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SUPER-  APRENDIZAGEM PELA SUGESTOLOGIA Novos e Revolucionários Métodos de Ensino que Você Pode Usar para Conquistar uma Supermemória e Melhorar a sua Atuação nos Negócios SHEILA OSTRANDER e LYNN SCHROEDER com NANCY OSTRANDER

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  • SUPER- APRENDIZAGEM

    PELA SUGESTOLOGIA

    Novos e Revolucionrios Mtodos de Ensino que Voc Pode Usar para Conquistar

    uma Supermemria e Melhorar a sua Atuao nos Negcios

    SHEILA OSTRANDER e LYNN SCHROEDER com NANCY OSTRANDER

  • SHEILA OSTRANDER e LYNN SCHROEDER com

    NANCY OSTRANDER

    SUPER- APRENDIZAGEM

    PELA SUGESTQLOGIA Traduo de CRISTINA BOSELLI

    2a EDIO

    Copyright (E) 1978 by Sheila Ostrander, Nancy Oslrander and Lynn Schroeder

  • Direitos de publicao exclusiva em lngua portuguesa em iodo o mundo adquiridos pela

    DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVIOS DE IMPRENSA S A. Rua Argentina 171 20921 Rio de Janeiro, RJ que se reserva a propriedade literria desta traduo

    Impresso no Rrasrl

  • SUMRIO PARTE I - SUPERAPRENDIZAGEM

    Captulo 1 - Seu Q.I. Potencial 9 Captulo 2 - Supermemria 17 Captulo 3 - Aprendizagem a Jato Desponta na Costa Oeste 43 Captulo 4 - A Batida do Snperaprcndizado 59 Captulo 5 - 0 que Falta Para Desconiplicar 72 Captulo 6 - A Personalidade Desobstruda 81 Captulo 7 - Como Supcraprcnder 88 Captulo 8 - Preparar seu Prprio Programa 101 Captulo 9 - Treinar as Crianas 115

    Depois de 1979 - Outros Inovadores, Sistemas Semelhantes 121

    PARTE 11 - SUPERDESEMPENHO

    Captulo 10- Superdesempenho nos Esportes 135 Captulo 11- O Programa Sovitico Para um Mximo de Desempenho 146 Captulo 12 - Controle da Dor 162

    PARTE III - SUPER-HARMONIA

    Captulo 13 - Capacidades Futuras 175 Captulo 14- O Palpite Bem Dosado: Profissional e Pessoal 1 Captulo 15- "Segunda Viso" 193 Captulo 16 - Bio-Harmona 211

    PARTE IV - EXERCCIOS Captulo 17 - Ioga Mental e Exerccios de Concentrao 231 Captulo 18 - Visualizao e Exerccios Autognicos 240 Captulo 19 - Exerccios Para Crianas 257 Capitulo 20- O Ser Humano Possvel - Possvel Agora? 264 APNDICE

    *

    Apndice 271 Fontes 279

  • PARTE I

    SUPERAPRENDIZAGEM

    i

  • 9

    Captulo 1

    Seu QI Potenciai

    "Estamos apenas comeando a descobrir as possibilidades quase ilimitadas da mente..." diz a Dra. Jean Houston, presidente da Associao de Psicologia Humanstica.

    O matemtico Dr. Charles Muses diz o mesmo em outras palavras: "O potencial do consciente praticamente o ltimo campo a ser atingido pelo homem e ainda no explorado o Pas Por Descobrir."

    O Dr. Frederic Tilney, um dos maiores pesquisadores do crebro na Frana, declara: "Chegaremos, pelo comando consciente, a evoluir centros cerebrais que nos permitiro utilizar poderes que no somos, hoje, capazes sequer de imaginar."

    O Dr. Richard Leakey estuda os trs milhes de anos de histria da humanidade. O potencial da raa humana, acredita ele, " quase infinito". E George Leonard, com sua abordagem de especialista em educao, conclui: "A capacidade criativa do crebro, em seu ltimo estgio, pode ser, em termos prticos, infinita."

    Apenas comeamos a perceber o potencial de um homem ou mulher com plenos poderes. A idia tem tido boa receptividade nos mais altos escales. sustentada por inteligncias to variadas quanto o telogo e cientista Teilhard de Chardin e o pesquisador de drogas Dr. Timothy 'Leary. E tais potenciais movimentam-se em todas as direes. Conforme a psicloga Patrcia Sun, estamos a ponto de desenvolver "capacidades que ainda no temos palavras para descrever". O neurocientista e engenheiro Dr. Manfred Clynes determinou, com base em extensa pesquisa cientfica, que nos en- centramos em uni estgio onde podemos desenvolver novas emoes, estados autenticamente novos, que nunca antes experimentamos.

    Rompemos o casulo. J podemos abrir as asas; tempo de reclamar nossos direitos. Podemos ser muitos mais do que somos. uma idia sedutora. E sempre foi porque quase todo mundo tem um segredo, ainda que poucos o admitam. Sabemos que possumos algum dom especial. Talvez no tenha sido totalmente explorado, talvez os outros sequer se dem conta, mas mesmo assim ali est ele, um dom especial que nos diferencia. Parece que agora todos esses sentimentos humanos, ilgicos, irreais, tm sua razo de ser. Somos especiais ou poderamos ser.

    Se quisermos desenvolver estes potenciais que a esto, esperando para serem descobertos, precisaremos de meios para tanto. E este- tem sido o obstculo. Podemos imaginar como se sentem as cobaias de laboratrio, impelidas por pequenos choques eltricos, correndo cada vez mais depressa por um labirinto. O velho esquema de tentar outra vez no funciona. Mas, quem sabe, tentar de maneira diferente funcione.

    Precisamos de novos caminhos, mais eficientes e menos geradores de tenses, para desenvolver estes potenciais. Precisamos aprender a aprender. Eis o tema deste ^vro: aprender a aprender melhor e sem tenso. O tipo de aprendizado que faz voc se sentir bem enquanto o executa. O iivro tambm trata de como aplicar esta capacidade de aprendizagem em muitos outros campos de sua vida.

  • 10

    Os diversos sistemas de aprendizagem aqui mencionados foram retirados de muitas fontes. Tm sua origem no trabalho de professores inovadores: o blgaro Georgi Lozanov, o alemo Johannes H. Schultz, o espanhol Alfonso Caycedo; tm sua origem na cincia longamente testada da ioga, e na fisiologia e psicologia contempo-rnea. Tm tambm origem na experincia acumulada por indivduos criativos e bem-suceddos, desde campees esportivos at altos executivos norte-americanos.

    Embora diversos, todos estes sistemas tm uma abordagem comum, uma abordagem globalizante. Eles encaram voc, a pessoa, sempre como um todo. Esteja voc querendo aprender francs, jogar tnis, ou tomar as decises certas em um negcio, estes sistemas operam sobre o princpio de que voc dispe de mentalidade lgica, corpo e mentalidade criativa. Ou seja, eles se utilizam do crebro esquerdo, do corpo e do crebro direito em harmonia.

    Na dcada passada, complexas pesquisas sobre o nosso modo de pensar popularizaram o conceito de crebro esquerdo/crebro direito. Simplificando ao mximo a teoria, podemos dizer que o lado esquerdo de nosso crebro o responsvel pelo pensamento lgico, racional, analtico. O lado direito est relacionado com a intuio, criatividade, imaginao. Qualquer que seja a sua atividade, os mtodos de aprendizado globalizante procuram evitar que voc se torne um relgio de repetio ou um puro esprito pensante e desincor- porado. fundamental manter o crebro esquerdo, o corpo e o crebro direito atuando em conjunto, sem restringir a sua capacidade. Alm disso, os objetivos do aprendizado globalizante so fazer com que tal atuao em conjunto o possibilite a utilizar plenamente seu poder de pessoa como um todo.

    O que acontece quando voc chega a um acordo consigo mesmo a prpria diferena entre aprender e superaprender. Como muita gente j descobriu, ocorre um salto quantitativo em sua capacidade de realizao. Comparada com a maneira pela qual a maioria de ns vem batalhando at agora, esta nova abordagem um superaprendi- zado em sentido literal.

    Pode ser til compar-lo a uma orquestra: metais, percusso e cordas. Quando o solo dos instrumentos de sopro, tambores e violinos no tentam sobrepor-se a eles. Mas tambm no se descuidam de sua parte. Tocam em harmonia. A mentalidade lgica, o corpo, a mentalidade criativa voc pode dar mais nfase a um deles, mas, por ser uma pessoa total, as outras partes l esto, atuando em ressonncia. Podem provocar desarmonia. Ou podem atuar em harmonia. Geralmente, em nossos esforos para aprender, dividimo-nos em pedaos. O superaprendizado ajuda a unir as peas do quebra- cabeas para podermos ver o quadro inteiro.

    desconcertante descobrir at que ponto somos capazes de atingir, como aconteceu a um grupo de blgaros que se envolveu com o provavelmente mais extraordinrio e avanado sistema de aprendizagem exposto neste livro. Ouviram dizer que havia um modo de aprender e memorizar grandes quantidades de informao com rapidez, eficcia, com o menor esforo que se pudesse imaginar. Na dcada de 60, este grupo de 15 profissionais, homens e mulheres, de 22 a 60 anos, reuniram-se em uma sala clara e arejada do Instituto de Sueestologia, situado numa rua decadente do centro da cidade de Sfia. Iam participar de uma experincia na qual no acreditavam muito,

    Isso no vai dar em nada dizia a mdica para o arquiteto a seu lado, enquanto o grupo se distribua em crculo pelas espreguiadeiras.

    Os outros concordavam: um engenheiro, diversos professores, UB) jutZ. Devamos desistir de uma vez. pura perda de tempo. Ningum tinha muita esperana. A professora chegou; tambm

    ela no se sentia vontade em pensar que talvez lhe exigissem o impossvel. No entanto, estavam eles, e comearam. Enquanto os alunos folheavam o

    material impresso, a professora comeou a ler frases em francs com entonaes diferentes. Ligou, ento, msica de fundo, clssica, imponente. As 15 pessoas se recostaram, fecharam os olhos e passaram a desenvolver a hipermnesia, mais facilmente chamada de superniemria. A professora continuou recitando, s vezes sua

    MEDICIDestacar

  • 11

    voz era profissional, como se desse ordens a serem executadas, outras vezes era suave, um sussurro, depois, inesperadamente, dura e autoritria.

    A sala foi escurecendo, pois j se estava no final da tarde, e a professora continuava, repetindo cm um determinado ritmo palavras francesas, expresses idiomticas, tradues. Afinal, parou, Mas ainda no tinham terminado; iam fazer um teste. Pelo menos da parte dos alunos, no havia motivao. De qualquer forma, durante aquela sesso, diminuda sua ansiedade, arrefeceram-se as resistncias naturais, Mas eles ainda duvidavam da possibilidade de obter notas razoveis numa prova.

    Finalmente, a professora disse: A mdia de aproveitamento da classe foi de 97%. Vocs aprenderam mil

    palavras em um dia! Mil palavras eles sabiam que isto equivalia a quase metade do vocabulrio

    bsico de uma lngua, em poucas horas. E tinham feito aquilo sem nenhum esforo. Aqueles homens e mulheres deixaram o instituto sentindo-se engrandecidos, sentindo que acabavam de ter um encontro fundamental, pois os seres de outra dimenso com quem se acabavam de encontrar eram eles mesmos.

