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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS
CRISTIANE CRISCIBENE PANTALEÃO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO COMO LABORATÓRIO VIVO PARA
SUSTENTABILIDADE: PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS ANALÍTICOS
São Paulo
2017
Cristiane Criscibene Pantaleão
CAMPUS UNIVERSITÁRIO COMO LABORATÓRIO VIVO PARA
SUSTENTABILIDADE: PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS ANALÍTICOS
UNIVERSITY CAMPUS AS A LIVING LABORATORY FOR
SUSTAINABILITY: PROPOSAL OF ANALYTICAL CRITERIA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Cidades Inteligentes e
Sustentáveis – UNINOVE, como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em
Cidades Inteligentes e Sustentáveis.
Orientadora: Profa. Dra. Tatiana Tucunduva
Philippi Cortese
São Paulo
2017
FICHA CATALOGRÁFICA
Pantaleão, Cristiane Criscibene.
Campus universitário como laboratório vivo para sustentabilidade:
proposição de critérios analíticos. / Cristiane Criscibene Pantaleão.
2017.
150 f.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Nove de Julho - UNINOVE,
São Paulo, 2017.
Orientador (a): Profª. Drª. Tatiana Tucunduva Philippi Cortese.
1. Instituições de ensino superior. 2. Gestão ambiental. 3. Campus
sustentável. 4. Laboratório vivo para sustentabilidade.
I. Cortese, Tatiana Tucunduva Philippi. II. Titulo.
CDU 711.4
CAMPUS UNIVERSITÁRIO COMO LABORATÓRIO VIVO PARA
SUSTENTABILIDADE: PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS ANALÍTICOS
POR
Cristiane Criscibene Pantaleão
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Cidades Inteligentes e
Sustentáveis – PPGCIS da Universidade
Nove de Julho – UNINOVE, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Cidades Inteligentes e Sustentáveis, sendo a
banca examinadora formada por:
______________________________________________________________________
Profa. Dra. Tatiana Tucunduva Philippi Cortese - Universidade Nove de Julho -
UNINOVE
_____________________________________________________________________
Profa. Dra. Ana Cristina de Faria - Universidade Nove de Julho - UNINOVE
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo de Andrade Romero - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo - FAU USP
São Paulo, 21 de junho de 2017
Dedido este trabalho aos futuros
tomadores de decisões das novas
gerações e desejo que possam se
beneficiar e transformar o planeta,
por meio dos estudos em prol do
desenvolvimento sustentável. Que
assim seja!
“Boa parte do movimento
ambiental comtemporâneo é
motivado pelo medo do fim do
mundo como nós o conhecemos,
pelo temor do desastre ambiental.
Esta não é a motivação correta para
um futuro verdadeiramente
sutentável. Amor e reverência pela
Terra resultarão automaticamente
em sustentabilidade, coerência e
harmonia”.
Satish Kumar
AGRADECIMENTOS
Primeiramente aos meus amados Elizabeth e Roberto, mãe e pai, pelo desejo de
me trazer a esta vida e me conduzir até aqui com todo carinho e apoio.
Ao meu companheiro da vida, Leandro, pela paciência, parceria, amor e
compreensão durante o período do curso.
Aos familiares mais próximos que acompanharam toda esta trajetória, com
incentivos e participando de todas as conquistas. Em especial ao meu tio Sergio, que me
conduziu ao mundo acadêmico e acompanhou de perto este novo ciclo da minha vida.
A minha querida e inspiradora orientadora, Profa Dra Tatiana Tucunduva Philippi
Cortese, por compartilhar comigo sua experiência e conhecimento com tanta dedicação,
carinho e generosidade.
Aos colegas de turma do PPGCIS, companheiros nesta jornada, pelo encontro,
troca de conhecimentos e experiências, apoio e amizade.
Aos professores do programa PPGCIS da Universidade Nove de Julho, pela
dedicação e luz do conhecimento.
A Profa Dra Ana Cristina de Faria e Prof Dr Marcelo de Andrade Romero, pelas
contribuições a este trabalho.
Aos professores e colaboradores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) pela
atenção e carinho com que me receberam e por compartilharem importantes exemplos e
informações preciosas.
Gratidão a todos, retribuo de coração.
RESUMO
As Instituições de Ensino Superior (IES) podem funcionar como pequenos núcleos
urbanos, além de laboratórios vivos e referência na disseminação dos conceitos de
sustentabilidade, fomentando esta cultura na comunidade global, e não somente se
limitando ao seu perímetro. O presente trabalho tem por objetivo propor quadro analítico
adaptativo com critérios que levam um campus universitário a ser caracterizado como
Laboratório Vivo para Sustentabilidade. Neste estudo, foi realizada pesquisa aplicada
com abordagem qualitativa e estratégia de pesquisa que se enquadra na categoria
exploratória com estudo de caso. Inicialmente, foram realizadas análise sistemática da
literatura e revisão bibliométrica, com o objetivo de encontrar trabalhos científicos
ligados ao tema, além de servir como norte para o direcionamento, possíveis revisões e
posterior validação das escolhas. O objeto do estudo de caso foi uma IES brasileira
engajada na busca do desenvolvimento sustentável, que possui muitas ações de
sustentabilidade em operação e que teve seu campus considerado como o mais sustentável
da América Latina em 2015 e 2016. Estas ações manifestam indícios de que a IES possa
vir a ser considerada Laboratório Vivo para Sustentabilidade. Além desta análise
empírica, foi desenvolvida análise documental de uma IES internacional, que considera
seu campus Laboratório Vivo para Sustentabilidade. As evidências encontradas
apresentam exemplos de IES com políticas ambientais bem estabelecidas, diversas ações
em operação, projetos e campanhas em andamento. De acordo com os resultados, a fim
de que um Laboratório Vivo para Sustentabilidade se caracterize, é necessário que haja
vivência e experimentação das práticas, comunicação e cooperação entre os indivíduos
da comunidade acadêmica, e interação com a comunidade externa. Além da contribuição
à comunidade acadêmica, este estudo científico poderá nortear as IES e outras
organizações que desejam seguir pelo caminho do desenvolvimento sustentável, se
tornando referência em gestão ambiental junto a sociedade e na formação de indivíduos
conscientes de seu papel no planeta.
Palavras-chave: Instituições de Ensino Superior, Gestão Ambiental, Campus
Sustentável, Laboratório Vivo para Sustentabilidade.
ABSTRACT
Higher Education Institutions (HEI) can function as small urban centers, as well as living
laboratories and reference in the dissemination of sustainability concepts, fostering this
culture in the global community, and are not limiting its perimeter. The objective of this
work is to propose an adaptive analytical framework with criteria that lead a university
campus to be characterized as a Living Laboratory for Sustainability. In this study, an
applied research was carried out with a qualitative approach and a research strategy and
an exploratory category with a case study. Initially, a systematic analysis of the literature
and bibliometric revision were carried out, with the objective of finding scientific papers
related to the topic, besides serving as a guide for the direction, revisions and later
validation of the choices. The object of the case study for a Brazilian HEI engaged in the
pursuit of sustainable development, which has many sustainability actions in operations
and which had its campus considered the most sustainable in Latin America in 2015 and
2016. These actions show signs that the IES may come Living Laboratory for
Sustainability. In addition to the empirical analysis, a documentary analysis of an
international HEI was developed, Which considers its campus as a Living Lab for
Sustainability. The evidences found present examples of HEI with well established
environmental policies, several actions in operation, projects and campaigns in progress.
According to the results, an end to a Living Lab for Sustainability is characterized, it is
necessary that live and experienced practices, communication and community building
of the academic community and interaction with an external community. In addition to
contributing to the academic community, this scientific study can guide how HEI and
other organizations that wish to follow the path of sustainable development, becoming a
reference in environmental management in a society and in the formation of people aware
of their planetless role.
Keywords: Institutions of Higher Education, Environmental Management, Sustainable
Campus, Living Laboratory for Sustainability.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Evolução anual de artigos científicos relacionados ao tema de pesquisa 25
Figura 2 – Termos chave para análise sistemática 26
Figura 3 – Número de artigos da base de dados Web of Science 26
Figura 4 – Número de artigos da base de dados Science Direct 27
Figura 5 – Termos chave para revisão bibliométrica 27
Figura 6 – Locais de análise por termo chave 28
Figura 7 – Locais de publicação por termo chave 29
Figura 8 – Vínculo institucional dos autores e seus países correspondentes 30
Figura 9 – Frequência de autores 30
Figura 10 – Número de citações Grupo 1 31
Figura 11 – Número de citações Grupo 2 32
Figura 12 – Metodologias de pesquisa 33
Figura 13 – Incidência dos termos chave 33
Figura 14 – Destaques entre periódicos 34
Figura 15 – Linha do tempo das principais declarações internacionais 38
Figura 16 – Seis princípios PRME 41
Figura 17 – Mapa stakeholders 42
Figura 18 – Resultados do inquérito sobre as funções centrais do sistema de ensino
superior 43
Figura 19 – Mapa mental das atividades em campus universitário 44
Figura 20 – Esquema de funcionamento do campus como Laboratório Vivo 49
Figura 21 – Desenho metodológico de triangulação das evidências 52
Figura 22 – Painel de atores analisados no estudo de caso 55
Figura 23 – Atividades e estratégias de pesquisa 57
Figura 24 – Número de relatórios de sustentabilidade publicados pelas IES (por ano) na
Base de Dados de Divulgação da GRI 58
Figura 25 – Vista aérea do campus da UFLA 63
Figura 26 – Organograma DMA da UFLA 65
Figura 27 – Ações da UFLA em Gestão da Energia 66
Figura 28 – Projetos da UFLA em Gestão da Energia 67
Figura 29 – Campanhas da UFLA em Gestão da Energia 67
Figura 30 – Antes e depois da troca de lâmpadas na avenida central do campus 68
Figura 31 – Gráfico da relação entre número de estudantes e consumo de energia na
UFLA 68
Figura 32 – Medidor do consumo de energia para controle de demanda 69
Figura 33 – Ações da UFLA em Gestão da Água 70
Figura 34 – Projetos da UFLA em Gestão da Água 70
Figura 35 – Campanhas da UFLA em Gestão da Água 71
Figura 36 – A mais nova barragem da UFLA 71
Figura 37 – Estação de tratamento de água da UFLA 72
Figura 38 – Ações da UFLA em Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores 72
Figura 39 – Projetos da UFLA em Gestão de Materiais, Equipamentos e
Fornecedores 73
Figura 40 – Campanhas da UFLA em Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores
73
Figura 41 – Ações da UFLA em Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões 74
Figura 42 – Projetos da UFLA em Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões 75
Figura 43 – Campanhas da UFLA em Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões 75
Figura 44 – Estação de tratamento de esgoto da UFLA 75
Figura 45 – Experimento dos alunos do curso de Biologia 76
Figura 46 – Ações da UFLA em Meio Ambiente 78
Figura 47 – Projetos da UFLA em Meio Ambiente 78
Figura 48 – Campanhas da UFLA em Meio Ambiente 79
Figura 49 – Antiga rede de energia elétrica do campus da UFLA 79
Figura 50 – Imagens das áreas de recuperação ambiental 80
Figura 51 – Ações da UFLA em Mobilidade 81
Figura 52 – Projetos da UFLA em Mobilidade 81
Figura 53 – Campanhas da UFLA em Mobilidade 81
Figura 54 – Módulo do bicicletário 82
Figura 55 – Ações da UFLA em Mudanças Climáticas 83
Figura 56 – Projetos da UFLA em Mudanças Climáticas 83
Figura 57 – Campanhas da UFLA em Mudanças Climáticas 83
Figura 58 – Ações da UFLA em Ambiente Construído 84
Figura 59 – Projetos da UFLA em Ambiente Construído 84
Figura 60 – Campanhas da UFLA em Ambiente Construído 85
Figura 61 – Centro de Convivência 85
Figura 62 – Ações da UFLA em Comunicação e Treinamento 86
Figura 63 – Projetos da UFLA em Comunicação e Treinamento 86
Figura 64 – Campanhas da UFLA em Comunicação e Treinamento 86
Figura 65 – Ações da UFLA em Relação com Cidade e Comunidade 87
Figura 66 – Projetos da UFLA em Relação com Cidade e Comunidade 88
Figura 67 – Campanhas da UFLA em Relação com Cidade e Comunidade 88
Figura 68 – Iniciativas da CAM em Projetos Acadêmicos 91
Figura 69 – Iniciativas da CAM em Projetos Voluntários 92
Figura 70 – Iniciativas da CAM em Estágios 93
Figura 71 – Iniciativas da CAM em Premiações e Reconhecimentos 94
Figura 72 – Evolução anual do projeto Living Lab for Sustainability 94
Figura 73 – Ações da CAM em Gestão da Energia 95
Figura 74 – Ações da CAM em Gestão da Água 96
Figura 75 – Ações da CAM em Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores 96
Figura 76 – Ações da CAM em Gestão de Resíduos, Emissões e Efluentes 96
Figura 77 – Ações da CAM em Meio Ambiente 97
Figura 78 – Ações da CAM em Mobilidade 97
Figura 79 – Ações da CAM em Mudanças Climáticas 98
Figura 80 – Ações da CAM em Ambiente Construído 98
Figura 81 – Ações da CAM em Comunicação e Treinamento 98
Figura 82 – Ações da CAM em Relação com Cidade e Comunidade 99
Figura 83 – Ações da CAM em Alimentação Sustentável 99
Figura 84 – Quadro de critérios: Gestão Administrativa 100
Figura 85 – Quadro de critérios: Gestão Financeira 101
Figura 86 – Quadro de critérios: Infraestrutura do Campus 101
Figura 87 – Quadro de critérios: Ensino e Pesquisa 102
Figura 88 – Quadro de critérios: Comunicação e Treinamento 103
Figura 89 – Classificação geral da UFLA no ranking UI GreenMetric 105
Figura 90 – Classificação da UFLA por indicadores no ranking UI GreenMetric 106
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fator de impacto dos periódicos 35
Tabela 2 – IES brasileiras no ranking UI GreenMetric 47
Tabela 3 – IES internacionais no ranking UI GreenMetric 47
Tabela 4 – Critérios e ponderação de pontos do ranking UI GreenMetric 53
LISTA DE SIGLAS
AASHE – Association for the Advancement of Sustainability in Higher Education
(Associação para o Avanço da Sustentabilidade no Ensino Superior)
ACAMAR – Associação dos Catadores de Material Reciclável de Lavras
AE – Alojamento Estudantil
ALLIANCE COPERNICUS – European Network on Higher Education for Sustainable
Development (Rede Europeia de Educação Superior para o Desenvolvimento
Sustentável)
APP – Área de Preservação Permanente
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BREEAM – Building Research Establishment Environmental Assessment Method
(Método de Avaliação Ambiental do Estabelecimento de Pesquisa de Construção)
CAM – University of Cambridge
CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais
CRC – Compromisso de Redução de Carbono
CS – Campus Sustentável
DMA – Diretoria de Meio Ambiente
ENAP – Escola Nacional de Administração Pública
EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
ETA – Estação de Tratamento de Água
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
FPDA – Fundação Pró Defesa Ambiental
GHESP - Global Higher Education for Sustainability Partnership (Parceria de Ensino
Superior Global para a Sustentabilidade)
GRI – Global Reporting Initiative (Iniciativa Global de Informação)
IARU – International Alliance of Research Universities (Aliança Internacional das
Universidades de Pesquisa)
IES – Instituição de Ensino Superior
IRD – Institut de Recherche pour le Developpement
LEED – Leadership in Energy and Environmental Design (Liderança em Energia e
Design Ambiental)
LGRQ – Laboratório de Gestão de Resíduos Químicos
MEC – Ministério da Educação
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MP – Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
PLS – Plano de Logística Sustentável
PRME – Principles for Responsible Management Education (Princípios para a Educação
Empresarial Responsável)
Procel – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
REUNI – Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
RS – Relatórios de Sustentabilidade
RU – Restaurante Universitário
RUPEA – Rede Universitária de Programas de Educação Ambiental
SAQ – Sustainability Assessment Questionnaire (Questionário de Avaliação de
Sustentabilidade)
SEMESP – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
STARS – Sustainability Tracking, Assessment & Rating System (Sistema de
Rastreamento, Avaliação e Classificação de Sustentabilidade)
TBL – Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade)
TCU – Tribunal de Contas da União
UFLA – Universidade Federal de Lavras
UI GreenMetric – Universitas Indonesia GreenMetric: World Univesrity Ranking on
Sustainability (Universitas Indonesia MétricaVerde: Ranking Mundial de Universidades
sobre Sustentabilidade)
ULSF – University Leaders for a Sustainable Future (Líderes Universitários para um
Futuro Sustentável)
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
(Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
US – Universidade Sustentável
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 18
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E QUESTÃO DE PESQUISA ........................ 20
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................ 21
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 21
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 21
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA PARA ESTUDO DO TEMA .............. 22
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................. 22
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................... 24
2.1 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA COM ANÁLISE
BIBLIOMÉTRICA ....................................................................................... 24
2.1.1 Locais de análise e publicação ...................................................................... 28
2.1.2 Frequência de autores e número de citações .................................................. 30
2.1.3 Metodologia de pesquisa mais utilizada ........................................................ 32
2.1.4 Destaques em título e palavras-chave ........................................................... 33
2.1.5 Periódicos e fator de impacto ........................................................................ 34
2.2 PRINCIPAIS CONCEITOS ......................................................................... 35
2.2.1 As IES laborando como pequenos núcleos urbanos ....................................... 36
2.2.2 Gestão ambiental no contexto educacional .................................................... 38
2.2.3 Campus Sustentável, do discurso à prática .................................................... 42
2.2.4 Laboratório Vivo para Sustentabilidade e seu papel na IES ........................... 48
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................... 51
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................. 51
3.2 INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ESCOLHIDA ............................. 53
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS........................................ 54
3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ......................................... 58
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................ 63
4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS................................................ 63
4.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE DOCUMENTAL
DA UNIVERSITY OF CAMBRIDGE ............................................................ 90
4.3 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS .......................................................... 105
5 PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA CAMPUS COMO
LABORATÓRIO VIVO PARA SUSTENTABILIDADE ......................... 99
6 CONCLUSÕES ......................................................................................... 112
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 116
APÊNDICE A – PROTOCOLO PARA ESTUDO DE CASO ............................. 124
ANEXO A – QUESTIONÁRIO GREENMETRIC 2016 (CRITÉRIOS E
INDICADORES) ....................................................................................... 132
ANEXO B – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE DA
UNIVERSITY LEADERS FOR A SUSTAINABLE FUTURE (ULSF) ..... 143
ANEXO C – STARS 2.0. AC8: CAMPUS AS A LIVING LABORATORY ............ 149
19
1 INTRODUÇÃO
Quando foi ratificada, há mais de quinze anos, a Carta da Terra já demonstrava
preocupação com a crítica realidade que continuaria se apresentando anos depois. Este
importante documento trouxe um alerta às nações em relação ao futuro da humanidade e
a necessidade de que a sociedade se torne responsável pela proteção e preservação do
meio ambiente global.
De acordo com o documento do Ministério do Meio Ambiente (MMA) [2000], os
desafios são muitos: políticos, econômicos, sociais, espirituais e ambientais, para evitar a
destruição da humanidade e manter a diversidade da vida; mas, uma aliança global pode
garantir um novo começo para o bem estar das sociedades atuais e das futuras gerações.
As Instituições de Ensino Superior (IES) são parte relevante no processo de
formação de líderes e cidadãos que contribuirão para o desenvolvimento das cidades com
sustentabilidade e inteligência. Estas, para se desenvolverem, precisam de esforços
multidimensionais e interconectados, partindo do modelo pré-existente, mas
considerando seus problemas e desafios (Ferreira, Oliveira, Cortese, Kniess, Quaresma,
& Paschoalin, 2015).
Moldar a sustentabilidade, de forma a influenciar o comportamento dos alunos,
funcionários e comunidades locais, indica o movimento da IES em direção a um maior
alinhamento entre as práticas operadas no campus e o conhecimento transmitido em sala
de aula (Tilbury, 2011).
A disseminação da cultura de sustentabilidade, por meio da cooperação entre
indivíduos, empresas e instituições governamentais, acontece quando existe vivência em
um ambiente adequado por meio do aprendizado. A educação ambiental, como base do
desenvolvimento sustentável, gera equilíbrio entre crescimento econômico, bem estar
humano e preservação da natureza (Almeida, 2015).
Desde os anos de 1970, começaram a surgir associações interessadas em envolver
as universidades com o objetivo de um desenvolvimento sustentável, mas ainda não
destacaram muitas ações efetivas dentro das IES, incorporando o conceito de
sustentabilidade em seus currículos, pesquisas e operações de seus campi.
Historicamente, os primeiros sinais apareceram em 1972, com a realização da
Conferência em Desenvolvimento Humano que aconteceu em Estocolmo, organizada
20
pela Organização das Nações Unidas (ONU). Posteriormente, em 1990, com a Declaração
de Taillores na França e em 1994, com o lançamento do Cooperation Programme in
Europe for Research on Nature and Industry through Coordinated University Studies
(COPERNICUS) na Conferência de Reitores da Europa (Machado, Fracasso, Tometich,
& Nascimento, 2013).
Ceulemans, Lozano e Alonso-Almeida, (2015) apresentam em seus estudos, que
existem, aproximadamente, 20.000 IES privadas e públicas em todo o mundo. No Brasil,
de acordo com dados do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior [SEMESP]
(2016), em 2014 haviam 2.368 IES no país, sendo 2.070 IES privadas e 298 públicas.
Conforme Tauchen e Brandli (2006), à grande maioria das IES, que possui
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) incorporados a sua governança se encontram na
Europa e nos EUA, algumas experiências relevantes, também aparecem no Canadá e na
Nova Zelândia.
No Brasil, existem algumas iniciativas com programas em operação, como por
exemplo a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e outras em fase de projeto,
tal como a Universidade de São Paulo (USP) que possui um plano de transformar
completamente seu campus até 2034 (USP, 2014); mas a maioria das IES opera com ações
pontuais, não abrangendo todas as esferas de atuação.
Redes e iniciativas globais apoiam as IES engajadas em aplicar o SGA nas suas
atividades dentro do campus e têm como objetivo medir as realizações, possibilidades de
adaptações e partilha de informações com outras organizações por meio de Relatórios de
Sustentabilidade (RS). Estudos apresentados em artigos científicos mostram a
importância dos RS dentro deste contexto, a implantação destes dentro da gestão
administrativa das IES ainda está em estágio inicial e é considerado um desafio
(Ceulemans, Lozano & Alonso-Almeida, 2015).
A adoção de planos, políticas de sustentabilidade e cartas de princípios, pelas IES,
possibilitam que os conceitos de sustentabilidade sejam incorporados na missão, filosofia
dos gestores e atividades de todas as áreas de ação e operação da instituição (Von Hauff
& Nguyen, 2014).
De acordo com Termignoni (2012), os exemplos praticados nos campi
universitários por meio da aplicação de SGA e compartilhados entre as IES podem tornar-
se referências de Pequenos Núcleos Urbanos, educando também as cidades e as
transformando em espaços inteligentes e sustentáveis que proporcionem qualidade de
vida aos seus habitantes.
21
Dentro do contexto urbano, as IES surgem como veículos importantes no
desenvolvimento desta capacidade de adaptação, por meio da educação e conscientização
do ser humano, além de servir como exemplo. As IES podem se tornar Laboratórios
Vivos, fomentando a cultura de sustentabilidade na comunidade global, e não somente se
limitando ao seu perímetro (Termignoni, 2012).
Diferentes termos são utilizados para conceituar a prática da sustentabilidade nas
IES, mas quando se trata especificamente das ações em operação e vivenciadas pelos
atores internos e externos, surge um conceito que parece mais adequado a este contexto:
Laboratório Vivo para Sustentabilidade.
Com foco na transformação das relações, a metodologia de inovação social que é
Laboratório Vivo, proporciona um diálogo entre universidade e comunidade externa. A
cidade recebe uma valorosa colaboração no seu desenvolvimento urbano e social ao
absorver recursos educativos advindos das práticas acadêmicas que se manifestam na
temática do campus (Catalão, Layrargues & Zaneti, 2011).
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E QUESTÃO DE PESQUISA
O tema abordado neste estudo está relacionado a Campi de Universidades que
possuem ações de sustentabilidade em operação, e que por meio de uma visão holística,
missão, valores e estratégias aplicam em sua gestão um desenvolvimento sustentável.
Partindo de uma análise macro com base no conceito de Campus Sustentável (CS)
e identificando a existência das políticas de sustentabilidade nos sistemas de gestão das
IES, o espaço da universidade pode ser considerado um Laboratório Vivo em muitas
dimensões: sociais, econômicas, culturais, ambientais e até mesmo urbanas (Veeckman,
Schuurman, Leminen & Westerlund, 2013).
O estudo será baseado no Triple Bottom Line (TBL), também conhecido como
Tripé da Sustentabilidade, que se apoia na integração de três dimensões: a social, a
econômica e a ambiental. Havendo equilíbrio entre estas dimensões, a gestão de uma IES
pode ser considerada sustentável (Serralvo & Belloque, 2014).
Nesta perspectiva, o trabalho busca responder à seguinte questão de pesquisa:
Quais são os critérios que caracterizam um campus universitário como
Laboratório Vivo para Sustentabilidade?
Para que esta questão possa ser respondida ao final deste trabalho, objetivos gerais
22
e específicos, além de algumas hipóteses, foram definidos no próximo item.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Propor critérios analíticos que levam um campus universitário a ser caracterizado
como Laboratório Vivo para Sustentabilidade.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Realizar revisão sistemática da literatura com análise bibliométrica, utilizando os
termos chave: Campus Sustentável, Eco Campus, Campus Verde, Laboratório
Vivo, e Laboratório Vivo para Sustentabilidade;
b) Identificar e analisar as iniciativas de sustentabilidade planejadas e ou executadas
pela IES nacional, objeto do estudo de caso, com base no seu plano ambiental;
c) Analisar as iniciativas de uma IES internacional, como Laboratório Vivo para
Sustentabilidade; e
d) Confrontar os resultados, por meio de triangulação, gerados nos itens “a”, “b” e
“c”, organizando os dados e analisando pontos comuns, diferenças e
especificidades.
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA PARA ESTUDO DO TEMA
As universidades têm papel importante na coordenação com a sociedade, frente
ao desenvolvimento sustentável, orientando mentes que possam encarar desafios, e na
formação e transformação dos indivíduos que virão a se tornar futuros tomadores de
decisão.
Partindo destes princípios, o estudo se justifica como base para as IES que buscam
melhoria do desempenho de sua infraestrutura de campus universitário e que desejam
transformar-se em Laboratório Vivo para Sustentabilidade, além de servir como exemplo
para a sociedade, comunidades e, até mesmo, para a gestão das cidades, foco deste PPG.
As IES com boa governança corporativa contribuem para o desenvolvimento
sustentável, proporcionando vivência da sustentabilidade em seus campi, junto aos atores
internos e compartilhando suas experiências com a comunidade local e global (Gomides
& Silva, 2015).
23
Estudos acerca do tema Campi de Universidades Sustentáveis já foram elaborados
por alguns autores nacionais e internacionais, em artigos científicos e livros, tais como:
Michael Von Haulf e Thuan Nguyen (2014), Caroline Rodrigues Vaz et al. (2010) e
Luciana Dalfollo Ferreira Termignoni (2012), entre outros.
Esta pesquisa diferencia-se destes devido ao seu recorte para o conceito de
Laboratório Vivo para Sustentabilidade no contexto das IES, sendo que grande parte dos
autores apresenta trabalhos abordando o campus universitário de uma forma mais
abrangente. Além disso, o presente trabalho introduz o campus como um pequeno núcleo
urbano que pode vir a ser um modelo de Planejamento Urbano e Regional para a
transformação das cidades, por meio da Educação e se encaixa na linha de pesquisa
Construções Sustentáveis.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertação está estruturada em seis capítulos. Na introdução são
apresentadas a delimitação do tema, a questão de pesquisa, os objetivos, justificativa, e
relevância do estudo. O segundo capítulo traz a fundamentação teórica apresentada por
meio de uma revisão sistemática com levantamento bibliométrico, além dos principais
conceitos abordados. O terceiro capítulo descreve os aspectos metodológicos utilizados,
detalhando seus procedimentos e o quarto capítulo retrata os resultados do estudo de caso,
incluindo discussões que promovem articulação teórica dos resultados com a revisão de
literatura. No quinto capítulo é apresentado o objeto geral do trabalho, proposição dos
critérios analíticos e no sexto capítulo são elaboradas as conclusões da pesquisa.
Ao final, são apresentadas as referências bibliográficas, além dos anexos e
apêndices que contemplam os modelos que foram utilizados para elaboração da análise
dos dados e entrevistas.
24
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo se inicia com a apresentação dos resultados de análise bibliométrica
proveniente de revisão sistemática da literatura, descrevendo o método utilizado no
processo. Na sequência, os principais constructos abordados neste estudo são
apresentados com o desafio de proporcionar um diálogo entre os autores.
O trabalho foi concebido abordando o conceito de CS, tema central da pesquisa,
e como ele se caracteriza para poder assim ser denominado. O campus universitário é
parte importante da estrutura urbana e pode ser considerado como uma pequena cidade
em função das atividades e práticas que possui.
