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UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTEFEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E
DE COMPUTAÇÃO
Uso de Correntropia na Generalização deFunções Cicloestacionárias e Aplicações para a
Extração de Características de SinaisModulados
Aluisio Igor Rêgo Fontes
Orientador: Prof. Dr. Luiz Felipe de Queiroz SilveiraCo-orientador: Prof. Dr. Allan de Medeiros Martins
Tese de doutorado apresentada ao Pro-grama de Pós-Graduação em EngenhariaElétrica e de Computação da UFRN comoparte dos requisitos para a obtenção do graude Doutor em Ciências.
Número de ordem PPgEEC: D153Natal, RN, Setembro de 2015
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da publicação na fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Fontes, Aluisio Igor RêgoUso de correntropia na generalização de funções cicloestacionárias e aplica-
ções para a extração de características de sinais modulados. / Aluisio Igor RêgoFontes - Natal, RN, 2014
98 f: il.
Orientador: Dr. Luiz Felipe de Queiroz SilveiraCo-orientador: Dr. Allan de Medeiros Martins
Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro deTecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Computação.
1. Correntropia 2. Cicloestacionariedade3. Função de Correntropia Cíclica 4. Função de Densidade Espectral de Corren-tropia Cíclica5. Extração de Características de Sinais. I. Silveira, Luiz Felipe de Queiroz. II.Martins, Allan de Medeiros III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.IV. Título.RN/UF/BCZM CDU 621.391
“Paciência, persistência e suor são umacombinação imbatível para o sucesso.”
NAPOLEON HILL
Aos meus pais, Aluisio Fontes eFátima Rêgo, que renunciaram aos
seus sonhos, para que, muitas vezes,pudesse realizar os meus e que me
propiciaram uma vida digna onde eupudesse acreditar que tudo épossível, desde que sejamos
honestos, íntegros de caráter e muitoesforçados.
Agradecimentos
À Deus, por sempre iluminar meu caminho.
À minha família pelo apoio, incentivo, paciência, força, amor e carinho. Em especialmeus pais: Maria de Fátima Rêgo Fontes e Aluisio Fontes de Queiroz e minha irmãFabíola Rêgo Fontes.
À minha namorada, Bruna Angelina Barreto Costa Lobo , pelo amor, paciência e por suadedicação em minha vida acadêmica, me dando todo o apoio nos momentos difíceis.
Ao professor Luiz Felipe de Queiroz Silveira, que sempre acreditou no meu potencial ese não fosse por sua enorme dedicação e orientação não teríamos concluído.
Ao professor Allan de Medeiros Martins, pela orientação, confiança, atenção, tempo de-dicado e todo o apoio para a realização deste trabalho.
Aos professores do Departamento de Engenharia de Computação e Automação.
Aos meus amigos Arthur, Avelino, Danilo, Eduardo, Fabrício, Lucas e Paolo por todoapoio, amizade e momentos de descontração indispensáveis.
À CAPES pelo suporte financeiro concedido.
Resumo
A extração de informações de sinais aleatórios é um problema frequente e relevante
em muitas aplicações de processamento digital de sinais. Nos últimos anos, diferentes
métodos têm sido utilizados para a parametrização de sinais ou obtenção de descritores
eficientes de suas características. Quando os sinais aleatórios possuem propriedades es-
tatísticas cicloestacionárias, as funções de autocorrelação cíclica (CAF) e de densidade
espectral cíclica (SCD) podem ser utilizadas na obtenção de informações cicloestacioná-
rias de segunda ordem. Entretanto, em sinais contaminados com ruído não-gaussiano,
apenas informações cicloestacionárias de segunda ordem podem não gerar bons descrito-
res para aplicações em aprendizagem de máquinas e, neste caso, a análise cicloestacioná-
ria deve ocorrer sobre informações estatísticas de ordem superior. Este trabalho propõe
uma nova ferramenta matemática para a análise cicloestacionária de ordem superior ba-
seada na função de correntropia. Especificamente, a teoria de análise cicloestacionária é
revisitada sob um enfoque de teoria da informação, e as funções de correntropia cíclica
(CCF) e densidade espectral de correntropia cíclica (CCSD) são definidas. É compro-
vado analiticamente que a CCF contém informações de momentos cicloestacionários de
segunda ordem e de ordem superior, sendo uma generalização da CAF. O desempenho
dessas novas funções, na extração de características cicloestacionárias de ordem superior,
é analisado em um cenário de comunicação sem fio com ruído não-gaussiano.
Palavras-chave: Correntropia, Cicloestacionariedade, Função de Correntropia Cí-
clica, Função de Densidade Espectral de Correntropia Cíclica, Extração de Características
de Sinais.
Abstract
Information extraction is a frequent and relevant problem in digital signal processing.
In the past few years, different methods have been utilized for the parameterization of
signals and the achievement of efficient descriptors. When the signals possess statistical
cyclostationary properties, the Cyclic Autocorrelation Function (CAF) and the Spectral
Cyclic Density (SCD) can be used to extract second-order cyclostationary information.
However, second-order cyclostationary information is poor in nongaussian signals, as the
cyclostationary analysis in this case should comprise higher-order statistical information.
This paper proposes a new mathematical tool for the higher-order cyclostationary analysis
based on the correntropy function. Specifically, the cyclostationary analysis is revisited
focusing on the information theory, while the Cyclic Correntropy Function (CCF) and
Cyclic Correntropy Spectral Density (CCSD) are also defined. Besides, it is analytically
proven that the CCF contains information regarding second- and higher-order cyclostatio-
nary moments, being a generalization of the CAF. The performance of the aforementioned
new functions in the extraction of higher-order cyclostationary characteristics is analyzed
in a wireless communication system where nongaussian noise exists.
Keywords: Correntropy, Cyclostationary, Cyclic Correntropy Function, Cyclic Cor-
rentropy Spectral Density, Information Extraction.
Sumário
Sumário i
Lista de Figuras iv
Lista de Tabelas vi
Lista de Símbolos vii
1 Introdução 1
1.1 Motivação e Relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Correntropia para Processos Aleatórios 6
2.1 Introdução à Correntropia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Definições e propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.1 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Influência do tamanho do kernel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3.1 Domínio do tempo e da frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3.2 Ruído impulsivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3 Processos Cicloestacionários 19
3.1 Introdução à Análise de Sinais Cicloestacionários . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Função de Autocorrelação Cíclica (CAF) . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
i
3.3 Função Densidade Espectral Cíclica (SCD) . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.1 Perfil Alfa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.4 Cicloestacionariedade de Ordem Superior (HOCS) . . . . . . . . . . . . 24
3.5 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4 Correntropia Cíclica 27
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2 Função de Correntropia Cíclica (CCF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.3 Função Densidade Espectral de correntropia Cíclica (CCSD) . . . . . . . 32
4.4 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5 CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 36
5.1 Algoritmo Cyclic Periodogram Detection (CPD) . . . . . . . . . . . . . . 37
5.2 Sensoriamento Espectral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.3 Assinaturas Cicloestacionárias para Modulações Digitais . . . . . . . . . 46
5.3.1 Modulações 16-QAM, QPSK, ASK e BPSK . . . . . . . . . . . 47
5.3.2 Modulações BFSK, MSK e AM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.4 Análise da Escalabilidade Paralela da CCSD . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.5 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
6 Conclusões 63
6.1 Principais Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6.2 Perspectivas para Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Referências bibliográficas 66
A Dedução Matemática da Generalização da CCF 72
B Expansão em série de Taylor da CCF 76
C Correntropia para Diversos Sinais 77
D Publicações 81
D.1 Artigos aceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
D.2 Artigo em Processo de Submissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Lista de Figuras
2.1 correntropia como a integral no espaço gaussiano ao longo da reta xt1 = xt2
[Liu et al. 2006] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 Sinal cosseno e autocorrelação do cosseno. . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 correntropia centralizada para diferentes tamanho de kernel. . . . . . . . 13
2.4 Densidade espectral de potência de um cosseno com frequência de 10Hz. 14
2.5 Transformada de Fourier da autocorrentropia centralizada para diferentes
tamanho de kernel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.6 PDF do ruído impulsivo e o cosseno com outliers . . . . . . . . . . . . . 16
2.7 Cálculo da correntropia e correlação, no domínio do tempo e frequência,
para um cosseno com outlier. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Visão tridimensional da SCD para a modulação AM . . . . . . . . . . . . 22
3.2 Perfil alfa para modulação AM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1 Cálculo da CCSD para um cosseno com uma frequência fundamental . . 34
5.1 Função densidade de probabilidade do ruído da impulsivo . . . . . . . . . 37
5.2 Passo 1. x[n],n= 0,1,2,3, ...,N−1, l = 0,1,2,3, ...,L−1 [Farias et al. 2011] 38
5.3 |SCD| e perfil-alfa para as modulações AM, MSK e BPSK com ruído não-
gaussiano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.4 |SCD| e perfil-alfa para as modulações BFSK, QPKS e 16-QAM com
ruído não-gaussiano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.5 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações AM, MSK e BPSK com ruído
não-gaussiano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
iv
5.6 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações BFSK, QPKS e 16-QAM com
ruído não-gaussiano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.7 |CCSD| e SCD para a hipótese H1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.8 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações 16-QAM para σ igual a 1, 0.1 e
0.01. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.9 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações QPSK para σ igual a 1, 0,1 e 0,01. 49
5.10 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações ASK para σ igual a 1, 0,1 e 0,01. 50
5.11 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações BPSK para σ igual a 1, 0,1 e 0,01. 51
5.12 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações BFSK para σ igual à 1, 0,1 e 0,01. 53
5.13 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações MSK para σ igual à 1, 0,1 e 0,01. 54
5.14 |CCSD| e perfil-alfa para as modulações AM para σ igual à 1, 0,1 e 0,01. . 55
5.15 Diagrama de blocos com o pseudocódigo do algoritmo paralelo proposto
para cálculo da CCSD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.16 Speedup para diversos valores de tamanho de blocos (N) e quantidade de
blocos (L), variando-se a quantidade de processadores p = 1,2, ...,64. . . 59
5.17 Eficiência paralela para diversas configurações de tamanhos de blocos N
e quantidade de blocos L, fixando-se o número de processadores em 64. . 60
5.18 Perfil alfa da CCSD utilizando σ igual a 0,1. . . . . . . . . . . . . . . . . 62
C.1 Onda quadrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
C.2 Onda triangular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
C.3 Forma de onda senoidal com duas frequências 10 Hz e 20 Hz . . . . . . . 79
C.4 Forma de onda senoidal com três frequências 10, 20 e 60 Hz . . . . . . . 80
Lista de Tabelas
5.1 Parâmetros de simulação computacional dos sinais analisados . . . . . . 37
5.2 Tempo de simulação para diferentes tamanhos de L e N com quantidade
de processadores variando de 1 a 64. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
vi
Lista de Símbolos
AMC Classificação Automática de Modulação
AM DSB-SC Modulação em Amplitude com Faixa Lateral Dupla e Portadora Suprimida
AM SSB-SC Modulação em Amplitude com Faixa Lateral Única e Portadora Suprimida
API Interface de Programação de Aplicativos
AWGN Ruído Aditivo Gaussiano Branco
BFSK Modulação por Chaveamento de Frequência Binária
BPSK Modulação por Chaveamento de Fase Binária
CAF Função de Autocorrelação Cíclica
CPD Cyclic Periodogram Detection
FSK Modulação por Chaveamento em Frequência
HMM Modelo Oculto de Markov
MSK Modulação por Chaveamento Mínimo
OFDM Multiplexação por Divisão de Frequência Ortogonal
OpenMP Multiprocessamento Aberto
PCA Análise de Componentes Principais
QAM Modulação de Amplitude em Quadratura
QPSK Modulação por Chaveamento de Fase Quaternária
SCD Função Densidade Espectral Cíclica
SNR Relação Sinal-Ruído
SVM Máquina de Vetor de Suporte
WiMAX Interoperabilidade Mundial para Acesso por Microondas
ROC Característica de Operação do Receptor
ASK Modulação por Chaveamento de Amplitude
CTCMF Cyclic Temporal Cross-Moment Functions
TCMF Temporal Cross-Moment Function
CSCMF Cyclic Spectral Cross-Moment
ATSC Advanced Television System Committee
NTSC National Television System Committee
FPGA Field Programmable Gate Array
FAM FFT Accumulation Method
SSCA Strip Spectral Correlation Algorithm
WLAN Rede sem Fio Local
GSM Sistema Global para Comunicações Móveis
LTE Evolução de Longo Prazo
GCC GNU Compiler Collection
MIMO Múltiplas Entradas e Múltiplas Saídas
GPU Unidade de Processamento Gráfico
SDR Rádio Definido por Software
FFT Transformada Rápida de Fourier
Capítulo 1
Introdução
Neste capítulo são apresentadas as linhas gerais deste trabalho, ressaltando-se a re-
levância do problema estudado, os objetivos desejados e a organização proposta para o
documento.
