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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CINCIAS DA SADE
PROGRAMA DE PS GRADUAO EM
GESTO DO CUIDADO EM ENFERMAGEM
Caroline Beatriz Schons
PROCEDIMENTOS GERENCIAIS DE UMA COMISSO DE
TICA DE ENFERMAGEM HOSPITALAR
Dissertao apresentada ao Programa de Ps Graduao em Gesto do
Cuidado em Enfermagem, da Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito para obteno do Ttulo de Mestre Profissional em
Gesto do Cuidado em Enfermagem Orientadora: Prof. Dr. Alacoque
Lorenzini Erdmann.
Florianpolis
2012
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Catalogao na fonte elaborada pela biblioteca da
Universidade Federal de Santa Catarina
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DEDICATRIA
Aos meus pais, Arlindo e Valdete, ao meu amado irmo Lus
Roberto e minha cunhada Ana Elisa pelo amor, pacincia, dedicao,
carinho, fora, amizade e pelo esforo realizado, se no fosse por vocs
jamais estaria realizando este sonho de ser Mestre!
Tia Nilza, ao meu querido e doce priminho Luiz Henrique
que torna nossa vida mais alegre e divertida, ao tio Poio, Tonha.
Nona Rosa, teu caminho neste mundo encerrou antes da
concluso deste trabalho, mas como a Senhora sempre disse: Tenho
muito orgulho da primeira neta mestre! Obrigada pelo incentivo e pelo
amor.
Aos que j esto na morada Divina V Wilma, ao V Peron e
ao Nono Puvi. Sei que sempre me guiaram e me cuidaram l de cima.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo Deus, por ter me dado foras para seguir neste
caminho e pela oportunidade concedida de estar no convvio de seres to
magnficos e aprender mais.
Professora Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann por me orientar e
sempre acreditar em mim, me motivar e mostrar que a vida est muito
alm do que vivemos hoje. Meu muito obrigada e minha admirao!
Aos Membros da Banca de Qualificao e Defesa: Professores
Dra. Selma Regina de Andrade, Dra. Roberta Costa, Dra. Beatriz
Guitton Renaud Baptista de Oliveira, Dr. Luiz Antonio Bettinelli, Dra.
Nadirlene Pereira Gomes, Dra. Magda Koerich e a Doutoranda Patrcia
Klock, por aceitarem o convite e colaborar com desenvolvimento deste
estudo.
s Professoras Doutoras Francine Lima Gelbcke, Eliane Matos,
Selma Regina de Andrade, Roberta Costa e Ndia Chiodelli Salum que
sempre nos incentivaram e indicaram caminhos, dando-nos palavras de
apoio e orientando-nos para o aprendizado devido.
s minhas amigas Karla, Vanessa, Geovana, Suiane, Daianne,
Camila, Sabrina, Gianna, por me ajudarem a levantar quando caia,
secaram minhas lgrimas quando estava triste e levaram-me para
esquecer as dificuldades e a ter momentos de alegrias e trocas de
conhecimento! Muito Obrigada!
Aos meus amigos do Grupo Esprita Ramats pelo amparo fsico e
espiritual.
Aos amigos do GEPADES, Patrcia em especial, que sempre me
acolheram e ajudaram no meu aprendizado no mundo do aprender a
produzir novos conhecimentos.
s amigas do HISB que o tempo todo me incentivaram, em
especial ao meu eterno planto Noturno B.
s colegas de sala de aula que sempre me acolheram de corao.
A todos que no foram citados aqui, mas sempre enviaram
energias positivas e torceram por mim.
Muito Obrigada!
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Senhor, fazei-me um instrumento de Vossa Paz,
onde houver dio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdo,
onde houver desespero que leve a esperana, onde houver trevas que eu leve a luz.
Mestre, fazei com que eu procure mais consolar do que ser consolado,
compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado,
pois dando que se recebe, perdoando que se perdoado
e, morrendo que se vive para a vida eterna.
Orao de So Francisco de Assis.
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SCHONS, Caroline Beatriz. Procedimentos gerenciais de uma
comisso de tica de enfermagem hospitalar. 126 p. Dissertao (Mestrado Profissional) Programa de Ps Graduao Gesto do Cuidado em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2012.
Orientador: Alacoque Lorenzini Erdmann
Linha de Pesquisa: Administrao em Enfermagem e Sade
RESUMO
Este estudo teve como objetivo geral construir e validar um modelo de
procedimentos gerenciais para uma Comisso de tica de Enfermagem
(CEEn) centrado nas melhores prticas e pensamento complexo, por
meio de aes construtivo-participativas junto equipe de enfermagem
de um Hospital Infantil. A abordagem metodolgica foi exploratria e
construtiva, de natureza qualitativa, junto com trinta e dois profissionais
enfermeiros e tcnicos em enfermagem. Na fase exploratria realizou-se
uma Prtica Assistencial mediante oficinas com enfoque educativo sobre
tica, comisso de tica e, melhores prticas construindo-se junto com
os participantes o Arco da Problematizao cujos dados foram
registrados mediante um Dirio de Campo. Na fase construtiva foram
realizadas entrevistas individuais para levantar os conhecimentos dos
profissionais sobre os procedimentos gerenciais da organizao e
implementao da CEEn, construir e validar o modelo proposto. As
entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas com o auxilio do
software NVIVO. Da anlise das entrevistas emergiu duas categorias
temticas: Organizando a Comisso de tica de Enfermagem e Realizando a Implementao da Comisso de tica de Enfermagem. Mediante estas informaes construiu-se um modelo de Procedimentos
Gerenciais de uma Comisso de tica de Enfermagem Hospitalar, o qual
foi validado por meio de entrevistas com quatro membros da Comisso
de tica de Enfermagem. A proposta de modelo apresentada se constitui
numa referncia de procedimentos gerenciais que viabilizaram a
organizao e implementao de uma CEEn em uma instituio
hospitalar.
Palavras-chave: Comisso de tica, Enfermagem, Gerncia, Gerncia
de Recursos Humanos em Hospitais.
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ABSTRACT
This study aimed to construct and validate a model of managerial
procedures to an Nursing Ethics Committee (CEEn) focused on best
practices and complex thought through constructive actions-
participatory with the nursing staff of a Children's Hospital. The
methodological approach was exploratory and constructive, qualitative,
along with thirty-two individuals, including nurses and nursing
technicians. In the exploratory stage held a Healthcare Practice through
educational workshops focusing on ethics, the ethics committee, and
best practices building up along with the participants the Arc of
Problematization whose data were registred by a Field Journal. In the
Constructive stage, individual interviews were conducted to evaluate the
knowledge of professionals about management procedures of the
organization and the implementation of CEEn, build and validate the
proposed model. The interviews were recorded, transcribed and
analyzed with the suppport of NVIVO software. From the analysis of
the interviews emerged two thematic categories: "Organizing Nursing
Ethics Committee" and "Performing the Implementation of Nursing Ethics Commission." Through this information a model of a Management Procedures Nursing Ethics Committee of Hospital was
built, which was validated through interviews with four members of the
Nursing Ethics Committee. The proposed model is presented in a
reference to managerial procedures that have allowed the organization
and implementation of a CEEn in a hospital.
Keywords: Ethics Committees, Nursing, Management, Personnel
Administration Hospital.
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RESUMEN
Este estudio tuvo como objetivo general construir y validar un modelo
de procedimientos gerenciales para una Comisin de tica de
Enfermera (CEEn) centrado en las mejores prcticas y pensamiento
complejo, por medio de acciones constructivo-participativas junto al
equipo de enfermera de un hospital infantil. El abordaje metodolgico
fue exploratorio y constructivo, de naturaleza cualitativa, junto con
treinta y dos profesionales enfermeros y tcnicos en enfermera. En la
fase exploratoria se realiz una Prctica Asistencial por medio de
talleres con enfoque educativo sobre tica, comisin de tica y, mejores
prcticas construyndose junto con los participantes el Arco de la
Problematizacin cuyos datos fueron registrados por medio de
entrevistas individuales para levantar los conocimientos de los
profesionales sobre los procedimientos gerenciales de la organizacin e
implementacin de la CEEn, construir y validar el modelo propuesto.
Las entrevistas fueron grabadas, transcritas y analizadas con el auxilio
del software NVIVO. Del anlisis de las entrevistas emergi dos
categoras temticas: Organizando la Comisin de tica de
Enfermera y Realizando la Implementacin de la Comisin de tica
de Enfermera. Por medio de estas informaciones se construy un
modelo de Procedimientos Gerenciales de una Comisin de tica de
Enfermera Hospitalaria, la cual fue validada por medio de entrevistas con cuatro miembros de la Comisin de tica de Enfermera. La
propuesta de modelo presentada se constituye en una referencia de
procedimientos gerenciales que viabilizarn la organizacin e implementacin de una CEEn en una institucin hospitalaria.
Palabras clave: Comisin de tica, Enfermera, Administracin de
Personales en Hospitales.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema Representativo dos Princpios da Teoria da
Complexidade ................................................................
37
Figura 2 Esquema representativo das Funes da CEEn .............. 42
Figura 3 Representao esquemtica do processo gerencial.......... 46
Figura 4 Procedimentos Gerenciais para a Organizao e
Implementao de uma Comisso de tica de
Enfermagem .................................................................
55
Figura 5 Arco da Problematizao ................................................ 58
Figura 6 Resultado da Prtica Assistencial Educativa ................... 63
Figura 7 Categoria 1 e subcategorias ............................................. 64
Figura 8 Categoria 2 e subcategorias ............................................. 69
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Planejamento anual das atividades da CEEn 53
Quadro 2 Relacionando os Princpios da Complexidade com a
CEEn
107
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resultados da Pesquisa em Bases de Dados
pertinentes Reviso Narrativa
32
Tabela 2 - Resultados da busca de artigos em Bases de Dados
pertinentes Reviso Integrativa
77
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Percentual das respostas obtidas na subcategoria
reconhecendo a importncia dos conhecimentos na
prtica da tica na rea da enfermagem......................