2.1 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA COM ANÁLISE
BIBLIOMÉTRICA
Com os objetivos de gerar embasamento à pesquisa e colaborar com o avanço da
comunidade científica, foi elaborado um levantamento dos artigos publicados em
periódicos nos últimos dez anos. Seguindo este posicionamento temporal, foi definido o
período de publicação entre 2007 e 2017 com a busca nas bases de dados iniciando-se em
março de 2016.
Como uma síntese criteriosa de um período específico, a análise sistemática reúne
evidências científicas de determinada área do conhecimento, proporcionando
direcionamentos no esclarecimento de temas relevantes e preenchendo lacunas deixadas
pelas revisões narrativas (Kitchenham et al., 2009; Gomes & Oliveira, 2014).
As bases de dados, Web of Science e Science Direct (Elsevier), foram escolhidas
devido a sua multidisciplinariedade facilitando a aderência dos trabalhos ao tema de
pesquisa do presente trabalho. Um fato importante a ser mencionado é que, além das duas
bases citadas, a Scopus também seria analisada, mas devido às limitações que apresenta
no acesso aos artigos foi descartada.
Para o levantamento do número de citações de cada artigo foi utilizada como
referência a base de dados Google Acadêmico, já que ela apresenta números gerais de
todos os periódicos relacionados.
A escolha do período de análise justifica-se devido a um prévio levantamento feito
nas bases de dados, que mostrou o baixo número de artigos, tratando sobre os temas
escolhidos antes do ano de 2007. Na Figura 1 é possível visualizar a evolução anual de
25
artigos científicos publicados tratando sobre os temas. O número de trabalhos com foco
em CS começa a crescer a partir de 2010, com uma queda em 2014 e atingindo o pico de
produção em 2015. Já os que tratam sobre o tema Living Lab começam a aparecer em
2003, atingem a melhor marca entre 2015 e 2016 e seguem decrescendo até os dias atuais.
Figura 1 – Evolução anual de artigos científicos relacionados ao tema da pesquisa Fonte: Elaborada pela autora
Com base em Gomes e Oliveira (2014), este processo de análise sistemática com
revisão bibliométrica foi dividido em duas etapas, cada uma delas com suas sub etapas:
● Análise sistemática - definição dos termos chave, escolha das bases de dados mais
indicadas, realização da busca utilizando os termos chave, aplicação de filtros,
seleção dos artigos, leitura dos artigos selecionados; e
● Revisão bibliométrica – coleta de dados por meio da análise dos artigos
selecionados, interpretação dos dados por meio de indicadores bibliométricos,
compilação gráfica dos resultados e descrição por meio de relatório para
apresentação dos dados.
Iniciando a análise sistemática foram definidos os termos chave a serem utilizados
na busca dos artigos, escritos em inglês com objetivo de alcançar um número maior de
publicações aderentes ao tema central desta pesquisa, já que a maioria dos estudos sobre
o tema são internacionais. Estes termos foram divididos em dois grupos, como ilustrado
0
1
2
3
4
5
6
2008 2010 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Sustainable Campus / Eco Campus / Green Campus
Living Lab / Living Lab for Sustainability
26
na Figura 2.
GRUPO 1 GRUPO 2
Sustainable Campus Living Lab
Eco Campus Living Lab for Sustainability
Green Campus Living Laboratory
Sustainable Universities Living Laboratory for Sustainability
Figura 2 – Termos chave para análise sistemática Fonte: Elaborada pela autora
Os dados coletados nas bases de dados foram compilados e ilustrados por meio de
gráficos, salientando que foram considerados apenas trabalhos categorizados como:
article, proceedings paper e journal. A Figura 3 apresenta o número de artigos levantados
por termo chave, do período determinado na busca à base de dados Web of Science.
Figura 3 – Número de artigos da base de dados Web of Science Fonte: Elaborada pela autora
A Figura 4 apresenta o número de artigos levantados por termo chave, do período
determinado na busca à base de dados Science Direct.
0 50 100 150 200 250 300 350
Sustainable Campus
Eco Campus
Green Campus
Sustainable Universities
Living Laboratory for Sustainability
Living Lab for Sustainability
Living Lab
Living Laboratory
27
Figura 4 – Número de artigos da base de dados Science Direct Fonte: Elaborada pela autora
Analisando os dois gráficos apresentados, surge uma diferença significativa entre
as bases de dados, principalmente em relação ao termos Living Laboratory e Sustainable
Universities. Na base Web of Science, os termos Living Lab for Sustainability e Living
Laboratory for Sustainability não apresentam nenhuma ocorrência, já na Science Direct
aparecem apenas quatro e três artigos com os termos respectivamente.
Diante dos dados apresentados na busca, alguns termos chave foram eliminados
por não se mostrarem relevantes ao processo, conforme ilustrado pela Figura 5. No caso
do termo chave Sustainable Universities, a eliminação se justifica devido à ampla gama
de possibilidades que traz a busca, fugindo do foco definido para este trabalho. Já os
termos chave Living Laboratory e Living Laboratory for Sustainability, apresentaram
resultados repetidos em relação aos outros similares e que fazem parte do mesmo grupo.
GRUPO 1 GRUPO 2
Sustainable Campus Living Lab
Eco Campus Living Lab for Sustainability
Green Campus
Figura 5 – Termos chave para revisão bibliométrica Fonte: Elaborada pela autora
Nos artigos previamente coletados foram aplicados filtros de seleção,
relacionados ao título, resumo e palavras-chave, para um recorte dos que, de fato, seriam
analisados. Após esta etapa, a redução foi significativa e restaram um total de vinte e seis
trabalhos, sendo vinte e um do Grupo 1 e cinco do Grupo 2, os quais foram utilizados
para execução da revisão bibliométrica.
0 100 200 300 400 500 600
Sustainable Campus
Eco Campus
Green Campus
Sustainable Universities
Living Laboratory for Sustainability
Living Lab for Sustainability
Living Lab
Living Laboratory
28
Dos artigos selecionados na análise sistemática, foi realizada uma análise de
conteúdo em que foram extraídas as informações que resultaram na revisão bibliométrica.
Estudos de Arruda, Benevides, Farina & Faria (2013) apresentam pesquisa bibliométrica
como um método estatístico de análise quantitativa que identifica a produção científica
de determinada área do conhecimento descrevendo padrões de publicação.
A tabulação dos resultados de revisão bibliométrica foi feita por meio do software
Excel, assim como a produção de gráficos e planilhas.
Como parte da fundamentação teórica e por meio de uma revisão sistemática serão
apresentados, nos próximos itens, os resultados da análise bibliométrica de 26 artigos
científicos publicados em periódicos. Dentro deste processo metodológico, os trabalhos
foram identificados e analisados por etapas estruturadas e citadas anteriormente, gerando
um portfólio bibliográfico sobre os temas tratados e ampliando a confiabilidade da
pesquisa.
2.1.1 Locais de análise e publicação
Analisando os objetos de estudo dos artigos selecionados observa-se na Figura 6,
um interesse maior em dois países: EUA e Malásia, ambos com a mesma incidência de
análises em relação ao termos chave do Grupo 1. O Reino Unido é o único país que
apresenta estudos relacionados aos dois grupos de termos chave, já os países mais
pesquisados do Grupo 2 se concentram, em grande parte, no continente Europeu.
Figura 6 – Locais de análise por termo chave Fonte: Elaborada pela autora
21
2 2
5
1 12
1
5
2 2
1 1
2
1 1 1
0
1
2
3
4
5
6
Ara
bia
Sau
dit
a
Aust
ráli
a
Can
adá
Chin
a
EU
A
Suiç
a
Fra
nça
Indonési
a
Iraq
ue
Mal
ásia
Rei
no
Un
ido
Fin
lândia
Áfr
ica
do S
ul
Esp
anha
Suéc
ia
Polô
nia
Noru
ega
Din
amar
caLiving Lab / Living Lab for Sustainability
Sustainable Campus / Eco Campus / Green Campus
29
Quando se observa os países de publicação, a Malásia continua despontando, mas
agora sozinha, além de apresentar estudos com foco nos termos chave dos dois grupos.
Nesta análise, o Brasil aparece, com apenas uma publicação, mas se mantendo equilibrado
entre a maioria dos países relacionados. A Figura 7 ilustra estes dados.
Figura 7 – Locais de publicação por termo chave Fonte: Elaborada pela autora
Como forma de identificar e apresentar as IES, dos respectivos autores, que se
interessam por estudos voltados ao tema deste trabalho, foi elaborado o mapa apresentado
na Figura 8. Nele estão apontados com círculos coloridos os países citados na Figura 7 e
na legenda do mapa estão listadas as IES de vínculo dos autores correspondentes a estes
países.
1 12 2 2
1 12
1
6
2 2
1 10
1
2
3
4
5
6
7
Ara
bia
Sau
dit
a
Au
strá
lia
Can
adá
Chin
a
EU
A
Bra
sil
Fra
nça
Ind
on
ésia
Co
réia
do
Su
l
Mal
ásia
Rei
no
Un
ido
Fin
lân
dia
Su
écia
Po
lôn
ia
Living Lab / Living Lab for Sustainability
Sustainable Campus / Eco Campus / Green Campus
30
Figura 8 – Vínculo institucional dos autores e seus países correspondentes Fonte: Elaborada pela autora
2.1.2 Frequência de autores e número de citações
Por meio de dados constantes nos próprios artigos, foram levantadas informações
sobre os 74 autores internacionais identificados, eles foram separados individualmente
para que se pudesse medir a frequência de cada um nas pesquisas que tratam sobre os
temas escolhidos. A Figura 9 apresenta os três autores mais frequentes com duas
publicações cada, os setenta e um restantes classificados como outros, aparecem em
apenas uma publicação cada, caracterizando um cenário pouco prolífico.
Figura 9 – Frequência de autores Fonte: Elaborada pela autora
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Riri Fitri Sari
Nyoman Suwartha
Habib M. Alshuwaikhat
Outros
31
Para a medição do número de citações relacionadas a cada artigo, foram utilizadas
informações de acesso livre disponíveis na base de dados Google Acadêmico até abril de
2017. Para um melhor entendimento dos dados, eles foram divididos em dois gráficos
sendo um para cada grupo de termos chave. Na Figura 10 encontram-se números
referentes ao Grupo 1: Sustainable Campus, Eco Campus e Green Campus.
Figura 10 – Número de citações Grupo 1 Fonte: Elaborada pela autora
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Nyström et al. (2014)
Lauder, Sari, Suwartha & Tjahjono (2015)
Townsend & Barrett (2015)
Lidstone, Wrigh & Sherren (2015)
Choi, Oh, Kang & Lutzenhiser (2017)
Zou, Zhao, Mason & Li (2015)
Krasny & Delia (2015)
Zen et al. (2016)
Lima et al. (2016)
Hooi, Hassan & Mat (2012)
Olszak (2012)
Baboulet & Lenzen (2010)
Alshuwaikhat, Adenle & Saghir (2016)
Derahim et al. (2012)
Foo (2013)
Alshuwaikhat & Abubakar (2008)
Tan, Chen, Shi & Wang (2014)
Suwartha & Sari (2013)
Saadatian, Sopian & Salleh (2013)
Matloob et al. (2014)
Hajrasouliha (2017)
32
Analisando a Figura 10, um trabalho de 2008 se destaca com quase 350 citações,
dado que se justifica devido ao tempo que a publicação está disponível. Os artigos
científicos menos citados, em sua maioria, foram publicados nos últimos anos de 2015 a
2017. De qualquer maneira, excluindo o único artigo de 2008, todos os outros possuem
um baixo índice de citações, com número máximo de 50.
Na Figura 11 encontram-se números referentes ao Grupo 2: Living Lab e Living
Lab for Sustainability. Neste grupo, os trabalhos selecionados são recentes, do período de
2014 a 2016, com número máximo de 50 citações no caso do artigo de 2014.
Figura 11 – Número de citações Grupo 2
Fonte: Elaborada pela autora
2.1.3 Metodologia de pesquisa mais utilizada
Não por acaso, a mesma metodologia escolhida para esta pesquisa desponta como
a mais utilizada nos artigos selecionados para revisão: Pesquisa Qualitativa com Estudo
de Caso. A segunda mais utilizada, também segue a mesma linha de análise qualitativa
só que com outra estratégia de pesquisa que é a análise documental, ambas se destacam
nos dois grupos de termos chave.
Os dados da Figura 12 destacam a quantidade de trabalhos que buscam obter
dados empíricos para elaborar suas pesquisas por meio de estudo de caso, enfatizando a
importância da estratégia nesta área do conhecimento.
0 10 20 30 40 50 60
Nyström et al. (2014)
Zawada & Starostka-Patyk (2016)
Evans et al. (2015)
Voytenko et al. (2016)
Eriksson et al. (2015)
33
Figura 12 – Metodologias de pesquisa Fonte: Elaborada pela autora
2.1.4 Destaques em título e palavras-chave
Em relação à constância dos termos chave, se destacam Sustainable Campus e
Campus Sustainability nos títulos e Green Campus e Green Universities nas palavras-
chave. O conceito Living Lab for Sustainability é o termo que menos aparece nos títulos
e não aparece em nenhuma palavra-chave, como ilustrado na Figura 13.
Figura 13 – Incidência dos termos chaves Fonte: Elaborada pela autora
4
5
14
1
1
Pesquisa mista (quantitativa e qualitativa) com
estudo de caso
Pesquisa qualitativa com análise documental
Pesquisa qualitativa com estudo de caso
Pesquisa qualitativa com pesquisa-ação
participativa
Pesquisa quantitativa com Estudo de Caso
0 5 10 15
Sustainable Campus / Eco Campus / Green Campus
Living Lab / Living Lab for Sustainability
50%
0%
29%
7%
14%
TÍTULO
Sustainable Campus / Campus Sustainability
Eco Campus
Green Campus / Green University
Living Lab for Sustainability
Living Lab
11%0%
67%
0%
22%
PALAVRA-CHAVE
Sustainable Campus / Campus Sustainability
Eco Campus
Green Campus / Green University
Living Lab for Sustainability
Living Lab
34
2.1.5 Periódicos e fator de impacto
Dentre os periódicos, o Journal of Cleaner Production é o que mais possui
publicações e se destaca como líder absoluto em relação aos termos chave do Grupo 1,
mas também apresenta trabalhos do Grupo 2. Em relação aos temas relacionados ao
Grupo 2, se observa uma variedade maior de periódicos, mas sem nenhum destaque, como
se observa na Figura 14.
Em segundo lugar, desponta um nome não tão conhecido entre os periódicos da
área Sustainability, com publicações sobre os termos do Grupo 1 em uma crescente nos
últimos três anos.
Figura 14 – Destaques entre periódicos Fonte: Elaborada pela autora
Na Tabela 1, apresentam-se os fatores de impacto dos periódicos citados
anteriormente, com maior valor para o Journal of Cleaner Production que foi o destaque
entre as publicações analisadas. Já o periódico Sustainability, que ficou em segundo lugar,
12
1 1 1
43
1 1 1 10
2
4
6
8
10
12
14
Living Lab / Living Lab for Sustainability
Sustainable Campus / Eco Campus / Green Campus
35
possui uma das menores pontuações do ranking e em alguns deles os dados não foram
encontrados.
Tabela 1
Fator de impacto dos periódicos
PERIÓDICOS / EVENTOS FATOR DE
IMPACTO
Current Opinion in Environmental Sustainability 4658
Ecological Indicators 3190
Industrial Marketing Management 1930
Journal of Cleaner Production 4959
Landscape and Urban Planning 3654
Procedia - Social and Behavioral Sciences Não encontrado
Procedia Economics and Finance 21 Não encontrado
Sustainability 1343
Sustainable Cities and Society 1044
Transportation Research Procedia Não encontrado
Nota. Fonte: Elaborada pela autora
Os resultados da evolução anual de artigos científicos que tratam do tema central
deste trabalho, apresentam uma carência no número de pesquisas com foco na
infraestrutura do Campus Universitário como Laboratório Vivo para Sustentabilidade.
Existem muitos trabalhos tratando de questões pontuais relacionadas ao campus, mas
ainda poucos o analisando como um todo e caracterizando seu espaço físico como uma
área de vivência, troca e aprendizado em relação às práticas de sustentabilidade.
Esta análise bibliométrica revela uma lacuna na literatura científica relacionada
ao assunto tratado neste trabalho, assegurando a relevância do estudo e caracterizando a
necessidade de pesquisas nesta linha de investigação.
2.2 PRINCIPAIS CONCEITOS
Com base na análise sistemática desenvolvida e na apreciação de outros trabalhos
científicos relacionados a esta pesquisa, são apresentadas, neste item, reflexões de autores
que asseguram um embasamento teórico ao trabalho.
36
2.2.1 As IES laborando como pequenos núcleos urbanos
De acordo com Casagrande e Deeke (2009), existe uma relação direta entre a
infraestrutura urbana e a de um campus universitário, levando em consideração a rotina
de operação de suas práticas de sustentabilidade. Quando os estudantes vivenciam os
espaços onde as práticas acontecem, desenvolvem capacidades de imaginar alternativas
inteligentes que também podem ser aplicadas nas comunidades, sociedades e cidades.
Pensando no conceito de pequenos núcleos urbanos, dentro da infraestrutura dos
campi universitários, estes podem ser definidos como espaços com atividades similares
às que acontecem nas cidades: espaços de convivência, alimentação, ensino, alojamentos,
entre outras (Termignoni, 2012).
O autor Milton Santos relaciona a natureza ao conceito de espaço e define
pequenos núcleos urbanos como uma nova realidade urbana, uma pequena cidade ou
dimensão espacial da sociedade com estrutura complexa extremamente atingida por
níveis e determinações externas (Santos, 2014).
Estes núcleos podem ser considerados vilas ou cidades locais que conservam
práticas e valores característicos de áreas rurais, em que existe um maior contato com a
natureza e preservação do meio ambiente, seja pela subsistência, entretenimento ou
consciência ambiental (Mesquita, & Mendes, 2014).
Oliveira (2009), apresenta uma relação direta entre o papel das IES e o
Planejamento Urbano e Regional, afirmando que elas podem servir como referência ao
praticarem o que ensinam, interferindo na infraestrutura das cidades e colaborando na
redução da pegada de carbono. Aplicando o SGA em suas atividades cotidianas e em
todas as suas dimensões, incorporando as práticas de sustentabilidade por meio de ações,
métodos e técnicas adequadas, as IES contribuem para a construção de modelos urbanos
mais resilientes e de sociedades ambientalmente justas e sustentáveis.
A experiência adquirida pelas IES gera estudos e pesquisas de novas tecnologias,
práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável. Uma cidade inteligente, por exemplo,
é um centro de ensino superior que promove uma vida criativa explorando o potencial
humano. O desenvolvimento urbano sustentável só pode ser alcançado de forma
inteligente, hábil, criativa, conectada e em rede (Albino, & Dangelico, 2015).
O termo Cidades Inteligentes e Sustentáveis pode ser considerado como um
conceito inovador e ainda pouco explorado na literatura científica nacional e
internacional. A maioria dos autores que estuda a infraestrutura das cidades separa estes
dois aspectos que poderiam caminhar interligados: inteligência e sustentabilidade.
37
Estudos de Ahvenniemi, Huovila, Pinto-Seppä, & Airaksinen (2017) procuram
unir os dois aspectos e sugerem a utilização do termo cidades inteligentes e sustentáveis,
que é uma terminologia recentemente adaptada. A sustentabilidade não pode ser
esquecida no desenvolvimento da cidade inteligente, as tecnologias de inovação devem
viabilizar o desenvolvimento urbano sustentável, de forma que os indicadores de
sustentabilidade sejam incorporados aos quadros das cidades.
O tema Cidades Inteligentes e Sustentáveis pode ser considerado uma nova
maneira de se enxergar a cidade, mas, não é uma panaceia em relação aos problemas
urbanos. Possui desafios conceituais e regulatórios, devido à união de dois termos:
inteligente e sustentável, respectivamente o meio e o fim do sistema. A gestão inteligente,
por meio de tecnologias e comunicação, tem o objetivo de viabilizar a sustentabilidade
em todas as suas dimensões (Cortese, Kniess, & Maccari, 2017).
De acordo com Batagan (2011), sistemas inteligentes facilitam o desenvolvimento
sustentável por meio do uso eficiente dos recursos, para o desenvolvimento das cidades,
a Economia deve ser baseada no conhecimento e em soluções inovadoras, criativas e
inteligentes.
Albino e Dangelico (2015), apresentaram alguns conceitos em que ambos os
aspectos são contemplados e afirmaram que cidades inteligentes, por meio de soluções
sustentáveis, devem atender às necessidades de seus indivíduos. Cabe aos governos se
apropriarem da noção de inteligência para desenvolver políticas públicas com foco no
desenvolvimento sustentável, prezando o crescimento econômico, mas sem deixar de lado
as questões sociais.
O conceito de Laboratório Vivo também pode ser aplicado ao contexto urbano,
além do educacional, como um sistema de inovação aberto e centrado no usuário,
projetado para lidar com os desafios multidimensionais das cidades, como uma
ferramenta para compartilhar conhecimento, implementando e difundindo as inovações
tecnológicas e o desenvolvimento urbano sustentável (Schliwa, 2013).
As iniciativas de Laboratório Vivo para Sustentabilidade podem ser
experimentadas e compartilhadas entre IES e cidades, oferecendo novos estilos de ensino
e aprendizagem que contribuem para os desafios do desenvolvimento sustentável urbano
(Evans, Jones, Karvonen, Millard & Wendler, 2015).
Esta relação direta entre IES e cidades visa ao desenvolvimento sustentável
contínuo, para ambas as partes, por meio da troca de experiências e tecnologias em gestão
ambiental a partir do equilíbrio entre as dimensões da sustentabilidade.
38
2.2.2 Gestão ambiental no contexto educacional
A gestão ambiental visa a diminuir o impacto das atividades econômicas nos
recursos da natureza e pode colaborar para que IES se tornem referência em seu meio, na
formação de indivíduos com “consciência ambiental”, atuantes em diversos setores da
sociedade e no desenvolvimento sustentável das cidades (Termignoni, 2012).
A Declaração de Talloires, já citada anteriormente, foi um marco para as IES se
encaminharem rumo ao desenvolvimento sustentável, pois precedeu a assinatura de uma
sequência de outras importantes declarações. A Figura 15 ilustra a linha do tempo das
principais declarações e cartas internacionais que surgiram no período de 1990 a 2009.
Figura 15 – Linha do tempo das principais declarações internacionais Fonte: Traduzida pela autora e adaptada de Tilbury (2011)
Tilbury (2011), apresenta informações mais detalhadas e a importância das
declarações citadas na Figura 1:
1. Declaração de Talloires - Secretariada pela Associação de Líderes
Universitários para um Futuro Sustentável (ULSF) na França. Reuniu
aproximadamente 400 universidades de várias regiões do mundo;
2. Declaração de Halifax – Consórcio de instituições canadenses e de outras
regiões do mundo ligadas a ONU, com o propósito de dar forma ao
desenvolvimento sustentável presente e futuro;
3. Declaração de Kyoto – Aconteceu no Japão e foi um chamado para que os
membros do protocolo, localizados em várias regiões do mundo,
refletissem sobre operações das melhores práticas do desenvolvimento
sustentável nas IES;
4. Declaração de Swansea – Associação de universidades do governo
australiano com foco em desenvolver mudanças em políticas públicas
voltadas ao tema;
5. Carta para o Desenvolvimento Sustentável COPERNICUS - Associação
de universidades europeias para atuação regional com um compromisso
39
institucional intenso, envolvendo a comunidade acadêmica na
disseminação de conhecimentos sobre o tema;
6. Declaração de Luneburg - Parceria Global de Educação Superior para a
Sustentabilidade (GHESP) envolvendo mais de mil universidades em todo
o mundo, com o intuito de disseminar o conhecimento sobre
desenvolvimento sustentável;
7. Declaração de Unbuntu – Secretariada pela união de várias associações,
conselhos e academias de outras declarações citadas, com a intenção de
desenvolver um inventário das melhores práticas e estudos de caso das IES
de forma global, entre outros objetivos;
8. Declaração de Graz – Aconteceu na Áustria com o objetivo de
comprometer as IES europeias com o desenvolvimento sustentável em
suas estratégias e atividades;
9. Comunicado de Bergen – Secretariado pelos ministros da Educação na
Comissão Europeia para promover o sistema europeu de ensino superior
em nível mundial, com base no princípio do desenvolvimento sustentável;
10. Colegiado Europeu e Compromisso Climático de Presidentes das IES –
Secretariado pela Associação para o Avanço da Sustentabilidade no
Ensino Superior (AASHE), primeira associação da América do Norte
(EUA e Canadá);
11. CRES - Declaração da Conferência Regional sobre Educação Superior na
América Latina e no Caribe secretariada pela Organização das Nações
Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO);
12. Sapporo - Declaração de Sustentabilidade secretariada pela Rede
Universitária do G8, visa à formação de líderes nas universidades que
devem trabalhar em estreita colaboração com os gestores políticos;
13. Conferência Mundial sobre o Ensino Superior – Secretariada pela
UNESCO visa a contribuir para educação de cidadãos éticos
comprometidos; e
14. Declaração de Turim – Aconteceu na Itália secretariada pela Rede
Universitária do G8 com foco em ecossistemas sustentáveis por meio da
educação e pesquisa para o desenvolvimento sustentável e responsável.
40
O Brasil começou a dar indícios de atenção às questões relacionadas ao
desenvolvimento sustentável dentro das IES, a partir da Rio-92 e resultou no documento
chamado Agenda 21 Global, que posteriormente, foi adaptado à realidade do país, sendo
denominado Agenda 21 Brasileira, desenvolvido a partir das diretrizes do documento
global (Termignoni, 2012).
Nos processos de tomada de decisão, a sustentabilidade precisa ser abordada como
uma dimensão que participa de todas as esferas que envolvem uma IES, por meio de uma
metodologia em que ela possa ser implementada e avaliada (Vagnoni, & Cavicchi, 2015).
A gestão ambiental universitária pode ser motivada por inúmeros quesitos,
determinando um arcabouço de métodos para aplicação dos princípios de sustentabilidade
em IES. Alguns deles são: posicionamento estratégico, redução de custos,
responsabilidade social, razões éticas e morais, aquisição de benefícios, possibilidade de
criar uma capacidade de mudança social, entre outros (Layrargues, & Lima, 2014).
De acordo com Souza e Guimarães (2008), para que as IES possam contribuir com
o desenvolvimento sustentável, de forma global, seus SGA precisam estar conectados em
rede, a partir dos princípios que o termo constitui: horizontalidade, conectividade,
multiliderança, diversidade e participação solidária, formando assim um movimento
coletivo para que objetivos comuns sejam atingidos.
Em 2007, no Pacto Global das Nações Unidas, foi criada uma plataforma baseada
em princípios de engajamento global para o ensino de gestão responsável chamada
Princípios para a Educação Empresarial Responsável (Bronzeri, & Cunha, 2014). A
Figura 16 apresenta os seis princípios firmados entre IES com foco na educação para a
sustentabilidade
41
Figura 16 – Seis princípios do Principles for Responsible Business Education (PRME) Fonte: Termignoni (2012, p. 67)
As políticas ambientais visam a solucionar problemas de interesse público
voltados às questões relacionadas ao meio ambiente, na busca de um equilíbrio entre
exploração e preservação. Elas contemplam planos, ações, valores, metas e necessitam da
participação de vários agentes para que sejam formuladas e implementadas, tais como: a
sociedade civil, agentes públicos, acadêmicos, os veículos de comunicação, entre outros
(Redin, & Silveira, 2012).
Os planos ambientais das IES são desenvolvidos com o objetivo de planejar,
praticar, orientar, institucionalizar e avaliar a sustentabilidade no campus, além de uma
forma de comunicação com as partes interessadas. Para construção de políticas efetivas,
planos que estimulem a inovação e reduzam os possíveis conflitos, o processo deve ser
colaborativo, incluindo consulta e envolvimento das partes interessadas (Lidstone &
Sherren, 2015).
Para que exista comunicação entre as partes interessadas, a avaliação de
sustentabilidade de um campus universitário precisa de indicadores que permitam medir
o desempenho de suas ações e de políticas ambientais abertas e flexíveis que possibilitem
mudanças e atualizações constantes. Estas políticas visam nortear os caminhos a serem
seguidos pelo público interno e apresentar suas intenções ao público externo (Arroyo,
2015).
42
A Figura 17 ilustra o mapa das partes interessadas ou stakeholders de um CS e
suas relações com as funções centrais de uma IES.
Figura 17 – Mapa dos Stakeholders Fonte: Traduzida pela autora de Arroyo (2015)
Os stakeholders, apresentados na Figura 17, estão divididos em duas redes:
interna e externa, em que os atores interagem entre si e entre redes. Na rede interna, em
que acontece o desenvolvimento, implementação e utilização das práticas sustentáveis,
eles estão envolvidos nas operações diárias do campus, nas pesquisas relacionadas ao
desenvolvimento sustentável e na gestão ambiental por meio da administração. Já a rede
externa interage por meio de políticas públicas, compartilhamento de experiências e
conhecimento com outras IES, apoio a projetos educacionais em parceria com
Organizações Não Governamentais (ONGs) e com diversas outras trocas entre
organizações (Arroyo, 2015).