1.1 Motivação e Relevância
Nos últimos anos, foram desenvolvidos diferentes métodos para a parametrização de
sinais aleatórios ou obtenção de descritores desses sinais. Os métodos para extração de
características de sinais podem ser utilizados em tarefas de classificação, estimação ou
predição, comuns em vários problemas de aprendizagem de máquina. Em geral, esses
métodos possuem um padrão de funcionamento composto por duas etapas: aquisição de
dados e extração de características.
A sintonia da etapa de extração de características ideais é fundamental em um sis-
tema robusto. Essa etapa vem recebendo notáveis contribuições de técnicas avançadas de
processamento digital de sinais, tais como: entropia, densidade espectral de potência, wa-
velets, cumulantes, correntropia e cicloestacionariedade. Particularmente, as ferramentas
matemáticas como correntropia e cicloestacionariedade destacam-se como extratores de
características de sinais aleatórios.
Vários fenômenos aleatórios encontrados na natureza, ou produzidos artificialmente
Introdução 2
por dispositivos físicos, possuem características estatísticos que variam periodicamente
com o tempo. Tais sinais podem ser modelados como processos cicloestacionários ou po-
licicloestacionários, se os seus parâmetros estatísticos variam no tempo, respectivamente,
com um ou múltiplos períodos [Gardner et al. 1994].
Métodos estatísticos clássicos de processamento de sinais tratam os sinais cicloestaci-
onários como se eles fossem estacionários. Entretanto, frequentemente pode-se conseguir
ganhos de desempenho em sistemas de processamento que reconhecem e exploram peri-
odicidades não evidentes [Gardner et al. 1994]. Nos últimos anos, métodos que exploram
as cicloestacionariedades de sinais têm sido utilizados em várias aplicações, tais como Te-
lecomunicações [Cho & Narieda 2015, Jang 2014], Sistemas Biológicos [Newton 1982,
Donohue et al. 1994], Meteorologia [Zeng et al. 1996, Hasselmann & Barnett 1981],
Climatologia [Bloomfield et al. 1994], Oceanografia [Gini & Greco 2002, Dragan &
Yavorskii 1982], Eletromagnetismo [Mykhajlyshyn & others 1996] e Máquinas Rotativas
[Randall et al. 2002, Konig & Bohme 1994]. Neste contexto, as técnicas de processa-
mento de sinais policicloestacionários podem explorar cicloestacionariedade de segunda
ordem (SOCS), obtidas a partir de transformações quadráticas, ou cicloestacionariedade
de alta ordem (HOCS) [Gardner et al. 1994], obtidas com transformações não lineares
de ordem N. Em geral, a cicloestacionariedade presente no sinal de interesse pode ser
explorada para melhorar a confiabilidade da informação extraída a partir de um conjunto
de medições do sinal [Gardner et al. 1994].
A técnica SOCS vêm sendo amplamente empregada em comunicações na concepção
de sistemas de rádio cognitivo, especificamente em aplicações de sensoriamento espectral
e classificação automática de modulações [Lei et al. 2011, Jang 2014, Satija et al. 2014a].
Porém, quando o modelo do sistema analisado considera canais de comunicação não-
gaussianos, a cicloestacionariedade de segunda ordem do sinal de interesse pode ser de
difícil extração. Além disso, alguns tipos de modulações digitais apresentam as mesmas
características cicloestacionárias de segunda ordem, não sendo possível utilizar essa in-
Introdução 3
formação para diferenciá-las, por exemplo, das modulações M-PSK (para M>4) e QAM,
e das modulações ASK e BPSK [Gardner et al. 1994]. Neste caso, a análise de ciclo-
estacionariedades de ordem superior tende a melhorar o desempenho dos métodos de
processamento de sinais empregados.
Por outro lado, os métodos HOCS empregam transformações não lineares de alta
ordem cuja complexidade aumenta quando a ordem do momento estatístico analisado,
podendo ser inviável em algumas aplicações. Isto posto, este trabalho propõe um novo
método de análise cicloestacionária de ordem superior baseado em uma ferramenta de
transformação não-linear, denominada correntropia.
A correntropia é baseada em uma transformação de kernel capaz de extrair informa-
ções de infinitos momentos estatísticos do sinal analisado, sendo ainda especialmente
robusta a ruídos não-gaussianos. Como consequência, nos últimos anos a correntropia
tem sido aplicada com sucesso em diversos problemas, tais como estimação de atraso
temporal [Ling et al. 2015], estimativa de ruído impulsivo [Zhang et al. 2014], extração
de características temporais de ordem superior [Santana et al. 2012], classificação auto-
mática de modulações [Fontes et al. 2015], sistema de classificação de vozes patológicas
[Fontes et al. 2014] e identificação de sistemas [Leandro L.S. Linhares et al. 2015].
Introdução 4
1.2 Objetivo
Neste trabalho, a análise de sinais cicloestacionários é revisitada sob um enfoque de
teoria da informação, sendo definidas novas ferramentas analíticas, denominadas fun-
ção de correntropia cíclica (CCF) e função densidade espectral de correntropia Cíclica
(CCSD). É comprovado analiticamente que a CCF contém informações de momentos
cicloestacionários de segunda ordem e de ordem superior, sendo uma generalização da
clássica função de autocorrelação cíclica (CAF). O desempenho dessas novas funções,
na extração de características cicloestacionárias de ordem superior, é analisado em um
cenário de comunicação sem fio com ruído não-gaussiano. Além disso, são apresentadas
novas assinaturas cicloestacionárias de ordem superior extraídas por meio da CCSD para
as modulações BPSK, BFSK, MSK, OOK, 16-QAM, 4-PSK e AM.
1.3 Organização do Trabalho
Este texto é organizado em seis capítulos e dois apêndices.
No Capítulo 2 a correntropia para processos aleatórios é definida em conjunto com
suas propriedades. Apresenta-se também a influência do tamanho do kernel, no seu de-
sempenho.
No Capítulo 3 são apresentadas as principais propriedades da teoria de cicloestaciona-
riedade para processos aleatórios no domínio do tempo e da frequência e são definidas as
principais funções da análise cicloestacionária: a função de autocorrelação cíclica (CAF)
e a função densidade espectral cíclica (SCD).
No Capítulo 4 a teoria de cicloestacionariedade é revisitada sob um enfoque de Teoria
da Informação, culminando com as definições das principais funções da análise cicloes-
tacionária com correntropia.
O Capítulo 5 trata dos experimentos com dois extratores de característica de um pro-
cesso aleatório: a cicloestacionariedade de segunda ordem e a cicloestacionariedade com
Introdução 5
correntropia. Os experimentos têm a finalidade de avaliar e analisar o desempenho dos
dois extratores de características.
No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.
O anexo A contém a dedução matemática da CCF, o anexo B apresenta a expansão de
Taylor da CCF e o anexo C contém uma lista das publicações relacionadas a este trabalho.
Capítulo 2
Correntropia para Processos Aleatórios
2.1 Introdução à Correntropia
A extração de informações de uma fonte de dados é um problema frequente e relevante
em muitas aplicações de processamento de sinais. Nesse contexto, medidas estatísticas
de similaridade, como a correlação, podem ser utilizadas com sucesso para a obtenção
de informações e caracterização de dados. No entanto, para processos aleatórios não-
gaussianos, a estatística de segunda ordem na forma de correlação pode ser ineficaz, pois
não há garantia que a média dos sinal seja igual a zero.
Houve várias tentativas para solucionar o processamento de sinais não lineares e
não gaussianos para treinamento de máquina, identificação de sistemas e extração de
características de sinais aleatórios. Por exemplo, os trabalhos de Wiener e Hammers-
tein foram os primeiros métodos propostos para a identificação de sistemas não lineares
[Ljung 1998]. Nestes trabalhos, a não linearidade é solucionada através de uma Equação
de Wiener-Hopf [Ljung 1998]. Outros trabalhos incluem séries de Volterra [Corduneanu
& Sandberg 2000].
A fim de solucionar esse problema, o grupo de pesquisa do Laboratório de Compu-
tação em NeuroEngenharia (CNEL) localizado no Estados Unidos, utilizou a entropia
de Rényi e informação mútua para processar sinais não gaussianos, o qual foi denomi-
nado Information-Theoretic Learning (ITL) [Principe 2010]. Entretanto, os métodos de
Correntropia para Processos Aleatórios 7
ITL não conseguiam trabalhar com informações temporais do processo aleatório, ou seja,
quando o tempo é importante na variável aleatória. Para incorporar a estrutura temporal
e a análise estatísticas de ordem superior, uma nova medida foi proposta por Santamaria
em [Santamaria et al. 2006], denominada correntropia.
A correntropia é uma generalização da medida de correlação entre sinais aleatórios.
Essa medida consegue extrair tanto informações estatísticas de segunda ordem, quanto
de ordens superiores do sinal analisado. Embora, por definição, a correntropia seja se-
melhante à Correlação, estudos recentes têm mostrado que ela funciona melhor do que a
correlação ao lidar com sistemas não-lineares ou não-gaussianos, sem qualquer aumento
significativo no custo computacional [Liu et al. 2007].
Nos últimos anos, a correntropia tem sido aplicada com sucesso na solução de diversos
problemas de engenharia, tais como classificação automática de modulações [Fontes et al.
2015], sistema de classificação de vozes patológicas [Fontes et al. 2014], análises de
componentes principais [He et al. 2011], identificação de sistemas não lineares [Leandro
L.S. Linhares et al. 2015], reconhecimento de face e filtros adaptativos [Jeong & Principe
2006].
Neste capítulo serão apresentadas as principais propriedades da correntropia para pro-
cessos aleatórios no domínio do tempo e da frequência. Também será abordado a influên-
cia (kernel) da correntropia em seu desempenho.
2.2 Definições e propriedades
A correntropia para um processo estocástico ergódico e estacionário, {xt , t ∈ T} com
T sendo um conjunto de índices e xt ∈ Rd é definida como [Santamaria et al. 2006]
Vx(xt1,xt2) = Ext1xt2[Gσ(xt1,xt2)] =
∫ ∫Gσ(xt1,xt2)p(xt1 ,xt2)dxt1xt2, (2.1)
Correntropia para Processos Aleatórios 8
em que E[.] representa o operador matemático do valor esperado sobre o processo estocás-
tico xt , Gσ é uma função simétrica definida positiva e p(xt1,xt2) é a função de densidade de
probabilidade (PDF) conjunta. As funções simétricas definidas positivas mais utilizadas
nas áreas de aprendizagem de máquinas, máquinaa de vetor de suporte e aproximação de
funções são sigmoide, gaussiana e polinomial [Xu & Principe 2008]. Neste trabalho, Gσ
é um kernel gaussiano, definido por
Gσ(xt1,xt2) =1√2πσ
exp{−(xt1− xt2)
2
2σ2
}, (2.2)
em que σ é denominada de tamanho ou largura do kernel. Quando o tamanho do kernel
tende a 0, o kernel gaussiano torna-se uma função delta δ(xt1 ,xt2) e a Equação (2.1) passa
a ser
limσ→0
Vx(xt1 ,xt2) =∫
xt1
∫xt2
δ(xt1,xt2)pxt1 ,xt2(xt1,xt2)dxt1xt2
=∫
∞
xt1=−∞
pxt1 ,xt2(xt1,xt1)dxt1 (2.3)
Na prática, a PDF conjunta da Equação (2.1) é desconhecida e apenas um número fi-
nito de dados (xi,yi)Ni=1 estão disponíveis. Neste caso, uma estimativa dessa PDF conjunta
pode ser obtida aplicando-se o método de Parzen, por [Liu et al. 2007]:
pz(z) =1N
N
∑i=1
Gσ(z,zi) (2.4)
em que z e zi são vetores formados pelos eventos aleatórios xt1 e xt2 , isto é z = [xt1,xt2]t .
