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1 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA MARIANA DE FREITAS CORRÊA Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros adultos (RME-A) São Paulo 2019

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Page 1: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

1

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

EM EDUCAÇÃO FÍSICA

MARIANA DE FREITAS CORRÊA

Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no

esporte para atletas brasileiros adultos (RME-A)

São Paulo

2019

Page 2: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

MARIANA DE FREITAS CORRÊA

Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no esporte

para atletas brasileiros adultos (RME-A)

São Paulo

2019

Dissertação apresentada ao programa de

Mestrado em Educação Física da

Universidade São Judas Tadeu como

requisito para obtenção do título de

Mestre em Educação Física.

Área de concentração: Escola, esporte,

atividade física e saúde

Orientadora: Profª. Drª. Maria Regina

Ferreira Brandão

Page 3: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da

Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237

Corrêa, Mariana de Freitas.

C824p Propriedades psicométricas da escala de robustez mental no

esporte para atletas brasileiros adultos / Mariana de Freitas

Corrêa. - São Paulo, 2019.

f.: il.; 30 cm.

Orientadora: Maria Regina Ferreira Brandão.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São

Paulo, 2019.

1. Esportes - aspectos psicológicos. 2. Avaliação psicológica. 3.

Instrumentos. 4. Comportamento humano. I. Brandão, Maria Regina

Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 796

Page 4: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Nome: Corrêa, Mariana de Freitas

Título: Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas

brasileiros adultos (RME-A)

Banca Examinadora:

_______________________________________________________

Profª. Drª. Maria Regina Ferreira Brandão (Orientadora)

Universidade São Judas Tadeu

_______________________________________________________

Prof. Dr. Marcelo Callegari Zanetti

Universidade São Judas Tadeu

___________________________________________________________

Profª. Drª. Larissa Rafaela Galatti

Universidade Estadual de Campinas

Dissertação apresentada a Universidade

São Judas Tadeu para obtenção do título

de Mestre em Educação Física

Page 5: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Beatriz e

Carlos, que dignamente me

apresentaram à importância da

família e o caminho da

honestidade e persistência.

Page 6: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que fizeram parte deste momento da minha vida e que,

direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, especialmente:

À minha orientadora Professora Maria Regina Ferreira Brandão que, apesar de todas as

dificuldades, sempre me encorajou, confiou em mim e foi mais que orientadora, foi

também amiga e aconselhadora.

À banca de qualificação, Professor Marcelo e Professora Marilda por suas orientações

tão preciosas.

À Professora Miranda e a todos os professores e demais profissionais da Universidade

São Judas Tadeu que sempre me orientaram com toda a atenção.

Aos meus pais, Beatriz e Carlos, que me ensinaram princípios de amor, disciplina e

caráter.

À minha família, avó, tias (os), primas (os), que entenderam a minha ausência, mas

mantiveram presentes me apoiando.

Aos meus avós, Eva e Cid (in memorian), que me ensinaram a batalhar pelos meus

sonhos.

As minhas amigas Déh, Erika, Nati, Michele, Marina que “esqueceram de mim” por

muitas e muitas vezes para que eu pudesse me dedicar totalmente à dissertação.

À minha colega de trabalho Cibel que quando eu tinha apenas 18 anos me apresentou a

Psicologia do Esporte e me abriu as portas para que eu aprendesse essa profissão.

À minha amiga e colega de trabalho Adriana que sempre foi uma grande incentivadora,

amiga, conselheira e parceira de trabalho.

Page 7: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

À minha amiga e parceira de pesquisa Márcia, que além de me ajudar no estudo sempre

esteve ao meu lado me dando força nos momentos difíceis da vida.

À minha amiga e parceira de pesquisa Daniela que sempre me ajudou com tanto carinho

mesmo tarde da noite.

Aos amigos Helton, Patrícia, Flávia, que conheci no decorrer do mestrado, e que me

ajudaram com suas experiências e conselhos.

A Airini, Giovanna, Marco, Tadeu e, demais amigos do Centro Olímpico de

Treinamento e Pesquisa São Paulo, que acompanharam de perto minha caminhada,

sempre dando suporte e apoio.

Ao Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa que me permite crescer pessoal e

profissionalmente, dando oportunidades para que eu possa ter acesso ao melhor da

Psicologia do Esporte.

Aos treinadores do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa que sempre confiaram

no meu trabalho e me dão oportunidade de pesquisar e intervir dentro de suas equipes.

Aos atletas que com tanto carinho se dispuseram a abrir um pouquinho de suas vidas

pessoais, sem os quais esta pesquisa não teria sido possível e nem teria razão de ser.

À Confederação Brasileira de Rugby, especialmente ao João Nogueira e atletas por

confiar no trabalho e ter colaborado com tudo que foi preciso.

À todos os atletas e psicólogos que participaram deste estudo, respondendo com tanta

atenção e carinho as escalas.

Page 8: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

RESUMO

Corrêa, M. F. (2019). Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no

esporte para atletas brasileiros adultos (RME-A). Dissertação de Mestrado,

Educação Física, Universidade São Judas Tadeu, São Paulo.

Entender como os atletas desenvolvem e melhoram suas capacidades psíquicas é um

grande desafio para a Psicologia do Esporte. Porque alguns atletas lidam melhor com

situações de adversidade e fracassos enquanto outros sucumbem ou porque alguns

parecem não se abalar com situações inesperadas são alguns questionamentos instigantes

dessa área. A compreensão e a explicação dos componentes psicológicos geradores

destas diferenças tem se revelado um componente fundamental a contribuir com o

diagnóstico e o desenvolvimento de intervenções adequadas em nível de treinamento,

visando a competitividade e os melhores rendimentos no esporte. O construto

psicológico “Mental Toughness”, traduzido para o português como “Robustez Metal”

(RM), tem sido utilizado para explicar essas diferenças e o alto desempenho de alguns

atletas. No entanto, no Brasil ainda há uma escassez de estudos referente ao construto

bem como uma escala validada para mensurar a Robustez Mental em atletas brasileiros.

Assim sendo, para minimizar essa deficiência, a presente dissertação, teve por objetivo

elaborar e verificar as propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no

esporte para atletas brasileiros adultos (RME-A). Para tanto, foi utilizada uma amostra

não probabilística, intencional, composta por 413 atletas profissionais, sendo (feminino

n=207 e masculino n=205, de 15 modalidades esportivas, com idades entre 18 e 38 anos

(21,6±4,26), com pelo menos um ano de experiência na modalidade e que participavam

de competições oficiais regularmente. A escala foi elaborada de acordo com o modelo

teórico dos 4C’s (control, commitment, challenge and confidence), que traduzidos para o

português ficaram (controle, compromisso, desafio e confiança). Por meio do recurso da

Análise Fatorial Confirmatória foi possível verificar índices de ajustamento aceitáveis ao

modelo teórico examinado (χ2 = 103,79, p <0,000; RMSEA = 0,07, GFI = 0,98, AGFI =

0,97, NFI = 0,91, NNFI = 0,95, CFI = 0,96, χ2 / df = 1,73). Os resultados apontam

também para boa consistência interna (cargas fatorias (0,50), valor de t (>1,96) e

confiabilidade composta (>0,60). A análise de convergência entre a Escala RME-A e a

Escala de Resiliência aponta para correlações positivas e significativas (p<0,05). Em

conformidade, os resultados encontrados suportam a evidência de validade da Escala

RME-A com propriedades psicométricas aceitáveis, podendo, portanto, constituir-se

como uma ferramenta útil para avaliar a Robustez Mental de atletas brasileiros adultos.

Palavras-Chave: Esportes – aspectos psicológicos. Avaliação psicológica. Instrumentos.

Comportamento humano.

Page 9: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

ABSTRACT

Corrêa, M. F. (2019). Psychometric properties of the Mental Toughness Scale in sport

for adult brazilian athletes (RME-A). Dissertação de Mestrado, Educação Física,

Universidade São Judas Tadeu, São Paulo.

Understanding how athletes develop and improve their psychic abilities is a major

challenge for Sport Psychology. Because some athletes deal better with situations of

adversity and failures while others succumb or because some seem not to be shaken by

unexpected situations are some instigating questions in this area. Understanding and

explaining the psychological components that generate these differences has proved to

be a fundamental component contributing to the diagnosis and development of

appropriate training interventions aiming at competitiveness and better performance in

sport. The psychological construct "Mental Toughness" has been used to explain these

differences and the high performance of some athletes. However, in Brazil there is still a

shortage of studies regarding the construct as well as a validated scale for measuring

Mental Toughness in Brazilian athletes. Therefore, in order to minimize this deficiency,

this dissertation aimed to elaborate and verify the psychometric properties of the Mental

Toughness Scale in sport for Brazilian adult athletes (RME-A). A non-probabilistic,

intentional sample of 413 professional athletes was used (female n = 207 and male n =

205, from 15 sports modalities, aged between 18 and 38 years (21.6 ± 4.26 ), with at

least one year of experience in the modality and who participated in official

competitions regularly.The scale was elaborated according to the theoretical model of

the 4C's (control, commitment, challenge and confidence). Through the Factorial

Confirmatory Analysis, it was possible to verify adjustment indices acceptable to the

theoretical model examined (χ2 = 103,79, p <0.000; RMSEA = 0,07, GFI = 0,98, AGFI

= 0,97, NFI = 0,91, NNFI = 0,95, CFI = 0,96, χ 2 / df = 1,73). The results also point to

good internal consistency (factor loads ≥0,50), t-value (> 1.96) and composite reliability

(> 0,60). The convergence analysis between the RME-A Scale and the Resilience Scale

points to positive and significant correlations (p <0,05). Accordingly, the results found

support the validity evidence of the RME-A Scale with acceptable psychometric

properties, and can therefore be a useful tool to evaluate the Mental Toughness of

Brazilian adult athletes.

Key words: Sports - psychological aspects. Psychometric Validation. Instruments.

Human behavior.

Page 10: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...............................................................................14

1.1 Definição do problema .................................................................................14

1.2 Objetivos .......................................................................................................17

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................17

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................17

1.3 Justificativa ...................................................................................................18

CAPÍTULO II – ANÁLISE DE PRODUÇÃO SOBRE A ROBUSTEZ MENTAL

...................................................................................................................................20

2.1 Robustez Mental ...........................................................................................23

2.2 Robustez Mental e sua relação com a resiliência, o perfeccionismo e o

otimismo....................................................................................................................29

2.3 Avaliação da Robustez Mental no esporte ...................................................31

CAPÍTULO III – MÉTODO ....................................................................................35

3.1 Paradigma norteador da pesquisa .................................................................35

3.1.1 Definição dos objetivos do inventário .......................................................36

3.1.2 Especificação do contexto .........................................................................37

3.1.3 Escolha do modelo matemático .................................................................39

3.1.4 Definição do domínio ................................................................................42

3.1.4.1 Desenvolvimento do Modelo de 4 C’s ...................................................43

3.1.5 Construção dos itens ..................................................................................47

3.1.6 Revisão do inventário inicial por especialistas ..........................................50

3.1.7 Seleção dos participantes ...........................................................................52

Page 11: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

3.1.8 Avaliação da validade e consistência interna das dimensões ....................55

CAPÍTULO IV - RESULTADOS ............................................................................56

4.1 Análise fatorial confirmatória .......................................................................56

4.2 Consistência interna, validade convergente e discriminante ........................62

4.3 Análise da convergência entre a Escala RME-A com a Escala de

Resiliência......................................................................................................65

CAPÍTULO V - DISCUSSÃO .................................................................................67

CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO .............................................................................71

Referências ...............................................................................................................73

Apêndice 1 – Escala de Robustez Mental no Esporte - versão 1 com 40 itens

...................................................................................................................................80

Apêndice 2 – Versão final da RME-A ......................................................................81

Anexo 1 – Escala de Resiliência ...............................................................................82

Anexo 2 – Ficha de Dados Demográficos ................................................................83

Anexo 3 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ..........................................84

Anexo 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ..........................86

Page 12: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Lista de Figuras

Figura 1. Protocolo de buscas em bases de dados para análise de produção da

literatura...................................................................................................................................20

Figura 2. Artigos selecionados para análise de produção sobre Robustez Mental.................................21

Figura 3. Pirâmide da Robustez Mental..................................................................................................27

Figura 4. Itens da dimensão psicológica “Controle”...............................................................................48

Figura 5. Itens da dimensão psicológica “Compromisso”......................................................................48

Figura 6. Itens da dimensão psicológica “Desafio”................................................................................49

Figura 7. Itens da dimensão psicológica “Confiança”.............................................................. ..............49

Figura 8. Alteração a partir das mudanças sugeridas pela dinâmica de grupo em relação aos itens da

escala........................................................................................................... .............................................51

Figura 9. Descrição do número de participantes por modalidade..........................................................53

Figura 10. Modelo 1 da análise fatorial confirmatória com 40 itens......................................................57

Figura 11. Modelo 2 da análise fatorial confirmatória com 33 itens......................................................59

Figura 12. Análise fatorial confirmatória da Escala de Robustez Mental do Modelo de 13

itens................................................................................................. .........................................................61

Figura 13. Itens finais da dimensão psicológica “Controle”...................................................................64

Figura 14. Itens finais da dimensão psicológica “Compromisso”..........................................................64

Figura 15. Itens finais da dimensão psicológica “Desafio”....................................................................65

Figura 16. Itens finais da dimensão psicológica “Confiança”................................................................65

Page 13: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Média (M) e Desvio Padrão (DP) da idade mínima e máxima dos participantes do estudo (em

anos)..........................................................................................................................................52

Tabela 2 - Média (M) e Desvio Padrão (DP) do tempo de experiência mínimo e máximo dos

participantes do estudo..............................................................................................................53

Tabela 3 - Média (M), Desvio Padrão (DP), Mínimo e Máximo dos dias de treino e horas de treino por

semana dos participantes do estudo..........................................................................................54

Tabela 4 - Frequência (N) e porcentagem do nível de escolaridade dos participantes...............................54

Tabela 5 - Itens da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros adultos e carga fatorial

de cada item..............................................................................................................................62

Tabela 6 - Média (M), Desvio Padrão (DP) e valor de t para cada item da versão final da Escala de

Robustez Mental.......................................................................................................................63

Tabela 7 - Comparação entre a variância media extraída e a correlação ao quadrado de cada fator.........64

Tabela 8 - Coeficientes de correlação de Spearman para correlações selecionadas...................................66

Page 14: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Lista de Abreviaturas e Siglas

AERA American Educational Research Association

AFC Análise fatorial confirmatória

AFMTI Australian Football Mental Toughness Inventory

AGFI Adjusted Goodness of Fit Index

APA American Psychological Association

BRS Breve Escala de Resiliência

CFI Comparative Fit Index

CFP Conselho Federal de Psicologia

CMTI The Cricket Mental Toughness Inventory

GFI Goodness of Fit Index

ITC Comissão internacional de testes

MeBTough Mental Emotional, and Bodily Toughness Inventory

MT48 Mental Toughness 48

MTI Mental Toughness Inventory

MTQ-48 Mental Toughness Questionnaire 48

MTS Mental Toughness Scale

NFI Normed Fit Index

NNFI Nonnormed Fit Index

NMCE National Concil on Measurement in Education

PPI Psychological Performance Inventory

PPI-A Alternative Psychological Performance Inventory

RM Robustez Mental

RME-A Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros adultos

RMSEA Root Mean Square Error of Approximation

SMTQ Sport Mental Toughness Inventory

SPSS Statistical Package for the Social Science

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

VME Variância Média extraída

Page 15: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

15

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 Definição do Problema

A partir da minha vivência como atleta de Kung-Fu, tive oportunidade de

experimentar diferentes emoções e sentimentos durante as competições, tais como

ansiedade, medo, euforia, falta de confiança e dificuldade de concentração. Ao reparar

nas demais competidoras, indagava-me se todas estavam sentindo o mesmo pois, à

primeira vista, pareciam saber controlar tais emoções.

Já na graduação em Psicologia, atuei como estagiária em um centro esportivo em

São Paulo, atendendo atletas de categorias de base. Durante esses atendimentos, muitos

relatavam sentir-se de forma muito semelhante a como eu me sentia durante as

competições, entretanto, a forma como alguns lidavam com esses sentimentos divergia.

