universidade regional do cariri centro de...
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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS – CCT
DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Saulo Mendes Teixeira
A RELEVÂNCIA E APLICABILIDADE DA LOGÍSTICA REVERSA PARA A
CONSTRUÇÃO CIVIL
JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.
2017
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Saulo Mendes Teixeira
A RELEVÂNCIA E APLICABILIDADE DA LOGÍSTICA REVERSA PARA A
CONSTRUÇÃO CIVIL
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do Cariri.
Orientador: Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho
JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.
2017
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Saulo Mendes Teixeira
A RELEVÂNCIA E APLICABILIDADE DA LOGÍSTICA REVERSA PARA A
CONSTRUÇÃO CIVIL
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Pós-
Graduação em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do
Cariri
Monografia defendida e aprovada, em (___ / ___ / 2017), pela banca examinadora:
_____________________________________________________________ Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho
Orientador
_____________________________________________________________ Profª. Jefferson Heráclito
Examinador Interno
_____________________________________________________________ Prof.
Examinador Interno
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RESUMO
A crescente industrialização e o desenvolvimento trouxeram mudanças para a gestão
ambiental. O lixo produzido nas cidades é constituído cada vez mais por elementos de difícil
degradação, configurando-se como um dos principais entraves à promoção do
desenvolvimento sustentável, que se caracteriza pelo equilíbrio e equidade entre as dimensões
econômicas, sociais e ambientais. Entretanto, por meio do processo de reciclagem, o impacto
ambiental e social desses resíduos é diminuído. De tal forma, as cooperativas de catadores
surgem como uma alternativa para a diminuição dos impactos ambientais ocasionados pelo
acúmulo desses resíduos, além disso, é uma fonte de renda para o grupo de pessoas que
formam as cooperativas. O presente trabalho justifica-se pela sua importância do âmbito
organizacional, tendo em vista que é um tema de extrema relevância quando se tratando de
diferencial competitivo empresarial, levando em consideração, os impactos ambientais que os
processos produtivos poderão acarretar. O estudo objetiva ressaltar a importância da logística
reversa para a Engenharia Civil, bem como sua relação com sustentabilidade e porque a
logística reversa é tão importante para este seguimento, tendo em vista que a Construção Civil
é uma das áreas que mais geram resíduos.
Palavras-chave: Construção Civil; Logística Reversa; Sustentabilidade; Resíduos Sólidos.
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ABSTRACT
Growing industrialization and development have brought changes to environmental
management. Urban waste is increasingly constituted by elements that are difficult to break
down, becoming one of the main obstacles to the promotion of sustainable development,
characterized by the balance and equity between economic, social and environmental
dimensions. However, through the recycling process, the environmental and social impact of
these wastes is diminished. Thus, a cooperative of waste pickers appear as an alternative to
reduce the environmental impacts caused by the accumulation of waste, and is a source of
income for the group of people who form the cooperatives. This paper justifies its importance
in the organizational sphere, considering that it is a subject of extreme relevance when dealing
with a competitive business differential, taking into account the environmental impacts that
productive processes may entail. The study aims to highlight the importance of reverse
logistics for Civil Engineering, as well as its relation with sustainability and because the
reverse logistics is so important for this follow up, considering that Civil Construction is one
of the areas that generate the most waste.
Keywords: Civil Construction. Reverse logistic. Sustainability. Solid Waste.
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Classificação dos Resíduos Sólidos segundo a NBR 10004/04............ 18
QUADRO 2 – Dimensões da sustentabilidade............................................................. 26
QUADRO 3 – As cinco eras da logística...................................................................... 37
QUADRO 4 – Análise da distribuição dos resíduos de CDR-PC................................. 43
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Hierarquia da disposição de resíduos de construção e demolição.......... 22
FIGURA 2 – Ciclo fechado da Construção Civil......................................................... 23
FIGURA 3 – Elementos básicos da logística................................................................ 38
FIGURA 4 – Fluxos de canais Reversos...................................................................... 41
FIGURA 5 – Processo Industrial Linear....................................................................... 42
FIGURA 6 - Logística Circular................................................................................... 42
FIGURA 7 – Canais de distribuição Reversos – Ciclo de Vida Ampliado.................. 44
FIGURA 8 - CDR-PC na Construção Civil.................................................................. 45
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LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAMAT Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil
CIC Conselho Internacional da Construção
CNEN Conselho Nacional de Energia Nuclear
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CSCMP Council of Supply Chain Managment Professional
ECIF European Construction Industry Federation
FGV Fundação Getúlio Vargas
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISO International Organization for Standard
NBR Normas Brasileira de Regulamentação
ONU Organizações das Nações Unidas
PAIC Pesquisa Anual da Indústria da Construção Civil
PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNSB Pesquisa nacional de Saneamento Básico
RCD Resíduos de Construção e Demolição
SciELO Scientific Eletronic Library Online
SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
SISNAMA Sistema de Unificação de Atenção à Saúde Agropecuária
SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
SUASA Sistema de Unificação de Atenção a Sanidade Agropecuária
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus pais Maria das Dores Mendes Teixeira e Taumaturgo
Teixeira da Silva, os quais contribuíram para a construção desse sonho.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus.
Agradeço também ao professor Me. Jefferson Luiz Alves Marinho, que me orientou
durante as correções deste trabalho
Aos colegas de turma pelas trocas de informações e experiências durante o curso e o
desenvolvimento deste trabalho.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 12
1.1 OBJETIVOS................................................................................................................ 14
1.1.2 Objetivo Geral........................................................................................................... 14
1.1.3 Objetivos Específicos............................................................................................... 14
1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 14
1.3 METODOLOGIA........................................................................................................ 14
2 CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL............................................................................ 16
2.1 Aspectos históricos...................................................................................................... 16
3 RESÍDUOS SÓLIDOS................................................................................................... 18
3.1 Classificação dos resíduos sólidos............................................................................... 18
3.2 Resíduos na Construção Civil...................................................................................... 20
3.3 Política nacional de resíduos sólidos........................................................................... 24
3.4 Desenvolvimento sustentável...................................................................................... 25
3.5 Gestão ambiental na Construção Civil......................................................................... 30
3.6 Reciclagem e reutilização de resíduos na Construção Civil........................................ 33
4 HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO LOGÍSTICA.................................................................. 36
4.1 Etimologia da Logística............................................................................................... 36
4.2 Conceitos de Logística Reversa................................................................................... 38
4.3 Canais de Distribuição Reversa de bens de pós-consumo-CDC-PC........................... 43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 49
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INTRODUÇÃO
O panorama atual do mundo acerca da gestão ambiental enseja perspectivas futuras
desanimadoras. O modelo técnico-industrial adotado como forma de desenvolvimento
econômico onde, sobretudo, os paradigmas que regem esse modelo, baseados no
antropocentrismo, que olvida da dependência que possui com o ambiente, vem interferido de
forma significativa sobre a natureza, provocando assim degradações ambientais, sendo muitas
delas irreversíveis (VAZ, 2012).
O modelo de desenvolvimento atual é norteado por um sistema capitalista, onde o
maior objetivo é o crescimento econômico. O tipo de desenvolvimento que o mundo
experimentou nos últimos duzentos anos, especialmente após a segunda guerra é
insustentável, sendo de tal forma, perceptíveis os impactos resultantes de tal modelo
(CAVALCANTE, 2003).
No decorrer dos anos vêm-se aumentando a concorrência empresarial por meio de
avanços tecnológicos e a necessidade de se prestar serviços cada vez melhores, a fim de
atender a necessidade dos consumidores, o que acaba trazendo discussões acerca de como
situar uma empresa num ambiente altamente ativo e competitivo. Toda essa competitividade
resultou na aceleração do tempo de giro de produção, aumentando o consumo, transformando-
se em um lugar de instantaneidade e descartabilidade (SHIBAO, MOORI e SANTOS, 2010).
Assim, surge a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento, que aborde não
somente uma visão de crescimento, mas de uma sociedade que se desenvolva
sustentavelmente. Para tanto, faz-se necessário o equilíbrio entre muitas dimensões, sendo
elas: econômica, social, institucional, cultural e ambiental, contribuindo assim para o alcance
do desenvolvimento sustentável.
A sustentabilidade está cada vez mais presente no ambiente empresarial. A definição
de sustentabilidade mais difundida é a Comissão de Brundtlan (WCED, 1987 apud FINCO e
WAQUIL, 2006), onde diz que o desenvolvimento sustentável deve satisfazer às necessidades
da geração presente, não comprometendo as necessidades das gerações futuras, deixando
claro que, um dos princípios básicos da sustentabilidade é a visão à longo prazo, uma vez que,
interesses futuros precisam ser analisados.
Com o aumento do consumo, deve-se ter uma preocupação com o destino final desses
produtos, podendo trazer grandes problemas para o ambiente caso não lhe seja dada
importância. A partir daí, o gestor deve observar oportunidades de reciclagem ou reuso, o que
pode incentivar inúmeras outras operações capazes de trazer resultados positivos.
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A logística reversa está ligada diretamente a questões ambientais e econômicas, onde
faz-se imprescindível o seu estudo no contexto organizacional, visto que é um processo onde
as empresas podem se tornar ecologicamente mais eficiente por intermédio da reciclagem,
reuso e redução da quantidade de materiais usados (CARTER e ELLRAM, 1998 apud
SHIBAO, MOORI e SANTOS, 2010).
