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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA
JOCILENE DANTAS BARROS
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
NATAL / RN
2017
Jocilene Dantas Barros
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação e Pesquisa em
Geografia, do Centro de Ciências Humanas,
Letras e Artes da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito final para
obtenção do título de Mestre em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro.
NATAL / RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA
Barros, Jocilene Dantas.
Distribuição espacial e qualificação da cobertura vegetal do
município de Natal, Rio Grande Do Norte, Brasil / Jocilene Dantas Barros. - 2017.
99f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de
Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, 2017. Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro.
1. Cobertura Vegetal Urbana. 2. Mapeamento. 3. Diversidade.
4. Índices. I. Cestaro, Luiz Antonio. II. Título.
RN/UF/BS-CCHLA CDU 910.27
Jocilene Dantas Barros
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
Dissertação de mestrado apresentada à Pós-
graduação em Geografia, do Centro de Ciência
Humanas, Letras e Artes da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito final para obtenção do título de Mestre
em Geografia.
Aprovada em: 30 de junho de 2017.
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientador
__________________________________________________________________
Profa. Dra. Ruth Maria Da Costa Ataide
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro da banca
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Alfredo Marcelo Grigio
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Membro da banca
AGRADECIMENTOS
Agradeço às pessoas e instituições que de maneira direta ou indireta contribuíram para
a realização desta pesquisa:
Ao meu companheiro Alexandre, que me ajudou em várias etapas da pesquisa, sofreu e
se alegrou junto comigo, me escutou em momentos difíceis e fez críticas construtivas ao estudo.
Obrigada por tudo, meu amor.
À minha família, em especial meus pais João Maria e Merenice pelo apoio em vários
momentos da pesquisa, por compreenderem minha dedicação ao mestrado e me escutarem nos
momentos de angústia. Às minhas irmãs queridas, Jeannie e Josianne, pelo apoio nos
momentos difíceis, pelos conselhos e por entenderem minha ausência em algumas situações. E
ao meu cunhado Juninho pela ajuda na pesquisa de campo.
Aos amigos que ganhei com o mestrado, Thereza, Joyce e Cleanto, pela ajuda na
realização da pesquisa, em especial na pesquisa de campo, mas principalmente pela parceria,
pelos estudos elaborados em conjunto, pelas risadas, conselhos, etc. Só desejo o melhor para
vocês.
Agradeço também ao professor Cestaro pelas orientações fundamentais para que essa
pesquisa se concretizasse, pelas críticas construtivas, oportunidades, conselhos e pelas boas
conversas sobre o conhecimento científico. À Maria Luiza, pela amizade e parceria no
mapeamento da cobertura vegetal do Natal, obrigada.
Aos professores do Departamento de Geografia, Lutiane, Zuleide, Ermínio, Rita, Paulo,
Ruth (Departamento de Arquitetura), dentre outros, por todo conhecimento compartilhado e
debatido. Aos professores da banca, Ruth e Alfredo, pela disponibilidade e interesse em
participar da defesa. À André e Elaine da secretaria de pós-graduação em Geografia, por sanar
várias dúvidas que tive durante o mestrado, sempre com gentileza.
Agradeço ao professor Fernando Moreira que me ajudou bastante na preparação para o
mestrado. Ao grupo de pesquisa Estudos Geoambientais, principalmente aos meus amigos
Maria Luiza e Adalfran, por repassarem dados importantes para a realização desta pesquisa.
Agradeço também à SEMURB e à SEMSUR pela disponibilização de materiais
cartográficos fundamentais para a realização desta pesquisa.
À incrível comunidade de usuários de Geotecnologias, pela ajuda, online, em vários
momentos práticos relacionados ao mapeamento da cobertura vegetal. E à CAPES pelo auxílio
financeiro.
RESUMO
A cobertura vegetal oferece diversos benefícios para a sociedade, mas historicamente vem
sendo suprimida pela ocupação antrópica em áreas urbanas. A análise de sua distribuição,
quantificação e qualificação oferecem subsídios para a avaliação da qualidade ambiental. Os
estudos sobre a cobertura vegetal do município de Natal são escassos, mas pesquisas sobre esse
tema são importantes, pois possibilitam um diagnóstico da situação atual dessa cobertura para
que planos de intervenção sejam aplicados de maneira mais sustentável. O objetivo da pesquisa
foi analisar a cobertura vegetal do município de Natal a partir da sua quantificação, qualificação
e distribuição espacial. Os procedimentos metodológicos consistiram na quantificação e
mapeamento da distribuição da cobertura vegetal para o município de Natal e no mapeamento
da diversidade da cobertura vegetal por interpretação visual em quatro bairros, sempre a partir
da classificação de imagens do Google Earth PRO. Constatou-se que Natal possui 4.626
hectares de cobertura vegetal, distribuídos em 153.891 fragmentos. Mais de 60% da área de
cobertura vegetal está localizada nas Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) da cidade e 83%
dos fragmentos apresentam áreas menores que 100 m². Foi verificado que Natal apresenta um
Índice de Cobertura Vegetal de 27,5% e 54,2 m² de cobertura vegetal para cada habitante. Em
relação aos quatro bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura vegetal,
verificou-se que os bairros com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e Petrópolis, possuem uma
cobertura vegetal predominantemente antropizada e uma menor diversidade de classes de
cobertura vegetal, 17 classes, enquanto que os bairros com tecido urbano descontínuo, Pitimbu
e Pajuçara, apresentaram maior percentual de cobertura vegetal natural e uma maior diversidade
de tipos de cobertura vegetal, 40 classes. Conclui-se que Natal ainda apresenta uma cobertura
vegetal significativa, porém mal distribuída sobre o território, mais concentrada e diversa nas
áreas periféricas, sobretudo nos bairros com presença de ZPAs, e mais fragmentada e
antropizada nas áreas centrais.
Palavras-chave: Cobertura Vegetal Urbana. Mapeamento. Diversidade. Índices.
ABSTRACT
The vegetal cover offers several benefits to society, but historically it has been suppressed by
anthropic occupation in urban areas. The analysis of its distribution, quantification and
qualification offers subsidies for the evaluation of environmental quality. The studies about the
vegetal cover of the municipality of Natal are scarce, but research about this theme is important,
because they make it possible to diagnose the current situation of this coverage so that
intervention plans are applied in a more sustainable way. The objective of the research was to
analyze the vegetal cover of the municipality of Natal from its quantification, qualification and
spatial distribution. The methodological procedures consisted in the quantification and mapping
of the distribution of the vegetal cover for the municipality of Natal and mapping the diversity
of vegetal cover by visual interpretation in four neighborhoods, always from the classification
of images of Google Earth PRO. It was verified that Natal has 4,626 hectares of vegetal cover,
distributed in 153.891 fragments. More than 60% of the vegetal cover area is located in the
Environmental Protection Areas (ZPAs) of the city and 83% of the fragments have areas smaller
than 100 m². It was verified that Natal presents a Vegetal Cover Index of 27.5% and 54.2 m² of
vegetal cover for each inhabitant. In relation to the four neighborhoods selected for analysis of
the vegetal cover diversity, it was verified that the neighborhoods with continuous urban fabric,
Cidade Alta and Petropolis, have a predominantly anthropic vegetal cover and a lower diversity
of vegetal cover classes, 17 classes, while the neighborhoods with discontinuous urban fabric,
Pitimbu and Pajuçara, presented a higher percentage of natural vegetal cover and a greater
diversity of vegetal cover types, 40 classes. It is concluded that Natal still presents a significant
vegetal cover, but poorly distributed over the territory, more concentrated and diverse in the
peripheral areas, especially in neighborhoods with the presence of ZPAs, and more fragmented
and anthropized in the central areas.
Keywords: Urban Vegetal Cover. Mapping. Diversity. Indexes.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa de localização do município de Natal e Regiões Administrativas. ............... 30
Figura 2 – Expansão da ocupação territorial do Natal.............................................................. 33
Figura 3 – Diagrama climático para Natal/RN (normais climatológicas – 1984 a 2014). ....... 34
Figura 4 – Localização dos bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura
vegetal do Natal/RN. ................................................................................................................ 37
Figura 5 – Distribuição dos pontos da amostra utilizada na validação do mapa de distribuição
da cobertura vegetal, os pontos verdes representam a classe Cobertura Vegetal e os pontos
laranjas a classe Outros............................................................................................................. 55
Figura 6 – Exemplos de validação, ou não, da cobertura vegetal. Em “A” a mancha foi
classificada corretamente. Em “B”, embora se tenha cobertura vegetal, a área foi classificada
como Outros, indicando erro na classificação. ......................................................................... 56
Figura 7 – Mapa da distribuição da cobertura vegetal dos bairros do Natal segundo as classes
de área. ..................................................................................................................................... 58
Figura 8 – Localização e cobertura vegetal das ZPAs do Natal. .............................................. 60
Figura 9 – Mapa do ICV para os bairros e Parque das Dunas do Natal. .................................. 64
Figura 10 – Mapa do ICVH para os bairros e Parque das Dunas do Natal. ............................. 65
Figura 11 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para cada um
dos bairros estudados. ............................................................................................................... 75
Figura 12 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para os bairros Cidade Alta e Petrópolis.
.................................................................................................................................................. 77
Figura 13 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu. ........................ 78
Figura 14 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pajuçara. ....................... 79
LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS
Gráfico 1 – Variação da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara. 40
Gráfico 2 – Variação da renda per capita da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis,
Pitimbu e Pajuçara. ................................................................................................................... 41
Gráfico 3 – Índice de Cobertura Vegetal (ICV) dos bairros do Natal em ordem decrescente. 63
Gráfico 4 – Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH) dos bairros do Natal em ordem
decrescente................................................................................................................................ 63
Gráfico 5 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para o
conjunto dos bairros estudados. ................................................................................................ 74
Quadro 1 – Funções e morfologia das ZPAs e bairros do Natal com presença de ZPAs. ........ 27
Quadro 2 – Procedimentos para obtenção do shapefile das áreas de cobertura vegetal urbana de
Natal. ........................................................................................................................................ 44
Quadro 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal do Natal segundo as classes de
tamanho. ................................................................................................................................... 45
Quadro 4 – Tipologia de cobertura vegetal urbana para os quatro bairros escolhidos. ............ 50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Matriz de confusão do mapa de cobertura vegetal do Natal. .................................. 56
Tabela 2 – Coeficientes do mapa de cobertura vegetal do Natal.............................................. 56
Tabela 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal dos bairros, segundo as classe
de área. ...................................................................................................................................... 57
Tabela 4 – Área da cobertura vegetal dentro e fora das ZPAs do Natal................................... 59
Tabela 5 – Área e percentual da cobertura vegetal das ZPAs do Natal.................................... 59
Tabela 6 – ICV das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal....................... 61
Tabela 7 – ICVH das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal. ................... 61
Tabela 8 – Informações relativas à cobertura vegetal dos bairros do Natal. ............................ 62
Tabela 9 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade
Alta. .......................................................................................................................................... 66
Tabela 10 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade
Alta. .......................................................................................................................................... 67
Tabela 11 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro
Petrópolis. ................................................................................................................................. 67
Tabela 12– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis.
.................................................................................................................................................. 68
Tabela 13– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.
.................................................................................................................................................. 68
Tabela 14 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro
Pitimbu. .................................................................................................................................... 69
Tabela 15 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.
.................................................................................................................................................. 70
Tabela 16 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro
Pajuçara. ................................................................................................................................... 71
Tabela 17 – ICV e ICVH dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara................. 72
Tabela 18 – Classes de cobertura vegetal dos bairros Pitimbu, Pajuçara, Cidade Alta e Petrópolis,
onde Arv. = Arbóreo; Arb./Herb. = Arbustivo/Herbáceo. ....................................................... 73
Tabela 19 – Quantidade e proporção das classes de cobertura vegetal natural e antropizada para
os bairros com tecido urbano contínuo e descontínuo. ............................................................. 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 13
2.1 A cidade enquanto sistema .......................................................................................... 13
2.2 Os benefícios da cobertura vegetal urbana ................................................................ 15
2.3 Diversidade da cobertura vegetal urbana .................................................................. 16
2.4 Distribuição da cobertura vegetal urbana.................................................................. 21
2.5 Estudos sobre a cobertura vegetal urbana do Natal ................................................. 23
2.6 A cobertura vegetal urbana do Natal e os condicionantes normativos ................... 25
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 30
3.1 Breves considerações sobre o processo de expansão urbana do Natal .................... 31
3.2 Aspectos ambientais da cidade do Natal .................................................................... 34
3.3 Bairros selecionados para análise da diversidade de cobertura vegetal do Natal .. 36
3.3.1 Cidade Alta .............................................................................................................. 36
3.3.2 Petrópolis ................................................................................................................. 38
3.3.3 Pitimbu .................................................................................................................... 38
3.3.4 Pajuçara ................................................................................................................... 39
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 42
4.1 Diagnóstico da cobertura vegetal urbana do Natal ................................................... 42
4.1.1 Mapeamento da cobertura vegetal ........................................................................... 42
4.1.2 Área mínima mapeável ............................................................................................ 45
4.1.3 Avaliação da acurácia do mapeamento ................................................................... 46
4.1.4 Distribuição e índices de cobertura vegetal ............................................................. 49
4.2 Diversidade da cobertura vegetal urbana dos bairros selecionados ........................ 49
4.2.1 Critérios para elaboração da tipologia ..................................................................... 49
4.2.2 Avaliação da acurácia dos mapeamentos ................................................................ 52
4.2.3 Mapeamento da tipologia de cobertura vegetal ....................................................... 53
5 RESULTADOS .................................................................................................................... 55
5.1 Distribuição da cobertura vegetal do Natal ............................................................... 55
5.1.1 Avaliação da acurácia do mapeamento ................................................................... 55
5.1.2 Distribuição da cobertura vegetal para Natal .......................................................... 57
5.2 Diversidade da cobertura vegetal dos bairros selecionados ..................................... 66
5.2.1 Avaliação da acurácia dos mapeamentos ................................................................ 66
5.2.2 Diversidade da cobertura vegetal para os bairros .................................................... 72
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 81
7 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 89
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 91
11
1 INTRODUÇÃO
Em meio a um ambiente cada vez mais urbanizado, os estudos sobre o meio natural se
destacam, pois permitem elaborar diagnósticos e subsidiar ações visando o equilíbrio ambiental.
Segundo dados apresentados por MINURVI (2016), aproximadamente 86% da população
brasileira no ano de 2015 já ocupava áreas urbanas e a tendência é que haja um aumento da
população nessas áreas nas próximas décadas. Esses dados evidenciam a necessidade de se
pensar em cidades sustentáveis, que amenizem as consequências negativas da urbanização no
meio ambiente.
A expansão urbana é um fator que vem degradando um dos elementos naturais mais
importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental e da qualidade de vida dos próprios
habitantes citadinos, a cobertura vegetal. Fazem-se necessárias ações que visem o equilíbrio
entre o progresso humano e a conservação dos ambientes naturais, em especial a cobertura
vegetal em áreas urbanas, tendo em vista os benefícios ecossistêmicos, paisagísticos e de
promoção do lazer que oferece.
São diversas as funções ecossistêmicas da cobertura vegetal (BOLUND;
HUNHAMMAR, 1999), dentre elas a filtragem do ar, que contribui para a diminuição da
poluição atmosférica; a regulação microclimática, atenuando os efeitos das ilhas de calor
urbanas e melhorando a sensação térmica; a redução da velocidade do vento e de ruídos; e a
drenagem de águas pluviais pela infiltração da água em solos vegetados, diminuindo o
escoamento superficial e a possibilidade de alagamentos.
A função estética/paisagística da cobertura vegetal ocorre por meio da diversificação da
paisagem construída, contribuindo para um ambiente belo e agradável para os habitantes. Como
função de promoção de lazer destacam-se as áreas verdes, que são espaços livres com presença
de cobertura vegetal equipadas com mobiliário urbano, como parques urbanos e praças,
fornecendo um ambiente agradável para práticas esportivas, reuniões, descanso e contemplação
da paisagem (MINAKI; AMORIM; MARTIN, 2006).
Diversos autores versam sobre a análise da cobertura vegetal nas cidades, apontando
uma relação entre a distribuição da cobertura vegetal, sua fragmentação e a ocupação antrópica,
como Luchiari (2001), Melazo e Nishiyama (2010), Souza et al. (2013), Queiroz (2014) e Silva
(2015). Uma das formas de analisar a distribuição da cobertura vegetal urbana é por meio da
análise espacial baseada em técnicas de geoprocessamento, pois permite investigar a forma de
distribuição e quantificar as áreas de cobertura vegetal da cidade.
12
Há também estudos que analisam como a cobertura vegetal se diversifica, estudando
desde áreas naturais de grande expressividade espacial até a cobertura vegetal em praças, áreas
privadas e árvores isoladas em vias, como Lima et al. (1994), Luchiari (2001), Dalbem e Nucci
(2006) e Domingos (2009).
Os estudos sobre a cobertura vegetal do município de Natal são escassos. Destacam-se
os trabalhos de Silveira et al. (2012) e Sucupira (2013) na análise da cobertura vegetal através
de um índice de vegetação, assim como o de Silva et al. (2009) sobre os espaços livres da cidade,
nos quais a cobertura vegetal se inclui. Os resultados de pesquisas sobre a cobertura vegetal são
importantes, pois fornecem subsídios para criação de planos de arborização, de áreas verdes e
de áreas de proteção da vegetação nativa.
Natal em seu Plano Diretor (NATAL, 2007) é considerado um município totalmente
urbano, mas apresenta diversos espaços com vegetação nativa, sobretudo nas Zonas de Proteção
Ambiental. Também apresenta áreas de menor concentração de cobertura vegetal, em áreas
privadas ou na arborização de vias e praças, variações influenciadas pelo processo de ocupação
da cidade.
A distribuição, quantificação e qualificação da cobertura vegetal torna-se importante no
planejamento de uma cidade, conforme destacam Rodrigues e Luz (2007), Nucci (2008) e
Matos e Queiroz (2009). Entender como ela se distribui no espaço urbano permite verificar o
seu grau de fragmentação e abrangência na cidade, já sua qualificação permite compreender a
diversidade de tipos de cobertura vegetal, distribuídos em praças, parques, terrenos privados e
vias. Essas análises, segundo os autores, oferecem parâmetros para avaliação da qualidade
ambiental urbana.
Tendo como objeto de estudo a cobertura vegetal do município de Natal, os seguintes
questionamentos são feitos: como se distribui espacialmente a cobertura vegetal do município
de Natal? Qual a diversidade dessa cobertura vegetal? Existe uma diferenciação nos tipos de
cobertura vegetal entre bairros de ocupação contínua e descontínua?
O objetivo geral da pesquisa é, portanto, analisar a cobertura vegetal do município de
Natal a partir da quantificação, qualificação e distribuição espacial. Os objetivos específicos se
dividem em: realizar um diagnóstico da cobertura vegetal para Natal/RN em relação a sua
distribuição e quantidade; verificar a diversidade de cobertura vegetal em bairros com tecido
urbano contínuo e tecido urbano descontínuo.
13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A cidade enquanto sistema
Um sistema é um complexo de elementos em interação (BERTALANFFLY, 1976),
considerado fechado quando é isolado de seu ambiente, ou aberto, quando mantém fluxos de
energia e matéria com o meio que o envolve. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) proposta pelo
biólogo Ludwig von Bertalanffy é a base dessa análise. Segundo Bolós i Capdevila (1992), cada
um dos elementos que compõem o sistema está organizado, por sua vez, em outro subsistema
mais simples, e este por outros, havendo uma “hierarquização em relação ao grau de
complexidade dos elementos constituintes” (BOLÓS I CAPDEVILA, 1992, p. 34).
A cidade é analisada pelo viés sistêmico quando há uma preocupação no entendimento
das interações entre seus elementos, sejam eles naturais ou artificiais. O ambiente urbano pode
ser compreendido como um ecossistema ou como um complexo formado por vários
ecossistemas individuais ou subsistemas (REBELE, 1994). Nessa perspectiva de análise, o foco
é dado para os seres vivos e as relações entre eles e o meio. Para Odum (1983, p. 45), as cidades
são consideradas ecossistemas incompletos, pois dependem de grandes áreas externas “para a
obtenção de energia, alimentos, fibras, água e outros materiais”.
Os ecossistemas possuem diversas funções, como a regulação da composição química
da atmosfera e de fluxos hidrológicos, formação e fixação do solo, habitat para populações
residentes e transitórias, fornecimento de materiais biológicos, dentre outros (COSTANZA et
al., 1997). Nas áreas urbanas a vegetação tem grande importância na melhoria da qualidade
ambiental, definida como as “condições e os requisitos básicos [...] de natureza física, química,
biológica, social, econômica, tecnológica, cultural e política”, necessárias a dinâmica e
autossuperação do ecossistema (MACEDO, 1995, p. 17). Para Kent e Coker (1994), a vegetação
é a mais óbvia representação física de um ecossistema, além ser a base da pirâmide trófica e
atuar como habitat para organismos.
Vários autores salientam que a perspectiva sistêmica é importante para compreensão
integral de um fenômeno da Geografia. O espaço geográfico é o objeto de estudo dessa ciência,
definido por Santos (2006, p. 39) como um “conjunto indissociável, solidário e também
contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações”. Christofoletti (1999) ressaltou que a
Geografia estuda as organizações espaciais dos sistemas socioeconômicos e dos sistemas
ambientais físicos. Para Santos (2006), o espaço geográfico é uma forma-conteúdo, é a
14
materialidade e as relações sociais, a forma e a função, que só existem se forem vistas em
conjunto, como um sistema.
A análise sistêmica do espaço possibilita a compreensão da estrutura e funcionamento
das cidades brasileiras, pois, segundo Santos (2009, p. 107), “a organização interna de nossas
cidades, grandes, pequenas e médias, revela um problema estrutural, cuja análise sistêmica
permite verificar como todos os fatores mutuamente se causam”.
O ambiente urbano também pode ser analisado à luz da abordagem geossistêmica, que
insere os fenômenos naturais e as atividades humanas como integrantes de um sistema em
constante evolução. Ele é definido como um complexo essencialmente dinâmico resultante de
uma combinação de um potencial ecológico, uma exploração biológica e uma ação antrópica
(BERTRAND, 2004). Diferente do ecossistema, no qual a comunidade de seres vivos é o
componente principal, em um geossistema observam-se as interações entre todos os elementos,
possibilitando inserir o homem como integrante desse sistema.
