37 respostas sobre hipertensÃo arterial...basicamente um aparelho de pressão que fica no braço do...
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FRANKLIM A. MOURA FERNANDES
2 37 RESPOSTAS SOBRE HIPERTENÇÃO ARTERIAL
Conteúdo 37 RESPOSTAS SOBRE HIPERTENÇÃO ARTERIAL ............................................................................ 4
Qual a prevalência da hipertensão arterial? .................................................................................. 4
O que é a hipertensão (HTA) arterial? ........................................................................................... 4
O que é a pressão arterial (PA)? .................................................................................................... 4
Quais são os sintomas mais comuns de hipertensão? ................................................................... 5
Consigo sentir que tenho tensão alta, sem fazer a medição com o aparelho? ............................. 5
Com que frequência devemos medir a PA? ................................................................................... 6
Como se faz o diagnóstico correcto da hipertensão arterial? ....................................................... 6
O que é o M.A.P.A? ........................................................................................................................ 7
Quais os valores normais da pressão arterial? .............................................................................. 8
Como se classifica ? ....................................................................................................................... 8
O que é a "hipertensão da bata branca"? ...................................................................................... 9
É importante a medição em casa? ................................................................................................. 9
Como escolher o aparelho para medição da PA? ........................................................................ 11
Como medir correctamente a pressão arterial em casa? ............................................................ 12
Quais são as principais complicações da HTA? ............................................................................ 13
No coração .............................................................................................................................. 13
No cérebro ............................................................................................................................... 13
No rim ...................................................................................................................................... 14
Nos vasos sanguíneos .............................................................................................................. 14
No olho .................................................................................................................................... 14
Quais as causas e factores de risco? ........................................................................................... 15
O que é uma crise hipertensiva? ................................................................................................. 15
O que é a hipertensão maligna ou emergência médica? ............................................................ 16
Qual a diferença entre tensão arterial maligna e urgência hipertensiva? .................................. 16
Qual o tratamento da hipertensão arterial? ............................................................................... 16
Quais os medicamentos mais usados para a hipertensão arterial (anti-hipertensivos)? ........... 17
Quais as principais classes de medicamentos anti-hipertensivos? .......................................... 17
Pode associar-se mais do que um anti-hipertensor para o mesmo doente? .............................. 18
Quais os efeitos secundários mais frequentes? ........................................................................... 18
Diuréticos mais usados ................................................................................................................ 18
Diuréticos tiazídicos ................................................................................................................. 19
Os diuréticos tiazídicos mais utilizados são: ........................................................................ 19
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3 37 RESPOSTAS SOBRE HIPERTENÇÃO ARTERIAL
Diuréticos de alça ................................................................................................................ 20
Diuréticos poupadores de potássio ..................................................................................... 20
Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECAs) ...................................................... 21
Os IECA mais utilizados são: .................................................................................................... 22
Antagonistas do receptor da angiotensina II (ARA II) .................................................................. 23
Os ARA II mais utilizados são: .................................................................................................. 23
Inibidores dos Canais de Cálcio .................................................................................................... 24
Os inibidores do canal de cálcio mais utilizados são: ............................................................... 24
Beta-bloqueadores ...................................................................................................................... 25
Os beta-bloqueadores mais utilizados são: ............................................................................. 25
Vasodilatadores directos ............................................................................................................. 26
Bloqueadores alfa-1 ..................................................................................................................... 27
Agonistas alfa-2 adrenérgicos ..................................................................................................... 28
Tensão arterial baixa.................................................................................................................... 29
A pressão arterial pode diminuir por várias razões: .................................................................... 30
Concluindo ................................................................................................................................... 31
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4 37 RESPOSTAS SOBRE HIPERTENÇÃO ARTERIAL
37 RESPOSTAS SOBRE HIPERTENÇÃO ARTERIAL Este livro pretende ser um contributo importante para ajudar muitos doentes a
compreender e controlar melhora sua hipertensão e ao mesmo tempo alertar
muitas pessoas que podem ser hipertensas sem o saber, correndo graves riscos
de saúde!
Qual a prevalência da hipertensão arterial? A hipertensão arterial sistémica, mais conhecida como tensão alta, é uma das
doenças com maior prevalência a nivel global, afectando cerca de um terço da
população. A hipertensão pode surgir em qualquer idade, mesmo durante a
gravidez, sendo mais comum na população adulta e nos idosos. Estima-se que
até 80% da população idosa seja hipertensa.
O que é a hipertensão (HTA) arterial? A hipertensão é definida pela elevação permanente ou intermitente da pressão
sanguínea arterial sistólica e/ou diastólica acima de 140 e 90 mgHg.
O que é a pressão arterial (PA)? A pressão arterial é a pressão que o sangue exerce nos vasos sanguíneos ao ser
bombeado pelo coração para o resto do corpo. A pressão arterial, vulgarmente
denominada por pressão arterial “máxima” ou sistólica, corresponde à contração
do coração e a “mínima” ou diastólica, corresponde ao relaxamento. É por
refletir a atividade do coração que a medição da pressão arterial é tão
importante.
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5 Quais são os sintomas mais comuns de hipertensão?
Quais são os sintomas mais comuns de hipertensão? Normalmente, a hipertensão não causa sintomas e, por isso, a maioria das vezes
é diagnosticada, por acaso, quando o doente vai ao médico por outra razão.
