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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de pós-graduação em Agricultura Tropical PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DO CAPIM- ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM.) CV. ROXO EM DIFERENTES IDADES DE CORTE MESSIAS BHERING CUIABÁ – MT 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de pós-graduação em Agricultura Tropical

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM.) CV. ROXO EM

DIFERENTES IDADES DE CORTE

MESSIAS BHERING

CUIABÁ – MT 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de pós-graduação em Agricultura Tropical

PRODUÇAO E COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM.) CV. ROXO EM

DIFERENTES IDADES DE CORTE

MESSIAS BHERING Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral Co - orientador: Prof. Dr. Joadil G. de Abreu

Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

CUIABÁ – MT

2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: PRODUÇAO E COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM.) CV. ROXO EM DIFERENTES IDADES DE CORTE

Autor: MESSIAS BHERING

Orientador: Prof. Dr. LUCIANO DA SILVA CABRAL

Aprovada em 27 de outubro de 2006

Comissão Examinadora:

_______________________________

Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral

(FAMEV/UFMT) (Orientador)

______________________________

Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu

(FAMEV /UFMT) (Co-orientador)

_______________________________

Prof. Dr. Alexandre Lima de Souza

(ICEN/ZOOTECNIA/UFMT)

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Ao G.A.D.U. pela vida, luz e proteção Ao Bom Pastor, meu mestre e meu redentor

A Santo Expedito, pelo ânimo, coragem e auxílio

Rendo Graças

A meu pai José Ribeiro Bhering A meu tio Antônio Saturnino Bhering Pelo exemplo de dignidade e amor ao trabalho,

MINHA GRATIDÃO A minha mãe Bibi, que me ensinou a amar a Deus e escrever as primeiras letras e números,

MINHA SAUDADE Para minhas netinhas Ana Clara e Renata Cristina, que chegaram durante esta fase atribulada do vô-estudante,

DEDICO ESTE TRABALHO

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FICHA CATALOGRÁFICA

Índice para Catálogo Sistemático

1. Capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) 2. Capim-elefante – Capineira – Depressão cuiabana 3. Capim-elefante – Idades de corte – Estacionalidade 4. Capim-elefante – Características agronômicas 5. Capim-elefante – Composição químico-bromatológica 6. Capim-elefante – Digestibilidade “invitro”

B575p Bhering, Messias Produção e composição químico-bromatológica

do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Roxo em diferentes idades de corte / Messias Bhering - 2006.

79 p. : il. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal

de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós Graduação em Agricultura Tropical, 2006.

“Orientação: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral”. “Co-Orientação: Prof . Dr. Joadil G. de Abreu”. CDU – 633.2(817.2)

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AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Mato Grosso que me acolheu no seu quadro de professores e me viabilizou o curso de mestrado. Ao Departamento de Zootecnia e Extensão Rural pelo apoio e incentivo que todos os professores, meus colegas, me deram. Aos professores Dr. Luciano da Silva Cabral e Dr. Joadil Gonçalves de Abreu pelo incentivo e pelo apoio na condição de meus orientadores acadêmicos. Aos professores, Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis e Dr. Alexandre Lima de Souza pela cordialidade, estímulo e ajuda. Ao professor M.Sc. Lucirdes Dias Ferreira pelo apoio e pela amizade fraterna. À coordenação e aos professores do curso que, a par da deferência e da consideração ao discente mais idoso do programa, não me alisaram nem me deram vida mansa com relação às obrigações acadêmicas, aumentando a minha responsabilidade e alimentando minha auto-estima. Às funcionárias Denise Aparecida de Arruda Alves e Maria Minervina de Souza, assistentes de administração da coordenação do curso, pela competência, senso profissional e pela simpatia no atendimento solícito às nossas demandas.

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Ao técnico João Donizeti, assistente técnico do Laboratório de Tecnologia de Alimentos, pelo apoio e incentivo. A todos os colegas do curso pela simpatia e pela agradável e profícua convivência. Aos colegas Sarah Penso, Ivete Fujii, José Walter dos Santos e Roberta Martin, pela amizade e indispensável auxílio na condução de meus estudos e na elaboração dos trabalhos acadêmicos. Aos alunos bolsistas dos cursos de Agronomia e Medicina Veterinária: Robson Reverdito, Gisele Abadia Pereira, Índia Joelma Gattass Monteiro, Leandro Miranda, Aruaque Lotufo de Oliveira, Indira Ashant M. Messias, e Viviam Christine da Costa Ochove, pelo apoio nos trabalhos de campo e de laboratório. Ao professor Jacob Kaiser e seus filhos, Thiago e Vinicius, que me abriram as porteiras do Rancho 1000 e me dispensaram todo o apoio necessário para a condução do experimento. Aos operários do Rancho 1000 Olívio “Cutá”, Adilson e Pedro pelo valioso auxílio na colheita e pesagem da biomassa das 48 parcelas. Ao meu neto André Ricardo pela preciosa ajuda no campo experimental, no laboratório, na digitação e na montagem deste trabalho. A minha esposa Nazil Eustácia, pelo estímulo, apoio, companheirismo e solidariedade. A todos os colegas da FAMEV que me estenderam a mão.

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BIOGRAFIA DO AUTOR

Messias Bhering, filho de José Ribeiro Bhering e Maria Aparecida Bhering, nasceu em Viçosa, Minas Gerais, em 17 de agosto de 1943.

Em 15 de dezembro de 1973, obteve o título de Engenheiro Agrônomo, colando grau na Universidade Federal de Viçosa.

De janeiro de 1974 a julho de 1996, exerceu o cargo de Extensionista Rural na EMATER-MT.

De 02 de janeiro a 30 de julho de 1976, freqüentou o Curso de Especialização em Administração Rural e Metodologia de Extensão no Instituto Ruppin de Agricultura, em EMEK HEFFER – ISRAEL, na condição de aluno bolsista do governo da Nova Zelândia.

De 01 de setembro a 30 de outubro de 1980, integrou uma missão do Banco Mundial em viagem de estudos aos Estados Unidos da América, Colômbia e Peru.

De 01 de março de 1990 a 30 de julho de 1997, integrou o quadro de professores do Centro Universitário de Várzea Grande – UNIVAG, lotado no Departamento de Administração e, posteriormente, de Economia. De 01 de janeiro de 1996 a 30 julho de 1997, integrou o quadro de professores da Universidade de Cuiabá – UNIC, lotado no Departamento de Medicina Veterinária. Desde 16 de outubro de 1996, mediante aprovação em concurso público, exerce o cargo de Professor Auxiliar da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, lotado no Departamento de Zootecnia e Extensão Rural. Em março de 2004, iniciou o curso de Mestrado em Agricultura Tropical, concentrando seus estudos na área de Análise e Desenho de Sistemas de Produção Agrícola, na Universidade Federal de Mato Grosso.

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SUMÁRIO Página 1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 13 2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 15 2.1 Fatores de crescimento das plantas forrageiras.................................. 15

2.2 Estacionalidade da produção forrageira............................................... 20

2.3 O capim-elefante.................................................................................. 21

2.4 A capineira de capim-elefante.............................................................. 24

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 27 CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) CV. ROXO NA DEPRESSÃO CUIABANA EM DIFERENTES IDADES DE CORTE................................ 30 RESUMO.................................................................................................... 30

ABSTRACT................................................................................................. 31

1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 32 2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 34 3 RESULTADOS........................................................................................ 43 4 DISCUSSÃO........................................................................................... 45

5 CONCLUSÕES....................................................................................... 47

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 48

COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA E DIGESTIBILIDADE “IN VITRO” DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) CV. ROXO EM DIFERENTES IDADES DE CORTE NA DEPRESSÃO CUIABANA................................................................................................. 50 RESUMO.................................................................................................... 50

ABSTRACT................................................................................................. 51

1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 52

2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 55

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 59

4 CONCLUSÕES....................................................................................... 69

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 70

6 CONCLUSÕES GERAIS......................................................................... 73

ANEXOS.................................................................................................. 74

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PRODUÇAO E COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DO CAPIM-ELEFANTE (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM.) CV. ROXO EM

DIFERENTES IDADES DE CORTE RESUMO – O trabalho foi realizado no Rancho 1000 localizado em Santo

Antônio de Leverger e no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento

de Zootecnia e Extensão Rural da Universidade Federal de Mato Grosso.

Objetivou-se com o estudo avaliar o efeito da idade de corte do capim-

elefante (Pennisetum Purpureum Schum.) cv. Roxo sobre suas

características agronômicas (produção de matéria seca, altura, diâmetro do

colmo, percentagem de folhas, relação folha/colmo), composição químico-

bromatológica (proteína bruta, fração solúvel em detergente neutro, fibra

solúvel em detergente neutro) e digestibilidade “in vitro”.O experimento foi

instalado em área representativa de capineira no sexto ano de utilização,

com boa manutenção e excelente vigor vegetativo. O delineamento

experimental foi em blocos casualizados com seis tratamentos e quatro

repetições. As idades de corte (tratamentos) foram 30, 45, 60, 75, 90 e 105

dias, durante os períodos seco e chuvoso. Cada parcela experimental foi

constituída de quatro fileiras com 5,0m de comprimento, espaçadas de 1,27

m perfazendo uma área de 25,4 m². Considerando como bordadura 0,5 m

nas extremidades, a área útil ficou reduzida a duas fileiras centrais de 4,0 m

de comprimento, correspondendo a 10,16 m². De acordo com a análise do

solo, procedeu-se a adubação de manutenção logo após os cortes de

uniformização, ao nível do solo, no início de cada período, com dosagens

divididas de 200 Kg N/ha, na forma de sulfato de amônio e 200 Kg K2O/ha,

na forma de cloreto de potássio. Em cada idade, o capim foi cortado ao nível

do solo, e avaliado quanto à produção de matéria seca, altura, diâmetro do

colmo, percentagem de folhas e relação folha/colmo, assim como amostrado

e encaminhado ao laboratório para processamento e submetido à

determinação da composição químico-bromatológica (proteína bruta, fração

solúvel em detergente neutro, fibra insolúvel em detergente neutro) e

digestibilidade “in vitro”. Na época seca, o aumento da idade de corte

ocasionou efeito quadrático (P<0,05) sobre todas as variáveis agronômicas

avaliadas, com exceção da altura da planta, que apresentou aumento linear

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(P<0,05). O teor de proteína bruta (PB) foi quadraticamente influenciado

(P<0,05) e o de fibra em detergente neutro (FDN) linearmente aumentado

(P<0,05) em função da idade de corte. O avanço da idade de corte

promoveu aumento linear (P<0,05) da produção de matéria seca (MS), altura

da planta, diâmetro do colmo e reduziu linearmente (P<0,05) a percentagem

de folhas e a relação folha/colmo. A produção de MS, na época seca, variou

1089 kg/ha (30 dias) a 2806 kg/ha (90 dias). O teor de PB variou de 14,25%

da MS (30 dias) a 6,45% da MS (105 dias) e a fração FDN variou de 56,98%

da MS (30 dias) a 85,18% da MS (105 dias). Nas águas, o avanço da idade

de corte afetou linearmente (P<0,05) todas as variáveis agronômicas à

exceção do diâmetro do colmo, que teve um aumento quadrático (P<0,05),

ocasionou o aumento linear (P<0,05) da produção de MS, da altura e do teor

de FDN, mas reduziu linearmente (P<0,05) a percentagem de folhas, a

relação folha/colmo e o teor de PB. A produção de MS variou de 899 kg/ha

(30 dias) a 9325 kg/ha (90 dias). O teor de PB variou de 18,17% (30 dias) da

MS a 9,87% da MS (105 dias) e o de FDN variou de 69,49% da MS (30 dias)

a 78,85% da MS (105 dias). Em ambas as épocas, o avanço da idade de

corte reduziu as taxas de digestão ruminal e as degradabilidades ruminais

potencial (DP) e efetiva (DE) do capim-elefante roxo, sendo verificada uma

correlação negativa entre os teores de fibra em detergente neutro

indigestível (FDNi) e a degradação efetiva da MS.

