v fórum de jovens investigadores do instituto de educação
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1 e 2 de julho de 2014 Livro de resumosTRANSCRIPT
Lisboa, 1 e 2 de julho de 2014
2
1 e 2 de julho de 2014
Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Promover a reflexão e discussão dos projetos de investigação em curso no âmbito do
Doutoramento, nas diversas áreas de especialidade.
Ana Bruno
Ana Luísa Rodrigues
Ana Naia
Ana Nascimento
Ana Sofia Pinho
Carla Matoso
Carla Menitra
Carlos Henriques
Cília Silva
Cláudia Gonçalves
Dulce Martins
Elisabete Cruz
Elvira Tristão
Inês Félix
Joana Marques
Joana Viana
João Pedro da Ponte
Marcelo Marques
Marisa Quaresma
Marta Tagarro
Mónica Baptista
Paula Guimarães
Renata Carvalho
Sofia Viseu
Vanessa de Andrade
Ana Henriques
Ana Naia
Ana Paula Caetano
Ana Sofia Pinho
Benedita Portugal e Melo
Carmen Cavaco
Carolina Carvalho
Cecília Galvão
Domingos Fernandes
Feliciano Veiga
Fernando Albuquerque Costa
Guilhermina Lobato Miranda
Isabel Chagas
Isabel Freire
João Pedro da Ponte
Joaquim Pintassilgo
Jorge Ramos do Ó
Leonor Santos
Luísa Cerdeira
Luís Miguel Carvalho
Maria João Mogarro
Mónica Baptista
Natália Alves
Paula Guimarães
Pedro Reis
Sofia Viseu
Ana Bruno
Ana Gama
Ana Luísa Rodrigues
Ana Nascimento
António Quaresma
Carla Matoso
Carla Menitra
Carlos Henriques
Cília Silva
Dulce Martins
Elisabete Cruz
Elvira Tristão
Inês Felix
Irene Santos
Isabel Figueira
Joana Viana
Laura Marrocos
Letícia Carvalho
Luísa Lourenço
Lina Brunheira
Marcelo Marques
Maria Tagarro
Mariana Feio
Marisa Quaresma
Renata Carvalho
Tatiana Sanches
Ana Garcia
Ana Raquel Simões
Andreia Alves
Andreia Roupeta
Andreia Santos
Rute Alves
Sérgio Fernandes
Susana Orfão
Vanessa Antão
1 de julho de 2014 (terça-feira)
09h30 – 12h30 [sala 9]
A Entrevista na Investigação Qualitativa | HÉLIA OLIVEIRA
[sala 8]
Potencialidades do NVIVO na análise de dados qualitativos | JOANA MATA-PEREIRA, MARISA QUARESMA, RENATA CARVALHO E SOFIA FREIRE
[sala Tecnologias 2]
Publicação em revistas científicas | PEDRO REIS
[sala Universia]
Questionários e Escalas: como construir e adaptar? | GUILHERMINA LOBATO MIRANDA E PEDRO BRÁS
14h00 – 17h00 [sala 9]
Construção de teoria a partir do estudo de caso | ANA NAIA
[sala 10]
Análise de políticas educativas públicas a partir dos níveis macro, meso e micro | PAULA GUIMARÃES E ANA BRUNO
2 de julho de 2014 (quarta-feira))
08h30 – 09h00 Receção [átrio do IE]
09h00 – 09h30 Sessão de Abertura [anfiteatro]
JOÃO PEDRO DA PONTE |
ROGÉRIO GASPAR |
09h30 – 10h30 Comunicação Plenária [anfiteatro]
Um Percurso Especial na Construção do Conhecimento em Educação | TERESA S. LEITE
10h30 – 11h00 Intervalo
11h00 – 13h00 Sessões paralelas I
13h00 – 14h30 Intervalo para almoço
14h30 – 16h30 Sessões paralelas II
16h30 – 17h00 Sessão de Encerramento [anfiteatro]
Nova licenciatura em Educação e Formação
Prémios aos Melhores Alunos
Apresentação ....................................................................................................................... 1
Comunicação Plenária ....................................................................................................... 3
Resumos ............................................................................................................................... 4
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA EDUCACIONAL ...................................................................... 5
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO ............................................................................................... 18
DIDÁTICA DA MATEMÁTICA .............................................................................................. 20
DIDÁTICA DAS CIÊNCIAS ................................................................................................... 37
FORMAÇÃO DE ADULTOS .................................................................................................. 47
FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................................................................................ 53
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO .................................................................................................. 66
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO .............................................................................................. 72
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO .............................................................................................. 80
SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ................................................. 83
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM EDUCAÇÃO ................................... 86
TEORIA E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR ...................................................................... 99
Workshops ....................................................................................................................... 103
1
Apresentação O V Fórum de Jovens Investigadores do Instituto de Educação, a decorrer nos
dias 1 e 2 de julho de 2014, tem como objetivo promover a reflexão e
discussão dos projetos de investigação em curso no âmbito do Doutoramento,
nas diversas áreas de especialidade. A participação, neste evento, assume três
modalidades:
Apresentação do trabalho: modalidade de participação destinada
exclusivamente aos doutorandos do IE.
Assistência aos trabalhos: modalidade de participação destinada a todos
os interessados em conhecer e discutir os projetos de doutoramento em
curso.
Participação em de investigação: modalidade destinada
exclusivamente aos doutorandos e mestrandos do IE.
O presente volume recolhe os resumos das comunicações apresentadas no Fórum para promover uma reflexão, o mais alargada possível, em torno das problemáticas nele tratadas, oferecendo ao leitor mais um momento para aprofundar o espaço de partilha que se pretende proporcionar, neste caso, a partir de leituras mais rigorosas, sobre a complexidade dos desafios que os projetos de investigação em curso colocam à área da Educação.
Além dos resumos das comunicações, integra os resumos da comunicação
plenária, a proferir na abertura do evento, e dos , a realizar no dia 1
de julho.
Esperamos, pois, que a leitura dos resumos aqui reunidos venha a suscitar um
novo espaço e um novo tempo de reflexão e, por essa via, contribuir para a
partilha de conhecimentos.
Lisboa, 2 de julho de 2014
3
Comunicao Plenária
Comunicação Plenári
TERESA S. LEITE
Professora Coordenador: ESELX— Instituto
Politécnico de Lisboa
Investigadora: UIDEF— Instituto de Educação
da Universidade de Lisboa
Resumo: O conhecimento em Educação
tem vindo a ser construído a partir de
diferentes disciplinas, diferentes
perspetivas científicas, diferentes
abordagens investigativas, diferentes
posições ideológicas. O caráter
multirreferencial deste conhecimento é
uma condição sine qua non para a
legibilidade das situações educativas,
que não podem ser compreendidas à
luz de visões disciplinares
fragmentadas.
Para a construção do conhecimento em
educação tem concorrido (e em
algumas épocas de forma
determinante) a investigação em
educação especial. Com efeito, o estudo
da diferença, do desvio, do
disfuncionamento foi percursor e
impulsionador de muito do que hoje
sabemos sobre processos de
desenvolvimento e sobre processos de
aprendizagem e, consequentemente, do
conhecimento que fomos construindo
sobre ensino, currículo e pedagogia.
Da pedagogia experimental na
abordagem de casos excecionais ao
estudo de situações problemáticas na
vivência escolar e à individualização e
diferenciação pedagógica, a
investigação em educação especial foi
criando âncoras que contribuíram não
apenas para o seu desenvolvimento
enquanto campo conceptual e prático,
mas também para a produção e
evolução do conhecimento educacional
em geral e, simultaneamente, para a
construção de processos e dispositivos
de investigação que conseguiram captar
a especificidade dos fenómenos em
estudo, sem perder o rigor e as
condições de validade.
A referenciação de estudos recentes
levados a efeito ou em curso nesta área
ilustrará algumas das afirmações
anteriores.
Resumos
5
Administração e Política Educacional
RUTE AMADEU
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
Esta proposta de trabalho faz
parte do processo de elaboração de um
projeto de investigação que será
submetido a discussão em outubro de
2014, no quadro de um programa
doutoral que equaciona as relações
entre conhecimento, política e ação
pública.
Esta investigação visa estudar a
regulação institucional da carreira
docente (RICD), do ensino não superior,
no período compreendido entre a
década de 90, do século XX, e o
presente.
A RICD é tomada como um indicador
da reconfiguração dos processos de
regulação das políticas públicas em
Portugal, de modo a ilustrar as tensões
e efeitos de hibridismo que resultam da
coexistência de modos de regulação
burocráticos e pós-burocráticos.
O estudo conceptualiza as políticas
numa perspetiva de ação pública, pelo
que as entende como processo e
resultado da interação de uma série de
atores, estatais e não estatais, que se
encontram em múltiplos contextos.
Atendendo à complexidade destes
processos, o estudo da RICD será
desenvolvido em três planos analíticos.
O primeiro centra-se numa análise dos
paradigmas de regulação da educação e
paradigmas da profissão docente
presentes nas orientações imanadas
das autoridades públicas. Este plano
analítico é suportado num quadro
conceptual de análise cognitiva das
políticas públicas, no qual a noção de
paradigma tem sido mobilizada para
conhecer as principais crenças e valores
que fundamentam as escolhas políticas,
bem como as metodologias e
dispositivos utilizados.
O segundo centra-se numa análise dos
atores estatais e não estatais
envolvidos na definição das orientações
sobre a RICD. Para esse efeito, recorre-
se às contribuições teóricas das redes
políticas para a compreensão das
ligações entre os atores e das suas
interdependências.
Estes dois planos analíticos são
cruzados por um terceiro que se refere
aos conhecimentos mobilizados,
produzidos e difundidos no âmbito dos
processos de regulação da carreira
docente.
Na primeira parte do trabalho empírico
perspetiva-se a realização de um
mapeamento das principais
intervenções estatais relativas à
carreira docente, no período
considerado. Este mapeamento será
determinado por uma definição
‘jurídico-administrativa’ da carreira
docente e permitirá identificar as
principais medidas, instrumentos e
atores envolvidos nos processos de
RICD.
Na segunda fase do trabalho empírico
perspetiva-se um estudo intensivo
centrado em áreas que se antecipam
como nucleares na RICD (e.g., no
âmbito da avaliação dos professores,
do recrutamento, da formação dos
professores,...). Este estudo, guiado
pelos conceitos de paradigma e redes
6
políticas, concretizará a tripla análise
da RICD (ideias, atores, conhecimentos).
Regulação, carreira
docente, paradigma, rede política.
MARIA DE FÁTIMA MAGALHÃES
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
Esta proposta de trabalho faz
parte do processo de elaboração de um
projeto de investigação que será
submetido a discussão em Outubro de
2014, no quadro de um programa
doutoral que equaciona as relações
entre conhecimento, política e ação
pública.
O debate público em torno da educação
e da escola surge em meados dos anos
80, do século XX, como consequência
de um debate mais alargado sobre a
reforma e reestruturação do Estado.
O tema da escolha da escola tem estado
presente, no debate público sobre a
educação, desde o início do século XXI,
devido à implementação de medidas
políticas e administrativas que
alteraram os modos de regulação
estatal no sistema escolar, no sentido
de substituírem os poderes públicos
por entidades privadas, naquele que
anteriormente era um campo de
intervenção privilegiada do Estado.
O objetivo do estudo é compreender
como é que o debate em torno da
escolha de escola emerge na agenda
política, durante a última década, quais
os atores participantes neste debate e
que crenças e conhecimentos são
mobilizados e difundidos em
momentos de problematização e de
proposição.
O debate público em torno da escolha
de escola é tomado como analisador de
um processo mais amplo relativo à
mudança nos modos de regulação da
escola pública, no qual a questão da
escolha da escola surge associado à
emergência de uma lógica mercantil e
de modos de regulação de quase-
mercado.
Assim, a construção do objeto de
estudo faz-se problematizando o papel
do conhecimento num debate, mais
amplo, sobre os modos legítimos de
regulação da escola pública e sobre a
sua missão e função.
O quadro teórico da pesquisa inscreve-
se na abordagem das políticas sob o
prisma da acção pública, dando por
isso atenção aos atores, aos contextos
de ação e às ideias.
Assim, pretende-se fazer uma entrada
analítica pelos atores, fazendo a sua
caracterização, identificando o modo
como participam no debate bem como
as consequências dessa participação.
O estudo pretende identificar espaços
comunicacionais da política, nos quais
se problematizam e preconizam lógicas
interpretativas e orientações para a
ação pública em matéria de escolha de
escola.
Finalmente pretende-se também olhar
para o problema através da dinâmica
das ideias, analisando crenças e
conhecimentos mobilizados nos
debates, mormente acerca do papel da
escola e sobre os modos apropriados
de regular os sistemas educativos.
Antevê-se um estudo centrado na
análise de documentos produzidos em
múltiplas arenas da política e da acção
pública: média, blogosfera, debates na
Assembleia da República, e
documentação oficial. A análise do
discurso presente nos diversos
contextos permitirá olhar para o debate
público em torno desta questão como
expressão da mobilização (ou não) do
conhecimento por diferentes atores,
deixando de lado a ideia de que as
7
políticas são da responsabilidade do
Estado, sendo assim perspetivadas
como ação pública.
Regulação, escolha de
escola, conhecimento, ação pública.
FÁTIMA GASPARINHO
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
Esta proposta de trabalho faz
parte do processo de elaboração de um
projeto de investigação que será
submetido a discussão em outubro de
2014, no quadro de um programa
doutoral que equaciona as relações
entre conhecimento, política e ação
pública.
Seguindo os institucionalistas de
Standford, a educação moderna tende a
ser um empreendimento mundial e
universal. É uma parte central e causal
do modelo cultural da sociedade
moderna, ou Estado-nação.
A adopção mundial da regra da
escolaridade obrigatória (EO) e a
expansão progressiva da sua duração,
são frequentemente usadas como
indicadores seguros daquela visão. Isto
faz da EO e das medidas associadas ao
seu alargamento um lugar privilegiado
para a análise das mudanças nas
políticas educativas.
O nosso projeto centra-se no
alargamento ocorrido em Portugal
(2009), o qual emerge do objectivo de
referência da política educativa do XVIII
Governo constitucional - elevar as
competências básicas e os níveis de
formação e qualificação dos
portugueses, mas também surge em
linha com alguns princípios e metas
definidas no Quadro Estratégico
EF2020 da UE e no Projeto Metas
Educativas 2021 da OEI.
Como referido, o alargamento da EO
pode, pois, ser tomado como um
analisador das mudanças nas políticas
e dos processos de difusão e
apropriação de modelos educativos. De
igual modo, os debates que se travam
em torno do alargamento da EO são um
lugar privilegiado para a observação
das mudanças e continuidades relativas
aos sentidos e às missões atribuídas à
Escola. É nestes dois planos de análise
que pretendemos desenvolver o nosso
trabalho.
O quadro teórico da pesquisa mobiliza
a abordagem cognitiva das políticas
públicas dando relevo à noção de
referencial, nomeadamente no plano de
interpretação global de uma sociedade,
o referencial global, e no plano da
atuação dos diferentes atores, o
referencial sectorial. Pretende-se
estudar as relações que se estabelecem
entre os dois planos e analisar em que
espaços sociais - fóruns – e que
mediadores participam na construção
de esquemas interpretativos e de regras
que conduziram ao alargamento da EO.
No quadro das abordagens cognitivas
dá-se destaque ao conhecimento como
componente central das políticas
públicas. Assim, iremos investigar o
conhecimento que foi produzido, como
circulou e a sua relação com o processo
decisional.
A política educativa nacional não reside
exclusivamente no «aparelho do
Estado», fazendo parte de modalidades
de governação que envolvem uma
multiplicidade de atores situados a
diferentes níveis, e estando sujeita a
processos de regulação transnacional.
Pretende-se analisar os discursos que
ocorrem nos vários pontos de produção
e ancoragem do debate político, de
forma a apreender as representações
dos diferentes atores sobre a
problemática em estudo. As
representações destes atores estão
relacionadas com os fundamentos da
8
política em análise, i.e., as suas
finalidades e o que motiva a sua
existência.
Conhecer os fundamentos cognitivos
do alargamento da escolaridade é o
objetivo deste trabalho.
Alargamento da
escolaridade obrigatória, referencial,
regulação transnacional.
ALBERTINA PEREIRA CAVACO DA
PALMA
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
O objetivo do estudo é
compreender os processos de
reestruturação do ensino superior
português (ESP) durante a primeira
década do século XXI, no decurso do
designado «Processo de Bolonha» (PB) e
no contexto marcado também pelos
processos de construção de um
«Espaço Europeu de Ensino Superior»
(EEES).
O quadro teórico da pesquisa, inscrito
na perspetiva de análise da ação
pública, mobiliza uma abordagem
cognitiva na análise de políticas
públicas e em particular a noção de
procurando assim captar os
sistemas de valores, conhecimentos e
teorias de ação que vêm sendo
mobilizados para dar sentido às
transformações a operar no setor do
Ensino Superior (ES). Ademais, esta
abordagem não se fixa apenas na
dimensão das “ideias” e permite,
também, analisar em que espaços
sociais - – e que
participam na construção de esquemas
interpretativos e de regras para a
reestruturação do ES.
O estudo trabalha a hipótese segundo a
qual a criação do EEES concorre para o
estabelecimento de uma instância de
governação supranacional e para a
emergência de um setor de ES que
estabelece uma nova relação do
, em
que quer o global quer o setorial se
situam para além do Estado. Isto
significa que também os e os
, que constroem e veiculam
uma nova visão do mundo, atuam
através de estruturas supranacionais,
recorrendo a novos instrumentos de
regulação do tipo . A natureza
transnacional desta política evidencia a
importância dos nacionais,
ou seja, os atores que interpretaram e
este novo referencial para a
situação portuguesa. O estudo pretende
pois identificar os fóruns e os atores
que de 2000 a 2010 foram,
respetivamente, palco e geraram
esquemas interpretativos e orientações
para a ação pública em matéria de
«reorganização do ESP». Paralelamente,
visa descrever e analisar os referenciais
cognitivos para o ES, em presença ao
longo destes anos, e os modos como
coexistiram (seja pela confrontação seja
pela consensualização) na ação pública.
Trata-se de um estudo naturalista de
base predominantemente documental.
O vasto corpus documental em análise
permitiu, em primeiro lugar, fazer o
mapeamento das iniciativas legislativas
nacionais, os registos de intervenções e
debates em fóruns políticos, científicos,
profissionais, e as publicações de
atores individuais ou coletivos sobre a
matéria em análise. Numa segunda
fase, o conteúdo das várias
intervenções será analisado com vista a
estabelecer os respetivos esquemas
interpretativos do ES e os objetivos de
mudança do ESP associados à
implementação do PB.
Pela análise até agora realizada foi
possível identificar um conjunto de
atores chave e de em que se
desenvolveram interpretações do ES e
do significado do PB no espaço
português. Alguns desses atores
9
tiveram em vários momentos relações
muito próximas com os centros de
decisão política, por via da
multiplicidade de cargos e funções que
desempenharam ao longo do processo,
o que poderá explicar a sua influência e
legitimação enquanto .
Espaço Europeu de
Ensino Superior, Ensino Superior,
Processo de Bolonha, referencial.
MARIA DULCE CAMPOS NISA PEREIRA
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
Esta proposta de trabalho faz
parte do processo de elaboração de um
projeto de investigação que será
submetido a discussão em Outubro de
2014, no quadro do programa doutoral
que equaciona as relações entre
conhecimento, política e ação pública.
Neste quadro, o projeto tem como
objeto os processos de
recontextualização da Avaliação
Externa de Escolas (AEE) na sua
condição de instrumento de regulação
nacional e local, baseado e gerador de
conhecimento (IRBC). Enquanto IRBC, a
AEE constitui-se como uma tecnologia
do governo, que se baseia e se orienta
para o conhecimento moldando o
comportamento dos atores num
determinado domínio político.
Pretendemos perceber qual é o papel
que o conhecimento desempenha na
receção, tradução e adaptação do
instrumento no contexto de regulação
local. Perfilhando a perspetiva
sociológica da ação pública o estudo
centra-se no conceito referencial como
um dispositivo de cognições e normas
da ação na escola. Recorre, também, à
tipologia de conhecimento de Freeman
e Sturdy: o
( ), presente nos atores, o
( ),
presente nos objetos e, o
( ),
interpretado ou representado para
ganhar significado.
Antecipamos desenvolver a pesquisa
segundo dois eixos de análise. O
primeiro centrado na dimensão
normativa e cognitiva do instrumento
atendendo a duas subcategorias: as
normas e cognições que estão
presentes no modelo da AEE e, as
normas e cognições que estão
presentes no contexto que faz o seu
acolhimento e interpretação. O segundo
eixo de análise pretende descrever,
analisar e conhecer a rede de atores
que participam nos processos de
receção e tradução do instrumento aos
quais o conhecimento é um constructo
transversal.
Constituindo-se como um estudo de
caso múltiplo de cariz interpretativo,
pretende realizar-se num conjunto de
escolas/agrupamento de escolas objeto
de avaliação externa pela Inspeção
Geral de Educação e Ciência (IGEC)
durante o segundo ciclo de AEE. A
investigação basear-se-á na análise
documental e em entrevistas formais
e/ou informais, coletivas e/ou
individuais aos diferentes atores
envolvidos ao nível micro e meso.
Ação Pública,
conhecimento, instrumento de
regulação baseado no conhecimento,
avaliação externa de escolas.
FILOMENA SOUSA
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
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Esta proposta de trabalho faz
parte do processo de elaboração de um
projeto de investigação que será
submetido a discussão em outubro de
2014, no quadro do programa doutoral
que equaciona as relações entre
conhecimento, política e ação pública.
Desde os finais do século XX têm-se
assistido a algumas iniciativas políticas
TIC, na expetativa de modernizar o
sistema educativo em Portugal através
da utilização das TIC nas escolas, que
estão associadas à influência de um
conjunto de ideias, crenças e valores
sobre novas formas de “pensar, falar e
agir” em educação e que foram
disseminadas no espaço global por
organizações mundiais de referência.
Estas influências transmitem conceções
de problemas educacionais e de
princípios de ação e estabelecem a
ligação da educação ao emprego, à
inovação, à produtividade, à
competitividade e ao desenvolvimento
de uma economia baseada em
conhecimento.
Este fenómeno verificou-se também na
União Europeia (UE) através dos
diversos documentos elaboradas com o
propósito de desenvolver as TIC nos
países do espaço europeu. Em Portugal,
a solução política concebida em 2007, o
Plano Tecnológico da Educação (PTE),
inscreve-se nesta linha de orientação. O
PTE estrutura-se em quatro eixos-
tecnologia, conteúdos, formação e
investimento e financiamento e, o
objeto de estudo do trabalho empírico
insere-se num dos eixos, a formação e
certificação de professores em
competências TIC, por nós estudado
enquanto instrumento de regulação e
abordado na perspetiva sociológica de
ação pública.
Pretende-se investigar a conceção,
produção e a trajetória do instrumento
orientada em torno de quatro ideias
fundamentais: (1) a inclusão de
políticas baseadas em conhecimento no
Espaço Europeu de Educação, como
pilar das políticas da UE, diligenciou a
disseminação de políticas
transnacionais e alinhou a política do
sistema educativo nacional com os
padrões internacionais; (2) a orientação
supranacional da UE na política
nacional indiciou a influência de
quadros cognitivos de outros lugares,
modelos de boas-práticas e modelos
baseados na experiência que
hibridaram com experiências nacionais
de iniciativas TIC anteriores ao PTE, o
que poderá mostrar o carácter
complexo do processo e de
“bricolagem” da política nacional; (3) a
tensão entre a convergência política e a
recontextualização local acarretou
possíveis efeitos nos atores;
resistências, disputas sociais e
reformulação de significados sobre o
que significa “aprender e educar” e, (4)
os formadores e os professores são,
localmente, atores mediadores da
mudança no processo político com a
capacidade de estabelecer a “ponte”
entre campos de ação e de produção de
sentidos diferentes.
O estudo deste processo político
multinível socorre-se também de outras
ferramentas conceptuais utilizadas (1)
na análise cognitiva das políticas
públicas (referenciais, fóruns e
mediadores) e (2) na análise dos
processos de difusão, circulação e
apropriação de conhecimento (policy
transfer e policy learning). No plano
metodológico antecipa-se um estudo
multinível adequado ao instrumento
formação e certificação de
competências TIC como analisador dos
processos de transnacionalização e de
hibridação (nacional e local) da
regulação da educação.
Formação e
certificação de professores em
competências TIC, instrumento de
regulação, conhecimento e ação
pública.
11
ELVIRA TRISTÃO
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
Objectivos: O presente estudo tem
como objetivo compreender de que
forma a autoavaliação institucional tem
contribuído para a alteração dos modos
de regulação da escola.
Neste sentido, propomo-nos descrever,
em múltiplos níveis, o modo como se
produzem e reproduzem
conhecimentos que influenciam o
trabalho dos gestores escolares e dos
professores no processo de
implementação de dispositivos de
autoavaliação das escolas. Procurando
contextualizar a autoavaliação das
escolas enquanto processo plural que
constrói e reconstrói mutuamente
conhecimento e política, pretendemos
estudar os processos de implementação
desta política pública a partir das
atividades desenvolvidas pelos gestores
escolares e pelos professores, nas
escolas. Assim, é nosso objetivo
compreender e interpretar essa ação
pública que, através de “dispositivos
sociotécnicos”, participa na alteração
dos modos de regulação da escola.
Desenho metodológico: Desenvolvemos
um estudo naturalista, de teor
descritivo e interpretativo, composto
por duas partes. Numa primeira parte,
recorremos a uma abordagem
extensiva, fazendo a caracterização dos
dispositivos de autoavaliação das
escolas e agrupamentos de escolas da
região de Lisboa e Vale do Tejo a partir
dos relatórios de avaliação externa
produzidos entre 2006/2007 e
2010/2011. Complementamos esta
abordagem extensiva, com recurso à
análise documental, aplicando um
inquérito por questionário a um
conjunto restrito de gestores escolares.
A razão desta inquirição deveu-se à
constatação da existência de um padrão
que nos interessou: a utilização do
modelo de autoavaliação CAF (Common
Assessment Framework).
Na segunda parte da investigação,
desenvolvemos um estudo de caso
múltiplo, nas escolas e agrupamentos
de dois concelhos do Médio Tejo, tendo
como fontes os professores que – em
funções de gestão de topo ou de
coordenação de equipas – foram
responsáveis pelos processos de
autoavaliação institucional. Utilizamos
a entrevista semiestruturada,
procurando reconstituir historicamente
os processos de autoavaliação
institucional, saber que sentidos lhes
atribuem os seus promotores e que
perceções têm sobre os seus efeitos.
Eixos de análise: No primeiro eixo de
análise, procuramos conhecer as
circunstâncias que motivaram o início
dos processos de autoavaliação
institucional; quais os atores
envolvidos e qual o seu papel; que
estratégias desenvolveram para
mobilizar conhecimentos para a tarefa;
que modelos utilizaram; que aspetos
valorizaram; como planearam e
executaram as tarefas; que
constrangimentos sentiram e a que
alterações foram sensíveis. No segundo
eixo de análise, quisemos saber que
sentidos atribuem à autoavaliação
institucional; como concebem esta
atividade no âmbito das suas funções
profissionais; e que importância lhe
atribuem. Finalmente, no terceiro eixo,
pretendemos conhecer os efeitos que,
decorrentes dos processos, são
percecionados por estes atores.
Resultados (provisórios): Uma análise
provisória dos dados sugere-nos
algumas regularidades: a pressão pelos
resultados escolares como motor de
mudança das práticas educativas; a
ressignificação de lógicas burocráticas
com recurso à estatística; a
12
subordinação da autoavaliação à
avaliação externa; a prevalência de
lógicas gerencialistas e de controlo em
detrimento do seu potencial de
aprendizagem; a adoção de modelos
estruturados de autoavaliação e as
atividades de bricolagem por parte dos
docentes que os transformam em
práticas de avaliação interna híbridas e
justapostas. Todavia, nem todas as
organizações escolares acumulam estas
tendências. A ausência de algumas ou a
valorização de outras poderão deixar
pistas para outras leituras possíveis.
Autoavaliação,
regulação, dispositivo, conhecimento.
ANA CRISTINA B. BERNARDO GAMA
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
A investigação que está a ser
desenvolvida tem como objetivos
descrever, analisar e discutir a ação dos
“peritos” e do conhecimento pericial –
- nas «Políticas de Educação
Prioritária» postas em marcha em
Portugal, no período compreendido
entre 1995 e 2012.
Nos últimos anos, no âmbito de
processos associáveis à recomposição
do papel do Estado, têm-se observado
alterações nos modos de intervenção
governativa, resultantes da necessidade
que o Estado tem de assegurar o seu
papel na definição, pilotagem e
execução das políticas e de,
paralelamente, ter de partilhar este
papel com outros atores e entidades.
É perante estes desafios que tem sido
evidenciada, pelos trabalhos
desenvolvidos no campo da análise das
políticas públicas, a crescente
utilização de instrumentos de
regulação baseados no conhecimento,
sendo o recurso aos “peritos” e ao
conhecimento pericial exemplo disso.
Na nossa pesquisa recorremos à
perspetiva da análise de ação pública
para estudar este fenómeno. A partir
desse referencial, focamos a
intervenção dos ‘peritos’ na trajectória
de políticas de educação que
identificamos como de intervenção
prioritária, interessando-nos descrever
e analisar, quer a dimensão estratégica,
quer a dimensão institucional (crenças,
valores) das interações múltiplas e
multidirecionais, que os ‘peritos’
mantêm com outros participantes
nesses processos (e.g., atores do
Ministério, das escolas,…).
Seguindo uma metodologia com
carácter qualitativo, combinamos neste
estudo duas aproximações que se
complementam: uma natureza
extensiva e histórica; outra de natureza
intensiva.
A primeira assenta, essencialmente, na
análise dos principais textos
legislativos que suportaram as medidas
políticas de educação identificadas
como de ‘educação prioritária’ (entre
1995-2012). Esta aproximação permitiu-
nos, entre outras funções, mapear os
vários atores (convocados
individualmente ou integrando
comissões/grupos de trabalho) que
foram envolvidos nas políticas públicas
em causa.
A segunda aproximação centra-se no
cenário do Programa Territórios
Educativos de Intervenção Prioritária de
“segunda geração” (TEIP2). Com uma
primeira geração iniciada em 1996, o
TEIP é retomado em 2006 para escolas
e agrupamentos de escolas da área
metropolitana de Lisboa e do Porto e
alargado, a todo o território
13
continental, com a publicação do
despacho normativo nº55/2008, de 23
de outubro. Para assegurar a
coordenação do projeto nas
escolas/agrupamentos de escolas
foram criadas equipas
multidisciplinares. Estas equipas, para
além de professores, deveriam integrar
técnicos, representantes da
comunidade e “peritos externos”. No
âmbito do nosso estudo e após o
mapeamento destes “peritos” foi
constituída uma amostra de 12
“peritos” a quem foram realizadas
entrevistas semiestruturadas.
Esta comunicação visa apresentar e
discutir alguns dados preliminares da
análise que foi realizada a quatro
entrevistas, considerando as seguintes
dimensões de análise: formas de
recrutamento, modelos prescritivos,
perceções descritivas da sua ação e as
interações com os outros “peritos”.
“Perito externo”,
, ação pública, regulação
(novos modos de).
CARLOS SANT’OVAIA
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
A presente proposta de
trabalho faz parte de um processo de
elaboração de um projeto de
investigação que será submetido a
discussão em Outubro de 2014, no
quadro de um programa doutoral que
equaciona as relações entre
conhecimento, política e ação pública.
A crescente importância conferida aos
testes estandardizados como
instrumentos privilegiados de avaliação
no campo educativo num alargado
número de países, tem mobilizado a
atenção de numerosos investigadores e
atores da educação, para quem a
centralidade que tem sido conferida a
tais instrumentos apresenta
consequências não negligenciáveis a
vários níveis no processo educativo.
Com efeito, para numerosos autores, o
designação adotada para tal
fenómeno - tem revelado impactos ao
nível das políticas educativas nacionais,
das práticas docentes, da redefinição
dos da organização e gestão
das escolas e dos próprios objetivos da
educação.
Outros estudos têm referido os exames
– expressão mais notória do no
contexto nacional – como instrumentos
de uma nova forma de regulação do
Estado, firmada nos resultados em
detrimento dos processos.
Uma vez objeto de divulgação
descontextualizada, tais resultados
acabam por endossar às escolas a
quase exclusiva responsabilidade pelo
sucesso/insucesso dos seus alunos,
induzindo mecanismos de e
de no quadro da livre
escolha parental, ao mesmo tempo que
desoneram o Estado das suas
responsabilidades pelas condições de
contexto.
Do que fica dito, pode concluir-se que
os exames constituem uma poderosa
tecnologia política de mudança
(Antunes, F., & Sá, V., 2010) uma meta-
política (Bob Lingard, Wayne Martino &
Goli Rezai-Rashti, 2013), no quadro da
política de avaliação, com repercussões
demonstradas a diversos níveis no
campo educativo.
Não obstante, permanece um
insuficiente esclarecimento acerca
deste instrumento de regulação e ação
pública no campo educativo, dotado de
inusitada autonomia e portador de um
invulgar potencial catalisador de
apropriações diversas que o tornam um
pluripotente no contexto das
políticas de educação.
14
É objetivo deste trabalho compreender
o poder e a dimensão organizadora que
os exames adquiriram no campo da
educação.
Para o efeito procurar-se-á desconstruir
e analisar este instrumento,
evidenciando a sua génese e percurso;
as representações que encerra; o
conhecimento que mobiliza e produz;
os atores e ideias que lhe dão forma e
através dele agem; e as ferramentas que
o suportam e operacionalizam.
