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URBANIZAÇÃO E ÁREAS DE ALAGAMENTOS EM BELÉM: ESTUDO DA BACIA DA ESTRADA NOVA Ronaldo da Cruz Braga (professor – IFPA, Orientador PIBICTI-IFPA) e-mail: [email protected] André Luiz das Chagas Barbosa (acadêmico do curso de Licenciatura em Geografia – IFPA. Bolsista do PIBICTI - IFPA) e-mail: [email protected] Laynara Santos Almeida (acadêmica do curso de Licenciatura em Geografia – IFPA. Bolsista do PIBICTI - IFPA) e-mails: [email protected]

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Page 1: URBANIZAÇÃO E ÁREAS DE ALAGAMENTOS EM BELÉM: ESTUDO … · Belém tem um histórico de ocupação que segundo Araújo Jr (2011), pode-se dividir em duas realidades distintas,

URBANIZAÇÃO E ÁREAS DE ALAGAMENTOS EM BELÉM: ESTUDO DA BACIA DA ESTRADA NOVA

Ronaldo da Cruz Braga

(professor – IFPA, Orientador PIBICTI-IFPA)

e-mail: [email protected]

André Luiz das Chagas Barbosa

(acadêmico do curso de Licenciatura em Geografia – IFPA. Bolsista do PIBICTI - IFPA)

e-mail: [email protected]

Laynara Santos Almeida

(acadêmica do curso de Licenciatura em Geografia – IFPA. Bolsista do PIBICTI - IFPA)

e-mails: [email protected]

Page 2: URBANIZAÇÃO E ÁREAS DE ALAGAMENTOS EM BELÉM: ESTUDO … · Belém tem um histórico de ocupação que segundo Araújo Jr (2011), pode-se dividir em duas realidades distintas,

1. INTRODUÇÃO

As características físicas e naturais da cidade de Belém são as causas primárias das

enchentes que continuamente ocorrem na cidade. Um exemplo disso diz respeito aos seus aspectos

topográficos, pois grande parte do seu território encontra-se em áreas rebaixadas, apresentando,

portanto, baixas altitudes em relação ao nível do mar. Sua rede hidrográfica é outro aspecto

relevante, visto que apresenta uma rica rede de drenagem urbana, a exemplo da Bacia da Estrada

Nova e do Tucunduba, que cortam uma quantidade significativa de bairros da cidade. Somado a

esses fatores naturais, tem-se, ainda, o elevado índice pluviométrico, que se encontra em torno de

360 mm por mês. Porém, o processo de alagamentos e inundações que coloca em risco ambiental

e social inúmeras famílias, está intimamente ligado a um sistema de drenagem ineficiente e

sucateado de Belém, incapaz de escoar toda a água precipitada (SADEK, 2011).A chuva é o fator

climático que determina na região Amazônica ao longo do ano duas estaçõesbem definidas: a

chuvosa, de Dezembro a Maio e a menos chuvosa, de Junho a Novembro (NIMER,1989). as quais

interferem nas atividades dos habitantes dessa região.

O projetos de pesquisa teve como objetivo geral fazer uma análise espacial ambiental

urbana, dos aspectos da paisagem, da morfologia das bacias hidrográficas do Tucunduba e

Estrada Nova, buscando identicar as principais áreas de alagamentos dessas áreas. Os objetivos

especícificos foram: entender os problemas ambientais sofridos pela densa ocupação desordenada

e segregativa das áreas; interpretar a realidade dos corpos hídricos pós a interferência humana

como por exemplo a poluição, contaminação, falta de estruturas sanitárias; mapear as principais

áreas de alagamento nos bairros influenciados pelas bacias do Tucunduba e Estrada Nova.

A Bacia Hidrográfica da Estrada Nova, cujas coordenadas geográficas são: 01°27’20”

de latitude Sul e 48º30’15” de longitude a Oeste de Greenwich, é uma das mais populosas,

abrangendo uma área de 958 hectares, o que corresponde a 16% da área urbana do Município de

Belém. Figura 1 e 2.

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Figura 2. Região Metropolitana de Belém com destaque para Bacia da Estrada Nova. Fonte: Engessolo, 2007.

Figura 1. Bacia Hidrográfica da Estrada Nova com suas áreas de influência. Fonte: Engessolo, 2007.

