universidade federal de goiÁs escola de veterinÁria …€¦ · os artrópodes ectoparasitas...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
AVALIAÇÃO DO PAPEL REPELENTE DE VOLÁTEIS ISOLADOS NO ODOR DE CÃES DA RAÇA BEAGLE CONTRA O CARRAPATO Rhipicephalus
sanguineus (Acari: Ixodidae)
Jaires Gomes de Oliveira Filho
Orientadora: Drª. Lígia Miranda Ferreira Borges
GOIÂNIA 2014
ii
iii
JAIRES GOMES DE OLIVEIRA FILHO
AVALIAÇÃO DO PAPEL REPELENTE DE VOLÁTEIS ISOLADOS NO ODOR DE CÃES DA RAÇA BEAGLE CONTRA O CARRAPATO Rhipicephalus
sanguineus (Acari: Ixodidae)
Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em
Ciência Animal junto à Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás
Área de Concentração:
Sanidade Animal Higiene e Tecnologia de Alimentos
Linha de Pesquisa: Parasitos e doenças parasitárias dos animais
Orientadora:
Profª Drª Lígia Miranda Ferreira Borges – IPTSP/UFG Comitê de Orientação:
Profª Drª. Andréa Caetano da Silva – IPTSP/UFG Profª Drª Carla Cristina B. Louly – UNIP
GOIÂNIA 2014
iv
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
GPT/BC/UFG
O482a
Oliveira Filho, Jaires Gomes.
Avaliação do papel repelente de voláteis isolados no
odor de cães da raça Beagle contra o carrapato
Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) [manuscrito] /
Jaires Gomes de Oliveira Filho. - 2014.
52 f. : il., figs., tabs.
Orientadora: Profª. Drª. Lígia Miranda Ferreira Borges;
Coorientadoras: Profª. Drª. Andrea Caetano da Silva, Profª.
Drª. Carla Cristina Braz Louly.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,
Escola de Veterinária e Zootecnia, 2014.
Bibliografia.
Inclui lista de figuras e tabelas.
Apêndices.
1. Rhipicephalus sanguineus – Cães – Repelente. 2. Cães
(raça Beagle) – Repelência natural. I. Título.
CDU: 636.7:595.42
v
vi
AGRADECIMENTOS
Em primeiro à Profª Drª. Lígia Miranda Ferreira Borges, a quem serei
eternamente grato por abrir as portas para mim, me acolher e me orientar no
início desta jornada acadêmica. Também pela paciência, presteza e compreensão
que sempre guiou suas orientações e correções.
À Profª Drª Carla Cristina Braz Louly pelos ensinamentos práticos,
sobre tudo no que diz respeito à condução dos experimentos em olfatometria.
Também a Profª Drª Andréa Caetano da Silva pela participação em meu comitê
de orientação, além de conselhos e correções sugeridos durante sessões de
seminários que acrescentaram muito durante toda essa caminhada.
A todos os colegas que passaram, estão e também aos que chegaram
ao Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFG e ao setor de Medicina
Veterinária Preventiva, pela ajuda e conselhos. Principalmente a colega Lorena
Lopes Ferreira e a estagiaria do setor de parasitologia Thaynara Thatiely Oliveira
que sempre me ajudaram durante toda a condução dos experimentos.
À Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, por disponibilizar a
estrutura para a execução do experimento, assim como pela excepcional
oportunidade de participar de seu programa de pós-graduação. Ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão
da bolsa de estudos.
Principalmente a minha família, meus pais Jaires Gomes de Oliveira e
Iria Inês Gomes Vilela e minha irmã Naiara Cristina Gomes Vilela, que sempre
estiveram ao meu lado tanto nos momentos de alegria quanto nos momentos de
tristeza e que foram meu esteio durante toda minha vida inclusive nesta jornada
acadêmica.
vii
“Todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja veneno. A dose correta diferencia um veneno de um remédio.”
Paracelso 1443-1541
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................4
2.1. Rhipicephalus sanguineus................................................................................4
2.2. Percepção sensosorial na biologia comportamental..................................7
2.3. Repelentes.....................................................................................................11
2.4. Presença de repelentes naturais em hospedeiros resistentes................16
3. OBJETIVOS.......................................................................................................22
3.1. Objetivo geral................................................................................................22
3.2. Objetivos especificos...................................................................................22
4. MATERIAL E METODOS..................................................................................23
4.1. Local e duração do experimento.................................................................23
4.2. Obtenção de carrapatos adultos não alimentados....................................23
4.3. Substâncias testadas...................................................................................24
4.4. Ensaios de repelência..................................................................................25
4.4.1. Ensaio de escolha (placa de Petri)..............................................................25
4.4.2. Ensaio no Olfatômetro em Y........................................................................27
4.4. Análise estatística.........................................................................................28
5. RESULTADOS..................................................................................................29
5.1. Placa de Petri.................................................................................................29
5.2. Olfatômetro em Y..........................................................................................33
6. DISCUSSÃO......................................................................................................34
7. CONCLUSÃO....................................................................................................41
REFERÊNCIAS.....................................................................................................42
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Bioensaio da Placa de Petri..................................................................26
Figura 2 – Olfatômetro em Y..................................................................................27
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Percentagem de repelência em teste da placa de Petri de adultos de
R. sanguineus para o DEET, β-citronelol e compostos químicos encontrados no
odor de cães da raça Beagle.................................................................................31
Tabela 2 – Percentagem de repelência em teste da placa de Petri de adultos de
R. sanguineus para as misturas de benzaldeído e 2-hexanona (1:1) e
benzaldeído, 2-hexanona e undecano...................................................................32
Tabela 3 – Percentagem de repelência em teste do olfatômetro em Y de adultos
de Rhipicephalus sanguineus para o DEET, β-citronelol e compostos químicos
encontrados no odor de cães da raça Beagle, em duas diferentes
concentrações........................................................................................................33
xi
RESUMO
Carrapatos são artrópodes de grande importância dentro da saúde pública, devido à transmissão de inúmeros patógenos. Rhipicephalus sanguineus parasita principalmente cães. Sabe-se que cães da raça Beagle são menos susceptíveis ao R. sanguineus que cães Cocker Inglês, e ainda apresentam padrões de resistência ligados a imunidade. A menor susceptibilidade de cães Beagle está ligada a compostos químicos que estes produzem, os quais atuam na diminuição da carga parasitária de R. sanguineus sobre estes animais. Sabendo-se disso com esta pesquisa objetivou-se verificar a repelência química de compostos que foram identificados no odor de cães resistentes, além de compostos sintéticos repelentes para outros carrapatos, contra o R. sanguineus. Para os testes de repelência química foram utilizados dois ensaios de repelência, o da placa de Petri e do olfatômetro em Y. Foram testados cinco compostos com provável poder repelente e identificados nos odores de Beagle (2-hexanona, nonano, decano, undecano e benzaldeído), o composto de origem botânica β-citronelol e o repelente padrão DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida). Além destes compostos testados isoladamente, duas misturas foram avaliadas: benzaldeído e 2-hexanona (1:1), e benzaldeído, 2-hexanona e undecano (1:1:1) Todos estes compostos foram formulados a partir de uma solução mãe de 7,2% (≈ 0,200 mg/cm²) da qual foi obtida posteriormente outras duas concentrações (0,100 e 0,050 mg/cm²). O DEET foi repelente nas duas maiores concentrações, sendo que 68,33 a 86,67% dos carrapatos foram encontrados nas áreas não tratadas, nos diferentes tempos de observação. Na concentração de 0,050 mg/cm² os carrapatos se distribuíram similarmente (sem diferença significativa) em ambas as áreas. β-citronelol foi o único composto testado que foi repelente em todos os tempos e concentrações testados. Os percentuais de carrapatos nas áreas não tratadas variaram de 73,33 a 93,33%. Quando comparado com o DEET o β-citronelol foi mais eficiente em repelir os adultos de R. sanguineus. Para o benzaldeido, aos 30 minutos, na concentração de 0,200 mg/cm² foi observado um percentual de 63,33% de carrapatos na área não tratada. Percentual de 76,67 foi observado aos cinco minutos, na concentração de 0,050 mg/cm². A 2-hexanona foi repelente aos 30 minutos, na concentração de 0,200 mg/cm², aos 10 minutos, na concentração de 0,100 mg/cm² e aos 30 minutos, na concentração de 0,050 mg/cm². Para o undecano foi observado um percentual de 65,00 de carrapatos na área não tratada em apenas um momento dos testes, na maior concentração, durante os primeiros cinco minutos de avaliação. Nonano e decano não causaram qualquer repelência para os carrapatos testados, em qualquer uma das concentrações ou intervalos de tempo avaliados. A mistura benzaldeido + 2-hexanona foi repelente nas três maiores concentrações, em quase todos os tempos avaliados, inclusive no teste de olfatometria. Durante todo o teste esta mistura mostrou semelhança estatística quando comparada com o DEET. A adição de undecano a esta mistura não potencializou o seu poder repelente. O principal resultado obtido foi a constatação da presença de repelentes naturais em cães resistentes ao carrapato R. sanguineus. Palavras-chave: 2-hexanona; β-citronelol; benzaldeido; DEET; olfatômetro em Y; undecano;
xii
ABSTRACT
Ticks are arthropods of great importance in public health, due to the transmission of many pathogens. Rhipicephalus sanguineus parasites mainly dogs. It is known that Beagle dogs are less susceptible to R. sanguineus than English Cocker Spaniel, and still have resistance patterns linked to immunity. The lower susceptibility of Beagle dogs is due to chemical compounds they produce, which act in reducing the parasitic load of R. sanguineus on these animals. Given that this research aimed to verify the chemical repellency against R. sanguineus of compounds that have been identified in the odor of resistant dogs, and synthetic repellent compounds to other tick species. For testing chemical repellency two tests were used, the Petri dish and the Y-olfactometer. Five compounds identified in Beagle odors were selected and tested: 2- hexanone, nonane, decane, undecane and benzaldehyde, the compound of botanical origin β-citronellol and the standard repellent DEET (N,N-diethyl-3-methylbenzamide). These compounds were tested alone and also two mixtures were evaluated: benzaldehyde and 2-hexanone (1:1), and benzaldehyde, 2-hexanone and undecane (1:1:1). All these compounds were prepared in a stock solution of 7.2 % ( ≈ 0.200 mg/cm²) and two lower concentrations were also tested: 0.100 and 0.050 mg/cm². DEET was repellent in the two highest concentrations and 68.33 to 86.67% of the ticks were found in untreated areas in different time points. At the concentration of 0.050 mg/cm² ticks were distributed similarly (without significant difference) in both areas. β-citronellol was the only compound tested that was repellent at all times and concentrations tested. The percentage of ticks in untreated areas ranged from 73.33 to 93.33 %. When compared β-citronellol with DEET the first compound was more effective at repelling the adults of R. sanguineus. For benzaldehyde, 30 minutes at a concentration of 0.200 mg/cm² a percentage of 63.33 % of ticks was observed in the untreated area. Percentage of 76.67 was observed after 5 min. at a concentration of 0.050 mg/cm². 2-hexanone was repellent at 30 min. at a concentration of 0.200 mg/cm² at 10 min. at a concentration of 0.100 mg/cm² and 30 minutes at a concentration of 0.050 mg/cm². For undecane a rate of 65.00% of ticks was observed in the untreated area in one moment of testing, the highest concentration during the first 5 min. of the evaluation. Nonane and decane not were not repellent at any of the concentrations and time intervals. The blend benzaldehyde + 2-hexanone was repellent in the three highest concentrations in almost all evaluated times, including in the olfactometer testing. During the whole test this mixture showed statistical similarity when compared with DEET. The addition of undecane to this blend did not potentiate its repellent power. The main result was the finding of natural repellents in resistant dogs to the tick R. sanguineus. Keywords: 2-hexanone; β-citronellol; benzaldehyde; DEET; undecane; Y-
olfactometer
1. INTRODUÇÃO
Os artrópodes ectoparasitas representam grande ameaça à saúde
pública e animal, podendo agir de forma direta ou indireta sobre seus hospedeiros
(PETER et al., 2005; WALL, 2007). Além disso, levam a perdas econômicas
devido a quedas no ganho de peso, danos no couro entre outros (JONGEJAN &
UILENBERG, 2004; PETER et al., 2005). Na atualidade os carrapatos são os
vetores de maior importância, pois cerca de 10% das espécies conhecidas atuam
na transmissão de zoonoses. Também são capazes de transmitir a maior
variedade de patógenos que qualquer outro vetor (JONGEJAN & UILENBERG,
2004). Sendo responsáveis não só pela transmissão de doenças, mas atuando
diretamente sobre o hospedeiro causando as chamadas ixodidoses, que levam a
quadros de eczema, anemia e até paralisia (JONGEJAN & UILENBERG, 2004;
MARCONDES, 2009).
Os carrapatos são membros do filo Arthropoda, classe Arachnida e
subordem Ixodida. São conhecidas atualmente 899 espécies, que se encontram
divididas em três famílias, Ixodidae, Argasidae e Nuttalliellidae (BARKER &
MURRELL, 2004). Os membros da família Ixodidae são os mais estudados,
devido principalmente ao grande número de doenças que estes podem transmitir,
além de prejuízos na produção animal associados com sua presença (BARKER &
MURRELL, 2004; JONGEJAN & UILENBERG, 2004; ANDREOTTI, 2010).
Dentre os membros da família Ixodidae se destacam os do gênero
Rhipicephalus, por sua ampla difusão global, patógenos que podem transmitir e
prejuízos que podem acarretar. O Rhipicephalus sanguineus é o carrapato mais
cosmopolita, ocorrendo em quase todo o mundo (DANTAS-TORRES, 2008a;
DANTAS-TORRES, 2010). Normalmente parasita cães, porém podem parasitar
outros hospedeiros, inclusive humanos (DANTAS-TORRES et al., 2006; LOULY
et al., 2006). O R. sanguineus atua como vetor de vários agentes patogênicos
para os cães como vírus, bactérias, espiroquetas, protozoários entre outros
(DANTAS-TORRES, 2008b; MARCONDES, 2009). Podem também atuar como
vetor de zoonoses para a população humana (ESTRADA-PEÑA & JOGEJAN,
1999 DEMMA et al., 2006; ROZENTAL et al., 2008; MARCONDES et al., 2009;
SOCOLOVICH et al., 2009; EREMEEVA et al., 2011).
2
Estudos realizados com objetivo de determinar se o cão é capaz de
desenvolver resistência contra o R. sanguineus são contraditórios. SZABÓ (1991),
BECHARA et al. (1994) e FERREIRA & BECHARA (1995) afirmam que o cão é
incapaz de desenvolver resistência, entretanto INOKUMA et al. (1997),
JITAPALLAPONG et al. (2000a) e LOULY et al. (2009) demonstram que a
resistência pode estar presente, porém varia em função da raça do individuo.
LOULY et al. (2009) demonstraram que cães da raça Beagle são menos
susceptíveis a infestações por este carrapato que cães da raça Cocker Inglês.
Segundo PICKETT et al. (2010), animais apresentam menor carga
parasitária diante de duas situações: animais não hospedeiros que são capazes
de inibir o parasitismo, expressando maior quantidade de compostos químicos
voláteis em seus odores; animais hospedeiros que produzem maior quantidade de
compostos químicos em certas condições o que diminui a infestação sobre esses.
Através de cromatografia gasosa associada à espectrofotometria de massa
verificou-se uma maior quantidade de compostos químicos voláteis no odor de
cães da raça Beagle e ainda notou-se compostos químicos que só eram
detectados nos cromatogramas de Beagles como: benzaldeido, 2-hexanona,
undecano, decano e nonano (BORGES et al., 2011; BORGES et al., 2013).
Portanto, os resultados se encaixam na hipótese de PICKETT et al. (2010).
