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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Alex Amaro da Rocha APLICAÇÃO DA METODOLOGIA FRONT-END-LOADING NO CICLO DE VIDA DE GRANDES EMPREENDIMENTOS Rio de Janeiro RJ 2014

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Alex Amaro da Rocha

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA FRONT-END-LOADING NO CICLO DE VIDA DE

GRANDES EMPREENDIMENTOS

Rio de Janeiro – RJ

2014

ii

Alex Amaro da Rocha

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA FRONT-END-LOADING NO CICLO DE VIDA DE

GRANDES EMPREENDIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Universidade Veiga de Almeida como parte

dos requisitos necessários para a aprovação

no Curso de Engenharia de Produção

Orientador: Alexandre Camacho da Paixão,

Msc.

Rio de Janeiro – RJ

2014

iii

R672a Rocha, Alex Amaro da. Aplicação da Metodologia Front-end-loading no ciclo de vida de grandes empreendimentos / Alex Amaro da Rocha, 2014. 36 f.: il.; 30 cm. Monografia (Graduação) – Universidade Veiga de Almeida, Engenharia de Produção, Rio de Janeiro, 2014. Orientação: Prof. Msc. Alexandre Camacho da Paixão.

1. Gestão de Projetos. 2. Empreendimentos. 3. Planejamento. 4. Front-End-Loading. I. Paixão, Alexandre Camacho da. II. Universidade Veiga de Almeida, Engenharia de Produção (Graduação). III. Título.

CDD 658.2

BN

iv

Alex Amaro da Rocha

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA FRONT-END-LOADING NO CICLO DE VIDA DE

GRANDES EMPREENDIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Universidade Veiga de Almeida como parte

dos requisitos necessários para a aprovação

no Curso de Engenharia de Produção

Aprovado em_____de________________de______.

____________________________________________

Alexandre Camacho da Paixão, Msc. (Orientador)

Universidade Veiga de Almeida

____________________________________________

Fabrício da Costa Dias, Msc

Universidade Veiga de Almeida

____________________________________________

Marcone Freitas dos Reis, Esp Senai-Cetiqt

v

A minha família pela união e harmonia.

vi

AGRADECIMENTOS

Em memória de minha avó materna Neusa, por todo o carinho e amor que me

concedeu desde a infância. Sua participação em minha vida com seus conselhos e histórias,

foi fundamental para chegar até aqui.

A minha querida mãe Tania, por ser a pessoa em que sempre me espelhei, a que

tenho uma profunda admiração, e que sempre me enriqueceu com sua sabedoria, e mostrou

o que é ter uma família.

Ao meu padrasto Daniel, que sempre acreditou em mim, que me acompanhou em

longas noites de estudo, e fez de tudo para manter minha motivação.

Ao meu irmão André, ao qual é um exemplo de parceria, que pude contar em todos

os momentos. Para ele eu me esforço em ser um exemplo e que tenha orgulho de mim.

A minha amada Jéssica, pela sempre agradável companhia, por ficar ao meu lado

nos vários finais de semana dedicados ao desenvolvimento deste trabalho, por me ouvir,

tarde da noite, sobre minhas teorias e ideias, e por todo o seu amor.

Aos companheiros de empresa, que pelas ricas discussões, me fizeram despertar

um grande interesse pelo gerenciamento de projetos, e acreditaram na minha capacidade

de desenvolver este tema.

vii

“No que diz respeito ao empenho, ao

compromisso, ao esforço, à dedicação, não

existe meio termo. Ou você faz uma coisa

bem feita ou não faz.” (Ayrton Senna)

viii

RESUMO

Com o passar dos anos as atividades de engenharia evoluíram muito, considerando

tanto o aspecto técnico quanto o gerencial. Passou de soluções técnicas com o intuito de

atender necessidades das empresas, governo e da sociedade de forma geral, para

empreendimentos gigantes, complexos, que não consideram apenas a solução primária ao

qual foi desenvolvido, mas tendo que atender normas e padrões cada vez mais rígidos,

atendendo a estudos de possíveis impactos ao meio ambiente, garantindo medidas

sustentáveis, envolvimento da comunidade, os diferentes perfis das partes interessadas,

que hoje são muito maiores, e influenciam diretamente o sucesso de um empreendimento, a

grande quantidade de fornecedores, e logicamente, os grandes custos envolvidos para

mover todas essas engrenagens.

O presente estudo visa mostrar a importância do gerenciamento de projetos para

garantir que grandes empreendimentos sejam executados de maneira integrada, atendendo

a todas essas necessidades, e como a aplicação de uma metodologia como o Front-End-

Loading pode suportar desde as necessidades técnicas e operacionais aos objetivos da

companhia.

Palavras-Chave: Gerenciamento de Projetos, Front-End-Loading, Empreendimentos,

Planejamento.

ix

ABSTRACT

Over the years, engineering activities have evolved a lot, considering both the

technical and the management aspect. These activities have passed from technical solutions

in order to meet needs of business, government and society in general, to giant, complex

enterprises, which not only consider the primary solution to which has been developed, but

having to meet increasingly harder standards and procedures, given studies of possible

impacts to the environment, ensuring sustainable measures, community involvement, the

different profiles of stakeholders, which are now much larger, and directly influence the

success of an enterprise, the large number of suppliers, and logically, the large costs

involved to move all these gears.

The present study intends to show the importance of project management to ensure

that large projects are executed in an integrated manner, meeting all these needs, and how

the application of a methodology as the Front-End-Loading can support from technical and

operational requirements the goals of the company.

Key-words: Project Management, Front-End-Loading, Enterprise, Planning.

x

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Nível típico ao longo do ciclo de vida do projeto................................................20

FIGURA 2 – PMBOK ou FEL? Pontos comuns......................................................................22

FIGURA 3 – Ciclo de vida do Projeto.....................................................................................23

FIGURA 4 – Grau de Influência e gastos nos projetos ao longo do tempo...........................24

FIGURA 5 – Relação Mudança x Tempo x Custo..................................................................28

FIGURA 6 – Portões FEL.......................................................................................................29

FIGURA 7 – Faixas de incerteza............................................................................................29

FIGURA 8 – Índices FEL........................................................................................................31

FIGURA 9 – Duração do ciclo de vida x Índice FEL...............................................................33

FIGURA 10 – Maturidade do Projeto x Índice FEL.................................................................34

FIGURA 11 – Entregas do FEL 1...........................................................................................35

FIGURA 12 – Processo de validação dos portões.................................................................37

FIGURA 13 – Entregas do FEL 2...........................................................................................39

FIGURA 14 – Entregas do FEL 3...........................................................................................43

FIGURA 15 – Processo com o estudo detalhado...................................................................46

FIGURA 16 – Sistema de controle total do projeto.................................................................47

FIGURA 17 – Cronogramas e Estimativa de custos desenvolvidos a partir do WBS........... 48

xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAPEX - Capital Expenditure

CII - Construction Industry Institute

COMPERJ - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro

CPM – Critical Path Method

EAP - Estrutura Analítica do Projeto

EGP – Escritório de Gerenciamento de Projetos

EPC - Engineering - Procurement - Construction

EVTE – Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica

FEED - Front-End- Engineering Design

FEL - Front-End-Loading

FEP - Front-End-Planning

IETEC - Instituto de Educação Tecnológica

IPA - Independent Project Analysis

NASA - National Aeronautics and Space Administration

OPEX - Operational Expenditure

PERT – Program Evaluation and Review Technique

PMBOK – Project Management Body of Knowledge

PMI – Project Management Institute

PPP - Pre-Project Planning

SPI - Schedule Project Index

TIR – Taxa Interna de Retorno

VIP - Value Improving Practices

VPL – Valor Presente Líquido

WBS - Work Breakdown Structure

xii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................13

1.1. OBJETIVO........................................................................................................................................... 15

1.1.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................. 15

1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................ 15

1.1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................................... 15

1.2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................... 15

1.3. METODOLOGIA .................................................................................................................................. 17

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................................. 17

2. REFERENCIAL TEÓRICO ..........................................................................................19

3. DESENVOLVIMENTO ................................................................................................26

3.1. ETAPA DE PRÉ-PLANEJAMENTO ..................................................................................................... 26

