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VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais
de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG
ANÁLISE DA VARIABILIDADE DAS CHUVAS ANUAIS NO ESTADO DO PARANÁ COM
BASE NA UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA MGTCI
REGINA MAGNA FRANCO1 DEISE FABIANA ELY2
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar o Método Gráfico Cronológico de Tratamento da Informação MGTCI com base na Matriz de Bertin (NOUACEUR; LAIGNEL; TURKI, 2014) aplicado à análise da variação anual da precipitação no estado do Paraná. As análises foram feitas comparando os dados de precipitação de 18 estações meteorológicas, situadas no estado do Paraná, com as oscilações da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Oceano Pacífico Equatorial. Os resultados demonstram a influência do ENOS na variabilidade espaço-temporal da precipitação e, ainda, que o MGTCI se revelou uma ferramenta eficaz no auxílio da análise da variação da precipitação anual.
Palavras-chave: MGTCI; precipitações anuais; TSM/ENOS;
RESUMEN:Este trabajo busca presentar el Método Gráfico Cronológico de Tratamiento de
Información – MGTCI – basado en la Matriz de Bertin (NOUACEUR; LAIGNEL; TURKI,
2014) como la metodología aplicada al análisis de la variación de la precipitación en el
tiempo y el espacio. Los análisis se realizaron mediante la comparación entre los datos de
precipitación recogidos en 18 estaciones meteorológicas, que se encuentran en el estado de
Paraná, y las oscilaciones de la Temperatura de la Superficie del Mar (TSM) en el Océano
Pacífico ecuatorial. Los resultados muestran la influencia de ENOS sobre la variabilidad
espacio-temporal de la precipitación y como el MGTCI se ha demostrado ser una
herramienta eficaz en favor del análisis de la variación en la precipitación.
Palabras claves: MGTCI; precipitación anual; TSM/ENOS..
1 – Introdução
Alguns dos modelos que buscam fazer projeções sobre as mudanças climáticas
estão baseados nas oscilações que ocorrem nas temperaturas globais. Há uma corrente no
pensamento científico, mais ou menos hegemônica, que afirma o aumento das temperaturas
médias do planeta nos próximos anos. Há algumas vozes dissonantes, como a do professor
Luiz Carlos Molion (2008) que, não somente contestam a teoria do aquecimento global
como - de maneira diametralmente oposta – sugerem que o planeta estaria, na verdade,
passando por um processo de resfriamento.
1 1 Bolsista CNPq, estudante do curso de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual de
Londrina - mestrado. E-mail de contato: [email protected]. 2 Docente Associado do curso de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual de Londrina
- orientadora. E-mail de contato: [email protected]
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Os debates acalorados e polarizados sobre a temática das mudanças climáticas têm
razão de ser, pois independentemente de qual previsão irá se concretizar ocorrerá
alterações no regime de distribuição espaço temporal das chuvas. A chuva, no que diz
respeito à sua distribuição espacial, é um dos fenômenos climáticos mais difíceis de ser
previsto com exatidão, principalmente quando se trata de onde, quando e quanto.
Sant’Anna Neto (2013) aponta seis escalas geográficas que consistem em
estratégias para o estudo do clima. A escala climática global é de primeira ordem de
grandeza e se refere tanto ao tempo quanto ao espaço, ou seja, espacialmente quando as
mudanças climáticas ocorrem em todo o planeta ou na maior parte dele e temporalmente
quando se dão em longos períodos. Aliás, é essa a diferença fundamental entre mudanças e
variações climáticas. Mudanças climáticas estão relacionadas às flutuações no clima que
ocorrem num longo período de tempo provocando mudança no tipo de clima de dada região
do planeta (Ayoade, 1996). Enquanto que a variação climática está relacionada a um tempo
de análise mais curto em torno de 30-35 anos.
