus amigos da Zootecnia de Sergipe, da graduação pra vida, Jorge, Marise,

Roberta, Vinicius, Iuri, Rangel, Karen, Izinha, Paulinha, Irla, Adelson, Camila, foi a

melhor turma da Zoo, melhor graduação! Adorei conhecer vocês!

Ao meu orientador Edson Mauro por todo ensinamento passado, pela confiança a

mim depositada para tocar o experimento, por todas as dúvidas tiradas. Obrigada

professor por toda sua disposição. Ao meu co-orientador Gleidson Giordano, também

por todo ensinamento passado, por estar sempre presente, por todas as dúvidas tiradas.

Meu muito obrigada!

Ao professor Ossival, a professora Stefanie, ao professor Thadeu, ao professor

Douglas e aos professores da UFBA por toda ajuda, pelas aulas, pelas dúvidas tiradas,

pelo auxílio na estatística, enfim por toda colaboração que me foi passada nesse

doutorado.

Ao meu estagiário Moisés, que foi de fundamental importância na fazenda, que

me ajudou do começo ao fim do experimento, por toda ajuda. Obrigada! Sem você não

conseguiria concluir com êxito. A Gil (Paraíba), por ter dividido comigo o experimento,

por toda ajuda, por todo trabalho e também pela companhia, você se tornou uma ótima

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amiga, por ter me acolhido em sua na Paraíba e por ter ajudado também no segundo

experimento.

A todos os estagiários do grupo GG que me auxiliaram nos experimentos, durante

as coletas e nas análises d laboratório, sem vocês não seria possível concluir meu

experimento, em especial a Raissa, Kárita, Robério, Wilobaldo, Vivi, Nana, Tamires,

Jorge, Ana Paula, Renan, Dudu. Obrigada, sou muito grata a vocês!

Aos meus amigos de pós-graduação, que tocaram experimento junto comigo,

Antonio e Jô, a Simone e Grégori que vieram de São Paulo e me auxiliaram, a

Dalysson, Perazzo, Thomaz, Poliane, Camila, Iuran, Emelinne, Fabiano, por toda ajuda

na confecção das silagens. Não poderia de agradecer também aos funcionários da

Fazenda da UFBA, por toda ajuda na confecção das 9 silagens, sem eles não teria nem

começado meu experimento, a Seu Flor, Fernando, Seu Cheiro, Seu Zé, Seu Geovane,

as meninas da cozinha Dona Joana, Isaura e Luciana.

Aos meus amigos que conheci na UFBA por todos os estudos, pelas ajudas nas

análises, pelos momentos compartilhados, pelas saídas, descontrações, em especial a

Nivaldo, Maria, Camila, Bruna, Bárbara, Layse, Jocasta, Will, Henry, Antônio, Nikyta,

Marina, Polyana, Jô, Paulinha, Vinicius, Lucas, Tamara, Luís (meu brother), Adin,

Luana, Franklin, Jeff, Charle, adorei conhecer vocês.

Aos amigos de graduação que também fiz na UFBA, Leo, Tarcisio, Neto, Thani,

obrigada por tudo. Aos amigos extra UFBA, Ana (namorada de Nivaldo).

Aos estagiários do GEF, grupo de forragem da Paraíba, que me auxiliaram na

abertura dos minisilos e análises, em especial a Alberto, Priscila, Joyce, Yohana,

Danilo, Gil, Ana Paula, a piauiense por toda ajuda.

A técnica do Lana, Arinalva por toda ajuda nas soluções, ao porteiro seu Ricardo

por todas as vezes que abriu os portões no feriado. Obrigada!

À Universidade Federal da Bahia, por ter possibilitado a realização dessa

conquista, por permitir conhecer grandes professores e amigos.

A CAPES pela concessão da bolsa de estudos, que sem ela não conseguiria

concluir o doutorado.

Enfim gostaria de agradecer a todos que torceram e torcem por mim, pelas

orações, pelos pensamentos positivos e por todo apoio.

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LISTA DE TABELAS

Capítulo I

Populações microbianas, perfil fermentativo e composição química de silagens de

sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

Páginas

Tabela 1. Composição química do sorgo Volumax (Sorghum bicolor

AGX-213) in natura

55

Tabela 2. Composição química das silagens de sorgo aditivadas com

ureia e inoculante microbiano nos tempos de abertura de 15,

30, 60 e 110 dias

59

Tabela 3. Perfil fermentativo das silagens de sorgo aditivadas com ureia

e inoculante microbiano nos tempos de abertura 15, 30, 60 e

110 dias

63

Tabela 4. Ácidos orgânicos das silagens de sorgo aditivadas com ureia

e/ou inoculante microbiano nos tempos de abertura 15, 30, 60

e 110 dias

66

Tabela 5. Populações microbianas em silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano nos tempos de abertura de

15, 30, 60 e 110

69

Tabela 6. Perdas por gases (PPG), perdas por efluentes (PPE) e

recuperação de matéria seca (RMS) das silagens de sorgo

aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano, nos tempos

de abertura 110 dias

70

Capítulo II

Alterações químicas, microbiológicas e estabilidade aeróbia de silagens de sorgo

aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri expostas ao ar até 96 horas

Páginas

Tabela 1. Composição química do sorgo Volumax (Sorghum bicolor

AGX-213) in natura

83

Tabela 2. Composição química das silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano abertas com 110 dias e

expostas ao ar por 0, 48 e 96 horas

87

Tabela 3. Perfil fermentativo das silagens de sorgo aditivadas com ureia

e/ou inoculante microbiano abertas com 110 dias e expostas

ao ar por 0, 48 e 96 horas

90

Tabela 4. Ácidos orgânicos das silagens de sorgo aditivadas com ureia

e/ou inoculante microbiano abertas com 110 dias e expostas

ao ar por 0, 48 e 96 horas

92

Tabela 5. Populações microbianas em silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano abertos com 110 dias e

expostos ao ar por 0, 48 e 96 horas

94

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9

Tabela 6. Valores médios de temperatura máxima interna dos mini-silos

(ºC), amplitude térmica e estabilidade aeróbia (horas) das

silagens expostas ao ar por 96 horas

95

Capítulo III

Parâmetros produtivo, metabólicos e características de carcaça de cordeiros

alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

Páginas

Tabela 1. Composição química do milho moído (M), farelo de soja (FS),

silagem de sorgo (SS), silagem de sorgo com inoculante (SSI),

silagem de sorgo com ureia (SSU) e silagem de sorgo com

ureia e inoculante (SSUI)

110

Tabela 2. Proporção dos ingredientes e composição química das dietas

experimentais

111

Tabela 3. Perdas no campo da silagem de sorgo aditivadas com ureia e

inoculante

117

Tabela 4. Consumo de nutrientes dos cordeiros alimentados com

silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano

118

Tabela 5. Coeficiente de digestibilidade dos nutrientes dos cordeiros

alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou

inoculante microbiano

119

Tabela 6. Desempenho em cordeiros alimentados com silagens de sorgo

aditivadas com ureia e inoculante microbiano

119

Tabela 7. Níveis séricos de ureia, proteínas totais e atividades

enzimáticas da gama-glutamiltransferase (GGT) e aspartato-

aminotransferase (AST) em cordeiros alimentados com

silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano

120

Tabela 8. Balanço de nitrogênio, produção microbiana e eficiência

microbiana de cordeiros alimentados com silagens de sorgo

aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

121

Tabela 9. Morfometria da carcaça de cordeiros alimentados com

silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano

122

Tabela 10. Pesos e rendimentos de carcaça de cordeiros alimentados com

silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano

123

Tabela 11. Rendimentos dos cortes (%) de carcaça de cordeiros

alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou

inoculante microbiano

123

Tabela 12. Parâmetros de qualidade de carne de cordeiros alimentados

com silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano

124

Tabela 13. Composição química da carne de cordeiros alimentados com

silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano

124

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Capítulo IV

Comportamento ingestivo de cordeiros alimentados com dietas contendo silagens

de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

Páginas

Tabela 1. Proporção dos ingredientes e composição química das dietas

experimentais

141

Tabela 2. Composição química do milho moído (M), farelo de soja (FS),

silagem de sorgo (SS), silagem de sorgo com inoculante (SSI),

silagem de sorgo com ureia (SSU) e silagem de sorgo com

ureia e inoculante (SSUI)

142

Tabela 3. Consumos de matéria seca (CMS) e fibra em detergente

neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp), atividades de

alimentação, ruminação, mastigação e ócio em cordeiros

submetidos a dietas com silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano

146

Tabela 4. Eficiências de alimentação e ruminação em cordeiros

submetidos a dietas com silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano

147

Tabela 5. Número e tempo médio despendido por período nas atividades

de alimentação, ruminação e ócio e consumos de matéria seca

(MS) e fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e

proteína (FDNcp) por período de alimentação em cordeiros

submetidos a dietas com silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano

148

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LISTA DE SIGLAS

ALT – Alanina-aminotransferase

AOAC – Association Official Analytical Chemists

AOL – Área de olho de lombo

AST – Aspartato-aminotransferase

CNF – Carboidratos não-fibrosos

CCNF- Consumo de carboidratos não fibrosos

CDCNF- Coeficiente de digestibilidade dos carboidratos não fibrosos

CDEE- Coeficiente de digestibilidade de extrato etéreo

CDFDNcp- Coeficiente de digestibilidade de fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína

CDFDN(% PC)- Coeficiente de digestibilidade de fibra em detergente neutro corrigida

para cinzas e proteína, em porcentagem de peso corporal

CDMS- Coeficiente de digestibilidade de matéria seca

CDMO- Coeficiente de digestibilidade de matéria orgânica

CDPB- Coeficiente de digestibilidade de proteína bruta

CEE- Consumo de extrato etéreo

CEL- Celulose

CFDNcp- Consumo de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína

CFDN (% PC)-Consumo de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína,

porcentagem de peso corporal

cm²- Centímetros quadrado

CMO- Consumo de matéria orgânica

CMS- Consumo de matéria seca

CMS (% PC)- Consumo de matéria seca, porcentagem de peso corporal

CPB- Consumo de proteína bruta

EA – Eficiência alimentar

EALMS – Eficiência da alimentação da matéria seca

EALFDN – Eficiência da alimentação da fibra em detergente neutro

EE – Extrato etéreo

EGS- Espessura de gordura subcutânea

Emg- Equivalente miligrama

EPM - Erro padrão da média

ERUMS- Eficiência da ruminação da matéria seca

ERUFDN- Eficiência da ruminação da fibra em detergente neutro

FDA – Fibra em detergente ácido

FDN – Fibra em detergente neutro

FDNi – Fibra em detergente neutro indigestível

FS- Farelo de soja

g – Gramas

GGT – Gama-glutamiltransferase

GMD – Ganho médio diário

GPT – Ganho de peso total

h – Horas

HEM- Hemicelulose

Kg – Quilograma

Kgf- Quilograma por força

L – Litro

LIG- Lignina

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M- Milho moído

mg – Miligrama

min – Minutos

mL- Mililitro

mm- Milímetro

MM – Matéria mineral

mmol – Milimol

MO – Matéria orgânica

MS – Matéria seca

N – Nitrogênio

NDT – Nutrientes digestíveis totais

NMic – Nitrogênio microbiano

NRC – Nutrient Research Council

PB – Proteína bruta

PCF – Peso de carcaça fria

PCQ – Peso da carcaça quente

PIDA – Proteína indigestível em detergente ácido

PIDN – Proteína indigestível em detergente neutro

PPC – Perdas por cocção

PPR – Perda por resfriamento

PVA- Peso vivo ao abate

PVI- Peso vivo inicial

PVF- Peso vivo final

RCQ – Rendimento da carcaça quente

RCF – Rendimento de carcaça fria

SS- Silagem de sorgo sem aditivo

SSI- Silagem de sorgo com inoculante

SSU- Silagem de sorgo com ureia

SSUI- Silagem de sorgo com ureia e inoclunate

TMT- Tempo de mastigação total

TRU- Tempo de ruminação

UFC- unidade formadora de colônia

UI – Unidade internacional

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I Páginas

Figura 1. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de

abertura. A- Matéria Seca; B- Proteína Bruta

61

62

Figura 2. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de

abertura. A- Capacidade Tampão. B- Nitrogênio Amoniacal

64

65

Figura 3. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de

abertura. A- Ácido Lático. B- Ácido Acético; C- Etanol

67

68

CAPÍTULO II

Figura 1. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de

exposição ao ar. A- Matéria Mineral; B- Extrato Etéreo. C-

Proteína Bruta

88

89

Figura 2. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de

exposição ao ar. A- pH. B- Capacidade Tampão. C-

Nitrogênio Amoniacal. D- Carboidratos Solúveis

91

92

Figura 3. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de

exposição ao ar. A- Ácido Lático. B- Ácido Acético. C-

Etanol

93

94

Figura 4. Estabilidade aeróbia das silagens de sorgo aditivadas com

ureia e inoculante microbiano. A- Temperatura Superficial. B-

Temperatura Interna e Temperatura Ambiente

96

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14

SUMÁRIO

Qualidade de silagens de sorgo aditivadas com ureia e inoculante

microbiano e uso em dietas para ovinos.

Páginas

Introdução Geral................................................................................................. 20

Revisão de Literatura.......................................................................................... 22

Referências Bibliográficas.................................................................................. 38

Hipótese e Objetivos........................................................................................... 45

CAPÍTULO I

Populações microbianas, perfil fermentativo e composição química de

silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

Páginas

Resumo............................................................................................................... 47

Abstract............................................................................................................... 49

Introdução .......................................................................................................... 51

Material e Métodos............................................................................................. 52

Resultados .......................................................................................................... 56

Discussão ........................................................................................................... 70

Conclusão .......................................................................................................... 74

Referências Bibliográficas ................................................................................. 75

CAPÍTULO II

Alterações químicas, microbiológicas e estabilidade aeróbia de silagens

de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri expostas ao ar até

96 horas

Páginas

Resumo............................................................................................................... 78

Abstract .............................................................................................................. 80

Introdução .......................................................................................................... 82

Material e Métodos............................................................................................. 83

Resultados .......................................................................................................... 86

Discussão ........................................................................................................... 97

Conclusão .......................................................................................................... 100

Referências Bibliográficas ................................................................................. 101

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15

CAPÍTULO III

Parâmetros produtivo, metabólicos e características de carcaça de

cordeiros alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia e

Lactobacillus buchneri

Páginas

Resumo............................................................................................................... 104

Abstract .............................................................................................................. 106

Introdução .......................................................................................................... 108

Material e Métodos............................................................................................. 109

Resultados .......................................................................................................... 117

Discussão ........................................................................................................... 125

Conclusão .......................................................................................................... 130

Referências Bibliográficas ................................................................................. 131

CAPÍTULO IV

Comportamento ingestivo de cordeiros alimentados com dietas contendo

silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

Páginas

Resumo .............................................................................................................. 135

Abstract .............................................................................................................. 137

Introdução .......................................................................................................... 139

Material e Métodos............................................................................................. 139

Resultados .......................................................................................................... 143

Discussão ........................................................................................................... 147

Conclusão .......................................................................................................... 150

Referências Bibliográficas ................................................................................. 151

Considerações Finais ......................................................................................... 151

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SANTOS, Ana Caroline Pinho, D. Sc., Universidade Federal da Bahia, março de 2018.

Qualidade de silagens de sorgo aditivadas com ureia e inoculante microbiano e uso

em dietas para ovinos. Orientador: Edson Mauro Santos

RESUMO GERAL

Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da ureia e Lactobacillus buchneri no

valor nutritivo e na estabilidade aeróbia da silagem de sorgo avaliadas em diferentes

tempos de abertura. Além disso, foi analisado o efeito do fornecimento de silagens de

sorgo tratadas com ureia ou Lactobacillus buchneri sobre o desempenho animal,

características de carcaça, qualidade da carne e o comportamento ingestivo de cordeiros.

Foram utilizados quatro tratamentos constituídos por: SS- silagem de sorgo sem aditivo;

SSI- silagem de sorgo aditivado com inoculante Lactobacillus buchneri (105

UFC

g/matéria natural); SSU- silagem de sorgo aditivado com ureia (1% na matéria seca

(MS)); SSIU- silagem de sorgo com ureia e inoculante. Os silos foram abertos aos 15,

30, 60 e 110 dias, sendo que aos 110 dias os mini-silos foram expostos ao ar por até 96

horas. Os dados referentes à composição bromatológica e perfil fermentativo foram

avaliados utilizando-se um delineamento inteiramente casualizado (DIC), em esquema

fatorial 4x4 (4 tipos de silagens: SS, SSI, SSU e SSUI) e 4 tempos de abertura: 15, 30,

60 e 110 dias) com três repetições, totalizando 48 unidades experimentais. Os dados

referentes às perdas por gases, efluentes, e recuperação de matéria seca, foram avaliados

através de DIC, com 4 tratamentos e 5 unidades experimentais. Os dados referentes a

estabilidade aeróbia foram avaliados utilizando esquema fatorial 4x3 (4 silagens e 3

tempos de exposição ao ar (0, 48 e 96 horas). Com relação aos parâmetros produtivos e

comportamento ingestivo foi utilizado um DIC, com 4 tratamentos (SS, SSI, SSU e

SSUI) com 10 repetições, analisados por meio de teste de Tukey a 5% de significância.

Foram utilizados 40 ovinos Santa Inês machos, não castrados, com peso vivo médio

inicial de 23 kg ± 2,68. Houve aumento nos teores de matéria mineral para os aditivos e

os tempos de abertura (P<0,01), ocorreu redução nos teores de carboidratos não fibrosos

para os tempos de abertura (P<0,01), houve interação para os teores de matéria seca e

proteína bruta (P<0,05). O extrato etéreo e a fibra em detergente neutro não foram

influenciados pelos aditivos e os tempos de abertura (P>0,05). O pH foi maior na SSU e

SSUI e apresentou efeito quadrático para tempos de abertura (P<0,01). Os valores de

capacidade tampão e os teores de nitrogênio amoniacal apresentaram interação entre os

aditivos e o tempo de exposição ao ar (P<0,01). Os teores de carboidratos solúveis

reduziram entre os aditivos (P<0,01) e apresentaram efeito quadrático para os tempos de

abertura (P<0,01). Houve redução apara o ácido lático para a SSI e SSUI e aumento do

ácido acético para essas silagens, com redução do etanol (P<0,01). Observou-se menor

número das bactérias ácido láticas para SSI e para a SSUI. Verificou-se menor

contagem de mofos para a silagem de SSI, SSU e SSUI. O número de leveduras foi

menor para a SSI e SSUI em comparação a SS. A SS e SSI apresentaram menores

perdas por gases (P=0,05), não houve influencia para as perdas por efluentes e

recuperação de matéria seca não das silagens (P>0,05). O consumo de matéria seca

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(MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF) e

nutrientes digestíveis totais foram maiores para os animais alimentados com a SS

(P<0,05), menor consumo de extrato etéreo foi observado para os animais que

consumiram a SSI, menor consumo de fibra em detergente neutro foi verificado para os

animais alimentados com SSUI. O coeficiente de digestibilidade do EE foi maior para

os animais que cosumiram a SSU e SSUI, o coeficiente de digestibilidade dos CNF foi

maior para os animais alimentados com SS (P<0,05). O peso vivo final, o ganho de peso

total e o ganho médio diários dos animais alimentados com a SSU e SSUI foram

superiores (P<0,05) entre as silagens. Os níveis séricos de ureia foram maiores para os

animais alimentados com a SS (P<0,05). O nitrogênio ingerido e nitrogênio absorvido

foram maiores para os animais que consumiram as SS e SSU. O nitrogênio e a proteína

microbiana e a eficiência microbiana foram superiores para os animais alimentados com

a SSUI (P<0,05). O comprimento externo, largura de tórax, profundidade de tórax,

perímetro de perna, conformação, acabamento e engorduramento foram maiores para os

animais que foram alimentados com a SSUI (P<0,05). O peso vivo ao abate e o peso de

carcaça quente foram superiores para os animais alimentados com a SSUI (P<0,05). Os

parâmetros de cor, L*, b* e a EGS apresentaram diferença significativa (P<0,05) entre

as silagens. O consumo de FDNcp, a alimentação (min/Kg FDNcp), a ruminação

(min/Kg MS), a mastigação, a eficiência da alimentação (gFDNcp/hora), a eficiência da

ruminação e o consumo médio por período de alimentação (FDNcp) foram

influenciados pelas dietas. O Lactobacillus buchneri adicionado a silagem de sorgo é

eficaz na redução da produção de mofos, leveduras e o etanol, melhorando a

estabilidade aeróbia das silagens, contudo afeta o consumo e desempenho dos cordeiros.

A ureia adicionada a silagem de sorgo não influencia o perfil fermentativo, a população

microbiana e as perdas na silagem, contudo apresentou melhores resultados no consumo

e desempenho animal. A associação dos dois aditivos promove melhorias nas variáveis

avaliadas e pode ser utilizada na alimentação de cordeiros Santa Inês, visto que poucas

são às interferências nos parâmetros produtivo, metabólicos e características de carcaça,

de carne e no comportamento ingestivo.

Palavras-chave: aditivo químico, aditivo microbiano, conservação de forragem,

fermentação

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SANTOS, Ana Caroline Pinho, D.Sc., Federal University of Bahia. March-2018.

Quality of sorghum silages additivated with urea and microbial inoculant and its

use in diets for sheep. Advisor: Edson Mauro Santos

ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the effect of urea and Lactobacillus buchneri

on the nutritive value and aerobic stability of sorghum silage evaluated at different

opening times. In addition, the effect of the supply of sorghum silages treated with urea

or Lactobacillus buchneri on animal performance, carcass characteristics, meat quality

and ingestive behavior of lambs was analyzed. Four treatments were used: SS- sorghum

silage without additive; SSI- sorghum silage supplemented with Lactobacillus buchneri

inoculant (105 CFU g / natural matter); SSU- sorghum silage supplemented with urea

(1% in dry matter (DM)); SSIU- sorghum silage with urea and inoculant. The silos were

opened at 15, 30, 60 and 110 days, and at 110 days the mini-silos were exposed to air

for up to 96 hours. The data concerning the composition and fermentation profile were

evaluated using a completely randomized design (DIC), in a 4x4 factorial scheme (4

types of silages: SS, SSI, SSU and SSUI) and 4 opening times: 15, 30, 60 and 110 days)

with three replicates, totaling 48 experimental units. Data on gas losses, effluents, and

dry matter recovery were evaluated through ICD, with 4 treatments and 5 experimental

units. The data regarding the aerobic stability were evaluated using a 4x3 factorial

scheme (4 silages and 3 air exposure times (0, 48 and 96 hours). In relation to the

productive parameters and ingestive behavior a DIC was used, with 4 treatments (SS,

SSI, SSU and SSUI) with 10 replicates, analyzed by means of Tukey's test at 5% of

significance, using 40 unmanned Santa Inês male sheep with initial mean live weight of

23 kg ± 2.68. (P<0.01), there was a reduction in non-fibrous carbohydrate contents for

the opening times (P<0.01), there was interaction for the dry matter contents and

(P<0.05) .The ethereal extract and the neutral detergent fiber were not influenced by the

additives and the opening times (P>0.05) .The pH was higher in the SSU and SSUI and

presented quadratic effect for (P<0.01). The values of buffer capacity and the levels of

ammoniacal nitrogen presented interaction between the additives and the time of

exposure to air (P<0.01). The soluble carbohydrate contents decreased among the

additives (P<0.01) and presented a quadratic effect for the opening times (P<0.01).

There was reduction of lactic acid for SSI and SSUI and increase of acetic acid for these

silages, with reduction of ethanol (P<0.01). A lower number of lactic acid bacteria was

observed for SSI and for SSUI. Lower mold counts were observed for SSI, SSU and

SSUI silage. The number of yeasts was lower for SSI and SSUI compared to SS. SS and

SSI had lower gas losses (P=0.05), there was no influence on effluent losses and

recovery of dry matter other than silages (P>0.05). Consumption of dry matter (DM),

organic matter (OM), crude protein (CP), non-fibrous carbohydrates (CNF) and total

digestible nutrients were higher for SS-fed animals (P<0.05) of ethereal extract was

observed for animals that consumed SSI, lower consumption of neutral detergent fiber

was verified for animals fed SSUI. The digestibility coefficient of the EE was higher for

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the SSU and SSUI animals, the CNF digestibility coefficient was higher for the animals

fed with SS (P<0.05). The final live weight, total weight gain and mean daily gain of the

SSU and SSUI fed animals were higher (P<0.05) among the silages. Serum urea levels

were higher for SS-fed animals (P<0.05). Ingested nitrogen and absorbed nitrogen were

higher for animals that consumed SS and SSU. Nitrogen and microbial protein and

microbial efficiency were higher for animals fed SSUI (P<0.05). The external length,

chest width, chest depth, leg perimeter, conformation, finishing and fattening were

higher for the animals that were fed the SSUI (P<0.05). Live weight at slaughter and

warm carcass weight were higher for SSUI fed animals (P<0.05). The color parameters,

L *, b * and EGS presented a significant difference (P<0.05) between the silages. The

consumption of FDNcp, feed (min / kg FDNcp), rumination (min / kg DM), chewing,

feeding efficiency (gFDNcp / hour), rumination efficiency and average consumption per

feeding period ) were influenced by diets. Lactobacillus buchneri added to sorghum

silage is effective in reducing the production of molds, yeasts and ethanol, improving

the aerobic stability of the silages, however it affects the consumption and performance

of the lambs. The urea added to sorghum silage did not influence the fermentation

profile, the microbial population and the losses in the silage, but presented better results

in the animal consumption and performance. The association of the two additives

promotes improvements in the evaluated variables and can be used in feeding Santa Inês

lambs, since there are few interferences in the productive parameters, metabolic and

carcass characteristics, meat and ingestive behavior.

Keywords: chemical additive, microbial additive, forage conservation, fermentation

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INTRODUÇÃO GERAL

A conservação de forragens é uma opção a ser utilizada para proporcionar

forragens de adequado valor nutritivo para ruminantes, permitindo aos animais boa

qualidade de alimentação volumosa durante todo o ano (BOTELHO et al., 2010).

Dentre as plantas utilizadas para o processo de ensilagem tem-se o sorgo

(Sorghum Bicolor L. Moench), que é uma cultura tolerante ao estresse hídrico e às

limitações de nutrientes do solo, sendo uma planta versátil que produz grãos, indicada

para pastejo e produção de silagem. Segundo Landau e Sans (2009) o sorgo possui

variedades adaptadas às diferentes zonas climáticas, que toleram mais o déficit de água

e o excesso de umidade no solo do que a maioria das outras plantas forrageiras,

podendo ser cultivado numa extensa faixa de condições ambientais.

Algumas variedades de sorgo apresentam concentrações elevadas de carboidratos

solúveis, que é uma característica favorável, mas que em excesso pode prejudicar a

fermentação da silagem, pois o pH pode ficar abaixo de 4, dando condições para as

leveduras se multiplicarem e produzirem etanol, causando maiores perdas por gases nas

silagens.

No processo de ensilagem sempre ocorrem perdas durante a fase fermentativa,

seja por produção gás, efluentes, calor. No caso do sorgo forrageiro, tem se observado

elevadas perdas gasosas em função da fermentação alcoólica. Diante disso, o uso de

aditivos tem sido recomendado (PINHO et al., 2005) para melhorar a fermentação e

reduzir as perdas na silagem.

A ureia é um aditivo químico muito utilizado, se destacando por atuar na fração

fibrosa da forragem, solubilizando a hemicelulose e aumentando a disponibilidade de

substratos prontamente fermentáveis para os microrganismos do rúmen, além de sua

ação fungistática. A utilização de ureia permite a incorporação de nitrogênio não

proteico a forragem, resultando em incremento na digestibilidade e consumo de matéria

seca pelos animais (ROTZ, 1995).

Além dos aditivos químicos, existem os inoculantes microbianos que são muito

utilizados por todo mundo, devido a sua facilidade de uso e segurança, não são

corrosivos e não poluem o meio ambiente (ÁVILA et al., 2009). Existem vários tipos de

aditivos, sendo eles compostos por bactérias homofermentativas ou bactérias

heterofermentativas.

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Dentre as bactérias heterofermentativas com potencial para melhorar a

estabilidade aeróbica de silagens, se destaca os Lactobacillus buchneri. Basso et al.

(2012) avaliando silagens de milho com doses crescente de Lactobacillus buchneri,

verificaram que os teores de ácido lático permaneceram constantes a medida que a dose

aumentou, enquanto o ácido acético aumentou. Com isso, ocorreu redução da população

de leveduras e consequentemente, melhorou a estabilidade aeróbia de silagens de milho.

A utilização da ureia pode potencializar o efeito do inoculante microbiano, pois

tampona o ambiente, deixando o pH acima da faixa de atuação das leveduras, o que faz

prevalecer a ação do inoculante, em função da diminuição da competição por substrato,

podendo atingir efeitos positivos não somente sobre a estabilidade aeróbia, como

também sobre a fermentação na massa ensilada.

A seguinte revisão discorre sobre a potencialidade do sorgo forrageiro para

ensilagem com a utilização de aditivos químico e biológicos, visando à diminuição de

perdas nas silagens e sua utilização no desempenho animal.

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REVISÃO DE LITERATURA

1. Potencial Forrageiro do Sorgo

O sorgo (Sorghum Bicolor L. Moench) foi introduzido no Brasil no início do

século XX, embora houvesse resistências para ser utilizado como uma cultura

comercial, ele foi levado ao Nordeste a fim de minimizar os problemas da produção

agropecuária, por seu potencial forrageiro e sua rusticidade, com tolerância ao déficit

hídrico em regiões semiáridas. O sorgo possui metabolismo C4 e apresenta altas taxas

fotossintéticas, com reduzida taxa de fecundação cruzada, é tolerante à baixa umidade

do solo, necessita de uma temperatura superior a 21ºC para apresentar seu potencial

produtivo (DUARTE et al., 2010).

A planta do sorgo possui características xerófilas, apresenta baixa exigência em

termos de fertilidade do solo, sendo tolerante ao estresse hídrico, salinidade e

encharcamento. Adapta-se bem a diferentes condições climáticas, principalmente no

semiárido Nordestino (SANTOS e GRANGEIRO, 2013). Para a produção de forragem,

o sorgo utiliza cerca de 30% menos água do que o milho e também exige menos

fertilizantes nitrogenados (NEWMAN et al., 2013). Além de ser uma planta com alta

capacidade de rebrota, devido à capacidade de conservar ativo seu sistema radicular

(REZENDE et al., 2011).

Segundo Rodrigues et al. (2008), o sistema radicular é abundante, pode atingir

profundidades de até 1,5 metros, sendo que 80% das raízes estão concentradas nos

primeiros 30 cm de profundidade, em extensão lateral alcança 2,0 m.

O sorgo é o quinto cereal mais produzido do mundo, abaixo somente do trigo,

milho, arroz e cevada. Em 2011, a produção mundial alcançou 62,48 milhões de

toneladas, enquanto o milho atingiu 883,25 milhões de toneladas (USDA, 2013). Esse

cereal apresenta valores nutricionais semelhantes ao milho, se destacando pela

rusticidade e poder de rebrota. Apresenta altos rendimentos de matéria seca por unidade

de área e elevada concentração de carboidratos solúveis essenciais para fermentação

láctica adequada.

Essa forrageira pode ser classificada em quatro tipos: o granífero, o forrageiro, o

sacarino e o vassoura. O tipo granífero possui plantas de porte baixo com densa

panícula de grãos. O forrageiro apresenta porte alto adequado para confecção de

silagem ou produção de açúcar e etanol. O sacarino é utilizado principalmente para

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pastejo, corte verde, fenação e cobertura morta. E das panículas do tipo vassoura são

confeccionadas vassouras (RIBAS, 2008).

