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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCOUNIVASF PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. A EXPERIMENTAÇÃO EM CINEMÁTICA COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM DA FÍSICA NO ENSINO MÉDIO José Gregório de Souza Neto Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientador: Prof. Dr. José Américo de Sousa Moura. Juazeiro BA Fevereiro de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO– UNIVASF PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

A EXPERIMENTAÇÃO EM CINEMÁTICA COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM DA FÍSICA NO ENSINO MÉDIO

José Gregório de Souza Neto

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientador: Prof. Dr. José Américo de Sousa Moura.

Juazeiro – BA Fevereiro de 2018

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF

Bibliotecário: Renato Marques Alves

Souza Neto, José Gregório de.

S729e A experimentação em cinemática como facilitador da aprendizagem da física no ensino médio / José Gregório de Souza Neto – Juazeiro, 2018.

xi, 125f.: il.;29cm.

Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Física) – Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro-BA, 2018.

Orientador: Prof. Dr. José Américo de Sousa Moura.

1. Física – Estudo e ensino. 2. Cinemátic I. Título. II. Moura, José Américo de Sousa. III. Universidade Federal do Vale do São Francisco.

CDD 530.07

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Dedico esta dissertação a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão de mais uma etapa na caminhada pela busca do conhecimento. Em particular ao meu filho Bernardo que veio e mudou muitos conceitos que eu tinha sobre a vida.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente a Deus pelo dom da vida e pela fortaleza que nos proporciona a crença em sua existência. À minha mãe Iria de Souza Silva e ao meu pai José Silva pela sabedoria e dedicação que sempre demonstraram na árdua tarefa de educar para a vida. Ao meu filho Bernardo que, mesmo pequenino foi a minha grande fonte de sabedoria e amor. Agradeço aos colegas Murilo, Jaildson, Nivaldo, Renato, Alciclébio, Lid, Carla, Érica que com suas amizades tornaram a caminhada mais gratificante e proveitosa. Agradecer a todos os professores que fizeram parte do corpo docente que, com seus conhecimentos e humildade conseguiram cumprir com sua tarefa de orientar e transmitir suas experiências e conhecimentos, o que nos proporcionaram ter uma visão mais ampla do que seja o ensinar a Física. À coordenadora doutora Mariele e seu fino trato com todos que fizeram parte desse curso de mestrado. Ao professor e orientador José Américo de Sousa Moura pela sua paciência e dedicação e, domínio sobre o tema que versa o trabalho desenvolvido nessa dissertação.

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RESUMO As atividades experimentais ocuparam um importante papel dentro do processo de ensino e aprendizagem das Ciências nas últimas décadas e mais particularmente dentro da Física. Por meio da experimentação busca-se verificar leis e teorias científicas, ensinar o método científico, facilitar a aprendizagem e compreensão de conceitos, além de desenvolver habilidades práticas. O objetivo deste trabalho é o de utilizar uma abordagem pedagógica para construir um equipamento que possa ser utilizado como ferramenta de ensino de conteúdos da primeira série do ensino médio, com ênfase na cinemática. Os objetivos específicos consistem em aplicar experimentos utilizando o equipamento construído a fim de auxiliar no processo de visualização e aprendizagem dos conteúdos. Busca-se também observar o conhecimento prévio e o conhecimento do aluno após a realização dos experimentos, a partir da aplicação de um questionário de sondagem. Além disso, mediu-se o grau de satisfação do aluno em relação à aplicação do experimento. Para desenvolver este trabalho partiu-se de uma pesquisa bibliográfica realizada com autores que trataram o tema, complementando-se com uma pesquisa de campo em uma escola da rede estadual de ensino na cidade de Petrolina-PE. A Escola funciona em regime Integral e o público-alvo constou de alunos da primeira série do ensino médio. Após a aplicação do experimento pode-se observar que os alunos tiveram uma melhoria significativa no seu nível de aprendizado, interagiram entre si e com o professor, motivaram-se a aprender e destacaram a importância da realização de experimentos como uma possibilidade efetiva de melhorar a aprendizagem dos mesmos. Palavras-chave: Ensino de Física, Experimentação, Cinemática.

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ABSTRACT

Experimental activities have played an important role in the teaching and learning of science in the last decades and more particularly in physics. Through experimentation, it seeks to verify laws and scientific theories, to teach the scientific method, to facilitate the learning and understanding of concepts, as well as to develop practical skills. The objective of this work is to use a pedagogical approach to build an equipment that can be used as a teaching tool for contents of the first grade of high school, with emphasis on kinematics. The specific objectives are to apply experiments using the developed device in order to assist in the process of visualization and learning of the contents. It is also sought to observe the previous knowledge and knowledge of the student after the realization of the experiments, from the application of a survey questionnaire. In addition, the degree of satisfaction of the student in relation to the application of the experiment was measured. In order to develop this work, we started with a bibliographical research carried out with authors who dealt with the theme, complemented with a field research in a school of the state educational network in the city of Petrolina-PE. The School operates under Integral regime and the target audience consisted of students of the first grade of high school. After the application of the experiment it can be observed that the students had a significant improvement in their level of learning, interacted with each other and with the teacher, were motivated to learn and emphasized the importance of conducting experiments as an effective possibility to improve the learning. Keywords: Physics Teaching, Experimentation, Kinematics.

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Lista de Figuras Figura 01 – Lançamento horizontal de projéteis ............................................ 34

Figura 02 – Determinação da velocidade da partícula em um ponto qualquer

da trajetória .................................................................................................

34

Figura 03 – Lançamento obliquo de projéteis ................................................. 35

Figura 04 – Composição de movimentos ...................................................... 36

Figura 05 – Equipamento com plataformas na horizontal ............................... 41

Figura 06 – Equipamento com uma plataforma inclinada .............................. 41

Figura 07 – Equipamento com duas plataformas inclinadas .......................... 41

Figura 08 – Placa com arduíno ..................................................................... 43

Figura 09 – Equipamento sendo montado pelo aluno ................................... 46

Figura 10 – Tratamento dos dados pelos alunos ........................................... 49

Figura 11 – Colocação da esfera e início do processo de medida ................. 53

Figura 12 – Lançamento e coleta de dados no painel arduíno ..................... 53

Figura 13 – Disposição do equipamento para o terceiro experimento ............ 57

Figura 14 – Coleta do valor do alcance horizontal ........................................ 58

Figura 15 – Tratamento dos dados coletados no painel arduíno .................... 59

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Figura 16 - Percentual de acertos – antes e após – a realização dos

experimentos ...............................................................................................

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x

Lista de Tabelas Tabela 01 – Valores coletados no painel arduíno – Experimento 1 ................ 45

Tabela 02 – Velocidades médias obtidas a partir do Experimento 1 .............. 46

Tabela 03 – Velocidades instantâneas obtidas a partir do Experimento 1 ..... 47

Tabela 04 – Cálculo da velocidade instantânea ............................................. 48

Tabela 05 – Cálculo da velocidade média .................................................... 49

Tabela 06 – Valores medidos no arduíno – Experimento 02 .......................... 52

Tabela 07 – Dados resultante da aplicação das equações pelos alunos –

experimento 2 ..............................................................................................

54

Tabela 08 – Valores medidos no arduíno – Experimento 03 ......................... 56

Tabela 09 – Resultados obtidos após a aplicação das equações .................. 57

Tabela 10 – Resultados do questionário de sondagem ................................ 59

Tabela 11 – Aferição da confiabilidade do equipamento ............................... 64

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Sumário

Introdução ...................................................................................................... 12 Capítulo 1 .................................................................................................... 14 O processo de ensino da Física e suas implicações na prática pedagógica .. 14 1.1 A evolução histórica do Ensino da Física ............................................... 14 1.2 A experimentação dentro do ensino de Física .......................................... 20 1.3 As teorias da aprendizagem e a aprendizagem significativa ................... 27 Capítulo 2 ........................................................................................................ 32 A Cinemática e sua relevância dentro da Física ............................................. 32 Capítulo 3 ................................................................................................... 38 Metodologia da pesquisa ............................................................................... 38 3.1 O tipo da pesquisa ................................................................................. 38 3.2 Local da pesquisa .................................................................................. 39 3.3 Sujeitos da pesquisa ............................................................................. 39 3.4 Instrumentos e procedimentos para a coleta de dados ............................ 39 3.5 Procedimento de pesquisa .................................................................... 40 Capítulo 4 ...................................................................................................... 44 Análise e discussão dos resultados ............................................................. 44 Capítulo 5 ................................................................................................... 65 Considerações finais ...................................................................................... 65 Referências bibliográficas ............................................................................ 68 Apêndice A ..................................................................................................... 73 Questionário de sondagem ......................................................................... 73 Apêndice B ..................................................................................................... 75 Questionário de avaliação da satisfação do aluno ........................................ 75 Apêndice C ...................................................................................................... 77 Produto final ................................................................................................ 77

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Introdução

A sociedade atual exige que a educação prepare o aluno para enfrentar

novas situações a cada dia. Assim, deixa de ser sinônimo de transferência de

informações e adquire caráter de renovação constante. A escola de hoje é fruto

da era industrial, foi estruturada para preparar as pessoas para viver e

trabalhar na sociedade. Esta mesma sociedade agora está sendo convocada a

formar, devido às novas exigências de formação de indivíduos, profissionais e

cidadãos muito diferentes daqueles que eram necessários na era industrial.

Desse modo, é de se esperar que a escola tenha que “se reinventar” caso

deseje sobreviver como instituição educacional.

Em se tratando do ensino da Física, há uma necessidade de

desenvolver habilidades específicas de seu currículo disciplinar, e conforme as

recomendações do PCNEM (BRASIL, 2002), devem ser trabalhados os três

conjuntos de competências: Comunicar e Representar; Investigar e

Compreender; e Contextualizar Social ou Historicamente o conhecimento.

Frente a essa ampla problemática educacional, o ensino da Física tem

sido alvo de inúmeras discussões entre pesquisadores e educadores quanto ao

aspecto metodológico e motivacional. Frequentemente buscam alternativas

para combater as justificativas relacionadas à ausência de recursos didáticos

necessários, falta de laboratórios ou sucateamento do mesmo, currículo

extenso comparado à carga horária, alunos “sem base” teórica e matemática e

etc. Entre tantas, a passividade se destaca por isolar e desmotivar o ensino nas

aulas, porém, é consensual combater esse entrave de forma clara e objetiva,

com uma abordagem fenomenológica, crítica e problematizadora da Física,

explorando a discussão e a argumentação dos alunos, e assim, tornando-os

agentes motivados e motivadores no processo de ensino-aprendizagem.

O objetivo geral deste trabalho é o de utilizar uma abordagem dialética

pedagógica para construção de um equipamento que possa ser utilizado como

ferramenta de ensino de conteúdos da primeira série do Ensino Médio.

Enquanto objetivos específicos esperam-se:

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a) Aplicar experimentos utilizando o equipamento construído para

auxiliar na visualização e aprendizagem dos conteúdos.

b) Observar por meio de questionário o grau de apropriação de saber

do aluno antes e após o desenvolvimento das atividades

experimentais;

c) Aplicar um questionário para medir o grau de satisfação dos alunos

em relação à aplicação do experimento.

A pesquisa realizada tem cunho quantitativo e qualitativo, consistindo em

um estudo exploratório e descritivo. O local a ser realizado o estudo será uma

Escola de Referência em Ensino Médio situada na cidade de Petrolina-PE, a

qual funciona em período integral. O público-alvo constituir-se-á de alunos do

primeiro ano do Ensino Médio da referida escola.

Inicialmente, escolheram-se de forma aleatória alunos de cada uma das

salas de primeiro ano da escola em estudo, aplicou-se questionário de

sondagem acerca dos conhecimentos dos mesmos em relação a tópicos em

cinemática, desenvolveram-se os experimentos utilizando-se de equipamento

idealizado e confeccionado pelo autor da pesquisa, reaplicou-se o questionário

de sondagem a fim de identificar a questão da apropriação de conteúdos e fez-

se também uma avaliação de toda a metodologia utilizada. Os dados foram

analisados e apresentados em forma de Tabela.

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Capítulo 1

O processo de ensino da Física e suas implicações na

prática pedagógica

1.1 A evolução histórica do Ensino da Física

A história da Física inicia-se no momento onde a humanidade analisa os

fenômenos naturais de modo racional, abandonando explicações místicas ou

divinas. Segundo França Filho et al. (2012), os indianos e gregos antigos foram

os primeiros povos a tentar apresentar explicações racionais acerca da

natureza. Antes deles, os fenômenos naturais e suas consequências eram

explicados pela atuação dos deuses e deusas. A Física, conhecida como

Filosofia natural, se confundia muito com a Química e com certos aspectos da

Matemática e Biologia, no entanto pode ser considerada a disciplina acadêmica

mais antiga quando se observa que se fazia presente na Astronomia.

O modo como a Física funciona efetivamente surgiu com os gregos

Séculos antes da era cristã e permitiu que o homem abrisse espaço para

compreender os diferentes fenômenos naturais, situações, processos e

comportamentos que anteriormente não lhe era possível compreender.

Segundo Pugliese (2017) citando explicação do Professor Luis Carlos de

Menezes, a palavra física deriva da palavra grega physiké, que por sua vez

origina-se em physis, expressão grega relacionada à natureza. O termo

associa-se a natureza material, corpórea, que pode ser sentida, estando

diretamente relacionado à observação da natureza, sensível ao homem, no

espaço e no tempo, bem como a compreender como era ou o que houve com a

natureza anterior, no caso do tempo, ou em outros locais, no caso do espaço,

onde o homem tenha estado.

França Filho et al. (2012) explica que na Grécia antiga o principal nome

era Aristóteles, e a partir daí a física entrou em declínio na Idade Média, tendo

revivido durante o Renascimento. Galileu Galilei é o primeiro físico que adotou

a Matemática como ferramenta principal. Outro nome importante é o de Isaac

Newton e o seu estudo sobre a gravitação universal. Nos Séculos XVIII e XIX

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surgem os fundamentos da termodinâmica e do eletromagnetismo. No início do

Século XX, Max Planck introduz o conceito de quantum de energia. Em 1905,

Albert Einstein apresenta as bases da relatividade.

Na visão de Pugliese (2017) a história da física deve ser observada a

partir da expansão do islamismo e a ocupação de diversas regiões entre os

Séculos VII e XII, especialmente cidades que eram dominadas pela Grécia, de

onde muitos textos foram traduzidos, dando aos muçulmanos a capacidade de

desenvolver a ciência de maneira rica e fundamental para a física atual. Tal

estudo se refletiu na física nos conceitos de astronomia, percepção das leis

universais, estudo da óptica, dentre outros. A partir daí, o período do

renascimento europeu, entre os Séculos XIV e XVII, pós-evolução científica

árabe, utilizou recursos da filosofia, da linguagem, da astronomia e da

matemática e permitiu a diversos pesquisadores compreender os fenômenos

físicos de uma forma mais apurada, dando destaque a nomes como Copérnico,

Kepler, Galileu e Newton, dentre outros.

Calado (2016) explica que desde a criação, em 1549, da primeira escola

brasileira na Bahia, a coroa portuguesa concedeu aos jesuítas o controle da

educação no território brasileiro, que se pautava principalmente na gramática,

retórica e escolástica, além de letras teológicas e jurídicas e alguns rudimentos

de medicina. Havia, assim, um destaque das linguagens e ciências humanas

sobre as ciências naturais que marcou o currículo do período e marca um

descompasso entre a situação brasileira e a produção científica da Europa no

mesmo período.

Almeida Junior (1979) destaca que em 1637, com a invasão holandesa,

há um período de atividades científicas realizadas pelos homens enviados pelo

Conde Mauricio de Nassau a Pernambuco. Dentre os cientistas que vieram

para o Brasil, destacou-se o físico J. Macgrave que realizou observações

meteorológicas e astronômicas no primeiro observatório da América do Sul,

construído também por Nassau e escreveu sobre a topografia e o clima

brasileiro. Com a expulsão dos holandeses, toda a pesquisa se encerra.

O próximo fato histórico importante compreende a expulsão dos jesuítas

do Brasil, em 1759, que iria desestruturar a educação que vinha sendo

desenvolvida até então. No entanto, este evento possibilitou a carmelitas,

beneditinos e franciscanos abrirem mais aulas nos conventos, com currículos

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semelhantes aos dos jesuítas, com foco na gramática, grego e retórica. Segue-

se a reforma educacional, em 1772, proposta pelo Marquês de Pombal em

Portugal, momento onde se cria a Universidade de Coimbra que possibilita que

jovens brasileiros estudem ciências naturais nesta universidade. A partir daí,

observou-se a criação da primeira Academia Científica no Rio de Janeiro, três

anos depois, que se propôs a estudar física, química e história natural

(CALADO, 2016).

Com a vinda da família real para o Brasil, no início do Século XIX, criam-

se as primeiras instituições de ensino técnico e superior no país. Apesar disso,

o quadro da educação no país no período imperial, mesmo com a criação de

cursos superiores, não teve alteração significativa, mas as mesmas podem ser

consideradas como base para o salto positivo que se sucedeu à Independência

e que precedeu a reforma constitucional de 1834. O ato adicional de 1834

descentraliza as responsabilidades da educação popular, permanecendo nessa

instância o ensino superior e o médio. A educação básica ficou a cargo das

províncias que tendo poucos recursos, acabaram por deixar em segundo plano

esse ensino (ROSA e ROSA, 2012).

Calado (2016) cita que o ideário da Revolução Francesa instigou uma

nova proposta educacional que simbolizou com a criação em 1837 do Colégio

D. Pedro II. Nessa escola, as ciências físicas eram oferecidas durante os três

últimos anos do período escolar. Mas, tal sistema não conseguiu se instaurar

num primeiro momento devido às raízes humanísticas que os currículos

escolares tinham desde 1549. Dessa forma, havia uma baixa quantidade de

aulas de física e grande exigência sobre matérias de humanidades nos exames

para escolas superiores, de forma que a física tinha um baixo status dentro do

currículo.

