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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Planejamento e controle de obras para habitações populares. Estudo de caso: Residencial Quirino - Rio Claro/SP
Rodrigo Luiz de Oliveira Cassiano
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil
Orientador: Prof. Dr. Itamar Ap. Lorenzon
São Carlos 2011
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, minha
família e meus queridos amigos, que sem eles não
conseguiria suportar e enfrentar todas as dificuldades
que encontrei ao longo do meu caminho.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Itamar Ap. Lorenzon pela orientação neste trabalho, pelas suas
sugestões e criticas que fizeram com que eu pudesse concluir este trabalho e também
pudesse ter uma formação acadêmica de qualidade.
Aos meus pais Luiz Carlos e Maria Sônia por todo carinho e apoio moral que fizeram
com que eu me tornasse um ser humano melhor e alcançasse o meu sonho de torna-me um
engenheiro.
Ao meu irmão Alisson, Priscilla e Ana Clara pelo carinho, amor e confiança em mim
depositado e demonstrado por todos os anos.
A Luisa Vecchia por todo amor e carinho que me influenciaram não só neste
trabalho, mas como também em toda minha vida acadêmica.
A Zezé, Érica, Nilo e Francisco Vecchia por todo carinho e confiança em mim
depositado em todos esses anos.
A todos os meus amigos, principalmente aos que moraram comigo durante todos
esses anos, que sem eles não chegaria a lugar algum.
E a Deus que sem ele nada teria alcançado até hoje.
RESUMO
Neste trabalho buscou-se mostrar como o planejamento e controle de obra têm
grande importância, pois com a intensificação da competitividade entre as empresas de
construção civil, a demanda por bens mais modernos e o aumento do grau de exigência do
cliente, as empresas cada vez mais se deram conta de que investir em gestão e controle de
processos é extremamente importante, pois sem esse gerenciamento as construções
perdem de vista seus principais indicativos, que são: o prazo, custo, segurança e a
qualidade.
Assim sendo, o processo de planejamento e controle tem um papel fundamental nas
construtoras, pois representa um forte impacto no desempenho da produção. Estudos
realizados no Brasil e no exterior mostram essa sistemática, comprovando que deficiências
no planejamento e no controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do
setor, de suas elevadas perdas e também da baixa qualidade de seus produtos.
Desta forma, o objetivo deste trabalho é mostrar o planejamento realizado antes do
inicio da execução da obra, a influência na melhoria da qualidade dos serviços, e ainda com
respeito aos prazos e também uma redução de gastos para a execução.
A pesquisa foi dividida em três etapas, na qual inicialmente foi realizada uma revisão
bibliográfica, em seguida conduziu-se o estudo de caso em um canteiro de obras obtendo
dados para a pesquisa, e na terceira etapa foram analisados os dados obtidos no estudo de
caso e realizado uma conclusão sobre como um planejamento e controle de execução
dentro de um canteiro de obras podem acarretar numa diminuição de custos com a
produção, respeitos aos prazos, pré-estabelecidos dentro do cronograma, e uma garantia de
uma qualidade maior do empreendimento.
Palavras-chave: Planejamento, Controle de Obras, Canteiro de Obras; Gestão de processos; Controle de processos.
ABSTRACT
ABSTRACT
This work aimed to show how planning and control work becomes of a great
importance today, because with the intensification of a competition, the globalization of
markets, the demands for modern goods and increasing the level of customer requirement,
the companies increasingly realize that investing in management and process control is
extremely important because without such management construct lose sight of its main
indicators: the time, profits, return on investment and quality of the final product.
Thus, the process of planning and control is replaced by a fundamental role in the
construction, as they present a strong impact on production performance. Studies in Brazil
and abroad show that systematic, proving that deficiencies in the planning and control are
among the main causes of low productivity in the sector, its high losses and also the low
quality of this products.
The research method was divided into three stages, which was initially performed a
literature review, then conducted the case study on a construction site getting data for
research, and the third step we analyzed data obtained in the study case and made a
conclusion about them.
Key-words: Planning, Control works, Construction site, management processes, process control.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Ciclo PDCA.........................................................................................................11
Figura 2- Localização do almoxarifado na obra..................................................................20
Figura 3 - Bloco de apartamentos atrasado em relação ao restante...................................21
Figura 4 - Estoque de blocos cerâmicos..............................................................................23
Figura 5 - Caminhão Muck transportando blocos cerâmicos...............................................24
Figura 6 - Execução da alvenaria estrutural.........................................................................27
Figura 7 - Assentamento dos blocos estruturais..................................................................28
Figura 8 - Acompanhamento físico de avanço do mês de setembro de 2010.....................30
Figura 9 - Acompanhamento físico de avanço do mês de março de 2011...........................31
Figura 10 - Passagem dos conduítes nos blocos de vedação.............................................33
Figura 11 - Assentamento dos blocos de alvenaria de vedação.........................................34
Figura 12 - Final do assentamento dos blocos de vedação.................................................35
Figura 13 - Montagem dos andaimes na fachada do bloco..................................................36
Figura 14 - Revestimento da fachada externa do bloco........................................................37
Figura 15 – Revestimento externo em argamassa finalizado...............................................38
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tipos de treinamentos............................................................................................19
Tabela 2: Diário de obra.........................................................................................................22
Tabela 2: Controle de recebimentos de blocos na obra.........................................................25
Tabela 3: Programação de entrega de blocos na obra..........................................................26
Tabela 4: Lista de treinamentos de execução........................................................................29
SUMÁRIO
Conteúdo
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
1.1 Justificativa..................................................................................................................3
1.2 Objetivos......................................................................................................................5
1.2.1 Objetivo principal...................................................................................................5
1.2.2 Detalhamento dos objetivos..................................................................................5
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................6
2.1 Planejamento na construção civil.............................................................................6
2.2 Redução de custos com o planejamento.................................................................9
2.3 PDCA..........................................................................................................................10
2.4 Ciclo de planejamento..............................................................................................11
3. METODOLOGIA.................................................................................................................12
3.1 Seleções dos processos a serem acompanhados................................................13
3.2 Registro de imagens...........................................................................................13
3.3 Coleta de dados..................................................................................................15
4. ESTUDO DE CASO...........................................................................................................16
4.1 Descrição da empresa e da obra.............................................................................16
4.2 Etapas a serem estudadas.......................................................................................19
4.2.1 Verificação inicial................................................................................................19
4.2.2 Verificação dos processos escolhidos.................................................................26
4.2.2.1 Alvenaria Estrutural..............................................................................26
4.2.2.2 Alvenaria de Vedação..........................................................................32
4.2.2.3 Revestimento de Argamassa................................................................36
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 40
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 41
1
1. INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil difere e muito das outras, uma vez que apresenta
peculiaridades que refletem uma estrutura dinâmica e complexa. A arte de construir reúne
um conjunto de profissionais, máquinas, equipamentos e materiais que, quando associados,
produzem com qualidade a obra desejada, segundo Souza (1997).
De acordo com Bernardes (2001), o processo de planejamento da construção
constitui uma das mais importantes funções gerenciais. A realização deste processo tem por
objetivo auxiliar o gerente na direção e controle da empresa, coordenar as várias entidades
envolvidas com a construção, orientar a execução do empreendimento, além de facilitar o
controle do mesmo.
Algo que ainda pode ser constatado no mundo da construção civil é a ausência ou a
inadequação do planejamento das obras. Esse fenômeno é sentido muito mais nas obras de
pequeno e médio porte, em sua maioria efetuada por empresas pequenas, por profissionais
autônomos, ou mesmo pelos proprietários, segundo Mattos (2010).
Uma análise econômica do impacto do custo da realização do planejamento indica
que este representa menos de 1% do valor total do empreendimento, enquanto que os
benefícios resultantes da tomada de decisão antes de se iniciar a construção podem trazer
uma economia da ordem de 25% do custo total da produção (Paulson Jr, 1976).
Portanto, o planejamento antes da execução de qualquer obra, independente do
tamanho e de seu público alvo, é de suma importância para o seu sucesso. É nessa etapa
que iremos determinar a mão de obra, o material e ferramentas necessárias para a
execução. Havendo falhas em qualquer item poderão ocorrer atrasos e despesas
desnecessárias para o andamento da obra em questão. E o custo necessário para a
elaboração do planejamento da obra, antes da execução, acaba sendo irrisório perante o
lucro que ele pode proporcionar no final do empreendimento.
É através de projetos bem elaborados que o profissional responsável pela execução
da obra irá elaborar o planejamento da mesma. Essa etapa é essencial para que os
envolvidos não sejam surpreendidos por imprevistos. Mattos (2010) diz “no mundo da
construção o termo projeto geralmente vem associado ao plano geral de uma edificação ou
de outro objeto qualquer, compreendendo o conjunto de plantas, cortes e cotas necessários
à construção, contudo, o termo projeto em sua acepção gerencial pode ser descrito como
2
sendo um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado
exclusivo”.