3.2. BENEFÍCIOS DA APLICAÇÃO DO FEL .............................................................................................. 27

3.3. PROCESSOS FEL ............................................................................................................................. 28

3.4. ÍNDICE FEL ........................................................................................................................................ 30

3.5. FEL 1 – PLANEJAMENTO DO NEGÓCIO .......................................................................................... 34

3.6. FEL 2 – DESENVOLVIMENTO DO ESCOPO ..................................................................................... 38

3.7. FEL 3 – DEFINIÇÃO DO PROJETO ................................................................................................... 41

3.8. FASE DE EXECUÇÃO ........................................................................................................................ 46

3.9. FASE DE ENCERRAMENTO............................................................................................................... 49

4. CONCLUSÃO .............................................................................................................51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................52

ANEXO A – RESPONSABILIDADE DAS ÁREAS NO CICLO DE VIDA DO

EMPREENDIMENTO, 2013 .................................................................................................55

13

1. INTRODUÇÃO

O engenheiro mecânico Henry Gantt foi o autor do conhecido gráfico de

barras denominado gráfico de Gantt. Esse gráfico foi criado no início do século XX

para controle de atividades do chão de fábrica, quando Gantt trabalhava para

Frederick Taylor, engenheiro chefe de produção. Surge então uma das primeiras

técnicas utilizadas para Gerenciamento de Projetos, e que se torna também o gráfico

de planejamento mais popular até hoje.

As técnicas para o planejamento foram evoluindo, e em 1958 foi desenvolvido

o método PERT – Program Evaluation and Review Technique pela empresa de

consultoria Booz, Allen & Hamilton, técnica desenvolvida nos Estados Unidos em um

programa de construção de novos submarinos nucleares, o Polaris, e de aviões de

bombardeios estratégicos de longo alcance (CUKIERMAN, 2009).

Segundo Cukierman (2009), foi nesta mesma época em que as empresas

DUPONT e UNIVAC desenvolveram o método CPM – Critical Path Method, visando

cumprir e acompanhar os contratos firmados com o governo para um programa

aeroespacial da NASA.

A partir do período histórico que essas técnicas surgem, foi compreendido

que surgiu também o PERT/CPM que segundo Belchior consiste em figurar o projeto

numa rede ou grafo, onde se apresentam as ações de acordo com as respectivas

relações de correspondência, de modo que o conjunto mostre a sequência em que

todas as atividades de empreendimento devam ser executadas.

Estas técnicas foram desenvolvidas para solução de problemas de atividades

militares e de interesse do governo, dando uma abordagem sistêmica ao

gerenciamento e com maior ênfase nos objetivos. É possível perceber que elas foram

desenvolvidas após a 2ª guerra mundial, que foi um período que a complexidade das

operações militares alertou para a necessidade de um planejamento eficiente,

surgindo então conceitos de planejamento estratégico e a Pesquisa Operacional.

Em 1969 foi fundado o PMI – Project Management Institute, que é

considerado até hoje a principal associação de Gerenciamento de Projetos do mundo,

e que tem como objetivo promover o desenvolvimento desta disciplina. Na década de

90 o PMI publica a primeira edição de um guia de boas práticas chamado PMBOK – A

Guide to the Project Management Body of Knowledge, com orientações desenvolvidas

em estudos pelo seu grupo de membros, para colaborar em todo o ciclo de vida do

empreendimento e em todas as áreas de conhecimento.

Atualmente, o Brasil está passando por um cenário que jamais foi visto neste

país. Motivado principalmente pela Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, o

14

investimento cresceu em projetos de infraestrutura, segurança, sociais,

telecomunicações, dentre outros. Mas não foi apenas no custo que houve esta

elevação, também na complexidade e importância destes empreendimentos. O tipo

de obra varia desde melhorias no sistema rodoviário, passando pelas reformas de

estádios de futebol, até os maiores investimentos do PAC do governo federal que são

as Refinarias Premium I, que está sendo construída no município de Bacabeira no

Maranhão; Refinaria Abreu e Lima, obra iniciada em 2007 em Ipojuca, no Complexo

Petroquímico de Suape, a cerca de 60 km ao sul de Recife (PE); e o Complexo

Petroquímico do Rio de Janeiro, o COMPERJ, com obra iniciada em 2008 na cidade

de Itaboraí (RJ), todas com valores superiores a R$ 20 Bilhões. (Fonte:

www.pac.gov.br)

Estes mega empreendimentos são exemplos do desenvolvimento do Brasil,

eles são de fundamental importância para o crescimento econômico, contribuem para

o aumento de empregos diretos e indiretos e atraem também o interesse de empresas

do exterior para aplicarem capital por aqui. Porém, estas obras possuem algumas

características em comum, estão custando muito além dos valores orçados, e os

prazos acordados não são cumpridos.

Segundo Lilenbaum (1972) o projeto deve ser encarado como um conjunto de

ações e recursos que procura a realização de um objetivo específico e concreto,

fisicamente identificado, a partir de um início (origem) convencionado, submetido a

diretrizes gerais prefixadas e condições de execução que apresentam limitações

sensíveis.

O método é uma sequência de procedimentos necessários para se atingir

uma meta, sendo assim, para chegar a um determinado objetivo é importante utilizar

algum processo sistêmico para que se tenha êxito (FALCONI, 2014).

O desafio de executar um empreendimento de grande complexidade dentro

do prazo, escopo e custo estabelecido é muito grande. A quantidade de recursos que

influenciam o seu desempenho, e que devem ser administrados é altíssima, e por isto

gera uma grande margem de erro.

Para Motta (2011) tendo em vista a necessidade de criação de metodologias

que tivessem foco nesta etapa e buscassem um equilíbrio maior entre os resultados

sociais, econômicos e ambientais, o instituto norte-americano Independent Project

Analysis (IPA) desenvolveu uma metodologia denominada Front-End-Loading (FEL)

ou “Planejamento Antecipado”, na qual custo, prazo, segurança e operabilidade são

priorizados.

15

Porém, para atingir o objetivo de um empreendimento, não basta ter apenas o

Planejamento, também é necessário ter Controle, para garantir que o que foi

Planejado está sendo devidamente executado no campo.

1.1. Objetivo

1.1.1. Objetivo Geral

Apresentar o quanto a aplicação da metodologia FEL na fase de concepção,

pode contribuir para as tomadas de decisão durante o ciclo de vida de projetos de

capital e, mostrar que planejamento é uma disciplina muito maior que um cronograma.

1.1.2. Objetivos Específicos

Apontar as principais entregas ao longo do ciclo de vida de um

empreendimento.

Mostrar os requisitos mínimos necessários para ter eficiência na construção

e montagem.

Apresentar como medir a maturidade da etapa de Pré-Planejamento.

1.1.3. Delimitação do Estudo

Este trabalho não tem a ambição de criar alguma metodologia, ou fazer

comparações com os modelos hoje existentes.

O desenvolvimento ocorre por meio de pesquisa com publicações

acadêmicas, em conjunto com a experiência do autor.

1.2. Justificativa

Uma questão comum para quem atua com gerenciamento de

empreendimentos, e não se limitando aos mais iniciantes, é a ideia que planejamento

é cronograma.

16

Facilmente nos deparamos com profissionais que fazem cursos de softwares

de gerenciamento, e a companhia possibilita que eles exerçam funções de planejador,

técnico de planejamento, engenheiro de planejamento, entre alguns outros.

Este trabalho mostra que planejamento não se limita a construção de um

cronograma.

As práticas adotadas no momento de construção de um cronograma, como o

método do caminho crítico, método da corrente crítica, nivelamento de recursos,

utilizar a análise de valor agregado, a preocupação com a estrutura do cronograma,

saber se está consistente, correto, mostrando a realidade do empreendimento e

possibilitando a conferência se a execução está conforme o trabalho planejado são de

fato, aspectos muito importantes e fundamentais para qualquer profissional da área de

planejamento e controle, assim como toda a equipe de gestão, mas se o

empreendimento que está sendo executado não for o correto? Se não tiver o

investimento mais atrativo para a companhia? Se para a sociedade este

empreendimento não atende as expectativas? Se for uma obra pública, e uma

avaliação dos riscos não foi aplicada corretamente, e este empreendimento durar

muito além do necessário, consumindo mais recursos dos contribuintes?

