universidade federal da paraÍba universidade aberta do ... · “foi o tempo que dedicastes à ......

29
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LETRAS À DISTÂNCIA SALUSTINO ALEX FERREIRA DO AMARAL RECONSTRUINDO HISTÓRIAS NO IMAGINÁRIO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA LÚDICA COM A OBRA O PEQUENO PRÍNCIPE ARARUNA 2013

Upload: truonglien

Post on 10-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LETRAS À DISTÂNCIA

SALUSTINO ALEX FERREIRA DO AMARAL

RECONSTRUINDO HISTÓRIAS NO IMAGINÁRIO INFANTIL: UMA

EXPERIÊNCIA LÚDICA COM A OBRA O PEQUENO PRÍNCIPE

ARARUNA 2013

RECONSTRUINDO HISTÓRIAS NO IMAGINÁRIO INFANTIL: UMA

EXPERIÊNCIA LÚDICA COM A OBRA O PEQUENO PRÍNCIPE

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado

na Universidade Federal da Paraíba, como requisito

parcial para a obtenção do título Curso de Letras sob

a Orientação da professora Ms. Eveline Alvarez dos

Santos.

ARARUNA

2013

SALUSTINO ALEX FERREIRA DO AMARAL

RECONSTRUINDO HISTÓRIAS NO IMAGINÁRIO INFANTIL: UMA

EXPERIÊNCIA LÚDICA COM A OBRA O PEQUENO PRÍNCIPE

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado na Universidade Federal da Paraíba – UFPB, como requisito parcial para a obtenção do título Curso de Letras sob a Orientação da Professora Ms. Eveline Alvarez dos Santos.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Profª Ms. Eveline Alvarez dos Santos

Orientadora

___________________________________________ Zélia Bora

1ª Examinadora

____________________________________________

Rosevan Marcolino de Andrade 2º Examinador

ARARUNA 2013

Dedico a todos que contribuíram com o seu

apoio direto ou indiretamente para a

construção do presente trabalho, em especial a

minha família e amigos que se fizeram

presentes em momento ímpar de minha vida.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força e coragem nos momentos

difíceis.

Agradeço aos meus professores, pelos ensinamentos ao longo do curso. Em especial a

minha orientadora Eveline Alvarez dos Santos, por ter me guiado na construção do meu

Trabalho de Conclusão de Curso.

Aos meus colegas de curso, que mesmo virtualmente estávamos sempre juntos nos

momentos de dificuldades e alegrias.

Agradeço a minha família em especial a minha mãe Elione que sempre me deu forças

e me fez acreditar que tudo é possível e minha irmã Roseane que mesmo morando longe

sempre torceu por mim.

A minha madrinha Judith, que me ajudou a tomar a decisão certa na hora que pensei

em desistir.

Aos meus amigos e companheiros de Universidade, Lucinária dos Anjos, Jaison

Honório, Késia Tatyane, Gilvaneide Pereira e Auricélio Fernandes que contribuíram de

alguma forma para a conclusão deste trabalho.

“ Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que a fez tão importante.”

(Antoine de Saint-Exupéry)

RECONSTRUINDO HISTÓRIAS NO IMAGINÁRIO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA LÚDICA COM A OBRA O PEQUENO PRÍNCIPE

Salustino Alex Ferreira do Amaral1

RESUMO

A literatura sempre apresentou grande relevância para a formação do indivíduo, seja em seu estado pragmático educacional, seja como objeto para o desenvolvimento de habilidades críticas. O gênero literário Infantojuvenil recebe influência da concepção de infância na sociedade, foi somente a partir do século XVIII que a criança começou a ser entendida face as suas especificidades, quando refletiu-se sobre uma educação especial para a infância que fosse de encontro com as necessidades e características próprias cognitivas. As produções literárias direcionadas para crianças objetivam despertar o prazer pela leitura, possibilitando a construção de uma reprodução imaginária pela apropriação de conhecimentos por meio de suas relações sociais e culturais. Através do processo de adaptação, algumas obras literárias foram representadas em produções cinematográficas. Hoje em dia, não é difícil encontrar nas telas dos cinemas, produções que foram adaptadas de textos literários infantis. Mediante a realização de uma pesquisa de caráter bibliográfico e empírico, este último possibilitado pela formulação e aplicação de atividades envolvendo a obra literária O Pequeno Príncipe, instituiu-se análises sobre o desenvolvimento de procedimentos interdisciplinares que promovam a aprendizagem significativa de conteúdos de Língua e Literatura, sem esquecer a aquisição do caráter crítico e reflexivo, além da apropriação de produções culturais.

PALAVRAS CHAVE: literatura, literatura infantojuvenil, cinema, educação.