Contudo, embora raramente, o doente poderá sentir dores de cabeça quando a
tensão arterial estiver demasiado elevada. Os outros sintomas possíveis estão
geralmente relacionados com as principais complicações da hipertensão crónica
e podem ser:
Súbita perda de visão
Tonturas
Problemas de coordenação motora
Dores no peito
Palpitaçõe
Aumento de peso e volume devido à retenção de líquidos
Consigo sentir que tenho tensão alta, sem fazer a medição com o
aparelho? Achar que é possível advinhar se a tensão está alta ou normal baseado na
presença ou na ausência de sintomas é um erro muito comum e grave! Se não
mede a sua tensão arterial simplesmente porque não tem nenhum sintoma,
pode muito bem ser hipertenso sem saber. Por outro lado, um doente que é
hipertenso, mas também não mede a tensão arterial periodicamente, pode ter a
falsa sensação de a ter controlada. Não existe nenhuma maneira de avaliar a
tensão arterial sem a medir com um esfigmomanómetro, aparelhos que existem
nas Farmácias e também portateis para medir em casa.
O facto de algumas pessoas terem dor de cabeça ou mal estar quando
apresentam tensão arterial elevada não significa que estes sintomas sirvam de
prova. Estas pessoas podem ter picos de hipertensão assintomáticos sem
saberem. É curioso que a dor aumenta a pressão arterial, sendo difícil saber
nestes casos se a tensão subiu por causa da dor de cabeça ou se a dor de cabeça
surgiu por causa da tensão alta.
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6 Com que frequência devemos medir a PA?
Com que frequência devemos medir a PA? Todos os adultos devem medir a sua tensão arterial pelo menos uma vez por
ano. Devem medir pelo menos duas vezes por ano os adultos com as seguintes
condicionantes de saúde:
Obesos
Fuamadores
Diabéticos
Quem tiver história familiar de hipertensão arterial
Os hipertensos devem medir a tensão arterial pelo menos uma vez por semana
para saber se está controlada.
Como se faz o diagnóstico correcto da hipertensão arterial? Um erro comum no diagnóstico da hipertensão é rotularum doente
como hipertenso baseado apenas numa medição isolada da tensão arterial. Um
doente hipertenso pode ter momentos do dia em que a tensão apresenta valores
normais, assim como uma pessoa sem hipertensão pode apresentar elevações
pontuais de pressão arterial, devido a factores como stresse e actividade física ou
seja, não se deve afirmar nem descartar hipertensão arterial apenas com uma
única medição
A maioria das pessoas só procura medir sua tensão após eventos de stresse
emocional ou dor de cabeça, situações que por si só podem aumentar a tensão
arterial pontualmente.
Para se dar o diagnóstico de hipertensão arterial são necessárias de três a seis
medições com resultados altos, realizadas em dias diferentes, com um intervalo
maior que um mês entre a primeira e a última medição. Deste modo, minimizam-
se os factores externos. Um doente só é hipertenso quando apresenta a tensão
arterial elevada frequentemente e várias vezes ao dia.
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7 O que é o M.A.P.A?
O que é o M.A.P.A? Quando após algumas aferições da tensão ainda há dúvidas se a pessoa é
realmente hipertensa ou apresenta apenas valores altos por ficar nervoso
durante a medição da pressão arterial, o ideal é solicitar um exame chamado
M.A.P.A (Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial). Este exame é
basicamente um aparelho de pressão que fica no braço do paciente durante 24
horas, aferindo e registrando seus valores da pressão arterial diversas vezes por
dia, em situações diárias comuns, como dormir, comer, trabalhar, etc.
Após 24 horas de medições, o aparelho é entregue ao médico que faz a
interpretação dos registos da seguinte forma:
Pessoas com mais de 50% das medições elevadas são consideradas
hipertensas.
Pessoas que apresentam entre 20% e 40% das medições elevadas não são
consideradas hipertensas, mas apresentam um grande risco de
desenvolver hipertensão arterial, o que já indica mudanças nos hábitos de
vida e de alimentação.
Pessoas com resultados normais são aqueles que apresentam a tensão
controlada durante mais de 80% do dia.
O M.A.P.A pode ser usado para se fazer o diagnóstico de hipertensão arterial nos
casos duvidosos, mas também serve para o médico ter uma ideia da efetividade
do tratamento anti-hipertensivo nos doentes hipertensos e sob tratamento. Se o
hipertenso, está a tomar medicamentos e apresenta ao M.A.P.A pressões altas
ao longo do dia, isto é um forte indício de que o atual tratamento não esté a ser
eficaz
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8 Quais os valores normais da pressão arterial? Como se classifica ?
Quais os valores normais da pressão arterial? Como se classifica ? Considera-se que uma pessoa é hipertensa, quando apresenta, em pelo menos
duas ocasiões diferentes, um dos valores de PA (sistólica ou diastólica) ou ambos,
iguais ou superiores a 140/90mmHg, determinados por um profissional treinado
e utilizando um aparelho calibrado e validado.
Diz-se que uma pessoa tem valores de PA normais, quando apresenta ambos os
valores abaixo de 130/85mmHg. Para valores entre 130-139mmHg de PA
sistólica e/ou 85-89mmHg de PA diastólica, diz-se que os valores são normais-
altos e, portanto, essa pessoa apresenta um maior risco de vir a ter HTA.
A HTA define-se por graus, de acordo com os valores de PA encontrados, sendo
que os graus são importantes para definir a gravidade da doença e orientar a sua
abordagem.
Os valores mais aceites hoje em dia sobre hipertensão são os seguintes:
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9 O que é a "hipertensão da bata branca"?
