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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA VALOR NUTRICIONAL E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE CAPIM-MOMBAÇA COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL Eduardo Rodolfo da Costa Orientador: Prof. Dr. Aldi Fernandes de Souza França GOIÂNIA 2015

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

VALOR NUTRICIONAL E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE

CAPIM-MOMBAÇA COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

Eduardo Rodolfo da Costa

Orientador: Prof. Dr. Aldi Fernandes de Souza França

GOIÂNIA

2015

ii

iii

EDUARDO RODOLFO DA COSTA

VALOR NUTRICIONAL E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE

CAPIM-MOMBAÇA COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

Dissertação apresentada para obtenção do título de

Mestre em Zootecnia junto à Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal de Goiás.

Área de Concentração:

Produção Animal

Linha de Pesquisa: Metabolismo nutricional,

alimentação e forragicultura na produção animal.

Orientador:

Prof. Dr. Aldi Fernandes de Souza França - UFG

Comitê de Orientação:

Profª. Drª. Adriana Rodolfo da Costa – UEG

GOIÂNIA

2015

iv

v

vi

Dedico este trabalho a todos meus familiares e amigos.

Em especial à minha admirável esposa, Ana Carolina, ao meu pai Eurípedes,

ao meu anjo materno Marlene e às minhas irmãs, Adriana e Juliana.

vii

AGRADECIMENTOS

Primeira e eternamente grato a Deus sou, por ter me acompanhado em todos os dias

de minha vida, me proporcionando vitórias, saúde e paz. Por me fazer enxergar um futuro

cujo Ele tem as rédeas.

Agradeço aos meus familiares, avós e avôs, tias e tios, madrinhas e padrinhos e

primas, por compreenderem minhas ausências físicas nestes períodos de dedicação aos

estudos e por me apoiarem nisto que me propus.

Agradeço aos docentes da Escola de Veterinária e Zootecnia – EVZ, em especial ao

Professor Dr. Aldi Fernandes de Souza França, o qual me acolheu “com o barco andando” e

me confiou a responsabilidade desde trabalho. E também aos Professores Drs. Marcos

Barcelos Café e Adilson Donizete Damasceno, pelas conversas de corredor, pelos conselhos

oportunos, pelo reconhecimento profissional.

De maneira especial agradecido sou a minha coorientadora, professora Dra. Adriana

Rodolfo da Costa, que me acompanha há mais trinta anos.

Aos amigos desta jornada, Mestres Adesvaldo Júnior, Diogo Silva Santos, Flávia

Duarte de Jesus e Mayra Lôbo Lima e às mestrandas, Lorrany Bento e Walquíria Cruz.

Agradeço todos pelas noites mal dormidas durante os experimentos e por todos os dias de

lutas vencidas; angústias e decepções compartilhadas. Cada um com suas concepções e pré-

conceitos, os quais nos colocavam à prova, todavia vencemos juntos, dia após dia. Meu

obrigado!

Agradeço a todos da saudosa Família 51, os quais me acompanharam na graduação.

A 51ª Turma de Medicina Veterinária, que sempre presente, me deu “um troféu”. Este que

carrego orgulhoso, com o peito nostálgico e os olhos chorosos ao rememorar...

Sou grato aos amigos do ensino fundamental e médio que até hoje fazem parte de

meu convívio, Diogo Barcelos, Braz Neto, Sebastião Mendanha, Leandro Marçal, Alex

Rocha, Danilo da Motta e Osvaldo Assis Netto, meu sincero obrigado.

E grato também aos Amigos do Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás, em

especial o Pelotão Echo, companheiros do curso de formação de soldados de 2004/05.

De forma alguma poderia me esquecer dos amigos: Éder, do Laboratório de Análises

de Alimentos da EVZ, do doutorando. Leandro Batista, responsável pela Fazenda Escola. Do

professor Dr. Reginaldo Nassar e do Dr. Leonardo Oliveira, sempre dispostos a ajudar e

orientar nas dúvidas que apareciam durante toda a pós-graduação. Não medindo esforços para

compartilhar e disseminar seus conhecimentos, de forma ímpar!

viii

Agradeço ainda aos estagiários que me acompanharam na bovinocultura leiteira, pois

sem eles, tudo seria mais difícil, com longas caminhadas e curtas histórias.

E sem titubear, agradeço àqueles meros funcionários públicos, dito professores, que

esqueceram o objetivo da profissão! Que, com tanta insipiência, me motivaram buscar e ser

independente, me instigando a ir ao encontro do conhecimento, por meios próprios, sem que

dependesse deles... Com eles aprendi pessoal e profissionalmente, como não ser e como não

tratar as pessoas de meu convívio.

A todos meu sincero e singelo obrigado.

ix

“E mesmo que meus passos sejam falsos,

mesmo que os meus caminhos sejam errados,

mesmo que o meu jeito de levar a vida incomode, eu

sei quem sou, e sei pelo que devo lutar. Se você acha

que o meu orgulho é grande, é porque nunca viu o

tamanho da minha fé!”

José Dias Nunes – Tião Carreiro

x

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................ix

LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................x

RESUMO GERAL ...............................................................................................................xi

ABSTRACT .........................................................................................................................xii

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................13

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................13

2. Revisão de Literatura .........................................................................................................16

2.1. Capim Panicum maximum cv. Mombaça .......................................................................16

2.2. Produção de silagens com gramíneas tropicais ..............................................................17

2.2.1. Potencial de produção ..................................................................................................17

2.2.2. Baixos teores de matéria seca e carboidratos solúveis em água e elevado poder

tampão ...................................................................................................................................18

2.3. Aditivos sequestradores de umidade e fornecedores de carboidratos solúveis e/ou

proteína bruta .........................................................................................................................19

2.3.1. Farelo de Girassol ........................................................................................................20

2.4. Degradabilidade “in situ” ...............................................................................................22

REFEÊNCIAS .......................................................................................................................23

CAPÍTULO 2 – VALOR NUTRICIONAL DA SILAGEM DE CAMPIM-MOMBAÇA

COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL ....................................................................29

RESUMO...............................................................................................................................29

ABSTRACT ..........................................................................................................................30

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................31

2. Material e métodos ............................................................................................................33

2.1. Material das análises do Valor Nutritivo ........................................................................33

2.1.1. Local do experimento ..................................................................................................33

2.1.2. O preparo de solo e implantação do capim-mombaça .................................................33

xi

2.1.3. Tratamentos .................................................................................................................34

2.1.4. Corte e ensilagem ........................................................................................................34

2.1.5. Variáveis analisadas ....................................................................................................35

2.2. Material das análises da degradabilidade “in situ” .........................................................35

2.2.1. Delineamento experimental .........................................................................................36

2.2.2. Análise estatística ........................................................................................................36

3. Resultados e discussão.......................................................................................................38

3.1. Valor Nutritivo ...............................................................................................................38

3.2. Degradabilidade “in situ” ...............................................................................................42

4. CONCLUSÕES .................................................................................................................47

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................48

CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE

CAPIM-MOMBAÇA COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL ................................56

RESUMO...............................................................................................................................56

ABSTRACT ..........................................................................................................................57

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................58

2. Material e métodos ............................................................................................................60

2.1. Material ...........................................................................................................................60

2.1.1. Local do experimento ..................................................................................................60

2.1.2. O preparo de solo e implantação do capim-mombaça .................................................60

2.1.3. Tratamentos .................................................................................................................61

2.1.4. Corte e ensilagem ........................................................................................................61

2.1.5. Variáveis analisadas ....................................................................................................62

3. Resultados e Discussão ......................................................................................................65

4. CONCLUSÕES .................................................................................................................77

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................78

xii

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

TABELA 1 – Parâmetros nutritivos referentes ao farelo de girassol ...................................... 21

CAPÍTULO 2 – VALOR NUTRICIONAL DA SILAGEM DE CAMPIM-MOMBAÇA

COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

TABELA 1 – Temperaturas máximas e mínimas do ambiente, umidade relativa do ar,

precipitação e insolação durante a condução do ensaio em campo .................. 33

TABELA 2 – Atributos físicos e químicos do solo da área experimental .............................. 34

TABELA 3 – Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em

detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo

(EE) e nutrientes digestíveis totais (NDT) determinados na matéria

original (MO) do capim-mombaça e do farelo de girassol (%) ........................ 38

TABELA 4 – Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em

detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), determinados

na matéria original (MO) do capim-mombaça e do farelo de girassol (%) ...... 38

TABELA 5 – Tempo de degradação da Matéria Seca – MS(h) .............................................. 43

TABELA 6 – Cinética de degradação da Matéria Seca – MS ................................................ 44

TABELA 7 – Tempo de degradação da Proteína Bruta – PB(h) ............................................ 45

TABELA 8 – Cinética de degradação da proteína bruta – PB ................................................ 45

CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE CAPIM-

MOMBAÇA COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

TABELA 1 – Temperaturas máximas e mínimas do ambiente, umidade relativa do ar,

precipitação e insolação durante a condução do ensaio em campo .................. 60

TABELA 2 – Atributos físicos e químicos do solo da área experimental .............................. 61

TABELA 3 – Produção de gases, perdas por efluentes e índice de recuperação de matéria

seca das silagens de capim-mombaça, em função dos níveis de inclusão do

farelo de girassol .............................................................................................. 65

TABELA 4 – Teores médios de potencial Hidrogeniônico (pH), Acidez Titulável Total

(ATT) e Nitrogênio Amoniacal (N-NH3/NT) determinados nas silagens de

capim-mombaça em função dos níveis de inclusão do farelo de girassol ........ 68

TABELA 5 – Teores médios dos ácidos lático (Al), ácido acético (Aa), ácido propiônico

(Ap) e ácido butírico (Ab), determinados nas silagens de capim-mombaça

forrageiro, em função da inclusão de níveis de farelo de girassol. .................. 72

xiii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2 – VALOR NUTRICIONAL DA SILAGEM DE CAMPIM-MOMBAÇA COM

ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

FIGURA 1 – Teores médios de matéria seca em função dos níveis de inclusão do farelo

de girassol (FG) ............................................................................................... 39

FIGURA 2 – Teores médios de proteína bruta em função dos níveis de inclusão do

farelo de girassol (FG) ...................................................................................... 40

FIGURA 3 – Teores médios de fibras insolúveis do detergente ácido (FDA) e do

detergente neutro (FDN) em função dos níveis de inclusão do farelo de

girassol (FG) ..................................................................................................... 41

CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE CAPIM-

MOMBAÇA COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

FIGURA 1 – Teores médios das perdas por gases das silagens analisadas, em diferentes

níveis de inclusão do farelo de girassol FG) ..................................................... 66

FIGURA 2 – Teores médios de perdas por efluentes das silagens analisadas, em

diferentes níveis de inclusão do farelo de girassol (FG) .................................. 66

FIGURA 3 – Teores do pH da silagem em diferentes níveis de inclusão de farelo de girassol

(FG). .................................................................................................................. 69

FIGURA 4 – Teores da Acidez Titulável Total em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG). ...................................................................................................... 70

FIGURA 5 – Teores de Nitrogênio Amoniacal em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG). ...................................................................................................... 70

FIGURA 6 – Teores de carboidratos solúveis em água, em diferentes níveis de inclusão de

farelo de girassol (FG). ........................................................................................ 71

FIGURA 7 – Teores de Ácido Lático observados em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG). ...................................................................................................... 73

FIGURA 8 – Teores de Ácido Acético observados em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG) ....................................................................................................... 74

FIGURA 9 – Teores de Ácido Propiônico observados em diferentes níveis de inclusão de farelo

de girassol (FG) .................................................................................................. 75

FIGURA 10 – Teores de Ácido Butírico observados em diferentes níveis de inclusão de farelo

de girassol (FG) .................................................................................................. 75

xiv

VALOR NUTRICIONAL E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE

CAPIM-MOMBAÇA COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

RESUMO GERAL

Avaliou-se o valor nutricional e as características fermentativas da silagem de capim-mombaça com inclusão de farelo de girassol. Os tratamentos foram constituídos por quatro níveis de inclusão: 0%, 10%, 15% e 20%. Os teores médios de matéria seca determinados nas silagens de capim-mombaça diferiram em função dos níveis de inclusão do farelo de girassol, com variação de 24,69% a 28,50%. Os teores PB variaram de 11,63% a 21,651% e foram observadas diferenças significativas entre os níveis de inclusão (P<0,05). O maior nível de inclusão de farelo de girassol - 20% - resultou nas menores perdas por efluentes. Os valores de pH encontrados variaram de 4,89 a 5,57. Os teores médios de nitrogênio amoniacal (N-NH3) se mantiveram entre 1,33 e 6,42. Os teores médios de carboidratos solúveis residuais variaram entre 4,63 e 8,38, não havendo diferença significativa, apenas entre os níveis de 15% e 20% de farelo de girassol (P>0,05). Os teores de ácido lático, acético, propiônico e butírico variaram de 1,245 a 3,898; de 2,428 a 8,670; de 0,135 a 0,248 e de 0,016 a 0,027 respectivamente, e diferiram significativamente (P<0,05) entre os níveis de farelo de girassol. A degradabilidade da matéria seca da silagem variou em função dos níveis de inclusão de farelo de girassol, tendo a degradabilidade potencial (DP) entre 71,46% e 81,96%, sendo de 27,86% a 32,83% a variação para a fração “a”, entre 39,01% e 52,07% para a fração “b”. Em relação à proteína bruta, a DP variou entre 83,09% e 92,57%, sendo que os teores da fração “a”, frações “b” e fração “c”, foram significativamente influenciados pelos níveis de adição de farelo de girassol (P<0,05), apresentando variação de 24,79% a 61,50%, 28,68% a 59,73% e 0,0194% a 0,0411%, respectivamente.

Palavras-chave: composição bromatológica, degradabilidade “in situ”, efluentes, Panicum maximum, recuperação de matéria seca.

xv

NUTRITIONAL VALUE AND THE FERMENTATIVE MOMBAÇA GRASS SILAGE

FEATURES WITH SUNFLOWER BRAN ADDITION

ABSTRACT

The nutritional value and fermentative characteristics of the silage grass mombaça with

sunflower meal inclusion were evaluated. The treatments consisted of four levels of inclusion:

0%, 10%, 15% and 20%. The levels of dry matter determined in silage grass mombaça,

differed depending on the sunflower meal inclusion levels, ranging from 24.69 % to 28.50%.

