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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DE UM EDIFÍCIO COMERCIAL A ETIQUETA PROCEL EDIFICA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA IVNA BAQUIT CAMPOS FORTALEZA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DE UM EDIFÍCIO COMERCIAL A ETIQUETA PROCEL EDIFICA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

IVNA BAQUIT CAMPOS

FORTALEZA 2010

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IVNA BAQUIT CAMPOS

ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DE UM EDIFÍCIO COMERCIAL A ETIQUETA PROCEL EDIFICA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Monografia apresentada à disciplina de Projeto de Graduação do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. José de Paula Barros Neto, D.Sc.

FORTALEZA 2010

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C212a Campos, Ivna Baquit. Análise da adequação de um edifício comercial a etiqueta PROCEL Edifica de eficiência energética / Ivna Baquit Campos. – Fortaleza, 2010.

104 f. il.; color. enc.

Orientador: Prof. Dr. José de Paula Barros Neto Monografia (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de de Tecnologia, Depto. de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Fortaleza, 2010.

1. Arquitetura e Conservação de Energia 2. Construção – Aproveitamento Energético. I. Barros Neto, José de Paula. (Orient.) II. Universidade Federal do Ceará – Graduação em Engenharia Civil. III. Título.

CDD 620

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IVNA BAQUIT CAMPOS

ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO DE UM EDIFÍCIO COMERCIAL A ETIQUETA PROCEL/EDIFICA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Aprovada em ____/____/_____ BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof. Dr. José de Paula Barros Neto (Orientador) Universidade Federal do Ceará - UFC

_______________________________________

Prof. M.Sc. Tomaz Nunes Cavalcante Neto Universidade Federal do Ceará - UFC

_______________________________________

Eng. Geórgia Morais Jereissati Mestrando do PEC

Universidade Federal do Ceará - UFC

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Aos meus pais,

Henrique Câmara e Silvia Helena Baquit

pelo apoio e amor incondicional

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AGRADECIMENTOS Agradeço, inicialmente, ao meu orientador, Professor José de Paula Barros Neto, por ter me acatado como orientando e por toda a dedicação e atenção a mim dispensadas. À Universidade Federal do Ceará, ao Coordenador do Curso de Engenharia Civil Professor Francisco das Chagas Neto e a todos os professores do Curso de Engenharia Civil, por tantos aprendizados novos. Em especial agradeço à Professora Thais da Costa Lago Alves e ao Professor John Kenedy de Araújo pelo apoio a mim dispensado. Ao CNPq, na figura do Gercon, pela oportunidade de desenvolver um interessante trabalho de pesquisa, além da gratificação de estabelecer excelentes amizades. Não poderia deixar de destacar os amigos Sávio, Mário e Lili. Aos meus colegas do NEAB e ao professor Tomaz, que me incentivaram nesta jornada. Em especial às amigas Daniele e Karoline que foram tão importantes durante o desenvolvimento desta pesquisa. Aos colegas de graduação Victor, Daniela, André, Ana Cecília e Camila, que caminharam comigo ao longo de todos estes anos. Gostaria de expressar um agradecimento especial ao meu companheiro Ernesto Molinas, pelo carinho partilhado e pela importante contribuição na realização deste trabalho. Ao meu pai, Henrique Câmara, que sempre me incentivou, com amor e dedicação em minha formação profissional. À minha mãe, Silvia Helena pelo apoio nas horas de trabalho, que esteve sempre ao meu lado acompanhando-me não só na concretização deste trabalho, mas em todas as etapas de minha vida.

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RESUMO

O Brasil passa por uma transformação com relação à questão de eficiência

energética na construção civil. Inserido no contexto da Lei de Eficiência Energética nº 10.295, de

2001 e no Programa Brasileiro de Etiquetagem, em 2009, foi publicado, o Regulamento Técnico

da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e

Públicos (RTQ-C) do programa PROCEL Edifica. Este se propõe a certificar projetos que

prevêem redução de consumo e o uso de energias alternativas. Com isso, o objetivo geral

desta pesquisa é propor diretrizes para a adequação de um empreendimento comercial

existente ao nível máximo de eficiência energética da etiqueta PROCEL Edifica. A estratégia

de pesquisa a ser adotada nessa monografia é o estudo de caso em um empreendimento

comercial localizado na cidade de Fortaleza. O delineamento desta pesquisa compõe-se de

três etapas: a primeira etapa de preparação do estudo de caso com elaboração de ferramentas

computacionais para processo de avaliação; a segunda etapa de determinação do nível de

eficiência energética do empreendimento comercial, e a terceira etapa de identificação das

medidas necessárias à obtenção do nível máximo de eficiência energética da etiqueta

PROCEL Edifica. O edifício foi avaliado pelo método prescritivo obedecendo ao processo

metodológico descrito pelo RTQ-C. Com a avaliação, foram encontrados os seguintes níveis

de eficiência: “C” para a envoltória, “C” para o sistema de iluminação e “B” para o sistema de

condicionamento de ar, resultando no nível “C” para a classificação geral do edifício.

Verificou-se que pequenas alterações no projeto podem levá-lo ao nível máximo de eficiência

energética, como a redução do percentual de abertura das fachadas, redução da transmitância

da coberta, implantação de controle de desligamento automático do sistema de iluminação,

possibilidade de medição centralizada por uso final e adoção de equipamentos de

condicionamento de ar mais eficientes.

Palavras-chaves: construções sustentáveis, eficiência energética, PROCEL Edifica.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 - Fluxograma do processo de avaliação da conformidade ...................................... 47 

Figura 4.2 - zoneamento bioclimático brasileiro ...................................................................... 51 

Figura 4.3 - Formato da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia .................................. 54 

Figura 5.1 - Plantas baixa: (a) térreo (b) mezanino .................................................................. 59 

Figura 5.2 - Vista geral da obra estudada ................................................................................. 60 

Figura 5.3 - Delineamento da Pesquisa .................................................................................... 61 

Figura 5.4 - Fluxograma do processo de etiquetagem do programa PROCEL Edifica ........... 63 

Figura 6.1 - Desenho ilustrativo alvenaria de tijolo cerâmico .................................................. 70 

Figura 6.2 – Tipos de condicionadores de ar: (a) split cassete (b) split ................................... 77 

Figura 6.3 – ENCE do empreendimento avaliado .................................................................... 81 

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 - Categorias da certificação BREEAM. ................................................................. 24 

Quadro 2.3 - Níveis de classificação da certificação BREEAM. ............................................. 24 

Quadro 2.4 - Pontuação requerida pela certificação LEED. ..................................................... 26 

Quadro 2.5 - Famílias e categorias da Qualidade Ambiental de Edifícios ............................... 27 

Quadro 2.6 - Equivalentes numéricos da etiqueta PROCEL Edifica ....................................... 29 

Quadro 2.7 - Classificação final para etiquetagem PROCEL .................................................. 29 

Quadro 2.8 - Resumo de definições das certificações .............................................................. 31 

Quadro 4.1 - Equivalentes numéricos da etiqueta PROCEL Edifica ....................................... 49 

Quadro 4.2 - Classificação final para etiquetagem PROCEL .................................................. 50 

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Critérios da certificação BREEAM ...................................................................... 36 

Tabela 3.2 - Critérios da certificação LEED ............................................................................ 37 

Tabela 3.3 - Critérios da certificação HQE .............................................................................. 38 

Tabela 4.1 - Investimentos e resultados do PROCEL .............................................................. 43 

Tabela 6.1 - Determinação transmitância térmica da alvenaria................................................ 70 

Tabela 6.2 - Parâmetros para determinação da transmitância térmica ..................................... 71 

Tabela 6.3 - Transmitância térmica dos materiais .................................................................... 71 

Tabela 6.4 - Cálculo da transmitância média da parede ........................................................... 71 

Tabela 6.5 - Cálculo da transmitância média da cobertura ....................................................... 71 

Tabela 6.6 - Cálculo da absortância média ............................................................................... 72 

Tabela 6.7 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos da envoltória...................................... 72 

Tabela 6.8 - Caracterização da envoltória a partir das variáveis determinantes do IC ............. 74 

Tabela 6.9 - Resultado da classificação do índice de consumo da envoltória .......................... 74 

Tabela 6.10 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos do sistema de iluminação ................ 76 

Tabela 6.11 - Nível de eficiência do sistema de iluminação pelo método da área ................... 76 

Tabela 6.12 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos do sistema de condicionamento de ar

.................................................................................................................................................. 78 

Tabela 6.13 - Nível de eficiência do sistema de condicionamento de ar.................................. 78 

Tabela 6.14 - Determinação classificação geral do edifício ..................................................... 80 

Tabela 6.15 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos gerais ............................................... 80 

Tabela 6.16 - Nível geral de eficiência com implantação de diretrizes .................................... 85 

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SUMÁRIO

1.    INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13 1.1      Contextualização e justificativa da Pesquisa .............................................................. 13 1.2      Problema de Pesquisa ................................................................................................... 14 1.3      Objetivos ........................................................................................................................ 17 1.3.1    Objetivo Geral ............................................................................................................. 17 1.3.2    Objetivos Específicos ................................................................................................. 17 1.4      Limitação da pesquisa .................................................................................................. 17 1.5      Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 18 2.    SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................. 19 2.1      Considerações Iniciais .................................................................................................. 19 2.2      Construções Sustentáveis ............................................................................................. 19 2.3      Metodologias de Avaliação Ambiental ....................................................................... 22 2.3.1    Certificação BREEAM ............................................................................................... 23 2.3.2    Certificação LEED ...................................................................................................... 25 2.3.3    Certificação HQE ........................................................................................................ 26 2.3.4    Programa PROCEL Edifica ........................................................................................ 28 2.4      Considerações Finais .................................................................................................... 31 3    EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ......................................................................................... 32 3.1      Considerações Iniciais .................................................................................................. 32 3.2      Eficiência energética na construção civil .................................................................... 32 3.3      Critérios de Eficiência Energética nas Certificações ................................................. 35 3.3.1    Certificação BREEAM ............................................................................................... 35 3.3.2    Certificação LEED ...................................................................................................... 36 3.3.3    Certificação HQE ........................................................................................................ 37 3.3.4    Etiquetagem PROCEL Edifica ................................................................................... 39 3.4      Considerações Finais .................................................................................................... 40 4    PROCEL EDIFICA .......................................................................................................... 41 4.1      Considerações Iniciais .................................................................................................. 41 4.2      PROCEL........................................................................................................................ 41 4.3      PROCEL Edifica .......................................................................................................... 45 4.3.1    Método de determinação da eficiência ....................................................................... 46 4.3.1.1 Método prescritivo: envoltória .............................................................................. 51 4.3.1.2 Método prescritivo: sistema de iluminação........................................................... 52 4.3.1.3 Método prescritivo: sistema de condicionamento de ar ........................................ 52 4.4      Considerações Finais .................................................................................................... 55 5    METODOLOGIA ............................................................................................................. 57 5.1      Considerações Iniciais .................................................................................................. 57 5.2      Estratégia de Pesquisa .................................................................................................. 57 5.3      Delineamento da Pesquisa............................................................................................ 58 5.3.1   Descrição da empresa e do empreendimento estudado ............................................... 58 5.3.2   Etapas da Pesquisa ....................................................................................................... 60 5.4      Considerações Finais .................................................................................................... 64 6    RESULTADOS .................................................................................................................. 66 6.1      Considerações Iniciais .................................................................................................. 66 6.2      Preparação do estudo de caso ...................................................................................... 66 

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6.2.1    Planilhas computacionais ............................................................................................ 66 6.2.2    Orientação para processo de etiquetagem ................................................................... 67 6.3      Condução do estudo de caso ........................................................................................ 68 6.3.1    Etapa de projeto .......................................................................................................... 68 6.3.1.1        Envoltória ............................................................................................................... 68 a)                 Análise dos Pré-requisitos da envoltória .......................................................... 69 b)  Determinação do Índice de Consumo da envoltória ......................................... 73 c)  Resultado final da classificação da envoltória .................................................. 75 6.3.1.2        Sistema de Iluminação ............................................................................................ 75 a)  Pré-requisitos específicos do sistema de iluminação ........................................ 75 b)  Determinação da Densidade de Potência de Iluminação .................................. 76 c)  Resultado final da Avaliação de Iluminação .................................................... 77 6.3.1.3        Sistema de condicionamento de Ar ......................................................................... 77 a)  Pré-requisitos específicos do sistema de iluminação ........................................ 77 b)  Avaliação do nível de eficiência dos aparelhos ................................................ 78 c)  Resultado final da Avaliação do Sistema de Condicionamento de Ar ............. 78 6.3.1.4        Nível global de eficiência energética ...................................................................... 79 a)  Nível de eficiência geral do edifício ................................................................. 79 b)  Pré-requisitos gerais ......................................................................................... 80 c)  Resultado do nível global de eficiência energética do edifício ........................ 80 6.3.2    Etapa de inspeção ........................................................................................................ 81 6.4      Proposição de diretrizes ............................................................................................... 82 6.4.1    Envoltória .................................................................................................................... 82 6.4.2    Sistema de Iluminação ................................................................................................ 83 6.4.3    Sistema de Condicionamento de Ar ............................................................................ 84 6.4.4    Classificação Global ................................................................................................... 84 6.5      Considerações Finais .................................................................................................... 85 7    CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 86 7.1      Dificuldades observadas ............................................................................................... 87 7.2      Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................ 88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 89 ANEXO 01 – Orientação para o processo de etiquetagem voluntária do nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos. ................................. 97 

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização e justificativa da Pesquisa

Desenvolvimento sustentável é atualmente tema de destaque dos debates nas

diversas esferas, econômica, política e social. O relatório Brundtland define desenvolvimento

sustentável, como “aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades” (WCED, 1987).

A preocupação com os impactos social e ambiental das empresas relativos à suas

atividades vem sendo forçada pelas exigências cada vez mais presentes por parte da sociedade

civil, de investidores, financiadores e consumidores. Estas práticas sustentáveis quando

adotadas pelas empresas, nos dias de hoje, têm valorizado seus títulos em bolsas de ações,

como: Dow Jones e Bovespa (PARDINI, 2009).

A indústria da construção civil, por sua vez, é responsável por expressivos

impactos ambientais, nas fases de construção, uso, demolição ou até desativação do ambiente

construído. Por isso, o ambiente construído tem sido um dos focos das discussões sobre a

busca por padrões mais sustentáveis de desenvolvimento. No âmbito internacional, a busca

pelos padrões de sustentabilidade já se encontram em um estágio avançado. A prova disso é a

crescente discussão acerca de edificações sustentáveis (PICOLI et al. 2008).

Para Brandli (2007), a medição do desempenho ambiental de uma edificação é

fundamental para o desenvolvimento sustentável, para administrar os impactos ambientais e

os altos níveis de desperdício causados pela construção civil. As medições fornecem assim

aos gestores as informações necessárias à tomada de decisões e ao desenvolvimento de ações

de melhoria no desempenho sustentável do ambiente construído.

Com isso, uma série de métodos surge em todo o mundo, com o objetivo de

avaliar o nível de desempenho ambiental das edificações. Dentre eles podemos destacar o

primeiro sistema de avaliação ambiental de edifícios desenvolvido: Building Research

Establishment Environmental Assessment Method (BREEAM), que foi lançado no Reino

Unido e serviu de embasamento para vários outros métodos; Além disso, temos: a certificação

americana Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), metodologia com maior

potencial de crescimento, fruto de grandes investimentos realizados para sua divulgação; a

certificação francesa Haute Qualité Environmentale (HQE) inovadora, pois, avalia o sistema

de gestão do empreendimento além de suas características de desempenho; e a etiqueta de

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eficiência energética desenvolvida pelo Programa Nacional de Conservação de Energia

Elétrica (PROCEL) (SILVA, 2007).

Dentre os quatro métodos de avaliação ambiental citados anteriormente, este

estudo tem como foco o PROCEL e mais especificamente o Programa Nacional de

Conservação e Eficiência Energética em Edificações (PROCEL Edifica). Desenvolvido como

mecanismo de avaliação da conformidade para classificação do nível de eficiência energética

de edificações pelo Ministério de Minas e Energia em parceria com as Centrais Elétricas

Brasileiras (Eletrobrás) e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (Inmetro), o programa PROCEL Edifica se propõe a certificar projetos que prevêem

redução de consumo e o uso de energias alternativas, estimulando a adoção de ações nesse

sentido (SANTOS; SILVEIRA, 2009). Desde 2009, a etiqueta se aplica a edifícios

comerciais, de serviços e públicos, e em novembro de 2010 foi lançado também o

regulamento para avaliação de edifícios residenciais.

Atualmente, segundo Inmetro (2010), apenas doze empreendimentos em todo o

país possuem a etiqueta de eficiência energética do programa PROCEL Edifica. porém

acredita-se que a atuação do programa irá crescer consideravelmente com as perspectivas de

obrigatoriedade da etiquetagem no Brasil, que atualmente possui caráter voluntário

(TAMAKI, 2009). Segundo Casella (2010), a etiqueta ainda terá uma maior abrangência com

o lançamento para edificações residenciais previsto para o final do ano de 2010 e com o

grande números de construções nos próximos seis anos, consequência da Copa de 2014 e das

Olimpíadas de 2016, em que será disponibilizada uma linha de crédito pelo Banco Nacional

de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para construção, reforma, ampliação e

modernização de hotéis, através do programa BNDES ProCopa Turismo, que tem como

exigência a obtenção da classificação do nível máximo de eficiência energética do PROCEL

Edifica (BNDES, 2010).

1.2 Problema de Pesquisa

Para formulação do problema de pesquisa foi realizada uma análise da produção

científica sobre sustentabilidade na construção civil em dois importantes eventos científicos:

Simpósio Brasileiro de Gestão da Economia da Construção (SIBRAGEC) nos anos de 2005,

2007 e 2009 e o Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ENTAC) nos

anos de 2004, 2006 e 2008. Ao observar a amostra, que totaliza 252 artigos, pode-se observar

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a pequena abordagem relativa à eficiência energética. Este tema é discutido em apenas 10

artigos publicados ao longo destes anos, o que corresponde a 4,0% da amostra.

Durante este período, os artigos relacionados à eficiência energética abordavam o

consumo de energia embutida nas edificações e os impactos ambientais gerados pela indústria

da construção. Cruz e Ferreira, 2004; Tavares e Lamberts, 2006; Esteves e Gelardi, 2006;

Tavares e Lamberts, 2008; Taborianski, Simoni e Prado, 2008 destacam o uso de recursos

naturais e consumo de energia para fabricação dos materiais da construção, enquanto Maciel

et al., 2006; Qualharini e Ducap, 2008; Niemeyer et al., 2008; Leão Junior e Bittencourt,

2008; Santos, Urbanetz Junior e Ruther, 2008 tratam da avaliação do desempenho das

edificações, analisando e sugerindo ações sustentáveis, estratégias bioclimáticas e soluções

inovadoras no projeto arquitetônico, a fim de minimizar o consumo energético.

Em 2010, o cenário de publicações sofre grandes mudanças. O fato pode ser

observado através das mais de cem publicações na área temática de conforto ambiental e

eficiência energética, apresentadas no encontro ENTAC. Um forte sinalizador desta mudança

é o lançamento, no final de 2009, do Regulamento Técnico da Qualidade para Edifícios

Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) do programa PROCEL Edifica.

Nas publicações deste encontro são avaliados diversos conceitos para atingir o

conforto ambiental e eficiência energética nas edificações, tais como: o conforto térmico do

ambiente construído, com análise do desempenho dos materiais construtivos e possíveis

técnicas que contribuam para melhorar o desempenho térmico das edificações (TUBELO;

SATTLER, 2010; OLIVEIRA et al., 2010; GRAF; TAVARES; SCHMID, 2010;

LUKIANTCHUKI; PRADO; CARAM, 2010; MENDOÇA et al., 2010); o conforto lumínico,

no qual são avaliadas as condições de iluminação natural e artificial das edificações

(FERNANDES et al., 2010; ROSSETI et al., 2010; MORELLO; KRUM; SATTLER, 2010);

e a análise de estratégias bioclimáticas que poderão possibilitar o atendimento das condições

de conforto e de economia de energia nas edificações ( POUEY; SILVA, 2010; RODRIGUES

et al., 2010; CORREIA; BARBIRATO, 2010).