O que é a "hipertensão da bata branca"? Dá-se o nome de hipertensão arterial da bata branca quando encontramos
pessoas que só apresentam pressão arterial alta durante as consultas médicas.
São pessoas que ficam ansiosas na presença do médico e a pressão sobe
pontualmente. Em casa, fora das consultas, estas pessoas apresentam valores
dentro dos intervalos normais. Às vezes, é difícil diferenciá-las dos hipertensos
verdadeiros. Em geral, é preciso realizar o M.A.P.A para se ter certeza. A
hipertensão da bata branca não é hipertensão propriamente dita, mas afecta
pessoas que apresentam maior tendência de desenvolvê-la, sendo um factor de
risco para hipertensão real. Estes pacientes têm indicação para mudanças nos
hábitos de vida visando impedir a progressão para a doença estabelecida.
É importante a medição em casa? A medição da Pressão Arterial (PA) em casa é um complemento importante à
medição da PA no consultório, sendo útil na avaliação do controlo da
Hipertensão Arterial (HTA). A medição em ambiente de consulta, pelo seu
Médico, mostra como está a PA naquele momento. Contudo, a PA sofre várias
oscilações ao longo do dia, sendo influenciada por diversos fatores tais como:
Alimentação
Stresse
Esforço físico
Medicação
Assim, a auto-medição da PA em ambulatório (conhecida como AMPA), ao
fornecer um maior número de medições da PA, em condições ideais, fora do
contexto de consulta, permite ter uma perceção mais fidedigna do seu perfil
tensional. Podemos assim comparar a PA no consultório a uma fotografia do
momento e a medição da PA em ambulatório a um vídeo, tendo em conta as
medições sequenciais ao longo do tempo que são feitas.
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10 Em que situações o médico pode recomendar a auto-medição?
Em que situações o médico pode recomendar a auto-medição? Assim, o seu Médico poderá recomendar a auto-medição da PA, de forma a
obter informações sobre a eficácia da medicação anti-hipertensora e em algumas
situações, tais como:
• Avaliar a "Hipertensão de Bata Branca", definida como uma elevação
persistente da PA no consultório e valores normais fora deste. Tal acontece
porque, por vezes, em ambiente de consulta, algumas pessoas ficam mais
ansiosas, o que contribui para um aumento transitório da PA;
• Avaliar a "Hipertensão Mascarada". Ao contrário do que se verifica na
"Hipertensão de Bata Branca", nesta condição verificam-se valores normais de PA
no consultório, mas valores elevados fora deste;
• Hipertensão Gestacional
A Monitorização da PA em casa obedece a alguns princípios e reúne características
específicas, nomeadamente no que respeita ao tipo de aparelhos.
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11 Como escolher o aparelho para medição da PA?
Como escolher o aparelho para medição da PA? Há uma enorme variedade de aparelhos existentes no mercado, mas nem todos
são recomendados.
Na escolha do aparelho para medição da PA, tenha em consideração as seguintes
características:
• Devem ser aparelhos automáticos de medição da PA no braço. Os dispositivos
que pressupõem a medição no punho ou nos dedos, ainda que colocados junto
ao coração, fornecem valores tensionais pouco credíveis;
• Escolha um aparelho validado. As especificações relativas à validação deverão
constar das informações fornecidas pelo fabricante. Para verificar a lista de
aparelhos validados, pode consultar www.dableducational.org;
• Devem ser usadas braçadeiras de dimensões adequadas (pequenas, standard
ou largas) de acordo com o diâmetro do braço (veja imagens abaixo – Figuras 1 e
2);
• Idealmente devem possuir uma memória sólida para um número relevante de
medições.
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12 Como medir correctamente a pressão arterial em casa?
Como medir correctamente a pressão arterial em casa? Para ter significado clínico, é importante ter alguns aspetos em conta na medição
da PA no domicílio:
• A PA deve ser avaliada num ambiente calmo, após 5 minutos de descanso. Não
deve ter fumado, ingerido estimulantes ou feito exercício nos 30 minutos prévios
à medição da PA;
• Deve estar na posição sentada, com as costas e braços apoiados;
• A PA deve ser medida no braço que evidenciou de forma consistente valores
tensionais mais elevados;
• A avaliação da PA deve ser feita pelo menos durante 3-4 dias,
preferencialmente durante 7 dias consecutivos, em 2 períodos do dia: de manhã
e à tarde;
• Em cada avaliação da PA, devem ser feitas 2 medições, com 1-2 minutos de
intervalo;
• Registe as medições efetuadas, bem como o dia e a hora. Partilhe este registo
com o seu médico.
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13 Quais são as principais complicações da HTA?
Quais são as principais complicações da HTA?
No coração
Aneurisma da aorta - A aorta é a principal artéria do nosso organismo e
leva o sangue do coração para o resto do corpo. Se for sujeita a pressões
elevadas durante muito tempo, a sua parede também pode enfraquecer e
formar um balão (aneurisma) que, se rebentar, causa morte do doente.
Enfarte do miocárdio (EM) - O enfarte do miocárdio ou “ataque de
coração”, resulta do estreitamento e bloqueio dos vasos sanguíneos
(aterosclerose) de uma ou mais das artérias que irrigam o coração, as
coronárias. Caso isso aconteça o coração não recebe o oxigénio que
necessita e há a morte das células do miocárdio (músculo do coração), o
que traz sérias complicações ao doente.