2.2.3 Campus Sustentável, do discurso a prática
Além do termo Campus Sustentável, outros como Campus Verde ou Eco Campus
aparecem com frequência na literatura científica caracterizando o mesmo conceito. Neste
estudo, os três termos foram considerados na pesquisa.
Dea, Rosa e Sampaio (2010) entendem como Universidade Sustentável (US) a
instituição que aplica os conceitos de sustentabilidade em seus campi levando a teoria à
praxia, para contribuir com o desenvolvimento sustentável da sociedade, além de cumprir
seu papel nas dimensões de ensino e pesquisa. Ela se empenha em conscientização e
compartilhamento de experiências para minimização dos impactos ambientais e seus
43
efeitos.
Para Too e Bajracharya (2015), o foco principal da implementação de um CS,
geralmente, é envolver e promover a minimização dos impactos ambientais gerados por
suas atividades, de forma a equilibrar o uso dos recursos naturais com as questões
econômica, social, cultural e ligadas à saúde.
As IES que incorporam a preocupação com a sustentabilidade em suas funções
centrais, para que possam interagir por meio da comunicação e do engajamento,
possibilitam que o desenvolvimento ambiental aconteça, de fato, dentro do campus.
Bronzeri e Cunha (2014) dividem as funções de uma IES em quatro partes:
✓ Ensino, aprendizagem: formação dos futuros líderes e tomadores de decisão;
✓ Pesquisa: investigação de paradigmas, soluções e valores;
✓ Operações e infraestrutura: modelos e exemplos práticos; e
✓ Coordenação e comunicação com a sociedade (comunidade acadêmica e
externa).
Um estudo comparativo de Ceulemans, Lozano & Alonso-Almeida (2015)
apresenta dados relevantes relacionados às práticas de sustentabilidade operadas
mundialmente pelas IES. Os RS das instituições mostram que as universidades estão
dando enfoque maior para a função operações do campus, as experiências no campus,
também possuem um número significativo, como representado na Figura 18.
Figura 18 – Resultados do inquérito sobre as funções centrais do sistema de ensino superior Fonte: Traduzida pela autora e adaptada de Ceulemans, Lozano & Alonso-Almeida (2015, p. 8892)
44
Os principais fatores que caracterizam um CS são: gestão de infraestrutura,
utilização de conceitos ambientais para o desenvolvimento sustentável e campanhas ou
programas para adoção de boas práticas. A combinação entre eles deve estar aliada à
comunicação que proporciona uma melhor articulação entre a comunidade acadêmica e
as estratégias de gestão ambiental (König, 2013).
A Figura 19 apresenta um mapa mental das atividades em um campus universitário,
considerando sua infraestrutura. Estas atividades trabalhadas como práticas de
sustentabilidade podem caracterizar um CS.
Figura 19 - Mapa mental das atividades em campus universitário
Fonte: Adaptado de Dea, Rosa, & Sampaio (2010).
Nos círculos coloridos, estão os aspectos principais que fazem parte do
funcionamento de uma IES, cada um deles é desmembrado de forma a detalhar suas
atividades. Os aspectos de entrada (inputs) são água, energia e materiais, os aspectos de
saída (outputs) são resíduos e atmosfera. Já comunicação, extensão, pesquisa, educação
ambiental e biodiversidade são considerados aspectos relativos à administração da IES.
A figura contempla as quatro funções de uma IES, como citado anteriormente: ensino e
45
aprendizagem, pesquisa, operações e infraestrutura, e coordenação e comunicação com a
sociedade.
Estudos de Parrado e Trujillo Quintero (2015) concluem que, quando uma IES
envolve e promove, de forma local e global, a minimização dos impactos ambientais,
sociais e econômicos gerados pela ação humana em sua infraestrutura, seu campus pode
ser considerado sustentável.
Além de viabilizar o engajamento da comunidade acadêmica e externa, a IES
sustentável precisa trabalhar em rede, não somente dentro do seu alcance e com suas
partes interessadas, mas, também de forma a compartilhar suas abordagens em
sustentabilidade com a comunidade e com outras universidades (Too, & Bajracharya,
2015).
Em todo o mundo, manifestam-se comunidades universitárias a caminho de um
campus mais responsável, socialmente justo e sustentável. Muitas delas se organizam por
meio de redes e alianças com o objetivo de compartilhar suas experiências.
As redes e alianças mais citadas em trabalhos científicos e nas plataformas
relacionadas à sustentabilidade no ensino superior, estão localizadas na Europa e EUA.
Uma das mais importantes é a Aliança Internacional das Universidades de Pesquisa
(IARU), que possui IES membros em vários continentes: Oceania, Europa, Ásia,
América, África e Ásia (International Alliance of Research Universities [IARU], 2016).
IARU, que teve início em 2006 nos Estados Unidos, foi criada com o objetivo
inicial de compartilhar atividades como estágios de verão, colaborações de pesquisa,
melhores práticas de benchmarking e identificação sobre questões públicas fundamentais.
Hoje, a aliança é formada por onze instituições membros, que possuem compromisso de
desenvolver, aplicar e compartilhar práticas em estratégias de gestão ambiental nos seus
campi, promovendo uma comunidade sustentável para Educação (IARU, 2016).
De acordo com IARU (2016), após dez anos de formação, muitos avanços e
significativas contribuições globais, os líderes das IES membros consideram que seus
campi estão se tornando Laboratórios Vivos para Sustentabilidade, alegando que os
resultados alcançados se deram em função do conhecimento compartilhado e dos esforços
conjuntos que possibilitam que instituições de todo o mundo se beneficiem. A finalidade
deste compromisso é construir uma comunidade ecologicamente alfabetizada e formar
futuros líderes mundiais conscientes de seu papel na sociedade, com resultados sendo
apresentados por meio de RS.
46
Como exemplos de IES internacionais, que vivenciam a sustentabilidade em seus
campi com o objetivo de perdurar como um Laboratório Vivo para Sustentabilidade,
podem ser evidenciadas as instituições membros da IARU. São elas:
1. Australian National University;
2. ETH Zurich
3. National University of Singapore;
4. Peking University;
5. UC Berkeley;
6. University of Cape Town;
7. University of Copenhagen;
8. University of Oxford;
9. The University of Tokio;
10. Yale University; e
11. University of Cambridge.
O Brasil ainda está caminhando a passos lentos e possui apenas uma iniciativa
similar à citada anteriormente que é a Rede Universitária de Programas de Educação
Ambiental (RUPEA). A referida rede iniciou a sua formação em 1997 a partir da união
de três universidades nacionais com a intenção de implementar programas de educação
ambiental, atendendo apenas a sua área de abrangência. Atualmente, possui uma Carta de
Princípios estabelecida, oito IES membros, e, aproximadamente, quinze em processo de
aproximação (Rede Universitária de Programas de Educação Ambiental [RUPEA],
2016).
Nacionalmente, algumas IES despontam como precursoras do SGA
implementado na infraestrutura de seus campi, e muitas delas já fazem parte de um
ranking internacional que as classifica em relação a sustentabilidade de seus campi,
chamado Universitas Indonesia GreenMetric: World University Ranking on
Sustainability (UI GreenMetric).
Este ranking, iniciativa da Universitas Indonesia, foi lançado em 2010 com o
objetivo de promover a sustentabilidade nas IES e chamar a atenção dos líderes
universitários e stakeholders. Hoje, aproximadamente 500 IES de todo o mundo
participam do ranking, que disponibiliza os resultados on-line sobre a atual situação e as
políticas adotadas por cada campus avaliado, incentivando a troca de experiências entre
as comunidades acadêmicas (UI GreenMetric, 2016).
47
Com base nos dados disponibilizados no site do UI GreenMetric (2016), as IES
brasileiras que participam do ranking estão listadas na Tabela 2 com suas respectivas
classificações, geral e por país, em 2016.
Tabela 2
IES brasileiras no ranking UI GreenMetric
CLASSIFICAÇÃO
GERAL
CLASSIFICAÇÃO
BRASIL IES BRASILEIRAS
38° 1° Universidade Federal de Lavras
139° 2° Universidade Federal de Viçosa
157° 3° Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
209° 4° Universidade Federal de São Carlos
217° 5° Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Sul de Minas Gerais
245° 6° Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
278° 7° Universidade de São Paulo
297° 8° Centro Universitário do Rio Grande do Norte
345° 9° Universidade do Vale do Itajaí
379° 10° Universidade Federal de São Paulo
386° 11° Universidade Federal de Itajubá
403° 12° Pontifícia Universidade Católica de Campinas
428° 13° Universidade Estadual de Maringá
492° 14° Universidade Federal de Pernambuco
Nota. Fonte: Elaborada pela autora e adaptada de UI GreenMetric (2016)
As cinco primeiras colocadas na última classificação divulgada pelo ranking geral
estão apresentadas na Tabela 3
Tabela 3
IES internacionais no ranking UI GreenMetric
CLASSIFICAÇÃO
GERAL IES INTERNACIONAIS PAÍS
1° University of California Davis EUA
2° University of Nottingham Inglaterra
3° Wageningen University & Research Holanda
4° University of Connecticut EUA
5° University of Oxford Inglaterra
Nota. Fonte: Elaborada pela autora e adaptada de UI GreenMetric (2016)
48
Este é o único ranking encontrado, até o momento, que avalia os campi
universitários por meio dos princípios da sustentabilidade e o Brasil está bem colocado,
entre as quarenta IES mais sustentáveis do mundo.
2.2.4 Laboratório Vivo para Sustentabilidade e seu papel na IES
Laboratório Vivo pode ser considerado como uma forma aberta de inovação
experimental e colaborativa, envolvendo partes interessadas (empresas, instituições,
órgãos públicos ou privados, comunidades, pessoas) em formar parcerias para que
possam compartilhar práticas, conhecimentos, pesquisas, e até mesmo recursos. Este é
um conceito que começou a surgir na década de 1990, mas só foi disseminado a partir do
ano de 2006, podendo ser discutido por meio de variadas perspectivas e abordagens
(Veeckman et al., 2013).
The Association for the Advancement of Sustainability in Higher Education
[AASHE] (2014) delimitou o conceito aplicado ao tema central deste trabalho, CS como
Laboratório Vivo. Aprimorando a sustentabilidade no campus, as IES que utilizam sua
infraestrutura e práticas em operação como ambiente de aprendizagem e vivência, fazem
com que seus estudantes e funcionários apliquem estes conhecimentos adquiridos em seu
cotidiano e repliquem para a comunidade externa.
Para König (2013), um Laboratório Vivo para Sustentabilidade caracteriza uma
forma de vivência no campus que proporciona experiências ativas e criativas, gerando
comunidades de aprendizagem. São muitas as perspectivas envolvidas, já que o
desenvolvimento sustentável está inserido no currículo das IES, tais como: mudar a
prática social, o ambiente construído, sistemas operacionais e resolver problemas no
campus.
Os Laboratórios Vivos de Sustentabilidade podem ser considerados como uma
forma de gestão experimental, gerando soluções que contribuem para os desafios de
sustentabilidade. Preparam os estudantes para a realidade do competitivo mercado de
trabalho, promovendo a integração dos mesmos com outros stakeholders, objetivando
produzir conhecimento sobre novas tecnologias e serviços de sustentabilidade (Evans et
al., 2015).
O espaço geográfico do campus que funciona como um Laboratório Vivo para
Sustentabilidade pode ser considerado uma arena, desempenhando um papel fundamental
na parceria entre setores: públicos, privados, sociedades e indivíduos (Voytenko,
McCormick, Evans & Schliwa, 2016).
49
Schliwa (2013) estabelece uma ligação importante ao afirmar que Laboratórios
Vivos são uma ferramenta de gestão urbana, uma infraestrutura de investigação integrada
que impulsiona a inovação. Por meio desta ferramenta, tanto as cidades quanto os campi
universitários funcionam como tablado para experiências da vida real, propiciando
transições urbanas sustentáveis.
A Figura 20 mostra o esquema de funcionamento de um campus universitário
como Laboratório Vivo para Sustentabilidade, em que as principais funções de uma IES
interagem por meio da comunicação e engajamento dos atores.
Figura 20 – Esquema de funcionamento do campus como Laboratório Vivo Fonte: Marcelino (2016, p.31)
Na opinião dos autores Eriksson, Nenonen, Junghans, Nielsen & Lindahl (2015),
o Laboratório Vivo para Sustentabilidade é uma adaptação do campus, em que as IES os
redesenham e reajustam em formatos mais sustentáveis para práticas de aprendizagem.
Durante o processo de adaptação, cada indivíduo atua em vários papéis, de forma
multidisciplinar e por meio de atividades colaborativas.
Para o sucesso dos Laboratórios Vivos para Sustentabilidade, o compartilhamento
e propagação do conhecimento em redes nacionais e internacionais é essencial
proporcionando criação de novas metodologias e indicadores de desempenho,
aumentando a visibilidade das instituições e facilitando a obtenção de investimentos
(Schliwa, 2013).
50
Em meio a tantas IES com CS no mundo e entre as onze que fazem parte da IARU,
a University of Cambridge (CAM), é uma das poucas instituições no mundo que
denomina seu campus como Laboratório Vivo para Sustentabilidade e desde 2012
apresenta relatórios de suas ações neste sentido. Por meio de uma pesquisa na web em
sites de busca, foram encontrados alguns exemplos de IES que possuem iniciativas
similares a CAM:
Cornell University;
Yale University;
The University of British Columbia;
The California State University;
University of California, Santa Barbara;
Duke University;
Harvard University;
Portland State University;
The University of Manchester;
University of California, Irvine; e
University of Washington.
De acordo com University of Cambridge [CAM] (2017), em prol dos esforços
para alcançar a sustentabilidade ambiental da instituição, o projeto Living Lab for
Sustainability, proporciona a alunos e funcionários envolvimento nas atividades dentro
do campus e participação em eventos. Esta iniciativa conta com o financiamento do banco
Santander, visando à experiência educativa e prática dos alunos, além de contribuir para
o ensino e a investigação científica.
O Brasil ainda não está familiarizado com o conceito, e muitas IES nacionais com
iniciativas similares às IES internacionais, citadas anteriormente, não visualizam seus
campi desta maneira. Não foram encontradas, nesta pesquisa, IES brasileiras que
designem seus campi como Laboratórios Vivos para Sustentabilidade.
No Capítulo 4, serão apresentados os resultados sobre a análise documental
desenvolvida das ações de sustentabilidade da CAM no projeto The Living Lab for
Sustainability, o qual, foi utilizado como parâmetro na análise da IES brasileira objeto do
estudo de caso.
51
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a execução da pesquisa científica, os métodos utilizados estão descritos neste
capítulo, detalhando seus procedimentos.
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Dentre os quatro tipos de conhecimento relacionados ao homem, Martins e
Theóphilo (2009), definem o conhecimento científico como uma maneira de comprovar
explicações e descobertas científicas, que por meio de métodos, análises, classificações e
comparações, investiga a realidade.
Neste trabalho, foi realizada uma pesquisa aplicada com abordagem qualitativa.
A pesquisa qualitativa é uma forma de investigação exploratória com o objetivo de
analisar e descrever com entendimento o contexto do problema (Malhotra, 2012).
Martins e Theóphilo (2009) descreveram duas fases da análise qualitativa. A
primeira, como processo de pesquisa, coleta de informações, dados e evidências, e a
segunda confrontando e relacionando o material encontrado com a questão de pesquisa,
revendo e ajustando se necessário.
Inicialmente, foram realizadas análise sistemática da literatura e revisão
bibliométrica, com o objetivo de encontrar trabalhos científicos ligados ao tema, além de
nortear o direcionamento, possíveis revisões e posterior validação das escolhas. A
metodologia utilizada nesta técnica foi descrita anteriormente, no Capítulo 2.
A modalidade de pesquisa escolhida é o estudo de caso desenvolvido em uma IES
brasileira, e que, de acordo com Gil (2009), requer a utilização de múltiplos
procedimentos de coleta de dados. O estudo de caso é um delineamento de pesquisa que
pode ser caracterizado por tratar de questões “como e por que” com a intenção de
investigar em profundidade fatos contemporâneos e entender determinado fenômeno de
forma abrangente, mantendo a imparcialidade na análise das fontes de evidência (Yin,
2015).
Para Gil (2009), a interpretação dos resultados na pesquisa qualitativa é um
processo interativo em que coleta e análise de dados acontecem simultaneamente. Os
procedimentos a serem adotados não seguem um padrão metodológico, podem ser
construídos pelo pesquisador de acordo com as características do estudo em questão.
A comparação das evidências encontradas foi feita por meio de triangulação
52
envolvendo as três análises relevantes do estudo, este desenho metodológico está
ilustrado na Figura 21.
Figura 21 - Desenho metodológico de triangulação das evidências
Fonte: Elaborada pela autora
Colaborando para fortalecer a validade do constructo, a triangulação serve de base
às descobertas do estudo de caso, por meio de múltiplas fontes de evidência, cruzando
diversos pontos de informação em uma mesma linha de investigação (Yin, 2015).
Foi elaborado um protocolo para estudo de caso, com base em Yin (2015) e Gil
(2009), detalhado no Apêndice A. Ele estabelece quatro seções que se destinam a orientar
coleta de dados e aumentam a confiabilidade da pesquisa. As seções são:
Seção A – visão geral do estudo de caso;
Seção B – procedimentos de coleta de dados;
Seção C – questões de coleta de dados; e
Seção D – guia para relatório do estudo de caso.
Nos estudos de caso, o uso do protocolo se faz importante como um documento
orientador das atividades de pesquisa, a conduzindo, subsidiando a tomada de decisão e
auxiliando a memória do pesquisador (Gil, 2009).
53
3.2 A INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ESCOLHIDA
A escolha desta IES como objeto do estudo de caso justifica-se devido a sua
importância como uma das instituições brasileiras mais engajadas na busca do
desenvolvimento sustentável e por ter muitas ações de sustentabilidade em operação.
Estas ações manifestam indícios de que a IES possa vir a ser considerada Laboratório
Vivo para Sustentabilidade.
Além disso, como já citado anteriormente, a Universidade Federal de Lavras
(UFLA) foi classificada em 38° lugar no ranking geral do UI GreenMetric de 2016 como
uma das universidades, com campus urbano, mais sustentáveis do mundo e a mais
sustentável da América Latina (Universidade Federal de Lavras [UFLA], 2016).
O ranking UI GreenMetric, classifica a instituição por meio de seis categorias:
ambiente e infraestrutura, energia e alterações climáticas, gestão de resíduos, água,
transporte, e educação. Os dados são disponibilizados no site da organização incentivando
cooperação, compartilhamento de experiências e práticas de sustentabilidade entre as IES
participantes (UI GreenMetric, 2016). As seis categorias de avaliação com critérios e
pontuação estão apresentadas na Tabela 4.
Tabela 4
Critérios e ponderação de pontos do ranking UI GreenMetric
N° Critério Porcentagem
(%)
1 Configuração e Infraestrutura 15
2 Energia e Mudanças Climáticas 21
3 Resíduos 18
4 Água 10
5 Transporte 18
6 Educação (ensino e pesquisa) 18
Nota. Fonte: Traduzida pela autora de UI GreenMetric (2016)
De acordo com o UI GreenMetric (2016), cada critério possui vários indicadores
em que a pontuação de cada item é numérica, de forma que os dados possam ser
processados estatisticamente, baseados na ideia de que a IES tem um papel importante na
criação de uma nova geração preocupada com a sustentabilidade. As IES, também são
54
classificadas mediante a localização de seus campi, que pode ser: rural, suburbano,
urbano, no centro da cidade ou um edifício arranha céu.
Para participar do ranking, as IES em todo o mundo são convidadas a se
inscreverem e fornecerem dados numéricos e outras informações sobre sua estrutura e
ações em prol do desenvolvimento sustentável. Esta avaliação pode vir a incentivar as
IES, principalmente no Brasil, a disponibilizar em seu campus mais espaço para áreas
verdes, preservação do meio ambiente, desenvolvimento de energia sustentável e
renovável, programas para tratamento de resíduos, redução no consumo da água e
aumento da conservação, proteção do habitat natural, e desenvolver programas de
mobilidade que incentivem um ambiente mais saudável.
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a execução da pesquisa empírica, foram levantados dados em campo por
meio de visitas ao local objeto do estudo de caso, campus da UFLA, além da realização
de conversas e entrevistas com atores da comunidade acadêmica e externa. Foi definido
o período de 2010 a 2015 para levantamento e análise das ações, projetos e campanhas
de sustentabilidade desenvolvidas pela instituição. A Diretoria de Meio Ambiente (DMA)
e o Plano Ambiental e Estruturante foram criados em 2009, possibilitando a elaboração
de relatórios desde o ano de 2010.
Com a intenção de atingir os objetivos descritos no Capítulo 1, foram utilizados
os seguintes procedimentos por meio de múltiplas fontes de evidências:
✓ Pesquisa bibliográfica;
✓ Análise sistemática e revisão bibliométrica;
✓ Pesquisa e análise documental; e
✓ Pesquisa empírica (levantamento de dados em campo e entrevistas).
O estudo de caso na IES brasileira foi desenvolvido de forma combinada por meio
de observação direta, indireta e coleta de dados primários e secundários: aplicação de
questionários, entrevistas e análise de documentos, imagens e vídeos.
Foi realizada uma visita de fato, com observação direta e não participante, em
paralelo à realização de entrevistas e coleta de documentos relevantes. De acordo com
Gil (2009), uma das principais e mais eficientes fontes de evidências do estudo de caso é
a entrevista, já que os dados que ela fornece permitem compreensão detalhada do
55
problema de pesquisa.
Como atividade relacionada ao estudo de caso, foram feitos os contatos com os
atores da IES para agendamento do levantamento em campo e entrevistas. Na Figura 22
estão listados os atores, dos quais foram analisados o conteúdo de entrevistas, discursos
e as respectivas áreas em que atuam. Com o objetivo de resguardar aspectos verbais e não
verbais dos sujeitos falantes, a identidade dos mesmos não foi revelada.
Figura 22 – Painel de atores analisados no estudo de caso Fonte: Elaborada pela autora
O ator “A” faz parte da Reitoria e fornece uma visão geral de como as ações de
sustentabilidade impactam na gestão da instituição. O ator “B” fez parte da DMA desde
sua formação, além de ter acompanhado de perto a implementação e operação da maioria
das ações de sustentabilidade do campus.
O ator “C”, por sua vez, faz parte da DMA recentemente, mas também
acompanhou e participou de muitas das ações. O ator “D” apresenta uma visão de aluno
que vivencia as práticas e se relaciona de várias formas dentro da comunidade acadêmica.
Já o ator “E” faz parte da comunidade externa e apresenta sua visão dos impactos
causados pela instituição dentro da sua realidade.
As falas foram transcritas e analisadas a partir de vários meios de comunicação,
via observação direta e indireta: entrevistas, registros de conversas presenciais e virtuais,
vídeos, discursos e material divulgado no site da instituição.
Posteriormente, concentrou-se na análise do material coletado, transcrição das
entrevistas, esclarecimentos de dúvidas e observação indireta de informações disponíveis
na web, imagens, vídeos, além de conversas virtuais com alguns atores que não puderam
participar das entrevistas. Foi desenvolvida análise de conteúdo e análise de discurso.
Outra fonte de evidências coletada foi a análise documental de uma IES
internacional, desenvolvida a partir de evidências disponibilizadas publicamente na web,
tais como: relatórios de sustentabilidade, vídeos, informações disponíveis em sites. Esta
IES foi escolhida por ser um caso real de implementação do conceito Living Lab for
ATORES ÁREA
Ator "A" Reitoria
Ator "B" Diretoria de Meio Ambiente (DMA)
Ator "C" Diretoria de Meio Ambiente (DMA)
Ator "D" Graduação
Ator "E" Associação dos Catadores de Material Reciclável de Lavras (Acamar)
56
Sustainability e a análise serviu como uma evidência a ser comparada com os resultados
do estudo de caso e da revisão de literatura. O período analisado foi de 2010 a 2016, para
as ações de sustentabilidade e de 2012 a 2016 para as iniciativas relacionadas ao projeto
Living Lab for Sustainability.
A Figura 23 apresenta um quadro com as principais atividades técnicas
executadas, para atingir os objetivos específicos e quais foram as estratégias de pesquisa
utilizadas. Nos objetivos específicos “b” e “c”, foram analisados os relatórios de
sustentabilidade, tanto da IES foco do estudo de caso, quanto da IES internacional. Estes
relatórios são utilizados para apresentar as ações de sustentabilidade em operação no
campus, projetos, campanhas, premiações, entre outras informações relevantes à
pesquisa.
57
Figura 23 – Atividades e estratégias de pesquisa
Fonte: Elaborada pela autora
Com o objetivo de comunicar, mensurar e prestar contas às partes interessadas, os
RS colaboram na avaliação e aprimoramento do desenvolvimento sustentável das
instituições, organizações e governos. Considerados como prática voluntária, esses
relatórios facilitam a transparência às auditorias e ao mercado, bem como colaboram no
planejamento das mudanças. De acordo com dados da Global Reporting Initiative (GRI),
globalmente as IES aumentaram muito o número de publicações dos RS no período de
2004 a 2014, como ilustrado na Figura 24.
58
Figura 24 - Número de relatórios de sustentabilidade publicados pelas IES (por ano) na Base de Dados de
Divulgação da GRI
Fonte: Ceulemans, Lozano & Alonso-Almeida (2015, pp. 8883)
De acordo com Alonso-Almeida, Marimon, Casani, & Rodriguez-Pomeda (2015),
os RS podem ser considerados uma inovação, bastante utilizados em muitas empresas em
todo o mundo. No entanto, se encontram em estágio inicial no contexto das IES. Os
continentes em que a divulgação aconteceu mais rapidamente em ordem de grandeza
foram: Europa, Ásia e América Latina, sendo que alguns fatores como pressões internas
ou externas de partes interessadas, regulamentações e a necessidade de maior visibilidade
ou reputação influenciaram nestes resultados.
As empresas podem escolher o modelo de relatório que mais se adapta ao seu
segmento, não existe um padrão, podendo assumir um papel de Contabilidade Ambiental.
A divulgação dos dados pode ter aspectos positivos e negativos, com transparência
contemplando uma posição das atividades nas dimensões econômica, ambiental e social
(Groenewald, & Powell, 2016).
3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS
Neste estudo, a interpretação dos dados coletados foi feita de forma sistemática.
Mesmo assim, houve a necessidade de refinamento e reformulação durante o processo.
59
Martins e Theóphilo (2009), explicam que a análise de conteúdo pode ser
empregada em vários meios de comunicação, em discursos escritos ou orais, desde que
transcritos, de maneira objetiva e sistemática, podendo originar a produção de categorias
de análises.
Para determinar as categorias de análises, foram utilizados como base, além do
referencial teórico, questionários e manuais de organizações internacionais que avaliam
a sustentabilidade no campus universitário: o Ranking UI GreenMetric, já caracterizado
anteriormente, a AASHE e a ULSF, que se encontram disponíveis para consulta nos
Anexos A, B e C. As escolhas foram feitas com foco principal na parte de infraestrutura
do campus, mas sempre permeando entre todas as funções de uma IES.
A análise de discurso é uma forma de construir interpretações e reconhecer, não
somente o que está explícito, mas, também o que está implícito. O pesquisador pode
analisar e interpretar gestos, olhares, expressões faciais para captar e compreender
depoimentos falados e escritos, já que nem tudo que é lido pode ser a realidade de fato
(Martins & Theóphilo, 2009).
Na Análise de Discurso é frequente a reprodução escrita de trechos das falas, que
podem ser caracterizadas como o próprio discurso, com a intenção de relatar o que foi
interpretado, sempre considerando a subjetividade do ouvinte (Martins, & Theóphilo,
2009). Com o objetivo de organizar a coleta e análise dos dados, foram definidas algumas
categorias de análises, já avaliadas em outros estudos com objetivos semelhantes, como:
Choi, Oh, Kang, & Lutzenhiser (2017), Alshuwaikhat, Adenle, & Saghir, (2016) e Dea,
Rosa, & Sampaio (2010). São elas:
1. Políticas e Planos: Política Ambiental, Plano Ambiental, Plano de Redução do
Carbono, Plano de Gestão da Energia, Plano de Logística Sustentável, Plano de Gestão
dos Resíduos etc.;
2. Gestão da Energia: conservação e eficiência da energia, captação de energia
solar, aquecimento de água por meio de painéis fotovoltaicos, troca de lâmpadas,
iniciativas para redução no consumo etc.;
3. Gestão da Água: captação de água das chuvas, eficiência no consumo de água,
cuidado e controle das fontes hídricas significativamente afetadas por retirada d’água
(aquífero, lençol freático) etc.;
4. Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores: aquisições sustentáveis,
compra de materiais reciclados, compra de equipamentos com baixo consumo de
recursos, escolha de fabricantes e produtos que prezam a sustentabilidade, controle do
60
processo de compra, armazenamento e manuseio de produtos químicos etc.;
5. Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões: coleta seletiva, reciclagem,
tratamento de resíduos químicos, controle de ruídos e odores, estação de tratamento de
esgoto etc.;
6. Meio ambiente: preservação de áreas verdes e nascentes, projetos de
reflorestamento, biodiversidade etc.;
7. Mobilidade: opções de transporte como ônibus, carona, ciclovia, transporte de
bens materiais etc.;
8. Mudanças climáticas: gestão do carbono, projetos voltados ao controle de
emissões diretas dos gases causadores de efeito estufa, substâncias destruidoras da
camada de ozônio, emissões de Dióxido de Carbono (CO2), Dióxido de Enxofre (SO2),
Dióxido de Nitrogênio (NO2), entre outras emissões atmosféricas significativas etc.;
9. Ambiente construído: construções sustentáveis e planejamento do espaço físico
do campus;
10. Comunicação e Treinamento: programas de educação e treinamento
ambiental, divulgação e participação das comunidades interna e externa nas práticas de
sustentabilidade etc.; e
11. Relação com Cidade e Comunidade: impacto das ações na cidade onde está
inserida, interação com a comunidade acadêmica e externa (local e regional), troca de
experiências com a comunidade universitária nacional e globalmente.