De acordo com Novaes (2007), logística reversa controla o fluxo contrário ao da
logística direta, ou seja, os produtos partem dos pontos de consumos, para os produtores
agregando valores ou para o descarte adequado, exemplos como a lata de alumínio que após o
consumo do líquido é descartada sendo atualmente coletada por catadores e enviadas para
cooperativas que após prensá-las as reenviam para fábrica para serem derretidas e darem
origem a novas latas poupando assim à extração de matéria-prima para produção do metal
agregando novamente valor que no passado era considerado lixo.
Os canais de distribuição reversos de pós-consumo e os canais de distribuição reversos
de pós-venda caracterizam-se segundo Leite (2009) por produtos que retornaram por
conterem defeitos, término de validade e outros, podendo ainda estes produtos serem
consertados, caso contrário decompostos em partes para servir de subproduto na composição
de outros. Com os Resíduos da Construção e Demolição (RCD), embora ainda tímido, tem
ocorrido um esforço na tentativa de reaproveitar seus resíduos, tarefa difícil, pois, são de
grande porte e necessitam de investimentos altos e de áreas licenciadas para o manuseio e
quando necessário o descarte final.
Diferente da logística tradicional, a logística reversa raramente conta com uma
estrutura que faça fluir de forma eficiente, todos os resíduos, embalagens, produtos, entre
outros, gerados pela cadeia de distribuição direta.
Este trabalho foi dividido em cinco capítulos. O primeiro de caráter introdutório
apresenta uma breve explanação sobre a importância da aplicação logística reversas para a
Construção Civil, além dos objetivos, justificativa e metodologia aplicada na elaboração do
referido estudo.
O segundo capítulo apresenta uma revisão dos processos históricos da Construção
Civil na sociedade contemporânea tendo como objetivo essencial o desenvolvimento
socioeconômico através da transformação dos recursos naturais, visando a melhoria da
qualidade de vida da parcela da população.
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1.1 OBJETIVOS
1.1.2 Objetivo Geral
O objetivo desse trabalho é avaliar através de uma revisão bibliográfica e conceitual, a
importância da aplicação logística reversa para a Construção Civil
1.1.3 Objetivos Específicos
Apresentar as vantagens e os benefícios da implantação da logística reversa no
tratamento dos resíduos sólidos, como forma de proteger o meio ambiente;
Evidenciar a importância do reaproveitamento dos resíduos gerados na Construção
Civil e a conseqüente redução de custos operacionais;
Descrever, através da literatura pertinente, conceitos e evolução da logística reversa e
os canais de distribuição de bens de consumo.
1.2 JUSTIFICATIVA
A elaboração desse trabalho se justifica pela importância que o tema apresenta na
atualidade, quando se busca alternativas para aplicação da Logística Reversa na indústria da
Construção Civil uma vez que o lixo produzido nesse ambiente configura-se como um dos
principais entraves à promoção do desenvolvimento sustentável, e se caracteriza pelo
equilíbrio e equidade entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais
Não obstante, o presente trabalho aborda questões pertinentes à questões ambientais
que os resíduos sólidos representa na atualidade, tendo em vista que é um tema de extrema
relevância quando se tratando de diferencial competitivo empresarial, levando em
consideração, os impactos ambientais que os processos produtivos poderão acarretar.
1.3 METODOLOGIA
A presente pesquisa aqui caracterizada é do tipo qualitativa, descritiva e exploratória.
Oliveira (2010, p. 59), afirma que a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como uma
tentativa clara de explicar em profundidade o significado e as características do resultado das
informações obtidas sem a mensuração quantitativa de características ou comportamento‖.
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De acordo com Oliveira (1999, p. 117), as abordagens qualitativas facilitam descrever
a complexidade de problemas e hipóteses, bem como analisar a interpretação entre variáveis,
compreender e classificar determinados processos sociais‖.
Quanto ao procedimento sistemático da revisão bibliográfica que será delineada nesta
pesquisa, este se trata de uma modalidade de estudo e análise de documentos de domínio
científico tais como livros, enciclopédias, periódicos, ensaios críticos, dicionários e artigos
científicos. Pode-se afirmar que grande parte de estudos exploratórios fazem parte desse tipo
de pesquisa e apresentam como principal vantagem um estudo direto em fontes científicas,
sem precisar recorrer diretamente aos fatos/fenômenos de realidade empírica. (OLIVEIRA,
2010).
Em consonância com a metodologia descrita acima, os procedimentos utilizados para a
realização desta pesquisa, se constituirá da análise de artigos publicados nas bases de dados
Scientific Eletronic Library Online (SciELO), bem como em livros, dissertações e teses.
Por meio da revisão bibliográfica, procurou-se encontrar uma ligação entre todos os assuntos
pesquisados, criando um ponto comum onde fosse apresentado o modo como os resíduos
sólidos da construção e demolição, logística reversa e porque ela é importante para a
construção civil.
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2 CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL
O primeiro capítulo aborda questões pertinentes à construção civil e sua importância
para o desenvolvimento socioeconômico das sociedades, como também da gestão e
tratamento dos resíduos provenientes dessa atividade embasados na logística reversa como
forma de amenizar os problemas que impactam o meio ambiente.
2.1 Aspectos históricos
Nos primórdios da sociedade industrial, o desenvolvimento econômico tem significado
a transformação da natureza, visando a melhoria da qualidade de vida da parcela da população
beneficiada, no qual a sociedade, tendo em função a construção civil, é tida como sendo a
transformação do meio ambiente natural para o ambiente construído, adequando-se ao
desenvolvimento das mais diversas atividades (JOHN, 2000), segmentando-se em duas
atividades básicas, que são as edificações e a construção pesada, onde o seguimento
edificações é composto por obras habitacionais, comerciais e outras, enquanto a construção
pesada agrupa vias de transporte e obras de saneamento, de irrigação e drenagem, geração e
transmissão de energia bem como sistemas de comunicação e infraestrutura em geral
(ABIKO, 2005).
A indústria de construção brasileira faz uso intenso de mão de obra, o que acaba
gerando empregos direta e indiretamente, tendo sido, responsável de acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção Civil (CBIC), por empregar 6,88 milhões de pessoas em 2009, representando
7,12% dos trabalhadores brasileiros, no entanto, é preciso ressaltar que a Pesquisa Anual da
Indústria da Construção (PAIC) e o IBGE não consideram os empregos informais em seu
resultados, subestimando assim os efeito dessa indústria na geração de emprego e renda da
sociedade brasileira (MONTEIRO FILHA et al., 2014).
A participação do setor de construção civil na formação bruta de capital fixo brasileiro
está em 5,2 pontos percentuais abaixo da média mundial, podendo-se ressaltar que tal
problema relaciona-se com a escassez de crédito para habitação, bem como o baixo nível de
inversões em infraestrutura, que está relacionado às restrições fiscais, mas também a
inadequação dos marcos legal e regulatório do país para que possam ser realizados
investimentos em construção civil (MONTEIRO FILHA e CORREA, 2010).
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Estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas - FGV e Abramat realizados em
2009, incluindo a autogestão e a autoconstrução, pode-se estimar 7 milhões de trabalhadores
na construção civil, gerando um PIB de R$ 137 bilhões, sendo este considerado responsável
por cerca de 14% do PIB nacional, sendo este um dos setores que mais faz utilização de
matérias primas naturais estimando-se que sejam utilizados cerca de 20% a 50% do total de
recursos naturais utilizados pela sociedade (MESQUITA, 2012).
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3 RESÍDUOS SÓLIDOS
Neste capítulo serão abordados alguns elementos importantes tais como a classificação
e o tratamento que é dado aos resíduos resultantes da construção civil, como também as
normas e instrumentos legais para a gestão dos resíduos de construção e demolição, e
reaproveitamento de resíduos sólidos gerados pela construção civil em suas diversas etapas, se
forem adequadamente tratados podem, minimizar os impactos que esses materiais podem
causar ao meio ambiente se forme utilizados de forma adequada.
3.1 Classificação dos Resíduos Sólidos
A NBR 10004/2004, que classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, a fim de que sejam gerenciados corretamente,
define os resíduos sólidos como resíduos em estados sólidos e semissólidos, resultando de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
variação, ficando incluído nesta definição os lodos originários de sistemas de tratamento de
água, bem como aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição,
assim como aqueles líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento em rede
pública de esgotos ou corpos de água. De forma geral, são definidas como materiais
indesejáveis para quem os descartou vindos de diversos tipos de atividades e locais, podendo
acarretar sérios riscos à saúde e ao bem estar humano e ambiental, caso sejam descartados de
forma inadequada (ABNT, 2004).
Esta mesma norma ainda classifica os resíduos como sendo perigosos, não inertes e
inertes, é possível observar no quadro abaixo.
QUADRO 1: Classificação dos Resíduos Sólidos segundo a NBR 10004/04
CATEGORIA CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO
Classe I
Perigosos
Apresentam riscos tanto à saúde pública como ao
meio ambiente, podendo ser caracterizado por
possuir uma ou mais das seguintes propriedades
como, por exemplo: Ser inflamável, corrosivo,
reatividade, toxicidade e patogenicidade
Classe IIA Inertes Podem ter propriedades como: combustibilidade,
biodegrabilidade ou solubilidade, porém, não se
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enquadram como resíduo I e IIB
Classe IIB
Não Inertes
Não têm constituinte algum solubilizado em
concentração superior ao padrão potabilidade da
água.
Como exemplos destes materiais têm-se: rochas,
tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não
são decompostos prontamente Fonte: ABNT (2004).
