william bascom - primeira parte

Upload: ifatunmibi

Post on 08-Apr-2018

251 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    1/49

    IFA DIVINATIONWilliam Bascom

    INTRODUO

    If um sistema de divinao baseado em

    16 configuraes bsicas e 256 derivadas ou secundrias (Od),obtidas por intermdio da manipulao de 16 castanhas depalmeira (ikin) ou pelo manuseio de uma corrente (opl) de oitomeias conchas. O culto de If, na sua qualidade de deus dadivinao, impe cerimnias, sacrifcios, tabus, parafernlias,tambores, cnticos, louvaes, iniciao e outros elementosrituais comparveis aos de outros ritos iorubs; estes no sotratados aqui exaustivamente uma vez que o tema primordial dopresente estudo o de If como um sistema de divinao. Omodus de divinao ser discutido pormenorizadamente maisadiante, mas urna breve descrio faz-se necessria na etapainicial.

    As 16 castanhas de palmeira so pegas pelamo direita, deixando apenas uma ou duas na esquerda; casoduas castanhas sobrem, um sinal nico feito na bandeja dedivinao; se uma ficar, um duplo sinal ser feito. Repetindo esseprocedimento quatro vezes, resultar uma das 16 configuraesbsicas, tais como mostradas na Ilustrao 1, A; repetindo-o oitovezes d um par ou combinao das configuraes bsicas, isto, uma das 256 configuraes secundrias. Alternativamente,uma das 256 configuraes derivadas pode ser obtida com um slanamento da corrente divinatria (opl), com cara/coroa aoinvs de par/mpar. Essa corrente segurada ao meio, de talmodo que quatro meias conchas pendam para cada lado, num s

    alinhamento. Cada meia concha pode cair cara ou coroa, isto ,pode cair com sua superfcie cncava para cima, o que equivalea uma marca nica, ou com essa superfcie para baixo, o quecorresponder a duas marcas na bandeja. Representando-se aparte interna cncava por um -O- e a parte externa convexa porum --, as 16 configuraes bsicas (metade da correntedivinatria) aparecem conforme mostrado na Ilustrao 1, B.

    As figuras bsicas esto listadas na Ilustrao 1 na ordemreconhecida em If, mas uma outra, ligeiramente diferente, mais largamente reconhecida (ver Captulo IV, Ilustrao 3,B).

    A divinao If praticada pelo Iorub e Benin Edu, da Nigria(Dennett, 1910: 148; Melzian, 1937: 159; Bradbury, 1957: 5460; Parrinder, 1961: 148); pelos Fn, do Daom (hoje Rep. doBenim), que a denominam Fa (Herskovits, 1938: 201230;Maupoil, 1943); e pelos Ewe, do Togo, que a conhecem porAfa (Spieth, 1911: 189225). Ela praticada tambm, sob adenominao If, pelos descendentes dos escravos Iorub emCuba (Bascom, 1952: 170176) e no Brasil (Bastide, 1958: 104109). Os Fon e os Ewe reconhecem como local de sua origema cidade iorub de If, de onde os prprios iorub asseveramhaverse ela expandido. Foi em If que os versos If,apresentados na parte II, foram registrados e que a sistemticada divinao foi estudada com o maior detalhamento. Quandoinformaes se baseiam em pesquisas de campo realizadas em

    outras reas do territrio iorub ou retiradas da literatura, haverindicaes especficas a respeito.

    A divinao If pode estar sendo praticadamais amplamente do que o indicado acima. Thomas (1913-1814:I, 47) relata enigmaticamente que os Ibo, da Nigria oriental, tmtambm a conhecida divinao com castanhas de palmeira. OsKamuku e os Gbari ou Gwariso povos vizinhos na provnciade Nger, ao norte da Nigria. Entre os Kamuku, para predizer ofuturo, ervilhas so agitadas dentro duma carapaa de tartarugae depois apanhadas dentro da mo direita ou esquerda. elas soento contadas e, conforme fiquem na mo em nmero par ou

    mpar, um sinal feito no cho. Este procedimento repetido oitovezes e se chega a uma significao de acordo com acombinao (Temple and Temple, l9l9: 210). Divinao comervilhas e um casco de tartaruga comum entre muitas tribos,notadamente os Gwari. As ervilhas so sacudidas dentro docasco da tartaruga e, depois, colhidas na mo. Conforme o seunmero seja par ou mpar, uma marca feita no cho e, ao final,mediante a combinao das vrias marcas de par ou mpar, uma

    1

    1

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    2/49

    significao obtida (Meek, 1925: II,70). Os Gbari praticamigualmente a mui difundida forma islmica conhecida por cortesna areia (sand cutting) (Temple and Temple, 1919: 210), a qualser discutida mais frente, neste captulo.

    O que pode constituir o primeiro relato arespeito da divinao If da costa daquele territrio que hoje Gana, em uma descrio fornecida porBosman, que l serviu naqualidade de feitor para os holandeses em Elmina e Axim,durante 14 anos, ao fim do sculo XVII. Depois de primeirodiscutir um mtodo de divinao no qual cerca de vintepedacinhos de couro so suados, Bosman (1705: 152) diz quea segunda maneira de consultar os dolos deles por meio deuma espcie de castanhas selvagens que eles fingem levantarpor acaso e as deixam cair novamente, aps o que eles ascontam e preparam suas previses dependendo se seu nmerofor par ou mpar.

    ILUSTRAO 1 AS 16 FIGURAS BSICAS DE IFILUSTRAO 1 AS 16 FIGURAS BSICAS DE IF

    EMPREGANDO 16AMNDOASDEPALMEIRA1 2 3 4 5 6 7 8

    OGB OYEK IWRI ED OBAR OKANRN IRSUN OWRINI II II I I II I III II I II II II I III II I II II II II III II II I II I II I

    9 10 11 12 13 14 15 16OGUND OS IRET OTUR OTURUKPON IK OS OFN

    I II I I II II I II

    I I I II II I II II I II I I II I IIII I I I II II II I

    EMPREGANDOACORRENTEDIVINATRIA

    1 2 3 4 5 6 7 8OGB OYEK IWRI ED OBAR OKANR IRSUN OWRIN

    N

    O O O O O O O O OO O O O

    9 10 11 12 13 14 15 16OGUND OS IRET OTUR OTURUKPO

    N

    IK OS OFN

    O O O O O O O O OO O O O O O O O O

    Outro antigo relato vem de Assinie, no cantosudeste da Costa do Marfim, ainda mais afastado a oeste 1.Loyer (1714: 248-249) descreve um mtodo de consulta aosdeuses que envolvem a movimentao de caroos de palmeiras

    (noyeaux de palmistes) que so retirados de uma tigela demadeira ou cobre, fazendo com o dedo marcas em p demadeira sobre uma tbua, com um p de comprimento por meiode largura (30 cm X 15 cm) e escolhendo dentre alguns objetosque um assistente mantm em mos e que representam o bom eo mau resultado da consulta 2. A literatura recente no registradivinao If a oeste do Togo 3. Hamilton narra um sistema dedivinao observado em Siwah4, no Saara , que denominadoDerber ramlou Derb el ful, conforme o meio empregado, seareia ou se favas; neste ltimo caso (com as favas) maissimples, embora ambos sejam, em princpio, iguais. Sete favasso retidas na palma da mo esquerda que leva uma hbil

    pancada do punho direito semi-fechado, de tal modo quealgumas favas saltam para dentro da mo direita - se em numerompar, assinalada uma marca, se par, duas. As favas sorepostas na mo esquerda, que , de novo, golpeada pela direita

    1

    2

    3

    4

    2

    2

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    3/49

    e o resultado registrado abaixo da primeira marca. Repetindo-seisto quatro vezes, obtem-se a primeira figura, e a operao realizada at que se tenha obtido quatro figuras que socolocadas lado a lado, em um quadrado; elas so, ento, lidasverticalmente e perpendicularmente (sic!) e tambm de um cantopara o outro, por isso mesmo dando dez figuras no total. Comocada uma pode conter quatro nmeros mpares e quatro pares,elas so suscetveis de 16 permutaes, cada uma das quaiscom um significado isolado e uma casa prpria, ou seja, umaparte do quadrado na qual deveria surgir.

    O Derb er raml apenas se distingue dessepelo fato de ser mais complicado, novas combinaes sendoobtidas mediante a adio de cada par de figuras. (Hamilton,1856: 264-265, citado porEllis, 1894: 63).

    Usando quatro ao invs de duas figurasbsicas e ao fazer uma linha para um nmero mpar de favas eduas linhas para um nmero par, o Derb el ful mais seassemelha aos talhos na areia islmicos que divinao If.

    Segundo Frobenius (1924b: 61-62),adivinhos entre os Nupe, que vivem precisamente ao norte doterritrio iorub, do outro lado do rio Nger, usam um cordo(bba), de oito pedaos de cabaas ou, por vezes, duras cascasde frutas, amarradas juntas, correspondendo correntedivinatria iorub. Entretanto, Nadel (1954: 39) descreve bacomo uma srie de oito cordes de quatro metades de shea nutou do dompalm kernel.

    Os Jukun, do leste da Nigria, empregam um par de cordes oucorrentes (nk) 5, cada um dos quais composto de quatropedaos de cabaas, metal ou nozes de esterco de elefante. So

    equivalentes s duas metades do cordo divinatrio If. Oinstrumento divinatrio (agbandi) dos vizinhos Tivso feitos compedaos da casca dos caroos da nativa manga (ive) e so0idnticos aos usados pelos Jukun e todas as tribos dasredondezas, at possivelmente mais abaixo dos rios Cross 6

    (Downes, 1933:59).

    5

    6

    Parrinder (1961: 140) menciona o uso desseinstrumento entre os Ib assim como o uso de quatro cordesanlogos. De acordo com Mansfeld (1908: 176), os Eki, daregio do rio Cross, tambm empregam duas correntes (ewu),cada um montado com 4 meias sementes de manga; segundoTalbot(1912: 174-175), eles usam 4 desses cordes, conhecidoscomo ebu ou efa. Os dados so excessivamente escassos parapermitirem quaisquer concluses confiveis mas existe evidnciasuplementar de que h uma distribuio ainda mais ampla das 16figuras bsicas.

    Divinao com quatro cordes, de quatromarcadores cada conforme mencionado porParrindere Talbot, um sistema relacionado embora separado, por sinal tambmconhecido dos iorubs. Envolve as mesmas 16 figuras bsicas e,por vezes, chega a ser denominado de If, mas o mtodo deinterpretao diferente, sendo caracterizado como Agbigba ouAgbagba. Versos curtos, comparveis s frases introdutrias dosversos de If, so associados s figuras. Ogunbiyi(1952: 50,63)

    ilustra agbigba com dois cordes, tal como a corrente divinatriaIf (opl), lanada lado a lado. Os conjuntos Agbigba que vieram formados por 4 cordes separados, com 4 marcadorescada mas, de novo, no tem significado prtico algum, se doisesto unidos ao alto ou no, conforme mostrado pela linhapontilhada na ilustrao 1, C. Com efeito, Agbigba um oplduplo ou noko Jukun e metade de um aba Nupe. Entre osIgbira, os adivinhos agbigba tambm produzem uma figuraqudrupla marcada em uma tbua If (Ifpako, Ifapako), pormeio de manipulao de 16 sementes ayo ou uarri(Caesalpiniacrista), ao invs dos coquinhos.

    A ordem das figuras bsicas difere nitidamente da de If masseus nomes esto claramente relacionados entre si. Listando asfiguras na ordem fornecida por um adivinho gbigb, em If, enumerando-as de acordo com a ordem mais comum das figurasde If (Ilustrao 3, B, abaixo), a ordem para agbigba aseguinte : 1, 2, 8, 7, 11, 12, 3, 4, 13, 14, 15, 16, 10, 9, 5, 6. Duasfiguras tem nomes diferentes, como no caso de Oyinkah paraIk e Otaru para Oturukpon; dois tem nomes semelhantes,

    3

    3

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    4/49

    como Ejipara ed(tambm conhecida porOd) e Os para Os;algumas tem nomes idnticos como no caso da Oyek, Obar,Otur, Iret e Ofn; e algumas tem idnticos nomes alternativos,como Osik ou Ogb, Ogori ou Iwri, Okona ou Okanran,Orosun ou Irosun, Oga ou Owonrin, Ogunt ou Ogund, eOkin ou O . A ordem das figuras e o mtodo de interpretaodiferem mas a semelhana entre os nomes para essas figuras eo aparato sugerem igualmente um relacionamento histrico comIf.