A análise sistêmica é fundamental para o estudo proposto, pois a partir dela é possível
compreender as relações existentes entre a cobertura vegetal e as atividades antrópicas,
sobretudo no que se refere ao processo de urbanização.
O processo de urbanização do Brasil intensificou-se em meados do século XX, com
políticas do poder público que incentivaram a industrialização do país, ativando o próprio
processo de urbanização e crescimento demográfico das cidades médias e grandes (SANTOS,
2009). Essa industrialização, aliada à grande concentração de terras, fez com que houvesse uma
crescente migração para as cidades, em busca de melhor infraestrutura e oportunidades de
trabalho.
A urbanização brasileira, porém, não foi acompanhada de uma absorção de toda a
população nos setores da economia e da construção de infraestruturas necessárias para suprir a
massa populacional que migrou para as cidades. Uma das consequências dessa concentração
populacional foi a expansão desordenada da população pelo território, trazendo consequências
socioeconômicas, como a valorização de áreas centrais em termos de investimentos públicos e
preço do solo e ocupação irregular de áreas periféricas; além de consequências para os sistemas
naturais, por meio da ocupação de áreas de risco, desmatamento, despejo de resíduos, rejeitos
domésticos e industriais no ambiente (ROSS, 2005).
A expansão urbana é um processo que contribui para a degradação de um dos elementos
naturais mais importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental da cidade e melhoria da
qualidade de vida de seus próprios habitantes, a cobertura vegetal. Fazem-se necessárias ações
15
que vivem o equilíbrio entre o progresso humano e conservação dos ambientes naturais, em
especial da cobertura vegetal em áreas urbanas, diante dos diversos serviços que oferece.
2.2 Os benefícios da cobertura vegetal urbana
A cobertura vegetal é um elemento que oferece diversos benefícios para o ambiente
urbano, desde a manutenção do equilíbrio ambiental até a melhoria psicológica dos habitantes.
Do ponto de vista dos serviços ecossistêmicos, a vegetação em áreas urbanas oferece os
seguintes serviços (BOLUND; HUNHAMMAR, 1999):
Filtragem do ar: diminuição da poluição do ar, a depender da localização e estrutura da
vegetação;
Regulação microclimática: diminuição dos efeitos das ilhas de calor urbanas,
fornecimento de sombra e redução da velocidade do vento, melhorando a sensação
térmica;
Redução de ruído: influenciada pelas características do solo e porte da vegetação;
Drenagem de águas pluviais: infiltração da água em solos vegetados, diminuindo o
escoamento superficial e estabilizando o solo;
Tratamento de esgoto: assimilação de nutrientes por seres vivos em zonas úmidas, como
manguezais, purificando a água;
A fragmentação de ecossistemas é um problema recorrente nas cidades que tem como
causas antrópicas os processos migratórios e de adensamento populacional, a estrutura fundiária
e o uso da terra, bem como a introdução de espécies invasoras pelo homem (RAMBALDI;
OLIVEIRA, 2003). De acordo com os mesmos autores, a fragmentação ocasiona a perda da
diversidade e simplificação dos sistemas ecológicos, diminuindo os serviços proporcionados
pelos ecossistemas.
Segundo Paiva e Gonçalves (2002), somente grandes áreas vegetadas são capazes de
exercer serviços ambientais em larga escala, como proteção do solo, redução de temperatura e
contenção de enchentes, por isso é necessário preservar porções naturais do espaço urbano. As
áreas vegetadas atuam na diminuição de riscos ambientais, pois contribuem para o controle de
deslizamentos, erosões e enchentes (MATOS; QUEIROZ; 2009). As áreas vegetadas também
são importantes para a filtragem da água, diminuindo a possibilidade de alagamentos.
16
A cobertura vegetal urbana também proporciona a manutenção da biodiversidade,
compondo “corredores ecológicos para remanescentes florestais das zonas periférica e rural que
circundam as cidades” e ainda oferecendo “alimentos para avifauna, quando há escassez de
alimento no ambiente natural” (MATOS; QUEIROZ, 2009, p. 20).
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2016) destaca
os benefícios das árvores urbanas, como o arrefecimento do ar, regulação do fluxo e melhoria
da qualidade da água, fornecimento de alimentos, economia de energia pela redução do uso de
ar-condicionado, fornecimento de habitat para outros seres vivos e valorização de áreas através
do paisagismo. Ressalta-se que a distribuição de pequenos grupos ou árvores isoladas também
geram benefícios, tanto ambientais, quando paisagísticos e de promoção do lazer.
A cobertura vegetal gera benefícios psicológicos para os citadinos, como diminuição da
pressão arterial e estresse (FAO, 2016), trazendo bem estar físico e mental para os habitantes.
Os ambientes com cobertura vegetal também possuem valores recreativos e culturais,
possibilitando momentos de lazer e descanso ao serem equipados com infraestruturas urbanas
(BOLUND; HUNHAMMAR, 1999).
Mascaró e Mascaró (2005) destacam o uso social da vegetação, que pode ser
potencializado pela gestão pública com a arborização de espaços da cidade com plantas
frutíferas ou medicinais, beneficiando a população de menor poder aquisitivo. Conforme os
autores, “a vegetação dos bairros populares, áreas geralmente ocupadas precária ou
irregularmente, pode ter funções adicionais à da cidade formal: além das ambientais e
compositivas, as de alimentação e medicinal” (MARCARÓ E MASCARÓ, 2005, p. 77).
Em suma, a cobertura vegetal urbana é um elemento que contribui para o equilíbrio do
meio ambiente, entendido como “o conjunto dos componentes da geosfera-biosfera”
(CHRISTOFOLETTI, 1999, p. 37), além de melhorar a qualidade de vida dos habitantes.
Portanto, entender como a mesma se apresenta no espaço urbano é uma forma de subsidiar
ações que visem o uso sustentável de seus recursos, garantindo que seus serviços sejam
mantidos para as gerações futuras.
2.3 Diversidade da cobertura vegetal urbana
Existem diferentes nomenclaturas para representar a diversidade de elementos em um
ambiente urbano, qualificando os espaços, e isso também se aplica à cobertura vegetal. Os
autores que estudam as áreas não edificadas das cidades argumentam que há uma confusão
entre os termos utilizados na análise dessas áreas, como espaços livres, áreas verdes,
17
arborização urbana, verde urbano e cobertura vegetal (CAVALHEIRO et al., 1999; LIMA et
al., 1994; BARGOS; MATIAS, 2011). Essa confusão dificulta, por exemplo, uma análise
comparativa entre diferentes cidades, pela ausência de uma definição clara do termo adotado,
do método de coleta dos dados ou mesmo da escala espacial considerada, não estabelecendo
parâmetros para comparação (NUCCI, 2008).
O conceito mais amplo para tratar dos espaços não construídos em áreas urbanas é o de
espaço livre, definido como todo espaço não coberto por edifícios, em áreas urbanas ou em seu
entorno (LIMA et al., 1994; MAGNOLI, 2006), tendo ou não a presença de cobertura vegetal.
Nele estão incluídos “quintais, jardins públicos ou privados, ruas, avenidas, praças, parques,
rios, florestas, praias urbanas”, dentre outros (MAGNOLI, 1982, apud TÂNGARI et al., 2009).
Também são encontrados nessas áreas os terrenos vazios, entendidos como áreas sem
edificações que não possuem uma função urbanística aparente, do ponto de vista
estético/paisagístico, embora contribuam com funções ecológicas (por exemplo, recarga do
lençol freático). Os terrenos baldios são exemplos dessa categoria.
A cobertura vegetal está inserida nesses espaços livres. Por vezes é entendida como
sinônimo de verde urbano ou mesmo de vegetação. Cavalheiro et al. (1999) definiram o verde
urbano como sendo a projeção do verde em cartas planimétricas, existente nos três sistemas da
zona urbana, os sistemas de espaços construídos, espaços livres e espaços de integração, e nas
Unidades de Conservação.
Outros autores definem cobertura vegetal como sendo as formas de vegetação natural
ou plantada em determinado terreno (VEROCAI, 1997; ORMOND, 2006; QUEIROZ, 2014).
Vegetação é um conceito que se refere à cobertura total das plantas considerada sempre em seu
conjunto, sendo formada por uma ou mais comunidades vegetais de uma região (ROMARIZ,
1974; CANADIAN, 2016). Uma comunidade vegetal é “uma coleção de espécies de plantas
que crescem em conjunto num local específico, mostrando uma determinada associação ou
afinidade entre si” (KENT; COKER, 1994, p. 14).
As definições que apresentam a cobertura vegetal como sendo a própria vegetação
desconsideram os indivíduos isolados no ambiente urbano, pois os mesmos não podem ser
entendidos como vegetação, visto que existem diferenças do ponto de vista ecológico entre um
conjunto de plantas que desenvolvem-se naturalmente em interação, a vegetação, e indivíduos
ou grupos isolados dispersos pelo tecido urbano, que possuem maior influência antrópica.
As diferenças também podem ser vistas na intensidade dos serviços ambientais, na
função atribuída à cobertura vegetal e na forma de distribuição espacial na área urbana. A
vegetação, de maneira geral, fornece serviços ambientais em larga escala, tem seu uso limitado
18
pela legislação ambiental para fins de preservação e abrange grandes áreas em termos espaciais.
Já os indivíduos isolados ou agrupados possuem funções ambientais locais, geralmente são
utilizados no embelezamento de vias e nos espaços de lazer por meio de planos de arborização
e estão dispersos pela cidade em menores dimensões espaciais.
Em síntese, é um equívoco nos estudos científicos considerar a cobertura vegetal como
sinônimo de vegetação. Propõe-se, portanto, uma definição mais genérica para o termo
cobertura vegetal urbana: um conjunto de formas de vida vegetal natural ou plantada dentro dos
espaços livres da cidade.
Valerio Filho et al. (2013) afirmam que em muitas cidades forma-se um tecido urbano
desigual, constituído por áreas consolidadas, densamente ocupadas e construídas, com ausência
ou poucos espaços livres, e áreas ainda não consolidadas, normalmente periféricas, nas quais a
presença de espaços livres é maior. Essa diferenciação é expressada também na cobertura
vegetal, que está incluída nos espaços livres.
Segundo Paiva e Gonçalves (2002, p. 12) existe uma diferença das funções da cobertura
vegetal nas áreas centrais e periféricas. Para eles, “quanto mais o morador vai se interiorizando
urbanisticamente, mais vai perdendo o contato com o verde natural e mais vai necessitando do
verde artificial, plantado para atuar como paliativo somático e psicológico”.
Os autores consideram que a cobertura vegetal é mais escassa e pobre em diversidade
nas áreas centrais e mais abundante e diversa nas áreas periféricas. Essa situação pode ser
explicada pelo próprio processo de ocupação das cidades, que normalmente inicia-se em um
núcleo, expandindo-se posteriormente para áreas periféricas, seja de forma contínua ou
fragmentada, alterando a forma original da cobertura vegetal.
Considerando as áreas naturais, uma forma de classificação da cobertura vegetal
brasileira é o sistema de classificação da vegetação nativa proposto por Veloso, Rangel Filho e
Lima (1991) e que, modificado, foi publicado por IBGE (2012). Esse sistema é adotado
oficialmente no Brasil, servindo de base, inclusive, para apoiar a legislação que trata da gestão
da vegetação nativa. Entende-se como vegetação nativa aquela que ocorre naturalmente em um
determinado bioma (MATOS; QUEIROZ, 2009).
São exemplos de formações vegetais nativas a Floresta Estacional Semidecidual,
subdividida em formação aluvial e formação das terras baixas; a vegetação de Savana, também
denominada de cerrado; as vegetações com Influência Marinha (restinga), Fluviomarinha
(manguezais e campos salinos) e Fluvial. Nas cidades também pode estar presente a vegetação
secundária, “resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial de
19
vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores
remanescentes de vegetação primária” (CONAMA, 1994, art. 1º-2º).
Outra cobertura vegetal natural bastante comum nas cidades, mas que não é apresentada
por IBGE (2012), é a vegetação ruderal, envolvendo a comunidade de plantas espontâneas que
ocupa ambientes alterados, como terrenos abandonados, caminhos, margens de rua,
loteamentos e canteiros de obras (MACHADO FILHO et al., 2015, p. 58).
Existem diferentes propostas de classificação da cobertura vegetal que vão além da
distinção de formações vegetais, focando-se nos ambientes urbanos nos quais a cobertura
vegetal é encontrada. Lima et al. (1994), Luchiari (2001), Domingos (2009), Melazo e
Nishiyama (2010) apresentaram classificações baseadas nos ambientes nos quais a cobertura
vegetal está inserida, como quintais, praças, parques, canteiros centrais, passeios públicos,
jardins e terrenos vazios.
Herold et al. (2002) diferenciaram a cobertura vegetal em três classes genéricas:
natural/semi-natural, agrícola e urbana. Bolund e Hunhammar (1999), Luchiari (2001) e Alves
e Figueiró (2014) propuseram uma divisão quanto ao porte das plantas: herbáceo, arbustivo e
arbóreo. Já os autores Dalbem e Nucci (2006) e Queiroz (2014) utilizaram como critério a
titularidade da cobertura vegetal, distinguindo-a entre pública, particular e potencialmente
coletiva.
A distinção entre cobertura vegetal particular e pública é interessante na medida em que
pode mensurar a quantidade de cobertura vegetal disponível para utilização pela população, em
contraposição às áreas particulares em que o acesso é restrito. Dalbem e Nucci (2006, p. 05)
definiram cobertura vegetal pública como “toda a vegetação encontrada no acompanhamento
viário, pátios de colégio, praças e terrenos baldios, e particular como toda a vegetação
encontrada no interior de quarteirões construídos, quintais e condomínios fechados”.
Uma das formas de cobertura vegetal antropizada bastante analisada nas cidades é a área
verde, pois é um indicador de qualidade ambiental urbana (MINAKI; AMORIM; MARTIN,
2006). Para Nucci (2008), área verde é um tipo de espaço livre que deve ter predominância de
áreas plantadas, cumprir as funções estética, ecológica e lazer, 70% do espaço deve ser
permeável e precisa ser pública, sem regras rígidas de utilização.
As áreas verdes urbanas também são abordadas no Código Florestal brasileiro, Lei
Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. As
áreas verdes na referida Lei são formadas por espaços urbanos públicos ou privados com
vegetação que não podem ser utilizados para construção de moradia, pois têm como propósito
a melhoria da qualidade ambiental da cidade. Elas são definidas como:
20
espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação,
preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor,
nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis
para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer,
melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos,
manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações
culturais (BRASIL, 2012, art. 3º, § XX).
Para Paiva e Gonçalves (2002, p. 20), uma área verde é qualquer área, de propriedade
pública ou privada, “que apresente algum tipo de vegetação (não só árvores) com dimensões
vertical e horizontal significativas e que sejam utilizadas com objetivos sociais, ecológicos,
científicos ou culturais”.
A função estética/paisagística das áreas verdes ocorre por meio da diversificação da
paisagem construída, contribuindo para um ambiente belo e agradável para os habitantes. A
função recreativa e de lazer refere-se à utilização dessas áreas para atividades que trazem bem-
estar, como práticas desportivas, reuniões e atividades recreativas (MINAKI; AMORIM;
MARTIN, 2006). O conceito de área verde não é algo padronizado na literatura científica e na
legislação, gerando interpretações diversas.
Dentre as áreas verdes públicas destacam-se os cemitérios, bosques, parques e praças
com presença de cobertura vegetal. As praças se sobressaem por sua presença marcante na
composição dos espaços urbanos brasileiros (GOMES; SOARES; 2003). Uma praça é
entendida como uma “área pública normalmente situada entre quarteirões edificados e que é
destinada ao lazer e ao convívio social” (MATOS; QUEIROZ, 2009).
Um exemplo de área verde pública aplicado ao município de Natal é o Parque da Cidade
Dom Nivaldo Monte, gerido pela prefeitura. Ele é um espaço livre cujo principal elemento é a
cobertura vegetal, composto principalmente pela vegetação com influência marinha que recobre
as dunas. Possui funções ambientais, como a recarga do aquífero e preservação da
biodiversidade, estéticas por proporcionar uma visão privilegiada da cidade, e de lazer, com
área de caminhada, trilhas e biblioteca.
Outro tipo de cobertura vegetal que merece destaque nas cidades é o verde viário,
correspondendo à cobertura vegetal distribuída em canteiros centrais, passeios públicos e
rotatórias. É uma categoria que se destaca por ser uma alternativa diante da intensa ocupação
urbana, permitindo um equilíbrio entre espécies arbóreas, fluxos de pessoas e ocupações
(ALVAREZ; GALLO, 2012). O verde viário possibilita a integração entre as demais áreas de
cobertura vegetal, pois “é um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capaz de
21
integrar espaços livres, áreas verdes e remanescentes florestais, conectando-os de forma a
colaborar com a biodiversidade” (MENEGUETTI, 2003, p. 01).
Mesmo nos municípios considerados por seus planos diretores como totalmente
urbanos, podem existir áreas com atividades agrícolas, importantes para o abastecimento da
cidade. A cidade do Natal é um exemplo, pois apresenta nas áreas de menor adensamento
urbano espaços utilizados pela agricultura, mesmo sendo considerada 100% urbana. Santos
(2009) afirma que hoje as cidades de maiores dimensões “utilizam parte dos terrenos vazios,
dentro da aglomeração ou em suas proximidades, com atividades agrícolas frequentemente
modernas e grandemente destinadas ao consumo da respectiva população” (SANTOS, 2009, p.
73-74). Nesse contexto, também é importante considerar a cobertura vegetal de uso agrícola.
A revisão apresentada evidencia a variedade da cobertura vegetal nas cidades, desde
áreas naturais de grande expressividade espacial, até árvores isoladas em passeios públicos,
todas com funções ambientais importantes, além da inexistência de um padrão de classificação
da diversidade dessa cobertura. Conforme destacado por Rodrigues e Luz (2007), Nucci (2008)
e Matos e Queiroz (2009), analisar a cobertura vegetal em termos de distribuição espacial,
quantidade e qualidade, contribui para o diagnóstico das condições de cobertura vegetal atuais
da cidade e oferece subsídios para análise da qualidade ambiental.
2.4 Distribuição da cobertura vegetal urbana
A análise da cobertura vegetal oferece subsídios para um ordenamento do território que
vai além da visão estética, conforme salienta Alves (2012). O diagnóstico da distribuição da
cobertura vegetal possibilita análises mais específicas posteriores, como a distribuição de áreas
verdes (praças e parques) para a população. Morero, Santos e Fidalgo (2007) ressaltam a
necessidade das áreas verdes servirem a toda a população, atingindo seus anseios de lazer e sem
privilégios de classes sociais. Para isso, as áreas verdes precisam estar bem distribuídas pela
malha urbana, facilitando o acesso da população.
Uma das formas de analisar a distribuição da cobertura vegetal urbana é por meio da
análise espacial, pois permite investigar como ela se distribui e possibilita a quantificação
dessas áreas na cidade. Essa análise é frequentemente subsidiada pelas geotecnologias,
definidas como um conjunto de tecnologias “para coleta, processamento, análise e oferta de
informações com referência geográfica” (ROSA, 2005, p. 81), incluindo os Sistemas de
Informação Geográfica (SIGs), o Sensoriamento Remoto e o Sistema de Posicionamento
Global (GPS).
22
Uma referência na análise da distribuição espacial da cobertura vegetal é o trabalho de
Jim (1989), que apresentou um mapeamento da cobertura vegetal arbórea da cidade de Hong
Kong. O autor classificou a cobertura vegetal em termos de abrangência, conectividade e
contiguidade, totalizando nove tipos de configuração da cobertura vegetal arbórea: isolada -
dispersa, aglomerada e aglutinada; linear - retilínea, curvilínea e anular; conectada - reticulada,
ramificada e contínua. As configurações dispersa, aglomerada, retilínea e curvilínea
predominaram, denotando uma má distribuição da cobertura vegetal arbórea na cidade.
Luchiari (2001) comparou índices de cobertura vegetal com características
socioeconômicas da população de uma microbacia do município de Campinas/SP. O autor
observou que os maiores índices de cobertura vegetal estão associados às áreas que mesclam
características rurais e urbanas, de menor densidade de ocupações, já os menores índices estão
ligados aos bairros antigos, comerciais e residenciais, que possuem poucos espaços livres.
Também foi possível constatar uma relação entre a distribuição da cobertura vegetal de cada
bairro com a distribuição de renda familiar por bairro.
Melazo e Nishiyama (2010) realizaram o mapeamento da cobertura vegetal arbóreo-
arbustiva em quatro bairros da cidade de Uberlândia/MG, um bairro periférico e três bairros
centrais, mas com padrões de uso e ocupação diferenciados. Os resultados mostraram que o
bairro periférico foi o que apresentou menor porcentagem de cobertura vegetal e o bairro central
de uso residencial de alto padrão teve a maior porcentagem de cobertura vegetal. Mesmo assim,
os autores ressaltam que os resultados apontaram “para áreas com uma quantidade insuficiente
de cobertura vegetal (de 3 a 13%) apresentando-se de maneira geral, mal distribuída e
desconexa” (MELAZO E NISHIYAMA, 2010, p. 64).
Os bairros de Salvador/Bahia foram analisados por Oliveira et al. (2013) no que se refere
ao mapeamento e índices de cobertura vegetal. Os autores argumentaram que os bairros com
menor quantidade de cobertura vegetal por habitante estão localizados na área de consolidação
mais antiga da cidade, já os bairros com maiores valores estão localizados em áreas de expansão
urbana e de vegetação preservada. Concluíram que as constatações sobre a cobertura vegetal
“reafirmam a característica de expansão da cidade do Salvador, do ponto de vista de uma
ocupação concentrada em detrimento de uma intensa degradação da massa verde de seu
território” (OLIVEIRA et al., 2013, p. 824).