Insuficiência cardíaca - Quando a hipertensão a que o coração está sujeito
é muito prolongada o seu músculo pode enfraquecer, tornando o coração
menos eficiente ou incapaz de assegurar a circulação sanguínea. Neste
caso, diz-se que o doente tem insuficiência cardíaca e pode dar-se a
acumulação de sangue nos membros inferiores bem como a acumulação
de fluídos nos pulmões, o que causa sérias dificuldades respiratórias ao
doente.
No cérebro
Acidente Vascular Cerebral (AVC) - A hipertensão é a principal causa de
AVC. Quando mantida por um longo período de tempo, pode causar
rigidez e estreitamento dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro.
Nessas zonas podem formar-se coágulos que impedirão o sangue de
passar para as restantes zonas do cérebro causando graves lesões ao
doente.
Aneurisma - Determinadas zonas da parede das artérias, já enfraquecidas
pela crescente elevação da pressão arterial, podem formar um “balão”. Se
esse balão rebentar, o que pode acontecer a qualquer momento, há uma
hemorragia e o doente pode morrer ou ficar com graves sequelas.
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14 Quais são as principais complicações da HTA?
No rim
Nefrosclerose - Esta complicação da hipertensão está relacionada com
danos causados ao nível das artérias mais pequenas do rim, as arteríolas.
O seu endurecimento, causado pela permanente elevação da pressão
arterial, leva à diminuição do fluxo sanguíneo ao nível do rim, tornando-o
insuficiente. Neste caso, como o rim já não é capaz de assegurar a sua
função de filtrar o sangue do organismo, essa tarefa terá de ser efetuada
artificialmente por uma máquina ou, em alternativa, o doente terá que se
submeter a um transplante de rim.
Nos vasos sanguíneos
Aterosclerose - Quando em elevada quantidade no sangue, as gorduras
podem acumular-se nas paredes das artérias e formar depósitos
chamados placas de ateroma, que levam ao estreitamento dos vasos e,
em último caso, À sua obstrução.
No olho
Retinopatia - A hipertensão prolongada pode causar rigidez dos vasos
sanguíneos da parte inferior do olho, da retina. Uma das complicações
dessa rigidez é o estreitamento dos vasos. Com a progressão da doença,
pode haver hemorragias e formação de exsudados que, juntamente com
o aumento da pressão, pode levar À cegueira.
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15 Quais as causas e factores de risco?
Quais as causas e factores de risco?
Dividimos a hipertensão arterial em duas classificações, de acordo com suas
causas:
Hipertensão essencial (hipertensão primária)
Hipertensão secundaria
A hipertensão primária é aquela que surge sem uma causa definida. Esta forma
de hipertensão é responsável por 95% dos casos. A hipertensão arterial primária
não tem uma causa claramente identificada, mas os seus principais fatores de
risco são bem conhecidos:
Etnia negra
Obesidade
Elevado consumo de sal
Consumo de álcool
Sedentarismo
Colesterol alto
Apneia obstrutiva do sono
Tabagismo
Diabetes Mellitus
O que é uma crise hipertensiva?
A ocorrência de uma súbita e marcada elevação da PA é comumente conhecida
como crise hipertensiva. A sua gravidade relaciona-se sobretudo com
a magnitude da elevação tensional e rapidez de instalação, e não tanto com o
valor absoluto da PA. É importante realçar que num doente com HTA existe
adaptação estrutural dos vasos arteriais, estando por isso mais protegidos,
relativamente aos indivíduos normotensos, das consequências do aumento
súbito da PA.
Em termos de valores absolutos, considera-se crise hipertensiva quando se
verificam os seguintes valores da PA:
PA sistólica > 180 mmHg ou
PA diastólica > 120 mmHg.
Se obtiver estes valores na medição da PA no domicílio, deve aguardar uns
minutos e medi-la novamente. Caso persistam estes valores tensionais e não
tenha quaisquer sintomas,marque consulta com o seu Médico.
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16 O que é a hipertensão maligna ou emergência médica?
O que é a hipertensão maligna ou emergência médica?
A hipertensão maligna é uma emergência médica e ocorre quando há um
aumento súbito dos níveis da tensão arterial, causando lesão aguda de órgãos
nobres, como rins, coração, cérebro e olhos. A hipertensão maligna
normalmente ocorre com valores de tensão sistólica acima de 220 mmHg ou
diastólica acima de 120 mmHg.
As consequências mais comuns são:
Insuficiência renal aguda
Hemorragias da retina
Edema da papila do olho
Insuficiência cardíaca aguda
Encefalopatia (alterações neurológicas)
Qual a diferença entre tensão arterial maligna e urgência
hipertensiva?
Nem todos os doentes com níveis elevados de tensão arterial apresentam
hipertensão maligna. Para que isso ocorra é preciso, além da hipertensão grave,
haver sintomas e lesões agudas de órgãos nobres. Quando os níveis tensionais
estão muito elevados, normalmente acima de 180/120 mmHg, mas não há
sintomas ou lesões agudas de órgãos, chamamos de urgência hipertensiva.
A hipertensão maligna implica internamento e redução rápida dos valores da
pressão. Na urgência hipertensiva, não há necessidade de hospitalização e a
pressão pode ser reduzida gradualmente ao longo de 24-48 horas.
Qual o tratamento da hipertensão arterial?
Feito o diagnóstico de hipertensão, todos os doentes devem fazer mudanças de
estilo de vida antes de se iniciar o tratamento com medicamentos. As principais
são:
Reduzir o peso
Fazer mais exercícios físicos
Deixar de fumar
Diminuir o consumo de álcool
Diminuir o consumo de sal
Diminuir o consumo de gordura saturada
Aumentar o consumo de frutas e vegetais
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17 Quais os medicamentos mais usados para a hipertensão arterial (anti-hipertensivos)?