    Agbigba, entre os iorub, mostrase estar confinado aosYagba e iorub, um subgrupo nordestino, embora adivinhosYagba exeram suas prticas em muitas cidades Iorubs. Quatrocorrentes divinatrias desse tipo so conhecidas porafa, aha ouef, entre os Ibo; porafa entre os Ekoi; poreba entre os Idoma;poreva entra os Isoko edu e porOgwega entre os Benin edu,bem como, obviamente, por nomes no relacionados, nestas enoutras sociedades nigerianas; mas a distribuio deste mtodo

    no precisa ser pormenorizado aqui. suficiente dizer-se que ela conhecida em partes do norte da Nigria e at o leste e o sul doque foram os Camares britnicos e que Talbot (1926: II: 186)conclui: O sistemaAupele, porm com 4 cordes ao invs de 2,e com 4 peas de cada cordo montadas geralmente comsementes de manga brava (selvagem - Irvingia Barteri), o que usado por quase todo o sul da Nigria.

    A significao destas 16 figuras bsicas estenda-se para muitoalm do territrio iorub e de seus vizinhos. elas so obtidas nadivinao Sikidy, na Repblica Malgaxe, tanto por meio damanipulao de sementes quanto pelo difundido mtodo dos

    cortes na areia. Este ltimo envolve a feitura, ao acaso, de umnmero de marcas na areia ou p, cancelando as duas a duasat que restem apenas uma ou duas, dai desenhando-se umalinha nica ou dupla. Em Sikidy, tal como em If, uma linha dupla feita caso uma s marca permanea, enquanto uma linha nicase restarem duas marcas. Repetindo quatro vezes esseprocedimento resulta em uma das 16 figuras bsicas.

    J o corte na areia uma difundida forma de Geomncia,praticado em muitos agrupamentos muulmanos no oeste e nonorte da frica. Suas semelhanas com o Fa daomeano e o Ifiorub foram notadas por Fisher (1929: 67-73), Monteil (1932),Trautman (1940), Echildo (1940: lCC-164), Maupoil (1943: 49-51), Jaulin (1966: 156-159) e outros, citando anlogos praticadosna Europa, Prsia e ndia. J em 1864, Burton havia percebidoanalogias entre o Fa daomeano e a geomncia dos gregos,muito cultivado pelos rabes com a denominao Alraml, aareia, porque as figuras eram moldadas sobre o cho dodeserto. O Livro do Destino de Napoleo um notvelespcime de vulgarizao europia e moderna (Burton, 1893: 1,222). Napoleo, ao retornar da Europa, trouxe um manuscritoachado no alto Egito por M. Snini, em 1801, esubseqentemente publicado sob esse e outros ttulos em umadzia ou mais edies, desde por volta de 1820 at cerca de1925 (Napoleo, s.d.).

    Entre os lorub, o corte na areia (iyanrin tite)

    praticado por adivinhos muulmanos conhecidos por alufa.Chamam-no de Hati Ramli, ou Atimi em lorub, distinguindo-sedo If. Os nomes da 16 figuras bsicas (Al Kauseje, Alahika,Otuba, dahila, etc.) diferem claramente das de If mascorrespondem aquelas contidas no livro rabe de Muhammed EzZenatie a ordem na qual essas figuras forem fornecidas por umalufa em Meko, ele prprio um nativo de Zaria, idntica listada porEz Zenati7. No pode restar dvida alguma de que huma relao histrica de Atimi com a geomncia islmica masprovavelmente uma introduo recente entre os iorub, osquais estiveram em guerra contra seus vizinhos muulmanos, aonorte, ao longo de quase todo o sculo passado. De novo:

    listando-se as figuras na ordem registrada em Meko enumerando-se elas segundo a ordem mais comum para as figurade If (I1ustrao 3,B), eis a ordem Atimi: 14, 7, 10, 12, 1, 15, 11,8, 5, 4, 3, 6, 9, 13, 16, 2. completamente discrepante comambas ordens de divinao, da If e dagbigb.

    Burton, Maupoil e outros concluram que Fa e Sikidy derivam da

    7

    4

    4

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    5/49

    geomncia islmica ou do mtodos anteriores no-africanos dedivinao. O objetivo no negar uma relao histrica entre asmuitas modalidades de divinao que empregam 16 figurasbsicas nem tampouco tentar determinar a ordem definitiva deIf. Essas questes requerem muito mais elementos do que asdisponveis hoje em dia. Entretanto, como outros autores jenfatizaram, as semelhanas entre os dois mtodos, incluindo ofato de que as figuras so lidas da direita para a esquerda,alguns pontos de diferena podem ser mencionados.

    Entre os iorub e os Nupe, da Nigria (nadel, 1954: 57), os Sara,do Chade (Jaulim, 1957: 45, fig.1), os Teda, de Tibetsi(Kronenberg, 1958: 147) e os Fulani, de Macina (Monteil, 1932:96, fig.8), por ocasio do cancelamento das marcas casuais nostalhos de areia, uma linha nica feita caso reste uma s marcae uma linha dupla se ficarem duas: isto o contrrio de If eSikidy. As 16 figuras bsicas tm uma ordem muito diferentenomes inteiramente diversos. Uma figura quadrupla obtida

    (como em gbigb), a qual lida de travs a fim de dar umasegunda figura qudrupla, e figuras adicionais so derivadas pormeio decomputaes complementares 8, ao invs de interpretar adupla figura como nas duas metades da corrente divinatria If.If no associada com astrologia, conforme Burton primeiroobservou, mas antes com uma srie de versos e histriasmemorizados e dos quais depende a interpretao deles.

    TIPOS DIVERSOS DE OPL IF

    A geomncia muulmana no tem versos, pelo menos nocomo praticado pelos alufa entre os iorub, conforme confirma

    Ogunbiyi (1952: 83-84); ele declara tambm que no existemsacrifcios (eb), to importantes em If. O mtodo do risco naareia difere do jogo da corrente ou da manipulao e coquinhos;mas envolve a questo de nmeros mpares e pares e se deveriarecordar que, no osis de Siwah, entre os Gbari e na ilhamalgaxe tanto o risco na areia quanto a manipulao frutos dedend, ambos so praticados. Isso tambm vlido entre os

    8

    iorub mas s que aqui os cortes na areia so um sistemadistinto de divinao e, com toda probabilidade, se trata de umaintroduo muito recente.

    A ident idade das 16 figuras umanecessria e inevitvel decorrncia de trs princpios: 1) asfiguras envolvem 4 elementos; 2)cada uma delas pode tomarduas formas diferentes; e 3) sua seqncia tem uma significao.Dadas essas regras, 16 e apenas 16 figuras bsicas sopossveis. Em conseqncia, esta identidade constitui, em simesma, apenas trs pontos de similaridade, ao invs de 16, edois desses princpios so compartilhados com outras formas dedivinao amplamente difundidas na frica. As duas primeirasregras caracterizam os mtodos comuns africanos de divinao,tambm praticados pelos iorub, de arremessar quatro conchasde cauri, ou quatro pedaos de cola ou uma amarga noz de cola.Cada uma delas pode cair de cara para cima ou para baixo, masuma vez que a seqncia no controlada, apenas cincoconfiguraes so possveis: 4, 3, 2, 1 ou O caem de cara para

    cima. Bem que se poderia controlar a seqnciaem que os quatro caurs so lidos, arremessando-os um decada vez. Poder-se-ia tambm at-los a um cordo o que ,essencialmente, o que se faz no caso da corrente divinatria If.Tambm se poderia controlar a seqncia usando-se quatromoedas diversas um penny, um nquel, um dime e umquarter _ arremessando-se juntas, de uma s vez, mas lendo ascaras e coroas nessa ordem. Na verdade, isso o que se faz nadivinao Hakata dos Karanga, Zezeru, Korekore e outros sub-grupos Shona, alguns grupos bosqumanos, e os Venda, Ila,Tonga, Pedi, Leya, os rodesianos Ndebele, alm de outros povos

    da frica meridional. Aqui, quatro pedaos de osso ou madeira,com marcas distintivas, so identificadas como homem, menino,mulher e menina, e lidas caras a coroas nesta ordem. Aquiresultam novamente 16 configuraes, que podem serequiparadas quelas marcadas com linhas simples ou duplas.

    O sistema chins de I Ching envolve o segundo e o terceiroprincpios enunciados acima assim como configuraes

    5

    5

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    6/49

    compostas por linhas simples e duplas. Como , entretanto,baseado em trs elementos ao invs de quatro, existem apenasoito figuras bsicas eu trigramas e 64 configuraes derivadaseu hexagramas, enquanto If e outros sistemas africanosenvolvem 16 quadrigramas e 256 octogramas derivados. Asfiguras I Ching so obtidas por meio do lanamento de trsmoedas ou pela manipulao de quarenta e nove talos de

    mileflios, contados em grupos de quatro, de tal jeito que, decerto modo, relembra o trao na areia muulmano (Wilhelm andCary, 1951: I 392395). Em localidade to afastada como aMicronsia, um sistema de divinao com ns, que tambm sebaseia na contagem de quatro em quatro, resulta em 16configuraes fundamentais e 256 derivadas (Lessa, 1959: 194195).

    Nomes relacionados com aqueles dasconfiguraes de If tambm so utilizados para uma sriediferente de figuras em ainda outro sistema iorub da divinao(owo merindinlogun), no qual 16 caurs so jogados ao solo.

    Como no lanamento de 4 caurs, n+1 figuras so possveisporque seqncia no tem significao alguma; neste caso, h17 configuraes, de zero a 16 caurs abrindo suas bocas paracima. Algumas delas so conhecidas por nomes das figurasbsicas de If, como Od ou Ed, Irosn, wnrin, kanran,Ogund, s, O e Ofn ; e algumas tm os nomes de figurasderivadas, tais como Eji gb e gb (gb O ) . Unstantos nomes empregados neste sistema tambm so utilizadospara designar as cinco configuraes do lanamento de 4 caurs.Como em If, as 17 figuras so associadas com os versosmemorizados que contm mitos e contos populares que auxiliamem sua interpretao. Este mtodo considerado por muitos

    iorub como derivado de If, inclusive os adivinhos de If, osquais citam um mito de acordo com o qual o mtodo baseadonaquilo que a deusa dos rios Oxun aprendeu a cerca dedivinao enquanto vivia com If.

    Dentre todos os mtodos dedivinoempregados pelos Iorubs,If era considerados como o maisimportante e confivel. A honestidade ou o conhecimento dobabalaw pode ser questionado mas a maioria altamente

    estimada e raramente se duvida do sistema em si. O nmero debabalaw um reflexo do apoio que recebem e uma medida dainfluncia que exercem. Comparativamente, fora da rea Yagb,apenas ocasionalmente existem adivinhos Agbigda entre osiorub. Enquanto If aberto para todo o pblico no sentido deque os babalaws so consultados pelos devotos de qualqueridade, a divinao com 16 caurs usualmente realizada em

    ocasies rituais, no seio de cultos de divindades especficas. Isto tambm vlido em relao a divinao com quatros curis,quatropedaos de cola de nozes,ou quatro pedaos de cola amarga: eestes trs mtodos restrigem-se aquilo que podem prever, emprimeiro lugar porque lhe faltam os versos associados com If e oarremesso de 16 caurs. Desde o fim das guerras iorub contravizinhos mulumanos no sculo passado, nmero de alufasislmicos tem aumentado mas no se compara ao nmero debabalaw, ou outros adivinhos so usualmente consultados parainterpreta-los em tempos recentes, diversos livros de sonhos temsido publicados. Declaraes proferidas por indivduos enquanto

    possudos por umadas divindades so consideradas importantesmas a possesso menos difundida e menos frequente do que adivinao de If. Hidromancia e alguns outros mtodos dedivinao tambm so praticados pelos Iorubs, mascomparados com If tem significao negligencivel.