A ULSF tem grande importância neste cenário, já que foi a primeira declaração
criada por administradores de IES, firmando compromisso com a sustentabilidade
ambiental. Surgiu na Conferência de Talloires na França em 1990 e consiste em apoiar a
sustentabilidade ambiental em todas as dimensões de uma IES por todo o mundo, a partir
de pesquisas, avaliações e publicações, além de servir como um secretariado dos
signatários da Declaração de Talloires. Foi assinada por mais de 500 presidentes
universitários e chanceleres em todo o mundo (University Leaders for a Sustainable
Future [ULSF], 2016).
De acordo com a ULSF (2016), o Questionário de Avaliação de Sustentabilidade
(SAQ) é baseado em sete dimensões críticas do ensino superior: currículo; pesquisa e
bolsa de estudos; operações; professores e funcionários; desenvolvimento e recompensas;
divulgação e serviço; oportunidades do aluno; administração, planejamento e missão.
A AASHE foi fundada em 2005, nos EUA, é composta por mais de 900 membros
em vários países, que se concentram no continente norte-americano. É uma associação
61
considerada líder como impulsionadora da inovação em sustentabilidade no ensino
superior. Possui um Sistema de Rastreamento, Avaliação e Classificação da
Sustentabilidade (STARS) com o objetivo de colaborar na avaliação da sustentabilidade
das IES (AASHE, 2016).
O STARS possui um subitem específico, AC-8, que avalia o campus como um
Laboratório Vivo, o qual foi utilizado como referência neste trabalho. Este subitem faz
parte de um dos itens de avaliação, o acadêmico, mas além dele existem mais quatro:
compromisso; operações; planejamento e administração; inovação e liderança (AASHE,
2014).
Para fins de aplicação neste estudo, foram considerados os seguintes critérios de
cada organização:
UI GreenMetric (UI GreenMetric, 2016)
● Configuração e Infraestrutura;
● Energia e Alterações Climáticas;
● Resíduos;
● Água;
● Transporte; e
● Educação.
ULSF – Operações (ULSF, 2016)
● Construção e renovação de construção;
● Práticas de conservação de energia;
● Práticas de redução de resíduos;
● Programa de alimentação sustentável;
● Práticas de conservação de água;
● Paisagismo sustentável;
● Programa de transporte sustentável;
● Compras verdes;
● Redução de materiais tóxicos e resíduos radioativos; e
● Avaliação ambiental ou sustentabilidade / auditorias.
AASHE – Operações (AASHE, 2014)
● Ar e Clima;
62
● Construções;
● Serviços de Refeições;
● Energia;
● Terrenos;
● Compras;
● Transporte;
● Resíduos; e
● Água.
Com base na metodologia apresentada, por meio da coleta de múltiplas fontes de
evidência e análise dos dados, foram gerados os resultados que serão apresentados no
próximo capítulo.
63
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
Neste capítulo, são demonstrados os resultados obtidos mediante estudo de caso
de uma universidade brasileira, além dos dados levantados em análise documental on-line
de uma universidade internacional que caracteriza seu campus como Laboratório Vivo
para Sustentabilidade. Na sequência, apresenta a proposta do trabalho que é um quadro
analítico adaptativo com o objetivo de caracterizar um Laboratório Vivo de
Sustentabilidade em IES.
4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA)
A UFLA foi fundada em 1908 como instituto, em 1963 foi federalizada e se tornou
uma universidade em 1994. Atualmente possui uma população de 17.000 pessoas em seu
campus. Está localizada na cidade de Lavras no Estado de Minas Gerais, a 230 km de
Belo Horizonte e entre duas importantes metrópoles: São Paulo e Rio de Janeiro. Possui
um campus universitário com área de 600 hectares, sendo aproximadamente 250.000
metros quadrados de área construída (UFLA, 2017).
A Figura 25 apresenta a área da UFLA por meio de uma vista aérea, possibilitando
o reconhecimento das características gerais de seu campus.
Figura 25 – Vista aérea do campus da UFLA
Fonte: UFLA (2016)
64
Além da área do campus, a UFLA possui duas fazendas experimentais, uma delas
para criações de animais e plantações, utilizada pelo curso de Agronomia e Ciências
Agrárias e Agrícolas e a Fazenda de Transferência de Tecnologia, ambas próximas, mas
fora da cidade.
A instituição é muito bem conceituada pelo Ministério da Educação (MEC), em
relação à qualidade de ensino comparada a outras instituições públicas e privadas. E
apresenta, em sua missão, o compromisso com a responsabilidade ambiental: “Preservar
a integridade da comunidade acadêmica; Preservar a fauna, flora e mananciais” (UFLA,
2017a).
O narrador “A”, descreve a realidade da IES antes da implementação do Plano
Ambiental e Estruturante “[...] a gente ensinava para os estudantes todas as práticas
corretas de desenvolvimento sustentável, de manejo e conservação do ambiente, mas não
praticava aqui dentro. Era tipo aquele ditado “casa de ferreiro, espeto de pau” (Relato de
Discurso. Ator “A”).
As bases que norteiam as ações de sustentabilidade da instituição, fazem parte do
Plano Ambiental e Estruturante, chamado Projeto Eco Universidade, com gestão da DMA
da universidade. Ele foi iniciado em 2008 como um compromisso socioambiental da IES
e com objetivo de envolver toda a comunidade acadêmica nas práticas de sustentabilidade
operadas no campus (UFLA, 2016).
O Plano Ambiental e Estruturante, vem recebendo modificações e ajustes desde
que foi elaborado, mas sempre com o objetivo de contribuir com as práticas de
sustentabilidade da instituição.
A DMA possui uma estrutura administrativa dividida em coordenadorias e
departamentos, como ilustrado na Figura 26. Cada uma delas com suas atribuições e
funções: planejar, coordenar e monitorar campanhas, ações de conservação e recuperação
ambiental, nas áreas de saneamento, tratamento e reuso de água e esgoto; coleta,
tratamento, recuperação e reciclagem de resíduos; gestão para a economia de energia;
prevenção de endemias e riscos à saúde; e prevenção e combate a incêndios (UFLA,
2016).
65
Figura 26 – Organograma DMA da UFLA
Fonte: UFLA (2016)
Para o narrador “B”, a implantação dos projetos é um desafio, pois “[...] para que
as ações do plano possam funcionar, é necessário boa vontade e engajamento de toda a
comunidade acadêmica, desde a administração central da instituição até os estudantes, o
que, de fato, está acontecendo na UFLA” (Relato de Discurso. Ator “B”). Esta fala
entusiástica demonstra a aceitação do novo modelo de gestão, por parte de toda a
comunidade acadêmica: direção, docentes, técnicos administrativos e de laboratórios,
estudantes de graduação e pós-graduação.
Desde 2012, a UFLA aparece no ranking UI GreenMetric, em que se candidatou
por sugestão de um membro da diretoria, sendo considerada a primeira instituição
brasileira a fazer parte desta iniciativa. Quando perguntado sobre ranking, o narrador “B”
demonstrou contentamento em afirmar que “[...] no ano de 2016 a UFLA foi convidada
a participar de um workshop para mostrar o trabalho da instituição e também recebemos
um convite para sermos os embaixadores do UI GreenMetric na América do Sul, por ser
o melhor resultado da América do Sul [...]” (Relato de Entrevista. Ator “B”).
Nas Figuras 27, 28 e 29 são apresentadas inciativas de sustentabilidade na
categoria Gestão da Energia, separadas por ações, projetos e campanhas.
66
Figura 27 – Ações da UFLA em Gestão da Energia
Fonte: Elaborada pela autora
N° ENERGIA - AÇÕES
1
Troca e reestruturação de todo sistema de energia elétrica do campus prevendo o crescimento nos
próximos 30 anos. Substituição da rede de cabos nus pela rede de distribuição orotegida de média
tensão (novo posteamento, cabeamento, transformadores, iluminação, utilizando de rede compacta).
2Instalação de medidores de energia visando detecção de ambientes com maior consumo, o que
possibilita uma gestão eficiente economia do recurso (instalados por setores e departamentos).
3Captação de energia solar no Alojamento Estudantil (AE) e no novo Restaurante Universitário (RU),
utilizada no aquecimento da água. Investimento aproximado de 25 milhões de reais.
4
Nas novas edificações, adoção de técnicas construtivas que consideram aspectos como: maior
iluminação e ventilação natural nas salas de aula. Resultando em baixo consumo de energia, redução no
impacto ambiental e custos para a universidade.
5
Troca das lâmpadas nas áreas públicas: da comum de 400 W para as de vapor metálico de 250 W.
Troca das lâmpadas mistas dos departamentos e setores por lâmpadas fluorescentes tubulares
alinhando o consumo com níveis de luminosidade adequado.
6Acompanhamento e negociação de valores do contrato de energia elétrica da UFLA junto a
Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG).
7Acompanhamento da evolução do número de estudantes e consumo energético, bem como o
desenvolvimento da infraestrutura, mantendo estável o valor pago pela energia na mesma proporção.
8Implementação de controladores de demanda nos aparelhos de condicionamento de ar, para a
adequação da demanda contratada com o consumo de energia do campus .
9Instalação de capacitores para redução da potência reativa na rede elétrica de distribuição do
campus . A iniciativa impactou diretamente no valor da conta e na qualidade da energia.
10 Novos circuitos de energia elétrica nos departamentos e setores, ajustando os condutores ao consumo.
11
Controle de iluminação das ruas do campus de acordo com necessidade x demanda. Devido ao baixo
nivel de movimento de alunos e funcionários após as 23h00, a iluminação é realizada de forma
intercalada, ação que visa economia de energia.
12Instalação de novos painéis de energia com disjuntores adequados ao consumo, dispositivos de
proteção contra surtos (descargas atmosféricas) e padronização de acordo com as normas.
13Todos os destiladores foram abolidos da Universidade, agora funcionam por osmose reversa.
Economia de 1 milhão de reais por ano em termos de água e energia.
14
Existem 5 estações de bicicletários, espalhadas pelo campus, com placas para captação e geração de
energia fotovoltaica no teto, utilizada para iluminação noturna das mesmas. Cada bicicletário pode
gerar até 617 kWh de energia por mês, no total, o conjunto tem capacidade mensal de 3.085 kWh.
15
A alimentação energética do Campus Histórico, da década de 70, foi trocada do tipo aérea para
subterrânea, reduzindo o impacto ambiental em relação a biodiversidade presente no campus . Esta
substituição ocasionou melhoria na qualidade e transmissão da energia.
67
Figura 28 – Projetos da UFLA em Gestão da Energia
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 29 – Campanhas da UFLA em Gestão da Energia
Fonte: Elaborada pela autora
O plano que conduz à gestão da energia elétrica opera sem prejudicar as atividades
do campus e, ainda traz outros tipos de benefícios que vão além da dimensão ambiental
como o narrador “A” descreve “[...] gerou uma economia direta de R$ 7 milhões no
custeio da instituição, valor que é revertido na atividade fim da universidade que é de
ensino, pesquisa e extensão, em melhorias de gestão e atividades de integração com a
comunidade local e regional (Relato de Discurso. Ator “A”). Estes dados são do ano de
2015 e, também privilegiam, além da dimensão ambiental, a social e econômica do tripé
da sustentabilidade.
Em 2007, a UFLA aderiu ao programa de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (REUNI) do Governo Federal, que tem o objetivo de promover a
expansão física, acadêmica e pedagógica da educação superior na rede federal, até então
haviam muitos problemas de degradação dentro do campus.
O narrador “B” explica que “[...] as modernizações na rede elétrica começaram
logo após a instituição aderir ao programa e também as trocas de lâmpadas, já existe uma
parte da avenida central com lâmpadas de led, é um projeto piloto para analisar se de fato
vai compensar custo x benefício. Após as 23h00, os postes são intercalados, pois as aulas
terminam às 22h40, para economia [...]” (Relato de Entrevista. Ator “B”). A Figura 30
ilustra, respectivamente, o antes e depois das trocas de lâmpadas na avenida central do
campus.
N° ENERGIA - PROJETOS
1
Em processo de testes, estudo para reconhecimento da viabilidade economica custo x beneficio.
Substituição de luminárias antigas por tecnologia LED em postes dos logradouros que pertecem ao
campus .
2 Geração de energia solar fotovoltaica em cooperação técnica com a Companhia de Energia "CEMIG".
3 Estudos para busca e integração de outras formas de energia renovável, como a eólica.
N° ENERGIA - CAMPANHAS
1Campanha educativa pela Redução do Consumo de Energia, lançada em 2014, simultaneamente com a
Campanha “Água: não deixe acabar”.
68
Figura 30 – Antes e depois da troca de lâmpadas na avenida central do campus
Fonte: Elaborada pela autora
O narrador “B” revela preocupado, mas confiante que “[...] o plano da usina
fotovoltaica está em stand by devido à falta de verba decorrente da crise, o projeto está
pronto e já foi negociado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Desde 2004, houve um aumento gradual na população do campus, de quatro a
cinco vezes o número de alunos, mas com um consumo menor proporcional, com as ações
em operação (Relato de Entrevista. Ator “B”). O gráfico que demonstra um aumento da
eficiência em KW/aluno x ano, está ilustrado na Figura 31.
Figura 31 – Gráfico da relação entre número de estudantes e consumo de energia na UFLA
Fonte: Adaptada de UFLA (2016)
69
Sobre a redução no consumo de energia elétrica do campus, foi desenvolvido um
sistema de gestão de energia e o narrador “B” descreve como ele funciona “[...] por ser
uma instituição de ensino federal, contrata a energia mais barata, mas precisa manter um
limite de consumo determinado pela companhia de energia, para não receber multas
altíssimas.
O setor responsável desenvolveu um sistema de gestão de energia para este
controle, mede consumo em tempo real. Por exemplo, no caso de alerta sobre o alto
consumo de energia dos ar condicionados, eles desligam os equipamentos dos locais onde
a refrigeração é menos necessária, como sala dos professores. (Relato de Entrevista. Ator
“B”). Como citado no relato, a Figura 32 apresenta o modelo do medidor do consumo de
energia para controle de demanda.
Figura 32 – Medidor do consumo de energia para controle de demanda
Fonte: UFLA (2016)
Nas Figuras 33, 34 e 35 são apresentadas iniciativas de sustentabilidade na categoria
Gestão da Água, separadas por ações, projetos e campanhas.
70
Figura 33– Ações da UFLA em Gestão da Água
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 34 – Projetos da UFLA em Gestão da Água
Fonte: Elaborada pela autora
N° ÁGUA - AÇÕES
1
Coleta de águas pluviais dos telhados nas construções: Restaurante Universitário, Naves I e II e Centro
de Convivência, em cisternas para fins de irrigação dos jardins. Direcionamento para lagoas artificiais
(bacias de contenção) evitando o escoamento superficial das mesmas, viabilizando o abastecimento do
lençol freático e outras áreas de recarga.
2Água da chuva coletada e a tratada pela ETE, é armazenada em uma área de coleta com capacidade
para 1.600.000 litros, construída após a implementação do Plano Ambiental e Estruturante.
3
Substituição de 73 destiladores dos laboratórios por purificadores que operam por osmose reversa,
possibilitando a economia de 90% no consumo de água. O uso dos destiladores acarretava um
consumo de 100.000 litros de água em 8 horas, os purificadores reduziram o consumo para 10.000
litros.
4Ativação de dois poços artesianos com capacidade para 400 mil litros que funcionam como reserva em
épocas de estiagem prolongadas.
5
Projeto de replantio nas Áreas de Preservação Permanente (APP), onde se encontram 15 nascentes,
fazendo com que estas e os cursos d’agua, fiquem protegidos e produzam mais água. Revegetação com
60 mil mudas de 53 diferentes espécies nativas.
6
Reuso da água proveniente da ETE, considerado de alta complexibilidade, para a inclusão do retorno
da água resultante do processo de tratamento do esgoto para a represa, para, em seguida, ser
novamente tratada. Ao final do ciclo a água sai clarinha e pronta para ser reutilizada nas áreas externas
do campus , na irrigação de jardins e áreas de plantio, o que é interessante por ela conter nutrientes
como nitrogênio e fósforo.
7
Em 2014, foi construída uma nova barragem visando maior acumulação de água no campus . A represa
em questão é a maior barragem da instituição: tendo 55 mil metros quadrados de espelho d’ água e
acumulando 320 milhões de litros, o corresponde a seis vezes o tamanho da antiga barragem.
8
Implantação de torneiras automáticas e vasos sanitários com caixas acopladas, o que contribue para
diminuição do consumo de água, nas novas construções. Reforma de 50 banheiros presentes nas
estruturas antigas da instituição com os mesmos recursos de controle de consumo.
9
Captação de água bruta, para irrigação de jardins e áreas agrícolas, pois a água tratada pode ser
prejudicial a vegetação devido ao uso de cloro no tratamento. Redução no gasto de água tratada para
este fim.
10
A ETA está em processo de ampliação, inclusive, foi construído ao lado um prédio com laboratórios
para controles e monitoramento do processo. Até o momento as análises estão sendo feitas à distância,
no departamento de engenharia, coleta e análise executadas pelos alunos.
11
A água das nascentes do campus são acumuladas em duas barragens e bombeadas para ETA de
modelo compacto e convencional, construída no próprio campus e que garante o abastecimento de
toda área.
N° ÁGUA - PROJETOS
1A ETA foi refeita, reformada, mas a ideia é duplica-la assim que houver verba, para atender as
necessidades futuras.
71
Figura 35 – Campanhas da UFLA em Gestão da Água
Fonte: Elaborada pela autora
O narrador “C” apresenta orgulhoso ações de sustentabilidade em prol de um dos
recursos renováveis mais valorosos para a instituição “[...] esta é a barragem nova,
finalizada em 2015, com o objetivo de ampliação do armazenamento de água, devido a
previsão de expansão da universidade. Toda a água vem de nascentes, são quinze
espalhadas pela instituição. No barramento existe um controle de vazão, em épocas de
consumo baixo a água, ou excesso de chuva, é direcionada e segue para o córrego da
cidade (Relato de Entrevista. Ator “C”). A barragem citada, finalizada em 2015, pode ser
apreciada na Figura 36.
Figura 36 – A mais nova barragem da UFLA
Fonte: Elaborada pela autora
A instituição possui uma Estação de Tratamento de Água (ETA) com 25 anos de
existência, funcionando vinte e quatro horas por dia, o narrador “C” que conhece o
sistema em detalhes, diz “[...] ela faz um tratamento convencional padronizado em norma,
já é suficiente devido a boa qualidade da água disponível no campus, bem fácil de tratar.
N° ÁGUA - CAMPANHAS
1Articulações para proteção da nascente principal da UFLA, que esta localizada fora da área do
campus, envolvendo diferentes atores sociais para sua preservação e revitalização.
2
A campanha “Água: não deixe acabar”, que teve inicio em outubro de 2014, mobiliza a comunidade
acadêmica para a conscientização e economia dos recursos hídricos Plano de ações que objetiva a
solução de diversos problemas relacionados á má utilização da água e um trabalho intensivo em
educação ambiental da comunidade acadêmica e externa.
72
Está em processo de ampliação, um projeto para atender uma demanda futura de 20 anos
à frente. Com a ampliação haverá uma economia de trabalho, eliminando o turno da noite.
[...]” (Relato de Entrevista. Ator “C”). A Figura 37 ilustra uma visão geral da ETA citada
neste relato, em funcionamento desde 1991.
Figura 37 – Estação de tratamento de água da UFLA
Fonte: Elaborada pela autora
Nas Figuras 38, 39 e 40 são apresentadas iniciativas de sustentabilidade na
categoria Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores, separadas por ações,
projetos e campanhas.
Figura 38 – Ações da UFLA em Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores
Fonte: Elaborada pela autora
N° MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E FORNECEDORES - AÇÕES
1 Escolha de equipamentos classificados pelo selo Procel, com baixo consumo de energia.
2
Canecas reutilizáveis, eliminando o uso de copos descartáveis desde 2011 no RU, após estudo
relacionado a economia em termos financeiros e ecológicos. O que se gastava anualmente com os
copos, foi revertido para a compra das canecas, com isso em uma semana o RU deixou de utilizar
15.000 copos descartáveis.
3
Nas novas construções, a utilização de uma estrutura que privilegia o uso de metais e vidros, gerando
menos resíduos em relação aos sistemas de concreto armado e a escolha de piso intertravado que
permite a permeabilidade do solo.
4Coleta e reciclagem de materiais provenientes de obras, como entulhos e outros que possam ser
reaproveitados.
73
Figura 39 – Projetos da UFLA em Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 40 – Campanhas da UFLA em Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores
Fonte: Elaborada pela autora
O narrador “B” apresenta uma mudança relevante nas licitações “[...] já é
determinada a prioridade na compra de equipamentos classificados pelo Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), com baixo consumo de energia.
Para instalar um ar condicionado precisa de autorização do setor responsável [...]” (Relato
de Entrevista. Ator “B”).
O Plano de Logística Sustentável (PLS) institucionalizado pelo Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP), especifica regras sobre a compra de
materiais ecologicamente amigáveis, mas como informa o narrador “B” “[...] isso ainda
é uma parte falha da UFLA. Já está no plano, como por exemplo a utilização de papel
reciclado, mas ainda não está sendo executado. Aqui se privilegia o uso de comunicação
interna on-line, em memorandos e ordens de serviço, por exemplo. Central de impressoras
de maior porte, para economia com toners [...]” (Relato de Entrevista. Ator “B”). São
ações pontuais, não acontecem de forma sistemática, e ainda dependem de quem faz a
licitação em privilegiar produtos socialmente justos.
Nas Figuras 41, 42 e 43 são apresentadas inciativas de sustentabilidade na
categoria Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões, separadas por ações, projetos e
campanhas.
N° MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E FORNECEDORES - PROJETOS
0 Nada consta
N° MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E FORNECEDORES - CAMPANHAS
1Campanha UFLA Recicla, os calouros recebem um kit com caneca institucional e sacola ecológica
quando são recepcionados pela IES.
74
Figura 41 – Ações da UFLA em Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões.
Fonte: Elaborada pela autora
N° RESÍDUOS, EFLUENTES E EMISSÕES - AÇÕES
1
Construção de Laboratório de Gestão de Resíduos Quimicos (LGRQ) para gerar resíduos que não
agridam o meio ambiente; recuperar os resíduos transformando-os em matéria-prima; desenvolver no
aluno uma consciência ética com relação ao uso e descarte de produtos químicos; instruir usuários a
manusear, tratar e recuperar resíduos químicos.
2
ETE considerada referência em tecnologia e inovação. O resíduo sólido proveniente da ETE é utilizado
em pesquisas voltadas para a produção agrícola e a estrutura garante que a água seja adequadamente
tratada antes de voltar ao ambiente. Envolve, alunos, funcionários, docentes na implantação e operação
da estação. A ETE eliminou 145 fossas negras no campus, ela recebe diariamente 300 mil litros de
esgoto, mas a capacidade total é de 700 mil.
3
O Biogás gerado no processo da ETE será utilizado como fonte de energia alternativa para operar o
próprio sistema, produzindo energia elétrica ou para aquecimento do efluente. As instalações já estão
em andamento. Em breve, a ETE, também será auto suficiente em energia.
4
Coleta e direcionamento de residuos químicos de acordo com seu tratamento: resíduos biológicos,
vidrarias contaminadas, resíduos químicos contendo metais pesados, substâncias inflamáveis e solventes
orgânicos.
5Recuperação e reaproveitamento de alguns componentes químicos, que posteriormente, retornam aos
laboratórios para diversas aplicações.
6
Reutilização de frascos de vidros dos reagentes químicos, por um processo específico de lavagem e
secagem do material (tríplice lavagem), posteriormente são rotulados e armazenados para distribuição
na comunidade acadêmica.
7
Criação e a manutenção de um banco de reagentes vencidos, que seriam descartados e são
redistribuídos na comunidade acadêmica. Entre os anos de 2012 e 2015 aproximadamente 500 kg de
reagentes vencidos em boas condições foram fornecidos a diversos laboratórios da UFLA.
8
Coleta seletiva realizada em parceria com a ACAMAR, que faz a retirada e destinação do material
reciclável. Implantação de coleta seletiva no campus conta com a participação e integração dos alunos
de Administração e Engenharia Florestal.
9
Existe no campus um total de 50 conjuntos de lixeiras para coleta seletiva, além de outras cinco
destinadas à coleta de pilhas e baterias. Todo este processo é acompanhado e avaliado pelo projeto de
educação ambiental Educampus com efetiva participação dos funcionários de todos os setores da
Universidade, incluindo coleta de papel reciclado, coleta e reciclagem de materiais de obras.
10
Laboratórios com capelas de exaustão e lavadores de gás, para evitar odores e controle dos gases
tóxicos. A questão do nível de ruído nos laboratórios começou a ser tratada recentemente, a
fiscalização é feita pelo pessoal da Segurança do Trabalho.
11 Laboratório Central onde ficam os resíduos perigosos, fiscalizado pelo exército e Polícia Federal.
12
Plano de Gestão dos Resíduos de Saúde, em que resíduos biológicos são de responsabilidade de uma
empresa especializada, contratada para prestar serviços de coleta, transporte e tratamento,
encaminhando para um destino ambientalmente correto.
13Digestor Químico, utilizado para eliminar materiais biológicos (carcaças de animais utilizados para
estudos de cunho acadêmico) de forma ambientalmente correta. Não produz odores.
75
Figura 42 – Projetos da UFLA em Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões.
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 43 – Campanhas da UFLA em Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões.
Fonte: Elaborada pela autora
Conforme mencionado no quadro de ações da categoria Gestão de Resíduos,
Efluentes e Emissões, a UFLA possui uma ETE, ilustrada na Figura 44.
Figura 44 – Estação de tratamento de esgoto da UFLA
Fonte: Elaborada pela autora
N° RESÍDUOS, EFLUENTES E EMISSÕES - PROJETOS
1
Experimento com plantas na ETE, pelos alunos da Biologia para verificar a reação das mesmas quando
adubadas com os resíduos da estação, os quais possuem fósforo, nitrogênio e ureia em sua
composição.
2
Compostagem em estudo, no momento só existe um centro de triagem e compostagem experimental
em uma disciplina do curso de Engenharia Ambiental, que é utilizado como laboratório de ensino e
trabalha para a DMA. O pessoal da Agronomia também utiliza o resíduo orgânico para estudos na
jardinagem, proveniente do RU. Tem também um grupo de estudo do pessoal do biodiesel. A ideia
futura é criar um centro de triagem e compostagem, mas o projeto está parado devido à falta de verba.
3Já comprados e não instalados, os “cacabol”, para descarte das fezes de animais que vem passear no
campus com membros da comunidade externa.
4 Pesquisas objetivando desenvolver novas metodologias de tratamento e recuperação de resíduos.
N° RESÍDUOS, EFLUENTES E EMISSÕES - CAMPANHAS
1
Campanha UFLA Recicla, baseando-se no princípio dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar, com o
objetivo de reduzir ao máximo a geração de resíduos, além de despertar em toda comunidade
acadêmica a conscientização para adoção de atitudes sustentáveis. Os calouros recebem um kit com a
caneca institucional e uma sacola ecológica quando são recepcionados pela IES. Um estudo de um
aluno do departamento de administração, mostrou que antes do lançamento desta campanha, 80% dos
espaço nas lixeiras era tomado pelos copos descartáveis.
76
A Figura 45 ilustra o experimento que está sendo feito pelos alunos do curso de
Biologia da UFLA, caracterizando a participação da comunidade acadêmica e a vivência
na operação das práticas em operação.
Figura 45 – Experimento dos alunos do curso de Biologia
Fonte: Elaborada pela autora
Em todo o campus podem ser avistados módulos de coleta seletiva de resíduos e
o narrador “B” explica as mudanças previstas “[...] já existe um projeto para alteração dos
módulos de coleta seletiva, hoje são de 4 partes e futuramente serão apenas duas: resíduos
orgânicos e inorgânicos, mas este projeto está em stand by devido à crise. Alunos
monitoraram durante um ano o que os usuários colocavam nestas lixeiras, e concluíram
que aparecem mais erros nos locais onde circulam mais pessoas que não fazem parte da
comunidade acadêmica. Na avenida de baixo, por exemplo, em que a comunidade externa
circula para fazer atividades físicas, foram encontrados mais materiais em locais errados
(Relato de Entrevista. Ator “B”). Nesta fala, também se considera a participação dos
alunos nas ações de sustentabilidade do campus, além da interação da comunidade externa
em seu espaço.