Sant’Anna Neto (2013) trata como variação climática a identificação dos padrões
normais e de períodos de anomalias que são determinados tanto por processos de
macroescalas, como El Niño Oscilação Sul (ENOS) e Oscilação Decadal do Pacífico (ODP),
quanto por dinâmicas mais setoriais e restritas no tempo e no espaço - Zonas de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) ou Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM)
São nas macroescalas que estão situados os estudos sobre as teleconexões. As escalas de
segunda e terceira ordem dizem respeito àquelas que se situam entre milhares e centenas
de quilômetros e estão na categoria das regiões climáticas. Apesar da redução espacial há o
aumento da complexidade. Nestas escalas ocorrem a combinação da dinâmica e dos
processos atmosféricos – ação da circulação geral, que Sant’Anna Neto (2013) chama de
circulação secundária – áreas de pressão e o domínio dos sistemas atmosféricos. A
complexidade está relacionada à dificuldade de se estabelecer o limite entre a circulação
geral e a secundária. Além do problema em se estabelecer esse limite há, ainda, a questão
colocada pelo autor que diz que uma “região climática não pode somente ser entendida por
sua extensão territorial, mas pela combinação de processos e fatores particulares como as
células regionais do clima articulado com os fatores particulares intervientes”. (SANT’ANNA
NETO, 2012, p.83)
Por último, o autor ainda destaca as quarta, quinta e sexta ordem de grandeza que
englobam as escalas locais do clima: os mesoclimas, topoclimas e os microclimas. Estas
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serão somente mencionadas tendo em vista não fazem parte do escopo do presente
trabalho.
De acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a distribuição e variabilidade das
chuvas que ocorrem no Brasil estão associadas às incursões de sistemas convectivos de
macro e meso escalas, em especial a Frente Polar Atlântica (FPA). Na região Sul do Brasil,
que engloba o estado do Paraná - onde estão situadas as estações cujos dados
pluviométricos serão utilizados neste trabalho -, segundo os autores citados, a atuação da
FPA é a principal responsável pelos índices pluviométricos.
Os estudos da Climatologia, quando buscam diferenciar os vários climas que
ocorrem no planeta, são elaborados por meio da análise dos elementos e nos fatores
climáticos (Mendonça; Danni-Oliveira, 2007). São caracterizados como elementos climáticos
a radiação, a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica e como fatores climáticos a
latitude, a altitude, a maritimidade, a continentalidade, a vegetação; além das atividades
humanas. E como resultado da interconexão desses fatores e elementos é produzida a
dinâmica e a circulação atmosférica que provocam a permanente movimentação do ar.
A dinâmica e circulação atmosférica constituem as bases dos estudos sobre as
teleconexões que, segundo Cavalcanti e Ambrizi (2009), explicam anomalias regionais em
virtude da ocorrência de anomalias que se manifestam em regiões remotas. É o caso do El
Niño Oscilação Sul (ENOS) que tem grande influência no regime de chuvas da América do
Sul e, principalmente, na região Sul do Brasil. As ocorrências, tanto do El Niño como da La
Niña, estão intimamente ligadas às oscilações da Temperatura da Superfície do Mar (TSM)
que ocorrem na região do Pacífico Equatorial.
De acordo com Oliveira (1999) o fenômeno denominado de El Niño/La Niña está relacionado
ao aquecimento/resfriamento anormal das águas do Oceano Pacifico Equatorial e está
diretamente ligado à TSM. É considerada anormal a temperatura média trimestral igual ou
acima de 0,5°C (El Niño) ou igual e abaixo de -0,5°C (La Niña) que ocorre por, no mínimo,
cinco períodos consecutivos.
Outro indicador de El Niño/La Niña é o Índice de Oscilação Sul (IOS). O IOS é
caracterizado por Oliveira (1999) como uma “gangorra barométrica” que, inicialmente, foi
observada nas estações meteorológicas situadas no Oceano Pacífico e Índico e,
atualmente, se refere à região entre o Taiti, no Pacífico Sul e Darwin, localizada no norte da
Austrália. Segundo o referido autor, quando a diferença Taiti/Darwin resulta num valor
negativo é indicação de ocorrência de El Niño. Ao contrário, quando o índice resulta em
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valor positivo indica atuação de La Niña. E, por conseguinte, valores de IOS próximos de
zero indicam anos normais.
