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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA UNISANTA CURSO: ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE FINANÇAS DOCENTE: PROF. MS. JOSÉ ANTONIO EVANGELISTA 1. A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E SUAS RELAÇÕES 1.1 VISÃO GERAL DE FINANÇAS A administração financeira evidencia suas principais características logo após a grande depressão de 1929, que culminou com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Na década de 1930, a ênfase dos trabalhos se colocava na falência e reorganização empresarial, bem como na busca da liquidez empresarial e regulação dos mercados de títulos. Na década que se iniciou em 1940 até o início da década de 1950, as finanças continuaram a ser ensinadas como uma disciplina descritiva e institucional, examinada mais do ponto de vista externo às organizações do que de alguém de dentro relacionado à administração de empresas. No entanto, na década que se iniciou em 1960, caracteriza-se um movimento rumo à análise teórica. Por meio desta nova abordagem, o objetivo da administração financeira passou a estar no enfoque das decisões administrativas pertinentes à escolha de ativos e passivos para a busca da maximização do valor da empresa. 1.2 PERSPECTIVA GERENCIAL Após a discussão das tendências históricas que nortearam a administração financeira, podemos verificar outras dimensões de grande importância. Antigamente, o gerente de marketing faria a projeção das vendas, e os funcionários de engenharia e de produção iriam determinar os ativos necessários (recursos materiais, equipamentos e instalações) para atender a essas demandas; desta forma, a tarefa do administrador financeiro seria apenas levantar os fundos necessários para comprar materiais, equipamentos e estoques. Essa situação não existe mais, as decisões agora são tomadas de

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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – UNISANTA

CURSO: ADMINISTRAÇÃO

DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE FINANÇAS

DOCENTE: PROF. MS. JOSÉ ANTONIO EVANGELISTA

1. A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E SUAS RELAÇÕES

1.1 VISÃO GERAL DE FINANÇAS

A administração financeira evidencia suas principais características logo após a

grande depressão de 1929, que culminou com a quebra da Bolsa de Valores

de Nova York. Na década de 1930, a ênfase dos trabalhos se colocava na

falência e reorganização empresarial, bem como na busca da liquidez

empresarial e regulação dos mercados de títulos.

Na década que se iniciou em 1940 até o início da década de 1950, as finanças

continuaram a ser ensinadas como uma disciplina descritiva e institucional,

examinada mais do ponto de vista externo às organizações do que de alguém

de dentro relacionado à administração de empresas.

No entanto, na década que se iniciou em 1960, caracteriza-se um movimento

rumo à análise teórica. Por meio desta nova abordagem, o objetivo da

administração financeira passou a estar no enfoque das decisões

administrativas pertinentes à escolha de ativos e passivos para a busca da

maximização do valor da empresa.

1.2 PERSPECTIVA GERENCIAL

Após a discussão das tendências históricas que nortearam a administração

financeira, podemos verificar outras dimensões de grande importância.

Antigamente, o gerente de marketing faria a projeção das vendas, e os

funcionários de engenharia e de produção iriam determinar os ativos

necessários (recursos materiais, equipamentos e instalações) para atender a

essas demandas; desta forma, a tarefa do administrador financeiro seria

apenas levantar os fundos necessários para comprar materiais, equipamentos

e estoques. Essa situação não existe mais, as decisões agora são tomadas de

modo muito mais coordenado e o gerente tem responsabilidade direta pelo

processo de controle.

1.3 INFLUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO

Desde 1995 o mundo tem emitido sinais de grandes turbulências de ordem

econômica, provocando crises sucessivas em países emergentes, iniciando-se

pelo México, Coréia, Rússia, Indonésia, agredindo até mesmo a economia

brasileira durante o ano de 1998, 1999, e culminando na Argentina no final de

2000.

Paralelamente a tudo isso, as Bolsas de Valores do mundo pareceram

enlouquecer.

Ao longo dos anos de 1999 e 2000, o mundo passou por uma série de choques

econômicos, promovendo reflexos nas economias da maioria dos países do

mundo, e desta forma, promovendo mudanças também nos ambientes

organizacionais.

As empresas precisam reconhecer a necessidade de “se tornarem globais”.

Porém, como demonstra a atual e aparentemente constante turbulência

econômica, as empresas devem buscar a competitividade e a atratividade em

seus negócios, num ambiente em constantes mudanças e repleto de riscos e

incertezas. A compreensão destes ambientes, o entendimento destas

mudanças e o tratamento dos riscos e incertezas, se torna necessário e

imprescindível para lidarmos, com cada vez mais competência, para a busca

do sucesso e prosperidade dos empreendimentos.

É, portanto, necessário compreender o fenômeno da Globalização. Este

fenômeno promove mudanças profundas, e em grande velocidade em algumas

áreas importantes, mudanças de amplas conseqüências promovendo não só

nos ambientes social e econômico, como também nas estratégias, nas

finanças, na estrutura e na gerência das empresas.

A globalização representa uma ruptura com o passado, uma mudança radical,

onde uma série de eventos e negócios deparam-se rapidamente com a

necessidade de se tornarem mundialmente aceitos. As novas tecnologias de

informação e comunicação, a desregulamentação, a privatização, o colapso do

comunismo, a redução dos custos com transportes, as parcerias, os novos

modelos de produção e o fim das fronteiras nacionais entre os países são

alguns exemplos recentes que tem forçado, num curtíssimo espaço de tempo,

as empresas a um novo olhar em direção a um novo e mutável ambiente

global.

O termo Globalização surge no início da década de 1980 nas escolas de

administração nos Estados Unidos. Tal aparecimento tem uma ligação estreita

com o final da guerra fria e possui um caráter explicativo que possui duas

variantes:

a) uma questão de modismo intelectual do Ocidente impulsionado pelo êxito

nas relações comerciais entre tríade do capitalismo (Estados Unidos, Japão e

Europa Ocidental);

b) uma questão antiga, porém que trata da necessidade de empreender um

esforço de grandes proporções na busca da compreensão das múltiplas

transformações estruturais em curso no mundo atual.

Na área financeira a globalização produz efeitos de ordem econômica e de

capital, que obrigam as organizações a estarem atentas aos seguintes

movimentos:

1. A inflação que produz os mais variados efeitos sobre a estrutura das

empresas, obrigando-as a tomar decisões cada vez mais ágeis e eficientes;

2. A desregulamentação das instituições privadas e empresas públicas dos

mais diversos ramos de atividade, como siderurgia, comunicações, transportes,

energia, e a conseqüente tendência para alianças financeiras e empresariais e

a diversificação para serviços;

3. A ampla difusão das informações por meio das redes mundiais de

comunicação, propiciando a cada dia velocidades maiores para integração

mundial dos elementos que compõem a organização mundial;

4. Grande ênfase nos mercados globais e nas operações empresariais

mundiais, denotando fortes tendências na perpetuação dos negócios globais e

no uso cada vez mais freqüente, suportados pelos recursos da Tecnologia da

Informação do computador;

5. Aumento na eficiência dos transportes, favorecido pela queda das barreiras

alfandegárias dos blocos econômicos, que reduziram os custos e tornaram o

comércio internacional cada vez mais viável;

6. O poder dos consumidores que desejam produtos de baixo custo e alta

qualidade, mais apurados tecnologicamente, e que tem influenciado na

redução das barreiras comerciais, bem como na proteção dos fabricantes

domésticos;

7. O avanço da tecnologia promove aumento nos custos das empresas. Porém,

como benefício, procura-se estabelecer prazos cada vez menores para o

desenvolvimento e adequação de novos produtos e serviços, em resposta a

exigência mercadológica, propensão à substituição, e promovendo maior

rotatividade nas atividades;

8. Aumento das atividades das organizações transnacionais, capazes de

transferir sua produção para onde os custos sejam mais baixos ou para onde

suas operações financeiras e benefícios sejam maiores, promovendo assim a

busca incessante da competitividade sustentável;

9. O aumento da preocupação com o meio ambiente e com o desenvolvimento

sustentável que levam as empresas a um novo enfoque sobre os custos e

decisões de seus investimentos;

10. A tendência à terceirização, especialização e diversificação, tem promovido

cada vez mais o surgimento de novos modelos de gestão e organização que

necessitam de trabalhadores cada vez mais instruídos, fazendo com que novas

oportunidades de trabalho se estabeleçam.

1.4 ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

Tais funcionários trabalham em tarefas relacionadas, como planejamento de

crédito, concessão de empréstimos, avaliação de investimentos, meios e

obtenção de recursos, na busca da operacionalização e viabilidade das

empresas.

Neste ambiente de mudanças, de aumento da complexidade das tarefas é que

o administrador financeiro atua. O administrador financeiro é o indivíduo ou

grupo de indivíduos preocupados com a obtenção de recursos

monetários para que a empresa desenvolva suas atividades correntes e

expanda a sua escala de operações. Tem a incumbência de analisar, como

os recursos obtidos são utilizados pelos diversos setores nas várias áreas de

atuação da empresa, sendo sua principal responsabilidade, a de assegurar que

a empresa exista e sobreviva sob tal prisma sistêmico, repletos de riscos e

incertezas.

Suas principais atribuições são:

1. Previsão e Planejamento: O gerente financeiro deve interagir com

outros executivos de outras áreas, ao analisar e executar planos que

irão delinear a posição competitiva futura da empresa;

2. Decisões importantes de investimento e financiamento: Uma

empresa bem sucedida, usualmente tem crescimento rápido, o que

requer investimentos em recursos produtivos. O administrador financeiro

deve auxiliar na decisão de investimentos, determinando uma taxa ótima

de crescimento das vendas, na aquisição de ativos específicos e na

maneira de melhor financiar tais ativos;

3. Coordenação e Controle: O gerente financeiro deve interagir com os

demais executivos a fim de garantir que as decisões da empresa sejam

tomadas de forma mais eficiente possível, pois sendo um sistema, cada

ação afeta ou é afetada por fatores, como disponibilidade de recursos,

política de estoques, utilização da capacidade, fundos e caixa;

4. Transação com mercados financeiros: O gerente financeiro deve

trabalhar com os mercados monetários e de capital. Cada empresa afeta

e é afetada por tais mercados, na busca da administração dos recursos

existentes, sejam eles títulos, dinheiro ou estoques;

5. Análise de registros e informações contábeis: Concretizando a

contabilidade como uma importante fonte de informações de dados

internos, propiciando ao administrador financeiro saber como foi o

passado, para poder orienta-lo em decisões futuras em suas projeções;

6. Projeção dos movimentos de fundos: O objetivo nesta atividade é

aferir o grau de liquidez da empresa e verificar se ela terá condições de

manter-se em funcionamento, cobrindo os seus compromissos de

pagamentos, e fornecendo recursos para sustentar o nível previsto de

operações;

7. Aplicação de fundos excedentes: Deverá ser executada com o maior

rendimento possível e com grande velocidade de resgate, suficiente

para recuperar a aplicação, caso surja necessidade, dependendo

portanto da situação anterior sobre liquidez;

8. Fornecimento de informações à alta administração (principal

atividade): Estas informações ajudam a tomada de decisões de compra,

preço, comercialização de produtos, que não são tomadas pelo

administrador financeiro, mas possuem aspectos amplos e importantes

para exigir coordenação de diversas áreas funcionais como produção,

marketing, pessoal.

