xxi jornal da rede gesiti - cti renato archer...a xxi edição do jornal da rede gesiti é fora de...
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XXI Jornal da Rede GESITI
http://br.groups.yahoo.com/group/GESITIs/ www.cti.gov.br www.mct.gov.br
Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.
ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170
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Editorial
Prezados leitores,
A XXI Edição do Jornal da Rede GESITI é fora de série e, corresponde as atividades da rede GESITI no
período Janeiro a Dezembro de 2011.
A comunidade de ~1400 integrantes mergulhou fundo na discussão de questões relacionadas a
inovação, desenvolvimento e futuro. O envolvimento dos participantes foi tão profundo que muitos
deles manifestaram suas opiniões a partir de testemunhos pessoais de suas vivências e pensamentos...
Isso trouxe a essa XXI edição uma característica inédita, com enorme diversidade de opiniões e de
referências trazidas ao debate.
Os temas tratados nessa edição foram:
Inovação
Gestão da Inovação: contradição de termos?
Nossas Cidades: Inteligentes?
Os Princípios da Inovação
Patentear a esmo não ajuda a inovação na Universidade
Brasil, país do indizível futuro. Ou... Vamos construir o nosso país?
Sem humanidade, produção é desemprego!
Excepcionalmente, o editorial não traz breves comentários sobre cada tema. Todos eles estão ricamente desenvolvidos, é mais apropriado que o leitor tire suas próprias conclusões sobre os assuntos abordados quanto a inovação, desenvolvimento e futuro.
As edições anteriores do Jornal GESITI estão disponíveis nos sites dos Colaboradores Institucionais e, também nesse link http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=210&Itemid=296. Finalmente, informa-se que todas as mensagens inseridas nesse Jornal (e anteriores), serão apagadas da Rede GESITI.
Editor convidado: Paulo José Pereira de Resende
Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP
Revisor: Antonio J. Balloni
Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer - CTI
XXI Jornal da Rede GESITI
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Sumário
Tema 1: Inovação ..................................................................................................... 3
Tema 2: Gestão da Inovação: contradição de termos? ............................................. 11
Tema 3: Nossas Cidades: Inteligentes? .................................................................... 19
Tema 4: Os Princípios da Inovação .......................................................................... 23
Tema 5: Patentear a esmo não ajuda a inovação na universidade ........................... 54
Tema 6: Brasil, o país do Indizível Futuro. Ou... Vamos construir o nosso país? ...... 677
Tema 7: Sem humanidade, produção é desemprego! .............................................. 80
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Tema 1: Inovação
Participação do Moderador
O tema inovação é de interesse e vem ao
encontro aos anseios da atual política brasileira
de C&T.
Apesar da falta de dados sobre a questão,
convén recordar os planos da Gurgel... quem
não se lembra da mega infraestrutura montada
em Rio Claro, para fabricar carro a Gurgel, que
foi interrompida ... por que? Fica aqui a
semente para dicussão do Tema inovação.
GESITI
Participação de Darcio Caligaris
Alguns temas, como o que é colocado agora em
discussão, merecem ser explorados até que
possamos chegar a melhor solução e com ela
elaborarmos uma norma com os passos
facilmente descritos e entendidos que poderá
ser cedida a empresários, professores,
pesquisadores, sonhadores e interessados
ciência e tecnologia.
Tal tema surgiu devido ao Brasil inovar muito
pouco frente a países como China e Índia, o
tema é inovação, mas podemos dividi-la em
copiar (no sentido de fazer semelhante ao que já existe
no primeiro mundo), copiar inovando, ou inovar
(criar algo novo).
O Brasil importa grande quantidade de
produtos por diversos motivos:
1) Não produz no Brasil;
2) O preço do produto fabricado no Brasil é
superior ao importado;
3) O produto fabricado no Brasil tem qualidade
comprovadamente inferior ao importado. Já
auto respondido, a sua utilização traz riscos de
qualidade.
Há ainda outros, sugiro que após termos todos
os motivos buscar a solução para cada um.
Pra Frente, Brasil!!! Vamos fazer uma seleção
brasileira de inovação.
Darcio Caligaris
Participação de Fernando Attique Máximo
Nós, brasileiros, somos considerados criativos.
Também temos capacidade.
Sobre o primeiro item, "não produz no Brasil",
um item que incomoda por não ser produzido
aqui é "carro". Há no país condições de termos
um carro nacional.
Fernando Maximo"
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Participação de Antônio Augusto
E existem dois (mas não são os únicos) motivos para
a ausência de inovação tecnológica no Brasil:
- falta de formação de inovadores;
- falta de incentivo aos que existem.
Da falta de formação de inovadores, deve-se
mencionar os cursos de engenharia,
computação e afins, que tendem a ser MUITO
acadêmicos e pouco voltados ao meio em que
estão inseridos. Minha formação é em
engenharia, e percebo que o número de
professores pelos quais passei e que teham tido
alguma experiência considerável fora da
universidade, era muito pequeno. Nos cinco
anos de curso, muito mais ouvia falar em
artigos científicos e bolsas de pesquisa do que
em mercado de trabalho, empreendedorismo,
comportamento profissional e outros assuntos
fundamentais para quem quer ter uma carreira.
De todos os grandes e reconhecidos grupos de
pesquisa que existiam dentro da universidade,
não me lembro de algo que tenha saído do
meio acadêmico e impactado de forma
relevante o mundo real.
Depois, vem a grande questão de que montar
uma empresa no Brasil é uma aventura para
poucos. Se esta empresa for de inovação, ou
seja, não for de um negócio conservador, é
preciso ter nervos de aço. Dados do Sebrae:
80% das micro e pequenas empresas fecham
em até 5 anos após a inauguração. Enquanto o
Banco Central se esforça para aumentar os
juros, será mesmo que alguém vai ter coragem
de angariar capital de giro para montar um
negócio "inovador"?
Há uma ilha de esperança nas incubadoras
tecnológicas, que oferecem alguma estrutura e
incentivo às empresas que estão começando.
Eu trabalho em uma pequena empresa do ramo
de semicondutores, uma área que no Brasil,
infelizmente ainda é "inovadora", apesar de
fundamental para qualquer país que queira ser
tecnologicamente autossuficiente, e sei, um
pouco, das dificuldades de trabalhar com
tecnologia de ponta e inovação no Brasil,
dentro da iniciativa privada.
Antônio Augusto
Participação de Gilmar Molinari
Inovação é a base da sustentabilidade de um
povo.
1 - Educação - China e Índia estão preocupados
com a Educação do Povo, fato que no Brasil, a
educação está á beira da falência. As pessoas
passam pela escola e se formam sem saber
nada. Existem escolas municipais e estaduais
onde os alunos passam de uma série pra outra
sem prova ou exame de avaliação.
2- Custo – inovação tem um preço até a
maturação e mesmo depois de maturado, tem
o tempo de introdução de mercado. Os
recursos do Inovador são muitas vezes
limitados. Os programas que estão inovando
com sucesso, são os que têm ajuda
governamental, vide a Embrapa, porém até
atingir o atual estágio, levou alguns anos de
pesquisa e desenvolvimento. Idem para o
exemplo dos estudos de DNA no Brasil.
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3 - Capital de Investimento – são de difícil
captação, por diversos motivos. No final quem
tem oportunidade são somente as empresas
estabelecidas ou grandes corporações.
Gilmar Molinari
Participação de Marlene Carnevali
Muito pertinentes as considerações sobre a
educação no Brasil. Tenho feito orientação
desde a pós-graduação e incomoda muito ver
que pessoas nesse nível de escolaridade não
sabem escrever. Pessoas que querem ser
especialistas em funções importantes, como
Gestão de Projetos, por exemplo, e sequer
conseguem elaborar um trabalho, um
relatório... Em alguns casos na academia, após
várias tentativas, a única alternativa é a
reprovação. Entretanto, muitos professores
seguem a cartilha da instituição, mantendo um
alto índice de aprovação para fazer frente ao
mercado.
Hoje, quando um professor reprova um aluno
corre o risco de ser intimidado fisicamente. É
necessário, antes de tudo, que a educação
venha de casa, do berço, com os princípios
morais e de respeito. Se o professor educa e os
pais não colaboram, temos isso: "meu pai paga
eu faço o que quero"...
Dessa forma, ainda que o nível de qualidade
dos cursos de formação acadêmica, desde o
primeiro grau, possa ser melhorado, não há
como corrigir a falta de educação que vem do
berço e que continua, quando os pais passam a
mão na cabeça, mesmo sabendo que o filho
cometeu uma infração... Por isso, pouco se
inova. A proporção da inovação corresponde
ao percentual de pessoas "educadas" para o
trabalho e para o convívio social. Soma-se tudo
isso ao pouco interesse dos governantes em
melhorar o nível do ensino e, por
conseqüência, temos o caos que vemos hoje,
onde uma minoria da população tem condições
de inovar e o fazem como heróis pois há pouco
investimento para as inovações de âmbito
científico.
Marlene Carnevali
Participação de Roland Scialom
"Inovação é a base da sustentabilidade de um
povo".
Devemos acrescentar:
"dependendo de quem é responsavel por ela"
E a frase ficaria assim.
"Inovação é a base da sustentabilidade de um
povo, dependendo de quem é responsavel por
ela".
Sugiro isso pensando na Alemanha no tempo
do nazismo. Houve muita inovação e sabemos
onde isso acabou.
Hoje, a corrida desenfreada ao lucro usa muito
de inovação, seja no contexto da indústria e
comercio, seja no contexto do capital que
inventa para ter lucro.
Muitas dessas iniciativas baseadas em inovação
são podres. Então é importante definir classes
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de inovação, da mesma forma que se definde
classe em matemática, para distinguir as
inovações podres das saudáveis. E sem
esquecer-se do discurso dos mistificadores que
tentam constantemente fazer passar o podre
por saudável.
Não devemos esquecer-nos do provérbio: "Por
fora, bela viola; por dentro, pão bolorento."
Roland Scialom
Participação de Luciene Almeida Costa
A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos),
disponibiliza em seu site o “Manual de Oslo”
relevante para quem tenha interesse em se
aprofundar nos conceitos.
É uma publicação conjunta de OCDE (Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da
Eurostat (Gabinete Estatístico das Comunidades
Européias), sua terceira edição1 traduzida e
disponibilizada pela FINEP. No site da Endeavor,
é possível acessar a palestra em vídeo -
Recursos para Inovação: Como e Onde
Encontrar, que é muito interessante e fala
como a FINEP trabalha com financiamentos de
inovações e tem o depoimento de um
empreendedor, falando de suas experiências e
as dificuldades por que passou2.
1
Nota do Editor: Disponível no endereço:
http://www.finep.gov.br/imprensa/sala_imprensa/manual
_de_oslo.pdf
2 Nota do Editor: o empreendedor em questão é o
empresário Roberto Alcântara, da empresa Angelus e vice-
Luciene Almeida Costa
Participação de Marcell Arrais
Uma nação somente se desenvolve se tiver
como foco inicial, uma educação de base. As
maiorias das oportunidades de maior
remuneração no Mercado estão ligadas a mão
de obra qualificada, muitas vezes exigindo
certificações técnicas e um apurado raciocínio
aritmético, além das aclamadas "soft skill", ou
seja, liderança, persuasão, comunicação, etc.
Recentemente, a revista Exame publicou um
ranking dos países emergentes com relação aos
níveis de educação, divididos por disciplina. O
Brasil estava como um dos piores posicionados
no ranking3.
É fato que alguns progressos são visíveis,
porém há muito por fazer. A pergunta
fundamental é: Inovar seja na educação, na
indústria, no terceiro setor, etc. faz parte dos
planos do Governo? Há um real interesse dos
milionários brasileiros de investir na
presidente da Associação do Desenvolvimento. Tecnológico
de Londrina e Região. O vídeo citado pode ser acessado no
endereço:
http://www.endeavor.org.br/videoteca/recursos-para-
inovacao-como-e-onde-encontra-los
3 Nota do Editor: a mensagemrefere-se à matéria “Apesar
de melhoria na educação, Brasil é um dos piores do
ranking”, disponível em:
http://exame.abril.com.br/economia/brasil/noticias/apesar
-de-melhoria-na-educacao-brasil-e-um-dos-piores-do-
ranking
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desigualdade intelectual de todas as classes da
população?
Marcell Arrais
Participação de Geraldo Corrêa
Como um país que fabrica aviões não tem
condições de construir automóveis em larga
escala? Mesmo reconhecendo o poder das
grandes montadoras, por que não ter uma
brasileira?
Saudoso Amaral Gurgel, talvez hoje tivesse
menos obstáculos para o seu sonho...
Geraldo Nunes Corrêa
Participação de Patricia Roggero
Inovação significa novidade ou renovação. A
palavra é derivada do termo latino innovatio, e
se refere a uma ideia, método ou objeto que é
criado e que pouco se parece com padrões
anteriores. Hoje, a palavra inovação é mais
usada no contexto de ideias e invenções assim
como a exploração econômica relacionada,
sendo que inovação é invenção que chega ao
mercado.
De acordo com Freeman, Inovação é o processo
que inclui as atividades técnicas, concepção,
desenvolvimento, gestão e que resulta na
comercialização de novos (ou melhorados)
produtos, ou na primeira utilização de novos
(ou melhorados) processos.
Inovação pode ser também definida como fazer
mais com menos recursos, por permitir ganhos
de eficiência em processos, quer produtivos
quer administrativos ou financeiros, quer na
prestação de serviços, potenciar e ser motor de
competitividade. A inovação, quando gera
aumento de competitividade, pode ser
considerada um fator fundamental no
crescimento econômico de uma sociedade.
... em síntese, as inovações exigem posturas
diferentes dos gestores para acompanhar a
velocidade com a qual as organizações se
reestruturam. A inovação é uma das principais
armas para garantir a competitividade das
empresas.
Hoje buscamos constantemente ferramentas
para trabalhar a resiliência ou contratarmos
profissionais já com as características que a
organização precisa para fazer rodar seus
processos de acordo com as estratégias e
metas estipuladas através de seus indicadores.
... a visão prospectiva nasce então como
contraponto à visão tradicional do gestor.
Trata-se de planejar, porém lidando com essa
realidade turbulenta e em constante mutação.
Assim, o futuro não é uma continuação do
passado.
A técnica de Análise de Valores / Engenharia de
Valores (AV/EV ou EVA) é um esforço organizado
para atingir o valor ótimo de um produto,
sistema ou serviço, promovendo as funções
necessárias ao menor custo. É uma ferramenta
importante nos projetos de inovação, por
permear entre o tangível e o intangível,
agregando valor e contribuindo na construção
das inovações.
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Utilizando a metodologia Engenharia de Valor,
além da redução de custos a organização pode
obter mais alguns resultados, tais como:
Aumento do Valor Agregado, Melhoria da
Qualidade, Simplificação de Produtos e
Processos, Padronização, Sinergia de grupo,
Redução do Ciclo de tempo e Satisfação do
Cliente.
O essencial para inovar é ser um bom
comunicador, construir boas relações, delegar
com eficiência, apoiar a sua equipe, dar
feedback e estabelecer metas para cada
departamento de acordo com a organização do
negócio...
Corremos tanto atrás do lucro que não temos
tempo para a inovação, potencial fonte de
lucratividade.
O grande diferencial é se destacar utilizando a
interatividade como ferramenta de
aprendizado, e compreender que a inovação só
tem efeito, a partir do momento em que existe
comunicação.
Patricia Roggero
Participação de Roland Scialom
"Corremos tanto atrás do lucro que não temos
tempo para a inovação, potencial fonte de
lucratividade"
Há outros fatores, mais importantes do que
este e que entravam o processo de inovação.
Os que me vem à mente neste momento são:
"patotismo", "nepotismo" e "corporativismo".
Roland Scialom
Participação de Marcus Vinicius Soares
Foi chocante ler materia do jornal O Globo: “...
o Brasil vai "importar" engenheiros e arquitetos
de outros países, convalidando os seus
diplomas aqui4...” Houve até palestras para
empresários interessados nisso.
Parece um reflexo da nossa eterna dúvida entre
o fazer e o comprar feito (o que os economistas
chama de "make-or-buy-decision"). Na dúvida,
sempre compramos feito. Somos sempre
"pragmáticos" e nunca planejadores. Ou seja,
sempre caímos na armadilha tipicamente
moderna da difusão, "de repente, Califórnia!"
Agora, uma provocação: falamos muito sobre
inovação, mas será que quem tem o chamado
poder econômico quer mesmo inovar? Ou quer
passar a imagem de que está inovando, quando
na realidade o que interessa mesmo é o lucro
imediato? E ter, lógico, alguém que saiba
defender este lucro como nosso (o nosso direito, a
nossa propriedade, o nosso patrimônio, etc) e ponto
final?
Marcus Vinicius Brandão Soares
4 Nota do Editor: o teor da matéria foi posteriormente
reproduzido no Portal G1, disponível em:
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/01/com-
mao-de-obra-escassa-governo-quer-facilitar-entrada-de-
estrangeiros.html
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Participação de Lucio Fonseca
A situação é mesmo preocupante. O dinheiro
volumoso gerado pelas nossas commodities
(soja, minério e petróleo) parece estar dificultando
nossa visão de longo prazo.
Segundo o IPEA, na pauta de exportações
brasileiras só 6,8% são produtos de alta
tecnologia.
Segundo Richard Rosecrance (ex-reitor da Un.
Califórnia), os países hoje se dividem em países
braçais e países cérebros. Quem se beneficia
mais? Onde nos classificamos?
Vejam o quadro comparativo abaixo:
- 1 quilo de minério de ferro é vendido por
pouco mais de 0,10 dólar;
- 1 “quilo” de tênis estrangeiro custa 200
dólares (2.000 vezes mais - ou 2 toneladas de ferro);
- 1 “quilo”• de IPAD custa 1.000 dólares (10.000
vezes mais - ou 10 toneladas de ferro);
- 1 "quilo" do avião Rafale (que o Governo fala
em comprar) custa 8 mil dólares (80 toneladas de
ferro);
- 1 "quilo" de satélite custa em torno de 80
milhões de dólares (800 mil toneladas de ferro).
“País vende ferro à China por US$140 e importa
trilho a US$ 850” (Fonte: Folha de S.Paulo)
E o petróleo? Cada litro que produzimos rende
US$ 0,47. A soja rende em torno de US$ 0,38
por quilo.
Será que nosso futuro está garantido, com
estas "benesses" que o Deus "brasileiro" nos
deu? Ou embarcaremos na "maldição do
petróleo"?
Até quando teremos que exportar toneladas e
toneladas de Brasil (literalmente) para
comprarmos produtos de valor agregado que
poderíamos fazer aqui mesmo - e vendê-los,
acrescidos das características que nossa
criatividade agregar? Por que não apostar
definitivamente na economia verde, ou de
baixo carbono, e definir que seremos a maior
referência em produtos e serviços sustentáveis,
em 10 ou 15 anos? Vender minério e importar
trilho?! Onde está a CSN, a Usiminas, a
Acesita?...
Nada contra (?) esburacar o país, revirar as
profundezas da terra - e do mar - e usar
imensas extensões de cerrado e floresta (para
plantio de soja) ENQUANTO preparamos nosso
capital humano e nossas empresas para um
estágio superior. Mas não dá para imaginar que
ficaremos fazendo isto o resto da vida, ainda
agradecendo a Deus por ter sido tão "pródigo"
para conosco.
Cada centavo da exportação de commodities
deveria ser carimbado: "SÓ PODE SER USADO PARA
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA".
Senão, estaremos vendendo o futuro, para que
- alguns muito mais que outros - possamos
usufruir de um presente - fugidio - de aparente
abastança.
Lucio Fonseca
Participação de Darcio Caligaris
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Convém registrar mais duas ponderações no
debate em andamento:
1) Os empresários devem planejar a data de
início do projeto e a data de início de produção
(colocação do produto no mercado), relatar
mensalmente os gastos ao governo que
financiou a inovação, e o governo deve
fiscalizar rigidamente e punir rigidamente o não
cumprimento.
2) Se o produto é mais barato fora do Brasil,
para quer perder tempo em produzir no Brasil?
Entretanto, não acreditam que se formos
realmente persistentes, lutar para um lucro
menor a um prazo maior por apenas um
determinado tempo, poderemos fazer mais
barato, e até concorrer internacionalmente?
Existem várias formas é só acreditar, e quem
tem dom para isso consegue muitos imigrantes
cem anos atrás conseguiram!
Professores de história do Brasil e mundial
tirem-nos do limbo.
Darcio Caligaris
Participação de Tales Costa
Inovar significa fazer algo novo, diferente do
que fazemos no presente. Ou seja, implica
navegar através de riscos e incertezas. Assim,
pode parecer um contrasenso exigir inovação e
simultaneamente cobrar/punir rigidamente o
não cumprimento de metas e prazos.
Tales Costa
Participação de Lucio Fonseca
Algumas especulações sobre as causas de não-
inovação em nosso país:
1. Ilusão com o fato de sermos um celeiro de
materia prima; os grossos volumes de dinheiro
"anestesiam";
2. Acomodação geral; um ponto central na
questão é a nossa juventude. Assustador é o
fenômeno de ver jovens ultra-talentosos
gastando sua energia e tempo para passar em
concursos públicos, apenas para ter
"segurança" (depoimento ouvido há poucos dias, numa
palestra realizada numa empresa pública de BH); ainda
que estejam totalmente enganados - em geral,
no serviço público trabalha-se muito - muitos
só estão preocupados com a "estabilidade", ou
seja, com não terem que batalhar "mais"
(quando ainda nem começaram!!!). Se fossem para o
serviço público com o intuito de colocar sua
inteligência a serviço da melhoria do país,
ótimo; mas o que estamos assistindo é toda
uma geração enfeitiçada pelo canto da sereia
do "dinheiro fácil" (mais uma vez: mal sabendo que
este só existe para os desonestos e aproveitadores e que,
graças a Deus, o serviço público, em muitos casos, já passa
a ser gerido pelas boas práticas empresariais). Um crime
de lesa-juventude e lesa-pátria;
3. Falta de lideranças visionárias (não
messiânicas), capazes de despertar nas pessoas
- principalmente nos jovens (estudantes,
empresários)- a VONTADE DE FAZER.
Há que re-despertar na juventude interesse
para o desafio, a vontade de romper limites.
Quando se vê uma Campus Party, por exemplo,
com tantos exemplos de "maluquices geniais",
em meio a um "caos criativo", dá esperança.
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Ainda dá tempo. MAS temos que definir
claramente o Planejamento Estratégico do país
(que não temos): para onde vamos e como vamos.
Deixo perguntas: quais são as "vocações" do
nosso país e o que precisamos fazer para
desenvolvê-las, de forma inovadora?
Lucio Fonseca
Participação de Darcio Caligaris
Da mensagem da página 03, temos: copiar (no
sentido de fazer semelhante ao que já existe no primeiro
mundo), copiar inovando, ou inovar (criar algo
novo): não sabemos ainda nem copiar, como
vamos para os passos seguintes? No passado,
não se inovava, fazia-se o similar e inovava
quando possível...
A verdade é que todos querem se apoiar no
governo, e os resultados? Tanto as
Universidades como Empresas que recebem o
financiamento do governo devem cumprir o
planejamento apresentado, para isso recebeu o
emprestimo... e, necessariamente, apresentar
resultados...
Entendo que devemos começar copiando e,
talvez com isso passemos a parar de importar
da China e India, e não obrigar que seja
aumentado o imposto para importar destes
países.
Darcio Caligaris
Tema 2: Gestão da Inovação: contradição de
termos?
Participação de Raoni Rajão
Existe uma relação peculiar entre a inovação e
métodos de gestão como o Six Sigma. Devemos
notar que o Six Sigma, assim como o Business
Process Re-engeneering, Total Quality
Management (TQM) e outras formas de gestão
ligadas ao Taylorismo, surgiram de contextos
industriais onde o objetivo era melhorar
processos mesuráveis, estáveis e previsíveis.
Podemos dizer que os processos eram
mensuráveis porque eles estavam ligados a
aspectos da organização visíveis, tais como
número de carros produzidos em um turno de
trabalho. Esses processos eram estáveis,
porque muitas vezes o mesmo modelo (ou
mesma base do modelo) permanecia em linha de
montagem por anos ou até décadas (como foi o
modelo T da Ford). Finalmente, os processos eram
também previsíveis porque todos os envolvidos
tinham uma idéia clara do que significa um
produto de qualidade (ex. um carro de acordo com
especificações bem estabelecidas). Sendo assim, era
possível formar um time e uma estrutura física
estável para trabalhar e se aperfeiçoar aos
poucos com o passar dos anos.
Por outro lado, os processos ligados à inovação
tem a tendência de ser imensuráveis,
dinâmicos e imprevisíveis. Enquanto os
gerentes normalmente podem ver o resultado
de seus subordinados, a mesma coisa não é
possível com cientistas. Obviamente, podemos
sempre criar métricas (ex. número de protótipos,
experimentos etc..), porém em última instancia o
status do trabalho de desenvolvimento
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tecnológico/científico é algo que só pode ser
avaliado pelo próprio cientista, ou com muito
esforço, por outro especialista da mesma área.
A inovação também é dinâmica. Enquanto
demorava-se décadas para melhorar um
processo industrial, basta a publicação de uma
nova descoberta no campo de materiais para
jogar água abaixo anos de pesquisa. Por isso
diferentes autores dizem que os inovadores
tem der ser dinâmicos e trabalhar em times
multidisciplinares que muitas vezes são
provisórios (ex. Engestrom). Finalmente, a
inovação tende a ser imprevisível. Todos
sabemos o que é um produto industrial bem
montando, mas podemos dizer um mesmo de
um projeto ou idéia abstrata? O que é para uns
algo revolucionário é para outros perda de
tempo. Além disso, enquanto produtos
industriais são feitos para ser vendidos no
mercado, quantas inovações eventualmente se
transformam em lucros concretos?
Sendo assim, gostaria de lançar uma pergunta à
rede. Seria correto continuar pensando na
gestão da inovação em termos Tayloristas,
como se tem feito ao aplicar TQM, BPR, Six-
Sigma etc.. nesse contexto? Caso contrário,
em qual direção devemos olhar para buscar
novos conceitos de gestão?
Isso também levanta outra questão mais
genérica. Os métodos de gestão Tayloristas são
compatíveis com as organizações pós-
burocráticas do século XXI, onde o dinamismo,
imensurabilidade e imprevisibilidade
prevalecem?
Raoni Rajão
Participação de Sergio de Araujo
A preocupação em relação ao tema é não
termos uma visão de longo prazo aplicado a
inovação. E isso não tem jeito, precisa da
atuação do governo.
Uma história exemplifica bem esse quadro.
Passava já 2 anos do governo FHC e estamos em
meados de 1996. A Intel decide que vai abrir
uma nova fabrica de semicondutores e esta
buscando um país onde ainda não tenha
operação e que possa atender sua necessidade
de crescimento.
Sabe-se que houve uma reunião no prédio da
FIESP na Avenida Paulista com a presença do ex-
ministro de ciência e tecnologia, Sergio
Rezende5.
Discutem e apresentam a necessidade que a
fábrica vai exigir, principalmente na formação
de engenheiros e mão-de-obra especializada ao
setor.
Falam de toda infraestrutura que será preciso
aprimorar a atender uma indústria desse porte.
Colocam os valores de investimento a ser feito
e a parte que cabia ao governo brasileiro seria
algo na faixa de 3 bilhões de dólares.
