violencia contra idosos sinan brasil2010
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1 Coordenao Geral de
Vigilncia de Doenas e
Agravos No
Transmissveis
(CGDANT), Secretaria de
Vigilncia em Sade (SVS),
Ministrio da Sade (MS).
Esplanada dos Ministrios
Bloco G Edifcio Sede Sala
142. 70058-900 Braslia
DF. marcio.mascarenhas@
saude.gov.br2 Programa de Ps-
Graduao em Cincias
Mdicas, Universidade
Estadual de Campinas,
Campinas-SP3 Fundao Municipal de
Sade, Teresina-PI
Ministrio da Sade,
Secretaria de Vigilncia em
Sade
Violncia contra a pessoa idosa: anlise das notificaesrealizadas no setor sade Brasil, 2010
Violence against the elderly: analysis of the reportsmade in the health sector - Brazil, 2010
Resumo O objetivo do estudo foi descrever noti-ficaes de violncia contra os idosos (> 60 anos)
captadas pelo Sistema de Informao de Agravos
de Notificao verso net (Sinan Net) em 2010.
Realizou-se estudo descritivo, retrospectivo, com
dados analisados no Stata verso 11. Estimaram-
se razes de proporo (RP) de violncia segundo
variveis selecionadas. Das 3.593 notificaes de
violncia contra idosos, 52,3% eram referentes ao
sexo feminino. A violncia fsica foi significativa-
mente mais frequente no sexo masculino (RP =
0,82), no grupo com 60 a 69 anos, fora do domic-
lio, praticada por agressores que no eram filhos,
com suspeita de ingesto de bebida alcolica. A
violncia psicolgica foi mais frequente entre ido-
sas (RP = 2,17), no domiclio, infligida pelos fi-
lhos, com suspeita de uso de bebida alcolica e de
maneira crnica. A negligncia predominou no
sexo feminino (RP = 1,24), no grupo a partir de
70 anos, no domiclio, perpetrada pelos filhos e
recorrente. A violncia sexual foi mais comum no
sexo feminino (RP = 5,21), por agressores que no
eram filhos, mas que consumiram bebida alcoli-
ca. O conhecimento das diferentes manifestaes
da violncia contra idosos subsidia aes para o
seu enfrentamento, identificando caractersticas
de vulnerabilidade onde as redes de apoio podem
intervir.
Palavras-chave Violncia, Maus-tratos, Idoso,
Vigilncia epidemiolgica
Abstract The scope of this study was to describe
reports of violence against the elderly (e 60 years)
reported in the Information System for Notifiable
Diseases - net version (Sinan Net) in 2010. We
conducted a descriptive, retrospective study with
data analyzed by Stata version 11. We estimated
proportion ratios (PR) of violence according to
selected variables. Of the 3,593 reports of violence
against the elderly, 52.3% were against females.
Physical violence was significantly more frequent
against males (PR=0.82) in the group aged 60 to
69 years, out of the home, committed by offenders
who were not sons and were suspected of drinking
alcohol. Psychological violence was more common
among elderly people (PR=2.17), in the home, in-
flicted by sons, with suspected chronic alcohol
abuse. Negligence was predominant among females
(P R=1.24), in the group above 70 years of age, in
the home, recurrently perpetrated by sons. Sexual
violence was more common against females
(PR=5.21), by offenders who were not children,
but who consumed alcohol. The knowledge of the
different manifestations of violence against the eld-
erly supports actions to combat them, identifying
characteristics of vulnerability in which support
networks may intervene.
Key words Violence, Abuse, Elderly, Epidemiolo-gical surveillance
Mrcio Dnis Medeiros Mascarenhas 1
Silvnia Suely Carib de Arajo Andrade 2
Alice Cristina Medeiros das Neves 1
Ana Amlia Galas Pedrosa 3
Marta Maria Alves da Silva 1
Deborah de Carvalho Malta 1
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Introduo
O envelhecimento populacional um fenmenoverificado por meio do aumento na proporode pessoas idosas (60 anos e mais) resultante dodeclnio da fecundidade, da queda nas taxas demortalidade e do aumento da expectativa devida1,2. Segundo dados dos ltimos censos reali-zados pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatstica (IBGE)3, a composio etria do Bra-sil vem apresentando constante aumento da pro-poro de idosos: em 1980 existiam 7,2 milhesde pessoas com idade a partir de 60 anos, en-quanto em 2010 este contingente populacionalchegou a somar 20,6 milhes. Ou seja, o nmerode pessoas idosas aumentou 2,9 vezes em 40 anos,chegando a representar 10,8% da populao bra-sileira em 2010.