A redução da pressão arterial com essas mudanças costuma ser pequena e
dificilmente uma pessoa com níveis muito altos (maior que 160/100 mmHg)
atinge o controle da hipertensão sem a ajuda dos medicamentos. Nas
hipertensões leves, há casos em que apenas com controle do peso, dieta
apropriada e prática regular de exercício físico consegue-se o controle da tensão
arterial. No entanto a maioria dos doentes não aceita mudanças nos hábitos de
vida e acabam por ter de tomar medicamentos anti-hipertensivos.
Os doentes que já chegam ao médico com tensão alta e sinais de lesão de algum
órgão alvo devem iniciar tratamento medicamentoso imediato, uma vez que
essas lesões indicam hipertensão de longa data. Obviamente, as mudanças de
estilo de vida também estão indicadas neste grupo.
Apenas doentes com sinais de lesão de órgão alvo, insuficiência renal
crónica, diabetes ou com doenças cardíacas, devem iniciar o tratamento com
drogas imediatamente.
Quais os medicamentos mais usados para a hipertensão arterial
(anti-hipertensivos)?
Existem dezenas de drogas diferentes aprovadas para o controle dos níveis de
tensão arterial. Estudos recentes têm demonstrado que o mais importante no
tratamento da hipertensão é reduzir a pressão arterial, e não necessariamente o
tipo de droga utilizada.
Actualmente, 4 classes de anti-hipertensores são considerados de primeira linha
por apresentarem boa resposta no controle da tensão arterial e baixa incidência
de efeitos secundários graves, são eles os diuréticos, IECAS, ARA II e os Inibidores
dos canais de cálcio.
Quais as principais classes de medicamentos anti-hipertensivos?
Diuréticos (Tiazidicos, de alça ou poupadores de potássio)
IECA (Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina)
ARA II (Antagonistas do Receptor da Angiotensina)
Inibidores dos canais de cálcio
Beta-bloqueadores
Vasodilatadores directos
Bloqueadores alfa-1
Agonistas alfa-2 adrenergicos
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18 Pode associar-se mais do que um anti-hipertensor para o mesmo doente?
Pode associar-se mais do que um anti-hipertensor para o mesmo
doente? Não há nenhum problema na associação de mais de uma droga anti-hipertensiva.
Alguns pacientes com hipertensão grave precisam de vários medicamentos
(alguns tomam 5 moléculas diferentes) para controlar a sua tensão arterial. O
tratamento com apenas uma droga, costuma ser utilizado apenas nos casos mais
leves, naqueles que, sem tratamento, apresentam níveis abaixo de 160/90
mmHg. Doentes com tensões mais elevadas, principalmente com valores acima
de 170/90 mmHg, dificilmente conseguirão baixar de 140/90 mmHg com apenas
uma droga.
Quais os efeitos secundários mais frequentes? A maioria dos anti-hipertensivos disponível no mercado é composta por drogas
com muitos anos de uso clínico e um bom perfil de segurança. Todavia, como
qualquer fármaco, há sempre o risco de efeitos colaterais. O efeito adverso mais
comum a todas as classes é a hipotensão. Esse problema pode ser evitado com
um cuidadoso controle das doses dos medicamentos, principalmente no início do
tratamento. A impotência sexual é outro problema que pode ocorrer, mas
costuma ser mais frequente nos pacientes idosos, que já possuem outros fatores
de risco para disfunção erétil. De modo geral, se bem indicados, os anti-
hipertensivos são drogas bem toleradas e eficazes.
Diuréticos mais usados Os diuréticos são drogas utilizadas há muitos anos no tratamento da hipertensão,
sendo até hoje consideradas uma das melhores opções para o seu controle . Os
diuréticos podem ser utilizados como monoterapia ou como parte de uma
terapia anti-hipertensiva múltipla, com mais de uma droga de classes diferentes.
Em geral, salvo contra-indicações e casos especiais, sugere-se que o diurético
seja a primeira ou, no máximo, a segunda droga de qualquer esquema anti-
hipertensivo. O paciente hipertenso tratado com 2 ou 3 drogas, não sendo
nenhuma delas um diurético, provavelmente está com um esquema anti-
hipertensivo desadequado. Existem três grandes grupos de diuréticos:
Diuréticos Tiazídicos
Diuréticos de alça
Diuréticos poupadores de potássio
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19 Diuréticos mais usados
Diuréticos tiazídicos
Os tiazídicos são a classe de diuréticos mais indicada no tratamento da
hipertensão. São drogas baratas e com bons resultados, principalmente para a
população negra, idosos e diabéticos.
Os diuréticos tiazídicos mais utilizados são:
Hidroclorotiazida (dose recomendada entre 12,5 e 25 mg por dia em dose
única diária)
Clortalidona (dose recomendada entre 12,5 e 25 mg por dia em dose
única diária)
Indapamida (dose recomendada entre 1,25 e 2,5 mg por dia em dose
única diária)
Metolazona (dose recomendada entre 2,5 e 5 mg por dia em dose única
diária).
A clortalidona é a molécula que nesta classe apresenta os melhores resultados na
redução a longo prazo de problemas cardiovasculares, facto que se suspeita ser
devido ao seu longo tempo de ação (mais de 24 horas), que chega a ser mais do
que o dobro do da hidroclorotiazida.