    Em gera!, neste tipo de curso, as pessoas aprendem de 50 a 150 doses de informao por sesso. Tratava-se aqui de uma experincia. Para o Dr. Georgi Lozanov, criador do mtodo, ela ajudou a provar algo de que ele suspeitava: a capacidade humana de aprender e memorizar virtualmente ilimitada. Lozanov e seus colegas na Bulgria e Unio Sovitica chamam a isto "abrir as comportas da mente". Para as pessoas que experimentaram, mais do que, de repente, apossar-se de uma grande herana. Elas passam a ver a si prprias de maneira diferente. Abrem-sc possibilidades. Passam a ter uma noo bem ampla de quem so e do que podem fazer.

    Esta espcie de sistema de rpida aprendizagem pode ser usado para aprender qualquer tipo de informao factual, O aprendizado do crebro esquerdo. Qual ser o desempenho da mentalidade lgica, que de repente se defronta com esta capacidade extasiante? Pode permitir-se altos vos, porque a capacidade do corpo e do crebro direito esto em harmonia, do seu apoio, tocam como em um concerto. Nos mtodos de aprendizado deste livro, no importa que parte do todo faz o solo crebro esquerdo, corpo, crebro direito - as outras partes l esto, harmonizando-se e apoiando. por isto que se trata de sistemas de aprendizado globalizante. Tais sistemas podem ser usados para aprender qumica, lnguas, histria. Tambm podem ser usados para aprender a brilhar numa reunio de diretoria ou nas quadras de tnis. No caso do Dr, Hannes Lindemann, ele s desejava atracar em terra firme num porto do Ocidente.

    Uma dcada antes de os blgaros se darem conta de que podiam ter um aproveitamento de "gnios", Hannes Lindemann, mdico alemo, lanou-se em uma aventura diferente. Velejando sozinho a partir das Ilhas Canrias, firmou a proa de seu barco para oeste e partiu para o novo mundo.

    Oeste disse Lindemann para si mesmo oeste. A ordem ecoava e tomava forma em seus sonhos. Durante 72 dias e noites ele

    velejou, acomodado como prola solitria em sua concha. Dormia apenas por curtos perodos, pois mal havia espao para se mexer. Na 57^ noite, resolveu quebrar a rotina. Virou o barco de cabea para baixo e deitou-se no fundo escorregadio at o amanhecer. Mais de cem homens tentaram este tipo de travessia. Todos falharam. Mas Hannes Lindemann atracou em terra firme em San Martin, nas ndias Ocidentais, e conseguiu virar capa da revista Life. Ele no apenas sobreviveu, mas o fez em timas condies de sade. Aprendera, por exemplo, a controlar a prpria circulao para proteger determinadas partes do corpo; nunca teve feridas provocadas pela gua salgada, que sempre se alastram nestas situaes.

    Eu consegui disse Lindemann graas ao treinamento autognico. Aprendera este mtodo globalizante com seu criador, o Dr. Johannes H. Schultz,

    e acreditava, com bons motivos, em sua comprovada validade sob as mais desfavorveis condies. O mtodo autognico e suas adaptaes mais comuns

    MEDICIDestacar

    MEDICIDestacar

  • 12

    baseiam-se na harmonizao de todas as foras da mente e do corpo, de maneira que o corpo possa dar o melhor de si. Podem tambm ajudar na cura do corpo e da mente, proporcionando uma espcie de sade abrangente e envolvente de que poucos desfrutam ou esperam voltar a desfrutar.

    Nem todo mundo vai arriscar a vida apostando em um sistema de aprendizado, como fez o Dr. Lindemann. Mas dezenas de milhares de pessoas comprovaram por experincia prpria que os mtodos de superaprendizado so bem-sucedidos. Inmeros testes cientficos comprovam estes mtodos, mas nos ltimos anos aconteceram certas coisas que dispensam mesmo tais testes to complicados, Como voc vai ver, as provas so muitas e espalhadas por todo o mundo. Na Unio Sovitica, milhares de adultos apjenderam uma lngua em menos de um ms. Na Sua, os esquiadores voltaram das Olimpadas carregados de medalhas. Na Bulgria, as crianas voltavam de suas escolas, pelas mesmas ruas de sempre, depois de aprender em um jns o programa de um semestre. Na Frana e Espanha, pessoas comuns descobriram que podiam controlar mentalmente seus corpos e regular a sade. Alguns aprenderam at a suprimir a dor sem a utilizao de medicamentos. A comunidade dos negcios norte-americanos passou a encarar a intuio como um valioso auxiliar na tomada de decises. E quando os mtodos de superaprendizado foram aplicados na reabilitao de cegos, aqueles cegos comearam a mostrar aos que viam coisas que estes ainda no podiam ver.

    Os mtodos de superaprendizado sempre encaram a pessoa como um todo, por completo. Eles tm algo mais em comum que difcil explicar por no se tratar de fatos lineares, Quando voc comea a atuar como um todo, podem acontecer coisas aparentemente inexplicveis. Uma mulher que estuda francs descobre de repente que melhorou da sinusite; um homem que estuda qumica se d conta de que sua intuio redobrou. Um atleta que pratica tcnicas' de treinamento fsico v sua capacidade de concentrao aperfeioada nos exames da faculdade. As divises que impedem o pleno desenvolvimento se dissolvem, todas as reas da pessoa se fortalecem. como a luz que bate sobre uma faceta do cristal, e logo todas as outras facetas se iluminam.

    Este efeito refletor modificou a vida de Georgi Lozanov, mdico e psiquiatra, que no planejara ser educador. Planejara, sim, conforme a tradio, estudar a natureza do homem, do ser humano em todo seu potencial, Como quase todos os outros, chegou concluso de que utilizvamos apenas uma frao de nossa capacidade. Lozanov descobriu os meios de abrir as comportas da mente e, como mdico, colocou esses meios a servio do aperfeioamento do corpo, da cura mental e fsica. Porm, investigando o que o ser humano total pode realizar, ele foi lanado no campo da criatividade e intuio. Continuando, ento, a investigar, quase por necessidade, tornou-se um dos principais parapsiclogos do mundo comunista. Ao mesmo tempo, Lozanov se deu conta de que, com suas novas tcnicas, uma pessoa de inteligncia mediana poderia desenvolver a supermemria e aprender informaes factuais com uma facilidade inimaginada.

    paradoxal que Lozanov se tenha tornado mundialmente famoso por desenvolver um sistema de aprendizado factual; o caminho que ele primeiro trilhou parece ter-se prolongado por meio da nfase exagerada que o Ocidente coloca no pensamento factual, concreto. paradoxal para a mentalidade lgica, Do ponto de vista globalizante, no que tem de mais abrangente, faz sentido.

  • De uma certa maneira, o superaprendizado age suprimindo. Os programas so montados para ajudar a eliminar o medo, autocen- sura, a imagem limitada de si prprio e as sugestes negativas quanto a limitao da capacidade. Procuram dissolver os muitos bloqueios que impomos a ns mesmos e liberar uma personalidade de-sobstruda. No que o superaprendizado lhe d algo novo; ele lhe d algo que voc j tem voc mesmo. Da o seu enorme poder. Este eu centralizado, desobstrudo, este eu radiante, como o educador Jack Canfield o chama, sabe disso. Parece mergulhado em um estado de conscincia to amplo que sabe como conseguir praticamente tudo.

    O sucesso na escola, no esporte, nos negcios e no relacionamento gratificante. Mas parece que as pessoas descobrem outro tipo de recompensa no superaprendizado algo mais relacionado a fazer do que a vencer. um sentimento de harmonia que se obtm, de participao na totalidade do prprio ser. uma satisfao total consigo mesmo, aquela que ocorre quando se arremessa a bola na direo exata, quando se compreende plenamente um conceito difcil, quando, por um momento, nos sentimos em total sintonia com outra pessoa. a chama de vida, naquele momento a vida vivida com alegria.

    A alegria de aprender um assunto que aparece nos cursos de superaprendizado. Para a maioria de ns, a aprendizagem nem sempre foi uma experincia agradvel. Porm, conforme a natureza das coisas, deveria ser, pois aprender amadurecer, e amadurecimento vida. Um dos comentrios mais comuns ouvido daqueles que fazem os cursos de superaprendizado que, logo no comeo do curso, voc passa a se sentir bem bem consigo mesmo e com os outros.

    Talvez uma razo para esta sensao de bem-estar seja o fato de o superaprendizado trabalhar com o seu quociente potencial, e no com o seu quociente de inteligncia. Hoje em dia, na prtica, nossos potenciais parecem ilimitados. Obtendo mais agilidade e domnio sobre ns mesmos, somos levados a pensar que a atual fixa- io de QI no bem como deveria ser.

    Arthur Young filsofo e inventor; Charles Muses matemtico e estudioso da cosmologia. H algum tempo, recolheram depoimentos de personalidades influentes de nossa poca, lderes e pensadores, reunidos no livro Consciousness and Reality (Conscincia e Realidade). No prefcio escreveram: "Eis um momento de ver- dadeira evoluo da raa, e o que se fizer neste momento ter maior importncia que os acontecimentos dos ltimos milnios."

    Como dissemos, ser mais do que somos uma idia acalentada h muito tempo, mas talvez existam razes mais profundas para que 95 novos mtodos de aprendizado despontem em todo o mundo. Faz P*** do momento histrico. As mquinas esto parando no ape- Oas por falta de gasolina, como se todos os setores da sociedade

    i5 se sentissem ameaados. H pouco tempo atrs, foi noticiado que na Unio Sovitica procurava-se treinar os cosmonautas em premonio capacidade de saber com antecedncia, de prever o futuro. Os cosmonautas viajam a uma velocidade tal, explicava um cientista, que precisam saber antes o que vai acontecer, apenas para se manterem atualizados. Muitos de ns comeam a sentir o mesmo.

    Passar raspando e colar em prova no so as maneiras mais prticas de se aprender na era do jato. Se pudssemos observar do alto do Olimpo, provavelmente veramos que a era do jato tambm j est passando. Queremos ser parte de nosso mundo, sentir que o ncleo no fica situado longe daqui, em algum outro lugar. Para tomar decises, para obter a serenidade e conhecimento de que precisamos, bem possvel que agora seja a hora certa de abrirmos os circuitos avanados, e to pouco utilizados, que existem em ns mesmos. Dizem que usamos apenas 10% de nosso crebro. O restante deve ter sido feito por alguma razo. Segundo o Dr. Frederic Tilney, desenvolveremos conscientemente centros cerebrais que nos daro poderes que no somos hoje capazes de imaginar.

  • 14

    Este livro apresenta alguns dos meios utilizados por um grande nmero de pessoas para ir de encontro a estas reservas da mente e do corpo. A primeira parte, a principal, trata do aprendizado factual e a memorizao especialidades do crebro esquerdo. A segunda parte trata do corpo, da capacidade fsica e da sade, A terceira parte trata da intuio, criatividade, e das chamadas capacidades extra-sensoriais atividades do crebro direito. O livro como um todo tem muito a ver com a imaginao. Napoleo planejava a estratgia de suas batalhas em uma caixa de areia porque, dizia ele, "a imaginao governa o mundo".

    Como ponto de partida, imagine o que voc poderia fazer se a sua capacidade de aprender e memorizar aumentasse de cinco a 50 vezes. Eis o que a parte 2 deste livro relata em detalhes. uma abordagem globalizante. Seguindo a estrada do aprendizado, que leva expanso da memria, voc poder descobrir que re-apren- deu e re-conheceu algo mais voc mesmo.

    Captulo 2

    Supermemra

    Um homem robusto, de cabelos ruivos, com cerca de 60 anos, a testa sempre franzida, caminhou a passos rpidos at o fundo do amplo auditrio repleto de cientistas. Isto ocorreu em Dubna, prximo de Moscou, o principal centro de pesquisa atmica da Unio Sovitica, e a prestigiosa audincia inclua muitos fsicos soviticos de renome internacional.

    Este homem, Mikhail Keuni, um artista, ia mostrar queles fsicos famosos como usar a matemtica.