1.5 FUNÇÃO FINANCEIRA NA EMPRESA

Uma das possíveis maneiras de se caracterizar a função financeira de uma

empresa, é categorizar as áreas que exigem tomada de decisão pelos

executivos responsáveis. Estas áreas podem ser separadas da seguinte

maneira:

a) Área de decisão em relação: Investimentos, Financiamentos, Utilização do

lucro líquido;

b) Área de decisão em relação: Obtenção dos recursos financeiros, Análise da

utilização destes recursos.

-Investimentos: É um conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura

ideal em termos de ativos, para que os objetivos da empresa como um todo

seja atingido, onde o enfoque básico desta decisão é a obtenção do maior

resultado possível, dado o risco que os proprietários da empresa estão

dispostos a correr.

-Financiamento: Dada a composição dos investimentos, devemos definir e

alcançar uma estrutura ideal em termos de fontes de recursos, para tanto,

necessita-se conhecer os custos, e todas as condições de cada fonte de

recursos disponíveis como: prazos, datas de pagamentos, garantias exigidas,

taxas, preços.

-Utilização do Lucro Líquido: É a política de dividendos, que se preocupa

com o destino dado aos recursos financeiros que a própria empresa gera em

sua atividade operacional.

Dentro do aspecto da função financeira, cabe destacar as principais atribuições

do responsável por esse segmento, a saber:

1. Previsão e Planejamento: O gerente financeiro deve interagir com

outros executivos de outras áreas, ao analisar e executar planos que irão

delinear a posição competitiva futura da empresa;

2. Decisões importantes de investimento e financiamento: Uma

empresa bem sucedida, usualmente tem crescimento rápido, o que requer

investimentos em recursos produtivos. O administrador financeiro deve auxiliar

na decisão de investimentos, determinando uma taxa ótima de crescimento das

vendas, na aquisição de ativos específicos e na maneira de melhor financiar

tais ativos;

3. Coordenação e Controle: O gerente financeiro deve interagir com os

demais executivos a fim de garantir que as decisões da empresa sejam

tomadas de forma mais eficiente possível, pois sendo um sistema, cada ação

afeta ou é afetada por fatores, como disponibilidade de recursos, política de

estoques, utilização da capacidade, fundos e caixa;

4. Transação com mercados financeiros: O gerente financeiro deve

trabalhar com os mercados monetários e de capital. Cada empresa afeta e é

afetada por tais mercados, na busca da administração dos recursos existentes,

sejam eles títulos, dinheiro ou estoques;

5. Análise de registros e informações contábeis: Concretizando a

contabilidade como uma importante fonte de informações de dados internos,

propiciando ao administrador financeiro saber como foi o passado, para poder

orientá-lo em decisões futuras em suas projeções;

6. Projeção dos movimentos de fundos: O objetivo nesta atividade é

aferir o grau de liquidez da empresa e verificar se ela terá condições de

manter-se em funcionamento, cobrindo os seus compromissos de pagamentos,

e fornecendo recursos para sustentar o nível previsto de operações;

7. Aplicação de fundos excedentes: Deverá ser executada com o maior

rendimento possível, e com grande velocidade de resgate, suficiente para

recuperar a aplicação, caso surja necessidade, dependendo portanto da

situação anterior sobre liquidez;

8. Fornecimento de informações à alta administração (principal

atividade): Estas informações ajudam a tomada de decisões de compra,

preço, comercialização de produtos, que não são tomadas pelo administrador

financeiro, mas possuem aspectos amplos e importantes para exigir

coordenação de diversas áreas funcionais como produção, marketing, pessoal.

2. ABORDAGEM DA ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES

Para realizar uma análise deve-se observar as seguintes etapas:

- Exame das demonstrações financeiras, objetos da análise;

- Coleta de dados;

- Cálculo dos quocientes, índices ou coeficientes (mediante a aplicação de

fórmulas já conhecidas;

- Interpretação dos quocientes, índices ou coeficientes;

- Elaboração e apresentação de informações através de relatórios.

Para uma boa análise:

Deve-se conhecer bem, a empresa objeto de análise, sua história, seus

métodos de trabalho, seus objetivos e metas. Conhecer os concorrentes, a

política econômica do País, o mercado interno ou externo onde atua a

empresa. Obter o máximo de informações a respeito da gestão.

Objetivo: Para avaliar o presente, em função do passado e projetar

tendências futuras.

As demonstrações contábeis ou financeiras são fundamentais, em função da

Lei 6.404/76, que determina as normas e procedimentos a serem praticados

pelas Sociedades Anônimas ou por Ações.

Cabe salientar que deve-se obedecer uma ordem para aprendizagem, ou seja,

iniciando-se pela Contabilidade Básica ou Geral, passando-se,

respectivamente, para a Contabilidade Comercial e Análise de Balanços, para

em paralelo a ambas obter conhecimentos de Contabilidade de Custos,

Contabilidade Pública, Contabilidade Bancária, no sentido de mensurar os

quocientes, índices e/ou coeficientes, adequados à obtenção do diagnóstico da

entidade.

A análise contábil ou análise das demonstrações financeiras tem como objetivo

o estudo do desempenho econômico-financeiro das empresas, procurando

identificar os fatores determinantes da situação atual, e orientar quanto ao

comportamento administrativo futuro. De forma sucinta, podemos dizer que a

finalidade da análise contábil é transformar em informações os dados contidos

nas demonstrações financeiras.

Quanto aos elementos necessários a análise contábil é efetuada com base nos

dados extraídos das demonstrações financeiras. Embora as empresas possam

elaborar suas demonstrações financeiras a qualquer momento, existe a

obrigatoriedade legal para que estas demonstrações sejam elaboradas por

ocasião do encerramento do exercício social e do período base de incidência

do Imposto de Renda.

O exercício social é o período anual de apuração de resultados, podendo

terminar em qualquer dia do ano calendário. Já o período base de incidência do

Imposto de Renda, coincide com o ano calendário, ou seja, é o período de 12

meses consecutivos contados de 1º de janeiro a 31 de dezembro.

Sendo o exercício social coincidente com o ano calendário, as demonstrações

financeiras elaboradas em 31 de dezembro, atende as exigências da

Legislação Comercial quanto ao encerramento do exercício social e a

Legislação Tributária em relação ao encerramento do período base de

incidência do Imposto de Renda. Se a data de encerramento do exercício

social for diferente de 31 de dezembro, a empresa terá que elaborar dois

conjuntos de demonstrações financeiras: 01 (um) na data do encerramento do

exercício social e 01 (um) em 31.12, data de encerramento do período base.

Cabe observar que nos casos de início e encerramento de atividades, tanto o

exercício social, como o período base, poderão compreender um período

menor do que 12 meses.

2.1 PROCESSOS DE ANÁLISE

O estudo da situação patrimonial deve ser conduzido para os aspectos

fundamentais: o aspecto econômico e o aspecto financeiro. Daí porque a

análise contábil também ser conhecida como análise econômico-financeira.

A análise econômica estuda a rentabilidade do Patrimônio em todos os seus

aspectos, enquanto que a análise financeira conduz ao estudo da liquidez

financeira do Patrimônio.

Convém ressaltar que estas duas análises se complementam, e, para que as

conclusões sejam satisfatórias, estes dois aspectos devem ser analisados em

conjunto.

O estudo dos aspectos econômico e financeiro do Patrimônio compreende o

detalhamento dos componentes patrimoniais e do resultado em suas

expressões mais simples, de forma a permitir a comparação destes elementos

entre si, num mesmo período, ou acompanhar a sua evolução através do

tempo com os dados relativos a vários períodos.

Com esta finalidade, existem diversos processos de análise, dentre os quais

destacam-se os seguintes:

a) Análise vertical ou de estrutura;

b) Análise horizontal ou de evolução;

c) Análise por diferenças;

d) Análise por quocientes.

2.2 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

Análise Vertical ou de Estrutura: A análise vertical é desenvolvida através de

comparações relativas entre os valores dos elementos contábeis constantes de

uma mesma demonstração financeira.

Esta análise permite que se conheçam as alterações ocorridas na estrutura do

Patrimônio, e do resultado da empresa ao longo do tempo, complementando as

conclusões obtidas através da análise horizontal.

A análise vertical, por trabalhar com valores relativos, considerando os

percentuais de participação existentes entre os diversos elementos de uma

mesma demonstração, produz as mesmas informações, conclusões e

interpretações, quer se trabalhe em bases nominais (sem inflação), ou em

bases reais (com inflação).

Em outras palavras podemos afirmar que a Análise Vertical não sofre a

influência dos efeitos da inflação, porque utiliza dados contábeis expressos em

moeda de uma mesma data.

Análise Horizontal ou de Evolução: A análise horizontal mostra a evolução

de uma série de valores ao longo do tempo, fixando um determinado período

como base, ao qual se atribui o índice 100. Para se obter o índice relativo aos

outros exercícios dividem-se os valores correspondentes pelos valores dos

itens adotados como base e multiplicam-se por 100.

Com os índices obtidos desta forma para cada exercício, em relação ao

período adotado como base, obtém-se a medida da evolução de cada item ao

longo do tempo.

Por comparar valores constantes das demonstrações financeiras em datas

diferentes, a análise financeira sofre acentuada influência do efeito da inflação.

De modo que ao se trabalhar com valores históricos, devem-se inflacionar ou

deflacionar os diversos valores com a finalidade de que estes valores fiquem

expressos em moeda de uma mesma data, minimizando assim o efeito

inflacionário.

EXERCÍCIO

De acordo com as contas e respectivos saldos, abaixo demonstrados, elabore

o Balanço Patrimonial, obedecendo a padronização vigente. Em seguida,

desenvolva as análises vertical e horizontal, fazendo uma breve análise

comentada sobre a situação da empresa.

CONTAS 31.12.X0 31.12.X1

Produtos Acabados 6.510 22.660

Empréstimos Bancários a C.P. 4.590 16.120

Obras de Arte 820 1.830

Financiamentos a L.P. 8.730 38.830

INSS a Recolher 3.710 5.280

Bancos conta Movimento 1.680 1.360

Duplicatas Descontadas 20.200 40.450

Dividendos a Pagar 3.780 2.070

Empréstimos Bancários a L.P. 13.110 81.410

Mercadorias 16.940 58.120

Fornecedores 49.220 65.630

Produtos em Elaboração 20.070 18.180

Edifícios 15.960 25.440

Capital Social Subscrito 52.330 93.320

Caixa 720 1.340

Veículos 10.580 20.300

Provisão para Devedores Duvidosos 2.260 2.950

FGTS a Recolher 1.260 1.650

Participações Societárias 4.200 8.240

Instalações - 40.400

Matérias-Primas 8.670 7.790

Contas a Pagar 1.940 4.350

Duplicatas a Receber 74.910 118.230

Impostos a Recolher 8.460 8.860

Aplicações Financeiras 8.970 8.310

Depreciação Acumulada 11.140 18.670

Capital a Integralizar 6.680 6.000

Despesas Pré-Operacionais - 4.200 Reserva de Correção Monetária de Capital 16.990 34.290

Terrenos 10.640 16.960

Reserva Legal 780 1.030

Móveis e Utensílios 3.420 6.220

Lucros Acumulados 10.990 21.870

Máquinas e Equipamentos 18.720 71.200

ELABORAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A Lei 6.404/1976 (em consonância com a Lei 11.638/2007 e Medida Provisória

449/2008, convertida na Lei 11.941/2009) determina em seu artigo 176 que, ao

final de cada exercício social, a Diretoria elabore, com base na escrituração

mercantil da empresa, demonstrações financeiras que deverão exprimir com

clareza a situação do patrimônio e as mutações ocorridas no exercício, que são

as seguintes:

Balanço Patrimonial (BP);

Demonstração do Resultado do Exercício (D.R.E.);

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA);

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);

Demonstração do Valor Adicionado (DVA).

