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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES
CURSO DE COMUNICAÇÃO
HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
HERBERT VICTOR CLEMENTE MÉLO DE ARAÚJO
VENCER OU BRINCAR:
CARACTERÍSTICAS DO ESPORTE REGISTRADAS EM IMAGENS
FOTOGRÁFICAS NA PRAIA DO CABO BRANCO
João Pessoa
2014
HERBERT VICTOR CLEMENTE MÉLO DE ARAÚJO
VENCER OU BRINCAR:
CARACTERÍSTICAS DO ESPORTE REGISTRADAS EM IMAGENS
FOTOGRÁFICAS NA PRAIA DO CABO BRANCO
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, no período 2013.2, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel, na Universidade Federal da Paraíba.
Orientador: Prof. Dr. João de Lima Gomes
João Pessoa
2014
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo, através de ensaio fotográfico, estabelecer as
diferenças entre os aspectos competitivos e lúdicos das práticas esportivas, neste
caso específico das atividades físicas voltadas para as modalidades vôlei de praia
e futebol de areia. O projeto foi desenvolvido em consonância com as principais
teorias sociais do esporte, que abordam as diferenças entre a prática voltada para
o rendimento e a direcionada ao lazer. As fotos foram tiradas na praia do Cabo
Branco, em João Pessoa, Paraíba, nos finais de semana do mês de fevereiro de
2014.
Palavras-chave: fotografia; esporte; sociologia do esporte; futebol de areia; vôlei
de praia.
SUMÁRIO
1 Apresentação ........................................................................................................... 09 2 Justificativa .............................................................................................................. 10 3 Objetivos .................................................................................................................. 11
3.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 11 3.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 11
4 Referencial teórico ................................................................................................... 12 4.1 Origem e evolução do esporte na história da humanidade ................................ 13 4.2 Vencer ou brincar ............................................................................................... 15 4.3 A fotografia como meio de expressão factual e artística aplicável ao esporte ... 16
5 Metodologia .............................................................................................................. 18 6 Etapas de execução ................................................................................................. 19
6.1 Pré-Produção ..................................................................................................... 19 6.2 Produção ............................................................................................................ 20
6.3 Pós-Produção ..................................................................................................... 22
7 Considerações finais ................................................................................................ 24 8 Referências .............................................................................................................. 25
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1 APRESENTAÇÃO
A orla da Grande João Pessoa é um espaço utilizado por adeptos de
diversas modalidades esportivas. Nas praias da cidade de Cabedelo e no bairro do
Bessa, destaca-se a prática do kitesurf, windsurf, wakeboard e surf, esportes
aquáticos favorecidos pela condição do mar mais agitado, típico desta região. A
maior diversidade de modalidades, no entanto, é encontrada na praia do Cabo
Branco, na capital paraibana.
Com exceção das práticas esportivas mais dependentes da agitação das
ondas, Cabo Branco é atualmente um lugar democrático no que diz respeito à
realização de atividades físicas classificadas como esporte. Neste trecho da orla
pessoense, tênis de praia, handebol de praia, ciclismo, futebol americano,
frescobol, slackline, futebol de saco, vôlei de praia e futebol de praia são exemplos
de modalidades que coabitam a área de maneira harmoniosa.
Nas areias do Cabo Branco, o futebol de praia e o vôlei de praia aparecem
como os esportes mais praticados. As duas modalidades possuem áreas
delimitadas tanto para a realização de atividades do ponto de vista competitivo
quanto lúdico, fazendo com que atletas aprimorem o seu jogo e disputem
competições, enquanto que pessoas em busca apenas de lazer tenham o acesso
garantido à diversão que o esporte proporciona.
Neste trabalho pretendemos apresentar as diferenças nos elementos visuais
dos praticantes do vôlei de praia e do futebol de praia que podem ser observados
em duas situações: competição e lazer. Estas diferenças serão demonstradas
através de fotografias tiradas durante a realização de partidas oficiais e das
chamadas “peladas”. Em ambos os casos, as fotos serão feitas na praia do Cabo
Branco, em João Pessoa, na Paraíba.
Visualmente, estas diferenças podem ser percebidas por diversos fatores,
tais quais uniformes ou ausência deles, expressões faciais de esforço e
descontração, locais onde ocorrem as atividades esportivas, qualidade e
conservação dos equipamentos de jogo como a bola, por exemplo, entre outros.