Fazer o empreendimento com custos e tempo adequados, faz parte do

planejamento, mas selecionar o empreendimento correto, e executá-lo no momento

correto também.

Uma pesquisa realizada em 2013 pelo Instituto de Educação Tecnológica

(IETEC) aponta que a área da organização que mais utiliza as metodologias de

Gerenciamento de Projetos é a Engenharia com 60% do resultado. Na mesma

pesquisa identificou-se que o problema que ocorre com mais frequência nos projetos é

o não cumprimento dos prazos, correspondendo a 71% da pesquisa.

Com estes resultados podemos observar que a Engenharia tem utilizado as

técnicas do Gerenciamento de Projetos para elevar a qualidade da gestão, e garantir o

compromisso nas obras, mas mesmo assim os problemas permanecem.

Observamos ainda mais que as frequentes alterações de escopo,

comprometem a eficácia do planejamento, com os impactos no tempo e no custo dos

empreendimentos, ou seja, mesmo aplicando corretamente as técnicas de

planejamento, os empreendimentos estão atrasando, e as escolas e creches não

ficam pronta em tempo suficiente, atrasando o ciclo de estudo de milhares de crianças.

Os hospitais também demoram muito, criando filas e diversos problemas com

atendimento nos outros que restam e operam no limite. O desenvolvimento de novas

tecnologias, e importantes trabalhos de pesquisas são comprometidos, pois os

17

recursos acabam sendo direcionados para investimentos menos importantes, mas que

pela falta de gestão se tornaram urgentes, e devem ser concluídos.

1.3. Metodologia

A metodologia Front-End-Loading não possui muitos materiais acadêmicos,

principalmente publicações nacionais.

A estrutura metodológica para este trabalho será a seguinte:

Revisão Bibliográfica: o intuito desta revisão é pesquisar, pela internet e

bibliotecas, as principais fontes disponíveis com publicações sobre

gerenciamento de projetos e metodologia Front-End-Loading, de forma

que crie um “acervo particular”, e entender como o tema é tratado no

Brasil e em outro países.

Definição das bases: Nesta etapa serão selecionadas as principais fontes,

com base em alguns critérios como a quantidade de referência do material

selecionado em outras publicações, identificação da aplicação em

grandes empresas e projetos importantes, seguimentos relacionados à

engenharia como óleo e gás, exploração e produção, logística de

combustíveis, dentre outros.

Desenvolvimento crítico: O objetivo dessa etapa é consolidar os estudos e

pesquisas nas bases de publicação, e alinhar as ideias dos diferentes

autores com uma aplicação prática, identificando os pontos comuns da

metodologia.

Feito assim torna-se possível elaborar um direcionamento técnico para a

avaliação do nível de planejamento dos empreendimentos, e um tratamento crítico

pela equipe de gestão com os objetivos do negócio.

1.4. Estrutura do Trabalho

A estrutura que foi desenvolvida segue a seguinte identidade:

No capítulo 1 está a contextualização do tema, os objetivos gerais e

específicos, a limitação da pesquisa, justificativa, metodologia e estrutura do trabalho.

18

No capítulo 2 é feita uma revisão de todos os conceitos que são relacionados

com o tema, uma abordagem ampla sobre o que é o gerenciamento de projetos e

algumas de suas principais técnicas, principalmente em relação ao planejamento e

Controle.

No capítulo 3, está a comunhão das técnicas que foram apresentadas no

capítulo anterior, de forma que seja estruturada uma linha sistêmica de planejamento

com análise crítica, a importância dos objetivos do negócio, indicadores importantes

que mostram a maturidade do gerenciamento nas fases de planejamento, as decisões

que devem ser tomadas ao longo do ciclo de vida, a definição dos responsáveis e o

momento correto para implantação.

No capítulo 4 estão as considerações finais, fazendo uma passagem por tudo

que foi apresentado desde o capítulo 1, mostrando se os objetivos foram atingidos, e

também, outras conclusões e as referências bibliográficas deste trabalho.

19

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta de forma ampla, todos os conceitos que estão

envolvidos com o tema deste trabalho, possibilitando ao leitor o pleno entendimento do

desenvolvimento e do resultado que se pretende atingir.

2.1. Gerenciamento de Projetos

Conforme apresentado no capítulo 1, o conceito de Gerenciamento de

Projetos se inicia pós 2ª guerra mundial, com as complexas operações militares.

Segundo Vargas (2005) para atender as demandas de maneira eficaz, em um

ambiente caracterizado pela velocidade das mudanças, torna-se indispensável um

modelo de gerenciamento baseado no foco em prioridades e objetivos. Por essa

razão, o Gerenciamento de Projetos tem crescido de maneira tão acentuada no mundo

nos últimos anos.

Meredith (1995) define projeto como uma atividade única e exclusiva com um

conjunto de resultados desejáveis em seu término. É também complexo o suficiente

para necessitar de uma capacidade de coordenação específica e um controle

detalhado de prazos, relacionamentos, custos e desempenho.

Para complementar e abordar também o gerenciamento, Vargas (2005)

define o Gerenciamento de Projetos sendo um conjunto de habilidades, incluindo

conhecimento e capacidades individuais, destinados ao controle de eventos não

repetitivos, únicos e complexos, dentro de um cenário de tempo, custo e qualidade

predeterminados.

Ferreira (2011) apud Ramos (2006) define o gerenciamento de projetos como

um processo único, contendo atividades orientadas ao resultado, com período para

execução definidos, com o intuito de atender a uma demanda ou requisito específico,

considerando restrições de tempo, custos e recursos.

Percebemos que o gerenciamento de projetos atua como um modelo de

gestão, onde é aplicado a serviços temporários e únicos, e os responsáveis pela sua

aplicação dominam técnicas que contribuem com a eficiência durante o ciclo de vida

do empreendimento, garantindo a confiança nas entregas que foram definidas.

20

2.2. Ciclo de Vida de um Projeto

Segundo o PMI (2013), não existe uma única melhor maneira para definir um

ciclo de vida ideal do projeto.

Devido à característica de tempo em um projeto, ou seja, tem início e fim

definidos, é possível compreender um período que podemos nomear como Ciclo de

Vida. Esta linha de tempo que se encerra quando o projeto é concluído, também é

composta por todas as atividades, que consequentemente geram um trabalho, ou seja,

um esforço para que o escopo seja executado.

Este esforço varia em diversos momentos do ciclo de vida, sendo comumente

menor nas etapas iniciais, onde atividades de planejamento e estudos estão sendo

elaborados. É pequeno também no encerramento, onde o maior trabalho é para

conclusão de contratos, termos de recebimento e outros tipos de relatórios.

O maior esforço está na execução do projeto, onde fica a maior quantidade

de recursos, os equipamentos (guindastes, geradores de eletricidade, gruas...) estão

operando, mão de obra direta no campo e com um custo que pode chegar a 90% do

valor total.

FIGURA 1 – Nível típico ao longo do ciclo de vida do projeto FONTE: PMI (2013)

O guia PMBOK foi publicado pela primeira vez pelo PMI em 1987. O guia

define que o ciclo de vida é composto por cinco fases, sendo elas as fase de Iniciação,

Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle, e Encerramento.

21

2.3. Análise de atrasos

Segundo Delarue (2012) a análise de atraso possui como objetivo tornar a

rastreabilidade do projeto mais eficiente, principalmente no tocante a atrasos e

interferências fruto da avaliação da eficiência da equipe ou fruto de um novo evento

identificado no projeto.

A análise de atrasos pode ser dividida na análise do tipo “Como Planejado” ou

“Impacto no tempo”.

Ainda conforme o mesmo autor, a análise de atraso “Como Planejado” é a

mais simples de ser executada no projeto, e terá como resultado o impacto que um

novo evento criado irá ocorrer no cronograma, e a análise de atraso “Impacto no

tempo” é a mais complexa de ser executada, porém mais precisa, e também terá

como resultado o impacto que um novo evento criado irá ocorrer no cronograma.