Como membro da comunidade externa que participa indiretamente das ações de
sustentabilidade do campus, o narrador “E” exalta a importância das práticas operadas
pela UFLA “[...] o caminhão da coleta seletiva passa no campus duas vezes por semana
77
e leva o material reciclado para a Cooperativa ACAMAR, onde ele é separado e vendido
para reciclagem. Nós fazemos palestras para os calouros, ensinando como eles devem
fazer a separação na república [...]” (Relato de Discurso. Ator “E”). Nesta fala, o trabalho
da instituição em prol do desenvolvimento sustentável é reconhecido pela comunidade
externa, além de apresentar uma interação da mesma com a comunidade acadêmica.
A Associação dos Catadores de Material Reciclável de Lavras (ACAMAR),
atribui sua existência aos trabalhos de educação ambiental promovidos pela UFLA e
viabilizados pela Fundação Pró Defesa (Ambiental Associação dos Catadores de Material
Reciclável de Lavras [ACAMAR], 2017).
De acordo com o narrador “B” “[...] por ser instituição pública, não pode vender
frascos e vidros de reagentes químicos excedentes, então pagavam para uma empresa
recolher, a qual os vendia depois. Para não ajudar a iniciativa privada, e sim quem precisa
de ajuda, a ACAMAR começou a fazer este trabalho, pois já recolhia os outros materiais
recicláveis (Relato de Entrevista. Ator “B”).
Nas Figuras 46, 47 e 48 são apresentadas iniciativas de sustentabilidade na
categoria Meio ambiente, separadas por ações, projetos e campanhas.
78
Figura 46 – Ações da UFLA em Meio Ambiente
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 47 – Projetos da UFLA em Meio Ambiente
Fonte: Elaborada pela autora
N° MEIO AMBIENTE - AÇÕES
1
Alimentação energética do Campus Histórico subterrânea e substituição de todos os condutores de
cabo nu por condutores protegidos no restante do campus , reduzindo o impacto ambiental e
mantendo a biodiversidade presente no campus (micos, gambás, jacu, garças entre outros).
2
Recuperação e conservação em de APP, reservas legais e áreas de interesse ambiental. A ação
promove a recuperação de 65 hectares de área com vegetação nativa no perimetro das 15 nascentes
que existem no campus . Plantio de espécies nativas 51.000 mudas no período de 2009 a 2011, em
diversas áreas da instituição, entre elas onde estão localizadas as nascentes.
3Plantio de 90.000 mudas de árvores em uma área de 29 hectares e recomendações técnicas para
recomposição dos ecossistemas com modelos de revegetação.
4
Implementação da brigada de incêndios integrada por vigilantes, estudantes, técnicos administrativos e
professores. O projeto objetiva a prevenção de incendios na região, atuando na reconstrução de
aceiros e roçada de materiais combustíveis (capim).
5Ação em parceria com o MEC colaborou para a aquisição de materiais e equipamentos, como: trator,
churumeira, abafadores, retro-escavadeira, dentre outros.
6Definir normas de uso, recuperação e conservação do solo. Orientar ações para proteção da fauna e
flora. Monitoramento do processo de recuperação de fauna e flora nas áreas do campus.
7
Planejamento e orientação, em acordo com todos os setores e departamentos da UFLA, legalização
ambiental (uso de água, APP e reserva legal) e emissão de parecer sobre viabilidade e impacto de
obras e instalações na Universidade.
8Emissão de parecer e relatórios sobre cortes e plantios de espécies florestais no campus e demais
áreas da UFLA.
9Estabelecimento de normas de uso da água não tratada e de reuso da água proveniente da estação de
tratamento de esgoto.
10
Em 2011 foi realizado um diagnostico situacional acerca dos focos de possiveis agentes causadores de
endemias no campus , foram vistoriados todos os departamentos e setores da UFLA. A ação foi
realizada objetivando o mapeamento das aréas e a formação de relatórios com propostas para
solucionar problemas e contribuir como ferramenta de prevenção.
11A Coordenadoria de Prevenção de Endemias coloca armadilhas no campus para pegar os mosquitos e
fazer o controle.
12UFLA faz muitas pesquisas na área de meio ambiente, além das disciplinas nos cursos exigidas pelo
MEC. Já existe um curso de Mestrado Profissional em Tecnologias e Inovações Ambientais.
N° MEIO AMBIENTE - PROJETOS
1 O resíduo sólido proveniente da ETE é utilizado em pesquisas voltadas para a produção agrícola.
79
Figura 48 –Campanhas da UFLA em Meio Ambiente
Fonte: Elaborada pela autora
De acordo com o narrador “B”, as mudanças trazidas pelo novo plano, eram
necessárias como proteção à biodiversidade existente, já que “[...] no campus histórico
não existe mais rede aérea, os cabos são subterrâneos para não afetar a fauna, existe uma
mata com muito micos, tucanos e maritacas. Os micos estavam morrendo eletrocutados
(Relato de Entrevista. Ator “B”). Esta fala mostra que muitas ações de sustentabilidade
abrangem várias categorias de análises e interagem entre si. Para ilustrar o relato, a Figura
49, apresenta as ocorrências que aconteciam na antiga rede elétrica do campus.
Figura 49 – Antiga rede de energia elétrica do campus da UFLA
Fonte: UFLA (2016)
Os alunos dos cursos de Biologia desenvolvem projetos como descritos pelo
narrador “B” “[...] existe um projeto do grupo da Biologia relacionado à preservação de
animais, principalmente pássaros e estudos do crescimento em relação a fauna presente
na área do campus. Houve um projeto de uma torre de observação, para estudo da
biodiversidade e focos de incêndio, mas não seguiu em frente devido à falta de verba
(Relato de Entrevista. Ator “B”).
Dentro da DMA existe uma Coordenadoria de Recursos Naturais e na fala do
narrador “C”, percebe-se a preocupação da instituição com a preservação do meio
N° MEIO AMBIENTE - CAMPANHAS
1
Campanhas educativas e ações de educação em saúde aplicada, tanto na comunidade acadêmica
quanto na comunidade de Lavras e cidades vizinhas. São permanentes e incluem ações de extensão em
parceria com a Prefeitura de Lavras.
80
ambiente “[...] esta é uma área revegetada, existem vários locais onde foram feitas as
intervenções de reflorestamento. Em algumas áreas foi feito somente para enriquecer a
mata e deixa-la mais fechada, não por estar degradada [...]” (Relato de Entrevista. Ator
“C”). Algumas das áreas citadas, estão ilustradas nas imagens da Figura 50.
Figura 50 – Áreas de recuperação ambiental
Fonte: Elaborada pela autora
As turmas de Engenharia Florestal fizeram um trabalho intenso de reflorestamento
no período de 2009 a 2012, o narrador “B” cita participações importantes neste projeto
“[...] do atual Reitor, que era professor de Ciências Florestais na época e da Prof. Soraya,
Pró-Reitora de Graduação, que vivenciaram ativamente a recuperação das matas ciliares
junto aos alunos. (Relato de Entrevista. Ator “B”). Esta fala ressalta o engajamento da
administração da instituição para o sucesso das ações de sustentabilidade no campus.
Nas Figuras 51, 52 e 53 são apresentadas inciativas de sustentabilidade na
categoria Mobilidade, separadas por ações, projetos e campanhas.
81
Figura 51 – Ações da UFLA em Mobilidade
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 52 – Projetos da UFLA em Mobilidade
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 53 – Campanhas da UFLA em Mobilidade
Fonte: Elaborada pela autora
A Figura 54 ilustra um dos módulos do bicicletário, espalhados pelo campus, que
aparecem em duas categorias de análises: Mobilidade e Gestão da Energia, devido a
presença dos painéis fotovoltaicos em sua cobertura.
N° MOBILIDADE - AÇÕES
1 Construção da ciclovia em 2009, com extensão de 6km.
2Pontos de carona voluntária espalhados pelo campus, com placas indicativas sobre os locais em que se
deseja chegar.
3Construção de 5 ecobicicletários, estações para até 30 bicicletas, alocadas na avenida principal e
próximo aos pavilhões de aula.
4Tranporte público interno por meio de ônibus, conhecido como "Mamute", que percorre trajetos por
todo o campus , sem cobrança de taxas para os usuários.
N° MOBILIDADE - PROJETOS
1
Os ecobicicletários servem de pesquisa para profissionais e estudantes das áreas de Engenharia,
Ciências da Computação e cursos ligados à pesquisa básica, como Física e Química. Pesquisas
relacionadas a mobilidade, de novos materiais e avaliação da qualidade da energia gerada por este
processo.
N° MOBILIDADE - CAMPANHAS
1
Campanha Ciclovia Legal, alerta sobre questões que envolvem a segurança da comunidade acadêmica
e visitantes, necessidade dos pedestres não invadirem o espaço destinado às bicicletas e aos ciclistas de
respeitarem as calçadas.
82
Figura 54 – Módulo do bicicletário
Fonte: UFLA (2016)
O campus da UFLA dispõe de várias possibilidades em relação à mobilidade, o
narrador “D”, por meio de uma fala longa, já que faz uso constante destes modais, alerta
sobre algumas questões relevantes “[...] o “mamute”, é bastante útil para circulação
interna no campus, e econômico por não haver cobrança de taxas, mas existem problemas
com a demora em alguns horários, devido à pouca quantidade de carros. [...] eu não
consigo usar a ciclovia só é viável para atletas [...]” (Relato de Entrevista. Ator “D”).
Em relação à ciclovia, ela abrange a área de circulação principal do campus, foi
bem projetada e sinalizada. A fala do sujeito demonstra insatisfação devido à geografia
da cidade muito montanhosa e dentro do campus haver muito aclives e declives.
“Mamute” é o apelido dado pelos alunos ao ônibus articulado que circula dentro da área
do campus, existe também um de menor porte que é chamado de “Elefantinho”.
O narrador “B” descreve como são feitas as entregas dentro do campus “[...] em
relação ao transporte de materiais, existe um controle da Diretoria de Materiais, os
caminhões de entrega não circulam pelo campus. A equipe separa e faz a distribuição por
meios próprios (Relato de Discurso. Ator “B”).
O narrador “D” considera o Ponto de Carona, uma iniciativa interessante, mas cita
a indisponibilidade dos carros, devido à falta de educação de algumas pessoas “[...] existe
uma rejeição por parte de quem dá a carona, porque alguns passageiros entram e saem do
83
carro sem pronunciar uma palavra, não cumprimentam o carona e nem agradecem pela
gentileza” (Relato de Discurso. Ator “D”).
Nas Figuras 55, 56 e 57 são apresentadas inciativas de sustentabilidade na
categoria Mudanças Climáticas, separados por ações, projetos e campanhas.
Figura 55 – Ações da UFLA em Mudanças Climáticas
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 56 – Projetos da UFLA em Mudanças Climáticas
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 57 – Campanhas da UFLA em Mudanças Climáticas
Fonte: Elaborada pela autora
Uma das categorias com menos ações projetadas é a de mudanças climáticas, nada
de significativo está sendo feito nesta área, após muito pensar o narrador “B” cita uma
ação isolada “[...] existe um projeto para produção de biodiesel a partir dos resíduos das
N° MUDANÇAS CLIMÁTICAS - AÇÕES
1Captação dos gases de efeito estufa, como metano e gás carbonico, gerados na ETE. Aproveitamento
destes gases para geração de energia.
2Incentivo ao uso de bicicletas, como meio de transporte que não polui o meio ambiente. Além do
incentivo a carona com o objetivo de diminuir o número de automóveis circulando.
N° MUDANÇAS CLIMÁTICAS - PROJETOS
1
Grupos de pesquisa interagem no desenvolvimento das atividades técnico-científicas do projeto
CLARIS LPB “A Europe-South America Network for Climate Change Assessment and Impact
Studies in La Plata Basin” – World Climate Research Programme. Parceria firmada entre a UFLA
e Institut de recherche pour le developpement (IRD) na França.
2
Pesquisadores da UFLA e da Stanford University , com apoio da Agência de Inovação do Café
(InovaCafé), realizaram estudo em uma cooperativa do Sul de Minas sobre os impactos das
certificações socioambientais (eco certificações) na capacidade de resiliência aos extremos climáticos
em propriedades cafeeiras. A doutoranda de Stanford , Elinor Benami que conduziu os estudos.
3
Pesquisas para geração de biodiesel: sistema de coleta e remoção de gorduras em cozinhas e
restaurantes do campus (instalação de caixa de gordura aerada e sistema automatizado de remoção por
raspagem da escuma flotada).
N° MUDANÇAS CLIMÁTICAS - CAMPANHAS
1
Impactos das mudanças climáticas em paisagens tropicais foi tema de workshop internacional realizado
na UFLA: “Impactos das Mudanças Globais no Regime de Fogo, no Funcionamento e na Estrutura de
Paisagens Tropicais”. Evento de 2012
2Mudanças climáticas foi o tema do V Encontro de Engenharia Ambiental e Sanitária (EEAMB) : Clima,
seja você a grande mudança. Evento de 2016.
84
caixas de gordura, para gerar combustível para o “mamute” e para os caminhões da frota,
mas ainda não foi executado (Relato de Entrevista. Ator “B”).
Nas Figuras 58, 59 e 60 são apresentadas inciativas de sustentabilidade na
categoria Ambiente construído, separadas por ações, projetos e campanhas.
Figura 58 – Ações da UFLA em Ambiente Construído
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 59 – Projetos da UFLA em Ambiente Construído
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 60 – Campanhas da UFLA em Ambiente Construído
Fonte: Elaborada pela autora
N° AMBIENTE CONSTRUÍDO - AÇÕES
1Em todas as novas edificações e reformas das antigas, houve a utilização de torneiras automáticas e
vasos sanitários com caixas acopladas.
2 Instalação de redes de esgoto e estação de tratamento de esgoto.
3Construção de salas de aula que consideram aspectos como: maior iluminação e ventilação natural e
coleta de águas pluviais em cisternas.
4
Em janeiro de 2015, a Cantina Central foi demolida e começou a construção do projeto do Centro de
Convivência, uma das grandes obras inovadoras da instituição. Enquanto o espaço da Cantina Central
possuía 900 m², o novo projeto abrange uma área de aproximadamente 2000 m².
5
Centro de Convivência acessível por meio de rampa para pedestres e possui vários serviços como:
livraria, cafeteria , espaço para apresentações e manifestações culturais e artísticas, lojas, entre outros.
Utilização de materiais sustentáveis, preocupação com conforto termo-acústico: telhas com isolamento
termo-acústico, grande áreas envidraçadas, ambiente bem iluminado e ventilado naturalmente.
Aproximadamente 2.000m² de construção.
6
Construção de um calçadão, ao redor do Centro de Convivência, de circulação exclusiva para
pedestres, com a instalação de bancos. Mudanças no paisagismo dos jardins entre o Restaurante
Universitário e a Cantina, bem como novos acabamentos nos bancos e calçadão em frente.
7Ampliação da cozinha do RU, adequando-o para gerar mais conforto e condições agradáveis de
atendimento até 2030.
8Na avenida norte, em frente ao RU, está sendo construído um novo pavilhão de aulas, que contará com
33 salas. Obra parada aguardando liberação de verba.
9
Também está em construção com área de 77.800m² um parque tecnológico que visa integrar a
pesquisa desenvolvida na UFLA e as empresas privadas existentes na região. Além de um Complexo
Esportivo de Alto Rendimento. Ambos com obras paradas aguardando liberação de verba.
N° AMBIENTE CONSTRUÍDO - PROJETOS
1Contemplar aspectos sustentáveis em todas as novas construções dentro do campus, além de privilegiar
materiais, equipamentos e fornecedores sustentáveis.
N° AMBIENTE CONSTRUÍDO - CAMPANHAS
1Arquitetura agroecológica: curso realizado na UFLA ensinou técnicas de construção com bambu e
sapê.
85
A área total do campus é dividida entre Campus Histórico e Campus Novo, as
construções antigas sofreram algumas adaptações, mas como descrito pelo narrador “B”
“[...] somente nas novas construções os projetos contemplam a preocupação com o
conforto térmico e acústico, aproveitamento de luz e ventilação natural, nas salas da
graduação não existe ar-condicionado, apenas ventiladores. Existe captação de água de
chuva também (Relato de Entrevista. Ator “B”).
Os projetos arquitetônicos da UFLA são elaborados pela própria comunidade
acadêmica, professores, alunos e servidores da instituição. Uma das obras mais
importantes, executadas no campus da UFLA nos últimos tempos, foi o Centro de
Convivência. A Figura 60 ilustra uma parte importante desta área, a livraria com
acessibilidade.
Figura 60 – Centro de Convivência
Fonte: UFLA (2016)
Nas Figuras 62, 63 e 64 são apresentadas inciativas de sustentabilidade na
categoria Comunicação e Treinamento separadas por ações, projetos e campanhas.
86
Figura 62 – Ações da UFLA em Comunicação e Treinamento
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 63 – Projetos da UFLA em Comunicação e Treinamento
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 64 – Campanhas da UFLA em Comunicação e Treinamento
Fonte: Elaborada pela autora
Em relação ao Plano de Resíduos Químicos, o narrador “B” relata com
propriedade que “[...] na disciplina de seminários, em todos os cursos de Pós-Graduação
do Departamento de Resíduos Químicos, foram ministradas palestras de conscientização
para os alunos apresentando o plano, além da elaboração de um curso de capacitação
voltado aos técnicos de laboratório e alunos em geral [...]” (Relato de Entrevista. Ator
“B”).
N° COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO - AÇÕES
1Ações de educação ambiental, divulgação de instruções preventivas e combates a incêndios, proposta
para ações de pesquisa, capacitação e treinamento dos membros da coordenadoria.
2Palestra sobre Eficiencia Energética em residências da comunidade ao redor da Universidade. Período
de 2010 a 2012.
3
Treinamento da comunidade acadêmica para ações de controle de endemias, tendo como público-alvo
funcionarios e servidores do campus . O foco das palestras era apresentar procedimentos para as
diferentes situações de risco associando-as a cada tipo de endemia.
4 Curso para Eletricistas da UFLA sobre manutenção de rede elétrica protegida de 13,8 kV.
5Divulgação das campanhas de água e energia por meio da distribuição de cartazes, adesivos, flyers, e-
mails e publicações institucionais nas redes sociais.
6
Escolas públicas e particulares levam os alunos para visitar a universidade, principalmente a ETE,
devido ao método inovador utilizado por meio de tanques fechados, que são diferentes do método
usual utilizado pelas cias de saneamento (Copasa e Cetesb). Não libera cheiros por ser fechado e
tratado com bactérias anaeróbias.
7
Cursos para produtores rurais e pequenos agricultores de Lavras e cidades próximas, em parceria
com órgãos ligados a agricultura. Existem laboratórios da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (EPAMIG) dentro da UFLA.
N° COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO - PROJETOS
0 Nada consta
N° COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO - CAMPANHAS
0 Nada consta
87
Existe um intercâmbio bastante diversificado entre a UFLA e outras instituições,
o narrador “B” conta que já fez palestras em escolas públicas da cidade sobre segurança
em laboratórios químicos e que “[...] algumas IES vem visitar a UFLA para conhecer
estes programas de gestão de resíduos. A UFLA, também serve de exemplo e referência
a outras instituições pelo Brasil, em relação às ações de sustentabilidade que pratica [...]”
(Relato de Entrevista. Ator “B”). Os alunos do curso de química, por exemplo, colaboram
nas rotinas do laboratório e também executam pesquisas, funcionando como um estágio.
De acordo com o narrador “B”, quem participa das práticas de sustentabilidade
são “[...] alunos com ou sem bolsa, por meio de processo seletivo ou de forma voluntária.
A instituição tem um programa em que o aluno de baixa renda tem bolsa de estudos,
vinculada a trabalhar nos projetos de pesquisas e isso incentiva a participação nas ações.
Sempre nos cursos específicos de cada área em que estudam (Relato de Entrevista. Ator
“B”).
Nas Figuras 65, 66 e 67 são apresentadas inciativas de sustentabilidade na
categoria Relação com Cidade e Comunidade, separadas por ações, projetos e campanhas.
Figura 65 – Ações da UFLA em Relação com Cidade e Comunidade
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 66 – Projetos da UFLA em Relação com Cidade e Comunidade
Fonte: Elaborada pela autora
N° RELAÇÃO COM CIDADE E COMUNIDADE - AÇÕES
1Brigada de incêndio com aproximadamente 30 homens treinados e capacitados para preservação e
combate a incêndios, atendendo também a comunidade externa, quando necessário.
2
Prestação de contas para o Tribunal de Contas da União (TCU), feita por meio de relatórios
elaborados na DMA. Agenda 3P dos órgãos públicos, deve ser considerada nos relatórios. Os dados
ainda não são disponibilizados publicamente no site, mas o plano é que isso seja feito em breve.
3
O atual prefeito fez uma parceria com a UFLA, para que ela possa contribuir com estudos relacionados
a cidade, por exemplo: workshop sobre a Bacia do Alto Rio Grande que aconteceu na área do
campu s.
4Parceirias entre ACAMAR , Fundação Pró Defesa Ambiental (FPDA) e Prefeitura de Lavras. A ação
gera como resultado a coleta de 40 toneladas mês de resíduos sólidos e emprego para 22 associados.
N° RELAÇÃO COM CIDADE E COMUNIDADE - PROJETOS
1
O curso de medicina terá um hospital, que ainda será construído, em uma das fazendas experimentais,
com 360 leitos, hospital de referência e de bom tamanho para atender a região, não só Lavras mas as
cidades próximas.
88
Figura 67 – Campanhas da UFLA em Relação com Cidade e Comunidade
Fonte: Elaborada pela autora
O narrador “D” destaca o grande impacto que a universidade gera na cidade de
Lavras, quando diz “[...] a universidade movimenta a cidade socialmente e
economicamente, principalmente o comércio. Na época de férias, a cidade fica vazia, pois
a grande maioria dos alunos é de fora. Mesmo assim, muito moradores reclamam da
presença dela, devido à postura dos alunos em algumas situações: bagunça, barulho,
sujeira, falta de educação [...]” (Relato de Discurso. Ator “D”). A fala do sujeito revela
uma certa indignação, quando relata a não valorização, por parte dos cidadãos, em relação
ao papel da UFLA para o desenvolvimento da cidade.
Com o crescimento gradativo de sua estrutura, antigamente o campus da UFLA
se enquadrava como zona rural, mas acabou se tornando zona urbana, já que hoje a cidade
circunda o campus. O narrador “B” valoriza esta relação da instituição com a cidade e
apresenta seus benefícios “[...] ela é a economia da cidade, trouxe o progresso, fez a
cidade crescer, trouxe algumas indústrias, movimenta o comércio da cidade, a cidade tem
aproximadamente 100 mil habitantes, sendo que a universidade tem uma população de
17 mil pessoas [...]” (Relato de Entrevista. Ator “B”).
O narrador “B” ressalta que “[...] a troca com a cidade é uma preocupação da atual
administração, dar retorno à comunidade, por meio de trabalhos de extensão como cursos
para pequenos agricultores, para professores de escolas públicas, além da prevenção de
endemias ao emprestar armadilhas de mosquitos para a prefeitura [...]” (Relato de
Entrevista. Ator “B”).
Na área ambiental, a cidade ainda não aproveita as experiências operadas na
UFLA como referência, conta o narrador “C” “[...] isso só acontece bastante na área
agrícola, na época de escassez hídrica, a cidade sofreu muito mais do que a UFLA, não
estava tão bem preparada [...]” (Relato de Entrevista. Ator “C”). A UFLA é 100% auto
suficiente em água, dado muito citado por alguns sujeitos, sugerindo um sentimento de
N° RELAÇÃO COM CIDADE E COMUNIDADE - CAMPANHAS
1Também faz parte da campanha UFLA Recicla a entrega de sacolinhas de lixo para automóveis, que
são distribuídas durante a Semana Nacional do Trânsito da cidade.
2Desenvolvimento de campanhas educativas e ações de educação em saúde aplicadas tanto na
comunidade academica quanto na comunidade local, em parceria com a Prefeitura de Lavras.
89
segurança nas falas.
As iniciativas da UFLA relacionadas à gestão de resíduos beneficiaram a
comunidade externa de várias maneiras, direta e indiretamente, como descrito pelo
narrador “E” que faz parte da ACAMAR “[...] existem algumas associações de repúblicas,
da cidade, que entram em contato para solicitar a retirada do material reciclável. Nós
coletamos material em aproximadamente 92% dos domicílios da cidade de Lavras, que
totalizam 130 toneladas de material reciclado/mês, reduzindo o impacto no meio
ambiente (Relato de Discurso. Ator “E”).
Na visão administrativa da IES, o campus é considerado uma referência para as
cidades e para outras instituições que desejam seguir pelo mesmo caminho, quando o
narrador “A” pondera “[...] a UFLA, mais uma vez, está sendo exemplo para as
instituições públicas, para as pequenas cidades e até mesmo para as grandes instituições
do país, que nem de longe conseguiram os avanços que nós conseguimos na área
ambiental. Com fundamento, agora nós temos a consciência daquilo que a gente ensina
para os nossos estudantes em sala de aula, nós praticamos dentro da nossa instituição
(Relato de Discurso. Ator “A”).
A UFLA, já recebeu muitas premiações e reconhecimentos, nacionais e
internacionais, pelas suas iniciativas de sustentabilidade. Eles reforçam a importância da
IES como referência, não só para outras instituições, mas para pequenas cidades, já que
possuem uma estrutura similar em infraestrutura e quantidade populacional.
De acordo com UFLA (2013), entre as premiações recebidas, uma das mais
relevantes foi relacionada ao Plano Ambiental e Estruturante, a instituição foi classificada
em 1º lugar na categoria Planejamento, Orçamento, Gestão e Desempenho Institucional e,
em 3º lugar, na classificação geral do 17º Concurso Inovação na Gestão Pública Federal,
promovido pelo MP e pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).
Como importante reconhecimento na categoria Gestão da Água, a UFLA foi
classificada como segunda IES no mundo a receber o certificado internacional Blue
University do movimento global Blue Community organizado pelo Council of Canadians.
O certificado foi pelo recebido pelo reitor da instituição, durante uma conferência
internacional realizada em 2016, na Universidade de Berna, Suíça (UFLA, 2016a).
A UFLA também foi premiada por uma entidade ambientalista, a ONG Zeladoria
do Planeta, no evento realizado em Minas Gerais no ano de 2013. O prêmio Gestão
Ambiental 2013, foi entregue a instituições e personalidades que desempenham papéis
importantes na preservação e proteção ambiental por meio de projetos, ações e
90
colaborações (UFLA, 2013a).
4.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE DOCUMENTAL DA
UNIVERSITY OF CAMBRIDGE
Com sede localizada no Reino Unido, CAM é uma das IES mais antigas com
fundação em 1209, além de ser considerada um dos principais centros acadêmicos do
mundo. Em relação a sua estrutura, globalmente possui em torno de 18.000 estudantes,
mais de 11.000 funcionários, 31 faculdades e 150 departamentos, escolas e outras
instituições (CAM, 2017).
De acordo com CAM (2017a), o projeto Living Lab for Sustainability é gerido
pelo departamento Environment and Energy Section, responsável por promover políticas
e práticas sólidas em toda a universidade, protegendo e melhorando o ambiente local e
global. O objetivo do projeto é aprimorar as práticas de sustentabilidade operadas em seus
campi, incentivando a comunidade acadêmica a desenvolver soluções inovadoras.
Os conceitos acadêmicos são experienciados dentro da própria estrutura da
instituição, em que alunos podem testar, pesquisar e propor soluções para desafios
ambientais reais. Quem se interessa em participar do projeto, tem acesso a dados,
contatos, informações, financiamentos e autorização para usar o espaço físico do campus
e incorporar a sustentabilidade por meio de exemplos práticos (CAM, 2017a).
A Universidade tem alto impacto ambiental e grande pegada de carbono. Com o
compromisso de melhoria contínua, incluindo a redução absoluta de sua pegada global de
carbono até 2020, desenvolveu um Projeto de Redução do Carbono. Muitas das atividades
executadas no projeto Living Lab for Sustainability tem esta meta, além do apoio a
eventos da área como o Climate and Sustainability Forum (CAM, 2017a).
Nas Figuras de 68 a 71 estão listadas as principais iniciativas relacionadas em
quatro áreas de atividade do projeto: projetos acadêmicos, projetos voluntários, estágios
e premiações, no período analisado. Em cada uma delas são abordados temas ligados a:
transportes, biodiversidade, energia, resíduos, alimentos, mudança de comportamento,
bem estar, ambiente construído, padrões de consumo e cultura.
