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USO DE IMAGENS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM CLASSES INCLUSIVAS
Márcia Kalinke¹Prof. Dr. Sandro Aparecido dos Santos²
Resumo:Esta atividade esteve voltada ao atendimento de alunos surdos do nono ano do Colégio Estadual Castro Alves. Por muitos anos, a Educação de Surdos foi restrita a escolas especiais e classes especiais, mas com a política de Educação Inclusiva, coube às escolas públicas se adequarem as necessidades especiais destes alunos. Isso passou a ser um desafio a escola, mesmo pensada há muito tempo, sua implantação é recente (ano 1999). É desafiador realizar o trabalho nas classes inclusas onde temos alunos chamados “normais” que já possuem suas diferenças e alunos com deficiência, no caso a surdez. Com o objetivo de entender o processo de aprendizagem na inclusão de surdos e partindo de pesquisas bibliográficas contando a sua trajetória no processo educacional no ensino regular, pode-se observar que estes necessitam de recursos visuais que levem a aquisição da leitura e escrita utilizada pelos ouvintes, garantindo uma educação de qualidade e levando a escola a enfrentar os desafios com vistas a atender as diferenças existentes em seu espaço físico e intelectual. Os objetivos que serviram de baliza para o projeto de intervenção procuraram tornar o espaço escolar um local favorável para aprendizagem de Ciências, por alunos inclusos, com o uso de Recursos Visuais e Tecnologia, respeitarem a experiência visual do aluno surdo no processo ensino-aprendizagem, confeccionar materiais didáticos com todos os alunos, seja ele, surdo ou ouvinte. Utilizar as tecnologias oferecidas pela escola no apoio às aulas de Ciências de classes inclusivas, usarem os recursos visuais e a tecnologia como instrumentos facilitadores da aprendizagem dos alunos inclusos e adaptar os conteúdos curriculares de ciências de forma a atender os alunos surdos.
Palavras-chaves: inclusão; educação de surdos; ensino; aprendizagem, recursos visuais. INTRODUÇÃO
Por muitos anos a educação de surdos esteve restrita a escolas
especiais e classes especiais, mas com a aplicação da política de educação,
¹ Professora de Ciências do Ensino Fundamental do Núcleo Regional de Pato Branco, PR, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, promovido pelo Governo do Estado do Paraná.² Professor Doutor em Ensino de Ciências pela Universidade de Burgos-Espanha, atuando no Departamento de Física da Unicentro, Guarapuava, PR.
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agora está se vivendo outra realidade, a das classes inclusivas e cabem as
escolas públicas se adequarem às necessidades especiais destes alunos.
Sabe-se que a maioria dos alunos surdos nasce em lares de pais ouvintes,
os quais nunca tiveram contato com o surdo antes, o que dificultava a
comunicação que provêm deste aluno. A criança surda convive com duas
culturas: a surda e a ouvinte, favorecendo assim o desenvolvimento bilíngue onde
a primeira língua deve ser a de sinais e a segunda o português.
Entende-se que é desafiador realizar o trabalho nas classes inclusivas
onde temos alunos “ouvintes” que já possuem suas diferenças e alunos com
deficiência no caso a surdez.
Os alunos surdos utilizam para a sua comunicação a linguagem de sinais
“Libras”, sendo considerada a sua primeira língua, independente do local onde
vivem e que é, na maioria das vezes, desconhecida por nós ouvintes. A língua de
sinais é visual e motora tornando compreensível o uso de materiais visuais para
melhor compreensão dos assuntos explorados, respeitando assim a experiência
visual no processo ensino aprendizagem.
A inclusão tende a promover a universalização da educação e diversidade,
tornando o aluno integrante desta, tendo acesso aos diversos saberes da melhor
maneira possível, então podem os recursos visuais, auxiliar neste processo de
formação de conceitos básicos dentro do estudo da óptica, interagindo assim com
a realidade no processo de ensino e aprendizagem contribuindo para o
desenvolvimento dos mesmos, tornando o processo de aquisição do
conhecimento formal uma atividade prazerosa.
DESENVOLVIMENTO
A idéia de diversidade no mundo tem sido difundida nas escolas brasileiras
e com isto a inclusão vem crescendo na Educação Básica (Ensino Fundamental e
Médio). Tivemos varias iniciativas com o trabalho na Educação Especial no Brasil
e leis que foram criadas para garantir o direito à educação.