    Encha de crculos este enorme quadro-negro disse ele a um voluntrio que subiu ao palco do auditrio. Eles podem cortar-se, podem estar dentro uns dos outros. Pode desenh-los como quiser.

    Enquanto o candidato rodopiava pelo quadro-negro, conforme pedido por Keuni, a audincia ria. Quando ficou tudo coberto de crculos, Keuni mal piscava os olhos. Em dois segundos ele calculou o total: 167!

    Os crebros mais brilhantes da Unio Sovitica levaram mais de cinco minutos para conferir a resposta rpida e precisa de Keuni,

    Nmeros de 40 algarismos foram escritos no quadro e Keuni conseguia record-los e fazer clculos mais depressa que um computador,

    Aps tal demonstrao de memria numrica e ilusionismo, Keuni recebeu uma carta do Instituto de Pesquisa Nuclear: "Se no fssemos fsicos, seria extremamente difcil verificar que o crebro humano capaz de realizar tais milagres." (Dubna, 12 de abril de 1959).

    Mikhail Keuni possui o dom da supermemria, o que lhe permite lidar com nmeros mais rpido que uma calculadora. Tambm lhe permite aprender com extraordinria velocidade. Se algo for registrado na mente de Keuni apenas uma vez, ele pode ret-lo no total, sem esforo. Ele capaz de reter tudo o que perceber. A ca-

  • 15

    pacidade da supermemria o coloca em boa situao durante suas excurses a outros pases para demonstrar seus poderes pouco comuns, Ele nunca se confunde com a lngua. Em menos de um ms, por exemplo, aprendeu japons fluentemente. Em outra ocasio, quando foram alterados os planos de viagem, aprendeu finlands em uma semana.

    Ser que Mikhail Keuni um capricho da natureza? Ser que ele tem um conjunto nico de clulas cerebrais? Ou ser que a supermemria um potencial humano bsico? Trata-se de algo que qualquer um de ns pode atingir, pelo menos em parte, se soubermos como?

    Esta foi a pergunta crucial que nos levou a viajar aos pases do bloco sovitico no vero de 1968 para participar da I Conferncia Internacional de Parapsicologia de Moscou. Entre outros, amos falar com um cientista blgaro, o D/. Georgi Lozanov, que pesquisou inmeras pessoas com capacidade mental extraordinria como Keuni. Lozanov viera para dizer que a supermemria era uma capacidade natural do homem, No apenas qualquer um pode desenvolv-la. disse ele, como pode faz-lo sem esforo, Para provar sua tese, dizia haver na Bulgria e Unio Sovitica milhares de pessoas que obtiveram bons resultados ao tentar desenvolver a supermemria por conta prpria.

    A primeira vez que ouvimos falar deste novo caminho foi atravs da leitura dos jomais soviticos. "O Mtodo que Pode Transformar a Educao", "Canais Ocultos da Mente" eram os ttulos. " Possvel Aprender uma Lngua em Um Ms", dizia o Pravda. O Vespertino Blgaro proclamava:"A Parapsicologia Pode Ser Aplicada Educao". medida que as reportagens na imprensa e as teses cientficas aumentavam em nmero no decorrer da dcada de 60, ficavam tambm cada vez mais difceis de se acreditar. No incio, blgaros e soviticos aparentemente aprendiam 100 palavras de uma lngua estrangeira por dia. Depois eram 201. Logo em seguida, anunciaram que as pessoas aprendiam 500 palavras em um nico dia, E, por fim, apareceram dados de pesquisa que falavam em mil palavras aprendidas em um dia por um grupo blgaro.

    E as notcias no paravam por a. Esse sistema, pelo que lemos, acelerava o aprendizado de cinco a 50 vezes, aumentava a re- teno, no exigia praticamente nenhum esforo da parte dos alunos, aplicava-se tanto aos retardados quanto aos brilhantes, moos e velhos, e no exigia equipamento especial, E os participantes da pesquisa no apenas aprenderam toda uma lngua em um ms, ou um semestre de histria em poucas semanas, como conseguiram balancear a sade e despertar a criatividade e intuio enquanto aprendiam fatos.

    Quase todo mundo vai dizer-lhe-"que estas coisas no podem acontecer. Uma das autoras deste livro sabe disso por experincia prpria. Sheila formada, entre outras coisas, em educao, conhece idiomas e estudou msica durante 16 anos. (E dizem que a msica um elemento chave neste sistema.) As notcias dos blgaros lhe pareciam absurdas. Mesmo sendo avalizadas por comentrios favorveis de renomados cientistas e instituies. Em meados da dcada de 60, Sheila comeou a corresponder-se com pesquisadores do Instituto de Sugestologia de Sfia, dirigido pelo Dr. Lozanov, e comeou a traduzir teses sobre este novo mtodo vindas de outros pases eslavos.

    Nesses escritos, os autores mencionavam invariavelmente uma velha rixa com os fisiologistas soviticos: mal utilizamos 10% da capacidade de nosso cerbro; precisamos, portanto, aprender a pr em funcionamento os outros 90%; ao faz-lo, podemos abrir as comportas da mente. O Dr. Lozanov descobrira, ao que parece, al-guns dos segredos biolgicos que levam expanso dos potenciais. coordenou-os em um sistema que fazia as pessoas utilizarem tanto o corpo quanto a mente, ao mximo, para desenvolver literalmente a supexmemria e, assim, apressar a aprendizagem.

    Lozanov chamou seu sistema de aprendizado de sugestopedia. . apenas um ramo, ainda que dos mais vitais, da matria bem mais ampla estudada em seu instituto: sugestologia, Sugestologia apenas Um nome que inclui um punhado de tcnicas para

    MEDICIDestacar

    MEDICIDestacar

  • 16

    ajudar as pessoas a alcanarem as reservas da mente e do corpo. A sugestologia procura fazer com que a capacidade do corpo, do crebro esquerdo do crebro direito trabalhem em conjunto como um todo har- inftioss para tornar as pessoas mais capazes de fazer tudo o que

  • O que exatamente a tcnica da sugestologia? perguntamos, Para criar esta nova matria, Lozanov e seus colaboradores buscaram

    fundamentos nas fontes mais diversificadas: ioga, msica, aprender dormindo, fisiologia, hipnose, autogenia, parapsicologia, teatro, para citar apenas algumas. As razes mais profundas da sugestologia se assentam no sistema de Raja Ioga.

    No h nada novo na sugestologia explicou Lozanov, A aplicao que nova.

    A sugestologia de Lozanov basicamente a "aplicao" de estados ondificados de conscincia aprendizagem, cura e desenvolvimento intuitivo. Os mesmos mecanismos mentais que conduzem supernicmria (e, da mesma forma, a acelerar o aprendizado), tambm podem conduzir ao controle voluntrio dos poderes extra- sensoriais.

    De sua prtica mdica e da experincia com pessoas dotadas de capacidade paranormal, como Keuni, Lozanov se convenceu de que "tanto a histria quanto as pesquisas demonstram que o ser humano possui habilidades muito mais vastas que as atualmente utilizadas".

    Nas semanas que se seguiram, aprendemos mais coisas sobre Lozanov e suas intrigantes descobertas. Apesar de na poca ter pouco mais de 40 anos, j era uma das personalidades mais respeitadas na comunidade mdica do pas. Considerava-se entre os primeiros, se no o primeiro psicoterapeuta da Bulgria do ps-guerra, e era o clnico das famlias pertencentes elite governante tio pas. Como pudemos observar das vezes que o encontramos, era o tipo de mdico que fazia um paciente sentir-se melhor s pelo faio de entrar em seu consultrio.

    O prprio Lozanov pertencia antiga intelectualidade. Seus pais eram profissionais liberais seu pai era professor de Histria lia universidade e sua me advogada. Completou seus estudos mdico psicoteraputtcos na Bulgria. Como no pas no havia uma tradio psiquitrica j estabelecida, pde optar por uma abordagem taato inovadora quanto ecltica em seu trabalho. Foi ento obter seu Ph.D. na Universidade de Cracvia, na Unio Sovitica, Defendeu uma tese sobre sugestologia c como suas descobertas sobre sapcrmemria e parapsicologia podiam ser aplicadas educao,*

    mt' .^se!arEC'rnenl sobre dois lermos muito usados neste livro: superme- MtrJ' do lcrmo tl*nico "hipermnsia \ que significa memria

    PttnS^ *1*11 *^*^ exata ou vvida, ou a memria quase fotogrfica. Supera- f,trtiClar> fere.se a um sistema ecltico, para a aprendi- csfcfada de dados factuais, resultante das tcnicas

    ocidentalizadas e

    mml fl i 21 'mmm

    Tnhamos inmeras perguntas: O que , afinal, a supermemria? Como se interessou poi este assunto? Por

    que um mdico se voltou para a educao? Lozanov revelou que conseguira descobrir certos dados fascinantes sobre a

    origem da supermemria. Era ccmo se a tecnologia de ampliar a memria tivesse sido encarada nos tempos antigos como medida de segurana para o caso de um desastre de grandes propores.

    Os iogues precisavam da hipermncsia disse ele. Alguns iogues passavam todo o tempo decorando os textos sagrados, para o caso de uma hecatombe colossal destruir todos os livros e arquivos. Enquanto um iogue vivesse, poderia reconstituir de memria o conhecimento perdido.

    Seria a tcnica de supermemria a herana de alguma civilizao sofisticada e h muito perdida, que houvesse sofrido um holocausto? H sinais inequvocos a esse

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    respeito na lenda da Atlntida. A pesquisa de Lozanov demonstrou que a supermemria tambm era conhecida em outros pases, nas comunidades mais antigas.

    Os maoris, na Nova Zelndia disse faziam o mesmo treinamento de supermemria dos brmanes da ndia. Nos tempos modernos, o chefe maori Kaumatana sabia recitar a histria inteira de sua tribo, abrangendo 44 geraes e mais de mil anos. O chefe levou trs dias para recit-la completa, sem recorrer a anotaes.

    Lozanov contou-nos entusiasmado uma viagem que fizera recentemente ndia: Estudei os iogues em diversos locais. No Instituto de Sri Yogendra de

    Bombaim conheci o iogue Sha. Depois de fazer exerccios dirios durante um ano, ele desenvolveu uma supermemria.

    O iogue Sha era advogado. Conseguia lembrar-se imediatamente de nmeros enormes, citar datas histricas de qualquer poca, e descrever de maneira fotogrfica cenas e objetos que olhara apenas de relance. Dezenas de pessoas na ndia desenvolveram a hipermnsia (supermemria) segundo as antigas tcnicas iogues, observou Lozanov.

    H muitas e diferentes maneiras de se desenvolver a supermemria ressaltou. Os exerccios utilizados por aqueles iogues no seriam adequados aplicao macia nas escolas.

    modernizadas de desenvolver a supermemria. O termo supcraprendizado tambm pode ser usado, de maneira gera!, para quaisquer sistemas de aprendizagem que aiuena de forma global com a finalidade de desenvolver as reservas da mente c do corpo.

    Desta forma, ele os estudou e desenvolveu suas prprias tcnicas. Lozanov no precisava ir at a ndia para conhecer os togues ou pessoas capazes de demonstraes de superrnemria, de calcular com a velocidade de um computador. Havia muitos l mesmo na Bulgria. O prprio Lozanov praticou Raja Ioga durante 20 anos.