Sabe-se que os animais interagem com o mundo a sua volta de
diversas formas como por meio de sinais visuais, auditivos, táteis e químicos. A
importância que cada um destes sinais recebe na biologia comportamental difere
entre as várias espécies animais existentes (FERREIRA, 2001; VILELLA &
DELLA LÚCIA, 2001). Os carrapatos orientam seu comportamento em função
principalmente de estímulos químicos (SONENSHINE, 2004). Para tanto utilizam
órgãos sensoriais adaptados a essa função como o órgão de Haller e palpos
maxilares. Estes órgãos são dotados por receptores celulares denominados
sensilas por onde os carrapatos detectam os estímulos (SONENSHINE, 1991;
GUERIN et al., 2000).
Os compostos químicos que carreiam informações, semioquimicos,
podem atuar dentro de indivíduos de uma mesma espécie como os feromônios,
ou entre indivíduos de espécies diferentes como os aleloquímicos, tais como os
cairomônios, alomônios e sinomônios. (FERREIRA, 2001; VILELLA & DELLA
3
LÚCIA, 2001; SONENSHINE, 2004). Os cairomônios são compostos químicos
que quando emitidos por um organismo, causam uma resposta fisiológica
adaptativa positiva no organismo receptor destes químicos, consequentemente
acarreta em prejuízo ao organismo emissor. Os alomônios são compostos
químicos que quando emitidos por um organismo, causam uma resposta
fisiológica adaptativa negativa no organismo receptor destes químicos,
simultaneamente uma resposta adaptava positiva ao organismo emissor
(FERREIRA, 2001; VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001; SONENSHINE, 2004).
Enquanto sinomônios são compostos químicos que quando emitidos por um
organismo provocam uma resposta adaptativa positiva, tanto ao organismo
emissor quanto para o organismo receptor (FERREIRA, 2001; VILELLA & DELLA
LÚCIA, 2001).
A principal forma de controle de carrapatos ainda é o uso de acaricidas
com bases químicas neurotóxicas, porém o uso excessivo destas substâncias
ocasiona o aparecimento de cepas resistentes (MILLER et al., 2001; BORGES et
al., 2007; ANDREOTTI, 2010). Além da seleção de cepas resistentes, estes
acaricidas causam contaminação ambiental e de produtos de origem animal
(PETER et al., 2005; WALL, 2007; ANDREOTTI, 2010).
Desta forma, o encontro de substâncias químicas como as que
participam da biologia comportamental deste carrapato, como os alomônios, e
que possam ser introduzidas no seu controle é uma alternativa mais salutar, pois
atuam preferencialmente sobre a espécie alvo e diminuem a quantidade de
acaricidas a ser utilizada.
Tendo em vista as dificuldades no controle do carrapato R. sanguineus,
a crescente preocupação com a contaminação ambiental, além de este carrapato
emergir atualmente como um vetor de importância para a saúde publica, o
trabalho teve como objetivo avaliar novos compostos químicos como os
alomônios, repelentes naturais, com potencial para o uso no seu controle.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806)
R. sanguineus é a espécie dentre todos os ixodídeos mais cosmopolita,
estando presente em quase todo o mundo entre as latitudes 35ºS a 50ºN
(DANTAS-TORRES, 2008a; DANTAS-TORRES, 2010). Originária do continente
africano, onde existem cerca 20 espécies do gênero Rhipicephalus, a espécie R.
sanguineus está distribuída em todo território nacional (WALKER et al., 2000;
ONOFRIO et al., 2006). Acredita-se que a espécie tenha sido introduzida no Brasil
com as primeiras incursões europeias que traziam consigo animais, por volta do
século XVI (LABRUNA & PEREIRA, 2001).
Seu principal hospedeiro e grande responsável por sua manutenção no
ambiente assim como as explosões populacionais deste parasito, é o cão (LOULY
et al., 2007). Porém, existem relatos desta espécie parasitando diversos
hospedeiros como aves rasteiras, pombos, cavalos, bovinos e até o homem,
quando ocorre um íntimo contato destes hospedeiros com o cão (ESTRADA-
PEÑA & JOGEJAN, 1999; LABRUNA & PEREIRA, 2001; DANTAS-TORRES et
al., 2006; LOULY et al., et al., 2006; SZABÓ et al., 2012).
O R. sanguineus atua diretamente no ciclo epidemiológico de vários
agentes patogênicos como vírus, bactérias, protozoários entre outros (DANTAS-
TORRES, 2008b; MARCONDES, 2009). É o principal vetor de Babesia canis,
Erlichia canis e Hepatozon canis, hemoparasitos com altas taxas de prevalência
em cães infestados por estes carrapatos (LABRUNA & MACHADO, 2006;
DANTAS-TORRES, 2008b). Devido à associação íntima deste parasito com o
principal reservatório de Leishmania spp., o cão, e ainda sua capacidade em
transmitir outros protozoários, inúmeros estudos vêm sendo realizados para
elucidar a possível participação deste carrapato no ciclo da leishmaniose canina.
Contudo seu papel como vetor do patógeno ainda não é claro (COUTINHO et al.,
2005; PAZ et al., 2010; SOLANO-GALLEGO et al., 2012).
Em estados do sul dos E.U.A. como Califórnia e Arizona e no México
seu parasitismo em humanos está associado à transmissão de Rickettsia
rickettsii, agente causal da febre maculosa, zoonose com alta taxa de letalidade
5
(DEMMA et al., 2006; MARCONDES, 2009; EREMEEVA et al., 2011). No Brasil,
existem estudos que sugerem a capacidade deste carrapato atuar como vetor da
doença principalmente em áreas endêmicas. Porém, o principal vetor para esta
doença em território nacional ainda é o Amblyomma cajennense (ROZENTAL et
al., 2008; MARCONDES, 2009). Ainda em países do mediterrâneo europeu o R.
sanguineus é considerado o principal vetor de Rickettsia conorii agente da febre
botonosa, doença que também pode levar ao óbito (ESTRADA-PEÑA &
JOGEJAN, 1999; SOCOLOVICH et al., 2009).
Além de atuar na transmissão, manutenção e até a amplificação de
vários agentes patogênicos, o R. sanguineus atua ainda como um bioagente,
causando danos aos seus hospedeiros relacionados diretamente a seu
parasitismo. Este carrapato pode conduzir seus hospedeiros a quadros de
anemia, eczema, toxicoses e até paralisia flácida (MARCONDES, 2009;
OTRANTO et al., 2012).
Assim como os demais membros da família Ixodidae, o R. sanguineus
apresenta quatro estágios no desenvolvimento de seu ciclo vital, sendo que três
destes são ativos e dependem do repasto sanguíneo para desempenho pleno de
suas funções biológicas (FACCINI & BARROS-BATTESTI, 2006). Os estágios
comuns aos ixodídeos são o ovo embrionado, a larva, a ninfa e os adultos
(SONENSHINE, 1993; FACCINI & BARROS-BATTESTI, 2006; MARCONDES,
2009). Durante seu ciclo de vida os carrapatos apresentam duas fases distintas, a
de vida livre e a parasitária. Ambas as fases são importantes no desenvolvimento
do parasito e se complementam (MARCONDES, 2009).
Os carrapatos podem apresentar dois ciclos vitais distintos, monoxeno
quando parasitam apenas um hospedeiro se fixando neste ainda como larva e o
abandonando já na fase adulta, ou podem ser heteroxenos quando se fixam e
abandonam os hospedeiros para realizar a ecdise no ambiente (SONENSHINE,
1993; MARCONDES, 2009). O R. sanguineus é um carrapato de ciclo trioxeno, ou
seja, realiza a ecdise no meio ambiente, necessitando de três hospedeiros para
completar seu ciclo vital. É uma espécie de hábito nidícola, sendo extremamente
adaptada ao habitat do cão (SONENSHINE, 1993; DANTAS-TORRES, 2010).
As teleóginas de R. sanguineus podem chegar a pesar até 250 mg e
chegam a ovipor cerca de 4.000 ovos durante a postura (GUGLIELMONE et al.,
6
2006; DANTAS-TORRES, 2008a; DANTAS-TORRES, 2010). Durante o período
de pré-oviposição que pode variar entre três a 14 dias, a fêmea busca ninhos
próximos a seus hospedeiros, a oviposição pode durar até 21 dias. As larvas e as
ninfas quando fixadas em seus hospedeiros alimentam-se de três a cinco dias e
de cinco a sete dias, respectivamente. Uma vez fora de seus hospedeiros as
metalarvas e metaninfas fazem a ecdise em um período aproximado de oito a 11
dias e de 11 a 23 dias, respectivamente, sob condições ideais (GUGLIELMONE et
al., 2006; DANTAS-TORRES, 2008a; MARCONDES, 2009).
Tendo em vista seu ciclo, e levando em conta que cerca de 2/3 da vida
completa do R. sanguineus se passa no ambiente (GUGLIELMONE et al., 2006;
DANTAS-TORRES, 2008a), este carrapato teve que desenvolver mecanismos
adaptativos específicos para a localização de seus hospedeiros (GUERIN et al.,
2000; GUERENSTEIN & LAZZARI, 2009). Sabe-se que esta espécie busca
ativamente o hospedeiro, principalmente pela percepção de CO2 e do latido de
seu hospedeiro preferencial (SONENSHINE, 1993; LOULY, 2003).
Devido a seu poder de adaptação e à sua grande distribuição, alguns
autores questionam se esta espécie faz diapausa e quantas gerações ela realiza
durante um ano. Sabe-se que assim como outros carrapatos o R. sanguineus
sofre grande influência de fatores abióticos, como temperatura e umidade do
ambiente (USPENSKY, 2002; MARCONDES, 2009; DANTAS-TORRES, 2008a;
DANTAS-TORRES, 2010). Sendo assim, dependendo da região onde esses
carrapatos se desenvolvem, eles podem ter de 2,5 até quatro gerações em um
ano (GUGLIELMONE et al., 2006; LOULY et al., 2007).
A principal forma de controle deste carrapato ainda é o uso de
acaricidas com bases químicas neurotóxicas, porém o uso excessivo destas
substâncias ocasiona o aparecimento de cepas resistentes (MILLER et al., 2001;
BORGES et al., 2007; ANDREOTTI, 2010). Além da seleção de cepas
resistentes, estes acaricidas têm sido incriminados na contaminação ambiental e
de produtos de origem animal (PETER et al., 2005; WALL, 2007). BORGES et al.
(2007) constataram a presença de cepas de R. sanguineus resistentes à
deltametrina, cipermetrina e coumafós no município de Goiânia, bases químicas
disponíveis no mercado e largamente utilizadas. Uma alternativa ao uso de
7
acaricidas seria o controle biológico realizado com compostos químicos que
façam parte da ecologia química deste parasito.
2.2. Percepção Sensorial na Biologia Comportamental
Os animais orientam sua biologia comportamental em função de sinais
acústicos, táteis, visuais e químicos (semioquímicos) que conseguem detectar em
seu habitat (EISNER & MEINWALD, 1995; FERREIRA, 2001; VILELLA & DELLA
LÚCIA, 2001; GUERENSTEIN & LAZZARI, 2009). A ênfase que cada um destes
sinais assume no desenvolvimento do comportamento do animal está diretamente
relacionada à sua ecologia e fisiologia. Por exemplo, sinais acústicos assumem
papel de grande importância na comunicação de artrópodes que vivem a espreita
ou escondidos (FERREIRA, 2001; VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001), também
parecem desempenhar função importante na ecologia de carrapatos que buscam
ativamente seus hospedeiros, como o latido dos cães (SONENSHINE, 1993). Por
outro lado, comunicação tátil tem grande importância para artrópodes sociais, que
vivem em sistemas coloniais. Mas, sem dúvida alguma todos os artrópodes têm
sua ecologia influenciada por sinais químicos (FERREIRA, 2001; VILELLA &
DELLA LÚCIA, 2001).
É comum percebemos e interagirmos com o mundo a nossa volta
através de sinais visuais e acústicos. Porém nos esquecemos de que estamos
cercados por sinais químicos, e que esses são ubiquitários (EISNER &
MEINWALD, 1995). Todos os seres vivos animais e vegetais estão aptos à
emissão destes sinais químicos e responderem a esses de sua própria maneira
(BERENBAUM, 1995; EISNER & MEINWALD, 1995).
Por vezes os seres humanos atribuem o uso de compostos químicos
exclusivamente a si próprios, porém na natureza é comum o uso destes
compostos na comunicação entre indivíduos da mesma espécie e de espécies
diferentes de artrópodes (TRIGO et al., 2000; FERREIRA, 2001; VILELLA &
DELLA LÚCIA, 2001). Um exemplo do uso de compostos químicos por artrópodes
são as inúmeras espécies se comunicando interespecificamente por meio de
feromônios, que são substâncias químicas isômeras e em proporções
praticamente similares (FERREIRA, 2001; VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001). “Os
8
artrópodes são capazes não só de produzirem os vários componentes do
feromônio com alto grau de pureza por meio de caminhos biossintéticos
específicos, mas também controlam o isomerismo geométrico e óptico das
moléculas” (VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001).
Os carrapatos tem sua biologia comportamental voltada principalmente
para a percepção de compostos químicos que possam atuar como sinais
(VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001; SONENSHINE, 2004). Provavelmente a grande
importância dos compostos químicos para os carrapatos se dê pela sua
morfofisiologia (SONENSHIENE, 1991), além da fácil dispersão dos compostos
químicos voláteis pelo ar (GUERIN et al., 2000; VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001).
A maioria dos carrapatos não possuem olhos propriamente ditos,
mesmo aqueles que os possuem é duvidoso que esses possibilitem que
enxerguem formas definidas ou discriminem objetos (SONENSHINE, 1991). O
órgão de maior importância para a percepção sensorial dos carrapatos é, sem
duvida, o órgão de Haller presente em todas as espécies e localizado no dorso do
tarso no primeiro par de patas (SONENSHINE, 1991; SONENSHINE, 2004;
FABBRO & NAZZI, 2013). Tem como principal função a olfação, uma vez que
possui maior número de quimiosensilas, mas apresenta ainda mecanossensilas e
termohigrossensilas. As quimiosensilas são divididas em olfativas e gustativas, as
olfativas são especializadas na percepção de compostos químicos voláteis como
CO2, enquanto sensilas gustativas são especializadas na percepção de
compostos químicos encontrados em soluções como cloreto de potássio (KCl) e
cloreto de sódio (NaCl) (WALLADE & RICE, 1977; SONENSHINE, 1991;
FERREIRA, 2013; SOARES et al., 2013). O número e tipo de sensilas varia
sensivelmente entre as espécies de carrapatos (SONENSHINE, 1991).
Os compostos químicos, notavelmente os voláteis, assumem um papel
de importância na ecologia de artrópodes, principalmente daqueles que assim
como os carrapatos são de hábitos terrestres (VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001;
SONENSHINE, 2004). Estes animais não possuem grande dispersão devido a
sua ecologia, exceto durante a fase parasitária quando podem ser transportados
por longas distâncias por seus hospedeiros (LABRUNA & PEREIRA, 2001;
SZABÓ et al., 2012). Diferentemente de outros sinais como acústicos, visuais,
táteis e até compostos químicos solúveis, os compostos químicos voláteis são
9
facilmente dispersados pelo vento por grandes distâncias, podendo ainda
permanecer por maiores períodos de tempo e fornecendo informação segura da
direção da fonte emissora de estímulo (GUERIN et al., 2000; FERREIRA, 2001;
VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001).
Os compostos químicos voláteis que desempenham papel na ecologia
dos animais são chamados de semioquímicos, do grego semeion=sinal, ou seja,
químicos que carregam o sinal (AGELOPOULOS, et al., 1999; VILELLA & DELLA
LÚCIA, 2001; PICKETT et al., 2010). Esses podem desencadear comportamentos
como alimentação, oviposição, acasalamento, agregação, interrupção de hábitos
alimentares, dispersão entre outros (VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001;
SONENSHINE, 2004; LOGAN & BIRKETT, 2007; PICKETT et al., 2010).
Os carrapatos, assim como outros artrópodes hematófagos, utilizam
compostos químicos inerentes ao metabolismo de seus hospedeiros preferenciais
(cairomônios) para os localizarem (SONENSHINE, 2004; GUERENSTEIN &
LAZZARI, 2009). Assim como também para identificar em seus hospedeiros locais
de preferência para fixação e realização do repasto sanguíneo (SONENSHINE,
2004; WANZALA et al., 2004). Dentre os cairomônios mais conhecidos estão o
CO2, ácido lático, 1-octen-3-ol (octenol), amônia, ácido butírico e ácido acético,
que podem indicar não só a presença do hospedeiro como também o local de
maior probabilidade para o encontro desses (CARROLL, 2002; SONENSHINE,
2004; DITZEN et al., 2008).