Alm dos fenmenos inerentes ao processo deenvelhecimento, como as modificaes fisiolgicase patologias consideradas tpicas da terceira idade,a pessoa idosa tambm est susceptvel ao fen-meno da violncia. Trata-se de um problema comconsequncias devastadoras para os idosos, poisacarreta baixa qualidade de vida, estresse psicol-gico, falta de segurana, leses e traumas, bem comoo aumento da morbidade e mortalidade4,5. A vio-lncia contra o idoso um ato (nico ou repetido)ou omisso que lhe cause dano ou aflio e resulta,na maioria das vezes, em sofrimento, leso, dor,omisso ou perda dos direitos humanos e reduoda qualidade de vida do idoso6,7.
Observada particularmente nas culturas oci-dentais, a violncia contra o idoso uma mani-festao independente do nvel socioeconmicoe se justifica pela concepo socialmente aceita deque o idoso considerado como algo descartvelou um peso social. Trata-se de um segmento dapopulao pelo qual se nutre um desejo socialde morte, que se expressa, sobretudo, nos con-flitos intergeracionais, maus-tratos e neglignci-as nas esferas poltico-institucionais e, marcada-mente, no mbito do domiclio8.
Em 2009, as causas externas (acidentes e vio-lncia) ocuparam a sexta posio entre os bitosde idosos no Brasil, totalizando 21.453 mortes,das quais 1.929 foram devidas a agresses (ho-micdios). O risco de morte por homicdio entreidosos foi de 9,9 por 100 mil idosos, sendo que orisco de morte entre homens (19/100 mil) foi setevezes o das mulheres (2,7/100 mil) na mesmafaixa etria9.
Dada sua importncia como problema desade pblica, a violncia contra a pessoa idosatornou-se objeto de vigilncia epidemiolgica no
Brasil a partir de 2006, por meio da implantaodo Sistema de Vigilncia de Violncias e Aciden-tes (VIVA)10, atendendo ao que determina a Lein. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), artigo 19:os casos de suspeita ou confirmao de maus-tratos contra idoso sero obrigatoriamente co-municados pelos profissionais de sade11. Re-centemente, a redao anterior foi alterada pelaLei n. 12.461/2011: os casos de suspeita ou con-firmao de violncia praticada contra idosossero objeto de notificao compulsria pelosservios de sade pblicos e privados autori-dade sanitria, bem como sero obrigatoriamentecomunicados por eles12.
O VIVA possui dois componentes: vigilnciacontnua e vigilncia por inqurito. O primeirocomponente consiste na captao contnua dedados sobre violncia domstica, sexual e/ou ou-tras violncias pelos servios de sade10. No per-odo de 2006 a 2008, os dados do VIVA Contnuoeram digitados no aplicativo Epi Info 3.5.1 (Cen-ters for Disease Control and Prevention, Atlanta,Estados Unidos). A partir de 2009, os dados pas-saram a integrar o Sistema de Informao deAgravos de Notificao verso Net (Sinan Net),o que facilitou a expanso do VIVA e a obrigato-riedade da notificao de violncia em serviossentinela por meio da Portaria MS/GM n. 2.472/201013. Em 2011, por meio da Portaria MS/GMn. 104/2011, a violncia foi includa na relao dedoenas e agravos de notificao compulsria emtodo o territrio nacional, ou seja, passou a serum agravo de notificao universal em todos osservios de sade do Brasil14.
Frente a esta nova realidade demogrfica eepidemiolgica, na qual se destaca a violnciacontra a pessoa idosa, necessrio analisar e di-vulgar o perfil das notificaes realizadas nos ser-vios de sade. Portanto, o presente artigo tempor objetivo descrever as notificaes de violn-cia contra a pessoa idosa captadas pelo Minist-rio da Sade no ano de 2010.
Mtodos
Estudo descritivo, retrospectivo, realizado comdados obtidos no Sistema de Informao de Agra-vos de Notificao verso Net (Sinan Net)abrangendo as notificaes de violncia doms-tica, sexual e/ou outras violncias na populaode idosos (> 60 anos) realizadas no perodo de01 de janeiro a 31 de dezembro de 2010.
Para os fins de notificao no Sinan Net, vio-lncia considerada como o uso intencional de
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fora fsica ou do poder, real ou em ameaa, con-tra si prprio, contra outra pessoa, ou contraum grupo ou uma comunidade que resulte outenha possibilidade de resultar em leso, morte,dano psicolgico, deficincia de desenvolvimen-to ou privao6.
Segundo diretrizes do Ministrio da Sade15,so passveis de notificao de violncia contra apessoa idosa casos suspeitos ou confirmados de:
Violncia fsica (sevcia fsica, maus-tratos f-
sicos ou abuso fsico): atos violentos, nos quais sefaz uso da fora fsica de forma intencional, noacidental, com o objetivo de ferir, lesar, provocardor e sofrimento ou destruir a pessoa, deixando,ou no, marcas evidentes no seu corpo.
Violncia psicolgica: toda forma de rejeio,depreciao, discriminao, desrespeito, cobran-a exagerada, punies humilhantes e utilizaoda pessoa para atender s necessidades psquicasde outrem.