Pode ser observado que as publicações que tratam acerca da aplicação do

regulamento RTQ-C para avaliação do desempenho ambiental das edificações, muitas vezes,

são aplicadas em edifícios educacionais, em campus universitários (PEDRINI et al., 2010;

TEIXEIRA; CUNHA, 2010; LEDER; LIMA, 2010; CARVALHO et al., 2010; NOGUEIRA

et al., 2010). Esta prática vem de encontro à idéia de aplicar o RTQ-C para instrumentalizar o

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corpo técnico da universidade no que diz respeito à eficiência energética das edificações

(TEIXEIRA; CUNHA, 2010). Alguns artigos avaliam edifícios já existentes nas

universidades, enquanto outros elaboram projetos, com aplicação dos conceitos de eficiência

energética, para construções futuras e analisam seus desempenhos ambientais pela

metodologia de etiquetagem.

De acordo com Souza et al. (2010) a implantação de um novo regulamento requer

uma fase de adaptação dos profissionais e do mercado envolvido. Corroborando essa idéia há

a constatação de que o mercado, atualmente, apresenta poucos profissionais que dominam o

processo de certificação e que são capacitados na aplicação e consultoria do regulamento.

Assim, o Núcleo de Engenharia e Arquitetura Bioclimática (NEAB), grupo de

pesquisa vinculado a Universidade Federal do Ceará (UFC), cuja pesquisadora é membro

participante, iniciou suas pesquisas na área de conforto ambiental e eficiência energética, e

atualmente tem como foco de pesquisa o programa PROCEL Edifica. O objetivo principal do

grupo é se tornar um organismo acreditado pelo INMETRO, capaz de etiquetar edificações

comerciais, de serviços e públicos.

Em uma pesquisa realizada por pesquisadores do referido grupo, nas principais

construtoras da cidade de Fortaleza, por Andrade et al. (2009), acerca do nível de

conhecimento sobre Certificação de Edifícios Verdes, os autores constataram que ainda não

existem edifícios certificados na cidade e que o mercado da construção civil cearense

encontra-se desatualizado e com ações tímidas em relação aos sistemas de certificação.

Porém, várias das empresas entrevistadas demonstraram interesse no conhecimento e

aplicação de sistemas de avaliação ambiental em seus empreendimentos. Assim, o grupo

propõe-se a estabelecer diretrizes para encorajar o setor cearense da construção à inclusão no

cenário nacional das certificações.

Com isso, esta pesquisa serviu como ferramenta de capacitação à metodologia de

avaliação do RTQ-C e também se propõe a servir de auxílio para empresas interessadas em

conhecer e até implantar o sistema de etiquetagem do nível de eficiência energética em seus

empreendimentos.

Frente ao aspecto da obrigatoriedade iminente da etiquetagem e da importância da

questão eficiência energética nas edificações, este trabalho se propõe fazer uma investigação

em um edifício comercial buscando responder a pergunta que norteará este estudo: Como

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adequar um empreendimento comercial já existente ao nível máximo de eficiência energética

da etiqueta PROCEL Edifica.

1.3 Objetivos

O estudo toma como objeto a etiquetagem nacional de conservação de energia do

PROCEL Edifica, através do Plano de Ação para Eficiência Energética. Desta forma, com

base no contexto inicial apresentado sobre o tema, propõem-se os seguintes objetivos:

1.3.1 Objetivo Geral

• Propor diretrizes para a adequação de um empreendimento comercial

existente ao nível máximo de eficiência energética da etiqueta PROCEL

Edifica.

1.3.2 Objetivos Específicos

Esse objetivo geral, por sua vez, provoca os seguintes objetivos específicos:

• Elaborar ferramentas para processo de avaliação da eficiência energética.

• Determinar o nível de eficiência energética do empreendimento comercial.

• Identificar medidas necessárias à obtenção do nível máximo de eficiência

energética da etiqueta PROCEL Edifica para um edifício comercial.

Em consonância com os objetivos a serem alcançados a pesquisa se caracteriza

por ser qualitativa seguindo a estratégia de estudo de caso qualitativo. O estudo é do tipo

exploratório e descritivo.

1.4 Limitação da pesquisa

Este trabalho possui algumas limitações que merecem ser consideradas. A

pesquisa foi realizada em uma empresa de pequeno porte que trabalha com sistema de

construção por administração, terceirizando diversos serviços, entre eles as instalações

elétricas e hidrosanitárias, fundamentais para o processo de etiquetagem.

Por tratar-se de um estudo de caso com análise de uma única empresa, os

resultados encontrados retratam a realidade da empresa em questão, desta forma, o estudo

serve como uma indicação não podendo ter generalizado seus resultados.

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18

1.5 Estrutura do Trabalho

Esta monografia encontra-se estruturada ao longo de sete capítulos, os quais

abordam o referencial teórico, a metodologia da pesquisa e os resultados alcançados, além

deste capítulo de introdução e das considerações finais.

O primeiro capítulo de introdução trata da contextualização e justificativa da

pesquisa, objetivos, geral e específico, além do problema e limitações da pesquisa.

O segundo capítulo apresenta as questões de sustentabilidade na construção civil,

com apresentação das metodologias de avaliação ambiental.

No terceiro capítulo apresentam-se as questões de eficiência energética nas

edificações, bem como a análise dos critérios de eficiência em cada metodologia.

No quarto capítulo apresenta-se o PROCEL com seus investimentos e áreas de

atuação, além do detalhamento da metodologia de etiquetagem do programa PROCEL

Edifica.

No capítulo cinco, apresenta-se a metodologia utilizada para o desenvolvimento

deste trabalho. Discorre-se acerca da estratégia de pesquisa, do delineamento da pesquisa

composto por três etapas, além de uma breve apresentação da empresa e do empreendimento

estudado.

Seguindo, no capítulo seis serão apresentados e discutidos os resultados

encontrados no estudo de caso e proposta diretrizes de adequação.

O sétimo capítulo expõe as considerações finais acerca da pesquisa, as principais

dificuldades encontradas para sua realização, além de sugestões para trabalhos futuros.

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2 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo são discutidos o surgimento da preocupação e as primeiras atitudes

tomadas quanto aos problemas ambientais causados pela indústria da construção civil. Em

seguida, discorre-se sobre as metodologias de avaliação ambiental de edifícios mais

abrangentes no país, BREEAM, LEED, HQE e o PROCEL Edifica, definindo todo processo

metodológico de cada certificação: seu surgimento, as categorias abordadas, além dos níveis

de certificação e tipos de edificação que podem ser aplicadas.

2.2 Construções Sustentáveis

Dez anos após a virada do século, pode-se identificar o desenvolvimento

sustentável como o grande tema para o século XXI, sendo tanto uma ideologia quanto objeto

de políticas de governo. Segundo Souza (2002), apesar de não ser recente e de já ter sido

tratada por muitos no passado como uma questão ideológica de grupos ecologistas que não

aceitavam a sociedade de consumo moderna, com suas conseqüências ambientais trazidas

pelo crescimento econômico, a preocupação com a preservação ambiental assume atualmente

uma importância cada vez maior para as empresas e a sociedade, provocando atitudes

estratégicas e medidas que buscam a preservação ambiental e social.

As tentativas de atuar sobre problemas ambientais em escala internacional datam

do início do século XX, mas, segundo Barbieri (2004), as questões ambientais apenas se

consolidaram em escala internacional, começando a se tornar uma preocupação

verdadeiramente global e integrada, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Humano, realizada em Estocolmo em 1972. Esta conferência provocou discussões na

Organização das Nações Unidas (ONU) que levaram à criação da Comissão Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, ou WCED sua sigla em inglês), em 1983, que

no desenvolver de seus trabalhos publicou, em 1987, o livro intitulado Nosso Futuro Comum

(também conhecido como Relatório Brundtland, nome da presidenta da Comissão Gro

Brundtland, primeira ministra da Noruega). Esta publicação teve o intuito de discutir e propor

meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação

ambiental. No relatório propõe-se o conceito de desenvolvimento sustentável, como “aquele

que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras

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gerações satisfazerem suas próprias necessidades” (WCED, 1987). Desde então esse conceito

tem se consolidado como um paradigma consensual de diferentes visões sobre a questão

econômica e o meio ambiente. Dentro deste paradigma surge a necessidade das organizações

de gerenciar questões sociais e ambientais ou repensar a organização frente ao que veio a se

chamar de sustentabilidade empresarial (o equilíbrio de longo prazo das variáveis

econômicas, sociais e ambientais).

Nos dias atuais desenvolvimento sustentável é uma questão muito debatida em

diversas áreas de conhecimento trazendo diferentes abordagens conceituais. Atitudes tomadas

no ambiente construído refletem fortemente no desenvolvimento sustentável. Esta

preocupação em buscar um modo de vida que não comprometa a sobrevivência de gerações

futuras se deu em função das diversas catástrofes ambientais ocorridas no mundo nas últimas

décadas, devido, em grande parte, ao aumento da temperatura global causada pela crescente

emissão de gases poluentes na atmosfera (LEÃO JUNIOR, BITTENCOURT, 2008).

Segundo Picolli et al (2008), as empresas estão sendo forçadas a se preocuparem

com os impactos sociais e ambientais causados por suas atividades, por conta de exigências

cada vez mais presentes por parte da sociedade civil, de investidores, financiadores e

consumidores.

O movimento para um desenvolvimento sustentável vem se destacando em todo o

mundo há duas décadas, causando uma mudança significativa na construção em um período

de tempo relativamente curto. A construção sustentável, uma das áreas do desenvolvimento

sustentável, aborda o papel do ambiente construído, contribuindo, assim, para a visão global

da sustentabilidade (KIBERT, 2007).

No setor da construção civil, a sustentabilidade, o impacto ambiental e os altos

níveis de desperdícios têm sido pauta de ampla discussão durante as últimas décadas,

especialmente na esfera acadêmica (SALVETTI; CZAJKOWSKI; GÓMEZ, 2010;

CARVALHO et al., 2010; FOSSATI; LAMBERTS, 2010; FONSECA et al., 2010). Isto vem

ocorrendo porque a indústria da construção tem sido responsável por impactos significativos

sobre o meio ambiente. A construção de edifícios, assim como de obras de infra estrutura,

consome energia desde as fases de extração de materiais junto a jazidas até as de demolição

(BRANDLI et al, 2007).

Construção sustentável é um conceito que requer a consideração de objetivos

sustentáveis no processo de decisão em todas as fases do ciclo de vida da edificação. Tendo

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em vista a complexidade envolvida para a obtenção da sustentabilidade na construção, não há

um modelo único para a construção sustentável, sendo que o desafio de medir

sustentabilidade reside no fato de que sustentabilidade não é mensurável (BAE, KIM, 2007).

A organização Conseil International Du Batiment (CIB) define construção

sustentável como a criação e o desenvolvimento de um processo de construção saudável,

baseado em recursos eficientes e design ecológico. O CIB estabeleceu sete princípios para a

construção sustentável: Reduzir, reutilizar e reciclar os recursos, proteger a natureza, eliminar

elementos tóxicos, aplicar o ciclo de vida de custeio e focar na qualidade. Estes princípios são

aplicados em todos os recursos: solo, materiais, água, energia e ecossistema, durante todo o

ciclo da construção (KIBERT, 2007).

No entanto, sabe-se que os requisitos referentes à construção sustentável serão

priorizados de acordo com as características de cada região, do local a ser aplicado, isto é,

dependentes dos recursos naturais disponíveis, das tecnologias existentes, clima, leis e

regulamentos já existentes, além da cultura e tradição de cada um. Tudo isso aliado ao nível

de desenvolvimento de cada país em relação às três dimensões da sustentabilidade: social,

ambiental e econômica. Onde a social está associada à educação da população e suas

condições de trabalho e moradia; a dimensão ambiental referente às políticas e práticas locais

de proteção ao meio ambiente e a econômica, relacionada ao nível do desenvolvimento

industrial, de geração e distribuição de renda (PARDINI, 2009).

Segundo Brandli et al (2007), a medição do desempenho de uma edificação é

fundamental para o desenvolvimento sustentável. As medições fornecem aos engenheiros e

arquitetos as informações necessárias à tomada de decisões e ao desenvolvimento de ações de

melhoria no desempenho sustentável do ambiente construído. Para Triana e Lamberts (2007),

o desenho das edificações pode ser um dos grandes aliados para a melhoria da situação atual

no que se refere aos problemas ambientais. Desta forma, edificações projetadas com critérios

de eficiência energética se apresentam como sendo algo imperativo neste momento.

Na década de 70, com a crise do petróleo, foram desenvolvidas diversas

iniciativas de avaliação de edificações, visando à maximização da eficiência energética dos

edifícios. Resultante da propagação da conscientização ambiental, na década de 90 há o

surgimento e a difusão do conceito de projeto ecológico (ou do inglês green design) (SILVA,

2007).

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Com as discussões a respeito dos impactos da construção civil no meio ambiente,

observou-se o surgimento de metodologias, assim como investimentos em certificação de

edifícios baseada em critérios e indicadores de desempenho que expressam o consumo de

energia ou o impacto ambiental e que tem como objetivo a avaliação da qualidade ambiental

da edificação (SALGADO, 2008). Estas metodologias de avaliação ambiental de edifícios

surgiram na década de 90 na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá como parte das

estratégias para o cumprimento de metas ambientais locais. Todos esses métodos tinham um

objetivo comum: visavam encorajar a demanda do mercado por níveis superiores de

desempenho ambiental (SILVA, 2007).

Segundo Yudelson (2008), o termo green building, ou seja, edifício verde engloba

todas as iniciativas dedicadas a construções com alto desempenho capazes de reduzir seus

impactos sobre o meio ambiente e a saúde humana. Um edifício verde é projetado utilizando

os recursos de forma mais eficiente, com economia de energia e água, permitindo a redução

dos impactos ambientais através de reutilização ou reciclagem de materiais, aumentando a

vida útil destes materiais utilizados.

2.3 Metodologias de Avaliação Ambiental

A necessidade de avaliar o nível do desempenho ambiental das edificações surge,

pois, mesmo nos países que já aplicavam conceitos ecológicos em seus projetos, mas não

possuíam meios de verificar quão “verdes” eram os edifícios. Além disso, o considerável

crescimento de interesse pela avaliação ambiental de edifícios feita pelas certificações, por

conta dos pesquisadores e agências governamentais, ocorre por este sistema de certificações

ser um dos métodos mais eficientes para elevar o nível de desempenho ambiental das

edificações (SILVA, 2007).

Os sistemas de avaliação e certificações possuem, ainda, caráter voluntário e

deverá ser adotado por conscientização ambiental ou por questões estratégicas de

competitividade.

Vários países possuem ao menos um sistema de avaliação de edifícios. Dentre eles

destaca-se: o Building Research Establishment Environmental Assessment Method

(BREEAM), primeiro sistema de avaliação ambiental de edifícios desenvolvido, que serviu de

embasamento para vários outros métodos, tendo sido lançado no Reino Unido; a certificação

americana Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), metodologia com maior

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potencial de crescimento, fruto de grandes investimentos realizados para sua divulgação; a

certificação francesa Haute Qualité Environmentale (HQE), inovadora, pois, avalia o sistema

de gestão do empreendimento além de suas características de desempenho, e a etiqueta de

eficiência energética desenvolvida pelo Programa Nacional de Conservação de Energia

Elétrica (PROCEL) (SILVA, 2007).

2.3.1 Certificação BREEAM

A certificação britânica Building Research Establishment Environmental

Assessment Method, BREEAM é o primeiro e mais conhecido método de avaliação ambiental

de edifícios, lançado no Reino Unido em 1990 por pesquisadores do Building Research

Establishment (BRE) e do setor privado, em parceria com a indústria, visando à medição do

desempenho das edificações (SILVA, 2007). Este sistema de avaliação possui como objetivos

específicos:

• Distinguir edifícios de menor impacto ambiental no mercado;

• Encorajar práticas ambientais de excelência no projeto e execução,

gestão e operação;

• Definir critérios e padrões indo além daqueles exigidos por lei, normas

e regulamentações;

• Conscientizar proprietários, ocupantes, projetistas e operadores quanto

aos benefícios de edifícios com menor impacto ambiental.

O BREEAM fornece um processo formal de avaliação embasado em uma

auditoria externa e os edifícios são avaliados independentemente por avaliadores treinados e

indicados pelo BRE, que, por sua vez, são responsáveis por especificar os critérios e métodos

de avaliação e pela garantia da qualidade do processo de avaliação utilizado.

Esta metodologia é atualizada regularmente (a cada 3-5 anos) para apropriar-se de

avanços em pesquisas, além de refletir mudanças ocorridas nas prioridades de

regulamentações e do mercado. A popularidade da certificação BREEAM deve-se a sua

abordagem de desempenho de referência (bechmark), sua abrangência em consideração aos

aspectos relativos à energia, aos impactos ambientais e à saúde e produtividade, além de

potenciais vantagens financeiras (SILVA, 2007).

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Os critérios ambientais considerados no sistema BREEAM estão distribuídos em

nove categorias e suas respectivas pontuações, somando um total de 1062 pontos, conforme o

Quadro 2.1.

Quadro 2.1 - Categorias da certificação BREEAM.

Fonte: Adaptado de Silva, 2007.

O conjunto básico de critérios de desempenho do edifício é avaliado em dois

blocos: Projeto e Execução, e Gestão e Operação. O bloco de projeto e execução é utilizado

quando feita a avaliação de edifícios novos e reabilitados, enquanto que o bloco de gestão e

operação é considerado na avaliação de edifícios já existentes e em uso.

De acordo com a pontuação obtida pela edificação, o Índice de Desempenho

Ambiental é classificado em quatro níveis, como descrito no Quadro 2.2 abaixo:

CATEGORIAS DA CERTIFICAÇÃO BREEAM (% total de ponto s) PONTOS

Gestão (14,1%)

Aspectos globais de política e procedimentos ambientais

Saúde/conforto (14,1%)

Ambiente interno e externo ao edifício

Uso de energia (19,6%)

Energia operacional e emissão de CO2

Transporte (11,3%)

Localização do edifício e emissão de CO2 relacionada a transporte

Uso de água (4,5%)

Consumo e vazamentos

Uso de materiais (9,8%)

Implicações ambientais da seleção de materiais

Uso do solo (3%)

Direcionamento de crescimento urbano (evitando greenfields e encorajando a recuperação de brownfields e uso de vazios urbanos)Ecologia local (9%)

Valor ecológico do sítio

Poluição (14,5%)

Poluição de água e ar, excluindo CO2 (tratado no item Energia)

32

96

154

150

150

208

120

48

104

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Quadro 2.2 - Níveis de classificação da certificação BREEAM.

Fonte: Adaptado de Silva, 2007.

2.3.2 Certificação LEED

A certificação americana LEED desenvolvida pelo United States Green Building

Council (USGBC), em 1999, elaborou sua avaliação do nível de sustentabilidade das

construções baseado em um checklist de requisitos. Segundo Patzlaff et al (2009), a

certificação LEED possui, atualmente, maior potencial de expansão dentre as certificações

existentes, ocasionado pelos altos investimentos realizados para sua difusão e aprimoramento.

Esta certificação foi inspirada no sistema BREEAM e tem como base um sistema de critérios

de indicadores. O sistema também passa regularmente por atualização, normalmente entre 3 e

5 anos. Os critérios de avaliação estão distribuídos em função da finalidade do imóvel, para

isso foram lançadas as seguintes versões específicas do LEED: LEED-EB (Existing Buildings

referente às edificações existentes, nas fases de operação e manutenção), LEED-CI

(Comercial Interior para projetos de interiores comerciais), LEED-CS (Core & Shell para

projetos de núcleo e casca como grandes edifícios comerciais de escritórios), LEED-H

(Homes para residências), LEED-ND (Neighborhood Development para condomínios e

loteamentos) e LEED-Schools (Schools para edifícios escolares) (HERNANDES; DUARTE,

2007).

O critério mínimo de nivelamento exigido para avaliação de um edifício pelo

LEED é o cumprimento de uma série de pré-requisitos. Satisfeitos todos estes pré-requisitos,

o edifício torna-se elegível a passar para a etapa de análise e classificação de desempenho,

dada pelo número de créditos obtidos. De acordo com o USGBC (2001), são exigidos sete

pré-requisitos e os empreendimentos são avaliados segundo seis dimensões ou categorias de

requisitos, resultando em um total de 69 pontos:

• Localizações sustentáveis (01 pré-requisito e 14 créditos);

• Eficiência no uso da água (05 créditos);

Nível de Classificação (BREEAM)

Projeto e execuçãoGestão e Operação

Aprovado > 200 pts (25%) > 160 pts (21,1%)

Bom > 300 pts (37,5%) > 280 pts (36,9%)

Muito bom > 380 pts (47,5%) > 400 pts (52,8%)

Excelente > 490 pts (61,3%) > 520 pts (68,6%)

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• Energia e atmosfera (03 pré-requisitos e 17 créditos);

• Materiais e recursos (01 pré-requisito e 13 créditos);

• Qualidade do ambiente interno (02 pré-requisitos e 15 créditos);

• Inovação e processo do projeto (05 créditos)

De acordo com a pontuação do empreendimento, a certificação é dividida entre

quatro categorias conforme descrito no Quadro 2.3 abaixo:

Quadro 2.3 - Pontuação requerida pela certificação LEED.