Se xt1 e xt2 são variáveis aleatórias independentes com distribuições marginais de proba-
bilidade estimada por Parzen, logo pxt1(xt1) e pxt2
(xt2) são definidas como
pxt1 ,xt2(xt1,xt2) =
1N
N
∑i=1
Gσ(xt1,xt1i)Gσ(xt2,xt2i
). (2.5)
Correntropia para Processos Aleatórios 9
Dessa forma, quando a largura do kernel tende a zero e utilizando a propriedade de
Parzen da Equação (2.4) e integrando ao longo da reta xt1 = xt2 , a correntropia definida
pela Equação (2.1) pode ser calculada por
limσ→0
Vx,x(xt1,xt2) ≈∫
∞
−∞
pxt1 ,xt2(xt1 ,xt2)|xt1=xt2=udu
≈∫
∞
−∞
1N
N
∑i=1
G(xt1,xt1i)G(y,xt2i
)|xt1=xt2=udu (2.6)
=∫
∞
−∞
1N
N
∑i=1
G(u,xt1i)G(u,xt2i
)du
=1N
N
∑i=1
∫∞
−∞
G(u,xt1i)G(u,xt2i
)du (2.7)
=1N
N
∑i=1
G√2σ(xt1i
,xt2i)
É importante ressaltar que na Equação (2.8) foi aplicada a propriedade da convolução
de gaussianas. Tal propriedade diz que, a convolução de duas gaussianas resulta em outra
gaussiana.
Observa-se que a integral da estimativa de Parzen com kernel Gaussiano é exatamente
a estimativa da correntropia com largura de kernel de√
2σ. A Figura 2.1 ilustra como a
correntropia fornece a PDF na reta xt1 = xt2
Assim, utilizando a dedução da Equação (2.6), a correntropia definida pela Equação
(2.1) pode ser reescrita como
V (τ) =1N
N−1
∑n=0
G√2σ(xn,xn+τ) (2.8)
para todo τ, em que o processo aleatório de entrada deve ser estritamente estacionário para
todos os momentos estatísticos de ordem par. Ou seja, todos os momentos estatísticos de
ordem par devem ser invariante ao deslocamento do tempo quando um kernel gaussiano
for utilizado na função de correntropia.
Correntropia para Processos Aleatórios 10
Figura 2.1: correntropia como a integral no espaço gaussiano ao longo da reta xt1 = xt2[Liu et al. 2006]
É importante ressaltar que para processos aleatórios que não sejam estritamente es-
tacionários para todos os momentos estatísticos, a correntropia não terá sua eficiência
máxima. Entretanto, através do ajuste do tamanho do kernel é possível obter bons resul-
tados, e no pior caso ficará igual à correlação convencional.
Além disso, a correntropia não possui garantia de média zero, mesmo quando os dados
de entrada estão centralizados, por causa das transformações não lineares produzidas pelo
kernel. Dessa forma, para garantir média zero, foi proposto um estimador de correntropia
centralizado definido por: [Liu et al. 2007]
U(τ) =1N
N−1
∑n=0
G√2σ(xn,xn+τ)−
1N2
N−1
∑n=0
N−1
∑τ=0
G√2σ(xn,xn+τ). (2.9)
em quem 1N2 ∑
N−1n=0 ∑
N−1τ=0 G√2σ
(xn,xn+τ) é a média da correntropia.
Aplicando-se uma expansão por série de Taylor na medida de correntropia definida na
Equação (2.1) pode ser reescrita como
Correntropia para Processos Aleatórios 11
Vx(xt1,xt2) =1√2πσ
∞
∑k=0
(−1)k
2kσ2kk!E[(xt1− xt2)
2k]. (2.10)
Nesse caso, a correntropia contém informação de infinitos momentos estatísticos de
ordem par da variável aleatória (xt1 − xt2). Verifica-se que outra funções resultarão em
expansões diferentes, entretanto todas as funções kernel mencionadas anteriormente são
não-lineares e, portanto, incluem informações estatísticas de ordem superior sobre o pro-
cesso aleatório de entrada [Xu & Principe 2008].
Dessa forma, observa-se na Equação (2.10) que os momentos estatísticos de ordem
elevada são controlados pelo tamanho do kernel (σ), que é um parâmetro livre e deve
ser selecionado adequadamente para o dado de entrada. Na literatura há várias aborda-
gens para determinar o tamanho adequado do kernel, tais como a regra de Silverman
[Silverman 1986], validação cruzada baseada no erro médio quadrático [Bowman 1984] e
método adaptativo utilizando Curtose [Zhao et al. 2012]. Entretanto, todos esses métodos
são estimativas de valores sub-ótimos do tamanho do kernel.
Similar à função de densidade espectral de potência convencional para processos alea-
tórios estacionário no sentido amplo, a transformada de Fourier da função de correntropia
centralizada para processo estritamente estacionários é denominada de densidade espec-
tral de correntropia (CSCD) e definida como
Pσ(ω) =∫
∞
−∞
U(τ)e− jωτdτ, (2.11)
em que ω é a frequência em radianos por segundos. Do mesmo modo, a transformada
inversa de Fourier aplicada a Pσ(ω) resulta a correntropia centralizada U(τ).
2.2.1 Propriedades
Esta seção aborda as propriedades mais relevantes da correntropia. As seguintes pro-
priedades são derivadas da Equação (2.8), assumindo um processo estocástico estacioná-
Correntropia para Processos Aleatórios 12
rio em tempo discreto [Principe 2010]:
1. Para qualquer kernel simétrico, V (τ) é uma função simétrica: V (τ) = V (−τ).
2. V (τ) assume o valor máximo na origem. Por exemplo: V (τ) ≤ V (0) ∀τ.
3. Devido ao uso do kernel gaussiano, V (τ) ≥ 0 e V (0) = 1/√
2πσ.
4. Dado V (τ) para τ = 0, ...,P−1, é possível definir uma matriz de dimensão PxP:
V =
V (0) . . . V (P−1)
. . .
. . .
. . .
V (P−1) . . . V (0)
(2.12)
2.3 Influência do tamanho do kernel
A correntropia possui um parâmetro livre denominado de tamanho do kernel (σ) que
influencia diretamente no seu desempenho. A influência desse parâmetro sobre a corren-
tropia será analisada a seguir por meio de experimentos computacionais. Todos os testes
foram realizados com um sinal cosseno de frequência 10 Hz e frequência de amostragem
de 500 Hz.
2.3.1 Domínio do tempo e da frequência
A função de autocorrentropia centralizada foi avaliada no domínio do tempo e da
frequência com quatro diferentes tamanhos de kernel 0.04, 0.4, 1 e 10. Inicialmente, o
sinal no domínio do tempo com sua função de autocorrelação foi ilustrado na Figura C.4.
O valor da correntropia para diferentes tamanhos de kernel é ilustrado na Figura 2.3.
Observa-se que o aumento do kernel faz com que a correntropia tenda à Correlação, ou
seja, para valores de σ suficientemente grande, os momentos de segunda ordem dominam
e a medida aproxima a correlação. Por outro lado, quando o tamanho do kernel diminui, a
Correntropia para Processos Aleatórios 13
0 50 100 150 200 250 300−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Am
plitu
de
Amostras
(a) Forma de onda do cosseno com Frequência de 10Hz
0 50 100 150 200 250 300−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Aut
ocor
rela
ção
Atraso temporal
(b) Autocorrelação do cosseno
Figura 2.2: Sinal cosseno e autocorrelação do cosseno.
correntropia tende a valores positivos e sua forma de onda se torna diferente da correlação.
É importante ressaltar que independente do tamanho do kernel a correntropia é periódica.
0 50 100 150 200 250−1
−0.5
0
0.5
1
Cor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(a) σ = 0.04
0 50 100 150 200 250−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Cor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(b) σ = 0.4
0 50 100 150 200 250−1
−0.5
0
0.5
1
Cor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(c) σ = 1
0 50 100 150 200 250−1
−0.5
0
0.5
1
Cor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(d) σ = 10
Figura 2.3: correntropia centralizada para diferentes tamanho de kernel.
Correntropia para Processos Aleatórios 14
O segundo experimento realizou a mesma análise anterior no domínio da frequência.
Inicialmente, foi computada a transformada de Fourier da autocorrelação, cujo resultado
está ilustrado na Figura 2.4. Em seguida, a transformada de Fourier é aplicada na corren-
tropia para diferentes tamanhos de kernel e ilustrada na Figura 2.5.
0 50 100 150 200 250 3000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rela
ção|
Frequência (Hz)
Figura 2.4: Densidade espectral de potência de um cosseno com frequência de 10Hz.
Dessa forma, é possível concluir que tanto no domínio da frequência quanto no domí-
nio do tempo a influência do tamanho do kernel obedece às mesmas propriedades. Além
disso, observa-se a partir da Figura 2.5 (d), com σ = 10, que a densidade espectral de cor-
rentropia possui as mesmas características da densidade espectral de potência ilustrada na
Figura 2.4, ou seja o tamanho do kernel pondera os momentos estatísticos da correntropia.
É importante ressaltar que, as frequências que surgem no cálculo da correntropia é
devido a transformação não linear do kernel. No apêndice C é detalhado o cálculo da
correntropia para outras formas de onda utilizadas em processamento digital de sinais.
Correntropia para Processos Aleatórios 15
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(a) σ = 0,04
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(b) σ = 0,4
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(c) σ = 1
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(d) σ = 10
Figura 2.5: Transformada de Fourier da autocorrentropia centralizada para diferentes ta-manho de kernel.
Correntropia para Processos Aleatórios 16
2.3.2 Ruído impulsivo
O tamanho do kernel funciona como um zoom que controla a janela de observação na
qual a similaridade é avaliada. A possibilidade de ajustar o tamanho do kernel fornece um
mecanismo eficiente que permite eliminar os valores que são muito diferentes do conjunto
de dados.
Com o objetivo de facilitar a compreensão desses conceitos, foi realizado um experi-
mento computacional que compara o cálculo da correntropia e da correlação de um sinal
em um ambiente com ruído impulsivo (outliers). Os outliers foram representados por um
sinal não-gaussiano com distribuição de probabilidade bimodal ilustrada na Figura 2.6,
cuja sua função de densidade de probabilidade é dada por:
P(i) = 0.9N(0,0.01)+0.1N(4,0.01) (2.13)
−1 0 1 2 3 4 5 6 70
10
20
30
40
50
60
70
80
PD
F
Valor
(a) Função de densidade de probabilidade do ruído daEquação (2.13)
0 50 100 150 200 250 300−2
0
2
4
6
8
Tempo
Val
or
(b) Cosseno com outliers
Figura 2.6: PDF do ruído impulsivo e o cosseno com outliers
Observa-se na Figura 2.7 que a autocorrelação é muito sensível ao ruído impulsivo,
modificando completamente a forma de onda no tempo e o seu espectro de frequências.
Em particular, comparando a densidade espectral de potência do cosseno sem ruído,
ilustrada na Figura 2.4, com a do cosseno com ruído da Figura 2.7, fica bem evidenciado
Correntropia para Processos Aleatórios 17
o quanto a correlação é prejudicada com o ruído impulsivo.
Por outro lado, através do ajuste do tamanho do kernel, praticamente não houve altera-
ções na resposta da correntropia para o cosseno com ruído impulsivo. Quando realiza-se
uma comparação entre as Figuras 2.5 (b) e 2.7 (d) para o mesmo tamanho de kernel,
observa-se que o outlier não influência o cálculo da correntropia.
0 50 100 150 200 250 300−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Aut
ocor
rela
ção
Atraso temporal
(a) Autocorrelação do cosseno com outlier
0 50 100 150 200 250 3000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rela
ção|
Frequência (Hz)
(b) Densidade espectral de potência para o cosseno comoutlier
0 50 100 150 200 250−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Cor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(c) Autocorrentropia do cosseno com outlier e σ = 0,4
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(d) Densidade espectral de correntropia para o cossenocom outlier e σ = 0,4
Figura 2.7: Cálculo da correntropia e correlação, no domínio do tempo e frequência, paraum cosseno com outlier.
Correntropia para Processos Aleatórios 18
2.4 Síntese
Ao longo desse capítulo foi possível definir e demonstrar as propriedades da correntro-
pia. Foi exemplificado, por simulação computacional, a importância do ajuste do tamanho
do kernel para a correntropia. Além disso, ficou evidenciado que a correntropia consegue
extrair informações de infinitos momentos estatísticos de um processo aleatório.
O efeito do ruído impulsivo é amenizado pelo uso do kernel gaussiano no cálculo da
correntropia. A diferença ao quadrado entre o sinal original e o outlier é realizado no
expoente de uma exponencial negativa, em que seu valor máximo é 1/√
2πσ.
No próximo capítulo define-se processos cicloestacionários e apresenta-se as princi-
pais funções da análise cicloestacionária: a função de autocorrelação cíclica (CAF) e a
função desensidade espectral cíclica (SCD).