    O verdadeiro ncleo da divinao Ifencontra-se nos milhares de versos memorizados por intermdiodos quais as 256 configuraes so interpretada, embora suasignificao no tenha sido apreciada convenientemente. Domesmo que para o funcionamento do sistema de Divinao essesversos so de longe de muito maior importncia do que asprprias figuras ou at mesmo as manipulaes das quais so

    derivadas. Os versos formam um estrutura da arte verbal,incluindo mitos, contos louvaes, magias (encantamentos), ecanes at menos mistrios ou enigmas, mas para os Iourbs omrito literrio ou estticos deles secundrios quandocomparado sua significao religiosa.

    Os versos incorporam mitos, recontando asatividades das divindades e justificando por menores de ritual,sendo freqentemente citados a fim de clarificar um ponto

    6

    6

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    7/49

    controverso de teologia . Espera-se que um babalaw conheaum nmero maior de versos do que os outros adivinhos iorub, eele aceito com autoridade religiosa Iorubna. Trata-se de umprofissional cuja atividade implica ter conhecimentos acerca detodas as divindades e no meramente aquela que ele,pessoalmente, reverencia. le funciona para o grande pblico e consultados pelos devotos de vrios deuses diferentes dos

    Iorubs e tambm pelos muitos mulumanos e cristosconvertidos.

    O babalaw o ponto central da religiotradicional Iorubna, caminhando sacrifcios e devotos paradiferentes cultos, recomendado sacrifcios aos mortos ouelementos para lidar com feiticeiras e abiku (crianas que nodesejam viver) e preparando magias protetores ou retaliatrias.Ele ajuda seus clientes a tratar com o amplo espectro deimpessoais ou persnificadas foras em que os iorub acreditame a consumarem os destinos individuais que lhes foramconsignados desde o nascimento. Uma indicao da importncia

    de If para o sistema religioso como um todo reside no fato deque os mais notveis sincretismo religiosos resultantes docontato Europeu so encontrveis em um igreja fundada emLagos, em 1934, A IjOrumilaAdulaw, baseada na premissade que os pensamentos iorub se constituem na Bblia iorub.

    As regras divinatrias If podem serdefinidas to precisamente quanto as dos mais simples mtodosque empregam 4 ou 16 caurs. Em muitos outros tipos dedivinao, na frica e em outros lugares o elemento subjetivo nainterpretao abre espaos para disputas at mesmo entreadivinhos. Isso parecia ser verdadeiro na queda de ossos ou deoutros objetos divinatrios em termos de suas posies relativas,

    dos ngulos em que se protraem de orifcios em que soenfiados em articulaes sseas do traado de linhas emomoplata rachadas pelo fogo, da conformao das entranhas dasaves e de outros animais, que assim como dos padres dasfolhas de ch ou das linhas das mos. Na cresta-lo ouhidromancia, onde ningum pode confirmar ou contra dizer aquiloque o adivinho assegura enxergar, e em trabalhos xamansticosou estado de possesso,nos quais esprito familiar ou divindade

    fala apenas para ou atravs de seu mdium, interpretaes noso suscetveis de verificao em pelos prprios clientes nem poroutro adivinho.

    Em contraste com isso, o babalaw segueum sistema regular de normas e qualquer desvio delas criticadopor seus colegas e condenado por seus clientes. Pelo menos asregras elementares so de conhecimento de seus consulentes

    habituais e, mesmo quando no so conhecidas, os clientesesto municipados com reconhecidas tcnicas para impedir queum babalw, se afaste das regras e utilize seu conhecimentopessoal sobre os assuntos de sua intimidade em proveitoprprios ou de terceiros. Um cliente sequer precisa revelar aoadivinho a natureza do problema que o leva a buscar seuaconselhamento. Em vista deste fato, algumas das primeirasdescries de If que se fizeram so divertidos reflexo deingenuidade, dos preconceitos e das supersties dosobservadores que fizeram os registros.

    II- ESTUDOS

    ANTERIORES

    As duas mais antigas descries que se

    conhecem da divinao de If, entre os Iorubs, datam domesmo ano. Falando das deidades iorubs, Tucke r(1853:33) diz:Uma das principais entre elas If, o deus das amndoas daspalmeiras, a quem eles atribuem poder de cura e a cujossacerdotes recorrem em momentos de enfermidades. Nessasocasies, os amigos do sofredor arrumam um carneiro ou umbode para sacrifcio enviam ao babalaws ou sacerdotes, queinicia a cerimnia traando um nmero de inslitas figuras comgiz sobre uma parede. Toma depois de uma cabaa l dentro

    coloca alguns caurs ou amndoas de palmeira e a pousa emfrente as figuras desenhadas, realiza suas magias, as quais sejulga iro persuadir o deus a penetrar nas sementes ou caurs. Osacrifcio , ento realizado, a garganta secionada e osacerdote asperge um pouco do sangue sobre a cabaa e aparede. Em seguida ele lambuza com o lquido toda a testa dodoente desse modo, como imaginam, transferindo a vida dacriatura para o interior do paciente.

    7

    7

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    8/49

    Irving(1853:233) diz: If, deus das amndoas de palmeira oudeus da divinao, julgado superior a todo o resto. consultado a propsito de qualquer empreendimento seja a partirpara uma jornada, ou, seja para entra em um negcio seguir parauma guerra ou um expedio de seqestro, para caso de doena,em suma, em qualquer oportunidades onde e existe uma dvida

    perante o futuro. A ele so dedicadas amndoas de palmeira epor meio delas orculo consultado. Vrios atos de adorao eprosternao, tocando as amndoas com a testa e etc.., iniciandoa performance. O babalaw ento, segurando as amndoas 16no total, com a mo esquerda agarra quantas pode com a direitae de acordo com o nmero h certas regras para isso, bvio aresposta favorvel ou no um pedao de pau com entalhes mantido como registro e o resultado tornado pblico. Utensliosde louas de barro, segurados por circunstantes e so tambmintroduzidos no processo. Caso a resposta seja desfavorveis,em sacrifcio ter de ser feito e, nessas circunstncias,

    rapidamente se deduzir que a resposta freqncia dessemolde.Cotejado com relatos posteriores, que to

    comumente repetem equvocos anteriores, a declarao de Irving notvel por sua preciso. A descrio da manipulao das 16amndoas est correta, e as peas de barro seguras porassistentes so imediatamente reconhecveis como umareferncia escolha entre alternativas especficas, discutidas nocaptulo V.

    Habitualmente em bom observador, Bowen(1857:317) narra apenas brevemente: O prximo e ltimo Orixque devo registra o grande e universalmente respeitado If,

    aquele que revela segredos e guardio do matrimnio e donascimento de crianas. Este deus consultado por intermdiode 16 amndoas de palmeira. A razo para tal no indicadamas 16 pessoas fundaram iorub, a semente que trouxeramproduziu uma rvore com 16 galhos e diz-se existir uma palmeiracom 16 galhos no monte Ad, que a residncia do sacerdote deIf. A adorao a If um mistrio em que somente homens soiniciados. Tampouco eu fui capaz de recolher maiores

    informaes a respeito da natureza o dolo e das cerimnias emque venerado.

    Mais tarde, Bowen (1858: XVI) acrescentaque If ! denominado Banga, o deus das amndoas depalmas. Banga significa cabea (copa de rvore?) ou cacho defrutos da palmeira oleaginosa (cacho dendezeiro?) mas seu usocomo um nome para If no confirmado por informantes;Daziel(1937:449) concorda: A palavra no parece ser to usadaassim, presentemente.

    Campbell (1861: 75-76) If, uma de suasdivindades inferiores, muito procurado como orculo. Contacom numeroso corpo de sacerdotes, os quais obtm grandeslucros decorrentes de oferendas feitas ao deus, a fim de induzirrespostas favorveis. Ele consultado por meio de uma espciede tabuleiro de xadrez, recoberto de p de madeira, sobre o qualo sacerdote traa pequenos quadrados. A parte que consulta odeus passa s do adivinho 16 amndoas de palma consagradas,sementes que todos os devotos de If trazem consigo,

    permanentemente. Ele, ento, as lana de uma pequena urna, deonde tira algumas, sendo o nmero deixado ao acaso, e, tambmao acaso, as dispe sobre o tabuleiro e, da ordem que tomam,determina primeiro se a oferenda dever ser um bode, umcarneiro ou outra coisa; em seguida, se assegura de que o deusest satisfeito com o que lhe ofertado; se no, ele prossegue amanipulao para se certificar de que um par de pombos ougalinceos deveriam ser acrescentados. Assim, assentados osentendimentos preliminares, ele entra no seu negcio, o tempotodo mantendo uma conversa fcil e desembaraada com ocliente, atravs da qual ele se assegura de averiguar o tipo derespostas mais bem-vindo.

    Esta inexata descrio parafraseadamuitos anos mais tarde porStone (1899: 88-89), o qual no fezcaso daquilo que Burton, Baudin e Ellis, nesse nterim, haviamdado como contribuio: Todos os devotos daquele deus trazemconsigo 16 amndoas consagradas de palmeira. O sacerdote astoma nas mos e as coloca numa urna de madeira. Apodera-se,depois, de algumas, ao acaso, e as espalha a esmo sobre umtabuleiro recoberto de p de madeira e demarcado por pequenos

    8

    8

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    9/49

    quadrados. Da posio que elas tomam sobre o tabuleiro, osacerdote pretexta poder descobrir que tipo de sacrifcio faexige. Esta cerimnia repetida para se decifrar se uma galinhaou alguma outra coisa dever ser adicionada primeira para seroferecida em sacrifcio. Nesse nterim, o sacerdote fica falandocom a pessoa que consulta o orculo e descobre muito bem quetipo de resposta desejada. Por vezes, o requerente quer que

    ele interprete um sonho ou o assista num negcio ou numainiciativa matrimnial. Sacerdotes de fa so muito numerosos edespojam as pessoas de muitos de seus rendimentos.

    Aquilo que poderia ser denominado de verso standard dadivinao If, conforme dada mais recentemente porAbraham(1958) e Lucas (1949), recua atravs de Farrow(1926) e Dennett(1910) at J. Johnson (1899) e, antes disso, por meio de Ellis(1894) at Baudin (1885) e os trabalhos de Burton no Daom(1864) e a respeito dos Iorub (1863).

    Burton (1863: I, 189-190), aps parafrasear Bowen, acrescenta:Os sacerdotes so conhecidos por seus colares de contas,pequenos cordes torcidos conjuntamente, com dez grandescontas brancas e verdes, afastadas entre si por algumaspolegadas. Eles oficiam de branco e usam constantemente umespanta-moscas. Sendo sua divindade denominada Bng, deusdas amndoas de palmeira, eles escolhem para smbolo divinoaquelas sementes que so placentrias, dispondo de quatroorifcios. A operao de tirar a sorte intrincada e variavelmentedescrita por diferentes observadores: par ou mpar e cara oucoroa parecem ser os princpios determinantes.

    O sacerdote traz suas amndoas dentro de um chifre derinoceronte, do norte do pas. Segurando as 16 unidades em suamo esquerda, ele as apreende ao acaso como ns fazemosem um bean club com a direita, e a operao repetida atque restem duas, chamadas of, ou uma, oss. A amndoaescolhida , ento, rolada com o dedo mdio, ou no cho ousobre uma bandeja, embranquecida com o p produzido pelos

    cupins. Finalmente, marcada com certas linhas que, decidindoo valor e a natureza do sacrifcio, alcanam o sucesso.