Com o planejamento da obra os profissionais e até mesmo clientes tem maior
controle das fases da obra, custos, quantidades de materiais e tempo para finalização de
cada etapa. Através dessa organização pode-se agendar a entrega de materiais em
quantidades corretas e a instalações destas no momento ideal.
Cada etapa é acompanhada pelo profissional que fiscalizará e administrará a obra. A
presença deste profissional na obra garante que a obra seja executada exatamente como se
estabeleceu em cada projeto, desde as especificações referentes ao alicerce ate o detalhe
dos acabamentos.
Ao planejar uma determinada obra o gestor adquire um alto grau de conhecimento
do empreendimento, o que lhe permite ser mais eficiente na condução dos trabalhos.
Decisões tomadas precipitadamente costumam ser errôneas, do ponto de vista executivo e
financeiro. E o objetivo principal do planejamento é obter o maior rendimento com custos de
execução para que assim eles sejam os menores possíveis.
Cada vez mais dentro do Brasil aparecem programas sociais voltados para moradias
voltadas para o público de baixa renda, que são aqueles que apresentam salários na faixa
de um a três salários mínimos. A questão da habitação popular teve um crescimento no
final do governo do presidente “Luis Inácio Lula da Silva”, e seu carro chefe é o PMCMV,
que se denomina “Programa Minha Casa Minha Vida”. O PMCMV é um programa do
Governo Federal, gerido pelo Ministério das Cidades e operacionalizado pela “Caixa
Econômica Federal”, que consiste em aquisição de terreno e construção ou requalificação
de imóveis contratados como empreendimentos habitacionais em regime de condomínio ou
loteamento, constituído de apartamentos ou casas que depois de concluídos são alienados
às famílias que possuem renda familiar mensal de até R$ 1.600,00.
O Programa foi lançado em março/2009, com a finalidade de criar mecanismos de
incentivo à produção e aquisição de um milhão de novas unidades habitacionais para as
famílias com renda bruta mensal de até R$ 4.900,00.
No âmbito do PMCMV para as famílias com renda mensal de até R$1600,00
estabeleceu-se inicialmente a meta de contratação de 400 mil unidades habitacionais e,
atualmente, com a continuidade do Programa a meta consiste na produção de 860.000
unidades habitacionais até o ano de 2014, para as operações contratadas com recursos
especificamente do FAR, que se denomina Fundo de Arrendamento Residencial.
A construção das unidades habitacionais ocorre a partir da contratação de
empreendimentos em condomínio ou em loteamento, constituídos de apartamentos ou
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casas. A execução das obras do empreendimento é realizada pela Construtora contratada
pela Caixa, que se responsabiliza pela entrega dos imóveis concluídos e legalizados.
Portanto o planejamento tem sua importância elevada do ponto de vista financeiro para as
construtoras, pois para se obter um lucro em uma obra que inicialmente tem sua verba para
execução baixa é necessário que não ocorram erros de execução e planejamento que
quando acontecem acabam aumentando os valores gastos para a execução e assim
diminuindo o lucro das empresas construtoras.
1.1 JUSTIFICATIVA
Vive-se hoje em dia em sociedades globalizadas nas quais o capitalismo impõe seu
ritmo acelerado para todos os setores e dentre eles a construção civil, que em países como
o Brasil vem crescimento de forma exponencial.
Sob esse panorama se expande a concorrência entre as empresas da construção civil
e dessa forma elas necessitam ajustar os seus cronogramas de execução para que não
percam qualidade, entregando obras dentro dos prazos e com custos equacionados. Para
isso se faz presente e imperativo o planejamento e controle da produção.
Como já foi observado o planejamento e controle da produção são de extrema
importância em todos os âmbitos de atividades industriais. A execução de uma obra
depende de combinações de recursos, tais como: capital, mão de obra, equipamentos e
suprimentos. Com isso há a necessidade de um planejamento e controle destes recursos.
Cada vez mais as empresas construtoras se utilizam de um planejamento para que suas
obras possam ter prazos respeitados e seus custos equacionados, tanto com os materiais
quanto com a mão de obra. Fatos que justificam o presente trabalho de conclusão de curso.
Nos dias atuais existe muita concorrência entre as empresas da construção civil, pois
com o crescimento do mercado imobiliário, cada vez mais obras e oportunidades tem
surgido, por isso aquelas empresas que se prepararem para suprir toda a demanda da
construção civil terão certa vantagem sobre as outras. E o planejamento vem de encontro a
essa necessidade, pois com um planejamento a construtora pode apresentar resultados
melhores do ponto de vista que o cliente, seja qual for, procura, que na grande maioria das
vezes é uma qualidade do produto final dentro dos prazos pré estabelecidos.
Com isso a análise das técnicas de auxilio no planejamento se faz necessária, pois
através dela pode-se ver claramente em qual etapa de execução deveria estar à obra. Em
caso de atraso nos prazos, pode ser verificado se utilizando da programação e do
planejamento da obra onde que ocorreu o erro que ocasionou o atraso e corrigí-lo. Portanto
4
o planejamento é importante para que desta forma possa haver um controle dos recursos,
mão de obra e dos prazos.
O estudo de caso realizado se torna relevante, pois se trata de uma obra voltada para
pessoas de baixa renda, e que se utiliza de técnicas de planejamento de obra, além disso, o
residencial estudado faz parte do programa “Minha Casa Minha Vida” (MCMV) da “Caixa
Econômica Federal” que para liberar a verba para execução acompanha o andamento das
etapas previstas no planejamento da obra.
Segundo Assed (1986), com o planejamento da obra sendo realizado de forma
correta, podem-se obter benefícios tais como:
- Possibilidade de cumprimentos dos prazos estabelecidos;
- Controle sobre mão de obra, materiais e atividades;
- Geração de dados que auxiliem na contratação da mão de obra;
- Emissão de relatórios para evidenciar as etapas da obra.
Outra importância de um planejamento bem elaborado e seguido a risca é que quando
ocorrer algum tipo de problema na obra, o gestor estará observando onde o mesmo ocorreu,
e assim fará um levantamento do ocorrido e um relatório sobre o problema, para que desta
forma nas próximas obras os problemas não voltem a ocorrer.
Do ponto de vista financeiro, o planejamento e controle de obra tem suas
importâncias, pois através dele o gestor do canteiro de obra e a matriz da empresa, através
de seu setor financeiro, saberão antes do inicio da obra quais serão os gastos para a
execução, fazendo com que esse contato entre a obra e a empresa seja mais facilitada e
otimizada.
Outra questão relevante é sobre os pedidos de materiais, pois com o planejamento o
gestor do canteiro e a empresa construtora antes da execução da obra já terão o
levantamento das quantidades de materiais, e as semanas que os mesmos serão
necessários dentro do canteiro, fazendo com que assim os materiais não sejam pedidos
com muita antecedência e assim acabem ocupando um espaço grande dentro do canteiro
de obras. As empresas construtoras de grande porte possuem um setor dentro delas que se
denomina setor de suprimentos, que é o responsável por fazer o pedido de materiais para
as obras, e sabendo das quantidades e datas nas quais os materiais serão necessários
,podem aliar os pedidos com outras obras das mesma construtora, fazendo com que assim
os preços dos materiais caiam, pois a quantidade será maior e com isso pode haver uma
negociação com o fornecedor.
Portanto fica-se evidenciado no presente trabalho a importância de um planejamento e
controle da obra, para que se possa ter um empreendimento de qualidade e que possa ser
entregue dentro dos prazos estabelecidos.
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVOS PRINCIPAIS
Um dos objetivos de maior impacto desse trabalho de conclusão de curso é mostrar
como o planejamento e controle de uma obra são elementos fundamentais para que uma
empresa, seja ela de pequeno ou médio porte, supere os desafios do dia-a-dia, tais como:
fatores climáticos, ausência de material, problemas referentes a projetos e qualidade da
mão de obra. Que são fatos comuns em países de clima tropical, de economia em
desenvolvimento e de mão de obra em processo de desenvolvimento.
Com isso mostrar como um planejamento realizado antes do inicio da execução da
obra pode gerar uma melhora na qualidade do produto final, assim como um respeito aos
prazos e também uma redução de gastos para a execução, sendo esse estudo realizado
com auxílio de um estudo de caso, onde diariamente seria observada a eficácia do
planejamento dentro do canteiro de obras.
1.2.2 DETALHAMENTO DOS OBJETIVOS
Partindo da aquisição de conhecimentos sobre planejamento e controle de obra, neste
trabalho, pretende-se focar os seguintes objetivos:
- Redução dos gastos com a execução;
- Respeito aos prazos pré-estabelecidos,
- Controle de pedidos de materiais.
