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Valmor para uma ETAR, um museu, um terraço e um teatro Prémio atribuído pela Câmara de Lisboa vai distinguir novas construções, assim como obras de recuperação e reabilitação, e espaços verdes que "valorizem e salvaguardem" o património da cidade Arquitectura Gristiana Faria Moreira e João Pedro Pincha A ETAR de Alcântara, o Museu do Dinheiro, os terraços do Convento do Carmo e o Cineteatro Capitólio são os vencedores das edições 2013- -2016 dos Prémios Valmor e Muni- cipal de Arquitectura. Por entre- gar desde 2012, o Prémio Valmor, atribuído pela autarquia e pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, reconheceu projectos arquitectó- nicos da cidade, terminados entre 2013 e 2016. Os vencedores foram conhecidos ontem e no rol dos qua- tro vencedores encontram-se dois projectos municipais: a renovação dos Terraços do Carmo e do Cinete- atro Capitólio, no Parque Mayer. No ano de 2013, foi distinguida a obra de ampliação e nova cober-

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Page 1: Valmor para uma ETAR, museu, um terraço e teatro...Nações. Mas esta é uma obra dife-rente, por ser um complexo indus-trial, em que o desafio "não era só escondê-la (à ETAR),

Valmor para uma ETAR, ummuseu, um terraço e um teatro

Prémio atribuído pela Câmara de Lisboavai distinguir novas construções, assimcomo obras de recuperação e reabilitação,e espaços verdes que "valorizem e

salvaguardem" o património da cidade

ArquitecturaGristiana Faria Moreirae João Pedro Pincha

A ETAR de Alcântara, o Museu doDinheiro, os terraços do Conventodo Carmo e o Cineteatro Capitólio

são os vencedores das edições 2013--2016 dos Prémios Valmor e Muni-cipal de Arquitectura. Por entre-gar desde 2012, o Prémio Valmor,atribuído pela autarquia e pelaTrienal de Arquitectura de Lisboa,reconheceu projectos arquitectó-nicos da cidade, terminados entre2013 e 2016. Os vencedores foramconhecidos ontem e no rol dos qua-tro vencedores encontram-se dois

projectos municipais: a renovaçãodos Terraços do Carmo e do Cinete-atro Capitólio, no Parque Mayer.

No ano de 2013, foi distinguidaa obra de ampliação e nova cober-

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tura verde da ETAR de Alcântara.O projecto da autoria de FredericoValsassina, Manuel Aires Mateus e

João Ferreira Nunes valeu-lhes o

segundo Prémio Valmor das car-reiras. Recorde-se que Aires Ma-teus foi galardoado, na sexta-feira,com o Prémio Pessoa, desta feitapor outra obra na cidade, a novasede da EDP, na frente ribeirinhada cidade.

Ao PÚBLICO, o arquitecto Frede-rico Valsassina referiu ter sido umdos "projectos mais interessantes"em que trabalhou nos últimos anos."Foi um projecto muito, muito de-talhado", referiu, explicando queo objectivo passou por "tentar re-cuperar a encosta da antiga ribeirade Alcântara".

O arquitecto jã foi galardoadocom este prémio em 2004, como projecto do complexo de hotel,serviços e congressos, Art/s Busi-ness & Hotel Centre, no Parque das

Nações. Mas esta é uma obra dife-rente, por ser um complexo indus-

trial, em que o desafio "não era só

escondê-la (à ETAR), mas tambémintegrá-la". O espaço continua a

ser uma indústria, "mas está pen-sado" e "completamente discipli-nado", nota Frederico Valsassina,assinalando que o prémio "é umamostra de que trabalhar a indústriavale a pena" [pois] "acaba por seruma mais-valia poder integrá-la". E

aproveitou para dar os parabéns à

Sim Tejo - que, como promotora da

obra, é também galardoada - porter apostado em arquitectos paratornarem um espaço industrial feionuma obra bonita e funcional.

A dupla Gonçalo Byrne e JoséPedro Falcão de Campos ganhou oPrémio Valmor, respeitante a 2014,com a recuperação da antiga Igrejade São Julião, na Baixa lisboeta. Umprojecto antigo do Banco de Portu-gal, num espaço que lhe serviu dearmazém durante anos e que, des-de Abril de 2016, alberga o Museudo Dinheiro, aberto a quem querexplorar a relação do ser humano

com o dinheiro."Não trabalhamos para os pré-

mios, mas é sempre bom ver queo trabalho é reconhecido", disseao PÚBLICO o arquitecto Gonça-lo Byrne, destacando o facto deser compartilhado com Falcão de

Campos. Tratou-se de um trabalhode recuperação de património quefoi um "belo desafio", mas "muitoexigente e interessante", por se tra-tar de um edifício "complexo" com200 anos, integrada na reconstru-ção pombalina da cidade, depois doterramoto. Hoje em dia, destacou,"não só em Lisboa, como noutrascidades europeias, constroem-semenos edifícios novos, de raiz, ereabilitam-se e reutilizam-se maisedifícios históricos".