O fenômeno ENOS é considerado uma teleconexão que influencia diretamente as
chuvas na região Sul do Brasil, como já colocado por Cavalcanti e Ambrizi (2009) e como
este fenômeno está associado à TSM, esses serão os dados que serão comparados com a
variabilidade das chuvas de 18 estações meteorológicas localizadas no estado do Paraná.
O presente trabalho está organizado de acordo com a proposta escalar de Sant’Anna
Neto (2009) e adota a escala de segunda e terceira ordem onde estão combinadas a ação
da circulação atmosférica geral e a circulação secundária associadas ao espaço em
conjunto com a variabilidade climática associada ao tempo anual.
Como metodologia básica utilizada para analisar a variabilidade das chuvas anuais
será utilizado o Método Gráfico Cronológico de Tratamento da Informação (MGCTI)
proposto por Nouaceur, Laignel e Turki (2014); baseado na Matriz de Bertin. A Matriz de
Bertin faz uso da Semiologia Gráfica com a vantagem de permitir que, além da
apresentação dos dados num sistema matricial constituído por linha e colunas, é possível a
inserção de mais uma informação que pode denotar, por exemplo, grandezas.
Sendo assim, o objetivo desse trabalho é aplicar conjuntamente a proposta escalar
de Sant’Anna Neto (2009) com o MGCTI, de modo a auxiliar o processo de análise
correlacionando a variabilidade pluviométrica das estações meteorológicas em questão, com
as teleconexões ENOS e TSM.
2 – Material e métodos
Para a organização do gráfico preconizado pela metodologia do MGCTI, inicialmente
foram obtidos dados pluviométricos de 18 estações meteorológicas localizadas no estado do
Paraná pertencentes à rede do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). Após a verificação
da qualidade dos dados foi delimitado o período compreendido entre 1977 e 2014 para
compor a análise; perfazendo uma série histórica de 38 anos.
O MGCTI propõe a organização dos dados anuais a serem utilizados obedecendo a
aplicação de uma sequência de etapas. Inicialmente, os dados do volume anual de chuvas
foram ordenados obedecendo ao critério do menor ao maior valor. É preciso que isso seja
feito para cada estação individualmente.
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Na segunda etapa é preciso estabelecer os quantis com base na variabilidade anual
das chuvas. No caso em questão, os 38 anos da série de dados foram divididos em 5
quantis, aos quais foram atribuídas categorias de um a cinco e a cada categoria foi
atribuída uma cor diferente de acordo com o critério de umidade: 1 (super seco), 2 (seco), 3
(normal), 4 (úmido) e 5 (super úmido). Conforme essa etapa foi sendo executada para cada
estação, as mesmas foram sendo colocadas lado a lado de maneira a constituir uma matriz
que resultou em colunas compostas por estação e nas linhas onde foram representados os
anos.
Na terceira etapa os valores pluviométricos foram substituídos pelas categorias de
um a cinco e, a partir de então, todos os cálculos estatísticos foram feitos com base nessas
categorias e não mais com os valores anuais de precipitação. Nesta etapa foram aplicados
os cálculos estatísticos de soma, média, desvio padrão e padronização utilizando o conjunto
das 18 estações.
Foram somadas todas as categorias em linha – fazendo isso para cada ano -.
Posteriormente esses valores foram somados de modo a obter uma média da coluna
possibilitando, assim, o cálculo do desvio padrão com base nas somas da mesma. Com
base nesses dados foi realizada a padronização conforme função descrita, onde Z é o índice
padronizado, X é o valor que se quer padronizar – no caso a soma total para cada ano -; µ a
média obtida a partir da soma dos anos da série temporal e o desvio padrão.