No entanto, alguns compostos químicos como os alomônios, provocam
uma resposta fisiológica adaptativa negativa ao receptor da informação, fazendo
com que os carrapatos cessem o comportamento de busca pelo hospedeiro ou
até mesmo provocando um afastamento desses da fonte emissora provocando
um comportamento de repelência sobre os indivíduos (FERREIRA, 2001;
VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001; SONENSHINE, 2004). É interessante destacar
que apesar do termo alomônio geralmente ser encontrado associado à defesa
química de organismos, pode estar também associado a outras características
comportamentais (BERENBAUM, 1995; TRIGO et al., 2000). Por exemplo, um
predador quando emite compostos químicos que são atraentes para a sua presa,
favorecendo a sua captura, produz um alomônio, porém não de defesa
(BERENBAUM, 1995).
10
É importante ressaltar que nenhum composto químico é responsável
por sinalizar o desencadeamento de uma resposta comportamental de forma
isolada. A associação e o balanço dos compostos químicos presentes em cada
hospedeiro podem atuar de forma sinérgica para uma espécie e antagônica para
outra espécie de parasito (KENNEDY, 1977; EISNER & GRANT, 1980;
BERENBAUM, 1995; WELDON, 2010). Além disso, fatores abióticos como
temperatura, umidade, velocidade e direção da pluma de vento, além de pressão
atmosférica, interferem não apenas com a percepção dos químicos pelos
artrópodes, como também com a sua resposta comportamental (GUERIN et al.,
2000; VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001; PELLEGRINO et al., 2013).
Durante anos, os estudos comportamentais vêm sendo focados em
dois principais aspectos do comportamento de artrópodes, repelência e
atratividade, principalmente daqueles de hábitos hematófagos como os carrapatos
(KENNEDY, 1977; SCHRECK, 1977; GUERIN et al., 2000; GUERENSTEIN &
LAZZARI, 2009). Os mecanismos e compostos químicos que levam estes
artrópodes a serem repelidos ou atraídos ainda geram discussão (VILELLA &
DELLA LÚCIA, 2001; MILLER et al., 2009; PALUCH et al., 2010; FABBRO &
NAZZI, 2013), no entanto, sabe-se que tanto a atração quanto a repelência
podem ser causadas por mecanismos de cinese e taxia, que são respostas
direcionadas ou não direcionadas em círculos ou curvas em direção à fonte de
odor, respectivamente (VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001; MILLER et al., 2009).
Porém, a maioria dos eventos fisiológicos e bioquímicos que desencadeiam estes
comportamentos nos artrópodes quando estimulados por um composto químico,
ainda são desconhecidos (BISSINGER & ROE, 2010; BOHBOT & DICKENS,
2010; FABBRO & NAZZI, 2013).
Estudos sobre os mecanismos de ação de compostos químicos que
provocam o comportamento de repelência são realizados desde o
desenvolvimento do DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida), repelente padrão ouro
desenvolvido na década de 40 (SCHRECK, 1977; FRADIN & DAY, 2002;
BISSINGER & ROE, 2010). Segundo DAVIS (1985) a repelência é provocada por
cinco mecanismos. Primeiro ocorre pela inibição neural seletiva quando um
composto químico inibe a resposta de neurônios relacionados com a atração e o
artrópode deixa de realizar o repasto sanguíneo em um hospedeiro atrativo.
11
Estímulo dose-dependente ocorre quando um composto químico, que em
determinada concentração resulta em atração, gera repelência por estar
altamente concentrado. O estímulo de neurônios inibitórios ocorre quando alguns
receptores neurais são estimulados levando o artrópode a cessar a busca por
alimento. A nocicepção direta acontece quando receptores neurais registram a
presença de substâncias prejudiciais ao artrópode, que adota um comportamento
de fuga. E por último, é quando há um sobrefluxo de dados, pois alguns
compostos químicos não se ligam especificamente a um receptor, mas
simultaneamente a vários, havendo a perda do estímulo de atração já que os
receptores estão previamente ligados.
Apesar do conhecimento destes mecanismos, não é possível prever
como um composto químico pode atuar e por qual mecanismo ele poderá repelir
ou atrair as várias espécies de artrópodes parasitos conhecidas (KENNEDY,
1977; PALUCH et al., 2010; FABBRO & NAZZI, 2013). Um exemplo disso são os
vários ensaios de repelência com o DEET. Este químico atua sobre Aedes
aegyptii como inibidor seletivo de acido láctico (DOGAN et al., 1999), sendo ainda
capaz de bloquear os receptores de octenol nesta espécie devido a sua
similaridade com essa molécula (BOHBOT & DICKENS, 2010). O químico
também bloqueia a resposta olfativa sensorial em Anopheles gambiae e
Drosophila melanogaster (DITZEN et al., 2008). Em trabalhos recentes foi
demonstrado que o DEET atua ainda como uma molécula de odor, assim sendo
tem capacidade de se ligar e estimular receptores específicos (SYED & LEAL,
2008; SYED et al., 2011).
2.3. Repelentes
No contexto da saúde pública os repelentes desempenham um
importante papel na proteção pessoal contra a transmissão de doenças vetoriais,
pois impedem que parasitos hematófagos se alimentem evitando assim a
transmissão das doenças (NETWING, 2003; WHO, 2006).
Várias definições para o termo repelente são encontradas na literatura.
Segundo DETHIER (1956) um repelente pode ser qualquer estímulo que atue sob
o comportamento de artrópodes fazendo com que esses evitem a fonte do
12
estímulo. Ainda segundo este autor, teoricamente existem categorias de
repelentes assim como há classes de estímulos externos, destacando duas
divisões principais, física e química, sendo que a química se subdivide em
repelentes olfativos (voláteis) e gustativos (deterrentes). Segundo hipótese
proposta por McMAHON et al. (2003), repelentes são compostos que atuam em
fase de vapor (voláteis) inibindo a resposta de artrópodes a atraentes, enquanto
deterrentes são compostos que atuam por contato inibindo a resposta a um
estímulo arrestante. Mas segundo PICKETT et al. (2008) repelência pode ser
descrita como um comportamento causado pela estimulação de neurônios
sensoriais periféricos, causando um estimulo de não alimentação no artrópode e
afastamento do hospedeiro tratado.
Substâncias com odor desagradável como alcatrão e urina de animais
são usadas a milênios com o objetivo de afastar artrópodes parasitos. Já nas
antigas civilizações egípcias e romanas existem relatos do uso dessas
substâncias no intuito de coibir o ataque de ectoparasitos (PETERSON & COATS,
2001; CHARLWOOD, 2003; NENTWIG, 2003; KATZ et al., 2008). Heródotos (484
aC-425 aC) descreve o uso do óleo de rícino, extraído da planta Ricinus comunis
cuja a variedade egípcia é dotada de um odor extremamente desagradável, por
pescadores egípcios no intuito de afastar mosquitos (CHARLWOOD, 2003).
A primeira substância química com ação repelente comprovada a ser
comercializada foi o óleo de citronela em 1901 (DETHIER, 1956; KATZ et al.,
2008), bastante utilizado principalmente para o combate da pediculose humana
até meados da década de 40 (PETERSON & COATS, 2001). Antes da segunda
guerra mundial existiam apenas três repelentes sintéticos: o dimetilftalato
(dimetil1,2-benzenedicarboxilato), indalona (butil3,3di-hidro2,2dimetil4oxo2H-
pirano-6-carboxilato) e etilhexanodiol (Rutgers 612) (DETHIER, 1956; BROWN &
HEBERT, 1997; NENTWIG, 2003; BISSINGER & ROE, 2010).
No inicio da segunda guerra mundial os três compostos sintéticos
conhecidos, foram combinados em uma formulação para uso militar denominado
6-2-2 ou M-250, sendo 60% de dimetilfitalato, 20% de indalona e 20% de
RUTGERS 612 (DETHIER, 1956; PETERSON & COATS, 2001; BISSINGER &
ROEL, 2010). Devido ao fracasso da formulação do 6-2-2 em conferir a proteção
necessária aos soldados em campo de batalha, teve inicio então o avanço
13
sistêmico de pesquisas com compostos químicos candidatos a repelentes
principalmente por parte de programas militares dos Estados Unidos da América
(E.U.A.) e União das Republicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.) (DETHIER,
1956; YOUNG & EVANS, 1998; BISSINGER & ROE, 2010; PALUCH et al., 2010).
Apenas durante o período entre guerra e pós-guerra (1942-1949), o
Departamento de Agricultura dos E.U.A. testou mais de 7.000 compostos com
prováveis propriedades repelentes (NENTWIG, 2003; BISSINGER & ROE, 2010).
Em 1946 foi formulado o DEET, que foi registrado em 1957 nos E.U.A.
junto à agência de proteção ambiental (Environmental Protection Agency/E.P.A.)
e disponibilizado comercialmente. Este composto é considerado até hoje um
repelente padrão ouro devido à sua eficácia contra vários ectoparasitos (FRADIN
& DAY, 2002; BISSINGER & ROE, 2010). E até hoje depois de mais de cinco
décadas ainda é o composto químico de ação repelente mais estudado e
comercializado (PICKET et al., 2008; BISSINGER & ROE, 2010).
O DEET é disponível comercialmente em concentrações que podem
variar entre 5% a 100% e em múltiplas formulações, incluindo loções, cremes,
aerossóis e rolons (KATZ et al., 2008; OSIMITZ et al., 2010). A maioria das
formulações comerciais encontradas hoje é de 40% ou menos (FRADIN & DAY,
2002). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) preconiza que no
Brasil a comercialização de produtos com DEET superior a 30% em sua formula
passem antes por avaliações de risco (BRASIL, 2013).
Apesar de em meio século geralmente produtos a base deste
composto químico se apresentarem seguros e de baixa toxicidade para a
população humana, existem relatos de efeitos adversos (OSIMITZ et al., 2010;
PALUCH et al., 2010). Na literatura são relatadas reações como: dermatites,
eczemas, vômitos, enxaquecas, fotossensibilização, ataxia, hipertensão e
dificuldades respiratórias (ROLAND et al., 1985; BRIASSOULIS et al., 2001;
OSIMITZ et al., 2010), ainda foram verificadas quantidades significativas em
liquido placentário deste composto químico (McGREADY et al., 2001). Podendo
ainda conduzir a casos de crises epilépticas e até ao coma (BRIASSOULIS et al.,
2001; OSIMITZ et al., 2010). Também são registradas três mortes de crianças
associadas ao uso de produtos contendo DEET em sua formulação
(BRIASSOULIS et al., 2001).
14
Os óleos essências são uma mistura de inúmeros metabólitos
secundários como hidrocarbonetos: terpenos, monoterpenos e sequiterpenos e
compostos oxigenados: álcoois, cetonas e fenóis, que conferem as plantas
características únicas como odor, atratividade de polinizadores e resistência a
herbivoria (BERENBAUM, 1995; TRIGO et al., 2000; NERIO et al., 2010). Nas
últimas décadas grandes avanços foram feitos na análise destes extratos como
repelentes, devido principalmente aos avanços da química analítica que
permitiram separar, quantificar e estudar intrinsicamente cada um destes
compostos químicos complexos presentes nos óleos essências (EISNER &
MEINWALD, 1995).
Na literatura a repelência causada por extratos de plantas comumente
está associada à presença de terpenos e sesquiterpenos como citronelal, cineole,
eugenol e camfor, constituintes típicos do óleo de citronela (NERIO et al., 2010).
No entanto recentemente o papel de compostos oxigenados como álcoois, fenóis
e cetonas vem se destacando (TUNÓN et al., 2006; BISSINGER & ROE, 2010;
NERIO et al., 2010). Assim como o álcool β-citronelol que pode ser encontrado
como composto majoritário de óleo da flor de cravo (Dianthus caryophyllum),
citronela (Cymbopogon winterianus) e gerânio (Perlagonium graveolens L.)
(TUNÓN et al., 2006; SCHERER et al., 2009; ZHANG et al., 2012), e que atua
como um repelente de alta eficácia contra carrapatos Ixodes ricinus (TUNÓN et
al., 2006).
Apesar da grande aceitação dos compostos botânicos, nem sempre
estes serão mais seguros ou mesmo tão eficazes quanto produtos sintéticos.
Podem ocorrer efeitos adversos, apesar de sua baixa toxicidade na população
humana em geral (TRUMBLE, 2002; NENTWIG, 2003; NERIO et al., 2010). É
preciso desmistificar mensagens que são transmitidas ao público como ‘natural é
seguro’ e principalmente ‘não contém compostos químicos’ (TRUMBLE, 2002),
haja vista que algumas das propriedades que são usadas como repelentes são
toxinas oriundas de processos metabólicos primários (BERENBAUM, 1995;
TRUMBLE, 2002).
O interesse em estudar o modo de ação dos repelentes surgiu com a
disponibilidade comercial do DEET (SCHRECK, 1977). Informações sobre o modo
de ação destes compostos químicos são pertinentes, pois servem como um
15
‘manual’ para o desenvolvimento de novos repelentes (DAVIS, 1985). Contudo
ainda não são claras as relações da estrutura-química com a atividade repelente
sobre os parasitos (PETERSON & COATS, 2001; PALUCH et al., 2010).
DAVIS (1985) menciona a necessidade de um grupo oxigênio-funcional
para que um composto químico exerça a função de repelente. Ainda outros
parâmetros além do grupo oxigênio-funcional são utilizados para se deduzir a
repelência de um químico, como potenciais hidrofóbicos, ligações moleculares e
cargas negativas em átomos de hidrogênio, além de configuração espacial
(PALUCH et al., 2010). Mas o único parâmetro que parece ter correlação com
repelência, para todo composto químico, é a pressão de vapor (DAVIS, 1985;
PALUCH et al., 2010). Isso se torna claro uma vez que se supõe que um
repelente deva atuar sobre a fase de vapor (McMAHON et al., 2003). Porém, em
estudos recentes com carrapatos I. ricinus não foi verificada uma correlação direta
entre pressão de vapor e repelência, mas a repelência de um composto químico
parece estar intrinsicamente ligada a seu grupo químico (FABBRO & NAZZI,
2013).
Apesar disso, a atividade biológica de um composto químico não pode
ser comprovada através de métodos químicos, mas sim biológicos
(BERENBAUM, 1995; EISNER & MEINWALD, 1995; TRIGO et al., 2000). Estudos
que investigam o papel destes compostos químicos em um contexto biológico,
comportamental, são chamados de bioensaios (KENNEDY, 1977; EISNER &
MEINWALD, 1995; TRIGO et al., 2000). Em geral são utilizados ensaios que
discriminem respostas comportamentais de atratividade ou de repelência, para
análise de compostos químicos (KENNEDY, 1977; VILELLA & DELLLA LÚCIA,
2001). Segundo DAUTEL (2004), os bioensaios de repelência podem ser
divididos em três categorias: ensaios sem uso de estímulos atrativos, ensaios
com uso de estímulos atrativos e ensaios com uso de hospedeiros.
Os bioensaios que não utilizam estímulos atrativos são feitos durante
os primeiros passos dos testes de compostos químicos para verificar se um
composto apresenta repelência para espécie alvo do teste. Ressalta-se que eles
são baratos, de fácil execução, o que permite o teste de inúmeros compostos
químicos e um grande número amostral da população de artrópodes, em curtos
períodos. Estes ensaios se utilizam do comportamento de caminhada dos
16
artrópodes, geralmente em arenas como placas de Petri contendo zonas tratadas
e não tratadas. A repelência, neste caso é deduzida pelo número
significativamente reduzido de artrópodes entrando na zona tratada comparada à
área controle (CARROLL et al., 2004; DAUTEL, 2004; BISSINGER et al., 2009).
