3º generac flex 23 07 15.pdf

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  • 1

  • 3Capa/CoverO que h por trs da polmica do etanolWhat lies behind the ethanol polemics

    Pginas 7 a 16

    Sumrio/Summary

    5

    6

    17

    20

    2331

    27

    29

    Editorial

    Cartas/Letters

    Entrevista/InterviewLuiz Pinguelli pontua algumas possveis causase conseqncias das alteraes do clima na TerraLuiz Pinguelli lists some possible causes andconsequences of climate change on Earth

    Empresas modernas/Modern companiesVem a a terceira gerao dos carros flexHere comes the flex vehicles third generation

    Meio ambiente/The environmentLista aponta as 100 empresas que maisgeram gs carbnico em So PauloList shows the 100 companies that most emitcarbon dioxide in So Paulo

    Projetos do Cenbio/Cenbio projectsEtanol, a alternativa para o transporte pblicoEthanol, the alternative for public transportation

    Artigo/ArticleBiocombustveis lquidos como alternativa vivelpara os combustveis fsseisLiquid biofuels as a viable alternative to fossilfuels

    AgendaPrograme-se para os prximos eventosInclude the next events in your schedule

    3538

    41

    48

    5353

  • EditoraEditor

    Suani Teixeira CoelhoUniversidade de So Paulo (USP)Centro Nacional de Referncia em

    Biomassa (Cenbio)

    Conselho EditorialEditorial Board

    Jos GoldembergUniversidade de So Paulo (USP)

    Daniel PiochCentro Internacional de Pesquisas

    Agrcolas para o Desenvolvimento(Cipad) - Montpellier/Frana

    Eric D. LarsonUniversidade de Princeton/USA

    Fernando ReiCompanhia de Tecnologia de

    Saneamento Ambiental (Cetesb)

    Francisco Annuatti NetoFaculdade de Economia,

    Administrao e Contabilidade (USP)

    Frank Rossilo-CalleKings College London/ Inglaterra

    Helena ChumNational Renewable Energy

    Laboratory/ USA

    Jos Roberto MoreiraUniversidade de So Paulo (USP)

    Biomass Users Network

    Luiz Augusto Horta NogueiraUniversidade Federal de Itajub

    (Unifei)

    Luiz Gonzaga BertelliFederao das Indstrias do Estado deSo Paulo (Fiesp)

    Srgio PeresUniversidade de Pernambuco (UPE)

    Equipe de Produo EditorialPublishing team of ProductionCristiane Lima CortezFernando Saker (assistente)Sandra ApolinarioSlvia Maria Gonzlez Velzquez

    Jornalista ResponsvelJournalist in ChargeAmorim Leite MTb 14.010-SP

    Reportagem e RedaoEditingJane DiasHeleni FelippePriscila ureaTalita Fusco

    Projeto GrficoGraphic DesignCarolina Amorim

    Editorao EletrnicaArtCristiane Martins Carratu

    Preparao de TextoText OrganizationAmorim Leite

    Traduo para Ingls e PortugusTranslation from and into EnglishM Cristina V. Borba

    A Revista Brasileira de Bioenergia, ISSN 1677-3926, uma publicao trimestral doCentro Nacional de Referncia em Biomassa (Cenbio), patrocinada pelo Ministrio deMinas e Energia Projeto MME Projeto Fortalecimento n 1406 - Convnio n 07/2005, e distribuda para ministros de estado, senadores, governadores, deputados fe-derais, prefeitos, deputados estaduais, diretores de agncias reguladoras, secretriosestaduais de meio ambiente e energia, cientistas, empresrios e especialistas em meioambiente e energia. As opinies emitidas nas entrevistas e artigos so de responsabili-dade de seus autores, no refletindo, necessariamente, a posio de seus editores. permitida a reproduo parcial ou total das reportagens, desde que citada a fonte.

    The Revista Brasileira de Bioenergia, ISSN 1677-3926, is a quarterly publication of theCentro Nacional de Referncia em Biomassa (Cenbio), sponsored by Ministrio deMinas e Energia Projeto MME Fortalecimento n1406 Convnio n 07/2005, and isdistributed to federal government ministers, senators, deputies, mayors, statelegislators, heads of regulatory agencies, state environmental and energy secretaries,scientists, businesspeople and specialists in energy and the environment. The opinionsexpressed in the interviews and articles are those of their authors and do not necessarilyreflect the position of the editors. Partial and or total reproduction is permitted as longas the source is cited.

    Centro Nacional deReferncia em Biomassa

    Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289Cid. Universitria

    CEP 05508-010, So Paulo, SP, BrasilTel. (11) 3091-2649

    http://cenbio.iee.usp.br

    Ministrio de Minas e Energiawww.mme.gov.br

    Impresso por/Printed byCopypress

    Tiragem/Press run10.000 exemplares/10.000 copies

  • 5ESSEETANOL...O

    THISETHANOL...T

    Editorial

    tema central da presente edio da Revista Brasileirade Bioenergia, a competio pelo uso da terra entreenergia e alimentos, premente no momento, est sen-

    do muito usado pelos antagonistas dos biocombustveis, sendoapontado como razo at para desincentivo de sua utilizao.

    Tema de nossa matria de capa, o assunto vem sendo muitodiscutido na mdia internacional. Alis, por desconhecimentode causa, confundem-se as diferentes origens do etanol milhoe cana-de-acar , sendo que o proveniente da cana, alm dobalano energtico mais favorvel, no compete com o uso daterra, enquanto os outros, sim.

    Para a elaborao dessa reportagem, nossos reprteres ou-viram as principais autoridades e organizaes ligadas ao tema.Alexandre Betinardi Strapasson, por exemplo, diretor do Depar-tamento de Cana-de-acar e Agronomia do Ministrio de Agri-cultura, Pecuria e Abastecimento, fala de dois projetos impor-tantes em curso no campo federal. Um deles, diz, vai identificaras reas prioritrias para a atividade canavieira e as que no soindicadas para o cultivo.

    Outra reportagem igualmente importante est na seo Em-presas Modernas. Ali tratamos da tecnologia do flex fuel a par-tir de trs empresas: Magneti Marelli, Bosch e Delphi, respon-sveis pela iniciativa pioneira no Pas.

    Falando em meio ambiente, chamamos a ateno do leitorpara a reportagem dessa seo, sobre a lista das cem maioresfontes de dixido de carbono do Estado de So Paulo. Idealiza-do pelo ex-secretrio de Meio Ambiente paulista, Jos Goldem-berg, o levantamento apresenta dados de 2006 e visa, segundoFernando Rei, presidente da Companhia de Tecnologia de Sa-neamento Ambiental (Cetesb), a aproximar os maiores emisso-res de poluentes do Estado ao trabalho de reduo voluntria.

    Nesta edio publicamos ainda o resultado do projeto pio-neiro coordenado pelo Cenbio, a partir de um convnio interna-cional. Trata-se do BEST BioEthanol for Sustainable Transport,ou seja, o etanol sendo testado para utilizao no transportepblico.

    Creio que estamos dando aqui, mais uma vez, valiosa contri-buio sociedade e comunidade cientfica sobre a bioenergia.

    Boa leitura!

    he central theme of the present issue of the RevistaBrasileira de Bioenergia, the competition for landuse between energy and food, pressing at the

    moment, is being very much used by biofuels antagonists, andeven being pointed out as a reason for discouraging its use.

    Theme of our front page article, the subject has beenwidely discussed in the international media. By the way, forignoring the subject, the different sources of ethanol areconfused e.g. corn and sugar cane , being that the one derivingfrom sugar cane, besides providing a more favorable energybalance, does not compete with land use, whereas the others do.

    For elaborating this article, our reporters listened to themain authorities and organizations concerned with thetheme. Alexandre Betinardi Strapasson, for example, Directorof the Sugar Cane and Agronomics Department of theBrazilian Ministry of Agriculture, Livestock and FoodSupply, speaks of two important projects in course in thefederal field. One of them, he says, is going to identify thepriority areas for sugar cane activities and those not indicatedfor its cultivation.

    Another equally important article is in the ModernCompanies section. There the flex fuel technology is dis-cussed as from three companies: Magneti Marelli, Boschand Delphi, responsible for a pioneering initiative in Brazil.

    And talking about the environment, we call the readersattention to the article in this section, on the list of the hun-dred greatest sources of carbon dioxide in the State of SoPaulo. Idealized by the ex So Paulo State Secretary for theEnvironment, Jos Goldemberg, the survey presents datafrom 2006 and aims, according to Fernando Rei, President ofCetesb (Environmental Sanitation Technology Agency), tobring the greatest pollutant emitters in the State closer to thework fostering the voluntary reduction of emissions.

    In this issue, we also publish the result of the pioneerproject coordinated by Cenbio, as from an internationalagreement. This is the BEST BioEthanol for SustainableTransport, that is, ethanol being tested to be used in publictransportation.

    I believe that, once more, we are providing our valuablecontribution to society and to the scientific community onbioenergy.

    Enjoy your reading!

    Suani Teixeira CoelhoEditor

    Cenbio Executive SecretaryBrazilian Reference Center on Biomass

    Universidade de So Paulo

    Suani Teixeira CoelhoEditoraSecretria-executiva do CenbioCentro Nacional de Referncia em BiomassaUniversidade de So Paulo

  • 6 Agosto/August 2008

    Cartas/Letters

    Dez anos de CenbioQuero parabenizar a todos que sob a gide do trabalho, pesquisae desenvolvimento transformaram o Centro Nacional de Refern-cia em Biomassa (Cenbio) em um das instituies de pesquisasmais srias do Pas.A sociedade passou por profundas transformaes no seu modode vida e de consumo, diante da globalizao, reduo do Estado,avano tecnolgico e, mais recentemente, com a adoo de prin-cpios de ecoeficincia e de responsabilidade social. Na Era doConhecimento, a riqueza de uma nao medida por sua capaci-dade de inovar, criar novos processos e produtos, a um custocada vez menor, com maior valor agregado e sustentabilidade.Como membro titular da Comisso de Minas e Energia da Cmarados Deputados, estou empenhado em debater as potencialidades,identificar oportunidades e barreiras para a produo de energiarenovvel no-convencional e eficincia energtica no Pas, comenfoque nas mudanas climticas.Diante do risco de um novo racionamento energtico, funda-mental avanarmos na elaborao de polticas pblicas capazesde assegurar a nossa segurana e eficincia energtica. Acreditoque os trabalhos desenvolvidos pelo Cenbio sero fundamentaispara colocar o Brasil em um novo patamar

    Arnaldo JardimDeputado Federal (PPS) e membro-titular

    da Comisso de Minas e EnergiaBraslia, DF

    Parabns! Com certeza, a participao do Cenbio para a divulga-o e implementao da biomassa como fonte energtica no Bra-sil, divulgando e implementando tecnologias de ponta impor-tantssima. Sinto-me honrado em ter participado do Cenbio desdeo seu incio, como Ncleo Vinculado para o Nordeste. Essa parce-ria com a Escola Politcnica de Pernambuco, da Universidade dePernambuco (UPE), muito importante para ns.

