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FORTISSIMO Nº 21 — 2016
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PRESTO
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Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité apresentam
Nossos concertos são possíveis graças à Lei Rouanet e aos nossos patrocinadores.
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No concerto desta noite recebemos,
pela primeira vez com a Filarmônica,
um dos músicos brasileiros mais
importantes das últimas décadas.
Violinista de grande envergadura e agora
regente respeitado, Claudio Cruz foi
um dos responsáveis pela consolidação
da Orquestra Sinfônica do Estado
de São Paulo como uma das grandes
ilhas de excelência no meio cultural
brasileiro, tendo exercido a função de
spalla daquela orquestra por vários anos.
Hoje ele traz a sua experiência para
Belo Horizonte, ao conduzir nossa
Orquestra na belíssima Sinfonia nº 6 de
Dvorák, assim como na última homenagem
feita por Villa-Lobos ao gênio de Bach,
a Bachianas Brasileiras nº 9.
João Carlos Ferreira, violista principal
de nossa Orquestra, mostra seu talento
e competência, ao interpretar um dos
concertos mais importantes daquele
instrumento, o Concerto para viola
do húngaro Béla Bartók.
Uma noite de força, brilho e alegria
compartilhada entre grandes
músicos e nosso público.
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
Caros amigos e amigas,
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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos
no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti
posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e
internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou
turnês pelo Uruguai e Argentina e gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se
o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,
Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica
de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra
Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos
no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madri, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo
a Filarmônica de Tampere, e na
Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica
de Roma. Em 2016 estreou com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Madame Butterfly, O barbeiro de
Sevilha, La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
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FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular
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Heitor VILLA-LOBOSBachianas Brasileiras nº 9
Prelúdio: Vagaroso e místico
Fuga: Poco apressado
Béla BARTÓK Concerto para viola, op. posth.
Moderato
Adagio religioso
Allegro vivace
Antonín DVORÁKSinfonia nº 6 em Ré maior, op. 60
Allegro non tanto
Adagio
Scherzo (Furiant) – Presto
Finale
CLAUDIO CRUZ, regente convidado
JOÃO CARLOS FERREIRA, viola
PROGRAMA
INTERVALO
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Claudio Cruz iniciou-se na música
com seu pai, o luthier João Cruz. Mais
tarde, estudou com Erich Lehninger,
Maria Vischnia (violino) e George
Olivier Toni (Teoria e Regência). Foi
premiado pela Associação Paulista de
Críticos de Artes (APCA) e recebeu
também os prêmios Carlos Gomes,
Bravo e Grammy, entre outros.
Atualmente, é regente titular e diretor
musical da Orquestra Sinfônica Jovem
do Estado de São Paulo e diretor
artístico da Oficina de Música de
Curitiba-Música Erudita. Com a
Orquestra Jovem participou do Festival
MDR Musiksommer e Festival Young
Euro Classic, na Alemanha; Festival
Berlioz na França e Grachtenfestival na
Holanda. Em 2015 realizou concertos
no Lincoln Center, Nova York, e no
Kennedy Center, Washington.
Claudio Cruz tem atuado como regente
convidado em muitas orquestras, entre
elas a Sinfônica do Estado de São Paulo
(Osesp), Orquestra Sinfônica Brasileira,
Petrobras Sinfônica, Sinfônica do Teatro
Municipal de São Paulo, sinfônicas de
Porto Alegre, de Brasília e de Curitiba.
Em outros países, regeu as orquestras
de Câmara de Osaka e de Toulouse,
Sinfônica de Avignon, Sinfonia Varsovia,
Royal Northern Sinfonia, New Japan
Philharmonic, HPAC Orchestra,
Hiroshima Symphony, Vogtland
Philharmonie e Jerusalem Symphony
Orchestra, entre outras. Participou de
diversos festivais de música no Brasil,
destacando-se a regência da Orquestra
Acadêmica do Festival Internacional
de Campos de Jordão em 2010 e 2011.
Também esteve no Festival de Verão da
Caríntia, Áustria, e no Festival Internacional
de Música de Cartagena, Colômbia.
