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CENTRO DE ESTUDOS GERAIS UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA MESTRADO EM GEOQUÍMICA AMBIENTAL TATIANA BAPTISTA MARTINEZ MELLO CARACTERIZAÇÃO BIOGEOQUÍMICA DA LAGOA DE ARARUAMA, RJ. NITERÓI 2007

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CENTRO DE ESTUDOS GERAIS UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA MESTRADO EM GEOQUÍMICA AMBIENTAL

TATIANA BAPTISTA MARTINEZ MELLO

CARACTERIZAÇÃO BIOGEOQUÍMICA DA LAGOA DE ARARUAMA, RJ.

NITERÓI 2007

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Tatiana Baptista Martinez Mello

CARACTERIZAÇÃO BIOGEOQUÍMICA DA LAGOA DE ARARUAMA, RJ.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geoquímica Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Biogeoquímica Ambiental

Orientador: Prof. Dr. MARCELO CORRÊA BERNARDES

Niterói 2007

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M5271 Mello, Tatiana Baptista Martinez Caracterização Biogeoquímica da Lagoa de Araruama, RJ./ Tatiana Baptista Martinez Mello.- Niterói: [s.n.], 2007.

82 f.: il; 30 cm. Dissertação(mestrado em Geoquímica Ambiental)- Universidade Federal Fluminense, 2007. Orientador: Prof. Dr.

Corrêa Bernardes. 1.Biogeoquímica 2. Lagoa de Araruama, RJ 3. Lagoa

costeira 4. Eutrofização 5. Matéria orgânica 6. Tese 7. Produção Intelectual I. Título

CDD 574.5222

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TATIANA BAPTISTA MARTINEZ MELLO

CARACTERIZAÇÃO BIOGEOQUÍMICA DA LAGOA DE ARARUAMA, RJ.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geoquímica Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Biogeoquímica Ambiental

Aprovada em ................................ de 2007.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Marcos Sarmet Moreira de Barros Salomão Universidade Estadual do Norte Fluminense

Prof. Dr.Aguinaldo Nepomuceno. Marques Junior. Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Ana Luiza Spadano Albuquerque Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Wilson Thadeu Valle Machado Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Marcelo Corrêa Bernardes Universidade Federal Fluminense

Niterói 2007

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À minha Vózinha Rita de Cássia, pelo amor e exemplo de vida.

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AGRADECIMENTOS Ao Professor Dr. Marcelo Bernardes pela orientação e confiança.

Ao Professor Dr. Aguinaldo N. Marques Jr. pelo interesse no trabalho, nas coletas e pelo

“empréstimo” do laboratório.

Aos Professores membros da banca, Dr. Marcos Salomão, Dr. Aguinaldo N. Marques Jr, Dr. Ana

Luiza Spadano Albuquerque e Dr. Wilson Machado pelas sugestões para o melhoramento deste

trabalho.

Ao Dr. Marcelo M. Zacharias e Jean P. H. Ometto pelas análises realizadas no CENA –USP.

A Keity e Conceição por todo aprendizado técnico e paciência.

À minha família pelo amor, apoio e orgulho.

À minha Mãe, pela paciência, apoio e amor incondicionais, mesmo nos dias mais difíceis.

À Tia Rosi, pelo exemplo e presença mesmo estando longe.

Às meninas super poderosas, Beta, Bia, Juju, Amanda e Drica, e ao super-amigo Thales, pela

amizade, carinho, esporros e tudo mais.

As estagiárias Maria Carolina (Nikita), Vivien e Tathi pela ajuda e risadas no laboratório.

E a Renata Zocatelli pelos “helps” mais variados e pela companhia na hora do chocolate.

Aos amigos da Geoquímica.

A todos os funcionários desta instituição que direta ou indiretamente contribuíram na realização

deste trabalho.

À FAPERJ pelo suporte nas análises através do projeto nº E-26/170.643/04.

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"O homem nunca pode parar de sonhar. O sonho é o alimento da alma, como a comida é o alimento do corpo. Muitas vezes, em nossa existência, vemos nossos sonhos desfeitos e nossos desejos frustrados, mas é preciso continuar sonhando, senão nossa alma morre e Ágape não penetra nela”. Paulo Coelho

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RESUMO

A lagoa de Araruama é o maior sistema lagunar hipersalino do Estado do Rio de Janeiro, e por se localizar em uma região de alta procura turística, recebeu durante as últimas décadas grandes quantidades de efluentes domésticos. Em julho de 2005, suas águas claras e oligotróficas tornaram-se escuras. Desta maneira, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o estado trófico atual relacionando as características biogeoquímicas de diferentes pontos de coleta com as recentes alterações do sistema através de parâmetros físico-químicos, metabolismo, nutrientes orgânicos e inorgânicos, clorofila a e através da composição elementar e isotópica dos sedimentos superficiais. Para tanto foram realizadas duas abordagens para as campanhas: a primeira, em 11 estações de coleta na margem, foram realizadas nos meses de setembro, outubro e dezembro de 2005, abrangendo extremos no balanço evapo-precipitação com maiores valores no mês de outubro e valores negativos em dezembro; e a segunda em 12 estações de coleta na região limnética da lagoa (em janeiro de 2006). A maioria dos parâmetros analisados em cada estação de coleta não apresentou diferença significativa entre os meses de setembro, outubro e dezembro de 2005 (ANOVA). Entre os pontos coletados diferenças significativas foram encontradas para as estações segundo alguns parâmetros (ex. COD, POT e Chl a) separando os pontos localizados próximos as desembocaduras dos rios, dos pontos na margem da Lagoa e daqueles situados no canal de contato com o mar. Elevados valores das diferentes espécies de carbono foram encontrados principalmente nas estações centrais (CID=95±31, COD=24±8 e COP= 7,6±1,6 mg.L-1). As estações localizadas nas margens apresentaram concentrações similares, sendo destacadas as entradas de NIT (37±67M) e PO4

-3 (5,5±7,3M) principalmente pelos rios R. Maturama e R. Mossoró, durante os meses mais chuvosos. Nestes pontos, maiores concentrações de CO2-excesso caracterizaram atividades metabólicas heterotróficas, enquanto que nas estações localizadas na margem foi encontrado um balanço entre autotrofia e heterotrofia. Já o metabolismo avaliado no centro da lagoa foi caracterizado como autotrófico, devido à elevada produtividade primária liquida. No entanto, os elevados teores de carbono e clorofila sustentados pela entrada de nutrientes e o elevado tempo de renovação de suas águas (T50% = 84 dias) podem levar este sistema apresentar sucessivas crises distróficas. Devido às mudanças antrópicas ocorridas nas ultimas décadas no entorno da lagoa, foi evidenciada intensa entrada de matéria orgânica no sistema, modificando seu estado trófico de oligotrófico para hipertrófico (C/N/PMARGEM = 603/37/1 e C/N/PCENTRO = 941/57/1). Estas mudanças aumentaram a ciclagem nos sedimentos, impulsionando a produtividade primária em toda a coluna d’água e diminuindo, devido a menor penetração da luz, a importância da produtividade bentônica. Com isto, a lagoa de Araruama apresentou aumento nos estoques das diferentes espécies de carbono nos compartimentos da coluna d’água e dos sedimentos, demonstrando uma estreita relação entre as entradas de carbono e sua ciclagem no processo de eutrofização. Os resultados gerados com este trabalho evidenciam a necessidade de futuras pesquisas que abordem o impacto da dragagem no canal sobre a variabilidade da qualidade das águas na lagoa e principalmente que quantifique os fluxos de elementos para avaliação da renovação das águas da lagoa com o mar. Palavras-Chave: Lagoa costeira, eutrofização, matéria orgânica, metabolismo.

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ABSTRACT

The Araruama lagoon is the most hipersaline coastal lagoon of the Rio de Janeiro State and has been experienced for the last decades an intense domestic sewage load due to high tourism pressure. Since 2005 July, its clean and oligotrophic waters got dark. This work intended to evaluate the new trophic level relating recent environment changes with biogeochemistry characteristics measure through physical-chemical parameters, metabolism, nutrients, chlorophyll a and elemental and isotopic composition of the sediments. Two samples approaches were developed. The first one considered 11 sites around the lagoon at September, October and December months of 2005 year. It was considered the months with extreme values of evaporation-precipitation ratios, with positive values in October and negative values in December. The second approach considered 12 sites distributed in the limnetic region of the lagoon (2006 January). Most of the parameters analyzed in each site did not presented significant differences among months samples (ANOVA statistic analysis). Among sites sampled, significant differences were found for some of the parameters (ex. DOC, TOP and Chl a) separating sites localized near the rivers mouths from the others shore sites and by the sites in the middle of the lagoon. Higher values of the different carbon species were found mainly at the limnetic lagoon sites (DIC=95±31, DOC=24±8 e POC= 7,6±1,6 mg.L-1). Among the lagoon shore sites we found similar concentrations highlighting the TIN (37±67M) e PO4

-3 (5,5±7,3M) input from the rivers Maturama and Mossoró during the rainy months. At those rivers sites higher CO2-excess characterized heterotrophic activities. At the other shore sites the metabolism was characterized with a balance among auto and heterotrophic. On the other hand, the limnetic region of the lagoon were characterized as autotrophic due to the high primary productivity. However, high carbon and chlorophyll content supported by the rivers input and by the long water renewed (T50% = 84 dias) should carry this system to present dystrophic crisis. Due to recent human changes during recent decades around the lagoon drainage basin, it was evident a trophic level change from oligotrophic to hipertrophic (C/N/PMARGIN = 603/37/1 e C/N/PCENTER = 941/57/1). Those changes increased the sediments nutrient cycles, growing the primary productivity in the water column and decrease the benthonic productivity due to the less luminosity. Finally, the Araruama lagoon was characterized from an increase in the biogenic elements budgets of the water column and sediment compartments. It demonstrate a narrow relationship between the high organic matter input in a restricted lagoon that has already been experienced a eutrophication process. The results from this work highlight the necessity of future research to deal with the impacts of the effluent loads, the necessity of the ocean-channel drainage, the assessment of the water quality variability and mainly with an estimative of lagoon water renew measure through organic matter fluxes from the lagoon to the ocean.

Key-words: Coastal Lagoon, Eutrophication, organic matter, metabolism.

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Fig. 16 Gráfico com as razões C/N e N/P para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama........................................................................................................ 47

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Fig. 1 : Lagoa de Araruama, os municípios do seu entorno e seus principais contribuintes fluviais....................................................................................................................................... 22 Fig. 2 Pontos de coleta na região central e margem da lagoa de Araruama............................. 25 Fig. 3 Pontos de coleta na região central e margem da lagoa de Araruama, detalhe do canal de Itajuru................................................................................................................................... 26 Tab. 1 Descrição dos pontos de coleta em torno da lagoa de Araruama.................................. 26 Tab. 2 Descrição dos pontos de coleta na região central da lagoa de Araruama. Na coluna de profundidade de coleta o “X” marca os pontos onde foi coletado somente sedimento superficial ................................................................................................................................. 27 Fig. 4 Precipitação (P) e evaporação (E) para período de julho de 2005 a junho de 2006 para a lagoa de Araruama. As setas indicam os meses de coleta.............................................. 33 Fig. 5 Temperatura (°C) atmosférica para período de julho de 2005 a junho de 2006 para a lagoa de Araruama. As setas indicam os meses de coleta........................................................ 34 Fig. 6 Valores dos parâmetros de campo para as coletas na margem (A) da lagoa e na sua região central (B), onde: T = temperatura; Sal. = salinidade; e OD = oxigênio dissolvido. Identificação das estações conforme descrito nos materiais e métodos................................... 35 Fig. 7 Concentrações dos nutrientes inorgânicos dissolvidos, em mol L-1, para as coletas na margem da lagoa. Gráfico A, para amônio, nitrato e nitrito e o gráfico B, para silicato e fosfato....................................................................................................................................... 38 Fig. 8 Concentrações dos nutrientes inorgânicos dissolvidos, em mol L-1, para as coletas na região central da lagoa. Gráfico A, para amônio, nitrato e nitrito e o gráfico B, para silicato e fosfato........................................................................................................................ 38 Fig. 9 Concentrações (em mg L-1) das diferentes frações do carbono orgânico – dissolvido (COD), particulado (COP) e total (COT) - nas estações de coleta na margem da lagoa de Araruama................................................................................................................................... 40 Fig. 10 Concentrações (em mg L-1) das diferentes frações do carbono orgânico – dissolvido (COD), particulado (COP) e total (COT) - nas estações de coleta na margem da lagoa de Araruama................................................................................................................................... 40 Fig. 11 Concentrações (em mol L-1) de nitrogênio total (NT), orgânico (NOT) e inorgânico (NIT) nas estações de coleta na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama................................................................................................................................... 42 Fig. 12 Concentrações (em mol L-1) de fósforo orgânico total (POT) e de fósforo total (PT) nas estações de coleta na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama................................................................................................................................... 43 Fig. 13 Concentrações, em µg L-1, de Clorofila a para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama............................................................................................. 45 Fig. 14 Concentrações, em mg L-1, de material particulado em suspensão (MPS) para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama..................................... 45 Fig. 15 Gráfico com os valores da taxa respiratória (TR – em M/h), oxigênio dissolvido (OD – em mg L-1) e dióxido de carbono em excesso para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama.................................................................................. 46

