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AULAS PRÁTICAS FARMÁCIA FARMACOGNOSIA I

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AULAS PRÁTICAS

Prof. Walter Antonio Roman Júnior

FARMÁCIA

FARMACOGNOSIA I

Aula 1

Cuidados no Laboratório de Farmacognosia e Morfodiagnose Vegetal (Características Macroscópicas de Folhas)

Aula 2

Morfodiagnose Vegetal: Características Microscópicas de Folhas

Morfodiagnose: constitui-se na aplicação de conhecimentos morfológicos e

anatômicos da botânica na confirmação da identidade de drogas vegetais (Fig 1).

Figura 1 Mesófilo da folha de Bardana (Arctium lappa Lin.)

Metodologia para obtenção de cortes histológicos

O passo inicial consiste na escolha de uma folha em bom estado. A seguir

coloca-se a mesma entre dois pedaços de isopor (aproximadamente 2 cm) e

prensa-se o sistema com os dedos. Na seqüência, nivela-se superficialmente e

corta-se transversalmente fatias finas do vegetal, num movimento único do

começo até o fim. Recolhem-se e seleciona-se os cortes em água, e a seguir

passa-se os cortes para hipoclorito (água sanitária) para descoloração (retirada da

clorofila), aproximadamente 5 minutos, e a seguir voltou-se para a água para

retirada do excesso de hipoclorito bem os cortes.

Epiderme da face adaxial

clorofiliano paliçádico

Parênquima clorofiliano lacunoso

Parênquima

Inicia-se então a coloração na seqüência (sistema safrina - azul de astra).

Primeiro deixando-se o corte (material vegetal selecionado) 40 segundos na

safrina (corante vermelho), e após o mesmo é novamente levado para a água para

retirado do excesso desse corante. Em seguida coloca-se o corte vegetal cerca de

dois minutos no azul de astra (corante azul), e novamente lava-se com água para

retirada do excesso de corante. O material vegetal corado é colocado sobre uma

lâmina contendo uma gota de água destilada e sobre esse sistema é colocada

uma lamínula de vidro. Esse sistema é então, observado no microscópio iniciando-

se pelas lentes de maior aumento.

Dados de microscopia: Observa-se nas folhas os seguintes itens:

- Presença e tipo de tricomas (pêlos) (glandulares e tectores, uni ou

pluricelulares)

- Presença de estômatos e em qual epiderme

- Tipo de mesófilo (parênquima paliçádico e lacunoso)

o Mesófilo homogêneo (mesmo tipo de células)

o Mesófilo heterogêneo (tipos diferentes de células)

Simétrico

Assimétrico

- inclusões: cristais, grãos de amido, glândulas, etc.

Atenção: Todas as estruturas observadas deverão ser desenhadas e destacadas

com lápis de cor

Aula 3

Confecção de exsicatas

Introdução

Estudos sugerem que o total de espécies vegetais no globo está em torno

de 550.000 espécies. Essa diversidade é responsável pela dificuldade que os

biólogos têm em reconhecer todas as plantas, e classificá-las em sistemas que

reflitam a sua real posição hierárquica na natureza. Nesse sentido, alguns

procedimentos precisam ser utilizados para facilitar a identificação de um ser vivo

e sua colocação em um sistema já estabelecido.

A identificação consiste na comparação de uma espécie já descrita, e é

feita a cada vez que se deseja conhecer o nome de um ser coletado ou

encontrado na natureza; pode ser baseada na comparação com outro existente

em uma coleção ou na comparação de suas características com descrições e

ilustrações encontradas na literatura.

Quando se trabalha com plantas, a identificação da espécie e sua

perpetuação como testemunho são os passos mais importantes para que qualquer

investigação possa ser reproduzida. Estudos com plantas medicinais nas diversas

áreas da ciência para que mereçam confiabilidade, devem partir da certeza de que

as espécies envolvidas estejam corretamente identificadas e depositadas no

herbário de uma instituição. Para tanto, alguns procedimentos devem ser

seguidos, tais como coleta, herborização (confecção de exsicatas) e registro de

dados.