The CP content ranged from 11.63 % to 21.651 % and significant differences were observed

between the inclusion levels (P<0.05). The highest level of sunflower meal inclusion - 20% -

resulted in smaller losses by effluent. The pH values found varied between 4.89 and 5.57. The

average levels of ammonia nitrogen (NH3-N) remained between 1.33 and 6.42. The average

levels of residual soluble carbohydrates ranged between 4.63 and 8.38, with significant

similarity only between the levels of 15% and 20 % of sunflower meal (P> 0.05). The

contents of lactic acid, acetic, propionic and butyric ranged from the 1,245 to 3,898; the 2.428

to 8.670; the 0.248 to 0.135 and the 0.016 to 0.027 respectively, and differed significantly

(P<0.05) between the sunflower meal levels. The degradability of the dry matter of silage

varied as a function of sunflower meal inclusion levels , having the potential degradability

(PD) between 71.46 % and 81.96 %, being to 27.86 % to 32.83 % variation to the fraction "a"

and between 39.01 % and 52.07 % for the "b" fraction . Regarding the CP, PD ranged from

83.09 % to 92.57 %, and the contents of the fraction "a", fractions "b" and part "c", were

significantly influenced by the addition levels sunflower meal (P < 0.05) showing variation of

24.79 % to 61.50 %, 28.68 % to 59.73 %, and 0.0194 % to 0.0411 %, respectively.

Keywords: chemical composition, degradability in situ, dry matter recovery, effluents,

Panicum maximum.

13

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país que a cada ano tem expandido suas fronteiras agrícolas, sendo

um dos maiores produtores mundiais de grãos. A pecuária também tem utilizado técnicas cada

vez mais acuradas para o desenvolvimento precoce dos ruminantes, mantendo o país entre os

maiores exportadores de carne bovina no mundo. Neste contexto, se insere a agroindústria

com a transformação da matéria-prima/commodities, em especial as oleaginosas como a soja,

o algodão e o girassol, com a extração de seus produtos, para a fabricação de óleos, entre eles

o biodiesel, além de coprodutos (tortas, farelos etc.) que podem constituir outras fontes de

renda importantes para os produtores rurais1.

Em virtude da expansão da agroindústria e da evolução na transformação de

grãos, associada à necessidade de oferecer um destino sustentável aos seus resíduos, há a

importância de se estudar a reutilização dos subprodutos da indústria como alimentos para

animais. Em relação às definições, os resíduos industriais são chamados de subprodutos,

todavia neste trabalho será identificado como coproduto, por ser passivo de utilização pelos

ruminantes.

Torna-se de fundamental importância avaliar os resíduos – coprodutos – com

intuito de se obter dados em relação às frações de proteína bruta e carboidratos totais,

objetivando gerar tabelas para cálculos matemáticos e formulação de rações2. O coproduto

pode ser uma alternativa viável para a formulação de dietas alimentares, contudo sua

disponibilidade pode ser influenciada pela época do ano e, principalmente pela logística do

transporte e fonte fornecedora, afetando a relação benefício/custo para o empresário rural.

Não obstante, o país está situado numa zona tropical, que tem sido severamente

afetado pelas prolongadas secas e diminuição do período das águas, tornando as pastagens

mais deficientes e, muitas das vezes, escassas. No período do ano com baixa precipitação

pluviométrica, a forragem pode apresentar valor nutritivo menor, com alta lignificação da

fibra e disponibilidade de proteína bruta (PB) menores de 7%, a qual se torna valor limitante

para que a microbiota dos ruminantes se mantenha em harmônica relação com hospedeiro3,4

.

Partindo da afirmação de Geron et al.2, de que o enfoque na produção de

ruminantes se baseia na procura de novas alternativas de alimentos, e que o pecuarista precisa

recuperar a produtividade da pastagem, bem como produzir e armazenar volumoso de boa

qualidade para o período seco do ano5. Cerca de 80% da produção forrageira anual ocorre no

período das águas, e apenas 20% no período da seca, no entanto, a busca por espécies

14

forrageiras com boa distribuição de produção ao longo do ano foi sempre almejada por

pesquisadores e por produtores6. Alguns capins forrageiros podem ser aproveitados, desde

que sejam ensilados no estádio de desenvolvimento ideal ou se empreguem aditivos

adequados7.

Para obtenção de silagens de melhor qualidade, as restrições quanto à umidade

excessiva, baixos teores de carboidratos solúveis e alto poder tampão devem ser corrigidos e

várias alternativas têm sido propostas para contornar ou reduzir os problemas relacionados à

fermentação de gramíneas perenes no processo de ensilagem. São elas: desidratação ou pré

emurchecimento, uso de aditivos adsorventes de umidade, enzimas, inoculantes bacterianos8,9

,

ácidos orgânicos e inorgânicos, uso de substratos ou fontes de nutrientes como melaço, polpa

cítrica, entre outros8.

Dentre estes aditivos, podemos citar os coprodutos da agroindústria,

principalmente, os de processamento de grãos de cereais e oleaginosos, tais como: a casca de

soja10,11,12

, farelo de trigo7,12,13

, os de processamento de frutas principalmente, a polpa

cítrica14,15

, mas também outros como os oriundos da indústria de sucos16

, ou o farelo de

mandioca17

,os quais podem ser usados, satisfatoriamente por apresentarem características

melhoradoras da qualidade da silagem de gramíneas tropicais, ao proporcionarem condições

para uma fermentação adequada com o aumento da matéria seca da massa ensilada e

fornecerem carboidratos solúveis para que a fermentação lática ocorra rapidamente, e

consequentemente queda do pH da silagem e boa conservação da massa ensilada.

Neste ínterim, tem se buscado estudar o farelo de girassol, um coproduto da

agroindústria, obtido no processamento da extração do óleo do grão desta oleaginosa, tendo

composição bromatológica, aproximadamente de: 91,44% de matéria seca, 32,75% de

proteína bruta, 45,97% de fibra em detergente neutro, 36,13% de fibra em detergente ácido,

4,43% de lignina, 2,11% de extrato etéreo e 63,97% de nutrientes digestíveis totais18

. Assim,

este coproduto pode ser utilizado como aditivo absorvente e nutritivo, no processo de

ensilagem de gramíneas forrageiras tropicais não padrão. Desta forma, propiciaria a elevação

do teor de matéria seca da silagem produzida, disponibilizando carboidratos solúveis e

reduzindo assim, as perdas por efluentes e melhorando o padrão fermentativo das silagens

destas forrageiras.

Outrossim, não basta um alimento apresentar teores adequados em sua

composição bromatológica se este componente não apresentam uma degradabilidade também

adequada. Desta forma, e por meio da técnica “in situ”, é possível estimar parâmetros

relacionados à cinética de degradação de um alimento e de suas frações, em função de

períodos de incubação no rúmen. Trata-se de um método cujos resultados apresentam alta

15

correlação com os obtidos em experimentos in vivo, é preciso, simples e rápido para

determinar a qualidade de uma forragem. Por isso, tem sido de grande utilidade na avaliação

de alimentos para ruminantes19

.

Por conseguinte, o presente estudo se justifica por buscar alternativas sustentáveis

para o destino do coproduto da agroindústria visando a maior disponibilidade/degradabilidade

de alimentos aos ruminantes no período de escassez das chuvas e ainda melhorar o valor

nutritivo de forragens conservadas pelo processo de ensilagem.

16

2. REVISÃO DE LITERATURA

Panicum maximum cv. Mombaça

Coletado da África pelo Institut Français de Recherche Scientifique pour Le

Dévloppment em Coopération (Orstom) o capim-mombaça foi lançado em 1993, em parceria

com a Embrapa Gado de Corte - CNPGC. Este cultivar tem como descrição uma planta

perene, de crescimento cespitoso, com teor de proteína bruta entre 12% e 16%20, com

aproximadamente 1,65 m de altura, folhas com 3 cm de largura, são longas e dobram-se

abruptamente na vertical21. As lâminas foliares possuem poucos pêlos curtos na face superior

e as bainhas são glabras. Ambas as faces, não apresentam serosidade. Os colmos são

levemente arroxeados. As inflorescências são do tipo panícula longa, apresentando

ramificações secundárias longas, apenas na base22.

De acordo com Pereira Filho et al.23

, no Brasil, a época de semeadura desta

forrageira pode variar de setembro a abril, com as melhores produções de massa verde obtidas

em setembro/outubro e para produção de sementes em abril/maio. Já Guimarães Júnior et

al.24

, relataram que para produção de forragem destinada à ensilagem, a época de semeadura

estende-se de setembro a fevereiro, de acordo com o regime pluviométrico regional.

17

2.1. Produção de silagens com gramíneas forrageiras tropicais

A conservação de forragens verdes na forma de silagem é uma estratégia para

contornar o problema de escassez de pasto no período de estiagem. Ensilagem é o método de

preservação para forragens úmidas, almejando preservar suas características físicas e

químicas. É baseado na conversão de carboidratos solúveis em ácidos orgânicos, tendo como

resultado a redução do pH e o material, ainda úmido, torna-se livre da ação de

microrganismos indesejáveis (como as enterobactérias, fungos e leveduras), podendo ser

fornecido aos animais, nos períodos de maior escassez de forragem9,25,26

.

Baixos teores de carboidratos solúveis e de matéria seca e alto teor de umidade e

poder tampão, prejudicam a fermentação além de diminuir a acidificação – redução do

potencial hidrogeniônico (pH) – das gramíneas. Estas características próprias são observadas

em cada espécie, quando no estádio fisiológico ideal para corte, que por sua vez interferem

diretamente no perfil fermentativo da silagem, dificultando a obtenção de armazenados de boa

qualidade.

Por outro lado, o aumento do teor de matéria seca (MS) e fibra insolúvel em

detergente neutro (FDN) são esperados com a maturidade da forrageira, já que ocorre

intensificação no processo de alongamento do colmo e diminuição na proporção foliar,

acarretando redução do conteúdo celular e do valor nutritivo da planta27, 28

.

Desta forma, se tem então, o valor nutritivo da forragem, na época de ensilagem,

contrastando com o os teores de matéria seca e de carboidratos solúveis disponíveis pelas

culturas não padrão.

2.1.1. Potencial de produção

No Brasil ocorre a sazonalidade da produção em virtude dos fatores climáticos,

tais como luminosidade, pluviometria e temperatura, fazendo com que aproximadamente 80%

da produção anual de forragens ocorra na primavera e verão6. E isto torna relevante o

armazenamento dos alimentos para o período de estiagem.

Para confecção de silagens, o milho e o sorgo são tidos como culturas padrão e

têm sido as forrageiras que mais se destacam quanto aos aspectos nutricionais e de adequação

ao processo fermentativo29

, no entanto, pode-se utilizar uma grande variedade de gramíneas e

leguminosas30

.

18

As silagens de gramíneas tropicais constituem alternativa às culturas “padrão” -

milho e sorgo. O capim-mombaça por ser de origem tropical (C4), possui diferenças

morfofisiológicas em relação às gramíneas de clima temperado (C3), apresentando frações

solúveis e taxas de degradação das proteínas menores, em relação às forrageiras temperadas31

.

Para serem armazenados, os capins devem ser ensilados no estágio de desenvolvimento ideal

ou serem empregados aditivos adequados7, todavia apresentam neste momento ideal, baixos

teores de matéria seca e de carboidratos solúveis em água, além de elevado poder tampão.

2.1.2. Baixos teores de matéria seca e carboidratos solúveis em água e elevado poder

tampão.

Segundo Bergamaschine et al.32

, as gramíneas tropicais não apresentam teores

adequados de matéria seca (MS), valores de poder tampão e carboidratos solúveis (CS) que

proporcionem ideal processo fermentativo. Desta forma, a baixa matéria seca leva a

susceptíveis perdas por fermentação secundária, por produção de efluente e por deteriorações

aeróbias, resultando em entraves na produção de silagens de gramíneas tropicais.

A ensilagem de gramíneas com baixo teor de carboidratos solúveis favorece as

perdas durante o processo de ensilagem33

e, aliada ao elevado teor de umidade da forrageira,

propicia o desenvolvimento de bactérias do gênero Clostridium7, 17, 34

. A presença de oxigênio

no material ensilado é um fator negativo ao alimento, pois favorecem a presença de bactérias

aeróbicas proteolíticas, as quais elevam o teor de nitrogênio amoniacal (N-NH3), oriundo da

degradação da proteína durante o processo de fermentação da silagem. Resultado este

influenciado também por outros fatores, como, por exemplo, estrutura física da forragem,

compactação, capacidade tamponante e população autóctone de bactérias lácticas28

.

Normalmente, capins colhidos e ensilados em estádio avançado de maturidade

apresentam baixos coeficientes de digestibilidade dos nutrientes, o que pode resultar em

diminuição do desempenho animal3, 7

. De acordo com Santos35

, os parâmetros mais utilizados

na avaliação da qualidade da silagem são os teores de ácidos graxos de cadeia curta – o

láctico, o propiônico, o acético e o butírico – nitrogênio amoniacal e pH.

Sendo assim, além do manejo adequado, a planta deve ser colhida com teor de

umidade ideal para a ocorrência de compactação ótima da massa ensilada e manutenção dos

nutrientes, bem como o teor de carboidratos solúveis suficiente para promover adequada

fermentação lática36

, podendo este último, ser adicionado por coprodutos da agroindústria.

Considerando dietas ricas em volumosos e a produção em grande escala, o capim-

mombaça pode ser armazenado para que componha dietas balanceadas e, aliando a redução

19

dos custos na obtenção destas matérias, os coprodutos se apresentam como uma boa

alternativa.

2.2. Aditivos sequestradores de umidade e fornecedores de carboidratos solúveis e/ou

proteína bruta.

Os aditivos são utilizados no processo de ensilagem objetivando melhorar o

processo fermentativo e/ou reduzir perdas, podendo ser classificados como inibidores e

estimuladores de fermentação37

. Quando este aditivo apresenta elevado teor de matéria seca,

este atua diminuindo a umidade dos demais ingredientes a que se mistura, tornando menores

as perdas por efluentes.

O tipo de aditivo absorvente utilizado na ensilagem depende da região, do custo e

das características do material ensilado38

. Este aditivo, quando utilizado em quantidades

adequadas, é capaz de elevar o teor da matéria seca do material ensilado e promover um

ambiente menos favorável para o crescimento de leveduras9, 38

.

O ingrediente usado como aditivo nas silagens de capim deve apresentar alto teor

de matéria seca, alta capacidade de retenção de água, boa aceitabilidade, além de fornecer

carboidratos para fermentação39

. Outrossim, devem ser de fácil manipulação, baixo custo e

fácil aquisição40

.

De acordo com McDonald et al.9, os aditivos para ensilagem podem ser

classificados em cinco tipos:

1) os estimulantes da fermentação, que são açucares, ou ricos em carboidratos que

estimulam o crescimento de bactérias lácticas favorecendo o rápido abaixamento do pH;

2) os inibidores, que diminuem o crescimento de microrganismos, como o ácido

fórmico e o formaldeído;

3) os inibidores de deterioração aeróbica, que controlam a deterioração causada

pelo ar quando o silo é aberto, por exemplo, ácido propiônico e ureia;

4) os nutrientes, que são adicionados à forragem ensilada para melhorar o valor

nutritivo da silagem;

5) os absorventes, que são produtos com baixo teor de matéria úmida atuando

como aditivo, elevando o teor de MS do material ensilado e diminuindo a atividade de água;

com ele, o ambiente se torna menos favorável para o desenvolvimento das leveduras e

clostrídios contribuindo para menores perdas de efluentes.