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Fig. 17 Gráficos com os valores de δ 15N, δ 13C (A), C/N, %N e %C (B) dos sedimentos superficiais coletados na campanha de janeiro de 2006 na lagoa de Araruama...................... 48 Fig. 18 Gráfico de correlação entre a utilização aparente de oxigênio (UAO) e CO2-excesso (CO2). Losangos fechados representam os pontos de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos os pontos de coleta na margem da lagoa................................... 50 Fig. 19 Gráfico de correlação entre a razão C/N e a salinidade da coluna d’água. Losangos fechados representam os pontos de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos os pontos de coleta na margem da lagoa.................................................................................. 52 Fig. 20 Gráfico de correlação entre a razão C/P e a salinidade da coluna d’água. Losangos fechados representam os pontos de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos os pontos de coleta na margem da lagoa.................................................................................. 53 Fig. 21 Gráfico de correlação entre a razão N/P e a salinidade da coluna d’água. Losangos fechados representam os pontos de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos os pontos de coleta na margem da lagoa.................................................................................. 53 Fig. 22 Gráfico de correlação entre o δ15N e a porcentagem de nitrogênio para os sedimentos superficiais coletados na região central da lagoa de Araruama............................ 54 Fig. 23 Gráfico de correlação entre o δ15N e δ13C para os sedimentos superficiais coletados na região central da lagoa de Araruama. O círculo superior representa as estações de maior profundidade e o inferior as de menor profundidade. Valores referenciais para Mugil, Anomalocardia e Algas bentônicas, retirados de CORBISIER et al, 2006. .................................................................................................................................. 54 Fig. 24 Correlação entre o nitrogênio total (NT) e a razão N/P. Losangos fechados representam as estações de coleta na região central da lagoa, enquanto os quadrados abertos representam as estações na margem da lagoa de Araruama........................................ 56 Fig. 25 Gráfico de relação entre silicato x clorofila a. Os losangos representam a coleta na região central da lagoa de Araruama. Os fechados representam as amostras de superfície e os abertos de fundo. Os quadrados abertos representam as coletas na margem da lagoa......................................................................................................................................... 58 Fig. 26 Gráfico de correlação entre T50% e clorofila a. Onde as letras simbolizam as lagoas de Itaipu (I), Fora (F), Guarapina (G), Urussunga (U), Marica (M), Piratininga (P) e Araruama em 1992 (A92) e em 2006 (A06). Adaptado de Knoppers (1999)......................... 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 13 1.1 OBJETIVOS..................................................................................................................... 15 1.2 HIPÓTESES...................................................................................................................... 15 2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................... 16 2.1 LAGOAS COSTEIRAS.................................................................................................... 16 2.2 METABOLISMO DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS ............................................... 17 2.3 NUTRIENTES EM ECOSSISTEMAS COSTEIROS...................................................... 18 2.4 MATÉRIA ORGÂNICA AQUÁTICA............................................................................ 19 3 ÁREA DE ESTUDO.......................................................................................................... 21 4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................. 24 4.1 ATIVIDADES DE CAMPO............................................................................................. 24 4.2 LABORATÓRIO.............................................................................................................. 28 4.2.1 Nutrientes Inorgânicos Dissolvidos............................................................................ 28 4.2.2 Nitrogênio e Fósforo Total na coluna d`água............................................................ 29 4.2.3 Pigmentos Fotossintetizantes...................................................................................... 30 4.2.4 Taxa Metabólica – Respiração.................................................................................... 30 4.2.5 Frações do Carbono..................................................................................................... 31 4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO..................................................................................... 31 5 RESULTADOS................................................................................................................... 33 5.1 CLIMA.............................................................................................................................. 33 5.2 PARÂMETROS DE CAMPO.......................................................................................... 34 5.3 NUTRIENTES INORGÂNICOS..................................................................................... 35 5.4 CARBONO NA COLUNA D’ÁGUA.............................................................................. 39 5.5 NITROGÊNIO E FÓSFORO NA COLUNA D’ÁGUA.................................................. 41 5.6 CLOROFILA A E MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO............................ 43 5.7 METABOLISMO............................................................................................................. 46 5.8 COMPOSIÇÃO ELEMENTAR E ISOTÓPICA.............................................................. 47 6 DISCUSSÃO...................................................................................................................... 49 6.1 O METABOLISMO AQUÁTICO.................................................................................... 49 6.2 CARACTERIZAÇÃO TRÓFICA.................................................................................... 51 6.3 CICLAGEM DOS ELEMENTOS BIOGÊNICOS........................................................... 55 7 CONCLUSÕES.................................................................................................................. 61 8 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 62 9 APÊNDICES....................................................................................................................... 67

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história humana a maior parte da população mundial se concentrou próxima à

costa, geralmente junto a estuários, lagos e baías. Portanto transformações antrópicas nessas

regiões são tão antigas quanto a civilização e tem sido acelerada nos últimos 150 a 300 anos

com o advento da revolução industrial (LOTZE et al., 2005).

Qualquer alteração no equilíbrio desses ecossistemas, resultado da interação entre águas

continentais, atmosféricas e oceânicas, ocasiona modificações consideráveis na qualidade da

água e na ecologia destes ambientes (COLLIER, 1970). Os ecossistemas costeiros são mais

vulneráveis ao impacto da poluição do que o oceano por possuírem, por exemplo, trocas

d’água mais restritas. As fontes de poluentes são diversas: escoamento superficial, tubulações

de esgoto doméstico ou através de resíduos industriais, deposição atmosférica e aporte de

águas subterrâneas. Atividades voltadas para o comércio, indústrias e turismo também

contribuem para a deteriorização desses ecossistemas. Aproximadamente 65% da região

costeira mundial tiveram a qualidade da água degradada e 50% dos manguezais mundiais têm

sido transformados ou destruídos por atividades humanas (VITOUSEK et al., 1997, LOTZE et

al., 2005). Uma outra conseqüência clara desse processo é o aumento da carga de nutrientes

oriundos de fontes terrestres (BRAGA et al., 2000, O’SHEA; BROSNAN, 2000). Desta

maneira acontece a eutrofização cultural, ou seja, ocorre um incremento excessivo de

nutrientes (principalmente nitrogênio e fósforo), devido à atividade humana, provocando entre

outros fatores, aumento da produção primária. No entanto tal aporte de nutrientes pode ocorrer

também por processos naturais, em função de fenômenos como a ressurgência e pela própria

ciclagem na coluna d’água, por exemplo (WOLLAST, 1993).

As lagoas costeiras, especificamente, são naturalmente mais propensas a eutrofização do

que outros ecossistemas, pois funcionam como sorvedouros naturais de matéria orgânica,

retendo-a e reciclando-a em função do seu limitado acesso ao mar e baixa profundidade

(KJERFVE, 1986). No litoral do Estado do Rio de Janeiro situa-se uma série de sistemas

lagunares que possuem características semelhantes entre si. Entre Niterói e Cabo Frio

localizam-se os quatro principais sistemas lagunares da região, são eles: Piratininga – Itaipu,

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Maricá - Guarapina, Jaconé - Saquarema e Araruama (KJERFVE; KNOPPERS, 1999). Estes

sistemas se encontram perto de centros urbanos, podendo sofrer diversos tipos de impactos

antrópicos.

A partir da década de 60, a lagoa de Araruama esteve sob intenso crescimento urbano

devido a características que a tornam um ponto turístico muito procurado, como ventos fortes

e águas calmas excelentes para esportes náuticos, grande insolação e baixa precipitação

(SOUZA, 1997). Esse grande desenvolvimento, no entanto, resultou em igual aumento de

aportes de efluentes domésticos e industriais transformando-a assim em um corpo receptor de

rejeitos, ligados principalmente à ocupação desordenada nos municípios que não possuem

sistemas de coleta e tratamento eficiente de esgoto (BASSANI, 2000). Tal descarga de

efluentes pode comprometer os recursos pesqueiros e a balneabilidade de suas águas, mudando

as características hidrológicas, da biota e dos sedimentos.

Por muitos anos a lagoa de Araruama manteve seu estado oligotrófico em função da sua

alta salinidade, grande volume de água e principalmente os baixos adensamentos urbanos.

Porém estudos realizados por Schettini (1994), Souza (2003), Kjerfve et al (1996) e Moreira-

Turcq (2000) demonstraram que já havia alguns sinais de mudança na sua hidrologia e no seu

estado trófico. Em 1997, Souza desenvolveu um modelo conceitual para essa mudança.

Segundo este modelo se ocorresse queda da salinidade, em função do aporte de água doce e

descarga de efluentes domésticos das cidades situadas no entorno da lagoa, a turbidez e

demanda de oxigênio iriam aumentar fazendo com que a produtividade primária fosse

comandada pelas comunidades fitoplanctônicas e não mais pelas fitobentônicas,

estabelecendo desta maneira condições eutróficas.

Em julho de 2005, as águas da lagoa de Araruama que eram transparentes se tornaram

amarronzadas em função de sucessivos florescimentos de microalgas, conforme indicado por

uma caracterização fitoplanctônica preliminar (CILSJ, 2006). Esse quadro, hoje em dia, foi

aparentemente amenizado, pelo posterior clareamento da cor das águas. Devido a este

fenômeno, estudos nesse ecossistema precisam ser feitos para que se compreenda seu estado

atual e assim gerar subsídios para amenizar tais impactos da poluição.

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Desta maneira estudos biogeoquímicos constituem uma importante ferramenta para

análises ambientais que visem o entendimento dos ciclos dos elementos biogênicos,

identificação de fontes, sumidouros e, portanto de processos ecológicos, gerando desta

maneira subsídios para o manejo dos ecossistemas.

1.1 OBJETIVOS

(1) Avaliar seu estado trófico atual através de uma abordagem espacial em regiões de

diferentes condições de ocupação e distâncias do mar, relacionando as características

biogeoquímicas dos diferentes pontos de coleta com as recentes alterações do sistema.

(2) Caracterizar a biogeoquímica da lagoa de Araruama através de:

a. Parâmetros físicos e fisico-químicos: salinidade, temperatura, pH, material

particulado em suspensão e oxigênio dissolvido.

b. Metabolismo: taxas respiratórias e carbono inorgânico dissolvido.

c. Nutrientes inorgânicos: amônio, nitrato, nitrito, fosfato e silicato.

d. Pigmentos fotossintetizantes: clorofila a

e. Composição Elementar (C, N, P) da coluna d’água e dos sedimentos

superficiais.

f. Análise Isotópica (δ 13C e δ15N) dos sedimentos superficiais.

1.2 HIPÓTESES

O presente estudo considerou as seguintes hipóteses: (1) o aumento no aporte de efluentes

urbanos pode ser refletido pela variação espacial das concentrações de nutrientes inorgânicos

e orgânicos, assim como pelo incremento da comunidade fitoplanctônica, modificando sua

cor em função da elevada presença de materiais em suspensão; (2) sinais do evidente

processo de mudança no estado trófico da lagoa de Araruama serão mais acentuados com a

proximidade às cidades e menos acentuados no canal de comunicação com o oceano.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 LAGOAS COSTEIRAS

Segundo Kjerfve (1994), lagoas costeiras são caracterizadas por serem corpos d’água

interiores, usualmente dispostos paralelos à costa, separados do mar por uma barreira e

conectados ao oceano por um ou mais canais de maré. Sob o ponto de vista temporal, são

sistemas temporários e recentes nos quais a principal energia de formação é relacionada a

regressões e transgressões do mar, pois estes acontecimentos é que possibilitaram a formação

de barreiras que isolaram os corpos d’água, desenvolvendo assim as lagoas. No caso das

lagunas da costa leste fluminense, localizadas entre a barreira interna e o continente, se

desenvolveram durante o Pleistoceno e foram novamente submersas durante a transgressão

Holocênica, que por sua vez deu origem ao sistema lagunar e uma barreira externa. Nessa

região, a ressurgência local gerada por ventos nordestes ocasiona um microclima semi-árido,

promovendo a sedimentação de carbonatos em sistemas lagunares hipersalinos (TURCQ,

1999, SOUZA, 1997, MUEHE, 1994).

Estes ecossistemas são classificados em três tipos geomorfologicamente distintos de

acordo com a natureza, o número de canais que conectam a lagoa ao mar e o grau de

influência da maré (KJERFVE, 1986), são eles: lagoas sufocadas (choked lagoons) que são

caracterizadas por possuírem um único e longo canal de ligação com o mar, alto tempo de

residência de suas águas e circulação interna dirigida principalmente pelos ventos, costumam

ser permanentemente ou temporariamente hipersalinas; as lagoas restritas (restricted lagoons)

que apresentam dois ou mais canais de entrada de maré, circulação interna bem definida pela

maré, porém influenciadas pelos ventos, exibem salinidade que pode variar desde águas

salobras a salinidades de água oceânicas; e lagoas abertas (leaky lagoons) que possuem vários

canais de contato com o mar, fortes correntes de maré e salinidade próxima a do mar.

As lagoas costeiras são expostas a uma série de forças que influenciam diretamente sua

dinâmica, como aporte fluvial, ventos constantes e marés. Assim o sistema responde de

maneira diferenciada a cada um destes fatores. O balanço hídrico, salinidade, qualidade da

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água lagunar e dos rios que nela deságuam e, conseqüentemente a eutrofização a que esses

sistemas estão propensos, dependem diretamente da circulação interna da lagoa, da dispersão

de nutrientes, da salinidade, da troca de água com o oceano e do tempo de residência

(SOUZA, 1997, KNOPPERS et al, 1991).

Lagoas costeiras ocupam 13% das áreas costeiras mundiais e são encontradas em todos os

continentes, exceto na Antártica (KJFERVE, 1994). Na região do leste fluminense do Estado

do Rio de Janeiro localizam-se várias lagoas costeiras com características semelhantes entre

si, como as de Itaipu, Guarapina, Saquarema e Araruama. Todas possuem baixa profundidade

(0.7-3 m de profundidade média), são paralelas à costa, classificadas como lagoas sufocadas,

e possuem uma mínima variação de maré, com exceção de Itaipu. O gradiente climático de

úmido a semi-árido da região, a configuração geomorfológica, a natureza dos canais de maré

e dos canais internos são os principais fatores que determinam a hidrodinâmica destes

sistemas. Com exceção a lagoa de Araruama que permanece constantemente hipersalina, as

demais lagunas são oligo a polihalinas. A passagem de frentes frias possui grande

importância no balanço hidrológico atuando também nos processos biogeoquímicos, além de

afetar a salinidade (KJERFVE; KNOPPERS, 1999).

2.2 METABOLISMO DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

Concentrações de gases biogênicos como O2 dissolvido e CO2 livre são bons indicadores

das taxas de produção e consumo de matéria orgânica em sistemas aquáticos. A fotossíntese

aumenta a concentração de O2, enquanto a respiração aeróbica e anaeróbica aumenta a

concentração de CO2 (BALESTER et al., 1999). A evolução dessas taxas de produção

(através da fotossíntese e biossíntese) e mineralização (através da respiração e fermentação)

em um dado ambiente aquático define o metabolismo deste. Quando um ecossistema possui

taxas de produção superior a de mineralização, dizemos que este pode ser classificado como

autótrofo, e ocorrendo o contrário dizemos que o sistema é heterótrofo (CARMOUZE, 1994).

Porém, o ecossistema normalmente não é equilibrado o ano todo, geralmente no verão ocorre

períodos maiores de autotrofia no inicio da estação, marcada por um aumento na biomassa

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fitoplanctônica, e períodos maiores de heterotrofia no início do inverno, marcada por uma

acumulação de material orgânico em suspensão após o verão (KNOPPERS et al., 1999)

Muitos estudos são feitos em ambientes lênticos, como em lagos oligotróficos do

hemisfério norte, que são caracterizados por um excesso de CO2 e pouco O2 em relação a

concentração esperada com equilíbrio atmosférico. Todos os lagos são considerados uma

importante fonte de carbono para a atmosfera devido a decomposição in situ de matéria

orgânica (COLE et al., 1994). Desta maneira o dióxido de carbono (CO2) é um bom

indicador para se determinar o metabolismo de um ecossistema aquático, uma vez que é um

composto fundamental para o início da fotossíntese e o produto final da mineralização. Porém

o metabolismo só pode ser avaliado através do somatório de todas as espécies carbonatadas

dissolvidas, ou seja: [H2CO3]+[HCO3-]+[CO3

-2]; a qual é chamada de carbono inorgânico

total ou CO2 total. Qualquer aumento ou diminuição de CO2 total provoca uma alteração no pH

da água e conseqüentemente uma redistribuição das espécies carbonatadas. As variações do

conteúdo de CO2 total e O2 nas águas são controladas por processos biológicos e pelos

processos de difusão desses dois gases na interface água-atmosfera. (CARMOUZE, 1994).