Rosa e Rosa (2012) acreditam que com a proclamação da República, a

questão educacional torna-se um assunto importante, e aumenta o número de

estudantes matriculados no ensino primário. Foi um período que se caracteriza

pela desvinculação entre Estado e Igreja, conforme defendia Rui Barbosa e, ao

mesmo tempo, sofre forte influência da escola positivista, principalmente por

meio do Ministro da Instrução, Benjamin Constant. A influência dos positivistas

se refletiu, em 1890, pela inclusão na educação básica brasileira de conteúdos

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de ciências fundamentais como matemática, astronomia, física, química,

biologia e sociologia.

A reforma anterior foi criticada em três pontos: organizava o currículo em

disciplinas demais; abordava conhecimentos complexos e abstratos com

alunos muitos jovens; era estritamente pautada na ciência pelos cálculos

matemáticos sem práticas experimentais. Tal educação com base no

positivismo de Auguste Comte não conseguiu inspirar uma grande mudança na

educação científica secundária ou superior, sem viabilizar a formação de

cientistas, nem despertar nos jovens o interesse pelas ciências (ALMEIDA

JUNIOR, 1980).

Diante de disputas ideológicas, a educação deveria se adequar aos

crescentes processos de industrialização mundial e nesse momento a reforma

Francisco de Campos é lançada em 1931, como o primeiro decreto nacional

sobre a educação. Na mesma se estabelece a divisão do ensino, onde o

ensino secundário era constituído, primeiramente, por cinco anos, nos quais a

disciplina ciências naturais aparecia nos dois primeiros anos e a divisão entre

física, química e história natural nos três últimos. Tal segmento era precedido

pelo ensino complementar, onde os candidatos a cursos superiores cursariam

disciplinas dependendo do curso aos quais eles se candidatavam. Tal divisão

deu ênfase a um projeto de educação que diferencia educação para pensar e

educação para produzir, diferenciando aqueles que fazem cursos técnicos e

querem se inserir no mercado de trabalho, e os que cursam o ensino

complementar como um caminho para o ensino superior (CALADO, 2016).

Diogo e Gobara (2007) relatam que entre os anos de 1942 e 1946 foram

promulgados decretos que ficaram conhecidos tanto por Reforma Capanema

(foi o Ministro Gustavo Capanema que iniciou o processo de reforma) quanto

por Leis Orgânicas do Estado. Tais leis legislaram sobre o ensino industrial,

secundário, comercial, primário e normal. Em relação ao ensino secundário

ocorreu a divisão em dois ciclos, o ginasial (ciclo fundamental) com quatro anos

de duração e o colegial (ciclo complementar) com três anos de duração. O

colegial poderia se dividir em clássico e científico, os quais buscavam preparar

o aluno para o ensino superior. A disciplina de Física estava presente nas duas

modalidades, sendo nos dois últimos anos do curso clássico e nos três anos do

curso científico.

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Tal estruturação do ciclo colegial pressupõe um grande passo em

direção a um ensino científico, no entanto, deve-se frisar que não havia

nenhuma disciplina destinada à experimentação ou à prática das disciplinas

científicas, no curso científico. Além do problema curricular, havia a questão da

má formação dos professores das disciplinas científicas principalmente, Física

(DIOGO e GOBARA, 2007).

Ainda segundo Diogo e Gobara (2007) em 20 de dezembro de 1961 foi

instituída a Lei no 4.024/1961 denominada de Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, mas a mesma mantém a estrutura vigente no ensino

médio, flexibilizando o trânsito de alunos entre os diferentes ramos de ensino

(industrial, agrícola, comercial, secundário e normal), permitindo o acesso ao

ensino superior por meio de vestibular, a alunos de qualquer um dos ramos

citados. No entanto, no que se refere às disciplinas científicas, a lei refletiu o

espírito da época, onde o conhecimento científico era utilizado para

incrementar o progresso e o desenvolvimento de uma nação.

Carvalho Junior (2002) considera que existem duas concepções básicas

de Física no ensino: conceitual e matematizada. A linha conceitual busca

trabalhar, fundamentalmente, a compreensão dos fenômenos físicos por meio

da discussão, do debate e do enfrentamento de posições. A utilização de

fórmulas matemáticas pode auxiliar a quantificação dos fenômenos, mas só

deve ser utilizada quando os alunos compreendem os conceitos envolvidos. Na

concepção matemática enfatizam-se as equações que existem dentro da física,

de forma que o mais importante é a memorização de leis e fórmulas para a

posterior aplicação da resolução de problemas.

Calado (2016) explica que a partir dos anos 60 e 70, a física escolar

começa a sofrer influência das concepções associadas com a preocupação

com o impacto da ciência e da tecnologia sobre a sociedade e o meio

ambiente. Naquele momento, questões referentes à degradação ambiental,

guerras mundiais e do Vietnã, trouxeram as relações ciência-tecnologia-

sociedade-ambiente (CTSA) em uma discussão em torno de uma perspectiva

mais crítica para a educação.

No final da década de 1980, o Brasil vive um período de adaptação às

novas exigências do mercado, que tinham no ensino escolar um grande aliado,

pois se acreditava que a eficiência da educação estava atrelada às forças

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desse mercado. A Constituição Federal de 1988, no capítulo destinado à

educação é uma prova do interesse do mercado na educação. No entanto,

segundo Rosa e Rosa (2012) os principais grupos detentores do poder se

mantiveram acima dos interesses do povo brasileiro, efetivando uma

constituição que retratou a anterior, não permitindo avanços em setores como

os ligados à educação, ciência e tecnologia.

Em 20 de Dezembro de 1996 foi decretada a atual Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, Lei no 9.394/96. Na mesma percebe-se a

prevalência de teorias interacionistas e sociointeracionistas de Piaget e

Vygotsky, respetivamente, fornecendo as bases epistemológicas como alicerce

teórico. No entanto, a inovação da lei se encontra na estrutura e na

organização do sistema de ensino e não em seus aspectos epistemológicos

(ROSA e ROSA, 2012).

No final da década de 1990, surgem os Parâmetros Curriculares

Nacionais PCN (BRASIL, 1997) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais para

o Ensino Médio PCNEM (BRASIL, 1999). Segundo Calado (2016), a própria

organização das áreas de conhecimento considerando suas tecnologias

(Ciências da natureza, Matemática e suas tecnologias) evidenciou uma

preocupação em considerar a relação entre conhecimento e as tecnologias.

Assim, a Física escolar vincula seus conhecimentos a um caráter mais social

dentro de um contexto global e local, diferente das abordagens

descontextualizadas e sem preocupação com suas implicações.

Rosa e Rosa (2012) complementam que um ensino por competências

representa uma possibilidade de superação do ensino de Física atualmente

desenvolvido nas escolas. Dessa forma, supera-se o ensino tradicional, ainda

caracterizado por conceitos, leis e fórmulas tratadas de maneira desarticulada

em relação ao mundo onde o aluno e o professor se encontram; com

insistência na automatização em resolução de exercícios e na memorização.

Segundo o documento a física deve contribuir para a constituição de uma

cultura científica no aluno, possibilitando ao mesmo compreender os fatos e

fenômenos naturais e a relação dinâmica que o homem apresenta com a

natureza.

As dificuldades de ensinar e aprender, bem como a falta de livros

didáticos, ambientes multimídias, laboratórios para realizar aulas práticas e

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bibliotecas públicas, além da falta de capacitação profissional e ausência de

estímulo profissional por parte das políticas públicas educacionais são fatores

que se fazem presentes na maior parte das escolas municipais e estaduais do

país, o que atinge diretamente o ensino de Física. Reis Junior e Silva (2013)

consideram que o professor deve agir como elo entre o ensino e a

aprendizagem, de forma a facilitar o processo de ensino, criando situações que

estimulem o aluno a buscar novos conhecimentos e formas de adquiri-lo.

Citam-se então a necessidade de realizar atividades experimentais como uma

estratégia de ensino de Física que reduza os efeitos das dificuldades citadas,

tornando a disciplina significativa e consistente, promovendo uma melhor

transposição didática.

1.2 A experimentação dentro do ensino de Física

A importância para o ensino das ciências naturais das atividades

experimentais realizadas em laboratórios didáticos ou em ambientes não

formais é consensual. Segundo Salvadego et al. (2009) há uma concepção

comum entre os professores de ciências que os levam a selecionar suas

atividades experimentais de forma a estimular a curiosidade do estudante,

levando-o a engajar-se no conteúdo. Além de melhorar a motivação, os

professores consideram que os experimentos são meios para melhorar a

aprendizagem e convencer os alunos acerca das afirmações feitas. Em relação

a esse último caso, o sentido de convencimento vem junto com o entendimento

de que a observação, ou “visualização” estabelece a prova das ideias e teorias

ensinadas. Assim o enfoque epistemológico desvia-se do motivacional e do

instrucional e passa a se aproximar ou se situar no contexto da confirmação, da

verdade, de um conhecimento que está sendo provado.

Lima (2011) observa que o ato de experimentar no ensino de Física é de

fundamental importância no processo de ensino e aprendizagem dessa

disciplina e tem sido enfatizado por muitos autores. Dessa forma, pode-se

garantir a construção do conhecimento pelo próprio aluno, desenvolvendo sua

curiosidade e o hábito de sempre indagar, evitando a aquisição do

conhecimento científico como uma verdade estabelecida e inquestionável.

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Braga (2010) observa que a experimentação, as quais ele chama de

experiências de laboratório corresponde à modalidade de atividades

experimentais mais enfatizada dentro do ensino de Física.

Aristóteles, há mais de 2300 anos atrás, defendia a experiência,

reconhecendo a sua característica particular e sua natureza factual como

elemento imprescindível para se atingir um conhecimento universal. O

pensamento do autor se fez presente em toda a Idade Média entre os que

exercitavam o entendimento sobre os fenômenos da natureza. O acesso ao

plano dos fenômenos ocorria por meio dos sentidos elementares do ser

humano, que orientavam seu pensamento por meio de uma relação natural

com o fenômeno particular. Na ausência de instrumentos de medição, a

observação, numa dimensão empírica era o principal mediador entre o sujeito e

o fenômeno. A experiência liga-se ao dia a dia do ser humano, à investigação,

à intuição e à especulação. Pode-se perceber também que a experimentação

está ligada ao homem investigador, este, busca organizar seus pensamentos

na construção de elementos que viabilizem obter respostas às suas

indagações (MOREIRA, 2011).

Henry (1998) apud Alves Filho (2000, p. 150) cita:

A experimentação é um fazer elaborado, construído, negociado historicamente, que possibilita através de processos internos próprios estabelecer “verdades científicas”. “Assim (...) passaram [os investigadores] a dar importantes contribuições para a nova tendência ao experimentalismo, pois um dos traços característicos da revolução científica é a substituição da “experiência” evidente por si mesma que formava a baseada filosofia natural escolástica por uma noção de conhecimentos especificamente concebidos para esse propósito.”.

Segundo Couto (2009) as atividades experimentais têm ocupado

posição de destaque dentro das discussões referentes ao ensino e

aprendizagem das ciências nos últimos 200 anos, e em particular da Física. As

primeiras orientações sistematizadas para o ensino com atividades

experimentais foram publicadas por Edgeworth e Edgeworth na Inglaterra em

1815. Historicamente, as práticas em laboratórios escolares passaram de

atividades onde os dados eram obtidos para ilustrar uma relação estabelecida

previamente para atividades onde os estudantes procuram padrões ou relações

em dados que eles obtêm.

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Cassaro (2012, p. 15) afirma:

Desde sua origem, o trabalho experimental nas escolas foi influenciado por aqueles desenvolvidos nas universidades. Ou seja, pesquisadores buscavam novas ferramentas com o objetivo de melhorar a aprendizagem do conteúdo científico. O tempo passou e o uso das atividades experimentais como ferramenta pedagógica continua presente no ensino de Ciências.

Bross (1990) apud Moreira (2011) considera que o ensino de laboratório

de Física pode ser dividido em três eras: era das máquinas, era dos kits e era

da sucata. O primeiro laboratório de Física e Química foi instalado no Museu

Nacional em 1823, onde foram ministradas as primeiras aulas de Física e

Química dos cursos médicos e das academias militares dos Rio de janeiro. Até

o fim do Século XIX não havia documentação escrita sobre o modo de

utilização de equipamentos experimentais no ensino de Física no Brasil. Era

um período onde a situação era crítica e as escolas que possuíam algum tipo

de equipamento tinham dificuldades em encontrar professores que os

soubesse manusear. Os períodos citados podem ser sintetizados da seguinte

forma:

a) Era das máquinas – vai do final do Século XIX até a década de 1940.

Onde os equipamentos utilizados nos laboratórios didáticos de Física

eram máquinas e aparelhos prontos, onde o professor demonstrava o

funcionamento do equipamento aos seus alunos, que assistiam a

estas demonstrações. Era uma forma de ensino que não contava

com a participação ativa dos estudantes, meros expectadores do que

estava sendo exposto;

b) Era dos kits – após a Segunda Guerra Mundial, foi marcada por uma

postura no ensino de ciências em que o desenvolvimento industrial e

tecnológico a procura de melhores armamentos influenciou o

currículo escolar. Os governos investiam em projetos educacionais

que valorizavam o ensino experimental. Nesse momento, aluno e

professor utilizavam peças e acessórios para montar equipamentos o

que trazia inúmeras possibilidades. Os kits que serviam a montagem

dos equipamentos muitas vezes não tinham fins pedagógicos e

muitas escolas brasileiras não possuíam recursos para adquiri-los.

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c) Era da sucata – marcada pela expansão do sistema escolar

brasileiro, onde surgiram propostas de construir equipamentos com

restos de materiais industriais, surgindo o termo “sucata”, para suprir

o ensino de massa que passou a exigir grande número de

equipamentos. Houve, na época, propostas de construção e

utilização de laboratório, frequentemente inspiradas na linha

construtivista. Tal proposta norteou o ensino de Física a partir da

década de 1970.

Couto (2009) acrescenta que no início do Século XX, John Dewey e

outros representantes da chamada educação progressiva defenderam uma

abordagem de ensino mais pragmática e investigativa. No entanto, até meados

do Século XX, as atividades de laboratório ainda eram usadas quase de forma

exclusiva para ilustrar situações que o professor trazia ou que estavam

descritas em livro didático.

Na época da guerra fria, surgiram projetos para o ensino de ciências que

se objetivavam a atrair jovens talentosos para a carreira técnico-científica em

um mundo bélico que dependia cada vez mais das tecnologias. Tais projetos

se baseavam nas teorias de aprendizagem de Jerome Bruner, Jean Piaget e

Robert Gagné ao justificarem as ênfases apresentadas às investigações por

parte dos estudantes e das atividades feitas por eles mesmos. Foram projetos

que privilegiaram a utilização do laboratório, enquanto lugar de investigação,

para o desenvolvimento e teste das teorias, além de mostrar aos estudantes

como os grandes cientistas faziam. Tais projetos foram responsáveis pelo

desenvolvimento de materiais de apoio para os laboratórios escolares e

geraram inúmeros projetos nas décadas de 70 e 80 como o Física Auto

Instrutiva (FAI), Projeto de Ensino de Física (PEF), Projeto Brasileiro de Ensino

de Física (PBEF) (COUTO, 2009).

Braga (2010, p. 25) explica:

Nesse período, as mudanças curriculares no Brasil incluíam a substituição dos métodos expositivos pelos chamados métodos ativos, nos quais tinha a preponderância do laboratório de ciências. As aulas práticas deveriam propiciar atividades que motivassem e auxiliassem os alunos na compreensão dos conceitos. O material produzido seguia uma linha metodológica do ensino de Ciências clara e objetiva, que visava o planejamento e a execução de experimentos com a utilização de materiais simples e de fácil acesso aos alunos.

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Salvadego et al. (2009) ratificam que a experimentação representa uma

atividade fundamental no ensino da ciência, mas acrescentam que na vivência

das escolas, as atividades experimentais são pouco frequentes, apesar de

estar presentes nas crenças dos professores. Estudos realizados por diferentes

autores permitem identificar que surgem justificativas para a não utilização da

experimentação e dos laboratórios, tais como: falta de atividades preparadas,

pouco tempo para o professor planejar e montar suas atividades, recursos

insuficientes para reposição e compra de equipamentos e materiais de

laboratórios, excessivo número de alunos por sala, formação precária do

professor, bibliografia deficitária para orientação, restrições institucionais como

falta de tempo para as aulas, indisponibilidade de salas de laboratório e quando

este existe, diz-se que os alunos não se comportam direito dentro dele, etc.

Vilaça (2012) acrescenta que na maior parte das escolas, principalmente

escolas públicas, não há condições mínimas para executar atividades

experimentais ou demonstrações. Segundo o autor, muitos dos professores

que optam por introduzir atividades experimentais arcam com os custos para

obter materiais, guias didáticos, dentre outros. Em muitas escolas não há

laboratórios, e isso faz com que as atividades sejam realizadas em sala de

aula, o que seria bom por diminuir os problemas quanto ao deslocamento da

turma ao laboratório, mas a ausência de atividades experimentais em um

espaço apropriado pode desestimular o aluno, pois muitas vezes os alunos

querem fazer as suas investigações, ver com seus próprios olhos como tudo

acontece, o que indica que em Física ainda é essencial o local específico, ou

seja, o laboratório. Ainda para o autor, muitos dos professores que lecionam

Física, não são formados em Física ou não possuem vocação para se importar

com a atual situação do ensino, preferindo não utilizar a experimentação por

alguns dos motivos apresentados anteriormente.

De acordo com Vilaça (2012), o uso de atividades experimentais em sala

de aula está diretamente relacionado com a construção social, onde os alunos

são levados ao trabalho em conjunto, ao questionamento acerca do seu

conhecimento e do conhecimento de seus colegas, e a interação desses

fatores promove o seu aprendizado. Além disso, há o caráter motivacional,

visto que a atividade experimental proporciona uma interação direta entre a

disciplina de Física e o aluno. Por meio da atividade experimental o aluno pode

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fazer inferências sobre determinado tema, pode interagir com as variáveis que

definem a teoria, ou seja, o trabalho experimental será uma fonte de

aprendizagem que leva o aluno a avaliar o seu conhecimento, suas ideias e os

modelos científicos.