Silva et al (2005) afirmam que o rendimento do sorgo forrageiro está relacionado

com a altura da planta, correlacionando com as proporções de folhas, colmos e

panículas. Segundo Berenji e Dahlberg (2004), o sorgo forrageiro apresenta elevados

teores de matéria seca, porém apresenta um baixo valor nutricional, já o sorgo granífero

produz menos massa, no entanto possui um valor nutricional superior.

Perazzo et al. (2013), no intuito de quantificar o rendimento forrageiro, o

percentual de componentes da planta e a eficiência no uso da água de chuva, bem como

avaliar as características agronômicas de cinco cultivares de sorgo (Ponta Negra, SF 15,

IPA 46742 , IPA 2502 e IPA 101) para produção de silagem no semiárido paraibano,

concluíram que as cultivares estudadas apresentam elevada eficiência de uso de chuva e

produtividade, demonstrando adaptabilidade às condições edafoclimáticas do semiárido

Paraibano. Como não houve diferença no rendimento forrageiro e na eficiência do uso

da chuva, as diferentes características agronômicas apresentadas entre os genótipos

podem influenciar o valor nutritivo. Foi recomendado a cultivar ‘IPA 1011’, pela maior

participação de panícula.

O potencial de produção de matéria seca aumenta com a altura da planta, a

porcentagem de panículas diminui a uma taxa menor nos híbridos de porte baixo ou

médio, reduzindo em uma taxa maior naqueles cultivares de porte muito alto, ocorrendo

o oposto em relação à porcentagem de colmos. A porcentagem de folhas diminui com o

aumento da altura, contudo a uma taxa menor e constante (RODRIGUES et al., 2012).

Santos et al. (2013), avaliando a caracterização agronômica de cultivares de sorgo

forrageiro (BRS Ponta Negra, BRS 655, BR 601, BRS 506, BRS 610) para produção de

silagem no centro de São Francisco, observaram correlação positiva entre a altura da

planta e a produção de matéria fresca (r= 0,89) e a porcentagem de caule na matéria

seca (r= 0,96). Esta correlação foi mostrada no genótipo BRS 506, que apresentou

maior altura de planta e consequentemente maior produção de matéria seca e maior

porcentagem de caule na matéria fresca.

Rezende et al. (2011), avaliando as características agronômicas de cinco genótipos

de sorgo (Volumax, BRS 610, Qualimax, AG2005E e AG 2501), cultivados no inverno,

para determinar os melhores genótipos, com maiores produtividades e perfil mais

adequado para a produção de silagem para serem utilizadas na região Norte de Minas

Gerais, durante o período de escassez de alimento, concluíram que todos os híbridos de

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sorgo forrageiro, duplo-propósito e corte e pastejo, comparando-se a outros trabalhos da

literatura, apresentaram boa produção de massa verde e características agronômicas

adequadas à produção de silagem, com bom padrão fermentativo, quando cultivados no

inverno.

Gontijo Neto et al. (2002), avaliando os teores e a produtividade de matéria seca,

potreína bruta e digestibilidade in vitro da matéria seca de cinco híbridos de sorgo (AG-

2002, AG-2005-E, AG-X-202, AG-X-213, AG-X-215) cultivados sob níveis crescentes

de adubação, concluíram que os híbridos avaliados apresentam teores satisfatórios de

proteína bruta e DIVMS, e alta produtividade média por hectare de matéria seca, de

matéria seca digestível e de proteína bruta, observando altas produções nas parcelas sem

adubação, em função da fertilidade do solo e condições climáticas favoráveis.

2. Características do sorgo para ensilagem

Embora várias plantas forrageiras, anuais ou perenes, possam ser ensiladas, o

sorgo e o milho são as culturas mais utilizadas com este fim. O uso do sorgo para a

ensilagem apresenta como vantagens o custo entre 80 a 85% do custo da silagem de

milho, consumo equivalente a cerca de 90% da silagem de milho, valor nutritivo

variando entre 85 e 92% da silagem de milho (SEIFFERT, PRATES, 1978; VALENTE

et al., 1984; GOMIDE et al., 1987; BERNARDINO et al., 1997; BORGES et al., 1997).

O sorgo pode ser ensilado no estádio pastoso ou farináceo, porém, quando

ensilado nesse estádio podem ocorrer perdas de grãos pelas fezes, devido a isso é

recomendo ensilá-lo quando os grãos estiverem no estádio leitoso-pastoso.

Machado et al. (2014), avaliando o valor nutricional dos híbridos (BRS 610, BR

700 e BRS 655) e suas frações folha, colmo e panícula, em três estádios de maturação,

visando à produção de silagem, observaram que as variações nas porcentagens de MS,

PB, FDN, FDA e DIVMS das frações folha, colmo e panícula ocorreram de forma

diferente entre os híbridos com o avanço da maturidade. Os híbridos BR 700 e BRS 655

devem ser ensilados no estádio leitoso, enquanto o BRS 610 pode ser colhido nos três

estádios de maturação avaliados.

A silagem para ser considerada de boa qualidade deve apresentar teores de

matéria seca por volta de 28% a 32%, pH variando entre 3,8 a 4,2, baixa capacidade

tampão, carboidratos solúveis entre 6 e 8% e nitrogênio amoniacal menor que 10% do

nitrogênio total. Valores elevados de umidade pode comprometer a qualidade da

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silagem, visto que o pH tem que ser mais baixo para inibir o crescimento de bactérias do

gênero Clostridium, bem como das enterobactérias. Essas bactérias são indesejáveis por

produzirem ácido butírico e acético, respectivamente, e degradarem a fração proteica,

reduzindo o valor nutricional da silagem, o que pode afetar o consumo voluntário,

causando uma diminuição, além das perdas por efluentes, levando à perda de nutrientes

de alta digestibilidade (McDONALD et al., 1991). O teor de matéria seca acima de 40%

também é prejudicial a qualidade da silagem, pois estas são mais susceptíveis ao

aquecimento e presença de fungos, devido a compactação não ser adequada, o que

dificulta a remoção do oxigênio (VAN SOEST, 1994).

Orrico Junior et al. (2015), avaliando quatro cultivares de sorgo sacarino (BRS

506, BRS 508, BRS 509 e BRS 511) quanto à produtividade, composição química das

partes das plantas e eficiência do processo de ensilagem, observaram valor médio de pH

de 3,64, o que pode ser considerado ligeiramente abaixo do ideal, que é em torno de 4,0,

indicando que o maior teor de carboidratos solúveis presentes nas variedades sacarinas

em comparação com as variedades forrageiras proporcionam uma maior produção de

ácidos orgânicos de cadeia curta durante o processo de ensilagem, o que permite um

redução eficiente do pH no material ensilado. Eles observaram ainda perdas de água,

presente nos colmos, salientado-se esse excesso de efluente pode promover o

desenvolvimento de bactérias anaeróbias do gênero Clostridium, na parte inferior dos

silos, que produz o ácido butírico, resultando na degradação de proteínas e ácido láctico.

Skonieski et al. (2010), mensurando a produtividade, variáveis fermentativas e

valor nutricional das silagens de híbridos de sorgo forrageiro e sorgo de duplo

propósito, verificaram teores de MS de 33,01 e 38,32%, pH de 3,86 e 3,97 e nitrogênio

amoniacal de 1,93, 1,91% para o sorgo forrageiro e o sorgo de duplo propósito,

respectivamente.

Simon et al. (2009), avaliando o valor nutritivo da silagem de sorgo, com

diferentes níveis de concentrado, como alternativa para alimentação suplementar de

ruminantes em pastejo, na Amazônia Oriental, através da composição química,

consumo voluntário e digestibilidade aparente, concluíram que o sorgo pode ser

utilizado para silagem por possuir potencial produtivo, com elevada disponibilidade de

matéria seca e bom valor nutritivo. Sendo uma alternativa para ser conservado e

fornecido como complemento alimentar para os ruminantes, principalmente em

períodos de escassez de forragem, mantendo bons níveis nutricionais e elevando o

desempenho animal. A utilização de concentrado na silagem de sorgo proporcionou

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maior disponibilidade de MS na forragem e elevação do valor nutritivo da ração. Níveis

entre 30% a 45% de concentrado possibilitam maior consumo e digestibilidade de

matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e energia bruta.

Ribeiro et al. (2007), mensurando cinco genótipos de sorgo de colmo seco (Br

700, Volumax, 0249341, 0249317 e 0249339) para a produção de silagem por meio do

padrão de fermentação e pela variação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta

(PB) e carboidratos solúveis, em diferentes períodos de fermentação, concluíram que os

híbridos avaliados têm potencial para produção de silagem em função dos teores de MS,

PB, nitrogênio amoniacal em relação ao nitrogênio total, pH e carboidratos solúveis que

são satisfatórios para o padrão de fermentação.

3. Limitações do sorgo para ensilagem

O sorgo contém dois importantes fatores antinutricionais: o tanino, um composto

polifenólico situado no grão, e a dhurrina, um glicosídieo cianogênico localizado

principalmente na parte aérea e nas sementes germinadas. Os taninos são altos em sorgo

com pericarpo marrom e sem testa, sendo baixos em grãos de sorgo não pigmentados.

Os principais efeitos antinutricionais dos taninos são: diminuição da ingestão alimentar

voluntária devido à palatabilidade reduzida, redução da digestibilidade e utilização de

nutrientes, efeitos adversos sobre o metabolismo e toxicidade. A concentração de

taninos em grãos de sorgo é um fator predominante que afeta seu valor nutricional

(ETUK et al., 2012).

Oliveira et al. (2009), avaliando os efeitos dos taninos sobre a composição

química e as características de fermentação de silagens de sorgo com ou sem adição de

polietilenoglicol, verificaram que os níveis de taninos condensados nas forrageiras

foram baixos, mesmo no híbrido BR700, que é considerado uma forragem com alto

tanino, indicando que a presença de taninos em partes da planta diferentes de grãos

provavelmente não foi relevante, e que os taninos presentes nos grãos podem ter sido

diluídos devido as análises terem sidos feitas em plantas inteiras.

A resistência dos pássaros nas variedades de sorgo foi relacionada à concentração

de compostos fenólicos no grão com maior tanino (REED et al.,1987). Em muitas partes

da África, os pássaros são a principal causa de perda de grãos pós-colheita. Para

resolver este problema, variedades de sorgo de grãos resistentes a pássaros foram

desenvolvidas através de programas de seleção e reprodução intensiva. A resistência do

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sorgo ao pássaro foi associada com maior concentração de taninos nas sementes, sendo

associado negativamente com o valor nutricional do sorgo para consumo humano

(GETACHEW et al., 2016).

Além da presença de fatores antinutricionais, existe a quantidade elevada de

carboidratos solúveis que algumas variedades de sorgos possuem, presente

principalmente no colmo. De acordo com Pereira et al. (2007) e Ribeiro et al. (2007), a

presença dos carboidratos solúveis nas forragens utilizadas para produção de silagem

possui correlação com a quantidade de ácido lático, visto que a fermentação lática

depende da presença desses carboidratos, o que está positivamente correlacionado.

Porém, se houver carboidratos solúveis em excesso, pode gerar um problema na

fermentação da silagem, visto que o pH pode cair demasiadamente, ficando abaixo de 4,

proporcionando o aparecimento de microrganismos indesejáveis, como as leveduras,

que são as responsáveis pela fermentação de etanol, causando maiores perdas por gases.

Diante disso faz-se necessário a utilização de aditivos para melhorar a fermentação e

reduzir perdas na silagem.

Pinho et al. (2015), ao avaliarem silagens de sorgo de diferentes propósitos,

verificaram que o sorgo forrageiro e de duplo propósito, o qual apresentava

concentração mais elevada de açúcar, ao ser ensilado, resultou em maiores perdas por

gases, em função da fermentação alcoólica.

4. Aditivos

A fermentação da silagem é um processo dinâmico que é influenciado por vários

fatores. A utilização de aditivos na silagem tem sido utilizada há muitos anos para

diminuir alguns riscos durante o processo de ensilagem e melhorar seu valor nutritivo

(HENDERSON, 1993).

O principal objetivo da produção de silagem é manter ao máximo a conservação

de nutrientes originais da cultura de forragem para a alimentação de animais

(STEWART, 2011). É possível ensilar vários tipos de forragens, contudo é importante

conhecer a cultura que irá utilizar. De acordo com Rezende et al. (2008), espécies

forrageiras não convencionais, ao serem ensiladas, necessitam de cuidados especiais, há

ocorrência de perdas durante as fases do processo de ensilagem, diminuindo o potencial

produtivo e qualitativo da cultura.

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Diante disso surge a necessidade da utilização de aditivos, visando melhorar o

processo fermentativo das silagens, com o objetivo de diminuir as perdas. Segundo

McDonald et al. (1991), o principal intuito do uso de aditivos é garantir que as bactérias

ácido-láticas dominem a fermentação da forragem.

Existem vários tipos de aditivos: os sequestradores de umidade, os fornecedores

de nutrientes, os alcalinizantes, os químicos, os biológicos, sendo que um aditivo pode

ter mais de um tipo de ação, contudo deve-se levar em conta a relação custo/benefício,

além do possível efeito que pode causar no desempenho animal.

De acordo com Neumann et al. (2010), o uso de aditivos químicos inibidores de

desenvolvimento de microrganismos é justificado em situações críticas, como material

com baixo ou alto teor de matéria seca, baixo teor de carboidratos solúveis, dificuldades

na compactação e vedação da silagem, visto que a má compactação irá contribuir para a

degradação aeróbica por meio de desenvolvimento de microrganismos formadores de

ácido acético, ácido butírico e álcool, responsáveis pela ocorrência de perdas de

qualidade da forragem armazenada, devido a presença de oxigênio no meio.

Pereira et al. (2008), avaliando a qualidade da silagem do híbrido BR601,

aditivadas (ureia e carbonato de cálcio e inoculante microbiano Silobac®) ou não,

através de alterações nos teores de MS, alterações nos teores de FDN, FDA,

hemicelulose, celulose e lignina e variações na DIVMS, ao longo do processo

fermentativo, concluíram que o híbrido de sorgo forrageiro BR 601 apresentou-se

adequado ao processo de ensilagem, em relação aos parâmetros estudados. Os aditivos

utilizados neste experimento não promoveram alterações consistentes sobre as frações

fibrosas, perda de matéria seca e DIVMS das silagens.

Os inoculantes microbianos e as preparações enzimáticas são considerados

produtos naturais que são seguros de manusear, não corrosivos para máquinas, não

causam problemas ambientais e seu uso tem se expandido nas últimas décadas.

Com relação aos aditivos microbianos, existem no mercado vários tipos de

inoculantes. Esses inoculantes são adicionados à silagem para dominar a população

epifítica de bactérias em plantas, que causam perdas de MS por fermentação

insuficiente de açúcares. Os dois principais tipos de inoculantes microbianos são:

homofermentivo e heterofermentivo. Os inoculantes homofermentativos contêm

bactérias como as espécies Lactobacillus plantarum, Pediococcus e Lactococcus. Eles

promovem uma rápida fermentação produzindo principalmente ácido láctico, reduzindo

o pH rapidamente, abaixo de 3,8, impedindo a degradação do açúcar e proteína na

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cultura. Os inoculantes heterofermentativos contêm bactérias tais como Lactobacillus

buchneri e Lactobacillus brevis. Eles produzem uma mistura de ácido láctico e acético,

que resulta em uma fermentação mais lenta do que os inoculantes homofermentativos.

Eles são utilizados para inibir levedura e mofos, que iniciam o processo de deterioração

aeróbia durante a alimentação (KENILWORTH eWARWICKSHIRE, 2012).

De acordo com Ávila et al. (2011), os aditivos a base de inoculantes microbianos

são considerados benéficos por produzirem ácidos que diminuem o pH, contudo, eles

podem ser prejudiciais quando degradam proteínas, produzem compostos tóxicos para

os animais e até para humanos, ou quando competem com microrganismos benefícios

pelo substrato, agravando a qualidade da silagem.

5. Ureia

Entre os principais produtos que representam os aditivos químicos inibidores,

sobressaem à ureia, o carbonato de cálcio, hidróxido de sódio, o benzoato de sódio, o

pirussulfito de sódio, o ácido fórmico, o formol e misturas compostas por formol e

ácido fórmico (NEUMANN et al., 2010).

Aditivos nutrientes, como a ureia têm sido utilizados na silagem, uma vez que a

amônia liberada pela hidrólise da ureia pode alterar o perfil de fermentação da silagem e

reduzir as perdas de nutrientes, além de melhorar a composição bromatológica e a

digestibilidade da silagem, consequentemente melhorando o valor nutritivo do produto

final (WOOLFORD, 1984).

De acordo com Bolsen et al. (2000), a amônia quebra algumas das ligações entre a

hemicelulose e outros componentes da parede celular, aumentando tanto a taxa como a

extensão da digestão do material tratado, contudo esse fato é observado para doses

maiores de ureia (3 a 4% na MS).

Melhorias no desempenho animal têm sido observadas no uso de silagens

aditivadas com carbonato de cálcio e ureia, quando comparadas às silagens em que

utilizou somente ureia (McDonald et al., 1991).

A ureia dentro do silo, em decorrência da ação da urease, é convertida a amônia,

que, ao se ligar à água, forma o hidróxido de amônia, capaz de solubilizar os

componentes da parede celular, principalmente a hemicelulose, reduzir a FDN do

material (REIS et al., 1990), e melhorar a digestibilidade da fibra.

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Glewen e Young (1982), avaliando o uso de ureia como aditivo para silagem de

capim-elefante, concluíram que, para forragens que apresente baixo teor de MS e na

ausência de aditivos ricos em carboidratos solúveis, esse tipo de produto não deve ser

recomendado quando se pretende melhorar a fermentação. Geralmente, o valor do pH,

nitrogênio amoniacal, ácido acético e ácido butírico são aumentados.

Fernandes et al. (2009), verificando os efeitos da adição de ureia e de dois

períodos de armazenamento sobre o valor nutritivo e o perfil de fermentação da silagem

de sorgo, concluíram que a adição de ureia na ensilagem de sorgo melhora o valor

nutritivo da silagem e a dose de 5,0% não interferiu no processo de fermentação. O

período de armazenamento mais prolongado diminuiu o valor nutritivo da silagem de

sorgo e afetou o perfil de fermentação na ensilagem, aumentou o teor de nitrogênio

amoniacal, independentemente da dose de ureia, aumentando o valor de pH na ausência

de ureia.

Singh et al. (1996) observaram os maiores valores de pH e níveis de amônia

associados a populações bacterianas proteolíticas anaeróbias superiores em silagens de

sorgo (34% MS) aditivadas com 0,5% de ureia. Alvarez et al. (1977) observaram que a

silagem de cana tratada com 1% de ureia (MV) apresentou consumo 39% maior em

comparação a silagens não tratadas.

Lopes et al. (2007), analisando o efeito do uso de aditivos sobre o valor nutritivo

da silagem de cana-de-açúcar, por meio de medidas de digestibilidade in vivo e

consumo dos principais nutrientes em ovinos, concluíram que o valor nutritivo da

silagem de cana-de-açúcar aumentou com o acréscimo de aditivos. Houve maior

consumo e digestibilidade da proteína bruta, principalmente nos animais alimentados

com as silagens acrescidas de ureia-fubá, ureia-raspa de mandioca e amireia, que

apresentaram balanço de nitrogênio positivo.

Schmidt et al. (2010), mensurando as perdas fermentativas e a composição

bromatológica de silagens de resíduos de pupunha utilizando aditivos químicos,

verificaram que o tratamento do resíduo de pupunha com ureia ou cal virgem não foi

efetivo em reduzir as perdas fermentativas durante a ensilagem. A adição de ureia

elevou de forma moderada (23%) e não significativa à produção de efluentes em relação

à silagem controle.

Keskin et al. (2005), avaliando os efeitos da suplementação de ureia a 0,5% e

ureia 0,5% com adição de melaço a 4% (em peso) às silagens de sorgo ensiladas

utilizando 4 variedades de sorgo (Grass II, Grazer, Gözde e P- 988), colhidas no estádio

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leitoso, para as condições da Anatólia Oriental, concluíram que a adição de 0,5% de

ureia e 0,5% de ureia mais 4% de melaço a silagens de sorgo melhorou o conteúdo de

PB das silagens, porém não teve efeitos positivos sobre a qualidade da silagem, DIVMS

ou MS digestível.

Guney et al. (2007), verificando os efeitos da adição de ureia, melaço, ureia mais

melaço, em diferentes níveis à forragem de sorgo colhida no estádio leitoso, na

qualidade da silagem, digestibilidade da matéria orgânica in vitro e teores de energia

metabólica, concluíram que embora a forragem de sorgo possa ser ensilada sem

aditivos, 0,5% de ureia ou 5% de melaço sozinho ou a combinação deles pode aumentar

a qualidade da silagem de sorgo.

Diaz et al. (2013) observaram que a inclusão de solução aquosa de amônia em 0,9

kg/L na proporção de 16 g/kg MV em silagem de milho aumentou o pH (7,56), e

concentração de carboidrato solúvel (40,7 g/kg MS) em comparação à inclusão de

aditivos microbianos (Lactobacillus plantarum, Enterococcus faecium e Lactobacillus

buchneri) e ao controle, apesar de não ter observado diferenças para a quantidade de

fungos e bolores, podendo ser explicado pela ação inibitória da amônia nas bactérias

homofermentativas, impedindo que degradem o carboidrato solúvel a ácido láctico.

Freitas et al. (2017), mensurando os parâmetros qualitativos da silagem de milheto

amonizada com níveis de ureia (0, 2, 4 e 6% MS), com diferentes densidades de

compactação (600 e 800 kg m-3

), observaram que não houve presença de mofos e

leveduras nas silagens amonizadas. A densidade de compactação de 800 kg m-3

reduziu

as perdas no processo de ensilagem do milheto e proporcionou silagem de maior valor

nutritivo do que a compactação a 600 kg m-3

, e concluíram que o uso de ureia não

reduziu as perdas e não melhorou a estabilidade aeróbia das silagens, no entanto,

controlou o crescimento de mofos após a exposição da silagem ao ar.

6. Lactobacillus buchneri

Segundo Pahlow et al. (2003), as bactérias heterofermentativas fermentam glicose

a ácido lático e etanol, a frutose é fermentada a ácido lático, ácido acético e manitol.

Contudo o Lactobacillus buchneri não possui a enzima acetaldeido desidrogenase que

converte acetaldeído a etanol, com isso a produção de etanol é reduzida (OUDE

ELFERINK et al., 2001), ocorrendo um aumento na produção de ácido acético como

produto final da fermentação (McDONALD et al., 1991).

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Trabalhos foram realizados para avaliar a utilização de Lactobacillus buchneri em

silagens como forma de aumentar a estabilidade aeróbia, com maior teor de ácido

acético e menor contagem de leveduras (ÁVILA et al., 2009).

Dreihuis et al. (1996) observaram que a silagem de milho tratada com

Lactobacillus buchneri foi mais estável do que a silagem não tratada. Eles sugeriram

que a estabilidade aeróbica melhorada foi devido à capacidade de Lactobacillus

buchneri fermentar ácido lático à ácido acético e 1,2 propanediol (OIEDA, 1993).

Sá Neto et al. (2013), avaliando o efeito de Lactobacillus buchneri aplicado

exclusivamente ou em combinação com Lactobacillus plantarum no perfil fermentativo,

na estabilidade aeróbia e no valor nutritivo de silagens de milho e de cana-de-açúcar,

observaram que nas silagens de cana-de-açúcar, o tratamento com Lactobacillus

buchneri apresentou maior teor de matéria seca, sem apresentar diferenças para as

variáveis de valor nutritivo. Além de apresentar menor perda total de matéria seca e

menores perdas devidas à produção de gases. Os autores concluíram que a aplicação

exclusiva de Lactobacillus buchneri ou em associação a Lactobacillus plantarum não

altera a qualidade e a eficiência de conservação das silagens de milho, contudo, nas

silagens de cana-de-açúcar, a aplicação exclusiva de Lactobacillus buchneri reduz as

perdas de conservação.

Ávila et al. (2009), verificando o efeito da adição de duas cepas de Lactobacillus

buchneri uma proveniente de um inoculante comercial e outra isolada de silagem de

cana-de-açúcar (Saccharum spp.) sobre a estabilidade aeróbia de silagens de capim-

mombaça, concluíram que a adição de Lactobacillus buchneri na ensilagem do capim

mombaça influencia o processo fermentativo e inibe o crescimento de fungos

filamentosos, principais deterioradores da silagem na fase aeróbia. Apesar de não

melhorar a qualidade de fermentação, os inoculantes resultam em silagens mais

estáveis, por isso, sua utilização é recomendável somente em conjunto com aditivos

fornecedores de substratos para as bactérias do ácido lático.

De acordo com Kleinschmit e Kung (2006), o tratamento da silagem de milho

com menores taxas de aplicação de Lactobacillus buchneri resultou em uma diminuição

de 10 vezes no número de leveduras (3,10 log UFC/g de silagem) em comparação com a

silagem não tratada (4,18 log UFC/g de silagem) e o tratamento com silagem de milho

tratada com Lactobacillus buchneri >1 x 105 ufc/g (LB2) diminuiu o número de

leveduras em mais de 100 vezes (1,88 log ufc/g de silagem). Houve uma melhoria na

estabilidade aeróbia, mas o efeito foi maior na silagem tratada com maior taxa de

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aplicação (25, 35 e 503 h de estabilidade aeróbia para não tratada, silagem de milho

com Lactobacillus buchneri < 1x 105

ufc/g de forragem fresca (LB1) e LB2,

respectivamente).

Addah et al. (2011), objetivando comparar as características de fermentação e

estabilidade aeróbica da cevada e do milho, ensiladas com ou sem inoculante misto

(Lactobacillus plantarum, Eterecoccus faecium e Pedicoccus. acidilactici), e

determinar o efeito dessas duas silagens sobre o desempenho de novilhos em

confinamento, concluíram que a inoculação de silagem com uma mistura de

Lactobacillus plantarum, Eterecoccus faecium e Pedicoccus acidilactici diminuiu as

concentrações de carboidratos solúveis, acetato e propionato finais e aumentou a

concentração de lactato na cevada, mas não no milho. No entanto, a silagem de milho

apresentou um pH final menor que a da silagem de cevada. A silagem de cevada

também foi mais estável do que o milho após dois dias de exposição aeróbia.

Tabacco et al. (2009), avaliando o efeito dos inoculantes Lactobacillus plantarum

e Lactobacillus buchneri na fermentação e na estabilidade aeróbia de silagens de milho

e sorgo, com ênfase particular no crescimento de clostrídios e aumento da contagem de

esporos quando as silagens são aerobicamente deterioradas ao longo de 14 dias,

concluíram que além da fase de fermentação anaeróbia, o crescimento de esporos

clostrídios em silagens também pode ocorrer na fase de alimentação do silo em silagens

aeróbias deterioradas, com um nível de conteúdo esporáico que pode atingir 7 log10

MPN (número mais provável) g-1

, um valor comparável ao observado em silagens

clostrídicas. A inoculação com Lactobacillus buhineri, à taxa teórica de 1x106 UFC g

-1

de forragem fresca, aumentou a estabilidade aeróbica e atrasou o início da degradação

microbiana aeróbia, reduzindo o risco de crescimento de clostrídios após a abertura da

silagem. Esses dados mostram a importância de evitar a deterioração aeróbica da

silagem ao nível da fazenda, a fim de reduzir o risco de contaminação microbiológica

das rações animais.

Correa et al. (2007), mensurando o consumo voluntário da silagem de sorgo, da

silagem de sorgo aditivada com fubá e da silagem de sorgo aditivada com Lactobacillus

curvatus, Lactobacillus acilophilus, Lactobacillus plantarum, Predicoccus acidelactici,

Lactobacillus sp., estimando a digestibilidade aparente in vivo pelo uso da lignina em

detergente ácido como indicador, e correlacionando os valores das digestibilidades

aparentes de alguns componentes nutritivos destas três silagens, concluíram que não se

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pode recomendar o uso de qualquer dos aditivos estudados, pois estes não apresentaram

melhorias no consumo e na digestibilidade da silagem de sorgo.

7. Qualidade de silagem para resposta animal

São escassos na literatura resultados de trabalhos que avaliem o uso das silagens

aditivadas com inoculante microbiano e ureia no desempenho animal.

O desempenho superior dos animais alimentados com silagens aditivadas com

inoculantes ainda é um efeito desconhecido pela literatura. Algumas hipóteses vêm

sendo levantadas, como um possível efeito probiótico, inibindo microrganismos

prejudicais na silagem e no rúmen, ou ainda, produzindo substâncias benéficas que

favoreçam os microrganismos ruminais específicos melhorando o desempenho animal

(WEINBERG e MUCK, 1996).

Estudos mostraram que algumas bactérias heterofermentativas (Lactobacillus

buchneri, Lactobacillus brevis) produzem a enzima ferulato-esterases, que aumentam a

degradação da parede celular, liberando mais carboidratos solúveis para a fermentação

ou utilização pelas bactérias do rúmen (NSEREKO et al., 2008), o que pode causar

impacto positivo no desempenho animal, contudo os resultados são escassos e

controversos, demandando mais estudos, visando o efeito dos aditivos nas silagens

sobre o desempenho dos ruminantes.

Addah et al. (2012), verificando o uso do inoculante com atividade da enzima

ferulato-esterases na estabilidade aeróbica e digestibilidade da silagem de cevada,

observaram que houve melhora na fermentação, estabilidade aeróbia e desaparecimento

in situ da fibra, melhorando a FDN ruminal em 7 e 9% após 24 e 48 horas,

respectivamente, contudo poucos inoculantes possuem a atividade da ferulato-esterases.

Colombini et al. (2012), avaliando o desempenho na lactação, a digestibilidade e o

equilíbrio de N, observaram que a ingestaçao de MS foi maior para as vacas

alimentadas com silagem de milho (20,0 kg/d) em comparação com a silagem de sorgo

forrageiro (18,2 kg/d). Os mesmos autores verificaram para o rendimento de leite

corrigido para gordura valores de 25,5 kg/d para silagem de milho e 24,1 kg/d para

sorgo de forragem.

Miron et al. (2007), comparando duas variedades de sorgo forrageiro (BMR-101

e FS-5) com milho e o efeito da alimentação das silagens sobre o comportamento

alimentar e o desempenho de lactação de vacas leiteiras, verificaram que a silagem de

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milho é uma melhor escolha do que a silagem FS-5 e ambas as silagens são melhores do

que a silagem BMR. A maior DIVMS das silagens de milho e da BMR, comparada à

silagem FS-5, não se refletiu no aumento da ingestão voluntária de MS. Os dois grupos

alimentados com sorgo TMR apresentaram maior produção de gordura láctea, enquanto

que o grupo alimentado com a silagem de milho TMR apresentou maior produção de

leite e proteína de leite, produção e teor moderados de gordura láctea, bem como menor

perda de peso corporal. No entanto, o rendimento de silagem por hectare, a

digestibilidade da silagem e a disponibilidade de água para irrigação são os parâmetros

dominantes na determinação das variedades de forragem a serem cultivadas.

Fazaeli et al. (2006), comparando a silagem de sorgo forrageiro com a silagem de

milho na dieta de bezerros, concluíram que a substituição de silagem de milho pela

silagem de sorgo em diferentes níveis mostrou um resultado semelhante na alimentação

de bezerros e não houve diferença no desempenho dos animais alimentados com

silagem de milho ou sorgo até 40% da ingestão total de matéria seca. Portanto, a

inclusão do sorgo no sistema de cultivo de forragem permite ao agricultor obter um

produto mais econômico, particularmente onde a água é o primeiro fator limitante.