Em sua discografia estão três CDs
com a Orquestra de Câmara Villa-Lobos,
um deles consagrado a obras de Edino
Krieger. Com a Sinfônica de Ribeirão
Preto gravou Beethoven e Mozart,
aberturas de óperas e obras de Antônio
Carlos Jobim com arranjos de Mario
Adnet. Gravou Carlos Gomes com a
Sinfônica de Campinas e Olivier Toni em
CD do selo Sesc. O álbum gravado com
a Northern Sinfonia (Avie), com obras
de Elgar e Gál, foi indicado ao Grammy
Awards. Em 2016 lançou o primeiro CD
da Orquestra Jovem do Estado de São
Paulo, com peças de Villa-Lobos, Guerra-
Peixe e Shostakovich, e gravou o segundo
álbum, com Berlioz e Tchaikovsky.
Claudio Cruz foi diretor musical da
Orquestra de Câmara Villa-Lobos, regente
titular das sinfônicas de Ribeirão Preto
e de Campinas. Atuou como diretor
artístico e regente nas montagens das
óperas Lo Schiavo e Don Giovanni em
Campinas, Rigoletto e La Bohème em
Ribeirão Preto. Violinista consagrado,
foi spalla da Osesp entre 1990 e 2014.
Na temporada 2016, Claudio Cruz
realizou concertos nos Estados Unidos,
Japão, Uruguai e com diversas
orquestras brasileiras.
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CLAUDIOCRUZ
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Violista principal da Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais desde
2009, João Carlos Ferreira começou seus
estudos de música aos oito anos de idade
no Centro Cultural Pró-Música, em Juiz
de Fora, MG. Depois de alguns anos junto
aos professores Vítor Dutra, André Pires
e ao maestro Nelson Nilo Hack, recebeu
apoio da Lei Murilo Mendes da Prefeitura
de Juiz de Fora e passou a fazer aulas no
Rio de Janeiro com Bernardo Bessler.
Em sua formação trabalhou com diversas
orquestras jovens, apresentando-se
em locais como o Theatro Municipal
do Rio de Janeiro e atuando também
como solista. Participou de masterclasses
com diferentes professores, incluindo
Marie Christine Springuel, Roberto
Díaz, Luis Otávio Santos e Menahem
Pressler. Em 2001, apresentou-se como
membro da Orquestra Barroca do Festival
Internacional de Juiz de Fora, um dos anos
que teve a presença de Sigiswald Kuijken.
Foi violinista da Orquestra Sinfônica
Brasileira entre 2004 e 2008. Como membro
do Quarteto Radamés Gnattali, fez turnê
nos Estados Unidos, participou de estreias
em bienais de música contemporânea e
foi agraciado com o Prêmio Rumos Itaú
Cultural. Gravou o CD Quatro Quadros de
Jan Zack, pelo selo Bachiana Brasileira, o
CD Quadro Brasil, pelo selo Rádio MEC,
e o DVD Rumos Itaú Cultural 2007-2009.
João Carlos já se apresentou junto à
Orquestra Sinfônica do Espírito Santo
e às orquestras das escolas de música
da Universidade Federal de Minas
Gerais e da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Pela segunda
vez, apresenta-se como solista com
a Filarmônica de Minas Gerais.
Atuou com Antonio Meneses em
Don Quixote de Richard Strauss,
em diferentes apresentações com a
Filarmônica de Minas Gerais e Fabio
Mechetti, e, no Theatro Municipal do
Rio de Janeiro, com a Orquestra Petrobras
Sinfônica e Isaac Karabtchevsky.
Também em Don Quixote, atuou
com Asier Polo e a Filarmônica de
Minas Gerais e Fabio Mechetti.
João Carlos tem se apresentado com
outros grandes nomes do cenário
brasileiro e internacional, como
Roman Simovic, Claudio Cruz,
Márcio Carneiro, Matias de Oliveira
Pinto e o Quarteto Bessler.
Para o desenvolvimento do seu trabalho
artístico e como entusiasta da música
de câmara, atua como produtor musical
e compositor. Tem participado como
professor em diversos festivais, incluindo
a Semana de Música de Câmara da
Fundação de Educação Artística, o
Festival de Maio, a Semana da Música de
Ouro Branco e o Festival Artes Vertentes.