Nos pacientes com insuficiência renal avançada (clearance de creatinina abaixo
de 30 ml/min) os tiazídicos não são drogas eficazes, com excepção da
metolazona, não devendo ser o diurético de escolha para o controle da tensão
arterial nestes pacientes.
Entre os efeitos secundários mais comuns dos tiazídicos estão:
Agravamento dos níveis de glicose nos diabéticos (este efeito geralmente
só ocorre em doses elevadas)
Elevação do ácido úrico
Hipocalemia (potássio sanguíneo baixo)
Hiponatremia (sódio sanguíneo baixo)
Desidratação
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20 Diuréticos mais usados
Diuréticos de alça
Os diuréticos de alça são diuréticos mais potentes, porém o seu tempo de acção
é bastante mais curto, sendo menos eficazes que os tiazídicos, não devendo ser a
primeira opção de tratamento para a maioria dos pacientes.
As excepções são os pacientes com insuficiência renal crónica avançada ou
insuficiência cardíaca com necessidade de controle dos edemas. Nestes casos, os
diuréticos de alça são os mais indicados.
O diurético de alça mais usado é:
Furosemida (Lasix®)
A furosemida é habitualmente usada no tratamento da hipertensão arterial nas
doses de 20 a 80 mg por dia, em dose única ou em duas doses diárias separadas
por 6 horas de intervalo. Não se indica a prescrição da furosemida com intervalos
de 12 horas entre as doses. Doses bem mais elevadas que 80 mg podem ser
utilizadas em pacientes com quadros de edemas graves.
Os principais efeitos colaterais da furosemida são semelhantes aos dos diuréticos
tiazídicos.
Diuréticos poupadores de potássio
Espironolactona (Aldactone®) - Os diuréticos poupadores de potássio são
diuréticos fracos, não sendo indicados para o tratamento da maioria dos
casos de hipertensão. Eles, porém, podem ser usados como droga
complementar nos casos de hipertensão arterial resistente ou nos
pacientes com insuficiência cardíaca, mesmo que o paciente já faça uso de
um diurético tiazídicos ou de alça. A dose habitual da espironolactona
para hipertensão arterial é de 25 mg a 50 mg por dia em dose única diária.
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21 Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECAs)
Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECAs) Os IECAs, são uma classe de anti-hipertensivos utilizados com muito sucesso há
mais de 30 anos.
Assim como os diuréticos, os IECAs são drogas que podem ser utilizadas em
monoterapia ou como parte de um tratamento polimedicamentoso. Salvo
contra-indicações, os IECAs podem ser utilizados em qualquer tipo de doente,
mas devem ser usados como primeira escolha nos seguintes casos:
Diabéticos
Doentes com hipertrofia do ventrículo esquerdo
Doentes com insuficiência cardíaca
Doentes que já sofreram um infarte do miocárdio
Doentes com proteinúria
Doentes com insuficiência renal crónica
Em geral, os IECAs são mais eficazes em pessoas brancas e jovens e menos
eficazes em negros e idosos. Isso não significa, porém, que não se possa usar os
IECA neste grupo, principalmente se o doente tiver uma das patologias acima
indicadas.
Os IECA são um grupo bastante explorado pela indústria farmacêutica, existindo
atualmente no mercado, diversas drogas diferentes dentro desta família. Em
geral, nenhum IECA apresenta nítida superioridade em relação ao outro.
FRANKLIM A. MOURA FERNANDES
22 Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECAs)
Os IECA mais utilizados são:
Benazepril (dose recomendada entre 10 a 40 mg por dia, em dose única
diária)
Captopril (dose recomendada entre 25 a 150 mg por dia, divididos em 2
ou 3 tomadas por dia)
Cilazapril (dose recomendada entre 0,5 a 2,5 mg por dia, em dose única
diária)
Enalapril (dose recomendada entre 5 a 40 mg por dia, em dose única
diária ou 2 vezes por dia)
Lisinopril (dose recomendada entre 5 a 40 mg por dia, em dose única
diária)
Perindopril (dose recomendada entre 2 a 16 mg por dia, em dose única
diária)
Ramipril (dose recomendada entre 2,5 a 20 mg por dia, em dose única
diária ou 2 vezes por dia).
O captopril é a droga mais antiga e menos utilizada desta lista por ter um tempo
de acção mais curto de aproximadamente 8 horas sendo necessário tomá-lo até
3 vezes por dia. Por isso, o seu uso actualmente tem sido restrito ao tratamento
pontual dos picos de tensão arterial em doentes que já estão medicados com
outras drogas.
A associação dos IECA com diuréticos poupadores de potássio deve ser feita com
muita cautela, pois ambas são drogas que podem aumentar os níveis de potássio
no sangue.
O efeito colateral mais incómodo dos IECA é a tosse seca, que pode surgir em
qualquer momento do tratamento e só desaparece com a suspensão da droga.
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23 Antagonistas do receptor da angiotensina II (ARA II)
Antagonistas do receptor da angiotensina II (ARA II) Os antagonistas do receptor da angiotensina II, conhecidos pela sigla ARA II, são
uma classe de anti-hipertensores relativamente nova, mas com mecanismo de
ação semelhante aos IECA.
Como os efeitos, a eficácia e as indicações são os mesmos dos IECA, a escolha
entre uma IECA ou ARA II fica por conta de preferência individual do médico ou
do doente. Preço, posologia e perfil de efeitos secundários são geralmente os
factores levados em conta na hora de escolher entre um IECA ou ARA II.
Os ARA II mais utilizados são:
Candesartan (dose recomendada entre 16 a 32 mg por dia, em dose única
diária)
Irbesartan (dose recomendada entre 75 a 300 mg por dia, em dose única
diária)
Losartan (dose recomendada entre 50 a 100 mg por dia, em dose única
diária)
Olmesartan (dose recomendada entre 20 a 40 mg por dia, em dose única
diária)
Telmisartana (dose recomendada entre 20 a 80 mg por dia, em dose única
diária)
Valsartan (dose recomendada entre 80 a 320 mg por dia, em dose única
diária)
Assim como os IECA, os ARA II também podem provocar aumento do potássio
sanguíneo. A grande vantagem dos ARA II sobre o IECA é a baixa ocorrência de
tosse.
A associação de um IECA e um ARA II era anteriormente indicada para o
tratamento da insuficiência cardíaca e das doenças renais com proteinúria mas
nos últimos anos devido à elevada taxa de efeitos secundários e problemas
cardiovasculares entretanto comprovados essa associação deixou de ser
utilizada.
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24 Inibidores dos Canais de Cálcio
Inibidores dos Canais de Cálcio Os inibidores do canal de cálcio também são drogas já utilizadas há muitos anos
no tratamento da hipertensão arterial. Podem ser utilizadas em monoterapia,
mas são habitualmente prescritos para ajudar no controle da tensão arterial em
doentes já medicados com IECA (ou ARA II) e/ou diurético. A associação de um
inibidor do canal de cálcio com um diurético costuma ser bastante eficaz no
controle da hipertensão de doentes negros ou idosos.
Os inibidores do canal de cálcio mais utilizados são:
Nifedipina retard (mais conhecido como Adalat retard) (dose
recomendada entre 30 a 120 mg por dia, em dose única diária)
Amlodipina (dose recomendada entre 2,5 a 10 mg por dia, em dose única
diária)
Lercanidipina (dose recomendada entre 10 a 20 mg por dia, em dose
única diária)
Felodipina (dose recomendada entre 2,5 a 20 mg por dia, em dose única
diária).
Os inibidores do canal de cálcio são anti-hipertensores fortes e devem ser
iniciados com cautela em pacientes idosos, devido ao risco de hipotensão. Nestes
pacientes deve-se começar com a dose mais baixa, sendo a mesma aumentada a
cada 15 dias até se conseguir o controle adequado da tensão arterial.
O efeito colateral mais comum dos inibidores do canal de cálcio é o edema
(inchaço) nos pés e pernas, principalmente nos doentes com varizes e sinais de
insuficiência venosa dos membros inferiores.
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25 Beta-bloqueadores
Beta-bloqueadores Os beta-bloqueadores são utilizados há muitos anos no tratamento da
hipertensão. Desde 2010, porém, o seu uso como medicamento de primeira
escolha deixou de ser indicado. Não se deve usar beta-bloqueadores em
monoterapia mas apenas como 3ª ou 4ª escolha.
Entretanto, em algumas situações clínicas, o uso de beta-bloqueadores para
controlar a hipertensão arterial pode apresentar efeitos benéficos, tais como:
Angina de peito
História de infarto do miocárdio
Fibrilação atrial
Hipertireoidismo
Enxaqueca
Hiperidrose
Pacientes jovens com distúrbios de ansiedade
Tremor essencial
Os beta-bloqueadores mais utilizados são:
Atenolol (dose recomendada entre 25 a 100 mg por dia, em dose única
diária)
Bisoprolol (dose recomendada entre 2,5 a 20 mg por dia, em dose única
diária)
Carvedilol (dose recomendada entre 12,5 a 50 mg por dia, divididos em 2
tomadas por dia)
Metoprolol (dose recomendada entre 50 a 450 mg por dia, divididos em 2
ou 3 tomadas por dia)
Nebivolol (dose recomendada entre 5 a 40 mg por dia, em dose única
diária)
Propranolol (dose recomendada entre 40 a 160 mg por dia, divididos em 2
tomadas por dia).
Os beta-bloqueadores não devem ser utilizados em pacientes com asma ou
pessoas com frequência cardíaca basal abaixo dos 60 batimentos por minuto.
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26 Vasodilatadores directos
Vasodilatadores directos Os vasodilatadores directos, são medicamentos que devem ser utilizados apenas
no tratamento da hipertensão de difícil controle. Os principais são:
Hidralazina
Minoxidil
A hidralazina é mais usada que o minoxidil por apresentar um perfil de efeitos
secundários mais favorável. Em geral, indica-se o uso da hidralazina em pacientes
medicados com pelo menos um diurético, um IECA (ou ARAII) e um bloqueador
dos canais de cálcio, mas que ainda não conseguiram controlar adequadamente
a sua hipertensão. A dose da hidralazina é de 25 a 100 mg divididos em 2
tomadas diárias.
Entre os efeitos secundários mais comuns da hidralazina estão:
Retenção de líquidos
Taquicardia (coração acelerado)
Dor de cabeça.
O uso simultâneo de um diurético e de um beta-bloqueador ameniza os efeitos
colaterais.
A única situação em que o uso da hidralazina pode ser considerado como opção
inicial é nos caso das grávidas com hipertensão grave. Como a maioria dos anti-
hipertensores não podem ser utilizados em gestantes, a hidralazina acaba por ser
uma das poucas opções disponíveis.