Todos esses detalhamentos dos objetivos serão baseados em uma revisão
bibliográfica primeiramente e posteriormente em um estudo de caso, onde todos esses
pontos serão checados e avaliados para uma posterior conclusão sobre eles. O estudo de
caso do trabalho apresenta um planejamento de obra, que será detalhado e estudado sobre
sua eficácia. E a obra é voltada para pessoas de baixa renda, assim poderemos analisar a
importância do planejamento para obras que apresentam verbas para execução mais baixas
do que as convencionais.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Por mais conhecimento que se tenha com a prática dentro dos canteiros de obra da
construção civil a necessidade de se conhecer autores que tenham se voltado para estudos
teóricos sobre o planejamento e controle da execução civil se torna muito necessária para
que se possa obter um melhor entendimento do tema.
Há diferentes entendimentos teóricos que podem contribuir com a compreensão das
práticas assumidas pelas empresas de construção civil.
Durante pesquisa bibliográfica executada e direcionando a busca para trabalhos
relacionados ao planejamento e controle de execução de obras populares, foram
encontrados artigos que, em sua maioria, relatam a importância do planejamento como
forma de reduzir custos e melhorar a produtividade como um todo dentro de obras voltadas
ao público de baixa renda.
2.1 PLANEJAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
O setor industrial da construção civil, no Brasil, vive a busca da eficiência produtiva, da
qualidade de seus produtos e de uma melhor adaptação às mudanças que ocorrem em seus
segmentos de mercado. Diante das profundas mudanças na conjuntura setorial, as
empresas construtoras vêm sendo pressionadas a alterarem seus processos de produção
no sentido de reduzir custos e adequar a realidade dos produtos ofertados às condições de
mercado. A necessidade de ganhar eficiência nos processos, nos rearranjos nas estratégias
frente ao mercado desencadeou processos de alterações organizacionais e tecnológicas
como diz Melhado (2001).
Como todos os processos gerenciais de uma organização, o planejamento e controle
da produção devem ser coerentes com a sua estratégia competitiva. Assim, as decisões de
planejamento não podem ser analisadas de forma isolada, mas devem ser discutidas em
conformidade com as prioridades competitivas da empresa, como por exemplo, custos,
qualidade do produto, flexibilidade de saída, velocidade de entrega, confiabilidade de
7
entrega e etc. As quais dependem do mercado no qual a mesma se insere. A definição
destas prioridades é de fundamental importância, já que, em geral, uma empresa não pode
ter um bom desempenho em todas as dimensões competitivas.
Segundo Assed (1986), diz em seu estudo que o planejamento é a função
administrativa que compreende a seleção de objetivos, diretrizes, planos, processos e
programas. Para que os objetivos de uma empresa sejam alcançados, dentro da máxima
eficiência, é indispensável que a empresa obtenha harmonia entre os recursos físicos e
financeiros. Através do planejamento racional, para se obter uma definição precisa dos
recursos necessários, compatíveis com os prazos e custos. Valendo salientar que
deficiências na administração da produção podem ocasionar faltas ou excesso de mão-de-
obra e materiais, conseqüentes atrasos e interrupções na produção.
O processo de planejamento e controle, segundo Scardoelli (1994), não deve ser
confundido com a aplicação de técnicas de planejamento, pois tem um âmbito muito mais
amplo, muito mais organizacional do que técnico, envolvendo diversas etapas, tais como:
coleta de dados, geração de plano (no qual são aplicadas as técnicas), controle, avaliação e
replanejamento.
Dentre as várias inovações que vêm sendo adotadas, pelas empresas de construção,
na área de planejamento e controle, destacam-se segundo Scardoelli (1994):
1.Informatização do planejamento;
2-Exposição de planos de obras simplificados no próprio canteiro, de forma a engajar
a mão-de-obra mais intensamente no alcance das metas;
3-Coleta sistemática de dados para o controle.
O planejamento tem sido citado por diversos autores como um fator primordial para
que seja alcançado êxito na coordenação entre as várias entidades participantes de um
empreendimento, sendo considerado como uma função gerencial básica. Segundo Laufer
(1990), o planejamento é necessário devido a diversos motivos:
1-Obter uma melhor compreensão dos objetivos, clarificá-los, e maximizar a
probabilidade de atendê-los,
2-Definir todos os trabalhos para habilitar cada participante do empreendimento a
identificar e planejar sua parcela de trabalho,
3-Desenvolver uma referência básica para processos de orçamento e programação
mais precisos,
4-Disponibilizar uma melhor coordenação e integração vertical e horizontal, além de
produzir informações e decisões mais precisas,
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5-Evitar decisões errôneas para projetos futuros, através da análise das decisões
atuais,
6-Melhorar o planejamento através da consideração e analise de mais alternativas,
7-Aumentar a velocidade para respostas futuras,
8-Fornecer um padrão para motivar, revisar e controlar a execução do
empreendimento,
9-Explorar a experiência acumulada da gerência e dos empreendimentos executados
em um processo de aprendizado sistemático.
Autores diversos traçam, em seus estudos, diretrizes de como seria um bom
planejamento dentro de um canteiro de obras, sendo válido citar um exemplo, como Mattos
(2010) diz que o planejamento tem que seguir um roteiro com os seguintes passos:
1-Identificação das atividades,
2-Definição das durações,
3-Definição da precedência,
4-Montagem do diagrama de rede,
5-Identificação do caminho critico,
6-Geração do cronograma e cálculo das folgas.
Esse roteiro garante que a obra que o utiliza consiga traçar seus objetivos e planos de
ataque antes mesmo do início da execução, para que desta forma o engenheiro resposável
pela obra saiba onde poderá ter mais problemas durante a execução.
A utilização de um planejamento antes da execução da obra pode acarretar em muitos
benefícios como já foi citado algumas vezes no presente trabalho, porém podemos destacar
alguns principais na lista a seguir:
1- Conhecimento pleno da obra
2- Detecção de situações
3- Agilidade de decisões
4- Relação com orçamento
5- Otimização da alocação de recursos
6- Referência para acompanhamento
7- Padronização
8- Referência para metas
9- Documentação e rastreabilidade
10- Criação de dados históricos
11- Profissionalismo.
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Segundo o PGO, Plano de Gestão da Obra do estudo de caso, a identificação das
atividades consiste na integração das atividades que vão compor o planejamento. É uma
etapa que envolve grande atenção, pois, se algum serviço não for contemplado, o
cronograma ficará inadequado e futuramente o gerente estará às voltas com atrasos na
obra. Geralmente a prática mais utilizada para identificar as atividades é por meio da
elaboração da Estrutura Analítica do Projeto (EAP), que é uma estrutura hierárquica, em
níveis, mediante a qual se decompõe a totalidade da obra em pacotes de trabalho
progressivamente menores.
Toda a atividade do cronograma precisa ter uma duração associada a ela. A duração
é a quantidade de tempo em horas, dias, semanas ou meses que a atividade leva para ser
executada. Há atividades que têm duração fixa, independentemente da quantidade de
recursos humanos e equipamentos alocados. A duração depende, portanto da quantidade
de serviço, da produtividade e da quantidade de recursos alocados.
A definição da precedência consiste na sequenciação das atividades. A precedência
é a dependência entre as atividades, como quem vem antes do outro. Analisando-se a
particularidade dos serviços e a sequência executiva das operações, o planejador define o
inter-relacionamento entre as atividades, criando a espinha dorsal lógica do cronograma.
Nesta etapa, é importante que a equipe da obra chegue a um consenso sobre a lógica
construtiva, o plano de ataque da obra, o relacionamento entre as atividades, a sequência
de serviços mais coerente e exeqüível, para que o cronograma faça sentido.
Quando se acaba de criar o quadro de sequenciação com a lógica da obra e a
duração de cada atividade, o passo seguinte é a representação gráfica das atividades e
suas dependências lógicas por meio de diagrama de rede.
Acabando de se fazer o diagrama, agora começa-se a etapa de calculo da rede para
se obter a duração total do projeto. A sequência que produz o tempo mais longo é aquela
que define o prazo total do projeto, essas atividades recebem o nome de atividades criticas
e o caminho que as une é o caminho critico.
Com isso o produto final do planejamento é o cronograma, representado sob a forma
de gráfico de Gantt. O cronograma constitui uma importante ferramenta de gestão porque
apresenta de maneira fácil de ser lida a posição de cada atividade ao longo do tempo.
2.2 REDUÇÃO DE CUSTOS COM O PLANEJAMENTO
O planejamento como forma de reduzir custos também é assunto muito pertinente
para se estudar, pois a forma mais simplificada de executar uma obra sem que haja um
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custo muito elevado é planejando à obra e cuidando da execução, ou seja, controlando a
obra para que não ocorra custos exacerbados.
O custo de uma obra decresce à medida que ela é mais planejada e controlada, pois
assim eliminam-se custos adicionais provenientes de improvisações, perdas, baixa
produtividade, etc. Todavia, planejar e controlar também resultam em despesas, por isso,
deve-se estar atento para não ultrapassar os limites do planejamento e controle, ou seja,
deve-se ficar atento para que a relação custo x benefício não seja negativa conforme as
afirmações de Assed (1986).