Os ensaios com estímulos atrativos utilizam geralmente estímulos
associados ao comportamento de busca pelos hospedeiros (DAUTEL, 2004). Os
ensaios que se utilizam de estímulos anemotáxicos como os olfatômetros em Y,
de quatro vias e em arena, contam com o estímulo dos artrópodes em se
orientarem em função da pluma de vento predominante (FERREIRA, 2001;
VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001). A confirmação da repelência é observada
mediante a escolha, uma vez que um número significativo de artrópodes
escolham o braço controle, ou se afastem da fonte emissora tratada, a repelência
pode ser confirmada (DAUTEL, 2004).
Ensaios com uso de hospedeiros utilizam animais, geralmente de
laboratório, ou mesmo de voluntários humanos. Estes ensaios são realizados
aplicando o repelente sobre a pele ou sobre a roupa de voluntários que serão
submetidos a uma área com pressão de infestação pré-determinada e
comparados com indivíduos não tratados (KUMAR et al., 1992; KUMAR et al.,
1995; BISSINGER et al., 2011). Estes ensaios por trabalharem diretamente com
hospedeiros propiciam um melhor conhecimento e até certa previsão da provável
interação do repelente com os animais. Contudo ao se utilizar animais que não
são hospedeiros naturais, como animais de laboratório, os dados obtidos podem
ser superestimados (DAUTEL, 2004).
2.4. Presença de repelentes naturais em hospedeiros resistentes
Os seres vivos expressam químicos voláteis, que podem ser utilizados
em sua defesa contra o ataque de parasitos (BERENBAUM, 1995; PICKETT et
al., 2010). Normalmente os compostos químicos envolvidos na rejeição química
de hospedeiros por parasitos são aqueles de caráter secundário ao metabolismo
e por isso estão expressos em menor quantidade. Evolutivamente estes
metabolitos secundários podem ser fisiologicamente ativos e provavelmente
foram selecionados durante a co-evolução entre os indivíduos, que se encontram
17
envolvidos em relações de predação ou parasitismo (EISNER & GRANT, 1980;
BERENBAUM, 1995; WELDON, 2010).
O processo de co-evolução é uma construção ativa entre indivíduos,
logo hospedeiros e parasitos interagem e transformam-se mutualmente (PENNA,
1990; BERENBAUM, 1995; MANZ & NEITZ, 2003; GUERENSTEIN & LAZZARI,
2009; WELDON, 2010). Portanto organismos mais susceptíveis são extintos,
deixando apenas resistentes na população de hospedeiros (PENNA, 1990;
BERENBAUM, 1995). Enquanto que os parasitos adaptam tanto sua alimentação
a seus hospedeiros disponíveis (MANZ & NEITZ, 2003), quanto sua percepção
química para seleção e rejeição de hospedeiros que posam acarretar benefícios
ou prejuízos ao seu desenvolvimento (GUERENSTEIN & LAZZARI, 2009;
WELDON, 2010).
Uma diversidade de características inerentes ao indivíduo como
imunocompetência, autolimpeza excessiva, toxicidade e inacessibilidade, podem
levar os compostos químicos emitidos por vertebrados a serem interpretados
como um sinal para a rejeição desses pelo o parasito (WELDON, 2010). Animais
com resistência imune apresentam substâncias no soro, que quando percebidas
por sensilas gustativas inibem o repasto sanguíneo pelo carrapato (WALLADE &
RICE, 1977; FERREIRA, 2013), esses ainda podem expressar algumas
substâncias em sua pele e seus odores participando assim da seleção do
hospedeiro (WALLADE & RICE, 1977; LOULY et al., 2010; WELDON, 2010).
Alguns autores acreditam que a resposta imunológica é menos
acentuada em relações de parasitismo já estabelecidas há muito tempo, como o
R. sanguineus para cães e Dermacentor variabilis para camundongos
(Peromyscus spp.) (SONENSHINE, 1993; RIBEIRO, 1995). O que levou a se
acreditar que cães não teriam a capacidade de desenvolver uma reação imune
eficiente contra infestações de R. sanguineus (SZABÓ, 1991; BECHARA et al.,
1994; FERREIRA & BECHARA, 1995).
No intuito de elucidar os mecanismos de imunidade existentes na
relação de parasitismo e desvendar qual a real competência imune dos cães
frente às infestações por R. sanguineus, os autores SZABÓ (1991), e BECHARA
et al. (1994) e FERREIRA & BECHARA (1995) chegaram a conclusão de que
cães não desenvolvem resistência a esse carrapato. Ainda observaram que em
18
sucessivas infestações sobre cães há um aumento significativo dos parâmetros
biológicos e reprodutivos apresentados pelo R. sanguineus (SZABÓ, 1991).
Bechara et al. (1994) verificaram que cães não apresentaram resistência
significativa em infestações desafios pós-inoculações com extratos de intestino de
carrapato. Tampouco foi observado que a domesticação tem efeito sobre a
susceptibilidade, uma vez que cães do mato Cerdocyon thous (LINNAEUS)
também foram susceptíveis ao R. sanguineus (FERREIRA & BECHARA, 1995).
Segundo SZABÓ (1991), BECHARA et al. (1994) e FERREIRA &
BECHARA (1995) o R. sanguineus é uma espécie extremamente adaptada ao
cão, sendo capaz de burlar seu sistema imune para realizar sua alimentação.
Porém, sabe-se que caracteres que definem a imunidade variam entre espécies,
raças e até indivíduos (PENNA, 1990; WIKEL, 1996; WIKEL, 1999). A
imunocompetência de um indivíduo pode atuar como fator de seleção deste pelo
parasito (WALLADE & RICE, 1977; LOULY et al., 2010; WELDON, 2010;
FERREIRA, 2013), por isso que alguns indivíduos de uma espécie podem ser
rejeitados por parasitos, mesmo que este esteja extremamente adaptado a esta
espécie (PICKETT et al., 2010).
Ao contrário do observado por SZABÓ (1991), BECHARA et al. (1994)
e FERREIRA & BECHARA (1995), outros autores como INOKUMA et al., (1997),
JITTAPALAPONG et al. (2000a), JITAPALAPONG et al. (2000b) e LOULY et al.
(2009) demonstram que a capacidade em adquirir resistência está presente em
cães, porém está intrinsicamente ligada ao fator raça, sendo o cão da raça Beagle
um hospedeiro menos susceptível a infestações por R. sanguineus. Os carrapatos
alimentados nos cães dessa raça, tiveram diminuição de parâmetros reprodutivos
e biológicos. Segundo WIKEL (1996) e WIKEL (1999) a diminuição destes
parâmetros está ligada ao desenvolvimento de imunidade por parte do
hospedeiro.
INOKUMA et al. (1997) conseguiram demonstrar que cães da raça
Beagle eram capazes de adquirir resistência em infestações sucessivas, que
diminuía efetivamente o número de fêmeas ingurgitadas sobre esses pós primeira
infestação. JITTAPALAPONG et al. (2000a) imunizaram cães da mesma raça
com extratos de intestino e de glândulas salivares de carrapatos R. sanguineus e
verificaram que esses apresentaram diminuição de parâmetros biológicos e
19
reprodutivos quando se alimentavam sobre os cães imunizados. Foi ainda
observado por JITTAPALAPONG et al. (2000b) picos de anticorpos pós-
imunização. Os estudos destes dois últimos autores demonstraram que os cães
Beagle não são só capazes de expressar resistência por diminuição dos
parâmetros dos carrapatos que se alimentam nesses, mas também reconhecem
antígenos e respondem com produção de anticorpos contra a infestação de
carrapatos.
LOULY et al. (2009) infestaram, sucessivamente, cães da raça Beagle
e Cocker Spaniel Inglês. Foram realizadas três infestações com intervalos de 15
dias, depois comparados os resultados entre e dentro das raças. Em geral o
desempenho biológico dos carrapatos obtidos das infestações de cães da raça
Cocker foi melhor que de carrapatos obtidos de Beagles. Nos carrapatos
recuperados de Cockers houve maior percentagem de ecdise de larvas e ninfas,
maior número de adultos fixados e ingurgitados (machos e fêmeas) e mais alto
desempenho reprodutivo das fêmeas (conversão do peso corporal em ovos e
maior taxa de eclodibilidade). O período de ingurgitamento, número de ninfas
ingurgitadas e peso das fêmeas não diferiram muito entre as raças, mas mais
larvas se fixaram e ingurgitaram nos Beagles. Nas duas raças, um efeito das
infestações sucessivas no número de larvas e ninfas ingurgitadas foi observado,
os quais demonstram desenvolvimento de uma resposta imune para estes dois
estágios. Entretanto, a conversão do peso corporal em ovos e a percentagem de
ecdise só foram afetadas nos carrapatos alimentados nos cães da raça Beagle.
Baseado no que foi apresentado, pôde ser concluído que animais da raça Cocker
Inglês são mais susceptíveis ao R. sanguineus do que os cães da raça Beagle e
que infestações sucessivas afetam o desenvolvimento do carrapato,
principalmente nos animais resistentes.
LOULY (2010) investigaram o envolvimento de quimiorrecepção na
escolha entre cães susceptíveis (Cocker Spaniel Inglês) e resistentes (Beagle).
Para tanto foi avaliada a escolha dos carrapatos pelos hospedeiros durante
infestações, o arrestamento dos carrapatos em flanelas com odor das duas raças,
além da resposta em olfatômetro perante o estímulo do odor das duas raças.
Durante as duas primeiras infestações foi recuperado um número significativo
maior de larvas em Cockers do que em Beagles, mas não houve diferença entre
20
os grupos na terceira. O número de ninfas colhido em Cockers foi
significativamente maior do que nos Beagles, nas três infestações. O número total
de adultos foi significativamente maior em Cockers do que em Beagles, nas três
infestações. Nos testes comportamentais com substâncias colhidas da pele das
duas raças, após 1 hora de exposição os carrapatos já se arrestaram sobre as
flanelas, sendo significativamente maior em flanelas de Cockers do que de
Beagles. Após 18 e 24 horas houve um incremento no número de carrapatos
arrestados nas substâncias colhidas de Cockers e de Beagles, mas a flanela com
substâncias de Cockers continha significativamente mais carrapatos arrestados.
Os resultados obtidos no teste de olfatometria com odores colhidos das duas
raças, indicaram uma repelência pelo odor de Beagles para adultos de R.
sanguineus.
A escolha de hospedeiros por ectoparasitos é essencial para a sua
sobrevivência, uma vez que permite a esses driblar efeitos deletérios ocasionados
ao se alimentarem em indivíduos resistentes (LOULY et al., 2010; WELDON,
2010), como a diminuição de parâmetros biológicos e reprodutivos apresentados
por carrapatos que se alimentam em cães resistentes (INOKUMA et al., 1997;
JITAPALAPONG et al., 2000a; LOULY et al., 2009). Sendo assim, os compostos
químicos emitidos por hospedeiros que apresentem resistência imune a
infestações por ectoparasitos podem ser utilizados como repelentes naturais
(WELDON, 2010). Não obstante a isso WALLADE & RICE (1977) sugerem que
animais resistentes apresentam substâncias químicas tanto no soro quanto na
pele, que quando detectados por carrapatos inibem a realização do repasto
sanguíneo por esses.
Os resultados de LOULY et al. (2010) demonstraram que carrapatos R.
sanguineus apresentavam certa repelência a odores de Beagles em testes de
olfatômetro, também predileção ao arrestamento em odores de Cockers e ainda
se alimentarem nesses animais em contraposição aos Beagles. Estes resultados
corroboram com a teoria de PICKETT et al. (2010) de que animais hospedeiros
sobre certas condições produzem químicos voláteis que atuam na diminuição das
taxas de parasitismo e podem ser utilizados como repelentes naturais.
Posteriormente aos trabalhos de LOULY et al. (2009) e LOULY et al.
(2010), BORGES et al. (2011) com o uso de cromatografia gasosa de alta
21
resolução, observaram que os odores de de cães da raça Beagle continham um
maior número de químicos voláteis do que os obtidos de Cockers. Nos
cromatogramas de cães da raça Beagle foram observados cinco compostos que
não foram observados em cramatogramas de cães da raça Cocker Inglês sendo
estes identificados como 2-hexanona, benzaldeído, nonano, decano e undecano.
22
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho foi estudar a repelência de compostos
químicos naturais obtidos do odor de cães da raça Beagle contra o carrapato R.
sanguineus. Objetivou-se ainda, avaliar a repelência de β-Citronelol um repelente
testado pela primeira vez para esta espécie de carrapato, com comparação de
dados com DEET, um repelente padrão ouro.
3.2. Objetivos específicos - Avaliação da repelência, por meio dos ensaios comportamentais da placa de
Petri e do olfatômetro em Y sobre R. sanguineus:
- De compostos químicos identificados no odor de cães da raça Beagle
(benzaldeído, 2-hexanona, nonano, decano e undecano) (BORGES et al.,
2011).
- De duas misturas de compostos químicos identificados no odor de cães
da raça Beagle: benzaldeído e 2-hexanona (1:1), benzaldeído, 2-hexaona e
undecano (1:1:1).
- De compostos sintéticos DEET e β-citronelol.
- Comparação da repelência para os compostos acima mencionados.
23
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local e duração do experimento
O estudo foi realizado no período de agosto de 2012 a setembro de
2013 no Centro de Parasitologia Veterinária, Escola de Veterinária e Zootecnia,
Universidade Federal de Goiás (CPV/EVZ/UFG). Os experimentos foram
conduzidos em ambiente climatizado (T = 28ºC; UR = 70%).
4.2. Obtenção de carrapatos adultos não alimentados
Foram colhidas fêmeas ingurgitadas de cães, naturalmente infestados,
e levadas ao laboratório. As fêmeas foram fixadas com fita dupla-face em placas
de Petri de 10 cm de diâmetro, em decúbito dorsal, e armazenadas em estufa B.
O. D (T= 27° C, UR > 80%), onde permaneceram por 30 dias para realização da
postura. Os ovos foram removidos das placas de Petri e armazenados em
seringas plásticas, com o tampo removido e fechadas com algodão, por 30 dias,
para a eclosão das larvas. Coelhos (Oryctolagus cuniculus) foram utilizados para
as infestações, larvas de cinco dias eram postas nesses, nos quais
permaneceram se alimentando por quatro dias, quando foram então retiradas e
armazenadas na estufa novamente em seringas plásticas nas mesmas condições
anteriores por sete a dez dias, para a muda para ninfas. Posteriormente outros
coelhos eram infestados com ninfas de cinco dias, essas permaneceram se
alimentando por cinco dias. As ninfas então eram retiradas e armazenadas na
estufa novamente em seringas plásticas nas mesmas condições anteriores por 11
a 15 dias, para a muda para adultos. Os adultos não alimentados a partir de sete
dias eram separados por sexo e testados, até idade máxima de 21 dias (LOULY
et al., 2010).
24
4.3. Substâncias testadas
Foram selecionados cinco compostos químicos exclusivamente
presentes no odor de Beagle, sendo três deles majoritários (nonano decano e
undecano), além de dois minoritários, benzaldeido e 2-hexanona. Os
hidrocarbonetos nonano, decano e undecano foram selecionados para os testes
comportamentais uma vez que se apresentaram em grandes quantidades nos
cromatogramas de cães da raça Beagle (BORGES et al., 2011). A 2-hexanona foi
selecionada, apesar de em menor quantidade nos cromatogramas, pois existem
inúmeros trabalhos que sugerem o papel de repelentes de compostos
pertencentes ao grupo das cetonas como a octalactona e metilcetona (GIKONYO
et al., 2002; GIKONYO et al., 2003). E também foi selecionado o benzaldeído
composto que foi identificado em menor quantidade, apesar disso em trabalho
realizado por OLIVEIRA et al. (2008) este composto químico foi identificado como
um dos compostos majoritários presentes nos odores de cães portadores de
leishmaniose.
Além dos compostos químicos identificados nos odores de cães da
raça Beagles, dois compostos químicos repelentes sintéticos, DEET repelente
padrão ouro e o β-citronelol foram selecionados para os testes.
Todos os compostos químicos utilizados nos testes foram obtidos junto
à empresa Sigma Aldrich:
- DEET (N,N-Diethyl-3-methylbenzamide, Fluka, C12H17NO, 97% pureza, lote
MKBH0428V).