Os resíduos sólidos podem também ser classificados de acordo com a sua origem e o
grau de biodegrabilidade. Segundo dados da FUNASA (2013) de acordo com sua origem,
podem ser classificados em:
Urbana: Domiciliar, comercial, portos, aeroportos, terminais rodoviários e terminais
rodoferroviários. Limpeza urbana: varrição de logradouros, praias, feiras, eventos,
capinação, poda, dentre outros;
Industrial: Lodo derivado do tratamento de efluentes líquidos industriais, bem como
resíduos resultantes dos processos de transformação;
Serviço de Saúde: Resíduos gerados em hospitais, clínicas médicas, odontológicas e
veterinárias, postos de saúde e farmácias;
Radioativa: Resíduos de origem atômica. Esse tipo tem legislação própria e é
controlado pelo Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN);
Agrícola: Resíduos da fabricação de defensivos agrícolas e suas embalagens;
Construção Civil: Resíduos da Construção Civil, tais como: vidros, tijolos, pedras,
tintas, solventes e outros.
Formas inadequadas de disposição de lixo, constituem um problema de saúde pública,
podendo provocar também a poluição do solo da água, alterando suas características físicas,
químicas e biológicas (SOUZA, 2000; MARCHI, 2006). A alternativa desejável, seria o
gerenciamento integrado do lixo, que constitui-se de um conjunto de ações normativas,
operacionais financeiras e de planejamento, que uma administração municipal desenvolve,
afim de coletar, segregar, tratar e dispor o lixo de forma adequada, baseados em critérios
sanitários, ambientais e econômicos (CEMPRE, 2009).
O artigo 3º da Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002 do Conselho Nacional Do
Meio Ambiente (CONAMA), em suas diretrizes e critérios, classifica os Resíduos da
Construção Civil (RCC) como classe A, B, C e D, onde:
Classe A – São caracterizados como resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, como por exemplo, resíduo de construção, demolição, reformas e reparos
20
de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, solos provenientes de
terraplanagem; de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.),
argamassa e concreto; de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-
moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios, etc.) produzidas no canteiro de
obras;
Classe B – Recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão,
metais, vidros, madeiras e gessos;
Classe C – Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
Classe D – Resíduos perigosos oriundos do processo de construção, como tintas,
solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde originados
de demolições, reformas, reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou
outros produtos nocivos à saúde.
Diante dos impactos que o mau gerenciamento de lixo pode causar, tanto no ambiente,
quanto na sociedade, alguns instrumentos vêm sendo desenvolvidos com esse enfoque. No dia
10 de março de 2010, foi aprovado na Câmara de Deputados, um substitutivo ao projeto de
Lei 203/91 do Senado Federal, a qual institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), onde apresenta inúmeros objetivos, podendo destacar entre eles, a proteção a saúde
pública e da qualidade do meio ambiente; a não geração, a redução, a reutilização, a
reciclagem, o tratamento de resíduos sólidos e a destinação final ambientalmente adequada
dos dejetos, visando assim, a alteração para os padrões de produção e o consumo sustentável
(BRASIL, 2010).
Pode-se verificar dessa forma que as atividades desempenhadas pela logística reversa
contribuem para o gerenciamento dos resíduos sólidos, consequentemente para a
sustentabilidade no tocante ao equilíbrio do meio ambiente e a redução de recursos naturais,
interferindo assim, de forma positiva na qualidade de vida da sociedade presente e futura
(FREITAS, et al., 2009).
3.2 Resíduos da Construção Civil
Todo processo econômico gera resíduos, mesmo quando estes são considerados
inservíveis por grande parcela da sociedade, possuindo aproximadamente 40% de materiais
21
recicláveis, sendo esta parte reciclável, atrativa e econômica, energética ou ambientalmente,
sendo então necessário que seja feita uma gestão de resíduos sólidos, visto que tal atividade
enquadra-se nas atividades de saneamento básico, existindo assim a relação entre este, a saúde
e o meio ambiente, devendo então, existir uma inter-relação entre as ações de gerenciamento
da construção civil, contribuindo com a qualidade ambiental proporcionada a população
(FIGUEIREDO, 1994).
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB (IGBE,
2010), dos 5.475 municípios brasileiros, 489 têm entre 50 e 70% de seus resíduos coletados;
728 entre 70 e 80%; 771 entre 80 e 90%; 525 entre 90 e 99% e 1814 tem 100% coletados,
sendo que 194 municípios não tinham a porcentagem coletada.
Devido às práticas da construção civil, há um grande volume de resíduos, podendo isto
ser observado desde a produção de insumos até a própria etapa construtiva, sendo assim a
construção civil apontada pelo Conselho Internacional da Construção - CIC (CIB, 2004 apud
Oliveira, 2015) como sendo o setor de atividades humanas que mais consome recursos
naturais, utilizando energia de forma intensa, gerando consideráveis impactos ambientais,
sendo estes relacionados ao consumo de matéria prima e energia, bem como a geração de
resíduos.
Os principais impactos sanitários e ambientais que relacionam-se aos Resíduos de
Construção e Demolição - RCD, são aquelas que associam-se às deposições irregulares, sedo
uma conjunção de efeitos deteriorantes do ambiente local, comprometendo a paisagem, o
tráfego de pedestres e de veículos, a drenagem urbana, atraindo dessa forma resíduos não
inertes além da multiplicação de vetores de doenças e outros efeitos (PINTO, 2000).
No Brasil, a geração de RCD é de aproximadamente 300 kg/m² a partir de novas
edificações, enquanto países desenvolvidos geram apenas 100 kg/m². Em cidades que
possuem 500 mil habitantes os RCD representam 50% do peso dos resíduos sólidos urbanos
coletados (MONTEIRO et al., 2001).
Acerca dos riscos à saúde pública decorrente dos RCD acondicionados em caçambas
metálicas localizadas em vias públicas, pode-se observar que a presença de material orgânico,
sendo estes perigosos, bem como embalagens vazias que podem reter água entre outros
líquidos que podem favorecer a proliferação de mosquitos e outros vetores de doenças
(ARAÚJO, 2000).
Para que seja feito o diagnóstico da geração de resíduos da construção civil nas
cidades brasileiras, utilizam-se dados estatísticos de área construída, quantificando os
volumes por empresas coletoras, do monitoramento de descargas nas áreas de disposição final
22
dos resíduos de construção civil, sendo tais estimativas confiáveis, podendo ser utilizadas em
todo o município que possui cadastro de construção licenciadas (PINTO, 1999).
A fim de avaliar o nível de impacto causado ao meio ambiente com a disposição de
resíduos de construção e demolição, é possível lançar mão da avaliação da hierarquia da
disposição de resíduos, apresentados de acordo com Peng (et al., 1997 apud Leite, 2001, p.15)
da seguinte forma:
Redução da geração resíduos, visando diminuição do impacto ambiental;
Reutilização dos resíduos, movendo materiais de uma aplicação para outra;
Reciclagem, transformando os resíduos em novos produtos;
Compostagem dos resíduos, transformando a parte orgânica em húmus para o
tratamento do solo;
Incineração, podendo extrair energia dos materiais sem gerar substâncias tóxicas;
E por fim o aterramento, que é feito quando não se tem mais como aproveitar os
resíduos.
Tais resíduos são compostos basicamente por argamassa, concreto e blocos de
concreto, além de madeiras, plásticos, papel e papelão, podendo além destes, serem gerados
resíduos classificados como perigosos e não inertes, diante disso, abaixo e mostrada a figura
que representa a disposição dos resíduos sólidos na construção civil segundo Peng (et al.,
1997).
FIGURA 1: Hierarquia da disposição de resíduos de construção e demolição
Fonte: Peng (et al., 1997 apud LEITE, 2001).
REDUÇÃO
REUTILIZAÇÃO
RECICLAGEM
COMPOSTAGEM
ICINERAÇÃO
ATERRAMENTO
BAIXO
I
M
P
A
C
T
O
A
M
B
I
E
N
T
A
L
ALTO
23
Logo, para avaliar o nível de impacto causado ao meio ambiente com a disposição dos
resíduos de construção e demolição, pode-se lançar mão da avaliação da hierarquia da
disposição de resíduos, seguindo a ordem exemplificada na figura acima, seguindo desde a
diminuição de produção de resíduos, por meio de processos tais como reutilização e
reciclagem, até incineração e seu aterramento quando não for mais possível fazer o processo
reverso destes.
A redução do impacto ambiental causado pela construção civil é uma tarefa complexo,
precisando assim, agir de várias maneiras, combinando-as simultaneamente (JOHN, 2000).
Os desafios para um desenvolvimento sustentável são, simultaneamente, o
crescimento econômico, com preservação da natureza e justiça social, sendo assim, o modelo
de produção linear deve ser substituído por um modelo que seja de fato eficiente em questão
ao aproveitamento de recursos investidos, sendo esse modelo definido como ciclo fechado ou
modelo cíclico de produção, fazendo com que os recursos empregados sejam otimizados
gerando concomitantemente uma menor geração de resíduos.
FIGURA 2: Ciclo fechado da construção civil
Fonte: John (2000)
De acordo com Curwell e Cooper (1988), neste modelo, os produtos além de
apresentarem desempenho ambiental adequado durante a sua vida útil, não são mais
24
projetados para serem destinados a aterros ao fim de suas vidas úteis, devendo assim ser
projetados e construídos de forma a facilitar operações de reabilitação ou reformas, bem como
desmontagem, para que possa ser feita a utilização de seus componentes em outros produtos.
Logo, somente quando não for mais possível após a desmontagem, eles serão destinados a
operações de reciclagem, visando a diminuição de operações de reciclagem, minimizando
dessa forma a disposição em aterros e o consumo de recursos naturais.