Em geral, dados de pesquisa mostram que sorgo parece ser inferior ao milho na

digestibilidade total de MS. O ganho médio diário médio (GMD) para ovelhas

alimentadas com silagem de milho (65,2 g) foi mais de três vezes maior do que o GMD

para ovelhas alimentadas com silagem de sorgo (18,1 g). O menor desempenho dos

ovinos na silagem de sorgo foi atribuído à presença de compostos como taninos ou

HCN (FISK, 1980, WHEELER et al., 1990), que podem ter afetado negativamente a

utilização de nutrientes na silagem de sorgo. Foi observada uma digestibilidade de MS

significativamente menor (52%) para a silagem de sorgo em comparação com a silagem

de milho (65%). A digestibilidade in vivo da MS de uma dieta baseada em silagem de

milho (71%) também foi maior do que a dieta baseada em sorgo (65%) em bovinos

(ABDELHADI e SANTINI, 2006).

Kleinschmit e Kung (2006) fizeram uma meta-análise que compilou dados de 43

experimentos sobre os efeitos de Lactobacillus buchneri na qualidade da silagem, e em

um dos seus estudos com silagem de alfafa relataram um pequeno aumento na produção

de leite (0,8 kg de leite/vaca/d), contudo o desempenho animal não apresentou diferença

da silagem não tratada. Segundo Muck et al. (2010), poucos ensaios em animais foram

publicados desde essa meta-análise para saber como a silagem tratada com

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Lactobacillus buchneri afeta o desempenho animal. Parece que Lactobacillus buchneri

tem pouco efeito na ingestão e desempenho animal, além de manter a silagem fresca.

Pedroso et al. (2006) avaliaram o desempenho de novilhas holandesas alimentadas

com silagens de cana-de-açúcar tratadas com ureia (0,5%), benzoato de sódio (0,1%) ou

Lactobacillus buchneri (3,64x105 UFC g

-1). A inoculação de Lactobacillus buchneri

melhorou o ganho diário (1,24 vs. 0,94 kg dia-1

) e a adição de benzoato melhorou a

conversão alimentar (7,6 vs. 9,4 kg de MS/kg PV), quando comparada a silagem não

tratada. Os tratamentos não afetaram o consumo de matéria seca (2,19% PV). As rações

com silagens tratadas com benzoato ou Lactobacillus buchneri mostraram menor custo

por kg de ganho de peso. O tratamento com ureia não melhorou o desempenho animal,

mas o custo por kg de ganho de peso foi menor do que na dieta controle.

Addah et al. (2011), objetivando comparar as características de fermentação e

estabilidade aeróbica da cevada e do milho ensiladas com ou sem inoculante misto

(Lactobacillus plantarum, Eterecoccus faecium e Pedicoccus. acidilactici), e

determinar o efeito dessas duas silagens sobre o desempenho de novilhos em

confinamento, concluíram que a ingestão de MS, o desempenho e a eficiência de

conversão alimentar de novilhos alimentados com dietas inoculadas de cevada ou

silagem de milho não foram melhorados. Independentemente do tipo de forragem, no

entanto, o inoculante aumentou a proporção de fração lentamente digestível e

potencialmente digestível da matéria orgânica. A silagem de cevada foi superior à

silagem de milho na melhoria da ingestão de MS, desempenho e eficiência na conversão

alimentar de novilhos.

Este estudo confirma a dificuldade de obter boas características de fermentação da

silagem e melhorias no desempenho dos animais. Também sugere a necessidade de

inoculantes específicos para forragem com base na relativa facilidade de ensilagem de

forrageira ou sinergia inoculante-forrageira, uma vez que o inoculante parece ser mais

eficiente na melhora das características de fermentação e estabilidade aeróbica da

cevada do que o milho.

Apesar dos efeitos controversos, os trabalhos com desempenho animal não tem

correlacionado as consequências da instabilidade aeróbia sobre a resposta animal, uma

vez que as silagens deterioradas são descartadas. Esse fato demonstra a necessidade de

se quantificar o descarte de silagens em ensaios com animais, e verificar o efeito desse

descarte no custo de produção das silagens.

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O fato é que há na literatura trabalhos avaliando o efeito da ureia ou do

Lactobacillus buchneri na fermentação bem como na resposta de animais alimentados

com essas silagens, no entanto, trabalhos avaliando o efeito combinado desses dois

aditivos na ensilagem de sorgo, bem como a resposta de ovinos a esses tratamentos

ainda não foi estudado, o que justifica a execução da presente pesquisa.

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Hipóteses

O uso de aditivos (ureia e Lactobacillus buchneri) na silagem de sorgo:

Melhora o perfil fermentativo, uma vez que aumenta o pH das silagens, há

conversão de ácido lático a ácido acético, ocorre mudança na população

microbiana, diminuindo os mofos e leveduras, ocorre redução das perdas por

fermentação e aumenta a estabilidade aeróbia da silagem, consquentemente

proporcionando uma silagem de melhor qualidade aos animais.

Melhora o desempenho produtivo dos cordeiros, com uma eficência alimentar

maior, maiores ganhos de peso e rendimentos de carcaça, com melhor qualidade

de carne.

Objetivo Geral

Avaliar os efeitos da adição de ureia e Lactobacillus buchneri sobre a composição

bromatológica, perfil fermentativo, população microbiana, estabilidade aeróbia de

silagens de sorgo, bem como sua utilização no desempenho produtivo, qualidade de

carcaça e carne em cordeiros.

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Capítulo I

Populações microbianas, perfil fermentativo e composição química de silagens de

sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

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Populações microbianas, perfil fermentativo e composição química de silagens de

sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

RESUMO

Objetivou-se com este estudo avaliar as populações microbianas, o perfil

fermentativo, a composição química e as perdas em silagens de sorgo aditivadas com

ureia e Lactobacillus buchneri. Foram utilizados quatro tratamentos constituídos por:

SS- silagem de sorgo sem aditivo; SSI- silagem de sorgo aditivado com inoculante

Lactobacillus buchneri (105

ufc/g MN); SSU- silagem de sorgo aditivado com ureia (1%

MS); SSIU- silagem de sorgo com ureia (1% MS) e inoculante (105

ufc/g MN). Os

minisilos foram abertos aos 15, 30, 60 e 110 dias. Para os dados referentes à

composição química, perfil fermentativo e perdas foram analisados segundo um

delineamento inteiramente casualisado (DIC) em esquema fatorial 4x4 (4 aditivos e 4

tempos de abertura (15, 30, 60 e 110 dias)) e três repetições, totalizando 48 unidades

experimentais, os quais foram submetidos à análise de variância- SAS, e comparados

pelo teste de Tukey a 5% de significância. Houve aumento nos teores de matéria

mineral para os aditivos e os tempos de abertura (P<0,01), ocorreu redução nos teores

de carboidratos não fibrosos para os tempos de abertura (P<0,01), houve interação para

os teores de matéria seca e proteína bruta (P<0,05). O extrato etéreo e a fibra em

detergente neutro não foram influenciados pelos aditivos e os tempos de abertura

(P>0,05). O pH foi maior na SSU e SSUI e apresentou efeito quadrático para tempos de

abertura (P<0,01). Os valores de capacidade tampão e os teores de nitrogênio amoniacal

apresentaram interação entre os aditivos e o tempo de exposição ao ar (P<0,01). Os

teores de carboidratos solúveis reduziram entre os aditivos (P<0,01) e apresentaram

efeito quadrático para os tempos de abertura (P<0,01). Houve redução apara o ácido

lático para a SSI e SSUI e aumento do ácido acético para essas silagens, com redução

do etanol (P<0,01). Observou-se menor número das bactérias ácido láticas para SSI e

para a SSUI. Verificou-se menor contagem de mofos para a silagem de SSI, SSU e

SSUI. O número de leveduras foi menor para a SSI e SSUI em comparação a SS. A SS

e SSI apresentaram menores perdas por gases (P=0,05), não houve influencia para as

perdas por efluentes e recuperação de matéria seca não das silagens (P>0,05). A silagem

de sorgo Volumax possui características químicas, fermentativas e microbiológicas que

garantem uma silagem de boa qualidade. O Lactobacillus buchneri adicionado à

silagem de sorgo é eficaz na redução da produção de etanol, reduz mofos e leveduras

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devido a formação do ácido acético, e diminui as perdas por gases na silagem. O uso da

ureia como aditivo na silagem de sorgo não altera o perfil fermentativo, a população

microbiana e as perdas na silagem. A combinação de ureia e Lactobacillus buchneri

propociona melhorias nas variáveis avaliadas.

Palavras-chave: aditivo microbiano, aditivo químico, conservação de forragem

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Microbial populations, fermentation profile and chemical composition of sorghum

silages additive with urea and Lactobacillus buchneri

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate microbial populations, fermentation profile,

chemical composition and losses in sorghum silages supplemented with urea and

Lactobacillus buchneri. Four treatments were used: SS- sorghum silage without

additive; SSI- sorghum silage supplemented with Lactobacillus buchneri inoculum (105

cfu/g MN); SSU- sorghum silage supplemented with urea (1% MS); SSIU-sorghum

silage with urea (1% MS) and inoculant (105 cfu/g MN). The minisil were opened at 15,

30, 60 and 110 days. For the data on the chemical composition, fermentation and losses

were analyzed according to a completely randomized design (DIC) in a 4x4 factorial

scheme (4 additives and 4 opening times (15, 30, 60 and 110 days)) and three

replications, totaling 48 experimental units, which were submitted to analysis of

variance- SAS, and compared by the Tukey test at 5% of significance. There was an

increase in the mineral matter contents for the additives and the opening times (P<0.01),

there was a reduction in non-fibrous carbohydrate contents for the opening times

(P<0.01), there was interaction for the contents of dry matter and crude protein

(P<0.05). The ethereal extro and the neutral detergent fiber were not influenced by the

additives and the opening times (P>0.05). The pH was higher in SSU and SSUI and

presented quadratic effect for opening times (P<0.01). The values of buffer capacity and

the levels of ammoniacal nitrogen showed interaction between the additives and the

time of exposure to air (P<0.01). The soluble carbohydrate contents decreased between

the additives (P<0.01) and presented a quadratic effect for the opening times (P<0.01).

There was reduction of lactic acid for SSI and SSUI and increase of acetic acid for these

silages, with reduction of ethanol (P<0.01). A lower number of lactic acid bacteria was

observed for SSI and for SSUI. Lower mold counts were observed for SSI, SSU and

SSUI silage. The number of yeasts was lower for SSI and SSUI compared to SS. SS and

SSI had lower gas losses (P=0.05), there was no influence on effluent losses and

recovery of dry matter other than silages (P>0.05). Volumax sorghum silage has

chemical, fermentative and microbiological characteristics that guarantee good quality

silage. Lactobacillus buchneri added to sorghum silage is effective in reducing ethanol

production, reduces mold and yeast due to the formation of acetic acid, and reduces gas

losses in silage. The use of urea as an additive in sorghum silage does not alter the

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fermentation profile, microbial population and silage losses. The combination of urea

and Lactobacillus buchneri provides improvements in the variables evaluated.

Keywords: chemical additive, microbial additive, forage conservation

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INTRODUÇÃO

Algumas variedades de sorgos apresentam quantidades elevadas de carboidratos

solúveis, que apesar de serem desejáveis, quando em excesso podem prejudicar a

fermentação da silagem, com pH abaixo de 3,8 (McDONALD et al. 1991), dando

condições para as leveduras se multiplicarem e produzirem etanol, o que causa maiores

perdas nas silagens. Portanto, o uso de aditivos (químicos e biológicos) tem sido

recomendado para diminuir as perdas nas silgens.

Inoculantes são adicionados à silagem para dominar a população epifítica de

bactérias em plantas que causam perdas de matéria seca por fermentação ineficiente de

açúcares. Os inoculantes heterofermentativos produzem uma combinação de ácido

láctico e acético, resultando em uma fermentação mais lenta do que os inoculantes

homofermentativos, que produzem apenas ácido lático. Os inoculantes

heterofermentativos são usados para inibir leveduras e mofos que iniciam o processo de

deterioração aeróbia após a abertura do silo (KENILWORTH e WARWICKSHIRE,

2012).

Os aditivos alcalinos são utlizados para inibir leveduras e fungos, além de

melhorar a digestibilidade da fibra, pois provocam expansão da celulose, reduzindo as

ligações intermoleculares das pontes de hidrogênio, que ligam as moléculas de celulose

e hemicelulose, solubilizando e aumentando a digestibilidade dessas frações (VAN

SOEST, 1994; LONGHI et al., 2013).

A utilização da ureia pode potencializar o efeito do inoculante microbiano, pois

tampona o ambiente, deixando o pH acima da faixa de atuação das leveduras, o que faz

prevalecer a ação do inoculante, em função da diminuição da competição por substrato,

podendo atingir efeitos positivos não somente sobre a estabilidade aeróbia, como

também sobre a fermentação no silo. Contudo essa utilização da ureia e inoculante

microbiano ainda não foi testada para a silagem de sorgo, tornando-se necessários

estudos voltados nesse sentido.

O uso de aditivos (ureia e lactobacillus buchneri) na silagem de sorgo melhora o

perfil fermentativo, uma vez que aumenta o pH das silagens, há conversão de ácido

lático a ácido acético, ocorre mudança na população microbiana, diminuindo a

população de mofos e leveduras, reduzindo as perdas pela fermentação e aumentando a

estabilidade aeróbia da silagem, consquentemente proporcionando uma silagem de

melhor qualidade aos animais.

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Diante do proposto acima, objetivou-se avaliar as populações microbianas, o

perfil fermentativo, a composição química e as perdas em silagens de sorgo aditivadas

com ureia e Lactobacillus buchneri.

MATERIAL E MÉTODOS

Localização do Experimento

O híbrido de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) Volumax (AGX-213) foi

plantado na Fazenda Experimental de São Gonçalo dos Campos, pertencente à

Universidade Federal da Bahia- UFBA, em uma área de aproximadamente 0,2 hectares.

Para o plantio foi aplicado superfosfato simples (5 sacos de 50 kg), cloreto de potássio

(1 saco) e ureia (1 saco) por hectare, e para a cobertura foi utilizado ureia (4 sacos/ha).

O sorgo foi colhido quando os grãos apresentaram uma consistência pastoso/farináceo,

e triturado em tamanho teórico de partícula de 2 cm em máquina forrageira estacionária.

Sobre lona plástica, ocorreu à adição de ureia no material picado, a qual foi

pesada com base na matéria seca (1% MS), e distribuída a lanço sobre cada camada de

forragem. O inoculante comercial Lactobacillus buchneri foi adicionado de acordo com

a recomendação do fabricante Lallemand Brasil LTDA, na concentração de 105 ufc/g de

matéria natural.

Após a adição dos aditivos, o material foi ensilado em silos de PVC com 10 cm de

diâmetro e 50 cm de altura, adaptados com válvula tipo Bunsen para escape de gases, e

com densidade de aproximadamente 600 kg de forragem na matéria natural por m³.

Os silos experimentais foram pesados na ensilagem e na abertura

(silo+tampa+areia+tela), para quantificação das perdas por gases, perdas por efluente e

recuperação de matéria seca, com base nas diferenças dos pesos. Os silos foram

acondicionados em um galpão coberto visando proteger da chuva, vento, sol e

posteriormente transportados para a Universidade Federal da Paraíba, onde foram

realizadas as demais análises no Laboratório de Forragicultura da Universidade Federal

da Paraíba- Campus Areia, UFPB.

Delineamento Experimental

Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4x4,

compostos por quatro tipos de aditivos: SS- silagem de sorgo sem aditivo; SSI- silagem

de sorgo aditivado com inoculante Lactobacillus buchneri (105 ufc/g MN); SSU-

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silagem de sorgo aditivado com ureia (1% MS); SSIU- silagem de sorgo com ureia (1%

MS) e Lactobacillus buchneri (105 ufc/g), e quatro tempos de abertura: 15, 30, 60 e 110

dias. Foram utilizados três repetições para cada tempo, totalizando 48 unidades

experimentais.

Para os dados referentes as perdas por gases, efluentes, e recuperação de matéria

seca foi utilizado apenas o tempo de 110 dias, com cinco repetições, totalizando 20

unidades experimentais.

Perdas por gases, por efluentes e recuperação de matéria seca

Para estimativa de perdas por gases e efluentes, assim como para estimar a

recuperação da matéria seca das silagens foram colocadas 1 kg de areia ao fundo dos

mini-silos, nos quais foram separados por uma tela para não haver contaminação com a

silagem. As perdas por gases e efluentes foram estimas de acordo com as equações

abaixo descritas por Jobim et al. (2007).

PG = (PCI – PCf)/(MFi x MSi) x 100

Onde:

PG: perdas por gases (%MS);

PCI: peso do silo cheio no fechamento (kg);

PCf: peso do silo cheio na abertura (kg);

MFi: massa de forragem no fechamento (kg);

MSi: teor de matéria seca da forragem no fechamento (%);

PE= [(PVf – Tb) – (PVi – Tb)]/MFi x 1000

Onde:

PE: produção de efluentes (kg/tonelada de silagem);

PVi: peso do silo vazio + peso da areia no fechamento (kg);

PVf: peso do silo vazio + peso da areia na abertura (kg);

Tb: tara do silo; MFi: massa de forragem no fechamento (kg);

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RMS(%)= [(MVfo x MSfo)/(MSi x MSsi)] x 100

Onde:

RMS (%): Recuperação de Matéria Seca em porcentagem;

MVfo: Massa Verde de forragem (kg) na hora da ensilagem;

MSfo: Matéria Seca da forragem (%) na hora da ensilagem;

MSi: Massa da Silagem (kg) na abertura dos silos;

MSsi: Matéria Seca da Silagem (%) na abertura dos silos;

Populações microbianas e perfil fermentativo das silagens

A avaliação microbiológica foi realizada de acordo com as recomendações de

González e Rodriguez (2003), o plaqueamento foi realizado em duplicata para cada

meio de cultura. As populações foram determinadas pela técnica seletiva de culturas em

meio anaeróbio, utilizando o meio Ágar Rogosa para contagem de lactobacilos (após

incubação de 48 horas em BOD à temperatura de 37° C). O meio Ágar BDA (Batata

Dextrose Ágar) acidificado com ácido tartárico a 1%, foi utilizado para contagem de

leveduras e mofos (após 5 dias de incubação à temperatura ambiente). As placas

consideradas susceptíveis à contagem foram aquelas em que havia valores entre 30 e

300 ufc (unidade formadora de colônia).

A determinação do pH foi realizada de acordo com a metodologia de Bolsen et al.

(1992), com adptações. A determinação dos teores de nitrogênio amoniacal foram

realizadas de acordo com a metodologia de Bolsen et al. (1992).

A análise de capacidade tampão foi realizada conforme descrito por Playne e

McDonald (1966). Para a determinação dos carboidratos solúveis totais (CS) utilizou-se

o método do ácido sulfúrico concentrado, descrito por Dubois et al. (1956), com

adaptações de Corsato et al. (2008). Os teores de CS foram calculados em g x 100 mL-1

,

com base na solução e posteriormente ajustado com base na matéria seca de cada

amostra utilizada. A análise de ácidos orgânicos foi realizada por cromatografia líquida

de alta resolução, de acordo com a metodologia de Kung Jr e Ranjit (2001).

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Análises Bromatológicas

Foi retirada uma amostra do Sorgo Volumax (Sorghum bicolor AGX-213) in

natura e que foi levada ao Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Medicina

Veterinária e Zootecnia da UFBA para análise da composição bromatológica (Tabela 1).

Tabela 1. Composição química do sorgo Volumax (Sorghum bicolor AGX-213) in

natura

Sorgo (Sorghum bicolor)

MS (%) 33,14

MO1 96,54

MM1

3,46

EE1 4,48

PB1

4,69

FDN1 61,55

CNF1

25,82

CS1

16,43 MS- Matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; EE- extrato etéreo; PB- proteína bruta;

FDN- fibra em detergente neutro; CNF- carboidratos não fibrosos, CS- carboidratos solúveis; 1- % MS;

Amostras de silagem de sorgo foram coletadas nos períodos de abertura,15, 30, 60

e 110 dias, para cada tratamento, as quais foram submetidas a pré-secagem em estufa de

circulação forçada de ar por um período de 72h, a 55ºC. As amostras foram moídas a

1mm, em moinho de faca tipo Willey e posteriormente foram realizadas análise de

matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), de

acordo com metodologia 934.01; 942.05; 920.39; 968.06; respectivamente, conforme

descrito pela AOAC (2005). Para determinação da fibra em detergente neutro (FDN)

utilizando a metodologia descrita por Mertens (2002). Os carboidratos não fibrosos

foram estimados pelas equações de Sniffen et al. (1992), através da fórmula: CNF= 100

– (MM + PB + EE + FDN).

Análises Estatísticas

Os dados referentes ao perfil fermentativo, composição bromatológica e perdas

por gases e efluentes foram submetidos à análise de variância- SAS, e quando

apresentados diferenças significativas foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de

significância.

Os dados referentes aos tempos de abertura foram submetidos à análise de

regressão linear e quadrática- SAS. Para as variáveis em que o efeito de interação foi

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significativo, o mesmo foi desdobrado, sendo avaliado o efeito de cada silagem dentro

de cada período de abertura, através de ajuste de modelos.

O modelo utilizado foi:

Yij= µ + Si + PFj + (Si x PF)ij + €ij

Onde:

Yij = resposta observada;

µ: média geral;

Si: efeito das silagens;

PFj: período e fermentação j, j (15, 30, 60 e 110 dias);

(Si x PF)ij: efeitos da interação entre as silagens e o período de fermentação;

€ij: erro aleatório associado a cada observação;

Os dados referentes às populações microbianas foram transformados em log 10, e

foi utilizada a análise descritiva, visto que as amostras foram agrupadas para cada

tratamento.

RESULTADOS

Houve interação dos aditivos e dos tempos de abertura (P<0,05) para os teores de

matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) (Tabela 2).

Verificaram-se maiores teores de matéria mineral (MM) para as silagens

aditivadas com ureia e inoculante (SSUI) e silagem aditivada com ureia (SSU). Na

silagem com inoculante o teor de MM foi igual à SSUI e SSU, assim como na silagem

de sorgo (SS). Os teores de MM apresentaram efeito linear crescente à medida que os

silos foram abertos nos diferentes tempos. (Tabela 2).

Os teores de extrato etéreo não foram influenciados pelos aditivos (P=0,32), não

houve efeito dos tempos de abertura para o extrato etéreo (P=0,07). Observaram-se

maiores teores de FDN para as SSU e SSUI, na SSI os teores foram iguais às demais

silagens. Os menores teores de FDN foram encontrados na SS (P=0,05). Não houve

efeito dos tempos de abertura para os teores de FDN (P=0,08) (Tabela 2).

Os teores de CNF não foram influenciados pelos aditivos (P=0,19). Houve efeito

dos tempos de abertura para os teores de CNF (P<0,01), apresentando um efeito

quadrático, onde nos 30 e 60 dis de abertura os teores de CNF aumentaram e

posteriomente diminuíram, com ponto de máxima de 31,35% aos 59 dias (Tabela 2).

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Tabela 2. Composição química das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano nos tempos de abertura

de 15, 30, 60 e 110 dias

Variável

(%)

Silagens Dias de abertura EPM

1 P-Valor2

SS SSI SSU SSUI 15 30 60 110 Silagens Dias SxD

MS 35,70 36,79 37,75 38,70 34,56 34,60 39,77 40,01 0,31 <0,01 <0,01 0,04

MM 3,50b 3,55ab 3,61a 3,67a 3,05 3,54 3,74 4,00 0,03 <0,01 <0,01 0,08

PB 4,87 4,65 5,01 5,26 4,96 4,98 4,63 5,20 0,09 <0,01 <0,01 <0,01

EE 2,14 1,85 2,10 2,17 2,36 2,00 1,89 2,00 0,04 0,32 0,07 0,15

FDN 59,79b 61,30ab 64,12a 62,81a 62,82 59,98 61,42 63,80 1,07 0,05 0,08 0,23

CNF 30,67 28,41 27,95 29,10 27,09 31,57 30,48 26,98 0,91 0,19 <0,01 0,11

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem de sorgo com ureia e inoculante; MS-

matéria seca; MM- matéria natural; PB- proteína bruta; EE- extrato etéreo; FDN- fibra em detergente neutro; CNF-carboidrato não fibroso; EPM1 =

Erro Padrão da Média P-Valor2 = Probabilidade significativa ao nível de 5%; Int

3 = Interação entre as silagens e os dias de abertura; Médias seguidas de

letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ajustado a 5% de significância.

Composição bromatológica das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou

inoculante microbiano nos tempos de abertura 15, 30, 60 e 110 dias

Variável (%) P-Valor¹

Linear Quadrático

MM <0,01 <0,01

EE 0,12 0,05

FDN 0,15 0,14

CNF 0,15 <0,01

MM- matéria natural; EE- extrato etéreo; FDN- fibra em detergente neutro; CNF-carboidrato não

fibroso; P-Valor1 = Probabilidade significativa ao nível de 5%;

ŶMM- DIAS = 2,779+ 0,0243*X – 0,000121950*X² (R²= 0,82).

ŶCNF- DIAS = 25,474 + 0,20063*X – 0,00171195*X² (R²= 0,19).

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Não foi encontrado diferença nos teores de MS (P=0,59) para as silagens, aos 15

dias de abertura, mostrando que as silagens permaneceram com os teores de MS

inalterados. Aos 30 dias, foi observado menor teor de MS para a SS (31,31%) e um

aumento nas demais silagens. Aos 60 dias, verificou-se maior teor de MS para a SSUI, e

constatou-se menor teor de MS para a SSI (37,93%). Aos 110 dias foi encontrado menor

teor de MS (38,57%) na SS, ocorrendo um aumento no teor de MS nas demais silagens

(Figura 1- A).

Apesar de ter apresentado efeito quadrático para os teores de MS nos tempos de

abertura (P=0,02) para a SS, não houve efeito para o parâmetro (P=0,22), portanto foi

considerado efeito linear crescente (P=0,01), apresentando maiores teores de MS à

medida que avançou o tempo de fermentação. Para a SSI ocorreu fato semelhante,

apesar de ter apresentado efeito quadrático para os teores de MS (P<0,01) nos tempos

de abertura, não houve efeito para o parâmetro (P=0,32), sendo considerado efeito linear

crescente (P<0,01), ocorrendo um aumento no teor de MS a medida que as silagens

foram abertas nos diferentes tempos, variando de 34,53% MS (15 dias) a 39,53% MS

(110 dias).

Apesar de ter havido efeito quadrático para os teores de MS na SSU nos

diferentes tempos (P<0,01), pode-se perceber que houve um aumento linear variando de

34,41% MS (15 dias) a 40,89% MS (110 dias) (P<0,01). Para a SSUI apesar de ter

apresentado efeito quadrático (P<0,01), não houve variação para o parâmetro (P=0,09),

sendo considerado efeito linear crescente para os teores de MS (P<0,01), variando de

35,25% MS (15 dias) a 41,07% MS (110 dias) (Figura 1- A).

Observou-se menores teores de proteína bruta (PB) aos 15 dias para a SS e a SSU,

ocorrendo um aumento para as demais silagens. Aos 30 dias não houve diferença nos

teores de PB entre as silagens (P=0,09). Aos 60 dias, o menor teor de PB foi observado

para a SSI, seguida da SSU, que diferiu das demais silagens (P<0,01). Aos 110 dias não

foi observada diferença para os teores de PB entre as silagens (P=0,88) (Figura 1- B).

Apesar de ter apresentado efeito quadrático para os teores de PB nos tempos de

abertura (P=0,04) para a SS, não houve efeito para o parâmetro (P=0,23), sendo

considerado efeito linear crescente (P=0,02), aumentando os teores de PB a medida que

as silagens foram abertas, variando de 4,56% PB (15 dias) a 5,13% PB (110 dias).

Houve efeito quadrático para os toeres de PB para a SSI (P=0,03), ocorreu uma

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diminuição no teor de PB para 60 dias de abertura e posteriormente um aumento, aos

110 dias, apresentando ponto de mínima de 4,13% PB aos 60 dias. Efeito quadrático

também foi observado para os teores de PB na SSU (P=0,02), ocorreu uma diminuição

no teor de PB para 60 dias de abertura e posteriormente um aumento, aos 110 dias,

apresentando ponto de mínima de 4,46% PB aos 65 dias. Não houve efeito para os

teores de PB na SSUI (P=0,98) (Figura 1- B).

Figura 1. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de abertura. A-

Matéria Seca (%); B- Proteína Bruta (%MS)

SS = 32,67 + 0,0615*X (R2= 0,55).

SSI = 33,87 + 0,0544*X (R2= 0,74).

SSU = 31.24 + 0.2020*X - 0.0010*X2 (R

2= 0,91).

SSUI = 34,67 + 0,0631*X (R2= 0,70).

A

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Houve efeito de interação (P<0,05) para capacidade tampão (CT) e os teores de

nitrogênio amoniacal (Figura 2).

O pH foi influenciado (P<0,01) pelos aditivos, o menor valor de pH foi

encontrado para as SS e SSI, quando comparadas com as demais silagens. Houve efeito

quadrático para os valores de pH nos tempos de abertura (P<0,01), o pH aumentou aos

60 dias e posteriormente diminuiu, aos 110 dias, com ponto de máxima de 3,78 aos 69

dias (Tabela 3).

Observaram-se maiores teores de carboidratos solúveis (CS) para a SS, os

menores toeres de CS foram encontrados para a SSUI (P<0,01). Os dias de abertura

influenciaram os teores de CS (P<0,01), apresentando efeito quadrático, houve aumento

dos teores de CS aos 30 e 60 dias e uma diminuição nos teores aos 110 dias, com ponto

de máxima de 6,25 aos 70 dias (Tabela 3).

Houve interação entre os aditivos e os tempos de abertura (P<0,01) para os

valores de capacidade tampão (CT) nas silagens (Figura 2- A). Os maiores valores de

CT, aos 15 dias, foram encontrados para a SSI e SSUI, verificou-se menor valor de

capacidade tampão para a SS e SSU (P<0,01). Aos 30 e 60 dias de abertura foram

encontrados maiores valores de CT para a SSI, os menores valores de CT foram

observados nas SS e SSU (P<0,01). Aos 110 dias observaram-se maiores valores de CT

para a SSI e SSUI, o menor valor de CT foi encontrado para a SSU (P<0,01).

SS = 4,535 + 0,0062*X (R²= 0,43).

SSI= 5,6258 – 0,0503*X + 0,0004*X² (R²= 0,57).

SSU= 6,1805 – 0,0533*X + 0,0004*X² (R²= 0,66).

B

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63

Não foi observado variação da CT para a SS nos tempos de abertura (P=0,95).

Houve efeito quadrático (P<0,01) para o valor de CT na SSI, aos 30 e 60 dias ocorreram

um aumento nos valores de CT e uma diminuição aos 110 dias, apresentando ponto de

máxima de 74,96 e.mg, aos 55 dias. Houve efeito quadrático (P<0,01) para o valor de

CT na SSU, aos 30 e 60 dias verificou um aumento nos valores de CT e uma

diminuição aos 110 dias, apresentando ponto de máxima de 42,52 e.mg, aos 47 dias.

Não houve efeito para o valor de CT na SSUI nos tempos de abertura (P=0,13) (Figura

2- A).

Houve interação entre os aditivos e os tempos de abertura das silagens para o teor

de nitrogênio amoniacal (P<0,01) (Figura 2- B). O maior teor de nitrogênio amoniacal

foi observado para a SSU, aos 15 dias, seguido da SSUI, os menores teores de

nitrogênio amoniacal foram verificados para a SS e SSI (P<0,01). Aos 30 dias, o maior

teor de nitrogênio amoniacal foi encontrado na SSU, o que difereiu das demais silagens

(P<0,01). Aos 60 e 110 dias, não foi vefiricada variação nos teores de nitrogênio

amoniacal nas silagens, (P=0,94) e (P=0,28), respectivamente.