    Srgio PeresGerente do Departamento de

    Engenharia MecnicaCoordenador do Laboratrio de

    Combustveis e EnergiaUniversidade de Pernambuco (UPE)

    Coordenador do Ncleo Vinculado doCenbio Nordeste

    Recife, PE

    Ten years of CenbioI would like to congratulate all of those who, upon thebasis of work, research and development, made the Brazi-lian Reference Center on Biomass (Cenbio) one of the mostserious research institutions in Brazil.Society has undergone deep transformations in its way oflife and of consuming, going by globalization, State reduc-tion, technological advancements and, more recently, adop-ting principles of eco-efficiency and of social responsibility.In the Knowledge Era, the richness of a Nation is measu-red by its ability in innovating, in creating new processesand products, at an ever smaller price, with greater addedvalue and sustainability.As a member of the Mining and Energy Commission at theHouse of Representatives, I am concerned about debatingthe potentialities, identifying opportunities and barriersfor the production of non-conventional renewable energyand energy efficiency in Brazil, with a focus on climate change.Faced with the risk of a new energy rationing, it is paramountto go forward in the elaboration of public policies that canensure our safety and energy efficiency. I do believe thatthe works developed by Cenbio will be fundamental toplace Brazil at a higher level.

    Arnaldo JardimCongressman (PPS) and member of the Mining and

    Energy CommissionBrasilia, DF

    Congratulations! Certainly, the participation of Cenbio inthe dissemination and implementation of biomass as a sour-ce of energy in Brazil, disseminating and implementing sta-te-of-the-art technologies is extremely important. I am ho-nored to have participated in the Cenbio work from its verybeginning, as a Linked Nucleus for the Northeast. This part-nership with the Escola Politcnica of Pernambuco, of the Uni-versidade de Pernambuco (UPE), is of great importance to us.

    Srgio PeresManager of the Mechanical

    Engineering DepartmentCoordinator of the Laboratory of Fuels

    and EnergyUniversidade de Pernambuco (UPE)

    Coordinator of the Cenbio LinkedNucleus Northeast

    Recife, PE

  • 7Capa

    O QUE H POR TRS DAPOLMICA DO ETANOLMudanas climticas, aumento da demanda, desvalorizao do dlar e especulaonos mercados agrcolas, entre outros fatores, tm participao bem maior na atualcrise dos alimentos do que a produo do biocombustvel

    O etanol brasileiro, produzido a partir dacana-de-acar, por um bom tempo srecebeu elogios: pouco poluente empoca de preocupao global com o meio ambi-ente, opo vivel utilizao de combustveisde origem fssil e produo longe da instabili-dade poltica que afeta os pases produtores depetrleo. Mas a crise mundial de alimentos veiomudar esse quadro. Ultimamente, os biocom-bustveis, entre eles o nosso etanol, entraramna vala comum dos culpados no s pela escas-sez, mas tambm pela escalada no preo dos

    alimentos (um aumento de 83% nos ltimos trsanos, segundo dados do Banco Mundial). Es-tariam roubando uma quantidade preciosa deterras arveis e investimentos que poderiam serdestinados produo de comida.

    O Greenpeace, por exemplo, mostra-se pre-ocupado e alerta para trocas, em So Paulo, deplantaes de laranja por cana-de-acar, porse apresentarem mais lucrativas. Ao mesmo tem-po, o Centro Nacional de Referncia em Biomas-sa (Cenbio), no estudo A Sustentabilidade daExpanso da Cultura Canavieira, de 2007, in-

    Como 1% pode terum impacto to

    forte na produo enos preos do que

    est sendo plantadonos outros 99%?,pergunta Eduardo

    Leo de Souza,diretor-executivo

    da Unica

  • 8 Agosto/August 2008

    Capa

    dica que as lavouras de canatm avanado sobre reas depastagem pela intensificao nacriao do gado a tendncia

    estabulao dos rebanhos dimi-nuiu a necessidade de pasto.

    Os que defendem a bioenergia ar-gumentam que as reas plantadas para

    produo de etanol so muito pequenas cerca de 1% do total cultivado no planeta,

    segundo a Unio da Indstria de Cana-de-Acar (Unica). Mas agora j h mesmo quem

    enxergue a influncia das indstrias petrolfe-ras e de alimentos por trs da atual polmica.

    MAPEAMENTO AGRCOLAPara Lucas Assuno, coordenador dos Pro-

    gramas de Mudana Climtica e de Biocomrcioda Conferncia das Naes Unidas para o Co-mrcio e Desenvolvimento (Unctad), a questono assim to simples. A falha, nas ltimas d-cadas, em dar a merecida importncia ao setoragrcola, a falta de investimentos no aumentoda produtividade e na infra-estrutura e a ausn-cia de polticas de apoio agricultura nos pa-ses em desenvolvimento parecem desempenharum papel bem mais importante na atual crise dealimentos do que os biocombustveis. Issosem falar de fatores como os choques climti-cos cada vez mais freqentes, o baixo estoquede gros, o alto preo do petrleo, a restrio exportao posta em prtica por vrios pases ea especulao nos mercados agrcolas, destaca.

    Assuno diz que preciso pr o assuntoem uma perspectiva mais prxima da realidade,e toma como exemplo o caso do trigo e do arroz.Em 2007, apenas 1,4% da produo do trigofoi destinada aos biocombustveis na Unio Eu-ropia. No mundo todo, s 0,8% uma partici-pao mais do que modesta. Assim, improv-vel que a demanda, na Unio Europia,por biocombustveis produzidos apartir do trigo tenha contribu-do para a alta dos preos,explica. E o arroz, queno usado para a pro-duo de biocombus-tvel, teve o preo au-mentado em 165% en-tre abril de 2007 e abrilde 2008. Com isso, fica

    claro que outros fatores esto desempenhandopapel importante na atual crise de alimentos.J o caso do etanol produzido a partir de milhonos Estados Unidos diferente. L, a previ-so que cerca de 38% da produo domsticade milho, essa sim uma quantidade significati-va, seja destinada ao etanol em 2009/2010.

    No Brasil, o governo est em pleno mapea-mento da agricultura, de modo a ter alimentosplantados de forma distribuda. De acordo comAlexandre Betinardi Strapasson, diretor do De-partamento de Cana-de-Acar e Agroenergiado Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abas-tecimento, h dois projetos importantes em cur-so. O primeiro o Zoneamento Ecolgico-Eco-nmico (ZEE), coordenado pelo Ministrio doMeio Ambiente, que trata do ordenamentoterritorial como um todo e depende da aprova-o das Assemblias Legislativas de cada Es-tado. No caso da cana, o Ministrio da Agricul-tura est coordenando o Zoneamento Agroeco-lgico da Cana-de-Acar (ZAECana), em par-ceria com o Ministrio do Meio Ambiente. OZAECana vai identificar as reas prioritriaspara a atividade canavieira e as que no so in-dicadas para o cultivo, considerando aspectosambientais, de solo, clima e uso da terra, expli-ca. Com isso, sero estabelecidas polticas p-blicas voltadas para o desenvolvimento sus-tentvel do setor sucroalcooleiro, como a reo-rientao de financiamentos pblicos e infra-estrutura.

    NO O VILOO economista polons Ignacy Sachs, de-

    fensor do conceito de crescimento econmicoaliado preservao ambiental e ao bem-estarsocial, diz que a produo de biocombustveisno ter impacto no acesso aos alimentos. Na-turalizado francs, Sachs professor da Escolade Altos Estudos em Cincias Sociais da Fran-a. fato que, com o encarecimentodos alimentos, a situao dos

    Marcelo Furtado,do Greenpeace:Se fizermos alio de casadireito, vamosmostrar quepodemos serparte da soluo

    Agosto/August 2008

  • 9Capa

    mais pobres vai ficar mais difcil. Mas risvelatribuir o problema da fome insuficincia deoferta, opina. Sabemos que o problema no esse e sim a falta de poder aquisitivo. Osbiocombustveis no so o vilo. Ao contrrio,poderiam ser um instrumento essencial para ti-rar os pases da insegurana alimentar e ener-gtica.

    Um dos principais pesquisadores brasilei-ros na rea de biocombustveis e presidente doConselho Gerenciador do Cenbio, o professorJos Roberto Moreira afirma que um insumocomo esse, que pode abocanhar uma fatia ex-pressiva do setor energtico mundial e, portan-to, ser produzido em quantidades enormes, pre-cisa obedecer a algumas limitaes. Biocom-bustvel justificado se atender a algumas ne-cessidades bsicas: reduzir as emisses de ga-ses de efeito estufa, ter preo competitivo comos combustveis fsseis, promover o desenvol-vimento econmico rural e no competir comos alimentos. Como h biocombustveis que noatendem a esses requisitos, os governos de-vem construir e impor regras para seu desen-volvimento, tendo em mente no apenas o seupas, mas as conseqncias mundiais.

    ESPAO DE SOBRAEduardo Leo de Souza, diretor-executivo

    da Unica, afirma que a discusso que coloca osbiocombustveis como um dos principais vilesna crise de alimentos, alm de extremamente ten-denciosa, no se sustenta tecnicamente. Seobservarmos os dados da Organizao dasNaes Unidas para a Agricultura e a Alimenta-o (FAO) sobre toda a produo hoje de ali-mentos gros, oleaginosas, razes, frutas, semconsiderar as pastagens , a rea plantada de1,4 bilho de hectares. Se olharmos o que estsendo utilizado para produzir etanol no mundo,chegamos a algo um pouco superior a 15 mi-lhes de hectares, incluindo a cana-de-acarno Brasil, o milho nos Estados Unidos ondepouco mais de 20% da rea est sendo utilizadapara o etanol , a beterraba e o trigo na Europae a cana-de-acar na ndia, explica. Significadizer que 1% da rea total cultivada hoje nomundo para a produo de etanol. Como esse1% pode ter um impacto to forte na produoe nos preos do que est sendo plantado nosoutros 99%?

    E a rea para a produo de alimentos aindatem muito espao para crescer, lembra o diretorda Unica: segundo as estimativas da FAO, exis-

    tem 5 bilhes de hectares que podem ser desti-nados ao cultivo sem que, para isso, seja ne-cessrio ocupar qualquer rea ambientalmentesensvel ou seja, sem derrubar uma nica r-vore.

    No caso do Brasil, a competio biocombus-tveis versus alimentos perde ainda mais o sen-tido, continua Souza, citando que no Pas ape-nas cerca de 1% dos 355 milhes de hectares deterras utilizado para o plantio da cana-de-a-car destinada ao etanol. E com esse 1% produ-zimos um combustvel que hoje j vende maisdo que a gasolina, diz. Alm disso, destaca, aproduo de gros no Brasil mais que dobrounos ltimos dez anos. Produzamos menos de70 milhes de hectares. Este ano, estamos co-lhendo uma safra de 143 milhes de hectares,decorrente principalmente de um ganho de pro-dutividade entre 2% e 3% ao ano e no da ex-panso de terra cultivada.

