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VuJonga magazine - Cadernos Literários | Sábado – 04/07/20, Edição nº 30 – Pág. 1/32
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VuJonga magazine - Cadernos Literários | Sábado – 04/07/20, Edição nº 30 – Pág. 2/32
20.ª ediçã o
: 03 de Mãio 2020, D
omingo
.
Destaque Editorial… ethos elegíaco: João Craveirinha (sénior) sabem quem foi? (4 de Julho 1997) Págs. 6/9 Dona CACILDA: Gastronomia moçambicana – receita rica em ferro e cálcio – Matapa: folhas de mandioca com leite de côco e camarão seco com arroz ou polenta. Págs. 10/11
MYRIAM JUBILOT d’Carvalho: Rádio Televisão Portuguesa - RTP Memória – “Lá vamos cantando e rindo” (1/2) – a influência do fascismo italiano no ensino de Portugal da década de 1950… e O Livro das Actas. Págs. 12/16
FANISSE CRAVEIRINHA: Saúde Mental e Psicoterapia... (Europa - Covid-19) Págs. 17/21
ADELTO GONÇALVES: (Brasil ) O Reino, a Colônia e o Poder… São Paulo 1788-1797. (divulgação de obra de estudo) Págs. 22/23
SILVYA GALLANNI: Instantâneo, texto e imagem: ‘La Nonna ’ e neta… e Folhas de Outono. Págs. 24/27
FALUME CHABANE: Carta de Moçambique: … Parceria. Págs. 28/29
E-Book free - ‘Haikai’ - Fragrâncias Poéticas: autora Silvya Gallanni. contracapa
índice
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Ficha técnica |
CULINÁRIA | Dona Cacilda da Conceição Dias Craveirinha:
Moçambique | receitas | gastronomia | memórias associativas mestiças.
FILOSOFIA | Myriam Jubilot d’Carvalho: Península Ibérica |
[pseudónimo de Mª de Fátima Oliveira Domingues]
prosa e poesia | crónicas interculturais | ensaio.
REVISÃO | Mª de Fátima Oliveira Domingues: Portugal |
[co-fundadora]
textualidade e contexto | pedagogia | revisão de texto.
PSICOLOGIA CLÍNICA | Fanisse Craveirinha: Europa |
psicoterapias | juventude | reflexões sobre saúde mental quotidiana.
HISTÓRIA | idéias | Adelto Gonçalves: Brasil – Portugal |
resenhas literárias | Lusofonia.
INSTANTÂNEOS | Silvya Galllanni: Portugal – Brasil |
[co-fundadora]
instantâneos | crônicas | poesia | fotografia | revisão gráfica.
ARTE | Mphumo Kraveirinya: ‘Anima Mundi’ |
infografismo | layout | art work | poesia | crítica de arte | esoterika.
COMUNICAÇÃO e CULTURA | João Craveirinha II : CPLP |
[fundador e coordenador]
comunicação e cultura | resenhas | revisão-geral.
E-mail | [email protected]
Facebook | https://www.facebook.com/VuJonga
Instagram | em organização
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VuJonga | magazine digital ilustrado e actualizado,
made in CPLP fundado por: João Craveirinha (CLEPUL);
Silvya Gallanni (RL);
Mª de Fátima Oliveira Domingues (CLEPUL).
Ligações online de VuJonga cadernos literários | 2019/2020.
Silvya Gallanni
https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768
Myriam Jubilot d’ Carvalho |
http://www.myriamdecarvalho.com/
Mphumo Kraveirinya
https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/joo_craveirinha_diversos/
BRASIL | E-book: Recanto das Letras (Américas): https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=212768&categoria=M
MOÇAMBIQUE | PDF: Jornal O Autarca (África Oriental): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/jornal_o_autarca_cidade_da_beira/
PORTUGAL | PDF: Macua Blogs (Europa): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/letras_e_artes_cultura/
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( júnior)
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NOTA PRÉVIA
Neste ano 2.020 do centenário do nascimento de JOÃO (José) CRAVEIRINHA
– sénior, recordamos essa figura única do firmamento pedagógico, associativo e
do funcionalismo público de Moçambique anterior à independência e pouco depois
da mesma. Por altura do seu aniversário natalício no próximo mês de Novembro
2.020 abordaremos com mais detalhes o seu percurso existencial e o porquê dessa
texto de ©João Craveirinha (júnior) | excerto biográfico
ethos elegíaco 1920-1997
“Olá, boa tarde, Sr. Craveirinha. Desculpe-me, estou a procurar para
informações sobre João Craveirinha e eu encontrei a sua pagina de Facebook!