Tortura: ato de constranger algum comemprego de fora ou grave ameaa, causando-lhe sofrimento fsico ou mental com a finalidadede obter informao, declarao ou confisso davtima ou de terceira pessoa, provocar ao ouomisso de natureza criminosa, em razo de dis-criminao racial ou religiosa.
Violncia sexual: qualquer ao na qual umapessoa, valendo-se de sua posio de poder e fa-zendo uso de fora fsica, coero, intimidaoou influncia psicolgica, com uso ou no de ar-mas ou drogas, obriga outra pessoa de qual-quer sexo a ter, presenciar, ou participar, dealguma maneira, de interaes sexuais ou a utili-zar, de qualquer modo, a sua sexualidade, comfins de lucro, vingana ou outra inteno.
Trfico de seres humanos: inclui o recrutamen-to, o transporte, a transferncia, o alojamento depessoas, recorrendo ameaa, ao rapto, frau-de, ao engano, ao abuso de autoridade, ao usoda fora ou a outras formas de coao, ou situ-ao de vulnerabilidade, para exercer prostitui-o, ou trabalho sem remunerao, escravo oude servido, ou para remoo e comercializaode rgos, com emprego ou no de fora fsica.
Violncia financeira (econmica): ato de vio-lncia que implica dano, perda, subtrao, des-truio ou reteno de objetos, documentos pes-soais, bens e valores de outrem.
Negligncia (abandono): omisso pela qual sedeixou de prover as necessidades e os cuidadosbsicos para o desenvolvimento fsico, emocio-nal e social de outrem.
Interveno legal: ato violento praticado du-rante interveno por agente legal pblico, isto ,
representante do Estado, polcia ou de outro agen-te da lei no uso da sua funo.
Os dados foram captados por meio da Fichade notificao/investigao individual de violn-
cia domstica, sexual e/ou outras violncias, quecontm variveis sobre: vtima/pessoa atendida,ocorrncia, tipologia da violncia, consequnciasda violncia, leso, provvel agressor, evoluo eencaminhamentos. A ficha preenchida nos ser-vios de sade e outras fontes notificadoras (asi-los, centros de convivncia, centros de refernciapara vtimas de violncia) e os dados so digita-dos no Sinan Net no nvel municipal e transferi-dos para as esferas estadual e federal para com-por a base de dados nacional.
As notificaes de violncia contra idosos fo-ram analisadas segundo: caractersticas demo-grficas das vtimas (sexo, idade, raa/cor da pele,escolaridade, situao conjugal, presena de de-ficincia ou transtorno); caractersticas da ocor-rncia (local, violncia de repetio, natureza daleso, parte do corpo atingida, evoluo); tipo deviolncia e meio de agresso; caractersticas doagressor (sexo, tipo, suspeita de consumo de be-bida alcolica). Os registros foram importadosdo Sinan Net e as anlises estatsticas foram pro-cessadas no programa Stata verso 11 (StataCorp., College Station, Estados Unidos). Foramcalculadas propores e realizadas comparaesentre as variveis qualitativas por meio do testedo qui-quadrado (2), com nvel de significnciade 5%. Estimaram-se razes de proporo (RP)e respectivos intervalos de confiana de 95%(IC95%) para os tipos de violncia mais frequen-tes segundo variveis selecionadas.
O projeto de implantao do VIVA foi apro-vado pela Comisso Nacional de tica em Pes-quisa (CONEP) do Conselho Nacional de Sa-de. Por se tratar de uma ao permanente de vi-gilncia epidemiolgica instituda pelo Minist-rio da Sade em todo o territrio nacional, nofoi emitido termo de consentimento livre e escla-recido. Porm, foram garantidos o anonimato ea confidencialidade das informaes nos regis-tros para preservar a identidade dos indivduosque compunham a base de dados analisada.
Resultados
Foram registradas 3.593 notificaes de violn-cia contra idosos nos estabelecimentos notifica-dores do Sinan Net no ano 2010. As notificaeseram procedentes de 524 municpios brasileiros.A mediana de notificaes foi igual a 44, varian-
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do de uma notificao em Sergipe a 1.073 notifi-caes em So Paulo, estado responsvel poraproximadamente 30% de todas as notificaes.No houve notificaes no estado do Par (da-dos no apresentados).
As caractersticas demogrficas dos idososvtimas de violncia encontram-se detalhadas naTabela 1. Do total de casos notificados, 52,3%referiam-se a vtimas do sexo feminino. A mdiade idade dos idosos vtimas de violncia foi de71,1 anos (desvio-padro = 8,8 anos), variandode 60 a 109 anos. Aproximadamente metade dosidosos tinha de 60 a 69 anos de idade (50,2%),64,8% declararam-se brancos, 87,9% referiramter concludo at 8 anos de estudo, 58,1% notinham companhia marital e 21,8% informarampossuir algum tipo de deficincia ou transtorno.Observou-se diferena significativa na distribui-o das notificaes segundo faixa etria, cor dapele e situao conjugal: a proporo de idososcom idade a partir de 70 anos, de pele branca eque viviam sem parceria conjugal foi maior nosexo feminino. No foi observada diferena sig-
nificativa para as variveis escolaridade e presen-a de deficincia ou transtornos.