O minoxidil é uma droga poderosíssima, sendo, habitualmente, reservada para
aqueles caso de hipertensão grave que não cedem a nenhum tipo de
combinação anti-hipertensiva. Geralmente são os casos de pacientes já
medicados com 4 ou 5 drogas anti-hipertensivas que ainda mantêm níveis de
tensão arterial acima de 200/100 mmHg. O minoxidil possui muitos efeitos
secundários, sendo os mais importantes o crescimento de pelos pelo corpo
(hirsutismo) e a retenção de líquidos.
Muitos médicos reservam o minoxidil como última alternativa no tratamento da
hipertensão. A sua grande vantagem é o facto de ser extremamente eficaz,
conseguindo controlar a pressão arterial como nenhum outro anti-hipertensor.
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27 Bloqueadores alfa-1
Bloqueadores alfa-1 Os bloqueadores alfa-1 têm sido cada vez menos utilizadas no tratamento da
hipertensão devido à sua menor eficácia e mais efeitos secundários.
Actualmente indica-se o uso de bloqueadores alfa-1 somente no controle
da hipertensão arterial em homens idosos que também apresentem hipertrofia
benigna da próstata, pois estes medicamentos atuam reduzindo o tamanho da
próstata. Nestes casos, ela é uma boa opção para ser a 3ª ou 4ª droga do
esquema anti-hipertensivo.
Os bloqueadores alfa-1 mais utilizados são:
Doxazosina (dose recomendada entre 1 a 16 mg por dia, em dose única
diária)
Prazosina (dose recomendada entre 2 a 20 mg por dia, divididos em 2 ou
3 tomadas por dia)
Terazosina (dose recomendada entre 1 a 20 mg por dia, divididos em 1 ou
2 tomadas por dia).
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28 Agonistas alfa-2 adrenérgicos
Agonistas alfa-2 adrenérgicos Os agonistas alfa 2 adrenérgicos também são utilizados apenas em casos de
hipertensão de difícil controle. Devem ser a 4ª ou 5º opção de tratamento.
São anti-hipertensores poderosos, mas seus efeitos secundários são muito
frequentes e incluem:
Sonolência
Boca seca
Dor de cabeça
Tonturas.
Outro problema dos agonistas alfa 2 é a súbita elevação da pressão arterial
quando são suspensos, o chamado efeito "rebound".
Os agonistas alfa-2 mais usados são:
Clonidina (dose recomendada entre 0,1 a 0,8 mg por dia, divididos em 2
tomadas por dia)
Metildopa (dose recomendada entre 250 a 1000 mg por dia, divididos em
2 tomadas por dia)
Rilmenidina (dose recomendada entre 1 a 2 mg por dia, em dose única
diária).
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29 Tensão arterial baixa, quais os sintomas? Devo preocupar-me?
Tensão arterial baixa, quais os sintomas? Devo preocupar-me? Se não tiver nenhum sintoma, não há motivo para se preocupar.
Os sinais e sintomas que se relacionam com a pressão arterial baixa incluem:
• Tonturas
• Desmaio
• Sensação de desequilíbrio
• Visão turva
• Palpitações
• Confusão mental
• Fadiga
• Dificuldade de concentração
• Pele fria e pálida
• Náuseas
Se experimentar algum destes sintomas, a PA baixa pode ter uma causa
subjacente, pelo que é importante que seja observado pelo seu Médico.
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30 Tensão arterial baixa, quais os sintomas? Devo preocupar-me?
A pressão arterial pode diminuir por várias razões: • Diminuição do volume sanguíneo: pode ocorrer como resultado de uma
hemorragia abundante ou desidratação;
• Medicação: alguns tipos de medicação podem baixar a PA, incluindo os
diuréticos e outros anti-hipertensores, alguns antidepressivos, medicamentos
usados no tratamento da doença de Parkinson, entre outros;
• Patologias graves tais como o choque séptico (infeção grave) ou anafilático
(reação alérgica) provocam um declínio importante da PA, que pode colocar a
vida em risco;
• Problemas cardíacos: algumas condições como a insuficiência cardíaca, o
enfarte agudo do miocárdio, a bradicardia (frequência cardíaca baixa) e doenças
das válvulas cardíacas, podem conduzir a uma diminuição da PA;
• Problemas endocrinológicos: alguns problemas hormonais como o
hipotiroidismo e a insuficiência supra-renal podem causar diminuição da PA;
• Hipotensão neurologicamente mediada: esta condição relaciona-se com um
problema de comunicação entre o coração e o cérebro, e ocorre após um longo
período em pé;
• Problemas neurológicos: a PA pode diminuir se houver algum problema com o
sistema neurológico autonómico (parte do sistema nervoso que controla funções
como a respiração, circulação do sangue e digestão);
• Repouso prolongado no leito.
O que é a hipotensão ortostática ou postural? É a queda da PA resultante da mudança da posição de sentado ou deitado, para a
posição de pé. Os sintomas resultantes são transitórios, durando habitualmente
alguns segundos, enquanto a PA se ajusta à nova posição.
Alguns gestos podem limitar os sintomas de Hipotensão: • Levantar-se gradualmente
• Evitar estar longos períodos de tempo em pé
• Manter uma boa hidratação
• Comer frequentemente ao longo do dia
FRANKLIM A. MOURA FERNANDES
31 Concluindo
Concluindo Na minha prática profissional diária os problemas relacionados com a pressão
arterial são sem dúvida dos mais prevalentes na população. Além dos doentes
mal controlados existem imensos hipertensos que não sabem que o são e que
vão colocando de forma crónica a sua saúde e vida em risco!
A hipertensão é uma patologia "silenciosa" mas que mata de forma muitas vezes
fulminante"!
Fique bem!