Palavras-chave: capim-elefante, digestibilidade, fibra em detergente neutro, produtividade, relação folha/colmo

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PRODUCTION AND CHEMICAL COMPOSITION OF ELEPHANT GRASS (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM.) CV. ROXO AT DIFFERENT

CUTTING AGES ABSTRACT – The work was carried out in Rancho 1000 in Santo Antônio de

Leverger – MT and in The Nutrition Animal Laboratory of Mato Grosso

Federal University. Our aim was evaluate the cutting age effect of elephant

grass (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Roxo over agronomic

characteristics, (Dry matter, yield, plant height, stem diameter, leaf

percentage, stem/leaf ratio), chemical composition (crude protein, neutral

detergent insoluble fraction) and digestibility “in vitro”. The experimental área

was set in a representative elephant grass field under six years intensive

use, good management and excellent vegetative vigour. The experimental

design was arranged in randomized blocks with six treatments and four

repetitions. The ages of cutting (treatments) had been 30, 45, 60, 75, 90, and

105 days, during the dry and rainy seasons. Each experimental plot was

made up by four lines (5.0 m lenght and 1.27 m spaced), reaching 25.4 m².

Deducting the border, the useful area was 10.16 m² (two central lines with

4.0 m²). In accordance with the soil analysis, maintenance fertilization was

proceeded soon after the standardization cutting at the two seasons, using

two divided dosages of 200 kg N/ha in ammonium sulfate form, and 200 kg

K2O/ha in potassium chloride form. In each age, the grass was cut at the

ground level, weighted in the field, sampled and carried to the laboratory for

processing. At the dry season, the increase in cutting age of the elephant-

grass caused a quadratic effect (P<0.05) in all evaluated agronomic

parameters, except in the plant height that presented a linear increase

(P<0.05). The crude protein (CP) amount presented quadratic reduction

(P<0.05) and neutral detergent fiber amount (NDF) increased linearly

(P<0.05). The advance in cutting age increased dry matter (DM) production,

plant height, stem diameter and it reduced leaf percentage and leaf steam

ratio (L/SR). DM yield ranged from 1089 kg/ha (30 days) to 2806 kg/ha (90

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days). PB amount ranged from 14.25% DM basis (30 days) to 6.45% DM

basis (105 days) and NDF amount ranged from 56.98% DM basis (30 days)

to 85.18% DM basis (105 days). During the rainy season, the increase in

cutting age affected linearly (P<0.05) the agronomic variables, except stem

diameter and caused increase in both productivity and plant height, but it

reduced the leaf percentage, the leaf/stem ratio and the CP amount. DM

yield production ranged from 899 kg/ha (30 days) to 9325 kg/ha (90 days).

CP amount ranged from 18.17% DM basis to 9.87% DM basis and NDF

amount ranged from 69.49% DM basis to 78.85% DM basis. In both

seasons, the advance of age cutting reduced the ruminal digestion rate and

the ruminal potential and effective degradation. It was verified a negative

relation between the neutral detergent indigestion fiber (NDFi) and the

effective degradation of the elephant grass dry matter.

Key words: crude protein, digestibility, elephant grass, leaf/stem ratio, neutral detergent fiber, yield

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1 INTRODUÇÃO

A estacionalidade da produção forrageira é um dos grandes

obstáculos à elevação dos índices de produtividade dos rebanhos de corte e

leite no Estado de Mato Grosso. O cultivo de gramíneas para corte em áreas

denominadas capineiras constitui uma das alternativas para aliviar o

problema da falta de pasto na época seca, conhecida como período da

entressafra. Dentre as espécies mais utilizadas para a implantação dessas

capineiras, destaca-se o capim–elefante (Pennisetum Purpureum Schum.)

em decorrência de sua elevada produtividade e boa aceitação pelo gado.

(Abreu e Cortes, 1996).

A maioria dos autores de trabalhos sobre capineiras considera que

essa alternativa é uma boa estratégia para a suplementação alimentar de

animais ruminantes. O volumoso produzido na capineira pode ser fornecido

na forma verde picada ou como silagem, com o objetivo de atender às

exigências de manutenção e produção do rebanho durante períodos de

escassez de pasto.

Somente as informações obtidas através da observação visual não

têm permitido estabelecer um calendário de corte escalonado com base no

conhecimento das variações que ocorrem na produção de massa verde

(MV), de matéria seca (MS), a percentagem de folhas e relação folha/colmo

do capim-elefante ao longo do ciclo de crescimento vegetativo,

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particularmente, que por sua vez afetam os teores de proteína bruta (PB), de

fibra em detergente neutro (FDN) e taxas de degradação ruminal.

Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o efeito de diferentes

idades de corte do capim-elefante roxo, sobre suas características

agronômicas e composição químico-bromatológica, durante os períodos

seco e chuvoso.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Fatores de crescimento das plantas forrageiras

Segundo Gliesman (2001), cada espécie vegetal, durante seu ciclo de

vida, atravessa estádios distintos de desenvolvimento, incluindo a

germinação da semente, estabelecimento inicial, crescimento, florescimento,

e dispersão das sementes. Cada um desses estádios envolve algum tipo de

transformação morfológica e fisiológica na planta. A maioria das respostas

da planta está diretamente relacionada com as condições ambientais, que

constituem os estímulos externos. Desta forma, dentro dos

agroecossistemas, o desempenho de cada espécie depende da forma como

cada fator do ambiente causa impacto sobre ela.

Corsi (1998), em revisão sobre o potencial produtivo de forrageiras de

clima temperado e tropical, relatou que as potencialidades genéticas por si

só não condicionam a produção animal, fazendo-se necessário o

entendimento e a manipulação do sistema solo – planta – animal – meio, para que os recursos abióticos disponíveis (radiação, temperatura,

precipitação e nutrientes do solo) efetivamente se transformem em material

vegetal, com a finalidade de promover o desenvolvimento dos animais

herbívoros, no sentido de satisfazer às necessidades do homem.

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Nas considerações de Gliesman (2001), os fatores abióticos

consistem, principalmente, do solo e dos elementos climáticos, os quais não

são, de modo geral, facilmente manipuláveis. Basicamente, o que se pode

manipular é a disponibilidade de nutrientes no solo, por meio de adubações,

e melhorar suas propriedades físicas, por meio de tratamentos mecânicos,

além de corrigir carências pluviométricas usando a irrigação. Os fatores

bióticos envolvem a planta, como organismo vivo e suas potencialidades

biológicas. Dentre os fatores bióticos, está incluso o homem, que causa o

maior impacto sobre o ambiente no qual as plantas se desenvolvem,

alterando e ajustando as condições da ambiência física e biológica para

satisfazer às necessidades de desenvolvimento de uma comunidade de

plantas. Para assegurar a sustentabilidade, o produtor deve compreender

bem as interações abióticas e bióticas do agroecossitema.

Os fatores climáticos apresentam grande efeito no rendimento e na

qualidade das forrageiras. Em condições de campo, luz, temperatura e

umidade do solo interagem entre si, ocasionando variações na quantidade e

na qualidade da forragem produzida ao longo do ano (Peterson, 1970).

A radiação solar é um dos fatores básicos do crescimento das plantas

através de seus efeitos sobre a fotossíntese, a transpiração e a absorção de

nutrientes. Esta assimilação e utilização da energia radiante estão

relacionadas com a quantidade de energia luminosa recebida pelas folhas

das plantas e demais partes clorofiladas (Rodrigues e Rodrigues, 1987).

De acordo com Gomide (1973), o manejo das pastagens está

estreitamente relacionado com a fisiologia e a estrutura das plantas

forrageiras utilizadas. As plantas verdes transformam a energia luminosa em

energia química, sob a forma de compostos orgânicos por meio do processo

da fotossíntese, cuja eficiência depende da clorofila presente nas folhas.

Depreende-se, portanto, que na produção de forragem tem muita

importância a quantidade de folhas que a planta pode produzir.

O crescimento da planta forrageira, após uma desfolha drástica, é

inicialmente lento, que é suportado pela utilização das suas reservas

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(carboidratos e compostos nitrogenados). À medida que aumenta a

folhagem e, portanto, a quantidade de células clorofiladas, o crescimento da

planta aumenta rapidamente, até atingir um limite máximo. Chegando ao

estágio de maturação, o ganho de massa começa a declinar cessando o

crescimento. O arranjo foliar das espécies forrageiras determina a

quantidade de luz que penetra no dossel da cultura, bem como sua

utilização, pelas diferentes camadas de folhas que se distribuem ao longo da

altura da planta (Larcher, 1995).

Nos ecossistemas de pastagens, o perfilhamento é estimulado por

altos níveis de radiação solar incidente nas gemas basais das gramíneas,

enquanto que, em níveis baixos de radiação, o crescimento das gemas

axilares e basais é geralmente reduzido, sendo o carbono alocado para a

recuperação da área foliar das hastes já existentes (Robson et al., 1998).

Conforme já relatado, o regime de radiação é o determinante básico

do crescimento das plantas através de seus efeitos sobre a fotossíntese,

transpiração e absorção de nutrientes (Rodrigues e Rodrigues, 1987). De

acordo com Whiteman (1980), no Equador, a radiação solar incidente

durante o ano varia somente em torno de 13%, entretanto esta variação

cresce com o aumento da latitude. A intensidade de energia recebida

também declina em função do aumento da latitude, conforme pode ser

observado na tabela abaixo:

Latitude: 0° 10° 23° 40° 60° 80°

Energia incidente (Kcal/cm²/ano): 312 306 287 246 178 134

Em termos de produtividade das forrageiras nos trópicos, a relação

entre fotossíntese e radiação é de extrema importância, devido à presença,

nas gramíneas tropicais, de adaptações bioquímicas no processo

fotossintético que as tornam mais bem adaptadas às condições de maiores

intensidades de radiação e altas temperaturas nas regiões tropicais

(Rodrigues e Rodrigues, 1987).

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Segundo Nelson e Volenec (1995), em condições de campo, a

resposta do crescimento das plantas à radiação pode ser influenciada pela

qualidade, intensidade e duração de energia radiante. A qualidade se refere

ao comprimento de onda dos raios solares, situados entre 400 e 700 nm

(faixa visível) na qual a taxa fotossintética é mais ativa. A densidade de

radiação expressa em unidades de energia (fótons) influencia diretamente a

taxa de crescimento das plantas com seu efeito na fotossíntese. A duração

do período luminoso influencia o crescimento e o desenvolvimento das

espécies por meio de sua maior ou menor sensibilidade ao fotoperíodo.

Nesse caso, pode-se ter plantas de dias curtos, longos ou plantas

insensíveis ao fotoperíodo.

Rodrigues e Rodrigues (1987) afirmaram que o fotoperíodo não só

determina o florescimento e a produção de sementes de uma dada espécie

forrageira, em uma determinada região, como também influencia a duração

do seu ciclo vegetativo. A radiação e o comprimento do dia variam

grandemente com as estações do ano e em todas as partes do globo, de

acordo com as latitudes, exceto nas regiões localizadas na linha do equador.

A temperatura e a radiação têm efeitos sinérgicos no crescimento das

forrageiras, expresso como taxa de acúmulo de matéria seca, sendo que

esta taxa é, primariamente, uma função da taxa da fotossíntese líquida e do

aumento da área foliar. A temperatura tem efeito em quase todos os padrões

de crescimento das plantas, podendo-se observar o aumento da área foliar e

da taxa de desenvolvimento de perfilhos em muitas gramíneas. Outra

importância da elevação da temperatura é no processo de formação de

clorofila, que só tem início nas plântulas de gramíneas tropicais quando a

temperatura do ar atinge uma faixa de 10 a 15°C (Rodrigues e Rodrigues,

1987).

Segundo Nelson e Volenec (1995), a temperatura é um importante

fator ambiental que controla as enzimas envolvidas nas rotas metabólicas da

fotossíntese, da respiração e dos processos de crescimento. Altas

temperaturas diurnas poderão ser ótimas para os processos fotossintéticos e

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de crescimento das plantas, enquanto que baixas temperaturas noturnas

conservam a energia pela redução nos processos respiratórios. A taxa de

crescimento das espécies forrageiras é dependente da taxa de divisão e

expansão celular, as quais são influenciadas pela temperatura. A divisão

celular está relacionada com a temperatura do ar ao nível dos meristemas o

que influencia a duração do ciclo mitótico.

