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 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma análise preliminar 1      Resumo O estudo é parte de uma pesquisa mais ampla que analisa as características da produção acadêmica nacional em Educação em Ciências. O recorte apresentado teve como foco a produção sobre o ensino de Ciências para os anos iniciais do ensino fundamental. Foram analisadas teses, dissertações e artigos publicados em periódicos Qualis da área. As teses e dissertações foram identificadas no Banco de Teses da CAPES e os artigos no sítio de cada periódico. A busca dos textos nas diferentes fontes orientouse pelas seguintes expressões: alfabetização científica, anos iniciais, ensino de ciências e séries iniciais. O critério possibilitou selecionar 134 teses e dissertações e 44 artigos, os quais constituíram o corpus de análise da pesquisa. Os dados indicam o crescimento da produção científica sobre o tema, especialmente na última década, elaborada principalmente em programas de pósgraduação situados nas regiões Sudeste e Sul do país, com destaque para a crescente produção dos mestrados profissionais. Indicam também a concentração dos estudos em poucas temáticas das áreas específicas.  Palavraschave: Ensino de Ciências. Anos iniciais. Produção acadêmica. Estado do conhecimento.   Iône Inês Pinsson Slongo Universidade Federal da Fronteira Sul [email protected]                                                                  1  Agência Financiadora: PIBIC/UFFS 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma análise preliminar1    

 

Resumo O estudo é parte de uma pesquisa mais ampla que analisa as  características  da  produção  acadêmica  nacional  em Educação  em  Ciências. O  recorte  apresentado  teve  como foco  a produção  sobre o  ensino de Ciências para os  anos iniciais  do  ensino  fundamental.  Foram  analisadas  teses, dissertações  e  artigos publicados  em periódicos Qualis da área. As teses e dissertações foram  identificadas no Banco de Teses da CAPES e os artigos no sítio de cada periódico. A busca  dos  textos  nas  diferentes  fontes  orientou‐se  pelas seguintes  expressões:  alfabetização  científica,  anos  iniciais, ensino  de  ciências  e  séries  iniciais.  O  critério  possibilitou selecionar  134  teses  e  dissertações  e  44  artigos,  os  quais constituíram  o  corpus  de  análise  da  pesquisa.  Os  dados indicam o crescimento da produção científica sobre o tema, especialmente na última década, elaborada principalmente em  programas  de  pós‐graduação  situados  nas  regiões Sudeste  e  Sul  do  país,  com  destaque  para  a  crescente produção dos mestrados profissionais.  Indicam  também  a concentração dos estudos em poucas  temáticas das áreas específicas.  Palavras‐chave: Ensino de Ciências. Anos iniciais. Produção acadêmica. Estado do conhecimento.  

 Iône Inês Pinsson Slongo 

Universidade Federal da Fronteira Sul [email protected] 

     

 

                                                            1 Agência Financiadora: PIBIC/UFFS 

A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma análise preliminar  Iône Inês Pinsson Slongo 

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1 Introdução e contextualização 

A  inserção do ensino de Ciências desde os primeiros  anos da escolaridade 

vem sendo amplamente defendida, há mais de quatro décadas. A  implantação da 

Lei 5692/71 representou um marco nesta luta, porque ampliou a obrigatoriedade do 

ensino de Ciências a todas as séries do então primeiro grau. Em 1980, as discussões 

sobre  a  educação  científica  escolar  foram  intensificadas,  fortemente  orientadas 

pelo  debate  sobre  as  implicações  sociais  do  desenvolvimento  científico  e 

tecnológico (KRASILCHIK, 1987). Na década de 1990 e posteriores, iniciativas como 

a promulgação da Lei 9394/96 que apontou para a necessidade de ressignificação 

dos  processos  de  ensinar  e  aprender,  a  elaboração  dos  Parâmetros  Curriculares 

Nacionais  (BRASIL,  1997)  e  as  Propostas  Curriculares  dos  estados,  também 

responderam positivamente a essa maior valorização do ensino de Ciências na fase 

inicial da escolarização. Entretanto,  apesar de  todos estes “esforços  criadores” e 

dos  recentes  avanços  sinalizados  pela  pesquisa  educacional  (SCARPA; 

MARANDINO, 1999; NARDI; ALMEIDA, 2007), o ensino de Ciências enquanto espaço 

privilegiado para a disseminação da cultura científica parece ainda não cumprir bem 

sua função (AZEVEDO, 2008; AMARAL, 2003).  

O  desenvolvimento  científico  e  tecnológico  experimentado,  nas  últimas 

décadas,  tem  provocado  transformações  estruturais  na  sociedade,  no mundo  do 

trabalho,  na  cultura  e  na  vida  cotidiana  de  um  modo  geral,  demandando  um 

aprofundamento do debate sobre a educação científica escolar, suas concepções, 

finalidades, conteúdos e metodologias. Neste contexto, o conhecimento científico 

adquiriu alto valor social, sendo considerado parte da cultura atual (ZANCUL, 2008; 

HAMBURGER,  2007;  CHASSOT,  2006;  ZANETIC,  2005;  LORENZETTI;  DELIZOICOV, 

2001).  