3.3 Política Nacional de Resíduos Sólidos
Um dos instrumentos legais para a gestão dos resíduos de construção e demolição é a
Lei Federal Nº 12.305, sancionada no dia 12 de agosto de 2010, que instituiu a Política
Nacional dos Resíduos Sólidos - PNRS. Esta Lei dispõe sobre os municípios, objetivos e
instrumentos, assim como diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos e as responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos
econômicos aplicáveis.
De acordo com o § 1º da Lei Nº 12.305 de 2010, estão sujeitas à observância desta lei
as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis direta e
indiretamente, pela geração de resíduos, bem como as que desenvolvem ações relacionadas a
gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos. Complementando, o § 2º diz que
esta lei não se aplica aos rejeitos que são regulados por legislação específica.
No Art. 2º diz que aplicam-se também aos resíduos sólidos além do disposto desta lei,
as Leis Nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007; 9.974 de 6 de junho de 2000 e a Lei Nº 9.966 de 28
de abril de 2000 as normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária - SNVS, do Sistema de
Unificação de Atenção a Sanidade Agropecuária - SUASA do Sistema Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - SINMETRO.
Esta lei tem como principais objetivos, segundo o Capítulo II artigo 6º:
I – a prevenção e a precaução;
II – o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III – a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as vari- áveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;
IV – o desenvolvimento sustentável;
V – a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades
humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do
consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de
sustentação estimada do planeta;
25
VI – a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e
demais segmentos da sociedade;
VII – a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
VIII – o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;
IX – o respeito às diversidades locais e regionais;
X – o direito da sociedade à informação e ao controle social; XI – a razoabilidade e a
proporcionalidade (BRASIL, 2010, p. 12).
Diante do exposto acima, a seção V do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos -
PGRS, no Art. 20, diz que estão sujeitos a elaboração de plano de gerenciamento de resíduos
sólidos os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas e, f, g e k do inciso I do art. 13,
os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que geram resíduos perigosos ou
resíduos que mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza, composição ou
volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal, bem
como as empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas
pelos órgãos SINASMA (BRASIL, 2010).
3.4 Desenvolvimento Sustentável
Mais do que nunca, a influência que as atividades humanas têm exercido sobre o meio
ambiente, vem se tornando cada vez mais motivo de preocupação. Pois, o crescimento
industrial e urbano tem produzido impactos ambientais consideráveis no planeta, alterando o
equilíbrio natural.
Esta situação exige uma ação mais consciente por parte do ser humano. É preciso que
ele utilize racionalmente os recursos oferecidos pela natureza, observando os parâmetros da
sustentabilidade, ou seja, priorizando o desenvolvimento sustentável.
Segundo Bursztyn (2001), no século passado tinha-se a expectativa geral para o futuro
de progresso promotor de riquezas, enquanto hoje tem-se como expectativa progresso
causador de impactos ambientais, o que exige a adoção de sistemas de exploração, pautados
na sustentabilidade.
O termo desenvolvimento sustentável originou-se em 1968, em Paris, na Biosphere
Conference (Conferência sobre a Biosfera), e ganhou espaço no mundo acadêmico e na
opinião pública internacional a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972 (MENIN, 2000).
Desenvolvido a partir de estudos promovidos pela Organização das Nações Unidas
sobre as mudanças climáticas, o termo desenvolvimento sustentável passou a ser utilizado
como uma resposta à preocupação da humanidade, diante da crise ambiental e social, que se
26
abatia sobre o mundo desde a segunda metade do século passado (DIAS e TEODÓSIO,
2006).
Sachs (2007) define cada uma das principais dimensões da sustentabilidade, sendo esta
necessária à compreensão e o equilíbrio das mesmas, conforme pode-se averiguar no quadro a
seguir.
QUADRO 2: Dimensões da sustentabilidade
Dimensões da
Sustentabilidade
Descrição
Economia Alocação eficiente de recursos constantes investimentos públicos e
provados
Ecologia Necessidade de ampliar a capacidade dos recursos da terra e
diminuição de impactos, gerados a partir de ações humanas;
Social
A sociedade justa e a equidade distributiva de renda bens,
objetivando reduzir as diferenças entre padrões de vida de ricos e
pobres. Fonte: Adaptado de Sachs (2007)
Segundo Sachs (1993, p. 39) para que ocorra desenvolvimento sustentável ou
ecodesenvolvimento, sendo é importante levar em consideração as seguintes dimensões de
sustentabilidade: [...] a) Sustentabilidade Cultural; b) Sustentabilidade Ecológica; c)
Sustentabilidade Econômica; d) Sustentabilidade Espacial; e) Sustentabilidade Social.
De acordo com Holthausen (2000), desenvolvimento sustentável é um processo de
desenvolvimento econômico em que se procura preservar o meio ambiente levando em
consideração os interesses das futuras gerações, isto é, promovendo o desenvolvimento sem
deteriorar ou prejudicar a base de recursos que lhe dá sustentação.
Habitualmente, o termo desenvolvimento sustentável é uma expressão utilizada para designar
atividade produtiva que não depaupera os recursos naturais.
Na concepção de Ribeiro (2007), no estabelecimento dos conceitos ligado
estruturalmente ao desenvolvimento sustentável, necessário se faz a coexistência entre
economia e ecologia, buscando solução para os problemas existentes em consequência da
miséria presente em grande parte da população mundial, e ao mesmo tempo buscar a
preservação, proteção e recuperação do meio ambiente. Assim, para que ocorra o
desenvolvimento sustentável, a produção de riqueza deve proporcionar danos mínimos a
saúde e utilizar de forma equilibrada os recursos naturais renováveis; ponderar o máximo
27
possível o uso dos recursos naturais não renováveis; minimizando os efeitos nocivos do
processo de produção. Agindo de maneira é possível atingir as condições de sustentabilidade.
Esse conceito inclui usar recursos com o caráter de perpetuação. A forma como ele foi
elaborado é ampla, abrangendo o econômico, o social e o ecológico e inclui também a
exigência da sociedade organizada. Portanto, a procura de um novo enfoque do
desenvolvimento regional deve levar em conta não somente o aspecto econômico, mas
também o ecológico, político, social e cultural, os quais, também necessários para o
crescimento e manutenção de todos os agentes envolvidos (seres humanos, fauna, flora e a
biodiversidade).
Guimarães (2001, p. 62), afirma que: [...] a sustentabilidade política do
desenvolvimento encontra-se estreitamente vinculada ao processo de construção da cidadania.
É esse o grande desafio do desenvolvimento sustentável.
Num sentido mais amplo, a estratégia de desenvolvimento sustentável visa promover a
harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza.
Em um contexto mais específico das crises do desenvolvimento e do meio ambiente
vividas na atualidade, a busca do desenvolvimento sustentável segundo Altieri (2001, p. 22)
exige a participação de inúmeros setores da sociedade e acrescenta:
a) um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo
decisório;
b) um sistema econômico capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases
confiáveis e constantes;
c) um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um
desenvolvimento não equilibrado;
d) um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do
desenvolvimento;
e) um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções;
f) um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e
financiamento;
g) um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se.
O entendimento desse processo, dono de inúmeros conceitos, requer uma mudança de
valores, ideologias, princípios éticos e morais, bem como um novo pensar acerca da
amplitude de fatores que abrangem tal desenvolvimento (SANTOS e CÂNDIDO, 2010).
Entender a complexidade que o tema aborda é de extrema importância, assim sendo, é
preciso abordar conceitos sobre o que vem a ser desenvolvimento sustentável.
Uma revisão de conceitos desenvolvimentistas nos anos 70, a partir de uma reflexão
acerca da dominação ideológica, econômica e política baseada na economia de mercado sobre
as demais formas de organização social não capitalistas, levou à proposição de um novo estilo
28
desenvolvimentista, que propunha mais crescimento econômico exponencial ilimitado; era
contra a exportação maciça de recursos naturais locais; contra a degradação ambiental e o
consumismo e contra a fé indiscriminada no progresso obtido pela ciência e a tecnologia; ao
contrário, propunha que a qualidade vida fosse o objeto fundamental de qualquer
desenvolvimento (DIEGUES, 1992) com a satisfação das necessidades básicas da população
alcançadas por meio da utilização de tecnologias sociais e que sejam ecologicamente corretas
(PELICIONE, 2005).
A ideia de desenvolvimento sustentável indica algo capaz de ser suportável, duradouro
e conservável, apresentando uma imagem de continuidade (BARRETO, 2004), tendo em suas
principais características essenciais do desenvolvimento sustentável, ao contrário da forma
tradicional de desenvolvimento, onde diz respeito não somente a proteção do meio ambiente,
mas incorpora sobretudo, as pessoas, suas necessidades e como elas podem ser satisfeitas
equitativamente no contexto atual (BAQUERO e CREMONENSE, 2006).
Os esforços que operacionalizam o desenvolvimento sustentável na escala planetária
são dificultados não somente pela complexidade do tema, mas pelos interesses estratégicos e
econômicos ligado ao assunto (ESPINOSA, 1993). O autor afirma que, para que o caminho
do desenvolvimento sustentável seja trilhado na prática, é necessário desenvolver sistemas de
gestão que permitam a tomada de decisões, mesmo com todos os problemas e incertezas
apontados.
Sabendo-se que a ideia do desenvolvimento sustentável está ligada ao crescimento
econômico, a partir disso e da consciência de que os modelos econômicos, políticos e sociais
tradicionais, baseada num paradigma antropocêntrico, vem sendo substituída pelo conceito de
desenvolvimento sustentável, tendo seu início na incorporação e busca do equilíbrio entre as
dimensões sociais, institucionais, econômica e ambiental, tendo e vista que, ao contemplar
uma única dimensão, se incorre no erro de uma análise superficial da realidade (SANTOS e
CANDIDO, 2010).