Você é o filho de João? Sou uma historiadora e estou a fazer uma pesquisa
sobre os irmãos Craveirinhas. Muito já esta escrito sobre José Craveirinha,
mas não posso encontrar muitos informações sobre João (senior!). Você está
disposto a falar comigo sobre seu pai? Espero que sim! Muito obrigada, Lilly”
(Haystad. 8 de Agosto de 2017- 21:53)
à Profª Dra. Lilly Havstad (historiadora norte-americana)1
que se preocupou em saber…
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data ser assinalada por nós como registo para estudo de uma memória colectiva,
suscitado pelo interesse de uma historiadora norte-americana. Note-se que João
Craveirinha sénior nasceu no século XX, quando foi dada por terminada a maior
pandemia gripal dos últimos 100 anos estimada entre 20 / 50 milhões de vítimas
humanas, mortais, de 1918 a 1920.
Como é sabido do domínio público, novamente em 2020, o planeta é assolado por
uma segunda pandemia em crescendo – a segunda do século XXI, e a mais forte.
GENEALOGIA EURO-AFRICANA: Excerto da biografia de João Craveirinha sénior no prelo.
JOÃO Craveirinha (sénior) e o irmão José C. (o poeta), eram filhos de um cabo de
polícia português, algarvio de Aljezur, de nome José João Fernandes (1872-1931)
e de uma adolescente (imtombazana) Carlota Mangashane Maphumo (1904-1926).
A mãe, uma jovem africana baNto da região rural do Minchafutene, arredores da
então vila colonial de Lourenço Marques (LM), cerca de 30 – 40 km da baixa.
JOÃO E JOSÉ CRAVEIRINHA2
“O João Craveirinha era irmão mais velho de José Craveirinha.
Conheci ambos ainda na juventude. O João no liceu de Lourenço Marques, onde foi um
estudante brilhante, aluno de quadro de honra. (…) O João Craveirinha, concluído o
liceu, fez-se funcionário de Finanças, um profissional competente, de muito prestígio.
Tive a felicidade de o reencontrar na cidade da Beira, então já director distrital de
Finanças. Foi um curto período, antes do 25.Abril.1974, em que tivemos o ensejo de nos
reunirmos algumas vezes, em almoços familiares muito agradáveis. O João Craveirinha
era muito inteligente, sério e honesto, possuidor de uma simpatia natural.”
(Galha 2005, 139)
4 de Julho 1997 - há 23 anos na grande Lisboa.
Numa madrugada do dia 4 de Julho de 1997 na margem-sul do rio Tejo, João
Craveirinha sénior partiu a dormir sem um a-Deus. Nessa madrugada do dia 4 de
Julho, lá longe na terra do ‘tio Sam,’ fogos de artifício iluminaram o firmamento
comemorando a efeméride do’ Independence Day’ dos E.U.A.
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A referida efeméride regista o ano de 1.776, quando colonos britânicos das 13
colónias na América do Norte se rebelaram contra a sua mãe-pátria ‘Old Albion’
e declaram a Independência do ‘British Empire.’
…Porém, os primeiros 20 escravos africanos do Congo-Angola raptados pelos
portugueses e vendidos 157 anos antes na Virgínia, em 1.619, foram esquecidos
nessa efeméride de 1.776 – ano em que George Washington seria escolhido para
primeiro presidente do novo país que surgia. Num futuro, se afirmaria no mundo
como uma potência global, após a criação da Liga das Nações (LoN) em 1920, na
sequência da Conferência de Paz de Paris (1919-1920). Foi esse mundo que João
Craveirinha sénior encontrou ao nascer!■ Mphumo João Craveirinha (júnior)
NOTAS.
1. Profª Dra. Lilly Havstad:
“Dr. Havstad is a cultural historian of Africa and the diaspora in the modern world with a
PhD from Boston University (2019). She teaches interdisciplinary writing and research
seminars on topics including Africa in the Western Imagination and Narratives of
Development.” (…) Boston University Arts & Sciences Writing Program 2. Gallha, Henrique Terreiro (2005). MOÇAMBIQUE Memórias de uma vivência abortada.
Lisboa: Prefácio – Edição de Livros e Revistas, Lda.