Especialmente da educação científica escolar é esperado muito mais do que 

a  socialização de um  espectro de  informações,  enunciados,  regras ou  fórmulas  a 

serem  utilizadas  para  a  resolução  pontual  de  exercícios  escolares.  Seus 

compromissos  demandam  a  articulação  destes  conhecimentos  com  a  sociedade, 

como também, com outras áreas da cultura, de modo a “favorecer a construção de 

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uma educação problematizadora, crítica, ativa, engajada na luta pela transformação 

social”  (ZANETIC, 2005, p. 21). Para Delizoicov e Angotti  (1992), a  formação crítica 

do  cidadão,  em  qualquer  nível  de  escolaridade,  não  poderá  prescindir  de  uma 

formação básica em Ciência e Tecnologia, de modo a possibilitar ao estudante uma 

melhor  compreensão  sobre  a  sociedade  e,  assim,  sustentar  uma  atuação 

consciente, crítica e responsável sobre ela.  

Nesta  direção  também  apontam  os  Parâmetros  Curriculares  Nacionais, 

quando anunciam que o ensino de Ciências para os anos iniciais precisa favorecer e 

instigar a  curiosidade, o questionamento e a busca por  respostas  sobre os  fatos, 

eventos e fenômenos que circundam e regem a vida cotidiana da criança: 

Mostrar  a  ciência  como  um  conhecimento  que  colabora  para  a compreensão  do  mundo  e  suas  transformações,  para  reconhecer  o homem  como  parte  do  universo  e  como  indivíduos,  é  meta  que  se propõe para o ensino da área na escola  fundamental. A apropriação de seus conceitos e procedimentos pode contribuir para o questionamento do  que  se  vê  e  ouve,  para  a  ampliação  das  explicações  acerca  dos fenômenos da natureza, para a  compreensão e valorização dos modos de  intervir na natureza e de utilizar seus  recursos, para a compreensão dos recursos tecnológicos que realizam essas mediações, para a reflexão sobre questões éticas implícitas nas relações entre Ciências, Sociedade e Tecnologia (BRASIL, 1997, p. 24). 

Para  atingir  esta meta,  o  ensino  de  Ciências  deverá  fazer  sentido  para  o 

aluno, auxiliando‐o na compreensão do mundo físico e social no qual está inserido, 

reconhecendo a importância da sua participação na tomada de decisões individuais 

e coletivas (WEISSMANN, 1998). E esta caminhada poderá ser melhorada “quando 

os alunos aprenderem desde que  iniciam a vida escolar a raciocinar, a questionar e 

não simplesmente  ‘acreditar’ na fala do professor” (CERRI; TOMAZELLO, 2008) ou 

memorizar um grande volume de  fatos e  informações. Não se  trata, portanto, de 

uma educação científica que visa preparar o aluno para o futuro, mas que contribui 

para a formação de um cidadão que é sujeito da história no tempo presente. A este 

ensino são necessárias algumas características:  

Deve  ser  garantida  uma  abordagem  crítica,  caracterizando  o empreendimento  científico  como  uma  atividade  humana,  não‐neutra, financiada e com vinculações econômicas e políticas. Mais ainda, não se pode esquecer de que se trata de um processo, que tem uma história e 

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uma evolução não‐linear, produzida coletivamente, isto é, por equipes de especialistas  em  vários  centros,  com  permanente  intercâmbio  de informações,  e  não  simplesmente  por  alguns  “gênios”  como vulgarmente  tem‐se  caricaturado  os  cientistas,  atribuindo‐lhes  até comportamentos  excêntricos,  mistificando‐os  (DELIZOICOV;  ANGOTTI, 1992, p. 46). 

Para  Zancan  (2000,  p.  6),  a  ciência  não  é  simplesmente  um  conjunto  de 

conhecimentos produzidos, mas “um paradigma através do qual se vê o mundo” e, 

neste sentido, o professor deverá auxiliar seus alunos “no processo de descoberta e 

de  reflexão  crítica”  sobre  o mundo  vivido.  A  autora  argumenta  que  esta  é  uma 

tarefa gigantesca e atribui o compromisso não apenas aos educadores, mas a toda a 

comunidade científica, que deverá “lutar para mudar o ensino de  informativo para 

transformador e criativo”, perspectiva que demanda uma formação consistente. 