Após me formar, fui contratada por esse mesmo centro esportivo, no qual já

estou há 15 anos e, ao longo da minha carreira, também tive a oportunidade de trabalhar

com as seleções brasileiras de basquete, judô e rugby, sendo que com o rugby pude

desenvolver um trabalho para os jogos olímpicos Rio 2016.

Atuando com atletas adultos de alto rendimento, os meus questionamentos

cresceram ainda mais, uma vez que, embora todos esses atletas já estivessem

competindo em alto nível, era nítido que alguns deles se comportavam de maneira

diferente diante de situações de pressão e adversidades, pareciam ter controle sobre as

situações.

Minhas experiências como psicóloga do esporte, trabalhando com atletas de

diferentes idades e modalidades, e a minha própria experiência como atleta me levaram

a diversas indagações: o que diferencia um atleta de sucesso daquele que, apesar de

muito dedicado e esforçado, não consegue tal feito? Por que alguns lidam melhor com

situações de estresse ou situações desafiadoras? Como conseguem manter o entusiasmo

Page 16: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

e a motivação mesmo diante dos fracassos? Será que há um construto psicológico que

possa explicar como esses fenômenos funcionam?

Procurando explicações para algumas das minhas indagações, entendi que o

melhor caminho seria iniciar meu estudo com uma busca na literatura da Psicologia do

Esporte sobre como ocorre o processo do controle emocional de um atleta de sucesso.

Encontrei diversos estudos sobre o construto “Mental Toughness” (um tema ainda pouco

estudado no Brasil) que podem trazer subsídios significativos às respostas dos meus

questionamentos.

Os estudos desse construto se iniciaram na década de 1970, na Universidade de

Chicago. Kobasa, Maddi e Khan (1982) começaram a estudar o construto Personalidade

Resistente – ou “Hardiness” –, concluindo que determinadas situações associadas a altos

níveis de estresse podem ser prejudiciais às pessoas mas, ao mesmo tempo, podem ser

positivas, dependendo da maneira como essa pessoa lida com os eventos estressantes.

Para que isso aconteça, é preciso que ela tenha determinadas atitudes, crenças e

tendências que atuam como medida de forte resistência aos acontecimentos

desfavoráveis (Maddi, 2002).

A partir dos estudos de Maddi, nos Estados Unidos começam a ser feitas

diferentes pesquisas no esporte com o objetivo de identificar o construto Personalidade

Resistente em atletas. No entanto, o termo adotado por esses pesquisadores foi “Mental

Toughness”, uma vez que a terminologia Personalidade Resistente é originária da

Psicologia da Saúde (Kobasa, 1979). Nesta dissertação, adotaremos a nomenclatura

Robustez Mental (RM), terminologia proposta por Fonseca (2012) e já utilizada em

Portugal, uma vez que, ao traduzir “Mental Toughness” para a língua portuguesa do

Brasil, a versão encontrada nos dicionários on-line (Michaelis, Babylon e Google) seria

“Tenacidade” ou “Dureza Mental”, o que não remete ao construto em sua total

magnitude pois, de acordo com Gucciardi e Gordon (2009), o termo “Mental

Toughness” refere-se não apenas a uma resistência mental, mas também a algo que

auxilia na manutenção do foco e da motivação, sendo mais complexo e robusto.

De acordo com Clough, Earle e Sewell (2002), Robustez Mental (RM) representa

a força mental, a capacidade de resistir e vencer obstáculos e desafios que o meio coloca

no trajeto de vida de um indivíduo face às diferentes tarefas existenciais. São pessoas

que apresentam estratégias de enfrentamento mais elevadas e capacidade de superar e

ultrapassar fracassos, de resistir ou de se recusar a desistir diante de situações

estressantes, com insensibilidade ou resiliência e posse de capacidades mentais

Page 17: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

diferenciadas. Em outras palavras, a RM representa um conjunto de habilidades

psicológicas positivas – como autoconfiança, determinação e recursos de enfrentamento

– que ajudam a minimizar os efeitos prejudiciais do estresse, permitindo aos indivíduos

apresentarem performances positivas e consistentes, independentemente dos fatores

situacionais.

Apesar do construto ter aparecido na literatura pela primeira vez há anos, Jones,

em 2002, já apontava que o construto Robustez Mental ainda não tinha definição clara e

exata quanto aos fatores que englobavam esse construto tão complexo (Jones, 2002). Tal

indefinição permanece até os dias de hoje, pois a Robustez Mental ainda é um dos

termos menos compreendidos, usados e aplicados na Psicologia do Esporte. Entretanto,

como mostrado em muitos estudos (Clough, Earle & Sewell, 2002; Connaughton,

Hanton, Jones & Wadey, 2008; Gucciardi & Gordon, 2013), a RM está relacionada a

aspectos essenciais do desempenho e conquistas dos atletas e, portanto, merece uma

pesquisa mais aprofundada no Brasil.

No início da década de 2000, houve uma tentativa dos pesquisadores para criar

formas de mensurar o construto elaborando escalas que fossem confiáveis e

psicometricamente válidas para avaliar a RM (Weinberg, Freysinger, Meliano &

Brookhouse, 2016; Jones, 2002). Ao longo dos últimos 14 anos, oito escalas foram

elaboradas, porém não apresentaram força psicométrica. Algumas foram validadas com

amostras pequenas ou apenas em uma modalidade, como futebol, e nenhuma dessas

escalas foram validadas para a população de atletas brasileiros (Gucciardi & Gordon,

2013).

Gucciardi e Gordon (2013), em uma revisão detalhada de cada instrumento,

seguindo critérios quanto ao conceito, teoria e análises psicométricas, mostraram que

todas as oito escalas apresentam falhas em algum item, seja por falta de confiabilidade,

estrutura ou por não medir o construto em si.

Assim, considerando-se que a Robustez Mental tem sido apontada como um

componente importante para o desempenho dos atletas, a carência de estudos sobre o

construto no Brasil, a escassez de instrumentos específicos e válidos que a avalie em

atletas brasileiros, auxiliando na melhor elaboração de programas de treinamento de

habilidades psicológicas, o presente estudo teve por objetivo elaborar e validar uma

escala de Robustez Mental no Esporte para atletas brasileiros adultos.

Page 18: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

1. 2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Elaborar e verificar as propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental

para o esporte brasileiro adulto.

1.2.2 Objetivos Específicos

Elaborar a escala de robustez mental à luz do modelo teórico dos 4 C’s (controle,

compromisso, confiança e desafio);

Avaliar a validade do construto por meio da análise fatorial confirmatória;

Analisar a convergência entre a Escala de Robustez Mental para atletas

brasileiros adultos e a Escala de Resiliência; e

Verificar a adequabilidade da escala RME-A com a teoria dos 4 C’s.

Page 19: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

1.3 Justificativa

O primeiro momento no qual o psicólogo conhece os atletas com os quais vai

trabalhar é durante a avaliação psicológica, que se torna um meio importante para a

elaboração dos programas de intervenção. Os dados coletados na avaliação psicológica

servem de base para a definição de temáticas de trabalho em grupo e também do

trabalho que será desenvolvido com o atleta (Noronha & Reppold, 2010).

No entanto, para produzir medidas válidas e confiáveis, os testes psicológicos

precisam refletir a especificidade do contexto, aumentando a validade ecológica desse

instrumento. Essa visão ecológica dos inventários permite analisar os indivíduos no seu

mundo real e dar a atenção adequada à importância da relação entre o ambiente e as

competências psicológicas dos indivíduos (Brandão, Serpa, Rosado & Weinberg, 2014).

Compreender o processo de Robustez Mental tem importante valor aplicado, uma

vez que, com esse conhecimento em mãos, os treinadores, psicólogos e demais

profissionais da área esportiva estarão cada vez melhor preparados para ensinar aos

atletas não apenas o que é a Robustez Mental, mas também como desenvolvê-la pois, de

acordo com Gucciardi e Gordon (2013), a falta de um entendimento válido sobre a

Robustez Mental enfraquece qualquer desenvolvimento e intervenção que vise melhorar

o rendimento esportivo em atletas.

Ao longo dos anos, foram desenvolvidas por pesquisadores oito escalas para medir

a Robustez Mental. Após uma avaliação sobre cada uma dessas escalas, Gucciardi e

Gordon (2013) relataram a inadequação dos inventários elaborados, em termos

conceituais, empíricos e práticos, uma vez que nenhuma medida satisfazia os critérios

para se obter um instrumento forte, de maneira satisfatória. No Brasil, foi feita a

tradução e adaptação transcultural da Escala “Sport Mental Toughness Questionnaire”

(SMTQ) por Molchansky (2014), porém, nesse estudo, não foi realizada a validação

desse instrumento, o que impossibilita sua utilização. Portanto, fez-se necessário criar

um instrumento forte estruturalmente e adaptado à população de atletas brasileiros para

que o construto Robustez Mental fosse passível de ser medido e desenvolvido com

nossos atletas em programas de treinamento das habilidades psicológicas.

Sendo assim, a pesquisa em questão justifica-se por dois aspectos: primeiro, pela

necessidade de haver instrumentos traduzidos e adaptados para a língua portuguesa do

Brasil, que avaliem fatores psicológicos que auxiliem na compreensão de como esses

Page 20: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

fatores são percebidos pelos atletas e como interferem no rendimento esportivo; e,

segundo, pela ampliação das pesquisas, no Brasil e para atletas brasileiros, do conceito

de Robustez Mental e de um instrumento válido para mensurá-la, o que já vem

acontecendo mundialmente por psicólogos do esporte.

Dessa forma, pelos motivos citados acima, este estudo permitirá, por meio do

desenvolvimento de uma escala, avaliar a Robustez Mental dos atletas brasileiros,

auxiliando os psicólogos na construção de programas de treinamento das habilidades

psicológicas e treinadores esportivos a entenderem como e quais fatores psicológicos

podem influenciar positivamente ou negativamente no desempenho do atleta.

Page 21: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

CAPÍTULO II

ANÁLISE DE PRODUÇÃO SOBRE ROBUSTEZ MENTAL

Para melhor entender a Robustez Mental em toda sua complexidade, a presente

revisão narrativa foi dividida em três seções principais. A primeira trata da

fundamentação do conceito de Robustez Mental, visando uma maior compreensão do

construto e de sua relação com o esporte de alto rendimento; a segunda seção aborda a

relação entre a Robustez Mental e os outros construtos psicológicos; e, finalmente, a

terceira seção considera as premissas gerais da avaliação da Robustez Mental.

Para a realização da revisão narrativa da literatura sobre o construto Robustez

Mental, foi feita uma pesquisa nos bancos de dados, conforme discriminados na Figura 1

a seguir.

Protocolo de buscas em bases de dados

Base de Dados

Scielo

Pubmed

Sportdiscus

Palavras-Chave

Mental Toughness/Robustez Mental

Hardiness/Personalidade Resistente

Sport/Atletas

Idioma

Português

Inglês

Espanhol

Figura 1. Protocolo de buscas em bases de dados para análise de

produção da literatura.

Os critérios de inclusão adotados foram: artigos na integra, dos últimos 10 anos e

com as palavras (“Mental Toughness” e/ou “Hardiness” e/ou Robustez Mental) no

título.

Total de artigos selecionados = 90

Page 22: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Após a leitura do resumo dos artigos, foram adotados os seguintes critérios de

exclusão: exclusão dos artigos repetidos e exclusão de estudos relacionados às áreas de

saúde e organizacional.

Total de artigos após critérios de exclusão = 19

Os 19 artigos selecionados são apresentados na Figura 2, separados por título,

autores, periódico e ano de publicação, por ordem cronológica crescente de publicação.

Artigos selecionados

Título Autores Periódico Ano

An Examination of Mental

Toughness over the Course of a

Competitive Season.

Maddi J. Drees

Mick G. Mack Journal of Sport Behavior 2010

Mental Toughness in soccer: a

behavioral analysis.

Gregory M. Diment Journal of Sport Behavior 2012

Mental Toughness in sport: a

review and prospect.

Yu Kai Chang

Lin Chi

Chih Shiung Huang

Journal of Sport and Exercise

Psychology 2012

Measuring Mental Toughness in

sport: A psychometric examination

of the psychological performance

inventory.

Daniel Gucciardi Journal of Personality

Assessment 2012

A study of Mental Toughness of

high and low level cricket players

of Madhya Pradesh.

Yadav Angad

Mehtaa Deepak

Verma Bharat

Bhagirathi Sameer

Journal of Sports Sciences

and Fitness 2013

Comparative study of Mental

Toughness among male and female

tennis players.

Kumar Lakshman

Ahmed Shahin

Journal of Sciences and

Fitness 2013

Personality hardiness at different Sion Thomas Perceptual and Motor Skills: 2013

Page 23: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Artigos selecionados

Título Autores Periódico Ano

levels of competitive motorcycling.

Colin Reeves

James Agombar

Exercise and Sports

What is this called Mental

Toughness? An investigation of

elite sport performers.

Graham Jones

Sheldon Hanton

Declan Connaughton

Journal of Applied Sport

Psychology 2013

Mental Toughness in sport:

motivational antecedents and

associations with performance and

psychological health.

John Mahoney

Daniel Gucciardi

Nikos Ntoumanis

Cliff Mallet

Journal of Sport and Exercise

Psychology 2014

The relationship between Mental

Toughness and results of the

Egyptian fencing team at the 9 all

Africa Games.

Hussien Hagag

Mahrousa Ali

Science, Movement and

Health 2014

When the going gets tough: Mental

Toughness and its relationship with

behavior perseverance.

Daniel Gucciardi

Peter Peeling

Kagan J. Ducker

Brian Dawson

Journal of Science and

Medicine in Sport 2014

Psychological predictors of Mental

Toughness in elite tennis: an

exploratory study.

Richard Cowden

Dana Fuller

Mark Anshel

Perceptual and Motor Skills:

Exercise and Sports 2014

The concepts of Mental Toughness:

tests of dimensionality,

nomological network, and traitness.

Daniel Gucciardi

Sheldon Hanton

Sandy Gordon

Clifort Mallett

Philip Temby

Journal of Personality 2014

Self-concept organization and

Mental Toughness in sport.

Christopher Ditzfeld

Jim Golby

Jennifer Meggs

Journal of Sports Sciences 2014

Building Mental Toughness:

perceptions of sport psychologists.

Robert Weinberg

Valeria Freysinger

Kathleen Mellano

Elizabeth Brookhouse

The Sport Psychologist 2016

Page 24: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Artigos selecionados

Título Autores Periódico Ano

Mental Toughness and power test

performances in high-level

kickboxers by competitive success.

Maamer Slimani

Bianca Miarka

Walid Briki

Foued Cheour

Asian Sports Medicine 2016

Mental Toughness moderates social

loafing in cycle time trial

performance.

Ken Hetlelid

Derek Peters

Rune Hoigaard

Research Quarterly for

Exercise and Sport 2016

Mental Toughness inventory among

Australian, Chinese, and Malaysian

Athletes.

Daniel Gucciardi

Chun Qing Zhang

Gangyan Si

Andreas Stenling

Journal of Sport and Exercise

Psychology 2016

Controlling coaching and athlete

thriving in elite adolescent.

Daniel Gucciardi

Andreas Stamatis

Nikos Ntoumanis

Journal of Science and

Medicine in Sport 2017

Figura 2. Artigos selecionados para análise de produção sobre Robustez Mental.

2.1 Robustez Mental

Historicamente, de acordo com Kobasa, Maddi e Khan (1982), os primeiros

estudos sobre determinadas habilidades psicológicas, denominadas pela autora como

personalidade resistente, começaram em 1970 quando o mundo contemporâneo impôs

uma nova relação do homem com o trabalho, do qual as exigências por produtividade

ultrapassaram a linha do saudável, gerando patologias como o estresse, ansiedade e

esgotamento emocional (burnout) nos trabalhadores.

Em 1979, Kobasa, em um estudo longitudinal realizado ao longo de oito anos

com executivos (subdivididos em dois grupos) que mudaram de emprego, observou que,

diante desse novo cenário laboral, considerado estressante, os sujeitos apresentaram

maneiras diversas ao lidar com a nova condição. Um grupo apresentou níveis de estresse

significativo, necessitando de assistência médica, enquanto o outro grupo de executivos

Page 25: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

não demostrou níveis significativos de estresse, e mostraram comportamentos cuja

característica principal era agir de forma resistente diante de eventos estressantes. Este

segundo conjunto de habilidades psicológicas, Kobasa (1979) definiu como “Hardiness”

(personalidade resistente), com três dimensões que se relacionavam entre si:

compromisso, controle e desafio.