- β-citronelol (ReagentPlus, C10H20O, 95% pureza, lote MKBF5458V).
- Benzaldeído (ReagentPlus, C6H5CHO, 99% pureza, lotes MKBL2043V,
MKBF4834V).
- 2-hexanona (Sulpelco Analytcal, butil-methil-ketona, C6H12O, 99,9% pureza,
lotes LB85836V, LB94241V).
- Nonano (Sulpelco Analytcal n-Nonano, CH3(CH2)7CH3, 99,9% pureza, lotes
LB89241V, LB96990V).
- Decano (Sulpelco Analytcal n-Decano, C10H22, 99,9% pureza, lote LB85358V).
- Undecano (ReagentPlus, C11H24, 99% pureza, lote MKBH8310V).
25
Além dos compostos testados isoladamente foram testadas duas
misturas. Na primeira mistura foram testados os compostos 2-hexanona e
benzaldeído na proporção de 1:1. Na segunda mistura além de 2-hexanona e
benzaldeído foi acrescentado o undecano, a proporção utilizada nesta mistura foi
de 1:1:1.
Até a utilização nos testes os compostos químicos foram mantidos em
temperatura ambiente. O DEET e o β-citronelol foram diluídos em álcool etílico
(99,5%), enquanto 2-hexanona, benzaldeído, nonano, decano, undecano e as
duas misturas foram diluídas em hexano (99,5%). A concentração empregada
para a formulação das diluições partiu de uma solução a 7,2%, concentração
muito próxima das formulações com menor concentração de DEET disponíveis no
mercado. A partir desta concentração 7,2% (≈0,200 mg/cm², considerando um
volume de 2,75 µl/cm2) foram obtidas outras duas mais diluídas (0,100 e 0,050).
As três concentrações foram usadas no ensaio da placa de Petri, enquanto no
ensaio no olfatômetro em Y foram utilizadas apenas as duas maiores.
4.4. Ensaios de repelência
Foram realizados dois bioensaios para avaliação do comportamento
dos carrapatos R. sanguineus aos compostos químicos em teste. O ensaio de
escolha ou da placa de Petri (BISSINGER et al., 2009), e o ensaio no olfatômetro
em Y segundo metodologia descrita por LOULY et al. (2010).
4.4.1. Ensaio de escolha (placa de Petri)
Foram utilizadas placas de Petri de 63,6 cm² de área, contendo dois
semicírculos de 31,8 cm² de papel filtro (Whatman qualitative cat nº 1001- 90mm)
sendo um tratado e outro controle (sem tratamento) (Figura. 1 A). Após o
tratamento de um dos lados com 87 μl (2,75 μl/cm²) do composto em teste e do
outro com a mesma quantidade de solvente, os papeis filtro foram secos por 10
min, em capela fechada (Permution) para evaporação do solvente. Os carrapatos
foram colocados no centro da placa em grupos de seis, sendo três machos e três
26
fêmeas. A posição em que estavam após cinco, dez e 30 min (Figura. 1 B, C, D)
após o início do teste foi então avaliada.
Os ensaios foram procedidos em total escuridão (exceto durante
pequenos intervalos de aproximadamente cinco segundos que eram usados para
avaliar a posição dos carrapatos nas placas). Cada placa com composto químico
em teste tinha uma correspondente, sem tratamento em ambos os lados, usada
como controle para avaliar o comportamento dos carrapatos nas condições
experimentais (Figura. 1 D).
FIG 1. Bioensaio da Placa de Petri; A: placas de Petri de 63,6 cm² de área com
papel filtro dividido em dois semicírculos de 31,8 cm²; B, C e D: Avaliação aos
cinco, dez e 30 min; D: Placa com tratamento e placa sem tratamento (controle).
Fonte: Arquivo pessoal, 2012.
Foi ainda avaliada a possível interferência dos solventes no padrão de
repelência, sendo que neste caso a metade do papel filtro foi tratada com 87 μl de
solvente enquanto a outra metade não recebeu nenhum tratamento, então o teste
foi desenvolvido normalmente. Para cada composto e misturas avaliadas foram
feitas dez repetições em cada concentração.
27
4.4.2. Ensaio no olfatômetro em Y Para os testes de olfatometria foi utilizado um olfatômetro em Y, de
acrílico, com 36 cm total de comprimento, sendo 13 cm para cada braço e 18 cm
para o corpo e 6 cm de diâmetro (FIG. 2). Cada abertura dos braços foi conectada
com uma mangueira de silicone de 1 cm de diâmetro a dois kitasatos de 50 ml.
Um dos kitasatos foi preenchido com água destilada enquanto o outro serviu para
a liberação do odor. A evaporação da água presente nos kitasatos cria uma
atmosfera de alta umidade no interior do olfatômetro o que auxilia a percepção
dos químicos por parte dos artrópodes em teste. No fim da conexão do último
kitasato de cada lado havia um fluxômetro regulado em 100 ml/min (Parker-P3A)
e um filtro de carvão ativado (Fluka-Sigma Aldrich). O fluxo de ar foi gerado por
um compressor (Diapump/Fanem), conectado a abertura do corpo do olfatômetro
por uma mangueira de silicone, com comprimento de 2 m e 1 cm de diâmetro.
FIG 2. Olfatômetro em Y; A: Braços; B: Haste.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012.
Papeis filtro Whatman qualitative (cat nº 1001-110mm) foram
recortados em 1x4 cm para utilização neste ensaio. Cada papel foi tratado com 11
µl (2,75 µl/cm²) de composto em teste ou solvente (controle). Após o tratamento
dos papéis, estes foram secos em capela fechada (Permution) por 1 min, então
colocados nos kitasatos de liberação de odor, um para cada braço do olfatômetro.
28
Os ensaios foram feitos testando um composto químico candidato a
repelente contra o controle. Os carrapatos foram colocados individualmente, no
corpo do olfatômetro, em seguida, foram observados entre dez segundos e 1 min
para registro do braço de escolha. Os carrapatos que não optaram ou não
caminharam na haste neste intervalo foram retirados e reintroduzidos, com o
máximo de três tentativas por indivíduo.
Também durante este ensaio foram avaliados os solventes hexano,
acetona e álcool etílico. Foram utilizados 15 carrapatos machos e 15 fêmeas para
cada composto em cada concentração. Durante os ensaios o olfatômetro foi
frequentemente limpo com álcool etílico (99,5%), no intervalo de três testes.
Também houve sempre a inversão entre braço tratado e controle no mesmo
intervalo em que eram feitas as limpezas com álcool etílico.
4.4 ANÁLISE ESTATÍSCA
A comparação do número de carrapatos, nas duas áreas (tratada e
controle), nos dois bioensaios, foi feita com auxílio do teste do qui-quadrado (2).
Quando maior proporção, estatisticamente significativa, de carrapatos foi
observada na área sem tratamento, o composto foi considerado repelente. O teste
t de Student foi realizado para comparar a repelência provocada pelos compostos
com o repelente padrão DEET. Em ambos os testes foi considerado um nível de
significância de P<0,05. Para o teste de t foram utilizados apenas os dados
obtidos no ensaio da placa de Petri.
29
5. RESULTADOS
5.1 Placa de Petri
Nos testes feitos com o DEET, 86,67% a 68,33% (2= 32,267, p=1,3e-
08; 2=8,067 p=0.0045) dos carrapatos, nas concentrações de 0,200 e 0,100
mg/cm² ficaram nas áreas não tratadas. Na concentração de 0,050 mg/cm² os
carrapatos se distribuíram similarmente (sem diferença significativa) em ambas as
áreas (Tabela 1).
O β-citronelol foi o único composto testado que manteve percentuais
significativos de carrapatos nas áreas não tratadas em todos os três tempos e
concentrações avaliadas neste ensaio. Foi observado maior percentual (93,33)
(2=45,06, p=1,90e -11) aos 30 minutos e aos cinco minutos, nas concentrações de
0,200 e 0,100 mg/cm², sendo estes percentuais os maiores encontrados neste
teste. Quando comparado com o DEET o β-citronelol foi mais eficiente em repelir
os adultos de R. sanguineus, só se mostrando estatisticamente semelhante a este
repelente na maior concentração, nos três intervalos de tempos avaliados (Tabela
1).
Para o benzaldeido, aos 30 minutos, na concentração de 0,200 mg/cm²
foi observado um percentual de 63,33% (2=4,267; p=0.038) de carrapatos na
área não tratada, no entanto o DEET demonstrou um percentual estatisticamente
maior (p=0,013), neste mesmo tempo e concentração. Percentual de 76,67
(2=9,73, p=0,0018) foi observado aos cinco minutos, na concentração de 0,050
mg/cm², enquanto o DEET não apresentou percentuais significativos neste
momento em suas áreas não tratada (Tabela 1).
No teste com a 2-hexanona foi observado um percentual de 68,33%
(2=8,067, p=0,0045) de carrapatos na área não tratada, aos 30 minutos, na
concentração de 0,200 mg/cm², sendo estatisticamente semelhante ao percentual
apresentado pelo DEET no mesmo tempo e concentração avaliados (p= 0,089).
Também aos dez minutos, na concentração de 0,100 mg/cm², foi observado o
mesmo percentual e houve ainda semelhança estatística quando comparado com
DEET (p= 0,059). Aos 30 minutos, na concentração de 0,050 mg/cm², um
percentual de 63,33 (2=4,267; p=0,038) carrapatos foi observado na área não
30
tratada, enquanto o DEET não apresentou percentuais significativos em nenhuma
das áreas (Tabela 1).
Para o undecano foi observado um percentual de 65,00 (2=5,4,
p=0,02) de carrapatos na área não tratada em apenas um momento dos testes,
na maior concentração, durante os primeiros cinco minutos de avaliação. Porém,
este percentual foi estatisticamente menor do que obtido com o DEET (p = 0,029).
(Tabela 1).
Nonano ou decano não causaram qualquer repelência para os
carrapatos testados, em qualquer uma das concentrações ou intervalos de tempo
avaliados. O maior percentual apresentado foi 61,67 nas áreas não tratadas, na
concentração de 0,100 mg/cm² aos cinco minutos, e na concentração de 0,200
mg/cm² aos dez minutos, para o nonano e decano respectivamente. E o menor
percentual nas áreas não tratadas foi de 40,00, aos dez minutos, na concentração
de 0,050 mg/cm² para decano, e de 38,33 na concentração 0,100 mg/cm² aos 10
minutos para nonano.
Tabela 1 – Percentagem de repelência em teste da placa de Petri de adultos de
R. sanguineus para o DEET, β-citronelol e compostos químicos encontrados no
odor de cães da raça Beagle.
Conc
mg/cm²
Tempo
min
% Repelência
DEET β-citronelol benzaldeído 2-
hexanona
undecano
0,200 5 83,33* 91,67*# 56,67 46,67 65,00*
10 86,67* 90,00*# 55,00 50,00 53,33
30 81,67* 93,33*# 63,33* 68,33*# 55,00
0,100 5 78,33* 93,33* 56,67 60,00 43,33
10 73,33* 90,00* 55,00 68,33*# 51,67
30 68,33* 90,00* 58,33 58,33 45,00
0,050 5 60,00 73,33* 76,66* 56,67 58,33
10 61,66 73,33* 61,66 46,67 58,33
30 58,33 78,33* 56,66 63,33* 43,33
31
* indica diferença estatisticamente significativa entre área tratada e não tratada, demonstrando preferencia significativa
para área não tratada, pelo teste de 2 (p< 0,05)
# indica semelhança estática com os resultados obtidos nos testes com o DEET, pelo teste de t (p< 0,05)
Para a mistura benzaldeido + 2-hexanona foram observados
percentuais significativos de carrapatos nas áreas não tratadas, nas três maiores
concentrações, em quase todos os tempos avaliados. Estes percentuais variaram
de 76,67 a 63,33 % (2=17,06, p=0,000036; 2=4,26, p=0,038), com exceção da
avaliação aos 30 minutos nas concentrações de 0,100 e 0,050 mg/cm², quando
não se observou percentual significativo de carrapatos na área não tratada
(Tabela 2). Durante todo o teste esta mistura mostrou semelhança estatística
quando comparada com o DEET (P<0,05).
Para a mistura entre benzaldeido, 2-bexanona e undecano (1:1:1)
foram observados percentuais significativos de carrapatos nas áreas não
tratadas, nas três maiores concentrações, variando entre 73,33 e 65,00%
(2=13,06, p=0,0003; 2=5,4, p=0,02). Porém, aos cinco minutos na concentração
de 0,100 mg/cm² e aos 10 minutos na concentração de 0,050 mg/cm² não foram
observados percentuais significativos de carrapatos na área não tratada (Tabela
2). Esta mistura foi semelhante estatisticamente ao DEET apenas aos cinco
minutos na maior concentração (p = 0,51) e aos dez e 30 minutos na
concentração de 0,100 mg/cm² (p= 0,56, p= 0,47).
32
Tabela 2 – Percentagem de repelência em teste da placa de Petri de adultos de
R. sanguineus para as misturas de benzaldeído e 2-hexanona (1:1) e
benzaldeído, 2-hexanona e undecano.
* indica diferença estatisticamente significativa entre área tratada e não tratada, demonstrando preferencia significativa
para área não tratada, pelo teste de 2 (p< 0,05)
# indica semelhança estatística com os resultados obtidos nos testes com o DEET, pelo teste de t (p< 0,05)
Nenhum dos solventes aqui testados foi repelente. Portanto, a
repelência observada nos produtos testados não foi ocasionada pelo solvente
utilizado. Para o álcool foi observado um percentual de carrapatos na área não
tratada entre 56,67 e 46,67%, para a acetona esta taxa foi de 60,00 a 46,67%,
enquanto que para o hexano foi entre 53,33 e 45,00%. Em todos os testes e
tempos avaliados nas placas controle, que não continham nenhum tipo de
tratamento ou solvente, foi observado que as os carrapatos também se
distribuíram de forma homogênea sem diferença estatística entre os dois lados da
placa.
Conc
mg/cm²
Tempo
min
% Repelência
Benzaldeído + 2-hexanona
(1:1)
Benzaldeído + 2-hexanona +
undecano (1:1:1)
0,200 5 76,66*# 71,67*#
10 70,00*# 68,33*
30 73,33*# 65,00*
0,100 5 71,67*# 61,67
10 75,00*# 68,33*#
30 60,00 73,33*#
0,050 5 63,33* 65,00*
10 70,00* 46,67
30 58,33 65,00*
33
5.2. Olfatômetro em Y
Nos testes no olfatômetro em Y foram confirmados os principais
resultados encontrados durante o bioensaio da placa de Petri. Percentuais de
83,33 (2=13,33, p=0,0002), 83,33 (2=13,33, p=0,0002) e 73,33 (2=6,5,
p=0,010) de carrapatos foram observados nos braços não tratados para o DEET,
β-citronelol e a mistura entre benzaldeido e 2-hexanona respectivamente, na
concentração de 0,200 mg/cm². Nenhum dos outros compostos químicos testados
apresentou percentuais significativos nesta concentração. Na concentração de
0,100 mg/cm² nenhum dos compostos químicos foi repelente (Tabela 3).
Tabela 3 – Percentagem de repelência em teste do olfatômetro em Y de adultos
de Rhipicephalus sanguineus para o DEET, β-citronelol e compostos químicos
encontrados no odor de cães da raça Beagle, em duas diferentes concentrações.
Compostos Químicos % Repelência
0,200mg/cm² 0,100mg/cm²
DEET 83,33* 46,67
β-citronelol 83,33* 50,00
Benzaldeido+2-
Hexanona
73,33* 56,66
Benzaldeido+2-
Hexanona+Undecano
66,67 50,00
2-Hexanona 63,33 56,66
Benzaldeido 66,67 50,00
Undecano 53,33 66,67
Decano 53,33 66,67
Nonano 53,33 62,22
* indica diferença estatisticamente significativa entre área tratada e não tratada, demonstrando preferencia significativa
para área não tratada, pelo teste de 2 (p< 0,05)
Durante os testes no olfatômetro em Y os solventes testados não
causaram percentuais significativos de carrapatos caminhando em direção ao
braço não tratado e portanto não foram repelentes.