No artigo 186, a citada lei dispensa as empresas da obrigatoriedade de

elaborar a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, desde que

elaborem a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Cabe destacar

que a Demonstração do Valor Adicionado só é obrigatória para as sociedades

anônimas de capital aberto, e que a companhia fechada com Patrimônio

Líquido, na data do Balanço, inferior a $ 2.000.000 (dois milhões de reais), está

dispensada da elaboração da demonstração dos fluxos de caixa.

BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial tem como finalidade mostrar o Patrimônio da empresa

na data do encerramento do exercício, e está dividido em dois grandes tópicos:

ATIVO e PASSIVO.

A partir dos tópicos mencionados, cabe destacar a estrutura do Balanço

Patrimonial que servirá como referencial, uma vez que a nomenclatura das

contas pode variar de empresa para empresa.

BALANÇO PATRIMONIAL

A T I V O P A S S I V O

CIRCULANTE CIRCULANTE

- Disponibilidades Fornecedores

Caixa Salários a Pagar

Depósitos Bancários a Vista Obrigações Sociais a Recolher

Bancos conta Movimento Obrigações Fiscais a Recolher

Aplicações Financeiras a C.P. Contas a Pagar

- Créditos ( Direitos Realizáveis ) Provisão para Imposto de Renda

Clientes Adiantamentos de Clientes

Duplicatas a Receber Empréstimos Bancários

( - ) Duplicatas Descontadas NÃO CIRCULANTE

( - ) Provisão para Devedores Duvidosos Fornecedores

Contas a Receber Promissórias a Pagar

Títulos a Receber Financiamentos Bancários

Promissórias a Receber Empréstimos de Empresas Coligadas

Adiantamentos a Fornecedores Receitas Diferidas

- Estoques Aluguéis Ativos a Vencer

(-) Custos / Despesas ou Encargos

Vinculados às Receitas

Mercadorias PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Produtos Acabados - Capital Social Realizado

Produtos em Elaboração Capital Social Subscrito

Matérias-Primas ( - ) Capital a Integralizar

Material de Consumo - Reservas de Capital

( - ) Provisão p/ Ajuste de Estoque ao

Valor de Mercado

Reserva de C.M. do Capital

- Despesas do Exercício Seguinte Reserva de Doações e Subvenções

Seguros a Vencer - Reservas de Reavaliação

Aluguéis a Vencer Reserva de Reavaliação de Bens

NÃO-CIRCULANTE - Reservas de Lucros

Realizável a Longo Prazo Reserva Legal

Duplicatas a Receber Reserva Estatutária

Empréstimos a Sócios e Diretores Reserva para Contingências

Investimentos - Resultados Acumulados

Participações Societárias Lucros Acumulados

Incentivos Fiscais ( - ) Prejuízos Acumulados

Imóveis para Renda ( - ) Ações em Tesouraria

Obras de Arte

Imobilizado

Terrenos

Máquinas e Equipamentos

Móveis e Utensílios

Instalações

Veículos

Benfeitorias em Imóveis de Terceiros

( - ) Depreciação Acumulada

Intangível

Fundo de Comércio

Marcas e Patentes

( - ) Amortização Acumulada

OBSERVAÇÕES:

Cabe ressaltar, que pode-se encontrar em alguns balanços, no Ativo

Circulante, a nomenclatura Outros Créditos que basicamente são

representados por valores a receber, tais como: Juros a Receber,

Adiantamentos a Empregados, Impostos a Recuperar, Devedores Diversos.

Costuma-se afirmar que tais créditos não devem ultrapassar 10% do total do

Ativo Circulante.

A Lei 6.404 destaca em seu artigo 183, II, que a Provisão para Ajuste de

Estoque, pode ser constituída para perda de estoque nos casos do valor de

mercado ser inferior ao custo de aquisição ou de fabricação dos itens de

matéria-prima, produtos em elaboração, produtos acabados ou mercadorias

para revenda.

O artigo 182, § 5º, ressalta que as Ações em Tesouraria referem-se a

aquisição de ações da própria empresa, devendo seu valor retificar o total do

Patrimônio Líquido.

A classificação das contas deve obedecer aos seguintes critérios:

- No Ativo as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de

liquidez (maior ou menor prazo no qual bens e direitos podem ser

transformados em dinheiro), nos grupos Ativo Circulante e Ativo Não-

Circulante.

- No Ativo Circulante serão classificadas contas representativas de

disponibilidades, os direitos realizáveis no decorrer do exercício subseqüente e

as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.

Convém ressaltar que entre os valores realizáveis do Ativo Circulante, alguns

não serão convertidos diretamente em dinheiro, como ocorre com os tributos

que a empresa recolhe antecipadamente e cuja realização se dá pela

compensação com obrigações fiscais que a empresa tem para pagar aos

Governos Municipal, Estadual e Federal, bem como com as despesas, pagas

antecipadamente, cuja realização também se dá pela caracterização das

respectivas despesas, conforme forem transcorrendo os prazos de

competência.

Quanto ao Ativo Não-Circulante, segundo estabelece a Lei, é dividido em

Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível.

- No Ativo Realizável a Longo Prazo classificam-se os direitos realizáveis

após o término do exercício seguinte, como também os empréstimos a

sociedades coligadas, diretores, acionistas, que não constituírem negócios

usuais na exploração do objeto da empresa.

- Como Investimentos, classificam-se as participações permanentes em

outras empresas e os bens e direitos que não se destinem à manutenção da

atividade principal da empresa. No Imobilizado são classificados os bens e

direitos destinados à manutenção da atividade produtiva da empresa, inclusive

os de propriedade industrial ou comercial. O Intangível abrange as contas

representativas dos recursos aplicados em bens imateriais. São direitos que

tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção das atividades

da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive aqueles

representativos de fundo de comércio adquirido. Classificam-se as aplicações

de recursos em despesas que contribuíram para a formação do resultado de

mais de um exercício social.

- No Passivo, as contas devem ser apresentadas na ordem decrescente do

grau de exigibilidade (representa o maior ou menor prazo em que a obrigação

deve ser paga) dos elementos nelas registrados. O Passivo apresenta-se

dividido em dois grupos principais: Passivo Circulante e Passivo Não-

Circulante.

- No Passivo Circulante classificam-se as obrigações da empresa com

vencimento no decorrer do exercício seguinte. O grupo poderá conter

subdivisões, face a natureza de cada obrigação, tais como: Obrigações a

Fornecedores, Empréstimos e Financiamentos, Obrigações Tributárias,

Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias e Outras Obrigações (demais

obrigações de curto prazo assumidas pela empresa e que não se enquadram

nos outros subgrupos do Passivo Circulante).

- No Passivo Não-Circulante podem figurar as mesmas contas

representativas de obrigações classificadas no Passivo Circulante, com seus

respectivos subgrupos, porém vencíveis após o término do exercício social

seguinte.

- Inclui-se, também no Passivo Não-Circulante, um subgrupo próprio para as

Receitas Diferidas, onde figurarão também, como redutoras, as contas

representativas das despesas ou custos correspondentes às respectivas

receitas recebidas antecipadamente.

O Patrimônio Líquido é a parte do Balanço Patrimonial que corresponde aos

capitais próprios. São recursos derivados dos proprietários (titular, sócios ou

acionistas) ou da gestão normal do patrimônio (lucros apurados).

- No Patrimônio Líquido são apresentadas as contas representativas de

obrigações não exigíveis, divididas em 5 grupos, a saber: Capital Social,

Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de Lucros,

Ações em Tesouraria e os Resultados Acumulados para os quais ainda não

foram dadas destinações específicas.

Capital Social, compreende o montante do capital subscrito pelos sócios,

devidamente retificado pela parcela do capital a integralizar, que representa a

parcela do capital já subscrita pelos sócios, porém ainda não realizada.

Reservas de Capital, compreendem contas representativas de algumas

receitas que, por força do artigo 182 da Lei 6.404, não devem transitar pelo

resultado do exercício, como é no caso das receitas decorrentes de ágio na

emissão de ações.

Reservas de Reavaliação, são classificadas contrapartidas de aumentos de

valor dos bens, do classificado no Ativo Imobilizado, em virtude de novas

avaliações com base em laudos aprovados em Assembléia de Acionistas.

Reservas de Lucros, correspondem às apropriações dos lucros gerados pela

empresa, em decorrência de lei ou da vontade do proprietário, dos sócios ou

dos administradores.

Ações em Tesouraria, representam ações da própria empresa adquiridas por

ela mesma.

Resultados Acumulados, classificam-se os prejuízos contábeis incorridos

pela empresa, e também os lucros acumulados para os quais não foram dadas

destinações específicas.

EXERCÍCIO

Observe as seguintes contas da empresa CIA. SIMÉTRICA LTDA., no dia

31.12.08:

CONTAS VALORES (EM $)

Caixa 1.800

Fornecedores 4.000

Capital Social 10.000

Máquinas e Equipamentos 3.000

Estoques 6.500

Financiamentos a Pagar a longo prazo 7.320

Gastos Pré-Operacionais 200

Lucros Acumulados 3.400

Duplicatas a Receber 3.400

Salários a Pagar 6.500

Participações em Outras Empresas 7.320

Contas a Pagar 200

Prédios 4.000

Impostos a Recolher no curto prazo 1.800

Títulos a Pagar no longo prazo 3.000

Duplicatas a Receber no longo prazo 10.000

Pede-se: Estruture o Balanço Patrimonial

EXERCÍCIO

A empresa ENFOQUE Ltda., apresentou a seguinte situação em 31.12.09:

CONTAS VALORES (EM $)

Fornecedores 9.000

Caixa 1.500

Financiamentos a longo prazo 30.000

Duplicatas a Receber 13.500

Lucros Acumulados 6.750

Bancos conta Movimento 22.500

Veículos 18.000

Mercadorias 3.750

Salários a Pagar 6.000

Terrenos 75.000

Capital Social 120.000

Máquinas 37.500

Títulos a Receber no longo prazo 42.500

Ações de Outras Companhias 22.100

Depreciação Acumulada 3.600

Prêmio de Seguro a Apropriar 1.300

Empréstimos 37.000

INSS a Recolher 4.200

FGTS a Recolher 3.200

Reserva de Capital 9.900

Provisão para 13º Salário 8.000

Pede-se: Estruture o Balanço Patrimonial

EXERCÍCIO

A empresa DELTA Ltda., apresentou a seguinte situação em 30.11.07:

CONTAS VALORES (EM $)

Provisão para Devedores Duvidosos 6.200

Empréstimos 31.500

Fornecedores 43.100

Duplicatas a Receber 25.700

Caixa 38.300

Tributos a Pagar 3.800

Bancos conta Movimento 27.300

Móveis e Utensílios 2.750

Provisão para Férias 3.300

Prêmio de Seguro a Apropriar 4.200

Terrenos 23.150

Equipamentos 13.820

Capital Social 37.300

Salários a Pagar 9.700

Lucros Acumulados 38.300

Aplicações Financeiras no curto prazo 42.780

Duplicatas Descontadas 4.800

Pede-se: Estruture o Balanço Patrimonial

CONDIÇÕES PARA APURAR RESULTADO

Define-se resultado como a diferença entre as receitas e as despesas.