Segundo Kobasa (1979), compromisso é a tendência do indivíduo de se envolver

com tudo que faz, identificando-se com o significado dos próprios trabalhos. Esse

compromisso pessoal proporciona ao sujeito propósitos que podem facilitar a

amenização de qualquer estímulo estressante, em qualquer área da vida.

A respeito da segunda dimensão, o controle, Kobasa (1979) a define como sendo

a tendência de pensar e atuar com convicção nas próprias influências pessoais durante os

acontecimentos. Isso significa que pessoas com essa qualidade procuram as explicações

do porquê dos acontecimentos, não se restringindo somente às ações dos demais, mas

também assumindo as suas responsabilidades. Essa capacidade auxilia o indivíduo a

perceber, em momentos estressantes, consequências previsíveis de suas ações, o que o

permite manipular os estímulos a seu favor. Já a dimensão desafio, de acordo com a

autora, refere-se à crença de que a mudança, frente à estabilidade, é uma característica

cotidiana da vida, sendo entendida como uma oportunidade, um incentivo para o

crescimento pessoal. Os indivíduos que possuem essa característica tendem a evitar os

estímulos estressantes, sendo estes vistos não como ameaça à sua segurança. Esse

âmbito de enxergar a mudança como fonte de experiências novas e interessantes

possibilita que os esforços do indivíduo convirjam para encontrar formas de enfrentar e

de lidar com as situações novas, mesmo quando carregadas de estímulos estressantes. O

desafio proporciona maior flexibilidade cognitiva, além de tolerância às contradições

que geram conflitos.

Clough, Earle e Sewell (2002), em busca de subsídios que ajudassem a

compreender a personalidade resistente no esporte, realizaram uma série de estudos

qualitativos com atletas e treinadores sobre o que consideravam ser Robustez Mental e

suas características. Notaram que os sujeitos se referiam a uma quarta dimensão além

das três citadas anteriormente, a confiança. Assim, propuseram o modelo denominado

Robustez Mental composto de 4 C’s: em inglês: control, commitment, challenge e

confidence. Na tradução para o português, as quatro dimensões são: controle,

compromisso, desafio e confiança. Segundo Gucciardi e Gordon (2013), o acréscimo da

Page 26: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

dimensão confiança recebeu suporte das pesquisas qualitativas, facilitando a

transposição do modelo baseado na área da saúde para contextos esportivos.

É interessante observar que, já em meados da década de 1950, pesquisadores da

área esportiva tentaram explicar esse construto de diversas maneiras, por exemplo, como

traço de personalidade (Werner & Gottheil, 1966), como mecanismo de defesa contra

adversidades (Alderman, 1974; Favret & Benzel, 1997), como componente essencial

para os atletas suportarem muitas horas de treinamento, associado ao alto nível de

desempenho (Bull, Albinson & Shambrook, 1996; Goldberg, 1998), e como fator que

poderia distinguir desempenhos bem sucedidos de mal sucedidos (Loehr, 1986).

Loehr (1986, 1995) foi um dos pioneiros na área esportiva a estudar o construto

Mental Toughness baseando-se em seu trabalho observacional e também nas

experiências como psicólogo do esporte aplicado, principalmente com tenistas de elite,

dentre os quais André Agassi. Seus trabalhos culminaram no desenvolvimento de uma

medida de Robustez Mental que, apesar de muito utilizada na época, não possuía

validade fatorial (Golby, Sheard & Van-Wersch, 2007; Gucciardi & Jones, 2012;

Middleton et al., 2004). Os estudos de Loehr (1982, 1986, 1995), embora limitados,

desencadearam a maioria das tentativas iniciais de compreensão e interesse pelas

pesquisas sobre Robustez Mental.

No entanto, até 2002 os fundamentos conceituais em relação à Robustez Mental

eram questionáveis, pois a literatura era baseada na opinião e experiência prática dos

psicólogos e não em evidências científicas, o que levou a uma interpretação muitas

vezes errônea e criou certa confusão sobre a definição da RM (Connaughton & Hanton,

2009).

Partindo do exposto acima, entende-se ser conveniente destacar algumas

definições acerca da Robustez Mental, seguindo uma ordem cronológica de estudos.

Para Loehr (1986), Robustez Mental é a habilidade de sustentar consistentemente

um estado ideal de desempenho durante treinos e competições diante de todas as suas

adversidades, sendo avaliada pela consistência do desempenho. Loehr afirma também

que tais habilidades são aprendidas e não inatas, sendo necessário, portanto, um treino

psicológico para o seu desenvolvimento.

Outra referência sobre o construto Robustez Mental encontramos em Jones

(2002), que contribuiu de forma significativa para sua compreensão. Imprimindo uma

abordagem científica quanto à metodologia utilizada no estudo com atletas de elite de

várias modalidades esportivas, definiu a Robustez Mental e seus atributos como uma

Page 27: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

qualidade, natural ou desenvolvida, que permite ao atleta lidar melhor do que os seus

adversários com várias exigências (competição, treino e estilo de vida) e,

especificamente, ser mais consistente que os oponentes, mantendo alto grau de

determinação, foco, confiança e controle sob pressão (Jones, 2002).

Maddi (2002), corroborando Jones (2002), sugere que Robustez Mental é

possuir características de personalidade, naturais ou desenvolvidas, que permitem ao

atleta lidar melhor com as muitas exigências de sua atividade: ser mais consistente, mais

determinado, focado, confiante e ter maior controle sobre o que está acontecendo. São

pessoas que controlam suas próprias ações e se abalam pouco com as contrariedades.

Para Mallar e Capitão (2004), Robustez Mental é a capacidade de ser criativo e

ativo diante de situações difíceis. Para os autores, cada sujeito reage de uma forma

diferente a uma mesma situação, ou seja, cada indivíduo possui uma fonte de resistência

que facilita ou não assumir comportamentos positivos diante de adversidades.

Para Golby e Sheard (2004), o atleta com esse tipo de característica –

concentrado, determinado, confiante – tende a interpretar as situações exigentes, assim

como as competições, como algo desejável, que são controladas e desafiadoras. Tem

alto senso de confiança em si mesmo e fé inabaláveis.

Bull, Shambrook, James e Brooks (2005), para definir e entender a Robustez

Mental, realizaram um estudo qualitativo com jogadores de críquete e descreveram um

modelo teórico de RM representado por uma pirâmide de três dimensões (Figura 3), cuja

base seria o ambiente, determinado pela influência dos pais e por experiências da

infância que foram relevantes para o desenvolvimento do caráter, atitudes e pensamentos

do sujeito. Em seguida, o caráter, que compreende a independência, autorreflexão e

confiança resiliente. Acima deste, está a dimensão de atitudes, a conduta e maneira de

agir a determinada situação. As atitudes, em associação com o caráter, criam uma

mentalidade vencedora. No topo da pirâmide, encontramos o pensamento robusto, que o

autor relata ser a Robustez Mental, fruto do desenvolvimento das três dimensões citadas

anteriormente.

Page 28: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Figura 3. Pirâmide da Robustez Mental (adaptado de Bull et al., 2005, p. 211).

Crust (2007) aponta ser a RM, no seu aspecto multidimensional, um construto

associado à autoconfiança inabalável, à capacidade de recuperação depois do fracasso

(resiliência), à persistência ou à recusa em desistir, ao enfrentamento frente as

adversidade, à pressão e à capacidade de manter a concentração face a potenciais

distrações.

De acordo com Nicholls, Polman, Levy e Backhouse (2008), o termo Robustez

Mental se refere aos atletas disciplinados e que respondem muito bem a situações de

pressão porque possuem capacidade de aumentar a energia positiva frente as

adversidades.

Gucciardi (2010) definiu RM como um conjunto (“set”) de valores e crenças,

pensamentos, sentimentos, emoções e comportamentos que influenciam a maneira como

um indivíduo responde a e avalia situações de pressão, desafios e adversidades, para

conseguir alcançar seus objetivos. Caracteriza-se pela capacidade de neutralizar as

situações estressantes, lidar com a pressão de maneira positiva e relaxada. Em outras

palavras, Robustez Mental é uma habilidade pessoal que possibilita aos atletas

apresentar regularmente suas melhores habilidades, independentemente das

circunstâncias que encontram, quer pelo lado positivo (por exemplo, uma vitória), quer

pelo negativo (por exemplo, uma lesão), ou mesmo de outra forma (por exemplo,

oportunidades para aprender novas habilidades).

O que todas essas definições mostram é que, apesar de diferentes, para todas elas

Robustez Mental é um construto multidimensional, relacionado ao desempenho e aos

resultados de sucesso nos atletas. No entanto, não há consenso quanto às dimensões que

Page 29: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

compõem a Robustez Mental. Vale destacar que, talvez por isso, o construto Robustez

Mental tem sido marcado pela falta de entendimento quanto a sua avaliação e

desenvolvimento (Gucciardi & Gordon, 2013).

A abordagem adotada nesta dissertação será a proposta por Clough, Earle e

Sewel, (2002). Eles relatam que atletas mentalmente robustos veem experiências

negativas (ansiedade e estresse) não apenas como desafios que podem superar, mas

também como acontecimentos naturais, essenciais para seu crescimento e

desenvolvimento. Acreditam que conseguem controlar as experiências negativas da

vida, envolvem-se profundamente no que estão fazendo, mantendo-se comprometidos

no alcance de suas metas, e possuem confiança em suas habilidades para lidar com as

experiências negativas da vida.

O modelo proposto por Clough et al. (2002) se refere à RM com base na inter-

relação de quatro dimensões (controle, compromisso, desafio e confiança). Esse modelo

foi escolhido como base teórica da presente dissertação e para a elaboração do

instrumento de medida da Robustez Mental para o esporte.

Segundo a conceituação do modelo de 4 C’s, Golby e Sheard (2004) afirmam

que a dimensão compromisso se refere aos atletas que estão engajados e são persistentes

na busca de uma determinada meta. O controle é caracterizado pela capacidade de

manter os pensamentos, as emoções e os comportamentos sob controle em quaisquer

circunstâncias. O desafio está relacionado aos atletas que buscam superar seus próprios

limites. E a confiança se refere aos atletas que apresentam crença e fé inabaláveis em

suas próprias capacidades, acreditando que são capazes de realizar com sucesso uma

determinada tarefa.

Embora nos estudos testando o modelo de 4 C’s Clough et al. (2002) tenham

obtido níveis de confiabilidade interna consideráveis (α = 0,90), os autores não

apresentam as análises fatoriais que suportam a validação do instrumento, tornando-o,

assim, a sua aplicação não confiável (Gucciardi & Gordon, 2013).

Page 30: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

2.2 Robustez Mental e sua relação com a resiliência, o perfeccionismo e

o otimismo

Por ter uma concepção multidimensional, a Robustez Mental se relaciona

diretamente com outros construtos psicológicos importantes para o desempenho

esportivo e, devido à sua significância e relação, daremos neste estudo destaque aos

seguintes construtos: resiliência, otimismo e perfeccionismo.

A resiliência é considerada, por muitos pesquisadores da RM (Gucciardi &

Gordon, 2013; Clough et al., 2002; Bull et al., 2005; Cowden, Meyer-Weitz & Asante,

2016; Rosado, Fonseca & Serpa, 2013), um componente-chave desse construto. É

definida, segundo Anaut (2005), como um processo complexo resultante de interações

entre o indivíduo e o meio que o envolve. É a capacidade de sair vencedor de uma

situação traumática com uma força renovada (Gucciardi & Gordon, 2009). Em suma, a

resiliência pode ser entendida como o processo que possibilita transformar uma situação

traumática e dolorosa numa possibilidade de aprendizagem e de crescimento, ou seja, ela

facilita o enfrentamento da adversidade percebida, possibilitando ao sujeito sair dela

fortalecido (Grotberg, 2001).

O construto resiliência foi relacionado à RM devido a sua associação com as

emoções positivas e o enfrentamento. De acordo com Tugade, Fredrickson e Barrett

(2005), pessoas resilientes utilizam as emoções positivas como um facilitador na

recuperação de experiências negativas. Na mesma direção, Clough et al. (2002)

investigaram a capacidade de atletas se recuperarem ou mostrarem resiliência após

receberem feedbacks negativos e concluíram que aqueles com maior score de RM

lidavam melhor com esses feedbacks.

Bull et al. (2005) se referem à resiliência como um componente essencial da RM.

No entanto, em estudos qualitativos com jogadores de críquete, concluíram que a

resiliência por si só não caracteriza um sujeito como mentalmente robusto; para tanto, é

necessário que o sujeito apresente também a confiança e a perseverança.

Cowden et al. (2016) investigaram a correlação entre Robustez Mental e

resiliência em 351 jogadores de tênis de diversos níveis competitivos, concluindo que

ambos construtos possuem forte correlação (r = 0,59).

Rosado et al. (2013) e Nicholls et al. (2008) apontam que é esperado que os

atletas apresentem uma gama de habilidades psicológicas e, entre essas habilidades,

Page 31: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

emerge o otimismo, construto que tem sido relacionado por pesquisadores (Madrigal,

Gill & Willse, 2017; Golby & Wood, 2016) com a RM.

De acordo com Berengüí Gil et al. (2015), o atleta otimista é capaz de lidar de

maneira mais positiva com os possíveis resultados de desempenho negativos ou abaixo

do esperado. Dessa forma, no cenário esportivo, esse pode ser um fator diferencial,

contribuindo para a eficácia durante a competição. O otimismo pode ser entendido como

uma construção de personalidade que atua como um fator importante diante do

desempenho esportivo e influencia o modo como o atleta avalia e enfrenta situações de

pressão e adversas no esporte.

No estudo com diferentes categorias de atletas de futebol, García-Naveira e Díaz

Morales (2010) analisaram as relações entre o otimismo e o desempenho em função da

idade e o otimismo e a RM. Os autores afirmaram, com base nesse estudo, que o

otimismo está positivamente relacionado ao desempenho esportivo e a altas pontuações

de RM. Os resultados também apontam para um aumento do otimismo em função da

idade dos atletas.

Nicholls, Polman, Levy e Backhouse (2009) exploraram a relação entre Robustez

Mental e otimismo em uma investigação com 677 atletas, com idades entre 15 e 58 anos,

indicando fortes correlações entre os dois construtos. Nessa mesma perspectiva,

Gucciardi e Gordon (2009), ao investigar 330 jogadores de futebol com idades entre 15

e 18 anos, correlacionaram o construto otimismo com a RM, obtendo nesse estudo fortes

e positivas correlações entre todas as idades e entre os sexos feminino e masculino.

Assim como resiliência e otimismo, o construto perfeccionismo também tem

sido apontado como uma característica de personalidade importante para o desempenho

esportivo. De acordo com Correia, Rosado e Serpa (2017), o perfeccionismo é definido

como o desejo de atingir altos padrões de rendimento, em combinação com avaliações

críticas relacionadas ao desempenho do que está sendo executado. Em outras palavras, o

perfeccionista tem tendência a autocrítica excessiva sobre o que faz, sendo esta

característica definida como um traço de personalidade relacionado a elevados padrões

de realização e desempenho para si próprio e para seus companheiros (Frost, Marten,

Lahart & Rosenblate, 1990; Flett & Hewitt, 2002). Nessa perspectiva, o perfeccionismo

é entendido de duas formas: como um traço psicológico adaptativo, benéfico e

importante para o sucesso esportivo (Gould, Dieffenbach & Moffett, 2002); e como um

traço mal-adaptativo que desestabiliza e prejudica o desempenho de atletas (Flett &

Hewitt, 2005). A orientação perfeccionista adaptativa representa altos padrões de

Page 32: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

realização pessoal (Frost et al., 1990), enquanto o perfeccionismo mal-adaptativo se

caracteriza por muitas dúvidas sobre as ações, preocupações com erros e uma grande

disparidade entre o desempenho real e os elevados padrões previamente estabelecidos

(Stoeber & Otto, 2006).