Nota-se, portanto, que atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade
formam os eixos básicos no qual se apoia a ideia de desenvolvimento sustentável. A aplicação
do conceito de desenvolvimento sustentável à realidade requer, no entanto, uma série de
medidas tanto por parte do poder público como da iniciativa privada, assim como exige um
consenso internacional.
Dissertando sobre a importância do desenvolvimento sustentável, Gonçalves (2005),
afirma que este procura conciliar a necessidade de desenvolvimento econômico da sociedade
com a promoção do desenvolvimento social e com o respeito ao meio ambiente.
29
É importante registrar que a partir da definição de desenvolvimento sustentável pelo
Relatório Brundtland, de 1987, pode-se perceber que tal conceito não diz respeito apenas ao
impacto da atividade econômica no meio ambiente.
Na opinião de Tozoni-Reis (2004, p. 50) ele é enfático ao afirmar que:
O desenvolvimento sustentável diz respeito a uma forma de crescimento econômico
que considera o comprometimento dos recursos naturais para as futuras gerações.
Nesse sentido, a ideia que se pode ter de desenvolvimento sustentável é a de
crescimento econômico com controle ambiental.
Portanto, desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer as suas próprias
necessidades. Assim sendo, o desenvolvimento sustentável pressupõe a continuidade e
permanência da qualidade de vida e das oportunidades no tempo, incorporando perspectiva de
longo prazo. Ele representa um novo paradigma de desenvolvimento ou construção de um
estilo de desenvolvimento centrado na equidade social com conservação ambiental, baseada
na eficiência e ampliação da base econômica.
Barbieri (1997) conceitua-o como a nova maneira de perceber as soluções para os
problemas globais, que não se reduzem apenas à degradação ambiental, mas que incorporam
dimensões sociais, políticas e culturais, como a pobreza e a exclusão social.
Um autêntico modelo de desenvolvimento sustentável deve apresentar uma
perspectiva de desenvolvimento além do crescimento econômico, reconhecer as múltiplas
tradições culturais e crenças, transcender o consumismo e fornecer uma estrutura de estilo de
vida mais desejável, enfatizar reformas estruturais para equidade interna e global e delinear
efetivos planos legais e institucionais para a manutenção ambiental.
Merico (1996) ressalta que desenvolvimento sustentável significa, fundamentalmente,
discutir a permanência ou a durabilidade da estrutura de funcionamento de todo o processo
produtivo sobre o qual está assentada a sociedade humana contemporânea. Fazendo uma
complementação, para Menin (2000), o conceito de desenvolvimento sustentável
fundamentalmente interliga o que é para ser desenvolvido com o que é para ser sustentado.
No entanto, as discussões acerca das relações que devem prevalecer entre o que deve ser
sustentado e o que deve ser desenvolvido diferem muito, uma vez que essas interligações têm
sido discutidas e consideradas de várias maneiras, dependendo por quem e em que esferas
estão sendo discutidas, estabelecidas ou implícitas.
30
Também chamado eco-desenvolvimento, esse conceito leva em consideração, além
dos fatores econômicos, aqueles de caráter social e ecológico, partindo da constatação de que
os recursos naturais têm uma oferta limitada. Tal modelo de desenvolvimento defende a ideia
de uso dos recursos naturais sem esgotamento, nem degradação dos recursos do ambiente.
Guimarães (2001) entende que o desenvolvimento sustentável deve estar cimentado
em uma nova base ética, por demandar uma solidariedade social e a necessidade de
subordinação da dinâmica econômica aos interesses da sociedade e às condições do meio
ambiente. Essa solidariedade que deveria ser intergeracional e interespacial supõe uma
mudança radical nos valores, práticas e atitudes dos agentes do desenvolvimento, mas
também da sociedade como um todo.
Comentando sobre os valores e práticas que devem existir na sociedade
contemporânea, Assis (2006, p. 81) afirma que:
O desenvolvimento sustentável tem como eixo central a melhoria da qualidade de
vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas e, na sua
consecução, as pessoas, ao mesmo tempo em que são beneficiários, são instrumentos
do processo, sendo seu envolvimento fundamental para o alcance do sucesso
desejado. Isto se verifica especialmente no que se refere à questão ambiental, na
medida em que as populações mais pobres, ao mesmo tempo em que são as mais
atingidas pela degradação ambiental, em razão do desprovimento de recursos e da
falta de informação, são também agentes da degradação.
Em síntese, o desenvolvimento sustentável é aquele que promove, ao mesmo tempo,
um desenvolvimento social e econômico, mantendo e conservando os recursos naturais,
visando um futuro comum para a humanidade, diminuindo, desta forma, os impactos
econômicos sobre o meio ambiente. Noutras palavras, ele é um processo de mudança e
ascensão das oportunidades sociais compatíveis com o crescimento econômico e do meio.
Diante do exposto, é perceptível a relação que a gestão dos resíduos sólidos urbanos,
tem com a responsabilidade local, tendo em vista que o lixo é um dos problemas que mais
gera impactos no meio ambiente e, portanto, dentro do enfoque da sustentabilidade espacial
existe a necessidade de se promover a agricultura e a exploração agrícola das florestas, através
de técnicas modernas e regenerativas, por pequenos agricultores, notadamente, através do uso
de pacotes tecnológicos adequados, do crédito e do acesso a mercados.
3.5 Gestão ambiental na construção civil
Existe um consenso entre especialistas da era da construção civil que uma gestão mais
responsável dos Resíduos da Construção Civil – RCC é possível aperfeiçoar os processos produtivos
31
para que possam reduzir o uso de matérias primas, especialmente as provenientes de recursos naturais
que tendem a se exaurir num futuro próximo, como é o caso da madeira e o petróleo, por exemplo.
A preocupação em adotar medidas mais coercitivas com o propósito de proteger o meio
ambiente de maneira geral frente à demanda própria, diversos países têm adotado rígidas políticas
ambientais para o setor. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Civil Engineering Research Foundation -
CERF, entidade dedicada a promover a modernização da construção civil, verificou que a “questão
ambiental” foi à segunda preocupação da área e definiu inúmeras propostas de pesquisa para avançar
neste sentido (JOHN, 2001).
Por outro lado, na Europa, desde 1996, a European Construction Industry Federation – ECIF
possui um programa específico para aproveitamento dos Resíduos da Construção Civil – RCC, e a
Council for Research and Inovation in Building and Construction – CIB, (2000, p. 18) também criou
um programa específico para o setor da construção civil em que reafirma:
Deve ter uma estrutura conceitual, que defina elos entre o conceito global de
desenvolvimento sustentável e o setor da construção, e permita outras agendas locais
ou subsetoriais sejam comparadas e coordenadas, visando definir medidas
detalhadas e apropriadas ao contexto local.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável – Rio 92 adotou um amplo programa para o desenvolvimento sustentável
apresentado na Agenda 21, no qual trata da Construção Civil com o seguinte teor CIB, (2000,
p. 18-19).
Atualmente, uma apreciação do significado dos aspectos não técnicos está crescendo
e percebendo que os chamados aspectos “leves” são, também, cruciais para um
desenvolvimento sustentável na construção. Sustentabilidade econômica e social
devem ter uma definição clara e de consenso. Mais recentemente, também os
aspectos culturais e as implicações do patrimônio cultural do ambiente construído
passaram a ser considerados como aspectos proeminentes na construção sustentável
Motivados pela escassez de matérias primas, alguns países europeus como a Holanda,
Bélgica, Espanha e Reino Unido aplicaram instrumentos econômicos multando os geradores
de Resíduos da Construção Civil – RCC. A adoção dessa medida obrigou as construtoras a
adotarem alternativas para reduzir os resíduos, aumentando os investimentos em tecnologias
de reciclagem (SANCHES, 2004).
A avaliação da quantidade de entulho gerado no ambiente urbano permite um
gerenciamento diferenciado de cada espécie de material, como também da incorporação de
práticas de gerenciamento com o propósito de diminuir o desperdício no canteiro de obras, no
transporte, geração e destino final para que possa proporcionar maior reaproveito ou
32
reciclagem na obra. Dessa forma se pode evitar inúmeros problemas relacionados à sua
gestão, tais como ambientais, econômicos e os que estão relacionados diretamente à
deposição irregular desses resíduos, como também o desperdício de recursos naturais.
Segundo Monteiro et al (2001, p. 23): [...] no Brasil, a geração de RCD é de,
aproximadamente, 300 kg/m² a partir de novas edificações, enquanto países desenvolvidos
geram 100 kg/m². Em cidades com 500 mil ou mais habitantes os RCD representam,
aproximadamente, 50% do peso dos resíduos sólidos urbanos coletados.
No entanto, para diagnosticar a geração de resíduos gerados pela construção civil nas
cidades brasileiras, são utilizados dados e estimativas, levando-se em conta a área construída,
quantificação de volume por empresas coletoras, monitoramento de descargas nas áreas de
deposição final dos resíduos gerados na construção civil. As duas primeiras estimativas
permitem uma análise confiável podendo ser utilizada em todo município que possui cadastro
de construções licenciadas (PINTO, 1999).
Portanto, a composição de resíduos resultantes da construção civil no Brasil é
constituída basicamente por argamassa, concreto e blocos de concreto, além de madeiras,
plásticos, vidros, cerâmicas, papel e papelão. Outros produtos classificados como perigosos e
não inertes também estão presentes nestas obras.