Os custos para produção devem estar interligados ao público que a obra vai atender
no futuro, pois o planejamento deve estar associado ás características do empreendimento.
Os custos, segundo Bernardes (2001), quando associados aos resultados definem no
tempo de aplicação e de retorno a rentabilidade de um empreendimento. Do correto
dimensionamento do custo, depende a viabilidade econômica do empreendimento. Para que
se possa obter rentabilidade em um determinado empreendimento, necessita-se de um
planejamento que reflita, de forma bem realista, as características do empreendimento em
questão.
Um planejamento seguido à risca tende a ter seus prazos de execução e entrega
respeitado, pois através dele é possível seguir e executar todas as etapas da construção
dentro da data pré-estabelecida. Outro ponto importante também é que é possível
diagnosticar através do planejamento onde ocorreu o atraso e/ou falha para que assim
possa ser corrigido rapidamente e até mesmo para que em trabalhos futuros esses
contratempos não venham mais a se repetir.
A avaliação do processo de planejamento e controle é realizada ao final da obra, de
forma a possibilitar a melhoria do processo para empreendimentos futuros, ou durante o
mesmo, quando for longo o período de execução. Esta avaliação pode ser realizada com
base na percepção dos principais intervenientes e também a partir de indicadores do
processo de planejamento e da produção. Em geral, é realizada uma reunião com todos os
envolvidos no processo, na qual são discutidos os principais resultados alcançados, as
dificuldades encontradas e sugestões para melhorias.
Portanto, percebe-se como um planejamento bem elaborado pode ocasionar uma
melhora na execução, com relação a prazos e custos, por isso que cada dia mais as
empresas buscam uma melhor adequação da sua produção ao bom planejamento.
No estudo de caso público do presente trabalho, é bastante evidenciado a relação de
planejamento e custos, pois como se trata de uma obra voltada para o público de baixa
renda, o planejamento traçado pela construtora visa diminuir ao máximo os custos
relacionados a obra para que desse modo possa obter lucro com o empreendimento ao final
da execução, isso vai de encontro ao que foi exposto por Bernades (2001).
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2.3 PDCA
Figura 1 - Ciclo PDCA
O ciclo PDCA, que significa planejar, desempenhar, checar e agir, consiste em uma
seqüência de passos utilizada para controlar qualquer processo definido. É uma ferramenta
que auxilia na organização do processo de implementação de melhorias, dando uma diretriz
para a condução de tais projetos / processo. É também utilizada para o planejamento de
testes para obtenção de informações a respeito de um processo, antes da implementação
de uma melhoria.
O ciclo de PDCA segundo Mattos (2010), informa didaticamente que o processo de
planejamento é de melhoria continua. Primeiramente, planeja-se a obra com o máximo de
dados de que se dispõe como orçamento, equipes, planos de ataque, atentando para o fato
de que o planejamento não é uma missão da área técnica, mas um compromisso geral.
Em seguida procura-se executar a obra como planejado, pois é comum que as
durações atribuídas no cronograma da obra não consigam ser todas obedecidas e
alcançadas, motivo pelo qual é preciso aferir o que foi realizado.
Posteriormente o gerente tem de pensar em como colocar a obra de volta nos eixos,
ou então revisar o planejamento para a nova realidade. Daí o setor de planejamento atualiza
o cronograma com os dados reais e realiza simulações do impacto das possíveis sugestões
de mudança de método ou estratégia, assim como gera a programação de serviços do
período subseqüente.
2.4 CICLO DE PLANEJAMENTO
Segundo Laufer & Tackler (1987, apud, 2004, Machado, p.30): o processo envolve
cinco fases:
12
a) Planejamento do processo de planejamento,
b) Coleta de informação,
c) Preparação de planos,
d) Difusão da informação e
e) Avaliação do projeto de planejamento.
Na primeira fase são tomadas decisões relativas aos níveis de detalhe do
planejamento, freqüência de replanejamento e grau de controle a ser efetuado. Essas
decisões são relativas aos planos que são necessários no processo de planejamento, como
os mesmos são utilizados, seu grau de detalhamento, as técnicas mais apropriadas para
sua construção, quando são preparados, dentre outros segundo Laufer & Tucker (1987).
Na segunda fase, ocorre a coleta das informações necessárias para realizar o
planejamento. Os documentos necessários para a obtenção de informações incluem,
geralmente, contratos, plantas, especificações técnicas, tecnologia a ser usada no canteiro.
Iniciada a construção, o processo de reunião da informação do canteiro continua, mas a
partir desse ponto com ênfase nos recursos consumidos e metas alcançadas como diz
Laufer & Tucker (1987).
As decisões são tomadas na terceira fase, ou seja, na preparação dos planos. Essas
são baseadas nas avaliações das informações na fase anterior. Geralmente, são utilizadas
técnicas de planejamento e programação de recursos, como diagrama de grantt, técnicas de
rede, dentre outras segundo Laufer & Tucker (1987).
A preparação dos planos é na quarta fase: difusão da informação. Essa deve ser
transmitida de acordo com as necessidades de seus usuários e o responsável pelo
planejamento na empresa deve discernir quem deve recebê-las e qual seu formato
necessário, diz Laufer & Tucker (1987).
E a ultima fase corresponde a avaliação de todo o processo de planejamento, que
serve de base para o desenvolvimento deste processo nos próximos empreendimentos.
Com a analise de toda a revisão bibliográfica podemos notar como o planejamento se
torna relevante no canteiro de obras do ponto de vista gerencial, organizacional e e de
controle da obra.
13
3. METODOLOGIA
O método de pesquisa empregado no desenvolvimento desse Trabalho de
Conclusão de Curso pode ser apresentado em três etapas.
A primeira delas compreendeu na realização de uma pesquisa bibliográfica. Essa
primeira etapa teve como objetivo a avaliação de ferramentas que pudessem ser utilizados
para verificar o planejamento e execução de uma obra voltada para a população de baixa
renda.
A segunda etapa consistiu na realização do estudo de caso para investigar o
planejamento dentro da obra e identificar como eles se desenvolviam no canteiro de obras.
Na terceira etapa os dados obtidos foram analisados e foi feita a conclusão deste
estudo.
As considerações da revisão bibliográfica motivaram um segundo momento da
pesquisa, na qual foi conduzido um estudo de caso na construção de um edifício na cidade
de Rio Claro, voltada para a população de baixa renda, através do programa “Minha Casa
Minha Vida” da “Caixa Econômica Federal”.
Nesta etapa buscou-se a utilização de ferramentas, indicadores e dispositivos
visuais para conferir o controle de pessoas e de materiais com o planejamento e controle da
produção desenvolvida na empresa estudada.
Por fim, na terceira etapa, com base nos estudos realizados anteriormente, foram
elaboradas propostas de melhorias para o planejamento e controle de execução no canteiro
de obra.
A estratégia selecionada para a pesquisa foi o estudo de caso, pois, de acordo com
Yin (1994), é a mais adequada quando se quer responder a questões de pesquisa que
envolve “por quê” e “como” os fenômenos estudados apresentam-se no decorrer do tempo.
Essa estratégia de pesquisa permite que sejam observados aspectos temporais e
contextuais do fenômeno em estudo, além de permitir a utilização de formas qualitativas e
quantitativas de análise, sem exigir, no entanto, a documentação de freqüência ou
incidência dos fenômenos estudados ao longo do tempo ou a manipulação dos mesmos
segundo Yin (1994).
14
Yin (1994) ressalta que, antes de se iniciar um estudo de caso, é importante fazer
uma revisão bibliográfica para que seja desenvolvida uma base teórica a respeito do
fenômeno que será analisado.
De acordo com Wacker (1998), a pesquisa bibliográfica é de grande importância para
a construção de uma teoria, pois fornece informações a respeito de domínios de aplicação
desta, as relações entre os seus elementos constituintes e suas definições e, além disso,
indicam quais são as relações importantes a serem investigadas no desenvolvimento de
uma pesquisa.
3.1 SELEÇÕES DOS PROCESSOS A SEREM ACOMPANHADOS
Para a obra selecionada para estudo foram escolhidos processos para serem
acompanhados ao longo da pesquisa. A seleção foi realizada de forma conjunta entre o
pesquisador e o responsável pela obra. Após uma visita ao canteiro de obras para a
verificação dos processos em andamento, foram considerados os seguintes critérios nesta
seleção.
Os processos selecionados não deveriam estar na sua fase final. Deu-se preferência
para os processos que estivessem sendo iniciados no período da pesquisa, para que
houvesse oportunidades de melhorias, caso a empresa concordasse e optasse por efetuar
as modificações com base nos dados coletados em campo.