A maioria dos episdios de violncia contraidosos ocorreu no domiclio (78,8%) e mais dametade das vtimas referiu que j tinha sido vio-lentada previamente (53,6%). As mulheres foramvtimas de violncia no domiclio e de violncia derepetio em maior proporo comparativamen-te aos homens. Aproximadamente 11% das noti-ficaes apontavam a ocorrncia de leses auto-provocadas, porm no foi possvel saber se ha-via inteno de suicdio. Essa informao foi sig-nificativamente mais prevalente no sexo masculi-no (13,1%). Quanto natureza da leso, predo-minaram os eventos que resultaram em leses dotipo corte/lacerao/amputao (25,5%), comocorrncia superior entre os homens, e contuso/entorse/luxao (22,6%), com maior frequnciaentre as mulheres. A regio da cabea/pescoo(44,3%) foi o principal alvo das leses resultantesde violncia contra idosos, principalmente entreos homens (50,2%), enquanto as leses em mem-bros superiores (19,5%) foram mais frequentes
Fonte: Ministrio da Sade, Secretaria de Vigilncia em Sade, Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN).aExcludos os registros com raa/cor da pele amarela (n = 18) e indgena (n = 21). bOs totais divergem devido a dadosfaltantes (em branco/ignorado). cInclui deficincia fsica, mental, visual, auditiva, transtorno mental, de comportamento eoutras deficincias/sndromes.
Caractersticas
Faixa etria (anos)60-69> 70Total
Raa/cor da pelea
BrancosNegros (pretos+pardos)Totalb
Escolaridade (anos de estudo)< 8> 9Totalb
Situao conjugalSolteiro/vivo/separadoCasado/unio consensualTotalb
Possui deficincia ou transtornoc
SimNoTotalb
N
900813
1.713
798485
1.301
70393
796
544545
1.089
236915
1.151
Tabela 1. Notificaes de violncia contra idosos segundo caractersticas demogrficas por sexo. Brasil, 2010.
%
52,547,5
100,0
62,237,8
100,0
88,311,7
100,0
50,050,0
100,0
20,579,5
100,0
N
903977
1.880
1.005493
1.519
768110878
795422
1.217
3021.0141.316
%
48,052,0
100,0
67,132,9
100,0
87,512,5
100,0
65,334,7
100,0
22,977,1
100,0
N
1.8031.7903.593
1.803978
2.820
1.471203
1.674
1.339967
2.306
5381.9292.467
%
50,249,8
100,0
64,835,2
100,0
87,912,1
100,0
58,141,9
100,0
21,878,2
100,0
Feminino(N = 1.880;
52,3%)
Masculino(N = 1.713;
47,7%)
Total(N = 3.593;
100%)
p-valor
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entre as vtimas do sexo feminino (22,3%). O prin-cipal desfecho dos episdios de violncia foi a alta(90,4%), com maior frequncia entre as mulheres(92,5%). Aproximadamente 6% dos casos evolu-ram ao bito por violncia, com proporo mai-or entre os idosos do sexo masculino (8,2%). To-das as caractersticas da ocorrncia apresentaramdiferenas significativas entre homens e mulheres(Tabela 2).
A Tabela 3 mostra a distribuio das notifica-es de violncia contra idosos segundo tipo deviolncia e meio de agresso por sexo da vtima.Os tipos de violncia mais relatados foram: abu-
so fsico (67,7%), violncia psicolgica (29,1%) enegligncia (27,8%). Em menor proporo, fo-ram referidos casos de violncia financeira (7,9%),abuso sexual (3,7%) e tortura (3,3%). Com exce-o do abuso fsico, significativamente mais fre-quente entre os homens, os casos de violncia psi-colgica, negligncia, financeira, sexual e torturaapresentaram frequncia significativamente mai-or entre as mulheres. Os meios mais utilizadospara efetivar as agresses contra idosos foramfora corporal (47,8%) e ameaa (16,6%), comdistribuio proporcional significativamente su-perior entre as mulheres. Tambm foram relata-
Fonte: Ministrio da Sade, Secretaria de Vigilncia em Sade, Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN). aInclui
residncia e habitao coletiva. bOs totais divergem devido a dados faltantes (em branco/ignorado). cInclui intoxicao e
queimadura (n = 156).