20

2.2.1. Farelo de Girassol

A maioria das oleaginosas, que vêm sendo utilizadas para produção de biodiesel

no Brasil é passível de utilização na alimentação animal, porém, cada uma com suas

particularidades no que diz respeito a cuidados antes de serem fornecidas aos animais devido

a alguns fatores tóxicos ou antinutricionais que possuem quantidades máximas dentro da

formulação das dietas dos animais e práticas de armazenamento1.

Os resíduos industriais e agroindustriais eram e ainda continuam sendo chamados

de subproduto devido ao fato de ser o excedente de um processo de fabricação. Atualmente a

tendência é que passem a ser chamados de coproduto devido ao valor agregado que possuem,

pela maior atenção quanto ao controle de qualidade e o potencial nutricional para formulação

de rações41

, evidenciados pelas pesquisas e ampla utilização no cenário nacional.

Devido aos incentivos governamentais, entre outros fatores como edafoclimáticos

e econômicos, a produção de biocombustíveis no Brasil cresce continuamente, resultando na

produção de vários coprodutos com potencial de uso na alimentação animal, entre estes,

incluem-se o farelo de girassol, coproduto da extração do óleo, e o bagaço de sorgo sacarino,

coproduto da produção de álcool42

.

O coproduto, em tese, tem sido adicionado como ingrediente proteico em

concentrados utilizados na formulação de dietas para os animais domésticos, pois apresenta

alto teor de proteína, sendo assim, incorporado nas rações auxiliando no ganho de peso e

produção, de monogástricos43

e ruminantes. Considerando como dietas ricas as que contem

volumosos e concentrados, fornecidas de forma balanceada, o uso do farelo de girassol pode

proporcionar a redução dos custos na obtenção de proteína animal, e assim, se torna uma

excelente alternativa, de ingrediente na ração.

O girassol é uma planta C4 – de clima tropical – tendo maior atividade

metabólica, todavia é sensível a temperaturas frias, em comparação com plantas C3 – de

clima temperado44

. É uma oleaginosa e sua produção muito tem sido explorada no Brasil para

desintegração e extração do óleo. Estudos de Barros et al.47

, assim como Negrello48

, afirmam

que o girassol é uma opção viável para a produção integrada de Biodiesel no Brasil. Ela se

caracteriza como suplemento concentrado com alto teor de proteína degradável no rúmen45

.

Seu valor nutricional otimiza a rentabilidade na produção animal, pois é o usado como fonte

alternativa em substituição parcial ao milho e ao farelo de soja46

.

O farelo de girassol com alto teor proteico não é encontrado no Brasil, uma vez

que não existe aqui o processo de separação e que, os produtos disponíveis se apresentam com

21

proteína bruta variando entre 36% e 40%, considerados como descascados e produto

resultante após extração e moagem fina49

, como demonstrado na Tabela 1.

TABELA 1 - Parâmetros nutritivos referentes ao farelo de girassol

Parâmetros em % 40% 36% 28%

Umidade (máx) 12 12 12

Proteína Bruta (mín) 40 36 28

Extrato Etéreo (mín) 0,5 0,5 0,5

Fibra Bruta (máx) 16 20 25

Matéria Mineral (máx) 7 7 7

Cálcio (máx) 0,5 0,5 0,5

Fósforo (mín) 0,8 0,8 0,8

Aflatoxinas (máx) 20 ppb 20 ppb 20 ppb

Máx.: máximo; mín.: mínimo; ppb: partes por bilhão

Fonte: Adaptado de Butolo et al.49

.

O farelo de girassol apresenta valores nutricionais semelhantes ao farelo de

algodão e ao farelo de soja50

, contudo há poucas pesquisas envolvendo a utilização deste

coproduto para animais ruminantes51

.

22

2.3. Degradabilidade “in situ”

Tanto a composição químico-bromatológica, como os fatores nutricionais e a

degradabilidade dos ingredientes que compõem a ração animal, influenciam nos resultados de

desempenho esperado do ruminante, ou mesmo de qualquer animal. Desta forma, a análise de

digestibilidade e degradabilidade de forragens tropicais se faz necessária para aumentar os

bancos de dados dos sistemas de formulações de rações para bovinos40

. Os mesmos autores

relatam que a metodologia “in situ” é uma técnica relativamente rápida para descrever o

desaparecimento das frações de nutrientes do alimento, conforme o tempo em que permanece

no rúmen do animal e, por conseguinte, sob a atuação da microbiota ruminal.

A técnica utiliza animais fistulados pelo rúmen. Baseia-se no desaparecimento do

alimento em determinados tempos e a degradabilidade é determinada pela diferença de pesos

antes e depois da incubação, todavia os alimentos não são submetidos a mastigação,

ruminação ou passagem, porém pode ser realizada por análises comparativas19,52

.

As curvas de desaparecimento de cada fração de alimentos retratam a cinética de

degradação ruminal, assim, a descrição da taxa de extensão da digestão é importante para

explicar as relações existentes entre a ingestão, digestão e o desempenho dos ruminante53

. Os

dados são obtidos por equações propostas por Oskov e McDonald52

e já houve adaptações até

os dias atuais, todavia permanecem sugerindo a existência de frações do alimento:

Fração “a” – solúvel e prontamente degradada no rúmen;

Fração “b” – insolúvel e potencialmente degradada no rúmen

Fração “c” – taxa de degradação específica da fração “B”

Fração não degradável.

Fração potencialmente degradável – corresponde a soma das frações “a”

mais “b”

Fase lag (lag time) – que corresponde ao tempo de colonização dos

microorganismos ruminais, no alimento.

A aderência dos microorganismos no substrato é o passo inicial para o processo

de digestão e a digestão ruminal será caracterizada pela velocidade em que a microbiota adere

e penetra nas barreiras físicas do alimento, justificando então o estudo/mensuração da

degradabilidade dos alimentos.

23

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29

CAPÍTULO 2:

VALOR NUTRICIONAL DA SILAGEM DE CAPIM-MOMBAÇA

COM ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

RESUMO

Objetivou-se avaliar a composição bromatológica e a degradabilidade “in situ”, da silagem de

capim-mombaça, com a inclusão de quatro níveis de farelo de girassol: 0%, 10%, 15% e 20%,

ensilados aos 60 dias de crescimento vegetativo. O delineamento experimental utilizado na

bromatologia foi o inteiramente casualizado, 1 x 4, com quatro repetições. Os teores de

matéria seca (MS) determinados nas silagens de capim-mombaça diferiram linearmente

(P<0,05) em função dos níveis de inclusão do farelo de girassol, com variação de 24,69% a

28,50%. Os teores proteína bruta variaram de 11,63% a 21,65% e foram observadas

diferenças significativas entre os níveis de inclusão do farelo de girassol. Os teores da fibra

insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) diferiram

em função dos níveis de inclusão de farelo de girassol (P<0,05) com variação de FDN de

70,0% no tratamento controle, até 51,94%, com a inclusão de 20% de farelo de girassol. Os

teores de FDA variaram de 57,0% no tratamento controle, até 30,04%, com a inclusão de 20%

de farelo de girassol. Quanto a degradabilidade “in situ”, o potencial de máxima degradação

(DP) da MS diferiu entre as doses (P<0,05), variando entre 71,46 e 81,96%. Os animais

apresentaram tempo de colonização (lag time) entre (1,71h e 4,73h) e degradabilidade efetiva

(DE) para as taxas de passagens de 2%/h (48,46% a 52,84%), 5%/h (38,99% a 44,39%) e

8%/h (35,49% a 40,96%). O desaparecimento da MS da silagem com inclusão de farelo de

girassol diferiu entre níveis nos tempos 00h e 12h, nos demais tempos de incubação não

houve diferença (P>0,05) entre os níveis de inclusão. O potencial de máxima degradação da

fração “A” da MS foi 32,83%, ocorrido com a inclusão de 10%. A fração “C” da MS variou

entre 0,0116 e 0,0211. O potencial de máxima degradação (DP) da PB foi diferente entre as

doses (P<0,05), variando entre 83,09 e 92,57%. A PB apresentou degradabilidade efetiva

(DE) para as taxas de passagens de 2%/h (64,97% a 76,8%), 5%/h (51,74% a 70,19%) e 8%/h

(45,06% a 67,57%). O desaparecimento da PB da silagem com inclusão de farelo de girassol

diferiu entre níveis nos tempos 00h até 12h (P<0,05), nos cinco demais tempos de incubação

não houve diferença (P>0,05) entre os níveis de inclusão. O potencial de máxima degradação

da fração “A” da PB foi 61,50%, ocorreu co a inclusão de15%. A fração “C” da PB variou

entre 0,0194 e 0,0411.

Palavras-chave: Cinética ruminal, composição bromatológica, degradabilidade “in situ”,

matéria seca, Panicum maximum

30

CHAPTER 2:

MOMBAÇA GRASS NUTRITIONAL VALUE OF SILAGE

WITH SUNFLOWER BRAN ADDITION

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the chemical composition and in situ degradability, the silage

grass mombaça, with the inclusion of four sunflower meal (SM) levels: 0 %, 10 %, 15% and

20% ensiled at 60 days of vegetative growth. The experimental design used was completely

randomized, x 4, with four replications. The dry matter (DM) silage determined in the cultivar

mombaça differed linearly (P<0.05) according to the sunflower meal inclusion levels, ranging

from 24.69 % to 28.50%. In crude protein content ranged from 11.63% to 21.65% and linear

significant differences were observed among the sunflower meal inclusion levels. The fiber

content insoluble in neutral detergent (NDF) and insoluble acid detergent fiber (ADF) differed

according to the sunflower meal inclusion levels (P<0.05) with NDF variation of 70.0% in the

control treatment until to 51.94 %, with the inclusion of 20% of sunflower meal. When

determining in situ degradability of the ingredients, the maximum potential degradation (PD)

of the DM was different between the levels (P<0.05), varying between 71.46 and 81.96%.

The animals showed lag time between (1,71h and 4,73h) and effective degradability (ED) for

rates passages 2%/h (48.46% to 52.84%), 5%/h (38.99% to 44.39%) and 8%/h (35.49% to

40.96%). The DM silage with sunflower meal inclusion levels differ between the times 00h

and 12h, the seven other incubation times there was no difference (P>0.05) between inclusion

levels. The maximum potential degradation of fraction "A" DM was 32.83%, which occurred

at a dose of FG10%. The fraction "C" of DM varied between 0.0116 and 0.0211. The

maximum potential degradation (PD) of CP was different between doses (P<0.05), varying

between 83.09 and 92.57 %. The CP showed effective degradability (ED) rates to passages

2%/h (64.97 % to 76.8 %), 5%/h (51.74% to 70.19%) and 8%/h (45.06% to 67.57%). The

disappearance of CP of the silage with sunflower meal inclusion differ between levels in 00 h

times up to 12 h (P<0.05) in the five other incubation times there was no difference (P> 0.05)

between inclusion levels. The maximum potential degradation of the "A" fraction was 61.50%

of CP also occurred at a dose of 15% SM. The fraction "C", CP ranged between 0.0194 and

0.0411.

Keywords: chemical composition, degradability in situ, dry matter, Panicum maximum,

rumen kinetics

31

1. INTRODUÇÃO

Busca-se constantemente o estudo do potencial produtivo a partir das forrageiras

utilizadas nos sistemas de produção, pois isto auxilia na escolha do sistema que será adotado,

relacionando-se também com o potencial produtivo dos animais que compõe determinado

sistema1. Estudos demonstram que no estado de Goiás, de todo o investimento na pecuária

leiteira, 74,67% está disponibilizado em terras e apenas 14,58% representa a participação com

animais de produção, indicando predominância de sistemas extensivos e produtividade média

de 8,16 litros de leite por animal2.

Em contraste com as estatísticas citadas, esse estado se encontra entre os quatro

maiores produtores de lácteos e de grãos do Brasil3. E ambos os produtos estão relacionados

com a alimentação do rebanho, demandando investimento que, muitas das vezes, ocorre

retardadamente ou em períodos inadequados para a manutenção dos semoventes.

Diversos métodos têm sido pesquisados e utilizados para suprimir o déficit

alimentar nos rebanhos mantidos em regime de campo e o mais comum é a confecção de

silagem4. Devido à estacionalidade de produção de pastagens e à intensificação dos sistemas

de produção, o uso de silagens no arraçoamento animal vem crescendo a cada ano, sendo

considerado como uma alternativa de alimentação para o período da seca. Diante das

condições edafoclimáticas proporcionadas pela região Centro-Oeste, com características

definidas como seca (entre abril e outubro) e águas (entre novembro e março), a alimentação

do gado tem sido produzida em maior escala, quando em períodos chuvosos, para que haja

sua oferta no período de seca. O material ensilado é armazenado em silos, passa

concomitantemente por processos químicos e físicos, por um período mínimo de 30 dias para

só então estar apta para a alimentação dos animais.

As gramíneas de clima tropical como o Panicum maximum Jack. cv. Mombaça

apresentam elevada produção de biomassa seca. Isso gera um excedente de forragem que

pode ser aproveitada na forma de silagem para a utilização na época de escassez de

alimentos5.

O maior fator limitante para produção de silagem de capins forrageiros é o alto

teor de umidade no material a ser ensilado. Tem-se como exemplo o milheto para confecção

de silagem, a qual ocorre quando os grãos se encontram em estádio pastoso-farináceo, porém,

nesse momento, a planta apresenta baixo teor de matéria seca de 20% a 23%6. As forrageiras

quando apresentam nível ideal de matéria seca e quantidade suficiente de carboidratos

solúveis para microbiota epifítica, favorecem a boa fermentação4. Igualmente, a inclusão de

32

aditivos absorventes pode proporcionar uma maior qualidade no perfil fermentativo do

material ensilado. E segundo Nery et al.7, solo, clima, cultivar e método de processamento,

entre outros, determinam a composição nutricional e energética dos alimentos e subprodutos.

A ingestão de matéria seca é apontada como sendo o fator mais importante da

nutrição8, contudo, o manejo nutricional de ruminantes se associa à ração – suplementos,

concentrados, pastagens e outros volumosos – e há diversos fatores interligados ao manejo

das plantas forrageiras, como idade de corte, a altura de corte para conservação ou de pastejo,

que a planta é submetida, e estes, podem gerar respostas diferenciadas em acúmulo e valor

nutritivo da forragem produzida. Assim, o conhecimento da degradabilidade “in situ” subsidia

a utilização racional do alimento, na dieta total.