Os processos selecionados para estudo foram escolhidos os de alvenaria estrutural,
vedação e revestimento externo e eles deveriam ter seus dados relacionados ao
planejamento e controle de obras. Portanto, os processos que não tinham este enfoque não
foram escolhidos.
3.2 REGISTRO DE IMAGENS
De acordo com Yin (1994), as imagens aumentam o poder de comunicação das
informações além de constituírem-se em um importante registro das características do
estudo de caso. Outros autores ressaltam a importância do registro fotográfico de imagens
como um meio de documentar a forma como as atividades são desempenhadas. Esse
registro pode servir ainda como base para a realização de melhorias e para a divulgação de
boas práticas da empresa.
Neste trabalho, o registro fotográfico foi utilizado para documentar a forma como as
atividades eram desenvolvidas no canteiro, bem como para documentar práticas correntes
no trato com estoques e movimentação de materiais, utilização de ferramentas e
equipamentos e mostrar como a obra segue um planejamento pré-estabelecido.
15
3.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada pelo estudante responsável pela pesquisa através de
visitas técnicas ao canteiro de obras. Esta coleta envolvia o responsável pela obra e os
trabalhadores sobre sua responsabilidade, sendo realizada através de entrevistas com os
mesmos. Os dados coletados obrigatoriamente tinham de ser relacionados com
planejamento e controle de obras, e as entrevistas eram feitas sempre acompanhando as
etapas de execução que seriam estudadas no trabalho. Os dados obtidos foram analisados
e processados imediatamente.
16
4. ESTUDO DE
CASO
Como estagiário de engenharia na empresa onde foi feito o estudo de caso de março
de 2011 até atualmente com contrato firmado no qual me apresentava no canteiro de obra
três vezes por semana durante oito horas por dia onde me foram delegadas funções de
acompanhamento da execução, pude testemunhar o rico trabalho cotidiano que envolve um
canteiro de obras, desde a indisposição de um funcionário, como um temporal não esperado
e as providências tomadas pelos superiores que ao contarem com o planejamento
apresentam um suporte maior da empresa.
Nesta etapa estão apresentados os resultados obtidos durante a realização deste
trabalho. Inicialmente abordou-se o estudo de caso realizado na empresa responsável pela
construção dos edifícios do “Residencial Quirino” em Rio Claro/SP. Ao final deste capítulo
serão apresentadas diretrizes para o planejamento e controle de obra dentro do canteiro de
obra, com base na revisão bibliográfica e nos estudos realizados.
4.1 DESCRIÇÃO DA OBRA E DA EMPRESA
A empresa estudada caracteriza-se por ser uma empresa de médioporte com sede na
cidade de Rio Claro/SP. A empresa realiza obras residenciais, comerciais, industriais, de
infraestrutura e obras de arte, tais como, pontes viadutos e passarelas.
A construtora possui um elevado padrão de qualidade nos produtos e serviços e
também se preocupa com prazos e satisfação dos clientes, aumentando assim a segurança
e gerando tranqüilidade na realização dos serviços utilizados.
Essa empresa é especializada e uma das mais renomadas no ramo de estruturas de
pré-moldados no estado de São Paulo, com ramificações no estado de Florianópolis e
inclusive no estado da Bahia na cidade de Camaçari.
O futuro empreendimento “Residencial Quirino” localiza-se à Estrada do Sobrado na
cidade de Rio Claro/SP. Seu projeto compreende a construção de 144 unidades
habitacionais, totalizando uma área construída de 7.152,84 m², comportando áreas para
17
lixeira, guarita, salão de festas, hidrômetro e abrigos de gás, além das vias de circulação e
infra-estrutura interna.
A Tranenge Construções mantém um sistema de QSMS, que significa gestão de
qualidade, segurança, meio ambiente e segurança no trabalho, implementado em vários
setores. Para esse empreendimento está definido o PGO – Plano de Gestão da Obra, que
descreve o sistema de gestão de QSMS voltado para esta obra especificadamente,
conforme os requisitos especificados pela NBR 9001, PBQP-H, NBR 14001 e OHSAS
18001.
A obra em questão faz parte do programa MCMV (Minha Casa Minha Vida) da “Caixa
Econômica Federal”. A obra teve inicio em agosto de 2010 e dentro do cronograma previsto
para a obra a entrega era prevista para outubro de 2011, porém problemas de execução e
planejamento que serão posteriormente discutidos no trabalho a entrega da obra foi adiada
para dezembro de 2011.
Os apartamentos são todos executados em alvenaria estrutural e dentro da obra
trabalham funcionários da própria empresa, assim como empregam mão de obra de outras
duas empreiteiras para ajudar na execução dos serviços.
Analisando agora o planejamento da obra, a programação da obra estudada
encontrava-se detalhada em um cronograma elaborado no pacote computacional MS
Project, o qual apresentava as relações de precedência entre as diferentes atividades, bem
como as datas de início e término de cada uma delas para todo o período da obra. A
empresa elaborou e mantém a obra sob controle do procedimento de gestão PQ-07,
Planejamento e Gerenciamento de Obras que aborda a forma pela qual a empresa planeja e
controla suas obras.
O planejamento da obra está sendo elaborado pelo Gerente de Contrato e pelo
Engenheiro de Obra que definiram o plano de ataque, recursos e EAP (estrutura analítica de
projeto), com base na proposta técnica, no memorial descritivo, especificações, projetos
etc.:
a) Para elaboração do planejamento será feito o acompanhamento físico das
atividades através do cronograma e dos percentuais obtidos nas aferições de campo que
será relatado em uma curva semanal de avanço físico e boletim de “previsto x realizado”. A
atualização é feita semanalmente, considerando o serviço realizado na semana anterior.
Este acompanhamento é realizado através dos programas MS Project, Microsoft Excel. O
dia da atualização semanal do cronograma pode ser alterado de acordo com a solicitação
do cliente.
b) No acompanhamento da obra será analisado o desenvolvimento do serviço. Caso
seja necessário algum ajuste, este será feito em comum acordo com a fiscalização. O
18
controle de mão-de-obra, de equipamentos, de produção, segurança do trabalho e o
gerenciamento financeiro serão elaborados pelo Gerente da Obra, junto com os
responsáveis pelo setor de QSMS e aplicados ao longo da obra, sob a responsabilidade dos
mesmos. Ainda serão utilizados, como recursos para controle e acompanhamento, planilhas
de acompanhamento físico de execução de serviços, gráficos de avanço físico e relatórios
financeiros.
c) Serão afixadas nas paredes da sala da engenharia, os projetos dos prédios para
uma questão de ilustração do avanço físico da obra. (Estes projetos não serão controlados
em relação às revisões nem ao controle de projetos, só terão efeito visual do avanço, não
sendo utilizadas para execução dos serviços).
d) O diário de obras será preenchido diariamente e assinado pelo gerente da obra.
Não haverá controle do diário por parte do cliente, ficando o campo de assinatura do mesmo
em branco.
A Tranenge também se preocupava e se responsabilizava pelos treinamentos dos
operários, que antes de executar qualquer que fosse a atividade dentro do canteiro era
necessário ser treinado para executar a função. Os treinamentos se fazem necessários
devido aos requisitos especificados pela NBR 9001, PBQP-H, NBR 14001 e OHSAS 18001,
e a empresa segue os seguintes parâmetros:
• A Tranenge Construções assegura que seus recursos humanos são
suficientemente competentes para desempenhar as atividades de produção e inspeção
previstas no PGO;
• No processo de seleção e contratação de novos funcionários são adotados critérios
próprios de capacitação que devem ser atendidas pelo candidato;
• A Tranenge Construções fornece treinamentos com o objetivo de proporcionar às
pessoas, conhecimentos e habilidades que, em conjunto com a experiência, melhorem sua
competência. Nos treinamentos fornecidos sempre é enfatizada a importância de atender os
requisitos e às necessidades e expectativas de clientes;
• A eficácia dos treinamentos fornecidos é avaliada em termos de influência na
eficácia e na eficiência do desempenho do funcionário em cada processo;
• Os treinamentos são fornecidos aos funcionários envolvidos em cada serviço crítico
no campo. As equipes de produção, designadas para executar tais serviços serão treinadas
nos procedimentos em que estão envolvidos.
• Os treinamentos na obra são realizados conforme a evolução dos serviços
estabelecidos no planejamento físico da obra, considerando as necessidades de
treinamento definidas na matriz de treinamento apresentadas abaixo.
• Os treinamentos são realizados pela própria obra, sendo que os instrutores são
selecionados da seguinte forma:
19
Tabela 1 -Tipos de treinamentos
TREINAMENTOS
Tipo de treinamento Instrutor
Sistema de Gestão Integrada (Procedimentos de Gestão e procedimentos executivos)
Coordenador QSMS
Procedimentos de Gestão, Ficha Inspeção de Serviço, Tabela de Materiais
Engenheiros, Técnicos
Procedimentos Executivos
Encarregados, Engenheiros, Técnicos.