REFERÊNCIAS
1619 August 20 | [Primeiros escravos africanos chegam a Jamestown na América do Norte]
‘First enslaved Africans arrive in Jamestown, setting the stage for slavery in North America’
https://www.history.com/this-day-in-history/first-african-slave-ship-arrives-jamestown-colony
July 4th, 1776 / The Founding Fathers of USA
[4 de Julho 1776 / Os Pais Fundadores dos EUA]
John Adams; Samuel Adams; Benjamin Franklin; Alexander Hamilton; John Jay; Thomas
Jefferson; James Madison e George Washington, entrariam para a História como os ‘Pais
Fundadores dos Estados Unidos da América.’
‘America's History of Slavery Began Long Before Jamestown’
https://www.history.com/news/american-slavery-before-jamestown-1619
[A História da Escravatura na América Começou Antes de Jamestown em 1619]
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“The Founding Fathers | These military leaders, rebels, politicians and writers varied in
personality, status and background, but all played a part in forming a new nation and
hammering out the framework for the young democracy.”
in History: The Founding Fathers.
History: The Founding Fathers. https://www.history.com/topics/american-revolution/founding-fathers-united-states
The History of the Fourth of July.
https://www.military.com/july-4th/history-of-independence-day.html
© Foto familiar de João Craveirinha, sénior, na cidade de Lourenço Marques, Moçambique,
na sala de jantar de sua moradia no bairro da Coop, Rua Almeida Garrett nº 16. Na imagem,
da esquerda para a direita: o filho mais novo, a esposa Dona Cacilda e João Craveirinha,
sénior. Registo fotográfico original datado de 18 de Maio de 1968 no 21º aniversário de
João Craveirinha, júnior, seu filho mais velho, ausente no exílio desde 1967. Emoldurada a
foto da então namorada vila-franquense do aniversariante ao lado da sua. No verso, carimbo
da FOTO PORTUGUESA da Avenida da República, 50, estúdio na mesma cidade.
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https://br.depositphotos.com/stock-photos/folha-de-mandioca.html
MANDIOCA | EMBRAPA
https://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura/cultivos/mandioca
MANI - OCA | GUARANI: | RAIZ da CASA
https://www.dicionariotupiguarani.com.br/dicionario/mandioca/
5 Benefícios da Folha de Mandioca – Para Que Serve e Propriedades
https://www.mundoboaforma.com.br/5-beneficios-da-folha-de-mandioca-para-que-serve-e-propriedades/
Tira-se a folha mais tenrinha, lava-se e pisa-se com alho num pilão ou na
máquina; põe-se numa panela a cozer sem água e pouco sal; depois de secar a
água deita-se o camarão seco pilado sem cabeça; em seguida, deita-se o leite de
coco, deixa-se ferver.
Também se pode juntar caranguejo e, por fim, deita-se um pouco de farinha de
amendoim e deixa-se apurar.
Piripiri encarnado ou malagueta verde ao gosto.
(in Revista Moçambique – D.A. no 8 | ? | cidade de| Lourenço Marques anterior a 1975)
NB: As folhas de mandioca moídas têm alto teor de ferro e cálcio. A origem é
sul-americana. Em guarani chamam-lhe ‘manyoka.’ Acompanha muito bem com
massa de farinha de milho (polenta grossa) mais nutritiva e sem glúten.
Se preferir com arroz branco.
REFERÊNCIAS ADICCIONAIS
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Introdução
No dia 19 do mês de Maio (2020), a RTP Memória encerrou a sua
programação com a retransmissão de um documentário sobre a Mocidade
Portuguesa, da autoria de Joaquim Vieira – "Lá vamos, cantando e rindo..." – uma
produção Nanook de 2015 cuja estreia se verificara na RTP a 19 de Maio de 2015,
pelas 23h30.
A Mocidade Portuguesa era uma instituição educativa paralela ao Ministério
da Educação da era salazarista.
O filme consta de diversas entrevistas a antigos protagonistas, alguns deles
filhos de antigos dirigentes dessa instituição.
Este filme tem todo o interesse, pois não tece comentário algum sobre os
depoimentos que recolhe. Os entrevistados dizem de sua justiça, e a nós, os
espectadores, cabe-nos julgar e comentar.
Daquilo que se observa, os entrevistados representam, de um modo geral,
uma geração de idade já bastante avançada. Mas todos suficientemente lúcidos
para narrarem como viveram a sua passagem pela “Mocidade”, designação com
que essa instituição era antigamente referida na linguagem comum.