Coleta A coleta é o processo de se retirar uma ou mais plantas, inteira ou parte

delas da natureza. Na escolha da espécie a ser coletada devemos ter cuidado

para não retirarmos da natureza exemplares em risco de extinção que são alvo de

fiscalização de agências federais (IBAMA, FATMA, etc). Quando se coleta com o

intuito de identificar uma espécie, pode-se retirar da natureza pouco material, mas

quando o objetivo é o de se obter extratos ou substâncias ativas grande

quantidade de material deve ser coletada.

A preparação da exsicata (do latin excsicco = secar) inicia com a coleta

tendo-se cuidado de coletar plantas que contenham estruturas reprodutivas, como

flores e frutos, o que facilita a identificação. Plantas pequenas podem ser retiradas

inteiras, e plantas maiores devem-se retirar porções terminais com tamanho

aproximado de 30 cm (3 amostras no mínimo). Também devemos ter cuidado para

retirada de amostras vegetais sadias, sem fungos, parasitas, quebradiças, nem

retirar amostras de material do solo. Em resumo o material deve ser representativo

do todo do vegetal e estar em ótimas condições de desenvolvimento.

Para finalizar, essa etapa deve ser acompanhada da elaboração de uma

ficha de coleta, contendo data, hora, local, parte coletada, estação do ano,

condições climáticas do dia, um local de refer6encia, nome do coletor, abundância

da planta no local, etc.

Herborização e registro de dados É o processo de preparação do material coletado para preservá-lo em uma

coleção de plantas denominada herbário. Mesmo que o objetivo da coleta seja a

obtenção de um extrato ou de substâncias ativas, é obrigatória a preparação de

uma exsicata que servirá de testemunho de que aquela espécie foi utilizada para

este ou aquele procedimento.

COLETA

Identificação botânica Trabalho em laboratório

A metodologia consiste em colocar o material coletado em várias folhas de

papel absorvente (geralmente jornal), procurando-se estender as folhas e as flores

para que não fiquem dobradas ou enrugadas. Pode se realizar a elaboração de

dois ou três conjuntos. A seguir os conjuntos devem ser colocados entre duas

lâminas de material resistente e duro, como por exemplo, madeira, para serem

apertados com barbantes ou cintos formando uma prensa. Para plantas que

possuem uma grande quantidade de água, o papel deve ser trocado nos

primeiros dois ou três dias.

Com esse material vegetal seco, depois de retirado da prensa e dos jornais

é colocado no centro de uma folha de cartolina branca medindo 42 X 28 cm

(padrão do laboratório de Farmacognosia), e inicia-se processo de fixação do

mesmo, através de linhas de costura de cor branca.

Depois de fixado o material vegetal, na parte inferior esquerda da folha de

cartolina (2 cm da base e 2 cm da lateral) cola-se a fixa de identificação de dados

de coleta que deve estar totalmente preenchida, conforme modelo do laboratório

de Farmacognosia o que facilita o trabalho do botânico.

A folha de cartolina branca com o material vegetal fixado, contendo ficha de

coleta é então colocada em uma capa de cartolina de cor preta que serve de capa

para exsicata. Sobre o papel cartolina de cor branca dentro da capa preta aplica-

se naftalina em pó para evitar o crescimento de microorganismos que poderiam

danificar o material.

Para encerrar este material herborizado, coloca-se sobre a cartolina branca

papel manteiga com mesmo tamanho da cartolina branca servindo de forração

para o material.

Na seqüência amarra-se o material pronto com barbante nos quatro lados e

estoca-se ou remete-se para identificação botânica em herbário.

Aula 4

Métodos extrativos

Introdução Os variados métodos de extração que se conhece, juntamente com os

solventes utilizados são de extrema importância para os estudos farmacêuticos.