A aplicação dos passos da quarta etapa é necessária para o cálculo estatístico da
Média Móvel Simples (MMS). Inicialmente é necessário obter o percentual de ocorrência de
anos super úmidos, úmidos, normais, secos e super secos para cada ano com base na
classificação de um a cinco de todas as estações. Por exemplo: entre as 18 estações para o
ano de 1977, 28% apresentaram ano seco, 17% ano úmido, 22% ano normal, 11% anos
super secos e 22% anos secos. Posteriormente, para o cálculo da MMS é preciso somar a
categoria úmido e super úmido formando uma única categoria: úmido. E, também, somar as
categorias seco e super seco de modo que no final restem três categorias: úmido, seco e
normal. A MMS é calculada a partir dos valores de cada uma das três categorias
individualmente e o período temporal é de cinco anos. Para facilitar a representação visual
da matriz, foram atribuídas letras aos nomes das estações; conforme disposto no quando 1.
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Quadro1 - cidades onde estão localizadas as estações utilizadas.
Org.: Franco, R.M.
3 – Resultados e Discussão
Na figura 1 estão representados à esquerda a Matriz de Bertin, elaborada a partir da
metodologia MGCTI e à direita o gráfico que apresenta o índice padronizado da variação da
precipitação das 18 estações ano a ano no estado do Paraná.
Observando a figura 1 é possível notar desde o ano de 1977 (1997 a 1979) ocorre
uma alternância de períodos com predominância de anos normais a secos e muito secos
seguido de anos com predominantemente normais a úmidos e super úmidos com destaque
para o intervalo entre 1980 e 1983. Para esse período a exceção se dá nas estações de
Francisco Beltrão, em 1980 e Clevelândia, Fernandes Pinheiro e Telêmaco Borba em 1981
que apresentaram anos muito secos.
No período compreendido entre os anos de 1984 e 1988 há uma nova alternância
na variabilidade da distribuição espacial das precipitações, pois a maioria das estações
apresenta chuvas anuais normais a anos secos e muito secos. Para esse período as
exceções são as estações de Joaquim Távora, em 1986 e Ibiporã e Paranavaí em 1987 que
apresentaram precipitações superiores às outras estações no mesmo período.
Ainda de acordo com a figura 1, a faixa situada entre 1977 e 1988 – 12 anos,
portanto - é marcada pela flutuação entre períodos mais secos e mais úmidos. Ao analisar o
gráfico com os dados padronizados verifica-se que, desses 12 anos, apenas quatro
apresentaram variação pluviométrica acima da média; com destaque para os anos de 1982
e 1983 que, de acordo com dados apresentados por Oliveira (1999), foram anos de El Niño
muito forte.
A = Bandeirantes J = Morretes
B = Bela Vista K = Nova Cantú
C = Cambará L = Palotina
D = Clevelândia M = Palmas
E = Fernandes Pinheiro N = Paranavaí
F = Francisco Beltão O = Pato Branco
G = Ibiporã P = Planalto
H = Joaquim Távora Q = Telêmaco Borba
I = Londrina R = Umuarama
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Figura 1 – À esquerda Matriz de Bertin e à direita índice de padronização da variabilidade de precipitação anual no estado do Paraná.