A pergunta do ministro então foi em quanto
tempo teria retorno essa fabrica e a resposta
foi que a previsão era de que em 10 anos
teríamos os primeiros retornos mensuráveis.
5 Nota do Editor: Sergio Rezende foi Ministro da Ciência e
Tecnologia entre 19/julho/2005 e 31/dezembro/2010.
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A negativa do ministro foi categórica, afinal de
contas teríamos eleições em 1997 e não havia
necessidade de gastar dinheiro com esse tipo
de fábrica.
Como é sabido de todos, a Intel moveu sua
intenção e acabou abrindo em 1998 sua fabrica
na Costa Rica.
Hoje a Intel representa um importante valor
para o PIB da Costa Rica, tanto que quando
anunciam qualquer forecast, antes eles falam
com o governo, pois depende de sua noticia
isso impacta em ate 4% no PIB.
E estamos nos aqui ainda, sem termos uma
indústria de base que traga inovação
tecnológica e atenda ao mundo todo com seu
produto.
Dito e certo que hoje o mundo corporativo
busca especialistas em generalidades, visto que
a dinâmica do dia-a-dia a todo instante
apresenta desafios que exigem saídas pouco
convencionais e inteligentes. De certa forma a
inovação no pensamento e na administração
das pessoas tem sido aplicada, com bons
resultados e novas formas de fazer as coisas.
Podemos observar como o brasileiro tem essa
capacidade, hoje em dia as multinacionais com
base no Brasil, a cada dia mais tem brasileiros
em suas plantas pelo mundo e menos
estrangeiros para sua unidades no Brasil.
A inovação na verdade é o componente
necessário a sobrevivência.
Vejamos como exemplo a 3M, que leva em sua
politica interna a inovação como componente
primordial do crescimento.
E olha que algumas inovações foram puro
acaso.
No final de tudo métodos, sistemas, pessoas,
processos, indicadores são um componente a
ser desafiado todo dia por uma ótica inovadora.
Sergio de Araujo
Participação de Fabiano Ribeiro Lima
Foi publicada no Valor Econômico uma matéria
muito interessante e pertinente ao tema
proposto6.
O Brasil perdeu oportunidades recentes de ter
sua própria indústria de semicondutores. Mas
uma nova chance de o país ganhar espaço
nesse mercado parece surgir com os avanços
em uma área ainda pouco conhecida da
tecnologia: a eletrônica orgânica. A técnica usa
compostos de moléculas baseadas em carbono
no lugar de elementos como silício e cobre na
fabricação de componentes.
Por usar material comum, como flúor e enxofre,
a eletrônica orgânica demanda investimentos
mais baixos. "Com US$ 100 mil já é possível
montar uma fábrica", diz o professor Roberto
Mendonça Faria, coordenador do Instituto
Nacional de Eletrônica Orgânica (Ineo) da
Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos.
6 Nota do Editor: a matéria pode ser acessada no endereço:
http://www.valoronline.com.br/impresso/empresas/102/3
75295/com-chip-organico-brasil-ganha-chance-em-
semicondutores
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Uma fábrica de chip de silício custa cerca de
US$ 3 bilhões.
A fábrica de componentes orgânicos também
dispensa investimentos maciços na montagem
de áreas livres de impureza, as chamadas salas
limpas, e de sistemas de vácuo. "A eletrônica
orgânica será a grande indústria do século XXI.
Precisamos embarcar nessa viagem agora", diz
Faria.
O mercado de dispositivos eletrônicos orgânicos
movimenta anualmente R$ 5 bilhões no mundo
e pode chegar a R$ 600 bilhões em 15 anos,
conforme dados da consultoria IDTechEx. No
mercado brasileiro, o potencial é de atingir R$
18 bilhões ao ano no mesmo período.
Em seu estágio atual, a tecnologia não pode ser
aplicada à fabricação dos processadores
centrais de celulares e computadores - dois dos
tipos mais comuns de chips. A tecnologia já
pode, no entanto, substituir a eletrônica
tradicional em material semicondutor usado na
fabricação de sensores, telas flexíveis, painéis
para captação de energia solar, lâmpadas e
etiquetas inteligentes.
"As embalagens de remédio podem ter circuitos
que mudam de cor para indicar quando o
medicamento passa da data de validade",
exemplifica Faria. Cartões inteligentes e papel
eletrônico são outras possibilidades. Só no Ineo
existem mais de 30 grupos de pesquisa
estudando aplicações e conceitos científicos
relacionados à eletrônica orgânica.
A tecnologia já é usada por fabricantes de
celulares na área de telas; empresas como Sony
e Samsung também adotam o material na
fabricação de aparelhos de TV e monitores
ultrafinos. O novo console portátil da Sony,
lançado ontem, chegará ao mercado com uma
tela de OLED, uma espécie de LCD que consome
menos energia e se baseia na eletrônica
orgânica.
No Brasil, algumas empresas começam a
investir na área. No início da semana, a CSEM
Brasil - instituição privada sem fins lucrativos
criada pela suíça CSEM S.A e pela empresa de
participações FIR Capital - assinou com o
governo de Minas Gerais e a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(Fapemig) um termo de cooperação técnica,
com aporte de R$ 7 milhões, para desenvolver
produtos com eletrônica orgânica. A instituição
também firmou com a Fapemig um memorando
de entendimento para cooperação científica
com o Imperial College London, principal centro
de referência da área.
O executivo-chefe da CSEM Brasil, Tiago
Maranhão Alves, diz que a empresa focará o
desenvolvimento de etiquetas com sensores de
identificação por radiofrequência (RFID) e
células fotovoltaicas (que convertem luz em
energia elétrica). O plano é iniciar a produção
desses itens no prazo de um ano e instalar uma
fábrica de chip eletrônico orgânico, o que
exigirá investimento de R$ 100 milhões. Ele diz
que o composto usado para a produção desses
itens poderia ser fornecido por empresas que já
atuam no país, como a Braskem. Por meio de
sua assessoria, a Braskem informou que
acompanha o desenvolvimento da tecnologia.
Devido ao custo reduzido, Alves diz acreditar
que a tecnologia atrairá o interesse de
investidores para a instalação da fábrica.
"Desde a década de 70 corremos atrás do
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mercado de semicondutores. A eletrônica
orgânica é o próximo trem que não podemos
perder."
A holandesa Philips também iniciou um projeto
no Brasil recentemente. Em novembro,
anunciou parceria com a Fundação Centros de
Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI) e
apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para trazer ao Brasil
parte do desenvolvimento da tecnologia OLED. O
diretor de tecnologia e sustentabilidade da
Philips, Walter Duran, diz que as lâmpadas de
OLED disponíveis atualmente são pequenas e,
portanto, têm aplicação limitada. O projeto visa
desenvolver lâmpadas maiores, que permitam
criar painéis destinados a ambientes
residenciais. Um exemplo seria um vidro para
janela capaz de armazenar energia solar e
iluminar um cômodo à noite. A Philips planeja
iniciar a produção de luminárias com a
tecnologia em 2013.
No início da década passada, a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
também usou a eletrônica orgânica para criar a
língua eletrônica, equipamento que identifica
os sabores de alimentos e bebidas.
Fabiano Ribeiro Lima
Participação de Sidnei Feliciano
Inovação é uma área pesquisada já de longa
data e atravessa diversas áreas.
Geralmente a inovação é tratada sob a figura
de um produto e raramente sob a perspectiva
de um processo.
Geralmente se dá atenção a inovações radicais
(aquelas que apresentam uma nova idéia baseada em
longos processos de P&D) e pouca atenção àquelas
inovações incrementais, que melhoram um
produto ou processo já existente (e que muitas
vezes oferece uma melhora signficativa, reduzindo custos e
ampliando mercados). Nicholas Negroponte, do MIT,
teria certa vez dito que a inovação incremental
é um veneno para o processo de inovação. Há
que se ter ressalvas em relação à sua
afirmação.
Alguns trabalhos entendem que um reflexo da
inovação é a quantidade de patentes
registradas pela organização ou, no caso de
uma análise nacional, da evolução dos registros
de patentes nacional.
Parece que para existir a inovação, é necessário
algumas coisas acontecerem, como pessoas
inovadoras, empresas inovadoras, empresas
com cultura organizacional abrindo espaço para
a inovação, recursos adicionais para o processo
de inovação. Como fatores externos, adotantes
da inovação, um preço compatível e política
que favoreça à inovação (uma política nacional de
inovação).
Na área é TI, quase tudo que foi produzido
relacionado à informática (hardware, software,
processos) nos últimos 10 anos ou mais, tem sido
apenas a recombinação de elementos já
existentes. Talvez devido à plasticidade dos bits
e bytes. Talvez porque a inovação tem se
apresentado muito mais como um incremento
em soluções existentes. Ao que parece, a
criatividade, elemento básico para a inovação,
é a própria recombinação destes elementos em
soluções inovadoras, o que se reflete na
enorme quantidade de negócios inovadores
baseados na internet.
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Porém, nem toda criatividade traz elementos
economicamente inovadores, senão os artistas
plásticos seriam as pessoas mais ricas do
planeta. Assim, a inovação apresentada neste
forum tem contexto profundamente focado no
lado econômico.
Assim, a inovação é um processo amplo e
complexo, que vale a pena ser discutido e
estimulado dentro das organizações, assim
como fazem IBM, Google, 3M, Dell e outras.
Especialmente, deve ser estudado para se
compreender suas diversas abordagens e
aplicabilidade para uma maior competitividade
no cenário nacional e internacional.
Sidnei Feliciano
Participação de Darcio Caligaris
A discussão acima não fica retrita a TI: devemos
copiar, copiar e inovar e finalmente innovar
todos os bens.
Se pelo menos conseguirmos copiar o que é
importado e comercializar e exportar por um
preço mais barato é um bom começo e uma
grande evolução.
Um artigo publicado na revista Negócios7
afirma que Israel é o país que mais investe em
pesquisa e desenvolvimento - 4,5 de seu PIB, à
frente do Japão, Estados Unidos e da Coréia do
7 Nota do Editor: a matéria “Israel: o país das start ups“
está disponível em:
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI1
98862-16642,00-ISRAEL+O+PAIS+DAS+START+UPS.html
Sul, e que o nº de start ups lá alcançou 3,8 mil
em 2009, isto é uma nova empresa tecnológica
para ca 1,8 mil habitantes.
Creio que a roda está descoberta, é so mandar
um especialista brasileiro até lá, ver como
funciona, fazer um plano de ação e cobrá-lo
com rigidez.
Darcio Caligaris
Participação de Paulo Jose Pereira de Resende
Muito felicita perceber o interesse em discutir
o tema "inovação" na lista.
Há alguns meses atrás, quando foi discutida a
subvenção econômica8, também se falou em
inovação. Naquele período, uma das questões
que foi colocada foi a necessidade de se
compreender que a inovação é um resultado de
um planejamento.
Sim, por mais que possam citar mil exemplos
de gênios e de inovações acidentais, é
necessário planejar. Olhar o futuro, enxergar
uma demanda reprimida, antever um
paradigma de mercado. Vejam o caso da Apple,
por exemplo, que equilibra bem inovações
radicais e incrementais em seu processo e
assim vem se consagrando no mercado da
informática. Certamente, esse reconhecimento
não depende de tiradas geniais e esporádicas
8 Nota do Editor: JORNAL da Rede GESITI, Edição XX.
Disponível em:
http://www.cti.gov.br/images/stories/cti/atuacao/dtsd/ges
iti/XX_JORNAL_GESITI_AGOSTO_DEZEMBO_2010.pdf
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dos seus engenheiros, mas de um esforço
contínuo e muito bem planejado.
Retomando a afirmativa de Negroponte, talvez
ele tenha tentado dizer que uma estrategia
exclusivamente voltada para inovações
incrementais possa ser um veneno para o
processo de inovação. Se for isso, é razoável
concordar, pois são as inovações radicais que
fornecem elementos para movimentos de
recriação "das" e "nas" organizações. As
inovações incrementais prolongam as curvas de
ciclo de vida, fidelizam segmentos de
consumidores etc., porém são subordinadas a
uma condição: quanto mais simples é de se
fazer, mais simples é de se copiar também, e
assim a concorrência fica sempre "na cola"...
Além das inovações de produto e de proceso,
debemos considerar também as inovações
organizacionais e de modelo de negócio, e
assim teremos um leque amplo para discutir.
Mais empresas deveriam discutir o tema a
fundo, especialmente aquelas que já se dizem
inovadoras. Podem se surpreender ao perceber
que não são...
Mais uma coisa: não devemos esquecer-nos de
envolver na discussão formações profissionais
além da engenharia: empresas inovadoras
precisam de advogados que saibam fazer bons
contratos de licenciamento, administradores
que possam identificar e desenvolver
oportunidades de negócio, publicitários para
formularem estrategias de difusão dos
produtos no mercado... Precisamos vencer o
preconceito de que "inovação é coisa de
engenheiro" e qualificar quadros para
participarem dos desenvolvimentos e nos
negócios.
Paulo Jose Pereira de Resende
Participação de Marcos Assano
A maioria das pessoas enxergam a inovação
apenas como melhoria de produtos ou
processos, que são as inovações tecnológicas.
As inovações de produtos consistem em
modificações nos atributos de um produto,
com mudança na forma como os consumidores
o percebem. As inovações de processos alteram
o modo de produção de produtos ou serviços,
geralmente para aumento de produtividade ou
redução de custos.
Além da inovação tecnológica, pode-se inovar
em modelos de negócio (ex: modelo Dell de venda
direta de computadores, companhias aéreas de baixo
custo), marketing, métodos organizacionais,
fontes de matérias primas, entre outros.
Não podemos concordar com a visão de
Negroponte de que a inovação incremental é
um veneno para o processo de inovação.
Inovações radicais não ocorrem com frequencia
pois dependem basicamente de invenções. Ao
longo do tempo, uma sucessão de inovações
incrementais pode ter efeito maior que um a
única inovação radical. Historicamente, o que
se observa é que a partir de uma inovação
radical, surjam uma série de inovações
incrementais em torno dela, até que ela seja
substituída por outra inovação radical. O
surgimento do automóvel, por exemplo, foi
uma inovação radical. Até hoje seguem-se as
inovações incrementais em torno da idéia
original. No futuro, talvez, seja substituído por
uma espécie de "teletransporte".
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Inovação tecnológica também tem sido vista
como uma busca das empresas pelo estado-da-
arte, o avanço tecnológico de forma atender
um mercado ávido por produtos cada vez mais
sofisticados para consumidores de ponta e que
demandam alta performance. Muitas vezes,
tais empresas ignoram mercados que
demandam produtos menos sofisticados, de
menor poder aquisitivo e, portanto, com
menores margens de lucro. Ignorar tais
mercados pode ser uma armadilha para as
grandes corporações, conforme explica o Prof.
Christensen (Harvard) em "The Innovator's
Dilemma" (1997). Start-ups aparentemente
inofensivas podem explorar estes mercados
com tecnologias mais simples e mais baratas
para atender a demanda menos exigente (o que
ele chama de "disruptive technologies"). Porém, o que
se observa com frequencia é que tecnologia
evolui mais rápido que a capacidade de
absorção do mercado. Ao longo do tempo, as
start-ups passam a atender também a demanda
do mercado de alta performance, com preços
mais competitivos. Em seu trabalho,
Christensen explica como fabricantes de
motores elétricos e discos rígidos nasceram, se
tornaram gigantes e morreram em um curto
espaço de tempo. Outros exemplos:
substituição de mainframes por
microcomputadores, CDs por MP3, filmes por
fotos digitais, monitores de tubo por monitores
LCD.
Marcos Assano
Participação de Darcio Caligaris
A presente reflexão, em três perguntas, vai ao
encontro do assunto:
1) Quantas cópias de produtos de outros países
foram desenvolvidas no Brasil em 2010,
acabando com a importação e iniciando sua
exportação?
2) Quantas cópias com inovações foram feitas
em 2010 no Brasil?
3) Quantas inovações foram feitas em 2010 no
Brasil, e quais foram elas?
Estamos dormindo em berço explendido!!!, Os
Empresários e Universidades até hoje
dependeram do leite do governo, qual o
resultado? Está na hora de se virarem e
batalhar pelo seu leitinho.
Darcio Caligaris
Participação de Roland Scialom
A reflexão faz sentido, pois esses mesmos
empresários9 fazem lobby há muito tempo para
que as coisas estejam dessa forma.
O grosso da elite que domina as finanças (porque
é dona de boa parte do dinheiro) e a política (porque
influencia fortemente o governo) não quer se mexer.
9 Nota do Editor: o participante se referiu àqueles
empresários que se beneficiam dos recursos públicos.
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Essa vocação à não-inovação casa bem com a
vocação cartorialista dos nossos governos e de
parte da nossa classe média.
Então não somos nós, que nos esforçamos para
dominar o conhecimento, que conseguiremos
mudar essa situação, por mais que se reflita
sobre inovação e politica de ciencia e
tecnologia.
Por outro lado, o fato do ensino público estar
ainda mal das pernas é muito significativo.
Enquanto ele estiver assim, nossos esforços
não farão acontecer coisas importantes. O
pessoal desta rede sabe disso.
Aqui, no Brasil, é preciso que haja algumas
pequenas revoluções, começando pela
concepção que se tem do país. Mais
precisamente a concepção que o grosso da elite
tem do nosso país.
Mas como é que se mexe nessa concepção?
Roland Scialom
Tema 3: Nossas Cidades: Inteligentes?
Participação de Paulo Jose Pereira de Resende
À medida que a discussão sobre tecnologia e
comunidades de conhecimento avança, emerge
o conceito das chamadas cidades inteligentes.
Desde 1999, o Intelligent Community Forum
promove o reconhecimento de cidades que se
destacam com base na análise de indicadores
relacionados a:
(1) oferta ampla de banda larga para empresas,
prédios governamentais e residências;
(2) educação, treinamento e força de trabalho
eficazes para o trabalho do conhecimento;
(3) políticas e programas que promovam a
democracia digital, reduzindo a exclusão digital,
para garantir que todos setores da sociedade e
seus cidadãos se beneficiem da revolução da
banda larga;
(4) inovação nos setores público e privado e
iniciativas para criar agrupamentos econômicos
e capital de risco para apoiar o
desenvolvimento de novos negócios; e
(5) marketing do desenvolvimento econômico
efetivo que alavanque a comunidade digital,
para que ela atraia empregados e investidores
talentosos.
Conforme consta da WIKIPEDIA, a lista de
cidades já agraciadas é:
2010 - Suwon, Coréia do Sul
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2009 - Estocolmo, Suécia
2008 - Gangnam-Gu, Coréia do Sul
2006 - Taipé, Taiwan
2005 - Mitaka, Japão
2004 - Glasgow, Escócia, Reino Unido
2002 - Calgary, Alberta, Canadá & Seul, Coréia
do Sul
2001 - Nova York, Nova York, USA
2000 - LaGrange, Geórgia, EUA
1999 – Singapura
Sobre a transformação em cidades inteligentes,
DUARTE (2005) escreveu:
Algumas cidades elaboraram estratégias para
serem catalisadoras de inovações tecnológicas
na sociedade de informação, articulando atores
públicos e privados – órgãos públicos,
empresas e universidades. Pode-se dizer que a
constituição de pólos tecnológicos é um dos
primeiros arranjos urbanos próprios da
sociedade da informação. Se antes a sua
maioria era implantada nas regiões periféricas
às cidades, com formato semelhante a parques
industriais, hoje os pólos de inovação,
espontâneos ou induzidos, consolidam-se em
áreas urbanas “ricamente informadas” – com
infra-estrutura tecnológica, social, econômica,
cultural e científica. (...) A cidade-palco é
substituída pela cidade-atriz, que se envolve
em processos de negociação, planejamento e
gestão urbana e regional, aliando seus trunfos
de catalisadoras de inovação científica às suas
necessidades de recuperação urbanística de
determinadas áreas.10
Nesse contexto, propõe-se a discussão nessa
lista da seguinte pergunta: com base nos
grupos de indicadores de análise das
chamadas "cidades inteligentes" e em outras
referências disponíveis, pergunta-se: quão
distantes de se tornarem "cidades
inteligentes" estão as cidades onde nós
residimos / trabalhamos / vivemos?
Paulo Jose Pereira de Resende
Participação de Darcio Caligaris
O Intelligent Community Forum já definiu os
indicadores, discordo apenas de se restringirem
a TI (assim se parece), mas não ao
desenvolvimento de todos os bens.
Como já temos indicadores, algum especialista
brasileiro deve verificar se o Brasil se enquadra
em todos os indicadores apresentados? No cas
contrário, vamos perguntar a eles como fazer,
mas não vamos lá passear, deve-se trazer um
plano de trabalho e o tempo para conclusão e
ser rígido na cobrança para seu cumprimento, e
este piloto servirá para todos os bens.
Devemos romper as barreiras e evoluir.
Darcio Caligaris
10
Nota do Editor: Texto citado disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/spp/v19n1/v19n1a11.pdf
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Participação de Paulo Jose Pereira de Resende
É necessário ressalver que o conceito não está
restrito a TI, mas "bebe" desse aspecto de
forma relevante.
As infovias, os ambientes inovadores, podem
servir ao desenvolvedor de aplicativos de
segurança assim como ao fabricante de
bonecos de toy-art. Os fabricantes de móveis
de madeira podem utilizar plataformas digitais
para comercialização, pesquisa de padrões de
fabricação, coordenação logística da produção.
Os segmentos de saúde, educação e outros
podem se fortalecer com o emprego de
ferramentas de comunicação remota. É por isso
que TI acaba tendo tanto peso. Não pensemos
em TI "setor da economia", mas também em TI
infraestrutura.
Pensemos, então, na distância entre essa figura
ideal da "cidade inteligente" e a cidade onde
vivemos. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem
razoáveis serviços de banda larga e bons
projetos de inclusão social, mas peca na pouca
oferta de capital para investimento em
empresas nascentes. Essa carência de capital
refreia o florescimento de bons negócios. Além
do mais, ainda há muito o que avançar na
questão da segurança pública, o que
certamente fragiliza a imagem do Rio como
uma metrópole propícia ao livre fluxo de
pessoas e ideias.
Como são Campinas, Caxias do Sul ou tantas
outras cidades, quando observadas pelo prisma
das cidades inteligentes? Quais teriam mais
potencial para serem assim consideradas? Será
que estamos presos a uma resposta óbvia
como "São Paulo e ponto"? Devem haver
cidades com potencial inovador, potenciais
paradigmas de desenvolvimento e bem-estar
para a população.
Paulo Jose Pereira de Resende
Participação de Roland Scialom
Uma cidade é um sistema complexo onde
interesses diversos e ortogonais, senão,
francamente antagônicos, se confrontam. Por
exemplo, os intereses dos especuladores da
construção imobiliária são ortogonais aos dos
cidadãos que almejam por qualidade de vida,
os interesses do tráfico de drogas só é
compatível com os dos que consomem as
drogas comerciadas por ele, etc.
A inteligencia de uma cidade é portanto um
atributo construido a partir de vários
elementos, alguns contribuindo com um peso
positivo e outros com um peso negativo. Um
desses elementos tem um peso maior do que a
maioria dos outros: a "vontade política de ser
inteligente". Numa cidade onde a população é
dividida em classes sociais muito diferenciadas
e desintegradas, onde a noção de cidadania é
fraca, e onde as instituições públicas estão
contaminadas pela ineficiencia e/ou a
corrupção - i.é, corrompidas por interesses
antagônicos à cidadania - o elemento "vontade
política" puxa pra baixo o cálculo da
inteligencia.
Talvez devamos começar atacando o problema
da construção da "vontade política" antes de
tudo.
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Roland Scialom
Participação de Darcio Caligaris
.... Não vamos colocar obstáculos: a Africa do
Sul já está se adaptando a padrões europeus,
estão agindo rápido, até quando vamos ficar
dormindo em berço esplendido?
Darcio Caligaris
Participação de Silvio Roberto Sakata
De fato, o tema é de extrema relevância no
contexto mundial. Sem dúvida alguma a TI é
componente fundamental para definição dos
indicadores, mas com foco nos serviços e na
qualidade de vida ofertada, tais como
educação, saúde e segurança digital, além de
desenvolvimento urbano, mobilidade,
eficiência energética, controle ambiental etc.
Ou seja, o conceito pregado por muitos de que
Cidade Digital é apenas para grandes centros
urbanos promoverem Conectividade e Inclusão
Digital e Social (importantíssimo, sem sombra de
dúvidas, para acabarmos com a exclusão digital) tem que
ser repensadao. O Brasil, pelas suas
particularidades próprias, pela sua grandeza e
potencial, não pode ficar fora dessas
discussões e fóruns.
Silvio Roberto Sakata
Participação de Paulo Jose Pereira de Resende
Imaginem a seguinte situação: você já
concebeu a possibilidade de abrir seu notebook
em plena Praça da República, em São Paulo,
para participar de uma videoconferência?
Mesmo que lá houvesse sinal wireless aberto,
poucos teriam coragem sequer de usar um
celular. Vivemos o paradoxo de buscar a
vanguarda sem atender ao básico.
É fato que o Brasil não pode ficar de fora dessa
onda. Seria o caso, talvez, do setor público
manifestar-se sobre cidades que seriam suas
"apostas" para essa realidade das cidades
inteligentes.
Falando do setor público, o que mais me
impressiona é o fato de que caberia ao governo
municipal fazer muita negociação, porém
pouco investimento, pois a atração da parceria
privada é um pressuposto para as cidades
inteligentes. Se é assim, debemos perguntar:
estamos com carência de orçamento ou de
gestores públicos competentes?
Paulo Jose Pereira de Resende
Participação de Ricardo Mansur
As cidades são tão inteligentes quanto a sua
população. Recursos de tecnologia facilitam
mas não resolvem.
O investimento deve acontecer conforme as
prioridades. Mesmo na maior cidade do Basil o
setor publico não tem capacidade de gasto e de
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gerar prioridade de tempo dos gestores na
questão cidade digital.
Não temos condições de afirmar o que é ou
deixa de ser o correto. No entanto é necessário
destacar com propriedade que não é o desejo
da maioria da população.
Na ultima eleição existiu referencia ao assunto?
Eu nada vi.
Ricardo Mansur
Tema 4: Os Princípios da Inovação
Participação de Djalma Gomes
O número de patentes registradas de um país é
até hoje o único KPI aceitável para refletir
INOVAÇÕES. Valor investido demonstra apenas o
esforço realizado, mas não resultados
conseguidos.
Porém, mesmo este KPI (número de patentes) não é
uma boa indicação para inovações, já que este
indicador geralmente se aplica apenas a
productos desenvolvidos. Uma empresa pode
se revelar inovadora na relação com seus
funcionários, fornecedores, clientes, acionistas,
sociedade e seus procesos internos. Esta visão
360 graus de sustentabilidade já é per si uma
idéia inovadora muito falada, mas ainda pouco
praticada no mundo corporativo.
Também devemos discordar da visão de que
inovação incremental é ruim. O KAIZEN prega
justamente que a realização de pequenas
inovações incrementais ao longo do tempo dá
um grande retorno à organização. Em uma
apresentação de alunos de graduação, tomei
conhecimento de um CASE do banco onde ele
trabalha onde a adoção do KAIZEN propiciou
idéias inovadoras, simples, de fácil execução e
que trouxeram diferencial competitivo ao
banco.