1 Graduando do Curso de Licenciatura em Letras pela UFPB, na modalidade de Ensino EAD – Polo Presencial, Araruna-PB. Email: [email protected]

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................................09

2 - LITERATURA INFANTOJUVENIL: CONCEPÇÕES HISTÓRICAS SOBRE

GÊNERO LITERÁRIO ........................................................................................................10

3 - LITERATURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I .............11

4 - O CINEMA E O UNIVERSO INFANTIL .....................................................................12

5 - DIÁLOGOS ENTRE A LITERATURA E O CINEMA ...............................................13

6 - O PEQUENO PRÍNCIPE: LENDO E ASSISTINDO A HISTÓRIA EM SALA DE

AULA ......................................................................................................................................15

7 - RELATO DE EXPERIÊNCIA O PEQUENO PRINCIPE EM SALA DE AULA ......17

8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................24

9 – REFERÊNCIAS ...............................................................................................................26

10 – ANEXOS .........................................................................................................................27

10.1 – ANEXO 1 ..............................................................................................................28

10.2 – ANEXO 2 ..............................................................................................................29

1. INTRODUÇÃO

Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado

pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.

Antoine de Saint-Exupéry

O autor, Saint-Exupéry, nas linhas de sua produção literária, denota um universo

infantil pouco compreendido por aqueles a quem ele atribui o conceito de “pessoas grandes”,

caracterizando-as pela necessidade de explicações sobre elementos deste universo. No ato da

literatura infantojuvenil, a princípio tida como uma mera reprodução da concepção de

produções para adultos, tendo em vista o acolhimento do conceito de criança como um adulto

em miniatura, foi recebendo contextos preponderantes e correspondentes da dimensão

infantil.

A literatura sempre apresentou grande relevância para a formação do indivíduo, seja

em seu estado pragmático educacional, seja como objeto para o desenvolvimento de

habilidades críticas. O percurso histórico da literatura infantojuvenil foi norteado por várias

reflexões relacionadas com a maneira em que as crianças eram concebidas no contexto social.

Tantas reflexões também disputaram espaços com as diversas possibilidades de

representações de uma mesma obra, uma das quais podemos destacar a adaptação fílmica.

O presente trabalho considera uma análise sobre procedimentos pedagógicos que

abrangem duas possibilidades representativas da literatura, a narrativa oral e a narrativa

fílmica. Também haverá o levantamento de conceitos necessários para o entendimento das

concepções acerca da literatura infantojuvenil, dos quais, foram estudadas as reflexões de

Pierce(2000), que trata da existência dos signos na tradução intersemiótica, bem como,

recorremos da obra de Lajolo e Zilberman(2011) que discorrem, sobre uma perspectiva

histórica, a literatura infantojuvenil. Outros autores também influenciaram na construção das

reflexões para este trabalho monográfico. Nosso objetivo geral é refletir sobre a utilização da

representação fílmica da literatura face ao processo de construção do conhecimento, através

de uma proposta didática com o livro e a obra fílmica O Pequeno Príncipe.

Como objetivos específicos, a pesquisa se propõe a estabelecer relações entre a

concepção de literatura infantojuvenil das gerações anteriores e a concepção de literatura

infantojuvenil atual visando analisar os padrões lúdicos constituintes do gênero e as distintas

adaptações da mesma temática.

Para tal, adotaremos a representação intersemiótica2 da obra supracitada, assegurados

pela seguinte indagação norteadora: como devem ser traçadas metodologias que considerem

diversas representações de um mesmo texto, para que se alcance objetivos pertinentes?

Esperamos, com essa reflexão de discursos, fornecer subsídios aos educadores para

uma reflexão acerca das questões da leitura e da literatura e o conhecimento de novas

possibilidades para a formulação de procedimentos metodológicos que abarquem conceitos

lúdicos e auxiliem na construção de um conhecimento mais significativo.

2. LITERATURA INFANTOJUVENIL: CONCEPÇÕES HISTÓRICAS SOBRE

GÊNERO LITERÁRIO

Os objetos da literatura, as histórias fantasiadas, os mitos, as lendas e os contos,

sempre foram aspectos preponderantes na sociedade antes mesmo da invenção da escrita,

através das manifestações orais, expressas pelo estímulo imaginário do indivíduo. No entanto,

a prática oral da literatura, em período anterior ao século XVIII, foi sendo nivelada, tornando-

se comum apenas em famílias de classes mais populares, por não terem o acesso à leitura e a

escrita. Enquanto os indivíduos constituintes das classes sociais mais elevadas usufruíam dos

clássicos da literatura, por influência de pais e preceptores. Nesse período, a infância não era

concebida como uma fase de formação do indivíduo, “a criança era um adulto em miniatura”

(ARIÈS, 1981, p. 55).

No período mencionado, as obras literárias abrangiam um caráter prático pedagógico,

priorizando o repasse de valores humanos em temáticas eruditas. Seus contextos, nada tinham

a ver com a perspectiva lúdica, tão discutida nas concepções contemporâneas de literatura

infantil e que exercem tamanha importância no processo de aprendizagem.