A categoria Projetos Acadêmicos incentiva o trabalho em equipe, não só entre os
estudantes, mas, promovendo conexões com docentes, funcionários, de um modo geral,
91
e entre disciplinas e cursos. Este trabalho gera aprendizado que será disseminado para
fora das fronteiras do campus, além de influenciar diretamente no sucesso de suas
operações, com a estrutura da universidade servindo como estudo de caso (CAM, 2017a).
Figura 68 – Iniciativas da CAM em Projetos Acadêmicos
Fonte: Elaborada pela autora
Já os Projetos Voluntários, não se enquadram como acadêmicos, pois envolvem
menos tempo de execução e não necessitam de supervisão de docente. Os alunos são
voluntários e realizam atividades como auditorias nas áreas de gestão de resíduos ou
energia. Dentro desta categoria, também se enquadram projetos realizados por outras
organizações, mas dentro da estrutura da IES (CAM, 2017a).
Eficácia dos painéis de captação de energia, uma ferramenta que permite aos ocupantes ver
o consumo de energia do seu edifício em tempo real.
Exame do impacto no comportamento da comunidade acadêmica em relação a ser mais
conscientes no uso de energia.
Estudo da viabilidade de incorporar a vegetação no ambiente construído com o objetivo de
aumentar o bem estar humano.
Exame do desempenho de instalações de bombas de calor em torno da propriedade da
universidade, nos últimos anos, e em outras instalações comerciais da cidade.
Análise da carga energética do edifício Laboratório Sainsbury , comparando a carga
energética do mesmo com a carga energética gerada pelos seus usuários, investigando o que
gera maior consumo.
Exame das energias renováveis atuais, avaliando sua eficiência e implementação futura na
Universidade.
Análise dos valores de eficácia de materiais como isoladores, esquemas de ventilação e
aquecimento por piso radiante em sala de aula desocupada.
Análise térmica do edifício do Instituto de Criminologia, seguida de uma auditoria energética
do edifício.
Investigação das diferenças entre um edifício ventilado naturalmente (Instituto de Manufatura)
e mecanicamente ventilado (Departamento de Ciência de Materiais e Metalurgia), com foco
na qualidade do ar e conforto térmico de cada edifício.
Medição da temperatura dos quartos dos estudantes em pesquisa sobre conforto térmico e
condições de aquecimento.
Investigação das atitudes e percepções dos indivíduos de uma equipe, relacionadas a
sustentabilidade, usando canteiro de obras em Cambridge como estudo de caso.
Intervenções para reduzir o impacto dos alimentos nas dietas: testando a apresentação das
escolhas, alterando o comportamento das pessoas sem proibir opções ou mudar
significativamente as opções de cardápio.
Investigação sobre o impacto que a tomada de decisão antecipada teve sobre a estratégia de
geração de calor do North West Cambridge e as implicações nas emissões de carbono.
Pesquisa sobre adaptações no edifício Cavendish II, que abriga o Departamento de Física,
em relação à adaptabilidade e requisitos do usuário e a longevidade do edifício.
PROJETOS
ACADÊMICOS
92
Figura 69 – Iniciativas da CAM em Projetos Voluntários
Fonte: Elaborada pela autora
Os estágios proporcionam aos alunos uma oportunidade de vivenciar o que
aprendem na teoria, antes mesmo de ingressarem no mercado de trabalho, além da
experiência profissional, eles adquirem habilidades na área de sustentabilidade. Esta é
uma oportunidade remunerada e que acontece no período de férias escolares, inclusive
pode ser oferecida para estudantes de outras IES parceiras (CAM, 2017a).
Figura 70 – Iniciativas da CAM em Estágios
Fonte: Elaborada pela autora
Construção de um jardim comunitário que permite ao pessoal da Universidade, estudantes e
membros da comunidade acadêmica, cultivar frutas e legumes em conjunto.
Auditorias em congeladores de temperatura ultra baixa, existentes na Universidade, com o
objetivo de redução no consumo de energia.
Estudo de medidas de custo x benefício para melhorar o desempenho de energia térmica dos
edifícios: ocupação, auditorias nos equipamentos, análise da medição de eletricidade e
análise de imagem térmica que revelou pontos de melhoria dentro dos edifícios.
Pesquisa de imagem térmica, com câmeras termográficas, no Departamento de Ciências de
Plantas, identificando necesidade de melhorias.
Auditoria de resíduos, em nove departamentos da universidade: classificação, categorização
e análise do conteúdo de lixeiras em geral.
PROJETOS
VOLUNTÁRIOS
Estágio relacionado ao desempenho de energia das construções e revisão das diretrizes de
projeto ambiental da universidade. Em cooperação com as IES membros da IARU: ETH
Zurich e Yale .
Estágio de verão sobre avaliação de pós ocupação: processo de revisão e avaliação de um
edifício recém construído para garantir a conformidade com as estimativas de design
projetadas.
Revisão das formas de comunicação atuais da Seção de Meio Ambiente e Energia à luz da
psicologia comportamental e as abordagens de instituições parceiras, para produzir um
relatório detalhado recomendando melhorias.
Investigação dos impactos da redução no consumo de carne de ruminantes e emissões de
CO2, sendo o Refeitório Universitário objeto de estudo.
Recursos para a orientação do estacionamento de bicicletas da Universidade, fazendo parte
do Plano de Viagem da mesma. Este projeto considerou como referência, as melhores
práticas de outras instituições, bem como de toda a propriedade da Universidade.
O estudo de caso de videoconferência que foi utilizado pela equipe técnica da instituição,
informando a melhor estratégia para o futuro do serviço de videoconferência dentro da
Universidade.
Investigação em todos os departamentos da Universidade, das condições que permitiram
níveis elevados de reciclagem e baixos níveis de produção de resíduos.
Entender como diferentes departamentos promovem comportamentos de viagem
sustentáveis do pessoal da universidade, para compartilhar as melhores práticas na
promoção das mesmas. Interesse no planejamento urbano, contribuindo para os problemas
de congestionamento em Cambridge .
Desenvolvimento de ferramentas que forneçam uma abordagem coordenada para a coleta,
análise e relato de dados ambientais.
ESTÁGIOS
93
Anualmente, são lançados desafios à comunidade acadêmica para que se motivem
a iniciar novos estudos e desenvolvam soluções inovadoras. Como incentivo, são
oferecidos prêmios e formas de reconhecimento, além do lançamento e participação em
eventos que abordam diferentes aspectos da sustentabilidade CAM (2017a).
Figura 71 – Iniciativas da CAM em Premiações e Reconhecimentos
Fonte: Elaborada pela autora
Os resultados, metodologias utilizadas, perspectivas futuras, são compartilhados
por meio de seminários e discussões colaborativas informais, além de apresentações para
a comunidade acadêmica com o objetivo de gerar interesse pelo programa. Como
estratégia de comunicação, o projeto Living Lab for Sustainability é divulgado na
plataforma da Environment and Energy Section, por meio de conteúdos on-line e
publicações internas e externas (CAM, 2017a).
Como ilustrado na Figura 72, este projeto surgiu em 2010, por meio de um estágio
estudantil, em 2012 foram divulgados os primeiros resultados efetivos e hoje se consolida
como um programa de atividades completo e de sucesso. O Banco Santander financia o
projeto desde o início, foi renovando esta parceria com o passar dos anos e viabiliza a
criação de novos cursos acadêmicos, estágios, entre outras atividades.
Living Lab Sustainable Retrofit Challenge 2013: desafio de propor soluções de design
realistas e inovadoras para o departamento de Química da IES, incentivando mudança do
comportamento dos ocupantes nos edifícios em relação ao uso de energia.
One World Challenge : um concurso online onde os participantes formam equipes e, durante
um período de três semanas, enfrentam desafios que estimulam a conscientização e ação
ambiental.
Green Guide IARU : o projeto Living Lab for Sustainability , foi classificado como a
melhor prática em uma das instituições membros da aliança.
Global University Climate Forum 2015 da IARU: quatro equipes de estudantes de
Cambridge foram selecionadas para participar, após a apresentação de propostas para
melhorar as iniciativas de sustentabilidade do campus universitário.
Green Gown Awards : um programa de prêmios nacionais que reconhece as melhores
práticas no setor. A IES foi selecionada, mas não premiada.
PRÊMIOS E
RECONHECIMENTOS
94
Figura 72 – Evolução anual do projeto Living Lab for Sustainability
Fonte: Traduzida pela autora de CAM (2017a, p.4)
Dados do relatório de CAM (2017a), apresentam muitas realizações por meio de
números. Entre outubro de 2012 e setembro de 2015, foram realizados 43 projetos,
envolvendo 120 alunos e funcionários diretamente responsáveis pelos mesmos,
alcançando e beneficiando mais de 300 pessoas. Entre 2015 e 2016, o nível e a taxa de
atividade continuaram a crescer e foram realizados 23 projetos, envolvendo 112
estudantes, pessoal de apoio, e atingindo mais de 260 pessoas.
Nas Figuras de 73 a 83 são apresentadas algumas das principais ações: práticas,
projetos e campanhas, implementados pela IES até o momento. Estas ações, estão
diretamente ligadas as realizações citadas anteriormente, que fazem parte do projeto
Living Lab for Sustainability, e estão listadas por categorias de análises.
95
Figura 73 – Ações da CAM em Gestão da Energia
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 74 – Ações da CAM em Gestão da Água
Fonte: Elaborada pela autora
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - ENERGIA
1
Implementação de projetos de eficiência energética e redução de carbono em edifícios existentes, por
meio do Projeto de Energia e Redução de Carbono. Adicionalmente, uma taxa de Compromisso de
Redução de Carbono (CRC) é cobrada diretamente dos usuários.
2
Um painel de energia baseado na web que fornece dados de energia em tempo real, foi implementado
em três departamentos. O painel de energia facilita a competição de redução de energia entre os
laboratórios do edifício.
3Monitoramento constante e analise dos dados sobre energia e carbono, que fornece informações
relevantes para futuras ações.
4Tecnologias renováveis e de baixo carbono: a Universidade produz sua própria energia renovável no
local a partir de painéis solares, biomassa e bombas de calor de fontes terrestres.
5
Energia no local: 10% das necessidades energéticas dos novos edifícios são fornecidas a partir de
geradores renováveis: bombas de calor à terra (geotérmica); painéis fotovoltáicos; caldeira de
biomassa; e um sistema de arrefecimento "labirinto".
6 Instalação de resfriamento evaporativo em salas de servidores departamentais.
7
Campanha Switch Off Week, para aumentar a conscientização e incentivar os funcionários e alunos a
desligar as luzes e equipamentos quando não forem necessários, promovendo a conservação de
energia em geral.
8
Rede de Coordenadores Ambientais e Energéticos (EECs). Cada um atua como promotor das
questões ambientais no seu departamento e como ponto de contato entre a Secção de Ambiente e
Energia e o pessoal do departamento, estudantes e quadros superiores. Atualmente, a rede possui mais
de 80 EECs.
9Recomenda-se que a Universidade integre as preferências de compra dos equipamentos ENERGY
STAR quando disponíveis nas diretrizes de compra. Selo similar ao Procel brasileiro.
10
Investigação sobre oportunidades para a energia renovável estratégica em toda a propriedade da IES,
com o objetivo de aumentar o volume de energia gerada a partir de fontes renováveis ou de baixo
carbono.
11Criação do Fundo Verde Revolvendo, que financiou projetos técnicos para melhorar a eficiência do
isolamento, sistemas de controle e iluminação dos edifícios.
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - ÁGUA
1 Instalações sanitárias eficientes: mictorios sem água.
2Projetos de drenagem urbana sustentável utilizando pavimentos permeáveis para captação de águas
pluviais.
3Sistemas de monitoramento contínuo de dados de consumo de água para auxiliar na identificação de
áreas de economia em potencial.
96
Figura 75 – Ações da CAM em Gestão de Mat., Equip. e Fornecedores
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 76 – Ações da CAM em Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 77 – Ações da CAM em Meio Ambiente
Fonte: Elaborada pela autora
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - MATERIAIS, EQUIP. E FORNECEDORES
1 Politica e critérios de aquisições sustentáveis.
2Controle do impacto ambiental dos produtos e serviços: compra de papel, material de papelaria,
veículos e mobiliários.
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - RESÍDUOS, EFUENTES E EMISSÕES
1Contrato de recolha de resíduos e reciclagem. Sistema de reciclagem misto que aceita quase todos os
tipos: papéis, cartões, plásticos , folhas e cartões. Desde julho 2016.
2 Reciclagem de vidro.
3Sistemas de recolha de resíduos eletrônicos: baterias , cartuchos de tinta e toner, resíduos perigosos
químicos e clínicos.
4Itens indesejados: o WARPit é um mercado on line para ajudar a redistribuir produtos indesejados
convenientemente e gratuitamente dentro da Universidade.
5 Redução dos resíduos de construção para aterros em 50%.
6Escritórios, laboratórios e oficinas são descartados 3.034 toneladas de resíduos não residenciais, dos
quais, 4 1% foi reciclado. Dados de 2013.
7Os projetos de construção em toda a propriedade produziram 4.976 toneladas de resíduos e
reciclaram 93%. Período de 2014 a 2015.
8 Recolha de resíduos alimentares orgânicos para compostagem.
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - MEIO AMBIENTE
1Propriedade rural: proteção e conservação de vários habitats e espécies identificadas na lista prioritária
do Plano de Ação de Biodiversidade do Reino Unido.
2
Madingley Wood é uma antiga floresta e uma das mais antigas da Europa, com registros de pesquisas
que remontam mais de 350 anos. Ela é fechada para a população, mas é utilizada pela universidade
para investigação.
3Projetos para reduzir o impacto negativo e aumentar os impactos positivos sobre biodiversidade e
conservação.
4
Projeto de criar um painel consultivo ecológico para analisar e aconselhar sobre o trabalho anual e
planejado em todo o patrimonio imobiliário, que tem potencial de causar impactos nocivos sobre locais
designados ou de interesse em conservação.
5
Experimentação sobre o uso de iluminação LED em câmaras de crescimento de plantas. Os ensaios
realizados sugerem que as lâmpadas fluorescentes podem ser substituídas por LEDs sem um impacto
adverso nos parâmetros biológicos do crescimento das plantas.
6Plantio de árvores na propriedade para aumentar a biodiversidade, melhorar a esfera pública e
contribuir para a neutralidade de carbono por meio de compensação.
97
Figura 78 – Ações da CAM em Mobilidade
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 79 – Ações da CAM em Mudanças Climáticas
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 80 – Ações da CAM em Ambiente Construído
Fonte: Elaborada pela autora
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - MOBILIDADE
1 Viagem subsidiada na rota de ônibus da cidade: Cambridgeshire serviços de autocarros.
2 Carshare , uma ferramenta on line para compartilhar o trajeto e economizar dinheiro.
3 Campanhas sobre ciclismo: descontos e economias para os praticantes.
4 Descontos de 10% em bilhetes para rotas específicas no uso do trem.
5Campanha Clube da Carona: para poder ter acesso a um veículo durante o dia sem precisar dirigir
para o trabalho.
6Projeto para incentivar viagens sustentáveis, relacionadas com o deslocamento do pessoal para o
trabalho, viagens de negócios.
7Projeto para suprir a necessidade de mais acessibilidade sustentável na infraestrutura de transporte do
campus.
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - MUDANÇAS CLIMÁTICAS
1Desenvolvimento do Plano de Gerenciamento de Carbono, criado em 2010, para redução de 34%
das emissões geradas pelos edifícios.
2Conscientização da comunidade acadêmica: prevenção do uso desnecessário de energia é vital para
reduzir as emissões de carbono.
3Funcionários e alunos agem em seus locais de trabalho participando do Green Impact . Voluntários
para ajudar a promover ações ambientais em seus departamentos.
4
Política de aquecimento e resfriamento: proporciona um ambiente de trabalho confortável para os
funcionários e estudantes. Cumprindo os requisitos de saúde e segurança, minimizando as emissões de
dióxido de carbono (CO2) e os custos decorrentes da operação de sistemas de aquecimento.
5Esquema de Incentivo à Eletricidade: O esquema torna os departamentos mais responsáveis pelos
custos de energia, e resultou em economia de 3606 toneladas de CO2, no primeiro ano de operação.
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - AMBIENTE CONSTRUÍDO
1
Implementação da normas da certificação Breeam: método de avaliação que inclui aspectos
relacionados com a utilização de energia e água, ambiente interno (saúde e bem-estar), poluição,
transporte, materiais, resíduos, ecologia e processos de gestão. Os novos edifícios com mais de
1000m² são avaliados de acordo com os padrões do Método de Avaliação Ambiental do
Estabelecimento de Pesquisa de Construção (BREEAM), com a exigência de que a classificação seja
"Excelente" (sendo "Muito Bom" a classificação mínima aceita).
2
Design de edifícios: os princípios de design da Universidade exigem um design passivo integrado, como
ventilação natural, massa térmica exposta e arrefecimento noturno onde for possível, para reduzir as
pegadas de carbono dos edifícios.
98
Figura 81 – Ações da CAM em Comunicação e Treinamento
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 82 – Ações da CAM em Relação com Cidade e Comunidade
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 83 – Ações da CAM em Alimentação Sustentável
Fonte: Elaborada pela autora
4.3 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
Grande parte das IES brasileiras podem estar preparadas para integrar um grupo
seleto que segue na busca da educação pelo desenvolvimento sustentável e até mesmo
contribuir para que a partilha se torne mais rica e contemple a diversidade nos aspectos
social, econômico e ambiental.
A UFLA, instituição objeto do estudo de caso, utiliza a avaliação do UI
GreenMetric para rever suas operações e reavalia as que obtiveram notas mais baixas.
Como ilustrado na Figura 89, desde que a UFLA iniciou sua participação em 2012, vem
mantendo um equilíbrio na classificação geral do ranking. Entre os anos de 2013 a 2016,
os números foram bem próximos, mantendo praticamente a mesma classificação em 2015
e 2016.
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO
1
Cambridge é uma das universidades escolhidas para pilotar a ferramenta NETpositive de
engajamento estudantil. Os alunos se inscrevem on line e selecionam declarações genéricas
relacionadas com a sustentabilidade com as quais se identificam, como "Provavelmente desperdiço
energia no meu departamento" ou "Estou preocupado com a origem das coisas que compro". O
software em seguida, combina com dados demográficos para criar um plano de ação personalizado
para os alunos a registra como melhorar suas ações sustentáveis e nível de compreensão.
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - RELAÇÃO COM CIDADE E COMUNIDADE
1 Ações relacionadas ao projeto Living Lab for Sustainability .
N° AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE - ALIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL
1Abastecimento com produtos locais, alimentos produzidos com baixo teor de carbono, que seguem
normas do Conselho de Manejo Marinho e padões de bem estar animal.
99
Figura 89 – Classificação geral da UFLA no ranking UI GreenMetric
Fonte: Elaborada pela autora com base em UI GreenMetric (2016)
O gráfico também apresenta a evolução no número de IES participantes, com
aumento significativo de 2012 para 2016, em torno de 100%, gerando uma disputa mais
acirrada pelas melhores colocações.
A UFLA contribui para o desenvolvimento sustentável com base em seu plano
ambiental, que como sugerem os autores citados no referencial teórico, tem o objetivo de
planejar, praticar, orientar, institucionalizar e avaliar a sustentabilidade do campus
universitário.
Analisando evidências coletadas no estudo de caso e confrontando com resultados
da IES no ranking UI GreenMetric, no período de 2014 a 2016, observam-se altos e
baixos quando a análise é feita por indicadores. As melhores classificações no período
foram nas categorias Educação e Água e a pior nos últimos anos foi em Resíduos, em que
houve uma baixa considerável de 2014 para 2016, já o quesito Energia e Mudanças
Climáticas vem evoluindo bastante desde 2014. A Figura 90 ilustra em forma de gráficos,
como se deu esta classificação.
7042
26 39 38
215
301
361
407
516
0
100
200
300
400
500
600
2012 2013 2014 2015 2016
CLASSIFICAÇÃO N° DE IES
100
Figura 90 – Classificação por indicadores no ranking UI Green Metric
Fonte: Elaborada pela autora com base em UI GreenMetric (2016)
No levantamento foi constatado maior número de práticas nas categorias Gestão
da Água, Gestão de Energia e Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões. Em relação a
água, de fato, os dados batem e fazem todo o sentido já que a UFLA é 100% auto
suficiente neste recurso. Sobre a Energia, categoria com muitas ações em andamento, os
resultados também se justificam, já no caso dos resíduos, existe uma discrepância entre
as evidências do estudo de caso e a classificação no ranking.
Analisando as práticas em operação, projetos e campanhas, percebe-se que a
categoria Energia recebeu investimentos em projetos de geração de energias renováveis,
equipamentos de controle, uso de técnicas para melhor aproveitamento da iluminação e
ventilação natural nas novas construções. Estes fatores podem ter provocado a evolução
da categoria nos últimos anos. Mudanças Climáticas, por ser uma categoria diretamente
ligada à Energia, também foi beneficiada, além de se considerar ações de
reaproveitamento de gases provenientes da ETE e o uso de capelas de exaustão nos
laboratórios.
Em relação ao item Educação, a IES ainda precisa implementar mais disciplinas
relacionadas à sustentabilidade, preservação do meio ambiente, promover mais eventos
136
3751
158
129
5343
190
219
3626
45
140
124
106
214
49
0
50
100
150
200
250
2014 2015 2016
CL
AS
SIF
ICA
ÇÃ
O
Configuração e Infraestrutura Energia e Mudanças Climáticas
Resíduos Água
Transporte Educação
101
na área e envolver mais os alunos e toda a comunidade acadêmica em projetos similares
ao Living Lab for Sustainability de CAM. As ações operadas neste tipo de projeto, são
muitos importantes e trazem resultados efetivos para todos os envolvidos, inclusive no
desenvolvimento de novas tecnologias e aperfeiçoamento das práticas.
As ações relacionadas à Gestão de Resíduos são muitas, inclusive impactando
diretamente com reduções e reaproveitamento no consumo de água e energia, mas não
foi possível detectar quais foram os critérios utilizados para que a classificação no ranking
decaísse de 2014 para 2016. Da mesma maneira, acontece com categoria Água, a UFLA
é 100% auto suficiente neste recurso, faz reaproveitamento das águas pluviais em algumas
novas edificações, preserva suas nascentes e também reaproveita a água tratada nos
laboratórios e na ETE. A piora na classificação de 2016 pode ser explicada em função da
comparação com outras IES, principalmente internacionais, que estão mais evoluídas em
tecnologias e seguem normas e certificações rígidas na construção e reforma de seus
edifícios.
Houve uma piora na classificação da categoria Educação, a qual não foi analisada
a fundo neste estudo, mas está diretamente relacionada à aplicação do conceito
Laboratório Vivo de Sustentabilidade. O número de cursos e disciplinas voltados ao meio
ambiente e sustentabilidade influencia muito no resultado, mas a participação da
comunidade acadêmica nas ações é que faz a diferença, por meio de estudos científicos,
projetos, pesquisas e eventos na área. A categoria Comunicação e Treinamento, também
assume um papel importante neste quesito, já que o ranking avalia a existência de um site
de sustentabilidade universitário, além de ser essencial, a aplicação constante de
treinamentos e palestras, para a conscientização da comunidade acadêmica.
A partir das evidências obtidas no estudo de caso da UFLA, e confrontando com
os resultados da análise documental desenvolvida na CAM, apresentam-se duas
realidades diferentes, não somente pelo fator cultural, mas também como infraestrutura
de campus universitário. Ambas as IES estudadas apresentam práticas de sustentabilidade
em quase todas as categorias de análises, algumas com mais ou menos investimentos, o
que se justifica devido a fatores diversos relacionados às dimensões sociais, ambientais,
culturais e econômicas.
A implementação de ações de sustentabilidade, como identificado nas IES
estudadas, envolvem e promovem a minimização dos impactos ambientais gerados por
suas atividades, partindo da teoria e estabelecendo de fato uma realidade de CS.
As duas IES apresentam relatórios de suas práticas em gestão ambiental desde
102
2010 e ambas possuem gestão pública. Um fator econômico a ser considerado, é que
existe uma diferença em relação à captação de recursos econômicos. A UFLA conta com
investimentos do BNDES, que é uma instituição pública; já CAM conta com o
financiamento privado do Banco Santander, o que viabiliza o projeto Living Lab for
Sustainability, desde sua concepção.
Os atores consultados no estudo de caso relataram que, devido à situação atual do
país, muitas obras estão paradas dentro do campus e projetos estão em stand by, em
função da falta de verbas para a Educação. Um dos benefícios percebidos ao se utilizar o
Campus Universitário como Laboratório Vivo para Sustentabilidade é a economia gerada
na contratação de pessoal, já que boa parte das atividades é projetada, planejada e
executada pela própria comunidade acadêmica, em grande parte pelos alunos e docentes.
Uma forma de troca socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente
responsável e extremamente proveitosa para as partes envolvidas.
O fator cultural também é bastante relevante nesta comparação entre IES, existe
uma histórico favorável nos países europeus em relação às práticas de preservação do
meio ambiente, além do investimento dos governos em desenvolver novas tecnologias,
mais eficazes e inteligentes voltadas à sustentabilidade. No Brasil, existem muitos
desafios neste sentido, graves diferenças regionais, sociais e relacionadas ao acesso à
Educação, falta de investimentos, isenções fiscais e subsídios dificultando um
desenvolvimento sustentável próspero e contínuo no país.
A UFLA possui em seu campus o palco perfeito para desenvolver um projeto
Laboratório Vivo para Sustentabilidade de sucesso, similar ao que está sendo executado
pela CAM desde 2012. O campus da universidade brasileira é rico em recursos naturais,
como a água, possui grandes áreas de preservação permanente, muitas nascentes, uma
rica biodiversidade, além de ter desenvolvido e manter sempre atualizado o Plano
Ambiental e Estruturante. As condições climáticas do país e da cidade, também
favorecem a captação de energia solar, a utilização de ventilação e iluminação naturais,
entre outros fatores facilitadores.
A CAM, por meio da ferramenta de inovação experimental e colaborativa que é o
Laboratório Vivo, pode ser considerada uma referência para a UFLA e muitas outras IES,
como forma de vivência no campus que contribui com os desafios de sustentabilidade.
Observando as ações das instituições por categorias de análises, os destaques
podem ser classificados por quantidade e intensidade de investimentos. A UFLA tem
maior número de práticas em Gestão da Energia, da Água e de Resíduos e possui uma
103
intensidade de investimentos bem equilibrada, atendendo a todas as categorias
estabelecidas.
A CAM possui um maior número de práticas em Gestão da Energia, já nas
categorias: Mobilidade, Mudanças Climáticas e Meio Ambiente aparecem menos ações,
mas uma quantidade equilibrada de iniciativas. Os investimentos são mais intensos na
Gestão da Energia e ações voltadas à Mudanças Climáticas, já que para esta IES, ambas
caminham interligadas.
A vivência nas práticas acontece em ambas as IES, mas, com maiores incentivos
na CAM, provavelmente devido a implementação do projeto Living Lab for
Sustainability. Os resultados neste sentido são muito mais expressivos, devido aos
incentivos como: estágios remunerados nas férias, projetos voluntários com cunho social
e ambiental que geram créditos, projetos acadêmicos que geram resultados científicos
aplicáveis no próprio campus, desafios lançados a comunidade acadêmica com
premiações, organização de eventos e a troca de experiências entre IES parceiras.
Com incentivos similares, a UFLA poderia diminuir sua dependência dos recursos
públicos, além de gerar um impacto positivo na sua relação com a cidade de Lavras, os
estágios nas férias incentivam alunos a não saírem da cidade, colaborando com o
comércio local neste período.
Um fato importante percebido neste estudo foi em relação à preocupação com as
Mudanças Climáticas, uma categoria pouco abordada pela IES brasileira e mais relevante
para a IES internacional. As IES provocam altos impactos ambientais e possuem uma
grande pegada de carbono, fatores gerados direta ou indiretamente por suas ações e pelos
seus atores.
A CAM, preocupada com o impacto de suas ações, desenvolveu programas para
envolvimento dos estudantes, docentes e funcionários, são eles: Plano de Gestão do
Carbono e Projeto de Energia e Redução do Carbono. Consideram que a eficiência
energética e a redução das emissões de CO2, estão diretamente ligados e projetam uma
meta em seu campus, de carbono neutro até 2050.
O Plano de Gestão do Carbono foi estabelecido em 2010, com objetivo de
alcançar, uma redução de 34% nas emissões relacionadas à energia até 2020. Para atingir
esta meta foram identificadas cinco áreas de trabalhos, cada uma delas com ações bem
definidas: esquemas de redução de emissões (com a colaboração do Projeto de Energia e
Redução de Carbono); desenvolvimento e gestão de políticas; levantamento de dados e
elaborações de relatórios; geração de energia de baixo carbono; promoção de opções e
104
técnicas de construção com baixo teor de carbono (CAM, 2017b).
De acordo com a CAM (2017b), o Projeto de Energia e Redução de Carbono foi
estabelecido em 2011 para ajudar a atingir os objetivos e metas de redução de carbono
determinados no Plano de Gestão de Carbono. Este projeto possui um orçamento anual
de dois milhões de euros e financia outros projetos que ajudam a reduzir consumo de
energia e emissões de carbono nos campi da Universidade, como os de geração de
energias renováveis.