    Um velho sacerdote convertido realizou dessa maneira acerimnia em minha presena. Ele contou 16 sementes, livrou-asdo p e as colocou numa tigela no cho, j cheia de inhamesemi-cozido, amassado e coberto com alguma infuso vegetal

    picante. Seu aclito, um meninote, foi ento chamado e feitoagachar-se prximo tigela, ficando seu corpo acima da bordaexterna de seus ps, os quais permaneceram voltados paradentro, bem como tomar do homem-fetiche dois ou trs ossos,nozes e conchas, alguns desses elementos significando bonspressgios, outros maus. Erguendo-os, pousou suas mos sobreos joelhos. O iniciado arremessou as amndoas de uma mopara a outra, retendo algumas na esquerda e, enquanto asmanipulava, fez cair outras dentro da tigela. Depois curvou-se,com os dedos indicador e mdio desenhou linhas no inhame,inspecionou as sementes e, de quando em vez, referiu-se s

    coisas seguradas pelas mos do menino. Desse modo, estavaele capacitado a emitir uma opinio sobre aquilo que iriaacontecer no futuro.

    No posso elogiar-me com o fato de omodus operandi se haver ficado inteligvel para o leitor, emvirtude da melhor das razes nem eu entendi direito. O sistema, de longe, bem mais simples no Daom e, mais tarde, talvezconseguirei explic-lo.

    E este Burton o fez, no ano seguinte,esclarecendo em uma nota de p-de-pgina que quando a sorte consultada, as 16 amndoas so lanadas da mo direita paraa esquerda; se uma delas fica para trs, o sacerdote faz duas

    marcas; se duas, uma s (pode ocorrer o contrrio, como no casoda geomancia europia ou asitica); e, desse modo, as 16matrizes so formadas (Burton, 1893: I, 220). Burton foi oprimeiro a registrar as figuras de Fa e seus nomes (em Fon),referindo-se s figuras casadas como as 16 mes e scombinaes como seus filhos; mas no existe evidncia algumade que o Fa daomeano seja mais simples do que o If iorubno.

    9

    9

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    10/49

    Baudin (1885: 32-35) parafraseia Bowen edepois acrescenta diversos mitos de If e outros dados de prpriopunho: Quando eles desejam consultar o destino ou realizar umagrande festa cerimnial em honra a If, no arvoredo consagradoa este deus, a me ou a esposa daquele para quem o deus consultado carrega dentro de um pedao de pano, s costas, as16 amndoas sagradas e o sacerdote-feiticeiro, antes de

    comear a ceimnia, sada Orungan e sua esposa dizendoOrungan ajuba ! (Orungan, eu te sado.) Orichabii ajuba !(Orichabii, eu te sado.).

    Depois ento o sacerdote oferece sacrifciopara If, de quem as tmaras 9 so o smbolo. Finalmente, elepousa diante do deus um pequeno tabuleiro sobre o qual esto16 configuraes, cada uma tendo certo nmero de pontos.Essas figuras so muito semelhantes s cartas usadas porledores de sorte. Os sacerdotes-feiticeiros as usam quase damesma forma, revelando ao bel-prazer boa ou m-sorte, deacordo com o que consideram vantajoso para melhor ludibriar otolo que os vem consultar. Quando encontrada a figura desejada,ele comea a explicar se o empreendimento em questo estarfadado ao sucesso ou no, os sacrifcios a serem oferecidos, ascoisas a serem evitadas. Bem se compreende que, quanto maisalto o preo pago, maior a inspirao do sacerdote-feiticeiro, poish jogos grandes e pequenos.

    If o mais venerado de todos os deuses;seu orculo o mais consultado e seus sacerdotes, numerosos,formam a primeira ordem sacerdotal. Esto sempre trajados debrancos e raspam a cabea e o corpo.

    Bouche (1885: 120) trata de divinao comescassas palavras: If o orix da sorte e da divinao. Seus

    sacerdotes so adivinhos: so chamados babalawo, pais dosegredo, do mistrio (awo). Como Xang, If nasceu na cidadede If. Recebeu o cognome de Banga ou fetiche das amndoasde palmeira, porque os babalaws se servem ordinariamente, emsuas prticas divinatrias de 16 amndoas de palmeira, quelanam ao cho. elas auguram em funo da disposio em quecaem.

    9

    Teilhard de Chardin (1888: 158) oferece umrelato abreviado de If, baseado em Baudin e Burton: A consultatem lugar por meio de 16 nozes de palmeira e de uma pranchetasobre as duas faces da qual esto marcadas 16 figuras, tendocada os seus respectivos nomes, seu smbolo e certo nmero depontos. A resposta mais ou menos favorvel depende de certascombinaes de pontos e sinais, estes obtidos pelo feiticeiros ao

    jogar as nozes de certa maneira. Regra geral, quanto maiselevados os honorrios, mais favorvel o orculo.

    Ellis (1894: 56-64) copia, sem notificaoqualquer, a maior parte do que disseram Baudin, Burton eBowen. Da divinao propriamente dita, diz ele: Para a consultaa If, um tabuleiro branqueado empregado, exatamenteanlogo queles usados por crianas em escolas mulmanas emlugar das lousas, tendo dois ps de comprimento por oito ou novepolegadas de largura, no qual esto assinaladas 16 figuras.

    Eles so chamados de mes. As 16 amndoas de palmeira soseguradas frouxamente na mo direita e arremessadas atravsdos entrecerrados dedos, por dentro da mo esquerda. Se umasemente permanece mo direita, duas marcas so feitas destamaneira: // (verticais); se ficam duas, uma s marca: /.10

    Desse modo so formadas as 16 mes, uma das quais declarada pelo babalaw para representar aquele que fez aindagao e, da ordem segundo a qual as outras so produzidas,ele deduz certos resultados. A interpretao parece estar deacordo com uma regra estabelecida, mas qual ela seja somenteos iniciados o sabem... A partir dessas 16 mes, uma grandequantidade de combinaes pode ser feita ao se tomar uma

    coluna de duas mes diferentes, e as figuras da formadas sodenominadas de filhos.Cole (1898), um Iorub de Serra Leoa,

    discute If em um trabalho que nunca me foi possvel localizarmas que citado em Dennett (1906: 269-271); a citao baseada em Ellis (1894: 58-59) e, em ltima anlise, em Baudin.

    10

    10

    10

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    11/49

    O trabalho de J. Johnson, publicado tanto emIorub (1899a) quanto em traduo inglesa (1899b), importantepelo fato de ser a primeira exposio independente da divinaoIf por um autor Iorub, que freqentemente tem sido citado porescritores subseqentes. igualmente importante por ser oprimeiro a registrar os nomes Iorub e a ordem dasconfiguraes If, embora as figuras propriamente ditas no

    sejam representadas; e o primeiro a atentar para o uso dacorrente divinatria e a importncia dos versos ou histriasdeIf. Ambas publicaes so extremamente raras, mas extratosmuito teis da edio em ingls esto includos em Dennett(1906: 243-269). As passagens de maior relevncia vmreproduzidas abaixo.

    O grande orculo da nao Iorub If. representado, principalmente, por 16 amndoas de palmeira,cada uma dispondo de 4 a 10 ou mais ilhs na sua superfcie.Por detrs de cada uma dessas amndoas representativas esto16 divindades subordinadas. Cada uma do lote inteiro qualificada um Od que significa um chefe, uma cabea. Issofaz o total de Ods ser de 256. Alm destes, h 16 outros Odsassociados com cada um dos 256, o que faz o total de Odsascender a 4.096. Alguns aumentam ainda mais esse grandenmero adicionando 16 outros a cada um do ltimo nmero deOds, porm os 16 principais so os mais freqentementerequisitados.

    Existe uma srie de histrias tradicionais,cada uma das quais chamada uma trilha, um caminho, e seacha ligado a algum od especial. Cada Od suposto ter 1.680dessas histrias a ele associadas e elas, juntamente com as dosoutros Ods, teriam de ser, por qualquer um aspirante a

    babalaw, que um sacerdote adivinho ou sacrificial, confiadas memria, embora certamente no tenha sido encontrado um sque tenha realizado a proeza. Muitos aprendem de cor uma bemconsidervel quantidade delas, mais razoavelmente falando umnmero aprecivel, associadas aos Ods principais. Diante doaparecimento de um Odu na tigela de divinao ou de consulta, obabala pensa em algumas das histrias a ele ligadas e, a partirde qualquer uma delas que lhe venha mente e que se adapte

    ao caso a respeito do qual ele consultado, pronuncia suaresposta oracular e prescreve o sacrifcio que seria aceito(Dennett, 1906: 246-247).

    A divinao realizada por um babalasobre uma grandemente estimada tigela circular e larga ou umleque quadrangular de dimenses mdias, geralmente recobertode p branco proveniente de uma rvore seca, sobre o qual ele

    trabalha, e com um dedo da mo direita fixa certos sinais,simbolizando os representantes de If, conforme deixados napalma de sua mo esquerda, depois de haver conseguido, comum gesto da mo direita, agarrar todas as 16 peas do lugaronde se achavam encerradas. Essas reduzidas marcas,representando certo nmero de tentativas, so colocadas umaaps a outra horizontalmente e, segundo seu nmero erespectivas posies, simbolizariam um ou outro dos Ods oudivindades principais ou subordinadas.A partir desse Od ou divindade e uma ou outra das histriastradicionais associadas a ele, e ainda com a ajuda da leitura dasorte e de Opel, a divinao realizada e proferida(Dennett,1906: 249).

    Opel ou ppr um orculo decategoria inferior de If e olhado como seu constanteassistente, falando-se comumente que o seu escravo. Opel sempre representado por oito achatadas peas de madeira, metalou outra coisa, amarradas juntas, em duas fileiras de quatro decada lado, colocadas a iguais distncias uma das outras e unidastodas juntas. A disposio de uma ou outra dessas peas quandoa insgnia inteira lanada e feita espalhar-se sobre o solo,representaria imediatamente um Od especial, e um dosprincipais deveres de Opel mostrar ao babala qual Od

    particular ele deveria consultar ante um caso a ele encaminhado.

    Opel assiduamente e, por isso, independentementeconsultado pelos babalas, que habitualmente levam suasinsgnias de um lado para outro, isto porque lhes d muito menostrabalho e menor dificuldade do que dirigir-se ao Mestre, oprprio If, embora devesse ser apenas o caso em assuntos demenor importncia, e sua reao ou capacidade de resposta

    11

    11

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    12/49

    seria a de um servial diante de seu patro, o que no semprede absoluta confiabilidade (Dennett, 1906: 250-251).

    Em seu prprio trabalho sobre os Iorub,Dennett(1910: 146-150) faz citaes, ao invs de simplesmenterepetir sem quaisquer referncias, de Ellis, J. Johnson e outrosacerca do mtodo de divinao, no acrescentando informaesnovas, exceto sua prpria lista dos nomes das figuras, os quais

    compara com os de escritores que o precederam.Frobenius surge como o primeiro a haver

    registrado as figuras de If assim como seus nomes eordenamento para os Iorub, atribuindo-se ao Iorub Central,por o que ele provavelmente quer dizer Ibadan. Sua descrio doprocesso divinatrio acompanha as de Ellis, J. Johnson e Burton.Na traduo inglesa (1913: I, 244) de seu trabalho, diz ele quedepois de polvilhar a bandeja divinatria com madeira finamentereduzida a p, o nmero par ou mpar de amndoas 11

    capturadas ao carem registrado em uma srie de linhassimples ou duplas, desenhadas no fino p, quatro das quaisconfiguram um Odu. Isto mais tarde ampliado numapassagem, parte da qual confusa tanto em Ingls quanto nooriginal Alemo. Em Ingls: Ele espalha p branco sobre ela,toma todas as sementes e arremessa-as em direo sua moesquerda, com a qual ele agarra alguma delas. Se o nmeroapresado mpar, duas linhas verticais so desenhadas dessemodo: //. Caso seja par, uma linha nica traada com o dedo damo direita, desta maneira: /. Quatro lanamentos so efetuadose as marcas so colocadas uma abaixo da outra. A figuraresultante de quatro desses sinais chamado de Medji, ou umpar. Esse procedimento repetido oito vezes, de modo a doisMedjis estarem sempre prximos, e tambm 4x2 acima, um do

    outro. Em Alemo: (oito vezes repetido esse procedimento epor sinal ficam sempre dois Medjium junto ao outro, portanto 4x2reciprocamente, desenhados.) Os nmeros assim registrados soos Odus, traados diante do orculo para o dia. O quadro assimdesenhado sobre o p lido da direita para a esquerda. ...CadaMedjirepresenta um Odu, suposto consistir de 16 odus, cada um

    11

    dos quais novamente composto de 16 e assim por diante(Frobenius, 1913: I, 251-252; 1912-1913: I, 280).