Alves Filho (2000) considera que a concepção de um laboratório

didático, no contexto de ambiente físico próprio, não tem mais significado, ou

seja, para o autor a função do laboratório de ciências será a de propiciar mais

um ambiente que facilite os processos de ensino e aprendizagem. As novas

atividades devem se ligar ao fenômeno didático onde, sob orientação do

professor, se crie situações que buscam desencadear e mediar o dialoga

construtivista em sala de aula.

As atividades experimentais têm o intuito de ressaltar sua orientação

construtivista e devem ser diferenciadas da experimentação do cientista e da

experiência do cotidiano. No contexto da escola, estas atividades buscam

oferecer uma oportunidade ao estudante de conscientizar-se de que seus

conhecimentos anteriores são fontes que ele possui para construir expectativas

teóricas sobre um evento científico (ALVES FILHO, 2000).

Couto (2009) observa que apesar das atividades experimentais serem

praticadas no ensino há quase 200 anos, tais atividades não parecem

incrementar a compreensão do ensino de ciências (e da Física, em particular),

visto que as atividades imaginativas são raras e roteiros pouco esclarecedores

são comuns nos laboratórios escolares. No entanto, as atividades atendem ao

proposito de motivar os alunos para as aulas.

A motivação não conduz necessariamente ao desenvolvimento ou

compreensão de um conceito particular que está sendo estudado, mas

predispõe o estudante à aprendizagem, atuando na parte emocional de sua

estrutura psíquica. Dessa forma, pode-se dizer que a experimentação é um

catalisador, que direciona a atenção do aluno, e nesse ínterim o professor deve

servir como mediador da aprendizagem dos estudantes e intérprete dos

conteúdos da ciência (COUTO, 2009).

Vygotsky (1988) apud Moreira (2011) observa que o termo mediação

pode ser entendido como uma intervenção programada e induzida pelo

professor no espaço didático, na forma de questionamentos, desafios,

estímulos e discussões. A mediação consiste em criar condições para que os

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alunos se apropriem da forma de pensar, permitindo negociação em relação às

causas e efeitos de um fenômeno físico que ocorre na sala de aula. A partir daí

surge o diálogo didático entre estudo e professor e acontece a construção do

saber compartilhado.

Ainda segundo Vygotsky (2001) apud Reis Junior e Silva (2013) a

criança não aprende o que sabe fazer sozinha, mas o que ainda não sabe fazer

e lhe vem a ser acessível em colaboração com o professor e sob sua

orientação. Dessa forma, a relação professor e aluno pode ser compreendida

melhor como uma interação social que sob o olhar vigotskiano têm, como

função pedagógica, facilitar a formação de novas estruturas cognitivas,

permitindo ao aluno processar um novo conceito.

Nesse sentido as atividades experimentais se destacam, ao promover

interações sociais de qualidade e em grande número, não só entre o professor

e o aluno, mas também entre os próprios alunos. De acordo com Reis Junior e

Silva (2013), o professor dentro dessa relação é o parceiro mais capaz, pois

detém o conhecimento, além de ser responsável pela dinâmica da atividade em

sala de aula.

Assim, o professor é o indivíduo que demonstra ou orienta a execução

das atividades, explicando ou apresentando o modelo teórico aos alunos e

incentivando a busca por novos conhecimentos.

Moreira (2011, p. 36) cita:

O destaque dado por Vygotsky ao professor valoriza as atividades experimentais em sala de aula no momento em que ela é um instrumento que serve prioritariamente ao professor, agente do processo e parceiro mais capaz a ser imitado. É de responsabilidade do professor, fazer, demonstrar e destacar o que deve ser observado, sobretudo, explicar o modelo teórico que possibilite a compreensão do que é observado e estabelecido cultural e cientificamente.

O objetivo básico de se realizar as experimentações dentro das aulas de

Física é viabilizar possibilidades de aprendizagem, onde o aluno participe do

processo e apreenda o conhecimento, fixando-o e correlacionando-o a sua

própria vida. A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo

conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire

significado para ele a partir da relação que o aluno faz com o seu

conhecimento prévio. Se isso não ocorre, a aprendizagem passa a ser algo

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mecânico e repetitivo, visto que produziu menos essa incorporação e atribuição

de significado e o novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou por

meio de associações arbitrárias. É importante observar como o aprendizado

acontece o que será apresentado no próximo tópico (PELIZZARI et al., 2002).

1.3 As teorias da aprendizagem e a aprendizagem significativa

Existe um grande número de teorias da aprendizagem, dentre as quais

se incluem as da psicologia da aprendizagem. Elas podem ser reunidas de

forma geral em duas categorias: as teorias de condicionamento e as teorias de

cognição. No primeiro grupo estão as teorias que definem a aprendizagem

pelas consequências comportamentais e enfatizam as condições do ambiente

enquanto forças propulsoras da aprendizagem. No segundo grupo, estão as

teorias que conceituam a aprendizagem como processo de relação do sujeito

com o mundo externo e que tem consequências no plano da organização

interna do conhecimento (organização cognitiva) (NAPOLITANO e LAURIUCI,

2001).

Yamazaki (2008) cita que a aprendizagem cognitiva pode ser definida

como aquela onde certo conteúdo é inserido na estrutura cognitiva: de forma

organizada, criando um complexo organizado de informações. Além dela, a

autora cita a existência da aprendizagem afetiva e psicomotora. A

aprendizagem afetiva é um tipo de conhecimento que provoca sentimentos ou

sensações como dor, prazer, satisfações, desejos, ansiedades e outros. A

aprendizagem psicomotora é aquela que provoca respostas condicionadas,

resultados de muita prática. Elas não são independentes, assim a

aprendizagem afetiva e psicomotora muitas vezes é acompanhada pela

aprendizagem cognitivista.

A teoria de Ausubel trata da aprendizagem cognitiva, embora reconheça

a importância das outras. Baseia-se na premissa de que existe uma estrutura

cognitiva em constante mutação. Dessa forma, a aprendizagem é organização

e integração de informações na estrutura cognitiva do aprendiz. Por sua vez, a

estrutura cognitiva é o conteúdo total e organizado de ideias de um indivíduo;

ou, no contexto da aprendizagem de certos assuntos, refere-se ao conteúdo e

organização de suas ideias naquela área particular de conhecimento (RIOS,

2016).

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Kiefer (2013) acrescenta que David Paul Ausubel é formado em

medicina e especializado em psiquiatria. Na Columbia University (Nova Iorque)

realizou pesquisas na área de psicologia educacional. Sua contribuição

principal foi o a teoria da aprendizagem significativa. Numa época dominada

pelo Behaviorismo, o autor preferiu se aposentar e voltou a atuar

profissionalmente na sua área de formação. A teoria pode ser sintetizada na

seguinte citação (AUSUBEL, 1980 apud KIEFER, 2013, p. 15) “Se eu tivesse

que reduzir toda psicologia educacional a um único princípio, diria isto: o fator

isolado mais importante que influência a aprendizagem é aquilo que o aprendiz

já conhece”.

Segundo Yamazaki (2008), a teoria de Ausubel é conhecida por Teoria

da Aprendizagem Significativa, através do qual o autor afirma que é a partir de

conteúdos que os indivíduos já possuem na sua estrutura cognitiva que a

aprendizagem pode ocorrer. Estes conteúdos prévios devem receber novos

conteúdos que, por sua vez, podem modificar e dar outros significados aos

conteúdos pré-existentes. Dessa forma, o fator mais importante que influi na

aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe e, isto deve ser averiguado. O

processo de ensino irá depender justamente destes dados.

Pelizzari et al. (2002) explica que para existir aprendizagem significativa

é preciso duas condições. Inicialmente, o aluno precisa estar disposto a

aprender, assim se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrária e

literalmente, a aprendizagem será mecânica. Outro ponto é que o conteúdo

escolar a ser aprendido tem que ser lógica e psicologicamente significativo, por

sua vez o significado lógico depende da natureza do conteúdo e o significado

psicológico é uma experiência individual de cada indivíduo. Os indivíduos

filtram os conteúdos que têm significados, ou não, para si próprios. Diante

disso, as proposições de Ausubel partem da consideração de que os indivíduos

apresentam uma organização cognitiva interna que se baseia em

conhecimentos de caráter conceitual, onde a complexidade depende das

relações que esses conceitos estabelecem em si.

Novak (2000, p. 19) considera ser preciso três requisitos fundamentais

para a aprendizagem significativa: os conhecimentos anteriores que o

estudante apresenta; os conhecimentos que serão apreendidos devem ser

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relevantes e conter conceitos e proposições significativas; o formando deve

escolher relacionar os novos conhecimentos com outros que já conhece.

Moraes e Silva Junior (2014) explicam que a ocorrência da

aprendizagem significativa se relaciona com as condições citadas

anteriormente. Em relação ao primeiro requisito, é preciso conhecer os

conteúdos relevantes na estrutura cognitiva do aprendiz para que os novos

conhecimentos possam se relacionar com eles. O segundo ponto, expressa

que o material de aprendizagem precisa ser potencialmente significativo, assim

o material escolhido pode influenciar a predisposição do aluno para aprender,

facilitando a aprendizagem significativa. O terceiro item afirma que o aprendiz

precisa manifestar vontade (disposição) para aprender, onde o mesmo não é

mero receptor de conhecimentos, mas sujeito que decide se quer aprender ou

não.

Moreira (2011) explica que o tipo mais básico de aprendizagem

significativa é a aprendizagem do significado de símbolos individuais

(tipicamente palavras) ou aprendizagem do que elas representam. Chama-se

de aprendizagem representacional este tipo de aprendizagem significativa. Por

sua vez, a aprendizagem de conceitos, ou aprendizagem conceitual, é um caso

especial, e muito importante da aprendizagem representacional, pois conceitos

também são representados por símbolos individuais. Mas neste caso são

representações genéricas ou categoriais. A aprendizagem proposicional se

refere aos significados de ideias expressas por grupos de palavras

(geralmente, conceitos), combinadas em proposições ou sentenças.

Ausubel considera que a estrutura cognitiva se organiza

hierarquicamente em termos de nível de abstração, generalidade e inclusão de

seus conteúdos. Dessa forma, a emergência de significados para os materiais

de aprendizagem reflete uma relação de subordinação à estrutura cognitiva.

Moreira (2001) observa que os conceitos e proposições potencialmente

significativos ficam subordinados a ideias mais abstratas, gerais e inclusivas

(chamadas de “subsunçores”). Tal tipo de aprendizagem denomina-se de

aprendizagem significativa subordinada, sendo mais comum.

Rios (2016) cita que o subsunçor é uma estrutura específica onde uma

nova informação pode se integrar ao cérebro humano, este é altamente

organizado e detentor de uma hierarquia conceitual que armazena experiências

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prévias do aprendiz. O armazenamento é altamente organizado formando uma

hierarquia conceitual.

Por outro lado, quando o novo material é apenas corroborante ou deriva

de algum conceito ou proposição existente, com estabilidade e inclusividade,

na estrutura cognitiva, a aprendizagem subordinada é chamada derivativa. E,

quando o novo material é uma extensão, elaboração, modificação ou

quantificação de conceitos ou proposições, previamente aprendidos

significativamente, a aprendizagem subordinada passa a ser chamada

correlativa (MOREIRA, 2001).

Yamazaki (2008) observa que Ausubel destaca dois processos que

ocorrem na aprendizagem significativa: a diferenciação progressiva e a

reconciliação integrativa. O primeiro acontece quando o subsunçor pode se

modificar com a introdução de uma nova informação, alterando-o e dando novo

significado, é o que se chama diferenciação progressiva e está normalmente

presente na aprendizagem significativa subordinada. O segundo tipo acontece

quando as ideias mais gerais relacionam subsunçores que inicialmente

estavam separados na estrutura cognitiva, está presente na aprendizagem

significativa superordenada ou na aprendizagem significativa combinatória.

Rios (2016) apresenta exemplos que ilustram melhor os tipos de

aprendizagem:

a) Aprendizagem subordinada – quando o estudante aprende o conceito

de mamífero, como animal com glândulas mamíferas, pelos e

homeotérmico, fica mais fácil acrescentar a ideia de que baleias e

morcegos pertencem a este grupo;

b) Aprendizagem superordenada – quando o aluno aprende os

conceitos de cão, gato, leão, baleia e morcego e percebe que eles

podem ser agrupados sob um novo termo, “mamíferos”.

Novak (2000) observa que para facilitar a aprendizagem significativa

podem-se usar duas ferramentas: a primeira chamada de mapas conceituais e

que foi proposta por ele mesmo e a segunda, chamada de diagrama V,

proposta por Gowin. Os mapas constituem ferramentas gráficas para

organização e representação do conhecimento, incluindo conceitos, geralmente

dentro de círculos ou quadros de alguma espécie, e relacionando estes

conceitos, que são indicados por linhas que se interligam. Em relação a estas

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linhas, colocam-se palavras ou frases de ligação, o que torna mais claro e

específico o relacionamento entre os conceitos.

De maneira geral, a aprendizagem significativa se caracteriza pela

interação entre o conhecimento e o conhecimento prévio, onde os novos

significados visam enriquecer os que já existem. Na aprendizagem significativa

não há apenas a retenção da estrutura do conhecimento, mas se desenvolve a

capacidade de transferir esse conhecimento para a sua possível utilização em

um contexto diferente do que ela se concretizou. No entanto, o que se observa

dentro dos processos de ensino escolares é a fragmentação dos conceitos

científicos onde não se estabelece relações com os possíveis conhecimentos

pertinentes ao nível de ensino em que ele se encontra (HORNES et al., 2009).

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Capítulo 2

A cinemática e sua relevância dentro da Física

A Cinemática é um dos primeiros conteúdos que os estudantes têm

contato no estudo da Física, logo deve ser ensinado com muito cuidado e

atenção para não induzir os alunos a pensar que estão estudando uma parte

de Matemática. Faz-se necessária a introdução do conteúdo colocando em

destaque os conceitos que envolvem o seu estudo.

No estudo da Cinemática o professor deve levar ao conhecimento do

aluno as unidades de medida de tempo e comprimento no Sistema

Internacional (SI) e revisar alguns tópicos básicos de Matemática tais como:

Média Aritmética, Notação Científica (soma e subtração, divisão e

multiplicação), Algarismos significativos e Ordem de Grandeza.

A Cinemática é a parte da Mecânica que estuda o movimento dos

corpos através de conceitos de posição, velocidade e aceleração. Além de

utilizar os conceitos ditos primitivos, tais como: tempo e instante.

Deve-se fazer os alunos entenderem o que venham a ser referencial;

repouso; movimento; ponto material e corpo extenso; trajetória; posição em

uma trajetória; velocidade média e velocidade instantânea.

De posse destes conceitos os estudantes se tornam aptos a iniciar o

estudo dos movimentos, os quais são classificados em Retilíneo Uniforme

(MRU) e, Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV), Lançamento Vertical no

Vácuo e Lançamento Oblíquo.

1 – Movimento Retilíneo e Uniforme (M.R.U):

É o movimento no qual a velocidade do móvel permanece constante ao

longo da trajetória. No estudo desse movimento empregam-se equações da

velocidade média e a função horária das posições descritas a seguir:

VM = ΔS/Δt (01)

S = S0 + V0.t (02)

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2 – Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V):

É o movimento no qual a velocidade do móvel varia no decorrer do

tempo ao longo da trajetória.

No estudo desse movimento aplicam-se as equações descritas a seguir:

a = ΔV/Δt (03).

V = V0 + a.t (04).

S = S0 + V0.t + a.t2/2 (05)

V2 = V02 + 2.a.ΔS (06)

3 - Lançamento Vertical no Vácuo:

O estudo desse tópico é dividido em dois temas, que são:

a) Queda Livre;

b) Lançamento vertical para cima.

No estudo desses tópicos são empregadas as mesmas equações

aplicadas nos estudos do M.R.U.V mudando-se apenas a direção na qual

ocorre o movimento. Em consequência disto, as equações assumem as

configurações abaixo apresentadas. Considerando-se agora como a

aceleração do móvel, a aceleração da gravidade (g).

V = V0 - g.t (07)

H = H0 + V0.t -

(08)

V2 = V02 - 2.g.ΔH (09)

4- Lançamento Horizontal de Projéteis:

Um corpo lançado com certa velocidade horizontal V0, em um plano

próximo à superfície da Terra, ao abandoná-lo, descreve uma trajetória

conforme Figura 01.

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Figura 01 – Lançamento horizontal de projéteis

FONTE: BONJORNO et al (1993).

No desenho vê-se que, durante a sua queda, a partícula descreve uma

trajetória parabólica até atingir o solo. Verificamos então, que para que essa

partícula descreva tal trajetória ela deve estar em movimento.

i) Movimento Horizontal apresentando velocidade constante e igual a

que a partícula apresentava ao abandonar o plano.

ii) Movimento Vertical apresentando uma aceleração para baixo igual à

da gravidade local.

Ao se analisar cada tipo de movimento isoladamente, pode-se definir as

equações que regem o movimento. A partir dai percebe-se que o lançamento

horizontal é uma composição desses dois tipos de movimento.

Se tomarmos um ponto qualquer da trajetória descrita pela partícula,

conforme Figura 02.

Figura 02 – Determinação da velocidade da partícula em um ponto qualquer da trajetória

FONTE: BONJORNO et al (1993).

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35

Verificamos que a velocidade da partícula nesse ponto, é a composição

entre a velocidade horizontal e a velocidade na vertical.

Definição das equações que regem o movimento:

a) Eixo Horizontal: Movimento Retilíneo e Uniforme.

Vx = V0

X = X0 + Vx. t (10)

b) Eixo Vertical: Movimento Retilíneo Uniformemente Variado.