São muitos os documentos internacionais que tratam da educação de
pessoas com deficiência, alguns foram selecionados com base em suas
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repercussões internacionais são eles: (a) Declaração de Cuenca, 1981; (b)
Declaração de Sunderberg, 1981; (c) Declaração Mundial de Educação para
todos, 1990; (d) Informe final do seminário da UNESCO, realizado em Caracas,
1992; (e) Declaração de Santiago, 1993; (f) Normas uniformes sobre a
igualdade de oportunidades para pessoas com incapacidades, aprovadas em
assembléia geral das Nações Unidas, 1993 e (g) Declaração de Salamanca, de
princípios, política e prática em Educação Especial, 1994.
Dentre estes documentos destaca-se a Declaração de Salamanca, na
Espanha, que propôs a adoção de eixos norteadores da Educação Especial. Seu
principio norteador é:
Todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos em desvantagem ou marginalização. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, p. 17- 18).
Na nossa Constituição de 1934 em seu artigo 149 diz: “a educação é um
direito de todos, deve ser gratuita e obrigatória”.
Em termos de Leis da Educação Brasileira temos a 4024/62 que no seu
Artigo 88 diz: “a educação de excepcionais deve no que for possível, enquadrar-
se no sistema geral de educação a fim de integrá-lo na comunidade”. Já a Lei
5692/71 em seu artigo 9 diz que:”os alunos que apresentam deficiências físicas e
mentais, as que se encontram em atraso considerável,quanto a idade regular de
matricula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com
as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação”.
Observa-se que a questão inclusão de alunos com necessidades especiais
já vinha sendo tratado desde as primeiras constituições e leis educacionais a nível
nacional. Muito embora sejam contraditórias as duas posições das leis vê-se que
o assunto previa a preocupação dos parlamentares com relação à inclusão destes
alunos.
A Constituição de 1988 diz que a Educação “é um direito de todos e dever
do Estado e da família [...]” e no Art. 208 “[...] o dever do Estado com a educação
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será efetivado mediante a garantia do atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino [...]”.
Na LDB Art. 58 “entende-se por educação especial, para efeitos desta Lei,
a modalidade de Educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para alunos portadores de necessidades especiais”.
A Constituição e a LDB garantem em aspectos legais aos portadores de
alguma deficiência, o direito de viver em comunidade e exigir da sociedade
mudanças na forma de ver e pensar a deficiência, combatendo assim a
discriminação além de garantir que estes alunos sejam atendidos
preferencialmente na rede regular de ensino.
Está se vivendo um momento de transição onde as escolas regulares estão
se adaptando ao processo de Inclusão escolar, pois a educação é um direito de
todos sem distinção e segundo as Diretrizes Curriculares (2006) cabe ao Estado
democrático, por meio de implementação de políticas publicas enfrentar as
desigualdades sociais e promover o reconhecimento político e a valorização dos
traços de especificidades culturais que caracterizam as diferenças das minorias
sem visibilidade sociais historicamente silenciadas.
Ser cidadão também supõe a apropriação e a fruição dos saberes acumulado historicamente, das formas mais desenvolvidas do conhecimento, dos seus símbolos e códigos, de tal maneira que constituíam instrumentos imprescindíveis ao pleno exercício da cidadania, isso representa a necessidade de superar as formas empíricas da educação, os conteúdos curriculares de orientação meramente manipulativos, as doses homeopáticas de escolaridade e as estratégias isoladas e espontaneistas de participação travestidas pelo discurso da
igualdade e da integração (ROSS, l998, p. 107 apud Paraná 2006, p.35 )
Segundo MANTOAN (1997),
As escolas inclusivas propõem um modelo de se construir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em virtude destas necessidades.A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoio a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na
corrente educativa geral. (MANTOAN (1997, p.36)
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Nesse sentido, o professor deve dar atenção especial à comunicação
visual como forma de interação e apoio à aprendizagem tornando-a agradável e
significativa, não perdendo sua objetividade e clareza lembrando-se sempre o
quanto este aluno é capaz de aprender.
Pensando nisso, no inicio de 2009, a capacitação de professores da rede
pública do Estado do Paraná foi direcionada a Inclusão Escolar, percebendo-se
assim a preocupação das políticas públicas sobre a dificuldade dos professores
em receber estes alunos com necessidades educacionais especiais onde não
havia nem informação nem estrutura física para este recebimento.
As Diretrizes Curriculares de Educação Especial requerem uma nova
compreensão sobre a Educação Especial em parceria com a educação geral,
atendendo as necessidades que estes alunos demandam.