Por essa razão, o tratamento de resíduos deve priorizar uma série de ações com o
objetivo de reduzir a quantidade de seu potencial poluidor. Levando-se em consideração o
entulho da construção civil classificado como Classe II B – inerte pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ABNT (2004) define que:
[...] seu tratamento está relacionado à redução da quantidade. O tratamento mais
difundido, além da redução, é a segregação, trituração e reutilização. Por sua vez, a
forma mais difundida de reutilização tem sido na construção de rodovias, como base
ou sub-base e em preenchimentos não estruturais de edificações.
A diminuição de riscos de impactos ambientais e a redução de custos na construção
civil são fatores que tornam a reciclagem uma prática sustentável para o setor (ÂNGULO;
ZORDAN; JOHN, 2001).
As principais causas geradoras destes resíduos são diversas, mas se destacam entre
elas, segundo Leite (2001, p. 39):
A falta de qualidade dos bens e serviços, podendo isto dar origem às perdas de
materiais, que saem das obras na forma de entulho;
A urbanização desordenada que faz com que as construções passem por adaptações
e modificações gerando mais resíduos;
33
O aumento do poder aquisitivo da população e as facilidades econômicas que
impulsionam o desenvolvimento de novas construções e reformas;
Estruturas de concreto mal concebidas que ocasionam a redução de sua vida útil e
necessitam de manutenção corretiva, gerando grandes volumes de resíduos;
Desastres naturais, como avalanches, terremotos e tsunamis;
Desastres provocados pelo homem, como guerras e bombardeios.
De modo geral, os níveis tecnológicos da região e da construtora influenciam diretamente no
volume de resíduos gerados, pois leva em consideração a qualidade dos materiais e componentes; a
qualificação da mão de obra; existência de procedimentos operacionais e mecanismos de controle do
processo construtivo. Tendo em vista que grande parcela dos resíduos da construção civil é oriunda
das atividades dos canteiros de obras e de serviços de demolição, pode-se denominá-los genericamente
de resíduos de construção e demolição – RCD (PINTO, 1999).
3.6 Reciclagem e reutilização de resíduos na construção civil
Os resíduos originários da construção civil se transformaram em graves problemas urbanos
com uma gestão onerosa e complexa, levando-se em consideração o volume e massa acumulados. Por
essa razão, muitas cidades brasileiras têm optado pelos aterros de resíduos como destinado final, para
que estes resíduos não sejam colocados em ruas e avenidas ou em terrenos baldios.
Mesmo adotando medidas de controle para alocação desses resíduos, um dos grandes
problemas enfrentados para esse tipo de operação encontra-se na escassez de áreas apropriadas,
levando-se em consideração a ocupação e valorização da área urbana, como também os elevados
custos sociais de gerenciamento desses resíduos, além de problemas de saneamento público e
contaminação do meio ambiente (JOHN, 2001).
Hendriks (2000, p. 46) afirma que esse não é uma prática dos dias atuais e que os
povos antigos já se utilizavam da reciclagem de Resíduos da Construção Civil e acrescenta:
A cultura popular conta que Alexandre, o Grande, utilizou os escombros da parte
continental da cidade de Tiro para construir um aterro no mar e alcançar e conquistar
a parte insular da cidade. Os romanos reconstruíram as cidades destruídas durante a
guerra utilizando seus escombros e utilizavam esse material para construir suas
estradas.
No Brasil, essa atividade ainda é muito incipiente, muito embora a reciclagem desses
resíduos venha se apresentando como alternativa importante para a sustentabilidade,
considerando os impactos ambientais que essa atividade provoca, uma vez que tem o
potencial de reduzir os impactos causados pela extração mineral ou pela deposição em áreas
de proteção e controle ambiental.
34
A melhor maneira de minimizar os impactos ambientais provenientes da construção
civil está na reciclagem e reutilização de grande parte desses materiais. De modo geral,
reciclar está relacionado ao ciclo de utilização de um material ou componente que tendo se
tornado velho e desgastado pelo tempo, passa a se tornar novo, isto é, tendo sua vida útil
prolongada, finalizando, dessa maneira, o ciclo do “novo-velho-novo”. Esse novo processo
implica em uma série de operações, que tem sua origem na coleta, desmonte, tratamento e,
posteriormente, retornar ao processo de produção. Este conceito se baseia na gerência
ambiental, social econômica de recursos naturais, visando à gerência do ciclo de vida de
materiais. (BLUMENSCHEIN, 2007)
A indústria da construção civil ainda é um grande gerador de poluentes, mas por outro
lado, um reciclador de resíduos de outras indústrias e de sua própria atividade. Esse processo
tem como resultado prático a redução de custos e até mesmo novas oportunidades de
negócios.
A reciclagem se fundamenta em princípios de sustentabilidade, onde a redução de
materiais que antes tinham como destino final terrenos baldios, aterros e outros locais
inadequados, atualmente é reaproveitada, implicando na redução do uso de recursos naturais,
como fontes de energia e matéria prima, e manutenção da matéria prima no processo de
produção o maior tempo possível. Dessa maneira, a extração desnecessária de matérias-
primas primárias é reduzida drasticamente
Referindo-se a reutilização de resíduos e materiais, estes podem ser classificados tanto
na fase inicial da construção como em sua fase de demolição. Atualmente, o processo de
reutilização é bastante incentivado, isto porque a escassez de matéria-prima no planeta tem se
constituído em grande problema para a construção civil.
De acordo com John e Agopyan (2000, p. 23):
[...] a cadeia da construção civil é o setor que mais consome materiais naturais,
consumindo cerca de 15 a 50% do total dos recursos naturais extraídos, tendo,
portanto, um grande potencial reciclador. [...] Por exemplo, painéis de gesso
acantonado, introduzidos com grande aceitação na construção de divisórias no
mercado brasileiro, não podem ser reciclados em conjunto com os demais
componentes de CC, pois apresentam características e reações diferentes. No
entanto, a reciclagem do gesso em si, é bastante simples, e certamente está ao
alcance das grandes empresas multinacionais que dominam o mercado nacional.
Finalmente, se a reciclagem de materiais destinados à construção civil não alcançam
resultados desejados de sustentabilidade e se os procedimentos forem isolados para que
possam alcançar os objetivos desejados de proteção ambiental, a reciclagem deve fazer parte
35
de um programa bem mais amplo, no que concerne a legislação pertinente, um plano de
gestão e de gerenciamento de controle dos resíduos que envolvam critérios como recuperação
de áreas degradadas, destinação de áreas para diferentes tipos de resíduos oriundos da
construção civil, redução de áreas públicas destinadas à deposição de resíduos, além de uma
fiscalização rígida de controle que permita o envolvimento de todos agentes inseridos nesse
processo
O aproveitamento de materiais, elementos e componentes essenciais da construção as
tecnologias a serem utilizadas na obra. Procurando maior racionalização na fase inicial do
projeto, procura-se especificar produtos, materiais e equipamentos de maior durabilidade e de
maior número de utilizações que esses equipamentos possam oferecer, diminuindo
considerável a substituição e ou conserto, o que onera ainda mais os custos de produção e
construção da obra.
De acordo com Blumenschein (2007, p. 54):
Quando for imprescindível o processo de demolição, seja pelo fim da vida útil total
do edifício ou por motivos de forças maiores como, por exemplo, na ocorrência de
incêndio ou outro fenômeno, deve-se tentar proceder ao desmonte mantendo as
partes intactas e/ou separadas para futuras reutilizações, seja em novos edifícios, seja
em reciclagem. Observa-se que este objetivo será mais facilmente alcançado quanto
maior for a racionalização definida na fase de projeto (uso de elementos
padronizados e pré-fabricados).
A necessidade de se aproveitar os resíduos da construção civil, não é decorrente apenas da
vontade de economizar, trata-se de uma atitude fundamental para a preservação do nosso meio
ambiente. (JÚNIOR, 2005).
A cadeia produtiva da construção civil, também denominada de construbusiness, engloba
diversos setores que vão desde a extração da matéria prima, produção de materiais destinados à
construção de modo geral, sendo que o setor que mais se destaca na geração de emprego e renda é o da
construção civil, conforme dados contidos no Gráfico 1, onde no ano de 2009, a construção respondeu
por 61,0% de toda a cadeia produtiva no Brasil.
Este macrocomplexo da indústria da construção civil é a principal geradora de resíduos da
economia. Estima-se que o construbusiness seja responsável por cerca de 40% dos resíduos de toda a
economia. Ainda que os resíduos produzidos nas atividades de construção, manutenção e demolição
tenham estimativa de geração muito variável, admite-se que os valores típicos encontram-se entre 0,40
e 0,50 t/hab/ano, valor igual ou superior à massa de lixo urbano (JOHN, 2001).
36
4 HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO LOGÍSITCA
Esse capítulo trata dos conceitos e origens da Logística Reversa desde os tempos mais
remotos, quando o homem precisou criar condições de manter rotas de abastecimento e
transporte de mercadorias a longas distâncias e em tempo hábil. Posteriormente, essa
atividade tornou-se objeto de estudos acadêmicos, uma vez que ela faz parte do
gerenciamento da cadeia produtiva, armazenamento, controle de fluxo, transporte eficiente,
entre outras atividade, até o destino final: os centros de abastecimento.
4.1 Etimologia da Logística
A etimologia da palavra logística de acordo com Gomes e Ribeiro (2004) origina-se
do francês “loger”, que significa alocar. As operações logísticas tiveram início na Grécia
Antiga, por meio de atividades militares que tinham como objetivo abastecer as tropas com
alimentos, armazenamentos e medicações, na quantidade e no momento certo. A partir do
século XVIII, o estudo da logística passou a ser introduzido nas escolas americanas, sendo
que se primeiro tratado científico foi em 1917 com o livro Logística pura: A ciência da
preparação para a guerra.