    E, finalmente, h o Okpel. um cordo unindo oito metades denozes de palmeira 12, e suas extremidades so habitualmenteterminadas em borla de contas, de grande beleza. O SumoSacerdote em If possua um com nozes amarelas em lugar das

    meias nozes e futuros iniciados em divinao usavamprincipalmente um Opel no qual pedaos de cabaassubstituam as meias sementes de palmeira. Na leitura do destinopelo oquel, este pegado em seu meio de tal modo que quatrode suas nozes pendem de cada lado. Quando cai, um odu oufigura formada segundo o nmero de posies cncavas ouconvexas assumidas (Frobenius, 1913: I, 25o).

    Diz-se que o exclusivo fundamento dasprofecias consiste no conjunto de nada menos de 1.680 mximaspara cada um dos 4.096 odus. evidente que ningum se podelembrar de um total to imenso e como uma profecia em questodepende naturalmente das vrias posies dos diferentes odus,existe uma liberdade absoluta de interpretao de algo que no menos misterioso que o ptio orculo do templo de Apolo, emDelphi, ou do templo deAmon (Frobenius, 1913: I, 246).

    Wyndham (1919: 151-152; 1921: 65-67)oferece uma descrio breve, porm independente, do mtodode divinao. Os sacerdotes de If (chamados babalaw)beneficiam-se consideravelmente com a divinao, a qualrealizam com areia sobre um tabuleiro circular ou com umberloque denominado Okpll. Esse Opel consiste em oitopedaos de casca de rvore presos a um cordo. Estes oito sodispostos de quatro em quatro. Cada um desses pedaos de

    casca podem cair ou com a parte interna ou a externa, mostra.Conseqentemente, cada grupo de quatro pode cair dedezesseis maneiras diferentes, tendo nomes e significadosdiferentes. Wyndham lista em seguida essas 16 figuras e seusnomes, os nomes das figuras duplas dezesseis oumensageiros de If e discute as combinaes: estascombinaes so denominadas filhos do Mensageiro que surge

    12

    12

    12

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    13/49

    direita. Desse modo, gb Yeku filho de gb; Oyek gb um filho de Oyek. Da se ver que Okpl pode mostrar 256combinaes.

    Procedimento. Um homem vem a umbabala para consultar If. Ele coloca uma oferenda de caurs(para os quais ter sussurrado suas dificuldades) diante dobabalaw. Este toma do Okpll e o coloca sobre os caurs. E

    diz ento, Voc, Okpll, sabe o que este homem disse para oscaurs. Agora me conte. Ergue ento o Opel e deita-o sobre osolo. A partir do mensageiro ou da criana que aparece obabalaw suposto deduzir que seu cliente deseja um filhohomem, furtou um bode, ou est com dor de dente, conforme ocaso. Ele ento diz ao homem o que precisa trazer em sacrifcio,a fim de atingir seus objetivos.

    S. Johnson (1921: 33) descreve o mtodomuito sucintamente. Para consultar If, da maneira mais simplese comum, 16 nozes de palmeira so agitadas juntas no oco dasduas mos enquanto certas marcas so traadas com o dedoindicador numa tigela rasa polvilhada com farinha de car ou umarvore africana vermelha (camwood) em p. Cada marca sugereao sacerdote consulente os feitos hericos de alguns heris defbula, proezas que relata devidamene, e assim prossegue comas marcas ordenadamente at que acerte em certas palavras oufrases que parecem estar direcionadas para o assunto do cliente sua frente.

    Meek (1925: II, 69-70) fornece um relatomenos acurado: If pode ser abordado por intermdio de seussacerdotes em determinados dias. O deus emprega como seuintermedirio dezesseis cordes de caroos de palmeira queforam consagrados para seu uso por meio de determinados ritos

    elaborados. Cada cordo representa alguma divindade menor etem dezesseis caroos a ele atados o nmero total de caroossendo, por conseguinte, de 256. A esses caroos est associadoum grande nmero de histrias dos deuses e, de acordo com acombinao do nmero de caroos depois de eles terem passadopela mo, desse modo fua o sacerdote habilitado a aplicaressas vrias histrias ao caso em questo.

    Talbot (1926: II, 185-186) calca-seprincipalmente em J. Johnson: A verdadeira divinao praticada coma ajuda de 16 nozes de palmeira da rvore Awpe-Ifa, cada uma das quais normalmente possui quatro ou maisilhs. Cada uma dessas nozes representa dezesseis forassubordinadas, denominadas Odu, e destas, outras dezesseiscada. ...Todas esto associadas a parbolas ou histrias

    tradicionais com as quais o babalaw ter, em tese, de estarfamiliarizado. Uma branqueada, achatada e geralmente circularbandeja ou tigela de madeira, por vezes finamente cinzelada,chamada de Opon If, utilizada pelo adivinho que nela fazdeterminadas marcas de acordo com o nmero de nozesremanescentes na palma de sua mo esquerda depois de elehaver agarrado tantas quanto pode com a sua mo direita. Esseprocedimento repetido oito vezes, de tal modo que um muitogrande nmero de combinaes e permutaes se tornapossvel. Cada agrupamento tem sua prpria histria,decodificada ou traduzida pelo sacerdote nos termos da respostaaguardada.

    If, no entanto, no pode ser consultado seno se tomar previamente o conselho de um orculo inferior,chamado deAwpele ouAwpepere, considerado seu assistente. representado por oito pedaos de madeira, metal, osso oucabaa, atados frouxamente em duas fileiras, envolvendo muitomenos reflexo e conhecimentos que o primeiro mtodo. Aresposta depende da disposio e do nmero dos diversospedaos que caem cara ou coroa toda vez que os doiscordes so arremessados sobre o solo. Opel, entretanto, consultado apenas em assuntos de somenos e por todo aqueleque tenha aprendido o processo com o babalaw.

    Farrow (1926: 38-39) tanto recorre a Ellisquanto a J. Johnson: Ao consultar o orculo, o babala usadezesseis nozes de palmeira especial a Opelifa e uma tigeladivinatria, isto , uma bandeja circular esculpida ou mesmoretangular, dispondo, de um cabo, anloga maometanatabuinha de escrever. ... s vezes utilizado um leque, de formaquadrangular. Essa tigela divinatria denominada Opon-If.Sua superfcie recoberta com uma farinha branca ( iyerosu) ou

    13

    13

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    14/49

    p branco da rvore irosu. Sobre ela o sacerdote trabalha e, comum dedo da mo direita, imprime certos sinais a fim de indicaraqueles representantes de If que houverem ficado na palma desua mo esquerda, depois de haver tentado com um gesto damo direita agarrar todas as 16 nozes ali conservadas. Ou,ento, segura essas 16 nozes frouxamente na mo direita e asjoga por entre os dedos para dentro da mo esquerda. Se duas

    restarem na mo direita, ele faz uma marca, assim: /, natabuinha; mas se apenas uma ficar, ele far duas marcas, //.Esse processo repetido oito vezes e as marcas so montadasem duas colunas, de quatro cada. A natureza complicada desteprocesso demonstrada pelo fato de que por detrs de cadauma das dezesseis nozes existem dezesseis deidadessubordinadas. Cada uma delas qualificada de Odu, ou seja, umchefe ou cabea. Por isso h 16 x 16 = 256 Odus principais, ecada um destes 256 tem, novamente, 16 subordinados, elevandoo total de Odus para 4.096. H ainda aqueles que aumentam issoao multiplicarem cada um desses Odus por 16 subordinados demenor categoria! Acresa-se a essas cifras o fato de que, nos 8arremessos, ou tiradas da sorte, das 16 nozes, existe apossibilidade de um vasto nmero de resultados diferentes, eque, associados a cada Odu, presume-se estarem 1.680 contostradicionais, cada um dos quais representado por um brevedstico (ou parelha de versos) que precisa ser memorizado, elogo se ver que a tarefa de um babalaw no nada fcil,mesmo que ele restrinja sua ateno, como habitualmente ocaso, aos 16 Odus principais. A maioria dos babalas confia memria um grande nmero de dsticos, ou contos sintetizados,associados a cada um dos principais. Ento, quando um Oduaparece na tigela de consultas, o adivinho pensa na histria mais

    apropriada a ele ligada, adequada ao caso para o qual ele estsendo consultado e, dessa forma, d resposta oracular eprescreve o sacrifcio apropriado.

    Opel o nome de um orculo inferior,considerado um mensageiro de If. representado por oitopequenas fasquias de madeira e como , de longe, muito maisfcil a tarefa de consult-lo, os babalaws assim o fazem todos

    os dias e em todas as causas de menor importncia (Farrow,1926: 42).

    Southon (sem data, aprox. 1931: 25-26)calca-se basicamente em Farrow: Removendo o pano ante osolhos maravilhados de Adebiyi, Fatosin revelou uma cabeaelaboradamente esculpida. Abrindo-lhe o topo, o sacerdote pssua mo l dentro e retirou-a de novo segurando frouxamente

    entre seus dedos diversas peas pequenas e oblongas demarfim. Sacudiu-as com os dedos entreabertos de tal modo quecassem ao solo dentro do crculo de luz lanada pelo lampio decampanha, curvou-se e estudou as marcas cinzeladas nasuperfcie das vrias nozes de marfim. A banda da tigeladivinatria de Fatosin havia sido polvilhada com p branco dervore sagrada usada para esse fim e o babalaw ento fez umamarca no p com o seu dedo. Novamente as nozes de marfimforam sacudidas e despejadas, os sinais anotados e umasegunda marca desenhada na tigela divinatria. Oito vezes aotodo, a fim de cumprir o nmero prescrito arremessou Fatosinseus marfins. Depois anotou cuidadosamente as marcas quefizeram sobre a tigela e por detrs de sua face impassvel,montou uma complicada soma que envolvia prodigioso feito dememria.

    Havia dezesseis nozes de marfim, cada umadenominada Odu, ou chefe, cada qual com uma divindadesubordinada, cada uma das quais por sua vez tendo sua prpriadeidade assistente, perfazendo um total acima de 4.000 Odus.Ligada a cada um desses Odus est uma curta histria ouparbola, que qualquer babala suposto de saber de citar.

    O arremesso das nozes de marfim por oito vezes resulta na

    fixao de um dentre milhares de nmeros possveis. A tarefa deFatosin agora era de calcular o nmero exato que era indicadopelo lanamento das nozes e relembrar o conto associado aquelenmero, pois esta seria a resposta de If ao pedido de ajuda de

    Adebiyi.Delano (1937: 178-179) faz um breve relato

    independente: Os sacerdotes de If so chamados deBabalaws. O trabalho deles difcil e precisam possuir uma

    14

    14

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    15/49

    muito poderosa e retentiva memria. H inmeras recitaestratando com toda esfera de vida que eles so obrigados amemorizar mediante escuta de babalas mais velhos. Essasrecitaes so denominadas Odu. Na medida em que aansiedade, a doena e a bondade humanas variam e so semconta, nunca existiu um s babala que tenha podido cobrir ouniverso inteiro de If. Cada uma das esferas de vida dispe um

    odu a ela aplicvel. ...Quando uma criana est enferma e os pais

    vo a um babalawpara descobrir a causa da doena e seuremdio, comparecem sua frente sem a criana e sem lhe dizera causa de sua ansiedade. Quando lhe pedido para serconsultado, no h honorrio a ser pago. Tira o seu If, mira ospais, e comea sua recitaes enquanto lana o Opel e fazsignos e marcas com sua mo na areia sua frente. Opel oguia com o qual ele chega as suas dedues. Depois ele ergue acabea e conta aos pais que a criana est doente. Novamentelevanta o rosto e diz: apendicite ou qualquer outra que seja aenfermidade.

    Price (1939: 134), que serviu como diretorregional em if, d outro breve independente depoimento arespeito do babalaw: Eles aprenderam a ler augrios e darconselhos a clientes de longe e de perto observando seu futuro.No posso atestar a preciso desses profetas mas os absorveitrabalhando. Usam uma bandeja redonda de madeira decoradacom entalhes na borda, sobre a qual esparzida uniformementeareia, como dezesseis nozes da palmeira, metade das quais tmquatro orifcios naturais cada, enquanto a outra metade s temtrs. Algumas delas so agitadas como dados e arremessadasao solo. De acordo com o modo que caem certas marcas so

    feitas na areia com os dedos do sacerdote. Aps vriasrepeties desse processo, ele l a configurao final feita nabandeja e revela seu significado na medida em que diz respeito questo sobre a qual foi consultado. Demanda anos de intensoestudo para tornar-se um eficiente babala; havendo, ao que sediz, noventa e nove graus a serem vencidos antes de atingir onvel mais elevado. Mais adiante ele repete, as nozes depalmeira so ento sacudidas e lanadas tais como dados e o

    veredicto lido segundo a maneira em que caem. (Prince, 1930:138-139).

    Clarke (1939: 239-252) descreve quatroconsultas com adivinhos que testemunhou, uma com nozes depalmeira e trs com o rosrio divinatrio e em adiantamentofornece as figuras de If e duas relaes com seus nomes.Fontes precedentes so citadas mas este um depoimento

    independente e importante. A corrente divinatria e o seu uso socorretamente descritos e a escolha entre alternativas especficasdenominada igbigbo ou obtendo o Ibo registrada: ao utilizar asamndoas divinatrias, o adivinho tomou uma bandeja divinatriasobre a qual borrifou um p obtido de uma rvore denominadaIrosun (Baphia ntida). Ento, depois de jogar dezesseis caroosde palmeira da mo direita para a esquerda, de modo que com osegundo dedo de sua mo direita imprimiu uma marca no p dolado direito da bandeja. Depois ele novamente jogou as nozes damo direita para a esquerda e, permanecendo uma noz, fez umadupla marca, com o primeiro e segundo dedos, do lado esquerdoda bandeja. Isso ele repetiu oito vezes no total, sempre fazendoprimeiro as marcas do lado direito, depois do lado esquerdobandeja. Desse jeito obteve ele uma configurao na bandejaque correspondia s configuraes feitas pelo Opel duasfileiras de quatro elementos neste caso marcas duplas ousimples ao invs de cascas com cncavas ou convexas (Clarke,1939: 240).

    Desde aquele tempo tem havido diversosrelatos breves de minha autoria (1941; 1942; 1943; 1944: 25-29;1952; 1961; 1966); uma recapitulao de Farrow por Lucas(1948: 75-79), relatos de Parrinder(1949: 152-161; 1953: 31-36;1954: 119-120; 1961: 137-147) e de Abraham (1958: 275-276),

    que se fundamenta em Lucas e outras fontes; o trabalho deIdowu(1962) pouco fala de divinao mas cita 31 versos de If; eartigos de Prince (1963) e McClelland(1966). Com o passar dosanos, desenvolveu-se tambm uma estrutura literria em idiomasIorub, de autores como Lijadu, Epega, Ogunbiyi, Sowande eoutros citados na bibliografia e em Bascom (1961: 681-682). Amaior parte deles pouco fala acerca de tcnica de divinao, queeles tendem a tomar como obviamente conhecida, mas tm

    15

    15

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    16/49

    grande importncia dos muitos versos de If que registraram.Lamentavelmente, muitos escritos tm carter efmero,publicados localmente e no largamente disponveis parapesquisa acadmica.

    Nesse nterim, alguns estudos foramefetuados no Daom e no Togo. Seguindo de Burton (1864),houve os trabalhos de Skertchly (1874), Gradin (1895), Spieth

    (1911) sobre o Ewe, LeHerisse (1911), Monteil(1931), Quenum(1935), Gorer(1935), Bertho (1936), Herskovits (1938), Trautman(1940), o obra monumental de Maupoil (1943), Alapini (1950),Garniere Fralon (1951) sobre os Ewe, e uma coleo de mitosFa em Herskovits e Herskovits (1958). Houve tambm erros erepeties nessas obras embora elas incluam alguns estudoindependentes e importantes. Vrios se calcaram em relatospublicados sobre divinao If entre os iorub; mas os estudosrelatados entre os iorub raramente deram ateno as fontesdaomeanas, com exceo para Burton, cuja as informaes soas primeiras.

    Os pontos essenciais do mtodo dedivinao foram descritos na literatura inicial mas que precisaainda ser escoimada de algumas discrepncias. Tediosasrepeties nestes relatos anteriores, muitas das quais foramexcludas aqui, mostram quo freqentemente narrativasprecedentes foram repetidas ou parafraseadas, habitualmentesem indicao de crditos respectivos. O nmero de vezes queuma afirmao feita no medida de sua credibilidade, como o caso das 16 x 4096 configuraes e os 1680 versos para cadafigura, para o que no existe indicao de qualquer verificaoindependente por escritores que sucederam a declarao originalde J. Johnson.

    Da maior parte das discrepncias trataremosmais adiante, nas discusses a respeito da parafernlia eprocedimentos de divinao, mas algumas delas podem serdeslindadas aqui mesmo. As declaraes de Campbell, Stone,Bouche, Southon e Price, segundo as quais as nozes de palmeiraso espalhadas ao acaso sobre a bandeja divinatria ouarremessadas ao solo e suas posies depois interpretadas oque sugere os ossos divinatrios da frica Oriental so

    inexatas. A manipulao das nozes conforme fornecido porMeek, Farrow, Southon, Lucas eAbraham deriva de Ellis, que dizque elas so lanadas por entre os dedos semi-cerrados,enquanto outros escritores, desde Burton at Clarke, falemapenas de arremesso de nozes de palmeira de uma mo paraoutra. Mais precisa a descrio de J. Johnson, que afirma que oadivinho se empenha em com um s ato da palma de sua mo

    direita apoderar-se de todas as 16.A descrio de Baudin sobre a mulher ou a

    me do cliente carregando as nozes de palmeira s costas edestinadas ao adivinho, embora repetida porEllis e Farrow, no confirmada por escritores subseqentes e foi negada porinformantes,tampouco todos os devotos de If trazemconstantemente consigo sua nozes de palmeira consagradas,como Campbell e Stone sustentam. Embora um carneiro ou umbode possam ser exigidos para o sacrifcio, estes e outros artigosno so trazidos por antecipao, conforme Tucker e Soutondeclaram; o objetivo da divinao determinar a natureza dosacrifcio que ir assegurar uma beno ou afastar um iminenteinfortnio.

    Referncias ao uso de uma muulmanalousa(wala) como bandeja ou tabuleiro divinatrio deriva dainterpretao equivocada de Ellis do relato de Burton (1983: I,220-222), que em nenhum ponto afirma que assim tenhaempregada. O que Burton descreve uma das tabuinhaslavradas ou tbuas calendrias usadas no Daom conformemostrado por Maupoil (1943: 209-218); embora a origem delasseja atribuda a if, elas no foram creditadas aos iorub.Afirmaes de que dezesseis figuras esto permanentementemarcadas na bandeja divinatria tambm derivam da descrio

    de Burton desses calendrios daomeanos. A descrio deCampbellda bandeja divinatria como um tabuleiro de xadrez inexata, do mesmo modo o sendo a afirmao de Stone de que um tabuleiro recoberto de p de madeira e marcado de pequenosquadrados. A narrativa de Tucker que menciona marcas feitas naparede pode estar se referindo apenas a magia protetora feitapelos divinadores (ver captulo VI) e no ao mtodo de divinao.

    16

    16

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    17/49

    Desconfiana dos divinadores e cepticismoante seus mtodos aparecem em muitos desses relatos ediversas so as explicaes oferecidas para a maneira pela qualeles chegam a suas predies. Frobenius assevera que odivinador tenha absoluta liberdade de interpretao das variadasposies dos diferente Odus. Baudin compara o mtodo deleitura da sorte com cartas de jogar, segundo o qual os adivinhos

    revelam a sua vontade boa ou m sorte segundo estimemapropriado para melhor engambelar o tolo que veio consult-los.Campbelle Stone declaram que o divinador fala ao cliente paradescobrir o tipo de resposta que ele gostaria de ouvir. Nenhumadessas afirmaes correta.

    Southon (s.d.: 23-25) oferece a seus leitoresa escolha entre duas explicaes inexatas: Nem Fatosin nem osseus mestres jamais ouviram falar a palavra psicologia mas elescompreenderam muito claramente o que a palavra significa. Paraser bem sucedido em sua profisso escolhida e por meio delaascender riqueza e ao poder, ele tinha de entender as mentes eos coraes que vm a ele em suas precises. Por intermdio deassdua prtica e rigorosa observao Fatosin podia ler ospensamentos daqueles que vinham a ele to claramente quantose pode ler uma pgina impressa e tirava proveito de suasesperanas e temores com o hbil toque de um mestre em sereshumanos.

    Tal era o sacerdote metade convencido deque possua os poderes que alegava, outra metade charlato aquem a simplria Adebiyi recorreu em sua desesperadanecessidade. ... Fato sim saudou-a com fria voz uniforme que,em certa medida, fazia a diferena que entre eles existia parecerainda mais vasta, e perguntou-lhe o que ela desejava para que o

    procurasse quela hora. ... Adebiyi finalmente chegou suahistria do enfermoAbiodun e sua convico de que um vermeestava carcomendo o crebro dele, posto ali por um feitioutilizado por inimigo desconhecido... Algumas perguntas acercado comeo e do histrico da doena de Abiodun esclareceram oastuto sacerdote que Abiodun sofria de nada mais srio que deum violento ataque de febre, que suas ervas velozmentepoderiam aliviar. ...

    Wyndham parece haver sido o primeiro aasseverar que o cliente no revela seu problema ao divinador, dequem se espera venha se informar por si prprio atravs dadivinao, embora no sugira como isso feito. Delano (1937:179), que tambm se apercebeu disso, oferece uma explicaode certo modo mstica: maravilhoso como um babalawodescobre o embrio da matria que lhe trazida. Os nexos na

    vida, as semelhanas na natureza e o que h de comum a toda ahumanidade, eis o que ele rene e donde faz uma deduocorreta. Gorer (1935: 197-198), que registra que no Daom ocliente sussurra seu pedido to baixinho quanto possa parauma noz de palmeira, fala dos divinadores Fa (bokonon) : Euno creio que os bokonon sejam, de um modo geral, embusteirosconscientes; parece-me mais provvel que eles tenham umhipertrofiado sentido de audio, tal como no incomum commediuns telepticos, e possivelmente, e inconscientemente,ouve por acaso o pedido murmurado para a afortunada noz depalmeira.

    Parrinder (1961: 137) oferece muitasexplicaes parecidas: Os segredos dos divinadores soguardados rigorosamente e difcil dizer qual a dimenso e aespcie dos conhecimentos deles. Eles sustentam, e algunsescritores srios neles crem, que dispem de segredosesotricos que a cincia moderna ignora. certo que por vezeseles parecem aperfeioar-se com os feitos humanos ou oparadeiro de seus deuses perdidos ou roubados por meio demtodos que no so facilmente explicveis. Alguns diriam queeles tm agentes secretos para escutarem mexericos de aldeia eobservar gente suspeita; outros alegam que eles praticamtelepatia e tem poderes de previso. Na primeira edio desse

    trabalho, a frase final menos evasiva: H necessidade decuidadosas investigaes em fenmenos de telepatia, previso eespiritualismo (Parrinder, 1949: 152).