O quadro teórico da pesquisa inscreve-
se na abordagem das políticas sob o
prisma da ação pública e da regulação
como multirregulação, elegendo a
instrumentação como dimensão
primeira da problemática.
Exames nacionais,
instrumentos de ação pública,
regulação da educação, política de
avaliação na educação.
JÚLIO GONZAGA VAZ DE MEDEIROS
ANDRADE
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
Esta apresentação visa dar
conta das diferenças de constituição, de
mandato e das ideias (que se
plasmaram em textos) elaboradas por
dois fóruns de produção de ideias
constituídos no âmbito das políticas de
educação para a cidadania: o “Relatório
da Comissão Executiva do Grupo
Coordenador para o Estudo da
Formação Pessoal e Social” (de 1990) e
o “Fórum Educação para a Cidadania”
(de 2008).
A comunicação faz parte de um projeto
de investigação que, da perspetiva da
análise cognitiva das políticas públicas,
procura estudar as políticas da
educação para a cidadania para os
ensinos básico e secundário
desenvolvidas entre 1986 e 2011. O
estudo limita-se ao nível da preparação
dessas políticas uma vez que a sua
implementação ocorreu de uma forma
muito incompleta e recorre
fundamentalmente aos textos
produzidos nos fóruns de produção de
ideias já que é impossível reconstituir
as interações verbais dos intervenientes
nesse processo.
Neste contexto, as noções de fóruns e
de arenas parecem ser os recursos
adequados para essa análise na medida
em que permitem articular as ideias, os
atores e as instituições, facilitando
assim a captação das ideias produzidas
e a sua circulação no processo de
fabricação das políticas. Com efeito a
noção de fórum como “espaço”
interativo, mais ou menos
institucionalizado de discussão, de
debate e de negociação permite à
abordagem cognitiva das políticas
públicas recuperar o papel dos atores e
a função das instituições.
De momento trabalha-se com a
hipótese da existência de quatro
principais tipos ideais de fóruns que,
articulando os contributos do
neoinstitucionalismo discursivo com a
teoria do discurso, podem ser
caracterizados como: 1) os “fóruns
políticos” onde predomina a retórica e
visam a conquista, a legitimação ou a
manutenção do poder; 2) os “fóruns
das políticas públicas” (que podem ter
a configuração de arena) onde
prevalece a negociação dirigida à
procura de equilíbrios entre os vários
fóruns e à tomada de decisão; 3) os
“fóruns científicos/especializados”, que
são fóruns de produção de ideias onde
impera a argumentação e a
correspondente fundamentação e 4) a
“crítica”, isto é, os “espaços” de
reflexão e análise das ideias
sistematizadas nos fóruns
15
científicos/especializados (de produção
de ideias) e nos fóruns de políticas
públicas. Nos dois primeiros fóruns
prevalece a racionalidade estratégica
que visa o sucesso, e nos seguintes, a
racionalidade comunicativa que visa o
entendimento.
A atual apresentação situa-se no âmbito
do terceiro tipo de fóruns.
Educação para a
cidadania, políticas públicas, análise
cognitiva, fóruns
CARLA MENITRA
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
A presente proposta de
investigação centra-se na análise das
relações entre conhecimento e política
educativa, a partir do olhar sobre um
conjunto heterogéneo de atores cuja
atividade parece adquirir cada vez mais
centralidade e relevância na fabricação
das políticas públicas. Trata-se de
atores oriundos de mundos cognitivos
e sociais distintos – académicos, altos
funcionários da administração,
profissionais da educação –, que são
portadores de trajetórias profissionais,
crenças, ideias e motivações distintas, e
cujos repertórios de ação resultam da
sua interação com outros atores e
instâncias envolvidos na confeção das
políticas públicas. Na literatura sobre o
tema, eles vêm sendo categorizados
diferenciadamente, de acordo com os
papéis e práticas que desempenham –
‘experts’, ‘mediators’, ‘brokers’, ‘policy
entrepreuneurs’, ‘policy advisors’,
‘boundary persons’, …
No contexto das políticas de educação
em Portugal, a presença e relevância
deste tipo de atores tem vindo a
aumentar desde a integração do país na
União Europeia (1986), com a contínua
reestruturação dos serviços do
aparelho do Estado e sofisticação dos
meios de controlo. O recurso a
especialistas e académicos, a criação de
grupos de trabalho e comissões de
especialistas, são alguns elementos que
sinalizam a presença destes atores nas
políticas públicas. O tema tem sido
pouco estudado entre nós, contudo, os
trabalhos existentes fazem alusão ao
incremento dos peritos (Barroso, 1997,
Canário & Alves, 2002, Lima, 2011), à
grande diversidade de atores que
participa na fabricação das políticas
públicas e a intensificação das
atividades entre espaços e níveis da
ação pública (Afonso & Costa, 2010;
Barroso et al 2008; Barroso & Menitra,
2009; Carvalho, 2007; Figueiredo,
Barroso & Carvalho 2010; Carvalho &
Menitra, 2011).
A investigação apoia-se na análise
cognitiva das políticas, subjacente à
Sociologia da Ação Pública, que valoriza
o papel dos atores na sua dimensão
estratégica e cognitiva (Haussentaufel,
2008; Surel, 2004). Nesta perspetiva, o
conhecimento resulta da interação dos
diferentes atores, em diferentes
espaços e níveis de ação, e as políticas
públicas são vistas como uma atividade
multiregulada por dispositivos, normas,
discursos e instrumentos que são
gerados, apropriados e transformados
pelos atores (Barroso, 2005).
Trata-se de um estudo qualitativo e
interpretativo, que cruza a análise
documental com a de narrativas de
atores identificados. A investigação
sustenta-se com base em dois estudos,
presentemente em curso: 1)
identificação e análise dos grupos de
trabalho criados no âmbito da atividade
do Ministério da Educação (2005-2013);
16
2) entrevistas a ‘peritos’ que integraram
alguns desses grupos de trabalho.
Na minha apresentação darei conta de
alguns resultados preliminares sobre o
trabalho em curso.
Políticas de educação;
grupos de trabalho; , regulação,
conhecimento.
ANTÓNIO QUARESMA COELHO
Área de Especialidade:
ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA
EDUCACIONAL
O final século XX é marcado
pelo desenvolvimento de novos modos
de regulação (NMR) das políticas
públicas, com influência também na
área educativa. Trata-se de um
fenómeno iniciado em países do norte
da Europa e com a sua expressão
também em Portugal, principalmente a
partir dos anos 90 do século XIX. Na
gestão escolar, a expressão o de NMR é
visível no “quadro legal” desenvolvido
pelo Estado (regulação institucional) em
quatro áreas essenciais: (1) natureza
colegial ou unipessoal do cargo de
gestão; (2) constituição de um órgão de
direção da Escola; (3) acesso ao cargo
de gestão; (4) promoção da autonomia
da Escola. Estas modificações têm
provocado uma alteração não só nas
funções e nas competências que do
Diretor, como também no modo como
ele exerce o seu cargo.
De acordo com este “pano de fundo” a
constituição do Conselho das Escolas
(CE), definido como um órgão
consultivo do Ministério da Educação,
formado por 60 diretores de Escolas é
considerado um bom analisador da
expressão de NMR na Educação. Assim,
os diretores que integraram o 1.º
mandato do órgão (2007-2010) são
considerados como interlocutores
privilegiados para se perceber o modo
como (1) exercem o seu cargo; (2)
analisam as políticas de gestão escolar
desenvolvidas desde o 25 de abril de
1974; (3) percecionam o seu papel na
Escola e (4) como analisam o papel e o
funcionamento do CE, assim como o
impacto que ele tem sobre o modo
como olham para a função que exercem
e o impacto que todo o
desenvolvimento de todo este processo
regulatório tem sobre a sua identidade
profissional.
A usou o
estudo naturalista, tendo a estratégia
de investigação um estudo extensivo
desenvolvido através de entrevistas em
profundidade a cada um dos 60
diretores do CE, seguidas da respetiva
análise de conteúdo (uso do software
NVivo). Previamente a cada entrevista
foi realizado um pequeno questionário.
O Diretor de
Escola é um ator que atua na interface
entre dois modos de regulação: uma
externa, de controlo, e outra interna,
autónoma e com caraterísticas novas. O
Conselho das Escolas é um exemplo
deste campo de interface, funcionando
como um revelador institucional de um
papel que os diretores hoje assumem:
serem atores de equilíbrio entre esses
dois modos de regulação e, ao mesmo
tempo, consumidores e promotores
dessas novas formas de coordenação
da ação pública. Esta realidade torna
bastante mais exigente a função de
Diretor de Escola (anteriormente o jogo
era essencialmente entre o
interpares e o representante da
administração), fazendo dele uma
figura complexa, híbrida e plástica, que
se tenta moldar e adaptar às várias
circunstâncias que se lhe deparam.
Não é possível afirmar, como aliás seria
de prever, que existe uma identidade
do Diretor de Escola em Portugal
(apesar do discurso oficial colocar
muito a tónica na imagem da liderança
17
e do líder da Escola), mas sim um jogo
identitário que mostra uma espécie de
caleidoscópio de identidades com
colorações diferentes à medida dos
contextos, das histórias e do modo de
receção e integração das políticas
educativas.
Políticas públicas,
novos modos de regulação, gestão
escolar, identidade profissional.
18
Avaliação em Educação
ISABEL MARIA ROSA AFONSO
Área de Especialidade: AVALIAÇÃO EM
EDUCAÇÃO
O desenvolvimento da
educação científica em sala de aula e a
sua avaliação, baseados num processo
de ação e reflexão, de pesquisa e
experimentação sistemática, são dois
vetores que aparecem claramente
enfatizados no Programa de Física e
Química A, os quais visam contribuir
para a melhoria das aprendizagens.
Neste contexto, delineou-se o presente
estudo com os seguintes objetivos:
identificar o entendimento que os
professores de Física e Química A têm
acerca do currículo e a forma como o
implementam; conhecer as suas
conceções e práticas avaliativas e a
relação que existe entre estas e as
atividades de aprendizagem; e perceber
de que modo os instrumentos de
avaliação externa, exames e testes
intermédios, estão a ser utilizados
como indicadores de desempenho e
autorregulação das aprendizagens.
Na busca de conhecimento de
configurações contextuais em tempos
de mudança, que potenciam ou inibem
a atuação do professor na avaliação das
aprendizagens, inscreveu-se este
estudo nas práticas do professor,
perspectivadas do seu ponto de vista,
integrando pensamento e ação. Trata-se
de um estudo de natureza
interpretativa, concretizado através da
realização de estudos de caso de dois
professores. A combinação da
entrevista com a observação de aulas
permitiu ver e ouvir o professor, e a
análise documental confirmou a sua
ação. A análise e interpretação dos
dados obtidos permitem-nos afirmar
que os dois professores têm um
conhecimento profundo do programa
instituído, refletido quer nas
planificações que elaboram, quer nas
suas respetivas operacionalizações.
Ambos manifestam empenho em
cumprir o programa e as tarefas que
selecionam e implementam vão, no
geral, ao encontro das sugeridas nas
atuais tendências nacionais e
internacionais para o ensino das
ciências. A interpretação dos
professores, relativamente à avaliação,
parece ir ao encontro do paradigma
atual e sugerido pelo Ministério da
Educação e Ciência. Apesar de a
reconhecerem como uma tarefa
didática de gestão, registam-se
dificuldades na sua operacionalização,
relacionadas com a atitude passiva dos
alunos, o excessivo número de alunos
em sala de aula ou a extensão dos
programas, impelindo os professores
para uma avaliação tradicional, baseada
essencialmente nos testes e relatórios
dos trabalhos. Apesar de estarem
constantemente a questionar, observar
e comparar situações/exemplos,
demonstrando um esforço no sentido
de ajudar o aluno a fazer previsões e a
justificar a tomada de decisões, a
avaliação das competências processuais
tem pouco impacto na classificação
final, sendo referenciada como fator de
erro na avaliação do alunos e
conduzindo a desvios entre a
classificação interna e a externa. A
avaliação externa parece ter
importância na construção do processo
19
de ensino. Estando implícita a sua
influência nas práticas de ensino e de
avaliação em sala de aula, pode
assumir-se formativa na medida em
que está a ser utilizada para orientar
professores e alunos, desempenhando
um papel fundamental na
autorregulação das aprendizagens.
Currículo, ensino das ciencias, prática avaliava das aprendizagens, avaliação externa.
20
Didática da Matemática
CÍLIA CARDOSO R. DA SILVA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
A palavra flexibilidade
associada ao cálculo mental é usada
com vários significados – pode estar
relacionada com os números
envolvidos, com as características
individuais ou com variáveis de
contexto (a variável mais referida é o
meio sociocultural) – e envolve o uso de
estratégias que pressupõem o
conhecimento dos números e das
operações aritméticas (Threlfall, 2009).
O desenvolvimento da flexibilidade no
cálculo mental não está em ensinar
estratégias flexíveis, mas considera as
condições que devem ser
proporcionadas, na sala de aula, para o
seu crescimento em contexto real
de cálculo. A flexibilidade do
cálculo mental relaciona-se a
pensar com os números para
construir uma teia de relações que
envolve números e operações.
Desta forma os objetivos para esta
investigação são: i) compreender o
modo como alunos dos anos iniciais,
em atividade matemática, evoluem a
flexibilidade do cálculo mental no
desenvolvimento do sentido de número
a partir da resolução de tarefas que
envolvem as operações de
multiplicação e divisão e ii) identificar
as características das tarefas que
contribuam para que os alunos
desenvolvam a flexibilidade do cálculo
mental nas operações de multiplicação
e divisão.
Para o primeiro objetivo apresento as
questões: Quais estratégias de cálculo
mental os alunos, em atividade
matemática, utilizam para resolver
tarefas de multiplicação e divisão?
Como evolui a flexibilidade do cálculo
mental dos alunos, em atividade
matemática, a partir da resolução de
tarefas que envolvem as operações de
multiplicação e divisão? E para o
segundo: Quais características podem-
se identificar nas tarefas que
proporcionam o desenvolvimento da
flexibilidade do cálculo mental.
O estudo será baseado na perspectiva
de educação matemática em que se
aprende e ensina com compreensão e
significado a partir da resolução de
problemas. A investigação será a partir
de uma experiência de ensino numa
escola pública de Brasília, Distrito
Federal, no Brasil. Para construir e
desenhar a trajetória de aprendizagem
utilizarei os pressupostos teóricos
baseados no cujo
caminho metodológico se dá pelo fato
de apresentar características que
permitam compreender e melhorar a
realidade educativa através da
consideração de contextos naturais em
toda sua complexidade e do
desenvolvimento e análise de um
desenho instrucional específico.
Neste percurso pretendo desenvolver
uma teoria acerca do processo de
aprendizagem da multiplicação e
divisão a fim de perceber em que
medida a flexibilidade do cálculo
mental, que suporta esse processo,
evolui.
21
O cenário será numa sala de aula, em
que os estudantes serão os
protagonistas junto com a professora e
investigadora. Os dados serão
recolhidos a partir de julho quando
retorno à Brasília para selecionar a
escola, o ano de escolaridade e a
professora a partir dos critérios:
número de alunos em sala, tempo de
serviço da professora e participação em
formação continuada.
Flexibilidade do
cálculo mental, sentido de número,
multiplicação e divisão.
MARISA QUARESMA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
O estudo de aula é um
processo de desenvolvimento
profissional de professores de cunho
colaborativo e centrado na prática
letiva. Nesta atividade formativa, os
professores trabalham em conjunto
identificando dificuldades dos alunos,
documentando-se sobre alternativas
curriculares e preparando o que
esperam vir a ser uma aula bem-
sucedida. Observam, depois, essa aula e
analisam em que medida atinge os
objetivos pretendidos e as dificuldades
que se manifestam. Trata-se, portanto,
de um processo muito próximo de uma
pequena investigação sobre a própria
prática profissional. Um estudo de aula
pode proporcionar oportunidades para
os professores refletirem sobre as
possibilidades de uma abordagem
exploratória no ensino da Matemática.
Nesta abordagem, os alunos são
chamados a desempenhar um papel
ativo na interpretação das questões
propostas, na representação da
informação dada e na conceção e
concretização de estratégias de
resolução que devem depois saber
apresentar e justificar.
A investigação que pretendo
desenvolver tem como objetivo saber,
em que medida um estudo de aula
focado na preparação da aula
observada; na análise de tarefas e
resoluções de alunos; nos processos de
raciocínio; no diagnóstico dos
conhecimentos dos alunos e que
valoriza a comunicação/discussão
coletiva (tanto na sala de aula como nas
sessões de trabalho do estudo de aula)
e o trabalho colaborativo e reflexivo, é
promotor de desenvolvimento
profissional, nomeadamente no campo
do conhecimento didático, no que
respeita à seleção de tarefas, uso de
diversas representações, processos de
raciocínio dos alunos e comunicação
em sala de aula. Deste modo, o quadro
teórico apresenta o estudo de aula com
as suas características gerais e
particulares. As suas potencialidades
enquanto processo de desenvolvimento
profissional dos professores. Discute
também o que se entende por
desenvolvimento profissional,
particularmente no que respeita ao
conhecimento didático do professor de
Matemática. Dentro do conhecimento
didático discute-se a abordagem
exploratória no ensino da Matemática
com enfoque na natureza das tarefas,
nos processos de raciocínio dos alunos
e na comunicação na sala de aula.
A metodologia de investigação é
qualitativa, com dados recolhidos
através de um diário de bordo,
gravação áudio e vídeo das sessões,
reflexões escritas dos participantes e
entrevistas. Os participantes do estudo
piloto são 5 professoras do 2.º ciclo
que participaram num estudo de aula
Os resultados preliminares mostram
que os professores desenvolveram a
sua capacidade de analisar dificuldades
dos alunos e começaram a valorizar
aspetos interessantes do trabalho
22
destes. Os professores mostraram
também começar a compreender como
se pode analisar e promover o
raciocínio dos alunos, nomeadamente
durante as discussões coletivas. Estes
resultados sugerem que este processo
de desenvolvimento profissional pode
promover a aprendizagem dos
professores em vários campos, em
especial sobre os processos de
pensamento dos seus alunos.
Desenvolvimento
profissional, formação de professores,
estudo de aula, números racionais
RENATA CARVALHO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
Este estudo pretende
valorizar o desenvolvimento do cálculo
mental com números racionais no 2.º
ciclo do ensino básico. O seu objetivo é
criar uma experiência de ensino para o
6.º ano centrada em tarefas de cálculo
mental (exercícios e problemas) com
números racionais e as quatro
operações e discussão coletiva na sala
de aula, que permita compreender as
estratégias, erros e dificuldades dos
alunos de modo a promover a
desenvolvimento desta capacidade.
O quadro concetual centra-se no uso
de: (i) factos numéricos, regras
memorizadas e relações numéricas e (ii)
modelos mentais como suporte ao uso
destes factos, regras e relações no
desenvolvimento do cálculo mental. As
tarefas foram construídas segundo
diversos princípios relativos ao
contexto, representações dos números
racionais e números de referência,
estratégias e erros dos alunos e nível
cognitivo das tarefas. A comunicação
na sala de aula, nomeadamente as
discussões coletivas, desempenham um
papel essencial neste processo.
No âmbito do cálculo mental com
números racionais a investigação realça
a importância de perceber a relação
entre várias representações de um
número racional e considera que os
alunos podem usar estratégias
instrumentais (aplicando factos e
regras) ou conceptuais (usando
estratégias que envolvem conhecimento
sobre números e operações). Realça
ainda que a aprendizagem dos números
racionais deve contemplar diversos
contextos, representações e números
de referência antes dos alunos
desenvolverem estratégias formais e de
manipularem os números
simbolicamente. Esta abordagem
permite desenvolver nos alunos o
sentido de número contribuindo para
minimizar os seus erros. É com base
nestes resultados e num estudo
preliminar realizado em 2010, que foi
planeada a experiência de ensino.
Este é um estudo qualitativo e
interpretativo com design research
como abordagem metodológica. A
recolha de dados foi realizada em 2012
e 2013, com recurso a observação
direta e gravações áudio e vídeo de
episódios de aula, gravações áudio das
reuniões de preparação e reflexão sobre
a realização da experiência de ensino,
recolha documental, notas de campo e
entrevistas. A análise de dados é
realizada tendo em conta diversas
categorias para estratégias (factos
numéricos, regras memorizadas,
relações numéricas e modelos mentais)
e erros (processuais ou concetuais).
Uma análise preliminar dos dados
permite perceber que existe uma
relação entre as estratégias de cálculo
mental dos alunos e a representação do
número racional, embora estas
estratégias evoluam ao longo da
experiência de ensino. Na
representação facionária os alunos
recorrem essencialmente a factos
23
numéricos e a regras memorizadas, na
representação decimal a relações
numéricas, incluindo a conversão entre
representações e as propriedades das
operações e, na representação em
percentagem, a relações numéricas,
apoiando-se no uso de factos
numéricos. Os erros dos alunos têm
subjacentes aspetos conceptuais de
compreensão dos números e das
operações ou a aplicação inadequada
de regras e pequenos lapsos de cálculo.
Cálculo mental,
números racionais, estratégias dos
alunos, erros dos alunos.
CRISTINA MORAIS
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
O ensino e aprendizagem dos
números racionais envolvem várias
dificuldades resultantes da
complexidade que os caracteriza como
as suas diferentes representações, os
vários significados, a natureza das
grandezas envolvidas, o
reconhecimento da unidade, e a
densidade deste conjunto numérico.
O presente estudo tem por objetivo
conhecer de que modo os alunos do 3.º
ano, desenvolvem a compreensão de
número racional e que de que modo o
conhecimento dos números racionais
na representação decimal contribui
para essa compreensão.
Compreender como ocorre este
desenvolvimento, significa
compreender como é que os alunos
desenvolvem as suas ideias
matemáticas partindo de um contexto
para o mundo simbólico e como é que
estas se tornam progressivamente mais
complexas. Neste processo, designado
por matematização, os modelos
assumem grande importância. Para que
esta evolução ocorra, é necessário
promover um ambiente de
aprendizagem que valorize a partilha e
discussão de ideias matemáticas e onde
os alunos têm um papel ativo na
aprendizagem.
No 1.º ciclo, as dificuldades na
aprendizagem dos números racionais
são notórias, pois os alunos
confrontam-se com um domínio
numérico com características diferentes
do conjunto dos números naturais que
ainda procuram dominar. Assim, é
natural que transponham para este
novo domínio os seus conhecimentos
dos números naturais, bem como o
conhecimento construído por si
próprios, resultante das experiências
dentro e fora da sala de aula, designado
por conhecimento informal.
Apesar de os números racionais serem
abordados nos primeiros anos,
nomeadamente na sua representação
em fração, é no 3.º ano que são
aprofundados e é abordada a sua
representação decimal. A sua
compreensão levanta grandes
dificuldades aos alunos, por vezes
entendidas pelos professores como
inevitáveis.
Como preparação deste estudo, realizei
um estudo diagnóstico com os
objetivos de: a) identificar que
conhecimentos de números racionais,
em diferentes representações,
revelavam os alunos (quando
frequentavam o 2.º ano); e b)
compreender quais os conhecimentos
dos alunos relativamente ao sistema de
numeração decimal, envolvendo
números naturais (realizado no 3.º ano,
no ano letivo de 2013/2014).
O estudo mais amplo segue uma
metodologia de design research, na
modalidade de experiência de ensino.
Os participantes são os 24 alunos de
uma turma de 3.º ano, tendo sido
selecionados quatro alunos para a
realização de um estudo mais
aprofundado, e a professora titular.
24
A experiência de ensino será
constituída por dois ciclos de tarefas, o
primeiro focado na passagem dos
números naturais para os números
racionais, especificamente na sua
representação decimal (já realizado), e
o segundo com ênfase na relação entre
a representação decimal e outras (a ser
realizado no início do 4.º ano). As
gravações vídeo e áudio das aulas, os
registos realizados pelos alunos e as
minhas notas de campo são as
principais fontes de dados.
Números naturais,
números racionais, representações.
NADIA FERREIRA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
O conhecimento matemático e
didático a desenvolver pelos futuros
professores, de modo a realizar um
ensino de qualidade para todos, é um
campo de muitas dúvidas e
controvérsias. O ensino e aprendizagem
dos números racionais é um tema
matemático que levanta dificuldades na
aprendizagem dos seus conceitos
fundamentais e desafia os professores
a constituírem uma prática de cariz
exploratório promovendo uma
aprendizagem significativa e de
natureza conceptual. Assim, esta
investigação pretende compreender o
conhecimento que futuros professores
de 2.º ciclo mobilizam e desenvolvem
quando ensinam os números racionais
no âmbito da sua prática
supervisionada.
O conhecimento matemático e didático
do professor estão relacionados.
Quando parte para a prática letiva,
gerindo a aprendizagem, interage com
os alunos, ouvindo e questionando,
procurando explorar as tarefas
anteriormente selecionadas, apoiando
os alunos na construção de ideias
matemáticas. Durante a prática,
enquanto age, vai “observando” e
refletindo. Depois da prática avalia as
aprendizagens dos alunos e a forma
como geriu o processo de ensino-
aprendizagem, refletindo e
reestruturando criticamente o trabalho
realizado acrescentando explicações ao
seu reportório. Assim, num quadro
onde se considera a prática letiva como
um contexto onde se pode desenvolver
o conhecimento para ensinar
Matemática, o professor pode criar uma
nova compreensão dos propósitos de
ensino, do conteúdo, dos alunos, e do
ensino e aprendizagem.
Na investigação são estudados três
casos de futuros professores de duas
escolas superiores de educação. No
cenário da formação inicial
consideramos os diversos
intervenientes e os contextos e
experiências proporcionadas. Para a
recolha de dados utilizo entrevistas,
observação de três aulas (que
posteriormente são alvo de reflexão) e
analiso documentos produzidos pelos
futuros professores. Os dados são
analisados através de análise de
conteúdo depois de definidas as
categorias que emergiram da literatura
e dos dados recolhidos. Antes de se
iniciar a recolha de dados do estudo,
decorreu um estudo piloto tendo em
vista testar os instrumentos de recolha
de dados. Os dados a apresentar são do
estudo piloto. Maria teve 9 anos de
aprendizagem de Matemática. Reflete
com facilidade, sem receio de explicitar
as suas dificuldades que pretende
ultrapassar lendo sobre o ensino e
aprendizagem dos números racionais.
Refere que as experiências vividas na
formação inicial contribuíram para o
seu conhecimento da Matemática e da
sua didática. Acredita num ensino-
aprendizagem por compreensão. Os
resultados evidenciam que a futura
professora mobilizou conhecimento do
conteúdo (nem sempre de natureza
25
concetual) e conhecimento didático,
nomeadamente sobre os alunos
(dificuldades e estratégias possíveis na
resolução de tarefas), as tarefas a
propor e as questões a colocar.
Também, reconhece que melhorou a
gestão da dinâmica pretendida nas
aulas, em função do visionamento dos
vídeos das suas aulas e pelo apoio
prestado pelos seus docentes.
formação inicial;
conhecimento; prática; Números
racionais
LUCIANO JOSÉ DOURADO VEIA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
Este estudo tem como
objetivo analisar as práticas
profissionais de professores
relativamente ao ensino da organização
e tratamento de dados no 1.º ciclo.
A investigação desenvolve-se num
contexto de trabalho de natureza
colaborativa envolvendo três
professores que lecionam o 3.º e 4.º
anos. As questões definidas para a
realização da investigação integram
aspetos relacionados com a seleção,
preparação e condução de tarefas assim
como a reflexão sobre as práticas e o
contributo do trabalho de natureza
colaborativa na seleção, preparação,
condução e reflexão sobre as práticas.
O enquadramento teórico integra duas
grandes componentes. A primeira,
, analisa o modo como evoluiu
esta área de conhecimento. Como
alternativa às abordagens tradicionais
do ensino da estatística que valorizam
essencialmente os procedimentos
ligados ao cálculo e os aspetos técnicos,
aponta-se hoje para um ensino da
estatística «orientado para os dados»,
seguindo o ciclo investigativo a partir
de situações do quotidiano dos alunos.
A segunda componente engloba
aspetos que vão desde o conhecimento
profissional às práticas do professor.
Discutem-se várias perspetivas de
conhecimento profissional, aborda-se a
importância da reflexão e da
colaboração nas práticas dos
professores e confere-se particular
atenção à seleção, preparação e
condução de tarefas.
O estudo segue uma metodologia de
investigação qualitativa de natureza
interpretativa que se concretiza através
da realização de três estudos de caso. A
recolha de dados recorre a entrevistas
semiestruturadas, observação de aulas
e sessões de trabalho, a registos e notas
de campo e recolha documental.
Os dados são analisados a partir de
categorias previamente estabelecidas,
de acordo com o enquadramento
teórico e o objetivo e questões de
investigação. Uma primeira análise do
caso de Ana Maria aponta para a
exploração de tarefas de acordo com as
fases do ciclo investigativo estatístico
em situações do quotidiano dos alunos.
Na seleção de tarefas a professora
valoriza a adequação às vivências dos
alunos, a diversidade e o grau de
complexidade com que foram
apresentadas. Nas práticas de
preparação das tarefas refere o
trabalho desenvolvido no seio do grupo
colaborativo salientando a antecipação
de possíveis estratégias dos alunos
como importante recurso para prever
possíveis dificuldades. Na condução
das tarefas é visível a sua intenção em
«dar voz» aos alunos para tomadas de
decisão sobre os procedimentos a
seguir, revelando particular atenção
com a participação nos vários
momentos de discussão. Nas suas
reflexões, identifica os principais
momentos de cada aula e valoriza as
decisões tomadas quando teve que
enfrentar situações inesperadas. A
26
realização de tarefas, seguindo o ciclo
investigativo, é apontada como uma
evolução importante relativamente às
suas práticas anteriores destacando a
fase da recolha de dados como aspeto
mais significativo e inovador da sua
prática.
Práticas profissionais,
organização e tratamento de dados,
tarefas, comunicação.
RAQUEL SANTOS
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
A partir do momento em que
a Estatística foi incorporada no
currículo matemático dos primeiros
anos (ME, 2007), torna-se necessário
compreender de que forma podemos
ensinar futuros professores e
educadores acerca deste tópico, de
modo a que eles sejam capazes de
educar alunos a tornarem-se cidadãos
críticos sobre a informação que os
rodeia. Assim, este estudo procura
compreender o conhecimento e as
capacidades que os futuros professores
do 1.º e 2.º ciclos e educadores de
infância possuem sobre Estatística e a
sua didática no final da sua formação
inicial.
Esta investigação é baseada numa
perspetiva sobre o ensino da Estatística
e sobre o conhecimento didático de
futuros professores neste domínio, que
assume que o ensino da Estatística não
deve ser só visto como uma coleção de
ferramentas mas também como um
processo de pensar acerca do mundo
(Scheaffer, 2000). Esta perspetiva
assume que os procedimentos técnicos
são úteis como ponto de partida, mas é
necessário ir além da rotina de modo a
refletir sobre problemas que emergem
durante projetos e investigações
estatísticos.
Neste estudo sigo uma perspetiva de
ensino da Estatística através de
investigações estatísticas e do
desenvolvimento de conceitos em
contexto e de literacia estatística a
partir dessas investigações. Também
assumo que para ensinar um tópico é
fundamental que o professor, para
além de conhecer o conteúdo, também
precisa de saber como ensiná-lo
(conhecimento didático), o que inclui o
conhecimento dos alunos e dos
processos de aprendizagem (Ponte,
Oliveira, Cunha & Segurado, 1998;
Shulman, 1986).
Utilizo uma metodologia mista, usando
estudos de caso. Os principais
instrumentos de recolha de dados são
um relatório escrito de uma
investigação estatística de todos os
alunos quando estes estavam no 2.º
ano do seu curso de formação inicial,
um questionário do seu 3.º e último
ano do curso e entrevistas e observação
de aulas, gravadas em vídeo, de três
desses alunos quando estavam no seu
primeiro ano do mestrado que habilita
para a docência. A análise dos dados é
maioritariamente descritiva e
interpretativa tendo por base o
discurso e a prática dos futuros
professores.
A análise de dados de dois estudos de
caso, relativamente ao ensino e
aprendizagem de investigações
estatísticas, revela que estes
participantes demonstram uma
perspetiva vinculada à experiência que
tiveram na formação inicial. Para além
disso, possivelmente devido à sua
insegurança e inexperiência, estes
participantes, na condução de uma
investigação estatística em sala de aula,
dão ênfase à recolha de dados e
construção de representações como
técnicas obrigatórias, assumindo o
controlo do trabalho dos alunos em
27
praticamente todas as fases da
investigação.
Formação inicial de
professores, estatística, didática da
estatística
ELVIRA SANTOS
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
Este estudo em curso tem por
objetivo compreender como, num
contexto de trabalho colaborativo, os
professores do 2.º ciclo desenvolvem
práticas avaliativas reguladoras e as
usam no aperfeiçoamento do processo
de ensino com as TIC.
Para a concretização deste objetivo,
definiram-se as seguintes questões:
• Como se caracteriza a planificação de
uma prática avaliativa reguladora? Em
particular, como professores de
Matemática do 2.º ciclo selecionam,
adaptam e/ou constroem tarefas com
as TIC e concebem estratégias
avaliativas?
• Como esses professores concretizam
essa prática avaliativa na sala de aula?
Em particular como recolhem
informação sobre a aprendizagem dos
alunos em aulas com as TIC?
• De que modo esses professores
procuram integrar essa prática na
regulação do seu processo de ensino?
Em particular, como interpretam,
refletem e usam a informação
recolhida ainda na sala de aula e na
planificação consequente?
Com a evolução do conceito de
avaliação formativa deixa-se de lado
uma abordagem comportamental, que
serve de suporte à pedagogia por
objetivos, para se adotar uma
abordagem construtivista onde o aluno
passa a ter um papel central e em que o
professor assume, sobretudo, a
responsabilidade de construir e propor
contextos favoráveis e adequados de
aprendizagem e de gerir e orientar o
aluno no desenvolvimento de tais
contextos. A avaliação reguladora passa
a englobar todas as atividades
realizadas pelos professores e/ou pelos
alunos, que fornecem informações a
serem usadas como para
modificar a atividade de ensino e de
aprendizagem em que estão envolvidos.