Capítulo 3
Processos Cicloestacionários
3.1 Introdução à Análise de Sinais Cicloestacionários
Por meio da análise de cicloestacionariedades procura-se identificar e caracterizar, nos
sinais aleatórios, momentos estatísticos que variam periodicamente com o tempo. Neste
sentido, um sinal com função de autocorrelação periódica apresentará comportamento pe-
riódico de segunda ordem. Logo, pode-se extrair informações sobre esse comportamento
analiando suas cicloestacionariedades.
As características cicloestacionárias podem ser encontradas em sinais reais ou ar-
tificiais presentes em várias áreas, tais como telecomunicações [Jang 2014], sistemas
biológicos [Newton 1982], meteorologia [Hasselmann & Barnett 1981], climatologia
[Bloomfield et al. 1994], oceanografia [Dragan & Yavorskii 1982] e máquinas rotativas
[Konig & Bohme 1994]. Em telecomunicações, especialmente no contexto de rádio cog-
nitivo, a cicloestacionariedade é frequentemente aplicada em dois tipos de problemas:
sensoriamento espectral e classificação de sinais modulados.
Destaca-se como objetivo principal desse capítulo, uma visão geral da análise do sinal
cicloestacionário, com ênfase em suas características estatísticas de segunda ordem e suas
aplicações.
Processos Cicloestacionários 20
3.2 Função de Autocorrelação Cíclica (CAF)
Um processo aleatório, x(t), é denominado de cicloestacionário de segunda ordem
em sentido amplo se a sua média, E[x(t)], e sua função de autocorrelação, Rx(t,τ) =
E[x(t)x(t + τ)], forem periódicas com um certo período T0 [Gardner et al. 2006]. Mesmo
se estas duas condições não forem verdadeiras para o sinal completo, pequenos segmentos
do sinal podem ter a média e a correlação periódicos com o tempo [Gardner et al. 2006].
Matematicamente, a cicloestacionariedade de segunda ordem é descrita por
E[x(t +T0)] = E[x(t)] (3.1)
E[x(t +To)x(t +T0 + τ)] = E[x(t)x(x+ τ)],
em que E[.] é o operador valor esperado.
Uma vez que a função de autocorrelação de processos cicloestacionários de segunda
ordem é periódica, ela pode ser descrita pela série de Fourier [Gardner et al. 2006] como
Rx(t,τ) = ∑α
Rαx (τ)e
j2παt , (3.2)
em que α, chamado genericamente de frequência cíclica, denota todos os múltiplos da
frequência fundamental da autocorrelação, ou seja α = n/T0, com n ∈ Z. Nessa série, os
coeficientes RαX(τ) definem a Função de Autocorrelação Cíclica (CAF), expressa por:
Rαx (τ) =
∫ T0/2
−T0/2Rx(t,τ)e− j2παtdt. (3.3)
Assumindo que x(t) é um processo policicloergódico, ou seja, apresenta mais do que
uma frequência cíclica fundamental, a Equação (3.3) pode ser reescrita da seguinte forma
Processos Cicloestacionários 21
[Gardner & Spooner 1992]:
Rαx (τ) = lim
T→∞
1T
∫ T/2
−T/2x(t)x(t + τ)e− j2παtdt. (3.4)
Percebe-se através da Equação (3.3) que a CAF permite verificar se um processo apre-
senta cicloestacionariedade, o que ocorre quando a função Rαx (τ) é não-nula para algum
valor de α 6= 0. Além disso, é importante destacar que para α = 0 a CAF reduz-se à
função de autocorrelação convencional do sinal.
3.3 Função Densidade Espectral Cíclica (SCD)
A transformada de Fourier da função de autocorrelação é denominada de densidade
espectral de potência [Gubner 2006]. Essa relação, descrita no teorema de Wiener-
Khinchin, também pode ser utilizada na CAF para obter a função densidade espectral
cíclica (SCD), Sαx ( f ), definida pela seguinte equação
Sαx ( f ) =
∫∞
−∞
Rαx (τ)e
− j2π f τdτ. (3.5)
Percebe-se que a função SCD representada pela Equação (3.5) possui as propriedades
de simetria e é conhecida por espectro cíclico [Gubner 2006].
S−αx ( f ) = Sα
x ( f ) (3.6)
Sαx (− f ) = Sα
x ( f )
Em particular, quando α = 0, a SCD é reduzida para a densidade espectral de potência
convencional, definida como:
Processos Cicloestacionários 22
S0x( f ) =
∫∞
−∞
R0x(τ)e
− j2π f τdτ. (3.7)
A SCD para um sinal de frequência f0 e frequência cíclica α é apenas a correlação
dos dois valores do sinal no domínio da frequência separadas em frequência por α e
centralizada na frequência f0.
Para ilustrar algumas propriedades da cicloestacionariedade de segunda ordem, a SCD
foi computada para modulação AM com uma frequência fc = 1024 Hz e ilustrada na Fi-
gura 3.1. Para α = 0 a SCD apresenta a densidade espectral de potência da onda senoidal,
com dois impulsos em± fc. Os outros dois picos correspondem à correlação do sinal após
o deslocamento em frequência de 2 fc.
Figura 3.1: Visão tridimensional da SCD para a modulação AM
Processos Cicloestacionários 23
3.3.1 Perfil Alfa
A função SCD pode ser de difícil análise computacional, sendo interessante em algu-
mas aplicações a redução de sua dimensionalidade [Fehske et al. 2005]. Neste trabalho,
foi utilizado o método da projeção dos valores máximos da SCD sobre um plano ortogonal
a f , para valores de α > 0, matematicamente representado por
I(α) = maxf|Sα
x ( f )|. (3.8)
em que o símbolo |.| é o valor absoluto do sinal. Ao longo do texto, I(α) será denominado
perfil alfa do sinal aleatório.
Por meio da Equação (3.8) é possível reduzir a complexidade da representação da
SCD, preservando os impulsos característicos. A Figura 3.2 ilustra o perfil alfa da SCD
de um sinal com modulação AM.
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Frequência cíclica
Per
fil a
lpha
Figura 3.2: Perfil alfa para modulação AM
É importante destacar que algumas técnicas de sensoriamento espectral e classifi-
cação automática de modulações utilizam descritores baseados no perfil alfa [Fehske
et al. 2005].
Processos Cicloestacionários 24
3.4 Cicloestacionariedade de Ordem Superior (HOCS)
A cicloestacionariedade de ordem superior utiliza momentos estatísticos de alta ordem
para extrair informações do sinal analisado. Devido a essa característica, a HOCS é uma
generalização da cicloestacionariedade de segunda ordem. Uma generalização natural e
intuitiva é chamado de lag product e pode ser expressa como:
L(t,τ)n =n
∏i=1
x(t + τi), (3.9)
em que o vetor τ é composto de atrasos individuais τ j ( j = 1, ...,n).
A extração da HOCS de um sinal x(t) pode ser obtida a partir da análise da periodici-
dade do lag product definida na Equação (3.9), denominada de Cyclic Temporal Moment
Function (CTMF) e definida por meio da expressão [Renard et al. 2010]:
Rαx (τ)n =
⟨Lx(t,τ)ne− j2παt⟩ , (3.10)
em que 〈.〉= limT→∞1
2T∫ T−T (.)dt. Caso Lx(t,τ)n não seja identicamente nula para algum
valor de α 6= 0, assume-se que as N séries temporais apresentam cicloestacionariedade
conjunta de N-ésima ordem. Além disso, pode-se definir a função cyclic spectral cross-
moment (CSCMF) de ordem n como sendo a transformada de Fourier n-dimensional da
função CTMF de ordem N, sendo definida como:
Sαx ( f )n =
∫RN
Rαx (τ)ne− j2π f τdτ, (3.11)
em que f = [ f1, ..., fn]T .
Em particular, o trabalho de [Gubner 2006] demonstra que a CTMF de um sinal pode
ser visualizada como cumulantes de ordem n do sinal. Dessa forma, utilizando as rela-
ções convencionais dos momentos estatísticos com cumulantes de alta ordem, a função
Processos Cicloestacionários 25
temporal de cumulantes (TCF) é definido como:
Kx(t,τ)n = ∑{P}
[(−1)p−1(p−1)!∏
pj=1 Rx(t,τ j)n j
], (3.12)
em que {P} é o conjunto de índices (1,2, ...,n) e Rx(t,τ j)n j é a CTMF. A função temporal
de cumulantes cíclicos CTCF são os coeficientes da série de Fourier da TCF e pode ser
expressa como:
Kαx (τ)n = ∑
{P}
[(−1)p−1(p−1)!∑β ∏
β jj=1 Rβ j
x (τ j)n j
], (3.13)
em que {β} é o vetor de frequência cíclicas definido pelo somatório de α (∑pj=1 = α) e
Rβ jx (τ j)n j é a CTMF do j-ésimo elemento de ordem n j da partição P na frequência cíclica
β j.
Na prática existem sinais cicloestacionários que possuem propriedades cicloestacio-
nárias de segunda ordem fracas. Dessa forma, vários métodos utilizam transformações
não lineares no sinal com a finalidade de revelar periodicidades ocultas em momentos
estatísticos de ordem superior. Essa análise é realiza através de cumulantes aumentando
significativamente o desempenho dos extratores de características, porém com um elevado
custo computacional [Renard et al. 2010].
Processos Cicloestacionários 26
3.5 Síntese
Foram apresentadas funções para a análise das características periódicas de um deter-
minado processo aleatório. Observa-se que, em alguns processos aleatórios, a cicloesta-
cionariedade de segunda ordem não consegue extrair informações relevantes, principal-
mente quando o ruído é não gaussiano. Dessa forma, uma solução para esse problema é a
análise de cicloestacionariedade de ordem superior.
No próximo capítulo a análise de processos cicloestacionários é discutida sob um
enfoque de teoria da informação. Neste contexto, novas medidas para a extração de ciclo-
estacionariedades de ordem superior serão definidas.
Capítulo 4
Correntropia Cíclica
4.1 Introdução
A análise cicloestacionária de segunda ordem [Gardner & Spooner 1992] apresenta
limitações quando aplicada à caracterização de sinais contaminados com ruído impulsivo
ou de natureza não-gaussiana. Além disso, descritores obtidos a partir de cicloestaci-
onariedades de segunda ordem são ineficazes na caracterização de alguns sinais, como
modulações digitais de ordem elevada, sinais biológicos e sinais originados por vibrações
mecânicas [Gardner & Spooner 1992]. Neste caso, a análise de cicloestacionariedades de
ordem superior tende a melhorar o desempenho dos métodos de classificação empregados.
A correntropia é capaz de extrair infinitos momentos estatísticos, sendo ainda robusta
a ruídos não-gaussianos. Dessa forma, neste capítulo, a teoria de processos cicloestaci-
onários é revisitada sob um enfoque de teoria da informação. O objetivo é investigar os
benefícios que podem ser conseguidos com a substituição da medida de correlação, utili-
zada nas funções clássicas de análise de cicloestacionariedades, pela correntropia. Espe-
cificamente, duas novas funções são definidas, a função de correntropia cíclica (CCF) e a
densidade espectral de correntropia cíclica (CCSD).
Essas novas funções têm o objetivo de investigar os processos encontrados na natureza
originados por fenômenos periódicos, não porque são funções periódicas no tempo, mas
porque são fenômenos aleatórios cujas estatísticas variam periodicamente com o tempo.
Correntropia Cíclica 28
4.2 Função de Correntropia Cíclica (CCF)
Conforme visto no Capítulo 3, os processos são definidos como cicloestacionários de
segunda ordem se estes possuem média e autocorrelação periódicas no tempo. Sabendo
que a função de autocorrentropia de um processo pode possuir infinitos momentos es-
tatísticos (ver o Capítulo 2), é possível concluir que um processo com pelo menos um
momento estatístico de ordem par periódico possui a função de correntropia periódica.
Considera-se neste trabalho que os processos que têm função de correntropia periódica
são cicloestacionários de segunda ordem ou de ordem superior.
Supondo que a função de correntropia Vx(t,τ) de um processo x(t) é periódica, pode-
se representar Vx(t,τ) (Equação 2.8) por uma série de Fourier, tal que
Vx(t,τ) = ∑α
V αx (τ)e j2παt , (4.1)
com os coeficientes de Fourier,
V αx (τ) =
1T0
∫ T0/2
−T0/2Vx(t,τ)e− j2παtdt, (4.2)
definindo a função de correntropia cíclica (CCF), em que α = n/T0 abrange todos os
múltiplos da frequência fundamental 1/T0.