O farelo de girassol tem alto teor de proteína degradável e de fibra em insolúvel

detergente neutro (FDN) e, consequentemente, teor relativamente baixo de carboidratos não

fibrosos (CNF) e muitas vezes são adicionados nas dietas na forma de concentrado. Essa

suplementação com concentrados ricos em CNF usualmente exerce efeito negativo sobre o

consumo de forragem, devido principalmente à queda do pH ruminal e consequente redução

da digestibilidade da fibra9,10

, todavia, estudos in vitro demonstraram que o crescimento da

microbiota ruminal e a digestibilidade da fibra são estimulados pela presença de

aminoácidos11

ou de proteína degradável12

.

Por meio da técnica “in situ”, é possível estimar parâmetros relacionados à

cinética de degradação de um alimento e de suas frações, em função de períodos de incubação

no rúmen. Trata-se de um método cujos resultados apresentam alta correlação com os obtidos

em experimentos in vivo, é preciso, simples e rápido para determinar a qualidade de uma

forragem. Por isso, tem sido de grande utilidade na avaliação de alimentos para ruminantes13

.

E para responder pelos efeitos inerentes à dinâmica da passagem da digesta no rúmen, foi

sugerido o uso de equações para obtenção de valores de degradabilidade efetiva dos

nutrientes14

e são utilizados períodos para avaliar a degradabilidade ruminal.

Neste ínterim, o estudo da degradação ruminal pode ser usado para explorar

muitas características da degradação e os processos que ocorrem no interior do rúmen. Não é

apenas uma ferramenta poderosa para a indexação das degradabilidades relativas dos

alimentos, mas também pode ser utilizado para melhorar o nosso entendimento quanto aos

processos de fermentação do rúmen13

.

Assim sendo, objetivou-se avaliar a composição bromatológica da silagem de

capim-mombaça com inclusões de 0%, 10%, 15% e 20% de farelo de girassol, associada à

mensuração da degradabilidade da matéria seca e da proteína bruta.

33

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material das análises do Valor Nutritivo

2.1.1. Local do experimento

O experimento foi conduzido em uma área experimental da Fazenda AJR, no

município de Goiás - GO, com as seguintes coordenadas geográficas: latitude: 15º 56’

23,024”S, longitude: 50º 8’ 29,159”W e altitude: 513 metros. Conforme a classificação de

Koeppen15

, o clima da região é do tipo Aw, tendo com característicos quente e semiúmido,

com duas estações bem definidas, a seca, dos meses de maio a outubro e a chuvosa, entre

novembro e abril. O ar é relativamente seco na maior parte do ano, como umidade relativa

chegando a níveis críticos entre os meses de julho e setembro e ao extremo em agosto. A

topografia do local é plana com declividade de 3,5% e predominância de Latossolo

Vermelho-Amarelo distrófico de textura franco argilo-arenosa61

.

TABELA 1 - Temperatura máxima e mínima do ambiente, umidade relativa do ar, precipitação e

insolação durante a condução do ensaio em campo.

Dezembro/2013 Janeiro/2014 Fevereiro/2014

Máxima (ºC) 35 28

21

34

22 Mínima (ºC) 21

Umidade (%) 88 94 76

Precipitação (mm) 284 302 276

Insolação(h) 184 176 170

2.1.2. O preparo de solo e implantação do capim-mombaça.

Para fins da caracterização química e física da área experimental, realizou-se a

coleta de amostra de terra na profundidade de zero a 0,20 m., a qual foi analizada pelo

Laboratório de Análise de Solo e Foliar da Escola de Agronomia da Universidade Federal de

Goiás conforme resultado apresentado na Tabela 2.

O preparo do solo foi o convencional com uso de duas gradagens, sendo uma com

grade aradora e outra com grade niveladora antecedendo o plantio. De acordo com a análise

de solo não foi necessária a calagem segundo recomendação de Martha Júnior et al.16

.

A semeadura do capim-mombaça foi realizada a lanço, no dia 30/12/2013,

utilizando-se taxa de semeadura de 1,6 kg de sementes puras viáveis (SPV).ha-1

. A adubação

fosfatada de formação consistiu na aplicação de 80 kg de P205.ha-1

(SS), além de 50 kg de FTE

BR12 segundo recomendação de Martha Júnior et al.16

. A adubação nitrogenada ocorreu com

100 kg de ureia após 15 dias de germinação e outra dose equivalente, aos 40 dias.

34

TABELA 2 – Atributos físicos e químicos do solo da área experimental

%

Argila

%

Silte

%

Areia

%

M.O.

(CaCl²)

pH

Mg/dm³

K

mEq/100cm³

Ca

29 20 51 2,3 5 200 7,5

mEq/

100cm³

Mg

mEq/

100cm³

H+Al

mEq/

100cm³

Al

mEq/

100cm³

CTC

%

Ca/Mg

%

Ca/CTC

%

Mg/CTC

%

K/CTC

2,4 2 0 12,4 3,1 60 19 4 Fonte: Laboratório de Análise de solo e foliar – Universidade Federal de Goiás/UFG

2.1.3. Tratamentos

Os tratamentos constituíram-se de um cultivar do capim Panicum maximum cv.

Mombaça) e quatro níveis de inclusão de farelo de girassol: (0%, 10%, 15% e 20%). Utilizou-

se o delineamento experimental inteiramente casualizado, sendo 1 x 4, com quatro repetições.

Os dados foram processados pelo software R17

, e submetidos à análise de variância e as

médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%) e análise de regressão para os níveis de

inclusão do aditivo.

2.1.4. Corte e ensilagem

O corte e ensilagem do capim-mombaça foi realizado no dia 27/02/2014, aos 60

dias após semeadura. O corte foi realizado com roçadeira costal a 0,15 m, distante do solo e

picado em ensiladora em partículas de aproximadamente dois centímetros. As amostras foram

homogeneizadas manualmente e deste material retirou-se uma amostra de aproximadamente,

um quilograma da matéria original (MO), para fins das análises laboratorial e caracterização

da planta.

A matéria original do capim-mombaça foi dividida em quatro partes iguais,

seguida da inclusão dos diferentes níveis de farelo de girassol, de acordo com os tratamentos

propostos. Foram utilizados como mini silos canos de PVC de 100 mm de diâmetro e com 70

cm de comprimento. As tampas dos silos experimentais foram dotadas de válvula, tipo

“Bunsen”, para escape dos gases produzidos durante o processo fermentativo, sem permitir,

entretanto, a entrada de ar. Foram utilizados quatro repetições para cada tratamento,

totalizando 16 mini silos. No fundo de cada mini silo, foi colado o “cap” de PVC, sendo então

montado um aparato constituído por uma camada de areia grossa – 1 kg – seguido de duas

camadas, sendo tela e TNT, para coleta e mensuração das perdas por efluente, de forma que

não houvesse contato direto como o material ensilado. Antes da ensilagem foi feita as

pesagens dos silos com os aparatos e a tampa. O enchimento dos mini silos foi feito

35

manualmente. Utilizou-se tacapes de madeira para completar o processo de compactação. Em

seguida, procedeu-se o fechamento e vedação dos silos, com auxílio de fita adesiva de alta

capacidade de adesão e posterior pesagem dos mini silos.

2.1.5. Variáveis analisadas

Em 03/05/2014, os silos foram abertos, decorridos exatamente, 65 dias após a

ensilagem. Inicialmente, os silos foram pesados para obtenção dos valores de perdas de gases

por diferença, em relação à pesagem por ocasião da ensilagem. Posteriormente, foram

tomadas quatro sub amostras de cada tratamento, de aproximadamente 500 g, visando às

análises da silagem. Após a retirada total da massa ensilada, tomou-se o cuidado de fazer as

pesagens dos silos experimentais, ainda com o aparato e tampa.

Duas sub amostras de aproximadamente 500 g cada, foram levadas à estufa de

ventilação forçada, a 55ºC, durante 72 h, visando à determinação da matéria pré-seca. Em

seguida as sub amostras foram moídas em moinho de faca, tipo “Willey” com peneira de um e

dois milímetro de diâmetro, identificadas e acondicionadas em recipientes de polietileno com

tampa e armazenadas para análises bromatológicas e degradabilidade “in situ”,

respectivamente.

As análises bromatológicas para determinação de matéria seca (MS), proteína

bruta (PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel em detergente ácido

(FDA), foram realizadas conforme os métodos recomendados pela I.N.C.T. 18

.

As análises foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal (LANA) do

Departamento de Produção Animal (DPA) da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás (EVZ - UFG).

2.2. Material das análises da degradabilidade “in situ”

Para degradabilidade ruminal “in situ”, as amostras das silagens foram incubadas

em quatro bovinos machos da raça nelore, (36 meses de idade e 350 kg de peso vivo) com

cânulas implantadas no rúmen.

Os animais foram mantidos no “tie stall”, do departamento de Zootecnia da

Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC). As amostras da silagem a serem incubadas

foram moídas em peneiras de porosidade de dois (2) mm. Posteriormente, amostras de,

aproximadamente, cinco (5) g de MS foram colocadas em sacos de nylon – (poro de 40 -

60mM), correspondendo a cerca de 0.2 g/cm² e selados, os sacos de nylon foram incubados no

rúmen, em triplicata, nos tempos 6, 9, 12, 24, 36, 48, 72 e 96 h, utilizando-se o método

36

"gradual dentro / tudo fora", com seis sacos de poliéster (30 × 40 cm) concomitantemente,

sendo três sacos por tratamento, cada um com peso de ferro com 500 g e com um cordão de

+-0,60 m, para garantir semelhante localização no interior do rúmen e para facilitar a

localização de remoção19

.

Após a remoção do rúmen, os sacos de nylon contendo resíduos de forragem

foram lavados em água corrente e fria até que a coloração ruminal desaparecesse, foram

congelados a -20ºC por 24 horas, para cessar a atividade fermentativa. As amostras de 0h não

foram incubadas e sim lavadas juntas com as amostras retiradas do rúmen, no momento “tudo

fora”, para se extinguir possíveis variações por solubilidade em água.

Todos os sacos foram descongelados, lavados simultaneamente para padronizar o

processo, secados por 72 h, em estufa de ventilação forçada regulada para 55ºC, pesados, e os

resíduos analisados quanto aos teores de MS, PB.

2.2.1. Delineamento experimental

O delineamento experimental foi inteiramente casualizados, subdivididas em

esquema fatorial 1x4x9 (silagem de capim-mombaça, quatro doses de farelo de girassol e

nove tempos de incubação “in situ”, 0, 6, 9 12, 24, 36, 48, 72 e 96 horas) sendo as médias

comparadas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para cada tempo de incubação, seis

sacos de nylon foram sorteados para um mesmo rúmen. A percentagem de degradabilidade da

matéria seca (DMS), em cada tempo foi calculada pela proporção de alimento que

desapareceu dos sacos após a incubação no rúmen. O modelo de degradabilidade efetiva da

matéria seca (DEMS) foi estimado segundo Ørskov e McDonald20

, levando-se em conta a

taxa de passagem de sólidos no rúmen preconizada pelo NRC21

.

2.2.2. Análise Estatística

Foi utilizado para a análise um modelo não linear.

O desaparecimento da MS e PB foi determinado usando o modelo não-linear

descrito por Ørskov e McDonald 20

para determinar a degradação efetiva (DE):

DE = A + B [Kd/(Kd + Kp)],

Em que as frações A e B e a taxa de digestão (kd) foram estimadas através da

degradabilidade potencial DP = A + B x (1 – e kd*t), em que kd é a taxa de digestão da fração

B, kp é a taxa de passagem da fração B e t é o tempo de incubação.

A degradabilidade efetiva (DE g/kg) foi calculada a partir dos parâmetros acima

mencionados, assumindo taxas de passagem fracionárias (kp) de 2, 5 e 8% /h. Estas taxas de

37

passagem são baseadas no NRC21

, que recomenda tais valores para baixa, média e alta

produção de vacas leiteiras, respectivamente.

Para os casos em que houve diferença significativa entre tratamentos, foi realizado

teste de Tukey, considerando nível de significância de 5% (P<0,05) 22

.

O modelo não linear, utilizado em outros experimentos se ajustou de modo

satisfatório aos dados de degradação parcial da MS, PB. Os coeficientes de determinação (R²)

obtidos para as curvas de degradabilidade destes nutrientes foram sempre superiores a 93%,

sendo indicativos da adequacidade do modelo para caracterização do fenômeno de degradação

ruminal “in situ” de forragens, de acordo com Lopes et al.14

e com Keim et al.

23.

38

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Valor Nutritivo

Na Tabela 3, são apresentados os teores médios da composição bromatológica da

forragem do capim-mombaça (MO) e farelo de girassol.

TABELA 3 – Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro

(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB) e

nutrientes digestíveis totais (NDT), determinados na matéria original (MO) do capim-

mombaça e do farelo de girassol

MS PB FDN FDA FB EE NDT

Capim-mombaça 24,80 15,70 70,00 57,00 31,80 1,40 56,10

Farelo de girassol 90,10 29,50 42,00 35,10 25,50 2,80 68,90

Os teores de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em

detergente ácido foram influenciados de forma significativa (P<0,05) em função da adição

dos níveis de inclusão do farelo de girassol (Tabela 4).

TABELA 4 – Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro

(FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), determinados na silagem de capim-mombaça

com a inclusão de farelo de girassol

Far. Girassol (%) MS* PB* FDN* FDA*

0 22,69 b 11,63 c 62,09 a 34,61 a

10 25,95 a 15,59 b 55,92 b 32,43 ab

15 27,64 a 21,46 a 53,41 bc 31,02 bc

20 28,50 a 21,65 a 51,93 c 30,04 c

Média (%) 26,20 17,58 55,86 32,03

CV (%) 5,26 7,74 3,01 3,49

*: significativo a 0,05 de probabilidade pela Análise de Variância.

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de

probabilidade.

Após 65 dias e abertura do silo, observa-se que os teores de matéria seca (MS)

determinados na silagem, diferiram (P<0,05) em função dos níveis de inclusão do farelo de

girassol, com variação de 22,69% a 28,50% (Tabela 4). Conforme Figura 1, observa-se um

aumento linear dos teores de matéria seca das silagens em função da adição de farelo de

girassol, o que pode ser demonstrado pela equação MS=0,0043FG2 + 0,1126FG + 24,646

(R² = 0,7127) reafirmando, portanto, a eficiência deste aditivo na elevação do teor de matéria

seca do material ensilado. Os aditivos são citados em diversos estudos, como forma de

aumentar o teor de MS, em função da absorção do excesso de umidade da forragem,

melhorando a fermentação microbiana e o valor nutricional em silagem de gramíneas24,25,26

o

que corrobora com os resultados obtidos pelo nesta pesquisa.

39

Estudos realizados por Ávila et al.27

, com silagem de capim-mombaça sem

aditivos, aberta aos 90 dias após ensilagem, observaram teor de MS de 28,59% e PB de

6,87%.