Caractersticas
Ocorrncia no domiclioa
SimNoTotalb
Violncia de repetioSimNoTotalb
Leso autoprovocadaSimNoTotalb
Natureza da lesoCorte/lacerao/amputaoContuso/entorse/luxaoFratura/traumasOutrosc
Sem lesoTotalb
Parte do corpo atingidaCabea/pescooTrax/abdome/pelveMembros superioresMembros inferioresMltiplas regiesTotalb
EvoluoAltaEvasobito por violnciabito por outras causasTotalb
N
911410
1.321
439586
1.025
15810501.208
525279186226250
1.466
588170202
72140
1.172
1.16019
10826
1.313
Tabela 2. Notificaes de violncia contra idosos segundo caractersticas da ocorrncia por sexo. Brasil, 2010.
%
69,031,0
100,0
42,857,2
100,0
13,186,9
100,0
35,819,012,715,417,1
100,0
50,214,517,2
6,111,9
100,0
88,31,48,22,0
100,0
N
1.389209
1.598
766459
1.225
1031.1111.214
210373126277431
1.417
336139204
87147913
1.167304519
1.261
%
86,913,1
100,0
62,537,5
100,0
8,591,5
100,0
14,826,3
8,919,630,4
100,0
36,815,222,3
9,516,1
100,0
92,52,43,61,5
100,0
N
2.300619
2.919
1.2051.0452.250
2612.1612.422
735652312503681
2.883
924309406159287
2.085
2.32749
15345
2.574
%
78,821,2
100,0
53,646,4
100,0
10,889,2
100,0
25,522,610,817,423,6
100,0
44,314,819,5
7,613,8
100,0
90,41,95,91,7
100,0
Feminino(N = 1.880;
52,3%)
Masculino(N = 1.713;
47,7%)
Total(N = 3.593;
100%)
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dos como meios de agresso objeto perfurocor-tante (9,8%), objeto contundente (8,8%) e armade fogo (4,5%), com frequncia significativamen-te maior entre os homens.
A maioria dos eventos de violncia contra ido-sos foi causada por agressores do sexo masculi-no (66,4%), com proporo significativamentemais elevada entre os homens (72,1%). Os agres-sores eram, em sua maioria, filhos (32,2%), pes-soas desconhecidas (15,6%), parceiros conjugais(13,9%) e outras pessoas conhecidas pela vtima(11,8%). Houve diferena significativa na distri-buio dos agressores segundo o sexo da vtima:as mulheres foram violentadas mais frequente-mente por filhos e parceiros conjugais do que oshomens. Estes, por sua vez, foram vtimas de pes-soas desconhecidas e de seu crculo de convvioem maior proporo do que o observado entreas idosas. A suspeita de que o agressor fez uso debebida alcolica foi apontada por 40,4% das v-timas, sendo significativamente mais relatada pe-las mulheres (44%) do que pelos homens (36,1%)(Tabela 4).
Na Tabela 5, apresentam-se a frequncia, pro-poro e razo de propores dos tipos mais noti-ficados de violncia contra idosos segundo carac-tersticas selecionadas. A violncia fsica foi signifi-cativamente mais frequente no sexo masculino (RP= 0,82), no grupo com 60 a 69 anos de idade (RP =1,36), ocorrida fora do domiclio (RP = 0,77), pra-ticada por agressores que no eram os filhos (RP =0,60), com suspeita de ingesto de bebida alcolica(RP = 1,26). A violncia psicolgica foi duas vezesmais frequente entre idosas (RP = 2,17), ocorridano domiclio (RP = 2,00), infligida pelos filhos (RP= 1,59), com suspeita de uso de bebida alcolica(RP = 1,60) e de maneira crnica (RP = 2,51). Anegligncia predominou no sexo feminino (RP =1,24), no grupo a partir de 70 anos (RP = 0,34),ocorrida no domiclio (RP = 2,07), perpetrada pe-los filhos (RP = 3,39), sem suspeita de ingesto debebida alcolica (RP = 0,4), de maneira recorrente(RP = 3,51). A violncia sexual foi cinco vezes maiscomum no sexo feminino (RP = 5,21), por agres-sores que no eram os filhos (RP = 0,25), mas queconsumiram bebida alcolica (RP = 2,11).
Fonte: Ministrio da Sade, Secretaria de Vigilncia em Sade, Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN). aOs
totais divergem devido a dados faltantes (em branco/ignorado). bNo totaliza 100%, pois trata-se de varivel com mltipla
resposta. cNo foi calculado o teste do qui-quadrado (2) e o p-valor devido a existncia de clula com valor menor que cinco.
Caractersticas
Tipo de violnciab
FsicaPsicolgica/moralNegligncia/abandonoFinanceira/econmicaSexualTorturaInterveno legalc
OutrosMeio de agressob
Fora corporalAmeaaObjeto perfurocortanteObjeto contundenteArma de fogoEnforcamentoEnvenenamentoSubstncia/objeto quenteOutro
N
1.199263366
851735
388
685128199165110
604614
217
Tabela 3. Notificaes de violncia contra idosos segundo tipo de violncia e meio de agresso por sexo.Brasil, 2010.