Assim, o objetivo é compreender o
funcionamento cognitivo do aluno
perante uma situação proposta para se
intervir de forma adequada com
enfoque tanto nos resultados como nos
processos, e desenvolver uma postura
reflexiva a partir dos dados recolhidos
de modo a que todos compreendam
não só o que estão a fazer mas também
como alterar em direção ao sucesso.
O interesse neste estudo pela utilização
da tecnologia vem do facto dela ser
vista, pela investigação, como uma
mais-valia para a avaliação, pois
possibilita que os professores analisem
os processos que os alunos utilizam
durante as suas investigações
matemáticas, bem como os resultados
obtidos, aumentando a quantidade de
informação disponível para que os
professores tomem decisões
respeitantes ao ensino.
O estudo é de natureza interpretativa,
qualitativo, e a modalidade é de estudo
de caso. Num contexto de trabalho
colaborativo entre a investigadora e
dois professores de Matemática a
lecionar o 5.º ano de escolaridade. Irão
ser selecionadas, adaptadas e/ou
construídas tarefas, cuja realização
compreende o uso de tecnologias, e
concebidas estratégias de avaliação.
Depois da sua concretização em sala de
aula, na planificação seguinte, procurar-
se-á integrar informação recolhida nas
aulas com tecnologia. A recolha de
dados irá recorrer à observação das
reuniões de trabalho colaborativo e de
aulas, entrevistas às professoras e
recolha documental.
28
Ensino da Matemática,
práticas reguladoras, avaliação
reguladora, Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC).
CÁTIA SOFIA NUNES RODRIGUES
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
A aprendizagem da
Matemática com compreensão
pressupõe a participação ativa dos
alunos na construção do seu
conhecimento, através do trabalho com
tarefas matematicamente significativas
e da apresentação e discussão das suas
estratégias de resolução.
As discussões matemáticas contribuem
fortemente para a aprendizagem ao
colocarem em jogo interações sociais e
negociação de significados
matemáticos. Os alunos quando são
incentivados a partilhar as suas ideias,
a justificá-las e a argumentar sobre as
ideias dos seus colegas, constroem
novo conhecimento ou ampliam o
conhecimento matemático existente,
estabelecendo conexões entre as ideias
partilhadas e as suas ideias iniciais. No
trabalho com a Álgebra, as discussões
matemáticas contribuem para o
desenvolvimento da simbolização e da
generalização, através da negociação de
significados algébricos e de formas de
representação adequadas para as ideias
algébricas.
Na condução de uma discussão
coletiva, o professor é chamado a
desempenhar diversas ações que são
influenciadas e influenciam o seu
conhecimento didático. Este
conhecimento revela-se, também, na
forma como o professor prepara o
momento da discussão, como
acompanha o trabalho dos alunos,
como explora e relaciona as distintas
resoluções apresentadas pelos alunos e
como envolve os alunos no processo de
negociação de significados
matemáticos.
Este estudo procura, assim,
compreender como um grupo de
professores de Matemática do 3.º ciclo
do ensino básico, implicados num
trabalho colaborativo, mobiliza e
desenvolve o seu conhecimento relativo
à preparação, dinamização e reflexão
de discussões matemáticas no ensino
da Álgebra, tendo em vista o
desenvolvimento do pensamento
algébrico dos seus alunos.
A metodologia é qualitativa e
interpretativa, com estudos de caso de
três professores do 3.º ciclo do ensino
básico. O estudo decorre num contexto
de trabalho colaborativo porque este
propicia o estudo das práticas e
conhecimento do professor na
condução de discussões, com vista à
promoção da aprendizagem dos alunos,
favorecendo igualmente a reflexão
sobre essas práticas e conhecimentos.
Os dados são recolhidos através de
entrevista, de observação e gravação de
aulas e sessões de trabalho
colaborativo e de análise documental. A
análise de dados assenta na análise de
conteúdo.
Os resultados preliminares, de um caso,
mostram que o professor mobiliza
diversos aspetos do seu conhecimento
didático na preparação e condução de
discussões coletivas, em particular, da
prática letiva, e que é influenciado pelo
seu conhecimento da Matemática, do
currículo, dos seus alunos e de como
eles aprendem. Evidenciam, também,
que o professor privilegia as ações de
apoio e de ampliação na condução de
discussões coletivas.
Discussão Matemática,
práticas e conhecimento didático,
colaboração, Álgebra.
29
ELSA INÁCIO DE OLIVEIRA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
A formação inicial de
professores constitui uma base
fundamental para o desenvolvimento
do conhecimento para ensinar do
futuro professor (NCTM, 2000). No
domínio da Álgebra, o trabalho que
anteriormente se encontrava focado no
cálculo algébrico, assenta agora numa
perspetiva alargada que promove o
trabalho com a generalização, com
relações e com símbolos, preparando
os alunos para posterior formalização.
Os futuros professores deverão, por
isso, ter a oportunidade de conhecer os
aspetos fundamentais respeitantes ao
ensino desta temática, para que os
possam mobilizar na sua prática futura
com vista ao desenvolvimento do
pensamento algébrico dos seus alunos.
No entanto, o futuro da aprendizagem
não se centra apenas nos conteúdos,
mas principalmente nos contextos, ou
seja, na utilização de ambientes sociais
ricos em oportunidades de
participação, promovendo atividade
significativa imersa na cultura dos
participantes (Figueiredo & Afonso,
2005).As potencialidades do contexto
de ensino a distância estão
relacionadas com a flexibilidade do
tempo e do espaço, a acessibilidade, a
centralidade do estudante, a
interatividade e o ritmo personalizado
de aprendizagem (Paiva, 2004).
O meu interesse profissional por esta
modalidade de ensino e a preocupação
em reformular aspetos particulares da
minha prática, adaptando-a às novas
realidades e dificuldades com que me
deparo, e de refletir sobre o impacto de
uma experiência de ensino, que
concretizo, na aprendizagem dos
futuros professores, na temática da
Álgebra, conduziu à realização desta
investigação.
O seu objetivo é analisar como é que os
futuros educadores e professores do 1.º
e 2.º ciclos do ensino básico
desenvolvem o seu conhecimento
matemático em Álgebra e o
conhecimento didático adequado ao
ensino desta temática nos primeiros
anos, ao longo de uma experiência de
ensino, em regime de ensino a distância
(EaD), na modalidade b-Learning.
A metodologia de estudo é qualitativa e
interpretativa (Bogdan & Biklen, 1994),
integrando uma vertente de experiência
de ensino. Os participantes são os
alunos que frequentam a unidade
curricular Tópicos de Álgebra e
Funções, do 1.º ano, 2.º semestre do
curso de licenciatura em Educação
Básica, em regime EaD, de uma Escola
Superior de Educação da região centro,
no ano letivo 2013-14. A experiência de
ensino, que constitui o ponto de
referência central deste
estudo,contempla atividades , a
decorrer num ambiente virtual de
aprendizagem, seguindo uma
abordagem exploratória com base na
realização de tarefas que abordam os
tópicos programáticos previstos para a
UC e que visam fomentar a discussão
em torno do ensino e aprendizagem da
Álgebra nos primeiros anos de
escolaridade. É privilegiada a
comunicação assíncrona com recurso
ao fórum de discussão, havendo ainda
momentos síncronos para discussão e
reflexão em pequeno grupo. Inclui
também duas sessões presenciais, de
caráter obrigatório.
A recolha de dados inclui as resoluções
dos alunos das tarefas propostas, os
registos das sessões síncronas e
entrevistas a alguns alunos.
Álgebra, pensamento
algébrico, formação inicial, ensino à
distância.
30
LINA BRUNHEIRA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
O presente estudo tem por
objetivo investigar a forma como os
futuros professores que frequentam a
Licenciatura em Educação Básica
desenvolvem o seu raciocínio
geométrico, a visualização espacial e o
seu conhecimento didático, no contexto
de um currículo assente numa
abordagem exploratória.
O quadro conceptual assenta em dois
eixos fundamentais: o raciocínio
geométrico e a visualização e os
processos de aprendizagem na
formação inicial. Assim, identifico as
especificidades do raciocínio
geométrico através do seu objeto de
estudo – as figuras geométricas – e de
processos matemáticos que assumem
particular destaque neste tipo de
raciocínio – definição, classificação,
generalização e justificação. Sendo os
objetos geométricos inerentemente
visuais, encaro a visualização espacial
como uma componente fundamental do
raciocínio geométrico e analiso-a
enquanto capacidade de “criação,
interpretação, uso e reflexão sobre
desenhos, imagens, diagramas, na
nossa mente, no papel ou com
ferramentas tecnológicas”, (Arcavi,
2003, p. 217). Recorro ainda às
categorias de perceção de relações
espaciais e discriminação visual, para
estudar os futuros professores.
Relativamente à formação inicial,
assumo a existência de uma estreita
ligação entre o conhecimento
matemático e didático, procurando
interligar estas duas dimensões,
usando os mesmos métodos que se
preconiza que os futuros professores
utilizem nas suas práticas, valorizando
o ensino exploratório, e dando relevo a
uma componente reflexiva.
Trata-se de um estudo de natureza
qualitativa, seguindo a metodologia
na modalidade
de experiência de formação em que a
investigadora assume o papel de
professora. Já neste ano letivo realizei
um estudo piloto cujos dados já foram
parcialmente analisados. Os resultados
preliminares mostram que os futuros
professores iniciaram a unidade com
um conhecimento sobre as figuras
geométricas muito limitado e assente
em imagens protótipo que constituem
um obstáculo ao raciocínio e à
visualização. No entanto, registou-se
uma evolução muito positiva para a
qual foram determinantes as tarefas
que os envolveram na análise de
propriedades invariantes e na produção
de generalizações em ambientes de
geometria dinâmica que, pelas suas
características, promovem a análise de
figuras que não se fixam nos seus
protótipos, quer no que respeita à
posição no espaço, quer nas relações
entre os seus elementos. A atividade de
definir parece ser potenciadora da
construção do conhecimento sobre
figuras, a investigação sobre os seus
elementos e relações, implicando a
mobilização do raciocínio e da
capacidade de visualização. O processo
de justificar constitui um desafio para a
maioria dos alunos que é potenciado
pela necessidade de construir um
discurso com um encadeamento lógico
e com recurso a linguagem matemática.
Identificam-se, ainda fatores que
podem aumentar o grau de dificuldade
deste processo, nomeadamente a
natureza dos dados das tarefas e as
representações que lhe estão
associadas.
Raciocínio geométrico,
visualização, conhecimento didático,
formação inicial.
31
MARIA SOLANGE DA SILVA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
O estudo baseia-se em uma
análise aprofundada das concepções,
das expectativas e das ações
observáveis dos professores ao
participarem de um programa de
formação. O foco são os processos de
de
documentos de ensino de Matemática,
no quadro de um programa de
formação continuada. O objetivo é
compreender como os professores
envolvidos no programa adquirem e
como desenvolvem as habilidades
necessárias para a construção destes
documentos. Estabeleci as seguintes
questões: (i) Que aprendizagens o
professor desenvolve, a partir dos
recursos proporcionados pelo
programa de formação em ambiente de
trabalho de documentação coletiva,
para a elaboração de documentos de
ensino? (ii) Como se caracterizam as
“orquestrações instrumentais”
desenvolvidas pelo professor, no que se
refere às habilidades envolvidas, tendo
em vista a elaboração de um
documento de ensino? (iii) Como se
caracterizam as estratégias que o
professor utiliza no processo de
elaboração de um documento de
ensino?
A Teoria da Gênese Documental (TGD)
de Trouche é a base principal do
estudo. Esta teoria fornecerá elementos
que permita serem analisados os
“ ” para a
elaboração de um documento de ensino
e a forma como os professores
interpretam e usam os recursos
disponibilizados pelo programa. Em
TGD uma “ ” é
definida como a forma intencional e
sistemática do professor em organizar
e utilizar os vários artefactos
disponíveis em um ambiente de
aprendizagem (Trouche, 2008). Uma
pode ser
entendida como um processo que pode
levar o professor ao desenvolvimento
de um documento de ensino,
caracterizando uma
(Trouche, 2004). Para entender e
explicar o conceito de
no âmbito
de um programa de formação
continuada, a aprendizagem do
professor também será vista como um
processo que está relacionado: (i) ao
engajamento do professor no programa
de formação, (ii) às suas ações relativas
aos objetivos do programa, (iii) às
reflexões referentes às suas ações, e (iv)
à concepção do professor gerindo seu
próprio conhecimento.
O estudo é de natureza empírica, não
experimental e segue uma perspectiva
interpretativa, tendo como design um
estudo de caso, onde a coleta dos
dados e a análise dos dados serão
decorrentes de observações diretas com
registros em um diário, entrevistas
(informais e semiestruturadas) e vídeo
gravações. O ambiente natural do
estudo é um Programa de formação de
professores desenvolvido pelo
Ministério de Educação da Holanda,
onde será estabelecido um acordo com
três professores (voluntários) de
Matemática, com o propósito de: (i)
acompanhar o trabalho dos professores
fora das sessões de treinamento, (ii)
acompanhar o trabalho dos professores
durante as sessões de treinamento (iii)
acompanhar o trabalho dos professores
após as sessões de treinamento.
: Orquestração
instrumental, gênese documental,
documentos de ensino, formação de
professores de Matemática.
32
HELENA GIL MONTEIRO GUERREIRO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
Segundo a investigação, é
esperado que os alunos interajam na
construção da aprendizagem
matemática. É desejado que pensem em
conjunto e que coconstruam o
conhecimento. É proposto que o
professor promova o diálogo e a
negociação de significados. Numa
perspetiva do desenvolvimento do
sentido de número, as orientações
curriculares apontam os números
racionais, como um tópico crítico do
currículo. O alerta surge no sentido de
investir na compreensão dos conceitos,
contrariando a tendência de
sobrevalorizar o ensino de
procedimentos e de regras.
Diferentes correntes de investigação
determinam diferentes caminhos no
trabalho com os números racionais, nos
primeiros anos. Um desses caminhos
privilegiou a percentagem, atribuindo-
lhe o papel principal na fase inicial.
Resultou um desenho curricular
experimental, baseado em contextos
quotidianos e nos conhecimentos que
os alunos já possuíam. Os pressupostos
deste modelo curricular foram
inspiradores do trabalho que decidi
desenvolver com a turma em torno da
construção dos conceitos relativos aos
números racionais. É este trabalho que,
constitui o centro da investigação que
estou a desenvolver.
O estudo exploratório que realizei na
turma, pareceu revelar alguma intuição
relativa à percentagem. Esta surge, de
algum modo, associada às vivências
dos alunos, dentro e fora da escola. A
análise dos dados veio apontar no
sentido de partir dessas vivências, para
desencadear a construção da rede de
conhecimentos que se pretendia criar.
A parte empírica desta investigação
centrou-se no desenvolvimento de um
percurso conjunto, construído com a
turma, enquanto comunidade em
permanente interação. Este percurso,
desenvolvido ao longo do 3º e 4º anos
de escolaridade, apoiou-se numa
sequência progressiva de tarefas, que
definiu o seu caminho de
aprendizagem, através da construção
compartilhada das aprendizagens,
relativas aos números racionais. Foi
possível arrumar esse percurso em três
fases distintas: iniciou-se com a
exploração da percentagem; seguiu-se o
estudo da representação decimal, na
sua relação com a percentagem. E, por
fim, o trabalho em torno do estudo das
frações, em articulação com as
restantes representações.
Enquanto professora investigadora da
minha prática, pretendo descrever e
compreender, por um lado, o
desenvolvimento do sentido de número
racional dos alunos, segundo o modelo
curricular proposto e, por outro, a
evolução da aprendizagem deste
tópico, observando a utilização que
fazem das suas diferentes
representações simbólicas. Esta análise
dos acontecimentos, tendo por base as
interações e produções dos alunos, vai
permitir-me uma maior compreensão
da minha prática de sala,
nomeadamente da relação entre a
dimensão do conteúdo matemático e a
dimensão pedagógica da prática. Estes
procedimentos metodológicos
encontram entendimento na
modalidade de tendo
por base uma experiência de ensino
orientada por uma conjetura.
ensino, aprendizagem,
interação, números racionais, sentido
de número
33
STEFAN SCHUMACHER
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
In the case of the presented
project, learning protocols are defined
as explications of a learning process
and its outcome by using multiple
external representations. Generating
learning protocols is often considered
to have positive effects on the learning
success in inquiry based learning-
environments.
Since students are not likely to generate
learning protocols spontaneously
prompts can be implemented in the
learning environment. In the presented
project prompts are defined as short
hints that ask the students to report
results or the way they got to the
results externally.
The aim of the presented project is to
get deeper inside of the positive effects
of prompting students to generate
learning protocols as well as new inside
of how prompts should be designed.
To investigate this topic a multi-
representational learning environment
on fractions got developed. The
learning environment combines various
static and dynamic representations as
well as enactive representations.
The theory of “representational
competence” builds the overall
theoretical background from a
cognition psychology point of view.
Representational competence can be
defined by two aspects that are one
side of the same coin. One aspect is the
ability to interpret given external
representations. The other aspect is the
ability to generate or construct external
representations.
With this theory the fraction-learning
from the multirepresentational learning
environment as well as the generation
of learning protocols can be described.
In a first intervention study with three
conditions in a pre, post, follow-up-test
design with 200 6th grade students, the
effects of different instruction levels of
prompts on the learning outcome as
well as the development of the ability
to generate learning protocols got
investigated. To measure the learning
success on fractions a questionnaire on
fractions was used. To measure the
ability to generate learning protocols a
new instrument, so called video-items,
got developed. The idea behind video-
items is to present a short video in
which a content related to fractions
gets explained. The task for the
students after seeing the video is to
represent the video-content externally
in form of a learning protocol. These
learning protocols got rated with a
coding scheme.
In the study two groups of students
learned using the designed learning
environment and a control-group got
taught the same content over the same
amount of time in school.
First results show no significant
differences between the both prompt
conditions and the control group. But
all groups show a significant increase
on the knowledge of fractions as well
as on the ability to generate learning
protocols between the pre and the post-
test. These results indicate that
students can learn successfully in an
inquiry based learning environment. To
proof that the positive effects on
learning success and the ability to
generate learning protocols is caused
by prompting students to generate
learning protocols a new study is
planned in which a group of students
with prompts on a medium
instructional level is compared to a
group of students with no prompts.
Fraction concepts,
representational competence, prompts,
learning protocols.
34
RENATA VIVIANE RAFFA RODRIGUES
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
O projeto de pesquisa tem por
objetivo investigar como os alunos de
Prática e Laboratório de Ensino de
Matemática no Ensino Fundamental da
Universidade Federal da Grande
Dourados, no Brasil, desenvolvem
conhecimentos acerca do ensino da
matemática na perspectiva do ensino
exploratório, especialmente
relacionados com as características das
tarefas matemáticas e com a
comunicação, no contexto de
exploração de um caso multimídia.
O interesse por essa investigação no
campo de uma componente curricular
da formação inicial de professores de
Matemática a partir da exploração de
um caso multimídia decorre da
confluência de resultados de pesquisas
da área. O contato com teorias
desarticuladas da prática profissional
não tem garantido os conhecimentos
profissionais necessários aos futuros
professores de matemática (Oliveira &
Hannula, 2008; Ponte & Oliveira, 2002).
Diversas pesquisas têm salientado o
uso do vídeo como um recurso
potencialmente relevante para prática
ou aproximação com a prática no
desenvolvimento de conhecimentos
profissionais. Contudo, no Brasil, não
foram encontradas pesquisas com essa
intencionalidade para o uso do vídeo
no campo da Educação Matemática
(Rodrigues, Rodrigues, Cyrino &
Oliveira, 2014). Dessa forma,
conjecturamos que o recurso
multimídia construído no Brasil pelo
Grupo de Estudo e Pesquisa sobre
Formação de Professores que Ensinam
Matemática ao reunir vídeos de aulas
na perspectiva do ensino exploratório,
tarefas matemáticas, resoluções dos
alunos, vídeos de entrevistas às
professoras, textos de enquadramento
teórico pode contribuir para o
desenvolvimento de conhecimentos
acerca do ensino exploratório na aula
de matemática. Tal perspectiva exige
formas de ensino centradas no trabalho
autônomo do aluno em tarefas
cognitivamente exigentes (Smith &
Stein, 1998). Além disso, investigações
acerca do ensino exploratório indicam a
importância de práticas comunicativas
em sala de aula (Menezes et al., 2013)
ao desenvolvimento de interações
dialógicas à aprendizagem Matemática
por meio da dinamização de discussões
coletivas e sistematização das
aprendizagens. (Oliveira, Menezes &
Canavarro, 2013).
Esta é uma investigação qualitativa com
orientação interpretativa em que a
pesquisadora assume também o papel
de formadora. Para organização e
encaminhamento das ações de
formação seguimos a espiral que
combina quatro momentos do processo
de construção do conhecimento em
uma perspectiva sociocultural que
perpassam experiência pessoal;
informações; construção de
conhecimento e compreensão (Wells,
2002). Nesse contexto metodológico
pretendemos recolher os dados
referentes às respostas às questões do
caso multimídia, às interações
dialógicas dos sujeitos na discussão
coletiva, à reflexão individual escrita, à
planificação de uma aula de ensino
exploratório e à entrevista
semiestruturada a cada participante no
encerramento da formação.
Ensino exploratório,
caso multimídia, formação inicial de
professores de matemática,
35
conhecimentos sobre ensino de
matemática.
SANDRA NOBRE
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
Esta investigação desenvolve-
se num quadro de experiência de
ensino com alunos do 9.º ano, no
estudo de tópicos algébricos (sistemas
de duas equações do 1.º grau a duas
incógnitas, proporcionalidade inversa e
equações do 2.º grau). O principal
objectivo deste estudo é analisar o
contributo da realização da experiência
de ensino no desenvolvimento do
pensamento algébrico dos alunos. Em
particular, pretendo analisar (i) a
evolução nas representações
matemáticas e (ii) a aprendizagem de
métodos formais.
O enquadramento teórico envolve o
estudo do desenvolvimento do
pensamento algébrico, em particular a
aprendizagem de métodos formais e as
representações matemáticas.
Na experiência de ensino, a resolução
de problemas é a atividade privilegiada
e alguns dos problemas são propostos
para resolver na folha de cálculo, uma
ferramenta que pode ajudar os alunos
na transição para a Álgebra. No início
do estudo de cada tópico foi realizada
uma ficha de diagnóstico. Em cada
tarefa foram criados momentos de
discussão e de síntese, procurando
promover a construção de uma ponte
entre o trabalho realizado na folha de
cálculo e o trabalho com lápis e papel,
recorrendo ao simbolismo algébrico.
A metodologia de investigação é
qualitativa, seguindo o paradigma
interpretativo. A investigação segue um
na modalidade de
experiência de ensino, com recurso a
estudos de caso. Neste trabalho assumo
o papel de professora e investigadora.
Os participantes são 22 alunos de uma
turma do 9.º ano; destes foram
selecionadas duas alunas, com
diferentes desempenhos, que se
constituem como casos.
A recolha e análise de dados tiveram
por base a observação participante.
Procedi à recolha das produções das
alunas, à captura dos ecrãs dos
computadores, à gravação áudio dos
diálogos e realizei entrevistas no final
do estudo de cada um dos tópicos. A
análise de dados envolve
essencialmente análise de conteúdo das
produções escritas das alunas, das
transcrições das gravações áudio de
episódios das aulas, da sequência de
na folha de cálculo e das
entrevistas realizadas.
Apresento alguns resultados relativos
aos dois casos, Ana e Carolina,
destacando semelhanças e contrastes
no que respeita à evolução das alunas
na utilização de representações
matemáticas e na aprendizagem dos
métodos formais. As tarefas propostas,
em particular a resolução de
problemas, incentivaram o
estabelecimento de conexões e a
conversão entre diferentes
representações, em particular para a
simbologia algébrica, sustentando o
desenvolvimento do pensamento
algébrico das alunas. Este aspeto foi
importante para a aprendizagem
formal, evitando a aplicação de
procedimentos sem compreensão. No
final da experiência de ensino, ambas
as alunas sabem utilizar os diferentes
métodos formais, no entanto Carolina
por vezes usa ainda a folha de cálculo
por ser uma ferramenta inspiradora e
que lhe permite libertar-se dos cálculos.
36
Pensamento algébrico,
representações matemáticas, resolução
de problemas, folha de cálculo.
MIGUEL FIGUEIREDO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DA
MATEMÁTICA
Esta comunicação apresenta
um projeto de investigação em
desenvolvimento no âmbito do
doutoramento em Educação, na
especialidade da Didática da
Matemática, com os elementos
principais do seu quadro teórico, a
metodologia e os resultados
preliminares de um estudo piloto já
efectuado. O objetivo do estudo
consiste na identificação das
componentes que formam os estilos de
aprendizagem da Matemática numa
amostra de estudantes portugueses do
10.º ano e a sua relação com o
desempenho escolar nesta disciplina.
As componentes a considerar na
composição de cada estilo de
aprendizagem são definidas por quatro
variáveis: estratégias de
processamento, estratégias de
regulação da aprendizagem,
orientações motivacionais e crenças
sobre a aprendizagem, de acordo com o
modelo de regulação dos processos de
aprendizagem proposto por Vermunt e
Van Rijswijk (1988). Estas variáveis, de
acordo com o modelo, combinam entre
si de forma a definirem quatro tipos de
estilos de aprendizagem: orientação da
aprendizagem para o significado, para
a reprodução, para a aplicação e não
orientado. O estudo, de natureza
quantitativa, incidirá sobre uma
amostra de alunos do 10.º ano, aos
quais será submetido um questionário
fechado, baseado no ILS (Inventory of
Learning Styles) de Vermunt (1998),
mas adaptado pelo investigador para
ser respondido por alunos do ensino
secundário, no contexto específico da
aprendizagem da Matemática. Os dados
serão tratados através de análise
correlacional, nomeadamente análise
fatorial. Os resultados preliminares no
estudo piloto realizado revelaram uma
boa fiabilidade do questionário e
apontam para a confirmação dos estilos
de aprendizagem definidos por
Vermunt e para a pertinência da sua
caracterização em função das quatro
componentes do modelo de regulação
dos processos de aprendizagem,
conforme referido. O estilo de
aprendizagem orientado para o
significado, com uma forte associação
ao gosto pela Matemática, é o que surge
melhor definido em termos das quatro
componentes do modelo de regulação
da aprendizagem e o que mais
transparece da variabilidade dos dados
obtidos no estudo piloto. Dos referidos
resultados ressalta ainda um papel
central da autoestima dos alunos na
aprendizagem da Matemática. Quanto à
distribuição dos estilos de
aprendizagem pela amostra, da análise
de efetuada, resulta que 20%
da amostra se tende a enquadrar no
estilo não-orientado. Os restantes 80%
dividem-se equitativamente pelos
estilos orientado para o significado e
orientado para a reprodução.
Estilos de
aprendizagem, Matemática, 10.º ano.
37
Didática das Ciências
CARLA MATOSO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
O professor é um profissional
que mobiliza conhecimentos múltiplos
ao fazer juízos de valor sobre o que e
como ensina, a quem ensina e com que
finalidades, condições e recursos. Dos
vários domínios que integram o
conhecimento profissional do
professor, destaca-se o conhecimento
pedagógico de conteúdo como o
conhecimento que o professor possui
acerca de como ensinar um
determinado tópico da sua disciplina,
de forma a ser apreendido pelos seus
alunos. Este tipo de conhecimento
depende do conteúdo e do contexto em
que é ensinado e do modo como o
professor reflete sobre a sua
experiência. Na verdade, a reflexão, em
conjunção com o ato de ensinar e a
colaboração, contribuem para
transformar o conhecimento do
professor e desenvolver o seu
conhecimento pedagógico de conteúdo.
No Mestrado em Ensino da Física e da
Química do Instituto de Educação da
Universidade de Lisboa, incentiva-se
uma aprendizagem colaborativa, entre
os futuros professores, presente nos
ciclos de planeamento, lecionação de
aula e reflexão pós-aula. Para isso, é
necessário que recolham evidências
sobre as aprendizagens e as
dificuldades dos seus alunos, tornando
a sua reflexão fundamentada, de modo
a construir conhecimento a partir da
sua prática. Assim, este estudo
pretende dar resposta ao problema:
como é que a reflexão sobre a prática, o
trabalho colaborativo e a investigação
sobre a prática contribuem para o
desenvolvimento do conhecimento
pedagógico de conteúdo de cinco
futuros professores?
Trata-se de uma investigação
qualitativa, com orientação
interpretativa. Participam cinco futuros
professores de Física e Química.
Utilizam-se vários instrumentos de
recolha de dados: gravação, em registo
vídeo, das sessões de preparação e de
reflexão pós-aulas; notas de campo da
investigadora; documentos escritos; e
entrevistas semiestruturadas a cada um
dos professores participantes.
Os resultados obtidos evidenciam que a
reflexão sobre a prática e o trabalho
colaborativo contribuem para o
desenvolvimento do conhecimento
pedagógico de conteúdo dos futuros
professores, nomeadamente no que se
refere ao planeamento das aulas e ao
conhecimento das dificuldades dos
alunos.
Conhecimento
pedagógico de conteúdo, formação
inicial de professores, colaboração,
reflexão sobre a prática.
38
CARLA MANUELA DE PACÍFICO DIAS
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
No atual contexto científico,
tecnológico e social, marcado por
controvérsias sócio-científicas e sócio-
ambientais, uma educação em ciências
que se restrinja à transmissão de
conhecimento científico substantivo
revela-se insuficiente para a
capacitação dos alunos como cidadãos
ativos.
A metodologia de ensino-aprendizagem
“Inquiry-Based Science Education”
(IBSE) pretende envolver os alunos em
atividades de natureza investigativa
sobre problemas socialmente
relevantes de forma a desenvolverem
competências de identificação de
problemas, de planeamento e
realização de investigações, de recolha
e análise de dados e de resolução de
problemas. Estas competências,
associadas ao conhecimento da
natureza do empreendimento científico
e das suas interações com a tecnologia,
a sociedade e o ambiente, são decisivas
à construção de uma literacia científica
indispensável ao exercício de uma
cidadania crítica. Cabe ao professor
conceber situações de aprendizagem
que envolvam os alunos em atividades
investigativas que capacitem os alunos
como construtores críticos de
conhecimento e como parceiros
responsáveis em processos de
investigação e inovação.
Com o presente estudo pretende-se
construir conhecimento sobre como
conceber e realizar estratégias
educativas de natureza investigativa (de
tipo IBSE) sobre investigação e inovação
responsáveis em áreas científicas de
ponta (atuais e controversas),
adequadas ao programa de Ciências
Naturais do 3.º CEB e que integrem
aplicações da Web 2.0. Propõem-se as
seguintes questões de investigação: 1)
Que competências do Currículo
Nacional do Ensino Básico das ciências
podem ser atingidas com a
implementação da abordagem IBSE?; 2)
Como se poderá conjugar a reflexão
sobre a investigação e inovação
responsáveis com a abordagem IBSE?;
3) Que aplicações da Web 2.0 poderão
auxiliar na concretização das diferentes
fases desta abordagem?; 4) Que
possibilidades e dificuldades
experimentam alunos e professores
durante a realização destas
estratégias?; 5) Qual o impacte destas
estratégias no desenvolvimento de
conhecimentos e competências
necessários ao exercício de uma
cidadania ativa, fundamentada e crítica
no âmbito da investigação e inovação
responsáveis em áreas científicas de
ponta?
De forma a operacionalizar este estudo,
opta-se pela metodologia “Design-Based
Research” (DBR), por se tratar de uma
abordagem: (1) intervencionista,
procurando atuar num contexto real;
(2) iterativa, integrando ciclos de
análise, desenvolvimento, avaliação e
reformulação/melhoramento; (3)
inclusiva, permitindo o envolvimento e
a contribuição ativa na investigação dos
alunos e de especialistas das áreas
educativa e científica em várias fases da
sua implementação; (4) orientada para
os processos; (5) orientada para a
utilidade, desenvolvimento de
estratégias adequadas a contextos
reais; e (6) orientada para e pela teoria,
conceção de protótipos cuja aplicação e
avaliação sucessiva também contribui
para a (re) construção de teoria.
Educação em ciências,
IBSE, investigação e inovação
responsáveis, Web 2.0.
39
ANA MARGARIDA VICÊNCIO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
O aparente
entre os currículos escolares, os
resultados escolares obtidos em
disciplinas de ciências e tecnologia; e os
resultados alcançados em estudos
acerca da cultura científica das
populações bem como a consolidação
de um paradigma de Educação que
coloca a Aprendizagem ao Longo da
Vida no seu cerne, tem feito emergir a
pertinência de abordagens de Educação
em Ciência que não se restrinjam à
Escola. De facto, o início do nosso
século tem sido marcado pelo crescente
interesse no aprofundamento do
conhecimento acerca dos espaços e
dinâmicas de Educação não-formal em
Ciência. Contemporaneamente, na
Museologia Internacional, vem
emergindo a ideia de que os Museus se
devem assumir como instituições
educativas de referência. Estudos
levados a cabo em museus, centros de
ciência, jardins botânicos, aquários,
planetários mostram que as visitas a
estes locais se podem assumir como
experiências de envolvimento e
participação na Ciência, mesmo que
esta não seja apresentada, nesses
locais, de uma forma linear e didática.
