001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o...

16
12 número Crise entre BNG e PSOE após ruptura do governo de Vigo Mocidade por Bemposta toma Cámara Municipal Atacam TVE no aniversário do Prestige Pretendem privatizar vidoeiral de Monte de Ramo 28 indepen- dentistas reprimidos só em Outubro Desencontro sindical em Castromil 'Nunca Máis': emerxendo a dignida- de dun país Por Rafa Villar "A formación do nacionalismo galego (1963-1984)" Por Luis G. Blasco “Foz” novas da Número 12, Novembro de 2003 Junta favorece exploraçom agressiva dos rios Mais que nunca, a Galiza avança imparavelmente na produçom de ener- gia. Apesar de exportarmos mais de um terço da energia que geramos, os planos da Junta continuam a encher as arcas das companhias eléctricas, com Unión Fenosa à cabeça. A contamina- çom das centrais térmicas de Meirama e das Pontes, que atinge as Ilhas Británicas, nom parece preocupar o governo Fraga, que lançou já o balom- sonda da ameaça nuclear. Estamos na vanguarda da energia eólica, no caminho de tornarmos o País no prin- cipal produtor mundial levando em conta a nossa superfície. Aliás, somos especialistas em tirar rendimento eléc- trico dos nossos rios, mediante umha impressionante rede de grandes barra- gens e presas. Mas os novos projectos energéticos das grandes empresas nom vam ficar por aqui. O Plano Sectorial Hidroeléctrico e o Plano Hidrológico de Galiza-Costa deixam nas maos de Fenosa, Endesa e companhia a nossa riqueza ambiental, recusando mesmo aos concelhos a protecçom dos seus rios. Se se cumprirem os programas previstos, a Galiza alargará substan- cialmente a produçom hidroeléctrica, ultrapassando o nível actual conforme o qual já gera a quarta parte do total da energia extraída nos rios estatais. O futuro de O primeiro aniversário do afundamento do petro- leiro Prestige nom podia passar desapercebido na Galiza. Depois da maior catástrofe social e ambien- tal da nossa história, com evidente responsabilida- de política, e de um súbito e multifacetado desper- tar colectivo traduzido numha dinámica mobiliza- dora sem precedentes, os e as protagonistas da con- vulsom social e política voltam a tomar a rua e a palavra. Diferentes valorizaçons do movimento social e até encontradas apostas de futuro coexis- tem na Galiza que enfrentou a catástrofe. Novas da Galiza compilou para os seus leitores e leitoras algumhas das posiçons que saem de novo às ruas da capital no próximo dia 16.

Upload: others

Post on 25-Sep-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

12número

Crise entreBNG e PSOEapós ruptura do governode Vigo

Mocidade porBemposta tomaCámaraMunicipal

Atacam TVEno aniversáriodo Prestige

Pretendem privatizarvidoeiral deMonte de Ramo

28 indepen-dentistasreprimidos sóem Outubro

Desencontrosindical emCastromil

'Nunca Máis':

emerxendo a dignida-

de dun paísPor Rafa Villar

"A formación do

nacionalismo galego

(1963-1984)"Por Luis G. Blasco “Foz”

novas daNúmero 12, Novembro de 2003

Junta favorece exploraçomagressivados riosMais que nunca, a Galiza avançaimparavelmente na produçom de ener-gia. Apesar de exportarmos mais deum terço da energia que geramos, osplanos da Junta continuam a encher asarcas das companhias eléctricas, comUnión Fenosa à cabeça. A contamina-çom das centrais térmicas de Meiramae das Pontes, que atinge as IlhasBritánicas, nom parece preocupar ogoverno Fraga, que lançou já o balom-sonda da ameaça nuclear. Estamos navanguarda da energia eólica, nocaminho de tornarmos o País no prin-cipal produtor mundial levando emconta a nossa superfície. Aliás, somosespecialistas em tirar rendimento eléc-trico dos nossos rios, mediante umhaimpressionante rede de grandes barra-gens e presas.Mas os novos projectos energéticosdas grandes empresas nom vam ficarpor aqui. O Plano SectorialHidroeléctrico e o Plano Hidrológicode Galiza-Costa deixam nas maos deFenosa, Endesa e companhia a nossariqueza ambiental, recusando mesmoaos concelhos a protecçom dos seusrios. Se se cumprirem os programasprevistos, a Galiza alargará substan-cialmente a produçom hidroeléctrica,ultrapassando o nível actual conformeo qual já gera a quarta parte do total daenergia extraída nos rios estatais.

O futuro de O primeiro aniversário do afundamento do petro-

leiro Prestige nom podia passar desapercebido na

Galiza. Depois da maior catástrofe social e ambien-

tal da nossa história, com evidente responsabilida-

de política, e de um súbito e multifacetado desper-

tar colectivo traduzido numha dinámica mobiliza-

dora sem precedentes, os e as protagonistas da con-

vulsom social e política voltam a tomar a rua e a

palavra. Diferentes valorizaçons do movimento

social e até encontradas apostas de futuro coexis-

tem na Galiza que enfrentou a catástrofe. Novas da

Galiza compilou para os seus leitores e leitoras

algumhas das posiçons que saem de novo às ruas

da capital no próximo dia 16.

Page 2: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

2 segunda Novembro 2003 novas da galiza

Acatástrofe ecológica originada polo afundamentodo buque petroleiro 'Prestige' -cargado com77.000 Tm de fuel declaradas- gerou na sociedade

galega umha resposta social de amplíssimas repercusons.Esta resposta social tinha, e está a têr, como grandesobxectivos: a demanda desoluçons a este catástrofe(que, sendo ecológico, éevidente que tem importan-tes componentes de tipoeconómico, social, humanoe mesmo sanitário) e a esi-gência de responsabilida-des aos Governos central eautonómico (e ao partidoque os sustenta, o PP).

Como impulsionadoradesta resposta social, erecolhendo o sentir damaioria social do povogalego, nasceu aPlataforma cidadá 'NuncaMais', que se criou formal-mente no dia 21 de novem-bro, qier dizer, apenas dousdias após o afundamentodo petroleiro. Inicialmente,a Plataforma agrupavaperto de 60 colectivos eorganizaçons dos maisdiversos ámbitos sociais:ecologistas, sindicatos,organizaçons políticas, deestudantes, confrarias, gen-tes da cultura... Passadosmais de sete messes da tra-gédia (evitável se oGoverno nom se instalar nasua dessídia e incompetên-cia), o número de colecti-vos achega-se a 400, co mo que se amplia ainda maisna sua diversidade, além deestar constituida como talPlataforma cidadá em maisde 20 comarcas da geogra-fia galega.

No manifesto fundacionalque deu a conhecer 'NuncaMais', ao tempo que convo-cava a primeira grandemobilizaçom nacional parao dia 1 de Dezembro, apontava-se que a Plataforma pre-tendia "canalizar as justas demandas da cidadania galegapara a pronta reparaçom dos danos causados polo buque".E, entre outras, plasmavam-se esigências como: a declara-

çom de Galiza como zona catastrófica, com a imediatadotaçom de recursos que isto implica; a posta em anda-mento de mecanismos de prevençom para evitar que acatástrofe for a mais, assim como a limpeza e restauraçomambiental do litoral; e a adopçom dumha série de medidas

de prevençom deste tipode desastres. Ademaisdisto, apontava-se que,dadas as responsabilida-des havidas, se reclamavaa demissom das autorida-des que, com a sua inefi-cácia, agravaram as con-seqüências do acidente.

O amplo seguimento dasmobilizaçons propostaspor 'Nunca Mais' e a pró-pria activaçom dumhaconsciência cidadá, comoclamor de dignidade,estám a demonstrar oimpacto que o desastre do'Prestige' causou nosgalegos e galegas. Quasepola vez primeira na his-tória, o conxunto do povogalego se viu atingidopola catástrofe, entenden-do que era algo que noscompetia a todos e nomapenas aos homes e mul-heres de mar. Assim tam-bém, foi muita a genteque se brindou, e se seguea brindar, a dar o seuesforço solidário em labo-res de limpeza do chapa-patote em areais e roche-dos.

Dalgum jeito, o 'NuncaMais' está a exceder -como nom podia sermenos- os limites da pla-taforma cidadá, aindasendo esta ampla, e aca-bou-se por instalar nasvidas da maioria dos gale-gos e galegas. E isto,entre outras virtualidades,posui umha esencial: a daimplementaçom dumhanova consciência no

nosso país, o que posibilitará na Galiza umha cidadaniamais activa e implicada, assim como um estimável cresci-mento da consideraçom da identidade própria.

segunda

Por Rafa Villar, portavoz de Nunca Mais em Santiago

Plataforma cidadá 'Nunca Mais':emergendo a dignidade dum país

Editora: Minho Média S.L.

Director: Ramom Gonçalves.

Redacçom: Carlos B.G., MartaSalgueiro, J.Manuel Lopes, AntomÁlvarez, Ivám Garcia.

Correspondentes: Compostela,Beariz Peres / Vigo, Xiana Gonzalez /Lugo, Joám Bagaria / Corunha,Armando Ribadulha / Ourense, TiagoPeres / Paris, J. Irazola / Madrid, JoséR. Rodriguez

Colaboraçons: Maurício Castro, JoámCarlos Ánsia, Xesus Serrano, José R.Pichel, Ramom Pinheiro, Carlos Taibo,Ignacio Ramonet, Ramón Chao.

Fotografia: Borxa Vilas, Rosa Veiga,Miguel Garcia, Arquivo NGZ.

Humor Gráfico: Suso Sanmartim,Pepe Carreiro, Pestinho +1.

Publicidade: 639 146 523

Imagem Corporativa: Paulo Rico.

Desenho gráfico e maquetaçom:

Miguel Garcia e Carlos Barros.

Correcçom lingüística:

Eduardo Sanches Maragoto

NOVAS DA GALIZA

Apartado dos Correios 106927080 Lugo - GalizaTel: 639 146 [email protected]

As opinions expressas nos artigos nomrepresentm necessariamente a posiçomdo periódico. Os artigos som de livrereproduçom respeitando a ortografia ecitando procedência. É proibido outrotipo de reproduçom sem autorizaçomexpressa do grupo editor.

Feche de Ediçom: 15.11.03

Page 3: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

3editorialNovembro 2003novas da galiza

Lucas

sumário

Junta favorece exploraçom

agressiva dos rios

NGZ denuncia mediante umhareportagem em profundidade o

espólio energético a que segue aser submetido o nosso país

O futuro de Nunca Mais

Um ano depois do afundamentodo Prestige e do início da crisenacional, achegamo-nos àplataforma que encabeçou oprotesto social, e perguntamospolo seu futuro

A nossa música na rede

A nossa secçom habitual demúsica é adicada neste númeroa fazer um repasso da presençados nossos melhores grupos na internet