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2 JUSTIFICATIVA
Ter atuado na redação do Jornal A União como estagiário da editoria de
Esportes durante o período de aproximadamente dezoito meses foi um fator
determinante para a escolha do tema. Na prática do jornalismo diário pude
perceber a carência que o esporte local tem com relação ao registro fotográfico de
suas diversas atividades, com exceção do futebol de campo, que em sua vertente
profissional recebe ampla cobertura multimidiática da imprensa.
O que se pode perceber nas notícias e reportagens veiculadas em jornais,
portais eletrônicos e revistas locais é que as imagens utilizadas para ilustração das
matérias esportivas são, na maioria dos casos, enviadas por assessorias de
comunicação ou por pessoas diretamente ligadas aos atletas, quando não são
estes últimos que fornecem as imagens.
Por esta razão, é notável a baixa qualidade dos registros fotográficos, como
o uso em excesso de fotos estáticas, a exemplo do momento de premiação de um
evento, e a utilização de fotos meramente ilustrativas que não correspondem ao
texto exposto para o leitor. Neste último caso é comum que fotografias tiradas em
treinos sejam utilizadas para ilustrar matérias sobre competições.
Além de buscar cobrir uma carência gerada pela negligência dos meios de
comunicação paraibanos, o trabalho se faz necessário para auxiliar na
documentação de determinadas práticas esportivas desempenhadas em âmbito
nacional. Ampliar os registros sobre a cultura corporal, no que tange às dimensões
do esporte e lazer, é uma necessidade explicitamente reconhecida pelo Ministério
do Esporte1.
1 Texto do Ministério do Esporte, disponível através do endereço:
http://www2.esporte.gov.br/conferencianacional/arquivos/textoIIFundamentacaoSobreSistema230106.pdf.
Acesso em: 06 ago. 2013
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3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Elaborar um ensaio fotográfico acerca da prática esportiva do vôlei e
futebol de praia, de forma a destacar os aspectos competitivos e
lúdicos inerentes ao esporte.
3.2 Objetivos específicos
Ressaltar elementos visuais que diferenciam os praticantes de esporte
que buscam o alto rendimento em eventos e aqueles cuja prática é
voltada exclusivamente para o lazer.
Demonstrar, através da presente proposta, a importância do registro
fotográfico das atividades esportivas de rendimento ou participação,
conceitos adotados aqui com base nos incisos II e III do art. 3º da Lei
nº 9.615/98.
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4 REFERENCIAL TEÓRICO
Ter uma noção do conceito por trás da palavra “esporte” é fundamental para
a realização deste trabalho. Especialmente por se tratar de um fenômeno que não
é compreendido de maneira pacífica pelos estudiosos. Alguns sociólogos que
abordaram o assunto entendem que o esporte é apenas a versão institucionalizada
do fenômeno, tese defendida por Barbanti (2006?), que embora não seja sociólogo
defende esta posição em seu artigo2. No texto escrito por Barbanti, o autor coloca
os pré-requisitos necessários para que uma atividade física seja considerada
esporte.
De acordo com muitos sociólogos do esporte, o esporte é
caracterizado por alguma forma de competição que ocorre
sob condições formais e organizadas. [...] Em outras palavras,
o fenômeno esporte envolve uma atividade física competitiva
que é institucionalizada. Competição neste caso é definida
como um processo através do qual o sucesso é medido
diretamente pela comparação das realizações daqueles que
estão executando a mesma atividade física, com regras e
condições padronizadas. Institucionalização é um conceito
sociológico que se refere a um conjunto de comportamentos
normalizados ou padronizados durante um certo tempo e de
uma situação para outra. (Barbanti, 2006?, p. 4-5)
Sobre a institucionalização, Barbanti destaca como seus elementos: a padronização
de regras universais para as práticas tidas como esporte; a existência de uma entidade
que acompanhe a aplicação destas regras; a utilização de artifícios como a criação de
estratégias e programas de treinamento, assim como o uso de equipamentos que melhore
o rendimento dos atletas ou da equipe, aumentando a chance de sucesso nas
competições; e lançar mão de uma equipe multidisciplinar para a preparação dos atletas.
Já outros cientistas sociais, argumentam uma heterogeneidade dentro
destas práticas humanas, levando em conta a apropriação legítima da versão
oficial das atividades por parte das pessoas, resultando em uma condição inerente
2 Artigo “O que é esporte?”, disponível através do endereço:
http://www.eeferp.usp.br/paginas/docentes/Valdir/O%20que%20e%20esporte.pdf. Acesso em: 20 fev. 2014.