    Moreira acrescenta que estudos da FAOmostram que h mais de 60 milhes de hectaresde terras altamente apropriadas e muito apro-priadas, no Brasil, para o plantio de cana. Essenmero s inclui reas que no requerem irriga-o artificial e exclui florestas fechadas e reasprotegidas.

    AINDA FALTA REGULAMENTAONo Brasil, o Greenpeace no tem evidncia

    de caso concreto de deslocamento de um culti-var alimentar para a cana-de-acar, destinada produo do etanol, mas ainda assim o as-sunto motivo de debate. O fato de no haverevidncia no tira a nossa preocupao, que sestaria minimizada se vssemos que existem re-gulamentao nacional, critrios e polticas p-blicas estabelecidas para dar segurana ao ci-dado brasileiro, diz o engenheiro qumicoMarcelo Furtado, diretor-executivo do Green-peace no Brasil. O que estamos vendo, espe-cialmente no Estado de So Paulo, migraode reas, por exemplo, de cultivo de laranja, paraexportao de suco de laranja, que j viraramreas de cana. Se isso aconteceu com o suco,uma commodity internacional importante parao Pas, a possibilidade de ocorrer tambm como feijo e o arroz grande. Da a preocupao.Sobre isso, a publicao do Cenbio A Susten-tabilidade da Expanso da Cultura Canaviei-ra mostra justamente o contrrio. De acordocom o trabalho, o nmero de ps de laranja plan-tados aumentou.

    Para o Greenpeace, os biocombustveis so

    No Brasil,governo estmapeando a

    agricultura, demodo a teralimentosplantadosde forma

    distribuda

  • 10 Agosto/August 2008

    Capa

    parte da soluo do desafio de encontrar matrizenergtica brasileira que seja renovvel e noaumente a emisso dos gases do efeito estufa,mas Furtado adverte: O etanol uma das es-tratgias, mas no a nica. E para que o setorseja respeitado, at mesmo internacionalmente, preciso negociar com toda a sociedade brasi-leira em seu sentido mais amplo, com o prpriosetor sucroalcooleiro, com o governo, e, nes-sas negociaes, estabelecer critrios.

    Em seu estudo, o Cenbio tambm denotapreocupao com a possibilidade de a expan-so no-sustentvel das lavouras de cana-de-acar acabar por empurrar culturas como sojae milho e at a pecuria para a rea de cerra-do e mesmo a Floresta Amaznica. Da a neces-sidade de controles adequados. Furtado d su-gestes para se estabelecer controles. O pri-meiro critrio no desmatar florestas. O se-gundo, mecanizar o corte da cana para eliminaro trabalho degradante. Aqui, diz, entraria o go-verno com uma poltica pblica para resolver oproblema dos milhares de cortadores de canaque ficaro sem emprego. Provavelmente, par-te deles poder ser absorvida para dirigir as m-quinas, fazer manuteno. Mas muitos no po-dero ficar no setor, porque lhes falta preparotcnico.

    O Greenpeace entende como desafios dasociedade brasileira fazer as mudanas neces-srias nessa indstria para que o Brasil possausufruir dos benefcios ambientais e energ-ticos dos biocombustveis. Existem sinais deque o setor sucroalcooleiro j entendeu a ne-cessidade de novas regras e esses sinais vm,principalmente, das novas geraes de famliastradicionais, as quais, no passado, operavamusinas de acar e hoje operam usinas de lco-ol. Essa nova gerao teve o benefcio de umaeducao mais cosmopolita e compreendeu quedireitos humanos e ambientais fazem parte dodireito do cidado brasileiro, diz Furtado, quelembra: h tambm empreendimentos que rece-bem recursos de investidores estrangeiros, queno toleram desrespeito ao meio ambiente ous questes sociais.

    Segundo Furtado, a questo dos biocom-

    bustveis e do etanol coloca o Brasil numa en-cruzilhada. Se fizermos a lio de casa direito,vamos mostrar que podemos ser parte da solu-o; se no protegermos as florestas, no rei-vindicarmos condies de trabalho decente, nofizermos polticas pblicas, estaremos repetin-do erros do passado, e a opinio pblica nacio-nal e internacional far seu juzo. No temosmais de correr esse risco.

    O Estado de So Paulo j tem legislao (Lei11.241/02) que dispe sobre a eliminao gra-dativa da queima da palha da cana-de-acar ed providncias correlatas a respeito. Pela le-gislao, a mecanizao total deve acontecerat 2021. Porm, h protocolo de intenes as-sinado para se adiantar esse prazo para 2014.

    PRESSO EXTERNAO crescimento da demanda por alimentos

    em pases como a China e a ndia, que abrigam1/3 dos habitantes do planeta, tambm pressio-na os custos, diz Souza, da Unica. Quando apopulao de pases assim experimenta melho-ra no poder aquisitivo, passa a consumir carne,alm de gros e tubrculos que j consumia.Para produzir 1 kg de carne, so necessrios 5ou 6 kg de cereais e s essa mudana de hbitoalimentar j provoca impacto de demanda mui-to forte na rea de alimentos, explica. A desva-lorizao do dlar contribuiu para piorar a situ-ao. Como as commodities agrcolas so co-tadas em dlar, quando a moeda perde valor, lgico se esperar um ajuste nos preos paracompensar as perdas.

    Segundo Souza, o debate est sendo muitodesvirtuado. Colocar a responsabilidade peloaumento de preo dos alimentos no biocombus-tvel , no mnimo, desinformao. Mas acha-mos que h muito mais por trs disso. H umaguerra comercial pesada, que tambm envolveo setor do petrleo e o de alguns alimentos,comenta. A produo de etanol a partir do mi-lho, por exemplo, causa impacto no preo, prin-cipalmente nos Estados Unidos, os principaisprodutores de milho. A indstria de alimentosfica assustada e faz um lobby importante con-tra os biocombustveis.

    Jos Goldemberg:plantio decana-de-acarocorre, em grandeparte, em pastagensdegradadas,imprprias paraoutras culturas

  • 11

    Capa

    Ao mesmo tempo, leis que foram aprovadascom o intuito de proteger o meio ambiente po-dem agravar ainda mais a atual crise. Os pasesda Unio Europia, por exemplo, tm prazo at2020 para adicionar 10% de biocombustveis aoscombustveis fsseis, exigncia que, segundoAssuno, da Unctad, vai muito alm da capa-cidade produtiva do setor agrcola. Em visita aoBrasil, em maio, Angela Merkel, chanceler daAlemanha, declarou que seu pas no cumprira meta estabelecida e deixou clara a preocupa-o com a concorrncia entre a produo dealimentos e a de biocombustveis.

    O fsico e professor Jos Goldemberg, doInstituto de Eletrotcnica e Energia da Univer-sidade de So Paulo e presidente do ConselhoConsultivo do Cenbio, um dos grandes defen-sores das causas ambientais e da utilizao datecnologia brasileira do etanol como forma decombater o aquecimento global, lembra um dadoimportante: o plantio de cana-de-acar ocorre,em grande parte, em pastagens degradadas,imprprias para outras culturas, e no provocaescassez. Prova disso que o preo do a-car, que alimento, no aumentou durante arecente onda de altas. O argumento refora-do por Souza, da Unica: O acar foi o nicoalimento que caiu de preo no ano passado eisso ocorreu pelo aumento de produo doetanol. A maior parte das usinas no Brasil temde produzir os dois: acar e etanol. Se a pro-duo de etanol sobe, a de acar acompanha.

    Outro aspecto interessante o ciclo de cul-tura da cana. Normalmente, a cana-de-acarproduz durante cinco a seis anos sem precisarreplantar. Depois, necessrio fazer uma rota-o de cultura, normalmente com soja ou amen-doim. De modo geral, o que se faz dividir apropriedade em cinco talhes. Enquanto qua-tro talhes so usados para o cultivo de cana,no outro se faz a rotao da cultura, explicaSouza. Ento, h regies produtoras de canaque tambm so fortssimas produtoras de amen-doim, por exemplo.

    A idia de que o cultivo da cana-de-acaracaba com o solo tambm no tem fundamento,segundo o professor Moreira. As primeirasplantaes de cana no Brasil ocorreram na po-ca dos Governadores Gerais, no sculo 16.Estamos colhendo cana da mesma rea planta-da at hoje. A cana no esgota o solo, rebate.A cultura de cana, como de muitas outras, con-some nutrientes do solo que devem ser repos-tos para manter a qualidade da terra. Alguns

    desses nutrientes so repostos pela adio defertilizantes e outros pela plantao de culturasque fixam nitrognio no solo. Com os cuidadosrotineiros, temos obtido aumento de produtivi-dade, usando o mesmo solo, nos ltimos trintaanos.

    CONSCINCIA AMBIENTALPolmicas parte, a utilizao de biocom-

    bustveis, entre eles o etanol nacional, comoforma de combater o aquecimento global, devecrescer em todo o mundo. A conscincia ambi-ental contribui para o sucesso do etanol comocombustvel renovvel, verde, valioso na redu-o dos gases do efeito estufa, declara Fran-cisco Graziano Neto, secretrio do Meio Ambi-ente do Estado de So Paulo. O risco de retro-cesso nulo. Esse um caminho que no temvolta.

    Graziano no v, porm, os biocombustveiscomo substitutos do petrleo. Eles so umaopo ambientalmente correta, mas nunca umasubstituio. Petrleo e seus derivados podeme devem ser utilizados de forma econmica, ra-cional, eliminando-se o consumo perdulrio.

    O secretrio tambm no acredita que o Bra-sil possa vir a se tornar uma espcie de Opepdo etanol. Acho um equvoco total. Ns, doBrasil, podemos ser grandes vendedores de tecno-logia de produo. Queremos que mais pasesvenham para o mundo dos biocombustveis.

    INVESTIMENTOSJ existem 387 usinas cadastradas no Ministrio da Agricultura, Pecuria eAbastecimento habilitadas para funcionar no Brasil e, segundo Strapasson, apreviso para os prximos anos de cerca de trinta novas unidades industri-ais a cada nova safra, o que representa um investimento anual direto deaproximadamente R$ 7,5 bilhes, considerando somente o valor dos empre-endimentos. Strapasson salienta que apenas 17% do capital da agroindstriacanavieira vem do exterior, embora os investimentos externos estejam au-mentando.O Pas vive bom momento nesse setor. Apesar dos atuais preos baixos doacar e do lcool, as perspectivas de mercado so bastante promissoras,afirma Strapasson. Temos um consumo crescente de lcool no mercado in-terno em razo do aumento da participao dos veculos flex fuel na frotabrasileira. O mercado externo tambm comea a se expandir e o potencial imenso.O prximo passo em matria de biocombustveis o etanol de celulose, quepoder ser produzido a partir de qualquer resduo vegetal. Por enquanto,pesquisadores e cientistas seguem em busca de enzimas capazes de quebraras molculas de celulose, para que possam ser aproveitadas no processo defermentao para a produo de etanol.

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    WHAT LIES BEHINDTHE ETHANOL POLEMICSClimate changes, increase in demand, dollar devaluationand speculation in the agricultural markets, among otherfactors, have a greater role in the present food crisis thanbiofuel production

    T he Brazilian ethanol, produced fromsugar cane, only got praises for awhile: little pollutant at a time of globalconcern with the environment, a viable alter-native to the use of fossil fuels and a productionfar from the political instability affecting the oil-producing countries. However, the world foodcrisis came to change this scenario. As of lately,biofuels, among them the Brazilian ethanol, wereequally deemed guilty not only of causing shor-tage, but also for the soaring food prices (an

    increase by 83% in the last three years, accord-ing to the World Bank data). They would bestealing a share of precious tillable land andinvestments that could be destined to foodproduction.

    Greenpeace, for example, has shown concernand is alert to the replacement of orange planta-tions for sugar cane in the State of So Paulo,for being more profitable. At the same time, theBrazilian Reference Center on Biomass (Cenbio),in the study The Sustainability of the

    How can 1% havesuch a strong impacton the production andon the prices of whatis being grown in theother 99%? asksEduardo Leo deSouza, Unica CEO

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    Expansionof Sugar

    Cane Planta-tions, in 2007,

    indicates thatthe sugar cane

    plantations haveadvanced toward

    grazing areas for theintensification in

    livestock breeding the trend towards stablingthe animals decreased the need for grazingareas.

    Those who advocate bioenergy argue thatthe areas taken for ethanol production are verysmall about 1% of the total tilled areas in theplanet, according to Unica (Sugar Cane IndustryAssociation). Yet, there are also those whonotice the influence of the oil and food indus-tries behind the present polemics.

    AGRICULTURAL MAPPINGFor Lucas Assuno, coordinator of the

    Climate Change and BioTrade Programs of theUnited Nations Conference for Trade andDevelopment (Unctad), the issue is not all thatsimple. The flaw, in the past decades, in notgiving the due importance to the agriculturalsector, the lack of investments for increasingproductivity and infra structure, besides theabsence of policies to support agriculture inthe developing countries seem to play a muchmore relevant role in the present food crisis thando biofuels. Not to mention the factors suchas the climate shocks, increasingly morefrequent, the low stock of grains, the high priceof oil, the restriction to exports put into practiceby several countries and the speculation in theagricultural markets, he remarks.

    Assuno says that the issue has to be putinto a perspective closer to reality, and takes asan example the case of wheat and that of rice.In 2007, only 1.4% of the wheat productionwas destined to biofuels in the European Union;only 0.8% in the whole world a more thanmodest share. It is thus unlikely that the demand,in the European Union, for biofuels producedfrom wheat has contributed to an increase inprices, he explains. Besides, rice, which is not

    used for producing biofuels, hadits price increased by 165%between April, 2007 and April,

    2008. With this, it is clear that other factors areplaying an important role in the present foodcrisis. However the case of the ethanol produ-ced from corn, in the United States, is different.There, the forecast is that 38% of the domesticcorn production, this really a significant share,will be destined to ethanol in 2009/2010.

    In Brazil, the government is seriously enga-ged in mapping agriculture, so as to have foodplanted in a distributed fashion. According toAlexandre Betinardi Strapasson, director of theDepartment of Sugar Cane and Agroenergy ofthe Ministry of Agriculture, Livestock and FoodSupply, there are two important projects in cour-se. The first is the ZEE (Ecological-EconomicZoning), coordinated by the Ministry of theEnvironment, which deals with ordaining theterritory as a whole and depends on the appro-val of each State Legislative Assembly. In thecase of sugar cane, the Ministry of Agricultureis coordinating the ZAECana (Sugar Cane Agro-ecological Zoning), in a partnership with theMinistry of the Environment. ZAECana willidentify the priority areas for sugar cane plan-tation and those not indicated for its growth,considering environmental, soil, climate andland use aspects, he explains. After this, publicpolicies will be established for the sustainabledevelopment of the sugar-ethanol sector, suchas the re-orientation of public financing andinfrastructure.

    IT IS NOT TO BLAMEThe Polish economist Ignacy Sachs, advo-

    cate of the concept of economic growth coupledto environmental preservation and to socialwell-being, claims that the biofuel productionwill not have an impact on the access to food. Anaturalized French citizen, Sachs is a professorat the cole des Hautes tudes en SciencesSociales in France. It is a factthat, with the higher pri-ces of food, the situa-tion of the poorwill get moredifficult. Yetit is lau-g h a b l eto attri-bute theh u n g e r

    Marcelo Furtado,from Greenpeace:

    If we do ourhomework right,we are going to

    show that we arepart of the

    solution

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    problem to a lack of supply, he argues. Weknow that it is not the problem, but the lack ofpurchase power is. Biofuels are not to blame.On the contrary, they could be an essentialinstrument for saving countries from food andenergy insecurity.

    One of the main Brazilian researchers in thebiofuels area and president of the CenbioManagement Council, Professor Jos RobertoMoreira thinks that an input as this, which maysnap a significant share of the world energysector and, therefore, be produced in hugeamounts, has to abide by some restrictions.Biofuel is justified in case it meets some basicneeds: reducing the greenhouse gases emis-sions, having a competitive price before fossilfuels, promoting rural economic developmentand not competing with food. As there are bio-fuels that do not meet these requirements, govern-ments have to establish and enforce rules forits development, having in mind not only theirown countries, but world consequences.

    MORE THAN ENOUGH ROOMEduardo Leo de Souza, Unica CEO, claims

    that the discussion pointing to biofuels as onof the main villains in the food crisis, besidesextremely biased, is not technically supported.If we observe the data of the United NationsFood and Agriculture Organization (FAO) onethe whole of the present food production grains, oleaginous plants, roots, fruits, withoutconsidering grazing plants , the planted areais 1.4 billion hectares. If we look at what is beingused to produce ethanol in the world, we get tosomething a little over 15 million hectares,including the sugar cane in Brazil, corn in theUnited States where little more than 20% ofthe area is being used for ethanol , beetrootand wheat in Europe and sugar cane in India,he explains. This means to say that 1% of thetotal tilled area in the world today is for ethanolproduction. With this 1%, could it have such astrong impact on production and on the pricesof what is being grown in the other 99%?

    And the area for food production has stillplenty of room to grow, points out Unica CEO:according to the FAO estimations, there are 5billion hectares that may be destined to tillagewithout making it necessary to occupy anyenvironmentally sensitive area that is, withoutputting a single tree down.

    In the case of Brazil, the competition bet-ween biofuels and food has even less meaning,

    continues Souza, mentioning that in Brazil onlyabout 1% of the 355 million hectares of tillablelands is used for planting the sugar cane des-tined to ethanol. With this 1% we produce afuel that now sells more than gasoline, he says.Moreover, he points out, the grain productionin Brazil more than doubled in the last ten years.We used to produce less than 70 million hec-tares. This year, we are harvesting a 143-million-hectare crop, deriving mainly from a gain inproductivity between 2% and 3% a year andnot from expanding the tilled land.

    Moreira adds that the FAO shows that thereare more than 60 million hectares of highly ade-quate and very adequate lands in Brazil forplanting sugar cane. This number only inclu-des areas that do not require artificial irrigationand excludes closed forests besides protectedareas.

    REGULATION STILL LACKSIn Brazil, Greenpeace does not have eviden-

    ces of a concrete case of displacing a certainfood plantation because of sugar cane, destinedto producing ethanol; even so, the issue is areason for debate. The fact of there being noevidence does not eliminate our concern, whichwould only be minimized if we verified therewere national regulations, criteria and establi-shed public policies to provide safety to theBrazilian citizen, says chemical engineer Mar-celo Furtado, Greenpeace CEO in Brazil. Whatwe can notice, specially in the State of So Pau-lo, is the migration of areas, for example, fromorange groves, for orange juice export, to sugarcane plantations. If this happened to the juice,an important international commodity for thecountry, the possibility of this also occurringto rice and beans is great. Hence the concern.On this, the Cenbio publication of The Sustai-nability of the Expansion of Sugar Cane Plan-tations shows exactly the opposite. Accordingto the work, the number of orange trees plantedhas increased.

    For Greenpeace, biofuels are part of thesolution to the challenge of finding a Brazilianenergy matrix that is renewable and does notincrease the emission of greenhouse gases, butFurtado warns: Ethanol is one of the strategies,but not the only one. And so that the sector isrespected, even internationally, it is necessaryto negotiate with the whole Brazilian society inits widest sense, with the very sugar-ethanolsector, with the government, and to establish

    In Brazil, thegovernment ismappingagriculture, so asto have foodgrown in adistributed way

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    criteria in these negotiations.In its study, Cenbio also denotes its concern

    with the possibility of a non-sustainableexpansion of the sugar cane plantations endingup in pushing away plantations such assoybean and corn and even livestock breeding to cerrado areas or even to the Amazon Forest.Hence the need of adequate control. Furtadoechoes Cenbio and provides suggestions forestablishing controls. The first criterion is notto deforest. The second is to mechanize sugarcane cutting to eliminate degrading work. Here,he says, the government would come in with apublic policy to solve the problem of thousandsof sugar cane cutters who will be unemployed.Part of them is likely to be absorbed to drivethe machines, to work on maintenance. Many,though, will not be able to remain in the sector,as they lack technical background.

    Greenpeace understands as challenges tothe Brazilian society to make the necessarychanges in this industry so that Brazil can enjoythe environmental and energy benefits frombiofuels. There are signs that the sugar-ethanol sector has already understood the needfor new rules and these signs come mainly fromthe new generations of traditional families, whoused to operate sugar plants and nowadaysoperate ethanol plants. This new generationhad the benefit of a more cosmopolitan educa-tion and understood that human and environ-mental rights are part of the Brazilian citizenrights, says Furtado, who stresses: there arealso enterprises getting resources from foreigninvestors, who do not tolerate the environmentor the social issues to be disrespected.

    According to Furtado, the biofuels and theethanol put Brazil in a difficult situation. If wedo our homework right, we are going to showthat we are part of the solution; if we fail to pro-tect our forests, fail to claim decent work con-ditions, fail to make public policies, we will re-peat past mistakes, and both the domestic andthe foreign opinion will make their judgment.We no longer have to run this risk.

    The State of So Paulo already has a legis-lation (Law 11.241/02) which provides on the

    gradual elimination of the sugar cane straw bur-ning and provides correlate measures concer-ning the fact. As provided by the legislation,the total mechanization should occur by 2021.However, there is a protocol of intentions signedto advance this deadline to 2014.

    FOREIGN PRESSUREThe growth in demand for food in countries

    such as China and India, which count on 1/3 ofthe Earth inhabitants, also presses costs, saysSouza, from Unica. When the population ofsuch countries experiences an improvement inpurchase power, they start to consume meat,besides the grains and tubers they alreadyconsumed. So as to produce 1 kg of meat, 5 or 6kg of grains are necessary and a change infeeding habits alone already causes a verystrong demand impact on the food area, heexplains. The dollar devaluation contributed toworsen the situation. Since the agriculturalcommodities are quoted in dollars, when thecurrency loses its value, it is logical to expectan adjustment in prices in order to compensatefor the losses.