A respiração celular é o processo metabólico que fornece energia

para a divisão das células, sendo também afetada pela temperatura. Nas

espécies dicotiledôneas, que apresentam seus meristemas na parte aérea, a

taxa de crescimento é dependente da temperatura atmosférica, enquanto

que nas gramíneas, cujos meristemas apicais são basais e laterais estão

localizados ao nível do solo, a taxa de crescimento é mais influenciada pela

temperatura próxima (Nelson e Volenec, 1995).

De acordo com estudos de Pedreira (1972), a disponibilidade de água

é um fator de fundamental importância para a produção vegetal, por ser o

elemento requerido em maior quantidade pela planta e que tem participação

em todos os processos metabólicos. Nas regiões tropicais, a precipitação

pluviométrica anual varia dentro de limites muito amplos, oscilando de 50 a

3000 mm. Na zona equatorial, existem regiões onde ocorre alta intensidade

de chuvas com uma variação mínima ao longo do ano. Nos trópicos e

subtrópicos, ocorrem flutuações decorrentes das mudanças estacionais, com

períodos bem definidos de chuvas durante os meses mais quentes do ano,

seguidos de um período seco durante os meses com temperaturas mais

amenas.

Conforme Nelson e Volenec (1995), a necessidade de água para o

desenvolvimento das forrageiras varia de acordo com a espécie, condições

climáticas e edáficas. Quando uma determinada espécie forrageira é

submetida a condições de moderada deficiência hídrica, a divisão e o

alongamento celular são afetados. O crescimento da folha torna-se lento

antes que o déficit hídrico se torne bastante severo, provocando o

fechamento dos estômatos e, conseqüentemente, a diminuição da

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fotossíntese. Nesta situação, a maior parte da expansão das folhas e do

caule ocorrerá durante a noite, quando os estômatos estão fechados, as

taxas de transpiração estarão mais reduzidas e as plantas serão re-

hidratadas pela absorção de água do solo.

2.2 Estacionalidade da produção forrageira A baixa produção animal nos trópicos é atribuída principalmente à

nutrição inadequada, em conseqüência da sazonalidade da produção

forrageira. Durante os meses de alta precipitação, as pastagens apresentam

elevadas velocidades de rebrota, o que resulta em satisfatório desempenho

animal. Entretanto, durante a época da seca, com a escassez de pasto,

ocorre perda de peso dos animais em conseqüência do baixo consumo de

matéria seca digestível. Isto pode ser atribuído ao fato da pastagem, nesta

época, estar madura, ou à baixa disponibilidade de forragem por causa do

superpastejo (Euclides et al., 1990).

Conforme Gomide et al. (1985), após 5 ou 6 meses de pastos

abundantes, sobrevém o período de seca em que os pastos, se submetidos

ao subpastejo, completam seu ciclo e tornam-se fibrosos, de baixo valor

nutritivo, enquanto se superpastejados, acham-se rapados, oferecendo

quantidades desprezíveis de alimento para o rebanho. Em qualquer dos

casos, o resultado é a subnutrição e comprometimento da saúde, fertilidade

e produtividade do rebanho. Assim, o manejador de pasto deve ter sempre

em mente que deverá idealizar estratégias que permitam um equilíbrio

favorável entre o suprimento e a demanda de alimentos. Na prática, para a

manipulação do suprimento (quantidade e distribuição da produção),

normalmente são utilizadas técnicas como o uso de plantas forrageiras de

elevado potencial produtivo, correção e adubação do solo, irrigação e

conservação de excedentes de forragens.

Para se estabelecer estratégias a fim de minimizar os problemas

decorrentes da alternância de períodos de produções altas e baixas, é

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evidente a importância de se conhecer, quantitativa e qualitativamente, o

ciclo estacional da forrageira. A melhor utilização da forragem depende das

variações que ocorrem na composição química e na digestibilidade durante

o ciclo vegetativo da planta (Alcântara et al., 1981).

Segundo Whiteman (1980), o valor nutritivo da forragem decresce

grandemente quando a planta se aproxima da maturidade. Com o aumento

da idade da planta, a proporção de componentes potencialmente digestíveis,

compreendendo os carboidratos solúveis, proteínas e outros componentes

celulares tendem a declinar, enquanto a proporção de lignina, celulose,

hemicelulose e outras frações indigestíveis aumentam. Um outro fator

importante é que, com a idade da planta, a proporção de colmo comparada

com a de folha, aumenta, e a fração de colmo em um dado estádio de

crescimento é muitas vezes mais digestível que em um outro estádio mais

tardio. Associando-se que, naturalmente, a digestibilidade da fração colmo é

46% inferior à da folha, pode-se concluir que o aumento da proporção de

colmo reduz o valor nutritivo da matéria seca total ofertada aos animais.

2.3 O capim elefante O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schumach) representa uma

das gramíneas mais importantes e mais difundidas em todas as regiões

tropicais e subtropicais do mundo. Conhecido no Brasil como Napier ou

Cameroon, é originário da África, onde ocorre naturalmente em vários

países, desde a Guiné, no oeste, até Angola e Zimbábwe, no sul, e

Moçambique e Quênia, no leste africano (Brunken, 1977; citado por

Tcacenco e Botrel, 1997). Nestas regiões, sua ocorrência natural se dá em

áreas com precipitação pluvial superior a 1.000 mm/ano.

Após seu reconhecimento como forrageira de alto valor para a

alimentação de animais ruminantes, principalmente de bovinos, o capim-

elefante foi introduzido em vários países, sendo atualmente encontrado em

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regiões dos trópicos e subtrópicos, em altitudes que variam desde o nível do

mar até 2.000m (Bogdan, 1977; citado por Tcacenco e Botrel, 1997).

Jacques (1997), citando diversos autores que estudaram os

caracteres morfológicos do capim elefante, fez as seguintes considerações

sobre esta gramínea:

- é uma espécie de elevada eficiência fotossintética, ou seja, com

maior eficiência no aproveitamento da luz solar. Este atributo resulta numa

grande capacidade de acumulação de matéria seca ao longo de seu ciclo

vegetativo.

- é uma espécie perene, cespitosa, de porte ereto e que, sob

condições favoráveis de fertilidade do solo, de clima, de temperatura e

umidade, consegue atingir 2,5 a 3,5 m de altura, após alguns meses de

desenvolvimento, podendo alcançar produções de até 150-250 t MV/ha/ano.

- distribui-se no planeta entre as latitudes de 10° Norte e 20° Sul, com

temperaturas que variam entre 18°C a 30°C e níveis de precipitação entre

800 a 4.000 mm. Entretanto, o melhor desenvolvimento é obtido em altitudes

de até 1500 m, sob temperatura ao redor de 24°C.

- adapta-se a vários tipos de solo com umidade suficiente, mas possui

pouca tolerância a terrenos mal drenados. Trata-se de uma espécie

cespitosa, que não cobre totalmente o solo.

- pode ser utilizada para pastejo direto, cultivada em capineira para

corte e ser ofertada picada no cocho, bem como para a produção de

silagem.

De acordo com Blaser et al. (1955), seu uso como silagem apresenta

algumas limitações, pois o capim-elefante, quando colhido em estádios

avançados de maturidade, possui cerca de dois terços dos nutrientes

digestivos totais (NDT) verificados na silagem de milho. Em decorrência de

experimentos realizados na Flórida, afirmou-se que a silagem desse capim é

inferior à de sorgo, da cana-de-açúcar e de milho. Constatou-se ainda que,

em condições de pastejo ou de corte, o capim-elefante é considerado um

excelente alimento para o gado leiteiro, devido ao rápido crescimento e à

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produção de uma forragem bastante tenra que apresenta um teor

relativamente alto de proteína bruta (PB).

Gomide (1997), citando diversos autores, ressaltou que, na condição

de gramínea perene, o capim-elefante é capaz de rebrotar após cortes

sucessivos com intervalos de 30-45 dias. Durante as primeiras semanas de

rebrota, a gramínea apresenta uma alta razão de peso foliar (RPF), isto é,

apresenta uma alta proporção de folhas e, praticamente, nenhum entrenó.

Entretanto, com o seu desenvolvimento, ocorre o processo de alongamento

do caule, com o surgimento dos nós e entrenós. A partir daí, cai a RPF e

diminui a relação folha/caule, elevam-se os teores de matéria seca (MS) e

de componentes da parede celular. Concomitantemente, caem os teores de

proteína bruta e a digestibilidade “in vitro” da matéria seca (MS). Além disso,

durante o crescimento no período de verão, estas alterações ocorrem de

forma muito mais acentuada em comparação com o crescimento durante o

período de inverno, quando o capim-elefante apresenta uma melhor relação

folha/caule e um crescimento menos intenso.

A introdução do capim-elefante no Brasil ocorreu em 1920, sendo

inicialmente utilizado como capineira para o fornecimento de forragem verde

picada ou conservada sob a forma de silagem. Desde sua introdução no

país, este capim despertou a atenção por seu elevado porte e grande

produção de biomassa, chegando a apresentar um rendimento de 80

toneladas de matéria seca/hectare/ano. Seu uso é mais freqüente na

pecuária leiteira, com predominância do cultivo em capineira. Além desse

aspecto, são citadas outras características favoráveis, tais como a facilidade

de multiplicação, resistência a doenças, pragas, à seca e frio, boa

palatabilidade e bom valor nutritivo, quando novo. Semelhantemente a

outras espécies forrageiras tropicais, o capim-elefante apresenta produção

concentrada no período de chuvas. A distribuição irregular de produção de

forragem durante o ano é devida à ocorrência de baixas temperaturas,

associadas a fotoperíodos mais curtos e deficiência hídrica. Assim, a

pequena produção no período das secas está presente tanto no sul do

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Brasil, onde o frio é mais intenso, quanto na região sudeste, onde o inverno

coincide com a seca (Silveira, 1976; Carvalho, 1985; Mozzer et al., 1986;

Jacques, 1997; Hillesheim, 1993, citados por Abreu, 2005).

Gomide (1997), referindo-se às muitas cultivares de capim-elefante

utilizadas no Brasil, destacou que as principais são: Napier, Mercker,

Mineiro, Porto Rico, Gigante de Pinda, Mole de Volta Grande, Taiwan A-144,

Taiwan A-146, além daquelas mais recentes: Cameroon, Napier Roxo e

Anão. Informou ainda que existem grandes diferenças entre as cultivares no

que se refere ao rendimento forrageiro, mas não encontrou diferenças

significantes quanto aos teores de proteína bruta, fibra bruta, cálcio, fósforo,

magnésio e digestibilidade.

2.4 A capineira de capim-elefante

O cultivo de áreas forrageiras para corte, constitui uma das

alternativas propostas e viáveis para aliviar o problema de falta de pasto no

período da seca.

Segundo Gomide (1997), o manejo da capineira deve ser feito com os

seguintes objetivos:

– obtenção de altos rendimentos de forragem com adequado valor nutritivo;

– melhora da distribuição da produção ao longo do ano;

– manutenção da condição de perenidade da capineira.

Para alcançar estes propósitos, algumas decisões devem ser

tomadas quanto aos intervalos de corte, altura do corte, dosagens dos

fertilizantes e irrigação.

Com relação às necessidades de adubação do capim-elefante,

Monteiro (1997) constatou que os cortes desta gramínea proporcionaram

elevada retirada de nutrientes do solo, os quais devem ser repostos a fim de

garantir a condição de perenidade e manter bons níveis de rendimento da

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capineira. Durante as sucessivas colheitas, ocorre remoção de uma enorme

quantidade de nitrogênio e de potássio, cálcio e magnésio, evidenciando a

necessidade de adubação de reposição sob formas inorgânicas e/ou

orgânicas, sendo recomendável a realização de análises periódicas de

amostras do solo.

Conforme Werner (1986), a quantidade de material removido na área

cortada é um parâmetro sugerido como base de cálculo para a adubação

nitrogenada. Assim, para cada tonelada, considera-se uma remoção de 3 a 4

kg de nitrogênio que deve ser reposto.