O gênero literário infantojuvenil recebe influência da concepção de infância na

sociedade, foi somente a partir do século XVIII que a criança começou a ser entendida face as

suas especificidades, quando refletiu-se sobre uma educação especial para a infância que fosse

de encontro com as necessidades e características próprias cognitivas. Assim, no âmbito

2 Representação intersemiótica refere-se à tradução de um signo para outro, seja ele verbal, visual ou sonoro,

como no caso do presente trabalho, a tradução da obra literária para o cinema.

escolar, já facultado à todas as classes, se fez necessário mecanismos para o auxílio da criança

e sua adequação ao meio social.

Entretanto, a escola incorpora ainda outros papéis, que contribuem para reforçar sua importância, tornando-a, a partir de então, imprescindível no quadro da vida social. E que, por força de dispositivos legais, ela passa a ser obrigatória para crianças de todos os segmentos da sociedade, e não apenas para as da burguesia (LAJOLO E ZILBERMAN, 2011, p.17).

Como a escola se tornou um lugar abrangente de duas culturas literárias distintas,

aquela das classes mais elevadas e a das classes populares, várias reflexões sobre uma

literatura adequada para a infância e a juventude permeiaram sobre as influências sociais dos

alunos. Com isso, foram feitas várias adaptações das obras literárias, originárias dos clássicos

e dos contos de fadas.

Podemos citar Perrault como o nome que deu origem a literatura infantil propriamente

dita, através de textos criados com um contexto exclusivamente para o universo infantil. Entre

as obras de sua autoria temos: O Gato de Botas e A Cinderela. Clássicos que receberam

diversas variações, inclusive produções fílmicas em diferentes contextos históricos. No Brasil,

como precursor da literatura infantil temos Monteiro Lobato, é dele a obra “Narizinho

Arrebitado”, que posteriormente, se tornou um grande sucesso do gênero literário e até hoje

encanta as crianças e os jovens.

3. LITERATURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Durante muito tempo, a literatura era feita com o objetivo de alcançar o público jovem

e encontrava-se distante das escolas, desta forma a partir da década de 70 a produção literária

infantil passou a despertar o interesse das mesmas. O mercado de produção literária tornou-se

mais competitivo, com isso aumentou o número de obras publicadas o que fez crescer e

melhorar a qualidade dos livros infantis.

A concorrência trouxe a preocupação com a qualidade gráfica, com o valor artístico da ilustração, com o apelo da capa, além, é claro, do pressuposto básico: com a qualidade do texto escrito. Na linha editorial infantil dos catálogos de nossas editoras hoje podem ser encontradas verdadeiras preciosidades de arte literária, assim como exemplos refinados de artes plásticas e gráficas. (SILVA, 2009, p.11)

A leitura de obras infantojuvenil após o crescimento das editoras passou a ser

empregado nas séries iniciais, antes abrangia apenas os alunos que se encontravam no final do

Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Saint-Exupéry trabalha bastante em sua obra a questão imagética, fazendo com que os

pequenos leitores viagem no mundo do pequeno príncipe. O lúdico no livro O Pequeno

Príncipe nos faz refletir acerca de nossos. A representação do pequeno e restrito asteroide do

pequeno príncipe, trata-se da metáfora da nossa visão crédula e rápida do mundo adulto e dos

homens; neles falta o que no mundo ingênuo é abundante: imaginação, paixão, intuição e

vínculos sinceros.

4. O CINEMA NO UNIVERSO INFANTIL

As produções literárias direcionadas para crianças, objetivam despertar o prazer pela

leitura, possibilitando a construção de uma reprodução imaginária pela apropriação de

conhecimentos por meio de suas relações sociais e culturais.

Através do processo de adaptação, algumas obras literárias foram representadas em

produções cinematográficas. Hoje em dia não é difícil encontrar nas telas dos cinemas,

produções que foram adaptadas de textos literários infantis. Esse processo é conhecido como

tradução intersemiótica, que segundo Jakobson (1991) “é a interpretação de signos textuais

por outros signos não verbais”. De acordo com o estudo de Jakobson, Plaza (1987) em seu

livro Tradução Intersemiótica ainda acrescenta que a tradução pode ser verbal, visual ou

sonoro.

A tradução intersemiótica compõe a troca representativa de elementos literários do

sistema de signos escritos para a forma constituinte de elementos da percepção dos signos

semióticos. É importante compreender que os signos são considerados, no processo de

adaptação das obras literárias, objetos que influenciam na significação e identificação do

contexto explorado, exercendo um papel empírico relevante no processo de aprendizagem dos

seus expectadores. Remetemos ao conceito de signo de Peirce:

Um signo, ou representamen, é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria, na mente desta pessoa, um signo equivalente, ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado

denomino interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, seu objeto. Representante esse objeto não em todos os seus aspectos, mas com referência a um tipo de ideia que eu, por vezes, dominei fundamento do representamen. (PEIRCE, 1999, P.46)

Peirce em seu pensamento afirma que, quando um signo é traduzido ele passa a ser

considerado dois signos distintos, ou seja, a incorporação de elementos do código fílmico ao

código verbal existente na obra original, neste caso, a obra literária. O conteúdo e a linguagem

utilizados tanto na produção escrita quanto na produção fílmica, precisam ter uma linguagem

facilitada, já que o público alvo tem potencialidades ainda limitadas, por isso as

representações devem possibilitar a identificação e a reflexão.