V0y = 0

y = y0 + V0y.t +

(11)

Vy = V0y + g.t (12)

V2 = Vx2 + Vy

2 (13)

5- Lançamento Oblíquo de Projéteis

Em muitos esportes, em guerras e em algumas situações do cotidiano

esse tipo de movimento está presente. O movimento oblíquo consiste em

lançar uma partícula, a partir de uma superfície plana, com uma dada

velocidade V0 fazendo um determinado ângulo θ em relação ao plano

horizontal, conforme Figura 03.

Figura 03 – Lançamento obliquo de projéteis

FONTE: BONJORNO et al (1993).

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36

V0x = V0. cos θ (14)

V0y = V0. sen θ (15)

sen 2θ = sen θ . cos θ (16)

Nesse movimento a partícula se desloca para frente e de forma

ascendente até atingir a altura máxima. Continuando a se mover para frente,

porém de forma descendente, até atingir o solo em um ponto distante do local

de onde foi lançada. Para um observador externo a partícula descreve, no

espaço, uma trajetória parabólica.

Ao analisarmos a Figura 04, verifica-se que, assim como no lançamento

Horizontal, a partícula apresenta dois tipos de movimentos independentes entre

si. Logo podem ser estudados pelo princípio definido por Galileu.

Figura 04 – Composição de movimentos

FONTE: BONJORNO et al (1993).

À medida que a partícula sobe, a componente vertical da velocidade Vy

tem seu módulo diminuído até se anular no vértice da parábola (Vy =0). Daí em

diante a partícula desce e o módulo de Vy vai aumentando até tocar o solo.

Em quaisquer dois pontos da trajetória que estejam no mesmo nível em

relação a horizontal a partícula apresentará a mesma velocidade, em módulo.

Observamos que a partícula se desloca numa trajetória horizontal e ao mesmo

tempo numa trajetória vertical, independentes. Portanto, iniciamos o estudo do

movimento separando em duas direções:

a) Direção Horizontal:

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37

Nessa direção a partícula se desloca com movimento retilíneo e

uniforme, obedecendo às equações:

a = a0 + V0x.t (17)

a = a0 + (V0 cos θ).t (18)

b) Direção Vertical:

Nessa direção a partícula se desloca com movimento retilíneo

uniformemente variado, obedecendo às equações:

y = y0 + V0y.t –

(19)

Vy = V0y – g.t (20)

Vy = V0 sen θ – g.t (21)

Vy2 = V0y

2 – 2.g.Δy (22)

V2 = Vx2 + Vy

2 (23)

Com a cinemática é possível realizar aplicações no cotidiano, fazendo

com que as coisas evoluam de modo mais simples e mais fácil, melhorando o

entendimento em relação ao que ocorre de importante ao nosso redor. Dessa

forma, ao estudar a cinemática e toda a sua importância será fundamental para

profissionais que pretendem atuar em ramos como a indústria automotiva, o

turismo ou transporte aéreo.

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38

Capítulo 3

Metodologia da pesquisa

3.1 O tipo da pesquisa

A pesquisa é uma atividade voltada para solucionar problemas teóricos

ou práticos utilizando-se de processos científicos. Segundo Manzato e Santos

(2008) não é a única forma de se obter conhecimentos e descobertas. Existem

outros meios de acesso ao saber que dispensam o uso de processos

científicos, embora válidos, não podem ser enquadrados como tarefas de

pesquisa. Um desses meios, bastante recomendável, é a consulta bibliográfica,

que se caracteriza por responder pequenas dúvidas, quando se recorre a

documentos.

Gil (2002) define a pesquisa como um procedimento racional e

sistemático que tem o objetivo de proporcionar respostas aos problemas que

são propostos. A pesquisa é requerida quando não há informação suficiente

para responder ao problema, ou quando a informação existente se encontra em

tal estado de desordem que não pode ser adequadamente relacionada ao

problema.

Utilizou-se a pesquisa de campo com a coleta de dados como base para

o estudo na Escola, onde se realizou a pesquisa. Segundo Marconi e Lakatos

(2002) a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir

informações e/ou conhecimentos sobre um problema para o qual se procura

uma resposta. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem

espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de

variáveis que sejam relevantes para analisa-los. As fases da pesquisa de

campo requerem inicialmente a realização de uma pesquisa bibliográfica que

serve para saber em que estado se encontra o problema, quais trabalhos já

foram realizados sobre o mesmo e qual a opinião sobre o assunto. De acordo

com a natureza da pesquisa é preciso determinar as técnicas que serão

empregadas na coleta de dados e a determinação da amostra, que deve ser

representativa e suficiente para apoiar as conclusões.

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39

3.2 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada em uma Escola da Rede Estadual de Ensino na

cidade de Petrolina-PE. A referida escola, cujo nome não será citado por

motivos éticos, é uma escola de ensino médio em regime de tempo integral, de

forma que a carga horária do aluno é composta pela parte teórica (4 h/a sala)

desenvolvida em sala de aula e pela parte prática (1 h/a sala) realizada

laboratório específico.

A escola possui gestor, coordenador pedagógico e desenvolve

atividades pedagógicas que buscam desenvolver o aluno em seus mais

diferentes aspectos. Conta com dois laboratórios sendo um para Física e

Matemática e outro para Química e Biologia. Trabalha-se a filosofia de projetos,

onde anualmente todo o corpo escolar participa da Feira de Ciências,

atividades que buscam associar a prática às teorias trabalhadas em sala de

aula.

3.3 Sujeitos da pesquisa

A pesquisa foi realizada com alunos da primeira série do Ensino Médio.

Na escola em estudo existem seis turmas de primeiro ano com uma média de

45 alunos, que recebem anualmente alunos de diferentes bairros da cidade de

Petrolina. São alunos que se enquadram em diferentes classes sociais, cujo

país apresentam as mais diferentes ocupações profissionais e que buscam a

escola de referência devido à filosofia de trabalho e a possibilidade de

ingressar em uma faculdade.

Considerando-se a existência de seis turmas, escolheram-se

aleatoriamente quatro alunos de cada turma totalizando 24 alunos, que

formaram grupos responsáveis pelo desenvolvimento das atividades

experimentais, e antes e após a realização das atividades tiveram seus

conhecimentos avaliados, de forma a se observar se o uso dos experimentos

trouxe conhecimentos novos aos entrevistados.

3.4 Instrumentos e procedimentos para a coleta de dados

O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário. Segundo Marconi

e Lakatos (2002) o questionário é um instrumento de coleta de dados

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40

constituídos por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas

por escrito. O procedimento para a coleta de dados consistiu na aplicação de

dois questionários, os dois apresentavam os mesmos questionamentos, no

entanto foram aplicados, antes e após a aplicação de procedimentos

experimentais, viabilizando identificar se tais experimentos modificaram a

compreensão do aluno em relação ao conteúdo que se trabalhou.

Gil (2002) observa que a elaboração de um questionário consiste

basicamente em traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem

redigidos. Geralmente as questões devem ser preferencialmente fechadas,

com alternativas que traduzam de forma clara e direta a resposta do

entrevistado, visto que a partir dessas, far-se-á a tabulação de dados,

posteriormente.

Foram construídos um questionário de sondagem (Apêndice A) com

doze perguntas objetivas aplicado no inicio e no final dos experimentos. Além

desse houve um questionário de avaliação da satisfação do aluno (Apêndice

B), com oito perguntas, sendo sete objetivas e uma subjetiva onde se buscou

uma opinião do entrevistado sobre a utilização dos experimentos nas aulas de

Física.

3.5 Procedimento de Pesquisa

Inicialmente o autor selecionou quatro alunos em cada uma das seis

salas do Ensino Médio da Escola objeto de estudo. Fez-se uma reunião com os

alunos explicando-se os objetivos da pesquisa e explicando aos mesmos que

as atividades seriam desenvolvidas na própria escola em três sábados, em

horário extracurricular. A carga horária dos sábados foi variável a depender do

tipo de experimento que estava sendo realizado.

No primeiro encontro o procedimento inicial foi o de aplicar um

questionário de sondagem (Apêndice A) onde foi possível identificar o nível de

conhecimento dos alunos. A partir daí foram realizados três experimentos a

partir da utilização de um produto idealizado pelo próprio autor.

O material pedagógico (equipamento) consistiu em uma estrutura

idealizada pelo autor, baseada no plano inclinado e experiências de Galileu,

com a finalidade de estudar diferentes conteúdos da cinemática. Sua utilização

está voltada para alunos da primeira série do ensino médio. O equipamento

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41

pode ser usado no estudo e entendimento dos seguintes conteúdos: velocidade

média e velocidade instantânea; lançamento horizontal e oblíquo de projéteis.

O equipamento pode ser visualizado pelas Figuras 01, 02 e 03

seguintes.

Figura 05 – Equipamento em estado original (fechado)

FONTE: Autor (2018).

Figura 06 – Equipamento com uma plataforma inclinada

FONTE: Autor (2018).

Figura 07 – Equipamento com duas plataformas inclinadas

FONTE: Autor (2018).

Com a utilização do equipamento, fizeram-se três experimentos, de

acordo com o seguinte roteiro:

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42

a) Experimento 1 – tem a finalidade de trabalhar os conceitos de

velocidade média e velocidade instantânea. O tempo previsto para a

mesma foi de 2 horas/aula. Esse experimento foi realizado no

primeiro encontro junto com a aplicação do questionário de

sondagem prévio.

b) Experimento 2 – tem a finalidade de trabalhar o conceito de

lançamento horizontal de projéteis. Foi realizado no segundo sábado

com um tempo aproximado de 4 horas/aula.

c) Experimento 3 – tem a finalidade de trabalhar o conceito de

lançamento oblíquo de projéteis. Foi realizado no terceiro sábado

com um tempo aproximado de 6 horas/aula.

Dessa forma, a aplicação do produto educacional (equipamento) foi

realizada em diferentes momentos, buscando atender aos experimentos

citados anteriormente e oferecer ao aluno um instrumento a mais no sentido de

viabilizar a sua aprendizagem. Ao término da aplicação do terceiro

experimento, reaplicou-se o mesmo questionário de sondagem. Dessa forma,

buscou-se comparar o nível de saberes do aluno, antes e após a realização

dos experimentos, identificando a funcionalidade do produto educacional, bem

como a importância da experimentação dentro das aulas de Física. Aplicou-se

ainda um questionário de satisfação para cada aluno participante (Apêndice B).

O equipamento utilizado neste trabalho foi construído com um módulo

arduíno, que é uma placa eletrônica de fácil manuseio desenvolvida como uma

ferramenta para profissionais de artes plásticas e por seu fácil uso e baixo

custo caiu no gosto de pessoas que precisavam desenvolver projetos com

aquisição automática de dados. Seu caráter aberto levou a uma rápida

disseminação com o surgimento de várias placas genéricas a preços muito

acessíveis. Rodrigues e Cunha (2014) explicam que o arduíno é uma interface

eletrônica com um micro controlador programável de 8 bits da série AVR

ATMega da Atmel, com portas de entradas e saídas, digitais e analógicas. Sua

programação baseia-se na linguagem Wiring que lembra a linguagem C ++ e

pode ser feita por meio de um aplicativo próprio o IDE – Integrated

Development Environment (Ambiente Integrado de Desenvolvimento) que por

sua vez baseia-se no Processing.

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43

Cavalcante et al (2011) considera o arduíno como uma plataforma

construída para promover a interação física entre o ambiente e o computador

utilizando dispositivos eletrônicos de forma simples e baseada em softwares e

hardwares livres. Tal plataforma constitui-se de uma placa de circuitos com

entradas e saídas para um micro controlador AVR, um ambiente de

desenvolvimento o bootloader, que já vem gravado no micro controlador. Este

último constitui-se de um microprocessador, memória e periféricos de entrada e

saída e pode ser programado para funções específicas como controle de

máquinas e diferentes automações. Ainda segundo os autores o arduíno tem

se destacado no cenário mundial pela facilidade de programação, versatilidade

e baixo custo.

Figura 08 – Placa com Arduíno

FONTE: Autor (2018)

Martinazzo et al (2014) conclui que a utilização do arduíno, juntamente

com sensores acoplados, possibilita a coleta de dados e de boa qualidade a

partir da utilização de objetos e de conceitos físicos, restando propor que,

didaticamente, o sistema arduíno pode ser utilizado em escolas e

universidades para favorecer o aprendizado do aluno. Para os autores, há

limitações no que diz respeito à precisão de leitura feita pelo sistema arduíno,

no entanto para fins didáticos, pode-se observar que tais detalhes são

irrelevantes diante das possibilidades de aprendizagem tanto do professor

quanto do aluno. Dessa forma é possível pensar em conhecimentos que

poderiam ser alcançados, além dos fenômenos físicos pensados em cada

experimento: corrente elétrica, resistência elétrica, capacitância, tensão

elétrica, processadores, micro controladores e outros.

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44

Capítulo 4

Análise e discussão dos resultados

O primeiro experimento realizado tinha por finalidade trabalhar conceitos

referentes à velocidade média e velocidade instantânea. O roteiro de aula

apresentou inicialmente uma fundamentação teórica que deu ao aluno uma

dimensão do conteúdo que seria trabalhado, ressaltando inclusive as equações

referentes ao mesmo.

O objetivo da atividade foi realizar medidas de velocidade desenvolvidas

por uma partícula que percorre uma trajetória retilínea, a qual se encontra

dotada de sensores de presença e, a partir dos valores obtidos, buscou-se

trabalhar os conceitos relacionados à velocidade.

O material e equipamento utilizado constaram de:

a) Esferas de aço;

b) Sensores de presença;

c) Painel de leitura da passagem da partícula;

d) Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis frontalmente

dispostos (equipamento produzido pelo autor);

e) Trilho guia confeccionado em acrílico.

O procedimento para a realização do experimento foi:

a) Disposição da plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

b) Ajuste do trilho guia na plataforma;

c) Instalação dos sensores na plataforma, e a seguir conectá-los ao

painel de leitura arduino;

d) Inclinação dos planos em um ângulo predefinido;

e) Posicionamento da esfera em uma determinada posição deste plano,

e abandono da mesma;

f) Coletar no painel os dados de tempo medido pelos sensores,

anotando-os em uma Tabela;

g) Anotação das distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

h) Repetição dos procedimentos e, f e g.

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45

A Tabela 01 apresenta os valores coletados no painel “arduíno” pelos

grupos.

Tabela 01 – Valores coletados no painel “arduíno” – Experimento 1

GRUPO EVENTOS Sensor 0 1 2 3 4 5

1

1 T (ms) 0 52 155 209 315 368

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 52 155 207 313 365

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2

1 T (ms) 0 34 102 136 204 238

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 33 101 136 203 238

S (cm) 0 5 15 20 30 35

3

1 T (ms) 0 35 101 135 203 237

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 33 100 135 202 237

S (cm) 0 5 15 20 30 35

4

1 T (ms) 0 29 87 115 174 203

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 30 88 117 175 205

S (cm) 0 5 15 20 30 35

5

1 T (ms) 0 30 87 117 175 205

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 29 87 115 174 203

S (cm) 0 5 15 20 30 35

6

1 T (ms) 0 53 158 212 319 372

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 54 160 214 322 376

S (cm) 0 5 15 20 30 35

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

A partir dos dados coletados os grupos utilizaram os valores para o

preenchimento da Tabela 02, referente à velocidade média.

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46

Tabela 02 – Velocidades médias obtidas a partir do Experimento 1

GRUPO EVENTOS Sensor V1 (0-1) V2 (0-2) V3 (0-3) V4 (0-4) V5 (0-5)

1

1 T (ms) 0,96 0,96 0,95 0,95 0,95

S (cm)

2 T (ms) 0,96 0,96 0,96 1,04 0,95

S (cm)

2

1 T (ms) 1,47 1,47 1,47 1,47 1,47

S (cm)

2 T (ms) 1,51 1,47 1,47 1,47 1,47

S (cm)

3

1 T (ms) 1,42 1,48 1,48 1,48 1,48

S (cm)

2 T (ms) 1,51 1,50 1,48 1,48 1,47

S (cm)

4

1 T (ms) 1,70 1,70 1,70 1,40 1,40

S (cm)

2 T (ms) 1,60 1,70 1,70 1,40 1,40

S (cm)

5

1 T (ms) 1,67 1,72 1,70 1,71 1,70

S (cm)

2 T (ms) 1,72 1,72 1,73 1,72 1,72

S (cm)

6

1 T (ms) 0,94 0,94 0,94 0,94 0,94

S (cm)

2 T (ms) 0,92 0,93 1,38 0,93 0,93

S (cm)

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

A Figura 09 apresenta os alunos preparando o equipamento para as

medições.

Figura 09 – Equipamento sendo montado pelo aluno

FONTE: Autor (2018)

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47

Os grupos ainda realizaram o cálculo da velocidade instantânea de

acordo com o que se apresenta na Tabela 03.

Tabela 03 – Velocidades instantâneas obtidas a partir do Experimento 1

GRUPO EVENTOS Sensor V1 (0-1) V2 (1-2) V3 (2-3) V4 (3-4) V5 (4-5)

1

1 T (ms) 0,96 0,97 0,94 0,94 0,94

S (cm)

2 T (ms) 0,96 0,97 0,96 0,94 0,96

S (cm)

2

1 T (ms) 1,47 1,47 1,47 1,47 1,47

S (cm)

2 T (ms) 1,51 1,47 1,42 1,49 1,42

S (cm)

3

1 T (ms) 1,42 1,51 1,47 1,47 1,47

S (cm)

2 T (ms) 1,51 1,29 1,42 1,49 1,42

S (cm)

4

1 T (ms) - - - - -

S (cm)

2 T (ms) - - - - -

S (cm)

5

1 T (ms) 1,66 1,75 1,66 1,72 1,66

S (cm)

2 T (ms) 1,72 1,72 1,78 1,69 1,72

S (cm)

6

1 T (ms) - - - - -

S (cm)

2 T (ms) - - - - -

S (cm)

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

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A tabela 04 foi construída para apresentar o calculo da velocidade

instantânea a partir dos dados coletados na tabela 03.

Tabela 04 – Cálculo da velocidade instantânea.