    As says Souza, the debate has been muchdistorted. To put the responsibility for the in-crease in food prices on biofuel is, at least, lackof information. However, we think there is muchmore behind this. There is a heavy trade war,which also involves the oil sector and that ofsome foods, he comments. The productionof ethanol from corn, for example, impacts itsprice, mainly in the United States, the greatestcorn producers. The food industry gets concer-ned and makes an important lobby against thebiofuels.

    At the same time, laws that were passedaiming to protect the environment may evenmore aggravate the present crisis. The EuropeanUnion countries, for example, have up to 2020to add 10% of biofuels to fossil fuels, a requi-rement that, according to Assuno, from Unc-tad, goes much beyond the productive capacityof the agricultural sector. In a visit to Brazil, inMay, Angela Merkel, Germany Prime Minister,declared that her country will not be able to

    Jos Goldemberg:sugar cane is

    largely planted indegraded grazingareas, inadequatefor other cultures

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    meet the goal established and made her concernclear as to the competition between food andbiofuels production.

    Physicist and Professor Jos Goldemberg,from the Institute of Electrotechnics and Energyat the Universidade de So Paulo and Presidentof the Cenbio Consulting Council, one of thegreat advocates of the environmental causesand of the use of the Brazilian ethanoltechnology as a way of fighting global warming,points out an important datum: sugar cane islargely planted in degraded grazing areas,inadequate for other cultures, and does notcause shortage. A proof of that is that theprice of sugar, which is a food supply, has notincreased during the recent increase trend.The argument is supported by Souza, fromUnica: Sugar was the only food with a decreasein price last year and this occurred with an in-crease in ethanol production. Most plants inBrazil have to produce both sugar and ethanol.If the ethanol production rises, sugar produc-tion follows.

    Another interesting aspect is the sugarcane growth cycle. Sugar cane usually yieldsfor five to six years with no need for replanting.After that, it is necessary to have a crop rotation,usually with soybean or peanut. In general,the rural estate is divided into five planting

    fields. While four fields are used for growingsugar cane, one is used for crop rotation, ex-plains Souza. Thus, there are sugar cane pro-ducing regions which are also strong peanutproducers, for example.

    The idea that sugar cane growth harms thesoil is also unfounded, according to ProfessorMoreira. The first sugar cane plantations inBrazil occurred at the time of the GeneralGovernors, in the XVI century. We have beenharvesting sugar cane in the same tilled areauntil now. Sugar cane does not exhaust the soil,he counters. Sugar cane growth, just as manyothers, consumes nutrients from the soil, whichmust be replaced to maintain the land quality.Some of these nutrients are replaced by theaddition of fertilizers and others by growingplants that fix nitrogen in the soil. With routinecare, we have attained an increase inproductivity, using the same area, in the pastthirty years.

    ENVIRONMENTAL AWARENESSLeaving polemics aside, the use of biofuels,

    among them the Brazilian ethanol, as a way offighting global warming, should grow all overthe world. Environmental awareness contribu-tes to the success of ethanol as a renewable,green and valuable fuel in the reduction ofgreenhouse gases emissions, declares Fran-cisco Graziano Neto, the State of So Paulo Se-cretary for the Environment. The risk of retro-cession is null. This is a no-return way.

    Nevertheless, Graziano does not see bio-fuels as replacements for oil. They are anenvironmentally correct alternative, but nevera replacement. Oil and their byproducts can andmust be used in an economic, rational way,eliminating wasteful consumption.

    Neither does the Secretary believe that Brazilmay come to be some kind of ethanol Opec.This is a great mistake. In Brazil, we can begreat production technology sellers. We wantmore countries to come to the biofuels world.

    $$INVESTMENTS387 plants are already registered in the Ministry of Agriculture, Livestock andFood Supply, with permits to operate in Brazil and, as stated by Strapasson,the forecast for the next years is of about thirty new industrial units at everynew harvest, which represents a direct yearly investment of about R$ 7.5billion, only considering the value of the enterprises. Strapasson stresses thatonly 17% of the sugar cane agro-industrial capital comes from abroad, althoughforeign investments have been increasing.Brazil is experiencing a good moment in this sector. Despite the present lowprices for sugar and ethanol, the market perspectives are very promising,says Strapasson. We have a growing ethanol consumption in the domesticmarket due to the increase in the flex fuel vehicles participation in the Brazilianfleet. The foreign market is also starting to expand and the potential is huge.The next step in terms of biofuels is pulp ethanol, which may be produced asfrom any vegetal waste. For the moment, researchers and scientists are stillsearching for enzymes capable of breaking the pulp molecules, so that theycan be used in the fermentation process for ethanol production.

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    Entrevista

    REDUZIR OS GASES POLUENTES...EIS O CAMINHONo Brasil, desmatamento responsvel por 70% das emisses

    uiz Pinguelli, diretor do InstitutoAlberto Luiz Coimbra de Ps-gradua-o e Pesquisa de Engenharia (Coope),

    da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), e professor de Planejamento Energtico, hoje, um dos principais estudiosos brasilei-ros sobre mudana climtica. Em entrevista ex-clusiva Revista Brasileira de Bioenergia, Pin-guelli pontua algumas possveis causas e con-seqncias das alteraes do clima na terra.Enftico, ressalta ainda a responsabilidade dospases desenvolvidos no esforo mundial dereduo dos gases que provocam o efeito estu-fa e a necessidade de se alterar os padres deconsumo em mbito mundial.

    RBB H unanimidade de pensamento entrecientistas e estudiosos sobre o fenmeno doaquecimento global e suas causas?Luiz Pinguelli Na Cincia, natural que hajadiscordncias, mas grande parte dos cientistasconcorda que h um problema de mudana cli-mtica. Quanto aos motivos, a discordncia pequena, j que a mudana do clima no mundono tem uma nica causa. Existem alguns fen-menos externos ao prprio sistema solar, comoo comportamento das manchas solares, que afe-tam o clima. A utilizao da energia em larga es-cala, com a emisso de gases que provocam oefeito estufa, tambm afeta. O que se acredita que esse efeito adicional, no natural, pode oca-sionar resultados muito ruins num intervalo decinqenta a cem anos.

    RBB O aquecimento global atribudo, emgrande parte, ao humana. At que pontoisso verdade?Pinguelli verdade do ponto de vista dosmodelos utilizados at agora. Existe uma esta-tstica que relaciona o aumento da concentra-o do dixido de carbono, proveniente da com-busto do carvo, do petrleo e do gs natural,com a elevao da temperatura. Um grande fsi-

    co do sculo 19, chamado [Jean Bauptiste]Fourier, defendia a teoria de que, quando seelevam esses componentes da atmosfera es-pecialmente o dixido de carbono , a tempera-tura da Terra tambm aumenta. Esse um as-sunto antigo, sempre se soube que poderiaacontecer. A novidade que esses modelos deoutros sculos demonstram que o aquecimen-to est, de fato, acontecendo.

    RBB Hoje, quais so os instrumentos de queos cientistas dispem para avaliar a mudanado clima na terra?Pinguelli Temos os estudos matemticos eos dados experimentais, como o comportamen-to das geleiras. Toda Cincia possui uma mar-gem de erro, ela no infalvel, mas, at certolimite, os dados so confiveis.

    RBB Existe certo alarmismo por parte doscientistas?Pinguelli Por parte dos cientistas no, massim, por parte da mdia. s vezes, so divulgadasnotcias exageradas como se o mundo estives-se acabando, e isso no muito til no combateao problema.

    RBB Qual o peso do desmatamento flores-tal para o efeito estufa?Pinguelli De acordo com o relatrio divulga-do pelo Painel Intergovernamental sobre Mu-danas Climticas (IPCC), o desmatamento con-tribuiu menos para o aumento do efeito estufaque a indstria e o transporte.

    Para se ter idia, entre 1970 e 2004, regis-trou-se um aumento na ordem de 60% das emis-ses de gases ocasionadas pelos meios de trans-porte e de 90% pela indstria, enquanto o des-matamento foi a causa da elevao em 40% nasemisses. No Brasil, ocorre o contrrio. Segun-do o ltimo inventrio brasileiro, 70% das emis-ses de gases so provocadas pelo desma-tamento.

    L

    A produode

    biocombustvelpode

    amenizaras mudanas

    do climae deve

    serincentivada

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    Entrevista

    RBB Para que ocorra a diminuio do efei-to estufa, o nico caminho a reduo de gases?Pinguelli Sim, o caminho reduzir mesmo aemisso de gases em todos os pases, especial-mente nos desenvolvidos, que emitem em gran-de quantidade. O Brasil deve reduzir o desma-tamento, seu maior problema.

    RBB Fala-se que a mudana climtica podelevar a humanidade a um estado de barbrie,com os ricos confinados e os pobres vivendoem lugares destroados. Isso pode acontecer?Pinguelli Sim, assim como os pobres podemficar zangados e matar todos os ricos. H umlimite que pode gerar um descontrole social, omundo j muito instvel. possvel que hajauma grande guerra, com muita destruio, depobres e de ricos. Os pobres no vo ficar pas-sivos.

    RBB O Brasil ocupa, hoje, a 4 posio nalista de maiores emissores. Qual nossa realparcela de culpa?Pinguelli Essa contabilidade polmica, pois difcil somar gases diferentes. A tcnica parasomar gases diferentes usa um fator de corre-

    o que muito questionado porque favoreceos pases mais ricos e confere maior peso a cer-tos gases, como o metano, proveniente das plan-taes de arroz da sia, dos ruminantes, dashidreltricas.

    No concordo que o Brasil ocupe o 4 lugar,mas no importa em que posio estejamos. Oimportante que o Brasil deve reduzir, assimcomo os outros pases, suas emisses de ga-ses. Devemos reduzir o possvel, pois somosum pas pobre, com uma grande diferena soci-al. A classe mdia no abre mo do seu confor-to e, para que isso se estenda a toda popula-o, ns temos de consumir mais energia. Quemmais deve reduzir so os americanos, europeuse japoneses, que consomem muita energia percapita.

    RBB Quais sero as conseqncias da mu-dana do clima para o Brasil?Pinguelli As mudanas climticas podem al-terar o regime das chuvas e das colheitas e avazo dos rios, entre outras coisas. A popula-o pobre sofreria mais e haveria uma incidn-cia maior de algumas doenas em determinadoslocais.

