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Hospital Militar de Área de Brasília 3
Palavras do Diretor
COMPROMISSO E QUALIDADE GARANTIDOS NO CUIDADO À FAMÍLIA MILITAR
Coronel Médico QEMA Roosevelt Louback de CarvalhoDiretor do Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB)
Foi em 1960, quando tivemos a fundação da cidade
de Brasília, que surgiu o nosso hospital, fruto da necessi-
dade de garantir a assistência em saúde aos militares
desbravadores de uma nova cidade e copartícipes dos
sonhos do presidente Juscelino Kubitschek, em ter uma
nova capital para o nosso amado Brasil.
Ao longo das décadas, Brasília tem crescido e se de-
senvolvido, buscando se preparar para um futuro desa-
fiador. Da mesma forma, o nosso hospital tem buscado
crescer, se modernizar e se adaptar às constantes de-
mandas, visando se preparar para os desafios vindouros.
No começo de nossa existência, em 1960, estáva-
mos formatados para atuar como um Posto Médico.
Com o passar dos anos fomos crescendo e aumentando
as nossas capacidades e, aos poucos, atingindo novos
patamares de complexidade; dessa forma, avançamos
rumo a uma constante transformação, até atingir o sta-
tus de Hospital de Guarnição, em 1963, Hospital Geral de
Brasília, em 1983, e, finalmente, Hospital Militar de Área
de Brasília, em 2010.
Ao reverenciar a nossa história, devemos agradecer
aos homens e mulheres que ajudaram o nosso hospital
a superar tantos desafios e transformações, mantendo
sempre vivo o ideal de servir a todos que buscaram
socorro, alívio ou orientação em nosso serviço. Nunca
foi esquecida nossa importante missão: a de garantir a
assistência de saúde aos beneficiários do Sistema de
Saúde do Exército. É de fundamental importância ter
nossos objetivos e ideais fortalecidos com as lembran-
ças das ações de todos os que nos antecederam e tão
bem zelaram e cuidaram da nossa família militar.
Que possamos olhar e enfrentar com coragem e ou-
sadia os desafios presentes e vindouros, ga-rantindo às
futuras gerações a continuidade de um legado de com-
promisso, honra e profissionalismo, amor e competên-
cia, afirmando a todos a certeza de que o Hospital Militar
de Área de Brasília estará sempre pronto para cuidar da
família militar.
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Hospital Militar de Área de Brasília 8
Histórico HMAB
58 ANOS DE EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO
O Hospital Militar de Área de Brasília é uma Organização de Saúde do Exército que apoia a
11ª Região Militar. Com sede na cidade de Brasília, foi criado em 27 de junho de 1960, durante o
governo do presidente Juscelino Kubitschek.
1960 1965 1985 2010
Hospital Militar de Área de Brasília 9
Prestar assistência primária e secundária à saúde dos militares do Exército, pensionis-
tas, dependentes e servidores civis.
Ser uma Organização Militar de Saúde (OMS) reconhecida na assistência à saúde, no âm-
bito da área da 11ª Região Militar, dentro da qual os militares e civis tenham verdadeiro orgulho
de servir, mantendo permanente excelência no atendimento aos usuários.
No dia 29 de junho de 1965, o hospital
teve seu quadro reforçado, sua estrutura am-
pliada e sua denominação passou a Hospital
da Guarnição de Brasília. Em 1987, passou por
nova reestruturação e sua denominação pas-
sou a Hospital Geral de Brasília (HGeB).
Em 1º de janeiro de 2010, por meio da Por-
taria 729, de 7 de outubro de 2009, o HGeB
mudou sua denominação para Hospital Militar
de Área de Brasília (HMAB).
O HMAB presta assistência médico-hospi-
MISSÃO
talar a toda a família militar na Guarnição de Brasília, atendendo também a pacientes de outras
regiões do Brasil, principalmente Goiás e Minas Gerais. Também presta assistência aos mili-
tares das Forças Armadas e Forças Auxiliares de Guarnição.
VISÃO
EVOLUÇÃO PARA PROMOVER A SAÚDE
Hospital Militar de Área de Brasília 12
Fisioterapia
Setor de Fisioterapia do HMABconta com 20 militares
fisioterapeutas especializados.
Coronel Kênia Gomes do CarmoChefe do Setor de Fisioterapia do HMAB
Próximo de seu aniversário de 50 anos de regu-
lamentação no Brasil, a Fisioterapia tem caminhado,
a passos largos, na busca de seu lugar na preven-
ção, proteção e promoção da saúde. Ciência espe-
cializada nas disfunções do movimento humano, ela
sofreu profundas transformações no decorrer des-
ses anos, num crescente e significativo desenvolvi-
mento técnico e científico,
galgando, nas últimas déca-
das, autonomia, consistência
e relevância na saúde pública.
O Brasil é um dos países
com maior número destes profissionais no mundo,
registrando, aproximadamente, 240 mil fisiotera-
peutas até julho de 2017, segundo o Conselho Fe-
deral de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito).
No HMAB, o Setor de Fisioterapia conta com 20
militares fisioterapeutas especializados no trata-
mento e reabilitação das disfunções do movimento
humano, atuando, principalmente, nas seguintes
áreas: Fisioterapia na Traumatologia e Ortopedia,
Fisioterapia para as Lesões do Esporte, Acupuntura
e Hidroterapia. As especialidades estão distribuídas
em três turnos, realizando cerca de 8 mil atendimen-
tos por mês, num total de 16,8 mil procedimentos
por mês.
Após o paciente receber
o diagnóstico, o mesmo será
submetido a Avaliação Fisio-
terapêutica e encaminhado
para a especialidade que atenda às necessidades
para a sua plena reabilitação. O tratamento consiste,
inicialmente, em dezesseis sessões de fisioterapia
com duração aproximada de 50 minutos. Termi-
nando as sessões, o paciente passa por uma rea-
valiação fisioterapêutica, podendo receber alta e/ou
Hospital Militar de Área de Brasília 13
ser encaminhado para o médico espe-
cialista para uma reavaliação.
O tratamento fisioterapêutico
proposto no HMAB poderá ser com-
posto pelos seguintes recursos:
1) Termo-elétricos, com o objetivo
de proporcionar analgesia, recupera-
ção da função muscular através dos
equipamentos de infravermelho, tens,
corrente russa e ultrassom;
2) Exercícios de reabilitação mus-
culoesqueléticos, com o objetivo de
melhorar a amplitude de movimento
e o restabelecimento da força muscu-
lar. Utiliza-se exercícios isométricos e resistidos de
baixa intensidade e sobrecarga por meio de canelei-
ras, halteres, elásticos ou o próprio peso corporal;
3) Exercícios de propriocepção e pliométri-
cos, que têm o propósito de: proporcionar maior
consciência corporal, melhorar o equilíbrio, a co-
ordenação intra e extra articular e a qualidade dos
movimentos realizados pelo paciente, minimizando,
assim, futuras lesões. Os equipamentos utilizados
são: cama elástica, disco de propriocepção, bola
suíça, prancha de equilíbrio, cones, colchonetes,
step e bosu;
4) As principais técnicas da terapia manual reali-
zadas no setor de fisioterapia do HMAB são: mobi-
lização articular, manipulação articular, mobilização
neural, estabilização segmentar, osteopatia, quiro-
praxia, crochetagem, liberação miofacial, exercícios
de postura com cadeias musculares, alongamento
passivo e alto assistido;
5) A acupuntura consiste em práticas terapêuti-
cas com diferentes abordagens para o diagnóstico,
prevenção e tratamento de doenças. O procedimen-
to mais adotado no HMAB é a penetração na pele
por agulhas metálicas muito finas e sólidas, manipu-
ladas manualmente ou por meio de estímulos elétri-
cos. As técnicas visam ajustar os canais energéticos
do corpo, chamados de meridianos, de acordo com
equilíbrio de yin e yang. Estudos atuais sugerem
que o método estimule a liberação de substâncias
químicas que alteram o sistema nervoso e propor-
ciona efeitos de bem-estar em todo o corpo, através
do reequilíbrio do organismo. Sendo assim, é uma
terapia muito apropriada a pacientes que apresen-
tam transtornos orgânicos resultantes de tensões
emocionais como o estresse, ansiedade, quadros
álgicos intensos, fibromialgia, entre outras.
6) Hidroterapia ou fisioterapia aquática é uma
atividade terapêutica que consiste na realização de
exercícios dentro da água (piscina em torno de 34°),
visando acelerar a recuperação do paciente com
ganho de amplitude de movimento, força, alonga-
mento, flexibilidade, diminuição do quadro álgico,
melhora da mobilidade articular e da circulação do
líquido sinovial.