    Clarke (1939: 251) conclui: Se eles sohonestos, precisamos excluir a hiptese de que, atravs de seusassociados, investigam os assuntos de seus clientes e dessemodo ficam sabendo do provvel tema duma indagao ehabilitados para prescreverem medidas que precisam ser

    17

    17

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    18/49

    tomadas. Talvez, ou por meios da telepatia ou, como se sugere,por intermdio de alguma hiperestesia, o babala possa saberconsciente ou inconscientemente aquilo que o interrogadorsussurrou para o Opel. Uma explicao menos mstica que foisugerida anteriormente (Bascom, 1941: 51-52) ser dada noCaptulo VII, mas antes que deixemos os relatos mais antigos,vale a pena notar-se que, segundo J. Johnson, S. Johnson,

    Meek, Farrow e Lucas, cabe ao divinador selecionar o versoadequado.

    III- A PARAFERNLIADADIVINAO IFEASINVOCAESPRELIMINARES

    Este captulo ocupa-se com as sementes depalmeira e o cordo ou rosrio divinatrio; com as sacolas oubolsas, placas, taas e tigelas nas quais elas so conservadas; ea bandeja ou tabuleiro, o p e a sineta usada em divinao.Conclui com uma descrio da invocao matinal que precede aprimeira divinao de cada dia. O chicote rabo de vaca dodivinador e outros materiais que servem precipuamente comoinsgnias de status ou como parafernlia ritual so discutidosbrevemente nos Captulos X e XI. Na divinao, seja comsementes de palmeira seja com o cordo, o divinador ficasentado sobre uma esteira (eni) e Epega (s.d.: I, 77) registra umverso de Otura Meji que responsvel por esse costume.Entretanto, como qualquer tipo de esteira serve, no se faznecessria descrio especial.

    ASSEMENTESDEPALMEIRA (IKIN)

    Dezesseis sementes de palmeira so objetos

    mais importantes empregados na divinao If, bem como noritual If. Eles tambm distinguem a divinao If de outrossistemas que utilizam nmeros diferentes ou outras espcies desementes, do agbigba, cortes da areia e outros sistemas dedivinao nos quais so empregadas as mesmas dezesseisfiguras bsicas. Ritualmente, as 16 sementes de palmeirasimbolizam If como o deus da divinao, da mesma forma queos machados pr-histricos ou pedras dos relmpagos

    representam Xang, o deus do raio e do trovo. Como sacrifciosa Xang so oferecidos a esses machados, assim tambmsacrifcios a If so feitos para as suas 16 sementes de palmeira.Na divinao, ritual e mito, If est associado a uma variedadeespecial de palmeira oleaginosa.

    A palmeira oleaginosa (ope) ou elaeisguineensis d frutos (eyin) em grandes cachos (idi, eyin, banga);

    cada fruto uma noz de palmeira coberta por um pericarpolaranja-avermelhado do qual extrado o leo de palmeira (epo),que se destina culinria e exportao. Os caroos (ekuro)propriamente ditos tem comprimento aproximado de umapolegada, de forma ovoidal, com dura casca negra e sulcoslongitudinais. Dentro do caroo h sementes brancas (kernels,em ing.) que so exportadas e das quais os iorub extraem oleo de semente de palmeira (palm kernel oil) (adin, adi) para afabricao de sabo e outros fins. Frobenius, ao contrrio, dizque sementes de palmeira no so usados em lugar de caroosda palmeira. Tanto os caroos quanto as sementes de palmeiraso comumente conhecidos com ekuro, mas os caroos usadosna divinao If so distinguidos por um termo especial ( ikin, iki,eken). Por vezes a eles se referem como nozes de palmeira deIf (ikin Ifa) ou palmeira olefera de ikin (ope ikin). (Emportugus, a elaeis guineensis conhecida por dendezeiro eseus frutos, nozes, amndoas, caros, etc., por dend,simplesmente, que ser doravante a designao no presentetexto) Dalziel arrola-se como uma variedadebotnica distinta (elaeis guineensis idoltrica) conhecida comKing Palm (palmeira real), Juju Palm, Tabu Palm e PalmierFetiche; ele afirma que ela facilmente reconhecvel por suas

    folhas semi-enroladas e a sua folhagem usualmente maisescura e menos pendida eu nos tipos comuns. Um divinadorHara disse que suas folhas so eretas e apontam para cimaporque so dobradas, o que as torna rijas. Aduziu que se o frutodessa rvore misturado com o fruto comum ao fazer o leo dapalmeira, este ficar estragado porque se mistura com a gua aoinvs de subir superfcie; quando tal ocorre, eles sabem que hpelo menos um ikin entre os frutos de palmeira. Com referncia a

    18

    18

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    19/49

    este fato que informantes dizem que os frutos da palmeira de Ifno so comidos.

    Alguns adivinhos de if sustentavam queapenas caroos com quatro ou mais reentrncias ou olhos (oju)em suas bases podem ser empregados na divinao ou compropsitos rituais e que os com trs olhos so inaceitveis paraIf. Um dos versos de If (175-2) registrados em if d conta de

    quatro olhos nos caroos de If. Burton (1863: I, 189) refere-seao emprego de caroos com quatro olhos e Talbot(1926: II, 185)e Atayero (1934: 6) queles com quatro ou mais olhos. J.Johnson (Dennett, 1906: 246) diz que If representado porcaroos com ocelos ou ilhoses de quatro at dez ou mais. Emoutro lugar ele diz: Existe uma palmeira especial que conhecida pelo nome de Opa-If, ou palmeira de If, porqueaquela espcie comumente d caroos dispondo de quatroocelos cada, e estes so os nicos empregados no culto a If e aele so dedicados. So considerados sagrados para essepropsito e freqentemente deles se fala como Ekuro-aije, isto ,Nozes que no devem ser comidas e se caroos com dois outrs ilhoses derem nessas rvores, estas e aparentementevariaes regionais no nome da rvore, mas iyerosun como adenominao do p amplamente reconhecida. Informantes deif explicaram que este nome significa Iye irosun, ou p demadeira (iye) feito pelos cupins na rvore irosun. Clarke (1930:240) tambm d rvore o nome irosun e Farrow(1926: 38) falaem irosu. Adivinhos em Meko, no entanto, no conheciam rvorealguma irosun, afirmando que o p de cupim provinha da rvoreosun (igi osun); eles explicaram que o termo iyerosun comosendo a combinao de iyeri oyeri (p de cupim) e osun.Abraham (1958: 334) d ambos `ye como p de madeira

    proveniente de rvore carcomida por insetos perfuradores eyr sn o mesmo que irosun: madeira pulverizada da rvoreirosun esparzida sobre a prancha divinatria.

    Dalzield irosun como o nome tanto paraCamwood, Baphia nitida, quanto para Barwood, Pterocarpusosun, que tambm conhecida como osun ou osun vermelho(osun pupa); Pterocarpus erinaceus conhecida como osun

    negro ou escuro (osun dudu). Ele comea sugestivamente suadiscusso de Pterocarpus com a afirmao: Existe muitaconfuso relacionada com a classificao botnica de vriosespcimes de Redwoods, conhecidas como Barwood eCamwood, e como os nomes nativos no so distintivos, eles doescassa assistncia a colecionadores. Prope-se confinar otermo Barwoodpara espcies de Pterocarpus e Camwoodpara

    de Baphia (Dalziel, 1937: 256).13Em If, o p divinatrio freqentemente

    mantido ao alcance da mo guardado numa garrafa ou outrovasilhame. Quando maior quantidade se faz necessria, oadivinho ou seu assistente pegam um pedao de madeira deirosun que esteja infestado de cupins, bate-o pesadamente sobreuma pedra achatada para esvaziar a madeira do p e bateia-osobre um tabuleiro de divinao, de molde a que maioresfragmentos de madeira possam ser removidos. Os adivinhos deMeko trazem para casa um pedao de tronco de rvore osun,durante a estao seca, e o deixam pousado no solo para que astrmitas possam com-lo, mas no prximo do local onde fazema divinao. Eles explicam que os cupins devoram apenas aparte externa, esbranquiada, e que o p avermelhado do cernejamais empregado. Esse cerne produz osun, o avermelhado pde madeira comumente conhecido em ingls como camwood,mas que seria barwood segundo a classificao de Dalziel, casoos termos de Meko e if sejam distingam especificamente.

    Em Meko, outras madeiras tambm podemser usadas, inclusive igi ayore e igi idin (no identificadas), igi isin(Akee apple ou Blighia sapida) (Abr. 160), e p de bambu ou decaibros de dendezeiro; iyerosun preferido mas a espcie demadeira no vem ao caso na medida em que o p de trmitas de

    qualquer outro tipo de madeira como insatisfatrio, masocasionalmente usam p de caibros feitos de dendezeiros comoum substituto.

    Embora marcao em areia sejafundamental para o sistema islmico de divinao e a despeito deWyndham (1921: 69) e Price (1939: 134) mencionam o uso deareia nos tabuleiros divinatrios em if e Gorer(1935: 196) relatar

    13

    19

    19

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    20/49

    seu emprego no Daom, tal uso em lugar de p de madeira desmentido por adivinhos de if e no mencionado porMaupoil.Em Meko, nem areia nem giz so usados; farinha de inhame(elubo) pode ser empregado, conforme nota S. Johnson (1921:33), mas no considerada boa para propsitos divinatrios. Demodo anlogo, a Maupoil(1943: 194) foi dito que fuligem, carvovegetal, car semi-cozido e mandioca no funcionavam.

    Marcao de uma figura em inhame meio cozido esmigalhado,conforme descrito por Burton (1863: I, 190), foi negada porinformantes e no tem sido sugerida por observadoressubseqentes.

    A SINETA DIVINATRIA (IRO, IROIFA)

    Como as figuras so cosideradas comodecorrentes, no simplesmente do acaso ou sorte, mascontroladas por If, que pessoalmente supervisiona cadadivinao, o adivinho pode atrair a ateno desse deus antes deiniciar a divinao. Com esse objetivo ele percute uma sineta oubaqueta ritual (iro) contra o tabuleiro divinatrio. Esta conhecida como a baqueta de If (irofa, iro Ifa) em If, como abaqueta de marfim (iroke, iro ike) em Ibadan e regio de Oyo, ecomo orunfa (orun Ifa) ou orunke (orun ike) em Meko; mas ostermos irofa e iroke so amplamente reconhecidos. A baquetatem, geralmente, cerca de 20 a 40 centmetros de comprimento,e esculpida em madeira, com a extremidade inferior, que sebate no tabuleiro, modelada na forma de uma presa de elefante.A extremidade superior (quando ela segurada) simplesmentedecorada mas tambm entalhada por exemplo, representandouma mulher ajoelhada; por cima, h, por vezes, uma ponta no

    formato de sineta, com ou sem badalo interno. Essa sineta notopo muito mais incomum que a ponta em forma de presa quepercute o tabuleiro. Frobenius (1913: I, 253) reproduz esboos dequatorze sinetas de If, ilustrando a gama de variedadesexistentes em sua forma.

    Adivinhos mais ricos possuem sinetasesculpidas em marfim ou moldada em lato. Um par incomum,procedente de if, fundido em bronze, acha-se ilustrado na figura

    13. Um simples basto coberto com as contas castanhas everde-claras de If tambm usado para esse fim em Meko econhecido pelos moesmos nomes ou cabo do chicote rabo-de-vaca pode ser empregado. Muitos adivinhos possuem sinetasdivinatrias embora elas no sejam essenciais divinao e, emif, os adivinhos mais experientes com freqncia no utilizam osseus.

