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Revisão
Nêodo Ambrosio de Castro
O conteúdo desta obra é de responsabilidade do(s)
Autor(es),proprietário(s) do Direito Autoral. Leon Carlos Ferraz
BIOGRAFIA
Leon Carlos Ferraz nasceu na capital paulista, e é
descendente de imigrantes italianos e franceses,
estabelecidos em São Paulo. Formado em Administração
de Empresas, trabalhou com Transporte Rodoviário e
atualmente com Importação de Insumos Agrícolas em
Comércio Exterior.
Iniciou sua paixão pelo mundo das Artes através da
Fotografia, Cinema e Literatura. Porém, esta última
mostrou-se mais forte há aproximadamente quatro anos,
quando exercitou sua experiência ao escrever suas
memórias de infância. Investiu então na elaboração de seu
primeiro livro, um desafio compensador, e sempre
incentivado pela esposa, filhas e genro. Dedicou-se a ser
um “aprendiz de escritor”, como ele mesmo gosta de
dizer.
Neste seu segundo livro, Leon destaca-se por sua intensa
criatividade e sua imensa vontade de escrever, levando-o
a compartilhar com seus leitores suas ideias e emoções.
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ATRÁS DO CANDELABRO
Agradecimentos
Meus agradecimentos a minha esposa Silvana, sempre
ouvindo a narrativa dos contos e me ajudando a trilhar o
caminho certo, dando a dinâmica necessária que o tema
exige.
Agradeço aos queridos amigos Simone e Alexandre
Fraenkel pelo incentivo e orientação nessa caminhada.
Meus sinceros agradecimentos ao prezado amigo, Poeta e
Escritor Nêodo Ambrosio de Castro por tanta dedicação,
ajuda e incentivo.
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Dedicatória
Ao meu querido e inesquecível pai José Ferraz, amigo e
companheiro de lutas.
Com satisfação dedico a minha querida família em
especial a Silvana, minha parceira em todos os momentos.
Com carinho a três queridos amigos que mesmo distantes,
regam sempre nosso jardim da amizade eterna. Pelo
apoio, pela ajuda e tanto incentivo: Jackie Leal, Sandra
Monteiro e Dany Ricupero( meu querido afilhado).
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SUMÁRIO
Biografia 03
Agradecimentos e dedicatória 04
Apresentação 07
A lenda 10
Onde tudo começou 14
1ª Parte 21
2ª Parte 40
3ª Parte 56
Consultas 75
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ATRÁS DO CANDELABRO
Apresentação
Escrevi esse pequeno conto, aguçado em debater temas
que julgo interessantes. Criei uma cidade situada numa
região de serras, na busca do mágico e do místico. A
cidade está encravada entre três morros, formando um
belo conjunto serrano. Esses aspectos a torna mais linda e
fascinante por sua diversidade de opiniões, de belezas
naturais com rios e cachoeiras borbulhantes, muito
misticismo e de um clima dos mais aprazíveis. A
vegetação é exuberante composta de espécies da caatinga
semiárida e da flora serrana e que após uma visita política
inesperada, torna esse paraíso de cidade um verdadeiro
inferno.
Qual o efeito de um mau exemplo?
Qual prato da balança tem mais peso, o do Bem ou o do
Mal?
Personagens bizarros permeiam pela cidade, cada qual
salientando suas deficiências e principalmente éticas.
Brinquei com meus personagens, não para torná-los
ridículos, mas sim para serem vetores de uma nova
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conscientização de atitudes e mentalidade. Introduzi
simbolismos para dar mais contorno ao que se relatava na
busca de aguçar ao leitor um aprofundamento em cada
caso explicitado. Ousei em mostrar tipos axéropolitanos,
que se manifestam da forma mais despudorada possível.
Em alguns casos não fiz uma descrição, principalmente
física do personagem, justamente para dar ao leitor a
oportunidade de voar e imaginar o personagem ao seu
modo.
Quem é o Seu Com Certeza?