13
ao estilo de vida dos indivíduos que promovem tais apropriações. Esta segunda
corrente é acolhida por Stigger (2002), que sobre ela afirma:
...esta última perspectiva, em vez de apresentar a sociedade
como um todo de valores e funções sociais que confere
coerência e funcionalidade ao sistema, destaca as relações
de conflito entre diferentes grupos sociais. Quando não se
satisfazem com uma visão única do esporte, identificam
atores sociais como sujeitos de suas escolhas, no campo
deste elemento da cultura. [...] Vistas desta maneira, as
práticas esportivas deixam de ser analisadas de forma
homogênea e passam a ser consideradas valores presentes
num sistema, sendo praticadas e veiculadas por diferentes
grupos de um mesmo contexto social, convivendo não numa
relação de dominação, mas de interação e conflito. (Stigger,
2002, p. 35)
Os aspectos visuais que diferenciam o esporte de rendimento do esporte
recreativo estão intimamente relacionados aos elementos que constituem a
diferença conceitual entre eles, por isto a importância destas considerações
teóricas preliminares.
4.1 Origem e evolução do esporte na história da humanidade
As teorias sobre a história do esporte são muitas. Há autor que entende o
esporte como a essência de cada povo que viveu em uma determinada época,
atrelando a atividade esportiva com a cultura destas populações. Também há
pensador que veja as atividades físicas produzidas pela humanidade como uma
forma do homem promover o autoconhecimento referente às relações entre homem
e natureza, homem em seu aspecto pessoal e homem e comunidade.
Pelo menos três autores norte-americanos chegaram a afirmar que o esporte
surgiu para solucionar questões pedagógicos primitivos, segundo Ueberhost (1973
apud Tubino, 2010, p.20). De acordo com Tubino, outro autor surge com um
conceito diferente em relação à origem do esporte.
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Eppensteiner (1973) liga a origem do esporte às motivações
da ação esportiva. Elas vêm da natureza e da cultura. Para
esse autor, o esporte é um fenômeno biológico e não
histórico. Em todos os momentos históricos, a natureza e a
cultura coexistem ao criar um “instinto esportivo”, que para ele
é resultante da combinação do lúdico, do movimento e da
luta. (TUBINO, 2010, p. 20)
O esporte pode ser dividido historicamente em Esporte Antigo, Esporte
Moderno e Esporte Contemporâneo, conforme divisão enunciada por Tubino em
Garrido e Tubino (2006 apud Tubino, 2010, p.20).
Da Antiguidade até a primeira metade do século XIX, ocorreu
o Esporte Antigo. O Esporte Moderno, concebido depois de
1820 pelo inglês Thomas Arnold, começou a institucionalizar
as práticas esportivas existentes, codificando-as por meio de
regras e entidades. No final da década de 1980, a partir da
aceitação do direito de todos ao esporte, tem início o Esporte
Contemporâneo, para o qual a Carta Internacional de
Educação Física e Esporte foi, sem dúvida, o grande marco.
(TUBINO, 2010, p. 20)
Nas sociedades mais antigas, as atividades físicas que se aproximavam de
práticas esportivas como são entendidas hoje eram marcadas pelos confrontos
físicos entre pessoas ou por funções úteis aos seres humanos que dependiam da
própria força para ultrapassar obstáculos, uma vez que não contavam com uma
tecnologia avançada. Lutas, artes marciais, duelos armados, remo, natação,
equitação, corridas, entre outras atividades eram praticadas por homens da
Antiguidade de civilizações como a Egípcia, Japonesa, Chinesa, etc. A relação
entre o homem e as divindades também marcou a época do Esporte Antigo e isso
ficou bem claro nas práticas difundidas na Grécia.
O Esporte Moderno, com várias modalidades que hoje conhecemos já
institucionalizadas e regulamentadas, foi marcado pelo ideal de alcançar bons
resultados. A prática do esporte relacionada ao rendimento era forte entre os povos
e o esporte chegou a ser um instrumento de medição de forças das nações
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capitalistas e socialistas durante o período da Guerra Fria, época em que os
governos investiam pesado nos atletas para vencerem as Olimpíadas e
comprovarem a superioridade de ideais políticos.