Fonte: Adaptado de Kibert, 2007.

Em 2008 foi criado o Green Building Council Brasil (GBC Brasil) que possui a

finalidade de disseminar o sistema LEED adaptando esta certificação à realidade brasileira

(GBC Brasil, 2010).

2.3.3 Certificação HQE

Além do sistema LEED, que atualmente é o método de avaliação ambiental mais

utilizado no Brasil, o sistema francês HQE também ganhou adaptação para o mercado

nacional, tendo sido realizado um convênio entre o Departamento de Engenharia de

Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo com a Fundação

Vanzolini, resultando na certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) (OLIVEIRA,

GONÇALVES, 2008).

Segundo o Referencial Técnico de Certificação (FUNDAÇÃO VANZOLINI,

2007), AQUA corresponde ao processo de gestão de projeto para obtenção da qualidade

ambiental de empreendimentos novos ou até envolvendo reabilitação. A obtenção do

desempenho ambiental de uma construção envolve dois fatores, sendo o primeiro a gestão

ambiental e outro de natureza arquitetônica e técnica. Esta é a razão pela qual o referencial

técnico desta certificação francesa estrutura-se em dois instrumentos permitindo avaliar os

desempenhos alcançados com relação aos dois elementos que estruturam esta certificação:

Categorias da Certificação LEED

Pontuação Requerida

Platina 52 - 69Ouro 39 - 51Prata 33 - 38Certificado 26 - 32Sem classificação 25 ou menos

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• O referencial do Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE), para

avaliar o sistema de gestão ambiental implementado pelo

empreendedor;

• O referencial da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), para avaliar

o desempenho arquitetônico e técnico da construção.

A implantação deste sistema de gestão permite definir a Qualidade Ambiental do

edifício e organizar o empreendimento para atingi-la, além de controlar o conjunto dos

processos operacionais relacionados às fases de programa, concepção e realização da

construção. QAE é definida em 14 categorias agrupadas em 4 famílias conforme representado

na Quadro 2.4.

Quadro 2.4 - Famílias e categorias da Qualidade Ambiental de Edifícios

Fonte: Adaptado do Referencial Técnico de Certificação (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2007).

Com isso, o referencial técnico relativo à certificação HQE permite a avaliação de

empreendimentos novos e com processo de reabilitação significativos, composto

principalmente por edifícios destinados a escritórios e edifícios escolares. A certificação

contempla as fases de programa, concepção e a realização.

O desempenho obtido pelos empreendimentos é classificado em três níveis:

FAMÍLIAS CATEGORIAS DA CERTIFICAÇÃO HQE

n°1: Relação do edifício com o seu entorno

n°2: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos

n°3: Canteiro de obras com baixo impacto ambiental

n°4: Gestão da energia

n°5: Gestão da água

n°6: Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício

n°7: Manutenção - Permanência do desempenho ambiental

n°8: Conforto higrotérmico

n°9: Conforto acústico

n°10: Conforto visual

n°11: Conforto olfativo

n°12: Qualidade sanitária dos ambientes

n°13: Qualidade sanitária do ar

n°14: Qualidade sanitária da água

Saúde

Conforto

Gestão

Eco-construção

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• BOM: nível correspondendo ao desempenho mínimo aceitável para um

empreendimento de Alta Qualidade Ambiental. Isso pode corresponder

à regulamentação se esta é suficientemente exigente quanto aos

desempenhos de um empreendimento, ou, na ausência desta, à prática

corrente.

• SUPERIOR: nível correspondendo ao das boas práticas.

• EXCELENTE: nível calibrado em função dos desempenhos máximos

constatados em empreendimentos de Alta Qualidade Ambiental, mas

se assegurando que estes possam ser atingíveis.

2.3.4 Programa PROCEL Edifica

Embora alguns destes modelos venham sendo utilizados no Brasil, Silva (2003)

defende que a aplicação de ferramentas de outros países, mesmo as mais versáteis, podem

levar a uma série de distorções. Com isso, faz-se necessário o desenvolvimento de um sistema

de avaliação e certificação brasileiro, portanto, destacamos o programa de etiquetagem do

PROCEL Edifica.

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, PROCEL Edifica,

surgiu como mecanismo de avaliação da conformidade para classificação do nível de

eficiência energética das edificações, a partir da Lei n° 10.295, de 17 de outubro de 2001 que

discorre sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia visando à

alocação eficiente de recursos energéticos e a preservação do meio ambiente (INMETRO,

2008).

A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) é obtida através da

avaliação dos requisitos contidos no Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de

Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C), utilizando o

método descrito no Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência

Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C). O sistema de

etiquetagem de edifícios possui caráter voluntário para edificações novas e para as já

existentes, porém passará a ter caráter obrigatório para edificações novas em prazo a ser

definido.

O regulamento é aplicável a edifícios com área útil mínima de 500 m² e/ou com

tensão de abastecimento superior ou igual a 2,3 kV, incluindo edificações condicionadas,

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parcialmente condicionadas e não condicionadas. Pode ser fornecida uma etiqueta para o

edifício completo ou parte do edifício, etiqueta parcial. A etiqueta deve atender aos requisitos

relativos ao desempenho da envoltória, à eficiência e potência instalada do sistema de

iluminação e à eficiência do sistema de condicionamento do ar. Todos os requisitos são

avaliados separadamente, com níveis de eficiência variando de A (mais eficiente) a E (menos

eficiente). Assim, os pesos, para classificação do nível de eficiência do edifício, estão

distribuídos da seguinte forma (INMETRO, 2008):

• Envoltória = 30%;

• Sistema de Iluminação = 30%;

• Sistema de Condicionamento de Ar = 40%.

O nível de classificação de cada requisito equivale a um número de pontos

correspondentes, atribuídos conforme Quadro 2.5.

Quadro 2.5 - Equivalentes numéricos da etiqueta PROCEL Edifica

Fonte: Adaptado de INMETRO (2008)

Iniciativas que aumentem a eficiência energética do edifício, tais como: sistemas

para racionalização de água, fontes renováveis de energia ou inovações tecnológicas, poderão

resultar em até um ponto de bonificação na classificação final do edifício.

Através da aplicação da equação geral, descrita no RTQ-C, composta por a

relação de pesos e seus respectivos equivalentes numéricos de cada sistema, descritos acima,

determina-se a pontuação total e logo a classificação global do edifício, conforme descrito no

Quadro 2.6 abaixo:

NÍVEIS DE EFICIÊNCIA

PROCEL

EQUIVALENTE NUMÉRICO

(EqNum)

A 5B 4C 3D 2E 1

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Quadro 2.6 - Classificação final para etiquetagem PROCEL

Fonte: Adaptado de INMETRO 2008.

Todas as partes interessadas no setor de construção civil necessitam de

informações claras e ordenadas para avaliar o desempenho econômico, ambiental e social dos

empreendimentos, seja um investidor utilizando informação ambiental para avaliar riscos,

uma agência de financiamento procurando selecionar perfis de empreendimentos para dirigir

apoio, um executivo procurando orientar a empresa para níveis superiores de eficiência e

inovação ou um consumidor procurando fundamentar a sua opção por um determinado

empreendimento. Portanto, destaca-se a importância dos indicadores de sustentabilidade de

edifícios, pois os mesmos são capazes de estabelecer metas e medir o desempenho de

edifícios e projetos; podendo ser utilizados para auxiliar na decisão de políticas públicas,

avaliar estratégias economicamente viáveis, melhorar a qualidade de vida e ser utilizados por

diferentes agentes no processo de construção como diretrizes e ferramentas para melhorar as

práticas correntes e a qualidade da construção (SILVA, 2003). O Quadro 2.7, apresenta um

resumo das certificações destacadas neste capítulo:

PONTUAÇÃO DA ETIQUETA PROCEL

CLASSIFICAÇÃO FINAL

≥ 4,5 a 5,0 A≥ 3,5 a < 4,5 B≥ 2,5 a < 3,5 C≥ 1,5 a < 2,5 D

< 1,5 E

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Quadro 2.7 - Resumo de definições das certificações

PAÍS CERTIFICAÇÃO DEFINIÇÕES

Reino Unido BREAAM

Sistema de avaliação pioneiro, com base em critérios e benchmarks, utilizado para várias tipologias de edifícios. Os créditos são ponderados para gerar um índice de desempenho ambiental do edifício. O sistema é atualizado regularmente (a cada 3-5 anos).

(Building Research Establishment Environmental

Assessment Method )

Estados Unidos LEED

Inspirado no BREEAM, certificação com maior potencial de expansão, atualizado regularmente (a cada 3-5 anos), seus critérios de avaliação estão distribuídos em função do uso da edificação. Possui versões para edificações existentes, na fase de operação ou manutenção, edifícios comerciais, escolas, residenciais e para loteamentos.

(Leadership in Energy and Environmental

Design)

França HQE

Inclui avaliação da gestão do desenvolvimento do empreendimento. Pode ser utilizado em várias tipologias de edifícios. O resultado é um perfil de desempenho global, detalhado pelas 14 preocupações ambientais. Ganhou adaptação para o mercado nacional, AQUA.

(Haute Qualité Environmentale)

Brasil PROCEL

Avaliação da conformidade para classificação do nível de eficiência energética das edificações. Regulamentação desenvolvida somente para edifícios comerciais, de serviços e públicos. Analisa envoltória, sistema de iluminação e sistema de condicionamento de ar.

(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica)

Fonte: Elaborado pela autora

2.4 Considerações Finais

Neste capítulo foi abordada a importante parcela de responsabilidade da

construção civil, a respeito dos impactos ambientais gerados. Hoje as iniciativas para

promoção do desenvolvimento sustentável nas edificações procedem de exigências por parte

da sociedade civil, de investidores, financiadores e consumidores. As discussões a respeito

dos impactos da construção civil resultam no surgimento de metodologias, assim como

investimentos em certificação de edifícios baseada em critérios e indicadores de desempenho,

que expressam o consumo de energia ou o impacto ambiental, e que tem como objetivo a

avaliação da qualidade ambiental da edificação. Foram apresentados ainda, as certificações

mais aplicadas no país, BREEAM, LEED, HQE e PROCEL Edifica.

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3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

3.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo serão discutidos o conceito e a aplicação de critérios de eficiência

energética na indústria da construção civil, enfatizando os problemas ambientais causados

pela demanda e geração de energia e reconhecendo os benefícios econômicos, sociais e

ambientais conseqüentes da implantação de medidas de eficiência energética. Em seguida,

abordaremos sobre os critérios que abordam a eficiência energética dentre as metodologias de

avaliação ambiental destacando-se os elementos mais relevantes.

3.2 Eficiência energética na construção civil

Dentre as metodologias discutidas, este estudo tem como foco o processo de

etiquetagem do programa PROCEL Edifica, por ser uma metodologia de âmbito nacional e

pelo iminente caráter obrigatório para edificações em todo o país, como já justificado

anteriormente. Desta forma, entre as ações utilizadas para obtenção da sustentabilidade em

edificações, este programa resume-se a estudar medidas para eficientização do consumo de

energia elétrica dos empreendimentos.

A realização de uma edificação verde, ou uma construção sustentável, se dá pela

reunião de soluções de projeto, sistemas e tecnologias que visam a minimizar o uso dos

recursos naturais, bem como a redução dos decorrentes resíduos gerados. Nas metodologias

citadas anteriormente estas soluções são analisadas em função de avaliar as ações de

sustentabilidade aplicadas às edificações.

A eficiência no uso da energia, em especial a elétrica, está na pauta no mundo

desde a década de 70, com a crise do petróleo. O fato ocorreu por ter ficado claro que as

reservas fósseis não seriam inesgotáveis e que seu uso não deixaria de trazer prejuízos para o

meio ambiente. Logo se descobriu que os serviços que demandavam energia, tais como:

iluminação, aquecimento, condicionamento ambiental e equipamentos eletro-eletrônicos,

poderiam ser utilizados com menor gasto de energia, causando repercussões econômicas,

ambientais, sociais e culturais. Equipamentos e hábitos de uso passaram a ser analisados

também sob o ponto de vista de sua eficiência energética, verificando-se que o custo de

implantação de muitos destes equipamentos e hábitos eram menores que o custo da energia

demandada pelos anteriores. (BRASIL, 2006).

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Atualmente vive-se uma época de muita discussão sobre a racionalização do uso

da energia. O reconhecimento dos benefícios econômicos sociais e ambientais como

consequência da implantação de medidas de eficiência energética está se tornando cada vez

mais frequente no Brasil (FREIRE, 2001). Para Leão Junior e Bittencourt (2008), a redução

do consumo de energia elétrica surge como aspecto fundamental para amenizar os efeitos da

agressão ambiental e depende da utilização inteligente dos recursos naturais disponíveis no

planeta.

Discute-se que um uso mais eficiente de energia seja capaz de alavancar o

desenvolvimento econômico sustentável para o país, pois o mesmo é fortemente influenciado

pela demanda de energia elétrica e suas dificuldades econômicas e ambientais de expansão.

Isto ocorre pelo baixo custo de implantação, resultando na minimização dos impactos

ambientais e pelo positivo impacto social devido à criação de empregos (BRASIL, 2006).

No Brasil, a maior parte da energia elétrica disponível é procedente de grandes

usinas hidrelétrica, isto ocorre decorrente de uma enorme quantidade de rios presentes no

país. Segundo Balanço Energético Nacional (BEN) (BRASIL, 2009), em 2008, a oferta

brasileira de energia elétrica proveniente de fonte hidrelétrica foi de 70% enquanto a mundial

foi de 15,6%.

Embora a energia gerada por usinas hidrelétrica seja considerada uma fonte de

energia limpa, a construção destas centrais provocam grandes impactos ao ambiente. A

construção de represas interfere drasticamente no meio ambiente, provocando inundações em

uma vasta área de mata, destruindo a vegetação, interferindo no fluxo de rios, prejudicando a

fauna e obrigando moradores a procurar outro lugar para viver. Além disso, não se pode

deixar de destacar a dependência dos índices pluviométricos para a geração de energia por

usinas hidrelétricas. Em consequência da escassez de chuvas no país no ano de 2001,

provocando considerável queda da capacidade produtiva de energia, foi imposto um

racionamento de energia a toda população. Assim, o consumo de energia no país deve ser

preocupante, não só pelos impactos ambientais gerados, mas pela crescente demanda interna

(PARDINI, 2009).

No setor da construção civil, segundo dados disponíveis no BEN (BRASIL, 2009)

publicado pelo Ministério de Minas e Energia dentro da composição setorial do consumo de

energia do país, as edificações e sua cadeia construtiva são responsáveis por

aproximadamente metade da energia consumida, no qual 22,3% correspondem a edificações

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residenciais, 14,6% a edificações comerciais e 8,1% a edificações públicas, totalizando em

45% do consumo de energia do país. É importante perceber que além da energia consumida

ao longo do ciclo de vida das edificações, estas são concretizadas com a utilização de uma

série de materiais que possuem uma alta quantidade de energia incorporada, isto é, energia

consumida no processo de produção destes materiais. Dentre estes, podemos citar o concreto,

alumínio e o aço que aliado à grande demanda de energia, são responsáveis também por

grandes quantidades de emissões de CO2 (PARDINI, 2009).

Além disso, o crescimento da demanda de energia no setor das edificações é

relativamente maior que o crescimento do PIB. Com isso, a real necessidade de estabelecer

medidas que aumentem a eficiência energética das edificações proporcionando um

crescimento sustentável, com menor emissão de CO2 e consequentemente menor impacto ao

meio ambiente, compatibilizando o crescimento da economia e da demanda energética, com a

capacidade de geração de energia do país (SALOMÃO et al., 2009).

Portanto, de acordo com Leão Junior e Bittencourt (2008) aumentar a eficiência

energética do ambiente construído, através da utilização de edifícios mais inteligentes no

sentido de reduzir o desperdício de energia, é uma questão crucial para a sustentabilidade do

planeta.

Segundo Lamberts et al. (1997), “ a eficiência energética pode ser entendida como

a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia”. Desta forma, um edifício é mais

eficiente energeticamente quando proporciona as mesmas condições ambientais com um

menor consumo de energia. Muitas campanhas contra o desperdício vêm sendo feitas, como

os eletrodomésticos com baixo consumo e maior eficiência energética. Entretanto, além da

utilização destes recursos tecnológicos, maiores níveis de eficiência podem ser alcançados

através de estratégias de projeto e por iniciativas e cooperação dos diversos atores ligados à

construção dos edifícios como: arquitetos, engenheiros civis, eletricistas, mecânicos e

empreendedores, além dos próprios usuários (PROCELINFO,2010).

De acordo com Grillo (2005), grande parte da energia consumida nas edificações

é destinada à geração do conforto ambiental. Este considerável desperdício de energia ocorre

devido à não incorporação de importantes avanços ocorridos nas áreas de arquitetura

bioclimática, materiais, equipamentos e tecnologias construtivas, vinculados à eficiência

energética, nos projetos desenvolvidos. Os novos conceitos de projetos sustentáveis sugerem

uma integração da natureza com os materiais e técnicas construtivas, resultando em ambientes

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confortáveis, energeticamente eficientes e com baixo custo de manutenção. Para as

edificações já existentes, também podem ser encontradas soluções para reabilitação ambiental

preservando a arquitetura original, tais como: a otimização da iluminação natural e aplicação

de tecnologias inovadoras.

3.3 Critérios de Eficiência Energética nas Certificações

Um estudo realizado por Lamberts e Triana (2007) através de uma revisão

bibliográfica das quatro principais metodologias de avaliação ambiental existentes serviu de

embasamento para a criação da metodologia brasileira PROCEL Edifica. A análise destas

metodologias, abordadas para mensurar a sustentabilidade na construção civil, permite

perceber que o critério de eficiência energética é uma das principais preocupações em todas as

metodologias estudadas, ou seja, o item eficiência energética recebe uma alta porcentagem da

pontuação em relação ao número total de créditos de cada metodologia, o que refere-se a 22%

da pontuação da metodologia BREEAM, 27% dos pontos do LEED e também 27% da

pontuação da metodologia francesa HQE. Destacada a importância do fato, a seguir serão

apresentados as categorias e pontos correspondentes à eficiência energética nas metodologias

de avaliação de desempenho ambiental de edifícios.

3.3.1 Certificação BREEAM

A metodologia desenvolvida no Reino Unido, BREEAM tem como objetivos:

definir critérios e padrões sustentáveis além dos já exigidos por normas, conscientizar os

participantes do processo quanto aos benefícios de uma edificação sustentável,

conseqüentemente encorajando o uso de práticas ambientais e distinguindo edifícios

sustentáveis no mercado, isto é, que provocam menos impactos ambientais (BALDWIN et al.,

1998 apud SILVA, 2007)

O BREEAM divide-se em nove categorias: gestão, saúde/conforto, uso de energia,

transporte, uso de água, uso de materiais, uso do solo, ecologia local e poluição. Dentre estas

pode-se observar critérios de eficiência energética em quarto delas, que estão dispostas na

Tabela 3.1.

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Tabela 3.1 - Critérios da certificação BREEAM

Fonte: Adaptado de Lamberts e Triana (2007)

Na categoria do uso de energia, o foco está em minimizar as emissões de CO2

proveniente dos serviços utilizados nas edificações tais como: calefação, aquecimento de

água, iluminação e equipamentos eletrodomésticos. A adoção de produtos com ecoselo

também auxiliará na minimização destas emissões. O melhoramento do desempenho refere-se

ao isolamento das edificações, enquanto que o critério de iluminação exterior eficiente sugere

que a iluminação externa funcione de maneira adequada e controlada para um consumo mais

eficiente. Na categoria transporte a proposta é de reduzir o consumo de energia gasta com

transporte. Para isso, são sugeridas propostas que incentivam o transporte público e o

transporte não motorizado, tais como bicicletas, minimizando assim o uso de carros. Na

categoria poluição, o objetivo está em reduzir a utilização de substâncias nocivas à camada de

ozônio (LAMBERTS; TRIANA, 2007).