Ambas as produções trabalham com o aspecto narrativo, comungam dos mesmos

elementos discursivos, ao mesmo tempo em que diferem em seus aspectos representativos.

Quem produz a obra fílmica deve estar ciente de que a incorporação entre dois códigos

distintos, só pode ser realizada quando as associações entre discursos e da tentativa de novos

textos aparecem como possibilidades de reinvenção humana.

5. DIÁLOGOS ENTRE A LITERATURA E O CINEMA

A literatura infantojuvenil é indispensável ao aprendizado do indivíduo no âmbito

escolar, através dela é possível o enriquecimento da cultura além do conhecimento de culturas

de outros povos. Porém, nem sempre o estudo dos textos literários é visto pelos alunos de

forma prazerosa. Trabalhar com literatura em sala de aula é um desafio constante, e uma das

maneiras encontradas por alguns professores para trazer a ludicidade ao ensino da literatura é

optar pelo uso da mesma obra em representação fílmica, facilitando o interesse por parte do

aluno e possibilitando a aproximação e análise do conteúdo em sua flexibilidade.

Como já foi mencionado, a arte do cinema abrange inúmeros códigos e linguagens,

esse fator relevante proporciona a sua utilização como recurso didático para o ensino, por

meio das mídias que estão inseridas na escola e que também são um outro meio de

aprimoramento da aprendizagem. Muito embora, a prática de incorporação das obras

cinematográficas em sala de aula, algumas vezes, sejam desvinculadas de objetivos

pedagógicos e descaracterizando o cinema como um objeto cultural. É comum um docente

fazer uso do filme como meio de estímulo para quebrar a barreira de resistência às atividades

e da mecanização de aprendizagem dos conteúdos programáticos.

O cinema como uma vivência cultural é capaz de aproximar o indivíduo de sua

linguagem específica, através da interdisciplinaridade, pode ser trabalhado tanto em aulas de

arte quanto nas aulas de língua portuguesa. E, se traçadas metodologias didáticas coerentes,

como uma ferramenta pedagógica, pode auxiliar na compreensão dos conteúdos de várias

disciplinas.

Outro aspecto importante que favorece a utilização de produções fílmicas em sala de

aula é o fato de a criança já estar familiarizada com a linguagem imagética presentes nas

obras cinematográficas. A sua dimensão estética pode ser comparada às da arte e do teatro,

que se relacionam pela sua exibição caracterizada pela percepção visual.

Vejamos o que dispõe o Parâmetro Curricular Nacional de Arte (1997) para o uso

desses recursos como prática interdisciplinar:

(...) organizar informações sobre a arte em contato comartistas, documentos, acervos nos espaços da escola e fora dela (livros, revistas, jornais, ilustrações, diapositivos, vídeos, discos, cartazes) e acervos públicos (museus, galerias, centros de cultura, bibliotecas, fonotecas, videotecas, cinematecas), reconhecendo e compreendendo a variedade dos produtos artísticos e concepções estéticas presentes na história das diferentes culturas e etnias (p. 39).

A literatura aliada ao cinema pode ser considerada um recurso de comunicação

artística na sociedade moderna, ambos por um processo de narrativa simbólico significativo.

Entre eles, há a criação de um novo mundo e o sentido dado ao contexto dependente da ação

do espectador. O PCN de Arte denota justamente essa inserção de linguagens, códigos e

tecnologias para a ampliação de saberes, promovendo competências e habilidades em

aspectos estéticos, sensoriais, críticos e linguísticos, por se tratar de um conhecimento que

funde-se com os aspectos sensíveis cognitivos.

Considerando que, no universo da literatura e do cinema, várias obras artísticas ou

culturais, influenciaram ou foram o princípio inspirador para a existência de outra. Na sala de

aula é importante explorar o princípio criador da produção e a inspiração artística, para isso o

professor deve traçar metas e objetivos, para que o aluno analise as semelhanças e as

características específicas na interação dos dois tipos de narrativa.

Analisando tais aspectos e verificando as diversas produções literárias, algumas que

serviram de base para o roteiro de filmes e outras que foram totalmente adaptadas, no

universo infantil e que possui grande abrangência na sociedade, seria difícil citar todas as

obras, mas uma em especial, tornou-se um ícone tanto em sua representação escrita quanto na

representação fílmica, temos como exemplo O Pequeno Príncipe, escrito pelo autor Antoine

de Saint-Exupéry, em uma primeira vista, tida com o caráter bastante infantil, mas que pode

ser utilizado como ferramenta didática para todas as séries, desde o ensino fundamental ao

Ensino Médio.