Também não é a primeira vez queByrne recebe esta distinção. Já em2000, o arquitecto tinha sido ga-lardoado com Prémio Valmor peloPavilhão C 8da Faculdade de Ciên-cias da Universidade de Lisboa, noCampo Grande, e, em 2009, pelo

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edifício do Banco Mais, na Avenida24 de Julho.

Em 2015 e 2016, as obras premia-das são municipais. A primeira é

o projecto de alteração dos Terra-ços do Carmo, da autoria de Álva-ro Siza Vieira e Carlos Castanheira,que permitiu à cidade ganhar "umanova varanda sobre a cidade". As

palavras são do presidente da Câ-

mara de Lisboa, na inauguração dos

terraços, em Junho de 2015. Alémdas vistas, os lisboetas ganharamtambém uma ligação pedonal entreo Convento do Carmo e a Rua Gar-

rett, no Chiado, que, desta feita, eraa intenção inicial da empreitada,como lembrou, na altura, o verea-dor do Urbanismo, Manuel Salgado.A obra custou 2,1 milhões de euros,

provenientes de "verbas próprias e

do Turismo de Portugal".A distinção também não é novi-

dade para o arquitecto do Porto.Recebeu o primeiro Valmor em1998 pelo projecto do Pavilhão dePortugal, na Expo. Já em 2004, o

complexo de habitação, serviçose comércio Terraços de Bragança,que confina entre as ruas do Ale-crim e de António Maria Cardoso,foi distinguido.

Depois de mais uma década vo-tado ao abandono e das obras, queduraram entre 2009 e meados doano passado, o projecto de recupe-ração do Cineteatro Capitólio, assi-nado pelo arquitecto Alberto SouzaVieira valeu-lhe, pela primeira vez,o reconhecimento com o Prémio

Valmor.

Nãotrabalhamospara os prémios,mas é semprebom ver queo trabalho éreconhecidoGonçaloßyrneArquitecto

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O Cineteatro Capitólio, que estáclassificado como Imóvel de Inte-resse Público desde 1983, abriu pe-la primeira vez as portas em 1931,

apresentando uma inovadora cons-

trução com linhas modernistas pa-ra o Portugal da década de 30, pro-jectadas pelo arquitecto Luís Cristi-no da Silva. Souza Vieira manteveessas linhas com a reabilitação dahistórica sala de espectáculos do

Parque Mayer, que se espera ago-ra que reabra num futuro próximopela mão da promotora aveirenseSons em Trânsito.

Durante a cerimónia, foram ain-da reconhecidas mais nove obras

que receberam uma menção hon-rosa por parte do júri constituído

pelo arquitecto Sérgio de Melo, os

vereadores da Cultura, Catarina Vaz

Pinto, e do Urbanismo, Manuel Sal-

gado (este sem direito a voto) e os

arquitectos Francisco Berger (pelaAcademia Nacional de Belas Artes),Cândido Chuva Gomes (pela Ordemdos Arquitectos) e João Pardal Mon-teiro (pela Faculdade de Arquitec-tura da Universidade de Lisboa).

Entre essas obras destacam-se,por exemplo, a recuperação do Te-atro Romano, projecto de DanielaErmano e João Carrasco, promovi-do pela Câmara de Lisboa. Assimcomo a construção do Museu Na-cional dos Coches, pelos arquitec-tos Paulo Mendes da Rocha, MMBB& Bak Gordon e João Ferreira Nu-

nes, o Museu de Arte, Arquitecturae Tecnologia (MAAT), de AmandaLevete, promovido pela FundaçãoEDP.

O Prémio Valmor é atribuídodesde 1902 (na sequência de indi-cações deixadas no testamento doúltimo visconde de Valmor, FaustoQueiroz Guedes), ano em que foidistinguido o Palácio Lima Mayer,na Avenida da Liberdade. Em 1982,este galardão foi associado ao Pré-mio Municipal de Arquitectura e,11 anos depois, o regulamento foireformulado, para passar a incluir a

área de arquitectura paisagí[email protected]@publico.pt

A ETAR de Alcântara venceuo Valmor de 2013

O Museu do Dinheiro foi o vencedor de 2014

Os Terraços do Carmo, de Siza Vieira,vencem o Valmor de 2015

A reabilitação do Capitólio foi o vencedordo Valmor referente a 2016