FIGURA 1 – Teores médios de matéria seca em função dos níveis de inclusão do farelo de girassol

(FG). *: P<0,05

Em relação à proteína bruta (PB) observou-se aumento linear (P<0,05) em função

da elevação dos níveis de farelo de girassol, variando entre 11,63% e 21,65%, conforme

demonstrado na Figura 2, pela equação PB=0,001FG2 + 0,5179FG + 11,444

R² = 0,892. Pode-se afirmar que o processo fermentativo transcorreu de forma adequada, sem

ocasionar perdas nos teores de PB das silagens produzidas. Observa-se também que a inclusão

do farelo de girassol nos seus diferentes níveis contribuiu de forma efetiva para o incremento

dos teores de PB das silagens produzidas.

Para ruminantes, alimentos com teor de PB inferiores a 7% são considerados

limitantes para a atividade dos microrganismos ruminais, desfavorecendo a microbiota do

rúmen, comprometendo assim, a manutenção do crescimento microbiano e a utilização dos

compostos fibrosos da forragem30,31

. Desta forma, a silagem propriamente dita, com qualquer

um dos níveis de inclusão de farelo de girassol, pode ser utilizada na alimentação de

ruminantes, sem necessitar de adição de concentrados na dieta, pois alcançou valor médio de

17,58% de PB e manterá a simbiose ruminal.

MS = 0,0043FG2 + 0,1126FG + 24,646

R² = 0,7127

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol (%FG)

40

FIGURA 2 – Teores médios de Proteína Bruta em função dos níveis de inclusão do farelo de girassol

(FG) *: P<0,05

Os teores de FDN determinados nas silagens de capim-mombaça com inclusão de

farelo de girassol, variaram entre 51,95 até 62,09%, (Figura 3), demonstrados pela equação

FDN = 0,0479FG2 - 1,8499FG + 69,948 (R² = 0,97). Alimentos de baixa digestibilidade

podem reduzir a ingestão de matéria seca, em decorrência da baixa taxa de desaparecimento

ruminal e passagem pelo trato gastrintestinal. A fibra insolúvel em detergente neutro (FDN),

em virtude das baixas taxas de degradação, é considerado o constituinte dietético primário

associado ao efeito do enchimento21

. De acordo com estudos realizados por Resende et al.32

,

decréscimos na quantidade de FDN da ração proporcionam aumentos na ingestão de MS,

portanto, o resultado do presente estudo é satisfatório.

Os teores de FDN observados indicam que a inclusão de farelo de girassol

resultou no limite máximo para que o consumo de matéria seca não sofra interferência

negativa por parte do animal ruminante. Tendo em vista que, de acordo com Van Soest33

e

Mertens34

o consumo de matéria seca se torna negativo quando os níveis de FDN da parede

celular da planta forrageira se apresentam acima de 55%, limite abaixo do qual se encontram

as silagens avaliadas, a partir das inclusões do coproduto.

De acordo com Véras et al.35

, a fibra é fundamental para a manutenção das

condições ótimas do rúmen, pois altera as proporções de ácidos graxos voláteis – AGV´s,

especialmente a relação acetato:propionato; estimula a mastigação e mantém o pH em níveis

adequados à atividade microbiana.

PB = 0,001FG2 + 0,5179FG + 11,444

R² = 0,892

5,0

7,0

9,0

11,0

13,0

15,0

17,0

19,0

21,0

23,0

25,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol (%FG)

41

FIGURA 3 – Teores médios de fibras insolúveis do detergente ácido (FDA) e do detergente neutro

(FDN) em função dos níveis de inclusão do farelo de girassol – FG. *: P<0,05.

Corroborando com este raciocínio, Paziani et al. 36

, relataram que em dietas

concentradas, o pH do fluido ruminal se situa na faixa entre 5,5 e 6,5, e usualmente diminui

entre 30 min e 4 h após a alimentação, refletindo o balanço entre as taxas de produção de

ácidos graxos voláteis. Consequentemente os ácidos, láctico e propiônico, em concentrações

elevadas, inibem o crescimento de microrganismos ruminais37

, proporcionando assim uma

queda na produção de proteína microbiana e isso é indesejável, pois a maximização da

produção desta fonte proteica parte de uma estratégia da dieta bem equilibrada na relação

energia:proteína, sendo constituída por concentrado e volumosos de boa qualidade36

.

Os conteúdos da fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), que diz respeito à

digestão da celulose e da lignina, correlacionam-se negativamente com a digestibilidade38

e,

na presente pesquisa, apresentou valor médio de 32,03%, variando entre 30,04 e 34,61%.

Semelhantemente á FDN, houve uma diminuição linear da FDA em função da inclusão do

farelo de girassol nas silagens, representada pela equação FDA = 0,1016FG2 - 3,3432FG +

56,814 (R² = 0,9874) (Figura 3). Estes valores da FDA são menores do que os encontrados

por Oliveira et al. 28, ao utilizarem o aditivo Streptococcus bovis na silagem de capim-

mombaça, porém são maiores do que os encontrados por Zanine et al.26

ao utilizarem o farelo

de trigo como aditivo à silagem de capim-mombaça.

Oliveira et al.28

observaram valores próximos aos deste trabalho ao citarem

20,28% de MS%, 6,67% de PB, 75,51% de FDN e 46,70% de FDA. Estudos realizados por

Valadares Filho et al.29

, afirmam que o capim-mombaça apresenta em sua composição

FDN = 0,0479FG2 - 1,8499FG + 69,948

R² = 0,97

FDA = 0,1016FG2 - 3,3432FG + 56,814

R² = 0,9874 10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol (%FG)

42

bromatológica, aproximadamente 29,16% de matéria seca, 10,34% de proteína bruta (PB),

70,22% de fibra em detergente neutro (FDN), 38,37% de fibra em detergente ácido (FDA). Os

mesmos autores sugerem para o farelo de girassol uma composição bromatológica com

aproximadamente de 91,44% de matéria seca, 32,75% de proteína bruta, 45,97% de fibra em

detergente neutro, 36,13% de fibra em detergente ácido.

3.2. Degradabilidade “in situ”.

Não existe um consenso entre autores em relação ao tempo de incubação ruminal

que permita representar melhor a fração degradável dos alimentos; observam-se períodos

variáveis, como: 48h23,39,40

, 72h41,42,43

, 96h6,13,14,44,45,46,47

, 120h48

, 144h49,50,51

, 192h52

, 240h53,54

,

288 horas55

e 312h56

. Este trabalho utilizou o tempo de 96 horas, baseado na sugestão de

Orskov13

, supondo que com este período de degradação, o capim-mombaça, juntamente com

os níveis de farelo de girassol, atingisse a assíntota da degradação com este tempo.

A composição químico-bromatológica da silagem de capim-mombaça, com

quatro níveis de inclusão de farelo de girassol (0, 10, 15 e 20%) está representada na Tabela 4.

Em relação ao tempo de degradação da matéria seca – MS – após incubação “in situ” e as

análises, laboratoriais e estatísticas, de degradabilidade, foram observadas interações

significativas (P<0,05), nos tempos zero (00) e 12 horas (Tabela 5), em relação aos níveis de

inclusão do farelo de girassol.

Para o tempo zero (00h), as inclusões de 10% e 20% de farelo de girassol, se

mostraram estatisticamente iguais, assim como as inclusões de 0% e 15% do aditivo,

sugerindo que a solubilidade foi influenciada pela dose do coproduto, todavia este momento

deveria se manifestar de forma linear, já que não houve a degradação propriamente dita, mas

apenas a solubilidade com o processo de lavagem, no momento “tudo-fora”. De acordo com

Berchielli et al.57

, o ponto mais importante a ser notado a respeito da fração solúvel é que essa

fração representa a máxima porção do alimento que é completa e imediatamente disponível

para o animal. Neste trabalho, a maior fração solúvel da MS foi representada pelos

tratamentos FG10% e FG20%.

No tempo 12 h, é o momento em que se observa maior variação estatística (P<0,05)

entre as inclusões do coproduto (Tabela 4), sendo que a maior degradação da MS ocorreu com

a inclusão de 10% este foi estatisticamente semelhante ao nível de 20% e diferente (P<0,05)

para os demais níveis de inclusão do farelo de girassol. Para todos os demais tempos de

degradação da MS independente dos níveis de inclusão do farelo de girassol, não houve

diferença estatística (P>0,05).

43

Ainda em relação a degradabilidade da matéria seca, mas avaliando os parâmetros

cinéticos, neste trabalho, observou-se menor fração indigestível (FI) e, consequentemente,

maior degradabilidade potencial (DP) com a inclusão de 15%, apresentado na Tabela 6, e suas

respectivas equações de regressão.

TABELA 5 – Tempo de degradação da matéria seca - MS (h)

Inclusão

de Farelo

de

Girassol

Tempo de degradação da MS (h)

0** 6ns

9ns

12** 24ns

36ns

48ns

72ns

96ns

0 29,92 b 31,17 a 33,35 a 33,99 c 42,25 a 48,63 a 54,54 a 58,47 a 64,40 a

10 34,68 a 36,33 a 39,29 a 43,12 a 48,33 a 53,73 a 57,84 a 63,82 a 66,13 a

15 30,90 b 31,93 a 37,03 a 34,61 bc 42,07 a 48,13 a 53,31 a 58,55 a 64,97 a

20 34,92 a 33,01 a 34,21 a 39,07 ab 46,19 a 51,93 a 50,69 a 56,32 a 63,52 a

Media(%) 32,60 33,11 35,17 37,70 44,71 50,60 54,10 59,30 64,75

CV (%) 1,57 7,07 4,79 3,12 6,37 9,11 10,04 4,74 3,82

**, significativo a 0,05 de probabilidade pela Análise de Variância, respectivamente.

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de

probabilidade.

Valores inferiores aos aqui descritos foram relatados por Prado et al.58

, quando

trabalharam com degradabilidade de capim-mombaça, sem inclusão de aditivos,

provavelmente pelos elevados teores de FDN descritos na composição bromatológica.

Contudo, Pedreira et al.46

, avaliando forragens de diversos cultivares de Panicum maximum,

sem aditivos, observaram valores maiores do que os determinados nesta pesquisa, exceto para

a fração “a”, prontamente solúvel no rúmen, com valor médio de 17,9%.

Em relação à degradabilidade da proteína bruta, os dados estão representados pela

Tabela 7, onde se observa que não houve diferença significativa P(>0,05) nos tempos entre 24

h e 72 h de degradação. Entre os tempos de 6, 9 e 12h de incubação houve diferença

significativa entre o tratamento controle e os demais, com inclusão de farelo de girassol. Esta

diferença se justifica pela maior quantidade de proteína disponível com a adição do

coproduto, nos níveis de 10, 15 e 20% da matéria seca original.

Os tempos iniciais de 6, 9 e 12 h, são determinantes para quantificar,

principalmente, a degradação da proteína no rúmen e isto é importante, pois Miranda et al. 59

,

sugeriram que as proteínas e aminoácidos não degradados no rúmen têm digestibilidade

intestinal variável. Os demais períodos se estenderam até 96 h para se obter maior precisão

quanto à assíntota de degradabilidade, já que não se tem estudos a quantificando.

Trabalhos realizados por Góes et al.42

, quando avaliaram a degradabilidade

ruminal da matéria seca e proteína bruta de diferentes subprodutos agroindustriais utilizados

na alimentação de bovinos, relataram teores maiores para a cinética da matéria seca e

44

inferiores aos aqui observados para a cinética da proteína bruta, em relação a degradabilidade

efetiva (DE): 56,96%, 50,97% e 46,76% (MS) e 44,47%, 36,65% e 36,16%, (PB),

respectivamente para 2, 5 e 8%.h-1

. É válido salientar que o estudo realizado por estes autores

abrangeu a torta de girassol, mas que em sua composição apresentavam 21,4% de PB e 90%

de MS, valores próximos do farelo de girassol, aqui estudado.

TABELA 6 – Cinética de degradação da matéria seca – MS

Inclusão de

Farelo de

Girassol (%)

a b c Lag

Time FI DP

DE

2% h-1

5% h-1

8% h-1

01 27,86 b 47,55 a 0,0153 a 2,90 24,58 75,42 48,46 38,99 35,49

102 32,83 a 39,01 a 0,0211 a 2,31 28,16 71,84 52,84 44,39 40,96

153 29,88 ab 52,07 a 0,0116 a 1,71 18,04 81,96 49,00 39,69 36,48

204 32,19 ab 39,27 a 0,0152 a 4,73 28,54 71,46 49,16 41,35 38,47

“a”: fração prontamente solúvel em água (líquido ruminal)

“b”: fração insolúvel em água, mas potencialmente degradável no rúmen.

“c”: taxa de degradação da fração potencialmente degradável 1 :f(tempo)=27.86+47.55*(1-exp(-0.0153*tempo))

2:f(tempo)=32.83+39.01*(1-exp(-0.0211*tempo))

3:f(tempo)=29.88+52.07*(1-exp(-0.0116*tempo))

4:f(tempo)=32.19+39.27*(1-exp(-0.0152*tempo))

É importante destacar que o sistema digestivo dos ruminantes é peculiar devido à

capacidade de utilizar microorganismos para degradar alimentos fibrosos e, a partir daí, obter

nutrientes47

. A degradabilidade está diretamente relacionada com a taxa de passagem do

conteúdo ruminal, por isso existe a necessidade de se avaliar nas proporções de 2, 5 e 8%h-1

.

A passagem mais rápida permite aos animais aumentarem o consumo de matéria seca50

e,

consequentemente transformar a ingesta em matéria prima. Raciocínio compartilhado por

Azevêdo et al.43

, ao relatarem que a digestibilidade é dependente do tempo em que o alimento

permanece dentro do trato digestivo para e hidrólise e, consequentemente, a sua utilização é

influenciada tanto pela digestão quanto pela taxa de passagem. Outrossim, o aumento do

consumo voluntário resulta da ampliação na velocidade da degradação ruminal, tendo como

consequência direta o aumento do consumo e degradação da FDN oriunda do pasto, fonte

energética de maior viabilidade econômica60

.

Na situação em que a dieta ou a reciclagem endógena de nitrogênio não atendem

aos requerimentos microbianos, ocorre limitação no crescimento e na atividade dos

microrganismos, com consequente queda na digestibilidade da fibra, o que resulta em redução

no consumo de matéria seca (MS) e baixo desempenho animal62,63

.