A fase contemporânea do esporte veio para quebrar com os paradigmas do
rendimento e lançar um conceito mais amplo sobre a questão da prática. A partir
deste período de demarcação conceitual da sua história, o esporte deixou de ser
visto como uma exclusividade de pessoas com talento ou com determinadas
características físicas favoráveis ao desempenho das atividades ligadas a área e
passou a ser entendido como um direito de todos independente das condições
sociais, físicas e da idade dos praticantes. O novo paradigma permitiu que a prática
esportiva tivesse suas finalidades ampliadas e definidas como voltadas para o
rendimento, para a participação e para a educação.
4.2 Vencer ou brincar
A legislação brasileira incorporou o novo paradigma do esporte e, em 1998,
através da lei federal de número 9.615, atribuiu conceitos a respeito dos três tipos
de manifestações esportivas. De acordo com os incisos I, II e III do terceiro artigo
da lei, o esporte ficou definido como desporto educacional, desporto de
participação e desporto de rendimento. Para a proposta do presente trabalho
apenas os últimos dois conceitos interessam.
Segundo a lei federal, no desporto de participação as modalidades são
praticadas de modo voluntário com a finalidade de proporcionar uma interação
social entre os praticantes e de maneira a contribuir com a melhora na saúde,
educação e na preservação do meio ambiente.
No desporto de rendimento, por sua vez, as modalidades são praticadas de
acordo com normas previstas na lei em questão e com regras estabelecidas
nacional e internacionalmente pelas entidades representativas de cada esporte. A
finalidade neste caso é alcançar resultados e promover a integração entre os
brasileiros e estes com os demais povos do mundo.
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Independente da finalidade atribuída à prática do esporte, se ela é realizada
por puro prazer ou para a obtenção de resultados, os elementos lúdicos e
competitivos estão presentes nos dois casos. A intensidade em que estes aspectos
podem ser percebidos é que pode variar de acordo com o fim atribuído por cada
praticante. É mais comum que o atleta de alto rendimento se esforce mais para
vencer, ao contrário das pessoas que buscam atividades físicas classificadas como
esporte para ocupar o tempo livre, sem comprometimento com resultados. Mas
também pode-se notar praticantes que levam a sério determinados momentos
ocasionados em jogos e a descontração de atletas que se dedicam ao rendimento.
4.3 A fotografia como meio de expressão factual e artística aplicável ao
esporte
Os esforços teóricos para entender a fotografia como uma forma de
expressão artística e ao mesmo tempo vinculada aos nascentes surgimentos do
que futuramente poderíamos chamar de ciência da comunicação remontam a
meados dos anos trinta quando pelo viés da história da cultura Walter Benjamin
escreve sobre a fotografia e o cinema, artes técnicas que revolucionariam as
categorias de eleição de obras como arte e extratos da cultura.
O filósofo alemão escreveu uma breve história da fotografia e em seu
clássico texto “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, de 1936,
estabeleceu sua relação com a nascente arte cinematográfica e evolução ainda da
imprensa no contexto europeu, principalmente.
A partir dai, e num contexto de importantes modificações no ambiente da
cultura de massas, dá-se ênfase ao enlace texto x imagem, especialmente com a
popularização da revista francesa “Vu”, e as americanas do grupo Time-Life, que
por sinal foram bastante influentes no desenvolvimento do fotojornalismo no Brasil.
Quando chegamos à virada do milênio já há uma consubstanciada produção
de estudos, nacionais e estrangeiros, e, se no ambiente da arte e da comunicação
é útil o debate, na sua extensão ao universo dos esportes há importante fases a
considerar.
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No caso de um jornal histórico, como A União, observamos que a partir dos
anos cinquenta do século passado é na página de esportes onde a expressão
técnica e artística mais se apresenta.
Nosso projeto tem como referencial este contexto evolutivo e procura a partir
das principais teorias em evidência relacioná-las com o objeto empírico escolhido.
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5 METODOLOGIA
O ponto de partida do trabalho aqui proposto foi realizar uma pesquisa
bibliográfica para a fundamentação teórica do trabalho, assim como tomar
conhecimento das datas de realização das competições organizadas pelas
entidades oficiais responsáveis pelo vôlei e futebol de praia durante o período de
desenvolvimento deste projeto. Nestes eventos as fotografias dos atletas de ambas
as modalidades, que visam o rendimento, foram realizadas.