3.3.2 Certificação LEED

O LEED é um sistema de classificação e certificação ambiental, que foi criado

para facilitar a transferência do conceito de construções sustentáveis para os profissionais e a

indústria da construção civil americana. Esta metodologia toma por referência princípios

ambientais e de uso de energia consolidados em normas e recomendações de organismos de

terceira parte com credibilidade reconhecida, como a American Society of Heating,

Refrigerating and air conditionings Engineers (ASHRAE), American Society for Testing and

Uso de EnergiaEvitar a produção de Carbono devido ao consumo de energiamelhorar o desempenho da envolvente da edificaçãoUso de produtos com ecoseloIluminação exterior eficienteTransporteIncentivo ao transporte públicoFornecimento de bicicletárioIncentivo a facilidades locaisPoluiçaoUso de materiais que nao afeta a camada de ozônio (Redução de emissões HCFC)Boilers com baixa emissão de NoxSaúde/confortoIluminação naturalIsolamento Acústico

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Materials (ASTM), U. S. Environmental Protection Agency (EPA) e U. S. Department of

Energy (DOE) (SILVA, 2007).

O LEED está dividido em seis categorias: localizações sustentáveis, eficiência no

uso da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade da ambiente interno e

inovação e processo do projeto. Dentro destas categorias os pontos que referem-se a eficiência

energética estão descritos na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Critérios da certificação LEED

Fonte: Adaptado de Salomão 2009

A categoria de qualidade ambiental objetiva o monitoramento das emissões de

CO2 resultantes dos serviços utilizados nas edificações, como já explicado anteriormente e à

adoção de alternativas de projeto ligadas à arquitetura bioclimática, para aumentar a eficiência

do empreendimento, com aproveitamento de luz e ventilação natural. Na categoria energia e

atmosfera, é sugerida a utilização de energias e tecnologias renováveis como a energia eólica,

solar e geotérmica, a fim de minimizar a demanda de fontes de energia não renováveis, além

do controle e redução de HCFC e CFC provenientes de equipamentos de condicionamento e

ventilação artificial, reduzindo assim os danos à camada de ozônio.

3.3.3 Certificação HQE

A metodologia francesa denominada Démarche HQE aborda o desenvolvimento

sustentável nos aspectos ambiental, controle de emissões ao ar e água no meio ambiente

exterior, social, conforto e saúde no ambiente interior e econômico, gerenciando os recursos

utilizados para construções. Seu objetivo principal não é a certificação de edificações, mas

Qualidade ambiental internaMonitoramento de CO2Aumento eficiência de ventilaçãoConforto térmicoLuz natural e vista para o exteriorEnergia e atmosferaOtimização da desempenho energéticoUso de energia renovávelVerificação de conformidade pré entrega adicional (commissioning)Redução de Hidroclorofluorcarbono (HCFC)medição e verificação de desempenhoUso de tecnologias renováveis

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sim a promoção de ações voluntárias e o envolvimento de todos os agentes do setor (Hetzel,

2003 apud SILVA 2007).

O referencial técnico da certificação está dividido em dois elementos: O Sistema

de Gestão do Empreendedor (SGE), que avalia o sistema de gestão ambiental implementado

pelo empreendedor em seu empreendimento, e a Qualidade Ambiental do Edifício (QAE) que

avalia o desempenho técnico e arquitetônico da construção e se divide em 14 categorias:

relação do edifício com o seu entorno, escolha integrada de produtos, sistemas e processos

construtivos, canteiro de obras com baixo impacto ambiental, gestão da energia, gestão da

água, gestão dos resíduos de uso e operação do edifício, manutenção – permanência do

desempenho ambiental, conforto higrotérmico, conforto acústico, conforto visual, conforto

olfativo, qualidade sanitária dos ambientes, qualidade sanitária do ar e qualidade sanitária da

água. A Tabela 3.3 destaca os critérios destas categorias que abordam o tema eficiência

energética.

Tabela 3.3 - Critérios da certificação HQE

Fonte: Adaptado de Lamberts e Triana (2007)

Categoria 2: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos de construçãoEcolhas construtivas para a durabilidade e adaptabilidade do edifícioEscolhas construtivas para facilitar a manutençao dos trabalhosCategoria 4: Gestão da energiaDesenho arquitetònico visando a otimização do consumo de energiaRedução de consumo de energia primária e recursos com energia renováveisMinimizar a poluição gerada pelo consumo de energiaCategoria 7: Manutenção do desempenho ambientalManutenção dos sistemas de ventilaçãoCategoria 8: Conforto higrotérmicoUsar dispositivos arquitetônicos visando a otimização do conforto higrotérmico em inverno e verãoCriação de condições de conforto higrotérmico em inverno.Criação de condições de conforto higrotérmico em verão para locais não climatizadosCategoria 9: Conforto acústicoOtimização de dispositivos arquitetônicos para proteger a edificação de ruídos que causem danoCriação de qualidade ambiental acústica adaptada aos diferentes locaisCategoria 10: Conforto visual (iluminação natural e artificial)Garantir uma iluminação natural ótima evitando problemas como ofuscamentoUsar iluminação artificial confortávelCategoria 11: Conforto olfativoGarantir uma ventilação eficazCategoria 13: Garantir uma qualidade saudável do arGarantir uma ventilação eficazEvitar fontes de poluição

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Na segunda categoria, o objetivo está em escolher os melhores sistemas e

processos construtivos das edificações, analisando integradamente a necessidade de

durabilidade, adaptabilidade e facilidade para manutenções futuras. A categoria quatro aborda

a questão de eficiência energética em edifícios, estimulando a utilização de soluções

arquitetônicas que reduzam o consumo de energia e a escolha das modalidades de energia que

melhorem o consumo e reduzam os poluentes gerados.

A oitava categoria é referente ao conforto higrotérmico, que é definido como

sendo a sensação do organismo em uma determinada condição ambiental de temperatura e

umidade, considerando características próprias do indivíduo (sexo, idade, atividade e

vestimenta), que não devem ser alteradas para manter sua temperatura corporal. A categoria

nove objetiva o conforto acústico da edificação, que deverá ser atingido com estratégias

arquitetônicas e utilização de tecnologias que auxiliem na minimização dos ruídos do

empreendimento.

A categoria 10 aborda a iluminação natural e artificial das edificações, que devem

ser projetadas garantindo um sistema de iluminação com conforto visual e ao mesmo tempo

eficiente energeticamente. Na categoria 11 está definido o conforto olfativo que deve ser

atingido pelas seguintes exigências dos usuários: não sentir odores considerados fortes e

desagradáveis e reconhecer certos odores considerados agradáveis. A categoria 13 refere-se à

garantia da qualidade saudável do ar, para isso, é possível intervir em dois níveis: atuando

sobre a ventilação para reduzir a concentração de poluentes no edifício e atuando sobre as

fontes para limitar a presença de poluentes no interior do edifício (FUNDAÇÃO

VANZOLINI, 2007).

3.3.4 Etiquetagem PROCEL Edifica

Analisando os critérios descritos das três metodologias, BREEAM, LEED e HQE,

podem-se destacar alguns elementos que estão presentes em todas elas: O uso de materiais

que não afetem a camada de ozônio, uso de sistemas de iluminação eficientes e otimização da

iluminação natural, uso de critérios e tecnologias para conforto térmico e acústico, uso de

energias renováveis e a melhoria no desempenho energético da edificação.

As três metodologias discutidas acima possuem sistema de classificação baseada

em pontos determinados para cada categoria, o que não ocorre na metodologia brasileira

PROCEL Edifica, no qual o sistema de avaliação pode ser realizado por simulação ou pelo

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método prescritivo definido no RTQ-C, no qual são calculadas a eficiência energética dos três

sistemas, envoltória, condicionamento de ar e sistema luminotécnico e considerados os pré

requisitos gerais e específicos de cada uma delas. Dentre os elementos abordados neste

processo de avaliação pode-se destacar o uso de sistemas de iluminação eficientes e

otimização da iluminação natural, uso de critérios e tecnologias para conforto térmico, uso de

energias renováveis que serão contabilizados nas bonificações do programa, a absortância e

transmitância das cobertas das edificações, entre outros que deverão ser discutidos no

próximo capítulo destinado somente ao processo de avaliação PROCEL Edifica que é o foco

da presente pesquisa.

3.4 Considerações Finais

No setor da construção civil, a cadeia construtiva é responsavel por

aproximadamente metade da energia consumida no país, por esta razão aumentar a eficiência

energética do ambiente construído, através da utilização de edifícios mais inteligentes no

sentido de reduzir o desperdício de energia, é uma questão crucial para a sustentabilidade do

planeta. Neste capítulo foram apresentados as categorias e pontos correspondentes à eficiência

energética nas metodologias de avaliação de desempenho ambiental de edifícios, apresentadas

anteriormente. Dentre os critérios analisados destacou-se o uso de sistemas de iluminação

eficientes e otimização da iluminação natural, uso de critérios e tecnologias para conforto

térmico e implantação de energias renováveis.

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4 PROCEL EDIFICA

4.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo será apresentado um histórico do Programa de Conservação de

Energia Elétrica, bem como seus programas e áreas de atuação no país. Além do resumo de

investimentos e economias alcançados pelo mesmo. Será destacado o programa PROCEL

Edifica, onde foi descrito todo o processo metodológico da etiquetagem para determinação do

nível de eficiência energética de edificações comerciais, de serviço e públicas. Serão ainda

expostas as edificações que já possuem a etiqueta e algumas estratégias do governo para

incentivar sua adesão.

4.2 PROCEL

De acordo com Jannuzzi (2002 apud BRAGA, 2007), o tema eficiência energética

começa a ser debatido pelo governo federal brasileiro como resposta a crise do setor

petroleiro na década de 80. Em 1981, foi criado o programa CONSERVE, voltado para o

consumo energético industrial. Em 1984, são iniciadas as ações do Programa Brasileiro de

Etiquetagem (PBE), que visa à avaliação e divulgação do desempenho energético de

equipamentos fabricados no país Este programa funcionou até o ano de 2001, com caráter

voluntário. No ano de 1985, com o agravamento da conjuntura do setor elétrico, é criado

pelos Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio, o Programa Nacional de

Conservação de Energia (PROCEL), sob a coordenação da ELETROBRÁS. Em 1991, foi

transformado em Programa de Governo, tendo suas abrangência e responsabilidade

ampliadas. A criação desses programas provoca mudanças significativas na forma com que as

atividades relacionadas com eficiência energética eram conduzidas no país (MIRANDA et al.,

2005)

Em 1998, as concessionárias de energia elétrica existentes no país são obrigadas a

investir em projetos de eficiência energética, mas em julho de 2000 são revogadas estas

exigências (LAMBERTS et al, 2007). A partir de 2001, como consequência da crise

energética brasileira, a etiquetagem e a inspeção surgem como mecanismo de avaliação da

conformidade para classificação do nível de eficiência energética das edificações. A Lei n°

10.295, de 17 de outubro de 2001, que discorre sobre a Política Nacional de Conservação e

Uso Racional de Energia visa a alocação eficiente de recursos energéticos e a preservação do

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meio ambiente (BRASIL, 2001). Em seguida, o Decreto n° 4.059 de 19 de dezembro de 2001,

regulamentou a lei como a determinação de níveis máximos de consumo de energia, ou

mínimos de eficiência energética, para máquinas e aparelhos consumidores de energia

fabricados ou comercializados no País, bem como para as edificações construídas. Esses

níveis serão estabelecidos sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia.

Este mesmo Decreto instituiu o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de

Eficiência Energética (CGIEE) e, especificamente para edificações, o Grupo Técnico para

Eficientização de Energia nas Edificações no País (GT-Edificações), para regulamentar e

elaborar procedimentos para avaliação da eficiência energética das edificações construídas no

Brasil. O grupo tem como foco o uso racional da energia elétrica, sendo estabelecido que é

tarefa do INMETRO credenciar laboratórios responsáveis pelos ensaios que comprovarão o

atendimento dos níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência

energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou comercializados

no País (BRASIL, 2001).

Em outubro de 2003, através do Plano de Ação para Eficiência Energética em

Edificações, é lançado o PROCEL Edifica. A etiquetagem e a inspeção foram definidas como

mecanismos de avaliação da conformidade para classificação do nível de eficiência energética

de edifícios. O PROCEL edifica visa construir as bases necessárias para racionalizar o

consumo de energia nas edificações no Brasil. Em 2005, o INMETRO foi incluído no

processo através da criação da CT Edificações, Comissão Técnica onde é discutido e definido

o processo de obtenção da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), (PROCEL,

2010).

O programa PROCEL tem como objetivo principal promover a racionalização do

consumo e produção de energia elétrica, eliminando os desperdícios e reduzindo

conseqüentemente os custos e investimentos setoriais. Esta busca, a eficiência energética no

setor elétrico, visa a realização de algumas metas essenciais: o desenvolvimento tecnológico,

segurança energética, eficiência econômica, novos parâmetros incorporados à Cidadania e a

redução de impactos ambientais (ELETROBRÁS, 2010).

O desenvolvimento tecnológico, alcançado através da pesquisa científica, traz

geração de novas tecnologias, sistemas construtivos e equipamentos mais eficientes, além da

capacitação de laboratórios e de pessoal técnico, para processo de avaliação dos programas

desenvolvidos. Segurança energética busca garantir energia, de acordo com a demanda de

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todos os setores, em relação à quantidade e tempo necessários. Eficiência econômica significa

produzir e distribuir os bens e serviços da economia com o melhor uso possível dos insumos

necessários à produção e distribuição dos produtos. Por fim, a disseminação da educação

ambiental em todos os níveis de ensino formal do país, incorpora novos parâmetros à

Cidadania a respeito da relação homem e meio ambiente (ELETROBRÁS, 2010).

O PROCEL tem grande influência na redução dos impactos ambientais no país.

Os vários projetos desenvolvidos que incentivam as mudanças de hábitos e de eficiência

energética, permitem que o crescimento da demanda por energia elétrica seja atendido, porém

sem aumentos na mesma proporção para oferta. Isto é possível por conta das ações de

conservação de energia que permitem realizar mais atividades produtivas com a mesma

quantidade de energia. Algumas destas ações são: aumento da eficiência energética de

lâmpadas, motores, eletrodomésticos e também redução do consumo de prédios públicos e das

residências.

Estes projetos e ações desenvolvidos pelo PROCEL também influenciam na

redução de emissões de vários gases de efeito estufa na atmosfera. Em um estudo

desenvolvido pela COPPE/UFRJ, que avaliou a quantidade de carbono evitado pelos

programas desenvolvidos pelo PROCEL, conclui-se que a eficiência energética evitará, até o

ano de 2010, a emissão de cerca de 230 milhões de toneladas de carbono na atmosfera -

correspondentes à quase 29% das emissões totais de gases estufa do setor elétrico brasileiro.

Segundo dados disponibilizados pela Eletrobrás, em vinte e um anos de programa,

já formam investidos R$ 1.024,27 milhões de reais, estes recursos utilizados pelo programa

são provenientes da Eletrobrás, da Reserva Global de Reversão (RGR), fundo federal

constituído com recursos das concessionárias, e recursos de entidades internacionais. Abaixo

segue Tabela 4.1 com os investimentos e resultados anuais obtidos pelo PROCEL:

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Tabela 4.1 - Investimentos e resultados do PROCEL

1986/ 2003 2004 2005 2006 2007

Investimentos Totais Realizados (R$ milhões)

666,08 94,15 98,02 113,24 52,78

Energia Economizada (bilhões de kWh/ano)

17,22 2,373 2,158 2,845 3,93

Redução de Demanda na Ponta (MW)

4.633 622 585 772 1.357

Investimentos Postergados (R$ bilhões)

10,65 2,5 1,77 2,23 2,76

Fonte – Eletrobrás (2010)

Além do programa PROCEL Edifica, podem-se destacar os projetos

desenvolvidos pelo PROCEL em diversas outras áreas:

Selo PROCEL: certificação desenvolvida no ano de 1994, para classificação de

equipamentos quanto aos níveis de eficiência energética dentro de cada categorias. Tem o

objetivo de estimular a fabricação e comercialização de equipamentos mais eficientes

energeticamente, além de orientar o consumidor a investir nestes produtos mais eficientes,

proporcionando assim economia em suas contas de energia elétrica. Possuem etiqueta

PROCEL equipamentos tais como: lâmpadas e reatores, aparelhos condicionadores de ar,

refrigeradores, lavadoras, televisores, entre outros.

Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficiente

(RELUZ) : projeto em nível nacional, com objetivo de melhorar a eficiência dos serviços

públicos ligados ao uso da energia elétrica, bem como a valorização noturna dos espaços

públicos urbanos, além de melhorar a segurança pública e qualidade de vida da população.

Prédios Públicos: tem o objetivo de promover a racionalização, e

consequentemente, economia do uso de energia elétrica nas edificações públicas do país. Para

isso são desenvolvidas ações de pesquisa tecnológica, modernização dos sistemas de uso-final

dos edifícios e orientação dos conceitos de eficiência energética aos usuários.

PROCEL Indústria : programa com o objetivo de incentivar o setor industrial

brasileiro à racionalização e redução do consumo de energia elétrica. O foco principal do

projeto está nos sistemas motrizes que são responsáveis por 62% do total de energia elétrica

deste setor.

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PROCEL nas escolas: programa de educação ambiental com o objetivo de

disseminar os conceitos de eficiência energética para racionalização do uso de energia. Na

educação básica e escolas técnicas, o programa atua através da capacitação de professores que

serão multiplicadores com o objetivo de transmitir aos alunos os temas relativos ao combate

ao desperdício de energia, com foco tanto na mudança de hábitos como na eficiência

energética. Para isso, será fornecido aos multiplicadores materiais pedagógicos específicos

sobre a conservação de energia, Já nas instituições de ensino superior, o programa atua na

formação de profissionais, em áreas relacionadas ao tema, com a disseminação da disciplina

"Conservação e Uso Eficiente de Energia".

PROCEL Sanear: Programa de Eficiência Energética no Saneamento Ambiental,

que atua de forma conjunta com o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água

(PNCDA) e o Programa de Modernização do Setor de Saneamento (PMSS). Iniciado no ano

de 1996, tem como objetivo de promover ações que visem ao uso eficiente de energia elétrica

e água em sistemas de saneamento ambiental, a partir da conscientização dos consumidores

no que se refere ao uso adequado de energia elétrica e água e à informação de novas

tecnologias e seus benefícios.

Os programas desenvolvidos pelo PROCEL podem ser divididos em três grandes

grupos: os projetos que buscam a eficiência energética a partir de ações tecnológicas,

substituindo os equipamentos consumidores por produtos mais eficientes, os projetos que

investem na conscientização dos usuários, com o desenvolvimento de campanhas educativas,

e os programas que trabalham com ambos (BRAGA, 2007).

4.3 PROCEL Edifica

O desempenho das edificações e a necessidade de normalizações para as mesmas

foram inicialmente discutidos em um encontro nacional no ano de 1991, o que resultou na

criação das seguintes normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que se

encontram em vigor atualmente: NBR 15220 - Desempenho térmico de edificações criada em

2005 e NBR 15575 - Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos publicada em 2008. A

primeira norma apresenta métodos de cálculo e de medição de propriedades térmicas de

componentes, para determinação do desempenho térmico das edificações, já a segunda

estabelece exigências de desempenho referente a sistemas construtivos de edifícios

habitacionais, independente de seus materiais constituintes, quanto ao seu comportamento e

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uso. Contudo, como nenhuma delas refere-se diretamente a questão da eficiência energética

além de abrangerem somente edificações residenciais é criado o Regulamento Técnico da

Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos

(RTQ-C), que determina mecanismos de avaliação da eficiência energética de equipamentos e

edificações (CARLO; LAMBERTS, 2010).

A elaboração da regulamentação para processo de etiquetagem iniciou-se em

2007, e no ano de 2009 foi publicada a primeira versão, para aplicação voluntária, do RTQ-C.

No mês de setembro de 2010 foi publicado uma nova versão revisada do RTQ-C, após

avaliação de vários edifícios e constatação, da necessidade de algumas adequações. Vários

critérios foram modificados, principalmente no quesito do sistema de iluminação. Com isso, a

avaliação, que deve ser de caráter obrigatório no prazo de cinco anos a partir da data de

implementação, tornou-se mais simples e, ao mesmo tempo, mais abrangente (Revista

AECweb, 2010).