De acordo com a definição do Council of Supply Chain Management Professional -
CSCMP, a logística é a parte do gerenciamento da cadeia e abastecimento, responsável pelo
planejamento, implementação e controle do fluxo bem como armazenamento eficiente e
econômico de matérias primas, materiais semi-acabados e materiais acabados, mas também
responsável por todas as informações relativas a estes, relacionando desde o ponto de origem
até o ponto de consumo, objetivando atender as exigências dos clientes (CARVALHO, 2012).
Complementando a ideia do autor anterior, Ballou (2006) afirma que contribuição
dada pela logística foi a tentativa de encontrar um denominador comum entre oferta e
demanda, provendo produtos e serviços, quando e onde os clientes solicitarem. Já segundo
Moura (2004) a logística tem o objetivo de atender as necessidades dos clientes, entregando
produtos na forma desejada, no tempo desejado, na quantidade solicitada, com um baixo custo
para o cliente e na condição desejada.
A logística passou por 5 etapas a partir do século XX até os dias atuais, e de acordo
com Gomes e Ribeiro (2004, p. 6), atende aos seguintes requisitos:
37
QUADRO 3: As cinco eras da Logística
Período Era Função
Início do século XX. Do campo ao mercado Destinada ao escoamento da
produção agrícola
De 1940 ao início da
década de 1960.
Funções segmentadas
Movimentação de Materiais
(armamentos e transporte de
bens).
Inicio da década de 1960
ao inicio da década de
1970.
Funções integradas
Integração das operações
logísticas: custo total,
transportes, distribuição,
armazenagem, estoque e
manuseio de materiais
De 1970 até metade dos
anos 80.
Foco no Cliente
Produtividade e custos de
estoques.
Incluída como matéria nos
cursos de Administração de
Empresas
Atualmente Logística como elemento
diferenciador.
Globalização, tecnologia da
informação, responsabilidade
social e ecologia. Fonte: Gomes e Ribeiro (2004)
A logística era caracterizada pela falta de uma filosofia dominante capaz de a
conduzir, onde neste período as empresas eram divididas sob responsabilidades de diferentes
áreas, sendo a produção responsável pelo transporte; estoques responsabilidades do marketing
finanças ou produção, ou seja, todas essas tarefas acabavam por ter conflitos de interesses e
responsabilidades caracterizada pela fala de integração logística entre os setores da empresa
(CHING, 1999).
De acordo com Leite (2009), o estudo da logística vem tornando-se uma das áreas
mais desafiadoras da administração moderna, buscando melhorar as práticas relacionadas a
integradas nas atividades de abastecimento, com o objetivo de atender as exigências dos
consumidores.
É imprescindível que as organizações busquem obter fornecedores, colaboradores e
distribuidores que se comprometam com os objetivos propostos, a fim de permitir a
integração e o sucesso do processo logístico. Diante dos dados contidos na Figura 3, Novaes
(2007, p. 36) reapresenta os elementos básicos da logística:
38
FIGURA 3: Elementos básicos da Logística
Fonte: Novaes (2007)
Logo, pode-se afirma que é essencial que os elementos básicos da logística sejam
seguidos, a fim de se ter uma satisfação mútua entre fabricante e consumidor, sendo isto
possível a partir desta sistematização como se pode observar na imagem acima.
Diante dos processos de globalização, da acirrada concorrência e do nascimento da
Internet, a logística mostrou-se mais que necessária, facilitando a aquisição de produtos por
pessoas sem que as mesmas precisem sair de casa. Atualmente, as empresas devem preparar-
se cada vez mais para a competição logística em nível mundial, devendo estar prontas para
realizar entregas ao outro lado do mundo em um pequeno espaço de tempo, mudando assim o
foco de empresas multinacionais (LARRANAGA, 2003).
4.2 Conceitos da Logística Reversa
Inicialmente a logística foi encarada como sendo uma atividade que permitia
armazenar e movimentar materiais. No entanto, tal conceito evoluiu e, atualmente a logística
não engloba somente a estocagem e o transporte de materiais, mas também é tida como uma
39
vantagem competitiva para as empresas, pois como afirma Gonçalves (2006) é muito difícil se
ter algum produto que chegue ao cliente sem que haja suporte logístico, caracterizando sua
importância a partir de fatores como pontualidade, tratativa do cliente, cuidado especial com
os materiais de modo a evitar scrap (refugo), dentre outros problemas que coloquem a
empresa em uma situação competitiva desfavorável.
Leite (2009) mostra que a recuperação de uma folha ou uma experiência negativa em
relação a um ponto ou serviço adquirido, revela que em 85% dos casos o cliente abandona a
empresa. Logo, pode-se perceber que a logística tem força imperativa na garantia e satisfação
do cliente e, portanto, na garantia de competitividade no mercado para a empresa (VAZ,
2012).
Diante disso, pode-se dizer que a logística reversa refere-se a todas as operações relacionadas
ao reuso de produtos e materiais, sendo seu gerenciamento relacionado aos cuidados pós-uso
de produtos e materiais. Algumas dessas atividades são, de certo modo, as que ocorrem no
caso de retorno interno de produtos com defeito de fabricação. A logística reversa, portanto,
relaciona-se a todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos,
usando parte dos mesmos, de modo a assegurar uma recuperação sustentável do ponto de vista
ambiental (REVLOG, 2009).
De acordo com Rogers e Tibben-Lembke (1998) a logística reversa é o procedimento
que se refere ao processo de planejamento, implementação e controle de forma eficiente e
eficaz do fluxo de matéria prima, estoques em processos, produtos acabados e informações
correspondentes, que partem desde o ponto de origem ao ponto de consumo, tendo a
finalidade de recapturar valor ou descartar de maneira adequada um produto, caso ele não
possa ser recuperado, podendo ser feito um ciclo de negócios, contribuindo para uma
diminuição de matéria prima.
Segundo Leite (2009, p. 17) o conceito de Logística Reversa é:
[...] a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as
informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-
consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de
distribuição reversos, agregando-lhes valores de diversas naturezas: econômico, de
prestação de serviços, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, dentre
outros.
A Lei 12.305/2010, que rege a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, estabelece
princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão e gerenciamento dos resíduos
sólidos, bem coo a responsabilidades de quem os gera, do poder público e dos consumidores,
40
assim como os instrumentos econômicos aplicáveis. Desta forma, esta lei define a logística
reversa como sendo um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado
por um conjunto de ações e procedimentos com o objetivo de viabilizar a coleta, bem como a
restituição de dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para que estes materiais possam ser
novamente utilizados em outros processos produtivos (BRASIL, 2010).
Diante de tais afirmações, pode-se dizer que a economia com a utilização de
embalagens retornáveis ou os que são reaproveitados para a produção de outros materiais tem
trazidos significativos, estimulando a utilização da logística reversa, que acaba revelando-se
como uma boa oportunidade de desenvolver a sistematização de fluxos de resíduos, bens e
produtos descartáveis, sendo isso pela sua vida útil, por obsolescência tecnológica ou por
qualquer outro motivo (SILVA, 2007).
De acordo com Leite (2009), a logística reversa é subdividida em dois sistemas
reversos, sendo eles os canais de distribuição reversos de pós-venda e os canais de
distribuição de pós-consumo, definindo-os como sendo o fluxo reverso de uma parcela de
produto e de materiais constituintes originados de descarte, em que, depois de finalizada sua
utilidade original retorna ao ciclo produtivo de alguma maneira, onde as diferentes formas e
possibilidades de retorno de uma parcela de produto com pouco ou nenhum uso, fluem no
sentido inverso, do consumidor ao varejista ou ao fabricante, do varejista ao fabricante.
De modo geral a logística reversa promove o retorno dos materiais ao ciclo produtivo e agrega
valor ao produto.
Pode-se observar assim que através da imagem que a logística reversa de pós-consumo
compreende o fluxo reverso de matérias, que até então, não oferecem nenhuma utilidade, mas
como pode observar, após o objeto ser descartado pelo consumidor ele retorna ao processo
produtivo, podendo assim ser reaproveitado. Analisando tal ponto de vista, pode-se dizer que
o produto passa a ser tratado como lixo, não mais como produto, diferentemente de quando
foi concebido (VAZ, 2012).
Segundo Leite (2009), os canais de distribuição reversos de pós-venda, são
constituídos pelo fluxo reverso de uma parcela de produtos obtidos a partir do descarte, onde,
de alguma maneira retornem ao ciclo produtivo. Tendo em vista que tais operações geram
custos para as empresas, a logística reversa tende a ser cada vez mais estudada e aperfeiçoada
pelas empresas, visto que, um sistema eficiente pode vir transformar um processo de retorno
altamente custoso e complexo em um vantagem competitiva organizacional.
Na figura 4, Leite (2009, p. 7) apresenta o caminho da logística reversa a partir de uma
visão ampla acerca de seu conceito:
41
FIGURA 4: Fluxo de canais reversos
Fonte: Leite (2009)
A grande competitividade no mercado e a busca constante em aumentar a velocidade
dos métodos de produção e com isso ter um aumento da quantidade de produtos no mercado
em si tem caracterizado o modelo empresarial atual. Empresas em todo mundo despertaram
para a importância do equilíbrio ecológico e o choque que seus produtos podem causar a
natureza, pois uma grande parcela dos produtos dispostos no mercado não é totalmente
consumida (TABOADA e CAVALLAZI, 2010) diante dessa afirmação Silva (2007) ainda
afirma que o sistema logístico reverso baseia-se em uma ferramenta organizacional que
objetiva viabilizar técnica e economicamente as cadeias reversas, contribuindo para a
promoção da sustentabilidade de uma cadeia produtiva.