A rastreabilidade está diretamente ligada à identificação dos novos eventos

do cronograma. Estes eventos devem ser registrados para que os desvios sejam

devidamente tratados, e com isso a redução de problemas como pleitos por empresas

contratadas.

2.4. Front-End-Loading

A metodologia FEL foi desenvolvida pelo IPA (Independent Project Analysis),

que é uma consultoria independente criada nos Estados Unidos no ano de 1987.

Instituto especializado em benchmarking quantitativo e análise da competitividade de

projetos de capital. Possui um extenso banco de dados com informações do ciclo de

vida de projetos, desde a sua concepção até a sua operação. Esses dados são

usados para desenvolver ferramentas de análise estatística que permitem comparar o

desempenho de projetos nas suas várias áreas, como o gerenciamento e avaliação

dos custos, análise dos riscos, integração e práticas comuns como a utilização de

VIPs. (MOTTA, 2013)

É possível encontrar na literatura, nomenclaturas diferentes para a

metodologia FEL. Motta (2011) cita que o CII (Construction Industry Institute), é um

instituto que também possui pesquisas extensivas deste tema, e a terminologia

utilizada por eles neste processo é denominada FEP (Front-End-Planning), assim

como também é possível encontrar PPP (Pre-Project Planning), Scope Definition,

Feasibility Analysis, Conceptual Planning e FEED (Front-End- Engineering Design).

22

A metodologia FEL tem como identidade um processo constituído por portões

de aprovação, cuja principal função é suportar a tomada de decisão, com o intuito de

saber se os objetivos estratégicos do empreendimento estão mantidos, e se continua

rentável prosseguir com o investimento.

A figura 2 mostra o ciclo de vida de um empreendimento, e como fica a

divisão dos processos pelo guia PMBOK e com a aplicação do FEL.

Figura 2: PMBOK ou FEL? Pontos comuns. Fonte: Araújo (2012)

Para Rutkowski (2009) o processo FEL é uma importante ferramenta no

Gerenciamento de Projetos de Capital, que estrutura e sistematiza as fases de

desenvolvimento de um projeto, pois estabelece os critérios para execução de cada

etapa, dá suporte técnico à equipe melhorando sobremaneiramente o custo e a

qualidade do projeto, porque utiliza as melhores práticas de gestão, auxiliando na

potencialização de pontos fortes e na identificação de pontos que podem impactar o

bom andamento do projeto.

O Front-End-Loading representa um “planejamento antecipado”, é geralmente

aplicado em empreendimentos complexos, e que possuem grandes custos envolvidos.

A fase de execução é a mais cara do projeto. Ela aumenta consideravelmente a

probabilidade de um prejuízo caso algo não saia conforme o previsto, e por isso que

esses portões são aplicados nas fases anteriores, e se tornam uma grande etapa de

planejamento da execução.

23

Existem várias metodologias de portões que são amplamente utilizadas e

alteradas conforme a necessidade das companhias, mas a mecânica do processo é a

mesma.

Este processo foi elaborado para executar na sequência certa, pois segue

uma linha de evolução muito clara conforme o avanço do projeto, o que ajuda muito

para saber o que realmente foi feito até a data de status.

Motta (2011) vai além, cita que na análise de viabilidade de implantação de

projetos, a metodologia FEL abrange aspectos sociais, de saúde, segurança e meio

ambiente, além de riscos econômicos e operacionais, promovendo uma consciência

socioeconômica e ambiental em todo o ciclo de vida do projeto, além de refletir a

maturidade alcançada pelo mesmo ao longo de suas etapas e no momento de

aprovação.

O período que abrange as fases da etapa de planejamento é onde está a

aplicação da técnica e consiste de três portões de decisão.

FIGURA 3 – Ciclo de vida do Projeto FONTE: SANTIAGO et al (2008)

A primeira etapa é o FEL 1, onde são realizados estudos necessários para

aprovação da necessidade que foi identificada. Essa é a fase que tem maior

envolvimento com o plano estratégico da companhia. Nela ainda não é possível ter

nenhuma solução de engenharia, mas sim os cálculos fundamentais para o início do

ciclo de vida de um projeto, que são o EVTE – Estudo de Viabilidade Técnica e

Econômica, VPL – Valor Presente Líquido e a TIR – Taxa Interna de Retorno. Na ótica

de custos, o ideal para a companhia é que, caso um projeto tenha que ser cortado de

sua carteira de investimentos, que seja no primeiro portão.

No FEL 2 ocorre a analise das soluções técnicas para atender a necessidade

que foi identificada no FEL 1. Nesta etapa, algumas soluções são propostas, e passam

por um processo de avaliação para definir qual será a mais viável para o

empreendimento. Esta etapa também tem como característica a participação da

engenharia para fazer a análise das soluções e avaliações dos riscos.

24

O FEL 3 possui o último portão de decisão, e o objetivo desta etapa é garantir

que o empreendimento está coerente com os objetivos do negócio, e que é possível

entrar na fase de execução. A última etapa do FEL aprofunda o nível de detalhes

técnicos e operacionais da solução adotada no FEL 2, possibilitando elaborar um

cronograma mais realista e também o orçamento com a menor margem de desvio das

fases de planejamento.

Na fase 4 é feita a execução das instalações, e para isso existe a

necessidade de um projeto de detalhamento, que é proveniente das especificações do

trabalho desenvolvido no FEL 3. É na etapa de execução que todo o trabalho físico

acontece, e com isso os maiores custos estão nela. Segundo Carvalho (2010) a fase

de execução é considerada terminada quando o projeto está fisicamente completo e a

equipe do projeto está transferindo a responsabilidade para os membros da equipe de

start-up.

A última etapa no ciclo de vida do empreendimento é a fase 5, onde ocorre o

encerramento. Nesta etapa a Engenharia entrega o projeto para o setor operacional,

que fica com a responsabilidade de fazer o comissionamento da planta, a Pré-

Operação e Operação Assistida.

A relação de benefícios da metodologia FEL é defendida pelo IPA também

pela grande influência que possui quando está nas etapas de planejamento, e com

baixo custo.

FIGURA 4 – Grau de Influência e gastos nos projetos ao longo do tempo FONTE: MOTTA (2011)

25

A técnica de utilização dos portões de decisão colabora diretamente para que

apenas os projetos que estão alinhados com as estratégias da companhia sigam

adiante, garantido o retorno do investimento dentro do tempo previsto e com menor

variação dos custos, reduzindo significativamente os riscos do projeto.

26

3. DESENVOLVIMENTO

O objetivo deste capítulo é demonstrar, em etapas, o que é a metodologia

FEL, como é aplicada, quais são as entregas de cada fase, os benefícios, e todas as

ações que devem ser exercidas até a fase de encerramento.

Nesta etapa é explicado a estrutura do Pré-Planejamento utilizando os 3

portões, que tipos de decisões eles podem suportar, o momento ideal para a

execução, e quando o empreendimento deve ser entregue para a operação.

3.1. Etapa de Pré-Planejamento

O dicionário Michaelis define planejamento como “ato de projetar um trabalho,

serviço ou mais complexo empreendimento”, e ainda, “determinação dos objetivos ou

metas de um empreendimento, como também da coordenação de meios e recursos

para atingi-los.” Então, uma etapa com o objetivo de fazer o Pré-Planejamento tem

papel de garantia de recursos e informações, que contribuem para a eficácia do

planejamento. É possível perceber que planejamento está relacionado com

antecipação, e em gerenciamento de projetos, a antecipação será de trabalho

empregado, de tempo e de custos relacionados.

Adicionalmente, uma definição pobre de escopo, com baixo nível de precisão,

é reconhecidamente uma das principais causas de fracasso dos empreendimentos,

ocasionando efeitos adversos em custo, prazo e qualidade, resultando em prejuízos e

deficiente definição do escopo de projeto (NASA et al, 2000 apud JUNIOR, A. C. L.;

MELHADO S. B, 2011).

Para Fagea e Aibinu (2012), um nível elevado de esforço na etapa de pré-

planejamento, permite economizar 20% de custo e 39% do cronograma total de

empreendimentos.