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Tabela 3. Perfil fermentativo das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano nos tempos de abertura 15, 30, 60 e 110 dias

Variável Silagens Dias de abertura

EPM1 P-Valor

2

SS SSI SSU SSUI 15 30 60 110 Silagens Dias Silagens x Dias3

pH 3,69b 3,67b 3,75a 3,76a 3,68 3,71 3,77 3,71 0,01 <0,01 <0,01 0,71

CT (e.mg) 41,53 67,90 38,88 58,16 50,72 54,27 55,57 46,20 0,84 <0,01 <0,01 <0,01

N-NH3 (%Ntotal) 2,49 2,24 3,34 2,80 2,32 3,03 3,18 2,36 0,13 <0,01 0,01 <0,01

CS (%MS) 6,82a 5,11b 5,27b 3,91c 4,35 5,36 6,22 5,19 0,29 <0,01 <0,01 0,09

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem de sorgo com ureia e inoculante. pH- potencial hidrogeniônico;

CT- capacidade tampão; N-NH3- nitrogênio amoniacal; CS- carboidratos solúveis; EPM1 = Erro Padrão da Média. P-Valor

2 = Probabilidade significativa ao nível de 5%; Int

3 =

Interação entre as silagens e os dias de abertura; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ajustado a 5% de significância.

Continuação do perfil fermentativo das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou

inoculante microbiano nos tempos de abertura 15, 30, 60 e 110 dias

Variável P-Valor

1

Linear Quadrático

pH 0,04 <0,01

CS (%MS) 0,09 <0,01

pH- potencial hidrogeniônico; CS- carboidratos solúveis; P-Valor1 = Pobabilidade significativa ao nível de

5%;

ŶPH- DIAS = 3,588 + 0,0054*X – 0,000039472*X². (R²= 0,37).

ŶCS- DIAS = 3,1107 + 0,09009*X – 0,000646689*X². (R²= 0,17).

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64

Apesar de ter apresentado efeito quadrático nos tempos de abertura (P=0,05) para

os teores de nitrogênio amoniacal na SS, não houve efeito significativo do parâmetro

(P=0,06), foi considerado efeito linear crescente, o teor de nitrogênio amoniacal

aumentou à medida que as silagens foram abertas nos diferentes tempos.

Houve efeito quadrático para os teores de nitrogênio amoniacal na SSI (P=0,04),

ocorreu um aumento nos teores nos dias 30 e 60 e uma diminuição aos 110 dias,

apresentando ponto de máxima de 2,96% aos 68 dias. Apesar de ter apresentado efeito

quadrático para os teores de nitrogênio amoniacal na SSU (P=0,03), não houve variação

para o parâmetro (P=0,39), apresentando efeito linear decrescente (P=0,01), os teores

diminuíram à medida que as silagens foram abertas nos diferentes tempos. Não houve

efeito para o nitrogênio amoniacal na SSUI (P=0,57) (Figura 2-B).

Figura 2. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de abertura. A-

Capacidade Tampão (e.mg). B- Nitrogênio Amoniacal (%N Total)

SSI= 58,705+ 0,5898*X – 0,0053*X² (R²= 0,84).

SSU= 36,77 + 0,2469*X – 0,0026*X² (R²= 0,90).

A

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65

Houve efeito de interação entre os aditivos e os tempos de abertura (P<0,01) para

o ácido lático, ácido acético e etanol (Tabela 4). Constatou-se maior teor de ácido lático

para a SSU, aos 15 dias, a SSI apresentou teor semelhante à SSU e SS, o menor teor de

ácido lático foi encontrado na SSUI (P<0,01). Aos 30 dias de abertura, os maiores

teores de ácido lático foram verificados nas SS e SSU, o que diferiu da SSI e SSUI

(P<0,01). Aos 60 dias de abertura, houve uma diminuição no teor de ácido lático para as

silagens, a SSUI apresentou o menor teor (P<0,01). Aos 110 dias de abertura, o menor

teor de ácido lático foi verificado para a SSI (P<0,01) (Figura 3- A).

Apesar de ter apresentado efeito quadrático para a concentração do ácido lático

nos tempos de abertura (P=0,03) na SS, não houve efeito do parâmetro (P=0,10), por

isso foi considerado o efeito linear (P=0,04). Houve efeito quadrático para o ácido lático

na SSI (P=0,03), observou-se uma diminuição na concentração do ácido lático aos 30 e

60 dias, houve um aumento aos 110 dias, apresentando ponto de mínimo de 2,27% aos

71 dias. Houve efeito quadrático para o ácido lático na SSU (P<0,01), verificou-se uma

diminuição na concentração do ácido lático aos 30 e 60 dias, houve um aumento aos

110 dias, apresentando ponto de mínimo de 2,32% aos 69 dias. Mesmo efeito foi

observado na SSUI (P<0,01), apresentando ponto de mínimo de 1,65% aos 63 dias

(Figura 3- A).

SSI = 0,597 + 0,0698*X – 0,00052*X² (R²= 0,66).

SSU= 4,623 – 0,0224*X (R²= 0,52)

B

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66

Tabela 4. Teor de ácidos orgânicos das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano nos tempos de abertura 15, 30, 60 e

110 dias

Variável

(%MS)

Silagens Dias de abertura EPM

1 P-Valor

2

SS SSI SSU SSUI 15 30 60 110 Silagens Dias Silagens x Dias3

Ac. Lático 3,53 2,88 3,12 2,57 3,61 2,75 2,53 3,23 0,04 <0,01 <0,01 <0,01

Ac. Acético 0,62 2,24 0,68 1,66 1,35 1,30 1,08 1,46 0,02 <0,01 <0,01 <0,01

Etanol 0,87 0,47 0,70 0,33 0,68 0,71 0,64 0,34 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem de sorgo com ureia e inoculante. EPM1 = Erro Padrão da

Média. P-Valor2 = Probabilidade significativa ao nível de 5%; Int

3 = Interação entre as silagens e os dias de abertura; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem

estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de significância.

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Constatou-se maior teor de ácido acético, aos 15 e 30 dias, para a SSI (P<0,01), o

menor teor de ácido acético foi observado para a SS. Aos 60 dias de abertura, verificou-

se o maior teor de ácido acético para a SSI, o menor teor de ácido acético foi encontrado

para a SSU. Aos 110 dias de abertura, os maiores teores de ácido acético foram

observados para a SSI e SSUI, o que diferiu das demais silagens (Figura 3- B).

Apesar de ter apresentado efeito quadrático para a concentração de ácido acético

nos tempos de abertura (P<0,01) na SS, pode-se perceber efeito linear crescente

(P<0,01), observou-se um leve aumento a medida que as silagens foram abertas nos

diferentes tempos, variando de 0,49% (15 dias) a 0,76% (110 dias). Não foi verificado

efeito dos tempos de aberutra (P=0,28) para a concentração de ácido acético na SSI.

Houve efeito quadrático para o ácido acético na SSU (P=0,0294), ocorreu uma

diminuição aos 60 dias e um aumento aos 110 dias, apresentando ponto de mínimo de

0,59% aos 68 dias. O mesmo foi observado para a SSUI (P=0,0012), ocorreu uma

diminuição na concentração de ácido acético aos 30 e 60 dias e um aumento aos 110

dias, apresentando ponto de mínimo de 1,04% aos 61 dias (Figura 3- B).

Figura 3. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de abertura. A-

Ácido Lático (%MS). B- Ácido Acético (%MS). C- Etanol (%MS).

SSI = 4,088 – 0,0510*X + 0,00036*X² (R²= 0,50).

SSU= 4,787 – 0,0717*X + 0,00052*X² (R²= 0,97).

SSUI= 4,172 – 0,0806*X + 0,00064*X² (R²= 0,97).

A

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68

As maiores concentrações de etanol foram observadas para a SS e SSU, aos 15

dias, a menor concentração de etanol foi encontrado na SSUI (P<0,01). Aos 30 e 60 dias

de abertura, a maior concentração de etanol foi constatada na SS (P<0,01), a menor

concentração de etanol foi encontrada na SSUI. Aos 110 dias de abertura, a maior

concentração de etanol foi verificada na SSU, encontraram-se as menores concentrações

de etanol para as SSI e SSUI (P<0,01) (Figura 3- C).

Houve efeito quadrático para o etanol nos tempos de abertura (P<0,01) na SS,

ocorreu um aumento na concentração do etanol aos 30 e 60 dias e uma diminuição aos

110 dias, apresentando ponto de máxima de 1,22% aos 54 dias. Apesar de ter

SS = 0,3358 + 0,0087*X – 0,00043*X² (R²= 0,84).

SSU= 0,8558 – 0,0078*X + 0,000057*X² (R²= 0,54).

SSUI = 2,712 – 0,0553*X + 0,00045*X² (R²= 0,97).

SS =0,4464 + 0,0288*X – 0,0026*X² (R²= 0,97).

SSU= 0,9939 – 0,0088*X +0,000043*X² (R²=0,95).

SSUI = 0,5631 – 0,0078*X + 0,000449982*X² (R2=0,96).

B

C

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69

apresentado efeito quadrático (P<0,01) para o etanol na SSI, não houve variação do

parâmetro (P=0,22), por isso foi considerado o efeito linear decrescente (P<0,01).

Apesar de ter apresentado efeito quadrático (P<0,01) para a SSU, pode-se perceber

efeito linear decrescente (P<0,01), onde a concentração de etanol diminuiu à medida

que as silagens foram abertas nos diferentes tempos, variando de 0,86% (15 dias) a

0,55% (110 dias). Apesar de ter apresentado efeito quadrático (P<0,01) para a SSUI,

pode-se perceber efeito linear decrescente (P<0,01), ocorreu uma diminuição à medida

que as silagens foram abertas nos diferentes tempos, variando de 0,46% (15 dias) a

0,24% (110 dias) (Figura 3- C).

As SSI e SSUI apresentaram menores unidades formadoras de colônia (UFC) para

bactérias do gênero lactobacillus (BAL), aos 15 dias de abertura. No entanto aos 30 dias

de abertura, as SSI e SSUI apresentaram maiores contagens das BAL. Foram

encontrados menores números das BAL para todas as silagens, aos 60 dias.

Posteriormente observou-se um número maior das BAL, aos 110 dias (Tabela 5).

Tabela 5. Contagem de populações microbianas em silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano nos tempos de abertura de 15, 30, 60 e 110 dias

Dias de

Abertura

Silagens

SS SSI SSU SSUI

Bactérias do gênero Lactobacillus (log ufc/g forragem)

15 7,73 6,36 7,50 6,01

30 6,67 9,01 7,57 10,5

60 6,54 4,71 5,64 7,36

110 8,34 8,30 8,16 7,85

Mofos (log ufc/g forragem)

15 Nd¹ Nd Nd Nd

30 Nd 2,00 Nd 3,02

60 3,24 2,79 4,31 5,81

110 2,91 3,63 3,70 3,55

Leveduras (log ufc/g forragem)

15 6,81 Nd 6,88 Nd

30 4,81 3,63 4,53 3,84

60 4,08 2,30 2,87 4,45

110 2,64 3,08 3,50 2,65 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI-

silagem de sorgo com ureia e inoculante; Nd¹= não detectado.

Não foram encontrados mofos aos 15 dias para todas as silagens. Aos 30 dias não

foram encontrados mofos para as SS e SSU. Houve um número maior de mofos em

todas as silagens para os demais tempos de abertura (60 e 110 dias).

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Não foram encontradas leveduras para SSI e SSUI aos 15 dias de abertura. O

número de leveduras foi menor aos 30 e 60 dias para a SS, SSI e SSU. Houve maior

número de levedura para a SSUI (60 dias). Aos 110 dias houve um menor número de

leveduras para a SS e SSUI, no entanto ocorreu uma maior contagem de leveduras para

a SSI e SSU (Tabela 5).

Verificou-se diferença para perda por gases entre as silagens (P=0,05), a silagem

de sorgo com ureia apresentou maior perda por gases que a silagem de sorgo sem

aditivo e a silagem de sorgo com inoculante. Não foi observada diferença (P>0,05) para

as perda por efluentes e recuperação de matéria seca. (Tabela 6).

Tabela 6. Perdas por gases (PPG), perdas por efluentes (PPE) e recuperação de matéria

seca (RMS) das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano, nos

tempos de abertura 110 dias

Variável Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

PPG (%) 2,54b 2,08b 3,30ab 4,39a 0,69 0,05

PPE (kg/ton de

silagem)

5,20 2,84 4,96 3,93 1,27 0,56

RMS (%) 96,94 97,80 96,20 95,22 0,74 0,06

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI-

silagem de sorgo com ureia e inoculante. EPM1= Erro Padrão da Média; P-Valor

2= probabilidade

significativa ao nível de 5%;

DISCUSSÃO

O aumento no teor de matéria seca (MS) nas silagens aditivadas e durante os dias

de abertura porporcionaram um aumento na material mineral e da fibra em detergente

neutro. Os teores de MS encontrados no presente trabalho estão acima da faixa que pode

ser considerada ideal para uma silagem adequada, por volta de 28% a 32%

(McDONALD et al., 1991), o aumento de MS indica que, apesar da adição dos aditivos,

ocorreram perdas do material. O aumento dos teores de MM e da FDN estão associados

à utilização dos carboidratos solúveis pelos microrganismos, para a produção de ácidos

orgânicos (McDONALD et al., 1991), contribuindo para o aumento dessas frações.

A silagem de sorgo sem aditivo apresentou teores mais baixos de matéria seca

em comparação as demais silagens, consequentemente observou menores teores de

matéria mineral (MM) e fibra em detergente neuto (FDN). A diminuição nos teores de

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MM e FDN estão relacionados à menor utilização dos carboidratos solúveis pelos

microrganismos para a produção dos ácidos orgânicos, principlamente o ácido lático

quando comparado as demais silagens,.

O teor de carboidrato solúvel encontrado nessa silagem foi maior que as demais

silagens, o que é desejável do ponto de vista nutricional, uma vez que essa silagem será

ofertada ao animal, garantindo nutrientes mais digestíveis na dieta desses animias,

contudo maiores teores de CS contribuem para o crescimento dos microrganismos

indesejáveis, quando a silagem é exposta novamente ao ar, uma vez que esses CS

servem de substratos para esses microrganismos, ocorrendo proliferação de leveduras e

maior produção de etanol, associado a um menor valor de pH, o que foi observado no

presente trabalho, porém as perdas por gases foram menores que as silagens aditivadas

com ureia e a associação da ureia e inoculante.

Foi observado também redução nos teores de PB na silgem de sorgo sem aiditivo

quando comprado às demais silagens e um aumento nos teores de PB à medida que

foram abertas nos diferentes dias, o que colaborou para um aumento nos teores de

nitrogênio amoniacal. De acordo com Van Soest (1994), em situações de fermentações

secundárias, as concentrações de nitrogênio amoniacal e nitrogênio solúvel são resultantes da

atividade de populações de microrganismos específicos que atuam em microambientes

favoráveis ao seu desenvolvimento no silo. Porém, esses teores estão abaixo dos 10%

(McDONALD et al., 1991) preconizados para uma silgem de boa qualidade.

Com a inclusão do Lactobacillus bucnheri nas silagens de sorgo ocorreu um

aumento na concentração de ácido acético, e uma diminuição na concentração de ácido

lático. O ácido acético é o produto final das bactérias heterofermentativas, que

produzem além de ácido lático, ácido acético, 1,2 propanodiol, dióxido de carbono

(MUCK, 2010). O ácido acético tampona o meio, impedindo que o pH atinja valores

muito baixos, o que pode ter alterado a capacidade tampão das silagens que foram

aditivadas com o inoculante, visto que essas apresentaram maiores valores de

capacidade tampão.

Contudo era esperado que as silagens com inoculante apresentassem maiores

valores de pH, visto que, com a redução na concentração do ácido lático, ocorria um

aumento do pH, porém esse comportamento não foi observado no presente trabalho,

onde os valores de pH foram menores para essas silagens. Esses valores ficaram um

pouco abaixo da faixa ideal sugerida por McDonald et al. (1991), variando de 3,8 a 4,2.

Valores muito baixos de pH contribuem para a proliferação de leveduras, que atuam em

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faixas de pH bastantes baixos, e esse aumento no número de leveduras gera perdas, uma

vez que a rota fermentativa das leveduras (a piruvato descarboxilase acetaldeído e

subsequente redução do acetaldeído a etanol) ocasiona grandes perdas, podendo

consumir até 48,9% de matéria seca (McDONALD et al., 1991).

No presente trabalho, observou-se que nas silagens com o inoculante, apesar de

ter apresentados menores valores de pH, este pH baixo não foi suficiente para aumentar

o número de leveduras, ocorrendo uma menor produção de etanol, além das menores

perdas por gases, que também foram semelhantes à silagem sem aditivos. Esse menor

número de leveduras é decorrente do efeito tóxico do inoculante para esses

microrganismos, o ácido acético em pH inferior ao seu pKa (4,73) fica na forma não

dissociada, sendo permeável a membrana dos microrganismos, ocorre a entrada do

ácido via transporte passivo, dentro das células esse ácido é dissociado, devido o pH

interno está em torno de 7, superior ao pka, liberando H+, ocorrendo uma rápida queda

de pH intracelular, os microrganismos tentam elevar novamente esse pH, implicando

em gasto de energia, retardando o crescimento ou causadno a morte desses

microrganismos (McDONALD et al., 1991).

Segundo Kenilworth e Warwickshire (2012), o Lactobacillus buchneri é utilizado

nas silagens por inibir o crescimento de leveduras e mofos, que inciam o processo de

deterioração aeróbia. Com isso, ocorre diminuiçao nas perdas por gases, e

consequentemente aumento na estabilidade aeróbia das silagens. No entanto, as silagens

de sorgo do presente trabalho não apresentaram concentrações altas de etanol, o que

pode está associado aos teores de carboidratos solúveis presente na forrageira, o sorgo

Volumax não apresentou valores demaseadamente altos de CS, com isso a produção de

perdas por gases a partir da produção de etanol não foi um problema. Além disso,

algumas cepas de Lactobacillus buchneri não possui a enzima acetaldeido

desidrogenase, que converte acetaldeído a etanol, com isso a produçao de etanol é

reduzida (OUDE ELFERINK et al., 2001).

Com a inclusão da ureia nas silagens de sorgo ocorreu uma maior incorporação de

proteína nas silagens, aumentou os teores de FDN, ocorreu um aumento na produção de

nitrogênio amoniacal ate os 60 dias, redução nos valores de capacidade tampão e

aumento dos valores de pH. O aumento do teor de proteína é devido a incorporação do

NNP presente na ureia, o que é desejado, visto que a silagem de sorgo apresenta baixo

teor de PB, contudo aumenta os teores de nitrogênio amoniacal. Já o aumento no teor de

FDN se dá pela utilização dos carboidratos solúveis pelos microrganismos, reduzindo os

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açúcares e aumentando a fração fibrosa da silagem. Não foi observado efeito da

solubilização da hemicelulose na FDN, com a adição da ureia, o que pode ser explicado

pela quantidade de ureia aplicada a silagem (1% MS), que não foi suficiente para haver

hidrolise da fibra.

Apesar de ter observado maiores teores de nitrogênio amoniacal para as silagens

com ureia, os valores variaram de 2,10% a 4,83%, considerados aceitáveis para uma

silagem de boa qualidade, recomenda-se teores de nitrogênio amoniacal menores que

10% (McDONALD et al., 1991). O teor de nitrogênio amoniacal é um dos índices na

avaliação da qualidade da silagem, pois representa a degradação proteica durante a fase

fermentativa, devido as fermentações secundárias na silagem, indicando as perdas de

proteína verdadeira (NEUMANN et al., 2007), pode-se perceber que as perdas de

proteínas através da deaminação e formação de amônia foram mínimas no presente

trabalho.

A adição de ureia no processo de ensilagem de forragens com alto teor de

carboidratos solúveis é uma alternativa para controlar o pH das silagens, visto que a

ureia atua impedindo a redução rápida do pH e desenvolvimento de microrganismos

indesejáveis como leveduras e fungos filamentosos devido sua atividade antimicrobiana

(NEUMANN et al., 2010). Apesar das silagens com ureia terem apresentado um leve

aumento de pH, esse pH mais alto não foi suficiente para impedir a proliferação de

leveduras e mofos, contribuindo para maiores perdas por gases. Esse crescimento de

microrganismos indesejáveis esta relacionado a quantidade de carboidratos solúveis

residuais presentes nessa silagem, que serviu de substratos para as leveduras e mofos,

segundo Siqueira et al. (2007), altos teores de carboidratos solúveis em silagens

contribuem para ocorrencia de fermentações secundárias, principalmente após a

exposição ao ar, tornando necessário a adição de aditivos que controlem a proliferação

desses microrganismos indesejáveis. Fernandes et al. (2009), também não encontraram

efeito da aplicação de ureia em silagens de sorgo sobre a concentração de carboidratos

solúveis.

As perdas por efluentes e recuperação de MS não foram afetadas pelos aditivos. A

perda por efluentes está relacionada ao teor de MS da matéria-prima ao qual será

utilizada na ensilagem, os teores de MS do sorgo e das silagens de sorgo aditivados

foram superiores a 35%, fato que pode ter colaborado para menores perdas por

efluentes.

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Esperava-se que a recuperaçao de matéria seca (RMS) fosse menor para as

silagens aditivadas com o inoculante, visto que a fermentação heterolática resulta em

perda de energia de 1 a 2%, mas as perdas de MS dependem do substrato e da rota

utilizada pelas bactérias. A fermentação de uma frutose resulta em perda de 5% de MS,

mas a fermentação de uma glicose resulta em 24% de perdas (McDONALD et al.,

1991), contudo não foi boservada diferença da RMS entre as silagens.

CONCLUSÃO

A silagem de sorgo Volumax possui características químicas, fermentativas e

microbiológicas que garantem uma silagem de boa qualidade.

O Lactobacillus buchneri adicionado à silagem de sorgo é eficaz na redução da

produção de etanol, reduz mofos e leveduras devido à formação do ácido acético,

diminuindo as perdas por gases na silagem.

O uso da ureia como aditivo na silagem de sorgo não altera o perfil fermentativo,

a população microbiana e as perdas na silagem. A combinação de ureia e Lactobacillus

buchneri propociona melhorias nas variáveis avaliadas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Capítulo II

Alterações químicas, microbiológicas e estabilidade aeróbia de silagens de sorgo

aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri expostas ao ar até 96 horas

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Alterações químicas, microbiológicas e estabilidade aeróbia de silagens de sorgo

aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri expostas ao ar até 96 horas

RESUMO

Objetivou-se avaliar os efeitos da exposição ao ar sobre as características de

silagem de sorgo com aditivo. Foram utilizados quatro tratamentos constituídos por: SS-

silagem de sorgo sem aditivo; SSI- silagem de sorgo aditivado com inoculante

Lactobacillus buchneri (105

ufc/g MN); SSU- silagem de sorgo aditivado com ureia (1%

MS); SSIU- silagem de sorgo com ureia (1% MS) e inoculante (105

ufc/g MN), com três

repetições. Os mini-silos foram expostos ao ar por até 96 horas. O delineamento

experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4x3 (4 silagens e 3

tempos de exposição ao ar (0, 48 e 96h), os quais foram submetidos a análise de

variância- SAS. Houve aumento no teor de matéria seca (P<0,01), redução nos teores de

carboidratos não fibrosos (P<0,01), verificou-se um aumento no teor de MM para a SS à

medida que as silagens ficaram expostas ao ar, houve um aumento no teor de MM para

a SSUI, no tempo de 48 horas, e uma redução no tempo de 96 horas (P<0,05).

Constatou-se maiores teores de PB para as SSU e a SSUI, menores teores foram

encontrados para a SS e SSI (P<0,05). Verificou-se menores teores de PB na SSU e

SSUI, para o tempo de 0 e 48 horas (P<0,05). Verificou-se menores teores de EE na SS,

para o tempo de 48 horas e um posterior aumento, no tempo de 96 horas (P<0,05).

Houve redução no teor de EE para SSUI, no tempo de 96 horas. O teor de fibra em

detergente neutro não foi influenciado pelos aditivos e tempo de exposição ao ar

(P=0,42). Verificou-se maior valor de pH para SSUI, menores valores de pH foram

encontrados para SS e SSI, no tempo de 0 hora. No tempo de 48 e 96 horas de

exposição ao ar, observaram-se maiores valores de pH para a SSU (P<0,05). Nos

tempos de 0, 48 e 96 horas foram observados maiores valores de capacidade tampão

(CT) para a SSI, os menores valores foram encontrados para a SSU. No tempo 0 hora

foi observado maior teor de nitrogênio amoniacal para a SS, verificou-se menor teor

para a SSI (P<0,05). Nos tempos de 48 e 96 horas constataram-se maiores teores de

nitrogênio para a SSI e menores para a SSU (P<0,05). No tempo 0 hora, foram

observados maiores teores de carboidratos solúveis (CS) para a SS e SSI, verificou-se

menor para a SSU. No tempo de 48 horas constatou-se maior teor de CS para a SSUI.

No tempo de 96 horas o maior teor de CS foi encontrado para a SSUI (P<0,05). Foram

observados maiores concentrações de ácido lático para a SS e SSU, maiores

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concentrações de ácido foram encontradas para a SSI e SSUI. Foram encontrados

maiores produção de etanol para a SS e SSU. Houve menor número de bactérias ácido

láticas na SSI e na SSUI. Houve menor contagem de mofos na SSI. Houve menor

número de leveduras na SSI e na silagem aditivada com ureia e inoculante. A silagem

de sorgo Volumax possui características químicas, fermentativas e microbiológicas que

garantem uma silagem de boa qualidade, permanecendo estável por um período de até

84 horas. A atuação do Lactobacillus buchneri na silagem de sorgo mostrou-se eficaz

na redução de leveduras e mofos, e consequentemente na redução na produção de etanol

e melhoria na estabilidade aeróbia, uma vez que houve aumento na concentração de

ácido acético. A dose de ureia utilizada no trabalho não foi suficiente para impedir o

crescimento de mofos e leveduras, apresentando um leve aumento na produção de

etanol e reduzindo a estabilidade aeróbia da silagem de sorgo.

Palavras-chave: ácidos orgânicos, aditivos, carboidratos solúveis, pH

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Change chemical, microbiological, aerobic stability of sorghum silages

supplemented with urea and / or Lactobacillus buchneri exposed to air up to 96

hours

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effects of exposure to air on the

characteristics of sorghum silage with additive. Four treatments were used: SS-

sorghum silage without additive; SSI- sorghum silage supplemented with Lactobacillus

buchneri inoculum (105 cfu / g MN); SSU- sorghum silage supplemented with urea (1%

MS); SSIU-sorghum silage with urea (1% DM) and inoculant (105 cfu / g MN), with

three replicates. The mini-silos were exposed to air for up to 96 hours. The experimental

design was completely randomized, in a 4x3 factorial scheme (4 silages and 3 exposure

times to air (0, 48 and 96h), which were submitted to analysis of variance - SAS. There

was an increase in dry matter content (P<0.01), a reduction in the non-fibrous

carbohydrate contents (P<0.01), an increase in the MM content for the SS as the silages

were exposed to the air, there was an increase in the MM content for (P<0.05). The

highest levels of CP for SSU and SSUI were found, lower levels were found for SS and

SSI (P<0.05), lower levels of PB in SSU and SSUI were observed for the time of 0 and

48 hours (P<0.05). and a subsequent increase in the time of 96 hours (P<0.05) .There

was a reduction in the EE content for SSUI in the 96 hour time.The neutral detergent

fiber content was not influenced by the additives and time of exposure The air (P=0.42).

There was a higher pH value for SSUI, lower pH values were found for SS and SSI, at 0

hour. At 48 and 96 hours of air exposure, higher pH values were observed for SSU

(P<0.05). In the times of 0, 48 and 96 hours were observed higher values of buffer

capacity (CT) for SSI, the lowest values were found for SSU. At the time the 0 hour, a

higher content of ammoniacal nitrogen was observed for SS, a lower SSI content was

observed (P<0.05). At 48 and 96 hours, nitrogen contents were higher for SSI and lower

for SSU (P<0.05). At the time 0 hour, higher levels of soluble carbohydrates (CS) were

observed for SS and SSI, it was found to be lower for SSU. In the time of 48 hours a

higher CS content was found for SSUI. At 96 hours the highest CS content was found

for SSUI (P<0.05). Higher concentrations of lactic acid were observed for SS and SSU,

higher acetic acid concentrations were found for SSI and SSUI. Higher ethanol

production was found for SS and SSU. There were fewer lactic acid bacteria in SSI and

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SSUI. There was lower mold count in SSI. There was a lower number of yeasts in the

SSI and in the silage added with urea and inoculant. Volumax sorghum silage has

chemical, fermentative and microbiological characteristics that guarantee good quality

silage, remaining stable for up to 84 hours. The action of Lactobacillus buchneri on

sorghum silage was effective in the reduction of yeasts and molds, and consequently in

the reduction of ethanol production and improvement in aerobic stability, since there

was an increase in acetic acid concentration. The dose of urea used in the work was not

sufficient to prevent the growth of molds and yeasts, presenting a slight increase in

ethanol production and reducing the aerobic stability of sorghum silage.

Keywords: organic acids, additives, soluble carbohydrates, pH

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INTRODUÇÃO

As perdas na silagem de sorgo após a abertura podem ser altas, devido à presença

de carboidratos solúveis residuais, que servem de substratos para leveduras,

favorecendo seu crescimento, o qual produzirá etanol e reduzirá a estabilidade aeróbia

das silagens.

Quando a fermentação é completada e a silagem é exposta ao ar durante a

alimentação ou durante o armazenamento, o aquecimento no silo e no cocho geralmente

é iniciado por leveduras e algumas bactérias aeróbias. Segundo Ranjit e Kung (2000),

na maioria das silagens em que há deterioração aeróbia, ocorre um aumento da

temperatura acima da temperatura ambiente como resultado da oxidação microbiana de

ácidos e carboidratos solúveis em água, formando dióxido de carbono e água.

Além do aumento da temperatura, ocorre o aumento do pH, que está associado ao

metabolismo dos ácidos láticos e outros ácidos (BORREANI e TABACCO, 2010), o

que facilita o desenvolvimento de clostrídios (TABACCO et al., 2009; BORREANI e

TABACCO, 2010), causando perdas nas silagens.

Visando melhorar a fermentação e a estabilidade aeróbia das silagens surgiram os

inoculantes microbianos, os quais podem ser classificados em bactérias

homofermentativas, que produzem ácido lático como produto final, e bactérias

heterofermentativas, que produzem além do ácido lático, o ácido acético, 1,2

propanediol, etanol e dióxido de carbono.

Dentre as bactérias heterofermentativas com potencial para melhorar a

estabilidade aeróbica de silagens se destaca as Lactobacillus buchneri. Basso et al.

(2012) avaliando silagens de milho com doses crescente de Lactobacillus. buchneri,

verificaram que os teores de ácido lático permaneceram constantes a medida que a dose

aumentou, enquanto o ácido acético aumentou. Com isso, ocorreu redução da população

de leveduras e consequentemente, melhorou a estabilidade aeróbia de silagens de milho.

A utilização da ureia, por ser um agente alcalinizante, pode diminuir a taxa de

redução do pH, desfavorecendo o desenvolvimento de leveduras, além de proporcionar

ambiente favorável para o Lactobacillus buchneri, potencializando, dessa maneira, a

ação do inoculante microbiano e melhorando a estabilidade aeróbia das silagens, tanto

pelo controle das leveduras durante o processo fermentativo quanto pelo aumento da

produção de ácido acético.

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Objtivou-se avaliar os efeitos da exposição ao ar sobre as populações microbianas,

composição química, alterações do perfil fermentativo de silagens de sorgo com aditivo.

MATERIAL E MÉTODOS

Localização do Experimento

O híbrido de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) Volumax (AGX-213) foi

plantado na Fazenda Experimental de São Gonçalo dos Campos, pertencente à

Universidade Federal da Bahia- UFBA, em uma área de aproximadamente 0,2 hectares.

Para o plantio foi aplicado superfosfato simples (5 sacos de 50 kg), cloreto de potássio

(1 saco) e ureia (1 saco) por hectare, e para a cobertura foi utilizado ureia (4 sacos/ha).