Hodge, Lonsdale e Jackson (2009) mostraram existir fortes relações positivas

entre RM, otimismo, perfeccionismo e resiliência. Corroborando os autores, Suárez-

Cadenas et al. (2016) encontraram também forte correlação entre RM e o

perfeccionismo, apontando que níveis elevados de perfeccionismo predizem níveis

elevados de RM e, sobre a relação entre preocupações perfeccionistas e RM, mostram

que níveis elevados de preocupação perfeccionista são correlacionados

significativamente com níveis mais baixos de RM.

2.3 Avaliação da Robustez Mental no Esporte

Ao longo dos anos, pesquisas foram realizadas com o intuito de avaliar e

identificar a RM em atletas. De acordo com Gucciardi e Gordon (2013), foram

desenvolvidos oito instrumentos de avaliação da RM. Por ordem cronológica, os

instrumentos serão apresentados a seguir.

a) Psychological Performance Inventory (PPI)

Desenvolvido por Loehr (1986), esse instrumento propõe avaliar sete fatores:

autoconfiança, controle de atenção, energia negativa, motivação, controle de atitude,

energia positiva e controle visual e de imagens. A concepção de Robustez Mental de

Loehr foi baseada em sua experiência como psicólogo esportivo aplicado, trabalhando

com alguns dos atletas e treinadores considerados os mais talentosos do mundo. Apesar

de representar uma conceitualização atraente da Robustez Mental, de certa forma

consistente com pesquisas qualitativas recentes, os exames psicométricos do PPI

falharam em sustentar sua validade fatorial (Gucciardi & Gordon, 2013).

Golby et al. (2007) propuseram uma alternativa para o PPI utilizando outra forma

de análise, a qual reduz as variáveis que não fazem sobreposição com outras variáveis,

revelando apoio à existência de um fator de Robustez Mental no qual 14 itens foram

Page 33: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

incluídos em quatro componentes: determinação, autoconfiança, cognição positiva e

visualização. Denominaram essa versão revisada de Alternative Psychological

Performance Inventory (PPI-A). Embora existam evidências para apoiar sua validade

fatorial e consistência interna, esse instrumento não se mostrou capaz de avaliar

diferentes culturas pois, quando aplicado em amostras de diferentes regiões, não mediu o

construto da mesma maneira (Gucciardi & Gordon, 2013).

b) Mental Toughness Questionnaire 48 (MTQ48)

Proposto por Clough et al. (2002), esse instrumento correlaciona os quatro

subcomponentes do construto de RM (controle, compromisso, confiança e desafio). O

questionário foi apontado como possuindo um alto nível de confiabilidade (α = 0,90)

porém, devido às poucas informações quanto a análise psicométrica, seu uso foi

questionado. Para tanto, em 2002 os mesmos autores desenvolveram uma versão menor,

com apenas 18 itens, a qual denominaram MT48.

Os dois instrumentos apresentaram uma correlação alta (r = 0,87) (Clough et al.,

2002). O MT48 apresenta apenas um score geral, enquanto o original MTQ48 traz um

perfil de resultados por subescalas (Gucciardi & Gordon, 2013).

c) Mental Toughness Inventory (MTI)

Desenvolvido por Middleton et al. (2004), esse instrumento é composto por 67

itens e propõe medir 12 componentes da RM em uma escala geral. Na análise

confirmatória, os 12 fatores apresentaram correlação variando entre r = 0,45 e r = 0,87.

No entanto, há poucas informações acerca do instrumento e a amostra utilizada para

validação foi de atletas com idades entre 12 e 19 anos (Gucciardi & Gordon, 2013).

d) Mental Toughness Scale (MTS)

Desenvolvido por Lane et al. (2007), o instrumento é composto por 27 itens

distribuídos numa Escala Likert de 7 pontos. As limitações dessa escala são a reduzida

amostra, apenas 75 atletas, e a não apresentação, pelos autores, dos detalhes

psicométricos do instrumento (Gucciardi & Gordon, 2013).

Page 34: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

e) Mental Emotional and Bodily Toughness Inventory (MeBTough)

Desenvolvido por Mark & Ragan (2008), foi baseado na definição da RM

proposta por Loehr (1986). É composto por 43 itens distribuídos numa Escala Likert de

7 pontos que avalia sete dimensões, assim como o instrumento elaborado por Loehr

(1986). O instrumento também foi aplicado em uma amostra pequena (n = 261), sendo

necessário passar por análise exploratória e confirmatória (Gucciardi & Gordon, 2013).

f) Sport Mental Toughness Questionnaire (SMTQ)

Desenvolvido por Sheard, Golby e Van-Wersch (2009), o instrumento avalia três

dimensões da RM (controle, compromisso e confiança). O SMTQ também apresentou

um alto índice de confiabilidade (α = 0,72), porém há uma preocupação quanto às

questões que realmente avaliavam as referidas dimensões. A dimensão controle, por

exemplo, parte do princípio de que o atleta gerencia seus estados internos para atingir o

desempenho ideal; os itens que carregam esse fator, no entanto, não parecem medir esse

tipo de controle e são conceitualmente semelhantes às descrições de ansiedade (“eu me

preocupo em me sair mal” e “fico ansioso por eventos que eu não esperava ou não

posso controlar”). Além disso, segundo Gucciardi e Gordon (2013), em seu formato

atual, o SMTQ parece limitado em sua capacidade de capturar a amplitude e distinguir

entre as principais dimensões da Robustez Mental.

g) Australian Football Mental Toughness Inventory (AFMTI)

Desenvolvido por Gucciardi, Gordon e Dimmock (2008), a escala é composta

por 24 itens que medem quatro componentes da RM (lidar com desafios, conhecimento

acerca do esporte, atitude assertiva e o desejo de sucesso). O AFMTI parece limitado em

termos de sua validade fatorial e utilidade prática. O mais preocupante, segundo

Gucciardi e Gordon (2013), é que os modelos de mensuração do inventário original e

sua forma revisada não recebem suporte estatístico além das amostras usadas para

calibrar a estrutura fatorial e o modelo de medição ter sido aplicado apenas em uma

amostra de adolescentes australianos jogadores de futebol. No entanto alguns estudos

psicométricos foram desenvolvidos, porém, a validação não foi obtida, uma vez que a

escala não avalia o construto em toda sua complexidade (Gucciardi & Gordon, 2013).

Page 35: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

h) The Cricket Mental Toughness Inventory (CMTI)

Também desenvolvido por Gucciardi e Gordon (2008), o instrumento possui 15

itens que medem cinco fatores relativos à RM (inteligência emocional, controle de

atenção, resiliência, confiança em si mesmo e desejo de vencer). Assim como o AFMTI,

está escala carece de análise confirmatória para sua validação e também é restrita a

apenas uma modalidade (Gucciardi & Gordon, 2013).

Mesmo com toda atenção que foi dada para o desenvolvimento de uma escala

que conseguisse detectar e medir a Robustez Mental, após terem realizado essa revisão,

Gucciardi e Gordon (2013) afirmam que nenhuma das escalas apontadas apresenta

confiabilidade, uma vez que não passam nos critérios estatísticos aceitos na sociedade

acadêmica ou não foram aplicadas em uma amostra heterogênea, permitindo sua

aplicação em diferentes populações.

Page 36: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

CAPÍTULO III

MÉTODO

3.1 Paradigma norteador da pesquisa

Na psicometria esportiva, o uso de testes, escalas e questionários psicológicos

auxilia nas avaliações de traços, atitudes, habilidades, estilo cognitivo e afetivo de

atletas e não-atletas, com objetivo de especificar, prognosticar, selecionar e atuar

terapeuticamente (Singer, 1988).

Segundo Reppold, Gurgel e Hutz (2014), o desenvolvimento de novos

instrumentos de avaliação psicológica é um dos temas de grande interesse da Psicologia.

Para Pasquali (2007), os princípios que norteiam esse desenvolvimento se processam

através de três eixos: procedimentos teóricos, procedimentos empíricos (experimentais)

e procedimentos analíticos (estatísticos), sendo que a operacionalidade desses

procedimentos se baseia nos ditames da American Educational Research Association

(AERA), da American Psychological Association (APA), do National Council on

Measurement in Education (NMCE, 1999) e do Conselho Federal de Psicologia (CFP,

2003) (Primi, 2010).

De acordo com a ITC (2000), a elaboração de um instrumento psicométrico

envolve três etapas. Na Etapa I, os procedimentos teóricos e a elaboração dos itens e

evidências de validade devem ser baseadas na especificação das categorias

comportamentais que representam o objeto psicológico a ser medido e a

operacionalização dos construtos em itens. A elaboração de um instrumento psicológico

se especifica nas dimensões do teste, em termos constitutivos e operacionais, e na

elaboração dos itens. Com relação às evidências de validade baseadas no conteúdo,

objetiva-se determinar se os itens elaborados são teoricamente adequados e se algum dos

fatores do atributo coberto pelo teste é muito ou pouco representado no instrumento pelo

Page 37: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

viés do pesquisador. E a análise teórica e semântica dos itens é realizada por juízes

(Cronbach, 1996; Pasquali, 1999).

Na Etapa II, que envolve as evidências de validade baseadas na estrutura interna,

dois procedimentos estão inclusos: os experimentais, que englobam o planejamento da

pesquisa e a coleta dos dados; e os procedimentos analíticos estatísticos e a análise dos

resultados (Pasquali, 1999). Nesse contexto, a AERA, a APA e o NMCE (1999)

preconizam que a validade do instrumento psicométrico é a consideração mais

fundamental da construção e análise dos testes, pois revela o quanto a evidência e o

suporte teórico do teste estão incluídos/integrados na proposta apresentada. A

fidedignidade se refere à consistência dos dados de avaliação frente aos mesmos

procedimentos de testagem em outros indivíduos ou grupos, quando as condições de

padronização são mantidas.

Finalmente, na Etapa III buscam-se as evidências de validade baseadas nas

relações com variáveis externas convergentes. A validade é atestada quando as

correlações estabelecidas entre os escores da “escala-teste” e os indicadores externos

(por exemplo, escores de instrumentos convergentes ou divergentes) assumem

magnitude e direção coerentes com as expectativas formuladas com base na literatura

(Cronbach, 1996; Primi, 2010).

De acordo com Prieto (1999), a construção do teste psicométrico consiste na

execução de um plano que deverá compreender oito etapas relacionadas, ou seja, na

lógica de que as opções adotadas em algumas etapas determinam os passos que deverão

ser seguidos adiante. As oito etapas propostas por Prieto são: 1) definição dos objetivos

do teste; 2) especificação do contexto; 3) escolha do modelo matemático; 4) definição

do domínio; 5) construção dos itens; 6) revisão do teste por especialistas; 7) seleção dos

participantes; e 8) avaliação da validade e consistência interna das dimensões. Cada

etapa será relatada a seguir.

3.1.1 Definição dos objetivos do inventário

Prieto (1999) aponta que, nessa etapa de definição dos objetivos de um teste,

deve-se descrever três aspectos: a) a finalidade do teste; b) sua utilidade preditiva ou

diagnóstica; e c) a caracterização de qual atributo psicológico se pretende medir.

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Na Psicologia do Esporte, a avaliação psicológica tem por objetivo quantificar

características pessoais e os estados emocionais em situações de treinamento e

competição, os níveis de processos psíquicos e as relações interpessoais na otimização

do desempenho de atletas e/ou equipes (Weinberg & Gould, 2018). É com essa

finalidade que foi elaborado a presente escala “Escala de Robustez Mental para atletas

brasileiros adultos” (RME - A) (a “Escala de Robustez Mental no Esporte - 40 itens” é

apresentada no Apêndice 1).

A atual proposta de avalição da Robustez Mental objetiva proporcionar um maior

conhecimento sobre como as variáveis psicológicas agem sobre os atletas, por meio do

modelo composto pelas quatro dimensões psicológicas (4C’s), trazendo subsídios para a

compreensão de como esses essas variáveis são percebidas pelos atletas e treinadores e

sua relação com o desempenho, refletindo com maior clareza as condições psicológicas

desses atletas.

3.1.2 Especificação do contexto

Um aspecto chave na planificação prévia do teste, de acordo com Prieto (1999), é

a caracterização da população de sujeitos que serão avaliados.

A Psicologia do Esporte tem como uma das suas diretrizes analisar

cientificamente a interferência dos fatores psicológicos nos atletas, na qual relata,

explica e faz um prognóstico do comportamento de atletas com a finalidade de aplicar e

desenvolver programas para a melhoria do seu rendimento e bem-estar psicológico e

emocional (Weinberg & Gould, 2018 Samulski, 2002).

Para estar inserido no contexto da competição de alto nível, o atleta precisa ser

eficiente e regular, sempre se destacando em relação ao seus pares dentro da modalidade

esportiva praticada. Isso pressupõe superar os mais elevados níveis de exigências

(físicas, técnicas, táticas, psicológicas etc.) que permitem a realização do desempenho

esportivo (De Rose Jr., 2002). Para chegar a essa categoria de atleta, os requisitos são

muito maiores e há a necessidade de se ultrapassar limites de forma mais rigorosa que os

de um atleta mediano. Tudo isso requer um trabalho árduo, planejado e organizado

rigorosamente, em um processo de treinamento especializado, visando o

aperfeiçoamento físico, técnico, tático e psicológico para alcançar os resultados e,

principalmente, mantê-los (Giesenow, 2011).

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Os atletas que participam de competições de alto nível são frequentemente

submetidos aos mais diversos tipos de pressão, tendo que superar limites e manter a

regularidade do seu desempenho, sendo que as respostas dos atletas para os eventos

competitivos parecem depender da avaliação da demanda e da qualidade de recursos que

o indivíduo dispõe para lidar com cada situação. Contudo, os componentes mentais e

emocionais frequentemente transcendem os aspectos físicos e técnicos do desempenho,

visto que o sucesso ou o fracasso de um atleta resulta dos fatores acima citados.

O esporte de alto rendimento é caracterizado pela busca de marcas, índices e a

superação de limites. Nessa busca pelo máximo desempenho, os atletas precisam lidar

com diferentes emoções negativas, tais como ansiedade, medo, frustrações, pressões,

dores etc. Nesse contexto, existem situações cruciais, em que os atletas precisam tomar,

em pouco tempo, decisões que, muitas vezes, podem definir o resultado final de todo um

trabalho ou uma temporada. Em tais situações, precisam ter habilidades importantes –

como autoconfiança, coragem, concentração e análise rápida da situação – para a tomada

de decisão (Brandão, Serpa, Rosado & Weinberg, 2014). A esse respeito, Brandão

(2000) afirma: “É preciso que o atleta tenha capacidade de dominar as suas emoções,

possa lidar com uma diversidade de vivencias emocionais e com o dinamismo dos

estados emocionais durante as competições, ou seja, a passagem rápida de um

sentimento a outro” (p. 239).

Giesenow (2011) afirma que o atleta que pretende atingir seu máximo

desempenho precisa cuidar de cada aspecto de sua preparação: técnico (treinar infinitas

horas realizando inúmeras repetições do mesmo movimento, muitas vezes tendo que

lidar com a exaustão física e emocional), tático (planejar estratégias, estudar os

adversários, entender o jogo e o que precisa efetuar), físico (desenvolver o que a

modalidade praticada necessita, seja força, velocidade, explosão e, nesse treinamento,

lidar novamente com o cansaço, a repetição do movimento e também com dores e/ou

lesões que possam ocorrer) e com o aspecto psicológico (controle emocional para lidar

com todas as tarefas relacionadas acima, além de desenvolver suas habilidades, como

confiança, motivação, concentração, lidar com as pressões e cobranças por resultados).

O esporte de alto rendimento por si só pode ser considerado um sinônimo de

situações de avaliação comparativa. Essas situações, muitas vezes, acabam gerando nos

atletas estados afetivos e somáticos complexos e inerentes às particularidades de cada

competição. Além de toda a demanda do treinamento e da competição, o atleta também

precisa lidar com fatores externos, como torcida, mídia e dirigentes esportivos, que

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também estão analisando e avaliando seu desempenho esportivo, somados à demanda da

vida pessoal, como família e estudo, e, como encontramos em algumas modalidades

esportivas (como no caso do Rugby, Luta Olímpica e Futebol feminino), uma segunda

profissão (Fabini, 2009).

3.1.3 Escolha do modelo matemático

Para a caracterização da amostra, foi realizada uma análise estatística descritiva,

com cálculo da média e do desvio padrão para as variáveis idade, modalidade, sexo,

tempo de experiência, escolaridade e dias de treino por semana. Para essas análises foi

utilizado o software - Statistical Package for Social Sciences® - IBM, SPSS versão 20.0.