Fonte: elaborado a partir de dados obtidos junto ao IAPAR
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R
1977 2 4 1 2 2 2 4 1 3 3 1 1 5 4 5 3 2 3
1978 2 1 3 1 2 1 1 1 2 1 1 1 5 1 5 1 1 1
1979 3 2 2 5 3 5 1 1 1 2 3 5 3 3 3 4 3 5
1980 5 5 3 3 4 1 5 4 5 4 4 2 2 4 2 2 4 3
1981 4 5 1 2 1 2 4 3 3 3 3 3 2 2 2 2 1 4
1982 5 5 5 3 4 5 4 5 4 3 4 4 4 4 4 5 5 4
1983 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
1984 2 2 1 2 5 4 1 2 1 2 2 2 3 2 2 3 2 2
1985 1 1 1 1 4 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2
1986 4 3 3 2 1 3 3 5 2 3 3 4 2 2 3 3 4 2
1987 3 4 4 3 3 3 5 2 4 2 4 4 2 5 3 3 3 3
1988 2 1 2 1 3 1 1 2 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1
1989 5 5 4 3 1 4 5 5 4 3 5 4 3 4 3 4 5 4
1990 3 3 4 5 3 5 3 4 3 4 5 5 5 5 5 5 3 3
1991 4 1 4 2 5 2 2 3 2 1 3 2 2 1 2 1 2 1
1992 5 4 4 4 1 4 3 3 5 3 4 5 4 5 4 4 4 5
1993 3 3 3 3 4 3 5 4 4 3 5 2 3 2 3 3 3 3
1994 2 3 3 4 5 4 1 1 2 3 2 3 4 1 4 3 2 2
1995 1 3 3 1 3 1 3 5 4 4 3 3 1 3 1 2 3 3
1996 5 4 2 4 3 5 3 2 3 4 3 3 3 3 5 5 4 4
1997 4 4 5 5 5 4 4 4 5 3 4 4 5 5 5 4 5 4
1998 5 5 2 5 3 5 5 4 5 5 5 4 5 4 5 5 5 5
1999 1 3 2 1 5 2 2 1 1 5 1 1 2 1 1 1 1 1
2000 4 2 5 3 5 3 2 3 3 1 4 3 3 4 3 4 3 5
2001 2 1 3 3 2 3 2 3 4 5 3 3 3 3 2 2 4 2
2002 3 3 5 3 3 4 3 3 3 2 2 2 3 3 4 4 3 4
2003 3 3 3 2 3 2 1 3 1 1 3 3 1 3 1 2 3 3
2004 3 2 2 2 2 2 4 4 3 4 1 2 1 4 2 2 3 4
2005 1 2 2 3 2 3 2 3 2 2 3 3 3 2 3 3 1 2
2006 3 2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 3 1 1 1 3
2007 1 3 3 4 2 3 3 5 3 3 2 1 4 2 3 3 2 1
2008 2 1 3 3 1 1 3 3 3 5 1 2 2 1 1 1 2 2
2009 4 5 5 4 1 3 5 5 5 4 4 4 4 5 3 5 5 3
2010 1 2 1 4 3 3 3 1 4 5 2 3 3 3 3 3 3 1
2011 1 1 4 4 4 3 2 1 2 5 3 3 4 3 4 3 4 3
2012 3 4 4 1 5 2 3 2 2 4 2 5 1 2 2 2 2 1
2013 5 4 5 5 4 4 4 5 2 5 5 4 5 4 4 5 5
2014 3 3 1 2 5 4 3 3 1 5 5 5 3 4 5 4 5
-2.40 -1.20 0.00 1.20 2.40
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
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Umidade Índice de Padronização
Super Seco acima da média
Seco abaixo da média
Normal
Úmido
Super úmido
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Como podemos observar na tabela 1, a média trimestral MAM (Março/Abril/Maio) da
TSM na região do Pacífico Equatorial começa a apresentar anomalia que alcança DJF
(Dezembro/Janeiro/Fevereiro) de 1983 com uma média de 2.1°C acima da temperatura
normal.
Tabela 1 - Temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial nos anos de 1982/83
Fonte: CPC/NCEP/NOAA
A partir dos anos de 1989 e 1998 (figura 1) percebe-se uma década em que a
maioria das estações apresenta precipitações acima da média, com exceção dos anos de
1991 e 1994/95 quando foram registrados anos secos a super secos e normais a secos
consecutivamente. Nos anos de 1989 e 1992 a estação de Fernandes Pinheiro (E)
apresenta um resultado diferente, com anos super úmidos. Dos dez anos que compõe o
período, analisando gráfico dos índices padronizados, é possível notar que sete anos
apresentaram precipitação acima da média.
Na tabela 2 são apresentados dados d a variação de TSM no Pacifico Equatorial e
verifica-se que a partir do trimestre AMJ de 1988 até esse mesmo trimestre do ano seguinte
ocorre um forte resfriamento. Como já foi dito para que um ano seja caracterizado como ano
de El Niño ou La Niña é preciso que a anomalia de aquecimento/resfriamento perdure por,
no mínimo cinco períodos consecutivos (Oliveira, 1999).