    Quase todos conhecem a Hatha Ioga, mais ligada aos exerccios fsicos e ao aprendizado de determinadas posies. A Raja Ioga, ou ioga mental, bem menos .eonhecida. "Raja" quer dizer real ou legal, e a Raja Ioga prope-se a governar a mente ou legislar sobre ela. considerada pelos que a praticam como a "cincia da concentrao" e utiliza tcnicas de alterao dos estados de conscincia, mtodos de treinamento de visualizao, prtica de concentrao e determinados exerccios respiratrios. A Raja Ioga reivindica a posse de um conjunto de tcnicas que permite s pessoas desenvolverem os siddhis poderes que incluem as diversas capacidades supranormais supostamente latentes dentro de ns, como a superrnemria fotogrfica, o clculo instantneo, o controle da dor, e toda a gama de poderes paranormais, desde a viso sem olhos at a telepatia.

    Lozanov decidiu pr prova todas essas reivindicaes. Ser que conseguiria encontrar para elas alguma base cientfica? Estudou pessoas com poderes paranormais, do clculo instantneo telepatia, e levou um grupo de iogues aos laboratrios de psicologia, para perscrutar cada aspecto de seus mtodos de treinamento, e seus resultados.

    Os espetaculares desempenhos fsicos dos iogues blgaros um em cada 17 blgaros pratica ioga levou-o a especular sobre seu desempenho mental. Vimos em um filme um iogue deitado sobre uma mesa. De repente, ele parecia elevar-se um palmo no ar, quase flutuando.

    No se trata de levitao esclareceu Lozanov. Ele aprendeu a usar os msculos das costas para uma espcie de salto na horizontal.

    O Centro de Ioga de Sfia considerado pelo especialista em ioga, Professor S. Goyal, da ndia, como sendo o de currculo mais completo, entre todos os centros que ele conhece. E completa:

    A ateno est voltada para a respirao, o controle da prpria conscincia por meio da concentrao, e a meditao.

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    A pesquisa de Lozanov convenceu-o de que, num certo sentido, j temos superrnemria. A dificuldade utilizar o que armazenamos.

    A mente humana guarda uma quantidade colossal de informaes diz ele. O nmero de botes de uma camisa, de degraus de uma escada, de vidros em uma janela, de passos at o ponto do nibus. Estas "percepes desconhecidas" demonstram que o subconsciente detm poderes surpreendentes.

    Ele cr que o crebro, liberto de todas as distraes que impedem seu pleno funcionamento, assemelha-se a uma esponja capaz de absorver conhecimento e informao de qualquer espcie.

    A pesquisa do Dr. Wilder Penfield, do Instituto Neurolgico de Montreal, sobre o crebro confirma esta idia. Demonstra que, com efeito, temos um tipo de vdeo-teipe natural dentro da cabea. Penfield realizou operaes no crebro de pacientes, que permaneciam conscientes sob anestesia local. Com uma corrente eltrica muito fraca, o Dr. Penfield estimulava certas clulas cerebrais durante a operao. Todos os pacientes conseguiram lembrar-se, repetindo palavra por palavra, de situaes h muito esquecidas, como conversas, canes, piadas, festas de aniversrio da infncia, coisas que lhes foram ditas apenas urna vez na vida, tudo perfeitamente registrado. O paciente podia, por exemplo, lembrar-se de estar numa fazenda em uma manh de vero. Ele ouvia a msica do rdio, sentia o cheiro do curral, o vento no rosto.

    O Dr. Penfield construiu a teoria de que toda experincia visual, auditiva, olfativa ou gustativa fica registrada no crebro sob determinada impresso, que permanece mesmo depois que a experincia foi conscientemente esquecida.

    Com a finalidade de recordar coisas que queremos aprender, o objetivo seria descobrir um meio (que no a delicada corrente eltrica do Dr. Penfield) de "disparar" a lembrana do que temos arquivado na mente.

    O Dr. Lozanov concorda com Penfield quanto a nos lembrarmos de todos os dados fornecidos pelos sentidos da viso, audio, olfato e paladar. Mas vai mais adiante, Ele acha que registramos constantemente informaes percebidas por intuio, telepatia ou clarividncia. A percepo dos "sentidos superiores" desempenha um papel naquilo que escolhemos para nos lembrar.

    No h nada de sobrenatural em expandir a memria ou receber informao teleptica diz Lozanov.

    Supermemria e Aprender Dormindo

    Parece que a capacidade est a. O deflagrador, decerto, chamar, trazer conscincia a informao impressa no crebro. Por que Lozanov decidiu criar seu prprio sistema?

    Existem outras tcnicas por a, agora, que parecem fazer "disparar" a supermemria ns lhe dissemos. Aprender dormindo, por exemplo.

    Com o advento do aprender dormindo, conta-se de pessoas nos Estados Unidos que aprenderam lnguas em um ms, ou dominaram grande variedade de material factual. O artista da televiso americana Art Linkletter aprendeu chins do tempo dos mandarins em apenas 10 noites de estudo dormindo. Em um de seus shows no ano passado, conversou em chins com o vice-cnsul da China, que confirmou a fluncia de LinkJetter no elegante dialeto man- darino.

    Bing Crosby e Gloria Swanson so citados como conhecidos usurios do aprender dormindo para decorar dilogos e canes. O cantor de pera Ramon Vinay aprendeu dormindo a pera Carmen, a tempo para uma exibio no Scala para a qual fora convocado s pressas. Hm certa poca, aprender dormindo foi assunto de muitas reportagens na imprensa norte-americana.

    Os russos, pioneiros no emprego do aprender dormindo, utilizaram-no intensivamente durante anos. O Dr. Lozanov tambm investigou o sistema. Chegou

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    mesmo a planejar algo semelhante para a psicoterapia: o "mtodo sussurrante". Mas hoje rejeita o aprender dormindo como um dos caminhos para a supermemria. Por qu? Em primeiro lugar, e acima de tudo, porque quem aprende no fica consciente, nem tem controle sobre o que est acontecendo. Alm disso, ao aprender dormindo, a tenso pode criar uma barreira para o aprendizado que pode levar semanas para ser su-plantada, Um estado de corpo e mente descontrados, relaxados, necessrio para o sucesso do aprender dormindo, mas geralmente as pessoas adormecem em tal estado de tenso, que o aprendizado fica bloqueado. E ainda, aprender dormindo exige uma quantidade de equipamento especial, incmodo e pesado, ressalta Lozanov.

    Podemos confirm-lo ns mesmos, aps desembaralhar uma confuso de fios e dispositivos eletrnicos, tentando aprender dormindo. Um dos autores encontrou ainda outra dificuldade. Toda noite, enquanto dormia, desmantelava o equipamento, sendo necessrio repar-lo no dia seguinte.

    Aprender dormindo , hoje em dia, uma denominao pouco apropriada. A aprendizagem no ocorre durante o sono. A fita com o material que se deseja aprender ligada por um cronmetro durante a fase de sonho que ocorre logo depois de sermos dominados pelo sono, e pouco antes de acordarmos. Este princpio a base do enorme sucesso do mtodo musical Suzuki, pelo qual at crianas pequenas aprendiam a tocar instrumentos, Uma gravao da msica que deviam aprender era tocada para as crianas logo que adormeciam.

    Apesar do sucesso sovitico com o mtodo de aprender dormindo, h muitos inconvenientes em ampliar a memria por este meio. Alguns pesquisadores queixaram-se de problemas com a sade. Outros depararam com acontecimentos enigmticos. Certas pessoas precisavam passar semanas ouvindo as fitas at que aprendessem alguma coisa. Outros experimentaram o mesmo que os pacientes do Dr. Penfield. Bastava o rudo de ligar o gravador para trazer a lembrana completa de uma lio aprendida semanas atrs. Faltava-lhes o controle do mecanismo disparador da memria.

    Uma noite Lozanov descobriu algo mais sobre aprender dormindo. Dois grupos de alunos iam reforar o que haviam aprendido durante o dia com o mtodo. Enquanto cochilavam, Lozanov desligou os alto-falantes de um dos grupos. No dia seguinte, ambos os grupos obtiveram resultados de aprendizagem acima da mdia. Apenas a sugesto de que aprenderiam melhor disparou o gatilho da memria de todo um grupo.

    Lozanov acredita que h inmeros elementos "sugestivos" capazes de atuar como disparadores da memria. Seu objetivo, ao estudar sistemas como hipnopdia (aprendizado atravs da hipnose) e hipnosopdia (hipnose mais sono), era descobrir como manter quem aprende com plena conscincia c controle do disparador de sua prpria mente e memria.

    Os Poderes Supranormais e a Sade

    Aps vrios anos de testes, Lozanov concluiu que a base da supermemria e dos poderes supranormais dos iogues poderiam ser chamados de sugesto um tpico bem explorado pela psicologia eslava e que tende por si prprio pesquisa fisiolgica. Lozanov incluiu na categoria da sugesto determinadas coisas que a maioria de ns no est acostumada a encarar como sugestivas: ritmo, respirao, msica e estados de meditao.

    Da mesma forma que o biofeedback nos Estados Unidos procurava tirar o que havia de mistificao nas tcnicas da ioga para controle do corpo, Lozanov comeou a pesquisa fisiolgica para desmistificar e modernizar as tcnicas da ioga que desenvolvem o controle da memria e de outras habilidades mentais.

    Os "milagres" que um iogue atinge advm da utilizao treinada do pensamento ou sugesto diz ele. O iogue pode anestesiar-se por meio do

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    pensamento. Pode comandar conscientemente processos internos do corpo. A interao de seus pensamentos com seu corpo pode determinar a sade, paz de esprito e lon-gevidade.

    Muito naturalmente, Lozanov comeou a usar a sugestologia na medicina e psiquiatria para desenvolver o controle voluntrio do corpo. No Sanatrio Sindical de Bankya, inicia-se uma tpica sesso de cura em grupo, com Lozanov explicando como a mente pode ajudar a curar o corpo. Depois, com sua voz calma e melodiosa, diz aos pacientes, que j esto relaxados mas totalmente acordados:

    Relaxem! Profundamente, profundamente... Nada perturba vocs. Todo seu corpo est em relaxamento completo. Todos os seus msculos em descanso.

    Ele no procura remover nenhum sintoma especfico, mas segue o princpio lgico de que o relaxamento profundo apaga a tenso e o medo. Aps cerca de 20 minutos de sugesto positiva, enquanto os pacientes relaxam, Lozanov conclui:

    Vocs se sentem muito bem. So capazes de suplantar todas as dificuldades. Ento um cantor comea a recitar melodias e poesias. importante voltar-se para um objetivo mais elevado, para estimular uma

    atividade criativa diz Lozanov. As sugestes de cura parecem ir de encontro aos desejos mais recnditos de cada

    um, segundo seus pacientes. Segundo Lozanov, "no se trata tanto de cura quanto de ensinar a arte de viver".

    Os diretores do Sanatrio atestam que isto funciona, e retiram de seus arquivos numerosos casos de pessoas curadas de distrbios funcionais do sistema nervoso, neuroses e alergias.

    As primeiras aparies da sugestologia utilizada em larga escala vieram com sua aplicao no controle da dor. No vero de 1965, um professor de 50 anos pediu a Lozanov para instru-lo em sugestologia para que pudesse submeter-se a uma delicada cirurgia de hrnia inguinal sem anestsicos. Televisionada e filmada, esta operao transformou-se em prova viva do poder da sugestologia durante um congresso mdico em Roma, em setembro de 1967. Pareceu meio viva demais a certas pessoas que assistiram o filme nos Estados Unidos. Os que no eram mdicos na platia sofriam mais que o paciente enquanto se abria seu abdome e ele ficava ali deitado, comentando o rudo dos instrumentos. O sangramento era mnimo e, conforme o depoimento do diretor do hospital, Dr. M. Di- mitrov, este homem convalesceu muito mais rpido que o normal. Lozanov e os mdicos que o acompanhavam apressaram-se a esclarecer que no se tratava de hipnose, mas de uma nova forma de controle voluntrio.