Já as imagens fotográficas de pessoas que encontram na prática das duas
modalidades esportivas um momento de lazer, se deram no período de alta
visitação da população paraibana às praias da capital: os fins de semana do mês
de fevereiro, enquanto o sol ainda é rigoroso e atrai muita gente ao litoral
pessoense.
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6 ETAPAS DE EXECUÇÃO
A fotografia foi responsável pelo meu ingresso no curso de Jornalismo e
nada mais justo que utilizar uma câmera fotográfica para produzir o último trabalho
da minha graduação. Explico. É que apesar de sempre me interessar por notícias,
o passo dado por mim em direção ao estudo da comunicação se deu após
presenciar uma oficina de fotografia ministrada pelo meu pai, Manoel Clemente,
professor aposentado da UFPB, outrora responsável por dar aulas com conteúdo
voltado para foto e vídeo. Esse gosto herdado, talvez pela exposição ao tema no
convívio com meu genitor, contribuiu para a minha jornada universitária e também
na experiência prática durante o tempo que estagiei no Jornal A União.
Na Academia, fui o editor de fotografia do “Questão de Ordem”, jornal da
disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, onde contribui com imagens que
ilustraram diversas matérias. Já no estágio em A União tive fotografias publicadas
no caderno de Esporte, editoria em que atuei como repórter, e, em poucas
oportunidades, na editoria de Cotidiano. Seguir clicando pareceu ser a opção mais
lógica e coerente para por um fim aos quatro anos de estudo.
A opção pelo tema esportivo também foi fruto da experiência no estágio. A
familiaridade com as fontes e o conhecimento em torno das práticas esportivas
realizadas na cidade foi determinante no momento de escolha do objeto deste
trabalho e na produção do mesmo.
6.1 PRÉ-PRODUÇÃO
Minha preocupação inicial foi encontrar referência para dar consistência
teórica ao trabalho. A literatura foi achada através de mecanismos de busca da
internet e posteriormente adquirida para estudo por meio do e-commerce. O livro
Esporte, lazer e estilos de vida, de Marco Paulo Stigger, pareceu ser uma aquisição
suficiente para o embasamento teórico deste trabalho. No que toca o fenômeno
esportivo, Stigger aborda com muita propriedade os pensamentos divergentes dos
estudiosos, especialmente na questão relevante a este projeto: esporte de
rendimento x esporte recreativo.
O passo seguinte foi reunir informações sobre o calendário de eventos
oficiais do futebol de areia e do vôlei de praia paraibanos. Além da internet, os
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responsáveis pela representação destes esportes no estado da Paraíba foram
procurados e se mostraram dispostos a contribuir com a realização deste trabalho.
Giovanni Marques, diretor do departamento de vôlei de praia da Federação
Paraibana de Voleibol, e Ailton Cavalcanti, presidente da Federação Paraibana de
Beach Soccer, foram os dirigentes procurados que facilitaram a execução deste
projeto.
Por fim, a escolha do equipamento encerrou a primeira fase da execução do
projeto. Para tirar as fotos selecionei a minha câmera pessoal da marca Canon,
modelo Powershot SX 20 IS, de resolução 12.1 megapixels, alimentada por quatro
pilhas recarregáveis de tamanho AA. Um cartão de memória SD de quatro
gigabytes foi disponibilizado por mim para a gravação das imagens no
equipamento.
6.2 PRODUÇÃO
A execução do trabalho foi realizada às pressas, excetuando-se a parte de
leitura da teoria sobre o esporte. Apesar de o cronograma inicial prever muito
tempo para pôr em prática a ideia do projeto, a oportunidade de ir aos eventos
oficiais só foi possível perto do prazo final de entrega da parte escrita, em fevereiro.
Por se tratar de um mês em que o calor ainda predomina na Paraíba e as praias
estão sempre lotadas nos fins de semana, não foi difícil encontrar situações para
fotografar pessoas se divertindo através do esporte, como era de imaginar, já que
se trata de uma situação contínua no cotidiano de João Pessoa. Por conta deste
fator, não houve preocupação em capturar as cenas desses atores populares
previamente, e sim concomitantemente ao processo de obturação das fotos dos
jogos oficiais.
Na tarde do dia 08 de fevereiro de 2014 ocorreu a primeira visita à locação,
que inclui a maior parte da faixa de areia da praia do Cabo Branco. Neste dia, a
parte visitada especificamente foi a arena oficial da Federação Paraibana de Beach
Soccer, localizada em frente ao Centro de Turismo e Lazer Sesc Cabo Branco.