Estudo  recente  (VIECHENESKI; CARLETTO, 2013) aponta que pesquisadores 

em  ensino  de  Ciências  defendem  a  educação  científica  e  tecnológica  desde  as 

primeiras  idades  sob o argumento de que esta, além de  ser um direito de  todos, 

poderá  contribuir para o desenvolvimento  intelectual dos pequenos,  inclusive  no 

processo de aprendizagem em outras áreas do conhecimento. Atribuem, também, à 

educação científica das crianças o desenvolvimento de práticas de cidadania, uma 

vez que esta os  instrumentaliza para a promoção de ações  responsáveis no meio 

social.  Soma‐se  a  isso,  que  para  muitas  crianças,  a  escola  primária  é  terminal, 

constituindo‐se  em  oportunidade  única  para  o  estudo  de  fatos  e  fenômenos  do 

mundo natural, de forma mais sistemática e profunda. 

Os  estudos de Almeida  (2001), Amaral  (2003), Azevedo  (2008)  e  Slongo  e 

Christ  (2011)  dão  conta  de  que  paradoxalmente  a  esse  amplo  consenso  e 

reconhecimento sobre a importância do conhecimento científico e tecnológico para 

o  exercício  crítico  e  responsável  da  cidadania,  a  educação  científica  escolar, 

notadamente  nos  anos  iniciais,  ainda  manifesta  forte  influência  do  paradigma 

empirista/positivista  vigente  no  século  passado.  Nesta  direção,  os  cursos  de 

formação de professores para este segmento escolar, mesmo com a exigência de 

formação superior fixada pela LDB de 1996, segue com carga horária incipiente para 

uma  discussão  mais  profunda  e  consistente  sobre  o  ensino  de  Ciências  e  suas 

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finalidades. Azevedo  (2008) conclui que “As  inovações pretendidas para o Ensino 

de Ciências foram muito mais discutidas do que verdadeiramente  incorporadas na 

sala de aula”.  

Numa época de  acelerado desenvolvimento da pesquisa  científica no país, 

acima da média mundial, com grande acúmulo de produção nas diferentes áreas do 

conhecimento (ZANCAN, 2000), as pesquisas bibliográficas do tipo “estado da arte” 

ou “estado do conhecimento” têm sido valorizadas, porque propiciam a circulação 

e o intercâmbio do que já foi construído, contribuindo com o que está por construir, 

otimizando a pesquisa em seus diversos aspectos (FERREIRA, 2002).  

O estudo de Delizoicov, Slongo e  Lorenzetti  (2009),  ao  focar na produção 

nacional em Educação em Ciências no período de  1997 a 2005, anuncia os baixos 

índices  de  estudos  sobre  o  ensino  de  Ciências  nas  fases  iniciais  da  escolarização 

(educação  infantil e anos  iniciais). Sinaliza para a necessidade de uma  investigação 

mais  ampla  e  com  este  foco,  envolvendo  também  a  produção  da  pós‐graduação 

(em teses e dissertações), bem como aquela publicada em periódicos da área, com 

o  objetivo  de  atualizar  os  dados  e,  assim,  potencializar  novas  investigações.  A 

presente  investigação  está  circunscrita  neste  contexto  e  traduz‐se  num  esforço 

para  localizar,  caracterizar,  sistematizar  e  realizar  uma  revisão  crítica  desta 

produção acadêmica. 

 

2. Procedimentos metodológicos 

A presente pesquisa  configurou‐se  como bibliográfica, do  tipo  “estado do 

conhecimento”  e  assumiu  o  desafio  de  explicitar  as  características  da  produção 

acadêmica  nacional  sobre  o  ensino  de  Ciências  nos  anos  iniciais  do  ensino 

fundamental.  Analisou  um  conjunto  representativo  de  teses  e  dissertações  e  de 

artigos publicados em periódicos Qualis da área da Educação em Ciências. 

As  teses e dissertações objeto de  análise  foram  identificadas no Banco de 

Teses  e  Dissertações  da  Coordenação  de  Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível 

Superior  (CAPES),  no  sítio  http://www.capes.gov.br/servicos/banco‐de‐teses,  o  qual 

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disponibiliza aos usuários os resumos dos trabalhos defendidos a partir de 1987.  A 

busca dos textos foi realizada da seguinte maneira:  

‐  no  “campo  assunto”  foram  utilizadas  as  seguintes  expressões  de  busca: alfabetização científica, anos iniciais, ensino de ciências e séries iniciais; 

‐  no  “campo  titulação”  foram  investigadas  teses  e  dissertações  (de mestrados acadêmicos e profissionais); 

‐ no campo referente ao ano foram selecionados os documentos de 2008 a 2012, incluindo estes, numa tentativa de analisar a produção mais recente. 

Tais  critérios  possibilitaram  identificar  134  resumos,  sendo:  19  teses,  79 

dissertações  realizadas  em  mestrados  acadêmicos,  e  36  dissertações  realizadas  em 

mestrados profissionais.  Considerando  que  o Banco  de  teses  e  dissertações  da  CAPES 

fornece somente os resumos das teses e dissertações, num segundo momento buscou‐se 

o  texto  completo  no  site  dos  programas  de  pós‐graduação  onde  as  pesquisas  foram 

geradas. Nos casos em que os textos não estavam disponíveis, buscou‐se contato com os 

respectivos autores, a partir dos dados fornecidos pelo Currículo Lattes. Realizando este 

percurso, foi possível obter 78 documentos completos. 