Choca. De facto, choca. O filme dá testemunho de como o Salazarismo foi
uma época de boas intenções de fachada, todas abençoadas pela Igreja Católica, e
como a Mocidade Portuguesa, na sua organização paramilitar se destinava a fazer
bons cidadãos – ou seja, conforme é dito no fim da peça, muito de passagem –
cidadãos disciplinados e obedientes. Nesse contexto, a imagem mostra os jovens a
Myriam Jubilot d’Carvalho© 2020
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fazerem a saudação nazi, e simultaneamente, os entrevistados dizem que não havia
nada a ver com “política”.
Segundo essa mentalidade, nada deve ter tido a ver com Política, a ida à
Alemanha de uma delegação da Mocidade Portuguesa – que, segundo o filme, aí
foi muito apreciada.
Recordo-me que vi algures, não sei onde, fotos mostrando o jovem Marcelo
Caetano em Itália, ao lado de Mussolini, numa demonstração dos Camisas Negras
fascistas de Mussolini. Mas este detalhe não é referido no filme.
O filme fez-me pensar nos vários processos educativos da estratégia
salazarista. Por exemplo, quem já se apercebeu de que o livro português de
iniciação à leitura da época salazarista, é inspirado no livro italiano da época de
1933? E certos livros de contos para crianças? Sob aparência inocente, semelhantes
a contos tradicionais, qual a mentalidade que procuravam criar?
É sobre esses dois aspectos que vou focar nos dois textos que se seguem na
próxima edição. O primeiro será um texto apenas visual, contendo fotos dos livros
de iniciação à leitura, o Italiano e o Português, e um texto sobre uma experiência
educativa em África. Os leitores tirarão as suas conclusões.
O segundo texto será sobre um conto para Crianças, de Virgínia de Castro e
Almeida. ■ ©Myriam Jubilot… (imagens de livros originais do arquivo da autora)
1933 – XII. Edição Impressa
em Palermo-Itália.
1951 – 1ª edição
Impressa em Portugal.
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Estamos a meio de 2020! E este já é seguramente o ano em que mais fomos
alertados para a importância da saúde mental, seja através das notícias na televisão,
artigos em jornais ou informações nas redes sociais. "Os Efeitos do Coronavírus
na Saúde Mental são um desastre em Slow Motion."
Provavelmente, o contexto subjacente à pandemia e o confinamento nos
tenham feito parar e reflectir. No entanto, a preocupação com a saúde mental tem
acrescido nos últimos anos em todos os profissionais que diariamente trabalham
neste contexto. As notícias não são animadoras e todos os dias nos confrontamos
com números e histórias surpreendentes.
A saúde mental não se vê!
Talvez por isso, seja tão difícil definir e identificar o que é saúde mental. Sabemos
hoje que não pode ser considerada apenas na ausência de perturbações psicológicas
e que envolve outros critérios e capacidades. Sabemos também que está
intimamente ligada à saúde física e que as duas não se podem dissociar. Por outro
lado, a saúde das nossas relações também tem uma palavra importante a dizer
quando nos referimos a um bem-estar geral e completo.
"Entre janeiro e março, venderam-se mais 400 mil embalagens de
ansiolíticos e antidepressivos."
Ainda que nunca se tenha falado tanto sobre saúde mental, como nos dias de hoje,
a verdade é que o sofrimento humano existe desde sempre. Ao longo da história
Dra. Fanisse Craveirinha©
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da humanidade, o homem foi-se confrontando com problemas que condicionavam
o seu bem-estar psicológico. A perda, o luto, as dificuldades nas interacções
familiares, os conflitos relacionais e os episódios traumáticos fazem parte da
origem da maioria das patologias mentais mais frequentes, como a ansiedade e a
depressão.
Com o passar dos anos e com maior acesso ao conhecimento, a forma encontrada
para lidar com as problemáticas psicológicas foi, ironicamente, dando um lugar
mais significativo à sua ocultação e encobrimento.
Os sintomas vão-se camuflando e mascarando, com recurso cada vez maior
à medicação, ao álcool, ao trabalho em excesso ou a outros equivalentes com a
função de evitar o confronto e assim anestesiar o mal-estar sentido frequentemente,
indo em sentido contrário do tratamento da raiz dos problemas. O sofrimento
permanece e torna-se ainda mais ensurdecedor!
"Portugal é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças
psiquiátricas da Europa."
A saúde mental pode ser vista!