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Essa bacia hidrgráfica compreende os bairros do Condor, Jurunas, Guamá e Cremação

e pequena parcela dos bairros de Batista Campos, São Brás, Nazaré e Cidade Velha. Figura 3.

De acordo com as análises do Relatório de Impacto Ambiental-RIMA que faz parte do

Programa de Reabilitação Urbana e Ambiental da Bacia da Estrada Nova-PROMABEM e do

licenciamento ambiental da área, essa bacia hidrográfica foi subdividida em quatro sub-bacias

A Sub-bacia 1, que abrange os bairros do Jurunas e Batista Campos e tem como

principais canais o da Timbiras, da Caripunas e parte da Bernardo Sayão. A Sub-bacia 2, com os

bairros do Jurunas, Condor, Cremação, Nazaré, São Brás e Batista Campos. Com os canais da Dr

Morais, 14 de Março, Quintino e parte da Bernardo Sayão sendo os principais. A Sub-bacia 3,

abrangendo os bairros da Condor, São Brás e Guamá. E seus canais princiapsi são o da 3 de Maio

e parte da Bernardo Sayão. Sub-bacia 4 abrange principalmente o bairro do Guamá. E o canal

principal é do da Bernardo Sayão.

2.- DISCUSSÃO E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

2.1- Urbanização: pretérita e atual

Segundo Moreira (1966), Belém está no vértice de um estuário, no encontro entre as

águas marítimas e fluviais. Tais características contribuíram para o processo de ocupação das

áreas que se tornariam os primeiros bairros, Cidade e Campina voltados para atender à uma elite

local que manteve seu crescimento restrito à áreas de terra firme.

Belém tem um histórico de ocupação que segundo Araújo Jr (2011), pode-se dividir

em duas realidades distintas, as áreas com cota topográfica mais elevada, de terra firme, onde

residiram as populações com maior poder aquisitivo e áreas alagadiças com a população mais

pobre. Há de se considerar também que as áreas com cotas alagadiças, de várzeas e igapós, não

são meras feições geomórficas, sendo elementos característicos da topografia da cidade que

historicamente foram modificadas para atender aos processos de ocupação. (ARAÚJO JR, 2013).

Já as áreas alagadiças, baixadas e com baixas cotas só passaram a ser fortemente ocupadas final do

século XVIII, quando o fim da escravidão e da era Pombalina¹ acarretaram um significativo

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“aumento demográfico” e com isso, acrescentou-se o número de sujeitos mais pobres na cidade, o

que gerou maior ocupação dessas áreas as margens dos cursos hídricos.

O processo de ocupação das baixadas, contribuiu para intensificar o surgimento de

periferias caracterizadas a partir da construção das casas em palafitas, localizadas as margens de

igarapés e rios, passagens sobre estivas e condições insalubres de habitação. (PIMENTEL et al,

2012)Sant-Clair (1997) define baixada como:

“ sítios urbano cujas curvas de nível não

ultrapassam a cota quatro metros e que cheguem a

compor cerca de 40% da área da primeira légua

patrimonial da cidade. Essas áreas de baixada, são áreas

inundadas ou sujeitas à inundação, decorrentes em

especial dos efeitos de maré, ficando conhecidas a partir

da década de 1960 como espaços de moradias de

camadas sociais de baixo poder aquisitivo”. (SANT-

CLAIR,1997)

Um dos fatores que leva ao adensamento populacional nas áreas de baixada em Belém,

principalmente aos bairros circunscritos a bacia hidrográfica da Estrada Nova é a grande

intervenção de contenção das águas das marés nas décadas de 1940 e 1950 ao longo do rio Guamá

que beneficiou uma extensa área. (ARAÚJO, 2013)

Após a implementação do projeto e construção do Dique da Estrada Nova para conter

as águas do rio Guamá, toda a área da bacia hidrográfica é beneficiada com redução significativa

das áreas de inundação e alagamento, possibilitando a ocupação de forma menos insalubre da

população que chega a Belém empurrada por projetos e programas do governo federal para

desenvolvimento da região amazônica. (ARAÚJO, 2013).

Com a construção do dique e da “melhoria” dos fenômenos de alagamentos, a

população iniciou um intenso movimento comercial, principalmente às margens do Rio Guamá. O

grande contingente populacional, excluído socialmente do centro da cidade, desenvolveu um fluxo

de comércio que inicialmente estava ligado ao consumo local, com feiras, mercados e pontos de

troca de mercadorias.

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Neste mesmo processo, o fluxo comercial com a região insular provocou significativas

mudanças. Muitos comerciantes das ilhas vizinhas começaram a atracar às margens do rio e nos

pequenos portos que logo cresceram em números e estrutura. Esse intenso fluxo comercial de

mercadorias ribeirinhas, adicionou um novo vetor de ocupação ligado às atividades comerciais dos

bairros às margens do rio. Para Peixoto (2012) nesse processo, os portos do Açaí e da Palha

surgiram na forma de trapiches de uso público e passaram a representar portas de entrada para

mercadorias e passageiros oriundos das ilhas e interiores próximos a Belém. Com o tempo

formaram-se feiras a céu aberto nas áreas atrás dos trapiches e aos poucos toda a região foi se

conformando ao fluxo de populações ribeirinhas que chegavam à cidade por essas entradas. A

movimentação fez surgir nos bairros do Jurunas, Guamá e Condor uma identidade ribeirinha, que

se vê no comércio local e no modo de vida dos moradores. (PEIXOTO, 2012). Figuras 3.

Grande parte dos bairros de baixadas

corresponde à área da Bacia da Estrada Nova,

sendo uma das mais populosas bacias

hidrográficas que compõem o tecido urbano

do Município de Belém, cuja superfície é recortada por inúmeros igarapés, muitos dos quais já

canalizados.

Segundo Araújo (2011) apud Moreira (1966), o uso do solo e a ocupação em áreas

urbanas aumentaram vertiginosamente nas últimas décadas e na cidade de Belém não foi diferente,

entre os anos de 1950 e 2010 a população absoluta da cidade de Belém passou de 169.351 para

1.393.399 habitantes. Os bairros do Jurunas, Guamá e Condor, diretamente influenciados pela

construção de um dique na hoje Avenida Bernardo Sayão, tiveram um aumento populacional de

Figura 3. Porto do Açaí.

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432,62% (passando de 14.904 hab. para 64.478 hab.), 681,38% (passando de 13.885 hab. para

94.610 hab.) e 2.339,06% (passando de 1.828 hab. para 42.758 hab.) respectivamente.

A cidade de Belém teve a delimitação de suas bacias hidrográficas elaborada utilizando

critérios político-administrativos, os quais são válidos do ponto de vista jurídico para o

município e adotados em planos, projetos e programas de intervenção como a macrodrenagem

das bacias do Una (total), Tucunduba (parcial) e Estrada Nova (em andamento). Na figura 5,

as três maiores bacias da cidade (GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, 2004).

2.2- Materiais e

métodos

Também foram realizados 3 trabalhos de campo e uma visita técnica. O primeiro

campo foi realizado no dia 06 de setempbo de 2013. Realizado ao longo da Av. Bernardo Sayão,

Figura 4. Área política da Bacia da Estrada Nova.

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em parceria como o Projeto FIFE- IFPA-BELÉM. Nesse campo identificaram as principais áreas

de alagamentos na sub-bacia 4 do Programa de macroodrrenagem da Bacia hidrográfica da

Estrada Nova, utilizando o GPS e o mapa das curvas de áreaTabém foram feitas entrvistas e

coletados dados dos moradores da área. Tais dados serviram como informação complementar para

elaboração de relatório e análise social, econômica e física da área. O segundo trabalho de campo

foi ralizado no dia 26 se tembbro de 2013. O principal objetivo desse campo foi Fazer análise

social, econômica e física da Área que abarange a a sub-bacia I do Projeto de macroodrenagem da

Bacia Hidrográfica da Estreada Nova.

Durante o campo 2, também foi realizada uma visita técnica para coleta de informação

na empresa Andrede Gutierrez. Essa construtora é resposável pela projeto de macroodrenagem e

retificação dos canais que compõem a sub-bacia 1 da Estrada Nova. Durante a visita os

engenheiros responsáveis pela obra fizeram uma apresentação oral do projeto e logo após uma

visita ao local da obra para a visualização das obras e explicação técnica.

O campo 3, realizado no dia 07 de dezembro de 2013 além da parceria com o LIFE, os

alunos do projeto PIBICTI-IFPA-BELÉM, monitoram o campo e demostram através de

explicação oral e anánilse de mapas a área de estudo para alunos da Universidade Estadual do

Pará-UEPA. Este trabalho foi de fundamental importância pois, os alunos colocaram em prática os

conhecimentos adquiridos durante as pesquisas e leiuras. Também nesse campo foram feitos

coletas de informação sobre as condições sócio-econômicas da população da área e indentificação

de pontos de áreas de alagamentos através de GPS.