Sociedade, futebol e violência

A morte de um moço corunhêsdepois do jogo da taça do rei

espanhol entre a SDCompostela e o RC Deportivo

abre novamente o debatesobre as torcidas e a violência

7

10

12

A Galiza, conhecida pola sua riqueza e diversidadeambiental, afiança o papel de reserva energética doEstado e zona privativa das grandes companhiaseléctricas. No caso concreto dos rios, as decisonsaplicadas pola Junta reforçam o protagonismo deempresas como Fenosa, Endesa, Iberdrola eFerrolatlántica, permitindo que disponham à vonta-de da prática totalidade das nossas bacias. Medidascomo os benefícios e subsídios a este tipo deempresas ou o impedimento de que as cámarasmunicipais podam vetar a instalaçom de centrais noseu território som sinais que definem a orientaçomdas políticas da direita espanhola no que diz respei-to à riqueza do nosso meio. Em lugar de conservar,favorecem a destruçom e em vez de procurar ener-gias nom agressivas, somam mais e mais produçomenergética nociva.Sabemos bem que o poder na Galiza nom se limitaàs siglas PP. O poder do empresariado espanhol e ocapital de umhas poucas famílias galegas marcam alinha a seguir da administraçom Fraga, que funcio-na como garante da defesa dos seus interesses, unsinteresses que cada dia mais ameaçam o futuro dasobrevivência ambiental do 'país dos mil rios'. DaJunta nom vamos esperar a eliminaçom de centraiscontaminantes como se tem feito na França ou naAlemanha, nem tampouco sançons às empresasculpadas da degradaçom ambiental. Na prática, ogoverno PP trabalha para estas empresas, contri-buindo com apoio jurídico, suporte legal e mesmodefesa em litígios judiciais. As decisons adoptadasnos últimos anos a respeito dos nossos rios provama implementaçom de acordos elaborados para favo-recer o lucro indiscriminado das empresas eléctri-cas, factos evidenciados na actual planificaçomhidrológica. Sob declaraçons de boas intençons eperfume ambientalista, os Planos Hidrológicos

fomentam a exploraçom integral das bacias galegasvulnerando numerosas leis estatais e internacionais.As políticas hidroeléctricas desenhadas polo fran-quismo na Galiza continuam na sua linha estratégi-ca e mesmo chegam a duplicar os seus efeitos noci-vos. E às represas e barragens há que somar asnumerosas e irracionais canalizaçons, a destruçomprogressiva do bosque autóctone de ribeira, a pescaintensiva ou os absurdos e megalómanos passeiosfluviais, entre outras pegadas da chamada moderni-zaçom no ambiente que contribuem para o seu pau-latino e muitas vezes irreversível empobrecimento.Perante realidades como as apreciadas, Novas daGaliza nom vai permanecer indiferente nem impar-cial. Continuamos e continuaremos a denunciar asagressons padecidas por umha Terra que nos per-tence e que temos a obrigaçom de proteger. Depoisde padecermos os efeitos da maior catástrofeambiental e social da nossa história recente, o res-ponsável governinho da Comunidade Autónomaapresenta um "Plan Galicia" que leva ao extremo osataques insensatos ao património ambiental que nateoria pretendem regenerar. Mas sempre terám deenfrentar umha mobilizaçom social que cresce emconsciência e activaçom, que nom esquece e quecada vez conhece melhor os interesses inimigos.O futuro está em optarmos por políticas energéticassustentáveis, por umha planificaçom que deve con-duzir à substituiçom das centrais contaminantescomplementada com medidas que fomentem a pou-pança energética e o consumo racional de energia.Se nom avançarmos polo caminho certo, hipoteca-remos as maiores riquezas de que dispomos. Quemdetenta o poder nesta Terra decidiu entregá-las amaos alheias que saciam o seu voraz apetite capita-lista mediante a destruçom dos nossos rios. Em nósestá impedirmos que continue a barbárie.

editorial

A Terra é nossa

15

Page 4: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

A ruptura do pacto de governo em Vigo,cujo detonante foi a eleiçom do gerente deurbanismo, abriu a fenda mais importantenas relaçons entre o BNG e o PSOE desde

há anos. Segundo fontes nacionalistas, oPSOE viguês tentou promover um homem deconfiança para ostentar a mencionadagerência de urbanismo, "em lugar de que o

figesse um técnico como até agora". A recu-sa do grupo nacionalista a apoiar o candi-dato do PSOE para este posto provocou asua expulsom do governo local.

4 notícias Novembro 2003 novas da galiza

notícias

Crise entre BNG e PSOE após ruptura do governo municipal de Vigo

Redacçom

Nas fileiras do BNG, a expulsomda força nacionalista do governomunicipal foi interpretada comoum acto de traiçom e o seu porta-voz local em Vigo, Lois PérezCastrillo, declarou que "PérezMariño é um presidente ilegítimoque, além de governar em mino-ria, conseguiu o poder utilizandoos votos do BNG". Castrillo con-sidera que Pérez Mariño "semprequijo extinguir o pacto de gover-no, desde o primeiro dia" e defi-ne o líder do PSOE viguês comoumha pessoa que "nom acreditaem pactos, nem é de fiar". Poucos dias depois do início dacrise de Vigo, Anxo Quintana,coordenador da executiva doBNG e presumível substituto deBeiras como candidato à Junta,assegurara que o acontecido nacidade olívica nom devia "afectaro pacto global", em referência aoacordo que subscrebêrom o BNGe o PSOE após as eleiçons deMaio, para "estabelecer governosprogressistas nas cidades e vilasdo País". Nos alvores da crise,Quintana e outros cargos signifi-cativos do Bloco como HenriqueTello, porta-voz da formaçom

nacionalista na Cámara daCorunha, proclamavam que o deVigo era "um problema pontual"que nom condicionaria o resto deacordos pactuados, nomeada-mente o que serviria para investiro vasquista Fernández Moredacomo presidente da Deputaçomda Corunha, em virtude de umgoverno de coaligaçom entre oPSOE e o BNG. Porém, Xosé Manuel Beiras,actual porta-voz nacional doBNG, destaparia a caixa dePandora numha entrevista naTVG, ao ter afirmado que oPSOE "converteu o problemanom apenas em local, mas tam-bém em nacional" e ainda ao terexortado o PSOE para "arranjar ode Vigo", porque o Bloco nom é"o támpax" do PSOE. Em termossemelhantes mas mais comedi-dos, exprimírom-se outros diri-gentes frentistas como XaimeBello, pré-candidato nacionalistaà vice-presidência da deputaçomcorunhesa, ou o próprio PérezCastrillo. Para o BNG os pactossó serám respeitados onde "oPSOE mantiver a reciprocidade"e, portanto, consideram "extin-guidos" o de Vigo e o da deputa-çom corunhesa. Entretanto, a

executiva do BNG insiste em queVentura Pérez Mariño é o "maiorobstáculo" para o pacto de gover-nabilidade na Cámara de Vigo.Através de um comunicado, oórgao de direcçom da formaçomnacionalista afirmou que "oPSOE tem que voltar a compor-tar-se como um parceiro em quese poda confiar" e "deixar de pro-curar o seu exclusivo benefício".

Do mesmo modo, a executiva doBNG exigiu que o PSOEdemonstre "com factos a sua von-tade de diálogo".No passado dia sete deNovembro, num plenárioextraordinário promovido poloBNG, o grupo nacionalista, juntoao PP, pediu a demissom de PérezMariño como presidente daCámara municipal da cidade,

mas este pedido, umha vez mais,foi desatendido polo PSOE.Depois de um mês de crise, cadavez tem mais força a opçom damoçom de censura para desban-car Pérez Mariño da presidênciada Cámara municipal viguesa. Sese cumprir este suposto, o BNGnom poria entraves para que o PPgovernasse em solitário na cidadeolívica.

O alcalde de Vigo, Ventura Pérez Mariño, vem sendo fonte de polémica desde a própria campanha eleitoral.

O Colectivo Ceivar começou a editarmensalmente o seu relatório sobre arepressom na Galiza. No documento domês de Outubro, o colectivo denuncia a"policializaçom" da vida comunitária,como se evidencia nas novas regulamen-taçons sobre violência no desporto, nareforma em sentido punitivo da Lei deResponsabilidade Penal do Menor, naprogressiva generalizaçom do empregodas provas genéticas na investigaçomjudiciária, no estreitamento das possibi-lidades para o acesso ao terceiro graupenitenciário e ainda no abandono daprisom preventiva ou na agudizaçom dapressom contra o pequeno tráfego desubstáncias psicoactivas nom legaliza-

das. Para além disto, este organismopopular anti-repressivo referiu também arepressom de baixa intensidade manifes-ta no "estado de excepçom diário e naviolaçom das mais elementares liberda-des e direitos em que vivem dúzias demilitantes independentistas com segui-mentos personalizados, intervençons detelefones e ainda nas tentativas de infli-traçom policial em organizaçons públi-cas e legais." No relatório do mês deOutubro, Ceivar também salienta a apli-caçom de processos repressivos exem-plarizantes, como o iniciado no passado25 de Julho contra os militantes de NÓS-Unidade Popular Estrela Ferrenho eAntom Santos, sob a imputaçom de

"desordens públicas", que sofrêrom umprocesso paralelo polos principais meiosde comunicaçom após as suas deten-çons. Este processo ainda continua atra-vés dos depoimentos das pessoas envol-vidas na causa. Para além disso, dúzias de independen-tistas fôrom objecto durante o mês deprocessos judiciários derivados da suamilitáncia, mantendo-se a hipertrofia decasos repressivos ali onde, como nacapital galega, o MLNG tem logrado umcerto desenvolvimento organizativo ereferencialidade social. Apontar comodado significativo o número de 28 mili-tantes que fôrom objecto de denúncia,detençom, processo ou sentença duran-

te Outubro em todo o País. Anotar aindano que a isto diz respeito a importanteerosom económica que para o movimen-to supom a contínua contrataçom de pro-curadores ou procuradoras e advogadosou advogadas para a assistência emesquadras e julgamentos, o pagamentode sançons económicas, a tramitaçom deprocessos, campanhas de denúncia, rea-lizaçom de provas periciais, etc., situan-do actualmente a repressom económicacomo umha das estratégias mais surdas eefectivas de desgaste. O relatório anti-repressivo completo domês de Outubro e anteriores podem serconsultados na página de Ceivar:www.ceivar.org

Ceivar quantifica 28 pessoas independentistasreprimidas só em Outubro

Page 5: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

5notíciasNovembro 2003novas da galiza

'Galeguiza'

começa a sua

actividade no

CondadoNGZ

A Associaçom Cultural Galeguizanasce como ponto de encontro "paratodas e todos os que desejarem tra-balhar pola cultura galega", centran-do-se no trabalho pola normaliza-çom lingüística de umha perspectivareintegracionista. Com sede emPonte Areas, tem como ámbito deactuaçom principal o concelho e oresto da comarca.Entre os seus fins destacam a "mod-ernizaçom e o espalhamento danossa tradiçom cultural", como tam-bém "contribuir activamente para odesenvolvimento da sociedade".No passado dia 7 de Novembrocomeçou um curso de galego-por-tuguês ministrado pola lingüísta emembro do MDL Sílvia Capom,que explicará as chaves daortografia histórica às sextas-feiras.À primeira aula, celebrada noCentro Multi-usos de Ponte Areas,assistírom cerca de 20 pessoas.Também organizarám um magustopopular no dia 15 de Outubro.

Atacam TVE

no aniversário

do PrestigeNGZ

Segundo diferentes meios de comuni-caçom, umha delegaçom de TVE emVigo foi atacada com cócteis molotovna madrugada do dia 12 para o dia 13de Novembro, precissamente quandose cumpriu o primeiro aniversário doacidente do Prestige frente as costasgalegas, e da grave crise nacional quese derivou da gestom do mesmo.Entre as duas e meia e as três damadrugada, três encapuzados teriamfurado o vidro blindado da delega-çom do ente espanhol, guindando noseu interior outros tantos artefactosincendiários, que causárom danos dediversa consideraçom.A polícia científica investiga a autoriada sabotagem, sem obter até o deagora resultado algum. Perto da dele-gaçom de TVE apareceu umha pinta-da com a legenda “Manipulaçom”.