Atualmente é diretor musical do Trio
Villani, composto também por Jovana
Trifunovic e Eduardo Swerts. O grupo foi
contemplado no edital Natura Musical e
acaba de lançar o CD Três Tons Brasileiros.
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JOÃO CARLOSFERREIRA
12 VRio de Janeiro, Brasil, 1887 – 1959
Heitor
VILLA-LOBOS
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INSTRUMENTAÇÃO
Cordas.
PARA OUVIRCD Complete Choros and Bachianas
Brasileiras – São Paulo Symphony Orchestra – John Neschling, regente – BIS – 2009
PARA ASSISTIROrquestra Sinfônica do Youtube –
Michael Tilson Thomas, regente Acesse: fil.mg/vbachianas9
PARA LERAdhemar Nóbrega – As Bachianas Brasileiras
de Villa-Lobos – Museu Villa-Lobos – 1976
PARA VISITARmuseuvillalobos.org.br
“Não sou um folclorista. O folclore não domina meu pensamento.
Minha música é como eu a sinto. Não saio à caça de temas com
intenção de usá-los. Componho com o espírito de quem faz a
própria música.” Villa-Lobos afirma, com essas palavras, sua
diferença em relação às ideias de Mário de Andrade e dos
compositores nacionalistas de sua geração, ocupados em criar
uma música brasileira baseada no folclore. Personalidade
controvertida, Villa-Lobos é um dos mais importantes compositores
das Américas no século XX. Sua força criativa e capacidade de
trabalho possibilitaram-lhe realizar uma extensa e diversificada obra.
Sua intimidade com o choro e outras manifestações musicais
urbanas está presente em várias de suas obras, notadamente nos
Prelúdios e Estudos para violão solo e nos quatorze Choros para
formações instrumentais diversas. Apesar de compor uma música
presa aos princípios da tonalidade clássica e de sua conhecida aversão
ao atonalismo, seu pensamento não é linear. Frequentemente,
sua música se afasta dos procedimentos tradicionais; ela é, antes,
um painel de cores, melodias, ritmos e harmonias, recortados
e colados com intuição e originalidade. Essa forma de pensar
o aproxima de Debussy e, em particular, de Stravinsky.
Entre suas obras mais conhecidas estão as nove Bachianas Brasileiras,
escritas entre 1930 e 1945 como uma homenagem a Bach. Villa-Lobos
permaneceu ao longo de toda a vida próximo à obra de Bach, com
quem dizia ter uma ligação espiritual, e realizou inúmeros arranjos
de seus prelúdios e fugas para coro misto, conjuntos de violoncelos e
também orquestra. Nas Bachianas, no entanto, não há citações diretas
à obra do compositor alemão, mas sim uma constante utilização do
contraponto e de procedimentos típicos do Barroco e do estilo bachiano,
tais como o uso de melodias com motivos recortados em progressões.
Bachianas Brasileiras nº 9, na verdade um
prelúdio e fuga para orquestra de cordas,
foi estreada por Eleazar de Carvalho,
em novembro de 1948, regendo a
Orquestra Sinfônica Brasileira. No
Prelúdio: Vagaroso e místico, a melodia
inicial, acompanhada por um pedal
longo, antecipa o tema da fuga com
ritmo modificado e valores aumentados.
O caráter introdutório é claramente
delineado ao longo desse movimento
e, pouco a pouco, atinge uma textura
mais densa, com utilização de registros
extremos e maior volume sonoro. O tema
da Fuga, apresentado nos violoncelos,
utiliza um curioso compasso onze por
oito, o que acentua seu caráter rítmico. A
fuga, forma polifônica típica do Barroco, é
tratada por Villa-Lobos de forma bastante
livre. Esse movimento se caracteriza por
três grandes seções. Na primeira o tema
é exposto e imitado de forma constante
em diferentes instrumentos. Segue-se
um Divertimento em que o compositor
desenvolve e transforma o tema inicial,
dialogando com uma melodia nos
violinos, uma espécie de segundo tema
estruturado em progressões descendentes.