    Embora o Dr. Lozanov estivesse interessado nos potenciais humanos em geral, algo ocorrido em sua prtica psiquitrica levou-o a concentrar-se cada vez mais na supermemria. As pessoas em seu consultrio se queixavam de uma doena que ele se deu conta de ser muito comum, ainda que no tivesse nome. Aps deparar-se com numerosos casos, Lozanov batizou-a. Se voc est sempre prostrado, pode explicar que tem didaticogenia, doena causada por mtodos de ensino inadequados. Alunos muito pressionados sucumbiam estafa. Comeavam a apresentar sintomas de neurose.

    Lozanov especulou: se possvel a cirurgia sem dor, o parto sem dor, por que ento no seria tambm possvel fazer nascer o conhecimento sem dor? Se as tcnicas derivadas da Raja Ioga suprimiam a dor da cirurgia e do parto, por que no tentar, por meio delas, suprimir a dor do aprendizado?

    Estudantes que se queixavam de ansiedade antes das provas foram submetidos ao tratamento pela sugestologia. E acusaram de imediato um aumento da memria, ao mesmo tempo que a diminuio da tenso. Um metalrgico que estudava noite confirmou que, aps a sugestologia, era capaz de recitar uma poesia na sala de aula, de cor, depois de l-la apenas uma vez. Disse a Lozanov que achava aquilo um milagre, pois sempre tivera problemas para se lembrar do que aprendia.

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    Percepo Extra-Sensoral, Supermemria e Aprendizado

    Em sua busca dos caminhos que abrissem os circuitos que temos de reserva na mente, Lozanov convenceu-se de que o corpo, a mente e a intuio colocam-se em plano de igualdade e interagem de maneira global nos processos de aprendizagem, memorizao c comunicao. De que modo uma grande atriz nos emociona e influencia de maneira to poderosa? Como que um poltico carismtico nos pode influenciar? Como nos influencia um grande professor? Ele se convenceu de que no apenas ouvimos o que dizem a atriz, o poltico ou o professor, mas tambm percebemos e somos influenciados por detalhes que captamos a nvel da intuio. Percebemos constantemente em dois nveis, diz ele.

    Alm do mais, ele comeou a descobrir que as mesmas tcnicas de ioga que permitiam a supermemria e curavam o corpo tambm possibilitavam a expanso de outros poderes latentes na mente, como a clarividncia e a telepatia. Quando isto acontecia, captvamos cada vez mais sinais vindos de outras pessoas. Sentiu, ento, a importncia de conhecer alguma coisa de parapsicologia, relacionada com qualquer tipo de sistema de expanso do aprendizado.

    "Os fenmenos parapsicolgicos podem ser aplicados pedagogia", anunciou Lozanov ao Vespertino Blgaro, em 1964. O que poderia ter soado como espantoso nos Estados Unidos no foi recebido com tanta surpresa em uma cultura to antiga e enraizada na tradio hermtica como a da Bulgria. que l, o lado psquico da mente era considerado um dado corriqueiro. A Bulgria foi, durante sculos, o centro da tradio oculta do Ocidente. Durante o sculo X, a Bulgria se tornou o ncleo dos Ctaros, um movimento religioso que seguia a tradio agnstica. O agnosticismo estipulava que cada um deveria obter conhecimento direto ou "conscincia csmica" dos princpios divinos, sem o intermdio arbitrrio de uma igreja ou sacerdote. Para atingi-lo, cada um deveria desenvolver o que chamaramos de capacidade psquica, atravs de vrias tcnicas secretas.

    A partir da Renascena, proliferaram no pas os movimentos de ocultismo e as sociedades destinadas ao desenvolvimento psquico. As prticas msticas e esotricas infiltraram-se na vida diria dos oito milhes de habitantes da Bulgria de hoje. uma maravilha, diz Christian Godefroy, especialista francs em Percepo Ex- tra-Sensorial (ou apenas PES), que a Bulgria possua mais clarividentes, mais curandeiros, mais telepatas, mais videntes que qualquer outro pas. Esta constatao levou os blgaros a um interesse particular pela base cientfica de tais acontecimentos.

    Fazia parte de nossa vida contou-nos um educador blgaro. Fazamos exerccios de conscientizao e meditao todos os dias, como a coisa mais natural do mundo.

    Com este tipo de cultura, no era de surpreender que a Bulgria se tornasse o primeiro pas do mundo a nacionalizar uma profetiza. O famoso orculo da Bulgria, Vanga Dimitrova, fazia parte da folha de pagamento do governo como sendo um dos "recursos naturais" do pas.

    Vanga, que vive na cidade de Petrich, prximo fronteira com a Iugoslvia, consultada diariamente por dezenas de pessoas, dos fazendeiros locais aos mais elevados funcionrios do governo. Ela descobre pessoas desaparecidas, ajuda a desvendar crimes, diagnostica doenas e v o passado. Mais seu maior dom o da profecia. Mais do que qualquer coisa, Vanga tornou-se conhecida por sua capacidade de determinar a data da morte de cada pessoa.

    Por mais de 10 anos, o Dr. Lozanov estudou Vanga, tentando compreender como tais percepes psquicas chegam at a mente. Montou um laboratrio completo de fisiologia em Petrich, s expensas do governo, para registrar todos os casos e as diferentes situaes que afetam a percepo psquica por que vai bem um dia e mal em outro. O que facilita e o que bloqueia essa percepo.

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    Procurou compreender o porqu de casos como este: Vanga foi consultada por uma mulher grvida que morava numa vila ao sul da Bulgria.

    Seu filho ser assassinado antes de chegar idade adulta disse lhe Vanga, e descreveu a casa onde morava o futuro assassino,

    Isto realmente aconteceu conta Lozanov. Tempos depois, os milicianos prenderam o assassino na casa que Vanga descrevera.

    O primeiro encontro de Lozanov com Vanga revelou aspectos da percepo psquica que o ajudariam mais tarde a desenvolver suas idias sobre como a mente recolhe e escolhe informaes durante o processo de aprendizagem.

    Eu j tinha ouvido falar tanfo de Vanga que, quando tinha vinte e poucos anos, resolvi ir conhec-la pessoalmente explica Lozanov. Um amigo da Universidade de Sfia acompanhou-me.

    Os dois jovens pesquisadores deixaram o carro na estrada, antes de chegarem cidade de Petrich, e seguiram a p. No queriam fornecer nenhuma pista sobre suas verdadeiras identidades. Lozanov suspeitava que Vanga tinha olheiros espalhados pela cidade para inform-la sobre quem chegava.

    Entramos em uma fila de centenas de pessoas relata Lozanov e esperamos nada menos que trs horas at nos aproximarmos. Nem conversvamos um com o outro. Para que nos arriscar a sermos ouvidos? Finalmente chegou a nossa vez. Meu amigo Sacha foi primeiro. Vanga lhe disse seu nome completo. Disse ainda onde nascera e descreveu o apartamento onde morava naquela poca. Em seguida disse-lhe o nome de sua me e a doena que tinha, a data da morte de seu pai e a doena de que veio a falecer. Ela dava estas informaes a Sacha como se as estivesse lendo em um livro. Disse ento: "Voc est casado h sete anos, mas no tem filhos. Ter um filho daqui a um ano." Tudo aconteceu exatamente como ela previra.

    E continua o relato de Lozanov: Ento chegou a minha vez. Logo que apareci na porta, Vanga disse: "Georgi,

    por que voc veio? Voc quer me testar. Mas chegou muito cedo. Vai voltar daqui a alguns anos," Ela deu a entender que o estudo cientfico de seu dom da profecia s seria possvel naquela poca. Eu no disse nada; em vez disso, tentei minha primeira experincia. Usando de toda minha fora de vontade e da pouca capacidade teleptica que possuo, imaginei que era outro homem, um homem que eu conhecia muito bem. Ela comeou a predizer, mas estava errada. E me disse isto, Ento disse: "Pode ir; no consigo lhe dizer nada."

    Lozanov assinala: Minha capacidade de bloquear Vanga uma coisa muito interessante. Foi o

    primeiro lampejo de certeza que tive para minha hiptese de que Vanga extraa o que contava aos visitantes da prpria mente deles, por te'epatia.

    A mdia de clarividncia registrada por Vanga atravs dos anos tida como sendo de 80%. H rumores de que uma instituio particular alem ofereceu ao governo blgaro uma soma fabulosa para contratar os servios profticos desta mulher, de que celebridades internacionais como Jackie Kennedy tentaram consultar-se com ela. mas que ela sempre recusa esse tipo de coisa para continuar trabalhando com o Instituto de Sugestologia.

    Embora atualmente nada disto venha a pblico, j que o assunto est ligado poltica do pas. os blgaros contam que seu trabalho continua a ser feito sem divulgao. Na casa de Vanga ainda existe uma placa que diz: "Colaboradora Cientfica do Instituto de Sugestologia".

    No Instituto de Ps-Graduao em Medicina, onde comeou a trabalhar, Lozanov dedicava parte de seu tempo a estudar telepatia, clarividncia e viso sem olhos a capacidade paranormal de sentir cores e matria impressa atravs da pele. Testou 65 sensitivos de diversos tipos, procurando compreender como conseguiam atingir uma combinao de informaes maior que a da maioria de ns. Como tornavam esta informao consciente? Como conseguiam movimentar-se pelo tempo?

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    Lozanov descobriu que certas coisas tendem a acontecer com o corpo quando os sensitivos utilizam sua capacidade paranormal. Dizia-se que com certos exerccios da Raja Ioga as pessoas podiam provocar determinados ritmos do corpo e da mente que desencadeavam um estado mais elevado de conscincia. Parecia haver uma relao entre o que os sensitivos obtinham naturalmente e o que a Raja Ioga dizia obter. Lozanov testou vrios mtodos de desenvolvimento da psique. Foi bem-sucedido com a telepatia. Utilizou ento seu novo mtodo para ensinar a crianas cegas a viso pela pele. Tambm funcionou (ver Captulos 15 e 16).

    A Sugestologia "pode ampliar o desempenho parapsquico de um indivduo ou de grupos inteiros... As faculdades da telepatia e clarividncia podem ser cultivadas e desenvolvidas atravs da sugestologia", declarou Lozanov em 1966, no Congresso Internacional de Parapsicologia de Moscou. Endossando os defensores da Raja Ioga. descobriu que tcnicas antigas realmente desenvolvem * supermemria, a autocura e capacidades psquicas.

    Procurando fazer com que outras pessoas desenvolvessem estes Poderes paranormais, confirmou sua idia de que medida que aumenta a conscincia, as pessoas acrescentam informaes intuitivas seiecionadas que podem desenvolver ou reprimir o processo de aprendizagem.

    Certificou-se tambm, e cada vez mais, da importncia dos elementos sugestivos fornecidos pela cultura no desenvolvimento dos potenciais. A aceitao por parte da cultura blgara permite s pessoas liberarem as capacidades psquicas, observou ele. O autor e educador americano George Leonard, que coordena seminrios dc desenvolvimento psquico para atletas, tambm concorda. E confirma que na verdade o que faz criar um ambiente onde as pessoas tenham permisso para utilizar seus poderes naturais.

    Lozanov acrescenta ainda que nestas experincias reparou que a informao proveniente da intuio e da psique atingem a mente com a mesma velocicdade e automatismo do que a supermemria. Como se a PES e a supermemria operassem em mecanismos mentais semelhantes.