2.3- Características físicas

As quatro sub-bacias estão em área predominantemente urbana, com habitações

de pequeno porte ocupadas de forma desordenada, principalmente nas margens do rio

Guamá e dos igarapés responsáveis pela drenagem e escoamento da bacia hidrográfica,

mesmos canais que recebem influência direta das marés. Esse sistema funciona como

um grande reservatório quando da concomitância de eventos de precipitação e, por

conseguinte geração de escoamento superficial em elevados níveis de maré.

As características geológicas da área de influência direta são os principais

entraves na reestruturação das vias projetadas para o programa. Típica de várzeas, estas

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áreas apresentam sedimentos flúvio-lagunares e de baia constituídos por sedimentos

argilosos, com intercalações arenosas e muita matéria orgânica, terrenos baixos com

declividade inferior a 5%, sedimentos argilosos ocorrendo em geral até uma

profundidade de 20 metros, podendo também aflorar na superfície, nível d’água

próximo à superfície, em determinado momento podendo ser aflorante, podendo resultar

em áreas encharcadas, terrenos baixos e planos sujeitos a ciclos diários de inundação,

dependentes da variação das marés, sedimentos laminosos, apresentando matéria

orgânica, com intercalações de areia fina.

A região de Belém possui duas grandes feições geomorfológicas posicionadas na

fisiografiaregional como uma região de Terra Firme e de Várzeas. Sem dúvida, estas

feições se diferenciampelas suas características naturais que nessa região já se

encontram intensamente descaracterizadas,em decorrências das ações antrópicas.

Considera-se que o relevo da região seja caracterizado por uma topografia plana

denominada dePlanície Amazônica. Essa região engloba inúmeras formas de relevo,

classificadas como PediplanoPliocênico; PediplanoNeo-Pleistocênico e Planície de

Inundação. Tais formas de relevo encontramforte relacionamento geológico, definido as

unidades litológicas típicas da região.Esse modelamento caracteriza como afirmamos

acima, os Sistemas Naturais, expressos pelasregiões de Terra Firme e Várzeas que

desempenham um papel fundamental no desenvolvimentosocioeconômico da região.

O clima de Belém caracteriza-se por ser quente e úmido em virtude de sua baixa

altitude e latitude, relevo plano e vegetação densa, integrando a zona climática Af,

segundo a classificação de Köppen,que admite três subtipos climáticos Af, Am e Aw,

pertencentes ao clima tropical úmido de floresta.

O elemento mais determinante é a precipitação pluviométrica que define duas

estações, a demaiores índices e a menos chuvosa, compreendida entre os meses de

junho e novembro, seaproximando da marca de 3.000 milímetros anuais. O clima

tropical úmido de floresta se caracterizapor apresentar temperaturas médias mensais

sempre superiores à 18º. O subtipo Af se caracterizapor não apresentar estação seca e a

precipitação do mês menos chuvoso é sempre igual ou maiorque 60 mm.

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Abaixo apresentamos alguns mapas em forma de figura das características

físicas de Belém e que englobam a área de estudo. Figura 5 e 6.

Figura 5. Mapa climatológico da Região Metropolitana de Belém (Engessolo, 2007).

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Figura 6. Principais unidades Geomorfológicas de Belém

3. CONCLUSÃO

No decorrer do projeto, muitas pesquisas referentes aos processos que levaram à

configuração atual da bacia hidrográfica da Estrada Nova forma feitos no intuito de entender, com

pesquisas acadêmicas e científicas, os fatores que contribuem para o fenômeno de alagamento em

alguns pontos mais intenso em toda a área da bacia que está naturalmente sujeita à inundação e

alagamentos.

A ocupação da área da bacia hidrográfica da Estrada Nova foi marcada pela segregação

espacial sofrida pelas classes menos favorecidas economicamente, rebaixadas à periferia da

Primeira Légua Patrimonial da cidade. Constituída pelos bairros com cotas altimétricas mais

elevadas, urbanizados e planejados para as classes econômicas altas e estruturas políticas do

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município. Restando as áreas de baixada ou com baixa cota altimétrica a ocupação desordenada e

intensa do solo, acelerada pelo crescimento demográfico a partir dos anos de 1960.