%
74,618,024,7
5,81,22,40,26,3
45,99,1
13,911,6
7,74,23,21,0
16,5
N
1.046636501155
9666
797
775356
879321524521
269
%
61,339,130,6
9,76,04,20,46,4
49,623,8
5,86,21,43,53,01,4
19,1
N
2.245899867240113101
10185
1.460484286258131112
9135
486
%
67,729,127,8
7,93,73,30,36,4
47,816,6
9,88,84,53,83,11,2
17,8
Feminino(N = 1.880;
52,3%)
Masculino(N = 1.713;
47,7%)
Total(N = 3.593;
100%)
p-valor
0,0000,0000,0000,0000,0000,007
-0,979
0,0390,0000,0000,0000,0000,2740,6950,3070,079
-
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341, 2
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Discusso
O presente estudo apresenta, de maneira indita,as primeiras anlises acerca dos casos de violn-cia contra idosos notificados no mbito dos ser-vios de sade do Brasil em 2010. Revela, ainda,importantes diferenciais do perfil epidemiolgi-co da violncia contra o idoso segundo gnero,permitindo conhecer com mais detalhes aspec-tos relacionados vtima, ao evento notificado eao agressor.
No Brasil, ainda so escassos os estudos queestimam a prevalncia de violncia contra idososou que descrevam os aspectos epidemiolgicosdesses casos de maneira padronizada para o pas.Segundo dados do Suplemento de Sade da Pes-quisa Nacional por Amostra de Domiclios(PNAD)16, realizada em 2008, a prevalncia de vio-lncia entre idosos foi estimada em 1,4%, inde-pendente do tipo. Um inqurito de base populacio-nal realizado com idosos de Niteri (Rio de Janei-ro)17 identificou uma prevalncia de violncia fsi-ca de 10,1% e 7,9% dos entrevistados referiramter sofrido violncia grave no ano anterior pes-
quisa. Em reviso sistemtica sobre a prevalnciade maus-tratos na terceira idade, Espndola eBlay18 encontraram estudos conduzidos em di-versas regies do mundo, principalmente nos Es-tados Unidos e na Europa, que apontavam a pre-valncia de abuso fsico na populao idosa varian-do de 1,2% (Holanda) a 18% (Finlndia).
Na presente casustica, predominaram as v-timas do sexo feminino, metade dos idosos apre-sentava 60 a 69 anos de idade, e a maioria eraconstituda de brancos, com at 8 anos de estu-do, sem companhia marital, com local de ocor-rncia na residncia, alm da identificao de vio-lncia de repetio. Achados semelhantes foramencontrados em diversos outros estudos19-21, osquais apontam as mulheres idosas, com baixaescolaridade e solteiras, as vtimas mais vulner-veis violncia.
Entretanto, em estudo transversal realizadono Instituto de Medicina Legal do Recife (Per-nambuco)21 identificou-se que a maioria dos ido-sos vtimas de violncia era do sexo masculino,pardos, casados e com idade entre 60 e 69 anos.Porm, o estudo tambm revelou a residncia
Fonte: Ministrio da Sade, Secretaria de Vigilncia em Sade, Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN). aOstotais divergem devido a dados faltantes (em branco/ignorado). bNo totaliza 100%, pois trata-se de varivel com mltiplaresposta. cInclui cnjuge, ex-cnjuge, namorado(a), ex-namorado(a). dInclui pai, me, padrasto, madrasta.
Caractersticas
Sexo do agressorMasculinoFemininoAmbosTotala
Agressorb
FilhosDesconhecidosParceirosc
ConhecidosIrmosPaisd
OutrosSuspeita de consumo de bebida alcolica
SimNoTotala
N
846193134
1.173
324260
99181
5012
442
317560877
Tabela 4. Notificaes de violncia contra idosos segundo caractersticas do agressor por sexo. Brasil, 2010.
%
72,116,511,4
100,0
26,121,0
8,014,6
4,11,0
33,0
36,163,9
100,0
N
871378164
1.413
533150269127
5017
505
460585
1.045
%
61,626,811,6
100,0
37,510,819,1
9,23,71,2
34,1
44,056,0
100,0
N
1.717571298
2.586
857410368308100
29947
7771.1451.922
%
66,422,111,5
100,0
32,215,613,911,8
3,91,1
33,6
40,459,6
100,0
Feminino(N = 1.880;
52,3%)
Masculino(N = 1.713;
47,7%)
Total(N = 3.593;
100%)
p-valor
0,000
0,0000,0000,0000,0000,5510,5380,5590,000
-
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Tabela 5. Nmero de casos (n), proporo (%) e razo de propores (RP) de violncia contra idosossegundo caractersticas selecionadas por tipo de violncia. Brasil, 2010.