Segurança, Meio Ambiente
e Saúde - SMS
Técnicos de Segurança do trabalho e
ou gestor ambiental
DDQSMS - Diálogos diários de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
Técnicos de Segurança do Trabalho e ou encarregado/ mestre de obras.
Política QSMS
Engenheiros, Admº ou Técnicos de Segurança do trabalho.
4.2 ETAPAS A SEREM ESTUDADAS
As etapas estudadas foram às seguintes: alvenaria estrutural, alvenaria de vedação e
revestimento em argamassa.
Foi acompanhado o processo de elevação da alvenaria estrutural, o qual abrange os
fluxos de blocos cerâmicos e argamassa de assentamento. Posteriormente foi seguido à
etapa de alvenaria de vedação, o qual abrange os fluxos de blocos de vedação e argamassa
de assentamento e também a passagem das instalações elétricas e hidráulicas e por último
foi estudado a etapa de revestimento em argamassa das áreas externas dos apartamentos.
Durante as visitas técnicas foram coletados dados relacionados ao transporte dos materiais
utilizados (blocos, conduítes e argamassa), esses dados foram analisados e realizou-se o
registro fotográfico, objetivando um melhor entendimento da forma como o mesmo era
executado.
4.2.1 VERIFICAÇÃO INICIAL
20
No começo da pesquisa, realizou-se o diagnóstico inicial do canteiro de obras,
através da visita técnica e do registro de imagens, os quais revelaram a forma de
organização e planejamento da obra. Inicialmente foi questionado para o mestre de obra se
a empresa havia feito um planejamento do canteiro de obras, para que assim ele pudesse
ser analisado e comparado com a realidade da obra. Porém, em relação à organização do
canteiro de obras a empresa não tinha realizado um planejamento e tudo era decidido pelo
engenheiro de campo e o mestre de obra.
Figura 2- Localização do almoxarifado dentro do canteiro
Na figura 1 verifica-se o local do almoxarifado da obra, que se localiza na entrada da
obra. Sendo assim, facilitando a fiscalização dos materiais que chegavam à obra, inspeção
essa que era de responsabilidade do almoxarife da obra e seu respectivo assistente.
A obra apresentou um atraso no inicio da execução, devido a um dos nove blocos de
apartamento terem apresentado um problema de hiper-dimensionamento de sua fundação.
Com isso este bloco em comparação aos outros oito blocos se encontrava muito mais
atrasado. Isso pode ser evidenciado na foto a seguir que mostra a diferença da etapa de
execução entre dois blocos distintos.
21
Figura 3 - Bloco de apartamentos atrasado em relação ao restante
Na figura 2 podemos ver a montagem da laje de um dos pavimentos, as lajes eram
do tipo vigotas pré-moldadas. Na obra em questão o engenheiro de campo se baseava
fielmente ao cronograma de obra, que ficava pregado na sala improvisada em um container
na entrada da obra. As etapas executivas eram bem definidas e respeitavam sua seqüência,
como por exemplo, a alvenaria de vedação do pavimento térreo se iniciava apenas quando
o bloco já estava com sua alvenaria estrutural do terceiro pavimento terminada. Tudo isso
era definido no planejamento antes do inicio da execução, uma vez que quando terminava
de concretar a laje do segundo pavimento, as escoras continuavam posicionadas, fazendo
com que fosse impossível subir a alvenaria de vedação.
O cronograma da obra era verificado através do boletim de avanço físico e curva de
avanço, itens que serão melhores explicados no presente trabalho mais pra frente. Outro
meio de acompanhamento da obra pela empresa era através do diário de obra, que era
preenchido pelo estagiário de engenharia da obra diariamente, abaixo segue um modelo
para explicação.
22
Tabela 2 - Diário de obra
S 4 Q Q S S D
01 Marcação da laje do 3 pav bloco A
02 Marcação da laje do terreo do bloco C
03 Alvenaria 3 pav bloco D, E e B
04 Alvenaria 2 pav bloco I
05 Alvenaria de Vedação bloco D - terreo e 2 pav.
06 Alvenaria 2 pav bloco H
07
EQUIPAMENTOS: QUANT. UN DATA ALUGUELDATA DEVOLUÇÃOOBS.:
01 ALUGADOS: 337
01.01 Martelete 10Kg 1 1 29/11/2010
01.02 Serra Madeira Boch Circular 1 1 06/11/2010
01.03 Martelete 10Kg 1 1 25/10/2010
01.18 Serra madeira dewalk 1 1 05/01/2011
02 PROPRIOS: 0
02.01
02.02
02.03
DIAS DE OBRA CONDIÇÕES METEREOLÓGICAS
DE MANHÃ: Das ___ : ___ hs as ___ : ___ hs. BOM
A TARDE: Das ___ : ___ hs as ___ : ___ hs.10:10 hs as INSTÁVEL
A NOITE: Das ___ : ___ hs as ___ : ___ hs. CHUVOSO
ADM
___________________________ __________________________ APOIO
CONSTRUTORA FISCALIZAÇÃO CAMPO
TRANENGE DIÁRIO DE OBRA
Construções 1. Obra: APARTAMENTOS MCMV DATA UN:
2. Local: RIO CLARO/SP 01/03/2011 264
www.tranenge.com.br 3. Cliente: FAR - CEF
OCORRÊNCIAS FISCALIZAÇÃO
Marcação da alvenaria do 1 pav blocos F e G
EFETIVO
HORÁRIOS DE CHUVASCORRIDOS:_____189____
TEMPO ÚTEIS: ______132_______ x
Como podemos notar todas as etapas de execução diárias eram discriminadas pelo
estagiário que era responsável por fiscalizar em todos os nove blocos de apartamento em
quais etapas cada um estava.
Além das etapas de execução no diário também era discriminado quais
equipamentos eram alugados para auxiliar na execução da obra. Também dentro do diário
eram marcados os horários de chuva em caso de ocorrência da mesma, isso era importante
pois como sabemos a chuva atrasava algumas etapas executivas que não podiam ocorrer
em caso de chuvas, e com o diário os engenheiros tinham um documento que provava que
o atraso no cronograma se deu devido a fenômenos climáticos.
Assim que acumulava uma semana de diário de obra, o estagiário de engenharia
imprimia duas vias de cada dia e entregava a primeira para o engenheiro de obra que
utilizava dele para verificar se as etapas de execução da semana estavam em conformidade
com o cronograma elaborado no planejamento inicial da obra. A outra via era enviada para a
matriz da empresa, mais precisamente para o setor de planejamento de obra da empresa,
que com o diário em mãos e também com as curvas de avanço podia verificar se a obra
estava dentro dos prazos pré-estabelecidos.
23
O diário de obra era uma determinação essencial dentro do programa de qualidade
da empresa, que como já foi falado tinha o selos de qualidade ISO 9001 e PBPQ-H.
Outra questão importante dentro do canteiro era com relação a estocagem dos
materiais, principalmente os blocos estruturais e de vedação. Na foto a seguir é possível
notar como eram estocados os blocos cerâmicos na obra. Inicialmente eles eram estocados
ao lado da entrada da obra e depois se baseando no planejamento que definia quantos
blocos para cada bloco de apartamentos seriam necessários, eles eram transportados para
ao lado dos blocos, facilitando assim seu acesso e transporte para os pavimentos.
Figura 4 - Estoque de blocos cerâmicos
Os blocos ficavam sem proteção no canteiro, apenas em cima de estrado de madeira
para evitar contato diretamente com o solo. Na questão de transporte dos blocos para
dentro dos apartamentos eram utilizados duas técnicas de transportes. Para os pavimentos
inferiores os operários transportavam os blocos cerâmicos através de carrinhos de mão e
até mesmo algumas vezes no braço, já para os pavimentos superiores a obra utilizava-se de
um caminhão manipulador, que transportava os blocos através de um braço mecânico até a
laje onde seria executada a alvenaria, como podemos notar na foto a seguir.
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Figura 5 - Caminhão Manipulador transportando blocos cerâmicos
Do ponto de vista econômico, em conversa com o engenheiro da obra, o mesmo
informou que com o planejamento da obra, não ocorriam sobra de materiais, como por
exemplo, blocos de alvenaria, pois com o planejamento ele sabia quantos blocos deviam ser
pedidos por semana, para a execução da obra naquela semana. Os pedidos dos blocos
eram realizados pelo almoxarifado da obra, que também era responsável pelo seu
recebimento na obra. Na tabela a seguir pode-se ver como que era feito o seu controle
dentro da obra.
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Tabela 3 - Controle de recebimento de blocos na obra
Na tabela 3 pode-se ver que as quantidades de blocos que eram entregues dentro da
obra, as quantidades pedidas já eram decididas pelo planejamento estabelecido antes do
inicio da obra, portanto as quantidades representadas na tabela acima não eram aleatórias.