As fases de FEL, segundo Batavia (2001), abrangem as engenharias básicas

e conceituais, antes da elaboração do projeto de detalhamento, aquisições,

construção, partida e comissionamento. Estas etapas quando seguidas corretamente,

com o projeto detalhado de todas as disciplinas, com o escopo das fases de FEL bem

definidos, evitam que ocorram mudanças e retrabalhos na construção e montagem.

Querubina (2013) mostra no anexo A as responsabilidades das áreas listadas

abaixo, durante o ciclo de vida do empreendimento:

1. Engenharia;

2. Planejamento, Controle e Orçamentação;

27

3. Suprimentos e Contratos;

4. Construção e Montagem;

5. Comissionamento;

6. Operação.

Barshop (2004) apud QUERUBINA (2013) definem os objetivos da

metodologia como:

Fazer com que as necessidades do negócio se tornem o parâmetro

preliminar para realização (ou não) de investimentos importantes no

projeto;

Eliminar/diminuir risco de dispêndio de investimentos em projetos que

não iriam trazer retorno;

Minimizar mudanças durante a execução do projeto.

Para Merrow (1997) apud QUERUBINA (2013), as definições são as

seguintes:

Tornar os projetos de responsabilidade de equipes multidisciplinares;

Melhorar a produtividade dos projetos usando a melhor tecnologia

disponível.

3.2. Benefícios da aplicação do FEL

As fases de FEL reduzem os riscos do projeto, conferem a maturidade na fase

de desenvolvimento, maximizam a confiança dos investidores em seu sucesso, reduz

custos e gera parâmetros de performance para o gerenciamento (MOTTA, O. M.;

QUELHAS, O. L. G.; FILHO, J. R. F. – 2011).

Para Batavia (2001), é possível ter uma grande influência nos resultados dos

empreendimentos ainda nas etapas iniciais, pois os custos são muito inferiores aos da

construção e montagem. Na etapa de Pré-Planejamento, é grande a possibilidade de

identificação dos problemas que podem ocorrer na fase de execução, sendo assim, a

aplicação de técnicas de gerenciamentos de riscos nesta etapa torna-se fundamental.

O PMI (Project Management Institute), através de sua publicação PMBOK

(Project Management Body of Knowledge), destaca que planejar o gerenciamento dos

riscos é um processo essencial, pois fornece tempo e recursos necessários para todas

28

as atividades do gerenciamento dos riscos, e deve iniciar na concepção, e ser

concluído ainda nas etapas iniciais do planejamento do empreendimento.

O gerenciamento dos riscos quando não é executado de forma adequada,

pode gerar mudanças no escopo. O gráfico da figura 5 mostra a relação dos custos

das mudanças considerando o ciclo de vida com o FEL.

Figura 5 – Relação Mudança x Tempo x Custo Fonte: QUERUBINA (2013)

A metodologia FEL permite que os riscos sejam identificados antes do

planejamento da fase de construção e montagem e, somado a definição completa do

escopo, é possível evitar que ocorram mudanças na execução.

3.3. Processos FEL

A metodologia FEL é um processo constituído, além das fases de

planejamento, implantação e start up, por portões de decisão, como mostra a figura 6.

29

Figura 6 - Portões FEL Fonte: ARAÚJO (2012)

Para garantir a qualidade das entregas e conclusão do escopo da fase, o FEL

deve ser concluído com a passagem pelos portões, antes de seguir para as fases

seguintes.

Nas passagens por cada portão, o nível de detalhe do trabalho aumenta, pois

fica cada vez mais claro o que deverá ser feito na construção e montagem, evitando

mudanças. Na figura 7 é representada a faixa de incertezas por fases.

Figura 7 – Faixas de incerteza Fonte: PRADO (2011)

O início antecipado das fases podem aumentar os custos com a ilusão de estar

ganhando tempo no cronograma (BATAVIA, 2001).

Ainda segundo esse autor, a definição do gestor do empreendimento e da

equipe de gestão, devem ser definidos nas fases de FEL. Esta ação eleva os

benefícios da etapa de Pré-Planejamento. Também para garantir a performance dessa

etapa, alguns itens são considerados fundamentais, sendo eles:

30

Definição clara dos objetivos do negócio

Objetivos claros do empreendimento

Estratégias de execução do empreendimento

Definição do escopo e as entregas do FEL

Práticas para redução dos custos

Análise do ciclo de vida dos custos

Plano de execução do projeto

Estimativa de fundos

Cronograma de FEL e EPC

Definição da equipe do empreendimento

Benchmarking

Plano de transição do FEL para Execução

Lições aprendidas de projetos similares

3.4. Índice FEL

O índice FEL foi criado pelo IPA (Independent Project Analysis) para medir o

grau de maturidade dos empreendimentos nas fases de FEL.

Segundo Ferreira (2011), o FEL é avaliado através de índices para avaliar se

o processo está sendo realizado corretamente. O índice indica se o detalhamento e o

esforço estão adequados para a fase, e visa à obtenção de sucesso na execução do

projeto. Com o índice FEL fica possível perceber se existe um nível razoável de

confiança no sucesso da execução do projeto.

O mesmo autor complementa que o índice foi desenvolvido com o objetivo de

orientar as empresas clientes do IPA em relação as suas decisões, e realizar a análise

nas fases de FEL. Sendo isto feito de forma comparativa, utilizando a extensa base de

dados do IPA, com informações de projetos por todo o mundo, possibilitando suportar

um posicionamento da empresa cliente em relação à situação atual dos seus projetos

de capital em relação a outros projetos pelo mundo, que tenham características

semelhantes.

Borssatto (2013) cita que o FEL ganhou maior destaque a partir da criação,

pelo IPA, do índice FEL, o qual permite correlacionar uma nota de FEL aos resultados

de um projeto e transformou o conjunto de notas em um banco de dados de

benchmarking.

31

Figura 8 – Índices FEL Fontes: TAPIA (2009) apud PRADO (2011)

Para Barreto (2006) apud Ferreira (2011) o índice de FEL é formado pela

soma das parcelas “Fatores do Local”, “Definição de Engenharia” e “Plano de

execução do projeto”.

Fatores do local são considerados os fatores relacionados às condições do local

da instalação, por exemplo:

Localização dos equipamentos

Especificação do campo

Condição do terreno

Inspeção e teste de equipamentos existentes

Análise de materiais perigosos

Definições de rotas

Dados do solo

Exigências ambientais

Estudos geotécnicos

Requerimento de saúde e segurança;

Definição de engenharia compreende a definição de escopo do empreendimento

considerando o aspecto técnico, por exemplo:

Tarefas de engenharia do escopo detalhado

32

Propriedades da matéria prima

Propriedades do produto

Diagramas de fluxo do processo

Diagramas de equilíbrio de massa e energia

Diagramas elétricos unifilares

Especificações dos principais equipamentos

Análise da instrumentação existente

Método de instalação

Participação em compras

Participação na operação

Participação na manutenção

Plano de execução de projeto tem como principal objetivo consolidar, documentar

e comunicar decisões chaves, com relação a como o projeto será executado, por

exemplo:

Cronograma integrado

Controle do cronograma

Controle dos custos

Planos de execução

Planos de comissionamento

Planos de operação

Estratégias de contratação

Gerência de materiais

Prado (2011) cita que o cruzamento entre os resultados dos projetos

encerrados e o índice FEL, é um grande apelo do trabalho do IPA. O autor considera o

índice um verdadeiro indicador da relação sucesso x maturidade.

A figura 9 mostra a relação do índice FEL com o SPI (Schedule Project

Index).

33

Figura 9 – Duração do ciclo de vida x Índice FEL Fontes: CATALDI (2009) apud PRADO (2011)

O cálculo do índice considera em cada uma das parcelas “Fatores do Local”,

“Definição de engenharia” e “Plano de Execução” pontuações entre 1 e 4.

Para Moraes (2010) o empreendimento pode ter as seguintes classificações:

Deficiente – Resultado entre 7,5 e 12 pontos.

Pobre – Resultado entre 6,5 e 7,5 pontos.

Regular – Resultado entre 5,5 e 6,5 pontos.