Souza et al. (2013) realizaram um mapeamento dos fragmentos florestais da cidade de
Vitória/ES. Foram considerados como fragmentos todas as aglomerações de árvores de grande
porte, naturais ou plantadas. Os autores destacaram que não há uma distribuição homogênea
23
dos fragmentos na área urbana e que a topografia irregular influencia na preservação da
vegetação existente em uma área mais afastada do litoral, dificultando a ocupação antrópica.
Queiroz (2014) analisou a distribuição espacial da cobertura vegetal em uma cidade do
Ponta Grossa/PR. Observou que nas áreas periféricas, com menor ocupação, existem manchas
de cobertura vegetal maiores e mais contínuas. Nas áreas centrais, contudo, a cobertura vegetal
é mais fragmentada e isolada. De forma inversa, os bairros centrais possuem uma maior
quantidade de áreas verdes públicas, como praças e parques. A autora concluiu que a
distribuição da cobertura vegetal está diretamente relacionada com o processo de urbanização
e expansão da cidade.
O mapeamento da cobertura vegetal arbórea urbana de Mossoró/RN foi feito por Silva
(2015). O autor observou que nas áreas mais periféricas, de padrão urbano descontínuo e onde
ocorre o processo de expansão urbana, a cobertura vegetal está mais concentrada. Sugeriu ao
final do estudo que fossem criadas unidades de conservação urbanas, aproveitando as áreas de
vegetação nativa sem grande interferência antrópica.
Em síntese, os estudos apresentados evidenciam uma heterogeneidade da cobertura
vegetal no ambiente urbano, influenciada pela ocupação antrópica, possuindo áreas com maior
fragmentação e áreas com maiores percentuais de cobertura vegetal. É perceptível também que
os autores geralmente utilizam índices de cobertura vegetal como uma estratégia de comparação
entre as porções do espaço analisado.
2.5 Estudos sobre a cobertura vegetal urbana do Natal
Foi feito por Cestaro et al. (2003, p. 02) um levantamento das árvores localizadas em
canteiros centrais e passeios públicos do bairro Petrópolis. Foram encontradas 769 árvores e 45
espécies, das dez espécies mais abundantes, apenas três eram nativas. Os autores concluíram
que o bairro mostrou-se bem arborizado, mas com baixa diversidade de espécies, e que, neste
quesito, a ação do serviço público foi efetiva no processo de urbanização do bairro, com
objetivo sobretudo estético e de amenização das temperaturas.
Santos, Lisboa e Carvalho (2012) realizaram um inventário qualiquantitativo da
arborização viária de quatro vias públicas do bairro Petrópolis. Identificaram 206 indivíduos,
desses 79,1% foram definidos como espécies exóticas e 20,9% como nativas. Os autores
concluíram que é necessário estabelecer “diretrizes e propostas de manejo da arborização viária
do bairro de Petrópolis, que também poderão ser estendidas ao manejo da flora de toda a cidade”
(SANTOS; LISBOA; CARVALHO, 2012, p. 104).
24
Silveira et al. (2012) avaliaram a dinâmica espaço-temporal da vegetação, umidade e
temperatura da superfície do Natal entre os anos 1991 e 2011. A análise foi baseada em imagens
do satélite Landsat 5 e cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (em inglês,
NDVI), que varia de -1 (ausência de vegetação) a 1 (maior concentração de biomassa). Os
autores observaram que no ano de 1991, além das áreas periféricas e ZPAs, existiam valores
positivos de NDVI no centro da cidade associados a maior densidade de vegetação. Em 2011
houve uma diminuição das áreas vegetadas e o centro da cidade mostrou-se mais adensado por
construções, com valores próximos ou abaixo de zero de NDVI.
Silveira et al. (2012) concluíram que a cidade possui áreas com cobertura vegetal
expressiva, mas que a amenização e umedecimento do ar acontece apenas no entorno dessas
áreas, assim se faz necessário um projeto de arborização com ênfase na espacialização do verde
e na escolha de espécies adequadas.
A cobertura vegetal do Natal foi quantificada por Sucupira (2013) através da aplicação
do NDVI em imagens do satélite WorldView-2 do ano de 2010. Foi calculada a taxa de
cobertura vegetal (%) dos 36 bairros e mais a delimitação territorial da ZPA 2 (Parque das
Dunas), apresentando maiores taxas de cobertura vegetal na ZPA 2 e nos bairros Guarapes,
Redinha e Ponta Negra. Em contraponto, os bairros com menores porcentagens de cobertura
vegetal foram Ribeira, Lagoa Seca e Cidade Alta. Constatou-se nesse estudo que a cobertura
vegetal de Natal, no ano de 2010, correspondia a 40,41% da área do município.
Um estudo sobre os espaços livres do município de Natal, envolvendo a cobertura
vegetal e demais espaços não construídos, foi realizado por Silva et al. (2009). Os autores
classificaram os espaços livres da cidade em quatro grupos: os sistemas de vias, incluindo
passeios públicos, praças, parques, dentre outros; os espaços costeiros, como faixas de praias e
margens dos rios e lagoas; os espaços de uso coletivo criados em torno dos reservatórios de
detenção; as grandes porções territoriais definidas como Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs);
e as áreas privadas, localizadas no interior dos quarteirões e lotes e em algumas das ZPAs. Os
autores observaram a irregularidade na distribuição desses espaços pela cidade, com maior
concentração nos limites com outros município, nas regiões Oeste e Norte.
Cabe destacar também o Manual de Arborização Urbana do Natal, elaborado em 2009
pela prefeitura. No documento expõem-se parâmetros para instalação de um projeto de
arborização urbana visando colaborar no conforto ambiental da cidade (NATAL, 2009). O
manual apresenta critérios para plantação de árvores em vias públicas, como tamanho mínimo
das calçadas que condicionará o porte das árvores a serem plantadas; distanciamento entre
árvores; características das mudas e escolha das espécies. Também expõe uma lista de espécies
25
nativas que podem ser plantadas na cidade, visando a manutenção da biodiversidade.
2.6 A cobertura vegetal urbana do Natal e os condicionantes normativos
A atuação em um espaço, seja ele natural ou modificado pelo homem, depende de uma
série de normas que determinam a forma como ele será utilizado. Borges, Marim e Rodrigues
(2010, p. 1) ponderam que o processo de ordenamento do espaço urbano deve levar em
consideração diferentes aspectos ambientais, como “a manutenção ecológica, a permeabilidade
e as propriedades do solo, a regulação da temperatura, o abrigo e produção de alimento para
determinadas espécies”. A cobertura vegetal é um elemento fundamental nesse processo,
considerando as funções que exerce no ambiente urbano.
Natal é um centro urbano que apresenta amplos espaços com vegetação nativa, estando
sujeito, além das leis locais, à legislação federal e estadual. Nesse sentindo, apresentam-se
normas ambientais que regulamentam o uso e proteção da vegetação e que influenciam na
ocupação antrópica em áreas naturais da cidade do Natal.
A Constituição Federal de 1988 é a lei fundamental do Brasil que serve de parâmetro
para leis específicas. O capítulo VI da mesma é dedicado inteiramente ao meio ambiente,
resguardando o direito de um ambiente ecologicamente equilibrado para todos. Essa afirmação
pode ser vista em seu artigo 225, no qual é assegurado que
todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações (BRASIL, 1988, art. 225).
A cobertura vegetal é um elemento fundamental do meio ambiente, devendo ser
protegida a fim de que todos tenham o direito de usufruir dos seus benefícios. No artigo 23,
incisos VI e VII da Constituição, define-se que é de competência comum de todos os entes
federados a proteção do meio ambiente, o combate à poluição em qualquer de suas formas e a
preservação das florestas, da fauna e da flora. Portanto, cabe também aos estados e municípios
elaborar normas que visem a conservação dos ambientes em seus territórios.
Também merece destaque a Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, pois é
instrumento de normatização que dispõe sobre o uso e proteção de áreas de vegetação nativa
do bioma Mata Atlântica. Na cidade do Natal são encontrados diferentes tipos de vegetação
desse bioma, como manguezais, restingas e florestas. Nela destaca-se que a proteção e a
26
utilização deste bioma têm por objetivos “o desenvolvimento sustentável e [..] a salvaguarda da
biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime
hídrico e da estabilidade social” (BRASIL, 2006, art. 6º).
As áreas protegidas são definidas por Dudley (2008, p. 8) como “um espaço geográfico
claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido [...], de modo a alcançar a conservação a
longo prazo da natureza e dos serviços ecológicos e valores culturais associados”. Um exemplo
de regulamentação dessas áreas é o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC) instituído pela Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000, nesse sistema estão incluídos dois
grupos de unidades de conservação, as unidades de uso sustentável e as unidades de proteção
integral (BRASIL, 2000).
O Parque Estadual Dunas do Natal é um exemplo de unidade de proteção integral,
localizado na cidade. Foi criado em 1977, é reconhecido pela UNESCO como parte integrante
da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira e é considerado o maior parque urbano
sobre dunas do Brasil (RIO GRANDE DO NORTE, 2015), com cerca de 1.172 hectares.
Quanto à legislação estadual, destaca-se o Zoneamento Ecológico-Econômico do
Litoral Oriental do RN, lei estadual nº 7.871, de 20 de julho de 2000. A cidade do Natal,
considerada totalmente urbana pelo Plano Diretor vigente (NATAL, 2007), está incluída na
Zona Especial Costeira (ZEC), que “compreende as unidades ambientais legalmente protegidas
e aquelas que, por suas características físicas, restringem o uso e a ocupação do solo, bem como
dos espaços urbanizados e de expansão” (RIO GRANDE DO NORTE, 2000, art. 9º). De acordo
com essa lei, são consideradas áreas de preservação os seguintes ambientes naturais
encontrados na cidade do Natal: manguezal, mata ciliar e dunas com cobertura vegetal. Reforça-
se nesta lei a necessidade de preservação de determinados espaços naturais considerando a
importância dos mesmos para o equilíbrio ambiental.
Em relação às normas de atuação da gestão pública no nível municipal, ressalta-se em
Natal o Plano Diretor (NATAL, 2007), a principal lei de uso e ocupação do solo urbano da
cidade. Aprovado pela Lei complementar nº 082, de 21 de junho de 2007, em seu título III, art.
45º, trata do sistema de áreas verdes e arborização urbana, definindo-o como
o conjunto dos espaços livres formados por parques, praças, verdes
complementares ou de acompanhamento viário, jardins e pontas de rua, orlas
marítimas, lacustres e fluviais, arborização de ruas, avenidas e grandes
extensões de jardins privados, bem como de unidades de conservação públicas
e privadas existentes na cidade.
27
A definição do sistema de áreas verdes e arborização urbana apresentada em Natal
(2007) não é compatível com o conceito de área verde difundido na literatura científica, na
medida em que considera ambientes sem cobertura vegetal como sendo áreas verdes. Um
exemplo dessa divergência é a própria definição de praça apresentada no Plano Diretor
(NATAL, art. 6º, 2007): “área verde com dimensões, em geral, entre 100m² (cem metros
quadrados) e 10 (dez) hectares, destinada ao lazer ativo ou passivo e para manifestações da
sociedade, podendo ser dotadas ou não de vegetação”.
A definição do sistema de áreas verdes e arborização urbana apresentada no Plano
Diretor de Natal pode gerar discrepâncias no computo das áreas verdes da cidade,
superestimando a real quantidade dessas áreas, pois permite incluir qualquer espaço livre como
sendo área verde, inclusive aquele sem cobertura vegetal e sem funções de ambientais, estéticas
e de lazer.
Por meio do Plano Diretor foi estabelecido um macrozoneamento da cidade do Natal1,
que divide-se em Zona de Adensamento Básico, Zona Adensável e Zona de Proteção Ambiental.
Essa última envolve dez Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) da cidade, com funções
específicas destacadas no Quadro 1. As ZPAs são áreas destinadas “a proteção, manutenção e
recuperação dos aspectos ambientais, ecológicos, paisagísticos, históricos, arqueológicos,
turísticos, culturais, arquitetônicos e científicos” do município (NATAL, 2007, art. 17º).
Devido às características do meio físico, existem restrições no uso e ocupação das mesmas.
Quadro 1 – Funções e morfologia das ZPAs e bairros do Natal com presença de ZPAs.
ZPAs FUNÇÕES MORFOLOGIA BAIRROS
ZPA 1
Campo Dunar dos bairros de Pitimbu, Candelária
e Cidade Nova – Principal área de recarga do
aquífero subterrâneo que garante a demanda de
água potável da cidade, abriga o Parque da Cidade
Dom Nivaldo Monte e preserva a flora e fauna das
dunas.
Dunas e vegetação de
restingas
CANDELÁRIA
CIDADE NOVA
PITIMBU
ZPA 2
Parque Estadual Dunas de Natal e área contígua ao
Parque, Av. Eng. Roberto Freire e Rua Dr. Solon
de Miranda Galvão – Pela diversidade de sua flora,
fauna e das belezas naturais, constitui importante
unidade de conservação destinada a fins
educativos, recreativos, culturais e científicos.
Dunas em reserva da
Mata Atlântica e
Tabuleiro Costeiro
–
1 O macrozoneamento da cidade divide a totalidade do município em três zonas com distintas normas de uso e
ocupação. Zona de Adensamento Básico, “aquela onde se aplica, estritamente, o coeficiente de aproveitamento
básico” (NATAL, 2007, art. 9). Zona Adensável, “aquela onde as condições do meio físico, a disponibilidade de
infra-estrutura e a necessidade de diversificação de uso, possibilitem um adensamento maior do que aquele
correspondente aos parâmetros básicos de coeficiente de aproveitamento” (NATAL, 2007, art. 11), e Zonas de
Proteção Ambiental.
28
ZPA 3
Área entre o Rio Pitimbu e Avenida dos Caiapós
(Conjunto Habitacional Cidade Satélite) –
Corresponde a parte da bacia hidrográfica do Rio
Pitimbu, com solo fértil nas margens,
caracterizadas por feições de terraços e vertentes
com dunas sobrepostas. Dentre outras funções,
destaca-se o suprimento de água doce para a Lagoa
do Jiqui.
Margens de rios PITIMBU
ZPA 4
Campo Dunar dos bairros: Guarapes e Planalto –
Formada por cordões de dunas de relevante beleza
cênico-paisagística da cidade, em virtude dos
contrastes de relevo com o tabuleiro costeiro e o
estuário do Rio Potengi. Tem importância de
minimização de escoamento pluvial.
Dunas
FELIPE CAMARÃO
GUARAPES
PLANALTO
ZPA 5
Ecossistema de dunas fxas e lagoas do Bairro de
Ponta Negra (Região de Lagoinha – Complexo de
dunas e lagoas com desenvolvimento de vegetação
com espécies predominantes de formação de
tabuleiro litorâneo e espécies da Mata Atlântica.
Este ecossistema constitui umas das principais
áreas de recarga dos aquíferos - (águas
subterrâneas).
Dunas, lagoas e
florestas PONTA NEGRA
ZPA 6
Morro do Careca e dunas fixas contínuas – Recanto
natural de notável beleza por seus aspectos
panorâmicos, florísticos, paisagísticos, de interesse
cultural, recreativo e turístico. Sua regulamentação
encontra-se em fase de revisão do projeto de Lei, a
partir de contribuições advindas dos Conselhos
Municipais e da sociedade.
Dunas PONTA NEGRA
ZPA 7
Forte dos Reis Magos e seu entorno – Sítio de
relevante valor artístico, arquitetônico, cultural,
turístico e histórico, onde se encontra a Fortaleza
dos Reis Magos. Localizada entre a zona de praia,
construída sobre arrecifes adjacentes ao estuário do
Potengi, é tombada pelo Patrimônio Histórico
Nacional.
Dunas fixas e
tabuleiro costeiro;
faixas de praias e
arrecifes
SANTOS REIS
ZPA 8
Ecossistema manguezal e Estuário do
Potengi/Jundiaí – Ecossistema Litorâneo de grande
importância ambiental e socioeconômica. Fonte de
alimentação e local de reprodução de espécies da
fauna marinha, refúgio natural de peixes e
crustáceos, meio propício à indústria da pesca,
atividades portuárias e recreativas, como também
fonte de sustento para as populações ribeirinhas.
Mangues e margens
de rios
BOM PASTOR
FELIPE CAMARÃO
GUARAPES
NORDESTE
POTENGI
QUINTAS
REDINHA
SALINAS
ZPA 9
Ecossistema de lagoas e dunas ao longo do Rio
Doce – Ambiente de potencial paisagístico e
turístico, compreendendo o sistema de dunas e
lagoas associado ao vale do rio Doce. Além das
funções de perenização do rio e de recarga dos
aquíferos, este complexo é utilizado em atividades
agrícolas.
Dunas e lagoas LAGOA AZUL
PAJUÇARA
ZPA 10
Farol de Mãe Luíza e seu entorno (encostas
dunares adjacentes à Via Costeira, entre o Farol de
Mãe Luíza e a Av. João XXIII) – Área de encostas
dunares de valor cênico-paisagísticos, histórico,
cultural e de lazer.
Dunas MÃE LUIZA
Fonte: adaptado de Silva et al. (2009), Natal (2014) e Natal (2015).
29
As ZPAs estão distribuídas principalmente em bairros limítrofes aos outros municípios
e nas margens dos rios Potengi e Pitimbu. Elas estão presentes em dezessete dos trinta e seis
bairros existentes na cidade (Quadro 1). A ZPA 2 abrange toda a Unidade de Conservação
Parque Estadual Dunas do Natal e mais um trecho que envolve a Via Costeira (avenida que liga
as regiões leste e sul, margeando as praias), que mesmo estando na divisão territorial interna do
município, não está inserida em um dos bairros.
Apesar das ZPAs terem sido criadas com a finalidade de melhoria da qualidade
ambiental da cidade e possuírem restrições de uso, segundo Silva et al. (2009) existem alguns
conflitos de uso nessas áreas, expressos, por exemplo, na construção de assentamentos
irregulares, loteamentos legalmente constituídos ou projetos de habitação dentro dos limites de
algumas ZPAs.
Silva et al. (2009) ainda pontuam que “quando o zoneamento ambiental foi constituído,
toda a superfície do município já estava loteada e em acelerado processo de ocupação” (SILVA
et al., 2009, p. 411), o que contribuiu ainda mais na geração de conflitos de interesses entre os
envolvidos.
Os diferentes usos evidenciam a necessidade de um planejamento ambiental que
minimize os impactos advindos da degradação dos ecossistemas e que possa integrar a
população aos espaços naturais da cidade, incentivando a mesma a se apropriar desse espaço.
30
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Natal localiza-se na Mesorregião Leste Potiguar, no Litoral Oriental do estado do Rio
Grande do Norte, limitando-se com os municípios de Extremoz, São Gonçalo do Amarante,
Macaíba, Parnamirim e com o Oceano Atlântico à leste (Figura 1).
Figura 1 – Mapa de localização do município de Natal e Regiões Administrativas.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
31
3.1 Breves considerações sobre o processo de expansão urbana do Natal
O município de Natal foi fundado em 1599 e teve uma organização espacial dividida
em fases. Nos primeiros séculos de povoamento teve um processo de urbanização lento,
ganhando ênfase apenas no século XIX pelo comércio promovido pela economia
agroexportadora (CUNHA, 1991), com destaque para o algodão, impulsionando o povoamento
e comércio em alguns bairros da Região Leste do Natal, como Ribeira e Cidade Alta.
Até o final do século XIX, o núcleo central de Natal se restringia aos bairros Cidade
Alta e Ribeira. No ano de 1901 surgiu o bairro Cidade Nova, resultante de um plano de
ordenamento urbano, induzindo o surgimento dos bairros Petrópolis e Tirol (COSTA, 2000).
Fora do perímetro urbano da época existiam ocupações nas Rocas, Passo da Pátria, Baldo, Barro
Vermelho, Refoles (hoje Alecrim) e Quintas, cujos habitantes, segundo Costa (2000),
desenvolviam atividades agrícolas e pecuárias.
Nas primeiras décadas do século XX houveram migrações do campo para a cidade e
investimentos do setor público em equipamentos urbanos que também influenciaram no
aumento populacional. Além da busca por trabalho, outro motivo que impulsionou a imigração
foi a fuga gerada pela seca que ocorria no sertão. Segundo Lima (2006, p. 109), “em 1904,
forçados pela seca que assolava toda a região Nordeste, chegaram à Natal mais de quinze mil
retirantes vindos do sertão”, praticamente duplicando a população da cidade.
A expansão territorial de Natal aconteceu substancialmente a partir de meados do século
XX por influência da Segunda Guerra Mundial, quando ocorreu um processo de migração dos
moradores de municípios interioranos para a capital, “instalação de equipamentos militares,
como bases e unidades de saúde, além de ampliação da malha viária” (QUEIROZ, 2010, p. 11).
Nesse momento houve uma mudança no processo de urbanização com a criação de um
mercado de terras urbanas, especulação imobiliária e formação de núcleos periféricos (LIMA,
2006). A população que não tinha condições de morar nas áreas centrais, devido ao preço dos
imóveis, alojou-se na periferia da cidade, ocupando, principalmente, os bairros de Alecrim e
Nova Descoberta (MEDEIROS, 2013).
O aumento populacional gerou uma demanda por habitação e a cidade foi se expandindo
para áreas ainda naturais a partir de planos urbanísticos, construção de conjuntos habitacionais
ou através da ocupação de forma irregular pela população de menor poder aquisitivo (LIMA,
2006), que normalmente foi se estabelecendo em bairros populares ou em áreas ainda
desabitadas.
32
De acordo com Furtado (2005, p. 111), “nas décadas de 60 e 70, houve um constante
aumento da população e ocupação de áreas limítrofes do espaço construído da cidade” e a
política de investimentos da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) foi
um dos fatores impulsionadores desse aumento. Além das obras de infraestrutura construídas
no período, houve uma expansão dos conjuntos habitacionais.