45

TABELA 7 – Tempos de degradação da proteína bruta – PB (h)

Inclusão

de Farelo

de

Girassol

Tempo de degradação da PB (h)

0** 6** 9** 12** 24ns

36ns

48ns

72ns

96*

0 29,09 c 31,52 b 38,69 b 51,96 b 66,36 a 71,05 a 75,41 a 80,55 a 83,48 ab

10 48,52 b 51,84 a 57,68 a 62,89 a 68,73 a 73,68 a 76,89 a 81,03 a 82,70 ab

15 62,25 a 64,32 a 67,41 a 66,95 a 71,02 a 78,82 a 81,51 a 83,98 a 87,75 a

20 54,75 b 56,96 a 59,56 a 63,73 a 68,09 a 72,84 a 72,86 a 77,26 a 81,83 b

Média(%) 48,65 51,16 55,83 61,38 68,55 74,10 76,67 80,70 83,94

CV (%) 3,71 8,79 6,73 2,76 2,60 3,60 4,45 2,07 1,56

**, significativo a 0,05 de probabilidade pela Análise de Variância, respectivamente.

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de

probabilidade.

Na Tabela 8, se observa a cinética de degradabilidade da proteína e suas

respectivas equações de regressão. Nota-se que a inclusão de 15% do farelo de girassol se

manteve em posição de destaque em relação aos demais níveis de inclusão do coproduto,

sendo estatisticamente diferente (P<0,05) dos demais. Igualmente, Prado et al.58

encontraram

valores similares ao deste trabalho, em relação a degradabilidade efetiva (DE), quando

analisou o capim-mombaça sem aditivo, sendo 63,4%, 53,1% e 49,2% nas taxas de 2, 5 e

8%h-1

, respectivamente, sugerindo que as inclusões do farelo de girassol manteve coesão

entre as degradabilidades citadas pelos autores.

TABELA 8 – Cinética da degradação da proteína bruta

Farelo de

Girassol (%) a b c FI DP

DE

2% h-1 5% h-1 8% h-1

01 24,79 d 59,73 a 0,0411 a 15,48 84,52 64,97 51,74 45,06

102 47,65 c 35,91 b 0,0366 a 16,44 83,56 70,87 62,83 58,93

153 61,50 a 31,07 b 0,0194 a 7,43 92,57 76,8 70,19 67,57

204 54,41 b 28,68 b 0,0254 a 16,91 83,09 70,46 64,07 61,32

FI: Fração Indigestível

DP: Degradabilidade Potencial

DE: Degradabilidade Efetiva 1 : f(tempo)=24,79+59,73*(1-exp(-0.0411*tempo)) 2 : f(tempo)=47,65+35,91*(1-exp(-0.0366*tempo)) 3 : f(tempo)=61,05+31,07*(1-exp(-0.0194*tempo)) 4 : f(tempo)=54,41+28,68*(1-exp(-0.0254*tempo))

Segundo Valadares Filho et al. 29

, a principal limitação da cana-de-açúcar é a

redução de consumo, ocasionada principalmente pela baixa digestibilidade da fibra, em

relação à silagem de milho (47% vs 60%). E isto se relaciona diretamente com os níveis de

carboidratos fibrosos presente no a alimento/forragem.

46

O acúmulo da fibra no rúmen pode ser um problema para a digestão ruminal e

gera transtorno à microbiota ali presente. Sob condições normais os microorganismos

celulolíticos crescem bem em pH 6,7 e desvios substanciais para elevar ou diminuir esses

valores, são inibitórios, e ocorrem quando influenciados por baixo teor FDN na forragem64

.

Relatos de Church65

descrevem que alimentos ricos em fibra, todavia pouco

digestíveis, geralmente reduzem o consumo de MS por consequência da fração indigestível,

(FI), por ocupar o rúmen, ocasionando distensão física do epitélio ruminal. Pode-se sugerir

que neste trabalho, as frações indigestíveis da MS e da PB, não inferiram valores negativos

pois apresentou proporções de 18,04%MS e 7,43%PB, ambos para inclusão de 15% do farelo

de girassol.

De acordo com avaliações de Beran et al. 66

, a degradabilidade apenas do farelo de

girassol cotaram valores para a DE da PB para taxas de passagem de 3%.h-1

(91,80%), 5%.h-1

(89,83%) e 8%.h-1

(87,57%), que por sua vez foram valores superiores aos encontrados por

Galati et al.67

de 83,20% para 5%.h-1

de taxa de passagem e 78,70% para 8%.h-1

de taxa de

passagem. Isto pode justificar a elevação da DE (Tabela 8), quando se inclui as proporções do

farelo de girassol na silagem de capim-mombaça.

47

4. CONCLUSÃO

As inclusões do farelo de girassol nos níveis de 10%, 15% e 20%, se mostraram

eficientes em elevar o teor de matéria seca e proteína bruta da silagem de capim-mombaça.

Mantendo os teores de fibras em detergente neutro e em detergente ácido dentro de padrões

recomendados para nutrição de ruminantes.

Conclui-se ainda, que a adição do farelo de girassol na silagem de capim-

mombaça, interferiu positivamente na cinética da degradabilidade, tanto da matéria seca,

quanto da proteína bruta.

48

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56

CAPÍTULO 3:

CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DA SILAGEM DE CAPIM-MOMBAÇA COM

ADIÇÃO DE FARELO DE GIRASSOL

RESUMO

Objetivou-se avaliar as características fermentativas da silagem do capim-mombaça, com a

inclusão de farelo de girassol (0%, 10%, 15% e 20%), ensilados aos 65 dias após semeadura.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado 1 x 4, com quatro

repetições. O maior nível de inclusão de farelo de girassol - 20% - resultou nas menores

perdas por efluentes. A inclusão de 10% e 20% foram as que representaram menor perda por

gases, não sendo diferentes entre si. O índice de recuperação de matéria seca não diferiu entre

os níveis de inclusão de farelo de girassol (FG), variando de 84,29% a 93,72%. Os valores de

pH variaram de 4,89 a 5,57, havendo diferença significativa, com o destaque para a inclusão

de 0%, que apresentou um pH mais ácido. Os teores médios de nitrogênio amoniacal (N-NH3)

diferiram linearmente em função dos níveis de inclusão de farelo de girassol, com variação de

1,33% até 6,42%. Os teores médios residuais de carboidratos solúveis diferiram em função

dos níveis de inclusão até 15%, variando de 4,63% (FG0%) no tratamento controle, até 7,98%

(FG15%) sendo que este último foi semelhante ao nível de inclusão de FG20%, cujo teor

residual de carboidratos solúveis foi de 8,38%. Os teores de ácido lático foram diferentes

entre si, com variação de 3,898% no tratamento controle, até 1,245% ao nível de adição 10%

de farelo de girassol. Os teores médios de ácido acético, propiônico e butírico variaram de

2,428% a 8,670%, de 0,135% a 0,248% e de 0,016% a 0,027% respectivamente, não sendo

semelhantes para os níveis de inclusão de farelo de girassol.

Palavras chave: Ácidos graxos voláteis, efluentes, pH, recuperação de matéria seca, perdas

por gases

57

CHAPTER 3:

FERMENTATIVE CHARACTERISTICS OF SILAGE FERMENTATION MOMBAÇA

GRASS WITH SUNFLOWER BRAN ADDITION

ABSTRACT

Aimed to evaluate the fermentation characteristics of silage grass Panicum maximum cv.

Mombaça with sunflower meal (SM) inclusion (0 %, 10 %, 15 % and 20 %) ensiled after 65

days of sowing. The experimental design was completely randomized in a factorial

arrangement 1 x 4, with four treatments, and four replications. Among cultivating the highest

level evaluated sunflower meal inclusion 20% resulted in smaller losses by effluents. The

inclusion of 10% and 20% were smaller loss that represented by gases, not being different.

The dry matter recovery rate did not differ between sunflower meal inclusion levels, ranging

from 84.29 % to 93.72%. The pH values ranged from 4.89 to 5.57, with a significant

difference, with the emphasis on the inclusion of 0 %SM which presented a more acidic pH.

The average levels of ammonia nitrogen (NH3 - N) varied linearly as a function of sunflower

meal inclusion levels, ranging from 1.33% to 6.42 %. The average contents of residual soluble

carbohydrates differ depending on the inclusion levels up to 15%, varying from 4.63 %

(0%SM) in the control treatment to 7.98% (15%SM) and the latter was similar to the level of

including 20%SM , the residual carbohydrate ratio was 8.38 %. The lactic acid content was

different, ranging from 3.898% in the control treatment, up to 1.245 % addition level 10% of

sunflower meal. The average levels of acetic, propionic and butyric acid ranged from 2.428%

to 8.670%, from 0.135% to 0.248% and from 0.016% to 0.027% respectively, not being

similar to the sunflower meal inclusion levels.

Key words: dry matter recovery, effluents, losses gases, pH, volatile fatty acids

58

1. INTRODUÇÃO

A ensilagem é um processo complexo, pois nele se encontram envolvidos uma

gama de microrganismos de diversas espécies e gêneros. Este processo de conservação de

forragens se baseia na conversão de carboidratos solúveis em ácidos graxos e orgânicos como

butírico, propiônico, lático e acético, e a produção de cada um deste está relacionada com a

espécie e gênero de microrganismo que predomina durante todo o processo de fermentação1.

Sendo, destes ácidos orgânicos, o lático, mais eficiente em reduzir o pH do material

conservado.

Para se classificar uma silagem como bem preservada, se deve avaliar um

conjunto de variáveis, dentre elas, pH, teor de matéria seca, carboidratos solúveis, nitrogênio

amoniacal e a quantificação dos ácidos orgânicos. Estes últimos nos permitem concluir se o

processo fermentativo foi satisfatório e se a massa ensilada manteve seu valor nutricional2.

Parâmetros como as perdas por gases e efluentes e o índice de recuperação de matéria seca

também são avaliados para melhor caracterizar o processo fermentativo4. Estas conclusões

são feitas, avaliando concomitantemente, as variáveis químicas e físicas, como a estrutura da

forragem, o tamanho da partícula, a compactação e população autóctone de bactérias láticas5.

Segundo Van Soest5, a composição da fração nitrogenada é sensivelmente

influenciada pela degradação protéica, por enzimas da própria planta, e pela ação de bactérias

lácticas, entéricas e clostrídios. O baixo teor de matéria seca, ou seja, o alto teor de umidade

favorece a fermentação butírica, gerando perdas de matéria seca, de energia e diminuição no

consumo de silagem quando fornecida ao ruminante. Ainda causa elevada produção de

efluentes, os quais são fontes de perdas de nutrientes. Não obstante, Oliveira et al6, e

concluíram que a inclusão de aditivos na silagem aumentaram os teores de matéria seca,

reduzindo assim, a atividade de bactérias do gênero Clostridium, as quais são inconvenientes

por promoverem a proteólise produção de gases do material ensilado.

Ainda referenciando Van Soest5, este relata ainda, que a qualidade da silagem

também pode ser afetada, entre outros fatores, pelo processo fermentativo da massa, pois,

durante a ensilagem, pode ocorrer redução do valor nutritivo pela respiração das partículas

picadas, atuação de microorganismos aeróbios e processos de decomposição ou perdas pela

formação de efluentes. Entre os parâmetros que definem uma boa fermentação, o

monitoramento do índice de pH e da concentração de nitrogênio amoniacal configuram-se

como bons indicadores, pois determinam de forma prática a identificação de silagens de baixo

consumo e as de boa aceitabilidade pelos animais7.

59

A principal eficiência dos aditivos se dá pelo fornecimento de carboidratos

solúveis – favorecendo as bactérias que reduzem o pH da silagem e também pelo aumento do

teor de matéria seca8. Ávila et al

9 sugerem que a avaliação dos teores de carboidratos

solúveis, assim como matéria seca, indica a viabilidade de ensilagem de uma forrageira. As

bactérias láticas são estimuladas, principalmente, pelo fornecimento dos carboidratos

solúveis, elevando a proporção de ácido lático e consequentemente na queda do pH. Uma

ideal fermentação de silagem com aditivos, resulta num pH menor que 4,2, em contrapartida

as sem aditivo demonstra conservação adequada com pH próximo de 4,8210

.

Diante deste contexto, objetivou-se através desta pesquisa avaliar as

características fermentativas da silagem de capim Panicum maximum cv. Mombaça, com a

inclusão de farelo de girassol.

60

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material

2.1.1. Local do experimento

O experimento foi conduzido na área experimental da Fazenda AJR, no município

de Goiás, GO, com as seguintes coordenadas geográficas: latitude - 15º 56’ 23,024”S,

longitude - 50º 8’ 29,159”W e altitude: 513 metros. Conforme a classificação de Koeppen11

, o

clima da região é do tipo Aw, tendo com característicos quente e semiúmido, com duas

estações bem definidas, a seca, dos meses de maio a outubro e a chuvosa, entre novembro e

abril. O ar é relativamente seco na maior parte do ano, como umidade relativa chegando a

níveis críticos entre os meses de julho e setembro e ao extremo em agosto. A topografia do

local é plana com declividade de 3,5% e predominância de Latossolo Vermelho-Amarelo

distrófico de textura franco argilo-arenosa.

TABELA 1 - Temperatura máxima e mínima do ambiente, umidade relativa do ar, precipitação e

insolação durante a condução do ensaio em campo

Dezembro/2013 Janeiro/2014 Fevereiro/2014

Máxima (ºC) 35 28

21

34

22 Mínima (ºC) 21

Umidade (%) 88 94 76

Precipitação (mm) 284 302 276

Insolação(h) 184 176 170

2.1.2. O preparo de solo e implantação do capim-mombaça

Para fins da caracterização química e física da área experimental, realizou-se a

coleta de amostra de terra na profundidade de zero a 0,20 m., a qual foi analizada pelo

Laboratório de Análise de Solo e Foliar da Escola de Agronomia da Universidade Federal de

Goiás conforme resultado apresentado na Tabela 2.

O preparo do solo adotado foi o convencional com uso de duas gradagens, sendo

uma com grade aradora e outra com grade niveladora antecedendo o plantio. De acordo com a

análise de solo não foi necessária a calagem, segundo recomendação de Martha Júnior et al 12

.

61

Tabela 2 – Atributos físicos e químicos da terra da área experimental

%

Argila

%

Silte

%

Areia

%

M.O.

(CaCl²)

pH

Mg/dm³

K

mEq/100cm³

Ca

29 20 51 2,3 5 200 7,5

mEq/

100cm³

Mg

mEq/

100cm³

H+Al

mEq/

100cm³

Al

mEq/

100cm³

CTC

%

Ca/Mg

%

Ca/CTC

%

Mg/CTC

%

K/CTC

2,4 2 0 12,4 3,1 60 19 4

Fonte: Laboratório de Análise de solo e foliar – Universidade Federal de Goiás/UFG

A semeadura do capim-mombaça foi realizada a lanço, no dia 30/12/2013,

adotando-se uma densidade de 1,6 kg de sementes puras viáveis (SPV) por hectare. A

adubação de formação foi constituída por 80 kg de P205(SS), além de 50 kg de FTE BR 16,

segundo recomendação de Martha Júnior et al.12

. A adubação nitrogenada ocorreu com 100 kg

de ureia após 15 dias de germinação e outra dose equivalente, aos 40 dias.

2.1.3 Tratamentos

Os tratamentos constituíram-se de um cultivar do capim Panicum maximum cv.