34
6. DISCUSSÃO
Neste estudo ficou demonstrado que cães da raça Beagle produzem
repelentes naturais contra o carrapato R. sanguineus. Dos cinco compostos
testados, três deles benzaldeído, 2-hexanona e undecano, causaram,
isoladamente, certo grau de repelência. No entanto, repelência semelhante e
consistente à do repelente padrão ouro, DEET, foi observada quando os
compostos foram associados. Até o que se sabe, este é o primeiro estudo
demonstrando a presença de repelentes naturais mediando o comportamento de
carrapatos em animais resistentes.
Cães da raça Beagle são hospedeiros menos susceptíveis a
infestações por carrapatos R. sanguineus pois são capazes de apresentar certos
padrões de resistência (INOKUMA et al., 1997; LOULY et al., 2009). Sabe-se que
estes ainda têm a capacidade de apresentar reação imune mediada por
anticorpos (JITAPALAPONG et al., 2000a; JITAPALAPONG et al., 2000b). Desta
forma, pode-se inferir que a emissão destes químicos voláteis por cães da raça
Beagle está ligada à sua capacidade imune contra o carrapato assim como o
sugerido por WELDON (2010). Sendo assim os carrapatos teriam a capacidade
de selecionar os indivíduos devido a suas características de susceptibilidade que
poderiam estar associadas ao odor destes animais. Isto faz que estes compostos
químicos sejam extremamente eficientes em sua proposta de atuar como
repelentes para a espécie alvo.
Sabe-se que em estados anômalos como aqueles causados por
doenças infecciosas ou parasitárias, a homeostase do indivíduo é alterada,
levando o organismo a emitir compostos químicos voláteis divergentes dos
habituais (PENN et al., 1998; PENN & POTTS, 1998; OLIVEIRA et al., 2008;
MESCHER & MORAES, 2013). Estes compostos podem ter papel importante na
identificação e seleção de hospedeiros pelos parasitos (OLIVEIRA et al., 2008;
MESCHER & MORAES, 2013). Desta forma, hipotetiza-se que, uma vez que uma
reação imune exacerbe as funções de homeostase do indivíduo, esta também
poderia levar a uma produção de químicos voláteis divergentes e assim a
alteração do odor ‘natural’ do animal. Recentemente MESCHER & MORAES
(2013) demonstraram que hemoparasitos são capazes de alterar o odor de seus
35
hospedeiros causando atração de vetores para hospedeiros infectados. Por outro
lado, a maior quantidade de voláteis no odor de cães Beagles devido à resistência
apresentada por estes seria responsável pelo menor parasitismo observado
nestes animais (LOULY et al., 2009).
Em outros modelos parasito e hospedeiro resistentes, a presença de
repelentes naturais já foi identificada. Na África Subsaariana, a mosca tsetsé
(Glossina morsitans) é um dos vetores cíclicos da tripanossomíase, uma zoonose
de alta prevalência no continente. Repelentes para o controle desta mosca foram
identificados em uma mistura de voláteis de animais não preferências, o antílope
(Kobus defassa), os quais são comuns nos habitats deste díptero, mas não são
parasitados por estes (GIKONYO et al., 2003). A mistura contendo 2-metoxi-
4metilfenol, um repelente sintético contra esta mosca, e cinco constituintes do
odor de K. defassa foi avaliada em testes de larga escala. A despeito do protótipo
usado para liberação dos repelentes, estes compostos providenciaram um
controle substancial da proteção de bovinos contra a tripanossomíase, com
redução de >90% da incidência da doença (SAINI et al., 2013).
Durante a análise cromatográfica realizada por BORGES et al. (2011)
undecano, decano e nonano foram os compostos que se apresentaram
majoritariamente nos cromatogramas de Beagles, porém, destes três apenas o
undecano causou certo grau de repelência nos testes. Os compostos 2-hexanona
e benzaldeído foram observados em menores quantidades, no entanto estes dois
compostos foram responsáveis pelos mais altos graus de repelência quando os
cinco compostos foram analisados isoladamente. Ainda quando combinados em
proporções iguais demonstraram repelência semelhante à causada pelo DEET.
Apesar de animais, serem capazes de produzir e emitir compostos químicos em
grande quantidade, em geral são aqueles encontrados em menor quantidade que
provocam o comportamento de repelência nos artrópodes parasitos (EISNER &
GRANT, 1980; BERENBAUM, 1995). Normalmente os compostos envolvidos na
rejeição química de hospedeiros por parasitos são aqueles de caráter secundário
ao metabolismo e por isso estão expressos em menor quantidade.
Evolutivamente, estes metabólitos secundários podem ser fisiologicamente ativos
e provavelmente foram selecionados durante a co-evolução entre os indivíduos
(EISNER & GRANT, 1980; BERENBAUM, 1995; WELDON, 2010).
36
Isoladamente o benzaldeído e a 2-hexanona apresentaram baixo grau
de repelência, mas quando associados, a repelência se igualou estatisticamente
com a observada nos testes com o DEET. Sabe-se que, na maioria das vezes,
um composto químico não é capaz de desencadear uma resposta
comportamental completa de forma isolada, havendo assim uma associação entre
estes compostos presentes nos odores dos hospedeiros (KENNEDY, 1977;
WELDON, 2010). Porém, destaca-se que o acréscimo de undecano a esta
mistura não acarretou em incremento da repelência, havendo ainda um
decréscimo desta que pode ser observado durante os testes de olfatometria. Em
hospedeiros resistentes e susceptíveis ocorre naturalmente a associação de
compostos químicos (PICKETT et al., 2010), isto pode acarretar a ocultação ou
ampliação de demais compostos químicos que atuam como sinais para parasitos.
Desta forma, a combinação e também as proporções de compostos químicos em
cada hospedeiro pode atuar de forma sinérgica ou antagônica para o parasito
(KENNEDY, 1977; EISNER & GRANT, 1980; WELDON, 2010). Na mistura dos
três compostos químicos (benzaldeído, 2-hexanona e undecano) as quantidades
de benzaldeído e 2-hexanona usadas foram menores do que quando estes foram
testados em conjunto, o que pode explicar o decréscimo da repelência observado.
Apesar de este estudo apontar repelência principalmente para os
compostos benzaldeído e 2-hexanona, na literatura pode-se encontrar estudos da
associação destes dois compostos químicos com a atratividade de outros
parasitos hematófagos como Lutzomia longipalpis (DOUGHERTY et al., 1999;
OLIVEIRA et al., 2008). Na verdade esta divergência entre resultados corrobora
com teorias de que os ectoparasitas adaptam a sua percepção a seu hospedeiro,
além de que cada organismo responde a um estímulo químico de sua própria
maneira (BERENBAUM, 1995; EISNER & MEINWALD, 1995; GUERENSTEIN &
LAZZARI, 2009; WELDON, 2010).
Observa-se essa variação de comportamento em outros compostos
químicos do grupo dos aldeídos assim como o benzaldeído. Por exemplo, o
nonanal que atua como um atraente para triatomíneos (GUERENSTEIN &
LAZZARI, 2009), é um repelente para mosquitos A. aegypti (LOGAN et al., 2008).
Também são inúmeros os estudos associando a presença de cetonas com o odor
de hospedeiros vertebrados (DOUGHERTY et al., 1999; GIKONYO et al., 2002;
37
GIKONYO et al., 2003; LOGAN & BIRKETT, 2007; OLIVEIRA et al., 2008;
PALUCH et al., 2010). Talvez por isso existam tantos compostos nesta classe
química associados a atração de parasitos hematófagos. As cetonas 4-hidroxi-4-
metil-2-pentanona, 4-metil-2-pentanona e a própria 2-hexanona atraem L.
longipalpis (DOUGHERTY et al., 1999). O papel repelente destes compostos
também já foi demonstrado no modelo citado anteriormente, entre G. morsitans e
K. defassa, onde as cetonas metil-cetona e octalactona foram responsáveis por
inibirem o parasitismo de moscas no hospedeiro (GIKONYO et al., 2002;
GIKONYO et al., 2003).
Não foram encontrados na literatura, estudos avaliando a resposta
comportamental de artrópodes hematófagos para os hidrocarbonetos nonano,
decano e undecano. Porém, sabe-se que o undecano tem atividade biológica
comprovada sobre insetos (REGINER & WILSON, 1969; LENZ et al., 2012). Este
químico é constituinte majoritário das secreções das glândulas da formiga Lasius
alienus e Formica argentea, exercendo papel de feromônio de alarme para estas
espécies (REGINER & WILSON, 1969; LENZ et al., 2012).
Os dois testes avaliam respostas a diferentes estímulos, olfatômetro
estímulos anemotáxicos e placa de Petri, contato. Sendo assim a placa de Petri é
um teste que avalia o gradiente de concentração criado pelo composto químico no
interior da arena, sendo ideal para se avaliar estímulos deterrentes, repelentes
que atuem por contato (FERREIRA, 2001; McMAHON et al., 2003). Enquanto que
no olfatômetro, os artrópodes que se guiam por estímulos anemotáxicos
caminham deliberadamente exercendo sua escolha instantaneamente na
bifurcação da arena, e a escolha só poderá ser diretamente influenciada pela
presença de compostos químicos que atuem na fase de vapor, ou seja,
carregados com facilidade pela pluma de vento sem que sua informação se perca
(FERREIRA, 2001; VILELLA & DELLA LÚCIA, 2001; McMAHON et al., 2003).
Sendo assim, o encontro de resultados semelhantes nos dois ensaios indicam,
com certeza, que os compostos isolados de Beagle foram repelentes, pois
atuaram na fase de vapor. Vale ressaltar que o percentual de repelência
observado no olfatômetro em Y para a mistura 2-hexanona e benzaldeido foi
praticamente igual ao observado por LOULY et al. (2010) quando testando o odor
de Beagle.
38
As diferenças observadas entre um teste e outro, como não ter
encontrado repelência para nenhum composto na concentração de 0,100mg/cm²
no teste do olfatômetro pode ser atribuída a diferença do tempo de realização
entre os dois testes. Na placa os carrapatos permaneciam em contato com as
substâncias químicas por até 30 minutos, no olfatômetro a escolha dos indivíduos
era instantânea (1 minuto, ou menos).
Neste estudo, o DEET foi capaz de repelir adultos de R. sanguineus
nas concentrações de 0,200 e 0,100 mg/cm². SOARES et al (2010) observaram
repelência de 95% de ninfas de A. cajennense por uma solução de DEET a 7,2%
(0,200 mg/cm2), por até cinco horas. CARROL et al. (2005) observaram taxas de
repelência próximos aos deste estudo contra o carrapato A. americanum e I.
scapularis com concentrações pouco superiores (0,927 mg/cm²). Também
FRADIN & DAY (2002) demonstraram que formulações comerciais contendo
6,75%, concentração próxima à utilizada neste estudo, são capazes de conferir
120 minutos, em média, de proteção total contra mosquitos A. aegypti.
Na literatura foi encontrado apenas um estudo avaliando o papel do
DEET como repelente para R. sanguineus. KUMAR et al. (1992) observaram
taxas de repelência significativas contra este carrapato, em coelhos tratados com
0,3 ml de várias soluções de DEET. Foi obtido taxa >90% de repelência contra
larvas, até 15 dias após o tratamento, com concentrações de 25%. Taxa >90% foi
observada contra ninfas, até sete dias após o tratamento, na concentração de
25%. Enquanto à 25% o DEET só foi capaz de atingir taxa de repelência >90%,
por até cinco dias para carrapatos adultos. Na solução de 30% ele repeliu >90%
de carrapatos adultos por até nove dias pós-tratamento. Houve um efeito platô,
sendo que nas soluções de DEET a 35 e 40% taxa de repelência >90% de
carrapatos adultos foi mantida também por nove dias. Como observado o R .
sanguineus apresenta maior sensibilidade em estágios imaturos como larvas e
ninfas. Para adultos, a medida que a concentração aumenta, há um incremento
na repelência, até que se atinja o efeito platô.
Existem diferenças tanto na sensibilidade ao DEET entre as diferentes
classes, ordens, gêneros e famílias de artrópodes, quanto no tipo de respostas
observadas. Exemplo disso são as diferenças das respostas observadas em
carrapatos do gênero Amblyomma. Enquanto que carrapatos A. cajennense são
39
fortemente repelidos por este composto químico (SOARES et al., 2010), A.
americanum e A. variegatum não foram repelidos (MAcMAHON et al., 2003;
CARROL et al., 2004). E ainda, para se alcançar taxas de repelências para A.
hebraeum comparáveis às taxas de repelências observadas em A. cajennense,
são necessárias mais que dez vezes a concentração utilizada em ensaios com A.
cajennense (JESENIEUS et al., 2005; SOARES et al., 2010). Também para A.
cajennense foi observado o efeito knockdown pós-tratamento, o que demonstra a
extrema sensibilidade desse carrapato ao composto (SOARES et al., 2010). Este
mesmo efeito também foi observado após aplicações tópicas em A. aegypti na
dosagem de 0,94 μg/mg, em Anopheles quadrimaculatus na dosagem de 0,40
μg/mg, A. albimanus na dosagem de 0,22 μg/mg e em Culex quinquefasciatus na
dosagem de 0,64 μg/mg (PRIDGEON et al., 2009).
Diante do exposto acima, conclui-se que o R. sanguineus não parece
ser um carrapato extremamente sensível ao DEET como o A. cajennense, mas
também não demonstra insensibilidade para esse composto assim como A.
hebraeum e A. americanum. Novos estudos são recomendáveis para se avaliar
“in vivo” o papel do DEET como repelente de R. sanguineus para cães e até
mesmo em humanos, com uso dos três estágios, uma vez que estes demonstram
variação de sua sensibilidade a este composto químico.
Dentre os compostos químicos aqui testados, o β-citronelol foi o mais
eficiente, sendo capaz de repelir um número significativo de carrapatos, em todas
as concentrações, no teste da placa, e ainda apresentou a mesma taxa de
repelência que o DEET, no teste do olfatômetro. Resultados semelhantes foram
obtidos por TUNÓN et al. (2006) que observaram repelência significativa do β-
citronelol, porém em uma concentração mais alta (10%) sobre ninfas de
carrapatos I. ricinus, em testes de placa de Petri, por até oito horas. Este
composto não foi efetivo em repelir mosquitos A. aegytpi, em testes com
voluntários (TUNÓN et al., 2006). Ressalta-se que diferentemente do estudo
realizado por estes autores, no presente trabalho foram utilizadas concentrações
menores que 10% e ainda não foi avaliada a repelência em um estágio
normalmente menos sensíveis aos repelentes, os adultos. Portanto, infere-se que
os carrapatos R. sanguineus são mais sensíveis ao β-citronelol do que carrapatos
I. ricinus e também que mosquitos A. aegytpi. Além disso, este composto químico
40
parece atuar mais efetivamente como um repelente para R. sanguineus do que o
próprio DEET.
Este estudo demonstra que cães resistentes ao carrapato R.
sanguineus produzem compostos químicos voláteis que atuam como repelentes
naturais para este carrapato. A partir deste momento novos testes são
necessários visando avaliar a possibilidade do uso destes compostos no controle
de R. sanguineus em cães naturalmente susceptíveis.
41
7. CONCLUSÃO
Cães da raça Beagle, um hospedeiro resistentes ao carrapato R.
sanguineus, produzem repelentes naturais contra este carrapato.
Os compostos químicos identificados nos odores de cães Beagles,
benzaldeído, 2-hexanona e undecano apresentaram atividade repelente, porém
esta foi baixa quando os compostos foram apresentados isoladamente.
A mistura entre benzaldeído e 2-hexanona (1:1) é tão eficaz em repelir
carrapatos R. sanguineus quanto o DEET, sendo ainda capaz de manter
repelência em menores concentrações.
DEET e β-citronelol são eficazes como repelentes contra o carrapato R.
sanguineus, porém o β-citronelol mostra-se mais eficaz que o DEET em testes de
placa.