2.3 NUTRIENTES EM ECOSSISTEMAS COSTEIROS

Significantes aportes de nutrientes nessas áreas chegam através de rios, águas

subterrâneas e atmosfera e tem crescido em função das atividades humanas (JICKELLS,

1998). Carbono, nitrogênio, fósforo e silicato são os nutrientes mais utilizados no crescimento

das algas, estes entram na zona costeira e são modificados nos estuários. A concentração

destes nutrientes é constantemente alterada no espaço e o tempo, sendo ciclados entre suas

formas orgânicas e inorgânicas dentro do sistema (DAY et al., 1989) devido ao fluxo de rios

que nele deságuam, de trocas oceânicas, atividades biológicas e regeneração.

Em lagoas com circulação estuarina, geralmente ocorre um gradiente de salinidade do

canal de entrada da água do mar (35) a entrada de água doce (0). Nesse gradiente é possível

encontrar processos de diluição, liberação e remoção de nutrientes (C, N e P) que

caracterizam o comportamento conservativo ou não conservativo de um nutriente no estuário

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(MEE, 1978). Desta maneira, na interface rio-lagoa e lagoa-mar é esperado que ocorra intensa

remoção de nutrientes da coluna d’água (SMITH; ATKINSON, 1983).

Se as lagoas são produtoras de matéria orgânica, é esperado que estes retenham nutrientes

inorgânicos de fontes terrestres e/ou das trocas oceânicas. Se esses sistemas são consumidores

de matéria orgânica, então devem liberar nutrientes inorgânicos dissolvidos que vão ser

transportados para o oceano (KJERFVE, 1994).

Diferenças entre a limitação de nutrientes em estuários fechados são relacionados

primeiramente com sua hidrologia. Produtores primários em sistemas que possuem altas

trocas oceânicas e, em conseqüência disto, baixo tempo de residência das suas águas, são

geralmente limitados pela disponibilidade de nitrogênio de maneira similar ao que acontece

no oceano. Já a situação inversa, sistemas com alto tempo de residência, como alguns lagos

hipersalinos, são freqüentemente limitados pela disponibilidade de fósforo (SMITH, 1984).

Nestes ambientes, o sistema carbonático, a interface água-sedimento e as águas subterrâneas

executam um papel predominante sobre os processos controladores do fósforo e de outros

nutrientes (SMITH; ATKINSON, 1983).

2.4 MATÉRIA ORGÂNICA AQUÁTICA

A matéria orgânica contida em sedimentos de lagos possui uma série de indicadores

elementares, isotópicos e moleculares que podem ser usados para reconstruir paleoambientes,

bem como traçar as fontes dos materiais depositados nestes sedimentos.

Neste sentido, assinaturas isotópicas baseadas na razão de diferentes isótopos estáveis de

elementos (principalmente o δ15N e o δ13C) tem sido amplamente aplicados em estudos

ambientais para se entender as fontes de nitrogênio e carbono que entram no ecossistemas

costeiros bem como para reconstruções de produtividades passadas e para identificação de

mudanças na disponibilidade de nutrientes em águas superficiais (WALDRON et al., 2001,

MEYERS, 2003).

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Razões Corg/Ntotal fornecem informações referentes aos diversos tipos de contribuição

vegetal presentes no sedimento ou na coluna d’água. A matéria orgânica oriunda de algas

lacustres, ricas em proteínas e pobres em celulose, geralmente possuem razão molar

Corg/Ntotal entre 4 e 10, enquanto as plantas vasculares terrestres, ricas em celulose e pobres

em proteínas, geram uma matéria orgânica com razões Corg/Ntotal acima ou maiores de 20

(MEYERS, 2003).

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3 ÁREA DE ESTUDO

A lagoa de Araruama situa-se entre 22°45’S & 42°00’W e 23°00’S & 42°30’W (fig.1). É

a maior lagoa salina de um conjunto de outros sistemas lagunares que se estendem

paralelamente à costa do Estado do Rio de Janeiro. É também a mais profunda, com uma

profundidade média de 3m. O espelho d’água alcança os municípios de Araruama, Arraial do

Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. A área superficial da lagoa é de 275

km2 e possui um volume de água estimado em 0,618 km3, segundo Primo & Bizerril (2002).

A Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM) realizou um levantamento

batimétrico em 1984 no qual foi observado, na porção central, um maior gradiente de

profundidade (máxima de 19m) enquanto que às suas margens a profundidade é, geralmente,

inferior a 1m (PRIMO; BIZERRIL, 2002). Porém com as atividades freqüentes de dragagens

e com o crescimento dos esporões o fundo da lagoa, sua morfologia de fundo já pode ter sido

alterada em relação a esse levantamento realizado pela CPRM.

Kjerfve et al (1996) classificou a lagoa de Araruama como um sistema sufocado, uma vez

que apresenta elevado tempo de residência. O tempo de renovação de 50% (T50%) de suas

águas é de 84 dias e intensa circulação dirigida, principalmente, pelos ventos,

predominantemente nordeste. Aliado a essa classificação, o fato deste sistema apresentar

bacia de drenagem reduzida e regime hidrológico deficitário (evaporação maior que a

precipitação) por se localizar em uma região de clima semi-árido (ANDRÉ et al., 1981),

permite com que ela seja a única, das grandes lagunas do estado, que se mantém hipersalina

durante todas as épocas do ano (SCHETTINI, 1994).

A única ligação com o mar é feita por um único e estreito canal de maré na sua

extremidade leste – Canal de Itajuru. Este possui cerca de 5,5 km de comprimento e perímetro

total de 14 km. Sua porção final, em contato com o mar, possui 80m de largura e está

localizado entre duas formações rochosas, de maneira que, o ataque frontal de ondas é pouco

freqüente, dificultando assim a deposição de sedimentos por efeito das correntes longitudinais

e transversais (LESSA, 1991). Este canal funciona também como um filtro dinâmico da maré

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semi-diurna externa e variações de maré somente são percebidas dentro do canal de Itajuru

até a proximidades do estreito do Boqueirão (LESSA, 1991).

Dentro do corpo lagunar há formações de extensos cordões arenosos que a subdividem

parcialmente em 7 pequenos “bolsões” que lhe conferem um aspecto diferenciado das outras

lagoas do estado (KJERFVE; KNOPPERS, 1999). De acordo com Muehe (1994), tais

cordões se desenvolveram como resultado da circulação e do transporte por ação das ondas

no interior da laguna que é controlada principalmente pelos ventos.

São Pedro da Aldeia

Sua bacia hidrográfica abrange aproximadamente 400 km2, sendo composta por 20 sub-

bacias, onde se situam salinas, a restinga da Massambaba e de Cabo Frio, cidades, áreas de

pastagens e plantação de cana de açúcar. Seus principais rios contribuintes são: Mataruna, que

possui sua sub-bacia integralmente inserida no município de Araruama com sua porção final

drenando a cidade de Araruama; e o Rio das Moças, com uma sub-bacia maior drenando uma

região predominantemente rural, abrangendo os municípios de Rio Bonito, Saquarema e

Araruama. Ambos deságuam na região oeste da lagoa (fig.1). A restinga de Massambaba

separa a lagoa do oceano, em uma faixa arenosa que se estende por 50 km, desde Saquarema

a leste até Arraial do Cabo a oeste. Nela localizam-se lagoas menores, como a Vermelha e a

Pitinguinha. Estão concentradas nessa região também muitas das salinas com moinhos de

vento (TCE, 2004).

ÁÁrreeaa ddoo ccaannaall ddee IIttaajjuurruu

EEssttrreeiittoo ddoo BBooqquueeiirrããoo

RRiioo MMaattuurraannaa

RRiioo ddaass MMooççaass

Fig.1: Lagoa de Araruama, os municípios do seu entorno e seus principais contribuintes fluviais. Fonte: Google Earth

Araruama Iguaba Grande

Cabo Frio

Arraial do Cabo

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Seu sedimento é de formação calcária, com abundante depósito do bivalve

Anomalocardia brasiliensis, que foi dragado do fundo da lagoa para produção comercial de

carbonato de cálcio, durante muitos anos pela Companhia Nacional Álcalis. A atividade

pesqueira é principalmente feita de maneira artesanal e é mais intensa na parte nordeste da

lagoa. A lagoa apresenta também um grande número de praias às suas margens, grandes áreas

de salinas, condomínios horizontais de residências de veraneio e áreas arborizadas com

casuarinas e amendoeiras. (TCE, 2004). A população residente estimada em 2005 ao redor

dos municípios que abrangem as margens da lagoa foi de 379.536 habitantes (IBGE, 2006).

Porém, como a lagoa de Araruama é localizada em uma região turística de alta procura, a

Região dos Lagos, durante o verão e feriados esse número pode dobrar, aumentando também

a descarga de esgoto na lagoa.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ATIVIDADES DE CAMPO

Foram adotadas duas abordagens para as coletas: na primeira, os pontos de coleta

localizaram-se em 11 estações ao redor da lagoa de onde foram retiradas alíquotas da coluna

d’água apenas de sub-superficie (aproximadamente 20cm) devido à baixa profundidade.

Pretendeu-se, desta maneira, obter uma espacialidade da área de estudo durante campanhas

realizadas uma vez durante os meses de setembro, outubro e dezembro de 2005, período de

transição entre o final da primavera e início do verão onde são intensificadas as mudanças no

estado trófico das lagoas costeiras, inclusive crises distróficas conforme relatado por

Carmouze et al (1992); Bernardes (1995) e Knoppers et al (1999). Nestas campanhas coletou-

se água de pontes ou decks situados às margens da lagoa. Para as estações próximas aos rios a

coleta foi padronizada após a zona de mistura (determinada através de medidas de

salinidade), para representar a influência das águas dos rios sobre a qualidade da água da

lagoa. A tabela 1 refere-se à descrição dos pontos de coleta em torno da lagoa.

A partir dos resultados da coletas anteriores, a segunda abordagem foi realizada com o

intuito de se verificar possíveis diferenças entre as regiões marginais, verificada na primeira

abordagem, e limnéticas. Em janeiro de 2006 foi realizada uma coleta na região central da

lagoa em 12 estações. Nas estações I a VI foram retiradas amostras da coluna d’água de

superfície e fundo, nas estações VII a IX foram retiradas alíquotas somente da superfície

devido à baixa profundidade. Em todas as estações foram coletadas amostras de sedimentos

superficiais (com draga de Eckman) que foram estocadas em frascos plásticos e preservadas

com cloreto de mercúrio (100 µl) em campo. A tabela 2 refere-se à descrição dos pontos desta

coleta.

Com uma garrafa de Van Dorn, foram retiradas amostras de 1 L da coluna d’água e, com

uma multisonda YSI modelo 85, foram feitas medidas de temperatura (°C), oxigênio

dissolvido (mg L-1 e %) e salinidade; com um pHmetro WTW 330i, o pH foi medido. Da

fração bruta de cada amostra foi retirado um volume de 100 mL para análise de nitrogênio

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(NT) e fósforo total (PT). Ainda em campo foram retiradas alíquotas para preencher frascos

de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) que foram mantidas no escuro por períodos

variáveis de 3 a 6 dias (calculados em função da concentração de oxigênio dissolvido medido

em campo no momento da coleta) para avaliação das taxas metabólicas – respiração. O

conteúdo de oxigênio dissolvido foi quantificado com multisonda YSI modelo 85 e a taxa

respiratória calculada a partir do consumo de oxigênio durante o período de incubação.

Na figura 2 estão localizados os pontos de coleta na margem e no centro da lagoa (em

algarismos romanos); na figura 3, detalhe dos pontos de coleta no canal de Itajuru.

5 km

Fig.2: Pontos de coleta na região central e margem da lagoa de Araruama. Fonte: Google Earth (2007)

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2 km

Fig.3: Pontos de coleta na região central e margem da lagoa de Araruama, detalhe do canal de Itajuru. Fonte: Google Earth (2007)

Tab. 1: Descrição dos pontos de coleta em torno da lagoa de Araruama.

Localização Estação de coleta Descrição

Longitude Latitude

Ponto 1

Ponte a jusante e sob a foz do rio das Moças. Local com residências simples e sem aparente coleta de esgoto. Município de Araruama, zona rural.

22° 52' 58,9'' 42° 22' 56,9''

Ponto 2 Ponte a jusante e sob o rio Mataruna. Local com intenso desenvolvimento urbano. Município de Araruama.

22° 52' 35,9'' 42° 20' 18,0''

Ponto 3

Ponte a jusante e sob a foz do rio Iguaçaba. Local com intenso desenvolvimento urbano e aporte de esgoto. Município de Iguaba Grande.

22° 50' 5,8'' 42° 6' 14,2''

Ponto 4 Ponte a jusante do rio Mossoró. Local de grande desenvolvimento urbano e aporte de esgoto. Município de São Pedro da Aldeia.

22° 50' 5,8'' 42° 6' 14,2''

Ponto 5 Margem – enseada, município de Iguabinha. Município de Araruama.

22° 51' 42'' 42° 15' 21,5''

Ponto 6

Margem – enseada, município de Figueira. Local com desenvolvimento urbano e sem tratamento de esgoto aparente. Município de Arraial do Cabo.

22° 56' 37,4''

42° 6' 44,8''

Ponto 7

Margem – enseada, município de Monte Alto. Local com desenvolvimento urbano e sem tratamento de esgoto aparente. Município de Arraial do Cabo.

22° 56' 23,3'' 42° 10' 41,9''

Ponto 8 Deck – Boqueirão, região onde a lagoa se afunila e se abre para o canal de Itajuru. Município de São Pedro da Aldeia.

22° 51' 54,3'' 42° 6' 30,3''

Ponto 9 Deck – Canal Palmer. Inicio do Canal de Itajuru. Município de Cabo Frio.

22° 52' 17,7'' 42° 3' 8,3''

Ponto 10 Ponte – condomínio residencial Ilha do Anjo. Meio do Canal de Itajuru. Município de Cabo Frio.

22° 52' 9,5'' 42° 1' 55''

Ponto 11 Margem – boca da barra. Porção final do canal de Itajuru. Município de Cabo Frio.

22° 53' 4,8'' 42° 00' 23,1''

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Tab.2: Descrição dos pontos de coleta na região central da lagoa de Araruama. Na coluna de profundidade de coleta o “X” marca os pontos onde foi coletado somente sedimento superficial.

Localização Estação de coleta

Descrição Profundidade de coleta (m) Longitude Latitude

Ponto I Entre a cidade de Araruama e a APA da Massambaba.

2 22° 53' 41'' 42° 18' 40''

Ponto II Entre a cidade de Iguabinha e a APA da Massambaba.

5 22° 53' 10'' 42° 15' 31''

Ponto III Meio da lagoa. Próximo a área da UFF em Iguaba Grande

4 22° 51' 54,7'' 42° 11' 16,5''

Ponto IV Próximo ao município de Monte Alto. 2,5 22° 53' 44,8'' 42° 8' 38,0''

Ponto V Em frente a praia da Baleia 3 22° 53' 43'' 42° 6' 38,6''

Ponto VI Início do estrangulamento da lagoa, praia da Ponta da Areia – São Pedro da Aldeia

4

22° 52' 28,9''

42° 6' 28,9''

Ponto VII Início do Canal de Itajuru. Porção central da primeira abertura do canal. Entre São Pedro da Aldeia e a refinaria da Sal Cisne

1,2 22° 51' 30,9'' 42° 4' 50,7''

Ponto VIII

Porção final da primeira abertura do Canal de Itajuru.