    Quemmais deve

    reduzirso os

    americanos,europeus

    e japoneses,que

    consomemmuita energia

    per capita

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    RBB Para a agricultura, quais sero as con-seqncias? As alteraes climticas podeminviabilizar a produo de biocombustvel?Pinguelli A cultura do caf ser prejudicada,caso no existam variedades genticas. A dacana-de-acar ser menos prejudicada porque mais resistente s altas temperaturas. A sojatambm ser modificada. Algumas culturas te-ro de mudar de lugar. A produo de biocom-bustvel, ao contrrio, pode amenizar as mudan-as do clima e deve ser incentivada, pois subs-titui o combustvel fssil, como a gasolina e odiesel. O Brasil adotar a produo de biocom-bustvel. A grande dvida se outros pasestambm iro adotar. Nos Estados Unidos, utili-za-se lcool de milho, que no gera bons resul-tados. Se eles importassem lcool de cana, se-ria bem melhor.

    RBB O que h de oficial com relao pol-tica nacional referente s mudanas do clima?Pinguelli Existem Projetos de lei que j foramenviados ao Congresso Nacional e tambm foiformada uma comisso interministerial encarre-gada de elaborar um plano de ao do governo.Um dos pontos desse plano prope o estabele-cimento de uma poltica forte de combate aodesmatamento, que incluiria metas de reduo.A idia que fique ultimado at setembro de2008.

    RBB O Protocolo de Quioto vence em 2012.Ele est sendo cumprido?Pinguelli Na maioria dos casos, estamos lon-ge das metas. Dos grandes pases, os que es-to mais prximos de suas metas so Alemanhae Inglaterra.

    A Inglaterra j havia substitudo o carvopor gs natural, em descobertas do Mar doNorte. L j existia um programa de substitui-o importante, que resultou numa significati-va diminuio de emisso de gases. A Alema-nha conseguiu reduzir suas emisses aps ajuno das duas Alemanhas Ocidental e Ori-ental. Os Estados Unidos ficaram de fora doprotocolo e aumentaram muito suas emisses.Outros pases tambm no esto prximos dasmetas estabelecidas.

    RBB Qual o papel da Conveno doClima?Pinguelli A Conveno do Clima data de 1992.Ela foi delineada durante a Conferncia dasNaes Unidas sobre Meio Ambiente e Desen-

    volvimento (Rio 92). Da conveno participammais de 150 pases. Os Estados Unidos noparticiparam, o que uma exceo gravssima,alm de outros poucos pases, como a Austr-lia. uma das convenes da Organizao dasNaes Unidas de maior abrangncia no mundo.

    A ltima reunio da conveno foi realizadaem dezembro do ano passado, em Bali (Indo-nsia). No entanto, sempre ocorrem reuniestpicas, que acompanham a execuo das pro-postas. Recentemente, no houve uma decisomuito impactante.

    Entrevista

    Se osEstadosUnidos

    importassemlcool

    de cana,seria bem

    melhor

  • 20 Agosto/August 2008

    Interview

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    REDUCING THEPOLLUTING GASES...THIS IS THE BEST WAYIn Brazil, deforestation is responsible for 70% of emissions

    uiz Pinguelli, director of the AlbertoLuiz Coimbra Institute, of GraduatePrograms and Research in Engineering

    (Coppe), at the Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ), and Strategic Planning profes-sor is currently one of the main Brazilian climatechange scholars. In an exclusive interview tothe Revista Brasileira de Bioenergia, Pinguellilists some possible causes and consequencesof climate change on Earth. Emphatic, he alsostresses the responsibility of the developedcountries in the world effort for reducing thegases causing the greenhouse effect and theneed of altering the consumption standards ata world level.

    RBB Is there a thought unanimity amongscientists and scholars on the global warmingphenomenon and its causes?Luiz Pinguelli In Science, it is natural fordisagreements to exist, yet most scientistsagree that there is actually a climate changeproblem. Concerning the reasons, thedisagreement is small, since the climate changein the world does not count on a single cause.There are some phenomena external to the verysolar system, such as the behavior of the solarspots, which affect the climate. The use of largescale energy, with the emission of gases thattrigger the greenhouse effect, also affects it. Itis believed that this non-natural additional effectmay cause very harmful effects in a fifty to ahundred-year span.

    RBB Global warming is greatly attributedto human action. To what extent is that true?Pinguelli This is true from the point of viewof the models so far utilized. There is somestatistics relating the increase in carbon dioxide

    concentration, deriving from coal, oil and natu-ral gas combustion, with the increase intemperature. A great 19th century physicist,named [Jean Bauptiste] Fourier, advocated thetheory that when the concentration of thesecomponents increases in the atmosphere specially carbon dioxide the temperature onEarth also rises. This is an old issue; it hasalways been known that this could happen. Thenovelty is that these models from formercenturies demonstrate that global warming isactually occurring.

    RBB What are the instruments scientistsnowadays count on to assess climate changeon Earth?Pinguelli There are mathematical studies andexperimental data, such as the glaciers behavior.Every Science has an error margin, it is notinfallible; however, to a certain extent, the dataare reliable.

    RBB Is there a certain alarmism on the partof the scientists?Pinguelli Not on the part of the scientists,but that on the media. Sometimes exaggeratednews are disseminated, as if the world werecoming to an end, and this is not very useful incombating the problem.

    RBB What weight does deforestation play inthe greenhouse effect?Pinguelli According to the report releasedby the Intergovernmental Panel on ClimateChange (IPCC), deforestation contributed lessto increasing the greenhouse effect thanindustry and transportation did. Just to havean idea, between 1970 and 2004, there was a60% recorded increase in the emissions of ga-

    L

    The

    productionof biofuel

    maysoothe

    the climatechanges

    andshould be

    encouraged

    Agosto/August 2008

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    Interview

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    ses caused by the means of transport and a90% increase by the industry, whereas defores-tation responded for a rise by 40% in emissions.In Brazil, the opposite occurs. As can be verifiedin the latest Brazilian inventory, 70% of the ga-ses emissions are caused by deforestation.

    RBB In order to cause a decrease in thegreenhouse effect, is the reduction of gasesemission the only way?Pinguelli Yes, the best way is really to reducegases emissions in all countries, specially inthe developed ones, which emit larger amounts.Brazil must reduce its deforestation, its greatestproblem.

    RBB It has been said that climate changemay lead humanity to a barbarian state, cau-sing the rich to be confined and the poor tolive in devastated places. Can this ever cometrue?Pinguelli Yes. The poor may also get angry

    and kill all the rich. There is a borderline thatmay cause a social lack of control; the world isalready very unstable. A great war may alsooccur, with a lot of destruction, for both thepoor and the rich. The poor will not remainpassive.

    RBB Brazil is now in 4th place on the list ofgreatest emitters. What is our real parcel ofguilt?Pinguelli This accountancy is polemic, as itis difficult to add different gases. The techniquefor adding different gases uses a correction fac-tor which is highly disputed, since it favors therichest countries and confers greater weight tocertain gases, such as the methane derived fromthe rice plantations in Asia, from the ruminants,from the hydropower plants.

    I do not agree that Brazil is in 4th place, yet itdoes not matter what position the countryoccupies. The important is that Brazil, as wellas all the other countries, has to reduce its ga-

    Thosewho should

    reducethe mostare the

    Americans,the

    Europeansand the

    Japanese,who

    consumea largeamount

    of energyper capita

  • 22 Agosto/August 2008

    ses emissions. We have to reduce what is feasi-ble, once ours is a poor country, with a markedsocial gap. The middle classes do not let go oftheir comfort and, for this to be extended to thewhole population, more energy has to beconsumed. Those who should reduce the mostare the Americans, the Europeans and theJapanese, who consume a large amount ofenergy per capita.

    RBB What will the consequences of climatechange be for Brazil?Pinguelli The climate changes may alter therainfall regime, affecting crops and the riversoutflow, among other things. The poor sectorof the population would suffer more and therewould be a greater incidence of some diseasesin certain places.

    RBB What will the consequences be foragriculture? Could climate changes hinder theproduction of biofuels?Pinguelli The coffee crops can be harmed incase there are not adequate genetic varieties.Sugar cane will not be so severely harmed as itis more resistant to high temperatures. Soybeancrops will also be modified. Some plantationswill have to be moved. The production ofbiofuel, on the contrary, may soothe the climatechanges and should be encouraged, since itreplaces fossil fuels, such as gasoline and die-

    sel. Brazil is adopting biofuel production. Thegreat doubt is whether other countries will alsoadopt it. In the United States, corn ethanol isused, yet it does not yield good results. In casethey imported sugar cane ethanol, they wouldfare much better.

    RBB Is there anything official concerningthe Brazilian policy related to climate chan-ges?Pinguelli There are Draft Laws already sentto the National Congress and an inter-ministe-rial commission has also been formed, in chargeof elaborating a governmental action plan. Oneof the points of this plan proposes the esta-blishment of a strong policy for combating defo-restation, which would include reduction goals.The idea is to have this completed up to Septem-ber, 2008.

    RBB The Kyoto Protocol expires in 2012.Has it been put into practice?Pinguelli In most cases, we are far from thegoals established. Among the richest countries,the ones closer to their goals are Germany andEngland.

    England had already replaced coal with na-tural gas, after findings in the North Sea. Therewas already an important replacement program,which resulted in a significant reduction in ga-ses emission. Germany managed to reduce itsemissions after the two Germanies Westernand Eastern - were united. The United Statesremained out of the Protocol and greatly increa-sed their emissions. Other countries also fail tobe close to the goals established.

    RBB What is the role of the Convention onClimate Change?Pinguelli The Convention on Climate Chan-ge dates back from 1992. It was sketched duringthe United Nations Conference on Environmentand Development (Rio 92). Over 150 countriestake part in the convention. The United Statesfailed to participate, which is a very seriousexception, as well as that of other countries,such as Australia. It is one of the United Nationsconventions of greatest comprehensiveness inthe world.

    The last convention meeting was held inDecember, 2007, in Bali (Indonesia). However,there are always topic meetings, which followthe execution of the proposals. Recently, therewas not a markedly impacting decision.

    Interview

    In casethe UnitedStates

    importedsugarcane

    ethanol,they wouldfare much

    better

    22 Agosto/August 2008

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    Empresas Modernas

    VEM A A TERCEIRA GERAODOS CARROS FLEXSistema de partida a frio, que elimina a necessidade do reservatrio de gasolinanos veculos abastecidos com lcool, estar disponvel no fim de 2009

    carro com motor total flex no Brasilfoi apresentado ao pblico em marode 2003. A bordo do Gol que o presi-

    dente Luiz Incio Lula da Silva exibiu em SoPaulo, no dia em que a Volkswagen completoucinqenta anos, estava a tecnologia da MagnetiMarelli, uma das maiores fabricantes mundiaisde autopeas e entre as pioneiras em sistemasde injeo eletrnica. Poucos meses depois,Bosch e Delphi tambm lanaram seus siste-mas flex fuel. Desde ento, as novidades nocampo dos veculos movidos a mais de um com-bustvel no param de surgir, impulsionadas porprogramas de pesquisa de empresas que vemnos sistemas flex no apenas a sada para esca-par da dependncia do petrleo, mas tambmuma forma de proteger o meio ambiente, dimi-nuindo a emisso de poluentes. Para o fim doano que vem est previsto o lanamento de umsistema de partida a frio, que elimina a necessi-dade do reservatrio de gasolina nos veculosabastecidos com etanol. E j esto em desen-volvimento projetos para equipar motocicletas,barcos e at pequenos avies com motores fle-xveis.