São diagnósticos e manifestações clínicas con-
templadas em nosso serviço: instabilidade articu-
lar (joelho, quadril, ombro, cotovelo), desequilíbrios
musculares, entorses, tendinites, contusões, disten-
sões musculares, lesões ligamentares (LCA, LCP,
Ligamento Colateral), lesões articulares, lesões do
menisco, overuse/overtraining, LER/Dort, pós-ope-
ratório de cirurgia ortopédica (próteses de quadril,
joelho, ombro, artroscopias, dentre outras), hérnia
de disco, osteoartrose, reabilitação pós-fraturas,
contraturas e estiramentos musculares, lombalgia,
lombociatalgia, distúrbios do ciático, cervicobraqui-
algia, síndrome do impacto, lesões do esporte, sín-
drome do túnel do carpo, cervicobraquialgia, lesão
do plexo braquial, paralisia facial, distúrbios do
ciático, de Quervain, lesões de nervos pós-trauma,
síndrome do desfiladeiro torácico, fibromialgia, de-
pressão e ansiedade.
CÂNCER: É IMPORTANTE PREVENIR
No HMAB o paciente com cânceré tratado de forma multidisciplinar
e individualizada.
Segundo o Sistema de Informações de Mortalidade
(SIM), o câncer já é a principal causa de morte em 10% dos
municípios brasileiros, ultrapassando as mortes por doenças
cardiovasculares, acidentes de trânsito e homicídios.
O Hospital Militar de Área
de Brasília (HMAB), enten-
dendo a importância do di-
agnóstico do câncer e de sua
prevalência, possui um am-
bulatório de oncologia clínica onde se realiza o diagnóstico,
tratamento e acompanhamento dos pacientes portadores de
neoplasias malignas (tumores sólidos e não hematológicos).
Na unidade, os pacientes recebem os seguintes trata-
mentos oncológico-ambulatorial: quimioterapia (adjuvante,
neoadjuvante e paliativa), terapias alvos, hormonioterapia,
imunoterapia e terapias de suporte, como, por exemplo, ini-
bidores de osteólise, G-CSF, dentre outras. Além disso, o
HMAB conta com o atendimento da equipe formada por
três oncologistas clínicos, uma enfermeira oncológica, duas
farmacêuticas, uma dentista
e duas técnicas de enferma-
gem.
Seguindo a tendência
mundial, o serviço de onco-
logia do HMAB entende que o tratamento do paciente com
câncer deve ser multidisciplinar e individualizado. Por isso,
conta também com o apoio de outras especialidades mé-
dicas, fisioterapia, nutrição e psicologia, para que o paciente
tenha melhores chances de resposta ao seu tratamento, e
até mesmo a cura.
Hospital Militar de Área de Brasília 14
Oncologia
Hospital Militar de Área de Brasília 15
MUCOSITE: Prevenção e tratamento no HMAB
A mucosite atinge,aproximadamente, 85% das
pessoas com câncer em tratamentode radioterapia associada à quimioterapia.
A quimioterapia é uma das formas de tratamento
comumente e largamente utilizada para combater o
câncer em diferentes sítios anatômicos. Essas medi-
cações ocasionam efeitos colaterais em diversos sis-
temas orgânicos, entre eles, o sistema gastrointestinal,
como náuseas, vômitos,
inapetência e mucosite.
A mucosite é defi-
nida como lesões in-
flamatórias e/ou ulcera-
tivas da via oral e/ou
gastrointestinal, resultando em grave desconforto que
pode prejudicar a capacidade dos doentes para comer,
deglutir e falar. Além dessas alterações, pode acar-
retar ainda xerostomia, que, por sua vez, predispõe a
infecções secundárias, principalmente por fungos. Pode
ocasionar alteração do paladar, causando baixa ingestão
hídrica e alimentar, desidratação e desnutrição. Os san-
gramentos também podem surgir quando a mucosite
apresenta-se em estágio mais acentuado. Casos graves
podem exigir internação
para suporte nutricional
enteral ou parenteral, e
até adiamento ou sus-
pensão do tratamento
antineoplásico.
A incidência de mucosite, para pessoas com câncer
em tratamento de radioterapia associada à quimiotera-
pia, é de aproximadamente 85%, mas todos os indi-
víduos tratados apresentam algum grau de mucosite
Condutas para prevenção e tratamento de mucosite oral no Ambulatório de Oncologia do HMAB
Hospital Militar de Área de Brasília 16
1) Higiene oral: rotina de escovação dos dentes com
escova estreita, de cerdas macias;
2) Escovação delicada da língua: procedimento reali-
zado para prevenção, quando não se tem mucosite;
3) Uso do fio dental: utilizado sempre que possível,
uma vez que dependerá de resultado de hemograma
e avaliação da mucosa oral;
4) Uso de creme dental não abrasivo: preferencial-
mente que contenha bicarbonato de sódio e/ou flúor;
5) Escovação após as refeições e antes de repousar;
6) Retirada das próteses dentárias e higienização: 30
minutos após as refeições e à noite;
7) Avaliação da evolução das lesões: orientação sobre
a manutenção da prática da higiene oral;
8) Manutenção da prática da higiene oral: evita-se a
escovação da língua quando já houver mucosite ins-
talada;
9) Suspensão do uso de próteses dentárias: caso exis-
tam e se houver lesões na mucosa oral;
10) Higienização com o dedo enrolado em uma gaze:
caso o cliente tenha dor e não consiga realizar a es-
covação;
11) Orientação sobre a não realização de bochechos
com antimicrobianos: para prevenir a mucosite oral
em pacientes que irão receber altas doses de quimi-
oterapia ou em pessoas que receberão radioterapia
ou quimioterapia concomitante para câncer de cabeça
e pescoço;
12) Terapia a laser: encaminhamento para realização
de laser 4J para prevenir a mucosite oral em pacientes
que receberão transplante de medula óssea, condicio-
nados com altas doses de quimioterapia. E pacientes
que irão passar por radioterapia de cabeça e pescoço,
e pacientes submetidos a quimioterapia que tem alto
risco de desenvolver mucosite oral;
13) Alimentos: evita-se aqueles que irritam a mucosa
oral, como sucos cítricos, alimentos picantes ou mui-
to salgados, àsperos e secos. Passam a ser ingeridos
apenas os alimentos fáceis de mastigar e engolir, em
forma de purês e cremes, incluindo bananas e outras
frutas moles e ricas em líquido, como melancia;
14) Forma de preparo dos alimentos: cozinha-se até
que o mesmo fique macio e suave;
15) Aumento na ingestão de líquidos: também eleva-
se o teor de líquido dos alimentos, adicionando mo-
lho de carne, caldo de carne ou outros molhos não
picantes;
16) Registro de avaliação de mucosite: atesta-se a in-
capacidade de alimentação e hidratação por via oral;
17) Parecer médico sobre a situação do cliente: e pos-
terior requerimento de avaliação para possível insta-
lação de sonda nasoenteral.
oral. Trata-se de um dos principais fatores limitantes da
quimiorradiação para neoplasia avançada de cabeça e
pescoço.
A mucosite pode ser classificada em quatro graus
evolutivos. O primeiro é a presença de eritema; o se-
gundo, o aparecimento de placas brancas descama-
tivas, que são dolorosas ao contato; e no terceiro há
o aparecimento de crostas epiteliais e exsudato fibri-
noso, que levam à formação de pseudomembranas e
ulcerações. O quarto grau é a forma mais severa da
mucosite, e ocorre quando há exposição de estroma do
tecido conjuntivo subjacente.
Existem formas de prevenir ou reduzir a intensidade
da mucosite. Entre elas, estão a prática de higiene oral,
os bochechos com colutórios adequados, a lubrificação
labial, a nutrição adequada, o controle da xerostomia, a
crioterapia, a utilização de laser de baixa potência e a
suspensão de substâncias e alimentos irritantes para a
mucosa, como o tabaco.
A elaboração e implementação de um protocolo na
Clínica de Oncologia do HMAB pode reduzir os custos
da instituição, amenizar o estresse da equipe durante
o período de tratamento do paciente e contribuir para
uma maior qualidade na assistência.
Hospital Militar de Área de Brasília 19
Psicologia
V A L O R I Z A Ç Ã O D A V I D AMajor Ana Cláudia, Capitão Caroline, Tenente Patrícia Maretti, Tenente
Marcela Prata e Tenente Kelly Dias - Equipe de Psicologia do HMAB
Atualmente, o suicídio vem sendo estudado com certo
destaque, devido ao aumento considerável de ocorrências
desse fenômeno. Desde os primórdios da civilização podemos
observar a questão do suicídio ocorrendo em diversos mo-
mentos e situações da nossa história. No início, em certas cul-
turas primitivas, o suicídio
tinha várias motivações,
era perpetrado para evitar
a desonra, por vingança
e, muitas vezes, realizado
pelos idosos, para que não se tornassem um peso para sua
família. Já na antiguidade greco-romana, a intenção de suicidar-
se precisava ser levada até as autoridades, sendo realizada
uma reunião para que avaliassem e julgassem o real motivo
e necessidade de se tirar a vida, sendo proibido para escravos,
soldados ou criminosos, pois poderiam afetar a economia do
Estado. Já na Idade Média, começamos a perceber a culpabi-
lização do suicida, estando sempre vinculado a espíritos de-
moníacos. O corpo do suicida não podia passar pela porta da
casa, tinham que ser aber-
tas fendas nas residên-
cias para a sua retirada, os
enterros eram realizados
fora dos cemitérios, na
tentativa de afastar cada vez mais essas pessoas dos mortos
“normais”. No século XVII, o suicídio passa a ser visto como
um dilema humano, começando a aparecer pela primeira vez
a palavra suicídio nos textos ingleses. Nos tempos modernos,
Segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde, mais de 800 mil pessoas morrem por
suicídio todos os anos, no mundo.