Desencontro sindical em Castromil

Redacçom

No passado dia 21 de Outubro adirecçom de Castromil e a CUT,sindicato maioritário no Comitéde Empresa, chegárom a umacordo que supujo o fim dagreve que mantivérom os seustrabalhadores e trabalhadorasdurante várias sextas feiras. Paco Sebio, em representaçomda CUT, valorou positivamenteo acordo alcançado porque "emmatéria de disponibilidade,garante um máximo diário dedoze horas e estipula comoexcepçom um só dia à semana(no qual se fariam até catorzehoras) e nom três como antes".Na CIG, polo contrário, indica-se que o acordo subscrito é "umfracasso" porque desvirtua oConvénio Colectivo Provincialde Transportes de Viajantes daCorunha, "em que se fala deexcepçom e, no acordo assinadopola CUT e a direcçom deCastromil, estabelece-se comoregra geral umha vez à semanapara cada trabalhador, algo quea médio prazo vai supor muitosdeslocamentos debalde quenom entrarám no cômputo dadisponibilidade". Por sua vez,no artigo 16 deste convénio diz-se, na alínea b, parágrafo tercei-ro, que "...quando o pessoal rea-lizar transporte regular de usogeral ou transporte regular deuso especial, nom poderá supe-

rar, desde o início da sua jorna-da até ao fim desta, as 12 horas,exceptuando aqueles supostosem que extraordinariamente alegislaçom vigente estabeleceum descanso de 10 horas entrejornadas. Neste caso, o tempoque vai desde o início até ao fimda jornada poderá ser prolonga-do em 2 horas..." Este artigoterá sido o que provocou asdiferentes interpretaçons.Outra das críticas da CIG cen-tra-se em que, depois da assina-tura deste acordo, "nada se esti-pula sobre a obrigatoriedade deter um quadro de serviços eoutro de descansos como haviaantes". "A CUT precipitou-seao convocar a greve e logo,como viu que nom ia correrbem, chegou ao primeiro acor-do que pudo", aponta ErnestoLópez Rei, da CIG. Polo contrá-rio, a CUT denuncia que a CIG"torpedeou em todo o momentoa greve, nom acreditando nomovimento assemblear e aliou-se com o sindicato da patronalno sector do transporte, queneste caso é CC OO". Outro dos aspectos que enfren-tam os dous sindicatos naciona-listas é o despedimento de umtrabalhador da empresa. Para aCIG, "a CUT nom luitou até aofinal pola readmissom do tra-balhador despedido".Entretanto, Paco Sebio, daCUT, assinala que "em todo o

momento respeitamos a vontadedo trabalhador, que finalmenterecebeu a melhor das indemni-zaçons. Para além disto, a suadecisom foi respaldada polaassembleia e, caso tivesse ido ajulgamento e tivesse ganho,receberia a metade do que rece-beu assim".Por outra lado, Sebio acrescen-tou que o texto assinado "servi-rá para que a empresa respeitetodos os acordos assinados atéao momento com os trabalhado-res, e também garante a estabi-lidade no emprego, cousa que

nom podem dizer noutrasempresas do mesmo sector". Osindicalista da CUT conclui que"este é um exemplo de umhavitória da classe trabalhadorano sector de transportes".Porém, na Federaçom deTransportes da CIG, mantenhemque "esta foi umha greve perdi-da, que supom umha regressomnas condiçons de trabalho dostrabalhadores e trabalhadoras eainda, que este acordo vai con-dicionar a negociaçom de con-vénios posteriores".

CUT e CIG valorizam de forma diferente o acordo que serviu para pôr fim à greve

Castromil estivo paralisada pola greve durante várias sextas feiras

Redacçom

A Plataforma Mocidade porBemposta da comarca deOurense, levou ao plenário dacámara municipal o protesto polasituaçom que atravessa a cidade.No momento da votaçom de umhamoçom referente ao conflito que aJunta, e por conseguinte o PartidoPopular, mantém com Bemposta,umha dúzia de moças e moçoserguêrom-se mostrando cartazesde "Justiça com Bemposta",

"Especuladores e Especuladorasfora da Galiza" e "Caciques".As pessoas fôrom expulsas eidentificadas pola polícia munici-pal presente entre o público assis-tente. O presidente da cámara dacidade, Manuel Cabezas, qualifi-cou os membros da Mocidade porBemposta de "mal-educados". APlataforma por Bemposta mos-trou a seu propósito de continuara denunciar a situaçom de "agres-som e especulaçom que se está acometer com a Cidade dos

Rapazes enquanto a Junta nomdevolver os terrenos roubados a

Bemposta ou construir as habita-çons sociais prometidas".

Mocidade por Bemposta toma Cámara Municipalde Ourense reivindicando justiça

Page 6: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

6 notícias Novembro 2003 novas da galiza

Nós-UP organiza

actos contra a

Constituiçom

espanhola

NGZ

Coincidindo com o vigésimo aniver-sário da Carta Magna espanhola, aorganizaçom unitária da esquerdaindependentista Nós-UP programadiversos actos ao longo do País emprol do direito de autodetermina-çom. Durante este mês de Novem-bro, celebrarám-se palestras emFerrol, na Corunha e no Condadoem torno ao direito do Povo galego àlivre determinaçom. Ainda, no casoda cidade herculina haverá tambémum recital poético. Por outro lado, aAssembleia Comarcal de Nós-UP deCompostela realizará um comício naPraça do Toural e umha festa-recitalcom o cantor Tino Baz. O acto de carácter nacional destaorganizaçom independentista terálugar em Vigo no próprio dia seis deDezembro, dia da Constituiçomespanhola. Às 19h haverá umhaconcentraçom nacional no Marco eàs 20:30h o local social A Revoltaacolherá umha festa com actuaçonsmusicais de um cantor de interven-çom. Já às 22:00h está programadoum concerto com música ska, metale hard-core num pavilhom da cidadeainda sem confirmar.Os presentes actos estám enquadra-dos dentro da campanha de Nós-UPdesenvolvida a nível nacional intitu-lada "Espanha é a nossa ruína.Autodeterminaçom", mediante aqual esta organizaçom idependentis-ta quer pôr de manifesto que desdeque foi aprovada a Constituiçomespanhola, "nom foi resolvido nen-hum dos problemas que padece onosso povo". Também se salienta emNós-UP que a Carta Magna espan-hola recusa a soberania do povogalego "para decidir em liberdade edemocraticamente o seu futuro, parapoder governar-se em funçom dosseus interesses e necessidades", paraalém de impedir "o legítimo direitode autodeterminaçom".

O PP de Beade celebra mais umano umha homenagem a FrancoA AMI denuncia o facto e convoca

umha concentraçom no 20 de

novembro frente à Igreja de Beade,

onde terá lugar a misa franquista.

Empresa pretende destinar vidoeiral de Monte de Ramo à caça privada

Redacçom

A empresa TECSAGES alugou800 hectares do vidoeiral deMonte de Ramo, situado naSerra de Sam Mamede, paradestiná-lo à caça maior privadamediante a instalaçom de umhazona cinegética. A negociaçomcom representantes do monteem mao comum foi "leonina"segundo Antolim Fernández,representante do Comité deDefesa do Monte Galego evereador do BNG, que conside-rou ridícula a quantia do aluger(4.200 euros por ano) e criticouduramente o carácter destrutivodeste "atentado ambiental" parao mato, cedido por dez anos.O bosque afectado, na paróquiade Gabim, dispom de vidoeiros,azevinhos e aveleiras, além deturfeiras de alta montanha,vegetaçom que o torna um"espaço natural privilegiado"

assinalado como Lugar deInteresse Comunitário propostopara a Rede Natura 2000. Contacom corços e jabalis, fauna àqual se somarám múltiplasespécies alóctonas para facilitara caça paga polos futuros inte-ressados.Para Antolim Fernández asmanobras de TECSAGES con-sistem numha "tentativa de pri-vatizar um monte comunitáriopola porta traseira", facto queassentaria precedente e ameaça-ria grandes florestas até hojeem mao das comunidades.Denuncia que umha junta devicinal solicitou há um ano sub-sídios para o encerramento decavalos no bosque, enquanto aactual vedaçom é destinada aactividades cinegéticas, factoque impede a circulaçom dequalquer tipo de animal e con-verteu o contorno numha"reserva de caça ilegal".

Organizaçons ambientalistas,partidos e habitantes da zona jáapresentárom alegaçons contrao projecto. Deve salientar-se

que o presidente de "JovensAgricultores" em Ourense ésócio de TECSAGES.

Os vizinhos entendem que se trata dumha “tentativa de privatizar o monte”

Redacçom

O alcalde de Beade polo PP,Senem Pousa, celebrarámais um ano nesta vila doRibeiro a já tradicional misade homenagem ao dictadorFrancisco Franco, coincidin-do com o seu cabodano no20 de Novembro.A Assembleia da MocidadeIndependentista (AMI), polasua banda, reagiu a esta con-vocatória fazendo um novochamamento à mocidadepara se mobilizar contra oque entende é “umha expres-som clara e diáfana da natu-reza e transfundo políticosdo Partido Popular”.Concretamente, a organiza-çom juvenil convoca umhaconcentraçom anti-fascistafrente à Igreja de Beade, opróprio 20 de novembro às18:00. É já o quinto ano con-secutivo que a AMI se con-centra neste dia frente osmilitantes e simpatizantes do

PP que acodem ao chama-mento do seu alcalde parachorar a morte de Franco erendir homenagem ao seuregime.A organizaçom independen-tista insiste em que o queprocura nom é um enfrenta-mento de “grupos extremis-tas” dum e doutro signo,senom pôr de manifesto aresponsabilidade do PP. Empalavras dum dirigente daAssembleia, “do que se trataé de denunciar claramenteque os que lá se reunem parareivindicar o fascismo nomsom skin heads ou trasnoita-dos militantes de Falange,senom cargos institucionais,militantes, simpatizantes evotantes do mesmo partidoque se está a erigir em prin-cipal defensor da Constitui-çom e do actual quadro jurí-dico-político.”.O PP negou-se sempre acondenar publicamente ofranquismo.

Page 7: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

reportagemNovembro 2003novas da galiza 7

reportagem

Junta favorece exploraçom agressiva dos rios

Prevista a construçom de 24 grandes barragens e perto de cem minicentrais

Mais que nunca, a Galiza avança imparavelmente na produçom deenergia. Apesar de exportarmos mais de um terço da energia quegeramos, os planos da Junta continuam a encher as arcas dascompanhias eléctricas, com Unión Fenosa à cabeça. A contaminaçom dascentrais térmicas de Meirama e das Pontes, que atinge as Ilhas Británicas,nom parece preocupar o governo Fraga, que lançou já o balom-sonda daameaça nuclear. Estamos na vanguarda da energia eólica, no caminho detornarmos o País no principal produtor mundial levando em conta anossa superfície. Aliás, somos especialistas em tirar rendimento eléctrico

dos nossos rios, mediante umha impressionante rede de grandesbarragens e presas.Mas os novos projectos energéticos das grandes empresas nom vam ficarpor aqui. O Plano Sectorial Hidroeléctrico e o Plano Hidrológico de Galiza--Costa deixam nas maos de Fenosa, Endesa e companhia a nossa riquezaambiental, recusando mesmo aos concelhos a protecçom dos seus rios. Se secumprirem os programas previstos, a Galiza alargará substancialmente aproduçom hidroeléctrica, ultrapassando o nível actual conforme o qual jágera a quarta parte do total da energia extraída nos rios estatais.

Carlos B.G.

O "Plan Galicia", no qual se inte-gra o Plano Hidrológico Galiza-Costa (PHGC), prevê a cons-truçom de 24 grandes barragens ecerca de cem represas. No total, onúmero de cen-trais hidroeléctri-cas presentes noPaís superará astrezentas, dupli-cando o númeroactual das chama-das minicentrais,represas com pro-duçom inferior a10.000 kw. Osprojectos da Juntavulneram diferen-tes leis de ámbitocomunitário e ten-hem entrado emconfronto com ostribunais, massobretudo, com ac o n t e s t a ç o mpopular.A respostaambientalista fijo-se sentir peranteprojectos agressi-vos históricoscomo as barragensdos rios Sela eNávia, ou a recen-temente construída no rio Úmia,que analisaremos mais ao porme-nor num artigo do próximonúmero. A implantaçom destagrande represa foi justificadaaduzindo necessidades de abaste-cimento, quando na realidadeconsiste numha antiga pretensomde barragem hidroeléctrica. OTribunal Superior de Justiça aca-bou por dar a razom aos protestospopulares de Caldas, sentencian-do a ilegalidade da ocupaçom dosterrenos.