Assumindo que V αx (τ) é policicloergódico na correntropia [Gardner 1986], ou seja,
apresenta mais do que uma frequência cíclica fundamental, é possível reescrever a Equa-
ção (4.2) como segue
V αx (τ) =
⟨(Gσ(x(t),x(t + τ))e− j2παt⟩ , (4.3)
em que Gσ(x(t), x(t+τ)) é um kernel Gaussiano expresso pela Equação (2.2), e o símbolo
〈.〉 define a operação
Correntropia Cíclica 29
〈.〉= limT→∞
12T
∫ T
−T(.)dt. (4.4)
A CCF permite identificar a presença de características cicloestacionárias da corren-
tropia nos processos, o que ocorre quando a função V αx (τ) é não-nula para qualquer valor
de α 6= 0. Em particular, quando α = 0, a CCF é equivalente à função de correntropia
convencional.
Pode-se observar algumas propriedades interessantes ao se aplicar uma expansão em
série de Taylor à função V αx (τ) da Equação (4.2). O resultado dessa expansão encontra-se
a seguir e a dedução matemática detalhada está no Apêndice B.
V αx (τ) =
1T0
∫ T0/2
−T0/2
1√2πσ
∞
∑n=0
(−1)n
2nn!σ2n E[(x(t)− x(t + τ))2 +2σ2−2 jσ22παt)
]n
dt.
(4.5)
Esta é uma expressão interessante porque fornece muitas informações sobre a CCF.
Observa-se que para um kernel gaussiano, a soma de todos os momentos estatísticos apa-
recem na CCF, mantendo as informações estatísticas de segunda ordem fornecida pela
CAF e os momentos estatísticos de ordem superior da variável aleatória, os quais são
ponderados por 1/σ2n. Em muitas aplicações, os momentos estatísticos de ordem su-
perior podem facilitar a extração de características do sinal analisado. A Equação 4.5 é
meramente interpretativa, não sendo recomendado a computação da CCF através dela.
Assumindo a propriedade supracidade em que V αx (τ) é policicloergódico na corren-
tropia [Gardner 1986], a Equação 4.5 pode ser simplificada para
V αx (τ) =
1√2πσ
⟨∞
∑n=0
(−1)n
2nn!σ2n
[(x(t)− x(t + τ))2 +2σ2−2 jσ22παt)
]n⟩. (4.6)
Expandindo o somatório da Equação (4.6) obtém-se
Correntropia Cíclica 30
V αx (τ)=
1√2πσ
⟨−βt,α +
β2t,α2 −
β3t,α6 +
−β2x2(t))4σ2 −
β2t,αx2(t+τ)
4σ2 +β2
t,αx(t)x(t+τ)
2σ2 + x(t)x(t+τ)σ2 +
−βt,αx(t)x(t + τ)
σ2 +βt,αx2(t + τ)
2σ2 − x2(t)2σ2 −
x2(t + τ)
2σ2 +βt,αx2(t)
2σ2 +
+βt,αx3(t)x(t+τ))
2σ4 +βt,αx(t)x3(t+τ)
2σ4 − 3βt,αx2(t)x2(t+τ)
4σ4 − βt,αx4(t+τ)
8σ4 −
+βt,αx4(t)
8σ4 + 3x2(t)x(t+τ)2
4σ4 − x3(t)x(t+τ)2σ4 − x(t)x3(t+τ)
2σ4 + x4(t)8σ4 + x4(t+τ)
8σ4 +
−5x4(t)x2(t+τ)16σ6 + 5x3(t)x3(t+τ)
12σ6 − 5x2(t)x4(t+τ)16σ6 + x5(t)x(t+τ)
8σ6 +
− x6(t)48σ6 −
x6(t+τ)48σ6 + x(t)x5(t+τ)
8σ6 + ...
⟩em que βt,α =− j2παt.
Agrupando os termos que possuem σ2 no denominador e nomeando os termos com σ
com potência maior do que 2 no denominador de ξασ(t,τ), obtêm-se a seguinte Equação
V αx (τ) =
1√2πσ
⟨∞
∑n=0
[(−1)n βn
t,αn! +
nβn−1t,α
2σ2n! (x(t)− x(t + τ))2
]+ξ
ασ(t,τ)
⟩, (4.7)
em que∞
∑n=0
nβn−1t,α
2σ2n!(x(t)− x(t + τ))2 representa os termos ponderados por 1/σ2.
Dado que∞
∑n=0
(−1)n βnt,α
n!é a expansão de Taylor para função exponencial com coefici-
ente negativo, a Equação (4.7) pode ser reescrita como
V αx (τ) =
⟨eβt,α
⟩√
2πσ+
12√
2πσ3
⟨(x(t)− x(t + τ))2eβt,α
⟩+
1√2πσ〈ξα
σ(t,τ)〉 . (4.8)
Expandindo o termo quadrático, obtêm-se
Correntropia Cíclica 31
V αx (τ)=
⟨eβt,α
⟩√
2πσ+
12√
2πσ3
⟨x2(t)eβt,α + x2(t + τ)eβt,α−2x(t)x(t + τ)eβt,α
⟩+
1√2πσ〈ξα
σ(t,τ)〉 ,
(4.9)
em que⟨
x(t)x(t + τ)eβt,α⟩
é a Função de Autocorrelação Cíclica (CAF) de um processo
policicloergódico x(t), denotada por Rαx (τ) [Gardner et al. 1994]. Substituindo o valor de
βt,α, reagrupando os termos e assumindo que no infinito x(t + τ) = x(t), obtêm-se:
V αx (τ) =
1√2πσ
(⟨e− j2παt⟩− Rα
x (τ)
σ2 +
⟨x2(t)e− j2παt⟩
σ2 + 〈ξασ(t,τ)〉
). (4.10)
A Equação (4.10) demonstra que independente do processo estocástico utilizado sem-
pre haverá uma senoide deslocando a resposta, essa propriedade é devido ao termo⟨e− j2παt⟩
e, o termo Rαx (τ) evidencia a presença dos momentos estatísticos de segunda ordem. Além
disso, todos os termos são ponderados pelo tamanho do kernel, assumindo um papel muito
importante para ponderar os efeitos dos momentos estatísticos de segunda e alta ordem.
De fato, para um tamanho de kernel suficientemente grande, a tradicional estatística de
segunda ordem é preservado e o termo 〈ξασ(t,τ)〉 tende a zero. No Apêndice A encontra-se
de forma detalhada a dedução da CCF demonstrando a influência do tamanho do kernel.
Dessa forma, a função V αx (τ) contempla as informações cicloestacionárias obtidas por
meio da CAF, podendo ser considerada neste sentido, uma generalização da mesma. Ao
contrário de Rαx (τ), que evidencia apenas as cicloestacionariedades de segunda ordem
presentes em um sinal aleatório, a função V αx (τ) permite analisar cicloestacionariedades
de segunda ordem e de ordem superior de um processo x(t) por meio de um ajuste do
parâmetro livre σ.
Correntropia Cíclica 32
4.3 Função Densidade Espectral de correntropia Cíclica
(CCSD)
A transformada de Fourier da autocorrentropia é denominada Densidade Espectral de
correntropia [Xu & Principe 2008]. Essa relação pode ser utilizada na CCAF para obter
a Função de Densidade Espectral de correntropia Cíclica (CCSD), Cαx ( f ), definida pela
Equação
Cαx ( f ) =
∫∞
−∞
V αx (τ)e− j2π f τdτ (4.11)
Análogo à SCD, a CCSD também possui as seguintes propriedades de simetria:
C−αx ( f ) =Cα
x ( f ) (4.12)
Cαx (− f ) =Cα
x ( f )
Além disso, quando α = 0 a CCSD representa a densidade espectral de correntropia.
A CCSD permite extrair características cicloestacionárias de segunda ordem ou de or-
dem superior de processos aleatórios, generalizando a função SCD calculada a partir da
autocorrelação. O uso dessa função pode ser interessante em aplicações de rádio cogni-
tivo, tanto em problemas de sensoriamento espectral quanto na classificação automática
de sinais modulados quando utiliza-se modulações de alta ordem, ou em outras aplicações
que envolvem sinais com cicloestacionariedades de ordem superior.
É importante destacar que a análise cicloestacionária por meio da correntropia de-
pende do parâmetro livre (σ), denominado de tamanho do kernel, empregado na função
gaussiana da correntropia. Como na correntropia convencional, o tamanho do kernel está
relacionado diretamente com o desempenho da CCF e CCSD. A influência desse parâme-
tro sobre o cálculo da CCSD é analisado a seguir por meio de experimentos computacio-
Correntropia Cíclica 33
nais com um sinal cosseno ilustrado na Figura 4.1.
Observa-se na Figura 4.1 resultados distintos para os dois diferentes tamanhos de
Kernel. Quando o kernel é grande, os momentos estatísticos de alta ordem são ponderados
e a CCSD tende a clássica SCD de segunda ordem com o pico principal na posição duas
vezes a frequência da senoide. Por outro lado, quando o tamanho do kernel diminui os
momentos estatísticos de alta ordem predominam e outras informações adicionais sobre
o sinal é extraído devido a transformação não linear do kernel gaussiano.
Correntropia Cíclica 34
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Tempo (s)
(a) Cosseno com frequência 1024 Hz e taxa de amostra-gem de 16.384 Hz
(b) |CCSD| com tamanho do kernel igual a 10.
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil a
lpha
(c) Perfil alfa da CCSD com tamanho do ker-nel igual a 10.
(d) |CCSD| com tamanho do kernel igual a 0.1.
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil a
lpha
(e) Perfil alfa da CCSD com tamanho do kernel iguala 0.1.
Figura 4.1: Cálculo da CCSD para um cosseno com uma frequência fundamental
Correntropia Cíclica 35
4.4 Síntese
Métodos tradicionais de análise de cicloestacionariedade de ordem superior são ge-
ralmente complexos e inviáveis para a maioria das aplicações de tempo real. Como al-
ternativa aos métodos clássicos de análise de cicloestacionariedades de ordem superior, o
presente capítulo define uma nova ferramenta matemática para a análise de cicloestaciona-
riedade de ordem superior baseada na função de correntropia, denominada de Função de
correntropia Cíclica. Foi demonstrado matematicamente que a CCF contém informações
de infinitos momentos estatísticos, sendo uma generalização da Função de Autocorrela-
ção Cíclica. Além disso, foi demonstrado que o parâmetro livre σ tem um papel muito
importante para ponderar os efeitos dos momentos estatísticos de segunda e alta ordem.
No próximo capítulo, o desempenho da ferramenta CCF será avaliado com as mo-
dulações digitais BFSK, BPSK, ASK, AM, QPSK e 16-QAM, na presença de ruído não
gaussiano. Foram realizados um conjunto de experimentos para extração de característi-
cas de sinais aleatórios e um estudo de caso para sensoriamento espectral.
Capítulo 5
CCSD Aplicada a Análise de Sinais
Cicloestacionários
Neste capítulo serão apresentadas as assinaturas cicloestacionárias das modulações
AM, BFSK, MSK, BPSK, QPSK e 16-QAM, utilizando-se os métodos SCD e CCSD. O
objetivo é analisar a função densidade espectral de correntropia cíclica, relacionando-a
ao desempenho da clássica função de densidade espectral cíclica na obtenção de des-
critores de sinais cicloestacionários. Serão apresentadas as etapas do algoritmo Cyclic
Periodogram Detection responsável pela implementação dos métodos SCD e CCSD re-
alizados neste trabalho. Além disso, serão analisados os detalhes da versão paralelizada
da CCSD desenvolvida no contexto desta Tese. Resumidamente serão quatro experimen-
tos, divididos da seguinte forma: sensoriamento espectral com ruído impulsivo, extração
de característica com ruído gaussiano e não-gaussiano, assinaturas cicloestacionárias de
sinais modulados e análise da escalabilidade paralela da CCSD.
Os sinais utilizados na análise de desempenho da CCSD foram criados com os parâ-
metros de simulação apresentados na Tabela 5.1 com filtro de formatação de pulso do tipo
raiz quadrada do cosseno elevado, com fator de rolamento (roll−o f f ) r = 0.5. Todos os
experimentos desse capítulo utilizaram dois tipos de canal de comunicação: o primeiro
com um ruído aditivo gaussiano branco (AWGN) com média nula e densidade espectral
de potência igual a N0/2 por dimensão; o segundo canal foi modelado por uma distri-
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 37
buição de probabilidade bimodal para representar um ruído impulsivo caracterizado pela
Equação 5.1 e PDF ilustrada na Figura 5.1.