42
REFERÊNCIAS 1. AGELOPOULOS, N.; BIRKETT, M. A.; HICK, A. J.; HOOPER, A. M.; PICKETT, J. A.; POW, E. M.; SMART, L. E.; SMILEY, D. W. M.; WADHAMS, L. J.; WOODCOCK, C. M. Exploiting semiochemicals in insect control. Pesticide Science, Oxford, v. 55, p. 225-235, 1999.
2. ANDREOTTI, R. Situação atual da resistência do carrapato-do-boi Rhipicephalus (Boophilus) microplus aos acaricidas no Brasil [online], 1. ed. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2010. Disponível em: http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/DOC180.pdf. Acessado em: 15/10/2012.
3. BARKER, S. C.; MURRELL, A. Systematics and evolution of ticks with a list of valid genus and species names. Parasitology, Cambridge, v. 129, p. 15-36, 2004. 4. BECHARA, G. H.; SZABÓ, M. P. J.; MUKAI, L. S.; Rosa, P. C. S. lrnmunisation of dogs, hamsters and guinea pigs against Rhipicephalus sanguineus using crude unreleased adult tick extracts. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 52 n. 1 p.
79-90, 1994.
5. BERENBAUM, M. R.; The chemistry of defense: Theory and practice. Proceedings of the National Academy of Sciences. v. 92, p. 1-8, 1995. 6. BISSINGER, B. W.; APPERSON, C. S.; SONENSHINE, D. E.; WATSON, D. W.; ROE, R. M. Efficacy of the new repellent BioUD® against three species of ixodid ticks. Experimental & Applied Acarology, Amsterdam, v. 48, n. 3, p. 239-
250, 2009.
7. BISSINGER, B. W.; ROE, R. M. Repellents: Past, present, and future. Pesticide Biochemistry & Physiology, San Diego, v. 96, n. 2, p. 63-79, 2010. 8. BISSINGER, B. W.; APPERSON, C. S.; WATSON, D. W.; ARELLANO, C.; SONENSHINE, D. E.; ROE, R. M. Novel field assays and the comparative repellency of BioUD® and permethrin against Amblyomma americanum. Medical and Veterinary Entomology, Oxford, v. 25, p. 217-226, 2011.
9. BOHBOT, J. D.; DICKENS, J. D. Insect Repellents: Modulators of Mosquito Odorant Receptor Activity. Plos One, San Francisco, v. 5, n. 8, p. 1-11, 2010. 10. BORGES, L. M. F.; SOARES, S. F.; FONSECA, I. N.; CHAVES, V. V.; LOULY, C. C. B. Resistência acaricida em larvas de Rhipicephalus sanguineus (Acari:Ixodidae) de Goiânia-GO, Brasil. Revista de Patologia Tropical, Goiânia,
v. 36, n. 1, p. 87-95, 2007. 11. BORGES, L. M. F.; BIKETT, M. A.; DUARTE, S. C.; LOULY, C. C. B.; ABRÃO, N. C.; OLIVEIRA, M. C.; PICKETT, J. A.; SANTOS, I. K. F. M. Differences in chemical volatile composition from Beagle and Cocker dogs is associated with
43
repellence of the Beagle to the tick Rhipicephalus sanguineus. In : International Conference on Ticks and Tick-borne pathogens, Zaragoza, 7º, 2011.
12. BORGES, L. M. F.; OLIVEIRA FILHO, J. G.; BIRKETT, M. A.; PICKETT, J. A. Presence of natural repellents in the odor of Beagle dogs against the tick Rhipicephalus sanguineus (Acari:Ixodidae). In :International Chemical ecology conference (2013), Melbourne, 2013.
13. BRASIL. Ministério da Saúde. ANVISA. Resolução – RE nº 19 de 19 de abril de 2013. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão de registro de produtos cosméticos repelentes de insetos e dá outras providências. Diário Oficial (da) República Federativa do Brasil; Brasília, D.F.,19 abril 2013. 14. BRIASSOULIS, G.; NARLIOGLOU, M.; HATZIS, T. Toxic encephalopathy associated with use of DEET insect repellents: a case analysis of its toxicity in children. Human & Experimental Toxicology, v. 20, p. 8-14, 2001. 15. BROWN, M.; HEBERT, A. A. Insect repellents: An overview. Journal of the American Academy of Dermatology, Saint Louis, v. 36, p. 243-249, 1997.
16. CARROL, J. F. How specific are host-produced kairomones to host-seeking ixodid ticks? Experimental and Applied Acarology, Amsterdan, v. 28, p. 155–161, 2002. 17. CARROLL, J. F.; SOLBERG, V. B.; KLUN, J. A.; KRAMER, M.; DEBBOUN, M. Comparative activity of DEET and AI3-37220 repellents against the ticks Ixodes scapularis and Amblyomma americanum (Acari: Ixodidae) in laboratory bioassays. Journal of Medical Entomology, Lanham, v. 40, n. 3, p. 249-254, 2004. 18. CARROLL, J. F.; KLUN, J. A.; DEBBOUN, M. Repellency of deet and SS220 applied involves olfactory sensing by two species of ticks. Medical and Veterinary Entomology, Oxford, v.19, n. 1, p.101-106, 2005. 19. CHARWOOLD, D. Did Herodotus describe the first airborne use of mosquito repellents? TRENDS in Parasitology, v.19 n.12, 2003
20. COUTINHO, M. T. Z.; BUENO, L. L.; STERZIK, A.; FUJIWARA, R. T.; BOTELHO, J. R.; MARIA, M.; GENARO, O.; LINARDI, P. M. Participation of Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) in the epidemiology of canine visceral leishmaniasis. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 128, p. 149-155, 2005. 21. DANTAS-TORRES, F.; FIGUEREDO, L. A.; BRANDÃO-FILHO, S. P. Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae), the brown dog tick, parasitizing humans in Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Rio de Janeiro, v. 39, n. 1, p. 64-67, 2006. 22. DANTAS-TORRES, F. The brown dog tick, Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) (Acari: Ixodidae): From taxonomy to control. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v.152, p. 173-185, 2008a.
44
23. DANTAS-TORRES, F. Canine vector-borne diseases in Brazil. Parasites & Vectors, Keele University, v. 1, n. 1, p. 25-42, 2008b.
24. DANTAS-TORRES, F. Biology and ecology of the brown dog tick, Rhipicephalus sanguineus. Parasites & Vectors, Keele University, v. 3, n. 1, p. 26-37, 2010. 25. DAUTEL, H. Test systems for tick repellents. International Journal of Medical Microbiology, Jena, v. 293, n.37, p. 182-188, 2004. 26. DAVIS, E. E. Insect repellents: concepts of their mode of action relative to potential sensory mechanisms in mosquitoes (Diptera: Culicidae). Journal of Medical Entomology, Lanham, v. 22, n. 3, p. 237-243, 1985. 27. DEMMA, J. L.; EREMEEVA, M.; NICHOLSON, W. L.; TRAEGER, M.; BLAU, D.; PADDOCK, C.; LEVIN, M.; DASCH, G.; CHEEK, J.; SWERDLOW, D.; McQUISTON, J. An Outbreak of Rocky Mountain Spotted Fever Associated with a Novel Tick Vector, Rhipicephalus sanguineus, in Arizona, 2004. New York Academy of Sciences, v. 1078, p. 342–343, 2006. 28. DETHIER, V. G. Repellents. Annual Review Entomology, v.1, n.1,181-202, 1956. 29. DITZEN, M.; PELLEGRINO, M.; VOSSHALL, L. B. Insect odorant receptors are molecular targets of the insect repellent DEET. SCIENCE, New York, v. 319, p. 1838-1841, 2008. 30. DOGAN, E. B.; AYRES, J. W.; ROSSIGNOL, P. A. Behavioural mode of action of DEET: inhibition of lactic acid attraction. Medical and Veterinary Entomology, Oxford, v. 13, n. 1, p. 97-100, 1999. 31. DOUGHERTY, M. J.; GUERIN, P. M.; WARD, R. D.; HAMILTON, J. G. C. Behavioural and electrophysiological responses of the phlebotomine sand¯y Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae) when exposed to canid host odour kairomones. Physiological Entomology, v. 24, p. 251-262, 1999. 32. EISNER, T.; GRANT, R. P. Toxicity, Odor Aversion, and "Olfactory Aposematism". SCIENCE, v. 213, p. 476, 1980.
33. EISNER, T.; MEINWALD, J. Chemical ecology. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 92, p. 1, 1995. 34. EREMEEVA, M. E.; ZAMBRANO, M. L.; ANAYA, L.; BEATI, L.; KARPATHY, S. E.; SANTOS-SILVA, M. M.; SALCEDA, B.; MACBETH, D.; OLGUIN, H.; DASCH, G. A.; ARANDA C. A. Rickettsia rickettsii in Rhipicephalus Ticks, Mexicali, Mexico. Journal of Medical Entomology, Lanham, v. 48, n. 2, p. 418-
421, 2011.
45
35. ESTRADA-PEÑA, A.; JOGEJAN, F. Ticks feeding on humans: a review of records on human-biting Ixodoidea with special reference to pathogen transmission. Experimental Appliede Acarology, Amsterdan, v.23, 685–715,
1999. 36. FABBRO, S.; NAZZI, F. From Chemistry to Behavior. Molecular Structure and Bioactivity of Repellents against Ixodes ricinus Ticks. Plos One, v. 8, n. 6, p. 1-9,
2013. 37. FACCINI, J. L. H.; BARROS-BATTESTI, D. M. Aspectos gerais da biologia e identificação e carrapatos. In: BARROS-BATTESTI, D. M.; ARZUA, M.; BECHARA, G. H. Carrapatos de importância médico veterinária da região neotropical: um guia ilustrado para identificação de espécies. 1 ed. São
Paulo: Instituto Butantan, 2006. cap. 2, p. 05-12. 38. FERREIRA, B. R.; BECHARA, G. H. Imunidade a carrapatos Rhipicephalus sanguineus (Acarina: Ixodidae) em cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Linnaeus) e no cão doméstico. Brazilian journal of veterinary research and animal science, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 232-237, 1995.
39. FERREIRA, J. T. B. Produtos naturais no controle de insetos. 1. ed. São
Carlos, UFSCar, 2001, 175p. 40. FERREIRA, L. L. RESPOSTAS ELETROFISIÓLOGICAS DAS POROSENSILAS DAS QULÍCERAS DE Ripicephalus microplus FRENTE A FAGOESTIMULANTE E SOROS DE BOVINOS. 2013. 48 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goias, Goiânia 41. FRADIN, M. S.; DAY, J. F. Comparative Efficacy of Insect Repellents against Mosquito Bites. The New England Journal of Medicine, Waltham, v. 347, n.1, p.
13-18, 2002. 42. GIKONYO, N. K.; HASSANALI, A.; NJAGI, P. G. N.; GITU, P. M.; MIDIWO, J. O. Odor composition of preferred (Buffalo and Ox) and nonpreferred (Waterbuck) hosts of some savanna tsetse flies. Journal Of Chemical Ecology, New York, v. 28, p. 969-981, 2002. 43. GIKONYO, N. K.; HASSANALI, A.; NJAGI, P. G. N.; SAINI, R. K. Responses of Glossina mortisans mortisans to blends of electrophysiologically active compounds in the odors of its preferred (buffalo and ox) and nonpreferred (waterbuck) hosts. Journal Of Chemical Ecology, New York, v. 29, p. 2331–2346, 2003. 44. GUERENSTEIN, P. G.; LAZZARI, C. R. Host-seeking: how triatomines acquire and make use of information to find blood. Acta Tropica, v. 110, p. 148–158 2009. 45. GUERIN, P. M.; KRÖBER, T., McMAHON, C.; GUERENSTEIN, C.; GRENACHER, S.; VLIMANT, M.; DIEHL, P. A.; STEULLET, P.; SEYD, Z.
46
Chemosensory and behavioural adaptations of ectoparasitic arthropods. Nova Acta Leopoldina, Halle, v. 83, p. 197-213, 2000. 46. GUGLIELMONE, A. A.; SZABÓ, M. P. J.; MARTINS, J. R. S.; ESTRADA-PEÑA, A. Diversidade e importância de carrapatos na sanidade animal. In: BARROS-BATESTI, D. M.; ARZUA, M.; BECHARA, G. H. Carrapatos de importância médico-veterinária da região neotropical, um guia ilustrado para identificação de espécies. 1ª ed. São Paulo: Instituto Butantan, 2006. cap. 7, p. 115-138. 47. INOKUMA, H.; TAMURA, K.; ONISHI, T. Dogs develop resistance to Rhipicephalus sanguineus. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v.68, p. 295-297, 1997. 48. JITTAPALAPONG, S.; STICH, R. W.; GORDON, J.C.; WITTUM T. E.; BARRIGA, O. O. Performance of female Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) fed on dogs exposed to multiple infestations or immunization with tick salivary glands or midgut tissues. Journal of Medical Entomology, Lanham, v. 37, n. 4, p. 601–611, 2000a. 49. JITTAPALAPONG, S.; STICH, R. W.; GORDON, J. C.; BREMER, C. A.; BARRIGA, O. O. Humoral immune response of dogs immunized with salivar gland, midgut, or repeated infestations with Rhipicephalus sanguineus. Annals New York Academy of Sciences, New York, v. 916, n. 1, p. 283-288, 2000b. 50. JENSENIUS, M.; PRETORIUS, A. M.; CLARKE, F.; MYRVANG, B. Repellent efficacy of four commercial DEET lotions against Amblyomma hebraeum (Acari: Ixodidae), the principal vector of Rickettsia africae in southern Africa. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, London,
v. 99, n. 9, p. 708-711, 2005. 51. JOGEJAN, F.; UILENBERG, G. The global importance of ticks. Parasitology, Cambridge, v. 129, p. 3-14, 2004. 52. KATZ, T. M.; JASON, H. M.; HEBERT, A. A. Insect repellents: Historical perspectives and new developments. Journal of the American Academy of Dermatology, Saint Louis, v. 58, p. 865-871, 2008.
53. KENNEDY, J. S. Behaviorally discriminating assays if attractants and repellents. In: SHOREY, H. H.; McKELVEY, J. J. J. Chemical control of insects. 1ª ed. New York, John Wiley & sons, 1977, cap. 13, p. 215-229. 54. KUMAR, S.; PRAKASH, S.; KAUSHIK, M. P.; RAO, K. M. Comparative activity of here repellents agains the ticks Rhipicephalus sanguineus and Argas persicus. Medical and Veterinary Entomology, Oxford, n. 6, p. 47-50, 1992.
55. KUMAR, S.; PRAKASH, S.; RAO, K. M. Comparative activity of three repellents against bedbugs Cimex hemipterus (Fabr.). Indian Journal of Medical Research, New Delhi, v. 102, p. 20-23, 1995.
47
56. LABRUNA, M. B.; PEREIRA. M. C. Carrapatos em cães no Brasil. Clínica Veterinária, v. 6, n. 30, p. 24-32, 2001.
57. LABRUNA, M. B.; MACHADO, R. Z. Agentes transmitidos por carrapatos na região neotropical. In: BARROS-BATESTI, D. M.; ARZUA, M.; BECHARA, G. H. Carrapatos de importância médico-veterinária da região neotropical, um guia ilustrado para identificação de espécies. 1. ed. São Paulo: Instituto Butantan, 2006. Cap. 10, p. 115-138. 58. LENZ, E. L.; KRASNEC, M. O.; BREED, M. D. Identification of Undecane as an Alarm Pheromone of the Ant Formica argentea. Journal Insect Behaviour, v. 26, p. 101–108, 2012. 59. LOGAN, J. G.; BIRKETT, M. A. Review semiochemicals for biting fly control: their indetification and explotation. Pest Management Science, Sussex, v. 63, p. 647-657, 2007. 60. LOGAN, J. G.; BIRKETT, M. A.; CLARK, S. J.; POWERS, S.; SEAL, N. J.; WADHAMS, L.J.; MORDUE, A.J.; PICKETT, J.A. Identification of human-derived volatile chemicals that interfere with attraction of Aedes aegypti mosquitoes. Journal of Chemical Ecology, v. 34, p. 308–322, 2008. 61. LOULY, C. C. B. Dinâmica sazonal de Rhipicephalus sanguineus, no canil da policia militar de Goiânia-Goiás, Brasil. 2003, 54 f. Dissertação (Mestrado
em Sanidade Animal Higiene e Tecnologia de Alimentos), Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 62. LOULY, C. C. B.; FONSECA, I. N.; OLIVEIRA, V. F.; BORGES, L. M. F. Ocorrêcia de Rhipicephalus sanguineus em trabalhadores de clínicas veterinárias e canis do município de Goiânia, Go. Ciência Animal Brasileira, Goiânia,v. 7,
n.1, p. 103-106, 2006. 63. LOULY, C. C. B.; FONSECA, I. N.; OLIVEIRA, V. F.; LINHARES, G. F. C.; MENEZES, L. B.; BORGES, L. M. F. Seasonal dynamics of Rhipicephalus sanguineus (Acari:Ixodidae) in dogs from police unit in Goiânia, Go. Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, n. 2, p. 464-469, 2007.