Outra recente resoluçom judicialimpediu a construçom de umhaminicentral no rio Lanhas,afluente do Ulha. A empresa res-ponsável, Eléctrica de Touro,variou a situaçom da represa comrespeito à solicitada, passando de

afectar catorzepropriedades aquase um cento.A sentença anu-lou o projecto,defendido porÁguas da Galiza,por nom levarem conta os pro-blemas deriva-dos para pessoase a fauna do rio.É habitual acoincidência develhos projectoshidroeléctricoscom novas pro-postas da Juntasob o pretexto doabastecimento.Além do deCaldas, mais seisencoros doP l a n oHidrológico res-pondem a estascaracterísticas.Organ izaçonsambientalistas

protestam polo que consideramum engano, já que o País contacom inúmeras reservas desapro-veitadas nos aqüíferos subterrá-neos. Aliás, indicam que a depu-raçom das águas pluviais nomprecisaria de represas para forne-cer núcleos de populaçom.ADEGA manifestou a sua opo-siçom contra a barragem previstaem Junqueira de Ambia, que"sepultará a vila de Acea" paradotar de água potável Ourense.Criticam a "falta de critérios

ambientais no desenho das políti-cas do governo" e asseguram quea nova barragem "nom é nen-humha soluçom aos problemasde abastecimento".Outras edificaçons que afectam avida dos rios som as canali-zaçons, consideradas "excessivase mal definidas" por colectivosde defesa ambiental. Um exem-plo é a canalizaçom pretendidaao longo do rio Mero, emCambre, que já foi contestada porumha plataforma social. As rei-vindicaçons conseguírom que se

descartasse o projecto previsto,forçando o Concelho a negociarcom a Administraçom. O resulta-do, celebrado pola PlataformaRio Mero Natural, impede que seproduzam agressons ambientais esó permite obras no trecho finalda bacia.É também salientável o programade represas para a Ulhoa. A suavitalidade natural, já ameaçadapola autovia, enfrenta também aconstruçom solicitada de peque-nas centrais en Mácara, umhazona de alto interesse ambiental

que conta com numerosas fer-venças e rápidos. A inocuidadedeste tipo de centrais proclamadapola Junta foi contestada por 50biólogos da Universidade deSantiago, que denunciárom osefeitos nocivos "que toda estasérie de construçons pode ocasio-nar no nosso património biológi-co". Advertem que os projectoshidroeléctricos se "realizam àprocura de um benefício econó-mico", evitando contemplar "asperdas em riqueza biológica, emboa medida irreversíveis".

O Tribunal Superior de Justiça acabou por dar a razom aos protestos populares de Caldas, sentenciando a ilegalidade da ocupaçom de terrenos

Em total, acifra de centraishidroeléctricaspresentes no

País superaráas trescentas,duplicando o

número actualdas chamadasminicentrais.

O Planoaprovadoprevé a

construçom de24 grandesbarragens

Page 8: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

Um manifesto assinado pordiversas organizaçons ambienta-listas assinala que o Plano Galizaconstitui umha "nova maré des-trutora do ambiente galego, nestecaso nom de fuelóleo mas decimento, betom e alcatrám.Supom mais dilapidaçom energé-tica e mais contaminaçom".Também se referem no manifestoo plano de estradas e os projectoshidráulicos, que interpretamcomo umha "séria ameaça" àvida natural dos rios. Xosé Veirasacrescenta que "a produçom e oconsumo de energia é a principalcausa de destruçom ambiental, naGaliza e a nível global", pro-duçom e consumo que crescemexponencialmente desde a déca-da de 90.O citado estudo elaborado porbiólogos da USC destaca que oplano de exploraçom hidráulicoconsiste "num negócio particularde uns poucos que vai represen-tar umha mínima fracçom danossa produçom de energia e queem troca está a arruinar umhaparte substancial do patrimónionatural". Estudam ao pormenoros efeitos das barragens e asrepresas, indicando os danos pro-vocados nos ecossistemas flu-viais, os invertebrados aquáticos,

os anfíbios, os mamíferos e avegetaçom. As represas alteram oregime de caudais dos rios e agri-dem o bosque de ribeira, segundofontes ambientalistas, que tam-bém questionam a implantaçommaciça de linhas de alta tensom.Outro dos efeitos denunciados éa forte variaçom produzida nocaudal dos rios por baixo dasrepresas, afectando a diversidadee a densidade da populaçom ani-mal. As descargas bruscas deágua das barragens, agridem oecossistema fluvial e som perigo-

sas para os e as habitantes daszonas afectadas. Neste Verao, adescarga de umha central deFenosa provocou a morte deum Guarda Civil.As represas previstas nas bacias

de Galiza-Costa (60) afectarámem diferente medida 1606 núcle-os habitados, quantidade "desor-bitada" que "nom responde anenhum tipo de interesse social",segundo a plataforma em defesados rios, que continuará a suaactividade em defesa do nossopatrimónio natural.

8 reportagem Novembro 2003 novas da galiza

Aprovado polo Conselho daJunta em Outubro de 2000, oPHGC recebeu relatórios favorá-veis do Conselho Galego doAmbiente e do ConselhoNacional da Água, foi publicadono BOE no dia um de Março de2003 e vigorará até 2017. Nelecontemplam-se "áreas de espe-cial protecçom" que contariamcom "medidas de prevençom,regulaçom de actividades e sane-amento que garanta a conser-vaçom do recurso, a sua qualida-de e a máxima riqueza ambientale paisagística do contorno". Noentanto, as palavras de boa von-tade contrastam com a planifi-caçom de Águas de Galiza, orga-nismo oficial que só considera orio Sor como espaço de interesseambiental.O PHGC suscitou a alerta dasorganizaçons ambientalistasgalegas e de um bom número decámaras municipais. Segundo otexto aprovado, as entidadesmunicipais deverám adaptar os

seus planeamentos urbanísticosàs demandas dos projectos apro-vados no desenvolvimento doPlano Sectorial Hidroeléctrico.Nas suas alegaçons, ADEGAconsidera este factor como"umha agressom injustificável àcapacidade dos governos muni-cipais e das povoaçons locais". A

organizaçom ambientalista julgaque o Plano Sectorial "visa faci-litar a tramitaçom dos expedien-tes de autorizaçom de novasminicentrais em benefício dosinteresses privados das empresaspromotoras, e nom ordenar a suainstalaçom de forma racional".As alegaçons da ADEGA indi-

cam que o PHGC "nom analisa,nem sequer superficialmente, oimpacto ambiental negativo cau-sado polos aproveitamentoshidroeléctricos existentes".Xosé Veiras, representante daFEG na Junta de Governo deÁguas de Galiza, opom-se à pla-nificaçom hidrológica vigente

que, por suas palavras, "entendea política da água fundamental-mente como umha política deobras públicas", apontando comoúnicas beneficiárias as empresasenergéticas e as da construçom.Os privilégios concedidos aFenosa incluem aliás um convé-nio com a Junta, devido ao qual alei de 1992 que protege os riosnom lhe será aplicada até 2003,deixando maos livres aos seusprojectos. Este trato de favor foidenunciado pola plataformaCOGADER.

A planificaçom de Águas de Galiza só considera o rio Sor como espaço de interesse ambiental

Ilegalidades daplanificaçomhidrológica

Vulnera a Directiva Marco daÁgua da UE, que obriga a esta-belecer um quadro de prevençomde "toda a deterioraçom adicio-nal que proteja e melhore o esta-do dos ecossistemas aquáticos".

Nom se ajusta ao RealDecreto 1997/1995, que estabe-lece medidas para garantir a con-servaçom da biodiversidademediante a conservaçom doshábitats naturais e da fauna eflora silvestres.

Tampouco à Directiva'Hábitats' (92/43/CEE), queimpede a deterioraçom das zonaspropostas para a Rede Natura2000 e obriga a conservar espé-cies autóctones dentro da suaárea de distribuiçom natural.

Contradiz a EstratégiaEspanhola para a Conservaçome o Uso sustentável daDiversidade Biológica (1999),que declara a perigosidade dasminicentrais, "umha séria ame-aça para a diversidade biológicae o meio natural fluvial" e afecta"os tramos melhor conservadosde muitos rios ibéricos".

Vulnera os acordos doConvénio sobre a DiversidadeBiológica (Rio de Janeiro, 1992),por destruir zonas de alta diversi-dade de povoaçom animal.

Efeitos ambientais e sociais

O Plano Sectorial"visa facilitar atramitaçom dosexpedientes deautorizaçom de

novas minicentrais”

Plano Hidrológico Galiza-Costa

A produçom e o consumo de energia é a principal causa de destruçom ambiental

O plano deexploraçomhidráulicoconsiste num“negócioparticular deuns poucos quevai representarumha mínimafracçom daproduçom deenergia. Emtroca, está aarruinar umhaparte substancialdo patrimónionatural".As represasprevistas nasbacias de GalizaCosta afectarám1606 núcleoshabitados.

Page 9: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

reportagemNovembro 2003novas da galiza 9

Nome e Apelidos

Nº Conta

Junto cheque polo importe à ordem de Minho Média S.L.

Localidade E-mail

C.P.Endereço

Telefone

1 Ano = 12 números = 20 �

Preenche este impresso com os teus dados pessoais e envia-o a NOVAS DA GALIZA, Caixa dos Correios 1069 (C.P. 27080) de Lugo

Assinante Colaborador = 30 �

Assinatura

[email protected] Telefone: 639 146 523

"As construçons previstas podem causara degradaçom irreversível dos cursos fluviais"

Xosé Luis Salvadores é vogal de Rios na Junta Directiva de ADEGA. Também fai parte da Junta Directiva de COGADER, aCoordenadora Galega pola Defesa dos Rios criada para evitar a proliferaçom de novas barragens e minicentrais

Nela participam grupos ambientalistas, associaçons vicinais e plataformas locais, entre outros colectivos.

Como valora a resposta social

perante a problemática das

barragens?

A defesa dos galegos e galegasdo seu património público enatural estivo e está à alturadas circunstáncias. A criaçom deplataformas em cada um doslugares onde se pretendeconstruir umha nova instalaçom,os centos e por vezes milhares derecursos apresentados diante dasurda administraçom, os actos narua e em diferentes fóruns,a angariaçom entre toda acidadania de milhares de assina-turas que fôrom apresentadas naConselharia do Ambiente, asdenúncias apresentadas nos tri-bunais, a implicaçom de comu-nidades de montes e outras orga-nizaçons na defesa dos seus rios,o compromisso de boa partede artistas e intelectuais com aluita antibarragens, o manifestoque assinárom meia centenade investigadores e investigado-ras da Universidade a pedir amoratória para a construçom denovas barragens, a posiçom denumerosas cámaras municipais(inclusive algumhas governadaspolo PP, o que obrigou a Juntaa declarar de interesse supramu-nicipal a construçom de mini-centrais para assim esquivara oposiçom das autarquias)som exemplos da resistênciade um povo perante a destruiçomdo seu meio natural porumha Administraçom ao serviçodas grandes empresas e, mui par-ticularmente, dos empórioshidroeléctricos.

Poderám parar os pés das com-

panhias eléctricas as leis euro-

peias que protegem os rios?

No recente relatório apresentadopolo Conselho de Contas denun-cia-se a concessom indevida, semjustificaçom, de 36 minicentraishidroeléctricas no período 1998-2001. Nom somos só nós a vermosum abuso total do poder que nomcumpre a legalidade de formamanifesta e descarada. As grandesempresas som as que possibilitamque governe um PP totalmenteentregue e que um PSOE fagaméritos para substitui-lo nomomento oportuno. Os aconteci-mentos que se dérom na barragemde Caldas som o paradigma disto eda conivência por parte da justiça,que se mostrou subserviente, enco-brindo a mentira, a ilegalidade, oabuso de quem, utilizando o poderexecutivo e legislativo, impom osseus critérios com absoluta arbitra-riedade e impunidade. A letra dasleis que algum dia se porám emprática recolhe as aspiraçons polasquais temos luitado: protecçom detodo o tipo de águas, garantia dobom estado das mesmas, gestomdos recursos hídricos com a parti-cipaçom activa do todos os inte-ressados e interessadas, etc. Noentanto, muitas cousas podemmudar até entom, e nom podemospermitir-nos o luxo de aguardar aque as soluçons venham de umhaEuropa (em que, aliás, muito pesao PP) que ainda nom tem podersuficiente para fazer valer assuas propostas nem entende oscomportamentos que se verificamna periferia.

Qual o papel das organizaçons

ambientalistas?