GRUPO EVENTOS Sensor 0 1 V (m/s)

2 V (m/s)

3 V (m/s)

4 V m/s)

5 V (m/s)

1

1 T (ms) 0 52 0,96 155 0,97 209 0,96 315 0,95 368 0,95

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 52 0,96 155 0,97 207 0,97 313 0,96 365 0,96

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 1 T (ms) 0 34 1,47 102 1,47 136 1,47 204 1,47 238 1,47

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 33 1,52 101 1,49 136 1,47 203 1,48 238 1,47

S (cm) 0 5 15 20 30 35

3 1 T (ms) 0 35 1,43 101 1,49 135 1,48 203 1,48 237 1,48

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 33 1,52 100 1,5 135 1,48 202 1,49 237 1,48

S (cm) 0 5 15 20 30 35

4 1 T (ms) 0 29 1,72 87 1,72 115 1,74 174 1,72 203 1,72

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 30 1,67 88 1,7 117 1,71 175 1,71 205 1,71

S (cm) 0 5 15 20 30 35

5 1 T (ms) 0 30 1,67 87 1,72 117 1,71 175 1,71 205 1,71

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 29 1,72 87 1,72 115 1,74 174 1,72 203 1,72

S (cm) 0 5 15 20 30 35

6 1 T (ms) 0 53 0,94 158 0,95 212 0,94 319 0,94 372 0,94

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 54 0,93 160 0,94 214 0,93 322 0,93 376 0,93

S (cm) 0 5 15 20 30 35

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

A tabela 05 foi construída para apresentar o calculo da velocidade média

também a partir das informações cedidas pela tabela 03.

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Tabela 05 – Cálculo da velocidade média

GRUPO EVENTOS Sensor 0 1 2 3 4 5 V (m/s)

1

1 T (ms) 0 52 155 209 315 368 0,95

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 52 155 207 313 365 0,96

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2

1 T (ms) 0 34 102 136 204 238 1,47

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 33 101 136 203 238 1,47

S (cm) 0 5 15 20 30 35

3

1 T (ms) 0 35 101 135 203 237 1,48

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 33 100 135 202 237 1,48

S (cm) 0 5 15 20 30 35

4

1 T (ms) 0 29 87 115 174 203 1,72

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 30 88 117 175 205 1,71

S (cm) 0 5 15 20 30 35

5

1 T (ms) 0 30 87 117 175 205 1,71

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 29 87 115 174 203 1,72

S (cm) 0 5 15 20 30 35

6

1 T (ms) 0 53 158 212 319 372 0,94

S (cm) 0 5 15 20 30 35

2 T (ms) 0 54 160 214 322 376 0,93

S (cm) 0 5 15 20 30 35

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

Figura 10 – Tratamento dos dados pelos alunos

FONTE: Autor (2018)

Os grupos realizaram os cálculos e a partir dos resultados apresentados

pode-se observar que:

a) Todos os grupos coletaram valores no painel arduíno;

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50

b) O cálculo da velocidade média foi realizado por todos os grupos;

c) Dois grupos não calcularam a velocidade instantânea conforme

apresentado na Tabela 03.

d) O grupo 1 encontrou valores de velocidade média próximo a

velocidade instantânea, conforme esperado; houve apenas uma falha

no cálculo referente ao cálculo da quarta velocidade, por falha na

utilização numérica;

e) O grupo 2 trabalhou com uma inclinação de 30o para proporcionar o

movimento da esfera e novamente se observa que a velocidade

média é igual ou bem próximo à velocidade instantânea.

f) O grupo 3 apresentou um pequeno erro em relação a velocidade

instantânea no trecho 1-2 onde o cálculo de 1,29 m/s resulta em um

erro no cálculo da variação do tempo, utilizando-se 77 milésimos de

segundo ao invés de 67 milésimos de segundo (100-33 = 67).

g) O grupo 4 não calculou a velocidade instantânea e ainda efetuaram o

cálculo da velocidade média nos trechos V4 e V5 de forma incorreta

por não observar as distâncias entre os sensores para os dois

eventos (verifica-se que utilizaram valores diferentes dos demais

grupos ou seja 25 e 30, respectivamente ao invés de 30 e 35, como

seria correto);

h) O grupo 5 realizou todos os cálculos de forma correta;

i) O grupo 6 não realizou o cálculo da velocidade instantânea como

solicitado.

O segundo experimento tinha por finalidade trabalhar a questão do

lançamento horizontal de projéteis. Inicialmente trabalhou-se com o aluno

aspectos teóricos, inclusive definição dos tipos de movimentos e equações

relacionados aos mesmos.

O objetivo deste experimento foi o de estudar o comportamento dos

parâmetros físicos (alcance horizontal, tempo de queda e velocidade ao tocar o

solo e construção de gráficos) de uma partícula lançada horizontalmente de

uma plataforma plana localizada a um nível de referência em relação ao solo.

O material e o equipamento utilizado nesse experimento foi o seguinte:

a) Esferas metálicas;

b) Trena;

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51

c) Balizador de nível;

d) Folhas de papel carbono;

e) Sensores de presença;

f) Painel de leitura de passagem da partícula arduíno;

g) Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis,

frontalmente dispostos (equipamento produzido pelo autor);

h) Trilho guia confeccionado em acrílico.

O procedimento para a realização constou das seguintes etapas:

a) Disposição da plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

b) Ajustar o trilho guia na plataforma;

c) Instalação dos sensores na plataforma e conectar os mesmos ao

painel de leitura arduíno;

d) Inclinar um dos planos em um ângulo predefinido;

e) Colocar a esfera numa determinada posição do plano e abandonar a

mesma;

f) Coletar no painel os dados de tempo medido pelos sensores,

anotando-os em uma Tabela;

g) Anotar ainda as distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

h) Verificar o ponto onde a esfera toca o solo em relação ao ponto no

qual ela abandona a plataforma de lançamento, tomando-se como

referência o balizador e fixar a folha de carbono;

i) Utilizar a trena e medir a posição do ponto onde a esfera abandonou

a plataforma em relação ao solo;

j) Repetir os procedimentos e, f, g, h e i ao menos duas vezes;

k) Aplicar as equações que regem os tipos de movimentos envolvidos

no processo e tratar os dados obtidos.

Inicialmente apresentam-se na Tabela 06 os valores obtidos pelos

grupos que serviram para o prosseguimento da atividade.

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52

Tabela 06 – Valores medidos no arduíno – Experimento 02

GRUPO EVENTO SENSOR V. Inicial Alcance Altura

4 5 m/s a(cm) h(cm)

1

1 T (ms) 311 364 0,94 32 56,2

S (cm) 30 35

2 T (ms) 312 365 0,94 32 56,2

S (cm) 30 35

2

1 T (ms) 311 364 0,94 32 56,2

S (cm) 30 35

2 T (ms) 312 365 0,94 32 56,2

S (cm) 30 35

3

1 T (ms) 320 374 0,92 30 55,5

S (cm) 30 35

2 T (ms) 319 379 0,9 30 55,5

S (cm) 30 35

4

1 T (ms) 204 238 1,47 32 56,2

S (cm) 30 35

2 T (ms) 203 238 1,47 32 56,2

S (cm) 30 35

5

1 T (ms) 205 240 1,42 30 55,5

S (cm) 30 35

2 T (ms) 205 240 1,42 30,5 55,5

S (cm) 30 35

6

1 T (ms) 203 237 1,47 47,8 55,5

S (cm) 30 35

2 T (ms) 203 238 1,42 47,8 55,5

S (cm) 30 35

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

As Figuras 11 e 12 apresentam a disposição do equipamento para o

experimento 2.

Figura 11 – Colocação da esfera e início do processo de medida

FONTE: Autor (2018)

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53

Figura 12 – Lançamento e coleta de dados no painel arduíno

FONTE: Autor (2018)

Os dados obtidos anteriormente foram utilizados pelos alunos, que

aplicando as equações, calcularam o valor do alcance, da altura e da

velocidade (Vy) com que a esfera toca o solo, cujos resultados são

apresentados na Tabela 07.

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Tabela 07 – Dados resultante da aplicação das equações pelos alunos –

experimento 2

GRUPO EVENTO SENSOR

V. Inicial Alcance Altura Velocidade

4 5 m/s a(cm) h(cm) Vy (m/s)

1

1 T (ms) 311 364 0,94 30,6 56,2 3,4

S (cm) 30 35

2 T (ms) 312 365 0,94 30,6 56,2 3,4

S (cm) 30 35

2

1 T (ms) 311 364 0,94 31,9 56,2 3,4

S (cm) 30 35

2 T (ms) 312 365 0,94 31,9 56,2 3,4

S (cm) 30 35

3

1 T (ms) 320 374 0,92 30 55,5 3,26

S (cm) 30 35

2 T (ms) 319 379 0,9 29,9 55,5 3,29

S (cm) 30 35

4

1 T (ms) 204 238 1,47 47,4 56,2 3,23

S (cm) 30 35

2 T (ms) 203 238 1,47 47,6 56,2 3,24

S (cm) 30 35

5

1 T (ms) 205 240 1,42 47,9 55,5 3,38

S (cm) 30 35

2 T (ms) 205 240 1,42 47,9 55,5 3,38

S (cm) 30 35

6

1 T (ms) 203 237 1,47 47,8 55,5 3,25

S (cm) 30 35

2 T (ms) 203 238 1,42 47,7 55,5 3,34

S (cm) 30 35

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

Conforme se observou nas Tabelas anteriores, o experimento 2 deixou

claro para o aluno que os valores de velocidade encontrados entre os eventos

1 e 2 são próximos e muitas vezes se igualam. Além disso, para um mesmo

ângulo de lançamento os valores de alcance também se aproximam, como se

constata nos valores encontrados para os grupos 1, 2, e 3 que tiveram ângulo

de 15o e para os grupos 4, 5, e 6 cujo ângulo foi de 30o.

O terceiro experimento buscou trabalhar o lançamento oblíquo de

projéteis. Com a mesma metodologia dos experimentos anteriores, apresentou-

se uma fundamentação teórica onde o aluno teve contato com informações

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referentes ao movimento oblíquo e fórmulas utilizadas na direção horizontal e

direção vertical.

O objetivo deste experimento foi o de estudar o comportamento dos

parâmetros físicos (alcance horizontal, tempo de queda, tempo de subida,

tempo de voo, altura máxima e velocidade ao tocar o solo) de uma partícula ao

ser lançada horizontalmente de uma plataforma plana localizada em um nível

de referência em relação ao solo.

Os materiais e equipamentos utilizados foram:

a) Esferas metálicas;

b) Trena;

c) Balizador de nível;

d) Folha de papel carbono;

e) Sensores de presença;

f) Painel de leitura da passagem da partícula arduino;

g) Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis,

frontalmente dispostos (equipamento elaborado pelo autor);

h) Trilho guia confeccionado em acrílico.

A condução do experimento ocorreu da seguinte forma:

a) Disposição da plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

b) Ajustar o trilho guia na plataforma;

c) Instalação de sensores na plataforma e conectar os mesmos ao

painel de leitura arduino;

d) Inclinar os dois planos em ângulos diferentes e predefinidos;

e) Colocar a esfera numa determinar posição do plano e abandonar a

mesma;

f) Coletar no painel os dados de tempo medidos pelos sensores,

anotando em Tabela;

g) Anotar as distâncias percorridas pela esfera durante as passagens

pelos sensores;

h) Verificar o ponto onde a esfera toca o solo em relação ao ponto no

qual ela abandona a plataforma de lançamento, tomando como

referência o balizador, e fixar a folha de carbono;

i) Utilizar a trena e medir a posição do ponto onde a esfera abandona a

plataforma em relação ao solo;

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56

j) Repetir os procedimentos e, f, g, h e i ao menos duas vezes.

k) Com as equações que regem o tipo de movimento envolvido no

processo, o aluno fez o tratamento dos dados obtidos.

Os valores coletados no arduíno e medidos pelos alunos permitiram

confeccionar a Tabela 08.

Tabela 08 – Valores medidos no arduíno – Experimento 03

GRUPO EVENTO SENSOR V. Inicial Alcance Altura Ângulo

4 5 m/s a(cm) h(cm) lançamento

1

1 T (ms) 199 245 1 34,2 75,2 30

S (cm) 30 35

2 T (ms) 201 248 1 34,2 75,2 30

S (cm) 30 35

2

1 T (ms) 195 240 1,1 34,1 75,2 30

S (cm) 30 35

2 T (ms) 197 242 1,1 34,1 75,2 30

S (cm) 30 35

3

1 T (ms) 197 243 1,08 27,1 75,2 30

S (cm) 30 35

2 T (ms) 200 247 1,06 27,2 75,2 30

S (cm) 30 35

4

1 T (ms) 237 286 1,02 33,5 65,3 15

S (cm) 30 35

2 T (ms) 236 285 1,02 33,3 65,2 15

S (cm) 30 35

5

1 T (ms) 245 297 0,96 31,2 65 15

S (cm) 30 35

2 T (ms) 243 295 0,96 31,2 65 15

S (cm) 30 35

6

1 T (ms) 239 291 0,96 31,1 65,2 15

S (cm) 30 35

2 T (ms) 240 291 0,98 31,2 65,2 15

S (cm) 30 35

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

A partir dos dados coletados, apresentados na Tabela 08, os grupos

preencheram a Tabela 09, onde puderam calcular o alcance, a altura

alcançada e identificar a altura máxima atingida.

A Figura 13 ilustra a disposição do equipamento para esse experimento.

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Figura 13 – Disposição do equipamento para o terceiro experimento

FONTE: Autor (2018).

Tabela 09 – Resultados obtidos após a aplicação das equações

GRUPO EVENTO SENSOR

V. Inicial Alcance h alcançado h máximo Ângulo

4 5 m/s a(cm) h(cm) (ha - hm) lançamento

1

1 T (ms) 199 245 1,00 42,60 76,45 1,25 30

S (cm) 30 35

2 T (ms) 201 248 1,00 42,60 76,45 1,25 30

S (cm) 30 35

2

1 T (ms) 195 240 1,10 47,00 76,00 0,80 30

S (cm) 30 35

2 T (ms) 197 242 1,10 47,00 76,00 0,80 30

S (cm) 30 35

3

1 T (ms) 197 243 1,08 79,40 4,20 30

S (cm) 30 35

2 T (ms) 200 247 1,06 76,60 1,40 30

S (cm) 30 35

4

1 T (ms) 237 286 1,02 40,60 65,60 0,30 15

S (cm) 30 35

2 T (ms) 236 285 1,02 34,20 65,50 0,30 15

S (cm) 30 35

5

1 T (ms) 245 297 0,96 37,80 65,31 0,31 15

S (cm) 30 35

2 T (ms) 243 295 0,96 37,80 65,10 0,10 15

S (cm) 30 35

6

1 T (ms) 239 291 0,96 38,70 65,51 0,31 15

S (cm) 30 35

2 T (ms) 240 291 0,98 15

S (cm) 30 35

LEGENDA: T (tempo), ms (milésimo de segundo), S (espaço), cm (centímetro).

FONTE: Autor (2018).

A partir dos resultados apresentados anteriormente pode-se observar:

a) A parte inicial, conforme Tabela08, foi cumprida por todos os grupos.

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b) Os grupos 03 e 06 não chegaram a completar os resultados (Tabela

09).

c) Com ângulo de lançamento de 30o pode-se observar que os valores

de altura alcançados encontram-se próximos, sem muita variação

(76,45 cm e 76,00 cm respectivamente para os grupos 1 e 2);

d) De forma similar, para o ângulo de lançamento de 15o, os grupos 4, 5

e 6 (com preenchimento incompleto) encontraram valores de altura

todos próximos a 65,00 cm.

Os experimentos foram essenciais no sentido de viabilizar aos alunos

participantes uma nova possibilidade de aprendizagem, que leva em

consideração o aluno dentro do processo de construção do saber. A utilização

do equipamento viabilizou ao aluno ter o contato com todos os dados que

muitas vezes são transmitidos de forma teórica, sem uma visão prática. Com o

uso do equipamento e a partir do plano de atividades desenvolvido por meio

dos três experimentos o aluno pode construir conceitos e aplicar na prática no

sentido de trabalhar os conteúdos de uma forma mais motivadora.

Observou-se que a participação dos alunos manteve-se sempre de

forma pontual, onde poucos grupos deixaram de fazer uma ou outra atividade,

onde se deve levar em consideração o fato de se estar trabalhando em um dia

não letivo (sábado), com uma carga horária de mais de quatros horas de

duração e onde a presença do aluno era facultativa. No entanto, mesmo com

alguns grupos não tendo concluído em tempo a realização de algumas

atividades não houve prejuízo em relação aos objetivos gerais e específicos

referentes a este trabalho.

Figura 14 – Coleta do valor do alcance horizontal

FONTE: Autor (2018).

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59

Figura 15 – Tratamento dos dados coletados no painel arduíno

FONTE: Autor (2018).

Conforme se programou dentro da metodologia, aplicou-se um

questionário de sondagem antes da realização dos experimentos, o qual foi

reaplicado após a realização dos experimentos, a fim de identificar se houve

apreensão de saberes a partir do uso da experimentação científica. O

questionário constou de doze perguntas objetivas que trabalharam os conceitos

de velocidade média, velocidade instantânea, lançamento horizontal e

lançamento oblíquo de projéteis. Os resultados foram tabulados e apresentam-

se na Tabela10.

Tabela10 – Resultados do questionário de sondagem

PERGUNTA SONDAGEM INICIAL SONDAGEM FINAL VARIAÇÃO MÉDIA

A B C D E ACERTOS A B C D E ACERTOS

1 1 23 96% 24 100% 4%

2 23 0 1 96% 24 100% 4%

3 13 11 46% 12 12 50% 4%

4 16 8 67% 21 3 88% 21%

5 9 4 11 17% 3 21 88% 71%

6 7 5 12 50% 6 3 15 63% 13%

7 7 6 11 46% 9

15 63% 17%

8 5 2 4 13 54% 6 3 15 63% 8%

9 7 12 5 50% 24 100% 50%

10 7 6 11 46% 6 6 12 50% 4%

11 7 8 9 33% 9 12 3 50% 17%

12 10 1 5 8 33% 3 21 88% 54%

FONTE: Autor (2018).