Para o caso de capineiras de capim-elefante, Cantarutti et al. (1999),

recomendaram seguir as orientações para sistemas de alto nível

tecnológico, com a aplicação de 200 kg de N/ha/ano, fracionados durante o

período chuvoso (outubro-abril), após cada corte.

No caso do enxofre, conforme Werner e Monteiro (1998), no caso das

gramíneas forrageiras cultivadas nas regiões tropicais, somente se esperam

grandes benefícios à adubação com enxofre, quando esta for executada

simultaneamente com o fornecimento de fósforo (se limitante) e,

principalmente, de nitrogênio.

Com relação ao potássio, esse nutriente também merece especial

consideração em virtude da elevada quantidade que é removida com a

forragem colhida nas áreas de capineiras. Nesse sentido, de acordo com

Vicente – Chandler et al. (1959) citados por Monteiro (1997), com produção

de 17 a 50 t MS/ha/ano, o capim-elefante removeu de 510 a 620 kg de

K/ha/ano de potássio.

Com relação à adubação orgânica, as excreções animais constituem

material que pode ser retornado aos solos das capineiras submetidas a

cortes periódicos. Do total excretado pelos animais, tem-se constatado que o

nitrogênio, o potássio e boro são essencialmente liberados na urina,

enquanto fósforo, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês e zinco são

excretados em maior proporção nas fezes (Monteiro, 1997).

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Mozzer e Andrade (1985) consideraram que, devido ao fato do

nitrogênio e o potássio serem excretados pela urina, fica evidente a

vantagem de aplicar nas capineiras o esterco verde constituído por fezes e

urina. Também destacaram que a prática de distribuição diária do esterco

verde resulta em melhores condições de higiene das instalações animais,

com redução das perdas de nutrientes por lixiviação e volatilização. Além

disso, poupa trabalho e instalações, dispensando armazenamento,

economizando tempo e trabalho. Informaram, ainda, que a aplicação diária

de esterco em áreas de capim elefante é muito comum entre os produtores

rurais, especialmente aqueles que trabalham na produção de leite.

Entretanto, Pons (1981) alertou parar o risco da infestação da capineira por

ervas daninhas provenientes de sementes contidas no esterco e semeadas

com ele no solo. Para evitar essa infestação, Monteiro (1997) recomendou a

fermentação e a decomposição do estrume em esterqueiras durante um

período de 3 a 6 meses.

Carvalho et al. (1975) ressaltaram que a quantidade de esterco de

curral aplicada em áreas com capim-elefante tem sido de 20 a 30 t/ha/ano,

ressaltando que os benefícios da aplicação de 40 t/ha proporcionaram um

aumento de 23% no rendimento forrageiro das variedades Napier, Mercker,

Mineiro e Porto Rico.

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3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM.) CV. ROXO EM DIFERENTES IDADES

DE CORTE NA DEPRESSÃO CUIABANA

RESUMO – O presente trabalho foi idealizado com o objetivo de avaliar o

efeito da variação da idade de corte do capim-elefante (Pennisetum

purpureum Schum.) cv. Roxo sobre suas características agronômicas

(produtividade, altura da planta, diâmetro do colmo, percentagem de folhas e

relação folha/colmo). O delineamento experimental foi em blocos

casualizados (DBC), com seis tratamentos (idades de corte) e quatro

repetições. As idades de corte foram 30, 45, 60, 75, 90 e 105 dias, durante

as épocas seca e chuvosa. O corte de uniformização foi feito ao nível do

solo no inicio de cada período experimental (seco e chuvoso). Cada parcela

experimental foi constituída de 4 fileiras com 5 m de comprimento,

espaçadas de 1,27 m, perfazendo uma área de 25,4 m². Considerou-se

como bordadura 0,5 m nas extremidades, e a área útil ficou reduzida a duas

fileiras centrais de 4 m de comprimento, correspondendo a 10,16 m². Em

cada idade, o capim foi cortado e avaliado quanto à produção de massa

seca/há, altura, diâmetro do colmo, porcentagem de folhas e colmo e relação

folha:colmo. Na época seca, o aumento de idade ocasionou efeito quadrático

(P<0,05) em todas as variáveis avaliadas, com exceção da altura do perfilho,

que apresentou comportamento linear crescente (P<0,05). Nas águas, o

avanço da idade de corte afetou linearmente (P<0,05) as variáveis

estudadas, à exceção do diâmetro do colmo, promovendo aumento na

produtividade e na altura das plantas e redução a percentagem de folhas e

na relação folha/colmo.

Palavras-chave: altura, colmo, diâmetro do colmo, porcentagem de folhas e colmo, produtividade,

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AGRONOMICAL CHARACTERISTICS OF THE ELEPHANT GRASS (Pennisetum purpureum Schum.) CV. ROXO AT DIFFERENT CUTTING

AGES IN CUIABA LOWLANDS ABSTRACT – The aim of the study was to evaluate the cutting age effect of

elephant grass (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Roxo upon its

agronomic characteristics (productivity, stem diameter, plant height, leaf

percentage and leaf/stem ratio. The experimental design was arranged in

randomized blocks with six treatments and four repetitions. The ages of

cutting (treatments) had been 30, 45, 60, 75, 90, and 105 days during the dry

and rainy seasons. The standardization cutting was realized at the ground

level in the beginning of each experimental period (dry and rainy seasons).

The experiment was carried out on elephant grass pasture in Rancho 1000,

situated in Santo Antônio de Leverger – MT. The samples were processed

and analyzed in the Laboratory of Animal Nutrition of the Agricultural

Extension and Livestock Department in Mato Grosso Federal University.

Each experimental plot was constituted by four lines (5.0 m length and 1.27m

spaced), giving a total 25.4 m². After subtract 0.5 m on the borders, remained

10.16 m² of useful area (two central lines with 4.0 m²). In each age, the grass

was cut, weighed in the field, sampled and carried to the Laboratory for

processing. During the dry season, the increase on cutting age caused

quadratic effect (P<0.05) in all variables evaluated, except in the plant height

that presented a linear increase. In the rainy season, the increase of cutting

age affected linearly all the variables evaluated, except the stem diameter.

The productivity (yield/ha) and the plant height was increased, but the leaf

percentage and the leaf/stem ratio was reduced.

Key-words: leaf and stem porcentage, plant height, productivity, leaf/stem ratio

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1 INTRODUÇÃO A estacionalidade da produção forrageira constitui um dos principais

obstáculos ao desenvolvimento da pecuária de corte e de leite no Brasil,

provocando flutuação na oferta de forragem aos animais ao longo do ano em

sistemas dependentes da produção de pastagens. Considerando que a

demanda de alimentos para a mantença e produção dos animais permanece

estável ao longo de todo o ano, a conseqüência dessa estacionalidade são

os conhecidos períodos de safra e entressafra da atividade pecuária.

Este fenômeno tem sido objeto de estudos e de considerações feitas

por diversos autores. Gomide (1997) considerou que o cultivo de áreas

forrageiras para corte, denominadas capineiras, constitui umas das

alternativas propostas para aliviar o problema da escassez de pastos

durante a entressafra. Dentre as espécies forrageiras mais usadas para tal

finalidade, destaca-se o capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) em

decorrência de seu elevado rendimento forrageiro e boa aceitação pelo

gado.

De acordo com Carvalho et al. (1982), o capim-elefante é originário da

África e foi introduzido no Brasil em 1920, onde encontra-se disseminado

praticamente em todo o território nacional. No país, tem sido quase sempre

utilizado na pecuária leiteira, na forma de capineiras destinadas à

suplementação alimentar dos animais como forragem picada no cocho.

Nesta condição de uso, obedecidos alguns aspectos de manejo, com base

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em conhecimentos sobre as alterações morfológicas, químicas e nutricionais

que ocorrem ao longo do ciclo vegetativo da planta, o capim-elefante é uma

das espécies de maior produção de forragem de alta qualidade.

Hillesheim (1993) considerou que, no manejo da capineira de capim-

elefante, as idades de corte influenciam no rendimento e na qualidade da

forragem colhida. Salientou ainda, que o conhecimento das alterações nas

suas características agronômicas, tais como, altura da planta e relação

folha/colmo que ocorrem durante o ciclo vegetativo são fundamentais para

avaliar a qualidade da forragem, devido à correlação entre estas

características, a composição bromatológica e a digestibilidade.

Gomide e Queiroz (1994) enfatizaram que um dos fatores que

determinam o valor nutritivo das forrageiras é a idade da planta.

Veiga (1993) relatou que as características nutritivas do capim-

elefante têm sido determinadas, principalmente, em regime de corte,

apresentando declínio do valor nutritivo com o avanço do ciclo de vida da

planta caracterizado pelo aumento dos teores de componentes da parede

celular (hemicelulose, celulose, lignina e sílica).

Apesar da razoável quantidade de trabalhos sobre o assunto, pelo

fato das informações terem sido obtidas na região Sudeste, há carência de

pesquisas sobre capineiras de capim-elefante conduzidas na região Centro-

Oeste, principalmente em Mato Grosso. Desta forma, o presente trabalho foi

idealizado com o objetivo de avaliar as alterações das características

agronômicas do capim-elefante roxo em diferentes idades de corte na região

da Depressão Cuiabana.

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2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Localização da Área experimental O experimento foi conduzido no Rancho 1000, localizado no km 14 da

Rodovia Cel. Palmiro Paes de Barros no município de Santo Antônio de

Leverger MT, situado a 15° 47’ 11” latitude Sul e 56° 04’ 17” longitude Oeste

de Greenwich, a uma altitude de 140 m, na mesorregião Centro-Sul de Mato

Grosso e na microrregião de Cuiabá (Ferreira, 2001).

2.2 Características climáticas da região De acordo com Ferreira (2001), predomina na região o clima tropical

quente e sub-úmido com um período de 4 meses de seca (junho a setembro)

e 8 meses de ocorrência de chuvas (outubro a maio), com uma precipitação

anual da ordem de 1500 mm, com intensidade máxima em dezembro,

janeiro e fevereiro. Apresenta temperatura média anual de 24°C, com

extremos já verificados de 42°C e 0°C.

Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os dados da precipitação

pluviométrica, da temperatura média, umidade relativa do ar e nebulosidade

durante o período experimental, fornecidos pelo Departamento de

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Engenharia Rural da FAMEV, coletados na Estação Agro-climática Padre

Ricardo Remetter da Fazenda Experimental da UFMT, localizada próximo à

área do experimento.

Tabela 1: Precipitação pluviométrica (mm) ocorrida durante o período experimental (2005 e 2006).

Meses 2005

(mm)

Dias

Chuvosos

2006

(mm)

Dias

Chuvosos

_____________________________________________________________

Janeiro 271,3 20 182,1 17

Fevereiro 124,6 08 174,9 20

Março 156,6 16 229,8 6

Abril 83,9 09 178,9 17

Maio 5,8 01 11,6 04

Junho 6,5 02 ---- ----

Julho 0,4 01 ---- ----

Agosto 7,1 01 ---- ----

Setembro 73,0 06 ---- ----

Outubro 134,9 11 ---- ----

Novembro 96,7 11 ---- ----

Dezembro 164,3 20 ---- ----

_____________________________________________________________

Total: 1125,1 773,3

_____________________________________________________________Fonte: Departamento de Solos e Engenharia Rural da FAMEV/UFMT (Estação Agro-climática Padre Ricardo Remetter da Fazenda Experimental da UFMT).

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Tabela 2: Temperatura, umidade relativa do ar e nebulosidade ocorridas

durante o período experimental (médias diárias). 2005

Meses Temp. média (ºC)

U.R.(%) Nebulosidade (horas/dia)

Janeiro 26,9 83 8,4

Fevereiro 27,2 81 7,1

Março 26,8 83 6,8

Abril 25,9 80 6,3

Maio 25,4 73 4,5

Junho 24,2 70 3,6

Julho 21,9 63 3,5

Agosto 25,2 48 3,6

Setembro 24,5 64 5,8

Outubro 27,6 70 6,9

Novembro 27,3 77 7,0

Dezembro 27,1 78 7,2

2006

Meses Temp. média (°C)

U.R(%) Nebulosidade (horas/dia)

Janeiro 26,7 83 8,0

Fevereiro 26,9 84 7,9

Março 26,9 86 8,0

Abril 26,6 84 6,6

Maio 22,1 79 4,2

_____________________________________________________________Fonte: Departamento de Solos e Engenharia Rural da FAMEV/UFMT (Estação Agro-

Climática Padre Ricardo Remetter da Fazenda Experimental da UFMT).