O projeto que temos vindo a
desenvolver tem por objetivos
caraterizar a
proporcionada por ambientes não-
formais de Educação em Ciência na
cidade de Lisboa (espaços, temáticas,
perspetivas educativas e atores
envolvidos nos processos e dinâmicas);
e identificar os seus e os
aspetos a transformar por forma a
ampliar o seu potencial educativo. De
facto, procuramos compreender de que
forma a Educação não-formal pode
contribuir não só para a aprendizagem
de conteúdos científicos mas,
sobretudo, para a compreensão da
natureza e funcionamento da Ciência
numa perspetiva de Aprendizagem ao
Longo da Vida.
A natureza das questões e objetivos de
investigação convidam-nos a privilegiar
um olhar compreensivo para perscrutar
a realidade, em condições de podermos
obter informações diversificadas mas
fiáveis, pertinentes e credíveis,
emergindo pertinência duma
abordagem metodológica de caráter
hermenêutico/dialético. A escolha da
melhor metodologia requer,
igualmente, a escolha de técnicas e
instrumentos de recolha de dados que
se mostrem adequados a reunir os
dados necessários e pertinentes para a
compreensão e interpretação da
complexidade do contexto em que a
investigação se desenvolve. Assim, os
métodos devem ser coerentes e
complementar-se. A opção pela
realização de um Estudo de Caso
Múltiplo e a advinda seleção de entre
quatro a cinco contextos de Educação
Não Formal em Ciência na Cidade de
Lisboa tem-se mostrado
verdadeiramente desafiante. É, pois,
sobre este percurso que pretendemos
desenvolver a nossa apresentação.
Aprendizagem ao
Longo da Vida, Educação Não Formal
em Ciência, Estudo de Caso Múltiplo.
VANESSA DE ANDRADE
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
40
Atualmente é reconhecida a
importância de uma educação em
ciência que promova possibilidades
para que aconteça o diálogo sustentado
entre a sala de aula, a escola, a ciência,
a tecnologia e a sociedade civil. Neste
sentido, tem vindo a ser salientada a
exploração de questões sociocientíficas
controversas (QSC) com o objetivo de
melhor preparar os alunos para a
participação ativa e fundamentada na
sociedade. As QSC diferem de outros
assuntos da ciência pelo facto de serem
abertas e por constituírem problemas
discutíveis, sujeitos a múltiplas
perspetivas e soluções. O envolvimento
na exploração destas problemáticas
requer que os alunos adquiram um
conhecimento científico; capacidade de
raciocinar sobre as ligações entre
evidências, inferências e conclusões de
modo a serem capazes de explicar e
avaliar os resultados da ciência; e
competências para usar o
conhecimento científico na avaliação de
alternativas, argumentando as opções
tomadas. O desenvolvimento de tais
competências possibilita que os alunos
compreendam os fenómenos naturais
numa perspetiva de análise crítica e de
valores em relação ao mundo que os
rodeia, promove o interesse dos alunos
e o sentido de capacidade para ação. No
entanto, é também evidenciado que os
alunos perspetivam os conceitos da
ciência como difíceis e que
predominantemente recorrem às ideias
do senso comum para explicarem os
fenómenos naturais e elaborarem
argumentos.
As representações visuais têm vindo a
tomar relevância, nomeadamente pelo
seu potencial em promover a
compreensão de conceitos científicos.
Neste sentido, com este estudo
pretende-se conhecer o impacte das
representações visuais no
desenvolvimento de conhecimento
científico e competências de
argumentação que permitam capacitar
os alunos para uma ação
fundamentada, tendo em vista a
resolução de questões sociocientíficas
controversas. O estudo desenvolve-se
no âmbito do projeto europeu
IRRESISTEBLE-ALL que visa o
envolvimento de professores e alunos,
do ensino básico e secundário, na
promoção da investigação e inovação
responsáveis.
Participam neste estudo várias turmas
do 8.º ano. A sequência de tarefas a
realizar nestas turmas é perspetivada
em três eixos: (i) o envolvimento dos
alunos em QSC; (ii) o recurso a
representações visuais (i.e. animações,
simulações, gráficos, desenhos, etc.)
para promover a compreensão dos
conceitos científicos relevantes e a sua
utilização nos processos
argumentativos que permitam a
exploração de problemas; e (iii) por fim
a construção de uma exposição
interativa, sobre as problemáticas
investigadas e o envolvimento dos
alunos em ações coletivas.
Neste trabalho opta-se por uma
metodologia de investigação mista.
Usam-se vários instrumentos de recolha
de dados como: a) pré e pós teste; b)
entrevistas em grupo focado, c)
documentos escritos pelos alunos; e d)
observação naturalista em sala de aula.
Representações
visuais, questões sociocientíficas,
conceitos científicos, argumentação e
ação coletiva.
LETÍCIA CARVALHO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
41
Na atual conjuntura de
mudanças tecnológicas, de globalização
da economia e da reestruturação social,
estudos voltados para a formação
docente têm crescido e recebido
destaque como um dos eixos centrais
no campo educacional.
Considerando-se a importância da
iniciação à prática para os futuros
professores se implicarem na cultura
profissional, assumimos que esse
processo necessita ser ancorado pela
reflexão e pela colaboração. Essas são
características basilares do
desenvolvimento profissional que
possibilitam o diálogo reflexivo, o
trabalho conjunto, a discussão de
ideias e a reestruturação do
pensamento. Contudo, as investigações
indicam que as experiências em sala de
aula na formação inicial não alteram o
modelo de ensino transmissivo.
Estudos evidenciam que essa forma de
atuação docente ocorre devido à
ausência da reflexão, a partir de um
trabalho colaborativo, sobre essas
práticas. Tais dimensões do
desenvolvimento profissional têm sido
inviabilizadas por uma cultura
profissional dos professores,
fortemente marcada pelo isolamento.
Essa problemática suscita-nos o
problema de investigação: Como os
contextos formativos centrados na
escola contribuem para o
desenvolvimento profissional de
futuros professores? Esse problema
será desenvolvido a partir da resposta
às questões: i) Que características dos
contextos formativos centrados na
escola contribuem para o
desenvolvimento profissional de
professores em formação inicial? ii)
Quais as potencialidades que os
professores atribuem aos contextos
formativos para a sua prática
profissional? iii) Que dificuldades
sentem os professores quando estão
envolvidos em contextos formativos
centrados na escola?
Na procura de respostas às questões de
investigação, direciona-se a análise para
dois contextos formativos centrados na
escola. Um deles é o Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) e o outro é o Mestrado
em Ensino de Física e Química, mais
especificamente as unidades
curriculares Iniciação à Prática
Profissional III e IV. Ambos os
contextos formativos procuram
promover a colaboração, a reflexão
centrada na prática e um trabalho de
cariz investigativo.
Os participantes são 22 alunos do
curso de Física e dezanove alunos do
curso de Química da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, todos
integrantes do PIBID no ano de 2013 e
cinco alunos do Mestrado em Ensino de
Física e Química que frequentam as
unidades curriculares IPP III e IV, na
Universidade de Lisboa. A metodologia
usada tem as suas raízes na
investigação qualitativa com orientação
interpretativa. Para a recolha de dados,
optamos pelos seguintes instrumentos:
observação, questionário entrevista
semiestruturada em grupo focado e
documentos escritos. Os dados serão
analisados de forma indutiva,
recorrendo ao método do
questionamento e comparação
constantes.
Desenvolvimento
profissional, formação inicial, iniciação
à prática profissional, ensino de
Ciências.
LUÍSA MARIA GERALDES LOURENÇO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
42
Numa época em que a
sociedade procura incessantemente
novos conhecimentos são exigidas
mudanças na educação ao nível do
trabalho dos professores, o que leva a
reconhecer a necessidade de se
promover o seu desenvolvimento
profissional, permitindo-lhes
acompanhar a mudança, rever e
renovar os seus conhecimentos e
conceções. Desta forma, o grande
desafio que se coloca aos professores é
o desenvolvimento da capacidade de se
organizarem e de enfrentarem os
problemas que vão surgindo, no
contexto de uma escola, catalisadores
do desenvolvimento profissional dos
professores e de um processo de
ensino-aprendizagem com qualidade. O
trabalho colaborativo desenvolvido de
forma reflexiva, segundo o ritmo,
necessidades e interesses dos
professores no contexto natural do
trabalho da escola permite a aquisição
de novas aprendizagens e a resolução
de problemas com que os professores
se confrontam todos os dias. A
concretização desta perspetiva implica
que os professores introduzam
inovações na sua prática, como a
investigação sobre a sua própria
prática, o trabalho colaborativo, a
reflexão centrada na prática e a
formação centrada na escola. Neste
quadro, pretende-se criar um grupo
colaborativo, dentro da própria escola,
com um projeto de intervenção que
assente nos eixos atrás referidos. Neste
grupo pretende-se que, os professores
que lecionam a disciplina de Ciências
Físico Químicas, numa escola da área
da Grande Lisboa, construam e
realizem tarefas de investigação, para o
7.º ano, e que promovam a reflexão
sobre as mudanças introduzidas na
sala de aula e sobre a qualidade do
processo de ensino-aprendizagem dos
seus alunos. Neste sentido, este estudo
pretende conhecer qual é o contributo
do trabalho desenvolvido pelos
professores de Física e Química neste
grupo colaborativo para o seu
desenvolvimento profissional e para a
qualidade do processo de ensino-
aprendizagem dos seus alunos. A
investigação deste estudo insere-se no
paradigma qualitativo de cunho
interpretativo, assumindo o design de
investigação-ação que constitui uma
forma de questionamento colaborativo,
critico e autocritico da parte dos
professores relativamente a um
problema ou a uma questão relevante
da sua própria prática. Como
instrumentos de recolha de dados
recorreu-se a notas de campo, registos
vídeos das sessões de trabalho em
grupo e entrevistas semiestruturadas
realizadas aos professores de Física e
Química em estudo. Os resultados
mostram que os professores
consideram que o trabalho colaborativo
assente no ensino por investigação, na
investigação sobre a própria prática e
na reflexão centrada na prática
promoveu a realização de
aprendizagens relacionadas com a
aplicabilidade da teoria à prática, a
reflexão sobre os processos de
raciocínio utilizados pelos alunos ao
realizarem tarefas de investigação e o
aprofundamento do conhecimento
didático da Química, contribuindo para
o seu desenvolvimento profissional e
para a qualidade do processo de
ensino-aprendizagem.
Desenvolvimento
profissional, trabalho colaborativo,
reflexão centrada na prática e
investigação sobre a própria prática.
JOSÉ FANICA
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
43
A utilização das redes sociais
(RS) no ensino secundário (ES) permite
tirar partido das suas múltiplas
potencialidades enquanto espaço de
interação e de partilha, ir ao encontro
dos interesses dos alunos e construir
conhecimento. A análise das
potencialidades das RS para a melhoria
de processos de intervenção social e
ativismo nas aulas de ciências do ES,
bem como a sua utilização nos
processos de educação e formação
constitui o objeto do presente estudo.
Esta investigação pretende construir
conhecimento sobre o recurso às redes
sociais na realização de iniciativas de
ativismo coletivo tendo em vista a
resolução democrática de problemas
socais de base científica e tecnológica.
As controvérsias sociocientíficas (CSC)
e sócio-ambientais (CSA) que afetam a
nossa sociedade exigem uma cidadania
informada e capacitada para agir sobre
essas questões. A ação comunitária
fundamentada é considerada uma das
principais dimensões da literacia
científica e uma forma de capacitar os
alunos como críticos e produtores de
conhecimento.
O estudo envolve 3 aspetos distintos: a
discussão de QSC (a promoção de uma
aprendizagem ativa baseada na
investigação de situações reais); a
estimulação da participação dos alunos
em ações coletivas de resolução
democrática de problemas; a
estimulação dos 2 aspectos anteriores
através de iniciativas envolvendo as
redes sociais. O objetivo principal deste
estudo é a construção de conhecimento
sobre: as potencialidades e as
limitações da realização de iniciativas
de ativismo fundamentado sobre CSC e
CSA, de caráter interdisciplinar, através
das redes sociais; e como apoiar
professores e alunos na realização
deste tipo de iniciativas.
Dadas as características e os objetivos
do estudo, optou-se por uma
metodologia de investigação-acção que
pretende, entre outros aspectos:
estimular a vontade de agir, inovar e
mudar; resolver problemas em
contextos escolares.
Um desafio deste estudo será a
promoção de processos de intervenção
social e ativismo no âmbito das
atividades de diferentes disciplinas do
ES e de diferentes escolas. Assim, a
equipa desta investigação integra
participantes unidos pelo interesse
comum em QSC e QSA e partilhando
uma concepção de escola como espaço
de transformação da sociedade. Todos
eles serão participantes ativos do
estudo e pretende-se que consigam:
incrementar nos alunos a capacidade
de agir de modo a resolver problemas
sociais e ambientais que afetam a
sociedade; partilhar entre si as suas
experiências, metodologias e materiais
implementados; promover a
aprendizagem com base em ações
fundamentadas de forma a combater as
ações baseadas exclusivamente no
conhecimento de senso comum.
Esta investigação, de caráter misto, irá
envolver cerca de 300 alunos do ES.
Como procedimentos qualitativos de
recolha de dados serão efectuadas
entrevistas semiestruturadas e
analisados os materiais produzidos
pelos participantes. Os dados
quantitativos serão recolhidos através
da análise estatística de respostas dos
alunos a pré e pós-testes e da análise
das interações nas redes sociais através
da utilização de software específico.
Controvérsias
sociocientíficas; ação sociopolítica;
cidadania; educação em Ciências.
44
SUSANA DIOGO MEIRINHO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
A educação em ciências tem
sido reconhecida internacionalmente
como promotora de aprendizagens
essenciais para o sucesso educacional,
e também numa preparação enquanto
cidadãos e participação cívica ao longo
da vida.
Esta é uma visão que permite uma
imagem de criança possuidora e
construtora de conhecimento, capaz de
desenvolver práticas científicas e
consequentemente construir
significados acerca do que vai
observando e pensando. Acreditar
nestas capacidades e conhecimentos
permite criar oportunidades para
desenvolver pensamento crítico e
habilidades de comunicação desses
saberes. No entanto, esses
conhecimentos surgem de forma pouco
clara nas orientações curriculares para
a educação pré-escolar (ME/DEB, 1997).
Deste modo irei complementar com as
normas propostas pelo documento
Next Generation Science Standards-
NGSS (2013), visto ajudarem a clarificar
o documento normativo português.
Assim, fará sentido reconhecer o
jardim-de-infância como um contexto
com propósito educacional e com
elevado potencial no desenvolvimento
do pensamento e conhecimento em
ciência.
Neste resumo de intenções proponho
como objetivo de investigação escutar
as crianças de cinco e seis anos, em
contexto de jardim-de-infância, no que
respeita a ideias da ciência, valorizando
a linguagem como forma de expressar
esses saberes, bem como compreender
a progressão dessas ideias científicas,
as relações com outros assuntos e a
relação com contextos pessoais, locais,
nacionais e até globais. Este trabalho
sustentar-se-á nas ideias fundamentais
disciplinares propostas pelo NGSS
(2013) para a faixa etária do pré-escolar
nos três tópicos definidos: ciências da
vida; ciências da terra e do espaço e
ciência física; numa perspetiva de
desenvolvimento sequencial e
articulado de conceitos e habilidades.
Para isso, serão criadas situações de
aprendizagem em ciências, de modo a
levantar questões, e desta forma
estimular as aprendizagens de ciências,
e fazer emergir e progredir os saberes.
Com este trabalho pretende-se
responder à seguinte questão geral de
investigação: Que saberes de ciências
revelam as crianças de cinco e seis anos
no seu discurso, quando envolvidas em
atividades de ciências Físicas e
Naturais? Nesta questão considera-se,
também, uma perspetiva de progressão
desses saberes. Na escuta destas ideias
centrais da ciência, o foco será na
explicação científica que as crianças
fazem, sendo uma das competências
essenciais para a literacia científica.
Assim como subquestões: 1) Que
explicações científicas fazem as
crianças? 2) Que saberes acerca de
ciências Físicas e Naturais as crianças
revelam no seu discurso? 3) Que
progressão dessas ideias disciplinares
são evidenciadas no discurso das
crianças?
De modo ao tentar responder a estas
questões proponho um estudo de cariz
qualitativo/descritivo. Os instrumentos
de recolha de dados são a observação
com notas de campo e registo áudio;
entrevistas às crianças; produções
variadas das crianças (desenhos e
outros), bem como a construção de
documentos de avaliação (progressão
dos saberes).
Educação em ciências,
jardim-de-infância, discurso,
progressão de aprendizagem.
45
ÂNGELA MARIA CLEMENTE PARRO
VALÉRIO
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
Este projeto pretende estudar
as potencialidades da integração de
ferramentas da Web 2.0 no apoio à
realização e divulgação de
investigações (segundo uma abordagem
“IBSE – Inquiry-based science
education”) centradas em possíveis
soluções para problemas sociais de
base científica e tecnológica.
Integra três fases: uma primeira, de
conceção de atividades “IBSE” centradas
em problemas sociais de base científica
e tecnológica adequados ao programa
de CFQ do 9.º ano e que os alunos
considerem interessantes e socialmente
relevantes; uma segunda, de
identificação das ferramentas Web 2.0
mais adequadas ao apoio às diferentes
fases deste tipo de abordagem; uma
terceira, de investigação das mais-valias
resultantes da integração destas
ferramentas nas atividades.
A utilização de ferramentas da Web 2.0
tem tido importância crescente no
processo de ensino e aprendizagem,
permitindo ao aluno um papel não
passivo no uso de competências, com o
objetivo de produzir conhecimento
próprio e passível de ser partilhado
com os outros. A aprendizagem através
de atividades de investigação ou
“Inquiry” também envolve uma
abordagem centrada no aluno,
pretendendo que o mesmo se envolva
nas investigações de questões ou
problemáticas do mundo real. Logo, o
enriquecimento da abordagem “IBSE”
com ferramentas Web 2.0 constitui uma
associação lógica que merece
investigação.
Os objetivos deste estudo são
investigar: a) as ferramentas da Web 2.0
mais adequadas ao apoio a cada uma
das fases das investigações “IBSE”; b) as
mais-valias educativas resultantes da
integração destas ferramentas na
realização e divulgação das
investigações.
A investigação terá uma abordagem
construtivista, utilizando uma
metodologia de investigação qualitativa
com orientação interpretativa, onde o
investigador investiga a própria prática
através da aplicação de experiências de
aprendizagem em contexto de sala de
aula.
Está prevista a participação, na
investigação, de quatro turmas do 9.º
ano do 3.º ciclo do ensino básico. Está
prevista a utilização de diferentes
técnicas de recolha de dados:
observação naturalista de aulas,
aplicação de questionários, análise de
documentos e entrevista em grupo
focal.
, ,
ferramentas Web 2.0, ensino da
química, ensino da física,
literacia científica.
RICARDO PIRES
Área de Especialidade: DIDÁTICA DAS
CIÊNCIAS
O sucesso escolar é algo que
preocupa toda a comunidade educativa
e o seu estudo é, e sempre foi, parte
essencial da investigação em educação.
Na realidade existem diversos modelos
46
educativos/pedagógicos ditos “não
tradicionais” que tentam de algum
modo ultrapassar as dificuldades
relativas ao insucesso escolar. Neste
contexto apresenta-se aqui um modelo
educativo que pretende ser inovador na
perspetiva dos seus proponentes,
olhando-se em especial a aplicação
deste modelo ao nível das Ciências
Naturais. Trata-se de um modelo
diferente do ponto de vista
organizacional que assenta no aumento
da autonomia dos alunos através do
cumprimento de guiões nas diferentes
disciplinas.
A génese desta ideia parte de um caso
concreto de uma escola TEIP que, à
semelhança de tantas outras,
apresentou dificuldades crescentes ao
nível do seu sucesso educativo. Foi esta
autoanálise crítica e necessidade de
mudança que levou a repensar todo o
processo pedagógico existente e
potenciou o aparecimento de um novo
modelo, construído especificamente a
partir dessa mesma realidade.
A temática, a aprendizagem em
Ciências Naturais, pretende ser o mote
para levar a cabo o estudo profundo de
um modelo educativo e as suas
implicações no processo ensino
aprendizagem ao nível das ciências.
Neste contexto o presente estudo
apresenta como principal questão de
investigação: Quais as Implicações na
Aprendizagem das Ciências do Modelo
Inovador de Atividades Educativas?
Através desta questão principal de
investigação definiram-se outras
subquestões: (1) Que condições existem
nesta escola que permitem concretizar
o modelo em análise?; (2) Quais as
potencialidades e dificuldades
associadas à implementação do modelo
educativo?; e (3) Que impacto teve o
novo modelo educativo no rendimento
académico dos alunos em Ciências
Naturais?.
Para desenvolver este estudo a
metodologia de investigação insere-se
sobretudo numa abordagem qualitativa
e face ao problema formulado adequa-
se a adoção de uma estratégia de
estudo de caso.
Este estudo pretende representar um
passo no sentido da fundamentação
empírica, metodológica e conceptual
sobre o impacto que o novo modelo
educativo tem na aprendizagem das
ciências e consequentemente no
rendimento académico dos alunos.
Compreender deste modo o que está na
base desta relação entre o novo modelo
educativo e a aprendizagem das
ciências, os seus pontos fortes e fracos,
bem como a sua verdadeira
importância no processo ensino-
aprendizagem. Pretende-se desta forma
proporcionar um contributo global e
fundamentado no sentido de
consciencializar os professores e toda a
comunidade educativa da importância
no surgimento de novos modelos
educativos válidos como uma possível
resposta ao insucesso escolar.
Modelo educativo,
Ciências naturais, aprendizagem,
rendimento académico.
47
Formação de Adultos
LAURA MARROCOS
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
ADULTOS
Pretendemos com esta
comunicação apresentar uma
investigação que está a ser
desenvolvida no âmbito do
doutoramento em educação, na
especialidade Formação de Adultos. A
nossa investigação centra-se em
identificar, analisar e compreender as
relações entre educação não formal
(entendida na senda da conceção de
educação permanente promovida pela
UNESCO) e de desenvolvimento local,
no âmbito de ações levadas a cabo por
organizações da sociedade civil
(nomeadamente associações de
desenvolvimento local sedeadas em
dois países – Portugal e Brasil). Por
entendermos que a educação assumida
como uma dimensão social deverá
facultar às pessoas os instrumentos
cognitivos e as capacidades necessárias
para que possam mudar a realidade e
melhorar as suas condições de vida,
torna-se cada vez mais indispensável
pensar e repensar em novas formas e
novos contextos de educação que não
estejam necessariamente confinadas à
escola tradicional.
A partir desta compreensão teórica,
pretendemos com este estudo, para
além do objetivo global referido
anteriormente, procurar identificar e
compreender a adesão e o
envolvimento dos adultos e as
mudanças intrínsecas (aqui assumidas
como ‘dinâmicas endógenas’)
observadas por estes atores educativos,
nomeadamente os adultos envolvidos,
bem como analisar como outros atores
educativos (diretor executivo,
psicólogo, técnico de intervenção, etc.)
e perceber como interpretam e os
significados que atribuem às práticas
de educação não escolar de adultos no
contexto do desenvolvimento local.
Tendo em vista desenvolver uma
investigação empírica realista e
concretizável, a metodologia será
exclusivamente de natureza qualitativa.
Por ser um estudo de caso, na sua
variante multicasos, e entre as técnicas
de recolhas de dados que este método
possibilita-nos utilizar, escolhemos a
análise documental: que será realizada
em documentos primários, onde
buscaremos informações que sirvam de
base para a caracterização das
associações, dando ênfase a sua
natureza jurídica, as suas
especificidades, diversidades e
multifuncionalidades; também
utilizaremos o inquérito por entrevistas
semiestruturadas, que serão realizadas
aos diversos atores envolvidos –
adultos e responsáveis – nas duas
associações.
Educação de adultos:
educação não formal; práticas
educativas; desenvolvimento local.
48
CATARINA PAULOS
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
ADULTOS
A investigação visa analisar o
percurso e a atividade profissional de
educadores de adultos que intervêm no
processo de reconhecimento e
validação de adquiridos experienciais.
A última década, em Portugal, foi
caraterizada pela reconfiguração do
campo profissional da educação de
adultos, devido à alteração de funções
de profissionais de educação e à
emergência de novas atividades
profissionais. Na tentativa de
compreender a dinâmica subjacente a
este processo de reconfiguração do
campo profissional da educação de
adultos, a investigação centra-se em
torno de quatro eixos: o primeiro diz
respeito à análise dos percursos escolar
e profissional (Pais, 2005; Dominicé,
2006) de educadores de adultos que
intervêm no processo de
reconhecimento e validação de
adquiridos experienciais; o segundo é
referente à identificação da
especificidade da atividade destes
educadores, em termos de tarefas,
responsabilidades, saberes e
competências que mobilizam (Cavaco,
2007); o terceiro centra-se na formação
e nos saberes que possuem, no sentido
de compreender o modo como estes
educadores de adultos aprendem a
desempenhar a sua atividade
profissional, e como ocorre o seu
processo de formação (Pineau, 1991;
Josso, 1991); por último, o quarto eixo,
centra-se nas formas identitárias,
procura-se analisar as formas
identitárias construídas por estes
educadores de adultos (Dubar, 1994,
1997; Alves, 2009), a forma como vivem
o trabalho e concebem a vida
profissional no tempo biográfico
(Dubar, 2003).
A problemática em estudo enquadra-se
nos contributos teóricos dos campos da
educação e formação de adultos, da
sociologia da educação e da sociologia
das profissões.
A investigação pretende responder às
questões seguintes: Como se carateriza
o percurso escolar e profissional de
educadores de adultos que intervêm no
processo de reconhecimento e
validação de adquiridos experienciais?
Que funções desempenham neste
processo? Como aprenderam a
desempenhar as suas funções? Que
saberes mobilizaram no desempenho
da sua atividade profissional? Que
formas identitárias construíram ao
longo do desempenho da sua atividade
profissional?
Do ponto de vista epistemológico, a
investigação fundamenta-se numa
perspetiva compreensiva, que visa a
descrição, interpretação e análise crítica
(Gonçalves, 2010) do percurso e da
atividade profissional de educadores de
adultos responsáveis pelo processo de
reconhecimento de adquiridos
experienciais, optando-se, do ponto de
vista metodológico, pela abordagem
qualitativa. A técnica de recolha de
dados utilizada é a entrevista biográfica
(Pineau & Le Grand, 2002), uma vez que
este tipo de entrevista permite
“perceber a relação singular que o
indivíduo mantém com sua atividade
biográfica e com o mundo histórico e
social, e estudar as formas que ele dá à
sua experiência” (Delory-Momberger,
2012: 524). Os dados empíricos desta
investigação consistem em trinta e duas
entrevistas biográficas a Profissionais
de RVC. A análise de conteúdo temática
(Bardin, 1995; Vala, 2003) é a técnica
privilegiada no tratamento da
informação proveniente das
entrevistas.
Com a presente investigação espera-se
contribuir para o aprofundamento do
49
conhecimento científico sobre os
educadores de adultos, especialmente
os que intervêm no processo de
reconhecimento e validação de
adquiridos experienciais Nesse sentido,
poderá ser um contributo para o apoio
de tomadas de decisão relacionadas
com estas práticas, nomeadamente no
que respeita à sua formação e
condições de trabalho.
Educadores de
adultos, formação, percurso
profissional, formas identitárias
ANA MARGARIDA DA SILVA DO
NASCIMENTO
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
ADULTOS
Este estudo pretende
identificar os modelos de
financiamento das instituições públicas
de ensino superior (IES) português e
analisar a estrutura das respectivas
fontes de financiamento, baseando-se
na teoria da partilha de custos
desenvolvida por Johnstone (2004).
Pretende também analisar a dicotomia
educação bem público – bem privado e
a tendência mundial crescente de
mercantilização do ensino superior.
Acompanhando uma tendência
mundial, descrita por autores como
Johnstone, Easterman e Pruvot e no
EURYDICE (2011), as questões do
financiamento do ensino superior
começaram a ser cruciais em Portugal a
partir de 1980, tendo o debate
emergido a partir dos estudos de
Cabrito (2002) e Cerdeira (2009). As
políticas de acesso ao ensino superior
assumidas conduziram ao aumento do
número de estudantes, provocando
uma pressão orçamental sobre o
Estado. Perante este aumento,
sucessivos governos procuraram
introduzir novas formas de
financiamento e, simultaneamente,
solicitaram, em crescendo, a
participação dos estudantes nesse
financiamento desde 1992, com a
introdução de propinas no ensino
superior público (Lei n.º 20 de 92, de
14/8, com alterações e nova legislação
posteriores) e que fundamenta a actual
a participação directa dos estudantes
no financiamento das instituições
públicas de ensino superior, ao
pagarem uma propina que ascende a
cerca de 1000 euros/ano. Até meados
da década de 1990, as IES eram
financiadas pelo Estado em cerca de
97%, numa situação de quase
exclusividade de fundos estatais.
Actualmente, o financiamento privado
corresponde a cerca de 38%, a maior
parte oriunda das propinas dos
estudantes. Comparativamente às
médias da União Europeia e da OCDE,
esta situação é reveladora do processo
de privatização do ensino superior em
Portugal: em cerca de 15 anos, a
participação pública no financiamento
das IES decresceu cerca de 7% na UE e
de 8% na OCDE e de 35% em Portugal.
Face a esta situação, as IES têm vindo a
desenvolver processos de captação de
receitas ligados ao que se costuma
designar de terceiro sector e que
Jonhstone (2002, 2004) intitula de
Fundraising e que abrange: mecenato,
investigação a pedido empresarial,
venda de produtos e aluguer de
espaços. Tendo estes factores em conta,
a investigação que agora se apresenta
partiu da seguinte questão de partida:
Qual o papel que a diversificação das
fontes de financiamento poderá
desempenhar no futuro do ensino
superior português? A partir desta
pergunta, traçaram-se os seguintes
50
objectivos: a) identificar as políticas de
financiamento do ensino superior
público português nas últimas décadas;
b) Analisar o contributo de cada fonte
de financiamento no orçamento total
das instituições; c) analisar a
distribuição do financiamento pelas
actividades de formação e de ensino; d)
identificar as condições propostas
pelos patrocinadores às instituições e e)
analisar como gerem as instituições a
sua autonomia num quadro de
“abertura” ao financiamento externo.
A metodologia utilizada é o estudo de
caso múltiplo (Yin, 1994), onde cada IES
é um caso. Na pesquisa são utilizadas
diversas fontes nomeadamente
documentos das IES e entrevistas que
estão a ser realizadas a todos os
directores, reitores e presidentes das
IES da área de Lisboa, num total de 53
entrevistados e ainda a alguns
patrocinadores das IES públicas
portuguesas (6). Após análise de
conteúdo das entrevistas e análise
documental a informação recolhida
será objecto de triangulação. Nesta
comunicação serão apresentados
alguns resultados das entrevistas
realizadas.
Ensino superior,
financiamento, partilha de custos,
fundraising.
IRENE SANTOS
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
ADULTOS
A Associação Cultural Moinho
da Juventude foi criada pelos
moradores nos anos 80 enquanto
edificavam, em regime de
autoconstrução, o bairro da Cova da
Moura (Amadora). As pessoas
organizaram-se, então, para estabelecer
os arruamentos, obter o saneamento
básico, promover actividades para as
crianças e apoiar no acesso ao mercado
de trabalho. A Associação cresceu,
consolidou o seu trabalho e conta
atualmente com quase cem pessoas
remuneradas, uma multiplicidade de
trabalhos desenvolvidos, e o carácter
inovador de diversos. Várias pessoas
que frequentaram, enquanto crianças,
aquele espaço, hoje ocupam ali cargos
profissionais e associativos.
O trabalho centra-se no carácter
formativo do Moinho da Juventude
através de um estudo de caso,
naturalista e descritivo. Procurei
conhecer a formação que acontece no
contexto da sua actividade e as
articulações entre modalidades de
formação, bem como as dimensões
individuais e colectivas. A recolha
empírica recorreu a: inquérito,
observação e análise documental.
A pesquisa permite concluir que: – o
período longo de tempo de existência
da Associação, que atravessa já mais do
que uma geração, a realização em
grupos marcados pela diversidade dos
integrantes, e o lugar à iniciativa,
tornam o Moinho um espaço de
oportunidade e um dos principais
processos formativos pauta-se pela
disponibilização das pessoas (de si
mesmo) para novos/outros ‘poder-ser
no mundo’; – evidenciou-se a
introdução de lógicas de
funcionamento comunitário, mesmo
que frequentemente sujeitas a pressões
por parte de outras organizações. Nota-
se uma significativa relação da
Associação com entidades estatais, que
ocupam um lugar determinante no seu
desenvolvimento em termos de
enquadramento financeiro e
institucional, mas igualmente de
legitimação. No entanto, o seu caráter
inovador e de autonomia encontram-se
51
na afirmação e na legitimação da lógica
comunitária (endógena) em todo o
trabalho que ali se efetua; – uma
gramática própria parece constituir-se
como matriz instituinte daquela que as
pessoas que fazem a Associação
nomearam como a ‘maneira de
trabalhar do Moinho’, que passa pelo
estabelecimento de uma relação: com o
tempo, com o outro, com o fazer, com a
linguagem e com o saber.
Formação, associação,
bairro, imigrantes.
ANA BRUNO
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
ADULTOS
O projecto de investigação no
domínio da educação de adultos
consiste numa pesquisa qualitativa de
cariz etnográfico. A investigação
pretende contribuir para a
compreensão das dinâmicas de
educação não formal e informal e
educação popular que se estabelecem
entre práticas, contextos e actores no
bairro da Mouraria em Lisboa.
A trajectória da pesquisa segue uma
linha de compreensão do fenómeno
global das dinâmicas de educação não
formal e informal de adultos, com
enfoque nos níveis meso (organizações)
e micro (práticas e actores). A partir da
análise destes processos educativos e
da observação das relações que se
estabelecem, conexões que se criam e
redes que surgem entre práticas,
actores e contextos do bairro, poderá
ser possível identificar práticas
resistentes, resilientes ou emergentes
de educação de adultos, associadas à
educação popular.