65
Grfico 2 Percentual das respostas obtidas na subcategoria
Comisso de tica de Enfermagem como ferramenta
para melhorar as condies de trabalho na
enfermagem ..............................................................
66
Grfico 3 Percentual das respostas obtidas na subcategoria
Apontando as funes da Comisso de tica de
Enfermagem................................................................
67
Grfico 4 Percentual das respostas obtidas na subcategoria
Relacionando a Comisso de tica de Enfermagem
com as demais reas do hospital.................................
68
Grfico 5 Percentual das respostas obtidas na subcategoria
Compromisso da Comisso de tica de Enfermagem
com melhores prticas ticas no cuidado....................
70
Grfico 6 Percentual das respostas obtidas na subcategoria
Orientando o trabalho da Comisso de tica de
Enfermagem atravs do protocolo..............................
71
Grfico 7 Percentual das respostas obtidas na subcategoria
Expectativas com relao aos trabalhos que podem
ser desenvolvidos pela Comisso de tica de
Enfermagem................................................................
72
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDENF Bases de Dados em Enfermagem
BVS Biblioteca Virtual de Sade
CEEn Comisso de tica de Enfermagem
CEPE Cdigo de tica dos Profissionais de Enfermagem
CEPSH Comit de tica em Pesquisas com Seres Humanos
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
GEPADES Grupo de Estudos e Pesquisas em Administrao,
Gerncia do Cuidado e Gesto Educacional em
Enfermagem e Sade
HISB Hospital Infantil Seara do Bem
LILACS Literatura Latino-Americana em Cincias de Sade
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNIPLAC Universidade do Planalto Catarinense
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SUMRIO
1 INTRODUO ......................................................................................... 27
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................ 30
1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 30
1.1.2 Objetivos Especficos ................................................................................. 30
2 REVISO DE LITERATURA 31
2.1 PENSAMENTO COMPLEXO NO CONTEXTO DA COMISSO DE TICA ..............................................................................
34
2.2 TICA EM ENFERMAGEM ...................................................................... 38 2.3 COMISSO DE TICA DE ENFERMAGEM ........................................... 40
2.4 MELHORES PRTICAS DE TRABALHO ............................................... 43 2.5 GESTO DA ASSISTNCIA EM ENFERMAGEM ................................. 45
3 MTODO ................................................................................................... 49 3.1 TIPO DE ESTUDO ...................................................................................... 49
3.2 LOCAL DO ESTUDO ................................................................................. 49 3.3 SUJEITOS DO ESTUDO ............................................................................ 51
3.3.1 Caracterizao dos participantes do estudo ............................................. 51 3.4 QUESTES TICAS .................................................................................. 51
3.5 ESTRUTURANDO O ESTUDO ................................................................. 52
3.5.1 Diagnstico de campo................................................................................. 52
3.5.2 Colocao dos problemas........................................................................... 53
3.5.3 Tema da pesquisa ....................................................................................... 53
3.6 FASE EXPLORATRIA ............................................................................ 54
3.6.1 Divulgao e sensibilizao da prtica educativa .................................... 54
3.6.2 Dinmica dos grupos e construo do Arco da
Problematizao .........................................................................................
54
3.6.3 Avaliao qualitativa dos encontros ......................................................... 56
3.7 FASE DA CONSTRUO ......................................................................... 57
3.7.1 Procedimento Gerencial ............................................................................ 57
3.7.2 Validao do Instrumento ......................................................................... 58
3.7.3 Implementao ........................................................................................... 61
4 RESULTADOS ........................................................................................... 62 4.1 RESULTADOS PRTICA ASSISTENCIAL ............................................. 62
4.2 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS ....................................................... 63
4.2.1 Organizando a Comisso de tica de Enfermagem ................................ 64
4.2.1.1 Reconhecendo a importncia dos conhecimentos e prtica da tica na rea da enfermagem ........................................................................
64
4.2.1.2 Comisso de tica como ferramenta para melhorar as condies de trabalho na enfermagem ..........................................................................
65
4.2.1.3 Apontando as funes da Comisso de tica de Enfermagem ..................... 66 4.2.1.4 Tornando a Comisso de tica de Enfermagem conhecida
juntos aos demais setores do hospital ...........................................................
67
4.2.2 Implementando a Comisso ...................................................................... 68
4.2.2.1 Compromisso da Comisso de tica de Enfermagem com 69
-
melhores prticas ticas no cuidado .............................................................
4.2.2.2 Orientando o trabalho da Comisso atravs do modelo de Procedimentos Gerenciais ............................................................................
70
4.2.2.3 Expectativas com relao aos trabalhos que podem ser desenvolvidos pela Comisso .......................................................................
71
5 MANUSCRITOS ........................................................................................ 73 5.1 MANUSCRITO 1 - REVISO INTEGRATIVA ........................................ 73
5.2 MANUSCRITO 2 - PROCEDIMENTOS GERENCIAIS DA COMISSO DE TICA DE ENFERMAGEM HOSPITALAR
86
6 CONSIDERAES FINAIS .................................................................... 112
7 REFERNCIAS ........................................................................................ 114
APNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO PARA
PARTICIPAR DA PESQUISA
121
APNDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO PARA
PARTICIPAR DA PESQUISA
123
APNDICE-C- ROTEIRO DE ENTREVISTA 125
ANEXO A- PARECER CEP - UFSC 126
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27
1 INTRODUO
O presente estudo trata-se de uma Dissertao de Mestrado
Profissional inserida na Linha de Pesquisa de Administrao em
Enfermagem e Sade, vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisas em
Administrao, Gerncia do Cuidado e Gesto Educacional em
Enfermagem e Sade (GEPADES) e ao Programa de Mestrado
Profissional Gesto do Cuidado em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina, tendo como objeto de estudo a Gesto de
uma Comisso de tica de Enfermagem.
O GEPADES foi criado em 1988 e tem como marco terico-
filosfico: polticas, gesto e avaliao do cuidado de
enfermagem/sade no processo de viver, ser saudvel e adoecer com
cidadania, condies naturais/sociais de vida, melhor viver e melhores
prticas de cuidados/servios de sade, gesto e avaliao
educacional/ensino de formao/qualificao de profissionais de
enfermagem/sade. E as seguintes linhas de pesquisa: Administrao
em Enfermagem e sade; Filosofia, Cuidado e tica em enfermagem e
sade; Polticas, Gesto e Avaliao do Cuidado em Sade e
Enfermagem; Tecnologias e Gesto em Educao, Sade, Enfermagem.
O vnculo deste estudo com o GEPADES justifica-se por o
referido Grupo ter projetos relacionados produo de conhecimentos e
tecnologias focados na busca da excelncia ou qualidade da gerncia do
cuidado atravs das melhores prticas, complexidade organizacional e
outros possibilitando a criao de modelos e outras ferramentas de
gesto.
A Linha de Pesquisa Administrao em Enfermagem e Sade, do
Programa de Mestrado Profissional Gesto do Cuidado em
Enfermagem, centra-se nas concepes tericas, filosficas, polticas e
tecnolgicas da administrao/gerenciamento/gesto da Sade e
Enfermagem e nos sistemas organizacionais de cuidado em sade e os
novos paradigmas da cincia.
Ao longo de minha vivncia como acadmica na Enfermagem,
busco a reflexo sobre como os profissionais da rea preocupam-se com
suas atribuies ticas, qualidade na assistncia prestada e a necessidade
de atualizao vislumbrando o entendimento de questes do cotidiano.
Participei durante 2 anos como bolsista de iniciao cientfica em um
projeto de pesquisa que relacionava parasitoses intestinais com
alteraes hematolgicas e pude incorporar a importncia da realizao
de pesquisas para a produo de conhecimentos, bem como a elucidao
de novos caminhos a serem traados pela enfermagem no sentido de
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28
promover a gesto do cuidado. Dentre as habilidades desenvolvidas,
destaco a manipulao e anlise laboratorial de amostras de sangue e
fezes, cujos resultados obtidos direcionaram foram realizadas educaes
e sade para a populao do estudo que habitavam em reas desprovidas
de saneamento bsico.
Engajei-me ainda em um projeto vinculado ao Centro Acadmico
denominado Cuidadores da Alegria, desenvolvido com recursos
prprios, o grupo de colegas vestia-se de palhaos e visitvamos
pacientes nos hospitais adultos e peditricos e idosos institucionalizados
em casas de longa permanncia, no Municpio de Lages. Aps 1 ano,
tornamos o projeto de extenso na Universidade do Planalto Catarinense
com a participao de uma docente do curso de enfermagem, e
funcionou por mais 2 anos.
Como experincia profissional na enfermagem, iniciei as
atividades como docente de um curso tcnico de enfermagem, e leciono
at o momento, por sentir a necessidade de compartilhar conhecimento e
contribuir para a formao de profissionais comprometidos e ticos.
Neste perodo, senti a necessidade de melhor me capacitar e
busquei especializaes em reas da enfermagem relacionadas
Pediatria, Neonatologia, Sade da Famlia e Terapia Intensiva.
A atuao em um hospital peditrico me possibilitou a
aproximao da pediatria e neonatologia. Por assumir no perodo
noturno, na qualidade de supervisora em toda a instituio, tive
oportunidade de desenvolver habilidades tcnicas, desde instrumentao
cirrgica at manuteno de alguns equipamentos, bem como o
gerenciamento de recursos humanos e materiais, dimensionamento de
leitos e encaminhamentos a outros setores da rede de apoio. Tambm,
participei como membro da Comisso de tica de Enfermagem (CEEn)
deste Hospital Peditrico, e ao buscar as funes e o trabalho que
deveriam ser desenvolvidos, percebi junto aos demais membros que no
estvamos devidamente instrumentalizados para atuar.
Tive a oportunidade de realizar a capacitao proposta pelo rgo
que orienta sobre os trabalhos da comisso, porm no foi suficiente
diante das dvidas e desafios de implementar a CEEn neste Hospital.
preconizado pelo Cdigo de tica dos Profissionais de
Enfermagem (CEPE) o direito de assistncia populao e aos
interesses do profissional. Este CEPE foi reformulado, pela ltima vez
em 2007, atravs da Resoluo COFEN n 311, e adequado para
orientar a prtica profissional e as reas de atuao da enfermagem
(gerncia, educao e assistncia), ressaltando que o profissional deve
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29
refletir sobre sua conduta e tomada de decises, tendo em mente os
aspectos ticos e legais da profisso.