Medeiros (2013) advoga que a política de conjuntos habitacionais teve um papel
fundamental para a estruturação e expansão do espaço urbano do Natal, primeiramente, com a
construção de conjuntos em áreas periféricas ao antigo centro da cidade. Posteriormente, na
década de 1970, os investimentos na economia industrial e o apoio do Banco Nacional da
Habitação levaram à “expansão horizontal da cidade em direção a região norte, possibilitando
uma política habitacional direcionada para a reprodução da força de trabalho, por meio da
construção de conjuntos populares nessa região” (MEDEIROS, 2013, p. 6-7). As construções
em áreas próximas aos limites do município continuaram nas décadas de 1980 e 1990. Ainda
de acordo com Medeiros (2013, p. 7), as construções foram distribuídas
entre conjuntos das Companhias de Habitacão (COHABs) e dos Institutos de
Orientação de Cooperativas Habitacionais (INOCOOPs). As distinções entre
os conjuntos de COHAB e de INOCOOP são determinadas pela diferenciação
da renda a que esses órgãos atendiam. Os conjuntos de COHAB foram
destinados à população de menor poder aquisitivo. A COHAB pretendeu
destinar as moradias, mediante a demanda gerada pelos incentivos industriais
na região, ao operariado [...]. A população de renda média baixa fica sob a
tutela dos INOCOOPs, os conjuntos do INOCOOP, foram construídos mais
ao sul, valorizando de imediato as áreas circunvizinhas, através da expansão
dos serviços.
Conforme Furtado (2005, p. 115), “a localização desses conjuntos no espaço urbano
gerou grandes vazios provocando a descontinuidade da mancha da cidade”. Estes vazios são
considerados por Santos (2009) como uma característica da urbanização corporativa das
cidades brasileiras, denominadas pelo autor de cidades espraiadas. Nelas há uma carência de
“infra-estruturas, especulação fundiária e imobiliária, problemas de transporte, extroversão e
periferização da população, gerando, graças às dimensões da pobreza e seu componente
geográfico, um modelo específico de centro-periferia”. (SANTOS, 2009, p. 106).
A Figura 2 evidencia a expansão da ocupação territorial do município de Natal: até a
década de 1970 a ocupação da cidade concentrava-se na Região Leste da cidade, incluindo
Cidade Alta e Petrópolis, e em áreas isoladas das demais regiões; até a década de 1980 houve
uma expansão em bairros da Região Oeste e Sul; até a década de 1990 a ocupação foi ampliada
para áreas mais distantes do centro da cidade, nas Regiões Norte, Sul e Oeste, atingindo todo o
33
bairro Pitimbu e parte do bairro Pajuçara; após 1990 e até os dias atuais, a ocupação territorial
foi expandida na Região Norte, incluindo outras áreas do bairro Pajuçara, e nos bairros
Guarapes e Planalto, localizados na Região Oeste.
Figura 2 – Expansão da ocupação territorial do Natal.
Fonte: adaptado de Ataíde (2013).
Todo esse aumento do tecido urbano da cidade fez com que houvesse intervenções no
ambiente natural, como terraplanagem de áreas de mangue, desmatamento de matas ciliares,
ocupação em cima de dunas, formação de lixão, dentre outros (LIMA, 2006). Essas alterações
34
geraram consequências nas áreas naturais, expressas, por exemplo, na “poluição do aquífero
Dunas/Barreiras, destruição do manguezal, assoreamento do rio Pitimbu, aterramento das
lagoas interdunares, destruição da vegetação das dunas, exaustão de recursos naturais não-
renováveis” (MEDEIROS, 2007, p. 19). Percebe-se, portanto, que a expansão territorial da
cidade influenciou na alteração do ambiente natural, inclusive alterando a cobertura vegetal
original.
3.2 Aspectos ambientais da cidade do Natal
A cidade do Natal está localizada em uma zona tropical da Terra, recebendo grande
quantidade de radiação solar e precipitação pela influência da maritimidade. O clima da cidade
é caracterizado como tropical com verão seco (As) segundo a classificação climática de Köppen
(ALVARES et al., 2013). Natal apresenta um período úmido na maior parte do ano, de janeiro
a setembro, favorável ao desenvolvimento da vegetação e um período seco nos meses de
outubro, novembro e dezembro, período em que a vegetação sofre estresse hídrico. As
temperaturas variam de 24,9 ºC a 27,6 ºC e a precipitação média anual é de 1.737,7 mm. O
diagrama climático de Walter para Natal (WALTER; LIETH, 1967) é apresentado na Figura 3.
Figura 3 – Diagrama climático para Natal/RN (normais climatológicas – 1984 a 2014).
Fonte: Elaborado pela autora (2017) com base em dados da estação climatológica da UFRN (1984 -
2014), organizados pelo grupo de pesquisa Estudos Geoambientais da UFRN (2016).
35
Esse padrão climático tem forte relação com a vegetação, pois as variações e intensidade
de precipitação e a temperatura influenciam no desenvolvimento e porte da vegetação. Natal
está inserida no bioma Mata Atlântica e dentro dele são encontradas diferentes formações
vegetais, que se diferenciam pelas características abióticas locais, como tipo de solo, altitude e
proximidade de corpos e cursos d’água.
Segundo Natal (2013), a cidade possui, de maneira geral, vegetações vinculadas à mata
atlântica e tabuleiros. Considerando os diferentes ambientes da cidade, são encontrados no
município de Natal a vegetação de Savana, associada aos tabuleiros costeiros; a Floresta
Estacional Semidecidual, nas áreas úmidas e de altitudes elevadas em relação aos corpos
d’água, como encostas; a Vegetação com Influência Marinha (Restinga), que recobre as dunas
e praias; a Vegetação com Influência Fluviomarinha, incluída no ecossistema manguezal; a
Vegetação com Influência Fluvial, nas margens de rios e lagoas; áreas de transição entre duas
ou mais formações vegetais; e vegetações secundárias (IBGE, 2004; NUNES, 2006).
Geomorfologicamente, caracteriza-se pela presença de diferentes feições como
tabuleiros costeiros, dunas, praias e planície fluviomarinha (MEDEIROS, 2007), tendo como
base geológica a Formação Barreiras. As dunas são depósitos arenosos de origem eólica,
encontradas em várias áreas da cidade, que ocorrem “na zona litorânea, remobilizando
depósitos marinhos e/ou fluviomarinhos, e no interior, como resultado do retrabalhamento de
acumulações fluviais, lacustres ou de enxurradas” (IBGE, 2009, p. 64)
Em relação aos solos, destacam-se os seguintes tipos: neossolos quartzarênicos,
originados de material sedimentar da Formação Barreiras; neossolos quartzarênicos marinhos,
de origem marinha e depositados pela ação do vento; neossolos, encontrados nas várzeas dos
rios, provenientes de deposições fluviais; gleissolotiomórfico, encontrado no ambiente
estuarino, vinculado ao manguezal; e latossolos amarelo e vermelho-amarelo, com transição de
horizonte arenoso para argiloso (NUNES, 2006). Os solos são importantes para o
desenvolvimento da vegetação, pois atuam como suporte para fixação das raízes, fornecimento
de água e de nutrientes para as plantas.
O município está inserido na bacia hidrográfica do rio Potengi (31,2%), do rio Doce
(23,4%), do rio Pirangi (15,3%) e na Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso (30,1%),
conforme IDEMA (2013). Os rios, lagoas e águas subterrâneas possuem grande importância
ambiental e socioeconômica para o município (NATAL, 2015), proporcionando o
abastecimento de água para a população, atividades de pesca e comercialização de pescados,
passeios turísticos pelo estuário e o cultivo de hortaliças e frutas.
36
3.3 Bairros selecionados para análise da diversidade de cobertura vegetal do Natal
Os critérios adotados para seleção dos bairros foram o período de ocupação dos mesmos
e a maior ou menor ocupação antrópica. Selecionou-se, portanto, dois bairros mais antigos e
predominantemente ocupados por construções (tecido urbano contínuo), e dois bairros de
ocupação recente e com maior presença de espaços livres (tecido urbano descontínuo), para
verificar se existe uma relação entre o processo de ocupação da cidade e a diversidade das
classes de cobertura vegetal.
Os bairros com tecido urbano contínuo são aqueles cuja “maior parte do solo é ocupada
por construções e pela rede de transportes. Os edifícios, estradas e superfícies artificializadas
ocupam mais de 80% da superfície total”. Já os bairros com tecido urbano descontínuo são
compostos por “edifícios, estradas e superfícies artificializadas [...] associados as áreas com
vegetação e de solo nu, que ocupam superfícies descontínuas, porém significativas”, com
superfícies impermeabilizadas variando de 30 a 80% (BOSSARD; FERANEC; OTAHEL,
2000, p. 28-29).
A verificação do período de ocupação dos bairros foi baseada em revisão bibliográfica
a partir dos estudos de Cunha (1991), Lima (2006), Ataíde (2013) e anuários da prefeitura do
Natal. Os termos tecido urbano contínuo e tecido urbano descontínuo foram baseados no
terceiro nível de classificação do projeto CORINE Land Cover, que serve de apoio ao
monitoramento da cobertura da terra da União Europeia (BOSSARD; FERANEC; OTAHEL,
2000), vinculado ao programa CORINE (Coordenação de Informações sobre o Meio Ambiente)
da AEA (Agência Europeia do Ambiente).
Os bairros com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e Petrópolis, e os bairros com tecido
urbano descontínuo, Pitimbu e Pajuçara estão espacializados na Figura 4.
3.3.1 Cidade Alta
Cidade Alta é um bairro localizado na Região Administrativa Leste, cuja origem
remonta à própria colonização. Foi o primeiro núcleo de povoamento da cidade e o primeiro
bairro criado pela prefeitura. Segundo Natal (2015, p. 145), nessa área “quando chegaram os
portugueses, conquistadores, o lugar escolhido para erguer sua cidade, foi o alto onde, hoje,
localiza-se a Praça André de Albuquerque”.
37
Figura 4 – Localização dos bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura vegetal do
Natal/RN.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
38
A Cidade Alta originalmente era o lugar de moradia da população mais abastada e um
centro comercial. Atualmente ainda possui atividades comerciais e está inserida no circuito
histórico, turístico e cultural de Natal (NATAL, 2014), possuindo uma variedade de prédios
antigos, museus e igrejas que permitem compreender uma parte da história da cidade.
O bairro tem uma área de 116,4 ha e uma população de 7.382 habitantes (em 2013). A
renda média per capita da Cidade Alta é de 2 salários mínimos (NATAL, 2013). No bairro
existem dois assentamentos precários, Areado e Passo da Pátria, com 2.258 habitantes
(NATAL, 2014). Esses aglomerados diferem do padrão de ocupação do restante do bairro,
predominantemente ocupado por estabelecimentos comerciais e população de melhor poder
aquisitivo.
3.3.2 Petrópolis
O bairro Petrópolis está localizado na Região Leste de Natal e surgiu como
consequência de um plano de ordenamento urbano criado em 1901, chamado de Plano da
Cidade Nova ou Plano Polidrelli. O bairro planejado e construído como local de moradia da
elite natalense chamava-se Cidade Nova, contendo originalmente seis ruas e duas praças
(LIMA, 2006). Na época de sua construção houveram desapropriações de terras de camponeses
e a população que lá vivia foi transferida para bairros populares, como Rocas e Alecrim, ou
para áreas mais distantes do centro. Petrópolis foi oficializado como bairro em 1947.
O bairro tem uma área de 78,4 ha e uma população de 5.721 habitantes (em 2013).
Petrópolis é o bairro com maior renda per capita de Natal, 6,7 salários mínimos (NATAL,
2013). Esse bairro possui um padrão de habitação diferenciado com avenidas largas e canteiros
centrais, muitos deles arborizados. É um bairro residencial com expressiva participação do setor
de comércio e serviços (SOUZA, 2008).
3.3.3 Pitimbu
Pitimbu está localizado na Região Sul de Natal, é um bairro que se expandiu em termos
de ocupação a partir de 1983 com a inauguração do conjunto Cidade Satélite (NATAL, 2015).
Também abriga um outro conjunto de nome Pitimbu, ambos construídos pelo INOCOOP
(MEDEIROS, 2013).
Segundo Natal (2015, p. 127), o “Pitimbu, antes de ser bairro, era uma região, de sítios,
fazendas e terras de mata. [...] muito importante para a cidade de Natal, pois, além de ter o rio
39
Pitimbu, trazendo vida, guarda em seu solo aquífero essencial para o futuro do Natalense”.
Algumas áreas das ZPAs 1 e 3 estão dentro dos limites desse bairro.
O bairro tem uma área de 744,6 ha e uma população de 25.088 habitantes (em 2013).
Conforme Natal (2013), Pitimbu possui uma renda per capita média de 2,7 salários mínimos.
É um bairro predominantemente residencial.
3.3.4 Pajuçara
Pajuçara é um bairro localizado na Região Norte de Natal, que teve sua ocupação
intensificada em 1990 a partir da construção de conjuntos habitacionais (NATAL, 2015). Possui
seis conjuntos habitacionais executados pela COHAB, INOCOOP e Caixa Econômica Federal
(CEF), considerando aqueles com mais de 100 unidades habitacionais e que foram construídos
entre 1984 e 1990 (MEDEIROS, 2013).
Na área norte do bairro está localizada parte da ZPA 9, composta por um complexo de
lagoas interdunares e pela planície do rio Doce, a ZPA possui diferentes padrões de ocupação,
desde grandes glebas com pouca ocupação, até áreas com solo mais regular em processo de
consolidação e algumas áreas com predominância de atividades vinculadas à pecuária e
agricultura (FERNANDES; CESTARO; ATAÍDE, 2014).
O bairro tem uma área de 766,1 ha e uma população de 68.490 habitantes (em 2013).
Pajuçara possui uma renda média per capita de 0,9 salários mínimos (NATAL, 2013). Também
está incluído dentro de seus limites o assentamento precário Pompéia, com 8.946 habitantes. É
um bairro predominantemente residencial e em expansão.
A variação da população de cada um dos bairros selecionados, no anos 1991, 1996, 2000,
2007, 2013 e 2015 (ano mais recente com dados disponíveis) pode ser visualizada no Gráfico
1. Observa-se que a população de Pajuçara está crescendo de maneira rápida, possuindo 71.832
habitantes em 2015. Pitimbu têm um crescimento populacional gradual ao longo desses anos,
com 25.368 habitantes em 2015. Já Petrópolis e Cidade Alta possuem, respectivamente, 5.785
e 7.464 habitantes em 2015, mantendo uma população praticamente constante no período de
1991 a 2015.
40
Gráfico 1 – Variação da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Natal (2014); Natal (2015).
Os intervalos de renda per capita da população de cada um dos bairros estão
representados no Gráfico 2. Petrópolis e Pajuçara são os bairros com maiores discrepâncias,
pois no primeiro caso, Petrópolis, 70% das pessoas possuem uma renda composta por 3 ou mais
salários mínimos. Já em Pajuçara, 71% dos seus habitantes ganham até 1 salário mínimo. 30%
da população de Pitimbu ganha entre 1 e 2 salários mínimos, enquanto que em Cidade Alta essa
intervalo corresponde à 22%.
Os bairros selecionados para análise da diversidade de cobertura vegetal possuem
históricos de ocupação e situações socioeconômicas diferenciadas. A Cidade Alta é o primeiro
bairro criado em Natal e ainda hoje abriga um centro comercial importante. Já o bairro
Petrópolis se destaca por ter sido planejado para atender à elite econômica da época e hoje
também possui atividades comerciais e de serviços expressivas. Ambos os bairros são pequenos
em termos de área.
7.5065.222 5.105 6.111 5.521 5.721 5.785
7.548 6.254 6.692 7.247 7.123 7.382 7.464
20.40222.755 22.985 22.821 24.209 25.088 25.368
13.259
35.300
42.130
54.091
58.021
68.49071.832
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
50.000
55.000
60.000
65.000
70.000
75.000
1991 1996 2000 2007 2010 2013 2015
PO
PU
LAÇ
ÃO
ANOS
Variação da população dos bairros selecionados
Petrópolis
Cidade Alta
Pitimbu
Pajuçara
41
Gráfico 2 – Variação da renda per capita da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e
Pajuçara.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Natal (2013).
Pitimbu e Pajuçara são bairros residenciais de maior extensão espacial e que foram
ocupados nas décadas de 1980 e 1990, possuem ZPAs em seu interior, mas se diferenciam no
padrão de ocupação e de renda. Pitimbu é um bairro com população de maior poder aquisitivo
e com ocupações, no geral, ordenadas. Já Pajuçara possui uma população predominantemente
de baixa renda, com ocupações desordenadas em algumas áreas.
0,0 0,82,7
6,89,1 8,8
16,4
30,2
23,2
2,02,0
4,5
14,7
20,622,0
10,4 10,28,9
3,2 3,1
0,1 0,7
4,3
15,3
29,9
18,8 18,2
9,6
1,9 1,22,2
8,3
25,0
35,1
20,1
4,11,9
0,5 0,1
2,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
Até
1/8
Mai
s d
e1
/8 a
1/4
Mai
s d
e1
/4 a
1/2
Mai
s d
e1
/2 a
1
Mai
s d
e1
a 2
Mai
s d
e 2
a 3
Mai
s d
e 3
a 5
Mai
s d
e5
a 1
0
Mai
s d
e1
0
Sem
ren
dim
ento
%
INTERVALOS DE RENDA(SALÁRIOS MÍNIMOS)
Petrópolis
Cidade Alta
Pitimbu
Pajuçara
42
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Diagnóstico da cobertura vegetal urbana do Natal
4.1.1 Mapeamento da cobertura vegetal
Para quantificação e mapeamento da cobertura vegetal urbana do Natal foi utilizado um
mosaico digital de imagens de satélite, elaborado com base na metodologia exposta por
Sucupira et al. (2014) e disponibilizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Urbanismo (SEMURB). A maior parte das Regiões Administrativas Norte e Oeste foram
imagiadas em abril de 2012 e as Regiões Leste e Sul em janeiro de 2013. O mosaico é uma
composição colorida RGB das bandas 3, 2, 1.
As imagens de satélite foram originalmente obtidas no software Google Earth Pro e
fornecidas pela empresa Digital Globe. No período de 2012 e 2013 os seguintes satélites da
empresa estavam em operação: GeoEye-1; Ikonos, QuickBird, WorldView-1 e WorldView-2
(DIGITALGLOBE, 2016). Como não existem metadados disponíveis, não é possível inferir
qual satélite forneceu as imagens utilizadas e a resolução espacial, contudo, considerando a
média de resolução espacial no modo pancromático dos satélites acima citados e o tamanho dos
objetos visualizados nas imagens, verifica-se que o mosaico possui uma resolução espacial
submétrica.
Justifica-se a utilização do mosaico pela sua alta resolução espacial, possibilitando a
identificação de tipos de cobertura vegetal de menor dimensão, como árvores em passeios
públicos, bem como pela menor cobertura de nuvens e pela gratuidade na disponibilidade da
imagem, satisfazendo os objetivos do estudo.
A utilização de imagens do Google Earth vem ganhando destaque no meio acadêmico,
sobretudo pela acesso gratuito a dados com alta resolução espacial. De acordo com um estudo
de validação das imagens do Google Earth PRO elaborado por Lopes e Nogueira (2011), as
imagens apresentam fidelidade geométrica e posicional considerando testes amostrais com
pontos, linhas e áreas. No entanto, é importante ressaltar que são necessários cuidados
cartográficos na utilização de imagens do Google Earth PRO, como escolha de referências
posicionais adequadas para o georreferenciamento das imagens, verificação da data da imagem
de satélite e da precisão necessária para o mapeamento. Considerando o exposto, a utilização
ou não das imagens vai depender do objetivo do estudo.
O mapeamento da cobertura vegetal foi feito bairro a bairro, pois possibilitou um
43
processamento mais rápido do computador no momento da classificação digital e permitiu que
os dados fossem analisados com um detalhe em nível do bairro, legalmente caracterizado como
a unidade territorial de planejamento do município (NATAL, 2007).
O recorte do mosaico foi baseado no arquivo vetorial2 dos limites dos bairros de Natal,
ano de 2015, disponibilizado pela SEMURB e foi feito no SIG QGIS 2.12.1. Nesse arquivo são
limitados os trinta e seis bairros da cidade e mais uma área denominada de Parque das Dunas,
correspondendo à Unidade de Conservação Parque Estadual Dunas do Natal (ZPA 2) e o
entorno da Av. Senador Dinarte Mariz (Via Costeira). Embora o Parque seja gerido pelo Estado
do Rio Grande do Norte, faz parte da delimitação oficial do município de Natal. Nas imagens
recortadas foram realizados os seguintes procedimentos: reprojeção, segmentação,
classificação e cálculo das áreas dos polígonos, de acordo com os procedimentos e caminhos
indicados no Quadro 2, todos utilizando o Sistema de Informação Geográfica (SIG) ArcGIS
10.3.
A reprojeção é a transformação do Sistema de Referência de Coordenadas (SRC) do
dado original para outro SRC. Esse sistema é composto por um sistema de coordenada e um
datum. As imagens recortadas estavam organizadas no Sistema de Coordenadas Planas UTM,
Zona 25 Sul e no datum SAD 69. O datum oficial do Brasil desde o ano de 2015 é o SIRGAS
2000, portanto foi necessário realizar a reprojeção das imagens para o Sistema de Coordenadas
Planas UTM, Zonas 25 Sul, datum SIRGAS 2000 (Quadro 2), padronizando os dados segundo
as normas apresentadas em IBGE (2015).
A segmentação é um procedimento que pode ser realizado antes da classificação
supervisionada para realçar melhor os diferentes objetos da imagem, por meio da criação de
regiões formadas por um conjunto de pixels que apresentam uniformidade (WOODCOCK;
HARWARD, 1992), dividindo a imagem em unidades homogêneas.
Após a segmentação foi realizada a classificação digital, que é o processo de extração
de informações das imagens para gerar um mapa de pixels classificados de forma automatizada
(MENESES; SANO, 2012). A classificação escolhida foi a supervisionada através do método
máxima verossimilhança (MAXVER). Nesse tipo de classificação é necessário que o usuário
selecione amostras de cada tema (classe) que irão treinar o algoritmo para executar a
classificação. O método máxima verossimilhança “considera a ponderação das distâncias entre
2 Existem dois tipos de representação de dados em um SIG, a representação vetorial e a matricial. “Na
representação vetorial, a representação de um elemento ou objeto é uma tentativa de reproduzi-lo o mais
exatamente possível. Qualquer entidade ou elemento gráfico de um mapa é reduzido a três formas
básicas: pontos, linhas, áreas ou polígonos” (CÂMARA; MONTEIRO, 2001, p. 16).