    Aparece a Sugestopedia

    At aqui, Lozanov pesquisara cientificamente a Raja Ioga, o aprender dormindo e a parapsicologia. De suas descobertas, extraiu um quebra-cabeas onde as peas eram mtodos que deveriam se ajustar em uma maneira total, global, de aprender. (Para informaes mais completas, ver os Captulos 4 e 5.) O sistema que ele imaginava seria dividido em duas partes: uma sesso de desenvolvimento da supermemria onde as pessoas permanecessem em plena conscincia; e uma nova maneira de ensinar subseqente. O ensino incluiria mtodos psicoteraputcos tais como a terapia da auto- imagem e afirmaes. O sistema total abrangeria a personalidade total. Sua caracterstica principal seria o aprendizado sem tenso. Seria um mtodo de aprendizagem que no provocasse nenhuma doena mas que, pelo contrrio, curasse (ver Apndice).

    Deduziu-se dos resultados que as pessoas pareciam mais predispostas a alcanar a supermemria e a aprender muito mais depressa que o normal quando se encontravam em um estado de relaxamento fsico semelhante ao do aprender dormindo ou hipnopdia. Mesmo aqueles nascidos com capacidades supranormais pareciam mergulhados neste estado de relaxamento quando operavam seus milagres. Se o ritmo do corpo se acalma, a mente cresce efetivamente. Como pode algum alcanar este estado sem penetrar nos limites do sono ou do transe? Como pode algum conseguir isto com plena conscincia? A ioga e as tcnicas mdicas comuns nos pases comunistas tm algumas respostas.

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    Na Bulgria, a terapia pela msica comumetue utilizada nos sanatrios. Os pacientes com problemas cardacos ou circulatrios, por exemplo, so tratados com msica de ritmo lento e constante. Xsto acalma o corpo. At uma fita de batimentos rtmicos, a uma razo de 40 a 60 batidas por minuto, funcionou no sentido de acalmar os ritmos do corpo e da mente. Para fortalecer a memria, Lo- zanov vai usar a msica. Comeou com movimentos lentos de msica barroca clssica, msica esta que produz uma batida constante por segundo, ou 60 batidas por minuto. A msica, em vez do sono ou da hipnose, pode acalmar o corpo para que a mente libere seus potenciais armazenados.

    Convm notar que a idia de se utilizar a msica como ponte para atingir as reservas da mente tenha vindo da terra do lendrio Orfeu, hoje parte do territrio da Bulgria. Orfeu usou a msica para encantar tanto a natureza quanto as criaturas.

    Quando as pessoas se encontrarem neste estado de calmo aprendizado, qual a melhor maneira dc lhes fornecer informaes que eles absorvam e de que se lembrem? A ioga achava que a apresentao rtmica era a resposta. Lozanov descobriu um ritmo especfico que parecia bem sincronizado com os ritmos da mente e do corpo, Como no aprender dormindo, ele desmembrou as informaes em fragmentos ou frases curtas. Uma frase deveria ser dita a cada oito segundos. No sistema de aprender dormindo, os mesmos cinco minutos de informaes devem ser repetidos 36 vezes por noite. Com seu novo sistema, os blgaros descobriram que era necessrio menos repeties. Os professores acrescentavam entonaes diferentes para quebrar a monotonia do ritmo constante.

    Uma apresentao mais lenta do material tambm foi considerada como sendo um dos segredos de melhor aprendizado pelo pesquisador do UCLA, Dr. Willard Madsen. Trabalhando com jovens retardados, Madsen descobriu que, quando diminua a marcha da apresentao para um intervalo proporcionalmente mais longo, as crianas de baixo QI aprendiam com quase tanta eficincia quanto seus colegas mais brilhantes. O ritmo parecia agir como re-sin- cronizador para ritmos internos no sincronizados, melhorando portanto a memria.

    Algumas breves experincias de aprendizado comearam com o mtodo de memria musical. Lozanov iniciou os alunos em "de- sugesto", um dos elementos psicolgicos de seu mtodo. a terapia da auto-imagem,

    Estamos condicionados a crer que s podemos aprender tanto em tanto tempo, que estamos propensos a ficar doentes, que existem limites rgidos para o que fazemos c queremos disse-lhes. - Somos constantemente bombardeados, desde o dia em que nascemos, com sugestes de limites. O primeiro passo ultrapassar estes limites de pensamento. Desta forma, podemos aprender mais depressa e liberar nosso potencial interno.

    Props aos alunos exerccios de relaxamento profundo para se livrarem das tenses. Aprenderam os exerccios de respirao da Raja Ioga para melhorar a concentrao. Depois, um professor assumiu a turma e deu uma aula de lngua estrangeira. Em seguida, veio a sesso-concerto de supermemria, com os elementos "sugestivos" do estado alterado, msica e ritmo. Os alunos se descontraam ao ouvir a msica imponente, destinada a tornar mais lentos os ritmos do corpo e da mente. Alem da msica, ouviam frases com vocabulrio lidas em marcha lenta, ritmo rgido.

    No dia seguinte, aqueles alunos fizeram uma prova. Foi espantoso. Eles se lembravam de quase tudo. Pareciam ter o controle da memria. E no precisaram dormir ou serem hipnotizados para tanto. Os alunos estavam perfeitamente despertos e conscientes durante todo o tempo. Tratava-se de uma verdadeira ruptura. As pessoas nunca tinham conseguido atingir a supermemria acordados. Lozanov percebeu que estava no caminho certo.

    Como Lozanov previra, as sesses de supermemria pareciam acentuar a conscincia em geral, >Aqueles alunos, mais do que os outros, estavam propensos a

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    captar algumas emoes ou atitudes do professor. Se este se sentisse deprimido, ou julgasse os alunos burros, ou ainda achasse que o mtodo no funcionaria, a turma se dava conta disso, afetando os resultados. Lozanov usa um termo ciberntico para este fato: "sinais do segundo nvel". Para atingi-lo, parte do mtodo de aprendizagem implica a criao de uma atmosfera positiva, autoritria, sustentatria. O comportamento do professor tambm organizado de modo a que as insinuaes no verbais, como gestos, tom e expresso facial sejam dirigidas para o aumento da motivao e autoconfiana dos alunos. A afinidade entre aluno e professor importante. (Ver Apndice.)

    Na dcada de 60, Lozanov anunciou publicamente que era capaz de melhorar a memria de uma pessoa em mais de 50%, por meio da sugestopedia. Pouco tempo depois, anunciou que com seu sistema de aprendizado livre de tenso os alunos aprendiam com facilidade uma nova lngua em um ms e demonstravam, um ano depois, um alto nvel de reteno. Valia tanto para jovens quanto para velhos, para brilhantes ou retardados, cultos e ignorantes. Acima de tudo, o mtodo parecia melhorar tambm a sade e curar doenas relacionadas com o stress.

    Foi o bastante para funcionar como estopim junto a outros profissionais. __ No existe esta reserva de memria na humanidade protestaram os cticos. A sugestopedia apoiava-se em especialidades to diversificadas, reunindo-as num

    s campo, que os especialistas protestaram. Os professores no dominavam a psicoterapia, os msicos no compreendiam a parte mdica, e os mdicos no acompanhavam a parte pedaggica. A controvrsia alastrou-se pelos jornais. Lozanov foi atacado e testado. Uma comisso oficial designada pelo governo concentrou-se na sugestologia, fato que pode ter conseqncias de- salentadoras em pases como a Bulgria.

    Os membros da comisso reuniram-se em um salo do principal hotel de Sfia. Concordaram em experimentar aquele esquema absurdo e aboli-lo se no funcionasse. Acabaram sentados em espreguiadeiras, meia-luz, ouvindo msica lenta. No era bem o tipo de trabalho a que estavam acostumados.

    Relaxem. No pensem em nada disse-lhes o professor. Escutem apenas a msica enquanto eu leio o material.

    No dia seguinte, os envergonhados membros da comisso descobriram que, apesar de terem certeza de que no tinham aprendido nada, mesmo ass;m se lembravam. Quando foram fazer a prova, puderam com facilidade ler escrever e falar de 120 a 150 palavras novas, absorvidas na sesso de duas horas. Da mesma maneira, as regras gramaticais foram absorvidas sem problemas. Ao fim de vrias semanas, apesar da crena firme de a'guns de que no poderiam aprender coisa alguma to sem esforo, eles demonstravam fluncia em uma Kngua estrangeira que nunca haviam conhecido. Que tipo de relatrio faria a comisso governamental?

    Em 1966. o Ministro da Educao da Bulgria fundava o Centro de Sugestopedia do Instituto de Sugestologia. Com uma equipe de mais de 30 especialistas em educao, medicina, engenharia, o Instituto mantinha cursos regulares com sugestopedia, realizando, ao mesmo tempo, pesquisa mdica e fisiolgica em seus laboratrios, para ver o que poderia ser creditado ao aprendizado rpido e supermemria.

    Os formados em turmas de sugestopedia eram freqentemente chamados para testes de acompanhamento. Quanto haviam esquecido? Os benefcios para a sade permaneciam? Eles no apenas aprenderam muito mais depressa, como tambm no esqueceram. Seis meses mais tarde, a reteno ainda era de 88%. Vinte e dois meses depois, sem qualquer utilizao posterior da nova lneua, a reteno era de 57%. Os alunos tambm voltavam por iniciativa prpria para dizer o quanto sua situao emocional melhorara depois dos cursos.

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    Pessoas de todas as idades c tipos de vida freqentavam os cursos noturnos do Instituto depois de um longo dia de trabalho. Chegavam cansados e s vezes com dor de cabea.

    As sesses de meditao deixam-nos felizes da vida, revi- gorados garantiam cs alunos. No h esforo de espcie alguma, no se fica cansado mental nem fisicamente.

    O equipamento monitorizado revelou que durante a sesso- concerto o corpo dos alunos exibia um padro semelhante ao de uru certo tipo de meditao iogue, provocado para reanimar e revigorar o corpo. Os processos do corpo se retardavam a um nvel timo, saudvel, as ondas do crebro diminuam at o propcio nvel alfa. Os alunos contavam que at as dores de cabea desapareciam durante as sesses com o mtodo de memria musical.

    At onde a mente pode expandir-se uma vez iniciado o processo de abertura? Parecia to fcil aprender 50 ou mil palavras. Formaram-se turmas de voluntrios. Em uma nica sesso, eram-lhes ensinadas 15 lies de um livro de francs contendo 500 palavras novas. Logo em seguida, eram submetidos a um teste e, trs dias mais tarde, a outro teste com resultados excelentes, extraordinrios.

    Todas as palavras foram retidas diz Lozanov. Pela mdia atual, as pessoas aprendem de 80 a 100 palavras por dia em cursos de

    aprendizadb acelerado. A maior escola de lnguas do mundo, a Berlitz, diz que 200 palavras aps vrios dias (30 horas) de aprendizado intensivo por "imerso" considerado um aprendizado bem-sucedido. Infelizmente, o esquecimento bastante rpido nestes mtodos de alta presso.

    Pela abordagem blgara, 500 palavras por dia era apenas o "objetivo 1". Em 1966 um grupo aprendeu mil palavras em um dia e em 1974 foi obtida a mdia de 1.800 palavras por dia. F.m 1977, Lozanov anunciou que alguns testes mostraram pessoas capazes de absorver at trs mil palavras ao dia.

    De maneira diferente do mtodo de aprender dormindo, no qual so exigidas 36 repeties dos mesmos cinco ou dez minutos de material, a sugestopedia precisa de poucas repeties. Muito mais informao pode ser aprendida em tempo inais curto. A apresentao do material a uma mdia de cerca de 400 parcelas de dados por hora tem como nico limite o nmero de horas do dia. Ao ler os relatrios, tem-se a impresso de que algum, em algum lugar, agora mesmo, est batendo um recorde de rapidez de aprendizagem,

    Quais so, portanto, os limites externos ao potencial da mente? Desde que voc aprende a abrir sua mente, Lozanov acha que a capacidade de lembrar c quase ilimitada no existe um ponto aparente de exausto.