Mombaça) e quatro níveis de inclusão de farelo de girassol (0%, 10%, 15% e 20%). Utilizou-

se o delineamento experimental inteiramente casualizado 1 x 4, com quatro repetições

2.1.4. Corte e ensilagem

O corte e ensilagem do capim-mombaça foi realizado no dia 27/02/2014,

exatamente, 60 dias após semeadura. O corte foi realizado com roçadeira costal a 0,15 m,

distante do solo e picado em ensiladora em partículas de aproximadamente dois centímetros.

As amostras foram homogeneizadas manualmente e deste material retirado uma amostra de

aproximadamente, um quilograma da matéria original (MO), para fins das análises

laboratorial e caracterização da planta.

A matéria original do capim-mombaça foi dividida em quatro partes iguais,

seguida da inclusão dos diferentes níveis de farelo de girassol, de acordo com os tratamentos

propostos. Os silos correspondiam a canos de PVC de 100 mm de diâmetro e com 70 cm de

comprimento. As tampas dos silos experimentais foram dotadas de válvula, tipo “Bunsen”,

para escape dos gases produzidos durante o processo fermentativo, sem permitir, entretanto, a

entrada de ar. Foram utilizados quatro repetições para cada tratamento, totalizando 16 mini-

62

silos. No fundo de cada mini silo, foi colado o “cap” de PVC, sendo então montado um

aparato constituído por uma camada de areia grossa – 1 kg – seguido de duas camadas, sendo

tela e TNT, para coleta e mensuração das perdas por efluente, de forma que não houvesse

contato direto como o material ensilado. Antes da ensilagem foi feita as pesagens dos silos

com os aparatos e a tampa. O enchimento dos mini silos foi feita manualmente. Utilizou-se

tacapes de madeira para completar o processo de compactação. Após este, foi feito o

fechamento e vedação dos silos, com auxílio de fita adesiva de alta capacidade de adesão e

posterior pesagem dos mini silos.

2.1.5. Variáveis analisadas

Em 03/05/2014, os silos foram abertos, decorridos 65 dias após a ensilagem.

Inicialmente, os silos foram pesados para obtenção dos valores de perdas de gases por

diferença, em relação à pesagem por ocasião da ensilagem. Posteriormente, foram tomadas

duas sub amostras de cada tratamento, de aproximadamente 500 g, visando às analises da

silagem. Após a retirada total da massa ensilada, tomou o cuidado de fazer as pesagens dos

silos experimentais, ainda com o aparato e tampa, possibilitando assim, quantificar as perdas

por efluentes e o cálculo do índice de recuperação de matéria seca (IRMS). Os valores das

perdas por gases, perdas por efluentes e do índice de recuperação de matéria seca foram

calculados conforme, Santos et al.14

, sendo assim apresentados:

Perdas por gases

Gas = ( PCf – PCa) x 10000

( MFf x MSf )

Em que, Gas é a perdas por gases (% MS),

PCf é o peso do silo cheio no fechamento em kg,

PCa é o peso do silo cheio na abertura em kg,

MFf é a massa de forragem no fechamento do silo em kg e

MSf é o teor de matéria seca da forragem no fechamento em % MS.

63

Perdas por efluentes

Efl = ( Pab – Pfe ) x 100

MFfe

Em que, Efl é a produção de efluente em kg.t-1 massa verde,

Pab é o peso do balde, tampa, areia e tela vazios na abertura em kg,

Pfe é o peso do balde, tampa, areia e tela vazios no fechamento em kg e

MFfe é a massa de forragem no fechamento em kg.

Índices de recuperação de matéria seca

IRMS=( MFab x MSa ) x 100

( MFf x MSf )

Em que, IRMS é o índice de recuperação de matéria seca em %,

MFab é a massa de forragem na abertura em kg,

MSa é o teor de matéria seca da forragem na abertura em %,

MFf é a massa de forragem no fechamento em kg e,

MSf é o teor de matéria seca da forragem no fechamento em %.

Duas sub amostras de aproximadamente 500 g cada, foram levadas à estufa de

ventilação forçada, a 55ºC, durante 72 h, visando à determinação da matéria pré-seca. Em

seguida, uma das duas sub amostras foi moída em moinho de faca, tipo “Willey” com peneira

de um milímetro de diâmetro, identificadas e acondicionadas em recipientes de polietileno

com tampa e armazenadas para análises bromatológicas, sendo elas, determinação de matéria

seca (MS), proteína bruta (PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel

em detergente ácido (FDA), foram realizadas conforme os métodos recomendados pela

I.N.C.T. 37

.

A segunda subamostra, após prensagem hidráulica, foram coletados 50 mL de

suco de cada amostra para análise de ácidos orgânicos e graxos, sendo as amostras

conservadas em 10 mL ácido fosfórico a 25%, e 50 ml de suco para análise de nitrogênio

amoniacal conservado em um mililitro de ácido sulfúrico a 50%. As amostras foram

congeladas a -17ºC para análises posteriores.

Foram determinadas as análises dos ácidos orgânicos e graxos: ácido lático (AL),

ácido acético (AAc), ácido propiônico (AP) e ácido butírico (AB), que foram realizadas

através de Cromatógrafo Líquido de Alto Desempenho (HPLC), marca SHIMADZU®,

modelo SPD-10A VP acoplado ao Detector Ultra Violeta (UV) utilizando-se um

64

comprimento de ondas 210 nanômetros (nm). A determinação do potencial hidrogeniônico

(pH), dos carboidratos solúveis (CHOS) e do nitrogênio amoniacal (N-NH3) foram

quantificados segundo metodologia descrita por Silva & Queiroz15

.

Os dados foram processados pelo Software R13

, e submetidos à análise de

variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%) e análise de regressão para

os níveis de inclusão do aditivo.

As análises foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal (LANA) do

Departamento de Produção Animal (DPA) da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás (EVZ - UFG).

65

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios das perdas por gases (Gas), e efluentes (Efl), foram

significativamente influenciados (P<0,05) pela inclusão dos diferentes níveis de inclusão de

farelo de girassol, enquanto o índice de recuperação da matéria seca (IRMS) não diferiu

(P>0,05), em função dos tratamentos (Tabela 3).

TABELA 3– Produção de gases (Gas), perdas por efluentes (Efl) e índice de recuperação de matéria

seca (IRMS), determinados nas silagens de capim-mombaça, em função dos níveis de

inclusão do farelo de girassol

Farelo de Girassol (%) Gas** Efl** IRMSns

0 9,66 a 6,11 a 86,21 a

10 3,45 bc 3,43 b 84,29 a

15 3,89 b 3,21 bc 93,72 a

20 3,42 c 0,55 c 91,79 a

Média (%) 5,105 3,325 89,002

CV (%) 4,22 13,36 5,60

ns e ** não significativo, significativo a 0,05 de probabilidade pela Análise de Variância, respectivamente.

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de

probabilidade.

Segundo McDonald et al.1, é difícil mensurar as perdas por gases em ensilagem,

pois dependem dos diversos microrganismos envolvidos e dos substratos fermentescíveis.

Procedimentos como melhor compactação, fornecimento de carboidratos solúveis e redução

do teor de umidade, – alcançado com uso de aditivos – restringiriam a ação de

microrganismos proteolíticos, resultando em aumento do coeficiente fermentativo, em que as

menores fermentações resultariam em menores perdas por gases.

Em relação às perdas por gases, os teores diferiram significativamente (P<0,05)

entre os níveis de inclusão de farelo de girassol, com variação de 3,42 a 9,66%, apresentando

comportamento quadrático em função dos níveis, conforme se verifica na Figura 1, cuja

equação é Gas = 0,0264FG² - 0,8229FG + 9,5739 (R²=0,964).

As maiores produções de gases estão associadas à presença de bactérias hetero e

enterofermentativas, destacando-se que a fermentação butírica é ocasionada por bactérias do

gênero Clostridium e neste trabalho permaneceu dentro dos limites adequados, conforme

Figura 10 e Tabela 03. Outrossim, compactação excessiva promove aumento nas perdas por

efluentes que são inversamente proporcional aos teores de matérias seca. Desta forma, é

notória a ideal compactação dos mini-silos neste experimento devido ao decréscimo das

perdas por efluentes conforme se elevava a doses de farelo de girassol16

.

66

FIGURA 1 – Teores médios das perdas por gases das silagens analisadas, em diferentes níveis de

inclusão do farelo de girassol (FG)

As perdas por efluentes diferiram significativamente (P<0,05) entre os níveis de

inclusão de farelo de girassol, com variação entre 0,55 e 6,11% da MS, apresentando

comportamento quadrático em função dos tratamentos, conforme se verifica na Figura 2, cuja

equação é Efl= -0,0054FG² - 0,1527FG + 6,0211 (R²= 0,9118).

FIGURA 2 – Teores médios das perdas por efluentes das silagens analisadas, em diferentes níveis de

inclusão do farelo de girassol (FG)

Observa-se que dentre os níveis do farelo de girassol, houve maior redução das

perdas por efluentes e por gases, no tratamento com 20% de inclusão, todavia demonstraram

comportamentos variados, não apresentando diferença significativa, nas doses 10% e 15%,

respectivamente.

67

O efluente das silagens se apesenta em sua maior parte, por compostos orgânicos

como proteínas, açúcares, ácidos orgânicos, constituindo perda de valor nutritivo durante a

conservação de silagens1. Estes mesmos autores, relatam que a perda por efluentes é uma

forma preponderante e indesejada, contudo em silagens com 25% a 35% de MS, essa perda

seria pouco significativa ou nula. Igualmente não desejada, a perda por gases está associada

ao tipo de fermentação que ocorre durante processo, quando a fermentação ocorre por

bactérias homofermentativas, a glicose é utilizada como substrato e produzirá de ácido lático,

promovendo perdas menores. Todavia, quando a fermentação se dá por bactérias

heterofermentativas, é produzido gás carbônico (CO2), etanol e manitol culminando em

significantes perdas por gases.

Estudos publicados por Zanine et al.17

, quando avaliaram a silagem de capim-

mombaça com quatro níveis de inclusão de farelo de trigo - 0%, 20%, 40% e 60% - obtiveram

valores 2,00% para o tratamento 0% e 2,25% para 20%, para perda por gases, sendo os

resultados inferiores, em relação a este trabalho. Todavia, este obteve valores intermediários

aos citados por Zanine et al.17

, para as perdas por efluentes, conforme Tabela 3. As perdas por

efluentes são influenciadas por vários fatores, como percentagem de matéria seca da

forragem, tipo de silo, grau de compactação, porém o mais importante destes é a percentagem

de matéria seca. Tavares et al.18

afirmam que o aumento da densidade de compactação da

massa no interior do silo melhora o processo fermentativo, pois promove a redução do pH e

dos teores de nitrogênio amoniacal. É válido considerar que o efluente das silagens carreia

compostos nitrogenados, açúcares, ácidos orgânicos e sais minerais19

, de maneira que a

inclusão desse aditivo é uma alternativa viável, por elevar a matéria seca do ensilado,

reduzindo o escape de nutrientes altamente digestíveis via efluentes.

Em forragens com baixo teor de matéria seca as perdas por efluentes podem

exceder a 10%, enquanto em culturas ensiladas com matéria seca entre 25% e 35%, pouco

efluente é produzido1. Igualmente, os valores aqui observados confirmam a capacidade de o

farelo de girassol em elevar o teor de matéria seca da silagem e proporcionar menor perda por

efluentes, promovendo então uma silagem de boa qualidade.

Os valores médios dos índices de recuperação de matéria seca (IRMS) das

silagens de capim-mombaça com inclusão de farelo de girassol são apresentados na Tabela 3,

Os índices de recuperação de matéria seca (IRMS) não foram influenciados

(P>0,05) pelos níveis de inclusão do coproduto avaliado

As maiores pressões de compactação são diretamente proporcionais aos valores de

IRMS, com aproximadamente 95,4%, enquanto numa menor pressão de compactação,

68

apresenta valores médios de 83,1%16

. Os valores determinados nesta pesquisa foram

intermediários aos relatados por Zanine et al.17

, com valores médios entre 74,50% e 97,00%,

para o índice de recuperação de matéria seca em silagens de capim-mombaça com inclusão de

0% e 20%, respectivamente, do coproduto farelo de trigo.

Os valores do potencial hidrogeniônico (pH), acidez titulável total (ATT),

nitrogênio amoniacal (N-NH3) e carboidratos solúveis em água (CHO´s), foram influenciados

significativamente (P<0,05) em função da adição dos níveis de farelo de girassol, conforme

Tabela 4. Conforme Figura 3, para os teores de pH, observa-se variação quadrática entre os

tratamentos (P<0,05), cuja equação de regressão pH = -0,0043FG2 + 0,1048FG + 4,8569 (R²

= 0,7206).

TABELA 4 – Teores médios do potencial Hidrogeniônico (pH), acidez titulável total (ATT) e

nitrogênio amoniacal (N-NH3/NT ), e carboidratos solúvel residual (CHO´s)

determinados nas silagens de capim-mombaça com a inclusão de farelo de girassol

Farelo de Girassol (%) pH** ATT**

N-NH3/NT** CHO´s**

0 4,89 b 10,73 a 1,33 d 4,63 c

10 5,26 ab 7,68 b 3,86 c 5,50 b

15 5,57 a 6,54 b 4,88 b 7,98 a

20 5,21 ab 11,69 a 6,42 a 8,38 a

Média (%) 5,23 9,16 4,12 6,62

CV (%) 4,09 7,76 7,96 6,01

**, significativo a 0,05 de probabilidade pela Análise de Variância, respectivamente.

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de

probabilidade.

Estudos realizados por Jobim et al.20

, demonstram que o pH é utilizado

internacionalmente como um critério importante para determinar a qualidade da fermentação

das silagens – o mais adequado para este fim é utilizar a concentração de ácidos orgânicos

indissociados. O uso do aditivo resultou na elevação do pH (P<0,05), contudo, estes valores

se encontram na faixa de valor considerado aceitável e indicativo de uma silagem de

qualidade. Segundo McDonald et al.1, as silagens bem preservadas apresentam pH na faixa

entre 3,8 a 4,2, no entanto, tem sido comum o relato de pH mais elevados, maiores de 5,0 em

silagens de forrageiras tropicais, principalmente quando ocorrem limitações de carboidratos

solúveis.

Semelhantemente, pesquisas realizadas por Ávila et al.9, demonstram valor médio

do pH de 4,73 na silagem de capim-mombaça – ensilado aos 90 dias de crescimento

vegetativo e sem uso de aditivos – sendo portanto, semelhante a este trabalho. Com os valores

observados na Tabela 4, pode-se afirmar que ocorreram fermentações indesejáveis,

possivelmente atribuída a microrganismos fermentadores, e consequentemente, ao excesso de

69

ácido acético, que proporcionou lenta queda de pH em decorrência de sua baixa constante de

dissociação iônica. Todavia, Aguiar et al.21

encontraram valores de pH tão elevados quanto

aos apresentados no presente trabalho, com variação de 4,9 a 5,6 para silagens de Panicum

maximum cv. Tanzânia, aditivadas com 0,5 e 10% de polpa cítrica peletizada.