Os eixos conceptuais que suportam o
quadro teórico fundam as suas bases
no campo da educação de adultos, da
educação não formal e informal e da
educação popular. O interesse pelo
aprofundamento destas questões
coloca-se na centralidade do bairro
como território-palco das dinâmicas de
educação não formal e informal, onde
acontecem e se cruzam práticas,
actores ou contextos, mais, ou menos,
visíveis. Estas dinâmicas são
inseparáveis e interdependentes das
dinâmicas e tensões geradas entre o
local e o global no território.
A metodologia de natureza qualitativa é
fortemente marcada pela observação
participante e pelo recurso a
instrumentos como as notas de campo,
as entrevistas e as conversas informais.
No entanto, será igualmente
privilegiada a recolha e análise
documental em diversos formatos. A
análise de conteúdo será utilizada na
leitura e interpretação dos dados
recolhidos e do material produzido no
decurso da investigação empírica. A
perspectiva etnográfica reforça a
presença do investigador no terreno, na
medida em que procura um
entendimento e uma compreensão
construídos numa relação e dinâmicas
permanentes com o objecto de estudo.
Educação de adultos,
educação não formal e informal,
educação popular, território.
JESSIKA MATOS PAES DE BARROS
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
ADULTOS
O presente artigo trata de
apresentar o resultado de um estudo
52
sobre o perfil socioprofissional dos
alunos diplomados em PROEJA-
Programa de Integração da Educação
Profissional Integrada à Educação
Básica, na modalidade de Educação de
Jovens e Adultos da rede estadual de
um colegio no estado e Mato Grosso
(Brasil). A escolha do Proeja decorre do
fato de que este programa tem dentre
seus objetivos a qualificação
profissional para inserção ao mercado
laboral de jovens adultos
trabalhadores, sob a bandeira de uma
proposta de ensino integrado,
humanizadora e emancipadora. Embora
se reconheça a existência de um avanço
enquanto políticas públicas destinadas
a esse público a partir do ano de 2003,
há que se destacar, partindo de um
pressuposto crítico às políticas
implementadas pelo governo federal,
que o Proeja, na prática, passou a
exercer uma função tensionadora entre:
realidade e a retórica. Para este estudo
optamos por realizar entrevista
biográfica sob enfoque
etnossociológico de Bertaux
(2005;2010), com 21 alunos dos 33
diplomados numa primeira turma em
Proeja técnico em administração.
Especificamente essa turma, de 2009 a
2011, obteve um total de 114 alunos
inscritos com 33 concluintes,
equivalente a 28%. Dentre os finalistas
63% mulheres e 37% homens. Com
relação ao estado civil, 80% declaram-se
casados e apresentaram uma média de
idade entre: 18 de 39 anos (30%); 40 a
50 anos (36 %), e entre de 50 a 60 anos
(33%).Dentre os entrevistados, obteve-
se as seguintes informações: quanto a
condição laboral, 76 % se declaram
como exercentes de alguma atividade
laboral antes da realização do Proeja,
que subiu para número de 80% após o
curso, sendo destes, apenas 20% na
área de formação do curso, 40% com
negócio próprio e 20% no mesmo
emprego. Com relação ao percurso
escolar, a maioria é oriunda da zona
rural (71%), e cujos pais eram
analfabetos (80%). Dentre a profissão
dos pais, 80% declararam que estes
eram e são ainda
lavradores/aposentados. Quanto ao
percurso escolar descontínuo a maioria,
(86%) alegam a ausência de escola na
zona rural, a distância da escola da
casa, o casamento ou/e gravidez
precoce e necessidade de trabalhar.
Dentre as motivações de retorno à
escola, a maioria, (87%) declaram por
ordem de prioridade, a busca da
mobilidade socioeconômica,
emprego/função melhor, ter diploma, e
ainda a busca de uma profissão
determinada. As maiores dificuldades
em estudar apontadas foram: conciliar
estudos, trabalho e família, ademais do
cansaço e horário do curso. A maioria
declarou que uma das principais
realizações foi aprender organizar os
próprios gastos financeiros e as novas
amizades. Dentre os diplomados, 30%
seguiram os estudos técnico superior
ou universitário, 18% realizaram
concurso público, e 40% abriram
negócio próprio. Os alunos indicaram a
necessidade de mais aulas técnicas,
informática e estágio.
Entrevista biográfica,
formação de adultos, percursos
socioprofisisonais.
53
Formação de Professores
ELIZABETH OROFINO LÚCIO
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
FORMADORES DE PROFESSORES
Evidenciam-se atualmente, no
cenário brasileiro, investimentos
quanto à elaboração, implementação e
acompanhamento de políticas públicas
educacionais voltadas para formação de
professores. Destaca-se, igualmente, a
ênfase em propostas e experiências
focalizadas no processo de formação
inicial e continuada de professores do
ensino fundamental, especificamente
os professores ensino inicial de leitura
e escrita. Verifica-se que, no contexto
nacional, a docência no ensino superior
é ainda território a ser desvendado,
principalmente quanto aos aspectos
relacionados aos saberes dos
formadores de professores. Situando-se
entre estudos do campo da Educação e
da Filosofia Linguístico-Discursiva
Bakhtiniana, esta tese discute os
saberes docentes (Tardif, 2007) dos
formadores de professores de ensino
inicial da leitura e escrita. O estudo
toma como pilares as contribuições da
perspectiva Bakhtiniana da linguagem,
para dialogar com os discursos
advindos de um dos desdobramentos
da pesquisa mater: “As (im)possíveis
alfabetizações de alunos de classes
populares pela visão de docentes na
escola pública”. Os Encontros de
Professores de Estudos sobre
Letramento, Leitura e Escrita (EPELLE).
Busca-se compreender, a partir de uma
metodologia qualitativa, os processos
interdiscursivos dos pesquisadores-
formadores e professores
alfabetizadores de alunos de classes
populares das redes públicas que
participam da
(Lucio, 2014). Partindo da principal
questão: “quais os saberes dos
formadores de professores de leitura e
escrita?”, apresentam-se alguns
aspectos relacionados com as
características e papéis de formadores
de professores. E procura-se, por meio
dos objetivos específicos: (a) descrever
a constituição geral do grupo
participante do EPELLE; (b) analisar os
dois primeiros anos dos eventos de
formação; (c) retratar as perspectivas
linguístico-discursivas adotadas por
professores-formadores da
universidade e por professores de
leitura e escrita inicial de uma grande
metrópole brasileira; (d) investigar
estratégias didáticas de formação de
professores de ensino inicial de leitura
e escrita; (c) expor a concepção de
formação de professores e de
formadores presentes no EPELLE; (e)
identificar os modos de articulação
entre formação inicial e continuada de
professores do ensino inicial de leitura
e escrita. Com esse arcabouço teórico, a
autora problematiza, sob uma
perspectiva dialógica constitutiva dos
sujeitos, os saberes dos formadores na
rede discursiva: universidade brasileira
contemporânea e formação continuada
de professores, apontando os saberes
que emergem entre formadores
universitários e docentes de leitura e
escrita. As conclusões iniciais do
54
estudo em andamento indicam
contribuições a serem consideradas por
políticas públicas educacionais, a saber:
a) a importância de uma base de
conhecimento sólida e flexível,
implicado e imprescindível para que o
formador desempenhe suas funções,
viabilizando situações e experiências
que levem o futuro professor a ensinar
de diferentes formas para diferentes
tipos de clientelas e contextos,
principalmente as classes populares; b)
a necessidade de construção de
estratégias de desenvolvimento
profissional que não sejam invasivas e
que permitam a objetivação de crenças,
valores, teorias pessoais; c) a
importância de construção do elo
universidade e escola pública,
envolvendo professores e formadores
universitários de forma a propiciar
processos de desenvolvimento
profissional mais apropriados à
profissão docente, considerando a
perspectiva da formação de adultos; e
d) a consideração da pesquisa-
formação, como eixo da formação do
formador.
SHEYLA MARIA FONTENELE MACEDO
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
O trabalho em questão é parte
das reflexões teórico-práticas da tese
em construção intitulada “A ética
profissional na formação do pedagogo:
retratos da experiência no curso de
Pedagogia da Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte (UERN) –
Brasil”. O trabalho é de cunho
qualitativo, assente no paradigma
interpretativo. Tem como foco levantar
subsídios teóricos preliminares e
refletir sobre três aspectos relevantes
acerca da problemática que envolve a
formação ética profissional do
pedagogo no Brasil: a) o perfil do
pedagogo, cuja construção oscilou
temporalmente entre o bacharelado e a
docência, sendo nos dias atuais
constatada a abrangência da formação
nos espaços não escolares, sendo
construídas reflexões a partir das
leituras realizadas em Libâneo
(1999,2003,2010), Frison (2004) e parte
da legislação educacional brasileira.; b)
a formação ética profissional, com base
na revisão bibliográfica dos autores:
Caetano & Silva (2009), Estrela (2010),
Estrela & Caetano (2010), Severino
(2010), Paulo Freire (2002) e Reis
Monteiro (2005) ; c) a visão de alunos
(as) egressos do curso de Pedagogia, e
que se encontram vivenciando na
prática os dilemas éticos da profissão,
configurando-se este terceiro momento
da pesquisa de campo realizada com
alunos (as) da Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte(UERN), por
meio da técnica do questionário e
análise de dados realizada a partir dos
conteúdos. A relevância da pesquisa
assenta na discussão de que a ética
profissional nos cursos de Pedagogia
no Brasil é ainda “mata epistemológica
virgem” a ser investigada. Na
apresentação buscar-se-á apresentar a
síntese dos conteúdos “encerrados” na
trama que envolve a questão da ética
profissional do pedagogo, assim como
revelar as principais concepções de
alunos (as) egressos sobre a temática
experimentada na prática.
Ética profissional,
formação inicial, pedagogo.
55
PEDRO RIBEIRO MUCHARREIRA
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
O presente programa de
trabalho propõe-se estudar o papel que
as políticas de formação de uma
organização escolar desempenham na
(re)definição de um projeto educativo e
sua relevância no desenvolvimento
profissional e pessoal docente.
O estudo situa-se numa linha de
investigação atual, em que se procura
articular o papel da formação de
professores e do professor em si
mesmo na construção de identidades,
desenvolvimento profissional e
profissionalidade docentes, bem como
os eventuais impactos, dessa
articulação, nas aprendizagens dos
alunos.
Centrado num contexto particular de
uma instituição escolar privada,
procura-se compreender a importância
dada à formação contínua institucional,
ou seja, a formação que é realizada fora
dos programas oferecidos pelos
Centros de Formação das Associações
de Escola, e a importância dessa
formação contínua institucional nas
práticas dos professores, nos diferentes
ciclos e áreas científicas e, de forma
indireta, nas aprendizagens dos alunos.
Esta investigação justifica-se pela
observação de uma realidade ainda
pouco estudada, sobre a forma como
são diagnosticadas, implementadas e
avaliadas as ações de formação de
natureza institucional. E como as
políticas internas de formação
interagem com o projeto educativo,
com as estratégias de desenvolvimento
profissional dos docentes, com os
processos de trabalho implementados
no terreno e, enfim, com os resultados
escolares dos alunos.
Em termos metodológicos, parece-nos
fazer sentido basear o estudo na
representação dos diferentes atores
educativos, de uma determinada escola,
sobre a relação existente entre a
formação contínua e o desenvolvimento
profissional docente, investigando-se
eventuais mudanças nas suas práticas.
A investigação será, pois, qualitativa na
sua essência, na linha de um paradigma
interpretativo/fenomenológico,
perspetivando-se a aplicação de
entrevistas, a par da elaboração de
narrativas por diferentes informantes-
chave, entre eles, docentes, formadores,
diretores de topo e intermédios, bem
como a análise documental de todos os
elementos produzidos na escola e que
de alguma forma estejam relacionados
com o objeto de estudo.
Em termos de resultados, espera-se
caracterizar as estratégias de formação
desenvolvidas dentro daquilo que
designámos de formação de natureza
institucional, identificando como são
diagnosticadas, planificadas,
implementadas e avaliadas as ações de
formação, sendo nossa pretensão
procurar compreender se promovem
impactos na prática escolar.
Com o presente estudo esperamos
obter, também, resultados que
evidenciem as relações que podem
estabelecer-se entre a formação
contínua de natureza institucional e as
outras dimensões em estudo - o projeto
educativo e o desenvolvimento
profissional dos professores.
Esperamos obter ainda elementos que
nos permitam compreender em que
medida a organização escolar estudada
poderá enquadrar-se na lógica do que
costuma designar-se por organizações
escolares aprendentes.
56
Formação contínua,
projeto educativo, desenvolvimento
profissional docente, organizações
escolares aprendentes.
FILOMENA ALVES RODRIGUES
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
Com este estudo pretende-se
compreender, através de uma análise
comparativa, a realizar em quatro
instituições de ensino superior
europeias, de quatro países diferentes,
de que forma, na área das ciências
físicas e naturais, os currículos de
formação inicial de professores (do
terceiro ciclo do ensino básico e do
ensino secundário), em geral, e a
prática de ensino supervisionada, em
particular, influenciam as conceções de
identidade profissional dos futuros
professores.
Foram definidos quatro objetivos gerais
de investigação: 1) Caracterizar os
currículos de formação inicial das
instituições em estudo; 2) Comparar os
currículos de formação inicial das
instituições em estudo; 3) Caracterizar
as relações que se estabelecem entre o
currículo dos programas de formação
inicial em estudo e as conceções de
identidade docente dos futuros
professores; 4) Caracterizar as
perceções dos futuros professores
relativamente às relações que
estabelecem com os seus supervisores,
valorizando a compreensão da
influência destas relações na
construção da primeira identidade
profissional dos (futuros) professores.
Currículo é um termo polissémico, no
entanto, no contexto deste trabalho
assume-se que decorre de um sistema
de interações, das quais resulta um
“plano de aprendizagem” (Taba, 1962,
citado por Gaspar & Roldão, 2007,
p.22), que pressupõe um equilíbrio
entre aprendizagem teórica e prática.
Entende-se ainda que a componente
curricular prática (prática de ensino) se
baseia num conceito de ,
englobando a ideia de “aprender na
prática e a partir da prática” (Darling-
Hammond et al, 2005, p. 401).
Assume-se também que a identidade
docente resulta de um processo de
construção dinâmico e permanente, que
implica a (re)interpretação dos valores
e das experiências pessoais que
ocorrem dentro e fora do contexto
escolar, partindo das crenças e dos
valores dos indivíduos (Flores & Day,
2006). Segundo Timoštšuk e Ugaste
(2010), as conceções de identidade dos
futuros professores são importantes
alicerces para o seu futuro desempenho
profissional.
Este estudo insere-se no paradigma
interpretativo (Shwandt, 1994, 2000) e
seguirá uma metodologia qualitativa de
estudo de caso múltiplo (Yin, 2003,
2011). Será privilegiada uma
abordagem narrativa (Clandinin &
Connelly, 2000; Riessman, 2008;
Creswell, 2013), baseada na recolha de
dados a partir de narrativas escritas e
orais (sob a forma de entrevistas
semiestruturadas), produzidas pelos
futuros professores (e pela própria
investigadora – Yin, 2011). Serão ainda
entrevistados os Coordenadores dos
programas de formação inicial e os
Supervisores da prática de ensino.
Também serão recolhidos dados a
partir da observação de aulas
lecionadas pelos futuros professores, e
através da análise de documentos
oficiais internos e de comunicação
externa das instituições, e outras fontes
primárias relevantes.
Para garantir o rigor e a cientificidade
do estudo, será explicitado todo o
processo de construção e planeamento
57
da investigação (Tuckman, 1994/2000;
Yin, 2003, 2011) e todos os
procedimentos de investigação serão
descritos e documentados,
privilegiando-se a linguagem própria
dos participantes e o contexto em que
ocorreu a sua expressão (Yin, 2011). As
preocupações éticas estarão presentes
em todas as fases da investigação
(Preissle em Given, 2008, p. 274).
Este estudo encontra-se em fase de
construção e planeamento, pelo que
ainda não foi elaborada qualquer
recolha de dados.
Formação inicial de
professores, currículo, prática de
ensino, identidade docente.
CARINA SEQUEIRA GÓIS
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
Este trabalho tem como
principal objetivo estudar o papel que
as experiências críticas têm nas escolas
e no desenvolvimento profissional dos
professores. Para tal, irei proceder a
uma análise de projetos de inovação
pedagógica em escolas do 2.º e 3.º
ciclos do ensino básico.
Por vezes, acontecem situações
bastante interessantes nas escolas. Há
projetos muito ambiciosos, produtivos,
radicais, catárticos, que provocam
profundas mudanças nos alunos, nos
professores, nas organizações e na
comunidade envolvente. Muitas destas
situações representam o ponto de
viragem para os vários intervenientes.
Peter Woods (2012) denominou-os de
“critical events”, ou experiências
críticas – críticas no sentido de cruciais,
chave e circunscritas no tempo, mas
não por serem problemáticas.
De acordo com Woods (1999) os
“ são formas
excecionais de atividade que ocorrem,
de vez em quando, nas escolas e que
produzem mudanças radicais nos
alunos e, por vezes, nos professores.
Alguns professores dizem que a
experiência ‘mudou as suas vidas’ e que
‘nunca mais voltarão a ser os mesmos’.
Outros sentem que as suas mais
queridas crenças e valores
encontraram, uma vez nas suas vidas,
uma combinação de circunstâncias em
que funcionaram extremamente bem”
(p.139).
É neste âmbito que se podem inserir os
projetos inovadores e alternativos, “que
tentam modificar atitudes, ideias,
culturas, conteúdos, modelos e práticas
pedagógicas e, por sua vez, introduzir,
seguindo uma linha inovadora, novos
projetos e programas, materiais
curriculares, estratégias de ensino e
aprendizagem, modelos didáticos e
uma outra forma de organizar e gerir o
currículo, a escola e a dinâmica da
aula” (Sebarroja, 2001, p.16).
Concluímos que investigar experiências
críticas de inovação pedagógica é muito
importante nos tempos atuais. Estas
podem ser, de facto, um contributo
para uma efetiva mudança nas nossas
escolas. É importante perceber como
funcionam, que consequências trazem
aos intervenientes, que mudanças e,
quem sabe, melhorias provocam
naqueles que nelas participam.
Procuramos, em primeiro lugar,
identificar projetos inovadores em
escolas do 2.º e 3.º ciclos do ensino
básico; depois, saber se esses projetos
poderão ser considerados “experiências
críticas”; posteriormente, analisaremos
as várias características dessas
experiências baseando-nos nos
indicadores propostos por Woods; e,
58
por fim, aprofundá-las-emos para
compreender as suas dinâmicas e o
modo como foram vividas pelos vários
participantes.
Os objetivos do estudo passam por:
1)identificar projetos de inovação
pedagógica que tenham assumido as
características de experiências críticas;
2)estudar o papel que os ‘agentes
críticos’ e os ‘outros críticos’ tiveram
nas experiências críticas; compreender
de que forma as experiências críticas
contribuem para a aprendizagem dos
alunos; 3)perceber como as
experiências críticas integraram a vida
da comunidade escolar avaliando quais
as mudanças mais significativas
produzidas nas pessoas e nos
contextos; 4)estudar o contributo que
as experiências identificadas tiveram
para o desenvolvimento das
organizações escolares, (5)analisar se as
experiências críticas estão ligadas a
uma efetiva melhoria.
O quadro teórico que irei desenvolver
neste projeto incide no
desenvolvimento profissional dos
professores, docência e conhecimento
profissional, comunidades de
aprendizagem, formação experiencial,
experiências críticas, inovação
pedagógica e mudança.
O presente estudo irá ser inspirado na
etnografia histórica, uma metodologia
de investigação que o próprio Woods
ajudou a desenvolver dentro do âmbito
educativo (Woods, 1998) e que aplicou
no caso dos acontecimentos críticos.
experiências críticas,
inovação pedagógica, formação de
professores, mudança.
ELSA MARIA BISCAIA DA SILVEIRA
MACHADO
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
A revisão de literatura nesta
temática mostra que o contacto da
criança com a filosofia, desde tenra
idade, e a preparação de professores
neste campo, têm recebido uma
atenção crescente em vários países
espalhados por diferentes continentes.
(Rolla, 2004; Roberts, A. 2006; Unesco,
2007) Existem indícios de potenciais
efeitos benéficos tanto para as crianças
como para os professores que
trabalham com o programa criado por
Lipman.(1990)
A formação que pretendemos estudar
tem por base o programa de “treino de
professores” de Lipman e o “modelo de
questionamento” de Brenifier (2005), é
dirigida a professores de diferentes
grupos disciplinares e o desafio é o
mesmo para todos, reside
essencialmente em introduzir a
discussão, para que os professores
estejam preparados para criar
ambientes e processos de
aprendizagem que promovam a
reflexão, a capacidade de
argumentação, o diálogo e a escuta.
O modelo de formação de professores
assenta no princípio do isomorfismo,
ou seja, o professor em formação
experiencia o mesmo tipo de situações
que se pretende que venha a criar com
os seus alunos.
Neste âmbito assinalamos como
objetivos do estudo:
- Analisar o programa de formação de
professores em filosofia com crianças e
jovens à luz dos diferentes modelos e
59
do perfil de profissional que se
pretende formar;
- Problematizar o trabalho desenvolvido
na formação de professores em
filosofia com crianças;
- Perceber o impacto que este tipo de
formação tem nos professores,
designadamente apreender os saberes
que estes professores transferem para
as suas práticas pedagógicas
quotidianas e o modo como o fazem;
- Caracterizar algumas práticas
pedagógicas que visem a integração do
programa na educação escolar;
- Identificar razões e motivações que
poderão estar por detrás de práticas
bem-sucedidas.
A investigação será composta por duas
etapas. Uma primeira extensiva, na qual
iremos usar o inquérito através do
questionário aplicado aos
professores que frequentaram a
formação no Centro “Diálogos -
Filosofia com crianças e outras idades”,
desde o seu início em 2006 até ao
presente, procurando recolher dados
sobre eventuais mudanças nas suas
práticas e identificar casos de
implementação do programa nas
escolas. Os resultados obtidos nesta
primeira etapa serviram de base para
planear a segunda etapa.
Na segunda etapa optámos por realizar
um estudo de caso de um grupo em
formação, onde procuraremos
compreender o “como” e os “porquês”
desta formação, evidenciando a sua
especificidade e características
próprias.
Temos como objeto de estudo a
formação em filosofia com crianças e
jovens. Iremos apoiar-nos na linha de
investigação que defende que esta
formação conduz os professores a
repensarem as suas práticas e o
sistema de ensino em geral.
Pretendemos pesquisar a formação no
Centro “Diálogos - Filosofia com
crianças e outras idades”, com vista a
contribuir para a compreensão global
da importância e pertinência do
programa de filosofia para crianças
(1977) proposto por Lipman.
Recorreremos a técnicas de carácter
qualitativo e quantitativo. Situar-nos-
emos no paradigma interpretativo e da
complexidade. Procuraremos que este
estudo tenha um alcance analítico,
interrogando os formandos e as
formadoras, triangulando as suas
perceções e conceções com outras já
conhecidas e com as teorias existentes,
acautelando as questões éticas.
Formação de
professores, filosofia com crianças e
jovens, desenvolvimento profissional.
MONIQUE MONTENEGRO
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
A migração internacional
contemporânea faz parte de um
movimento transnacional que está a
remodelar as sociedades e a política ao
redor do globo (Woodward, 2009),
sendo objeto de estudo de diferentes
áreas das Ciências Humanas.
Nas Ciências da Educação, a
problemática da imigração surge dentro
de investigações acerca do impacto da
diversidade cultural, causada também
pela imigração, no ambiente escolar
(Canen 2000).
Apesar de muitos serem os trabalhos
sobre a diversidade cultural, a nível
internacional e em Portugal, os estudos
são focados, essencialmente, nos
alunos imigrantes e descendentes de
imigrantes ou nas interações entre
sujeitos de culturas diversas no
ambiente escolar (Silva, 2009). Porém,
60
ao considerar que muitos são os
sujeitos que fazem da escola um
espaço de diversidade cultural, surgem,
especialmente nos países com grande
fluxo migratório, investigações
centradas nos professores-imigrantes.
Tais investigações focam-se,
essencialmente, nos dilemas do
desenvolvimento profissional destes
professores ao ingressarem em um
novo sistema de ensino (Faez, 2010).
Em Portugal, são escassos os estudos
sobre professores-imigrantes, talvez
porque os professores são vistos, em
geral, como representantes da cultura,
responsáveis por transmiti-la e repassá-
la a uma nova geração (Bourdieu, 2004),
não se esperando que esta tarefa seja
colocada nas mãos de recém-chegados
à cultura (Elbaz-Luwisch, 2004).
Em contrapartida à esta escassez de
estudos, segundo dados do Ministério
do Trabalho e da Solidariedade Social,
em 2012, Portugal contava com 1763
trabalhadores imigrantes ligados à
educação, (cerca de 52% a mais do que
em 2004), exceptuando os
trabalhadores imigrantes que já
possuem nacionalidade portuguesa,
pré-requisito para grande parte dos
professores-imigrantes lecionarem em
Portugal. Estes dados mostram não só
a presença destes profissionais, mas
um crescimento destes no sistema de
ensino português
Assim, a investigação sugere uma
reflexão aprofundada em torno da
problemática de inserção dos
professores-imigrantes no sistema
público de ensino português
permitindo uma compreensão da
(re)construção de suas identidades
profissionais, bem como o
desenvolvimento de suas experiências
de vida, aspectos fundamentais na
dinâmica da prática profissional
(Goodson, 1995).
Para tanto, optou-se por um método de
investigação com caráter (auto)
biográfico (Josso, 2004), que tem como
marco teórico os estudos em história
oral, no qual o sujeito da pesquisa é
detentor de um conhecimento prático
que forma concepções de vida e
orientam suas ações e reconhece que o
sujeito não está limitado à experiência
do ‘aqui e agora’, mas que pode
transpor-se no tempo (Horsdal, 2012).
As narrativas permitirão explorar os
aspectos mais variados das vivências
dos agentes sociais no seu percurso
formativo-profissional, através da
realização de entrevistas com
professores-imigrantes que atuam no
1º Ciclo de Ensino Básico Português,
onde serão abordadas as suas
experiências enquanto alunos, os
episódios e os contextos da profissão, a
sua cultura profissional, seus princípios
éticos e deontológicos, sua identidade
profissional, entre outros.
O principal resultado deste estudo se
materializará na tese de doutoramento,
bem como na publicação de artigos
científicos e de comunicações em
encontros acadêmicos, podendo
contribuir tanto para o conhecimento
no campo da formação de professores,
como para a educação intercultural.
Educação
intercultural, professores-imigrantes,
identidade profissional, método
biográfico.
Nome: FLÁVIA WAGNER
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
O presente trabalho faz parte
dos estudos de doutoramento e insere-
se na temática de formação de
professores, especificamente na
pedagogia universitária. O estudo está
em processo e tem buscado identificar
61
as competências pedagógicas que são
exigidas do docente universitário a
partir das transformações curriculares
da Universidade do Sul de Santa
Catarina (UNISUL) Brasil, a fim de
conhecer e compreender as
necessidades de formação contínua que
emergem nesse contexto. Os principais
objetivos que estamos alcançando são:
1) Caracterizar as principais mudanças
curriculares em curso na UNISUL, a
partir de 2009. 2) Conhecer as
competências que os gestores e
docentes julgam necessárias para
implementar os novos currículos e
desenvolver o trabalho docente. 3)
Identificar e interpretar necessidades,
expectativas e interesses de formação
continuada dos docentes, segundo eles
próprios e os gestores da instituição. A
investigação inscreve-se no paradigma
interpretativo e a metodologia foi de
natureza qualitativa, com
características de estudo de caso.
Realizamos uma pesquisa bibliográfica
e documental, bem como, o
questionário e a entrevista
semiestruturada com os docentes e
gestores que atuam nos diversos
Cursos de Graduação da área da saúde
da referida universidade. Trouxemos
como pano de fundo a discussão sobre
as reformas curriculares na pós-
modernidade e a expansão do ensino
superior (Fernandes, 2000; Pacheco,
2013) para se aproximar das
competências docentes e das
necessidades de formação contínua
(Esteves, 2009; Le Boterf, 2003, Zabalza,
2007; Rodriguez, 1999;). Entendemos
que a formação do professor
universitário requer um movimento que
respalde essas ações para que as
instituições e professores tenham
consciência de suas responsabilidades
formativas. Até o momento atingimos o
primeiro objetivo na elaboração de um
texto que caracteriza as mudanças
curriculares na Unisul; o segundo
parcialmente, tendo em vista que já
coletamos todas as entrevistas com os
gestores e 40% dos questionários junto
aos docentes. O terceiro objetivo ainda
encontra-se em aberto, o qual depende
da totalidade da coleta dos dados. Os
resultados obtidos até o momento
apontam para a constatação que as
competências são próximas entre o que
dizem os documentos, os gestores e os
professores. São dinâmicas e retratam a
construção social e os desafios
profissionais da época e do contexto
vivido. Porém, não basta reconhecer as
competências pedagógicas é preciso
poencializá-las e desenvolvê-las e uma
das formas dos docentes adquirirem
tais competências é por meio da
formação contínuada que deve ser
planejada levando em conta as
necessidades de formação do docente
universitário. Para isso, pretendemos
continuar essa pesquisa para reponder:
quais necessidades de formação
contínua emergem em associação as
competências pedagógicas apontadas
pela pesquisa (documentos, produção
científica, gestores e professores)?
Quais contribuições a pesquisa poderá
trazer os programas de formação
continuada da IES? Concluímos que a
pesquisa fornece base para um
desenvolvimento comum às Instituições
do Ensino Superior que têm
preocupações voltadas a estruturar
programas de formação contínua
atendendo as necessidades de
formação dos docentes. Reflete a
produção de conhecimento que amplia
o quadro referencial e conceitual sobre
a pedagogia universitária.
pedagogia
universitária, competências
pedagógicas, formação continuada,
necessidades de formação pedagógica.
NELSON DAVID FERREIRA SANTOS
62
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
Nos dias de hoje o “caminho”
deve ser trilhado pela construção de
uma escola aberta à diversidade e
capaz de receber e responder às
necessidades de todos os alunos,
respeitando as suas características.
A Educação Inclusiva é um dos maiores
desafios enfrentados pelos sistemas
educativos, escolas, professores e por
toda a comunidade. Esta é uma questão
que continua na ordem do dia. A tónica
é colocada na equidade e na qualidade
do ensino para todos os alunos que
frequentam a escola e à qual têm
direito.
É necessário mudar os modos de agir,
os pensamentos e as práticas dos
professores e das culturas
organizacionais, assim como promover
uma maior colaboração entre todos os
intervenientes nas escolas.
Consideramos ainda ser fundamental
melhorar a qualidade da formação
inicial e contínua dos professores.
Com a presente investigação,
procuramos dar o nosso contributo na
área da formação inicial de professores,
nomeadamente na área da formação de
futuros professores para atenderem à
Inclusão de alunos com Necessidades
Educativas Especiais.
Com este trabalho, que nos propomos
realizar, pretendemos: compreender se
os cursos de formação inicial estão
estruturados tendo em conta o
paradigma supracitado (organização
dos Planos de Estudo; componentes de
formação; objetivos e conteúdos no
âmbito das UC de EI/NEE);
compreender como é encarada, pelos
futuros professores e pelos professores
(atualmente em funções) a sua
formação. Com isto ambicionamos
compreender se os mesmos são
preparados para atenderem à inclusão
dos alunos com NEE.
Em consonância com o anteriormente
descrito, começámos por trabalhar em
torno daquela que identificámos como
a nossa questão central: A formação
dos professores do 1.º e 2.º Ciclos do
Ensino Básico responde às necessidades
subjacentes à Inclusão de alunos com
NEE nas escolas?
Iniciámos a nossa investigação fazendo
uma análise documental dos Planos de
Estudo das ESE’s e das Universidades
em Portugal que têm como oferta
educativa cursos de Educação Básica e
por elaborar uma entrevista
semiestruturada junto de professores
do ensino regular, atualmente em
funções.
Depois desta análise fizemos a seleção
daqueles que considerámos mais
pertinentes, de forma a responder aos
objetivos específicos da nossa
investigação, de seguida pretendemos
analisar os planos de estudo das UC de
EI e/ou NEE.
Na próxima fase é nossa intenção
elaborar e desenvolver um conjunto de
entrevistas semiestruturadas dirigidas
aos coordenadores dos cursos e ao(s)
docentes das UC de EI/NEE. Por fim
pretendemos realizar entrevistas
semiestruturadas aos alunos do último
ano do curso, sobre a formação que
referem ter para atender à Inclusão de
alunos com NEE, as conceções que têm
sobre a EI e as práticas que dizem
desenvolver a partir delas.
Formação inicial de
professores, educação inclusiva,
necessidades educativas especiais.
MARIA HELENA PIRES RAMOS ALVES
FONTINHA
63
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
A presente investigação
pretende compreender o processo de
formação de diversos
patamares/categorias de formadores de
professores, com base num Programa
de Formação Contínua de Formadores
de Professores de Português, e o seu
impacte nas práticas de formação e de
ensino dos intervenientes.
Tem como objetivos fundamentais: (1)
compreender a organização e a
dinâmica dos processos de formação de
formadores, tendo em conta o
Programa, considerando os
pressupostos e dispositivos da
formação; (2) compreender como e se
as conceções de profissionalidade e de
profissionalismo docente são
reequacionadas pela participação em
processos de formação de formadores.