4.3.1 Método de determinação da eficiência

Para o processo de etiquetagem, o Inmetro publicou as seguintes regulamentações:

Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética (RTQ-C) que contém

os quesitos necessários para classificação do nível de eficiência energética do edifício e seus

documentos complementares, Regulamento de Avaliação da conformidade do Nível de

Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C) que apresenta

o processo de avaliação das características do edifício para etiquetagem junto ao Laboratório

de Inspeção acreditado pelo Inmetro, e, por fim, o Manual que contém detalhamento e

interpretações do RTQ-C e esclarece algumas questões referentes ao RAC-C (PROCEL,

2010).

A etiquetagem é formada por duas etapas de avaliação: etapa de projeto e etapa de

inspeção do edifício construído. O proprietário que desejar etiquetar um empreendimento

deverá organizar toda a documentação necessária para etapa de projeto, o laboratório

responsável verifica a documentação e aplica o RTQ-C para avaliação do edifício. Com isso,

é dada entrada na ENCE de projeto que deverá ser registrada pelo INMETRO. Então o

proprietário deverá organizar os documentos necessários para a segunda etapa, inspeção. O

laboratório, desta vez, deverá realizar uma avaliação no edifício construído, e caso o edifício

estiver conforme as especificações de projeto, é registrada a ENCE pelo INMETRO, e

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expedida pelo laboratório. Abaixo, segue Figura 4.1 com fluxograma detalhado do processo

de avaliação da conformidade:

Figura 4.1 - Fluxograma do processo de avaliação da conformidade

Fonte: RAC (PROCEL, 2010)

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Conforme já descrito no item 2.3.4, a etiquetagem é de caráter voluntário e

aplicável em edificações comerciais e públicas com área total útil mínima de 500 m2 ou

tensão de abastecimento superior ou igual a 2,3kV, incluindo edifícios condicionados,

parcialmente condicionados e naturalmente ventilados. A regulamentação para etiquetagem é

dividida em três requisitos: eficiência e potência instalada no sistema de iluminação;

eficiência do sistema de condicionamento do ar; e desempenho térmico da envoltória do

edifício que serão classificados em níveis de eficiência de A (maior nível de eficiência) a E

(menor nível de eficiência). A etiqueta poderá ser fornecida para o edifício completo ou parte

dele. Como nem sempre os edifícios são comercializados contendo sistemas de iluminação e

condicionamento de ar, além da etiqueta para o edifício completo, o regulamento possibilita o

uso de etiquetas parciais. Essa etiqueta parcial poderá ser a etiquetagem somente da

envoltória, ou pode combinar a envoltória com um dos outros sistemas, isto é, a envoltória

sempre será avaliada (INMETRO, 2008).

Para definição do nível de eficiência energética das edificações, o regulamento

define dois métodos que podem ser utilizados: o método prescritivo e o método de simulação.

O método prescritivo consiste em uma série de parâmetros predefinidos ou a calcular que

indicam a eficiência do sistema. O método de simulação baseia-se na simulação

termoenergética de dois modelos computacionais representando dois edifícios: um modelo do

edifício real, baseado nos projetos propostos, e um modelo de referência, baseado no método

prescritivo. A classificação da eficiência é definida com a comparação do consumo anual de

energia elétrica simulado para os dois modelos, no qual o consumo do modelo real deverá ser

menor que o modelo de referência para o nível de eficiência pretendido (INMETRO, 2008).

A simulação é aplicável para qualquer tipo de edifício e indicada quando o

método prescritivo não descreve apropriadamente as características do edifício que participam

da eficiência energética. Isto deve ocorrer quando: existe a necessidade de avaliar áreas com

ventilação natural, sistemas de condicionamento não previstos como pisos radiantes e

especificidades do projeto de condicionamento de ar ou até grandes áreas envidraçadas, onde

são utilizados vidros com grande desempenho térmico e luminoso (CARLO; LAMBERTS,

2010).

Para a classificação geral as avaliações parciais receberam os seguintes pesos:

• Envoltória = 30%

• Sistema de Iluminação = 30%

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• Sistema de Condicionamento de Ar = 40%

A determinação do nível de eficiência de cada sistema individual, de A a E, levará

a um equivalente numérico, atribuídos de acordo com a Quadro 4.1 abaixo:

Quadro 4.1 - Equivalentes numéricos da etiqueta PROCEL Edifica

Fonte: Adaptado de INMETRO 2008.

Com isso, os resultados parciais são inseridos em uma equação geral, calculada de

acordo com uma distribuição de pesos, que definirá o nível de eficiência global da edificação,

conforme pode ser observado na Equação 4.1 abaixo:

010,54.0)(3,00,530,0 bEqNumV

AU

ANC

AU

APT

AU

ACEqNumCAEqNumDPIEqNumV

AU

ANC

AU

APT

AU

ACEqNumEnvPT +

⋅+⋅+

⋅+⋅+

⋅+⋅+

⋅⋅= (4.1)

Onde:

• EqNumEnv é o equivalente numérico da envoltória;

• EqNumDPI é o equivalente numérico do sistema de iluminação,

identificado pela sigla DPI, de Densidade de Potência de Iluminação;

• EqNumCA é o equivalente numérico do sistema de condicionamento de

ar;

• EqNumV é o equivalente numérico de ambientes não condicionados e/ou

ventilados naturalmente;

• APT é a área de piso dos ambientes de permanência transitória, desde que

não condicionados;

• ANC é a área de piso dos ambientes não condicionados de permanência

prolongada;

• AC é a área de piso dos ambientes condicionados;

• AU é a área útil;

• b é a pontuação obtida pelas bonificações, que varia de zero a 1.

NÍVEIS DE EFICIÊNCIA

PROCEL

EQUIVALENTE NUMÉRICO

(EqNum)

A 5B 4C 3D 2E 1

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A variável b corresponde às bonificações, ou seja, uma pontuação extra que visa

incentivar o uso de soluções que elevem a eficiência energética do edifício. A pontuação

adquirida pode variar de zero a um ponto. São soluções consideradas para bonificação:

sistemas e equipamentos que racionalizem o uso da água, proporcionando uma economia de

20% do consumo anual de água, sistemas ou fontes renováveis de energia, cogeração, gerando

uma economia mínima de 30% no consumo anual de energia elétrica do edifício, ou a

utilização de inovações tecnológicas que proporcionem uma economia de 30% no consumo

anual de energia elétrica (INMETRO, 2008).

O valor de pontos encontrado na equação acima irá definir a classificação geral da

edificação, de acordo com o Quadro 4.2 apresentada abaixo:

Quadro 4.2 - Classificação final para etiquetagem PROCEL

Fonte: Adaptado de INMETRO 2008.

Para que um edifício seja elegível à etiquetagem, este deve atender a alguns pré-

requisitos gerais, além de atender a pré-requisitos específicos dos três sistemas: envoltória;

iluminação; e condicionamento de ar, de acordo com os critérios definidos para o nível de

eficiência pretendido. No caso da avaliação pelo método de simulação deverão ser atendidos

somente os pré-requisitos específicos do sistema de iluminação e condicionamento de ar, além

dos pré-requisitos gerais. Com isso, serão apresentados a seguir os pré-requisitos gerais e

específicos, além do detalhamento do método prescritivo.

Para ser elegível à etiquetagem a edificação deve: 1) possuir circuito elétrico com

possibilidade de medição dividida por uso final, ou possuir instalado equipamento que

possibilite esta medição, com exceção para os hotéis com desligamento automático nos

quartos, edificações com múltiplas unidades autônomas de consumo e edificações construídas

antes de junho de 2009, quando foi publicado o primeiro RTQ-C; 2) Utilização de fontes

alternativas de energia para aquecimento de água, caso exista grande demanda. A

porcentagem de energia que deve ser atendida corresponde o nível pretendido e podem ser

PONTUAÇÃO DA ETIQUETA PROCEL

CLASSIFICAÇÃO FINAL

≥ 4,5 a 5,0 A≥ 3,5 a < 4,5 B≥ 2,5 a < 3,5 C≥ 1,5 a < 2,5 D

< 1,5 E

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utilizados como fontes para o aquecimento: sistema de aquecimento solar, aquecedores a gás

do tipo instantâneo, sistemas de aquecimento de água por bombas de calor e caldeiras a gás;

3) Os edifícios que possuem elevadores devem possuir acionamento micro processado com

inversor de frequência.

4.3.1.1 Método prescritivo: envoltória

O processo de avaliação para classificação do sistema da envoltória faz-se através

da determinação de um conjunto de índices referentes às características físicas do edifício.

São analisados parâmetros da edificação, tais como: cobertura, fachada e aberturas, além do

volume da edificação relativo à área de piso do edifício e pela orientação das fachadas. As

aberturas verticais são avaliadas através de equações. A metodologia para classificar a

eficiência energética da envoltória é baseada em um indicador de consumo, que será obtido

por meio de equações desenvolvidas a partir da zona bioclimática em que a edificação se

encontra e da área de projeção dos edifícios (INMETRO, 2010). A Figura 4.2 apresenta um

mapa com o zoneamento bioclimático brasileiro.

Figura 4.2 - zoneamento bioclimático brasileiro

Fonte: Manual para aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C (BRASIL, 2009)

Os pré-requisitos da envoltória: exigidos de acordo com o nível de eficiência

pretendido são: limites de transmitância térmica das paredes e coberturas; limitações em cores

e absortância de superfícies; e limites de iluminação zenital. Transmitância térmica refere-se à

quantidade de energia que atravessa um componente construtivo e é considerada na avaliação

dos pré-requisitos como a média das transmitâncias ponderadas pela área que ocupam. A

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absortância solar é definida pela NBR 15220 como o “quociente da taxa de radiação solar

absorvida por uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre esta mesma

superfície” (ABNT, 2005). A iluminação zenital refere-se às aberturas ou e vidros zenitais das

edificações.

4.3.1.2 Método prescritivo: sistema de iluminação

O procedimento de determinação da eficiência do sistema de iluminação pode ser

realizado através de dois métodos: método da área do edifício ou método das atividades do

edifício. O método da área do edifício avalia, de forma conjunta, todos os ambientes do

edifício atribuindo um único valor limite para avaliação do sistema de iluminação Este caso

poderá ser utilizado em edificações que possuem até três atividades principais. O método das

atividades do edifício avalia separadamente os ambientes do edifício de acordo com a

atividade utilizada para cada ambiente. Para isso, é calculada a densidade de potência

instalada pela iluminação interna, relativa às atividades exercidas para aquele ambiente.

Então, é calculada a potência instalada de iluminação, a iluminância de projeto e a

iluminância gerada pelo sistema para determinação da eficiência. Para a determinação da

iluminação adequada utiliza-se as características definidas na NBR 5413 – Iluminância de

interiores, que estabelece os valores de iluminâncias médias mínimas em serviço para

iluminação artificial em interiores, onde se realizem atividades de comércio, indústria, ensino,

esporte e outras. Quanto menor a potência utilizada, menor é a energia consumida e mais

eficiente é o sistema, desde que garantidas às condições adequadas de iluminação

(INMETRO, 2008).

Os pré-requisitos exigidos para o sistema de iluminação são: 1) Divisão por

circuitos, isto é, cada ambiente fechado até o teto deve possuir um dispositivo de controle

manual para acionamento independente da iluminação interna do ambiente. 2) Ambientes

maiores que 250 m2 deverão possuir dispositivos automáticos para desligamento da

iluminação. 3) Ambientes com abertura para o ambiente externo, com fechamentos

translúcidos, por exemplo, que contenham mais de uma fileira de luminárias paralelas,

deverão ter acionamento independente para a fileira mais próxima desta parte aberta.

4.3.1.3 Método prescritivo: sistema de condicionamento de ar

A classificação da eficiência do sistema de condicionamento de ar pode ser

dividida em duas diferentes classes. Para edifícios que utilizam os sistemas individuais e split,

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que já estão classificados pelo INMETRO com as etiquetas de aparelhos, deve-se apenas

consultar os níveis de eficiência fornecidos nas etiquetas do INMETRO para cada um dos

aparelhos instalados na edificação e posteriormente aplicar o resultado na equação geral do

edifício. Porém, para edifícios que utilizam os sistemas de condicionamento de ar como

centrais, que não são classificados pelo INMETRO, devem seguir prescrições definidas no

texto do regulamento, resultando assim em uma classificação do nível de eficiência mais

complexa, pois sua definição depende da verificação de um número de requisitos e não pode

ser simplesmente obtida pela consulta da etiqueta (INMETRO, 2008).

Os pré-requisitos específicos do sistema de condicionadores de ar são avaliados

separadamente em cada ambiente e são eles: proteção das unidades condensadoras, que

devem estar sombreadas permanentemente; isolamento térmico para todos os dutos de ar; e o

atendimento aos indicadores mínimos de eficiência energética estabelecidos na

regulamentação em edificações onde é necessário sistema de aquecimento artificial.

Após calcular o nível de eficiência energética do edifício completo, considerando

todos os pré-requisitos descritos, é expedida a etiqueta. Segue, na Figura 4.2, o formato da

ENCE para edificações que será expedida pelo INMETRO, contendo os níveis finais e

parciais do edifício:

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Figura 4.3 - Formato da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

Fonte: Inmetro, 2008

A avaliação das edificações, descrita no RTQ-C, deverá ser feita por laboratórios

designados ou acreditados pelo INMETRO, de maneira que estes verifiquem as características

projetadas e construídas do edifício para indicar qual o nível de eficiência alcançado por este.

O RAC-C apresenta os métodos de avaliação, os procedimentos para submissão para

avaliação, direitos e deveres dos envolvidos, a lista de documentos que devem ser

encaminhados, modelos de formulários para preenchimento, dentre outros.

Atualmente doze edificações possuem a ENCE e outros 20 prédios estão em

processo de avaliação. Entre as edificações etiquetadas estão: o edifício do Centro de

Tecnologias Sociais para a Gestão da Água (CETRAGUA) em Florianópolis, com nível de

eficiência B; o edifício sede da Caixa Econômica Federal (CAIXA) em Belém, com nível de

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eficiência A; uma agência da CAIXA em Curitiba, com nível de eficiência também A; O

edifício da Faculdade de Tecnologia Nova Palhoça (FANTENP), com nível de eficiência A, e

por fim o edifício do Centro Tecnológico do Carvão Limpo (CTCL) em Criciúma, com nível

de eficiência da envoltória nível A (CARLO, ORDENES, 2009). Todos estas edificações

foram etiquetadas pelo Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE)

coordenado pelo professor Roberto Lamberts, isto ocorre, pois este, hoje, corresponde ao

único laboratório designado para etiquetagem de edifícios no Brasil (PROCELINFO, 2010).

Porém, eventos estão ocorrendo para discutir as perspectivas do mercado de

eficiência energética em edificações e a ampliação de organismos acreditados pelo

INMETRO para avaliar o nível de eficiência energética das edificações. Aliado a isso, são

expostas estratégias do governo para incentivar o uso da etiquetagem, tais como a facilitação

das condições de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social para os prédios eficientes energeticamente através do BNDES ProCopa Turismo –

Hotel Eficiência Energética, no qual o objetivo do programa é financiar a construção,

reforma, ampliação e modernização de hotéis que obtenham etiqueta de eficiência energética

nível A. O Ministério de Minas e Energia, juntamente com a Caixa Econômica Federal,

também estudam formas de beneficiar o financiamento de empreendimentos etiquetados

(PROCELINFO, 2010).

A efetivação da ENCE deve ser considerada como um desafio para procurar e

alcançar níveis mais elevados de eficiência energética nas edificações. A obtenção de uma

etiqueta de eficiência não é definitiva e pode ser continuamente melhorada com inovações

tecnológicas ao longo dos anos, criando um hábito do aprimoramento constante em eficiência

energética, da concepção ao uso do edifício.

4.4 Considerações Finais

O programa PROCEL tem como objetivo principal promover a racionalização do

consumo e produção de energia elétrica, eliminando os desperdícios e reduzindo

conseqüentemente os custos e investimentos setoriais. Já foram investidos em vinte um anos

do programa R$1024,27 milhões de reais resultando em 28,526 bilhões de kWh/ano de

energia economizada, dentre suas várias áreas de atuação, tais como: o selo PROCEL em

equipamentos, PROCEL nas escolas, Programa Nacional de Iluminação Pública. Neste

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capítulo ainda, destacou-se a etiqueta do programa PROCEL Edifica, no qual foi descrito todo

o processo metodológico para calcular a eficiência energética de um edifício comercial.

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5. METODOLOGIA

5.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo é exposto o método de pesquisa utilizado neste estudo.

Primeiramente é apresentada a definição da estratégia de pesquisa empregada, seguida da

descrição das características da empresa construtora e do empreendimento estudado. E então é

descrito o delineamento da mesma, que em alinhamento com os objetivos do trabalho,

apresenta os passos realizados na pesquisa, explicando e justificando cada um deles. Então

segue com a caracterização do estudo de caso.

5.2 Estratégia de Pesquisa

Antecedendo à descrição do enfoque epistemológico e metodológico a ser

utilizado no desenvolvimento desta pesquisa, considera-se importante explicitar que a

metodologia pode ser compreendida como o caminho e o instrumental próprios da abordagem

da realidade (MINAYO, 1998).

A posição epistemológica de base do positivismo é a pesquisa através da

observação de dados da experiência e das leis gerais que regem os fenômenos. A constância

ou a regularidade dos fenômenos constatados conduz à formulação de leis positivas e

generalizações (BRUYNE, HERMAN, SCHOUTHEETE, 1991).

Segundo Yin (2005) a estratégia de pesquisa, estudo de caso, deve ser utilizada

quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador possui pouco

controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos dentro

de um contexto real.

Quanto ao objetivo da pesquisa, Gil (2009) afirma que as pesquisas exploratórias

tem como objetivo tornar o problema mais explícito, Isto é, proporcionar uma maior

familiaridade com o mesmo. No qual, na maioria das vezes, envolve levantamentos

bibliográficos, entrevistas com pessoas que tiveram experiências praticas com o problema e a

análise de exemplos que auxiliem a abrangência do problema. Portanto, possibilita a

consideração de vários aspectos relativos ao fato estudado.

Diante disto, quanto ao enfoque metodológico e em consonância com o objetivo a

ser alcançado, a pesquisa foi realizada segundo a abordagem qualitativa e teve como

estratégia de pesquisa o estudo de caso único e do tipo exploratório, já que busca estudar um

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assunto contemporâneo, ainda pouco discutido. De acordo com Yin (2005), essa estratégia de

pesquisa é utilizada quando o pesquisador almeja lidar com condições contextuais que sejam

relevantes ao seu fenômeno de estudo. Estudos de casos adotam um enfoque indutivo no

processo de coleta e análise de dados em que os pesquisadores tentam obter suas informações

a partir das percepções dos atores locais (YIN, 2005).

5.3 Delineamento da Pesquisa

5.3.1 Descrição da empresa e do empreendimento estudado

A empresa responsável pela construção da obra estudada é de médio porte,

situada na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará e trabalha há 12 anos no mercado. A

empresa trabalha com obras para terceiros, isto é, contratos do tipo preço fechado, ou por

administração. A mesma constrói principalmente nos segmentos industrial, comercial e

residencial, com atuação em todo o país, mas principalmente nas regiões Norte e Nordeste.

Hoje esta empresa já conta com 370 obras entregues, entre pequeno, médio e grande porte, e

encontra-se com 17 obras em andamento.

O estudo foi realizado em um empreendimento localizado na cidade de Fortaleza.

É um edifício do tipo comercial no qual a empresa executou através de contrato por

administração. A obra durou cerca de um ano e seis meses, tendo sido finalizada em

dezembro de 2009.

O edifício encontra-se em um terreno com aproximadamente 1.070 m2, com área

total construída de 715 m2 divididos em dois pavimentos, térreo com 400 m2 e mezanino com

315 m2, tendo ainda 14 vagas de garagem no térreo e áreas de jardim. O edifício é

caracterizado pelo uso de concreto armado como estrutura, alvenaria de tijolo cerâmico para

vedações, vidro incolor com espessura de 6,0mm, e fechamento da coberta com estrutura

metálica.

O prédio possui dois acessos, um acesso principal lateral e outro na parte de trás

do edifício. O pavimento térreo é dotado de um grande salão de exposição com vão de

aproximadamente 20,0 metros, salas de venda, salas administrativas, copa e banheiros. No

segundo pavimento encontra-se mais espaço para exposição, além de salas para elaboração de

projetos e banheiros. A circulação vertical se dá por duas escadas, uma que liga o térreo ao

mezanino pelo interior da loja e outra que liga a área externa às salas de projeto, localizadas

no mezanino. A edificação não possui elevadores.