Na última parte, o tema é reapresentado,
e uma cerrada polifonia imitativa conduz
paulatinamente à conclusão da obra.
BACHIANAS BRASILEIRAS Nº 9 (1945) 15 min
RUBNER DE ABREU Professor da Fundação de Educação Artística, criador e diretor do grupo Oficina Música Viva.
14 B15
Hungria, atual Romênia, 1881 – Estados Unidos, 1945
Béla
BARTÓK INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 3 trompas,
3 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
PARA OUVIRCD Béla Bartók – Concerto for Orchestra;
Viola concerto – Orquestra Sinfônica de Boston; Orquestra de Paris –
Rafael Kubelik; Daniel Barenboim, regentes – Daniel Benyamini, viola – Deutsche
Grammophon – 2009
PARA ASSISTIROrquestra Sinfônica Coreana (KSO) –
Jongdeok Kim, regente – Hanna Lee, viola Acesse: fil.mg/bviola
PARA LERDavid Cooper – Béla Bartók –
Yale University Press – 2015
Em 1940, estando a Hungria sob o domínio nazista, Béla Bartók
decide emigrar. Tendo tido o cuidado de enviar em primeiro lugar seus
manuscritos, em outubro daquele ano ele chega aos Estados Unidos
e se estabelece em Nova York. Aceita, nessa cidade, um convite para
trabalhar na Columbia University, onde desenvolve um intenso trabalho
de concertista e conferencista, além de dar sequência a seus trabalhos de
investigação científica. No entanto, Bartók não encontra no ambiente
norte-americano a situação propícia para compor. Embora já fosse
conhecido, ali, como pianista, professor e pesquisador, suas obras ainda
não haviam cativado o público estadunidense. Em 1942, seu estado não
é dos melhores: sua situação financeira é deplorável e a saúde também
se deteriora; dois anos mais tarde, é diagnosticado um estado terminal de
leucemia. No entanto, são da fase final da vida do compositor algumas
de suas obras mais importantes. Mesmo trabalhando com dificuldade,
consegue terminar o Concerto para orquestra, encomendado por
Serge Koussevitzky, conclui a sonata para violino solo, encomendada
por Yehudi Menuhin e, por poucos compassos, não deixa completo o
terceiro concerto para piano e orquestra, que dedica a sua mulher.
No inverno de 1944, o respeitado violista William Primrose lhe
encomenda um concerto para viola. Em julho de 1945 Bartók põe-se
a trabalhar na partitura, da qual deixou apenas esboços. Destaca-se,
porém, a parte da viola, que logrou finalizar. Após sua morte, Tibor Serly,
violista de formação, compositor de certa habilidade, antigo aluno de
Kodály e, depois, discípulo e grande amigo de Bartók, dedicou-se à
conclusão da obra, completada em 1949. Em dezembro desse mesmo
ano o Concerto para viola foi estreado pela Orquestra Sinfônica de
Minneapolis, sob a regência de Antal Dorati, tendo Primrose como solista.
É de se notar que a partitura foi revisada duas vezes depois disso.
A primeira, em 1995, por Peter Bartók (filho de Béla Bartók) e
Paul Neubauer e a segunda, pelo
violista húngaro Csaba Erdélyi. Além
disso, há algumas discrepâncias no
que concerne à orquestração da
obra: os esboços de Bartók sugerem
uma instrumentação relativamente
modesta. A versão de Tibor Serly
amplia muito essa instrumentação,
acrescentando metais e percussão. A
edição de Peter Bartók e Paul Neubauer
sugere uma orquestra ainda maior.
Independentemente disso, a relevante
parte da viola não deixa dúvidas sobre a
autoria da obra. Mas que não se o ouça
desavisado! Não se trata aqui do Bartók
pitoresco das Danças Romenas, mas de
um compositor maduro, cuja gramática
está perfeitamente consolidada, posto
que, em parte, destilada de fontes
folclóricas, que se entreouvem mais
explicitamente no terceiro movimento.