As quatro ações principais são: melhorias de eficiência e acessórios de edifícios
existentes; modificações ou upgrades de equipamentos de energia; iniciativas de
mudança de comportamento dirigidas ao pessoal universitário e aos estudantes; apoio às
medidas de redução de emissões de carbono em projetos de capital (grandes remodelações
e novos projetos de construção).
Outra categoria que não é considerada na UFLA, mas aparece nas ações da CAM,
é a preocupação com as questões alimentares, outro potencial fator de impacto negativo
nas mudanças climáticas. O reflexo da produção de alguns tipos de alimentos no meio
ambiente é altíssimo, causando sérios problemas ambientais e geração de diversos gases
de efeito estufa. A UFLA precisa fomentar a consciência ambiental global e não somente
local ou regionalmente, no sentido de realizar ações em prol do bem estar do planeta. As
IES europeias estão mais engajadas neste sentido e a participação em alianças
internacionais, como a IARU, pode viabilizar a mudança.
A ferramenta de avaliação da AASHE, chamada STARS, delimita áreas de
análises, as quais foram utilizadas como referência para definição das categorias de
análises deste estudo. Para avaliar o campus da IES como Laboratório Vivo para
Sustentabilidade, solicita uma breve descrição das ações em cada uma destas áreas e os
resultados positivos associados. Eles afirmam que alunos que participam das práticas
ativamente, dentro do campus, se diferenciam dos demais, por se tornarem indivíduos
melhor preparados para continuar o trabalho em suas carreiras e comunidades.
Este estudo demonstra que não é viável que haja dicotomia entre os conceitos CS
e Laboratório Vivo para Sustentabilidade, eles precisam se desenvolver e caminhar
juntos, se complementando. A comunidade de aprendizagem colaborativa que é o
Laboratório Vivo, se aplicada à sustentabilidade, precisa contemplar as suas dimensões:
econômica, social, ambiental e acrescentar a dimensão cultural que é parte relevante neste
equilíbrio. Muitas mudanças de paradigmas tornam-se grandes desafios devido à barreira
cultural apresentada por muitos indivíduos, organizações e comunidades.
105
Pesquisas apontam a infraestrutura dos campi universitários, por possuírem
espaços de convivência, alimentação, alojamentos, entre outras, como Pequenos Núcleos
Urbanos que podem servir como laboratórios de testes para práticas de sustentabilidade,
a serem replicadas nas comunidades, sociedades e cidades.
No contexto educacional, o conceito de Laboratório Vivo para Sustentabilidade,
caracteriza, uma forma de vivência e experimentação que necessita de um ambiente
propício para se desenvolver. A infraestrutura do campus universitário, por sua vez, se
torna o espaço ideal para que este projeto aconteça, por meio da integração entre todas as
funções de uma IES, do engajamento de seus atores e interação dos mesmos com outros
setores da sociedade global.
O campus como Laboratório Vivo para Sustentabilidade, envolve as partes
interessadas: estudantes, docentes, funcionários, comunidade local e global, empresas
públicas e privadas, organizações, instituições, estabelecendo parcerias e alianças com o
objetivo de compartilhar experiências, conhecimentos, pesquisas, novas tecnologias e
recursos na busca de melhores condições de vida para pessoas e meio ambiente.
106
5 PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA CAMPUS COMO LABORATÓRIO
VIVO PARA SUSTENTABILIDADE
O quadro analítico adaptativo foi desenvolvido a partir do resultado da
triangulação das descobertas deste estudo e com base nas funções de uma IES, um pouco
mais detalhadas. Para estabelecimento dos critérios que caracterizam o campus como
Laboratório Vivo para Sustentabilidade e elaboração do quadro, foram estabelecidas as
seguintes funções:
1. Gestão Administrativa;
2. Gestão Financeira;
3. Infraestrutura do Campus;
4. Ensino e Pesquisa; e
5. Comunicação e Treinamento.
Para melhor visualização, foi dividido em funções e apresentado por partes nas
Figuras 84, 85, 86, 87 e 88.
107
Figura 84 – Quadro de critérios: Gestão Administrativa
Fonte: Elaborada pela autora
FUNÇÕES CRITÉRIOS
Percepção e definição, por parte da alta administração, que a IES
se torne um Laboratório Vivo para Sustentabilidade.
Criação de estrutura administrativa com departamentos e
coordenadorias para realização do Laboratório Vivo para
Sustentabilidade, garantindo a integração de ações e entre
departamentos, com equipes multidisciplinares.
Elaboração de Política Ambiental com estabelecimento de metas e
prazos.
Desenvolvimento de Plano Ambiental e projetos específicos
relacionados às diversas áreas de ação.
Implantação dos planos e projetos.
Monitoramento e fiscalização dos processos, por meio de
auditorias.
Avaliação da política para correção de rumos e promoção de
aperfeiçoamento.
Participação em redes de IES para troca de experiências e
benchmarking.
Premiações para departamentos e diretorias, visando estimular o
envolvimento cada vez maior com metas e prazos definidos.
Consolidação da atuação da IES, por meio da participação em
rankings nacionais e internacionais.
Definição de metodologia para elaboração de relatórios com o
objetivo de divulgar experiências e seus resultados.
Normas para utilização de materiais, equipamentos e serviços que
sejam ecologicamente corretos, socialmente justos, economicamente
viáveis e culturalmente aceitos.
Promoção do bem estar humano, de forma igualitária, suprindo as
necessidades básicas e de segurança da comunidade acadêmica e
comunidade externa.
Integração do Laboratório Vivo para Sustentabilidade no currículo
da IES.
GESTÃO
ADMINISTRATIVA
108
Figura 85 – Quadro de critérios: Gestão Financeira
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 86 – Quadro de critérios: Infraestrutura do Campus
Fonte: Elaborada pela autora
FUNÇÕES CRITÉRIOS
A sustentabilidade na dimensão econômica precisa fazer parte do
plano estratégico da universidade.
Avaliação de diferentes fontes de recursos financeiros, por meio de
parcerias com o setor privado gerando melhoria na receita.
Análise de viabilidade para criação do fundo de doação que
promova o desempenho ambiental e viabilize as ações de
sustentabilidade.
Pesquisas de fontes de financiamentos e benefícios fiscais para
planos e projetos desenvolvidos.
Negociações com companhias de água, energia, gás, para redução
de taxas e condições de pagamentos.
Estabelecimento de metas de redução no consumo dos recursos,
contratação de pessoal, custos operacionais, gastos com materiais e
serviços.
GESTÃO
FINANCEIRA
FUNÇÕES CRITÉRIOS
Implementação de ações nas seguintes áreas:
• Gestão da energia;
• Gestão da água;
• Gestão de materiais, equipamentos e fornecedores;
• Gestão de resíduos, efluentes e emissões;
• Biodiversidade;
• Mobilidade;
• Mudanças climáticas;
• Ambiente construído; e
• Alimentação sustentável.
* Referências de práticas nos itens 4.1 e 4.2
Incentivo às certificações, tais como: ISO 14001 e Liderança em
Energia e Design Ambiental (LEED).
Promoção de um ambiente saudável no campus , minimizando o
impacto negativo das atividades e operações sobre a saúde humana,
eliminação de substâncias tóxicas e redução de resíduos, geração de
efluentes e emissões para o meio ambiente.
INFRAESTRUTURA
DO CAMPUS
109
Figura 87 – Quadro de critérios: Ensino e Pesquisa
Fonte: Elaborada pela autora
FUNÇÕES CRITÉRIOS
Integração do desenvolvimento sustentável em projetos e programas
educacionais em todas as áreas de estudos da universidade, nos
cursos de graduação e pós-graduação.
Oferecimento de cursos ligados à sustentabilidade e inclusão de
disciplinas que tratem sobre o assunto em todas as áreas do
conhecimento, com aderência a cada programa.
Bolsas de estudos na área de sustentabilidade.
Estágios remunerados aos estudantes, no período de férias, nos
projetos, pesquisas e ações de sustentabilidade da IES.
Premiações e desafios aos alunos para que desenvolvam soluções
para questões relacionadas com a sustentabilidade.
Envolvimento dos alunos em projetos de pesquisa relacionados à
sustentabilidade.
Experiência acadêmica e operacional: aproveitar a universidade
como estudo de caso e o espaço físico do campus como uma área
de testes, na realização de pesquisas, descobertas e testes de novas
tecnologias.
Intercâmbio entre IES no âmbito nacional e internacional, para
compartilhamento de vivências e experimentações, em realidades
similares ou diferentes.
Criação de convênios e parcerias com iniciativa privada, governo e
sociedade civil e organizada.
Incentivo ao financiamento de pesquisas, para docentes e discentes.
Promoção de ambiente de aprendizagem socialmente justo,
propiciando igualdade de oportunidades a todos nas áreas de ensino
e pesquisa e participação no desenvolvimento sustentável do
campus.
ENSINO E PESQUISA
110
Figura 88 – Quadro de critérios: Comunicação e Treinamento
Fonte: Elaborada pela autora
O quadro analítico pode ser utilizado como ferramenta de abordagem pedagógica
que se apropria da infraestrutura do campus com objetivo de educar para a
FUNÇÕES CRITÉRIOS
Desenvolvimento de plataforma, dentro do site da IES, dedicada à
comunicação ambiental, incluindo divulgação do projeto Laboratório
Vivo para Sustentabilidade.
Formação de equipes multidisciplinares para formulação e
implementação dos planos, contemplando os diferentes atores da
sociedade.
Compartilhamento de informações sobre planos desenvolvidos e
aplicados visando maior comprometimento das comunidades
acadêmica e externa.
Treinamento e conscientização da comunidade acadêmica.
Criação de convênios com governos, órgãos públicos, empresas,
para captação de recursos e troca de experiências.
Comemoração e divulgação de importantes datas ambientais para
conscientização.
Incentivo a publicações em revistas científicas e eventos da área.
Realização de eventos científicos.
Atualização dos membros do corpo docente, técnicos e outros
funcionários, por meio de aperfeiçoamento contínuo sobre temas
ligados a sustentabilidade e praticados pela IES.
Promoção de políticas de aproximação e formação do corpo
docente e dos funcionários com a realidade do mercado de
trabalho, das necessidades produtivas, sociais e culturais da
comunidade local.
Interação com a comunidade externa: atendimentos, orientações,
campanhas de conscientização.
Sinalização do campus para comunicação visual, com identificação
e explicações sobre as práticas de sustentabilidade aos visitantes e
estudantes.
Oferta de visitas guiadas no campus , atendendo a comunidade
acadêmica e externa.
COMUNICAÇÃO E
TREINAMENTO
111
sustentabilidade. As funções, também contemplam dimensões da sustentabilidade: social,
econômica e ambiental, além de considerar a questão cultural ao flexibilizar a
adaptabilidade dos critérios. A Gestão Administrativa é o início de tudo, pois, mesmo já
havendo uma infraestrutura de CS em operação, o Laboratório Vivo só acontece quando
a instituição se organiza e a alta administração aprova e se compromete com sua
implementação.
Os critérios estabelecidos não são lineares ou prescritivos, são apenas indicativos
e não configuram um guia e tampouco esgotam o estudo e o tema. Não existe caminho
único para implementar Laboratório Vivo para Sustentabilidade no campus, pode ser uma
conquista gradativa, que vai evoluindo ao seguir os critérios propostos, com objetivo de
alcançar realidade próxima aos exemplos estudados neste trabalho.
112
6 CONCLUSÕES
A promoção da sustentabilidade nas IES vem sendo destacada desde 1990, a partir
da Declaração de Talloires; no Brasil, a partir da Rio 92, a questão ganhou maior
destaque. O país, como nação em desenvolvimento que possui uma diversidade de
recursos naturais disponíveis, pode se tornar grande vitrine como Laboratório Vivo para
Sustentabilidade. As iniciativas já estão se destacando entre as IES, mas o país apresenta
necessidade latente de gerar oportunidades para troca de informações sobre projetos,
campanhas e novas tecnologias entre as instituições que possuem filosofias semelhantes.
A existência de políticas e planos ambientais é fundamental para que se configure
um CS como Laboratório Vivo para Sustentabilidade, em que os atores que participam
ativamente do processo, como praticantes da sustentabilidade no campus, se tornem
embaixadores engajados em prol do desenvolvimento sustentável coletivo, em todas as
esferas da sociedade.
Analisando os resultados pela dimensão econômica, a administração das IES que
possuem CS já apresenta muitos benefícios após a implementação da gestão ambiental,
além da economia de recursos naturais. Até mesmo as instituições públicas, que
dependem de recursos financeiros advindos de sistemas de licitações, conseguem
diminuir esta dependência investindo em práticas de Laboratório Vivo para
Sustentabilidade. Apesar das diferenças de realidades sociais, econômicas, ambientais e
culturais, pode-se definir uma abordagem comum de Laboratório Vivo para
Sustentabilidade, ajustável a todos os tipos, tamanhos, estruturas e condições de qualquer
universidade no mundo e em benefício do planeta.
Um campus universitário completo e equilibrado, que contempla todos os
aspectos da sustentabilidade não é uma realidade. O processo é holístico e sistêmico, mas
já existem diversas IES com avanços significativos em muitas áreas e ações. A troca de
experiências é primordial para evolução deste segmento, no desenvolvimento de práticas
comunitárias sustentáveis, reduzindo pegadas ecológicas, viabilizando inovações
contínuas e deixando legado para as futuras gerações.
A IARU se configura como exemplo de compartilhamento de experiências, que
incentiva a formação de comunidades de aprendizagem com interações relevantes.
Conhecer e vivenciar realidades diferentes, aprender a entender e respeitar cada cultura,
sentir os desafios a serem superados em locais tão distantes da sua zona de conforto,
fortalecem e educam os indivíduos de maneira mais eficiente e duradoura.
113
As IES brasileiras, ainda não aparecem em redes e alianças internacionais, poucas
delas fazem parte da RUPEA, mas sem ações e resultados consideráveis neste sentido.
Esta forma de cooperação internacional entre IES, promovida pela IARU e outras redes,
precisa ser incorporada a realidade do país. Algumas iniciativas da IARU que podem
servir como exemplo: elaboração de guia verde para universidades com casos
inspiradores; dicas de como fazer um CS; promover a colaboração entre instituições
membros por meio de bolsas de estudo; organização de eventos para compartilhar
experiências e promover reconhecimento das melhores práticas.
O objetivo geral do presente trabalho foi alcançado por meio do desenvolvimento
do quadro analítico adaptativo, que apresenta critérios que caracterizam o CS como
Laboratório Vivo para Sustentabilidade. Esta abordagem pode ser adaptada a qualquer
realidade, não só nas IES mas, também em outros tipos de instituições, empresas,
organizações, governos e até mesmo contribuir para a elaboração ou adaptação de
políticas públicas.
Os objetivos específicos foram cumpridos e contribuíram para os diálogos,
reflexões e discussões apresentadas nesta narrativa, englobando as seguintes etapas:
execução de revisão sistemática da literatura com análise bibliométrica; estudo de caso
de IES brasileira; análise documental de IES internacional; e triangulação dos dados por
meio de múltiplas fontes de evidência. Ambas as IES escolhidas demonstram admirável
responsabilidade ambiental e um desejo de seguir pelo caminho do desenvolvimento
sustentável; não somente como estratégia de negócio, mas por humanidade e consciência
de seu papel na sociedade.
Para que um Laboratório Vivo para Sustentabilidade se caracterize, é essencial
que já exista um CS, planejado e / ou operando, e que esta filosofia seja um objetivo na
direção de desenvolvimento sustentável contínuo. Não é possível haver vivência e
experimentação quando não existe infraestrutura de campus universitário que as viabilize.
As IES que se comprometem em transformar o seu campus em Laboratório Vivo
para Sustentabilidade precisam desenvolver, divulgar e aplicar uma política ou plano
ambiental claros e objetivos, para que todos os atores internos e externos envolvidos
entendam e se comprometam com as ações propostas rumo ao desenvolvimento
sustentável.
Laboratórios Vivos para Sustentabilidade nos campi universitários, mesclam rigor
acadêmico com aprendizagem aplicada em projetos de infraestrutura dentro do espaço
físico, mas podendo gerar um impacto que vai além de suas fronteiras e podendo atingir
114
pequenos núcleos urbanos. Os benefícios são muitos, atingindo os estudantes fornecendo
habilidades reais e beneficiando as IES como um caminho para atingir metas de
sustentabilidade.
A participação dos atores da comunidade acadêmica nos planos, projetos,
campanhas e práticas de sustentabilidade das IES são essenciais para que o Laboratório
Vivo aconteça e quando estes participantes disseminam os conhecimentos adquiridos para
fora da IES, a comunidade externa entra no circuito e passa a fazer parte do processo.
Além das comunidades local, regional e global, outras partes interessadas são
beneficiadas, tais como: as cidades, por meio dos estudos e exemplos fornecidos pelas
instituições e quando absorve indivíduos educados e conscientes de suas
responsabilidades.
Seguindo por campos mais filosóficos, os resultados deste estudo podem
contribuir com a formação dos tomadores de decisão por meio da Educação; com a
assimilação dos conceitos por meio de vivência no campus; e com o desenvolvimento de
pesquisas científicas pertinentes aos princípios da sustentabilidade.
A sensação de pertencimento, que se estabelece quando o indivíduo faz parte da
comunidade universitária, gera maior engajamento e dedicação, impulsionada pela
implementação de um Projeto de Laboratório Vivo para Sustentabilidade. Havendo pró
atividade por parte da alta administração das IES, por meio da implementação desta
abordagem integrada como ferramenta para melhorar o desempenho ambiental de suas
atividades, as consequências serão valorosas e aplicáveis ao mundo real.
São elas: redução nos impactos negativos de suas operações, conservação de
recursos naturais, economia de recursos financeiros, melhoria no ensino e aprendizagem,
melhores resultados em pesquisas, maiores oportunidades de estágios e em projetos, além
da formação de indivíduos ambientalmente alfabetizados e mais bem preparados para os
desafios futuros.
O presente trabalho pretende contribuir com a comunidade acadêmica, com IES e
outras organizações que desejam seguir pelo caminho do desenvolvimento sustentável,
tornando-se referência em gestão ambiental junto à sociedade e na formação de
indivíduos conscientes de seu papel no planeta.
Para futuros trabalhos, sugere-se outros estudos empíricos sobre IES, públicas e
privadas, que possuem CS e as que já possuem ou estão a caminho de tornar seus campi
Laboratórios Vivos para Sustentabilidade. Levantamentos, relacionados ao número de
IES que caracterizam seus campi como Laboratório Vivos para Sustentabilidade,
115
analisando e comparando ações e resultados. Estudos comparativos de IES, em vários
continentes, com o objetivo de analisar as diferenças sociais, econômicas e culturais, com
base no conceito Laboratório Vivo para Sustentabilidade.
116
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Veeckman, C., Schuurman, D., Leminen, S., & Westerlund, M. (2013). Linking Living
Lab Characteristics and Their Outcomes: Towards a Conceptual Framework. Technology
Innovation Management Review, 3(12).
Von Hauff, M., & Nguyen, T. (2014). Universities as Potential Actors for Sustainable
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sustainability and low carbon cities in Europe: towards a research agenda. Journal of
Cleaner Production, 123, 45-54.
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stack Emissions Reduction on the Example of the City of Czestochowa. Transportation
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Zen, I. S., Subramaniam, D., Sulaiman, H., Saleh, A. L., Omar, W., & Salim, M. R.
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Cleaner Production, 135, 1407-1422.
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between the United States and China: Cases of Indiana University and Tsinghua
University. Sustainability, 7(9), 11799-11817.
124
APÊNDICE A – PROTOCOLO PARA ESTUDO DE CASO
Seção A - Visão Geral
Metas: Identificar as ações de sustentabilidade em operação, projetos ou campanhas
realizadas pela IES, a percepção dos atores envolvidos, relações entre membros da
comunidade acadêmica, e com a comunidade externa.
Objetivo: Propor quadro analítico adaptativo com critérios que levam um campus
universitário a ser caracterizado como Laboratório Vivo para Sustentabilidade.
Questão de pesquisa: Quais são os critérios que caracterizam um campus universitário
como Laboratório Vivo para Sustentabilidade?”
Literatura relevante:
✓ Termos chave - campus sustentável, eco campus, campus verde, laboratório vivo,
laboratório vivo para sustentabilidade.
✓ Constructos
● As IES como Pequenos Núcleos Urbanos;
● Cidades Inteligentes e Sustentáveis;
● Gestão Ambiental nas IES;
● Campus Sustentável; e
● Laboratório Vivo para Sustentabilidade e sua relação com as IES.
Período de realização: 2016 a 2017
Período de análise: 2010 a 2015
Local de realização: Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Lavras, Minas Gerais.
Potenciais beneficiários: IES brasileiras e internacionais, sociedades, comunidades,
gestores urbanos.
Papel do protocolo: desenvolvido com o objetivo de orientar a pesquisa, evitando
desvios em relação a linha de investigação.
Seção B - Procedimentos de coleta
125
Fontes de informação
✓ Entrevistas semiestruturadas a serem realizadas com os atores do estudo de caso
único;
✓ Observação indireta de dados fornecidos pela IES estudada;
✓ Observação direta no campi da IES estudada; e
✓ Documentos, relatórios e demais registros em arquivos da IES estudada.
Fontes específicas de dados: relatórios de sustentabilidade elaborados pela Diretoria de
Meio Ambiente (DMA), notícias sobre projeto e campanhas, verificação das ações de
sustentabilidade em operação no campus, pesquisas e experimentos de alunos e docentes
relacionadas às ações de sustentabilidade.
● Procedimentos de coleta e análise dos dados
✓ Elaboração e validação dos roteiros de entrevista;
✓ Agendamento das entrevistas com a IES;
✓ Aplicação dos roteiros de entrevista direcionados aos atores supracitados;
✓ Transcrição das informações gravadas nas entrevistas;
✓ Realização da observação direta no campus da IES;
✓ Realização da coleta de documentos e registros relevantes à pesquisa;
✓ Realização de análise do conteúdo coletado;
✓ Verificação da necessidade de alterações e adaptações no instrumento de coleta
de dados antes de prosseguir com o caso a ser estudado;
✓ Se necessário, realizar as alterações e adaptações; e
✓ Execução dos registros dos resultados das análises.
● Seleção dos entrevistados:
✓ Colaboradores que participem da alta administração da IES com foco na sua
gestão administrativa;
✓ Colaboradores que atuem na área ambiental da IES;
✓ Alunos que participem e ou utilizem as práticas de sustentabilidade na IES;
✓ Membros externos diretamente atingidos pelas ações de sustentabilidade da IES;
✓ Colaboradores, alunos e membros externos que aceitem e tenham disponibilidade
de participar da pesquisa.
126
● Painel de atores analisados
ATORES ÁREA
Ator "A" Reitoria
Ator "B" Diretoria de Meio Ambiente (DMA)
Ator "C" Diretoria de Meio Ambiente (DMA)
Ator "D" Graduação
Ator "E" Associação dos Catadores de Material
Reciclável de Lavras (Acamar)
● Marcação das entrevistas:
✓ Identificação dos entrevistados;
✓ Contatar os participantes via e-mail ou telefone, explicando o objetivo da pesquisa
e verificando seu interesse e disponibilidade;
✓ Confirmada a participação, conferir a disponibilidade do entrevistado incluindo
data e horário, informando a duração média da entrevista; e
✓ Após receber a confirmação, organizar o material necessário para realizar a
entrevista.
● Realização das entrevistas:
✓ Chegar à instituição 15 minutos antes da entrevista;
✓ Agradecer ao entrevistado seu interesse e disponibilidade;
✓ Explicar o objetivo da pesquisa, citando que a identidade do entrevistado não será
revelada;
✓ Citar o significado dos temas desenvolvidos no trabalho;
✓ Solicitar autorização para a gravação da entrevista;
✓ Iniciar a entrevista utilizando o roteiro de entrevistas como instrumento de coleta
de dados;
✓ Anotar as principais informações;
✓ Agradecer a participação, sugestões e esclarecer eventuais dúvidas; e
✓ Finalizar a entrevista.
Realização das observações diretas:
127
✓ Realizar a observação direta após as entrevistas;
✓ Chegando ao campus, utilizar o roteiro de observação direta como referência;
✓ Anotar no roteiro todas as observações realizadas;
✓ Fotografar e filmar, práticas e situações relevantes ao estudo; e
✓ Finalizar a observação.
Coleta de documentos e registros em arquivos:
✓ Solicitar, durante o contato com os atores, indicação de documentos e registros
que complementem e aprofundem as informações obtidas;
✓ Buscar documentos publicados para a comunidade acadêmica e externa, que
complementem as informações obtidas; e
✓ Ler o material reunido e filtrar as informações mais importantes.
Análise dos dados:
✓ Realizar a transcrição e análise das entrevistas, discursos, depoimentos;
✓ Realizar a análise dos documentos e registros
✓ Realizar a triangulação dos dados, incluindo a revisão da literatura e outras
análises documentais;
✓ Desenvolver a análise de conteúdo dos dados.
Dados dos atores para entrevista
Data: ____/____/____
Nome do entrevistado: ____________________________________________________
Formação acadêmica:_____________________________________________________
Cargo: ________________________________________________________________
Setor: _________________________________________________________________
Área de atuação:_________________________________________________________
Endereço de e-mail:______________________________________________________
128
Dados da entrevista
Início da entrevista: ______h______min Término da entrevista: ______h______min
Local da entrevista: ______________________________________________________
Entrevistador:___________________________________________________________
Seção C - Questões do estudo de caso
Setor alvo: Administração e Diretoria
1. Você julga importante a adoção de uma política ambiental na universidade? Se a
resposta for positiva, justifique sua resposta.
2. Considerando as categorias listadas abaixo, quais são as práticas em operação no
campus e como acontecem:
✓ Gestão da Energia: conservação e eficiência da energia, visando à diminuição do
consumo, captação de energia solar, aquecimento de água por meio de painéis
fotovoltaicos, troca de lâmpadas, iniciativas para redução no consumo etc.;
✓ Gestão da Água: captação de água das chuvas, eficiência no consumo de água,
cuidado e controle das fontes hídricas significativamente afetadas por retirada
d’água (aquífero, lençol freático) etc.;
✓ Gestão de Materiais, Equipamentos e Fornecedores: compra de materiais
reciclados, compra de equipamentos com baixo consumo de recursos, escolha de
fabricantes e produtos que prezam a sustentabilidade, controle do processo de
compra, armazenamento e manuseio de produtos químicos etc.;
✓ Gestão de Resíduos, Efluentes e Emissões: coleta seletiva, reciclagem, tratamento
de resíduos químicos, controle de ruídos e odores, estação de tratamento de esgoto
etc.;
✓ Meio ambiente: preservação de áreas verdes e nascentes, projetos de
reflorestamento, biodiversidade etc.;
✓ Mobilidade: opções de transporte como ônibus, carona, ciclovia, transporte de
bens materiais etc.;
✓ Mudanças climáticas: gestão do carbono, projetos voltados ao controle de
emissões diretas dos gases causadores de efeito estufa, substâncias destruidoras
da camada de ozônio, emissões de Dióxido de Carbono (CO2), Dióxido de
Enxofre (SO2), Dióxido de Nitrogênio (NO2), entre outras emissões atmosféricas
129
significativas etc.;
✓ Ambiente construído: construções sustentáveis e planejamento do espaço físico
do campus;
✓ Comunicação e Treinamento: programas de educação e treinamento ambiental,
divulgação e participação das comunidades interna e externa nas práticas de
sustentabilidade, meios utilizados, etc.; e
✓ Relação com a Cidade e a Comunidade: impacto de suas ações na cidade onde
está inserida, interação com a comunidade acadêmica e externa (local e regional),
troca de experiências com a comunidade universitária, nacional e globalmente.
3. A participação na operação das práticas de sustentabilidade do campus lhe
proporciona uma sensação de pertencimento? Se a resposta for positiva, de que
maneira?
4. A participação na operação das práticas de sustentabilidade do campus mudou o seu
entendimento e consciência sobre a sustentabilidade?
5. Você pratica em sua vida cotidiana as práticas vivenciadas e observadas no campus
da instituição? Se a resposta for positiva, de que maneira?
6. Quando você circula dentro do campus enxerga uma IES comprometida com a
sustentabilidade? O que te leva a acreditar nisso?
7. De que maneira as práticas em operações no campus estão integradas as atividades
educacionais e acadêmicas da instituição?
8. A UFLA apoia o desenvolvimento sustentável das comunidades em sua área local e
na região circundante por meio de programas, projetos e parcerias com outras
instituições de ensino, ONGs, governos locais e empresas? Quais são eles e como
funcionam?
9. A UFLA está envolvida em trabalhos de desenvolvimento sustentável, por meio de
parcerias formais ou relacionamentos em níveis regionais, nacionais ou
internacionais?
10. A UFLA possui algum programa de redução das emissões de gases com efeito de
estufa? E costuma fazer os cálculos da pegada total de carbono (emissão de CO2 nos
últimos 12 meses, em toneladas métricas)?
11. O exemplo da UFLA, por meio das práticas de sustentabilidade operadas na estrutura
física do campus universitário, resultou em benefícios a comunidade local? De que
maneira ela foi afetada?