A organizao do servio, alm de centrar na pessoa, famlia e
coletividade, o CEPE preconiza que os trabalhadores de Enfermagem
estejam aliados aos usurios na luta por uma assistncia sem riscos e
danos e acessvel a toda populao? (COFEN, 2007, p.01).
importante considerar que o cuidar do ser humano envolve,
alm de conhecimento terico, tcnicas, tecnologias e a sensibilidade
para perceber as necessidades subjetivas.
No sentido de acompanhar do exerccio profissional e tico da
enfermagem, foi instituda em 1994, atravs da Resoluo n172 pelo
COFEN, a Comisso de tica de Enfermagem (CEEn). (COFEN, 1994).
No Estado de Santa Catarina, a Subseo do COREN, na Deciso
n002 de 2006, prev que as entidades de sade com 20 (vinte) ou mais
profissionais de Enfermagem devem constituir a sua prpria Comisso
de tica de Enfermagem (COREN, 2006).
As CEEn tm funes de carter educativo, consultivo e
fiscalizador nas reas de assistncia, ensino, administrao e pesquisa.
Elas devem considerar os profissionais da enfermagem, os demais
profissionais da equipe de sade, os pacientes e acompanhantes,
juntamente com todo o corpo administrativo da instituio, tendo
principalmente um enfoque educativo no intuito de aprimorar os
servios prestados.
Na implementao de uma CEEn, devem-se estabelecer relaes
e interaes interligadas, privilegiando o carter educativo nestas
relaes, com enfoque no pensamento complexo integrando melhores
prticas de atuao profissional na gesto da assistncia de enfermagem
e respectivos processos gerenciais.
Vale salientar que o pensamento complexo visa juntar as coisas,
pessoas e situaes, para que de sua interao surjam ideias novas, sem
perder a condio de individualidade, da singularidade de cada coisa e
situao. (MARIOTTI, 2007).
O processo de educao permanente com foco nas melhores
prticas dos profissionais da enfermagem, por sua vez, promove a
interao entre: como realizo a assistncia e como ela deve ser. A
aplicao no ambiente de trabalho constitui um grande desafio, em que
deve contemplar conhecimentos baseando-se nas inquietaes dos
envolvidos, tornando-os atores do processo de ensino aprendizagem
com perspectiva de aprimorar a assistncia no cotidiano da enfermagem.
S assim as melhores prticas ter sucesso pela ao
acompanhada por um plano de implantao que respeite o estado atual
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30
de maturidade da equipe, galgando etapas de forma eficaz e consistente.
Esse deve ser realizado a partir de um processo de aprendizado contnuo
com etapas iniciais mais importantes, no que diz respeito disseminao
do conhecimento (SILVEIRA, 2005).
Embora hoje inmeros estudos acerca do trabalho da
enfermagem, sobretudo sobre gerenciamento de enfermagem. No
entanto a temtica deste estudo, Comisso de tica de Enfermagem
(CEEn), vem sendo pouco explorada.
A organizao e implementao de CEEn em hospitais vem se
concretizando e a gerncia desta nova estrutura nos aponta desafios no
domnio de suas estratgias ou procedimentos mais adequados.
Neste contexto, a prtica da assistncia de enfermagem deve vir
acompanhada de melhores prticas gerenciais e da observncia da tica
profissional no cuidado.
Considerando as relaes complexas no trabalho e complexidade
organizacional, que tem como foco as melhores prticas de atuao
gerencial da enfermagem, busca-se responder a seguinte questo de
estudo voltada para a produo de novos processos gerenciais na
prtica profissional da enfermagem hospitalar: Como gerenciar uma
CEEn de um Hospital Infantil centrado nas melhores prticas? Que
procedimentos gerenciais instrumentalizam este processo gerencial?
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Construir e validar um modelo de procedimentos gerenciais para
a CEEn de um hospital infantil, centrado nas melhores prticas e
pensamento complexo.
1.1.2 Objetivos Especficos
- Implementar aes construtivo participativas junto equipe de
enfermagem.
- Instrumentalizar os profissionais de enfermagem no processo
gerencial para garantir a implementao e continuidade do trabalho nas
CEEn no hospital.
- Validar os procedimentos gerenciais junto com os membros
integrantes da CEEn.
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31
2 REVISO DE LITERATURA
Para sustentar a formulao da questo de estudo elaborado neste
trabalho e voltada para a produo de novos processos gerenciais na
prtica profissional da enfermagem hospitalar, no tocante a gerncia de
uma CEEn, foram abordados os aspectos legais, a tica, o pensamento
complexo, as melhores prticas de atuao profissional, a gesto
assistncia de enfermagem e o processo gerencial.
Para fundamentar a importncia de aprofundar os conhecimentos
tericos sobre a temtica, realizaram-se duas revises da literatura,
sendo respectivamente uma narrativa e outra integrativa, devido
complementao entre estes mtodos de pesquisa e ainda por derivarem
de estudos recentes, promovendo a reflexo e atualizao profissional. Os artigos de reviso narrativa so publicaes
amplas, apropriadas para descrever e discutir o desenvolvimento, ou estado da arte de um
determinado assunto, sob o ponto de vista terico ou contextual. Constituem de uma anlise da
literatura publicada em livros, artigos de revistas impressas e/ou eletrnicas na interpretao e
anlise crtica pessoal do autor. Essa categoria de artigos tem um papel fundamental na educao
continuada, pois permitem ao leitor adquirir e atualizar o conhecimento de uma temtica
especfica em curto espao de tempo (ROTHER, 2007, p.V).
Nas revises realizadas, as bases de dados consultadas foram da
Biblioteca Virtual de Sade (BVS-BIREME), pelo acesso s bases
eletrnicas de dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Cincias
de Sade) e BDENF (Bases de dados em Enfermagem).
Na reviso narrativa foram acessados artigos cientficos
publicados em peridicos nacionais, teses, dissertaes e livros que
abordaram as ocorrncias ticas em enfermagem e/ou tica em
enfermagem, melhores prticas profissionais na enfermagem;
pensamento complexo em sade; comisso de tica de enfermagem.
A busca foi realizada com os seguintes unitermos isolados ou em
associao: tica, comisses de tica enfermagem, teoria da
complexidade, gesto da assistncia de enfermagem e melhores prticas.
O perodo das publicaes consultadas foi entre 2005 a 2011. As
bases foram acessadas no perodo de abril a julho de 2011.
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32
Estabeleceram-se, como critrios de incluso: trabalhos de
reviso, artigos, dissertaes de mestrado e teses de doutorado,
publicados na ntegra em portugus e indexados nos ltimos 7 anos.
Resultados da busca esto expostos na tabela abaixo:
Tabela 1 Resultados da Pesquisa em Bases de Dados pertinentes Reviso Narrativa.
Un
iterm
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Tex
tos
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s
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nen
tes
Tip
o d
e
est
ud
o
Referncias
Melhore
s prticas
69 3 1.Qualitativo
2. Reviso da
literatura
3. Reviso da
literatura
1. Reflexo sobre um modelo de sistema
organizacional de cuidado de enfermagem
centrado nas melhores prticas. Kempfer,
Silvana Silveira; Birolo, Ion Vieira Bez;
Meirelles, Betina Homer Schlindwein;
Erdmann, Alacoque Lorenzini. Rev Gaucha
Enferm; 31(3): 562-566, set. 2010.
2. A interdisciplinaridade como construo do
conhecimento em sade e enfermagem.
Meirelles, Betina Horner Schlindwein;
Erdmann, Alacoque Lorenzini. Texto &
contexto enferm; 14(3): 411-418, jun.-set. 2005.
3. Gesto das prticas de sade na perspectiva
do cuidado complexo. Erdmann, Alacoque
Lorenzini; Andrade, Selma Regina; Mello, Ana
Lcia Schaefer Ferreira de; Meirelles, Betina
Horner Schlindwein. Texto & contexto enferm;
15(3): 483-491, jul.-set. 2006.
Comiss
es de
tica
enferma
gem
11 4 1.Quantitativo
2. Qualitativa
3.Quantitativa
4. Qualitativa
1. Ocorrncias ticas com profissionais de
enfermagem: um estudo quantitativo. Freitas,
Genival Fernandes de; Oguisso, Taka. Rev Esc
Enferm USP; 42(1): 34-40, mar. 2008.
2. Ocorrncias ticas de enfermagem: cotidiano
de enfermeiros gerentes e membros da comisso
de tica de enfermagem. Freitas, Genival
Fernandes de; Oguisso, Taka; Merighi, Miriam
Aparecida Barbosa. Rev Lat Am Enfermagem;
14(4): 497-502, jul.-ago. 2006.
3. Perfil de profissionais de enfermagem e
ocorrncias ticas. Freitas, Genival Fernandes
de; Oguisso, Taka. Acta paul. enferm; 20(4):
489-494, out.-dez. 2007.
4. Motivaes do agir de enfermeiros nas
ocorrncias ticas de enfermagem. Freitas,
Genival Fernandes de; Oguiso, Taka; Merighi,
Mriam Aparecida Barbosa. Acta paul. enferm;
19(1): 76-81, jan.-mar. 2006.
Teoria 64 4 1. Qualitativa 1. O ensino do cuidar na Graduao em
http://pesquisa.bvsalud.org/regional/resources/lil-479187http://pesquisa.bvsalud.org/regional/resources/lil-479187http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Rev%20Esc%20Enferm%20USPhttp://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Rev%20Esc%20Enferm%20USP
-
33
da
complexi
dade
2.Reviso
literatura
3. Qualitativa
4. Qualitativa
Enfermagem sob a perspectiva da
complexidade. Silva, Ana Lcia da; Freitas,
Marlene Gomes de. Rev Esc Enferm USP;
44(3): 687-693, set. 2010.