Na próxima tabela, podemos notar como que eram feito o planejamento de pedidos
de blocos cerâmicos na obra em questão. A entrega era feita considerando 1900 blocos por
frete, por isso em algumas oportunidades vinham mais de um frete de blocos para a obra. A
quantidade de blocos pedidos já vinha estabelecidas no planejamento da obra.
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Tabela 4 - Programação de entrega de blocos na obra
Como podemos notar na tabela os blocos utilizados na obra eram basicamente os
blocos de 39, 34, 19, seccionado e canaleta. Sendo o bloco de 39 o mais utilizado quando
comparado com o restante sendo que que ao final da obra teria o total de 31 entregas de
blocos dentro da obra.
Estando dentro do canteiro foi possível notar que em algumas oportunidades essa
programação de entrega de blocos teve que ser alterada devido a problemas que ocorreram
durante a execução, como a chuva que atrasou o assentamento dos blocos fazendo com
que fosse necessário atrasar a próxima entrega de blocos dentro do canteiro para que desta
forma não ocorresse um acúmulo de blocos dentro do canteiro.
O mais importante deste controle de material era que através dele era possível saber
quantos blocos seriam necessários para finalização da obra.
4.2.2 – VERIFICAÇÃO DOS PROCESSOS ESCOLHIDOS
4.2.2.1 – Alvenaria Estrutural
A alvenaria estrutural na obra foi analisada da seguinte forma:
- Se houve algum atraso de pedido ou entrega do material;
- Se houve desperdício do material;
- Se a etapa de execução estava em conformidade com o cronograma.
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Na obra, a etapa de alvenaria estrutural foi a de maior duração entre todas, uma vez
que todos os nove blocos tinham quatro pavimentos, e todos eram de alvenaria estrutural.
No cronograma inicial, realizado antes do inicio da obra, a etapa da alvenaria estrutural tinha
inicio no começo de agosto de 2010, e termino no mês de outubro de 2011. Além disso, a
quantidade de blocos a serem utilizados semanalmente era discriminado no planejamento.
Na foto a seguir, pode-se notar a execução da alvenaria estrutural em um dos blocos na
obra no seu inicio ainda, no térreo.
Figura 6 - Execução da alvenaria estrutural
Vale ressaltar que a opção da construtora pelo processo construtivo em alvenaria
estrutural se deve pelo fato de a alvenaria estrutural ser um processo racionalizado quando
comparado a outros processos construtivos tradicionais, como por exemplo, o concreto
armado e esta obra seria um teste para posterior inserção no mercado de obras de alvenaria
estrutural da empresa.
O pedido dos blocos estruturais era realizado pelo almoxarifado da obra, que
também era responsável pelo recebimento dos blocos. Na chegada dos blocos o
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almoxarifado conferia se a quantidade de blocos entregues na obra estava condizente com
o que fora pedido para o fornecedor, que no caso da obra em questão era a empresa
Selecta de Itú e Galo de ouro de Rio Claro.
As ferramentas utilizadas para o assentamento da alvenaria, segundo o mestre de
obra e o engenheiro de campo, foram escolhidos de forma que pudesse ter facilitado o
assentamento do material e assim a obra tivesse uma velocidade acelerada. Como
podemos ver na figura a seguir, os materiais que eram utilizados no assentamento na obra
eram as colheres de pedreiros e as bisnagas de argamassa.
Figura 7 - Assentamento dos blocos estruturais
Durante a obra, analisando o cronograma, as etapas de alvenaria estrutural tiveram
uma eficiência de quase setenta por cento do ponto de vista dos prazos para sua execução,
segundo o engenheiro da obra, os motivos para não serem cem por cento será descrito logo
mais abaixo. Do ponto de vista econômico ouve uma ressalva, pois os blocos cerâmicos
estruturais apresentaram um valor unitário relativamente alto e também pode se notar dentro
do canteiro em questão que ouve desperdícios de blocos, principalmente no seu transporte.
Em relação ao seu transporte quando realizados com o auxílio de carrinhos de mãos e os
mesmos passavam por declividades e depressões no solo acabavam fazendo com que
alguns carrinhos virassem e assim quebrassem blocos, e isso não era esperado no
planejamento realizado anterior ao ínicio da obra.
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A empresa por apresentar em seu PGO, planejamento de gestão da obra, obrigava a
todos os seus funcionários e também os das empreiteiras que trabalhava na obra a
passarem por um treinamento do procedimento executivo no qual eles tivessem envolvidos
na obra e esse treinamento no caso da alvenaria estrutural era pra ser realizado pelo
encarregado, engenheiro ou técnico envolvido, porém o que se viu na obra era que o
estagiário de engenharia que é acabava realizando o treinamento, indo na contra mão ao
que o PGO da obra dizia.
Na tabela 5 pode-se notar a ficha de treinamento que cada funcionário ao receber o
treinamento tinha que assinar. A duração desse treinamento em alvenaria estrutural era de
20 minutos.
Tabela 5 - Lista de treinamento de execução
A alvenaria estrutural não podia apresentar atrasos na sua execução, pois com o seu
atraso todas as outras etapas iam acabar se atrasando também, tendo em vista que para a
realização das outras era necessário que a alvenaria estivesse terminada.
30
A fábrica da empresa também se situa em Rio Claro/SP e através do diário de obra
realizado pelo estagiário de engenharia que encaminhava para a matriz da empresa o diário,
era possível traçar as curvas de acompanhamento físico.
Como nota-se na figura abaixo, o primeiro mês apresentava uma produtividade
abaixo do planejamento para o período, pois a curva prevista para a semana estava muito
mais alta do que a curva do realizado semana. Em contato com o engenheiro o mesmo
disse que o atraso na execução era na alvenaria estrutural, e ocorreu porque não estava
previsto que no inicio de setembro fosse chover tanto na região de Rio Claro/SP e por isso
não era possível assentar os blocos e portanto a obra pararia sempre que chovesse.
As etapas de execução que independiam do clima na região estavam previstas para
serem iniciadas apenas para ultima fase da obra, portanto no inicio da obra qualquer
problema climático que existisse ia acabar influenciando na curva de avanço da obra.
Figura 7- Acompanhamento físico de avanço do mês de setembro de 2010
Analisando a curva de avanço pode-se notar que as curvas de serviços previstas
acumulado e realizadas acumulado nunca teriam um retrocesso, pois não era previsto um
retrabalho na obra, já o previsto semana e o realizado semana dependiam do cronograma e
das etapas nas quais a obra se encontrava na data, por isso que o previsto semana a partir
31
do meio da tabela era muito mais elevado do que o do inicio, uma vez que a partir daquela
data iria se iniciar os serviços internos como a vedação por exemplo, que independia do
fenômenos climáticos para sua execução.
Comprovando que a chuva atrasou a execução da alvenaria estrutural na figura
abaixo mostra a mesma curva, porém apresentando resultados no mês de janeiro de 2011.
Como pode se notar a curva entre previsto semana e realizado semana se encontra em
alguns momentos, e até mesmo a de realizado semana acaba em alguns momentos
ultrapassando a de previsto. Isto ocorreu porque como houve um atraso anteriormente por
causa de fenômenos climáticos o esperado para janeiro se juntou ao atrasado que vinha
desde setembro.
Figura 8 - Acompanhamento físico de avanço do mês de março de 2011
A responsabilidade pela execução da curva de avanço ficava a cargo do
engenheiro de campo que se utilizava dos programas MS Project e Excel para traçar as
curvas. E como tentativa de estímulo para melhorar cada vez mais a obra o engenheiro
pregava a curva na parede da sala de engenharia para que todos os responsáveis pela obra
32
pudessem acompanhar como andava a obra e se estavam dentro do cronograma previsto
inicialmente. Outro ponto importante que pode-se analisar no gráfico é que a partir do mês
de março o previsto semana apresenta cerca de 70 por cento de avanço, isso se deve ao
fato de que naquele mês se daria o início a etapa de alvenaria de vedação, que com relação
a alvenaria estrutural se apresenta muito mais rápida, uma vez que sendo uma etapa
considerada interna, não seria afetada em caso de fenômenos da natureza como a chuva
por exemplo.
Portanto, podemos levar em consideração que a obra apresentava
conformidade com o planejamento/cronograma, pois o atraso na etapa de alvenaria só
ocorreu por causa de fenômenos climáticos, que muitas vezes é impossível de se prever
com certeza antecipada. E analisando a curva de avanço podemos notar que o realizado
estava muito próximo do previsto, o que comprova que a etapa estava dentro do prazo
previsto no cronograma.
4.2.2.2 – Alvenaria de Vedação
A alvenaria de vedação na obra foi estudada da seguinte forma:
- Se houve algum atraso do pedido ou de entrega do material;
- Se houve algum desperdício do material;
- Se a etapa de execução está em conformidade com o cronograma.