Por exemplo, uma indústria farmacêutica de fitoterápicos deve saber qual o

método de extração mais vantajoso para obtenção de extratos que servirão de

matéria-prima para medicamentos. Também pode ser empregado para se

estabelecer qual a quantidade de compostos químicos que uma pessoa está

ingerindo através de um chá medicinal. Enfim, dadas às características de cada

vegetal (rígido ou não), do farmacógeno empregado (folhas, flores, cascas), do

solvente estabelecido (inflamável, explosivo), bem como, outras características

importantes, portanto, não existe um método extrativo ideal que sirva como regra.

Para cada vegetal tem-se que realizar os métodos extrativos variados para se

conhecer para aquela situação qual o melhor método de extração, representando

segurança para o operador, rentabilidade para empresa, rapidez, qualidade e

quantidade dos compostos químicos extraídos.

Objetivo da prática Preparar soluções extrativas (extrato-bruto) de uma droga vegetal com

vários métodos extrativos com o intuito de se estabelecer qual dos métodos é o

mais indicado para essa droga vegetal.

Técnica

Realizar métodos de extração de infusão, decocção e turbólise

empregando-se 10 g de droga vegetal e 100 ml de água por 5 minutos. Filtrar por

algodão após resfriamento diretamente para balão volumétrico de 100 ml e

completar o volume com água destilada.

Pesar previamente uma cápsula de porcelana, adicionar 20 ml de solução

extrativa com pipeta volumétrica e levar os conjuntos até estufa a 100 – 105 °C

por 24 horas.

Calcular: Qual o melhor método de extração para a droga vegetal testada.

Aula 5

Perfil Cromatográfico e Caracterização de Flavonóides através do teste de Cianidina ou Reação de Shinoda

Introdução

Os flavonóides são essencialmente empregados na insuficiência venosa.

Sua ação situa-se ao nível de pequenas veias e capilares, na diminuição da

permeabilidade e aumento da resistência dos capilares (ação vitamínica P). Certos

flavonóides possuem atividades particulares como ação diurética,

antiespasmódica, antiúlcera gástrica, antiinflmatória, antiespasmódica e

antioxidante.

Estrutura fundamental dos flavonóides

Flavonas SubstituíntesApigenina 5,7,4’-tri-OHLuteolina 5,7,3’,4’-tetra-OH

Flavonóis SubstituíntesQuercetina (C3-OH) 5,7,3’,4’-tetra-OHCanferol (C3-OH) 5,7,4’-tri-OH

Heterosídeo flavonoídico

Rutina 3-O-rutenosídeo-

quercetina

Reação de Cianidina ou Shinoda

A maioria dos flavonóides, na presença de magnésio em pó e ácido

clorídrico, apresentam colorações variáveis em função de suas características

químicas. Estas colorações podem variar de laranja a vermelho intenso e

vermelho sangue dependendo do tipo de flavonóide.

Técnica: Colocar 8 ml de um extrato de hidroetanólico (80%) da droga vegetal

que se pretende caracterizar em uma cápsula de porcelana e evaporar até secura

em chapa de aquecimento. Em seguida, lavar o extrato com 5 ml de clorofórmio

para eliminação de clorofila. Na seqüência dissolver o resíduo da cápsula com 10

ml de etanol a 70% e transferi-lo para um tubo de ensaio.

Adicionar ao tubo uma pitada (200 mg) de magnésio em pó. Com o tubo de

ensaio inclinado, adicione cuidadosamente, pelas paredes do tubo, cerca de 1 ml

de HCl concentrado (Cuidado pode ocorrer projeções, reação exotérmica).

Observar a mudança de coloração entre o extrato original e após a adição

dos reagentes.

Caracterização cromatográfica Com uma amostra do extrato hidroalcoólico inicial aplicar com capilar

volumétrico 5 μl em placa cromatográfica de sílica. Secar as amostras com

secador de cabelo e realizar marcha em cuba cromatográfica com sistema

acetato de etila:ácido fórmico: água (95:2,5:2,5 p/v). Na seqüência visualize as

bandas em UV longo e curto e revele com cloreto férrico em capela de exaustão.

Copiar o cromatograma: