vida cristã

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Primeira parte do livro A Prática da Vida Cristã Para adquirir, acesse: www.orlandodeoliveira.com.br Ou consulte: [email protected]

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Introdução

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Introdução

O cristão e a vida cristã

“Como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele.” (Colossenses 2.6)

A vida do cristão aponta em três direções – para Deus,

para si mesmo e para o mundo; e em cada uma delas há responsa-bilidades a cumprir.

A Deus, cumpre ao cristão adorar e servir. Para que a adoração seja como Deus requer, “em espírito e em verdade”, ele deve examinar permanentemente a sua palavra, para conhecê-lo mais e mais. E, para servi-lo, deve procurar, pela palavra, conhecer a sua vontade e realizá-la.

Em relação a si mesmo, cabe o conselho de Paulo a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”, e isto implica que o fiel vai viver “no meio de uma geração pervertida e corrupta,” onde ele vai cumprir a sua missão: “na qual resplandeceis como luzeiros do mundo; preservando a palavra da vida...” (Fp 2.15,16)

Quanto ao mundo perdido, o seu anseio deve ser o mesmo de Deus, que “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”. Somos cooperadores de Deus nessa tarefa de proclamar o seu perdão por meio de Cristo.

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No mundo, onde se desenvolve a vida do cristão, há segmentos importantes onde a presença e a atuação do filho de Deus poderá fazer diferença:

A Igreja, na sua comunidade local, onde ele adora a Deus em comunhão com os outros membros do corpo de Cristo;

A Sociedade organizada, com a qual convive e que aprimora com o seu trabalho e testemunho cristão;

O Estado constituído, que trabalha para o bem comum, ao qual ele se sujeita, zelando pelo cumprimento das leis e contribuindo, com seus tributos e impostos, para a realização de seus serviços.

Mas é preciso entender que em todas essas esferas de relacio-namento há ruídos de toda ordem, porque os homens não são perfeitos, não são iguais e em tudo têm uma percepção limitada. Existem desvios de conduta, injustiças, inversão de valores, erros de avaliação, rivalidades, discriminações, negligência do serviço público que gera reações populares, e tantas outras mazelas.

Num mundo que não conhece a paz de Cristo, o cristão deve ser um promotor da paz e um anunciador das boas novas; nas relações pessoais, sujeitas a atritos, deve exercitar o perdão; e, no círculo familiar, deve ser exemplar e ter como alvo a determinação de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.”

O presente estudo propõe abordar vários desses temas, sem qualquer pretensão de esgotá-los. Eles serão complementados pelo que já existe sobre o assunto, sem perder de vista que o verdadeiro manual da vida cristã sempre será o Novo Testamento.

“Vós sois o sal da terra (...) Vós sois a luz do mundo...” (Mateus 5.13,14)

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Como ler a Bíblia

Vamos começar por corrigir o título. A Bíblia não é sim-

plesmente um livro para ser lido, como um outro livro, e sim para ser estudado. É o livro-texto dos cristãos, concebido pela mente de Deus, para a nossa edificação:

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3.16,17)

A compreensão maior da verdade que já conhecemos é uma tarefa individual e, tanto quanto possível, diária, em momentos reservados, e não podemos deixar com o pregador, nos cultos semanais, a tarefa principal de nos suprir com o alimento da palavra. Ao contrário, a pregação é apenas uma lição que temos de levar para casa, para servir de ponto de partida para um estudo mais aprofundado.

E se, nesse estudo, encontrarmos alguma discrepância entre o que nos foi ministrado e o texto da Bíblia, o pastor certamente não deixará de nos esclarecer ou, se tiver se equivocado, até de nos agradecer.

Vale a pena lembrar a razão por que muitas classes de escola dominical são chamadas de bereana:

“Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escri-turas todos os dias para ver se as cousas eram, de fato, assim.”

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Métodos de leitura

Métodos questionáveis

Isto posto, fica evidente que a maneira tradicional de ler porções da Bíblia a cada dia, para terminar a leitura em um prazo, geralmente de um ano, não é a ideal, porque prioriza cumprir a tarefa diária mais do que assimilar a verdade do texto.

Outro método de leitura é o de abrir a Bíblia ao acaso. Se o texto se mostra interessante, seguimos adiante; se não, abrimos em outro texto. Por este critério, perdemos parte da revelação e da ação de Deus na história de seu povo.

Um terceiro método é o de procurar na Bíblia um versículo ou um salmo que nos dê estímulo para viver aquele dia. Neste caso, sempre vamos evitar textos que nos confrontem e nos corrijam.

Um método recomendável. Abrangência e aproveitamento

Na leitura continuada da Bíblia, livros de grande utilidade para edificação dos filhos de Deus, como o de Salmos e os do Novo Testamento, só serão alcançados após um longo tempo de leitura.

Então, o recomendável é que se dividam pelos dias da semana os livros da Bíblia, segundo a sequência das divisões dos seus conteúdos. Assim, a cada semana, pode-se ler cada parte da Bíblia.

Dentro desse critério, devemos ainda ser flexíveis quanto até onde queremos chegar ao término de cada leitura.

O importante é assimilar o conteúdo da palavra e, caso for preciso pausar a leitura para consultar um dicionário ou comentário bíblico, só temos a ganhar.

Mas primeiro, devemos esgotar os nossos próprios recursos, para entender o que lemos, através do contexto e de textos paralelos.

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É preciso aliar a prática à leitura

Tiago vai ao ponto: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

“Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural (...) e para logo se esquece de como era a sua aparência.

“Mas aquele que considera, atentamente, (...) não sendo ouvin-te negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” (Tg 1.22-25)

Ao ler a palavra de Deus, tenho de me perguntar o que o texto está requerendo de mim. À semelhança de uma carta, é como se a Bíblia tivesse sido escrita especialmente para mim.

O que devo crer?

“Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm 8.28)

Textos como esse nos reforçam a fé num Deus que nos permite passar por tribulações, para exercitar a nossa paciência, para em seguida nos socorrer com sua graça, suscitando o nosso louvor.

O que devo praticar?

“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.” (Mt 7.24)

Qual o resultado da nossa obediência aos ensinos de Jesus?

Crescemos no conhecimento de Cristo e nos firmamos solida-mente na verdade, conforme lemos em Efésios 4.14.

“Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.”

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O que devo almejar?

“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” (2Tm 4.8)

As promessas de bem-aventuranças eternas devem ser o anseio alimentado pelos filhos de Deus. Servirão para desapegá-los dos valores instáveis deste século, sofrer com resignação as suas tribulações e trabalhar para o progresso do reino dos céus.

Algumas regras básicas de interpretação

O sentido de qualquer doutrina não se esgota num único texto

É o caso da oração que, em alguns lugares, parece franquear para o fiel pedir o que quiser, quando em 1João 5.14 limita a resposta a que o pedido se enquadre dentro da vontade divina.

Note quem está falando

Pode ser Deus ou um enviado de Deus, como pode ser Satanás ou um ímpio, ou até um homem bem intencionado, como Gamaliel, cuja opinião, mesmo providencial na ocasião, é em parte questionável, quanto a serem efêmeras as heresias (At 5.38).

A Bíblia é inspirada no sentido de que todo o seu registro foi orientado por Deus, mas os atos e as palavras dos seus persona-gens nem sempre refletem o caráter de Deus, o mesmo que ocorre com um outro livro, em relação ao seu autor.

Tanto quanto possível, interprete a Bíblia literalmente

No caso, por exemplo, do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, não há por que questionar uma interpretação literal.

Se, ao contrário, um dos membros do nosso corpo nos escanda-lizar, não seria sensato cortá-lo, como lemos em Mateus 5.29,30, porque o corpo serve apenas à natureza boa ou má do homem. Tanto os textos simbólicos como as parábolas encerram verdades, que devem ser interpretados à luz do ensino geral das Escrituras.

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Atitudes corretas diante das Escrituras

O Espírito Santo de Deus é quem nos conduz a toda a verdade (Jo 16.13), e ele, que sonda os corações, sabe se nos aproxima-mos da palavra de Deus com a atitude devida.

Comprometimento – Significa que a leitura da Bíblia não seja simplesmente para cumprir uma rotina diária. Quem assim proce-de, por certo não espera que Deus lhe fale por meio da palavra.

O motivo que nos deve levar a abrir a Bíblia é o de conhecer os preceitos de Deus e, então, praticá-los. Erram os que não se dispõem a conhecer os preceitos de Deus, mas erram muito mais aqueles que, após conhecê-los, se negam a cumpri-los:

“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.

“Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.” (Jo 5.39,40)

Conhecer a Escritura, sem maior compromisso, somente para provar sua religiosidade, torna-se um sério risco para a alma!

Honestidade – Podemos abrir as Escrituras com o propósito de encontrar textos que sustentem nossas opiniões ou as doutrinas da igreja; porém, o único compromisso deve ser com a verdade.

Nessa busca, tanto é possível que se reforce a fé na verdade, como se venha a torcer a palavra, incorrendo em grave pecado.

Pedro, referindo-se aos escritos de Paulo, admite que “há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2Pe 3.16).

“As cousas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para

sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”

(Deuteronômio 29.29)

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Fé e oração

Oração é o ato de nos dirigirmos a Deus, numa atitude

de adoração, submissão e fé, na convicção de que ele se dispõe a nos ouvir em nossas petições.

A importância da fé: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.” (Hb 11.6)

A importância da oração: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.” (Mt 7.7,8)

A relação entre oração e fé é aqui tratada.

A oração não dispensa a fé

Os discípulos no barco – Enquanto atravessavam o mar da Galileia, após um dia exaustivo, Jesus adormeceu no barco. Logo em seguida, levantou grande tempestade no mar, e o barco estava a ponto de naufragar.

Diante do perigo, os discípulos, aflitos, “chegando-se a ele, despertaram-no, dizendo: Mestre, mestre, estamos perecendo! Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a bonança. Então, lhes disse: Onde está a vossa fé? Eles, possuídos de temor e admiração, diziam uns aos outros: Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhes obedecem?” (Lc 8.24,25)

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Foi bom que os discípulos recorressem a Jesus, como numa oração, mas teria sido melhor que o não tivessem feito, crendo que, com Cristo Jesus presente, nenhum mal lhes sobreviria.

Por isso, a despeito do pedido desesperado, foram repreen-didos. A sua fé ainda não tinha a dimensão de avaliar em Jesus o senhor das forças da natureza!

A fé pode até dispensar a oração!

Jonas no barco – O profeta Jonas pode até ser acusado de discriminação, por ser indiferente à conversão dos ninivitas.

Considerava a sua missão dispensável, porque sabia que, obedecendo ou desobedecendo à ordem divina, Deus já havia decidido poupar a Nínive (Jn 4.2).

Mesmo negando-se a cumprir a ordem divina, não se pode atri-buir ao profeta falta de fé. Em meio à tempestade no navio em que fugia de sua missão, enquanto os marinheiros, desatinados, invocavam cada um o seu deus, onde estava Jonas e o que fazia?

“Jonas, porém, havia descido ao porão do navio e se deitado; e dormia profundamente.” (1.5)

E, para fazer cessar a tempestade, após contar que fugia da presença de Deus, a sugestão que pasmou os marinheiros:

“Tomai-me e lançai-me ao mar, e o mar se aquietará, porque eu sei que, por minha causa, vos sobreveio esta grande tempestade.” (1.12)

O testemunho de Jonas, feito em circunstâncias alheias à sua vontade, deu resultado positivo, entre os ocupantes do navio, que, passada a tormenta, glorificaram a Deus:

“E levantaram a Jonas e o lançaram ao mar; e cessou o mar da sua fúria. Temeram, pois, estes homens em extremo ao SENHOR; e ofereceram sacrifícios ao SENHOR e fizeram votos.” (1.15,16)

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Só aí, no ventre do peixe, orou a Deus, prometendo cumprir a sua missão. Mesmo a contragosto, pregou e Nínive se arrependeu.

Apenas um homem que gozasse de intimidade com Deus, mesmo a ponto de questioná-lo, poderia ter tal desprendimento e tal confiança nas providências de Deus!

Quando a fé é suficiente e a oração, insuficiente

Pedro na prisão e a igreja em oração – Após martirizar Tiago, o rei Herodes resolveu prender a Pedro, guardando-o no cárcere, para submetê-lo ao povo depois da Páscoa. Como já havia agra-dado aos judeus, com a morte de Tiago, o destino de Pedro não deveria ser diferente.

“Pedro, pois, estava guardado no cárcere; mas havia oração incessante a Deus por parte da Igreja a favor dele. Quando Hero-des estava para apresentá-lo, naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias, e sentinelas à porta guardavam o cárcere.” (At 12.5,6)

Depois de solto, milagrosamente, pelo anjo, Pedro se dirigiu à casa onde os irmãos oravam por ele, batendo na porta. A criada, percebendo quem era, de tão alegre, não abriu a porta, correndo antes para avisar os que ali oravam, mas estes não acreditaram:

“Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em afirmar que assim era. Então, disseram: É o seu anjo.” (15)

Então, para que oravam, senão para a libertação de Pedro?

Neste caso, não faltou oração. Faltou fé! Ao passo que, para Pedro, a fé lhe bastava, e assim podia dormir tranquilo!

Reflita – Quando se ora por chuva, é prudente sair com guarda-chuva!

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As expressões da fé

“Fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” (Hebreus 11.1)

Nessa conhecida definição, temos duas aplicações da fé:

Quanto aos fatos passados – “A convicção de fatos que se não veem.” Inclui a revelação e os fatos já transcorridos, a partir da criação, conforme as Escrituras. Ocupa a maior parte da Bíblia.

Quanto ao que se espera – “A certeza de cousas que se espe-ram.” Tem a ver com as profecias futuras, como a volta de Cristo, e outros fatos escatológicos. Mas também com as promessas de Deus para seus filhos, para atender às suas necessidades.

Da aplicação da fé pelos filhos de Deus é que a seguir se trata.

Fé que ora

A oração serve para dizer a Deus (1) que confiamos na sua promessa e esperamos pelo seu cumprimento; (2) ou, que buscamos a sua vontade quanto ao que desejamos; (3) ou, então, que acatamos com boa vontade a sua disposição contrária ao que desejamos, confiando na sua sabedoria.

Fé que ora pelo cumprimento da promessa

Mesmo tendo lido na profecia de Jeremias que o exílio da Babilônia terminaria em setenta anos, estando a se cumprir, Daniel pôs-se a orar, confessando o pecado da nação, pedindo pelo povo desterrado, pela cidade e o santuário assolados.

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“Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.” (Dn 9.19)

Deus então tocou o coração de Ciro, o persa, que permitiu o retorno dos judeus, para restauração do templo, conforme o livro de Esdras; e, em Neemias, se conta a reedificação dos muros.

É bem verdade que “Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”.

Nesse caso, Deus não precisa que seja lembrado por nossas orações para que venha a cumprir o que prometeu.

Mas temos que dizer a Deus que estamos aguardando o cumprimento de sua promessa, que estamos preparados para recebê-la, que não somos dignos dela e que vamos louvá-lo e testemunhar pelo que ele fizer.

Isso nos tira da apatia e leva a envolver-nos nos interesses do reino de Deus.

Fé que ora quando se busca uma resposta

Ana era estéril, e durante anos orou para conceber.

Finalmente, estando no templo, em lágrimas, a futura mãe de Samuel foi estimulada por Eli, o sacerdote, a crer que Deus res-ponderia à sua oração. E assim aconteceu.

Depois de Samuel, que dedicou a Deus, para servir na casa de Deus, junto ao sacerdote, nasceram-lhe outros filhos.

Não devemos cessar de orar, até que tenhamos resposta, que vai ser sempre, a critério divino, a que melhor nos convém.

“Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer.” (Lc 18.1) E a lição: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite...?”

Pais que oram pela conversão dos filhos nem sempre vivem o suficiente para verem suas orações respondidas.

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Fé que acata com boa vontade a vontade contrária de Deus

Paulo orou três vezes para que Deus lhe afastasse algo que o afligia, o “espinho na carne”. A resposta veio negativa, mas com uma compensação: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.”

Diante disso, a reação positiva do apóstolo:

“De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas (...). Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2Co 12.7-10)

O “não” de Deus pode significar um duplo “sim” a nosso favor, tanto porque evitará alguma cousa que não nos resultaria em bem, como, se viermos a aceitar de boa vontade a sua decisão contrária, algo muito melhor poderá estar nos esperando.

É compreensível almejar e até tentar alguma conquista em alguma área da vida, mas não é sábio pedir a Deus que nos ajude a alcançá-la!

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamen-tos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR.” (Is 55.8)

Ao tempo em que batalhamos pelo que queremos, devemos colocar os nossos propósitos diante de Deus, pedindo que a sua vontade prevaleça.

Oração de dois profetas com respostas opostas

Daniel – “Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras...” (Dn 10.12)

Jeremias – “Não rogues por este povo para o bem dele.” (Jr 14.11) Povo contumaz, que Deus queria punir, para pesar do profeta.

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Fé que obedece

Os exemplos abaixo nos ajudam a entender a relação entre a obediência e a bênção.