Bom – Resultado entre 4,5 e 5,5 pontos.

Melhor Prática – Resultado entre 3 e 4,5 pontos.

Quanto menor o índice, melhor maturidade. Conclusão representada na figura

10.

34

Figura 10 – Maturidade do Projeto x Índice FEL Fontes: Moraes (2010)

O índice FEL é um bom método para avaliar o desempenho de

empreendimentos. Com um bom índice, é possível atingir os melhores resultados, e

medir o nível de maturidade nas etapas de Pré-Planejamento para garantir uma boa

fase de execução.

3.5. FEL 1 – Planejamento do negócio

Para Motta (2011) a fase de FEL 1 tem o intuito de identificar, desenvolver e

avaliar uma oportunidade de investimento através da análise de atratividade do

negócio e do entendimento quanto ao alinhamento estratégico do projeto e as

necessidades da empresa, ou seja, tem relação direta com os objetivos estratégicos

da companhia.

O FEL 1 é um estudo focado no aspecto do negócio. São nos estudos dessa

fase que torna possível conhecer se o projeto de capital ao qual está querendo

implantar corresponde aos objetivos estratégicos da companhia.

Ele vai identificar os produtos e se os volumes correspondentes são capazes

de atender a oportunidade identificada, levando em consideração seus custos de

produção/logística, margens de lucro e os resultados finais (PRADO, 2011).

35

Carvalho (2010) complementa considerando que o FEL 1 inclui uma avaliação

técnica, desenvolve um cronograma em nível gerencial, ou seja, sem detalhamentos,

incluindo possíveis marcos de controle do empreendimento e o desenvolvimento de

uma faixa de custos com uma tolerância típica de imprecisão entre – 25 e + 40%.

Figura 11 – Entregas do FEL 1 Fonte: Ferreira (2011)

Complementando os dados do relatório executivo do empreendimento,

representado na figura 11, Araújo (2012) define como processos do FEL 1:

Reunião de kick-off – inicio dos estudos.

Desenvolvimento de declaração de escopo preliminar.

Cronogramas de marcos.

Custo estimado do projeto (CAPEX e OPEX).

36

Identificação dos principais stakeholders.

Estrutura organizacional macro do projeto.

Análise de riscos do negócio.

Avaliação econômica e de mercado.

Identificação de legislação e requisitos de meio ambiente.

Identificação de tecnologia e rotas de processo.

Plano de trabalho para o FEL 2.

O mesmo autor completa o processo do FEL 1 com as principais saídas:

Termo de abertura do projeto.

Declaração de escopo preliminar.

Análise de riscos do negócio.

Estudo de viabilidade técnica e econômica – EVTE.

Cronograma macro.

CAPEX com base em índices.

Plano de trabalho para o FEL 2.

Prado (2011) considera como as principais características do FEL 1, as

seguintes:

Benchmarking

Processos

Plano Preliminar do Projeto

Análise de risco do negócio

Práticas que agreguem valor

O portão de decisão

No item 2 – Processos, o autor achou conveniente criar uma divisão deste

tópico, considerando a análise econômico-financeira, que inclui as previsões de

demandas, riscos do negócio, macro visão do custo do investimento para o porte do

negócio, macro visão dos custos de produção e o retorno financeiro. Foi considerado

também no item 2 a análise técnica, o plano preliminar do projeto, e outras práticas

que agreguem valor.

Ambos os autores concordam que os processos que consideram as ações ao

longo do ciclo de vida do empreendimento desenvolvidos na etapa de FEL 1 têm

37

características “macro”, sendo na maioria das vezes estudos preliminares, com baixa

maturidade na definição do escopo, e com grandes chances de mudanças.

Oportunidade e objetivos de negócio definidos, análise econômica do

negócio, necessidades do empreendimento considerando possibilidades de expansão,

flexibilidade e confiabilidade, identificação das interfaces do empreendimento e do

portfólio, plano da interface negocio-engenharia, e as estratégias para execução da

etapa FEL 2, são alguns aspectos importantes que devem ser considerados na etapa

de identificação da oportunidade.

Figura 12 – Processo de validação dos portões Fonte: MOTTA, QUELHAS, FILHO (2011)

Ao concluir o FEL 1 chega o momento da primeira passagem de fase do

empreendimento, caracterizada pelo portão 1, conforme a figura 12.

Os portões de decisão representam o momento em que o projeto deverá ser

aprovado para a próxima fase, podendo ser retornado para melhor definição ou ser

cancelado (MOTTA et al. 2011).

O domínio na etapa de FEL 1 é da área de negócios, com baixa participação

da engenharia.

Os objetivos e prioridades do empreendimento estão claros? Quais os

principais participantes e suas responsabilidades? Vale a pena continuar investindo?

Muitos riscos? Quais são os riscos? Os recursos para o FEL 2 estão disponíveis? As

estratégias estão claras? Estas são algumas perguntas que devem ser respondidas no

primeiro portão. Com base nas respostas que será tomada a decisão de cancelar o

empreendimento e impedir qualquer tipo de investimento; reciclar de forma que as

38

informações melhorem para buscar uma nova passagem pelo portão, com mais

segurança; ou seguir em frente e iniciar a fase de FEL 2 conforme definido no plano do

FEL 1.

3.6. FEL 2 – Desenvolvimento do escopo

“A etapa de FEL 2 é a fase da seleção da opção, na qual é decidido

conceitualmente o escopo do projeto.” (MORAES, 2010)

Nesta fase a participação da área de negócios é menor, e começa a

participação da engenharia para fazer um estudo das possibilidades de execução,

considerando os aspectos técnicos da fase anterior.

Para Prado (2011), é nesta fase, em empreendimentos com investimentos de

significativa relevância, que o gerente de projetos é definido e assume o trabalho com

forte participação das áreas técnicas, manutenção e operação, e com razoável

participação da área de negócios. O gestor também começa a definição da equipe do

gerenciamento do empreendimento, que vai atuar com ele nas várias frentes, podendo

ser representantes de SMS, civil, mecânica, planejamento e controle, medição, dentre

outros.

Moraes (2010) complementa que o foco principal desta etapa é a elaboração

da engenharia conceitual de todas as opções listadas no FEL 1. Os estudos são

comparados, e com base em critérios técnicos, financeiros e estratégicos, a melhor

opção é definida.

39

Figura 13 – Entregas do FEL 2 Fonte: Ferreira (2011)

Também para o FEL 2, Araújo (2012) define processos assim como o

relatório executivo proposto por Ferreira (2011).

Detalhamento do escopo.

EAP preliminar.

Cronograma preliminar.

Cronograma preliminar dos perigos.

Atualização de informações sobre Meio ambiente.

Definição de estratégia de licenciamento ambiental.

Atualização dos custos (CAPEX e OPEX).

Atualização de estrutura organizacional do projeto.

Elaboração de matrizes de stakeholders, comunicação, e de responsabilidades.

40

Análise de riscos das alternativas de projeto e da alternativa escolhida.

Atualização da avaliação de mercado.

Atualização do estudo de viabilidade técnica e econômica.

Desenvolvimento de FEED.

Plano de trabalho para o FEL 3.

Araújo (2012) também inclui as principais saídas, são elas:

Projeto FEED da alternativa escolhida.

Análise de riscos da alternativa escolhida.

Estudo de viabilidade técnica e econômica – EVTE.

Escopo de rotas e processos definidos.

Plano de execução do projeto preliminar – PEP.

Cronograma detalhado.

CAPEX detalhado.

Plano de trabalho do FEL 3.

Prado (2011) considera como as principais características do FEL 2 os

seguintes itens:

Benchmarking

Processos

Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica – EVTE

Revisão do plano preliminar do projeto

Revisão da análise de riscos do projeto

Revisão da análise de riscos do negócio

Técnicas que agreguem valor.

Os autores estudados concordam que na fase 2 a participação da área de

negócios é menor, e a participação da engenharia é fundamental para elaborar os

estudos conceituais das alternativas disponíveis.

Também é possível destacar que os autores consideram que o estudo de

viabilidade técnica e econômica é aplicado também no FEL 2, para garantir a

atratividade financeira do investimento.