Com relação aos artigos em periódicos, a opção foi por cinco revistas Qualis 

de  grande  circulação  na  área,  quais  sejam:  Revista  Brasileira  de  Pesquisa  em 

Educação em Ciências  (A2), Revista Ciência & Educação  (A2), Revista  Investigação 

em Ensino de Ciências (A2), Revista Ensaio (A2) e Revista Alexandria (B2), todas em 

formato eletrônico e com acesso aberto aos artigos. Foram considerados todos os 

volumes/números disponíveis no  sítio de  cada periódico. Para  a  identificação dos 

artigos a analisar,  foram utilizadas as mesmas expressões utilizadas na busca das 

teses  e  dissertações,  as  quais  deveriam  constar  no  título,  resumo  ou  palavras‐

chaves. O critério possibilitou localizar 44 artigos, os quais, juntamente com as teses 

e dissertações, passaram a  integrar o corpus empírico da presente pesquisa. Tanto 

para  teses  e  dissertações,  quanto  para  artigos,  os  dados  foram  coletados  no 

segundo semestre de 2013. 

Adentrar esta produção acadêmica e explicitar suas características, de modo 

a produzir um panorama da pesquisa em ensino de Ciências para os anos  iniciais, 

exigiu  estabelecer  os  aspectos  a  serem  apreendidos  e  sistematizados.  Para  o 

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recorte estabelecido, o estudo priorizou  identificar: o quantitativo desta produção 

acadêmica  ao  longo  do  tempo,  seu  locus  privilegiado  e  as  especificidades  dos 

objetos  investigados  (foco  temático  e  área  do  conteúdo  escolar  privilegiado).  A 

metodologia de análise de conteúdo (BARDIN, 2009) possibilitou realizar o percurso 

e  inferir algumas perspectivas a partir das quais o ensino de Ciências para as séries 

iniciais tem sido investigado.  

  

3. Resultados e discussões 

 Foi possível delinear um quadro panorâmico da produção  acadêmica  analisada, 

cujos dados representam uma primeira aproximação com as características da pesquisa 

acumulada pela área de ensino de Ciências nos anos iniciais. 

 

3.1 Sobre a produção acadêmica em teses e dissertações 

Um dos primeiros dados  identificados  foi o quantitativo de  teses e dissertações 

produzidas sobre o tema nos últimos cinco anos, conforme mostra a Tabela 1. 

 

TABELA 1 – Distribuição das teses e dissertações ao longo do tempo                2008‐2012. Ano  Dissertação MA*  Dissertação MP**  Tese  Total  % 

2008  17  8  2  27  20 

2009  19  2  2  23  17 

2010  11  6  2  19  14 

2011  19  13  8  40  30 

2012  13  7  5  25  19 

Total  79  36  19  134  100 

Fonte: Banco de Teses e Dissertações da CAPES.  *MA – mestrado acadêmico **MP – mestrado profissional 

 

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  Observa‐se uma produção constante ao longo do período investigado, com 

discreta tendência ao crescimento. Conforme será demonstrado adiante, o 

desenvolvimento desta área de investigação deu‐se em diferentes instituições e 

Áreas do Conhecimento.  

Verifica‐se o predomínio de dissertações (115 documentos), fator justificável 

pela modalidade sequencial de pós‐graduação adotada no Brasil, isto é, primeiro o 

mestrado e depois o doutorado. Destaca‐se, também, a produção regular e 

significativa dos mestrados acadêmicos, mantendo‐se como lócus privilegiado da 

produção investigada, mesmo com a expansão dos mestrados profissionais 

vinculados à Área de Ensino da CAPES, estes, também com produção regular ao 

longo do período.   

Com  relação  à  procedência  dos  estudos,  observa‐se  a  presença marcante  das 

regiões Sudeste e Sul, conforme Tabela 2: 

 

TABELA 2 ‐ Volume de trabalhos por região do País             2008 ‐ 2012 Região/Nível  D. M. A  D. M. P  Tese  Total/região  % 

Sudeste  28  12  13  53  39,6 

Sul  21  7  2  30  22,4 

Nordeste  13  4  3  20  14,9 

Norte  10  11  0  21  15,7 

Centro Oeste  7  2  1  10  7,46 

Total    79  36    19  134  100 

Fonte: Banco de Teses e Dissertações da CAPES 

 

  Os dados mostram que as regiões Sudeste e Sul acumulam mais de 60% da 

produção analisada. Este fator está vinculado ao número de IES e, 

consequentemente, de programas de pós‐graduação disponíveis nos Estados 

destas regiões (LORENZETTI, 2008; SLONGO, 2004). Especialmente a expansão dos 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.9 

 

X A

nped Sul

mestrados profissionais em Educação em Ciências poderão estar alterando esta 

realidade. 