Esta percepção de que apenas ideias e
produtos caraterizam inovação não condiz com
a realidade. Para ilustrar isto, eu pergunto:
Alguém conseguiria fazer um sanduíche tão
gostoso como o Big Mac??? Tenho certeza que
muitos de nós diriam que sim e ainda diriam
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que podem fazer algo ainda mais saboroso.
Mas quantos de nós conseguiriam criar um
modelo de negócio que garanta padrões e
sabores a sanduíches e processos em qualquer
lugar do mundo, desenvolver uma logística de
suprimentos de garanta fornecimento contínuo
de matéria prima numa visão praticamente
just-in-time??? Tenho certeza que agora a coisa
muda de figura.
Tão ou mais importante do que ter uma boa
idéia ou um bom produto é saber como
implementá-los e explorá-los. Processos e
políticas inovadoras podem custar
relativamente pouco mas ainda assim se
mostrar inovador.
Djalma Gomes
Participação de Marcos Assano
De fato, o número de patentes registradas não
é ideal para medir inovação. Talvez seja útil
para indicadores de ciência ou pesquisa em um
país.
Ainda se confunde "invenções" e patentes com
"inovação". Uma patente só pode ser
considerada uma inovação caso seja
transformada em produto e chegue ao
mercado.
A título de curiosidade, devemos tomar
conhecimento da informação abaixo, sobre a
quantidade de patentes não utilizadas:
Uma pesquisa conduzida pela JPO - Japan
Patent Office (com 6.700 respostas) indicou que
apenas 30% das patentes japonesas eram
exploradas internamente, menos de 10% eram
licenciadas a outras, e mais de 60% delas não
eram utilizadas11
.
Na P&G, em 2002, apenas 10% das patentes
eram utilizadas em produtos desenvolvidos
pela empresa12
.
Recentemente, empresas têm comercializado
patentes não utilizadas internamente para que
outras as explorem. Ou buscado externamente
tecnologias que complementem tecnologias
internas. Tema abordado por Chesbrough,
conhecido como "Open Innovation" (Inovação
Aberta)13
.
Marcos Assano
Participação de Ricardo Mansur
De fato, existe alguma confusão entre inovação
e novidade. Nem sempre uma novidade tem
utilidade de curto prazo, por isto entrous estes
numeros para as patentes.
O netbook é um exemplo classico de inovação.
Nenhuma tecnologia utilizada nele na primeira
11
Nota do Editor: JPO (2004). Results of the Survey on
Intellectual Property-Related Activities, 2003, JPO, Tokyo.
12 Nota do Editor: Chesbrough, H. W. (2007). "Why
companies should have open business models", MIT Sloan
Management Review, 2007, 48(2): 22-28.
13 Nota do Editor: Chesbrough, H. W. (2006). Open
Innovation: Researching a New Paradigm. Oxford University
Press.
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versão era novidade. Muitas eram na realidade
tecnologias em fase de aponsetadoria como
por exemplo o sistema operacional.
A solução como um todo que englobou custo e
preço foi uma enorme novidade e causou
revolução.
Existem idicadores especificos para inovação.
Não é fácil de entender por que existe a pauta
de usar quantidade de patentes como critério
de inovação. No máximo valeria para estimar as
novidades.
Ricardo Mansur
Participação de Ricardo Yoshikawa
Inovação, Tecnologia, Inteligência e demais
temas correlacionados como invenção,
novidade e de forma mais ampla, inovação tem
sido o centro de discussões, levando-nos a
levantar questões que imaginamos já terem
sido resolvidas e os ânimos serenados com
adequada compreensão da maioria. No
entanto, a variedade de opiniões e colocações
provoca novas discussões tornando o assunto
filosófico, técnico, sociológico, econômico e
político, mudando enfoques como se fossem
sonhos, onde de repente o cenário e os fatos
mudam, onde causas e efeitos se misturam e
nos sentimos normal a brusca mudança dos
assuntos discutidos. Então, compreender
“inovaç㔕 dentro desse cenário fica muito
complicado e dificilmente se define a linha em
que estamos discutindo a questão. Neste
contexto, talvez seja melhor dar uma pausa e
decidir o que de fato é mais relevante discutir
“Inovação” hoje.
Definindo de forma simples, inovação não é
exatamente uma invenção ou novidade, de
uma cópia de algo e sendo feito de forma
melhorada. Do contrário, não é inovação. É
assim que a inovação é percebida e
consensuada, quando o resultado é de fato
alguma melhoria. É assim que a prática
percebe.
Da mesma forma, a tecnologia nos trouxe
maior comodidade para fazer as coisas,
procedimentos mais precisos ao toque de
comandos simplificados aumentando
quantidade, produtividade, confiabilidade e
qualidade dos produtos e serviços e maior
satisfação na escala linear das necessidades. Só
que no mundo moderno, percebeu-se também
a questão da sustentabilidade, pois a mesma
tecnologia e a visão mais abrangente nos
permite perceber que o ecossistema não é
linear e desencadeia efeitos colaterais sem
volta, Por exemplo, inovou-se nos modos de
locomoção, introduzindo veículos automotivos
que facilitam o deslocamento a grandes
distâncias e ganhos em tempo e velocidade,
mas em contrapartida, provoca poluição
sonora, trânsito congestionado, riscos aos
pedestres e aos próprios motoristas, etc.; da
facilidade do dia-a-dia como comidas
preparadas, "fast-food" e pacotinhos de
salgados que resolver problemas de refeições
no expediente do trabalho, mas que geram
colesterol e obesidades; da educação comercial
visando ganhar nos negócios e não na
formação de pessoas com princípios éticos e
justos. Esquecemos na preocupação com os
efeitos paralelos das inovações. Ocorre
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também no campo de discussões, onde graças
à tecnologia, inovamos os modos de debate,
com facilidades apresentadas para que
qualquer pessoa possa apresentar opiniões,
cada um tentando polemizar as questões como
“Inovação”, para falar de cidades inteligentes,
sem se tocar em possíveis efeitos colaterais do
projeto: se econômico, existirão os que lucram
com isso e os excluídos por faixa de renda
baixa; se político, existirão os que prometem e
dominam e os acreditam e são dominados.
Desencadeiam paradoxos de ter mais coisas e
não ter muitas coisas que gostaria que
continuassem tendo, ou a abundância que
provoca falta, muitos conhecimentos que
levam à ignorância, muita segurança que
acarretam em constrangimentos e enganos,
muitas tecnologias criando obsolescência
precoce, muitas discussões criando mais
dúvidas, mais filosofia e menos praticidade. Se
assim continuarmos, o assunto assume
abrangência incontrolável e dificulta o foco das
discussões, tendendo a tão somente filosofar
sobre algo sem objetivos.
O importante mesmo é deixar de lado a
percepção de que a inovação não pode ser
objetivo principal para mudanças. Deveremos
encará-la como algo natural que ocorre em
certas circunstâncias para solução (não como
objetivo), tendo como meio a tecnologia. É
preciso focar, por exemplo, na ótica de
satisfação das necessidades de comida e abrigo
e não para fins de riqueza e poder.
Ricardo Yoshikawa
Participação de Djalma Gomes
Apesar de eu também não concordar com
número de patentes criadas como indicador de
inovação, este é atualmente o KPI mais aceito
pelo mercado. Vejamos algumas referências
atuais que ilustram a aquestão:
http://www.inpi.gov.br/noticias/pedidos-de-
patentes-sao-indicadores-de-inovacao-
tecnologica
http://www.protec.org.br/patentes_detalhe.ph
p?cod=456
Evoluindo no assunto, debemos considerar que
temos 2 tipos de pesquisa: Teórica e Aplicada.
A pesquisa aplicada é aquela que pode ser
utilizada no mundo corporativo e gerar
resultados. Inovação tem portanto correlação
com pesquisa aplicada e é este tipo de pesquisa
que recebe incentivos do mundo corporativo.
Mas o que seria do progresso da ciência sem as
pesquisas teóricas??? A teoría da relatividade
por exemplo, foi uma descoberta teórica por
décadas até que pudesse ser aplicada em
satélites, GPS, celulares, radares e coisas do
gênero.
Temos portanto que reconhecer que pesquisa
teórica é tão importante quanto a pesquisa
aplicada para a evolução da ciência e das
inovações. Entretanto, apenas a pesquisa
aplicada é admirada pelo mercado e pela
sociedade e recebe os louros da evolução. A
pesquisa teórica continua sendo encarada
como marginal.
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Parece óbvio que para termos um ambiente
inovador, devemos reconhecer o valor de
ambos os tipos de pesquisa. Como fazer isto?
Djalma Gomes
Participação de Ricardo Mansur
No Brasil, empresários de micro, pequenas e
até grandes empresas são enormemente
resistentes à criação de estrutura profissional
de inovação, exatamente porque este é o
conceito entendido: patentes. Muitos só
enxergam custos e custos caros porque
esperam que a inovação seja feita por cientistas
com orçamentos enormes em laboratórios
caros.
Inovamos muito pouco por causa disto. Uma
inovação não é fruto obrigatório de uma
novidade técnica. Patente por definicão é uma
novidade tecnológica.
O Brasil só vai inovar de verdade quando as
empresas entrarem no jogo. Para isto, é preciso
usar corretamente o termo inovação. Estamos
longe disto e por enquanto isto ainda é
conversa de gente da academia.
.
Ricardo Mansur
Participação de Darcio Calligaris
Tanto a pesquisa teórica quanto a prática são
verdades relativas, a busca da verdade absoluta
o "maior desafio" é que alavança a evolução.
A roda está descoberta, é uma verdade relativa,
em um pais subdesenvolvido como o Brasil é
muito útil utilizar esta descoberta, quem quiser
melhorar esta verdade que demonstre e depois
recebe o dinheiro, aliás tem muitos professores
Universitários ganhando para isso.
Ferramentas de Qualidade existem aos
milhares, entretanto, não sabemos aplicar na
nossa vida, as empresas não aplicam
adequadamente o mínimo que é o ABC da
qualidade.
Vamos nos adequar em primeiro lugar aos
problemas brasileiros, passo a passo,
começando pelo lixo nas ruas da cidades
inteligentes que futuramente serão criadas,
vamos lembrar que ninguém é perfeito, mas
gostam de faturar em cima dos brasileiros com
novidades teóricas, que nunca se tornaram
práticas, por isso vemos a desorganização
mundial, sempre uma confusão, ou econômica,
religiosa ou política, ainda não descobriram o
sistema ideal.
Muita gente fala sobre teorias e foram até
manchetes de jornal, receberam verbas mas
nunca realizaram nada na prática, foi só OBÁ,
OBÁ !!! Receberam um bom dinheiro, mas o
retorno foi zero.
Incentivemos sim a teoria, e acredito que está
sendo incentivada, mas pouca teorias são
teorías aplicáveis e com um objetivo prioritário,
é a ciência que devemos respeitar.
XXI Jornal da Rede GESITI
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Enquanto isso, vamos ficar sem saneamento
básico e outras prioridades muito conhecidas e
discutidas pelos presidenciaveis em vespera de
eleição, e importando o básico incentivando o
cosumismo do povo.
Temos que evoluir e muito!
Darcio Calligaris
Participação de Ricardo Mansur
É necessário um juste na terminologia
"Inovação". No material em português dos
textos citados a capa fala "Proposta de
Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados
sobre Inovação Tecnológica"14
.
Se estamos falando de inovação tecnológica ou,
em outras palabras, de novidade tecnológica,
ela pode ser resultado de algumas frentes
completamente diferentes.
1. Ela é consequencia de uma patente e é algo
inédito;
2. Ela é um novo uso da combinação de uma ou
mais patentes existentes;
3. Ela é a viabilidade economica de uma
patente existente e
4. Outros casos.
As familias de indicadores citados (recursos
direcionados à P&D e estatísticas de patentes) permitem
alguma medição da inovação tecnologia com
14
Nota do Editor: O livro citado é o Manual de Oslo.
bastante precisão quando estamos falando de
algo inédito fruto de patente. Nos outros casos
é preciso estar ciente que o indicador tem
muitos casos de falsos positivos e de positivos
falsos. Na falta de número melhor, por que não
usar sabendo que existe erro?
No caso de inovação como conceito genérico
valendo para produtos, serviços, técnicas e etc,
é preciso cuidado pois é possível desviar
completamente do caminho. Inovação de
forma ampla exige confiança, meritocracia,
imperio das leis e divresos fatores. Em 2008 fiz
a palestra em um congresso internacional: “Eu
não Inovo, Tu não inovas, ele não inova então
por que eles inovam?”.
Se falamos apenas de inovação tecnológica,
podemos avançar apenas nesta linha. No
entanto, é preciso explicitar para agregarmos
base de valor.
Ricardo Mansur
Participação de Reginaldo Carvalho
Este é talvez um dos temas de maior relevância
dentre os levantados aqui no GESITI. Não me
refiro ao impacto da inovação no cenário
econômico brasileiro, ou melhor, ao impacto
(negativo) de sua escassez. Estamos todos
convencidos disso. O problema é o como gerar,
sistematicamente, inovação tecnológica.
Neste sentido, permitam uma provocação: um
certo guru da economia, disse, ainda no início
da crise econômica mundial, que ele dividia os
economistas em dois grupos; nos que não
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sabiam por quanto tempo duraria a crise e nos
que não sabiam que não sabiam.
Parafraseado tal guru, a grande maioria dos
profissionais brasileiros está dividida em dois
grupos, nos que não sabem como promover
sistematicamente a inovação tecnológica e nos
que não sabem que não sabem.
Subtema 1: Políticas, Processos, Tecnologia
Existe sim um KPI melhor do que o número de
patentes concedidas. Trata-se das receitas
geradas pelas patentes negociadas. Patente
que não gera receita deveria ter um impacto
semelhante a publicar um artigo que não é
nunca citado, ou seja, muito baixo, próximo do
zero.
E hoje a CAPES não apenas mede as citações
como a qualidade da publicação (QUALIS).
Ora, inovação tecnológica é, basicamente, um
movimento criativo motivado por alguma
necessidade de fazer algo melhor. Com isso ela
precisa de, pelo menos, três elementos:
i) o contexto onde o “algo a melhorar” está
inserido;
ii) a necessidade, ou seja, a oportunidade de
inovar;
iii) uma métrica, que nos informe se
melhoramos ou não.
Muitas vezes os elementos chaves já estão
presentes, como no caso do adesivo de fácil
remoção para o Post It. Porém, o contexto, a
necessidade e a métrica foram o que definiram
o Post It como inovação.
Dito isso, qualquer metodologia de qualidade
total promove este movimento criativo, uma
vez que naturalmente localizam as necesidades
de melhoria em seu próprio contexto através
de métricas bem definidas para elas. Porém,
uma não necessariamente implica outra.
Faltam ainda a cultura de inovar (versus a de
comprar pronto), os recursos financeiros para
fazê-lo, a valorização do profissional
qualificado, o entendimento de como funciona
a cadeia de valor tecnológica e (mais importante),
o estômago para lidar com os riscos (pois não vai
acertar de primeira). E tudo isso em um país
sufocado com tantas mazelas (políticas e
politicagens, fiscais e tributários, burocracias sem fim,
trabalhistas, etc, etc). É muito mais simples para o
empresario comprar pronto enquanto ele se
concentra no dia a dia. É muito mais simples
para o pesquisador gerar os resultados e
publicar, sem se preocupar com a PI. O grande
problema disso tudo é que faz tempo que
Inovação Tecnológica deixou de ser uma
questão de opção para ser de sobrevivência.
Neste sentido, é importante aprimorar as
políticas de incentivo à inovação tecnológica
desde a pesquisa teórica/básica. Por exemplo,
algo que chama a atenção é porque trazer
imediatamente o doutor formado no exterior,
obrigando-o a retornar ao Brasil. Ele volta
apenas com o know-how, mas sem saber como
gerar riqueza com aquilo. Vai engordar as listas
dos concursados públicos para a carreira
docente ou tecnológica ou viver de bolsa até
que saia um concurso para ele. Nada contra
isso, afinal fazemos parte deste universo.
Contudo, riqueza oriunda da inovação
tecnologia é, geralmente, produzida nas
empresas (sejam públicas ou privadas).
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Logicamente existem exceções, mas a vida não
deve ser vivida no curso das exceções (até para
isso há exceções). Não seria muito melhor deixar
ele lá, sob a condição dele ir para uma empresa
de base tecnológica aprender na prática como
transformar seu know-how em inovação e,
conseqüentemente em riqueza, e depois
retornar ao Brasil?
Temos muita coisa a aprender sobre inovação
que não se aprende dentro de casa. Tem que
sair para ver como se faz. Cansei de ver as
estatísticas de como somos capazes de produzir
conhecimento, mas incompetentes para gerar
riqueza com ele. A razão é tão simples: não
sabemos ganhar dinheiro com o que sabemos.
Subtema 2: Impacto Econômico e Cadeia de
Valor
A correlação maior da inovação tecnológica
com pesquisa aplicada é justificável, pois ambas
estão mais próximas do mercado, levando-se
em conta a cadeia de valor na qual estão
inseridas. Porém, se isso é assim no mundo
todo, a coisa é mais complicada para nós, visto
que a nossa Academia não está aculturada no
que se refere a proteger seus resultados, visto
que, em seus doutorados, só aprendeu a
publicá-los. A questão é complexa e vai desde
razões de pura falta de informação às
resistências pessoais em prol da ciência livre e
de domínio público. Em 2002, um professor,
após palestrar sobre inovação em evento, ouviu
uma pergunta mais ou menos assim: “O meu
processo químico reduziu o tempo típico de
reação a uma fração do atual. Porém, vale a
pena protegê-lo, visto que é matéria de
pesquisa básica?”• A pergunta per si
demonstra completa desinformação e o pior é
que o referido pesquisador já havia publicado o
resultado há algum tempo, para felicidade da
comunidade internacional interessada no tema.
Não é culpa dele, pois fez o que tinha
aprendido que deveria fazer no doutorado: a
publicar.
Quer melhorar o reconhecimento das pesquisas
teórica/básica na inovação tecnológica?
Comece a preocupar-se em protegê-las.
Aliás, falando em cadeia de valor da
tecnologia... Saber a qual pertence é um dos
fatores críticos do sucesso da inovação. Ou
seja, problema não é fazer pesquisa básica ou
pesquisa teórica ou pesquisa aplicada. A
inovação precisa de todas elas (em seu devido
tempo). O problema é não saber em qual
cadeia de valor tecnológica está inserido. O
cientista que desenvolve uma pesquisa e
publica seus resultados apenas interessado nos
índices que medem seu desempenho
acadêmico está contribuindo gratuitamente
para alguma cadeia de valor, pois, se seu
resultado é julgado interessante, o é por
alguém que sabe (ou pelo menos desconfia) de
como vai gerar riqueza com aquilo. Por outro
lado, saber onde está inserido na cadeia de
valor simplifica no processo de valorar
economicamente seus resultados, mesmo
antes de precisar protegê-los. Não quer fazê-lo
em prol da ciência livre? Tudo bem. Trata-se de
uma opção pessoal e muito do que utilizamos
hoje no mercado são baseados em resultados
de cientistas e pesquisadores que fizeram
assim. Mas, pelo menos o pesquisador vai ter
mais condições de saber o quanto aquela
empresa ou governo se beneficiou
economicamente de seus resultados, caso isso
ocorra enquanto ele ainda esteja vivo, é claro.
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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.
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Ou seja, é difícil, porém possível, medir o
impacto da ciência teórica na inovação
tecnologia. É uma questão de rastreabilidade
(palavra chave das metodologias de qualidade total). Este
seria um exercício interessante para nossas
agências de fomento: qual o impacto financeiro
de todo o investimento feito em P&D&I nos
últimos, digamos, 10 anos, na sociedade
brasileira. Infelizmente, talvez não estejamos
preparados para responder objetivamente nem
quanto ao impacto da pesquisa aplicada,
quanto mais a todo o investimento realizado
em C&T no Brasil.
Concluindo este pequeno ensaio. Fazemos
parte de um contexto que carece dos
fundamentos necessários para produzir
inovação tecnológica. Não por falta de
oportunidades, pois elas estão pipocando em
todo canto, e em toda a cadeia de valor. Mas
por não entender o como fazer.
Seria prudente que, ao invés de especular
sobre o tema, sem preconceitos, assumíssemos
esta limitação, e buscássemos mecanismos
para retornar às bases. Ou seja, diminuir a
pressão para inovar sobre profissionais que não
fazem idéia do que isso significa (perdoem-me a
minoria que sabe; não estou escrevendo para vocês) e
iniciar um processo de aprendizado do como
inovar. Talvez assim, daqui a 10 ou 20 anos os
temas das palestras sobre P&D&I mudem de
“por que não inovamos na década passada?”•
para “onde vale a pena inovar na próxima
década?”.
Reginaldo Carvalho
Participação de Ricardo Mansur
É preciso muito cuidado com o uso da métrica
"receitas geradas pelas patentes". O bluetooth,
por exemplo, foi criado na metade final dos
anos 1980. Apenas na segunda metade da
década passada é que passou à existir receita.
Da criação à receita foram quase vinte anos.
Casos como fibra optica,rádio frequência e
outros tem diferenças semelhantes. É preciso
considerar o tempo em conjunto com a
métrica15
.
Talvez seja preferível dividir a inovação
tecnológica em tres grupos distintos em função
do risco e necessidade de capital:
O grupo de alto risco e necessidade de capital
intenso é o de tecnologías novas. O risco é
elevado, pois não existe certeza alguma de
resultados e o consumo de capital é intenso.
Normalmente é financiada por fundos
soberanos dos países e por empresas ou
empreendedores de porte de centenas de
bilhões. O protagonista principal é o cientista.
O grupo de médio risco e necessidade de
capital não intenso é de soluções novas usando
as tecnologias existentes. O risco é médio, pois
é possível prever o resultado e em diversos
casos o capital necessário é muito baixo. Em
geral fundos de investimento e investidores
financiam os projetos. A principal caracteristica
deste grupo é a imensa quantidade de
15
Nota do Editor: o autor da mensagem tem experiência
no passado em inovação tecnológica como engenheiro
(desenvolvemos inovações em automação bancária,
comercial, telecomunicações, supermicrocomputadores e
sistemas operacionais multitarefas entre outros) e no
presente como gestor de fundo de inovação.
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oportunidades digitais. Em poucos anos, talvez
existam apenas oportunidades digitais. O
protagonista principal é o engenheiro.
O grupo de baixo risco e necessidade de capital
não obrigatória como intensa é de soluções que
viabilizam economicamente as tecnologias
existentes. O risco é baixo, pois existe demanda
crescente e quanto mais vender menor será o
custo e preço. Existe retroalimentação de
custo. São oportunidades digitais e analógicas
que vão existir por muitos anos. O principal
protagonista é o engenheiro de produção ou
economista ou administrador.
Os problemas e dificuldades de cada um dos
grupos são bem diferentes, por isto recomendo
olhar os grupos de forma individualizada.
Ricardo Mansur
Participação de Reginaldo Carvalho
Corretíssimo considerar o tempo na análise do
impacto da inovação. Há outros casos
semelhantes aos do bluetooth, como o serviço
de mensagem curta (SMS), que só passou a ser
economicamente viável quando a meninada da
geração dos gameboys (hábeis com o polegar)
começou a usar massivamente os celulares. Por
outro lado a Nokia pena até hoje para emplacar
o DVB-H, com pouco sucesso. Ora, de alguma
forma o conjunto de patentes do bluetooth
deve ser melhor avaliado que o do DVB-H.
Além disso, parece-me necessário incluir a
receita na composição da métrica, primeiro
porque é a que melhor correlaciona o sucesso
desta ou daquela inovação tecnológica. Depois,
sabendo disso os profissionais e instituições
vão se empenhar mais e melhor para produzir
resultados que possuam impacto positivo.
Quando aos diversos grupos, é correta a divisão
e é correto que cada um possui suas próprias
características e deve ser olhado de forma
individualizada até para evitar a corrida pelo
sucesso de curto prazo em detrimento das
tecnologias de longo prazo. Tempo e receita
deverão compor a tal métrica de forma
diferenciada. Porém, registre-se que, sem
refletir o impacto económico, corremos o risco
de gerar distorções.
Por exemplo, o processo de definição do
padrão digital brasileiro foi um sucesso em
termos de inovação tecnológica para o Brasil?
- Do ponto de vista de geração de patentes,
sim. Diversas patentes foram criadas por
cientistas brasileiros.
- Do ponto de vista de riqueza oriunda destas
patentes, é questionável. Até agora, nenhuma
patente 100% brasileira entrou na composição
do sistema tal como implantado no mercado.
Talvez quando (e se) o Ginga emplacar, alguma
patente entre. Mas, como existem empresas
chinesas implementando o Ginga (na China),
talvez nem no middleware existam patentes
tupiniquins.
Vejam bem, não podemos afirmar que foi um
erro a questão da TV digital. O ponto é que, se
não conseguirmos medir o impacto económico,
jamais saberemos se o SBTVD foi um sucesso de
inovação tecnológica brasileira. Pode ter sido
um sucesso de outras coisas, ou um sucesso de
inovação tecnológica japonesa ou até europeia.
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Isso mesmo, europeia! Boa parte dos
componentes do ISDB-T + H264 + MPEG4 AAC são
europeus. Os maiores produtores do SoC (o
microchip) para a TV digital brasileira são a ST
Micro (franco-italiana) e a DiBCom (francesa).
Perguntemo-nos porque a França não briga
pelo DVB-T (padrão europeu de TV digital) da mesma
forma que briga pelo Rafale. Creio que é
porque as empresas francesas ganham mais
dinheiro com as inovações tecnológicas no
SBTVD do que no DVB e, melhor, ainda tem toda
a cadeia de valor da TV digital brasileira
vendendo seus IPs para América Latina e África.
É o impacto econômico definindo o sucesso da
inovação tecnológica e as estratégias das
empresas.
Aliás, voltando ao tema central depois de
divagar um pouco. Como medir
adequadamente a inovação tecnológica dentro
de um processo sistemático que a promova (o
tal "como inovar")... Gostaria de explorar o tema
justamente a partir dos diversos grupos de
inovação tecnológica já mencionados, no
futuro.
Reginaldo Carvalho
Participação de Darcio Calligaris
O Brasil necessita rapidamente criar o
Ministério da Descomplicação, tudo é
complicado.
Que tal usar o ABC da resolução do Problema?
1º) Definir o problema?
Neste caso vamos definir o que é mais
prioritário ao pais tecno-cientifica e
economicamente(será o saneamento básico, a
educação, o dinheiro gasto com a saúde dos brasileiros?,
etc)
2º) Vamos buscar todas as alternativas?
3º) Vamos escolher as melhores alternativas?
4º) Vamos selecionar a melhor de todas?
5º) Desenvolver o projeto.
6º) Aplicá-lo na prática.
7º) Acompanhar o desempenho.
São passos que dependem do empenho e
recursos para determinar seu tempo, o que
requer recursos humanos, fisícos,
equipamentos e envolve um investimento que
pode ser calculado, e até se conhecer o retorno
do investimento, esta técnica caseira funcionou
longos anos na industria automobilistica e pela
engenharia em geral.
Se não começamos "já" não teremos chances
de nos tornarmos "inovadores" e exportadores
de tecnologia, e continuaremos importando da
China e da India, Russia e Israel, eles sabem
como a roda é redonda e como gira e até estão
dispostos a nos ensinar.
Acorda, Brasil !!!!!!!!!
Darcio Calligaris
Participação de Djalma Gomes
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Receita gerada pela inovação não parece
também um bom indicador. Simplesmente
porque a receita não é mérito apenas do
produto inovador. O posicionamento da marca
e produto no mercado impacta diretamente na
receita e não tem a ver com a inovação surgida.