Todas as organizaçons ambientalis-tas concordamos no facto de queestas construçons nos nossos riossignificam um deterioro importan-te e podem ser causa de degra-daçom irreversível dos nossos cur-sos fluviais, tornando-se mais gra-ves ainda os impactos por causados procedimentos seguidos até aomomento. É, pois, a nossa obri-gaçom pôr em conhecimento dosvizinhos e vizinhas afectadas direc-tamente e da sociedade em geral,todos os pormenores das repercus-sons negativas que a nível ambien-tal podem provocar estas inter-vençons. É preciso alertar a cida-

dania para os prejuízos que repre-sentam a nível global, já que dadaa quantidade de barragens que pre-tendem construir, o problema nomapenas soma, multiplica. É precisoparar esta enxurrada de barragens:a paralisaçom ou o atraso de umhaobra será umha pequena vitória,com a certeza de termos argumen-tos fundados e de que o tempo nosdará a razom, como já o fijo emcasos anteriores.

Pode definir sucintamente a

alternativa de ADEGA perante o

Plano Hidrológico?

Dado o excedente energético daGaliza só seria justificado construirnovas barragens naqueles casos em

que fosse estritamente necessáriopara prever riscos de perdas devidas humanas, ou por necessida-des reais de fornecimento. Portantoapostamos numha moratória paraas barragens, que deverá ser apro-veitada para umha avaliaçom dasperdas reais de riqueza biológicaque representam. E propomos aelaboraçom de um novo planohidrológico incluindo as zonasgalega e portuguesa, como tambéma leonesa da cabeceira do Sil. Esteplano deverá estar assente nos cri-térios da nova directiva europeia.E, por enquanto, terám de promo-ver-se campanhas de poupançaenergética e de melhoria de efi-ciência na utilizaçom da água.

“Dado o excedente energético da Galiza só seria justificado construir novas barragens naqueles casos em que fosse estritamente necessário”

Page 10: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

10 reportagem Novembro 2003 novas da galiza

Um ano depois do afundamento do Prestige e do começo da crise nacional

J. M. Lopes

A notícia que serviu para reactivarparcialmente o debate ao redor doPrestige tivo a ver com o planoinstitucional: em finais deOutubro, a Uniom Europeia apro-vava a posta em andamento deumha comissom de investigaçomno parlamento de Estrasburgo,com a qual se consumava umhareivindicaçom longamente sustidae que já tinha sido apresentadaneste organismo por sete vezesconsecutivas. Ainda que a comis-som nom começasse a funcionar,os objectivos imediatos fôrom jámarcados. Corresponde a estaequipa de trabalho o “estudo dasmedidas de segu-rança no trans-porte marítimo”,seguindo asorientaçons que oPP tentou dardesde o início àinvestigaçom. Avalorizaçom ofi-cial daP l a t a f o r m aNunca Mais foipositiva, afirman-do que “já temoscomissom” e quegraças a esta enti-dade se estudarápormenorizada-mente o aconteci-do com o barcoafundado e as res-ponsabilidadesdos governoscentral e autonó-mico na gestomda catástrofe. Por parte de outrasfontes, situadas numha posiçomde apoio crítico à Plataforma,denunciou-se o facto de a decla-raçom de Nunca Mais coincidirparcialmente com a do porta-vozdo Partido Popular, o senhorGaleote. Estas fontes perguntamcomo é possível que o partido dadireita espanhola e o movimentocívico se encontrem ao valorizaros logros atingidos na UniomEuropeia. No entanto, no que sim

houvo um consenso substancialfoi na hora de se julgar a respon-sabilidade de Rodolfo MartínVilla, comissionado espanhol paraa catástrofe, que abandonou oposto em que se tinha estreado háquase um ano manifestando semambages que “tinha pouca ideiasobre a questom e aguardavaassessoramento”. Ficam semesclarecer os conteúdos e com-petências concretas de umhacomissom que o governo espanholconsidera encerrada, sem estaremainda limpos os fundos marinhos,as praias e os cons, e com umhasoluçom técnica ainda sem seefectivar para o barco afundado. Oemprego e salário de quem fora

ministro do interiorespanhol numha dasetapas mais duras daReforma política nomfôrom justificados denenhumha maneira porfontes oficiais.Paradoxalmente, e ape-sar deste desleixo insti-tucional, nom som sóorganizaçons e colecti-vos sociais de opo-siçom ou contestatáriosa alertar para a gravida-de da situaçom quandonos aproximamos dosdoze meses do afunda-mento: Juan JoséGonzález, do InstitutoEspanhol deOceanografia, reconhe-ceu há duas semanasque o nível de contami-naçom dos fundosmarinhos da plataforma

continental nom era nada de dife-rente a respeito da registada nosmeses de Dezembro de 2002 eFevereiro de 2003.Mas o fenómeno de maior rele-váncia à volta da maré negra, alémdo que acontece na esfera institu-cional, encontramo-lo dentro domovimento popular. Após algunsmeses de aparente calmaria, umamplo leque de iniciativas sociaise políticas voltam a tomar corpoum pouco por todo o País. A pri-

meira entidade em apresentá-laspublicamente foi a Plataformacontra a Burla Negra, que já nomês de Outubro lançou a sua pro-posta nacional de Fórum Negro daCultura. Com a ilustrativa legenda“E depois do Prestige, quê?” foi omundo da cultura auto-organizadaque demonstrou maior vontade depermanência, mesmo à margemdas vicissitudes das formaçons

políticas que tentárom capitalizara indignaçom popular. O FórumNegro pretende aproveitar todasas forças somadas na luita contra amaré negra para construir “umdiscurso plural sobre o estado dacriatividade na Galiza, comuni-cando, aliás, alternativas e linhasde acçom”. Através de três fasesdiferenciadas -um primeiroencontro informativo, um segundo

de angariaçom de contributos eum último de contituiçom dofórum propriamente dito-, a ini-ciativa visa umha reflexom geralsobre o estado da produçom cultu-ral galega e umha mais concretasobre o futuro e as imediatas pers-pectivas da Plataforma contra aBurla Negra como estrutura está-vel de organizaçom e mobili-zaçom contra a maré negra.Independentemente das decisonstomadas no dito fórum, que sai-rám à luz pública no mês deDezembro, Burla Negra demons-tra certa vontade de constáncia.Continua a celebrar assembleiasabertas às terças feiras no seu localnacional de Compostela e preparaa apresentaçom na Sala Nasa dolivro-disco “Sempre mar”.Algumhas estruturas comarcais,dependentes ou nom de maneiradirecta da Plataforma NuncaMais, observam este ressurgirmobilizador com os motores já emmarcha. Com efeito, o NM decomarcas como Lugo ou Vigonunca abandonárom a dinámicade actividades nos momentosmais frios dos últimos meses, sig-nificando-se polo mantimento deuma certa presença de rua. Quantoà primeira das cidades, a

O primeiro aniversário do afundamento dopetroleiro Prestige nom podia passar desaper-cebido na Galiza. Depois da maior catástrofesocial e ambiental da nossa história, com evi-dente responsabilidade política, e de um súbito

e multifacetado despertar colectivo traduzidonumha dinámica mobilizadora sem preceden-tes, os e as protagonistas da convulsom sociale política voltam a tomar a rua e a palavra.Diferentes valorizaçons do movimento social e

até encontradas apostas de futuro coexistem naGaliza que enfrentou a catástrofe. Novas daGaliza compilou para os seus leitores e leito-ras algumhas das posiçons que saem de novoàs ruas da capital no próximo dia 16.

A Uniom Europeia aprovavou em Outubro a posta em andamento dumha comissom de investigaçom limitadaMartín Villaabandonou o

posto no que seestreara há

quase um anomanifestandosem ambages

que tinhapouca ideia

sobre aquestom eaguardava

assessoramento

reportagem

O futuro de Nunca Mais

Xoán SolerPassado o momento inicial, as perspectivas som de resistência frente ao poder

Page 11: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

reportagemNovembro 2003novas da galiza 11

Plataforma continuou a editar oboletim porta-voz CrónicaSemanal do Chapapote e organi-zou um cortejo polas ruas luguesasnas festas do Sam Froilám, apesarde o concelho se ter recusado a darqualquer apoio explícito e mesmoa deixar um espaço no programade festas para a denúncia do casoPrestige. Para Joao Fontenla,membro de NM Lugo desde o iní-cio, cumpre evitar o desespero quese apoderou de tanta gente nos últi-mos meses e continuar com oritmo de trabalho: "Como todo omovimento social que pretendemudar algo neste país, passado omomento inicial, as perspectivassom de simples resistência frenteao poder, a "aguilhoar" responsá-veis e grupos fácticos, com a sim-ples presença incomodativa,enquanto nom se reconhecerem oserros que tornárom um acidentecatástrofe". Cumpre nom esque-cer, aliás, que “cada dia que passacom umha bandeira penduradanumha janela é umha semente defuturo”.Em Vigo, a preparaçom do aniver-sário está-se a preparar desde omês de Outubro com a organi-zaçom de palestras naUniversidade. Outros sectoresindependentes como Mar de Tinta,organizado polo colectivo de tra-balhadores e trabalhadoras daUSC, mantivo o seu programainalterável todas as semanas doano lectivo na compostelana Praçade Fonseca com pequenas concen-traçons e leituras de textos dedenúncia.Talvez o mais salientável das acti-vidades programadas seja a suaextensom territorial: para além dassete cidades da CAG, os ámbitosmais habituais de actos de reivindi-caçom política, o recordo da catás-trofe chegará a comarcas como aMarinha, a Arouça, o BaixoMinho, Muros-Noia, o Condado,Tabeirós, a Costa da Morte, oSalnês ou Chantada.Ainda que nom fal-tem as mobilizaçons,convocando-se con-centraçons ou con-centraçons-velórionos principais núcle-os de populaçom,predominarám actosde outro género,como palestras,exposiçons, ceias-colóquio, projecçonsde vídeo ou insta-laçons de postos dematerial nas praças mais cêntricas.O eco da catástrofe, ao que parece,continua a chegar bem longe danossa Terra e motivará actividadesnoutras latitudes: nos PaísesCataláns, em Inglaterra, Espanhaou na Alemanha será lembrada acrise com mesas-redondas e mobi-lizaçons organizadas para tal efei-to. Aqui, na Galiza, a pretensom éque toda a dinámica social acumu-

lada nas semanas prévias se cana-lize para a mobilizaçom nacionaldo dia 16 de Novembro emCompostela, convocada sob alegenda “365 dias de incompetên-cia, 365 dias de dignidade”, conti-nuando com a linha habitual, tantoquanto ao estilo como quanto às

palavras de ordemempregues polaPlataforma NuncaMais em anterioresconvocatórias. Nascomarcas mais emelhor organizadascomo Vigo, já estámà venda os bilhetespara as camionetasque deslocarám mui-tas pessoas à capitalda Galiza no dia 16.No encerramentodesta ediçom já se

conhecia que o conjunto das orga-nizaçons políticas e sindicais eainda colectivos sociais de outroscampos sem obediência espanholaapoiarám a mobilizaçom nacionalde NM. Também o farám forçassindicais como CCOO, emborafalte saber a posiçom do PSOE.Tanto o independentismo como onacionalismo institucional secun-darám a manifestaçom, embora

mantendo valorizaçons opostas eperspectivas também muito dife-renciadas. NÓS-UP acabou de edi-tar um pronunciamento públicocom motivo do primeiro aniversá-rio do começo da crise nacionalem que o "Plan Galicia" é enqua-drado como “projecto de quartareconversom da eco-nomia galega” e ondese fai um chamamentoa “continuar na ruacom o ánimo do pri-meiro dia na denúnciados responsáveis”. Eiso sentido da campanhaagitativa levada adian-te pola organizaçompolítica nos dias pré-vios, com a legenda“Prestige: a luita conti-n u aAutodeterminaçom”.Esta campanha relaciona-se com atradicional análise crítica do papelde umha plataforma que vetou aentrada de diversas entidades doMLNG e “foi utilizada para contarvotos e para tentar atingir o gover-no de umha autonomia incapaz deenfrentar problemas como estes”.A FPG, numha parecida posiçom,já se dirigira há meses a XoséSánchez, presidente da Plataforma,

para ratificar o seu apoio masdenunciando a exclusom de enti-dades chamadas de “radicais combase em trampulhadas e manipu-laçons num sistema organizativoque acabou por ser norma habitualde funcionamento”. Por sua vez,um nacionalismo autonomista

metido em cheio noprocesso pré-assemblear pareceapostar na continui-dade de NM erecolhe nas suasteses-base umhareflexom concretasobre os movimen-tos sociais, recon-hecendo explicita-mente que “NuncaMais, participadodesde o início poloBNG, fortaleceu a

posiçom eleitoral do nacionalis-mo” e defendendo o reforço daorganizaçom popular como mel-hor garante da governabilidade.No plano institucional, a frentecontinua a fazer girar a sua práticana denúncia da incompetência, erecentemente apresentou no parla-mento autonómico umha propostaa favor do cumprimento dos pra-zos do "Plan Galicia".

Anxo Iglesias

Alberto Estévez

“Cada dia quepassa com

umha bandeirapendurada

numha janela éumha semente

de futuro”

NÓS-UPenquadra o

Plano Galizano projectode quarta

reconversomeconómica

“365 dias de incompetência, 365 dias de dignidade” é a legenda de Nunca Mais para a manifestaçom do dia 16

Diferentes estruturas comarcais chegam a este ressurgir mobilizador com o motor já em andamento

Page 12: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

12 análise Novembro 2003 novas da galiza

análise

Sociedade, futebol e violênciaPaulo P.B.

A morte de um moço corunhês depois do jogoda taça do rei espanhol entre a SD Compostelae o RC Deportivo abre novamente o debatesobre as torcidas e a violência no desporto.Desde o início do futebol existem rivalidadesentre claques, já nom como parte do

espectáculo mas como canalizaçom dasfrustraçons sociais. Mas neste artigo nomtratamos de desenvolver umha tese sobre ofutebol na sociedade, antes apenas umhadescriçom das diversas claques galegas paramelhor focarmos as graves incidências

acontecidas em Compostela no passado mês deOutubro. Apenas centramos a análise nasconsideradas como "radicais", que costumamter como denominador comum a mocidade dosseus membros e a politizaçom das suasconsignas e simbologia.

R.C.D. Corunha: Riazor Blues

É a claque galega mais importantena nossa naçom e um dos seusmembros é acusado de ser o pre-sumível imputado na pancadamortal que acabou com a vida domoço Manuel Rios quando esterecriminava a um grupo de "riazorblues" o facto de estarem a malharnum siareiro da SD Compostela.Riazor Blues nascêrom em 1987,quando um grupo de moços emoças siareiras decidiram organi-zar as primeiras saídas para outrascidades a animar o seu clube.O começo de Riazor Blues estácoberto por umha espessa brêtemae a filosofia inicial do grupovariou muito desde aqueles anosaté à etapa actual. Nos seuscomeços havia no único fundo deRiaçor muitos símbolos fascistas eavondo bandeiras espanholas polapresença de um grupo denomina-do Nikis Sur (na actualidade som asecçom corunhesa de Ultra Sur doR. Madrid) de ideologia de extre-ma direita. O influxo desta ideolo-gia em Riazor Blues durou bempouco evoluindo para umha ideo-logia antifascista e nalguns dosseus membros próxima dos postu-lados da esquerda nacionalista.Riazor Blues tem como aliadasdiversas claques da esquerda do

estado espanhol sobretudo a anda-luza Biris Norte (claque doSevilha de ideologia andaluzista ede esquerda) e com os TripustelakTaldea do Atlétic de Bilbao (aindaque com o grupo Herri NorteTaldea chegassem a ter certos pro-blemas derivados da amizade domesmo com Celtarras, do RCCelta).Entre Riazor Blues e Celtarras háumha velha inimizade ainda queem ambas as claques a maioria depessoas se definam como naciona-listas galegas. Esta rivalidade épouco compreensível nom sendopolo fomento do localismo entreVigo e Corunha.O localismo extremo -corunhesis-ta neste caso- era um dos sinaisidentitários da secçom de RiazorBlues a que pertencia o presumí-vel assassino de Manuel Rios. Asecçom "Los Suaves" sempre seautodefiniu como apolítica. Istoescondia no fundo um certo espan-holismo, e por esta razomeste subgrupo tivo muitos proble-mas com o resto de Riazor Blues,nomeadamente com a extintasecçom "Os Irmandinhos" quemais tarde abandonaria RiazorBlues para criar a claque"Grei Gentalha", de ideologiaindependetista.

R.C. Celta: Celtarras

As origens de Celtarras estámnum grupo de siareiros e siareirasda secçom juvenil do RC Celta deVigo que nos primórdios se cha-mavam Juventudes Celestes.Este grupo nasceu em meados dadécada de oitenta e podemos defi-ni-los como a claque radical daGaliza por excelência. Definem-secomo nacionalistas de esquerda enas bancadas de rio de Balaídosonde se situam pode ver-se amiú-

de simbologia nacionalista, eainda de outras naçons comoPortugal.Se bem que Riazor Blues antes dasua autodissoluçom chegasse acontar com perto de um milhar demembros, os e as celtarras nomchegam a ultrapassar duzentos.Além de nom ser umha claquemuito numerosa, foi umha das pri-meiras da "Liga" em ir ao campodo Real Madrid, e som considara-das como umha das claques mais

perigosas polas máximas instân-cias desportivas. Tenhem relaçonscom a maioria das claques bascas,nomeadamente com Herri Norte.Nós aguardamos que estas claquesafins na sua ideologia cheguemalgum dia a deixar atrás o seulocalismo e fagam um esforçosentido e assente na reivindi-caçom popular de umha selecçomgalega de futebol que poda repre-sentar a nossa naçom em compe-tiçons internacionais.

Miguel RiopaA reivindicaçom da selecçom nacional deve superar o localismo das claques

Page 13: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

históriaNovembro 2003novas da galiza 13

crítica

Manuel Anxo Fernández Basoferece-nos um interessanteavanço do trabalho de investi-gaçom que está a fazer sobre oBloque Nacionalista Galego. Olivro, editado por Laiovento estáestruturado em cinco partes eumha muito completa bibliogra-fia. Ainda, inclui três interessan-tes apêndices: os dous primeirossobre os resultados eleitorais naGaliza no período 1977-83 e oterceiro com as listas de assisten-tes à comissom gestora prévia àassembleia da Corunha em quese criou o Bloque NacionalistaGalego. Completam o livro umhalista de siglas e um índice ono-mástico de evidente utilidade.(...) O valor do livro é muito desi-gual: os três últimos capítulossom dignos de grande confiançasalvo quanto ao tratamento doindependentismo, onde há algumerro, um deles importante. Naspartes anteriores os erros acumu-lam-se e desluzem o trabalho deManuel Anxo Fernández Bas.(...) Reconheço que a clandestini-dade em que se moveu o nacio-nalismo galego na Galiza depoisde 1936 nom facilita o trabalhodo investigador. No caso deManuel Anxo Fernández Basainda é mais grave pois tem errosno período anterior e também noatinente ao nacionalismo galegodo exílio que som muito menosdesculpáveis.(...) Na página 26, na nota derodapé 17, afirma-se que En1944 créase o Consello deGaliza, en México, (...) O erro égrave já que o Consello de Galizafundou-se em Montevideu. OConsello de Galiza residia emBuenos Aires mas constituíra-seem Montevideu devido a que aArgentina de Perón, grandeamigo de Franco, fazia mais pru-dente que a acta formal da suacriaçom fosse assinada emMontevideu. Se Fernández Bas osituasse em Buenos Aires a suaequivocaçom teria menos impor-táncia.(...) [Cai num anacronismo] como grupo Brais Pinto; asseguraque asistían moi a miúdo aoComité das Nacionalidades daUNESCO. O fato Brais Pintoreunia-se no Centro Galego ouno café Los Mariscos durante osanos prévios à constituiçom daUPG e também nos primeirosanos desta. Seria bastante depoise já nom como Brais Pinto [1],

mas como agrupaçom local daUPG, que começaria a assistir aolocal da praça de Tirso de Molinaaproveitando as facilidades quedava o Comité dasNacionalidades da UNESCO.(...) Na página 41 há umha notade rodapé que me atinge pessoal-mente:

Neste Terra e Tempo, atribuído a LuísGonçález Blasco "Foz", a UPG posiciónase,por primeira vez, de forma oficial a prol daloita armada como resposta ante as agre-sións do réxime e como medio para a libera-ción nacional. Unha estratexia fundamenta-da na tese da revolución incitada ("forzada")de Regis Debray.

A nota tem algo estranho já quediz "Neste Terra e Tempo" comose houvesse umha referênciaanterior ao mesmo, quando notexto nom há nengumha. Nomvou entrar no seu contido aindaque devo dizer que a UPG nuncatomou como teórico a RégisDebray nom sendo na autoria quese me atribui.A história deste Terra e Tempo éum tanto particular. No número 81de Terra e Tempo (Abril de 1984)reproduz-se a introduçom e a capado mesmo, na capa pode-se ler,escrito a mao, Edición de París.No interessante livro O sindicalis-mo nacionalista galego 1972-1982 que vem de ser publicado háuns meses há duas referências aofamoso Terra e Tempo: a primeirana página 30 que di: como pode-mos ler nun Terra e Tempo espe-cial, editado en París en 1972 ... Asegunda, na página 34, reproduznovamente a capa, ainda queagora nom se poda ler a notamanuscrita, com o seguinte pé:Terra e Tempo, vozeiro da UPG,editou un número especial dedica-do á folga do 72.A realidade é que a UPG, comotal, nunca editou esse número

especial. O que editou foi umdossier intitulado Galicia, marzal1972 un mes de represión. O dos-sier, repartido amplamente naGaliza, foi-nos enviado à organi-zaçom parisina da UPG. Ali deci-dimos reeditá-lo, como se faziahabitualmente com o Terra eTempo, para a sua difusom entrea emigraçom galega. Tambémdecidimos pôr-lhe o título deTerra e Tempo número especial eacrescentar-lhe umha capa comuns desenhos. O autor da mesmafoi um Português, galegodescen-dente e simpatizante da UPG. Foiele (com o acordo da célula) quemudou Galicia por Galiza.Actualmente, nos arquivos daUPG só existe esta ediçom pari-sina e nom o dossier original,seguramente perdido na clandes-tinidade. A simples leitura dotexto avonda para concluir quenom podia ser obra minha nemde ninguém que vivesse fora daGaliza: trata-se de um dossierredigido por umha equipa sob aresponsabilidade de MonchoReboiras.(...) Os outros dous erros adverti-dos no livro som os referidos aotratamento do independentismo.O primeiro é antes conseqüênciade um problema de bibliografia eproduz-se ao tratar da cissom daUPG e do nascimento da chama-da UPG (linha proletária) [2] e doPartido Galego do Proletariado.Na página 84 afirma-se:

En abril de 1977 únense ao proxecto "críti-co" un pequeno grupo de militantes da UPG,entre os que se atopaban persoas expulsadase outras que saíran voluntariamente. Estecolectivo coñecerase co nome de "grupo deFerrín".Manuel Mera (Leira, 2000) afirma que asexpusións se produciron na AsociaciónCultural de Vigo en abril de 1977, despoisdunha asemblea moi tensa na que se debatí-an temas sindicais.

No livro de Leira as cousas nomestám excessivamente claras masé um facto bem esclarecido que,em Abril de 1977, Ferrín já leva-va tempo fóra da UPG (expulsa-ra-o, precisamente, "Pepinho deTeis ou de Redondela" que seriao seu camarada tanto na UPGlinha proletária como no PartidoGalego do Proletariado. Ferrín,no seu livro de conversas comSalgado e Casado, afirma que oocorrido na Asociación Culturalde Vigo en Abril de 1977 foiumha expulsom massiva demembros da AN-PG (entreoutras a sua). Provavelmente aMera falha-lhe a memória e con-funde umha assembleia da AN--PG com umha reuniom da UPG.Por último na página 167 afirma:

Despois das eleccións municipais, GaliciaCeibe celebrara o seu V Plenario Nacionalos dias 4 e 5 de xuño [2] en Vigo. NestePlenario maniféstase o desánimo producidopola negativa a formar unha plataformaentre os nacionalistas con motivo das elec-cións municipais e márcase o terreo sindicalcomo principal liña de actuación. A estePlenario sucédelle outro que se celebra o 26de novembro do mesmo ano no que dezasetemilitantes da organización (entre os que seatopaba Méndez Ferrín) presentan a propos-ta de autodisolución de Galicia Ceibe polasúa pouca implantación social e a súa redu-cida operatividade. Este grupo, ante a deci-sión maioritaria de non disolver a organiza-ción, decide abandonala e dedicarse enexclusiva ao terreo sindical. Neste Plenariotamén se adopta por maioría o cambio donome da organización polo de Galiza Ceive-OLN.

Várias som as pontualizaçonsque se devem fazer a estacitaçom:A maioria da assistência ao VIPlenário (o de Novembro) mani-festou-se a favor da dissoluçommas, segundo os estatutos, paraaprovar esta decisom era neces-sária umha maioria qualificadados dous terços que nom foialcançada, aliás, quem abando-

nou a organizaçom nom se limi-tou "en exclusiva ao terreo sindi-cal", polo contrário, estas pesso-as continuárom a editar Espiral,o até entom boletim porta-voz deGalicia Ceibe-OLN.Em Janeiro de 84 celebra-se oVII Plenário para reorganizar aorganizaçom e convoca- -se oVIII Plenário para os dias 23 e 24de Fevereiro. Neste VIII Plenárioé quando se aprova, por acla-maçom, um relatório lingüístico[3] onde se adopta a normativa daAGAL e se muda o nome polo deGaliza Ceive-OLN.Pode parecer que me estendimmuito em criticar os erros deFernández Bas. Se o figem foiporque ao mesmo tempo queriadeixar esclarecidas algumhasquestons. Também queria cha-mar a atençom para que nomcontinuem umhas práticas quefam que trabalhos, por outraparte excelentes, como o citadode Barreiro Rivas e o deFernández Bas nom se vejamdesluzidos por defeitos de infor-maçom que se estám a repetirem demasia.Quero finalizar salientando aimportáncia do livro deFernández Bas, com o desejo deque, quando se publicar o trabal-ho que está a elaborar, sejamcorrigidos os erros deste.

[1] Mais adiante (página 46 em nota de roda-pé) dirá que Brais Pinto também era conheci-do como o "grupo dos pintores", nunca talcousa ouvim e parece-me difícil umha taldenominaçom quando o único pintor de BraisPinto era Reimundo Patiño.[2] Digo chamada porque este fato nunca uti-lizou o nome de UPG linha proletária masapenas o de UPG[3] De 1983.[4] Elaborado por mim.

Trecho do texto elaborado por 'Foz' paraNGZ. Em breve será publicado integramente

em http://www.galizalivre.org

“O valor do livro resulta muito desigual: os três últimos capítulos som dignos de confiança. As partes anteriores desluzem o trabalho”

‘A Formación do Nacionalismo Galego Contemporáneo’Luís Gonçáles Blasco (Foz) analisa o ensaio recentemente publicado por Manuel Anxo Fernández Bas

Quero deixaresclarecidas algumhasquestons. Também,chamar a atençompara que nomcontinuem umhaspráticas que fam quetrabalhos, por outraparte excelentes, sevejam desluzidospor defeitos deinformaçom

Page 14: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

14 cultura Novembro 2003 novas da galiza

portal galego da línguaLiteratura galegaem linha

Desde já a literatura galega contacom mais um site na Rede de Redespara se dar a conhecer ao mundointeiro. História da Literatura gale-ga, Nove séculos de escrita (XII-XXI) é o sugerente título com quese introduz este percurso pola litera-tura galega desde os primórdios atéà actualidade. Pode aceder-se noweb de Pensa Galiza:http://www.pensagz.cjb.net

Ventura Pérezaprova agoramoção de apoioao galego

A Câmara Municipal viguesa com-prometeu-se ontem na extensão douso social do galego, numa iniciati-va apresentada pelo BNG e defen-dida pela vereadora MargaridaMartins. A iniciativa tambémincluía uma proposta concreta parao pleno instar o presidente daCâmara a cumprir o regulamentomunicipal de normalização linguís-tica "e dar exemplo cívico no com-promisso com as normas legais emprol da língua galega".

Regressa o''Tira-dúvidas''ao PGL

O Tira-dúvidas do PGL, serviço quevisa resolver quantas dúvidas acercada língua galego-portuguesa coloca-rem os e as internautas, acabou deser reactivado, após ter ficado sus-pensa a secçom desde o mês deJulho passado. Desde já, o serviçotentará esclarecer todas as dúvidasque tiverem os e as galegas quanto àsua língua, designadamente as pro-vocadas pola interferência do espan-hol, língua com que actualmentesuprem muitas das suas carências.

Adiam operaçoma paciente por

solicitar empregodo galego

A Mesa pola NormalizaçomLingüística solicitou umha reu-niom com o Gerente do HospitalClínico de Santiago e com oConselheiro da Saúde por causada grave discriminaçom lingüís-tica sofrida por um membro destaassociaçom na semana passada.Um paciente, numha consulta depré-operatório da qual dependiaa data definitiva da realizaçomda sua intervençom cirúrgica,solicitou que o papel de autori-zaçom da operaçom estivesseredigido na língua co-oficial queutiliza habitualmente: o galego.

AMI iniciacampanha em

defesa do idioma

A Assembleia da MocidadeIndependentista (AMI) inicioucom umha colagem de cartazessimultánea nas principais cidadesgalegas, umha ambiciosa campan-ha em defesa do idioma. Os carta-zes colados visam denunciar ocarácter agressivo para com ogalego das denominadas políticasde "bilingüismo harmónico", jáque que todos os dados apontampara o facto de apenas terem con-tribuído, nas últimas décadas,para a maior perda de galegofa-lantes experimentada na Históriado nosso país.

www.agal-gz.org

Recenseamento de 2001 confirmaavanço da substituiçom lingüística

O Instituto Galego de Estatística(IGE) publicou recentemente noseu web os dados do último recen-seamento municipal de 2001, ela-borado polo Instituto Nacional deEstatística espanhol (INE). Oanterior recenseamento tinha sidorealizado em 1991 e os últimosdados mostram que desde aqueladata a populaçom galega diminuiuem 2,3%. Entre os dados fornecidos,incluem-se aspectos relativos aouso e conhecimento do galego.Realiza-se umha classificaçom defalantes em três categorias segun-do a freqüência de uso do galego:"sempre", "às vezes", ou "nunca".Segundo os dados publicados56,85% da populaçom galega afir-ma falar "sempre" em galego (em1991 eram 55,08%), enquanto30,29% diz usar o galego às vezes(33,43% em 1991). Mais preocu-pante é que 12,86% de galegos egalegas nunca fala a língua pró-pria do País, o que supom o dobro

que no ano 1991 (6,13%). Deve observar-se que já em 1991o Mapa Sociolingüístico Galegoda RAG tinha feito umha classifi-caçom mais pormenorizada doscomportamentos lingüísticos naGaliza, utilizando quatro catego-rias em vez das três do INE einformando que 38,7% da popu-laçom falava apenas em galego,

29,9% falava mais galego, 20,8%mais espanhol e 10,8% somenteutilizava o espanhol. Portanto,deduz-se que os dados do INEsobre os monolíngües em galegorealmente incluiriam bilíngüescom predomínio do uso do galego. Esta progressom do processo desubstituiçom lingüística confirma-se nom apenas nas sete cidades demais de 50 mil habitantes, mastambém nas vilas. Assim, entre osmunicípios que contam commaior número de pessoas quenunca falam galego encontram-seas sete cidades, encabeçadasnovamente por Ferrol com29,85% seguida por Ponte Vedra(29,07), a Crunha (27,39) e Vigo(25,49). A continuaçom situam-seOleiros (24,11) e Poio (19,83).Outras vilas, como Cambre, Sada,Betanços, Monforte de Lemos ouo Barco de Val de Orras, superamLugo (14,41%), Ourense (13,73) eSantiago de Compostela (11,19)em monolíngües em espanhol.

Recusam galeguizaçomdo apelido "Rivera"

Xosé Manoel González Rivera é onome "oficial" do jovem ourensanoque decidiu há pouco mais de umano galeguizar o seu segundo ape-lido, Rivera, para o seu equivalentee etimológico galego, Ribeira. Oprocesso que iniciou parecia muitofácil e com garantia de sucesso,nomeadamente por conhecer-sealgum caso em que nom tinha havi-do qualquer dificuldade. Porém,estava a começar uma corrida que olevaria até Madrid, e mesmo, nofuturo, a ter de iniciar um procedi-mento muito mais complexo paratentar a definitiva galeguizaçom doseu apelido materno.Baseando-se no artigo 2 da Lei40/1999, de 5 de Novembro, sobrenome, apelidos e ordem destes, naaltura "noticiada" como um gran-de triunfo político para a conse-cuçom da restauraçom dos apeli-dos galegos, apresentou o seupedido no Registo Civil de

Ourense. Semanas depois recebiao auto assinado pola MagistradaResponsável por esse RegistoCivil, desestimando o seu pedidoaté por que "o que permite o pre-ceito chamado é somente acorrecçom gramatical dos apeli-dos que, sendo especificamente

próprios de uma das línguasespanholas, constam incorreta-mente inscritos de acordo com asdirectrizes ortográficas daquelaslínguas, mas nom adaptar às mes-mas qualquer apelido do acervonacional", ou o que é o mesmo,"galeguizá-los".

Quer o Registo Civil de Ourense, quer a Direcçom Geral deRegistos e Notariado de Madrid, achárom nom adaptável para

galego qualquer apelido do "acervo nacional"

Vilas e cidades registam a menor freqüência de uso do galego

Persistem os atrancos para a galeguizaçom dos apelidos

O miniRelay é um dos servidores dee-mail mais ligeiros, e com um ópti-mo funcionamento. O programapermite solucionar os problemasderivados das limitações impostaspor provedores de acesso a Internet(ISP) que impedem o uso decorreios electrónicos diferentes àscontas que eles próprios oferecem,ou impõem limitaçom de tamanhoem cada mensagem enviada.

56,85% da populaçomafirma falar

"sempre" em galego,30,29% diz usar ogalego às vezes, e12,86% nunca o

fala, o que supom odobro que no ano

1991 (6,13%)

bilingüísmo?

Versom galegapara servidorde correio-eminiRelay

Page 15: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

RAVACHOL[www.ravachol.org]Trata-se de um portal dedicado àmúsica tradicional e folk daGaliza e nele podem encontrar-se diferentes secçons (notícias,concertos, entrevistas...).Especial mençom merece asecçom "Artigos", onde somanalisados e investigados diver-sos aspectos da música galega,dos nossos instrumentos, dançaou traje tradicional.

SKACHA[www.skacha.com]Encontramo-nos agora noutraslatitudes musicais completamen-te diferentes. Skacha converteu-se em 12 anos de trajectórianumha banda referencialdentro do seu estilo (street-punk?), tanto no País comofora dele. A página oferece apossibilidade de conhecer ahistória da banda desde quecomeçárom a ensaiar no bairroviguês de Coia, para além dadiscografia, fotos e materialdo grupo.

DANDY FEVER[www.dandyfever.cjb.net]Da raiva do punk passamos aosritmos sincopados, que no casode Dandy Fever vam do trepidan-te ska até à doçura do reggae oudo rocksteady. O web tem umnovo desenho, muito trabalhadoe, para além das fotos e da bio-grafia da banda, queremos cha-mar a atençom para a possibilida-de de descarregar três músicasem formato mp3. Absolutamenteimprescindíveis.

XOLDA[www.xolda.net]Outra das bandas inevitáveis aofalarmos de punk na Galiza éXolda. A banda, também vigue-sa, dispom de umha página bas-tante completa, com fotos, próxi-mos concertos, história da bandae algumha entrevista, animadaainda com a própria música.Nom obstante, há muitas secçonsque ocasionam problemas paraaceder.

SKÁRNIO[www.skarnio.tk]Revisando a essência jamaicananas formaçons galegas chegamosa Skárnio. Após anos de expe-riência tocando ao vivo, e comdous LP´s editados, em Skárnioconseguírom perfilar um sompróprio, consolidado e ao mesmotempo combinado com umha líri-ca comprometida. O web oferecemúltiplas possibilidades comodescarregar as letras ou ouvir umamplo leque de peças de ambosos trabalhos editados e de temasincluídos em compìlaçons nacio-nais e internacionais. O desenhodo web está muito trabalhado, sebem que o domínio, gratuito,incomode um pouco a nave-gaçom (demasiada publicidade!).Interessante também a ligaçomaos textos sobre arredismo eFuco Gómez, resgatando a nossamemória histórica.

CONTRASURCO[www.contrasurco.com]O web está dedicado ao rock naGaliza, com toda a amplitude dotermo. Pode encontrar-se infor-

maçom sobre concertos eactuaçons na Galiza, tanto degrupos autóctones como estran-geiros. Também conta comsecçom de novas, crónicas deconcertos, e artigos de opiniom.A página conta com umha boainfra-estrutura e é actualizadapermanentemente. Para nom per-der, a listagem de bandas galegascom o seu endereço electrónico epágina web no caso de esta exis-tir e de bares onde encontrar boamúsica ou actuaçons ao vivo.

MARFUL[www.bandua.com/marful]"O objectivo da Marful é perco-rrer o mundo à procura do difícilcaminho da emoçom e conseguiro equilíbrio no fio da ambigüida-de através da sua proposta musi-cal". Assim é este projecto, lide-rado por Ugia Pedreira e PedroPascual, em que som fusionadosjazz, folk e belle epoque. A pági-na tem boas animaçons e é defácil uso.

ECLÉCTICA ENSEMBLE[www.bandua.com/eclectica]Este projecto "pola supremaciaestética" acha-se também ligado aUgia Pedreira, neste caso acom-panhada na aventura por RichardRivera, Davide Salvado e RamomPinheiro. O web fai umha apre-sentaçom do que pretende serEcléctica Ensemble e de cada umdos membros, e mostra algumhasfotos da formaçom, assim como oanúncio de um novo espectáculochamado Di-lhei para o fim de2003, com o actor Carlos Brancoe o dj inglês Lord Keison.

músicaNovembro 2003novas da galiza 15

PRESEPRESENTE NA REDENTE NA REDEA NOSSA MÚSICAA NOSSA MÚSICA

música

[email protected]@terra.es

Davide Loimil e Inácio Gomes

A rede está-se a tornar, cada vez mais, num meiode comunicaçom referencial em qualquer campo.

Para o que agora nos interessa, a música, ofere-ce infinidade de possibilidades graças ao dina-mismo e à interacçom que possibilita com oreceptor. Os grupos galegos tomárom boa nota e

muitos deles tenhem já o seu espaço na Internet.Ainda, vam aparecendo portais dedicados àmúsica, zines digitais, etc. As novas tecnologias,ao serviço da música e da palavra.

Page 16: 001jm - novas.galcatástrofe ecológica originada polo afundamento ... reportagem em profundidade o espólio energético a que segue a ser submetido o nosso país O futuro de Nunca

Ordem, Disciplina

e Correcçom

Xan Carlos Ánsia

Os agentes activos das reunions àmoda búlgara, depois de metidosna nómina institucional, directa ouinterposta, circunscrevem a suarebeldia a pequenas incorrecçons.Sem ganhar grandes batalhas dampor satisfeito o espírito rebelde dosanos de lumes e guieiros. Depoisde o “dique de contençom” teracabado com os últimos estertoresda oposiçom frontal ao quadroconstitucional, resta refugiar-se nadesobediência incivilizada. Nomconfundir com o simples desor-deiro ou a ordinária má educaçom.Entre as actividades de baixaintensidade pode umha pessoadedicar-se a incomodar indiscrimi-nadamente e sem esquemaprefixado. Ligar para Telefónica aperguntar por Alierta e polo“cabrom” que montou a confusomde Sintel, explicando teimosa-mente ao operador de voz metali-zada que a condiçom de accionistadá direito a falar pessoalmente como ou a responsável. Comprar no ElCorte Inglés por importe superioraos cinco mil euros para chelevarem a compra a casa e depoisdevolver tudo e dizer ao banco paranom pagar os recibos. Tornar-sesócio do Xabarin Club, só depoisde passados os trinta, mandandoumha foto de um sobrinho.E porque nom acudir também comos clássicos. Ir à missa do meio-diaao domingo comungando quatrovezes seguidas sem confessar-sepreviamente e vivendo em pecado.Filiar-se no PSOE e, quandoperguntarem polo nome, dizer queé Felipe de Roldan e Galindo, comendereço na Rua do Gal, PrédioJuan Guerra, rés-do-chao, direita.Ou umha que já se tem posto emprática no Monte do Gozo: dirigir-se ao serviço de megafonia parapedir que anunciem o desapareci-mento do meninho FranciscoFranco e que os seus pais o estám aaguardar no autocarro 18 de Julhoprocedente de Beade. Outra que dámuito gosto é entrar no bate-papodo independentismo a defender asteses normativistas e de acomodoconstitucional, dizendo isso de quea democracia já está consolidada.Nom usar o nome de Quintana queo temos mui queimado.Mas sem meter-se em maioresempresas, umha das diabruras maisreconfortantes, para suportar umhanoite eleitoral como essas que já seavizinham, é unir-se ao coro das“incansáveis de Cangas” e cantaressa de: “que lhe deem polo cu aoDi Stefano e à Selecçom”. Bis.

novas da

Marta Salgueiro

Coper@activa Cultural é um

projecto profissional especiali-

zado na cultura. No espírito da

sua constituiçom está implícito

o compromisso social e cultu-

ral. O Festiclown ou o Festival

de Cinema "Olhadas do

Planeta" ajudam a equipa de

Coper@ctiva a organizarem

diversas acçons que visam a

justiça social sob a óptica cultu-

ral. Neste contexto enquadra-se

a viagem que há um ano reali-

zárom à Palestina. E sob este

manto de acçom, de interven-

çom social, de intercámbio, de

compreensom e compromisso

enquadra-se também a turné

que realizárom polos municí-

pios autónomos indígenas

recentemente constituídos no

"Caracol que habla para

todos". Umha aventura da qual

trouxérom as pessoas que con-

formam esta empresa, expe-

riências pessoais difíceis de

reproduzir numha entrevista.

Com os indígenas falárom do

Prestige, da língua e da cultura

galega, em definitivo, de nós.

Nas crónicas de Iván Prado

podemos ler o momento da

explicaçom do acontecido com

o petroleiro. Diz Iván:

"Quando acabei com o petro-

leiro assassino, os companhei-

ros zapatistas, irrumpírom

num sonoro aplauso que tinha

como destinatário o povo gale-

go, porque nesta selva , macha-

cada polas multinacionais, as

pessoas nom conhecem o mar,

mas sim a exploraçom do capi-

tal, dos servos, os governan-

tes...". Com Ivám falou o

Novas, recém chegados mas

com a mente posta já numha

futura volta.

A que respondeu esta viagem

aos municípios zapatistas autó-

nomos de Chiapas? Com que

objectivos foi programada esta

turné?

Tratava-se de fechar um ciclo detrabalho. Coper@activa funda-seatravés do que tinha sido

Augasquentes de Galiza. A filo-sofia e modelo nom tinha saída,ou se a tinha nós nom a víamos,apenas por causa dos ciclos vitaisdas pessoas envolvidas. Assimnasce um novo projecto de inter-vençom política que inclui aintervençom cultural ou se faiatravés da intervençom cultural emesmo se pode dizer com unscritérios mais nacionais. Desde1996 estamos a financiar projec-tos com os zapatistas. Atravésdos nossos festivais, co-financiá-mos as primeiras jornadas decapacitaçom de promotores daeducaçom, ou a rádio que é asegunda rádio zapatista. Esta via-gem foi como fechar um ciclo deapoio económico. Mas tambémnecessitavamos que todo o colec-tivo vivesse de primeira mao, aemoçom da experiência zapatista.Pretendíamos também repetir aexperiência da Palestina e actuarnas comunidades zapatistas comoficinas de Clown.

E que trazeis desta turné, que

conseguistes nesta viagem?

Umha das grandes conquistas foique conseguimos ser recebidospola comandaria. Foi um recebi-mento inesperado. Umha conver-sa de mais de umha hora atravésda qual finalmente emitírom umdocumento, que é como um avalque nos acredita como organiza-çom que pode enviar pessoas aosCaracóis. Do que a mim me cons-ta, ainda que logicamente podahaver mais documentos parecidosa este, é o primeiro texto zapatis-ta em que se nos nomeia comopovo. Fala dos "gallegos deGalicia". Evidentemente, umhafrase assim pode fazer sentido naArgentina mas nom nos territó-rios zapatistas, que nom nos con-heciam a nós nem conheciam oPaís, mas insistimos tanto queacabárom por pô-lo assim paraque soubéssemos que tinham per-cebido tudo o que tínhamos con-tado. O mais importante é que jásom conscientes da solidariedadegalega. Abriu-se umha ponte,directa. Talvez nom seja a únicamas é claro que é umha ponte

directa de trato oficial.Desta viagem é importante tam-bém destacar que organizaram jáas Jornadas de capacitaçom parapromotores culturais de segundonível, as primeiras realizadas porindígenas. Som já sete anos comdiferentes projectos e é um fitoimportante que já som os indíge-nas a formarem mais indígenas.Foi importante também verificar-mos como se estám a produzirmudanças históricas. Mulheresparticipando em paridade absolu-ta com os homens nos talheres deteatro. Isto dantes era impensá-vel. O indígena é inibido, tímido,e esta circunstáncia é mais rele-vante no caso da mulher. Umhamulher, como exemplo, nompode ficar a sós falando com umcompanheiro. A revoluçom zapa-tista está a mudar este estado decousas. Umha revoluçom promo-tora da educaçom. Um saltoimportante no tempo.

Que som os Caracóis? O que é

o "Caracol que habla para

todos"?

Os Caracóis som um passo degigante na história indígena e narevoluçom zapatista.Aguascalientes era a teoria eeram clandestinos. Os caracóispassam a ser públicos e passam aser institituçoms políticas. Dandoumha liçom mundial de autoges-tom. Deve-se esperar a ver como

acaba a experiência e em queacaba mas só a posta em marchaé umha valentia absoluta. É a pri-meira vez que estám definindo ofuturo com planos globais pararesolver os 500 anos de esqueci-mento. Nem o mesmo levanta-mento zapatista tinha desenhadoum plano de futuro para as comu-nidades indígenas, queriamencontrar um lugar na historia deMéxico. Agora as cooperativas,as organizaçons tenhem umhaóptica de futuro. É um momentoespectacular, e para nós, o factode termos podido estar ali quandose estava a construir foi umhaexperiência maravilhosa. É comose nos anos 60 -salvando as dis-táncias- participasses no nasci-mento das instituiçons Cubanas.Nom é um país mas é umhanaçom.

Estais já a pensar em voltar ou

será que a experiência vai ficar

por aqui?

O Mais importante é que voltare-mos porque assim no-lo pedírom.Nos próximos meses veremoscomo fazemos. Estamos à esperade que decidam o que é aquiloque mais precisam, umha peda-goga, umha perita em água, umelectricista… Profissionais quenos dirám que necessitam e nósvamos enviá-los para que trabal-hem na comunidade seis meses.

“A comandáncia nomeia-nos num textooficial como Galegos da Galiza”

a entrevista Ivám Prado

Iván Prado é membro de Coper@ctiva Cultural