1,2 22° 51' 5,4'' 42° 3' 34,0''

Ponto IX Porção central da segunda abertura do Canal de Itajuru. Ponta do Ambrósio, Cabo Frio.

1,1 22° 52' 7,7'' 42° 2' 31,2''

Ponto X Próximo à margem norte da segunda abertura do Canal de Itajuru.

X 22° 51' 47,8'' 42° 2' 23,9''

Ponto XI Próximo à margem sul da segunda abertura do Canal de Itajuru.

X 22° 52' 21,6'' 42° 2' 26,7''

Ponto XII Canal de Itajuru, antes da ponte de Cabo Frio X 22° 52' 15,6'' 42° 1' 9,2''

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4.2 LABORATÓRIO

Todas as análises da coluna d’água foram realizadas em parceria com o Laboratório de

Química e Poluição Marinha do Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal

Fluminense.

As amostras foram refrigeradas no campo até a chegada ao laboratório onde foram

filtradas sob vácuo. Duas subamostras foram filtradas através de filtros de fibra de vidro

Whatman GF/F (porosidade de 0,7m), previamente calcinados em mufla por 4 horas a

450°C e pesados. De um destes filtros foi retirado alíquotas da fração dissolvida para análise

de carbono orgânico dissolvido (COD), que foram preservadas no momento da filtragem com

100L de ácido fosfórico. Da fração particulada foi feita análise de material particulado em

suspensão (MPS) e carbono orgânico particulado (COP). Da outra sub-amostra foram feitas

análises de carbono inorgânico dissolvido (CID) e nutrientes inorgânicos dissolvidos da

fração dissolvida e da fração particulada clorofila a.

Os filtros correspondentes ao material particulado foram congelados, dentro de potes

plásticos com sílica, depois foram secos e pesados e, por diferença, o peso do resíduo foi

obtido para obtenção de valores do MPS e expresso em mg/L.

As amostras de sedimentos superficiais foram secas a aproximadamente 50°C, maceradas

e descarbonatadas com HCl 0,01N. Posteriormente foram encaminhadas ao Centro de Energia

Nuclear na Agricultura – Universidade de São Paulo (CENA-USP) onde, com Analisador

Elementar Perkin-Elmer 2400 acoplado ao Espectrômetro de massa Finigan Delta Plus, foram

realizadas as análises da composição elementar C/N e dos isótopos δ13C e δ 15N. Sob

supervisão do Dr. Marcelo M. Zacharias e Jean P. H. Ometto.

4.2.1 Nutrientes Inorgânicos Dissolvidos

As análises se basearam na quantificação dos seguintes nutrientes inorgânicos dissolvidos

nas amostras da coluna d’água: nitrato (N-NO3-), nitrito (N-NO2

-), fosfato (P-PO4-3), amônio

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(N-NH4+) e silicato (Si-Si(OH)4). Para tanto foram feitas curvas de calibração com soluções

padrões para a obtenção dos resultados. O aparelho usado foi um espectrofotômetro

Shimadzu modelo UV 1601 PC. A metodologia utilizada está descrita em Grasshoff et al

(1983). Um resumo de cada procedimento analítico é apresentada abaixo.

Nitrito: a determinação do nitrito baseia-se em uma reação em duas etapas. Primeiro o

nitrito reage com a sulfanilamida em meio ácido formando um composto diazóico, depois

este composto reagem com o n-naftil etilenodiamina formando um corante púrpura

avermelhado, cuja densidade ótica é medida a 540nm.

Nitrato: a determinação do nitrato consiste na sua redução a nitrito em coluna redutora de

amálgama de cádmio, com grãos tratados com solução cúprica. Após sua redução a análise é

procedida normalmente como a determinação de nitrito, descrita acima.

Fosfato: o método utilizado para dosagem do fosfato consiste no fato dos íons fosfatos

reagirem com o molibdato de amônio em meio ácido formando o complexo fosfomolibato.

Este é reduzido pelo ácido ascórbico resultando em um composto azul, cuja densidade ótica é

medida a 880nm. Esta reação é catalisada pelo tartarato de antimônio e potássio.

Amônio: o método usado para a determinação de amônio baseia-se na reação do íon

amônio com o fenol, em meio alcalino, e em presença de ácido dicloroisocianuro (trione) e

nitroprussiato de sódio (catalisador) para formar o complexo azul que apresenta máxima

absorbância a 630nm. Adiciona-se também citrato trissódico (complexante) durante a reação

para evitar turbidez.

Silicato: a determinação de silicato é baseada na formação de ácido silicomolibdato

amarelo quando a amostra de um ácido é tratada com solução de molibdato, resultando então

em um composto azul cuja densidade ótica é de 880nm.

4.2.2 Nitrogênio e Fósforo Total da coluna d’água

Das amostras brutas (sem passarem pelo processo de filtragem) foram retiradas 100ml

para análise de nitrogênio e fósforo total. Esta é baseada na oxidação simultânea das espécies

presentes na amostra por persulfato. Assim todo nitrogênio foi transformado em nitrato e todo

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30

fósforo em fosfato. A partir desse momento seguiram-se as análises de nitrato e fosfato

normalmente, já citados anteriormente.

4.2.3 Pigmentos fotossintetizantes

Depois que as amostras foram filtradas, os filtros para os pigmentos fotossintetizantes

foram conservados congelados em pote plástico escuro com sílica até o dia seguinte a

filtragem, quando foi processada a análise.

Os filtros foram transferidos para tubos de centrifuga, onde foi adicionada acetona 90%

para extração, e em seguida macerados. Estes permaneceram refrigerados durante 20 horas

para completa extração dos pigmentos. Após esse tempo o material foi centrifugado e o

sobrenadante lido em espectrofotômetro nos comprimentos de onda 630, 647 e 664nm. Para

obtenção da concentração de clorofila a (µg L-1), foi utilizada a equação de Jeffrey &

Humphrey (1975).

4.2.4 Taxa metabólica – Respiração

As concentrações de oxigênio e dióxido de carbono foram expressos de acordo com seu

equilíbrio com a atmosfera (Utilização Aparente de Oxigênio (UAO) para o oxigênio e CO2-

excesso para o gás carbônico) definidos como:

UAO = [O2]eq – [O2]aq

CO2-excesso = [CO2]aq – [CO2]eq

Onde [O2]eq e [CO2]eq são os valores de equilíbrio, e [O2]aq e [CO2]aq são os valores

observados. Sendo o dióxido de carbono calculado a partir do pH e do carbono inorgânico

dissolvido (CID) (BALESTER ET AL, 1999; SKIRROW, 1975).

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31

4.2.5 Frações do Carbono

As análises das frações do carbono dissolvido – orgânico (COD) e inorgânico (CID) –

foram realizadas com o aparelho Total Organic Carbon modelo CPH (TOC – V), Shimadzu

(Skirrow, 1975). A fração particulada foi feita com o módulo para amostras sólidas (SSM

5000A) acoplado ao TOC-V.

A metodologia para análises de amostras líquidas consiste na introdução da mesma em

um tudo de combustão que é preenchido com um catalisador que promove a oxidação

aquecido a 680°C. Os componentes de carbono da amostra são convertidos a dióxido de

carbono e carreados através do fluxo de gás do tubo de combustão para o tubo Hallogen

scrubber, onde o cloro e outros halogênios são retirados. Então o gás carreia os produtos da

combustão para a célula do NDIR (detector infravermelho não dispersivo) onde o dióxido de

carbono é detectado. Um detector de sinal registra um pico cuja área é medida pelo software

do TOC-V.

As amostras sólidas são inseridas no SSM em uma cápsula de porcelana, previamente

calcinada, e expostas a uma temperatura de 900°C. Todo o material orgânico é queimado e

convertido em dióxido de carbono. Após isto a amostra passa ao TOC-V e o processo de

detecção é repetido.

A área do pico é proporcional à concentração de carbono da amostra. Curvas de

calibração, que expressam matematicamente as relações entre a área do pico e as

concentrações de carbono foram geradas pela análise de várias concentrações de soluções

padrões de carbono.

4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado Análise de Variância (ANOVA) para

comparar os resultados de diferentes estações e diferentes campanhas na margem,

empregando o programa estatístico SPSS versão 10.0. Quando a ANOVA mostrou diferença

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32

significativa, foi utilizado o teste de Tukey para comparação múltipla dos dados. Antes da

aplicação dos testes foi testada a normalidade dos dados e verificada a necessidade de

transformação dos mesmos, que foi realizada de acordo com os seguintes cálculos, onde x é o

valor da variável: t1 = log(x / x+1); t2 = log(x+1); t3 = √x.

Este tratamento foi realizado apenas para as coletas na margem, pois nesta região da lagoa

foram realizadas três campanhas, possibilitando duas comparações: entre as estações

(comparando as médias das diferentes coletas) e entre as campanhas (entre as médias das

diferentes estações).

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33

5 RESULTADOS

Segundo os resultados da ANOVA, a maioria dos parâmetros analisados em cada estação

de coleta não apresentaram diferença significativa entre setembro, outubro e dezembro de

2005. Desta maneira os resultados são referentes à média de cada estação nos referidos

meses.

5.1 CLIMA

O balanço evaporação-precipitação foi negativo para o ano de 2005 e 2006 como

observado na figura 3, mantendo a característica do clima semi-árido da região. Os únicos

meses onde a precipitação excedeu a evaporação foram março e dezembro de 2005 e

fevereiro e abril de 2006. A seguir, a figura 4 apresenta a precipitação (P) e a evaporação (E),

ambos em milímetros, para o período de julho de 2005 a junho de 2006; a figura 5 apresenta a

temperatura atmosférica para o mesmo período. Em março de 2006 a estação meteorológica

de Iguaba Grande estava em obras, motivo pelo qual, no gráfico a seguir, não se encontra o

dado de evaporação para o mês.

Fig. 4: Precipitação (P) e evaporação (E) para período de julho de 2005 a junho de 2006 para a lagoa de Araruama. As setas indicam os meses de coleta.

020406080

100120140160180200

Jul/0

5

Ago/0

5

Set/0

5

Out/0

5

Nov/0

5

Dez/0

5

Jan/

06

Fev/0

6

Mar

/06

Abr/0

6

Mai/

06

Jun/

06

mm

P (mm) E (mm)

Fonte: INMET – estação meteorológica de Iguaba grande.

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34

0

5

10

15

20

25

30

35

Jul/0

5

Ago/0

5

Set/05

Out/05

Nov/0

5

Dez/0

5

Jan/

06

Fev/0

6

Mar

/06

Abr/0

6

Mai/

06

Jun/

06ºC

máx min

Fig. 5: Temperatura (°C) atmosférica para período de julho de 2005 a junho de 2006 para a lagoa de Araruama. As setas indicam os meses de coleta.

Fonte: INMET – estação meteorológica de Iguaba grande.

5.2 PARÂMETROS DE CAMPO

A temperatura e o pH da coluna d’água foram os únicos que se mostraram

homogêneos para todas as estações estudadas durante os meses de setembro, outubro e

dezembro. Foi observada uma diferença significativa, p<0.05 segundo a ANOVA, para a

estação 1 (rio das Moças) com relação a salinidade, se destacando dos outros pontos de

coleta dentro da lagoa por apresentar salinidade reduzida, mesmo em comparação a outras

estações de coleta próximas a rios. Os rios das Moças, Mataruna e Mossoró (estações 1, 2

e 4 respectivamente) apresentaram sempre menores teores de oxigênio dissolvido (OD),

apresentando correlação significativa entre eles e diferença com os demais pontos de

coleta. Uma queda em todos os valores dos parâmetros de campo foi observado no início

do canal de Itajuru (estações 9, 10 e 11).

A figura 6A representa a média dos parâmetros de campo para os meses de

setembro, outubro e dezembro e a figura 6B para a coleta de janeiro de 2006. Na porção

central da lagoa, os parâmetros de campo se mostraram similares entre superfície e fundo

(fig. 5). A temperatura e o OD apresentaram um pequeno aumento nas estações VII e VIII

com posterior queda na estação IX. Foi observado também, nas estações VF, VI S e VIF,

uma grande diminuição nas concentrações do OD.

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35

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Estações

T (°C) pH Sal. OD

A

Fig. 6: Valores dos parâmetros de campo para as coletas na margem (A) da lagoa e na sua região central (B), onde: T = temperatura (°C); Sal. = salinidade; e OD = oxigênio dissolvido (mg/L). Identificação das estações conforme descrito nos materiais e métodos.

0

10

20

30

40

50

60

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

T (°C) pH Sal. ODB

5.3 NUTRIENTES INORGÂNICOS

Os valores mais elevados dos nutrientes foram encontrados nas estações próximas

aos rios. Silicato (Si-Si(OH)4), fosfato (P-PO4-3) e amônio (N-NH4

+) foram encontrados

em maiores concentrações nas estações 2, 3 e 4. Nitrato (N-NO3-), foi encontrado com

maiores concentrações nas estações 7 (11,96 mol L-1) e 9 (10,36mol L-1), já o nitrito

(N-NO2-) obteve maiores valores nas estações 4 e 6 (Apêndice 1).

A concentração de fosfato, nitrito e amônio apresentaram baixas concentrações

em todos os pontos de coleta da região central. O nitrato e o fosfato embora tenham

apresentado baixas concentrações, seus valores mais altos foram observados nas amostras

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36

de fundo. O silicato foi o nutriente que obteve maiores concentrações com valores entre

31,34M e 113,42M, nas estações III F e II S respectivamente. A figura 7 apresenta os

resultados dos nutrientes inorgânicos dissolvidos para as estações de coleta na margem e a

figura 7 das estações na região central da lagoa.

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Fig. 7: Concentrações dos nutrientes inorgânicos dissolvidos, em mol L-1, para as coletas na margem da lagoa. Gráfico A, para amônio, nitrato e nitrito e o gráfico B, para silicato e fosfato.

Fig. 8: Concentrações dos nutrientes inorgânicos dissolvidos, em mol L-1, para as coletas na região central da lagoa. Gráfico A, para amônio, nitrato e nitrito e o gráfico B, para silicato e fosfato.