O seu enfoque centra-se, assim, nas
diferentes etapas de formação de
formadores, visando especificamente:
compreender o modo como se processa
o aperfeiçoamento profissional do
formador de professores e como é que
o mesmo se apropria da sua função;
verificar se se organizaram/
desenvolveram redes de formação
mútua (entre formadores de cada etapa
e entre formadores das diferentes
etapas); analisar a importância da
formação para o desenvolvimento
profissional dos formadores;
interpretar a simultaneidade de papéis
do formador (formando, formador e
professor).
O presente estudo sustenta-se no facto
de que até à última década do século
XX, pouco se soube sobre o modo como
os formadores de professores
trabalhavam ou como deveriam
trabalhar (Wilson, 1990; Zeichner; 1999;
Cochran- Smith, 2004; Hamilton e
McWilliam, 2001). Os formadores de
professores iniciavam a sua profissão
por terem sido bons professores ou por
serem especialistas numa determinada
área, sem terem qualquer formação
formal. Contudo, a partir dos anos 90,
os formadores de professores
começaram a estudar sistematicamente
os processos que desenvolviam para
aperfeiçoar as suas práticas (Lunenberg
e Willemse, 2006), emergindo a ideia de
que ser formador de professores apela
a conhecimentos e competências
específicas (Swennen, Lunenberg e
Korthagen, 2008; Appleby, 2009; Berry,
2009; Timmerman, 2009). Também em
Portugal, a investigação, no campo da
formação de formadores de
professores e das políticas de formação
de professores, é escassa, fragmentária
e lacunar, necessitando de uma
identificação mais precisa dos objetos
que podem ser considerados e de uma
maior pluralidade metodológica
(Esteves e Rodrigues, 2002). É nossa
intenção aprofundar não só a
compreensão de situações formativas,
em diversos contextos, procurando
construir um conhecimento
conceptualizador que não se limite à
descrição de situações, mas também
estabelecer e problematizar relações
entre processos de formação e de
mudança/aprendizagem dos
formadores. Para a compreensão
pretendida confluirá, portanto, o
entrecruzar da descrição, da análise, da
interpretação e da reflexão crítica
(Caetano, 2004).
Face ao exposto, o estudo insere-se no
paradigma interpretativo e recorremos
a um desenho metodológico,
sobretudo, de natureza qualitativa,
embora contemple análise quantitativa,
de cariz descritivo. Para o efeito,
procedemos a entrevistas semi-
estruturadas, a entrevistas
à análise de dossiês de formadores e à
aplicação de questionários que
combinem questões de resposta aberta
e fechada. Neste momento, estamos a
proceder à análise de conteúdo das
entrevistas piloto semi-estruturadas.
64
Formação pedagógica
de formadores de professores,
contextos colaborativos, reflexividade
docente, desenvolvimento profissional
e mudança.
SANDRA RODRIGUES PEREIRA
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
Ao longo das últimas décadas,
a escola pública tem sofrido grandes
alterações na população estudantil,
devido aos fluxos migratórios
registados por toda a parte em que
Portugal não é exceção.
Com a entrada permanente de alunos
de outras nacionalidades e
naturalmente com outras línguas
maternas, que não o português, as
escolas e os professores têm sido
confrontados com uma nova realidade.
Embora em 2001, com o Decreto-Lei
6/2001, se tivesse iniciado as primeiras
preocupações legislativas com os
alunos que não têm o português como
língua materna, só em 2006 surge o
Despacho Normativo 7/2006 que regula
o ensino do PLNM no Ensino Básico, no
qual fica estabelecido os princípios de
atuação e as normas orientadoras nesta
disciplina. Desde então, tem surgido
nova legislação com a necessidade de
redefinir normas e estratégias. Por isso,
os professores sentem a necessidade
quotidiana de atualizarem os seus
conhecimentos e competências para
dar uma resposta mais eficaz a esta
situação.
Com este estudo pretende-se dar voz
aos professores que lecionam o
Português Língua Não Materna (PLNM);
identificar as suas necessidades e
desejos de formação contínua;
compreender o modo como são
implementadas as orientações
legislativas regulamentadoras, as
micropolíticas das escolas e as ações
dos professores neste campo.
Segundo Garcia (1999), o conceito de
formação é complexo e diverso.
Contudo, apresenta uma conceção
abrangente de formação reforçando o
seu carácter contínuo e integrado a
formação de professores (...) estuda os
processos através dos quais os
professores - em formação ou em
exercício - se implicam individualmente
ou em equipa, em experiências de
aprendizagem através das quais
adquirem ou melhoram os seus
conhecimentos, competências e
disposições, e que lhes permite intervir
profissionalmente no desenvolvimento
do ensino, do currículo e da escola,
com o objectivo de melhorar a
qualidade da educação que os alunos
recebem" (1999: 26).
Uma formação contínua adequada
requer o conhecimento da realidade
profissional dos professores,
designadamente o reconhecimento das
necessidades de formação sentidas.
Recorremos ao conceito de necessidade
de formação de Rodrigues, que
segundo a qual é “(…) resultante do
confronto entre expectativas, desejos e
aspirações, por um lado e, por outro, as
dificuldades e problemas sentidos no
quotidiano profissional (…)”
(1991:476). Ao inquirirmos o público-
alvo sobre as reais necessidades
estamos a contribuir para o aumento
do conhecimento profissional eficaz
ajustado a um contexto, uma vez que
analisar as necessidades permite
também relacionar a formação com a
utilidade social.
Pretendemos realizar uma investigação
que se enquadra no paradigma
fenomenológico-interpretativo.
Seguiremos uma investigação de
65
carácter qualitativo, pois é nossa
intenção compreender os “fenómenos
educativos a partir da indução dos
significados particulares e complexos
de cada contexto.” (Araújo, 2008:138).
Este estudo terá um carácter intensivo,
pois focar-se-á num agrupamento de
escolas, a fim de estudar as suas
dinâmicas, as conceções e práticas dos
professores de PLNM. Para isso,
utilizaremos uma metodologia apoiada
na realização de entrevistas semi-
diretivas a diretores de escolas e
professores e na observação naturalista
de aulas de PLNM.
Formação contínua de
professores, português língua não
materna, diversidade cultural,
necessidades de formação.
MARIA GORETE FONSECA
Área de Especialidade: FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
A presente investigação tem
como foco privilegiado o modo como
são preparados profissionalmente os
futuros professores do 1.º ciclo do
ensino básico (CEB), durante a sua
formação inicial, para integrarem as
novas tecnologias de informação e de
comunicação no processo de ensino e
de aprendizagem.
Embora considere o plano macro (o das
políticas educativas) e o plano meso (o
das instituições de formação inicial),
privilegiará o «olhar» dos atores que
intervêm diretamente na Formação
Inicial (FI), mais especificamente os que
intervêm durante o período de imersão
na prática de sala de aula, os
professores supervisores e os
cooperantes, e pretende (i) desocultar
as suas representações sobre os
saberes e competências considerados
necessários aos futuros professores
para o uso pedagógico e regular das
TIC na sua prática educativa; (ii)
evidenciar o trabalho pedagógico que é
feito pelos formadores para formar os
futuros professores neste domínio
particular, bem como (iii) conhecer os
fundamentos invocados para o
justificar.
É uma investigação qualitativa,
ancorada numa perspetiva
interpretativa, e estrutura-se em dois
estudos de caso a realizar em duas
instituições de formação inicial
designadamente as Escolas Superiores
de Educação de Santarém e de Setúbal.
Serão recolhidas e cruzadas as opiniões
de sujeitos chave, através de
entrevistas semidiretivas individuais
e/ou em grupo, em particular dos
Diretores, dos Presidentes dos
Conselhos Científicos, dos professores
que lecionam as TIC como disciplina,
de professores que (reconhecidamente)
lecionam integrando as TIC, dos
docentes que lecionam as Didáticas,
dos Supervisores, dos Cooperantes e de
alunos que se encontram no último ano
de formação, de modo a permitir
retratar a “cultura” de cada ESE
relativamente à formação para a
integração pedagógica das TIC no
processo de ensino e de aprendizagem.
Trata-se de uma competência
consensualmente reconhecida como
necessária, embora consensualmente
também se considere que estamos
longe de ter conseguido atingir. A
pesquisa pretende disponibilizar
conhecimento que possa apoiar o
desenho e a implementação de
melhores práticas de formação, capazes
de dotar os professores de meios para
uso pedagógico (e não apenas
tecnológico) das TIC.
Formação inicial de
professores, formação de professores
do 1.º Ciclo, TIC - conceções dos
66
formadores3; TIC - práticas de formação
dos formadores.
História da Educação
MARIA DA GLÓRIA C.T.C.ALMEIDA
FRANCO
Área da especialidade: HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
Com o terminar da guerra
civil (1834) um novo ciclo histórico,
com pretensões reformistas, mas muito
pouco eficientes, surgiu procurando
universalizar a educação/ensino e
combater o analfabetismo.
O abandono e as difíceis condições de
sobrevivência a que as crianças estavam
sujeitas, tornaram-se um problema de
ordem pública. Através de um
assistencialismo assimilacionista,
pretendeu-se responder a este flagelo,
criando microcosmos (os asilos) onde a
pobreza era camuflada e entaipada. Ao
serem retiradas das ruas, a sua
condição era escondida, não
incomodando os restantes cidadãos.
Surge (finais do século XIX) uma onda
filantrópica tentando responder, de
modo mais eficiente, à caridade até
então praticada. Sendo um par
conceptual distinto confundem-se,
frequentemente, na ação.
Em 1876 é inaugurado, o Asilo
Montemorense de Infância Desvalida
(A.M.I.D.), ocupando as instalações do
antigo Convento da Saudação, como
forma de dar resposta ao número
crescente de meninas desamparadas.
Partindo do pressuposto que o contra-
factual não é histórico, este trabalho é
suportado por evidências (acervo
histórico e periódicos locais)
fundamentando-se no estado da arte
(Deusdado, Fernandes, Fonseca,
Foucault, Goffman, Novoa, …). Dos
periódicos locais (onze no final do
século XIX) foram selecionados os
títulos com maior tiragem, maior
longevidade e que representassem
fações beligerantes da vida politica
local (Meridional, Democracia do Sul,
Montemorense, Folha do Sul e Folha de
Montemor). Procurando estudar como
era a vida intramuros, a historiografia
local torna-se indispensável.
Com o surgir de novos protagonistas
sociais (maçons e membros do Partido
Republicano), as diferentes direções da
instituição foram mudando de mãos
(1902/1918). Com estes nasce a figura
do benemérito, que, por vezes, sob uma
capa filantrópica (burguesa) fazem
fortuna ou aumentam a que já
possuíam.
Implantada a República, a educação
feminina e o assistencialismo, apesar
de tentadas algumas alterações, foram-
se mantendo estruturalmente estáveis.
Com o final da primeira Grande Guerra
a miséria aumentava junto das
populações mais pobres. Para além da
escassez cerealífera, aumento
galopante dos bens de primeira
necessidade fizeram com que a vida
dos montemorenses se tornasse um
verdadeiro inferno. O mercado negro
crescia e o contrabando com Espanha
tomava proporções inigualáveis. Em
1918 estavam internadas 17 crianças.
67
Já durante o Estado Novo, com a
depressão de 1929, o desemprego, o
miserabilismo e a conflitualidade local,
agravam-se, fazendo crescer o número
de pedidos de internamento por parte
das famílias. O número de
internamentos passa, em três anos, de
23 para 54.
Se o quotidiano estava recheado de
enormes dificuldades, a 2ª Guerra veio
aumentar ainda mais a precariedade da
vida intramuros.
Em 1962, o A.M.I.D. é entregue a uma
ordem religiosa, que a dirige, até ao seu
encerramento, em 1975, por falta de
apoios financeiros.
Ao cotejar o acervo e a imprensa
periódica local, construirei uma
narrativa histórica, consubstanciada
pelo debate semântico entre caridade e
filantropia e pela literatura de
referência, procurando adquirir um
conhecimento holístico desta casa
asilar.
Asilo, arquivo,
infância desvalida.
ISABEL RODRIGUES FIGUEIRA
Área de Especialidade: HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
O trabalho tem como objetivo
compreender como língua, literatura e
identidade se equacionam no período
pós-colonial, quer condicionando
discursividades subjetivadoras, quer
determinando as relações simbólicas
entre os vários países de língua oficial
portuguesa.
Ainda que privilegiando as relações
entre Portugal e Brasil, será possível,
encontrar, na história da afirmação
identitária e cultural da primeira ex-
colónia, etapas e processos com os
quais se possa entender melhor o que
está em jogo na CPLP, a atual
“comunidade transnacional da língua”.
O arco-temporal desta pesquisa vai do
final do século XIX – com os debates
sobre a necessidade de uma
“simplificação” ortográfica, que
possibilitasse o ensino de um maior
número de indivíduos -, até ao início do
século XXI, em que a questão da
ortografia e das literaturas numa língua
comum voltam a provocar reflexões
sobre soberania nacional, educação e
identidade.
A partir das fontes, prioritariamente
revistas e jornais (de Portugal, Brasil,
Galiza e Angola), serão construídas
séries documentais que ajudarão a
problematizar a subjetivação de
cidadãos em função de uma ou
da correspondente ideia de , seja
no campo ortográfico, literário ou
cultural.
O enquadramento teórico será
ancorado em Michel Foucault, Roland
Brathes, Popkewitz e Jorge do Ó. Em
última instância, esta pesquisa propõe-
se desinstalar os discursos encráticos
que fabricam cidadãos, nacionais ou
“lusófonos”. Colocar-se-á a descoberto
os estereótipos que compõem os
discursos sobre a língua e seus sujeitos,
aqueles das falas “desviadas” ou os
autores de obras consagradas, para
entender os embates identitários que,
desde lá atrás, foram dando forma a
este presente, o qual resulta mais de
contingências que de intenções claras e
determinadas.
Lusofonia, língua
portuguesa, escrita, subjetivação.
68
MARIA DE FÁTIMA M. M. PINTO
Área da especialidade: HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
A Modernidade alicerçou-se
sobre uma ideia de democratização da
cultura e do saber mas o seu
alargamento a um maior número de
indivíduos fez-se de forma controlada,
condicionada por razões políticas que
conduziram a uma progressiva
discriminação/segregação cultural,
patente na coexistência de bibliotecas
eruditas e populares, invocando a
dualidade entre “legitimidade
intelectual” e “legitimidade social”,
evidenciada no desencontro entre
representações e práticas da leitura
pública.
As “bibliotecas populares”, criadas em
2 de agosto de 1870, integravam o
conjunto de medidas tomadas por D.
António da Costa para desenvolver a
educação popular - um pilar que
sustentou a edificação da sociedade
liberal e republicana no séc. XIX.
A relação existente entre política e
educação tornou-se mais estreita
durante a Primeira República e é neste
período que são relançadas as
bibliotecas populares, com a criação de
bibliotecas móveis que se esperava que
viessem a constituir «…o mais fecundo
manancial de instrucção popular e do
qual poderia o nosso paiz tirar os
melhores proveitos.» (Bettencourt
Athayde, 1919).
Este trabalho visa compreender o
sentido da dicotomia popular/erudita
que marcou a existência das bibliotecas
no período em estudo, tomando como
referência um conceito mais livre de
biblioteca, desenvolvido desde meados
do século XIX nos países anglófonos,
particularmente nos EUA, e que é
apontado como modelo de biblioteca
pública.
Decorrente da problematização,
formularam-se duas hipóteses que têm
norteado o avanço da investigação:
Hipótese 1: a insistência num modelo
dualista e segregador de biblioteca,
poderá explicar-se com base na
necessidade de orientar,
condicionando, o acesso à leitura e ao
conhecimento pelas camadas
populacionais de alfabetização tardia.
Esta preocupação sobrepunha-se à
defesa da importância de “derramar”
instrução e cultura nos meios
“populares”.
Hipótese 2: a designação “bibliotecas
populares” ter-se-á naturalizado mais
pela força do discurso fundador, a
exemplo de outros países europeus, do
que pela natureza específica dos
acervos ou pela origem social dos seus
utilizadores/leitores.
Privilegia-se uma abordagem
metodológica plural, capaz de dar
conta da trilogia estruturas/ práticas /
representações. A produção científica
resulta de uma persistente interrogação
do material empírico, de proveniência
muito diversa, recolhido nos arquivos
locais/municipais e nacionais (ANTT e
AHBN). Os dados são analisados e
comparados, no sentido de conhecer
representações e práticas das
bibliotecas populares neste período,
com recurso também ao cotejo da
imprensa coeva.
Este percurso tem permitido clarificar
algumas ideias:
- A preocupação manifestada com a
orientação da leitura para as camadas
de alfabetização tardia e/ou mais
desfavorecidas (uma significativa
percentagem da população), foi
condicionada pela questão financeira,
como se percebe quer pelo fraco
investimento em fundos documentais
específicos, quer pela falta de
69
preparação técnica dos profissionais
ligados às bibliotecas.
- A “missão” afeta às bibliotecas
populares foi parcialmente cumprida
por outras bibliotecas de caráter mais
erudito como a BNL, com um acesso
mais fácil do que algumas congéneres
“populares”.
- Afiguram-se pouco expressivas as
diferenças de utilização das bibliotecas:
apesar da especificidade dos seus
fundos, em ambas predomina a
preferência pela literatura.
Encontrar forma para o conceito
“popular” mantém-se ainda um desafio.
Popular/erudita,
pública/popular, representações,
práticas
CARLOS MANUEL ROMÃO HENRIQUES
Área de Especialidade: HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
No decurso do estudo sobre
como as teorias contemporâneas da
educação e a obra pedagógica dos
autores de Educação Musical se
relacionaram com o processo de
ensino/aprendizagem instituído e
protagonizado em Portugal, na segunda
metade do século XX (1960-2000),
surgiu a necessidade de reflectir, por
um lado, sobre a relevância das
imagens (fotografia e ilustração) como
fonte de pesquisa na história de uma
disciplina cujo aspecto sensorial –
auditivo é determinante na sua
organização e, por outro lado, sobre a
legitimidade científica da apropriação
de ferramentas conceptuais de outras
áreas do conhecimento como, por
exemplo, a Janela de Johari, no intuito
de analisar as referidas imagens, assim
como verificar a validade dos
resultados a obter.
De forma a subsidiar o tema central da
investigação houve a necessidade, neste
particular, de formular a questão de
pesquisa: Como caracterizar/descrever
a paisagem sonora em função da
análise da imagem tendo em vista o seu
contributo para a narrativa histórica?
Ainda que o referencial teórico se
baseie na Historia cultural (Chartier,
1988) e na História do presente
(Chauveau & Tétart, 1992), e se assuma
que a história das disciplinas e do
currículo, juntamente com o conceito
de cultura escolar (Frago, 2007;
Chervel, 1998), constituam o espaço
central da investigação, no âmbito da
questão de estudo levantada, a imagem
e o som na narrativa histórica, importa
particularmente na construção da
problemática o subsídio de autores
como Leppert (1998, 1993), Marsh
(2010), Grosvenor (1999), Burke (2001),
Mietzner (2005) e Stanczak (2007).
Na intenção de esclarecer um tema de
História de Educação a pesquisa invoca
um pensamento complexo (Morin,
1990) que articula o tríptico formado
pelo escrito, pelo oral e pela imagem, e
considera que a referência à música,
que ocorre no campo da imagem, existe
sobretudo pela sua significação sócio
cultural.
No todo, o desenho metodológico
baseia-se numa abordagem qualitativa,
seguindo a perspectiva de Mcgulloch e
Richardson (2000), com base na revisão
da literatura (Hart, 2008) e na análise
de diferentes tipos de fontes, tais como
legislação, manuais, artigos de
imprensa. Também se consideram no
âmbito da recolha de dados as
entrevistas (Janesick, 2010) e as
imagens: fotos, ilustrações, vídeos
(Tinkler, 2013; Leoné, 2005; Rosa,
2013). Sendo que, neste último aspecto
metodológico, a concepção, a precisão e
a recolha de dados facultada pelo
modelo de análise de imagens
70
adoptado, de forma a responder à
questão antes elaborada, é objecto de
estudo.
Neste ponto, uma vez transcrita a
ferramenta conceptual, ao serviço do
modelo de análise, para uma linguagem
e um formato que permita conduzir o
trabalho sistemático de recolha e
estudo dos dados de observação, é
possível partilhar a implementação e a
correspondência de alguns resultados
observados. Fazendo ressaltar as
primeiras evidências do estatuto, das
expectativas sócio-culturais
depositadas na disciplina e da
influência das diferentes metodologias
de educação musical.
Por fim, informa a investigação a
consciência de que na educação, a
imagética constitui uma herança
documental, com histórias para contar
que a palavra não contou.
História das
disciplinas, educação musical, som,
imagem.
RITA SANTOS AGUDO DO AMARAL
RÊGO
Área de Especialidade: HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
Em 1967 é fundado o
Externato Fernão Mendes Pinto (Lisboa).
Em 1967 Portugal estava imerso no
Estado Novo. A educação salazarista
assentava numa ideologia que tinha por
base o princípio «Deus, Pátria e
Família», e mais do que «educar»,
tentava-se «modelar». Em 1968, Salazar
é afastado do poder e toma posse
Marcello Caetano na chefia do governo.
A «Primavera Marcelista» prometia
transformações que há muito se
aguardavam, mas aconteceu a
«evolução na continuidade».
O Externato Fernão Mendes Pinto,
jardim-de-infância e escola do primeiro
ciclo, ainda hoje está em
funcionamento, rejeitou a pedagogia
tradicional da escola oficial e pôs em
prática propostas educativas inspiradas
na pedagogia Freinet, seguindo o
Movimento da Escola Moderna (MEM).
Este colégio apresentou-se como uma
alternativa às escolhas educativas
oficiais e ensinar nesta escola privada
foi uma oportunidade de viver uma
experiência profissional envolvente
para os professores e os educadores de
infância que aceitaram o seu repto.
Sentiam-se pioneiros e motivados, na
medida em que o MEM valoriza os
professores e educadores atentos e
críticos ao meio que os rodeia, que
procuram respostas em grupo e,
desenvolvendo um trabalho
colaborativo evoluem como
profissionais e cidadãos. Estavam
convictos do seu contributo para a
construção de uma sociedade mais
moderna e aberta, mas conscientes dos
riscos implicados. As pesquisas
nortearam-me no sentido de narrar
memórias e experiências de antigos
professores e educadores desta escola.
As fontes serão essencialmente orais,
sendo as entrevistas o instrumento
escolhido para a recolha dos
testemunhos orais.
A questão central formulada para este
estudo foi saber de que modo esta
organização escolar implementou os
pressupostos teóricos do Movimento da
Escola Moderna no contexto educativo
vigente em Portugal nas décadas de 60
a 90 do século XX. Os objetivos
traçados foram: (1) Contar a história
desta organização escolar tendo em
conta o modo como reinterpretou os
pressupostos teóricos do Movimento da
Escola Moderna; (2) Conhecer a
71
organização escolar e as suas práticas
educativas de 1967 (fundação) a 1995;
(3) Tentar recriar o ambiente escolar
nesse período através dos testemunhos
orais (de antigos fundadores, diretores,
professores, alunos e pessoal não
docente), do material escolar e didático,
dos trabalhos realizados e das
fotografias da época.
Seguindo uma metodologia qualitativa,
este estudo de caso histórico, segue um
processo indutivo e exploratório,
privilegiando o contexto da descoberta,
com base em teorias interpretativas.
Externato Fernão
Mendes Pinto, Movimento da Escola
Moderna, ensino privado em Portugal,
história oral.
72
Psicologia da Educação
ANTÓNIO AUGUSTO GOMES LEITE
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAC A O
O estudo das atitudes face a si
próprio (autoconceito) e face à escola
tem surgido como importante e atual
na literatura científica, sobretudo nas
teorias cognitivo-sociais, que referem a
escassez de estudos e a necessidade de
aprofundar os existentes. O
envolvimento dos alunos na escola tem
sido visto como elemento chave na
diminuição do insucesso, do abandono
escolar e da prevenção da delinquência.
Contudo, uma abordagem com
formandos do Sistema de
Aprendizagem em Alternância merece
atenção particular, dada a falta de
investigação sobre este tema específico.
Neste contexto, partindo de uma
revisão da literatura sobre os referidos
conceitos e o Sistema de
Aprendizagem, foi formulado o
seguinte problema de investigação:
Como se carateriza o envolvimento e o
autoconceito nos formandos do
sistema Aprendizagem em Alternância,
como e que estas variáveis se
relacionam, quer entre si, quer com
fatores específicos? Assim, a presente
investigação tem como objetivos:
identificar fatores que explicam a
variância do envolvimento de
formandos neste sistema de formação
profissional; estudar a influência do
autoconceito e da autoestima no
percurso de formação Aprendizagem
em Alternância; caraterizar as relações
entre o envolvimento de formandos no
centro de formação e outras variáveis
pessoais, como o autoconceito e a
idade. A metodologia de investigação e
sobretudo quantitativa, tendo como
amostra 600 formandos, distribuídos
por três distritos da zona norte do país
(Braga, Porto e Aveiro). O inquérito a
administrar e constituído por escalas
específicas, como: Exploring student
engagement in school internationally
Scale (Lam et al., 2012; Robu, no prelo);
Envolvimento dos alunos na escola:
Uma escala quadri-dimensional (Veiga,
2013); Piers-Harris Children’s Self-
Concept-Scale (Piers, 2002), incluindo,
ainda, a recolha de dados
sociodemográficos. O estudo procurara
responder a questões de estudo
específicas (naturalmente derivados do
problema de investigação formulado),
todas elas centradas em formandos do
sistema Aprendizagem em Alternância.
A análise dos resultados incluirá a sua
consideração em função de variáveis
pessoais e formativas (como o género,
ano/período de formação e a satisfação
com o curso), bem como outras
variáveis do contexto familiar. Espera-
se encontrar implicações para a prática
formativa, bem como sugestões de
novos estudos.
Atitudes face a si
mesmo, autoconceito, envolvimento na
formação, aprendizagem em
alternância.
73
MARIA JOÃO PEREIRA GARCIA
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAC A O
Na perspectiva histórico-
social, a aprendizagem é sempre
situada num determinado momento,
num contexto específico e pressupondo
a existência de outros, isto é, considera-
se a aprendizagem como um processo
social. Wenger (1998), pensa a
identidade como um processo
individual e colectivo. Assim, a
identidade constrói-se tendo por base
duas vertentes: por um lado atendendo
ao self, por outro atendendo aos
significados resultantes de experiências
sociais em comunidades. Segundo
Holland, Lachicotte Jr., Skinner e Cain
(2001), ao tornar-se membro de
determinada comunidade, a pessoa
entra num mundo figurado, um local
organizado socialmente e com valores
próprios. Neste mundo figurado
assumem-se certas posições e a
vivência e partilha de novas formas de
ver o mundo é consequente ao nível da
identidade dos seus membros. (Holland
et al, 2001).
Consideramos que a parentalidade se
(re)forma em comunidades de prática
(Wenger, 1998), ou seja, um grupo de
pessoas que partilham interesses
comuns e que vão aprendendo como
melhorar as suas práticas parentais,
agindo e vivenciando-as em
comunidades. Ao estarem inseridos
nessas comunidades de prática, os pais
estão, também, a conceber e
experimentar os mundos figurados que
contribuem para a (re)construção da
sua identidade parental. É nestas
comunidades e pelas vivências que lhes
proporcionam que cada um lida com as
mudanças que entram em conflito com
os seus valores, que ponderam as suas
experiências e compromissos com os
outros que lhe estão próximos e que
formam um mundo figurado.
A família tem passado por profundas
mudanças na sua estrutura nas últimas
décadas, resultando numa diversidade
de tipos de família (Williams, 2010) e
alteração de valores. Segundo os censos
de 2011, as famílias portuguesas hoje
são mais pequenas, as famílias de
“casal com filhos” perderam
importância relativa, os núcleos
familiares monoparentais aumentaram
e as famílias reconstruídas mais que
duplicaram desde 2001 (Instituto
Nacional de Estatística, 2012). Embora
tenha vindo a diminuir em Portugal, a
taxa de gravidez na adolescência é,
ainda, muito significativa. Ser mãe
numa idade precoce está associado a
diversas desvantagens no contexto
europeu (UNICEF, 2007). Quando a
grávida não tem uma rede de apoio
pode recorrer a associações que a
acolhem e procuram orientá-la durante
e após a gravidez. Como é que a
vivência da maternidade (precoce ou
não) e a participação em comunidades
de prática nessas associações pode
influenciar a (re)construção da
identidade parental? Optando por um
paradigma interpretativo de natureza
qualitativa este estudo envolve mães da
região de Lisboa que se encontram em
residências de apoio a mulheres
grávidas. Primeiro pede-se a estas mães
e futuras mães para escreverem sobre
situações onde consideram estar
envolvidos valores familiares e sobre as
suas expectativas da maternidade.
Através duma imersão na realidade
quotidiana dessas comunidades de
prática (sendo o investigador um
observador participante) serão
realizadas observações e entrevistas
procurando aprofundar a compreensão
da identidade parental que estas mães
apresentam. Concluída a análise dos
dados procura-se desenvolver um
programa parental sobre valores,
prestação de cuidados e compromissos
entre pais e crianças.
74
Identidade parental,
valores, mães.
LETÍCIA FLEIG DAL FORNO
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAC A O
O estudo dos
sobredotação e criatividade em crianças
tem sido destacado como importante e
atual, sobretudo pelas teorias
cognitivo-sociais, que salientam a falta
de investigações sobre o tema. Na
sobre tais
conceitos, as definições têm a ver com
as teorias em que se inserem, e disto
mesmo é feita uma sistematização,
quer teórica, quer dos estudos
empíricos. Neste enquadramento, esta
tese surge com o objetivo de serem
investigados os conceitos sobredotação
e criatividade, atendendo ao
reconhecimento de singularidades das
crianças pelos educadores de infância.
Mais especificamente, a investigação
estuda as perceções dos educadores de
infância acerca das características da
sobredotação e da criatividade nas
crianças. É definido como
: Como se caracterizam as
perceções dos educadores de infância
acerca de indicadores de sobredotação
e de criatividade, em crianças do pré-
escolar no Brasil e em Portugal; e como
se relacionam estas variáveis, quer
entre si, quer com fatores pessoais e
contextuais? No que respeita à
metodologia, a foi constituída
por 245 educadores de infância do
nível pré-escolar (crianças dos 3 aos 5
anos de idade), no sector privado e
público de ensino, com diferente
formação, tempo de experiência
profissional, e com nacionalidade
brasileira e portuguesa. Os
de avaliação utilizados
foram a
(ECS), com 50 itens, na
sua adaptação para Portugal (Veiga &
Marques, 2001; Rosa, 2009; Al-Hadabi,
2011), e a
(ECC), com 23 itens,
adaptada de Morais e Azevedo (2008) e
Pérez e Freitas (2012). Depois de se
terem retirado os questionários
inadequadamente preenchidos,
procede-se, em primeiro lugar, ao
estudo das qualidades psicométricas
dos instrumentos de avaliação
utilizados (fidelidade e validade).
Depois, serão analisados os dados
recolhidos nos 245 questionários
restantes, numa abordagem
quantitativa, com o programa
estatístico SPSS (versão 21),
determinando frequências, correlações,
análises diferenciais (t de Student e
ANOVAs), e regressão múltipla. Espera-
se que os resultados obtidos
possibilitem encontrar respostas para
questões de estudo derivadas do
problema de investigação formulado. A
interpretação dos resultados poderá
recomendar a utilização de entrevistas
complementares a sujeitos específicos,
no sentido de encontrar respostas
aprofundadas às questões de estudo.
Espera-se que as conclusões permitidas
pelos resultados contribuam para a
elaboração de aplicações úteis à
Educação, com sugestões, quer no
Brasil, quer em Portugal.
Sobredotação,
Criatividade, Educação Pré-escolar,
Perceções dos Educadores de Infância
75
ANA PAULA PEREIRA SIMÃO
RODRIGUES CAEIRO
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAÇÃO
o estudo das motivações
laborais dos técnicos de intervenção
precoce tem surgido como importante e
atual. A evolução ao longo do tempo
das conceções e das práticas em
intervenção precoce tem conduzido a
uma nova perspetivação psico-
educacional da criança e a um modelo
de intervenção centrado na família, o
que implicou uma mudança nos papéis
e nas responsabilidades dos
profissionais de intervenção precoce,
pondo em evidência a necessidade de
investigação e de consequente
formação nesta área.
O objetivo geral desta tese procurará
respostas para o seguinte problema de
investigação: como se caracteriza a
intervenção precoce e as motivações
laborais dos técnicos que a ela se
dedicam, como se relacionam estas
variáveis entre si, e quais os seus
fatores, quer pessoais, quer
contextuais. Especificando, procurar-se-
á saber como se posicionam os técnicos
de intervenção precoce nas suas
conceções e práticas, e quais as razões
e os objetivos de tais posicionamentos.
A produção científica, sobretudo a mais
recente, sobre os conceitos referidos,
será considerada, com especial atenção
às conceções e práticas vistas como
recomendadas e eficazes. Tais
elementos poderão dar fundamento à
interpretação dos dados recolhidos, em
que as perspetivas cognitivo-social e
ecológica poderão vir a ter especial
contribuição explicativa.
A amostra será constituída pelos
técnicos que trabalham nas 36 ELIs
(Equipas Locais de Intervenção) da sub-
região de Lisboa e Vale do Tejo, num
total estimado de 400. Proceder-se-á à
procura de atuais, fiáveis
e válidos, que avaliem os conceitos em
estudo (motivações laborais e
intervenção precoce) e realizar-se-á a
sua adaptação para Portugal; outros
instrumentos de avaliação poderão ser
construídos. O procedimento a planear
incluirá a autorização superior (SNIPI),
e procurar-se-á o preenchimento do
inquérito on–line. Análise dos
resultados recorrer-se-á a análises de
natureza quantitativa, adequada ao tipo
de dados recolhidos, com utilização de
estatística descritiva, diferencial e
correlacional, no sentido de encontrar
respostas para o problema de
investigação e para as questões de
estudo que dele venham a derivar.
