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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Mestrado em Enfermagem Dissertação Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose em unidade de Pronto Socorro Jéssica Oliveira Tomberg Pelotas, 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Mestrado em Enfermagem

Dissertação

Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose

em unidade de Pronto Socorro

Jéssica Oliveira Tomberg

Pelotas, 2013

1

JÉSSICA OLIVEIRA TOMBERG

Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose

em unidade de Pronto Socorro

Projeto de Dissertação apresentado a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Práticas Sociais em Enfermagem e Saúde. Linha de Pesquisa: Práticas de Gestão, Educação, Enfermagem e Saúde.

Orientadora: Profª. Drª. Roxana Isabel Cardozo Gonzales.

Pelotas, 2013

2

FICHA CATALOGRAFICA

3

Folha de Aprovação Autor: Jéssica Oliveira Tomberg Título: Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose em unidade de Pronto Socorro

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Práticas Sociais em Enfermagem e Saúde. Linha de Pesquisa: Práticas de Gestão, Educação, Enfermagem e Saúde

Aprovado em ________________________________________

Banca examinadora:

______________________________ Profª Drª Roxana Isabel Cardozo Gonzales

(Presidente) Universidade Federal de Pelotas

______________________________ Drª. Sabrina da Silva de Souza

(Titular) Universidade Federal de Santa

Catarina

______________________________ Prof. Dr. Pedro Eduardo Almeida da

Silva (Titular)

Universidade Federal do Rio Grande

______________________________ Profª. Drª. Maria Elena Echevarría

Guanilo (Suplente)

Universidade Federal de Pelotas

______________________________ Profª. Drª. Celmira Lange

(Suplente) Universidade Federal de Pelotas

4

Agradecimentos

Aos meus pais, João e Lurdes,e ao meu irmão Yuri, alicerces fortalecedores da

minha vida. Obrigada pelo amor, dedicação, carinho e compreensão. Obrigada por

participarem de todos os momentos vividos, pelo apoio e conselhos. Ainda,

agradeço em especial os meus pais pela educação dedicada e por constituírem uma

família sólida e unida. Essa família torna sonhos realidade!

Ao meu amor, amigo, confidente e companheiro, Sérgio, por fazer parte dessa

família. Obrigada por dividir comigo os momentos de insegurança, incertezas,

tristezas e alegrias. A sua confiança, cumplicidade, paciência, o seu carinho e amor

são fundamentais para eu conseguir percorrer o meu caminho. Você é uma pessoa

muito especial. Te amo amor!

Àquela que orienta essa trajetória, Roxana. Obrigada pelo acolhimento no mundo

acadêmico, carinho e dedicação nos ensinamentos. És um exemplo de profissional

competente, ético e comprometido, além de ser uma pessoa admirável.

Agradeço aos colegas do grupo de pesquisa GEATB-FEn/UFPel,, com os quais

uma amizade foi construída, e assim muitos momentos desse caminho foram mais

divertidos. Em especial à Duda, Jenifer e Lilian indispensáveis na construção

deste trabalho.

Aos amigos e familiares por terem compartilhado comigo os momentos

importantes da minha vida. Obrigada!

Agradeço à equipe de profissionais do Pronto Socorro por me acolher como

enfermeira, sempre me incentivando e apoiando para a conclusão do curso de

mestrado. Obrigada por participarem dessa pesquisa.

5

Aos professores do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem,

pelos ensinamentos acadêmicos e experiências disponibilizadas. ÀCAPES pela

bolsa de mestrado.

Aos membros da banca, Drª. Sabrina Silva de Souza, Prof. Dr. Pedro

Eduardo Almeida da Silva, Profª Drª Maria Elena Echevarría,

Profª Drª Celmira Lange, pela disponibilidade em avaliar esta pesquisa e

pelas contribuições. Essas são essenciais para qualificação desse estudo.

Àtodos que direta ou indiretamente estiveram envolvidos para que eu

concluísse o curso de mestrado. Muito obrigada!

6

"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu

tamanho original."

Albert Einstein

7

Resumo

TOMBERG, Jéssica Oliveira. Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose em unidade de Pronto Socorro. 2013. 83fls. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2013. A tuberculose (TB) é considerada um problema de saúde pública. Os elevados indicadores da doença possuem relações com a ineficácia do processo de descentralização das ações de controle para a atenção primária, no que se refere ao acesso dos usuários. Além disso, fragilidades nos aspectos organizacionais das unidades básicas de saúde direcionam parcela da população para atendimento em unidades de urgência e emergência, dentre elas as unidades de Pronto Socorro (PS). Desse modo, essas unidades necessitam estar preparadas para uma atenção direcionada e qualificada aos usuários com sintomas respiratórios da TB. Assim, objetivou-se avaliar a estrutura e o processo de atenção do Pronto Socorro de Pelotas (RS) ao sintomático respiratório para o diagnóstico da TB. Para a avaliação da unidade de PS foram utilizados elementos da estrutura (recursos físicos, instalações, equipamentos e humanos) e do processo (conduta dos profissionais de saúde) propostos por Donabedian (1980). O estudo tem caráter quantitativo de corte transversal, realizado com 115 profissionais de saúde (enfermeiros, médico, técnico/auxiliares de enfermagem) que atuam no Pronto Socorro do município de Pelotas como generalistas de maio a julho de 2013. As variáveis de interesse compõe um instrumento proposto para avaliar a atenção primária para a temática da TB. Para a análise dos dados foram utilizadas as variáveis de estrutura. As variáveis referentes aos recursos físicos, instalações e equipamentos foram avaliadas descritivamente. No que tange as variáveis da organização dos recursos humanos, foram analisadas pela Análise de Correspondência Múltipla (ACM) estratificados por categoria profissional. Observou-se o relato da presença de máscara, recipiente para coleta de escarro, formulário de solicitação de baciloscopia. Foram negados a presença de geladeira e local adequado para coleta de escarro. Na ACM verificou-se que os enfermeiros associaram-se com: atualização na área da TB pelo município/instituição, a falta de conhecimento sobre a TB, sobrecarga de trabalho, dificuldade de falar sobre a TB, convencer o usuário a colher o escarro e preenchimento dos impressos pelos profissionais de saúde. A categoria médico se associou com: a atualização clinica e dos exames de diagnóstico da TB, segurança para diagnosticar a doença, conhecimento e preparo dos profissionais de saúde para lidar com a TB, facilidade no convencimento de coletar escarro e preenchimento dos impressos pelos profissionais de saúde. Os técnicos/auxiliares de enfermagem associaram-se com as seguintes variáveis: desatualização clínica e de exames para o diagnóstico da TB, não saber se a sobrecarga de trabalho influencia nas ações de diagnóstico da doença, não saber e negar que o município/instituição disponibilizam de atualização para a TB. Conclui-se que, embora a unidade de Pronto Socorro tenha apresentado fragilidades na estrutura, essa possui os elementos essenciais para o desenvolvimento das ações para o diagnóstico da TB. Descritores: Tuberculose. Avaliação em saúde. Serviço hospitalar de emergência.

8

Abstract

TOMBERG, Jéssica Oliveira. Evaluation of the structure and process of attention to the person with tuberculosis in the emergency unit 2013. 83fls. Dissertation (Masters) – Post-Graduation Program in Nursing. Federal University of Pelotas, Pelotas, 2013. The tuberculosis (TB) is a health public problem. The high indicators of TB are relating with the process of decentralization of control to the primary health care, with regard to the access of users. Moreover, weaknesses in the organizational aspects of primary health care directs a portion of the population to care in urgency and emergency units, among which the emergency department (ED). Thereby, this unit needs to be prepared for a direct attention and qualified to users with symptoms of TB. So, the aim of evaluate the structure and process for attention offered by ED Pelotas (RS) to respiratory symptoms for the diagnosis of tuberculosis. For evaluate of the ED were used elements of structure (physical resources, facilities, equipment and human) and the process (conduct of health professionals) proposed by Donabedian (1980). This study a quantitative, cross-sectional, done with 115 health professionals (nurses, doctors, nursing assistances and nursing technicians) working in ED Pelotas in the months of May - July 2013. The variables of interest compose an instrument proposed to evaluate the health primary care to the theme of TB. For data analysis used the structure variables. The variables related to physical resources, facilities and equipment were evaluated descriptively. As regards the variables of human resources organization were analyzed by Multiple Correspondence Analysis (MCA) stratified by professional category. Observed reports of presence mask, of health professionals to deal with TB, facility to convince the user to collect sputum and filling in the forms by health professionals. The Nursing auxiliaries and Nursing technicians be associated: outdated clinical and diagnostic tests for TB, unknown if the work overload influences the actions of diagnosis of TB, unknown and deny that the municipality/institution provides update about TB. Although the Emergency Unit had shown flaws in structure, this has the essential elements for the development of actions for the diagnosis of TB.

Descriptors: Tuberculosis. Health Evaluation. Emergency Service, Hospital.

9

Sumário

I Projeto de Pesquisa ................................................................................................ 10

II Relatório de Campo .............................................................................................. 52

III Artigo Científico ..................................................................................................... 57

Apêndices.................................................................................................................. 75

Anexos ...................................................................................................................... 80

10

I PROJETO DE PESQUISA

11

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Mestrado em Enfermagem

Dissertação

Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose

em unidade de Pronto Socorro

Jéssica Oliveira Tomberg

Pelotas, 2012

12

JÉSSICA OLIVEIRA TOMBERG

Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose

em unidade de Pronto Socorro

Projeto de Dissertação apresentado a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Práticas Sociais em Enfermagem e Saúde. Linha de Pesquisa: Práticas de Gestão, Educação, Enfermagem e Saúde.

Orientadora: Profª. Drª. Roxana Isabel Cardozo Gonzales.

Pelotas, 2012

13

Banca de Exame de Qualificação Profª. Drª. Roxana Isabel Cardozo Gonzales Prof. Dr. Pedro Eduardo Almeida da Silva Drª. Rubia Laine de Paula Andrade Profª. Drª. Maria Elena Echevarría Guanilo Profª. Drª. Celmira Lange

14

Lista de Figuras

Figura 1. Organização das Redes de Atenção à Saúde ........................................... 33

Figura 2. Rede de atenção à tuberculose. ................................................................ 35

Figura 3. Quadro de variáveis relacionadas à estrutura da unidade de Pronto

Socorro para atenção a tuberculose. ........................................................................ 40

Figura 4. Quadro de variáveis relacionadas ao processo de atenção as pessoas com

tuberculose na unidade de Pronto Socorro. .............................................................. 41

Figura 5. Cronograma de desenvolvimento do projeto de pesquisa. ........................ 45

Figura 6. Recursos materiais e humanos para o desenvolvimento do projeto .......... 46

15

Lista de abreviaturas e siglas

ACM Análise de Correspondência Múltipla

APS Atenção Primária à Saúde

CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

CFM Conselho Federal de Medicina

CONASS Conselho Nacional dos Secretários de Saúde

FN-SUS Força Nacional de Saúde do Sistema Único de Saúde

GEATB Grupo de Estudos de Avaliação em Tuberculose

GM Gabinete do Ministro

HUSFP Hospital São Francisco de Paula

MS Ministério da Saúde

NOASS Norma Operacional da Assistência à Saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OMS Organização Mundial de Saúde

PB Paraíba

PNAU Política Nacional de Atenção às Urgências

PCAT Primary Care Assessment Tool

PNCT Programa Nacional de Controle da Tuberculose

PA Pronto Atendimento

PS Pronto Socorro

RUE Rede de Atenção às Urgências e Emergências

RAS Redes de Atenção à Saúde

RS Rio Grande do Sul

SP São Paulo

SAMU Serviço de Atendimento Móvel às Urgências

AIDS Acquired Immuno deficiency Syndrome

SR Sintomático Respiratório

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

DOTS Tratamento Diretamente Observado de Curta Duração

16

TB Tuberculose

UBAI Unidade Básica de Atendimento Imediato

UBS Unidade Básica de Saúde

UCPEL Universidade Católica de Pelotas

UFPel Universidade Federal de Pelotas

UPA Unidade de Pronto Atendimento

USP Universidade de São Paulo

UTI Unidade de Terapia Intensiva

HIV Human immuno deficiency virus

17

Sumário

1 Introdução .............................................................................................................. 18

1.1 Justificativa .......................................................................................................... 21

2 Revisão de Literatura ............................................................................................. 23

2.1 Determinantes para a utilização das unidades de urgência e emergência:

unidades de Pronto Socorro. ..................................................................................... 23

2.2 Características da atenção à tuberculose em unidade de Pronto Socorro .......... 26

3 Objetivos ................................................................................................................ 29

3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 29

3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 29

4 Hipóteses ............................................................................................................... 30

5 Marco Teórico ........................................................................................................ 31

5.1 Formação de Redes de Atenção para a Reorganização do Sistema de Saúde.. 31

6 Metodologia ............................................................................................................ 36

6.1 Delineamento do estudo...................................................................................... 36

6.2 Cenário de pesquisa ........................................................................................... 37

6.3 População de estudo ........................................................................................... 38

6.4 Instrumento de coleta de dados .......................................................................... 38

6.5 Operacionalização da coleta de dados ............................................................... 39

6.6 Variáveis do estudo ............................................................................................. 39

6.7 Análise dos dados ............................................................................................... 43

6.8 Aspectos éticos ................................................................................................... 43

6.9 Divulgação dos resultados .................................................................................. 44

7 Cronograma ........................................................................................................... 45

8 Orçamento .............................................................................................................. 46

9 Referências ............................................................................................................ 47

18

1 Introdução

A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa com repercussão mundial. Em

1993 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou estado de emergência de

saúde pública para a TB, nesse período os números de casos novos da doença

eram de 7 a 8 milhões e o número de mortes entre 1,3 a 1,6 milhões por ano (WHO,

2011).

No ano de 2009 foram notificados 9,4 milhões de casos novos no mundo,

além de 1,7 milhões de mortes causadas pela doença (WHO, 2010). Em 2012 foram

registrados 8,6 milhões de casos novos e 1,3 milhões de mortes (WHO, 2013).

Atualmente a carga mundial de indivíduos com TB concentra-se em 22 países,

sendo esses considerados prioritários para o desenvolvimento de ações para o

controle da doença (WHO, 2011, WHO, 2013). O Brasil está incluído dentre esses

países (BRASIL, 2011a).

Em 2012 no país foram confirmados aproximadamente 80 mil casos novos,

sendo considerada a 3ª doença infecciosa em número de óbitos e a 1ª causa de

morte em pessoas com HIV/AIDS (WHO, 2013; BRASIL, 2011a). No mesmo ano, o

estado Rio Grande do Sul (RS) notificou 4.793 casos novos (BRASIL, 2011b).

Atualmente 15 municípios do estado do RS são considerados prioritários

para o desenvolvimento das ações de controle da doença, entre esses se encontra a

cidade de Pelotas (BRASIL, 2011b) que no ano de 2011 registrou 169 casos novos

de TB (BRASIL, 2012). Diante dessa realidade observa-se que a complexidade do

enfrentamento à TB reside principalmente na capacidade dos serviços de saúde em

implementarem de forma efetiva as ações de detecção e diagnóstico precoce com

início do tratamento imediato (HIJJAR et al., 2007).

Na literatura evidencia-se que a TB geralmente, afeta adultos (homens) em

idade produtiva, entre 15 e 59 anos de idade. A ocorrência da doença mantém

estreita relação com os fatores de vulnerabilidade da população, dentre eles, a

condição social (pobreza, baixa escolaridade), os hábitos comportamentais

(etilismos, tabagismo e drogadição), as populações especificas (indígenas,

moradores de rua, população carcerária) e a presença de comorbidades (HIV/AIDS

19

e diabetes) (WHO, 2011; CALIARI; FIGUEIREDO, 2012; HINO et al., 2011a; HINO et

al., 2011b; SEISCENTO et al., 2009).

Para reduzir o impacto da doença na população, diversas estratégias vêm

sendo implementadas no país. Em 1998 foi implantada a Estratégia do Tratamento

Diretamente Observado de Curta Duração (DOTS) (BRASIL, 2004a), com o objetivo

de atingir 85% de cura da TB, 70% de detecção dos casos e reduzir o abandono do

tratamento para 5% (WHO, 2005). Essas metas são operacionalizadas mediante o

compromisso político, sendo garantidas com a detecção dos casos a partir da

realização de exames (radiografia de tórax e baciloscopia de escarro), do tratamento

de curta duração, do fornecimento de medicação na rede de serviços, com o uso de

um sistema de informações que permita o acompanhamento dos casos e o

monitoramento pelos profissionais de saúde (WHO, 1999).

No ano de 2001, o contexto político foi favorável com o processo de

descentralização por meio da Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOASS)

(BRASIL, 2001), a qual atribui responsabilidades de gestão de saúde aos estados e

aos municípios. Portanto os municípios começam a se organizar de forma ampliar o

atendimento da população em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Em 2004 o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT)

horizontalizou as ações de controle da TB no intuito de buscar sinergismo destas,

através da ampliação das ações de detecção e tratamento de casos para o

enfrentamento da doença, na qual, tais ações passam a ser responsabilidade dos

serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) (BRASIL, 2004a).

O PNCT recomenda que as unidades de APS desenvolvam ações que as

caracterizem como a principal porta de entrada do usuário para o diagnóstico e

tratamento da doença. Para isso, a busca ativa do sintomático respiratório (SR) na

comunidade e o tratamento dos casos, utilizando as visitas domiciliares e o

Tratamento Diretamente Observado (um dos elementos do DOTS) são estratégias

que garantem essas ações (BRASIL, 2011c).

No entanto, apesar da APS ser o cenário prioritário para o desenvolvimento

das ações de controle da TB, estas são atribuídas aos demais serviços, nos

diferentes pontos de atenção (primário, secundário e terciário). O decreto 7.508, de

28 de junho de 2011, estabelece que os serviços de APS tenham a função de ser o

ponto de atenção organizador da rede de atenção à saúde (BRASIL, 2011d). As

unidades de Pronto Atendimento (PA), dentre elas as unidades de Pronto Socorro

20

(PS) são consideradas também como portas de entrada, uma vez que estas

compõem o conjunto de unidades de urgência e emergência (BRASIL, 2011d). O

Ministério da Saúde (MS) reconhece que essas unidades acolhem demanda de

pessoas com sintomas respiratórios de TB em quadros agudos ou não, como

evidenciado em estudos (BRASIL, 2011c; OLIVEIRA et al., 2011; ANDRADE, 2012).

Em pesquisa realizada no município de Pelotas (RS) foi identificado que a

porta de entrada ao doente de TB foi principalmente os serviços de APS, contudo,

esses não apresentavam resolutividade em relação ao diagnóstico quando

comparado a serviços de PA, esses por sua vez demonstraram facilidade no acesso

ao diagnóstico precoce (RODRIGUES, 2010).

Nesse sentido, a demanda de pessoas com TB nas unidades de PS exige a

articulação e a estruturação de uma rede de atenção à TB, assegurando a interação

dos serviços para o desenvolvimento de ações integradas para o combate à TB,

utilizando-se do sistema de referência e contra referência (BRASIL, 2011c).

Unidades de PS devem estar adequadas quanto à estrutura e aos aspectos

processuais para garantir correta conduta de identificação do SR, mediante um

processo de classificação de risco, visando diminuir a espera pelo atendimento,

assegurar o diagnóstico precoce, iniciar o tratamento de forma oportuna e reduzir o

risco de transmissão do bacilo da doença, além de desenvolver ações de vigilância

epidemiológica (BRASIL, 2011c).

Para assegurar uma assistência integral ao doente de TB, as ações de

saúde devem ser planejadas previamente e vinculadas à gestão da atenção. Sendo

elas questões relacionadas a registro de informações, criação de vínculos, fluxos

adequados para o SR, normatização das ações, corresponsabilização dos atores

envolvidos na atenção, valorização do contexto social, preparo do doente para

receber o diagnóstico de TB, detecção precoce dos casos, construção de projetos

terapêuticos singulares e o preparo dos profissionais de saúde (BARRÊTO et al.,

2012).

Cabe ressaltar que a qualificação dos profissionais de saúde em relação a

aspectos relacionados à atenção as pessoas com TB são essenciais, uma vez que,

esta garante as atividades de vigilância epidemiológica, avaliação e controle da

doença, de modo a ampliar a capacidade de diagnóstico, promover a cura,

intensificar a busca do SR e dos contatos dos doentes (BRASIL, 2004a).

21

Garantir agilidade no processo de diagnóstico e no início do tratamento,

independente do ponto de atenção à saúde, é primordial para o impacto positivo no

controle da doença. É impreterível que todos os serviços estejam preparados para

desempenhar as ações de controle da TB com qualidade garantindo o atendimento

adequado às pessoas com sintomas da doença. Esta prerrogativa se fundamenta

nas evidências de que as pessoas com TB ainda enfrentam diversas barreiras no

processo de busca pelo atendimento para diagnóstico na APS (OLIVEIRA et al.,

2011; SCATENA et al., 2009; ARAKAWA et al., 2011; ARCÊNCIO et al., 2011).

Frente ao exposto, o presente estudo torna-se relevante, uma vez que,

pretende avaliar a estrutura e o processo de atenção do PS de Pelotas (RS) para o

diagnóstico da TB. Esse estudo, visa auxiliar na identificação da estrutura existente

e forma de atendimento às pessoas com sintomas respiratórios da TB que procuram

esses serviços, bem como, na implementação de estratégias para melhor atenção e

integração dos serviços no sistema de saúde.

1.1 Justificativa

Fragilidades relacionadas ao acesso dos usuários às ações de controle da

TB desenvolvidas pelos serviços de APS comprometem a efetivação das políticas de

saúde (ARCÊNCIO et al., 2011). Essa realidade resulta no aumento da busca por

atendimento da população em outros serviços de saúde, dentre eles as unidades de

PA, mais especificadamente os PS.

Estudo realizado em Ribeirão Preto no estado de São Paulo (SP) identificou

que uma percentagem significante (34%) dos doentes de TB procurou atendimento

em unidade de PA e hospitais gerais quando iniciaram os sintomas, além disso, a

maioria (73%) recebeu o diagnóstico nesses serviços (OLIVEIRA et al., 2011).

Estudo realizado no mesmo município, em 2009, evidenciou que a percepção dos

profissionais de saúde quanto aos serviços de APS e de PA é de que ambos

apresentam o desenvolvimento das ações para o diagnóstico da TB satisfatórios

(ANDRADE, 2012).

No entanto, em pesquisa realizada no munícipio de Campina Grande,

Paraíba (PB), constatou-se que 61,7% dos usuários ao sentirem sintomas

respiratórios da TB procuraram os serviços de saúde dos pontos de atenção

secundário e terciário para o primeiro atendimento, e ainda 86,6% dos usuários

22

tiveram o diagnóstico nesses serviços (SILVA, 2011). Para Brito et al. (2003) a

população que procura por atendimento em serviços de PA são usuários com a

doença em estágio avançado, evidenciando as fragilidades na detecção precoce dos

casos da TB pela APS.

Nessa perspectiva, todos os serviços de saúde devem estar qualificados

para o desenvolvimento das ações em consonância com as condições de saúde dos

usuários que o buscam (MENDES, 2011). Para Bittencourt e Hortale (2007) a

qualidade dos serviços de saúde se reflete na satisfação das necessidades e

expectativas dos usuários, e de suas famílias, por meio da resolubilidade, eficácia e

efetividade da atenção à saúde com redução dos riscos e humanização das

relações.

Para tanto, Bodstein (2002) ressalta que primeiramente o sistema de saúde

necessita reorganizar o fluxo da rede de serviços, assim, deve ocorrer à avaliação

do contexto de descentralização da política de saúde, desse modo é possível

identificar as transformações necessárias.

Nesse contexto, as unidades de PS devem articular-se de acordo com as

características de sua demanda espontânea com a finalidade de identificar o perfil

de seus usuários e qualificar as ações de busca e diagnóstico da TB. Devem

desenvolver ações que estabeleçam vínculos com os demais serviços da rede para

garantir a integralidade e resolutividade do atendimento a esses usuários. Ainda,

contribuir na qualificação do fluxo de atendimento à pessoa com TB na rede de

atenção à saúde de forma a assegurar a continuidade da atenção.

Diante do exposto, considera-se fundamental a avaliação da unidade de PS

de Pelotas (RS) visando analisar os aspectos estruturais e processuais na atenção à

TB. Nesse sentido elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: Qual a estrutura e

o processo de atenção do Pronto Socorro de Pelotas (RS) aos sintomáticos

respiratórios para o diagnóstico de tuberculose?

23

2 Revisão de Literatura

A revisão de literatura apresentará peculiaridades relacionadas aos

determinantes para a utilização das unidades de urgência e emergência, por

usuários em condições de saúde sem caráter aguda. Posteriormente será abordada

a atenção à TB nessas unidades.

2.1 Determinantes para a utilização das unidades de urgência e emergência:

unidades de Pronto Socorro.

As unidades de urgência e emergência inserem-se no sistema de saúde

como importante componente para garantir a integralidade assistencial às urgências

da população. Considerando a necessidade de estruturar a atenção às urgências, a

Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) foi implantada em território

nacional, sendo regulamentada pela Portaria nº 1.863/GM, de 29 de setembro de

2003. Está institui os serviços de urgência e emergência como sendo compostos

pelas unidades pré-hospitalar fixa (UBS, unidades saúde da família, equipe de

agentes comunitários de saúde, ambulatórios especializados, serviços de

diagnóstico e terapia e unidade não hospitalar de atendimento às urgências), pré-

hospitalar móvel (Serviços de Atendimento Móvel à Urgência (SAMU), serviços de

salvamento e resgate), hospitalar (PS e unidades hospitalares), pós-hospitalar

(modalidades de atenção domiciliar, hospitais-dia e projetos de reabilitação integral)

(BRASIL, 2003a). No que se refere às unidades de PS, essas se caracterizam por

possuir funcionamento ininterrupto, organizados para garantir o PA das pessoas em

condições agudas à saúde, com risco de vida e o acolhimento dos usuários que

procuram o serviço (BRASIL, 2006a).

No entanto, evidencia-se a frequente procura para o atendimento nas

unidades de urgência e emergência, dentre elas as unidades de PS, de pessoa sem

caráter agudo à saúde. Conforme o observações de O’Dwyer, Oliveira e Seta (2009)

a demanda espontânea desses serviços sem carácter de urgência são

caracterizadas em decorrência das barreiras encontradas nos serviços com relação

ao acesso às especialidades médicas e as densidades tecnológicas.

24

Dentre outros fatores, a pouca abrangência da APS à comunidade repercute

na procura frequente dessas unidades para resolutividade dos problemas de saúde

(CARRET; FASSA; DOMINGUES, 2009). Frente a essa realidade, unidades de PS

tornam-se a porta de entrada para o usuário no Sistema Único de Saúde (SUS),

sendo esses superlotados por essa demanda espontânea que busca soluções para

o sofrimento em saúde, acarretando a demora do atendimento e enormes filas de

espera, além de sobrecarga de trabalho para os profissionais de saúde (BRASIL,

2006a).

Desse modo, acredita-se que a assistência nesse setor é fragilizada ao

passo que usuários com situações de saúde sensíveis a APS recebem atendimento

imediatista não abrangendo a integralidade da atenção (CARRET; FASSA;

DOMINGUES, 2009). Há divergência no conceito de urgência e emergência quanto

à finalidade do atendimento dos profissionais de saúde e as necessidades dos

usuários. Os profissionais que atendem nas unidades de PS sustentam uma

concepção do atendimento focando as condições agudas à saúde, não

considerando o indivíduo, a família, a comunidade em seu contexto socioeconômico,

cultural e inserido em uma rede de saúde, já os usuários procuram o atendimento

por alterações que consideram importantes (GARLET et al., 2009). Na atenção à TB

essa situação acarreta em implicações negativas, uma vez que, a TB é influenciada

por fatores sociais, assim a desconsideração desses determinantes por parte dos

profissionais de saúde pode contribuir para o aumento da transmissão do bacilo da

doença.

A percepção dos usuários com relação aos cuidados de saúde está

vinculada à busca por atendimento imediatista, sendo a consulta médica e a terapia

medicamentosa valorizadas por esses usuários (SOUZA; FIGUEIREDO; PINTO,

2010). Esse fato é comprovado nos resultados da pesquisa realizada por Carret,

Fassa e Domingues (2009) a qual se identificou que 70% dos usuários que

aguardavam atendimento em uma unidade de PS consideraram que a sua situação

de saúde era grave, ainda quando questionados sobre o motivo da procura pelo

serviço, estas acreditavam que o serviço possui recursos para resolver o problema

de saúde devido à facilidade do acesso aos exames e medicações de alívio de

sintomas.

O Conselho Federal de Medicina com a resolução CFM nº 1.451, de 10 de

março de 1995 define que urgência é “ocorrência imprevista de agravo à saúde com

25

ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica

imediata” e emergência como “uma constatação médica de condições de agravo à

saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo,

portanto, tratamento médico imediato” (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA,

1995, p.3666).

Em pesquisa realizada na cidade de Pelotas (RS), em 2007, identificou-se

que parcela significativa da população procurou atendimento em unidade de PS sem

apresentar situações agudas a saúde. A justificativa para a procura por esse serviço

pela população com menos de 50 anos estava relacionada à redução do tempo de

funcionamento e recusa do atendimento nas UBS. Já na população com idade maior

de 50 anos a procura pelo atendimento estava associado à ausência do

acometimento de doenças crônicas e falta de apoio social (CARRET; FASSA;

DOMINGUES, 2007).

Fatores associados à procura pelas unidades de PS estão relacionados aos

aspectos que refletem a fragilidades da APS, tais como: dificuldade do acesso,

dificuldade de agendamento de consultas médicas, tempo de espera para realizar

consulta médica e o turno de funcionamento. A solução para a diminuição da

procura por essa demanda reside na recepção ampliada, de qualidade e

humanizada na APS com a finalidade de abranger o atendimento em saúde à

população que não tem acesso, ainda proporcionar ações de educação em saúde

(CARRET; FASSA; DOMINGUES, 2009).

Além disso, para atender essa demanda reprimida na rede de serviços o

MS, desde 2004, vem implementando nas unidades de PS o Acolhimento com

Avaliação e Classificação de Risco, o qual visa reorganizar a fila de espera,

fortalecer o sistema de referência e contra referência, e assim, direcionar os usuários

na rede de atenção (BRASIL, 2004b).

Nesse sentido, a reorganização da fila de espera possibilita agilidade no

atendimento para os usuários em estado grave, bem como facilita as ações

educativas no sentido de caracterizar o serviço de urgência e emergência e da rede

básica de saúde (SHIROMA; PIRES, 2011). Esta forma de organização contribui

com a rápida identificação do SR da TB nesse processo.

Para potencializar o enfrentamento da superlotação das unidades de PS o

MS estabeleceu que a atenção às urgências deva acontecer em todos os pontos de

atenção do SUS, e desse modo desconcentrar a procura espontânea como porta de

26

entrada exclusivamente nos PS, assim reduzindo a superlotação e garantindo

integralidade da assistência (BRASIL, 2011d).

Nessa conjuntura, ações necessitam ser desenvolvidas em todos os pontos

de atenção do sistema de serviços de saúde, no sentido de integrar esses serviços,

por meio da referência e contra referência visando garantir a integralidade e

resolutividade da atenção à saúde em todos os níveis de atenção procurados pela

pessoa com SR.

2.2 Características da atenção à tuberculose em unidade de Pronto Socorro

A procura por unidades de PS por usuários com necessidades de saúde

sem caráter de urgência é frequente. Destarte há reflexos na forma como esta

organizada a rede de saúde acarretando a necessidade de adequações nos serviços

para proporcionar o acesso e a integralidade de atenção aos usuários do SUS.

Nessa demanda espontânea, incluem-se os usuários com sintomas respiratórios da

TB. Estudo desenvolvido no PS de Pelotas identificou que a queixa de tosse e febre

estavam entre as cinco queixas mais frequentes dos atendimentos desse serviço

(TOMBERG, 2010).

Frente a essa situação, o MS recomenda o desenvolvimento de ações de

biossegurança nessas unidades. Para isso, aconselha-se que a Comissão de

Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) gerencie essas ações, estabelecendo

responsabilidades a todos os profissionais, favorecendo o controle na unidade. As

medidas de biossegurança são divididas em: individuais (uso de máscara)

administrativas (agilidade na detecção de casos, correto fluxo na unidade,

estabelecer protocolos para o isolamento respiratório e evitar permanência ou

internação desnecessária) e de controle ambiental (adaptação do mobiliário e

espaços ventilados e adequação do local para coleta de escarro) (BRASIL, 2011c).

Assim, é essencial a realização de um processo de classificação de risco

visando identificar o SR para TB e diminuir a espera pelo atendimento, garantir o

diagnóstico precoce, iniciar o tratamento de forma oportuna e reduzir o risco de

transmissão do bacilo da doença (BRASIL, 2011c; SIQUEIRA-BATISTA et al., 2005).

Além disso, o atendimento nos serviços de urgência e emergência deve

estabelecer um fluxo especial para realização de exames dos SR para TB, assim

como correta condução clínica, laboratorial e de vigilância dos casos de TB, sendo

27

essa estabelecida pelo setor administrativo por meio de protocolos. O isolamento

respiratório dos usuários suspeitos de TB pulmonar é previsto e deve atender

exigências de um protocolo pré-definido pela instituição (BRASIL, 2011c).

Segundo Solari et al. (2008) nas unidades de urgência e emergência, dentre

elas as unidades de PS, o processo de isolamento respiratório ocorre lentamente,

aumentando o risco de contágio da doença, no momento que o usuário com TB

transita nos diversos espaços físicos da unidade de saúde. A implantação desses

protocolos nesse setor facilita a decisão do isolamento, além de proporcionar

benefícios no controle da TB e econômicos para a instituição (SOLARI et al., 2011).

Ainda, é preconizado evitar internações prolongadas e desnecessárias, para evitar o

contágio entre usuários e profissionais de saúde (BRASIL, 2011c). A internação

hospitalar é indicada em casos graves da doença, ou alta probabilidade de

abandono devido às condições socioeconômicas e culturais (BRASIL, 2006b).

De acordo com Assunção, Seabra e Figueiredo (2009), apesar de ser

estimulado o tratamento ambulatorial para TB desde 1950, ainda há internações

hospitalares prolongadas, isso está atrelado à difícil adesão ao tratamento, à falta de

conhecimento dos usuários, ao estigma, ao medo de transmissão do bacilo da

doença aos familiares e à falta de apoio familiar com relação à doença.

Outro elemento que é valorizado para evitar a transmissão do bacilo da TB é

a adequação de local para coleta de escarro, sendo esse essencial no processo de

atenção ao SR de TB. Este deve ser uma área externa ao serviço, com ventilação,

respeitando as medidas de biossegurança, além disso, a utilização de máscaras é

indicada aos profissionais de saúde e usuários em investigação de TB ou

confirmação. Essa deve ser utilizada pelos profissionais em todos os momentos que

entram em contato com o usuário. Ainda, é recomendada a utilização de máscara

pelo usuário quando o serviço não possuir estrutura física adequada, na espera pelo

atendimento e em casos de transferências (BRASIL, 2011c).

Segundo Escombe et al. (2010) medidas administrativas para a adequação

das estrutura dos serviços de emergência são prioridade para evitar o contágio dos

profissionais. Nesse contexto, as unidades de urgência e emergência, dentre elas as

unidades de PS, constituem-se em importantes serviços de saúde para o

diagnóstico da TB, visto a alta procura por atendimento de pessoas com sintomas

respiratórios da doença. Portanto, considera-se relevante o desenvolvimento das

ações voltadas para o atendimento ao SR, na medida em que estas estejam

28

articuladas à rede de atenção a saúde visando à continuidade e resolutividade da

assistência a esses usuários.

29

3 Objetivos

3.1 Objetivo Geral

Avaliar a estrutura e o processo de atenção do Pronto Socorro de Pelotas ao

sintomático respiratório para o diagnóstico de tuberculose.

3.2 Objetivos Específicos

Investigar a estrutura em relação à disponibilidade de recursos humanos e

materiais e o preparo e qualificação dos profissionais de saúde para lidar com a

tuberculose.

Analisar as ações realizadas pelo profissional de saúde na atenção ao

sintomático respiratório (avaliação clinica, solicitação de exames, encaminhamentos

e internação).

30

4 Hipóteses

A unidade de PS não apresenta estrutura adequada para o atendimento às

pessoas com sintomas de TB.

Os profissionais de saúde realizam avaliação clínica, solicitação de exame,

encaminhamentos e internação para a investigação de TB.

31

5 Marco Teórico

5.1 Formação de Redes de Atenção para a Reorganização do Sistema de

Saúde.

O SUS permanece em constante transformação almejando o alcance dos

princípios e diretrizes que o norteiam. As ações preconizadas pelas políticas de

saúde focalizam-se na construção do saber para minimizar os agravos à saúde e a

desigualdade da acessibilidade aos serviços (STARFIELD, 2002).

A saúde pública no contexto do SUS está organizada em um conjunto de

ações e serviços para promover a cobertura total da saúde à comunidade. Nessa

direção, o sistema tem demonstrado inúmeros avanços, a partir da qualidade de

seus programas, de resultados frente às estruturas existentes, do processo de

produção de serviços, dos resultados sanitários e da opinião da população (BRASIL,

2006c).

No entanto, na atualidade o sistema de saúde vivencia uma crise

contemporânea por apresentar uma organização da atenção, de forma fragmentada,

com sequencia hierárquica conforme sua densidade tecnológica, por níveis de

atenção (primária, secundária e terciaria), o qual não demonstrou desempenho

satisfatório para o enfrentamento da situação de saúde no país. Está caracterizada

pela tripla carga da saúde (doenças infecciosas não superadas, causas externas e

hegemonia das condições crônicas) (MENDES, 2011).

Sistemas fragmentados favorecem as fragilidades da atenção à saúde, ao

passo que fortalecem a hegemonia médica curativista, impossibilitam a continuidade

do cuidado e a acessibilidade aos serviços, devido à falta de articulação entre os

diferentes níveis de atenção (MENDES, 2011). A interação entre os níveis de

atenção ocorre através do sistema de referência e contra referência, esse se

apresenta ineficiente, não havendo comunicação entre os profissionais de saúde e

não ocorre o acompanhamento da situação de saúde dos usuários (FRATINI;

SAUPE; MASSAROLI, 2008). Vale destacar que o conceito de referência é à ação

de encaminhar o usuário para um nível de atenção com maior densidade tecnológica

enquanto a contra referência é o oposto (BRASIL, 2003b).

32

Cabe salientar que os níveis de atenção são divididos em: atenção primária,

caracterizada com serviços próximos à comunidade, possuindo um processo de

trabalho com ênfase nas ações de prevenção, promoção, recuperação e

reabilitação. No nível secundário residem os serviços de atendimento às

especialidades médicas. Já o nível terciário é composto por serviços hospitalares de

alta densidade tecnológica (MENDES, 2011). As unidades de urgência e

emergência, dentre elas as unidades de PS, conformam os diferentes níveis de

atenção.

A fragmentação favorece a busca por assistência nas unidades de PS, as

quais possuem um acesso facilitado para a população, independente da condição de

saúde do usuário se aguda ou crônica, tornando-se porta de entrada do usuário no

SUS. Nessa demanda, incluem-se as pessoas usuárias com sintomas respiratórios

de TB que por barreiras encontradas na APS para a detecção da doença procuram

por outros níveis de atenção (SCATENA et al., 2009; RODRIGUES, 2010; OLIVEIRA

et al., 2011; ARAKAWA et al., 2011; ARCÊNCIO et al., 2011; ANDRADE, 2012;

SILVA, 2011).

Nessa conjuntura, visando minimizar essas fragilidades Mendes (2011)

defende a reestruturação dos serviços em Redes de Atenção à Saúde (RAS).

Segundo o autor, o primeiro relato da necessidade de transformação dos sistemas

de saúde em RAS foi em 1920 por meio do “Relatório Dawson”. Nesse relatório, foi

considerado que as barreiras do acesso da população aos serviços de saúde

poderiam ser superadas se o sistema fosse reorganizado. Esse, por sua vez,

reconhecia a necessidade da integração das ações curativas e preventivas, para

isso sugeriu-se organizar os serviços de saúde em centros primários de saúde e os

centros secundários de saúde (DAWSON, 1964).

Para Mendes (2011) as RAS são organizações poliárquicas que visam

organizar as ações dos serviços de saúde, promover a integração entre os serviços,

caracterizando a atenção como contínua, integral, de qualidade, responsável e

humanizada, além de estimular o vínculo entre profissional/usuário e o trabalho em

equipe multidisciplinar. Ainda contribui para desenvolvimento dos serviços de saúde

com relação ao acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência

econômica. Nessa perspectiva, as RAS são organizadas centralizando suas ações

na APS.

33

Em 2008, o MS ciente das fragilidades do modelo de atenção à saúde

brasileira, lança uma proposta metodológica para a implantação das RAS (BRASIL,

2008) no SUS. Contudo, só em 2010 as RAS foram definidas em território nacional

conforme Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelecem-se diretrizes

para a sua organização no âmbito do SUS (BRASIL, 2010). O conceito da Rede

proposto pelo MS constitui-se de cinco dimensões conforme ilustrado abaixo na

figura 1:

Figura 1. Organização das Redes de Atenção à Saúde

Fonte: Ministério da Saúde. http://portal.saude.gov.br.

Esse novo modelo de atenção possibilita a intercomunicação entre todos os

pontos de atenção garantindo a qualidade da assistência. Para superar a ineficiência

do sistema de referência e contra referência nas RAS há os sistemas logísticos os

quais se baseiam na tecnologia de informações, assegurando a comunicação entre

todos os pontos de atenção. Esses configuram-se como um importante sistema

operacional nos serviços de saúde para nortear as ações dos profissionais visando à

integralidade e resolutividade dos mesmos. Esse sistema permite o usuário transitar

nos pontos de atenção em conformidade à sua necessidade de saúde (MENDES,

2011).

No contexto das unidades de PS, os sistemas logísticos é ferramenta

auxiliadora na redução da demanda espontânea, sendo utilizadas para orientar o

usuário que procura essas unidades sem apresentarem situação agudas à saúde,

para outras portas de entrada, ou seja, para outros serviços que proporcionariam

integralidade da atenção.

34

A implantação das RAS é um processo complexo. Nesse sentido, o MS

definiu três redes temáticas prioritárias: a Rede de Atenção às Urgências e

Emergências (RUE), a Rede Materno-Infantil (Rede Cegonha) e a Rede de Atenção

Psicossocial com ênfase no enfrentamento do crack e outras drogas (BRASIL,

2011e).

A RUE é composta por diferentes pontos de atenção complexos do SUS

adaptados a partir de estruturas e ações para o atendimento às urgências e

emergências, sendo articulados com a finalidade de manter um atendimento

qualificado e ágil, o acesso humanizado e a integralidade da atenção às urgências.

Nessa nova perspectiva é preconizado que os quadros agudos devem ser atendidos

em todos os pontos de atenção do SUS e posteriormente referenciados para o ponto

de atenção que aporta a necessidade de cada usuário (BRASIL, 2011e, BRASIL,

2013).

Para o atendimento às urgências e emergências, sugere-se a destinação de

um espaço nas UBS destinado a observação de pessoas usuárias nestas condições.

Com relação ao SAMU recomenda-se a ampliação da cobertura dos municípios

através do processo de regionalização. Um aspecto fundamental no contexto da

RUE é a criação da Força Nacional de Saúde do SUS (FN-SUS) que busca

minimizar a iniquidade proporcionando assistência às emergências a comunidade

vulnerável a de difícil acesso. Nesse contexto, as Unidades de Pronto Atendimento

(UPA) e similares (serviços de urgência em funcionamento 24 horas) subsidiam a

integralidade ás urgências (BRASIL, 2011e, BRASIL, 2013).

Essas adequações necessárias para o sistema de saúde também abrangem

a atenção a TB, favorecendo a detecção dos sintomáticos respiratórios, diagnóstico

da doença e início do tratamento, ao passo que a integração dos diferentes pontos

de atenção contemplará a estrutura de referência e contra referência da atenção ao

doente de TB, e desse modo, focalizará as ações de controle da doença APS.

Na atenção a TB o sistema de referência e contra referência constitui-se em

um alicerce para o combate à doença por meio da interação entre os pontos de

atenção. Destaca-se que a atenção à TB, apesar de ser considerada uma condição

crônica sensível à APS está contemplada em todos os pontos de atenção de acordo

com a necessidade do usuário, conforme demonstra a figura 2 a seguir:

35

Figura 2. Rede de atenção à tuberculose.

Fonte: Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. 2011.

Portanto, a integração entre os pontos de atenção favorece a assistência ao

SR da TB. Essa tem o potencial de qualificar a atenção a partir das necessidades

dos individuais e coletivas dos usuários. Nesse sentido, a rede de atenção à

tuberculose somada à nova organização do sistema de saúde com as RAS vem

contribuir para a efetivação das ações de controle da doença.

36

6 Metodologia

6.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal que foi

desenvolvido por meio da aplicação de questionário específico aos profissionais de

saúde, para analisar a estrutura e o processo da atenção às pessoas com sintomas

de TB no PS de Pelotas caracterizado como serviço de urgência e emergência.

Nesta proposta de pesquisa foi utilizado como referencial metodológico os

elementos de estrutura e processo propostos por Donabedian (1980) para a

avaliação da qualidade médica.

Segundo Donabedian (1980) a avaliação em saúde é uma atividade

complexa e os elementos da estrutura e do processo se interligam, estando

predisposto um a influenciar o outro. Entende-se por avaliação a emissão de um

juízo de valor capaz de fornecer informações sobre as condições de saúde, por meio

de dispositivo cientificamente válido, visando possuir subsídios teóricos para a

elaboração de planos estratégicos para o aprimoramento ou transformação, sendo

possível o envolvimento de diferentes atores sociais (CHAMPAGNE et al., 2011).

Donabedian caracteriza como estrutura os instrumentos e recursos que

dispõe e dos lugares físicos e organizacionais onde trabalham. Incluem os recursos

humanos, físicos e financeiros necessários para proporcionar atenção à saúde.

Abrange o numero, distribuição, e qualificação dos profissionais de saúde, assim

como o número dos equipamentos, tamanho das instalações, disposição geográfica

dos hospitais e outras instalações, características da população (demográficas,

sociais, econômicas e de localização), horário de atenção ao usuário para consulta

médica e tratamento, maneira como é financiado e prestação de serviços

(DONABEDIAN, 1980).

O processo é conceituado a partir da conduta desenvolvida entre os

profissionais de saúde e os usuários. Inclui-se os atributos da continuidade,

coordenação, trabalho em equipe, sequencia apropriada da assistência e forma de

atendimento dos profissionais de saúde (DONABEDIAN, 1980). No presente estudo

os aspectos que foram utilizados referentes à estrutura referem-se à disponibilidade

37

de recursos físicos, instalações e equipamentos e organização dos recursos

humanos para a atenção à TB. Já os itens relacionados ao processo inserem-se os

aspectos gerais sobre a procura e atendimento dos usuários e a conduta do

profissional de saúde frente ao usuário com TB (avaliação clínica, realização de

exames, encaminhamentos e outras condutas para investigar TB).

6.2 Cenário de pesquisa

O estudo foi realizado no município de Pelotas (RS), considerado como

prioritário para o desenvolvimento das ações de controle da TB. É Considerada

como uma cidade de grande porte do Estado, sendo a terceira cidade mais populosa

com 328.275 habitantes (PELOTAS, 2007; IBGE, 2010).

A rede hospitalar do município de Pelotas é constituída por dois Hospitais

Universitários e três Hospitais Filantrópicos que prestam serviços ao SUS. Ademais,

apresenta 66 clínicas especializadas, 469 consultórios isolados, 36 clínicas de apoio

ao diagnóstico e um centro público de especialidades (BRASIL, 2012). Além disso,

possui uma Unidade Básica de Atenção Imediata (UBAI) e um PS. A rede primária à

saúde constitui-se por 51 UBS, e 34 equipes de saúde da família, implantadas em

17 unidades básicas (PELOTAS, 2007).

O PS de Pelotas está instalado junto a um hospital filantrópico, o Hospital

Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), desde maio de 2001. Atualmente

tem uma gestão tripartite da Secretaria Municipal de Saúde, Universidade Católica

de Pelotas (UCPel) e Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Trata-se de um

serviço com atendimento 24 horas do dia, inclusive nos feriados e finais de semana.

É a única instituição do SUS que atende usuários da cidade e arredores em casos

de urgência e emergência (PRONTO SOCORRO DE PELOTAS, 2010).

A equipe profissional é formada por 18 Médicos clínicos gerais; 02 médicos

intensivistas; 08 Cirurgiães gerais; 16 Pediatras; 04 Neurocirurgiões; 04 Cirurgiões

vasculares; 02 Cirurgiões torácicos; 11 Enfermeiros; 11 Auxiliares e 75 Técnicos de

Enfermagem; 04 condutores da Unidade de Terapia Intensiva Móvel; 05 porteiros

(serviço terceirizado); 07 recepcionistas; 01 assistente social; 06 colaboradores de

higienização e 06 técnicos administrativos (PRONTO SOCORRO DE PELOTAS,

2010).

38

As ações desenvolvidas para a atenção aos usuários que procuram

atendimento ao PS de Pelotas com sintomas passíveis de TB constituem-se em

ações de detecção e início do tratamento da doença. A unidade de saúde conta com

dois quartos de internação destinados ao atendimento do SR de TB. As ações de

notificação, coleta de escarro e encaminhamento da amostra ao Laboratório

Municipal, bem como obtenção do resultado do exame são coordenadas pela CCIH

dessa unidade.

6.3 População de estudo

Serão convidados a participar do estudo os profissionais de saúde

(enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos) que atuam no atendimento ao

usuário do PS Pelotas (RS) como generalistas. Serão excluídos os profissionais de

saúde que no momento da coleta dos dados estiverem em qualquer tipo de licença

ou férias e que estiverem em período de experiência (3 meses).

6.4 Instrumento de coleta de dados

Utilizar-se-á um questionário estruturado para a análise da estrutura e

processo de atenção às pessoas com TB no PS de Pelotas. O referido instrumento

foi elaborado utilizando alguns elementos do questionário Primary Care Assessment

Tool (PCAT), o qual é um instrumento do tipo questionário, proposto por Starfield e

Macinko, na Universidade de John Ropkins (STARFIELD, 2002). Esse instrumento

foi proposto e validado em português para o uso na APS por Macinko, Almeida e

Oliveira (2003) e foi adaptado para a temática da TB pelo Grupo de Estudos

Operacionais em TB da Universidade de SP/USP (VILLA; RUFFINO-NETTO, 2009).

Na presente pesquisa foi utilizado o instrumento adaptada para a temática

da TB, para isso realizou-se um recorte, totalizando 4 blocos de perguntas: A.

Informações gerais, compreendendo dados referentes ao entrevistado; B. Acesso ao

Serviço de Saúde, referente ao serviço de saúde onde o entrevistado trabalha; C.

Acesso ao Diagnóstico da TB, com questões específicas sobre o atendimento e

diagnóstico da doença; D. Qualificação dos profissionais, respectivo aos colegas de

trabalho e ao entrevistado. O referido instrumento contém perguntas abertas e

fechadas com padrões de resposta em escala Likert e dicotômicas (Apêndice I).

39

Destaca-se a inclusão de outros elementos relacionados especificamente ao

processo (encaminhamentos) das unidades de PS, considerados relevantes para o

alcance dos objetivos do presente estudo.

6.5 Operacionalização da coleta de dados

A coleta de dados ocorrerá somente após a aprovação do Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de

Pelotas (UFPel) e será desenvolvida no período de maio a julho de 2013 pela autora

da pesquisa. A aplicação dos questionários será realizada no local de atuação dos

profissionais, sendo reservado um espaço privativo, mediante ao prévio

agendamento via telefone, visando à disponibilidade dos mesmos. Anteriormente ao

início da aplicação do questionário será realizada a leitura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice II) pelos entrevistados. A

coleta de dados só iniciará após a aceitação de participação e assinatura do TCLE

pelo profissional de saúde, sendo esse em duas vias, uma via permanece com o

entrevistado e a outra com o entrevistador. A numeração dos questionários ocorrerá

de acordo com o horário de entrevista, preenchido pelo entrevistador.

O controle da qualidade será realizado por meio da supervisão da

orientadora da pesquisa, conferindo a qualidade dos registros (clareza e

completude) nos instrumentos de coleta de dados. Em caso de preenchimento

inadequado (questão em branco ou rasura) será realizada a replicação das

questões. Além disso, realizar-se-á a verificação dos dados por pulos sistematizados

dos questionários.

Ao final da coleta de dados será realizada a digitação em planilha do

Microsoft Excel/OfficeR 2007 e posteriormente transportados para análise no

Software Estatístico Statistica/STATASOFTR 9.0.

6.6 Variáveis do estudo

As variáveis do estudo foram organizadas de acordo com o elemento a ser

investigado (estrutura e processo). Foram consideradas outras variáveis com a

finalidade de caracterizar a população em estudo, tais como: sexo, formação

profissional, qualificação, função e número de anos que trabalha na instituição.

40

A Figura 3 apresenta as variáveis de estrutura, estratificado pelos seguintes

elementos: disponibilidade de recursos humanos, preparo dos profissionais para

lidar com a TB e qualificação dos profissionais de saúde em TB.

Figura 3. Quadro de variáveis relacionadas à estrutura da unidade de Pronto Socorro para atenção a TB. Continua.

1Questão destinada somente ao profissional médico.

Elemento Variáveis Questão Definição Tipo

Disponibilidade de Recursos Humanos e Materiais

Estrutura

Disponibilidade suficiente de profissionais de saúde

6 Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

Mascara para uso do profissional e usuário

10.a Sim, Não Dicotômica

Geladeira para material biológico

10.b Sim, Não Dicotômica

Formulário de pedido de baciloscopia

10.c Sim, Não Dicotômica

Pote de coleta de escarro disponível

10.d Sim, Não Dicotômica

Local para coleta de escarro 11 Sim, Não Dicotômica

Local adequado para coleta de escarro

11.a Muito ruim, ruim, regular, bom, muito bom

Likert

Preparo dos profissionais de saúde para lidar com TB

Preparo para identificar o usuário com TB

14 Sim, Não Dicotômica

Falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre TB

15.a Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

Segurança para identificar o usuário com TB

19 Sim, Não Dicotômica

Segurança para realizar o diagnóstico da TB

1

20 Sim, Não Dicotômica

Dificuldade dos profissionais em falar sobre TB com usuários

15.b Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

Convencer o usuário a coletar escarro

15.c Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

Dificuldade para preencher impressos

15.d

Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

Sobrecarga de trabalho 15.e Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

41

Figura 3. Quadro de variáveis relacionadas à estrutura da unidade de Pronto Socorro para atenção a TB. Continuação.

A seguir a Figura 4 apresenta as variáveis relacionadas ao processo de

atenção. Compondo os elementos: aspectos gerais da procura e atendimento dos

usuários, conduta frente ao usuário com sintomas respiratórios da TB.

Elementos Variável Questão Definição Tipo

Aspectos Gerais sobre a procura e atendimento dos usuários

Processo

Frequência de procura pela unidade de PS por usuários com sintomas de TB

9

Nunca, quase nunca, ás vezes, quase sempre, sempre

Likert

Atendimento baseado na investigação de sinais e sintomas

7

Nunca, quase nunca, ás vezes, quase sempre, sempre

Likert

Interação com os Usuários 8

Nunca, quase nunca, ás vezes, quase sempre, sempre

Likert

Figura 4. Quadro de variáveis relacionadas ao processo de atenção as pessoas com TB na unidade de Pronto Socorro. Continua

Elemento Variáveis Questão Definição Tipo

Qualificação dos profissionais de saúde em TB

Estrutura

Busca de informações/atualização sobre a TB

16

Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

Fonte de informações sobre TB

16 Aberta

Atualização sobre a TB disponibilizado pelo Município

17

Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

Atualização clinica da TB 18.a

No último ano, 1 a 2 anos, 3 a 4 anos, 5 anos ou mais

Nominal

Atualização com relação aos exames de diagnóstico da TB

18.b

Nunca, quase nunca, às vezes, quase sempre, sempre

Likert

42

Figura 4. Quadro de variáveis relacionadas ao processo de atenção as pessoas com TB na unidade de Pronto Socorro. Continuação.

Elementos Variável Questão Definição Tipo

Conduta frente ao usuário com sintomas da TB

Processo

Avaliação clínica (investigação sinais e sintomas da TB)

12.a Sim, Não Dicotômica

Realização de exames 12.b Sim, Não Dicotômica

Solicitação de Raio X para investigação de TB

12.b.1 - a Sim, Não Dicotômica

Solicitação de baciloscopia para investigação de TB

12.b.1 - b Sim, Não Dicotômica

Solicitação de outros exames para investigação de TB

12.b.1 - c Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento 12.c Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento para realização de Raio X para investigação de TB

12.c.1 - a Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento para a realização de baciloscopia para investigação de TB

12.c.1 - b Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento para realização de outros exames para investigação de TB

12.c.1 - c Sim, Não

Dicotômica

Encaminhamento para outras unidades de saúde para investigação de TB

12.c.2 Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento para ambulatório para investigação de TB

12.c.2 - a Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento para hospital para investigação de TB

12.c.2 - b Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento para atenção primária para investigação de TB

12.c.2 - c Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento Internação no PS para investigação de TB

12.c.3 Sim, Não Dicotômica

Encaminhamento com informações escritas

13

Nunca, quase nunca, ás vezes, quase sempre, sempre

Likert

Outras Condutas para investigação de TB

12.c.4 Aberta

43

6.7 Análise dos dados

As variáveis utilizadas para caracterizar os sujeitos participantes do estudo e

as relacionadas à disponibilidade de recursos humanos e materiais serão analisadas

por meio de distribuição de frequência absoluta e relativa. Para a análise as

variáveis voltadas para a avaliação da estrutura e processo com respostas

dicotômicas considerará a proporção de ocorrência de cada item avaliado e para as

respostas com escala Likert (valores de 1 a 5) o valor máximo (5) será considerado a

resposta mais positiva ao item avaliado. As respostas em escala Likert serão

distribuídas em duas categorias: o valor (1) corresponde a avaliação negativa (não)

e os demais valores na avaliação positiva (sim).

Após esse processo será utilizada a Análise de Correspondência Múltipla

(ACM), na qual serão identificadas associações entre as variáveis sem necessidade

de uma relação causal prévia (CARVALHO, 2004). Serão utilizadas as dimensões

com autovalores maiores de 0,200, conforme sugere Hair et al. (2009), uma vez que

concentram maior variabilidade de dados, contribuindo para dispersão das variáveis

no plano. Tais dimensões representam um conjunto de variáveis, deste conjunto

excluir-se-á as variáveis com menores contribuições absolutas (Cos2<0,10) por

apresentarem instabilidade no mapa perceptual. A contribuição absoluta é a

somatória das contribuições de cada opção de resposta de uma variável à

dimensão.

6.8 Aspectos éticos

Primeiramente o projeto de pesquisa será enviado ao diretor do PS de

Pelotas (Anexo I) para apreciação da pesquisa, mediante aceitação o projeto será

enviado ao CEP da Faculdade de Enfermagem da UFPel. Para fins da garantia dos

direitos do entrevistado, o profissional de saúde assinará o TCLE (Apêndice II) em

duas vias, depois de realizadas as explicações necessárias contidas no TCLE antes

do início da aplicação do questionário. Salienta-se que o participante poderá desistir

da participação a qualquer momento

Nesse estudo será respeitado o Capítulo III, da Resolução Conselho Federal

de Enfermagem (COFEN) 311/2007, do Código de Ética dos Profissionais de

Enfermagem que trata do ensino, da pesquisa e da produção técnico-científica

44

(COFEN, 2007), bem como a Resolução nº 196/962 do Conselho Nacional de Saúde

do MS, que trata da pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996). O estudo

envolverá exclusivamente a realização de entrevista aos profissionais de saúde

utilizando questionário estruturado, não incluiu nenhum tipo de procedimento

invasivo ou coleta de material biológico, ou experimento com seres humanos. Ainda,

os dados serão armazenados nos arquivos do Grupo de Estudos de Avaliação em

TB (GEATB) da Faculdade de Enfermagem da UFPel por um período de 5 anos e

depois excluídos.

6.9 Divulgação dos resultados

Os resultados serão divulgados e discutidos na dissertação de Mestrado

Acadêmico em Enfermagem da UFPel. Após aprovação do trabalho em banca, os

resultados serão encaminhados a periódico indexados da área da saúde, assim

como serão divulgados em eventos científicos da área. Salienta-se que os sujeitos

do estudo serão convidados a participar de apresentação e discussão dos

resultados do estudo após finalização do mesmo.

2Resolução n 196/96. Esta Resolução incorpora sob a ótica do indivíduo e das coletividades os quatro

referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.

45

7 Cronograma

A seguir apresenta-se o cronograma de desenvolvimento deste projeto.

.

2012 2013

Período Jan/

Mar

Abr/

Jun

Jul/

Set

Out/

Dez

Jan/

Mar

Abr/

Jun

Jul/

Set

Out/

Dez

Definição do tema

Revisão de Literatura

Construção do Projeto

Qualificação do Projeto

Submissão ao CEP

Coleta dos Dados*

Digitação do Banco de

Dados

Análise dos dados

Elaboração dissertação

Apresentação dissertação

*Os dados serão coletados após aprovação do CEP. Figura 5. Cronograma de desenvolvimento do projeto de pesquisa.

46

8 Orçamento

Apresentação dos materiais e dos gastos com os recursos que serão

utilizados para o desenvolvimento do projeto.

MATERIAL QUANTIDADE VALOR

UNITÁRIO R$ VALOR TOTAL

R$

Lápis 02 1,00 2,00

Borracha 01 0,50 0,50

Caneta 03 2,00 6,00

Prancheta 01 8,00 8,00

Papel A4 (pacote de 500f) 02 22,00 44,00

Vale Transporte 350 2,75 962,50

Impressões (folhas) 2000 0,10 200,00

Encadernações simples 10 3,00 30,00

Encadernação capa dura 06 50,00 300,00

Revisor Português 02 300,00 600,00

Revisor Espanhol 03 40,00 120,00

Revisor Inglês 03 40,00 120,00

Pen Drive 01 40,00 40,00

Notebook 01 2.000,00 2.000,00

Total das despesas R$ 4.433,00*

Figura 6. Recursos materiais e humanos para o desenvolvimento do projeto

*Os gastos serão custeados pela autora.

47

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52

II RELATÓRIO DE CAMPO

53

O projeto de pesquisa intitulado “Atenção à tuberculose em unidade de

pronto socorro: avaliação da estrutura e do processo de atenção” foi idealizado a

partir de experiências anteriores em avaliação dos serviços da atenção primária a

saúde desenvolvidas pelo Grupo de Estudos de Avaliação em Tuberculose (GEATB)

da Faculdade de Enfermagem (FEn) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Nesse sentido, a construção do projeto de dissertação, visou expandir as pesquisas

do GEATB para outros pontos de atenção, com vistas a ampliar a compreensão da

problemática da detecção de casos de tuberculose (TB) no município de Pelotas.

Desse modo, o objetivo principal da pesquisa foi avaliar a estrutura e o processo de

atenção do Pronto Socorro de Pelotas (RS) ao sintomático respiratório para o

diagnóstico de tuberculose.

A escolha do local da pesquisa foi influenciada pela experiência de trabalho

da pesquisadora como enfermeira no Pronto Socorro de Pelotas, a qual contribuiu

para o conhecimento da dinâmica de trabalho do serviço e da assistência

desenvolvida aos usuários SR de TB. Além da experiência como enfermeira na

unidade de urgência e emergência o conhecimento das evidências científicas que

mostram a elevada demanda espontânea de usuários com SR e internações por TB

na unidade despertou ainda mais interesse pelo local de pesquisa.

A partir da definição do tema, iniciou-se o desenvolvimento da revisão

sistemática da literatura em busca de artigos que abordassem a avaliação das

unidades de urgência e emergência para a atenção à TB. Identificou-se reduzida

produção de publicações científicas nessa temática, se constituindo em um fator

dificultador para o maior conhecimento teórico e operacional das unidades de

urgência e emergência na atenção à TB. Contudo, os estudos que abordaram a

temática caracterizaram as unidades de urgência e emergência como importante

porta de entrada para o sintomático respiratório, desse modo, solidificou-se a

escolha e relevância dessa pesquisa.

Na primeira etapa da construção do projeto discutiu-se informalmente com

os profissionais do setor administrativo da unidade de Pronto Socorro a possibilidade

de realizar a avaliação do serviço para atenção à TB, ainda, esse diálogo teve o

objetivo de identificar o interesse da unidade em conhecer os resultados da

pesquisa. Diante da valorização do estudo pelos profissionais, foi conversado com o

enfermeiro(a) responsável pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar a

respeito de suas experiências e do seu processo de trabalho na atenção à TB.

54

Ressalta-se que as ações relativas à TB nesse serviço são gerenciadas por

esse profissional conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, nesse sentido, o

enfermeiro(a) é responsável pela coleta do escarro, transporte do material biológico

até o laboratório municipal e a obtenção do resultado do exame.

Inicialmente foi solicitada ao setor administrativo a lista nominal dos

profissionais de saúde com os respectivos turnos de atuação para o planejamento

da coleta de dados de forma sistematizada segundo categorias profissionais. Pela

sua extensão, em um primeiro momento foram entrevistados os profissionais da

equipe de enfermagem, de todos os turnos (manhã, tarde e noite), e após os

profissionais médicos. O período de coleta de dados foi de maio a julho de 2013 e foi

realizada em três turnos. A presença da responsável da pesquisa favoreceu a

motivação de participação dos profissionais ainda não entrevistados.

Além da pesquisadora responsável do estudo, colaborou com a coleta de

dados uma acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas

bolsista de iniciação científica e membro do GEATB. Ao final da coleta de dados, do

total dos 135 profissionais de saúde, foram entrevistados 115, sendo 87 (76%)

técnicos/auxiliares de enfermagem, 18 (15,7%) médicos e 10 (8,3%) enfermeiros.

Aplicou-se os seguintes critérios de inclusão: atuar como generalista e possuir mais

de três meses de experiência na unidade. Durante o período da coleta 12 (8,8%)

estavam em licença saúde, um (0,7%) encontrava-se em atestado médico.

Considerou-se 7 (5,1%) como perda, após serem abordados mais de 4 vezes.

No processo de coleta de dados identificou-se algumas dificuldades, tais

como a realização das entrevistas no ambiente de trabalho, o que implicou, em

muitos casos, na impossibilidade de realizar a entrevista em local tranquilo e

reservado, ocasionando a distração do entrevistado e a interrupção da entrevista

para a assistência ao usuário em caso crítico de saúde. Além disso, muitos

profissionais protelaram a entrevista inúmeras vezes, justificando o excesso de

demanda de trabalho como impecílio. Nesses casos, foi necessária a abordagem do

mesmo profissional várias vezes, não havendo resolutividade, foi proposto o

agendamento de dia e horário da entrevista, visando concretizá-la.

A ocorrência destas dificuldades operacionais de coleta de dados esteve

vinculada principalmente a duas características do local de estudo, no turno de

trabalho noturno e da categoria profissional médica. Em muitos momentos houve a

necessidade da pesquisadora permanecer aguardando, por longos períodos, na

55

unidade para conseguir realizar as entrevistas, devido à dinâmica de trabalho

noturno (plantões de 12 horas com horários para intervalos). No que diz a respeito à

aceitação de participação dos profissionais, identificou-se que o profissional médico,

não estava receptivo para a entrevista, em um primeiro momento, contudo, com a

permanente presença da pesquisadora na unidade e com as abordagens individuais,

conseguiu-se entrevistar quase a totalidade destes profissionais.

Cabe salientar o alto número de aceitação para as entrevistas como ponto

positivo no processo de coleta de dados, acredita-se que o vínculo da pesquisadora

com a unidade tenha favorecido o processo, somada a compreensão dos

profissionais quanto à importância de se realizar pesquisas em saúde.

Após o término da coleta de dados, os mesmos foram digitados em um

banco construído no programa Microsoft Excel® 2010 e analisado no Software

Estatística 9.1 da StatSoft®. O controle de qualidade foi realizado com a verificação

completa de instrumentos sorteados por meio de pulos sistematizados.

Para a construção do artigo científico de defesa, optou-se em realizar a

avaliação da estrutura da unidade do Pronto Socorro de Pelotas para à atenção a

TB, sendo avaliados os recursos físicos, instalações, equipe e a organização dos

recursos humanos. Para a análise dessas variáveis optou-se por realizar a Análise

de Correspondência Múltipla, a qual é utilizada pelo GEATB/FEn/UFPel em suas

pesquisas pela capacidade dessa apresentar a similaridade entre as variáveis. Essa

etapa exigiu maior aproximação da pesquisadora, sendo necessária leituras intensas

e frequentes reuniões para a aplicação e discussão do método de análise junto a

uma aluna de doutorado e orientadora do estudo.

Com relação ao processo de atenção à TB na unidade, os resultados foram

apresentados em forma de resumo no XXII Congresso de Iniciação Científica da

Universidade Federal de Pelotas realizado no ano de 2013 com a participação da

acadêmica que auxiliou na coleta de dados.

Salienta-se, ainda, que foi manifestado o interesse de replicação dessa

pesquisa pela Enfermeira Doutora vinculada a emergência Adulto do Hospital

Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, Florianópolis, Santa

Catarina. Sendo assim o processo encontra-se em fase de negociação e pretende-

se iniciar o a replicação após defesa de dissertação. Almeja-se utilizar os dados

referentes ao processo de trabalho na unidade em estudo para a construção de um

56

segundo artigo, comparativo com o cenário onde se pretende realizar a replica da

pesquisa.

Cabe destacar a relevância da inserção da pesquisadora no

GEATB/FEn/UFPel no período do curso de mestrado, o que contribuiu para

aproximação e ampliação dos conhecimentos em avaliação de serviços de saúde

com foco na TB.

57

III ARTIGO CIENTÍFICO

58

UNIDADE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NA ATENÇÃO À

TUBERCULOSE: AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE

SAÚDE

Resumo

As unidades de urgência e emergência são procuradas frequentemente por usuários sintomáticos respiratórios da tuberculose. Assim, objetivou-se investigar a estrutura do Pronto Socorro de Pelotas/RS para o atendimento do sintomático respiratório de tuberculose e seu diagnóstico. Trata-se de um estudo quantitativo de corte transversal realizado na unidade de Pronto Socorro com 115 profissionais de saúde (enfermeiros, médicos e técnicos/auxiliares de enfermagem), no período de maio a julho de 2013. Analisaram-se as variáveis descritivamente e pela Análise de Correspondência Múltipla estratificadas por categoria profissional. Os enfermeiros associaram-se com: atualização na área da tuberculose pelo município/instituição, falta de conhecimento sobre a tuberculose, sobrecarga de trabalho, dificuldade de falar sobre a tuberculose, convencer o usuário a colher o escarro e preenchimento dos impressos pelos profissionais de saúde. A categoria médico se associou com: atualização clínica e dos exames de diagnóstico da tuberculose, segurança para diagnosticar a doença, conhecimento e preparo dos profissionais de saúde para lidar com a tuberculose, facilidade no convencimento de coletar escarro e preenchimento dos impressos pelos profissionais de saúde. Os técnicos/auxiliares de enfermagem associaram-se com as seguintes variáveis: desatualização clínica e de exames para o diagnóstico da tuberculose, não saber se a sobrecarga de trabalho influência nas ações de diagnóstico da doença, não saber e negar que o município/instituição disponibilizam atualização em tuberculose. Conclui-se que embora a unidade de Pronto Socorro não disponha de alguns elementos da estrutura, essa apresenta materiais necessários para a realização do diagnóstico da tuberculose. Palavras chaves: Tuberculose. Avaliação em saúde. Serviço hospitalar de

emergência.

Abstract

Emergency units are often sought by users with respiratory symptoms of tuberculosis. This study aimed investigates the structure of emergency department (ED) Pelotas/RS for the care and diagnosis of tuberculosis (TB). A quantitative, cross-sectional, done with 115 health professionals (nurses, doctors, nursing auxiliaries and nursing technicians) working in ED Pelotas in May - July 2013. The analysis of the variables was descriptive and Multiple Correspondence Analysis (MCA) stratified by professional category. The Nurses be associated: update in the field of TB by city, lack of knowledge about the TB, work overload, difficulty speak about TB, convince the user to collect sputum and filling in the forms by health professionals. The doctors be associated: update clinical and diagnostic tests for tuberculosis, security to diagnose the disease, knowledge and preparation of health professionals to deal with TB, facility to convince the user to collect sputum and filling in the forms by health professionals. The Nursing auxiliaries and Nursing technicians be associated: outdated clinical and diagnostic tests for tuberculosis, unknown if the work overload influences the actions of diagnosis of TB, unknown and deny that the

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municipality/institution provides update about TB. Although the Emergency Unit had shown flaws in structure, this has the essential elements for the development of actions for the diagnosis of TB. Keywords: Tuberculosis. Health Evaluation. Emergency Service, Hospital.

Resumen

La unidad de emergencia a menudo son buscados por los usuarios con síntomas respiratorios de la tuberculosis. Esta investigación tuvo como objetivo investigar la estructura de lo servicio de urgencias de Pelotas/RS para el cuidado de los síntomas respiratorios y el diagnóstico de la tuberculosis. Se trata de un estudio cuantitativo transversal realizado en una Unidad de Emergencia con 115 profesionales de la salud (enfermeras, médicos y técnicos/auxiliares de enfermería), entre mayo y julio de 2013. Las variables fueron analizadas de forma descriptiva por médio de análisis de correspondencia múltiple estratificada por categoría profesional. Los enfermeros presentaron asociación con actualización sobre el campo tuberculosis por el municipio/institución, falta de conocimiento sobre la tuberculosis, sobrecarga de trabajo, dificultad para hablar acerca de la tuberculosis, convencerles para recoger el esputo y la llenado de los formularios por profesionales de la salud. La categoría de médico estuvo asociada con actualización y pruebas de diagnóstico clínico de la tuberculosis, la seguridad de diagnosticar la enfermedad, los conocimientos y habilidades de los profesionales de la salud para hacer frente a la tuberculosis, la facilidad para convencer a recoger esputo y llenarlos formularios por profesionales de la salud. Los técnicos y auxiliares de enfermaría se asociaron desactualización clínica y de examen es para el diagnóstico de la tuberculosis, y no sabe si la carga de trabajo influyen en las acciones de diagnóstico, no saber y negar que el municipio/institución proporciona actualización en tuberculosis. Concluye que, aunque la Unidad de Emergencia no tiene algunos elementos de la estructura, presenta materiales necesarios para el diagnóstico de la tuberculosis

Palabras clave: Tuberculosis. Evaluación en Salud. Servicio de Urgencia en

Hospital.

60

Introdução

As unidades de urgência e emergência inserem-se no sistema de saúde como

importante componente para contribuir à integralidade assistencial às situações

agudas. Avanços na atenção às urgências vêm ocorrendo, com a finalidade de

expandi-la para diversos pontos de atenção na rede de serviços, desde a atenção

primária até as especialidades. Essa ampliação visa promover o acolhimento às

pessoas em situações agudas à saúde em todos os serviços. Nessa conjuntura são

essenciais, profissionais qualificados e a integração entre os serviços (BRASIL,

2013).

No entanto, é possível perceber que a atenção ás urgências ainda centraliza-

se nas unidades de Pronto Socorro/Pronto Atendimento. Essas caracterizam-se pelo

funcionamento ininterrupto, organizadas para o atendimento imediatista das pessoas

em condições agudas à saúde e o acolhimento dos usuários que buscam o serviço

sem esse caráter (BRASIL, 2006). Contudo, evidencia-se a frequente procura

espontânea pelos usuários por atendimento com condições sensíveis à atenção

primária. Tal situação, dentre outros fatores, ocorre em virtude de barreiras

encontradas nos serviços de saúde (O’DWYER, OLIVEIRA, SETA, 2009), o que traz

em consequência a sobrecarga aos profissionais de saúde, comprometimento da

integralidade da assistência e da funcionalidade da rede de serviços.

As pessoas com sintomas respiratórios da tuberculose inserem-se nesse

grupo que procuram atendimento em unidades de Pronto Socorro (PS) (SILVA-

SOBRINHO et al., 2012), uma vez que estas, muitas vezes, vivenciam obstáculos na

busca pelo diagnóstico. Essas barreiras estão relacionadas principalmente

relacionadas à organização da atenção primária, tais como: horários de

funcionamento reduzidos das unidades básicas de saúde, demora na percepção da

doença pelos profissionais, necessidade de procurar mais de uma vez o serviço de

saúde para o diagnóstico e a não incorporação de busca ativa do sintomático

respiratório na rotina de trabalho, dentre outros (MARCOLINO et al., 2009;

OLIVEIRA et al., 2013).

Em virtude dessa demanda, o Ministério da Saúde e o Programa Nacional

de Controle da Tuberculose (PNCT), têm reconhecido as unidades de PS, como

importantes portas de entrada para o acesso ao diagnóstico da doença em médios e

grandes centros urbanos (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2011b). Desse modo, é

essencial que as unidades de PS disponham de profissionais preparados para

61

atender aos sintomáticos respiratórios, e que estejam alicerçados à estrutura mínima

e adequada, para possibilitar o desenvolvimento das ações necessárias ao

diagnóstico e início do tratamento da doença.

A avaliação da qualidade da estrutura em unidade de PS já foi apontada

como satisfatória por profissionais, quanto aos recursos materiais, físicos, humanos,

financeiros e sistemas normativos e de informação de um serviços de urgências de

um hospital público, no estado de São Paulo e por usuários de um PS localizado no

interior do Paraná quanto à estrutura física e organização dos recursos humanos

(SELEGHIM et al., 2010; SILVA et al., 2012a), no entanto, ainda apresenta-se como

uma lacuna no conhecimento a estrutura dessas unidades para a atenção à

tuberculose segundo avaliação de recursos físicos, humanos e financeiros

(DONABEDIAN, 1980). Diante do exposto, considera-se que a avaliação da

estrutura das unidades de PS é indispensável, uma vez que constitui-se em uma

unidade de elevada procura das pessoas com condições sensíveis a atenção

primária, dentre elas a tuberculose. Desse modo, objetivou-se investigar a estrutura

do Pronto Socorro de Pelotas/RS para o atendimento do sintomático respiratório de

tuberculose e seu diagnóstico.

Método

Estudo descritivo, transversal em unidade de PS do município de Pelotas,

Rio Grande do Sul. Este município possui uma população de 327.778 habitantes

(IBGE, 2010) e é considerado pelo Programa Nacional do Controle da Tuberculose

como prioritário para o desenvolvimento das ações de controle da tuberculose. O

sistema municipal de saúde público é constituído por cinco hospitais gerais, uma

Unidade Básica de Atendimento Imediato, um Pronto Socorro e 51 Unidades

Básicas de Saúde, dentre essas 34 na modalidade de Estratégia de Saúde da

Família, caracterizando 35,7% de cobertura da população (BRASIL, 2013). Ainda, o

município possui o Programa Municipal de Controle da Tuberculose e um laboratório

municipal para a realização dos exames de diagnóstico.

A população do estudo foram 135 profissionais de saúde que atuam como

generalistas na unidade de PS, dentre esses enfermeiros, médicos,

técnicos/auxiliares de enfermagem. As entrevistas foram realizadas entre os meses

de maio e julho de 2013. Após aplicação dos critérios de seleção foram excluídos 20

profissionais, sendo 12 (8,8%) profissionais por licença saúde, um (0,7%) por

62

atestado médico e 7 (5,1%) foram considerados perdas, após quatro tentativas sem

sucesso.

Os profissionais foram questionados sobre a estrutura física, equipamentos

e recursos humanos necessários para atenção à tuberculose na unidade de PS. As

entrevistas foram realizadas na unidade de PS e no horário de trabalho dos

profissionais, por entrevistadores previamente treinados. Utilizou-se um formulário

específico que teve por referência um questionário desenvolvido com base nos

componentes do “Primary Care Assessment Tool”, elaborado e validado para avaliar

aspectos críticos da Atenção Primária à Saúde (STARFIELD, 2002), o qual foi

validado no Brasil em 2006 (MACINKO,ALMEIDA,OLIVEIRA, 2006) e adaptado para

a atenção à tuberculose em 2009 (VILLA, RUFFINO-NETTO, 2009). Embora este

instrumento seja para avaliar a atenção primária à saúde, isto não inviabilizou sua

aplicação em unidade de urgência e emergência, uma vez os elementos da estrutura

para atenção à tuberculose são essenciais em todos os serviços de saúde.

Nessa pesquisa utilizaram-se aspectos da estrutura, por referência ao

conceito de Donabedian (1980), contemplando os recursos físicos, instalações e

equipamentos, e a organização dos recursos humanos.

No presente estudo os elementos vinculados aos recursos físicos,

instalações e equipamentos foram: disponibilidade de máscara para uso do

profissional e do usuário, recipiente para coleta de escarro, geladeira para

acondicionamento de material biológico, formulário de pedido de baciloscopia de

escarro, local para coleta de escarro e a adequação do local.

Na organização dos recursos humanos considerou-se os seguintes

aspectos: disponibilidade de profissionais para atuar na unidade, preparação dos

profissionais para identificar o usuários com sintomático respiratório de tuberculose,

falta de conhecimento sobre a tuberculose, dificuldade dos profissionais de falar

sobre a tuberculose com o usuário, dificuldade de convencer o usuário a colher o

escarro, dificuldade de preencher os impressos, sobrecarga de trabalho dificultando

as ações sobre a tuberculose, busca de informação e atualizações sobre a

tuberculose, a disponibilização de atualizações pelo município/instituição, última

atualização clinica da tuberculose e em relação aos exames, segurança para

identificar o usuário com suspeita de tuberculose, e segurança para realizar o

diagnóstico da tuberculose.

63

Além disso, foram consideradas as variáveis sexo, vínculo empregatício,

formação, pós-graduação e tempo em anos de trabalho na unidade visando a

caracterização dos profissionais participantes do estudo. A análise dessas variáveis,

somada às variáveis de recursos físicos, instalações e equipamentos foram

avaliadas de forma descritiva representando a apreciação geral dessas variáveis

pelos profissionais, sem a distinção de categoria.

Para análise das variáveis da organização dos recursos humanos para a

atenção à tuberculose utilizou-se a Análise de Correspondência Múltipla (ACM). As

respostas apresentavam-se em escala Likert (sempre, quase sempre, às vezes,

quase nunca, nunca) com valores de 1 a 5. O valor máximo (5) foi considerado para

a resposta mais positiva ao item avaliado. Para a realização da análise as respostas

foram distribuídas em duas categorias: o valor (1) corresponde a avaliação negativa

(não) e os demais valores na avaliação positiva (sim).

Na ACM foram identificadas associações entre as variáveis sem

necessidade de uma relação causal prévia (CARVALHO, 2004). Foram utilizadas as

dimensões com autovalores maiores de 0,200, conforme sugere Hair et al. (2009),

uma vez que concentram maior variabilidade de dados. Deste conjunto foram

verificadas as dimensões que cada variável pertence a partir da maior contribuição

absoluta (Cos2) e foram excluídas as variáveis com Cos2<0,10 por apresentarem

instabilidade no mapa perceptual.

As associações entre as variáveis da organização dos recursos humanos

foram representadas em um gráfico (Mapa perceptual), sendo inserida como variável

passiva “formação profissional (Enfermeiro/Médico/Técnico ou auxiliar de

enfermagem)”, a qual não tem contribuição na dispersão dos pontos no mapa,

porém auxilia na interpretação dos resultados gráficos (LE ROUX e ROUANET,

2004).

Os dados foram digitados no Microsoft Excel 2010 e analisados no pacote

estatístico Statistica 9.1 da StatSoft. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, sob o parecer nº 221.856. Os

preceitos éticos foram respeitados e os entrevistados assinaram o TCLE para

participar do estudo.

64

Resultados

Dos 115 profissionais entrevistados 80 (69,5%) eram do sexo feminino.

Com relação à formação desses profissionais 87 (76%) eram técnicos/auxiliares de

enfermagem, 18 (15,7%) médicos e 10 (8,3%) enfermeiros. A totalidade dos

profissionais (100%) de saúde relatou que o vínculo empregatício era por contrato

individual de trabalho. Dos profissionais com formação superior 19 (16,5%)

possuíam pós-graduação, 8 (6,9%) não possuíam e 2 (1,7%) relatavam estar com o

curso em andamento. Salienta-se que desses apenas quatro realizaram pós-

graduação na área de urgência e emergência. A média de anos de trabalho de todos

os profissionais na unidade foi 4,9 anos (DP=4,5).

Quanto à estrutura física, instalações e equipamentos foram confirmados por

113 (98,2%) profissionais a presença da máscara para o uso pelos profissionais e

usuários e por 109 (94,7%) o recipiente para coleta de escarro. Quando

questionados sobre a presença da geladeira para acondicionamento de material

biológico, 65 (56,5%) negaram e 34 (29,5%) não souberam responder.

A presença do formulário de pedido de baciloscopia de escarro foi

confirmada por 56 (48,6%) profissionais, contudo 47 (40,8%) não souberam

responder. A existência de um local para coleta de escarro foi negada por 83

(72,1%) profissionais.

A aplicação da ACM privilegiou as dimensões 1 e 2, com os valores 0,271 e

0,214, apresentando uma inércia de 15,98% e 12,56% respectivamente (Figura 1).

Figura 1 - Decréscimo dos autovalores. Pronto Socorro de Pelotas (RS). 2013.

65

A partir dessas dimensões foi possível verificar as variáveis que pertencem a

cada dimensão de acordo com a maior contribuição absoluta (Cos2)(Tabela 1).

Variáveis Cos21 Cos22 Dimensão

A - Disponibilidade de profissionais de saúde

B - Preparo para identificar os usuários com suspeita de

tuberculose

C - Falta de conhecimento sobre tuberculose

D - Dificuldade de falar sobre a tuberculose com o usuário

E - Dificuldade de convencer o usuário a coletar o escarro

F - Dificuldade para preencher os impressos

G - Sobrecarga de trabalho dificultando as ações sobre a

tuberculose

H - Busca de informações/atualizações sobre tuberculose

I - Disponibilização de atualizações do

município/instituição

J - Atualização clínica da tuberculose

K - Atualização em relação aos exames para o diagnóstico

L - Segurança para identificar usuários com sintomas

respiratórios da tuberculose

M - Segurança para realizar o diagnóstico da tuberculose

<0,10

<0,10

0,311

0,250

0,197

<0,10

0,282

<0,10

0,183

0,572

0,515

<0,10

0,158

<0,10

0,178

0,231

0,332

0,371

0,255

0,279

<0,10

<0,10

<0,10

<0,10

<0,10

<0,10

-

2

1

2

2

2

1

-

1

1

1

-

1

Legenda: Cos2n: valor do cosseno ao quadrado do ângulo que a variável faz com a dimensão

Tabela 1 - Contribuição absoluta das variáveis ativas e definição da dimensão

correspondente. Pronto Socorro de Pelotas (RS), 2013.

Analisando-se o mapa perceptual (Figura 2) foram observadas as seguintes

associações ao profissional enfermeiro na dimensão 1: atualização na área da

tuberculose disponibilizada pelo município/instituição (I:S), falta de conhecimento

sobre a tuberculose (C:S) e a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde

dificultando as ações de controle da tuberculose (G:S). Na dimensão 2 identificou-

se: dificuldade de falar sobre a doença com os usuários (D:S), dificuldade de

convencer os usuários a coletar o escarro (E:S), dificuldade de preencher os

impressos pelos profissionais de saúde (F:S).

66

Legenda: Variáveis Passivas: Enf – Enfermeiros(as); Médico; Téc/Aux – Técnicos/Auxiliares de

enfermagem. Variáveis Ativas: B – Profissionais preparados para identificar os usuários com sintomas

respiratórios da tuberculose; C – Falta de conhecimento sobre a tuberculose; D – Dificuldade de falar

sobre a tuberculose com o usuário, E – Dificuldade de convencer o usuário a coletar escarro, F –

Dificuldade de preencher impressos, G – Sobrecarga de trabalho dificultando as ações da

tuberculose; I - Disponibilidade de atualização pelo município/instituição; J – Atualização clínica da

tuberculose; K – Atualização com relação aos exames de diagnóstico; M – Segurança para realizar o

diagnóstico da tuberculose; N – Não; S – Sim; NS – Não sabe; NA: Não se aplica.

Figura 2 - Mapa perceptual da organização dos recursos humanos e categoria de

profissional de saúde, Pronto Socorro de Pelotas (RS), 2013.

Com relação ao profissional médico, na dimensão 1 as variáveis que tiveram

contribuição revelam que esta categoria profissional está atualizada na clínica (J:S)

e nos exames necessários ao diagnóstico da tuberculose (K:S) e se sentem seguros

para realizar o diagnóstico da doença (M:S). Ainda não observam falta de

conhecimento dos profissionais de saúde que atuam no PS (C:N). Na dimensão 2

estão associadas às seguintes variáveis: profissionais de saúde preparados para

identificar o usuário com sintomas respiratórios da tuberculose (B:S), não observam

dificuldades para os profissionais convencerem os usuários a coletar o escarro (E:N)

e não observam dificuldade de preencher os impressos (F:N).

No que tange as variáveis associadas aos técnicos/auxiliares de

enfermagem na dimensão 1, essas estão relacionadas a não organização dos

recursos humanos e ao não conhecimento desses profissionais com relação a esses

aspectos, sejam elas: não possuíam atualização clinica (J:N) e em exames de

diagnóstico para a tuberculose (K:N), não sabiam observar se a sobrecarga de

67

trabalho influenciava nas ações de controle da doença (G:NS), não sabiam (I:NS) e

negaram (I:NS) que o município/instituição disponibilizava atualizações para a

tuberculose. O valor próprio da dimensão 2 não foi muito elevado o que pode ter

contribuído para que a categoria técnicos/auxiliares de enfermagem tenha se

afastado pouco do eixo (HAIR et al., 2009).

Discussão

A estrutura da unidade de PS apresentou avaliações positivas e negativas

para a atenção a tuberculose quanto à estrutura física, instalações e equipamentos e

organização dos recursos humanos. Os insumos materiais necessários para a

realização dos exames de diagnóstico da tuberculose, tais como, o recipiente para a

coleta de escarro e o formulário de solicitação de baciloscopia foram relatados pela

maioria dos profissionais (enfermeiros, médicos e técnicos/auxiliares de

enfermagem) como presentes na unidade. A disponibilidade destes materiais

favorece o atendimento dos usuários sintomáticos respiratórios na unidade de PS, o

que pode impulsionar a procura por esses serviços para resolutividade de seu

problema de saúde, uma vez que a ausência desses materiais já foi evidenciado em

serviços de atenção primária (NOGUEIRA et al., 2007; NÓBREGA et al., 2010).

Ainda, salienta-se que 40,8% dos profissionais não sabiam responder se

havia o formulário disponível da unidade. Esse resultado provavelmente estará

relacionado à falta de contato com esse instrumento, já que, a organização do PS

prevê o preenchimento da solicitação de exames como competência de uma

categoria profissional. A presença de insumos materiais necessários para a

realização do diagnóstico são essenciais, pois a ausência desses pode retardar o

diagnóstico e o início do tratamento favorecendo a transmissão do bacilo da doença

(SÁ et al., 2012; BRASIL, 2011b; NOGUEIRA et al., 2007).

A geladeira para acondicionamento de material biológico foi relatada pela

maioria dos entrevistados como ausente. A recomendação do Ministério da Saúde é

de que a unidade que solicitou o exame seja responsável pela coleta, conservação e

o transporte do material e o uso da geladeira é para os casos em que o material não

possa ser transportado imediatamente (BRASIL, 2011b). A referência acerca da

ausência da geladeira, na unidade de PS, poderia estar vinculada ao transporte do

material ocorrer imediatamente após a coleta, com a utilização de isopor com gelo

reciclável. Salienta-se que além da necessidade de recursos para o armazenamento

68

das amostras, é necessário que os profissionais estejam preparados para o

adequado manejo desse material (NOGUEIRA et al., 2007).

No que se refere à máscara para uso do profissional e dos usuários, sua

presença foi confirmada por quase a totalidade dos profissionais (98,2%). Esta é um

instrumento de proteção respiratório considerado, por muitos profissionais, como

única e prioritária medida de biossegurança, sendo, muitas vezes, desconsideradas

e negligência as demais medidas (administrativas e de controle ambiental) (BRASIL,

2011b).

Estudo realizado em um hospital universitário localizado no estado do Rio de

Janeiro identificou que os profissionais reconhecem a máscara N95 como

instrumento de proteção individual para precaução aérea (RAMOS, SOUZA,

OLIVEIRA, 2010). Evidenciam-se limitações no instrumento de pesquisa do presente

estudo, visto que não foi especificado o tipo de máscara, o que não permitiu

conhecer a qual os profissionais se referiram.

Nessa direção, quanto às instalações, verificou-se a ausência de um local

adequado para o usuário colher o escarro, o que fragiliza as medidas de

biossegurança ambiental. A adaptação das unidades de urgência e emergência é

fundamental para uma correta condução clinica laboratorial e de vigilância, uma vez

que essas são reconhecidas como uma das portas de entrada para o usuário com

sintomas respiratórios de tuberculose (BRASIL, 2011b).

O comprometimento das medidas de biossegurança ambiental contribuem

para o maior risco de transmissão do bacilo entre os indivíduos que estão presentes

no mesmo espaço físico (COIMBRA et al., 2004). Além disso, somam-se a esses

riscos a falta de conhecimento dos profissionais de saúde para o correto manejo das

medidas de controle da tuberculose, o que pode resultar em falhas na atenção à

saúde (NETO et al., 2010).

A sensibilização dos profissionais com conhecimento sobre tuberculose é

essencial, pois se configura como uma potente ferramenta para promover a detecção

da doença entre os sintomáticos respiratórios, o que influencia no diagnóstico e

tratamento precoce (FAÇANHA et al., 2009). Nesse sentido, a não atualização e o

desconhecimento relacionado às capacitações ofertadas pelo município apresentada

pelos técnicos/auxiliares de enfermagem nesse estudo, podem influenciar na

qualidade e no desenvolvimento das ações de controle da doença na unidade de

saúde. Além disso, o fato desses profissionais considerarem que não sabem se a

69

sobrecarga de trabalho está influenciando nas ações de controle da doença pode

estar atrelado ao não desenvolvimento das mesmas e ao desconhecimento da

tuberculose como uma prioridade de saúde pública e responsabilidade de todos os

serviços de saúde, incluindo o PS.

A falta de conhecimento dos conceitos básicos da tuberculose, entre os

profissionais de saúde, já foi identificada em estudo realizado em um hospital geral

que funciona como unidade de apoio às urgências, neste a maior prevalência do

desconhecimento ocorreu na categoria técnico/auxiliar de enfermagem (NETO et al.,

2010).

O resultado da avaliação da atualização sobre a tuberculose pelos

técnicos/auxiliares de enfermagem difere dos profissionais médico e enfermeiros,

este fato pode ser atribuído à singularidade e ao conjunto de atividades inerentes a

cada profissão que promove o acesso a esses profissionais às praticas educativas.

Além disso, a disponibilização de atualizações pelo município e/ou instituição é

direcionada para os profissionais de nível superior, como já evidenciado em outro

estudo (TRONCHIN et al., 2009). A segurança do profissional médico em realizar o

diagnóstico da tuberculose seria o reflexo dessa atualização.