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

N-N

H 4+ e

N-N

O3- (

mo

l L-1

)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

N-N

O2-

( m

ol L

-1)

N-NH4+ N-NO3- N-NO2

0

20

40

60

80

100

120

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

Si-

Si(

OH

) 4 (

mo

l L

-1)

0

0

0

0

0

1

1

P-P

O4

-3

(m

ol

L-1

)

Si-Si(OH)4 P-PO4-3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Estações

N-N

H 4+ e

N-N

O3-

(

mo

l L-1

)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

N-N

O2-

( m

ol L

-1)

N-NH4+ N-NO3- N-NO2

0

10

20

30

40

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Estações

Si-

Si(

OH

) 4 (

m

ol L

-1 )

0

2

4

6

8

10

P-P

O4-3

(

mo

l L-1

)

Si-Si(OH)4 P-PO4-3

B

B

A

A

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5.4 CARBONO NA COLUNA D’ÁGUA

As diferentes frações do carbono apresentaram concentrações elevadas em todas as

estações de coleta tanto na margem como na região central. Seus valores máximos foram de

25,52 mgL-1 de carbono orgânico dissolvido (COD) na estação 7; 14,60 mgL-1 de carbono

orgânico particulado (COP) na estação 4 e de 40,45 mgL-1 de carbono orgânico total (COT) na

estação 6. Os menores valores foram encontrados no canal de Itajuru, na estação 11, com 1,61

mgL-1 de COD, 0,46 mgL-1 de COP e 2,07 mgL-1 COT. As concentrações de carbono

inorgânico dissolvido (CID) apresentaram valores máximos de 186,44 mgL-1 e 183,25 mgL-1; já

as concentrações de carbono total (CT) atingiram 224,30 mgL-1 e 215,12 mgL-1 nas estações 4 e

2 respectivamente.

Tanto o COD, o COP e o CID não apresentaram diferenças significativas entre as

amostras de superfície e fundo na coleta da porção central da lagoa. O COD apresentou

concentração média de 23,61mg L-1 e o COP valores médios de 7,5 mg L-1 em relação a todas

as estações. Estes parâmetros apresentaram diminuição nos valores nas estações situadas no

canal de Itajuru. O CID apresentou comportamento inverso, aumentando suas concentrações

neste canal. Os valores para esse último parâmetro estiveram entre o mínimo de 66,66 mg L-1

para a estação I F e o máximo de 173,30 mg L-1 para a estação IX. As concentrações para cada

fração do carbono estão descritas nas figuras 9 e 10.

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40

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IXEstações

mg

L-1

COD COP COT

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estaçõesm

g L

-1

CID CT

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Estações

mg

L-1

COD COP COT

0

50

100

150

200

250

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Estações

mg

L-1

CID CT

B

A B

Fig. 10 Concentrações (em mg L-1) das diferentes frações do carbono orgânico (gráfico A) – dissolvido (COD), particulado (COP) e total (COT) – inorgânico(gráfico B) (CID) e total (CT) nas estações de coleta na região central da lagoa de Araruama.

Fig. 9 Concentrações (em mg L-1) das diferentes frações do carbono orgânico (gráfico A) – dissolvido (COD), particulado (COP) e total (COT) – inorgânico (gráfico B) (CID) e total (CT) nas estações de coleta na margem da lagoa de Araruama.

A

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5.5 NITROGÊNIO E FÓSFORO NA COLUNA D’ÁGUA

O nitrogênio orgânico total atingiu concentrações altas em todos os pontos de coleta na

margem, sendo encontrados os maiores valores nas estações próximas aos rios que deságuam na

lagoa. A estação 2 apresentou uma média de 204,92 mol L-1; a estação 3 250,57mol L-1 e a

estação 4 248,63mol L-1. Os maiores valores de nitrogênio inorgânico total (NIT) também

foram encontradas em duas dessas estações: a 4 (77,63mol L-1) e a 2 (50,29 mol L-1).

Acompanhando os altos valores de NOT, o nitrogênio total (NT) também apresentou altos

valores em todos os pontos de coleta. Os resultados do ANOVA para o NOT e NT

demonstraram diferença significativa (p < 0,05) apenas para as estações 10 e 11 isolando-as dos

outros ponto de coleta, enquanto que para o NIT todos os pontos se mostram homogêneos.

A figura a seguir apresenta os gráficos das concentrações de NT, NOT e NIT das coletas

na margem (fig 11A) e na região central (fig 11B) da lagoa de Araruama. Nos pontos de coleta

no meio da lagoa o NOT apresentou altas concentrações sem apresentar estratificação entre

superfície e fundo. Seu valor máximo foi de 178,07 mol L-1 na estação VI F e no mínimo de

60,34 mol L-1 na estação IX. A média entre as estações foi de 157, 83mol L-1. Já o

somatório das formas inorgânicas do nitrogênio (NIT) estiveram com concentrações baixas em

todos os pontos de coleta, assumindo valores abaixo do limite de detecção do método a no

máximo 1,09 mol L-1. Em função dos altos valores de NOT , as concentrações de NT também

foram elevadas como nas estações de coleta na margem.

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42

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Estações

NT

e N

OT

(

mo

l L-1

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

NIT

(

mo

l L-1

)

NT NOT NIT

A

020406080

100

120140160180200

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

NT

e N

OT

(

mo

l L-1

)

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

NIT

(

mo

l L-1

)

NT NOT NIT

B

Fig. 11 Concentrações (em mol L-1) de nitrogênio total (NT), orgânico (NOT) e inorgânico (NIT) nas estações de coleta na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama.

As concentrações de fósforo orgânico total (POT) atingiram maiores valores nas

estações 2, 3 e 4 dos pontos de coleta na margem, com 7,38 mol L-1; 9,93 mol L-1; e 9,72

mol L-1 de POT, respectivamente. O ponto de coleta 3 se destacou das estações 1, 6 e 8 que

apresentaram valores do ANOVA. As estações 10 e 11 se destacaram mais uma vez por

apresentar os menores valores entre as estações de margem.

O fósforo orgânico total apresentou valores médios de 2,79 mol L-1 para a coleta na

região central da lagoa. Sua concentração mais alta foi atingida na estação VII com 3,58 mol

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L-1 e a mínima de 2,32mol L-1 na estação IX. A figura 12 apresenta os gráficos com as

concentrações para este parâmetro.

0

2

4

6

8

1012

14

16

18

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Estações

mo

l L

-1

POT PT

A

0

1

2

3

4

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IXEstações

mo

l L

-1

POT PT

B

-1Fig. 12 Concentrações (em mol L ) de fósforo orgânico total (POT) e de fósforo total (PT) nas estações de coleta na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama.

5.6 CLOROFILA A E MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO

As concentrações de clorofila a (Chl a) foram altos em todos os pontos de coleta em

todas as campanhas Os maiores valores foram encontrados nas estações dentro da lagoa e os

menores no canal de Itajuru. Os resultados da ANOVA, para a coleta na margem da lagoa,

separou por diferença significativa as estações 4 das estações 1,2,6,9,10,11; a estação 5 da

estação 11 e a estação 11 das 6 e 7. As concentrações variaram de uma média mínima de

91,63µg L-1 na estação 2 a valores médios máximos de 302,65 µg L-1 na estação 4. Nas

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estações no meio da lagoa a concentração de Chl a chegou ao máximo de 209,82 µg L-1 na

estação III F. Mais uma vez não foi observada diferença significativa entre superfície e fundo.

As concentrações para as estações dentro da lagoa estiveram entre 109 e 159,23 µg L-1 de Chl a

e no canal de Itajuru, as concentrações atingiram um mínimo de 43 µg L-1.

O material particulado em suspensão (MPS) tendeu a apresentar maiores concentrações

nas estações de margem, onde a estação 3 mostrou o valor máximo (299 mgL-1). Na região

central da lagoa, os valores de MPS apresentaram menores concentrações e menores variações

em relação às estações na margem. Foi verificada mais uma vez a queda nos valores nas

estações localizadas no canal de contato com o mar, nas estações 9, 10 e 11 para as coletas na

margem e estações VII, VII e IX na região central.

A figura 13 apresenta as concentrações de Chl a e MPS para as coletas na margem e no

meio da lagoa.

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0

50

100

150

200

250

300

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Estações

Clo

rofil

a a

( g

L-1 )

0

50

100

150

200

250

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

Clo

rofi

la a

(

g L

-1 )

45

B

0

50

100

150

200

250

300

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Estações

MP

S (

mg

L-1 )

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

MP

S (

mg

L-1

)

B

, de material particulado em suspensão (MPS) para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama.

Fig. 13: Concentrações, em µg L-1, de Clorofila a para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama.

A

A

Fig. 14: Concentrações, em mg L-1

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A taxa respiratória (TR) nas estações a margem da lagoa foi menor do que nas estações na

região central. As concentrações de dióxido de carbono em excesso (CO2*) tiveram um

comportamento oposto a TR, onde foram encontrados maiores valores desse parâmetro na margem

do que na região central da lagoa (fig 15).

A taxa respiratória (TR) nas estações a margem da lagoa foi menor do que nas estações na

região central. As concentrações de dióxido de carbono em excesso (CO

5.7 METABOLISMO 5.7 METABOLISMO

2*) tiveram um

comportamento oposto a TR, onde foram encontrados maiores valores desse parâmetro na margem

do que na região central da lagoa (fig 15).

Fig. 15: Gráfico com os valores da taxa respiratória (TR – em

0

5

10

15

20

1

TR

(

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Estações

M/h

) e

OD

(m

g L

-1)

250

300

350

0

50

100

150

200

CO

2*

TR OD CO2*

0

5

10

15

20

I S I F I

TR

( M

/h)

e O

D (

mg

L-1

)

I S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30C

O2

*

TR OD CO2*

M/h), oxigênio dissolvido (OD – em mg L-1) e CO2* (mol L-1) para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama.

A

B

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5.8 COMPOSIÇÃO ELEMENTAR E ISOTÓPICA

Entre as amostras coletadas na margem, a maior razão C/N (27,6), foi encontrada na estação 1

(rio das Moças) e a menor razão (11,6) encontrada na estação 3 (Rio Iguaçaba). Por outro lado os

maiores valores da razão N/P foram encontradas nas estações localizadas no centro da lagoa

(estações 5, 6 e 7) para essa mesma coleta, sendo a média de 15,8 (fig.16A).

Para as amostras coletadas na região central da lagoa a razão C/N apresentou valor máximo de

21,8 na estação III S e o valor mínimo de 11,9 na estação IX. A média entre as estações foi de 16,1.

A razão N/P apresentou valores variando entre 25,5 (estação IX) e 70,6 (estação III F) com uma

média de 57,7 (fig. 16B).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Estações

N/P

0

5

10

15

20

25

30

C/N

N/P C/N

A

0

10

20

30

40

50

60

70

80

I S I F II S II F III S III F IV S IV F V S V F VI S VI F VII VIII IX

Estações

N/P

0

5

10

15

20

25

C/P

N/P C/N

B

Fig. 16: Gráfico com as razões C/N e N/P para as coletas na margem (A) e na região central (B) da lagoa de Araruama.

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As composições elementar e isotópica do sedimento superficial referentes a coleta na região

central da lagoa de Araruama (jan/06) estão descritos na figura 17. Os valores de δ13C variaram

entre -15,68 (estação XI) a -13,31 (estação VIII); o δ 15N apresentou uma variação um pouco maior

indo de 4,52 (estação III) a 8,54 (estação II). A estação III apresentou maior porcentagem de

carbono (15,65%C) e de nitrogênio (1,52%N), e maior C/N (10,62), enquanto a estação V a menor

razão C/N (5,15).

As composições elementar e isotópica do sedimento superficial referentes a coleta na região

central da lagoa de Araruama (jan/06) estão descritos na figura 17. Os valores de δ13C variaram

entre -15,68 (estação XI) a -13,31 (estação VIII); o δ 15N apresentou uma variação um pouco maior

indo de 4,52 (estação III) a 8,54 (estação II). A estação III apresentou maior porcentagem de

carbono (15,65%C) e de nitrogênio (1,52%N), e maior C/N (10,62), enquanto a estação V a menor

razão C/N (5,15).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII

Estações

%N

e %

C

0

2

4

6

8

10

12

C/N

%N %C C/N

A

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII

Estações

δ1

5N

(‰

)

-16

-15

-14

-13

-12

-11

-10δ

13C

(‰

)

δ15N δ13C

B

15 13Fig. 17 :Gráficos com os valores de δ N, δ C (A), C/N, %N e %C (B) dos sedimentos superficiais coletados na

campanha de janeiro de 2006 na lagoa de Araruama. ma.

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6 DISCUSSÃO

6.1 O METABOLISMO AQUÁTICO

Ecossistemas aquáticos que recebem elevada carga de matéria orgânica tendem a alterar as

concentrações naturais dos gases biogênicos (CO2 e O2) devido principalmente aos processos

de decomposição. Este processo pode explicar os resultados encontrados no presente estudo,

que demonstrou diferenças entre regiões que possuem maior influência dos rios, com aporte de

efluentes urbanos, regiões de maior influência marinha e as demais regiões da lagoa.

Em ambientes lênticos, o material orgânico degradado eleva as concentrações de nutrientes

estimulando os produtores primários. Ambientes sob pouca influência de efluentes são

caracterizados por águas com elevadas concentrações de oxigênio durante todo ano e baixas

taxas de respiração e CO2 se comparados a ambientes eutrofizados. Comparados aos ambientes

naturais, o excesso de CO2 e a diminuição de O2 observados em águas poluídas sugerem

diferentes processos para a oxidação do carbono, que em excesso pode ser decomposto

anaeróbicamente (BALESTER et al, 1999).

Para testar essa hipótese plotamos o CO2-excesso contra a utilização aparente de oxigênio

(UAO) (fig. 18). Águas aeróbicas são caracterizadas por valores de CO2-excesso e UAO

menores que 250 e 200 respectivamente, enquanto águas anaeróbicas apresentam maiores

valores (RICHEY et al, 1988).

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50

-50

0

50

100

150

200

250

300

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300

UAO

CO

2-ex

cess

o

2

1

VI F4

A

B

C

RespiraçãoProdução Primária

Águas Anaeróbicas

Águas Aeróbicas

-50

0

50

100

150

200

250

300

-100 -50 0 50 100 150 200 250 300

UAO

CO

2-ex

cess

o

2

1

VI F4

A

B

C

RespiraçãoProdução Primária

Águas Anaeróbicas

Águas Aeróbicas

Fig. 18: Gráfico de correlação entre a utilização aparente de oxigênio (UAO) e CO -excesso (CO2 2

). Losangos fechados representam as estações de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos as estações de coleta na margem da lagoa. Região A: metabolismo heterotrófico; região B: metabolismo que equilibra atividades hetero e autótrofas; região C: metabolismo autotrófico.

A figura 18 indica que a maior parte da matéria orgânica está sendo decomposta em

condições aeróbicas, sendo os maiores valores de UAO em relação a menores de CO2

indicativos da presença de produtores primários. As condições sub-anóxicas nas estações mais

poluídas (1 e 2) podem ser relacionadas a maior descarga de matéria orgânica oriunda da

lavagem dos solos e, principalmente da drenagem de adensamentos urbanos sem tratamento de

esgoto. Isto pode ser observado com maior intensidade no mês de dezembro, onde ocorreu um

maior índice pluviométrico. Refletindo o caminho de oxidação do carbono, as concentrações

dos gases biogênicos oscilaram de maneira diferenciada entre as estações localizadas próximas

aos rios, lagoa ou no canal de contato com o mar. As estações com maiores valores de UAO em

relação ao CO2-excesso localizadas no meio da lagoa indicam elevado consumo de oxigênio

sem similar produção de CO2, típica de intensa sucessão de organismos autotróficos e

confirmada pelos altos valores de clorofila a em toda coluna d’água. Os maiores valores de

amônio e nitrato nas amostras de fundo em relação as maiores concentrações de nitrito na

superfície indicam os sedimentos como importante fonte de nitrogênio mineralizado para a

coluna d’água impulsionando os produtores primários (COTNER et al, 2004). Esta utilização de

O2 sem produção similar de CO2 nos leva a sugerir incorporação de carbono oxidado pela

comunidade fitoplanctônica. No entanto, devemos considerar também a comunidade bentônica

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evidente devido às elevadas concentrações de COD e nitrogênio reduzido auxiliando a ciclagem

de C, N e P dentro da coluna d’água do sistema lagunar.