FIGURA 3 – Teores do pH da silagem em diferentes níveis de inclusão de farelo de girassol (FG)

Também referenciando o processo fermentativo de ensilados, Jobim et al.20

,

afirmaram que os valores de pH devem ser avaliados criteriosamente, antes de fazer

inferências à qualidade de fermentação, pois silagens com baixo teor de umidade,

invariavelmente, apresentam valores de pH elevados, acima de 4,2, há tempos, este valor era

utilizado para classificar uma silagem com de boa qualidade.

Os teores da Acidez Titulável Total (ATT), foram influenciados

significativamente (P<0,05) em função dos níveis de farelo de girassol, com variação de 6,54

a 11,69%, apresentando comportamento quadrático, conforme se verifica na Figura 4, cuja

equação de regressão é: Acidez Titulável Total = 0,0439FG2 - 0,8637FG + 10,899 (R² =

0,7621).

Segundo Andrade et al.22

, a aferição da acidez titulável total se mostra como

indicativo sensível que, juntamente com o pH, deve ser utilizado na avaliação da cinética

fermentativa de silagens.

De acordo com Van Soest5, em silagens convencionalmente conservadas, valores

de pH elevados são indicativos de maior produção dos ácidos butírico e acético, sendo estes,

resultado de fermentações indesejáveis. Para Silva e Queiroz15

, os tipos de aditivos utilizados,

podem interferir na relação do pH e do ácido láctico, sendo que a análise de acidez titulável

indica o aspecto geral da qualidade fermentativa de ensilados, por se relacionarem

diretamente com os ácidos determinantes do pH, especialmente o ácido lático. Igualmente,

pH = -0,0043FG2 + 0,1048FG + 4,8569

R² = 0,7206

4,5

4,8

5,0

5,3

5,5

5,8

6,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

70

Santos e Zanine23

, afirmaram que a conversão de carboidratos em outros componentes, como

ácidos orgânicos e gases, bem como a quebra parcial da proteína que resulta na formação de

estruturas não-proteicas, são oriundas das enzimas bacterianas e das plantas. Neste ínterim, os

valores de quantificação dos ácidos orgânicos são demonstrados na Tabela 5.

FIGURA 4 – Teores da acidez titulável total em diferentes níveis de inclusão de farelo de girassol

(FG)

Possivelmente, o aumento do pH, neste trabalho, se deve pela redução dos ácidos

orgânicos, que provavelmente foram utilizados no metabolismo dos microorganismos

deteriorantes

FIGURA 5 – Teores de nitrogênio amoniacal em diferentes níveis de inclusão de

farelo de girassol (FG)

Os teores de N-NH3/NT diferiram significativamente (P<0,05) entre os níveis de

inclusão do farelo de girassol com variação entre 1,33 e 6,42% (Tabela 4), apresentando

Acidez Titulável Total =

0,0439FG2 - 0,8637FG + 10,899

R² = 0,7621

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

N-NH3/NT= 0,001FG2 + 0,23FG + 1,3472

R² = 0,9742

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

71

comportamento linear em função dos níveis, conforme se verifica na Figura 5, cuja equação

de regressão é N-NH3/NT : 0,001FG2 + 0,23FG + 1,3472 (R² = 0,9742).

O teor de N-NH3/NT também é um bom indicativo da qualidade da silagem,

auxiliando no processo fermentativo. Ao avaliar a silagem de gramínea tropical (capim –

piatã) com quatro farelos energéticos (milheto, milho, sorgo e trigo) e cinco níveis de adição

(0, 8, 16, 24 e 32%) comparando os níveis para cada aditivo, Teixeira et al.24

, encontraram

teores de N-NH3/NT entre 2,02 e 4,53 e verificaram que todos os materiais ensilados

apresentaram valores compatíveis com o que se preconiza para uma silagem de boa qualidade.

Até mesmo nos tratamentos sem os aditivos, os teores de N-NH3/NT são considerados

aceitáveis na silagem, que apresentaram teores variando entre os farelos de 4,53 a 4,20%.

Em trabalho conduzido com silagem de capim-mombaça com apenas 3,85% de

PB em sua composição bromatológica, Vieira et al.25

, relataram teores N-NH3/NT de

5,12±0,8, sem a presença de odor desagradável e sugeriram boa fermentação do material

ensilado. Os teores de N-NH3/NT são importantes, pois indicam o nível de proteólise ocorrida

durante a fermentação e são resultantes da lenta redução do pH, que pode ser resultado da

baixa quantidade de carboidratos solúveis da forragem.

Teores de nitrogênio amoniacal, inferiores a 10%, indicam que a silagem

apresenta boa qualidade para este parâmetro já que o processo de fermentação não resultou

em quebra excessiva da proteína em amônia26

. Por conseguinte, este trabalho alcançou o

parâmetro desejado com o uso do aditivo farelo de girassol.

Os teores médios de carboidrato solúvel residual variaram de 4,63%, no

tratamento sem inclusão do coproduto, até 8,38% com inclusão de 20% de farelo de girassol,

assim, diferiram linearmente (P<0,05) em função dos níveis de inclusão do aditivo, conforme

Figura 6, cuja equação de regressão é CHO´s: 0,0053FG2 + 0,0997FG + 4,5318 (R²=0,8658).

FIGURA 6 – Teores de carboidratos solúveis em água, em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG)

CHO´s = 0,0053FG2 + 0,0997FG + 4,5318

R² = 0,8658

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

72

Em condições experimentais, níveis de 2,5% de carboidratos solúveis na matéria

natural foram necessários para abaixar o pH a valores menores que 4,2 e conservar os níveis

de nitrogênio amoniacal abaixo de 8% do nitrogênio total27

.

Mesmo durante a fase estável da fermentação, a manutenção denominada como

“lise química da hemicelulose” promove a liberação de açúcares para fermentação e, por

conseguinte, influenciando na disponibilidade de açúcares durante o tempo de

armazenamento28

. O aumento no teor de carboidratos solúveis ao final do processo de

fermentação pode ocorrer, entre outros fatores, pela ação de enzimas ou pela hidrólise ácida

da hemicelulose, liberando carboidratos solúveis o qual será utilizado pelas bactérias láticas

para fermentação17,29

. Segundo Winters et al.30

, é provável que ácidos orgânicos e enzimas

das células vegetais proporcionem mecanismos que atuam na manutenção da quebra da

estrutura celular, em razão da complexidade do processo de fermentação na ensilagem.

É notório, que os teores de carboidratos solúveis estão intimamente relacionados

com a nutrição de bactérias láticas, que por sua vez são produtoras de ácido lático e que, por

conseguinte, é reflexo dos teores dos ácidos graxos de cadeia curta remetendo significância

aos níveis de acidez titulável total e de potencial Hidrogeniônico.

Desta forma, a adição de farelo de girassol nos níveis estudados, também

atendem os pré-requisitos para a obtenção de uma silagem de boa qualidade.

A Tabela 5 demonstra os teores de ácidos orgânicos – lático, acético, propiônico

e butírico – da silagem estudada, nela se observa que houve diferença significativa (P<0,05)

entre os tratamentos e os ácidos.

TABELA 5 – Teores médios dos ácidos lático (Al), ácido acético (Aa), ácido propiônico (Ap) e ácido

butírico (Ab), determinados nas silagens de capim-mombaça forrageiro, em função da

inclusão de níveis de farelo de girassol

Inclusão de Farelo de

Girassol

Lático** Acético** Propiônico** Butírico**

0 3,898 a 2,428 c 0,135 b 0,016 b

10 1,245 d 6,504 b 0,248 a 0,027 a

15 1,677 c 8,670 a 0,232 a 0,025 a

20 3,193 b 7,780 a 0,242 a 0,023 a

Média (%) 2,503 6,345 0,214 0,023

CV (%) 4,58 9,57 8,05 10,47

**, significativo a 0,05 de probabilidade pela Análise de Variância, respectivamente.

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de

probabilidade.

Os teores de ácido lático, acético, propiônico e butírico, foram influenciados de

forma significativa (P<0,05) em função da inclusão do farelo de girassol (Tabela 5).

73

O comportamento do ácido lático é apresentado através da equação de regressão:

Lático = 0,0229FG² - 0,4923FG + 3,8949 (R²: 0,9941), expresso na Figura 7.

Verifica-se que, primeiramente, com o aumento dos níveis de inclusão do farelo

de girassol na ensilagem, ocorreu uma diminuição nos teores do ácido lático. Tal

manifestação vai de encontro aos valores de pH que de modo geral se elevaram à medida em

que se aumentava os níveis de inclusão do aditivo na forragem ensilada e que por

conseguinte, necessitou de um incremento no teor de ácido redutor de pH para manter a

coesão do processo fermentativo.

Outra citação que contraria a variação exponencial dos teores de ácido lático,

obtidos neste trabalho é a de Amaral et al.16

, ao afirmarem em seu trabalho, que a maior

compactação promove um melhor ambiente para as bactérias produtoras de ácido lático,

todavia, a intensificação da compactação eleva as perdas por efluentes. Assim, neste trabalho

a variação do ácido lático não se deve a erros no processo de compactação, pois as perdas por

efluentes se mantiveram, coerentemente, em acentuado decréscimo em relação às doses do

coproduto farelo de girassol.

Estudos realizados por Costa Júnior31

, avaliando silagens de capins, dentre eles o

Panicum maximun cv Tanzânia, encontrou teores 1,05% para o ácido lático, 6,71% para o

ácido acético e 2,27% para o ácido butírico. Estes teores se encontram diferentes do

observado neste trabalho (Tabela 5), quando não se adicionou o farelo de girassol.

FIGURA 7 – Teores de Ácido Lático observados em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG)

De acordo com Santos et al.32

, a maior produção de ácido láctico pode levar a

menores perdas de MS em silagens, considerando-se que a fermentação láctica resulta em

Lático = 0,0229FG2 - 0,4923FG + 3,8949

R² = 0,9941

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

74

mínimas perdas, ao passo que as fermentações acética e butírica estão associadas a

fermentações secundárias e perdas de MS na forma de gases.

Os teores de ácido acético diferiram (P<0,05) entre os níveis de inclusão do farelo

de girassol, com variação de 2,428 a 8,673%, apresentando comportamento quadrático em

função dos níveis, conforme se verifica na Figura 8, cuja equação de regressão se apresenta

como: Acético= -0,0183FG2 + 0,6504FG + 2,3425 (R² = 0,9484).

O conteúdo de ácido acético esta relacionado a menores taxas na queda do pH nas

silagens. A quantidade deste ácido corresponde, principalmente, à ação prolongada de

enterobactérias e bactérias láticas heterofermentativas, mas também, a ação de clostridios. As

fermentações promovidas por esses microrganismos, além de afetar negativamente a queda do

pH, acarretam maiores perdas de matéria seca e energia do material ensilado33

. Portanto, as

silagens para serem consideradas bem conservadas devem apresentar reduzido conteúdo de

ácido acético.

Segundo, Tomich et al.2, este ácido orgânico pode ser utilizado como parâmetro

para a avaliação da qualidade do processo fermentativo e deve ser menor ou igual a 2,5%. E

este teor só foi observado no tratamento controle – sem adição de farelo de girassol.

FIGURA 8 – Teores de Ácido Acético observados em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG)

A proliferação de clostrídios afeta negativamente a qualidade da silagem, devido à

produção de ácido butírico, que limita o consumo de silagem pelos animais. Contudo, baixas

concentrações de ácido butírico, demonstram que a atividade de clostrídios ao longo do

processo fermentativo, não foi suficiente para gerar perdas expressivas, principalmente as

perdas de matéria seca e energia.

Acético= -0,0183FG2 + 0,6504FG + 2,3425

R² = 0,9484

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

75

Os teores de ácidos propiônico e butírico apresentaram valores que variaram de

0,135% a 0,248% e 0,016% a 0,027%, respectivamente, e estão representados pelas equações

de regressão: Propiônico=-0,0005FG²+0,0148FG+0,1366 (R²=0,8597) e Butírico= -7E-

05FG+0,0017FG+0,0161 (R²=0,7876), conforme Figuras 9 e 10.

FIGURA 9 – Teores de Ácido Propiônico observados em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG)

FIGURA 10 – Teores de Ácido Butírico observados em diferentes níveis de inclusão de farelo de

girassol (FG)

Na transformação da forragem úmida em silagem, os processos biológicos

anaeróbicos, ocorrem com o crescimento de bactérias homofermentativas, as quais fermentam

os carboidratos solúveis em água, transformando em ácido lático, que é eficiente na redução

do pH34

. Segundo Van Soest5, em silagens convencionalmente conservadas, valores de pH

elevados são indicativos de maior produção dos ácidos butírico e acético, resultado de

fermentações indesejáveis. Fermentações estas, favorecidas pelo desenvolvimento de

clostrídios, principalmente22

, mas também, de enterobactérias.

Propiônico= -0,0005FG2 + 0,0148FG + 0,1366

R² = 0,8597

0,0

0,1

0,1

0,2

0,2

0,3

0,3

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

Butírico = -7E-05FG2 + 0,0017FG + 0,0161

R² = 0,7876

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0 5 10 15 20

Níveis de inclusão do Farelo de Girassol

76

Não obstante, Penteado et al.36

, avaliaram silagem de capim-mombaça, com

adição de Lactobacillus plantarum, relataram teores de 2,54% para o ácido lático e 1,68%,

para o acético, e ambos teores, abaixo do encontrado neste trabalho.

Com os valores observados nas Tabelas 4 e 5, pode-se sugerir que ocorreram

fermentações indesejáveis, possivelmente atribuída ao excesso de ácido acético, que

proporcionou lenta queda de pH em decorrência de sua baixa constante de dissociação iônica.

Tomich et al.2, preconizam teores de ácido butírico entre 0% e 0,1% para que se obtenha

ótima classificação neste parâmetro, que é influenciado basicamente por umidade presente na

forragem e, desta forma, o teor de ácido butírico neste trabalho se apresenta, todavia,

McDonald et al.1, sugerem o teor entre 4% e 6% para o ácido lático e 2% para o ácido acético,

estes índices não foram alcançados com a inclusão do farelo de girassol.

77

4. CONCLUSÕES

A inclusão de farelo de girassol na silagem de capim-mombaça, avaliadas neste

experimento, apresentou teores de pH, de nitrogênio amoniacal, perdas por gases e efluentes,

índices de recuperação de matéria seca, carboidratos solúveis residuais e ácidos lático,

propiônico, acético e butírico que possibilitam classificar as silagens, como de boa qualidade.

78

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