44
as médias dos valores dos pixels das classes” e calcula a probabilidade de um pixel pertencer a
uma ou outra classe, dependendo da posição do pixel (INPE, 2008, p. 02).
Quadro 2 – Procedimentos para obtenção do shapefile das áreas de cobertura vegetal urbana de Natal.
ETAPA PROCEDIMENTO CAMINHO NO ARCGIS
Organização do
ambiente de trabalho
para armazenamento
dos arquivos
Criação de pastas específicas no computador para guardar os dados processados de
acordo com o formato (raster e vetorial) e padronização dos nomes dos arquivos a
serem gerados, levando em consideração a ferramenta utilizada e sem caracteres
especiais ou espaços. Exemplo: “Areia_preta_reclas”, “Areia_preta_segmentada”.
Individualização dos
bairros de Natal
Recorte em lote do mosaico
da imagem do Google Earth
a partir dos limites dos
bairros de Natal
Caixa de ferramentas de processamento >
Advanced interface > Clip > Algortimo clip raster
by mask layer > Executar um processo em lote.
(Único procedimento realizado no SIG QGIS
2.12.1).
Alteração do SCR da
imagem
Reprojeção do datum SAD
69 para SIRGAS 2000
Data Frame Properties > Alterar para SIRGAS
2000 UTM Zone 25S; Export data > Spatial
reference: Data frame. Deixar o campo “Nodata”
sem valor.
Criação de áreas
homogêneas
Segmentação das imagens
reprojetadas
ArcToolbox > Spatial analyst tools > segmentation
and classification > Segment mean shift.
Parâmetros: spectral detail “20”, spatial detail
“15”, minimum segmet size in pixel “10”.
Exportação da
imagem segmentada
Salvar a imagem após o
processamento
Data > Export data > deixar o campo “Nodata” sem
valor; alterar o nome seguindo o padrão. Exemplo:
areia_preta_segment
Seleção das amostras
de treinamento
Criação das classes na área
de treinamento a partir da
imagem segmentada:
Cobertura Vegetal e Outros
Image classification > training sample manager.
Escolher as amostras a partir da seleção de
segmentos (não por polígonos) e ativar na barra de
classificação a imagem segmentada, mas visualizar
a imagem original na tela. Clicar em “create a
signature file” e salvar as assinaturas.
Classificação da
imagem
Classificação supervisionada
pelo classificador MAXVER
Classification > maximum likeliood classification.
Inserir assinaturas e imagem segmentada. Alterar o
local de saída da imagem para salvar a
classificação gerada. Se o resultado não for
satisfatório ou não apresentar as duas classes, criar
novas amostras e classificar novamente.
Extração da cobertura
vegetal
Reclassificação da imagem
classificada para retirar a
classe Outros
ArcToolbox > Spatial analyst tools > Reclass >
Reclassify. Inserir em “new values” o nome
NoData para a classe correspondente a Outros.
Criação de polígonos Transformação de dados
raster para vetorial
ArcToolbox > Conversion tools > From raster >
raster to polygon > marcar “simplify polygons”.
Obtenção da área dos
polígonos
Calcular a área pela tabela
de atributos
Clicar com o botão direito no shapefile da
cobertura vegetal do bairro. Open atribute table >
table options > Add field > Name: Area, type:
double; Proprieties: precision 10, scale 4; Clicar
com o botão direito na coluna Area: calculate
geometry > square meters > ok.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Foram realizados diferentes testes para classificação da imagem, envolvendo o aumento
da quantidade de classes de cobertura da terra e a tentativa de diferenciar o porte da vegetação.
Contudo, observou-se que quanto maior o detalhamento, maior era a confusão entre a cobertura
45
vegetal e outros tipos de cobertura, como sombra, solo exposto e corpos d’água. Para solucionar
este problema, foram consideradas apenas duas classes como referência: Cobertura Vegetal
(objeto de estudo) e Outros (demais tipos de cobertura do solo). Foram selecionadas
aproximadamente 40 amostras por classe para cada bairro a partir das regiões criadas no
momento da segmentação, dando zoom nos seguimentos, dentro do SIG, até a escala de 1:1.000.
Ao final da classificação de cada bairro foi feita uma avaliação visual do arquivo raster3
obtido, verificando se houve muita confusão entre as classes de Cobertura Vegetal e Outros e,
sempre que necessário, gerou-se uma nova classificação a partir da seleção de novas amostras
de treinamento para obter um resultado mais condizente com as classes apresentadas na
imagem.
Para facilitar a manipulação das áreas de cobertura vegetal realizou-se uma
reclassificação do raster obtido durante a classificação, gerando um novo arquivo apenas com
a classe Cobertura Vegetal, o qual foi, em seguida, transformado de raster para vetorial do tipo
polígono no formato ESRI shapefile. A partir desse arquivo foi feito o cálculo das áreas e da
quantidade de polígonos, valores estes armazenados na tabela de atributos dos shapefile.
4.1.2 Área mínima mapeável
Após a classificação e criação do shapefile de cobertura vegetal foi estabelecida a área
mínima a ser considerada para efeito de levantamento, com base na observação da área e
quantidade de polígonos (fragmentos). Constatou-se que a área total dos fragmentos menores
que 10 m² constitui uma pequena proporção (3,5%) da área da cobertura vegetal total e
compreende uma elevada proporção (96,5%) de fragmentos em relação ao número total de
fragmentos (Quadro 3).
Quadro 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal do Natal segundo as classes de
tamanho.
COBERTURA
VEGETAL
Total Área < 10m² Área ≥ 10m²
Absoluto % Absoluto % Absoluto %
Número de fragmentos 1.631.235 100 1.477.344 90,6 153.891 9,4
Área dos fragmentos 47.946.954,4 100 1.686.704,5 3,5 46.260.249,9 96,5
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
3 A representação raster/matricial “consiste no uso de uma malha quadriculada regular sobre a qual se
constrói, célula a célula, o elemento que está sendo representado. A cada célula, atribui-se um código
referente ao atributo estudado, de tal forma que o computador saiba a que elemento ou objeto pertence
determinada célula” (CÂMARA; MONTEIRO, 2001, p. 16).
46
Para efeito de quantificação e mapeamento da cobertura vegetal de Natal foram
considerados apenas os polígonos com área superior a 10 m², tendo em vista o número
desproporcional de polígonos com menos de 10 m², a área relativamente pequena que ocupam
em relação à cobertura vegetal total e a dificuldade em avaliar a consistência da sua
classificação. Os fragmentos menores que 10 m² apresentam polígonos mais suscetíveis a uma
classificação errada, podem sofrer mais facilmente mudanças na cobertura da terra e são de
difícil validação em campo. Assim, foram criados novos shapefiles de cobertura vegetal
considerando apenas as áreas maiores de 10 m², analisando-se 153.981 fragmentos,
correspondentes à 96,5% da área e 9,4% dos fragmentos originais.
4.1.3 Avaliação da acurácia do mapeamento
A avaliação da acurácia visa comparar o mapa de cobertura vegetal com os dados de
referência para saber o quanto o mapa elaborado está condizente com a realidade. Um método
usual para avaliação do mapeamento é a matriz de erros ou matriz de confusão, definida como
“uma matriz quadrada de números dispostos em linhas e colunas que expressam o número de
unidades de amostra atribuídas a uma determinada categoria em relação à categoria real
verificada no solo” (CONGALTON, 1991, p. 37).
Na matriz de confusão normalmente as colunas representam as classes de referência,
obtidas a partir de visita in loco ou por outros dados de referência (imagens, mapas), enquanto
as linhas representam a classificação obtida. A partir da matriz é possível realizar o cálculo do
coeficiente Kappa4, que é um coeficiente de concordância total (Equação 1):
k = 𝑁Σ𝑖=1
𝑟 𝑋𝑖𝑖−Σ𝑖=1𝑟 (𝑥𝑖+𝑥+𝑖)
𝑁2−𝛴𝑖=1𝑟 (𝑥𝑖+𝑥+1)
(1)
Onde,
k = coeficiente Kappa;
N = número total de amostras;
r = número total de classes;
xii = valor na linha i e coluna i;
4 Os passos para elaboração da matriz de confusão e cálculos dos coeficientes podem ser visualizados
através deste tutorial, fornecido por MAP & GIS LIBRARY (2013):
https://www.youtube.com/watch?v=FaZGAUS_Nlo
47
xi + = soma da linha i da matriz;
x+ i = soma da coluna i da matriz.
O coeficiente Kappa é usado para avaliar classificações digitais e mede o grau de
concordância entre os dados de referência e os dados classificados, considerando todos os
elementos da matriz de confusão (COHEN, 1960). O Kappa pode variar de -1 a 1 (ANTUNES;
LIGNAU, 1997), sendo que quanto mais próximo de 1 maior é a concordância entre os dados
e, consequentemente, melhor é a qualidade do mapa elaborado. Landis e Koch (1977)
apresentaram uma classificação da concordância entre os dados baseada em intervalos do
Kappa: < 0 ruim, de 0 a 0,2 fraca, de 0,21 a 0,4 média, de 0,41 a 0,6 moderada, de 0,61 a 0,8
forte, e de 0,81 a 1,0 quase perfeita.
Com a matriz de confusão também é possível obter a Exatidão Global, que expressa a
proporção de pontos amostrais classificados corretamente em relação ao número total da
amostra, variando de 0 a 1 (ANTUNES; LIGNAU, 1997), bem como coeficientes de
concordância individuais: precisão/acertos do usuário, precisão/acertos do produtor, erros de
inclusão/comissão e erros de omissão.
Segundo Congalton (1991), a precisão do produtor é uma medida que indica a
probabilidade de um ponto de referência no terreno (no caso deste estudo, um polígono) estar
corretamente classificado e é vinculada ao erro de omissão. Já a precisão do usuário indica a
probabilidade de um ponto classificado no mapa/imagem realmente representar a classe de
referência no terreno e está relacionada ao erro de comissão.
Os dados de referência e de classificação para a construção da matriz de confusão são
amostrais, uma vez que torna-se muito difícil trabalhar com a totalidade dos polígonos
mapeados. Em estatística, uma maneira de calcular a amostra é por meio do conhecimento do
tamanho da população e do nível de confiança. Segundo Bussab e Morettin (2002), a população
é o conjunto de todos os elementos ou resultados que estão sob análise e a amostra é qualquer
subconjunto dessa população. O nível de confiança é “a probabilidade de que o erro amostral
efetivo seja menor do que o erro amostral admitido pela pesquisa” (SANTOS, 2010, p. 01). O
cálculo amostral foi realizado a partir da Equação 2:
𝑛 =𝑁.𝑍2.𝑝.(1−𝑝)
𝑍2.𝑝.(1−𝑝)+𝑒2.(𝑁−1) (2)
Onde,
n - amostra calculada;
48
N – população;
Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança;
p - verdadeira probabilidade do evento;
e - erro amostral.
O tamanho da população (que se refere ao número total de pontos, entendidos na
pesquisa como polígonos de 10 m²) foi obtido pela divisão da área total dos bairros de Natal
pela área mínima mapeável (10 m²). O nível de confiança adotado foi de 95%, admitindo-se um
erro amostral de 5%. Aplicando a fórmula, a amostra necessária para análise da acurácia foi de
385 pontos a serem verificados no terreno.
A localização (coordenadas) dos pontos a serem reconhecidos como cobertura vegetal
ou não no terreno foi feita no SIG ArcGIS 10.3, onde foram distribuídos aleatoriamente 592
pontos de maneira proporcional às áreas dos bairros. Obteve-se um shapefile com 592 pontos,
o qual foi convertido para polígono, a fim de gerar 592 áreas circulares de aproximadamente
10 m². Uma quantidade de pontos acima do tamanho da amostra foi criada para que pontos
confusos pudessem ser excluídos, sem que o resultado final fosse uma amostra menor do que a
calculada.
Na tabela de atributos do shapefile com as 592 áreas circulares foi criada uma coluna de
nome referência (para designar as classes reais) e outra de nome mapeado (para designar o que
foi mapeado através da classificação). Em cada linha da tabela de atributos digitou-se um dos
símbolos: 1 para áreas de cobertura vegetal, 2 para outros tipos de cobertura da terra, ou 3 para
áreas confusas, esse último referindo-se às áreas cujo círculo de 10 m² estava sobrepondo mais
de um tipo de cobertura. Quando foi atingido um total de 385 pontos identificados com os
símbolos 1 ou 2, deu-se por concluída a coleta de dados de referência.
A identificação do tipo de cobertura dos pontos de referência (Cobertura Vegetal ou
Outros) dos pontos de referência foi realizada visualmente no mosaico de imagens de
2012/2013 (SEMURB) e mosaico de fotografias aéreas ortorretificadas de 2006 (PRODETUR)
na escala de 1:2.000 (SUCUPIRA et al, 2014), além da utilização do Google Street View5,
fundamental para visualização das áreas em nível de solo.
5 O “Google Street View é um recurso do Google Maps e do Google Earth que disponibiliza vistas
panorâmicas de 360° na horizontal e 290° na vertical e permite que os usuários (utilizadores) vejam
partes de algumas regiões do mundo ao nível do chão/solo” (WIKIPEDIA, 2017, p. 01).
49
4.1.4 Distribuição e índices de cobertura vegetal
Foi construído um banco de dados no software Excel 2013 com informações separadas
por bairros, inclusive o Parque das Dunas, necessárias para a análise da distribuição e cálculos
dos índices de cobertura vegetal. O banco de dados incluiu a soma das áreas e quantidade de
polígonos de cobertura vegetal por bairro, as áreas dos bairros e das Regiões Administrativas
extraídas do arquivo shapefile dos limites dos bairros de Natal, a população estimada por bairro
para o ano de 2013, apresentada em Natal (2013) e as áreas das ZPAs de Natal, baseadas nos
shapefiles das ZPAs disponibilizados pela SEMURB.
A partir da construção do banco de dados foi possível obter diversos resultados,
inclusive calcular dois índices: o Índice de Cobertura Vegetal (ICV), que representa a
porcentagem de cobertura vegetal de uma área territorial (%) e o Índice de Cobertura Vegetal
por Habitante (ICVH), que mede a quantidade de cobertura vegetal disponível para cada
habitante considerando uma área territorial (m²/hab). Entende-se como área territorial um bairro,
uma região administrativa ou a cidade. Os índices foram baseados em Melazo e Nishiyama
(2010), e são expressos nas Equações 3 e 4.
𝐼𝐶𝑉 =á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑣𝑒𝑔𝑒𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (𝑚²)
á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (𝑚²) 𝑥 100 (3)
𝐼𝐶𝑉𝐻 =á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑣𝑒𝑔𝑒𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (𝑚²)
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (ℎ𝑎𝑏) (4)
Com base no banco de dados foi possível calcular os índices para a cidade, por região e
bairros e analisar o tamanho dos fragmentos de cobertura vegetal. Com os shapefiles foi
possível elaborar mapas de localização dos bairros e das ZPAs, de distribuição dos fragmentos
da cobertura vegetal por bairros e dos índices ICV e ICVH.
4.2 Diversidade da cobertura vegetal urbana dos bairros selecionados
4.2.1 Critérios para elaboração da tipologia
Para verificar a diversidade da cobertura vegetal em bairros com tecido urbano contínuo
e descontínuo, foi necessário criar uma tipologia, entendida como uma classificação para
qualificar os fragmentos de cobertura vegetal nos quatros bairros.
50
Foi elaborada uma tipologia preliminar baseada na revisão bibliográfica e na
interpretação visual do mosaico de imagens da SEMURB; além de observações in loco
realizadas em novembro de 2016 em pontos distribuídos pela cidade. No momento do
mapeamento percebeu-se que a mesma estava adequada para a realidade dos bairros.
A tipologia de cobertura vegetal urbana adotada (Quadro 4) apresenta quatro níveis
hierárquicos, visando qualificar a cobertura vegetal. O primeiro nível distingue a cobertura
vegetal em natural e antropizada. Para a cobertura vegetal natural foi considerada apenas uma
subdivisão (Nível 2), enquanto que para o grupo cobertura vegetal antropizada foram
detalhados os locais de ocorrência e/ou tipos. O nível 4 se refere ao porte dessa cobertura
vegetal, divido em arbóreo ou arbustivo/herbáceo.
Quadro 4 – Tipologia de cobertura vegetal urbana para os quatro bairros escolhidos.
1º NÍVEL 2º NÍVEL 3º NÍVEL 4º NÍVEL
Natural
Floresta Estacional Semidecidual Terras Baixas
Arbóreo
Arbustivo/Herbáceo
Savana
Vegetação com Influência Marinha
Vegetação com Influência Fluvial
Vegetação Secundária
Vegetação Ruderal
Vegetação Degradada
Antropizada
Área Verde Pública Praça
Arbóreo
Arbustivo/Herbáceo
Verde Viário Canteiro Central
Passeio Público
Privada
Agrícola Cultivo Cíclico
Cultivo Permanente
Terreno Público
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
A cobertura vegetal urbana é definida como um conjunto de formas de vida vegetal
natural ou plantada dentro dos espaços livres da cidade. A cobertura vegetal natural corresponde
a toda vegetação encontrada no ambiente urbano, mantendo-se espontaneamente e formando
uma ou mais comunidades de plantas. A definição das classes de cobertura vegetal natural
foram baseadas em Nunes (2006), IBGE (2012) e Machado Filho et al. (2015) e são expostas a
seguir:
Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas: vegetação composta por árvores
que formam um dossel, adaptada ao clima estacional e que perde parcialmente as suas
51
folhas no período desfavorável. A formação das terras baixas, ocorre, geralmente, em
depressões entre 5 e 100 m de altitude;
Savana: também chamada de cerrado, é composta por árvores isoladas ou grupos de
árvores e arbustos, sobre um estrato herbáceo ralo e descontínuo, presente nos tabuleiros
costeiros;
Vegetação com Influência Marinha: também chamada de restinga, é constituída por
plantas que recobrem dunas, praias e planícies interdunares, ajudando na fixação do
solo. Predomina o porte arbustivo/herbáceo;
Vegetação com Influência Fluvial: conjunto de comunidades vegetais localizadas nas
planícies aluviais, alagadas periodicamente, ou depressões alagáveis de corpos d’água,
predominando o porte arbustivo/herbáceo;
Vegetação Secundária: ocorre em áreas onde houve uma interferência antrópica prévia
que descaracterizou a vegetação original, podendo apresentar remanescentes do
ambiente anterior. Para o mapeamento foram consideradas áreas de vegetação
secundárias aquelas onde há menor adensamento urbano, próximas ou dentro dos
limites das ZPAs;
Vegetação Ruderal: formada por comunidades vegetais pioneiras adaptadas aos
ambientes antropizados, crescendo espontaneamente em terrenos baldios, construções
abandonadas, canteiros de vias públicas, etc. Predomina o porte arbustivo/herbáceo. No
mapeamento foi considerada como ruderal apenas a vegetação nas áreas de maior
adensamento urbano;
Vegetação Degradada: vegetação natural que sofreu e ainda sofre forte pressão
antrópica, por corte, fogo, depósito de detritos e lixo e/ou pela invasão de espécies
ruderais e/ou exóticas. No mapeamento foram encontradas apenas áreas de vegetação
degradada de restinga de porte predominantemente arbustivo.
A cobertura vegetal antropizada é aquela plantada no ambiente pelo homem e envolve
indivíduos isolados ou em grupo, presentes em diferentes áreas públicas ou privadas. As plantas
isoladas, mesmo aquelas que cresceram naturalmente e são nativas do bioma, foram inseridas
nessa classe no momento do mapeamento. As classes foram definidas da seguinte forma:
Área Verde Pública: cobertura vegetal inserida em praças públicas, com funções
ambientais, estéticas e de lazer. No mapeamento foram consideradas as praças
52
enumeradas pela Prefeitura de Natal e alguns casos de áreas com presença de mobiliário
urbano, mas que não estavam incluídas na lista da prefeitura;
Verde Viário: cobertura vegetal presente nas vias de circulação pública. Foi separada
em canteiros centrais e passeios públicos;
Privada: cobertura vegetal distribuída em fundos de quintais, jardins privados, terrenos
não edificados e demais espaços, limitados por muros ou cercas dentro de quadras;
Agricultura: cobertura vegetal plantada para consumo, geralmente localizada em áreas
de menor densidade de ocupação. Foi dividida em cultivo cíclico (plantas temporárias)
e cultivo permanente (plantas perenes). Os agrupamentos de plantas frutíferas em
quintais foram incluídos nessa classe;
Terreno Público: corresponde à cobertura vegetal presente em área pública e que não se
enquadra nas outras categorias. Está localizada em áreas sem infraestrutura, associada,
às vezes, a depósitos de detritos e lixo.
Ressalta-se que existem outros tipos de cobertura vegetal natural e antropizada na
cidade, contudo, a tipologia apresentada no Quadro 4 foi construída considerando a realidade
dos quatro bairros selecionados. Em Natal existem outros tipos de áreas verdes, como parques
e bosques, bem como outras formações vegetais, como o manguezal.
Foram enquadrados na classe Terreno Público os polígonos de cobertura vegetal em
lugares de acesso público e que não se enquadravam nas demais categorias (Área Verde, Verde
viário, Ruderal). O mapeamento também foi baseado no shapefile de áreas verdes da prefeitura
do Natal de 2009 e 2015, que espacializou o que entende-se nessa pesquisa como espaços livres
públicos, pois nem todas as áreas verdes mapeadas possuem cobertura vegetal.
4.2.2 Avaliação da acurácia dos mapeamentos
A avaliação da acurácia foi feita para o mapa da tipologia de cobertura vegetal de cada
bairro seguindo a técnica da matriz de confusão e calculando-se posteriormente os coeficientes
totais Kappa e Exatidão Global, bem como os coeficientes individuais acerto do usuário, acerto
do produtor, erros de inclusão e erros de omissão (CONGALTON, 1991).
A amostra de cada bairro foi obtida por meio da Equação 1, sendo que o valor da
população foi obtido dividindo a área do bairro pela área mínima mapeável (10 m²) e o nível de
confiança adotado foi de 95%. Aplicando a Equação 1 (SANTOS, 2010; BUSSAB;
53
MORETTIN, 2002) para cada um dos bairros, a amostra mínima foi de 383 unidades de área
para o bairro Cidade Alta, 383 para Petrópolis, 384 para Pitimbu e 384 para o bairro Pajuçara.