As estações com valores de UAO proporcionais as de CO2, ou seja, para cada quantidade de

oxigênio utilizado, a mesma de CO2 é produzida, apontam para um equilíbrio entre

comunidades auto e heterotróficas. São estações localizadas próximas a margem, com pouca

profundidade e predominância de conchas nos sedimentos, limitando uma intensa produção

primária.

As estações localizadas no trecho de influência do canal de contato com o mar apresentaram

metabolismo levemente heterotrófico. Apesar de baixas taxas de CO2-excesso, estas estações

tiveram os maiores valores de taxas respiratórias e as menores concentrações de clorofila a. São

estações sob influência da maré, com constante renovação de suas águas sendo vias de

transporte entre o material lagunar e o meio oceânico.

Com exceção das estações de valores extremos de CO2-excesso e UAO, podemos dizer que

neste sistema observamos três situações típicas,como indicado na figura 18: (A) metabolismo

heterotrófico, ocorrendo estações com altos teores de CO2-excesso produzidos pela

decomposição de material orgânico oriundo dos adensamentos urbanos, assim como estações

com baixo teores de CO2-excesso localizados no canal de comunicação com o mar; (B)

metabolismo que equilibra as atividades hetero e autotróficas (estações próximas a margem); e

(C) elevada produtividade primária encontrada nas estações de meio da lagoa.

6.2 CARACTERIZAÇÃO TRÓFICA

As concentrações de carbono, nitrogênio e fósforo orgânico total na coluna d’água

apresentaram algumas diferenças entre as estações estudadas. As estações localizadas próximas

a margem apresentaram comportamento destes nutrientes do observado nas estações daquelas

localizadas no centro da lagoa, com os maiores valores de C/N relacionados a menores

salinidades, provavelmente devido a materiais oriundos da drenagem dos solos adjacentes a

lagoa (fig. 19). Uma razão média de 15,9 para a margem e de 16,2 para o centro sugerem

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enriquecimento de carbono tanto nas frações dissolvidas como nas particuladas. De maneira

geral as estações do centro foram homogêneas para o C/N, destacando o maior valor para

estação III, condizente com o maior valor de C/N também para o sedimento. Neste ponto a

assinatura elementar da coluna d’água parece imprimir seu sinal nos sedimentos. Apesar da

dominância planctônica neste sistema lagunar este elevado valor deve ser vinculado a perda das

formas nitrogenadas do material orgânico particulado em suspensão através da decomposição

bacteriana verificada pelos altos valores de COD. Os menores valores de C/N para as estações

do centro foram encontradas nas estações do canal, como era de se esperar para as águas

costeiras.

0

5

10

15

20

25

30

20 30 40 50 60 70

Salinidade

C/N

Fig. 19: Gráfico de correlação entre a razão C/N e a salinidade da coluna d’água. Losangos fechados representam os pontos de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos os pontos de coleta na margem da lagoa.

O fósforo orgânico decai conforme aumenta a salinidade, apresentando comportamento

similar a razão C/N. As médias da razão C/P foram 941 para as estações no centro e de 603 para

as estações na margem (fig.20). No entanto, mais expressiva a limitação de fósforo para os

pontos no centro da lagoa. Cotner et al (2004) encontrou valores da razão C/P de 200-1200,

sugerindo uma conexão entre os maiores valores com maiores temperaturas, intensidades

luminosas e alta produtividade. Valores entre 1000 - 1200 foram encontrados nas estações do

centro da lagoa e em três pontos próximos a margem indicando alta produtividade por

organismos adaptado a limitação de fósforo (NEWTON et al, 2003). As razões de N/P

demonstraram tendência similar com os maiores valores nas estações de alta salinidade e

produtividade primária (fig. 21).

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0

200

400

600

800

1000

1200

1400

20 30 40 50 60 70

Salinidade

C/P

Fig. 20: Gráfi s

co de correlação entre a razão C/P e a salinidade da coluna d’água. Losangos fechado representam os pontos

de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos o pontos de coleta na margem da lagoa. s

0

10

20

30

40

50

60

70

80

20 30 40 50 60 70

Salinidade

N/P

Fig. 21: Gráfico de correlação entre a razão N/P e a salinidade da coluna d’água. Losangos fechados representam os pontos de coleta na região central da lagoa e os quadrados abertos os pontos de coleta na margem da lagoa.

O material orgânico estocado nos sedimentos da lagoa apresentaram razões molares

médias de C/N e δ13C e δ15N com valores de 7,8; -14,44; 6,71; respectivamente. Os maiores

valores de δ 15N foram encontrados nas estações mais profundas do centro da lagoa,

demonstrando intensa ciclagem deste elemento entre o sedimento e a coluna d’água. Estes

pontos são localizados no eixo central da lagoa, portanto sob condições hidrodinâmicas mais

intensas que outros pontos. Na figura 22, mais uma vez as estações centrais se destacam das

outras. Os maiores valores de 15N numa mesma faixa de 13C indicam um metabolismo mais

intenso nestas regiões, com mais ciclagem de N e uma mesma fonte de CO2 (fig. 23).

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2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

10.0

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

15 N

(‰

)

%N

II IV

I

XII

VIII

VI

Fig. 22 Gráfico de correlação entre o δ15

N e a porcentagem de nitrogênio para os sedimentos super ciais coletados na

região central da lagoa de Araruama. As estações numeradas representam as estações de maior profundidade. fi

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

10.0

-25.0 -20.0 -15.0 -10.013C (‰)

15N

(‰

)

Estações

Mugil

Anomalocardia

Algas bentônicas

MPS Rio Maturama

Fito > 20um

Esgoto

Fig. 23: Gráfico de correlação entre o δ15N e δ13C para os sedimentos superficiais coletados na região central da lagoa de Araruama. O círculo superior representa as estações de maior profundidade e o inferior as de menor profundidade. Valores referenciais para Mugil, Anomalocardia e Algas bentônicas, retirados de CORBISIER et al, 2006.

Comparando com lagoas de água doce, os valores mais esperados de δ13C indicaram a

intensa participação de fontes de CO2 enriquecidas em 13C, com os carbonatos marinhos e/ou

atmosféricos. As elevadas concentrações de CID e COD sugeriram a intensa ciclagem de

carbono entre a coluna d’água e os sedimentos que, aliado ao elevado T50%, aumentaram

consideravelmente os estoques deste elemento na lagoa.

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A diminuição da razão C/N da coluna d’água para o sedimento, observada em algumas

estações, pode ser explicadas por: (A) elevados teores de carbono estocados nas frações

dissolvidas e particuladas da coluna d’água, através da intensa atividade fito e

bacterioplanctônica, onde as espécies de N são provavelmente perdidas pela intensa ciclagem;

(B) nos sedimentos, baixos teores de carbono são retidos nos fundos arenosos e conchas, sendo

os maiores valores relacionados aos ambientes mais profundos e deposicionais. Estes resultados

refletem uma mistura de fontes autóctone (plâncton e detritos) e alóctone (esgotos), tendo sido

modificado o predomínio anterior das comunidades microfitobentônicas.

Apesar da dispersão dos pontos no gráfico da figura 17, as estações mais distantes da

margem apresentaram menores %N e maiores δ15N, indicando um menor reaproveitamento das

diferentes espécies de N nesse ambiente.

6.3 CICLAGEM DOS ELEMENTOS BIOGÊNICOS

A relação entre as concentrações de nitrogênio total e a razão N/P podem ser observadas na

figura 24. Segundo alguns autores e agências ambientais internacionais águas costeiras com

razões N/P maiores que 16 são classificadas como eutróficas e implicam na entrada de elevadas

concentrações de nitrogênio devido a chuvas ou efluentes (NEWTON et al, 2005; EEA, 2001).

A presença de fosfato associada ao nitrogênio pode ser relacionada à drenagem de bacias com

intenso uso do solo. Na lagoa de Araruama as estações localizadas próximas aos rios

apresentaram menores razões N/P e maiores concentrações de NT e, portanto maiores

concentrações de fosfato, que é atribuído a entradas laterais de efluentes domésticos não

tratados (NEWTON; MUDGE, 2005).

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Canal

Fig. 24: Correlação entre o nitrogênio total (NT) e a razão N/P. Losangos fechados representam as estações de coleta na região central da lagoa, enquanto os quadrados abertos representam as estações na margem da lagoa de Araruama.

Por outro lado, baixos valores de NT e da razão N/P foram observados no trecho final do

canal de contato com o mar, indicando ocorrer nesta região uma intensa renovação das águas da

lagoa com as do mar, apesar do alto adensamento urbano. As estações localizadas na margem

da lagoa apresentaram correlação positiva (r2 = 0,97) entre NT e a razão N/P, sendo os maiores

valores relacionados a adensamentos urbanos (fig 24).

As maiores entradas de fósforo e silicato foram através dos rios, sendo observada uma

diminuição do fósforo na coluna d’água já nos pontos próximos as margens. As estações da

região central da lagoa apresentam maiores razões N/P, apesar dos baixos teores de NT. No

entanto, foram verificadas maiores concentrações deste elemento nas estações de fundo.

Inversamente, nas estações de superfície a diminuição de fósforo foi diretamente relacionada

aos maiores valores de silicatos e à maior densidade de produtores primários.

Baseado na relação de Redfield (1963) que estabelece as proporções de C/N/P de

106/16/1 para ecossistemas naturais, a média das razões elementares para a região central da

lagoa foi de 941/57/1 e a média para as estações da margem da lagoa foi de 603/37/1 indicando

uma maior limitação por fósforo na região central que na margem da lagoa. Apesar desta

limitação, uma possível explicação para a sustentação de uma elevada ocorrência

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fitoplanctônica na região central é que os sedimentos podem liberar concentrações de fósforo

para a coluna d’água (NIENCHESKI; JAHNKE, 2002).

Na figura 25 são apresentados os valores de silicatos contra os de clorofila a. As

estações de superfície localizadas no meio da lagoa apresentaram maiores valores de silicatos.

No entanto, apesar da diminuição dos valores de silicato nas estações de fundo os teores de

clorofila permaneceram elevados, sendo acompanhados de elevados teores carbono e oxigênio.

Apesar da histórica descarga de efluentes domésticos no entorno da lagoa de Araruama

aumentar o consumo microbiano de oxigênio, os teores de oxigênio mantiveram concentrações

acima de 80% nas estações da lagoa, indicando intensa produção primária na coluna d’água.

Segundo Souza et al (2003) as concentrações de clorofila a em 1992 eram em torno de 2 µg L-1,

passando para 134µg L-1 neste estudo.

Sylvestre et al (2001), relacionou para o ano de 1998 a dominância de diatomáceas

como os produtores primários bentônicos predominantes, citando inclusive a presença de

algumas espécies relacionadas a atividades antrópicas. Por outro lado, os elevados teores de

silicatos observados sem um incremento constante de clorofila a para as estações centrais da

lagoa sugerem a ocorrência de outras espécies planctônicas que não as diatomáceas. É possível

que uma mudança na estrutura da comunidade fitoplanctônica tenha ocorrido em função de

alterações recentes na qualidade das águas.

Na figura 25 as estações da margem apresentaram correlação positiva (r2 = 0,63) entre o

silicato e clorofila a caracterizando a entrada desse elemento através dos rios e margens,

abastecendo uma comunidade fitoplanctônica com provável participação de diatomáceas.

Na estação VI, a amostra de fundo excepcionalmente apresentou oxigênio de 29% com

leve aumento de CO2-excesso, apesar das menores taxas respiratórias e valores similares dos

outros parâmetros. Esta estação se localiza em um trecho estreito e profundo (5,5m) entre a

lagoa e o inicio do canal de contato com o mar, caracterizando um ambiente hidrologicamente

ativo, porém com intensa deposição de matéria orgânica. A conjunção desses fatores leva-nos a

sugerir maior participação do metabolismo bentônico sub-anóxico nesta estação.

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58

0

20

40

60

80

100

120

0 50 100 150 200 250 300 350

Clorofila a

Sili

ca

to

Fig. 25: Gráfico de relação entre silicato (µmolL-1 -1) x clorofila a (µgL

). Os losangos representam a coleta na região central da lagoa de Araruama. Os losangos fechados representam as amostras de superfície e os abertos de fundo. Os quadrados abertos representam as coletas na margem da lagoa.

Mudanças significativas nas concentrações dos elementos biogênicos na coluna d’água

em comparação a estudos anteriores foram evidenciadas pelos presentes resultados. Souza et al

(2003) e Knoppers et al (1999) caracterizaram o estado trófico da lagoa como oligo a

mesotrófico com predomínio de microfito-bentos como responsáveis pela produção primária. A

partir de julho de 2005, foi verificada intensa mudança na coloração da coluna d’água, de

transparente para uma turbidez intensa de coloração marrom claro. Durante as últimas décadas

ocorreu o crescimento demográfico das cidades localizadas às margens da lagoa que somado a

sua vocação turística, resultou no intenso lançamento de efluentes não tratados principalmente

na estação do verão. A necessidade de medidas mitigadoras fez com que a partir de 2004

diversas obras de coleta, distribuição e tratamento de efluentes domésticos, além da dragagem

de alguns trechos fossem realizadas sem, no entanto, devido monitoramento ambiental. A

eutrofização da lagoa de Araruama durante essas últimas décadas juntamente com as medidas

anteriormente citadas podem ter sido responsáveis pela alteração da cor da água. A partir do

crescimento urbano e dos efluentes domésticos não tratados, Knoppers et al (1999) propôs um

modelo conceitual de mudanças no ecossistema de oligotrofico para eutrofico, de hipersalina

para eurialina, de fitobentônico para fitoplanctônica, de baixa para alta turbidez com intensa

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59

demanda de oxigênio. Este estudo verificou todas essas mudanças com exceção da diminuição

da salinidade.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 50 100 150 200

Clorofia a (mgm-3)

T 5

0%

(d

ias)

A 06A 92

IF G

UM

P

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 50 100 150 200

Clorofia a (mgm-3)

T 5

0%

(d

ias)

A 06A 92

IF G

UM

P

Fig. 26: Gráfico de correlação entre T50% e clorofila a. Onde as letras simbolizam as lagoas de Itaipu (I), Fora (F), Guarapina (G), Urussunga (U), Maricá (M), Piratininga (P) e Araruama em 1992 (A92) e em 2006 (A06). Adaptado de Knoppers (1999).