Fonte: Ministrio da Sade, Secretaria de Vigilncia em Sade, Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN). aOs
totais divergem devido a dados faltantes (em branco/ignorado). IC95%: intervalo de confiana de 95%. As diferenas
estatisticamente significantes apresentam-se em negrito.
Caractersticas
SexoFemininoMasculino
Faixa etria (anos)60-69> 70
Ocorrncia no domiclioSimNo
Agresso pelos filhosSimNo
Agressor consumiu bebida alcolicaSimNo
Violncia de repetioSimNo
Fsica Psicolgica
RP
0,82
1
1,36
1
0,77
1
0,60
1
1,26
1
0,71
1
(IC95%)
(0,78-0,86)
-
(1,30-1,43)
-
(0,73-0,82)
-
(0,56-0,65)
-
(1,19-1,34)
-
(0,67-0,75)
-
na
1.0461.199
1.306939
1.330476
3621.328
586689
684852
%
61,374,6
78,057,3
60,678,3
44,774,2
77,961,7
59,083,0
RP
2,17
1
0,991
2,00
1
1,59
1
1,60
1
2,51
1
(IC95%)
(1,92-2,46)
-
(0,88-1,10)-
(1,66-2,41)
-
(1,42-1,78)
-
(1,41-1,81)
-
(2,18-2,89)
-
na
636263
444455
769102
334470
321295
556188
%
39,118,0
28,929,3
36,318,1
42,126,5
44,127,6
48,619,4
Tipo de violncia
Caractersticas
SexoFemininoMasculino
Faixa etria (anos)60-69> 70
Ocorrncia no domiclioSimNo
Agresso pelos filhosSimNo
Agressor consumiu bebida alcolicaSimNo
Violncia de repetioSimNo
Negligncia Sexual
RP
1,24
1
0,34
1
2,07
1
3,39
1
0,40
1
3,51
1
(IC95%)
(1,11-1,39)
-
(0,29-0,39)
-
(1,70-2,53)
-
(2,98-3,85)
-
(0,33-0,49)
-
(2,85-4,34)
-
na
501366
211656
71090
421274
94352
38192
%
30,624,7
13,841,2
33,316,0
52,015,3
13,232,9
33,69,6
RP
5,21
1
1,371
0,851
0,25
1
2,11
1
0,35
1
(IC95%)
(3,12-8,68)
-
(0,95-1,98)-
(0,55-1,32)-
(0,13-0,49)
-
(1,30-3,42)
-
(0,22-0,54)
-
na
9617
6548
7925
983
3827
2666
%
6,01,2
4,33,1
3,84,5
1,24,7
5,42,5
2,46,8
como o principal local de ocorrncia do eventoviolento. Um dos argumentos que explicaria amaior frequncia de situaes de violncia nodomiclio, tanto entre homens como mulheresidosas, seria o fenmeno do choque de geraes,
permeado por disputas por espao fsico e tam-bm por dificuldades financeiras na famlia22.
A literatura21 mostra que as leses em idososresultantes de situaes de violncia apresentamgravidade leve, acometendo mais de uma parte
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do corpo, predominantemente braos e ombro;essas caractersticas no apresentaram diferen-as significativas entre homens e mulheres. To-davia, no presente estudo com os dados oriun-dos do Sinan Net, foram evidentes as diferenasentre idosos e idosas quanto natureza da leso:as leses de corte/lacerao/amputao forammais frequentes no sexo masculino e a regio decabea e pescoo, a mais atingida.
A fora corporal foi o meio de agresso maisutilizado em ambos os sexos, corroborando comachados de outros estudos21. Porm, a ameaafoi maior entre as mulheres. Estes dados podemestar relacionados predominncia de leses le-ves, resultando em evoluo para alta na maio-ria dos idosos deste estudo, no obstante a ocor-rncia de alguns bitos em decorrncia da vio-lncia, principalmente no sexo masculino. Umahiptese para este fato a provvel associaocom a utilizao de objetos/arma de fogo emmaior proporo contra as vtimas do sexo mas-culino, o que pode ser demonstrado pelo cres-cente aumento proporcional de homicdios entreidosos do sexo masculino nas ltimas dcadas8.
Na presente anlise, as mulheres foram agre-didas por filhos e parceiros conjugais, enquantoque os homens sofreram violncia perpetradapor desconhecidos. Tal constatao confirma-da pela literatura21,23, que aponta a maior parti-cipao de agressores do sexo masculino e co-nhecidos da vtima quando se investiga a epide-miologia da violncia contra idosos. No presentetrabalho, as mulheres foram mais frequentemen-te vtimas de violncia psicolgica, negligncia,financeira, sexual e tortura do que os homens.Um estudo realizado na Finlndia demonstrouque as violncias psicolgica, financeira e a negli-gncia tambm foram mais prevalentes no sexofeminino. O abuso fsico tambm foi predomi-nante entre as idosas finlandesas18. Entretanto,os nossos dados demonstraram maior propor-o de violncia fsica entre os homens.