41

Os principais planos definidos no FEL 1, aparecem novamente, mas em etapa

de revisão, pois a quantidade de detalhes é maior, mas ainda não o suficiente para a

instalação.

Para Prado (2011), a revisão do plano preliminar do projeto (PPP) na etapa

de FEL 2 deve conter:

Meta do projeto.

Escopo do projeto.

Definição do escopo: o que será feito e o que não será feito.

Detalhamento da EAP.

Os principais responsáveis.

As principais entregas.

Cronograma macro, considerando os marcos de controle.

Cronograma revisado.

Riscos do projeto.

Com a faixa de imprecisão reduzida no FEL 2 para -15% e +25%, assume-se

um marco importante nesta etapa que é a definição do gestor do empreendimento. Os

autores citam a importância em definir os principais responsáveis e as suas

responsabilidades, nesta fase.

Objetivos e as prioridades estão claros? As metas são competitivas? Será

que este empreendimento deve ser cancelado? Existe maturidade para passar para o

FEL 3? Essas são algumas decisões importantes que devem ser consideradas no

segundo portão, antes de iniciar a etapa de FEL 3.

3.7. FEL 3 – Definição do projeto

O objetivo da fase de FEL 3 é detalhar e refinar o nível operacional da opção

que foi escolhida no FEL 2, com o intuito de planejar a execução do empreendimento

e confirmar o atendimento dos objetivos do projeto e do negócio (MOTTA, QUELHAS,

e FILHO, 2011).

Os mesmos autores reforçam a contribuição do FEL 3 com o momento da

execução, completando que nesta fase são realizados o planejamento da construção e

montagem, a definição da estimativa de investimento para autorização da implantação,

42

o desenvolvimento da engenharia detalhada, a especificação do equipamento, o plano

de compras e o plano de execução do projeto.

O papel da engenharia nesta etapa é maior que nas etapas anteriores, pois

cabe a ela detalhar a opção definida no FEL 2. Esse detalhamento é feito na

elaboração do projeto básico, que é requisito para fazer uma licitação.

Para Borges (2008) o projeto básico de um empreendimento é a peça mais

importante para uma execução com qualidade ao custo do mercado e que traga

benefícios para a população, tendo como objetivo uma pré-concepção dos serviços e

obras que constituíram o empreendimento.

O projeto básico é constituído dos seguintes documentos:

Projetos;

Memorial descritivo com as especificações técnicas;

Orçamento;

Cronograma físico-financeiro.

O autor conclui que a falta de planejamento leva ao desperdício e ao

insucesso, e que a escassez de recursos financeiros torna cada vez mais valiosa a

técnica para aplicação de recursos.

O FEL 3 possui o último portão de decisão. É nele que ficará a decisão mais

importante, de seguir para a instalação ou cancelar o empreendimento. O

envolvimento com a construção e montagem aumenta significativamente, e a função

nesta fase é agir como uma grande “alavanca” para a execução, pois o nível de

maturidade de escopo é muito maior que nas etapas anteriores.

Em relação às responsabilidades, o gerente de projeto que foi escolhido na

fase anterior, continua a liderar o trabalho com forte participação da área técnica. A

participação dos níveis estratégicos da companhia, níveis mais altos, que definem os

objetivos do negócio, fica bastante reduzida (PRADO, 2011).

Prado (2011) recomenda que o gerente de projetos tenha o auxílio de um

profissional adequado, e que preferencialmente aquele que comandará o futuro EGP.

O mesmo autor define que as principais características do FEL 3 são as

seguintes:

Benchmarking;

Processos;

Engenharia básica;

43

Técnicas que agreguem valor;

Revisão do estudo de viabilidade financeira;

Revisão da análise de riscos do negócio;

Revisão do plano preliminar do projeto;

Aquisições;

Figura 14 – Entregas do FEL 3 Fonte: Ferreira (2011)

Adicionalmente para o FEL 3, Araújo (2012) define alguns processos assim

como o relatório executivo proposto por Ferreira (2011) na figura 15.

Detalhamento do escopo e rotas de processos consolidados

EAP consolidada

44

Cronograma consolidado

Custo consolidado (CAPEX e OPEX)

Consolidação de estrutura organizacional do projeto

Consolidação de matriz de responsabilidades e de comunicação

Atualização de estudos ambientais e processo de licenciamento

ambiental

Atualização da matriz de stakeholders

Análise de riscos e análise de riscos operacionais – HAZOP

Consolidação de avaliação de mercado e de estudos de viabilidade

técnica e econômica

FEED

Plano de execução do projeto – PEP, contemplando todos os planos de

todas as áreas para execução.

O autor complementa com as principais saídas, são elas:

Estudo de viabilidade técnica e econômica

Análise de riscos e de riscos operacionais do projeto

Plano de execução do projeto

Ferreira (2011) complementa as considerações sobre o FEL 3, informando o

nível de detalhamento das entregas que se deve obter ao concluir esta etapa, sendo

eles:

A estrutura analítica do projeto (EAP) deve estar detalhada até o terceiro

nível para todas as atividades.

O cronograma físico-financeiro deve conter a relação completa de marcos

de aquisições, construção, comissionamento e entrega para operação.

O cronograma deve estar carregado por recursos, com rede de

precedência em todas as atividades, quantidades reais definidas no projeto

básico, duração definida pelos índices de produtividade de todos os

recursos e custos unitários aplicados ao custeio das atividades e caminho

crítico identificado.

Os custos detalhados por pacotes de contratação e serviço baseado em

cotação dos principais prestadores incluindo gerenciamento, planejamento

e controle do projeto, considerando também investimentos sociais, em

45

segurança, ambientais, programa de desenvolvimento da força de trabalho

do projeto e treinamento dos operadores.

O plano para acompanhamento e controle do cronograma físico-financeiro.

Plano de implantação com o escopo e objetivo definido, estratégia e planos

de suprimentos definidos com a área de suprimentos, planos de pré-

comissionamento, comissionamento e sequência de entregas definido pela

operação.

Integração de interfaces do empreendimento incluindo mapa de

identificação das interfaces, cronograma de reuniões periódicas entre cada

responsável por cada uma das áreas e registro formal das reuniões.

O projeto básico completo, com todas as análises e estudos, validações e

documentação, plantas, registros e diagramas.

Avaliação completa dos riscos, incluindo premissas básicas do

empreendedor, riscos sociais, riscos relativos ao mercado, produto, projeto

de engenharia, desempenho em operação, implantação do

empreendimento, contratações, sinistros, entre outros.

Plano de gestão de riscos, com a definição da estratégia para

gerenciamento dos riscos na implantação e definição das ações requeridas,

responsáveis, potencial de ocorrência e oportunidades identificadas.

Análise preliminar dos riscos operacionais.

Plano de comunicação do empreendimento concluído.

Despesas operacionais com revisões dos custos de partida, pré-produção e

custos de insumos para a fase de comissionamento e revisão dos custos

logísticos.

Relatório final da viabilidade técnico-econômica.

Obtenção da licença de instalação.

Reavaliação dos riscos em saúde e segurança com a obtenção da

aprovação formal da área de segurança.

Plano de segurança para a fase de implantação com definição da matriz de

responsabilidades.

Ao concluir uma fase 3 bem estruturada, com um bom índice FEL, o gerente

de projetos, alinhado com a companhia, fica capacitado a decidir se o

empreendimento está preparado para que se tenha um alto grau de excelência na fase

de execução, conhecendo plenamente os riscos, e com uma mínima possibilidade de

mudanças.

46

3.8. Fase de Execução

A etapa de execução de um empreendimento é o momento em que todos os

planos definidos na etapa de planejamento são aplicados. É na fase de execução que

ocorre a entrega mais custosa de todo o ciclo de vida de um empreendimento, a

construção e montagem.

A literatura de gerenciamento de projetos e engenharia mostra outras

definições para construção e montagem, como instalação, implantação ou até

implementação, sendo elas, independente da nomenclatura, entregas da fase.

Nesta etapa as faixas de incerteza são muito reduzidas, consideradas entre

5% e -5% conforme mostrado na figura 8.

Ainda em função de maior detalhamento de escopo, e garantir que mudanças

não ocorram nas obras, a execução precisa de um estudo detalhado.