Tabela 2 - TSM Pacífico Equatorial entre os anos de 1989 e 1998
Ano DJF JFM FMA MAM AMJ MJJ JJA JAS ASO SON OND NDJ
1988 0.8 0.5 0.1 -0.3 -0.8 -1.2 -1.2 -1.1 -1.2 -1.4 -1.7 -1.8
1989 -1.6 -1.4 -1.1 -0.9 -0.6 -0.4 -0.3 -0.3 -0.3 -0.3 -0.2 -0.1
1990 0.1 0.2 0.2 0.2 0.2 0.3 0.3 0.3 0.4 0.3 0.4 0.4
1991 0.4 0.3 0.2 0.2 0.4 0.6 0.7 0.7 0.7 0.8 1.2 1.4
1992 1.6 1.5 1.4 1.2 1 0.8 0.5 0.2 0 -0.1 -0.1 0
1993 0.2 0.3 0.5 0.7 0.8 0.6 0.3 0.2 0.2 0.2 0.1 0.1
1994 0.1 0.1 0.2 0.3 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4 0.6 0.9 1
1995 0.9 0.7 0.5 0.3 0.2 0 -0.2 -0.5 -0.7 -0.9 -1 -0.9
1996 -0.9 -0.7 -0.6 -0.4 -0.2 -0.2 -0.2 -0.3 -0.3 -0.4 -0.4 -0.5
1997 -0.5 -0.4 -0.2 0.1 0.6 1 1.4 1.7 2 2.2 2.3 2.3
1998 2.1 1.8 1.4 1 0.5 -0.1 -0.7 -1 -1.2 -1.2 -1.3 -1.4
Fonte: CPC/NCEP/NOAA
Ano DJF JFM FMA MAM AMJ MJJ JJA JAS ASO SON OND NDJ
1982 0 0.1 0.2 0.5 0.6 0.7 0.8 1 1.5 1.9 2.1 2.1
1983 2.1 1.8 1.5 1.2 1 0.7 0.3 0 -0.3 -0.6 -0.8 -0.8
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Como estamos analisando a década entre os anos de 1989 e 1998, é possível
perceber que no ano de 1989 a sequência de resfriamento atinge seu maior auge em DJF,
seguindo uma tendência de arrefecimento até não mais ser observada no trimestre MJJ.
Esse comportamento também pode ser observado no gráfico dos índices
padronizados na figura 1. No ano de 1988 é possível perceber acentuado desvio negativo
do índice (-1,20) seguido de alta variabilidade positiva nos anos de 1989/1990 (0,0 e 1,20).
O próximo período que chama a atenção na figura 1 aquele compreendido entre os
anos de 1999 e 2008. Percebe-se a predominância de anos normais a secos e super secos.
Com destaque para os anos de 1999 e 2006 quando ocorre prevalência de precipitações
abaixo da média. A exceção fica por conta da estação de Fernandes Pinheiro e Morretes
que, no ano de 1999, apresentaram anos padrões diferentes do restante das estações. Esse
padrão é apresentado novamente por Morretes no ano de 2001 e 2008, cujos anos foram
super úmidos. No gráfico do índice padronizado da figura 1 observa-se que esse período é
marcado com chuvas abaixo da média na maioria das estações.
Quando comparamos os resultados obtidos com a TSM no ano de 1998, tabela 3
constata-se uma sequência de 33 períodos com temperatura abaixo do normal no Pacífico
Equatorial no início do trimestre JJA. Como visto nas tabelas 1 e 2o trimestre DJF é aquele
que apresenta a maior oscilação da variabilidade pluviométrica.