    A confiana dessas empresas no etanol bra-sileiro alta. O Brasil vem de um perodo emque o consumidor no gostava muito de falarem lcool, diz o engenheiro eletrnico SilverioBonfiglioli, presidente da Magneti Marelli noBrasil e representante do grupo no Mercosul.O Prolcool foi um sucesso nos anos 1980,mas, depois, o lcool sumiu do mercado e oconsumidor no sabia mais onde abastecer ocarro, lembra. O sistema flex trouxe ao usu-rio a possibilidade de ter um carro capaz de fun-cionar com gasolina e tambm com qualquerconcentrao de lcool no tanque, de 0% a100%, sem utilizar nenhum sensor. Hoje, o su-cesso dessa tecnologia, desenvolvida total-mente no Brasil, mundialmente reconhecida.

    O

    O Brasil tem, hoje, 5,5 milhes de carros flex,cerca de 30% da frota circulante. Para 2012 a

    estimativa que esse nmero chegue a 15milhes de veculos biocombustveis

  • 24 Agosto/August 2008

    TETRAFUELA revoluo dos motores flex compreende,

    ainda, o tetrafuel, sistema projetado para faz-lo funcionar com quatro tipos de combustvel:lcool (etanol), gasolina C (com 25% de etanol),gasolina A (sem aditivos) e gs natural veicular,o GNV. Desenvolvido pela Magneti Marelli, osistema permite que o usurio possa se locomo-ver por toda a Amrica do Sul sem enfrentarproblemas de abastecimento. O motorista podesair da Venezuela, cruzar o Brasil e entrar naArgentina sem precisar se preocupar com o tipode combustvel que vai encontrar, conta o pre-sidente da empresa. O gerenciamento dos com-bustveis feito, de forma integrada, por umacentral eletrnica, sem a necessidade de inter-ferncia do usurio. Lanado em 2006, o siste-ma tetrafuel encontrado no Brasil apenas nomodelo Siena, da Fiat j representa 90% daproduo do carro. Segundo Bonfiglioli, atecnologia est disposio das demaismontadoras. Por enquanto, s a Fiat se inte-ressou. Porm, isso no significa exclusivida-de. S depende do interesse das montadoras. Obom dessa inovao que exportvel para qual-quer lugar do mundo.

    A 5 GRAUSO prximo passo das empresas o lana-

    mento do sistema de partida a frio nos carros

    abastecidos a etanol. Os motoristas se esque-cem de checar o reservatrio de gasolina e issose transforma em um problema nos meses deinverno, lembra Luiz Corrallo, diretor-executi-vo da Delphi para a Amrica do Sul. Com a novatecnologia, que aquecer o lcool combustvel(etanol) durante a partida do motor, o incmo-do deixar de existir. Segundo Fbio Ferreira,gerente de Desenvolvimento de Produtos daUnidade de Sistemas a Gasolina da Bosch paraa Amrica Latina, ser possvel dar a partida nocarro mesmo com temperaturas de 5 graus Cel-sius negativos. Hoje, a partida com lcool puro,sem necessidade de injeo de gasolina, socorre em temperaturas superiores a 15 grausCelsius.

    A Magneti Marelli tambm prev o incio daproduo de carros com o sistema de partida afrio, a terceira gerao dos carros flex, para ofinal de 2009. Com essa inovao, ser poss-vel dar a partida com lcool puro em qualquerlugar do Mercosul, comemora Bonfiglioli,acrescentando que a empresa tambm desen-volveu um bico injetor para funcionar especifi-camente com etanol. O chamado Pico Eco otimizado para funcionar com lcool. Isso vaireduzir no apenas a emisso de poluentes, maso consumo.

    O sistema de partida a frio tambm poderser utilizado futuramente em motocicletas

    Empresas Modernas

    Essatecnologiabrasileira

    vai seexpandir,vai ser

    utilizadaem todoo mundo.Devemos

    continuar adesenvolv-la,a aprimor-la

    SILVERIOBONFIGLIOLI

    Bosch: no Brasil ena Alemanha

    investimento embiocombustveis

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    Empresas Modernas

    bicombustveis projetos para a fabricao deveculos de duas rodas com a tecnologia flexfuel esto a todo vapor. A Delphi, por exemplo,anunciou em abril contrato com a AmazonasMotocicletas Especiais (AME), para a produ-o de um modelo de motocicleta bicombus-tvel, a Ame GA, que tem lanamento previstopara o primeiro semestre de 2009. A Bosch tam-bm j desenvolve projetos com a tecnologiaflex fuel para o segmento de duas rodas, assimcomo a Magneti Marelli, que trabalha com umamontadora brasileira e outra chinesa e anunciao incio da produo para 2010.

    Em breve, avies e barcos tambm poderoser impulsionados por motores flex fuel. H doisanos, a Magneti Marelli assinou um contratocom o Centro Tecnolgico de So Jos dosCampos para o desenvolvimento de um motorflexvel para os avies usados na agropecuria.Os avies, que devem estar em produo em2010, podero ser movidos a lcool e diesel,biodiesel ou GNV e diesel. Outro projeto paraembarcaes e todos esto em desenvolvimen-to, diz Silverio Bonfiglioli.

    F NO ETANOL, BASE PARA INVESTIMENTOSO Brasil tem, hoje, 5,5 milhes de carros flex,

    cerca de 30% da frota circulante. Para 2012, aestimativa que esse nmero chegue a 15 mi-lhes de veculos bicombustveis, o correspon-dente metade do total de veculos em circula-o. Ser que o pas ter capacidade para aten-der demanda de etanol que o aumento da fro-ta vai exigir? Para o presidente da MagnetiMarelli, isso no ser problema. O Brasil, hoje,usa apenas cerca de 1% de sua rea total culti-vada para a produo de etanol. Os cerca de 18bilhes de litros de etanol que produz hoje de-vero subir para 25 bilhes ou 30 bilhes paraabastecer a frota de 2012. Investimentos paraisso foram feitos. Em 2010, j teremos condi-es de produzir 27 bilhes de litros, abastecera frota e exportar a sobra. No haver proble-mas em 2012. O Brasil estar em condies deabastecer sua frota, de utilizar eventualmentemuito mais GNV, s uma questo de fazer in-vestimento na distribuio. A matriz energticabrasileira uma das mais sustentveis que exis-tem hoje no planeta: tem 45% de fontes reno-vveis, diante de 14% do restante do mundo.

    Silverio Bonfiglioli vai alm: para ele, em2050, 25% dos carros do mundo circularo cometanol. Essa tecnologia brasileira vai se expan-dir, vai ser utilizada em todo o mundo. Devemos

    continuar a desenvolv-la, a aprimor-la. E omotor flex veio para ficar. Ficar pelo menos pormais cinqenta anos. Nos ltimos dez anos,diz Bonfiglioli, o grupo superou R$ 1 bilho eminvestimentos e pesquisas dedicados a biocom-bustveis. Isso mostra como o Brasil impor-tante para a Marelli. Estamos presentes na n-dia, nos Estados Unidos, no Mxico, na Chinae na Europa. A filial brasileira a mais importan-te. E o Centro de Pesquisa em Hortolndia, nointerior de So Paulo, o mais importante forada Itlia.

    Fbio Ferreira, da Bosch, tem uma viso umpouco diferente, apesar de ressaltar que sem-pre acreditou nos biocombustveis, mesmo nafase em que o etanol no tinha uma boa ima-gem, l pelos anos 1990, como a alternativahoje disponvel ao petrleo e a baixo custo.O etanol brasileiro, modelo que o Brasil con-seguiu desenvolver por competncia prpria,tem viabilidade, sim. Mas bvio que dependede particularidades de mercado. No que pos-samos dizer que ser um combustvel mundial,no tenho essa viso, diz. Ser sempre umcombustvel que ser adotado em alguns mer-cados. O modelo brasileiro, por ser eficiente,acaba tendo vantagens. Outros pases seguemmodelos de aplicao do etanol que no so osmais eficientes, os mais adequados.

    Para Fbio, o etanol uma das opes, noum substituto do petrleo como combustvel.A tendncia de diversificao de produtos para

    Delphi: sistemade partidaa frio para

    automveise motos

    bicombustveis

  • 26 Agosto/August 2008

    Empresas Modernas

    fazer mobilidade vai continuar e o etanol serum importante combustvel nessa matriz. Noser o nico nem ter aplicao ou viabilidadeem todos os pases, mas pode ser aplicado emgrande escala, como o Brasil j provou. O in-vestimento em biocombustveis uma caracte-rstica da Bosch, no Brasil e na matriz, na Ale-manha. Vamos investir em opes de combus-tveis renovveis. Entendemos que importan-te para o meio ambiente, para a viabilidade damobilidade no futuro. Temos espao para me-lhorar os veculos e o prximo passo a partidaaquecida. A matriz energtica estratgica paraqualquer pas. Temos de evitar ao mximo odesperdcio de energia.

    MEIO AMBIENTEO Pico Eco, que vai equipar o sistema flex

    de terceira gerao da Magneti Marelli, come-

    ar a ser produzido em dezembro, no Comple-xo Industrial e Centro de Pesquisa e Desenvol-vimento do grupo, em Hortolndia, no interiorde So Paulo, em uma nova planta idealizadapara minimizar o impacto ambiental. A instala-o foi projetada para reutilizar guas de chu-va, tem estao de tratamento de efluentes, usaenergia solar para diminuir o consumo de ener-gia eltrica e materiais como madeira ecolgica.Tudo em respeito ao meio ambiente.

    A Bosch no fica atrs na preocupao am-biental e investe cerca de R$ 16 milhes por anoem gerenciamento de resduos, proteo dagua e do solo, reduo de rudo, purificaodo ar e conservao da natureza. O sistema degesto ambiental compreende tambm a cons-cientizao e sensibilizao dos funcionrios,familiares, fornecedores e comunidade sobre anecessidade de preservao do meio ambien-te, ressalta Thephilo Arruda, gerente de Enge-nharia de Meio Ambiente, Segurana do Traba-lho e Segurana Empresarial da Bosch para aAmrica Latina.

    J a Delphi trabalha com objetivos ambien-tais de reduo de gerao de resduos, de con-sumo de gua e da emisso de efluentes lqui-dos industriais. Promove ainda projetos soci-ais como a campanha Semana do Meio Ambi-ente, que busca conscientizar os alunos dascidades em que possui unidades sobre os pro-blemas ambientais e como as pessoas podemcontribuir para diminuir os impactos.