P(i) = 0.8N(0,0.01)+0.2N(6,0.01) (5.1)
−1 0 1 2 3 4 5 6 70
10
20
30
40
50
60
70
80
PD
F
Valor
Figura 5.1: Função densidade de probabilidade do ruído da impulsivo
Parâmetros ValoresFrequência de amostragem 16384 HzFrequência Intermediária 1024 Hz
Taxa de símbolo 1024 Baud
Tabela 5.1: Parâmetros de simulação computacional dos sinais analisados
5.1 Algoritmo Cyclic Periodogram Detection (CPD)
O algoritmo Cyclic Periodogram Detection (CPD) proposto por [Zhang & Xu 2007]
implementa um algoritmo que estima a função SCD. Neste trabalho, o algoritmo CPD
foi modificado para calcular uma aproximação da CCSD. A obtenção das assinaturas
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 38
cicloestacionárias dos experimentos realizados pode ser descrito por meio dos seguintes
passos:
Passo 1. O sinal de entrada, x[n], é segmentado em L blocos de N amostras, como ilus-
trado na Figura 5.2.
Passo 2. Calcula-se a média da correntropia para cada bloco, l = 0,1,2, ...,L−1.
Ml =N−1
∑τn=0
N−1
∑n=0
G(xl[n],xl[n+ τn]) (5.2)
Passo 3. Calcula-se a correntropia centralizada para cada bloco de tamanho N com α[n] =
nN ,n = 0,1,2, ...,N−1, l = 0,1,2, ...,L−1.
V αnl [τn] =
N−1
∑n=0
{[G(xl[n],xl[n+ τn])−Ml]e− j2παnn} (5.3)
Passo 4. Calcula-se o valor médio de Cαnl [τ] sobre os L blocos:
V αn[τn] =1L
L−1
∑l=0
V αnl [τn] (5.4)
Passo 5. Calcula-se o módulo da transformada discreta de Fourier sobre τn.
|Cαn[k]|= | 1N
N−1
∑τn=0
V αn [τn]e− j 2π
N kτn | (5.5)
Figura 5.2: Passo 1. x[n],n = 0,1,2,3, ...,N−1, l = 0,1,2,3, ...,L−1 [Farias et al. 2011]
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 39
O cálculo da SCD também foi baseada no algoritmo CPD por meio dos seguintes
passos:
Passo 1. Dado o sinal xl[n], onde l = 0,1, . . . ,L−1 identifica os blocos e n= 0,1, . . . ,N−
1 identifica as amostras nos blocos, calcula-se o a transformada discreta de Fourier
de cada um dos L blocos, ou seja,
Xl[k] =N−1
∑n=0
xl[n]e−j 2π
N kn, k = 0,1, . . . ,N−1; (5.6)
Passo 2. Calcula-se a seguinte expressão para k = 0,1, . . . ,N−1 e l = 0,1, . . . ,L−1:
T α
l [k] =1N
Xl
[k+
α
2
]X∗l[k− α
2
]; (5.7)
Passo 3. Calcula-se o valor médio de T α
l [k] sobre todos os L blocos:
Sαn[k] =1L
L−1
∑l=0
T α
l [k], k = 0,1, . . . ,N−1; (5.8)
5.2 Sensoriamento Espectral
Em geral os sinais de sistemas de comunicação exibem alguma periodicidade em seus
parâmetros estatísticos, decorrentes, dentre outras ações, da presença de sinais que pos-
suem periodicidade, tais como aqueles encontrados em processos de modulação, amos-
tragem ou codificação por sequência de espalhamento espectral. Visando realizar uma
comparação entre os métodos SCD e CCSD no sensoriamento espectral, foram criados
duas hipóteses H0 e H1 expressas como
H0 : y[n] = s[n]+η[n] (5.9)
H1 : y[n] = η[n] (5.10)
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 40
em que y(n) indica o sinal sensoriado, η(n) representa um ruído impulsivo caracterizado
pela Equação (5.1) e s(n) é o sinal transmitido pelo usuário utilizando uma das seguintes
modulações: AM, MSK, BPSK, BFSK, QPSK e 16-QAM.
Os métodos SCD e CCSD são aplicados aos sinais, e o resultado classificado como
H0 ou H1. O objetivo é identificar periodicidade no sinal y[n], demonstrando a presença
de usuário primário. Inicialmente, o método SCD é avaliado para as modulações AM,
MSK e BPSK e os resultados estão ilustrados na Figura 5.3. Através do perfil alfa de cada
modulação é possível concluir que o método SCD não conseguiu identificar nenhuma
característica que demonstrasse a presença de um sinal modulado no canal, evidenciando
a ineficácia do método baseado na SCD para este cenário de sensoriamento, uma vez que
a hipótese H0 contém um sinal transmitido por um usuário.
A Figura 5.4 ilustra o método SCD para as modulações BFSK, QPSK e 16QAM com
relação sinal/ruído (SNR) fixa em 0,18 dB. Da mesma forma das modulações anteriores,
o método SCD falhou na identificação do usuário primário no canal, exceto para a modu-
lação BFSK, em que a SCD conseguiu extrair um pico na frequência 2000 Hz detectando
a presença de um usuário primário durante o sensoriamento do canal.
Portanto, o método de sensoriamento baseado na função SCD foi ineficiente neste ce-
nário de comunicação, caracterizado pelo ruído não-gaussiano, falhando em quase todos
os testes de sensoriamento sob a hipótese H0, com exceção do sensoriamento do sinal
com modulação BFSK.
Para efeitos comparativos, os mesmos testes foram realizados para o método proposto
neste trabalho (CCSD), e os resultados estão ilustrados nas Figuras 5.5 e 5.6. O método
de sensoriamento baseado na função CCSD, através do ajuste do tamanho do kernel,
se mostrou tolerante à presença do ruído impulsivo, conseguindo extrair características
(picos) de todas as modulações, evidenciando a presença do usuário primário no canal
sensoriado, quando na hipótese H0.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 41
(a) |SCD| da modulação AM
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação AM
(c) |SCD| da modulação MSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação MSK
(e) |SCD| da modulação BPSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação BPSK
Figura 5.3: |SCD| e perfil-alfa para as modulações AM, MSK e BPSK com ruído não-gaussiano.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 42
(a) |SCD| da modulação BFSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação BFSK
(c) |SCD| da modulação QPSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação QPSK
(e) |SCD| da modulação 16QAM
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação 16QAM
Figura 5.4: |SCD| e perfil-alfa para as modulações BFSK, QPKS e 16-QAM com ruídonão-gaussiano.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 43
(a) |CCSD| da modulação AM
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação AM
(c) |CCSD| da modulação MSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação MSK
(e) |CCSD| da modulação BPSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação BPSK
Figura 5.5: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações AM, MSK e BPSK com ruído não-gaussiano.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 44
(a) |CCSD| da modulação BFSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação BFSK
(c) |CCSD| da modulação QPSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação QPSK
(e) |CCSD| da modulação 16QAM
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação 16QAM
Figura 5.6: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações BFSK, QPKS e 16-QAM com ruídonão-gaussiano.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 45
A hipótese H1 representa a presença de somente ruído no canal sensoriado e, conse-
quentemente, ocorre quando o canal encontra-se desocupado. Sendo assim, o falso alarme
acontece quando um canal está desocupado, mas é detectado alguma característica na as-
sinatura cicloestacionária, como o pico do sinal por exemplo. Dessa forma, os métodos
SCD e CCSD foram analisados para hipótese H1 e ilustrados na Figura 5.7. Observa-se
que ambos os métodos conseguiram um bom resultado ao não registrar um falso alarme.
(a) |SCD| para um canal com apenas ruído impulsivo
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da |SCD| para um canal com apenas ruídoimpulsivo
(c) |CCSD| para um canal com apenas ruído impulsivo
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da |CCSD| para um canal com apenasruído impulsivo
Figura 5.7: |CCSD| e SCD para a hipótese H1.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 46
5.3 Assinaturas Cicloestacionárias para Modulações Di-
gitais
Os modernos sistemas de comunicação sem fio empregam, frequentemente, técni-
cas adaptativas de modulação para proporcionar uma alta taxa de transmissão enquanto
asseguram Qualidade de Serviço (QoS). Para que as técnicas de modulação adaptativas
funcionem no cenário de rádio cognitivo é necessário que o receptor identifique o tipo de
modulação empregada pelo transmissor, procedimento denominado classificação automá-
tica de modulação (AMC).
As arquiteturas de AMC são divididas em duas etapas: pré-processamento e clas-
sificação. A primeira etapa consiste na extração de características do sinal analisado.
Nos últimos anos, a extração de características cicloestacionárias para realizar o AMC
tem sido proposta em vários trabalhos [Satija et al. 2014b, Ramkumar 2009, Zhou &
Man 2013, Phukan & Kumar Bora 2014]. O objetivo dessa seção é disponibilizar e
analisar as assinaturas cicloestacionárias das modulações 16-QAM, QPSK, ASK, BPSK,
BFSK, MSK e AM a partir do cálculo da função CCSD.
É importante destacar que alguns tipos de modulações apresentam as mesmas caracte-
rísticas cicloestacionárias de segunda ordem, não sendo possível diferenciá-las por meio
do cálculo da função SCD. Podem ser citados como exemplos, as modulações M-PSK
(para M>4) e 16-QAM, e as modulações ASK e BPSK [Gardner et al. 1994]. Nesse caso,
a análise de cicloestacionariedades de ordem superior tende a melhorar o desempenho
dos métodos de processamento de sinais empregados. Em virtude disso, como a função
CCSD considera informações contidas em infinitos momentos estatísticos, ela pode ser
mais indicada para a análise dessas modulações, por conseguir gerar assinaturas cicloes-
tacionárias distintas. Cada assinatura foi analisada para três diferentes tamanho de kernels
1, 0,1 e 0,01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 47
5.3.1 Modulações 16-QAM, QPSK, ASK e BPSK
É conhecido que alguns tipos de modulações digitais apresentam as mesmas caracte-
rísticas cicloestacionárias de segunda ordem. A fim de solucionar esse problema, a fun-
ção CCSD foi avaliada sobre essas modulações com três diferentes tamanhos de kernel.
Observa-se nas Figuras 5.8, 5.9, 5.10 e 5.11 que a CCSD para os tamanhos de kernel 0,1
e 0,01 possuem assinaturas cicloestacionárias diferentes. Essa característica é devido aos
infinitos momentos estatísticos que a CCSD consegue extrair do sinal analisado, fazendo
com que o momento de segunda ordem seja complementada pelas informações contidas
nos momentos de alta ordem.
Por outro lado, para um tamanho de kernel a partir de 1, as assinaturas cicloesta-
cionárias começam a ficar idênticas, não sendo possível diferenciá-las por uma simples
inspeção. Isso acontece devido ao tamanho do kernel, que tem um papel importante na
ponderação dos efeitos dos momentos estatísticos. Para um tamanho de kernel a partir de
1, o momento de segunda ordem prevalece sobre os de alta ordem.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 48
(a) |CCSD| da modulação 16-QAM com σ = 1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação 16-QAM com σ = 1
(c) |CCSD| da modulação 16-QAM com σ = 0,1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação 16-QAM com σ = 0,1
(e) |CCSD| da modulação 16-QAM com σ = 0,01
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação 16-QAM com σ = 0,01
Figura 5.8: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações 16-QAM para σ igual a 1, 0.1 e 0.01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 49
(a) |CCSD| da modulação QPSK com σ = 1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação QPSK com σ = 1
(c) |CCSD| da modulação QPSK com σ = 0,1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação QPSK com σ = 0,1
(e) |CCSD| da modulação QPSK com σ = 0,01
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação QPSK com σ = 0,01
Figura 5.9: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações QPSK para σ igual a 1, 0,1 e 0,01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 50
(a) |CCSD| da modulação ASK com σ = 1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação ASK com σ = 1
(c) |CCSD| da modulação ASK com σ = 0,1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação ASK com σ = 0,1
(e) |CCSD| da modulação ASK com σ = 0,01
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação ASK com σ = 0,01
Figura 5.10: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações ASK para σ igual a 1, 0,1 e 0,01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 51
(a) |CCSD| da modulação BPSK com σ = 1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação BPSK com σ = 1
(c) |CCSD| da modulação BPSK com σ = 0,1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação BPSK com σ = 0,1
(e) |CCSD| da modulação BPSK com σ = 0,01
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação BPSK com σ = 0,01
Figura 5.11: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações BPSK para σ igual a 1, 0,1 e 0,01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 52
5.3.2 Modulações BFSK, MSK e AM
Com o objetivo de aprofundar o estudo da CCSD na extração de características de
modulações digitais, as modulações BSPK, MSK e AM também foram analisadas. Espe-
cificamente, foram obtidas por meio da função CCSD, assinaturas cicloestacionárias para
essas modulações, considerando diferentes tamanhos de kernel.