Foram selecionadas 390 unidades para os quatro bairros, padronizando as amostras.
Para cada bairro foram distribuídos pontos aleatórios no SIG ArcGIS 10.3, obtendo-se
um shapefile com 600 áreas de 10 m² e em seguida foram excluídas as áreas confusas e aquelas
muito próximas umas das outras, obtendo-se ao final a amostra padronizada no valor de 390
unidades.
Na tabela de atributos de cada shapefile foi criada uma coluna de nome referência (para
designar as classes reais) e outra de nome mapeado (para designar o que foi mapeado na
classificação). Nas linhas da tabela de atributos digitou-se uma numeração para cada classe de
Cobertura Vegetal, considerando o segundo nível da tipologia, e para a classe Outros.
O mapa de referência foi construído com base no mosaico de imagens de 2012/2013
(SEMURB), nas fotografias aéreas ortorretificadas de 2006 (disponibilizadas pelo IDEMA), na
utilização do Google Street View e em verificações in loco realizadas nos meses de fevereiro e
março de 2017. Nessa tarefa foram utilizados os seguintes instrumentos: mapas com os pontos
de campo e os logradouros, GPS de navegação, câmera fotográfica e planilha impressa com os
pontos e tipologia para verificação. Ao todo foram verificadas in loco 405 áreas dos quatro
bairros. A partir do shapefile foi possível obter os valores das classes com base na referência e
no que foi classificado, os mesmos foram inseridos em uma planilha do Excel para montagem
da matriz de confusão e cálculos dos coeficientes de acurácia.
4.2.3 Mapeamento da tipologia de cobertura vegetal
A aplicação da tipologia em cada um dos bairros foi feita por meio da classificação por
interpretação individual, realizada no SIG ArcGIS 10.3. Esta técnica envolve a identificação,
determinação e interpretação dos objetos na imagem pelo usuário, através de características
como forma, tamanho, tonalidade, localização, textura e estrutura (PANIZZA; FONSECA,
2011).
Foram utilizados como base para o mapeamento das classes de cobertura vegetal dos
quatro bairros os shapefiles de polígonos com áreas maiores que 10 m² obtidos pela
classificação supervisionada da cobertura vegetal, apresentada no tópico 4.1.
O primeiro procedimento para aplicação da tipologia foi a edição da tabela de atributos
em uma cópia do shapefile de cobertura vegetal de cada um dos quatro bairros, inserindo as
colunas referentes aos quatro níveis da tipologia. A edição dos limites dos polígonos foi feita
54
apenas quando existia mais de uma classe de cobertura vegetal ou outra cobertura em um
mesmo polígono. Foi dado um zoom nos polígonos, dentro do SIG, na escala de
aproximadamente 1:500.
O segundo passo consistiu no reconhecimento visual do tipo de cobertura vegetal de
cada polígono e sua identificação na tabela de atributos. Os dados provenientes da pesquisa
documental auxiliaram no mapeamento, sendo estes: mapeamento das áreas verdes do
município de 2009 e mapeamento preliminar obtido em 2015, disponibilizados pela SEMURB
(entendidos nessa pesquisa como espaços livres públicos); shapefile dos logradouros das quatro
Regiões Administrativas, obtidos no Portal de Mapas do IBGE
(http://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage); mapeamentos da cobertura da terra
das ZPAs 9, 3 e 1 disponibilizados pelo orientador desta pesquisa, professor Dr. Luiz Antonio
Cestaro; listagem com os endereços e localização das praças de Natal (shapefile de pontos),
disponibilizados pela SEMURB e SEMSUR (Secretaria Municipal de Serviços Urbanos).
No processo de identificação do tipo de cobertura vegetal dos fragmentos, sempre que
necessário recorreu-se aos recursos do aplicativo Google Street View e a visualização em três
dimensões (3D) no aplicativo Google Maps (https://www.google.com.br/maps). O Street View
possibilitou a visualização da cobertura vegetal no nível do solo, facilitando a diferenciação das
classes, por exemplo, árvores em passeios públicos e em áreas privadas, difíceis de serem
distinguidas pela interpretação da imagem de satélite, principalmente quando as copas das
árvores estão conectadas. A visualização 3D, disponível para algumas áreas da cidade, foi um
recurso utilizado para verificar o porte da cobertura vegetal e auxiliar na identificação do tipo
de vegetação pela visualização da topografia.
Ao término do mapeamento, calculou-se, na tabela de atributos de cada bairro, as áreas
de cada polígono. A tabela de atributos foi importada e manipulada no software Excel para o
cálculo dos seguintes parâmetros: área das classes e porcentagem em relação à área de cobertura
vegetal total, área e porcentagem da cobertura natural e da cobertura antropizada, porcentagem
da classe em relação à área do bairro, apresentados no Capítulo 5.
Os parâmetros acima descritos e os shapefiles com a tipologia de cobertura vegetal dos
bairros serviram de base para a produção de tabelas e gráficos para análise da diversidade de
cobertura vegetal, bem como de mapas com a espacialização das classes, apresentados no
Capítulo 5. Os mapas de diversidade da cobertura vegetal dos bairros foram exportados como
imagem na escala de 1:15.000 para facilitar a comparação do tamanho das manchas de
cobertura vegetal entre os quatro bairros.
55
5 RESULTADOS
5.1 Distribuição da cobertura vegetal do Natal
5.1.1 Avaliação da acurácia do mapeamento
A amostra para avaliação da acurácia do mapa de cobertura vegetal é composta por 385
pontos amostrais de 10 m². São 125 pontos de referência da Cobertura Vegetal e 260 da classe
Outros, distribuídos conforme a Figura 5. Os passos para criação dos pontos podem ser revistos
no Capítulo 4.
Figura 5 – Distribuição dos pontos da amostra utilizada na validação do mapa de distribuição da
cobertura vegetal, os pontos verdes representam a classe Cobertura Vegetal e os pontos laranjas a
classe Outros.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Os pontos amostrais ocorreram sobre áreas em que a classificação teve bons resultados
e também em áreas não classificadas como cobertura vegetal, embora fossem realmente
cobertura vegetal. A Figura 6 ilustra um exemplo dessa situação.
56
Figura 6 – Exemplos de validação, ou não, da cobertura vegetal. Em “A” a mancha foi classificada
corretamente. Em “B”, embora se tenha cobertura vegetal, a área foi classificada como Outros,
indicando erro na classificação.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Os resultados dos coeficientes totais Exatidão global e Kappa foram, respectivamente,
0,92 e 0,82. Considerando as colunas da matriz, observa-se que dos 125 pontos de referência
da Cobertura Vegetal, 98 foram classificados corretamente (78,4%) e, dos 260 pontos de
referência da classe Outros, 99,2% foram classificados corretamente (258), conforme Tabela 1.
Esses percentuais correspondem à precisão do produtor, comparando a amostra de referência
com o total apresentado na última linha. Houve uma omissão da Cobertura Vegetal em 21,6%
da amostra de referência e de 0,8% da classe Outros (Tabela 2).
Tabela 1 – Matriz de confusão do mapa de cobertura vegetal do Natal.
Referência Total
Map
eado Cobertura vegetal Outros
Cobertura
vegetal 98 2 100
Outros 27 258 285
Total 125 260 385
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Tabela 2 – Coeficientes do mapa de cobertura vegetal do Natal.
Classes Precisão do
produtor (%)
Erros de
omissão (%) Precisão do
usuário (%)
Erros de
inclusão (%)
Cobertura vegetal 78,4 21,6 98 2
Outros 99,2 0,8 90,5 9,5
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
As linhas da matriz representam o que foi mapeado e a partir delas observa-se que dos
100 pontos classificados como Cobertura Vegetal, 98 foram validados como Cobertura Vegetal
A B
57
(98%). No caso da classe Outros, 285 pontos foram analisados, desses, 90,5% realmente eram
Outros. Esses percentuais correspondem à precisão do usuário, comparando apenas o que foi
mapeado com o total apresentado na última coluna (Tabela 1).
O erro de inclusão da classe Cobertura Vegetal na classe Outros foi de 9,5% e o erro de
inclusão da classe Outros na classe Cobertura Vegetal foi de 2%. Considerando os resultados
dos coeficientes totais e individuais, o mapeamento da cobertura vegetal para Natal pode ser
considerado válido, pois apresentou maiores percentuais de acerto (precisão do usuário e do
produtor) do que de erros (omissão e inclusão) e, segundo a classificação de Landis e Koch
(1977), o coeficiente Kappa está incluído na classe quase perfeito, entre 0,81 a 1.
5.1.2 Distribuição da cobertura vegetal para Natal
A partir do mapeamento foi possível averiguar que a cidade do Natal possui 4.626
hectares de cobertura vegetal e o Índice de Cobertura Vegetal é de 27,5%, considerando como
cobertura vegetal todos os fragmentos acima de 10 m² de porte arbóreo e arbustivo/herbáceo.
Ao se calcular o Índice de Cobertura Vegetal por Habitante para os 36 bairros, constatou-se que
Natal possui 45,5 m²/hab. Com a inclusão do Parque das Dunas, o ICVH aumenta para 54,2
m²/hab. O Parque das Dunas possui 743,38 ha e apresenta um ICV de 13,1%. O percentual da
sua cobertura vegetal em relação à área total de Natal é de 4,4%.
Os fragmentos de cobertura vegetal da cidade apresentam diversas dimensões. A
quantidade e área dos fragmentos, de acordo com classes de área, está apresentada na Tabela 3.
A distribuição da cobertura vegetal dos bairros e do Parque das Dunas, conforme as classes de
área, pode ser visualizada na Figura 7.
Tabela 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal dos bairros, segundo as classe de área.
Classe de área da cobertura
vegetal
Número de fragmentos Área dos fragmentos
Absoluto % Área (ha) %
Até 1 ha (10 - 100 m²) 127860 83,1 388,3 8,4
(100 - 10.000 m²) 25778 16,8 1188,5 25,7
Maior que 1 até 10 ha 221 0,1 579,8 12,5
Maior que 10 até 100 ha 27 0,02 974,0 21,1
Maior que 100 até 1.000 ha 5 0,003 1495,3 32,3
Total 153890 100 4626,0 100
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
58
Figura 7 – Mapa da distribuição da cobertura vegetal dos bairros do Natal segundo as classes de área.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
59
As áreas menores que 100 m², embora representem apenas 8,4% da área total de cobertura
vegetal, são as mais numerosas e as mais distribuídas pela cidade, correspondendo à 83,1% dos
fragmentos de cobertura vegetal. O maior percentual de área de cobertura vegetal, 32,3%, está
incluído na classe que varia de 100 à 1.000 ha e é representado por 5 fragmentos de vegetação
distribuído pelas ZPAs da cidade (Figura 7). O maior fragmento contínuo de cobertura vegetal
observado está presente na área do Parque Estadual Dunas do Natal, possuindo 693 ha.
As Zonas de Proteção Ambiental têm um grande papel no percentual de cobertura vegetal
da cidade, pois abrigam quase 63% dessa cobertura (Tabela 4 e Figura 8). Os outros 37% estão
localizados fora das ZPAs, como quintais, vias públicas e praças.
Tabela 4 – Área da cobertura vegetal dentro e fora das ZPAs do Natal.
Classes Área da cobertura vegetal
Absoluto %
Cobertura vegetal em ZPAs 2.893,8 62,6
Cobertura vegetal fora das ZPAs 1.732,3 37,4
Total 4.626 100
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Dentre as 10 ZPAs existentes, destacam-se a ZPA 2, que abriga o Parque Estadual Dunas
do Natal, a ZPA 8, vinculada ao manguezal, bem como a ZPA 9 dos ecossistemas de dunas e
lagoas ao longo do rio Doce, que correspondem, respectivamente, a 25,4%, 30,3% e 16,3% da
cobertura vegetal das ZPAs (Tabela 5). Percebe-se que as ZPAs localizam-se nas áreas
periféricas da cidade e ao longo do rio Potengi (Figura 8).
Tabela 5 – Área e percentual da cobertura vegetal das ZPAs do Natal.
ZPAS de Natal Cobertura vegetal
ha %
ZPA1 245,3 8,5
ZPA2 735,8 25,4
ZPA3 83,8 2,9
ZPA4 165,1 5,7
ZPA5 92,4 3,2
ZPA6 203,5 7,0
ZPA7 17,5 0,6
ZPA8 878,1 30,3
ZPA9 470,6 16,3
ZPA10 1,6 0,1
Total 2.893,8 100
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
60
Figura 8 – Localização e cobertura vegetal das ZPAs do Natal.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
61
Tratando-se das Regiões Administrativas da cidade, o maior ICV é o da Região Norte,
30%, e o menor da Região Leste, 9% (Tabela 6). O Parque das Dunas, ICV de 61,7%, não é
incluído nas Regiões Administrativas da cidade, por isso o ICV e ICVH do mesmo foram
calculados isoladamente.
Tabela 6 – ICV das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal.
Regiões de Natal Área da cobertura vegetal Área das
Regiões (ha) ICV
ha %
Norte 1.458,1 31,5 4.863,1 30,0
Sul 1.315,8 28,4 5.595,0 23,5
Leste 159,4 3,4 1.614,7 9,9
Oeste 949,4 20,5 3.575,7 26,6
Parque das Dunas 743,4 16,1 1.204,0 61,7
Total 4.626 100,0 16.852,5 27,5
Fonte: Elaborado pela autora (2017). Áreas das Regiões com base em arquivo da SEMURB.
Em relação ao ICVH (Tabela 7), as regiões administrativas apresentam 45,5 m² de
cobertura vegetal por habitante. Ao considerar o Parque das Dunas esse índice aumenta para
54,2 m²/hab. O maior ICVH também é o da Região Norte (59,7 m²/hab) e a Região
Administrativa Leste é a que apresenta menor ICVH, 13,9 m²/hab. Como a área do Parque das
Dunas praticamente não possui população (4 habitantes) e é relativamente grande, seu ICVH é
extremamente alto, 1.858.452,9 m²/hab.
Tabela 7 – ICVH das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal.
Regiões de Natal Cobertura
Vegetal (m²)
População
(hab) ICVH
Norte 14.581.244,1 244.262 59,7
Sul 13.157.661,1 266.090 49,4
Leste 1.593.511,2 114.898 13,9
Oeste 9.494.021,9 228.674 41,5
Parque das Dunas 7.433.811,6 4 1858452,9
Total 46.260.249,9 853.928 54,2
Fonte: Elaborado pela autora (2017). População com base em Natal (2013).
Os bairros do Natal possuem um ICV de 24,8% e um ICVH de 45,5 m²/hab. Os valores
dos índices, quantidade de fragmentos e área da cobertura vegetal, área e população (2013) de
cada bairro estão expressos na Tabela 8.
O maior ICV dentre os bairros é o de Lagoa Azul, 48,2%, localizado Na Região Norte,
e menor ICV é do bairro Lagoa Seca, na Região Leste, com 4,4% de cobertura vegetal. O ICV
62
dos bairros em ordem decrescente é apresentado no Gráfico 3.
Tabela 8 – Informações relativas à cobertura vegetal dos bairros do Natal.
Bairros Fragmentos
Cobertura
Vegetal
(ha)
Bairro
(ha)
População
(hab)
ICV
(%)
ICVH
(m²/hab)
ALECRIM 2944 27,91 344,7 27011 8,1 10,3
AREIA PRETA 294 1,70 32,2 4578 5,3 3,7
BARRO VERMELHO 1043 7,46 94,8 10895 7,9 6,8
BOM PASTOR 2166 118,64 346,1 18488 34,3 64,2
CANDELÁRIA 11082 159,43 761,4 24185 20,9 65,9
CAPIM MACIO 5892 41,25 433,4 23586 9,5 17,5
CIDADE ALTA 923 6,88 116,4 7382 5,9 9,3
CIDADE DA ESPERANÇA 1860 15,47 182,9 18743 8,5 8,3
CIDADE NOVA 3021 101,11 262,1 19065 38,6 53,0
DIX-SEPT ROSADO 1059 7,63 109,6 15569 7,0 4,9
FELIPE CAMARÃO 4432 238,40 654,4 55084 36,4 43,3
GUARAPES 11471 190,95 865,9 11071 22,1 172,5
IGAPÓ 1948 31,73 220,2 29865 14,4 10,6
LAGOA AZUL 8662 562,56 1.167,0 66200 48,2 85,0
LAGOA NOVA 8061 73,09 767,7 38880 9,5 18,8
LAGOA SECA 533 2,72 61,1 5224 4,4 5,2
MÃE LUIZA 911 6,48 95,7 14486 6,8 4,5
NEÓPOLIS 3624 26,86 322,1 22791 8,3 11,8
NORDESTE 1540 95,10 298,4 11688 31,9 81,4
N. SRA. DA APRESENTAÇÃO 8124 245,81 1.025,0 94150 24,0 26,1
N. SRA DO NAZARÉ 1405 8,94 144,0 16370 6,2 5,5
NOVA DESCOBERTA 1997 35,02 158,8 12371 22,1 28,3
PAJUÇARA 5802 207,49 766,1 68490 27,1 30,3
PETROPÓLIS 974 10,29 78,4 5721 13,1 18,0
PITIMBU 10487 191,94 744,6 25088 25,8 76,5
PLANALTO 4866 116,48 463,8 36836 25,1 31,6
PONTA NEGRA 13073 542,37 1.382,0 25039 39,2 216,6
POTENGI 6946 158,91 799,9 58687 19,9 27,1
PRAIA DO MEIO 390 4,23 48,9 5152 8,6 8,2
QUINTAS 1884 56,67 248,5 25760 22,8 22,0
REDINHA 7710 331,42 878,9 19631 37,7 168,8
RIBEIRA 636 13,92 94,4 2254 14,7 61,8
ROCAS 666 4,46 66,0 10372 6,8 4,3
SALINAS 6258 166,03 1.031,0 1389 16,1 1195,3
SANTOS REIS 1511 19,57 222,1 5089 8,8 38,4
TIROL 4319 53,74 360,0 16734 14,9 32,1
TOTAL 148.514 3.882,6 15.648,5 853.924 24,8 45,5
Fonte: Elaborado pela autora (2017). Áreas dos bairros com base em arquivo da SEMURB e
população dos bairros com base em Natal (2013).
63
Gráfico 3 – Índice de Cobertura Vegetal (ICV) dos bairros do Natal em ordem decrescente.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Em relação à cobertura vegetal disponível para cada habitante por bairro (Gráfico 4), o
bairro com maior ICVH é Salinas, 1.195,3 m²/hab e se distingue dos demais por abrigar uma
população pequena em relação a sua área e ser coberto em grande parte pelo manguezal. O
segundo bairro com maior ICVH é Ponta Negra, 216,6 m²/hab, que abriga as ZPAs 5 e 6 (Figura
8). O bairro com menor ICVH é Areia Preta, com 3,7 m²/hab.
Gráfico 4 – Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH) dos bairros do Natal em ordem
decrescente.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
A espacialização do ICV dos bairros e do Parque das Dunas está apresentada na Figura
9 e a espacialização do ICVH na Figura 10.
64
Figura 9 – Mapa do ICV para os bairros e Parque das Dunas do Natal.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
65
Figura 10 – Mapa do ICVH para os bairros e Parque das Dunas do Natal.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
66
Todos os bairros com ICV maior que 25% possuem ZPAs em seu interior e estão
localizados nas Regiões Administrativas Oeste, Norte e Sul. Quinze bairros possuem ICV
menor que 10%, estão localizados nas Regiões Leste, Oeste e Sul e nenhum deles possui ZPAs
em seu interior.
Em relação ao ICVH, todos os bairros com mais de 50 m²/hab apresentam ZPAs em seu
interior, excetuando o bairro Ribeira. Dos dez bairros com ICVH menor que 10 m²/hab, sete
estão localizados na Região Leste, são estes: Cidade Alta, Praia do Meio, Barro Vermelho,
Lagoa Seca, Mãe Luiza, Rocas e Areia Preta. São bairros com menor superfície territorial e que
possuem menos de 10% de cobertura vegetal.
5.2 Diversidade da cobertura vegetal dos bairros selecionados
5.2.1 Avaliação da acurácia dos mapeamentos
Selecionou-se uma amostra de 390 unidades de 10 m² para avaliação da acurácia do
mapa da diversidade da cobertura vegetal, para cada um dos quatro bairros escolhidos com base
nos passos descritos no Capítulo 4. O coeficiente Kappa e a Exatidão Global do mapa para o
bairro Cidade Alta foram de 0,81 e 0,97, respectivamente. A matriz de confusão para esse mapa
é apresentada na Tabela 9.
Tabela 9 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade Alta.
Map
ead
o
Referência Total
Outros
Área Verde
Pública
Verde
Viário Privada
Terreno
Público Ruderal
Outros 350 1 1 1 0 7 360
Área Verde Pública 0 2 0 0 0 0 2
Verde Viário 1 0 9 0 0 0 10
Privada 0 0 0 12 0 0 12
Terreno Público 0 0 0 0 1 0 1
Vegetação Ruderal 1 0 0 0 0 4 5
Total 352 3 10 13 1 11 390
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
A classe com melhor precisão do produtor para o mapa de Cidade Alta foi Terreno
Público, com 100%. A classe com menor precisão foi a Vegetação Ruderal (36,4%), tendo sido
classificados corretamente apenas 4 dos 11 pontos, omitindo 63,8% da amostra. A precisão do
produtor corresponde ao acerto em relação aos pontos de referência e está representada na
Tabela 10.
67
Tabela 10 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade
Alta.
Tipologia Precisão do
produtor (%)
Erros de
omissão (%)
Precisão do
usuário (%)
Erros de
inclusão (%)
Outros 99,4 0,6 97,2 2,8
Área Verde Pública 66,7 33,3 100,0 0,0
Verde Viário 90,0 10,0 90,0 10,0
Particular 92,3 7,7 100,0 0,0
Terreno Público 100,0 0,0 100,0 0,0
Vegetação Ruderal 36,4 63,6 80,0 20,0
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Em relação à precisão do usuário, que é o acerto considerando apenas os pontos
mapeados, todas as classes tiveram precisão igual ou acima de 90%, excetuando a classe
Vegetação Ruderal (80%), com 20% de inclusão da classe Outros (1 ponto).