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Abaixo seguem as plantas baixas do térreo e do mezanino:

Figura

baixo seguem as plantas baixas do térreo e do mezanino:

Figura 5.1 - Plantas baixa: (a) térreo (b) mezanino Fonte: Adaptado pela autora do projeto original

59

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A cobertura do edifício, executada em estrutura metálica com telha trapezoidal em

alumínio, não possui nenhuma abertura, o que não permite a entrada de iluminação zenital na

construção. A fachada principal do edifício, norte, e a fachada oeste possuem grandes áreas

envidraças, permitindo a entrada da iluminação natural. Porém toda a área do edifício é

condicionada artificialmente, isto é, não possui nenhuma área com ventilação natural.

A figura 5.2 representa uma vista geral do edifício em funcionamento.

Figura 5.2 - Vista geral da obra estudada

Fonte: Registrada pela autora

5.3.2 Etapas da Pesquisa

Esta pesquisa iniciou-se com a revisão bibliográfica, sendo que a mesma se

estendeu até a finalização da pesquisa. Dentre os temas abordando estão: desenvolvimento

sustentável, construções sustentáveis, eficiência energética e metodologias de avaliação

ambiental, enfatizando o programa PROCEL Edifica. Em união a revisão do material

existente na literatura, foi realizado um levantamento documental de todos os manuais e

normas utilizadas na metodologia do processo de etiquetagem do programa.

A metodologia para realização desta pesquisa pode ser dividida em três etapas: a

primeira etapa compreende a preparação do estudo de caso, a segunda a condução do estudo

de caso e, por fim, a proposição de diretrizes para que o empreendimento possa atingir o nível

máximo de eficiência energética. Na figura 5.3, é apresentado a sequência das etapas da

pesquisa, bem como as fases que compõem cada etapa.

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Figura 5.3 - Delineamento da Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora

A primeira etapa da pesquisa, preparação do estudo de caso, iniciou-se com a

participação nas reuniões semanais do Núcleo de Engenharia e Arquitetura Bioclimática

(NEAB), buscando adquirir capacitação para realização do primeiro objetivo específico deste

trabalho: determinar o nível de eficiência energética de um empreendimento comercial.

O grupo de pesquisa NEAB, que está vinculado à Universidade Federal do Ceará

(UFC), é um laboratório multiplicador do programa PROCEL Edifica, com aprovação do

Inmetro. Este grupo estuda questões de eficiência energética e conforto ambiental em

edificações, tendo no momento seus estudos voltados para o PROCEL Edifica.

O projeto analisado não possui nenhuma característica que implicaria na limitação

ao uso do método prescritivo, determinado no RTQ-C, por esta razão, este método foi

utilizado para análise da eficiência do edifício.

O método prescritivo, apesar de ser mais simples que o método de simulação

computacional, apresenta inúmeras equações e um processo relativamente extenso quando

não sistematizado. Segundo Pereira et al. (2010), as ferramentas computacionais auxiliam na

agilidade de processos, fixação de um método e o registro de informações, que por sua vez,

podem ser modificadas facilmente quando necessário. Com isso, desenvolveram-se planilhas

computacionais com o programa EXCEL® com o intuito de facilitar o processo de

etiquetagem e proporcionar agilidade na aplicação do método prescritivo do regulamento.

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Devido ao grande número de informações a serem coletadas para o processo de

etiquetagem, optou-se pela elaboração de três planilhas individuais para cada requisito:

envoltória, sistema de iluminação, e sistema de condicionamento de ar, além de mais três

planilhas para analise dos pré-requisitos específicos de cada um. Elaborou-se também a

planilha de classificação geral, que considera o nível de eficiência energética dos três sistemas

individuais, os pré-requisitos gerais e as bonificações.

Para aplicação do processo de etiquetagem em um empreendimento, pode-se

perceber a necessidade de elaboração de uma orientação a respeito da metodologia de

avaliação do programa, a ser disponibilizada ao proprietário da empresa construtora, cuja

edificação será analisada. Com isso, desenvolveu-se uma orientação para o processo de

etiquetagem voluntária do nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e

públicos. Nesta orientação são descritas as etapas que serão realizadas no processo, todos os

projetos e manuais necessários para a avaliação, que deverão ser fornecidos pela empresa e

também todos os formulários que deverão ser preenchidos e entregues ao laboratório que fará

a avaliação. Esta orientação esquematiza um caso real de solicitação de etiquetagem.

A segunda etapa da pesquisa, condução do estudo de caso, inicia-se com a coleta

de todos os projetos e memoriais necessários para avaliação do empreendimento. Dentre estes

projetos estão: todos os projetos arquitetônicos referentes à edificação, planta de localização,

plantas baixas de todo os pavimentos, planta da cobertura, cortes longitudinal e transversal,

fachadas, quadro de áreas; os projetos de esquadria; o projeto elétrico e luminotécnico com as

especificações, e memorial de cálculo; memorial e especificações do projeto de

condicionamento de ar, além do memorial descritivo e especificações do projeto. Por fim caso

haja interesse em adicionar bonificações na avaliação, os projetos especiais, como por

exemplo: projeto hidrossanitário, para economia de água, projeto de sistema fotovoltaicos, ou

projeto adequado para inovações em eficiência energética.

Com o levantamento de todos os projetos e memoriais, pôde-se iniciar a avaliação

do nível energético da edificação. Este processo foi dividido em duas etapas: uma etapa de

projeto e uma etapa de inspeção do edifício construído.

Para avaliação da etapa de projeto, definiram-se os equivalentes numéricos dos

três requisitos pelo método prescritivo do RTQ-C. A obtenção do equivalente numérico da

envoltória é baseada na determinação do Índice de Consumo da Envoltória (ICenv), calculado

através de uma equação representada por variáveis relacionadas com a caracterização da

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volumetria do edifício e análise de seus pré-requisitos específicos. A avaliação do sistema de

iluminação é baseada no cálculo da Densidade de Potência de Iluminação Limite (DPIL), que

será comparada a potência total instalada no edifício para determinação do nível de eficiência

do sistema. Este nível determinado em adição a consideração dos pré-requisitos deste sistema,

determina o equivalente numérico do sistema de iluminação. Para o sistema de

condicionamento de ar, de acordo com o nível de classificação dos equipamentos utilizados

na edificação, são obtidos seus respectivos equivalentes numéricos, os quais serão ponderados

de acordo com a área de cada ambiente condicionada, para determinação do nível de

eficiência deste sistema. O equivalente número, mais uma vez, foi encontrado após

consideração dos pré-requisitos específicos e nível calculado. Por fim, são analisados os pré-

requisitos gerais e ponderados dos três equivalentes numéricos descritos anteriormente, para

determinação do nível de eficiência global do edifício.

Segue um fluxograma, Figura 5.4, no qual foi esquematizado o processo de

etiquetagem descrito acima:

Figura 5.4 - Fluxograma do processo de etiquetagem do programa PROCEL Edifica

Fonte: Elaborado pela autora

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64

Posteriormente foi realizada a inspeção do edifício construído a fim de verificar se

os itens avaliados em projeto foram fielmente construídos conforme o projeto etiquetado.

Caso contrário, analisou-se se as diferenças encontradas influenciariam na eficiência

calculada na etapa de projeto.

Obtido o nível de eficiência energética do edifício, caso este nível encontrado seja

inferior ao nível máximo, “A”, surge à terceira etapa da pesquisa que se refere à proposição

de diretrizes para que o empreendimento estudado consiga atingir o nível máximo de

eficiência energética do programa PROCEL Edifica.

Serão apresentadas propostas de diretrizes em cada sistema, separadamente,

envoltória, sistema de iluminação e sistema de condicionamento de ar, para garantia da

classificação máxima dos níveis parciais de eficiência energética. Para isso, são sugeridas

implantações de sistemas e alterações de projeto assegurando as exigências limitantes dos pré-

requisitos específicos, não atingidos no projeto original, além de modificações e implantações

de materiais construtivos e aparelhos, utilizados nos três sistemas, no qual o indicador de

consumo da envoltória, o cálculo da densidade de potência de iluminação e o nível de

eficiência dos aparelhos condicionadores de ar também obtenham o nível máximo de

eficiência.

Os respectivos equivalentes numéricos, dos novos níveis parciais, são

introduzidos novamente no cálculo para determinação da classificação geral do edifício, caso

a pontuação total do edifício ainda não consiga atingir no nível pretendido “A”, serão

propostas diretrizes para garantia da obtenção de bonificações, que poderão somar até 1,0

ponto na classificação geral do edifício.

Alcançada a classificação máxima para o nível geral de eficiência energética, são

ainda, propostas diretrizes para garantia do atendimento de todas as exigências dispostas nos

pré-requisitos gerais do regulamento. Após todas as alterações sugeridas ao edifício,

confirma-se a classificação máxima, “A”, para o nível global de eficiência energética do

empreendimento.

5.4 Considerações Finais

Neste capítulo, foram caracterizados a empresa e o empreendimento utilizados

para realização da pesquisa. Apresentaram-se também todas as etapas utilizadas para este

estudo, bem como, a descrição e o detalhamento de cada uma delas.

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65

Ressalta-se que esta monografia tem uma abordagem qualitativa e como estratégia

de pesquisa o estudo de caso único e do tipo exploratório.

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6 RESULTADOS

6.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo serão apresentados os resultados encontrados na pesquisa.

Iniciando-se pela etapa de preparação do estudo de caso, com uma breve discussão sobre as

ferramentas computacionais desenvolvidas para o processo de etiquetagem e exposição da

orientação ao proprietário; a etapa de condução do estudo de caso, no qual é definido o nível

global de eficiência do edifício; e por fim, apresentação de diretrizes para que o edifício

alcance o nível máximo de eficiência energética.

6.2 Preparação do estudo de caso

6.2.1 Planilhas computacionais

As planilhas computacionais utilizaram como base o programa Excel® e foram

elaboradas através da inclusão das equações e pré-requisitos referentes à envoltória, sistema

de iluminação e sistema de condicionamento de ar, de acordo com o Regulamento Técnico da

Qualidade de Edifícios Comerciais, de Serviços e Púbicos (RTQ-C). Nas planilhas são

inseridas as informações referentes aos parâmetros do edifício e fornecidos a classificação dos

níveis parciais de cada sistema e do nível geral de eficiência energética da edificação.

Devido à grande quantidade de informações a serem relacionadas, optou-se pela

elaboração de sete planilhas. Para cada sistema, envoltória, sistema de iluminação e sistema

de condicionamento de ar, foram elaboradas duas planilhas, um para seus pré-requisitos

específicos e outra para o cálculo do nível de eficiência parcial. Além destas foi elaborada

uma planilha para determinação do nível limitante pelos pré-requisitos gerais e um planilha

para a classificação geral de eficiência energética.

A planilha de pré-requisitos específicos do sistema de envoltória deverá ser

preenchida com os dados de transmitância e absortância dos materiais utilizados, cores

utilizadas na pintura do edifício, o percentual de abertura zenital e o fator solar do vidro

utilizado na edificação. E de acordo com os limites para cada categoria, esta planilha

apresenta como resultado final o equivalente numérico que a edificação está apta a obter.

A planilha do indicador de consumo da envoltória deverá ser preenchida com os

dados da volumetria da edificação, tais como: área de projeção da coberta, área total de piso,

volume total do edifício e ângulos de sombreamento. A planilha deverá como resultado

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67

fornecer os limites máximos e mínimos do indicador e os intervalos entre eles, determinando

o nível de eficiência parcial da envoltória.

A planilha de pré-requisitos específicos do sistema de iluminação possui três

exigências que deverão ser respondias com as opções SIM (cumpre totalmente o requisito) ou

NÃO (não cumpre): divisão circuitos, contribuição de luz Natural e desliga automático do

sistema.

Na planilha para calcular o nível de eficiência parcial de iluminação, deverá ser

determinado à área iluminada do edifício e a potência total instalada.

A planilha de pré-requisitos específicos do sistema de condicionamento de ar,

assim como a de iluminação, é composta por três exigências que deverão ser respondidas

quanto aos seus atendimentos: proteção das unidades condensadoras, isolamento térmico para

dutos de ar e condicionamento de ar por aquecimento artificial.

A planilha de cálculo do nível parcial do sistema de condicionamento de ar deve

conter os tipos de aparelhos utilizados, bem como suas quantidades e classificação do

INMETRO.

A planilha de pré-requisitos gerais, mais uma vez, deverá ser preenchida quanto

ao atendimento das exigências: circuitos elétricos com medição centralizada por uso final,

elevada demanda de aquecimento de água e as exigências de quando houver elevadores na

edificação.

Por fim, a planilha de classificação geral de eficiência energética considera

automaticamente os níveis parciais calculados anteriormente, e nesta deverão ser preenchidos

os seguintes índices: área de piso dos ambientes condicionados e não condicionados, área de

piso de ambiente de permanência transitória e a área útil do empreendimento, além da

pontuação referente às bonificações.

Estas planilhas auxiliaram a aplicação do estudo de caso realizado,

proporcionando maior agilidade na avaliação da edificação. Futuramente poderão ser

utilizadas para avaliar qualquer outro empreendimento em todas as regiões bioclimáticas do

país.

6.2.2 Orientação para processo de etiquetagem

A orientação para o processo de etiquetagem voluntária do nível de eficiência

energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos pode ser observada no anexo 1.

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Nesta orientação foi descrito, de forma resumida, o processo de etiquetagem, no qual são

destacadas as duas etapas para realização do mesmo. A primeira etapa, avaliação de projeto,

está dividida em dois passos: o primeiro passo refere-se à solicitação da etiqueta, no qual

deverão ser entregues ao organismo o formulário de solicitação e todos os projetos e

memoriais descritos na orientação; o segundo passo representa a avaliação da conformidade

da documentação entregue e a determinação do nível de eficiência energética do edifício. A

segunda etapa, inspeção do edifício, divide-se em três passos: no primeiro passo destaca-se a

solicitação da inspeção, com a entrega de projeto as built, caso tenha ocorrido alguma

alteração no projeto; o segundo passo é a inspeção propriamente dita; e o terceiro passo

confirmação da eficiência com assinatura do termo de compromisso.

A orientação elaborada refere-se a uma simulação da realidade, pois além de

informar todo o processo que seria realizado no empreendimento, servirá a empresa caso esta

desejar etiquetar um empreendimento futuramente.

6.3 Condução do estudo de caso

6.3.1 Etapa de projeto

Na etapa de projeto, é realizada a avaliação do nível de eficiência energética do

edifício. Para isso, são determinados os níveis de eficiência parciais dos três sistemas

envoltória, sistema de iluminação e sistema de condicionamento de ar, considerados os pré-

requisitos específicos de cada um deles e os pré-requisitos gerais para edificação.

6.3.1.1 Envoltória

A definição do equivalente numérico do requisito envoltória foi dividida em três

etapas. Primeiramente foi realizada a coleta de todos os projetos arquitetônicos e memoriais,

com detalhamento dos materiais utilizados na execução do edifício, para então iniciar a

primeira etapa, que representa o cálculo do indicador de consumo da envoltória. Em paralelo,

a segunda etapa refere-se à determinação do nível de eficiência limitado pelos pré-requisitos

específicos da envoltória, e finalmente na terceira etapa define-se, a partir dos dois resultados

encontrados, o nível de eficiência parcial da envoltória.

Os principais materiais utilizados na edificação foram:

Estrutura : Concreto armado;

Fechamentos: Alvenaria de tijolo cerâmico com oito furos e dimensões

20x20x10cm, rebocadas em ambos os lados com 2,5 cm de espessura.

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Aberturas: Janelas de alumínio e vidro; portas de vidro e madeira; e vidro incolor

de 6,0mm, com fator solar de 0,87, nas fachadas norte e oeste.

Acabamentos: Pintura com tinta acrílica branca em todas as áreas internas e

externas.

Cobertura: Para o vão central, cobertura com telha metálica tipo sanduíche. Laje

de concreto com manta impermeabilizante e também uma área de teto-jardim.

a) Análise dos Pré-requisitos da envoltória

A análise dos pré-requisitos da envoltória baseia-se nas recomendações

enquadradas no zoneamento bioclimático brasileiro. Assim, como o edifício estudado

encontra-se na cidade de Fortaleza, os valores apresentados se referem à zona bioclimática 8.

São avaliados nos pré-requisitos: a transmitância térmica de paredes e coberta, cores e

absortância de superfícies e a iluminação zenital do edifício.

O primeiro pré-requisito analisado foi a transmitância térmica das paredes

externas e da cobertura. Nas paredes foram utilizados os seguintes materiais: vidro, tijolo

cerâmico rebocado e concreto, por conta das vigas de concreto que aparecem na fachada

principal composta de vidro. Na cobertura consideraram-se áreas de laje teto-jardim, laje de

concreto com manta de impermeabilização e telha metálica sanduíche, com proteção térmica.

A determinação da transmitância térmica dos materiais utilizados foi feita

segundo descrito no projeto de norma da ABNT 02:135.07-001/2, Desempenho térmico de

edificações. Com base nos dados de densidade de massa aparente (ρ), condutividade térmica

(λ) e calor específico (c) descritos no projeto de norma, pode-se calcular a transmitância

térmica dos materiais e capacidade térmica das paredes.

Para determinação da transmitância térmica da parede de alvenaria, considerou-se

a seção da parede executada, como mostra o desenho ilustrativo, Figura 6.1, abaixo:

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Figura

A alvenaria foi executada com tijolo cerâmico 20x20x10cm deitado e reboco dos

dois lados com 2,5cm, resultando em uma parede com espessura de 25,0cm. A

representa as três opções por onde o calor passará pelo fechamento. A opção A representa a

alternativa reboco, alvenaria e reboco; a opção B representa reboco, tijolo e reboco; e a

terceira e última opção C seria reboco, tijolo, vazio (ar), tijolo, vazio (ar), tijolo, vazio (ar),

tijolo, vazio (ar), tijolo, reboco. Considerando estas três opções, calcula

de cada um delas. Assim após ponderar pela área temo

consequentemente a transmitância para este material. Segue a Tabela 6.1 com os resultados

descritos da transmitância alvenaria:

Tabela

Da mesma forma que foi calculada a transmitância térmica da alvenaria, calculou

se as transmitâncias de todos os materiais das paredes e cobertura, descritos anteriormente.

Abaixo segue Tabela 6.2 com os valores dos parâmetros

Tabela 6.3 com as transmitâncias:

Parede Tijolo Cerâmico Área (m2

Opção A 0,003

Opção B 0,006

Opção C 0,014

TOTAL 0,023

Figura 6.1 - Desenho ilustrativo alvenaria de tijolo cerâmicoFonte: Elaborado pela autora

A alvenaria foi executada com tijolo cerâmico 20x20x10cm deitado e reboco dos

5cm, resultando em uma parede com espessura de 25,0cm. A

representa as três opções por onde o calor passará pelo fechamento. A opção A representa a

alternativa reboco, alvenaria e reboco; a opção B representa reboco, tijolo e reboco; e a

a e última opção C seria reboco, tijolo, vazio (ar), tijolo, vazio (ar), tijolo, vazio (ar),

tijolo, vazio (ar), tijolo, reboco. Considerando estas três opções, calcula

ssim após ponderar pela área temos a resistência térmica da parede e

consequentemente a transmitância para este material. Segue a Tabela 6.1 com os resultados

descritos da transmitância alvenaria:

Tabela 6.1 - Determinação transmitância térmica da alvenaria

Fonte: Cálculo da autora

Da mesma forma que foi calculada a transmitância térmica da alvenaria, calculou

se as transmitâncias de todos os materiais das paredes e cobertura, descritos anteriormente.

Abaixo segue Tabela 6.2 com os valores dos parâmetros ρ, λ e c de todos

Tabela 6.3 com as transmitâncias:

2)% Área Total

Resistência Térmica

Resistência Total Transmitância

13,0% 0,22 -

26,1% 0,27 -

60,9% 0,40 -

100,0% 0,34 0,52

70

alvenaria de tijolo cerâmico

A alvenaria foi executada com tijolo cerâmico 20x20x10cm deitado e reboco dos

5cm, resultando em uma parede com espessura de 25,0cm. A Figura 6.1

representa as três opções por onde o calor passará pelo fechamento. A opção A representa a

alternativa reboco, alvenaria e reboco; a opção B representa reboco, tijolo e reboco; e a

a e última opção C seria reboco, tijolo, vazio (ar), tijolo, vazio (ar), tijolo, vazio (ar),

tijolo, vazio (ar), tijolo, reboco. Considerando estas três opções, calcula-se resistência térmica

cia térmica da parede e

consequentemente a transmitância para este material. Segue a Tabela 6.1 com os resultados

aria

Da mesma forma que foi calculada a transmitância térmica da alvenaria, calculou-

se as transmitâncias de todos os materiais das paredes e cobertura, descritos anteriormente.