A bebida H2O é um belíssimo exemplo de algo
trivial do ponto de vista de inovação do
produto (é apenas um refrigerante menos gasoso e
adocicado), mas brilhante do ponto de vista de
posicionamento da marca.
Resultados financeiros (faturamento, margem, etc.)
raramente são fruto de uma única variável
como grau de inovação. Pensarmos em um
indicador de inovação que seja mensurável e
que reflita exatamente o grau de inovação me
parece algo bem complexo.
Djalma Gomes
Participação de Ricardo Mansur
Não há objeção a usar a riqueza gerada com
consideração do tempo da inovação.
Sobre a TV digital no Brasil, é necessário
perguntar: ela existe?
Temos um canal de alta definição, mas isto não
é TV digital. Melhorou a qualidade da imagem e
som, mas os filmes que passam são sempre os
mesmos na tv a cabo e na aberta quase nada é
aproveitavel como conteúdo no meu ponto de
vista.
Em particular, considero o produto TV como ele
é entregue hj como morto em poucos anos.
Acho que isto explica a falta de riqueza gerada.
Ricardo Mansur
Participação de Ricardo Mansur
Não existe país sem engenharia que seja
inovador. O Brasil tentou e tentou provar o
contrário e tem o resultado atual. Menos de
um quarto dos diplomados podem ser
considerados engenheiros, ou seja, o que era
raro ficou mais raro ainda.
A solução ficou complexa porque todas as
variáveis da equação ficaram fora de controle.
Não será um método ou metodologia que vai
resolver. Entendo que muitos acreditam que é
a solução, mas discordo.
Existe dinheiro, capital intelectual,
equipamentos e tudo o que se possa imaginar
para a inovação no Brasil. Ela não acontece pq a
causa raíz não é atacada em momento algum.
Ricardo Mansur
Participação de Reginaldo Carvalho
Retomando tema inicial: os princípios,
procedimentos e métricas para que
organizações brasileiras tenham a inovação
tecnológica em seu dia-a-dia.
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Um ponto relevante: indicadores (KPI) que
caracterizam o sucesso do processo inovador.
Estamos falando de Inovação Tecnológica,
aquela passível de proteção através de algum
tipo de propriedade intelectual (seja patente de
invenção, modelo de utilidade, registro de autoria, etc,
etc). Se estamos discutindo outro tipo de
inovação, por favor avisem, pois muita coisa
muda na discussão.
O ponto principal: não sabemos jogar o jogo da
tecnologia e fazer com que a inovação
tecnológica tenha impacto positivo na
economia brasileira.
Temos de concordar que gastamos muito
dinheiro de baixo risco em inovação, temos
capital intelectual, acesso a equipamentos e
recursos de primeiro mundo. Porém os
resultados são pífios. Podemos até concordar
que não gastamos o suficiente, quando
comparados com outros países, mas mesmo
assim os resultados são ruins quando
consideramos apenas o que gastamos.
Não vamos resolver de uma hora para outra a
partir de um método. Não existe solução de
curto prazo aqui. Enquanto não gerarmos ou
utilizarmos indicadores que meçam o impacto
econômico no longo prazo de inovações feitas
hoje vamos continuar promovendo o
desperdício dos recursos investidos em
Inovação Tecnológica neste país.
Se chegarmos ao final desta discussão pelo
menos com um consenso sobre o porquê do
insucesso, já teremos muito o que comemorar.
No entanto, se estamos falando de inovação
tecnológica, ela pode perfeitamente ser
precificada individualmente. Por exemplo,
mesmo que consigamos a proeza de trazer para
o país uma fábrica de TV digital (uma das
contrapartidas pedidas aos japoneses, mas nunca
realizada) ainda assim o Brasil teria que recolher
mais de 20% do valor deste microchip em
patentes para o exterior. Ou seja, o produto TV
digital custa x, mas é perfeitamente conhecido
o quanto deste x é o resultado do conjunto das
Inovações Tecnológicas incorporadas.
Sobre a questão do mérito ser da inovação
tecnológica ou não, há que diferenciar sim. Mas
faz parte do jogo. Acabamos de ver o final de
uma batalha entre Blu Ray e HD DVD. Ambos
possuem um bom conjunto de inovações
tecnológicas. Porém, independente do mérito
de quem inovou no HD DVD, daqui a 10 anos
apenas o conjunto de inovações tecnológicas
presente no blu ray será relevante. Não é uma
questão de injustiça ao mérito de quem inova
no HD DVD. Apenas é assim que o mundo joga o
jogo da tecnologia.
Agora, especificamente ao H2O, creio que ali há
inovação de produto ou de marketing. Nem
inovação tecnológica, necessariamente. Já
havia água aromatizada com e sem gás na
europa há mais de 15 anos atrás. Outro
indicador de que não há inovação tecnológica é
que aqui em Manaus as empresas locais
produzem o mesmo tipo de bebida, a menor
preço, e de boa qualidade, de forma que nem a
H2O da pepsico e nem a aquarius fresh da coca-
cola decolaram. Se houvesse uma propriedade
intelectual certamente haveria um diferencial
nos custos do produto que bloqueiaria a
concorrência.
Sobre a TV Digital que temos agora não é uma
inovação como produto. É basicamente a
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mesma desde a sua criação (broadcast de áudio e
vídeo). Porém, a TVD incorpora componentes
tecnológicos que são inovadores. Aliás, parte
das patentes de compressão de áudio e vídeo
presentes na TV digital aberta tal como adotada
no Brasil estão também no Blu Ray.
Queiramos ou não, sempre que comprarmos
este serviço comódite e obsoleto (broadcast de
A/V) estaremos remetendo ao exterior um valor
considerável só em patentes relacionadas com
tecnologias inovadoras, incluindo H264, HDMI,
MPEG2 AAC, dentre outras.
Estamos torcendo para que o serviço de TV tal
como conhecemos seja transformado desde as
bases ou desapareça, uma vez que o
fundamento tecnológico já está presente e
estamos pagando por ele.
O Ginga-J tal qual apresentado pelo Guido16
sofreu um revés e teve que ser todo
reformulado. Apenas no 2o semestre de 2009 o
padrão Ginga-J foi concluído.
E sabem por que? Porque os proprietários de
algumas patentes não quiseram abrir mão de
seu direito de receber royalties.
Mas... o padrão não era japones e o Japão não
tinha dito que iria abrir mão do pagamento de
royalties? Sim, mas o que estava nas
entrelinhas é que o DiBEG não tem controle
sobre todas as PIs, e aquelas que estão fora de
seu controle deveriam ser negociadas caso a
caso.
16
Nota do Editor: Guido Lemos é pesquisador do
Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid) da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB
Resultado: a negociação não progrediu.
Desdobramento: com ajuda da Sun (que queria
ver a massificação do Java e vender mais JVMs) e o
trabalho árduo de excelentes engenheiros de
SW brasileiros, as APIs protegidas foram
reescritas a toque de caixa.
Isso significa que as inovações brasileiras
advindas deste trabalho vão gerar pagamento
de royalties para o Brasil? Parece que não, pois
o resultado foi royalty free. Ainda dá para
ganhar licenciando a implementação das APIs,
mas sem a barreira tecnológica das patentes as
empresas brasileiras ficam em pé de igualdade
com qualquer implementador no mundo.
Ponto para a Sun, que vai continuar
promovendo o Java e vendendo licenças de
JVM. Ponto para os fabricantes de receptores
(maioria multinacional) que vão poder retirar parte
dos custos relativos à integração do
middleware e conseguiram negociar que o
Ginga-J fosse opcional (obrigatório apenas o Ginga-
NCL).
O Guido e sua equipe foram prejudicados, pois
à época eles tinham o Ginga-J baseado no GEM
quase todo implementado. Era um grupo
brasileiro na vanguarda do Ginga. Com tudo o
que aconteceu outras empresas, inclusive
implementadores de fora, ficaram alinhadas.
Resta torcer que o Guido (que continuou
tocando o grupo de trabalho do Ginga-J) e
outras empresas brasileiras (como a TQTVD/TOTVS)
consigam nos alegrar embarcado eles as
implementações do Ginga nos receptores de
TVD.
Se demorarem muito vai ser o IPTV e o Google
TV que vão decolar. E resta muito pouco tempo,
se ainda houver algum.
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Alguém pode pensar: e os proprietários das
patentes submarinas que geraram tanto
problema. Eles perderam algo? Não foram
prejudicados? Sim, perderam algo, mas em
valores é apenas uma fração de sua receita.
Não vai fazer nem cócegas no balanço.
Então por que a birra? Por que eles não
abriram mão de suas PIs? Invertendo a
pergunta. Por que eles abririam? Não foi
oferecida contrapartida alguma. E, pior,
algumas destas empresas eram européias e co-
proprietárias do MHP, que é parte do DVB, que
perdeu na disputa do padrão brasileiro para o
ISDB japonês. Eu não vejo porque elas
simplesmente diriam " tudo bem, pode usar de
graça".
Para nós, um excelente case para aprender a
sobreviver no mundo da inovação tecnológica,
cujas regras são ditadas pelas PI´s.
Reginaldo Carvalho
Participação de Djalma Gomes
O Yahoo por exemplo tem como fundadores
um americano e um chinês (Jerry Yang). Gmail
enquanto ferramenta de email gratuito não foi
o primeiro a surgir.
Agora, é óbvio que dinheiro atrai talentos.
Desde a segunda guerra mundial que os USA
atraem cérebros mundiais pelo poder
econômico que detem. Poder este que vem
reduzindo graças ao assombroso déficit
americano, à crise financeira e à redução dos
empregos. Você realmente não concorda que
os USA estão numa curva descendente??? Será
que eles continuarão atraindo cérebros
mundiais no contexto atual???
De qualquer forma, sem indicadores claros para
medir INOVAÇÃO, qualquer juízo de valor não
passa de percepção subjetiva. Estamos ambos
apenas sofismando em cima de algo que não
conseguimos medir. Vivemos um período de
rupturas de paradigmas e do cenário geo-
político mundial. Mudanças estão acontecendo
e quem viver verá.
Djalma Pinheiro Gomes
Participação de Ricardo Mansur
Recomendo reler a frase "Por que os
empreendimentos digitais de destaque foram
protagonizados por jovens universitários nos
Estados Unidos?".
Em nenhum momento foi dito que os
protagonistas eram nascidos nos EUA.
O caso que citou "O principal cérebro por trás
do facebook (Eduardo Saverin) é brasileiro" (não me
parece que ele é o principal cerebro, mas esta conversa é
secundária e desnecessária neste momento) aconteceu
em uma universidade americana.
As coisas inovadoras (estou falando apenas de coisas
que são realizadas pela internet) que nasceram em
universidades americanas recentemente (dentro
dos ultimos 25 anos). Não importa neste momento
se foram realizações de pessoas nascidas nos
EUA ou não. A questão que quero enfatizar é
que aconteceram em universidades nos
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Estados Unidos por pessoas jovens. Existe um
motivo para tal fato.
1. yahoo
2. comercio eletrônico
3.portais de relacionamento
4. portais de compras coletivas
5. facebook
6. Google
7. Gmail
8. Twitter
Existe um ponto comum em todas estas
diversas realizações de inovação. Este é o ponto
que merece reflexão.
PS: Apple não entra na lsita porque não foi
formada em universidade nos EUA e ela tem
mais de 25 anos de vida.
Ricardo Mansur
Participação de Darcio Calligaris
Não podemos esuecer dos grandes inovadres
brasileiros, Carlos Chagas, Santos Dunont, o
inventor do bafómertro, o introdutor do
primeiro imunossupressor no Brasil similar ao
que na época era importado a preços
caríssimos.
Pergunto, será que a informática é o tema mais
prioritário para o Brasil?
A informática terá seu valor, tem muita gente,
principalmente jovens competentes com suas
empresas caseiras desenvolvendo grandes
projetos na informática.
Revelo com humildade, estou com 60 anos,
trabalhei mais de 30 anos em industria
farmacêutica, em produção e na maior parte
em Pesquisa e Desenvolvimento, nas funções
de supervisão e gerência, coloquei muito a mão
na massa, vi a transição dos processos manuais
para automáticos, e posso transmitir com
segurança essas experiências a meus alunos em
uma Faculdade Particular de Farmácia na Zona
Leste de São Paulo. Nesta idade já não
conseguimos emprego então, viramos
consultor, onde pelo menos temos um título,
pois já que não existe cópia,cópia + inovação e
inovação e pelo que vejo os empresários não
estão interessados em melhorar a qualidade,
mas apenas faturar, por esse motivo não tenho
serviços em minha consultoria.
Voltando ao assunto inovação: creio que uma
equipe multidiciplinar constituida por
profissionais dedicados e competentes poderia
transformar o Brasil e colocá-lo em local de
destaque no ranking de inovadores mundiais.
Vamos pensar no todo e transformaremos este
todo em uma potência, nada de indvidualismo.
"Não existe nada de novo abaixo do sol, apenas
vaidade" - eclesiaste - Biblia Sagrada.
Darcio Calligaris
Participação do Moderador
XXI Jornal da Rede GESITI
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Texto tirado do Jornal Ciência Hoje - que pode
dar subsídios ao tema que está sendo discutido
entre alguns poucos dessa rede. Percebe-se
que a atual discussão está polarizado ou com
foco desfocado. Vejam alguma substância:
No final de 2010, a Unesco divulgou seu
relatório sobre Ciência e Tecnologia (C&T), onde
destinou um capítulo ao Brasil. Este foi escrito
pelos professores Carlos Henrique de Brito Cruz
(Unicamp) e Hernan Chaimovich (USP).
Segundo o texto, já passa uma década que o
País vai bem em produção científica, mas
avança pouco na capacidade de transferir
conhecimento para o setor produtivo
(inovação). Entretanto, a novidade está em que
o esforço inovador parece ter alcançado um
ponto de saturação, se não de retrocesso.
Um dos objetivos da Lei de Inovação/2004 era
aumentar o número de pesquisadores nas
empresas. Apenas 38% estão empregados no
setor privado (nos países desenvolvidos é de 75%);
cifra similar (45%) alcança a participação
empresarial no gasto nacional com pesquisa e
desenvolvimento (P&D), contra a média de 65%
na União Europeia.
Após alguns anos de progresso, em que o
contingente de cientistas no ramo empresarial
passou de 35 mil em 2000 para 50 mil em 2005,
o país viu essa vanguarda da inovação
retroceder para 45 mil pessoas, em 2008.
Outros indicadores também apontam para
relativa estagnação na formação de pessoal
com titulação de doutorado. O número de
doutores formados a cada ano estacionou em
torno de 11 mil. Dados do MEC/2009 apontam
que em algumas regiões do País se quer existe
doutores. Citamos: Amapá (12 doutores), Roraima
e Acre (zero doutores), Tocantins (7), Pará (745),
Goiás (590), Maranhão (46), Distrito Federal
(1.779) e São Paulo (22.886 doutores). Em 2008,
menos pessoas se formaram em universidades
federais do que em 2004 - e só 16% dos jovens
de 18 a 24 anos estão matriculados no nível
superior.
A parcela do PIB aplicada em P&D, ainda gira ao
redor de 1%. Em valores absolutos, é o
equivalente a Espanha e Itália.
O Brasil conta com apenas 1,3 pesquisador por
grupo de mil integrantes da força de trabalho,
contra 5,53 na Espanha e 9,17 na Coreia do Sul.
Cerca de 60% da produção científica brasileira
se origina de sete universidades. O Estado de
São Paulo representa 45% do gasto em P&D.17
GESITI
Participação de Marcos Assano
Grande parte das empresas de sucesso no
mundo digital nasceram de idéias de
universitários e só vieram ao mundo graças à
existência do "venture capital" ou capital de
risco. Empresas de financiamento que
acreditam em idéias que podem gerar grandes
lucros no futuro fazem aporte inicial para que
elas sejam desenvolvidas e colocadas
rapidamente no mercado. Outras nascem de
incubadoras nas próprias universidades.
17
Nota do Editor: texto disponível em:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76561
XXI Jornal da Rede GESITI
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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.
ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170
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A disponibilidade de venture capital nos
Estados Unidos é imensamente superior
quando comparado com o Brasil.
Marcos Assano
Participação de Ricardo Mansur
Independente da situação nos outros países,
existem bilhões para inovação no Brasil. O
resultado global final é pobre considerando o
potencial brasileiro e os recursos disponiveis.
Compare os números disponiveis e teras a
curiosidade satisfeita. A tecnologia flex foi
brasileira feita por talentos brasileiros no Brasil
com dinheiro obtido por aqui. Tal qual este
exemplo existem outros iguais aos milhares.
Como escrito anteriormente, uso um conjunto
de indicadores de tecnologia social no modelo
de gestão do fundo para avaliar a inovação. Ele
é muito simples e pode ser reproduzido com
sucesso por muitos. Pegue os parâmentros de
tecnologia social que entenda como relevante
para o caso, estabeleça pesos conforme a
necessidade específica do alvo escolhido,
aplique a equação e teras a resposta. Os
indicadores de tecnologia social estão
disponiveis na internet assim como os diversos
modelos e equações...
Ricardo Mansur
Participação de Ricardo Mansur
Se o fator quantidade disponivel de capital de
investimento é realmente o fator decisivo da
inovação, recomendo que leia (ou releia) o
documento Brasil Inovador18
, da FINEP.
Note as palavras do cientista chefe do CESAR:
"Não estamos conseguindo aproveitar as
oportunidades de empreender nosso
conhecimento nos mercados mundiais e nem
mesmo no Brasil, onde quase a totalidade do
que se consome é "made in elsewhere".".
A questão não é a falta de dinheiro.
Ricardo Mansur
Participação de Roland Scialom
Registre-se, de forma popular, aquilo que já foi
dito por alguns de forma mais acadêmica, no
GESITI. Inovação acontece quando alguém entra
com a expertise para fazer algo que vai dar
samba, e outro entra com a grana para que
esse algo veja a luz do dia. Aqui no “patropi”,
tem muita gente boa que tem expertise, mas
quem deveria entrar com a grana não
comparece. Então, frequentemente, quem tem
a expertise se muda para um país onde tem
muitos que entram com grana. A grana tem
que vir mais do bolso de particulares do que
dos cofres do estado. No patropi, os que
18
Nota do Editor: o documento citado está disponível para
acesso no endereço:
http://www.finep.gov.br/dcom/brasilinovador.pdf
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deveriam comperecer com grana do próprio
bolso, vão buscá-la junto ao governo. Exemplo:
ao invês de ter uma Hollywood com
empreendimentos do tipo Goldwyn-Meyer
(eram dois camaradas: Samuel Goldwyn e Louis Meyer),
tivemos uma Embrafilme. E sabemos como é
que ficou nosso cinema por muitos anos de
"milagre brasileiro".
Roland Scialom
Participação de Marcos Assano
Devemos concordar que existem
oportunidades de financiamento à inovação. Os
jornais dizem que, apesar das linhas de
financiamento modestas, nem sempre surgem
interessados em utilizá-las. Mas há também
outras informações contraditórias.
Alguns dados da PINTEC 2008 (Pesquisa de Inovação
Tecnológica, IBGE - 106,8 mil empresas pesquisadas,
disponível para download no site do IBGE)19
indicam
que:
- O percentual de empresas inovadoras com
problemas ou obstáculos à inovação aumentou
de 35% (2005) para 49,8% (2008). Na indústria,
aparece em primeiro lugar os elevados custos
da inovação (73,2%), seguido pelos riscos
econômicos excessivos (65,9%), falta de pessoal
qualificado (57,8%, com tendência de alta) e escassez
de fontes de financiamento (51,6%, com tendência
de queda). Nas empresas de P&D sobressaem os
19
Nota do Editor: A fonte dos dados apresentados é:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia
_visualiza.php?id_noticia=1742&id_pagina=1
elevados custos da inovação (73,3%) e a esca
ssez de fontes de financiamento (70,0%). Nos
serviços selecionados, o principal problema foi
a falta de pessoal qualificado (70,4%), seguido
pelos problemas de ordem econômica: os
elevados custos da inovação (72,1%), os riscos
econômicos excessivos (62,6%) e a escassez de
fontes de financiamento (48,7%).
- No período 2006-2008, 58,8% do total de
empresas pesquisadas nos setores industrial,
dos serviços selecionados e de P&D não
realizaram inovação de produto e/ou processo
nem desenvolveram projetos. Houve queda, se
comparada à pesquisa anterior, quando 63,3%
das empresas desse universo não eram
inovadoras.
- No período 2006-2008, 55,8% das empresas
que não inovaram apontaram as condições de
mercado como principal entrave. Entre 2003 e
2005, quase 70% das empresas tinham
apontado este como problema principal.
- A aquisição de máquinas e equipamentos
apareceu, em 2008, como a atividade mais
relevante tanto para a indústria (78,1%) quanto
para os serviços selecionados (72,3%), seguida,
na primeira, por duas atividades
complementares à compra de bens de capital:
treinamento (59,4%) e projeto industrial (37,0%).
Nos serviços selecionados foram o treinamento
(66,6%) e a aquisição de software (54,8%)
Destes dados, podemos tirar algumas
conclusões:
- Metade das empresas nos setores industriais
e de serviços ainda encontra dificuldade para
financiar inovação. Em empresas de P&D, o
problema é maior.
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- Para as empresas pesquisadas, a inovação de
processos (para aumento da produtividade, redução de
custos) parece ter prioridade sobre a inovação
de produtos/serviços. Ou seja, grande parte do
tal financiamento à inovação pode estar sendo
gasto para compra de máquinas e
equipamentos... para multinacionais
produzirem aqui produtos desenvolvidos no
exterior!
Marcos Assano
Participação de Marcos Assano
O Manual de Oslo serve de referência para o
levantamento de indicadores de inovação. Na
verdade é uma tentativa de adoção de uma
metodologia padrão, de forma que resultados
de diferentes países possam ser comparados.
Segundo o Manual de Oslo, "duas famílias
básicas de indicadores de C&T são diretamente
relevantes para a mensuração da inovação:
recursos direcionados à P&D e estatísticas de
patentes". Elas são complementadas por vários
outros indicadores: publicações científicas,
recursos humanos capacitados (mestres e
doutores), balanço de pagamentos tecnológico,
indicadores de globalização...
Quando lançado no início da década de 1990, o
Manual de Oslo era centrado em inovação
tecnológica de produtos e processos na
indústria de transformação. Recentemente,
com o crescimento do setor de serviços, a
abordagem da inovação passou a ser mais
sistêmica. Atividad es de inovação que não
estavam incluídas em P&D (inovação de produtos e
processos) foram incluídas nas edições mais
recentes: inovação de marketing e
organizacional.
O Manual de Oslo contém uma série de
definições de termos ligados ao tema inovação
e responde grande parte das questões
discutidas recentemente neste fórum.
Sobre os tipos de pesquisa, além da "básica"
(não tem como objetivo qualquer aplicação particular) e
da "aplicada" (dirigida a um objetivo prático específico),
o Manual Frascati - outra publicação da OECD
que trata de atividades de P&D - acrescenta
mais um tipo: o "desenvolvimento
experimental" ("trabalhos sistemáticos baseados em
conhecimentos existentes obtidos pela pesquisa e/ou
experiência prática, e dirigidos à produção de novos
materiais, produtos ou dispositivos, à instalação de novos
processos, sistemas e serviços, ou à melhor ia substancial
dos já existentes").
- ambos os manuais em inglês podem ser
encontrados no site da OECD (www.oecd.org).
- O Manual Frascati tem uma tradução em
português lusitano (http://www.f-
iniciativas.pt/imag/M_Frascati_Port.pdf).
- O Manual de Oslo tem uma versão em
português do Brasil, traduzido pela FINEP
(http://www.finep.gov.br/imprensa/sala_imprensa/manual
_de_oslo.pdf).
Marcos Assano
XXI Jornal da Rede GESITI
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Participação de Djalma Gomes
É óbvio que dinheiro atrai talentos (seja de qual
país for). Sinceramente não vejo aumento de
espaço de caixa de email como algo inovador
(daqui a pouco, vamos estar vendo inovação em tudo).
Qual indicador poderia ser usado de maneira
confiável para medir INOVAÇÃO (você pode
segmentar APENAS no meio digital se assim lhe convier)?
Djalma Pinheiro Gomes
Participação de Ricardo Mansur
A questão não é sobre a nacionalidade do
fundador: é sobre o local onde ocorreu.
1. Yahoo nasceu em universidade americana.
Não estou falando de onde nasceram os
fundadores.
2. Gmail também nasceu em universidade
americana . Ele foi o primeiro email de 1Gbytes.
A inovação foi no tamanho, não no conceito.
3. Não é apenas o dinheiro que levou para estas
inovações. A maior revolução nos ultimos anos
em hw de computador é o netbook (uma
opinião). Aliás, os fabricantes de notebooks
mudaram por causa dele e o espaço para o
tablet modelo atual também é derivado dele.
4. Mesmo com a queda, os EUA ainda serão
fortes, mas não creio que isto importa.
Devemos pensar porque estamos abaixo do
nosso potencial.
5. É possivel ter indicadores desde que a
definição de inovação seja segmentada. Este
problema não é apenas nosso, é do mundo
inteiro. No entanto não acho que inovamos
pouco porque os indicadores em uso não são
perfeitos. Desconheço uma mãe que não inove
todos os dias para fazer o seu filho comer. A
questão é existe dinheiro, conhecimento,
processos, métodos e tudo o que podemos
imaginar mas o resultado é bem abaixo do
nosso potencial.
Veja com mais calma e detalhe o motivo destas
inovações digitais (volto a destacar a palavra digital, se
quiser usar internet tb é válido) recentes terem
acontecido em universidades americanas (não
necessariamente por gente que nasceu e morou ou mora
por lá). Este resultado diz muita coisa sobre nós
e sobre o que Meira escreveu.
1. Por que universidades americanas e não
brasileiras?
2. Por que jovens?
3. Por que quase tudo neste item inovações
digitais (se quiser use inovações pela intenet) é
relativo com redes sociais?
4. Por que a Bruna que não estudou em
universidade americana, mas era jovem
conseguiu fazer um blog, livro e filme e ditou
moda na sua área de atuação (ps. Não concordo
com o que ela fez como profissão, mas respeito a decisão
dela.)
5. Por que a garota do blog de tecnologia (se
alguém lembrar o nome, agradeço) que também não
estudou em universidade americana mas
também é jovem conseguiu tamanho destaque
no Brasil e fez dele a sua profissão?
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6. Sobre o futuro: minhas fichas continuam
todas no “vermelho 13” da China. O que será
do mundo com os EUA no segundo lugar eu não
sei.
Ricardo Mansur
Participação de Djalma Gomes
Será que os americanos são realmente mais
inovadores do que o resto da população
mundial? Para responder isto, teríamos que
definir o critério que define inovação. Há
muitos exemplos recentes de inovação que não
tem origem norte-americana.
1) Linus Torvalds (criador do Linux e o principal
precursor do conceito de software livre) é finlandês
2) Buyukkokten (criador do Orkut) é turco
3) O principal cérebro por trás do facebook
(Eduardo Saverin) é brasileiro
4) Julian Assange (do wikileaks) é australiano
5) Eliyahu M. Goldratt (criador do conceito da TOC e
corrente crítica) é israelense
6) As principais contribuições da qualidade
moderna vem de pessoas e empresas
japonesas (KAIZEN, Lean-Manufacturing, Just-in-Time,
Kanban etc.)