    Inicialmente, o Instituto ensinava lnguas porque o progresso j;a ser medido com facilidade, atravs da contagem de palavras, por certo Lozanov no possua treinamento de educador. Alexo No- vakovT destacado professor, msico e ator, desenvolveu parte do trabalho de lnguas. Preparou programas completos equivalentes a cursos dc lnguas de dois ou trs anos (vocabulrio de seis mil palavras e gramtica completa). Os alunos se formaram em trs meses. Aos poucos, os cursos passaram para os outros campos, como matemtica, fsica e biologia.

    Durante nossa viagem Bulgria em 1968, visitamos as salas de aula do Instituto com suas espreguiadeiras em crculo, examinamos seus bem-equipados laboratrios, as salas recobertas de material eletromagntico, especial para pesquisa de PES, a biblioteca e o departamento de traduo. Conhecemos membros da equipe, cientistas, professores.

    Ainda estamos explorando, ainda experimentando, ainda alterando o mtodo disse Franz Tantchev, relaes-pblicas do Instituto, resumindo o que outros nos disseram. A cada dia descobrimos coisas novas sobre o funcionamento da sugestopedia.

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    No sabamos exatamente como funcionava, mas comevamos a nos convencer de que qualquer coisa verdadeira, qualquer coisa realmente estimulante, qualquer coisa alm dos modismos da tecnologia educacional estava acontecendo na Bulgria.

    Soubemos tambm que a Unio Sovitica era profunda conhecedora da sugestopedia. Os soviticos sempre estiveram interessados cm sistemas de aprendizagem rpida. Aps as transformaes da 1 Guerra Mundial e da Revoluo Russa, os soviticos quiseram equiparar sua enorme populao ignorante, naquela poca, com os padres dos pases industrializados do Ocidente. Usaram a relaxo- pedia, hipnopedia, e mais tarde o aprender dormindo e a hipsope- dia. Aparentemente, muitos de seus melhores centros de ensino utilizam agora a sugestopedia blgara. Ouvimos falar que outros pases do bloco sovitico tambm planejavam utiliz-la.

    Ao nos despedirmos do Dr, Lozanov. observamos que ele esperava ver seu mtodo dc aprendizado rpido ser eventualmente utilizado nos Estados Unidos.

    Um astrlogo uma vez me disse que meu planeta "Veneza" est em Gmeos, o que significa bom relacionamento com a Amrica gracejou.

    O planeta Vnus corrigimos com um sorriso. Lozanov deu uma risada bem-humorada e se apressou a dizer

    que, ao contrrio dos alunos do seu Instituto, ele no tinha aproveitado as vantagens da sugestopedia para aprender lnguas! Eslava sempre ocupado demais, trabalhando, viajando, supervisionando outros centros de sugestopedia.

    Samos da Bulgria com a impresso de que ainda ouviramos falar deste homem dedicadssimo, que acreditava que os benefcios das descobertas blgaras "deveriam ser distribudos ao mundo, c no mantidos para o benefcio de uns poucos".

    Tnhamos voltado havia pouco tempo quando, de repente, em 1969, embora a poucos b'garos fosse nermitido viajar para o Ocidente, o Dr. Lozanov chegou a Nova York.

    "Veneza" est em Gmeos disse ele triunfante no Aeroporto Kennedy. Vnus respondemos rindo. De fato, qualquer coisa trabalhava a seu favor. Nesta visita, e nas visitas subseqentes que fez aos Estados Unidos, apresentou

    numerosos filmes sobre sugestopedia e sugestologia, leu sua tese e vrias outras publicaes suas, e pronunciou palestras para a UNESCO e a Fundao Ford.

    Em 1970, nosso livro Psychic Discoveries Behind the Iron Curtain (Revelaes da Fsica por Trs da Cortina de Ferro) foi publicado nos Estados Unidos e Europa, e nosso relato do trabalho de Lozanov e de como os poderes "supranormais da mente podiam ser aplicados educao atingiu literalmente milhares de pessoas que entraram em contato conosco. Professores, estudantes, homens de negcios, os mais variados tipos de oessoas convergiram s centenas at Sfia para visitar o Instituto de Sugestologia. Na verdade, foram tantos, que o governo da Bulgria passou a estabelecer restries.

    Um Salto Evolucionrio?

    J se passaram mais de duas dcadas desde que o Dr. George Lozanov iniciou suas pesquisas com o mtodo de memria musical para abrir as reservas da mente e desenvolver a supermemria e o aprendizado rpido. A sugestopedia utilizada hoje em dia por milhares de pessoas nos pases do bloco sovitico e se espalha velozmente por muitos pases do Ocidente. Alm dos cursos regulares do Instituto de Sugestologia da Bulgria, muitos cursos experimentais foram oferecidos no correr dos anos em vrias escolas e centros. E um grande nmero de conferncias internacionais sobre sugestopedia tiveram lugar em diversos pases.

    At 1976, havia 17 escolas pblicas da Bulgria que vinham utilizando o mtodo Lozanov para todas as matrias durante vrios anos. Aparentemente, pelos resultados

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    obtidos com as crianas destas escolas blgaras, cada um era um verdadeiro prodgio. Os que estavam na primeira srie j liam textos complexos. Na terceira srie aprendiam lgebra do segundo ciclo. Todos davam a matria de dois anos de escola em quatro meses. As crianas aprendiam a ler em questo de dias. Aparentemente tudo era perfeito. Todos se divertiam. Todos adoravam aprender. Todos eram criativos. Nin-gum falhava. As crianas doentes curavam si prprias por este novo processo de aprendizagem.

    A Dra. Cecilia Poilack, do Lehman College de Nova York, conseguiu chegar a uma das escolas de Lozanov devido a seus contatos junto a altas autoridades da Bulgria. Observou as turmas da escola n

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    foram escolhidos para integrar as comisses, para que estas tivessem garantida sua imparcialidade.

    Em 1976, durante uma conferncia de mbito nacional, os ministros do governo blgaro revelaram seus relatrios e suas concluses. O Presidente da Bulgria e altos representantes do partido estavam presentes. A sugestopedia realmente fazia o que prometia. Precisava ser expandida.

    Aplicaremos o sistema por todo o pas dentro de muito pouco tempo anunciou Lozanov em 1977.

    Devido aos relatrios divergentes, a extenso do uso da sugestopedia na URSS pde apenas ser estimado. Existem centros de Moscou a Lcningrado, at a Cracvia, na Ucrnia. Moscoflm, a principal empresa cinematogrfica sovitica, preparou um documentrio sobre a sugestopedia para ser exibido em circuito normal, a fim de encorajar o publico a uma utilizao mais ampla do mtodo. Notveis resultados obtidos com a sugestopedia no prestigiado Instituto Pedaggico de Lnguas Estrangeiras em Moscou foram anunciados no Pravda j em 1969, " possvel aprender uma lngua em um ms", proclamavam com entusiasmo. bvio o envolvimento militar extensivo sugestopedia. A grande conferncia de 1974 em Moscou sobre sugestopedia no foi aberta aos ocidentais, mas um observador norte-americano que conseguiu infiltrar-se relatou que a grande audincia era composta principalmente de militares fardados. Alguns eram evidentemente da Academia Militar de Frun/e, na Repblica de Kirgiz, prximo fronteira chinesa.

    Os alunos da Universidade de Nbrilsk, no Crculo rtico, at os da Universidade de Novosibirsk, na Sibria, valiam-se da sugestopedia a uma mdia de 10 mil alunos siberianos por ano. Joseph Goldin, vice-presidente da Comisso para o Desenvolvimento do Potencial Humano da Academia Sovitica de Cincias, diz que a su- gestopedia ser usada para treinar os intrpretes dos Jogos Olmpicos de Moscou. Os centros de Leipzig e Berlim Oriental relatam uma reteno a longo prazo de 90% obtida por centenas de alunos dos cursos de sugestopedia. H ainda mais pessoas filiadas a esses cursos na Hungria e outros pases do bloco sovitico. Os soviticos tambm esto promovendo cursos de sugestopedia na frica.

    Ser que isto significa um mundo comunista repleto de prodgios despontando no horizonte? Se este vai ser de fato um admirvel mundo novo, ser pelo menos mais parecido com Shakespeare do que com Orweil, um inundo habitado por gente semelhante aos aventureiros de A Tempestade, que de repente se viram envolvidos por uma nova luz. Talvez as crianas das escolas blgaras recebam um dia o crdito de nos terem demonstrado qual o verdadeiro padro humano. Uma vez derrubada a "conspirao" pela limitao, o mesmo acontecer com as barreiras capacidade humana. Talvez comecemos agora a ver do que capaz uma personalidade desobs-truda.

    Um dos maiores violinistas do mundo, Yehudi Menuhin, que foi uma criana-prodgio (estreou no Carnegie Hall aos 10 anos de idade), diz que sempre se sentiu exatamente igual a todas as outras crianas. Menuhin, durante longo tempo praticante de ioga, acha que tem uma capacidade normal que, no seu caso, adveio da simples exuberncia de vida. E acrescenta:

    As crianas so geralmente subestimadas. A genialidade no um dom de poucos, mas de todos, de acordo com o ponto de

    vista do Pandit Gopi Krishna: Devemos pesquisar a base biofsica do gnio insiste o antigo funcionrio

    governamental e atual lder dos brmanes de Caxemira. Ele aconselhou cientistas de centros cotnc o Instituto Max Planck a se voltarem

    para as tcnicas da ioga consagradas pelo tempo, que supostamente fundem a energia do corpo com a da mente. Da fuso vem a luz. Toda a pessoa se ilumina, tornando-se o que chamamos um gnio, ou uma pessoa espiritualmente desenvolvida, diz o Pandit.

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    Este ato potente de nos reunirmos em ns mesmos , segundo Gopi Krishna e muitos outros, o prximo salto evolucionrio da humanidade.

    As tcnicas que expandem a memria tambm parecem capazes de abrir circuitos adicionais da mente que levam expanso de muitas capacidades humanas. Embora esteja longe de fazer milagres, e talvez no seja adequada para qualquer um, pode muito bem ser uma resposta; resposta prtica, funcional, at agradvel para nossas necessidades.

    Se continuarmos tentando enfrentar os problemas do mundo atual e a "sobrecarga de informaes" no campo da economia mundial e do governo, estaremos sempre atrasados, acredita Lozanov. A no ser que coloquemos em funcionamento circuitos adicionais de aprendizado no crebro humano, acha ele, o progresso pode atingir um ponto de estagnao.

    Precisamos de nveis mltiplos de conhecimento para a moderna tomada de decises, diz a Dra. Jean Houston, presidente em 1968 da Associao de Psicologia Humanstica, pois a educao est esquematizada para o sculo XIX.

    Para responder aos problemas e complexidades de nosso tempo, precisamos da totalidade das capacidades humanas, conhecidas e desconhecidas diz ela. ... a nica maneira de desenvolvermos nosso potencial hunano abrir caminho para alm deste (estreito) raio de ao e nos integrarmos a um espectro mais amplo de conscincia humana.

    Captulo 3

    Aprendizagem a Jato Desponta na Costa Oeste

    O adolescente Timmy descansava sobre um tapete felpudo no cho de uma sala de aula na Gergia, com mais outros dez colegas de turma. Mentalmente, visualizava um conjunto de imagens que ele prprio escolhera para o seu programa pessoal de relaxamento,

    Minha cabea toda feita de marshtmllow. .. meus olhos so bolas de gude.,. meus braos so de macarro...

    Msica suave comeou a tocar ao fundo. Ele ouviu a voz da professora, s vezes em tom profissional, outras vezes s um sussurro, ou em tom de comando, recitando com ritmo diversas palavras de uma lista.