Hospital Militar de Área de Brasília 20
o suicídio deixa o foco individual e a sociedade e os proble-
mas sociais passam a ser vistos como importantes. No livro O
Suicídio, de Emile Durkjeim, as várias disposições organicopsí-
quicas são rejeitadas, que consideravam as características do
ambiente físico e o processo de imitação, sendo classificados
três tipos de suicídio: egoísta, altruísta e anômico. Já na pós-mo-
dernidade, o suicida deixa de ser criminalizado e se torna vítima.
O suicídio passa a ser visto como uma consequência de um
transtorno mental, de uma doença.
A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização
Mundial da Saúde (2016) reconhece o suicídio e as tentativas
de suicídio como um problema de agenda global de saúde
pública e incentiva os países a implementarem políticas públi-
cas que visem a prevenção e promoção de saúde mental, por
meio do desenvolvimento de estratégias que possibilitem a
quebra de paradigmas e tabus sobre
o tema. A pesquisa constatou que
mais de 800 mil pessoas morrem
por suicídio todos os anos no mun-
do, a cada 40 segundos uma pes-
soa comete auto-extermínio, sendo
a segunda principal causa de morte
entre jovens com idade entre 15 e 29
anos, ficando para trás somente de acidentes automobilísti-
cos. Setenta e cinco por cento dos suicídios ocorrem em países
de baixa e média renda. Para cada suicídio efetivado, há muito
mais pessoas que tentam a cada ano, sendo a tentativa prévia
o principal fator de risco para o suicídio na população em geral.
Cada suicídio é uma tragédia que afeta de cinco a seis pessoas
ao seu redor, seja financeiramente ou afetivamente, possuindo
efeitos duradouros nesses indivíduos que são deixados para
trás.
O suicídio é considerado o fenômeno 4D (desamparo,
depressão, desespero e desesperança) e a dor de quem está
nesse processo se torna os 3I (insuportável, interminável e
inescapável). O comportamento suicida pode perdurar du-
rante muito tempo, ou ser apenas pontual e envolve alguns
fatores tais como ideação (ideias e pensamentos negativos);
planejamento (como, onde e quando); tentativa (tentar uma
ou mais vezes) e êxito.
O suicídio é um fenômeno multicausal e, por esse motivo,
não é possível apontar um fator único para responder pela
tentativa de auto-extermínio, identificando-se no relato dos so-
breviventes, um conjunto de fatores associados a essa dor, a
qual muitos sobreviventes remetem. Cabe aqui explicar que o
termo “sobreviventes” é utilizado para designar os familiares e
os indivíduos que não obtém êxito em suas tentativas. No re-
lato desses sobreviventes, observa-se o sentimento ambíguo
que remete a essa dor: “eu não quero morrer, mas quero acabar
com esse sofrimento”.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, o suicídio
pode ser definido como um ato deliberado executado pelo
próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consci-
ente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio
que ele acredita ser letal. São considerados fatores de risco:
idade de 15 a 35 anos e os maiores de 70 anos, ser homem
solteiro e sem filhos, problemas financeiros, término de rela-
cionamento, perdas recentes, diag-
nóstico de doenças graves ou inca-
pacitantes, tentativa prévia de suicídio,
histórico familiar e impulsividade, den-
tre outros. Porém, o mais importante
é o diagnóstico de algum transtorno
mental, principalmente a depressão. O
risco de suicídios também é elevado
em grupos vulneráveis, vítimas de algum tipo de discriminação,
tais como: gays, lésbicas, índios, refugiados e migrantes.
Coadunando-se com a proposta de se oferecer um serviço
voltado para a promoção da saúde mental, de acordo com o
proposto pela OMS e seguindo o Programa de Valorização
da Vida, DCIPAS/DGP, a seção de Psicologia do HMAB está
desenvolvendo um grupo de Valorização da Vida, para que
cada dia mais as pessoas se conscientizem da importância da
saúde mental e física de cada um. O grupo acontece às segun-
das-feiras, à noite, e tem como objetivo apoiar os sobreviventes
de suicídio, que são os familiares ou aquelas pessoas que ten-
tam e que não obtém êxito.
A temática do grupo tem como principal objetivo valorizar
a vida e oferecer instrumentos para que as pessoas encarem
de forma positiva e acolhedora as adversidades que se apre-
sentam ao longo de nossas vidas. Lembrando sempre que to-
dos os nossos problemas podem se termináveis, escapáveis e
suportáveis, e que é importante e crucial que as pessoas pos-
sam falar e serem ouvidas quanto a seus problemas.
A seção de Psicologia do HMAB está desenvolvendo um grupo de Valorização da Vida, no intuito
de conscientizar as pessoas sobre a saúde mental e
física de cada um.
Hospital Militar de Área de Brasília 23
PAD - Programa de Atendimento Domiciliar
ATENDIMENTO DOMICILIAR NO EXÉRCITO
Um dos eixos centrais da Atenção Domiciliar é a “desospitalização”.
Sabe-se que a população brasileira está en-
velhecendo, o que faz com que cresça o número
de doenças crônico-degenerativas, aumentando
também a quantidade de pessoas que necessitam
de cuidados continuados e
mais intensivos. Com isso,
existe uma tendência de
medicalização da vida e do
sofrimento, gerando maior número de hospitali-
zações, por vezes, desnecessárias aos pacientes.
O Atendimento Domiciliar (AD) é uma modali-
dade de assistência caracterizada por um conjunto
de ações de promoção à saúde, prevenção, trata-
mento de doenças e reabilitação prestadas em
domicílio, com a garantia de cuidados, e integrado
às redes de Atenção à Saúde dos serviços públicos
e privados.
Um dos eixos centrais da AD é a “desospitali-
zação”. Ela proporciona agilidade no processo de
alta hospitalar com cuidado continuado no domicí-
lio; minimiza intercorrências
clínicas a partir da manuten-
ção de cuidado sistemático
das equipes de atendimen-
to domiciliar; diminui os riscos de infecções hos-
pitalares, em especial, nos idosos; oferece suporte
emocional necessário para pacientes em estado
grave ou terminal e familiares; institui o papel do
cuidador, que pode ser um parente, um vizinho, ou
qualquer pessoa com vínculo emocional com o pa-
ciente e que se responsabilize pelo cuidado junto
aos profissionais de saúde; e propõe autonomia
PAD - Programa de Atendimento Domiciliar
Hospital Militar de Área de Brasília 24
O atendimento em domicílio compreende ações educativas, orientações e realização de procedimentos técnicos executados por
uma equipe multidisciplinar.
para o paciente no cuidado fora do hospital.
Ela pode ser feita na forma de atendimento
ou internação. O Setor de Atendimento Domi-
ciliar existente no HMAB abrange as duas for-
mas de atuação – o Programa de Atendimento
Domiciliar (PAD) e a Internação Domiciliar (Home
Care).
O Programa de Atendimento Domiciliar ca-
racteriza-se por um conjunto de atividades de
caráter ambulatorial desenvolvidas em domicílio,
através de uma equipe multiprofissional com-
posta por militares do HMAB. O atendimento em
domicílio compreende ações educativas, orien-
tações e realização de procedimentos técnicos
executados por uma equipe multidisciplinar, que
pode ser formada de acordo com a necessidade
de cada serviço, sendo basicamente constituí-
da por profissionais de enfermagem, medicina,
serviço social e reabilitação. As ações visam bus-
car a prevenção de agravos à saúde, bem como
seu monitoramento (YAMAGUCHI et al., 2010).
A RDC/Anvisa 11, de 26 de janeiro de 2006,
em seu regulamento técnico de funcionamento de
serviços que prestam atenção domiciliar, define a
internação domiciliar como conjunto de atividades
prestadas no domicílio, caracterizadas pela aten-
ção em tempo integral ao paciente com quadro no
domicílio, caracterizadas
pela atenção em tempo
integral ao paciente com
quadro clínico mais com-
plexo e com necessidade
de tecnologia especializa-
da. O objetivo deste serviço é promover, manter
e/ou restaurar a saúde, maximizando o nível de
independência do paciente, enquanto minimiza
os efeitos debilitantes das várias patologias e
condições que gerencia.
O HMAB realiza a captação e inclusão dos pa-
cientes em seu sistema com base na Tabela do
Núcleo Nacional das Empresas da Assistência
Domiciliar (Nead), instrumento que analisa o perfil
clínico do paciente através de pontuações distribuí-
das por grupos de indicadores. A assistência aos
pacientes inclusos em internação domiciliar é re-
alizada através das empresas contratadas.
Em fevereiro de 2017, a Diretoria de Saúde pu-
blicou a Norma Técnica
Sobre Atenção Domiciliar
no Exército Brasileiro, na
qual estabelece as finali-
dades, objetivos, termi-
nologias e do processo
da atenção domiciliar. Com base na terminologia
estabelecida pela Anvisa em sua RDC 11/2006, e
segundo a Norma Técnica, a admissão em Aten-
ção Domiciliar refere-se ao processo que se ca-
racteriza pelas seguintes etapas: indicação, elabo-
ração do Plano de Atenção Domiciliar e início da
prestação da assistência ou internação domiciliar.