“Constituem um conjunto de subsídios para formular proposta,
que deve integrar o Projeto político Pedagógico da escola, na
implementação de ações que efetivem um currículo voltado a
um ensino de qualidade, sob perspectiva do
reconhecimento,da atenção a diversidade do alunado”.
(PARANÁ,2006, p.53).
Para SKILIAR (1999), reconhecendo as diferenças entre ouvintes e surdos,
está se promovendo a igualdade de condições, lembrando que reconhecendo
estas é estar trabalhando com suas limitações e potencialidades.
Dentro da linguagem dos surdos o mundo é visto como sendo dividido em o mundo dos surdos e o mundo dos ouvintes. No mundo dos surdos, os surdos não são incapazes, mas simplesmente usam uma linguagem diferente que é visual/gestual. A comunidade dos surdos quer ser vista como uma comunidade lingüística e cultural diferente, e não ser vista como diferente por causa da incapacidade. A visão do mundo dominante dos surdos continua a ser o mundo como uma dicotomia de pessoas ouvintes e surdos. Isto é necessário para construir uma comunidade de surdos coesiva, autoconsciente e orgulhosa. (SKILIAR, 1999, p. 152).
E ainda segundo VYGOTSKI (2007, p.7), “A criança começa a perceber o
mundo não somente através dos olhos, mas também da fala”, por isso destaca-se
a importância do professor interprete na sala de aula porque a língua de sinais
torna-se essencial no desenvolvimento do aluno surdo alem de auxiliar o
professor de ciências na compreensão dos conteúdos expostos que não seriam
assimilados da mesma forma que os alunos ouvintes.
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O Estado do Paraná reconheceu oficialmente a língua gestual codificada
na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e outros recursos de expressão a ela
associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente.
A rede pública de ensino, através da Secretaria de Estado e Educação, deverá garantir acesso à educação bilíngüe (LIBRAS e Língua Portuguesa) no processo ensino-aprendizagem, desde a educação infantil até os níveis mais elevados do sistema educacional, a todos os alunos portadores de deficiência auditiva. (PARANÁ – LEI Nº 12.095/1998).
Baseado nesta lei, no ano de 2005 teve no Estado do Paraná a realização
do concurso publico para professores interpretes bilíngue que veio auxiliar o
professor regente nas atividades desenvolvidas por alunos portadores de
deficiência auditiva
A confecção de material pelos alunos surdos torna a educação mais visual,
assumindo sentimentos diferentes que satisfazem as necessidades de
desenvolvimento do educando. “Seu grande valor está em apresentar ricas
possibilidades para o estimulo de atividades nas crianças: físicas, motoras,
sensoriais, sociais, afetivas, intelectuais, lingüísticas, etc.” (CHICON, 2004, p.31).
Dessa forma espera-se no ensino de Ciências que aluno possa superar os
seus conhecimentos prévios com o rompimento de conceitos errôneos,
estabelecendo relações conceituais, interdisciplinares e contextuais, além de
saber utilizar a linguagem científica para comunicar-se e fazer do conceito
científico algo significativo em sua vida (PARANÁ, 2008).
Quando se fala em aprendizagem significativa tem-se em mente que ao
trabalhar o conteúdo o mesmo seja aprendido, se a ele forem aferidos conceitos
significativos. Para que isso aconteça o professor deverá ser o mediador do
conhecimento.
Diante do exposto até aqui sobre aprendizagem significativa, em relação
ao papel do professor como facilitador desta modalidade, para MOREIRA (1999)
cabe a ele quatro tarefas fundamentais:
1. Procurar identificar no conteúdo a ser ensinado os conceitos mais abrangentes e com maior capacidade de explanação e de integração, devendo-os organizá-los hierarquicamente, abrangendo os menos inclusivos indo até os exemplos específicos.2. Identificar os conceitos subsunçores relevantes do conteúdo a ser ensinado.3. Diagnosticar aquilo que o aluno já sabe.
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4. Utilizar recursos que viabilizem a significação do conteúdo de modo que o aluno possa assimilar o conteúdo em sua estrutura cognitiva, pela aquisição de significados claros, estáveis e transferíveis.
No uso de tecnologias e recursos visuais no processo educacional a
importância do professor é observar e analisar o percurso do aluno de modo a
intervir no processo de aquisição do conhecimento e utilização destas
tecnologias. “Vale dizer que, com as novas tecnologias, o lugar do saber se
descentraliza e se expande fazendo com que o conhecimento esteja em todo o
lugar e em nenhum lugar” (SILVA, 2001).