Ultimamente, temos lido e falado muito mais sobre psicoterapia e a sua validade
tem sido solidificada no tratamento de todas as patologias do foro psicológico e
psiquiátrico.
Para os psicoterapeutas nem sempre é fácil descrever e explicar de forma
simples todos os factores envolvidos no sucesso e eficácia da psicoterapia. Até
porque, é um processo prolongado e progressivo.
Há uma analogia curiosa que às vezes me ocorre quando penso na
intervenção psicoterapêutica e que me conduz à era digital e tecnológica que
vivemos hoje.
No mundo da informática, um dos conceitos base é ditado pelo Código-
Fonte. Esta concepção determina o conjunto de palavras ou símbolos escritos com
lógica e ordenação, que pretendem dar instruções em vários tipos de linguagem de
programação. Existem vários tipos de linguagem, com diferentes padronizações e
estas podem ser compiladas e originar um ou vários softwares específicos.
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Que complexidade!
Quando utilizamos incessantemente tecnologias digitais, seja em casa, no trabalho
ou nas compras online, não imaginamos a multiplicidade de factores envolvidos
na criação daquele sistema.
Também assim é a compreensão do funcionamento psicológico de cada um
e a respetiva intervenção psicoterapêutica. Decifrar, compreender e conhecer o
“código-fonte interno” é um dos pilares do processo. Por vezes é o ponto de partida
e logo aí, começam a surgir os primeiros resultados positivos. A saúde mental deve ser olhada para não ser uma miragem!
Na terapia, os problemas psicológicos são entendidos como consequência de
experiências ocorridas que moldam a forma como nos relacionamos com os outros
e connosco próprios. Aqui, com um olhar muito atento e um novo modelo de
compreensão individual, a intervenção psicoterapêutica conduz à saúde mental e
ao bem-estar. Depois, pode dizer-se que se parte para a criação de uma nova
linguagem de programação interna (que se descodificou e voltou a codificar), que
resulta numa diferente capacidade de integração psíquica, maior adaptação ao
próprio mundo interno e aos outros.
Assim, vão-se constituindo alicerces fundamentais para a autonomia
emocional que vai substituindo o sofrimento enraizado, dando lugar a novos e
saudáveis recursos psicológicos.
Ter saúde mental e experienciar um bem-estar geral é conseguir olhar,
escutar e lidar com as tensões normais da vida sem medo, é dormir e comer
naturalmente sem privação ou excesso, é sentir-se bem fisicamente e sem cansaço
persistente, é poder trabalhar de forma produtiva, é ter capacidade para pensar
colectiva e individualmente, é realizar actividades com entusiasmo e para as quais
temos habilidade, é sentir e aproveitar a vida, interagindo saudavelmente com os
outros e com o mundo. ■ ©Fanisse Craveirinha (psicóloga clínica e psicoterapeuta)
POPULAÇÃO MUNDIAL A UM CLIQUE:
Informação Estatística Actualizada ao Segundo.
https://www.worldometers.info/
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ANEXOS | “Onde posso encontrar informações confiáveis” «Syra Madad, directora sénior do Programa de Patógenos Especiais do Sistema de Saúde e
Hospitais de Nova York, e Stephen Morse, professor de epidemiologia na Universidade de
Columbia, desmascararam 13 dos mitos mais comuns sobre o coronavírus. Eles
explicaram como os pacotes da China não vão deixar você doente e que ficar com COVID-
19 não é uma sentença de morte. Eles também desmentiram a ideia de que isso afeta apenas
as pessoas mais velhas - qualquer pessoa pode pegar o coronavírus.» OMS
Coronavirus aka Covid19 Myths and
reality spoken by Dr Syra Madad
and Dr Stephen Morse
https://www.youtube.com/watch?v=CZ55cwtLKPo
https://www.comicsforgood.com/new-page
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O Reino, a Colônia e o
Poder: o governo Lorena
na capitania de São
Paulo – 1788-1797
de Adelto Gonçalves
com Prefácio de
Kenneth Maxwell,
texto de apresentação de
Carlos Guilherme Mota
e fotos de
Luiz Nascimento.
São Paulo: Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo, 408
páginas,
R$ 70,00, 2019.
Site:
www.imprensaoficial.com.br
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Filhas são tesouros no mesmo baú do coração de Mãe… e esta é a minha Dani com a Nonna, minha Mãe… em 1986.
Ah… como o tempo passa… !!!