6. O PEQUENO PRÍNCIPE: LENDO E ASSISTINDO A HISTÓRIA EM SALA DE

AULA

– As pessoas veem estrelas de maneiras diferentes. Para aquelas que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para os sábios, elas são problemas. Para o empresário, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém nunca as teve. (SAINT-EXUPÉRY, 1944)

A simplicidade da literatura infantojuvenil não é por acaso, busca-se oferecer uma

nova visão de realidade atrelada aos sentimentos de diversão e lazer, intercalando o real e o

imaginário. Em contrapartida, tanto a literatura quanto a produção fílmica direcionada para o

universo infantil, passaram por processos semelhantes, desde que as suas formulações eram

realizadas por adultos sem uma concepção mais concreta sobre a infância. Atualmente, a

visão de criança é distinta da que era abordada há algum tempo atrás.

Uma produção bastante influente e que retrata a dimensão infantil em sua

especificidade é a obra O Pequeno Príncipe, escrita pelo autor Antoine de Saint-Exupéry. A

princípio, parece ser um texto (e/ou um filme) para crianças, mas seu contexto é tão

estimulante, que se tornou um dos mais apreciados entre os adultos também, pelo fato de suas

mensagens entrelinhas, ocasionarem uma forte reflexão sobre a vida e comportamento das

pessoas.

A história relata, na apresentação de um enunciador-narrador, as aventuras de um

menino nativo de um minúsculo planeta e que por estar longe de sua moradia gostaria de

regressar. Com bases filosóficas, as emoções da infância do narrador vão de encontro aos

relatos do pequeno príncipe e de suas experiências extraordinárias pelas visitas a outros

planetas.

O problema é que quando ele mostrava este desenho aos adultos, todos viam apenas um chapéu, então ele refez este desenho, com um corte lateral na

jiboia para que fosse possível ver o elefante e lamentou consigo mesmo o fato de os adultos sempre precisarem de explicações detalhadas. (SAINT-EXUPÉRY, 1944)

A temática permite a identificação pessoal de diversas faixas etárias, é um dos livros

mais traduzidos no mundo, sua popularidade resultou em diversas produções representativas

como: filmes, desenhos e livros com edições dinâmicas. Além de ser um ótimo instrumento

com possibilidades pedagógicas pertinentes para se trabalhar em sala de aula.

Antoine Saint-Exupéry, nasceu em Lyon na França, no dia 29 de junho de 1990 e

faleceu no dia 31 de julho de 1944. Durante a sua vida foi escritor, piloto, ilustrador, militar.

Filho de um casal de condes, Saint-Exupéry teve educação em escola jesuíta e em colégio

marista. Sempre apaixonado por mecânica, entrou para o serviço militar depois que foi

reprovado no teste para ingresso na Escola Naval. Escreveu diversas obras, artigos para

jornais e revistas, dentre as suas obras em destaque citamos O Pequeno Príncipe, publicado

em 1943, um ano antes da sua morte. O Pequeno Príncipe foi traduzido para mais de 200

línguas, foi adaptado para o cinema, teatro e TV. A primeira tradução baseada na obra para o

cinema teve sua estreia em 1974, dirigido e produzido por Stanley Donen, escrito por Alan

Jay Lerner e elenco Joss Ackland, Gene Wilder, Bob Fosse, Steven Warner, Richard Kiley,

Clive Revill, Donna McKechnie, Victor Spinetti, Graham Crowden.

O filme conta a historia de um garotinho e um aviador perdido no deserto do Saara.

Quando o aviador era criança ele desenhou um elefante engolido por uma jiboia, porém

quando ele mostrava o desenho aos adultos ao seu redor, todos falavam que era um chapéu.

Com o passar dos tempos, o garotinho cresceu e costumava medir o grau de lucidez das

pessoas mostrando-lhes o desenho da jiboia e todos diziam a mesma coisa: que era apenas um

chapéu.

Pelas decepções com os desenhos, optou por ser piloto de avião. Solitário e sem

amigos, o piloto em uma de suas longas viagens sofreu um acidente em pleno deserto do

Saara. Quando o piloto acordou percebeu que estava diante um garotinho pedindo para que

ele lhe desenhe um carneiro. O garotinho insiste tanto para que ele desenhe o carneirinho que

o aviador mostrou o desenho que tinha feito quando criança, porém o garotinho disse-lhe que

não queria um elefante engolido por uma jiboia, mas sim um carneiro. Como o piloto foi

desencorajado a desenhar quando criança teve dificuldades com o desenho. Depois de várias

tentativas desenhou uma caixa e disse que o carneiro estava dentro dela. Para surpresa do

aviador o garotinho aceitou o desenho. A partir desse momento o dialogo flui na narrativa,

onde o pequeno príncipe fala para o seu amigo sobre o seu planeta, onde o aviador o chamou

de B612. O menino loiro falou da sua vida simples morando num planeta do tamanho de uma

casa, com 3 vulcões, sendo um inativo e uma flor que ele cuida com muito amor e carinho.