Naquela oportunidade, estava sendo realizado o jogo entre as equipes Gama FC e
Santa Cruz de Santa Rita, válido pela Copa Verão, e eu já tinha autorização prévia
de Ailton para fotografar o evento. As primeiras fotos que tirei refletiram o costume
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de buscar a imagem ideal para a notícia, a prática do fotojornalismo, algo que
estava acostumado a fazer no tempo de repórter. Mas mesmo focando a
plasticidade das jogadas, tinha em mente que deveria ressaltar os elementos
visuais que diferenciam a prática competitiva da recreativa, por isso busquei
mostrar a presença de arbitragem e de espectadores na partida entre os dois
times.
Na mesma tarde fotografei quatro pessoas, três homens e uma mulher, que
estavam jogando vôlei de praia com rede própria. A rede estava montada em um
dos armadores fixos instalados na praia com a finalidade de atender a população.
Em uma breve conversa com a mulher do grupo, que se identificou pelo nome de
Araly Cristina, tomei conhecimento de que a prática do vôlei de praia ocorria
semanalmente entre os membros do grupo, sempre nos sábados. Os participantes
eram os mesmos, embora naquele dia faltassem pessoas. Araly contou que a
atividade trata-se de uma reunião de amigos, com o objetivo único de ter diversão,
muito embora o resultado dos jogos seja levado a sério por alguns participantes
desta turma. “Alguns do grupo se preocupam com quem perde, quem vence, leva a
sério os pontos, mas é mais por diversão”, relatou Araly, que afirmou ainda realizar
outra atividade na praia sempre que vai para jogar com o grupo: tomar banho de
mar antes e depois da partida. Vale salientar ainda que esta turma de amigos
costuma jogar com três pessoas em cada time de vez em quando, algo que vai de
encontro às normas do esporte institucionalizado.
Na manhã do dia seguinte, 09 de fevereiro, foi vez de procurar “peladas” de
futebol de areia para fotografar. Por se tratar de um domingo, o trabalho ficou ainda
mais fácil. O futebol é amplamente praticado nas areias do Cabo Branco e não
precisei andar muito para encontrar um grupo de peladeiros. Aproximei-me de um
grupo situado nas proximidades da faixa de areia logo ao final da Avenida Ministro
José Américo de Almeida (Beira Rio) e pedi a um participante para registrar o jogo,
o que foi cedido sem grande formalidade ou muita conversa. Os homens em um
dado momento chegaram a brincar afirmando que “iriam sair no Globoesporte” pelo
simples fato de serem fotografados enquanto jogavam. O clima, no sentido
figurado, era de descontração total e, por conta deste fator, foi possível adquirir
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elementos visuais que torna nítida a diferença entre o esporte de rendimento e o
esporte recreativo.
Minutos depois e perto de onde estava fotografando o primeiro grupo,
capturei imagens de quatro homens que jogavam “travinha” na área da areia
molhada, próximo ao mar. Apesar de não se tratar do mesmo jogo e sim de uma
apropriação ainda mais pessoal do futebol de areia, decidi tirar as fotos para
reforçar os argumentos da parte teórica do trabalho. A abordagem dos praticantes
da travinha foi a mesma: me aproximei e pedi permissão para capturar as imagens
e esta foi cedida sem problema.
Na tarde do dia 15 de fevereiro retornei para a minha penúltima visita à praia
com o fim de capturar imagens para o projeto. A intenção era apenas
complementar o trabalho realizado nos dias anteriores, buscar imagens inovadoras
que pudessem acrescentar argumentos não obtidos até então ou reforçar outros,
como a ênfase na questão do público em jogos oficiais de futebol de areia e a
informalidade na prática do vôlei de praia. Para tanto, fotografei uma partida da
Copa Verão, entre os times Moroni e Servicar, realizada na arena oficial da
Federação, e cliquei dois grupos que praticavam vôlei de praia em quadras
distintas, embora ambas próximas da área do futebol de areia.
O último dia de produção das fotografias ocorreu em 19 de fevereiro, durante
a realização da etapa pessoense do Circuito Banco do Brasil Nacional, uma
espécie de prévia de uma das etapas do maior evento do vôlei de praia do país, o
Circuito Banco do Brasil Open, marcada para acontecer dias depois daquela,
também na capital paraibana. Nesta que decidi ser a derradeira oportunidade de
reunir fotos para o projeto, capturei as imagens que faltavam para concluir o
trabalho, as de partidas oficiais do vôlei de praia disputadas no Cabo Branco.