Nas Figuras 5.12 e 5.13 é possível observar que, independentemente do tamanho do
kernel, todas as assinaturas cicloestacionárias são diferentes entre se. Ou seja, mesmo
em duas modulações binárias da mesma família (BFSK e MSK), a CCSD conseguiu ex-
trair informações distintas, viabilizando o uso da medida em diferentes contextos. De
forma análoga, a CCSD aplicada sobre a modulação AM também se mostrou eficiente,
conseguindo extrair informações sobre o sinal modulado, como ilustrado na Figura 5.14.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 53
(a) |CCSD| da modulação BFSK com σ = 1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação BFSK com σ = 1
(c) |CCSD| da modulação BFSK com σ = 0,1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação BFSK com σ = 0,1
(e) |CCSD| da modulação BFSK com σ = 0,01
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação BFSK com σ = 0,01
Figura 5.12: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações BFSK para σ igual à 1, 0,1 e 0,01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 54
(a) |CCSD| da modulação MSK com σ = 1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação MSK com σ = 1
(c) |CCSD| da modulação MSK com σ = 0,1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação MSK com σ = 0,1
(e) |CCSD| da modulação MSK com σ = 0,01
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação MSK com σ = 0,01
Figura 5.13: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações MSK para σ igual à 1, 0,1 e 0,01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 55
(a) |CCSD| da modulação AM com σ = 1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa da modulação AM com σ = 1
(c) |CCSD| da modulação AM com σ = 0,1
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa da modulação AM com σ = 0,1
(e) |CCSD| da modulação AM com σ = 0,01
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa da modulação AM com σ = 0,01
Figura 5.14: |CCSD| e perfil-alfa para as modulações AM para σ igual à 1, 0,1 e 0,01.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 56
5.4 Análise da Escalabilidade Paralela da CCSD
A ferramenta proposta neste trabalho, apesar de se mostrar bastante robusta a ruído
e conseguir extrair informação de infinitos momentos estatísticos, possui como principal
desvantagem a sua elevada complexidade computacional. Visando reduzir essa complexi-
dade e o tempo computacional para calcular as assinaturas cicloestacionárias, foi desen-
volvido uma versão paralelizada do algoritmo CPD proposto na seção 5.1, aproveitando-
se do poder computacional disponível nos processadores multi-core.
Nos últimos anos, os processadores multi-core vêm sendo utilizados extensivamente
em diversos tipos de equipamentos em substituição aos processadores singlecore. Dentre
as principais razões para esse fenômeno podem ser citadas a sua maior capacidade de
processamento de dados e a possibilidade de redução do seu consumo de energia em
função da variação de alguns dos seus parâmetros de funcionamento, tais como frequência
de operação e tensão de alimentação [Arthur et al. 2014].
A estratégia de paralelização adotada no algoritmo proposto, ilustrado na Figura 5.15,
ocorre em cinco etapas. No diagrama, os blocos sobrepostos representam a carga compu-
tacional e as setas indicam as threads em execução.
A etapa 1 consiste na declaração de ponteiros locais a partir dos dados de L e N, em
que σ representa o tamanho do kernel. Devido a baixa complexidade computacional, essa
etapa é executada de forma serial. Além disso, uma região paralela é criada através da
diretiva parallel, em que um bloco de código é executado por múltiplas threads.
A etapa 2 consiste no cálculo da correntropia a cada um dos L blocos. Por padrão, a
diretiva pragma omp f or possui uma barreira implícita, em que a execução do código só
continua quando todas as threads terminarem as tarefas daquele laço.
A etapa 3 é a que possui o maior custo computacional, onde será computado de forma
paralela o valor da CCF para cada bloco L. Em seguida, a etapa 4 calcula a média para
cada bloco e por fim, na última etapa, a transformada discreta de Fourier é aplicada pa-
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 57
ralelamente para cada τ usando a Fastest Fourier Trans f orm in the West, resultando na
CCSD.
Figura 5.15: Diagrama de blocos com o pseudocódigo do algoritmo paralelo propostopara cálculo da CCSD.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 58
Para avaliar o desempenho do algoritmo paralelo proposto, sua codificação foi feita
na linguagem C utilizando o OpenMP, com sistema operacional Ubuntu. Todos os testes
foram realizados em um servidor equipado com 4 processadores AMD Opteron 6376,
cada um contendo 16 núcleos, totalizando 64 núcleos de processamento, com cache L1
de 768KB, L2 16MB e L3 com 16MB. A memória principal do servidor é de 256 GB.
A escalabilidade do algoritmo paralelo proposto foi analisada utilizando duas métri-
cas: o speedup e a eficiência. Tais medidas relacionam o tempo de execução do algoritmo
paralelo e seu equivalente sequencial. Neste trabalho, as métricas de desempenho foram
avaliadas em função do tamanho de blocos (N) e da quantidade desses blocos (L).
O speedup é uma métrica que mede quantas vezes o algoritmo paralelo é mais rápido
que o sequencial [Amdahl 1967]. O cálculo do speedup é dado por:
Sp =Ts
Tp, (5.11)
em que Ts é o tempo de execução do algoritmo sequencial e Tp, o do programa paralelo
utilizando p núcleos. Em tese, e a priori, é esperado que um programa paralelo execu-
tado em uma máquina com p processadores tenha um tempo de execução p vezes mais
rápido que seu equivalente sequencial, ou seja, Sp = p. Nesse caso, diz-se ter obtido um
speedup linear ou ideal. Na Figura 5.16, observa-se um speedup praticamente linear para
a configuração N = 128 e L = 32. Por outro lado, para N = 512 e L = 32, 64 e 128 a taxa
de crescimento do speedup diminui com o aumento de processadores. Isso ocorre porque
ao aumentar a quantidade de processadores, mantendo o tamanho do problema constante,
a quantidade de trabalho do processador será cada vez menor, distanciando as curvas do
speedup linear.
Também na Figura 5.16, observa-se, nas curvas para (N = 256;L = 16), (N = 512;L =
64) e (N = 512;L = 8), um fenômeno denominado de speedup superliner. Isso acontece
quando obtem-se um speedup maior que o ideal, ou seja, Sp > p. A justificativa para esse
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 59
efeito é devido a hierarquia de memórias do microcomputador utilizado, onde o aumento
do uso da memória cache supera as limitações da memória principal. A Tabela 5.2 de-
monstra o poder da arquitetura paralela na economia de tempo de resposta do algoritmo.
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64
20
40
60
80
100
120
Processadores
Spe
edup
IdealN:128 L:32N:128 L:64N:256 L:16N:256 L:32N:512 L:8N:512 L:32N:512 L:64N:512 L:128
Figura 5.16: Speedup para diversos valores de tamanho de blocos (N) e quantidade deblocos (L), variando-se a quantidade de processadores p = 1,2, ...,64.
No de Processadores Tempo(s) L=8;N=512 Tempo(s) L=64;N=5121 179,7 2153,66 23,8 299,112 12,4 128,418 8,7 96,624 6,6 72,730 5,5 41,736 4,5 36,742 3,9 31,548 3,5 27,654 3,1 24,760 2,9 22,364 2,7 21,7
Tabela 5.2: Tempo de simulação para diferentes tamanhos de L e N com quantidade deprocessadores variando de 1 a 64.
A segunda métrica utilizada, a eficiência, é dada pela divisão entre o speedup e a
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 60
quantidade de processadores utilizada, tal que:
Ep =Sp
p(5.12)
indicando a fração de tempo utilizada pelos processadores na realização de trabalho útil.
A eficiência é um valor, entre zero e um, que expressa o quão bem os processadores estão
sendo utilizados para resolver o problema.
A Figura 5.17 ilustra o resultado da eficiência paralela para diversas configurações de
tamanho de blocos N e quantidade de blocos L, fixando-se o número de processadores em
64. Observa-se em três configurações valores maiores do que 1, indicando uma eficiência
super linear. Além disso, para tamanhos e quantidade de blocos pequenos, a eficiência é
baixa. Entretanto, quando o N e L aumenta a eficiência melhora.
1632
64128
256512
24
816
3264
1280
0.5
1
1.5
Tamanho do Bloco (N)Número de Blocos (L)
Efic
iênc
ia
Figura 5.17: Eficiência paralela para diversas configurações de tamanhos de blocos N equantidade de blocos L, fixando-se o número de processadores em 64.
Portanto, com base na Figura 5.17 a melhor forma de se utilizar o algoritmo CCSD
paralelo proposto é com N maior do que 32 e L maior que 8, dessa forma é possível obter
uma boa eficiência do algoritmo.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 61
5.5 Síntese
A CCSD consegue extrair diferentes assinaturas cicloestacionárias para as modula-
ções analisadas, demonstrando um grande potencial de uso em problemas de classifica-
ção. A redução de dimensionalidade utilizando o perfil alfa viabiliza a aplicação direta
das assinaturas nos classificadores. A Figura 5.18 evidencia os diferentes perfis para as
modulações AM, MSK, BFSK, BPSK, QPSK e 16QAM. Além disso, a limitação da ci-
cloestacionariedade de segunda ordem para as modulações ASK,BPSK e QPSK, 16QAM
foram superadas com o uso da CCSD.
O tamanho do kernel funciona como uma janela pela qual pode-se enxergar particu-
laridades nas assinaturas de cada modulação e eliminar outliers. Quando ele assume um
tamanho pequeno, todas as assinaturas das modulações são bem diferentes entre si. En-
tretanto, quando o tamanho do kernel é maior do que 1, a estatística de segunda ordem
prevalece e, consequentemente,tem-se assinaturas iguais para as modulações ASK,BPSK
e QPSK, 16QAM.
Por meio da estratégia de paralelização proposta para o algoritmo CCSD, foi possível
reduzir significativamente o tempo necessário para se obter as características cicloesta-
cionárias. Além disso, os resultados demonstraram três configurações que o speedup e
eficiência superlinear, assim como uma boa escalabilidade para todas as configurações
testadas, demonstrando a relevância da estratégia proposta.
CCSD Aplicada a Análise de Sinais Cicloestacionários 62
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(a) Perfil alfa - AM
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(b) Perfil alfa - MSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(c) Perfil alfa - BFSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(d) Perfil alfa - BPSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(e) Perfil alfa - ASK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(f) Perfil alfa - QPSK
1000 2000 3000 4000 5000 60000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência cíclica
Per
fil α
(g) Perfil alfa - 16QAM
Figura 5.18: Perfil alfa da CCSD utilizando σ igual a 0,1.
Capítulo 6
Conclusões
Este trabalho propôs duas novas funções baseadas em correntropia para a análise de si-
nais cicloestacionários, denominadas Função de Correntropia Cíclica (CCF) e Função de
Densidade Espectral de Correntropia Cíclica (CCSD). Foi demonstrado analiticamente
que essas funções generalizam as funções clássicas de análise cicloestacionária de se-
gunda ordem, no sentido em que exploram cicloestacionariedades de segunda ordem e
de ordem superior para processos aleatórios. Dessa forma, é possível utilizar as funções
CCF e CCSD para a análise de sistemas não-lineares e fontes não-gaussianas, expandindo
a classe de problemas abordados pela análise cicloestacionária clássica.
A CCSD utiliza um kernel gaussiano que insere um parâmetro livre (σ) a ser ajustado
em função da aplicação. O ajuste desse parâmetro possibilita melhorar o desempenho
da função na extração de características cicloestacionárias do sinal de interesse, além
de minimizar os efeitos do ruído não-Gaussiano presentes no processo. Neste trabalho,
investigamos essa flexibilidade aplicando a função CCSD na extração de características
cicloestacionárias para diversas modulações contaminadas por um ruído não-gaussiano.
A função CCSD é capaz de extrair características mesmo em ambiente com muito ruído.
Resultados experimentais demonstraram que a CCSD é superior à SCD clássica, so-
bretudo na extração de características das modulações ASK, BPSK, QPSK e 16QAM, já
que classifica sinais onde a cicloestacionariedade de segunda ordem não conseguia extrair
informações distintas.
Conclusões 64
A ferramenta proposta possui a desvantagem na complexidade computacional. Vi-
sando reduzir o tempo computacional para calcular as assinaturas cicloestacionárias por
meio da CCSD, foi proposto uma versão paralelizada do algoritmo, no qual obteve um
bom speedup e eficiência, demonstrando-se escalável.
A partir da CCSD, pode-se extrair aplicações de extração de características de sinais
de telecomunicações, sistemas biológicos, meteorologia, climatologia, oceanografia, má-
quinas rotativas, entre outros, presentes em informações estatísticas de alta ordem, o que
pode melhorar significativamente o desempenho dos sistemas de processamento projeta-
dos.