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2.3 Características do solo da área experimental De acordo com Ferreira (2001), o solo predominante na região é

caracterizado como Plintossolo (plintossolo Tb álico moderado, textura

média relevo plano).

Visualmente, pode-se observar que o solo predominante no Rancho

1000 é bastante “cascalhento” e muito semelhante fisicamente a boa parte

dos solos que ocorrem nos demais municípios vizinhos, localizados nas

regiões da Depressão Cuiabana e do Alto Pantanal.

Conforme análise do perfil do solo na área experimental,

pesquisadores do Departamento de Solos e Engenharia Rural da UFMT

concluíram que se trata de um Neosolo Litólico, com vestígios visíveis do

material de origem, moderadamente profundo, não apresentando sinais de

concreção de rochas até a profundidade de 100 cm, evidenciando uma

textura arenosa e muito cascalhenta.

De acordo com Lepsch et al. (1983), este tipo de solo apresenta

fragmentos rochosos, tanto superficiais quanto integrantes de seu perfil, com

predominância de cascalho medindo de 2 a 20 mm de diâmetro e pedras

com 20 a 100 mm de diâmetro, apresentando ainda matacões representados

pelos fragmentos de rocha, com diâmetro superior a 260 mm, soltos na

superfície ou entranhados ao longo do perfil. Esta constituição dificulta a

mecanização por provocar o desgaste dos implementos agrícolas,

entretanto, facilita a infiltração de água, a aeração do solo, penetração das

raízes e desenvolvimento do sistema radicular.

Os resultados analíticos das amostras do solo da área experimental

encontram-se na Tabela 3.

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Tabela 3: Caracterização química do solo a partir de amostras coletadas de 0 a 20 cm de profundidade.

Atributos Valores Interpretação agronômica*

pH em água 6,0 Bom

P (mg/dm³) 35,8 Muito bom

K (mg/dm³) 29,0 Baixo

Ca (cmolc/dm³) 1,9 Médio

Mg (cmolc/cdm³) 1,3 Bom

Al (cmolc/dm³) 0,0 Muito Baixo

H+Al (cmolc/dm³) 2,4 Baixo

Sat por Al. (%) 0,0 Muito Baixo

Soma de bases (cmolc/dm³) 3,3 Médio

CTC (cmolc/dm³) 5,7 Bom

Sat. por bases (%) 57,3 Médio

_____________________________________________________________

Areia (%) 67,2 Alto

Silte (%) 13,3 Alto

Argila (%) 19,5 Médio

_____________________________________________________________ *Ribeiro et al. (1999).

2.4 Delineamento experimental O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados

(DBC) com seis tratamentos (idades de corte) e quatro repetições.

Cada parcela foi constituída por quatro fileiras de capim-elefante com

5 m de comprimento, espaçadas de 1,27 m, perfazendo uma área de 25,4

m². Considerou-se uma bordadura de 0,5 m nas extremidades, sendo que a

área útil ficou com duas fileiras centrais de 4,0 m cada uma, correspondente

a 10,16 m².

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Os tratamentos estudados foram:

T1 – Corte com idade de 30 dias

T2 – Corte com idade de 45 dias

T3 – Corte com idade de 60 dias

T4 – Corte com idade de 75 dias

T5 – Corte com idade de 90 dias

T6 – Corte com idade de 105 dias

2.5 Características avaliadas

As características avaliadas foram:

- Produção de matéria seca (MS)

- Altura da planta

- Diâmetro do caule

- Percentagem de folhas

- Relação folha/caule

2.6 Instalação e condução do experimento A área experimental faz parte de uma capineira (7 ha) que vem sendo

conduzida ao longo dos últimos seis anos. A gramínea utilizada é o capim-

elefante roxo (Pennisetum purpureum Schum.). Na implantação da

capineira, o plantio foi feito após limpeza e gradagem do terreno, no

espaçamento de 1,27 m entre sulcos, com colmos deitados nos sulcos e

recobertos com terra. O controle das plantas daninhas, principalmente

fedegoso (Cassiatora L.) e guanxuma (Sida cordifolia L.), é feito através da

enxada e arranquio manual.

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Sistematicamente, vem sendo feita a distribuição de esterco fresco de

curral, nas entrelinhas, após cada corte, numa quantidade estimada em 40

t/ha/ano.

De acordo com a análise de solo, utilizou-se adubação em cobertura

na área experimental com sulfato de amônio e cloreto de potássio,

correspondente à dosagem de 200 kg N/ha e 200 kg K²O/ha, aplicados de

forma parcelada, em duas vezes, logo após cada corte de uniformização das

parcelas experimentais, no início dos períodos seco e chuvoso.

Para a coleta de dados durante o período da estiagem, o ensaio foi

instalado no dia 05/04/2005, após o corte de uniformização ao nível do solo.

No dia 07/04/2005, foi feita a adubação de manutenção através da

distribuição em cobertura com 100 kg N/ha e 100 kg K²O/ha. Esta adubação

foi repetida, logo após a realização do segundo corte de uniformização em

04/12/2005, ocasião em que o experimento foi reinstalado para a coleta de

dados referente ao período chuvoso, estendendo-se o período de coleta até

19/04/2006, data do último corte.

Para a coleta das amostras, foi estabelecido o calendário de cortes de

acordo com os tratamentos.

Os cortes foram efetuados ao nível do solo, usando inicialmente o

cutelo e, posteriormente, o facão ou machete, colhendo-se a biomassa da

área útil de cada parcela. A massa verde foi amarrada em feixes e pesada

no próprio local, usando uma balança de braço, com divisões de 0,1 kg,

suspensa numa trave. Em seguida, retirou-se uma amostra de 12 plantas

representando cada parcela. De cada amostra, 9 plantas inteiras foram

picadas em picadora convencional, sendo a forragem colocada em sacos de

papel e devidamente pesada.

Para a determinação da matéria seca (MS), foi realizada uma pré-

secagem das amostras em estufa de circulação forçada de ar, em

temperatura de 65°C por 72 horas. Em seguida, foi feita a pesagem e a

moagem do material utilizando moinho com peneira de 1 mm.

Posteriormente, foram tomadas amostras (2 g) deste material, as quais

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foram levadas à estufa a 105° para secagem definitiva e determinação da

MS total (Silva e Queiroz, 2002).

De cada amostra inicial (12 plantas), foram retiradas três plantas

representativas destinadas às medições para a determinação das demais

características agronômicas, conforme o seguinte procedimento:

- Diâmetro do caule: medida determinada com o uso do paquímetro,

tomada a 10 cm do nível do solo, em mm.

- Altura principal: medida determinada com o uso de uma régua

graduada, tomada desde o nível do solo até última lígula foliar, em cm.

- Altura secundária: medida determinada desde o nível do solo até a

ponta da folha mais alongada.

- Percentagem de folhas e relação folha/caule: avaliação feita por

meio da pesagem em balança de precisão de todas as folhas das três

plantas de cada amostra, destacadas no ponto de inserção (lígula), seguida

da pesagem dos colmos. Após colocadas separadamente (folhas e colmos)

em sacos de papel e submetidas à pré-secagem em estufa de circulação

forçada de ar (65°C, durante 72 horas), as amostras foram novamente

pesadas na mesma balança.

2.7 Análise Estatística

Os dados relativos às características agronômicas foram agrupados

separadamente para cada época do ano (seca e águas) e submetidas à

análise de variância e de regressão, sendo utilizado o software

Computacional SAEG (1998), considerando o seguinte modelo estatístico:

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Yijk = µ + Ti + Bj + eijk

em que:

Yijk = valor da k-ésima parcela submetida à i-ésima idade de corte no j-ésimo

bloco;

µ = constante geral;

Ti = efeito referente à i-ésima idade de corte;

Bj = efeito referente ao j-ésimo bloco;

eijk = erro aleatório, pressuposto (0, σ2).

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3 RESULTADOS 3.1 Avaliação das variáveis agronômicas na época seca

As alterações dos valores das variáveis agronômicas observadas ao

longo do período de amostragem são decorrentes do avanço da idade da

planta sob influência de condições climáticas desfavoráveis, considerando

principalmente os baixos índices de precipitação pluviométrica (Tabela 1).

Analisando os dados constantes da Tabela 4 observou-se efeito

quadrático (P<0,05) da idade de corte sobre todas as variáveis com exceção

da altura da planta que apresentou um comportamento linear crescente

(P<0,05) ao longo do período experimental, conforme a equação de

regressão (ER) 2.

A produção de matéria seca (MS), o diâmetro do colmo, a

porcentagem de folhas e a relação folha:colmo apresentaram

comportamento quadrático (P<0,05) em função da idade de corte, com ponto

de máxima aos 78 dias de idade da planta (ER 1), de 10,72cm aos 88 dias

(ER 3), ponto de mínimo de 40,67% aos 79,31 dias e de 0,611 aos 81 dias

(ER 4), respectivamente.

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Tabela 4 – Médias de produção de matéria seca (MS), altura, diâmetro do colmo, percentagem de folhas, relação folha/colmo do capim-elefante roxo em diferentes idades de corte durante a época seca.

1 Ŷ = 853 + 95 X – 0,61 X2 (P = 0,0530) (R² = 0,59 CV = 32,67%) 2 Ŷ = 78,05 + 0,5242 X (P=0,00008) (R² = 0,83 CV = 10,86%) 3 Ŷ = 0,549 + 0,247 X – 0,0015 X2 (P = 0,00006)) (R² = 0,77 CV = 7,88%) 4 Ŷ = 95,40 – 1,38 X + 0,0087 X2 (P = 0,00001) (R² = 0,83 CV = 7,53%) 5 Ŷ = 3,46 – 0,07 X + 0,00043 X2 (P=0,0000) (R² = 0,87 CV = 15,03%)

3.2 Avaliação das variáveis agronômicas na época das águas No período chuvoso, o avanço da idade de corte ocasionou alterações

nas características agronômicas do capim-elefante roxo em função da idade

de corte, pelas variações climáticas favoráveis, considerando principalmente

a ocorrência de bom volume e regularidade da precipitação pluviométrica

(Tabela 1).

A análise dos dados da Tabela 5 evidenciou o efeito linear (P<0,05)

sobre todas as variáveis analisadas, com exceção do diâmetro do colmo que

apresentou um comportamento quadrático (P<0,05), com ponto de máximo

aos 87 dias ao atingir 3,20 mm (ER 3).

A produção de matéria seca (MS) apresentou comportamento linear

crescente (P<0,05) com um incremento diário de 112,61 kg/MS (ER 1). A

altura da planta apresentou comportamento linear crescente (P<0,05) com

Idade de corte (em dias) Variáveis 30 45 60 75 90 105

ER

MS (kg/ha) 1089 2999 2331 2638 2806 2519,4 1

Altura (cm)

84

111

114

117

127

128 2

Diâmetro do colmo (cm)

5,98

9,7

9,9

10,92

9,42

10,75

3

Folhas (%)

65,14

52,71

40,21

47,94

44,79

46,62 4

Relação folha/colmo

1,88

1,12

0,67

0,93

0,81

0,87 5

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um incremento diário de 2,85 cm (ER 2). A percentagem de folhas

apresentou crescimento linear decrescente (P<0,05) com decréscimo diário

de 0,60% (ER 4). A relação folha/colmo apresentou comportamento linear

decrescente (P<0,05) com decréscimo diário de 0,028 na relação RF/C,

significando que quanto maior o retardamento do corte do capim menor será

a relação RF/C.

Tabela 5 – Valores médios para a produção de matéria seca (MS), altura,

diâmetro do colmo, percentagem de folhas, relação folha/colmo do capim elefante roxo em diferentes idades de corte durante a época das águas.