64. LOULY, C. C. B.; SOARES, S. F.; SILVEIRA, D. N.; S. NETO O. J.; SILVA, A. C.; BORGES, L. M. F. Differences in the susceptibility of two breeds of dogs, english Cocker spaniel and beagle, to Rhipicephalus sanguineus (Acari:Ixodidae). International Journal of Acarology, London, v. 35 n. 1, p. 25-32, 2009. 65. LOULY, C. C. B.; SOARES, S. F.; SILVEIRA, D. N.; GUIMARÃES, M. S.; BORGES, L. M. F. Differences in the behavior of Rhipicephalus sanguineus tested against resistant and susceptible dogs. Experimental & Applied acarology, Amsterdam, v. 51, n. 4, p. 353-362, 2010.
48
66. MANS, B. J.; NEITZ, A. W. H. Adaptation of ticks to a blood-feeding environment: evolution from a functional perspective. Insect Biochemistry and Molecular Biology, Oxford, v. 34, p. 1-17, 2003.
67. MARCONDES, C. B. Doenças Transmitidas e Causadas Por Artrópodes.
1. ed. ,São Paulo, Atheneu, 2009, 557p. 68. McGREADY, R.; HAMILTON, K. A.; SIMPSON, J. A.; CHO, T.; LUXEMBURGER, C.; EDWARDS, R.; LOOAREESUWAN, S.; WHITE, N. J.; NOSTEN, F.; LINDSAY, S. W. Safety of the insect repellent N, N-DIETHYL-M-TOLUAMIDE (DEET) in pregnancy. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Mclean, v. 65, n. 4, p. 285-289, 2001. 69. McMAHON C.; KRÖBER, T.; GUERIN, P. M. In vitro assays for repellents and deterrents for ticks: differing effects of products when tested with attractant or arrestment stimuli. Medical and Veterinary Entomology, Oxford, v. 17, n. 4, p. 370-378, 2003. 70. MESCHER, M. C.; MORAES, C. M. Malaria-induced changes in host odors: implications for vector transmission and disease diagnosis. In :International Chemical ecology conference (2013), Melbourne, 2013. 71. MILLER, J. R.; GEORGE, J. E.; GERREIRO, F.; CARPENTER, L.; WELCH J. B. Characterization of acaricide resistance in Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) (Acari: Ixodidae) collected from the Corozal Army Veterinary Quarantine Center, Panama. Journal of Medical Entomology, v. 38, p. 293-302, 2001.
72. MILLER, J.R.; SIEGERT, P. Y.; AMIMO, F.A.; WALKER, E. D. Designation of Chemicals in Terms of the Locomotor Responses They Elicit from Insects: An Update of Dethier et al. Journal of Economic Entomology, v. 102, n. 6, p. 2056-2060, 2009 73. NENTWIG, G. Use of repellents as prophylactic agents. Parasitology Research, Berlin, v. 90, n. 1, p. 40-48, 2003.
74. NERIO, L. S.; OLIVERO-VERBEL, J.; STASHENKO, E. Repellent activity of essential oils: A review. Bioresource Technology, Essex, v. 101, p. 372-378,
2010.
75. OLIVEIRA, L. S.; RODRIGUESA, F. M.; OLIVEIRA, F. S.; MESQUITA, P. R. R.; LEALC, D. C.; ALCÂNTRA, A. C.; SOUZA, B. M.; FRANKEC, C. R.; PEREIRA, P. A. P.; ANDRADE, J. B. Headspace solid phase microextraction/gas chromatography–mass spectrometry combined to chemometric analysis for volatile organic compounds determination in canine hair: A new tool to detect dog contamination by visceral leishmaniasis. Journal of Chromatography B, v. 875,
p. 392–398, 2008.
76. ONOFRIO, V. C.; VENZAL, J. M.; PINTER, A.; SZABÓ, M. P. J. Família Ixodidae: características gerais, comentários e chave para gêneros. In: BARROS-
49
BATTESTI, D. M.; ARZUA, M.; BECHARA, G. H. Carrapatos de importância médico veterinária da região neotropical: um guia ilustrado para identificação de espécies. 1 ed. São Paulo: Instituto Butantan, 2006. cap. 4, p.
29-40.
77. OSIMITZ, T. G.; MURPHY, J. V.; FELL, L. A.; PAGE, B. Adverse events associated with the use of insect repellents containing N,N-diethyl-m-toluamide (DEET). Regulatory Toxicology and Pharmacology, v. 56, p. 93–99, 2010.
78. OTRANTO, D.; DANTAS-TORRES, F.; TAROLLA, V. D.; RAMOSA, R. A. N.;
STANNECK, D.; BANETH, G.; CAPARIIS, G. Apparent tick paralysis by Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) in dogsVeterinary
Parasitology, Amsterdan, v. 188, p. 325– 329, 2012.
79. PALUCH, G.;, BARTHOLOMAY, L.; COATS, J. Mosquito repellents: a review of chemical structure diversity and olfaction. Pest Management Science, v. 66, p.
925–935, 2010.
80. PAZ, G. F.; RIBEIRO, M. F. B.; MICHALSCKY, E. M.; LIMA, A. C. V. R.; SILVA, J. C. F.; BARATA, R. A.; FORTES-DIAS, C. L.; DIAS, E. S. Evaluation of the vectorial capacity of Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) in the transmission of canine visceral leishmaniasis. Parasitology Research, v. 106, p.
523–528, 2010. 81. PELLEGRINO, A. C.; VIALLABA, M. F. G.; NARDI, C.; BEZNER-KERR, W.; GUGLIELMONE, C. G.; BENTO, J. M. S.; McNEIL, J. N. Weather Forecasting by Insects: Modified Sexual Behaviour in Response to Atmospheric Pressure Changes. . PLOS One, v. 8, n, 10, p. 1-5, 2013. 82. PENN, D.; SCHNEIDER, D.; WHITE, K.; SLEV, P.; POTTS, W. K. Influenza infection neutralizes the attractiveness of male odor to female mice (Mus musculus), Ethology, v. 104, p. 685–694, 1998.
83. PENN, D.; POTTS, W. K. Chemical signals and parasite-mediated sexual selection. TREE, v. 13, n. 10, p. 391-396, 1998. 84. PENNA, V. M. Boophilus microplus: A Resistência genética do Hospedeiro como forma de Controle. 1990. 65 f. Cadernos Técnicos da Escola de
Veterinária da UFMG, Belo Horizonte.
85. PETER, R. J.; VAN DE BOSSCHE, P.; PENZHORN, B. L.; SHARP, B. Tick, fly, and mosquito control—Lessons from the past, solutions for the future. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 132, p. 205-215, 2005.
86. PETERSON, C.; COATS, J. Insect repellents - past, present and future. Pesticide Outlook, Cambridge, v. 12, n. 4, p. 154-158, 2001.
87. PICKETT, J. A.; BIRKETT, M. A.; LOGAN, J. G. DEET repels ORNery mosquitoes. PNAS, v. 105, n. 36, P. 13195–13196, 2008.
50
88. PICKETT, J. A.; BIRKETT, M. A.; DEWHIRST, S. Y.; LOGAN, J. G.; OMOLO, M. O.; TORTO, B.; PELLETIER, J.; SYED, Z.; LEAL, W. S. Chemical ecology of animal and human pathogen vectors in a changing global climate. Journal Chemical Ecology, New York, v. 36, p. 113-121, 2010. 89. PRIDGEON, J. H.; BERNIER, U. R.; BECNEL, J. J. Toxicity comparison of eight repellents against four species of female mosquitoes. Journal of the American Mosquito Control Association, Fresno, v. 25, n. 2, p. 168-173, 2009. 90. REGNIER, F. E.; WILSON, E. O. THE ALARM-DEFENCE SYSTEM OF THE ANT LASIUS ALIENUS. Journal Insect Physiology, v. 15, p. 893-898, 1969. 91. RIBEIRO, J. M. C. How ticks make a living. Parasitology today, Oxford, v. 11, n. 3, p. 91–93, 1995. 92. ROLAND, E. H.; JAN, J. E.; RIGG, J. M. Canadian Medical Association Journal, v. 132, p. 155-156, 1985.
93. ROZENTAL, T.; FAVACHO, A. R. M.; BARREIRA, J. D.; OLIVEIRA, R. C.; GOMES, R.; ALMEIDA, D. N. P.; LEMOS, E. R. S.; Rickettsia spp. infection in Rhipicephalus sanguineus ticks in a Brazilian spotted fever endemic rural area in Rio de Janeiro state, Brazil. Clinical Microbiology and Infection, v. 15, n. 2, p.
245-146, 2008.
94. SAINI, R.; ADOKE, J.; MUASA, P.; MBUVI, D.; MARETE, T.; NIGIELA, J.; MBAHIN, N.; AFFOGNON, H. Cows in ‘waterbucks clothing’ for protection against tstse flies and anhaced productivity. In :International Chemical ecology conference (2013), Melbourne, 2013. 95. SCHERER, R.; WAGNER, R.; DUARTE, M. C. T.; GODOY, H. T. Composição e atividades antioxidante e antimicrobiana dos óleos essenciais de cravo-da-índia, citronela e palmarosa. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.
11, n. 4, p. 442-449, 2009.
96. SCHRECK, C. E. Techniques for the evaluation of insect repellents: a critical review. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 22, p. 101-119, 1977. 97. SOARES, S. F.; BRAGA, R. S.; FERREIRA, L. L.; LOULY, C. C. B.; SOUSA, L. A. D.; SILVA, A. C.; BORGES, L. M. F. Repellent activity of DEET against Amblyoma cajenense (Acari:Ixodidae) nymphs submitted to different laboratory bioassays. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 12-17, 2010. 98. SOARES, S. F.; LOULY, C. C. B.; MARION-POLL, F.; RIBEIRO, M. F. B.; BORGES, L. M. F.; Study on cheliceral sensilla of the brown tick Ripicephalus sanguineus (Latreille, 1806) (Acari:Ixodidae) involved in taste perception of phagostimulants. Acta Tropica, n. 126, p. 75-83, 2013.
51
99. SOCOLOVICVH, C.; BITAM, I.; RAOULT, B.; PAROLA, P. Transmission of Rickettsia conorii conorii in naturally infected Rhipicephalus sanguineus. Clinical Microbiology and Infection, v. 15, n. 2, p. 319-321, 2009.
100. SOLANO-GALLEGO, L.; ROSSI, L.; SCROCARO, A. M.; MONTARSI, F.; CALDIN, M.; FURLANELLO, T.; TROTTA, M. Detection of Leishmania infantum DNA mainly in Rhipicephalus sanguineus male ticks removed from dogs living in endemic areas of canine leishmaniosis. Parasites & Vectors, v. 5, n. 98, p. 1-6, 2012. 101. SONENSHINE, D. E. Biology of ticks. vol. 1. New York: Oxford University
Press, 1991. 447 p. 102. SONENSHINE, D. E. Biology of ticks. vol. 2. New York: Oxford University Press, 1993. 465 p. 103. SONENSHINE, D. E. Pheromones and other semiochemicals of ticks and their use in tick control. Parasitology, Cambridge, v. 129, p. 405-425, 2004. 104. SYED, Z.; LEAL, W. S.; Mosquitoes smell and avoid the insect repellent DEET. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 105, p. 13598–
13603, 2008. 105. SYED, Z.; PELLETIER, J.; FLOUNDERS, E.; CHITOLINA, R. F.; LEAL, W. S. Generic Insect Repellent Detector from the Fruit Fly Drosophila melanogaster. PLOS One, v. 6, n. 3, p. 1-6, 2011. 106. SZABÓ, M. P. J. Aspectos da imunopatologia comparada em cães, hamsters e cobaias a carrapatos Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806).
1991. 118 f. Dissertação (Mestrado em Patologia Experimental e Comparada) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo. 107. SZABÓ, M. P. J.; ROSSI, G. F.; CABRAL, D. D.; MARTINS, M. M.; AMORIM, G. M. P.; TSURUTA, S. A. Experimental evaluation of birds as disseminators of the cosmopolitan tick Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae). Experimental Parasitology, v. 132, p. 389–393, 2012.
108. TRIGO, J. R.; BITTRICH, V.; AMARAL, M. C.; MARSAIOLI, A. J. ECOLOGIA QUIMICA, Disponivel em: www.chemkeys.com Publicado em 2000, Acessado em: 10/10/2013. 109. TRUMBLE, J. T. Caveat emptor: safety considerations for natural products used in arthropod control. American Entomologist, Lanham, v. 48, n. 1, p. 7-13, 2002. 110. TUNÓN, H.; THORSELL, W.; MIKIVER, A.; MALANDER, I. Arthropod repellency, especially tick (Ixodes ricinus), exerted by extract from Artemisia
52
abrotanum and essential oil from flowers of Dianthus caryophillum. Fitoterapia,
Milan, v. 77, n. 4, p. 257-261, 2006. 111. USPENSKY, I. Prelimirary observation on specific adaptations of exophilic ixodid ticks to forests or open country habitats. Experimental and Applied Acarology, Amsterdan, v. 28, p. 147-154, 2002. 112. VILELA, E. F.; LUCIA, T. M. C. Feromônios de insetos: biologia, química e emprego no manejo de pragas. 2. ed. São Paulo: Holos, 2001, 206 p.
113. WALADDE, S. M.; RICE, M. J. The sensory nervous system of the adult cattle tick Boophilus microplus (Canestrini) Ixodidae. Part III. Ultra-structure and electrophysiology of the cheliceral receptors. Australian Journal of Entomology,
Camberra, v. 16, n. 4, p. 441-453, 1977. 114. WALKER, J. B.; KEIRANS, J. E.; HORAK, I. G. The Genus Rhipicephalus (Acari, Ixodidae): A guide to the brown ticks of the world. New York,
Cambridge University press, 2000, 627 p. 115. WALL, R. Ectoparasites: Future challenges in a changing world. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 148, p. 62-74, 2007.
116. WANZALA, W.; SIKA, N. F. K., GULE, S.; HASANALI, A. Attractive and rellent host odours guide ticks to their respective feedeng sites. Chemoecology, v 14, p 229-232. 2004. 117. WELDON, P. J. Nuisance arthropods, nonhost odors, and vertebrate chemical aposematism. Naturwissenschaften, Hamburg, v. 97, n. 1, p. 443–448, 2010. 118. WIKEL, S. K. Host immunity to ticks. Annual Review of Entomology, Palo
Alto, v. 41, p. 1-22, 1996. 119. WIKEL, S. K. Tick modulation of host immunity: an important factor in pathogen transmission. International Journal for Parasitology, Oxford, v. 29, p.
851-859, 1999. 120. WHO (World Health Organization) PESTICIDES AND THEIR APPLICATION For the control of vectors and pests of public health importance. 6ª edição
2006 114p. 121. YOUNG, D.; EVANS, S. Safety and efficacy of DEET and Permethrin in the prevention of arthropod attack. Military Medicine, Washington, v. 163, n. 5, p.
324-330, 1998. 122. ZHANG, Q.; RODNEY, G.; SCHINEIDMILLER.; HOOVER, D. R. �Essential oils and their compositions as spatial repellents for pestiferous social wasps. Pest Management Science, v. 10, p. 1-28, 2012.