A partir dos resultados do presente estudo e de estudos anteriores com lagoas costeiras

do leste fluminense claras evidências entre a renovação de 50% das águas e o estado trófico

podem ser inferidas (Knoppers et al, 1999). O estado trófico de lagoas regidas pelo fitoplâncton

se altera conforme maior for o tempo de renovação das águas desses sistemas (KNOPPERS et

al, 1991). Esta abordagem é bastante usual e prevê que o estado trófico pode ser controlado pelo

balanço hidrológico, principalmente aqueles regidos pela força da maré. Com isto o aumento

das trocas pela influencia da maré deve diminuir o estado trófico devido ao efeito de diluição

imposto pelas águas marinhas. A figura 26, adaptada de Knoppers et al. (1999), demonstra

correlação entre o tempo de renovação e as taxas de produção primária medida pela clorofila a.

As lagoas sob influência direta do mar através de canais de maré (Itaipu, Fora e Guarapina)

apresentaram menores teores de clorofila a. Valores intermediários de clorofila a foram

encontrados para as lagoas de Urussanga e Marica, que possuem tamanhos e tempos de

renovação similares. No entanto, quando as lagoas são regidas por macroalgas como a lagoa de

Piratininga ou mesmo por metabolismo bentônico como a lagoa hipersalina de Araruama esta

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evidência não é tão clara. Diferenças na absorção e a capacidade de estoque de nutrientes entre

os produtores primários pelágicos e bentônicos e na ciclagem de nutrientes em sistemas

orgânicos ou carbonáticos podem causar discrepâncias. Desta forma comparações devem ser

feitas entre sistemas com ciclagens biogeoquímicas similares.

Cotner et al (2004) estudando a dinâmica dos elementos biogênicos de uma lagoa

hipersalina no Texas relacionou o aumento da entrada de água doce enriquecida em matéria

orgânica (C, N, P e S) com a alternância do metabolismo bentônico para planctônico. A menor

incidência de luz na coluna d’água com o maior estoque destes elementos no sedimento

aumentaram o fluxo de nitrogênio e fósforo para a coluna d’água, impulsionando o

metabolismo planctônico por algas adaptadas a fixação de nitrogênio e oscilações na limitação

do fósforo.

Para a lagoa de Araruama as condições hipersalinas com elevado tempo de renovação de

suas águas tornam-na um sistema crítico para as elevadas entradas de efluentes domésticos. De

uma condição natural oligotrófica com metabolismo microfitobentônico, o lançamento,

dispersão pela dominância de ventos constantes e posterior acúmulo de matéria orgânica nos

sedimentos e na coluna d’água, intensificaram os processos de ciclagem e estocagem de

nutrientes. A mudança na predominância de produtores primários bentônicos para planctônicos

foi acompanhada pelo aumento da turbidez e alta demanda biológica de oxigênio. Essas

condições eutróficas podem, durante um ciclo anual, levar as comunidades aquáticas a crises

distróficas conforme oscilações na temperatura, pluviosidade e salinidade.

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7 CONCLUSÕES

O metabolismo da lagoa de Araruama foi caracterizado como autotrófico, devido à

elevada produtividade primária liquida. Nas estações localizadas próximas aos rios, maiores

concentrações de CO2 caracterizaram atividades heterotróficas, sendo encontrado nas estações

localizadas na margem um balanço entre autotrofia e heterotrofia. No entanto os elevados teores

de carbono e clorofila sustentados pela entrada de nutrientes e o elevado tempo de renovação de

suas águas podem levar este sistema apresentar sucessivas crises distróficas.

Devido às mudanças antrópicas ocorridas nas ultimas décadas no entorno da lagoa, as

menores razões de C/P e N/P próximas aos rios e as margens evidenciaram intensa entrada de

matéria orgânica no sistema. Estas mudanças aumentaram a ciclagem nos sedimentos,

impulsionando a produtividade primária em toda a coluna d’água e diminuindo, devido a menor

penetração da luz, a importância da produtividade bentônica. Com o processo de evaporação

superior à precipitação, a lagoa permanece hipersalina e com longo período de renovação de

suas águas (84 dias). No entanto o sistema lagunar foi alterado de meso para eutrófico,

apresentando maior turbidez, maior demanda biológica de oxigênio e troca da predominância

dos produtores primários de bentônicas para planctônicas.

Com isto, a lagoa de Araruama apresentou após uma alteração, aumento nos estoques

das diferentes espécies de carbono (CID, COD e COP) nos compartimentos da coluna d’água e

dos sedimentos, demonstrando uma estreita relação entre as entradas de carbono e sua ciclagem

no processo de eutrofização.

Medidas iniciadas recentemente pelos órgãos ambientais e municipais, como o sistema

de coleta e tratamento de efluentes, dragagem e alargamento do canal de contato com o mar

devem considerar o monitoramento biogeoquímico da água. Os resultados gerados com este

trabalho evidenciam a necessidade de futuras pesquisas que abordem: o fluxo de materiais entre

a lagoa e o oceano, o impacto da dragagem no canal sobre a variabilidade da qualidade das

águas na lagoa e estudos sobre a possível mudança na comunidade planctônica.

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APÊNDICES

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1. Parâmetros de campo referentes às coletas na margem (valores mensais e médias das estações) e na região central da lagoa.

Tab. 1: Valores dos parâmetros de campo para as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações Temperatura

(°C) pH Salinidade

OD (mg/L)

1 22,7 7,872 29,9 1,27 2 23,6 7,926 38,8 3,3 3 24,1 8,081 51,6 6,55 4 23,9 8,128 57,9 5,42 5 23,5 8,214 59 6,24 6 23,9 8,429 60,6 5,72 7 23,7 8,522 60,4 5,61 8 22,9 8,321 47,3 8,31 9 23,4 8,196 41,7 8,35 10 22,8 7,99 38,1 7,45

SE

TE

MB

RO

/ 20

05

11 22,1 7,853 35,9 6,44

1 29 7,584 43,7 0,05 2 29,1 7,923 54,7 4,93 3 29,4 8,065 54,6 6,8 4 30,7 8,057 56,5 5,7 5 29,5 8,173 58,7 9,13 6 27,5 8,252 58,8 10,8 7 26,9 8,241 58,6 7,13 8 27,9 8,094 58 8,63 9 27,9 8,065 41,3 10,3 10 25,9 7,818 36,9 8,08

OU

TU

BR

O /

2005

11 24,3 7,66 35,5 7,32

1 27,4 6,906 4,2 2,76 2 27,8 7,307 12,6 1,58 3 33,1 8,61 47,2 10,29 4 35,6 8,308 35,4 1,62 5 30,8 8,895 55,9 5,56 6 29,6 8,868 55,2 6,22 7 29,7 8,871 55,3 5,57 8 30,4 9,116 53,2 10,81 9 29,1 8,715 46,1 7,44 10 27,5 8,52 39,2 9,13

DE

ZE

MB

RO

/ 20

05

11 25,2 8,234 35,1 7,4

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Tab. 2: Média e desvio padrão dos parâmetros de campo para as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações Temperatura

(°C) pH Salinidade

OD (mg L-1)

1 26,37±3,27 7,45±0,50 25,93±20,05 1,36±1,36 2 26,83±2,87 7,72±0,36 35,37±21,26 3,27±1,68 3 28,87±4,52 8,25±0,31 51,13±3,72 7,88±2,09 4 30,07±5,88 8,16±0,13 49,93±12,61 4,25±2,28 5 27,93±3,89 8,43±0,41 57,87±1,71 6,98±1,90 6 27,00±2,88 8,52±0,32 58,20±2,75 7,58±2,80 7 26,77±3,00 8,54±0,32 58,10±2,59 6,10±0,89 8 27,07±3,82 8,51±0,54 52,83±5,36 9,25±1,36 9 26,80±3,00 8,33±0,34 43,03±2,66 8,70±1,46

10 25,40±2,39 8,11±0,37 38,07±1,15 8,22±0,85 11 23,87±1,59 7,92±0,29 35,50±0,40 7,05±0,53

Tab. 3: Valores dos parâmetros de campo para a coleta na região central da lagoa de Araruama. Estações

Temperatura (°C)

pH Salinidade OD

(mg L-1) I S 29,8 8,772 56,8 7,01 I F 30,2 8,686 56,35 6,05 II S 29,4 8,764 57,5 6,22 II F 29,9 8,686 57,6 6,09 III S 29,2 8,642 57,8 5,74 III F 29,3 8,637 57,9 5,61 IV S 28,8 8,64 57,7 5,62 IV F 28,6 8,611 57,9 5,53 V S 28,9 8,641 56,9 5,06 V F 29 8,623 57 4,6 VI S 29,5 8,598 57,7 4,5 VI F 28,9 8,503 57,9 1,62 VII 30,8 8,825 46,2 9,04 VIII 31,6 8,72 45,3 8,21

JAN

EIR

O /

2006

IX 27,6 8,373 37,3 7,14

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2. Nutrientes inorgânicos dissolvidos referentes às coletas na margem (valores mensais e médias das estações) e na região central da lagoa.

Tab. 4: Valores dos nutrientes inorgânicos dissolvidos para as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações

Si-Si(OH)4 (mol L-1)

P-PO4-3

(mol L-1) N-NH4

+ (mol L-1)

N-NO2-

(mol L-1) N-NO3

-

(mol L-1) 1 22,30 0,43 2,30 0,28 4,54 2 11,52 6,95 53,47 0,42 3,67 3 6,01 3,05 14,23 0,21 1,21 4 3,49 0,08 1,38 0,19 0,01 5 4,22 0,07 0,58 1,00 0,01 6 36,68 0,03 1,16 0,11 1,93 7 45,83 0,03 1,73 0,10 15,47 8 29,75 0,03 1,68 0,08 1,89 9 24,08 0,03 1,05 0,09 2,92

10 7,15 0,03 1,83 0,05 1,52

SE

TE

MB

RO

/ 20

05

11 1,71 0,03 2,95 0,05 1,77

1 11,03 0,40 1,77 0,04 0,18 2 8,21 0,33 0,05 0,01 0,01 3 9,32 2,25 1,71 0,20 0,80 4 79,12 2,85 0,20 0,10 0,48 5 6,54 0,18 0,03 0,06 0,01 6 5,11 0,14 5,32 0,14 11,13 7 5,07 0,19 0,11 0,08 2,36 8 5,60 0,20 0,20 0,01 0,29 9 46,33 0,16 0,05 0,01 25,32

10 0,63 0,07 0,44 0,01 0,01

OU

TU

BR

O /

2005

11 0,00 0,46 1,60 0,03 0,46

1 35,08 0,84 8,86 0,66 10,06 2 43,28 11,11 86,06 1,25 5,91 3 34,26 13,36 12,07 1,95 2,76 4 47,21 23,78 220,23 4,28 6,02 5 21,73 0,24 0,43 0,58 1,45 6 21,10 0,13 0,05 3,18 0,31 7 17,69 0,33 0,05 0,41 18,06 8 19,36 0,28 0,17 0,01 0,01 9 19,45 0,21 0,38 0,01 2,84

10 8,09 0,12 0,05 0,01 0,01

DE

ZE

MB

RO

/ 20

05

11 0,17 0,12 0,60 0,31 1,81

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71

(m )

Tab. 5: Média e desvio padrão dos nutrientes inorgânicos dissolvidos para as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações Si-Si(OH)4 (mol L-1)

P-PO4-3

(mol L-1) N-NH4

+ ol L-1

N-NO2-

(mol L-1) N-NO3

-

(mol L-1) 1 22,80±12,03 0,56±0,24 4,31±3,95 0,33±0,31 4,93±4,95 2 21,00±19,36 6,13±5,43 46,53±43,42 0,56±0,63 3,20±2,98 3 16,53±15,44 6,22±6,20 9,34±6,69 0,79±1,01 1,59±1,03 4 43,27±37,97 8,90±12,96 73,94±126,69 1,52±2,39 2,17±3,34 5 10,83±9,51 0,16±0,09 0,35±0,29 0,55±0,48 0,49±0,83 6 20,96±15,78 0,10±0,06 2,18±2,78 1,14±1,77 4,46±5,83 7 22,86±20,87 0,18±0,15 0,63±0,95 0,20±0,18 11,96±8,42 8 18,24±12,12 0,17±0,13 0,68±0,87 0,03±0,04 0,73±1,02 9 29,95±14,37 0,13±0,09 0,49±0,51 0,04±0,04 10,36±12,95

10 5,29±4,06 0,08±0,05 0,77±0,93 0,02±0,02 0,51±0,87 11 0,63±0,94 0,20±0,23 1,72±1,18 0,13±0,15 1,35±0,77

Tab. 6: Valores dos nutrientes inorgânicos dissolvidos para a coleta na região central da lagoa de Araruama.

Estações

Si-Si(OH)4

(mol L-1) P-PO4

-3 (mol L-1)

N-NH4+

(mol L-1) N-NO2

- (mol L-1)

N-NO3-

(mol L-1) I S 110,17 0,22 0,32 0,23 0,23 I F 67,45 0,09 0,05 0,03 1,06 II S 113,42 0,07 0,40 0,18 0,14 II F 36,72 0,06 0,05 0,03 1,01 III S 105,94 0,10 0,05 0,21 0,01 III F 31,34 0,28 0,05 0,04 0,91 IV S 103,09 0,02 0,05 0,19 0,01 IV F 41,89 0,20 0,05 0,04 0,94 V S 91,86 0,03 0,05 0,06 0,85 V F 72,70 0,24 0,05 0,08 0,60 VI S 108,26 0,03 0,29 0,08 0,73 VI F 66,79 0,25 0,05 0,10 0,73 VII 64,35 0,03 0,05 0,10 0,95 VIII 67,06 0,56 0,05 0,00 0,01

JAN

EIR

O /

2006

IX 104,43 0,07 0,05 0,08 1,07

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3. Valores da utilização aparente de oxigênio (UAO), dióxido de carbono em excesso (CO2*) e taxa respiratória (TR) referentes às coletas na margem (valores mensais e médias das estações) e na região central da lagoa.

Tab. 7: Valores de UAO, CO2*, TR para as coletas na margem da lagoa de Araruama. (*) não houve incubações para esse

período.