Tabela 3 - TSM Pacifico Equatorial entre os anos de 1998 e 2008
Ano DJF JFM FMA MAM AMJ MJJ JJA JAS ASO SON OND NDJ
1998 2.1 1.8 1.4 1 0.5 -0.1 -0.7 -1 -1.2 -1.2 -1.3 -1.4
1999 -1.4 -1.2 -1 -0.9 -0.9 -1 -1 -1 -1.1 -1.2 -1.4 -1.6
2000 -1.6 -1.4 -1.1 -0.9 -0.7 -0.7 -0.6 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.8
2001 -0.7 -0.6 -0.5 -0.3 -0.2 -0.1 0 -0.1 -0.1 -0.2 -0.3 -0.3
2002 -0.2 -0.1 0.1 0.2 0.4 0.7 0.8 0.9 1 1.2 1.3 1.1
2003 0.9 0.6 0.4 0 -0.2 -0.1 0.1 0.2 0.3 0.4 0.4 0.4
2004 0.3 0.2 0.1 0.1 0.2 0.3 0.5 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7
2005 0.6 0.6 0.5 0.5 0.4 0.2 0.1 0 0 -0.1 -0.4 -0.7
2006 -0.7 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.1 0.2 0.3 0.5 0.8 0.9 1
2007 0.7 0.3 0 -0.1 -0.2 -0.2 -0.3 -0.6 -0.8 -1.1 -1.2 -1.3
2008 -1.4 -1.3 -1.1 -0.9 -0.7 -0.5 -0.3 -0.2 -0.2 -0.3 -0.5 -0.7
Fonte: CPC/NCEP/NOAA
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Nos anos de 2002/03, 2004/05 há uma tendência de aumento da média das
temperaturas que, porém, não se mantém por um período longo. No trimestre JAS de 2007
até o trimestre MJJ se tem, mais uma vez caracterizada a ocorrência de La Niña. E, fazendo
um paralelo com o índice de padronizado na figura 1 é possível perceber que várias
estações apresentaram chuvas abaixo da média.
Por fim, temos a análise do último período ( 2009 a 2014) – tabela 4 -. Esse período
apresenta uma significativa variação espaço temporal da precipitação entre as estações. Os
anos que apresentam maior similaridade na distribuição espacial da precipitação são 2009 e
2013. A exceção fica a cargo da estação de Fernandes Pinheiro, em 2009 e Clevelândia, em
2013, que apresentaram anos super secos; diferindo, assim, das outras estações.
Tabela 4 - TSM Pacífico Equatorial entre os anos de 2009 e 2015
Fonte: CPC/NCEP/NOAA
Essa variabilidade espacial das precipitações pode ser explicada por meio dos dados
de TSM expostos na tabela 5, onde se observa a alternância de ocorrência entre os
fenômenos El Niño e La Niña e períodos significativos de TSM normal. Mas ressalta o ano
de 2013 que apresentou anomalia negativa em três trimestres apresentam anomalia
negativa, mas que não caracteriza ocorrência de La Niña. Apesar de estar fora da série
temporal podemos notar que no trimestre FMA do ano de 2015 evidencia a ocorrência de El
Niño.
4 – Conclusão
Para a elaboração deste trabalho buscou-se articular vários conceitos e
metodologias propostas por pesquisadores e autores reconhecidos na área da Climatologia
Geográfica. A partir de Sant’Anna Neto (2009), que apresenta uma proposta de estudo do
clima subsidiada na abordagem de várias escalas de espaço e tempo, passando pelas
teleconexão aqui apresentado por Carvalho e Ambrizi (2009), conceitos e metodologias para
Ano DJF JFM FMA MAM AMJ MJJ JJA JAS ASO SON OND NDJ
2009 -0.8 -0.7 -0.4 -0.1 0.2 0.4 0.5 0.6 0.7 1 1.2 1.3
2010 1.3 1.1 0.8 0.5 0 -0.4 -0.8 -1.1 -1.3 -1.4 -1.3 -1.4
2011 -1.3 -1.1 -0.8 -0.6 -0.3 -0.2 -0.3 -0.5 -0.7 -0.9 -0.9 -0.8
2012 -0.7 -0.6 -0.5 -0.4 -0.3 -0.1 0.1 0.3 0.4 0.4 0.2 -0.2
2013 -0.4 -0.5 -0.3 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 -0.3
2014 -0.5 -0.6 -0.4 -0.2 0 0 0 0 0.2 0.4 0.6 0.6
2015 0.5 0.4 0.5 0.7 0.9 1 1.2 1.5 1.8 2 2.3
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identificação de ENOS colocada por Oliveira, a Semiologia Gráfica representada na Matriz e
Bertin e fechando o MGCTI proposto por Nouaceur, Lignel e Turki (2014).