7) Os únicos padrões de alta definição
desenvolvidos (Blu-Ray e HD-DVD) também vem de
empresas japonesas
8) O conceito de pret-a-porter que
revolucionou o mercado de alto luxo é francês.
Agora, é óbvio que os USA continuam como o
maior poder político, militar e financeiro do
mundo, o que ainda permite certas vantagens.
Mas se formos analisar uma curva de
tendência, eu diria que eles estão numa curva
decrescente de inovações. Google, Facebook,
Apple e Twitter me parecem as únicas exceções
neste oceano de empresas norte-americanas.
Tirando estas 4 empresas, quais inovações
norte-americanas foram uma revolução nos
últimos anos??? Consegue se lembrar de mais
alguma???
Djalma Pinheiro Gomes
Participação de Milton Barcellos
Quanto à transformação da inovação oriunda
de pesquisa aplicada (ou, como destacado, uma
convergência dos diversos tipos de pesquisa) em
propriedade intelectual (pois longe de ser um direito
natural, a propriedade intelectual funciona como um meio
para a promoção do desenvolvimento em sentido amplo
“social, econômico e tecnológico”), dependemos de
compreensão efetiva de como proteger as
criações intelectuais, por que protege-las e
como gerar riqueza a partir desta propriedade.
Estamos anos-luz atrás de países que utilizam a
propriedade intelectual como “moeda de
troca”• e meio efetivo de diferencial
competitivo através do direito de excluir
terceiros de reproduzir determinada
tecnologia.
Todos sabemos que a China está incentivando
(efetivamente cobrindo os custos) dos seus cidadãos
para que os mesmos protejam suas patentes no
exterior porque tal movimento irá, em um
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médio ou longo prazo, gerar um benefício na
balança comercial com a entrada de royalties
no País.
Talvez nossos números em aproveitamento de
inovação decorrente de pesquisa aplicada
sejam ainda muito baixos porque ainda temos
um enorme desconhecimento de como
funciona o sistema de propriedade intelectual,
transferência de tecnologia e efetivo
aproveitamento tecnológico dessas criações
intelectuais (falhamos incrivelmente na noção de
proteção e de como faze-la, assim como em princípios
básicos de profissionalização da comercialização da
tecnologia).
Sugiro a leitura do Livro “The Economic
Structure of the Intellectual Property Law”• de
Posner e Landes que, apesar de uma visão
extremamente utilitarista (e um pouco dissociada de
nossa realidade) serve como instrumento de
compreensão de como pode ser vista a
propriedade intelectual enquanto elemento
fundamental para o desenvolvimento
econômico.
Milton Lucídio Leão Barcellos
@trademarks.com.br
Participação de Djalma Gomes
O dinheiro está faltando lá nos USA AGORA depois
da crise de 2008, mas os cases citados são
anteriores a isto.
Cada um tem todo direito de ter a sua própria
opinião e é compreensível que se enxergue
uma maior inovação atualmente nos USA do
que nos demais países do globo. Apenas é
necessário entender se uma dada leitura se
trata de uma opinião pessoal ou é amparada
em alguma indicador quantitativo que possa
balizar as nossas percepções.
Djalma Pinheiro Gomes
Participação de Djalma Gomes
Vamos então alinhar o conceito do que pode
realmente pode ser Inovação. Inovação então
pode se aplicar a novos produtos, novos
serviços, novas metodologias e abordagens,
novos processos, novos posicionamentos de
marketing e novas idéias.
De volta ao questionamento inicial: qual seria o
melhor indicador que mostre de maneira
inequívoca o grau de inovação em uma
organização ou em um país??? A teoria da
relatividade do Einstein por exemplo não gerou
receita alguma para as empresas, mas a
aplicação desta teoria sim. Da mesma forma
que a criação de uma nova abordagem ou
metodologia não gera dividendos financeiros,
mas a sua aplicação sim.
Lembrando que aquilo que não consegue ser
medido, também não consegue ser gerenciado,
voltamos ao questionamento: “Qual é o melhor
KPI para medir inovação”?
Djalma Pinheiro Gomes
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Participação de Darcio Calligaris
O 4º poder que é a imprensa, falada e escrita,
quer ganhar dinheiro, sensasionalismo, ela
conduz as massas com a publicidade enganosa,
veja as tardes de domingo na televisão, e os
assuntos do momento:, enchentes, Kadafi,
Carnaval, percebe-se que o povo não está
preocupado, como disse um ex-presidente do
PSDB, o povo está sendo tratado com dignidade,
"me engana que eu gosto", "cara de pau", sou
apolítico...
... A história se repete sempre, o que estão
fazendo estes professores de história, "o povo
e os intelectuais não aprendem com os erros"
devemos sim debater inovação em todos seus
aspectos, desde a informática até os problemas
das enchentes estarem terminadas.
Podemos economizar muito na Saúde, o mais
fácil é recriar a CPMF, que vergonha para
políticos que recebem um salário maior que um
executivo de multinacional, pensar nisso, mas é
o mais fácil, existem em muitas saídas para
quem têm vontade, se preocupa com seu
semelhante, e quer fazer.
Darcio Calligaris
Participação de Paulo Resende
Acrescentem-se à discussão dois pontos
específicos, daqueles tratados recentemente, a
título de contribuição:
1) Inovação e Propriedade Intelectual /
Industrial: se podemos assumir que a inovação
sempre atribui algum valor à empresa, não
devemos assumir que isso se dará sempre por
meio de registro contábil/patrimonial. Se, por
um lado, a patenteamento é um dos possíveis
indicadores de pesquisa & desenvolvimento na
empresa, por outro devemos lembrar que
inovações revolucionárias não são passíveis de
patenteamento. Um dos exemplos que pode
aqui ser apresentado é o modelo de
restaurante a quilo - invenção de um brasileiro,
que se baseia em um método que inclui
procedimentos e uma disposição física dos
alimentos, algo que não é patenteável na
legislação brasileira e nem na maioria dos
países desenvolvidos. Uma medida possível a
ser adotada, mas que esbara na falta de
disponibilização de informações, seria a relação
de investimento em P&D versus receita dos
produtos desenvolvidos a partir desses
esforços. Mas há outras mais apropriadas que
podemos discutir com o tempo;
2) Criatividade, empreendedorismo e inovação:
qualquer discussão conceitual séria sobre
inovação defende que só é inovação aquilo que
chega a algum mercado e nele se consolida.
Pois bem: a forma mais óbvia de reconhecer
uma inovação se dá pela sua chegada ao
mercado como algo "produtificado", ou seja:
oferecido ao mercado, consumido e capaz de
auferir lucros para a empresa que a oferta ao
mercado. O fato de sermos muito criativos não
significa que tenhamos a capacidade de
conceber produtos, nem de criarmos um
negócio para comercializá-los. Nesse sentido,
os americanos ganham de nós de goleada, pois
parece que a cultura do país na área de
negócios traz, em seu DNA, perguntas críticas
como:
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- Minha nova ideia pode virar um produto?
- Quem compra esse produto?
- Eu tenho fôlego para levar isso sozinho até os
consumidores?
- Se eu não tiver, quem tem condições de me
ajudar nesse objetivo?
Tenhamos autocrítica: se podemos assumir que
o brasileiro é criativo e solidário, também
podemos assumir que o brasileiro tem
dificuldades na orientação de esforços para
resultados futuros e também em ter "confiança
empresarial", ou seja, confiança em parceiros
profissionais para desenvolverem projetos
conjuntos.
Ainda vivemos a era dos "professores pardais",
com aqueles exemplos pitorescos de inventores
de coisas que jamais poderão virar um produto
- por exemplo, o sofá-bicicleta, também
invenção de um brasileiro. O conceito assumido
pela maioria das pessoas de "inovador" é
equivocado, pressupõe um personagem
idealista, que inventa coisas na sua oficina e
vende de porta em porta ou na banca de
camelô. Esse estágio inicial logo tem que dar
lugar ao do homem de ideias e capazes de
aumentar a produção, de se profissionalizar, de
investir no negócio. Querem alguns bons
exemplos? Anotem:
- Samuel Klein, que inovou no modelo de
negócios quando criou as Casas Bahia;
- Mario Chady, fundador do Spoleto, também
uma bela inovação de modelo de negócios;
- Luiz Donaduzzi, fundador da Prati-Donaduzzi,
empresa nacional inovadora da área de
fármacos;
- Roberto Alcântara, fundador da Angelus,
empresa que fabrica componentes para
implantes dentários e outros serviços
odontológicos.
Vejam a trajetória deles, que inovaram - e
inovam - muito por aqui, em território
brasileiro. Não podemos nos deixar seduzir pela
tentação de acreditar que inovação só é
possível em segmentos de alta tecnologia e
muitos patenteamentos.
Vamos esquecer as afirmações de que os
brasileiros são piores, complexados, pouco
qualificados: às vezes, falta só um "banho de
loja" de planejamento empresarial, coisa que
uma capacitação intensiva resolve.
Paulo Jose Pereira de Resende
Participação de Djalma Gomes
Sem indicadores objetivos, ficamos na vala da
subjetividade. Uma pessoa acha que o Japão
liderou as inovações nas últimas décadas
enquanto outro pensa que foi os USA
(seguramente não haverá ninguém dizendo que foi a
Russia, India, Brasil, China ou Africa do Sul etc.).
Mas afinidades pessoais à parte, é importante
notar que a bonança financeira dos USA (e do
Japão nas décadas de 70 e 80) que atraiu empresas
de Venture Capital e tantos cérebros
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importantes na segunda metade do século
passado não mais existe.
Vejo nas décadas vindouras uma mudança
sensível do paradigma vigente, seja pela
mudança do cenário de forças no tabuleiro geo-
político mundial, seja pela crise financeira. O
fato é que os USA e o Japão não mais atrai
cérebros e Venture Capital como antes.
Obviamente que esta crise de 2008 é recente,
mas mudanças já começam a se fazer
presentes.
Vamos deixar assim, há quem creia que os USA
lideram as inovações porque eles são muito
melhores do que o resto do mundo. E
quemacredite que os USA aproveitaram a
bonança financeira para atrair cérebros de
outros lugares. Até porque sem indicadores
claros, não dá nem para afirmar que os USA
lideraram sim a criação de inovação (digital,
manufatura, qualidade, etc...) nas últimas 3 décadas
Djalma Gomes
Participação de Ricardo Mansur
Recomendo a leitura de
(i) "Patentear a esmo não ajuda inovação na
universidade", com o seguinte destaque: "NOVO
PRESIDENTE DA FINEP DIZ QUE FALTA VISÃO ESTRATÉGICA
NAS TENTATIVAS DE ESTIMULAR EMPREENDEDORISMO
DE CIENTISTAS NO BRASIL"20
, "Não basta fazer
20
Nota do Editor: texto disponível em:
http://www.observatoriousp.pro.br/o-papel-das-patentes-
nas-universidades-e-os-planos-para-a-finep-%E2%80%93-
entrevista-a-glauco-arbix/
patente para currículo. No MIT a análise da
patente está próxima da análise de
comercialização. A agências de inovação aqui
(comentário meu, o aqui é o Brasil) parecem mais um
"despachante inteligente", que está atrás de
ideias" e
(ii) Patentes podem provocar efeito inverso e
limitar as inovações21
, cadernos ciência FSP de
02/03/11
Ricardo Mansur
Participação de Djalma Gomes
Dentre os pontos de vista destacados, o
principal ponto de conflito é a visão do que é
mais importante para ser um bom
empreendedor (lembrando que COMPETENCIA =
Conhecimentos + Habilidade + Atitude).
Historicamente, o conhecimento sempre foi a
variável mais importante para sermos
competentes em algo ("Conhecimento é Poder").
Por exemplo, a casta dos Brahmanes na Índia é
a mais importante porque eles são os únicos
que tinham acesso à escrita e ao conhecimento
desde milênios atras.
Mas com o advento da era da informação,
conhecimento erudito e academico esta
virando uma commodity, já que encontramos
praticamente tudo o que quisermos na
Internet. Devido a isto, as variáveis Habilidades
e Atitudes estão se tornando muito mais
21
Nota do Editor: disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0203201105.h
tm
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importante do que o conhecimento para
alcançarmos COMPETENCIA e sermos INOVADORES.
As famosas inteligências intrapessoal (também
chamada de inteligência emocional), espacial,
lingüística, musical, esportiva (dentre outras) nada
mais são do que habilidades natas ou
aprendidas.
Mas ainda mais importante do que habilidade,
temos a variável ATITUDE. E a ATITUDE é
fortemente influenciada pela MOTIVAÇÃO pessoal
que por sua vez é influenciada pela AUTO-ESTIMA.
E aí a coisa começa a mudar radicalmente.
A vantagem competitiva que os USA tiveram
com o pós-guerra (quando o mundo vivía o auge da
gurerra fria) não mais existe. Adicionalmente a
isto, os empregos começam a migrar para
países onde o custo é menor (como os BRICs) e as
nações desenvolvidas vivem uma grave crise
financeira e de CONFIANÇA. Isto mexe com a
auto-estima de uma nação.
O Brasil que sempre incorporou a síndrome de
Grouxo Max (que dizia "Recuso-me a freqüentar clubes
que me aceitam como sócio"), só valorizava o que
vem de fora (a visão de que produto importado é
melhor do que nacional). Mas isto começa a mudar.
A grande mobilidade social nos últimos 8 anos e
a maior confiança das pessoas no futuro
impulsiona a nossa auto-estima e passamos a
acreditar que podemos sim realizar algo
inovador que mude a cara do mundo. Uma
auto-estima elevada nos leva a aprender com
os erros (ao invés de nos deprimimos com a
supervalorização do erro) e a confiar no próprio
potencial. O fundador do Mc Donalds por
exemplo teve inúmeros empreendimentos
fracassados ate acertar com a criação do Mc
Donalds já depois dos seus 60 anos de idade.
Uma pessoa que supervaloriza o erro e tem
baixa auto-estima seguramente não teria a
mesmo resiliencia que ele.
O Silvio Meira (que admiro muito) é um PHD e é
natural que ele vá valorizar a vertente
CONHECIMENTO. Mas a historia está repleta de
exemplos de pessoas que mudaram o mundo
sem ter sequer um curso universitário (Mark
Zuckeberg do facebook, Steve Jobs, Bill Gates, Samuel Klein
das Casas Bahia, Silvio Santos, Michael Dell, Eike Batista,
Julian Assange do Wikileaks, o ex-presidente Lula, etc..).
Como Mark Zuckerberg conseguiu chegar
aonde está sem grandes conhecimentos de
planejamento estratégico, desenvolvimento de
produtos ou posicionamento de marca???
Simples, com HABILIDADES e ATITUDE. À medida
que o facebook foi crescendo e ganhando
corpo, investidores e empresas de Venture
Capital entraram de cabeça e aportaram $$$ e
o CONHECIMENTO necessários para fazer a coisa
decolar. Executivos de mercado (funcionários do
Mark Zuckerberg) foram chamados para conduzir
este processo. Incubadoras de empresas
também se prestam a prover o conhecimento
que falta ao empreendedor.
Portanto embora não exista indicadores
quantitativos para mensuar o grau de inovação
de uma organização, entendo que os USA
aproveitaram o contexto favorável do pos-
guerra para atrair cérebros e aumentar a auto-
estima de sua população. Mas este cenário já
mudou há muito tempo. Não vivemos mais
uma guerra fria e eles estão numa curva
decrescente de auto-estima e confiança.
Estamos numa nova era com novos valores e
paradigmas e devemos tambem evoluir na
visão de empreendedorismo e inovação.
XXI Jornal da Rede GESITI
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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.
ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170
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Djalma Gomes
Participação de Marcos Assano
As multinacionais do ocidente estão investindo
em mercados emergentes. Elas esperam que
70% do crescimento econômico nos próximos
anos venha de países emergentes, com 40%
vindo de apenas dois países: Índia e China. Elas
esperam lucrar com a emergência da classe
média nos dois países onde a população supera
1 bilhão de habitantes. Essas multinacionais
também notaram que a China, e em menor
grau a Índia vêm investindo muito em educação
nas últimas décadas. A China produz
anualmente 650 mil graduados em engenharia
e a Índia 220 mil. Para aproveitar esta fartura
de profissionais com possibilidade de reduções
nos custos de P&D, as multinacionais têm
investido em laboratórios neste países. Das
companhias listadas pela "Fortune 500", 98 têm
laboratórios de P&D na China e 63 na Índia.
Constatada a capacidade técnica destes
laboratórios, o grau de complexidade dos
projetos desenvolvidos vem aumentando
continuamente. Outro dado importante para a
análise: dos formados em engenharia em
universidades americanas, metade são
estrangeiros, e a maioria destes, chineses e
indianos.
O futuro parece ser previsível:
Nos laboratórios das multinacionais, chineses e
indianos têm absorvido tecnologia de ponta
através do "learning by doing" e este
conhecimento migra com a mobilidade de
pesquisadores entre empresas. Junte a estes as
centenas de milhares de engenheiros formados
anualmente nas universidades chinesas,
indianas e americanas... E, brevemente,
veremos a emergência de grandes corporações
chinesas e indianas brigando de igual para igual
ou superando seus rivais ocidentais...
Dos BRICs, a China continuará se destacando
com a produção (produtos de eletrônica/telecom,
informática, automóveis, etc, com qualidade crescente), a
Índia no setor de serviços (principalmente software).
Brasil e Rússia continuarão sendo grandes, mas
meros exportadores de commodities e energia
(de baixo valor agregado), salvo algumas excessões
pontuais...
Obs: o Brasil formou em 2008, 47 mil
engenheiros nas diversas especialidades. A
Rússia, 190 mil.
- Dados estatísticos extraídos da revista "The
Economist" (17/04/2010): "The world turned
upside down" - A special report on innovation
in emerging markets; e CAPES - Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Marcos Assano
Participação de Paulo Resende
A argumentação que trata de Conhecimentos,
Habilidade e Atitude tem seu fundamento. No
entanto, falta ainda um outro componente, que
faz toda a diferença, por exemplo, quando
comparamos o Brasil e os EUA: trata-se do que
aqui será denominado "capital associativo", a
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capacidade de promover e firmar parcerias,
alianças e acordos de mútuo interesse.
Não há no Brasil tradição de incentivo às
alianças. Em parte, essa lacuna é entendida
quando analisamos, por exemplo, o processo
de industrialização tardia, o modelo de
formação da nossa sociedade que foi, e de
certa forma ainda é, patriarcal e hierarquizada,
ou seja: não temos como premissa a união de
esforços entre iguais, mas sim a subordinação,
a concessão de favores e outras formas de
aliança que pressupõem que haverá uma
relação desigual de concentração de poder.
Outro fator é a chamada insegurança jurídica,
que adiciona incerteza a processos críticos
como, por exemplo, um eventual contencioso
decorrente do não-cumprimento de um
contrato. Não é o objetivo discutir a
perspectiva jurídica da questão, mas convém
ter em mente que esse quadro "afasta"
empresas nacionais e estrangeiras de
investimentos mais ousados no país, como já
foi amplamente discutido na imprensa e nos
fóruns empresariais.
A falta desse capital relacional faz com que haja
ressalvas de toda natureza à ideia de firmar
parcerias, o que acaba por impedir alianças
para a realização de projetos inovadores. Aliás,
não prejudica só esse tipo de empreendimento:
as parcerias público-privadas (PPPs), por
exemplo, só viraram realidade em casos
isolados no país, e essas dizem respeito a
investimentos em infraestrutura e com retorno
assegurado para o parceiro empresario!
Vamos considerar uma situação teórica:
imaginem que haja 10 ou 12 empresas
instaladas em uma incubadora ou parque
tecnológico. Quantas vezes essas empresas
consideraram, por exemplo, a possibilidade de
se aliarem para convergirem seus negócios?
Qualquer que seja o caso real a ser analisado, a
resposta é: raramente. E estamos falando de
ambientes propícios ao desenvolvimento
empresarial, à inovação, à exposição (moderada)
ao risco.
Nós precisamos estimular comportamentos
associativos. Temos de fazer valer a nossa
influência (no sentido positivo do termo) para
estimular alianças que fortaleçam nossas
empresas nascentes. Precisamos sensibilizar os
empresários mais antigos para a possibilidade
de abrirem novas frentes de atuação em
parceria com empresas de segmentos distintos.
Paulo Resende
Participação de Djalma Gomes
Sem dúvida, há muitas variáveis que
influenciam surgimento de inovações e novos
empreendimentos. Modelo patriarcal e
hierarquizado e excesso de burocracia são dois
bons exemplos. Quanto às regras claras, não
acho ser este o caso do Brasil já que não
constumamos quebrar contratos e dar calote
em dívida já há algumas décadas.
Mas estas variáveis não são tão impactantes
quanto a auto-estima e a atutude. A Índia e
Japão tem sociedade muito mais hierarquizada
e patriarcais do que o Brasil. A China e a Russia
sofrem com falta de regras claras e corrupção
muito mais do que no Brasil.
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E veja só, porque será que o Japão liderou
todas as inovações em qualidade e supply chain
(TQM, Just in Time, Kaizen, Kanban, Poka Yoke, etc...) na
segunda metade do século XX seguindo de
exemplos inclusive para os USA??? Afinal, eles
tem uma sociedade altamente hierarquizada e
patriarcal.
Djalma Gomes
Participação de Reginaldo Carvalho
A discussão será tão mais produtiva quanto nos
distanciarmos da realidade Americana ou
Européia. E as exceções mencionadas (Klabin,
Chandy, Donaduzzi, etc) são exatamente isso,
exceções.
Não que não seja importante identificar os
fatores críticos de sucesso nos EUA, ou analisar
os casos de sucesso locais. Mas dá angústia
discutir a fio um tema sem gerar, ou ao menos
refletir sobre um conjunto mínimo de ações
para tratar o nosso problema de escassez de
inovação.
Quais ações a Coréia do Sul tomou e que foram
de uma eficácia tal que reverteu a situação do
país em menos de 30 anos? Por que não
estudamos estes casos, muito mais próximos, e
propomos um conjunto de ações, com devidas
métricas de realização e acompanhamento?
Temos problemas profundos e estruturais, mas
que podem ser atacados com ações
direcionadas e de longo prazo que nos tirem do
ostracismo.
- Por exemplo, onde a nossa melhor
universidade se encontra quando comparada
com as melhores do mundo? abaixo da 250o
posição!
- Onde estão colocadas as melhores
universidades Coreanas, Chinesas e Indianas?
Entre as 50 melhores! Isso sem mencionar
nossa posição no Pisa.
- Quais as políticas de formação de pessoal
altamente qualificado da Coréia/China/Índia?
Exportam doutores! Formam não apenas o lado
do conhecimento, mas a habilidade e a atitude.
O jovem doutor não é obrigado a retornar logo
depois do doutorado para mendigar uma bolsa
de pesquisa enquanto aguarda um concurso.
Ele fica para aprender a jogar o jogo da
tecnologia e é incentivado a retornar quando
estiver mais maduro.
- E, não menos importante, qual a nossa
habilidade de promover o fluxo invasivo (fora
para dentro) de capital de alto valor agregado?
próximo de zero! E qual o impacto econômico
de todas as ações juntas de promoção de
inovação (sejam quais forem) quando comparadas
com o equilíbrio da balança comercial?
igualmente próximo de zero! E isso depois de
uns 20 anos de implantação da excelente ideia
que são os fundos setoriais.
- Falando de empreendedorismo, quanto
tempo se leva para abrir e fechar uma empresa
aqui no Brasil? não é possível mudar isso? E a
carga tributária sobre os empresários? onde é
possível agir?
- E, que tal promover um ponto de partida
diferente de zero? Quais as políticas de
transferência de tecnologia de empresas
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multinacionais quando instaladas no Brasil. Não
é possível forçar algo neste sentido? Alguém
sabe como a China tratou disso? Ou vamos
achar que é possível sair da estaca zero pelas
próprias forças?
Caros, as ações em curso são importantes, mas
não estão coordenadas e, além disso, estão
invertendo causa com consequência. É muito
difícil promover a realização de alianças quando
poucos sabem o que é uma cadeia de valor,
confundem SWOT com SWAT, não diferenciam
portfólio de roadmap, resistem ao NDA por ser
um sinal de que estão desconfiando deles e
quando ouvem a palavra ecossistema acham
que é tema para biólogos. Aliás, se há uma área
em que não acredito em geração de sucesso
espontânea é quando se trata em
desenvolvimento econômico. Assim como uma
pilha de pedras não é igual a uma parede, um
conjunto de ações desconexas não constitui
uma política de inovação.
E então, voltando para a pergunta concreta.
Alguém poderia delinear quais seriam as ações
que Coréia tomou em todas as frentes e que a
tirou do ostracismo em tão pouco tempo no
que se refere à Inovação?
Reginaldo Carvalho
Participação de Marcos Assano
Comentando:
"E veja só, porque será que o Japão liderou
todas as inovações em qualidade e supply chain
(TQM, Just in Time, Kaizen, Kanban, Poka Yoke, etc...) na
segunda metade do século XX seguindo de
exemplos inclusive para os USA??? Afinal, eles
tem uma sociedade altamente hierarquizada e
patriarcal."
As inovações japonesas vieram da
necessidade...
Na verdade, as bases para as metodologias
utilizadas pelo Japão vieram da observação da
produção americana. Eles apenas inovaram ao
adaptá-las às necessidades do país.
O Japão do pós-guerra passava por grandes
dificuldades e havia a necessidade de recuperar
a indústria. O país não possuia reservas de
matérias-primas, energia e espaço físico, o que
os obrigaram a criar novos métodos de
produção com a máxima eficiência possível,
reduzindo desperdícios de tempo, energia, com
estoques de materiais e produtos finali zados.
Essas metodologias evoluíram rapidamente
com o envolvimento do conhecimento
operário, ao contrário das práticas tayloristas
que priorizavam somente o conhecimento da
gerência. Com mercado interno relativamente
pequeno, a produção passou a priorizar a
produção de pequenos lotes de produtos
variados e sob encomenda como uma
alternativa ao modelo de produção em massa
fordista. O modelo japonês de produção parece
ter sido mais eficiente para enfrentar as
constantes crises do sistema capitalista,
quando os mercados se tornam menores e mais
voláteis.
Embora a sociedade japonesa ainda seja
hierarquizada e patriarcal, devemos observar a
macro-organização das empresas de onde
provém a maioria dessas inovações. Na
organização japonesa prioriza-se a cultura de
grupo e senioridade do líder, o processo
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decisório horizontal, e a organização por
processos com coordenação horizontal. Numa
organização taylorista: cultura do sucesso
baseado no l íder, processo decisório vertical e
departamentalização. Talvez isto tenha alguma
influência no modo como o conhecimento se
disperse pela empresa e, portanto, também
sobre a inovação.
Marcos Assano
Participação de Darcio Calligaris
O mais importante é o resultado concreto, as
inovações sendo produzidas por todo Brasil,
exportações, empregos, quando começará a
"revolução da inovação brasileira" e nos
tornarmos aumotivados e autosuficientes, a
divulgação causará interesse, mas este
interesse tem que se materializar. Como
conseguiremos isso? Qual a estratégia? Quais
as prioridades? Quem irá liderar?
Creio que já fazem parte do grupo especialistas
de todas as categorias de inovações, assim
como poderão ser convidados professores
universitários e especialistas de destaque para
as inovações prioritárias par o Brasil.
Contratos podem ser realizados por
especialistas do grupo, e os projetos e seus
resultados devem ser efetivos e os lucros
divididos. É desafiador!!!! Deve-se começar
imediatamente.