2. Por uma teoria integradora para a
compreenso da realidade. Grzybowski, Carlos
Tadeu. Psicol. estud; 15(2): 373-379, abr.-jun.
2010.
3. A teoria da complexidade no cotidiano da
chefia de enfermagem. Pradebon, Vania Marta;
Erdmann, Alacoque Lorenzini; Leite, Joste
Luzia; Lima, Suzinara Beatriz Soares de;
Prochnow, Adelina Giacomelli. Acta paul.
enferm; 24(1): 13-22, 2011.
4. A educao em enfermagem luz do
paradigma da complexidade. Silva, Ana Lcia
da; Camillo, Simone de Oliveira Rev Esc
Enferm USP; 41(3): 403-410, set. 2007.
Gesto
da
assistnc
ia de
enferma
gem
61 2 1.Qualitativo
2. Qualitativo
1. Foco no cliente: ferramenta essencial na
gesto por competncia em enfermagem.
Ruthes, Rosa Maria; Feldman, Liliane Bauer;
Cunha, Isabel Cristina Kowal Olm. Rev Bras
Enferm; 63(2): 317-321, mar.-abr. 2010.
2. Despertando novas abordagens para a
gerncia do cuidado de enfermagem: estudo
qualitativo. Backes, Dirce Stein; Erdmann,
Alacoque Lorenzini; Lunardi, Valria Lerch;
Lunardi Filho, Wilson Danilo; Erdmann, Rolf
Hermann. Online braz. j. nurs. (Online);
8(2)ago. 2009.
TOTAL 205 13
Fonte: Pesquisa de Campo, Florianpolis, 2011.
Inicialmente foram identificados 205 resumos de textos
completos na fase de amostragem, dos quais 13 apresentaram
pertinncia ao tema deste estudo. Foram excludos os trabalhos que no
tinham o texto completo disponvel e o assunto que no era pertinente
temtica. Dentre os artigos selecionados, 03 foram de reviso de
literatura, 08 estudos qualitativos e 02 quantitativos.
Esta reviso narrativa apontou informaes sobre a atuao da
enfermagem em todos os contextos de exerccio profissional e a
importncia da qualidade da assistncia visando promoo, preveno
e reabilitao da sade, bem como o aprimoramento profissional.
Faz-se necessrio que o enfermeiro aprofunde os conhecimentos
sobre as ferramentas de gesto, facilitando o gerenciamento e
organizao da equipe, bem como a assistncia prestada.
A adoo de melhores prticas no trabalho pode ser uma
estratgia para promover a discusso e reflexo da atuao profissional,
-
34
tendo em vista que o resultado final do processo de cuidar influenciado
diretamente pela qualidade com que foi prestado.
2.1 PENSAMENTO COMPLEXO NO CONTEXTO DA COMISSO
DE TICA
Para compreender o pensamento complexo e aplic-lo a uma
realidade, devemos utilizar as lentes da complexidade, onde todos os
acontecimentos se do de maneira integrada e no em uma sequncia
linear.
O pensamento Complexo derivado da Teoria Geral dos Sistemas
fundamental para o estudo organizacional, pois permite compreender
as organizaes de modo abrangente, considerando o ambiente no qual
elas esto inseridas. Este pensamento surgiu devido ao aumento da
complexidade organizacional e ao desenvolvimento dos diversos tipos
de tecnologia, passando a exigir estratgias e metodologias sistmicas
que tivessem condies de considerar os efeitos gerados a partir das
interaes mtuas entre componentes. Esta teoria foi criada pelo
cientista alemo Ludwig Von Bertalanffy, e nasceu com o objetivo de
compreender o funcionamento dos sistemas e analisar a
interdependncia entre os elementos que o constituem (BAUER, 2008,
p.35).
Morin (2006a) apresenta o pensamento complexo como uma
incapacidade do ser humano de definir de modo simples e claro o
ordenamento das idias, a simplificao das coisas, ou seja, o que no
pode ser reduzido ao simples, tampouco ser resumido palavra
complexidade. Esta incapacidade denota a incerteza, a desordem e a
confuso. Dessa forma, o ser, ao perceber a impossibilidade de respostas
definitivas, de soluo e resoluo das coisas, exprime o incmodo,
inquieta-se, agita-se e, finalmente, reconhece a incompletude e a
incerteza das respostas que busca.
A partir da reflexo sobre a Teoria dos Sistemas,
o socilogo francs Edgar Morin postula que a chave de toda a compreenso do enfoque
sistmico est no conceito de complexidade e prope uma compreenso da realidade fundada no
entendimento das relaes dinmicas entre as partes que compem esta realidade e a totalidade
resultante da interao das partes (GRZYBOWSKI, 2010,p.376).
-
35
Para o autor, complexidade significa o que /foi tecido junto,
quando elementos diferentes so inseparveis e constitutivos do todo;
constituintes heterogneos inseparavelmente associados; significa a
unio, relao, interao entre o uno e o mltiplo a
multidimensionalidade. Esta, por sua vez, entendida como conexo
interdependente ente as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre
si. Integra, dessa forma, os acontecimentos, aes, interaes,
retroaes, determinaes, acasos, que constituem o mundo fenomnico
(MORIN, 2006a; 2006b).
Assim o pensamento complexo instiga a busca de compreenso
de algum fenmeno ou conhecimento acerca de uma realidade.
Segundo Almeida (2006, p.27), a vida cotidiana impregnada
de complexidade, portanto, a complexidade, antes de ser uma
teoria/paradigma/modelo para pensar a matria, a vida e o homem so
um atributo de toda a matria.
A Teoria da Complexidade apresenta sete princpios, que se
complementam e ao mesmo tempo so interdependentes, formando um
pensamento nico. So eles:
1. Princpio sistmico ou organizacional que liga o
conhecimento das partes ao conhecimento do todo, considerando impossvel conhecer as partes
sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer, particularmente, as partes. A
idia sistmica, oposta ideia reducionista, que o todo mais do que a soma das partes. O todo
igualmente, menos que a soma das partes, cujas qualidades so inibidas pela organizao do
conjunto. 2. Princpio hologrfico que pe em evidncia este
aparente paradoxo das organizaes complexas, em que no apenas a parte est no todo, como o
todo est inscrito na parte. 3. Princpio do circuito retroativo que permite o
conhecimento dos processos auto-reguladores. Este princpio rompe com o princpio da
causalidade linear: a causa age sobre o efeito e o efeito age sobre a causa.
4. Princpio do circuito recursivo que ultrapassa a noo de regulao com as de autoproduo e
auto-organizao. um circuito gerador em que os produtos e os efeitos so produtores e
causadores daquilo que o produz.
-
36
5. Princpio da autonomia/dependncia (auto-
organizao) onde os seres vivos so seres auto-organizadores, que no param de se autoproduzir
e, por isso mesmo, despendem energia para manter sua autonomia. Vale especificamente para
seres humanos, que desenvolvem sua autonomia na dependncia de sua cultura e para as
sociedades que se desenvolvem na dependncia de seu meio geolgico. Um aspecto chave da auto-
eco-organizao viva que ela se regenera permanentemente a partir da morte de suas
clulas. 6. Princpio dialgico: une dois princpios ou
noes que deviam excluir-se reciprocamente, mas so indissociveis em uma mesma realidade.
Sob as mais diversas formas, a dialgica est
constantemente em ao nos mundos fsico, biolgico e humano. Este princpio permite
assumir racionalmente a inseparabilidade de noes contraditrias para conceber um mesmo
fenmeno complexo. 7. Princpio da reintroduo do conhecimento em
todo conhecimento que opera a restaurao do sujeito e revela o problema cognitivo central: da
percepo teoria cientfica, todo conhecimento uma reconstruo/traduo feita por uma
mente/crebro, em uma cultura e pocas determinadas (Morin, 2006a, p. 87).
Os princpios formam um ciclo, no esttico, representado na
figura abaixo.
-
37
Figura 1 Esquema Representativo dos Princpios da Teoria da Complexidade.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora baseado nos Sete princpios da complexidade, MORIN (2006a, p. 87).
O pensamento complexo se cria e se recria no prprio caminhar e
reconhece o movimento e a impreciso (MORIN; CIURANA; MOTTA,
2003).
[...] na sade, o pensamento complexo traz perspectivas de desenvolvimento, mas atender aos
critrios das melhores prticas ainda um desafio. O sistema de sade brasileiro necessita atender s
necessidades do pas, e este apresenta nuances em cada regio, com relao s especificidades da
populao em sua dimenso territorial, configurando a complexidade (KEMPFER et al,
2010, p.563).
O trabalho da enfermagem no contexto hospitalar relaciona-se
com vrios setores e profissionais, os quais, se no houver integrao, e
atuarem de maneira fragmentada, apresentaro maior dificuldade em
realizar a assistncia com qualidade ao paciente.
As realidades humanas e a natureza so um todo,
que no pode ser dividido em partes nem reduzido a nenhuma delas, precisam ser tratadas por um
pensamento de igual complexidade. O pensamento complexo ajuda a gesto dos servios
de sade a integrar todas as decises e aes das organizaes eliminando a viso segmentada e
setorial na gesto e na criao do futuro organizacional. Outro benefcio do pensamento
-
38
complexo facilitar a construo de estratgias
em ambientes de incerteza, uma vez que uma estratgia produzida pelo exame simultneo de
condies determinadas (ordem) e incertas (desordem), e desse processo que se cria a ao.
O pensamento complexo facilita o tratamento de imprevistos, do inesperado e da incerteza
(MORIN; MOIGNE, 2000, p. 76).
Observa-se a influncia do pensamento administrativo na sade
atravs dos programas e nos servios prestados populao, que
passaram a considerar os princpios de qualidade e de satisfao das
pessoas atendidas, tanto na sade coletiva como nos hospitais.
(KEMPFER et al, 2010).
2.2 TICA EM ENFERMAGEM
O conhecimento da tica na enfermagem vem ao encontro da
proposta por se tratar da instrumentalizao dos profissionais de
enfermagem sobre as condutas que regem a profisso, as Leis e o CEPE.
Para Oguisso e Zoboli (2006, p.25), a tica quando observada
por sua origem semntica se equivale moral. E como o termo moral
derivado do latim mos ou more, significando costumes, conduta de vida, tica, ento, se refere s regras de conduta humana no cotidiano.
Ns somos seres morais e as comunidades sempre criaram sistemas de valores e normas
morais para possibilitar a convivncia social, porque somos seres no determinados pela
natureza ou pelo destino/Deus. E no processo de conquista da liberdade e do nosso ser descobrimos
a diferena entre o ser e o dever-ser e a vontade de construir um futuro diferente e a melhor do que o
presente. Para esta construo no bastam boas intenes, mas tambm um controle sobre os
efeitos no intencionais das nossas aes e o conhecimento de que o questionamento moral
pressupe um conflito entre interesse imediato e a longo prazo e entre interesse particular e o da
coletividade. (SUNG; SILVA, 2007, p.12)
A tica profissional tem sua reflexo iniciada no decorrer da
formao para que este indivduo molde-se de acordo com o perfil
-
39
profissional seja ele nvel mdio ou superior, ir desenvolver esta
habilidade prevista em todas as estruturas curriculares.
Na enfermagem os princpios ticos, baseiam-se nos princpios
dos Direitos Humanos e abrangem a beneficncia, a no-maleficncia, a
autonomia, o sigilo profissional e a justia.
Tendo como referncia os postulados da
Declarao Universal dos Direitos do Homem, promulgada pela Assemblia Geral das Naes
Unidas (1948) e adotada pela Conveno de Genebra da Cruz Vermelha (1949), contidos no
Cdigo de tica do Conselho Internacional de Enfermeiros (1953) e no Cdigo de tica da
Associao Brasileira de Enfermagem (1975). Teve como referncia, ainda, o Cdigo de
Deontologia de Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Cdigo de tica dos
Profissionais de Enfermagem (1993) e as Normas Internacionais e Nacionais sobre Pesquisa em
Seres Humanos [Declarao Helsinque (1964), revista em Tquio (1975), em Veneza (1983), em
Hong Kong (1989) e em Sommerset West (1996) e a Resoluo 196 do Conselho Nacional de
Sade, Ministrio da Sade (1996)] ( COFEN, 2007, p.01).
Os cdigos de tica possuem princpios que norteiam e sustentam
as aes morais dos profissionais.
Dentre as responsabilidades e deveres do profissional, de acordo
com o CEPE no Art.18, esto: Respeitar, reconhecer e realizar aes
que garantam o direito da pessoa ou de seu representante legal, de tomar
decises sobre sua sade, tratamento, conforto e bem estar (COFEN,
2007, p.03).
Quando o profissional de enfermagem realiza alguma atividade
que no est prevista no CEPE considerada uma infrao tica e de
acordo com a gravidade do acontecimento e com o histrico profissional
este ser penalizado. As ocorrncias ticas podem ser consideradas causadoras de iatrogenias quando o agir do
profissional se revelar displicente ou negligente em relao aos riscos correntes da assistncia
clientela, tendo em vista que a previsibilidade dos riscos uma varivel importante para se aferir a
-
40
responsabilidade profissional (FREITAS;
OGUISSO, 2007, p.949)
A enfermagem possui grande responsabilidade em executar as
suas atribuies, pois requer muita ateno ao realizar os procedimentos
de enfermagem.
Os cuidados com os pacientes so enfocados por Flvio (2008)
onde diz que, A enfermagem responsvel pelos cuidados dos
pacientes, incluindo a administrao de medicamentos, devem ao registrar suas anotaes
de enfermagem (auxiliares e tcnicos em enfermagem) ou ainda a evoluo de enfermagem
(enfermeiros), de maneira clara, coerente e seguindo o modelo da Instituio, de modo que
constem as queixas ou solicitaes do paciente e/ou familiar, avaliao do estado geral, exame
fsico e os procedimentos realizados, incluindo as
orientaes especficas que foram realizadas e se avaliar a necessidade descrever o entendimento ou
as reaes do paciente ao receb-las. Tornando este documento oficial para assegurar a assistncia
prestada (FLVIO, 2008, p 41).
A enfermagem realiza alm das atividades relacionadas
diretamente no contato do paciente outras que indiretamente so fatores
que influenciam na qualidade da assistncia prestada, como as
administrativas.
2.3 COMISSO DE TICA DE ENFERMAGEM
O profissional de enfermagem tem o dever de Assegurar
pessoa, famlia e coletividade assistncia de enfermagem livre de danos
decorrentes de impercia, negligncia ou imprudncia conforme
descrito no Art. 12 do CEPE (COFEN, 2007, p.03).
de fundamental relevncia a compreenso do mundo das
ocorrncias ticas e os modos de v-las e de lidar com elas, a partir da
vivncia dos prprios enfermeiros que as vivenciam no seu cotidiano,
como gerentes ou membros da Comisso de tica de Enfermagem
(FREITAS; OGUISSO; MERIGUI, 2006, p. 02).
Neste sentido, observa-se uma preocupao dos profissionais de
enfermagem e das instituies de sade com a humanizao da
-
41
assistncia, com a importncia de ver o paciente em sua totalidade com
suas particularidades e individualidades, que vive num contexto
histrico, cultural e social especfico e tem direito de ter autonomia para
decidir sobre seguir ou no as orientaes dos profissionais de sade.
O enfermeiro, ao centrar a sua atuao profissional na relao
interpessoal, deveria valorizar e respeitar os valores, crenas e desejos
individuais da famlia, agindo na defesa da autonomia e no respeito
pelas opes das pessoas e o seu cuidado (MENDES, 2009, p. 167)
Como consequncia, o paciente tem o direito de ser informado
sobre riscos, custos e benefcios da assistncia de enfermagem, cabendo
aos profissionais de sade em geral, cumprir, nas instituies em que
trabalham os direitos dos pacientes (OGUISSO; SCHMIDT, 2009 pg.
78).
Salienta-se que na instituio onde foi aplicado o estudo, desde
sua criao h 50 anos, no existe uma comisso para avaliar as
situaes e dilemas ticos da enfermagem. Existe uma Comisso de
tica Mdica composta por mdicos pediatras voluntrios, que se
renem para resolver questes especficas da medicina.
Como j citado anteriormente, a CEEn foi instituda pelo COFEN
em 1994 e a Subseo do COREN de Santa Catarina, a partir de 2006, e
prev que as entidades de sade com 20 (vinte) ou mais profissionais de
Enfermagem podero constituir a Comisso.
Este Regimento Interno estabelece que o rgo que representa o
COREN, em carter permanente junto s instituies de sade a
CEEn.
Conforme o Art. 2 - As CEEn tm funo educativa, consultiva
e de averiguao do exerccio tico-profissional nas reas de assistncia,
ensino, administrao e pesquisa em Enfermagem (COREN, 2006,
p.01).
-
42
Figura 2 Esquema representativo das Funes da CEEn
Fonte: Elaborado pela pesquisadora baseado em COREN (2006, p.01)
So finalidades da CEEn que constam do art. 3 explicitadas na
Deciso COREN-SC n002/2006, baseadas na Resoluo COFEN
n174/1994: I Divulgar, aos profissionais de Enfermagem
da Instituio de Sade, o Cdigo de tica dos Profissionais de Enfermagem, o Regimento
Interno da CEEn e as normas ticas e disciplinares referentes ao exerccio profissional.
II - Orientar a conduta tica dos profissionais de
Enfermagem da Instituio. III - Zelar pelo exerccio profissional e tico dos
profissionais da Enfermagem. IV - Averiguar denncias ou fatos no ticos que
envolvem profissionais de Enfermagem, conforme disposto no Art. 39, incisos XI, XII e XIII do
Regimento Interno da CEEn. V - Encaminhar ao COREN-SC, relatrios
circunstanciados sobre fatos ou denncias relativas ao exerccio no tico de profissionais de
Enfermagem(COREN, 2006, p.01).
A composio da CEEn que constam do art. 7 e 8 do referido
Regimento, e englobam as explicitadas na Resoluo n 002/2006:
X Zelar pelo exerccio tico dos profissionais de Enfermagem.
XI Averiguar: a) O exerccio tico dos profissionais da
Enfermagem.
-
43
b) As condies oferecidas pela entidade e
sua compatibilidade com o desempenho tico-profissional.
c) A qualidade de atendimento dispensada clientela pelos profissionais de Enfermagem.
XII Averiguar denncias, ou atitudes no ticas praticadas por profissionais de
Enfermagem. XIII Comunicar, por escrito, ao COREN-SC, as
irregularidades ou infraes ticas Detectadas (COREN, 2006,p.05).
Em qualquer Instituio de sade sua criao de grande valia,
bem como sua atuao, junto aos profissionais de enfermagem para o
esclarecimento de questes ticas, aprimoramento das atividades
profissionais e avaliao por parte dos profissionais em relao ao
funcionamento da CEEn.
Como o cunho deste estudo est voltado para a gesto do
cuidado, o eixo escolhido da CEEn ser o educativo, com enfoque no
processo gerencial desta Comisso, visando s melhores prticas,
melhor desempenho e a promoo de uma prtica assistencial que
atenda aos princpios ticos da profisso.
2.4 MELHORES PRTICAS DE TRABALHO
Acredita-se que os processos centrados em melhores prticas
levam em conta o desempenho tico dos profissionais.
Para que o trabalhador da rea de enfermagem tenha uma boa
conduta profissional, necessrio que ele siga as normas do cdigo de
tica como guia para nortear seu raciocnio moral, ou seja, pensamento
crtico sobre o que certo e errado, sobre o bem e mal. Dessa forma,
reflita diante das situaes buscando a melhor maneira dentro dos
preceitos ticos (FLVIO, 2008).
O pensamento complexo enfatiza a relao entre todos os
envolvidos de maneira sistmica e dinmica, propiciando o
desenvolvimento de melhores prticas no trabalho da enfermagem.
As melhores prticas no trabalho significam o profissional fazer
as suas funes dentro dos preceitos ticos da sua profisso e das
normas e rotinas preconizadas no seu local de atuao. A busca por melhores prticas pressupe
mudanas no comportamento individual/coletivo/
-
44
organizacional, nos mtodos de trabalho, no livre
fluxo de informaes e na incorporao da reflexo crtica. Imputar valor aos recursos
intelectuais e alterar a forma de estruturar/trabalhar com o conhecimento, tanto
tcito quanto explcito, contribui inegavelmente para a elaborao permanente do melhor pensar e
do fazer, numa perspectiva tanto terica quanto prtica (ERDMANN et al,2006, p.487).
De acordo com o Ministrio da Sade (Brasil, 2009) a Educao
Permanente aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se
incorporam ao cotidiano das organizaes e ao trabalho.
Discutir em grupo os problemas enfrentados na realidade e leva
em considerao os conhecimentos e as experincias dos envolvidos,
tornando-os participativos e incentivando a transformar as prticas
profissionais.
Na enfermagem, a busca pela competncia, pelo conhecimento e pela atualizao essencial para
garantir a sobrevivncia tanto do profissional quanto da prpria profisso. Este trabalhador
precisa estar preparado para atingir, desenvolver e ampliar sua competncia tcnica, crtica e
interativa, tanto no ensino formal de enfermagem como nos processos de educao permanente, de
forma a adquirir, assim, a capacidade de aprender a aprender e de aprender a conviver. (BALBINO
et al, 2010, p. 262).
A educao permanente na sade deveria frisar sempre a
melhoria da assistncia ao paciente/cliente. Nesse sentido, ao refletir
sobre essa temtica, entende-se como sendo o conjunto de experincias
que se seguem formao do profissional permitindo ao trabalhador
manter, aumentar ou melhorar sua competncia, visando ao
desenvolvimento de suas responsabilidades.
Concorda-se com os autores quando afirmam que,
Para uma efetiva educao continuada, faz-se necessrio direcion-la ao desenvolvimento global
de seus integrantes e da profisso, tendo como meta a melhoria da qualidade da assistncia de
enfermagem. Assim, essa tarefa no se resume a
-
45
ensinar, pois engloba desenvolver no profissional
de enfermagem uma conscincia crtica e a percepo de que ele capaz de aprender sempre,
por meio da educao permanente, e motiv-lo a buscar, na sua vida profissional, situaes de
ensino-aprendizagem(PASCHOAL; MANTOVANI; MIER, 2007, p.480).
O fator mais influente na aprendizagem e nas mudanas a
prtica constante e o conhecimento atualizado, quando cria no
indivduo-funcionrio necessidades de adaptao e reorientao em suas
atividades.
2.6 GESTO DA ASSISTNCIA EM ENFERMAGEM
Nosso mundo um mundo de organizaes, uma vez que
nascemos, vivemos e morremos em organizaes. Isso implica em dizer
que, de uma forma ou de outra, praticamos e sofremos as aes
gerenciais, j que as organizaes so o locus da administrao. Mas o
que realmente faz com que a administrao funcione o processo
gerencial (ETZIONI, 1980,p. 55).
O enfermeiro, pela sua natureza profissional desde sua formao,
agrega conhecimentos administrativos, os quais lhe tornam gestor de sua
equipe, seja no mbito da ateno primria, secundria ou terciria dos
nveis de ateno sade.
Deve-se, portanto, utilizar ferramentas que facilitem esta gesto
da equipe de maneira que todos estejam focados em melhorar e prestar
assistncia com qualidade visando ao bem estar do paciente de acordo
com os princpios ticos de cada profisso.
Entende-se por processo, todo sequenciamento lgico do tipo
incio, meio e fim que tem como resultado um produto
(CHIAVENATO, 1999; DAFT, 1999; MEGGINSON; MOSLEY;
PIETRI JUNIOR, 1998; LACOMBE; HEILBORN, 2003).
Para discutir o processo gerencial, importante descrever e
estudar cada funo do processo individualmente.
Inicia-se com o planejamento, geralmente feito pelo gestor, com
ou sem a participao da equipe. Aps a anlise destes fatores, se tem
uma viso do motivo da existncia do grupo e de sua funo. possvel,
ento, definir os objetivos a atingir, que sejam claros, mensurveis,
especficos e desafiadores, calcados em consenso e dentro do tempo e
espao (SILVA, 2011).
-
46
As estratgias servem para se alcanar os objetivos dentro de uma
programao de atividades e delegao de funes, bem como prazos
para a execuo.
A ao corretiva do controle d lugar, quase invariavelmente, a
um replanejamento e por isso muitos estudiosos do processo gerencial
consideram as funes como parte de um ciclo contnuo de
planejamento-controle planejamento.
Figura 3 Representao esquemtica do processo gerencial
Fonte: Reformulado baseando-se em (SILVA,2011, p. 05).
Entende-se a gesto em Enfermagem como sendo:
um conjunto de atividades gerenciais e
assistenciais, caracterizadas pelo exerccio da liderana, de tal modo que a influncia atinja
todos os liderados. Isto ocorre desde a realizao dos procedimentos tcnicos, na elaborao de
critrios de qualidade nas principais decises
tomadas, nas linhas de comunicao e nas formas de conduzir as equipes em todos os nveis de
Enfermagem. As aes baseadas no conjunto de orientaes que devem ser focadas ao cliente na
instituio, ao paciente e seus familiares(Ruthes; Feldman; Cunha, 2010 p.318)
O trabalho gerencial desempenhado pelo enfermeiro deve
contemplar os aspectos da assistncia aliado fundamentao tcnico-
cientfica, reforando sempre com a equipe o compromisso pedaggico
-
47
da profisso, no sentido de sempre estar ensinando o paciente e o
familiar sobre aspectos relacionados ao cuidado.
O enfermeiro volta-se para a assistncia direta ao cliente e a
resoluo de situaes de conflitos entre equipe e famlia e/ou paciente,
no conseguindo, por vezes, realizar as atividades de maneira planejada.
A gesto da assistncia de enfermagem est diretamente ligada
tica, pois ao seguirmos o Cdigo de tica dos Profissionais de
Enfermagem, estamos comprometidos em realiz-la com qualidade,
baseada nos valores ticos da justia, beneficncia, respeito s pessoas,
honestidade, veracidade e sigilo.
A reflexo tica que envolve o trabalho gerencial do enfermeiro deve ser uma constante no
cotidiano de sua prtica profissional, uma vez que emergem dilemas e situaes conflituosas que
podem envolver diversos atores que dele fazem parte. (MAZUR; LABRONICI; WOLFF, 2007,
p.373).
O Enfermeiro, sendo lder da equipe de enfermagem, recebe
vrias reclamaes que nem sempre so relacionadas somente
enfermagem, mas a outras atividades. Por esta razo, necessita
desenvolver habilidades que favorea manuseio dessas informaes e
promova estratgias para melhorar a qualidade da assistncia prestada.
O cliente paciente e familiar que reclama deve
ser visto como parceiro da nossa organizao, pois so pessoas interessadas no aprimoramento e
ansiosas para que os gestores captem rapidamente as mudanas de interesse do usurio do sistema de
sade, trazendo melhoria e conforto para os
clientes e benefcios para a instituio. Os que reclamam e so bem tratados podem tornar-se
aliados capazes de identificar prticas internas, que criam entraves para o bom desempenho da
instituio (Ruthes; Feldman; Cunha, 2010,p.319).
Para a enfermagem seguir avanando tcnica e cientificamente
mediante a aquisio de novos saberes e prticas, faz-se necessrio
lanar mo de recursos j existentes para incentivar a produo de
conhecimento e novas tecnologias. Neste contexto a CEEn pode atuar
-
48
promovendo tais discusses e reflexes, partindo do cotidiano e das
dificuldades encontradas em exercer a profisso de acordo com o CEPE.
Por ser um rgo representativo da categoria dentro das
instituies de sade, a CEEn deve ter a sua organizao pautada nos
preceitos legais vigentes e na realidade onde est inserida.
A gerncia de enfermagem, bem como os membros atuais das
CCEn podem abordar assuntos que sensibilizem a equipe de
enfermagem, incentivando, assim, a participao em Comisses e
demais atividades que possam revisar o conhecimento j existente e, a
partir de ento, comearem a despertar novos olhares no modo de pensar
e agir em enfermagem.
A implementao da CEEn uma continuao do processo de
organizao, onde a participao dos membros e profissionais,
obrigatoriamente, deve estar interligada e o planejamento das aes
serem pautados de acordo com a demanda/necessidades sugerida pelos
profissionais.
A necessidade de existir um processo de educao permanente
construtivo-participativo fica evidente a integrao da CEEn com todos
setores da instituio envolvidos no atendimento ao paciente, tendo
como perspectiva a qualidade da assistncia. fundamental para atingir
a qualidade que a CEEn articule suas aes educativas com o setor
responsvel pela educao permanente.
A educao permanente dos trabalhadores da sade deve ser feita
a partir da problematizao do processo de trabalho, considerando que a
formao e desenvolvimento dos trabalhadores sejam pautados pelas
necessidades de sade das pessoas e populaes e tm como objetivos a
transformao das prticas profissionais e da prpria organizao do
trabalho (BRASIL, 2009).
-
49
3 MTODO
Neste captulo ser apresentada a trajetria metodolgica do
estudo, no que se refere ao mtodo, descrio das tcnicas e
instrumentos de coleta e anlise dos dados obtidos.
Entende-se que a produo do conhecimento cientfico na rea da sade requer abordagens que
consigam interligar a teoria e a realidade emprica. O mtodo tem uma funo fundamental em tornar
plausvel a abordagem da realidade atravs dos questionamentos feitos pelo pesquisador
(MINAYO, 2010, p.58).
3.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, realizado mediante
duas fases: uma exploratria e outra construtiva, inspirada na pesquisa-
ao. A pesquisa-ao est direcionada para a resoluo de problemas e
tem por objetivo a transformao de uma determinada realidade,
constituindo-se em uma pesquisa social. Dessa forma, a pesquisa-ao
encontra um ambiente propcio quando [...] os pesquisadores no
querem limitar suas investigaes aos aspectos acadmicos e
burocrticos da maioria das pesquisas convencionais (THIOLLENT,
2008, p. 18).
Estas fases devem ser vistas como ponto de partida e chegada,
sendo possvel em cada situao, o pesquisador junto com os
participantes, redefinir e adaptar de acordo com as circunstncias da
situao investigada. Esse aspecto precisa ser considerado e utilizado no
desenvolvimento da pesquisa, isto porque a sobreposio e interligao
das fases atribuem dinamismo a todo o processo.
3.2 LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi desenvolvido em um Hospital Infantil da Regio
Serrana do Estado, no municpio de Lages, Santa Catarina, com os
profissionais de enfermagem.
O Hospital Infantil Seara do Bem (HISB), especializado em
pediatria (crianas de 0 a 15 anos de idade). Por estar no Centro do
Estado de Santa Catarina, atende a populao da Regio Serrana, Meio-
-
50
Oeste, Oeste e Sul deste Estado, e mantido por uma Associao
Beneficente de natureza filantrpica.
Esta Associao foi fundada em 25 de dezembro de 1945, e
Certificada como Beneficente de Assistncia Social possuindo os ttulos
de Utilidade Pblica Federal, Estadual e Municipal. Ela atende aos
usurios do Sistema nico de Sade em uma proporo de 86%.
Alm disso, desempenha papel ligado formao de recursos
humanos na rea da sade, com campo de estgio para cursos de
graduao e ps-graduao em enfermagem, medicina, servio social,
terapia ocupacional e psicologia. Possui convnio para fortalecimento de
campo de estgio para outros cursos com as seguintes entidades: Servio
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Centro de Educao
Profissional Renato Ramos da Silva, Fundao das Escolas Unidas do
Planalto Catarinense (Fundao Uniplac) e Faculdades Pequeno
Prncipe.
O HISB possui 65 leitos nas reas de Clnica Mdica, Cirrgica,
Terapia Intensiva, Neonatologia, Pronto Atendimento, Centro Cirrgico
e Centro de Esterilizao, Ambulatrio especializado em Ortopedia,
Pneumopediatria, Oncologia Peditrica.
No histrico da Instituio consta que em 1951 iniciaram-se
campanhas junto comunidade com objetivo de construir um hospital
infantil. Em 30 de junho de 1968 o Hospital Infantil inaugurado. Em
1999 foi implantado o servio de recreao hospitalar (Projeto em
parceria com a Universidade do Planalto Catarinense), visando melhorar
o atendimento com a diminuio do tempo de hospitalizao. No ano de
2000 foi implantado o servio de Classe Hospitalar em convnio com a
Secretaria de Estado da Educao, onde as crianas recebem
acompanhamento escolar durante a internao. Neste mesmo ano,
comeou-se a desenvolver o Programa Me Acompanhante que visa
proporcionar um espao para melhor acomodao das mes que
acompanham seus filhos nas enfermarias, quando internam atravs do
Sistema nico de Sade.
A Gerncia de Enfermagem tem finalidade organizativa, visando
gerir assistncia de enfermagem de excelncia, educar permanentemente
as pessoas, utilizando princpios cientficos, humansticos, ticos,
valorizando o ser humano, melhorando as relaes interpessoais.
Conforme dados fornecidos pelo Setor Pessoal da instituio, no
ano de 2011, existiam 163 trabalhadores em todo o hospital.
A enfermagem composta por 66 funcionrios, onde 6 so
profissionais de nvel superior, enfermeiros (9,09%) e os outros 60
profissionais so de nvel mdio (90,91 %), tcnicos em enfermagem.
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51
3.3 SUJEITOS DO ESTUDO
A populao do estudo foi composta por todos os 66 funcionrios
da equipe de enfermagem da instituio. Os critrios de incluso
estabelecidos foram: ser funcionrio da equipe de enfermagem da
instituio em estudo; concordar em participar do estudo assinando o
TCLE. E, os critrios de excluso foram: funcionrios que estavam
afastados do trabalho.
Sensibilizou-se toda a populao do estudo no momento da
passagem de planto, entregando material explicativo sobre o que a
Comisso de tica de Enfermagem no hospital (criao, membros,
atribuies), relevncia do estudo e os mtodos de coleta de dados.
Com os interessados pela temtica procedeu-se com uma
conversa individual explicando a pesquisa, sua relevncia e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 1 e 2). Foram
obtidas 32 adeses ao estudo e 34 no aceitaram participar.
A pesquisa foi realizada com os sujeitos em duas fases, a primeira
foi a fase exploratria com a realizao da prtica assistencial educativa
e a segunda foi a fase de construo onde fez-se as entrevistas, a
construo alm da validao de um modelo de procedimentos
gerenciais.
3.3.1 Caracterizao dos participantes do estudo O perfil dos 32 participantes do estudo todos foram mulheres e
em relao ao cargo ocupado: enfermeiras (6,6%) e tcnicas em
enfermagem (93,3%), o tempo de atuao na enfermagem variou de 3 a
32 anos, atuao na instituio de 3 a 32 anos, atuam nos setores de
Clnica Mdica, Terapia Intensiva e Pronto Atendimento, e todos os
turnos de trabalho aderiram onde no matutino (30%), vespertino (30%) e
noturno A (10%) e noturno B (30%).
3.4 QUESTES TICAS
As questes ticas do estudo com seres humanos foram
observadas de acordo com a Resoluo N 196 de 1996 do Conselho
Nacional de Sade, com a aprovao em Comit de tica em Pesquisa
da Universidade Federal de Santa Catarina (CEPSH-UFSC) e aplicao
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APNDICES
A e B). No Apndice A, est o primeiro TCLE desenvolvido e aplicado
na primeira etapa da pesquisa, anterior a qualificao da dissertao, e o
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52
Apndice B est de acordo com a reformulao dos objetivos propostos,
bem como os momentos alterados por sugesto da banca de
qualificao.
Parecer CEPSH-UFSC Consubstanciado N: 2222/11, aprovado
em 17/10/2011 (ANEXO A).
O anonimato dos participantes do estudo foi garantido atravs da
troca de seus nomes por nmeros, no momento da transcrio dos dados
coletados. As informaes obtidas neste estudo so mantidas em sigilo e
em caso de divulgao em publicaes cientficas, os dados pessoais no
sero mencionados. Tais dados ficaro guardados em local de acesso
exclusivo da pesquisadora, por um perodo de cinco anos e aps sero
destrudos.
3.5 ESTRUTURANDO O ESTUDO
3.5.1 Diagnstico de campo
O diagnstico do campo do estudo foi por meio dos relatos
informais dos quatro profissionais que atuam na CEEn da Instituio,
em encontro realizado em junho de 2011. As falas permearam em torno
das dvidas sobre a organizao e implementao da CEEn, mesmo
aps os profissionais terem participado do treinamento oferecido pelo
COREN-SC. Buscou-se tambm, informaes na literatura sobre as
CEEn e sua relao com as melhores prticas.
A partir dessa discusso foi elaborado um planejamento anual das
aes educativas da CEEn que seriam realizadas junto aos funcionrios
da Instituio.
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53
Quadro 1- Planejamento anual das atividades da
CEEn.
Fonte: Documento interno da CEEn, Lages (2011).
3.5.2 Colocao dos problemas
O problema inicial encontrado pelos membros da CEEn foi:
Como implementar a CEEn sem ter um modelo de funcionamento que
oriente esta implementao? Com base neste problema a pesquisadora
levantou uma questo de estudo: Como realizar um modelo de
procedimentos gerenciais para organizar e implementar uma CEEn?
3.5.3 Tema da pesquisa
A criao de um modelo de procedimentos gerenciais para
organizar e implementar uma CEEn foi a temtica definida e para
fomentar ser utilizado referencial terico sobre melhores prticas,
gesto na assistncia de enfermagem e teoria da complexidade.
As informaes que foram levadas no seminrio (explicitado
abaixo), e estratgia que faz parte do mtodo foram interpretadas
conforme o referencial terico seguido, ou seja, sobre melhores prticas,
gesto na assistncia de enfermagem e teoria da complexidade, dando
maior rigor cientfico ao estudo (THIOLLENT, 2008).
A coleta de dados foi realizada em fases, a primeira corresponde
a Fase Exploratria e a segunda, Fase de Construo.
-
54
3.6 FASE EXPLORATRIA
Esta fase teve a finalidade de promover discusso e tomada de
decises acerca da investigao (definio de temas e problemas),
constituir grupos de estudos, definir aes, acompanhar e avaliar
resultados. O seminrio tem a funo de coordenar as atividades do
grupo, sempre finalizado pela confeco de atas das reunies
(THIOLLENT, 2008).
O plano de ao visa definir os atores, a relao entre eles, quem
so os lderes, quais os objetivos e os critrios de avaliao da pesquisa,
continuidade frente s dificuldades, quais estratgias sero utilizadas
para assegurar a participao dos sujeitos, incorporao de sugestes e
qual a metodologia de avaliao conjunta de resultados (THIOLLENT,
2008).
Esta etapa refere-se implementao de uma prtica educativa
com os profissionais da enfermagem, apresentada na disciplina
curricular Projetos Assistenciais e Inovao Tecnolgica como parte
deste estudo, atingindo o primeiro objetivo de instrumentalizar os
profissionais de enfermagem de um Hospital Infantil quanto aos
conhecimentos de tica no cuidado em observncia s determinaes do
COREN, por meio de aes educativas, construtivo-participativas, como
parte de um processo gerencial centrado em melhores prticas e relaes
complexas no trabalho.
3.6.1 Divulgao e sensibilizao da prtica educativa
A divulgao da atividade foi realizada atravs de convites
individuais e colocao de cartazes (ttulo do trabalho e objetivo) em
locais estratgicos (mural do carto ponto e refeitrio) convidando os
participantes para atividades.
Aps o consentimento, foi entregue material explicativo com
assuntos acerca da tica no trabalho, determinaes do COREN para a
Comisso e tica e Cdigo de tica de Enfermagem, melhores prticas
no trabalho, ou seja, fazer o melhor que pode e da forma mais segura.