A partir da Tabela 10 foi possível confeccionar a figura 16.

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60

Figura 16 – Percentual de acertos – antes e após – a realização dos experimentos

FONTE: Autor (2018).

Infere-se a partir dos dados apresentados que a utilização da

experimentação melhorou o processo de apreensão de novos saberes, o que

se justifica pelo fato dos alunos terem melhorado seu índice de acerto em todas

as questões.

Os alunos tiveram que preencher ainda um questionário de avaliação a

fim de identificar o posicionamento dos mesmos acerca do uso do experimento

dentro do processo de ensino de Física (Apêndice B).

A primeira pergunta buscou identificar se o aluno já havia manipulado

equipamento experimental em sala de aula, nesse ponto 50% dos

entrevistados responderam que sim. Conforme se apresentou na metodologia,

o público-alvo do estudo constitui-se de alunos da primeira série do ensino-

médio, muitos dos quais advém de escolas que não possuem laboratórios.

Entretanto, ressalta-se que a Escola em estudo que apresenta dois laboratórios

que contemplam facilmente as turmas.

A questão da realização de experimentos dentro da disciplina de Física é

importante no sentido de levar o aluno ao contato com as situações que muitas

vezes justificam, e dão mais clareza, a alguns conceitos tratados de forma

teórica. Infelizmente a carga horária da disciplina e a formação dos professores

inviabiliza o uso da experimentação e os resultados favoráveis que advém da

96%

96%

46%

67%

17%

50%

46%

54%

50%

46%

33%

33%

100%

100%

50%

88%

88%

63%

63%

63%

100%

50%

50%

88%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Perc

entu

al de a

cert

os

Número da Pergunta

SONDAGEM INICIAL ACERTOS SONDAGEM FINAL ACERTOS

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61

mesma.

O segundo questionamento buscou saber como o entrevistado classifica

as aulas ministradas utilizando a experimentação. Nesse caso, 87%

consideram como ótimo e 13% como boa. Dessa forma, parece haver

unanimidade entre os entrevistados acerca do uso da experimentação dentro

do dia a dia escolar.

A terceira pergunta buscou saber se o uso do experimento facilitou o

aprendizado, onde todos responderam afirmativamente, o que possivelmente

justifica os resultados apresentados na Tabela 07, em que houve aumento nos

acertos do questionário de sondagem aplicado após a realização dos

experimentos.

Buscou-se saber se a aula contribuiu para o desenvolvimento intelectual

do entrevistado, não se restringindo unicamente a questão da memorização.

Nesta questão, 87% responderam sim e 13% responderam não. É importante

identificar que muitos alunos ainda não tem o hábito de realizar experimentos,

numa cultura que se baseia basicamente na transmissão de conhecimentos e

memorização dos mesmos. Acredita-se que, a utilização de planos de ensino

como o apresentado neste trabalho tenham efeito positivo em relação não

apenas a apresentar equações, mas fazer o aluno compreender o porquê da

existência dessas equações e de onde as mesmas se originam.

Questionou-se se a interação com o professor e com outros alunos foi

facilitada pelo uso do experimento e 87% dos entrevistados afirmam que sim, e

outros 13% consideram que não. O fato de ter-se dividido o trabalho em

grupos, viabilizou uma interação entre os próprios alunos e a questão de se

realizar o trabalho em um dia extraclasse demonstra o interesse do aluno e a

própria interação do mesmo com o professor. O uso do experimento pode

viabilizar uma maior interação, mas depende de outros fatores que estarão

relacionados à própria motivação do aluno em aprender.

A sexta pergunta buscou saber se a experimentação ajudou o professor

a explicar com mais clareza o conteúdo proposto, onde todos os entrevistados

responderam de forma afirmativa. Tal fato repetiu-se quando se questionou os

entrevistados em relação a sua motivação em relação ao conteúdo ministrado,

em que todos responderam de forma afirmativa.

Apresentam-se então alguns relatos dos entrevistados em relação à aula

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e como a mesma facilitou a sua aprendizagem.

O entrevistado 6 escreveu:

“A aula ajudou a dar aos alunos e, a mim a percepção da participação do MRU e MRUV na composição do movimento com suas respectivas trajetórias”

O entrevistado 9 também relacionou a experimentação a questão do

conteúdo quando afirma:

“A aula facilitou minha aprendizagem, porque eu pude ver o movimento pessoalmente e calcular a velocidade dele, o tempo que levou para tocar o chão, etc. Isso me instigou a querer saber mais sobre o assunto”

De forma semelhante, o entrevistado 12 também conseguiu extrair da

experimentação a noção do conteúdo, ao citar:

“A aula facilitou o meu aprendizado em cinemática e o movimento uniforme variado, porque os experimentos trouxeram uma interação mais suave com o assunto proposto, e não ficou nessa de ficar preso ao conteúdo trivial que é só quadro e explicação”

Importante a colocação anterior, onde o entrevistado consegue observar

a diferença entre o conteúdo teórico e o conteúdo apresentado sob a forma de

experimentos. O entrevistado 13 esclarece que a aula:

“Mostrou a aplicação do conteúdo da melhor forma, facilitando a aprendizagem sem memorização e com menos dificuldade”.

A afirmação anterior esclarece a importância da experimentação no

sentido de facilitar a aprendizagem, reduzindo a chamada memorização, onde

o aluno apenas memoriza conteúdos, sem relacionar os mesmos a sua vida e

do meio que o cerca. O entrevistado 16 também respondeu de forma

semelhante:

“Facilitou, me envolveu mais, é muito melhor do que ficar sentado e ver o professor explicar você interagindo facilita muito mais, você aprende”.

O entrevistado 21 também apresentou a importância do experimento no

sentido de melhorar a interação com o professor:

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“A experimentação ministrada em sala de aula facilitou a aprendizagem, porque nos leva a prestar mais atenção nas aulas. Facilitou também à interação com o professor”.

E, é importante apresentar a visão do entrevistado 15 que conseguiu

identificar a importância do equipamento dentro do processo de ensino

utilizando a experimentação:

“A utilização do experimento contribuiu para a aprendizagem, pois em um só equipamento, podem-se abordar três maneiras e na prática se desenvolve melhor, colocando mais atenção ao que se está fazendo”.

A partir do que fora apresentado pode-se observar que os entrevistados

aprovaram a utilização da experimentação dentro da aula de Física

destacando-se que tal atitude melhora o processo de ensino e aprendizagem,

permite ao aluno interagir com outros alunos e com o professor, viabiliza que o

aluno identifique situações que muitas vezes não são apresentadas na aula

teórica, observe o motivo de se utilizar algumas equações e associe conceitos

teóricos a situações práticas, de forma que não haja uma mera memorização,

mas a construção de um processo de aprendizagem onde o aluno reconheça a

importância do conteúdo, porque soube como significá-lo e como inferir

relações a partir dele.

Realizou-se também a determinação da variância e desvio padrão em

relação a dois eventos, com diferentes de ângulos de inclinação, referente ao

experimento 01, de forma a identificar o grau de confiabilidade do equipamento.

Tais resultados encontram-se tabela 11.

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Tabela 11 – Aferição da confiabilidade do equipamento

Evento ângulo = 15 Grupo 1

1 sensor 0 sensor 1 sensor 2 sensor 3 sensor 4 sensor 5

tempo(ms) 0 52 155 209 315 368

espaço(cm) 0 5 15 20 30 35

velocidade(m/s) 0,96 0,96 0,96 0,95 0,95

Variancia 4,69746E-05

Desvio Padrão 0,0069

Evento ângulo = 15

2 sensor 0 sensor 1 sensor 2 sensor 3 sensor 4 sensor 5

tempo(ms) 0 52 155 207 313 365

espaço(cm) 0 5 15 20 30 35

velocidade(m/s) 0,96 0,97 0,97 0,96 0,96

Variancia 1,77872E-05

Desvio Padrão 0,0042

Evento ângulo = 30 Grupo 3

1 sensor 0 sensor 1 sensor 2 sensor 3 sensor 4 sensor 5

tempo(ms) 0 33 101 136 203 238

espaço(cm) 0 5 15 20 30 35

velocidade(m/s) 1,51 1,49 1,47 1,48 1,47

Variancia 0,000342357

Desvio Padrão 0,018

Evento ângulo = 30

2 sensor 0 sensor 1 sensor 2 sensor 3 sensor 4 sensor 5

tempo(ms) 0 34 102 136 204 238

espaço(cm) 0 5 15 20 30 35

velocidade(m/s) 1,47 1,47 1,47 1,47 1,47

Variancia 0

Desvio Padrão 0

Evento ângulo = 45 Grupo 4

1 sensor 0 sensor 1 sensor 2 sensor 3 sensor 4 sensor 5

tempo(ms) 0 29 87 115 174 203

espaço(cm) 0 5 15 20 30 35

velocidade(m/s) 1,72 1,72 1,74 1,72 1,72

Variancia 4,4955E-05

Desvio Padrão 0,0067

Evento ângulo = 45

2 sensor 0 sensor 1 sensor 2 sensor 3 sensor 4 sensor 5

tempo(ms) 0 30 88 117 175 205

espaço(cm) 0 5 15 20 30 35

velocidade(m/s) 1,67 1,70 1,71 1,71 1,71

Variancia 0,00036

Desvio Padrão 0,019

FONTE: Autor (2018).

Observa-se que os valores de variância e desvio padrão apresentam

valores aceitáveis, na ordem de 10-3.

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65

Capítulo 5

Considerações Finais

O ensino de Física, bem como de outras disciplinas da grade curricular

muitas vezes apresenta dificuldades, entre as quais se podem destacar

questões referentes aos livros didáticos, à falta de laboratórios para realização

de aulas práticas, a falta de uso de laboratórios de informática, a carga horária

dispensada à matéria, a formação do professor que muitas vezes o afasta das

atividades práticas. São situações que via de regra dificultam o processo de

ensino e desmotivam o aluno à aprendizagem.

Este trabalho surgiu da necessidade de se determinar a importância da

experimentação dentro do processo de ensino da Física. Para realizar o

experimento utilizou-se um equipamento elaborado pelo próprio autor, que tem

a finalidade de trabalhar específicamente conceitos na área de cinemática,

ajustando-se perfeitamente à primeira série do Ensino Médio.

Diante de todo o material apresentado neste trabalho pode-se concluir

que o objetivo geral foi atingido, visto que se utilizou uma abordagem dialética

pedagógica formulando experimentos físicos, do conteúdo da primeira série do

ensino médio, onde muitos alunos apresentam dificuldades de entendimento,

principalmente por ainda vir do ensino fundamental, onde a Física geralmente é

apresentada apenas na última série e ainda assim dividindo espaço com a

Química.

Observa-se, também, que os objetivos específicos foram atingidos, visto

que:

a) Trabalharam-se os conteúdos de cinemática que podem gerar muita

dificuldade ao aluno, porque envolvem conceitos associados a

experimentos práticos;

b) Criou-se um equipamento e se aplicou experimentos que viabilizaram

auxiliar no aprendizado e visualização do conteúdo;

c) Aplicou-se um questionário de sondagem, antes e após os

experimentos, de forma a identificar o grau de apropriação do saber

pelos alunos;

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66

d) Identificou-se o grau de satisfação dos alunos por meio da aplicação

de questionário específico.

Deve-se frisar que a Escola objeto de estudo difere de outras escolas da

rede estadual e até mesmo particular, por ser em tempo integral. Nas escolas

com essas características os alunos ingressam na primeira série do ensino

médio, tem uma carga horária ampliada e possibilita-se o contato com

atividades práticas e de formação social, que viabilizam não apenas o processo

de assimilação de conteúdos, mas da própria formação do cidadão.

A Escola de Referência apresenta uma carga horária de três aulas da

disciplina de Física, mais uma aula específica de laboratório, enquanto o

ensino regular tradicional apresenta apenas duas aulas de Física. Ainda

nessas condições, muitas vezes faltam recursos nos laboratórios para o

desenvolvimento das atividades. Os alunos recebem do Governo praticamente

todos os livros didáticos, não tendo despesas com aquisição de material

escolar, fardamento (todos doados pelo Governo) e têm livre acesso à prática

de esporte, laboratórios e atividades lúdicas, recreativas e profissionalizantes.

O autor deste trabalho ao criar o equipamento, vislumbrou a

possibilidade de trabalhar conceitos de cinemática, o primeiro dos conteúdos

que o aluno tem contato quando começa a cursar a disciplina. Dentro da

cinemática buscou-se trabalhar a questão da velocidade média, velocidade

instantânea, lançamento oblíquo e horizontal de projéteis. O equipamento

idealizado viabiliza a aplicação nesses e em outros conteúdos, e permite a

possibilidade do aluno interagir no processo de construção do conhecimento.

Os experimentos realizados em horários extraclasse deixam claro a

motivação dos alunos em relação à aprendizagem, visto que as práticas

realizavam-se aos sábados, sempre com carga horária superior a duas horas

de duração. Os alunos escolhidos tiveram a oportunidade de aprender na

prática a partir de um conjunto de situações-problemas idealizadas pelo autor,

tendo que associar conceitos, preencher Tabelas, utilizar fórmulas, enfim

construir o conhecimento a partir da realização prática do experimento.

Foi possível identificar que houve aprendizagem, onde de doze

perguntas aplicadas por meio de questionário de sondagem, em dez dessas

perguntas os alunos aumentaram o percentual de acertos, demonstrando

melhoria na aprendizagem, após a realização dos experimentos.

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67

Outrossim, o questionário de avaliação deixou claro que os alunos

compreendem a importância das atividades práticas dentro da disciplina, onde

a mesma motiva-os a aprendizagem, permite a interação com outros alunos,

facilitam o contato com o professor que fica mais próximo dos mesmos, permite

associar conteúdos à situações que estão ocorrendo na sua frente, identificam

outras possibilidades e trabalham com situações diversas, muitas das quais

não são trabalhadas em sala de aula.

É lógico que o uso de experimentos não pode, e não deve ser o único

diferencial dentro do processo de ensino. É preciso saber como utilizar os

experimentos enquanto recurso didático em sala de aula. Devem-se definir

previamente os critérios orientadores da pedagogia direcionada para as

atividades experimentais, assim não é apenas realizar o experimento, mas o

utilizar dentro de uma concepção, com um determinado objetivo e

principalmente com a segurança necessária a respeito do que está sendo

trabalhado, das situações que podem surgir e de como auxiliar o aluno no

processo de construção do seu conhecimento.

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Apêndice A

Questionário de sondagem

Questionário de Sondagem 1- Quando um móvel percorre distâncias iguais em tempos iguais, podemos afirmar que: a) Este móvel apresenta um movimento no qual sua velocidade está variando; b) Este móvel apresenta um movimento no qual sua velocidade permanece constante. 2- Para se calcular a velocidade média de um móvel em MRU, devemos conhecer: a) A distância total percorrida pelo móvel e o tempo total gasto no percurso; b) Apenas o tempo gasto no percurso; c) Apenas a distância total percorrida. 3- Para determinarmos a velocidade instantânea de um móvel, devemos: a) considerar espaços cada vez menores nos deslocamentos em relação ao tempo de percurso; b) considerar que o tempo em determinado deslocamento se aproxima do zero. 4- A velocidade média de um móvel, em um determinado trajeto, nos dá: a) uma visão geral do movimento do móvel; b) a capacidade de saber quantas vezes o móvel se manteve parado durante o trajeto. 5- Quando uma esfera é lançada horizontalmente, com uma dada velocidade v0

de um ponto próximo à superfície da Terra. Podemos afirmar que: a) Sua trajetória será uma reta vertical descendente; b) Sua trajetória será uma curva conhecida como parábola; c) A esfera seguirá horizontalmente ao solo até parar e cair verticalmente. 6- Ao abandonar a superfície de lançamento com certa velocidade v0, a esfera fica animada com: a) Um MRU seguindo na trajetória horizontal; b) Um MRUV seguindo uma trajetória vertical; c) Uma composição destes dois movimentos e suas respectivas trajetórias. 7- As equações que regem o estudo do lançamento horizontal de uma esfera são: a) As mesmas usadas para estudar o MRU, exclusivamente; b) As mesmas usadas para estudar a queda livre dos corpos, exclusivamente; c) As equações estudadas em ambos os movimentos.

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8- No lançamento oblíquo de projéteis, a distância máxima alcançada depende: a) Tempo de voo do projétil; b) Da altura máxima alcançada pelo projétil; c) Da velocidade inicial de lançamento; d) Do ângulo de lançamento; e) Do ângulo de lançamento e da velocidade inicial de lançamento. 9- Quando o projétil alcança sua altura máxima, a sua velocidade: a) Será máxima; b) Será nula; c) Será a metade da velocidade inicial. 10- Ao tomarmos dois pontos da trajetória que estejam no mesmo nível em relação a horizontal, os módulos das velocidades do projétil nesses pontos serão: a) Diferentes e, maior no ponto de descida da trajetória; b) Diferentes e, menor no ponto de descida da trajetória; c) Iguais nos dois pontos. 11- Após um ataque frustrado do time adversário, o goleiro se prepara para lançar a bola e armar um contra ataque. Para dificultar a recuperação da defesa adversária, a bola deve chegar aos pés de um atacante no menor tempo possível. O goleiro vai chutar a bola, imprimindo sempre a mesma velocidade, e deve controlar apenas o ângulo de lançamento. A Figura mostra as duas trajetórias possíveis da bola num certo momento da partida.

Assinale a alternativa que expressa se é possível ou não determinar qual destes dois jogadores receberia bola no menor tempo. Despreze o efeito da resistência do ar. a) Sim, é possível, e o jogador mais próximo receberia a bola no menor tempo. b) Sim, é possível, e o jogador mais distante receberia a bola no menor tempo. c) Os dois jogadores receberiam a bola em tempos iguais. 12- Um aluno do EREM em uma partida de futebol lança uma bola para cima, numa direção que forma um ângulo de 60° com a horizontal.