Priorizando as IES com uma defesa/ano, foi possível identificar que esta produção 

acadêmica manifesta características de dispersão, conforme dados da Tabela 3: 

TABELA  3  ‐  Trabalhos  por  IES  2008 ‐ 2012 

Instituição  Total  % 

UNICAMP  13  9,7 

UEA  13  9,7 

USP   7  5,2 

UFRN  6  4,5 

UTFPR  6  4,5 

UNESP – Bauru  6  4,5 

UnB  5  3,7 

Outras  78  58 

Total  134  100 

Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014 

 

Constata‐se  que  a  Unicamp  e  a  Universidade  do  Estado  do  Amazonas  (UEA) 

apresentam o maior volume de estudos e o mesmo desempenho no período (9,7% cada). 

Constata‐se também, que nas demais  IES, é baixa a frequência de trabalhos, mostrando 

que o ensino de Ciências para os anos  iniciais ainda é pouco  tangível em programas de 

pós‐graduação  há  muito  consolidados.  Observa‐se  que  aproximadamente  60%  da 

produção  na  área  origina‐se  de  IES  com menos  de  uma  defesa/ano.  Chama  atenção  a 

produção do Programa de Pós‐Graduação em Educação e Ensino de Ciências da UEA, uma 

vez  que  dos  13  estudos  identificados,  11  foram  gerados  no Mestrado  Profissional  em 

Ensino  de  Ciências  na  Amazônia.  O  Programa  foi  credenciado  pela  CAPES  em  2006 

(MOREIRA; NARDI, 2009).   

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

X A

nped Sul

Na sequência buscou‐se identificar a Área do Conhecimento à qual está vinculada a 

produção sobre o Ensino de Ciências nos anos  iniciais. Os dados são mostrados a seguir, 

na Figura 1.  

 

     Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014  

Observa‐se que o maior volume de pesquisas analisadas origina‐se de programas 

de pós‐graduação vinculados à Área de Ensino (63 trabalhos). Esta liderança se faz ainda 

mais  pujante  se  for  considerada  sua  história  recente,  criada  em  2000  como  Área  de 

Ensino de Ciências e Matemática, passou a nuclear, a partir de 2011, a Área de Ensino.  

Outro  aspecto  que  emana  da  Figura  1  e  reitera  dados  já  anunciados,  é  a 

característica  de  dispersão  da  produção  analisada.  São  aproximadamente  20%  dos 

trabalhos  gerados  em  programas  pertencentes  a  diversas  Áreas  do  Conhecimento, 

incluídos na categoria Outros.  

Cruzando‐se os dados obtidos pelo critério IES com pelo menos uma defesa/ano e 

Área do Conhecimento, verifica‐se uma  inversão no predomínio das áreas. O panorama 

está na Figura 2. 

 

4863

23

134

3647

17

100

Programas da área Educação Programas da área Ensino Outros Total

Figura 1 - Trabalhos por Área do Conhecimento 2008 - 2012.

Quantidade Porcentagem

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.11 

 

X A

nped Sul

   Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014  

 

Nota‐se que a Área da Educação assume a liderança (26 trabalhos). Por sua vez, a 

Área de Ensino segue responsável por significativa produção sobre o tema (16 trabalhos). 

Neste segmento há destaque para os mestrados profissionais da UEA e UTFPR, cujo foco 

é a formação de professores para a educação básica.  

 Um  comparativo  entre  as  Figuras  1  e  2  permite  inferir  a  fase  de  instituição  e 

evolução do campo do conhecimento (Ensino de Ciências nos anos  iniciais) e respectiva 

comunidade  científica.  Especialmente  a  característica  de  dispersão  das  pesquisas 

analisadas  possibilita  tal  inferência.  O  dado  instiga  novas  buscas,  de modo  a melhor 

caracterizar esta fase de constituição/desenvolvimento do campo do conhecimento. 

Dos 134 trabalhos selecionados no sítio da CAPES, foi possível o acesso ao texto na 

íntegra  de  78  documentos,  sendo  esse  o  contingente  de  estudos  analisados  para  a 

identificação dos focos temáticos e o conteúdo específico priorizado no estudo. 