O professor ao utilizar esta nova forma de mediação pedagógica deve
estar preparado e não se deixar envolver pela magia dos recursos tecnológicos e
visuais e ignorar os princípios fundamentais da ciência e da educação sem
estimular o individualismo e a competitividade.
De acordo com a Diretriz Curricular de Ciências do Estado do Paraná,
observa-se que o uso de recursos visuais e tecnologias também são citados,
referendando assim a sua importância no processo educacional:
O processo ensino-aprendizagem pode ser melhor articulado com o uso de:• recursos pedagógicos/tecnológicos que enriquecem a prática docente, tais como: livro didático, texto de jornal, revista científica, figuras, revista em quadrinhos, música, quadro de giz, mapa (geográficos, sistemas biológicos, entre outros), globo, modelo didático (torso, esqueleto, célula, olho, desenvolvimento embrionário, entre outros), microscópio, lupa, jogo, telescópio, televisor, computador, retroprojetor, entre outros; • de recursos instrucionais como organogramas, mapas conceituais, mapas de relações, diagramas V, gráficos, tabelas, infográficos, entre outros; • de alguns espaços de pertinência pedagógica, dentre eles, feiras, museus, laboratórios, exposições de ciência, seminários
e debates. (DCE, 2008, p.73).
Estas tecnologias devem incluir aspectos construtivistas e tecnicistas que
levem o aluno a construir o conhecimento, utilizando de técnicas que o ajudam a
interpretar e compreender a influencia dos conteúdos no cotidiano além de
promover mudanças e transformações nos métodos de ensino e nos sistemas
educacionais obrigando a escola à formação de cidadãos preparados para
conviver com todos estes recursos tecnológicos que são utilizados na melhoria da
qualidade de ensino.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi extraída de estudos bibliográficos e pesquisa de
campo na cidade de Pato Branco, no Colégio Estadual Castro Alves – Ensino
Fundamental e Médio - EFM atendendo as necessidades de alunos portadores de
deficiência auditiva da oitava série (nono ano) do Ensino Fundamental sobre o
estudo de óptica, mais especificamente a função, construção e tipos de espelhos,
apresentados numa perspectiva crítica.
A implementação aconteceu no terceiro período do ano de 2011, no nono
ano do ensino fundamental, desenvolvendo atividades com os professores,
equipe pedagógica e com os alunos.
Aos professores e alunos foi aplicado um questionário para coleta de
dados a respeito do uso de imagens no processo ensino-aprendizagem de alunos
surdos.
Após a aula, com a utilização dos recursos tecnológicos, aplicou-se
avaliação da aprendizagem para saber se houve mudança na aquisição dos
conteúdos com a utilização de imagens nas aulas de Ciências em classes
inclusivas.
A construção do Material Didático Pedagógico foi elaborada com Material
Multimídia para pendrive com textos imagens, vídeos e atividades interativas dos
conteúdos trabalhados, utilizando a TV pendrive, o computador e o projetor
multimídia, facilitando a interpretação dos conteúdos de ciências referentes mais
especificamente a física, para contextualizar nas atividades dos alunos surdos e
ouvintes, na elaboração de materiais que facilitassem a construção do
conhecimento científico e também com apresentação dos trabalhos dos alunos
por meio das tecnologias que eles possuíam como: máquinas fotográficas, MP4 e
celulares, com o apoio do professor intérprete de Libras nas apresentações e
como trabalho final a elaboração de um mapa conceitual no conteúdo trabalhado.
Os materiais confeccionados e visualizados foram interpretados de acordo
com a visão que o educando teve, a partir da sua experiência no seu cotidiano
escolar.
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Na participação dos colegas professores pelo Grupo de Trabalho em Rede-
GTR, observou-se que os mesmos não estão tendo o preparo necessário para
atender os alunos com deficiência, seja ela de qualquer nível, pois segundo eles,
cada aluno apresenta uma realidade e um grau de dificuldade. No processo
ensino e aprendizagem.
As escolas contemplam em seus Projetos Políticos Pedagógicos
adaptações para receber alunos com deficiência e o professor tem buscado
informações e materiais adequados para atendê-los, mas ao mesmo tempo,
sentem-se angustiados pois os materiais encontrados não são o suficiente para
atender a demanda, ou seja, percebe-se por parte do professor uma ânsia grande
de conhecimento para trabalhar com inclusão.