Idade de corte (em dias) Variáveis 30 45 60 75 90 105

ER

MS (kg/ha)

899

2846

5564

7552

9325

8438

1

Altura (cm)

83,4

127

153,85

222,75

272,75

281,6

2

Diâmetro do colmo (mm)

7,82

7,55

12,65

12,55

12,47

12,1

3

Folhas (%)

69,28

67,66

51,18

47,03

38,08

27,06

4

Relação folha/colmo

2,3

2,23

1,05

0,89

0,61

0,37

5 1 Ŷ = 1830 + 112,61 X (P = 0,00000) (R² = 0,90 CV = 22,59%) 2 Ŷ = 2,2657 + 2,8517 X (P=0,0000) (R² = 0,97 CV = 4,42%) 3 Ŷ = 0,3385 + 0,2958 X – 0,0017 X2 (P =0,001) (R² = 0,79 CV = 10,53%) 4 Ŷ = 89,14 – 0,5991 X (P = 0,00001) (R² = 0,97 CV = 8,41%) 5 Ŷ = 3,13 – 0,028 X (P=0,0000) (R² = 0,90 CV = 32,85%) 4 DISCUSSÂO

Evidenciando a estacionalidade da produção do capim-elefante,

verificou-se aos dias 105 dias a produtividade de 2519,40 kg MS/ha

(28,40%) na época seca (Tabela 1) e de 8438,00 kg MS/ha (71,60%) na

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época chuvosa (Tabela 2). Pedreira (1976) observou percentuais de

produção estacional semelhantes: 23,10% na seca e de 76,90% nas águas.

Até os 45 dias de idade de corte, nota-se que não existiu diferença

acentuada na produção do capim-elefante nas duas épocas (seca e águas),

provavelmente pela semelhança das condições climáticas nas datas de

corte, coincidindo com o final das chuvas (inicio do período seco) e começo

das chuvas (período das águas). A partir de 60 dias, a produtividade

referente aos cortes realizados nas águas foi, em media: 2,38; 2,86; 3,32;

3,35 vezes a produtividade na época da seca, evidenciando a elevada

estacionalidade do capim-elefante.

A taxa de crescimento do capim-elefante roxo aos 105 dias variou de

39,07 kg MS/ha/dia (época da seca) a 130,04 kg MS/ha/dia (época das

águas). Pedreira (1976) relatou valores médios de taxas de crescimento

para o capim-elefante napier variando de 11 a 21 kg MS/ha/dia no período

seco e de 31 a 60 kg MS/ha/dia no período chuvoso, evidenciando a forte

influencia de estacionalidade.

A produção de matéria seca (MS) do capim-elefante teve valores

crescentes em função da idade de corte (30 a 105 dias) e nas duas épocas

(seca e águas). Por outro lado, foram observados valores decrescentes para

a percentagem de folhas. Hillesheim (1988) e Queiroz Filho et al. (2000),

estudando o efeito da maturidade sobre a produção e a qualidade do capim-

elefante napier e roxo, respectivamente, também encontraram valores

crescentes para a MS e decrescentes para a percentagem de folhas com o

avanço nas idades de corte.

Na época das águas, observou-se redução na relação folha/colmo na

ordem de 0,028/dia, à medida que aumentou a idade de corte do capim-

elefante. Brito et al. (1966), estudando a influência da idade de corte sobre

as características de produção do capim-elefante roxo, encontrou valores

decrescentes da relação folha/colmo para seis cortes (idade de 28 a 98 dias)

bem como elevação na produção de MS/ha.

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Silveira (1976), pesquisando o efeito da idade do capim-elefante

napier sobre a relaçao folha/colmo e MS, para idades de corte de 51, 96 e

121 dias, encontrou percentagens decrescentes de folha, crescentes de

colmo e crescente de matéria seca (MS).

5 CONCLUSÕES

A estacionalidade exerce forte influência sobre as características

agronômicas do capim-elefante roxo.

Para a idade de corte acima de 60 dias, a produção de matéria seca

(MS) da época das águas correspondeu a três vezes mais do que na época

da seca.

No período das águas, o incremento diário na altura da planta foi 5

vezes maior que no período da seca.

O avanço da idade de corte do capim-elefante roxo nas águas

aumentou a produção de matéria seca (MS) e a altura da planta, mas

reduziu a percentagem de folhas e a relaçao folha/colmo.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, D. P. P. de S.; ARONOVICH, S.; RIBEIRO, H. Comparação entre duas variedades de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) e de seis diferentes espaços de tempo entre cortes das plantas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PASTAGENS, 9., 1965. São Paulo. Anais... São Paulo: 1966. p. 1683-1685. RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. C.; ALVAREZ, V. H. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5° Aproximação. Viçosa, 1999. 341 p. CARVALHO, L de A.; MARTINS, M. S.; SALDANHA, E. M. Bibliografia de Pennisetum purpureum Schum. Brasília: EMBRAPA – DID, 1982. 380 p. FERREIRA, J. C. U. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá: Secretaria de Estado de Educação. 2001, p. 608-610. GOMIDE, J. A. Formação de capineira de capim-elefante. In: CARVALHO, M. M.; ALVIM, M. J.; XAVIER, D. F.; CARVALHO, L. de A. Capim-elefante: produção e utilização. Juiz de Fora: EMBRAPA-CNPGL, 1997. p. 31-46. GOMIDE, J. A.; QUEIROZ, D. S. Valor alimentício das Brachiarias. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11., 1994. Piracicaba, Anais...Piracicaba: FEALQ, 1994, p. 223-248. HILLESHEIM, A. Manejo do gênero Pennisetum sob pastejo. In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGEM, 9., 1988, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1988. p. 77-108.

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HILLESHEIM, A. Manejo do capim-elefante In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGEM, 10., 1993, Piracicaba. Anais… Piracicaba: FEALQ, 1993 p. 117-141. LEPSCH, I. F., BELLINAZZI JR, R.; BERTOLINI, D.; ESPINDOCA, C. R. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no sistema de capacidade de uso: 4a aproximação Campinas: SBCS, 1983. p. 49-76. PEDREIRA, J. V. S. Crescimento estacional dos capins elefante – napier (Pennisetum purpureum Schum.) e guatemala (Tripsacum fasciculatum Trim.) Bol. Industr. Anim., Nova Odessa, n. 33, p.233-242, 1976. QUEIROZ FILHO, J. L.; SILVA, D. S.; NASCIMENTO, I. S. Produção de matéria seca e qualidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) Cultivar Roxo em diferentes idades de Corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 1, 2000. SILVEIRA, A. C. Contribuição para o estudo do capim-elefante (Pennisetum pupureum Schum.) como reserva forrageira no trópico. Botucatu, 1976. 243 p. Tese (Livre Docência) – Universidade Estadual de São Paulo, Botucatu. SILVA, D. J., QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: Métodos químicos e biológicos. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2002. 235p. SAEG – Sistema de análises estatísticas e genéticas. Viçosa: UFV, 1998, 150 p. (manual do usuário). VEIGA, J. B. Utilização do capim-elefante sob pastejo. In: CARVALHO, M. M.; ALVIM, M. J.; XAVIER, D. F.; CARVALHO, L. de A. Capim-elefante: produção e utilização. Juiz de Fora: EMBRAPA-CNPGL, 1997. p. 161-187.

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COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA E DIGESTIBILIDADE “IN VITRO” DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM.) CV.

ROXO EM DIFERENTES IDADES DE CORTE NA DEPRESSÃO CUIABANA

RESUMO – O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da variação

na idade de corte do capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv.

Roxo sobre seus teores de proteína bruta (PB), fibra insolúvel em detergente

neutro (FDN), FDN indigestível (FDNi), a fração solúvel em detergente

neutro (SDN), a taxa de digestão (c) da matéria seca e a degradabilidade

ruminal potencial (DP) e efetiva (DE). O delineamento experimental foi em

blocos casualizados com quatro blocos, seis tratamentos (idades de corte) e

quatro repetições. As idades de corte foram 30, 45, 60, 75, 90 e 105 dias,

durante as épocas da seca e das águas. O corte de uniformização foi feito

ao nível do solo no inicio de cada período experimental (seca e águas). Em

cada idade, o capim foi cortado, pesado, amostrado e encaminhado ao

laboratório para o processamento das amostras. Na seca, o teor de PB foi

quadraticamente reduzido (P<0,05) em função do avanço da idade de corte

do capim elefante roxo, enquanto os teores de FDN e FDNi aumentaram

linearmente (P<0,05). Nas águas, o comportamento linear (P<0,05) foi

verificado para todas as variáveis analisadas. Em ambas as épocas, o

avanço da idade de corte aumentou os teores de FDN e FDNi, mas reduziu

o teor de PB, a taxa de digestão ruminal e a degradabilidade ruminal

potencial (DP) e efetiva (DE). Verificou-se uma correlação negativa entre os

teores de FDNi e as taxas de degradação ruminal potencial (DP) e efetiva

(DE) da matéria seca (MS) do capim elefante roxo.

Palavras-chave: cinética ruminal, proteína bruta, fibra em detergente neutro, taxa de digestão

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CHEMICAL COMPOSITION AND IN VITRO DIGESTIBILITY OF ELEPHANT GRASS (Pennisteum purpureum Schum.) CV. ROXO AT

DIFFERENT CUTTING AGES IN CUIABA LOWLANDS ABSTRACT – The aim of this study was to evaluate the cutting age effect of

elephant grass (Pennisetum purpureum Schum.) upon the amounts of crude

protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), indigestible neutral detergent

fiber (FDNi), neutral detergent soluble matter (SDN), dry matter digestion

rate, potential and effective ruminal degradation rates. The experimental

design was arranged in randomized blocks with six treatments and four

repetitions. The ages of cutting (treatments) had been 30, 45, 60, 75, 90 and

105 days during the dry and rainy seasons the standardization cutting was

realized at the ground level in the beginning of each experimental period (dry

and rainy season). In each age, the grass was cut, weighted, sampled and

carried to the laboratory for processing. During the dry season, the crude

protein (CP) amount had quadratic reduction (P<0.05) affected by the

increase of cutting age, while the DNF amount was linearly increased

(P<0.05). During the rainy season, linear effect (P<0.05) was verified in all

evaluated variables. The advance in cutting age increased NDF and NDFi

amounts, but it reduced the CP amount, the ruminal digestion rate and the

effective and potential ruminal degradation. It was verified a negative relation

between the amounts of NDFi and the effective degradation of the elephant

grass dry matter.

Key words: crude protein, digestion rate, neutral detergent fiber, ruminal

kinetic

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1 INTRODUÇÃO

Embora no estado de Mato Grosso, a pecuária de corte se destaque,

tem havido aumento expressivo da produção de leite nos últimos anos, em

regiões específicas do estado. Nestas, com suas características bem

marcantes, predomina a produção de leite com o uso do pasto, envolvendo

também, a suplementação dos animais com capim-elefante picado no cocho.

Entretanto, de acordo com Hillesheim (1993), a estacionalidade do capim-

elefante provoca grande queda de produtividade no período da seca,

concentrando-se a produção no período chuvoso (cerca de 70% do total

anual), constituindo a produção do chamado verão agrostológico que dura

de outubro a abril na região Centro-Oeste.

Para estabelecer estratégias no sentido de minimizar os problemas

decorrentes da alternância de períodos de produções altas e baixas devido à

estacionalidade, torna-se evidente a importância de se conhecer a

composição químico - bromatológica e as qualidades digestivas da forrageira

durante os períodos seco e chuvoso (Alcântara et al., 1981).

A importância desse conhecimento está relacionada com o conceito

de que o valor nutritivo das forrageiras refere-se à composição química e à

sua digestibilidade, enquanto o valor alimentício refere-se à avaliação

biológica da forrageira em termos de produção animal, ou seja, de resposta

em ganhos de produtividade de carne ou de leite (Gomide e Queiroz, 1994).