    A seguinte lenda de If, que d conta daorigem da sineta ou baqueta ritual, foi contada por um adivinhode if que a atribuiu figura gb Okanran:

    Em certa poca, Orunmilprotegia Elefantee foi para a floresta com ele. Faziam qualquer tipo de trabalhopara obter dinheiro, mas Orunmil no era to vigoroso quantoElefante e no podia suportar as dificuldades to bem. Elestrabalharam na floresta durante trs meses e trs anos; masquando eles retornaram, Orunmil tinha ganho apenas dinheirosuficiente para comprar uma roupa branca. Em seu caminho devolta para casa, Orunmil pediu a Elefante para segurar a roupaenquanto ele entrava no mato para aliviar-se. Elefante o fez; masquando Orunmil voltou, Elefante a havia engolido. QuandoOrunmil pediu a roupa de volta, Elefante negou hav-larecebido. Nasceu grande disputa entre eles e prosseguiu medida que seguiam pelo caminho. Finalmente chegaram a umaencruzilhada, onde se separaram, Orunmil seguindo o caminhoparaAdo sem sua roupa e Elefante indo paraAl.

    A caminho de Ado, Orunmil encontrouCaador, que disse estar indo caar elefantes. Orunmil lhe disseque sabia onde poderia achar um e mat-lo e dirigiu-o paraseguir o caminho para Alo. Disse-lhe que encontraria um elefantee que o mataria e que quando o abrisse, encontraria uma roupa

    branca que ele lhe deveria trazer de volta. Caador seguiu ocaminho, encontrou Elefante e o matou. Quando lhe abriu asentranhas, achou a roupa branca l dentro. Devolveu-a aOrunmil juntamente com uma das presas do elefante comopresente.

    Desde aqueles tempos, em virtude dafalsidade de Elefante, Orunmil e os babalaw usam a presa de

    20

    20

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    21/49

    um elefante como irofa. E desde aquela poca, qualquer caadorque mata um elefante precisa levar a ala 14 para um babala.

    INVOCAESINICIAIS

    Antes da primeira divinao do dia, preces einvocaes so oferecidas a If e a outras divindades, enquanto

    a parafernlia est sendo arrumada. de convenincia descreveresse ritual preliminar, que s realizado uma vez ao dia, antesde se voltar para o verdadeiro mecanismo da divinao e amaneira pela qual o verso adequado de If selecionado para oconsulente. Conforme registrado em Meko, o adivinho senta-sesobre uma esteira, com seu tabuleiro diante de si. Espalha p demadeira sobre o tabuleiro e coloca o alguidar ritual em seucentro. O sortimento de objetos heterogneos que servem comosmbolos de alternativas especficas so situados do lado direitodo tabuleiro. Duas bolsas de caurs, uma das quais tambmcontm dezoito dends, so colocadas em frente ao tabuleiro.

    O adivinho retira os dends de dentro da

    bolsa e os pousa dentro do alguidar divinatrio e, em seguida, osoergue com ambas mos e assopra saliva nos dends. Entodiz: If acorda, oh, Orunmil. Se voc est indo para a fazenda,voc deveria vir para casa, oh. Se voc est indo para o rio, vocdeveria vir para casa, oh. Se voc est indo caar, voc deveriavir para casa, oh. (Ifa ji-o, Orunmil; bi o lo l(i) oko, ki o wa-(i)l-o; bi o lo l(i)-odo, ki o wa- (i) le-o; bi o lo l(i)-ode, k(i) owa- (i) le-o.) Isso para assegurar que If supervisiona adivinao e veja que a figura correta escolhida.

    Ele ento coloca o alguidar ritual no solo, esquerda do tabuleiro, dizendo Eu tomo seu p e aperto o cho

    assim. (Mo fi esse re te-(i) le bayi.) Ele ento o ps sobre aesteira assim. Eu carrego voc para sentar sobre a esteira, assimvoc pode me carregar para sentar na esteira para sempre. (Mofi esse re te ori eni bayi. Mo gbe o ke l(i) ori eni, ki o l gbemi ka l(i) ori eni titi lai.) Ele recoloca o alguidar sobre otabuleiro dizendo Eu carrego voc para sentar no tabuleiro de

    14

    Ifa, desse modo voc pode me carregar para sentar no tabuleirode If para sempre. (Mo gbe o ka l(i) ori opon-(I)fa, ki o lgbe mi ka l(i)-ori opon-(I)fa titi lai.) Essas oraes por vidalonga so seguidas por outras, por filhos e dinheiro.

    Ele desenha uma linha no sentido dosponteiros do relgio com seu dedo, no p de madeira, ao redorda base do alguidar, dizendo Eu construo uma casa ao redor de

    voce, assim voc pode construir uma casa ao redor de mim 15,assim voc pode deixar filhos me rodearem, assim voc podedeixar dinheiro me cercar. (Mo ko-(i)l yi o ka, ki o l ko-(i)le yimi ka, ki o l jeki Omo yi mi ka, ki o le jeki owo yi mi ka. ) Eleapaga a linha com seu chicote rabo-de-vaca dizendo: Eu faohomenagem, oh; fao homenagem, oh. Homenagem vem parapassar; homenagem vem para passar; homenagem vem parapassar. (Mo ju-(i)ba-o, mo ju-(i)ba-o; iba se, iba se, iba se .)Ele pega um pouco de p de madeira do tabuleiro e o pe sobreo solo, dizendo, Cho, eu presto homenagem; homenagem vempara passar. (Ile mo ju-(i)ba; iba se.)

    Ele coloca de novo o alguidar de lado etraa, no p divinatrio ao centro do tabuleiro, uma linha que seafasta dele, dizendo: Eu abro para voc um caminho reto edireito; assim voc pode abrir para mim um caminho reto edireito; assim voc pode deixar que as crianas tomem essecaminho at minha presena, assim voc pode deixar quedinheiro tome esse caminho at minha presena. (Mo la ona funo tororo, ki o le la ina fun mi tororo; ki o le jeki Omo to ona yiwa s(i)-odo mi, ki o l jeki owo to ona yi wa s(i) odo mi.)Depois ele remexe o p de madeira no cho com a extremidadedo cabo do chicote rabo-de-vaca, dizendo: Eu fao o choassim. (Mo se ile bayi.) Do mesmo mo-do ele remexe o p de

    madeira sobre o tabuleiro, dizendo: Eu fao o tabuleiroassim.(Mo se opon bayi.)Batendo no tabuleiro com a sineta divinatria

    ou com o cabo do chicote rabo-de-vaca, ele recita: Escalar etagarelar. Se o Cinzento Picapau Oeste-africano sobe ao topo deuma rvore, ele vai tagarelar. Escalar e tagarelar, oh, escalar e

    15

    21

    21

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    22/49

    tagarelar. Se o pssaro Agbe desperta 16, ele vai tagarelar.Escalar e tagarelar, oh, escalar e tagarelar. Se a Galinholadesperta, ele vai tagarelar. Escalar e tagarelar, oh, escalar etagarelar. (A-gun se-o, a-gun se. Bi Akoko g(un) ori igi a se.A-gun se-o, a-gun se. Bi Agbe ji a ma se. A-gun se-o, a-gunse. Bi Aluko ji a ma se. A-gun se-o, a-gun se.)

    Ele prossegue: Elegbara (ou seja, ),

    homenagem, oh (Elegbara, iba-o) e recita diversos nomes delouvor de , Ogum tagarela (Ogun se), seguido de nomes delouvor de Deus de Ferro; Oxum vai tagarelar (O un a ma se ),acompanhado de nomes de louvor de Deusa do Rio Oxum;Xang, sua homenagem, oh, homenagem ( ango iba-e-o, iba) e nomes de louvor do Deus do Trovo. Ele continua ainvocar e recitar os nomes de louvor de tantas divindadesquantas possa, sendo a ordem sem importncia depois de eOgun. Ele, ento, passa a invocar os reis vivos e mortos: Reisna terra e Reis nos cus, sua homenagem, oh (Oba aiye ati obaorun, iba yin-o) e a terra: Cho, sua homenagem, oh. (Ile iba e-o.)

    Ele conclui, Orunmil, sacrifcio oferecido;Orunmil, sacrifcio satisfatrio; Orunmil, sacrficio vem parapassar 17 (Orunmil-bo-ru, Orunmil-bo-ye, Orunmil-bo-si e ), ele bate as palmas das mos e diz, Obrigado, oh Adupo,). A invocao dirigida a Orunmil uma prece para que osacrifcio que oferecido ser aceitvel para ele, e que alcanarseu propsito.

    O adivinho retira os dends do alguidardivinatrio, recoloca dois deles dentro da bolsa, junto aos caurs,e conta os dezesseis remanescentes dizendo: Contar de novo (ede novo) como um homem maluco conta seu dinheiro. (A tun

    ke li asiwere Ik owo re.) Como continua a passar os dends deuma mo para outra, ele invoca o parente que foi encarregado desua iniciao, Homenagem a oluwo (Iba oluwo) ou Honra aooluwo (Owo oluwo), e homenageia seu mestre (ojugbona) 18,todos aqueles que algo lhe ensinaram sobre If, aquele que o

    16

    17

    18

    submergiu na lama, outros adivinhos que agem desse modo, quecalcam (marcam figuras de If) dessa maneira, a que fazemassim. Ele presta homenagem ou honra ao montculo de cupins.De formigas, ao rei, homem branco, polcia, processe em tribunal,perda, queda de um galho de rvore, arma de fogo, pedra,bofetada e uma fumaa mortal, na fazenda, no rio, na savana, eassim por diante. H muitas dessas invocaes, as quais o

    adivinho pode mencionar ou emitir segundo seu desejo.Finalmente, o adivinho recoloca os dends dentro do

    alguidar divinatrio enquanto diz: Uma palavra sozinha noafasta um adivinho de casa, uma palavra apenas no afasta umancio de casa. Isso expressado a fim de assegurar que oadivinho no ir sofrer caso tenha negligenciado a meno dealguma divindade ou outra entidade em suas homenagens.Ento, ele est pronto para a divinao.

    IV. ASFIGURASDE IF

    Fala-se que a divinao o arremesso de If(dafa, da Ifa), usando o verbo que descreve jogar milho paragalinhas ou espirrar gua. Lanar o cordo divinatrio ou jog-lopode ser distinto de arremessar os dends, sendo mais descritivodeste ltimo a expresso batendo os dends, na qual o verboempregado se refere a batida de um tambor. Aps haverescolhido os dezesseis dends a serem utilizados, o divinadorprimeiramente os esfrega em conjunto, com vigor, oito de cadavez, como se estivesse limpando peas avulsas e soltas, paraento inspecion-las cuidadosamente.

    Ele os pega com as duas mos e, com

    rapidez, bate-os juntos por vrias vezes, depois tentando agarrarquantos possa com sua mo direita (ver figura 14). Comodezesseis dends formam um punhado grande e como suasuperfcie ovoidal se torna polida com o tempo de uso, algumasrestam amide no fundo de sua mo esquerda. Se no ficanenhuma ou ficam mais de duas, ou ainda se a pegada insegura ou se ele sente que alguns tentam escapulir, volta oadivinho a bat-las novamente e procede a nova pegada.

    22

    22

  • 8/7/2019 William Bascom - Primeira Parte

    23/49

    Apenas quando um ou dois ficam em suamo esquerda que comea a contagem da tentativa. Se restarum, o divinador desenha duas curtas linhas paralelas no pdivinatrio sobre o tabuleiro; se ficam dois, s uma linha traada. Justificando essa aparente inverso arbitrria, osadivinhos dizem simplesmente que esse foi o modo como If lhesensinou. Uma linha nica feita com o uso do dedo mdio da

    mo direita, enquanto uma linha dupla o com os dedos mdio eanelar da mo direita, empurrando ou pressionando o p paralonge do adivinho de modo a deixar mostra a superfcie maisescura do tabuleiro (ver Figura 15). O processo denominadoapertar If e as marcas so conhecidas como os olhos dotabuleiro.

    Quando este procedimento tiver sidorepetido oito vezes, o divinador ter feito oito marcas duplas ousimples sobre o tabuleiro. Estas so dispos