Como contribuição os colegas relataram ainda que o uso de imagens e
vídeos para atender alunos surdos é de grande valia, mas o professor tem que ter
ciência de que estas imagens terão diversas interpretações de acordo com a
visão e experiências de mundo. Para isso a utilização da grafia também passa a
ser uma imagem e uma necessidade por parte do aluno incluso,tendo assim a
importância do uso de mapa conceitual, onde ele demonstra o conhecimento
adquirido e o relaciona aos demais conteúdos trabalhados na disciplina de
ciências.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Dentre as atividades realizadas utilizou-se o pré-teste e o pós-teste com as
mesmas questões sobre o assunto explorado, ou seja, Óptica e Espelhos,
podendo assim desenvolver comparações no crescimento dentro do processo
ensino aprendizagem,lembrando que analisou-se apenas as respostas dos alunos
inclusos surdos. As respostas obtidas na primeira questão referente a importância
da luz, no pré-teste as respostas foram: enxergar,ver; já no pós-teste: a
observação da natureza, os seres humanos e até mesmo os atos praticados pelo
mesmo.
A questão número dois refere-se à utilidade da luz. No pré-teste a resposta
foi em outras palavras retirada da escuridão e obtenção de claridade. No pós-
teste foi, além disso, como a necessidade da luz para obtenção do oxigênio, a
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fotossíntese e a realização de processos metabólicos nos organismos vivos. A
terceira questão no teste refere-se a emissão de luz por parte dos objetos ou dos
olhos. Não obtivemos resposta alguma no pré-teste já no segundo momento a
resposta foi a emissão de luz se dá por parte dos corpos celestes, no nosso caso
o Sol, e os demais corpos apenas refletem a luz, como acontecem nos espelhos.
Esta resposta foi única por parte dos três alunos surdos. A quarta e última
questão se refere sobre as diferenças entre os tipos de espelhos. Os alunos
informaram num primeiro momento não perceber diferenças e com os materiais
utilizados na aula como pendrive, TV, as respostas mudaram para diferenças
como a formação de imagens, ou seja, umas mais largas, outras mais altas e
ainda nebulosas, confusas, como é o caso dos espelhos de baixa qualidade no
processo de fabricação.
Com a aplicação do pré-teste e do pós-teste, observou-se que houve um
considerável e significativo crescimento por parte dos alunos inclusos, que se
pode ressaltar são bastante objetivos em suas respostas.
No processo de confecção de materiais, quer-se ressaltar a visita que se
teve de um vidraceiro da cidade, no ambiente escolar, onde foi demonstrado
como são confeccionados os espelhos, os materiais utilizados nos diferentes tipos
de espelhos, como por exemplo, os espelhos de qualidade inferior onde se utiliza
basicamente o alumínio em sua composição e os de qualidade superior utilizando
a prata o que acaba encarecendo o produto final. Os alunos também observaram
todo o processo pelo qual passa o vidro e os demais componentes, até a chegada
do produto final, neste caso, o espelho pronto.
Com a utilização de materiais multimídia, com TV pendrive, computadores,
os alunos pesquisaram sobre o Sol, sua influencia na Terra a velocidade da luz do
solar, trabalhando assim de forma contextualizada os conteúdos e formando os
conceitos necessários para a Ciência.
Observou-se que a utilização de materiais visuais foi de grande importância
para os alunos inclusos, surdos, pois sua memória é altamente visual e o
processo ensino aprendizagem não é estanque, ou seja, deve sempre ser
aperfeiçoado.
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Os mapas conceituais foram trabalhados de forma a interligar os
conhecimentos adquiridos em séries anteriores e os conteúdos ministrados no
momento da aquisição do conhecimento.
Quer-se ressaltar que o professor interprete teve papel fundamental nestas
atividades, pois auxiliaram com interpretação e pesquisa feita pelos alunos
inclusos, sem essa ajuda com certeza não se obteria os mesmos resultados
significativos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No processo de inclusão se está sempre enfrentando desafios maiores,
pois exige mudanças na forma de relacionamento para que se efetive os
processos de ensino e de aprendizagem, impondo-se um resultado cada vez mais
evoluído de educação e desenvolvimento humano.
Espera-se que os colegas professores levem para seus ambientes
escolares novos caminhos e novas alternativas de trabalhos e que de alguma
forma possa contribuir para esta mudança tão almejada por todos os envolvidos
no processo educacional, lembrando que o mesmo não se dá de forma estanque,
ou seja, é apenas um começo.
Dentro desta visão pode-se citar como sugestão para os próximos
trabalhos a utilização de mapas conceituais, fazendo uso nestes apenas de
gravuras, para a formação dos conceitos dentro da ciência tendo em vista que o
trabalho acima mostrou a importância da memória visual para o aluno incluso
surdo.
Referências Bibliográficas
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