Implicações para a prática educativa
destes técnicos serão apresentadas,
bem como sugestões de novos estudos.
intervenção precoce,
motivações laborais dos técnicos de
intervenção precoce, fatores pessoais,
fatores contextuais.
MARTA TAGARRO
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAC A O
A Criatividade e o
Autoconceito têm vindo a ser
investigados por diferentes áreas de
estudo e estes conceitos têm vindo a
assumir cada vez maior relevância
junto da comunidade científica. Na
literatura revista, alguns autores
definem a criatividade como o processo
de produzir algo novo através da
manipulação de elementos conhecidos,
outros como um modo de resolver
problemas, outros ainda como um meio
76
de expressão de impulsos específicos.
Por seu lado, o autoconceito aparece
como a ideia que o indivíduo tem de si
próprio e na interação com o meio
envolvente. A relação entre estes dois
conceitos surge na presente tese como
tema central, dando origem ao
problema de investigação, definido nos
seguintes termos: Como se caracteriza
a criatividade e o autoconceito em
estudantes do ensino superior, e como
se relacionam, quer entre si, quer com
fatores pessoais e contextuais? Tendo
como base este problema de
investigação, definiram-se vários
objetivos, como: 1) caracterizar o
autoconceito e a criatividade; 2)
analisar a relação entre o autoconceito
e a criatividade; 2) identificar a relação
entre os estilos de pensar e criar e as
barreiras à criatividade pessoal; 3)
caracterizar a criatividade de jovens
estudantes do ensino superior; 4)
estudar as oscilações do autoconceito
de jovens do ensino superior; 5)
identificar factores específicos do
autoconceito e da criatividade.
Atendendo ao problema apresentado e
aos objectivos definidos, são
especificadas várias questões de
estudo. Para encontrar respostas a tais
questões, recorreu-se a uma
metodologia quantitativa. A amostra foi
recolhida junto de 13 faculdades ou
escolas superiores, em 34 cursos
distintos, obtendo-se um total de 588
estudantes entre os 17 e os 57 anos,
depois de eliminados 39. Os
instrumentos utilizados foram o
Inventário de Barreiras à Criatividade
Pessoal (Alencar, 1999), a Escala de
Autoestima de Rosenberg (Rosenberg,
1979), a Escala de Estilos de Pensar e
Criar (Wechsler, 1999; Garcês, 2011), a
Escala Multidimensional de
Autoconceito Forma 5 (Garcia & Musitu,
1999; Veiga & Roque, 2003) e o Teste 3
de linhas paralelas de Torrance
(Torrance, 1987). As análises realizadas
até ao momento permitiram validar os
instrumentos utilizados, que
apresentaram boas qualidades
psicométricas, nas suas várias
dimensões. Assim, os instrumentos
mostraram-se uteis no estudo da
criatividade e do autoconceito, em
estudantes do ensino superior, e
poderão ser utilizados em futuras
investigações. A análise dos dados e a
sua interpretação poderão recomendar
a utilização de entrevistas
complementares a sujeitos específicos,
no sentido de encontrar respostas
aprofundadas às questões de estudo.
Espera-se que as conclusões permitidas
pelos resultados contribuam para a
elaboração de aplicações úteis à
Educação, com sugestões para novas
investigações.
Estilos de criar e
pensar, barreiras à criatividade,
autoconceito, estudantes do ensino
superior.
CECÍLIA MARIA SARDINHA ABREU
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAC A O
A ideia-chave desta tese
articula-se com duas variáveis
fundamentais: o autoconceito e o
envolvimento dos alunos na escola. Na
o significado fenomenológico
destes termos revela-se, em Psicologia da
Educação, como uma “metáfora
poderosa” capaz de se constituir como
um "estímulo heurístico" para a
compreensão de uma grande variedade
de problemas dos comportamentos,
sobretudo no modo como se medeiam
com os objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento pessoal (Schaufeli .,
2002a e 2002b; Schaufeli & Salanova,
2007). Na revisão da literatura, o
é investigado em
77
diferenciados domínios, por se constituir
como um núcleo central na compreensão
de outras dimensões da personalidade,
como sentimentos e pensamentos que o
indivíduo auto constrói sobre o valor de
si próprio, facilitando outras dimensões
da personalidade, como o
relacionamento interpessoal e a
satisfação do sujeito consigo mesmo. O
dos alunos aparece
também como importante na
investigação educacional, dado que
permite analisar e encontrar soluções
integradoras para o baixo desempenho
académico e abandono escolar (Fredrick,
Blumenfeld, & Paris, 2004; Walker,
Greene, & Mansell, 2006; Lam, &
Jimerson, 2008; Veiga ., 2009).
Considera-se neste estudo que a
experiência escolar havida pode ter
deixado marcas significativas no
autoconceito e na capacidade de o
sujeito adulto se considerar como um ser
com competências de projeção pessoal
no regresso à escola. Este
posicionamento de estudar o
autoconceito como variável mediadora
conduziu à formulação do seguinte
: Como se
caracteriza o envolvimento e o
autoconceito dos alunos adultos, que
relação existe entre tais variáveis, e quais
os seus fatores? De acordo com o
problema geral de investigação, os
objetivos da pesquisa visam encontrar
respostas para perguntas específicas daí
derivadas, em alunos adultos em
contexto educativo/formativo. No que
respeita à , este estudo está
inserido, na perspetiva diferencial da
psicologia e assenta numa análise
quantitativa, descritiva e de variância. A
amostra é constituída por alunos adultos
inseridos em cursos (EFA) de dupla-
certificação e equivalência escolar. Foram
utilizados instrumentos específicos
como a
a
de Lam & Jimerson; e a
de Dias & Fontaine. Conceberam-
se ainda duas escalas no inquérito, que
visam analisar
na fase de escolaridade
obrigatória e na atual
formação. Proceder-se-á ao estudo das
qualidades psicométricas das escalas e à
posterior .
Considera-se, por fim, que este estudo
poderá contribuir para o conhecimento
de novos elementos, ligados a fatores
específicos e à mediação do
autoconceito, a ter em conta em
programas virados para dinâmicas
propiciadoras de do aluno
adulto no seu próprio processo
educativo. A sua utilidade na formação
de professores será considerada.
Envolvimento dos
alunos, autoconceito académico, fatores
contextuais.
KÁTIA SILENE FERNANDES DE SOUZA
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAC A O
O presente estudo realizar-se-
á no âmbito da cidadania democrática.
A Carta do Conselho da Europa sobre a
Educação para a Cidadania Democrática
e a Educação para os Direitos Humanos
prevê tomadas de medidas no âmbito
da disseminação de boas práticas e na
elevação dos padrões de qualidade da
educação na Europa. “Um dos objetivos
fundamentais de toda a educação para
a cidadania democrática e para os
direitos humanos não é apenas dotar os
aprendentes de conhecimentos,
competências e compreensão, mas
também reforçar a sua capacidade de
ação no seio da sociedade para
defender e promover os direitos
humanos, a democracia e o primado do
78
Direito” (2010). É fundamental
“adquirir conhecimentos, aptidões
pessoais e sociais e a compreensão que
permite reduzir os conflitos, apreciar e
compreender melhor as diferenças
entre as confissões religiosas e os
grupos étnicos, estabelecer uma atitude
de respeito mútuo pela dignidade
humana e pelos valores partilhados,
encorajar o diálogo e promover a não-
violência na resolução de problemas e
conflitos.” (2010).
Este trabalho procura responder à
seguinte questão de estudo: “como é
que o 1º ciclo de escolaridade pode
contribuir na construção do cidadão
democrático e ativo?”. O referencial
teórico pautar-se-á nos autores e
pesquisadores que compreendem o
desenvolvimento infantil como
resultante das inter-relações com o
meio social, físico e humano, numa
configuração indissociável do ser e do
pertencer à cultura. Para Touraine “A
cultura democrática define-se como um
esforço de combinação entre unidade e
diversidade, liberdade e
integração”(2008)
Estudo empírico, de natureza mista,
abordagem qualitativa e quantitativa,
incidindo sobre quatro professoras e
seus respetivos alunos do 3º e 4º Ano
do 1º Ciclo do Ensino Básico. A recolha
de dados aconteceu em duas escolas
pertencentes a rede pública de ensino,
no concelho de Sintra; e duas
professoras e seus respetivos alunos do
3º e 4º Ano, em duas escolas da rede
particular de ensino no concelho de
Cascais; todas as escolas situam-se no
distrito de Lisboa. A recolha de dados
aconteceu através da observação direta
das aulas, uma vez por semana,
durante o 2º e 3º período do ano letivo
2012/2013; realizou-se um inquérito
através de entrevistas diretas, com
gravação em áudio, a oitenta e um
alunos e quatro professores, as
mesmas foram transcritas. As análises
dos dados encontram-se em processo.
Cidadania ativa,
criança do 1º ciclo, formação de
valores, desenvolvimento global.
ANA SÍLVIA BERNARDO VINHAS FRADE
Área de Especialidade: PSICOLOGIA DA
EDUCAC A O
Motivação, envolvimento e
autoconceito são constructos que têm
vindo a ganhar cada vez mais
importância e atualidade no campo da
Psicologia e da Educação. As teorias
cognitivo-sociais referem a falta de
estudos sobre estes constructos e a
necessidade de aprofundamento dos
poucos existentes. O
desta investigação foi procurar
respostas para o seguinte problema de
investigação: Como se caracteriza a
motivação, o envolvimento e o
autoconceito dos militares dos “Cursos
de Formação de Sargentos” da Marinha
portuguesa, como se relacionam estas
variáveis, quer entre si, quer com
fatores pessoais e contextuais. No
âmbito da , a amostra foi
constituída por 149 formandos que
integravam tais cursos, iniciados em
2011 e em 2012. Como instrumentos
de avaliação, foram utilizados: a
na sua
adaptação portuguesa (Porto-Martins &
Benevides-Pereira, 2008); a
, criada no
presente estudo (Frade e Veiga, no
prelo); a
(Frade e Veiga, no prelo), adaptada a
partir da Escala de Motivação para a
aprendizagem em Universitários
(Zenorini & Santos, 2008); e a
79
(TSCES),
de Villa e Calvete (2001), previamente
adaptada (Veiga, Gonçalves, Caldeira e
Zuniga, 2006). Os
permitiram encontrar relações
significativas entre motivação e
envolvimento e fatores
sociodemográficos e autoconceito. A
análise dos resultados permitiu
concluir que as variáveis
sociodemográficas e o autoconceito
funcionam como preditores da
motivação e do envolvimento dos
formandos.
Motivação,
envolvimento, autoconceito, jovens
adultos em formação, militares da
Marinha.
80
Sociologia da Educação
MARCELO MARQUES
Área de Especialidade: SOCIOLOGIA DA
EDUCAÇÃO
A tese de doutoramento em
curso tem como objetivo identificar e
compreender as trajetórias improváveis
nos cursos profissionais das escolas
secundárias de ensino público. A
introdução desta oferta no ensino
secundário público veio permitir, a
montante, uma maior estimulação da
procura e, a jusante, a possibilidade de
equacionar uma recomposição das
caraterísticas socioeducativas
associadas aos alunos que frequentam
os cursos profissionais,
respetivamente, a proveniência de
famílias com baixo capital cultural e
económico e os percursos educativos
marcados por trajetórias de abandono e
insucesso escolares. Através da análise
estatística aos dados da DGEEC/MEC,
OTES: Estudantes à Entrada do
Secundário 2007/2008 e Estudantes à
Entrada do Secundário 2010/2011
identificaram-se 1095 alunos
(2007/2008) e 1714 alunos (2010/2011)
com trajetórias de sucesso escolar nos
cursos profissionais, isto é, alunos que
ao longo do seu percurso escolar nunca
reprovaram e que tiveram como média
final do 9º ano, 4 ou 5 nas principais
disciplinas. Sabendo que os cursos
profissionais se apresentam como uma
das medidas mais estigmatizadas no
sistema educativo português, a tese de
doutoramento em curso tem como
questão de partida – Por que escolhem
os jovens com trajetórias de sucesso
escolar cursos profissionais e como
vivem a experiência estudantil nas
escolas secundárias de ensino público?
Para responder a esta questão
apresentamos como objetivos, i)
conhecer as escolhas vocacionais dos
jovens que apresentam trajetórias de
sucesso escolar e que escolhem cursos
profissionais nas escolas secundárias
de ensino público e, por isso, são
protagonistas de trajetórias
improváveis; ii) compreender a
experiência estudantil destes jovens,
atendendo ao seu grau de subjetividade
e racionalidade quanto às escolhas e à
forma como vivem e experienciam a
escola no seio de uma oferta
profissionalizante; iii) identificar e
compreender a pluralidade de
contextos (agentes e estruturas) e
disposições para agir e crer, que nos
permitem inferir sobre as
determinações da ação que estão na
origem da sua trajetória improvável.
Para o desenvolvimento da nossa
problemática de investigação
ancoramos o nosso objeto de estudo no
domínio da Sociologia da Educação,
recebendo contributos da sociologia
das desigualdades sociais, sociologia da
experiência escolar e sociologia
disposicionalista e contextualista.
A opção pelo método recaiu no estudo
de caso múltiplo. Recorrendo à
narrativa biográfica/entrevista semi-
estruturada pretendemos inquirir um
conjunto significativo de jovens com
trajetórias improváveis e outros
agentes educativos que se mostrem
81
influentes no seu percurso, sendo o
critério de saturação da informação que
irá delimitar o número da amostra.
Como técnicas de análise de dados,
pretendemos construir retratos
sociológicos, atendendo às escolhas
vocacionais, à experiência estudantil e
aos fatores determinantes que estão na
origem das suas trajetórias.
Trajetórias
improváveis, cursos profissionais,
escolhas vocacionais, experiência
estudantil.
ISABELA GONÇALVES DE MENEZES
Área de Especialidade: SOCIOLOGIA DA
EDUCAÇÃO
Esta é uma pesquisa
qualitativa e compreensiva que tem
como objetivo geral investigar questões
relacionadas com as representações de
jovens rurais do Alto Sertão Sergipano,
estudantes do último ano do ensino
médio, sobre o papel da escola urbana
em seu processo formativo e em seus
projetos pessoais, buscando analisar
possíveis interfaces de tais questões
com identidades, políticas educativas
para a juventude rural – especialmente
os filhos de agricultores familiares e de
assentados da reforma agrária – e o
desenvolvimento local. Com base nesse
objetivo geral, foram construídas
questões norteadoras de pesquisa,
diretamente relacionadas aos seguintes
objetivos específicos: 1) Identificar qual
a representação que os jovens rurais do
Alto Sertão Sergipano têm em relação à
escola e ao meio rural do território
onde vivem, com ênfase nas
expectativas da função da
escolarização: se direcionada para sua
realidade ou se os prepara para dela se
retirarem; 2) A partir da representação
que os jovens pesquisados definirem
em um primeiro momento, investigar
sua concepção de identidade territorial
e se eles reproduzem ou não a
identidade sertaneja; 3) Analisar se há
uma relação entre modos de
escolarização, o sentimento de
identidade dos jovens rurais e a
formação para atuarem em suas
comunidades na perspectiva do
desenvolvimento destas. No Alto Sertão
Sergipano, o universo a ser pesquisado
será constituído de jovens rurais de
quatro municípios do território,
estudantes do último ano do ensino
médio regular em escolas públicas. Os
municípios selecionados para a
pesquisa de campo foram Canindé do
São Francisco, Poço Redondo, Porto da
Folha e Nossa Senhora da Glória, por
serem os mais populosos da região e
por possuírem maior número de jovens
matriculados no ensino médio. Quanto
à metodologia utilizada para a
consecução dos objetivos, far-se-á uso
de questionário para obtenção de
dados preliminares fundamentais e
entrevistas semiestruturadas para
aprofundamento das questões de
pesquisa. A coleta de dados será
realizada em quatro escolas de ensino
médio, com previsão de dois semestres
para a execução do trabalho de campo
e análise de dados. Pretende-se
combinar os instrumentos de coletas de
dados a fontes secundárias de
pesquisa, como estatísticas oficiais e
leis, com o fim de enriquecer a
pesquisa. Porém, de forma
complementar, busca-se ainda
investigar políticas públicas para
jovens agricultores em outros
contextos. Por considerar que a região
do Alentejo, em Portugal, apresenta
similitudes com o Alto Sertão Sergipano
quanto a questões geoeconômicas e
82
socioculturais, pretende-se também,
através de estágio intercalar na
Universidade de Lisboa, investigar
políticas públicas nessa região voltadas
para os jovens agricultores – como por
exemplo o Programa “Impulso Jovem” -
buscando relacioná-las às identidades
territoriais e à inserção dos jovens no
empreendedorismo e no mercado de
produtos e serviços no meio rural.
Ensino médio,
identidades, juventude rural, políticas
educativas, Sertão sergipano.
83
Supervisão e Orientação da Pr ática Profissional
ELISA DE FÁTIMA OLEIRINHA VALÉRIO
Área de Especialidade: SUPERVISÃO E
ORIENTAÇÃO DA PRÁTICA
PROFISSIONAL
O presente trabalho centra-se
na supervisão da prática pedagógica, na
ação do orientador/supervisor, na sua
função de mediador entre a escola,
lugar da formação prática. Centra-se,
igualmente, nos temas/assuntos da
reflexão partilhada, na identificação e
resolução de problemas com que os
supervisores se confrontam no
desempenho do seu papel.
Focalizamos a nossa abordagem na
figura do orientador para compreender
o potencial formativo e formador da
supervisão, ou seja, das potencialidades
da ação de “ensinar e aprender a
profissão” de professor. Centramo-nos
nas estratégias que integram o
processo de supervisão configuradoras
de percursos de ensino e de
aprendizagem da docência para a
construção do conhecimento e
desenvolvimento pessoal e profissional
do supervisor. Olhamos o supervisor
como docente experiente que ensina e
aprende simultaneamente, dentro da
sua própria trajetória de formação
continuada. Consideramos esta
abordagem complementar da
investigação na área da supervisão, a
qual tem estado focalizada no
formando e na sua aprendizagem, em
cenários quer de formação inicial quer
contínua.
Com o estudo, pretendemos igualmente
problematizar a importância da
reflexão partilhada sobre problemas,
desafios, exigências da sociedade atual
e dos alunos, próprios da docência,
entre outras condicionantes do real
contexto do ensino e da aprendizagem,
sempre em constante mudança.
O estudo empírico que pretendemos
levar a cabo envolve duas instituições
de ensino superior e respetivos
supervisores do Mestrado em Ensino do
Português, bem como os professores
cooperantes agregados a escolas do
ensino básico e secundário. Os
objetivos da investigação prendem-se
com a orientação da prática pedagógica
e supervisão, com a identificação,
análise de problemas, atividades e
estratégias de supervisão, colocando o
enfoque na ação do orientador junto do
formando, de modo a compreender o
potencial formativo e formador da
supervisão da prática pedagógica.
O projeto encontra-se na fase de acesso
aos dados empíricos com o
acompanhamento, no terreno, do
trabalho dos coordenadores e
supervisores, consistindo na
observação de reuniões de trabalho e
realização de entrevistas. Consiste
igualmente na recolha dos
instrumentos para análise qualitativa:
registos de aulas observadas, relatórios
de autoavaliação (formandos) e de
avaliação (supervisores) ao longo de
2013 e 2014. Gostaríamos de dar conta
das potencialidades e das dificuldades
que encontramos nesta abordagem e
partilhá-la com outros investigadores.
84
Formação; reflexão;
supervisão; desenvolvimento
profissional
DORA MARQUES DOMINGUES
Área de Especialidade: SUPERVISÃO E
ORIENTAÇÃO DA PRÁTICA
PROFISSIONAL
sociedade do conhecimento,
da informação e da aprendizagem ao
longo da vida (CIALV) poderá ser
importante conceptualizar a supervisão
da educação, projetando-se a evolução
do conceito, em Portugal, e integrando,
nesse percurso, a investigação
académica portuguesa.
A construção de uma metodologia de
revisão, análise/síntese da investigação
(RASI) clara, rigorosa e replicável, que
seja compatível com a preservação da
heterogeneidade do corpus em estudo é
outro domínio a ser desenvolvido neste
projeto.
Numa sociedade CIALV os fenómenos
de aprendizagem estendem-se para
além da escola, mas a supervisão não
foi ainda conceptualizada nesse
enquadramento.
Embora a evolução do conceito de
supervisão, em Portugal, já tenha sido
analisado, não foi, no entanto, efetuado
nenhum estudo de revisão/síntese da
investigação relativamente às
publicações académicas (dissertações e
teses). Estes estudos são raros em
Portugal, principalmente no âmbito das
investigações qualitativas.
Entendendo-se que o reconhecimento
do passado e a compreensão do
presente são imprescindíveis à projeção
estratégica do futuro, pretende-se
alicerçar epistemologicamente o
conceito de supervisão da educação,
pelo que se definem como objetivos:
- Constituir um corpus sistematizado
da investigação académica portuguesa
(dissertações e teses), de 1988 a 2013,
em supervisão;
- Estabelecer alicerces epistemológicos
para a supervisão da educação;
- Contribuir para a disseminação de
estudos RASI em Portugal.
Apesar da discussão em torno das
questões ontológicas, epistemológicas e
metodológicas, os estudos de revisão,
análise/síntese da investigação
(qualitativa ou mista) têm-se revelado
importantes para académicos,
profissionais, decisores políticos e
público em geral, uma vez que
possibilitam a orientação da
investigação, a acumulação e a
disseminação de conhecimento.
Em resposta à complexidade dos
processos de revisão, análise/síntese da
investigação e por necessidade de
adequar as metodologias aos objetivos
e questões de estudo, têm sido
propostas diversas metodologias o que
torna problemática a sua escolha.
No caso concreto deste projeto
identificam-se as seguintes tensões:
- O elevado número de investigações
em causa implica uma metodologia
orientada para a homogeneidade do
corpus (metodológica, conceptual entre
outras);
- A preservação da heterogeneidade
implica metodologias que têm sido
aplicadas apenas a corpus muito
menores;
- As diferentes questões de estudo que
procuram caracterizar a investigação
em supervisão implicam a utilização de
técnicas diferenciadas, sendo que
algumas são partilhadas entre
diferentes metodologias;
- Nem todos os autores são explícitos a
definir os seus procedimentos,
coexistindo técnicas similares em
métodos diferentes.
85
Procurando-se a adequação de técnicas
às características do corpus em análise,
opta-se por organizar um conjunto de
técnicas e procedimentos específicos,
que serão caracterizados e
protocolizados ao longo da
investigação.
Educação, investigação
académica, metodologias de revisão,
análise/síntese da investigação,
supervisão da educação.
86
Tecnologias de Informaç ão e Comunicação em Educação
ANA LUÍSA RODRIGUES
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
O presente projeto de
investigação pretende definir e analisar
uma forma alternativa de impulsionar a
integração das tecnologias digitais
pelos professores e educadores, no
quadro da Economia da Educação e da
Formação.
Esta investigação justifica-se pela
observação da fraca integração das
tecnologias digitais no processo de
ensino-aprendizagem por professores e
educadores, assinalada em diversos
estudos e autores de referência. Apesar
do investimento que tem sido realizado
na oferta de formação neste domínio,
esta tem sido, contudo, constituída por
ações pontuais e limitadas no tempo,
sem profundo impacto em termos de
desenvolvimento curricular nem na
cultura e prática docente.
Simultaneamente reveste-se de
pertinência económica e social, na
medida em que se ambiciona contribuir
para uma forma mais eficiente de
gestão dos recursos e, em última
instância, para a plena integração de
todos os cidadãos na sociedade do
conhecimento.
Com este estudo pretende-se
especificamente: analisar os fatores
determinantes no desenho e
implementação de uma estratégia de
formação de professores e educadores
numa perspetiva transdisciplinar de
integração das tecnologias digitais;
definir uma metodologia de ensino
denominada formação ativa; observar o
processo de construção e
desenvolvimento de competências e o
nível de reflexividade docente, numa
perspetiva de desenvolvimento
profissional e humano; e verificar a
alteração de práticas dos professores e
educadores na incorporação das
tecnologias na sequência da
implementação da formação ativa,
numa determinada comunidade
educativa.
A formação ativa de professores
distingue-se por uma orientação aberta
e flexível do ensino e gestão do
processo formativo, com utilização de
estratégias de aprendizagem
cooperativa que exigem um
procedimento interativo de ação e
reflexão sobre as atividades realizadas
e em que se advoga que os estudantes
são os construtores em interação social
do seu próprio conhecimento, com base
numa abordagem socio-construtivista.
Enquanto fator decisivo para indução
da mudança e inovação nas escolas, a
integração das tecnologias digitais
pretende potenciar a construção e o
desenvolvimento de competências dos
professores e educadores, e em
simultâneo, através de um processo de
isomorfismo, a transferência de
competências para os seus alunos.
Numa perspetiva económica será
efetuado um levantamento sobre a
oferta de formação contínua de
87
professores para a integração das
tecnologias e uma análise sobre a
gestão económica dos recursos do
processo formativo examinando de que
forma poderá este contribuir para um
melhor desempenho e desenvolvimento
profissional docente.
Com base numa abordagem
predominantemente qualitativa será
utilizada uma estratégia de
investigação-ação, sendo
adicionalmente realizadas entrevistas
exploratórias e inquéritos por
questionário aos professores e alunos
de uma comunidade educativa, onde se
propõe, ao longo de um ano letivo,
implementar e analisar, com enfoque
no processo, oficinas de formação
contínua de professores de várias áreas
disciplinares e ciclos de ensino,
enquadradas nos níveis do Sistema de
Formação e Certificação de
Competências TIC.
Este projeto de criação de uma escol@
digit@l para o desenvolvimento de
competências dos professores e
educadores servirá de base a uma
proposta de modelo específico de
formação – a Formação Ativa – como
metodologia própria e adaptada ao
desenvolvimento profissional,
económico e humano.
Economia da educação
e da formação, integração das
tecnologias digitais, formação de
professores, formação ativa.
ISABEL MANSO RIBEIRO
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
O estudo que aqui se
apresenta tem por objetivo analisar a
apropriação que a área científica da
educação/formação pode fazer de um
media digital. Falamos de revistas
digitais temáticas e do acolhimento que
este produto poderá exercer nos
cidadãos da sociedade em rede.
Conhecermos as práticas e motivação
da leitura digital, percecionarmos o
interesse pela leitura de revistas
digitais e identificarmos necessidades
de ligação a um media digital –
direcionado para um determinado
contexto de aprendizagem informal –
tornam-se aspetos fundamentais na
conceção de recursos educativos que
contribuam para a aprendizagem
/formação ao longo da vida. Com base
neste quadro conceptual pretendemos
saber: Como é que as revistas digitais
temáticas se podem tornar um recurso
educativo de mediação da
comunicação/aquisição de
conhecimentos e aprendizagem ao
longo da vida? Para dar resposta a esta
preocupação assume-se como objetivos
da investigação: (i) Estimar o grau de
literacia digital de uma comunidade
profissional; (ii) Averiguar a motivação
de uma determinada comunidade na
procura de conhecimento (iii)
Avaliar o interesse de
atualização/descoberta de conteúdos
técnicos em contexto de aprendizagem
informal no ecrã; (iv) Obter informação
sobre o uso de dispositivos móveis para
leitura; (v) Indagar o interesse na leitura
de revistas digitais temáticas na área de
formação académica e profissional.
No caso concreto da problemática deste
estudo, os procedimentos e técnicas
adequados à recolha de dados, não se
enquadram num só método, o que nos
leva a desenvolver o projeto numa
abordagem ao conhecimento que
considera pontos de vista e análises
múltiplas. Utilizaremos métodos
qualitativos e quantitativos de acordo
com a natureza da interrogação em
causa, optando-se pela estratégia
88
exploratória sequencial que se inicia
com a recolha e análise de dados
qualitativos seguindo-se uma segunda
fase de recolha e de análise de dados
quantitativos. Por interesse e motivação
profissional decidiu-se pela procura de
respostas através de uma pesquisa a
realizar no sector bancário português.
A população a inquirir é adulta e com
um nível de escolaridade superior. Na
primeira etapa, designada de
exploratória e em processo de
conclusão, obtivemos informação com
base na aplicação de um questionário
presencial e de entrevistas
semiestruturadas, junto dos estudantes
do Instituto Superior de Gestão
Bancária. Os elementos obtidos e
analisados constituir-se-ão como um
importante auxílio à realização de um
inquérito por questionário , a
distribuir à população bancária e que se
concretizará na segunda etapa do
campo empírico do presente projeto.
Para finalizar destacamos que conhecer
o tipo de leitores em que nos estamos a
tornar é fundamental para que
possamos desenhar produtos
educativos direcionados a uma
determinada população, produtos que
possam contribuir para uma
aprendizagem em contexto informal
que vá de encontro ao desenvolvimento
das competências profissionais daquela
população.
Revistas digitais
temáticas, literacia digital,
aprendizagem no ecrã, aprendizagem
ao longo da vida
LUCIANA KORNATZKI
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
Esta pesquisa enquadra-se no
contexto da formação de professores
do 1.º Ciclo para o desenvolvimento de
competências, voltadas ao uso das
tecnologias digitais na educação sexual.
Dentre as diversas possibilidades
encontradas na 2.0, a narrativa
digital tem sido compreendida como
uma importante ferramenta para o
desenvolvimento de diversas
competências. Pesquisas no âmbito das
narrativas digitais mostram que a sua
produção permite o desenvolvimento,
por exemplo, de competências digitais
e comunicacionais e que podem ser
trabalhadas com diferentes públicos, a
partir de diferentes temáticas. A
educação sexual de crianças do 1.º
Ciclo é uma questão problemática no
contexto escolar e muitos professores
têm dificuldades em trabalhar esta
temática. Portanto, a narrativa digital
pode ser uma estratégia a ser utilizada
pelos professores neste trabalho,
promovendo o uso das tecnologias e a
participação dos alunos ao serem
produzidas em sala de aula. Para tanto,
percebe-se a necessidade de processos
de formação continuada de professores
do 1.º Ciclo, voltados ao
desenvolvimento de competências que
os capacitem à utilização de narrativas
digitais na educação sexual com seus
alunos. Sendo assim, esta pesquisa tem
como objetivo principal analisar e
identificar o desenvolvimento de
competências a partir da formação de
professores do 1.º Ciclo para a
utilização da narrativa digital na
89
educação sexual. Em especial, pretende-
se: 1) conceituar e apresentar os
pressupostos teóricos para a educação
sexual do 1.º Ciclo; 2) conceituar e
definir os elementos da narrativa
digital como estratégia pedagógica para
a educação sexual; 3) levantar
historicamente experiências com a
utilização da narrativa digital,
nomeadamente em classes do 1.º Ciclo,
na formação de professores e na
temática da educação sexual; 4)
desenvolver uma proposta de formação
continuada para professores do 1.º
Ciclo para utilização da narrativa
digital na educação sexual; e 5)
descrever as mudanças nas
competências dos professores
formandos. Para a realização da
pesquisa propõe-se a utilização da
metodologia ,
por seu caráter flexível e voltado ao
encontro de soluções para problemas
práticos apoiadas na teoria. Além disso,
porque contempla, de forma cíclica, as
fases de análise, planejamento,
desenvolvimento, implementação e
avaliação, entendidas como adequadas
à proposta de investigação que aqui se
apresenta. Tem-se como público-alvo
professores do 1.º Ciclo de escolas
públicas do Município de Florianópolis,
Santa Catarina, Brasil. Os instrumentos
de recolha de dados constituem-se na
observação participante e em
questionários e entrevistas a serem
realizados ao longo do
desenvolvimento da ação de formação.
Pretende-se realizar também uma fase
de ao final do trabalho,
complementando os resultados
observados. Este estudo pode oferecer
um contributo prático e teórico aos
professores participantes na utilização
das tecnologias em sala de aula,
nomeadamente no enfrentamento da
educação sexual com seus alunos
mediada pela produção de narrativas
digitais.
Competências,
formação de professores, narrativas
digitais, educação sexual.
MARIA HELENA VIEIRA FELIZARDO
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
Este estudo tem como
propósito último contribuir para uma
redefinição do perfil de competências
dos formadores responsáveis pela
formação contínua de professores na
área das TIC.
Resulta da constatação, por um lado, de
que é uma área de ação de capital
importância para levar os professores a
utilizarem as tecnologias na sua prática
letiva e, por outro, de que as estratégias
de formação contínua realizadas neste
domínio não parecem ter tido os
resultados esperados em termos de
maiores índices de uso do potencial
que as tecnologias digitais hoje
encerram.
Na linha de diferentes estudos que
apontam para a ineficácia da formação
contínua na área das TIC e as
dificuldades dos formadores em
promover a integração das tecnologias
nas atividades curriculares, a nossa
proposta resulta também do
questionamento que recentemente
tivemos oportunidade de fazer sobre
quem são e que preparação têm aqueles
profissionais no nosso país. Esse
estudo permitiu-nos perceber que os
formadores não têm uma preparação
específica para o exercício desta
função, sendo o seu recrutamento
efetuado, na maioria dos casos, com
base nas competências informáticas
90
adquiridas ao nível da licenciatura. É
por essa razão que nos propomos
identificar as dimensões chave de um
perfil de formador, que permitam
potenciar o papel preponderante destes
profissionais na construção de um
novo perfil docente.
Assim, nesta investigação, debruçar-
mo-emos sobre as competências que os
formadores deverão ter para contribuir
efetivamente para o desenvolvimento
profissional dos professores na área
das tecnologias digitais em contexto
educativo, a fim de permitir aos
professores prepararem os seus alunos
para um mundo globalizado e em
acelerado desenvolvimento tecnológico.
Tomando como base uma perspetiva
interpretativa, caracterizada pela
subjetividade inerente à sua dimensão
social, o estudo incidirá na auscultação
dos principais intervenientes do no
processo de desenvolvimento
profissional docente, de modo a
integrar os vários ângulos de análise
provenientes de diferentes pontos de
vista.