O investimento em práticas educativas para a especificidade em saúde do

município é fundamental para proporcionar mudanças na saúde (BRASIL, 2009).

Nessa conjuntura, entende-se que a ampliação dos conhecimentos da tuberculose

para os profissionais de nível técnico, por meio de práticas educativas é uma

atividade essencial, visto que estes profissionais efetuam ações de saúde em

contato direto com os usuários (TRONCHIN et al., 2009).

Cabe destacar a divergência de opiniões com relação à organização dos

recursos humanos, entre os profissionais da categoria médica e de enfermeiros.

Essas devem estar relacionadas à forma de organização do serviço, bem como as

atividades desempenhadas por cada categoria e as atribuições de cada profissão.

A organização das unidades de urgência e emergência são voltadas para o

atendimento às condições agudas (MENDES, 2011), o que favorece a hegemonia

do modelo de atenção biomédico (GARLET et al., 2009). Vinculado a esse contexto,

o modelo é centrado na figura do profissional médico, na resolução em saúde com

tecnologias pesadas e apoiado pela cultura medicamentosa (SOUZA, FIGUEIREDO,

PINTO, 2010), podendo dificultar a integração desse profissional ao conjunto de

atividades comuns à equipe de saúde e favorecendo uma prática individual.

70

Nesse sentido, entende-se que as práticas médicas ainda são fortemente

baseadas por esse modelo, e isto estaria influenciando na avaliação positiva dos

profissionais entrevistados (conhecimento sobre a tuberculose, preparo para

identificar o sintomático respiratório, capacidade de convencimento a colher escarro

e preenchimento impressos por parte da equipe da unidade de PS). A necessidade

de mudanças nesse panorama vem impulsionando transformações na metodologia

de formação acadêmica do profissional médico, com a finalidade de formar

profissionais preparados para atuar multidisciplinarmente no Sistema Único de

Saúde e lidar com a complexidade que é o ser humano (GOMES et al., 2010).

No que se refere aos profissionais enfermeiros, esses caracterizam-se por

executar funções em conjunto com a equipe de enfermagem, a qual comporta a

grande parcela de profissionais nesse estudo. Na unidade de urgência e emergência

esses profissionais gerenciam a equipe de saúde e os recursos, lidam com

situações de urgências, manipulam tecnologias leves e pesadas, articulam-se com

outros profissionais e com os usuários, além de prestarem um cuidado integral

(SILVA et al., 2012b). Assim, quando os enfermeiros avaliam o serviço

negativamente, pode estar alicerçada à função de gerência que estes assumem na

unidade de PS o que os mantêm próximos das dificuldades no processo de trabalho

de cada profissional. Essas dificuldades também foram apontadas por outra

categoria profissional (agente comunitário de saúde) no contexto da atenção

primária a saúde (NOGUEIRA et al., 2007).

No que tange a associação da sobrecarga de trabalho à categoria profissional

enfermeiro, identificado no estudo, resultados semelhantes foram evidenciados em

outras pesquisas sendo, considerados como determinante para estresse e

adoecimento dos profissionais, além de gerar conflitos na equipe de saúde

(AVELINO et al., 2013; ROSSETI, GAIDZINSKI, FUGULIN, 2013; SILVA et al.,

2012b) situações que podem comprometer a qualidade das ações de saúde. Para a

atenção à tuberculose a sobrecarga de trabalho em unidade de urgência e

emergência pode levar a negligência da investigação dos sintomas da tuberculose

na presença do sintomático respiratório.

A adequação da estrutura de um serviço de saúde é um importante

elemento para proteger e promover a qualidade da atenção, uma vez que essa

influência diretamente no processo de atenção e nos resultados (DONABEDIAN,

1980).

71

Conclusões

O estudo mostrou avaliações negativas e positivas dos profissionais de

saúde na valorização da estrutura da unidade de PS. Embora a unidade de urgência

e emergência não disponha de geladeira para o acondicionamento de material

biológico e local adequado para a coleta de escarro, apresenta materiais e

equipamento necessário para o diagnóstico da tuberculose.

Os técnicos/auxiliares de enfermagem apresentaram despreparo para

avaliar as questões que envolvem a tuberculose. No que se refere à valorização da

organização dos recursos humanos pelos profissionais enfermeiros e médicos

observou-se divergências

Considera-se essencial fortalecer as ações desenvolvidas para a atenção à

tuberculose na unidade de PS por meio da qualificação dos profissionais de saúde,

principalmente os profissionais de nível técnico. Ainda, sugere-se o desenvolvimento

de outros estudos de avaliação nas unidades de urgência e emergência, por meio de

entrevista com os usuários. Essas justificam-se mediante a elevado procura por

atendimento de sintomáticos respiratórios da tuberculose na unidade.

Referências

AVELINO, F.V.S.D.; LEITE, A.R.F.; FERNANDES, M.A.; AVELINO, F.P.D.; MADEIRA, M.Z.A.; SOUSA, L.E.N. de. Estresse em enfermeiros do setor de urgência e emergência. Rev Enferm UFPI., v. 2, n. 3, p 4-10, 2013.

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APÊNDICES

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APÊNDICE I

QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS.

Número do questionário: _________________

Município:_____________________________________________

Responsável pela coleta de dados: __________________________

Data da coleta de dados: _____/_____/_______

Digitador: ____________________ (Não preencher)

Data da digitação: _____/_____/_______ (Não preencher)

1. Nome da

Instituição:___________________________________________________________

Horário de início da entrevista: ____________ Horário de término da entrevista: ____________

Recusa da entrevista 1- S 2- N Justifique_________________________________________________________________________________________

A. INFORMAÇÕES GERAIS.

1. Iniciais do Profissional: 2. Sexo 1 Feminino 2 Masculino

3. Formação Profissional 1 Médico

2 Enfermeiro

3 Técnico/Auxiliar de Enfermagem

3a. Pós-Graduação: 1- Sim 2- Não 3-Em andamento

99- Não se aplica (Se técnico/auxiliar de enfermagem)

Área: _____________________________________

Ano: _______________

4.

5.

Função/cargo que exerce na Unidade de Saúde:_________________________________ 7.a. Tipo de vínculo empregatício: _______________________________

Número de anos em que trabalha da instituição: _____anos

B. ACESSO AO SERVIÇO DE SAÚDE

6. Em sua opinião, há disponibilidade suficiente de profissionais no serviço de

saúde que o Sr.(a) trabalha para atender os usuários que o procura?

1- nunca 2- quase nunca 3- às vezes 4- quase sempre 5- sempre

0 - não sabe

7. Com que freqüência, o atendimento que o(a) Sr(a) realiza, é baseado na

investigação de sinais e sintomas?

1- nunca 2- quase nunca 3- às vezes 4- quase sempre 5- sempre

8. Com que freqüência durante os atendimentos o (a) Sr(a) conversa com os

usuários sobre outros problemas de saúde além da queixa?

1- nunca 2- quase nunca 3- às vezes 4- quase sempre 5- sempre

C. Acesso ao diagnóstico da TB– Relacionado especificamente ao diagnóstico da TB

9. Com que frequência o serviço de saúde em que trabalha recebe usuários

com sinais e sintomas de TB?

1- nunca 2- quase nunca 3- às vezes 4- quase sempre 5- sempre

0 - não sabe

10. Se um usuário apresentar suspeita de TB este serviço tem:

10.a Máscara para uso do profissional e usuário 1- sim 2- não 0 - não sabe

10.b Pote para coleta de escarro disponível? 1- sim 2- não 0 - não sabe

10.c Geladeira para acondicionamento de material biológico? 1- sim 2- não 0 - não sabe

10.d Formulário de pedido para baciloscopia de escarro? 1- sim 2- não 0 - não sabe

11. Existe local destinado para coleta de escarro neste serviço: 1- sim 2- não 0- não sabe

11.a

Em sua opinião, o local destinado para coleta de escarro neste

serviço é:

1- muito ruim 2- ruim 3- regular 4- bom 5- muito bom 99- não se aplica (caso

o serviço de saúde não faça a coleta) 0- não sabe

Especificar local:_____________________________________________________________

12.

Qual a conduta do (a) Sr.(a) quando o usuário chega ao serviço de saúde apresentando tosse, febre ou perda de peso:

12.a

Avaliação clinica (investigação de sinais e sintomas para TB): 1- sim 2- não 0- não sabe

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12.b Realização de exames: 1- sim 2- não 0- não sabe (Se não ou não sabe pular para a questão 12.c)

12.b.1

Quais exames:

a) Raio X de tórax

b) Baciloscopia

c) Outros

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

Especificar:___________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

12.c Encaminhamento: 1- sim 2- não 0- não sabe (Se não ou não sabe pular para a questão 14)

12.c.1 Para realização de exames: 1- sim 2- não 0- não sabe (Se não ou não sabe pular para a questão 12.c.2)

Quais exames:

a) Raio X de tórax

b) Baciloscopia

c) Outros

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

Especificar:___________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

12.c.2

Para outras unidades de saúde

Quais unidades:

a) Ambulatório

b) Hospital

c) Atenção Primária à Saúde

1- sim 2- não 0- não sabe (se não ou não sabe pular para a questão 12.c.3)

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

1- sim 2- não 0- não sabe 99- Não se aplica

12.c.3 Internação em unidade de PS 1- sim 2- não 0- não sabe

12.c.4 Outras condutas Especificar:___________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

13. Quando o usuário é encaminhado para outros serviços de saúde, os

profissionais de onde o (a) Sr.(a) trabalha fornecem informações escritas

(ficha de referência, resultado de exame, carta, etc) para entregar ao serviço

referido?

1- nunca 2- quase nunca 3- às vezes 4- quase sempre 5- sempre 99- não

se aplica/ não encaminha

D. Qualificação dos profissionais

14. Em sua opinião, os profissionais do serviço de saúde que o(a) Sr.(a) trabalha

estão preparados para identificar usuários com suspeita de TB?

1- sim 2- não 0- não sabe

15. Em sua opinião, no serviço de saúde que o(a) Sr(a) trabalha, com que freqüência observa as seguintes dificuldades:

15.a Falta de conhecimento sobre a TB pelos profissionais de saúde 5- nunca 4- quase nunca 3- às vezes 2- quase sempre 1- sempre 0- não

sabe

15.b Dificuldade dos profissionais de saúde de falar sobre a TB com o

paciente

5- nunca 4- quase nunca 3- às vezes 2- quase sempre 1- sempre 0- não

sabe

15.c Convencer o paciente a colher escarro 5- nunca 4- quase nunca 3- às vezes 2- quase sempre 1- sempre 0- não

sabe

15.d Dificuldade para preencher os impressos (pedido de exame de TB) 5- nunca 4- quase nunca 3- às vezes 2- quase sempre 1- sempre 0- não

sabe

15.e Sobrecarga de trabalho dificultando as ações sobre TB 5- nunca 4- quase nunca 3- às vezes 2- quase sempre 1- sempre 0- não

sabe

16. Com que frequência o(a) Sr.(a) busca informações/atualizações sobre TB? 1- nunca 2- quase nunca 3- às vezes 4- quase sempre 5- sempre

78

Se a resposta for NUNCA não especificar

Especificar a fonte de informação (livros, manuais, internet,

cursos)_______________________________________________________________________

__________________________________________________________

Atualizações sobre tuberculose

17. Com que freqüência o município disponibiliza atualizações para a TB 1- nunca 2- quase nunca 3- às vezes 4- quase sempre 5- sempre 0- não

sabe

18. Quando foi a sua última atualização específica para:

18.a

Atualização clínica da TB?

1- no último ano 2- 1 a 2 anos 3- 3 a 4 anos 4- 5 anos ou mais 5- não fez

18.b Atualização em relação aos exames para diagnóstico da TB (Rx,

baciloscopia, cultura, etc)?

1- no último ano 2- 1 a 2 anos 3- 3 a 4 anos 4- 5 anos ou mais 5- não fez

19. O(a) Sr.(a) se sente seguro para identificar um usuário suspeito de TB? 1- sim 2- não

SÓ PARA MÉDICOS

20. O (a) Sr.(a) se sente seguro em realizar o diagnóstico da TB? 1- sim 2- não

79

APÊNDICE II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) senhor (a), Gostaria de convidá-lo (a) para participar da pesquisa “Avaliação da estrutura e do processo de atenção à pessoa com tuberculose em unidade de Pronto Socorro”. Esta pesquisa está sendo realizada por uma mestranda da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. E tem como objetivo analisar a estrutura e o processo de atenção no Pronto Socorro de Pelotas na detecção e atendimento de casos de TB. Sua participação consistirá em responder a um questionário, que dura em média 10 minutos, e as informações fornecidas contribuirão com a melhoria dos serviços de saúde na atenção a Tuberculose. Eu, _________________________________________________________, tendo recebido as informações acima e ciente de meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar. A garantia de receber todos os esclarecimentos sobre as perguntas do questionário antes e durante a entrevista, podendo afastar-me em qualquer momento se assim o desejar; A segurança de que não serei identificado; A segurança de que não terei nenhuma despesa financeira durante o desenvolvimento da pesquisa, A garantia de que todas as informações por mim fornecidas serão utilizadas apenas na construção da pesquisa e ficará sob a guarda dos pesquisadores, podendo ser requisitada por mim a todo o momento. Uma cópia desta declaração deve ficar com o (a) Sr.(a). Pelotas/RS, ___, de____________ de 2012.

________________________________________________

Assinatura do entrevistado Telefone: _______________________

________________________________________________

Assinatura do Entrevistador Certos de estar contribuindo com o conhecimento em Tuberculose para a melhoria da saúde da população contamos com a sua preciosa colaboração.

Atenciosamente,

Jéssica Oliveira Tomberg CONTATO: Fone: 53. 8115.3798 Email: [email protected]

80

ANEXOS

81

ANEXO I – Autorização da Instituição

82

ANEXO II – Parecer Comitê de Ética

83