Para determinar a validade e a confiabilidade da escala, foi utilizado o método

multivariado de análise fatorial confirmatória (AFC), que é um conjunto de técnicas

estatísticas avançadas, que trata as variáveis em conjunto, criando as possibilidades de

interpretações. A AFC permite determinar se a escala consegue inferir ou medir o que se

propõe (Silva & Simon, 2005) e possibilita avaliar o modelo de medidas e as relações

causais entre os construtos, sendo assim mais consistente e robusto do que o outro

método de análise multivariado, a análise exploratória (Marcoulides & Hershberger,

2005; Brown, 2006). Essa análise foi realizada através do software LISREL® (SPSS

Inc,, Chicago, IL), pelo método de mínimos quadrados não ponderados.

As premissas do modelo fatorial confirmatório, ou seja, a normalidade

multivariada dos itens e a ausência de outliers, foram avaliadas pelos coeficientes de

assimetria e curtose e pela distância de Mahalanobis, respectivamente (Arbuckle, 2009).

Para avaliar a qualidade do ajuste global dos testes, foram considerados os

valores indicativos de:

1) Goodness-of-Fit Index (GFI): medida que compara os resíduos das matrizes

de dados observada e estimada, produzindo um indicador que varia de zero

(ajuste pobre) a um (ajuste perfeito). Foi considerado ajuste satisfatório valor

≥ 0,90 (Byrne, 2010).

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2) Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI): sendo este índice uma extensão do

índice GFI, ajustado pela razão dos graus de liberdade para um modelo nulo.

O nível de aceite recomendado é valor ≥ 0,90 (Byrne, 2010).

3) Root Meam Square Error of Approximation (RMSEA): medida que corrige a

tendência do qui-quadrado em rejeitar um modelo especificado com base em

uma amostra relativamente grande. Foi considerado indicativo de bom ajuste

valor < 0,08 (Byrne, 2010).

4) Normed Fit Index (NFI): índice que compara o modelo proposto com o

modelo nulo. Foi considerado satisfatório valor ≥ 0,90 (Hair Jr., Anderson,

Tatham & Black, 2009).

5) Non-Normed Fit Index (NNFI): índice que compara o modelo proposto e

nulo que contempla a ponderação pelos graus de liberdade. Resulta em

valores no intervalo de zero a um, sendo considerado satisfatório valor ≥

0,90 (Hair Jr. et al., 2009).

6) Comparative Fit Index (CFI): medida incremental que também compara o

modelo nulo e estimado, sendo uma medida para estratégias de

desenvolvimento de modelo ou em situações de amostra pequena, sendo

recomendável valor = 0,90 (Hair Jr. et al., 2009).

A consistência interna foi estimada por meio da confiabilidade composta e

valores acima de 0,60 foram considerados indicativos de boa consistência interna

(Bagozzi & Yi, 1988).

A adequação do modelo foi avaliada por meio dos seguintes índices de bondade

do ajustamento: rácio do valor do qui-quadrado pelos graus de liberdade (χ2/df),

sugeridos por Jöreskog e Sörbom (1989). De acordo com Tabachnick e Fidell (2007),

valores abaixo de 2,0 sugerem modelos aceitáveis.

A validade convergente foi avaliada por meio da variância média extraída

(VME). Valores maiores que 0,50 foram considerados indicativos de boa validade

convergente (Fornell & Larcker, 1981; Hair et al., 2009). A validade discriminante será

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aceita quando a VME da variável latente foi maior que a correlação múltipla ao

quadrado entre esta variável e qualquer outra (Fornell & Larcker, 1981).

A correlação entre a Escala de Robustez Mental e a Escala de Resiliência (já

validada para atletas brasileiros) foi analisada pelos coeficientes de correlação de

Pearson. As correlações entre os testes serão interpretadas de acordo com os critérios

estabelecidos por Bryman e Cramer (1990).

A Escala de Resiliência para atletas brasileiros foi escolhida devido à aparente

sobreposição entre a Robustez Mental e a resiliência (Cowden et al., 2016). Loehr

(1995) foi um dos primeiros a considerar a resiliência como um aspecto chave da

Robustez Mental e investigações qualitativas recentes reafirmaram a resiliência como

um subcomponente da Robustez Mental no esporte (Gucciardi & Gordon, 2009; Coulter,

Mallett & Gucciardi, 2010).

Gerber et al. (2013a) examinaram a relação entre a Robustez Mental e a

resiliência entre adolescentes agrupados de acordo com as categorias de resultados

resilientes (bem ajustados, desajustados e resilientes). Os alunos incluídos nos grupos

dos bem ajustados e desajustados não diferiram nos níveis de RM, mas o grupo

denominado resiliente exibiu resultados de RM maior. No entanto, de acordo com

Cowden et al. (2016), nenhum dos estudos mediu diretamente a relação entre Robustez

Mental e a resiliência usando um instrumento validado, o que impede uma determinação

clara da relação entre elas. Com base nessa afirmação, surge a hipótese: a Robustez

Mental estaria positivamente relacionada à resiliência?

Com a incerteza que existe sobre como a RM e a resiliência estão relacionadas,

investigações sobre os dois construtos podem contribuir para delinear as semelhanças e

diferenças entre as duas construções (Gucciardi & Gordon, 2009; Fletcher & Sarkar,

2012).

A escala de resiliência utilizada para a análise convergente será descrita a seguir.

Escala de Resiliência para Atletas Brasileiros

Na Psicologia, a resiliência pode ser avaliada sob duas perspectivas: a

perspectiva do “traço”, que se relaciona com as características pessoais; ou a

perspectiva de “processo”, numa adaptação positiva dentro de um contexto adverso. A

pressão e busca por resultados positivos, a possibilidade de lesões, as dificuldades para

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equilibrar esporte e compromissos de vida, a falta de feedback do treinador, pouco ou

nenhum apoio social em competição e treinamentos são alguns estressores específicos

dos ambientes esportivos. A capacidade de superação pode ser considerada um pré-

requisito para a excelência em ambientes esportivos, levando à maior realização

esportiva, com bem-estar psicológico, otimismo, propósito de vida, apoio social e

estratégias de enfrentamento (coping ativo, humor, planejamento e resignificação

positiva) (Correia et al., 2017).

Segundo Neves, Zanetti, Brandão e Ferreira (2018), em ambientes esportivos,

escalas de avaliação menores parecem ser vantajosas, tanto para avaliação como, com

relação à disposição dos atletas para responder aos testes. Apesar do fato de escalas

mais curtas abordarem de forma mais estreita a perspectiva do construto em avaliação,

também podem minimizar o tempo de resposta, o cansaço do participante e a perda de

informação causada por respostas ausentes. Entre as atuais medidas psicométricas de

resiliência, a Resiliência Breve Escala (BRS) (ver Anexo 1) tem um potencial uso

confiável nos esportes, pois é uma escala unidimensional curta, com seis itens, criada

para avaliar a capacidade de recuperação frente à adversidade. Existem três itens

positivos e três negativos, que são projetados para reduzir a desejabilidade social e o

viés de resposta (Smith et al., 2008). A escala BRS foi validada para uso no Brasil por

Neves, Barbosa, Silva, Brandão e Zanetti (2018).

3.1.4 Definição do domínio

Segundo Prieto (1999), nessa etapa é importante clarificar o atributo que se

pretende avaliar, identificando a sua estrutura, quais facetas são necessárias avaliar e

qual a importância relativa de cada uma.

É importante buscar na literatura específica como se deu o desenvolvimento do

modelo dos 4C’s de Robustez Mental que está sendo utilizado neste estudo. Segundo

Clough e Strycharczk (2012), o modelo surgiu da necessidade de reunir o que já havia

sido desenvolvido por outros pesquisadores e acrescentar o que eles haviam identificado

em suas próprias pesquisas, desenvolvendo, então, uma nova base teórica, seguida da

análise dos itens e da sua confiabilidade, da análise de fatores, dos testes de validade

convergente e divergente, da validação em relação a critérios externos e da aplicação em

pesquisa e na prática, ou seja, imprimindo pesquisas qualitativas em sua abordagem.

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Para tanto, Clough e Strycharczk (2012) procuraram assegurar que o novo

modelo de Robustez Mental fosse desenvolvido de “baixo para cima”, ou seja, a partir

do zero, ampliando sua estrutura de pesquisas por meio de um estudo exploratório que

incidiu sobre uma extensa gama de experiências situacionais pessoais, com relevância

para a Robustez Mental, permitindo também considerar a forma como os indivíduos

utilizavam os termos relativos aos diferentes aspectos desse construto.

Este estudo foi realizado com diferentes pessoas do meio esportivo (treinadores,

dirigentes e atletas), nas modalidades de rugby, golfe, futebol e squash, que foram

entrevistados com o objetivo de identificar noções de Robustez Mental e as

circunstâncias e eventos que exigissem essa Robustez Mental. Embora as entrevistas

tenham levantado muitas questões, também atingiram seu objetivo geral, fornecendo

uma base fundamentada para o desenvolvimento do construto da Robustez Mental.

Clough e Strycharczk (2012) destacam que o aspecto mais marcante das entrevistas

realizadas durante seus estudos foi a importância que todos os entrevistados atribuíram a

um alto nível de Robustez Mental, afirmando que era um ingrediente vital no perfil de

um atleta de sucesso. Contudo, todos os entrevistados tinham dificuldade quando

solicitados a responder sobre o que achavam que era essa Robustez Mental.

Com o conhecimento adquirido nessas pesquisas, Clough e Strycharczk (2012)

chegaram à definição de Robustez Mental como sendo a qualidade que determina, em

grande parte, como as pessoas lidam eficazmente com os desafios, os fatores

estressantes da vida e a pressão, independentemente das circunstâncias prevalecentes,

tendendo, consequentemente, a se sair melhor na escola, no trabalho, nos esportes

competitivos etc. No entanto, deve-se notar claramente que o oposto da Robustez Mental

é a sensibilidade mental, e não a fraqueza mental. Segundo os autores, a pessoa

mentalmente robusta lidará com o estresse, a pressão e o desafio, não deixando que isso

chegue até ela, e uma pessoa mentalmente sensível sentirá o impacto do estresse, da

pressão e do desafio, que chegarão a ela, que terá, consequentemente, uma resposta

desconfortável, de certa forma.

3.1.4.1 Desenvolvimento do modelo de 4C’s

Para desenvolver o modelo de quatro dimensões, Clough e Strycharczk (2012)

utilizaram duas fontes de dados de suas pesquisas qualitativas, a primeira referente à

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definição e associação da Robustez Mental com demais construtos e, a segunda, a

pesquisa com pessoas do esporte. De modo geral, os dados dessas pesquisas apontaram

para esse modelo de quatro dimensões. Diante desse modelo, Clough e Strycharczk

(2012) perceberam que o modelo de Robustez Mental era próximo do modelo de

Resistência Mental proposto por Kobasa (1979), que incorporava a maioria das

dimensões mencionadas pela literatura, podendo ser resumidas sob os campos amplos do

controle, compromisso e desafio.

Clough e Strycharczk (2012) afirmam que as entrevistas forneceram

contribuições a todas essas dimensões e também a uma quarta, a confiança, que foi

mencionada por 50% dos entrevistados, sendo um aspecto chave da Robustez Mental.

Esses subsídios pesquisados por Clough e Strycharczk (2012), ou seja, essas duas fontes

de dados, permitiram o desenvolvimento de um modelo de quatro fatores de Robustez

Mental, os 4C’s, que serão conceituados a seguir.

1) Dimensão controle

Nas situações onde os atletas possuem capacidade para manter os pensamentos,

as emoções e os comportamentos sob controle em quaisquer circunstâncias. Pessoas que

acreditam que podem exercer considerável influência sobre o ambiente de trabalho, que

podem fazer a diferença e mudar as coisas. Dentro da dimensão controle, Clough e

Strycharczk (2012) identificam duas subescalas: Controle emocional – que mede o

quanto controlamos nossas ansiedades e emoções e o quanto revelamos nossos estados

emocionais para os outros; e Controle de vida – que é uma medida de autoestima, sobre

até que ponto acreditamos que controlamos o que nos acontece.

Clough e Strycharczk (2012) apontam que indivíduos que acreditam que

controlam seu destino irão atribuir sucesso e fracasso aos fatores internos. Em outras

palavras, terão sucesso porque têm talento e trabalham duro; e falham porque não têm as

habilidades ou simplesmente não tentaram o suficiente. Uma das principais premissas da

Robustez Mental é justamente esta, sucesso e fracasso estão relacionados ao

desempenho do indivíduo. Nossa sociedade cobra o sucesso individual intensamente,

mas a culpa pelo fracasso geralmente está focada em tudo, menos em nós mesmos. Os

indivíduos mentalmente robustos estão dispostos a aceitar as consequências de suas

ações, sendo boas ou más (Clough & Strycharczk, 2012).

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2) Dimensão compromisso

Segundo Clough e Strycharczk (2012), compromisso refere-se aos atletas que

são engajados e persistentes na busca de uma determinada meta. Esse componente

indica como e por que estabelecemos metas e também como respondemos a elas. Reflete

a a intensidade de nossas promessas, particularmente aquelas que são tangíveis e

mensuráveis, e até que ponto nos comprometemos a mantê-las. Essas promessas podem

ser as que fazemos aos outros ou a nós mesmos. Para algumas pessoas, a própria noção

de meta é motivadora pois, em nossa mente, podemos ver que a meta ou o objetivo

ajudam a definir o sucesso. Desde que seja razoavelmente possível, nós iremos fazer o

que for preciso para acertar o alvo e, mesmo que surjam obstáculos, isso não diminuirá o

entusiasmo. Em outras palavras, essa dimensão mede a extensão em que um indivíduo

provavelmente persiste com uma meta ou tarefa de trabalho. Indivíduos diferem no grau

em que permanecem focados em seus objetivos, ou seja, alguns podem ser facilmente

distraídos, ficar entediados ou desviar sua atenção para objetivos concorrentes, enquanto

outros podem ser mais propensos a persistir.

A definição da dimensão compromisso equivale amplamente à determinação, à

persistência, à perseverança, à obstinação e ao propósito. Muitas vezes, para algumas

pessoas, tudo o que é necessário para fazê-las agir é a meta ou o objetivo, sendo

suficientemente motivador descobrir como essa meta pode ser alcançada. No entanto,

para outras, metas e objetivos são intimidantes e induzem ao medo e à ansiedade, uma

vez que, para esses indivíduos, metas e objetivos tornam-se pressões que, se não

atingidos, levá-los-ão ao fracasso.

3) Dimensão desafio

Atletas que buscam superar seus próprios limites acreditam que desafios são

oportunidades importantes que os ajudam a crescer. Esse componente da Robustez

Mental se refere a como nós, como indivíduos, respondemos ao desafio. Um desafio

representa qualquer atividade ou evento que vemos como fora do comum.

Provavelmente, o tipo mais importante de desafio que todos enfrentam é a necessidade

de lidar com a mudança (em alguns casos, variedade e flexibilidade). O desafio é a

chave para lidar com a mudança: para alguns, um grande desafio ou um grande período

de mudança será considerado excitante ou até mesmo bem-vindo e, nesse caso, é visto

por esses indivíduos como algo positivo (Clough & Strycharczk, 2012).

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Os indivíduos diferem em sua abordagem do desafio: enquanto alguns

consideram desafios e problemas como oportunidades, outros podem ser mais propensos

a considerar situações desafiadoras como uma ameaça. Essa dimensão mede até que

ponto um indivíduo pode encarar um desafio como uma oportunidade e, portanto,

aqueles que tem uma pontuação mais alta nessa escala podem ter uma tendência ativa de

buscar tais situações para o autodesenvolvimento, enquanto os com pontuações baixas

podem evitar situações desafiadoras por medo do fracasso ou aversão ao esforço.

O termo desafio não significa que a situação em si tenha que apresentar um

grande desafio. Pode ser algo que muitas pessoas reconheceriam como insignificante

mas, no entanto, para o indivíduo, representa algo significativo. Ou seja, a situação em si

não precisa ser excessivamente ameaçadora ou estimulante, é o indivíduo que a vê como

tal. É a percepção de desafio e mudança do indivíduo que determina como ele ou ela se

comporta (Clough & Strycharczk, 2012).

