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Ubiratan D'Ambrosio ubi@u sp.br Pesquisa e Polític as Públicas 1 Universidade Anhanguera de São Paulo UNIAN TENDÊNCIAS em EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 2º sem 2015 Ubiratan D’Ambrosio [email protected]

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Ubiratan D'Ambrosio [email protected] Pesquisa e Políticas Públicas

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Universidade Anhanguera de São PauloUNIAN

TENDÊNCIAS emEDUCAÇÃO MATEMÁTICA

2º sem 2015

Ubiratan D’[email protected]

Ubiratan D'Ambrosio [email protected] Pesquisa e Políticas Públicas

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Pesquisa e Políticas Públicas:a convergência necessária.

Ubiratan D’[email protected]

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“Uma Nação só poderá ser moderna,com desenvolvimento social e econômico,se tiver uma elite acadêmica capaz deproduzir o novo.Uma Nação somente alcançará justiçasocial se a possibilidade de ingressarnessa elite for estendida a toda apopulação.”

Conferência Mundial sobre Ensino SuperiorUnesco, Paris, 1998

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“Políticas Públicas consistem de grandes estruturações de ideias e valores a partir das quais decisões são tomadas e ação ou inação são adotadas pelos governos com relação a temas e problemas”.

(Stephen Brooks, 1989).ATORES:Governo (Legislativo, Executivo, Judiciário).Sociedade civil e grupos de influência.

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Grupos de influência.• IMPRENSA, TV e MÍDIA EM GERAL,

MARKETING;• partidos políticos e grupos de pressão,

grupos de interesse e lobbies;• EMPRESAS; • sindicatos (patronais e de trabalhadores);• associações da sociedade civil e

Organizações Não-Governamentais;• grupos ambientalistas;• PESQUISA.

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Não se pode negar que têm havido equívocos, descaminhos e desencontros nas políticas públicas.

Os responsáveis pela execução dessas políticas tentam explicar os desacertos com recursos enganadores, tais como mostrando boas intenções e alegando desconhecimento de fatos (“não sei de nada” é uma frase comum entre políticos).

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Isso me faz lembrar uma obra de ficção, o livro Pinocchio, do italiano Carlo Collodi, publicado em 1883, que contém uma profunda mensagem sobre explicações enganadoras.

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Pinóquio era um boneco de pau, que tinha comportamento de um menino de verdade. Mas ele se desvia no seu comportamento e faz muitas coisas erradas.

Procura explicar seus desatinos e desacertos com desculpas e descaradas mentiras para um grilo falante (que é sua consciência).

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Essas mentiras fazer crescer seu nariz

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Finalmente o grilo falante convence Pinóquio e ele passa se comportar como um bom menino de pau.

Mas vem o milagre e ele se torna um menino de carne e osso, para alegria de seu pai, o bom marceneiro Gepetto.

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A RESPONSABILIDADE dos PESQUISADORES é

AGIR como o “grilo-falante”, despertando aCONSCIÊNCIAdos ATORES

(alguns tão mentirosos quanto Pinóquio).,

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COMO O PESQUISADOR EXERCE ESSA RESPONSABILIDADE?

Em 1978 ingressei no Movimento Pugwash, fundado por Bertrand Russell e Albert Einstein, em 1955, no momento mais crítico da Guerra Fria.

O movimento reúne cientistas na qualidade de indivíduos, sem qualquer compromisso institucional.

Falam por si e expressam suas opiniões e seus compromissos individuais.

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Os cientistas do Movimento Pugwash não têm compromisso institucional, nem com governos nem com mantenedoras e empresas, logo as discussões e as conclusões não estão sujeitas a qualquer força de pressão.

As conclusões são levadas aos governos, às empresas e a grupos sociais organizados com o objetivo de conscientizar os responsáveis pela execução de políticas e por revindicações e alertar sobre o alcance e as consequências de seus atos.

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FUI IMPACTADO PELA SEGUINTE MENSAGEM DO MOVIMENTO PUGWASH:

“Como seres humanos apelamos aos seres humanos: lembrem-se de sua humanidade e esqueçam o resto. Se vocês podem fazer isso, o caminho está aberto para um novo Paraíso; se não forem capazes, perante vocês se apresenta o risco da morte universal.”

Manifesto Pugwash, 1955

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O pensamento de cientistas ou de grupode cientistas independentes, como é ocaso dos integrantes do MovimentoPugwash, constitui um

ALERTA SOBRE AS POLÍTICASPÚBLICAS e EMPRESARIAIS.

Devemos agir como o “grilo-falante”, alertando os executores dessas

políticas sobre os equívocos de suas ações ou inações.

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Um alerta de Mikhail Gromov.Mikhail L. Gromov (☆ 23/12/1943) é Professor do Institute des Hautes Études Scientifiques de Bûres-sur-Yvette, França e em 2009 recebeu o Prêmio Abel (equivalente a um Prêmio Nobel em Matemática) por “suas contribuições revolucionárias à geometria”.

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Em entrevista de 2010, Mikhail Gromov diz:

"A Terra vai ficar sem os recursos básicos, e não podemos prever o que vai acontecer depois disso. Vamos ficar sem água, ar, solo, metais raros, para não falar do petróleo. Tudo vai, essencialmente, chegar ao fim dentro de cinquenta anos. O que vai acontecer depois disso? Estou com medo. Tudo pode ir bem se encontrarmos soluções, mas se não, então tudo pode chegar muito rapidamente ao fim!”

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Que poder temos nós, pesquisadores individuais, sem posição no governo, nas empresas e nas forças políticas, para fazer algo numa situação tão ameaçadora?

Podemos assumir uma atitude negativa sobre nossa capacidade de ter alguma influência e então seremos apenas pesquisadores alienados ou podemos acreditar que nossa ação trará resultados benéficos para a humanidade.

Vou exemplificar com posições dedois iminentes pesquisadores.

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A opinião sarcástica de umgrande matemático puro é instigante:

“Nunca fiz nada de ‘útil’. Nenhuma descoberta minha fez ou tem probabilidade de fazer, direta ou indiretamente, para o bem ou para o mal, a menor diferença para o conforto da vida neste mundo.”

G.H. Hardy, Em Defesa de um Matemático, Editora

Martins Fontes, São Paulo, 2000 (original 1940).

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E a opinião de um outro grandecientista (físico) é positiva: “A ciência abre novas visões do

pensamento, cria nova religião e uma nova filosofia para substituir crenças que não foram fundamentadas em verdades demonstradas, mas que são meros vestígios da ancestralidade animal do homem.” Sir C.V. Raman, Premio Nobel de Física, 1930.

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O QUE É PESQUISA?O objetivo principal da pesquisa é

entender e explicar fatos e fenômenos a partir da sua observação, interpretação e análise sistemática.

É um processo sistemático que permite construir novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar conhecimentos pré-existentes.

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Os passos da pesquisa são, geralmente:● observar e definir o problema;● obter dados iniciais;● propor hipóteses; ● proceder experiências controladas e

experimentos e procedimentos lógicos;● analisar e interpretar os resultados

desses processos;● comprovar ou negar as hipóteses;● se necessário, reformular as hipóteses e

retomar o processo, adaptando as experiências e procedimentos lógicos.

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DIVULGAÇÃOFinalmente, os procedimentos e os

resultados são descritos, comentados e organizados para uma redação final.

A divulgação irrestrita de uma pesquisa finalizada é de grande importância. Essa divulgação pode ser oral, por palestras e conferências, e também publicações.

MUITAS VEZES HÁ RESTRIÇÕES A ESSADIVULGAÇÃO E A PESQUISA SÓ É

DISPONÍVEL PARA GRUPOS DE INTERESSE.

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VÁRIAS MODALIDADES de PESQUISAPesquisa “oficial”, geralmente não é

independente e é vinculada a entidades governamentais, sugerindo e justificando ações ou inações.

Pesquisa “não-oficial”, patrocinada por grupos de pressão, geralmente empresas, respondendo a interesses.

PESQUISA ACADÊMICA, independente e desvinculada dos executores de políticas (governo), de grupos de pressão e de interesses empresariais.

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A DIVULGAÇÃOA pesquisa patrocinada pelos governos e

por entidades com interesses gremiais e políticos e por empresas só é publicada com autorização dos patrocinadores, mediante uma forma de nihil obstat ou Index Librorum Prohibitorum.

A pesquisa acadêmica deve ser livre e divulgada amplamente. Exemplos disso são o Banco de Teses e o Portal de Periódicos, duas grandes iniciativas da CAPES.

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A PESQUISA ACADÊMICAé realizada por pesquisadores em

instituições que mantêm sua autonomia e o poder de decisão sobre seus critérios, com Estatutos, Conselhos Administrativos, Conselhos Universitários, supostamente autônomos e independentes.

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Digo supostamente pois a autonomia e a independência dependem de recebimento de fundos de mantenedoras, que são governo ou agremiações civis, empresariais ou religiosas, ou mecenas ou clientes/usuários.

Os fundos só são liberados se resultarem na satisfação de objetivos e de interesses das mantenedoras.

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Como formar um pesquisador consciente

das suas responsabilidades?A importância da

iniciação científica,das pós-graduações,

dos mestrados e doutorados.

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A INICIAÇÃO CIENTÍFICA é uma forma de colocar os alunos, o mais cedo possível, em contato com as ideias e os procedimentos de uma pesquisa.

Uma maneira de fazer isso é dar aos alunos a oportunidade de, logo que entram na Universidade, envolverem-se nos laboratórios e nos projetos de professores e, assim, participarem de suas atividades de pesquisa.

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INICIAÇÃO CIENTÍFICA,MESTRADO E DOUTORADO (REFEREM-SE A TODAS AS

ÁREAS DE CONHECIMENTO).O primeiro passo para o estudante é

identificar professores e disciplinas que lhes são mais atrativas.

O estudante escolhe seu orientador com base no tema que mais gosta e na empatia com o professor e com o ambiente.

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VANTAGENS PARA O ESTUDANTE

Um estudante deve ter mais liberdade quanto à rotina da estrutura curricular, e deve desenvolver capacidades diferenciadas nas expressões oral e escrita e nas habilidades manuais no caso de laboratórios.

A motivação para aquisição de conhecimento vem do projeto ao qual ele está associado.

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AVALIAÇÃOOs estudantes são avaliados pelo seu

esforço na realização de tarefas e pela aquisição de conhecimento nesse processo.

Sempre há, como resultado do esforço, progresso na realização das tarefas e na aquisição de conhecimento.

OS ESTUDANTES NÃO ESTÃO SUBORDINADOS A TESTES E EXAMES

PADRONIZADOS.

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RIQUEZA DE CONHECIMENTOOs estudantes são expostos aos mais

recentes avanços na área de conhecimento escolhida e, em algumas disciplinas, ao manuseio de instrumentos de laboratório e acesso a fontes.

Aprendem a consultar referências, em revistas e livros de uma biblioteca, e nas várias redes de internet disponíveis, tendo acesso a fontes e acervos, inclusive internacionais.

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A AVALIAÇÃO CRÍTICANecessariamente, a pesquisa contempla

sessões de orientação, participação em seminários, conferências e congressos, e exposição dos resultados obtidos.

Em todas essas atividades, há considerável oportunidade para desenvolver uma avaliação crítica sobre a pesquisa e sobre suas implicações sociais e políticas, além das implicações no campo de conhecimento escolhido.

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CORAGEM PARA ENFRENTAR O NOVOOs estudantes, quando vivenciam a

iniciação científica, perdem o medo e não têm pânico do novo, pois aprendem a ter autonomia, como resultado do seu fazer.

DO PONTO DE VISTA EPISTEMOLÓGICO,PERCEBEM QUE

TEORIA e PRÁTICANÃO SÃO DICOTÔMICAS.

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VANTAGENS PARA O ORIENTANDO

É uma preparação para a vida, pois no cotidiano pessoal ou profissional, ao surgir alguma dificuldade, ele terá uma razoável habilidade para interpretar o fato e discernir se pode resolvê-lo ou se não tem condições de encontrar a solução. Nesse caso, humildemente procurará alguém que possa ajudá-lo, como fazia com seu orientador de pesquisa.

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VANTAGENS PARA O ORIENTADORTer um interlocutor atento e crítico.● Atento pelo fato de o estudante ter

escolhido o tema e o orientador. Nenhum estudante é obrigado a entrar na iniciação científica ou numa pós-graduação, nem lhe é imposto um tema e um orientador. Tudo é escolha sua.

● Crítico por que o estudante é “puro”, não tem compromisso com soluções antigas, algumas vezes incompletas e até erradas, e sempre busca o novo.

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Como o pesquisador lida com projetos e problemas novos, muitas ideias que se mostraram eficientes em certos problemas podem não funcionar em problemas novos. Há um tipo de “vício” do pesquisador que o leva a tentar enfoques que se mostraram eficientes em outros problemas.

O estudante muito provavelmente não terá “vícios” resultantes de lidar com problemas antigos. Compartilha o novo com o orientador.

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A INICIAÇÃO CIENTÍFICA, O MESTRADO eO DOUTORADO REPRESENTAMpara o estudante, a oportunidade de uma

educação de melhor qualidade;para o professor/orientador, um estímulo

para a sua pesquisa e o interesse de receber uma contribuição efetiva de mentes jovens com ideias novas para situações novas.

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Como educadores, professores e orientadores de estudantes, temos a responsabilidade de prepará-los, cientifica e eticamente, para que ajam como o “grilo-falante”, despertando a consciência dos executores de políticas públicas e empresariais.

ELES DEVEM ASSUMIR ARESPONSABILIDADE DE ZELAR PELO

FUTURO DA HUMANIDADE.O FUTURO PERTENCE A ELES.