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O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) é uma gramínea

originária da África e destaca-se pela elevada produção de biomassa por

unidade de área. No Brasil Central, destina-se principalmente para cultivo

em capineira, sendo a sua utilização através do corte e fornecimento como

forragem verde picada no cocho, mais recentemente, vem se despertando o

interesse o seu uso em produção de silagem e em sistemas de pastejo. Para

a produção de silagem, a maioria dos produtores faz apenas um corte por

ano, almejando o máximo rendimento por unidade de área, entretanto,

colhe-se material com baixo valor nutritivo, caracterizado por baixos teores

de proteína bruta (PB) e elevados teores de fibra insolúvel em detergente

neutro (FDN) (Faria , 1993).

Pois, o avanço da idade de corte, embora aumente a produção de

biomassa, conduz à redução nos teores de proteína bruta (PB), aumento nos

teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e redução na

digestibilidade (in vivo ou in vitro). A idade é um dos fatores que afeta o valor

nutritivo do capim-elefante, particularmente, na porcentagem de folhas e

colmo, uma vez que as primeiras apresentam maiores teores de PB e

menores de FDN, comparado ao último (Gomide, 1997).

A fibra constitui a fração dos alimentos que apresenta lenta e

incompleta digestão e ocupa espaço no trato gastrintestinal dos ruminantes

(Mertens, 1994). Variações na idade de corte que afetam o teor de fibra nas

forrageiras podem causar alteração no consumo e na digestão dos

nutrientes, particularmente dos carboidratos.

Mudanças nos teores de PB, em função da idade de corte, podem

afetar a digestibilidade e o consumo de matéria seca. Reduzido teor de PB

na dieta pode limitar o crescimento da microbiota ruminal, fazendo com que

ocorra redução no seu crescimento e na digestão da dieta. Neste sentido,

tem sido proposto o valor de 7%, como sendo o mínimo de PB na dieta de

ruminantes, para que não ocorra limitação ao crescimento microbiano e à

digestão da fibra (Deresz e Mozzer, 1997).

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A avaliação de alimentos para ruminantes pode ser feita por meio de

ensaios de digestão, consumo e ganho de peso. Avaliações destes

parâmetros digestivos são de importância fundamental na determinação do

valor nutritivo dos alimentos, pois variações na digestão afetam o consumo

e, consequentemente, o desempenho animal. Considerando que o rúmen

representa o principal local de ocorrência dos eventos digestivos nos

animais ruminantes, podendo variar de 60 a 90% do total digerido ao longo

do trato gastro-intestinal (TGI), estudos têm sido conduzidos para avaliar a

digestão dos alimentos neste compartimento, pois variações na digestão

ruminal entre e dentre alimentos afetam diretamente a digestão total, o

consumo e o desempenho animal (Merchen e Bourquin, 1994).

Os ensaios de digestão em ruminantes podem ser feitos por estudos

in vivo, in vitro e in situ. Considerando que os ensaios in vivo e in situ

requerem o uso de animais, podendo ser estes preparados cirurgicamente

ou não, esses apresentam limitações no que se refere ao seu custo, labor e

duração. Desta forma, os métodos in vitro têm sido propostos, de forma a

reduzir o uso de animais fistulados, minimizar o efeito da variação animal e

garantir a manutenção de um ambiente de incubação adequado para

conseguir isolar os efeitos inerentes ao valor nutritivo dos alimentos em teste

(Van Soest, 1994). Neste sentido, a técnica de produção de gases foi

idealizada, permitindo detectar as taxas de digestão do alimento e suas

frações, exigindo menos quantidade de amostras, por não ser um método

destrutivo, como todos os métodos gravimétricos (Pell e Schofield, 1993).

Apesar da razoável quantidade de trabalhos sobre o assunto,

concentrados na região Sudeste, são poucas as pesquisas com capineiras

de capim-elefante na região Centro-Oeste, principalmente em Mato Grosso.

Desta forma, este estudo teve o objetivo de avaliar os efeitos da idade de

corte do capim elefante roxo sobre a sua composição bromatológica, as

suas taxas de degradação e a degradação ruminal efetiva na região da

Depressão Cuiabana.

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2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Delineamento experimental

O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados

(DBC) com seis tratamentos (idades de corte) e quatro repetições.

Cada parcela foi constituída por quatro fileiras de capim-elefante com

5 m de comprimento, espaçadas a cada 1,27 m, perfazendo uma área de

25,4 m². Considerou-se bordadura de 0,5 m nas extremidades, sendo que a

área útil ficou com duas fileiras centrais de 4,0 m cada uma, correspondente

a 10,16 m².

Os tratamentos estudados foram:

T1 – Corte com idade de 30 dias

T2 – Corte com idade de 45 dias

T3 – Corte com idade de 60 dias

T4 – Corte com idade de 75 dias

T5 – Corte com idade de 90 dias

T6 – Corte com idade de 105 dias

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2.2 Características avaliadas

As características avaliadas foram:

- Teor de matéria seca (MS)

- Teor de proteína bruta (PB)

- Teor de fibra em detergente neutro (FDN)

- Teor de FDN indigestível (FDNi)

- Digestibilidade “in vitro” da forragem

- Degradabilidade ruminal

- Taxa de digestão ruminal

2.3 Condução do experimento Para a determinação da matéria seca (MS), foi realizada uma pré-

secagem das amostras em estufa de circulação forçada de ar, em

temperatura de 65°C por 72 horas. Em seguida foi feita a pesagem e a

moagem do material utilizando moinho com peneira de 1 mm.

Posteriormente, foram tomadas amostras (2 g) deste material, as quais

foram levadas à estufa a 105° para secagem definitiva e determinação da

MS (Silva e Queiroz, 2002).

A partir das amostras secas ao ar (ASA), foram feitas as

determinações de proteína bruta (PB) (Silva e Queiroz, 2002), fibra insolúvel

em detergente neutro (Van Soest et al., 1991) e FDN indigestível (FDNI)

(Cochran et al., 1986). Determinou-se o teor dos compostos solúveis em

detergente neutro (SDN), pela subtração do teor de FDN do total de matéria

seca.

Em seguida procedeu-se a incubação “in vitro” das amostras do

capim-elefante para determinação da produção de gases, conforme Cabral

et al. (2000), com algumas modificações. Foram pesadas aproximadamente

400 mg de amostra seca ao ar (ASA), os quais foram acondicionados em

frascos de vidro de 50 mL, sendo em seguida adicionados 32 mL da solução

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tampão de McDougal (1949). Adiante foram adicionados aos frascos 8 mL

de líquido ruminal proveniente de um bovino fistulado, sob aspersão de CO2. Os frascos foram hermeticamente lacrados e mantidos em banho-maria a

39°C. Após, foram feitas leituras da produção de gases no interior dos

frascos por meio de uma seringa graduada de 10 mL nos seguintes tempos:

1, 2, 3, 4, 5, 6, 9, 12, 15, 18, 24, 30, 36, 48, 60 e 72 horas após a incubação.

Após 144 horas de incubação foi procedida a determinação da FDN residual

nos resíduos da incubação, para determinação da FDNi

2.4 Análise estatística Os dados da produção de gases foram somados ao longo dos tempos

para originar as curvas cumulativas de produção de gás por amostra, as

quais foram submetidas ao modelo unicompartimental: VF/(1+exp(2-4c(T-

L))), de Schofield et al. (1994), em que:

VF – representa o volume final de gás

c – taxa de degradação do alimento

T – tempo de incubação

L – latência

Com as taxas de degradação estimadas foram calculadas as

degradabilidades ruminais efetivas (DE), por intermédio da seguinte

equação:

DE (%) = MSP c/ (c+ K), em que:

MSP – representa a matéria seca potencialmente digestível, obtida pela

subtração da FDNi da MS.

c – taxa de degradação ruminal estimada

K – taxa de passagem ruminal da digesta (2,5%/h)

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Os dados relativos à composição bromatológica, às taxas de

degradação ruminal, a degradação potencial da MS e a degradação ruminal

efetiva foram submetidos à análise de variância e regressão através do

softtware computacional SAEG (1998), considerando o seguinte modelo

estatístico:

Yijk = µ + Ti + Bj + eijk

em que:

Yijk = valor da k-ésima parcela submetida à i-ésima idade de corte no j-ésimo

bloco;

µ = constante geral;

Ti = efeito referente à i-ésima idade de corte;

Bj = efeito referente ao j-ésimo bloco;

eijk = erro aleatório, pressuposto (0, σ2)

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas Tabelas 1 e 2 são apresentadas as composições químico-

bromatológicas do capim-elefante roxo cortado a intervalos de 30, 45, 60,

75, 90 e 105 dias durante a época da seca e das águas, respectivamente.

Na seca, os teores de MS, FDN e FDNi aumentaram linearmente

(P<0,05) em função do avanço da idade de corte (Tabela 1). Tal

comportamento pode ser explicado pela conversão de compostos solúveis

presentes no citossol, tais como açúcares e proteínas solúveis, em

componentes da parede celular vegetal, representados pela celulose,

hemicelulose e lignina.

Hatfield (1993) relatou que variação na proporção da parede celular

primária e secundária, assim como seu espessamento pode afetar a taxa e a

extensão da digestão da parede celular vegetal pela microbiota ruminal.

Essas transformações, de acordo com Wilson (1994), ocorrem de forma

expressiva com o aumento da maturidade, principalmente em plantas C4.

Observou-se efeito quadrático (P<0,05) da idade de corte sobre os

teores de PB, apresentando teor máximo de 13,34% de PB, para a idade de

corte de 30 dias e o teor mínimo de 7,24% aos 105 dias (Tabela 1).

Nas águas, verificou-se efeito linear (P<0,05) da idade de corte do

capim-elefante roxo sobre os teores de MS, FDN e FDNi que aumentaram e

sobre os teores de PB que diminuíram, mas o teor de MS apresentou,

comportamento oposto ao do período da seca (Tabela 2).

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Considerando os teores de PB observados para o capim-elefante roxo

nas águas, pode-se inferir que, teoricamente, não haveria limitação de

compostos nitrogenados (N) à microbiota ruminal, pois os valores variaram

de 9,87 a 18,17% de PB.

Tabela 1 – Valores médios para as porcentagens de matéria seca (MS),

proteína bruta (PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fração solúvel em detergente neutro (SDN) e FDN indigestível (FDNi) obtidos para o capim elefante roxo em diferentes idade de corte durante a época seca

____________________________________________________________

IDADES DE CORTE (dias)

30 45 60 75 90 105 ER CV% R2

MS

(% MN)

13,43 24,55 20,00 25,67 27,03 31,61 1 6,3 0,78

PB

(% MS)

14,25 8,81 8,44 7,30 7,96 6,45 2 9,39 0,86

FDN

(% MS)

56,98 63,84 75,57 71,49 80,15 85,18 3 5,49 0,91

SDN

(% MS)

43,02 36,16 24,43 28,51 19,85 14,82

FDNi

(% MS)

14,71 18,08 24,98 33,67 25,90 30,33 4

20,8 0,86

FDNi

(% FDN)

25,82 28,32 33,05 47,08 32,30 35,61 - - -

_________________________________________________________________________________________________________________

1 Ŷ = 10,38 + 0,200 X (P=0,00000)

2 Ŷ = 21,72 – 0,3360 X + 0,001887 X2 (P = 0,00002) 3 Ŷ = 48,31 + 0,3540 X (P = 0,00000) 4 Ŷ = 9,74 + 0,2233 X (P = 0,00000)

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Tabela 2 – Valores médios para as porcentagens de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e FDN indigestível (FDNi) obtidos para o capim elefante roxo em diferentes idade de corte durante a época das águas

_____________________________________________________________ Idade de corte (dias)

Itens 30 45 60 75 90 105 ER CV% R2

MS

(%MN)

17,06 16,09 17,36 15,70 16,24 13,14 1 8,7 0,55

PB

(% MS)

18,17 14,87 12,83 12,48 9,70 9,87 2 12,59 0,90

FDN

(% MS)

69,49 68,70 73,94 79,87 76,67 78,85 3 5,67 0,82

SDN

(% MS)

30,51 31,29 27,05 20,13 23,32 21,15

FDNi

(% MS)

20,64 21,33 20,37 29,07 30,77 34,64 4 34,02 0,90

FDNi

(% FDN)

29,71 31,05 27,55 36,40 40,13 43,93

_____________________________________________________________ 1 Ŷ = 18,61 – 0,0396 X (P = 0,00282) 2 Ŷ = 20,51 – 0,1121 X (P = 0,00000) 3 Ŷ = 64,39 + 0,1457 X (P = 0,00074) 5 Ŷ = 12,71 + 0,2017 X (P = 0,00000)

Queiroz Filho et al. (2000) avaliaram o capim-elefante roxo e

verificaram comportamento quadrático para o teor de PB, o qual variou de

13,80 (40 dias) a 6,10% (100 dias) na MS. Verificaram comportamento linear

para o teor de FDN, que variou de 68,76 (40 dias) a 79,64% (105 dias) na

MS. Relataram teores obtidos de PB que estão próximos aos valores

verificados no presente trabalho (Tabela 1) para o capim-elefante obtido na

seca, entretanto estão abaixo daqueles verificados no período das águas

(Tabela 2).