A  identificação  dos  focos  temáticos  considerou  os  descritores  propostos  por 

Megid  (1998)  e  também  utilizados  por  estudos  assemelhados  (DELIZOICOV;  SLONGO; 

LORENZETTI, 2013; LORENZETTI, 2008; SLONGO, 2004; LEMBRUBER, 1999; MEGID, 1999), 

os quais possibilitam explicitar a natureza dos problemas investigados. A estratégia legou 

à tipificação dos estudos revelando o “núcleo de interesse” dos pesquisadores voltados à 

educação científica dos anos iniciais, conforme mostra a Figura 3: 

 

106 5 5

0 0

26

0 0 0 0

115

16

UNICAMP UNESP -Bauru

USP UFRN UEA UTFPR Total

Figura 2 - Trabalhos por IES e Áreas do Conhecimento2008-2012

Educação Ensino

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.12 

 

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nped Sul

                Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014 

   

O maior volume de trabalhos concentra‐se no foco Formação de Professores (33 

estudos), seguido por Recursos Didáticos (13 estudos). Destaca‐se, ainda, que a soma da 

produção  dos  focos  que  se  relacionam  com  os  elementos  do  ensino,  ou  seja,  com  a 

atividade docente (Formação de professores, Recursos didáticos, Currículos e programas 

e Conteúdo método), atinge mais de 75% do total da produção analisada. O dado mostra 

que a pesquisa da área em  temáticas  relativas ao processo do conhecimento,  tanto de 

alunos  como  de  professores  (Formação  de  conceitos,  Características  dos  alunos  e 

Características dos professores), ainda é  incipiente, aglutinando pouco mais de 22% dos 

trabalhos. 

Considerando que ensinar Ciências nos anos  iniciais do ensino fundamental, 

tem  como  premissa  básica  promover  uma  aproximação  do  estudante  com  os 

fenômenos naturais presentes no  cotidiano, de modo a “Mostrar a Ciência  como 

um  conhecimento  que  colabora  para  a  compreensão  do  mundo  e  suas 

transformações” (BRASIL, 1997, p. 23), buscou‐se identificar tais conhecimentos nas 

78 teses e dissertações analisadas. Esta busca foi realizada em consonância com os 

quatro Blocos temáticos apontados pelos PCN para o ensino de Ciências Naturais e 

Tecnologias para o primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental, quais sejam: 

Vida e Ambiente, Ser humano e saúde, Tecnologia e sociedade e Terra e universo. Os 

dados estão na Figura 4: 

 

33 13 10 7 7 6 1 1 78

42 17 13 9 9 7,7 1,3 1,3 100

Figura 3 - Focos Temáticos prioritários das Teses e Dissertações 2008 - 2012.

Quantidade. Porcentagem

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.13 

 

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                                                                            Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014 

 

Identifica‐se o predomínio de estudos que  focam em conteúdos do bloco Vida e 

ambiente (42%). Considerando que o eixo aglutina temáticas relativas ao meio ambiente, 

às relações entre os seres vivos, do homem com a natureza e os problemas ambientais, 

infere‐se que, especialmente o crescente interesse e estímulo pelas questões ambientais, 

vivenciados nas últimas décadas, tenham influenciado esta concentração de trabalhos no 

Bloco  temático.  Observa‐se  que  os  demais  blocos  apresentam  baixa  produção.  Um 

volume importante de estudos (36%) aborda a educação científica escolar de modo geral, 

sem especificar um conteúdo escolar. 

 

3.2 Sobre os artigos publicados em periódicos da área  

Os  periódicos  de  uma  área  do  conhecimento  são  importantes  canais  de 

comunicação científica. Têm fundamental importância na disseminação do conhecimento 

produzido e no processo de avaliação e validação deste pela comunidade científica. Desse 

modo,  a produção  veiculada em periódicos  reflete,  além dos  aspectos quantitativos,  a 

qualidade do que é produzido na área. 

Após  selecionar  os  44  artigos,  publicados  em  revistas  Qualis  da  área  de 

Educação em Ciências, cujo foco é o ensino de Ciências para os anos iniciais, passou‐

se  à  identificação  dos  dados,  conforme  questões  de  estudo  orientadoras  desta 

pesquisa.  Inicialmente  foi  identificado o quantitativo desta produção ao  longo do 

tempo. Vale apontar que os periódicos analisados disponibilizaram o acervo online 

33 2811 3 2 1

78

42 3614 3,8 2,6 1,3

100

Vida eAmb.

NãoEspecifica

Ser hum.Saúde

Tecnologiae Soc.

Terra eUniv.

Outros Total

Figura 4 - Conteúdo programático das Dissertações e Teses 2008-2012.

Quantidade Porcentagem

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.14 

 

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nped Sul

em  tempos  distintos. Desse modo,  a  figura  5 mostra  a  distribuição  da  produção 

sobre o ensino de Ciências nos anos iniciais ao longo de 13 anos: 

 

 

  Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014  

 

  Observa‐se que a disseminação da pesquisa sobre o ensino de Ciências para 

os anos  iniciais ocorreu de forma  lenta e gradativa ao  longo do período analisado. 

Uma produção mais sistemática e intensa pode ser identificada a partir de 2006. Há 

destaque  para  as  revistas  Ciência  e  Educação  (16  artigos)  e  Ensaio  (12  artigos), 

seguidas pela  IENCI (7 artigos), com presença regular a partir de 2008. As revistas 

com menor participação na divulgação da pesquisa sobre o tema é a Alexandria (3 

artigos), seguida ela RBPEC (5 artigos). 