Darcio Calligaris
Darcio Calligaris [email protected]
Tema 5: Patentear a esmo não ajuda a
inovação na universidade
Participação do Moderador
É apropriado discutirmos a afirmativa do
Presidente da FINEP, Prof. Glauco Arbix:
(...)
P: Mas essa aproximação não seria papel das
agências de inovação das universidades?
R: Eu acompanhei as agências de inovação do
MIT. Mas as nossas são muito centradas na
ideia de aproveitar o conhecimento da
universidade para desenvolver patentes [de
produtos inovadores.] Ajudam o professor a
desenvolver patentes e, eventualmente,
licenciar•o que nem sempre é muito claro, já
que para licenciar é preciso ter análise
comercial.
Não basta fazer patente para currículo. No MIT
a análise da patente está próxima da análise de
comercialização. As agências de inovação aqui
parecem mais um ”despachante inteligente”,
que está atrás de ideias. Os americanos
começaram a estimular o processo patentário.
Isso se espalhou pelo mundo todo e está
chegando aqui.
(...)
O texto entre chaves é um adendo ao original22
.
22
Nota do Editor: a entrevista está disponível no endereço:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76615
XXI Jornal da Rede GESITI
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Vejam na rede GESITI o XX Jornal GESITI23
, que
trata de alguns meses de discussão sobre o
tema inovação et al.
GESITI
Participação de Paulo Luporini Pastore
Realmente, existe muita demagogia no Brasil. O
lado universitário não ostentam a experiência,
só centrados nos méritos acadêmicos e isto não
“põe prato na mesa”, já os empresários não
acreditam em universitários, porque são
práticos, com raras exceções existe quem
acredita em alguém.
Pessoas ficam anos e anos em cima de um fato,
e não progridem e nem regridem, o que acaba
acontecendo é que o fato perde o mérito, e lá
na Europa surgem novidades que sairam daqui,
impressionante que os brasileiros não são
citados, apenas os estrangeiros.
Patentear precisa ter o mérito do fato, ou seja,
o inventor tem que ter originalidade e
autenticidade, para se tornar cientista não é
tendo cartuchos, diplomas doutorado não, e
sim vivência em fabricações, como são
fabricados produtos.
Casa de ferreiro, espeto de pau.
Estou no mercado desde 1975 em projetos
mecânicos, e sinceramente não registro
23
Nota do Editor: o XX Jornal GESITI está disponível em:
http://www.cti.gov.br/images/stories/cti/atuacao/dtsd/ges
iti/XX_JORNAL_GESITI_AGOSTO_DEZEMBO_2010.pdf
patentes porque o Brasil não é um país sério, já
trabalhei no INPI pelo Grupo Itaú na década de
80, o que vi foi um monte de patentes que não
servem para nada, simplesmente lixo e lixo.
Sou projetista mecânico engenheiro
especializado em tecnologias de ponta pelo USP
em 1983, vide meu site um dos poucos notáveis
no mundo mecatrônico:
Creio que seja um que possa discernir sobre
patentes, haja vista, que meu melhor professor
foi uma senhora portuguesa que já foi-se,
quando no Itaú pude junto dela entender o que
seja patente, o que eu vejo é que o inventor
brasileiro simplesmente registra e não entende
o mérito do fato.
Editei patentes de invenção para o Grupo Itaú,
e nunca mais fiz isto, desde então passaram-se
mais de 20 anos, e não penso em registrar é
nada, por que no Brasil o indicio de quebra de
sigilo industrial existe, já uma meia dúzia de
patentes que tinham o mérito do fato foram
levadas embora para outros países.
Quando tivermos um país em que nossos
governantes e quem dirigem órgãos tipo FINEP,
Capes, tiverem uma postura de país de
primeiro mundo, sim, aí nós poderemos
registrar uma patente com segurança, por hora
prefiro esperar mais anos, por que penso que
existe ainda uma luz no final do túnel, penso!
Trabalhei com inúmeros projetos novos, que
criei sem cópiar do estrangeiro, sujeitos a
registro de patentes, e nunca me interessei em
patentes, devido que sempre digo a meus
contratantes: eu criou, invento, mas, o registro
deixo de mão aberta para que quizer que façam
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o registro, o que eu quero é receber pelo meu
trabalho.
Infelizmente a mente dos brasileiros
universitários e empresariais tem mudo a
crescer, eu acredito num futuro melhor.
Paulo Luporini Pastore
Participação de Paulo Resende
Acrescente-se ao trecho destacado uma
afirmação polêmica, mas com fundamento: a
universidade não pode mais ver a patente
como um fetiche.
É evidente que o relacionamento das
universidades e seus NITs com a patente
apresenta, de um modo geral, um desvio na
compreensão desse ativo. Em grande parte, por
culpa de políticas erradas que praticamente
obrigaram pesquisadores de todo o país a
recorrerem a esse recurso de forma
inadequada. Desde a Lei da Inovação,
fortaleceu-se o discurso pró-patentes na
universidade. O problema é que o
patenteamento foi interpretado, em diversos
casos, como um fim em si mesmo.
É comum ouvir frases como: "Primeiro,
obtenha a patente, depois procure um parceiro
empresário". Ela decorre de anos de uma
relação de mútua desconfiança, porém esconde
dentro de si um vício, o de ignorar que o
patenteamento é um processo custoso,
complexo e muitas vezes demorado. Somado
ao fato de que nem todos os NITs contam com
redes prospectivas eficientes para a localização
de parceiros, o resultado é uma "coleção de
patentes" que não chega ao mercado, de modo
que a patente é concedida porém não resulta
em produto disponibilizado para os
consumidores potenciais.
Se, por um lado, as universidades foram
vitimadas por esse pensamento, por outro
também devemos reconhecer que há em
algumas delas a ausência de percepção quanto
à necessidade de se viabilizar a negociação
dessa patente. Para nossa satisfação, há
diversos casos nacionais de NITs fortes, com
boas estruturas de avaliação, depósito e oferta
das patentes depositadas, verdadeiras agências
de negócios de tecnologia.
Apesar de não ser uma universidade, vale a
pena conhecer uma experiência bem-sucedida
dessa ponte pesquisa-mercado: o PROETA, da
Embrapa, ação apoiada pelo BID/FUMIN que tem
como objetivos: transferir tecnologias,
produtos e serviços gerados pela Embrapa para
a iniciativa privada; contribuir para a geração
de empresas de base tecnológica agropecuária;
apoiar a disseminação de uma cultura de
inovação e empreendedorismo; contribuir para
a geração de emprego e renda24
.
Paulo Resende
Participação de Ricardo Mansur
Devemos acreditar em melhorias no Brasil, mas
o atual processo de evolução é por demais
24
Nota do editor: http://hotsites.sct.embrapa.br/proeta
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lento. O que é surpreendente é que tem gente
que acha que este é o caminho correto.
Infelizmente existe uma agenda oculta em
prática.
Eu só registrei uma patente de um produto de
uma ex empresa minha e descobri que foi
apenas perda de tempo e dinheiro. Fomos
copiados varias vezes e só ficamos no mercado
porque conseguimos ser rápidos na evoluções.
Ricardo Mansur
Participação de Marcos Assano
Na maioria das mensagens anteriores,
procuramos comparar nossos índices de
inovação aos da chamada "tríade": Estados
Unidos, Europa e Japão. Talvez tenhamos que
buscar novos parâmetros de comparação, visto
que a trajetória de desenvolvimento econômico
destes países iniciou-se muito antes da nossa.
Na Europa, a cultura de inovação se mantém
desde a Revolução Industrial inglesa no século
XVIII. Os Estados Unidos tiveram grande
influência inglesa e se beneficiaram de duas
grandes guerras que assolaram a Europa. A
Guerra Fria deu grande impulso à chamada "Big
Science", com o governo americano investindo
pesadamente em C&T para a criação da bomba
atômica, para a corrida espacial e defesa. E
seus efeitos se espalham pelos demais setores
da economia.
Para uma avaliação mais realista, deveríamos
nos comparar aos novos emergentes. Em
coluna publicada pela revista Veja25, Mailson
da Nóbrega nos compara a China e Coréia
(livremente adaptado a seguir):
Em 1978, ano da abertura rumo à economia de
mercado, a China exportava 10 bilhões de
dólares. Em 2010, as vendas externas atingiram
1,5 trilhão de dólares. Em 1980, a renda per
capita da Coréia (2.600 dólares) era menor que a
brasileira (3.400 dólares). Em 2009: Coréia (27.200)
e Brasil (10.400), quase o triplo. Há alguns que
sustentem que o êxito da China se deve à
moeda desvalorizada e o da Coréia seja
somente devido à política industrial.
As políticas industriais chinesas e coreanas
tiveram seu peso, mas o importante foi a
estratégia por trás delas: a exposição de suas
indústrias à competição internacional, com foco
nas exportações. Para isso, tiveram que adotar
tecnologias e gestões típicas de países
desenvolvidos para os quais exportariam.
Ganhos de eficiência e produtividade vinham da
inovação.
O Brasil, por sua vez, optou pelo inverso,
buscando a substituição de importações,
gerando uma industrializaçã o ineficiente e
cultura favorável ao protecionismo. Apesar do
fracasso do modelo, alguns segmentos ainda
são favoráveis ao fechamento. Parte dos
empresários brasileiros defendem o
fechamento pois poderiam beneficiar-se dele. A
Força Sindical pediu ao governo medidas
protecionistas para reverter o ritmo das
importações.
25
Nota do Editor: coluna publicada em 19 de janeiro de
2011
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A educação também parece ter papel
importante neste processo de desenvolvimento
econômico. No Brasil se negligenciou a
educação, pois ela seria efeito e não causa do
desenvolvimento. A China e a Coréia fizeram o
contrário. Nos testes do PISA 2010 (OECD), Xangai
obteve o primeiro lugar nas três disciplinas
avaliadas (leitura, matemática e ciências). Dos 65
países avaliados, a Coréia ficou próxima e o
Brasil se classificou entre os últimos.
Pelo exposto neste texto, concluímos que, além
dos problemas estruturais brasileiros já
conhecidos (custo Brasil, burocracia, gastos excessivos
do governo, infraestrutura, etc), a questão cultural
ainda se constitui uma forte barreira à
inovação. Afinal, é mais fácil o empresariado
brasileiro convencer o governo a adotar
medidas protecionistas para barrar a entrada
de produtos estrangeiros do que investir em
inovação para melhoria de
produtos/serviços/produtividade, e enfrentar
abertamente a competição externa. Ainda
estamos acostumados ao protecionismo...
Marcos Assano
Participação de Reginaldo Carvalho
Em tese, o objetivo de uma patente é a de
oferecer por tempo limitado uma vantagem
competitiva ao seu detentor através do
reconhecimento de que é patente para todos
que ele foi criador. Daí o nome patente.
Patentear a esmo é como meu filho que acha
que se eu comprar para ele um par de chuteiras
Nike ele vai jogar bola melhor. Assim como a
chuteira, uma patente não tem valor se não
soubermos (ou se não tiver) o que fazer com ela.
Com isso, e ainda dentro da tese do uso de
patente, pode-se fazer quatro coisas:
1. usar e não deixar ninguém mais usar. Mas
tem que se saber como usar e como impedir
que outros usem.
2. usar e licenciar para que outros também
usem. Mas tem que se saber como usar e como
permitir que outros usem.
3. vender, porque não quer usar. Mas tem que
se saber porque não usar e como permitir que
outros usem.
4. não usar e não deixar ninguém usar, mas
este só é praticado pelas grandes corporações e
não creio que seja, de forma alguma, o caso de
alguém da lista.
O nosso problema é que estamos engatinhando
quando o tema é propriedade intelectual e, na
prática, que é muito diferente da tese,
acontecem três coisas em nosso país:
a. não patenteamos, logo todos usam também,
e eventualmente patenteiam o que é nosso e
nos impedem de usar. Vide o caso da rapadura,
patenteada na Alemanha e nos EUA em nome
da Rapunzel26
!
b. patenteamos, mas mesmo assim todos
copiam (vide walkman e bina) e usam sem licenciar.
26
Nota do Editor: a questão da rapadura é descrita na
matéria “Rapunzel Alemã tira a Rapadura do Brasil”,
disponível no endereço:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u10340
7.shtml
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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.
ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170
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E não corremos atrás por que cansamos de
lutar com a falta de seriedade nas políticas de
proteção intelectual e nas agendas escondidas
já mencionadas.
c. patenteamos, mas ninguém quer (nem nós),
por que patenteamos a esmo algo que não faz
sentido de mercado, pois as políticas de
incentivo são equivocadas. Este é o foco da
discussão desta trilha de mensagens.
Se o Brasil está no abc da propriedade
intelectual isso não é culpa do mecanismo de
proteção, mas sim de nós mesmos, que, ao
contrário do mundo ao nosso redor que
entende a importância e beneficia-se muito
disso. É por entender isso que a China não
permite que empresas multinacionais entrem
em seu mercado. Só opera na China se fizer
uma joint venture com uma empresa chinesa
ou com um grupo Chines. Não raro acontecer
que, depois de alguns anos eles copiam
descaradamente, melhoram, rompem a
venture e ainda vão concorrer com seus antigos
parceiros internacionais. É, também, por
entenderem o impacto da propriedade
intelectual na economia que China, Russia e
Índia (nesta ordem) não estão muito preocupadas
com constarem na lista negra da pirataria.
Quer outro exemplo? Estamos no mundo
digital. Fala-se muito da criatividade do
brasileiro, mas fala-se pouco do problema da
balança comercial por conta da importação de
componentes de HW e SW de alto valor
agregado. E isso não vai ser resolvido com
trazer para o país todas as fábricas de
processadores do mundo, pois apenas de 30% a
40% do preço deste componente é silício. O
restante é royalties por uso de propriedade
intelectual, seja processadores de smartphones
e celulares, seja de PCs e notebooks (com
demanda reprimida), seja de TV digital (que está só no
começo).
Ou seja, no jogo do mercado internacional de
alto valor agregado a propriedade intelectual é
o mecanismo que influencia o fluxo de capital.
E como fazer para correr atrás do prejuízo, já
que estamos anos atrás de países que inovam a
décadas? Para começar, imitar com ações
concretas países como Coréia, Taiwan e China.
Eles saíram do ostracismo recente em termos
de participação no mercado global para uma
posição de liderança. E isso não levou nem uma
geração sequer. A maioria de nós estava vivo e
alguns já no mercado de trabalho quando a
Coréia tinha um PIB mais ou menos igual ao do
Brasil.
Porém, e infelizmente, concordo com tudo o
que se foi dito até agora, sobre corrupção e
agendas escondidas. Sem uma política de
Estado (nem de governo) não se vai reverter a
situação. Vamos continuar chorando de raiva,
mas, não dá é para mudar a regra do jogo
achando que o mundo é injusto, nem dá, pelo
menos por enquanto, para um país ser
economicamente saudável sem saber jogar o
jogo da inovação. Tem que entender o jogo,
definir sua estratégia, por a tática em campo e
partir para a luta.
A não ser, é claro, que queiramos assumir uma
posição na Nova Ordem Economica Mundial
parecida com a do México, que está satisfeito
(ainda que não esteja saudável) servindo de
plataforma de manufatura e de fornecimento
de mão de obra para o vizinho mais rico. Espero
que nós não queiramos isso.
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Sugestão para os empreendedores: se alguém
acha que tem algo que valha a pena realmente
patentear e cansou de tomar na cara aqui no
Brasil, não desista, apresente o caso de negócio
para um agenciador de qualquer câmera de
comércio (EUA, UE, Alemanha, França e até Chile), e
pleiteie financiamento e incentivo para ir para
abrir seu negócio lá. Em alguns casos, consegue
até as passagens. Estes países sabem como isso
é importante e não estão nem aí com sua
origem ou nacionalidade. Eles querem, de um
lado, dar emprego para seus cidadãos, e por
outro lado, aumentar a invasão (não evasão) de
capital devido à comercialização de produtos e
serviços de alto valor agregado. Depois volte ao
Brasil e abra uma filial aqui.
Reginaldo Carvalho
Participação de Paulo Resende
A referência trazida para o debate é muito
oportuna, uma vez que traz a variável do
comércio exterior para o debate.
No passado, o Brasil cometeu um grave erro ao
fechar o mercado, pois assim isolou o
empresariado nacional do compartilhamento
de ideias e da busca pela otimização (decorrentes,
ambos os fatores, do contato com a concorrência externa).
Os impactos são sentidos até hoje, pois ainda
há setores que apresentam padrões de
indústria de 40, 50 anos atrás.
Não podemos deixar de considerar que algo se
perdeu, em termos de políticas de
desenvolvimento, por volta de 1970. O
fechamento de mercado foi uma resposta a
algo anterior: à crise do petróleo, ao aumento
do endividamento externo... Se pararmos para
pensar, vamos constatar que esses fatores
ainda persistem, são discutidos hoje, nesses
tempos de balança comercial baseada em
commodities e de crise política em países
produtores do "ouro negro"... Ou seja:
corremos o risco do discurso pró-protecionismo
ganhar força e gerar, no longo prazo, ainda
mais defasagem nossa em relação aos demais
emergentes.
A promoção do desenvolvimento não se dá
somente com oferta de crédito e
protecionismo. Esses fatores são relevantes,
mas não podem ser a essência de uma
estratégia de desenvolvimento. Há um
equívoco em associar desenvolvimento e
endividamento. Enquanto o nosso
empresariado implora por juros mais baixos, e
investe recursos próprios na proporção de 1
para 8 quando comparados aos recursos
públicos, os países mais avançados na discussão
da inovação apresentam uma relação de
recursos públicos e privados na proporção
aproximada de 1 para 1. Aliás, esse indicador é
relevante na discussão.
Devemos ficar de olhos bem abertos.
Paulo Resende
Participação de Ricardo Mansur
É preciso existir a abordagem mais comercial
das inovações, mas o papel de financiandor
destes projetos deveria estar na alçada do
BNDESpar.
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Muitas novidades geram retorno apenas no
longo prazo (algumas vezes mais de cem anos como a
fibra optica) e precisam ser trabalhadas. Nem
investidores, anjos, fundos e etc tem interesse
nestes projetos que são de vital importância
para o país. Neste caso, a FINEP deveria oferer
recursos não reembolsaveis para estimular este
tipo de operação. É necessário abrir portas para
pessoa física não ligada a univerdades.
Para casos especificos como a copa e
olimpiadas, FINEP, SEBRAE etc devem incentivar
projetos.
A quantidade de micros e pequenas empresas
no Brasil é similar do ponto de vista relativo aos
paises mais avançados. Um grande problema
neste tema é que a renda gerada por este
segmento é muito menor que a renda gerada
em outros paises. Isto mostra que temos pouca
produtividade e competitividade neste perfil
empresarial. Seria importante uma linha
específica de financiamento da FINEP para a
questão competitividade.
O Brasil gasta muito tempo comparando as
nossas caracteristicas com o resto do mundo e
praticamente não gasta nenhuma energia em
comparar como o nosso potencial. Seria
interessante ver trabalhos da FINEP e do
BNDESpar sobre o potencial e o que necessário
para o seu desbravamento.
Ricardo Mansur
Participação de Paulo Pastore
O INPI é um órgão que registra, mas, não dá
proteção alguma, é uma lástima. Na década de
80 não existia esta começão de taxas, inscrição,
mas, tiveram brasileiros que vendo tantas
patentes inúteis, inventaram de cobrar taxas,
inscrições, acabou aquele INPI e hoje é mais um
órgão de cabide de empregos, que nada fazem
e deixam passar entre os dedos as patentes e
assim nunca seremos um país de primeiro
mundo, nunca e nunca.
Temos dois satélites brasileiros congelados no
espaço, isto mostra que nossa cultura latina é
falha, nunca chegaremos a lugar algum,
infelizmente.
Falar em empreendedorismo tem que se medir
com quem será um investimento, mas,
patentear isto nunca irá dar certo, enquanto
houver estas frestas de corruptos no poder,
que ganham como querem.
Já poderíamos ter carros elétricos aos montes
no mercado em geral, e não pagaríamos tão
caro por combustivéis adulterados ou batizados
do alcool, que já custa R$ 1,99, um roubo na
“cara dura”, não compensa não.
A Hidrovia do Tietê tem um potencial para o
transporte a granel, de baixíssimo custo, mas
não, querem o rodoviário que os custos são
muito, mas, muito mais elevados, infelizmente
o Brasil teria que ser descoberto de novo, e
quem sabe teríamos um país decente.
Paulo L. Pastore
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Participação de Marcos Assano
Gostaria de sugerir um novo tema a ser
discutido na próxima edição do jornal: as
pesquisas com carros elétricos.
Desde o alerta sobre o aquecimento global
devido às emissões excessivas de dióxido de
carbono, as montadoras de automóveis
iniciaram uma corrida rumo ao
desenvolvimento de carros híbridos e os
totalmente movidos a energia elétrica.
Prezados colegas da rede, na sua opinião, o
Brasil deveria também desenvolver tecnologia
para carros elétricos? Por quê?
Marcos Assano
Participação de Marcos Georges
O Japão não liderou a inovação em supply
chain, e na área da qualidade sua atuação é
notória, mas também não liderou “todas” as
inovações no campo da Qualidade.
Marcos Ricardo Rosa Georges
Participação de Marcos Assano
Em um artigo da Revista Conhecimento &
Inovação (abril a junho de 2010), a Dra. Sonia
Federman, do INPI (Instituto Nacional da Propriedade
Industrial), faz uma pequena crítica ao método de
avaliação de pesquisadores pelo número de
trabalhos publicados e o não patenteamento
do resultado de suas pesquisas27.
Segundo Federman, pesquisadores de centros
de pesquisa e universidades com maior número
de publicações têm maior reconhecimento e
maior índice de aprovação de projetos pelos
órgãos de fomento. Em 2008, pesquisadores
brasileiros publicaram 30.415 artigos,
correspondentes a 2,63% de toda produção
científica mundial, com tendência de
crescimento. No entanto, o Brasil se mantém
muito abaixo no ranking de depósito de
patentes, estando muito abaixo dos países
formadores do BRIC. Atualmente os artigos
publicados superam em 80 vezes o número de
pedidos de patentes no Brasil.
Embora possa parecer, o pedido de patente
não é complicado, burocrático ou caro, como
muitos deles pensam. A concessão, por outro
lado, pode demorar um pouco. Da mesma
forma que confeccionar um artigo cientíco, o
pedido de patente pode ser trabalhoso para o
pesquisador no início, mas depois, torna-se um
processo automático. Quanto ao preço, o INPI
cobra uma taxa de retribuição de R$ 80 para
pessoa física, ou R$ 200 para pessoa jurídica.
Enquanto o tempo de publicação de um artigo
leva em média um ano, a concessão da patente
leva de seis a sete anos (cinco anos nos EUA, dois
anos e meio no Japão e na Coréia do Sul).
27
Nota do Editor: Texto original: "Publicar ou depositar a
patente?", em
http://www.conhecimentoeinovacao.com.br/materia.php?i
d=374
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O simples depósito do pedido de patente já
garante uma expectativa de direito industrial (o
direito consumado vem com a concessão da patente),
enquanto a publicação do artigo científico
garante apenas o direito autoral. Logicamente,
nem tudo deve ser patenteado, mas apenas
aquilo que se julgue importante ser protegido.
Quando o pesquisador deposita a patente e
uma empresa se interesse em transformá-la em
um produto, eles estabelecem uma parceria
com licenciamento da tecnologia. Caso a
patente não esteja depositada, a empresa pode
aproveitar a sua pesquisa, redigir o pedido de
patente e ser sua detentora. Neste caso, o
pesquisador não terá como contestar o direito
industrial. O texto cita dois exemplos:
O primeiro é o do remédio Capoten ou
Captopril, utilizado por hipertensos. Um medico
paulista apenas publicou o resultados de seus
estudos em um periódico internacional. Uma
multinacional farmacêutica reconheceu o
potencial da pesquisa e rapidamente
transformou-a em uma patente de um
medicamento já em condições de ser utilizado
em pacientes. A empresa não gastou dinheiro
ou tempo de pesquisa, e o pesquisador não
teve como contestar o laboratório.
O segundo exemplo é o de um diamante
artificial desenvolvido por pesquisadores
paulistas, este sim, patenteado e publicado.
Uma empresa licenciou a patente para a
fabricação de brocas para uso odontológico
vendidas para vários países, e os pesquisadores
(ou o instituto de pesquisa) colhem os frutos dos
royalties.
Desta forma, pesquisas com resultados
passíveis de uso comercial no futuro merecem
depósitos de patente para que outros não se
aproveitem gratuitamente destes esforços. E
também devem ser publicados posteriormente
para liberar o conhecimento para sociedade.
Como no Brasil a maior parte das pesquisas são
financiadas pelo Estado, as patentes seriam
uma forma de proteger estes investimentos
feitos com dinheiro público.
Marcos Assano
Participação de Marcos Georges
Escutei de um amigo que a publicação prévia
de um invento o impossibilita de patenteá-lo,
pois, com a publicação o invento tornou-se de
domínio público.
Isto é verdade?
Com relação as patentes, alguém teria um
roteiro ou poderia me ajudar a elaborar um
pedido de patente?
Marcos Ricardo Rosa Georges
Participação de Reginaldo Carvalho
Está é uma boa discussão. Geralmente e
infelizmente seu amigo está certo. Existem
duas esperanças:
1- O elemento de domínio público é parte de
algo maior. Por exemplo, uma reação química
nova de domínio público é parte de um
processo de transformação maior. Com isso, se
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você publicou algo interessante e percebeu que
poderia ter patenteado. Bom... Busque
aplicações inovadoras e patenteie a elas. Os
mecanismos atuais e proprietários de
compressão de vídeo utilizam métodos de
domínio público.
2. (válido para publicações recentes): Segundo a
http://www.uspto.gov/web/offices/pac/mpep/
documents/appxl_35_U_S_C_102.htm, você
teria em tese um ano para patentear nos EUA
após a publicação28
. O problema é que, como
este é um tema de muito interesse e envolve
brigas judiciais longas e caras, muitos
desanimam e preferem deixar para lá.
O melhor mesmo é primeiro depositar o pedido
de patente e depois publicar, mencionando que
os resultados foram alvo de pedido de patente.
Sobre a receita de bolo de como patentear,
imagino que a PUC-Campinas tenha um núcleo
ou um departamento que te ajude no processo.
É a melhor forma, pois tem um “Advogatês”
medonho que deve ser seguido.
Caso o contrário, na internet há vários sites que
podem ser úteis. Um deles
http://inventar.com.br/registre.htm
Agora, também há na Net muita mágoa com
respeito a como o processo é conduzido no
Brasil pelo INPI. Por isso, se o teu objeto de
patente for realmente bom e tiver potencial,
não desanime.
Trabalhei em uma empresa que patenteava
sempre nos EUA, Europa e, sempre que possível,
28
Nota do Editor: trata-se do “período de graça”, também
vigente na legislação brasileira e internacional.
Japão. Mesmo que todos estes países sejam
signatários da Convenção de Paris, é
importante garantir que não vai haver brechas
jurídicas para beneficiar empresas de lá. E
quem pagava todos estes depósitos? A própria
empresa.