Contas de Resultado => Representam as variações patrimoniais.

Receitas => São ingressos patrimoniais relativos à utilização dos recursos da

entidade. As receitas aumentam o Ativo e o Patrimônio Líquido. Exemplos:

Receitas de Vendas, Receitas de Serviços, Aluguéis Ativos, Descontos

Obtidos, Juros Ativos.

Despesas => São os gastos realizados com a finalidade de gerar receitas.

Caracterizam-se pelo consumo de bens e pela utilização de serviços. As

despesas podem diminuir o Ativo ou aumentar o Passivo, mas sempre

reduzem o Patrimônio Líquido. Exemplos: Energia Elétrica Consumida,

Materiais de Limpeza Consumidos, Aluguéis Passivos, Descontos Concedidos,

Salários Pagos, Juros Passivos.

Portanto, as receitas aumentam o Patrimônio Líquido e as despesas reduzem

o Patrimônio Líquido.

RESULTADO = RECEITAS (-) DESPESAS

Receitas > Despesas Resultado positivo ou lucro (Aumento do P.L.)

Quando as receitas superam as despesas, diz-se que a entidade apurou um

resultado positivo ou lucro. Este resultado positivo compreende um aumento do

Patrimônio Líquido.

Receitas < Despesas Resultado negativo ou prejuízo (Diminuição do

P.L.)

Se as receitas forem menores do que as despesas, diz-se que o resultado foi

negativo ou que a entidade teve um prejuízo. Este prejuízo resulta na

diminuição do Patrimônio Líquido.

Receitas = Despesas Resultado nulo ou equilibrado

Se as receitas são iguais às despesas, diz-se que o resultado foi nulo. Neste

caso o Patrimônio Líquido não sofreu alteração.

EXERCÍCIO

Indique se as contas abaixo, são Patrimoniais ou de Resultado

CONTAS SITUAÇÃO

Caixa

Bancos conta Movimento

Salários a Pagar

Despesas com Aluguel

Energia Elétrica

Imóveis

Veículos

Vendas de Mercadorias

ICMS a Recolher

Duplicatas Descontadas

Juros Passivos

Capital Social

Despesas com FGTS

Combustíveis e Lubrificantes

Estoque de Mercadorias

Devolução de Mercadorias

Dividendos a Pagar

Reserva Legal

PIS a Recolher

Despesas com Seguros

Seguros a Apropriar

Investimentos em Coligadas

Empréstimos a Pagar

Fornecedores

Reserva de Lucros

Despesas Administrativas

13º Salário

Despesas com Publicidade

Encargos Sociais

Juros Ativos

Custo das Mercadorias Vendidas

Contribuição Previdenciária

Computadores e Periféricos

Receitas Operacionais

13º Salário a Pagar

Investimentos Temporários

Despesas Operacionais

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Esta demonstração tem como finalidade demonstrar a formação do resultado

do período, pelo confronto entre as receitas realizadas e as despesas

incorridas no transcurso do exercício social.

Demonstra-se a seguir a estrutura básica desta demonstração nos termos da

legislação em vigor.

ESTRUTURA DA D.R.E.

1 Receita Operacional Bruta (Vendas de Mercadorias e/ou Prestação de Serviços)

2 ( - ) Deduções

2.1 Impostos Incidentes sobre Vendas

2.2 Vendas Canceladas

2.3 Descontos Incondicionais Concedidos

3 ( = ) Receita Operacional Líquida

4 ( - ) Custos das Vendas ou Operacionais

4.1 Custos das Mercadorias Vendidas

4.2 Custos dos Produtos Vendidos

4.3 Custos dos Serviços Prestados

5 ( = ) Lucro Operacional Bruto

6 ( - ) Despesas Operacionais

6.1 Despesas de Vendas

6.1.1 Despesas de Propaganda

6.1.2 Despesas com Fretes sobre Vendas

6.1.3 Despesas com Salários e Comissões sobre Vendas

6.1.4 Despesas com Devedores Duvidosos

6.2 Despesas Gerais e Administrativas

6.2.1 Despesas com Salários

6.2.2 Despesas com Manutenção

6.2.3 Despesas com Aluguel

6.2.4 Despesas com Encargos Sociais

6.2.5 Despesas com Impostos e Taxas

6.2.6 Despesas com Depreciação

6.3 Resultado Financeiro Líquido

6.3.1 Despesas Financeiras

6.3.2 Variações Monetárias Passivas

6.3.3 Variações Cambiais Passivas

6.3.4 ( + ) Receitas Financeiras

6.3.5 ( + ) Variações Monetárias Ativas

6.3.6 ( + ) Variações Cambiais Ativas

7 ( + ) Outras Receitas Operacionais

7.1 Receitas de Dividendos

7.2 Receitas de Aluguéis

7.3 Reversão de Provisões

7.4 Ganho em Investimentos avaliados pela Equivalência Patrimonial

8 ( - ) Outras Despesas Operacionais

8.1 Despesa com Manutenção de Imóveis Alugados

8.2 Perdas em Investimentos avaliados pela Equivalência Patrimonial

9 ( = ) Lucro (Prejuízo) Operacional

10 (+/-) Resultado não Operacional

10.1 ( + ) Receitas não Operacionais

10.1.1 Vendas de Bens e Direitos do Ativo Permanente

10.1.2 Reversão de Provisão para Perdas Prováveis com Investimentos

10.1.3 Reversão de Reservas de Reavaliação

10.1.4 Prêmio de Seguros

10.2 ( - ) Despesas não Operacionais

10.2.1 Custo do Bem ou Direito do Ativo Permanente Vendido

10.2.2 Despesas com Provisão para Perdas com Investimentos

11 ( = ) Resultado do Exercício antes dos Impostos e Contribuições sobre Lucros

12 ( - ) Impostos e Contribuições incidentes sobre Lucros

12.1 Contribuição Social

12.2 Provisão para Imposto de Renda

13 ( = ) Resultado do Exercício após os Impostos e Contribuições sobre Lucros

14 ( - ) Participação por Lucros

14.1 Participações de Empregados

14.2 Participações de Administradores

14.3 Contribuições para os Fundos de Previdência e Assistência aos Empregados

15 ( = ) Resultado Líquido do Exercício

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEMONSTRAÇÃO DE

RESULTADO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

A Receita Bruta compreende o produto da venda de bens nas operações em

conta própria e o preço dos serviços prestados. Não se inclui na Receita Bruta

os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do adquirente, além do

preço do bem ou serviço, como por exemplo, o I.P.I. (Imposto sobre Produtos

Industrializados).

DESPESAS OPERACIONAIS

São as despesas não computadas por custos e necessárias à manutenção das

atividades principais da empresa.

OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS

São receitas das atividades acessórias, tais como os dividendos e aluguéis

ganhos no período, e os aumentos do valor dos investimentos avaliados pela

equivalência patrimonial.

OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS

São os gastos incorridos necessários à geração das outras receitas

operacionais (manutenção do imóvel para aluguel).

RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

Consideram-se como não operacionais, as receitas oriundas da venda de bens

e direitos classificados no Ativo Permanente. Além destas receitas

propriamente ditas, também são classificadas como receitas não operacionais

as reversões das reservas de reavaliação, das provisões para perdas prováveis

em investimentos.

DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Estas despesas correspondem ao custo dos bens e direitos baixados do Ativo

Permanente e a despesa correspondente à provisão para perdas prováveis em

investimentos.

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS

A empresa poderá deliberar pela participação nos lucros apurados, de

empregados, administradores, partes beneficiárias e entidades de previdência

e assistência social de empregados. O valor de cada participação é

determinado sucessivamente nesta ordem, com base nos lucros

remanescentes depois de deduzida a participação anteriormente calculada.

2.3 Indicadores de Liquidez

Os indicadores de liquidez indicam a capacidade da empresa de cumprir suas

obrigações a partir da comparação entre os direitos realizáveis e o passivo

exigível (grau de solvência). Significa a capacidade financeira para saldar

compromissos.

CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (C.C.L.)

Entende-se como sendo a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo

Circulante. Também conhecido como Capital de Giro.

Exemplo: ANO 1 ► CCL= 400-360

CCL=40

ANO 2 ► CCL= 420-450

CCL=-30

LIQUIDEZ CORRENTE (I.L.C.)

Indica quanto a empresa possui em disponibilidades, bens e direitos realizáveis

no curso do exercício seguinte, para liquidar suas obrigações com vencimento

neste mesmo período.

Exemplo: ANO 1 ►ILC= 400 = 1,11

360

ANO 2 ► ILC=420 = 0,93

450

LIQUIDEZ IMEDIATA (I.L.I.)

Indica quanto a empresa possui de recursos disponíveis para liquidar as

obrigações existentes na data do balanço, com vencimento no decorrer do

exercício seguinte.

CCL = AC-PC

ILC = AC

PC

Exemplo: ANO 1 ► ILI = 40 = 0,11

360

ANO 2 ► ILI = 36 = 0,08

450

LIQUIDEZ SECA (I.L.S.)

Indica quanto a empresa possui de ativo líquido, disponível+direitos realizáveis

a curto prazo, para liquidar as obrigações de curto prazo (P.C). Para aprovar

financiamentos aos seus clientes, as instituições financeiras dão preferência à

análise deste quociente.

Exemplo: ANO 1 ► ILS = 400-120 = 0,78

360

ANO 2 ► ILS = 420-120 = 0,67

450

LIQUIDEZ GERAL (I.L.G.)

Indica quanto a empresa possui em recursos disponíveis, bens e direitos

realizáveis a curto e longo prazo, para fazer frente ao total de suas dívidas de

curto e longo prazo.

Exemplo: ANO 1 ► ILG = 400+130 = 530=1,18

360+90 450

ANO 2 ► ILG = 420+100 = 520=0,85

450+160 610

I.L.I. = DISPONIB

PC

I.L.S.= AC-(estoques)

PC

I.L.G.= AC+ARLP

PC+PELP

2.4 Indicadores de Estrutura de Capitais e Endividamento

Quociente de Participação de Capitais de Terceiros sobre a Captação

Total

PASSIVO CIRCUL. + PASSIVO EXIGÍVEL A L.P.

PASSIVO CIRCUL. + PASSIVO EXIG. A L.P. + P.L.

INTERPRETAÇÃO: Evidencia qual é a proporção da participação dos capitais

de terceiros, em relação aos recursos totais. Mostra quanto a entidade tomou

de capitais de terceiros para cada real (R$) de recursos totais.

Quociente de Participação de Capitais de Terceiros sobre o Capital

Próprio ou de Garantia de Capitais de Terceiros

PASSIVO CIRCUL. + PASSIVO EXIGÍVEL A L.P.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

INTERPRETAÇÃO: Evidencia qual é a proporção que existe entre os capitais

de terceiros e os capitais próprios. Mostra quanto a entidade deve para

terceiros, a curto e a longo prazo, para cada real (R$) de capital próprio.

Quociente de Imobilização do Patrimônio Líquido

ATIVO IMOBILIZADO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

INTERPRETAÇÃO: Evidencia quanto a entidade investiu no Ativo Permanente

para cada real (R$) de Patrimônio Líquido. Mostra o comprometimento do

Patrimônio Líquido em relação às imobilizações da empresa.

Quociente de Endividamento / Solvência

PASSIVO CIRCUL. + PASSIVO EXIGÍVEL A L.P.

ATIVO TOTAL

INTERPRETAÇÃO: Indica a relação entre o capital de terceiros colocados na

empresa e o Ativo Total. Indica quanto de Ativo Total existe para cada real (R$)

em dívidas classificáveis como curto e longo prazo.

Quociente de Composição do Endividamento a Curto Prazo

PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO CIRCUL. + PASSIVO EXIGÍVEL A L.P.

INTERPRETAÇÃO: Evidencia quanto a entidade deve a curto prazo para cada

real (R$) de obrigações totais.

Quociente de Composição do Endividamento a Longo Prazo

PASSIVO EXIGÍVEL A L.P.

PASSIVO CIRCUL. + PASSIVO EXIGÍVEL A L.P.

INTERPRETAÇÃO: Evidencia quanto a entidade deve a longo prazo para cada

real (R$) de obrigações totais.

2.5 Indicadores de Rentabilidade / Lucratividade

Quociente de Rentabilidade do Ativo

LUCRO LÍQUIDO

ATIVO TOTAL

INTERPRETAÇÃO: Evidencia quanto a entidade obteve de Lucro Líquido para

cada real (R$) de investimento total. Trabalhando com capitais de terceiros, a

empresa precisará remunerar esses capitais com resultados de sua

lucratividade. Quando possível situação favorável. Porém, se a lucratividade

obtida não conseguir remunerar os capitais de terceiros, será necessário gerar

recursos de outras fontes, aumentando com isso o grau de endividamento.

Permite conhecer o tempo necessário para retorno dos capitais próprios e de

terceiros investidos.

Quociente de Rentabilidade do Patrimônio Líquido

LUCRO LÍQUIDO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

INTERPRETAÇÃO: Evidencia quanto a entidade obteve de Lucro Líquido para

cada real (R$) de Patrimônio Líquido. Mede o retorno dos recursos aplicados

na empresa pelos seus proprietários, ou seja, para cada unidade monetária de

recursos próprios (P.L.) investidos na empresa, mede-se quanto os

proprietários auferem de lucro. Quanto maior melhor para a empresa. Significa

a taxa de lucratividade do capital próprio investido. Permite conhecer o tempo

necessário para o retorno do capital investido pelos proprietários.

Quociente de Giro do Ativo

VENDAS LÍQUIDAS

ATIVO TOTAL

INTERPRETAÇÃO: Evidencia quanto a entidade vendeu, para cada real (R$)

de investimento total. Tal relação pode ser feita com vendas líquidas ou com

vendas brutas.

Quociente de Margem Líquida

LUCRO LÍQUIDO

VENDAS LÍQUIDAS

INTERPRETAÇÃO: Evidencia quanto a entidade obteve de lucro líquido para

cada real (R$) vendido (em função do faturamento). Quanto maior o quociente,

maior será a lucratividade obtida.

É importante observar a relação que existe entre esse quociente e o anterior,

pois o anterior pode ser superior a 1 (um), apresentando superficialmente uma

situação favorável, sem que esta aparente situação favorável tenha conseguido

cobrir os custos necessários para sua obtenção. Por outro lado, o quociente

anterior, mesmo inferior a 1 (um), poderá revelar que o volume das vendas foi

suficiente para cobrir os custos.

Quociente de Margem Bruta

LUCRO BRUTO

VENDAS

INTERPRETAÇÃO: Mede o lucro gerado sobre as vendas após a empresa ter

apropriado o Custo da Produção Vendida ou o CMV. Mede a porcentagem de

cada unidade monetária de vendas que sobra após a empresa ter pago por

seus produtos. Quanto maior for a margem bruta melhor, assim como menor

será o custo relativo dos produtos vendidos.

Quociente de Margem Operacional

LUCRO OPERACIONAL

VENDAS

INTERPRETAÇÃO: Mensura a porcentagem de cada unidade monetária de

vendas que resta após todos os custos e despesas, que não juros e imposto de

renda, terem sido abatidos. Mede o lucro gerado após a empresa ter

apropriado o CMV mais as despesas operacionais.

DICAS PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE

ANÁLISE

- Use de uma linguagem fácil, nem todos os usuários conhecem a linguagem

técnica da área de finanças. Este documento pode parar na mão do Vice-

Presidente e ele é um Engenheiro Civil.

- Na elaboração do relatório, relate apenas as suas conclusões factíveis,

visando auxiliar o usuário na tomada de decisão.

- Formate o relatório de acordo com a necessidade do usuário. Apresente

informações sobre a situação da empresa, seu desempenho e sobre as

tendências futuras.

- Fornecedores e Bancos comerciais utilizam-se de relatórios breves e

concisos.

Os principais interesses na visualização de um relatório são:

- Se a empresa tem ou não capacidade de pagar suas contas e duplicatas

em dia. Tal visualização é possível através da avaliação dos indicadores de

liquidez.

- Se a situação da liquidez (seja ela favorável ou desfavorável), vai perdurar

por muito tempo ou se é passageira; quando a situação da liquidez for

desfavorável, se há tendência para a reversão do quadro em pouco tempo

(esta constatação pode ser visível por meio da análise dos indicadores de

rentabilidade).

- Se, em situações inesperadas, terão ou não condições de levantar recursos

junto a instituições financeiras, isto é, se o cliente encontra-se ou não em

condições de endividamento saudável ou no caso complicado de

comprometimento de ativos para pagamento das dívidas.

- Apresentam tendências falimentares (esta verificação poderá ser efetuada

pela análise dos indicadores de estrutura de capitais).

- Se possuem ou não solidez financeira, isto é, se o grau de liquidez

apresentado permite a concessão de empréstimos vencíveis, e em que prazo

serão passíveis de pagamentos. Isto pode ser observado pela análise do

indicador de liquidez seca.

- Se possuem garantias para oferecer, caso algum credor exija seus direitos

no momento de negociação da dívida.

- Se o comportamento do grau de endividamento tem se mostrado favorável

ou não a uma recuperação da empresa, ou se ele denota um agravamento da

tendência do aumento da dívida ou do Exigível a Longo Prazo.

Quando se elabora uma análise dessa natureza é óbvio que alguém ou alguma

parte se interessará pela rentabilidade e lucros. Desta forma é de primordial

importância elaborar um pequeno cenário de tendência futura da empresa.

Não se esquecer jamais que esta análise sozinha tem pouco valor. Precisamos

juntar mais informações pertinentes ao mercado, ramo de atuação, segmento

alvo, para conhecermos qual é o comportamento das empresas deste setor.

Pode-se as vezes lidar com fatores estranhos para um determinado ramo e

completamente estranho ou divergente para outros.

LIMITAÇÃO DA ANÁLISE POR INDICADORES

Conforme verificou-se, a análise de indicadores é muito importante para a

efetiva avaliação de uma empresa. Todos os grupos de interesse utilizam-na

para tomar decisões. Também devemos observar que, embora a análise possa

proporcionar informações cruciais concernentes às operações de uma empresa

e suas condições financeiras, a análise por indicadores apresenta algumas

limitações e problemas inerentes, que necessitam de cuidados e

discernimento. Desta forma temos alguns problemas que merecem atenção,

tais como:

1. Muitas grandes empresas operam por UEN (Unidade Estratégica de

Negócio), o que torna difícil a avaliação numa série significativa de médias,

tanto do setor, como da empresa. Isso tende a tornar a análise de indicadores

mais apropriada a empresas médias e pequenas ou para grandes empresas,

menos diversificada ou que atue com um sistema contábil totalmente

segmentado e separado por UEN, e mesmo assim teríamos algumas

dificuldades para avaliação global do negócio.

2. A maioria das empresas desejam estar acima da média, de forma que a

obtenção de um desempenho apenas médio não é necessariamente bom.

Deve perceber e focar alvo em empresas do mesmo “tamanho” ou de mesmo

desempenho. Focalizar líderes com altos indicadores pode ser prejudicial para

análise.

3. A inflação tem distorcido, ou distorceu gravemente os balanços

patrimoniais das empresas. Valores registrados muitas vezes são muito

diferentes do real. De certa forma as séries históricas das demonstrações

financeiras podem ser muito prejudicadas por políticas governamentais. Um

outro aspecto é que com o passar de 2 ou 3 anos, no máximo, toda a avaliação

feita pode ser jogada fora, pois a inflação afeta todos os valores.

4. Fatores sazonais podem afetar a análise por indicadores. Algumas

empresas utilizam-se de datas de fechamento de balanços completamente

diferentes. Normalmente, tal informação advém da matriz. Isso pode provocar

interferências na análise, caso o fechamento seja efetuado na época de melhor

ou pior vendas.

5. As empresas podem utilizar técnicas para maquiar balanço, a fim de

fazer com que suas demonstrações financeiras pareçam mais robustas ou

animadoras.

6. Diferentes práticas contábeis podem distorcer comparações. A avaliação

de estoques e métodos de depreciação podem afetar as demonstrações

financeiras, assim, distorcer comparações entre as empresas.

7. É difícil generalizar se um indicador em particular é “bom” ou “ruim”. Por

exemplo, um indicador de liquidez corrente elevado pode indicar uma forte

posição de liquidez, o que é bom, ou excesso de caixa, o que é ruim, já que o

excesso de caixa no banco é um ativo que não gera lucro. Assim, um pequeno

endividamento pode ser saudável caso a empresa esteja necessitando de

pouco recurso para girar suas atividades.

8. Uma empresa pode apresentar indicadores bons e ruins, muito

alternados, proporcionando uma dificuldade muito grande de avaliação e

análise.

9. As avaliações são artefatos humanos, e por isso passível de conclusões

ou avaliações pessoais. Assim, um analista tanto pode favorecer uma análise

como dando um parecer favorável, como dificultá-la completamente, indicando

um futuro incerto ou impreciso para a empresa.

10. O analista financeiro pode estar desalinhado com as tendências do

segmento, e ao final da análise propor relatórios desconexos com a realidade.

Assim, a preparação do analista é de suma importância para uma real

avaliação dos indicadores de uma empresa.

A análise por indicadores é muito útil, porém os analistas devem ficar

atentos e cientes desses problemas e limitações para realizar os

ajustamentos necessários. A análise de indicadores conduzida de forma

mecânica e automática é perigosa, mas usada inteligentemente e com

discernimento, pode proporcionar perspectivas úteis para operações de

uma empresa.

2.6 ANÁLISE DO FATOR DE INSOLVÊNCIA DE STEPHEN

KANITZ

A análise de insolvência é um modelo que permite determinar com antecedência o

grau de solvência ou insolvência de uma organização. A detecção de insolvência é

muito importante já que muitas empresas, depois de analisadas por modelos

tradicionais e consideradas sadias, em pouco tempo foram à falência.

Para Kanitz a insolvência é um processo real e identificável nos balanços das

empresas. Basta a aplicação de uma determinada técnica que envolve duas fases

de cálculo.

Síntese dos principais índices ou indicadores

Este modelo poderá ser usado no segmento do comércio e indústria, não devendo

ser aplicado indiscriminadamente em outros ramos. Os demonstrativos financeiros

deverão refletir a realidade da empresa, e por fim o modelo não deve ser

considerado isoladamente, mas conjugado com outros indicadores, tornando a

análise mais eficiente.

1. Determinação do fator de insolvência: resultado de uma ponderação estatística

de cinco indicadores, a saber:

A1: Taxa de retorno sobre o P.L. ou Rentabilidade do P.L. = L.L. / P.L.

A2: Índice de Liquidez Geral ILG = AC + ARLP / PC + PELP

A3: Índice de Liquidez Seca ILS = AC ( - ) ESTOQUES...... / PC

A4: Índice de Liquidez Corrente ILC = AC / PC

A5: Garantia do Capital de Terceiros QCT / CP

FÓRMULA:

F1 = (A1 x 0,05) + (A2 x 1,65) + (A3 x 3,55) – (A4 x 1,06) – (A5 x 0,33)

2. Comparação do F1 em relação ao Termômetro de Insolvência

FATOR D I S C R I M I N A Ç Ã O

7 Área de Solvência (reduzidas possibilidades de falência)

6 Onde se insere toda empresa que apresenta um F1 maior que zero. As empresas

5 localizadas nesta área são as que apresentam os menores riscos de quebra

4 Solvência

3

2 A insolvência é inversamente proporcional ao F1, ou seja, quanto

1 mais alto este se apresenta, menos probabilidades há.

0 Área de penumbra (situação indefinida)

- 1 Penumbra Onde é classificada toda empresa que apresenta um F1 entre

- 2 0 e – 3. É uma situação perigosa, onde as perspectivas da em-

- 3 presa devem merecer um cuidado especial.

Área de insolvência (propensão à falência)

- 4 INSOLVÊNCIA

- 5 Onde se concentra toda empresa com um F1 menor que - 3.

- 6 É a que apresenta maiores probabilidades de vir a falir, e

- 7 esta aumenta à medida em que o fator diminui.

Tomando como base os Demonstrativos Financeiros, a seguir, da empresa Kari-Oca

S/A, avalie o fator de insolvência para os dois períodos.

Empresa Kari-Oca S/A Balanço Patrimonial em 31.12.98

ATIVO 31.12.98 31.12.97 PASSIVO E P.L. 31.12.98 31.12.97

ATIVO CIRCULANTE

PASSIVO CIRCULANTE

Caixa 32.450 16.810 Contas a Pagar 154.850 137.120

Contas a Receber

187.550 120.570 Imposto de Renda

25.420 12.480

Estoques 110.440 162.450 Empréstimos 48.700 55.430

TOTAL A.C. 330.440 299.830 TOTAL P.C. 228.970 205.030

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

70.820 95.480 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

241.870 206.980

ATIVO PERMANENTE

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Investimentos 42.000 48.250 Capital Social 485.320 485.320

Imobilizado 777.350 718.340 Reservas 115.280 175.130

Diferido 22.210 20.410 Lucros Retidos 171.380 109.850 TOTAL A.P. 841.560 787.000 TOTAL P.L. 771.980 770.300

TOTAL ATIVO 1.242.820 1.182.310 TOTAL PASSIVO 1.242.820 1.182.310

Empresa Kari-Oca S/A

Demonstrativo de Resultado do Exercício

Período: 31.12.97 a 31.12.98

Í T E N S 1998 1997 VARIAÇÃO (%)

Receita Líquida 8.254.850 7.454.930 10,73

( - ) C.M.V. (3.247.720) (3.128.470) 3,81

( = ) Lucro Bruto 5.007.130 4.326.460 15,73

( - ) Despesas Operacionais (4.513.450) (3.973.950) 13,57

( = ) Lucro da Atividade 493.680 352.510 40,04

( + ) Receitas Financeiras 24.500 25.200 - 2,78

( - ) Despesas Operacionais (447.623) (321.353) 39,29

( = ) Lucro antes do I.R. 70.557 56.357 25,19

( - ) Provisão para I.R. (21.167) (16.907) 25,19

( = ) Resultado Líquido 49.390 39.450 25,19

3 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

3.1 Índices de Prazos Médios (PMR, PMP, PME)

Método Direto Um aspecto interessante da análise contábil é que através dos dados

obtidos das demonstrações financeiras, podem ser calculados os prazos

médios de renovação por elementos patrimoniais. Com índices dessa natureza

é possível se identificar certas políticas adotadas pela empresa, como a política

de vendas e a política de compras.

Rotação dos Estoques

INTERPRETAÇÃO: Indica o tempo médio expresso em dias, que a empresa

demora para renovar os seus estoques, em outras palavras, significa o prazo

para o qual o estoque existente na data do balanço é suficiente para atender os

clientes.

Rotação de Duplicatas a Receber

INTERPRETAÇÃO: Indica quantos dias, em média, a empresa demora para

receber o produto de suas vendas.

Rotação de Duplicatas a Pagar

INTERPRETAÇÃO: Indica o prazo médio que a empresa utiliza, para

pagamentos aos seus fornecedores.

PRAZO MÉDIO DE = ESTOQUE MÉDIO . 360

RENOVAÇÃO DE ESTOQUES CMV

PRAZO MÉDIO DE = X DUPLICATAS A RECEBER. 360

DUPLICATAS A RECEBER VENDAS

PRAZO MÉDIO DE = X FORNECEDORES. 360

DUPLICATAS A PAGAR COMPRAS

EXEMPLO:

CONTAS 2011 2010

Crédito de Clientes 23.947.271, 14.858.647,

Estoques 11.292.718, 15.206.449,

Fornecedores 5.937.515, 9.630.713,

Vendas Anuais 214.322.633, 183.704.309

Custo Produtos Vendidos 126.847.503, 98.579.369,

3.2 Prazos Médios e Rotações

O prazo médio de renovação de estoques (PMRE) expressa a velocidade

com que os estoques se renovam. É uma medida do número de dias que, em

média, os produtos e mercadorias ficam em estoque até serem vendidos.

Trata-se de uma medida estimada com base em números contábeis extraídos

das demonstrações contábeis; logo é um valor arbitrário e médio para todos os

produtos da empresa de forma única. Quanto menor o prazo, melhor para a

empresa, pois ela gira mais rapidamente seus estoques.

Internamente, gestores têm a possibilidade de definir prazos mais corretos e

divididos por tipo de produtos ou componentes de estoque. É importante

observar que o custo das vendas, no caso das empresas industriais, deve se

referir apenas aos custos com materiais e não deveria incluir custos de mão de

obra e custos indiretos que estão incluídos no custo dos produtos vendidos.

Uma solução para isso seria separar os custos de diversos componentes de

estoques como matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados,

porém isso é difícil de fazer, na prática, quando se trata de usuários externos.

Em função disso, utilizar o custo total dos produtos vendidos é arbitrário, mas,

muitas vezes, necessário para o desenvolvimento da análise.

No entanto, para as empresas comerciais o custo das mercadorias vendidas é

o que se deve considerar como custo das vendas, para o cálculo desse

indicador.

Do mesmo modo, o prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) é uma

média arbitrária, porém útil, que mede o número médio de dias que a empresa

demora para receber de seus clientes. Quanto menor o prazo, melhor para a

empresa, pois ela recebe mais rapidamente de seus clientes.

Deve-se utilizar como valor de vendas realizadas o montante de vendas brutas,

descontando-se devoluções e abatimentos que, em algumas empresas, são

montantes relevantes. Ressalte-se, no entanto, que muitas vezes é difícil

identificar tais valores nas demonstrações contábeis, haja vista que eles

aparecem somados aos impostos sobre vendas. Nesse caso, sugere-se usar,

de forma consistente, o valor total das receitas brutas.

O indicador de prazo médio de pagamento das compras (PMPC) mostra

quantos dias, em média, a empresa leva para pagar seus fornecedores.

Quanto maior o prazo, melhor para a empresa, pois ela demora mais para

pagar seus fornecedores, ganhando fôlego adicional em suas contas. Cabe

informar, que o valor das compras de mercadorias ou materiais (inclui apenas

as compras de mercadorias para estoques ou de materiais para transformação)

não é evidenciado nas demonstrações contábeis. Dessa maneira, uma forma

arbitrária seria calcular o valor de compras com base no custo das mercadorias

vendidas ou o custo dos produtos vendidos, nos estoques iniciais e finais.

Entretanto, no caso de empresas industriais, o custo dos produtos vendidos

também inclui custos de mão de obra e custos indiretos, o que dificulta também

um valor mais exato. Uma alternativa para esse problema seria, se possível,

tentar segregar os estoques por tipo de produto ou ainda considerar,

simplesmente, o custo dos produtos vendidos com aproximação arbitrária.

3.3 CICLO OPERACIONAL E CICLO DE CAIXA

O ciclo operacional de uma empresa tem início com a recepção dos materiais

( ou das mercadorias para revenda) e termina com a entrada do dinheiro em

caixa, derivada do recebimento das vendas. Portanto, ele contempla o período

em que os produtos ficam em estágio de produção e / ou estocagem até o

momento de serem vendidos e entregues, incluindo ainda o período de tempo

para o recebimento das vendas (contas a receber), sendo o ciclo completado

com a entrada de dinheiro em caixa.

Ilustra-se a seguir, de forma simplificada, o processo de operação de uma

empresa, que contempla o período de estoque, o período para recebimento

dos clientes e entrada do dinheiro em caixa, possibilitando, consequentemente,

o pagamento de contas da empresa.

Quanto mais rápido a empresa conseguir transformar estoques em caixa (girar

os estoques), maior será a geração de caixa, maior será a capacidade de

pagamento e, consequentemente, maior será a capacidade de expansão

sustentada da empresa.

Sob outro ângulo, é possível ilustrar a relação dos ciclos em função de seu

financiamento, como segue:

O ciclo operacional, composto pelo período de estocagem e período de

recebimento de vendas, representa o período no qual a empresa precisa de

recursos financeiros alocados, ou seja, para ter estoque, é preciso que a

empresa tenha passivos que financiem esse estoque. Em geral, estoques são

financiados por fornecedores, que muitas vezes vendem a prazo sem taxas de

juros ou, ainda, com taxas menores que as taxas de mercado.

O ciclo financeiro, por sua vez, compreende o prazo entre as saídas de caixa

relativas aos pagamentos dos fornecedores e as entradas de caixa

provenientes dos recebimentos das vendas. Durante esse período, a empresa

tem de financiar suas operações sem a participação dos fornecedores. Quanto

maior for o ciclo financeiro, mais recursos próprios e de terceiros estarão

temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e

afetando a rentabilidade. O ciclo financeiro corresponde, portanto, ao período

da necessidade do capital de giro.

Novamente, pode-se recorrer aos prazos médios para representar os ciclos

financeiros das empresas industriais e comerciais, pois serão definidos pela

diferença entre o ciclo operacional (CO) e o prazo médio de pagamento das

compras (PMPC), conforme fórmula a seguir:

CF = CO - PMPC

Para melhor visualização do funcionamento dos ciclos operacional e financeiro

considere o seguinte exemplo em uma empresa comercial:

Data da realização da compra e do recebimento da mercadoria: 01.06.11

Data da realização da venda: 15.06.11

Data do pagamento da compra ao fornecedor: 20.06.11

Data do recebimento da venda efetuada ao cliente: 10.07.11

Adicionando tais datas, ao fluxo a seguir, tem-se:

O ciclo operacional terá duração de 40 dias, ou seja, do dia da compra

(01.06.11) até o dia do recebimento do dinheiro da venda (10.07.11). Já o ciclo

financeiro é de 20 dias, que vai do dia do pagamento da compra (20.06.11) ao

dia do recebimento da venda (10.07.11).

Não existe bola de cristal, e por isso o máximo que podemos esperar é contar

com um procedimento lógico e organizado de investigação do desconhecido, o

planejamento financeiro, onde este estabelece diretrizes e é um aspecto

importante da operação da empresa. Ele é responsável por evidenciar os

caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações da empresa para atingir

seus objetivos. Dois aspectos chave do planejamento financeiro são o

planejamento de caixa e o planejamento do lucro.

O Planejamento de caixa envolve a preparação do orçamento de caixa da

empresa; o planejamento de lucro envolve a preparação das demonstrações

financeiras projetadas. O processo de planejamento financeiro começa com

planos financeiros de longo prazo, ou estratégicos, que por sua vez guiam a

formulação de planos e orçamentos em curto prazo, operacionais.

PLANOS FINANCEIROS DE LONGO PRAZO (ESTRATÉGICOS)

Os planos financeiros de longo prazo (estratégicos) são parte de uma

estratégia integrada que, juntamente com planos de marketing e produção,

guiam a empresa em direção à realização de suas metas estratégicas. Esses

planos consideram dispêndios de capital, atividades de pesquisa e

desenvolvimento, ações de marketing e desenvolvimento de produto, estrutura

de capital e fontes principais de financiamento, além de execução de projetos,

linhas de produtos, linhas de negócios, pagamentos de dívidas ativas, e todas

as aquisições planejadas.

PLANOS FINANCEIROS DE CURTO PRAZO (OPERACIONAIS)

Os planos financeiros de curto prazo (operacionais) começam com as

previsões de vendas. A partir dela são desenvolvidos planos de produção que

levam em consideração prazos de preparação para produção e incluem

estimativas de materiais e outros insumos necessários. Usando estes planos, a

empresa pode estimar as necessidades de mão-de-obra, despesas diretas,

indiretas e operacionais. Uma vez que essas estimativas estão feitas, a

demonstração de resultados projetados da empresa e seu orçamento de caixa

podem ser preparados. Com as entradas básicas – demonstrações de

resultados projetados, orçamento de caixa, plano de dispêndio de capital,

planejamento financeiro de longo prazo e o balanço do período, o balanço

projetado pode ser finalmente desenvolvido.

PLANEJAMENTO DE CAIXA

– ORÇAMENTO DE CAIXA

O orçamento de caixa ou previsão de caixa é um demonstrativo das entradas e

saídas de caixa planejadas pela empresa. Ele é usado pela empresa para

estimar suas necessidades de caixa em curto prazo. Uma empresa com

expectativas de um excedente de caixa pode planejar investimentos a curto

prazo (títulos negociáveis) , enquanto uma empresa com expectativa de

carências de caixa deve conseguir um financiamento a curto prazo (notas

promissórias). Normalmente o orçamento de caixa é projetado para cobrir o

período de um ano e subdividido em intervalos menores de tempo.

– PREVISÃO DE VENDAS

A entrada principal para o processo de planejamento financeiro é a previsão de

vendas, ela é o elemento gerador que permitirá estimar os fluxos mensais de

entradas de caixa que vão se transformar nas receitas de vendas projetadas e

de despesas relativas à produção, aos estoques e às vendas. Através dela é

possível também determinar o nível de ativos necessários para o financiamento

da produção. As previsões de vendas podem se observadas por 3 abordagens

distintas, considerando-se uma abordagem externa onde a empresa se baseia

para prever suas vendas nos relacionamentos entre a empresa e alguns

indicadores externos, como PIB, renda disponível, perfil de renda dos

compradores, etc; uma abordagem interna, observando suas projeções por

meio de canais de vendas da própria empresa, conseguida através do pessoal

interno, avaliada por produtos que se esperam vender no ano seguinte e por

abordagem combinada, avaliada por meio da combinação das abordagens

internas e externas, observando-se através da reflexão dos dados de vendas e

ajustados por análise dos dados externos.

O recebimento inclui todas as entradas de uma empresa em um dado período.

Seus componentes mais comuns são as vendas à vista, cobrança de vendas à

prazo e outros recebimentos.

Os pagamentos incluem todas as despesas feitas durante um dado período

financeiro. Os pagamentos mais comuns de caixa são as compras à vista,

pagamentos de duplicatas, folha de pagamentos, impostos, pagamento de

ativos permanentes, dividendos, amortizações de empréstimos, recompra de

ações.

EXEMPLO

Considere que a empresa Banana Powel está desenvolvendo um orçamento

caixa para os meses de outubro, novembro e dezembro. As vendas da

empresa em agosto e setembro foram de $100 mil e $200 mil,

respectivamente. Vendas de $400 mil, $300 mil e $200 mil haviam sido

previstas para outubro, novembro e dezembro, respectivamente.

Historicamente, 20% das vendas da empresa têm sido à vista, 50% tem gerado

duplicatas a receber cobradas em um mês e os 30% restantes têm gerado

duplicatas para 60 dias. As despesas com devedores duvidosos não são

consideradas devido a sua participação. Em dezembro a empresa vai receber

um dividendo de $30 mil de ações em uma subsidiária.

Como conseqüência de suas operações a empresa apresentará um total de

compras que representam 70% de suas vendas. Esse montante é pago 10% à

vista, 70% no mês imediatamente seguinte ao mês da compra e os restantes

20% são pagos nos 2 meses após a compra. A empresa ocupa uma área

alugada que lhe custa $ 5 mil mensalmente. Sua folha de pagamento é

composta de $ 96 mil ano de salários fixos e uma mão-de-obra variável

estimada em 10% sobre as vendas mensais. Os impostos correspondem a $

25 mil pagos em dezembro e a companhia pagará em novembro um

permanente relativo à compra de novas máquinas de $ 130 mil. A empresa

pagará ainda dividendos de caixa no valor de $ 20 mil em outubro e ainda uma

amortização de empréstimos no valor de $ 20 mil também em outubro e $ 10

mil de juros referente a um contrato adquirido no ano passado. A empresa não

pretende recomprar nenhuma ação durante outubro a dezembro. A empresa

gostaria de manter como reserva para necessidades não-programadas um

saldo mínimo de $ 25 mil em seu caixa.

RESOLUÇÃO

Primeiramente como sugestão vamos entender o exercício:

PREVISÃO DE ENTRADAS

Previsão de Vendas: Entrada inicial meramente informativa.

Venda à vista: As vendas à vista mostrada para cada mês representam 20%

do total da previsão de cada mês.

Cobranças de Duplicatas a receber: São entradas que resultam de vendas a

prazo em meses anteriores sendo:

Defasadas 1 mês: vendas feitas no mês anterior que geram duplicatas a

receber cobradas no mês corrente. Pelo fato de 50% das vendas do mês

corrente serem cobradas 1 mês depois, as duplicatas a receber cobradas com

1 mês de defasagem mostradas para setembro representam 50% das vendas

de agosto e assim por diante;

Defasadas 2 meses: estes números representam vendas feitas 2 meses antes

que geraram duplicatas a receber no mês corrente. Pelo fato de 30% das

vendas serem cobradas 2 meses depois, as duplicatas a receber com

defasagem de 2 meses mostradas em outubro, representam 30% das vendas

de agosto.

Outros recebimentos: São recebimentos esperados de outras fontes

diferentes das vendas. Juros recebidos, dividendos recebidos, receitas

provenientes da vendas de ativos permanentes, receitas de vendas de títulos,

receitas de aluguéis. No caso da Banana Powel, apenas têm-se a entrada de $

30 mil referente a dividendos a receber em dezembro.

Total de recebimentos: Esse número representa o total de recebimentos

listados para cada mês. No caso específico da Banana Powel estamos

preocupados apenas com Outubro, Novembro e Dezembro.

Como sugestão temos a formação de uma tabela de recebimentos projetados

para a empresa Banana Powel.

Cronograma de Recebimentos Projetados para a Banana Powel

Ago Set Out Nov Dez

Previsão de Vendas (orientativo)

Venda à vista (=20%)

Cobrança de Duplicatas

Defasado 1 mês (= 50%)

Defasado 2mês (= 30%)

Outros Recebimentos

Total de Recebimentos

– PREVISÃO DE SAÍDAS (PAGAMENTOS)

Compras: Essa entrada é meramente informativa, as compras da empresa

representam 70% das vendas previstas. Elas serão incluídas na tabela para

facilitar os cálculos.

Compra à vista: Os pagamentos das compras representam 10% das compras

do mês.

Duplicatas a pagar: Estas representam o pagamento de duplicatas resultante

das compras em meses anteriores.

Defasado 1 mês: Estes valores representam compras ao mês precedente que

serão pagas no mês corrente. Pelo fato de 70% das compras da empresa

serem pagas 1 mês depois, o pagamento referente ao mês de outubro

mostram os valores estimados das compras de setembro a assim por diante.

Defasado 2 meses: Estes valores representam compras precedentes que

serão pagas no mês corrente, assim os mostrados em dezembro, referem-se

às compras de outubro, e assim, sucessivamente.

Pagamento de aluguel: Pagamento de $ 5 mil pago todos os meses.

Folha de pagamentos: O custo fixo de salário para o ano é de $ 96 mil, logo

temos $ 8 mil todos os meses. Adicionalmente, a mão-de-obra variável é

estimada em 10% das vendas mensais.