4) Dimensão confiança

Os atletas com confiança acreditam em suas próprias capacidades, confiam que

serão capazes de realizar com sucesso uma determinada tarefa. Esse componente mede a

extensão de nossa autoconfiança para executarmos até a sua conclusão uma tarefa difícil

que pode ser afetada por contratempos. Aqueles sujeitos com altos níveis de confiança

geralmente aceitarão que os retrocessos são parte integrante da vida cotidiana.

Entretanto, aqueles com baixos níveis de confiança geralmente verão o mesmo desafio

de uma maneira diferente, sendo provável que se sintam derrotados e acreditem que, o

que aconteceu é tão significativo que os impedirá de atingir o objetivo ou a tarefa; são

mais propensos a desistir e sentir que já deram o melhor de si e não farão mais nada.

Indivíduos com alta confiança em si mesmos têm maiores possibilidades para concluir

com sucesso tarefas que podem ser consideradas muito difíceis por indivíduos com

habilidades semelhantes, mas com menor autoconfiança (Clough & Strycharczk, 2012).

Pesquisas levaram Clough & Strycharczk (2012) a identificar duas subescalas

dentro da dimensão confiança. Confiança nas habilidades: são indivíduos que acreditam

ser uma pessoa realmente valiosa, sendo menos dependentes de avaliações externas e

mais otimistas em relação à vida em geral. Confiam que possuem as ferramentas

intelectuais necessárias – como conhecimento, habilidades, educação e experiência –

para tentar e concluir uma tarefa ou ação específica, mesmo que essa tarefa seja difícil

de alguma forma e tenha potencial de reveses ou falhas ao longo do caminho para a

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conclusão. Confiança interpessoal: são indivíduos que tendem a ser mais assertivos,

menos propensos à intimidação em ambientes sociais, mais propensos a se promoverem

nos grupos e, também, mais capazes de lidar com pessoas difíceis ou desajeitadas. É a

autoconfiança para lidar com os desafios que podem interferir na conclusão bem-

sucedida da tarefa, incluindo lidar com críticas e comentários adversos quando surgem

problemas, bem como ter autoconfiança para representar seus pontos de vista e sua

posição de forma convincente, muitas vezes em face de opiniões alternativas expressas

por outras pessoas. Mede até que ponto estamos preparados para nos afirmar e nos

preparar para lidar com desafios ou sucessos e fracassos.

3.1.5 Construção dos itens

De acordo com a literatura sobre Robustez Mental no esporte e na orientação de

que existem quatro dimensões psicológicas (4C’s) que a sustentam, a primeira versão da

escala de Robustez Mental para o esporte foi elaborada com 100 itens, sendo 25 itens

para cada dimensão. Para elaboração desses itens, foram utilizados como base os itens

apresentados nos seguintes instrumentos: Psychological Performance Inventory - PPI

(Loehr, 1986), o Sport Mental Questionnaire - SMTQ (Sheard et al., 2009), Australian

Football Mental Toughness Inventory - AFMTI (Gucciardi, Gordon & Dimmock, 2008)

e The Cricket Mental Toughness Inventory - CMTI (Gucciardi & Gordon, 2008).

Após a elaboração dos 100 itens, essa primeira versão foi apresentada para um

grupo de juízes composto por dois doutores, um mestre, dois psicólogos especialistas em

esporte e dois professores de educação física, todos pesquisadores do tema. Em uma

reunião com duração de 4 horas, foi realizado por esse grupo uma avaliação da escala,

da qual a pesquisadora, a cada item lido, pediu que o grupo o analisasse quanto à sua

clareza, a linguagem, a construção e se, de fato, fazia parte da dimensão à qual o item foi

determinado. Dessa primeira reunião de análise dos itens, o grupo de especialistas

retirou 40 itens, restando 15 itens para cada dimensão.

Em um segundo momento, foi realizada mais uma reunião com esse mesmo

grupo de juízes para que fossem conferidos novamente os itens que ficaram e avaliar, de

uma forma mais rigorosa, se havia necessidade de retirar mais algum item que pudesse

ter passado na primeira reunião pelo excesso de itens que foram analisados. Nessa

segunda reunião, os especialistas eliminaram mais 20 itens, restando 10 itens para cada

dimensão, 40 no total.

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Esse mesmo grupo de juízes chegou ao consenso de que 10 itens para cada

dimensão seria o ideal, uma vez que alguns desses itens provavelmente seriam

eliminados nas análises estatísticas, o que tornaria a escala mais curta, facilitando sua

aplicação. Sendo assim, a versão final da escala contou com 40 itens subdivididos em 10

para cada uma das dimensões conforme apresentados nas Figuras 4 a 7, a seguir.

Dimensão Controle

Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente durante as competições.

Eu consigo controlar minhas emoções durante as competições, mesmo em momentos difíceis.

Eu consigo me manter animado, independentemente do tipo de treino.

Eu acredito em mim mesmo como atleta, principalmente nos momentos difíceis.

Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar para treinar o melhor

possível.

Eu consigo me manter focado independentemente do tipo de treino.

Faço tudo que posso para ter um bom desempenho.

Quando eu vejo que estou errando fico mais focado.

Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e rapidamente recuperar minha

atenção.

Eu imagino situações que podem ocorrer numa competição e como posso resolvê-las.

Figura 4. Itens da dimensão psicológica “Controle”.

Dimensão Compromisso

Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus objetivos traçados.

Estou disposto a fazer certos sacrifícios se isto for necessário para meu esporte.

O meu desempenho depende do meu esforço pessoal.

Eu consigo dar o máximo do meu talento e habilidade como atleta.

Independentemente dos resultados que eu obtive nas competições, eu me dedico 100% ao

esporte.

Eu sou meu próprio “motor”. Isto significa que eu não preciso ser “empurrado” para competir ou

treinar forte.

Eu me esforço 100% durante uma competição, em quaisquer circunstâncias.

Eu treino com muita intensidade, dou 100% sempre porque quero melhorar.

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Dimensão Compromisso

Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor.

As metas que eu tracei para mim enquanto atleta fazem com que eu treine muito.

Figura 5. Itens da dimensão psicológica “Compromisso”.

Dimensão Desafio

Eu fico inspirado e competitivo em situações difíceis.

Gosto de grandes desafios porque eles me forçam a melhorar.

Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar grandes desafios.

Quando eu atinjo meus objetivos, eu traço novas metas.

Eu posso transformar situações ruins em oportunidades de vencer.

Competir me traz realmente uma sensação de satisfação.

Prefiro treinos desafiadores, mesmo que tenha que me esforçar mais para isso.

As adversidades no esporte são desafios a serem superados.

Eu sei que possuo habilidades que podem me ajudar a lidar com os desafios do esporte.

Vivenciar situações negativas no esporte me desafiam cada vez mais.

Figura 6. Itens da dimensão psicológica “Desafio”.

Dimensão Confiança

Consigo me manter confiante mesmo quando cometo erros bobos.

Eu me sinto confiante no meu esporte.

Mantenho confiança, independentemente do modo como as coisas estejam ocorrendo durante

a competição.

Sinto-me confiante que vou competir bem.

Penso sempre de maneira positiva e confiante.

Eu confio nas minhas capacidades como atleta.

Eu sou um atleta que tem autoconfiança.

Cometo menos erros quando estou confiante porque me concentro melhor.

Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico.

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Dimensão Confiança

Tenho confiança de que consigo me sair bem com as situações difíceis de meu esporte.

Figura 7. Itens da dimensão psicológica “Confiança”.

3.1.6 Revisão do inventário inicial por especialistas

Para Prieto (1999), a revisão dos itens de um teste deve ser feita através de

consultas a especialistas da área para que julguem não somente os itens, mas as

instruções, a adequação do vocabulário empregado e a pertinência do instrumento com

respeito ao domínio previamente definido.

Para tanto, os 40 itens foram apresentados para um grupo de oito “juízes” que

estudam o tema, sendo dois deles doutores, um mestre e cinco especialistas em

Psicologia do Esporte. Eles sugeriram mudanças no enunciado da escala (acrescentando

“não há respostas certas ou erradas”), o que poderia deixar o atleta mais confortável para

responder, e que fosse feita uma dinâmica de grupo com atletas para verificar se de fato

compreendiam os itens apresentados quanto à clareza da informação e o que se pretendia

medir em cada item.

A dinâmica de grupo foi constituída por 14 atletas de alto rendimento,

escolhidos aleatoriamente, maiores de 18 anos, das modalidades: luta olímpica (um

feminino e um masculino), judô (um feminino e um masculino), handebol (dois

femininos), voleibol (dois masculinos), basquete (um masculino e dois femininos) e

atletismo (dois masculinos e um feminino). O encontro se realizou em local adequado e

confortável. Em um primeiro momento, os atletas foram informados sobre os motivos da

formação do grupo e aceitaram colaborar com a revisão da escala. Todos receberam uma

folha impressa com a Escala de Robustez Mental no Esporte Adulto e foi solicitado que,

após lerem os itens, indicassem aqueles sobre os quais tivessem dúvidas na escrita e/ou

na compreensão, se os itens estavam expressos com clareza, se estavam adequados ao

ambiente esportivo, e se haveria alguma sugestão de mudança. No segundo momento,

em uma mesa redonda, cada item foi lido pela pesquisadora e os atletas apontaram as

observações que foram feitas sobre cada um. A dinâmica de grupo com os atletas teve

duração de duas horas e todas as sugestões foram registradas com um gravador (Sony)

para posterior aproveitamento no andamento do estudo.

Page 52: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

De acordo com as sugestões, foram feitas oito mudanças, apresentadas na Figura

8:

Mudanças sugeridas na dinâmica de grupo

Questões primárias Mudanças sugeridas

Bons resultados esportivos dependem do meu

esforço pessoal.

O meu desempenho depende do meu esforço

pessoal.

Gosto de metas desafiadoras porque me

fazem ter que melhorar cada vez mais.

Gosto de grandes desafios porque eles me

forçam a melhorar.

Eu consigo me manter entusiasmado

independentemente do tipo de treino.

Eu consigo me manter animado

independentemente do tipo de treino.

Meus erros na competição me fazem ter ainda

mais foco.

Quando eu vejo que estou errando, fico mais

focado.

Eu posso fazer das crises, grandes

oportunidades.

Eu posso transformar situações ruins em

oportunidades de vencer.

Eu posso claramente identificar quando não

estou concentrado e rapidamente recuperar

minha atenção.

Eu posso claramente perceber quando não

estou concentrado e rapidamente recuperar

minha atenção.

Eu visualizo mentalmente as situações as

situações que podem ocorrer em uma

competição e como posso corrigir.

Eu imagino situações que podem ocorrer

numa competição e como posso resolvê-las.

Quando eu treino de forma comprometida,

aumentam as minhas chances de me

desempenhar bem.

Quando me esforço nos treinos, geralmente

jogo melhor.

Figura 8. Alteração a partir das mudanças sugeridas pela dinâmica de grupo em relação aos itens

da escala.

Posteriormente à dinâmica de grupo com os atletas e as modificações de acordo

com as suas sugestões, os itens foram dispostos na escala obedecendo uma ordem

escolhida por meio de sorteio, gerando, assim a Versão 1 da escala, com 40 itens sendo

10 para cada dimensão (apresentada no Apêndice 1, “Escala de Robustez Mental no

Esporte - Versão 1 com 40 itens”).

O grupo de “juízes especialistas” também sugeriram que a escala de pontuação

fosse de 7 pontos, corroborando com outros instrumentos encontrados na literatura que

utilizam esse mesmo tipo de escala Likert. Portanto, cada item seria avaliado em uma

escala de 7 pontos: (1) Discordo Totalmente; 2) Discordo Moderadamente; 3) Discordo

Page 53: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Ligeiramente; 4) Não Concordo e nem Discordo; 5) Concordo Ligeiramente; 6)

Concordo Moderadamente; e 7) Concordo Totalmente.

As instruções foram organizadas de forma a que os atletas compreendessem os

objetivos da escala usando o enunciado abaixo:

Abaixo estão afirmações que refletem as crenças que os atletas têm quando praticam

esportes. Leia cada uma delas e, em seguida, selecione um número de 1 a 7 que indique

o quanto você concorda ou discorda das afirmações. Não há respostas certas ou

erradas. Fique atento se você respondeu a todas as questões.

3.1.7 Seleção dos participantes

Um aspecto chave na planificação prévia do teste deve ser, de acordo com Prieto

(1999), a caracterização da população dos sujeitos que foram avaliados.

Participaram do estudo 413 atletas de alto rendimento, de ambos os sexos

(mulheres n = 207 e homens n = 205), com idades entre 18 e 38 anos (21,6 ± 4,26),

sendo 90% solteiros, 9,3% casados e 0,7% outros (separados/divorciados/viúvos), de

diversos clubes das regiões sul, sudeste, centro oeste, nordeste do Brasil, conforme

apresentado na Tabela 1, e de 15 modalidades esportivas, de acordo com a Figura 9, a

seguir.

Tabela1 – Média (M) e Desvio Padrão (DP) da idade mínima e máxima dos

participantes do estudo (em anos)

M e DP Mínimo Máximo

Idade (anos)

Feminino 21,69 ± 4,48 18 38

Masculino 21,53 ± 4,03 18 37

Geral 21,61 ± 4,26 18 38

Page 54: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Número dos Participantes por Modalidade

Modalidade N Modalidade N

Atletismo 81 Hockey 1

Basquete 22 Judô 16

BMX 9 Karatê 3

Boxe 11 Natação 1

Futebol 70 Rugby 106

Futsal 21 Tênis 17

Ginástica Artística 1 Voleibol 30

Handebol 23

TOTAL 413

Figura 9. Descrição do número de participantes por modalidade.

Os atletas participantes tinham entre 1 e 26 anos (7,53 ± 4,69) de experiência no

esporte praticado, conforme apresentado na Tabela 2, sendo praticados entre 1 e 7 dias

na semana (4,55 ± 1,28), por 1 a 7 horas por dia (3,70 ± 1,50), como pode ser observado

na Tabela 3, e com nível de escolaridade de acordo a Tabela 4, a seguir.

Tabela 2 – Média (M) e Desvio Padrão (DP) do tempo de experiência mínimo

e máximo dos participantes do estudo

M e DP Mínimo Máximo

Tempo de

Experiência

Feminino 7,19 ± 3,492 1 26

Masculino 7,87 ± 4,54 1 23

Geral 7,53 ± 4,69 1 26

Page 55: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Tabela 3 – Média (M), Desvio Padrão (DP), Mínimo e

Máximo dos dias de treino e horas de treino por

semana dos participantes do estudo

M e DP Mínimo Máximo

Dias de

treino 4,55 ± 1,28 1 7

Horas de

treino 3,70 ± 1,50 1 7

Tabela 4 – Frequência (N) e porcentagem do nível de

escolaridade dos participantes

Nível de Escolaridade N %

Ensino Médio 239 58,0%

Superior 166 40,3%

Pós-graduação 7 1,7%

Os dados apresentados neste estudo – Escala RME-A, Escala de Resiliência e

Ficha de Dados Demográficos (apresentada no Anexo 2) – foram coletados entre Janeiro

e Julho de 2018, individualmente, fora do horário dos treinamentos, em período de pré-

temporada (período de preparação anterior à competição) e no período competitivo.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade São Judas Tadeu, sob parecer número 2.121.020 (parecer apresentado no

Anexo 3). Os atletas foram contatados e convidados a participar da pesquisa e aqueles

que aceitaram participar do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (modelo apresentado no Anexo 4).

A aplicação dos instrumentos ocorreu no próprio local de treinamento dos

atletas, em ambiente adequado e confortável, com datas e horários previamente

agendados e realizadas de forma individual e coletiva (no caso das modalidades

coletivas), sempre com a orientação da pesquisadora.

Page 56: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

No dia da aplicação, a pesquisadora se apresentou e fez uma explanação sobre os

objetivos da pesquisa e os procedimentos que seriam adotados, orientou os participantes

quanto ao TCLE e a importância de responderem aos instrumentos da maneira mais

honesta e sincera possível, mas deixando claro que, caso o participante não se sentisse a

vontade, poderia interromper sua participação na pesquisa a qualquer momento e

retornar se tivesse interesse, sem nenhum prejuízo.