Reginaldo Carvalho
Participação de Milton Barcellos
A exceção para que a publicação prévia inicial
não prejudique a novidade da patente é o
prazo máximo de 01 ano após a data da
publicação. Ou seja, de acordo com a Lei da
Propriedade Industrial Brasileira (Lei 9279/96) o
inventor dispõe de 01 ano para ingressar com o
pedido de patente referente à publicação
anterior sua. A Convenção da União de Paris
igualmente prevê um prazo para o denominado
“período de graça”. Interessante notar que o
período de graça não é uniforme, pois pode ser
de 12 meses em boa parte dos países, mas em
alguns é de 6 meses ou até mesmo nem existe.
Portanto, a melhor medida para o resultado de
uma pesquisa que envolva novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial com potencial
comercial é primeiro requerer a patente e
somente depois publicar. Importante notar
também que isso funciona no sentido inverso,
ou seja, existem inúmeras criações intelectuais
dos mais diversos países que já estão no estado
da técnica e podem ser livremente utilizadas,
pois a) não foram objeto de patente; b) a
patente expirou; c) a patente do exterior não
foi “validada” no Brasil dentro do prazo legal
previsto pela CUP e pelo PCT; d) a patente foi
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abandonada por falta de pagamento de
anuidades...
Quanto ao roteiro para elaborar um pedido de
patente, deve-se seguir os Atos Normativos do
INPI (ver em www.inpi.gov.br) e ter máxima atenção
para a necessidade de suficiência descritiva da
invenção e uma boa redação das
reivindicações, pois boa parte das patentes que
temos no Brasil são mal redigidas e, mesmo
que concedidas pelo INPI, possuem baixo valor
pois têm proteção limitada por reivindicações
mal escritas (o que limita o direito da patente e
possibilita contornar a patente sem viola-la no mercado ou
até mesmo o denominado “inventing around” sem
vinculação).
Além disso, existem cursos de propriedade
industrial que ajudam a entender o sistema de
patentes, assim como cursos específicos que
ensinam a redigir patentes. A ABAPI
(www.abapi.org.br) possui esses cursos realizados
no Rio, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio
Grande do Sul. Aqui em Porto Alegre vou
coordenar o Curso Intermediário de Patentes
que é direcionado àqueles que já possuem
conhecimentos sobre o direito de patentes
(cursaram o curso básico ou possuem experiência
comprovada) e que pretendem aprender a redigir
pedidos de patentes. Maiores informações
através da ABAPI ([email protected]).
Milton Lucídio Leão Barcellos
Participação de Paulo Resende
Para alimentar as discussões que aqui ocorrem
sobre patentes, segue uma questão um pouco
controversa:
Sempre ouvimos falar que as empresas
registram patentes e que, muitas vezes, o único
resultado prático é um “belíssimo portfólio”.
Elas sabem que a maioria das patentes não
servem para nada, nem sequer são citadas...
mas que impressionam pelo seu portfólio
quando estão à procura de recursos.
Ora, se isso for verdade, então o processo de
patentes pouco significa. Pior ainda: fica
explicado por que a maioria das patentes são
de utilidade duvidosa – não serviriam para
nada? -, entre outros motivos porque estão
registradas em nomes de estrangeiros -
aumentam o portfólio das empresas mas não
desprestigiam a empresa e, sim o dono da
patente, em geral, brasileiros, argentinos etc.
Assim, os mesmos estrangeiros podem ser
vistos como “bois de piranha”, pateteando e
pensando que são grandes quando, na verdade,
são apenas uma ferramenta de auto-
desprestigio.
O que acham disso? E quanto ao sistema
internacional de patentes? Deveria ser
modificado? Para fins de apuração do currículo
e outras questões, deveríamos considerar
somente as patentes efetivamente utilizadas
em processos produtivos / licenciadas?
Paulo Resende
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Participação de Ricardo Mansur
A utilidade e viabilidade comercial de uma
patente não acontece obrigatoriamente no
curto prazo. Não há sentido em se considerar
apenas aquelas "utilizadas em processos
produtivos / licenciadas" pois isto pode
demorar muitas anos.
O problema do Brasil não esta relacionado com
rito para registrar as patentes e o resto do
mundo tem muito mais na pratica que
“belíssimo portfólio”.
A questão real é que sempre que o conteúdo é
maior que a forma o sucesso aparece. Muitos
ainda vivem no parnasianismo e desejam que
valores ultrapassados funcionem. É mais fácil
falar do rito e desviar do assunto principal do
que resolver o problema. Isto é parte da cultura
nacional para o bem e mal.
Não há necessidade de mudança profunda.
Eventualmente algum ajuste pontual pode ser
interessante.
Ricardo Mansur
Participação de Jarlei
Aproveitando a experiencia de todos nestes
posts, seria possivel listarmos as patentes
registradas no Brasil que ganharam mercado?
Do que foi registrado, desenvolvido, o que esta
nas nossas vidas?
Parece que este caminho daria um vies pratico
e tambem elucidaria a questao de termos
patentes registradas somente como portfolio.
Seria interessante comparar isto com outros
mercados (me parece que o Americano é o benchmark).
Jarlei
Participação de Robson Paniago
O Brasil precisa desenvolver um processo de
proteção da propriedade intelectual que
respeite as normas internacionais e tenha
validade para todos.
No Brasil precisamos mais do que isso para
aproximar as Universidades das Empresas. Um
não fala com o outro e tem muita gente criando
coisas e desenvolvendo ideias que não são
práticas e, mais do que isso, um não sabe das
necessidades do outro.
Acho que os fóruns e congressos deveriam
propiciar essa aproximação entre as partes.
Essa interação é fundamental e gerará
benefícios para ambas as partes e depende das
universidades, órgãos de pesquisa, governo,
empresas etc.
Robson Paniago
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Participação de Darcio Calligaris
Nós brasileiros devemos continuar
patenteando, e o bom senso diz que deve
serem boas patentes e que tenham utilidade e
aplicação imediata ou estratégica.
Recomendo que seja criado um banco de
patentes..., nacionais e internacionais e até no
que o pessoal fora do Brasil está pensando em
patentear e patentearmos antes...
...Devemos ser estratégicos, esta habilidade nos
falta, falou-se da P&G, e uma das empresas mais
ricas do planeta, adquiriu as maiores empresas,
é a maior produtora de pasta de dente e
materiais de consumo, e o nome P&G, para
disfarçar os acionistas da Procter & Gamble
(P&G), se quisermos seguir um modelo,
podemos seguir o deles são extremamente
espertos e exelentes negociantes, a
Hypermarcas que comprou a Neo-Química
pode falar sobre isso.
Somos muito técnicos, devemos colocar em
nossos quadros do governo: espiões,
marketeiros, grandes negociantes e esses
darem as informações para os brilhantes
técnicos brasileiros, vamos fazer igual ao
poderosos. Já dizia isso no laboratório do
governo, mais não davam ouvidos.
Darcio Calligaris
Tema 6: Brasil, o país do Indizível Futuro. Ou...
Vamos construir o nosso país?
Participação de Paulo Resende
Foi apresentado no III Congresso Internacional
Six Sigma Brasil e evento acoplado VII
Workshop GESITI – 2011, realizado nos dias 18 e
19 de maio, um trabalho que propõe a reflexão
sobre o futuro do Brasil, tomando por
referência dois momentos da história do país: o
empreendimento do ciclo da cana-de-açúcar e
o último quarto do século XX (disponível em
http://www.slideshare.net/pjresende/o-indizvel-futuro-do-
brasil-ou-vamos-construir-um-futuro-para-a-nao).
Num plano ideal, o trabalho pretende
“contaminar’, de forma viral, um punhado de
mentes lúcidas que tomem a iniciativa de
disseminar a discussão. O que está em jogo é a
Nação que pretendemos construir para todos
nós.
A fim de motivar a leitura do material, destaco
alguns trechos:
...A jovem colônia participava de um
movimento global de expansão e estruturação
de rotas comerciais, e formação de estados
nacionais. Em meio a essa disputa, formou-se a
semente daquilo que um dia seria o Brasil. Seu
futuro, naquele momento, reproduzia a eterna
sucessão de ciclos de plantar, colher, produzir e
vender...
... O II Plano Nacional de Desenvolvimento
(década de 1970) foi o primeiro plano estabelecido
sob uma clara visão do panorama externo e
com a intenção de minimizar a sua influência
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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.
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sobre o país: o fato do II PND ter sido concebido
de modo a manter o crescimento interno,
mesmo em condições desfavoráveis no plano
internacional, estabeleceu um modelo de
contraposição entre as dimensões local e global
inédito até então...
...Até o final do século XX, o objetivo de tornar o
Brasil um país desenvolvido não fora alcançado.
O país não apresentava condições autônomas
para lidar com o novo panorama econômico
mundial (subordinação à visão neoliberal da política
econômica)... Não temos mais um futuro: hoje
possuímos metas.
Com o objetivo de resgatar um ideal de
construção do país, e no espírito da promoção
do debate na Rede GESITI, convido todos à
reflexão:
- Que indivíduos e instituições se revelam
capazes de discutir o futuro do Brasil?
- Seria uma responsabilidade exclusiva do
governo?
- Seria um “ônus” para a sociedade?
- Como as redes de informação (redes sociais, listas
de discussão, grupos) podem se inserir em
discussões para a projeção do Brasil de 2025,
2050 etc.?
- Você já pensou em construir o seu país?
Paulo Jose Pereira de Resende
Participação de Ricardo Mansur
O assunto é muito polêmico porque existem
muitas opiniões para o futuro e praticamente
nenhum visão concreta.
O Brasil escolheu ser um país de commoditty.
Isto não é bom nem ruim. É uma escolha. O real
problema é quando é feita a escolha de vender
"soja entre outros" e achar que teremos um
desenvolvimento com boa distribuição de
renda.
No jornal Folha de São Paulo de 22/05/11 saiu
um artigo sobre "VIPs" e as suas reclamações.
Por incrível que possa parecer o local que moro
e respectiva solicitação apareceu. Estamos
longe de ser AAA, mas para acomodar como
classe C (classe média) os pobres então a solução
foi mudar a escala.
Foi criado o five A, four A e assim
sucessivamente para que os antigos classe D e E
fossem promovidos para cima. É a chamada
escolha parnasiana.
A escolha commodity implica em aumento de
riqueza para alguns e o resto do país
sustentando esta opção.
O real problema é que mais de 80% dos
brasileiros aprovaram esta escolha.....Então é
justo que o destino dela lhes seja entregue no
futuro.
Considero muito difícil que existam mudanças
entre a troca realizada de "pequena aumento
de renda no curto prazo" e "profundo
descompasso no longo prazo".
A escolha já foi feita...
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Ricardo Mansur
Participação de Paulo Resende
Sim, essa escolha já foi feita. Mas, se nos
desvencilhamos da visão microcíclica, passamos
a compreender que o futuro se constrói a partir
de uma sucessão de escolhas "já feitas"... Uma
decisão presente vai gerar um futuro distinto
daquele que será alcançado na manutenção
das escolhas e diretrizes atuais.
É clara a percepção de que uma economia
baseada em commodities não sustenta ritmos
de crescimento satisfatórios no longo prazo.
Mas ainda nos falta a capacidade de projeção o
quadro desejável. Onde estão os atores que
devem olhar o futuro?
Tais atores, na década de 1970, estavam
espalhados por diferentes áreas do governo, da
iniciativa privada e da sociedade em geral. Não
creio que hoje tenhamos essa adequada
dispersão, ou que haja harmonia nas visões
desses atores. Há uma dificuldade em perceber
para onde estamos indo hoje em dia. Os
indicadores globais, enquanto isso, inspiram
cuidados: real valorizado, matriz exportadora
baseada em commodities, os demais
integrantes do grupo dos BRICKS (considerando
Korea e South Africa no time) crescendo mais do que
nós...
Algo está errado, na minha opinião. Precisamos
de mobilização em torno da discussão.
Ainda que 80% da população aprovem o estado
atual das coisas, talvez o façam por não terem
plena consciência dos riscos do longo prazo que
essa trajetória apresenta. Não estou
defendendo o rompimento com a estrutura de
pensamento atual, mas sim a sua adequação
sob uma perspectiva de longo prazo.
Aceitar e deixar como está é reconhecer nossa
própria imobilidade frente ao quadro atual. Se
temos o pensamento crítico o suficiente para
perceber que algo está errado, creio que
estamos convidados a agir.
Paulo Jose Pereira de Resende [email protected]
Participação de Ricardo Mansur
Boa pregunta: "onde estão os atores". Eles
existem mas a grande maioria ou perdeu o
interesse ou resolveu sair do palco por falta de
sintonia com a opinião comum...
A revista da ESPN tem na sua capa BRICS ou RICS?
No meu ponto de vista o real problema é eu,
você e alguns poucos afimam que algo está
errado. A triste realidade é que somos uma
extraordinária minoria. Se você for para as ruas
e perguntar vc vai encontrar como resposta
que o caminho que escolhido é correto.
Tens razão quando afirmas que novas escolhas
mudaram o futuro. A questão chave aqui é se
as pessoas querem novas escolhas.
Eu já passei dos 40 e em 2050 não estarei por
aqui. Alguns de nós tb estão nesta faixa etária.
Por que vamos escolher mudar a imensa
maioria se os pronciapis interssados os que tem
20 anos hoje em dia entendem que tudo está
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bem. Para muitos a educação esta bem e
existem outras coisas assim.
Sou meio cético em relação às mudanças para
melhor...
No dia que existir o entendimento que a
educação é base de tudo então teremos a
melhor escolha. Hoje em dia já temos os
chineses, indianos contrantando brasileiros e
vencendo licitações privadas aqui no Brasil. Por
que que isto acontence?
Com toda a sinceridade. O dia que encontrei a
afirmação que faço parte da classe A é o dia que
entendi por que estamos escolhendo este
destino. Classe A em qualquer lugar do mundo
é lugar de milionários e não de trabalhadores
como eu que no máximo são classe B.
A nossa solução não foi resolver a probreza mas
mudar a escala. Eu sou classe A mas existe o
five A e com isto os pobres de outrora são
classe média....
Ricardo Mansur
Participação de Ruy Ferreira
Tentando refletir sobre os pontos elencados:
- Que indivíduos e instituições se revelam
capazes de discutir o futuro do Brasil? (1)
- Seria uma responsabilidade exclusiva do
governo? (2)
- Seria um "ônus" para a sociedade? (3)
- Como as redes de informação (redes sociais, listas
de discussão, grupos) podem se inserir em
discussões para a projeção do Brasil de 2025,
2050 etc.? (4)
- Você já pensou em construir o seu país? (5)
As ponderações:
1. Não acredito em indivíduo quando se trata
de decisão coletiva, pois é ilógico. Logo, falo em
instituição. A Câmara dos Deputados, única
instituição que representa o povo brasileiro, é o
lócus onde esse debate deveria se dar, de
forma permanente, séria e aberta, com total
transparência. E mais, em forma de assembleia
e nunca em formato de comissão específica.
Fora do parlamento a discussão do futuro do
Brasil é golpe contra a nação.
2. O governo não pode e não deve se imiscuir
no planejamento do futuro do ESTADO (Nação). A
ele cabe executar o planejado. Pois os governos
passam e a nação permanece. O que um
governo pensa é imediatista o que o Estado
pensa é perene.
3. A sociedade deve se rebelar diante da
tentativa de um governo ou de um grupo de
poder tentar planejar o futuro da nação. Em
países sérios isso levou à guerra civil, como na
Espanha por exemplo.
4. Vejo as redes sociais como novas formas de
formação de opinião e exposição dessas
posições. Não acredito que uma rede social
venha a intervir no planejamento de Estado,
mas cooperar para melhorar, isso sim. As redes
podem apoiar a melhoria da representatividade
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parlamentar. Seja em formatos plebiscitários
ou de referendos, seja orientando o voto dos
representantes do povo. Vejo as redes como
uma forma de aproximação entre pessoas e
grupos, logo, perfeitamente utilizável no
debate de pontos de discussão nacionais.
5. Desde os 13 anos de idade, venho
construindo o Brasil. Primeiro como operário
em uma fábrica de tecidos, depois como
metalúrgico numa siderúrgica. Aos dezenove
anos fui para o Exército e lá pensei e construí
ao modo possível para um militar o Estado
Brasileiro (1971 a 1994). Quando saí do EB fui
para a universidade socializar o conhecimento e
a experiência profissional, como analista de
sistemas, e permaneço até hoje, cooperando
na construção desse país.
Pena que já passei dos 55 e agora começo a
descer a ladeira profissional e da vida.
Quanto a ser "meio cético" em relação a
mudanças eu reforço e afirmo: sou cético em
relação a mudanças.
Só quando o povo vai a luta que a mudança
ocorre. Senão, o que parece ser mudança é na
verdade simples reformas, impostas de cima
para baixo. Atendendo ao grupo de poder de
plantão.
Já vi esse filme, e não gostei.
Ruy Ferreira
Participação de Sergio Ramiro
Países vizinhos estão tendo crescimento maior
do que o nosso. Veja o exemplo do Chile e
mais recentemente do Peru. A Colômbia
começando a melhorar seus índices de
crescimento também, e o Brasil muito, muito
devagar a velocidade de tartaruga quando
comparado com alguns outros países.
Que alguma coisa está errada, é fato. A
melhoraria do poder aquisitivo das classes mais
baixas é bom e mostra que se fez um trabalho
bom na área de financiamento o que "aquece"
a economia interna, porém é um aquecimento
como o do papel na churrasqueira, - faz um
fogo bom e forte por alguns momentos, mas
depois que se consome não deixa grandes
resultados. A economia baseada em
commodities é igual ao papel na churrasqueira,
e a longo prazo sem o crescimento das
industrias de base, a possibilidade de
estagnação aumenta.
Ontem eu li um aviso: “para ficar para trás
basta ficar parado”• é o que creio que está
acontecendo com o Brasil, os outros países
estão avançando mais rápido do que nós por
isso é que nossos índices de crescimento estão
menores que os dos nossos vizinhos.
Para reverter este fato, é preciso ter visão de
longo prazo, o que as vezes é pouco populistas
e tenho minha dúvidas se o governo atual está
disposto a tomar este tipo de medidas. Creio
que vão deixar para o próximo governo (4 anos
para frente), mas com as medidas populistas será
que eles vão se re-eleger? E ai? De novo deixar
para o próximo governo (mais 4 anos)? Então
vem a pergunta até quando sustentar o
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governo com medidas que não são de longo
prazo?
Sergio Ramiro
Sergio Ramiro [email protected]
Participação de Paulo Resende
Pode até haver loucura, o que não destitui toda
essa movimentação de um certo método... A
decisão de estimular o consumo foi deliberada
e teve seu impacto. Como nossas tabelas de
classificação de classe social levam em conta,
por exemplo, quantas TVs há na residência...
Acontece a distorção que você denuncia
aparece aí, claramente.
Mas, todos sabemos, essa estratégia é artificial
e transitória. Essa elevação ocorre à custa de
uma carga tributária terrível, que retira
dinheiro de alguns e financia o "geladeira
social", o "bolsa família", o "vale gás"... Se a
educação forte e de qualidade não
acompanhar, o colapso dessa estrutura será
inevitável. É urgente que haja estratégias para
que a população deixe de "receber subsídios" e
passe a gerar riqueza de forma autônoma.
A autonomia para gerar riqueza, inclusive, é
uma solução para minimizar a distorção de
concentração de renda que você apontou.
A educação é a solução para a construção do
futuro? Espero comentários.
Paulo Resende
Participação de Ricardo Mansur
A modernidade permite que existam conversas
sobre o futuro fora do congresso. No entanto
isto não significa que eles não estejam
participando em todos os momentos e
conduzindo as coisas. E neste ponto temos
problemas reais.
1. Para um determinado segmento da
sociedade, não existe valor para o trabalho do
congresso. Quer porque existem dúvidas sobre
a honestidade, quer porque existem dúvidas
sobre a utilidade. A reforma fiscal, política e
outras é sempre um sonho de futuro.
Atualemente o congreso discute uma reforma
política. O voto obrigatório foi mantido porque
as pessoas que lá estão consideram o brasileiro
imaturo para decidir se vão votar ou não. O
interesse é que eles não consideram o voto
dado a eles como fruto de imaturidade.
2. Do resto que foi colocado, estamos de
acordo. Inclusive o nível de ceticismo. No dia
que o Brasil fizer uma pequena mudança como
exigir nota acima de 70% de aproveitamento no
ensino básico por exemplo para conceder a
carteira de motorista, poderemos acreditar que
novas escolhas estão sendo feitas. No dia que o
governo federal que tanta fala de reforma fiscal
fizer algo muito simples e dentro da sua
competência como unificar todos os impostos e
tributos federais em um só (mantendo o valor
total), poderemos acreditar em novas escolhas.
Por enquanto parece apenas mais do mesmo.
Ricardo Mansur
XXI Jornal da Rede GESITI
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Participação de Jack Sickermann
Enquanto a estratégia está errada, quase tudo
o que for feito, mesmo com as melhores
intenções e as melhores técnicas e recursos,
não levará ao resultado desejado.
Esta falta de uma estratégia consistente não é
um problema nosso no Brasil, mas
praticamente mundial. Vejam só como os
problemas proliferam na CE, porque uma idéia
simpática e que visava garantir prosperidade e
paz numa região historicamente bélica está se
esfarelando diante da incapacidade de
harmonizar interesses nacionais conflitantes.
A tônica da política governamental em todo
mundo é “fazer mais do mesmo esperando
resultados diferentes” (Einstein). O pior exemplo
é a inundação do mercado americano com mais
dinheiro, o que leva a inflação, outros países
fazem similar em escala menor.
O ensinamento disso - e as notícias do Oriente
Médio e de outras partes do mundo - é que
felizmente a juventude está se dando conta
que não haverá futuro (perspectivas profissionais e
liberdade pessoal) a não ser que eles mesmo a
construam. E começam a usar outras formas de
comunicação, discussão e decisão.
O que isto sugere a respeito dos governos?
Penso eu que independentemente da
qualidade ética e pessoal dos detentores do
poder os mecanismos de tomada de decisões
dão cada vez menos conta das necessidades de
uma gestão minimamente produtiva.
E nesta fase de transição distúrbios são
inevitáveis, bem como a aparecimento de cada
vez mais “atores” que fingem ser políticos ou
até estadistas, ou pior, oferecem as batidas
“soluções” simplórias e não raramente
discriminatórias.
O cerne da questão não é o tamanho e a
velocidade do crescimento do PIB, mas o quanto
um país é capaz de oferecer desafios e
perspectivas para os seus jovens, um norte que
não se esgote nos desejos fugazes do consumo.
Havendo um clima de “vamos lá” coletivo, o
status da boa educação e do bom ensino, e
outros problemas que nos afligem tanto hoje,
serão enfrentados com outro ânimo.
Jack M. Sickermann
Participação de Jair Siqueira
O planejamento de longo prazo é essencial,
imperioso e devemos envidar todos nossos
esforços para insistir, contribuir e convencer os
responsáveis pela sua necessidade.
Historicamente temos pelo menos dois
exemplos que deram certo. Remeto a um
passado que pode parecer remoto, mas, por
isso foi que usei a palavra “ historicamente “.
Reis Veloso no governo federal fez um
planejamento de apenas 5 anos cujos
resultados foram excelentes. Carvalho Pinto fez
com muito êxito seu “Plano de ação “também
para cinco anos com invejáveis resultados. Em
épocas mais recentes nada que se destaque a
não ser o de Mangabeira Unger que trabalhava
com até 50 anos. (politicamente vencido )..
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Commodities consideradas como salvadoras da
pátria na balança comercial (o que é verdade) tem
na finalização da cadeia de produção e
exportação grandes multinacionais como
detentoras dos lucros (com poucas exceções) e,
portanto o resultado financeiro não é nacional.
Por favor, sem xenofobia e sem ufanismo. Há
que se pensar como incentivar o pequeno
produtor, criando um modelo duplo em
eficiência e produtividade para produção
interna e para crescente e necessaria
exportação.
Transportes – continuamos a despejar milhões
de carros no mercado todo os anos. Estamos
vendo os resultados e antevemos os desastres.
Mas soluções ou políticas publicas se existem
são extremamente tímidas. Recentemente o
Secretario de Transportes de São Paulo
anunciou a existência de planejamento de
melhoria e mesmo construção de uma rede
ferroviária que englobe pelo menos as regiões
metropolitanas. Lembremo-nos que a Siemens
dois anos atrás anunciou que um dos seus
quatro focos de investimentos de longo prazo
seria transportes de massa(o que já faz com
maestria).
Reforma fiscal que possa diminuir a carga fiscal
de 38% (variável conforme a fonte) não é
interessante para o governo. É mais fácil
manter e possivelmente aumentar essa carga
fiscal e em contra partida oferecer mais
assistencialismo à base da pirâmide social. A
pergunta permanece: Para quem interessa a
reforma fiscal ? Da mesma forma a reforma
política.
Não desejando tomar mais tempo dos prezados
amigos, faço referencia ao BRICS ou RICS como
fato de que o que realmente nos interessa é o B
de Brasil e opino que se os atores responsáveis
estão omissos, cabe a nós chamá-los à
realidade. O GESITI pode fazer alguma coisa,
como por exemplo, um congresso sobre
planejamento de médio e longo prazo que
poderia terminar com uma carta aberta ao
governo entregue por uma comissão especial.
Jair Siqueira
Participação do Moderador
1.2 - para discussão, que já é o foco da rede
GESITI nesse espaço apropriado e reconhecido
e,
2.2 - indicando oportunidade de evento...
Podemos aprofundar no tema29
Nosso mundo é fundamentalmente um mundo
sociotécnico o qual é caracterizado por:
• Interações humanas e tecnológicas;
• As organizações humanas são seres
vivem e deveriam ser analisadas nessa
conformidade e
• As suas interações afetam de modo
drástico os relacionamentos das pessoas no
espaço e no tempo
Portanto, se nós considerarmos que o
conhecimento central esteja inserido na cabeça
29
Nota do Editor: recomenda-se também a leitura de:
http://repositorio.cti.gov.br/repositorio/bitstream/10691/2
14/1/Paper_JITCAR_ICIS7.pdf
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das pessoas (conhecimento tácito), e suas
habilidades de utilizar esses conhecimentos
para gerar novos conhecimentos, então nós
não podemos falar sobre sociedade do
conhecimento (que nada mais é que o tema em
discussão até agora), sem levar em considerações
as interações acima.
SE fizermos isso, estamos atendo as questões
básicas e soluções do que se procurou discutir
até agora.
Desde que a Internet trás junto o computador,
os meios de comunicação e a inteligência
distribuída da família e da comunidade e, se
constitui a base para a efetividade das
organizações sociotécnicas então, desse modo,
além das dimensões econômicas,
organizacional, cultural e tecnológica, esse
específico contexto sociotécnico caracteriza
toda a iniciativa da sociedade do
conhecimento: sinergismo e onipresença
induzida pela internet. Aqui a Rede GESITI
atende plenamente.
No entanto, com relação a oposição gerencial
mencionada, ela sempre existirá. Por que? Por
quê sistemas sociotécnicos permitem, por
natureza, uma tomada de decisão colaborativa
e liderança compartilhada. Gerentes têm sido
relutantes em ceder o poder e autoridade que
eles, duramente, trabalharam para que fosse
estabelecido.
De fato, sistemas sociotécnicos desafiam os
tabus da gestão tradicional, ou seja,
compartilhamento da informação e
conhecimento com seus subordinados e na
medida que esses precisam saber (repasse de
conhecimento sensível).