λ e c de todos os materiais e a

Transmitância Térmica

Capacidade Térmica

- 500,00

- 394,40

- 144,16

1,93 255,85

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Tabela 6.2 - Parâmetros para determinação da transmitância térmica

Fonte: Cálculo da autora

Tabela 6.3 - Transmitância térmica dos materiais

Fonte: Cálculo da autora

Os valores da transmitância térmica da laje teto-jardim e da telha metálica em

alumínio com proteção térmica foram retirados do manual do PROCEL. Com transmitância

do teto-jardim de 1,62 W/(m2.K) e da telha 0,7 W/(m2.K).

Com posse de todos os dados necessários, a transmitância média é finalmente

calculada ponderando as áreas de cada material utilizado. Assim segue abaixo a Tabela 6.4

com a transmitância das paredes e a Tabela 6.5 com a transmitância térmica da cobertura:

Tabela 6.4 - Cálculo da transmitância média da parede

Fonte: Cálculo da autora

ρ λ CVidro Comum 2500 1,00 0,84Impermeabilizante Betuminoso

1100 0,23 1,46

Concreto 2300 1,75 1,00Argamassa 2000 1,15 1,00Tijolo 1600 0,90 0,92

Cavidade Horizontal 2cm < e < 5cm

0,16

Esp. (m)Resistência

TérmicaResistência Total

Transmitância Térmica

Capacidade Térmica

Vidro 0,006 0,01 0,18 5,68 12,60Concreto

Vigas0,25 0,14 0,31 3,20 575,00

Laje de concreto

0,15 0,15 0,32 3,12 461,06

Material Área Transmitância Ponderação da área Transmitância FinalVidro 262,02 5,68 0,42Tijolo Cerâmico Rebocado 309,28 1,93 0,50Concreto 46,36 3,2 0,08

3,62

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Tabela 6.5 - Cálculo da transmitância média da cobertura

Fonte: Cálculo da autora

Para o cálculo da absortância da cobertura também se usou os dados disponíveis

no projeto de norma da ABNT, onde são descritos as absortâncias (α) para cada tipo de

superfície e com a ponderação das áreas dos materiais utilizados, determinou-se a absortância

média da cobertura como mostrado na Tabela 6.6 abaixo:

Tabela 6.6 - Cálculo da absortância média

Fonte: Cálculo da autora

A edificação estudada não possui nenhuma abertura em sua coberta, o que implica

a falta de iluminação zenital na estrutura, por isso, o percentual de abertura zenital (PAZ) é

considerado nulo. E o fator solar (FS) do vidro utilizado no edifício é de 0,87.

Com isso, segue a Tabela 6.7 com os resultados de todos os pré-requisitos

destacados acima. Nesta são descritos os limites exigidos do RTQ-C para cada nível de

eficiência, os valores calculados e seus respectivos níveis de classificação limitantes. Por fim

o nível mais baixo encontrado será o nível de eficiência limitado pelos pré-requisitos da

envoltória.

Material Área Transmitância Ponderação da área Transmitância FinalTeto-jardim com grama 28,6 1,62 0,07Laje de concreto 153,79 3,12 0,39Telha metálica 211,81 0,7 0,54

1,71

Material Área Absortância Ponderação da área Transmitância FinalTeto-jardim com grama 28,6 0,55 0,07Laje de concreto 153,79 0,65 0,39Telha metálica 211,81 0,25 0,54

0,43

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Tabela 6.7 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos da envoltória

Fonte: Cálculo da autora

O edifício estudado, como pode ser observado na Figura 5.2, possui uma grande

área envidraçada nas fachadas norte e oeste, o que permite grande entrada de luz e calor para

o interior da loja. Este material, vidro, influenciou negativamente o cálculo da transmitância

média da parede, porém não resultou em uma eficiência de nível mínimo, “E”, por conta da

determinação de alvenarias com tijolo deitado, alvenaria de uma vez. Isto é, caso neste

edifício tivesse sido utilizado uma alvenaria comum, com os tijolos em pé, que é representado

por uma transmitância de aproximadamente 2,5 W/m2K, a transmitância média das paredes

iria para 3,9 W/m2K, como o limite imposto é de 3,7 W/m2K, a avaliação dos pré-requisitos

resultaria no nível “E”.

Na avaliação da transmitância média da cobertura, a laje de concreto com manta

impermeabilizante que possui alto valor de transmitância térmica, foi limitante para o nível de

eficiência determinado, “C”.

b) Determinação do Índice de Consumo da envoltória

Após a análise dos pré-requisitos, a determinação da eficiência da envoltória é

feita a partir do cálculo do indicador de consumo, que considera a área de projeção da

cobertura, maior ou menor que 500 m2, e a zona bioclimática onde se encontra o edifício.

O edifício em questão possui uma área de projeção menor que 500 m2 e, como já

comentado anteriormente, encontra-se na zona bioclimática 8. Assim, para estes parâmetros

Nível A Nível B Nível C Nível DTrasmitância parede ( parede com

cap. Máx. de 80KJ/m2K2,5 W/m2K 2,5 W/m2K 2,5 W/m2K 2,5 W/m2K - -

Trasmitância parede (parede com

cap. superior de 80KJ/m2K3,7 W/m2K 3,7 W/m2K 3,7 W/m2K 3,7 W/m2K 3,62 A

Trasmitância cobertura Ambiente climatizado 1,0 W/m2K 1,5 W/m2K 2,0 W/m2K 2,0 W/m2K 1,71 C

Cores e absortância de superfícies (cobertura)

α < 0,5 (cores claras)

α < 0,5 (cores claras)

- - 0,43 A

PAZ 0 a 2% 2,1 a 3% 3,1 a 4% 4,1 a 5% 0 A

FS 0,87 0,67 0,52 0,3 0,87 A

CNível de eficiência limitado pelo pré-requisito específico envoltória

Exigências RTQ-C Valores calculados

ClassificaçãoPré-requisitos específicos

envoltória

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determinados, o indicador de consumo pode ser calculado pela Equação 6.1 (BRASIL, 2010,

p. 33.):

71833,027,129,031,006,747,3337,164147,454 +⋅⋅+⋅⋅−⋅−⋅+⋅+⋅+⋅−⋅= AHSPAFAVSPAFAHSAVSFSPAFFFFAIC TTTenv (6.1)

Para determinação do indicador de consumo foram calculados um conjunto de

índices referentes às características físicas do edifício, como pode ser observado na Tabela

6.8.

Tabela 6.8 - Caracterização da envoltória a partir das variáveis determinantes do IC

Fonte: Cálculo da autora

Nesta tabela, pode-se observar os limites máximos e mínimos do Indicador de

Consumo, o intervalo entre eles é dividido em quatro partes (i) e cada parte se refere a um

nível de classificação em uma escala que varia de A a E. O edifício analisado obteve nível de

eficiência “B”, apontado na Tabela 6.9 abaixo.

Tabela 6.9 - Resultado da classificação do índice de consumo da envoltória

Fonte: Cálculo da autora

Índices Áreas Equivalentes numéricos

APCOB Área de projeção da coberta 405,14

Atot Área total de piso 712,36

FA Fator Altura 0,57

AENV Área da envoltória 1176,84

V tot Volume Total 2850,18

FF Fator de Forma 0,41

PAFT Percentual de área de abertura na fachada 0,25

FS Fator solar 0,87

AVS Ângulo Vertical de Sombreamento 0,16

AHS Ângulo Horizontal de Sombreamento 0,13

IC máx Limite máximo do indicador de consumo 323,14

IC mín Limite mínimo do indicador de consumo 306,56

i Subdivisão do intervalo 4,14

IC env Indicador de consumo da envoltória 313,32

IC de envoltória 313,32

Eficiência A B C D E

Lim Mín - 310,72 314,86 319,00 323,15

Lim Máx 310,71 314,85 318,99 323,14 -

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c) Resultado final da classificação da envoltória

A avaliação do indicador de consumo da envoltória resultou no índice B de

eficiência, porém as exigências previstas na avaliação dos pré-requisitos resultaram no índice

de eficiência C. Desta maneira, a classificação final da envoltória resultou na classificação

final correspondente ao nível “C”, com isso, o equivalente numérico da envoltória de acordo

com o Quadro 4.1 é igual a 3,0.

6.3.1.2 Sistema de Iluminação

A definição do equivalente numérico do sistema de iluminação foi dividida em

três etapas. Primeiramente, foi realizada a coleta dos projetos luminotécnicos, para então

iniciar a primeira etapa, que representa o cálculo da densidade de potência de iluminação pelo

método da área, já que o empreendimento só possui uma atividade principal, o comércio. Em

paralelo, a segunda etapa refere-se à determinação do nível de eficiência limitado pelos pré-

requisitos específicos do sistema de iluminação, e finalmente na terceira etapa define-se, a

partir dos dois resultados encontrados, o nível de eficiência parcial do sistema de iluminação.

a) Pré-requisitos específicos do sistema de iluminação

A conferência quanto aos pré-requisitos do sistema de iluminação baseia-se nas

informações contidas no próprio regulamento, RTQ-C. Em relação ao pré-requisito de divisão

de circuitos, foi observado que todos os ambientes do edifício possuem pelo menos um

dispositivo de controle manual para o acionamento independente da iluminação interna do

ambiente. Quanto a contribuição de luz natural no edifício, somente dois ambientes possuem

abertura voltada para o ambiente externo, e a exigência para este pré-requisito não foi

atendido em nenhum dos dois casos. E por fim, o edifício possui dois ambientes maiores de

250 m2, que deveriam possuir dispositivos para desligamento automático do sistema de

iluminação, porém mais uma vez não foi atendido. Com isso, na Tabela 6.10 abaixo, pode-se

observar os índices resultantes de cada pré-requisito e, consequentemente, a classificação final

dos pré-requisitos específicos do sistema de iluminação encontrada, “C”.

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Tabela 6.10 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos do sistema de iluminação

Fonte: Cálculo da autora

Vale ressaltar que o desenvolvimento dos projetos do edifício estudado não levou

em conta esta avaliação realizada. Assim, o nível de eficiência “C”, encontrado para avaliação

dos pré-requisitos, poderá ser facilmente modificado com pequenas alterações de projeto.

b) Determinação da Densidade de Potência de Iluminação

Com relação ao sistema de iluminação, foram empregadas três tipologias de

luminárias. Luminárias com duas lâmpadas de 23W, luminárias com uma lâmpada de 23W e

luminárias com uma lâmpada de 70W.

Como já descrito e justificado, a avaliação do sistema de iluminação foi realizada

pelo método da área do edifício, no qual é atribuído um único valor limite para avaliação do

sistema de iluminação. Assim, são identificados os valores de Densidade de Potência de

Iluminação Limite (DPIL) para cada nível de eficiência, para a atividade comércio, no RTQ-C.

Determinada a área iluminada do edifício pelos projetos luminotécnicos, este é multiplicada

pela DPIL, para encontrar a potência limite do edifício, o que resultou no nível máximo “A” de

eficiência energética. Na Tabela 6.11 pode ser observado os resultados do processo realizado.

Tabela 6.11 - Nível de eficiência do sistema de iluminação pelo método da área

Fonte: Cálculo da autora

Pré-requisitos específicos do sistema de iluminaçãoAtendimento do

pré-requisitoClassificação

Divisão dos circuitos SIMContribuição da luz natural NÃODesligamento automático do sistema de iluminação NÃO

C

Atividade Principal do edifício:

Área iluminada do edifício (m2):A B C D

15,1 17,4 19,6 21,9

Potência Limite (W): 9776,19 11265,28 12689,63 14178,72

Potência Total (W):

Nível de eficiência:

7375,0

Comércio

A

647,43

Densidade de Potência de

Iluminação limite (W/m2) :

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c) Resultado final da Avaliação de Iluminação

Apesar do nível de eficiência calculado pela densidade de potência de iluminação

ter alcançado nível “A”, as exigências relativas aos pré-requisitos do sistema de iluminação,

limitaram o nível final de avaliação do sistema de iluminação ao nível “C”, o que representa

equivalente numérico igual a 3.

6.3.1.3 Sistema de condicionamento de Ar

A definição do equivalente numérico do sistema de condicionamento de ar foi

dividida em três etapas. Primeiramente foi realizada a coleta dos projetos de instalações de ar

condicionado, para então iniciar a primeira etapa, que representa a avaliação dos níveis de

eficiência dos aparelhos condicionadores de ar. Em paralelo, a segunda etapa refere-se à

determinação do nível de eficiência limitado pelos pré-requisitos específicos do sistema de

condicionamento de ar, e finalmente na terceira etapa define-se, a partir dos dois resultados

encontrados, o nível de eficiência parcial do sistema de condicionamento de ar.

a) Pré-requisitos específicos do sistema de iluminação

O edifício estudado possui sistema de condicionamento de ar do tipo split e split

cassete. Na Figura 6.2 pode ser observado um desenho ilustrativo dos dois tipos de

condicionadores de ar utilizados na edificação.

Figura 6.2 – Tipos de condicionadores de ar: (a) split cassete (b) split

Na avaliação dos pré-requisitos específicos desconsiderou-se o condicionamento

de ar por aquecimento artificial, já que este sistema não é utilizado na edificação. As

exigências de proteção dos aparelhos condicionadores não foram atendidas. Porém, o

isolamento térmico para dutos de ar foram utilizados no empreendimento. Assim a avaliação

dos pré-requisitos específicos do sistema de condicionamento de ar obteve nível “B”, como

pode ser observado na Tabela 6.12 abaixo:

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Tabela 6.12 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos do sistema de condicionamento de ar

Fonte: Cálculo da autora

b) Avaliação do nível de eficiência dos aparelhos

No edifício são utilizados três aparelhos de split nos seguintes ambientes: sala de

vendas, sala administrativa da loja e no departamento de projetos. No grande salão de

exposições são utilizados sete aparelhos do tipo split cassete, onde quatro estão na parte

inferior e três na parte superior. Com isso buscou-se na página eletrônica do INMETRO o

nível de eficiência de cada aparelho, para determinação do nível de eficiência do sistema de

condicionamento de ar, que resultou no nível “B”, conforme Tabela 6.13 abaixo:

Tabela 6.13 - Nível de eficiência do sistema de condicionamento de ar

Fonte: Cálculo da autora

c) Resultado final da Avaliação do Sistema de Condicionamento de Ar

O nível final de eficiência do sistema de condicionamento de ar resultou em “B”,

já que, tanto o nível exigido pelos pré-requisitos do sistema de condicionamento de ar, quanto

o nível calculado pela etiqueta dos aparelhos utilizados no edifício resultaram no nível “B”.

Isto se justifica pela utilização de aparelhos com baixo nível de eficiência, o que pode ser

facilmente modificado. Assim, define-se o equivalente numérico do sistema de

condicionamento de ar igual a 4.

Pré-requisitos específicos do sistema de ar condicionado

Atendimento do pré-requisito

Classificação

Proteção das unidades condesadoras NÃO

Isolamento térmico para dutos de ar SIM

Condicionamento de ar por aquecimento artificial -

B

Tipo de Aparelho

QuantidadeClassificação

InmetroEquivalentes Numéricos

Equivalente Numérico Final

Nível Sistema de Condicionamento de Ar

Split 3 A 5

Split Cassete 7 C 33,6 B

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6.3.1.4 Nível global de eficiência energética

A determinação do nível de eficiência global do edifício estudado dividiu-se em

três etapas. Na primeira etapa foi calculado o nível de eficiência geral considerando os

equivalentes numéricos calculados para envoltória, sistema de iluminação e sistema de

condicionamento de ar. A segunda etapa refere-se à determinação do nível de eficiência

limitado pelos pré-requisitos gerais, e finalmente na terceira etapa define-se, a partir dos dois

resultados encontrados, o nível global de eficiência energética da edificação.

a) Nível de eficiência geral do edifício

Para a determinação do nível geral de eficiência do edifício estudado aplicou-se a

equação final de pontuação (Equação 4.1) descrita no RTQ-C, onde foram considerados os

valores dos equivalentes números de cada sistema descritos acima, são eles: análise da

envoltória (nível “C”) equivalente igual a três; sistema de iluminação (nível “C”) equivalente

também igual a três; e para o sistema de condicionamento de ar (nível “B”) equivalente igual

a quatro.

É importante relembrar que a edificação estudada não possui áreas não

condicionadas, isto é, com ventilação natural. Com isso, o equivalente numérico de ventilação

e todas as áreas relativas a ele foram consideradas nulas.

No edifício estudado não foi identificada nenhuma solução inovadora para

economia de energia, como sistemas e equipamentos de racionamento dos uso de água

pluvial, ou fontes de energia renovável. Com isso, foi detectada a ausência de bonificações na

edificação. Assim a pontuação final correspondeu ao valor igual a 3,22, que segundo Quadro

4.2 representa o nível “C”, a classificação pode ser observada na Tabela 6.14 abaixo:

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Tabela 6.14 - Determinação classificação geral do edifício

Fonte: Cálculo da autora

b) Pré-requisitos gerais

Dentre os pré-requisitos gerais determinados no regulamento, somente foi

considerado o pré-requisito que exige a utilização de circuitos elétricos com medição

centralizada por uso final, que por sua vez, não foi atendido no edifício, resultando na

limitação do nível “C”. Isto ocorreu, pois o empreendimento não possui elevadores e também

não possui elevada demanda de aquecimento de água. Segue a Tabela 6.15 com descrição dos

pré-requisitos gerais.

Tabela 6.15 - Resultado da avaliação dos pré-requisitos gerais

Fonte: Cálculo da autora

c) Resultado do nível global de eficiência energética do edifício

O nível global de eficiência energética do edifício resultou no nível “C”, já que o

resultado da pontuação final, considerando todos os equivalentes numéricos, e da avaliação

Índices ÁreasEquivalentes numéricos

EqNumEnv Equivalente numérico da envoltória 3,0EqNumDPI Equivalente numérica do sistema de iluminação 3,0EqNumCA Equivalente numérico do sistema de condicionamento de ar 4,0EqNumV Equivalente numérico de ambientes não condicionados 0,0APT Área de piso dos ambientes de permanência transitória 0,0ANC Área de piso dos ambientes não condicionados de

permanência prolongada 0,0

AC Área de piso dos ambientes condicionados 657,8AU Área útil 707,6b Bonificações 0,0PT Classificação geral do edifício 3,22

CNível Geral de Eficiência Energética do Edifício

Pré-requisitos geraisAtendimento do

pré-requisitoClassificação

Circuitos Elétricos com medição centralizada por uso final NÃO

Elevada demanda de aquecimento de água -

Elevadores -

C

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dos pré-requisitos gerais foi nível “C”. A alteração deste nível a um mais elevado pode ser

garantida com algumas propostas de projeto que serão abordadas no próximo item.

A Figura 6.3 pode-se observar a etiqueta referente avaliação feita para o

empreendimento estudado. Nesta ENCE estão descritos os três níveis parciais de eficiência

energética

Figura 6.3 – ENCE do empreendimento avaliado

Fonte: Adaptado de Inmetro (2008) e complementado pela autora

6.3.2 Etapa de inspeção

A etapa de inspeção do edifício construído é realizada a fim de verificar se os

itens avaliados em projeto foram fielmente construídos conforme o projeto etiquetado.

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Na visita ao edifício foram detectadas várias inconformidades na construção, isto

é, as informações disponíveis nos projetos, foram modificadas na execução. Dentre estas

inconformidades pode-se destacar: construção de banheiros com ducha para os funcionários,

na parte de trás da edificação; modificação drástica do projeto luminotécnico do edifício;

modificações no projeto de ar condicionado, utilização de mais aparelhos que o determinado

em projeto; criação de divisões de novas salas.

Todas estas modificações impactariam em diferenças no nível de eficiência do

edifício. Por esta razão o edifício não poderia receber a etiqueta calculada e então a empresa

retornaria à primeira etapa do processo de etiquetagem e entregaria a documentação

necessária para a avaliação de projeto, incluindo todas as informações modificadas no mesmo.

6.4 Proposição de diretrizes

Identificado o nível de eficiência em que se encontra o edifício, o próximo passo é

elevá-lo com o objetivo de obter a classificação máxima, “A”, em eficiência energética.

Assim, a seguir serão propostas diretrizes para cada sistema, envoltória, iluminação e

condicionamento de ar, separadamente e por fim, analisado o nível global da edificação, com

propostas para garantia de bonificações ao empreendimento, caso seja necessário.