O sorgo foi colhido quando os grãos apresentaram uma consistência pastoso/farináceo,

e triturado em tamanho teórico de partícula de 2 cm em máquina forrageira estacionária.

Sobre lona plástica, ocorreu à adição de ureia no material picado, a qual foi

pesada com base na matéria seca (1% MS), e distribuída a lanço sobre cada camada de

forragem. O inoculante comercial Lactobacillus buchneri foi adicionado de acordo com

a recomendação do fabricante Lallemand Brasil LTDA, na concentração de 105 ufc/g de

matéria natural.

Após a adição dos aditivos, o material foi ensilado em silos de PVC com 10 cm

de diâmetro e 50 cm de altura, adaptados com válvula tipo Bunsen para escape de gases,

e com densidade de aproximadamente 600 kg de forragem na matéria natural por m³.

Os silos foram confeccionados em outubro de 2015 e foram acondicionados em

um galpão coberto visando proteger de chuva, vento, sol e posteriormente transportados

para a Universidade Federal da Paraíba, onde foram realizadas as demais análises no

Laboratório de Forragicultura da Universidade Federal da Paraíba- Campus Areia,

UFPB.

Delineamento Experimental

Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x3,

sendo quatro tipos de aditivo: SS- silagem de sorgo sem aditivo; SSI- silagem de sorgo

aditivado com inoculante Lactobacillus buchneri (105 ufc/g MN); SSU- silagem de

sorgo aditivado com ureia (1% MS); SSIU- silagem de sorgo com ureia (1% MS) e

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inoculante (105 ufc/g MN) e três tempos de exposição ao ar: 0, 48 e 96h. O tempo 0 h

corresponde aos silos aberto após 110 dias de fermentação, com três repetições.

Populações microbianas e perfil fermentativo das silagens

A avaliação microbiológica foi realizada de acordo com as recomendações de

González e Rodriguez (2003), o plaqueamento foi realizado em duplicata para cada

meio de cultura. As populações foram determinadas pela técnica seletiva de culturas em

meio anaeróbio, utilizando o meio Ágar Rogosa para contagem de lactobacillus (após

incubação de 48 horas em BOD à temperatura de 37° C), e o meio Ágar BDA (Batata

Dextrose Ágar) acidificado com ácido tartárico a 1%, para contagem de leveduras e

mofos (após 5 dias de incubação à temperatura ambiente). As placas consideradas

susceptíveis à contagem foram aquelas em que havia valores entre 30 e 300 ufc

(unidade formadora de colônia).

A determinação do pH foi realizada de acordo com a metodologia de Bolsen et al.

(1992), com adaptações. A quantificação dos teores de nitrogênio amoniacal foi

realizada de acordo com a metodologia de Bolsen et al. (1992).

A análise de capacidade tampão foi realizada conforme descrito por Playne e

McDonald (1966). Para a determinação dos carboidratos solúveis totais (CS) utilizou-se

o método do ácido sulfúrico concentrado, descrito por Dubois et al. (1956), com

adaptações de Corsato et al. (2008). Os teores de CS foram calculados em g x 100 mL-1

,

com base na solução e posteriormente, ajustado com base na matéria seca de cada

amostra utilizada. A análise de ácidos orgânicos foi realizada por cromatografia líquida

de alta resolução, de acordo com a metodologia de Kung Jr e Ranjit (2001).

Análises Bromatológicas

Foi retirada uma amostra do Sorgo Volumax (Sorghum bicolor AGX-213) in

natura e foram encaminhadas ao Laboratório de Nutrição Animal da Escola de

Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA para análise da composição bromatológica

(Tabela 1).

Foram coletadas amostras de cada tratamento nos tempo 0, 48 e 96 horas de

exposição ao ar, para a avaliação da composição bromatológica, as quais foram

submetidas a pré-secagem em estufa de circulação forçada de ar por um período de 72h

a 55ºC, as amostras foram moídas a 1mm, em moinho de faca tipo Willey, e

posteriormente foram realizadas análise de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),

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extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), de acordo com metodologia 934.01; 942.05;

920.39; 968.06; respectivamente, conforme descrito pela AOAC (2005). Para

determinação da fibra em detergente neutro (FDN) utilizou a metodologia descrita por

Mertens (2002). Os carboidratos não fibrosos foram estimados pelas equações de

Sniffen et al. (1992), através da fórmula: CNF= 100 – (MM + PB + EE + FDN).

Tabela 1. Composição química do sorgo Volumax (Sorghum bicolor AGX-213) in

natura

Sorgo (Sorghum bicolor)

MS (%) 33,14

MO1

96,54

MM1

3,46

EE1

4,48

PB1

4,69

FDN1 61,55

CNF1

25,82

CS1

16,43 MS- Matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; EE- extrato etéreo; PB- proteína bruta;

FDN- fibra em detergente neutro; CNF- carboidrato não fibroso; CS- carboidratos solúveis; 1- 1% MS;

Estabilidade aeróbia

Os mini-silos foram abertos aos 110 dias, foi padronizado 1 kg de silagem de cada

tratamento e suas repetições, nos quais foram tranferidos para outros mini-silos maiores

onde permanecerem expostas ao ar, em temperatura ambiente controlada (25ºC), por um

periodo de até 96 horas.

A mensuração da temperatura foi realizada a cada 1 hora de exposição ao ar (0 a

96 horas) sendo aferidas três temperaturas: ambiente (com auxílio de um termômetro

suspenso ao ar), superficial (utilizando um termômetro infravermelho digital) e interna

(através de um termômetro de mercúrio utilizado a 10 cm dentro da massa ensilada).

Foram realizadas três medições em pontos diferentes dentro dos mini-silos, a fim

de ter um resultado homogêneo, e posteriormente realizada uma média. A estabilidade

aeróbia foi calculada pelo número de horas (até 96 horas) em que a silagem se manteve

estável antes de atingir 2ºC acima da temperatura ambiente, de acordo com a técnica

usada por Taylor et al. (2002). Foi calculada a amplitude términa (ºC), a partir da

diferença entre a temperatura máxima e temperatura mínima. Foi registrado a tempetura

máxima (ºC) das silagens.

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Análises Estatísticas

Foi utilizado um delineamento experimental inteiramente casualizado em

esquema fatorial 4x3 (4 aditivos e 3 tempos de exposição ao ar (0, 48 e 96h)), os quais

foram submetidos a análise de variância- SAS, e quando apresentados diferenças

significativas foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de significância. Para as

variáveis em que o efeito de interação foi significativo, o mesmo foi desdobrado, sendo

avaliado o efeito de cada silagem dentro de cada tempo de exposição ao ar, através do

teste de Tukey a 5% de significância.

O modelo utilizado foi:

Yij= µ + Si + PFj + (Si x PF)ij + €ij

Onde:

Yij = resposta observada;

µ: média geral;

Si: efeito das silagens;

PFj: tempo de exposição j, j (0, 48 e 96 horas);

(Si x PF)ij: efeitos da interação entre as silagens e o período de fermentação;

€ij: erro aleatório associado a cada observação;

Os dados referentes às populações microbianas foram transformados em log 10, e

foi utilizada análise descritiva, visto que as amostras foram agrupadas para cada

tratamento.

RESULTADOS

Houve interação entre o tempo de exposição ao ar e os aditivos (P<0,05) para os

teores de matéria mineral (MM), toeres de proteína bruta (PB) e teores de extrato etéreo

(EE) (Tabela 2).

Observou-se maior teor de matéria seca (MS) para a SSUI (P<0,01), foi verficado

menores teores de MS para a SS e SSI. Os tempos de exposição ao ar influenciaram o

teor de MS (P<0,01), observando-se maior teor de MS no tempo de exposição ao ar de

96 horas (Tabela 2).

O teor de fibra em detergente neutro (FDN) e os carboidratos não fibrosos (CNF)

não foram influenciados pelos aditivos, (P=0,42) e (P=0,19), respectivamente. Os

tempos de exposição ao ar não afetaram (P=0,08) os teores de FDN, contudo

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influenciaram os teores de CNF (P=0,02), foi observado maior teor de CNF no tempo

de 0 hora de exposição ao ar, os teores de CS diminuiram à medida que as silagens

ficaram expostas ao ar (Tabela 2).

.

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87

Tabela 2. Composição química das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano abertas com 110 dias e

expostas ao ar por 0, 48 e 96 horas

Variável

(%)

Silagens Tempo de exposição ao ar EPM

1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI 0 48 96 Silagens Tempo S x T3

MS 39,41b 40,19b 41,19ab 41,46a 40,02b 40,20b 41,48a 0,40 <0,01 <0,01 0,96

MM 4,12 4,17 4,11 4,08 4,00 4,22 4,15 0,06 0,76 0,02 0,03

PB 5,11 5,08 5,79 5,58 5,20 5,23 5,75 0,09 <0,01 <0,01 0,02

EE 1,55 1,85 1,97 1,92 2,00 1,68 1,79 0,15 0,28 0,28 0,02

FDN 64,64 66,22 66,41 66,46 66,55 66,13 67,12 0,83 0,42 0,08 0,33

CNF 24,57 23,67 21,96 21,95 24,99a 22,74ab 21,39b 0,93 0,19 0,02 0,89

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem de sorgo com ureia e inoculante; MS- matéria

seca; MM- matéria natural; PB- proteína bruta; EE- extrato etéreo; FDN- fibra em detergente neutro; CNF-carboidrato não fibroso; EPM1 = Erro Padrão da

Média. P-Valor2 = Probabilidade significativa ao nível de 5%; Int

3 = Interação entre as silagens e os tempos de exposição ao ar; Médias seguidas de letras

distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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No tempo de 0 hora de exposição ao ar, não foi observado diferença do teor de

matéria mineral (MM) entre as silagens (P>0,05). No tempo de 48 horas de exposição

ao ar, não foi observado diferença do teor de MM entre as silagens (P>0,05). No tempo

de 96 horas de exposição ao ar, não foi observado diferença do teor de MM entre as

silagens (P>0,05) (Figura 1-A).

Dentre os tempos de exposição ao ar houve diferença nos teores de MM para

cada silagem. Verificou-se um aumento no teor de MM para a SS à medida que as

silagens ficaram expostas ao ar. Houve um aumento no teor de MM para a SSUI, no

tempo de 48 horas, e uma redução no tempo de 96 horas (P<0,05). Na SSI e SSU não

foram encotradas diferenças entre os tempos de exposição ao ar (Figura 1- A).

No tempo de 0 hora de exposição ao ar, não foi observado diferença do teor de

extrato etéreo (EE) entre as silagens (P>0,05). No tempo de 48 horas de exposição ao ar

não foi observado diferença do teor de EE entre as silagens (P>0,05). No tempo de 96

horas de exposição ao ar, não foi observado diferença do teor de EE entre as silagens

(P>0,05) (Figura 1-B).

Dentre os tempos de exposição ao ar houve diferença nos teores de EE para cada

silagem. Verificou-se menores teores de EE na SS, para o tempo de 48 horas e um

posterior aumento, no tempo de 96 horas (P<0,05). Houve redução no teor de EE para

SSUI, no tempo de 96 horas (P<0,05). Na SSI e SSU não foram encotradas diferenças

entre os tempos de exposição ao ar (Figura 1- B).

Figura 1. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de exposição ao ar. A-

Matéria Mineral (%MS); B- Extrato Etéreo (%MS). C- Proteína Bruta (%MS).

A

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89

Letras minúsculas diferem entre as silagens dento do tempo de exposição ao ar;

Letras maiúsculas diferem entre os tempos de exposição ao ar dentro de cada silagem;

Nos tempos de 0, 48 e 96 horas de exposição ao ar, foram observados diferenças

dos teores de proteina bruta (PB) entre as silagens (P<0,05). Constatou-se maiores

teores de PB para as SSU e a SSUI, menores teores foram encontrados para a SS e SSI

(Figura 1-C).

Dentre os tempos de exposição ao ar houve diferença nos teores de PB para cada

silagem. Verificou-se menores teores de PB na SSU e SSUI, para o tempo de 0 e 48

horas (P<0,05), na SS e SSI não foram encontradas diferenças (P>0,05) (Figura 1- C).

Houve interação (P<0,01) para as variáveis de perfil fermentativo das silagens

(Tabela 3). No tempo de 0 hora de exposição ao ar, foi observado diferença para os

valores de pH entre as silagens (P<0,05). Verificou-se maior valor de pH para SSUI,

menores valores de pH foram encontrados para SS e SSI. No tempo de 48 e 96 horas de

B

C

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exposição ao ar, observaram-se maiores valores de pH para a SSU (P<0,05) (Figura 2-

A).

Dentre os tempos de exposição ao ar, houve diferença nos valores de pH para cada

silagem. Verificou-se um aumento dos valores de pH para todas as silagens, a medida

que as silagens ficaram expostas ao ar (P<0,05), exceto para SSUI que não foram

encotradas diferenças (Figura 2- A).

Nos tempos de 0, 48 e 96 horas foram observados maiores valores de capacidade

tampão (CT) para a SSI, os menores valores foram encontrados para a SSU (Figura 2-

B).

Dentre os tempos de exposição ao ar, houve diferença nos valores de CT para

cada silagem. Verficou-se uma redução nos valores de CT para SS e SSU à medida que

as silagens ficaram expostas ao ar (P<0,05). Observou-se um aumento no valor de CT

para SSI, à medida que ficou exposta ao ar (P<0,05). Observou-se um aumento no valor

de CT para a SSUI no tempo de 48 horas e uma posterior redução, no tempo de 96 horas

(Figura 2- B).

No tempo 0 hora foi observado maior teor de nitrogênio amoniacal para a SS,

verificou-se menor teor de nitrogênio para a SSI (P<0,05). Nos tempos de 48 e 96 horas

constataram-se maiores teores de nitrogênio para a SSI e menores valores de nitrogênio

para a SSU (P<0,05) (Figura 2- C).

Dentre os tempos de exposição ao ar, houve diferença nos teores de nitrogênio

amoniacal para cada silagem. Verificaram-se um aumento nos teores de nitrogênio para

as silagens, no tempo de 48 horas, e uma posterior redução nos teores de nitrogênio

amoniacal, no tempo de 96 horas (P<0,05) (Figura 2- C).

No tempo 0 hora, foram observados maiores teores de carboidratos solúveis (CS)

para a SS e SSI, verificou-se menor teor de CS para a SSU (P<0,05). No tempo de 48

horas constatou-se maior teor de CS para a SSUI (P<0,05). No tempo de 96 horas o

maior teor de CS foi encontrado para a SSUI (P<0,05) (Figura 2- D).

Dentre os tempos de exposição ao ar, houve diferença nos teores de CS para cada

silagem. Observou-se que para a SSI, SSU e SSUI os teores de CS aumentaram com o

decorrer do tempo de exposição ao ar. Na SS houve um aumento no teor de CS para o

tempo de 48 horas e uma diminuição posteriormente, no tempo de 96 horas (Figura 2-

D).

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Tabela 3. Perfil fermentativo das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano abertas com 110 dias e

expostas ao ar por 0, 48 e 96 horas

Variável Silagens

Tempo de exposição ao

ar EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI 0 48 96 Silagens Tempo S x T3

pH 3,73 3,72 3,93 3,76 3,71 3,73 3,88 0,01 <0,01 <0,01 <0,01

CT (e.mg) 37,27 60,32 25,60 52,84 46,05 46,02 39,95 0,79 <0,01 <0,01 <0,01

N-NH3(%Ntotal) 2,58 3,06 2,01 3,23 2,39 3,82 1,95 0,11 <0,01 <0,01 <0,01

CS (% MS) 5.82 4,91 4,18 3,31 5,19 6,49 1,98 0,22 <0,01 <0,01 <0,01

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem de sorgo com ureia e inoculante. pH-

potencial hidrogeniônico; CT- capacidade tampão; N-NH3- nitrogênio amoniacal; CS- carboidratos solúveis; EPM1 = Erro Padrão da Média. P-Valor

2 =

Probabilidade significativa ao nível de 5%; Int3

= Interação entre as silagens e os tempos de exposição ao ar; Médias seguidas de letras distintas na linha

diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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91

Figura 2. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de exposição ao ar. A-

pH. B- Capacidade Tampão (e.mg). C- Nitrogênio Amoniacal (%N Total). D- Carboidratos

Solúveis (%MS).

A

B

C

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92

Letras minúsculas diferem entre os tratamentos dento do tempo de exposição ao ar;

Letras maiúsculas diferem entre os tempos de exposição ao ar dentro de cada tratamento;

Houve interação (P<0,01) para o ácido lático, o ácido acético e etanol (Tabela 4). Nos

tempos 0 e 48 horas foram observados maiores concentrações de ácido lático para a SS, as

menores concentrações foram encontradas para a SSI (P<0,05). No tempo de 96 horas

constatou-se menor concentração de ácido lático para a SSU (P<0,05). (Figura 3- A).

Dentre os tempos de exposição ao ar, houve diferença nas concentrações do ácido

lático para cada silagem. Observaram-se que para o SS, SSU e SSUI as concentrações de

ácido lático aumentaram com 48 horas e depois diminuíram, no tempo de 96 horas, para

uma concentração menor que o tempo de 0 hora. Na SSI a concentração do ácido lático foi

decrescendo com o aumento do tempo de exposição ao ar (Figura 3- A).

Tabela 4. Teor de ácidos orgânicos e etanol das silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano abertas com 110 dias e expostas ao ar por 0, 48 e 96 horas

Variável

(%MS)

Silagens Tempo de

exposição ao ar EPM3

P-Valor1

SS SSI SSU SSUI 0 48 96 Silagens Tempo S x T3

Ac. Lático 3,73 2,15 2,71 2,84 3,23 3,31 2,04 0,05 <0,01 <0,01 <0,01

Ac. Acético 0,59 1,95 0,49 1,70 1,46 1,33 0,75 0,02 <0,01 <0,01 <0,01

Etanol 0,48 0,36 0,42 0,27 0,34 0,47 0,34 0,01 <0,01 <0,01 <0,01

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem de sorgo com

ureia e inoculante; P-Valor1 = Probabilidade significativa ao nível de 5%; Int

2 = Interação entre as silagens e os tempos de

exposição ao ar; EPM3= Erro Padrão da Média. Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo

teste de Tukey a 5% de probabilidade.

No tempo 0 hora, foram observados maiores concentrações de ácido acético para a SSI

e SSU, verificou-se menor concentração para a SS (P<0,05). Nos tempos de 48 e 96 horas

D

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constaram-se maiores concentrações para a SSI, menores concentrações de ácido acético

para a SSU (P<0,05) (Figura 3- B).

Dentre os tempos de exposição ao ar, houve diferença nas concentrações do ácico

acético para cada silagem. Observaram-se menores concentrações de ácido acético para

todas as silagens, à medida que ficaram expostas ao ar (P<0,05) (Figura 3- B).

No tempo 0 hora, foi observado maior concentração de etanol para a SSU, verificou-se

menor concentração para a SSI (P<0,05). No tempo de 48 horas, constatou-se maior

concentração de etanol para a SS, menor concentração de etanol foi encontrado para SSUI

(P<0,05). No tempo de 96 horas, verificou-se maior concentração de etanol para a SS,

menor concentração de etanol foi encontrado para SSI (Figura 3- C).

Dentre os tempos de exposição ao ar, houve diferença nas concentrações de etanol

para cada silagem. Observaram-se maiores concentrações de etanol para o tempo de 48

horas nas SS, SSI e SSUI, e uma posterior redução, no tempo de 96 horas. Na SSU a

concentração de etanol diminuiu ao decorrer do tempo de exposição ao ar (P<0,05) (Figura

3- C).

Figura 3. Valores médios de interação entre os aditivos e os tempos de exposição ao ar. A-

Ácido Lático (%MS). B- Ácido Acético (%MS). C- Etanol (%MS).

A

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Letras minúsculas diferem entre os tratamentos dento do tempo de exposição ao ar;

Letras maiúsculas diferem entre os tempos de exposição ao ar dentro de cada tratamento;

Foi observado um número menor de bactérias do gênero lactobacillus (BAL) em todas

as silgens para o tempo de 48 horas de exposição ao ar. Verificou-se um número maior das

BAL para o tempo de 96 horas de exposição ao ar (Tabela 5).

Observou-se um maior número de mofos para a SS e SSUI para o tempo de 48 horas

de exposição ao ar, verificou-se um número menor de mofos para a SSI e SSU para o tempo

de 48 horas. Constatou-se maior contagem dos mofos para a SS, SSU e SSUI para o tempo

de 96 horas, não foi encontrado mofos na SSI (Tabela 5).

Foi observado um número menor de leveduras para a SS, SSI e SSUI, no tempo de 48

horas de exposição ao ar, o tempo de 96 horas constatou-se um maior número de leveduras

para todas as silagens (Tabela 5).

B

b

C

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95

Tabela 5. Contagem de populações microbianas em silagens de sorgo aditivadas com ureia e

inoculante microbiano expostas ao ar por até 96 horas

Tempos de

exposição ao

ar

Silagens

SS SSI SSU SSUI

Bactérias ácido láticas (log ufc/g forragem)

0 8,34 8,30 8,16 7,85

48 4,86 4,07 5,43 Nd¹

96 5,61 6,48 6,48 4,44

Mofos (log ufc/g forragem)

0 2,91 3,63 3,70 3,55

48 2,97 3,43 3,36 3,86

96 4,82 Nd 7,75 5,12

Leveduras (log ufc/g forragem)

0 2,64 3,08 3,50 2,65

48 1,48 3,06 4,26 2,45

96 5,56 5,48 6,30 4,48 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; Nd¹= não detectado.

Observou-se que a silagem de sorgo com ureia (SSU) apresentou uma maior

temperatura interna máxima das silagens, superando a silagem de sorgo sem aditivo. A SSUI

apresentou uma menor temperatura interna. A amplitude térmica também foi maior para a

SSU e menor para a SSUI. Verficiou-se que a estabilidade aeróbia foi quebrada, em 62

horas, para a SSU e uma maior estabilidade foi encontrada para a SSUI, seguida da SSI e SS

(Tabela 6).

Tabela 6. Valores médios de temperatura máxima interna dos mini-silos (ºC), amplitude

térmica e estabilidade aeróbia (horas) das silagens expostas ao ar por 96 horas

Sialgens Temperatura

Máxima (ºC)

Amplitude

Térmica (ºC)

Estabilidade

Aeróbia (horas) EPM

1

SS 30,93 6,0 84 0,02

SSI 28,40 3,8 84 0,54

SSU 43,00 18,0 62 0,54

SSUI 27,80 2,6 86 0,86

SS- Silagem de Sorgo; SSI- Silagem de Sorgo com Inoculante; SSU- Silagem de Sorgo com Ureia; SSUI-

Silagem de Sorgo com ureia e inoculante; EPM1 Erro padrão da média

A temperatura superficial das silagens ficou dentro da temperatura que é considerável

estável, 25ºC (<2ºC), variando de 21,43ºC a 26,47ºC, pode-se perceber que a silagem de

sorgo aditivada com ureia apresentou um aumento de temperatura superficial a partir de 75

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96

horas, chegndo a 26,70ºC, contudo está dentro da variação dos 2ºC. A silagem de sorgo

aditivada com ureia e inoculante apresentou menores temperaturas superficiais (Figura 4-

A).

Verificou-se que a temperatura interna permaneceu estável por até 86 horas para a

SSUI, a SS e SSI permaneceram estáveis por até 82 horas e a SS permaneceu estável

somente por 62 horas de exposição ao ar (Figura 4-B).

Figura 4. Estabilidade aeróbia das silagens de sorgo aditivadas com ureia e inoculante

microbiano. A- Temperatura Superficial. B- Temperatura Interna e Temperatura Ambiente

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; TA- Temperatura Ambiente;

20

21

22

23

24

25

26

27

28

1h

5h

9h

13

h

17

h

21

h

25

h

29

h

33

h

37

h

41

h

45

h

49

h

53

h

57

h

61

h

65

h

69

h

73

h

77

h

81

h

85

h

89

h

93

h

Tem

pera

tura

(ºC

)

Tempo (horas)

SS SSI SSU SSUI

20

25

30

35

40

45

1h

5h

9h

13

h

17

h

21

h

25

h

29

h

33

h

37

h

41

h

45

h

49

h

53

h

57

h

61

h

65

h

69

h

73

h

77

h

81

h

85

h

89

h

93

h

Tem

pera

tura

(ºC

)

Tempo (horas)

SS SSI SSU SSUI TA

A

B

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DISCUSSÃO

A silagem de sorgo sem aditivo apresentou um menor teor de matéria seca (MS),

contudo ocorreu um aumento da MS e da MM à medida que a silagem foi exposta ao ar.

Não houve efeito para a PB, o EE, a FDN e os CNF. Porém para os tempos de exopsiçao ao

ar, os teores de CNF diminuíram. O aumento no teor de MS está associado a perdas na

fermentação decorrentes da produção de água, gás e calor, ou por efluentes (VAN SOEST,

1994), o aumento nos teores de MM está relacionado com o consumo dos CNF quando a

silagem é exposta ao ar, onde se encontram os nutrientes mais digestíveis, ocorrendo uma

diminuição da matéria orgânica, e consequentemente aumentando a matéria mineral

(ASHBELL, 1995).

A silagem de sorgo sem aditivo apresentou menor valor de pH, menor valor de

capacidade tampão, teores de nitrogênio amoniacal maior para o tempo de 48 horas de

exposição ao ar e uma posterior redução a 96 horas, e maiores teores de carboidratos

solúveis. Foi encontrado maiores concentrações de ácido lático, menores concentrações de

ácido acético e uma produção de etanol variando de 0,4 a 0,6% MS.

O maior teor de CS no momento da abertura associado a maior concentração de ácido

lático e um menor valor de pH, propicia a proliferação de leveduras e mofos, uma vez que os

CS residuais e o ácido lático servem de substratos para esses microrganismos indesejáveis,

acentuando a sua mutiplicação quando a silagem é exposta ao ar, ocorrendo maior produção

de etanol e consequentemente perdas por gases, reduzinado a estabilidade aeróbia dessas

silagens. De acordo com McDonald (1991), a atividade metabólica das leveduras também

implica em aumento do pH, devido ao consumo de ácido lático, valores de pH próximos de

5 a 6 permite o desenvolvimento dos fungos e bactérias encontrados nas silagens expostas a

deterioração aeróbia.

Contudo, apesar da silagem de sorgo sem aditivo ter apresentando maiores teores de

CS e concentração de ácido lático, e menor valor de pH, devido a menor capacidade tampão,

o número de mofos e leveduras foram menores que a silagem aditivada com ureia, com isso

a produção de etanol não foi demaseada, mesmo que tenha apresentado valores um pouco

mais alto que as demais silagens.

A temperatura máxima e a amplitude térmica do interior da silagem sem aditivo foi

superior às silagens aditivadas com inoculante e com os dois aditivos associados, porém foi

menor quando comparada a silagem aditivada com ureia. A estabilidade aeróbia foi

semelhante à silagem de sorgo com o inoculante e apresentou melhor estabilidade que a

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silagem de sorgo com ureia, uma vez que essa silagem necessitou de maior tempo para

apresentar deterioração aeróbia. O aumento da temperatura na silagem é um indicativo de

deterioração, visto que ocorrem intensas reações promovidas por fungos filamentosos,

leveduras e bactérias aeróbias (AMARAL et al., 2008). Era esperado que essa silagem

apresentasse uma menor estabilidade aeróbia devido às características apresentadas, no

entanto, vale ressaltar que esse comportamento foi observado por até 96 horas (4 dias) de

exposição ao ar, é possível que a partir de um maior tempo de exposição ocorra maior

número de leveduras e mofos e consequentemente aumente as perdas e a deterioração das

silagens, diminuindo a estabilidade aeróbia. Como foi observado por Gerlach et al. (2013),

que na abertura dos silos todas as silagens apresentaram baixas concentrações de leveduras,

fungos e bactérias aeróbias. No entanto, houve um rápido crescimento de leveduras até o dia

8, sendo mais acentuado a partir do dia 4.

A silgem de sorgo aditivada com Lactobacillus buchneri apresentou teor de MS mais

baixo, contudo esses teores aumentaram à medida que ficaram expostas ao ar, não

apresentando efeito para MM, EE, FDN e CNF, todavia para os tempos de exposição ao ar,

os teores de CNF diminuíram. Os teores de PB foram menores que as silgens aditiadas com

ureia, no entanto não houve diferença em relação aos tempos de exposição ao ar. A redução

dos CNF nessa silagem demonstra a utilização dos carboidraos solúveis (CS) pelos

microrganismos à medida que a silagem foi exposta ao ar.

Observou um menor valor de pH, um maior valor de capacidade tampão, um teor de

nitrogênio amoniacal maior para o tempo de 48 horas e uma posterior redução, assim como

um maior teor de CS para o tempo de 48 horas e uma redução no tempo de 96 horas.

Apresentou menor concentração de ácido lático e maior concentração de ácido acético, no

entanto essas concentrações diminuíram ao longo do tempo de exposição ao ar. Ocorreu

diminuição na produção de etanol, com um aumento às 48 horas e uma posterior diminuição.

Apesar de ter apresentando alta capacidade tampão, o valor de pH foi baixo, o que não

era esperado, visto que o Lactobacillus buchneri produz além de ácido lático, ácido acético

que eleva o pH das silagens, tamponando o meio, evitando a proliferação de leveduras e

mofos, e consequentemente reduzindo as perdas por gases, através da produção de etanol,

melhorando a estabilidade aeróbia das silagens. Não é desejável alta capacidade tampão no

momento da abertura, uma vez que pH maiores que 4,5 deixam o meio propício para

proliferação de outros microrganismos deteriorantes, como os Bacillus spp, além dos

clostrídeos e enterobactérias. O ideal é que ocorra a redução do pH, através da produção de

ácido lático, para que a ocorra fermentação adequada na silagem.

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Os teores mais altos de CS presentes na silagem de sorgo com o inoculante no

momento da abertura, quando comparados a silagem de sorgo com ureia e a associação dos

dois aditivos, demonstrou que existia CS residuais disponíveis para os microrganimos

indesejáveis proliferarem, contudo a concentração de ácido lático foi reduzida, sendo

inversamente proporcional a concentração de ácido acético, o que colaborou para controlar a

produção de mofos e leveduras, diminuindo a produção de etanol.

A temperatura máxima e a amplitude térmica encontrada nessa silagem demonstram

que esta se apresentou estável ao logo do tempo de exposição ao ar, com pequenas variações

de temperatura, o que refletiu no maior tempo de estabilidade quando comparado à silagem

de sorgo aditivado com ureia, indicando que a adição do inoculante pode auxiliar no

retardamento das reações que provocam o aquecimento da massa ensilada, no entanto, a

silagem sem aditivo apresentou estabilidade aeróbia semelhante. De acordo com Jobim et al.

(2007), a temperatura ambiente, o tempo de exposição ao ar, as concentrações de

carboidratos solúveis e ácidos orgânicos em interação com o pH, são os parâmetros que mais

afetam a estabilidade das silagens durante a fase de utilização.

A silagem de sorgo aditivada com ureia apresentaram teores mais elevados de matéria

seca e de proteína bruta, não houve efeito para a MM, o EE, a FDN e os CNF, contudo os

teores de CNF diminuíram ao logno do tempo de exposição ao ar. A adição de 1% de ureia

na silagem não foi suficiente para evitar as perdas por gases e calor, uma vez que os teores

de MS aumentaram ao longo do tempo de exposição ao ar. Não foi observado efeito ação da

ureia sobre os teores de FDN, solubilizando, principalmente a hemicelulose, provavelmente

a ausência desse efeito está relacionada com a rápida e eficiente incorporação da amônia à

massa ensilada, em função da elevada acidez e, dessa maneira, a amônia seria neutralizada

no silo, não promovendo a ação de hidrólise alcalina.