    Magneti Marelli:tecnologia

    tetrafuelutiliza quatro

    tipos decombustvel

  • 27

    E

    Meio Ambiente

    ELAS POLUEM O ARNOSSO DE CADA DIALista elaborada por rgo do governo paulista aponta as cemempresas que mais jogam gs carbnico no ar paulistano

    m abril deste ano, a Secretaria de MeioAmbiente do Estado de So Paulo di-vulgou um relatrio das emisses de

    CO2 (dixido de carbono de origem fssil). Olevantamento, idealizado pelo ex-secretrio deMeio Ambiente do Estado de So Paulo, JosGoldemberg, apresenta a lista das cem maioresfontes de CO2, provenientes da queima de com-bustvel de fontes fixas e matrias-primas dealguns setores industriais que tambm emitemos gases responsveis pelo efeito estufa (GEE).

    De acordo com Fernando Rei, presidente daCompanhia de Tecnologia de Saneamento Am-biental (Cetesb), ligada Secretaria do MeioAmbiente do Estado de So Paulo, a divulga-o dessa lista no tem por objetivo conscienti-

    zar as empresas, pois isso j o esperado. Que-remos aproximar os maiores emissores de po-luentes do Estado ao trabalho que est sendoconduzido pela Cetesb, de reduo voluntriadas emisses, explica. a partir da identifica-o e da contribuio que vamos poder, medi-ante a licena ambiental e renovvel, tambmapresentar a essas empresas propostas de re-duo das suas emisses.

    Colhidos com base nos critrios adotadospelo Painel Intergovernamental de MudanasClimticas (IPCC/2006) e pela Diretiva da Co-munidade Europia de 1996, os dados mostramque as oito primeiras empresas da lista so res-ponsveis por 63% das emisses em So Pau-lo. Para medir a quantidade emissiva, foram fei-

    Fernando Rei:Queremos

    aproximar osmaiores emissores

    de poluentes doEstado ao trabalho

    que est sendoconduzido pela

    Cetesb, de reduovoluntria das

    emisses

  • 28 Agosto/August 2008

    Meio Ambiente

    tos clculos sobre a produo industrial e os fa-tores de emisso de cada empresa (ano-base2006).

    As indstrias petroleiras e siderrgicas soas que lideram a lista. No ranking, a Compa-nhia Siderrgica Paulista (Cosipa) aparece notopo, responsvel pelo total de 6.357.414 t/anode CO2. Segundo a assessoria de comunicaoda Cosipa, a empresa tem atuado no controle ena reduo das emisses de CO2. A quantidadede megacalorias por tonelada para a produo

    AS 20 MAIS 1 Companhia Siderrgica Paulista (Cosipa) Cubato 2 Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) Paulnia 3 Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) So Jos dos Campos 4 Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) Cubato 5 Petroqumica Unio S. A. Santo Andr 6 Companhia Brasileira de Alumnio Alumnio 7 Votorantim Cimentos do Brasil Ltda. Salto de Pirapora 8 Rhodia Poliamida e Especialidades Ltda. Paulnia 9 Votorantim Cimentos do Brasil Ltda. Votorantim10 Companhia de Cimento Ribeiro Grande Ribeiro Grande11 Ultrafrtil S. A. Cubato12 Gerdau Aos Longos S.A. Araariguama13 Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) Mau14 Cimpor Cimentos do Brasil Ltda. (CCB) Cajati15 Columbian Chemicals Brasil Ltda. Cubato16 Camargo Corra Cimentos S. A. Apia17 Cabot Brasil Indstria e Comrcio Ltda. Mau18 Suzano Papel e Celulose S. A. Suzano19 Petrocoque S.A. Indstria e Comrcio Cubato20 Corn Products Brasil Ingredientes Industriais Ltda. Mogi Guau

    Veja a lista completa no site: www.cetesb.sp.gov.br/100co2.pdf

    de ao foi reduzida de 6.651, em 1998, para 5.895em 2007 e o leo combustvel foi substitudopor gs natural. Futuramente, informa a asses-soria, a Cosipa instalar turbinas de recupera-o da presso do gs de alto-forno para gera-o de energia eltrica, substituir as caldeiraspor outras de alta eficincia e reaproveitar osgases gerados no processo produtivo.

    Presentes nos 2, 3 e 4 lugares da lista,esto trs unidades da principal empresa petro-lfera do Brasil, a Petrobras. Para reverter osnmeros, um dos programas em ao o PlanoEstratgico 2020, que visa a atingir patamaresde excelncia na indstria de energia. Tambmpor intermdio de sua assessoria de comunica-o, a Petrobras informa que estabeleceu prio-ridades internas para reduzir a emisso de CO2,como o aumento da eficincia energtica, amelhoria operacional e outros requisitos de ro-tina. De acordo com a informao da assesso-ria, at 2009, cerca de R$ 500 milhes esto sen-do investidos nas trs unidades da Petrobrasna reduo da emisso de CO2.

    A Petroqumica Unio (PQU), uma das cin-co empresas que formam o Grupo Quattor, apa-rece em 5 lugar na lista. Segundo EduardoSanches, diretor de Qualidade, Meio Ambiente,Segurana e Sade da PQU, a empresa est de-senvolvendo projetos de tecnologia de produ-o, buscando processos mais adequados aosdiversos aspectos ambientais, alm de atuar emprojetos para busca de alternativas energticasque impactem positivamente na emisso de CO2.

    MEDIDASDe acordo com o engenheiro Marcelo Mi-

    nelli, diretor de Engenharia, Tecnologia e Quali-dade Ambiental da Cetesb, como o Brasil no obrigado a atingir as metas de reduoestabelecidas no Protocolo de Quioto, a iden-tificao dos grandes setores emissores de CO2serve como incentivo adoo de metas de re-duo, sem que isso seja instrumento puniti-vo.

    Para ajudar ainda mais na diminuio dapoluio, no Estado de So Paulo implementou-se o programa Respira So Paulo com o objeti-vo de melhorar a qualidade do ar, principalmen-te nas regies metropolitanas. Por meio desseprograma, so realizadas aes de controle dapoluio atmosfrica causada por fontes m-veis e fixas, estabelecendo metas de reduodas fontes mais poluidoras.

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    I

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    The Environment

    THEY POLLUTE OURDAILY AIRList elaborated by a So Paulo State organism shows the 100 companies thatmost emit carbon dioxide in So Paulo

    n April, this year, the So Paulo StateSecretariat for the Environment released areport on the CO2 (carbon dioxide from

    fossil fuel) emissions. The survey, conceivedby the ex-So Paulo State Environment Se-cretary, Jos Goldemberg, presents a list of thehundred greatest CO2 sources, resulting fromthe burning of fuels from stationary sourcesand raw materials from some industrial sectorsthat also emit the gases responsible for thegreenhouse effect (GHG).

    According to Fernando Rei, president ofCetesb (Environmental Sanitation TechnologyAgency), linked to the So Paulo State Secreta-riat for the Environment, the dissemination ofthis list does not aim to raise the companiesawareness, as this is already expected. Our aimis to bring the greatest pollutant emitters in theState closer to the work conducted by Cetesb,fostering the voluntary reduction of emissi-ons, he explains. After the identification andcontribution, we will be able to present thesecompanies, by means of an environmental andrenewable license, with a proposal for reducingtheir emissions.

    Collected under the criteria adopted by theIntergovernmental Panel on Climate Change(IPCC/2006) and by the 1996 EuropeanCommunity Directive, the data show that thetop eight companies on the list are responsiblefor 63% of the emissions in So Paulo. Tomeasure the emissive amount, calculations weremade on the industrial production and on theemission factors of each company (base year2006).

    The oil and steel industries lead the list. Inthe ranking, Companhia Siderrgica Paulista(Cosipa) comes first, responsible for a total of6,357,414 t/year of CO2. According to the Cosipacommunication advisory, the company has

    Fernando Rei:Our aim is tobring the greatestpollutant emittersin the Statecloser to the workconducted byCetesb, fosteringthe voluntaryreduction ofemissions

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    The Environment

    30

    acted in controlling and in reducing the CO2emissions. The number of megacalories per tonin steel production was reduced from 6,651, in1998, to 5,895 in 2007 and the oil fuel wasreplaced by natural gas. In the future, informsthe advisory, Cosipa will install turbines forrecovering blast furnace gas pressure for powergeneration, will replace the present boilers withhigh efficiency ones and will reuse the gasesgenerated in the productive process.

    In the 2nd, 3rd and 4th places on the list arethree units of the main oil company in Brazil,Petrobras. In order to revert the numbers, oneof the programs in action is the 2020 StrategicPlan, which aims to reach excellence levels inthe power industry. Also by means of itscommunication advisory, Petrobras informs thatit has established internal priorities to reduceits CO2 emission, such as increasing energy effi-ciency, operational improvements and otherroutine requirements. As informed by the advi-sory, until 2009, about R$ 500 million will havebeen invested in the three Petrobras units inthe CO2 emission reduction.

    Petroqumica Unio (PQU), one of the fivecompanies forming the Quattor Group, comes5th on the list. According to Eduardo Sanches,PQU Quality, Environment, Safety and Healthdirector, the company is developing productiontechnology projects, seeking processes that aremore adequate to the different environmentalaspects, besides acting in projects to seekenergy alternatives that positively impact theCO2 emission.

    MEASURESAs stated by engineer Marcelo Minelli,

    Engineering, Technology and EnvironmentalQuality director at Cetesb, as Brazil is not obli-ged to attain the reduction goal established inthe Kyoto Protocol, the identification of thegreat CO2 emitting sectors serves as an incenti-ve to the adoption of reduction goals, withoutthis being a punishing instrument.

    So as to help even more in reducing pollu-tion, the Respira, So Paulo (Breathe, SoPaulo) program was implemented in the Stateof So Paulo aiming to improve the air quality,mainly in the metropolitan regions. By meansof this program, actions for controlling the airpollution caused by stationary and movingsources are conducted, establishing reductiongoals for the most polluting sources.

    THE TWENTY TOP 1st Companhia Siderrgica Paulista (Cosipa) Cubato 2nd Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) Paulnia 3rd Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) So Jos dos Campos 4th Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) Cubato 5th Petroqumica Unio S. A. Santo Andr 6th Companhia Brasileira de Alumnio Alumnio 7th Votorantim Cimentos do Brasil Ltda. Salto de Pirapora 8th Rhodia Poliamida e Especialidades Ltda. Paulnia 9th Votorantim Cimentos do Brasil Ltda. Votorantim10th Companhia de Cimento Ribeiro Grande Ribeiro Grande11th Ultrafrtil S. A. Cubato12th Gerdau Aos Longos S.A. Araariguama13th Petrleo Brasileiro S. A. (Petrobras) Mau14th Cimpor Cimentos do Brasil Ltda. (CCB) Cajati15th Columbian Chemicals Brasil Ltda. Cubato16th Camargo Corra Cimentos S. A. Apia17th Cabot Brasil Indstria e Comrcio Ltda. Mau18th Suzano Papel e Celulose S. A. Suzano19th Petrocoque S.A. Indstria e Comrcio Cubato20th Corn Products Brasil Ingredientes Industriais Ltda. Mogi Guau

    See the full list at: www.cetesb.sp.gov.br/100co2.pdf

    Agosto/August 2008

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    HERE COMES THE FLEXVEHICLES THIRD GENERATIONA cold starting system, which eliminates the need of a gasoline reserv