Três exemplos típicos

O cego de nascença, depois de ter os olhos untados, lavou-se na fonte de Siloé, e, feito isso, voltou vendo.

Os discípulos, mesmo relutando, por haverem tentado pescar a noite toda, lançaram as redes, e o que resultou foi uma fartís-sima pesca.

Os dez leprosos se dirigiram ao sacerdote, a quem precisa-vam apresentar-se sãos e, enquanto a caminho, se viram curados.

O que há de comum

É importante notar, nos exemplos mencionados, que o milagre não foi prometido, estava apenas implícito, quando foi condicio-nado a um ato de obediência.

Obediência é tudo

Se Jesus é Senhor, o que cumpre é obedecer, e isso já é o maior dos privilégios. A bênção será sempre uma ação soberana da graça de Deus, que não corresponde a nenhuma obra do homem.

“Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe?” é um desafio a que ninguém julgue que Deus lhe deve algo! Mas, ainda assim, obedecer sempre vai resultar em bênção.

Fé que espera

A experiência de fé de Abraão e Sara consistiu simplesmente em esperar pelo cumprimento da promessa de gerar um filho. E esperaram por vinte e cinco anos, até que, encanecidos, cessasse toda a expectativa humana. A esperança serviu-lhes de alento à fé. De fato, a esperança alimenta a fé e a fé alimenta a esperança.

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“Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Rm 8.24,25)

Saul perdeu o reino por não suportar esperar

O profeta Samuel, por ordem divina, instruiu Saul, rei de Israel, a esperar um tempo por ele, para o sacrifício, antes da peleja con-tra os filisteus. Findo o prazo, o rei, vendo o povo inquieto e já se dispersando, pôs-se ele mesmo a oferecer o sacrifício. Logo, che-ga o profeta que, reprovando-o, lhe diz: “Já agora não subsistirá o teu reino. O SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo.” (1Sm 13.8-14)

Fé que, olhando o passado, enxerga o futuro

Contrariamente aos outros espias, e a todo o povo do deserto, Josué e Calebe acreditaram que os gigantes cananitas seriam derrotados, e as cidades fortificadas cairiam. Olhando para trás, e vendo todos os sinais operados por Deus, sujeitando as forças da natureza em favor do seu povo, como poderiam duvidar que meros homens pudessem resistir às ações do poder divino?

Por isso, o fiel deve ter na memória (e até por escrito) as bên-çãos passadas, para que sirvam de marco e estímulo para a sua fé, quando tiver de enfrentar uma nova batalha. A dificuldade pode ser diferente, mas o Deus da misericórdia será sempre o mesmo!

“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (Tg 1.17)

Fechando e abrindo o céu pela oração

“Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos senti-mentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.” (Tg 5.17,18)

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A medida da fé

A fé tem diversos tamanhos. Estranhamente, quem devia

mostrar a maior fé, os discípulos, foram chamados de “homens de pequena fé”, e dois estrangeiros, a mulher siro-fenícia e o cen-turião romano, foram os únicos elogiados por sua fé (“Ó mulher, grande é a tua fé!” e “Nem mesmo em Israel achei fé como esta.”).

Na conhecida ilustração, a fé, mesmo do tamanho de um pe-queno grão de mostarda, pode chegar a “transportar montes”.

Muitos exemplos extraordinários de fé são mostrados na história do povo de Deus, e inúmeros deles são relatados no capítulo onze da epístola aos Hebreus.

De que depende a fé

Não se trata aqui da fé genérica, aquela que admite que Deus existe, que é o Criador e que tudo pode.

Isso não é o bastante, quando nos defrontamos com algum problema pessoal!

A fé vem da palavra

“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.” (Rm 10.17)

Falando de modo geral, o conceito de fé, que alcança o que es-peramos, condiciona que: (1) Exista uma promessa; (2) Essa pro-messa tenha a ver conosco; (3) Quem fez a promessa é confiável.

Depois de tudo isso, ainda é necessário que decidamos crer!

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Aplicando, a fé só terá sentido se conhecermos as promessas da Bíblia, se elas se aplicam a nós e se quem no-las fez foi Deus.

Em consequência, quanto mais conhecermos da palavra de Deus, das suas promessas, e do quanto Deus é fiel, tanto mais fé poderemos exercitar e tanto mais alcançaremos.

“Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”, disse Jesus aos saduceus. Invertendo o sentido, diremos que, quem se dedica a conhecer as Escrituras, vai encontrar muitís-simos exemplos do poder de Deus atuando em resposta à fé.

O resultado da fé é o que esperamos

Dois exemplos

O tamanho dessa expectativa está ilustrado em dois exemplos, sob o ministério do profeta Eliseu.

O azeite da viúva – A viúva de um discípulo de profeta, pobre e endividada, prestes a ver os seus dois filhos serem levados como escravos para pagamento das dívidas, foi instruída pelo profeta a reunir todas as vasilhas que pudesse e, assim o fez, emprestadas dos vizinhos.

Então o profeta pediu que ela entornasse o azeite que lhe restava da botija para dentro das vasilhas. Ela o fez, e assim encheu todas as vasilhas de que dispunha. E aí, o que aconteceu?

“Cheias as vasilhas, disse ela a um dos filhos: Chega-me, aqui, mais uma vasilha. Mas ele respondeu: Não há mais vasilha nenhu-ma. E o azeite parou.” (2Re 4.6)

O azeite parou, após encher a última vasilha!

Este era o tamanho de sua fé que, mesmo tendo uma medida, não foi pequena.

“Então, foi ela e o fez saber ao homem de Deus; ele disse: Vai, vende o azeite e paga a tua dívida; e, tu e teus filhos, vivei do resto.”

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O rei e as flechas – Doente, o profeta foi visitado pelo rei de Israel, Jeoás, que estava em guerra com a Síria.

O profeta prometeu-lhe vitória contra o inimigo.

Em seguida, pediu-lhe que ferisse a terra com as suas flechas, como se estivesse ferindo os siros.

O rei obedeceu: “... ele a feriu três vezes e cessou.

“Então, o homem de Deus se indignou muito contra ele e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então, feririas os siros até os consumir; porém, agora, só três vezes ferirás os siros.” (2Rs 13.18,19)

A fé sempre vai ter o resultado proporcional ao seu tamanho!

A aplicação da promessa disponível a todos

“E isto afirmo:

“Aquele que semeia pouco pouco também ceifará;

“E o que semeia com fartura com abundância também ceifará.” (2Co 9.6)

O texto fala em se usar os bens para prover as necessidades dos nossos irmãos de fé.

A decisão por inteiro é do doador (“segundo tiver proposto no coração”) e deve expressar alegria (“porque Deus ama a quem dá com alegria”).

Mesmo que não se dê visando receber outro tanto,

“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (8).

Portanto, do que dermos, o quanto representa do pouco ou do muito que temos, vai, na mesma proporção, retornar como bênção de Deus.

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A fé pode ter três momentos

A fé pode nascer – Ao pai do jovem possesso, que lhe pedira: “Se tu podes alguma cousa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”,

Jesus respondeu: “Se podes! Tudo é possível ao que crê.

“E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (Mc 9.22-24)

A fé pode crescer – “Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.” (Lc 17.5)

Trata-se de um desejo e um pedido justo, mas, na verdade, não podemos pedir a Deus que nos aumente a fé, se não estamos utilizando a fé que temos!

Aos que investiram os seus talentos, Jesus prometeu:

“Porque a todo que tem se lhe dará, e terá em abundância.”

A fé pode... morrer! – “Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.8)

Neste caso, cabe uma missão àqueles que mantêm a fé:

“Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.” (Tg 5.19,20)

A autoimagem deve corresponder à medida da fé

“Pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com mode-ração, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.”

(Romanos 12.3)

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LEIA

DO MESMO AUTOR

O APOCALIPSE EM TODA A BÍBLIA

Procurando tirar o Apocalipse do “isolamento”

Inserindo o conteúdo do Apocalipse no restante da Bíblia, e vice-versa, como uma só revelação.

As palavras dos profetas ganharão sentido e as profecias do Apocalipse ficarão muito, muito mais claras!

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Page 25: Vida Cristã

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TEMAS COMPLEXOS DA BÍBLIA

Um livro de referências para dificuldades bíblicas

Esclarecendo 53 temas de maior complexidade

“O que foi o pecado original?” “Por que Judas traiu Jesus?” “Por que os irmãos de Jesus não criam nele?”

Explicando frases enigmáticas de Jesus

“Os últimos serão os primeiros...” e mais

Elucidando supostos erros na Bíblia

“Os quatro cantos da terra” e mais

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