Os dados desta investigação serão
recolhidos através de um questionário
a professores do ensino básico e
secundário, de todas as áreas
curriculares, e de entrevistas a
responsáveis pela formação de
professores: uma entrevista coletiva a
formadores da formação contínua
( ) e entrevistas individuais
semiestruturadas junto de diretores de
Centros de Formação de Associação de
Escolas e de instituições responsáveis
pela formação inicial de professores.
Esperamos obter as dimensões chave
de um perfil de formador que nos
permita elaborar uma proposta de
referencial de competências do
formador da formação contínua de
professores em TIC e contribuir para
que se possam perspetivar estratégias
adequadas de formação para estes
profissionais.
Formação contínua de
professores, tecnologias digitais,
formadores, perfil de competências.
SIMÃO ELIAS LOMBA
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
Este projeto de investigação
tem como principal objetivo criar um
programa educativo de literacia da
informação (PELI). A partir de uma
proposta inicial, os professores
participantes irão criar, de forma
colaborativa, uma nova versão do PELI
com a qual se identifiquem.
Posteriormente estes professores irão
aplicar o PELI nas suas aulas com os
seus alunos. Com a aplicação do PELI
pretende-se verificar qual é a relação
entre a literacia informacional e os
resultados escolares dos estudantes do
ensino não superior em Portugal.
A literacia informacional consiste na
adoção de um comportamento
adequado perante a informação, com o
objetivo de obter a informação bem
filtrada para as necessidades de
informação, através de qualquer canal
ou meio, juntamente com o espírito
crítico do uso sábio e ético da
informação na sociedade. (Webber &
Johnson, 2003, p.336). A literacia
informacional é importante em todas as
disciplinas e níveis de ensino e é
melhor desenvolvida no contexto do
currículo (Gaunt, Morgan, Somers,
Soper & Swain, 2009, p.80), sendo que a
integração eficaz exige esforços
colaborativos dos professores e dos
bibliotecários (Derakhashan & Sing,
2010, p.225).
91
A metodologia é experimental com um
design quase experimental com
descrição do processo, utilizando
multi-estratégias de investigação
(Robson, 2011) também designadas por
metodologias mistas (Creswell, 2009;
Creswell & Plano Clark 2007).
Após a adaptação e validação de
instrumentos de recolha de dados à
realidade portuguesa, os professores,
das escolas onde irá decorrer a
investigação, irão responder a um
questionário com a finalidade de criar
quatro grupos de professores. Um
destes grupos irá participar numa
formação sobre literacia informacional
(formação A), usando o
(Kuhlthau, Caspary, Maniotes, 2007,
2012); outro grupo irá participar numa
formação destinada ao desenho de uma
unidade de ensino (formação B), numa
lógica de um
terceiro grupo participará nas duas
formações e o último grupo não
participará em nenhuma formação. Os
professores que participarem nas
formações irão aplicar posteriormente
com os seus alunos o que aprenderam
na formação.
Os professores participantes irão
responder ao questionário de avaliação
de competências informacionais IL-
HUMASS (Lopes & Pinto, 2010) no início
e no final da intervenção. Os alunos
irão responder às questões de um teste
de literacia informacional adaptado do
projeto TRAILS, no início e no final da
fase de aplicação. Durante a formação
os professores irão criar documentos e
fazer reflexões escritas cujo conteúdo
será analisado. De modo análogo,
durante a aplicação os alunos também
irão criar documentos e reflexões
escritas, para além de responderem em
três momentos distintos ao
questionário
(Tood, Kuhlthau & Heinström,
2005).
Com esta investigação esperamos
melhorar as competências de literacia
informacional dos professores
participantes e dos seus alunos e testar
a eficácia do PELI criado durante a
investigação na melhoria dos
resultados escolares dos alunos.
Literacia
informacional, resultados escolares,
integração curricular, formação de
professores.
JOANA DE MATOS CALDEIRA
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
Com o desenvolvimento
contínuo e acelerado dos meios de
comunicação e informação registado
nos últimos anos, as noções de
reciclagem profissional e de formação
contínua assumem cada vez mais
importância, obrigando a que as
pessoas tenham uma atitude pró-ativa
na construção do seu conhecimento.
Neste sentido, o é, hoje em
dia, considerado um reconhecido meio
de difusão de educação e formação,
apresentando-se como uma modalidade
que pretende dar resposta aos atuais
desafios no ensino-aprendizagem,
afirmando-se progressivamente como
alternativa aos sistemas tradicionais de
ensino e formação, e procurando dar
resposta aos problemas que se colocam
na i) melhoria das competências e
qualificações académicas e
profissionais dos indivíduos, e na ii)
promoção da aprendizagem ao longo
da vida, sem que seja necessário o
afastamento temporário ou prolongado
dos seus postos de trabalho.
Deste modo, e estando conscientes da
importância da formação a distância e
do nos diferentes contextos
92
profissionais, e numa perspetiva de
otimização dos custos associados à
atividade formativa dos magistrados
portugueses, optámos por efetuar um
estudo em torno desta temática,
assumindo a nossa investigação, como
propósito central, a análise, o
desenvolvimento e a implementação de
um modelo pedagógico orientado para
formações em regime de
para a classe profissional dos
magistrados. A implementação de um
modelo desta natureza reveste-se de
grande utilidade e pertinência, numa
perspetiva de inovação pedagógica e de
garantia das práticas formativas
adotadas.
Neste âmbito assume-se uma
metodologia de investigação associada
a um paradigma pragmático,
privilegiando uma abordagem de
natureza mista e optando-se em
particular pela aplicação de um
exploratório sequencial (Creswell, &
Clark, 2011). Esta estratégia consiste na
recolha e análise de dados qualitativos,
seguida de uma fase de recolha e
análise de dados quantitativos, sendo
que numa fase posterior, os dados são
integrados de forma conjunta.
Os dados referentes a esta investigação
serão obtidos através da aplicação dos
seguintes instrumentos de recolha de
dados e junto dos respetivos públicos:
entrevista individual a efetuar ao
diretor, diretores-adjuntos e
coordenador do Departamento da
Formação; entrevista colectiva a
realizar com docentes pertencentes às
várias áreas de jurisdição; entrevista
a 7 especialistas de relevo
na área da formação profissional a
distância; e questionários, que serão
aplicados a aproximadamente 100
formandos que participarão nas
diferentes ações de formação
integradas no respetivo plano de
formação.
Assim, com esta investigação pretende-
se conhecer quais são as necessidades e
interesses que estão associadas à
implementação de um modelo
pedagógico de formação a distância,
bem como é que os agentes envolvidos
(docentes e chefias diretas) neste
processo o percecionam. Por outro
lado, pretende-se perceber quais as
características que um modelo
pedagógico com estas especificidades
deverá ter, tendo em conta o contexto
da formação e os seus destinatários, de
forma a dar resposta às necessidades
identificadas. Posteriormente, e numa
perspetiva de melhoria do modelo
concebido, pretende-se avaliar, através
de uma análise efetuada por
reconhecidos especialistas na área, a
adequação do modelo ao respetivo
contexto e público-alvo, bem como
avaliar a perceção do seu impacto ao
nível dos diferentes agentes envolvidos.
Formação à distância,
e-learning, b-learning, modelo
pedagógico.
WANNISE DE SANTANA LIMA
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
Este estudo tem como propósito
a investigação da relação entre a
interação e a colaboração, possíveis a
partir do uso das Plataformas LMS como
suporte ao Ensino Superior presencial, e a
inovação pedagógica. Neste sentido,
foram eleitos como objetos de estudo os
estudantes, os professores e as interações
construídas nos Fóruns de Discussão das
Plataformas Moodle dos Cursos de
Licenciatura e Mestrados Integrados da
Universidade de Lisboa no ano letivo
2012/2013. O problema de investigação
centra-se na procura de estratégias de
93
ensino pautadas na interação e
colaboração nas Plataformas LMS que
contribuam para uma melhor
aprendizagem a partir da construção da
autonomia, e para satisfação dos alunos.
Pretende-se investigar o grau de
satisfação com a aprendizagem dos
estudantes e em que medida estes
consideram que o uso do LMS contribui
para a sua melhor aprendizagem;
conhecer as estratégias de ensino dos
professores que usam as ferramentas de
interação das Plataformas LMS para
construir diferentes formas de aprender
pautadas na colaboração; e analisar as
informações providas pelas ferramentas
de monitoração de interação nos Fóruns
de Discussão das plataformas LMS para
compreender os níveis de interação. Com
uma abordagem metodológica qualitativa,
o estudo integra análise documental,
análise das redes sociais, questionários e
entrevistas com um universo de 41
professores e 3740 alunos nas 40
disciplinas que utilizaram o fórum de
discussão no ano letivo 2012/2013.
Foram analisadas 604 respostas dos
questionários aplicados aos estudantes,
que permitem conhecer o seu perfil, a
opinião dos mesmos sobre o uso do
pelos professores, o grau de
satisfação com a plataforma de
e em que medida eles
consideram que o uso do LMS contribui
para a sua melhor aprendizagem.
Foram entrevistados 15 professores das
diferentes Unidades Orgânicas da
Universidade de Lisboa, sendo possível
identificar a formação do docente para
o uso das tecnologias; conhecer a
opinião dos professores sobre a
Plataforma LMS da Universidade de
Lisboa; as estratégias de ensino
utilizadas pelos docentes e as
indicações dos mesmos sobre ensino
inovador, construção da autonomia dos
estudantes e construção de atividades
de aprendizagem colaborativa. Os
resultados preliminares do
questionário aos estudantes
evidenciaram que estes revelam elevado
grau de satisfação com a plataforma,
reconhecendo que tais ferramentas
melhoraram o seu estudo e que
aprenderam mais com as disciplinas
que utilizaram os LMS. Os resultados
deste estudo poderão ser úteis para os
responsáveis pela implementação de
Plataformas LMS no Ensino Superior e
também para professores que já fazem
uso das tecnologias para ensinar, mas
que carecem de orientações para a
construção de estratégias de ensino que
passem a ter como elemento
fundamental a interação.
Estratégias de ensino,
LMS, Ensino Superior, interacção.
ELOÍSA BRANCO
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
Esta tese tem como objetivo
compreender como é que as narrativas
transmédia podem contribuir para a
inovação das práticas pedagógicas.
As narrativas transmédia são uma
forma de criação de histórias através de
múltiplos dispositivos, plataformas e
ferramentas digitais onde existe um
envolvimento dos alunos a nível de
integração, participação e de
colaboração na construção da
experiência transmédia através da
exploração de diferentes conteúdos
curriculares.
A componente de intervenção desta
investigação tomou como referência
uma metodologia de desenvolvimento
(Design Based Research) que se
materializa no desenho, implementação
e análise de atividades escolares
intencionalmente inovadoras e
94
desafiantes. Ou seja, no
desenvolvimento de soluções para
problemas práticos ancoradas num
referencial teórico específico (narrativa
transmédia).
Um primeiro estudo, exploratório, foi
desenvolvido com uma turma do 5º ano
de escolaridade e três professores das
disciplinas de Inglês, Português e
Educação Musical. O objetivo do estudo
foi o de caracterizar as representações
e práticas de um conjunto de
professores e respetivos alunos sobre a
utilização das tecnologias digitais; criar
atividades e oportunidades de
aprendizagem desafiadoras e
estimulantes com base no conceito
transmédia; caracterizar o
funcionamento e dinâmica das práticas
educativas organizadas com base no
conceito transmédia; e definir um
conjunto de princípios orientadores da
ação pedagógica que elucidem sobre: os
tipos de aprendizagem, os conteúdos
que melhor podem beneficiar da
estratégia transmédia; as competências
necessárias para a utilização desta
estratégia; quais as combinações de
transmédia mais produtivas (ex.: vídeos
e histórias ou jogos e teatro) e que tipo
de utilização pode ser feita dos
diferentes dispositivos e ferramentas
digitais.
Na prática, foi arquitetada uma
narrativa transmédia que levou os
alunos a utilizarem, em contexto de
sala de aula, tecnologias já utilizadas
pelos mesmos no seu quotidiano fora
da escola (computador, telemóvel e
) e as seguintes plataformas e
programas - Facebook, Google, Google
Maps, Youtube e Word. Durante a
implementação desta experiência
transmédia, os alunos produziram
diferentes tipos de conteúdos digitais
(gravações de vídeo e áudio, edição de
fotografia), escrita de diferentes tipos
de textos (poético, informativo,
narrativo) e partilha de diferentes
pesquisas e trabalhos curriculares num
sítio comum, o Facebook. Além de ser
uma estratégia inovadora pelo facto de
ter utilizado simultaneamente
diferentes tecnologias e disciplinas
para contar uma mesma história, teve
em consideração os vários estágios de
aprendizagem dos alunos, bem como,
as suas particularidades e interesses.
A recolha de dados foi feita através de
questionários aos professores e aos
alunos (antes e depois da
implementação das atividades);
observação das aulas e dos recursos
digitais utilizados dentro e fora das
aulas e dos materiais produzidos pelos
alunos.
A análise de dados está a ser realizada
tendo em conta as categorias de
análise: utilização das tecnologias,
atividades em sala de aula, motivação,
participação, empenho e relação
pedagógica. Uma análise preliminar dos
dados permite perceber que os alunos
nunca tinham utilizado nenhuma
destas tecnologias em sala de aula e
que o uso de ferramentas digitais, em
simultâneo, para o desenvolvimento de
um mesmo tema em diferentes
disciplinas, promovem o empenho, a
colaboração e a satisfação dos alunos.
Narrativas transmédia;
tecnologias digitais; cenários
educativos
JOÃO JOSÉ PAIVA MONTEIRO
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
O âmbito do estudo centra-se
na relevância da dimensão
organizacional e institucional, no
95
desenvolvimento de projetos de
no contexto do Ensino
Superior (ES) em Portugal e tem como
propósito, identificar e sistematizar
princípios orientadores, recomendações,
boas práticas e estratégias para a
adoção do e-Learning no ES,
considerando particularmente os fatores
organizacionais (internos e externos) e
institucionais que potenciam ou inibem
o processo de adoção do no
ES.
Estabelece-se como principal questão, a
identificação dos fatores e processos
que estruturam a tomada de decisão
institucional na adoção e
desenvolvimento do no
contexto do ensino superior, advindo os
seguintes objetivos de investigação:
(i) identificar as dimensões e fatores
políticos e organizacionais que
influenciam a adoção, implementação e
utilização do no ES; (ii)
caracterizar as grandes linhas de
orientação estratégica do ES, e a
preponderância destas na
implementação de iniciativas de
g no ES; (iii) identificar a forma
como as Instituições de Ensino Superior
em Portugal (IESP) entendem o
na dimensão organizacional e
institucional; (iv) identificar os fatores
críticos de sucesso na adoção do
nas IESP (na dimensão
organizacional);
(v) determinar o contributo do
, como suporte às mudanças e
necessidades de modernização do
sistema de ensino superior português.
O campo teórico do estudo fundamenta-
se em modelos de organização e gestão
universitária e na gestão para a
mudança em processo de adoção de
metodologias e tecnologias ( )
no ES. São igualmente fundamentais na
contextualização teórica os modelos de
adoção institucional de tecnologias em
conjunção com uma compreensão de
quadros de referência para a mudança
estratégica da cultura organizacional no
ES, face à adoção do .
Como quadro teórico principal para a
abordagem metodológica, recorre-se a
modelos de e
. Com uma abordagem
metodológica mista, o campo empírico é
baseado na totalidade das instituições
de ensino superior público portuguesas,
às quais, será aplicado um processo de
recolha de informação pelo método de
, tendo como instrumentos de
recolha de dados, questionários
desenhados sobre a dimensão
organizacional de um modelo híbrido de
, em fase de
desenvolvimento, sendo aplicados
métodos de análise de conteúdo e
análise estatística descritiva para
tratamento dos dados.
Como principais resultados a obter
prevê-se, caracterizar a forma como o
é integrado nas IESP, o
reconhecimento de boas práticas de
gestão institucional do e-Learning, e o
desenvolvimento e cultura
organizacionais associados ao
nas IESP.
e-Learning, ensino
superior, cultura e mudança
organizacional, estratégia.
NUNO DOROTEA
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
A avaliação formativa
desempenha um papel fundamental no
processo de ensino e de aprendizagem
(Marzano, 2007). Boston (2002) refere
que a avaliação formativa informa
96
sobre o estado dos alunos em relação à
aprendizagem, onde apresentam
problemas e como estão a progredir.
Um relevante e imediato
promove a autonomia dos alunos e a
autorregulação dos seus próprios
processos de aprendizagem, e permite
ao professor refletir e decidir sobre o
processo de ensino (Earl, 2003),
promovendo a adaptação das
estratégias e metodologias de acordo
com as necessidades dos alunos.
Para ser realmente eficaz, o
deve ser cuidadosamente desenvolvido
e individualizado; ser claro, detalhado,
orientador e tão imediato quanto
possível (Irving, 2007) permitindo uma
intervenção atempada. No entanto,
corrigir, classificar e produzir
de qualidade, em provas em formato de
papel, exige muito tempo aos
professores e, por conseguinte, não
fomenta a desejável eficiência e
impacto preventivo sobre as atividades
de aprendizagem dos alunos.
Através da utilização de sistemas de
provas , o pode tornar-
se mais rápido e eficaz, por ser
entregue instantaneamente e ao ritmo
de cada aluno, permitindo-lhe
compreender as suas fraquezas e
lacunas no seu processo de
aprendizagem e tomar medidas
imediatas para as ultrapassar (Hattie &
Timperley, 2007; Stobart, 2008). Além
disso, estes sistemas podem corrigir,
classificar e processar o de
forma totalmente automática, dando ao
professor mais tempo para analisar
cuidadosamente o progresso de cada
aluno. Entre muitas outras
possibilidades, estes sistemas
permitem a integração de elementos
multimédia e simulações interativas
(MM/SI) para enriquecer as questões e o
, a criação de provas
adaptáveis, bem como a partilha das
questões em bases de dados que
podem ser utilizadas e ampliadas por
outros professores. Estes sistemas
podem, assim, apresentar-se como uma
resposta adequada aos problemas do
formato papel e caneta.
Focando-se neste tema, o presente
estudo pretende compreender se a
utilização de provas na avaliação
com propósitos formativos contribui
para a melhoria do processo de ensino
e de aprendizagem dos alunos,
nomeadamente através da integração
de elementos MM/SI e da geração de
imediato e elaborado.
No estudo participarão 2 turmas do
ensino secundário e 1 professor. O
estudo assume um sequencial
explanatório numa abordagem
multimetodológica de recolha e análise
de dados. Esta abordagem implica a
recolha e análise de dados
quantitativos e qualitativos em duas
etapas consecutivas (Creswell & Clark,
2011). Os dados quantitativos serão
recolhidos através de questionários e
os dados qualitativos através de
entrevistas.
Numa primeira etapa, quantitativa, os
questionários irão fornecer
informações sobre os dados que
necessitam de uma explicação mais
detalhada e que questões abordarão as
entrevistas, tanto para o professor
como para os alunos, que se realizarão
na etapa seguinte. Estes questionários
vão ainda apoiar o processo de seleção
dos alunos que serão convidados a
participar numa entrevista de grupo.
O estudo integra ainda, numa fase
preliminar, a aplicação de um
questionário a professores dos
ensinos básico e secundário que
recolherá dados acerca das suas
perspetivas sobre as vantagens em
utilizarem provas na avaliação
formativa e, particularmente, sobre os
seus efeitos na melhoria dos processos
de ensino e de aprendizagem por i)
integrar elementos multimédia e
simulações interativas e ii) fornecer
imediato.
97
Avaliação com
propósitos formativos, provas digitais
, , multimédia.
NUNO ALBANO
Área de Especialidade: TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
No Curso Profissional de
Técnico de Multimédia (PMUL)
lecionado na Escola Secundária
Marquês de Pombal (ESMP), procuram-
se desenvolver regularmente projetos
que aproximem os alunos do seu
contexto profissional futuro, sendo
prioritário que os trabalhos realizados
assentem em parcerias com entidades
externas, desde universidades, que
fornecem o enquadramento científico,
até organizações de carácter social, as
quais utilizam no contexto das suas
atividades os materiais multimédia e
audiovisuais produzidos pelos nossos
alunos.
Desde 2009, foram realizados diversos
materiais multimédia, audiovisuais e
gráficos, através de parcerias na área
social. Posteriormente, estes produtos
foram usados por esses parceiros,
enquadrando-se este processo no
projeto “"We Act - Promoting Collective
Activism on Socio-Scientific Issues”, da
Universidade de Lisboa.
No âmbito deste projeto, adaptaram-se
métodos de trabalho no Curso PMUL da
ESMP, de forma a desenvolver um
conjunto de ações em três aspetos
distintos: a) discussão das questões
sociais julgadas pertinentes pelos
alunos; b) estimulação da participação
destes na sua solução; e c) produção de
materiais audiovisuais em conjugação
com organizações não-governamentais
(ONG) associadas à resolução dos
problemas debatidos.
As metodologias de trabalho assentam
no debate entre alunos, na seleção de
questões sociais significativas e em
respostas envolvendo as competências
tecnológicas adquiridas nas aulas,
potenciando a componente cívica das
suas capacidades técnicas (Kellner e
Kim, 2010). O trabalho desenvolvido no
âmbito deste projeto, criou no autor
uma necessidade de conhecer melhor a
real influência da intervenção social
como potenciadora de aprendizagens
no domínio tecnológico e de até que
ponto essa capacitação técnica é
percecionada pelos estudantes como
um fator de intervenção cívica ( Bencze
e Carter, 2011; Roth e De'sautels 2002).
As questões de investigação relacionam
as motivações sociais e a aprendizagem
de tecnologias:
• Quais as potencialidades de um
ensino de multimédia baseado em
projetos de ação sociopolítica?
• A utilização das TIC em projetos
de cariz social contribui para o
aumento da consciência cívica dos
alunos? E melhora a sua competência
tecnológica?
• Os estudantes de multimédia
adquirem a perceção que as suas
capacidades tecnológicas potenciam a
sua participação social?
• Os estudantes de multimédia
desenvolvem a perceção que as suas
capacidades tecnológicas são
importantes para o exercício da
cidadania e para a resolução
democrática de problemas?
Este estudo está ser desenvolvido com
uma metodologia de estudo de casos
múltiplos, com recolha de dados
através de questionários de pré e pós-
teste, entrevistas individuais e
. A partir de um grupo alargado
de 21 alunos, pretende-se fazer uma
análise do percurso dos alunos
envolvidos, através de um estudo de
caso geral – a turma, complementada
98
por uma análise particular mais
aprofundada sobre os percursos de seis
desses alunos numa metodologia de
estudo de casos múltiplos.
Adicionalmente, existirá um prólogo
relativo a dois casos de alunos de
multimédia que tenham concluído o
curso e participado em projetos de
cariz social em anos anteriores, de
modo a demonstrar a motivação inicial
do autor para o desenvolvimento da
tese.
Ativismo, multimédia,
educação, cidadania.
99
Teoria e Desen volvimento Curricular
JOANA VIANA
Área de Especialidade: TEORIA E
DESENVOLVIMENTO CURRICULAR
Apresenta-se o projeto de
investigação em curso no âmbito do
programa doutoral em Educação, na
área de especialidade em Teoria e
Desenvolvimento Curricular, que visa
analisar, teórica e empiricamente, o
pressuposto de um currículo que
enquadra as aprendizagens realizadas
em contextos informais e, nesse
sentido, estudar como se caracteriza e
configura esse currículo e o que o
distingue do currículo formal.
Nas suas diferentes definições e
conceções, o currículo está, na sua
esmagadora maioria, associado ao
contexto escolar, à organização das
aprendizagens que se promovem e
realizam na escola, com caráter formal
e predefinido. No entanto, é certo que o
currículo não se reduz ao contexto
escolar. Sabe-se hoje que
independentemente de passarmos
grande parte da nossa vida em
contextos e situações formais de
aprendizagem (escola, trabalho, ações
de formação contínua, entre outras), as
aprendizagens realizadas ao longo da
vida são, na sua maioria, de caráter
informal, desenvolvidas em situações
ou contextos informais. Com a
evolução da Internet, surgem práticas
de ensino paralelamente ao
modelo formal de ensino presencial em
classe. A utilização massiva das
tecnologias digitais e as experiências de
aprendizagem vividas em ambientes
colocam desafios curriculares
nas sociedades contemporâneas, uma
vez que os ambientes virtuais de
aprendizagem pressupõem alterações
significativas na forma de organizar o
trabalho pedagógico desenvolvido no
ciberespaço. Nesses ambientes de
aprendizagem, mais ou menos
estruturados, mais do que um currículo
formal e prescrito, mais do que
intenções e planos definidos
previamente, assume preponderância
um currículo aberto e flexível,
decorrente da ação.
Questionamo-nos, portanto, se ainda é
possível falar de currículo nesses
contextos e se é viável reconcetualizar
o conceito de currículo. Parte-se da
hipótese de que em contextos
informais, desprovidos de estrutura ou
orientações prévias para a
aprendizagem, cada um de nós
organiza o seu processo de
aprendizagem, de acordo com os seus
interesses, motivações, objetivos ou
intenções, tomando decisões sobre o
que aprender, como aprender, quando e
com quem aprender, através da escolha
dos recursos e das estratégias a
utilizar, realizada na sua maioria no
decorrer da ação, isto é, cada um
constrói o seu currículo.
É com base neste pressuposto, na
análise dos elementos constituintes do
currículo e do impacto e mudanças que
a massificação e uso das tecnologias
digitais têm provocado na
aprendizagem, que assenta a nossa
convicção sobre a possibilidade, teórica
e empírica, de um currículo que
100
enquadra as aprendizagens em
contextos informais — currículo
informal .
Em termos metodológicos, a
investigação segue uma abordagem de
natureza qualitativa, complementada
por dados quantitativos. Estrutura-se
com base na triangulação de métodos e
de técnicas para a recolha e análise de
dados, nomeadamente do inquérito por
questionário, da entrevista, da
documentação e da análise de
episódios de aprendizagem .
Como principais resultados esperados,
este trabalho pretende obter
indicadores sobre os processos de
decisão, organização e avaliação por
parte dos
em contextos informais
e contribuir para a clarificação
da conceção de
.
Desenvolvimento
curricular, currículo, contextos
informais , currículo informal,
aprendizagem .
103
Workshops
104
HÉLIA OLIVEIRA
Com este workshop
pretende-se promover uma reflexão
sobre as principais potencialidades de
diferentes tipos de entrevista na
investigação qualitativa, assim como
discutir aspetos críticos do papel do
entrevistador no decurso da entrevista
e do processo de análise de dados
gerados nesse contexto.
Através deste workshop de
natureza prática pretende-se promover:
o conhecimento sobre diferentes tipos
de entrevistas e os seus objetivos; a
capacidade de condução de uma
entrevista; o conhecimento sobre o
processo de análise de dados a partir
da realização de entrevistas.
Nesta sessão, para além da
apresentação de elementos teóricos que
enquadram o trabalho a realizar, serão
disponibilizados para análise excertos
de entrevistas transcritas e em formato
digital. Nesta análise serão
contempladas entrevista de tipo clínico
(task-based interviews) e entrevistas de
natureza aberta ou semi-aberta com um
forte pendor narrativo. Através da
discussão do material analisado
procurar-se-á sistematizar um conjunto
de orientações para a utilização deste
método de recolha de dados em
estudos qualitativos.
JOANA MATA-PEREIRA, MARISA
QUARESMA, RENATA CARVALHO E
SOFIA FREIRE
Este tem por objetivos (i) introduzir o
NVivo como software com potencial
para apoiar a investigaçãoo qualitativa
na área da Educação e (ii) habilitar os
alunos para o uso NVivo em qualquer
fase da sua investigação.
• Breve introdução teórica sobre análise
qualitativa e categorias de codificação;
• Breve introdução sobre o NVivo;
• Familiarização com a estrutura geral;
• Pressupostos e ferramentas de
organização de dados;
• Potencialidades para transcrições;
• Pressupostos e ferramentas de
codificação de dados;
• Ferramentas de análise de dados.
O workshop terá uma natureza
predominantemente prática, onde a
familiarização e experimentação do
software são centrais.
NVivo: o workshop será realizado na
sala 8, que se encontra equipada com
computadores com o software.
Outros materiais de apoio: os restantes
materiais de apoio ao serão
disponibilizados no próprio dia.
105
PEDRO REIS
O Workshop “Publicação em
Revistas Científicas” propõe um
conjunto de discussões e de atividades
práticas centradas na seleção de
revistas, nas diferentes fases de
planeamento e redação de um artigo
científico, em estratégias para evitar
plágio, em sugestões para a construção
de diferentes secções de um artigo
desta natureza, no processo de
submissão e avaliação de artigos
científicos e nas formas de atuar
perante as avaliações dos revisores.
• Capacitar os participantes para a
seleção estratégica de revistas
científicas para publicação;
• Promover a construção de
conhecimentos sobre os requisitos
necessários à construção de cada uma
das secções de um artigo científico;
• Esclarecer os participantes sobre as
diferentes fases inerentes à submissão
e avaliação de artigos científicos.
• Utilização de bases bibliográficas on-
line para a seleção estratégica de
revistas científicas.
• Análise e discussão de eventuais
situações de plágio a partir de
exemplos práticos.
• Análise de: a) exemplos reais de
propostas enviadas a revistas
científicas; b) comentários dos
avaliadores; e c) cartas de reposta dos
autores.
GUILHERMINA LOBATO MIRANDA E
PEDRO BRÁS
• Abordar o problema da medida em
Ciências Sociais e Humanas
• Compreender a relação entre o que é
realmente medido (as variáveis) e o que
desejamos medir, os construtos ou
variáveis latentes
• Saber responder à questão de quando
se deve optar pelo uso de um
questionário
• Perceber como se constrói um
questionário de raiz
• Saber como se adapta um
questionário já existente
• Determinar as características
psicométricas de um questionário:
sensibilidade, validade e fiabilidade
O workshop tem uma vertente
concetual e outra prática.
Depois de uma breve apresentação dos
principais conceitos, i.e., do quadro de
referência, os participantes terão
106
oportunidade de levantar questões e de
trabalhar com uma base de dados em
PASW (SPSS versão 22.0) para
determinar as características
psicométricas de um questionário.
Embora o workshop se realize numa
sala de computadores, aconselham-se
os participantes a trazerem os seus
portáteis com o SPSS (versão 22.0) e o
AMOS instalados.
ANA NAIA
Como estratégia de
investigação, o estudo de caso é
utilizado em várias situações e em
várias áreas, contribuindo para o
conhecimento de fenómenos
individuais, de grupo, organizacionais,
sociais e políticos (Eisenheardt, 1989;
Yin, 2013), permitindo aos
investigadores reter as características
significativas e holísticas dos
acontecimentos da vida real. Por outro
lado Yin (2013) ainda refere que os
estudos de caso envolvem dados
quantitativos ou qualitativos, ou
ambos, e quando o estudo de caso
envolve a análise de mais do que um
caso, estamos na presença de um
estudo de caso múltiplo, aumentando a
robustez e sustentabilidade da
investigação. Cada vez mais se recorre
a esta estratégia de investigação pelo
fato de permitir uma abordagem
holística e aprofundada da realidade.
Segundo Riege (2003),existem várias
formas de ultrapassar algumas das
limitações apontadas ao estudo de
caso, no que concerne à sua validade e
fiabilidade, o que aumenta a sua
credibilidade e potencial de utilização,
nas mais diversas áreas, conjugando
metodologias quantitativas com
qualitativas, recorrendo ou não, a
softwares específicos de análise.
Este tem como
objetivo geral a reflexão crítica sobre a
construção de teoria a partir do estudo
de caso.
Introduzir o estudo de caso como
estratégia de investigação na área da
Educação, com especial enfoque nas
perspetivas de Yin (2013) e Eisenheardt
(1989);
Caracterizar os diferentes tipos de
estudos de caso;
Caracterizar o processo de
construção de teoria a partir do estudo
de caso (adaptado de Eisenheardt,
1989);
Caracterizar diferentes estratégias
para assegurar a validade e fiabilidade
dos estudos de caso;
Identificar softwares específicos que
poderão ser úteis neste âmbito;
Analisar e discutir diferentes
exemplos de estudos de caso.
O terá uma
natureza teórico-prática, onde numa
fase inicial se privilegiará a introdução
teórica de alguns conceitos e
posteriormente uma fase mais prática
de análise e discussão de diferentes
tipos de estudos de caso.
107
PAULA GUIMARÃES E ANA BRUNO
Este workshop assenta na
ideia de que as práticas estão situadas
na estrutura social, estando
condicionadas por esta, mas beneficiam
da ação dos diversos sujeitos e
organizações e por isso também
dependem das características desta
intervenção. Assim sendo, toda a ação
social envolve sempre algo de novo,
não podendo deixar de ser considerada
a continuidade com o passado que ela
inclui. A partir de contribuições que
destacam a estrutura e a agência, a
análise de objetos de estudo como as
políticas educativas públicas revela
diferentes níveis de complexidade e
ganha novos contornos no que remete,
por exemplo, para os significados que
um programa e/ou uma medida
pode/m envolver por entre atores
educativos diversos, situados em
contextos de decisão e de ação aos
níveis macro, meso ou micro.
• apresentar a análise de objetos de
estudo como as políticas educativas
públicas a partir de diferentes níveis
(macro, meso e micro);
• discutir estudos realizados a partir de
diferentes níveis de análise (macro,
mesmo e micro).
O workshop terá uma
natureza teórico-prática, no qual, numa
fase inicial, se privilegiará a introdução
teórica de alguns conceitos e,
posteriormente, numa fase mais
prática, a discussão de estudos em
desenvolvimento pelos participantes a
partir de diferentes níveis de análise
(macro, mesmo e micro).
.