Estações UAO

(mol L-1) CO2*

(mol L-1) TR

(M/h)

1 229,05 77,65 * 2 159,40 87,54 * 3 53,21 49,27 * 4 90,31 34,28 * 5 65,95 25,42 * 6 80,71 6,84 * 7 85,17 2,01 * 8 2,52 14,34 * 9 -1,26 33,42 *

10 30,66 64,72 *

SE

TE

MB

RO

/ 20

05

11 66,42 39,16 *

1 239,65 151,64 0,00 2 82,87 82,10 0,93 3 21,78 47,80 1,43 4 51,98 37,22 1,20 5 -53,10 26,83 1,92 6 -98,10 14,54 2,57 7 21,84 12,57 1,65 8 -30,54 29,81 1,77 9 -83,98 45,91 2,06

10 -4,19 95,30 0,83

OU

TU

BR

O /

2005

11 27,64 67,60 0,30

1 159,49 668,26 0,74 2 195,69 524,97 0,47 3 -95,84 7,78 3,52 4 181,60 64,40 0,52 5 56,14 -5,58 1,79 6 39,71 -2,27 1,95 7 60,20 -1,47 1,76 8 -110,30 -6,53 3,55 9 2,54 3,88 2,46

10 -44,66 11,07 2,64

DE

ZE

MB

RO

/ 20

05

11 20,70 44,97 0,63

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Tab. 8: Média e desvio padrão de UAO, CO *, TR para as coletas na margem da lagoa de Araruama. 2

Estações UAO

(mol L-1) CO2*

(mol L-1) TR

(M/h) 1 209,40±43,54 299,18±321,76 0,37±0,52 2 145,99±57,60 231,54±254,14 0,70±0,32 3 -6,95±78,57 34,95±23,54 2,48±1,48 4 107,96±66,59 45,30±16,61 0,86±0,48 5 23,00±66,08 15,56±18,32 1,85±0,09 6 7,44±93,67 6,37±8,41 2,26±0,44 7 55,74±31,90 4,37±7,31 1,71±0,08 8 -46,10±58,00 12,54±18,24 2,66±1,26 9 -27,56±48,89 27,74±21,58 2,26±0,28

10 -6,06±37,70 57,03±42,64 1,74±1,28 11 38,25±24,64 50,57±15,03 0,47±0,23

Tab. 9: Valores de UAO, CO *, TR para a coleta na região central da lagoa de Araruama. 2

Estações

UAO (mol L-1)

CO2* (mol L-1)

TR (M/h)

I S 13,49 -4,51 1,51 I F 42,65 -3,33 1,29 II S 40,34 -1,44 1,35 II F 42,62 -0,52 1,31 III S 56,63 -1,07 1,23 III F 60,48 -2,16 1,20 IV S 62,04 -2,21 1,41 IV F 65,85 -1,42 1,36 V S 79,64 -0,10 1,23 V F 94,05 -1,00 1,15 VI S 95,06 4,36 1,10 VI F 189,72 2,40 0,36 VII -55,22 -1,15 2,30 VIII -29,28 2,37 2,09

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2006

IX 18,40 26,47 1,69

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4. Valores do carbono orgânico dissolvido (COD), particulado (COP), inorgânico dissolvido (CID) referentes às coletas na margem (valores mensais e médias das estações) e na região central da lagoa:

Tab. 10: Valores de COD, COP, COT e CID para as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações COD

(mg L-1) COP

(mg L-1) COT

(mg L-1) CID

(mg L-1) 1 24,08 10,80 34,88 124,57 2 23,76 12,75 36,51 156,34 3 20,14 18,93 39,07 135,13 4 25,77 14,95 40,72 112,61 5 22,35 18,36 40,71 109,85 6 23,73 29,45 53,18 86,59 7 28,17 19,89 48,06 77,27 8 11,51 8,46 19,97 97,08 9 7,76 9,60 17,36 129,00

10 4,54 2,84 7,38 138,55

SE

TE

MB

RO

/ 20

05

11 1,86 0,38 2,24 67,24

1 26,25 13,99 40,24 129,30 2 24,92 7,78 32,70 156,40 3 23,44 11,69 35,13 135,40 4 23,14 14,29 37,43 113,60 5 22,63 12,39 35,02 110,40 6 22,96 12,51 35,47 88,45 7 26,10 13,64 39,74 79,90 8 22,20 10,01 32,21 99,80 9 8,31 6,05 14,36 131,10

10 3,51 2,38 5,89 141,60

OU

TU

BR

O /

2005

11 1,46 0,32 1,78 68,93

1 18,27 1,93 20,20 137,30 2 21,67 4,76 26,43 237,00 3 20,90 9,43 30,33 153,10 4 20,88 14,55 35,43 333,10 5 22,89 10,82 33,71 75,14 6 20,74 11,97 32,71 117,40 7 22,30 9,48 31,78 130,30 8 22,94 8,36 31,30 100,60 9 16,17 8,80 24,97 146,50

10 6,72 4,58 11,30 141,10

DE

ZE

MB

RO

/ 20

05

11 1,52 0,66 2,18 190,30

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75

Tab. 11: Média e desvio padrão dos valores de COD, COP, COT e CID para as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações COD

(mg L-1) COP

(mg L-1) COT

(mg L-1) CID

(mg L-1)

1 22,87±4,13 8,90±6,25 31,77±10,37 130,39±3,99 2 23,45±1,65 8,43±4,03 31,88±5,09 183,25±45,01 3 21,49±1,73 13,35±4,96 34,84±4,37 141,21±9,94 4 23,26±2,45 14,60±0,33 37,86±2,67 186,44±124,95 5 22,62±0,27 13,86±3,98 36,48±3,72 98,46±19,97 6 22,48±1,55 17,98±9,94 40,45±11,11 97,48±15,76 7 25,52±2,98 14,33±5,24 39,86±8,14 95,82±27,07 8 18,88±6,40 8,94±0,93 27,83±6,82 99,16±8,22

9 10,75±4,70 8,15±1,86 18,90±5,47 135,53±14,25 10 4,92±1,64 3,27±1,16 8,19±2,79 140,42±2,37 11 1,61±0,21 0,46±0,18 2,07±0,25 108,82±70,48

Tab. 12: Valores de COD, COP, COT e CID para a coleta na região central da lagoa de Araruama. Estações

COD (mg L-1)

COP (mg L-1)

COT (mg L-1)

CID (mg L-1)

I S 28,26 8,10 36,36 66,66 I F 26,73 8,06 34,79 68,99 II S 28,04 8,87 36,91 101,70 II F 28,51 8,67 37,18 93,53 III S 37,12 6,10 43,22 79,67 III F 25,10 7,95 33,05 69,25 IV S 26,54 7,81 34,35 69,41 IV F 23,90 8,05 31,95 71,36 V S 22,69 9,14 31,83 88,18 V F 25,93 7,61 33,54 76,86 VI S 23,87 8,66 32,53 115,10 VI F 24,66 8,48 33,14 79,94 VII 13,03 7,00 20,03 126,70 VIII 13,97 6,13 20,10 138,00

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2006

IX 5,84 2,62 8,46 173,30

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5. Valores de nitrogênio total (NT), inorgânico total (NIT) e orgânico total (NOT) referentes às coletas na margem (valores mensais e médias das estações) e na região central da lagoa:

Tab. 13: Valores de NT, NIT, NOT as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações NT

(mol L-1) NIT

(mol L-1) NOT

(mol L-1) 1 7,13 7,12 0,01 2 368,98 57,56 311,41 3 321,14 15,65 305,49 4 254,84 1,58 253,26 5 197,36 1,60 195,76 6 235,60 3,20 232,40 7 226,22 17,30 208,92 8 139,95 3,66 136,29 9 117,60 4,06 113,54

10 53,69 3,40 50,30

SE

TE

MB

RO

/ 20

05

11 10,27 4,77 5,50 1 227,72 1,99 225,73 2 142,55 0,07 142,48 3 184,60 2,72 181,88 4 161,03 0,78 160,25 5 146,94 0,09 146,85 6 186,77 16,58 170,19 7 216,84 2,56 214,29 8 223,41 0,50 222,91 9 92,98 25,38 67,61

10 0,47 0,46 0,01

OU

TU

BR

O /

2005

11 23,13 2,08 21,05 1 81,16 19,58 61,58 2 254,09 93,23 160,86 3 281,11 16,78 264,33 4 562,90 230,53 332,36 5 191,82 2,47 189,35 6 170,78 3,55 167,23 7 191,02 18,52 172,50 8 166,90 0,19 166,72 9 157,70 3,22 154,48

10 73,43 0,07 73,36

DE

ZE

MB

RO

/ 20

05

11 12,88 2,72 10,16

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Tab. 14: Médias e desvio padrão dos valores de NT, NIT, NOT as coletas na margem da lagoa de Araruama.

Estações NT

(mol L-1) NIT

(mol L-1) NOT

(mol L-1)

1 103,14±115,17 9,56±9,04 95,78±116,68 2 255,20±113,22 50,29±47,00 204,92±92,69 3 262,28±70,19 11,72±7,81 250,57±62,95 4 326,25±210,24 77,63±132,42 248,63±86,15 5 178,71±27,65 1,39±1,20 177,32±26,58 6 197,72±33,77 7,78±7,63 189,94±36,80 7 211,36±18,23 12,79±8,88 198,57±22,74 8 176,75±42,59 1,45±1,92 175,31±43,94

9 122,76±32,67 10,89±12,56 111,87±43,46 10 42,38±38,00 1,31±1,82 41,22±37,51 11 15,43±6,80 3,19±1,41 12,24±7,98

Tab. 15: Valores de NT, NIT, NOT para a coleta na região central da lagoa de Araruama.

Estações NT

(mol L-1) NIT

(mol L-1) NOT

(mol L-1) I S 171,63 0,78 170,85 I F 177,60 1,09 176,50 II S 171,52 0,72 170,80 II F 173,56 1,05 172,52 III S 169,49 0,21 169,28 III F 177,26 0,95 176,31 IV S 166,10 0,19 165,91 IV F 167,17 0,98 166,19 V S 174,51 0,91 173,61 V F 168,55 0,68 167,87 VI S 178,07 1,09 176,97 VI F 165,11 0,83 164,29 VII 131,85 1,05 130,81 VIII 126,30 0,00 126,30

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2006

IX 60,34 1,14 59,20

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6. Valores de fósforo orgânico total (POT), e fósforo total (PT) referentes às coletas na margem (valores mensais e médias das estações) e na região central da lagoa:

Tab. 16: Valores de PT e POT para a coleta na magem da lagoa de Araruama.

Estações POT

(mol L-1) PT

(mol L-1) 1 2,87 3,312 10,12 17,083 10,02 13,074 7,36 7,445 3,37 3,446 3,96 3,997 3,80 3,838 3,04 3,079 3,64 3,67

10 2,25 2,28

SE

TE

MB

RO

/ 20

05

11 0,63 0,66

1 4,74 5,142 3,61 3,943 10,30 12,544 4,32 7,175 3,19 3,376 3,14 3,287 3,62 3,818 3,42 3,629 2,49 2,65

10 0,59 0,66

OU

TU

BR

O /

2005

11 0,15 0,61

1 1,71 2,552 8,41 19,523 9,48 22,844 17,47 41,255 4,06 4,306 2,48 2,617 2,84 3,178 3,49 3,779 4,27 4,49

10 2,46 2,59

DE

ZE

MB

RO

/ 20

05

11 0,59 0,70

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Tab. 17: Média e desvio padrão dos valores de PT e POT para a coleta na margem da lagoa de Araruama.

Estações PT

(mol L-1) POT

(mol L-1)

1 3,67±1,34 3,11±1,53 2 13,51±8,38 7,38±3,38 3 16,15±5,80 9,93±0,41 4 18,62±19,60 9,72±6,88 5 3,70±0,52 3,54±0,46 6 3,29±0,69 3,19±0,74 7 3,61±0,38 3,42±0,51 8 3,48±0,37 3,32±0,24

9 3,60±0,92 3,47±0,90 10 1,84±1,03 1,77±1,02 11 0,66±0,04 0,46±0,26

Tab. 18: Valores de POT e PT para a coleta na região central da lagoa de Araruama.

Estações POT

(mol L-1) PT

(mol L-1) I S 2,77 3,00 I F 2,86 2,96 II S 2,90 2,98 II F 2,86 2,93 III S 2,84 2,94 III F 2,50 2,78 IV S 2,69 2,71 IV F 2,54 2,74 V S 2,94 2,94 V F 2,54 2,78 VI S 2,82 2,82 VI F 2,44 2,69 VII 3,58 3,58 VIII 3,24 3,80

JAN

EIR

O /

2006

IX 2,32 2,39

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7. Valores de Clorofila a (Chl a) e material particulado em suspensão (MPS) referentes às coletas na margem (valores mensais e médias das estações) e na região central da lagoa:

Tab. 19: Valores de Chl a e MPS para a coleta na margem da lagoa de Araruama.

Estações Clorofila a

(µg/L) MPS

(mg/L) 1 115,04 130,72 159,15 215,83 188,68 671,74 234,72 220,05 189,66 329,36 206,80 561,97 198,39 411,18 111,68 149,39 105,14 126,7

10 35,55 45,1

SE

TE

MB

RO

/ 20

05

11 2,51 9,71 241,55 127,12 92,79 77,83 210,40 133,34 275,11 208,95 179,49 125,06 207,75 111,77 221,61 56,08 231,71 111,79 96,08 55,0

10 22,38 24,8

OU

TU

BR

O /

2005

11 2,04 6,41 5,03 33,62 22,96 95,33 112,78 94,74 398,10 87,35 159,40 112,36 154,70 131,07 135,44 96,08 146,30 70,39 177,61 63,6

10 30,00 22,1

DE

ZE

MB

RO

/ 20

05

11 3,37 9,0

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Tab. 20: Média e desvio padrão dos valores de Chl a e MPS para a coleta na margem da lagoa de Araruama.

Estações Chl a

(µg L-1) MPS

(mg L-1) 1 120,54±118,36 3,17±1,09 2 91,63±68,10 6,79±6,63 3 170,62±51,25 8,52±5,45 4 302,65±85,10 5,42±2,94 5 176,18±15,40 6,83±4,37 6 189,75±30,36 7,30±5,47 7 185,15±44,59 5,72±4,12 8 163,23±61,78 5,03±3,63 9 126,28±44,69 4,76±3,14 10 29,31±6,61 3,92±2,49 11 2,64±0,67 4,54±2,34

Tab. 21: Valores de Chl a e MPS para a coleta na região central da lagoa de Araruama. Estações Chl a

(µg L-1) MPS

(mg L-1) I S 109,54 94,7 I F 118,97 80,2 II S 118,71 66,4 II F 132,25 68,7 III S 131,20 91,0 III F 209,82 69,3 IV S 125,00 58,0 IV F 142,28 72,0 V S 142,94 90,2 V F 143,66 61,9 VI S 158,42 57,1 VI F 159,23 56,7 VII 77,98 46,8 VIII 72,00 54,3

JAN

EIR

O /

2006

IX 43,00 22,4

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8. Valores de δ13C, δ15N, %C, %N e composição elementar C/N referentes a coleta de sedimentos superficiais na região central da lagoa:

Estações δ13C (‰)

δ15N (‰)

%C %N C/N

I -14,47 7,14 0,34 0,06 5,64

II -14,91 8,54 2,51 0,28 8,99

III -14,91 4,52 15,65 1,52 10,62 IV -14,21 8,47 6,45 0,64 10,00 V -15,50 5,70 0,46 0,09 5,15 VI -13,85 8,00 9,41 1,05 8,99 VII -13,47 5,49 2,40 0,36 6,63 VIII -13,31 7,43 8,69 1,16 7,50 IX -14,98 5,04 4,82 0,67 7,20 X -14,28 6,44 1,90 0,27 7,12 XI -15,68 5,82 0,99 0,16 6,07

JAN

EIR

O /

2006

XII -13,75 7,91 4,69 0,48 9,82

Tab. 22: Valores de δ13C, δ15N, %C, %N e C/N para a coleta de sedimentos superficiais na região central da lagoa.