A Internação Domiciliar representa o conjunto
de atividades prestadas no domicílio a pessoas
Hospital Militar de Área de Brasília 25
clinicamente estáveis que exijam intensidade de
cuidados acima das modalidades ambulatoriais,
mas que possam ser mantidas em casa, por equi-
pe exclusiva para esse fim. O PAD compreende o
documento que contempla um conjunto de medi-
das que orienta a atuação
de todos os profissionais
envolvidos de maneira
direta e/ou indireta na as-
sistência a cada paciente
em seu domicílio, desde
sua admissão até a alta.
O HMAB, como uni-
O propósito do atendimento domiciliar é promover, manter e/ou restaurar a saúde, maximizando o nível de independência do paciente, enquanto minimiza os efeitos
debilitantes das várias patologias econdições que gerencia.
dade gestora, tem como função a autorização e
a auditoria dos orçamentos encaminhados pela
Organização Civil de Saúde contratada, em con-
fronto com as informações contidas no PAD e nos
relatórios dos profissionais envolvidos no trata-
mento domiciliar, conforme Norma Técnica Sobre
Atenção Domiciliar no Exército Brasileiro.
Ainda conforme essa norma, determinou-se a
utilização da Tabela Nead como instrumento de
avaliação dos critérios de inclusão do paciente.
Essa tabela é formada pelo Núcleo Nacional das
Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar e
avalia aspectos referentes
ao estado nutricional,
procedimentos como as-
piração traqueal e medi-
cações, lesões, nível de
consciência, internações
anteriores, entre outros.
Os itens avaliados são
pontuados entre zero e dois pontos e, conforme
somatório final, o paciente será classificado como
não tendo necessidade dos serviços de Home
Care ou para Internação Domiciliar de 12 ou 24
horas. É importante salientar que não há inclusão
para Internação Domiciliar de seis horas, apenas a
redução para essa forma de assistência.
ta que o hospital tenha grande autonomia dentro da
área de medicina laboratorial, não necessitando fazer
o encaminhamento dos seus pacientes para outros
laboratórios na realização da maioria dos exames.
A equipe do LAC conta com 18 farmacêuticos-bio-
químicos, 11 técnicos de laboratório e seis adjuntos de
administração, todos profissionais especializados, que
cumprem a sua missão com qualidade, responsabili-
dade e cortesia.
CONTROLE DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO
Hospital Militar de Área de Brasília 28
Laboratório de Análises Clínicas
O laborarório atende cerca de 220pacientes por dia e o tempo de
liberação dos resultados é de apenasoito horas, em média.
Os laboratórios de Análises Clínicas são pilares
fundamentais de apoio ao diagnóstico médico, onde
os testes laboratoriais auxiliam em mais de 70% das
decisões médicas. A qualidade do serviço é impres-
cindível para atingir uma terapia completa e plena.
As Análises Clínicas estão presentes no Brasil
desde antes do ano de 1900 e os laboratórios estão
sempre em busca de novas tecnologias na saúde,
com o intuito de proporcionar cada vez mais melho-
rias na qualidade de vida do
paciente. Com a automa-
tização das análises é pos-
sível garantir mais qualidade,
rapidez e segurança para o
paciente, e ainda um aumento
na produtividade do laboratório.
O Laboratório de Análises Clínicas (LAC) do
Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB) oferece,
aproximadamente, 160 exames diferentes dentro do
diagnóstico laboratorial e possui um rigoroso compro-
misso com o controle de qualidade nas análises, con-
seguindo prestar um serviço de qualidade, atendendo
um grande número de beneficiários: de janeiro a mar-
ço de 2018 teve 11,99 mil pacientes atendidos, 154,3 mil
exames realizados, com uma média de 220 pacientes
por dia e uma média de tempo para liberação de re-
sultados de oito horas. Além do atendimento rotineiro
nas dependências do HMAB, o laboratório colabora
como apoiador junto às guarnições de Goiânia e Cris-
talina, realizando testes nos militares que participam
de missões no Exterior, tanto na ida como no seu retor-
no, e elabora constantes treinamentos para a equipe,
buscando sempre estar atualizado com os avanços e
refazendo os processos, caso
necessário.
Este trabalho tem um im-
pacto positivo para o Sistema
de Saúde do Exército Bra-
sileiro, uma vez que possibili-
AtendemosConvênios
ATENDIMENTO BÁSICO DE SAÚDE NO HMAB:
Hospital Militar de Área de Brasília 30
Inovar HMAB
A assistência à saúde da família militar é uma
das principais prioridades do Comando do Exército,
que tem envidado esforços no sentido de melhorá-
la e aperfeiçoá-la, mesmo com o importante desafio
enfrentado na manutenção do equilíbrio receita/des-
pesa do custo crescente da saúde em âmbito global,
uma vez que a inflação médica é muito superior à
O projeto Atendimento Básico de Saúde (ABAS), implantado em março de 2017, inaugurou uma nova filosofia que preza pela qualidade, agilidade e
humanização nos serviços.
inflação oficial, em função da
absorção de novas tecnolo-
gias da área de saúde, bem
como do aumento da expec-
tativa de vida da população
brasileira.
O Departamento-Geral
do Pessoal, a fim de enfrentar esses desafios e de
proporcionar o adequado atendimento aos bene-
ficiários do Fundo de Saúde do Exército (FUSEx),
dentre outras medidas, tem buscado a melhoria
nos processos gerenciais, com a implantação de di-
versos sistemas informatizados para modernizar a
gestão do sistema de saúde do Exército Brasileiro
(EB), a revisão da legislação da assistência à saúde
e o reequipamento e a modernização das Organi-
zações Militares de Saúde.
Por estar na Capital, o Hospital Militar de Área de
Brasília (HMAB) foi escolhido como hospital piloto do
Exército para a implantação
dessas melhorias. Foram de-
senvolvidas medidas com
a ideia de criar estratégias
diferentes aos habituais mei-
os e, dessa forma, reinventar
os processos, ferramentas ou
serviços, conjunto de ações chamadas de Programa
Inovar HMAB.
A primeira dessas ações foi o projeto Atendi-
mento Básico de Saúde, ou simplesmente ABAS,
que foi implantado no HMAB em 14 de março de
Hospital Militar de Área de Brasília 31
2017, como parte de um objetivo mais amplo de
fazer dessa Organização Militar de Saúde (OMS) um
hospital modelo, cujos ensinamentos pudessem ser,
posteriormente, disseminados para a maioria das
demais OMS do Sistema de Saúde do Exército.
O ABAS abriu as suas portas inaugurando uma
nova filosofia de atendimento, que pode ser resu-
mida em três palavras que soam como desafios
diários para os integrantes do HMAB: agilidade,
qualidade e humanização. Era preciso diminuir dras-
ticamente as filas de atendimento, ao mesmo tempo
que havia a necessidade de melhoria dos processos
internos em todos os sentidos, para prestar um me-
lhor atendimento aos beneficiários e, principalmente,
tornava-se essencial atacar uma das maiores fontes
de reclamações da medicina brasileira: a de que os
médicos e profissionais da área de saúde, ao longo
do tempo, perderam a sensibilidade no trato com
seus pacientes.
MAIS QUALIDADE AOS SERVIÇOS PRESTADOS
O projeto ABAS resgata algumas velhas e boas
práticas do atendimento de saúde que nunca deve-
riam ter deixado de existir, como é o caso do “médico
da família”, aquele que estava mais “próximo” do seu
paciente, que emitia o seu parecer baseado num di-
agnóstico holístico, preocupava-se com o todo, in-
clusive com o seu bem-estar emocional. Na outra
ponta, o ABAS trouxe para dentro do seu projeto
Hospital Militar de Área de Brasília 32
modernos conceitos de atendimento. Todos os pro-
cessos de atendimento estão sendo informatizados.
Agora, por exemplo, o paciente não precisa mais
ir ao hospital e enfrentar uma fila para apenas agen-
dar uma consulta. Isso pode ser feito, de forma sim-
ples, através do acesso ao site www.hmab.eb.mil.br,
fazendo o agendamento sem sair de casa. Mas, se o
usuário não estiver confortável com a internet, não
há problema algum: basta ligar para o telefone 0800
028 2724 e agendar a consulta por meio de opera-
dores, cujos serviços de call center foram contrata-
dos especialmente para esse fim, além de serem
treinados para esclarecer todas as dúvidas que pos-
sam vir a surgir. Outra opção para sanar as dúvidas
mais frequentes é por meio do WhatsApp do HMAB,
bastando apenas enviar mensagem para o número
(61) 99909-7471, onde o beneficiário terá disponível
diversas informações do hospital. E cumpre ressaltar
que a equipe médica do ABAS tem realizado um tra-
balho de medicina preventiva, ação que conseguiu
diagnosticar diversos tipos de doenças mais graves,
como câncer de pele, cardiopatias, linfomas e uso de
medicamentos desnecessários.
Para a implantação do ABAS foram necessárias
diversas melhorias no hospital, tanto no aspecto físi-
co como no humano, bem como na parte de tecno-
logia. Como exemplo, pode-se citar a reforma da re-
cepção que agora se chama Espaço de Convivência,
que é o local onde o paciente aguarda por sua con-
sulta; a reforma dos consultórios do ABAS; a ins-
talação de nova comunicação visual no hospital; a
aquisição de equipamentos de informática adequa-
dos ao novo atendimento, como computadores, ta-
blets, scanner, entre outros itens. O HMAB também
recebeu novos profissionais que foram capacitados
para prestar um atendimento em novo patamar de
qualidade aos nossos beneficiários. O atendimento
foi ampliado para o ABAS, funcionando de segunda
a sexta-feira, das 7h às 22h, e aos sábados, das 7h
às 12h.
A Central de Regulação também teve seu espaço
e sua equipe reformulados e adequados à nova reali-
dade do hospital. As emissões de Guias de Encami-
nhamento tiveram seu processo de atendimento
revisto para facilitar o atendimento aos nossos pa-
cientes. Dessa forma, o procedimento para dar entra-
da na guia começou a funcionar com hora marcada,
evitando filas e, além disso, o paciente pode retirar a
sua guia na internet, não tendo a necessidade de vir
novamente ao hospital para buscar.
Após um mês da inauguração do Atendimento
Básico de Saúde (ABAS), as primeiras pesquisas já
apontaram um índice de aceitação e satisfação aci-
ma de 90% por parte dos beneficiários do FUSEx. A
próxima etapa é o Registro Eletrônico, que vai pos-
sibilitar que os médicos do ABAS comecem a ter co-
municação direta, via chat, com os médicos especia-
listas do hospital, fazendo com que a equipe tenha
uma melhor interação.
Mas a ideia não é parar por aí. A filosofia do
novo Sistema de Saúde do Exército Brasileiro pre-
tende que seus hospitais desafiem seus próprios
modelos de gestão e busquem, dia a dia, melhorar
seus processos de atendimento. Com esse intuito
foi desenvolvido um sistema de auditoria de gestão
que ranqueará as unidades e premiará as melhores,
chamado de PASAM (Projeto de Acreditação da
Saúde Assistencial Militar). Esse projeto começou a
acontecer em março deste ano no HMAB e vai agre-
gar muita qualidade aos serviços oferecidos como
um todo.
ATENDIMENTO INTEGRADO ODONTOLÓGICO
Hospital Militar de Área de Brasília 34
Odontologia
O projeto Atendimento Integrado Odontológico (ATI-
NO) é a estratégia para a reorganização da atenção bási-
ca odontológica no âmbito da 11ª Região Militar/Coman-
do Militar do Planalto (11ª RM/CMP), importante tanto na
mudança do processo de trabalho quanto na precisão
do diagnóstico situacional. Alcançada por meio da sepa-
ração da clientela e aproximação da realidade das organi-
zações militares, bem como da
postura proativa desenvolvida
pelos profissionais de saúde.
Esse projeto surgiu da
necessidade de se construir
uma referência para o Serviço
de Saúde Odontológico no
processo de reorganização do cuidado à saúde bucal
realizado nas organizações militares, bem como na Or-
ganização Militar de Saúde (Hospital Militar de Área de
Brasília) como eixo estratégico para reorientação do mo-
delo assistencial no âmbito do Exército Brasileiro.
O projeto ATINO propõe trabalhar com um atendi-
mento odontológico integrado no qual os dentistas
serão aproveitados tanto em suas organizações militares
de origem, no curso de suas atividades normais, como
também atuarão eventualmente em outras organizações
militares por determinação da 11ª RM/CMP. A filosofia
proposta é empregar o melhor militar, no melhor local e
O Projeto ATINO tem como filosofia empregar o melhor militar, no melhor local e no melhor
momento, tornando sua atuação mais dinâmica e proporcionando tratamentos mais ágeis aos
demais militares.
no melhor momento. E, dessa
forma, dinamizar a ação dos
dentistas nas organizações
militares, assim como propor-
cionar tratamentos mais ágeis
aos militares da tropa.
Para alcançar este objetivo,
é necessário conhecer a realidade epidemiológica da
tropa, bem como levantar dados para direcionar o atendi-
mento odontológico dos dentistas. O projeto ATINO tem
como uma de suas principais bases a Avaliação Diag-
nóstica, que servirá de base para o planejamento sobre
Hospital Militar de Área de Brasília 35
quais e quantos profissionais que deverão ser emprega-
dos para o atendimento, o tempo que será necessário
deixar a tropa em condição apta, e o quantitativo e tipo de
materiais e recursos necessários.
Outro aspecto importante é que a ação do projeto
ATINO é voltada prioritariamente a militares da ativa,
notadamente do corpo de tropa do Exército Brasileiro.
Assim fortalecendo a missão precípua do dentista nas
Forças Armadas, que é garantir a prontidão da tropa. Con-
tudo, haverá ações voltadas aos dependentes e militares
da reserva com intuito de conhecer a realidade epidemi-
ológica e proporcionar um atendimento precoce.
O projeto ATINO propõe atuar com Avaliações Diag-
nósticas rotineiras e padronizadas, desta forma agindo
de forma proativa, buscando condições de doença ainda
em seus estágios iniciais, onde o tratamento é simples,
barato e rápido.
Etapas propostas para a realização do Projeto Atino
A implementação do projeto está planejada em
três etapas. A primeira visa a construção de um projeto
prático de trabalho e a experimentação in loco da me-
todologia proposta. Tal ação será realizada no Batalhão
da Guarda Presidencial, Batalhão de Polícia do Exército
Brasileiro e Colégio Militar de Brasília.
A segunda etapa visa estender a sistemática de tra-
balho a demais organizações militares da 11ª RM/CMP.
As diversas realidades das organizações militares per-
mitirão aprimorar a sistemática de trabalho em vista a
uma possível aplicação futura nacional.
Concluindo a implantação, na terceira etapa, serão
realizadas atividades voltadas para os militares da reser-
va e dependentes. Onde as diversas áreas residenciais
(vila do RCG, vila do SMU, entre outras) serão alvo de
ações de Avaliação Diagnóstica e de Atendimentos
Emergenciais e Essenciais.
Atualmente, o projeto se encontra na implemen-
tação da primeira etapa, na qual já foi realizada a ação de
Avaliação Diagnóstica e estão sendo realizadas ações
de atendimento. Como primeiros resultados, já se modi-
ficou a situação odontológica desses militares, pois cer-
ca de dois a cada 10 praças apresentavam condições
precárias que já foram estabilizadas.
Os primeiros dados epidemiológicos mostraram
que existe uma grande demanda por serviços odon-
tológicos, que está oculta nas unidades, pois cerca de
seis a cada 10 militares necessitam de algum trata-
mento odontológico. Como resultado dessa ação e
da proposta do projeto ATINO, o atendimento a es-
ses militares em suas unidades de origem elevaram
substancialmente em número e em faturamento da
seção de Saúde.
Hospital Militar de Área de Brasília 36
Avaliação diagnóstica
Para a concretização da implementação do proje-
to ATINO é necessária a concentração de esforços e o
apoio de todos seus agentes. A médio e longo prazo, in-
tenta criar uma Rede Integrada de Saúde Odontológica
que atue de forma dinâmica e estratégica na prevenção
e promoção de saúde, como também nas ações curati-
vas, a fim de garantir as condições ideais de saúde para a
prontidão dos militares.
A proposição e efetivação do projeto ATINO, por meio
da reorganização da sistemática de atenção à saúde, tem
em seus pilares a Atenção Básica. Organizar as ações do
nível da Atenção Básica é o primeiro desafio lançado, na
certeza de que sua consecução significará a mudança do
modelo assistencial no campo da saúde bucal.
A médio e longo prazo, planeja-se criar uma Rede Integrada de Saúde Odontológica que atue a fim de garantir as condições ideais de saúde
bucal para a prontidão dos militares.
HMAB atua em diferentes frentes na identificação de pacientes com osteoporose que já sofreram fratura, visando prevenir a refratura iminente
Tenente Coronel Paulo César PortinhoChefe da Clínca Ortopédica do HMAB
A osteoporose é uma doença esquelética ca-
racterizada por comprometimento da resistência
óssea, predispondo ao aumento do risco de fratu-
ras. A resistência óssea reflete a integração de dois
aspectos principais: densidade óssea e qualidade
óssea. (NIH Consensus Development Panel. JAMA.
2001;285:785)
Os pacientes atingem o pico de massa óssea
por volta dos 20 anos. A partir dos 30 anos, a per-
da espontânea de massa, fisiológica, ocorre gra-
dualmente, de acordo com a idade do paciente. A
A incidência de fraturas de quadril aumentará substancialmente no
ano de 2050: 240% em mulheres e 320% em homens.
perda de massa óssea está
diretamente relacionada à
ocorrência de fraturas por
fragilidade.
As mulheres apresentam
maior prevalência de fra-
turas após a menopausa. Estima-se que 30% das
mulheres com mais de 50 anos terão osteoporose.
Em consequência, aumenta o risco de fraturas: 50
a 60 anos prevalecem as fraturas de punho, 60 a
70 anos, as fraturas de coluna e 70 a 80 anos, as
fraturas do quadril.
Nos homens, segue o mesmo padrão, modifi-
cando a prevalência de acordo com a idade. Entre-
tanto, na fratura de quadril, a mortalidade é maior
em homens do que em mulheres. (A. Looker et al.
Osteoporos Int 1998; 8: 468-489. Watts NB. Am
Fam Physician. 1988; 38:193)
Atualmente, estamos experimentando uma
pandemia de fraturas osteoporóticas. A prevalên-
cia é superior a 200 milhões de pessoas no mundo
com osteoporose. A incidência de fraturas de qua-
dril aumentará substancialmente no ano de 2050:
240% em mulheres e 320% em homens.
A fratura de quadril aumentará de 1,7 milhão em
1990 para 6,3 milhões em 2050. (International Os-
teoporosis Foundation 2015)
Desta forma, podemos extratificar os nossos
beneficiários de acordo com os parâmetros rela-
cionados acima e realizar
a prevenção da fratura por
osteoporose. Devemos evi-
tar a primeira fratura; se não
for possível, fazer com que a
primeira fratura seja a última.
Atualmente, os beneficiários do Fundo de
Saúde do Exército (FUSEx), que necessitam de
tratamento cirúrgico (prótese total do quadril), devi-
do a fratura por osteoporose, têm um custo unitário
mínimo de 40 mil reais (4) (10 mil dólares) com
tratamento cirúrgico e hospitalar. Este cálculo não
considera os custos, caso ocorram complicações
inerentes ao tratamento cirúrgico ortopédico e à
patologia em questão.
No âmbito militar, as movimentações durante a
carreira podem comprometer o acompanhamento
e o tratamento do paciente e, consequentemente,
Hospital Militar de Área de Brasília 39
REDUÇÃO DE FRATURAS OSTEOPORÓTICAS: IMPACTO NOS CUSTOS COM PACIENTES
Ortopedia
Hospital Militar de Área de Brasília 40
Proposta apresentada no World Congress on Osteoporosis, Osteoarthritis and Musculoskeletal Diseases (WCO-IOF-ESCEO Krakow 2018)
facilitar a ocorrência de complicações (novas fratu-
ras com necessidade de novos tratamentos cirúrgi-
cos), onerando o beneficiário e o FUSEx.
A captação desses pacientes é fundamental
para elaborarmos um banco de dados e realizarmos
o seguimento do tratamento instituído. O banco de
dados, juntamente com um protocolo de diagnós-
tico e tratamento, favorece o paciente na extratifi-
cação e direcionamento do tratamento adequado
com posterior acompanhamento. Estas medidas
diminuem o risco da prescrição de medicamentos
de alto custo, desonerando o
paciente e o FUSEx.
Existe uma força-tarefa
mundial para captação de
pacientes fraturados, visando
prevenir a refratura que, inevitavelmente, ocorrerá.
No HMAB, estamos realizando esse processo há
seis anos dentro do ambulatório de Ortopedia. Te-
mos possibilidades de realizar um tratamento mul-
tidisciplinar (especialidades afins) e medicamento-
so (osteoporose grave), beneficiando o usuário do
FUSEx. O mais importante é conseguir a adesão do
paciente ao tratamento instituído e o acompanha-
mento da resolução do quadro clínico do paciente.
Temos várias maneiras de captação dos pa-
cientes: campanhas educativas/institucionais (Se-
mana de Prevenção da Osteoporose do HMAB),
ambulatórios das especialidades afins (ortopedia,
reumatologia, geriatria, endocrinologia e ginecolo-
gia), pacientes oriundos do pronto socorro de or-
topedia, pacientes de instituições de saúde cre-
denciadas que necessitam de tratamento cirúrgico
(como prótese total de quadril, osteossínteses, ci-
rurgias da coluna, entre outros procedimentos).
Como o FUSEx atua em
todo o território nacional, a
proposta de um protocolo
unificado nos parece uma
medida razoável para manter
o controle do tratamento dos pacientes do banco
de dados. Outra possibilidade de controle pode ser
efetuada por uma notificação compulsória das fra-
turas do quadril por fragilidade. Tais medidas são
plausíveis devido ao baixo custo de sua implan-
tação, fácil reprodutibilidade aos profissionais de
saúde e estrutura administrativa viável em todas as
instituições de saúde do Exército Brasileiro.
A proposta de um protocolo unificado pode ser uma medida razoável para
manter o controle do tratamento dos pacientes do banco de dados.
Pacientes com fraturas do quadril tratados pelo Fundo de Saúde do Exército (FUSEx)em 2017, distribuídos por sexo e idade
Com que frequência você vai ao oftalmologista? As consultas periódicas para checar a saúde ocular podem evitar que você faça parte das estatísticas alarmantes do glaucoma, que, segundo a Organi-zação Mundial da Saúde (OMS), afeta mais de um milhão de brasileiros. Ainda de acordo com a OMS, essa doença atingirá 80 milhões de pessoas no mun-do em 2020.
O oftalmologista Tarciso Schirmbeck, do Visão Institutos Oftalmológicos, explica que o glaucoma é uma doença grave, silenciosa, que afeta o nervo óp-tico e pode levar à cegueira. Por isso, somente nas visitas ao médico é possível identificar precocemente os sinais dessa alteração ocular. “O glaucoma é as-sintomático, na maioria dos casos. Desta forma, as consultas com o especialista devem ter uma frequên-cia anual, a partir de 40 anos, já que este problema
GLAUCOMA: ESTATÍSTICAS ALARMANTESOrganização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a doença afeta mais de um milhão de
brasileiros e, em 2020, deve atingir 80 milhões de pessoas no mundo.
Dr. Tarciso Schirmbeck
costuma ser desenvolvido em idades mais avança-das. Além disso, deve-se controlar adequadamente o diabetes e a hipertensão arterial, que podem causar glaucoma secundário, chamado neovascular”, es-clarece o médico.
Dr. Tarciso acrescenta que somente numa fase mais avançada o indivíduo sentirá incômodos sufi-cientes para levá-lo a buscar ajuda médica. “Quando a doença está num estágio mais evoluído, o paciente percebe uma redução da visão e a diminuição do campo de visão. Nos casos de aumento agudo da pressão intraocular, conhecido como glaucoma agu-do, a pessoa apresenta diminuição da visão, visão de halos coloridos, dor intensa no olho, olho verme-lho, náuseas e vômitos. Neste momento, é preciso procurar atendimento imediatamente”, ressalta.
Apesar da gravidade do glaucoma, a boa notícia é que, se tratada corretamente e, principalmente, na fase inicial, a doença pode ser estabilizada, evitando assim a perda total da visão. “O objetivo do trata-mento é reduzir a presão intraocular. Na maioria das vezes, ele é feito somente com o uso de colírios. Em situações mais graves, pode ser necessária uma ci-rurgia, realizada de forma tradicional, com o uso de laser, ou por meio de implantes”, conta o oftalmolo-gista.
Por fim, Dr. Tarciso enfatiza que não há como frear a incidência do glaucoma, mas é possível fazer a de-tecção da enfermidade, proporcionando tratamento apropriado e reduzindo o índice de comprometimen-to visual. “A estatística progressiva da doença está relacionada ao envelhecimento e ao fato do glauco-ma ser mais comum em idades avançadas. Então, quanto maior é a expectativa de vida do brasileiro, mais pessoas terão glaucoma. Não tem como fugir deste dado. Por isso, temos que investir em consci-entização e prevenção”, finaliza o especialista.
O CRISTALINO E SUA EVOLUÇÃO NATURAL
Hospital Militar de Área de Brasília 44
Oftalmologia
Tenente Coronel Hailton Antônio Casara CavalcanteChefe da Oftalmologia do HMAB
Por volta dos 40 anos de idade, o cristalino vai se tornando, progressivamente, mais rígido e, com isso, acaba perdendo o poder de acomodação, deixando que o foco da visão fique cada vez mais distante.
O olho humano possui duas estruturas que possibilitam
projetar a imagem na retina e permitir o processo de visão
com nitidez: a córnea e o cristalino. A córnea é a estrutura
anterior do olho, em forma de cúpula convexa, transparente,
que reflete a cor da íris. O cristalino é uma lente natural que se
localiza atrás da pupila e possui cerca de 13 graus (dioptrias),
podendo variar para mais, conforme a necessidade de fo-
calizar objetos mais próximos. O seu poder dióptrico (grau) é
variável e, caso seja maior ou menor que o necessário, a ima-
gem pode não ser projetada na
retina e contribuir para os denomi-
nados vícios de refração (miopia,
hipermetropia ou astigmatismo).
Inicialmente, nas três primei-
ras décadas de vida, o cristalino
é transparente e mais flexível, sofrendo ajustes em sua con-
formidade, dependendo da distância que se encontra o ob-
jeto a ser focalizado, para que a imagem seja projetada na
retina. Esse processo é denominado acomodação. Por volta
dos 40 anos de idade, o cristalino inicia modificação na sua
estrutura, tornando-se, progressivamente, mais rígido e, com
isso, acaba perdendo o poder de acomodação, deixando que
o foco fique cada vez mais distante. É por esse motivo que
pessoas com mais de 40 anos necessitam afastar o braço
para poder achar o melhor foco. Esse processo é chamado
de presbiopia. Devido à presbiopia, as pessoas com mais de
40 anos, com exceção dos míopes, necessitam de óculos
para perto, para que o foco seja aproximado através de uso
de lentes positivas. Quem já usa óculos para corrigir a hiper-
metropia ou astigmatismo, e passa a desenvolver presbiopia,
necessita de um complemento
para perto: o óculos com lentes
progressivas é a melhor opção.
Quem tem miopia possui facili-
dade de ler para perto sem o uso
de óculos, pois o míope tem o
foco de visão mais próximo do olho, compensando, assim, o
efeito da presbiopia. Quem tem somente presbiopia, neces-
sita apenas de um óculos para perto, para leitura.
Por volta dos 60 anos de idade, o cristalino continua
o seu processo natural de maturidade e vai ficando mais
opacificado, dificultando a passagem da luz para a retina.
Hospital Militar de Área de Brasília 45
Desenho mostra córnea e cristalino do olho humano, responsáveis
por permitir o processo de visão com nitidez
Essa opacificação do cristalino é chamada de catarata. Quem
tem catarata queixa-se de embaçamento da visão, principal-
mente, à noite, distorção das imagens de faróis dos carros,
lâmpadas, estrelas e lua. É como se o vidro transparente de
uma janela ficasse turvo e impedisse a boa visualização da
imagem externa.
A opacificação do cristalino é progressiva. Quando chega
ao ponto de causar sintomas, a solução é realizar a cirurgia
de catarata (denominada de facoemulsificação) e implantar
uma lente artificial altamente transparente para substituir o
cristalino opacificado. A média de idade das pessoas que tem
catarata e precisam realizar a facoemulsificação é por volta
dos 65 anos, variando para mais ou para menos, conforme
característica natural de cada pessoa. A catarata é a principal
causa de cegueira reversível no mundo.
Para decidir sobre o me-
lhor momento para realizar
a cirurgia de catarata (faco-
emulsificação), é necessário
o acompanhamento oftal-
mológico periódico anual,
pois, assim, é possível iden-
tificar as modificações do
cristalino e a sua repercussão
na qualidade da visão do pa-
ciente. A cirurgia de catarata
não é considerada urgência,
pode ser programada tran-
quilamente, desde que se
venha em acompanhamento
oftalmológico periódico.
Na cirurgia de catarata, é necessário substituir o cristali-
no opacificado por uma lente artificial com grau equivalente.
Essa lente é denominada lente intraocular (LIO). Antigamente,
quando não existia LIO, as pessoas que eram operadas de
catarata tinham que usar um óculos de grau elevado (cerca
de 12 graus), denominado popularmente de óculos “fundo
de garrafa”. Atualmente, existem lentes intraoculares de alta
qualidade, dobráveis, que são introduzidas por incisões tão
minúsculas que dispensam a necessidade de sutura. Exis-
tem lentes intraoculares monofocais, multifocais, trifocais e
tóricas. As lentes multifocais, trifocais e tóricas são considera-
das especiais (Premium) e não são cobertas pelos planos de
saúde. Essas lentes especiais têm um valor comercial muito
alto. O objetivo dessas lentes é corrigir os vícios de refração
e substituir a necessidade de óculos. A chance de deixar de
usar óculos é grande, mas algumas pessoas, mesmo com as
lentes especiais, necessitam de um complemento com ócu-
los para ter uma visão mais detalhada. Existe a possibilidade
de evitar o uso de óculos com as lentes monofocais, que são
mais baratas e os planos de saúde cobrem boa parte de seu
custo. Nesse caso, implanta-se uma LIO num olho que permi-
ta zerar o grau de longe e implanta-se uma LIO no outro olho
com um pouco de grau suficiente para possibilitar a leitura
de perto. Esse processo é chamado de báscula. Com isso, é
possível também deixar de usar óculos. Para a implantação
das lentes especiais (Premium), algumas instituições oftal-
mológicas indicam o uso do laser (femtolaser), que também
não é coberto pelos planos de saúde. O femtolaser é utilizado
antes da cirurgia propriamente dita para realizar as incisões e
a fragmentação do cristalino. É equivalente a uma parte do
processo manual realizado pelo cirurgião de catarata experi-
ente na cirurgia sem o uso de femtolaser. É preciso conversar
abertamente com o cirurgião
de catarata assistente para
escolher a opção que me-
lhor atenda as necessidades
e expectativas e verificar o
custo-benefício, já que o a-
certo financeiro dessas lentes
especiais e do femtolaser é
entre o paciente e a Institui-
ção de Saúde onde será re-
alizada a cirurgia. A cobertura
dos planos de saúde é para
as lentes monofocais.
Por fim, a presbiopia e
a catarata têm de ser en-
carados como um processo
natural do nosso organismo. É como o cabelo branco: chega
para todos. Quem tem catarata é sinal de que está vivendo
bastante. Com a tecnologia atual, é possível resolver a cata-
rata com uma cirurgia e o implante de uma lente artificial. É
a denominada facoemulsificação com implante de lente in-
traocular. É um procedimento médico seguro, rápido e con-
siderado a modalidade de cirurgia mais realizada no mundo.
Sinal de que as pessoas estão ficando mais longevas e bus-
cam maior qualidade de vida.
O HMAB dispõe de equipamentos e instrumentais para
a realização da facoemulsificação e também dispõe de lentes
monofocais e tóricas. Também dispomos de rede credencia-
da para realizar esse procedimento, caso não seja possível
atender a demanda e as necessidades específicas dos be-
neficiários. Dispomos de um corpo clínico capacitado para re-
alizar o diagnóstico, orientar o pré-operatório e o seguimento
dos pacientes pós-cirúrgicos.
Hospital Militar de Área de Brasília 47
A IMPORTÂNCIA DA IMUNIZAÇÃO
Vacinação
Poucos avanços na medicina foram tão importantes para
o aumento da expectativa de vida humana quanto o surgimen-
to das vacinas. Com o passar dos anos, o uso de vacinas para
imunizar pessoas contra os mais variados tipos de doenças,
levou à erradicação das mesmas. O principal efeito da vaci-
nação é garantir a boa saúde do indivíduo, embora muitas pes-
soas ainda não percebam a sua importância.
As vacinas não apresentam risco à saúde e garantem be-
nefícios de longo prazo, não apenas ao indivíduo, mas também
às pessoas com que ele se relaciona. Estando imunizada, a
pessoa deixa de ser um possível vetor para a doença, impedin-
do assim que a mesma se espalhe para pessoas que ainda
não foram vacinadas, contribuindo assim para a não existência
de epidemias nos dias atuais.
Manter o cartão de vacinas em dia é de extrema importân-
cia. Algumas vacinas devem ser renovadas ao longo dos anos,
pois o vírus ou a bactéria que gera a doença pode vir a so-
frer mutações que os permita sobreviver à imunidade que o
organismo adquiriu em sua primeira vacinação. Portanto, é
necessário que se preste muita atenção ao seu cartão, espe-
cialmente para certas vacinas que devem ser renovadas com
prazos maiores.
A vacinação realizada no Hospital Militar de Área de Bra-
sília (HMAB) segue a Instrução Normativa do Programa Na-
cional de Imunizações do Distrito Federal (PNI), que se baseia
no Calendário Nacional de Vacinação, conforme Portaria 1533,
de 18 de agosto de 2016, com funcionamento de segunda à
-Vacina Poliomielite oral (VOP): 15 meses e 4 anos de
idade;
-Vacina Poliomielite inativada (VIP): 2 meses, 4 meses e 6
meses de idade;
-Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola): 12 meses até
49 anos de idade;
-Tetra Viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela): 15 me-
ses de idade;
-Rotavírus (VORH): 2 meses e 4 meses de idade;
-Pneumocócica 10-Valente: 2 meses, 4 meses e 1 ano de
idade;
-Pentavalente: 2 meses, 4 meses e 6 meses de idade;
-Meningocócica C: 3 meses, 5 meses e 1 ano de idade;
-HPV: para adolescentes de 11 a 14 anos de idade / Meninas
de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos;
-Hepatite B: disponível para toda a população, indepen-
dente da idade;
sexta-feira, no horário das 8h às 12h. O box abaixo apresenta o
estoque de vacinas e a sua respectiva faixa etária.
-Hepatite A: 15 meses de idade;
-Febre amarela: 9 meses e adultos até 59 anos de idade
(dose única). Pacientes acima de 60 anos é necessário pedido
médico (relatório) constatando o motivo para vacinação;
-DTpa: Gestantes a partir da 20ª semana de gestação;
-dT Dupla Adulto (difteria e tétano): a partir de 7 anos, com
reforço a cada 10 anos de idade;
-DPT (difteria, tétano e coqueluche): 15 meses e 4 anos de
idade;
-Varicela: introduzida neste ano pelo PNI, para pacientes de
4 a 6 anos de idade.
O HMAB dispõe também da vacina para HPV quadrivalente
(Gardasil). Essa vacina está disponível para militares e seus de-
pendentes, conveniados pelo FUSEx, sendo necessário indi-
cação médica. A vacina do HPV (Gardasil) está disponível para
mulheres de 15 a 45 anos de idade e homens de 15 a 26 anos
de idade.
Estoque de vacinas do HMAB e faixas etárias para imunização
Hospital Militar de Área de Brasília 48
Centro Cirúrgico
HÉRNIAS ABDOMINAIS E O IMPACTO NO SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO
Coronel Médico R1 Gilvan Marques Teodoro2º Tenente Médico Anwer Marques Costa Arbat
Hérnias abdominais são defeitos da parede ab-
dominal que permitem que o conteúdo desta cavidade
se insinue através dela, determinando assim abaula-
mentos bem delimitados em suas áreas de projeções.
São exemplos de hérnias abdominais, de acordo com
As hérnias inguinais sãoas mais prevalentes e as que
mais causam afastamento das atividades laborativas.
suas localizações: umbilical,
epigástrica, inguinal, femo-
ral e incisional (que surgem
sobre cicatrizes cirúrgicas
prévias). Dentre todos os ti-
pos de hérnias, as inguinais
são as mais prevalentes e as
que mais causam afastamento das atividades laborati-
vas. (ABRAHAMSON et al., 1998)
A apresentação clínica das hérnias inguinais é bem
variada. Pode-se apresentar com sintomas subclínicos
ou assintomáticos, abaulamentos sintomáticos que
pioram aos esforços físicos, encarceramento ou até o
estrangulamento de alças intestinais, que se configura
como a situação mais crítica, e que requer uma aborda-
gem pressurosa, necessitando, muitas vezes, de cirurgia
de urgência.
O diagnóstico de hér-
nia inguinal é simples e, es-
sencialmente, clínico, sendo
detectado com o exame
físico adequado, não sendo
necessários exames com-
plementares, na maioria das vezes. Com o paciente em
posição de pé ou deitado, solicita-se que ele realize
uma manobra de elevação da pressão intra-abdominal,
a exemplo da manobra de Valsalva. Nesse momento,
Hospital Militar de Área de Brasília 49
pode-se notar o abaulamento na região da hérnia ou se
pode, através da palpação com a colocação do dedo in-
dicador, examinar por dentro do canal inguinal (Manobra
de Landivar), sentir o conteúdo abdominal herniado. (RA-
MANAN et al., 2014)
Raramente são necessários exames complemen-
tares para realização do diagnóstico. Porém, quando
preciso, o primeiro exame a ser solicitado seria uma ul-
trassonografia da região da virilha; caso ainda persista
a dúvida, pode-se solicitar uma ressonância magnética
do mesmo local, com a realização da manobra de Val-
salva; e, por último, uma herniografia ou peritoneografia.
(SIMONS et al., 2009)
Apesar de alguns estudos adotarem uma conduta
expectante, não indicando correção cirúrgica para os
portadores de hérnias inguinais, que são assintomáti-
cos, sabe-se que esta é uma doença cujo tratamento só
é realizado através de cirurgia, podendo ser utilizadas di-
versas técnicas, desde cirurgias abertas à videolaparos-
cópicas. (RAMANAN et al., 2014)
O tempo para o retorno às atividades físicas e labo-
rais é um tema sempre em discussão e tem como maior
objetivo diminuir os riscos de recorrências. Porém, com
a maior adesão às técnicas de Lichtenstein e à video-
laparoscópica, ele tem se tornado cada vez menor, com
alguns sugerindo um retorno precoce, em torno de três
semanas. Este seria o tempo médio de cicatrização da
pele, do tecido celular subcutâneo e de formação da fi-
brose que adere a tela aos tecidos adjacentes. (BUHCK
et al., 2012)
Já outros tentam demonstrar que o índice de recor-
rência está ligado mais ao grau de esforço físico que a
profissão exige e não ao tempo de repouso. Como ana-
lisado por Ross, ao realizar um acompanhamento, por
quatro anos, de pacientes submetidos a reparo cirúrgico
de hérnias inguinais. Ao dividir os pacientes por níveis
de esforço exigido no trabalho, verificou-se, por exem-
plo, que o risco de recorrência no grupo de trabalho leve
foi de 4,5% e de moderado a intenso de 11,4%, indepen-
dente se passaram menos ou mais de seis semanas de
repouso. (ROSS, 1975)
Um estudo observacional realizado em 2009 no
Brasil, buscando identificar quais as principais causas de
afastamento do trabalho e de fornecimento de benefí-
cio de Auxílio-Doença em trabalhadores da construção
civil, atividade que exige um maior esforço físico, iden-
tificou que o acometimento de trabalhadores com hér-
nias inguinais constituía-se como a quarta causa de
afastamento, demonstrando, assim, o quanto esta pato-
logia interfere nas atividades laborativas da sociedade.,
conforme mostra tabela da página seguinte. (MELO e
BRANCO, 2009)
Com a maior adesão às técnicas de Lichtenstein e à videolaparoscópia, o tempo para o retorno às atividades
físicas e laborais fica em torno de três semanas após a correção cirúrgica de
hérnias inguinais.
Hospital Militar de Área de Brasília 50
*A população de estudo corresponde à média dos vínculos empregatícios declarados pelos empregadores na CNAE - Seção F - Construção, no período: 1.784.772 vínculos. / Agrupamentos CID-10 – Descrição:
M40-M54 – Dorsopatias; S60-S69 – Traumatismo do punho e da mão; S80-S89 – Traumatismo do joelho e da perna; K40-K46 – Hérnias; S90-S99 – Traumatismos do tornozelo e do pé; M00-M25 – Artropa-
tias; M60-M79 – Outros transtornos dos tecidos moles; S50-S59 – Traumatismos do cotovelo e do antebraço; S40-S49 – Traumatismos do ombro e do braço; F10-F19 – Transtornos mentais e comportamentais
devido ao uso de substância psicoativa; S00-S09 – Traumatismos da cabeça; I80-I89 – Doença das veias dos vasos linfáticos e dos gânglios linfáticos, não classificados em outra parte; F30-F39 – Transtornos do
humor (afetivos); C00-C97 – Neoplasias (tumores) malignas(os); T90-T98 – Sequelas de traumatismos de intoxicações e de outras consequências das causas externas; I20-I25 – Doenças Isquêmicas do coração;
I10-I15 – Doenças hipertensivas; S30-S39 – Traumatismos do abdôme, do dorso, da coluna lombar e da pelve; S70-S79 – Traumatismos do quadril e da coxa; Classes CNAE – Descrição: 4120 – Construção de
edifícios; 4211 – Construção de rodovias e ferrovias; 4212 – Construção de obras de arte especiais; 4221 – Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações; 4222 – Construção de
redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas; 4292 – Montagem de instalações e de estruturas metálicas; 4312 – Perfurações e sondagens; 4313 – Obras de terraplanagem; 4321
– Instalações elétricas; 4322 – Instalações hidráulicas de sistemas de ventilação e refrigeração; 4329 – Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente; 4330 – Obras de acabamento
No meio militar não é diferente. A presença de hérnias
inguinais pode interferir nas atividades da Organização
Militar, tanto quando, na presença dos sintomas álgicos,
o militar não desempenha suas atividades normalmente,
como pelo próprio afastamento necessário para o trata-
mento cirúrgico, e mesmo no pós-operatório, pois podem
apresentar as complicações pós-operatórias, tais como
recorrência da hérnia e dores pós-operatórias, que podem
limitar suas atividades. (ROY e KHAN, 2015)
Diante desse problema, cresce a importância de se re-
alizar uma inspeção de saúde mais rigorosa para seleção
de militares, mais atenta para a detecção de hérnias ab-
dominais, principalmente as inguinais.
Como já é previsto pelo Decreto 703, de 1992, que
regulamenta as instruções técnicas para inspeção de
conscritos, voluntários e candidatos em Órgão de For-
mação de Oficiais da Reserva, a inspeção de saúde deve
ser realizada em três etapas, sendo que, na segunda (se-
leção geral e suplementar), está previsto um exame do
aparelho digestivo, buscando identificar anormalidades
na parede abdominal.
Dessa forma, o tema em destaque tem uma grande
importância para o funcionamento adequado do ambiente
militar, pois, além de ser uma patologia extremamente fre-
quente, principalmente, na faixa etária de seleção de can-
didatos e conscritos para o serviço militar, ela afeta as or-
ganizações militares por aumentar os gastos com saúde
e também atrapalhar o seu funcionamento, pelo fato dos
militares ficarem incapazes temporariamente, tanto para a
correção cirúrgica quanto para o período de recuperação.
Sem contar que os pacientes submetidos ao tratamento
podem apresentar complicações pós-cirúrgicas, como
dores e recorrências, que podem afastar ainda mais os
militares de suas atividades.
Portanto, realizar inspeções de saúde com mais rigor
e com foco voltado também para a detecção de hérnias
abdominais se configura uma atitude de extrema rele-
vância para as Forças Armadas, evitando assim gastos
excessivos na área da saúde e diminuindo o impacto no
serviço militar.