Para o mapa da diversidade da cobertura vegetal do bairro Petrópolis obteve-se um
coeficiente Kappa de 0,87 e uma Exatidão Global de 0,97. A matriz de confusão para esse mapa
é apresentada na Tabela 11.
Tabela 11 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis.
Map
eam
ento
Referência
Total Outros
Área Verde
Pública Verde Viário Privada Ruderal
Outros 332 0 0 1 8 341
Área Verde
Pública 0 1 0 0 0 1
Verde Viário 0 0 29 0 0 29
Privada 3 0 0 14 0 17
Vegetação Ruderal 0 0 0 0 2 2
Total 335 1 29 15 10 390
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
A partir dos coeficientes de concordância individuais, apresentados na Tabela 12,
verifica-se que todas as classes tiveram uma precisão do produtor maior que 90%, excetuando
a Vegetação Ruderal (20%). Nessa classe apenas 2 dos 10 pontos foram classificados
corretamente, omitindo 80% da amostra.
Em relação à precisão do usuário, as classes Área Verde Pública, Verde Viário e
Vegetação Ruderal tiveram 100% de precisão. A menor precisão foi a da classe Particular,
82,4%, com 17,6% de inclusão da classe Outros (3 pontos de 17).
68
Tabela 12– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis.
Tipologia Precisão do
produtor (%)
Erros de
omissão (%)
Precisão do
usuário (%)
Erros de
inclusão (%)
Outros 99,1 0,9 97,4 2,6
Área Verde Pública 100,0 0,0 100,0 0,0
Verde Viário 100,0 0,0 100,0 0,0
Privada 93,3 6,7 82,4 17,6
Vegetação Ruderal 20,0 80,0 100,0 0,0
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
O coeficiente Kappa do mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu
foi 0,72 e a Exatidão Global, 0,82. Os coeficientes de concordância individuais são
apresentados na Tabela 13 e a matriz de confusão na Tabela 14.
As classes do mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu com
precisão do produtor de 100% foram Área Verde Pública, Verde Viário, Particular, Terreno
Público e Vegetação com Influência Fluvial. A menor precisão do produtor ocorreu para a
classe Vegetação Ruderal, 13,3% (86,7% de omissão, 25 pontos incluídos em Outros).
Com exceção da classe Outros, 74,9%, todas as classes mapeadas tiveram precisões do
usuário acima de 80%, conforme apresentado na Tabela 14. Os maiores erros de inclusão
ocorreram na classe Outros (25,1%) e na classe Vegetação Ruderal (20%).
Tabela 13– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.
Tipologia Precisão do
produtor (%)
Erros de
omissão (%)
Precisão do
usuário (%)
Erros de
inclusão (%)
Outros 99,0 1,0 74,9 25,1
Área Verde Pública 100,0 0,0 100,0 0,0
Verde Viário 100,0 0,0 100,0 0,0
Privada 91,7 8,3 95,7 4,3
Agricultura 88,9 11,1 88,9 11,1
Terreno Público 100,0 0,0 100,0 0,0
Vegetação Ruderal 13,3 86,7 80,0 20,0
Floresta Estacional Semidecidual 87,5 12,5 100,0 0,0
Savana 14,3 85,7 100,0 0,0
Vegetação com Influência Fluvial 100,0 0,0 100,0 0,0
Vegetação com Influência Marinha 74,0 26,0 100,0 0,0
Vegetação Secundária 51,9 48,1 100,0 0,0
Vegetação Degradada 66,7 33,3 100,0 0,0
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
69
Tabela 14 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.
Map
ead
o
Referência
Total
Ou
tro
s
Áre
a V
erd
e P
úb
lica
Ver
de
Viá
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Veg
etaç
ão
Ru
der
al
Flo
rest
a
Esta
cio
nal
Se
mid
ecid
ual
Sava
na
Veg
etaç
ão c
om
In
flu
ênci
a Fl
uvi
al
Ve
geta
ção
co
m
Infl
uên
cia
Mar
inh
a
Veg
etaç
ão
Secu
nd
ária
Veg
etaç
ão
Deg
rad
ada
Outros 197 0 0 2 1 0 25 1 6 0 13 13 5 263
Área Verde Pública 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Verde Viário 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Privada 1 0 0 22 0 0 0 0 0 0 0 0 0 23
Agricultura 0 0 0 0 8 0 1 0 0 0 0 0 0 9
Terreno Público 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 6
Vegetação Ruderal 1 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 5
Floresta Estacional Semidecidual
0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 7
Savana 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 Vegetação com Influência Fluvial
0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 10
Vegetação com Influência Marinha
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 37 0 0 37
Vegetação Secundária 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 0 14
Vegetação Degradada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 10
Total 199 2 3 24 9 6 30 8 7 10 50 27 15 390
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
70
Os coeficientes totais do mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro
Pajuçara foram 0,89, correspondendo ao coeficiente Kappa, e 0,93, que é a Exatidão Global.
Os coeficientes de concordância individuais para esse mapa são apresentados na Tabela 15 e a
matriz de confusão na Tabela 16.
As classes do mapa do bairro Pajuçara com precisão do produtor de 100% foram Área
Verde Pública, Verde Viário, Terreno Público e Vegetação com Influência Fluvial. A menor
precisão do produtor foi para a classe Vegetação Ruderal, 77,5%, omitindo-se 22,5% dos pontos,
que foram incluídos na classe Outros (Tabela 16).
A menor precisão do usuário ocorreu na classe Verde Viário, 50%, com 50% de inclusão
de 1 ponto da classe Outros. As demais classes mapeadas tiveram precisões acima de 90% e
podem ser visualizadas na Tabela 15. Considerando os resultados dos coeficientes totais e
individuais, os mapeamentos podem ser considerados válidos.
Tabela 15 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.
Classes Precisão do
produtor (%)
Erros de
omissão (%)
Precisão do
usuário (%)
Erros de
inclusão (%)
Outros 97,5 2,5 92,0 8,0
Área Verde Pública 100,0 0,0 100,0 0,0
Verde Viário 100,0 0,0 50,0 50,0
Privada 90,5 9,5 90,5 9,5
Agricultura 84,2 15,8 100,0 0,0
Terreno Público 100,0 0,0 100,0 0,0
Vegetação Ruderal 77,5 22,5 93,9 6,1
Vegetação com Influência Fluvial 100,0 0,0 100,0 0,0
Vegetação com Influência Marinha 95,2 4,8 100,0 0,0
Vegetação Secundária 88,6 11,4 97,5 2,5
Vegetação Degradada 100,0 0,0 100,0 0,0
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
71
Tabela 16 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.
Map
ead
o
Referência
Total
Ou
tro
s
Áre
a V
erd
e
Pú
blic
a
Ver
de
Viá
rio
Pri
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Agr
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Terr
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Veg
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Veg
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In
flu
ênci
a M
arin
ha
Veg
etaç
ão
Secu
nd
ária
Veg
etaç
ão
Deg
rad
ada
Outros 231 0 0 2 3 0 9 0 1 5 0 251
Área Verde Pública 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Verde Viário 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Privada 2 0 0 19 0 0 0 0 0 0 0 21
Agricultura 0 0 0 0 16 0 0 0 0 0 0 16
Terreno Público 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Vegetação Ruderal 2 0 0 0 0 0 31 0 0 0 0 33
Vegetação com Influência Fluvial
0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 4
Vegetação com Influência Marinha
0 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 20
Vegetação Secundária 1 0 0 0 0 0 0 0 0 39 0 40
Vegetação Degradada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Total 237 1 1 21 19 1 40 4 21 44 1 390
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
72
5.2.2 Diversidade da cobertura vegetal para os bairros
Os quatro bairros escolhidos para a aplicação da tipologia possuem, em conjunto, um
ICV de 24,2% e um ICVH de 38,6 m²/hab. Da cobertura vegetal, 44,5% é arbórea e 55,5%
arbustiva/herbácea. Considerando apenas a cobertura vegetal de porte arbóreo, o índice (ICVarb)
passa a ser de 10,7% e o ICVHarb, 17,2 m²/hab. Os índices calculados e outros parâmetros para
os bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara são apresentados na Tabela 17.
Tabela 17 – ICV e ICVH dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara.
Bairros Cobertura
Vegetal (ha) Bairro (ha)
População (hab)
ICV (%) ICVarb (%) ICVH
(m²/hab) ICVHarb
(%)
Cidade Alta 6,6 116,4 7.382 5,7 4,9 9,3 7,7
Petrópolis 10,0 78,4 5721 12,7 11,7 18,0 16,0
Pitimbu 189,4 744,6 25.088 25,4 11,2 76,5 33,3
Pajuçara 206,1 766,1 68.490 26,9 11,1 30,3 12,4
Total 412,1 1705,5 106.681 24,2 10,7 38,6 17,2
Fonte: Elaborado pela autora (2017). Áreas dos bairros com base em arquivo da SEMURB e
população dos bairros com base em Natal (2013).
Os maiores ICVs ocorreram nos bairros Pajuçara, 26,9% e Pitimbu, 25,4%, ambos
bairros de tecido urbano descontínuo. Os menores em Petrópolis, 12,7% e Cidade Alta, 5,7%,
bairros de tecido urbano contínuo. Ao considerar apenas as árvores (ICVarb), o bairro
Petrópolis obteve o maior valor, 11,7% e Cidade Alta o menor (4,9%).
Em relação ao ICVH, o maior valor obtido foi para o bairro Pitimbu (76,5 m²/hab) e o
menor para Cidade Alta, 9,3 m²/hab. O maior IVCH arbóreo continua sendo o de Pitimbu (30,3
m²/hab), seguido por Petrópolis (16 m²/hab). O menor é o de Cidade Alta, 7,7 m²/hab.
Os valores de cada classe de cobertura vegetal provenientes do mapeamento da tipologia
são apresentados na Tabela 18.
73
Tabela 18 – Classes de cobertura vegetal dos bairros Pitimbu, Pajuçara, Cidade Alta e Petrópolis, onde Arv. = Arbóreo; Arb./Herb. = Arbustivo/Herbáceo.
Nº de classes
1º nível 2º nível 3º nível 4º nível
BAIRRO PITIMBU BAIRRO PAJUÇARA BAIRRO CIDADE ALTA BAIRRO PETRÓPOLIS
Área (ha)
% cobertura
vegetal
% bairro
Área (ha)
% cobertura
vegetal
% bairro
Área (ha)
% cobertura
vegetal
% bairro
Área (ha)
% cobertura
vegetal
% bairro
1 Natural Floresta Estacional Semidecidual
Terras baixas Arv. 7,55 3,98 1,01 - - - - - - 0,04 0,44 0,06
2 ... Savana Arv. 4,94 2,61 0,66 - - - - - - - - -
3 Vegetação com Influência Marinha
Arv. 7,09 3,74 0,95 31,06 15,07 4,05 - - - - - -
4 Arb./Herb. 54,89 28,98 7,37 0,01 0,01 0,00 - - - - - -
5 ... Vegetação com Influência Fluvial
Arb./Herb. 19,98 10,55 2,68 5,43 2,64 0,71 - - - - - -
6
Vegetação Secundária
Arv. 2,95 1,56 0,40 0,45 0,22 0,06 - - - - - - 7 Arb./Herb. 12,14 6,41 1,63 63,58 30,84 8,30 - - - - - -
8 ... Vegetação Ruderal
Arv. 0,27 0,14 0,04 - - - - - - - - -
9 Arb./Herb. 6,48 3,42 0,87 44,57 21,62 5,82 0,58 8,85 0,50 0,29 2,94 0,37
10
Vegetação Degradada
Arv. 6,52 3,44 0,88 0,03 0,02 0,00 - - - - - -
11 Arb./Herb. 1,66 0,88 0,22 0,23 0,11 0,03 - - - - - -
12 Antropizada Área Verde Pública Praça
Arv. 2,74 1,45 0,37 0,35 0,17 0,05 0,68 10,28 0,58 0,36 3,63 0,46
13 Arb./Herb. - - - 0,02 0,01 0,00 0,00 0,04 0,00 0,04 0,44 0,06
14
Verde Viário
Canteiro central
Arv. 0,71 0,38 0,10 0,66 0,32 0,09 0,40 6,11 0,35 3,86 38,71 4,92
15 Arb./Herb. 0,07 0,04 0,01 - - - - - - 0,00 0,05 0,01
16 Passeio público
Arv. 3,55 1,88 0,48 1,80 0,87 0,23 1,31 19,87 1,13 1,21 12,19 1,55
17 Arb./Herb. 0,03 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 - - - - - -
18 Privada
Arv. 25,76 13,60 3,46 29,59 14,35 3,86 3,06 46,33 2,63 3,68 36,98 4,70
19 ... Arb./Herb. 9,59 5,06 1,29 2,67 1,29 0,35 0,32 4,81 0,27 0,46 4,61 0,59
20 Agrícola
Cultivo permanente
Arv. 13,29 7,02 1,78 18,34 8,90 2,39 - - - - - -
21 Cultivo cíclico
Arb./Herb. 1,05 0,55 0,14 4,63 2,25 0,60 - - - - - -
22 ... Terreno Público
Arv. 8,11 4,28 1,09 2,72 1,32 0,35 0,24 3,71 0,21 - - -
Arb./Herb. 0,02 0,01 0,00 - - - - - - - - - Total da cobertura vegetal natural 124,5 65,7 16,7 145,4 70,5 19,0 0,6 8,9 0,5 0,3 3,4 0,4
Total da cobertura vegetal antropizada 64,9 34,3 8,7 60,8 29,5 7,9 6,0 91,1 5,2 9,6 96,6 12,3
Total 189,4 100,0 25,4 206,1 100,0 26,9 6,6 100,0 5,7 10,0 100,0 12,7
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
74
Em relação ao percentual das áreas das classes de cobertura vegetal dos quatro bairros
em conjunto, constatou-se que há um predomínio da cobertura vegetal natural (65,7%) em
comparação com a antropizada. As classes Área Verde Pública, Savana e Floresta Estacional
Semidecidual são as menos expressivas em termos de área, representando menos de 5% da
cobertura vegetal total dos bairros em conjunto (Gráfico 5). As classes: Privada, Vegetação
Secundária e Vegetação com Influência Marinha, representam a maior parte da cobertura
vegetal dos bairros, 60%.
Gráfico 5 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para o conjunto dos
bairros estudados.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Ao comparar o percentual das áreas das classes de cobertura vegetal entre os bairros de
tecido urbano contínuo e descontínuo (Tabela 18 e Figura 11), percebe-se que a cobertura
vegetal natural é mais expressiva em Pitimbu e Pajuçara, correspondendo, respectivamente, a
65,7% e 70,5% do total da cobertura vegetal de cada bairro. As classes de vegetação Savana,
Influência Marinha, Influência Fluvial, Secundária e Degradada foram encontradas apenas nos
bairros com tecido urbano descontínuo (Pitimbu e Pajuçara). Com exceção de algumas áreas da
classe Terreno Público no bairro Cidade Alta, a presença da cobertura vegetal Agrícola e em
Terreno Público ocorreu apenas nos bairros com tecido urbano descontínuo.
75
Figura 11 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para cada um dos
bairros estudados.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Em relação à cobertura vegetal antropizada, os bairros invertem-se, os maiores
percentuais ocorrem nos bairros Cidade Alta (91,1%) e Petrópolis (96,6%), de tecido urbano
contínuo. A cobertura vegetal da classe Privada representa 51% e 42% desses bairros,
respectivamente. Destacam-se também nesses bairros a importância da classe Verde Viário,
26% em Cidade Alta e 51% em Petrópolis, em relação à área total de cobertura vegetal (Figura
11).
Analisando os bairros de maneira isolada, Cidade Alta apresenta 8 classes de cobertura
vegetal, considerando-se todos os níveis da tipologia (Tabela 18). As classes de cobertura
vegetal com maior expressividade espacial, no 2º nível da tipologia, são a Privada (51%),
distribuída por todo o bairro Cidade Alta e em menor quantidade na sua área central, bem como
a Área Verde Pública do tipo praça (26%), próxima ao centro-oeste do bairro (Figuras 11 e 12).
No bairro, a cobertura vegetal Privada está localizada, principalmente, em fundos de quintais,
prédios públicos e estacionamentos.
A classe com menor expressividade é a cobertura vegetal em Terreno Público, em áreas
isoladas ao norte e sul do bairro Cidade Alta (4%). A Figura 12 apresenta o mapa da diversidade
de cobertura vegetal, para o 2º nível da tipologia, dos bairros Cidade Alta e Petrópolis.
76
O bairro Petrópolis possui 9 classes de cobertura vegetal. Predominam espacialmente as
classes Verde Viário (51%), sobretudo do tipo Canteiro Central com distribuição regular ao
longo de suas principais vias e Privada (42%), representada principalmente em fundos de
quintais, prédios públicos e jardins de condomínios verticais. O menor percentual é o da
Floresta Estacional Semidecidual (0,4%), representada por um pequeno fragmento de
vegetação no limite com o Parque das Dunas.
O bairro Pitimbu possui 22 classes de cobertura vegetal (Tabela 18), a classe de
cobertura vegetal natural com maior expressividade no bairro é a Vegetação com Influência
Marinha (33%), distribuída nas ZPAs 1 e 3 e em uma faixa alongada na área central do bairro
(Figura 13). A segunda maior classe é a Privada (Antropizada), distribuída em pequenos
fragmentos em quase toda a área do bairro (19% da área de cobertura vegetal total),
principalmente em fundos de quintais e condomínios fechados.
A menor classe é a Área Verde Pública, localizada em praças (1%). Também destaca-
se em Pitimbu a classe Terreno Público (4%), conforme Figura 11. Os Terrenos Públicos são
áreas sem infraestrutura, associada, às vezes, aos depósitos de detritos e lixo, com cobertura
vegetal arbórea predominante. Essas duas classes estão distribuídas longitudinalmente no bairro
em um padrão espacial semelhante que pode ser visto na Figura 13.
Em Pajuçara existem 18 classes (Tabela 18). A classe com maior expressividade
espacial é a Vegetação Secundária (31%), distribuída ao longo da ZPA 9 e em duas grandes
áreas no centro-leste do bairro, no 2º nível da tipologia (Figuras 11 e 14). A Vegetação Ruderal
é a segunda classe mais presente, 22% da cobertura vegetal total do bairro, localizada em
terrenos públicos e privados sem edificação e ao redor de lagoas de captação, por exemplo. A
classe menos expressiva corresponde à Vegetação Degradada (0,1%), distribuída em uma
pequena área ao sul do bairro, limitando-se com a Vegetação Secundária.
77
Figura 12 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para os bairros Cidade Alta e Petrópolis.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
78
Figura 13 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
79
Figura 14 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
80
De forma geral, os bairros com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e Petrópolis,
apresentam uma menor quantidade de classes de cobertura vegetal do que os bairros com tecido
urbano descontínuo, Pitimbu e Pajuçara, respectivamente, 17 e 40 classes (Tabela 19). Essa
diferença se acentua ao comparar o número das classes de cobertura vegetal natural para os
bairros de tecido urbano contínuo, 3 classes, com os bairros de tecido urbano descontínuo, 19
classes.
Tabela 19 – Quantidade e proporção das classes de cobertura vegetal natural e antropizada para os
bairros com tecido urbano contínuo e descontínuo.
Bairros Número de classes % em relação ao bairro
Ocupação Natural Antropizada Natural Antropizada
Cidade Alta 1 7 0,5 5,2 Contínua
Petrópolis 2 7 0,4 12,3 Contínua
Pitimbu 11 11 16,7 8,7 Descontínua
Pajuçara 8 10 19,0 7,9 Descontínua
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
A cobertura vegetal antropizada é ligeiramente mais expressiva nos bairros de tecido
urbano contínuo (5,2% e 12,3%) do que nos bairros de tecido urbano descontínuo (8,7% e 7,9%),
pela influência da cobertura vegetal do bairro Petrópolis. Ao comparar somente a cobertura
vegetal natural, os bairros com tecido urbano contínuo possuem apenas 0,5% e 0,4% de sua
área coberta pela classe natural, enquanto os bairros com tecido urbano descontínuo apresentam
16,7% e 19% de sua área coberta por essa classe.
81
6 DISCUSSÃO
Os resultados da acurácia do mapa da cobertura vegetal para Natal a partir da matriz de
confusão e os cálculos dos coeficientes, evidenciaram que o mapa da cobertura vegetal do
município por meio de imagens do Google Earth possui uma precisão satisfatória, visto que o
coeficiente total Kappa obtido foi de 0,82, que, segundo a classificação de Landis e Koch (1977),
está incluído na classe quase perfeito, entre 0,81 a 1. Este valor do coeficiente Kappa significa
que houve 82% de concordância entre a amostra de referência e o mapeamento realizado. A
Exatidão Global obtida foi de 0,92 e é sempre maior que o Kappa por incluir apenas as classes
corretamente classificadas, diagonal principal, e o número total de pontos amostrais.
Verificando os coeficientes individuais para a classe Cobertura Vegetal e a classe Outros
percebeu-se que o erro maior (21,6 %) foi o de omissão da Cobertura Vegetal. Analisando
visualmente os 27 pontos omissos sobrepostos à imagem original, foi possível averiguar que a
maior parte desses erros ocorreram no mapeamento da cobertura vegetal natural de porte
herbáceo, incluindo as Vegetações Ruderal, Secundária e Vegetação com Influência Marinha
Herbácea, que apresentaram em alguns momentos, na imagem do Google Earth, uma coloração
mais acinzentada, dificultando a classificação e sendo confundidos com a classe Outros.
Também deve ser levada em consideração a limitação da própria imagem, visto que a mesma
não possibilita a realização de uma composição de bandas ou criação de índices de vegetação,
que auxiliariam na distinção da cobertura vegetal e de outros tipos de cobertura da terra.
Analisando visualmente a classificação com base na imagem do Google Earth PRO
foram observadas áreas do rio Potengi que foram confundidas como cobertura vegetal devido
à coloração esverdeada da água, localizadas nos bairros da Ribeira, Salinas e Felipe Camarão.
A partir de uma análise visual dos bairros e considerando os pontos classificados corretamente,
percebeu-se que a classificação apresentou melhores resultados em áreas de cobertura vegetal
arbustiva e arbórea e que não estão próximas de corpos d’água.