6.1 Principais Contribuições
As principais contribuições apresentadas por esta Tese foram as seguintes:
1. Proposição de duas novas ferramenta (CCF e CCSD) para a extração de caracte-
rísticas cicloestacionárias presentes em momentos de alta ordem, por meio de uma
transformação baseada em correntropia.
2. A demonstração analítica de que a CCSD corresponde a uma generalização da SCD.
3. O estudo da análise da influência do tamanho do kernel na medida de correntropia
para processos aleatórios.
4. A análise e comparação da CSCD e SCD para ambientes com ruído não-gaussiano.
5. A obtenção de assinaturas cicloestacionárias por meio da função CCSD para as
modulações AM, ASK, BPSK, MSK, BFSK, QPSK e 16-QAM.
6. A análise da influência do tamanho do kernel para a CCSD.
7. A análise da escalabilidade de um algoritmo paralelo para o cálculo da CCSD.
Conclusões 65
6.2 Perspectivas para Trabalhos Futuros
Diante do trabalho apresentado, podem ser apontadas as seguintes propostas para tra-
balhos futuros:
1. Novas assinaturas baseadas na CCSD para modulações digitais que não são reco-
nhecidas pela SCD clássica.
2. Arquitetura para reconhecimento automático de modulações utilizando a CCSD.
3. Arquitetura para o sensoriamento espectral no contexto de rádio cognitivo.
4. Investigar detalhadamente a influência da quantidade de blocos (L) e amostras (N)
no cálculo da CCSD.
5. Propor estratégias eficientes para escolha do tamanho do kernel.
6. Implementar a CCSD em um hardware para rádio definido por software.
7. Investigar os requisitos de hardware da CCSD em uma FPGA.
8. Uso de outros kernels (não gaussianos) na CCSD.
9. Análise dinâmica de um tamanho de kernel adaptativo.
10. Analisar o desempenho da CCSD em diferentes canais de comunicação.
11. Analisar a redução do consumo de energia do algoritmo paralelo da CCSD em
função da variação de alguns dos seus parâmetros de funcionamento, tais como
frequência de operação e tensão de alimentação.
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66
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Apêndice A
Dedução Matemática da Generalização
da CCF
A CCF é definada como:
V αx (τ) =
⟨Gσ(x(t),x(t + τ))eβt,α
⟩, (A.1)
em que βt,α =− j2παt e o operador 〈.〉 definido por
〈.〉= limT→∞
12T
∫ T
−T(.)dt. (A.2)
Substituindo Gσ definida na Equação (2.2) na Equação A.1, obtêm-se:
V αx (τ) =
⟨1√2πσ
e−(x(t)−x(t+τ))2
2σ2 +βt,α
⟩. (A.3)
Reescrevendo a Equação (A.3) via série de Taylor, obtêm-se a seguinte Equação:
V αx (τ) =
1√2πσ
⟨∞
∑n=0
(−1)n
2nn!σ2n
[(x(t)− x(t + τ))2 +2σ2βt,α
]n⟩. (A.4)
Desenvolvendo a Equação (A.4) com objetivo de entender a influência de cada termo
no valor de V αx (τ), tem-se:
Conclusões 73
V αx (τ)=
1√2πσ
⟨−βt,α +
β2t,α2 −
β3t,α6 +
−β2x2(t))4σ2 −
β2t,αx2(t+τ)
4σ2 +β2
t,αx(t)x(t+τ)
2σ2 + x(t)x(t+τ)σ2 +
−βt,αx(t)x(t + τ)
σ2 +βt,αx2(t + τ)
2σ2 − x2(t)2σ2 −
x2(t + τ)
2σ2 +βt,αx2(t)
2σ2 +
+βt,αx3(t)x(t+τ))
2σ4 +βt,αx(t)x3(t+τ)
2σ4 − 3βt,αx2(t)x2(t+τ)
4σ4 − βt,αx4(t+τ)
8σ4 −
+βt,αx4(t)
8σ4 + 3x2(t)x(t+τ)2
4σ4 − x3(t)x(t+τ)2σ4 − x(t)x3(t+τ)
2σ4 + x4(t)8σ4 + x4(t+τ)
8σ4 +
−5x4(t)x2(t+τ)16σ6 + 5x3(t)x3(t+τ)
12σ6 − 5x2(t)x4(t+τ)16σ6 + x5(t)x(t+τ)
8σ6 +
− x6(t)48σ6 −
x6(t+τ)48σ6 + x(t)x5(t+τ)
8σ6 + ...
⟩Reescrevendo a Equação (A.4) agrupando os termos que possuem σ2 no denominador
e nomeando os termos com σ de potência maior do que 2 em ξασ(t,τ), obtêm-se:
V αx (τ) =
1√2πσ
⟨∞
∑n=0
[(−1)n βn
t,αn! +
nβn−1t,α
2σ2n! (x(t)− x(t + τ))2
]+ξ
ασ(t,τ)
⟩, (A.5)
em que∞
∑n=0
nβn−1t,α
2σ2n!(x(t)− x(t + τ))2 representa informações de segunda ordem. Dessa
forma, reorganizando a expressão obtêm-se:
V αx (τ)=
1√2πσ
⟨∞
∑n=0
(−1)n βnt,α
n!
⟩+
1√2πσ
⟨(x(t)− x(t + τ))2
2σ2
∞
∑n=0
(−1)n nβn−1t,α
n!
⟩+〈ξα
σ(t,τ),〉 ,
(A.6)
como nn! =
1(n−1)! , é possível demonstrar que:
∞
∑n=0
(−1)n nβnt,α
n!=
∞
∑n=1
(−1)n βn−1t,α
(n−1)!, (A.7)
fazendo uma mudança de variável n′ = n−1, obtêm-se:
Conclusões 74
∞
∑n=1
(−1)n βn−1t,α
(n−1)!=
∞
∑n′=0
(−1)n βn′t,α
n′!. (A.8)
Utlizando a propriedade A.8 na expressão A.6, resulta-se:
V αx (τ) =
1√2πσ
⟨∞
∑n=0
(−1)n βnt,α
n!
⟩+
12√
2πσ3
⟨(x(t)− x(t + τ))2
∞
∑n′=0
(−1)n βn′t,α
n′!
⟩+
1√2πσ〈ξα
σ(t,τ)〉 , (A.9)
dado que∞
∑n=0
(−1)n βnt,α
n!é a expansão de Taylor para função exponencial com coeficiente
negativo, e ajustando o σ para um valor suficientemente grande que minimize o efeito do
termo ξασ(t,τ), a Equação (A.9) pode ser reescrita como:
V αx (τ)≈
⟨eβt,α
⟩√
2πσ+
12√
2πσ3
⟨(x(t)− x(t + τ))2eβt,α
⟩. (A.10)
Expandindo o termo quadrático, obtêm-se
V αx (τ)≈
⟨eβt,α
⟩√
2πσ+
12√
2πσ3
⟨x(t)2eβt,α + x(t + τ)2eβt,α−2x(t)x(t + τ)eβt,α
⟩. (A.11)
Substituindo o valor de βt,α, obtêm-se:
V αx (τ)≈
⟨e− j2παt⟩√
2πσ+
12√
2πσ3
⟨x2(t)e− j2παt + x2(t + τ)e− j2παt−2x(t)x(t + τ)e− j2παt⟩ .
(A.12)
Observando que⟨x(t)x(t + τ)e− j2παt⟩ é a definição da CAF do processo aleatório,
denominada por Rαx (τ). Dessa forma, para um tamanho de kernel suficientemente grande,
obtêm-se:
Conclusões 75
V αx (τ)≈ 1√
2πσ
(⟨e− j2παt
2
⟩− Rα
x (τ)σ2 +
⟨x2(t)e− j2παt
2σ2
⟩+⟨
x2(t+τ)e− j2παt
2σ2
⟩)(A.13)
Demonstrando que a CCF é a generalização da CAF.
Apêndice B
Expansão em série de Taylor da CCF
A Função de Correntropia Cíclica é definida como:
V αx (τ) =
⟨Gσ(x(t),x(t + τ))e− j2παt⟩ . (B.1)
Substituindo o kernel gaussiano, obtêm-se a seguinte Equação:
V αx (τ) =
⟨1√2πσ
e−12σ2 (x(t)−x(t+τ))2−2σ2 j2παt
⟩. (B.2)
A expansão da série de Fourier para uma exponencial com expoente negativo é defi-
nida como:
e−x =∞
∑n=0
(−1)n xn
n!. (B.3)
Dessa forma, aplicando-se a expressão B.3 em B.2, obtêm-se:
V αx (τ) =
1√2πσ
∞
∑n=0
(−1)n
2nn!σ2n
⟨[(x(t)− x(t + τ))2−2 jσ22παt]2
⟩. (B.4)
Apêndice C
Correntropia para Diversos Sinais
Todos os sinais desse apêndice foram gerados com uma frequência de 10 Hz e frequên-
cia de amostragem de 500 Hz. O tamanho de kernel utilizado foi de 0.1.
0 50 100 150 200 250 300 350 400−3
−2
−1
0
1
2
3
Am
plitu
de
Amostras
(a) Forma de onda quadrada
0 50 100 150 200 250 300 350 400−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Aut
ocor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(b) Correntropia centralizada
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(c) CSD
Figura C.1: Onda quadrada.
Conclusões 78
0 50 100 150 200 250 300 350 400−3
−2
−1
0
1
2
3
Am
plitu
de
Amostras
(a) Forma de onda triangular
0 50 100 150 200 250 300 350 400−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Aut
ocor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(b) Correntropia centralizada
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1|A
utoc
orre
ntro
pia|
Frequência (Hz)
(c) CSD
Figura C.2: Onda triangular.
Conclusões 79
0 50 100 150 200 250 300 350 400−3
−2
−1
0
1
2
3
Am
plitu
de
Amostras
(a) Forma de onda senoidal com duas frequências
0 50 100 150 200 250 300 350 400−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Aut
ocor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(b) Correntropia centralizada
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(c) CSD
Figura C.3: Forma de onda senoidal com duas frequências 10 Hz e 20 Hz .
Conclusões 80
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900−3
−2
−1
0
1
2
3
Am
plitu
de
Amostras
(a) Forma de onda senoidal com três frequências
0 100 200 300 400 500 600 700 800−1
−0.8
−0.6
−0.4
−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Aut
ocor
rent
ropi
a
Atraso temporal
(b) Correntropia centralizada
0 20 40 60 80 1000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
|Aut
ocor
rent
ropi
a|
Frequência (Hz)
(c) CSD
Figura C.4: Forma de onda senoidal com três frequências 10, 20 e 60 Hz .
Apêndice D
Publicações
D.1 Artigos aceitos
1. Aluisio I.R Fontes, Allan de M. Martins, Luiz F. Q. Silveira, J.C Principe. Per-
formance evaluation of the correntropy coefficient in automatic modulation
classification. Publicado em: Expert Systems with Applications - ELSEVIER,
2015.
2. Aluisio I.R Fontes, Samuel Xavier-de-Souza, Adrião D. Dória Neto e Luiz F.Q
Silveira. On the parallel efficiency and scalability of the correntropy coefficient
for image analysis. Publicado em: Journal of the Brazilian Computer Socity -
Springer, 2014.
3. Aluisio I.R. Fontes, Pedro T.V. Souza, Adrião D. Dória Neto, Allan de M. Martins
e Luiz F.Q. Silveira. Classification System of Pathological Voices Using Corren-
tropy. Publicado em: Mathematical Problems in Engineering - Hindawi, 2014.
4. Leandro L. S Linhares, Aluisio I.R FOntes, Allan de M. Martins, Fábio M.U.
Araújo, Luiz F.Q. Silveira. Fuzzy Wavelet Neural Network Using a Correntropy
Criterion for Nonlinear System Identification. Publicado em: Mathematical Pro-
blems in Engineering - Hindawi, 2015.
5. Joilson B.A Rêgo, Aluisio I.R Fontes, Adrião D.D Neto, Luiz F. Q. Silveira, Allan
de M. Martins. Linear Regression Based on Correntropy For Sensor Calibra-
Conclusões 82
tion. Submetido em: Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente - XII SBAI,
2015.
D.2 Artigo em Processo de Submissão
1. Aluisio I.R Fontes, Joilson B.A Rêgo, Adrião D.D Neto, Allan de M. Martins,
Luiz F. Q. Silveira, J.C Principe. Cyclostationary Correntropy: definition and
applications. Submetido em: Signal Processing - ELSEVIER, 2015.