Sabendo que a velocidade na altura máxima é 20 m/s na direção horizontal, podemos afirmar que a velocidade de lançamento da bola, em m/s, será: a) 10 b) 17 c) 20 d) 30 e) 40

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Apêndice B

Questionário de avaliação da satisfação do aluno

AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DO ALUNO Este questionário tem por finalidade avaliar o nível de satisfação dos alunos participantes das aulas ministradas utilizando um equipamento experimental. Além de colher informações sobre o desempenho e aceitação destes em relação a essa metodologia no ensino/aprendizagem da cinemática nas séries iniciais do ensino médio na EREM na cidade de Petrolina-Pe. LEGENDA: 1- INSUFICIENTE 2- REGULAR 3- BOM 4- ÓTIMO 1- Você já havia manipulado equipamento experimental em sala de aula? ( ) SIM ( ) NÃO 2- Como você classificaria as aulas ministradas utilizando a experimentação? ( ) INSUFICIENTE ( ) REGULAR ( ) BOM ( ) ÓTIMO 3- A utilização do experimento facilitou seu aprendizado? ( ) SIM ( ) NÃO 4- A aula contribuiu para seu desenvolvimento intelectual, não se restringindo à memorização? ( ) SIM ( ) NÃO

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5- A utilização de experimento facilitou a interação com o professor e com os outros alunos? ( ) SIM ( ) NÃO 6- A experimentação ajudou o professor a explicar com mais clareza o conteúdo proposto? ( ) SIM ( ) NÃO 7- Você se sentiu motivado a aprender o conteúdo ministrado? ( ) SIM ( ) NÃO 8- Faça um breve relato de como a aula facilitou a sua aprendizagem. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Apêndice C

Produto final

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO– UNIVASF PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

A EXPERIMENTAÇÃO EM CINEMÁTICA COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM DA FÍSICA NO ENSINO MÉDIO

José Gregório de Souza Neto

Material instrucional associado à Dissertação de Mestrado de José Gregório de Souza Neto, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientador: Dr. José Américo de Sousa Moura.

Juazeiro – BA Fevereiro de 2018

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Introdução

Após alguns anos de experiência no ensino de Física na rede estadual

de ensino de Pernambuco foi verificada certa deficiência de aprendizagem dos

alunos que ingressavam na 1ª série do ensino médio, refletindo-se nos

indicadores de resultado nas unidades letivas do ano. Os alunos muitas vezes

associavam a disciplina de Física a pura aplicação de fórmulas. Não entendiam

os conceitos, não percebiam que disciplina estudava fenômenos que estavam

presente em seu cotidiano e, que eles faziam parte daquilo que estava sendo

ensinado.

Diante dessa problemática, o autor, pensando numa maneira de facilitar

o ensino e motivar o estudante ao aprendizado desenvolveu um equipamento

que proporcionaria o ensino experimental de alguns conteúdos de Física na

área de Cinemática que é, justamente a primeira área de conhecimento da

física a qual esses alunos tem contato.

O equipamento consiste em uma base plana, confeccionada em MDF,

dotada de dois planos articuláveis em ângulos previamente definidos e

frontalmente dispostos. A estrutura apresenta um corredor limitado por paredes

frontais e separadas por um espaço onde é colocado um trilho confeccionado

em acrílico, por onde passará uma esfera metálica.

Em um dos planos, nas suas paredes frontais, são instalados sensores

de presença espaçadamente colocados e com conexões através de cabinhos a

um dispositivo eletrônico desenvolvido em arduino que mostrará em um visor

as leituras dos respectivos tempos de passagem da esfera por cada sensor.

Com esse dispositivo, é possível trabalhar alguns conteúdos de física,

tais como:

Velocidade média e Velocidade Instantânea;

Lançamento Horizontal de Projéteis e;

Lançamento Oblíquo de Projéteis.

Abaixo são mostradas fotos mostrando a evolução do equipamento

desde a sua ideia inicial até o seu estado atual de desenvolvimento.

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80

Figura 01 – Disposição do equipamento aberto

FONTE: Autor (2018).

Figura 02 – Montagem do equipamento e instalação do arduíno

FONTE: Autor (2018).

Figura 03 – Equipamento aberto pronto para a relação do experimento 3

FONTE: Autor (2018).

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81

Figura 04 – Preparação do equipamento para o experimento 3

FONTE: Autor (2018).

Roteiro para utilização do equipamento nas aulas de

Cinemática

Inicialmente, o professor deve dividir a turma em grupos a fim de realizar

os experimentos e permitir a participação de todos na condução dos

experimentos. É importante identificar o conhecimento prévio do aluno e ir

apresentando os experimentos de acordo com o nível onde o aluno se encontra

em relação aos conteúdos da disciplina.

O uso do equipamento permite realizar diferentes experimentos dentro

da cinemática, apresentam-se algumas a seguir:

Experimento 1- Velocidade Média e Velocidade Instantânea

a) Fundamentação Teórica

Para definirmos a rapidez com que um móvel, muda sua posição num

determinado intervalo de tempo num dado trajeto, usamos uma grandeza

denominada de velocidade escalar média. A medida dessa grandeza é dada

pela razão entre o espaço total percorrido durante o trajeto e o tempo gasto

para realizá-lo.

Entende-se por velocidade escalar média a velocidade única que o móvel

deveria manter ao longo de todo o trajeto percorrido. Para o cálculo dessa

grandeza devemos conhecer:

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a) A posição e o instante em que iniciamos o estudo do movimento do móvel.

b) A posição e o instante em que finalizamos o estudo do movimento do móvel.

Matematicamente a velocidade escalar média é expressa pela equação:

Onde:

ΔS = Sf – S0

Δt = tf – t0

Quando estamos interessados em saber a velocidade do móvel em uma

determinada posição da trajetória, calculamos a velocidade em relação ao

instante de tempo no qual o móvel está ocupando aquela posição. Neste caso,

estaremos calculando a velocidade denominada instantânea. A velocidade

instantânea é dada pela expressão:

b) Objetivo

Realizar medidas das velocidades desenvolvidas por uma partícula que

percorre uma trajetória retilínea dotada de sensores de presença e, a partir dos

valores obtidos, entender os conceitos relacionados velocidade.

c) Materiais e Equipamento

Esferas de aço;

Sensores de presença;

Painel de leitura de passagem da partícula arduino;

Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis frontalmente

dispostos;

Trilho guia confeccionado em acrílico;

d) Procedimento

1. Dispõe-se a plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

2. Ajusta o trilho guia na plataforma;

3. Instala os sensores na plataforma e conecta-os ao painel de leitura

arduino;

4. Inclina-se um dos planos em um ângulo predefinido;

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5. Posiciona a esfera numa determinada posição deste plano e a

abandona.

6. Coleta no painel os dados o tempo medido pelos sensores, anota-os em

uma Tabela;

7. Anota-se também, as distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

8. Repete-se os procedimentos 5, 6, e 7 pelo menos duas vezes;

9. Com as equações de velocidade média estudadas em cinemática, faz-se

o tratamento dos dados.

e) Tabelas associadas ao experimento

Tabela 1: Valores coletados do painel arduino.

Eventos Sensor 0 1 2 3 4 5

1 t (ms) 0

S (cm) 0

2 t (ms) 0

S (cm) 0

3 t (ms) 0

S (cm) 0

4 t (ms) 0

S (cm) 0

5 t (ms) 0

S (cm) 0

Tabela 2: Velocidade Média. (Evento: __ )

Tabela 2: Velocidade Média. (Evento: __ )

Sensor 0 1 V1 0 2 V2 0 3 V3 0 4 V4 0 5 V5

t(ms)

S(cm)

Sensor 0 1 V1 0 2 V2 0 3 V3 0 4 V4 0 5 V5

t(ms)

S(cm)

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Tabela 3: Velocidade Instantânea. (Evento: __ )

Tabela 3: Velocidade Instantânea. (Evento: __ )

Escolha um dos eventos e construa o gráfico Sxt,calculando a velocidade média.

Experimento 2- lançamento horizontal de projéteis

a) Fundamentação Teórica

Um corpo lançado com certa velocidade horizontal V0, em um plano próximo à

superfície da Terra, ao abandoná-lo, descreve uma trajetória conforme Figura

01.

Figura 01 – Lançamento horizontal de projéteis

FONTE: BONJORNO et al (1993).

Na Figura 01 vê-se que, durante a sua queda, a partícula descreve uma

trajetória parabólica até atingir o solo. Verificamos então, que para que essa

partícula descreva tal trajetória ela deve estar animada por dois tipos de

movimentos.

i) Movimento Horizontal apresentando velocidade constante e igual a que a

partícula apresentava ao abandonar o plano. (Movimento Retilíneo e Uniforme)

ii) Movimento Vertical apresentando uma aceleração para baixo igual à da

gravidade local. (Queda Livre – Movimento Uniformemente Variado)

Sensor 0 1 V1 1 2 V2 2 3 V3 3 4 V4 4 5 V5

t(ms)

S(cm)

Sensor 0 1 V1 1 2 V2 2 3 V3 3 4 V4 4 5 V5

t(ms)

S(cm)

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Ao analisarmos cada tipo de movimento isoladamente, podemos definir as

equações que regem o movimento. A partir dai percebemos que o lançamento

horizontal é uma composição desses dois tipos de movimento.

Se tomarmos um ponto qualquer da trajetória descrita pela partícula, conforme

Figura 02.

Figura 02 – Determinação da velocidade da partícula em um ponto qualquer da trajetória

FONTE: BONJORNO et al (1993).

Verificamos que a velocidade da partícula nesse ponto, é a composição entre a

velocidade horizontal e a velocidade na vertical.

Definição das equações que regem o movimento:

a) Eixo Horizontal: Movimento Retilíneo e Uniforme.

Vx = V0

X = X0 + Vx. t

b)Eixo Vertical: Movimento Retilíneo Uniformemente Variado.

V0y = 0

y = y0 + V0y.t + g.t2/2

Vy = V0y + g.t

V2 = Vx2 + Vy

2

De posse das equações podemos obter:

i) Tempo que a partícula leva para atingir o solo (tempo de queda: tq);

ii) distância do ponto onde a partícula toca o solo em relação ao ponto que

abandonou a superfície de lançamento (alcance horizontal : A);

iii) Velocidade com que a partícula toca o solo (Vy);

iv) Os gráficos de x e y em função do tempo;

x = Vx.t

y = g.t2/2

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v) os gráficos das componentes Vx e Vy em função do tempo.

b) Objetivo

Estudar o comportamento dos parâmetros físicos (alcance horizontal, tempo de

queda e velocidade quando toca o solo)de uma partícula ao ser lançada

horizontalmente de uma plataforma plana localizada a um nível de referência

em relação ao solo.

c) Material e Equipamento:

Esferas metálicas;

Trena;

Balizador de nível;

Folha de papel carbono;

Sensores de presença;

Painel de leitura de passagem da partícula arduino;

Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis frontalmente

dispostos;

Trilho guia confeccionado em acrílico.

d) Procedimento

1. Disponha a plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

2. Ajuste o trilho guia na plataforma;

3. Instale os sensores na plataforma e conecta-os ao painel de leitura

arduino;

4. Incline um dos planos em um ângulo predefinido;

5. Coloque a esfera numa determinada posição deste plano e a abandona.

6. Colete no painel os dados de tempo medido pelos sensores, anota-os

em na Tabela 1;

7. Anote também, as distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

8. Verifique o ponto onde a esfera toca o solo em relação ao ponto no qual

ela abandona a plataforma de lançamento, tomando como referência o

balizador, e fixa a folha de carbono;

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9. Com a trena faça a medida da posição do ponto onde a esfera

abandona a plataforma em relação ao solo;

10. Repita os procedimentos 5, 6, 7, 8 e 9 pelo menos duas vezes;

11. Com as equações que regem os tipos de movimentos envolvidos no

processo, faça o tratamento dos dados obtidos.

e) Tabelas associadas ao experimento

Tabela1: Valores coletados do sensor arduino e medições feitas pelos alunos.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade Inicial: V0 (m/s) Alcance: a

(cm)

Altura: h

(cm)

1 t(ms)

S(cm)

2 t(ms)

S(cm)

3 t(ms)

S(cm)

4 t(ms)

S(cm)

5 t(ms)

S(cm)

Tabela 2: Dados resultantes da aplicação das equações pelos alunos.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade: V(m/s)

t(ms)

S(cm)

t(ms)

S(cm)2

Velocidade: Vy (m/s)

1

Alcance: a(cm) Altura: h(cm)

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Experimento 3- lançamento Oblíquo de projéteis

a) Fundamentação Teórica

Em muitos esportes, em guerras e em algumas situações do cotidiano esse

tipo de movimento está presente. O movimento oblíquo consiste em lançar uma

partícula, a partir de uma superfície plana, com uma dada velocidade V0

fazendo um determinado ângulo θ em relação ao plano horizontal. Conforme

Figura 03.

Figura 03 – Lançamento obliquo de projéteis

FONTE: BONJORNO et al (1993).

V0x = V0. cos θ

V0y = V0. sen θ

sen 2θ = sen θ . cos θ

Nesse movimento a partícula se desloca para frente e de forma ascendente até

atingir a altura máxima. Continuando a se mover para frente, porém de forma

descendente, até atingir o solo em um ponto distante do local de onde foi

lançada. Para um observador externo a partícula descreve, no espaço, uma

trajetória parabólica.

Ao analisarmos a Figura 04, verifica-se que, assim como no lançamento

Horizontal, a partícula apresenta dois tipos de movimentos independentes entre

si. Logo podem ser estudados pelo princípio definido por Galileu.

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Figura 04 – Composição de movimentos

FONTE: BONJORNO et al (1993).

À medida que a partícula sobe, a componente vertical da velocidade Vy tem seu

módulo diminuído até se anular no vértice da parábola (Vy =0). Daí em diante a

partícula desce e o módulo de Vy vai aumentando até tocar o solo.

Em quaisquer dois pontos da trajetória que estejam no mesmo nível em relação

a horizontal a partícula apresentará a mesma velocidade, em módulo.

Observamos que a partícula se desloca numa trajetória horizontal e ao mesmo

tempo numa trajetória vertical, independentes. Portanto, iniciamos o estudo do

movimento separando em duas direções:

a) Direção Horizontal:

Nessa direção a partícula se desloca com movimento retilíneo e uniforme,

obedecendo às equações:

a = a0 + V0x.t

a = a0 + (V0 cos θ) t

b) Direção Vertical:

Nessa direção a partícula se desloca com movimento retilíneo uniformemente

variado, obedecendo às equações:

Y = Y0 + V0y.t – gt2/2

Vy = V0y – gt

Vy = V0 sen θ - gt

Vy2 = V0y

2 – 2gΔY

V2 = Vx2 + Vy

2

De posse das equações, podemos obter:

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i) O tempo que a partícula levou até alcançar a altura máxima (tempo de

subida: ts);

ii) O tempo que a partícula permaneceu no ar (tempo de voo: tv);

iii) A distância do ponto onde a partícula toca o solo em relação ao ponto de

lançamento (alcance horizontal: a);

iv) A altura máxima atingida pela partícula (hmáx);

v) O alcance máximo (amáx).

b) Objetivo

Estudar o comportamento dos parâmetros físicos (alcance horizontal, tempo de

queda, tempo de subida, tempo de voo, altura máxima e velocidade quando

toca o solo) de uma partícula ao ser lançada horizontalmente de uma

plataforma plana localizada a um nível de referência em relação ao solo.

c) Material e Equipamento

Esferas metálicas;

Trena;

Balizador de nível;

Folha de papel carbono;

Sensores de presença;

Painel de leitura de passagem da partícula arduino;

Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis frontalmente

dispostos;

Trilho guia confeccionado em acrílico.

d) Procedimento

1. Disponha a plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

2. Ajuste o trilho guia na plataforma;

3. Instale os sensores na plataforma e conecta-os ao painel de leitura

arduino;

4. Incline os dois planos em uns ângulos diferentes e predefinido;

5. Coloque a esfera numa determinada posição deste plano e a abandona.

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6. Colete no painel os dados de tempo medido pelos sensores, anota-os

em uma Tabela 1;

7. Anote também, as distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

8. Verifique o ponto onde a esfera toca o solo em relação ao ponto no qual

ela abandona a plataforma de lançamento, tomando como referência o

balizador, e fixar a folha de carbono;

9. Com a trena faça a medida da posição do ponto onde a esfera

abandona a plataforma em relação ao solo;

10. Repita os procedimentos 5, 6, 7, 8 e 9 pelo menos duas vezes;

11. Com as equações que regem os tipos de movimentos envolvidos no

processo, faça o tratamento dos dados obtidos.

e) Tabelas associadas ao experimento

Tabela 1: Valores coletados no arduino e medidos pelos alunos.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade Inicial:

V0 (m/s)

Alcance:

a (cm)

Altura:

h(cm)

Ângulo de

Lançamento: θ

1 t(ms)

S(cm)

2 t(ms)

S(cm)

3 t(ms)

S(cm)

4 t(ms)

S(cm)

5 t(ms)

S(cm)

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Tabela 2: Dados resultantes da aplicação das equações pelos alunos.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade: V0(m/s)

t(ms)

S(cm)

t(ms)

S(cm)

ângulo de Lançamento: θ =

2

Altura máx: (ha - hm)

1

Alcance: a(cm) Altura: h(cm) alcançada

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Anexo A – Plantas do equipamento

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Anexo B – Placas do Arduíno

Placa Botões

Placa Principal

Placa sensores

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Painel montado

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Anexo C – Código do Arduíno

/*

05-Feb-17 12:38:34 AM

Raniery

*/

#include <Wire.h>

#include <LiquidCrystal_I2C.h>

#include <SPI.h>

#include <SD.h>

#define button0 A0

#define button1 A1

#define sd_cs_pin 2

LiquidCrystal_I2C lcd(0x27, 2, 1, 0, 4, 5, 6, 7, 3, POSITIVE); // Inicializa o LCD

boolean ir_status[6];

const int chipSelect = 2; //Pino do Cartao de Memoria

int num_ir = 6; //Numero de sensores infravermelhos

int ir_pin[6] = {3, 4, 5, 6, 7, 8};

unsigned long ir_time[6];

unsigned long ir_delta_t[6];

unsigned long last_debounce0 = 0;

unsigned long last_debounce1 = 0;

int apertos = 0;

void setup() {

Serial.begin(9600);

SD.begin(sd_cs_pin); //Inicializa o cartao SD

lcd.begin(20, 4); // Define o LCD com 20 colunas e 4 linhas

lcd.clear();

lcd.setBacklight(HIGH); //Backlight do display ligada

pinMode(button0, INPUT_PULLUP);

pinMode(button1, INPUT_PULLUP);

for (int i = 0; i < num_ir; i++)

{

pinMode(ir_pin[i], INPUT);

ir_status[i] = 0;

}

irRead(); //Inicia esperando a passagem do objeto para executar a leitura

dos tempos

}

void loop()

{

checkButton();

}

void irRead()

{

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lcd.clear(); //Limpa display

displayData(5, 1, "Aguardando"); //Posicao 5 linha 1

displayData(1, 2, "Passagem do Objeto");

for (int i = 0; i < num_ir; i++)

{

while (ir_status[i] == 0)

{

ir_status[i] = digitalRead(ir_pin[i]);

}

ir_time[i] = millis();

ir_status[i] = !ir_status[i];

Serial.println("Sensor " + String (i) + " " + String(ir_time[i]));

}

sensorPrint(0, 3); //Imprimi primeira tela com três sensores

}

void sensorPrint(int initial_ir, int final_ir) //Disponibiliza dados a serem mostrados no

display

{

lcd.clear();

displayData(0, 0, "Tempos Medidos em ms");

int cont = 0;

for (int i = initial_ir; i < final_ir; i++)

{

cont++;

String str = "Sensor " + String(i) + ": " + String(ir_time[i] - ir_time[0]);

displayData(0, cont, str);

}

}

void displayData(int init_cursor, int line, String display_str) // Mostra informacoes

no display

{

lcd.setCursor(init_cursor, line);

lcd.print(display_str);

}

void checkButton() //Checa botao de salvar/deletar controles.