Segundo Baptista Junior e Romanel (2013) o processo linear existente na construção
civil gera muitos resíduos e desperdícios, bem como impactos ambientais como mostrado na
imagem abaixo:
42
FIGURA 5: Processo Industrial Linear
Fonte: Baptista Junior e Romanel (2013)
Logo, segundo os autores acima mencionados, este método precisa ser substituído por
uma logística circular, com objetivos sustentáveis, onde os resíduos gerados, separados por
classes podem ser novamente encaminhados à cadeia produtiva, bem como serem descartados
de uma melhor forma, produzindo benefícios sociais, econômicos e ambientais, como pode
observado a seguir.
FIGURA 6: Logística Circular
Fonte: Baptista Junior e Romanel (2013)
43
Desta forma, a logística reversa pode ser entendida como um processo complementar a
logística tradicional, fazendo seu processo reverso, fazendo a reutilização de produtos que
teoricamente não teriam mais utilidade, podendo esses produto ser utilizados com uma
finalidade diferente da sua inicial (SILVA, 2007).
4.3 Canais de Distribuição Reversa de bens de Pós-Consumo – CDR-PC
De acordo com Guarnieri (et al., 2005), a logística reversa de pós-consumo
caracteriza-se pelo planejamento, controle e disposição final dos bens de consumo, sendo
estes os bens que estão no final de sua vida útil devido seu uso, podendo essa ser prorrogada
se for vista outra utilidade para estes bens, mantendo seu uso por um determinado tempo.
Os resíduos industriais podem ser derivados de bens duráveis ou descartáveis estando
em canais de reuso, reciclagem, desmanche e destinação final. Tais canais são capazes de
agregar valor econômico, ecológico, legal, logístico e de imagem corporativa para as
empresas, no entanto, as sociedades se defenderão de meios e de legislações (LEITE, 2003).
Os motivos do retorno e a destinação dos CDR-PC podem ser vistos abaixo:
QUADRO 4: Análise da destinação de resíduos de CDR-PC
Motivo do Retorno Canal Reverso
Fim de utilidade para o primeiro
consumidor
Venda ao mercado secundário
Remanufatura
Fim da vida útil Resíduos ao final de
processos produtivos
Desmanche
Reciclagem
Incineração
Aterro sanitário
Fonte: Guarnieri (2011)
De acordo com Leite (2003, p. 12) os CDR-PC, apresentam as seguintes divisões:
Bens descartáveis: a duração de sua vida útil é de semanas (muito difícil ser
superior a seis meses). Consistem em produtos como embalagens, materiais de
escritório, suprimentos para computadores, pilhas, fraldas, jornais e revistas, entre
outros.
Bens duráveis: sua vida útil varia de alguns anos a algumas décadas. São produtos
como automóveis, eletrodomésticos, eletrônicos, máquinas e equipamentos
industriais, aviões, edifícios e construções civis, entre outros.
44
Bens semiduráveis: sua vida útil é de alguns meses e raramente superior a dois
anos. Consistem em produtos como baterias de automóveis de celulares e de
computadores e óleos lubrificantes, entre outros.
Tais canais são possíveis por causa de exigências legais, revalorização econômica,
interesses ecológicos e ambientais e hábitos de consumo das indústrias e da sociedade
(PEREIRA et al., 2012). No entanto, são necessárias algumas adaptações, como no caso da
CC, em que a produção de produtos duráveis é entendida como a construção dos imóveis e o
desmanche, como demolição (LEITE, 2003).
A quantidade de bens descartados pela sociedade vem aumentando nas grandes
metrópoles e nas últimas décadas, acabando por esgotar as capacidades dos sistemas de
disposição final tradicionais dos bens de pós-consumo, os aterros de diversas classificações e
a incineração, obrigando a um novo equacionamento para estes materiais, aumentando os
custos ecológicos a serem pagos pela sociedade (CALDERONI, 2003).
FIGURA 7: Canais de Distribuição Reversos – Ciclo de Vida Ampliado
Fonte: Leite (2000)
Os CDR-PC podem também ser classificados como sendo ciclo aberto e ciclo fechado.
Os canais de ciclo aberto ligam-se às etapas de retorno em diferentes materiais de pós-
consumo, tendo o objetivo de substituir matérias-primas novas na produção de diferentes
45
tipos de produtos como, por exemplo, ferro e aço, além de materiais como areia, pedrisco,
brita, bica corrida e rachão no caso da Construção Civil. Os canais de ciclo fechado estão
relacionam-se às etapas de retorno de produtos oriundos de uma extração seletiva de
materiais, tendo objetivo de utilizá-los na fabricação de produtos similares ao de origem,
como, por exemplo, latas de alumínio. Em cadeias produtivas como a de madeiras, há
interfaces com outras cadeias, passando pela de policloreto de vinila (PVC) até a de cimento
(MARCONDES e CARDOSO, 2005).
A formação dos CDR-PC da Construção Civil pode ser vista na Figura 8 abaixo:
FIGURA 8: CDR-PC na construção civil
Fonte: Luchezze e Terence (2013)
Segundo Leite (2003), disposição final segura é o desembaraço dos bens usando-se um
meio controlado que não danifique, de alguma maneira, o meio ambiente e que não atinja,
direta ou indiretamente, a sociedade. Já a disposição não segura é o desembaraço dos bens de
maneira não controlada, tal como em locais impróprios (terrenos baldios, riachos, rios, mares,
lixões, etc.), em quantidades indevidas.
46
Segundo Guarnieri (et al., 2005), um dos aspectos que geram vantagem para a
empresa que adota o processo de logística reversa é a diferenciação por serviço, uma vez que
atualmente, os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que possuem
políticas mais liberais de retorno de produtos. Esta é uma vantagem percebida onde os
fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela existência de produtos danificados
envolvendo uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos
retornados. Esta é uma tendência que se reforça pela existência de legislação de defesa dos
consumidores, garantindo-lhes o direito de devolução ou troca.
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intensa industrialização, o crescimento populacional, e diversificação do consumo
de bens e serviços e a menor durabilidade dos produtos acaba contribuindo para o aumento da
geração de resíduos sólidos, constituindo um grave problema ambiental.
No Brasil a preocupação com o meio ambiente é crescente. Por isso, as indústrias da
Construção Civil estão começando a se preocupar com o assunto. A Lei nº 12.305 que trata da
Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS é mais um exemplo que prova que os órgãos
governamentais estão procurando fazer a sua parte nesse processo de desenvolvimento
sustentável, com isso eles tem buscado responsabilizar o gerador, com o poder público
oferecendo instrumentos econômicos aplicáveis à destinação desses resíduos. Dessa forma os
consumidores são também responsáveis pela separação dos resíduos sólidos, mas para que
isso seja possível, são necessários um sistema de LR estruturado e um de coleta seletiva,
suficientemente capazes de realizar suas funções nesse processo. Aqui, é necessário tanto o
gerador de resíduo da Construção Civil quanto o consumidor serem responsabilizados pelos
seus atos, cobrados e fiscalizados.
As indústrias responsáveis pela construção civil no Brasil são responsáveis por grande
parcela do desenvolvimento socioeconômico do país, mas com isso é também responsável por
grandes impactos ambientais, tanto no consumo de recursos naturais não renováveis, quanto
na grande geração de resíduos de construção.
O ambiente empresarial vem sofrendo inúmeras mudanças, principalmente, após a
crescente globalização dos mercados. As empresas passaram a aumentar sua responsabilidade
perante o mercado consumidor e com a plena satisfação dos clientes além de se depararem
com a concorrência mundial. Uma visão mais abrangente do processo de gerenciamento
logístico, que não termina com a simples entrega do produto ao cliente final, mas também se
preocupa com o fluxo reverso desse bem, considerando que as organizações hoje atuam em
um mercado global, as exigências de fornecedores e clientes quanto às questões ambientais se
multiplicam, tornando um fator determinante nas negociações.
Pode-se verificar que as atividades desempenhadas pela logística reversa contribuem
para o gerenciamento dos resíduos sólidos e, consequentemente, para a sustentabilidade,
quando se objetiva o equilíbrio do meio ambiente e a redução de recursos naturais,
interferindo positivamente na qualidade de vida da sociedade presente e futura.
A logística reversa na construção civil vem a ser então uma oportunidade de desenvolver uma
sistematização de fluxos de resíduos e o seu reaproveitamento, dentro ou fora da cadeia
48
produtiva que o originou, podendo assim, contribuir para a redução do uso de recursos
naturais e dos demais impactos ambientais.
Os benefícios que a Logística Reversa traz são enormes, tanto nos aspectos:
econômicos, sociais, ambientais e estéticos. Vantagens econômicas estão relacionadas ao fato
da drástica diminuição de gastos com processamento de resíduos, relacionando-se tanto a
gastos quanto à energia elétrica, movimentação de materiais e espaço, uma vez que a vida útil
do aterro sanitário tende a aumentar gradativamente.
Os resíduos de construção civil são os que mais necessitam da utilização da logística
reversa. Se a construção civil souber implantar a prática de logística reversa, poderá obter
ganhos econômicos, principalmente com o reuso de matérias-primas, logo a construção civil
se depara diante de oportunidades e desafios para incentivar a adoção das práticas sustentáveis
no setor.
49
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