Dispensável dizer que ele explora sem
reservas as potencialidades e os recursos
do instrumento solista, além da bravura
do executante, requisitos solicitados pelo
próprio Primrose quando o encomendou
ao compositor. O Concerto para viola é
uma obra sem dúvida moderna, digna
de ser incluída no rol das grandes obras
do gênero produzidas no século XX.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.
CONCERTO PARA VIOLA, OP. POSTH. (1945, versão concluída por Tibor Serly em 1949) 20 min
16 D17
Boêmia, atual República Tcheca, 1841 – 1904
Antonín
DVORÁK
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INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.
PARA OUVIRCD Dvořák – The symphonies – London Symphony Orchestra –
István Kertész, regente – Decca – 1996
PARA ASSISTIROrquestra Sinfônica Nacional da Rai –
Jakub Hrůša, regente | Acesse: fil.mg/dsinf6
PARA LERJohn Clapham – Antonín Dvořák: musician and craftsman – St. Martin’s Press – 1966
Kurt Honolka – Dvořák – Haus Publishing – 2004
Duas obras de Dvorák haviam sido programadas para a temporada de
1879 da Orquestra Filarmônica de Viena: a Rapsódia Eslava nº 3,
op. 45, e a Serenata para dez instrumentos de sopro, op. 44. Os
músicos se encantaram com a Rapsódia desde o início, a ponto
de Hans Richter, o regente titular, encomendar uma nova obra ao
compositor para a temporada seguinte: uma sinfonia. Mas o público
recebeu a Rapsódia com uma frieza sem precedentes, e as críticas
que se seguiram ao concerto foram tão violentas que os membros
da orquestra decidiram não executar a Serenata. Dvorák, entretanto,
começou a trabalhar na composição da nova sinfonia. Os músicos
recusaram-se, novamente, a executar outra obra sua, e a Sinfonia
nº 6 acabou tendo sua estreia não mais em Viena, mas em Praga,
no dia 25 de março de 1881, sob a regência de Adolf Cech.
Não é de se estranhar a hesitação da orquestra vienense em
programar repetidas obras de um compositor tcheco relativamente
desconhecido. Naquela época, dos aproximadamente duzentos
concertos anuais que aconteciam na cidade, menos de vinte eram
concertos de orquestras ou coros profissionais. A Filarmônica de Viena
apresentava apenas oito concertos por ano. Seus ingressos, a preços
exorbitantes, eram destinados a um seleto grupo de pessoas
endinheiradas. O grosso do repertório centrava-se nos compositores
clássicos do final do século XVIII e início do XIX. Os grandes
compositores alemães vivos (Wagner, Brahms e Bruckner)
detinham, juntos, apenas doze por cento da programação,
ou seja, aproximadamente duas obras de cada um por ano.
Além do mais, o público da Filarmônica, constituído basicamente de
grandes industriais, banqueiros, oficiais graduados e altos funcionários
públicos – as classes rica e média alta da cidade –, identificava-se
fortemente com a ideologia liberal que pregava a superioridade cultural
alemã e a necessidade de se transmitir
essa cultura aos outros povos do Império
Austro-Húngaro. Os valores que estavam
em jogo não eram raciais ou étnicos,
mas apenas culturais. Se o sabor eslavo
das obras de Dvorák foi capaz de
causar certa excitação numa Alemanha
tão confiante de si, já na Viena dos
Habsburgo, numa época em que os
austríacos ainda lutavam para impor sua
supremacia cultural aos diversos povos
do Império, qualquer exotismo vindo
do leste era visto com forte oposição.
E, curiosamente, a Sinfonia nº 6 talvez
seja a mais vienense das sinfonias de
Dvorák, por conter fortes referências
às sinfonias de Beethoven e Brahms.
Enquanto o primeiro movimento é
repleto do encanto e da luminosidade
tão presentes em sua obra, o segundo
traz outra característica ímpar do
compositor: a melancolia. Se Dvorák
tentou esconder o típico sabor tcheco
de sua música, compondo uma sinfonia
ao gosto vienense, no Scherzo ele se
trai e nos brinda com uma deliciosa
dança camponesa de sua terra natal.
O último movimento, doce, traz
a delicada ambientação do início
da Sinfonia nº 6 de Beethoven.
GUILHERME NASCIMENTO
Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.
SINFONIA Nº 6 EM RÉ MAIOR, OP. 60 (1880) 40 min
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MÚSICA TAMBÉM FAZ A GENTE IR MAIS LONGE.
patrocinadora máster dos concertos comentados da orquestra filarmônica de minas gerais
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Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman
PRESIDENTE Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena
Diretoria Executiva
DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira
DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIROEstêvão Fiuza
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira
DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers
Equipe Técnica
GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães
ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICALGabriela Souza
PRODUTORES Luis Otávio RezendeNarren Felipe
ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia)Renata GibsonRenata Romeiro (Design gráfico)
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ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOSItamara KellyMariana Theodorica
ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez
Equipe Administrativa
GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho
GERENTE DE RECURSOS HUMANOSQuézia Macedo Silva
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS João Paulo de OliveiraPaulo Baraldi
ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho
SECRETÁRIA EXECUTIVAFlaviana Mendes
ASSISTENTE ADMINISTRATIVACristiane Reis
ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOSVivian Figueiredo
RECEPCIONISTASLizonete Prates SiqueiraMeire Gonçalves
AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida
AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda ConceiçãoRose Mary de Castro
MENSAGEIROSBruno RodriguesDouglas Conrado
MENOR APRENDIZYana Araújo
Sala Minas Gerais
GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas
GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia
TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOMauro Rodrigues
TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca
ASSISTENTE OPERACIONALRodrigo Brandão
Ilustrações: Mariana Simões
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel
FORTISSIMO
novembro nº 21 / 2016 ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
BARTÓKRepresentante exclusivo: Boosey & Hawkes
* principal ** principal associado *** principal assistente
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Paula SchmidtAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoMatheus BragaRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch
VIOLASJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna Druzd Luciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina
VIOLONCELOSPhilip Hansen *Felix Drake ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesLina RadovanovicRobson Fonseca William Neres
CONTRABAIXOSNilson Bellotto *André Geiger ***Marcelo CunhaMarcos LemesPablo Guiñez Rossini ParucciWalace Mariano
FLAUTASCássia Lima *Renata Xavier ***Alexandre BragaElena Suchkova
OBOÉSAlexandre Barros *Israel MunizMoisés Pena
CLARINETESMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ***Ney FrancoAlexandre Silva
FAGOTESCatherine Carignan *Victor Morais ***Andrew HuntrissFrancisco Silva
TROMPASAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov ***Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata
TROMPETESMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal ***Tássio Furtado TROMBONESMark John Mulley *Diego Ribeiro **Wagner Mayer ***Renato Lisboa
TUBAEleilton Cruz *
TÍMPANOSPatricio Hernández Pradenas *
PERCUSSÃO Rafael Alberto *Daniel Lemos ***Sérgio AluottoWerner Silveira
TECLADOSAyumi Shigeta *
GERENTE Jussan Fernandes
INSPETORAKarolina Lima
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira
ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi
ASSISTENTESClaudio StarlinoJônatas Reis
SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro
MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar
Instituto Cultural Filarmônica(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
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PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOSAgora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
APARELHOS CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEONão são permitidas durante os concertos.
APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
0 PROGRAMA DE CONCERTOS
O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.
O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.
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CONCERTOS nov
Veja detalhes em filarmonica.art.br/concertos/agenda-de-concertos.
5 / nov, 18hRossini, Brahms
10 e 11 / nov, 20h30Villa-Lobos, Bartók, Dvorák
20 / nov, 11hTema e variações — Haydn, Brahms, Elgar
24 e 25 / nov, 20h30Webern, Mendelssohn, Wagner
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
PRESTO VELOCE
• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série• Concertos para a Juventude• Clássicos na Praça• Concertos Didáticos• Festival Tinta Fresca• Laboratório de Regência• Turnês estaduais• Turnês nacionais e internacionais• Concertos de Câmara
Visite filarmonica.art.br/filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
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