Verificou-se valor de pH mais alto, menor valor de capacidade tampão, menor teor de

nitrogênio amoniacal, menor teor de CS, com um aumento a 48 horas e uma diminuição a 96

horas. Ocorreu maior concentração de ácido lático e menor concentração de ácido acético e

uma produção de etanol maior que a silagem de sorgo com inoculante. Apesar do pH um

pouco mais alto nessa silagem, o 1% de ureia adicionado a matéria seca não foi eficiente

para tamponar o meio, uma vez que a capacidade tampão foi menor, provavelmente isso

aconteceu pela incorporação de grande parte da amônia à massa ensilada.

Mesmo apresentando menores teores de carboidratos solúveis residuais nas silagens de

sorgo aditivada com ureia, ocorreu a proliferação de mofos e leveduras, o que pode está

associada a maior concentração de ácido lático, que também serve de substrato para esses

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microrganismos. Tabacco et al. (2011) e Carvalho et al. (2014) também verificaram redução

do ácido lático associado ao aumento da população de leveduras em silagens expostas ao

oxigênio. A presença das leveduras é indesejável devido ao consumo de açúcares e liberação

de CO2, ocasionando perda de matéria seca e produção de calor, provocando aumento de

produtos da reação de “Maillard” (JOBIM et al., 1997). A produção de etanol está associada

ao número de leveduras encontradas nessa silagem, que foi maior que as demais silagens.

A temperatura máxima e a amplitude térmica encontrada nessa silagem demonstram

que ocorreu deterioração ao logo do tempo de exposição ao ar, refeltindo em um aumento de

temperatura, chegando a mais de 40ºC, reduzindo a estabilidade aeróbia, uma vê que em 62

horas de exposição ao ar começou o aumento de temperatura. Demonstrando que a

associação de ureia na silagem de sorgo não apresentou resultados positivos na redução de

mofos, leveduras e na estabilidade aeróbia.

CONCLUSÃO

A silagem de sorgo Volumax possui características químicas, fermentativas e

microbiológicas que garantem uma silagem de boa qualidade, permanecendo estável por um

período de 84 horas.

A atuação do Lactobacillus buchneri na silagem de sorgo mostrou-se eficaz na

redução de leveduras e mofos, e consequentemente redução na produção de etanol e

melhoria na estabilidade aeróbia, uma vez que houve aumento na concentração de ácido

acético. No entanto seu efeito pode ser mais expressivo em silagens que possuem maiores

teores de carboidratos solúveis.

A dose de ureia utilizada no trabalho não foi suficiente para impedir o crescimento de

mofos e leveduras, apresentando um leve aumento na produção de etanol e reduzindo a

estabilidade aeróbia da silagem de sorgo.

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101

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Capítulo III

Parâmetros produtivo, metabólicos e características de carcaça de cordeiros

alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

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Parâmetros produtivo, metabólicos e características de carcaça de cordeiros

alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

RESUMO

Objetivou-se avaliar os parâmetros produtivo, metabólicos e características de carcaça e de

carne de cordeiros alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus

buchneri. Foram utilizados 40 ovinos da raça Santa Inês machos, não castrados, com peso

vivo médio inicial de 23 kg ± 2,68. Foram utilizados quatro tratamentos constituídos por:

SS- silagem de sorgo sem aditivo; SSI- silagem de sorgo aditivado com inoculante

Lactobacillus buchneri; SSU- silagem de sorgo aditivado com ureia; SSIU- silagem de

sorgo com ureia e inoculante. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado,

utilizando 4 tratamentos (SS, SSI, SSU e SSUI) e 10 repetições, os quais foram submetidos

a ANOVA-SAS, e comparados pelo teste de Tukey a 5% de significância. O consumo de

matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos

(CNF) e nutrientes digestíveis totais foram maiores para os animais alimentados com a SS

(P<0,05), menor consumo de extrato etéreo foi observado para os animais que consumiram a

SSI, menor consumo de fibra em detergente neutro foi verificado para os animais

alimentados com SSUI. O coeficiente de digestibilidade do EE foi maior para os animais

que cosumiram a SSU e SSUI, o coeficiente de digestibilidade dos CNF foi maior para os

animais alimentados com SS (P<0,05). O peso vivo final, o ganho de peso total e o ganho

médio diários dos animais alimentados com a SSU e SSUI foram superiores (P<0,05) entre

as silagens. Os níveis séricos de ureia foram maiores para os animais alimentados com a SS

(P<0,05). O nitrogênio ingerido e nitrogênio absorvido foram maiores para os animais que

consumiram as SS e SSU. O nitrogênio e a proteína microbiana e a eficiência microbiana

foram superiores para os animais alimentados com a SSUI (P<0,05). O comprimento

externo, largura de tórax, profundidade de tórax, perímetro de perna, conformação,

acabamento e engorduramento foram maiores para os animais que foram alimentados com a

SSUI (P<0,05). O peso vivo ao abate e o peso de carcaça quente foram superiores para os

animais alimentados com a SSUI (P<0,05). Os parâmetros de cor, L*, b* e a EGS

apresentaram diferença significativa (P<0,05) entre as silagens. A composição química não

foi influenciada pelas silagens (P>0,05). A silagem de sogro sem aditivo apesar de ter

proporcionado maior consumo de nutrientes para os animais, afetou negativamente o

desempenho e as características de carcaças. Não foi encontrado efeito positivo da adição do

inoculante a silagem de sorgo, isoladamente, uma vez que o consumo de nutrientes, o

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desempenho e as características de carcaça dos cordeiros foram afetados negativamente. A

silagem de sorgo com ureia e a silagem de sorgo aditivada com ureia e inoculante

proporcionaram os melhores resultados.

Palavras-chave: consumo, desempenho, digestibilidade, rendimentos

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Productive, metabolic parameters and carcass characteristics of lamb fed with

sorghum silages supplemented with urea and Lactobacillus buchneri

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the productive, metabolic parameters and carcass

and meat characteristics of lambs fed with sorghum silages supplemented with urea and

Lactobacillus buchneri. A total of 40 male Santa Ines lambs, not castrated, with a mean

initial live weight of 23 kg ± 2.68 were used. Four treatments were used: SS- sorghum silage

without additive; SSI- sorghum silage supplemented with inoculant Lactobacillus buchneri;

SSU- sorghum silage additive with urea; SSIU- sorghum silage with urea and inoculant. The

experimental design was completely randomized, using 4 treatments (SS, SSI, SSU and

SSUI) and 10 replicates, which were submitted to ANOVA-SAS, and compared by Tukey's

test at 5% significance. Consumption of dry matter (DM), organic matter (OM), crude

protein (CP), non-fibrous carbohydrates (CNF) and total digestible nutrients were higher for

SS-fed animals (P<0.05), lower consumption of ethereal extract was observed for animals

that consumed SSI, lower consumption of neutral detergent fiber was verified for animals

fed SSUI. The digestibility coefficient of the EE was higher for the SSU and SSUI animals,

the CNF digestibility coefficient was higher for the animals fed with SS (P<0.05). The final

live weight, total weight gain and mean daily weight of the SSU and SSUI fed animals were

higher (P<0.05) among the silages. Serum urea levels were higher for SS-fed animals

(P<0.05). Ingested nitrogen and absorbed nitrogen were higher for animals that consumed

SS and SSU. Nitrogen and microbial protein and microbial efficiency were higher for

animals fed SSUI (P<0.05). The external length, chest width, chest depth, leg perimeter,

conformation, finishing and fattening were higher for the animals that were fed the SSUI

(P<0.05). Live weight at slaughter and warm carcass weight were higher for SSUI fed

animals (P<0.05). The color parameters, L *, b * and EGS presented a significant difference

(P<0.05) between the silages. The chemical composition was not influenced by the silages

(P>0.05). Non-additive sorghum silage, despite providing higher nutrient intakes for

animals, negatively affected carcass performance and characteristics. No positive effect of

adding the inoculant to sorghum silage was observed alone, since the nutrient intake,

performance and carcass characteristics of the lambs were negatively affected. Sorghum

silage with urea, and sorghum silage supplemented with urea and inoculant provided the best

results.

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Keywords: consumption, performance, digestibility, yields

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INTRODUÇÃO

A avaliação de silagem deve contemplar todas as etapas, desde a composição química,

os paramentros de fermentação, análise microbiológica, estabilidiade aeróbia, e o

fornecimento aos animais, avaliando o consumo dos nutrientes, a digestibilidade, o ganho de

peso, eficiência alimentar, além dos parâmetros de carcaça e carne, para que se possa

concluir sobre a qualidade do alimento que está sendo disponibilizado aos animais.

Existem poucos trabalhos mostrando o desempenho e metabolismo de ruminantes

alimentados com silagens aditivadas, seja com aditivos químicos ou biológicos, bem como a

combinação dos dois tipos de aditivos. Tornando-se necessárias mais pesquisas nessa área,

visando esclarecer o consumo, a fermentação ruminal, o ganho de peso e rendimentos de

carcaça desses animais.

O desempenho superior dos animais alimentados com silagens aditivadas com

inoculantes ainda é um efeito desconhecido pela literatura. Algumas hipóteses vêm sendo

levantadas, como um possível efeito probiótico, inibindo microrganismos prejudicais na

silagem e no rúmen, ou produzindo substâncias benéficas que favoreçam os microrganismos

ruminais específicos melhorando o desempenho animal (WEINBERG e MUCK, 1996).

Estudos mostraram que algumas bactérias heterofermentativas (Lactobacillus

buchneri, Lactobacillus brevis) produzem a enzima ferulato-esterases, que aumentam a

degradação da parede celular, liberando mais carboidratos solúveis para a fermentação ou

utilização pelas bactérias do rúmen (NSEREKO et al., 2008), o que pode causar impacto

positivo no desempenho animal, contudo os resultados são escassos e controversos,

demandando mais estudos, visando o efeito dos aditivos nas silagens sobre o desempenho

dos ruminantes.

O uso da ureia em silagens se destaca por atuar na fração fibrosa da forragem,

solubilizando a hemicelulose e aumentando a disponibilidade de substratos prontamente

fermentáveis para os microrganismos do rúmen, além de sua ação fungistática. A utilização

de ureia permite a incorporação de nitrogênio não proteico a forragem, resultando em

incremento na digestibilidade e consumo de matéria seca pelos animais (ROTZ, 1995).

Os trabalhos com desempenho animal não tem correlacionado as consequências da

instabilidade aeróbia sobre a resposta animal, uma vez que as silagens deterioradas são

descartadas. Esse fato demonstra a necessidade de se quantificar o descarte de silagens em

ensaios com animais, e verificar o efeito desse descarte no custo de produção das silagens.

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109

O uso da ureia e do Lactobacillus buchneri melhora o desempenho produtivo dos

cordeiros, com uma eficência alimentar maior, maiores ganhos de peso e rendimentos de

carcaça, com melhor qualidade de carne.

Diante do exposto, objetivou-se avaliar os parâmetros produtivo, metabólicos e

características de carcaça e de carne de ovinos alimentados com silagens de sorgo aditivadas

com ureia e Lactobacillus buchneri.

MATERIAL E MÉTODOS

Local do Experimento

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental de São Gonçalo dos Campos,

pertencentes à Universidade Federal da Bahia, nos períodos de janeiro a abril de 2015. A

temperatura mínima e máxima variou entre 21 e 32ºC respectivamente, com média de

26,5ºC, com precipitação pluviométrica de 86 mm por mês. Esse experimento foi submetido

ao Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Escola de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal da Bahia, sendo aprovado (nº do protocolo 18/2015).

Previamente ao início do experimento foram confeccionadas as silagens de sorgo. O

híbrido do sorgo Volumax (Sorghum bicolor AGX-213) foi plantado na Fazenda

Experimental de São Gonçalo dos Campos, numa área de aproximadamente 0,2 hectares, foi

aplicado superfosfato simples (5 sacos de 50 kg), cloreto de potássio (1 saco) e ureia (1

saco) por hectare, e para a cobertura foi utilizado ureia (4 sacos/ha). O sorgo foi colhido

quando os grãos apresentaram uma consistência pastoso/farináceo, aproximadamente com

100 dias após o plantio, este foi picado em tamanhos de aproximadamente 2 cm em máquina

forrageira etacionária, os quais foram ensilados em silos tipo cincho. Estes foram

confeccionados para possuir aproximadamente 1,5 tonelada de forragem, ao total foram

confeccionados 9 silos cinchos.

As silagens foram constituídas por: SS- silagem de sorgo sem aditivo; SSI- silagem de

sorgo aditivado com inoculante Lactobacillus buchneri (105

ufc/g MN); SSU- silagem de

sorgo aditivado com ureia (1% MS); SSIU- silagem de sorgo com ureia e inoculante. A ureia

foi adicionada ao material picado, sendo pesada com base na matéria seca, e distribuída a

lanço sobre cada camada de forragem. O inoculante comercial Lactobacillus buchneri foi

adicionado de acordo com a recomendação do fabricante Lallemand Brasil LTDA, com

concentração de 105 ufc/g de matéria natural.

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Animais e Dietas experimentais

Foram utilizados 40 ovinos da raça Santa Inês machos, não castrados, com peso vivo

médio inicial de 23 kg ± 2,68. Previamente ao início do experimento, os animais foram

identificados com brincos, everminados, foi realizada a pesagem, sorteados em seus

tratamentos e posteriormente mantidos alojados em baias individuais, com dimensões de 2

m², contendo comedouro e bebedouro.

O concentrado foi composto por farelo de soja, milho moído, sal mineral e ureia. As

dietas foram formuladas numa relação volumoso:concentrado de 50:50, para ganho de 200

gramas por dia, segundo o NRC (2007). Na Tabela 1 estão apresentados a composição

bromatológica dos ingredientes das dietas experimentais.

Tabela 1. Composição química do milho moído (M), do farelo de soja (FS), da silagem de

sorgo (SS), da silagem de sorgo com inoculante (SSI), da silagem de sorgo com ureia (SSU)

e da silagem de sorgo com ureia e inoculante (SSUI)

MS- matéria seca; MM- matéria mineral; EE- extrato etéreo; PB- proteína bruta; FDNcp- fibra em detergente

neutro corrigido pra cinzas e proteína; PIDIN- proteína insolúvel em detergente neutro; FDA- fibra em

detergente ácido; PIDA- proteína insolúvel em detergente ácido; LIG- lignina; HEM- hemicelulose; CEL-

celulose; CNF- carboidrato não fibroso; FDNi- fibra em detergente neutro indigestível;

Análises químicas das dietas experimentais, sobras e fezes

As amostras dos alimentos fornecidos e sobras foram pesadas e registradas na manhã

do dia seguinte. Foram coletadas semanalmente, processadas e armazenadas em freezer a -

20ºC para posteriores análises.

As amostras de sobras e fezes de cada animal foram secas em estufa com ventilação

forçada a 55°C por 72 h e processadas em moinho tipo Willey com peneira de 1 mm. Foram

Variável (%) Ingredientes

M FS SS SSI SSU SSUI

MS 87,42 88,16 33,04 29,40 30,63 29,78

MM 1,38 7,47 3,88 4,61 3,93 3,64

EE 5,10 1,70 2,80 1,40 3,20 3,10

PB 8,66 49,14 7,05 8,49 10,39 9,14

FDNcp 5,92 8,75 59,56 65,14 61,48 60,74

PIDIN (%MS) 0,99 1,48 4,75 5,20 5,10 3,94

FDA 2,48 6,49 34,01 34,1 33,73 35,23

PIDA (%MS) 5,13 19,42 18,00 29,75 23,56 22,54

LIG 0,23 0,18 6,90 12,05 12,11 12,08

HEM 4,49 3,79 25,55 31,04 27,75 25,51

CEL 2,25 6,31 8,32 7,04 10,12 23,2

CNF 78,94 32,94 26,71 20,37 21,10 23,38

FDNi 1,57 1,17 21,24 27,24 23,26 19,71

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submetidas à análise de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE),

proteína bruta (PB), de acordo com metodologia 934.01; 942.05; 920.39; 968.06;

respectivamente, conforme descrito pela AOAC (2005). Para determinação da fibra em

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foi utilizado a metodologia

descrita por Mertens (2002). Em todas as amostras, a FDN foi corrigida para cinza e

proteína, os resíduos da digestão em detergente neutro e detergente ácido foram incinerados

em mufla a 600oC por 4 horas, e a correção para proteína foi efetuada mediante proteína

insolúvel em detergente neutro (PIDN), conforme recomendações de Licitra et al. (1996). Os

carboidratos não fibrosos foram estimados pelas equações de Sniffen et al. (1992). Na

Tabela 2 estão apresentadas as proporções dos ingredientes nas dietas experimentais.

Tabela 2. Proporção dos ingredientes e composição bromatológica das dietas experimentais

Proporção dos ingredientes nas dietas (%)

SS SSI SSU SSUI

Silagem 50,0 50,0 50,0 50,0

Farelo de Soja 20,0 19,5 18,5 17,0

Milho moído 27,5 28,0 29,0 30,5

Mineral 1,5 1,5 1,5 1,5

Ureia 1,0 1,0 1,0 1,0

Composição bromatológica das dietas (%MS)

MS 60,54 57,93 58,58 58,20

MM 3,81 4,14 3,74 3,51

PB 18,53 19,06 19,61 18,38

EE 3,14 2,46 3,40 3,40

FDNcp 33,16 35,94 34,07 33,67

CNF 41,63 38,69 39,52 40,79

NDT 74,97 70,07 72,35 71,77 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI-

silagem de sorgo com ureia e inoculante; MS- matéria seca; MM- matéria mineral; EE- extrato etéreo;

PB- proteína bruta; FDNcp- fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CNF- carboidrato

não fibroso; NDT- nutrientes digestíveis totais

Período Experimental

As dietas foram fornecidas ad libitum, duas vezes ao dia, as 8:00 e 16:00 horas,

durante todo o período experimental, ajustando-se uma sobra diária de aproximadamente 10

a 20% do oferecido por animal.

O período experimental teve duração de 69 dias, sendo os 15 primeiros dias destinados

à adaptação do manejo e as dietas e 54 dias de confinamento. O experimento foi dividido em

3 períodos, com 18 dias cada. Foram realizadas pesagens dos animais no início do

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epxerimento, no período intermediario e no final do experimento, mediante jejum de sólidos

por 16 horas.

Ao final do ensaio experimental foram feitas amostras compostas por período,

congeladas em freezer a -20ºC e posteriormente submetidas a análises bromatológicas no

Laboratório de Nutrição Animal- LANA, da Universidade Federal da Bahia.

Consumo de nutrientes e Desempenho

O consumo de cada nutriente (MS, PB, EE, CNF e FDN) foi obtido pela diferença

entre o total de cada nutriente contido no alimento fornecido e nas sobras, com base na

matéria seca. O consumo de matéria seca em porcentagem do peso corporal (CMS%PC) foi

calculado a partir do consumo de matéria seca (kg) dividido pelo peso médio dos animais e

multiplicado por 100. O consumo de FDNcp em porcentagem do peso corporal

(CFDNcp%PC) foi calculado a partir do consumo de FDNcp (kg) dividido pelo peso médio

dos animais e multiplicado por 100.

O ganho de peso total (GPT) foi calculado a partir da diferença entre o peso final e o

peso inicial de cada animal, em kg, o ganho médio diário (GMD) foi calculado pela razão

entre o ganho de peso total e os dias de confinamento, sem contabilizar o período de

adaptação (54 dias), em kg/dia, a eficiência alimentar (EA) foi calculada pela razão entre o

ganho médio diário dos animais e o consumo de matéria seca.

Ensaio de Digestibilidade

O ensaio de digestibilidade foi realizado no 2º período (05 a 07/03/2015) e 3º período

experimental (11 a 13/04/2015), durante três dias consecutivos, onde foram realizadas coleta

total de fezes. Todos os animais estavam utilizando bolsas coletora, sendo coletados as fezes

total do dia (24h). As fezes eram pesadas e retiradas 20% do total, estes foram

acondicionadas em sacolas plásticas e congeladas em freezer a -20ºC para posteriores

análises.

Os coeficientes de digestibilidade (CD) das frações do alimento (MS, PB, EE, CNF e

FDN) foram obtidos de acordo com a seguinte equação: CD = (kg da fração ingerida – kg da

fração excretada / kg da fração ingerida) × 100. Os teores de nutrientes digestíveis totais

(NDT), das dietas foram obtidos a partir da seguinte equação: NDT (g/kg) = (Consumo de

NDT / Consumo de MS) × 100.

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113

Variavies Sanguíneos

Ao final do período experimental foi realizada a coleta de sangue nos animais, após

quatro horas do fornecimento do alimento, mediante punção a vácuo da veia jugular,

utilizando-se tubos “vacutainer” com anticoagulante (EDTA). O material foi imediatamente

centrifugado a 5000 rpm, durante 15 minutos, acondicionado em tubos “ependorf” e

congelado a -15ºC, para posteriores análises.

No soro obtido foi realizado análises dos metabólicos sanguíneos, os quais foram

utilizados kits comerciais (Bioclin®). Para determinação dos teores de ureia, foi utilizada a

técnica colorimétrica com comprimento de onda de 600 nn. A determinação dos teores

séricos de proteína total foi realizada por meio do método do biureto, com leitura da

coloração da reação obtida em espectrofotômetro em comprimento de onda de 550 nm.

As atividades enzimáticas sérica das enzimas aspartato-aminotransferase e

gamaglutamiltransferase foram determinadas por meio de análise colorimétrica e leitura da

atividade catalisadora efetuada em espectrofotômetro, com temperatura entre 20 e 30°C,

sendo os valores expressos em UI/L (unidade internacional por litro).

Balanço de nitrogênio e eficiência da síntese de proteína microbiana

A coleta de urina foi realizada no final do experimento através de amostras spot,

durante micção espontânea. Aproximadamente 50 mL de urina foram coletadas, filtradas e

uma alíquota de 10 mL foi separada e diluída (40 mL de ácido sulfúrico (0,036 N) e 10 mL

de urina), congeladas para posteriores análises (ureia, ácido úrico, creatinina, nitrogênio,

alantoína, xantina e hipoxantina).

As concentrações de creatinina na urina foram estimadas utilizando-se kits comerciais

(Bioclin®), sendo estes valores utilizados para estimativa do volume urinário dos animais.

Para a estimação das concentrações de ácido úrico e ureia na urina foram determinadas

utilizando-se kits comerciais (Bioclin®). Os teores urinários de alantoína, xantina e

hipoxantina foram determinados por intermédio de métodos colorimétricos, conforme

especificações de Chen e Gomes (1992), sendo o teor de nitrogênio total obtido pelo método

de Kjeldhal (AOAC, 2005).

A excreção de derivados de purinas totais (PT) foi obtida pela soma das quantidades

de alantoína, ácido úrico, xantina e hipoxantina excretadas na urina. A quantidade de purinas

microbianas absorvidas (X, mmol/dia) foi estimada a partir da excreção de derivados de

purinas totais (Y, mmol/dia), por meio das equações propostas por Chen e Gomes (1992),

para ovinos:

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114

Y= 0,84X + (0,150PV0,75

e -0,25X)

Em que: Y é a excreção de derivados de purina (mmol/diaa) e X é a concentração de

purinas microbianas absorvidas (mmol/dia).

O fluxo intestinal de N microbiano (g NM/dia) foi estimado a partir da quantidade de

purinas absorvidas (X, mmol/dia), segundo a equação descrita por Chen e Gomes (1992):

NM = X (mmol/d) x 70 = 0,727 x 0, 83 x 0,116 x 1000

Assumindo-se a digestibilidade de 0,83 para as purinas microbianas, a relação 0,116 de N

purina: N total e o conteúdo de N das purinas de 70 mg N/mmol.

A eficiência de síntese de proteína microbiana foi obtida por meio da divisão da

síntese de proteína microbiana (g/dia) com o consumo de nutrientes digestíveis totais

(kg/dia).

Para a determinação o balanço de nitrogênio, avaliou-se os teores de nitrogênio nas

amostras do material consumido, das fezes e da urina, foi utilizado o método de Kjeldahl,

descrito na AOAC (2005). O N absorvido (kg/dia) foi obtido pela diferença entre o N

consumido e o excretado nas fezes. O balanço de nitrogênio (g/dia) foi realizado por meio da

seguinte fórmula: Balanço de N = N ingerido (g) – N nas fezes (g) – N na urina (g).

Avaliação de carcaça e análises quantitativas e qualitativas de carne

Os animais foram submetidos ao abate, após passarem por um jejum de 16 horas, os

quais foram transportados para o frigorífico de Pintadas- Bahia. Foi realizada a pesagem dos

animais, para a obtenção do peso vivo ao abate (PVA). Em seguida, os animais foram

insensibilizados por meio de descarga elétrica, seguido da sangria, esfola, evisceração e

retirada da cabeça e patas, obtendo assim a carcaça quente (PCQ), na qual foi pesada para o

cálculo do rendimento de carcaça quente, através da fórmula: RCQ= PCQ/ PVA x 100. As

carcaças foram refrigeradas em câmera fria, a 4º C, por um período de 24h e novamente

pesadas para a obtenção do peso de carcaça fria (PCF) e posterior rendimento que fria,

através da fórmula: RCQ= PCQ/ PVA x 100.

Foram realizadas mensurações morfométricas a partir das carcaças frias, de acordo

com a metodologia de Cezar e Souza, 2007:

Comprimento da perna: distância entre o períneo e o bordo anterior da superfície

articular tarso metatarsiana, tomada com fita métrica;

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115

Comprimento interno da carcaça: distância máxima entre o bordo anterior da sínfise

ísquiopubiana e o bordo anterior da primeira costela em seu ponto médio, tomada com

fita métrica;

Comprimento externo da carcaça: distância entre a base da cauda e a base do pescoço,

medida com fita métrica;

Largura da garupa: largura máxima entre os trocânteres de ambos os fêmures; tomada

com hipômetro;

Perímetro da garupa: perímetro desta região anatômica, tomando-se como referência

os trocânteres de ambos os fêmures;

Largura do tórax: largura máxima da carcaça no nível das costelas, tomada com

hipômetro;

Profundidade do tórax: distância máxima entre o esterno e o dorso da carcaça, tomada

com fita métrica;

Perímetro da perna: perímetro da perna em sua largura máxima, tomada com fita

métrica;

Perímetro torácico: perímetro tomado em torno do tórax, em sua largura máxima,

tomada com fita métrica;

As carcaças foram avaliadas subjetivamente segundo metodologia de Cezar e Souza

(2007), considerando-se as seguintes variáveis:

Acabamento: determinado mediante apreciação visual, utilizando-se uma escala de 5

pontos, sendo 1- Magra-gordura ausente; 2- Gordura escassa- 1e 2 mm de espessura;

3- Gordura mediana- acima de 2 e até 5 mm de espessura; 4- Gordura uniforme- acima

de 5 e até 10 mm de espessura; 5- Gordura excessiva- acima de 10 mm de espessura.

Grau de conformação: avaliação visual da carcaça, considerando-a como um todo, e

levando-se em consideração as diferentes regiões anatômicas (perna, garupa, lombos e

espádua) e a espessura de seus planos musculares e adiposos, em relação ao tamanho

do esqueleto, que a suporta escala de 1 a 5, sendo o valor 1 atribuído à conformação

muito pobre e 5 para a excelente.

Para determinar o rendimento dos cortes, a meia-carcaça esquerda foi seccionada em

cinco regiões anatômicas, denominadas cortes comerciais: pescoço, paleta, costela, lombo e

perna, segundo adaptações das metodologias de Silva Sobrinho (1999). O cálculo do

rendimento (%) foi determinado pelo peso do corte em relação ao peso da meia carcaça fria

reconstituída (RCorte = peso do corte / peso da ½ carcaça* 100).

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116

Na meia carcaça esquerda, a partir do corte transversal entre a 12ª e a 13ª costela, foi

obtida a medida da área de olho de lombo (AOL), no músculo Longissimus lumborum, pelo

traçado do contorno do músculo em folha de papel vegetal, para posterior determinação da

área em aparelho medidor de área foliar, utilizando-se a média de três leituras, de acordo

com a metodologia de Yañez et al. (2006).

A espessura de gordura subcutânea (EGS) foi medida através de um paquímetro digital

sobre o tecido adiposo que reveste o músculo Longissimus dorsi, entre a 12ª e 13ª costelas.

Foi avaliada também a cor da carne através do colorímetro digital, aparelho que afere a

cor conforme o sistema CIELAB, esse sistema se baseia em leituras de L*, a* e b* (CIE,

1986), onde L* está relacionado com a luminosidade da carne, variando de 0 a 100 (preto

total a branco total); a* é a tendência de variação da cor verde a vermelha; b* é a tendência

de variação da cor azul a amarela. As leituras foram feitas na área de olho de lombo em três

posições distintas, de tal forma que praticamente toda a superfície da área de olho de lombo

fosse amostrada, utilizando como valores finais as médias das leituras.

A textura da carne foi medida através da força de cisalhamento, pelo método de

cisalha de Warner-Bratzler Shear Force. Antes de realizar a textura, os Longíssimos

lumborum foram descongelados sob refrigeração a 4ºC durante 24 horas, pesados,

acondicionados em papel alumínio e assados em forno grill até atingir temperatura interna

de 70º C, sendo monitorados por um termômetro digital. Posteriormente, foram novamente

pesados, para obter a perda de peso por cocção (PPC), após foram retiradas amostra da

carne, paralelamente às fibras musculares, com auxílio de um cilindro de acordo com a

metodologia de Wheeler et al. (1995). A força de cisalhamento foi registrada pelo

texturômetro, acoplado a um acessório Warner-Bratzler, medindo a força máxima necessária

para cisalhar a amostra, o valor representa a dureza de cada amostra, expressa em Kgf.

A composição química da carne foi realizada por meio de análise do infravermelho

próximo (método AOAC: 2007-04) em 180 g do músculo Longíssimus lumborum isento da

capa de gordura, utilizando o aparelho FoodScanTM (FOSS, Hillerod, Dinamarca), na

Universidade Federal de Lavras.

Descarte das silagens deterioradas

Foram coletadas, no final do experimento, as silagens deterioradas que foram

descartadas, a fim de quantificar as perdas nos silos, a nível de campo. Na tabela 3

encontram-se as perdas no campo das silagens aditivadas com ureia e inoculante.

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Tabela 3. Perdas no campo da silagem de sorgo aditivadas com ureia e inoculante

SS SSI SSU SSUI

Silos (toneladas) 2,776 2,800 2,750 2,800

Perdas (kg) 784,935 596,351 635,543 309,005

Total de silagem por

tratamento (toneladas) 1,991 2,204 2,144 2,490

SS- silagem de sorgo sem aditivo; SSI- silagem de sorgo aditivada com Lactobacillus buchneri; SSU-

silagem de sorgo aditivada com ureia; SSUI- silagem de sorgo aditivada com ureia e Lactobacillus buchneri;

Análise Estatística

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, utilizando quatro

tratamentos (SS, SSI, SSU e SSUI) e 10 repetições, totalizando 40 unidades experimentais,

os quais foram submetidos a análise de variância- SAS, e quando apresentados diferenças

significativas foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de significância. O peso vivo

inicial foi utilizado como co-variável para os dados de desempenho.

O modelo utilizado foi:

Yik= µ + Si + €ijk

Onde:

Yik = resposta observada;

µ: média geral;

Si: efeito das silagens;

€ijk: erro aleatório associado a cada observação;

RESULTADOS

Verificou-se maior consumo de matéria seca (CMS) (P<0,01) na silagem de sorgo

(SS), e menor consumo nas demais silagens. Para o consumo de matéria seca em

porcentagem do peso corporal (%PC) observou-se maior CMS na SS, e menor consumo na

SSUI (Tabela 4).

Constatou-se maior consumo de matéria orgânica (CMO) na SS (P<0,01), e um menor

consumo foi verificado nas demais silagens. Observou-se maior consumo de PB para as SS e

SSU (P<0,01), o que diferiu das demais silagens. O menor consumo de extrato etéreo (CEE)

foi verificado na SSI (P<0,01), que diferiu das demais silagens (Tabela 4).