Um dia, o garotinho resolveu partir em busca de conhecimento, passando por vários

planetas, no primeiro planeta encontrou um rei solitário; no segundo planeta visitado o

príncipe deparou-se com um contador de estrelas; no terceiro planeta com um historiador; no

quarto planeta deparou-se com um general; chegando na terra encontrou uma serpente que

combinou com ele que quando quisesse voltar ao seu planeta a serpente a picaria. Mas a

frente o príncipe o príncipe encontra um campo de rosas iguais a que ele tem em seu planeta,

em seguida ele encontra uma raposa, onde a raposa explica para o pequeno príncipe o

verdadeiro sentido da palavra “cativar” e o verdadeiro sentido da amizade, onde a raposa

utiliza-se da frase “você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa”. Por fim o

Pequeno Príncipe vai ao encontro da serpente que o pica. Antes que morrer o príncipe avisa

que estará lá no seu planeta rindo para ele todos os dias.

Trata-se da representação fílmica da obra literária do Autor Antoine de Saint-Exupéry,

O Pequeno Príncipe. É importante ressaltar no ato que, não corresponde a uma interpretação

concreta do que está disposto no livro, mas da tradução do significado do contexto, ao que

Pierce (1982) atribui o nome de signo interpretante. Claramente perceptível pela

representação característica dos personagens do texto, nota-se que há a apropriação de

significados e valores correspondentes, possíveis pelo reconhecimento da vivência social.

Ao ler o livro, as palavras propiciam as associações que se transformam em um signo

interpretante produzido no interior do leitor, pois resultam na tradução intersemiótica do

verbal para o mental que transcende o pensamento humano. Já na adaptação cinematográfica,

podemos notar no filme O Pequeno Príncipe, tanto na substituição de alguns dos personagens

quanto na personificação de animais, que ambos, são concretamente distintos do que está

disposto no texto. Contudo, remetem a um conhecimento interpessoal já construído

ocasionando em uma conexão fundamental no processo de semiose.

7. RELATO DE EXPERIÊNCIA O PEQUENO PRINCIPE EM SALA DE AULA

Com a renovação da visão de infância, a tematização das modalidades literárias

direcionadas para crianças foram ganhando um caráter de ludicidade de acordo com as

vivências infantis. No âmbito educacional, através das novas concepções de ensino, assume

uma posição de aprendizagem construtiva, democratizando os procedimentos didáticos. Estes

fatores, constituintes do processo de ensino, vão sendo ressignificados na medida em que os

recursos pedagógicos ganham variações lúdicas que possibilitem a construção do

conhecimento.

A literatura infantojuvenil, ganha um aliado em sua representação contextual, a

tradução intersemiótica que atua como uma ponte entre signos linguísticos. Nessa perspectiva,

buscando analisar procedimentos pedagógicos com objetivos pertinentes para o alcance da

aprendizagem e compreensão da dinamicidade linguística, foram traçadas atividades

relacionadas à obra literária e a sua representação fílmica.

A pesquisa foi pensada em duas etapas possibilitando uma reflexão dos dados

analisados através de uma ótica qualitativa. A primeira etapa é composta pela análise de dados

bibliográficos objetivando o levantamento de uma perspectiva histórica sobre a literatura

infantojuvenil e a maneira como esta vem sendo aplicada para fins educativos. A realização

desta primeira fase da pesquisa caracterizou-se pelo estudo das concepções, através da

consulta das produções científicas de teóricos como Peirce (2000) para fundamentar a

tradução intersemiótica da obra literária, Cunha (1999) para relacionar os pressupostos da

literatura infantojuvenil, Silva (2004) e sua concepção da literatura como instrumento cultural,

entre outros. Além da revisão dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa,

que estabelecem subsídios pedagógicos para o ensino de Língua e Literatura. Para tanto, fez-

se necessário à consulta de diversas perspectivas e possibilidades da literatura infantojuvenil

como ferramenta pedagógica. As leituras dos textos foram o pontapé inicial para a formulação

da etapa conseguinte da pesquisa.

A segunda etapa é constituída pelo estudo de caso, onde serão desenvolvidas

atividades com a obra O Pequeno Príncipe, em sua produção impressa e adaptação

intersemiótica, nas turmas de 6º e 7º ano do Ensino Fundamental II da Escola Estadual de

Ensino Fundamental e Médio Engª Marcia Guedes Alcoforado de Carvalho na cidade de

Belém – PB, abrangendo a faixa etária de 10 a 13 anos de idade. O ponto de partida que

orienta a construção desta segunda etapa é o desenvolvimento de procedimentos

interdisciplinares que promovam a aprendizagem significativa de conteúdos, bem como a

apropriação de análises reflexivas sobre as representações do contexto a partir da organização

de todo um processo de aplicação e estímulos em direcionamento ao fator principal, a

literatura infantojuvenil, subsídios dispostos no documento dos PCN’s de Língua Portuguesa.