O destaque desse trabalho se dá com esta última. As etapas propostas pela MGCTI
foram utilizadas para sintetizar a distribuição da variabilidade de chuvas tanto no espaço
como no tempo. A MGCTI permitiu condensar dados espaciais em escala reduzida,
permitindo assim que a análise seja feita com os dados em conjunto; ao contrário do que é
usualmente feito nos trabalhos científicos que analisam dados individualmente, usando
muitas vezes, somente medições estatísticas.
A análise em conjunto dos dados das precipitações anuais para o estado do Paraná,
comparados com os dados de ENOS e TSM, permitiu a identificação da alternância de
períodos, da série histórica, predominantemente úmidos ou secos. Foi possível perceber,
também, a estreita relação – salvo algumas poucas estações - entre as oscilações da TSM
no Pacífico Equatorial com a variação das chuvas nas estações estudadas.
Outro ponto que cabe ser destacado é que o emprego do MGCTI auxiliou no esforço
de suplantar as dificuldades apontadas por Sant’Anna Neto (2009), no que se refere ao
aumento da complexidade quando se investiga a variabilidade e o comportamento do clima
em escalas regionais. Segundo o autor isso ocorre por serem as escalas regionais mais
complexas e requererem uma abordagem combinada entre ação da circulação geral em
conjunto com a circulação atmosférica secundária que, por sua vez, é influenciada tanto
pelos elementos quanto pelos fatores do clima - fatores intervenientes -.
Os resultados obtidos a partir do emprego da metodologia MGCTI sugerem que essa
dificuldade tenha sido superada, pois esta permitiu a análise em conjunto dos dados, além
da possibilidade da utilização de dados observados e, principalmente, manipulados o
mínimo possível tendo em vista terem sido poucos os métodos estatísticos utilizados.
Ficaram evidenciadas nas análises, que nem todas as estações corresponderam,
numa relação direta, com o ENOS e a TSM tendo, algumas apresentadas variabilidades
dissonantes em relação às outras do conjunto. Esse é outro ponto a ser considerado quando
do emprego do MGCTI. Os dados e as diferenças observadas na variabilidade pluviométrica
anual da série histórica apresentadas por algumas estações reforçam como o MGTCI pode
ser interessante, podendo ser utilizado como um filtro e permitindo, a partir do estudo mais
aprofundado das exceções, identificar alguma forçante em escala local.
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5 – Referências CAVALCANTI, I.A.; AMBRIZI, T. Teleconexões e sua influência no Brasil. In: Tempo e clima no Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2009. DANNI-OLIVEIRA, I.M., MENDONÇA, F.Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo : Oficina de Textos, 2007. OLIVEIRA, G.S. El niño e você: o fenômeno climático. São José dos Campos, SP : TRANSTEC, 1999. SANT’ANN NETO, J.L. Escalas geográficas do clima:mudança, variabilidade e ritmo. In: Climatologia urbana e regional: questões teóricas e estudos de caso. Org. Margarete Cristiane da Costa Trindade Amorim, João Lima Sant’Anna Neto, Ana Monteiro. 1 ed. São Paulo : Outras Expressões, 2013 NOUACEUR; LAIGNEL; TURKI.Changementclimatiqueenafrique du nord: vers des conditions plus chaudeset plus humidesdans le moyen atlas marocain et sesmarges. In: XXVII Colloque de l’AssociationInternationale de Climatologie. 2014. Anais… 2014, p. 387 – 393 NOOA, National Oceanic and Atmospheric Administration. CPC, Climate Predction Center NCEP, National Centers for Environmental Predictions – CPC. Disponível em http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/analysis_monitoring/ensostuff/ensoyears.shtml. Acesso 27 jan. de 2016.