Prado (2011) define que um estudo detalhado é o principal documento para

toda implantação, pois é com base nele que se define onde construir, colocar ou

montar cada pilar, o posicionamento de cada máquina, a direção e localização das

tubulações, etc.

O estudo detalhado pode ser realizado em paralelo com a construção e

montagem, mas em outros cenários, como a indústria petrolífera, ele é realizado em

uma fase anterior, pois quando em paralelo, a documentação de detalhamento é

enviada para as empresas de obras, e fica possível perceber que qualquer atraso nos

documentos, também atrasará as equipes. (PRADO, 2011)

Figura 15 – Processo com o estudo detalhado Fonte: Prado (2011)

A maior parte dos gastos estão na fase de execução. Conforme a figura 4,

podem representar entre 50% e 95% de todo empreendimento, o que indica a

importância de um controle eficiente.

47

O controle de projetos tem como objetivo principal influenciar os resultados

por meio de alteração das atividades e exercer responsabilidade sobre os ativos

organizacionais (AZAMBUJA, 2014).

Figura 16 – Sistema de controle total do projeto Fonte: Azambuja (2014)

Um escritório de gerenciamento de projetos (EGP) pode ter em sua estrutura

uma central de coordenação e controle, para onde e de onde fluirão todas as

informações relativas ao empreendimento, o centro deverá estar em constante

contato, para as necessárias transações de informações relativas à execução.

(CUKIERMAN, 2009)

Ainda para Cukierman (2009), o controle de empreendimentos deve

concordar com as seguintes responsabilidades:

O contratante deve indicar o prazo de duração da obra e os prazos

críticos que afetam os serviços ou datas obrigatórias.

O contratado deve executar o cronograma detalhado, o qual será

analisado, e, uma vez aprovado, fará parte do contrato.

48

A responsabilidade pela atualização do cronograma deve caber ao

contratado, sob fiscalização do contratante. O gerente de projeto

deverá fazer o relatório final de controle com as devidas apreciações.

O serviço de controle do contratante deve estar preparado para

utilização do método com funcionários devidamente instruídos e com

atribuições definidas.

O método de controle dos cronogramas deverá ser estabelecido pelo

contratante.

Para Azambuja (2014) a visão geral dos controles do empreendimento é

composta pelos itens abaixo:

Construir um plano base.

Conferir o desempenho real em comparação com o planejado.

Informar os envolvidos sobre mudanças.

Pesquisar o motivo das variações.

Fazer ajustes baseando-se nas previsões e tendências.

Alimentar o sistema com os resultados, a fim de aperfeiçoar

empreendimentos futuros.

A figura 17 mostra a relação dos controles com as estimativas financeiras e

desenvolvimento do cronograma, feitos a partir da work breakdown structure (WBS),

que é a mesma metodologia que a estrutura analítica do projeto (EAP).

Figura 17 – Cronogramas e Estimativa de custos desenvolvidos a partir do WBS Fonte: Azambuja (2014)

49

A construção e montagem envolve também a maior parte das pessoas

envolvidas, e as funções do gerente de projetos ficam divididas em gerenciamento do

trabalho e o gerenciamento técnico. (PRADO, 2011)

Ainda para o mesmo autor, o gerente de projetos participa ativamente no

acompanhamento das tarefas, e está permanentemente monitorando e influenciando

todas as pessoas envolvidas para que o empreendimento seja executado conforme foi

planejado.

O objetivo do item 3.8 deste trabalho é considerar alguns aspectos de

gerenciamento que são fundamentais para que, todo o trabalho desenvolvido nas

fases de pré-planejamento, sejam aplicados na fase de execução, com o refinamento

do escopo através dos estudos de detalhamento, e as práticas de controle, para

garantir que o trabalho empregado esteja conforme o plano base, e caso não, o que

deverá ser feito para recuperação. Sendo assim, não foram consideradas

características técnicas de nenhum tipo específico de empreendimento.

3.9. Fase de Encerramento

A fase de encerramento é a última etapa do ciclo de vida de um

empreendimento.

O empreendimento é classificado como encerrado quando os critérios de

encerramento mostram que todas as metas foram atingidas. (PRADO, 2011)

Para o autor, as seguintes tarefas caracterizam o encerramento:

Encerramento administrativo.

Encerramento dos contratos.

Avaliação do desempenho final.

Criação da documentação do empreendimento.

Nesta fase não existem mais características de obras, pois ao concluir a fase

4 o empreendimento é entregue para operação, restando para o encerramento ações

administrativas e gerenciais.

Uma atividade que é característica das fases finais de empreendimentos é a

coleta de lições aprendidas.

50

Lições aprendidas podem ser definidas como as experiências chave que

contêm certa relevância de negócios para projetos futuros (SCHINDLER e EPPLER,

2003).

O processo de gerar lições aprendidas pode servir de alicerce para a

inovação, pelo fato de identificar a causa raiz de sucessos e fracassos, ajudando na

melhoria do processo. (FERENHOF et al, 2013)

Para Ferenhof et al (2013), ao estabelecer o processo de lições aprendidas

estima-se mitigar os riscos associados a empreendimentos, obter uma melhor

compreensão das atividades envolvidas; melhorar os processos de gestão do

conhecimento, tais como, explicitação, disseminação e compartilhamento; aumento

sistemático das competências dos envolvidos e; identificar a causa raiz de sucessos e

fracassos, ajudando na melhoria do processo.

Para eficácia do trabalho com as lições aprendidas, é preciso adotar uma

metodologia para disseminação das lições, pois é com o conhecimento compartilhado

que fica possível elevar a maturidade da companhia nos processos de gerenciamento

de empreendimentos, reduzindo a quantidade de erros e ampliando a aplicação das

práticas que deram certo.

51

3. CONCLUSÃO

A pesquisa realizada em 2013 pelo instituto de educação tecnológica

(IETEC), citada no item 1.2, aponta que a área das organizações que mais utiliza as

práticas de gerenciamento de projetos é a engenharia, e o problema mais comum é o

não cumprimento de prazos.

O presente trabalho mostrou o quanto a metodologia FEL pode contribuir para

empreendimentos que envolvem uma engenharia complexa, e que são geralmente

muito custosos, como a construção das refinarias no Brasil.

O objetivo de mostrar que planejamento não se limita a construção de um

cronograma foi atingido, pois a aplicação da metodologia permite que a companhia

tenha um nivelamento dos seus projetos de capital, conseguindo executar o

empreendimento correto, no momento correto..

Os objetivos específicos também foram atingidos no capítulo 3, sendo

apresentado como é a estrutura do ciclo de vida de um empreendimento, desde a

concepção até a entrega para operação, identificando responsáveis, apontando as

entregas de cada etapa, e a maturidade ideal para entrar na fase de obras.

Foi possível concluir que um bom índice FEL contribui para um bom

cronograma, pois como ele mede a maturidade das fases de pré-planejamento, as

equipes envolvidas com o planejamento da execução conhecem, em detalhe, o

trabalho que deverá ser feito, facilitando a estimativa de recursos e prazos da

instalação.

Os portões de decisão são fundamentais para manter o alinhamento de todo

o processo apresentado neste trabalho, porque são eles que asseguram a preparação

e o alinhamento do fluxo de informações durante a realização do empreendimento, e

são responsáveis pela integração entre a engenharia e área de negócios.

Foi possível perceber que a coleta e disseminação de lições aprendidas

agregam valor ao gerenciamento de projetos, contribuindo para a evolução do

processo, e melhora nos índices para os novos investimentos. Um papel de destaque

da coleta de lições aprendidas é aumentar a competência dos gerentes de projetos.

Por fim, o cruzamento de listas de entregas e documentos de cada fase,

sugeridos pelos diferentes autores, que foram selecionados pela diversificação de

áreas atuantes de cada um, possibilita ampliar as possibilidades de informações

capazes de contribuir com o desenvolvimento do escopo, alinhamento com a área de

negócios, e eficiência do processo.

52

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ANEXO A – RESPONSABILIDADE DAS ÁREAS NO CICLO DE VIDA DO

EMPREENDIMENTO, 2013.