  Do mesmo modo  que  foi  possível  inferir  a  partir  dos  dados  das  teses  e 

dissertações,  também,  a  partir  dos  dados  sobre  a  disseminação  da  pesquisa  em 

periódicos,  é  possível  evidenciar  que  a  área  e  respectiva  comunidade  de 

pesquisadores em ensino de Ciências para os anos  iniciais do ensino  fundamental 

acham‐se em processo de instituição/constituição.  

Com  relação  às  regiões  do  país  de  onde  procedem  aos  artigos,  os  dados 

novamente são muito próximos daqueles identificados em teses e dissertações. É o 

que apresenta a figura 6: 

 

1 1 1 2 1

4

1 1

411 2 1

13

11

1

11

11

3

2 1

11

1

2

1

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Figura 5 - Artigos por periódicos ao longo do tempo

Ciência e Educ. RBPEC IENCI ENSAIO ALEXANDRIA

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.15 

 

X A

nped Sul

     Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014 

 

  Semelhante  aos  dados  obtidos  das  teses  e  dissertações  verifica‐se  o 

predomínio de artigos procedentes da região Sudeste e Sul, que juntas somam 82% 

da produção disseminada nos periódicos em análise. Considerando que as regiões 

em destaque concentram o maior volume de programas stricto sensu nas áreas da 

Educação e Ensino, o resultado mostra‐se consistente e em sintonia com a análises 

realizadas por outros estudos sobre a produção acadêmica (DELIZOICOV, SLONGO, 

LORENZETTI,  2013;  OLIVEIRA,  CASSAB,  SELLES,  2012).  A  tabela  4  mostra  a 

distribuição dos artigos por universidades brasileiras. 

TABELA 4 ‐ Universidades citadas nos artigos em periódicos Universidade  Quant./artigos  % 

UFSC  4  9,1 

FIOCRUZ  3  6,8 

UFMG  3  6,8 

UNICAMP  3  6,8 

USP  3  6,8 

UEL  2  4,5 

UFF  2  4,5 

UFG  2  4,5 

UFPE  2  4,5 

Outras  20  45 

Total  44  100 

Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014 

 

  Observa‐se  que  nove  Instituições  são  responsáveis  por  24  artigos,  pouco 

mais de 50% da produção  identificada. A produção  restante procede de outras 20 

instituições. O dado  revela a mesma  tendência à dispersão  identificada na análise 

1 4 25 11 3 44

2,3 9,1 57 25 6,8 100

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro O. Total

Figura 6 - Volume de artigos em periódicos por região do País

Quantidade Porcentagem

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.16 

 

X A

nped Sul

das teses e dissertações. Em situação similar, analisando a produção em Ensino de 

Ciências,  Megid  (1999)  argumenta  que  esta  dispersão  também  poderá  ser  um 

indicador  da  existência  de  grupos  de  pesquisa  na  área,  dispersos  por  várias 

instituições do país, os quais, mesmo não estando  conectados por um programa 

específico, poderão estar em diálogo, considerada a afinidade dos problemas que 

interessam investigar e seus respectivos referenciais teóricos e metodológicos.  

  Outro dado em destaque é a liderança na divulgação da pesquisa, de IES com 

menor volume de teses e dissertações sobre o ensino de Ciências nos anos  iniciais 

(UFSC,  FIOCRUZ,  UFMG).  O  dado  poderá  ser  indicativo  da  existência  de  outras 

modalidades  de  pesquisa  presentes  nos  grupos  de  pesquisa  em  atividade  nestas 

IES. 

Com  relação  aos  Focos  temáticos  prioritários,  os  artigos  revelam 

especificidades,  quando  comparados  com  aqueles  identificados  em  teses  e 

dissertações, conforme mostra a figura 7: 

 

  Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014 

 

Observa‐se que a  liderança é do conjunto de trabalhos que abordam a Formação 

de conceitos e os Recursos didáticos utilizados no ensino de Ciências, ambos com 25%. A 

Formação  de  professores,  foco  prioritário  na  análise  de  teses  e  dissertações,  ocupa  a 

terceira  posição  na  produção  em  artigos,  juntamente  com  Características  dos 

professores,  ambos  com  14%  de  trabalhos  publicados  em  periódicos.  O  foco 

11 11 6 6 4 2 2 1 1 44

25 25 14 14 9,1 4,5 4,5 2,3 2,3 100

Figura 7 - Focos temáticos prioritários nos artigos em periódicos.

Quantidade Porcentagem

A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma análise preliminar  Iône Inês Pinsson Slongo 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.17 

 

X A

nped Sul

Características dos alunos, que está ausente em  teses e dissertações,  tem participação 

significativa  aproximadamente  10%  dos  artigos.  Por  sua  vez,  o  foco  Currículos  e 

Programas  que  em  teses  e  dissertações  detém  9%  da  produção,  está  ausente  nos 

trabalhos publicados na forma de artigos. 