3.1.8 Avaliação da validade e consistência interna das dimensões

Segundo Prieto (1999), em nenhum campo científico existe um instrumento de

medida perfeitamente válido. Assim, deve-se fazer uso de um procedimento empírico

para quantificar a consistência interna das fontes. A razão fundamental para se avaliar a

consistência interna é verificar se os itens individuais do teste estão medindo o mesmo

construto e, por conseguinte, se são altamente correlacionados. O procedimento

utilizado neste estudo para a determinação da sua consistência interna foi a

confiabilidade composta (considerando valores acima de 0,60 sendo considerados

indicativos de boa consistência interna), descrita no item 3.1.3, escolha do modelo

matemático.

Page 57: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

CAPÍTULO IV

RESULTADOS

O objetivo do presente estudo foi elaborar e verificar as propriedades

psicométricas da escala de Robustez Mental para o esporte brasileiro adulto. Para tanto,

primeiramente serão apresentados os resultados da análise fatorial confirmatória e, a

seguir, será apresentada a análise convergente com a Escala de Resiliência.

4.1 Análise fatorial confirmatória

A primeira análise da escala RME-A contendo os 40 itens originais (Modelo 1)

foi submetida a estimação pelo método de mínimos quadrados não ponderados. Esse

modelo apresentou medidas de ajustamento que se distanciaram dos níveis de aceitação

considerados satisfatórios (χ2 = 1721,31; p < 0,000; RMSEA = 0,05; GFI = 0,98; AGFI

= 0,98; NFI = 0,60; NNFI = 0,70; CFI = 0,72; χ2 / df = 2,35), conforme apresentado na

Figura 10, a seguir.

Page 58: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Modelo 1 (inicial) com 40 itens

V10.85

V20.79

V30.79

V40.88

V50.77

V60.74

V70.87

V80.79

V90.80

V100.80

V110.76

V120.92

V130.60

V140.78

V150.82

V160.75

V170.85

V180.78

V190.78

V200.76

V210.80

V220.86

V230.66

V240.61

V250.76

V260.90

V270.69

V280.75

V290.89

V300.74

V310.66

V320.80

V330.76

V340.83

V350.76

V360.78

V370.82

V380.80

V390.64

V400.81

DESAFIO 1.00

CONTROLE 1.00

COMPROMI 1.00

CONFIANC 1.00

Chi - Squar e=1727. 31, df =734, P- val ue=0. 00000, RMSEA=0. 057

0.39

0.46

0.46

0.34

0.48

0.51

0.36

0.46

0.45

0.44

0.49

0.29

0.63

0.47

0.43

0.50

0.39

0.47

0.47

0.49

0.45

0.38

0.58

0.62

0.49

0.32

0.56

0.50

0.33

0.51

0.58

0.44

0.49

0.42

0.49

0.47

0.42

0.45

0.60

0.43

0.72

1.01

0.660.83

0.91

0.69

Figura 10. Modelo 1 da análise fatorial confirmatória com 40 itens.

Page 59: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Para adaptar esse modelo inicial com o intuito de obter melhores índices de

ajuste, os itens que apresentaram menor carga fatorial (< 0,40) foram removidos do

modelo. Dessa forma, foram retirados os itens 1 (λ = 0,39); 4 (λ = 0,34); 7 (λ = 0,36); 12

(λ = 0,29), 22 (λ = 0,38); 26 (λ = 0,32); e 29 (λ = 0,33), gerando o Modelo 2, com

índices de ajuste χ2 = 1116,48; p < 0,000; RMSEA = 0,05; GFI = 0,99; AGFI = 0,99;

NFI = 0,66; NNFI = 0,75; CFI = 0,77; e χ2 / df = 2,28, restando 33 itens, conforme

apresentado na Figura 11 a seguir.

Page 60: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Modelo 2 com 33 itens

V20.82

V30.79

V50.78

V60.74

V80.79

V90.80

V100.81

V110.76

V130.64

V140.80

V150.82

V160.76

V170.85

V180.78

V190.81

V200.76

V210.81

V230.67

V240.61

V250.77

V270.69

V280.76

V300.75

V310.65

V320.79

V330.73

V340.83

V350.74

V360.79

V370.82

V380.80

V390.64

V400.82

DESAFIO 1.00

CONTROLE 1.00

COMPROMI 1.00

CONFIANC 1.00

Chi - Squar e=1116. 48, df =489, P- val ue=0. 00000, RMSEA=0. 056

0.42

0.46

0.47

0.51

0.45

0.44

0.44

0.49

0.60

0.44

0.42

0.49

0.39

0.47

0.44

0.49

0.43

0.57

0.63

0.48

0.56

0.49

0.50

0.59

0.46

0.52

0.42

0.51

0.46

0.42

0.45

0.60

0.43

0.72

1.03

0.700.79

0.91

0.69

Figura 11. Modelo 2 da análise fatorial confirmatória com 33 itens.

Page 61: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Como foram encontrados itens com resíduo alto, optou-se por retirar todos os

itens a seguir: 5 (λ = 0,44); 6 (λ = 0,48); 9 (λ = 0,46); 13 (λ = 0,46); 15 (λ = 0,43); 16 (λ

= 0,50); 18 (λ = 0,44); 20 (λ = 0,49); 21 (λ = 0,45); 23 (λ = 0,48); 25 (λ = 0,47); 27 (λ =

0,46); 30 (λ = 0,50); 31 (λ = 0,47); 33 (λ = 0,49); 34 (λ = 0,48); 35 (λ = 0,47); 36 (λ =

0,47); 37 (λ = 0,44); e 40 (λ = 0,43), restando um total de 13 itens, o que gerou o

Modelo 3 (Figura 12).

Page 62: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Modelo 3 com 13 itens

V20.59

V30.75

V80.73

V100.55

V110.53

V140.60

V170.72

V190.64

V240.54

V280.75

V320.74

V380.68

V390.53

d 1.00

ct 1.00

cf 1.00

cp 1.00

Chi - Squar e=103. 79, df =60, P- val ue=0. 00039, RMSEA=0. 071

0.64

0.50

0.52

0.67

0.68

0.64

0.53

0.60

0.68

0.50

0.51

0.56

0.68

0.25

0.55

0.650.81

0.68

0.68

Figura 12. Análise fatorial confirmatória da Escala de Robustez Mental do Modelo de 13 itens.

Os índices do Modelo 3 considerados satisfatórios foram: χ2 = 103,79; p < 0,000;

RMSEA = 0,07; GFI = 0,98; AGFI = 0,97; NFI = 0,91; NNFI = 0,95; CFI = 0,96; χ2 / df

Page 63: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

= 1,73. Portanto, esse modelo passou a ser a versão final da Escala de Robustez Mental

(RME-A) (ver Apêndice 2, “Versão final da Escala RME-A”).

4.2 Consistência interna, validade convergente e discriminante

Quanto à consistência interna, as cargas fatoriais apresentaram valores dentro do

recomendado ( 0,50), mostrando boa validade convergente, conforme a Tabela 5 a

seguir.

Tabela 5 – Itens da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros

adultos e carga fatorial de cada item

Itens RME - A Carga Fatorial

2. Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente

durante as competições. 0,64

3. Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus

objetivos traçados. 0,50

8. Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for necessário para meu

esporte. 0,52

10. Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar. 0,67

11. Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos

desafios. 0,68

14. Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar

para treinar o melhor possível. 0,64

17. Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas metas. 0,53

19. Eu consigo me manter focado, independentemente do tipo de treino. 0,60

24. Eu confio nas minhas capacidades como atleta. 0,68

28. Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e

rapidamente recuperar minha atenção. 0,50

32. Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor. 0,51

38. Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico. 0,56

39. Tenho confiança de que consigo me sair bem com as situações difíceis

do meu esporte. 0,68

Page 64: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Os valores de t referentes ao modelo final de 13 itens apresentaram resultados

satisfatórios (> 1,96) e estão descritos na Tabela 6, a seguir.

Tabela 6 – Média (M), Desvio Padrão (DP) e valor de t para cada item da versão

final da Escala de Robustez Mental

Itens RME-A M DP Mínimo Máximo t

2 5,50 1,51 1 7 98,53

3 6,34 1,24 1 7 148,06

8 6,12 1,25 1 7 86,25

10 5,86 1,50 1 7 81,97

11 6,00 1,34 1 7 87,13

14 5,44 1,52 1 7 97,01

17 5,88 1,36 1 7 212,94

19 5,58 1,41 1 7 96,83

24 6,03 1,32 1 7 85,94

28 5,36 1,54 1 7 158,66

32 6,08 1,23 1 7 251,27

38 5,46 1,67 1 7 102,29

39 5,62 1,52 1 7 95,17

A variância média extraída (VME), também utilizada como indicador de

validade convergente, apresentou valores parcialmente aceitáveis para as variáveis

desafio (0,40), controle (0,39) e confiança (0,41). A comparação entre a VME e a

correlação quadrática de cada dimensão é apresentada na Tabela 7.

Page 65: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Tabela 7 – Comparação entre a variância media extraída e a correlação ao

quadrado de cada fator

Desafio Controle Confiança Compromisso

Desafio 0,40*

Controle 0,06** 0,39*

Confiança 0,30** 0,42** 0,41*

Compromisso 0,65** 0,46** 0,46** 0,26*

*Variância média extraída; ** Correlação ao quadrado.

Em relação a confiabilidade composta os resultados apontam para índices

satisfatórios em todas as dimensões: desafio (0,66), controle (0,66), confiança (0,68) e

compromisso (0,58).

Os itens validados para cada dimensão são apresentados a seguir nas figuras 13 a

16.

Itens finais da dimensão Controle

Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente durante as

competições.

Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar para

treinar o melhor possível.

Eu consigo me manter focado, independentemente do tipo de treino.

Figura 13. Itens finais da dimensão psicológica “Controle”.

Itens finais da dimensão Compromisso

Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus objetivos

traçados.

Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for necessário para meu esporte.

Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e rapidamente

recuperar minha atenção.

Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor.

Figura 14. Itens finais da dimensão psicológica “Compromisso”.

Page 66: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Itens finais da dimensão Desafio

Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar.

Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos desafios.

Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas metas.

Figura 15. Itens finais da dimensão psicológica “Desafio”.

Itens finais da dimensão Confiança

Eu confio nas minhas capacidades como atleta.

Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico.

Tenho confiança que consigo me sair bem com as situações difíceis do meu

esporte.

Figura 16. Itens finais da dimensão psicológica “Confiança”.

4.3 Análise de convergência entre a Escala RME-A com a Escala de

Resiliência

Ao analisar a correlação entre as dimensões 4 C’s (controle, compromisso,

desafio e confiança) e a pontuação total da Escala RME-A e da Escala de Resiliência,

pode-se observar que existe uma correlação significativa (p<0,05), porém essa

correlação é fraca, conforme apresentado na Tabela 8.

Page 67: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

Tabela 8 – Coeficientes de correlação de Spearman para

correlações selecionadas

Correlações r p

Controle X Total Resiliência 0,23 0,000

Compromisso X Total Resiliência 0,26 0,000

Desafio X Total Resiliência 0,21 0,000

Confiança X Total Resiliência 0,20 0,000

Total RME-A X Total Resiliência 0,32 0,000

Nível de significância < 0,01

Page 68: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

CAPÍTULO V

DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi elaborar e verificar as propriedades

psicométricas da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros adultos e

analisar a convergência entre essa escala e a Escala de Resiliência. Entender o construto

e suas dimensões se torna essencial na medida em que ele tem sido relacionado por

pesquisadores com o desempenho esportivo (Gucciardi & Gordon, 2013; Clough &

Strycharczk, 2012; Cowden, 2016; Rosado et al., 2013).

Nos dados analisados, constatou-se que uma solução de 13 itens apresenta

valores de ajustamento global considerados ajustados, apesar dos índices de validade

convergente e discriminante de algumas das dimensões da escala não estarem de acordo

com o recomendado, pois os valores mais próximos são referentes às dimensões

controle, desafio e confiança. Já a dimensão compromisso carece de validade

convergente suficiente. Quanto à validade discriminante, verificou-se um valor frágil

para a dimensão compromisso, uma vez que a VME não é superior ao quadrado das

correlações múltiplas entre as demais dimensões, o que seria de esperar para garantir

essa discriminação.

Apesar da fragilidade na capacidade de avaliação da dimensão compromisso, os

resultados evidenciam um ajustamento global do modelo para medir as dimensões

controle, desafio e confiança de Robustez Mental no esporte. A falta de ajustamento

aconselha, no entanto, novos estudos, que permitam aumentar quer a validade

convergente (para a dimensão compromisso), quer a validade discriminante (para as

dimensões confiança, controle e compromisso).

No que se refere às cargas fatoriais (≥ 0,50) e aos valores de t (≥ 1,96), os

resultados apontam boa validade convergente, uma vez que todos os itens obtiveram

resultados acima dos recomendados pela literatura.

Na ausência de um instrumento “padrão-ouro”, é possível testar a validade

convergente por meio da correlação das pontuações do instrumento focal com os escores

de outro instrumento que avalie um construto similar. Altas correlações entre uma nova

Page 69: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

escala e uma escala que mede fatores similares são forte evidência de que o novo

instrumento também mede o mesmo construto que o outro instrumento. De acordo com

a correlação da escala de RME-A e a Escala de Resiliência, os resultados apontam para

correlações significativas, no entanto, baixas (dimensão controle r = 0,23; compromisso

r = 0,26; desafio r = 0,21; confiança r = 0,20) e total RME-A r = 0,32, pois r = 0,40

foram consideradas correlações baixas; r = 0,59, correlações médias; e r ≥ 0,60,

correlações altas (Brosius, 2009).

De uma maneira geral, os resultados apontam que a Escala RME-A está

positivamente relacionada com a Escala de Resiliência, sendo essa associação uma

prova de validade da Escala RME-A, corroborando com os estudos de Gucciardi e

Jones, (2012) e Geber et al. (2013b) que apontam correlação entre a Robustez Mental e a

Resiliência.

Já em relação aos índices globais de ajuste (RMSEA, GFI, AFGI, NFI, NNFI e

CFI) testados para o modelo de quatro dimensões, todos atingiram os níveis

recomendados (Hair Jr. et al., 2009; Byrne, 2010), o que confirma o modelo e indica

uma boa dimensionalidade da escala.

Sendo assim, os resultados encontrados na análise fatorial confirmatória mostram

a adequabilidade da escala com o modelo dos 4C’s (controle, compromisso, desafio e

confiança) proposto por Clough et al. (2002) para o construto Robustez Mental.

Durante as análises de AFC para a obtenção de níveis de ajuste global

considerados aceitáveis, foram excluídos 27 itens do modelo inicial. A retirada de tantos

itens é um processo comum durante a validação de escalas. Gucciardi e Gordon (2009),

por exemplo, no desenvolvimento de uma escala de Robustez Mental para jogadores de

críquete, obtiveram resultados aceitáveis de AFC; no entanto, para obter esses índices

aceitáveis, 35 itens foram excluídos da escala inicial, que consistia em 50 itens gerados

por meio de pesquisas qualitativas e elaborados por especialistas. A escala final

elaborada por Gucciardi e Gordon (2008) ficou com 15 itens.

Com relação aos itens “Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos,

principalmente durante as competições”; “Mesmo quando estou desanimado e

entediado, eu consigo me energizar para treinar o melhor possível” e, “Eu consigo me

manter focado, independente do tipo de treino”, pode-se notar que os três itens

correspondem com a literatura, que aponta que, controle significa ter senso de

autoestima e descreve até que ponto uma pessoa se sente no controle de sua vida e das

circunstâncias. Além disso, é importante descrever até que ponto elas podem controlar

Page 70: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

suas emoções. Uma pessoa mentalmente robusta, com alto controle, geralmente apenas

“seguirá em frente”, independentemente de como se sente, e trabalhará em situações

emocionalmente difíceis, sem parecer distraída ou desmotivada (Gucciardi & Gordon,

2013). Conforme Crust e Swann (2011), controle é a sua autoestima, o propósito de sua

vida e seu senso de controle sobre suas emoções, sentindo que está no controle de sua

vida e que pode fazer a diferença e mudar as coisas. Se você está no controle, você tem

uma boa noção de quem você é e do que você defende e está “confortável em sua

própria pele”. Você é mais capaz de controlar suas emoções, o que significa que é capaz

de manter suas ansiedades sob controle e é menos provável que seja distraído pelas

emoções dos outros ou que revele seu estado emocional a outras pessoas. Por outro lado,

se você estiver do outro lado da escala, com pouco controle, sentirá que os eventos

acontecem com você e estão fora de seu controle ou influência pessoal (Crust & Swann,

2011).