{

if (!digitalRead(button0) && last_debounce0 == 0)

{

last_debounce0 = millis(); //Usar millis() ou modificar valores

somados aos if abaixo

}

if (!digitalRead(button1) && last_debounce1 == 0)

{

last_debounce1 = millis(); //Usar millis() ou modificar valores

somados aos if abaixo

}

if (last_debounce0 != 0)

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112

{

if (millis() > last_debounce0 + 500 && millis() < last_debounce0 + 1900

&& digitalRead(button0)) // 500ms p/ efeito bounce. Se apertar e soltar antes de 3s

entra em modo de gravacao

{

if (apertos == 0)

{

sensorPrint(3, 6);

apertos++;

}

else

{

sensorPrint(0, 3);

apertos = 0;

}

last_debounce0 = 0;

}

else if (millis() > last_debounce0 + 2000 && digitalRead(button0)) //Se

Mantiver pressionado por 3s ou mais

{

last_debounce0 = 0;

irRead();

}

}

else if (last_debounce1 != 0)

{

if (millis() > last_debounce1 + 500 && millis() < last_debounce1 + 2000

&& digitalRead(button1)) //Se apertou e soltou

{

//Serial.println("Botao A1_");

last_debounce1 = 0;

String dataString = "";

for (int i = 0; i < num_ir; i++)

{

dataString += "Sensor " + String(i) + ":\t " +

String(ir_time[i] - ir_time[0]) + " \t";

}

saveData(dataString);

}

}

}

void saveData(String dataString)

{

lcd.clear();

displayData(3, 1, F("Salvando Dados"));

displayData(4, 2, F("No Cartao SD"));

delay(2000);

SD.begin(sd_cs_pin);

File dataFile = SD.open("datalog.txt", FILE_WRITE);

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if (dataFile) {

dataFile.println(dataString);

dataFile.close();

lcd.clear();

displayData(4, 0, "Dados Salvos");

displayData(0, 2, F("Botao Branco p/ Sair"));

displayData(0, 3, F("Azul Salva Novamente"));

}

else {

lcd.clear();

displayData(1, 0, F("Cartao de Memoria "));

displayData(3, 1, F("Nao Detectado "));

displayData(0, 2, F("Botao Branco p/ Sair"));

displayData(0, 3, F("Azul Tenta Novamente"));

}

}

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Apêndice A Experimento 1

Experimento 1- Velocidade Média e Velocidade Instantânea

Fundamentação Teórica

Para definirmos a rapidez com que um móvel, muda sua posição num

determinado intervalo de tempo num dado trajeto, usamos uma grandeza

denominada de velocidade escalar média. A medida dessa grandeza é dada

pela razão entre o espaço total percorrido durante o trajeto e o tempo gasto

para realizá-lo.

Entende-se por velocidade escalar média a velocidade única que o móvel

deveria manter ao longo de todo o trajeto percorrido. Para o cálculo dessa

grandeza devemos conhecer:

a) A posição e o instante em que iniciamos o estudo do movimento do móvel.

b) A posição e o instante em que finalizamos o estudo do movimento do móvel.

Matematicamente a velocidade escalar média é expressa pela equação:

Onde:

ΔS = Sf – S0

Δt = tf – t0

Quando estamos interessados em saber a velocidade do móvel em uma

determinada posição da trajetória, calculamos a velocidade em relação ao

instante de tempo no qual o móvel está ocupando aquela posição. Neste caso,

estaremos calculando a velocidade denominada instantânea. A velocidade

instantânea é dada pela expressão:

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Objetivo:

Realizar medidas das velocidades desenvolvidas por uma partícula que

percorre uma trajetória retilínea dotada de sensores de presença e, a partir dos

valores obtidos, entender os conceitos relacionados velocidade.

Materiais e Equipamento:

Esferas de aço;

Sensores de presença;

Painel de leitura de passagem da partícula arduino;

Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis frontalmente

dispostos;

Trilho guia confeccionado em acrílico;

Procedimento:

1. Dispõe-se a plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

2. Ajusta o trilho guia na plataforma;

3. Instala os sensores na plataforma e conecta-os ao painel de leitura

arduino;

4. Inclina-se um dos planos em um ângulo predefinido;

5. Posiciona a esfera numa determinada posição deste plano e a

abandona.

6. Coleta no painel os dados o tempo medido pelos sensores, anota-os em

uma Tabela;

7. Anota-se também, as distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

8. Repete-se os procedimentos 5, 6 e 7 pelo menos duas vezes;

9. Com as equações de velocidade média estudadas em cinemática, faz-se

o tratamento dos dados.

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Tabela 1: Valores coletados do painel arduino.

Eventos Sensor 0 1 2 3 4 5

1 t (ms) 0

S (cm) 0

2 t (ms) 0

S (cm) 0

3 t (ms) 0

S (cm) 0

4 t (ms) 0

S (cm) 0

5 t (ms) 0

S (cm) 0

Tabela 2: Velocidade Média. (Evento: __ )

Tabela 2: Velocidade Média. (Evento: __ )

Tabela 3: Velocidade Instantânea. (Evento: __ )

Tabela 3: Velocidade Instantânea. (Evento: __ )

Escolha um dos eventos e construa o gráfico Sxt, calculando a velocidade média. Referencial teórico: CARRON, W. As Faces da Física: Volume único/ Wilson Carron, Osvaldo Guimarães- 3.ed – São Paulo: Moderna 2006.

Sensor 0 1 V1 0 2 V2 0 3 V3 0 4 V4 0 5 V5

t(ms)

S(cm)

Sensor 0 1 V1 0 2 V2 0 3 V3 0 4 V4 0 5 V5

t(ms)

S(cm)

Sensor 0 1 V1 1 2 V2 2 3 V3 3 4 V4 4 5 V5

t(ms)

S(cm)

Sensor 0 1 V1 1 2 V2 2 3 V3 3 4 V4 4 5 V5

t(ms)

S(cm)

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Apêndice B

Experimento 2

Experimento 2- lançamento horizontal de projéteis

Fundamentação Teórica

Um corpo lançado com certa velocidade horizontal V0, em um plano próximo à

superfície da Terra, ao abandoná-lo, descreve uma trajetória conforme Figura

01.

Figura 01 – Lançamento horizontal de projéteis

FONTE: BONJORNO et al (1993).

Na Figura vê-se que, durante a sua queda, a partícula descreve uma trajetória

parabólica até atingir o solo. Verificamos então, que para que essa partícula

descreva tal trajetória ela deve estar animada por dois tipos de movimentos.

i) Movimento Horizontal apresentando velocidade constante e igual a que a

partícula apresentava ao abandonar o plano. (Movimento Retilíneo e Uniforme)

ii) Movimento Vertical apresentando uma aceleração para baixo igual à da

gravidade local. (Queda Livre – Movimento Uniformemente Variado)

Ao analisarmos cada tipo de movimento isoladamente, podemos definir as

equações que regem o movimento. A partir dai percebemos que o lançamento

horizontal é uma composição desses dois tipos de movimento.

Se tomarmos um ponto qualquer da trajetória descrita pela partícula,

conforme Figura 02.

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Figura 02 – Determinação da velocidade da partícula em um ponto qualquer da trajetória

FONTE: BONJORNO et al (1993).

Verificamos que a velocidade da partícula nesse ponto, é a composição entre a

velocidade horizontal e a velocidade na vertical.

Definição das equações que regem o movimento:

a) Eixo Horizontal: Movimento Retilíneo e Uniforme.

Vx = V0

X = X0 + Vx. t

b) Eixo Vertical: Movimento Retilíneo Uniformemente Variado.

V0y = 0

y = y0 + V0y.t + g.t2/2

Vy = V0y + g.t

V2 = Vx2 + Vy

2

De posse das equações podemos obter:

i) Tempo que a partícula leva para atingir o solo (tempo de queda: tq);

II) distância do ponto onde a partícula toca o solo em relação ao ponto que

abandonou a superfície de lançamento (alcance horizontal: a);

iii) Velocidade com que a partícula toca o solo (Vy);

iv) Os gráficos de x e y em função do tempo;

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x = Vx.t

y = g.t2/2

v) os gráficos das componentes Vx e Vy em função do tempo.

Objetivo: Estudar o comportamento dos parâmetros físicos (alcance horizontal,

tempo de queda e velocidade quando toca o solo) de uma partícula ao ser

lançada horizontalmente de uma plataforma plana localizada a um nível de

referência em relação ao solo.

Material e Equipamento:

Esferas metálicas;

Trena;

Balizador de nível;

Folha de papel carbono;

Sensores de presença;

Painel de leitura de passagem da partícula arduino;

Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis frontalmente

dispostos;

Trilho guia confeccionado em acrílico.

Procedimento:

1. Disponha a plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

2. Ajuste o trilho guia na plataforma;

3. Instale os sensores na plataforma e conecta-os ao painel de leitura

arduino;

4. Incline um dos planos em um ângulo predefinido;

5. Coloque a esfera numa determinada posição deste plano e a abandona.

6. Colete no painel os dados de tempo medido pelos sensores, anota-os

em na Tabela 1;

7. Anote também, as distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

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8. Verifique o ponto onde a esfera toca o solo em relação ao ponto no qual

ela abandona a plataforma de lançamento, tomando como referência o

balizador, e fixa a folha de carbono;

9. Com a trena faça a medida da posição do ponto onde a esfera

abandona a plataforma em relação ao solo;

10. Repita os procedimentos 5, 6, 7, 8 e 9 pelo menos duas vezes;

11. Com as equações que regem os tipos de movimentos envolvidos no

processo, faça o tratamento dos dados obtidos.

Tabela1: Valores coletados do sensor arduino e medições feitas pelos alunos.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade Inicial: V0 (m/S) Alcance: a

(cm) Altura: h

(cm)

1 t(ms)

S(cm)

2 t(ms)

S(cm)

3 t(ms)

S(cm)

4 t(ms)

S(cm)

5 t(ms)

S(cm)

Tabela 2: Dados resultantes da aplicação das equações pelos alunos.

Referencial Teórico: CALÇADA, C. S.; SAMPAIO, J. L. Cinemática. São Paulo: Atual, 1998 – (Física Clássica). CARRON, W. As Faces da Física: Volume único/ Wilson Carron, Osvaldo Guimarães- 3.ed – São Paulo: Moderna 2006.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade: V(m/s)

t(ms)

S(cm)

t(ms)

S(cm)2

Velocidade: Vy (m/s)

1

Alcance: a(cm) Altura: h(cm)

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Apêndice C

Experimento 3

Experimento 3- lançamento Oblíquo de projéteis

Fundamentação Teórica

Em muitos esportes, em guerras e em algumas situações do cotidiano esse

tipo de movimento está presente. O movimento oblíquo consiste em lançar uma

partícula, a partir de uma superfície plana, com uma dada velocidade V0

fazendo um determinado ângulo θ em relação ao plano horizontal. Conforme

Figura 03.

Figura 03 – Lançamento obliquo de projéteis

FONTE: BONJORNO et al (1993).

V0x = V0. cos θ

V0y = V0. senθ

sen 2θ = sen θ .cos θ

Nesse movimento a partícula se desloca para frente e de forma ascendente até

atingir a altura máxima. Continuando a se mover para frente, porém de forma

descendente, até atingir o solo em um ponto distante do local de onde foi

lançada. Para um observador externo a partícula descreve, no espaço, uma

trajetória parabólica.

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Ao analisarmos a Figura 04, verifica-se que, assim como no lançamento

Horizontal, a partícula apresenta dois tipos de movimentos independentes entre

si. Logo podem ser estudados pelo princípio definido por Galileu.

Figura 04 – Composição de movimentos

FONTE: BONJORNO et al (1993).

À medida que a partícula sobe, a componente vertical da velocidade Vy tem seu

módulo diminuído até se anular no vértice da parábola (Vy =0). Daí em diante a

partícula desce e o módulo de Vy vai aumentando até tocar o solo.

Em quaisquer dois pontos da trajetória que estejam no mesmo nível em relação

a horizontal a partícula apresentará a mesma velocidade, em módulo.

Observamos que a partícula se desloca numa trajetória horizontal e ao mesmo

tempo numa trajetória vertical, independentes. Portanto, iniciamos o estudo do

movimento separando em duas direções:

a) Direção Horizontal:

Nessa direção a partícula se desloca com movimento retilíneo e uniforme,

obedecendo às equações:

a = a0 + V0x.t

a = a0 + (V0 cos θ) t

b) Direção Vertical:

Nessa direção a partícula se desloca com movimento retilíneo uniformemente

variado, obedecendo às equações:

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Y = Y0 + V0y.t – gt2/2

Vy = V0y – gt

Vy = V0 sen θ - gt

Vy2 = V0y

2 – 2gΔY

V2 = Vx2 + Vy

2

De posse das equações, podemos obter:

1. O tempo que a partícula levou até alcançar a altura máxima (tempo de

subida: ts);

2. O tempo que a partícula permaneceu no ar (tempo de voo: tv);

3. A distância do ponto onde a partícula toca o solo em relação ao ponto de

lançamento (alcance horizontal: a);

4. A altura máxima atingida pela partícula (hmáx);

5. O alcance máximo (amáx).

Objetivo: Estudar o comportamento dos parâmetros físicos (alcance horizontal,

tempo de queda, tempo de subida, tempo de voo, altura máxima e velocidade

quando toca o solo) de uma partícula ao ser lançada horizontalmente de uma

plataforma plana localizada a um nível de referência em relação ao solo.

Material e Equipamento:

Esferas metálicas;

Trena;

Balizador de nível;

Folha de papel carbono;

Sensores de presença;

Painel de leitura de passagem da partícula arduino;

Plataforma dotada de dois planos inclinados articuláveis frontalmente

dispostos;

Trilho guia confeccionado em acrílico.

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Procedimento:

1. Disponha a plataforma sobre uma mesa plana e horizontal;

2. Ajuste o trilho guia na plataforma;

3. Instale os sensores na plataforma e conecta-os ao painel de leitura

arduino;

4. Incline os dois planos em uns ângulos diferentes e predefinido;

5. Coloque a esfera numa determinada posição deste plano e a abandona.

6. Colete no painel os dados de tempo medido pelos sensores, anota-os

em uma Tabela 1;

7. Anote também, as distâncias percorridas pela esfera durante as

passagens pelos sensores;

8. Verifique o ponto onde a esfera toca o solo em relação ao ponto no qual

ela abandona a plataforma de lançamento, tomando como referência o

balizador, e fixar a folha de carbono;

9. Com a trena faça a medida da posição do ponto onde a esfera

abandona a plataforma em relação ao solo;

10. Repita os procedimentos 5, 6, 7, 8 e 9 pelo menos duas vezes;

11. Com as equações que regem os tipos de movimentos envolvidos no

processo, faça o tratamento dos dados obtidos.

Tabela 1: Valores coletados no arduino e medidos pelos alunos.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade Inicial: V0 (m/S)

Alcance: a (cm)

Altura: h(cm)

Ângulo de Lançamento: θ

1 t(ms)

S(cm)

2 t(ms)

S(cm)

3 t(ms)

S(cm)

4 t(ms)

S(cm)

5 t(ms)

S(cm)

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Tabela 2: Dados resultantes da aplicação das equações pelos alunos.

Referencial Teórico: CALÇADA, C. S.; SAMPAIO, J. L. Cinemática. São Paulo: Atual, 1998 – (Física Clássica). CARRON, W. As Faces da Física: Volume único/ Wilson Carron, Osvaldo Guimarães- 3.ed – São Paulo: Moderna 2006.

Eventos Sensor 4 5 Velocidade: V0(m/s)

t(ms)

S(cm)

t(ms)

S(cm)

ângulo de Lançamento: θ =

2

Altura máx: (ha - hm)

1

Alcance: a(cm) Altura: h(cm) alcançada