Pagamentos de Impostos: Impostos no momento de 25 mil deverão ser

pagos em dezembro.

Pagamentos de Ativos Permanentes: Novos Equipamentos custando $ 130

mil serão comprados e pagos em novembro.

Pagamentos de dividendos de caixa: Dividendos de caixa de $ 20 mil serão

pagos em dezembro.

Amortizações de empréstimos: Um pagamento de amortização de $ 20 mil

será efetuado em outubro.

Recompra de ações: Neste caso, nenhuma das ações faz parte do

planejamento da BananaPowel.

Pagamentos de Juros: Refere-se a juros de qualquer natureza que promova

saídas de caixa. Podendo ser por atraso dos pagamentos de contratos, de

empréstimos, de duplicatas, de fornecimento etc.. Novamente sugerimos a

criação de uma tabela de pagamentos projetados para a empresa.

CRONOGRAMA DE PAGAMENTOS PROJETADOS PARA A BANANA

POWEL

AGO SET OUT NOV DEZ

PREVISÃO DE COMPRAS (70% das

vendas)

Compras à vista (= 10%)

Pagamentos de Duplicatas

Defasada 1 mês ( = 70%)

Defasado 2 Meses (= 20%)

Pagamento de Aluguel

Folha de Pagamentos

Pagamentos de Impostos

Pagamentos de Ativos Permanentes

Pagamentos de Juros

Pagamentos de Dividendos em $

Amostizações

Total de Pagamentos

Agora já podemos montar o orçamento de caixa para a Banana Powel, sendo:

Orçamento de Caixa para a Banana Powel ( em $ mil)

OUT NOV DEZ

(+) Recebimento Total

(-) Total de Pagamentos

(=) Fluxo de Caixa Líquido

(+) Saldo de Caixa Inicial

(=) Saldo de Caixa Final

(-) Saldo de caixa mínimo

Financiamento Total Necessário

Excesso de saldo de caixa

O fluxo líquido de caixa representa a diferença matemática entre a entrada

de caixa da empresa e suas saídas em cada período. O fluxo líquido é

encontrado ao se subtrair os pagamentos dos recebimentos em cada período.

O saldo final de caixa é a soma do inicial e seu fluxo de caixa líquido pelo

período.

O financiamento total necessário é o montante de fundos que a companhia

necessita se o saldo final de caixa do período for menor do que o saldo de

caixa mínimo desejado; geralmente representado por empréstimos bancários.

O excesso de caixa é o montante para investimentos pela empresa se o saldo

final de caixa do período for maior que o saldo mínimo em caixa desejado,

acreditasse que o valor seria investido em títulos.

– AVALIANDO O ORÇAMENTO DE CAIXA

A Banana Powel gostaria de manter $ 25 mil de reservas não-programadas,

assim ela deverá fazer um empréstimo de $ 76 mil em novembro e $ 41 mil em

dezembro. Em outubro, ela terá um saldo positivo de $22 mil que poderá ser

investido em títulos a curto prazo. Os números totais observados no orçamento

de caixa se referem ao montante devido no final do mês; eles não

representam as mudanças mensais ocorridas com os empréstimos. Essas

mudanças podem ser observadas avaliando-se os fluxos d saldo inicial de

caixa e seus excessos/ financiamentos. O orçamento de caixa provê a empresa

com números indicando se existirá um excesso ou uma deficiência de caixa

para cada período analisado. O número de cada mês é baseado nas

exigências internamente impostas. Para um excelente orçamento é necessário

informações cada vez mais precisa e atualizada.

Saldo do final do mês ( em $ mil)

CONTA OUT NOV DEZ

Caixa

Títulos Negociáveis

Empréstimos Bancários

3.4 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG)

Cabe destacar que, o financiamento do capital de giro feito pelos fornecedores

geralmente é o mais natural e vantajoso para a empresa. O período que não é

financiado por fornecedores ou passivos cíclicos deverá ser financiado por

outras fontes de recursos, e essa necessidade adicional é conhecida como

necessidade de capital de giro ou investimento operacional em giro.

Existem casos em que os fornecedores acabam financiando todo o ciclo

operacional de uma empresa, que é o que acontece, normalmente, em redes

de supermercados. Suponha que uma grande rede de supermercados consiga

produtos para revenda com prazo de pagamento de 60 dias. Ao receber a

mercadoria, o supermercado disponibiliza os produtos aos seus clientes e

poderá efetuar vendas em um período de 10 dias, por exemplo. Recebendo

pelas vendas à vista, o supermercado poderá investir o dinheiro durante cerca

de 50 dias, aumentando sua receita financeira ou ainda comprando novos

produtos. Nesse caso, os fornecedores financiariam mais de 100% do ciclo

operacional do supermercado; então, a necessidade de capital de giro seria

negativa. .

DECISÕES DE INVESTIMENTOS EM CONDIÇÕES DE

INCERTEZA

INTRODUÇÃO

Vários fatores combinam-se para tomar as decisões sobre a elaboração do

orçamento de capital, talvez as mais importantes que os gerentes financeiros

devem tomar. Por isso, sabemos que as decisões tomadas no processo de

elaboração do orçamento de capital continuam por muito tempo, promovendo a

perda de flexibilidade por parte do tomador de decisão. Quando compramos

uma máquina (ativo), com vida útil de 10 anos, teoricamente, estamos

amarrando a empresa por este período, claro que relacionamos a expansão

dos ativos às vendas futuras, e assim, um erro na projeção das necessidades

pode trazer sérias conseqüências.

Primeiramente a máquina a ser adquirida pode não fornecer a produção

necessária, logo fabricará menos produtos, com menos competitividade, e isso

pode forçar a empresa a manter menores margens ou aumentar os descontos.

O tempo de recuperação do investimento também é muito importante. Não se

esqueça que o investimento poderia ser feito em outras frentes, logo a opção

por este projeto deveria ser um propulsor de lucros num tempo

preestabelecido. Se essas entradas não ocorrem, a empresa certamente

deverá encontrar outras fontes de recursos, empréstimos, bancos, aportes, e

isso aumentará o endividamento, tornando a empresa menos atraente. Desta

forma a escolha certa para um projeto, centra-se na análise das propostas.

Tais propostas se baseiam nos fluxos de caixa gerados pelos projetos, os quais

são discutidos buscando verificar sua aceitabilidade, ou hierarquizar uma

relação de projetos. Isso nos obrigará a utilizar a abordagem de valor do

dinheiro no tempo, de risco e retorno, e conceitos de avaliação, para selecionar

dispêndios de capital que são consistentes com a meta da empresa de

maximização da riqueza dos proprietários.

PERÍODO DE PAYBACK

O período de payback é definido como o número esperado de anos exigido

para recuperar o investimento original, ou seja, o tempo necessário para que o

desembolso correspondente ao investimento inicial seja recuperado, ou ainda,

igualado e superado pelas entradas líquidas acumuladas. Este método foi o

primeiro e muito usado para avaliação de projetos.

O processo é simples, somam-se os fluxos futuros de caixa para cada período

até que o custo inicial do projeto de capital seja coberto. O tempo total,

incluindo-se as frações de período, constitui o período de PAYBACK.

EXEMPLO:

Projeto “C”: -

Fluxo de Caixa Líquido:

FCL Acumulado:

Percebe-se que o projeto torna-se

__________________________________________________________ , assim

pegamos o saldo ____________________ do ano em questão, e dividimos pelo

próximo fluxo de entrada, e obtemos o período de recuperação, assim temos:

Custo não coberto no início do ano

PAYBACK c = Ano antes da recuperação plena + Fluxo de Caixa durante o ano

No exemplo temos: - PAYBACK c =

Quando usamos planilhas para estes cálculos, torna-se mais fácil trabalharmos com

tabelas. Portanto, vejamos os exercícios.

EXERCÍCIOS

A empresa LINPIO S/A esta pensando em investir em um equipamento que lhe

proporcionará o seguinte fluxo de caixa: - O custo do investimento é de $ 180.000,

sendo que suas entradas são respectivamente: - $ 25.400; $ 57.900; $ 129.400; $

96.900 e $ 126.400. Calcule o período de recuperação.

A N O S FLUXOS DE CAIXA NO PERÍODO FLUXOS ACUMULADOS

Calcule o período exato de recuperação de um investimento de $ 105.000, para um

número de 5 anos com os respectivos fluxos de caixa anuais: $ 25.000; $ 28.000; $

48.000; $ 65.000 e $ 94.000.

A N O S FLUXOS DE CAIXA NO PERÍODO FLUXOS ACUMULADOS

PAYBACK DESCONTADO

O período de payback descontado é bastante semelhante ao anterior, com exceção

de que os fluxos de caixa esperados são descontados pelo custo do capital do projeto.

Assim, o período de payback descontado é definido como sendo o número de anos

exigidos para se recuperar um investimento, a partir de fluxos de caixas líquidos

descontados. Retornando ao exemplo inicial, vejamos o que acontece com o payback

descontado nas mesmas condições de fluxos de entrada, porém considerando um

custo de capital (K) de 10% para o projeto C.

Para elaborar cada entrada descontada, estaremos calculando o valor líquido

descontando o reflexo do tempo sobre o valor da entrada. Assim, temos que:

Fluxo do 1º ano é igual =

Fluxo do 2º ano é igual =

Projeto “C”: -

Fluxo de Caixa Líquido

FCL Descontado

FCL Descontado Acumulado

Para calcular o período de payback descontado procedemos conforme exercício

anterior, ou seja, o projeto torna-se _______________________ do

_____________________________________ , assim pegamos o saldo

___________________ do ano em questão, e _________________________ pelo

próximo fluxo de entrada, e obtemos o período de recuperação, assim temos:

Custo não coberto no início do ano

PAYBACK c desc. = Ano antes da recup. plena + Fluxo de Caixa durante o ano

PAYBACK c DESCONTADO =

Observe que o payback é um tipo de cálculo de “equilíbrio” no sentido de que, se os

fluxos de caixa chegam à taxa esperada até o ano de payback, o projeto será

equilibrado. No entanto, o payback regular não leva em conta o custo de capital –

nenhum custo de capital próprio ou endividamento foi utilizado para operacionalizar. O

projeto é refletido no fluxo de caixa ou nos cálculos. O payback descontado leva em

conta o custo de capital (k) – ele mostra o ano de equilíbrio depois de cobrir os custos

com o endividamento e de capital próprio.

EXERCÍCIOS

A empresa NILOPI S/A está pensando em investir em um equipamento que lhe

proporcionará o seguinte fluxo de caixa: - O custo do investimento é de $ 180.000,

sendo que suas entradas são, respectivamente: - $ 25.400; $ 57.900; $ 129.400; $

96.900 e $ 126.400. O custo de capital envolvido é de 12%. Calcule o período de

recuperação.

Calcule o período exato de recuperação de um investimento de $ 105.000 para um

número de 5 anos, com os respectivos fluxos de caixa anuais: $ 25.000; $ 28.000;

$ 48.000; $ 65.000 e $ 94.000, sendo que o acionista espera receber do mercado

para o mesmo investimento uma taxa de 9,5 % ao ano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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