Os itens validados para a dimensão compromisso “Eu sei que meu esforço

aumentará as chances de alcançar os meus objetivos traçados”; “Estou disposto a fazer

certos sacrifícios, se isto for necessário para meu esporte”; “Eu posso claramente

perceber quando não estou concentrado e rapidamente recuperar minha atenção” e

“Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor” se referem à orientação do

indivíduo em busca do objetivo e à aderência. Descreve a medida em que alguém está

preparado para definir metas que, uma vez estabelecidas, irá trabalhar duro para alcançá-

las (Clough & Strycharczk, 2012). São indivíduos capazes de estabelecer rotinas e

hábitos que os permitem ser bem sucedidos. Por outro lado, baixas pontuações na

dimensão compromisso significa pouco comprometimento, sujeitos com dificuldade em

definir metas e priorizá-las. Também podem achar difícil se concentrar, adotar rotinas ou

hábitos para atingir seus objetivos (Gerber et al., 2013a).

Segundo Cowden (2016), desafio é a medida em que o indivíduo vai enfrentar

seus limites, lidar com as mudanças e aceitar riscos. Diz respeito também sobre como o

sujeito percebe seus resultados, tanto os bons quanto os ruins. Para o autor, pessoas com

uma pontuação alta nessa dimensão veem os desafios, a mudança e a adversidade como

oportunidades em vez de ameaças, e aproveitarão a oportunidade de aprender e crescer

com a nova situação. Por outro lado, pessoas com baixa pontuação para desafio tendem

a ver a mudança como uma ameaça e, assim, evitar situações novas e desafiadoras por

medo de falhar ou não desejar despender o que acha que será um esforço desperdiçado.

Os itens “Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar”; “Eu gosto de

Page 71: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos desafios” e “Quando atinjo meus

objetivos, eu traço novas metas”, validados para esta dimensão estão relacionados com a

definição acima citada.

Já em relação à dimensão confiança, os itens “Eu confio nas minhas capacidades

como atleta”; “Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico” e

“Tenho confiança que consigo me sair bem com as situações difíceis do meu esporte”,

estão de acordo com a definição de Clough e Strycharczk (2012), que apontam que um

indivíduo mentalmente robusto deve possuir uma autoconfiança inabalável, uma certa

“arrogância” (que o permita acreditar que pode alcançar tudo o que se quer), confiança

de que pode ultrapassar qualquer obstáculo. Corroborando com os autores Weinberg et

al. (2016), sugerem que a confiança descreve aquele indivíduo que acredita em suas

próprias habilidades e na confiança interpessoal que possuem para influenciar os outros

e lidar com conflitos e desafios. Quando confrontados com um desafio, pessoas

mentalmente robusta, com alta pontuação na dimensão confiança, possuirão a

autoconfiança para lidar com a situação e uma força interior para defender sua posição

quando necessário. Sua confiança permite que elas representem sua visão com ousadia e

se sintam à vontade para lidar com objeções.

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CAPÍTULO VI

CONCLUSÃO

Nas últimas duas décadas, os pesquisadores se tornaram cada vez mais

interessados em como fatores psicológicos como personalidade, dinâmica de grupo e

cognições individuais afetam o desempenho esportivo. O termo Robustez Mental tem

estado na literatura da Psicologia do Esporte há quase 30 anos, mas a pesquisa e o

desenvolvimento de instrumentos de análise se destacaram apenas nos últimos dez anos

(Gucciardi & Gordon, 2013).

O pesquisadores Bull et al. 2005; Clough et al. 2002; Cowden et al. 2016; Golby

et al. 2007; Gucciardi & Gordon, 2013; Gucciardi & Jones, 2012; Middleton et al. 2004;

Rosado et al. 2013 têm investigado o construto Robustez Mental a partir de diferentes

perspectivas, iniciando pela questão fundamental: o que é Robustez Mental? (Jones,

2002). Esforços mais recentes buscaram explorar o construto em um nível mais

profundo, através de exames conceituais, de desenvolvimento e psicométricos. Sendo

assim, o objetivo deste estudo foi elaborar e verificar as propriedades psicométricas da

Escala de Robustez Mental para o esporte em atletas brasileiros adultos por meio da

validação confirmatória, convergente e discriminante, bem como verificar a correlação

da Escala RME-A com a Escala de Resiliência.

Com relação a adequabilidade da escala, de uma maneira geral, os resultados do

presente estudo evidenciam uma estrutura para a Escala de Robustez Mental no esporte

para atletas brasileiros adultos de acordo com o modelo teórico dos 4C’s, proposto por

Clough et al. (2002), uma vez que os resultados encontrados na análise fatorial

confirmatória apontam para uma boa qualidade de ajuste da estrutura do modelo.

Com relação aos dados analisados no presente estudo, chegou-se a um modelo

final com 13 itens que apresentaram valores de ajustamento global e consistência interna

considerados aceitáveis. No entanto, aspectos da validade convergente e discriminante

entre algumas das dimensões da escala (confiança, desafio e comprometimento)

apresentaram resultados considerados frágeis, porém tais resultados são esperados, uma

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vez que o construto RM é multidimensional e as dimensões se inter-relacionam (Clough

et al., 2002).

Os resultados também apontam boa validade convergente entre a Escala RME-A

e a Escala de Resiliência na medida em que foram encontradas correlações positivas

entre as escalas, corroborando com estudos anteriores (Rosado et al., 2013; Gucciardi &

Gordon, 2013; Nicholls et al., 2008).

No entanto, de acordo com Gucciardi & Gordon (2013), o processo de validação

ecológica (validação externa) de um instrumento psicométrico pode durar anos e, às

vezes, décadas, e não pode ser finalizado em somente um estudo. Ou seja, embora as

análises preliminares de confiabilidade e validade envolvidas neste estudo tenham

mostrado boa validade, a validação de construto é considerada um processo contínuo

(Marsh, 2007). Por isso é importante que as escalas sejam continuamente avaliadas

quanto à sua integridade psicométrica. Sendo assim, torna-se necessário o

acompanhamento longitudinal do desempenho psicométrico desta escala na população

de atletas brasileiros.

Com relação às recomendações gerais, sugere-se que futuras investigações

continuem a examinar a validade da Escala RME-A, assim como uma replicação do

estudo com outras amostras e com uma amostra maior deverão ser realizadas para

confirmar a estabilidade da estrutura fatorial encontrada.

Concluindo, pode-se afirmar que, de posse dessa escala, novas pesquisas poderão

ser desenvolvidas em estudos longitudinais, associando a RM com o desempenho

esportivo e valências físicas e, estudos da relação da RM entre diferentes modalidades,

idades, sexo e com o tempo de experiência dos atletas.

Page 74: Universidade São Judas Tadeu | São Paulo, SP

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APÊNDICE 1 – Escala de Robustez Mental no Esporte – Versão 1 com 40 itens

ESCALA DE ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE - ADULTO

Abaixo estão afirmações que refletem as crenças que os atletas têm quando participam de esportes. Leia cada

uma delas e, em seguida, selecione um número de 1 a 7 que indique o quanto você concorda ou discorda das

afirmações. Não há respostas certas ou erradas. Fique atento se você respondeu a todas as questões.

1) Discordo Totalmente 2) Discordo Moderadamente 3) Discordo Ligeiramente 4) Não concordo e nem

discordo 5) Concordo Ligeiramente 6) Concordo Moderadamente 7) Concordo Totalmente

1 Eu fico inspirado e competitivo em situações difíceis.

2 Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente durante as competições.

3 Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus objetivos traçados.

4 Eu consigo controlar minhas emoções durante as competições, mesmo em momentos difíceis.

5 Consigo me manter confiante, mesmo quando cometo erros bobos.

6 Eu me sinto confiante no meu esporte.

7 Mantenho a confiança, independentemente do modo como as coisas estejam ocorrendo durante a

competição.

8 Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for necessário para meu esporte.

9 O meu desempenho, depende do meu esforço pessoal.

10 Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar.

11 Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos desafios.

12 Eu consigo me manter animado, independentemente do tipo de treino.

13 Eu acredito em mim mesmo como atleta, principalmente nos momentos difíceis.

14 Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar para treinar o melhor

possível.

15 Eu consigo dar o máximo do meu talento e habilidade como atleta.

16 Sinto-me confiante de que vou competir bem.

17 Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas metas.

18 Penso sempre de maneira positiva e confiante.

19 Eu consigo me manter focado, independentemente do tipo de treino.

20 Faço tudo que posso para ter um bom desempenho.

21 Quando eu vejo que estou errando, fico mais focado.

22 Eu posso transformar situações ruins em oportunidades de vencer.

23 Competir, me traz realmente uma sensação de satisfação.

24 Eu confio nas minhas capacidades como atleta.

25 Independentemente dos resultados que eu obtive nas competições, eu me dedico 100% ao esporte.

26 Eu sou meu próprio "motor". Isto significa que eu não preciso ser "empurrado" para competir ou

treinar forte.

27 Eu me esforço 100% durante uma competição, em quaisquer circunstâncias.

28 Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e rapidamente recuperar minha

atenção.

29 Eu treino com muita intensidade, dou 100% sempre, porque quero melhorar.

30 Eu sou um atleta que tem autoconfiança.

31 Eu imagino situações que podem ocorrer numa competição e como posso resolvê-las.

32 Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor.

33 Cometo menos erros quando estou confiante, porque me concentro melhor.

34 Prefiro treinos desafiadores, mesmo que tenha que me esforçar mais para isso.

35 As adversidades no esporte são desafios a serem superados.

36 Eu sei que possuo habilidades que podem me ajudar a lidar com os desafios do esporte.

37 As metas que eu tracei para mim enquanto atleta, fazem com que eu treine muito.

38 Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico.

39 Tenho confiança de que consigo me sair bem, com as situações difíceis do meu esporte.

40 Vivenciar situações negativas no esporte, me desafiam cada vez mais.

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APÊNDICE 2 – Versão final da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas

brasileiros adultos (RME-A)

NOME: MODALIDADE:

IDADE: DATA:

ESCALA DE ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE - ADULTO

Abaixo, estão afirmações que refletem as crenças que os atletas têm quando participam de esportes.

Leia cada uma delas e, em seguida, selecione um número de 1 a 7 que indique o quanto você

concorda ou discorda das afirmações. Não há respostas certas ou erradas. Fique atento se você

respondeu a todas as questões.

Dis

cord

o T

ota

lmen

te

Dis

cord

o M

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o L

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cord

o M

od

era

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men

te

Con

cord

o T

ota

lmen

te

1 Eu consigo me manter focado, independentemente

do tipo de treino.

2 Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que

enfrentar muitos desafios

3 Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a

melhorar.

4 Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu

consigo me energizar para treinar o melhor

possível.

5 Eu confio nas minhas capacidades como atleta.

6 Eu posso claramente perceber quando não estou

concentrado e rapidamente recuperar minha

atenção.

7 Quanto mais pressão existe na competição, mais

confiante eu fico.

8 Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas

metas.

9 Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for

necessário para meu esporte.

10 Eu consigo trocar pensamentos negativos por

positivos, principalmente durante as competições.

11 Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo

melhor.

12 Tenho confiança de que consigo me sair bem, com

as situações difíceis do meu esporte.

13 Eu sei que meu esforço aumentará as chances de

alcançar os meus objetivos traçados.

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ANEXO 1 – Escala de Resiliência

Escala de Resiliência

Por favor, indique, conforme a escala abaixo, o quanto está de acordo com as afirmações:

Dis

cord

o t

ota

lmen

te

Dis

cord

o

Não

sei

Conco

rdo

Conco

rdo t

ota

lmen

te

1. Eu costumo dar a volta por cima rapidamente depois de

situações difíceis. 1 2 3 4 5

2. Eu tenho dificuldade de passar por situações estressantes. 1 2 3 4 5

3. Eu me recupero rápido de uma situação estressante. 1 2 3 4 5

4. É difícil para eu reagir quando alguma coisa ruim

acontece. 1 2 3 4 5

5. Geralmente, eu passo pelas dificuldades sem grandes

problemas. 1 2 3 4 5

6. Eu costumo demorar bastante tempo para me recuperar

dos contratempos da minha vida. 1 2 3 4 5

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ANEXO 2 – Ficha de Dados Demográficos

FICHA DE DADOS DEMOGRÁFICOS

Modalidade: ___________________________ Categoria:_____________________________ Prova:

______________________

Nº dias de treinamento na semana: _______

Nº horas diárias de treino: __________

Tempo de prática nesse esporte: ___________________________________________

Deseja receber os resultados referentes à sua participação no estudo?

SIM □

NÃO□

EMAIL:______________________________________________________________

Data atual: ___ / ___ / ___

Nome: ________________________________________________________________ Idade: _____

Sexo:__________________

Estado civil: Solteiro(a) □ Casado(a) □ Divorciado(a) □ Viúvo(a) □

Nível de escolaridade: Ensino fundamental□ Ensino médio□ Ensino superior□

Pós-Graduação□

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ANEXO 3 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TÍTULO DA PESQUISA: PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA ESCALA DE

ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE PARA ATLETAS BRASILEIROS

ADULTOS (RME-A)

Eu, _________________________________________________________________,

data de nascimento: _____/_____/_________, documento de identidade

tipo:__________________________ n° ______________________________,

endereço:_______________________________________________________________

telefone:__________________________ e-mail:________________________________

abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como

voluntário da pesquisa PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA ESCALA DE

ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE PARA ATLETAS BRASILEIROS

ADULTOS (RME-A), sob responsabilidade da pesquisadora Mariana de Freitas

Corrêa, sob orientação da Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão, da Instituição de

Ensino Universidade São Judas Tadeu, Grupo de Estudos em Psicologia do Esporte –

CNPq.

Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:

1. Essas informações estão sendo fornecidas para minha participação voluntária neste estudo, que

visa pesquisar o desenvolvimento do construto Robustez Mental em atletas.

2. Irei responder a escala com a finalidade de se obter dados sobre diversos aspectos psicológicos

durante os momentos de treinamento e competição. O preenchimento destes instrumentos terá

duração de 20 (vinte) minutos em média.

3. A pesquisadora se compromete a utilizar os dados obtidos pelos testes somente para pesquisa.

4. O procedimento para este estudo apresenta risco mínimo de constrangimento pelo teor das

perguntas mas, caso eu não me sinta à vontade, poderei interromper a qualquer momento minha

participação na pesquisa e retornar se tiver interesse. Estou ciente também que, em casos de

maiores incômodos com minha participação no estudo, posso procurar atendimento psicológico

gratuito na clínica de psicologia da Universidade São Judas Tadeu.

5. As informações obtidas serão tratadas de forma confidencial e não haverá a identificação de

nenhum dos participantes.

6. Tenho direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas, quando em

estudos abertos, ou de resultados que sejam do conhecimento da pesquisadora.

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7. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os

objetivos do estudo exposto acima, incluída sua ampla publicação na literatura científica

especializada.

8. Não há despesas pessoais para mim em qualquer fase do estudo. Também não há compensação

financeira relacionada à minha participação. Toda e qualquer despesa será de responsabilidade

da pesquisadora.

9. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para

esclarecimento de eventuais dúvidas, sendo eles: Mariana de Freitas Corrêa e Profa. Dra. Maria

Regina Ferreira Brandão, no endereço: Rua Taquari, 546 - Mooca - São Paulo/SP (Universidade

São Judas Tadeu).

10. Poderei contatar o comitê de ética em pesquisa da Universidade São Judas Tadeu para apresentar

recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799-1946.

Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem

realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos

permanentes.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo: PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS

DA ESCALA DE ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE PARA ATLETAS

BRASILEIROS ADULTOS (RME-A).

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu

consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou

prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu

atendimento neste serviço.

Este termo de consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu

poder e a outra com a pesquisadora. Ambas as vias têm todas as páginas rubricadas pelos

pesquisadores e por mim.

__________________________________

Assinatura do voluntário Data ____/ ____/ ________

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste

participante para a participação neste estudo.

_________________________________________

Assinatura do responsável pelo estudo Data ____/ ____/ _____