130
12. Considerando comunidade acadêmica e comunidade externa, quem são os atores que
participam das operações das práticas de sustentabilidade do campus?
13. Além da esfera acadêmica, qual é a importância da UFLA na região onde está inserida,
a cidade de Lavras?
14. A UFLA foi convidada a participar de uma rede de cooperação do UI GreenMetric
em 2016. Já existe algum resultado desta parceria? A trocas com as IES participantes
já estão acontecendo? Quais são?
Setor alvo: Graduação e Comunidade externa
1. Você julga importante a adoção de uma política ambiental na universidade? Se a
resposta for positiva, justifique sua resposta.
2. Você participa das práticas de sustentabilidade do campus? Se a resposta for positiva,
de que maneira? Qual é a sua percepção sobre estas iniciativas?
3. A participação na operação das práticas de sustentabilidade do campus mudou o seu
entendimento e consciência sobre a sustentabilidade?
4. Você pratica em sua vida cotidiana as práticas vivenciadas e observadas no campus
da instituição? Se a resposta for positiva, de que maneira?
5. Quando você circula dentro do campus enxerga uma IES comprometida com a
sustentabilidade? O que te leva a acreditar nisso?
6. A UFLA apoia o desenvolvimento sustentável das comunidades em sua área local e
na região circundante por meio de programas, projetos e parcerias com outras
instituições de ensino, ONGs, governos locais e empresas? Quais são eles e como
funcionam?
7. O exemplo da UFLA, por meio das práticas de sustentabilidade operadas na estrutura
física do campus universitário, resultou em benefícios a comunidade local? De que
maneira ela foi afetada?
8. Além da esfera acadêmica, qual é a importância da UFLA na região onde está inserida,
a cidade de Lavras?
Seção D - Guia para relatório de estudo de caso
✓ Revisar o referencial teórico;
✓ Revisar a metodologia;
✓ Estruturar e organizar a análise dos resultados; e
131
✓ Expor os resultados por meio de quadro e relatos.
132
ANEXO A – QUESTIONÁRIO GREENMETRIC 2016 (CRITÉRIOS E
INDICADORES)
Fonte: UI GreenMetric (2016)
Questionnaire (Criteria and Indicator)
There are six main criteria in the questionnaire which consist of setting and infrastructure
(SI), energy and climate change (EC), waste (WS), transportation (WR) and education
(ED). These criteria are divided in several sections and the detail questions ‟explanations”
are as follow:
1. Setting and Infrastructure (SI)
The campus setting and infrastructure information will give the basic information of the
university consideration towards green environment. This indicator also shows whether
the campus deserve to be called Green Campus. The aim is to trigger the participating
university to provide more space for greenery and in safeguarding environment, as well
as the development of sustainable energy.
1.1. Type of higher education institution
Please select one of the following options:
[1] Comprehensive
[2] Specialized higher education institution
1.2. Climate
Please select one of the following options that clearly describe the climate on you region:
[1] Tropical wet
[2] Tropical wet and dry
[3] Semiarid
[4] Arid
[5] Mediterranean
[6] Humid subtropical
[7] Marine west coast
[8] Humid continental
[9] Subarctic
1.3. Number of campus sites
Please state the number of separate locations in which your university has buildings for
academic purposes. For example if your university has some campuses in different
districts, towns or cities which are separated from the main campus, please state the total
number of your university locations.
133
1.4. Main Campus Setting
Please select one of the following options:
[1] Rural
[2] Suburban
[3] Urban
[4] In city center
[5] High rise building area
Note: if you have more than one campus site, please select an option that describe your
main campus condition.
1.5. Total main campus area (meter square)
Please state the total areas of your campuses (in square meter). It is expected that the total
area counted are only those in which academic activities are being conducted. Forest and
fields and other areas can only be counted if it is being used for academic purposes. If
you have separate location for university forest, please do not count this as your campus
area.
1.6. Total main campus first floor area of buildings (meter square)
The green area of your university will be calculated from the percentage of green area of
your university. Please provide the information of the area occupied by buildings, by
providing the total area of the first floor part of your university buildings.
1.7. Total main campus buildings area (meter square)
Please provide the information of the area occupied by buildings, by providing the total
area all floors of your university buildings in your main campus. This is to calculate the
smart building implementation percentage
1.8. Total main campus smart building area (meter square)
Please provide the information of the total area (including ground floor and other floors)
of your university smart buildings. A smart building should be equipped with energy
efficient tools. Smart building achievement is a measure that deliver useful building
services which make occupants productive (e.g. illumination, thermal comfort, air
quality, physical security, sanitation, etc.). Smart building should be provided at the
lowest cost and generate beneficial environmental impact over the building lifecycle.
1.9. Total parking area (meter square)
Please provide the information of the total parking area in your university. You can
validate this using google maps.
1.10. Area on campus covered in vegetation in the form of forest
Please provide the percentage of the area on campus covered in vegetation in the form of
forest (a large area covered chiefly with big-trees, a large number or dense mass of
vertical, and undergrowth for conservation purposes) to the total campus area.
1.11. Area on campus covered in planted vegetation
134
Please provide the percentage of the area on campus covered in planted vegetation
(include lawns, gardens, green roofs, internal planting; for vegetation purposes) to the
total campus area.
1.12. Total area on campus for water absorption beside forest and planted vegetation
Please provide the percentage of non-retentive surfaces (eg.earth, grass, concrete block,
etc.) in your campus for water absorption as percentage to the total site area. The larger
water absorption area is desirable.
1.13. Number of students
1.13A Total Number of Regular Students
The total number of students (full time and part time) registered, as regular and online
students, at your university. If your university has calculated the Effective Full Time
Students (EFTS) number, you are welcome to submit this number.
1.13B Total Number of Online Students
The total number of students registered as online students only, at your university.
1.4. Number of academic and administrative staff
Please state the total number of lecturers and administrative staff working in your
university.
1.15. University budget for sustainability effort
Please provide the percentage calculation of the environment and sustainability budget to
the total university budget.
2. Energy and Climate Change (EC)
The university’s attention to the use of energy and climate change issues is the indicator
with the highest weighting in this ranking. In our questionnaire we define several
indicators for this particular area of concern, i.e. energy efficient appliances usage, the
implementation of smart building/automation building/intelligent building, renewable
energy usage policy, total electricity use, energy conservation program, elements of green
building, climate change adaptation and mitigation program, greenhouse gas emission
reductions policy and carbon footprint. Within these indicators, university is expected to
increase the effort in energy efficiency on their building and to care more about nature
and energy resources.
2.1. Energy efficient appliances usage are replacing conventional appliances
Energy efficient appliances usages are replacing conventional appliances. This is also
extent to the use of energy efficient appliances/lighting fixtures (e.g. the use of energy
star-rating for electronic devices, LED light bulb).
Please select one of the following options:
[1] None
[2] less than 20%
[3] 20% - 40%
135
[4] 40% - 60%
[5] 60% - 80%
[6] 80% - 100%
2.2. Smart Building program implementation
Please provide the stage of smart building implementation in your university. This is
defined as the existence of formalized effort in applying the program in order to
accommodate all of energy efficient appliances usage. Please select one of the following
options:
[1] None
[2] Program in preparation (e.g. Feasibility Study or Detailed Engineering Designed
phase)
[3] Program in initial implementation (e.g. Builder already appointed)
[4] Implemented in less than 30% of the total building area
[5] Implemented in between 30% - 70% of the total building area
[6] Implemented in more than 70% of the total building area
Smart Building can be defined as the use of networked technology, embedded within
architecture to monitor and control elements of the architecture for exchange of
information between users, systems and buildings.
2.3. Renewable energy usage policy
Please select one or more of the following alternative energy sources used in your campus
and please provide the capacity of the energy produces in Kilo Watt:
[1] None
[2] Bio Diesel (provide capacity in Kilo Watt)
[3] Clean Biomass (provide capacity in Kilo Watt)
[4] Solar Power (provide capacity in Kilo Watt)
[5] Geothermal (provide capacity in Kilo Watt)
[6] Wind Power (provide capacity in Kilo Watt)
[7] Hydropower (provide capacity in Kilo Watt)
[8] Combine Heat and Power (provide capacity in Kilo Watt)
2.4. Electricity usage per year
Please provide the total energy used in the last 12 months in your entire university (in
Kilo Watt Hour/KWH) used for all purposes such as lighting, heating, cooling, running
university laboratories, etc.
2.5. Ratio of renewable energy production towards total energy usage per year
Please provide the ratio of renewable energy produce towards total energy usage per year
Please select one of the following options:
136
[1] None
[2] less than 20%
[3] 20% - 40%
[4] 40% - 60%
[5] 60% - 80%
[6] 80% - 100%
2.6. Elements of green building implementation as reflected in all construction and
renovation policy
Please provide information on the elements of green building implementation as reflected
in the construction and renovation policy in your university. Please select one or more
that apply of the following list:
[1] None. Please select this option if there is no green building implementation in your
university.
[2] Natural Ventilation. Please select this option if natural ventilation is used in your
university for air circulation purposes.
[3] Full-Day Natural Lighting. Please select this option if natural light is encouraged to
be used for daily source of lighting during the day time whenever possible.
[4] Existence of building energy manager. Please select this option if your university has
building energy manager.
[5] Existence of Green Building. Please select this option if your university has a green
building.
2.7. Greenhouse gas emission reductions program
Please select a condition which reflects the current condition of your university in
providing formal program to reduce greenhouse gas emissions on the following options:
[1] None
[2] Program in preparation
[3] Program in initial implementation
[4] Implemented in HVAC System / Refrigerator / Laboratory Gases
(Heat, Ventilation, Air Conditioning and Refrigeration)
2.8. Please provide total carbon footprint (CO2 emission in the last 12 months, in metric
tons)
Please provide the total carbon footprint in your university. Please exclude carbon
footprint from flights and secondary carbon sources such as dishes and clothes. You can
use carbon footprint calculator from www.carbonfootprint.com as the standard of carbon
footprint calculation, please visit the website to see elements of carbon footprint that you
can count.
For the example of how to calculate your university carbon footprint please refer to the
137
apêndix
3. Waste (WS)
Waste treatment and recycling activities are major factors in creating a sustainable
environment. The activities of university staff and students in campus will produce a lot
of waste, therefore some programs and waste treatments should be among the concern of
the university, i.e. recycling program, toxic waste recycling, organic waste treatment,
inorganic waste treatment, sewerage disposal, policy to reduce the use of paper and plastic
in campus.
3.1. Policy to reduce the use of paper and plastic in campus
Please select a condition which reflects the current condition of your university in
providing formal policy to reduce the use of paper and plastic from the following options:
[1] None
[2] Double sided-printed policy program
[3] The use of tumbler
[4] The use of reusable bag
[5] Print when necessary
3.2. Recycling program for university waste
Please select a condition which reflects the current condition of your university policy led
effort to encourage staff and students to recycle waste, from the following options:
[1] None
[2] Partial (less than 25% of waste)
[3] Partial (25% - 50% of waste)
[4] Extensive (more than 50% of waste)
3.3. Toxic waste handled
Please select a condition which reflects the current condition on how your university
handles toxic wastes. The handling process includes whether toxic wastes are dealt
separately, for example by classifying and handling it over to third party or certified
handling companies. Please select one of the following options:
[1] Not managed
[2] Partly contained and inventoried
[3] Completely contained, inventoried and handled
3.4. Organic waste treatment
The method of organic waste (e.g. garbage, discarded vegetable and plant matter)
treatment in your university. Please select an option that best describe your university
overall treatment of the bulk of your organic waste:
138
[1] Open dumping
[2] Partly composted
[3] Partly composted and compost used
[4] Fully composted, compost used
[5] Fully composted, compost used internally and externally
3.5. Inorganic waste treatment
Please describe the method of inorganic waste (e.g. rubbish, trash, discarded paper,
plastic, metal, etc.) treatment in your university. Please select an option that best describes
your university overall treatment of the bulk of your inorganic waste:
[1] Burned in open are
[2] Taken off campus to a dump site
[3] Partially recycled (less than 50%)
[4] Fully recycled (more than 50%)
3.6. Sewerage disposal
Please describe the primary method of sewerage treatment in your university. Please
select an option that best describes how the bulk of your sewerage is disposed of:
[1] Disposed untreated to waterways
[2] Treated individually in septic tank
[3] Centralized treatment before disposal
[4] Treatment for recycling
4. Water (WR)
Water use in campus is another important indicator in GreenMetric. The aim is that
universities can decrease water usage, increase conservation program, and protect the
habitat. Water conservation program, water recycling program, water efficient appliances
usage, and treated water consumed are among the criteria.
4.1. Water conservation program implementation
Please select a condition which describes your current stage program, which has a
systematic and formalized program that support water conservation program (e.g. for lake
and lake management system, rain harvesting system, water tank) in your university, from
the following options:
[1] None
[2] Program in preparation (e.g. Feasibility Study and promotion)
[3] Program in initial implementation (e.g. initial measurement of potential water
conserved)
[4] Implemented in Rain Harvesting System
139
[5] Implemented in Ground Water Tank
[6] Implemented in Lake or Pond
4.2. Water recycling program implementation
Please select a condition which reflects the current condition of your university in
providing formal policy for water recycling program (e.g. the use of recycled water for
toilet flush, car wash, plants irrigation, etc). Please select an option that describes your
program at current stage:
[1] None
[2] Program in preparation (e.g. water efficient appliances selection priority are
identified)
[3] Program in initial implementation (e.g. initial measurement of potential water recycle)
[4] Recycled water is used for garden sprinkler system
[5] Recycled water is used for toilet flush
[6] Recycled water is used for cooling system
4.3. Water efficient appliances usage
Water efficient appliances usages are replacing conventional appliances. This is also
extent to the use of water efficient appliances (e.g. using censored/automated hand
washing tap, high efficient toilet flush, etc). Please select one of the following options:
[1] None
[2] Program in preparation (e.g. water efficient appliances selection priority are
identified)
[3] Water efficient appliances installed is less than 25%
[4] Water efficient appliances installed is 25%-50%
[5] Water efficient appliances installed is 50%-75%
[6] Water efficient appliances installed is more than 75%
4.4. Treated water consumed
Please indicate the percentage of treated water consumed (e.g. piped water and rain water
tank source) from utility or piped system compared to all water consumed sources in your
university.
5. Transportation (TR)
Transportation system plays an important role on the carbon emission and pollutant level
in university. Transportation policy to limit the number of motor vehicles in campus, the
use of campus bus and bicycle will encourage a healthier environment. The pedestrian
policy will encourage students and staff to walk around campus, and avoid using private
vehicle. The use of environmentally friendly public transportation will decrease carbon
footprint around campus.
140
5.1. Number of cars owned by your university
Please provide the number of car owned by your university.
5.2. Number of cars entering the university daily
Please provide the average number of cars that enter your university daily based on
balanced sample, e.g. considering term and holiday periods.
5.3. Number of motorcycles entering the university daily
Please provide the average number of motorcycles that enter your university daily based
on balanced sample, e.g. considering term and holiday periods.
5.4. Number of campus shuttle operated in your university
Please provide the number of campus shuttle operated in your university. The campus
shuttle can be in the form of bus, MPV car or mini van which operated inside the campus.
5.5. Average passengers of each shuttle bus
Please provide the average passengers of each shuttle in one trip.
5.6. Total trips for service each day
Please provide the total trips for service each day.
5.7. Number of bicycles that are found on campus on an average day
Please provide the average number of bicycles found around the campus daily which
include both those owned by the university and privately owned bikes.
5.8. Parking area type
Please select a condition which reflects the current condition of your university on your
parking area type.
[1] Open space or horizontal type
[2] Combination of open space and building
[3] Building or vertical space
[4] Parking is not permitted
5.9. Transportation policy designed to limit or decrease the parking area on campus within
3 years (from 2013 to 2015)
Please select a condition which reflects the current condition of your university on the
availability of transportation policy designed to limit or decrease the parking area on
campus. Please select an option that best describe your university from the following
options:
[1] None
[2] Program in preparation
[3] Program in initial implementation
[4] less than 10% decrease
141
[5] between 10% - 30% decrease
[6] more than 30% decrease
5.10. Transportation initiatives to limit or decrease private vehicles on campus
Please select a condition which reflects the current condition of your university on the
availability of transportation initiatives to limit or decrease the number of private vehicles
on campus. Please select an option that best describe your university from the following
options:
[1] None
[2] High charging parking fee
[3] Car sharing
[4] Metro/tram/bus station on campus
[5] Metro/tram/bus services inside campus
5.11. Campus shuttle service
Please describe the condition of the availability of shuttles for journeys within the campus
and whether the ride is free or charged. Please select an option from the following options:
[1] Shuttles use not possible or practical
[2] Shuttles service is available, but paying service
[3] Shuttles service is available and free service
5.12. Bicycle and pedestrian policy on campus
Reflects the extent to which use of bicycle or walking is supported. Please select an option
from the following list that apply to your campus:
[1] Bicycle and pedestrian way is not available
[2] Bicycle use not possible or practical, but pedestrian way is available
[3] Bicycle and pedestrian way are available
[4] Bicycle and pedestrian way are available, and bicycles provided freely by university
5.13. The approximate travel distance of a vehicle each day inside campus only (in
kilometers)
Please provide approximate travel distance of a vehicle (e.g. bus, car, motorcycle) each
day inside campus only in kilometers.
6. Education (ED)
6.1. Number of courses related to environment and sustainability offered
The number of courses related to environment and sustainability offered at your
university. Some universities have already tracked on how many courses available for
this. The definition of the extent to which a course can be stated to be related to
environment, sustainability, or both, can be define according to your university situation.
142
If a course contributes in more than a minor or passing way to increasing awareness,
knowledge, or action related to Environment and Sustainability, then it counts.
6.2. Total number of courses offered
The total number of all courses provided at your university yearly. This information will
be used to calculate to what extend environment and sustainability education has been
defined in your university teaching and learning.
6.3. Total research funds dedicated to environmental and sustainability research (in US
Dollar)
Please provide the average funding for research on environment and sustainability per
annum over the last 3 years.
6.4. Total research funds (in US Dollars)
The average total research funds per annum over the last 3 years. This information will
be used to calculate the percentage of environment and sustainability research funding to
the overall research funding.
6.5. Number of scholarly publications on environment and sustainability published
Please provide the average number of publication on environment and sustainability
published annually over the last 3 years.
6.6. Number of scholarly events related to environment and sustainability
Please provide the number of scholarly events (eg.conferences, workshops, etc.) that was
hosted or organized by your university related to environment and sustainability (average
per annum over the last 3 years).
Page 22 of 34
6.7. Number of student organizations related to environment and sustainability
Please provide the total number of student organizations at faculty and university level.
For example a student movement on green campus in the faculty of humanities can be
considered as one organization.
6.8. Existence of a university-run sustainability website
If your university has sustainability website, please provide the address of the web. Some
detailed information of a university website to educate students and staff as well as
providing information of their latest involvement on green campus, environment and
sustainability programs will be very beneficial. You could also email us some report such
as University Sustainability Tracking, Assessment and Rating System (STARS) report, if
you have one. We welcome any e-mail or hardcopy of your university sustainability
evaluation and report as well as evidence on sustainability activities in your university.
143
ANEXO B – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE DA
UNIVERSITY LEADERS FOR A SUSTAINABLE FUTURE (ULSF)
Fonte: ULSF (2016)
Sustainability Assessment Questionnaire (SAQ) for Colleges and Universities
CURRICULUM
1. Indicate the extent to which your institution offers courses which address topics related
to sustainability. (Such topics could include globalization and sustainable development;
environmental policy and management; environmental philosophy; nature writing; land
ethics and sustainable agriculture; urban ecology and social justice; population, women
and development; sustainable production and consumption; and many others.)
[Please circle the appropriate number on this and the following questions]:
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Please list any courses you are aware of in which such topics are taught:
___________________
2. What courses do you regard as essential that are not being taught?
______________________________________________________________________
3. Indicate the extent to which sustainability is a focus woven into traditional disciplinary
education in science, math, literature, history, the arts, etc.?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Please comment on how this is done: ________________________________________
4. Are undergraduates required to take a course on issues related to the environment or
sustainability?
______ No ______ Yes If yes, please describe:_________________________________
5. The shift to sustainability requires critical thinking about the role of the institution in
its social and ecological systems. Circle which of the following your institution (through
individual, group or departmental efforts) attempts to teach its students:
a - how the campus functions in the ecosystem (e.g. its sources of food, water, energy, as
well as the endpoint of waste and garbage)
b - a sense of place: the natural features, biota, history and culture of the region
c - the institution’s contribution to a sustainable economy and sustainable local
communities
d - how the institution views and treats its employees (such as staff and faculty
involvement in decision-making, their status and benefits)
e - the basic values and core assumptions that shape the content and methods of the
academic disciplines
144
Comments:
____________________________________________________________________
RESEARCH AND SCHOLARSHIP
6. a) Estimate the amount of faculty research or scholarship being done in the various
disciplines in the area of sustainability (for example, renewable energy, sustainable
building design, ecological economics, indigenous wisdom and technologies, population
and development, total environmental quality management, etc.).
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Please list any faculty research or scholarly activities you are aware of related to
sustainability:
______________________________________________________________________
b) Estimate the amount of student research or scholarship being done in the various
disciplines in the area of sustainability.
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Please list any student research or scholarly activities you are aware of related to
sustainability:
______________________________________________________________________
7. a) What percentage of faculty members teach or do research on sustainability issues?
______ %
b) What percentage of faculty members do you estimate would be interested in teaching
and research on sustainability issues?
______ %
8. Does your institution have established multidisciplinary and interdisciplinary structures
(such as an institute or center) for research, education and policy development on
sustainability issues?
______ No ______ Yes If yes, please describe:_________________
OPERATIONS
9. The chart below lists some of the operational practices emphasized by institutions
moving toward sustainability. Please complete the chart, adding a check (√) for prime
project áreas and for more information needed, and indicating the extent to which your
institution has implemented these practices using the following scale: 0 – don’t know; 1
– none; 2 – a little; 3 – quite a bit; 4 – a great deal.
145
10. What do you see when you walk around campus that tells you this is an institution
committed to sustainability?
______________________________________________________________________
11. To what extent are your operations practices integrated into the educational and
scholarly activities of the school?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Please provide examples of this integration: ___________________________________
146
FACULTY AND STAFF DEVELOPMENT AND REWARDS
12. a) To what extent does criteria for hiring recognize faculty member contributions to
sustainability (in scholarship, teaching, or campus and community activities)?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Describe how such considerations are weighed in these decisions:
______________________________________________________________________
b) To what extent do criteria for tenure and promotion recognize faculty member
contributions to sustainability?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Describe how such considerations are weighed in these decisions:
______________________________________________________________________
13. To what extent do criteria for hiring and promotion recognize staff member
contributions to sustainability (in regular responsibilities and campus and community
activities)?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Describe how such considerations are weighed in these decisions:
______________________________________________________________________
14. To what extent does your college or university provide significant faculty and staff
development opportunities to enhance understanding, teaching and research in
sustainability?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Please describe recent faculty or staff development opportunities in these areas:
______________________________________________________________________
OUTREACH AND SERVICE
15. A sustainable institution supports sustainable community development in its local area
and in the surrounding region through projects and partnerships with primary and
secondary schools, local governments and businesses. It may also seek international
cooperation in solving global environmental justice and sustainability challenges through
conferences, student/faculty exchanges, etc. To what extent is your institution involved
in sustainable development work through formal partnerships or relationships at regional,
national or international levels?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Please describe: _________________________________________________________
16. What local sustainability related community service, service learning and/or
internship programs exist at your institution?
______________________________________________________________________
147
STUDENT OPPORTUNITIES
17. Institutions committed to sustainability provide students with specific opportunities
and settings. Please check (√) which of the following are present on your campus:
______ Student Environmental Center
______ Ecology House or Sustainable Dormitory
______ Orientation program(s) on sustainability for students
______ Student Group(s) with an environmental or sustainability focus
______ Other: __________________________________________
18. How does your college or university encourage students to consider sustainability
issues when choosing a career path? [Please check (√) below where applicable]
______ job fairs and career counseling focused on work in sustainable enterprises
______ pledge of social and environmental responsibility
______ other: ________________________________________________
19. To what extent are student groups across campus directly involved in sustainability
initiatives?
0 (don’t know) 1 (none) 2 (a little) 3 (quite a bit) 4 (a great deal)
Describe which groups are most involved and how:
______________________________________________________________________
ADMINISTRATION, MISSION AND PLANNING
20. To what extent do the formal written statements describing the purposes and
objectives of the units listed below reflect a commitment to sustainability? (Such
statements include policy and planning documents, annual reports, brochures, catalogues,
etc.) [Please rate using the following scale: 0 – don’t know; 1 – none; 2 – a little; 3 – quite
a bit; 4 - a great deal]
______ the institution as a whole
______ your college or division
______ your unit/department
______ other units within the institution (please define: __________________________)
Comments:
____________________________________________________________________
21. Institutions committed to sustainability create certain positions and committees, as
well as engage in certain practices, which reinforce this commitment. Please check (√)
which of the following are present on your campus:
______ Environmental Council or Task Force
______ Environmental Coordinator- ( ) student or ( ) staff member
148
______ Dean of Environmental Programs or Director of Sustainability Programs (a high
level officer responsible for these activities)
______ Energy Officer
______ Green Purchasing Coordinator
______ Institutional Declaration of Commitment to Sustainability/Environmental
Responsibility
______ Orientation programs on sustainability for faculty and staff
______ Socially responsible investment practices and policies
______ Regularly conducted environmental audits
______ Other: ______________________________________________________
22. How is a concern for, and commitment to, sustainability given broad visibility on your
campus (for example, with guest speakers, conferences, Earth Day celebrations, etc.)?
Please describe key events that have happened in the past year:
______________________________________________________________________
23. a) Please describe the greatest strengths of your institution in terms of sustainability.
______________________________________________________________________
b) Please describe the greatest weaknesses of your institution in terms of sustainability.
______________________________________________________________________
24. a) Please describe the key factors that support the advancement of environmental and
sustainability issues on your campus?
______________________________________________________________________
b) What factors do you think account for resistance to or lack of responsiveness to these
concerns?
______________________________________________________________________
25. a) What “next steps” are planned at your college or university to strengthen your
commitment to sustainability (such as an energy conservation initiative, a sustainable
food program, a course requirement on sustainability, or a new strategic plan reflecting
sustainability)?
______________________________________________________________________
b) What “next steps” do you feel ought to be taken?
______________________________________________________________________
Please add any additional comments below:
149
ANEXO C – STARS 2.0. AC 8: CAMPUS AS A LIVING LABORATORY
Fonte: AASHE (2014)
AC 8: Campus as a Living Laboratory
4 points available
A. Credit Rationale
This credit recognizes institutions that utilize their infrastructure and operations as living
environments for multidisciplinary learning, applied research and practical work that
advances sustainability on campus. Students that actively participate in making their
campuses more sustainable are well prepared to continue that work in their careers and
communities after graduation.
B. Criteria
Institution is utilizing its infrastructure and operations for multidisciplinary student
learning, applied research and/or practical work that advances sustainability on campus
in at least one of the following areas:
● Air & Climate ● Buildings ● Dining Services/Food ● Energy ● Grounds ● Purchasing ● Transportation ● Waste ● Water ● Coordination, Planning & Governance ● Diversity & Affordability ● Health, Wellbeing & Work ● Investment ● Public Engagement ● Other
This credit includes substantive work by students and/or faculty (e.g. class projects, thesis
projects, term papers, published papers) that involves active and experiential learning and
contributes to positive sustainability outcomes on campus (see Credit Example, below).
Oncampus internships and non-credit work (e.g. that take place under supervision of
sustainability staff or committees) may count as long as the work has a learning
component.
This credit does not include immersive education programs, co-curricular activities, or
community-based work, which are covered by AC 5: Immersive Experience, credits in
the Campus Engagement subcategory, and credits in the Public Engagement subcategory,
respectively.
C. Applicability
This credit applies to all institutions where students attend the physical campus.
150
D. Scoring
Institutions earn 0.4 points for each area covered, regardless of how many projects there
are in each area. Institutions with projects that cover 10 or more areas earn the maximum
of 4 points available for this credit.
E. Reporting Fields
Required
An indication of whether the institution is utilizing its campus as a living laboratory in
the following areas:
● Air & Climate ● Buildings ● Dining Services/Food ● Energy ● Grounds ● Purchasing ● Transportation ● Waste ● Water ● Coordination, Planning & ● Governance ● Diversity & Affordability ● Health, Wellbeing & Work ● Investment ● Public Engagement ● Other (please specify)
An affirmation that the submitted information is accurate to the best of a responsible
party’s knowledge and contact information for the responsible party. The responsible
party should be a staff member, faculty member, or administrator who can respond to
questions regarding the data once it is submitted and available to the public.
Conditional
Required for each area for which the institution is using the campus as a living laboratory:
A brief description of how the institution is using the campus as a living laboratory for
[area] and the positive outcomes associated with the work
Optional
The website URL where information about the institution’s campus as a living laboratory
program or projects is available
Notes about the submission
F. Measurement
Timeframe
Projects and work conducted within the three years prior to the anticipated date of
submission are eligible for this credit.
Sampling and Data Standards
Not applicable