6.4.1 Envoltória

O nível de eficiência da envoltória calculado pelo seu indicador de consumo

resultou na classificação “B”. Este resultado é consequência das grandes áreas envidraçadas

do edifício. Para a elevação do nível de eficiência da envoltória são propostas as seguintes

diretrizes:

1) A diminuição do percentual de área de abertura na fachada. Para o edifício em

questão, a diminuição do percentual de 25% para 17% seria suficiente para

atingir do nível máximo de eficiência, isto se somente esta medida fosse

implantada;

2) A implantação de proteções solares, isto é, aumento de sombreamento nas

aberturas. Para aumentar os ângulos vertical e horizontal de sombreamento

podem-se adotar brises, marquises, ou persianas. Para o edifício estudado,

somente o aumento do AHS de 0,13 para 15, por exemplo, já seria suficiente

para alcançar o nível máximo;

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Além destas medidas, o pré-requisito específico de transmitância térmica da

cobertura deve ser atendido com valor máximo de 1,0 W/m2K. Para isto, são propostas as

seguintes diretrizes:

3) Aumentar a área coberta com telha metálica com proteção térmica, que possui

transmitância térmica de 0,7 W/m2K, diminuindo, consequentemente a área da

laje de concreto;

4) Cobrir a laje de concreto com manta impermeabilizante com grama, telhado

verde, diminuindo a transmitância térmica da cobertura.

Para que o nível parcial da envoltória possa ser classificado como “A”, propõe um

aumento na área coberta com telha metálica, tipo sanduíche, de 50 m2 e a utilização de grama

na laje de concreto.

6.4.2 Sistema de Iluminação

O cálculo do nível de eficiência do sistema de iluminação, pelo método da área do

edifício resultou no nível máximo de eficiência energética “A”. Isto se deu, pois no projeto

luminotécnico constava a utilização de lâmpadas fluorescentes, que são lâmpadas com alta

eficiência e longa durabilidade.

Para que o nível de eficiência parcial do sistema de iluminação resulte no nível

máximo “A”, dois pré-requisitos específicos deste sistema devem ser atendidos. Com isso, as

diretrizes para o sistema de iluminação são:

1) Implantação de acionamento independente da fileira de luminárias mais

próxima à janela. Essa exigência ocorre, pois, nas horas do dia com grande

iluminação natural, esta fileira poderá ser desligada independente das outras,

diminuindo o consumo de energia elétrica neste uso final.

2) Implantação de um dispositivo de controle automático para desligamento da

iluminação de ambientes maiores que 250m2, que é o caso das áreas para

exposição da loja, no térreo e no mezanino. Este dispositivo pode ser um

sistema automático com desligamento por horário pré-determinado; Um

sensor de presença que desligue a iluminação 30 minutos após a saída de todos

os ocupantes; ou ainda um sinal de outro controle ou sistema de alarme que

indique que a área está desocupada.

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6.4.3 Sistema de Condicionamento de Ar

O nível de eficiência do sistema de condicionamento de ar é ligado diretamente ao

nível de eficiência dos aparelhos utilizados na edificação. Com isso, a priorização por

aparelhos com nível máximo de eficiência regulamentados pelo INMETRO, resultaria em um

nível de eficiência “A” para a edificação.

Analisando o edifício estudado, o fator determinante do nível “B”, encontrado nos

resultados, foi a adoção de aparelhos tipo split cassete, com nível de eficiência “C”. A

utilização deste tipo de aparelho é justificada pelas grandes capacidades de refrigeração

disponíveis no mercado, conseqüente da área a ser condicionada. No edifício estudado foram

utilizados aparelhos com capacidade de 60.000 BTU/h.

Assim, para que o edifício possa atingir o nível máximo de eficiência energética

propõe-se.

1) Os aparelhos tipo split cassete deverão ser substituídos por aparelhos do

mesmo tipo com classificação “A” ou até substituir por um maior número de

aparelhos com menor capacidade de refrigeração, em que todos estes também

deverão possuir classificação “A”;

Além destas medidas, para que o nível parcial de eficiência energética do sistema

de condicionamento de ar obtenha etiqueta com a classificação máxima “A”, um pré-requisito

específico deste sistema deve ser atendido:

2) Deve ser implantada uma proteção em todas as unidades condensadoras, onde

estas estejam permanentemente sombreadas e com ventilação adequada para

não interferir em sua eficiência.

6.4.4 Classificação Global

Realizada todas as proposições descritas acima, com os três níveis parciais com

classificação “A”, o que corresponde aos equivalentes numéricos iguais a 5,0, o nível geral de

eficiência do edifício já atinge o nível máximo “A” sem que sejam adquiridas bonificações.

Como pode ser observado na Tabela 6.16.

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Tabela 6.16 - Nível geral de eficiência com implantação de diretrizes

Fonte: Cálculo da autora

Porém, para que o nível global de eficiência do edifício também possa atingir a

classificação “A”, o pré-requisito geral de circuitos elétricos com medição centralizada por

uso final deverá ser atendido, para isto, propõe-se:

1) Instalação de um equipamento no circuito elétrico do edifício, que possibilite a

medição centralizada por uso final: iluminação, sistema de condicionamento

de ar, dentre outros que possam existir.

Com o atendimento de todas as propostas de diretrizes realizadas ao edifício, o

mesmo poderá ser etiquetado com a ENCE geral nível “A”.

6.5 Considerações Finais

Neste capítulo foram expostos e discutidos todos os resultados encontrados nesta

pesquisa de acordo com o delineamento proposto. A avaliação do edifício resultou na etiqueta

parcial da envoltória nível “C”, do sistema de iluminação também nível “C” e para o sistema

de condicionamento de ar nível “B”. Com isso, o nível geral de eficiência recebido pelo

edifício foi “C”. Então, são propostas diretrizes em cada requisito, separadamente, para

obtenção do nível máximo de eficiência energética.

Índices ÁreasEquivalentes numéricos

EqNumEnv Equivalente numérico da envoltória 5,0EqNumDPI Equivalente numérica do sistema de iluminação 5,0EqNumCA Equivalente numérico do sistema de condicionamento de ar 5,0EqNumV Equivalente numérico de ambientes não condicionados 0,0APT Área de piso dos ambientes de permanência transitória 0,0ANC Área de piso dos ambientes não condicionados de

permanência prolongada 0,0

AC Área de piso dos ambientes condicionados 657,8AU Área útil 707,6b Bonificações 0,0PT Classificação geral do edifício 4,75

ANível Geral de Eficiência Energética do Edifício

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa surgiu com a avaliação da literatura existente acerca de eficiência

energética nas edificações. O tema que tinha uma pequena abordagem até o ano de 2008

ganhou destaque nos últimos dois anos. Isto foi verificado a partir de uma revisão

bibliográfica.

A publicação, em julho de 2009 do Regulamento Técnico da Qualidade do Nível

de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos foi um importante

passo no sentido da inserção do tema eficiência energética no cenário da construção civil

nacional. O processo de etiquetagem é lançado com o intuito de incentivar a elaboração de

projetos que aproveitem ao máximo as potencialidades arquitetônicas, que remetam a um

menor consumo energético.

Neste contexto, o objetivo geral da pesquisa foi propor diretrizes para adequação

de um empreendimento comercial existente ao nível máximo de eficiência energética da

etiqueta PROCEL Edifica.

Para alcançar este objetivo geral, três objetivos específicos foram propostos: a

elaboração de ferramentas para o processo de avaliação da eficiência energética; a

determinação do nível de eficiência energética do empreendimento; e a identificação das

medidas necessárias à obtenção do nível máximo de eficiência energética da etiqueta

PROCEL Edifica.

O primeiro objetivo específico foi alcançado com a elaboração de planilhas

computacionais com base no programa Excel®, indispensáveis para a análise do edifício, pois

possibilitaram grande agilidade no processo de avaliação do empreendimento, além de

servirem para avaliação de futuras edificações.

O segundo objetivo foi alcançado pela aplicação do regulamento RTQ-C,

utilizando o método prescritivo, em um empreendimento comercial situado no estado do

Ceará. O edifício avaliado obteve nível “C” para a envoltória; nível “C” para o sistema de

iluminação; e nível “B” para o sistema de condicionamento de ar, o que resultou na

classificação geral nível “C” de eficiência energética.

Por fim, determinado os níveis de eficiência energética do empreendimento,

atendendo ao terceiro objetivo foram propostas diretrizes para a obtenção do nível máximo de

eficiência energética do programa PROCEL Edifica. Para a elevação do nível “C” para o nível

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“A” de eficiência, algumas alterações deverão ser realizadas, tais como: redução do

percentual de abertura das fachadas, redução da transmitância da coberta, implantação de

controle de desligamento automático do sistema de iluminação, possibilidade de medição

centralizada por uso final da edificação e adoção de equipamentos de condicionamento de ar

mais eficientes.

Os resultados encontrados mostram que com pequenas alterações no projeto, ou

mesmo mudanças após a construção do edifício, o nível de eficiência “A” poderia ser obtido

no empreendimento analisado.

Conclui-se, através de todos os resultados encontrados nas etapas descritas da

pesquisa, que o objetivo geral foi alcançado.

Vale ressaltar que a avaliação do nível de eficiência energética foi realizada com

os projetos da edificação, desconsiderando a construção existente. Isto ocorreu, porque o

edifício construído não está em consonância com o projeto avaliado, portanto a ENCE,

ilustrada anteriormente, não poderia ser emitida.

Para que um empreendimento possa passar por todo o processo de avaliação

garantindo a expedição da ENCE, é fundamental que o projeto seja executado de forma

fidedigna.

Esta aplicação do regulamento RTQ-C do programa PROCEL Edifica, realizada

na pesquisa, poderá servir de auxílio para empresas interessadas em conhecer e até implantar

o sistema de etiquetagem em seus empreendimentos.

7.1 Dificuldades observadas

Dentre as dificuldades encontradas na pesquisa, destaca-se na realização do estudo

de caso, a observação de não consonância entre os projetos desenvolvidos e a obra realizada.

Também se pode observar que o memorial descritivo, elaborado pela empresa, não possui

todas as informações da edificação. Este fato dificultou consideravelmente o estudo, havendo

necessidade de constantes consultas ao engenheiro responsável pela obra do empreendimento.

Outro ponto negativo é a falta de disseminação dos regulamentos do programa

junto ao mercado de fornecedores de materiais, pois estes precisarão passar por um processo

de adaptação e reformulação de seus manuais técnicos disponíveis ao mercado para suprir as

necessidades dos projetistas de maiores informações a respeito dos produtos.

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Além disso, o selo PROCEL Edifica encontra-se ainda em processo de

implantação, sofrendo adaptações, como a publicação em setembro de 2010 da nova versão

revisada do RTQ-C. A maior dificuldade foi no sistema de iluminação, onde o método de

avaliação do nível de eficiência parcial sofreu grandes alterações.

7.2 Sugestões para trabalhos futuros

Durante esta pesquisa, foram encontradas algumas lacunas e oportunidades para

trabalhos futuros:

• A análise da aplicação do método de simulação em um edifício comercial,

que faça uso da ventilação e iluminação natural.

• Com o lançamento da regulamentação de avaliação da eficiência

energética para edifícios residenciais, sugere-se a análise de adequação de

um empreendimento residencial.

• Sugere-se ainda a elaboração de um projeto padrão ou a adequação de um

edifício, já existente, da UFC, com aplicação dos conceitos de eficiência

energética descritos no regulamento RTQ-C.

• Analisar a influência de implementação de critérios sustentáveis em

projetos e edificações, seus custos e benefícios, e a viabilidade de seu uso

como estratégia mercadológica.

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ANEXO 1 - Orientação para o processo de etiquetagem voluntária do nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos.

A Etiqueta de Eficiência Energética de Edificações é uma parceira entre o Inmetro e a Eletrobrás no âmbito do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e prevê classificações de A a E, dependendo do nível de eficiência do edifício.

O processo de etiquetagem de edifícios é composto de duas etapas. A primeira corresponde à avaliação do projeto do edifício e é feita pelo organismo designado pelo Inmetro com base nos projetos e nas especificações técnicas enviadas pelo proprietário. É nesta etapa que o nível de eficiência do edifício é calculado, sendo expedida a Etiqueta de Projeto. Por isso ela deve ser feita mesmo se o edifício já estiver construído. A duração desta avaliação é de 15 a 60 dias, a depender da complexidade do projeto e da demanda interna do organismo.

A segunda etapa do processo de etiquetagem é a inspeção do edifício construído, que deverá ser solicitada pelo proprietário ao organismo, após a obtenção do alvará de conclusão da obra. Nesta etapa o organismo verificará se os itens avaliados em projetos foram fielmente construídos e emitirá a Etiqueta do Edifício Construído. No entanto, é importante indicar que qualquer projeto encaminhado para avaliação na primeira etapa deve ser submetido obrigatoriamente depois à etapa de inspeção, independente do nível de eficiência energética alcançado.

Os edifícios são avaliados segundo três sistemas individuais: envoltória (fachadas e cobertura), sistema de iluminação e sistema de ar condicionado. A classificação geral ponderará esses três sistemas, somando ainda bonificações, que podem ser obtidas através da economia do uso de água, do emprego de fontes alternativas de energia e de qualquer inovação tecnológica que resulte em economia de energia na edificação. É indicado o envolvimento de consultores no assunto ainda na fase de projeto do empreendimento.

Para direcionar o processo de etiquetagem foram publicados quatro volumes, nos quais são determinados os parâmetros referenciais para verificação do nível de eficiência energética de edificações:

1. Etiquetagem de Eficiência Energética de Edificações: introdução sobre a Política Nacional de Conservação de Energia e abordagem geral do processo de etiquetagem.

2. Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C): contém os quesitos necessários para a classificação do nível de eficiência energética do edifício.

3. Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C): apresenta o processo de avaliação das características do edifício para etiquetagem junto ao Organismo de Inspeção.

4. Manual para Aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C: contém detalhamento e interpretações do RTQ-C e esclarece algumas questões referentes ao RAC-C.

Estas publicações podem ser encontradas no link:

http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS0389BBA8PTBRIE.htm.

Seguem abaixo as etapas necessárias para a obtenção da Etiqueta de Eficiência Energética de Edificações:

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Primeira etapa – Avaliação de projeto - Etiquetagem

1° passo - O proprietário solicita a avaliação de projeto para concessão da ENCE de projeto com a entrega dos seguintes documentos ao Organismo de Inspeção:

• Formulário de solicitação de etiquetagem assinado pelo proprietário, conforme modelo do ANEXO VII – Formulário de solicitação de etiquetagem (RAC-C).

• Projeto Arquitetônico:

o Planta localização;

o Plantas baixas de todos os pavimentos – nas quais deverão constar a utilização, dimensões e área de cada ambiente, paredes fixas, proteções solares e dimensões dos vãos;

o Planta de cobertura – identificação do tipo, material, espessura, cor e área da cobertura discriminada por superfícies opacas e translúcidas, tanto sua área real quando a área de projeção horizontal (caso a cobertura possua materiais ou espessuras distintos, deve-se fornecer a área para cada tipo separadamente);

o Cortes longitudinal e transversal – suficientes para compreensão do projeto, devidamente cotados, mostrando detalhes das proteções solares e vãos;

o Fachadas (todas) – cálculo das áreas opacas (caso as fachadas possuam mais de um material ou espessuras distintos, deve-se fornecer a área para cada tipo separadamente) e de materiais transparentes e translúcidos;

o Quadro de áreas – contendo as áreas de piso por ambiente, áreas úteis, áreas ocupadas por paredes e estrutura, áreas de piso total do edifício (incluindo paredes e estrutura), áreas de fachadas por tipos de materiais, áreas envidraçadas por tipo de vidro ou material transparente ou translúcido, áreas ocupadas pelas esquadrias, áreas de cobertura por tipos de materiais;

o Memorial descritivo e especificações do projeto arquitetônico – descrevendo a composição de coberturas e paredes como camadas, espessura, material, densidade, calor específico de cada material, cor, absortância, transmitância do conjunto e, no caso das zonas bioclimáticas 7 e 8 especificamente, a capacidade térmica das paredes; este memorial deve referenciar as pranchas onde estes dados se encontram em projeto.

• Projeto de Esquadria – este projeto deve apresentar as áreas totais de vidro, esquadrias opacas e vãos, discriminadas por tipo de material e, no caso de vãos na cobertura, incluir áreas de projeção horizontal; este projeto deve incluir as proteções solares, caso haja;

• Projeto Elétrico e Luminotécnico - estes projetos devem apresentar a divisão de circuitos, comandos de acionamento, sensores e dispositivos de controle do sistema. O projeto luminotécnico deve incluir a especificação do número de luminárias, o número de lâmpadas por luminária, a potência das lâmpadas e dos reatores utilizados por ambiente em quadro com áreas. Além disso, deve ser

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indicada a tarefa visual, com respectivo nível de precisão e refletância de fundo, além dos valores atribuídos segundo a tabela 2 da NBR 5413;

• Projeto Hidrossanitário – deve ser apresentado caso haja economia de água contabilizada nos incentivos, ou de aquecimento de água;

• Projetos especiais - devem ser apresentados caso haja contabilização de incentivos por outros meios além da economia de água; podem ser projeto do sistema fotovoltaico, uso de cogeração ou projeto adequado para inovações em eficiência energética;

• Memorial de cálculo e especificações do Projeto luminotécnico – fator de utilização da luminária, especificações do reator, lâmpada e refletâncias do teto, parede e piso, quadro de áreas e refletâncias das paredes, teto e piso consideradas no projeto;

• Memorial de cálculo do projeto Hidrossanitário – deve ser apresentado caso haja economia de água contabilizada nos incentivos;

• Memorial de cálculo de projetos especiais – deve ser apresentado caso seja submetido um projeto especial;

• Memorial e especificações do Projeto de Condicionamento de Ar – para sistemas condicionadores de ar central, o responsável técnico de projeto, deverá apresentar um laudo técnico comprovando os níveis de eficiência do sistema, conforme os parâmetros estabelecidos no RTQ. Para sistemas de condicionadores de ar tipo individual (janela e split), deverá especificar o fabricante, marca, versão, modelo, tensão, potência elétrica e capacidade de refrigeração e nível de eficiência para cada aparelho instalado na edificação, já os modelos split não classificados pelo Inmetro devem seguir prescrições definidas no RTQ;

• Declaração dos responsáveis técnicos pelos projetos de que cumpriram as normas técnicas vigentes relativas às disciplinas dos projetos apresentados.

2º passo: De posse da documentação, o Organismo de Inspeção realiza uma avaliação da conformidade da documentação e/ou projetos arquitetônicos, elétrico, de condicionamento de ar e demais itens, pelo método prescritivo, conforme o Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C).

Nota 1: O prazo para avaliação de projeto é de 15 a 60 dias úteis, dependendo da complexidade do projeto e da abrangência da ENCE solicitada.

3º passo: O proprietário assina o Termo de Ciência sobre o Entorno ANEXO VI - Modelo de Termo de Ciência sobre o Entorno (RAC-C), quando aplicável.

4º passo: O Organismo de Inspeção informa ao proprietário a classificação do nível de eficiência alcançado.

Segunda etapa – Avaliação do edifício – Inspeção

1º passo: O proprietário solicita a inspeção, com a entrega dos seguintes documentos ao Organismo de Inspeção:

• Caso tenha havido alterações nos itens de projeto previamente avaliados, o proprietário, ao solicitar a inspeção do edifício construído, deverá encaminhar toda documentação do projeto as built e uma declaração destacando os itens que foram

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alterados na obra. Caso o proprietário não proceda desta maneira, a avaliação do edifício construído será caracterizada como não-conformidade;

• Caso o edifício possua sistema central de condicionamento de ar, nível A, o proprietário deverá entregar também um laudo técnico do projetista descrevendo os níveis de eficiência do sistema instalado, conforme RTQ.

2º passo: O organismo de inspeção executa a inspeção do edifício visando o atendimento ao proposto em projeto na primeira etapa.

Nota 1: Caso sejam detectadas, nesta etapa, não conformidades que alterem a classificação da edificação obtida na avaliação de projeto, o proprietário deverá submeter ao organismo de inspeção o novo projeto para reavaliação de acordo com o descrito na primeira etapa.

3º passo: Caso se confirme o nível de eficiência estabelecido em projeto, o proprietário deve assinar o Termo de Compromisso, ANEXO V- Modelo de Termo de Compromisso (RAC-C).

Nota 2: O proprietário deve, a seu critério, solicitar que um profissional qualificado e de sua responsabilidade acompanhe o inspetor do organismo de inspeção na etapa de inspeção do edifício.

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