Para a população burlar os problemas de infraestrutura, transformaram seu próprio espaço

segundo suas necessidades de deslocamento, o excesso de passagens singulares para o tráfego dos

pedestres e veículos altera a morfologia dos canais, com pequenas pontes improvisadas e

habitações construídas sobre os dutos de vazão do canal, afetando seu funcionamento.

Os canais sofreram diretamente com o entulho, lançamento direto de resíduos domésticos

e esgoto de habitações construídas sobre os canais. Essa prática compromete o funcionamento do

canal uma vez que carregados de material, ocorre o transbordamento em caso de chuvas ou maré

alta. A fluidez da agua não acontece de forma natural, transformando os canis em verdadeiros

lixões a céu aberto.

Após todos os estudos e pesquisas in loco, realizadas, é fundamental inferir o descaso do

poder público municipal com estas áreas, pois através das coletas e relatos fica evidente que a falta

de planejamento urbano pode ser apontado no caso da bacia da Estrada Nova como um dos fatores

que mais agravam dentre muitos problemas o fenômeno de alagamento. Apesar das intervenções

infraestruturais já realizadas na área, estas são apenas medidas paliativas que pouco tem resolvido

as dificuldades vividas pelos morados que historicamente, e atualmente, vão criando seus próprios

meios de conviver com as carências urbanas.

Devido á densidade das pesquisas e extensão dos problemas encontrados na bacia

hidrográfica da Estrada Nova, o projeto não dispôs de tempo necessário para realizar as pesquisas

referentes à bacia hidrográfica do Tucunduba, como previsto pelo objetivo do projeto inicial. Tal

pesquisa deve ser realiza com a continuação do projeto, se aprovado, no próximo edital do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à pesquisa científica, tecnológica e inovação

(PIBICTI).

4. REFERÊNCIAS

___________. Ambiente e planejamento urbano-ambiental: reflexões preliminares sobre o PROMABEN. In: XII Simpósio Nacional de Geografia Urbana, 2011, Belo Horizonte - MG. Anais... Editora Belo Horizonte, 2011.

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___________. Relatório de Impacto Ambiental do Programa de Recuperação Urbana e Ambiental da Estrada Nova (PROMABEN). Belém: Engesolo Engenharia Ltda./PMB, 2007.

ARAÚJO JR, A. C. R. Antropogeomorfologia da bacia hidrográfica da Estrada Nova, Belém – Pará. In: 9º Simpósio Nacional de Geomorfologia, 2012, Rio de Janeiro – RJ. Anais... Rio de Janeiro, 2012.

ARAÚJO JR, A. C. R. Geomorfologia urbana e planejamento ambiental na cidade de Belém-PA. In: Anais XIII Simpósio Nacional de Geografia Urbana, 2013, Rio de Janeiro-RJ. Anais... Rio de Janeiro, 2013.

ARAÚJO, C. L. C. Ocupação e Consolidação das Baixadas em Belém-PA: periferia e Portal da Amazônia. In: Anais... Seminário de Áreas de Preservação Permanente Urbanas. 2012.

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ. Macrodrenagem da Bacia do Una. Belém, PA: Governo do Estado do Pará e Leme Engenharia, 2004.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censos demográficos 1950, 1980, 1991, 2000 e 2010. Disponíveis em: www.ibge.gov.br.

KOUSKY, Vernon Edgar; MOLION, Luís Carlos Baldicero. Uma contribuição à climatologia da dinâmica da troposfera sobre a Amazônia. São José dos Campos: Instituto de Pesquisas Espaciais. 1981.

MOREIRA, E. Belém e sua expressão geográfica. Belém: UFPA, cadernos do NAEA nº 2, 1966.

PEIXOTO, R. Um resumo da ocupação da orla: urbanização forçosa. Ministério da Ciência e Tecnologia. 2012. Disponível em < http://www.museugoeldi.br/sobre/NOTICIAS/2012/abril/02_04_2012c.html>.

PENTEADO, A. R. Belém: estudo de Geografia Urbana. Belém: Universidade Federal do Pará, vol. 2, 1968.

PIMENTEL, M. A. S. et al. A ocupação das várzeas na cidade de Belém: Causas e consequências socioambientais. Revista Geonorte, edição especial, v.2, n.4, 2012.