VuJonga - Cadernos Literários | Sábado – 04/07/20, Edição nº 30 – Pág. 26/32
Um burburinho na janela, shelep…shelep…shelep…
Olhando através da vidraça vejo folhas a cair.
Saio à rua.
Em baixo da árvore percebo o som que dela faz
shelep…shelep…shelep…
Chuva de folhas sobre mim. A natureza nos diz que tudo
se transforma, nada é eterno, nem as tristezas.
Percebo a renovação do dia a dia. As esperanças se renovam.
A felicidade até existe, na transformação da vida,
nas escolhas que fazemos – se queremos ser Primavera,
Verão, Outono ou Inverno.
Na Primavera nos descobrimos
nos cheiros da terra, na beleza da flor, no toque das pétalas.
No Verão, somos calor, algumas vezes escaldantes,
da discussão sobre o tempo.
No Outono…ah outono…nos renovamos
como as árvores… em expectativas que tudo
passe, que as estrelas brilhem no céu aberto,
que as madrugadas enevoadas sejam o
prenúncio de um dia de Sol que nos traga a renovação.
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Shelep…shelep…shelep.
A vida se guarda, e procura forças para novamente surgir.
No Inverno, é feito o resguardo, somos frios;
Somos cobertores de nós mesmos.
A preparar-nos para novamente emergirmos
numa nova etapa do tempo.
Volta a Primavera.
O ciclo se renova, somos a natureza, a beleza
dos dias de Sol, da chuva, dos sheleps…sheleps.
Do renascimento para a vida, que segue, sempre
em frente, diante do mundo que nos diz:
Siga em frente, renove-se, persista, seja luz para
si mesma. Pois a vida, segue seu rumo a cada dia,
segundos, e horas.
Um ciclo, em que tudo vai se transformando, iguais
às estacões do ano.
É um eterno shelep…shelep…shelep…!!!
Silvya Gallanni 13/12/2018
dedicado `a minha filha Dani
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Saber esperar é
uma virtude!
Aceitar,
sem questionar
que cada coisa
tem um tempo
certo para
acontecer…
É ter fé!...
Com
preocupação da
Covid-19
fica tudo ainda
mais difícil!
Falume Chabane
Julho 2020.
VuJonga - Cadernos Literários | Sábado – 04/07/20, Edição nº 30 – Pág. 29/32
VuJonga - todas edições actualizadas em e-Book grátis:
https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=212768&categoria=M
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VuJONGA – significado.
VuJONGA significa ORIENTE, e também por analogia,
povo vaJonga do ‘Sol Nascente’– em língua Jonga.
ORIENTE – ponto cardeal
de uma das quatro direcções principais da rosa-dos-ventos
[Sul – Norte; Ocidente – Oriente]
ShiJonga ou ‘O Jonga’ é um idioma africano que tem a sua origem
milenar no idioma kiKongo, com sede em Bandundu no ‘Congo-
Kinshassa.’ Daí sairiam migrações cíclicas do povo (ba)Kongo, rumo à
África Austral, tomando rumos diferentes a partir do rio Zambeze, a sul
e a norte.
Posteriormente, em fusão genético-cultural, originou outras
variantes idiomáticas, tais como as dos povos Nhandja (Niassa), Guigóne
(Inhambane), Jonga (Móputso), e ainda outras variantes posteriores tais
como ShiSuate (Suazilândia), Zulo (Natal), Shengane (Gaza), ShiTsua
(Inhambane).
A língua Jonga é, pois, um idioma muito antigo da cultura baNto da
capital de Moçambique. Sofreu várias influências linguísticas no decurso
do tempo. Estas são o registo cultural de épocas em que navegadores
europeus e asiáticos circularam pela costa marítima moçambicana, aí
desenvolvendo relações comerciais – mais pacíficas – umas, e outras
mais conflituosas.
Este idioma, shiJonga, encontra-se actualmente em processo de
extinção, devido a imposições ideológicas do poder político
estabelecido desde 1975.■ coordenador JOÃO Craveirinha
VuJonga - Cadernos Literários | Sábado – 04/07/20, Edição nº 30 – Pág. 31/32
1º Esboço de Mapa Etno-Etimológico
da região vaJonga - séculos XVI-XIX
VuJonga - Cadernos Literários | Sábado – 04/07/20, Edição nº 30 – Pág. 32/32
VuJonga – edição literária de autora 2016 /2020 e-Livro Silvya Gallanni: Haikai - Fragrâncias Poéticas
Haikai | Poetic Fragrances | e-Book https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768