O ponto central de uma burocracia tecnocrata
é que a tomada de decisão é de cima para
baixo e a execução é de baixo para cima. É
surpreendente que muitos líderes de
organizações pós modernas ainda acreditam
que a informação é melhor se mantida na
mente dos gerentes Seniores que foram
treinados como utilizar essa informação, tomar
decisões e implementar políticas. Nesse
modelo mecanicista, gerentes tentam mostrar
que sabem e os empregados tentam mostrar
que cooperam.
Esse novo emergente escopo do modus
operand social está mudando nossa
mentalidade sobre conhecimento?
GESITI - Gestão SI e TI em Organizações [email protected]
Participação de Ruy Ferreira
O poder de pressão de grupos ou da sociedade
pauta a Câmara dos Deputados. Logo, vejo com
bons olhos um debate levado a cabo por uma
comunidade ou parte da sociedade ser levado
até a câmara e isso terminar em lei (o ficha limpa
nasceu assim).
Em nosso caso, vejo como um subsídio e tanto
à Comissão de Ciência e Tecnologia o fruto de
nossos debates.
O moderador de nosso grupo de discussão
entregar ao presidente daquela comissão ou de
outra pertinente o resultado de uma discussão
finalizada aqui, com apontamentos concretos
de soluções é um caminho válido.
XXI Jornal da Rede GESITI
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Ou mesmo, de uma comissão de membros da
lista visitando os deputados da comissão
parlamentar adequada, com a finalidade de
subsidiar novos temas para eles, mostrando
soluções com base científica ou fruto do debate
entre especialistas de uma certa área.
Vejo isso como uma contribuição válida e muito
eficiente se não envolver a partidarização no
debate.
Parcipei de uma experiência assim com a EAD
entre 1997-1999 e o resultado foi uma frente
parlamentar que atuou e desaguou na adoção
dessa modalidade de ensino por parte do MEC,
CNE e governo federal.
Só não acredito que o Tiririca seja o
interlocutor ideal para isso. Mas, teremos que
convencê-lo a votar a favor de uma proposição
que melhore algo no Brasil.
Por fim, lembro aos colegas colisteiros que faço
uso do conhecimento aqui gerado em sala de
aula, ou seja, nada aqui é perdido. Inclusive
uma estudante da licenciatura em Informática
(Laís Ribeiro Silveira) defendeu em 2010 sua
monografia com o título: "Aprendizagem
Colaborativa em Lista de Discussão Composta
por Profissionais de TI: o caso GESITI". Quer mais
nobreza de uso que o emprego no ensino
daquilo que produzimos?
Ruy Ferreira
Participação de Paulo Resende
A projeção de um futuro é um exercício sujeito
a erros, mas espero que tais erros não sejam
impeditivos à realização. A sabedoria popular
diz: "só erra quem faz". Eu emendaria: "o maior
erro é nem tentar fazer". Veja:
O futuro almejado, mesmo que seja impossível,
deve ser uma meta perseguida. Se ele será com
couve e galinha, ou com camarão frito, essa é a
parte que cabe aos cozinheiros. Se será com
violão ou com atabaques, caberá aos músicos
encontrar uma visão comum. O que é relevante
afirmar é que é essa participação, de
engenheiros, cientistas políticos,
administradores, farmacêuticos, práticos sem
formação superior de todas as áreas, essa
participação fortalece e viabiliza o exercício da
construção do futuro...
"Esse novo emergente escopo do modus
operandi social está mudando nossa
mentalidade sobre conhecimento?"
Creio que a resposta a esse questionamento
seja positiva, ainda que parcialmente.
Alinhando a discussão da visão de futuro com a
discussão sobre sistemas sociotécnicos, temos:
1) Vivemos em um momento de mudança de
mentalidade, rumo a um novo modus operandi,
na esfera política nacional?
SIM. Se aplicamos um recorte histórico na
trajetória do nosso país, observando a segunda
metade do século XX, assistimos à emergência
de loci de discussão (vide as Comunidades Eclesiais de
Base, as organizações campesinas, o movimento estudantil
como cerne de oposição organizada ao regime ditatorial
etc.). Atendiam à premissa do
XXI Jornal da Rede GESITI
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compartilhamento de informações, porém em
sistemas fechados (por questões de segurança,
inclusive).
Nos últimos 30 anos, vários daqueles atores
sociais que se engajavam em articulações nos
sistemas fechados voltaram seus esforços para
a abertura de canais de interlocução com o
Estado e a sociedade. Paralelamente, fomos
envolvidos por uma onda global de
transparência e diálogo. O resultado é a
convivência hoje de visões de
compartilhamento e participação como o
orçamento participativo, os comitês gestores
dos programas e das políticas públicas, as
consulta públicas (diversos instrumentos legislativos já
foram submetidos a esse crivo), os referendos e
plebiscitos... Ainda que possamos admitir que
de forma parcial, os espaços de
compartilhamento da formulação e da
implementação das políticas públicas já
existem. Ainda falta muita da transparência que
garantiria a moralidade dos processos
(especialmente as compras públicas), mas o progresso
é irrefreável.
2) Qual a relação entre essa mudança de
mentalidade e a formação (resgate) de uma
visão de futuro?
O compartilhamento da informação e do poder
de decisão evidenciam a oportunidade da
harmonização das distintas visões de objetivos
a serem alcançados. A compatibilização entre
as infinitas visões gera, necessariamente, uma
projeção no tempo, compartilhada em suas
convergências por todos os atores envolvidos.
Assim, temos, em uma organização lógica:
No entanto, esse futuro compartilhado possui
diversas projeções temporais. Pode ser que os
objetivos de um indivíduo sejam alcançados em
12 meses, enquanto outros sejam alcançados
em 10 anos. Assim, temos:
Sendo “y” o menor tempo projetado pelos
atores envolvidos, e “z” o maior tempo
projetado pelos atores envolvidos.
Num sistema sociotécnico ideal, temos:
Ou seja: todos os atores envolvidos, toda a
informação disponível para todos, todos os
horizontes cronológicos abrangidos pelas
discussões no sistema.
Retornando à função estabelecida para o
futuro compartilhado, à luz da premissa
apresentada, temos:
Ou seja: os sistemas sociotécnicos permitem o
compartilhamento e a inclusão dos atores,
permitindo assim assumir que o futuro
projetado será função de todas as projeções
futuras estabelecidas pelos atores individuais.
O desenvolvimento acima “sugere” que a
reconquista de uma visão de futuro para o
Brasil, sob a perspectiva dos sistemas
sociotécnicos, pode ser alcançada por meio do
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máximo compartilhamento de informações e
de objetivos dos atores envolvidos (nós todos).
Sendo o compartilhamento uma premissa para
um sistema sociotécnico, e admitindo que já
vivemos, ainda que de forma sub-ótima, em um
sistema sociotécnico, fica o recado:
compartilhe suas informações nas discussões,
compartilhe sua visão de futuro, ou colabore,
por omissão, para a ineficiência do sistema
(político, econômico, social, tecnológico, cultural etc.).
Paulo Jose Pereira de Resende
Participação de Ricardo Mansur
Atualemente os políticos usam as rdes sociais
para as suas ideias e demonstração de
resultados.
Acredito que em breve as lideranças políticas
nascerão nas redes sociais.
É fácil perceber desta forma o papel que o GESITI
pode exercer.
Ricardo Mansur
Participação de Reginaldo Carvalho
O tema levantado é muito, muito relevante e
toca fundo o coração de todos nós. Sobre as
colocações que são tratadas na discussão,
temos:
- Que indivíduos e instituições se revelam
capazes de discutir o futuro do Brasil?
Em teoria, dentro de um estado de direito
democrático a discussão do futuro seria
conduzida por aqueles que representam os
diversos segmentos da sociedade (deputados) +
aqules que representam as diversas regiões do
país (senado), sob a observação judiciário, que
deve garantir a legitimidade das decisões para
adequada implantação do executivo.
Mas isso não é só teoria. É utopia. Nosso
governantes não possuem tradição nem
competência para discutir um plano de Estado
de longo prazo. Não acredito que não saibam
fazer. Sabem sim. Mas não querem,
especialmente em um momento que a
população brasileira carece de discernimento,
devido à burrice generalizada que prolifera
livremente no pais.
Concluindo: Se o governo representativo não
vai discutir (e não vai mesmo, esqueçam isso!), então
seriam as classes des-representadas que
deveriam fazê-lo. Agora,que classes? Bom, o
problema é que sem representação, todas
fazem isso ao mesmo tempo. E já estão
fazendo! Enquanto nós estamos discutindo
aqui se é ou não para fazer os Sem-terra, Sem-
teto, e outros, que a tempo não se sentem
representados, já fazem.
- Seria uma responsabilidade exclusiva do
governo?
NÃO, NUNCA! Em um estado democrático nunca o
governo deveria discutir o futuro. Ele
representa, mas nunca tem o papel exclusivo!
Ele não substitui! São governos totalitários que
fazem isso! Este é um mal nosso, brasileiro,
achar que o governo deve fazer tudo por ele.
Reclamamos do trânsito e pedimos
providências ao governo, mas paramos em fila
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dupla/tripla/quádrupla para pegar nossos filhos
na escola. Temos a péssima cultura de achar
que o estado é nosso tutor! isso é visão
colonialista! O estado é nosso representante.
- Seria um “ônus” para a sociedade?
Ônus não, é a responsabilidade da sociedade
discutir o próprio futuro. Uma sociedade
madura nem fica parada nem parte para o
extremismo. Ambos são fruto de imaturidade e
levam ao colapso.
- Como as redes de informação (redes sociais, listas de
discussão, grupos) podem se inserir em discussões para a
projeção do Brasil de 2025, 2050 etc.?
A pergunta parece ser já dirigida para a
resposta óbvia: informação, articulação,
mobilização, nesta ordem. Cito alguns
exemplos que já poderiam ser tratados.
1.Elas podem ser fundamentais para
restabelecer o processo de representatividade.
“Botar a boca no trombone” e conclamar o
brasileiro a ser agente de mudança positiva. Em
uma sociedade desarticulada como a nossa,
redes sociais tem potencial de gerar um
mínimo de movimento dirigido.
2. Com elas podemos iniciar um processo de
esclarecimento sobre problemas estruturais e
que devem vir à tona. Por exemplo:
A.Educação! o nosso sistema está podre desde
as raízes. Estamos com déficit de engenheiros e
técnicos. Tanto em número quanto em
qualidade. Quantas pessoas sabem que se o PAC
deslanchar o Brasil não vai ter pessoal
qualificado para tocar as obras? Adoraria ver o
projeto do Cristovam Buarque de obrigar os
eleitos a matricularem seus filhos nas escolas
públicas aprovado30
!
B. E sobre a questão do desenvolvimento?
quantos sabem que ele não virá como um
processo natural de evolução? esta é a grande
falácia que temos engolido calados, pois
ficamos, nós mesmos, confortáveis com a
relativa prosperidade que alcançamos devido à
pujança da economia mundial até 2008. Só que
agora o ritmo diminuiu. A pujança acabou, ou
deu uma pausa. Não nos preparamos
adequadamente. Porém, quantos sabem disso?
C. Quantos sabem que como os mercados são
sistemas econômicos fechados, é a produção
de alto valor agregado que garante o fluxo
positivo e sustentado de capital? Comodities
são elementos que alimentam os mercados.
Nenhuma (NENHUMA!) economia em nenhum
momento da história cresceu ou jamais
crescerá sobre comodities. No balanço final, o
papel delas é de prover o Mercado com os
recursos a serem transformados, mas recebem
muito pouco por isso. No fim, é velho escambo,
intermediado pelo mercado financeiro. Damos
100 toneladas de minério de ferro em troca de
1 tonelada de produto industrializado. Porém,
para industrializar move-se uma longa cadeia
que dá empregos e gera renda. E melhor.
Produto industrializado gera propriedade
intelectual, que silenciosamente, promove a
evasão de divisas por muito mais tempo além
do momento em que o escambo foi feito. Na
época em que existia o escambo a PI
funcionaria como as velhas taxas cobradas
pelas forças de ocupação. É isso aí. Vocês
30
Nota do Editor: referência ao Projeto de Lei 480/07.
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sabem disso. O mercado é facilmente
modelado como a antiga forma ocupação
territorial. Por isso uma economia baseada em
comodities é um aborto que não se sustenta....
Nós sabemos disso. E as redes podem ser
usadas para que outros saibam, se articulem e
mobilizem-se para promoverem suas próprias
soluções.
Lembro apenas que solução passa por defender
o Estado de Direito, que ainda é a melhor
forma de promover o bem estar equilibrado de
todos.
- Você já pensou em construir o seu país?
Todo o dia, o dia todo.
Reginaldo Carvalho
Tema 7: Sem humanidade, produção é
desemprego!
Participação de Luiz Antônio de Souza Silva
Em resposta a problemas decorrentes de mão
de obra, traduzidos pela onda de suicídios
entre seus trabalhadores, noticiou o "China
Business News" que a maior fabricante mundial
de celulares planeja saltar dos atuais 10 mil
robôs para 300 mil em 2012, chegando a um
milhão (10.000%!) nos três próximos anos.
Sem espasmos ou medidas de "austeridade"
contrárias, já que, no fundo, o desemprego
vem se transformando em padrão globalizado
de eficiencia contemporânea.
É nessa linha que vamos perdendo de vista
aquele em torno do qual sempre girou o
binônimo produção x consumo: o ser humano!
Pudera! Ontem a menor unidade estrutural
básica do ser vivo era a célula.
Hoje é o celular...
Enfim, é tecnologicamente possível diminuir
drasticamente a participação do ser humano na
produção, mas para quem restará o consumo?
Luiz Antônio de Souza Silva
Participação de Roland Scialom
Pois é, e agora? Os desempregados vão fazer
passeatas como os que estão protestando na
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Grécia, em Nova Iorque ou em Israel, contra o
modelo economico? E ser censurado pela
policia porque segundo o sistema que os
desempregou estão perturbando a "ordem"
(conveniente para os responsáveis pela crise)? Se
suicidar em praça pública ateando fogo às
próprias vestes, como fez o cidadão tunisiano
que sem querer disparou a "primavera
tunisiana"?
As facilidades de comunicação que se tem hoje,
permitem que se construa a cabeça das
pessoas para criar nelas: (1) uma consciencia
humanista, (2) a importância de por em prática
estes conceitos e (3) uma capacidade de se
articular socialmente para por em prática o que
foi aprendido. Por enquanto poucas pessoas
estão se dedicando a esta missão. Essa
consciencia humanista é que seria a referência
moral para administrar a economia das
sociedades, ao invês de modelos
comprometidos com interesses particulares
demais.
O paradigma do individualismo está muito
presente. Os recentes elogios da maioria das
midias a Steve Jobs e a propaganda que fizeram
de seu discurso para a turma de formandos de
Stanford revelaram isso. O individualismo leva
cada pessoa a competir com as outras, para
alcançar "um lugar ao sol". E como não tem
lugar ao sol para todos, os que perdem na
competição devem se contentar em levar uma
vida menos prazerosa que os que vencem, ou
ainda sobreviver de forma humilhante.
O paradigma do individualismo serve por sua
vez ao paradigma de uma economia baseada na
riqueza de empresas que trabalham
exclusivemente para seus proprietários e
acionários e ao mesmo tempo fingem estar
trabalhando para a sociedade em geral.
A postura humanista não é antagônica à
postura individualista. Um camarada que preza
o individualismo pode perfeitamente partipar
de realizações humanisticas; é uma decisão que
ele tem que tomar. O humanismo é um
universo muito maior do que o individualismo.
Um trabalhador que é levado ao suicidio por
causa de uma situação economica é um
homem humiliado ao extremo. É quando o ser
humano se sente reduzido a uma criatura que
perdeu sua fé e sua alma porque se sente
abandonado.
Roland Scialom
Participação de Djalma Gomes
Concordo que temos ter uma visão mais
holística e menos individualista do mundo.
Mas pior do que ter uma visão individualista é
ter valores distorcidos e se deixar motivar por
algo transitório.
Muitos de nós priorizamos poder e dinheiro na
nossa carreira profissional em detrimento
daquilo que realmente nos motiva. Devido a
isto, não é de se estranhar que alguns se
arrastem ao longo da semana aguardando
ansiosamente pelo fim de semana. O trabalho
se torna muitas vezes um fardo e um enorme
tédio pois nos esquecemos do aprendizado da
infância quando a brincadeira nos envolvia de
maneira tão visceral que todo o resto perdia
importância e esquecíamos até de almoçar
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para continuar brincando. Ficávamos tristes
quando perdíamos um jogo e eufóricos quando
ganhávamos, mas mais importante do que isto
tudo era brincar e nos divertir.
Temos habilidades únicas que nos dão
vantagem competitiva frente a nossos pares.
Tentar ser bom em tudo só nos tornará
medíocres (ser medíocre é estar na média). E são
nestas habilidades que devemos focar e nos
aprimorar, já que resultado financeiro será
mera consequência. O Budismo chama isto de
Dharma e Jesus ensinou a mesma coisa através
da parábola dos talentos (Evangelho de Mateus cap.
25 vers. 14-29). Quando passamos a desenvolver
nossas habilidades naturais, o universo
conspira a favor. Deming (guru da qualidade) dizia
a mesma coisa nos seus 14 pontos de TQM.
Segundo Deming, as empresas não devem ter
foco em metas de curto prazo (como metas e cotas
financeiras). Deming acreditava que as
organizações devem ter foco em qualidade pois
os resultados financeiros eram mera
conseqüência de um foco genuíno em
qualidade.
Steve Jobs perseguiu como ninguém seus
sonhos e aquilo que realmente o motivava.
Transformou o mundo por ter fé em si mesmo
e acreditar em suas habilidades (ou talentos
pessoais). Seguiu ser Dharma e pôde ter a
sensação de ter realizado coisas no limite de
suas capacidades. O exemplo do Steve Jobs
deve ser seguido por todos nós, mas quem tem
a coragem de abandonar poder e dinheiro em
busca de seus sonhos? Mesmo que saibamos
racionalmente que o resultado de foco e
dedicação naquilo somos bons só pode ter bons
resultados financeiros, falta aquela coragem
que nos impulsionaria à mudança e à realização
de nossos sonhos. Falta fé. Preferimos
permanecer na situação de conforto do que
arriscar (fica mais fácil arriscar se for com o dinheiro e o
tempo alheio).
O homem não pode se ver como mera mão de
obra que merece ser valorizada. Ele tem que se
ver como alguém capaz de criar e fazer
diferença no mundo. Se todos acreditássemos
realmente nisto e tivesse fé (em Deus ou em si
mesmo), o trabalho seria altamente motivador,
nos sentiríamos realizados e jamais
pensaríamos em suicídio.
Como diz aquela música dos Titãs: Nós temos
fome de quê?
Djalma Pinheiro Gomes
Participação de Luiz Antônio de Souza Silva
Apenas para não perder o foco, sintetizo as
ponderações em única manifestação, embora
levando em consideração todos os frutíferos
comentários.
“A política por definição, é sempre ampla e
supõe uma visão de conjunto. Ela apenas se
realiza quanto existe a consideração de todos e
de tudo” (Milton Santos). Queiramos ou não,
todos dependem do que é feito ou se deixa de
fazer em nome dela. A solução encontrada pela
empresa, no exemplo inicialmente trazido,
gerará um custo social e econômico que será
suportado por todos.
A propósito, se uma taxa de desemprego de
21,3% na ESPANHA (poderia citar ainda o REINO UNIDO,
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os ESTADOS UNIDOS) ainda não é exemplo capaz de
espantar QUALQUER país do mundo, não sei mais
o que será!
As questões não são tão simples. Mas, diante
da forma como se anuncia o incremento de
10.000% na população de robôs em uma
empresa de imponência mundial31
em apenas
três anos, comprimindo, por outro lado, a sua
mão de obra, parece razoável que se fuja um
pouco do “pensamento único” e se passe a
analisar questões como a diminuição da carga
tributária (não do salário) sobre o trabalho
humano, transferindo-a para tributação sobre a
automação voltada para a sua substituição.
No caso doméstico do Brasil, uma sugestão
seria no que diz respeito aos caixas eletrônicos.
Quanto custa para o banco o vínculo com um
bancário? E quanto custa para esse mesmo
banco um caixa eletrônico?
Sem perder de vista o questionamento por mim
inicialmente lançado (é tecnologicamente possível
diminuir drasticamente a participação do ser humano na
produção, mas para quem restará o consumo?), a
oportunidade da discussão em tão seleto e
reflexivo meio, me faz sentir valorosamente
contemplado.
Luiz Antônio de Souza Silva
31
Nota do Editor: o autor da participação acrescentou o
seguinte comentário: “a propósito, foi marcante sua
participação no que tange à lei n° 12.507, de 11.10.2011,
que diz respeito a isenção de PIS e COFINS, que a beneficia”
Participação de Marcus Vinicius de Souza
Deveríamos ter mais humildade, para ver e
entender o que a natureza nos ensina, manter
esta sabedoria e vivermos de forma
harmoniosa - principalmente com a natureza -
pois o modelo adotado só nos tem levado a
própria extinção.
Perceba, temos grande lições que devem ser
percebidas - a Internet por exemplo causou
grande impacto pelo seu modelo tecnológico e
sim pelos efeitos colaterais - a participação e a
colaboração e que tornaram este recurso
impressionante. Assim cabe a nós não apenas
conhecer a Abordagem Sistêmica defendida por
Ludwig von Bertalanffy (de 50 a 68), mas adotá-la
somando com outros critérios que nos levem a
uma maior harmonia.
Enquanto vivermos a discutir "Que o meu é
melhor que o seu" - não importa o que,
continuaremos a caminhar para nossa própria
extinção - é preciso colaborar e participar para
evoluir, essa é uma lição da natureza, todos os
seres com este comportamento evoluem e
sobrevivem.(A Teia da Vida, Fritjof Capra)
Não importa as habilidades únicas que temos -
em tempo - estas podem até nos destruir em
muitas circunstâncias. A chama acessa neste
fórum que habilmente discute os aspectos
sócio técnicos dos Sistemas de Informação
devem e tem que considerar estes preceitos.
Marcus Vinicius Branco de Souza
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Participação de Marcio Girão
A natureza não nos ensina absolutamente
nada; ou melhor, a chorar que é que sabemos
fazer ao nascer. Se quisermos a volta da
integração total do homem à natureza, só
existe um caminho: a volta às cavernas.
Nós somos pequenos mas estamos a caminhos
dos deuses à medida que aprendemos a lidar e
dominar a natureza; nossa inteligência nos
torna maiores que um planeta inteiro sem vida.
Então, nós somos algo no cosmos.
Nosso fim está próximo mesmo, não importa o
que fizermos; o que são alguns milhares de
anos até a próxima era glacial ou um meteoro
destruidor ou, por fim, a gigante vermelha que
nos espreita de não muito longe?
Aproveitem que o tempo é curto; sejamos
individualistas; ambiciosos e tudo o mais que
nos empurra para a frente num mundo ainda
desconhecido.
Márcio Girão.
Participação de Marcus Vinicius de Souza
Qualquer metodologia ou processo que tenha
como fundamento a parceria e a colaboração
(como a natureza nos ensina) tem componentes que
levam a sobrevivência (consequentemente o
sucesso). Aliás temos "N" exemplos de empresas
que se consagraram desta forma, e mais "N"
exemplos de processos, projetos e empresas
que não conseguiram nada por acreditarem ser
onipotentes - não deram em nada.
Em resumo, ninguém vence sózinho, somos por
essência seres sociais...e ainda temos muito
que aprender...
Marcus Vinicius Branco de Souza
Participação de Djalma Gomes
Vejo mais convergência do que divergências. O
foco egoísta (e desprovido de outros interesses além do
acionista) não é apenas errado eticamente, mas é
míope do ponto de vista de gestão. Desde
1992, já conhecemos o conceito de BSC e
muitos anos antes disto, Taguchi já dizia que a
qualidade também deve ser medida pelo seu
impacto à sociedade. Temos exemplos
fresquinhos (como News of the World e British
Petroleum) que nos mostra que negligenciar o
coletivo pode ser bom no curto prazo, mas é
péssimo para o business se pensarmos numa
visão sustentável.
Recentemente li um artigo na HSM
Management em que o CEO da HCL coloca
funcionários à frente de clientes na estratégia
corporativa e não tem receio de dizer que
executivos não podem ser avaliados única e
exclusivamente pelo valor das ações, pois a
empresa deve pensar num prazo mais longo.
Da mesma forma, as fronteiras entre parceiros
e concorrentes está ficando cada vez mais
nebulosa. Quando eu trabalhava na Oracle, a
SAP era o maior concorrente em aplicações (ERP,
CRM, BI, etc....), mas também a maior parceira na
venda de banco de dados Oracle. E aí? SAP e
Oracle são concorrentes ou parceiros??
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Ou seja, ter uma visão holística (clientes,
funcionários, acionistas, sociedade, fornecedores,
processos internos, etc...) não é atestado de “boa
índole”, mas tão somente questão de
sobrevivência. Concorrentes podem se tornar
parceiros dependendo do enfoque e contexto.
Tentar estrangular meu fornecedor com valores
muito baixos pode ser bom
momentaneamente, mas se isto gerar
ineficiência, o custo disto será transferido para
o produto final e toda a cadeia de valor sofre.
Portanto, como discordar da visão dos nobres
colegas quanto à miopia da visão egocêntrica?
Concordo integralmente com esta visão.
Mas eu posso ter uma visão correta e holística
com valores totalmente distorcidos e é aí que
observamos as pessoas (como dizia Goethe, “O
talento educa-se na calma; o caráter no tumulto da vida”).
Quantos de nós sacrificariam seus valores
pessoais em prol de fama, poder, networking e
dinheiro? O mesmo cidadão americano que
critica a evasão de empregos dos USA para a
China é aquele que não pensará 2 vezes em
comprar um produto chinês no Wall-Mart pela
metade do preço de um produto americano.
Bons advogados defenderiam até Hitler ou
Slobodan Milosevic se pagassem bem. Da
mesma forma, todos defendemos o meio
ambiente e o planeta desde que isto não
implica em reduzirmos nosso consumo e nosso
padrão de vida (algo paradoxal pois muitos recursos
são finitos).
Não é só a TI que commoditizou (como disse
Nicholas Karr em seu artigo de 2003: “IT Does´t matter”),
nossos valores também estão virando
commodities. Deixamos de ter amigos para ter
contatos. Nosso chopinho com piadas no final
da tarde virou happy-hour e mesmo nossas
crianças são adestradas para serem prósperos
(elas terão muito tempo para serem crianças depois de se
aposentarem). Nem sabemos mais como viver
sem celular, twitter ou email (existia mesmo vida
antes do Google?). Esta inversão de valores
derruba a auto-estima de qualquer cidadão
pois temos que ser bons em tudo.
A boa notícia é que é possível conciliar sucesso
e prosperidade com realização pessoal genuína,
mas para isto temos que realinhar nossos
valores. Conhecendo nossas principais
habilidades e dons (alguns chamam isto de auto-
conhecimento) e com valores corretos e bem
pesados, eu poderei priorizar na vida aquilo
que for importante e saberei ser feliz com esta
minha escolha sem inveja da grama vizinha (pois
foi a minha escolha). Auto-estima e humildade
completarão a receita do bolo pois me
impulsionarão ao crescimento sem super-
valorizar meus erros. Afinal, a excelência é uma
jornada e não um destino.
Falando assim, fica até fácil né? Mas fazer é
outra história. A quem souber como, eu peço
que me ensinem.
Djalma Pinheiro Gomes