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As percentagens de colmo na planta exerceram significativa influência

sobre a composição bromatológica do capim-elefante roxo (Figuras 1,2 e 3).

O aumento da percentagem de colmo promoveu decréscimo linear

(P<0,05) no teor de PB da MS (Figura 1), bem como um aumento linear

(P<0,05) no teor de FDN da MS (Figura 2). Comportamento semelhante foi

relatado por Wilson e Mertens (1995), demonstrando haver uma correlação

negativa entre o teor de colmo na planta na MS e o valor nutritivo do capim-

elefante roxo.

Relacionado o percentual de colmo na planta e o teor de FDNi do

capim-elefante, verificou-se que o aumento do percentual de colmo com o

avanço da idade de corte promoveu aumento linear (P<0,05) no teor de

FDNi (Figura 3), afetando negativamente o valor nutritivo da forrageira.

Gomide (1997) relatou que a idade é um dos fatores que mais afeta o valor

nutritivo do capim-elefante pela redução da relação folha/colmo, uma vez

que o colmo apresenta teores menores de PB e maiores de FDN, cuja

indigestibilidade aumenta com o avanço da idade de corte.

y = -0,2379x + 24,73R2 = 0,8562

0

5

10

15

20

25

0 20 40 60 80 100

COLMO (% NA PLANTA)

PB

(% M

S)

Figura 1 – Relação entre a percentagem de colmo e os teores de PB

do capim-elefante roxo no período das águas.

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y = 0,2536x + 60,321R2 = 0,6233

30

40

50

60

70

80

90

0 20 40 60 80 100

COLMO (% NA PLANTA)

FDN

(% M

S)

Figura 2 – Relação entre a porcentagem de colmo e os teores de FDN do

capim elefante roxo no período das águas.

y = 0,3269x + 6,8231R2 = 0,8124

0

5

10

15

20

25

30

35

0 20 40 60 80 100

COLMO (% NA PLANTA)

FDN

i (%

na

MS)

Figura 3 – Relação entre a porcentagem de colmo e os teores de FDNi (%

na MS) para o capim elefante roxo no período das águas.

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64

Na Tabela 3 são apresentados os valores médios para as taxas de

digestão ruminal (c) em percentagem por hora, para a degradabilidade

potencial (DP %) e para a degradabilidade ruminal efetiva (DE %) para a

matéria seca do capim-elefante roxo em função das idades de corte.

Nota-se que os valores obtidos nas águas para a taxa de digestão

foram numericamente superiores aos obtidos na época seca, em todas as

idades de corte avaliadas. Entretanto, foi observada uma redução na

digestão potencial do capim elefante mais acentuada nas águas que na

seca, provavelmente em função da sua elevada taxa de crescimento no

período de chuvas, o que culminou com o aumento da proporção da fração

fibrosa. Tal fato é confirmado pela grande redução na proporção de folhas e,

com isso, redução na relação folha:caule, observado no primeiro trabalho.

Esse comportamento pode ser avaliado pela observação dos valores

para a porcentagem de FDNi expressa tanto na MS como na FDN, onde nas

águas, verificou-se um aumento drástico dos valores para esta variável. Tal

comportamento pode ser atribuído às mudanças nas proporções das

estruturas da planta, pois de acordo com Wilson e Mertens (1995), os talos

(colmos) das gramíneas, de modo geral, apresentam maior resistência à

degradação que as folhas, em decorrência da maior presença de tecidos

lignificados e, adicionalmente, pelo fato de se tornarem lignificados mais

rapidamente do que as folhas.

Considerando que a digestão é um processo dependente do tempo,

pode-se afirmar que a taxa de digestão relativa à taxa de passagem exerce

considerável efeito sobre o coeficiente de digestibilidade. Portanto,

componentes dos alimentos que apresentam elevada taxa de digestão, têm

a sua digestão total pouco afetada pelas variações na taxa de passagem

(Mertens, 1994). Desta forma, o capim elefante roxo nas águas, embora

tenha apresentado maiores valores numéricos para a FDNi que na seca, em

decorrência da sua elevada taxa de digestão ruminal, apresentaram maiores

valores numéricos para a DE que na seca.

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Tabela 3 – Valores médios estimados para as taxas de digestão (c, em %/h), degradação potencial (DP) e degradação efetiva (DE) para o capim elefante roxo obtido em diferentes idades de corte durante o período da seca e das águas

____________________________________________________________ Idade de corte (dias)

Variáveis 30 45 60 75 90 105 ER CV R2

Período da Seca

c (%/h) 3,40 3,42 3,21 3,09 2,96 2,74 1 6,97 0,95

DP(%) 72,61 72,78 67,61 74,24 72,99 70,58 - - -

DE (%) 45,66 45,25 44,67 39,20 37,45 34,07 - - -

Período das Águas

c (%/h) 3,81 3,42 3,42 3,57 3,47 3,37 2 5,65 0,40

DP (%) 75,94 70,27 63,90 69,51 65,23 60,40 - - -

DE (%) 51,49 47,33 46,85 42,20 42,97 39,71 - - -

1 Ŷ = 3,76 – 0,00917X (P=0,00010), (R2 =0,95 CV = 6,97)

2 Ŷ = 3,76 – 0,003643 X (P = 0,03605) (R2 = 0,40 CV = 5,65)

Na Figura 4 é apresentada a relação entre os teores de FDNi e a

degradação ruminal efetiva (DE) da MS do capim-elefante roxo na época

das águas. Nota-se redução linear (P<0,05) da DE com o avanço da FDNi.

Isto provavelmente afetaria os teores de NDT e com, isso, a disponibilidade

de energia para a mantença e produção de ruminantes alimentados com o

capim-elefante roxo submetido às idades de corte elevadas. Hatfield (1993)

relata que à medida que as plantas amadurecem, sua qualidade geralmente

declina, sendo isso relacionado à redução na digestibilidade dos

componentes da parede celular vegetal, que nutricionalmente são definidos

como fibra.

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y = -0,642x + 59,895R2 = 0,9278

0

10

20

30

40

50

60

10 15 20 25 30 35 40

FDNi (% MS)

Deg

rada

ção

Efe

tiva

da M

S (%

)

Figura 4 – Relação entre a porcentagem de FDN indigestível (FDNi) e a

degradação efetiva ruminal da MS do capim elefante roxo obtido na época das águas

Considerando que a FDN exerce efeito de enchimento ruminal, em

função do seu volume e da lenta digestão pela microbiota do rúmen, poderia

ser inferido que o aumento da idade de corte promoveria efeitos negativos

sobre o consumo de MS desta forrageira. Adicionalmente, a elevação do

teor de FDNi com a idade de corte poderia implicar em redução na

digestibilidade da MS e na quantidade de energia disponível aos animais

(Cabral, 2002), o que também afetaria o consumo.

Conforme Vieira et al. (1997), a fração indigestível exerce forte efeito

de repleção ruminal, uma vez que ela não é digerida, e o seu

desaparecimento do rúmen ocorreria somente por meio do escape para o

abomaso. Para demonstrar este efeito, foi realizada uma simulação

utilizando a equação de Conrad (1966), no sentido de estimar o consumo de

vacas de leite em função do nível de FDNi no capim elefante (Figura 5),

onde nota-se redução linear no consumo estimado de MS à medida que

ocorre aumento da FDNi do capim.

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y = -0,1443x + 13,158R2 = 0,9013

0

2

4

6

8

10

12

14

5 10 15 20 25 30 35 40

FDNi (% MS)

CM

S (k

g/an

imal

/dia

)

Figura 5 – Relação entre a concentração de FDNi na MS do capim elefante

e o consumo de matéria seca (MS) estimado para vacas de leite (kg/animal/dia)

Com relação ao teor de FDN verificado no capim-elefante roxo neste

estudo nota-se um expressivo incremento com o avanço da idade da planta,

principalmente na época seca. Este comportamento tem sido o principal

argumento para a orientação de produtores e técnicos em nível de campo

para que conduzam o manejo do referido capim proporcionando cortes que

conciliem a produtividade com adequado valor nutritivo.

Queiroz Filho et al. (2000) recomendaram a idade de corte variando

de 60 a 80 dias, no sentido de atingir esta meta. Neste trabalho,

considerando os teores de PB e FDN, pode-se inferir que a mesma

recomendação pode ser trabalhada para o manejo do capim-elefante roxo

nas águas, pois neste período seu crescimento é muito expressivo.

Na seca, o ideal seria cortar o capim com idade inferior a 60 dias,

considerando os seus teores de PB e FDN, entretanto, excetuando os

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68

sistemas de produção de capineira irrigada, seu manejo na seca,

objetivando maiores acúmulos de biomassa, deveria optar pelo corte com 90

dias de idade, permitindo com isso razoável acúmulo de matéria seca, em

relação às idades inferiores.

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4 CONCLUSÕES O avanço da idade de corte do capim elefante roxo, tanto no período

seco quanto chuvoso, promoveu redução dos teores de PB e aumento da

FDN e da FDNi.

As taxas de degradação da MS foram reduzidas com o avanço da

idade de corte, o que proporcionou redução da degradação ruminal potencial

e efetiva da MS.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6 CONCLUSÕES GERAIS

A estação do ano exerceu significativo efeito na produção do capim-

elefante roxo.

O avanço da idade de corte do capim elefante roxo promoveu

aumento na produção de matéria seca, na altura do capim, redução nas

percentagem de folhas e na relação folha/colmo.

Com o avanço da idade houve aumento dos teores de FDN e FDNi e

redução dos teores de PB e SDN.

O avanço da idade de corte do capim elefante roxo promoveu redução

nas taxas de degradação da MS, na degradação potencial e efetiva ruminal

da MS.

Foi verificada correlação negativa entre o teor de FDNi no capim

elefante roxo e a degradação efetiva ruminal da MS.

O aumento do percentual de colmo no capim-elefante roxo, reduziu a

percentagem de PB e aumentou os teores de FDN e FDNi em decorrência

do avanço da idade de corte.

Conciliando produtividade com valor nutritivo, nas condições do

experimento o avanço da idade de corte não deve exceder 75 dias no

período seco e 90 dias no período chuvoso.

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ANEXOS

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Foto 1 – Vista panorâmica da área experimental no Rancho 1000 – Santo

Antônio do Leverger – MT (Março/2006).

Foto 2 – Área experimental, com a presença do Prof. Dr. Luciano da S.

Cabral e do Engenheiro Agrônomo Jacob Kaiser (Fevereiro/2006).

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Foto 3 – Preparativos para o 1° corte no período seco, com a presença do

Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu e do acadêmico Aruaque Lotufo de

Oliveira (abril/2005).

Foto 4 – Pesagem da massa verde do 3° corte no período seco (Maio/2005).

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Foto 5 – Pesagem da massa verde do 4° corte no período chuvoso

(Março/2006).

Foto 6 – Picagem das amostras de capim-elefante roxo na fazenda

experimental da UFMT.

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Foto 7 – “Tereré”, o animal fistulado fornecedor da ingesta ruminal.

Foto 8 – Ingesta ruminal para a incubação “in vitro” das amostras do capim-

elefante roxo.

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Foto 9 – Processamento das amostras no Laboratório de nutrição animal da

UFMT.

Foto 10 – Acadêmicos assistentes de laboratório.