3.6.2 Dinmica dos grupos e construo do Arco da
Problematizao
A construo do arco da problematizao baseia-se na realidade
profissional em torno do respeito ao ser humano, tanto paciente como o
trabalhador como Ser singular.
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55
Foi escolhida uma sala de estudos dentro da instituio, uma vez
que ocorreram dentro do horrio de trabalho. Com esta estratgia,
obteve-se a participao de 20 sujeitos, divididos em quatro grupos de
acordo com os turnos (matutino, vespertino, noturno A e B).
Como o trabalho da enfermagem realizado em equipe e para
promover maior interao foi escolhido iniciar os encontros com os
sujeitos e adotada a estratgia de dinmica de grupo e em seguida a
construo do arco da problematizao. Os grupos estavam compostos
por 4 a 9 participantes. Procedeu-se a mesma sequncia e tcnicas nos
quatro encontros. Estes ocorreram ao longo dos meses de outubro e
novembro do ano de 2011.
Acredita-se na possibilidade de transformao da realidade atual
da enfermagem, a partir de uma construo coletiva, favorecendo a
soluo ou minimizao dos problemas encontrados.
A escolha pelo mtodo da problematizao foi amparada no
interesse demonstrado para qualificar as aes da comisso de tica de
enfermagem e atingir as mudanas propostas de forma efetiva. Assim,
essa metodologia apresentou-se como uma estratgia para alcanar o
primeiro objetivo especfico deste estudo.
A utilizao do arco da problematizao proposta por Charles
Maguerez proporciona a discusso da realidade, levantamento dos
problemas encontrados na prtica, hipteses de soluo e teorizao. A
Pedagogia da Problematizao, operacionalizada pelo Mtodo do Arco
de Maguerez, adaptado de (BORDENAVE; PEREIRA, 2002),
pressupe que a atividade educativa acontea em um processo grupal.
Figura 4 Arco da Problematizao de Maguerez.
Fonte: Adaptado de BORDENAVE; PEREIRA (2002).
-
56
3.6.3 Avaliao qualitativa dos encontros
O processo de avaliao da prtica educativa foi o relato de
experincia vivenciada nas atividades, bem como os arcos construdos e
as discusses feitas pelos participantes. Para registrar as mudanas
ocorridas com a equipe no decorrer da pesquisa, utilizou-se o dirio de
campo.
O dirio de campo uma tcnica utilizada em pesquisas
cientficas e atividades acadmicas, a fim de permitir o registro de
observaes e vivncias em prol do avano em diferentes reas (DAL
PAI; LAUTERT, 2007, p. 519).
Esta tcnica possibilita a elaborao das experincias que
constroem o saber uma vez que o dirio de campo representa mais do
que um espao para a descrio dos fatos, ele um instrumento que
estimula a reflexo contnua do pesquisador sobre o contexto onde as
coisas acontecem, propiciando a leitura crtica sobre a realidade.
O dirio de campo um instrumento de
anotaes, um caderno com espao suficiente para
anotaes, comentrios e reflexo, para uso individual do investigador em seu dia a dia. Nele
se anotam todas as observaes de fatos concretos, fenmenos sociais, acontecimentos,
relaes verificadas, experincias pessoais do investigador, suas reflexes e comentrios. Ele
facilita criar o hbito de escrever e observar com ateno, descrever com preciso e refletir sobre os
acontecimentos (FALKEMBACH, 2011, p. 02).
Escrever um dirio registrar peculiaridades e a singularidade de
um momento, no sendo possvel que em um nico relato ter todos os
aspectos implicados em uma determinada situao.
Pode haver o vis do pesquisador, pois o registro daquilo que lhe chamou mais ateno, mesmo
que da forma mais singular atravs das palavras que escolheu para faz-lo e do sentido que
pretendeu expressar. Sero dignos de registro,
para o pesquisador, aqueles aspectos que o sensibilizaram e o fizeram captar a essncia do
momento no qual ele prprio est inserido e faz parte (PINHO; MOLON, 2011,p.03).
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57
Registraram-se, neste estudo, os momentos de cada encontro
dentro do Arco da Problematizao, facilitando a validao do contedo
pelos participantes. Posteriormente os dados foram compilados em um
Arco para no identificar os sujeitos do estudo.
3.7 FASE DA CONSTRUO
Esta fase atingiu os objetivos de instrumentalizar os profissionais
de enfermagem no processo gerencial para garantir a implementao e
continuidade do trabalho nas CEEn no hospital e validar os
procedimentos gerenciais junto aos membros integrantes da CEEn.
3.7.1 Procedimento Gerencial
O esboo dos procedimentos gerenciais foi elaborado pela
pesquisadora com base nos dados colhidos na primeira fase do estudo
cujas categorias encontradas indicaram subsdios para tal. Entende-se
que este modelo elaborado possa ser referncia para os servios de
enfermagem que necessitem implementar sua CEEn. Representado na
Figura a seguir.
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58
Figura 5- Procedimentos Gerenciais para a Organizao e Implementao de
uma Comisso de tica de Enfermagem.
Fonte: Elaborado pela Pesquisadora (2012).
3.7.2 Validao do Instrumento
Para a validao do instrumento, Procedimentos Gerenciais de
uma Comisso de tica de Enfermagem Hospitalar, foram realizadas
entrevistas abertas a partir de questes que objetivaram responder o
problema de pesquisa: Como gerenciar uma CEEn de um Hospital
Infantil como um processo de melhores prticas?
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59
Estas entrevistas aconteceram no perodo de Maro e Abril do
ano de 2012. O roteiro de entrevista encontra-se no Apndice C. Para
cada entrevistado, a durao mdia foi de 60 minutos e armazenadas por
meio de gravador digital, convertidas em arquivos tipo .amr, e transcritas na ntegra pela pesquisadora, utilizando o software Express
Scribe Pro verso 5.48.
As transcries das entrevistas foram inseridas no software
NVIVO 8.0, adquirido pelo GEPADES, facilitando a organizao e
classificao das informaes coletadas. Salienta-se que o software
possui verso gratuita do NVIVO 9.0 no site da empresa, porm no
foi utilizado por no possuir os mesmos recursos e a impossibilidade de
abrir o arquivo em outra verso do software.
NVIVO um software que trabalha com documentos do Word,
documentos PDF e materiais audiovisuais, e uma ampla gama de
ferramentas inovadoras que permitem uma anlise profunda e flexvel.
O software de Pesquisa Qualitativa ajuda as pessoas a gerir, formar e
fazer sentido s informaes no estruturadas (PRINCETON, 2010).
medida que o pesquisador vai inserindo no software as
transcries, possvel determinar uma frase ou palavra chave a qual
ser grifada no contedo automaticamente pelo programa cada vez que
aparecer e a partir da ele calcula a frequncia que o termo apareceu no
texto selecionado. importante que o pesquisador tenha conhecimento
das ferramentas oferecidas para facilitar seu trabalho e, assim,
aperfeioar seu tempo.
Quando o pesquisador elabora as suas categorias de anlise,
coloca-as no formato de Nodos livres (Free Nodes) e as subcategorias os
Nodos Ramificados (Tree Nodes). Dentre as ferramentas, podem-se
gerar grficos com tais percentuais facilitando a visualizao dos termos
nas subcategorias, bem como identific-los nas entrevistas.
Os dados das entrevistas foram analisados de acordo com a
Anlise de Contedo, proposta por Bardin (2009), definido como um
conjunto de tcnicas de anlise das comunicaes que visa obter por
procedimentos sistemticos e objetivos de descrio do contedo das
mensagens, os indicadores (quantitativas ou no) que permitam a
inferncia de conhecimentos relativos s condies de
produo/recepo (variveis inferidas) destas mensagens.
De acordo com os pressupostos, uma interpretao das
mensagens e dos enunciados, a Anlise de Contedo deve ter como
ponto de partida uma organizao. As diferentes fases da anlise de
contedo organizam-se em torno de trs plos, conforme: 1.A pr
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60
anlise; 2. A explorao do material; e, por fim, 3. O tratamento dos
resultados: a inferncia e a interpretao.
1. A pr-anlise: a organizao propriamente
dita, corresponde ao perodo de intuies, mas tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as
idias iniciais. composta por atividades que podem ser sequenciais ou no. Sua leitura
flutuante e consiste em conhecer o contedo dos questionrios e da dinmica, buscando-se as
emoes, os sentimentos e o conhecimento dos sujeitos. A escolha dos documentos significa
determinar quais sero submetidos aos procedimentos analticos ento chamados de
corpus. (BARDIN, 2009, p.123).
Analisados pela Regra da homogeneidade, os documentos devem obedecer a critrios precisos
de escolha e no apresentar demasiada singularidade fora destes critrios de escolha.
Entrevistas efetuadas sobre um dado tema devem referir-se a todas a esse tema, ter sido submetidas
por intermdio de tcnicas idnticas e ser
realizadas por indivduos semelhantes. As tcnicas sistemticas, citadas pelo autor como
procedimentos de explorao, permitem a partir dos prprios textos, apreender as ligaes entre as
diferentes variveis, que funcionam de acordo com o processo dedutivo e facilitam a construo
de novas hipteses.Desde a pr-anlise devem ser determinadas as operaes de recorte do texto em
unidades comparveis de categorizao para a anlise temtica e de modalidade de codificao
para o registro dos dados. A preparao do material, antes da anlise, consiste em organizar a
transcrio de entrevistas e organizao dos dados (BARDIN, 2009, p.124).
2. A explorao do material: a fase de anlise
propriamente dita onde ocorre a aplicao sistemtica de decises tomadas. A codificao
corresponde a uma transformao dos dados brutos do texto, transformao esta que permite
atingir uma representao do contedo. A anlise temtica consiste em descobrir os ncleos de
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sentido que compem a comunicao, cuja
presena ou frequncia de apario podem significar alguma coisa para o objetivo analtico
escolhido (BARDIN, 2009, p.127).
3. Tratamento dos resultados obtidos e interpretao: os resultados em bruto so tratados
de maneira a serem significativos e vlidos. Operaes estatsticas simples (percentagens), ou
mais complexas (anlise fatorial), permitem estabelecer quadros de resultados, diagram