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Tabela 4. Consumo de nutrientes dos cordeiros alimentados com silagens de sorgo

aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Nutrientes Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

MS (kg) 1,081a 0,855b 0,952b 0,857b 0,04 <0,01

MS (% PC) 5,01a 3,94b 4,01b 3,24c 0,21 <0,01

MO (kg) 1,010a 0,778b 0,872b 0,800b 0,04 <0,01

PB (kg) 0,220a 0,174b 0,209a 0,178b 0,01 <0,01

EE (kg) 0,037a 0,022b 0,037a 0,036a 0,01 <0,01

FDNcp (kg) 0,312a 0,298a 0,275ab 0,238b 0,02 <0,01

FDNcp (%PC) 1,43b 1,37b 1,56a 0,93c 0,10 <0,01

CNF (kg) 0,473a 0,324c 0,386b 0,373b 0,03 <0,01

NDT (kg) 0,867a 0,638b 0,743b 0,658b 0,14 <0,01 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; Consumo de matéria seca (CMS), matéria orgânica (CMO), proteína bruta

(CPB), extrato etéreo (CEE), fibra em detergente neutro corrigida pra cinzas e proteína (CFDNcp) e

carboidrato não fibroso (CCNF); EPM1 = Erro Padrão da Média.P-Valor

2 = probabilidade significativa ao nível

de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

significância

O menor consumo de FDNcp foi observado para a SSUI, diferindo das demais

silagens (P<0,01), a SSU proporcionou consumo similar a SSUI e demais silagens. O maior

consumo de FDNcp em % de peso corporal foi verificado pra a SSU (P<0,01), a SSUI

apresentou menor consumo de FDNcp (% PC). Constatou-se maior consumo de carboidrato

não fibroso (CCNF) na SS (P<0,01), o menor consumo foi verificado na SSI. O maior

consumo de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi observado para a SS, na SSI foi

encontrado o menor consumo (Tabela 4).

Não houve diferença (P>0,05) pra o coeficiente de digestibilidade da MS, da MO, da

PB, do FDNcp e dos NDT. Observou-se maior digestibilidade do extrato etéreo para a SSU

e SSUI (P<0,01), foi observado menor digestibilidade para a SSI. A digestibilidade dos

carboidratos não fibrosos foi maior para a SS, a menor digestibilidade foi apresentada para a

SSI (P=0,03). (Tabela 5).

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Tabela 5. Coeficiente de digestibilidade dos nutrientes dos cordeiros alimentados com

silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável

(%)

Silagens EPM

1 P-Valor

2

SS SSI SSU SSUI

MS 74,71 68,90 70,37 70,06 2,37 0,33

MO 75,56 68,29 69,66 69,65 2,40 0,16

PB 78,51 76,45 76,37 74,36 2,56 0,74

EE 87,48ab 83,82b 92,98a 96,73a 2,01 <0,01

FDNcp 63,57 60,70 55,78 54,13 3,16 0,27

CNF 90,98a 84,93b 88,17ab 85,68ab 2,28 0,03

NDT 76,45 74,60 73,98 73,39 1,91 0,10

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; Coeficiente de digestibilidade da matéria seca (MS), da matéria orgânica

(MO), da proteína bruta (PB), do extrato etéreo (EE), da fibra em detergente neutro corrigido pra cinzas e

proteína (FDNcp), dos carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT). EPM1= Erro

Padrão da Média. P-Valor2= probabilidade significativa ao nível de 5%; Médias seguidas de letras distintas na

linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Houve efeito das dietas (P<0,01) sobre todas as variáveis de desempenho produtivo.

Nas SSU e a SSUI foi observado maiores peso vivo final, ganho de peso total e ganho de

peso diário, que diferiu das demais silagens. Verificou-se maior eficiência alimentar foi nas

SSI e SSUI (P<0,01), e menor eficiencia na SS (Tabela 6).

Tabela 6. Desempenho em cordeiros alimentados com silagens de sorgo aditivadas com

ureia e/ou inoculante microbiano

Variável (Kg) Silagens

EPM1 P-

Valor2

SS SSI SSU SSUI

PVI 19,50 21,24 21,94 22,30 - -

PVF 31,52b 32,30b 35,11a 36,88a 0,95 <0,01

GPT 10,62b 11,08b 13,78a 15,47a 0,97 <0,01

GMD 0,196b 0,205b 0,255a 0,286a 0,02 <0,01

EA 0,194b 0,228a 0,215ab 0,235a 0,01 <0,01 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; PVI- peso vivo inicial; PVF- peso vivo final; GPT- ganho de peso total;

GMD- ganho médio diário; EA- eficiência alimentar; EPM1 = Erro Padrão da Média. P-Valor

2 = probabilidade

significativa ao nível de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de

Tukey a 5% de significância

Não foi constatado efeito (P>0,05) nas proteínas totais e nas enzimas GGT e AST

entre as silagens. Verificou-se maior nvel sérico de ureia (P<0,01) na SS, na SSUI foi

observado menor nível sérico de ureia, na SSI o nivel sérico de ureia foi semelhante a SSU e

SSUI (Tabela 7).

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Tabela 7. Níveis séricos de ureia, proteínas totais e atividades enzimáticas da gama-

glutamiltransferase (GGT) e aspartato-aminotransferase (AST) em cordeiros alimentados

com silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

Ureia (mg/dL) 52,40a 41,45bc 45,60b 38,30c 2,38 <0,01

Proteínas totais (g/dL) 5,25 5,65 6,12 6,79 0,46 0,09

GGT (UI/L) 55,99 57,11 62,77 57,16 2,91 0,23

AST (UI/L) 92,80 84,45 81,90 90,20 4,36 0,22 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; MG/dL= miligrama por decilitro; g/dL= gramas por decilitro; UI/L= unidade

internacional por litro; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível de 5%;

Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Não foi observada diferença (P>0,05) para os parâmetros de nitrogênio nas fezes

(g/dia), nitrogênio na urina (g/dia), nitrogênio retido (g/dia), na relação nitrogênio

retido/ingerido, na relação nitrogênio retido/absorvido, nitrogênio ingerido (%) e na

eficiência microbiana (g PB/kg NDT) (Tabela 8).

Houve diferença (P<0,01) para o nitrogênio ingerido (g/dia), os animais que

consumiram as SS e na SSU foram constatados maiores quantidades de N ingerido,

diferindo das demais silagens. Verificou-se maior nitrogênio absorvido (P<0,01) para os

animais alimentados com a SS, foram encontrados os menores valores de N absorvido para

os animais que consumiram as SSI e a SSUI, os ainimais que foram alimentados com a SSU

apresentaram quantidade de nitrogênio absorvido semelhante às demais silagens.

Houve diferença (P=0,01) para a produção microbiana, os animais alimentados com

SSUI apresentaram maior nitrogênio microbiano e proteína microbiana que os animais que

consumiram a SSI, os animais alimentados com SS e a SSU apresentaram nitrogênio e

proteína microbiana semelhantes as demais silagens (Tabela 8) .

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Tabela 8. Balanço de nitrogênio (N), produção microbiana e eficiência da síntese de

proteína microbiana de cordeiros alimentados com silagens de sorgo aditivadas com ureia

e/ou inoculante microbiano

Variável

(g/dia)

Silagens

EPM1

P-Valor2 SS SSI SSU SSUI

Balanço de Nitrogênio

N ingerido 35,29a 27,90b 32,33a 28,47b 1,40 <0,01

N fezes 7,67 6,57 8,11 7,35 0,93 0,70

N absorvido 27,62a 21,01b 23,60ab 21,29b 1,58 <0,01

N urina 9,83 4,17 9,39 9,97 2,25 0,25

N retido 17,79 13,97 19,35 12,42 2,49 0,14

N retido/ingerido 0,512 0,507 0,526 0,446 0,08 0,91

N retido/ absorvido 0,643 0,668 0,707 0,616 0,11 0,95

N ingerido (%) 51,18 50,75 52,62 44,60 8,13 0,91

Produção microbiana (g/dia)

N-microbiano 8,53ab 7,11b 8,43ab 11,88a 1,05 0,01

PB- microbiana 53,30ab 44,43b 52,68ab 74,26a 6,55 0,01

Eficiência microbiana

g PB/kg NDT 61,76b 72,27b 70,28b 79,96a 9,79 <0,01 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível

de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

significância.

Não houve diferença (P>0,05) para os parâmetros moformétricos: comprimento

interno da carcaça, comprimento de perna, circunferência de perna, largura de garupa e

perímetro de garupa. Foi observado diferença (P<0,01) para o comprimento externo da

carcaça, os animais que consumiram SSU e a SSUI apresentaram maiores comprimento

externo da carcaça, os animais alimentados com a SS apresentaram menor comprimento, os

animais alimentados com a SSI possuíram comprimento similar as demais silagens (Tabela

9).

Observou-se diferença para largura de tórax (P=0,02), os animais que consumiram

SSUI apresentaram maior largura de tórax, os animais alimentados com a SS apresentaram

menor largura, já as carcaças dos animais que consumiram SSI e a SSU apresentaram

largura de tórax similar às demais silagens.

Constatou-se que os animais que consumiram SSUI apresentaram maior profundidade

de tórax (P=0,02), e foi observada menor profundidade para as carcaças dos animais

alimentados com SS, as carcaças dos animais que consumiram SSUI e SSU foram similares

as demais silagens.

Houve diferença (P<0,01) para perímetro de peito, as carcaças dos animais que

consumiram SSUI apresentaram maior perímetro de peito, as carcaças dos animais

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alimentados com a SS e a SSI apresentaram menores perímetros de peito, as carcaças dos

animais que consumiram SSU apresentaram perímetro similar às demais silagens (Tabela 9).

Tabela 9. Morfometria da carcaça em cordeiros alimentados com silagens de sorgo aditivadas

com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável

(cm)

Silagens EPM

1 P-Valor

2

SS SSI SSU SSUI

Comprimento externo 56,00b 57,40ab 59,33a 59,40a 0,93 <0,01

Comprimento interno 66,60 66,00 69,30 68,10 1,07 0,11

Comprimento perna 33,70 33,70 34,90 35,10 0,55 0,12

Circunferência perna 33,67 34,11 33,60 33,60 1,17 0,96

Largura de tórax 19,11b 19,70ab 20,11ab 20,88a 0,49 0,02

Largura de garupa 24,44 25,10 25,00 25,10 0,50 0,66

Profundidade de tórax 21,90b 22,40ab 22,12ab 23,40a 0,51 0,02

Perímetro de peito 71,60b 72,50b 74,12ab 75,90a 0,89 <0,01

Perímetro de garupa 63,70 66,00 65,30 66,90 1,74 0,24

Conformação 2,15b 2,10b 2,19ab 2,35a 0,06 <0,01

Acabamento 2,05b 2,10b 2,22ab 2,30a 0,05 <0,01

Engorduramento 2,20ab 1,90b 2,70a 2,55ab 0,20 0,01

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível

de 5%; Médias seguidas de letras na linha distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

A conformação e o acabamento apresentaram diferenças (P<0,01) e (P<0,01),

respetcivamente, os animais que consumiram SSUI apresentaram melhor conformação e

acabamento de carcaça, diferindo dos animais alimentaos com a SS e SSI, as carcaças dos

animais que consumiram SSU apresentaram conformação e acabamento similar as demais

silagens (Tabela 9).

Verificou-se maior valor de engorduramento para a carcaça dos animais que

consumiram a SSU (P=0,01), as carcaças dos animais alimentados com a SSI apresentaram

menor valor de engorduramento, as carcaças dos animais que consumiram SS e a SSUI

apresentaram engorduramento similares às demais silagens.

O peso vivo ao abate (PVA) foi influenciado (P<0,01) pelos aditivos, os animais que

consumiram SS e SSI apresentaram menores PVA, diferindo das demais silagens. Observou-

se maiores pesos de carcaça quente par os animais que consumiram SSU e SSUI (P<0,01).

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Não foi verificada diferença para os pesos de carcaça fria (P=0,18). Os rendimentos de

carcaça quente (P=0,81) e fria (P=0,51) não apresentaram diferença (Tabela 10).

Tabela 10. Pesos e rendimentos de carcaça de cordeiros alimentados com silagens de sorgo

aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

PVA (kg) 31,52b 32,30b 35,11a 36,88a 0,95 <0,01

PCQ (kg) 15,41b 16,74b 17,17a 17,98a 0,52 <0,01

PCF (kg) 15,20 15,19 16,90 16,40 0,54 0,18

RCQ (%) 48,28 48,13 48,09 48,78 0,75 0,81

RCF (%) 47,93 47,65 47,92 48,77 0,77 0,51

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; PVA- peso vivo ao abate; PCQ- peso de carcaça quente; PCF- peso de carcaça

fria; RCQ- rendimento de carcaça quente; RCF- rendimento de carcaça fria; EPM1= Erro Padrão da Média. P-

Valor2= probabilidade significativa ao nível de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem

estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Não foi observada diferença para os rendimentos dos cortes (P>0,05) de cordeiros

alimentados com as silagens de sorgo aditivada com ureia e inoculante (Tabela 11).

Tabela 11. Rendimentos dos cortes (%) da carcaça de cordeiros alimentados com silagens

de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável

(%)

Silagens EPM

1 P-Valor

2

SS SSI SSU SSUI

Pescoço 9,67 10,21 9,32 10,19 0,26 0,13

Paleta 19,75 19,15 18,77 19,20 0,28 0,09

Costela 35,56 35,26 35,71 35,94 0,49 0,81

Lombo 5,24 4,99 5,33 4,94 0,19 0,28

Perna 29,78 29,84 30,46 29,72 0,42 0,36

SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível

de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

Não foi verificado diferença (P>0,05) para o parâmetro de cor ( a*), textura, perda por

cocção (PPC), área de olho de lombo (AOL) e para o marmoreio (Tabela 11).

Observou-se diferença para o parâmetro L* (P=0,04), b* (P=0,03) e espessura de

gordura subcutânea (EGS) (P=0,05). Os animais que consumiram SSUI apresentaram menor

valor de L*, o que diferiu das demais carcaças. Os animais alimentados com a SSUI

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apresentaram menor valor de b*, diferindo das carcaças dos animais que consumiram SS, já

as carcaças dos animais alimentados com a SSI e a SSU apresentaram valores semelhantes

às demais silagens. Para a EGS, os animais que consumiram a SSUI apresentaram maior

espessura de gordura na carcaça, diferindo das carcaças dos animais alimentados com a SS,

já as carcaças dos animais que consumiram SSI e a SSU apresentaram valores semelhantes

às demais silagens (Tabela 12).

Tabela 12. Parâmetros de qualidade de carne de cordeiros alimentados com silagens de

sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

Cor

L* 50,60a 48,82a 49,45a 46,93b 1,12 0,04

a* 27,09 27,34 27,19 25,58 0,69 0,14

b* 11,42a 10,02ab 11,06ab 9,25b 0,60 0,03

Textura (kgf) 1,28 0,92 0,96 1,23 0,13 0,07

PPC (%) 17,40 17,84 19,78 17,52 2,06 0,84

AOL (cm²) 13,54 14,67 14,66 15,31 0,86 0,48

EGS (mm) 1,39b 1,47ab 1,50ab 1,77a 0,12 0,05

Marmoreio 1,30 1,30 1,50 1,40 0,21 0,90 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; PPC- perda por cocção; AOL- área de olho de lombo; EGS- espessura de

gordura subcutânea; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível de 5%;

Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

Não foi constatada diferença (P>0,05) para a composição química da carne de

cordeiros alimentados com as silagens de sorgo aditivadas com ureia e inoculante (Tabela

13).

Tabela 13. Composição química da carne de cordeiros alimentados com silagens de sorgo

aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável

(%)

Silagens EPM

1 P-Valor

2

SS SSI SSU SSUI

Umidade 73,00 73,35 73,65 72,54 0,46 0,41

Proteína 21,98 21,85 21,28 21,53 0,33 0,49

Matéria mineral 0,81 1,06 1,27 0,89 0,15 0,12

Gordura 4,21 3,74 3,80 3,70 0,39 0,63

Colágeno 1,69 1,93 1,70 1,58 0,15 0,21 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; PM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível

de 5%; E Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

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DISCUSSÃO

Os animais que consumiram a silagem de sorgo sem aditivo apresentaram maiores

consumo de nutrientes, contudo a digestibilidade não foi influenciada, apenas para os CNF e

EE. No entanto, esse maior consumo não foi capaz de elevar o ganho de peso desses

animais, além dos menores peso vivo ao abate, peso de carcaça quente e menores parâmetros

moformétricos nas carcaças. Apesar dos animais terem apresentando maior quantidade de

nitrogênio ingerido e absorvido, e um balanço de nitrogênio positivo, a eficiência

microbiana foi menor. No houve efeito para as variáveis sanguíneas, as enzimas GGT e AST

e para os parâmetros de qualidade de carne.

O maior consumo de nutrientes pelos animais alimentados com a silagem de sorgo

sem aditivo pode está associado à composição química da silagems de sorgo, que apresentou

menor teor de FDN (59,56%), menor teor de PIDA (18,00%), menor teor de lignina

(6,90%), o que contribuiu para um maior consumo. Contudo, era esperado que esses animais

apresentassem melhor desempenho, o que não foi observado, uma possível explicação foi a

menor eficiência alimentar desses animais, visto que os animais ganharam peso menor e

consumiram maior quantidade de nutrientes. Está relacionado também com a produção e

eficiência microbiana, que foi menor para os animais alimentados com essa silagem.

De acordo com Fisk (1980), o menor desempenho dos ovinos que consumiram

silagem de sorgo foi atribuido a presença de compostos como tanino ou HCN, que podem

ter afetado negativamete a utilização de nutrientes na silagem de sorgo (WEELER et al.,

1990).

Os animais que consumiram a silagem de sorgo com Lactobacillus buchneri

apresentaram menores consumo de nutrientes, menor digestibilidade do EE e dos CNF,

desempenho menor, porém apresentou maior eficiência alimentar. O balanço de nitrogênio

foi menor, assim como o nitrogênio, proteína microbiana e eficiência microbiana. O peso

vivo ao abate e o peso de carcaça quente e as medidas morfométricas foram meores.

O menor consumo desses animais pode está relacionado com o maior teor de FDNcp

(65,14%), PIDIN (5,20%), PIDA (29,75%) e FDNi (27,24%) que foram encontrados nessa

silagem, além do menor teor de CNF (20,37%), a maior proporção de FDNcp da silagem de

sorgo aditivado com inoculante contribuiu para o rápido enchimento do rúmen, com redução

na ingestão dos nutrientes e consequentemente menor desempenho. Sabe-se que o FDN está

relacionado com o consumo voluntário (VAN SOEST et al., 1978) e quanto maior o teor de

FDNi mais fibra estará indisponível para o consumo dos animais, o que pode prejudicar o

desempenho. Mertens (1996) afirma que os carboidratos são os principais fornecedores de

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energia para ruminantes, apesar de ser a fração mais limitante ao consumo animal e à

digestibilidade dos nutrientes nos volumosos.

Apesar de alguns trabalhos que utilizaram os inoculantes microbianos terem

encontrado respostas positivas para o consumo, produção de leite e ganho de peso dos

animais (MORAN e OWEN, 1994; KUNG Jr e MUCK, 1997), não foi observado resposta

positiva relacionada ao consumo de nutrientes e desempenho nesse trabalho, uma vez que

houve menor ingestão e absorção do nitrogênio, além de uma menor produção de proteína

microbiana e eficiência microbiana. Addah et al (2011) não encontrou melhoria na ingestão

de materia seca, no desempenho e eficiência alimentar de novilhos alimentados com silagens

inoculadas, observaram aumento na proporção da fração lentamente digestível e

potencialmente digestível da matéria organica.

A menor digestibilidade dos CNF encontrada para os animais alimentados com a

silagem de sorgo com inoculante pode ser explicado pelo menor consumo do CNF para essa

silagem, esse consumo reduzido está relacionado ao menor teor de CNF presente nessa dieta

(38,69%) e menor teor de CNF na silagem (20,37%). Nos CNF são encontrados os

carboidratos mais digestíveis, os quais são prontamente disponíveis para os microrganismos

ruminais, de acordo com Mertens (1992) e Church (1993) os CNF apresentam maiores taxas

de fermentação ruminal em relação aos carboidratos fibrosos, ocasionando maior taxa de

passagem do alimento para os compartimentos posteriores ao retículo-rúmen,

proporcionando um maior consumo de matéria seca.

Devido a esses resultados houve redução nas carcacterísticas de carcaça, apesar de

não ter afetado a qualidade de carne. O que se deseja é que a dieta formulada seja capaz de

nutrir o animal a fim de aumentar o ganho de peso, convertendo em carcaças mais pesadas,

com maiores rendimentos de cortes cárneos, e uma carne com características físico-quimicas

dentro do padrão. Não foi observado isso no presente trabalho, quando foi adicionado o

inoculante isoladamente na silagem de sorgo, onde o desempenho inferior refletiu em

carcaça mais leves.

Os animais que consumiram a silagem de sorgo com ureia apresentaram menor

consumo de nutrientes, com exceção da PB, onde foi maior o consumo para essa fração. A

digestibilidade do EE também foi maior, assim como os maiores peso vivo final, ganho de

peso total e ganho de peso diário, apresentando eficiência alimentar melhor que os animais

que consumiram a silagem de sorgo sem aditivo. O balanço de nitrogênio foi positivo,

apresentou maior nitrogênio ingerido e absorvido, porém uma menor eficiência microbiana.

No entanto observou maior peso vivo ao abate e peso de carcaça quente.

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Era esperado que a ureia aditivada na silagem de sorgo melhorasse o consumo de

matéria seca, visto que a ureia dentro do silo, em decorrência da ação da urease, é convertida

a amônia, que, ao se ligar à água, forma o hidróxido de amônia, capaz de solubilizar os

componentes da parede celular, principalmente a hemicelulose, reduzindo a FDN do

material (REIS et al., 1990), melhorando a digestibilidade da fibra. Contudo não houve

efeito na digestibilidade da FDN.

O consumo de PB maior para os animais que consumiram a silagem de sorgo com

ureia era esperado, uma vez que a ureia é um aditivo nutriente, é composta por NNP que é

incorporado a silagem, resultando no aumento dos teores de PB. Fernandes et al. (2009)

avaliando os efeitos da adição de ureia e de dois períodos de armazenamento sobre o valor

nutritivo e o perfil de fermentação da silagem de sorgo, concluíram que a adição de ureia na

ensilagem de sorgo melhora o valor nutritivo da silagem. Todos os animais apresentaram

balanço de nitrogênio positivo, isso comprova que os animais estavam sob condições

alimentares de ganho de N, indicando que houve retenção de proteína no organismo animal

e que o consumo de proteína atendeu satisfatoriamente as exigências proteicas dos animais,

garantindo um melhor ganho de peso total e diário, refletindo em carcaças mais pesadas.

Os animais que consumiram a silagem de sorgo com ureia e inoculante apresentaram

os melhores resultados, apesar dos menores consumos de nutrientes, houve maior

digestibilidade do extrato etéreo, maiores peso vivo final, ganho de peso total e ganho médio

diário e melhor eficiência alimentar. Observou balanço de nitrogênio positivo, uma maior

proteína microbiana e eficiência microbiana, melhores parâmetros morfométricos de

carcaça, peso vivo ao abate e peso de carcaça quente semelhante aos animais que

consumiram silagem de ureia.

Pode-se perceber um efeito sinergético entre a ureia e o inoculante microbiano, os

animais que consumiram silagens aditvadas com ureia e inoculante apesar de ter apresentado

menores consumo de nutrientes, o desempenho dos animais foram maior, o que pode ser

explicado pela maior produção de proteína microbiana, quanto maior a produção de proteína

microbiana maiores são as chances dessa proteína chegar ao duodeno e ser absorvida pelo

intestino, sabe-se que a proteína microbiana é considerada de alto valor biológico, sendo

desejável sua maximização, diminuindo o fornecimento de proteína verdadeira para os

animais.

As características de carcaça foram melhores para os animais que consumiram essas

silagens. O que se deseja é que as carcaças sejam compactas, possuindo menores

comprimentos e maior musculosidade, carcaças compactas possuem melhor acabamento, e

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carcaças bem acabadas estão relacionadas a uma cobertura de gordura uniforme, além de

apresentar melhor conformação. O acabamento satisfatório é de extrema importância para

proteger a carcaça contra o frio da câmara fria, evitando o encurtamento das fibras pelo frio,

o escurecimento da carne, preservando assim sua qualidade e aumentando sua vida de

prateleira.

As concentrações séricas de proteínas totais neste estudo não foram influenciadas

pelas silagens. As enzimas aspartato-aminotransferase (AST) e gama-glutamiltransferase

não foram influenciadas pelas silagens, demonstrando que a utilização das silagens

aditivadas não causou lesão hepática nos animais.

Os rendimentos não foram afetados pelas silagens, segundo Silva e Pires (2000) maior

rendimento de carcaça ovina é encontrado em animais mais jovens, visto que com o avançar

da idade há um aumento no trato gastrintestinal, diminuindo assim o rendimento de carcaça.

De acordo com Silva Sobrinho et al. (2008) o rendimento é o principal fator que está

relacionado com valor à carcaça, o qual depende do conteúdo do trato gastrintestinal, com

média de 13% do peso corporal em ovinos, variando de acordo com a alimentação do animal

previamente ao abate.

A textura, perda por cocção (PPC), a área de olho de lombo (AOL) e o marmoreio

não foram influenciados pelas dietas. A textura está relacionada com a maciez da carne, a

carne de ovinos é considerada uma carne macia, quanto menor a força de cisalhamento mais

macia é a carne, fato que foi observado no presente trabalho, onde foi encontrado uma força

variando de 0,92 kgf a 1,128 kgf. A PPC caracteriza-se como importante parâmetro de

avaliação da qualidade da carne. Está associada ao rendimento no preparo para o consumo e

influencia a suculência da carne, o ideal é que ocorram menores perdas de água no momento

do cozimento, visto que a água esta atribuída a suculência da carne, ocorrendo maiores

perdas de água no momento do cozimento a carne ficará seca e dura, o que não é desejável.

Segundo Cezar e Souza (2010) a AOL tem sido usada tradicionalmente como uma boa

estimativa da musculosidade e está diretamente correlacionada com a relação músculo/osso

nos cortes mais valiosos da carcaça. A AOL encontrada no presente estudo (14,54 cm²) está

de acordo com a literatura, maiores AOL são desejáveis, uma vez que apresentará uma

maior musculosidade.

A espessura de gordura subcutânea (EGS) foi influenciada pelas silagens,

apresentando maiores EGS para os animais que consumiram a silagem de sorgo com ureia,

esses animais apresentaram melhores acabamentos, corroborando com a melhor EGS. A

gordura é um importante elemento de proteção da carcaça contra os efeitos adversos do frio,

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protegendo-a dos efeitos negativos da baixa temperatura de resfriamento e congelamento e

da perda excessiva de água pela formação de cristais de gelo dentro das células (SAÑUDO

et al., 2000; RODRIGUES et al., 2006).

O marmoreio não foi influenciado pelas dietas, o marmoreio está relacionado com a

quantidade de gordura intramuscular presente na carne, e esta gordura irá influenciar a

maciez, uma vez que quanto maior gordura intramuscular maior maciez e suculência da

carne. Um maior marmoreio é encontrado em carcaça de animais que consumiram uma dieta

mais energética.

A composição química da carne de cordeiros não foi influenciada pelas dietas, mostrando que

a adição de ureia e inoculante não interferem nos teores de umidade, proteína, matéria mineral,

gordura e colágeno.

As perdas do campo foram quantificadas, a fim de verificar a eficácia dos aditivos na

estabilidade aeróbia das silagens, quantificando o descarte dessas silagens em ensaios com

animais, o que pode extrapolar para o custo de produção.

A silagem de sorgo com os aditivos separadamente reduziram as perdas na matéria

natural, com 188,584 kg de diferença para a silagem de sorgo com Lactobacillus buchneri

em relação a silagem de sorgo sem aditivo, e 149,392 kg de diferença para a silagem de

sorgo com ureia em relação a silagem de sorgo sem aditivo, contudo foi notável que a

associação dos aditivos juntos mostrou-se mais eficaz na redução das perdas, com 475,93 kg

de diferença em relação a silagem de sorgo sem aditivo. Este resultado reflete na eficácia

dos aditivos na redução de microrganismos indesejáveis que deterioram as silagens,

comprometendo a sua qualidade.

Os resultados obtidos em campo, apesar de não apresentarem estatística, demonstram

que a silagem de sorgo aditivada com ureia e inoculante apresentaram menores perdas, o

qual foram semelhantes aos resultados encontrados em experimentos laboratoriais,

ocorrendo diminuição na contagem de mofos e leveduras e melhorias na estabilidade

aeróbia, proporcionando uma silagem de melhor qualidade aos animais e consequentemente

sendo mais viável economiamente.

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CONCLUSÃO

A silagem de sogro sem aditivo apesar de ter proporcionado maior consumo de

nutrientes para os animais, o desempenho e as características de carcaças foram afetados

negativamente.

Não foi encontrado efeito positivo da adição do inoculante a silagem de sorgo,

isoladamente, uma vez que o consumo de nutrientes, o desempenho e as características de

carcaça dos cordeiros foram afetados negativamente.

A silagem de sorgo com ureia e a silagem de sorgo aditivada com ureia e inoculante

proporcionaram os melhores resultados.

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Capítulo IV

Comportamento ingestivo de cordeiros alimentados com dietas contendo silagens de

sorgo aditivadas com ureia e/ou Lactobacillus buchneri

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Comportamento ingestivo de cordeiros alimentados com dietas contendo silagens de

sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri

RESUMO

Objetivou avaliar o comportamento ingestivo de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri. Foram

utilizados 40 ovinos da raça Santa Inês machos, não castrados, com peso vivo médio inicial

de 23 kg ± 2,68. Foram utilizados quatro tratamentos constituídos por: SS- silagem de sorgo

sem aditivo; SSI- silagem de sorgo aditivado com inoculante Lactobacillus buchneri; SSU-

silagem de sorgo aditivado com ureia; SSIU- silagem de sorgo com ureia e inoculante. O

delineamento experimental foi inteiramente casualizado, utilizando 4 tratamentos (SS, SSI,

SSU e SSUI) e 10 repetições, os quais foram submetidos a ANOVA-SAS, e comparados

pelo teste de Tukey a 5% de significância. Não houve diferença (P>0,05) para o consumo de

matéria seca em 24h, para alimentação em min /dia, alimentação min/kg MS, ruminação em

min /dia, mastigação nº/bolo, mastigação H/dia e ócio min/dia, com médias de 900,3 g/dia,

234,67 min/dia, 263,1 min/kg MS, 523,62 min/dia, 69,48 nº/bolo, 12,71 h/dia, 679,71

min/dia, respectivamente. Houve diferença (P>0,05) para o consumo de FDNcp, o menor

consumo foi apresentado pela SSU. As silagens de sorgo e de sorgo com inoculante

apresentaram menor tempo por kg de FDNcp, a SSUI apresentou maior tempo para

ruminação (min/kg MS), as silagens de sorgo e de sorgo com inoculante apresentaram

menor tempo de ruminação por kg de FDNcp. A SSU desprendeu maior tempo para a

mastigação (seg/bolo), a silagem de sorgo com ureia apresentou menor número de

mastigação/dia. Houve diferença (P<0,05) para a mastigação minuto/kg de MS, a SS

apresentou menor tempo de mastigação, a SSUI apresentou maior tempo de mastigação. Não

houve diferença (P>0,05) para a eficiência de alimentação (gMS/hora) e eficiência de

ruminação (gFDNcp/bolo), apresentando médias de 234,14 gMS/hora e 0,380 gFDNcp/bolo,

respectivamente. As silagens de sorgo e silagem de sorgo com inoculante apresentaram

maior eficiência (gFDNcp/hora) quando comparadas com as demais silagens. A eficiência

de ruminação por bolos (nº/dia) foi influenciada pelas silagens (P<0,05), a silagem de sorgo

com ureia apresentou menor eficiência por bolo. Não houve diferença (P>0,05) para o

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número de períodos de alimentação, ruminação, ócio, tempo gasto por período para

alimentação, ruminação, ócio e para o consumo médio por período de alimentação da

matéria seca, apresentando medias de 12,50 nº/dia, 23,52 nº/dia, 34,14 nº/dia, 19,41 min,

22,23 min, 20,56 min, 0,075 kg, respectivamente. O consumo médio por período de

alimentação da FDNcp apresentou diferença significativa (P<0,05), a silagem de sorgo com

ureia apresentou menor consumo médio por período de alimentação da FDNcp. A utilização

ureia na silagem de sorgo não é eficaz em melhorar a digestibilidade da fibra, visto que os

animais desprendem maiores tempos para alimentação e ruminação de FDNcp, além de

maiores tempos de mastigação (seg/bolo), (min/kg de MS), (min/kg de FDNcp) e menores

eficiências. A utilização de Lactobacillus buchneri na silagem de sorgo não altera o

comportamento ingestivo dos cordeiros Santa Inês.