Porque as pessoas não o enxergam por trás do
candelabro?
Dos seus inesquecíveis engenhos afloram histórias
místicas e relevantes. Escravos mortos eram jogados nos
rios. Seriam eles a caminhar no silêncio da madrugada de
Casquálycom?
Brinquei, critiquei, sempre na esperança de que os olhos
sejam abertos para um país melhor. Casquálycom merece
viver em paz em comunhão perfeita entre homem e
natureza. Espero que os fracos de alma dessa cidade
consigam enxergar e reunir os laços de ternura, dando
assim uma nova conscientização a Casquálycom.
Quando a arte te corre no sangue, derramas no dorso livre
um sossego ardente que te devora os recantos da mente.
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Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas,
cidades e regiões, terá sido mera coincidência.
Leon
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ATRÁS DO CANDELABRO
A lenda
Do alto dos morros é o completo encantamento.
Reza a lenda que um jovem pastor que pastoreava suas
ovelhas nas verdejantes encostas de um grande morro em
Terras Brasilis, viu uma estrela cadente muito reluzente
cruzar os céus daquela imensa terra, rasgando-o no
sentido Oeste para Leste. Seus olhos ficaram presos a
aquele encanto de imagem, por alguns segundos sentiu-se
mergulhado em um sonho.
Imensos paredões, cânions, desfiladeiros, grutas, cavernas,
rios e cachoeiras, criaram o ambiente propício ao jovem
pastor de voar pelo universo, enxergando as mais
interessantes e confusas mensagens.
Ser pastor é um sacerdócio, ele não tem quem o defenda e
também cabe a ele, zelar pela existência dos animais. O
pastor está sempre nu, carregando com ele somente seus
sentimentos e fé. Acreditam os historiadores que essa
função que domesticava os animais surgiu no período
neolítico. Esse conjunto torna o pastor alguém muito
especial, sempre só, mas pensamentos voltados a Deus.
Este jovem filho de pastores e artesão em cerâmica era
chamado de Casquálius. Pessoa simples e com um coração
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admirável. Suas atitudes estavam sempre pautadas no
auxílio ao próximo. Não media esforço para agradar seus
animaizinhos ou seus amigos.
No morro ao lado encontrava-se outro pastor de ovelhas,
o jovem Lycom. Este também viu a mesma estrela cadente
muito brilhante cruzar os céus da imensa terra, só que no
sentido Leste para Oeste. Teve as mesmas sensações que
Casquálius, de um êxtase inesquecível. Naquela
imensidão da noite em total solidão, as sílabas de silêncio
cristalizavam-se no vazio das palavras.
Vivia, modestamente, com sua mãe, mas com muito amor
no coração. Lycom por mais simples que fosse tinha a
sensibilidade de sentir as cores que havia dentro das
pessoas.
O povo que os sucedeu, para homenagear os dois pastores
de ovelhas, nomeou a cidade como Casquálycom. Nunca
ninguém ficou sabendo qual dos dois pastores tinha razão
no sentido da estrela cadente, mas fizeram questão de
homenageá-los.
Casquálycon tornou-se uma cidade muito importante no
Axé e em Terras Brasilis com um fluxo imenso de turistas
que vinham visitar a Chapada Brilhantina, com suas
magias e sincretismo religioso dos mais exacerbados.
Séculos e séculos se passaram, mas a terra mágica
sobrevivia, trazendo sempre novas visões e
acontecimentos. Ali a maioria dançava com a paisagem de
suas almas.
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A pequena e pacata cidade prosperou demais e tornou-se
o maior centro aglutinador de esotéricos de Terras Brasilis.
Todos os tipos de esotéricos permeavam por lá, assim
como inúmeras seitas e ONGs. O entardecer visto do
Morro do Mirante era algo de um indescritível esplendor,
assim como do alto dos três morros ver o amanhecer com
o fog (nevoeiro) axéropolitano sobre a cidade.
Todo crescimento exige muita infraestrutura, mais os
políticos acabam sempre negligenciando e com isso
dificultam a vida dos moradores e dos transeuntes de
Casquálycon. A cidade carece de muitas benfeitorias, que
são sempre prometidas, mas nunca cumpridas. Como
sempre os olhos dos políticos não enxergam aquilo que o
povo carece.
Em meio a essa nebulosa de problemas, o místico se
sobressaía e dava vazão a milhares de fatos estranhos.
Uma avermelhada feiticeira russo-lusitana chamada
Zekaduska, usando seu tradicional desaparta-puta, meio a
migué profetizou sobre um dilúvio lacrimal.
*Como dizem os axéropolitanos, desaparta-puta é o perfume
barato, o mesmo que espanta nigrinha.
Entendam a migué, como à vontade.
Até hoje passados tantos séculos, viúvas tresloucadas,
beatas e carolas ainda murmuram; ora por um e ora por
outro, assim dizendo:
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O mundo chora por Casquálius. O mundo chora por
Lycom.
A ambiguidade passou a ser à base da sociedade de
Casquálycom.
Os choques de opinião e atitudes eram frequentes. Não
havia um morador ou transeunte que não deixasse ali
marcas por onde passava.
Que Deus abençoe a todos os moradores de Casquálycom.
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ATRÁS DO CANDELABRO
Onde tudo começou
Terras Brasilis, um “gigante continental” vive um
momento de grande euforia pela eleição presidencial em
primeiro turno. Casquálycom sempre foi uma cidade
tranquila, com grande fluxo de turistas, mais que sempre
respeitaram as leis municipais, principalmente no que
tange a meio ambiente. Havia uma forte conscientização
feita pelo filosofo da cidade Seu Com Certeza, que fazia às
vezes do governo, educando os habitantes da terra. Um
trabalho de anos, fazendo boca a boca com os moradores
da cidade. Seu Com Certeza abria as janelas da vida para
os moradores de Casquálycom, ele sabia mesclar a
sociedade tornado-a uma boa mistura. Era o maestro de
uma sinfônica silenciosa, mas com os mais belos e
diversos acordes.
Com as campanhas nas ruas, todos os partidos políticos
passavam por Casquálycom à caça de votos. Era a única
vez que políticos graúdos procuravam essa cidade. E foi
num início de tarde que a comitiva do Partido Tribalista
chegou à cidade fazendo muito barulho, uma buzinação
imensa trazendo uma enorme carreata na qual em um dos
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seus carros estava o ex-presidente de Terras Brasilis o
arqueado Mula.
A cidade de Casquálycom assim como o estado de Axé
como só poderia ser não se preparou para o evento e todo
axéropolitano tem ojeriza à organização. Quanto mais
bagunçado melhor. Sujeira, desordem e falta de educação,
em Axé, são expressões de cultura e arte.
Axéropolitano que é axéropolitano tem que ser
baderneiro. Eles quando têm que ajudar em algo, alega
sem pudor algum aquela tremenda dor de viado.
* Os axéropolitanos chamam dor de viado à dor no baço.
Após tomarem a praça principal de assalto, Mula e sua
tropa de tribalistas dirigiram-se para um modesto
palanque e de lá proferiu um longo discurso. Promessas e
mais promessas. Fez críticas a todos os candidatos e óbvio
enalteceu a sua candidata Capranéa. O ex-presidente
ofendeu uma candidata chamando-a de x-9 e os outros
ofendendo com palavras de baixo calão. A falta de
educação e ética do arqueado Mula era algo grotesco e
vários jornalistas já faziam suas crônicas do acontecido.
Na cidade não havia grande empolgação pelo arqueado
Mula e cada ênfase que ele dava e os aplausos se
mantinham fracos, ele aumentava o tom da voz, passando
no final a gritar que nem um despirocado. O povo de
Casquálycom com a boa influência do Seu Com Certeza,
não deitava muita simpatia ao destemperado político.
* Entenda-se despirocado como maluco, louco, azuado.