A etapa de execução da alvenaria de vedação só se iniciou no começo de fevereiro
de 2011, pois conforme o planejamento da obra, apenas quando o bloco de apartamentos
estivesse em seu terceiro pavimento de alvenaria estrutural iria ser dado inicio a execução
da alvenaria de vedação do térreo do mesmo bloco.
Os blocos de vedações não têm função portante na estrutura, então eles podem ser
cortados para que sejam passadas as tubulações elétricas e hidráulicas, com isso eles
geraram mais entulho do que as outras etapas executivas.
Assim como na alvenaria estrutural, a mão de obra envolvida também era obrigada a
passar por um treinamento antes de iniciar a execução.
Na figura a seguir, pode-se ver os conduítes passando pelo vazado dos blocos de
vedação.
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Figura 7 - Passagem dos conduítes nos blocos de vedação
Os materiais utilizados para assentamento dos blocos de alvenaria de vedação na
obra eram similares aos de alvenaria estrutural, conforme podemos ver na figura.
Basicamente era utilizado carinho de mão para transportar a argamassa, colher de pedreiro
e bisnagas de argamassa para sua aplicação. A diferença dos blocos de alvenaria de
vedação para os de alvenaria estrutural era sua resistência a compressão, que no caso do
estrutural era maior.
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Figura 8 - Assentamento dos blocos de alvenaria de vedação
Segundo o engenheiro de campo, a etapa de execução de alvenaria de vedação
apresentou cerca de 60 por cento de eficiência quando comparada com o planejamento pré
-estabelecido antes do inicio da execução. Isto se deu pelo fato de no momento da
execução do assentamento dos blocos, os conduítes eram para estar sendo passados
juntos para que não fosse necessário realizar “rasgos” na parede e evitar desperdício de
material e a contratada para executar toda a parte elétrica e hidráulica da obra acabou
atrasando por problemas internos, como por exemplo, troca de encarregados e também
ocorreu um atraso pelo fato de uma revisão de projeto que fora pedida para empresa
contratada para realizar todos os projetos e suas respectivas revisões, que antes de ser
entregue no canteiro de obra já plotadas era preciso passar pela matriz da empresa através
do setor de projetos que fazia uma vistoria do mesmo para posteriormente entregar o projeto
para o engenheiro de obra e o mestre de obras.
Na foto a seguir pode-se notar o final da execução do assentamento dos blocos
cerâmicos de vedação em um dos quartos do apartamento.
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Figura 9- Final do assentamento dos blocos de vedação
Os blocos cerâmicos de vedação só eram pedidos com antecedência e sua entrega
na obra era uma semana antes da data prevista no cronograma para começarem a
execução dos mesmos, isso para que desta forma não houvesse acúmulos de blocos juntos
com os de alvenaria estrutural no canteiro. Isso foi um pedido feito pelo mestre de obras,
esse pedido era pertinente pois desta forma o canteiro não ficava muito carregado,
facilitando a movimentação dos materiais, equipamentos e pessoas dentro do canteiro.
Durante esta etapa houve apenas um atraso de entrega de blocos, e este atraso foi
ocasionado pela fornecedora de blocos, pois segundo a mesma tinha muito pedidos
acumulados para aquela semana e eles não iriam conseguir suprir a necessidade da obra
em questão. Os blocos de vedação também eram da empresa Selecta.
No canteiro pode-se notar que houve mais desperdício de blocos de vedação do que
os de alvenaria estrutural, isto se deve ao fato de o bloco de vedação não ter função
portante e poder ser “rasgado” para as instalações elétricas, hidráulicas e a tubulação de
gás, como podemos ver na foto.
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Figura 10 – Cortes na parede de vedação
Analisando a curva de avanço que a partir do mês de março contou com o inicio da
etapa de alvenaria de vedação mostrou que o cronograma estava sendo seguido em
conformidade.
4.2.2.3 – Revestimento em argamassa
O revestimento em argamassa na obra foi estudado da seguinte forma:
- Se houve desperdício de material durante a execução;
- Se a execução estava em conformidade com o planejamento/cronograma da obra.
A etapa de argamassa da obra foi à última das etapas analisadas a se iniciar, devido
ao revestimento em argamassa ter sido utilizado apenas na fachada externa dos blocos de
apartamento. Para se iniciar o revestimento em argamassa, era necessário que a etapa de
alvenaria estrutural já estivesse finalizada.
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Para a execução do revestimento em argamassa foram utilizados diversos
equipamentos, tais como: carrinho de mão, colher de pedreiro e andaimes.
Na figura a seguir pode-se ver o último bloco, que atrasou por causa do problema do
hiper-dimensionamento de sua fundação, sendo instalado os andaimes fachadeira, para que
desta forma fosse possível revestir a mesma. É possível notar a diferença entre a etapa de
execução da argamassa externa entre dois blocos distintos quando um ainda estava sendo
iniciado processo, no caso o do centro da figura, já no outro estava terminado.
Figura 11 - Montagem dos andaimes fachadeiras
De todas as etapas, o revestimento em argamassa foi o mais rápido, porém assim
como as outras etapas, foi necessária uma colaboração do clima, pois caso ocorresse
chuva, o revestimento parava.
Com relação ao treinamento da mão de obra para a execução desta etapa era mais
facilitada que as de alvenaria estrutural que requeria uma mão de obra mais qualificada que
a de revestimento externo.
Esta etapa teve atrasos apenas devido a fenômenos da natureza, como a chuva, por
exemplo, que acabou atrasando o término desta etapa em quase um mês, isto tudo
aconteceu porque a região de Rio Claro/SP costuma chover bastante.
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Com relação à compra de materiais assim que era necessária a argamassa o
engenheiro de campo analisava o cronograma e se a obra realmente estava dentro do
previsto para fazer o pedido de material, pedido este que era realizado pelo almoxarifado da
obra.
Na foto a seguir pode-se ver os trabalhadores revestindo a fachada do bloco quase
que terminando aquele bloco e mostra também que todos estavam utilizando os EPIs, que
são os equipamentos de proteção individual, como o cinto de segurança e capacete.
Figura 12 - Revestimento da fachada externa do bloco
Na obra o técnico de segurança responsável cobrava e fiscalizava de perto a
utilização dos equipamentos de segurança sejam eles individuais ou coletivos, pois
semanalmente vinha o engenheiro de segurança fiscalizar a obra quanto a segurança dos
trabalhadores e assim poder prevenir acidentes de trabalho dentro do canteiro de obras.
A foto que se segue pode-se notar o término da etapa de revestimento externo em
argamassa.
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Figura 13 - Revestimento externo em argamassa finalizado
Portanto pode-se concluir que a etapa de revestimento externo em argamassa
estava em conformidade com o cronograma de planejamento da obra e também que não
houve perda considerável de material nem mesmo atraso de entregas deles.
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5. CONCLUSÃO
A vivência como estagiário justamente alocado junto ao setor de planejamento e
controle de obra e o estudo teórico da área me permitiram compreender que teoria e
prática são um binômio que não deve ser deixado de lado na formação de um engenheiro
civil.
A convivência diária com os trabalhadores dos mais altos níveis aos denominados
“peões” de empresa muito me ensinou sobre o respeito a hierarquia no trabalho, o respeito
com cada profissional e o empenho em tornar harmônico o ambiente.
Com o estudo de caso realizado com o suporte da revisão bibliográfica podemos
chegar à conclusão de que planejamento juntamente com controle de obra pode
representar um lucro maior em todas as obras, uma vez que desta forma não teríamos
desperdício, perdas de matérias e etc.
Também podemos concluir que o planejamento pode ajudar muito a obra a respeitar
os prazos de entrega, uma vez que o planejamento ajuda o gestor da obra sob o ponto de
vista de quando tiver que pedir materiais e da quantidade que será necessário
semanalmente.
Obras populares costumam ter gastos menores que obras voltadas para classes de
poder aquisitivo maior, portanto o material utilizado na execução da obra tem que
apresentar um valor final mais baixo do que os usados em outras obras de classes
distintas, uma vez que todo o gasto maior do que o necessário será absorvido pelo preço
final do imóvel, desta forma, aumentando a dificuldade de acesso ao imóvel da classe
popular e para se obter controle de gastos deste material é preciso haver planejamento.
Como pode ser visto no presente trabalho os principais motivos que podem
atrapalhar o cronograma da obra são os fenômenos da natureza, que quando ocorrem
podem atrasar as datas de entrega da obra, portanto seria necessário se prever isso antes
de começar o cronograma e também o controle de pedidos de materiais para que desta
forma nunca faltasse material no canteiro quando fossem necessários.
No ramo da construção civil se a empresa não se adaptar a essas vertentes, ficará
pra trás no mercado altamente competitivo. Por isso a necessidade de se planejar a
execução da obra é de extrema importância para garantir a qualidade, segurança e o prazo
da obra.
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6. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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