Ressalta-se que o maior benefício da utilização da imagem proveniente do Google Earth
é a possibilidade de se obter um mapeamento em escala de detalhes de forma gratuita,
possibilitando o mapeamento de pequenas manchas de cobertura vegetal distribuídas em
passeios públicos, canteiros centrais e áreas privadas, elementos importantes na arborização das
cidades, como destacam Meneguetti (2003) e Alvarez e Gallo (2012).
Com o mapeamento apresentado no Capítulo 5, para o ano de 2013, foi obtido 4.626
hectares de cobertura vegetal para a cidade do Natal, equivalente a 27,5% do seu território. Em
relação à quantidade de cobertura vegetal por habitante, obteve-se 45,5 m²/hab considerando os
82
36 bairros e 54,2 m²/hab incluindo o Parque das Dunas.
A cobertura vegetal de Natal apresenta-se muito fragmentada, pois 83% dos fragmentos
de cobertura vegetal são menores que 100 m². Os cinco maiores fragmentos dentre a cobertura
vegetal dos bairros, com áreas entre 100 e 1000 ha, que correspondem ao maior percentual em
relação à área de cobertura vegetal da cidade (32%), estão localizados nas ZPAs 9, 8, 2 e 6,
conforme Figuras 7 e 8 e a Tabela 3. O maior fragmento contínuo de cobertura vegetal
observado está presente na área do Parque Estadual Dunas do Natal, dentro da ZPA 2,
possuindo 693 ha de cobertura vegetal.
Foi possível averiguar que 63% da cobertura vegetal da cidade está inserida nas dez
ZPAs, sobretudo nas ZPAs 2, 8 e 9 (Tabela 5 e Figura 8). Caso fosse suprimida toda essa
cobertura vegetal, o ICV de Natal passaria a ser de 10,3% e o ICVH seria de 20,3 m²/hab.,
índices quase três vezes menores que os atuais. As ZPAs de Natal se destacam, pois são de
grande importância para o equilíbrio ambiental da cidade, atuando na regulação microclimática,
preservação da biodiversidade, recarga do aquífero, proteção das margens dos rios, dentre
outras funções. Elas também merecem atenção, pois mesmo aquelas regulamentadas como
áreas de preservação podem ser parcialmente removidas, caso sejam feitas obras de
infraestrutura consideradas como de utilidade pública, possibilidade prevista na lei de utilização
e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica (BRASIL, 2006).
Das dez ZPAs presentes em Natal, apenas duas possuem áreas verdes públicas em seu
interior, sendo elas a ZPA 2, uma zona com 16% da cobertura vegetal da cidade e que abriga o
Parque Estadual Dunas do Natal e, a ZPA 1, correspondendo a 1,5% da cobertura vegetal da
cidade, na qual está localizado o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte.
O Parque das Dunas abrange 1.172 ha e é considerado o maior parque urbano sobre
dunas do Brasil (RIO GRANDE DO NORTE, 2015), enquanto que o Parque da Cidade, de
administração municipal, possui uma área de 136,54 ha (NATAL, 201-?). Comparativamente,
o Parque Nacional da Tijuca, localizado no município do Rio de Janeiro, apresenta 3.953 ha
(PARQUE DA TIJUCA, 2017), o Central Park, localizado na cidade de Nova York e o mais
visitado dos EUA apresenta 341 ha (CENTRAL PARK CONSERVANCY, 2017), enquanto
que o Hyde Park, localizado em Londres, Inglaterra, possui 141,64 ha (THE ROYAL PARKS,
2017). As demais ZPAs da cidade do Natal são de difícil acesso, destinadas sobretudo à
preservação ambiental.
Comparando os resultados apresentados com outras cidades brasileiras, Natal se
encontra em uma posição intermediária, com ICV, por exemplo, maior que Santa Maria-PR
(17%), Maringá-PR (14%), Vitória-ES (10%), Ponta Grossa-PR (9%) e Goiânia-GO (8%), mas
83
menor que o de Belém-PA (37%), Mossoró-RN (30%) e Salvador-BA (28%), segundo valores
apresentados, respectivamente, por Alves (2012), Sampaio et al. (2012), Souza et al., (2013),
Queiroz e Ribeiro (2013), Martinho et al. (2012), Luz e Rodrigues (2014), Silva (2015) e
Oliveira et al. (2009).
O ICVH de Natal aproxima-se do que foi obtido para Maringá-PR (54 m²/habitante) e
para Salvador-BA (32 m²/habitante). Cabe destacar que no presente estudo foi considerada toda
a cobertura vegetal de plantas arbóreas, arbustivas e herbáceas, diferentemente do que é
considerado por alguns dos estudos acima citados.
É importante lembrar que a comparação entre as pesquisas deve ser feita com cautela,
tendo em vista que metodologias diferentes podem gerar resultados diferentes. Alguns autores
optaram pela classificação digital de imagens, considerando o método de classificação
orientado a objetos (SILVA, 2015), outros pela interpretação visual (SOUZA et al., 2013) e
outros pela obtenção da cobertura vegetal por NDVI (OLIVEIRA et al., 2013). Diferenças
podem ocorrer também quanto ao que é considerado como cobertura vegetal. Sampaio et al.
(2012) mapearam somente a cobertura vegetal arbórea, Queiroz e Ribeiro (2013) consideraram
as áreas agrícolas, reflorestamentos e as áreas naturais, enquanto que na presente pesquisa
foram incluídos todos os portes de plantas.
As variações também ocorreram em relação à data da imagem pela qual foi feito o
levantamento e o tipo de satélite utilizado, que repercute no detalhamento da cobertura vegetal.
Luz e Rodrigues (2014) utilizaram imagens do satélite IKONOS, para o ano de 2006, com
resolução espacial de 1 metro, enquanto que Martinho et al. (2012) mapearam a cobertura
vegetal por meio de imagens do Landsat 5, com 30 metros de resolução, para o ano de 2011.
Em relação à distribuição da cobertura vegetal nos bairros do Natal, também foi possível
constatar que a maioria dos bairros com maior cobertura vegetal, tanto em termos percentuais
(ICV maior que 25%) quanto em disponibilidade para seus habitantes (ICVH maior que 50
m²/hab), possuem ZPAs em seu interior e se localizam nas áreas periféricas da cidade. Em
contraponto, boa parte dos bairros mais antigos, onde a ocupação da cidade foi iniciada, na
Região Administrativa Leste, possui menos cobertura vegetal, com ICVs menores que 10% e
ICVHs menores que 10 m²/hab.
Um dos bairros de Natal que merece destaque é Salinas, localizado na Região
Administrativa Norte. Ele apresenta o maior ICVH entre os bairros, 1.195,3 m²/hab, explicado
pela baixa população e por abrigar uma grande área de cobertura vegetal vinculada à ZPA 8.
Possui uma área de Área de Preservação Permanente de manguezal, legalmente protegida pelas
84
legislações a nível municipal, estadual e federal, mas que pode ser suprimida caso sejam
realizados projetos julgados como de utilidade pública.
No que concerne aos estudos sobre a cobertura vegetal de Natal, verifica-se que o padrão
de distribuição espacial encontrado na presente pesquisa confirma os resultados apresentados
por Silveira et al. (2012) e Sucupira (2013), o município apresenta uma distribuição
diferenciada da cobertura vegetal, mais dispersa no centro e concentrada nas áreas periféricas.
Em relação ao percentual de cobertura vegetal dos bairros obtido por Sucupira (2013),
observa-se que, de modo geral, os percentuais dos bairros obtidos pelo autor apresentaram-se
mais elevados do que os índices encontrados na presente pesquisa. Segundo Sucupira (2013),
Natal apresenta 40,4% de cobertura vegetal, enquanto que nesta pesquisa o valor obtido foi de
27,5%. Caso fossem considerados no somatório todos os fragmentos abaixo de 10 m² (supondo
que todos fossem de fato cobertura vegetal), o ICV passaria para 28,5%, mesmo assim
diferenciando-se em 11,9% do encontrado por Sucupira (2013).
Alguns aspectos podem ser levantados para explicar essa diferença no ICV. As imagens
não foram obtidas no mesmo ano e foram fornecidas por satélites diferentes, Sucupira (2013)
utilizou imagens de 2010 do satélite WorldView-2, com 0,5 m de resolução espacial no modo
pancromático e 2 metros de resolução para as bandas multiespectrais e, na presente pesquisa,
utilizou-se um mosaico elaborado pela SEMURB com base em imagens de 2012/2013 retiradas
do Google Earth PRO, com resolução de aproximadamente 50 centímetros.
As metodologias empregadas também foram diferentes, Sucupira (2013) baseou-se no
cálculo do NDVI para obtenção da cobertura vegetal, utilizando fusões e recortes das imagens
pancromáticas e multiespectrais (bandas 7, 5 e 3), enquanto que nesta pesquisa optou-se pela
segmentação e classificação supervisionada da cobertura vegetal com base na imagem
composta pelas bandas 3, 2, 1 e posterior transformação dos dados raster em vetores, além de
ter sido adotada uma área mínima mapeável (10m²), o que não foi indicado no estudo de
Sucupira (2013).
Supõe-se que no período de 2010 para 2012/2013 a cobertura vegetal diminuiu como
consequência do processo de expansão de áreas antropizadas e que a escolha da área mínima
mapeável, aliada à omissão de áreas de cobertura vegetal na classificação, sobretudo herbácea,
tenham causado essa diferença do ICV entre os mapeamentos. Ressalta-se que não foi
apresentada no estudo de Sucupira (2013) uma avaliação da acurácia do mapa que poderia
subsidiar uma validação do que foi apresentado pelo autor e permitir uma comparação mais
detalhada com os dados desta pesquisa.
85
A identificação, a qualificação (diversidade) e o mapeamento da cobertura vegetal dos
bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara mostraram-se satisfatórios a partir da
avaliação da acurácia pelas técnicas adotadas. Os coeficientes Kappa para os bairros, segundo
a classificação de Landis e Koch (1977), estão incluídos entre as classes forte e quase perfeito,
variando de 0,72 a 0,89, indicando que existe concordância entre os mapas e as amostras de
referência.
Foi observado que os maiores acertos em relação às amostras de referência (precisão do
produtor) ocorreram nas classes de cobertura vegetal Antropizada, enquanto que os maiores
erros de omissão ocorreram nas classes Savana, Vegetação Secundária e Vegetação Ruderal. A
precisão do produtor teve uma média de 83% e os erros de omissão, 17%. Quanto ao acerto em
relação ao que foi mapeado (precisão do usuário), houve em média 95% de precisão. Os erros
de inclusão foram menores que 7%.
De forma geral, os problemas de mapeamento decorreram da omissão de áreas de
cobertura vegetal natural de porte herbáceo no momento da classificação supervisionada
utilizada como base para o mapeamento, interferindo na precisão do produtor e nos erros de
omissão, e não no processo de interpretação visual dos polígonos e atribuição das classes de
cobertura vegetal, que se refere a precisão do usuário e erros de inclusão.
Segundo Antunes e Lingnau (1997) a utilização da matriz de confusão é uma boa técnica
para a avaliação da acurácia de mapeamentos, pois a partir dela é possível averiguar as
confusões existentes entre as classes. Os autores também ressaltam a importância da análise da
precisão individual das classes quando algumas classes específicas são importantes ou
interessam mais do que as outras.
Com os resultados obtidos da diversidade da cobertura vegetal, percebeu-se que
aproximadamente metade da cobertura dos quatro bairros é arbustiva/herbácea e metade é
arbórea. O ICV arbóreo para os quatro bairros encontrado foi de 10,7% e o ICVHarb, 17,2
m²/hab. Essa constatação é importante na medida em que são as árvores as que mais influenciam
na melhoria do microclima.
Extrapolando o total da cobertura vegetal arbórea dos quatro bairros analisados para
todo o município, estima-se que a cobertura vegetal arbórea de Natal seja de 2.058,1 ha,
resultando em um ICVarb. de 12,2% e ICVHarb de 24,1 m²/hab, substancialmente inferior ao
que foi encontrado nos resultados considerando todos os portes de plantas (ICV de 27,5% e
ICVH de 54,2 m²/hab).
86
Os ICV e ICVH foram maiores nos bairros periféricos e com tecido urbano descontínuo,
Pajuçara e Pitimbu, do que nos bairros centrais e com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e
Petrópolis (Tabela 17). A ocupação do bairro Cidade Alta foi iniciada no período colonial e a
de Petrópolis, de forma mais ordenada, a partir de 1901. Os dois possuem atividades comerciais
e de serviços expressivas até hoje. Pitimbu e Pajuçara são bairros residenciais que foram
ocupados a partir da construção de conjuntos habitacionais nas décadas de 1980 e 1990 e que
ainda apresentam espaços livres que podem ser ocupados, além de áreas de preservação.
Resultados semelhantes foram encontrados por Luchiari (2001), Oliveira et al. (2013),
Souza et al. (2013), Queiroz (2014) e Silva (2015), respectivamente, para as cidades de
Campinas-SP, Salvador-BA, Ponta Grossa-PR, e Mossoró-RN, destacando em seus estudos a
relação entre a distribuição da cobertura vegetal e o processo de expansão urbana, de modo que
a cobertura vegetal mostrou-se mais concentrada nas áreas periféricas e em áreas de preservação
ambiental, e mais fragmentada e isolada nas áreas centrais e mais antigas da cidade.
Em relação as classes de cobertura vegetal dos quatro bairros, foi encontrado um
percentual maior da classe Natural do que da classe Antropizada (Gráfico 3). A cobertura
vegetal Natural mostrou-se menos fragmentada, apresentando manchas maiores e mais
contínuas, sobretudo, nos bairros com tecido urbano descontínuo, Pajuçara (Vegetação
Secundária) e Pitimbu (Vegetação com influência Marinha). Essa expressividade justifica-se
pelo tamanho desses bairros e por abrigarem partes das ZPAs 9, 1 e 3, conforme Figuras 8 e 11.
Essas ZPAs possuem ecossistemas de dunas, lagoas e rios de grande importância para a recarga
dos aquíferos subterrâneos e de lagoas que abastecem a cidade.
A presença substancial da cobertura vegetal em Terrenos Públicos e das Vegetações
Ruderal, Secundária e Degradada, nos bairros com tecido urbano descontínuo, pode ser um
indicador de uma futura expansão da ocupação nesses bairros, já que são espaços livres com
grande influência antrópica (por meio de desmatamento, queima, depósito de detritos e lixo) e
sem uma função urbana estabelecida. Segundo Tardin (2008, p. 45), “como possível lugar para
a futura ocupação urbana, os espaços livres constituem a oportunidade para a reestruturação do
território”.
Os bairros Pitimbu e Pajuçara foram os únicos com a presença da classe de cobertura
vegetal Agrícola, evidenciando que mesmo a cidade sendo considerada totalmente urbana,
existem áreas com atividades agrícolas em seu território. Essa constatação reafirma o que
Santos (2009) discutiu sobre a utilização de terrenos vazios nas proximidades de aglomerações
urbanas para atividades agrícolas com fins de abastecimento da população da cidade.
87
Verificou-se que grande parte da cobertura vegetal dos bairros está presente na classe
Privada, representando 18% da cobertura vegetal total dos bairros. Ela é consideravelmente
mais expressiva nos bairros com tecido urbano contínuo do que nos bairros com tecido urbano
descontínuo, correspondendo à 42% do bairro Petrópolis e 51% do bairro Cidade Alta. Essa
classe representa áreas em que o acesso pela população é restrito, como fundos de quintais,
jardins privados e terrenos sem edificações, com cobertura vegetal arbórea ou
arbustiva/herbácea e bastante fragmentada.
O bairro que apresentou maior percentual da classe Antropizada foi Petrópolis (97%),
destacando-se o Verde Viário, que corresponde à 51% da cobertura total do bairro (Figura 11).
Petrópolis é um bairro que foi criado a partir de um plano de ordenamento urbano no início do
século XX, destinado à elite da época (LIMA, 2006). Apesar do verde viário ser expressivo no
bairro, de acordo com Cestaro et al. (2003) e Santos, Lisboa e Carvalho (2012), mais de 70%
das espécies e mais de 50% das árvores encontradas nas vias públicas de Petrópolis são exóticas.
As plantas exóticas podem crescer rapidamente e se transformar em plantas invasoras que
competem por recursos com a plantas nativas, gerando um desequilíbrio ambiental (MATOS;
QUEIROZ, 2009).
Ao analisar a classe Área Verde Pública nos quatro bairros, foi verificado que os bairros
com tecido urbano contínuo apresentam um maior percentual dessa classe em relação aos outros
tipos de cobertura vegetal, sobretudo o bairro Cidade Alta, com aproximadamente 10% do total
de sua cobertura vegetal representado por essa classe, apresentando 20 praças públicas. A Área
Verde Pública é a classe menos expressiva na totalidade dos bairros, correspondendo à apenas
1% da cobertura vegetal total (Gráfico 5).
É interessante que esse quadro seja revertido, ampliando-se as áreas verdes públicas em
diferentes espaços da cidade, pois além de serem um indicador de qualidade ambiental urbana,
as áreas verdes contribuem para a diversificação da paisagem e podem ser utilizadas como
espaços de lazer para a população (MINAKI, AMORIM E MARTIN, 2006).
Foi possível perceber uma diferenciação das funções da cobertura vegetal nos bairros
com tecido urbano contínuo e descontínuo, que, no contexto natalense, estão localizados em
áreas centrais e periféricas. Conforme assinalado por Paiva e Gonçalves (2002), há uma
escassez e perda da diversidade da cobertura vegetal natural nas áreas centrais, atuando mais
como paliativo psicológico e estético, e uma maior abundância e diversidade nas áreas
periféricas.
Em síntese, ao analisar as classes de cobertura vegetal, percebeu-se que há uma maior
diversidade de classes de cobertura vegetal (40 classes) nos bairros com tecido urbano
88
descontínuo e maior expressividade da classe Natural (representando mais de 60% da cobertura
vegetal total desses bairros). A diversidade das classes de cobertura vegetal nos bairros com
tecido urbano contínuo é comparativamente menor, 17 classes, e a classe de cobertura vegetal
Antropizada representa mais de 90% da cobertura total desses bairros.
89
7 CONCLUSÕES
O mapeamento e a quantificação da cobertura vegetal por meio da segmentação e
classificação supervisionada utilizando imagens provenientes do Google Earth PRO
mostraram-se satisfatórios, considerando os resultados da avaliação da acurácia temática. O
mesmo pode ser dito para o mapeamento da diversidade da cobertura vegetal nos quatro bairros
selecionados, que foi realizado por meio de interpretação visual dos polígonos obtidos pela
classificação supervisionada, proporcionando maior agilidade no mapeamento das classes do
que se as mesmas fossem vetorizadas manualmente.
Recomenda-se a utilização dessa metodologia para o mapeamento da cobertura vegetal
em áreas urbanas na escala de detalhes, sobretudo para áreas onde a cobertura vegetal é
fragmentada e predominantemente arbórea, diminuindo possíveis erros de omissão.
Com o diagnóstico da cobertura vegetal conclui-se que Natal ainda apresenta uma
cobertura vegetal significativa em comparação com outras cidades, mas que é mal distribuída
sobre o território, situação também observada em outras cidades brasileiras. A cobertura vegetal
está concentrada, em termos de área, em bairros periféricos com presença de ZPAs. Fora das
ZPAs ela apresenta-se fragmentada em áreas menores. Essa fragmentação ocasiona a
simplificação dos ecossistemas, diminuindo os serviços que eles podem oferecer.
Os resultados também evidenciam a grande importância que as Zonas de Proteção
Ambiental possui para a manutenção da cobertura vegetal existente, pois abrigam mais da
metade da cobertura vegetal da cidade. Essa constatação mostra a necessidade de se ter um
esforço maior na manutenção das áreas preservadas diante dos diversos benefícios que elas
trazem para o ambiente urbano e dos conflitos de uso existentes.
A análise da diversidade da cobertura vegetal mostrou que existe uma diferença entre
os bairros de ocupação antiga e densamente construídos e aqueles em que a ocupação ainda está
em curso, com maior presença de espaços livres. Os bairros Cidade Alta e Petrópolis, mais
antigos, apresentaram uma menor diversidade de cobertura vegetal e maior expressividade de
cobertura Antropizada, com destaque para as classes Verde Viário e Particular.
Os bairros Pitimbu e Pajuçara, mais novos, apresentaram maiores porções de cobertura
vegetal Natural, principalmente as classes Vegetação com Influência Marinha, Vegetação
Secundária e Vegetação Ruderal, além de uma maior diversidade de classes de cobertura
vegetal.
Foi possível constatar a pouca expressividade das Áreas Verdes Públicas nos quatro
bairros, embora sejam importantes na melhoria da qualidade de vida dos citadinos pelas funções
90
ecológicas, estéticas de lazer que proporcionam. Os Terrenos Públicos e as áreas de Vegetações
Ruderal e Degradada de domínio público poderiam ser utilizadas para criação de Áreas Verdes
Públicas, trazendo um novo sentido a essas áreas, que muitas vezes são utilizadas como depósito
de lixo ou abandonadas pelo poder público.
Os quatro bairros de Natal apresentaram cobertura vegetal diversa, associada ao período
de ocupação dos mesmos e à presença de ZPAs. Os bairros com tecido urbano descontínuo
apresentam áreas com Vegetações Secundária, Ruderal e Degradada, inclusive no interior das
ZPAs, que podem vir a se tornar Privadas caso medidas não sejam tomadas no sentido de
ordenar a ocupação antrópica, podendo acarretar em uma diminuição dos espaços livres e dos
serviços ecossistêmicos que as áreas verdes oferecem. É importante que a ocupação dos bairros
Pitimbu e Pajuçara seja planejada para que não acorra a mesma situação dos bairros Cidade
Alta e Petrópolis, nos quais a cobertura vegetal foi historicamente suprimida.
Novos estudos podem ser realizados com base no que foi iniciado nessa pesquisa, como
a avaliação da acurácia do mapeamento utilizando imagens do Google Earth PRO distinguindo
a cobertura vegetal arbustiva/herbácea da arbórea; análise sobre as áreas verdes públicas e o
verde viário para toda a cidade; avaliações temporais da cobertura vegetal; e análise das relações
entre cobertura vegetal e aspectos socioeconômicos da cidade.
91
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