A obra de Antoine de Saint-Exupéry foi escolhida para o planejamento das atividades

por apresentar aspectos dialógicos que proporcionam a utilização da interdisciplinaridade em

sala de aula, além de expressar a relação de papeis sociais que resultam em uma reflexão

sobre valores construídos pelo convívio, como também, por ser uma obra literária direcionada

para o público infantojuvenil e ter em seu contexto uma atmosfera filosófica. Podemos

verificar o diálogo entre a raposa e o Pequeno Príncipe:

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me disse ela.

- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho

amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não

têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não

existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos, Se tu queres um amigo, cativa-me!

Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe

de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A

linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo,

às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for

chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o

preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei

a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa, É o que faz com que um dia seja diferente

dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito.

Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta feira então é o dia maravilhoso!

Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu

não teria férias !

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a

raposa disse:

- Ah ! Eu vou chorar.

- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste

que eu te cativasse ...

- Quis, disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.

- Vou, disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás

para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda.

Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa.

Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um

transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é,

porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela

que pus sob a redoma.

Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto

duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou

gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o

coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se

lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer.

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela

rosa...

- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

É fundamental o planejamento de atividades específicas que abarquem diversas áreas

do conhecimento, agindo de maneira a instaurar uma aprendizagem significativa. E o

fragmento do texto dando maior ênfase para a realização das atividades foi o diálogo dos

personagens supracitados, com a finalidade de despertar o interesse pela leitura de

desenvolvimento da linguagem, ao mesmo tempo em que, conscientizar sobre

comportamentos sociais. Eis o fato da ênfase dada ao trecho do livro no planejamento das

atividades propostas para a pesquisa, por além de abranger aspectos contextuais de elementos

linguísticos, obtém um discurso que promove a conscientização pessoal.

Para efeito didático, o trabalho para estudo de caso, está dividido em momentos que

possibilitarão as observações do desenvolvimento nas atividades propostas:

1º Momento: Contato inicial dos alunos com a obra impressa. Contextualização sobre a obra e

o autor, apreciação dos elementos figurativos do livro.

- Leitura por capítulos e trechos (em especial, o diálogo entre a raposa e o príncipe).

- Roda de leitura.

2º Momento: Apresentação da representação fílmica do texto, análise comparativa sobre o

livro e o filme. Apontamento das características convergentes e divergentes.

Levando em consideração que, tanto a obra impressa quanto a adaptação fílmica são

formas e espécies de uma mesma substância, é importante propiciar o conhecimento dos

alunos envolto nas duas possibilidades.

Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho. (FREIRE, 1987)

A leitura é um processo insubstituível para a aprendizagem, sendo ela um objeto de

enriquecimento vocabular, aguçando o raciocínio e a interpretação. Porém, com os avanços

tecnológicos, os contextos abordados nas obras impressas vão ganhando espaço em distintas

representações, trazendo uma figuração do que está disposto no texto. Não estamos inferindo

aqui a supervalorização de um aspecto em detrimento de outro, mas ideia de apreciação de

ambos que resulte em uma reflexão sobre os signos representativos presentes nas duas

adaptações. A questão não está em substituir uma das linguagens, e sim ampliar a experiência

de leitura de signos distintos.

Considerando que a realização dos procedimentos propostos possibilite as reflexões

sobre as inúmeras possibilidades pedagógicas da literatura infantojuvenil, será observado o

aproveitamento dinâmico das multifaces do gênero literário e sua vitalização como

instrumento didático na construção do conhecimento. Neste sentido, propõe-se investigar,

aplicar e avaliar as duas vertentes representativas estabelecendo um elo entre elas, de modo

que haja a ampliação de conceitos e fundamentos.

Ao analisar as narrativas de alguns professores nos meios de comunicação, quanto a

disposição dos alunos quando se propõe atividades que contém textos e o ensino de língua

através dos gêneros literários, podemos perceber um comportamento de resistência por parte

dos alunos, arraigado pelo caráter metódico tradicional de aplicação de textos em sala de aula,

ao mesmo tempo em que, demonstram um interesse pela forma lúdica em que as atividades

são realizadas, por exercerem características metodológicas de trabalho com textos, distintas

das quais estão habituados. Em face disso, os procedimentos metodológicos para a pesquisa

foram traçados de forma a despertar nos alunos o gosto pela leitura, que o processo de

construção do conhecimento seja de forma prazerosa, e que o professor perceba a necessidade

de buscar, costumeiramente, recursos que facilitem e tornem a aprendizagem mais

significativa.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da observação e análise dos dados, podemos traçar uma série de limites e

possibilidades de se trabalhar a literatura, quando tal está vinculada aos procedimentos para a

aprendizagem em sala de aula, que estão atrelados a fatores como: dificuldade na obtenção de

livros, formação dos professores, didatização das obras literárias, entre outros. Parcialmente,

alguma das causas da literatura estar timidamente presente em sala de aula se dá pela

concepção de cunho tradicional de que os recursos didáticos devem exercer objetivos técnicos

estritamente sistemáticos.