6.2 PÓS-PRODUÇÃO
Esta etapa consistiu em selecionar as fotos a serem utilizadas na
apresentação do projeto, dentre as inúmeras que foram tiradas, trata-las com um
programa de edição de imagens e ordenar elas de forma coerente em outro
software, a fim de criar uma exposição sequencial e contínua no estilo slide show.
A parte mais difícil desta fase foi, definitivamente, escolher as imagens que iriam
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ser mostradas à banca no dia da defesa deste trabalho. Superado este problema, a
edição inicialmente se demonstrou lenta, por se tratar de um grande número de
fotos, mas, com o decorrer do tempo, o processo se tornou automatizado e foi
concluído sem exigir dias de dedicação exclusiva para que isso ocorresse. A
automatização aqui citada só foi possível pela tecnologia à disposição e pelo fato
de ter produzido as imagens com a mesma câmera, em horários parecidos do dia,
chegando a um resultado quase que homogêneo das fotos a serem tratadas.
O encerramento da produção se deu com a escolha da ordem em que as
imagens aparecem na apresentação, assim como da trilha sonora que acompanha
o slide show. Este modo de expor foi escolhido na tentativa de tornar o trabalho
mais dinâmico e sua apresentação menos cansativa para os espectadores,
especialmente os professores que avaliarão este projeto.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado final do presente trabalho ficou dentro das expectativas criadas
por mim quando do nascimento da ideia deste projeto. Tudo que passei
executando cada uma das etapas já era esperado, sendo a produção deste
relatório a mais sofrida, por ter exigido a transcrição de conhecimentos teóricos que
de certa maneira me deixaram inseguro, graças ao fato de, infelizmente, não ter
sido a área acadêmica o meu foco durante a graduação. O mesmo eu não posso
dizer da parte prática em si, pois estava familiarizado com o trabalho de campo
desde o quarto período do curso, quando tive a oportunidade de cursar a disciplina
de Laboratório Impresso e, ainda durante este semestre, ser admitido como
estagiário de A União.
O comodismo de estar em contato por dois anos com a área esportiva por
conta do estágio incidiu na escolha do tema e facilitou a execução do projeto.
Talvez esse excesso de confiança na parte prática tenha feito com que o trabalho
fosse realizado tão em cima da hora. Os malefícios dessa procrastinação com
certeza foram sentidos, uma vez que gripei na semana da entrega do relatório e
tive que dar conta de finalizar a produção e fazer toda a pós-produção sozinho e
doente.
Tive duas decepções que me acompanharam durante a caminhada desta
última realização dentro da graduação em Jornalismo: a desistência de um colega
de turma que iria produzir o projeto em parceria comigo, o que teria tornado a
tarefa menos árdua; e o fato de não conseguir extrair das cenas que fotografei um
dos objetivos específicos apresentados no pré-projeto e retirados do relatório final,
que era mostrar através de aspectos visuais a dimensão lúdica no esporte de
rendimento.
Finalizo, não apenas este trabalho, mas o curso, com enorme alegria e
satisfação por concluir esta etapa da minha vida, vista por mim como importante
por proporcionar experiências que engrandeceram a minha existência, trazendo
benefícios notáveis no meu convívio em sociedade e para a minha carreira
profissional.
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8 REFERÊNCIAS
STIGGER, Marco Paulo. Esporte, lazer e estilos de vida: um estudo etnográfico.
Campinas: Autores Associados, chancela editorial Colégio Brasileiro de Ciências
do Esporte (CBCE), 2002.
BRASIL. Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998.
COMPETIÇÃO E LAZER NO ESPORTE: ALIADOS OU RIVAIS? UM ESTUDO
SOBRE A PRÁTICA DOS CICLISTAS COMPETITIVOS AMADORES DO
MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL-REI – MG. Disponível em:
<http://www.academia.edu/358532/Competicao_e_lazer_no_esporte_aliados_ou_ri
vais_Um_estudo_sobre_a_pratica_dos_ciclistas_competitivos_amadores_do_muni
cipio_de_Sao_Joao_del-Rei_-_MG>. Acesso em 06 ago. 2013.
TUBINO, Manoel José Gomes. Estudos brasileiros sobre o esporte: ênfase no
esporte-educação. Maringá: Eduem, 2010.