Palavras-chave: alimentação, mastigação, ócio, ruminação

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Ingestive behavior of lambs fed diets containing sorghum silages supplemented with

urea and Lactobacillus buchneri

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the ingestive behavior of Santa Inês lambs fed

diets containing sorghum silages supplemented with urea and / or Lactobacillus buchneri. A

total of 40 male Santa Ines sheep, not castrated, with an initial mean live weight of 23 kg

were used. Four treatments were used: SS - sorghum silage without additive; SSI- sorghum

silage supplemented with Lactobacillus buchneri inoculant; SSU- sorghum silage additive

with urea; SSIU- sorghum silage with urea and inoculant. The experimental design was

completely randomized, using 4 treatments (SS, SSI, SSU and SSUI) and 10 replicates, all

of which were submitted to ANOVA-SAS, and compared by Tukey test at 5% significance.

There was no significant difference (P>0.05) for dry matter intake in 24h, for feeding in

min/day, feeding min/kg DM, rumination in min/day, chewing nº/cake, chewing H/day and

idle min/day with a mean of 900.3 g/day, 234.67 min/day, 263.1 min/kg MS, 523.62

min/day, 69.48 ng/bolus, 12.71 h/day, 679.71 min/day, respectively. There was a significant

difference (P>0.05) for the consumption of NDFcp, the lowest consumption was presented

by the SSU. Sorghum and sorghum silages with inoculant presented lower time per kg of

NDFc, SSUI showed longer time for rumination (min/kg DM), sorghum and sorghum

silages with inoculant showed lower rumination time per kg of NDFc. The SSU gave longer

time for chewing (sec/cake), the sorghum silage with urea had a lower chew number/day.

There was a significant difference (P<0.05) for chewing minute/kg of DM, SS presented

shorter chewing time, SSUI presented longer mastication time. There was no significant

difference (P>0.05) for feed efficiency (gMS/hr) and rumination efficiency (gNDFcp/cake),

presenting averages of 234.14 gms/hour and 0.380 gNDFcp/cake, respectively. Sorghum

silages and sorghum silage with inoculant showed higher efficiency (gNDFcp/hour) when

compared to the other silages. The efficiency of rumination (n/day) was influenced by

silages (P<0.05), sorghum silage with urea showed lower efficiency per cake. There was no

significant difference (P>0.05) for the number of feeding, rumination, leisure, time spent per

feeding period, rumination, leisure and average consumption per dry matter feeding period,

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with averages of 12 , 50 ng/day, 23.52 ng/day, 34.14 ng/day, 19.41 min, 22.23 min, 20.56

min, 0.075 kg, respectively. The average consumption per NDFcp feeding period presented

a significant difference (P<0.05), the urea sorghum silage presented lower average

consumption per NDFcp feed period. The use of urea in sorghum silage is not effective in

improving fiber digestibility, since the animals give higher feeding times and rumination of

NDFcp, in addition to greater chewing times (sec/bolus), (min/kg DM), (min/kg NDFcp)

and lower efficiencies. The use of Lactobacillus buchneri in sorghum silage does not alter

the ingestive behavior of the Santa Inês lambs.

Keywords: feeding, chewing, idling, rumination

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139

INTRODUÇÃO

Conhecer o comportamento ingestivo vem se mostrando uma ferramenta importante

na avaliação das dietas, permitindo um melhor ajuste no manejo alimentar animal para

obtenção de um desempenho produtivo adequado (FIGUEREDO et al., 2013). Segundo

Macedo et al. (2007) pra compreender o consumo diário de alimentos torna-se necessário

estudar individualmente seus elementos, que são o número de refeições consumidos por dia,

a duração média das refeições e a velocidade de alimentação de cada refeição.

Segundo Van Soest (1994), o tempo de ruminação é influenciado pela dieta e é

proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. Animais em confinamento ficam em

torno de 1h consumindo alimentos ricos em energia ou até mais de 6h para fontes com baixa

energia e alto teor de fibra. De acordo com Hodgson (1990), os ruminantes adaptam-se às

diferentes condições de alimentação, manejo e ambiente, mudando seu comportamento

ingestivo para alcançar e manter determinado nível de consumo, a fim de atender suas

exigências nutricionais.

A utilização de ureia na silagems pode melhorar a digestibilidade da fibra, aumentando

o consumo dos nutrientes e proporcionando um melhor desempenho animal, associado ao

comportamento animal, onde os animais que consumirem essa silagem irão passar mais

tempo consumindo do que ruminando. De acordo com Bolsen et al. (2000), a amônia quebra

algumas das ligações entre a hemicelulose e outros componentes da parede celular,

aumentando tanto a taxa como a extensão da digestão do material tratado,

A adição de Lactobacillus buchneri a silagem de sorgo também pode melhorar a

degradabilidade da fibra, uma vez que algumas bactérias heterofermentativas (Lactobacillus

buchneri, Lactobacillus brevis) produzem a enzima ferulato-esterases, que aumentam a

degradação da parede celular, liberando mais carboidratos solúveis para a fermentação ou

utilização pelas bactérias do rúmen (NSEREKO et al., 2008).

Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo de cordeiros Santa Inês alimentados

com dietas contendo silagens de sorgo aditivadas com ureia e Lactobacillus buchneri.

MATERIAL E MÉTODOS

Local do Experimento

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140

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental de São Gonçalo dos Campos,

pertencentes à Universidade Federal da Bahia, nos períodos de janeiro a abril de 2015. A

temperatura mínima e máxima variou entre 21 e 32ºC respectivamente, com média de

26,5ºC, com precipitação pluviométrica de 86 mm.

Animais e Tratamentos

Foram utilizados 40 ovinos da raça Santa Inês machos, não castrados, com peso vivo

médio inicial de 23 kg ± 2,68. Previamente ao início do experimento, os animais foram

identificados com brincos, everminados, foi realizada a pesagem, sorteados em seus

tratamentos e posteriormente mantidos alojados em baias individuais, com dimensões de 2

m², contendo comedouro e bebedouro.

Foram utilizados quatro tipos de aditivos: SS- silagem de sorgo sem aditivo; SSI-

silagem de sorgo aditivado com inoculante Lactobacillus buchneri; SSU- silagem de sorgo

aditivado com ureia; SSUI- silagem de sorgo com ureia e inoculante. O concentrado foi

composto por farelo de soja, milho moído, sal mineral e ureia. As dietas foram formuladas

numa relação volumoso:concentrado de 50:50, para ganho de 200 gramas por dia, segundo

o NRC (2007). Na Tabela 1 estão apresentados a composição química das dietas

experimentais.

Tabela 1. Composição química do milho moído (M), farelo de soja (FS), silagem de sorgo

(SS), silagem de sorgo com inoculante (SSI), silagem de sorgo com ureia (SSU) e silagem

de sorgo com ureia e inoculante (SSUI)

MS- matéria seca; MM- matéria mineral; EE- extrato etéreo; PB- proteína bruta; FDNcp- fibra em detergente

neutro corrigido pra cinzas e proteína; PIDIN- proteína insolúvel em detergente neutro; FDA- fibra em

Variável (%) Ingredientes

M FS SS SSI SSU SSUI

MS 87,42 88,16 33,04 29,40 30,63 29,78

MM 1,38 7,47 3,88 4,61 3,93 3,64

EE 5,10 1,70 2,80 1,40 3,20 3,10

PB 8,66 49,14 7,05 8,49 10,39 9,14

FDNcp 5,92 8,75 59,56 65,14 61,48 60,74

PIDIN (%MS) 0,99 1,48 4,75 5,20 5,10 3,94

FDA 2,48 6,49 34,01 34,1 33,73 35,23

PIDA (%MS) 5,13 19,42 18,00 29,75 23,56 22,54

LIG 0,23 0,18 6,90 12,05 12,11 12,08

HEM 4,49 3,79 25,55 31,04 27,75 25,51

CEL 2,25 6,31 8,32 7,04 10,12 23,2

CNF 78,94 32,94 26,71 20,37 21,10 23,38

FDNi 1,57 1,17 21,24 27,24 23,26 19,71

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detergente ácido; PIDA- proteína insolúvel em detergente ácido; LIG- lignina; HEM- hemicelulose; CEL-

celulose; CNF- carboidrato não fibroso; FDNi- fibra em detergente neutro indigestível;

Análises químicas das dietas experimentais e sobras

As amostras dos alimentos fornecidos e sobras foram pesadas e registradas na manhã

do dia seguinte, foram coletadas semanalmente, processadas e armazenadas em freezer a -

20ºC para posteriores análises.

As amostras de sobras e fezes de cada animal foram secas em estufa com ventilação

forçada a 55°C por 72 h e processadas em moinho tipo Willey com peneira de 1 mm. Foram

submetidas à análise de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE),

proteína bruta (PB), de acordo com metodologia 934.01; 942.05; 920.39; 968.06;

respectivamente, conforme descrito pela AOAC (2005). Para determinação da fibra em

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foi utilizado a metodologia

descrita por Mertens (2002). Em todas as amostras, a FDN foi corrigida para cinza e

proteína, os resíduos da digestão em detergente neutro e detergente ácido foram incinerados

em mufla a 600oC por 4 horas, e a correção para proteína foi efetuada mediante proteína

insolúvel em detergente neutro (PIDN), conforme recomendações de Licitra et al. (1996). Os

carboidratos não fibrosos foram estimados pelas equações de Sniffen et al. (1992). Na

Tabela 2 estão apresentadas as proporções dos ingredientes nas dietas experimentais.

Tabela 2. Proporção dos ingredientes e composição bromatológica das dietas experimentais

Proporção dos ingredientes nas dietas (%)

SS SSI SSU SSUI

Silagem 50,0 50,0 50,0 50,0

Farelo de Soja 20,0 19,5 18,5 17,0

Farelo de Soja 20,0 19,5 18,5 17,0

Milho moído 27,5 28,0 29,0 30,5

Mineral 1,5 1,5 1,5 1,5

Ureia 1,0 1,0 1,0 1,0

Composição química das dietas (%MS)

MS 60,54 57,93 58,58 58,20

MM 3,81 4,14 3,74 3,51

PB 18,29 19,43 19,61 18,38

EE 3,14 2,46 3,40 3,40

FDN 36,30 39,41 28,06 36,12

CNF 38,73 34,86 45,48 38,34

NDT 74,97 70,07 72,35 71,77 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI-

silagem de sorgo com ureia e inoculante; MS- matéria seca; MM- matéria mineral; EE- extrato etéreo;

PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; CNF- carboidrato não fibroso; NDT- nutriente

digestíveis totais

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Período Experimental

As dietas foram fornecidas à vontade duas vezes ao dia, as 8:00 e 16:00 horas, durante

todo o período experimental, ajustando-se uma sobra diária de aproximadamente 10 a 20%

do oferecido por animal.

O período experimental teve duração de 69 dias, sendo os 15 primeiros dias destinados

à adaptação do manejo e as dietas e 54 dias de confinamento. Ao final do ensaio

experimental foram feitas amostras compostas por período, e posteriormente submetidas a

análises bromatológicas no Laboratório de Nutrição Animal- LANA, da Universidade

Federal da Bahia.

Comportamento Ingestivo

Os animais foram submetidos a períodos de observação visual para avaliar seu

comportamento ingestivo, que foi realizado no 30º dia e 51º dia do período experimental. As

observações se deram por um período de 24h em intervalos de cinco minutos, onde foram

avaliados o tempo desprendido a alimentação, ruminação e ócio, de acordo com a

metodologia de Carvalho et al. (2007). Neste período, foram observados: número de

mastigações por bolo ruminal e tempo gasto para ruminação de cada bolo. Foram utilizados

quatro observadores treinados dispostos de forma a não incomodar os animais.

Para estimar as variáveis comportamentais de alimentação e ruminação (min/kg MS e

FDN), eficiência alimentar (g MS e FDN/hora) e consumo médio de MS e FDN por período

de alimentação, utilizou-se os valores de consumo voluntário de MS e FDN do 30º e 51º dia,

referentes ao consumo realizado nos dias das observações comportamentais.

O número de bolos ruminados foi calculado dividindo o tempo total de ruminação

(min) pelo tempo médio gasto com a ruminação de um bolo. Para a concentração de MS e

FDN em cada bolo (g) ruminado dividiu a quantidade de MS e FDN consumida (g/dia) em

24 horas pelo número de bolos ruminados no dia.

A eficiência de alimentação da matéria seca e da FDN foi obtida segundo a fórmula:

EALMS = CMS/TAL;

EALFDN = CFDN/TAL

Sendo que: EALMS (g MS consumida/h) é a eficiência de alimentação da matéria seca;

EALFDN (g FDNcp consumida/h) é a eficiência de alimentação da FDNcp;

CMS (g) é o consumo diário de matéria seca;

CFDN (g) é o consumo diário de FDN;

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TAL é o tempo gasto diariamente em alimentação;

A eficiência de ruminação da matéria seca e da FDN foi obtida segundo a fórmula:

ERUMS = CMS/TRU;

ERUFDN = CFDN/TRU;

Sendo que: ERUMS (g MS ruminada/h) é a eficiência de ruminação da matéria seca;

ERUFDN (g FDNcp ruminada/h) é a eficiência de ruminação da FDNcp;

TRU (h/dia) é o tempo de ruminação;

TMT (min/dia) é o tempo de mastigação total;

O número de períodos de alimentação, ruminação e ócio foram contados observando o

número sequencial de atividades na planilha de anotações. O tempo médio diário desses

períodos foi calculado dividindo a duração total de cada atividade (alimentação, ruminação e

ócio) pelo seu respectivo número de períodos.

Análise Estatística

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, utilizando 4 tratamentos

(SS, SSI, SSU e SSUI) e 10 repetições, totalizando 40 unidades experimentais, os quais

foram submetidos a análise de variância- SAS, e quando apresentados diferenças

significativas foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de significância.

O modelo utilizado foi:

Yij= µ + Si + €ij

Onde:

Yij = resposta observada;

µ: média geral;

Si: efeito das silagens;

€ij: erro aleatório associado a cada observação;

RESULTADOS

Não houve diferença (P>0,05) para o consumo de matéria seca em 24h, para

alimentação em min/dia, alimentação min/kg MS, ruminação em min/dia, mastigação

nº/bolo, mastigação h/dia e ócio min/dia (Tabela 3).

Houve diferença s (P<0,01) para o consumo de FDNcp, o menor consumo foi

apresentado pelos animais que consumiram a SSU, seguido da SSUI, os maiores consumos

foram observados para os animais que consumiram a SS e SSI.

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O tempo desprendido para a alimentação em minutos/kg de FDNcp foi influenciado

pelas silagens (P<0,01), os amimais que consumiram a SS e a SSI apresentaram menor

tempo por kg de FDNcp, os amimais que consumiram a SSU apresentou maior tempo para

alimentação.

O tempo desprendido para ruminação em minutos/kg de MS influenciado pelas

silagens (P=0,04), os animais que consumiram a SSUI apresentaram maior tempo para

ruminação (648,40 min/kg), já os animais que consumiram a SS apresentaram menor tempo

desprendido para ruminação, os animais que consumiram as SSI e SSU foram semelhantes

as demais silagens. O tempo desprendido para a ruminação em minutos/kg de FDNcp foi

influenciado pelas silagens (P<0,01), os animais que consumiram as SS e SSI apresentaram

menor tempo por kg de FDNcp, a SSU apresentou maior tempo para alimentação (Tabela 3).

Houve diferença (P<0,01) para a mastigação segundo/bolo, os animais que

consumiram a SSU desprenderam maior tempo para a mastigação, diferindo dos animais que

consumiram SS, os animais que consumiram as SSI e SSUI foram semelhantes as demais

silagens. O número por dia de mastigação foi influenciado pelas silagens (P<0,01), os

animais que consumiram a SSU apresentaram menor número/dia que os animais que

consumiram a SS e SSI, os animais que consumiram a SSUI foram semelhante as demais

silagens (Tabela 3).

Houve diferença (P=0,03) para a mastigação minuto/kg de MS, os animais que

consumiram a SS apresentaram menor tempo de mastigação, já os animais que consumiram

a SSUI apresentaram maior tempo de mastigação, os animais que consumiram as SSI e SSU

apresentaram tempo de mastigação semelhantes as demais silagens. Houve diferença

(P<0,01) para a mastigação minuto/kg de FDNcp, os animais que consumiram as SS e a SSI

apresentaram menor tempo de mastigação/kg de FDNcp, os animais que consumiram a SSU

apresentaram maior tempo de mastigação (Tabela 3).

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Tabela 3. Consumos de matéria seca (CMS) e fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína (FDNcp), atividades de alimentação, ruminação, mastigação e ócio em

cordeiros submetidos a dietas com silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante

microbiano

Variável Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

Consumo em 24h (g/dia)

CMS 978,60 847,70 942,00 832,90 61,52 0,09

CFDNcp 311,60a 298,33a 181,16c 244,68b 19,56 <0,01

Alimentação

Min/dia 228,60 228,20 245,70 236,20 10,74 0,64

Min/Kg MS 241,10 269,10 254,78 287,30 107,04 0,13

Min/Kg FDNcp 742,70c 769,60c 1315,45a 963,50b 90,34 <0,01

Ruminação

Min/dia 508,20 524,70 526,10 535,50 15,71 0,68

Min/Kg MS 534,70b 622,80ab 586,87ab 648,40a 130,55 0,04

Min/Kg FDNcp 1650,5c 1787,4c 3080,4a 2194,9b 196,77 <0,01

Mastigação

Nº/bolo 66,90 64,70 74,34 72,00 3,47 0,12

Seg/bolo 39,60b 45,10ab 56,45a 50,60ab 5,25 <0,01

Nº/dia 51399a 4888a 39343b 44367ab 2802 <0,01

H/dia 12,27 12,84 12,86 12,86 0,34 0,48

Min/Kg MS 776b 892ab 842ab 936a 236,62 0,03

Min/Kg FDNcp 2393c 2557c 4347a 3158b 274,71 <0,01

Ócio

Min/dia 705,50 672,22 670,40 670,70 20,45 0,49 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível

de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

significância.

Não houve diferença para a eficiência de alimentação (gMS/hora) (P=0,05) e

eficiência de ruminação (gFDNcp/bolo) (P=0,06) (Tabela 4).

A eficiência de alimentação gFDNcp/hora foi influenciada pelas silagens (P<0,01),

os animais que consumiram as SS e SSI apresentaram maior eficiência, quando comparadas

com as demais silagens, os animais que consumiram a SSU apresentaram menor eficiência.

Houve diferença (P<0,01) para a eficiência de ruminação (gMS/hora), os animais que

consumiram a SSUI apresentaram menor eficiência de ruminação, já os animais que

consumiram a SS apresentaram maior eficiência, os animais que consumiram as SSI e SSU

apresentaram eficiências semelhantes as demais silagens (Tabela 4).

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Tabela 4. Eficiências de alimentação e ruminação em cordeiros submetidos a dietas com

silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

Eficiência da alimentação

gMS/hora 258,36 225,91 238,51 213,78 16,14 0,05

gFDNcp/hora 79,79a 81,87a 44,78c 62,67b 5,62 <0,01

Eficiência da Ruminação

gMS/hora 115,71a 97,55ab 104,48ab 93,74b 6,88 <0,01

gFDNcp/hora 36,85a 33,26a 20,76c 27,69b 2,48 <0,01

gMS/bolo 1,28b 1,21b 1,72a 1,29b 0,17 0,01

gFDNcp/bolo 0,407 0,393 0,338 0,382 0,03 0,06

Bolos (nº/dia) 771,65a 790,23a 527,79b 664,75ab 54,99 <0,01 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível

de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

significância.

A eficiência de ruminação gFDNcp/hora foi influenciada pelas silagens (P<0,01), os

animais que consumiram as SS e SSI apresentaram maior eficiência quando comparadas

com as demais silagens, os animais que consumiram a SSU apresentaram menor eficiência.

Houve diferença (P=0,01) para a eficiência de ruminação (gMS/bolo), os animais que

consumiram a SSU apresentaram maior eficiência de ruminação, diferindo das demais

silagens. A eficiência de ruminação por bolos (nº/dia) foi influenciada pelas silagens

(P<0,01), os animais que consumiram a SSU apresentaram menor eficiência por bolo, os

animais que consumiram as SS e de SSI apresentaram maiores eficiências por bolo, os

animais que consumiram a SSUI foram semelhante às demais silagens (Tabela 4).

Não houve diferença (P>0,05) para o número de períodos de alimentação, ruminação,

ócio, tempo gasto por período para alimentação, ruminação, ócio e para o consumo médio

por período de alimentação da matéria seca. O consumo médio por período de alimentação

da FDNcp apresentou diferença (P<0,01), os animais que consumiram a SSU apresentaram

menor consumo médio por período de alimentação da FDNcp, já os animais que

consumiram a SS e a SSI apresentaram maiores consumos, os animais que consumiram os

animais que consumiram a SSUI apresentaram consumo semelhante as demais silagens

(Tabela 5).

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Tabela 5. Número e tempo médio despendido por período nas atividades de alimentação,

ruminação e ócio e consumos de matéria seca (MS) e fibra em detergente neutro corrigida

para cinzas e proteína (FDNcp) por período de alimentação em cordeiros submetidos a

dietas com silagens de sorgo aditivadas com ureia e/ou inoculante microbiano

Variável Silagens

EPM1

P-Valor2

SS SSI SSU SSUI

Números de períodos (nº/dia)

Alimentação 14,15 12,25 11,89 11,70 1,14 0,43

Ruminação 25,80 22,55 22,06 23,65 1,34 0,15

Ócio 37,20 32,95 33,17 33,25 0,17 0,14

Tempo gasto por período (min)

Alimentação 17,30 19,90 21,00 19,45 1,72 0,25

Ruminação 20,10 23,50 22,00 23,30 1,43 0,24

Ócio 19,20 21,45 21,00 20,60 1,72 0,64

Consumo médio por período de alimentação (kg)

MS 0,073 0,076 0,081 0,070 0,007 0,65

FDNcp 0,023a 0,027a 0,015b 0,020ab 0,002 <0,01 SS- silagem de sorgo; SSI- silagem de sorgo com inoculante; SSU- silagem de sorgo com ureia; SSUI- silagem

de sorgo com ureia e inoculante; EPM1= Erro Padrão da Média. P-Valor

2= probabilidade significativa ao nível

de 5%; Médias seguidas de letras distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

significância.

DISCUSSÃO

Os tempos (min/dia) desprendidos para alimentação, ruminação e ócio não foram

afetados pelas silagens. Frasson et al. (2016) avaliando o efeito do nível de substituição de

silagem de sorgo por resíduo úmido de cervejaria (RUC), encontraram valores médios de

205,00 min/dia para alimentação; 456,66 min/dia para ruminação e 748,33 min/dia para ócio

para a silagem de sorgo sem inclusão, esses autores afirmaram que em à medida que se

aumentou o nível de inclusão do RUC ocorreu um incremento na densidade energética das

dietas, sendo que isso ocorreu pela maior concentração de energia do RUC em comparação a

silagem de sorgo bem como devido a uma maior participação de milho quebrado no

concentrado, aspectos esses que podem ter levado a redução do tempo despendido em

alimentação.

Observou que houve menor consumo de FDNcp em 24 horas (g/dia) para os animais

que consumiram a SSU, seguido da SSUI. O tempo desprendido para alimentação de FDNcp

foi maior para os animais que consumiram a SSU e consequentemente passaram um tempo

maior para ruminar esse FDNcp. Apesar de ter apresentado em sua composição química

teores de FDNcp de 61,48% e teores de hemicelulose de 27,75% para a SSU, não foi

observado efeito benéfico do uso da ureia na digestão da parede celular, como comentado

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por alguns autores, visto que os animais passaram um tempo maior ruminando a silagem de

sorgo que foi aditivada com ureia, do que as outras silagens.

De acordo com Van Soest (1994), o aumento no teor de FDN causa aumento no tempo

de ruminação visto que há maior necessidade de processamento da fibra, o presente trabalho

demonstrou que ocorreu um menor consumo de FDNcp, um maior tempo desprendido ao

consumo de FDNcp e maior tempo de ruminação para os animais que consumiram essa

silagem.

A ruminação para a MS (min/ kg de MS) foi maior para os animais que consumiram a

silagem de sorgo com ureia e inoculante e menor para os animais que consumiram a silagem

de sorgo. O número de mastigação por bolo (nº/bolo) e em horas de mastigações por dia

(H/dia) não foram afetados pelas silagens, contudo o tempo gasto em segundo por bolo

(seg/bolo) foi influenciado pelos aditivos, apresentando maior tempo para os animais que

consumiram a silagem de sorgo com ureia, este fato está associado ao maior tempo

desprendido para alimentação e ruminação da FDNcp, haja vista que a fibra está diretamente

relacionada com o tempo de mastigação, fibra mais grosseira demanda maior tempo de

mastigação para diminuir o tamanho de partícula e assim ser aproveitado pelos animais.

O número de bolos/dia foi influenciado pelas dietas, o número de bolos/dia é

dependente do tempo de ruminação e de mastigação/bolo, o que explica o menor tempo de

bolos por dia para os animais que consumiram a silagem de sorgo com ureia, visto que esses

animais demandaram maior tempo de mastigação por bolo, isso devido ao FDN. Magalhães

et al. (2012) não observaram diferença significativa da silagem de cana-de-açúcar com óxido

de cálcio em relação à silagem com ureia para a mastigação em número de bolo,

segundo/bolo, nº/dia e minutos/kg de MS e FDN.

O tempo de mastigação total (hora/dia) não foi alterado, fato que pode ter ocorrido em

função dos tempos despendidos nas atividades de alimentação e ruminação que não

diferiram entre os animais dos tratamentos, uma vez que o tempo de mastigação total é

obtido pela soma do tempo gasto em alimentação e ruminação em 24 horas.

O tempo de mastigações em minutos por quilograma de matéria seca (Min/kg MS), e em

minutos por quilograma de FDNcp sofreram efeito dos aditivos, este fato está relacionado com o

tempo de ruminação em minutos por quilo de MS e FDNcp, onde o maior tempo de ruminação

min/kg MS foi observado para os animais que consumiram silagens de sorgo com ureia e

inoculante, e o maior tempo de ruminação min/kg FDNcp observado para os animais que

consumiram silagens de sorgo com ureia.

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A eficiência de alimentação gramas de MS por hora não foi influenciada pelos

diferentes aditivos, contudo a eficiência de alimentação gramas de FDNcp por hora foi

influenciada, esse resultado está relacionado o cosumo em 24 horas (g/dia), visto que a

eficiência é obtida a partir do consumo em gramas pelo tempo gasto com alimentação em

minutos (BÜRGER et al., 2000).

A eficiência da ruminação tanto da MS quanto da FDNcp sofreram efeito das

diferentes dietas, este resultado está relacionado com o consumo de MS e FDN na

ruminação, foi observado menor ERUM da MS para os animais que consumiram silagem de

sorgo com ureia e inoculante e menor ERUM da FDN para os animais que consumiram

silagem de sorgo com ureia. De acordo com Carvalho et al. (2004), a eficiência de

ruminação é um importante mecanismo para avaliar a utilização de alimentos de baixa

digestibilidade, visto que é possível identificar se o teor de FDN da dieta está reduzindo o

consumo e consequentemente o desempenho dos animais. Frasson et al. (2016) encontraram

valores médios de eficiência de alimentação (EAL) da MS e da FDN de 455 gMS/hora e 155

gMS/hora, respectivamente, e para a eficiência de ruminação (ERUM) da MS e da FDN de

142,6 gMS/hora e 65,5 gMS/hora, respectivamente.

A eficiência de ruminação em gramas de MS por bolo e o número de bolos por dia

foram influenciadas pelos aditivos, a SSU proporcionou maior ERUM de MS que as demais

silagens, a eficiência de ruminação em gramas de FDN por bolo não foi influenciada pelas

silagens. A eficiência de ruminação em gramas de MS por bolo está relacionada com o

consumo de MS e o numero de bolos/ dia, quanto maior o número de bolos/dia menor a

ERUM da MS.

Os números de períodos (nº/dia) e o tempo gasto por período (min) para a alimentação,

ruminação e ócio não foram influenciados pelas diferentes silagens, assim como o consumo

médio de MS por período de alimentação, apresentando comportamento semelhante dos

animais as silagens, contudo o consumo médio de FDN por período de alimentação

apresentou efeito das silagens, onde os animais que consumiram a silagem de ureia

apresentaram menor consumo de FDNcp por período de alimentação.

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CONCLUSÃO

A utilização de ureia na silagem de sorgo não mostra eficaz em melhorar a

digestibilidade da fibra, visto que os animais desprenderam maiores tempos para

alimentação e ruminação de FDNcp, além de maiores tempos de mastigação (seg/bolo),

(min/kg de MS), (min/kg de FDNcp) e menores eficiências. A utilização de Lactobacillus

buchneri na silagem de sorgo não altera o comportamento ingestivo dos cordeiros Santa

Inês.

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153

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para se obter uma silagem de qualidade torna-se necessário utilizar uma forrageira

que tenha carcateristicas desejáveis para que ocorra uma fermentação adequada e

consequentemente um mateial estabilizado e conservado, dentre essas características

encontram-se o teor de matéria seca apropriado, concentração de carboidratos solúveis

adequado, baixa capacidade tampão, entre outros.

O sorgo possui essas carcterísticas e se torna ideal para o processo de ensilagem,

contudo algumas variedades de sorgo possuem excesso de carboidratos solúveis, que podem

prejudicar a qualidade da silagem, devido a presença de leveduras, formação de etanol e

consequentemente perdas por gases, diminuindo a estabilidade aeróbia das silagens. Com

isso, o uso de aditivos se faz necessário, para controlar a população microbiana e melhorar a

estabilidade das silagens.

Os resultados obtidos nessa pesquisam demontram que o Lactobacillus buchneri

adicionado à silagem de sorgo foi eficaz na redução de mofos e leveduras, diminuindo as

perdas por gases, melhorando a estabilidade aeróbia das silagens, contudo afetou

negativamente os parâmetros produtivos de cordeiros Santa Inês.

Já a adição de ureia isoladamente a silagem de sorgo precisa ser avaliada quanto a sua

eficácia no controle de mofos e leveduras e consequentemete na estabilidade aeróbia, visto

que no presente trabalho a sua utilização não foi eficaz em melhorar a estabilidade aeróbia,

além de não ter melhorado a digetibilidade da fibra, porém os resultados com animais

garantiram melhor desempenho.

A adição dos dois aditivos a silagem apresentaram os melhores resultados para

composição química, perfil fermentativo, perdas, estabilidade aeróbia das silagens, além dos

melhores resultados para os paramentros produtivos metabólicos e carcateristicas de carcaça

e de carne de cordeiros Santa Inês.

Faz-se necessários mais estudos voltados à utilização da ureia e do inoculante

microbiano nas silagens de sorgo, devido a alguns resultados controversos que são

encontrados na literatura. Além de avaliar economicamente se é viável sua adição à silagem,

levando em consideração as vantagens e desvantagens dos aditivos.