Percebemos ainda a limitação de se trabalhar a literatura através do utilitarismo do

texto, com base na leitura, fichamentos, decodificações e vocabulários em detrimento do

desenvolvimento do senso crítico, da capacidade argumentativa e da apropriação do universo

literário.

Ao se pensar na problemática abordada e refletir sobre os procedimentos adotados

com as possibilidades lúdicas de se trabalhar a literatura, é notável a receptividade das

crianças quanto à maneira incomum (para elas) de se trabalhar o texto. O livro foi apresentado

de maneira dinâmica e interativa, a correspondência das crianças com os personagens se torna

evidente, intuitivamente proposital pela escolha da obra O Pequeno Príncipe.

Trabalhar com os clássicos da literatura infantojuvenil é posicionar os alunos dentro de

histórias inesquecíveis. Sendo assim, propomos com este trabalho, percorrer um caminho que

aproxime as crianças de clássicos literários e que modificasse o panorama representativo de

contextos. E, foi através do conceito e da produção intersemiótica que buscamos traçar

metodologias que possibilitassem aos alunos o transporte entre essas as duas dimensões. Tais

adaptações vão ganhando espaço no ambiente escolar, objetivando a releitura de contextos,

perpetuando a harmonia do que é lido e do que é assistido.

Ao proporcionar outra representação para o mesmo contexto, os alunos conseguem

confrontar ideias, aprimorando o senso crítico, ao mesmo tempo em que distingue outras

formas figurativas linguísticas, as vertentes narrativas com o qual o texto é desenvolvido.

Em linhas gerais, apesar das dificuldades ainda existentes no âmbito educacional

quanto ao ensino de Língua e Literatura, podemos perceber que há um processo evolutivo

sendo realizado. Muitas escolas e professores estão abertos para novas experiências, basta à

implantação desse instinto de renovação, do oferecimento de subsídios profissionais para que

haja o desenvolvimento que consolide o ensino da literatura em todas as suas variações

representativas como veículo socializador de linguagens e valores sociais.

9. REFERÊNCIAS

ALVES, S.; ANCHIETA, A.; FRASÃO, M. Interfases, ressignificações e crítica da adaptação da literatura para o cinema. Revista Tradterm, São Paulo, v. 21, julho/2013, p. 97-129. Disponível em: http://myrtus.uspnet.usp.br/tradterm/site/images/revistas/v21n1/08_soraya21f.pdf Acesso em: 13 de nov. de 2013.

ARIÈS, Philipe. A história social da criança e da família. 2. ed. Editora: LTC,1981.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 130p.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil - Teoria e Prática. Editora Ática. São Paulo, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

JAKOBSON, R. Aspectos Linguísticos da Tradução. In Linguística e Comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e Paulo Paes. São Paulo, Cultrix, 1991.

LAJOLO & ZILBERMAN, Marisa, Regina. Literatura Infantil Brasileira: Histórias e Histórias. 1ª Edição digital. São Paulo: Editora Ática, 2011.

PEIRCE, Charles S. Semiótica. 3ª Ed. São Paulo: Editora Perspectiva. 1999.

PEIRCE C. S. Writings of Charles S. Peirce: A Chronological Edition, a cargo de Max Fisch, Edward C. Moore, Christian J. W. Kloesel et al, Bloomington (Indiana), Indiana University Press, 1982.

PLAZA, Julio. Tradução Intersemiótica. São Paulo: Perspectiva; Brasília, CNPq, 1987.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. Editora Agir. 48 ed. Rio de Janeiro, 2009.

SILVA, Antônio de Pádua Dias da. Literatura e estudos culturais. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2004.

SILVA, Vera Maria Tietzmann. Literatura Infantil Brasileira: um guia para professores de promotores de leitura. 2. Ed. – ver. – Goiânia: Cânone Editorial, 2009.

ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. São Paulo: 1ª edição digital – Editora Global, 2012.

O PEQUENO Príncipe. Direção: Stanley Donen. Reino Unido. Paramount Pictures. 1974. DVD – 88 min. Título Original: The Little Prince.

ANEXOS

Anexo 1:

ATIVIDADE PROPOSTA: Esta atividade trata da lição da raposa, que é uma das personagens mais importantes do livro.

Focando a atividade nas duas perguntas - O que é cativar? Como podemos cativar alguém?

2º solicitar aos alunos que se organizem em duplas e produza um texto com o título “A

amizade da raposa” em “O Pequeno Príncipe”

3º pedir para que os alunos compartilhem a leitura dos textos produzidos.

Espaço para o texto

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Anexo 2:

(Capa do filme O Pequeno Príncipe, 1974. Dirigido por Stanley Donen)

Fonte: Blog 40 quilates3

3 Disponível em: http://40quilates.blogspot.com.br/2012/03/o-pequeno-principe.html Acesso em: 20 de

novembro de 2013.