    Atualmente na stima srie, Timmy freqentara quase sete anos de classes de alfabetizao, alm de dois anos de classes de recuperao. Ainda assim, no sabia ler. O relatrio de sua professora classificou seu problema de leitura como sendo "o mais sem soluo que se pode imaginar".

    De repente, em apenas algumas semanas dessas sesses, as provas mostraram que Timmy disparara o equivalente a oito meses em sua capacidade de leitura. Alunos com os maiores problemas de aprendizado do Condado de DeKalb foram treinados com este e outros programas semelhantes na Escola Primria dc Huntley Hills, prximo de Atlanta. Perfizeram mais de um ano de alfabetizao em menos de 12 semanas. Tratava-se de uma velocidade de aprendizado de aproximadamente quatro por ura.

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    Na turma de cincias da oitava srie da Escola Secundria Woodrow Wilson, em Des Moines, lowa, a paisagem era outra. O Dr. Wilbur Shure, "rcnomado cientista", personagem desempenhado por Jack (um garoto de 14 anos da zona rural), explicava a um colega de turma "cientista" como fora a pesquisa de fosfato em uma ilha do Pacfico onde haviam feito uma explorao. Tendo o professor Charles Grittun como diretor, a matria de cincias da vspera tomava vida sob a forma de dramatizao.

    Em seguida, a turma ouviu um disco de uin conjunto de msica de cmara austraco. Os alunos fizeram relaxamento em suas carteiras e respirao ao ritmo da msica inspira dois, segura quatro, solta dois, e repete,

    Gritton disse, em diversas entonaes, ritmado com a msica: Ferro. Smbolo Fe. Duro como ferro. Mercrio. Smbolo Hg. Quando

    esquenta, sobe a coluna dc mercrio. Eram cinqenta palavras ao todo. Aps o questionrio que se seguiu, Jack

    conferiu seus resultados. Achou um erro. Embora ele fosse um aluno mdio em outras matrias, esse era seu primeiro erro em cinco semanas do novo curso de cincias. Nenhum aluno cometeu mais de dois erros. Ficaram agitados e felizes com sua capacidade recm-descoberta. Em outra turma, por iniciativa prpria, deram pipocas ao aluno "mais atrasado", para estimul-lo a obter melhores resultados. (Ele tinha cometido trs erros.)

    Com quatro dias de curso, tods os 115 alunos de cincias de Gritton alcanaram a mdia de 97%.

    Em um jardim iraniano, trs americanos almoavam desanimados. - O que vamos fazer para aprender persa bem rpido? perguntavam uns aos

    outros. Eles permaneceriam no Ir por alguns meses, e era difcil mo- vimentar-se por ali

    sem falar a lngua. Tenho uma idia disse o texano Doug Shaffer aos outros dois, um casal

    que acabara de chegar ao Ir para lecionar no Departamento de Ingls da Universidade de Mashhad,

    Ele j ouvira falar do mtodo blgaro de aprendizado rpido e acabara de receber uns prospectos. Por que no tentar?

    No vai funcionar comigo zombou a mulher. Tentei todo tipo de mtodo de lnguas e nenhum adiantou.

    Depois de muita persuaso, e com boa dose de ceticismo, concordou em tentar algumas sesses de auto-ensino. Ela e o marido relaxavam e respisavam ao ritmo de msica barroca, enquanto Doub Shaffer lia frases em ingls e um amigo iraniano lia em voz alta a traduo em persa. Utilizaram a marcha lenta exigida de oito segundos para cada orao.

    Em trs semanas, "os resultados foram realmente espetaculares", relatou Shaffer em 1977, na Universidade Ferdowsi de Mash- had, no Ir- Eles tinham aprendido persa de maneira agradvel e fcil'

    Funciona, e muito bem sustentou Shaffer. Na Universidade Estadual de Iowa, os alunos aprenderam em duas semanas todo

    um semestre de espanhol sete vezes mais depressa que o normal, e se divertiram aprendendo. Em Washington, D.C., os alunos aprenderam latim em uma frao do tempo normal. Na Califrnia, os alunos aprenderam uma !'ngua eslava trs vezes mais rpido do que o normal. O Centro de Treinamento da Marinha Americana na Costa Atlntica, na Virgnia, obteve bons resultados cm um projeto de aprendizado acelerado.

    A aprendizagem a jato por meio da msica despontou finalmente para os americanos. Nas escolas, colgios, e por conta prpria, muitos ocidentais comeam a inteirar-se de alguns dos benefcios da supermemria e de seus prprios potenciais

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    expandidos. . . benefcios dos quais muita gente do bloco sovitico j vem usufruindo h 20 anos.

    Adivinhando o Mtodo

    Por que levamos tanto tempo? Os motivos so to enredados e envolvidos em mistrio quanto a melhor intriga bizantina. A desinformao foi cozida em fogo brando, em grande parte alimentado pela poltica comunista e o servio mal feito pelos ocidentais. Devido poltica comunista, os ocidentais tiveram a maior dificuldade em descobrir em que consistia exatamente o mtodo e como utiliz-lo. Por causa da incompetncia administrativa, as pessoas eram levadas a crer que o sistema no poderia ser adaptado aos padres norte-americanos. Infelizmente, a intriga a que nos referimos tem interesse maior do que o histrico, j que no apenas permanece at hoje, como parece estar aumentando a nvel internacional.

    Embora no estejamos acostumados idia, a poltica est relacionada com tudo que ocorre nos pases comunistas, desde a fsica nuclear at a construo de uma ponte. Das centenas de ocidentais que acorreram Bulgria pedindo para ver alguns alunos numa sala de aula, a maior parte no se deu conta de que sua simples solicitao era suficiente para coloc-los em uma lista de espies de baixo escalo. A Unio Sovitica e seus satlites encaram a su- gestopedia como algo importante; e as Foras Armadas soviticas tambm parecem envolvidas em sua utilizao. Tornou-se bvio que uma ou outra autoridade quis manter certos detalhes da supermemria e do aprendizado acelerado s para si.

    Os governos do bloco sovitico so muito sensveis aos assuntos ligados a superpoderes da mente. Em 1977, por exemplo, um cientista moscovita forneceu ao reprter Max Toth, do Los Angeles Times, um relatrio cientfico sobre pesquisas russas de parapsicologia. A KGB (Polcia Secreta Sovitica) prendeu Toth imediata-mente e interrogou-o durante alguns dias. Ele era acusado de receber "segredos de Estado" material sobre telepatia. S o soltaram por interveno do Presidente Crter. Tais acontecimentos em Moscou provocam grande repercusso em todo o bloco, e a Bulgria considerada o satlite menos independente da URSS.

    Um amigo do Dr. Lozanov, Dr. Milan Ryzl, bioqumico tcheco, originrio de Praga, explica as dificuldades com que se deparam os cientistas quando pesquisam os poderes da mente. Ryzl desenvolveu um sistema eficiente de treinar pessoas para desenvolverem PES atravs da hipnose. Imediatamente o governo tcheco ficou muito interessado em seu trabalho. Ele percebeu que passou a ser seguido por agentes secretos tchecos. Seus relatrios cientficos e manuscritos eram roubados. De vez em quando era-Ihe proposto que espionasse seus colegas cientistas em outros pases. As autoridades deixaram bem claro que estavam interessadas nas tcnicas parapsicol- gicas para fins de espionagem. Ryzl garante que o governo exercia tamanho controle sobre sua vida que no teve escolha a no ser concordar. Finalmente, concluiu que tinha outra escolha, e refugiou- se nos Estados Unidos em 1967.

    O caso do Dr. Ryzl tpico do que pode ocorrer sob tais regimes polticos. Qualquer pronunciamento para o Ocidente deve ser antes conferido na prtica, para se ter certeza de que correto no se consideram os valores aparentes. A maioria dos institutos de pesquisa, se no todos, possui um espio que envia relatrios sobre seus colegas. Naturalmente, os pesquisadores tendem a ser muito reservados e em geral no comentam entre si os trabalhos que desenvolvem, isto para no falar nos ocidentais. Os componentes da equipe s vezes nem sabem o que seus colegas esto fazendo; no lhes permitido confraternizar cora os visitantes do Ocidente, nem mesmo sair para almoar ou jantar sem a companhia de um "observador". O Dr. Lozanov e sua equipe nunca conversaram aberta e livremente sobre detalhes especficos de seu trabalho no

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    campo da supermemria. Quando Lozanov fez conferncias no Ocidente, discutiu basicamente a parte de ensino psicoteraputico do aprendizado rpido.

    Em 1974, Edward Naumov, um dos primeiros parapsiclogos soviticos, que todos conhecemos, foi preso e condenado a trabalhos forados. Seu "crime" consistia em confraternizar de maneira livre demais com os ocidentais, a despeito do chamado tratado de intercmbio cientfico entre Rssia e Estados Unidos.

    As palavras "e Parapsicologia" foram retiradas do ttulo do Instituto de Sugestologia de Sfia. Durante um programa de rdio, em nossa companhia, Lozanov preferiu dizer que nunca conhecera o objeto de sua pesquisa, Vanga Dimitrova. A importncia da su- gestopedia na PES fora depreciada.

    Quando a URSS expediu um comunicado, em 1971, considerando a ioga "hostil a nosso pas", para no dizer "faz mal sade", os blgaros passaram a insistir que a Raja Ioga nunca esteve envolvida com a sugestopedia, apesar de o dado ter sido publicado na tese de Lozanov. Mesmo antes de a ioga se tornar tabu poltico, quando estivemos em Sfia em 1968, os funcionrios do Instituto confirmavam que nunca haviam pesquisado a ioga, at lhes mostrarmos os relatrios publicados sobre seu prprio trabalho. Por volta de 1977, a ioga estava de novo na moda, e Lozanov discutiu-a em uma conferncia sobre supermemria, em Iowa. Este antigo aliado russo, o mtodo de aprender dormindo, foi de repente e kno- vamente "adormecido", h poucos anos atrs. No foram expedidos comunicados cientficos sobre os caminhos que tomou em tempos mais recentes.

    Na Bulgria, os ocidentais que a custo conseguiram integrar- se s equipes de observadores das turmas de sugestopedia encontraram muito pouco o que ver. As turmas de 12 alunos sentavam- se em crculo em confortveis espreguiadeiras, mais ou menos como poltronas de avio. Ao fundo, msica tocando. O professor falava em entonaes diferentes e, ao final, todos sabiam tudo.

    O segredo deve estar nas cadeiras! disse algum. Uma universidade canadense gastou mais de 10 mil dlares em cadeiras

    estofadas especiais para aprendizado rpido, na esperana de que transformassem os alunos em poliglotas instantneos. Nada foi explicado aos ocidentais. As afirmaes nas conferncias eram vagas. A Revista de Sugestologia, publicada pelo Instituto, interrompeu abruptamente sua circulao no Ocidente.

    Afinal, graas, em parte, aos esforos incansveis da Dra. Jane Bancroft, Professora Assistente de Francs na Universidade de Toronto, e antiga amiga dos autores, desabrochou no Ocidente um meio efetivo de lidar com a supermemria.

    A Dra. Bancroft, especialista em lnguas, com graduao na Sorbonne e em Harvard, teve tambm educao musical. Em 1971, auxiliou os autores a trazerem o Dr. Lozanov ao Canad para palestras na Universidade de Toronto. Antes de se dirigir Bulgria para um congresso internacional de sugestopedia e um ms de pesquisa, ela dissecou exaustivamente os arquivos dos autores, leu a tese de Lozanov, mergulhou na Raja ioga c no aprender dormindo. Ns tnhamos chegado ao esqueleto do sistema, mas ainda havia lacunas a serem preenchidas.

    Um dia, quando a Dra. Bancroft estava no Instituto de Sug