O relato de suspeita de uso de lcool peloagressor foi mais frequente entre as idosas, e osseguintes tipos de violncia foram relacionadosao consumo de lcool: violncia fsica, neglign-cia e abuso sexual. Problemas com uso de lcoolso associados violncia contra os idosos e osagressores provavelmente apresentam distrbi-os de personalidade, abuso de outras drogas edificuldades na relao idoso-cuidador6. Limita-es cognitivas e fsicas, isolamento social, fato-res culturais como a aceitao da violncia, dis-criminao de pessoas idosas, aglomerao naresidncia, ser portador de doena crnica, fragi-
lidade nas relaes familiares e histrico de vio-lncia familiar so reconhecidas como fatores derisco para o idoso com relao a situaes deviolncia8,24.
Como limitao do presente estudo, aponta-se o pequeno nmero de notificaes, dificultan-do a elaborao de um panorama geral sobre asituao de violncia contra os idosos no pas.Em 2010, apenas 524 (< 10%) dos mais de 5,5 milmunicpios brasileiros3 apresentaram notificaesde casos de violncia no Sinan Net. O nmero denotificaes por estado tambm foi pequeno einexistente no estado do Par naquele ano. Essaconstatao evidencia a expressiva subnotificaoda violncia na populao de idosos, pois outrasfontes de informao como a mdia denunciam aocorrncia desse agravo rotineiramente. Dentreas razes descritas para a subnotificao, citam-se a dificuldade de denncia da violncia domsti-ca contra os idosos, o despreparo dos profissio-nais de sade para investigar os casos (falta decapacitao e conhecimento de protocolos de in-vestigao), a infraestrutura deficiente de atendi-mento e fragilidade das redes de apoio22,25-27.
Diversas iniciativas, como o Disque Idoso emSobral (Cear)22, tem contribudo para aumen-tar os canais de comunicao entre a populaoe os servios de sade, principalmente em situa-es que envolvem violncia contra idosos. En-tretanto, a construo de redes de apoio efetivaspara o atendimento integral dos idosos requer ocomprometimento do Estado e da sociedade ci-vil26. A Organizao Mundial de Sade6 reco-nhece a notificao como uma ferramenta de in-terveno contra a violncia. Logo, a reduo dasubnotificao bem como a melhoria da quali-dade dos registros essencial para o conheci-mento da magnitude das situaes de violnciavivenciadas pelos idosos, a implementao demedidas preventivas e de apoio s vtimas e aaplicao de modelos mais resolutivos28,29.
A partir dos resultados aqui apresentados,conclui-se que a violncia contra a pessoa idosafoi mais prevalente no sexo feminino, pessoassem convvio marital, ocorrida no domiclio eperpetrada por pessoas do convvio das vtimas.Mesmo com necessidade de aprimoramento, osdados do Sistema de Vigilncia de Violncias eAcidentes geram informaes que contribuempara avanar na capacitao dos profissionaisde sade, consolidao e melhoria das redes deapoio s vtimas, monitoramento e prevenodos casos de violncia contra idosos. Para di-mensionar a real magnitude do problema da vio-lncia contra os idosos no Brasil, faz-se necess-
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Colaboradores
MDM Mascarenhas, SSCA Andrade e ACM Ne-ves trabalharam na concepo, delineamento doestudo, anlise dos dados e redao do manus-crito. AAG Pedrosa, MMA Silva e DC Malta con-triburam na interpretao dos resultados, revi-so e crtica do manuscrito. Todos os autoresaprovaram a verso final do manuscrito.
rio intensificar as notificaes e o primeiro passo fornecer meios para romper o silncio.
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Brasil. Portaria n. 2.472, de 31 de agosto de 2010.
Define as terminologias adotadas em legislao
nacional, conforme disposto no Regulamento Sa-
nitrio Internacional 2005 (RSI 2005), a relao de
doenas, agravos e eventos em Sade Pblica de
notificao compulsria em todo o territrio nacio-
nal e estabelecer fluxo, critrios, responsabilidades
e atribuies aos profissionais e servios de sade.
Dirio Oficial da Unio 2010; 1 set.
Brasil. Portaria 104, de 25 de janeiro de 2011. Defi-
ne as terminologias adotadas em legislao nacio-
nal, conforme o disposto no Regulamento Sanit-
rio Internacional 2005 (RSI 2005), a relao de do-
enas, agravos e eventos em Saude Publica de noti-
ficao compulsria em todo o territrio nacional
e estabelece fluxo, critrios, responsabilidades e
atribuies aos profissionais e servios de sade.
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Artigo apresentado em 10/06/2012
Aprovado em 04/07/2012
Verso final apresentada em 14/07/2012
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