Somando a produção cujos focos que se relacionam com os elementos do ensino 

ou com a atividade docente  (Formação de professores, Recursos didáticos e Conteúdo 

método), obtém‐se  aproximadamente 45% da produção  analisada na  forma de  artigos, 

enquanto  que  aquela  relativa  ao  processo  do  conhecimento  de  alunos  e  professores 

(Formação  de  conceitos,  Características  dos  alunos  e  Características  dos  professores) 

atinge pouco mais de 50% dos estudos analisados.  

A  utilização  deste  critério  para  uma  análise  comparativa  entre  a  produção  em 

teses  e dissertações e em  artigos  científicos mostra uma  variação  significativa para os 

focos  temáticos.  Enquanto  para  teses  e  dissertações  a  definição  dos  focos  temáticos 

mostrou  prioridade  para  as  problemáticas  relativas  ao  ensino  (75%)  e  em  relação  à 

aprendizagem (22%), nos artigos esta relação mostra‐se mais equilibrada, ensino (45%) e 

aprendizagem (50%).  

Com  relação  ao  conteúdo  programático  escolar  contemplado  nos  artigos 

analisados, foram utilizados os mesmos critérios para a identificação deste dado em teses 

e  dissertações,  tendo  como  referência  os  Blocos  temáticos  anunciados  pelos  PCN 

(BRASIL, 1997). Os dados estão na figura 8: 

 

   Fonte: Slongo; Souza; Bosa, 2014  

1910 6 4 3 2

4443

2314 9 7 4

100

Vida Amb. Não especifíca Ser Hum. Saúde Outros Terra Univ. Tecnologia. Soc. Total

Figura 8 - Conteúdo programático dos artigos em Periódicos.

Quantidade Porcentagem

A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma análise preliminar  Iône Inês Pinsson Slongo 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.18 

 

X A

nped Sul

Semelhante  ao  identificado  na  análise  de  teses  e  dissertações,  observa‐se  que 

predominam estudos com foco em conteúdos escolares do eixo Vida e Ambiente (43%), 

na  sequência  trabalhos  que  não  focam  em  conteúdos  específicos  (23%),  seguidos  por 

aqueles  que  analisam  situações  sobre  o  ensino  de  temas  pertencentes  ao  Bloco  Ser 

humano e Saúde  (14%). Os blocos Tecnologia e Sociedade e Terra e Universo  registram 

baixa produção, 7% e 4% respectivamente. 

 

Esta  visão  panorâmica  da  produção  acadêmica  sobre  o  ensino  de  Ciências  nos 

anos iniciais, possibilitou uma caracterização geral das pesquisas desenvolvididas (teses e 

dissertações)  e  publicadas  na  forma  de  artigos,  notadamente  na  última  década.  O 

percurso investigativo possibilitou identificar e explicitar elementos precurssores de uma 

análise epistemológica sobre esta produção acadêmica que acha‐se em curso. 

4. Considerações finais 

  Investigar  a  natureza  da  pesquisa  em  ensino  de  Ciências  para  os  anos 

iniciais  foi o principal objetivo do estudo exploratório apresentado. A visão panorâmica 

obtida possibilitou uma caracterização geral da produção acumulada, como  também, a 

explicitação de elementos que acenam para o atual “estado do conhecimento” atingido 

pela área.  

Os  dados  indicam  que  essas  pesquisas  vêm  conquistando  importante  espaço 

acadêmico,  realidade  que  se  traduz  em  uma  produção  gradativamente mais  regular  e 

intensa, desenvolvida em programas de pós‐graduação  ligados às Áreas de Educação e 

Ensino. As Regiões Sudeste e Sul  acumulam o maior  volume de estudos. As  temáticas 

investigadas  procedem  de  diferentes  focos,  com  ênfase  na  Formação  de  Professores, 

Recursos  Didáticos  e  Formação  de  Conceitos.  Quanto  aos  conteúdos  escolares 

privilegiados,  sobressaem‐se  estudos  ligados  ao  Bloco  temático  Vida  e  ambiente, 

havendo baixa produção nos Blocos Tecnologia e sociedade e Terra e universo. 

 Uma  leitura  analítica  mais  profunda  sobre  esta  produção  acadêmica  está  em 

curso, especialmente com objetivo de identificar as tendências teóricas e metodológicas 

que vem orientando esta produção acadêmica. Neste processo, o aporte epistemológico 

A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma análise preliminar  Iône Inês Pinsson Slongo 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.19 

 

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de  Fleck  (2010)  está  sendo  particularmente  elucidativo,  especialmente  as  categorias 

epistemológicas estilo de pensamento, coletivo de pensamento, circulação intercoletiva 

e  intracoletiva  de  ideias,  as  quais  possibilitam  esclarecer  a  gênese  e  a  difusão  de 

conhecimentos e práticas produzidas pelos coletivos constituídos na área. 

 

 

 

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